universidade anhanguera - uniderp - cloud object … · ficha catalográfica elaborada pela...

49
UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO E GESTÃO AGROINDUSTRIAL BRUNA KELLE DELLA COLLETA ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO FINANCEIRA UTILIZADOS PELOS PRODUTORES DE GRÃOS DE SÃO GABRIEL DO OESTE, MATO GROSSO DO SUL Campo Grande - MS 2012

Upload: dodieu

Post on 23-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUÇÃO EGESTÃO AGROINDUSTRIAL

BRUNA KELLE DELLA COLLETA

ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO FINANCEIRA UTILIZADOSPELOS PRODUTORES DE GRÃOS DE SÃO GABRIEL DO OESTE, MATO

GROSSO DO SUL

Campo Grande - MS2012

Page 2: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

i

BRUNA KELLE DELLA COLLETA

ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO FINANCEIRA UTILIZADOSPELOS PRODUTORES DE GRÃOS DE SÃO GABRIEL DO OESTE, MATO

GROSSO DO SUL

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Profissional emProdução e Gestão Agroindustrial da UniversidadeAnhanguera-Uniderp, como parte dos requisitospara obtenção do titulo de Mestre em Produção eGestão Agroindustrial.

Comitê de orientação:Prof. Dr. Ivo Martins Cezar

Prof. Dr. Celso Correia de Souza

Prof. Dr. Fernando Paim Costa

Campo Grande - MS2012

Page 3: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp

Colleta, Bruna Kelle Della.Análise dos instrumentos de gestão financeira utilizados pelos

produtores de grãos de São Gabriel do Oeste, Mato Grosso do Sul. /Bruna Kelle Della Colleta. -- Campo Grande, 2012.

43f.

Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera - Uniderp,2012.

“Orientação: Prof. Dr. Ivo Martins Cezar.”

1. Administração rural 2. Controle 3. Indicadores financeiros I.Título.

CDD 21.ed. 658.98

C67a

Page 4: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão
Page 5: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

ii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL.....................................................................................2

2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA................................................................4

2.1 Administração rural .........................................................................................4

2.2 Áreas administrativas......................................................................................6

2.3 Funções administrativas..................................................................................8

2.4 Objetivos do produtor ......................................................................................9

2.5 Administração financeira na empresa rural .....................................................10

2.6 Custo de produção..........................................................................................13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................16

3. ARTIGO ............................................................................................................19

RESUMO ..............................................................................................................20

ABSTRACT...........................................................................................................21

3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................22

3.2 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................24

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................26

3.3.1 Perfil dos produtores ....................................................................................26

3.3.2 Controle financeiro .......................................................................................28

3.3.3 Análise econômica e financeira....................................................................29

3.3.4 Análise das relações entre variáveis selecionadas ......................................34

3.3.5 Motivação para realizar o controle da atividade ...........................................37

3.3.6 Análise Multivariada .....................................................................................39

3.4 CONCLUSÕES ...............................................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................41

APÊNDICE............................................................................................................43

Page 6: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

1. INTRODUÇÃO GERAL

O cenário atual demonstra que a economia brasileira se desenvolve

rapidamente. Nesse contexto, o agronegócio apresenta-se como uma atividade

próspera, segura e rentável, produzindo alimentos e fibras em abundância,

gerando milhões de empregos, e aumentando e diversificando as exportações

brasileiras (BORGES, 2007).

O cultivo da soja tem grande destaque no cenário do agronegócio

mundial, gerando matéria-prima para a produção de farelo, óleo e outros produtos

agroindustriais. A produção da soja no mundo, na safra 2010/2011, foi de 263,7

milhões de toneladas, para uma área plantada de aproximadamente 103,5

milhões de hectares. O Brasil, na safra 2011/2012, foi responsável pela produção

de 66,68 milhões de toneladas, com uma área plantada de 25,0 milhões de

hectares, sendo o segundo maior produtor de soja do mundo. Nesse cenário em

2011, Mato Grosso do Sul teve uma área plantada de 1,815 milhões de hectares,

com uma produção de 4.629,5 toneladas, sendo o quinto maior produtor nacional,

ficando atrás de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás (CONAB,

2012).

A cultura do milho também ocupa posição de destaque entre as

atividades agropecuárias do Brasil. Está presente na maioria das propriedades

rurais, seguindo a soja em ordem de importância entre as culturas anuais. Este

cereal é, ao mesmo tempo, importante fonte de renda dos agricultores e

destacado insumo (matéria-prima) dos criadores de aves, suínos, bovinos e

outros animais, compondo parcela majoritária das rações (EMBRAPA, 2012). Na

safra 2011/2012, a produção brasileira foi de 65,9 milhões de toneladas, em uma

Page 7: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

3

área plantada de 15.451,6 hectares. Mato Grosso do Sul produziu 4.904,9

toneladas, em uma área plantada de 1.208,2 hectares (CONAB, 2012).

Apesar dessa pujança, o setor agrícola convive com importantes

vulnerabilidades, mormente no processo de comercialização, sendo difícil ao

produtor ajustar rapidamente sua produção às alterações de mercado decorrentes

de uma conjuntura de preços instáveis. Para complicar mais esse problema, as

mudanças climáticas, a incidência de pragas e outros fatores eventuais e/ou

sazonais impedem que se façam estimativas precisas de produção e preços

(MARQUES e MELLO, 1999).

Nesse contexto, a agricultura precisa tornar-se cada vez mais

competitiva, com especial ênfase na redução de custos, transformada em

importante estratégia do processo de gestão. Assim, estimar os custos de

produção ganhou importância como medidor da eficiência das atividades

agrícolas, indicando o sucesso das empresas no seu esforço de produzir

(GUILHOTO e MONTOYA, 2001; MARTIN, 1994).

Entretanto, é reconhecido que a maioria dos agricultores não faz

controle das despesas e, portanto, não analisam seus custos, desconhecendo

indicadores econômicos como margens, lucros e relações custo/beneficio. Alguns

produtores rurais notam que estão empobrecendo, conseguindo apenas se

manter na atividade, mas não conseguem detectar a fonte dos seus problemas;

não sabem que atividades ou manejos são mais lucrativos e que deficiências

deveriam ser reduzidas ou eliminadas (BLUM, 2001).

Reconhecendo, ainda, o alto custo de produção e a instabilidade de

preços no momento da venda, é importante que o produtor utilize “ferramentas”

que possam auxiliar na comercialização de seu produto. Para tanto, é necessário

dispor de informações e capacitar pessoas para auxiliar na gestão das

propriedades, abrangendo toda classe rural, e não apenas os grandes produtores.

Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi identificar e

entender os mecanismos e instrumentos de controle e de análise econômica-

financeira utilizados pelos produtores, assim como detectar a importância dada ao

controle pelos empresários rurais.

Page 8: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

4

2. REVISÃO GERAL DE LITERATURA

Atualmente é necessário ter um bom conhecimento e embasamento

em qualquer atividade em que se trabalha, assim também na agricultura

principalmente por se tratar de uma atividade que está diretamente ligada com os

setores externos que podem interferir nos seus resultados. O conhecimento

tecnológico e de gestão são de extrema importância para que se possa ter um

melhor direcionamento nas tomadas de decisão.

2.1 Administração Rural

Para implantar uma gestão adequada é importante considerar

algumas teorias. O conceito clássico de administrador compreende várias funções

e atribuições que visam como objetivo final, o lucro, ou seja, administrar pelo

menor custo, com a maior produtividade, buscando obter o melhor resultado.

"A Administração é o processo de planejar, organizar, liderar e

controlar os esforços realizados pelos membros da organização e o uso de todos

os outros recursos organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos."

(STONER e FREEMAN, 1999).

Chiavenato (2000) ainda complementa o conceito de Administração

dizendo que “[...] a tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas por meio

de pessoas de maneira eficiente e eficaz”.

Dessa maneira é importante entender o significado de ambos os

termos:

Chiavenato (2000) diz que: "[...] eficiência é uma relação técnica

entre entradas e saídas, [...] é uma relação entre custos e benefícios, ou seja,

uma relação entre os recursos aplicados e o resultado final obtido: é a razão entre

o esforço e o resultado, entre a despesa e a receita, entre o custo e o benefício

resultante." “[...] a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de

Page 9: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

5

satisfazer necessidades da sociedade por meio do suprimento de seus produtos

(bens ou serviços)”.

Segundo Reichert (1998), os princípios básicos da administração

que são aplicados à indústria e ao comércio são os mesmos aplicados para a

agricultura, porém, deve-se ressaltar que a mesma possui determinadas

características que a diferenciam dos demais segmentos, as quais, devido a isto,

precisam ser consideradas. Por exemplo, o fator de produção como terra, que

para a indústria representa a base para a instalação do imóvel, para a agricultura

este fator é considerado o principal meio de produção, que necessita de estudo

na sua micro-composição, buscando explorar o máximo seu potencial. Diante

disso, o mesmo autor destaca que esses condicionantes impõem ao produtor

rural organização no seu negócio, sob pena de ele não conseguir alcançar o

máximo rendimento econômico, diante do conjunto de atividades produtivas

planejadas.

Qualquer tipo de ação tomada pelo proprietário ou administrador de

uma propriedade, no sentido de controlar alguma coisa, vem sendo considerada

como uma atividade ligada à prática de administração rural (ANTUNES e ENGEL,

1999).

As alterações ocorridas no setor rural, juntamente com a escassez

de crédito subsidiado, passou a exigir do setor primário, máxima eficiência para

obter resultados satisfatórios. Assim a permanência das empresas rurais

dependerá da adoção de novas tecnologias para obtenção de maiores

produtividades além da gestão eficiente de seus recursos e a profissionalização

financeira (CEZAR et al., 2004; AZEVEDO, 1999).

Há a necessidade de maiores esforços dos profissionais da

assistência técnica, instituições de ensino e pesquisa, no sentido de

desenvolverem mais intensamente a área de administração e gestão rural nos

dias de hoje. Nota-se um forte apoio das instituições de pesquisa agronômica e

do sistema público de extensão no sentido da modernização da produção

agrícola, mas, por outro lado, percebe-se certo abandono no desenvolvimento da

área de administração rural (CANZIANI, 2001).

Facilmente pode-se constatar que a administração rural no Brasil

ainda se desenvolve dentro de critérios tradicionais, apresentando um baixo

padrão de desempenho operacional e econômico, principalmente em nos tempos,

Page 10: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

6

com uma crescente integração econômica internacional e sua exposição aos

concorrentes internacionais. Comentando as limitações encontradas em relação à

qualidade das informações contábeis geradas dentro de empresas rurais

brasileiras, destaca que essa característica não é atributo apenas de pequenas

propriedades rurais, prevalecendo também entre as médias e grandes, com

economia de mercado e elevados níveis de renda, comprometendo qualquer meta

de resultados financeiros diante do processo de globalização dos mercados.

(CREPALDI, 2005)

Portanto, conforme Araújo (2008), na atualidade é difícil ser um

empresário rural bem sucedido, sem que a fazenda seja tratada como uma

verdadeira empresa que adota os princípios de administração. Para isso, é

necessário que além da adoção de boas práticas produtivas, é preciso

profissionalismo e seriedade na execução dos processos administrativos.

2.2 Áreas administrativas

A administração se divide em diferentes áreas, tais como:

Administração da Produção, Administração dos Recursos Humanos,

Administração das Finanças e Administração da Comercialização.

A Administração da Produção ou Administração de operações é a

função administrativa responsável pelo estudo e pelo desenvolvimento de

técnicas de gestão da produção de bens e serviços. A produção é a função

central das organizações já que é aquela que vai se incumbir de alcançar o

objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir (SLACK et al.,1996).

Segundo Slack et. al. (1996) a função produção se preocupa

principalmente com os seguintes assuntos:

Estratégia de produção: as diversas formas de organizar a produção para

atender a demanda e ser competitivo.

Projeto de produtos e serviços: criação e melhora de produtos e serviços.

Sistemas de produção: arranjo físico e fluxos produtivos.

Arranjos produtivos: produção artesanal, produção em massa e produção

enxuta.

Ergonomia

Estudo de tempos e movimentos

Page 11: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

7

Planejamento da produção: planejamento de capacidade, agregado, plano

mestre de produção e sequenciamento.

Planejamento e controle de projetos

A administração de recursos humanos é uma associação de

habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas definidas com objetivo de

administrar os comportamentos internos e potencializar o capital humano.

Planejamento de recursos humanos é o processo de decisão a

respeito dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos

organizacionais, dentro de determinado período de tempo. Trata-se de antecipar

qual a força de trabalho e talentos humanos necessários para a realização a ação

organizacional futura. O planejamento estratégico de RH deve ser parte integrante

do planejamento estratégico da organização e deve contribuir para o alcance dos

objetivos da organização, incentivando o alcance dos objetivos individuais das

pessoas (CHIAVENATO, 2008).

Conforme Lima Netto (1978):

“Pode-se definir finanças como a arte e a ciência de administrar

fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou

levantam fundos, gastam ou investem. Finanças ocupam-se do processo,

instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre

pessoas, empresas e governos..”

Por sua vez, a administração da comercialização ou marketing

compreende delinear, desenvolver e entregar bens e serviços que os

consumidores desejam e necessitam; consiste em proporcionar aos

consumidores produtos, no tempo certo, no local certo e no preço que estão

dispostos e podem pagar. No âmago do conceito, sobressai em primeiro lugar o

objeto ou razão de ser do marketing: a troca. Por outro lado, ao envolver-se no

processo de troca, o marketing propicia quatro tipos de estratégias: forma, tempo,

lugar e posse (LAMBIN, 2000).

Segundo o mesmo autor as atividades correlatas a comercialização

demandam estratégias que necessitam da análise e do delineamento do

mercado. Isso envolve segmentação, escolha de mercado-alvo e posicionamento

de mercado e por fim a operacionalização destas estratégias.

Uma estratégia pode ser concebida como uma seqüência temporal

de decisões, ou, alternativamente, como um processo que envolve um conjunto

Page 12: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

8

de ações voltadas para mover uma empresa em direção ao cumprimento de suas

metas de curto prazo e seus objetivos de longo prazo (HARRISON, 2005).

2.3 Funções administrativas

Na literatura a Administração é divida em algumas funções, com

diferentes denominações segundo os autores. As mais citadas são: planejamento,

organização, direção e controle (MAXIMIANO, 2000) e, para FAYOL (1980)

planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Em relação a essas

diferentes denominações é importante ressaltar que possuem o mesmo

entendimento global dentro do processo administrativo, sendo, portanto

expressões de preferências dos autores.

De acordo com Maximiano (2000), planejamento é o processo de

definir objetivos, atividades e recursos. É tida como a primeira função

administrativa devido a sua importância de envolver a solução de problemas e a

tomada de decisões, não só quanto às alternativas futuras, mas também às

alternativas do presente (CHIAVENATO, 2004).

A função administrativa de organizar é o processo de definir o

trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela realização; é também o

processo de distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério

(MAXIMIANO, 2000).

Na literatura, quando se refere à função da direção, a mesma é

caracterizada como sendo o processo de realizar atividades e utilizar recursos

para atingir os objetivos. O processo de execução envolve outros processos,

especialmente o de direção, para acionar os recursos que realizam as atividades

e os objetivos (MAXIMIANO, 2000).

Para que as funções administrativas de planejar, controlar e

organizar se efetuem, é necessário que outra função lhes dê o suporte para sua

realização. Assim surge o papel da direção como função que guia as atividades

dos membros da organização nos rumos adequados para o alcance dos objetivos

organizacionais e pessoais de seus membros (CHIAVENATO, 2004).

Ainda, segundo Maximiano (2000), a função administrativa de

controlar é o processo de assegurar a realização dos objetivos e de identificar a

necessidade de modificá-los.

Page 13: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

9

Quanto à sua abrangência, as funções administrativas podem ser

subdivididas conforme os diferentes níveis empresariais de decisão a que estão

relacionadas. Souza et al., (1990), por exemplo, distingue três níveis

empresariais: o nível institucional ou estratégico; o nível gerencial ou

intermediário; e o nível operacional. O mesmo número de níveis empresariais

também é considerado por Oliveira (1999), mas os termos utilizados por esse

autor são estratégico, tático e operacional.

Segundo Canziani (2001), o nível institucional ou estratégico

compreende decisões de longo prazo (do tipo “o que fazer” e “quando fazer”)

tomadas por pessoas responsáveis pelos assuntos globais da empresa, como os

proprietários, diretores, sócios gerentes, etc. Nesse nível, as decisões envolvem a

formulação dos objetivos gerais da empresa e a seleção das estratégias para

atingi-los adequadamente, levando-se em consideração as condições externas e

internas à empresa.

O nível intermediário, gerencial ou tático compreende, normalmente,

decisões de médio prazo (do tipo “como fazer”), que são tomadas por pessoas de

nível intermediário na hierarquia funcional da empresa como gerentes,

administradores, capatazes e técnicos. Nesse nível intermediário, as decisões

normalmente se orientam para a utilização eficiente dos recursos disponíveis, a

fim de atingir os objetivos estabelecidos ao nível institucional ou estratégico. Por

fim, o nível operacional compreende, normalmente, decisões de curto prazo

relacionadas às mais diversas operações e tarefas do dia-a-dia da empresa,

tendo como base as decisões definidas ao nível intermediário (CANZIANI, 2001).

O mesmo autor ainda conclui que, normalmente, as decisões

institucionais ou estratégicas envolvem um prazo mais longo, uma maior

amplitude, um maior risco e uma menor flexibilidade em relação às decisões

gerenciais, táticas ou intermediárias. O mesmo pode-se dizer sobre as decisões

gerenciais, táticas ou intermediárias, em relação às decisões de nível operacional.

2.4 Objetivos do produtor

Dada a diversidade das organizações rurais e a sua condição

socioeconômica, os objetivos dos produtores podem ser os mais variados

possíveis e inclusive se alterar ao longo do tempo. Isso dificulta uma

Page 14: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

10

sistematização ou generalização do processo administrativo para diferentes

produtores rurais, exigindo esforços no sentido de tipificação dos produtores para

minimizar esse problema. Assim, as funções de planejamento, organização,

direção e controle, que em conjunto formam o processo administrativo devem ser

analisadas com o devido cuidado, conferindo à administração rural características

mistas de “ciência”, “técnica” e “arte” (CHIAVENATO, 1993).

Noronha e Peres (1991) reconhecem que as características

pessoais dos empresários rurais têm influência sobre os objetivos da empresa e

sobre a condução de seus negócios. No entanto, os autores destacam que os

empresários rurais devem buscar a eficiência técnica e econômica como condição

necessária, em uma economia de mercado, para poderem cumprir seus

compromissos de gerar riqueza.

Além de questões vinculadas à maior eficiência dos negócios rurais,

o processo administrativo deve contemplar também outros objetivos dos

produtores rurais, tais como: a melhoria do bem estar e da renda líquida familiar;

o aumento do valor real do patrimônio (riqueza), a melhoria de imagem do

produtor perante a sociedade, a tranqüilidade quanto à sucessão patrimonial,

entre outras questões de ordem pessoal ou social (CANZIANI, 2001).

2.5 Administração financeira na empresa rural

Para Crepaldi (2005), a contabilidade rural tem as seguintes

finalidades: orientar as operações agrícolas e pecuárias; medir o desempenho

econômico-financeiro da empresa e de cada atividade produtiva individualmente;

controlar as transações financeiras; apoiar as tomadas de decisões no

planejamento da produção, das vendas e dos investimentos; auxiliar as projeções

de fluxos de caixa e necessidades de crédito; permitir a comparação do

desempenho da empresa no tempo e desta com outras empresas; conduzir as

despesas pessoais do proprietário e de sua família; justificar a liquidez e a

capacidade de pagamento da empresa junto aos agentes financeiros e outros

credores; servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos; gerar

informações para a declaração do Imposto de Renda.

Gestão financeira da propriedade pode ser dividida em duas partes,

a gestão do fluxo de caixa e a gestão dos custos. Em relação à gestão do fluxo de

caixa, deve-se verificar como ocorreram as entradas e saídas de dinheiro na

Page 15: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

11

propriedade e identificar os gargalos (períodos de falta de dinheiro), se houver.

Também deve incluir as despesas familiares (SEPULCRI, 2004).

Em relação à gestão dos custos, o mesmo autor cita que se deve

identificar o sistema de produção utilizado, o processo tecnológico (tecnologia,

insumos e princípios ativos utilizados). Identificar os custos da propriedade, por

exploração, relacionando os gastos em cada item do custo variável e o mês em

que foi efetuado. Organizar o custo de produção por exploração (produto) e total

da propriedade, identificando os custos.

Algumas perguntas podem ser feitas: Pode-se reduzir os custos

nestas atividades mantendo a receita constante? Pode-se aumentar a receita

mantendo os custos constantes? Pode-se reduzir os ativos mantendo constantes

os custos e as receitas?

No Quadro 1, a seguir, são apresentadas as áreas e as funções

administrativas em relação à atuação das finanças, assim como alguns exemplos

genéricos.

Page 16: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

12

Quadro 01: Dois exemplos genéricos de atividades administrativas para cada umadas diferentes funções do processo administrativo das finançasempresa agropecuária.

ÁreasadministrativasFunçõesadministrativas

FINANÇASExemplos genéricos

PlanejamentoEstratégico

Projetar o fluxo de caixa das atividades e da empresa comoum todo (incluindo gastos familiares), especificando as origens(fontes) e as aplicações (usos) dos recursos financeiros.Elaborar e analisar a viabilidade de projetos de investimentopara a implantação de novas atividades ou para amodificação/alteração do atual sistema de produção.

PlanejamentoOperacional

Elaborar orçamentos para as atividades da empresa.Estabelecer cronograma financeiro para as atividades daempresa.

OrganizaçãoEstratégica

Definir os centros de custos e/ou centros de lucros daempresa.Definir e detalhar o plano de contas da empresa.

OrganizaçãoOperacional

Organizar e sistematizar o fluxo de informações financeirasda empresa.Definir a forma de armazenamento de dados e deprocessamento das informações financeiras.

Direção Estratégica Definir e supervisionar os usos dos recursos financeirospróprios e de terceiros na empresa.Administrar as finanças da empresa, decidindo sobre gastosou poupanças e sobre aplicações ou contratações de recursosfinanceiros.

Direção Operacional Executar o cronograma financeiro da empresa.Gerenciar cotidianamente o fluxo de caixa da empresa.

Controle Estratégico Coletar e sistematizar dados relacionados às finanças daempresa como um todo, detalhando as origens (fontes) eaplicações (usos) dos recursos financeiros.Avaliar a empresa como um todo nos aspectos econômicose financeiros.

Controle Operacional Coletar e sistematizar dados econômicos e financeiros dasatividades desenvolvidas pela empresa.Avaliar individualmente as atividades da empresa sob osaspectos econômico e financeiro.

Fonte: Canziani (2001)

Page 17: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

13

2.6 Custo de produção

O custo de produção é uma maneira não apenas de quantificar a

viabilidade da cultura, mas também deve ser utilizado para classificar o

desempenho e eficiência da atividade frente à competitividade mundial.

Mostrando a importância da determinação dos custos de produção,

Neves e Andia (2003) esclarecem que seu mérito não se deve somente a um

componente para a análise da rentabilidade da unidade de produção, mas

também como parâmetro de tomada de decisão e de capitalização do setor rural.

Além disso, os autores chamam atenção para o fato de que os custos de

produção, dependendo para qual finalidade se destinam, podem adquirir

diferentes aspectos. Para o produtor rural é um indicativo de sua administração,

tanto das práticas como da cultura. Para as políticas publicas serve como

subsídio para tomada de decisões, como determinação de preços mínimos e

disponibilidade de crédito para financiamento.

O método centros de custos que “são todas as atividades

desenvolvidas dentro de uma propriedade ou empresa rural que geram custos

para poderem ser exercidas, ou seja, os centros de custos são os responsáveis

pelas despesas efetuadas”. Nesse sentido, os autores indicam: a) Centro de custo

produtivo-atividades produtivas desenvolvidas em uma propriedade rural, que

além de gerar despesas são capazes de gerar receitas; b) Centro de custos

intermediários - atividades realizadas dentro de uma propriedade rural que

existem para dar suporte às atividades produtivas, ou seja, manter as atividades

produtivas funcionando (ANTUNES e ENGEL, 1999).

No momento em que o produtor decide as variáveis a ser utilizadas,

está também definindo seu custo. Para os economistas, custo econômico pode

ser definido como o valor de mercado de todos os insumos usados na produção

(BINGER e HOFFMAN, 1998).

O cálculo do custo de certa cultura busca estabelecer os custos de

produção associados aos diversos padrões tecnológicos e preços de fatores em

uso nas diferentes situações ambientais. Deste modo, o custo é obtido mediante a

multiplicação da matriz de coeficientes técnicos pelo vetor de preços dos fatores

(CONAB, 2002). Nesta formulação, o objetivo é a determinação do custo

representativo de certa região por unidade de produto.

Page 18: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

14

A informação da forma como insumos são combinados, segundo a

CONAB (2002), é conhecida como "pacote tecnológico" e indica a quantidade de

cada item em particular por unidade de área (hectare), que resulta em

determinado nível de produção. Esta relação quantidade por hectare de cada item

é chamada de coeficiente técnico e deve refletir tanto os fatores relacionados ao

produtor como à região de produção. Este coeficiente pode ser expresso em

tonelada, quilograma ou litro (corretivos, fertilizantes, sementes e defensivos), em

horas (máquinas e equipamentos) e em dias de trabalho (humano).

A análise do custo de produção pode ser feita a partir da

mensuração dos custos incorridos no processo produtivo, que, em termos

econômicos, são tidos como fixos ou variáveis. Segundo Melo Filho e Mesquita

(1983), no custo fixo enquadram-se a remuneração dos fatores de produção cujas

quantidades não podem ser modificadas em curto prazo, mesmo que as

condições de mercado indiquem vantagens em se alterar a escala de produção.

Como se enquadram quanto à classificação:

Variáveis: são custos obtidos diretamente da multiplicação da

quantidade utilizada de certo insumo pelo preço de mercado do insumo.

Enquadram-se neste caso os insumos: sementes, fertilizantes e químicos, mão-

de-obra, operações mecanizadas, reparos (benfeitorias, veículos, maquinas e

equipamentos) combustível, lubrificantes, empregados, encargos, mão-de-obra

temporária, funrural, contador, contribuição sindical, juros sobre o capital variável

e outros (MELO FILHO e MESQUITA, 1983).

Fixos: são custos que existem independentemente da quantidade

produzida e que muitas vezes não exigem um desembolso direto do produtor,

como as depreciações de instalações e benfeitorias, máquinas e equipamentos,

pró-labore do produtor, imposto territorial e juros sobre o capital fixo (MELO

FILHO e MESQUITA, 1983).

É importante ressaltar que a depreciação é um custo necessário

para substituir os bens de capital quando tornados inúteis pelo desgaste físico

(depreciação física) ou quando perdem valor com o decorrer dos anos devido às

inovações técnicas (depreciação econômica ou obsolescência) (HOFFMAN et al.,

1987).

Segundo Hoffmann et al. (1987) deve ser feita a análise financeira

da empresa a partir de algumas conceituações. A Renda Bruta (RB) é o valor de

Page 19: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

15

todos os produtos obtidos durante o exercício,ou seja, é o valor de tudo o que foi

obtido como resultado do processo de produção realizado na empresa durante

um ano. Já a Renda Líquida (RL) que é destinada a remunerar o empresário e o

capital (inclusive terra), é calculada a partir da renda bruta (RB) subtraindo as

despesas (D) (gastos ou encargos da empresa).

RL= RB – D

Se adicionarmos às Despesas (D) os juros sobre o capital agrário

(inclusive terra) e a remuneração do empresário, obtemos o Custo Total (CT).

CT= D + (Juros) + (remuneração do empresário)

Para obter o Lucro puro (LP) deve-se subtrair o custo total (CT), da

renda bruta (RB).

LP= RB – CT

Existem diversos modelos de contabilidade e registro de custos. O

sistema a ser utilizado deve ser escolhido de acordo com as características da

empresa, devendo ser o mais simples possível. O tipo e a amplitude dos registros

dependerão do tamanho e organização da empresa, do interesse do produtor e

da disponibilidade de assistência de contadores ou instituições oficiais

(HOFFMANN et al., 1987).

Page 20: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, L. M.; ENGEL, A. Manual de administração rural: custos deprodução. 3. ed. Guaíba: Agropecuária, 1999.

ARAÚJO, M. J. Fundamentos de Agronegócios. São Paulo: Atlas, 2008.160p.

AZEVEDO, D. B. Condicionantes da competitividade e do gerenciamento dabovinocultura de corte no Triângulo Mineiro. Dissertação de Mestrado –Universidade de Viçosa, Minas Gerais, 1999. 174p.

BINGER, B. R.; HOFFMAN, E. Microeconomics with calculus. 2° edition. NewYork: Addison-Wesley Educational Publishers Inc., 1998. 633 p. Disponívelem:<www.scielo.br>. Acesso em: 22. mai. 2012.

BLUM, R. Agricultura familiar: estudo preliminar da definição, classificação eproblemática. In: TEDESCO, J. C. (Org). Agricultura familiar: realidades eperspectivas. 3 ed. Passo Fundo: Ediupf, 2001. p. 57-102.

BORGES, A. O grande desafio do agronegócio no Brasil. 2007. Disponível em:< http://www.empreendedorrural.com.br>. Acesso em: 16 nov. 2011.

CANZIANI, J. R. Assessoria administrativa a produtores rurais no Brasil.Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiros, São Paulo, 2001. 237p. (Tese de Doutorado em economia aplicada – Universidade de São Paulo,Piracicaba).

CEZAR, I. M.; COSTA, F. P.; PEREIRA, M. A. Perspectivas da gestão emsistemas de produção animal: desafios a vencer diante dos novos paradigmas.In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004,Campo Grande. Anais... Campo Grande: SBZ: Embrapa Gado de Corte, 2004.p. 545-554.

CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração: abordagens prescritivas enormativas da administração. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill; Makron Books,1993.

CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro:Elsevier, 2004.

CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio deJaneiro: Campus, 2000.

CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Metodologia decálculo de custo de produção 2002. Disponível em: <www.conab.gov.br>.Acesso em: 21 mai. 2012.

Page 21: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

17

CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Levantamento desafra. Segundo levantamento de grãos, Mai/2012. Disponível em:<www.conab.gov.br>. Acesso em: 21 mai. 2012.

CREPALDI, S. A. Contabilidade rural – Uma Abordagem Decisorial. 3. ed. SãoPaulo: Atlas. 2005.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Agência deinformação Embrapa milho. Disponível em:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho>. Acesso em: 21 mai. 2012.

FAYOL, H. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1980, 134 p.

GUILHOTO, J. J. M; MONTOYA, M. A.. Mudança estrutural no agronegóciobrasileiro e suas implicações na agricultura familiar. In: TEDESCO, J. C.(Org.) Agricultura familiar: realidades e perspectivas. 3 ed. Passo Fundo: Ediupf,2001. p. 150-178.

HARRISON, J. S. Administração Estratégica de Recursos eRelacionamentos. Porto Alegre: Bookman, 2005, p. 32.

HOFFMANN, R.; ENGLER, J. J. de C.; SERRANO, O.; THAME, A. C. de M.;NEVES, E. M. Administração da empresa agrícola. 3. ed. São Paulo: Pioneira,1987. 325 p.

LAMBIN, J. J. Marketing Estratégico. 4 ed. Lisboa: McGraw Hill, 2000. 756 p.

LIMA NETTO, R. P. Curso Básico de Finanças. São Paulo: Saraiva, 1978. 204p.

MARQUES, P. V.; MELLO, P. C. M. Mercados futuros de commoditiesagropecuárias: exemplos e aplicações nos mercados brasileiros. São Paulo:BM&F, 1999, p. 208.

MARTIN, N. B. Custos: sistema de custo de produção agrícola. InformaçõesEconômicas. São Paulo, v. 24, n. 9, p. 1-26, 1994.

MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração.São Paulo: Atlas, 2000.p.310.

MELO FILHO, G.A. de; MESQUITA, A.N. de. Custo de produção de trigo noEstado do Mato Grosso do Sul: Dourados: EMBRAPA, UEPAE, 1983. p. 28.

NEVES, E. M.; ANDIA, L. H. Custo de produção na agricultura. In: SérieDidática do Departamento de Economia, Administração e Sociologia. EscolaSuperior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo, n.96, 2003.p. 182-195.

NORONHA, J. F.; PERES, F. C. Rumos futuros da administração rural. In:SEMANADE ATUALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO RURAL, Lages, 1991.Anais... Florianópolis: SAA; EPAGRI; CTA do Planalto Serrano Catarinense,1992. p. 251- 260.

Page 22: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

18

OLIVEIRA, D. P. R. de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologias epráticas.14 ed. São Paulo: Atlas, 1999. 303 p.

REICHERT, L. J. A administração rural em propriedades familiares. Teoria eEvidência Econômica. Passo Fundo, v. 5, n. 10, 1998. p. 67-86.

SEPULCRI, O. Planejamento da propriedade rural. Proposta de TreinamentoPrático/ Teórica Roteiro para o instrutor. Curitiba, 2004.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção.ATLAS, p. 34, 2. ed. São Paulo, 1996.

SOUZA, R. de; GUIMARÃES, J. M. P.; MORAIS, V. A. VIEIRA, G., ANDRADE,J.G.Administração da fazenda. 3. ed. São Paulo: Globo, 1990. p.211.

STONER, J. A. F.; FREEMAN, R. E. Administração. 5 ed. Rio de Janeiro:Prentice Hall do Brasil, 1999.

Page 23: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

19

3. ARTIGO

ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO FINANCEIRAUTILIZADOS PELOS PRODUTORES DE GRÃOS DE SÃO

GABRIEL DO OESTE, MATO GROSSO DO SUL

Page 24: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

20

ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO FINANCEIRAUTILIZADOS PELOS PRODUTORES DE GRÃOS DE SÃO

GABRIEL DO OESTE, MATO GROSSO DO SUL

RESUMOAs mudanças ocorrentes na economia mundial, particularmente a abertura dos

mercados e as novas exigências dos consumidores, fazem com que o produtor

rural necessite aumentar a eficiência na produção e na gestão das atividades

agrícolas. Com base nessa premissa, o presente estudo teve como objetivo

identificar e descrever os mecanismos e instrumentos de controle e de análise

econômica-financeira utilizados pelos produtores de grãos do município de São

Gabriel do Oeste - Mato Grosso do Sul, assim como a importância dada pelos

mesmos à função de controle. Foi possível constatar que ainda existem

produtores que não fazem nenhum tipo de controle, e os que o fazem nem

sempre utilizam esses instrumentos da maneira correta, levando em consideração

apenas alguns componentes do custo total. Além disso, muitos ainda não

informatizaram suas empresas rurais. Embora a proporção de produtores que

compreende e executa a gestão financeira de maneira correta seja reduzida,

existe uma percepção generalizada sobre a importância de um controle efetivo

para facilitar as tomadas de decisão.

Palavras-chave: Administração Rural; controle; indicadores financeiros

Page 25: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

21

ANALYSIS OF FINANCIAL MANAGEMENT TOOLS USED BYCROP FARMERS IN SÃO GABRIEL DO OESTE, MATO GROSSO

DO SUL.

ABSTRACTChanges taking place in the global economy, particularly the markets opening and

the new consumer requirements imposed to farmers the need to increase the

efficiency in farm production and management. Based on this premise, the present

study aimed to identify and describe the mechanisms and instruments used to

control and analyze the economic performance of crop farms in São Gabriel do

Oeste, Mato Grosso do Sul State, as well as to verify the importance given by

farmers to the control function. It was found that there are producers who make no

kind of control, and those who do not always use these tools properly, taking into

consideration only some components of the total cost. In addition, many still do not

use computers ordinarily in their rural businesses. Although the proportion of

producers who understands and practices the financial management in a proper

way is reduced, there is a widespread perception of the importance of effective

control to facilitate decision-making.

Key words: Farm management; control; financial indicators.

Page 26: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

22

3.1. INTRODUÇÃO

As mudanças ocorrentes na economia mundial, particularmente a

abertura dos mercados e as novas exigências dos consumidores, fazem com que

o produtor necessite aumentar a eficiência na produção e na gestão das

atividades agrícolas. Assim, além de empregarem tecnologias economicamente

viáveis, os sistemas de produção devem ser ambientalmente corretos e

socialmente justos, atendendo os requisitos da sustentabilidade. Para tanto, é

importante que o empresário rural se capacite, com ênfase nas variáveis que

afetam a gestão de sua atividade.

O surgimento de um novo ambiente para realização de negócios fez

com que os gestores das propriedades rurais passassem a enfrentar problemas

como acirramento da concorrência, estagnação de preços e aumento de custos,

além das perdas pela ocorrência doenças, pragas e constantes variações do

clima. Uma das soluções encontradas para o enfrentamento dessas adversidades

é a gestão financeira, pois esta oferece a informação, o controle e a

racionalização no uso dos recursos, para a continuidade da atividade

agropecuária (BARBALHO et al., 2006).

A contabilidade de custos tem sido uma das ferramentas

administrativas menos utilizadas pelos produtores brasileiros, sendo vista,

geralmente, como uma técnica complexa em sua execução, com baixo retorno na

prática. A tarefa de gerar informações gerenciais, que permitam a tomada de

decisão com base em dados consistentes e reais, é uma dificuldade constante

para os produtores rurais (CREPALDI,1998).

A análise da rentabilidade das culturas tornou-se assim uma

importante ferramenta para a maximização dos lucros. Na opinião de Martin

(1994), estimativas de custos de produção têm assumido importância crescente,

tanto na análise da eficiência da produção de determinada atividade quanto na

análise de processos específicos, como indicadores do sucesso das empresas no

seu esforço de produzir. Para este mesmo autor, o fato da agricultura ter de se

tornar cada vez mais competitiva, e a diminuição da intervenção governamental

no setor, transformou o custo de produção num importante instrumento do

processo de decisão.

Page 27: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

23

Nesse contexto, a contabilidade pode desempenhar um importante

papel como ferramenta gerencial, oferecendo informações que permitem um

melhor planejamento e controle, transformando as propriedades rurais em

empresas com capacidade para acompanhar a evolução do setor, principalmente

no que tange aos objetivos e atribuições da administração financeira, controle de

custos, diversificação de culturas e comparação de resultados (BORILLI, et al.,

2005).

A principal ferramenta de gestão a ser utilizada pelos produtores

rurais é o controle de caixa, que permite identificar as entradas e as saídas de

recursos financeiros, conhecendo seu destino final. Bastos (2008) relata que esta

ferramenta permite que o produtor tenha controle sobre suas retiradas, pois

geralmente o que acontece é que ele utiliza o mesmo recurso destinado à

atividade produtiva para pagar as contas pessoais e as contas da fazenda.

A demonstração do fluxo de caixa tem como objetivo registrar as

transações financeiras, assim como servir de base para o gestor efetuar o

planejamento financeiro de sua entidade. Assim, o proprietário rural pode prever

as sobras de caixa e aplicá-las em outras atividades ou em investimentos na

própria atividade, como também pode antecipar a falta de recursos e recorrer a

financiamentos o mais previamente possível (SILVA, 2008).

Nunes (2006) conceitua o balanço patrimonial como a demonstração

que apresenta os bens e direitos da empresa e o que ela pode utilizar na sua

atividade, as obrigações e dívidas com terceiros e a diferença entre o que a

empresa possui e o que deve, sendo assim outra ferramenta importante.

Padoveze (2000) destaca que uma vez conhecidos tais índices

financeiros, os gestores poderiam diagnosticar situações críticas ou benéficas,

verificar tendências e assim obter os subsídios necessários para o processo de

tomada de decisão.

O presente trabalho teve como objetivo identificar e entender os

mecanismos e instrumentos de controle e de análise econômica-financeira

utilizados pelos produtores de grãos de São Gabriel do Oeste - MS, assim como

detectar a importância dada por eles à função administrativa de controle.

Page 28: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

24

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no município de São Gabriel do Oeste,

situado na região norte de Mato Grosso do Sul, a 130 km da capital Campo

Grande. O município tem uma população em torno de 22 mil habitantes e uma

área total de 3.865 km2, conforme dados do IBGE (2010).

Empregou-se uma abordagem de caráter exploratório e descritivo,

com base na combinação de métodos qualitativos e quantitativos, a partir de

levantamento de dados junto a produtores rurais. A abordagem também envolveu

levantamento bibliográfico sobre o tema em estudo, buscando dados secundários

em livros, artigos publicados, material disponível na internet e periódicos.

As unidades de análise foram extraídas do universo dos produtores

rurais associados ao Sindicato Rural no Município de São Gabriel do Oeste. De

acordo com uma lista atualizada, verificou-se a existência de 135 produtores de

grãos que cultivam acima de três módulos rurais (70 ha cada módulo rural).

Aos parâmetros dessa população aplicou-se a seguinte fórmula,

proposta por Fonseca e Martins (1994):

,

onde:

n = tamanho da amostra a ser selecionada;

d = erro amostral expresso na unidade da variável;

Z = valor associado ao nível de confiança;

p = proporção a priori a favor de uma determinada característica de maior

interesse;

q = proporção a priori contra uma determinada característica de maior interesse;

N = tamanho da população.

Considerando uma variável nominal e população finita, para um erro

amostral de 7%, a aplicação da fórmula resultou em uma amostra de 80

produtores, que foram então extraídos aleatoriamente.

Page 29: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

25

A coleta de dados deu-se por meio de entrevista individual do tipo

inquisição direta, usando-se questionário estruturado com perguntas fechadas

que, conforme Cervo et al. (2007), permitem obter informações mais precisas e

reais, devido ao aumento da confiança do respondente. O questionário incluiu

perguntas relacionadas a aspectos demográficos, recursos/atividades e

administração. Em algumas questões, de natureza qualitativa, foi utilizada a

escala de Likert (JUDD et al., 1991), usando cinco níveis de resposta: 1=

nenhuma importância, 2= pouca importância, 3= moderada importância, 4=

importante, 5= muito importante. As entrevistas foram realizadas nos meses de

dezembro de 2011 e janeiro de 2012.

Para a formatação do questionário, construção da base de dados e

análise dos mesmos, foi utilizado o “software” Sphinx, Léxica 5.0. Foram

realizadas análises do tipo univariada, bivariada e multivariada. A primeira

descreveu e caracterizou a amostra, calculando-se médias, desvios e frequências

relativas. A segunda buscou identificar possíveis relações entre variáveis, para

melhor explicar os resultados. Para cada análise bivariada, foi aplicado o teste de

Qui-quadrado, visando verificar a significância estatística da interdependência,

para um nível de probabilidade de 5%.

A fim de descobrir a existência de ligação verdadeira entre a variável

dependente e a independente, ou ambas as variáveis com uma terceira, foram

realizadas análises de correspondência múltipla. Com essas análises foi possível

identificar se a explicação da variável dependente estaria relacionada a outros

fatores os quais estariam ocultos se analisados de forma isolada ou utilizando

apenas a análise bivariada. A técnica de análise de correspondência múltipla,

utilizada neste trabalho, é a de análise fatorial por meio do processo de rotação

ortogonal varimáx, o que viabiliza a interpretação dos dados de diversas variáveis

simultaneamente.

Page 30: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

26

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Perfil dos produtores

Dos 80 produtores entrevistados de São Gabriel do Oeste são

predominantemente (90%) do sexo masculino, revelando que a inserção da

mulher no campo ainda é uma realidade distante na região estudada, apesar de

seu destaque em vários setores da economia brasileira. A faixa etária de maior

predominância está entre 40 e 49 anos, com frequência de 35%. Essa situação é

um pouco diferente para a totalidade dos trabalhadores (rurais e urbanos)

brasileiros: a faixa entre 30 e 39 anos é a mais numerosa, seguindo-se aqueles

com idade entre 40 e 49 anos (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO,

2011).

Em relação à escolaridade, destaca-se o alto nível de educação dos

indivíduos componentes da amostra. Não existem analfabetos, 75% possuem

ensino médio completo e 35% concluíram o ensino superior. Esse resultado

contrasta com a pesquisa de Bianchi (2010), que analisando assentados em

Chapadão do Sul, verificou que a média de estudo das famílias não ultrapassava

os quatro anos do ensino fundamental. Esse quadro pode ser explicado pela

diferença entre a renda familiar de assentados pela reforma agrária e donos de

propriedades ou arrendatários de terras para a produção de grãos.

Borilli et al. (2005), em pesquisa com produtores rurais da região de

Toledo, no Estado do Paraná, verificou que 72,14% dos agricultores concluíram o

ensino fundamental, mostrando que por ser uma região de produtores de grãos

também mostrou-se com nível escolar mais elevado.

Cabe ainda relatar que, dos 35% dos produtores rurais que têm

curso superior completo, 57% são formados em Ciências Agrárias, com destaque

para o curso de Agronomia. Produtores formados em Administração Rural

perfazem um total de 14%, e Zootecnia 7%, para citar somente os cursos com

números mais significativos.

Com referência à forma jurídica da empresa rural, todos os

agricultores entrevistados apresentam-se na forma de pessoa física. Rossoni

(2009) obteve o mesmo resultado ao verificar a incidência da forma jurídica

escolhida pelos produtores de bovinos de corte no Estado do Mato Grosso do Sul.

Page 31: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

27

Segundo Roveri (2006), a escolha pela pessoa física deve-se ao fato

dos produtores estarem acostumados a esta figura jurídica, além de

desconhecerem se existem ou não vantagens na pessoa jurídica, o que depende

da situação presente em cada caso.

Outro fato relevante constatado na presente pesquisa foi o de que

83,8% dos produtores rurais de São Gabriel do Oeste exercem atividades na

lavoura há mais de 20 anos. Vestena et al., (2008) obtiveram resultados parecidos

ao avaliar o perfil do produtor de grãos da região da Grande Dourados,

verificando que 67,5% deles estão na atividade há mais de 20 anos.

O produtor rural da região de São Gabriel do Oeste tem buscado

diversificar suas fontes de renda, como revela o fato de 51,2% deles não

dependerem exclusivamente da lavoura.

Quanto à posse da terra, 85% são proprietários, e 55% destes, além

de proprietários, são também arrendatários. Ainda, 12% dos produtores são

somente arrendatários.

Entre os entrevistados 25% trabalham em áreas acima de 1.800 ha,

18,8% possuem áreas até 300 ha, e os restantes 55,2% produzem em áreas

entre 301 e 1800 ha. Na pesquisa de Vestena et al., (2008), a grande maioria dos

produtores da Grande Dourados também executam suas atividades em áreas

entre 200 e 2000 ha.

Mais da metade dos produtores não tiveram aumento de sua área

produtiva nos últimos cinco anos, contrariando a expectativa de que a pujança da

produção de grãos da região induziria tal expansão. Sobre tal fato, algumas

suposições podem ser feitas: a região já está no limite de expansão de suas

áreas; os produtores estão fazendo investimentos em outros setores, ou mesmo

em novas tecnologias, mantendo a área cultivada constante.

Identificou-se que 88,8% dos produtores rurais não possuem assessoria

administrativa em suas propriedades. São eles próprios, ou algum membro da

família, que fazem a gestão da empresa rural. No caso dos poucos produtores

que possuem assessoria, 62,5% a têm de forma permanente. Isto mostra como

os produtores, mesmo aqueles detentores de grandes áreas, ainda são

responsáveis por todas as etapas da administração da empresa rural. Por fim,

observou-se que 96,3% acreditam estar tendo lucro com a atividade. Já Spagnol

e Pfüller (2010), em pesquisa feita com produtores no município de Sananduva,

Page 32: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

28

no Rio Grande do Sul, observaram que 64% dos produtores consideram a

atividade lucrativa. Esses autores atribuíram essa menor porcentagem ao

momento pelo qual a agricultura passava, com baixa rentabilidade, devido aos

preços baixos dos produtos e a problemas climáticos ocorridos na safra anterior.

3.3.2 Controle Financeiro

A agricultura é uma atividade caracterizada por investimentos e

custos variáveis elevados, os quais, juntamente com o retorno no momento da

colheita, implicam em grande giro financeiro. Fazer o controle dos investimentos e

das entradas e saídas de recursos é portanto essencial para obter um real

entendimento da saúde financeira do empreendimento, possibilitando definir

estratégias de curto e longo prazo. Nesse sentido, quando perguntou-se aos

produtores se eles faziam algum tipo de anotação visando o controle, expressiva

quantidade deles (90%) afirmou fazer anotações relativas aos gastos.

Quase metade (47,2%) dos produtores registra essas informações em

cadernos e agendas, enquanto 38,9% utilizam o computador; o restante usa as

duas formas, manual e informatizada. Levando-se em conta a grande evolução

tecnológica que atinge todo cidadão, esse dado mostra que os produtores ainda

precisam evoluir quando se trata da gestão da empresa, pois hoje já existem

inúmeros softwares disponíveis para facilitar as tomadas de decisão, de acordo

com a quantidade e variedade de registros que podem ser armazenados nessas

máquinas.

Os produtores que fazem o controle têm a possibilidade de executá-

lo de acordo com o ano fiscal ou o ano agrícola. No segundo caso o controle é

feito para o período compreendido pelo plantio, colheita e, também, pela

comercialização da safra (MARION, 1996). Dessa maneira, o produtor pode

avaliar a real rentabilidade da cultura. Já o controle de acordo com o ano fiscal

engloba o período entre 1o de janeiro e 31 de dezembro, geralmente feito para fim

de imposto de renda, mas servindo também de parâmetro para verificar a

situação financeira. Esse tipo de controle, no entanto, tende a ser falho, pois não

indica a rentabilidade especifica de cada cultura ou cada investimento

separadamente, podendo mascarar algum ponto que está, porventura, dando

Page 33: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

29

prejuízo. Entende-se que a melhor maneira é ter em conta os dois períodos, mas

na amostra estudada poucos foram os produtores que os levam em conta

simultaneamente. A grande maioria considera apenas um deles, uma metade

usando o ano fiscal e a outra fazendo os registros de acordo com o ciclo da

lavoura.

Dos agricultores entrevistados, 75% anotam as despesas

separadamente dos investimentos. Com isso é possível prever o desembolso na

safra seguinte, facilitando o planejamento financeiro. Já quando se tem os valores

dos investimentos pode-se calcular a depreciação, identificando qual o melhor

momento de reinvestir.

Indagados em relação à anotação de despesas, especialmente

quanto ao agrupamento daquelas de natureza comum, 69,4% dos entrevistados

afirmaram que as registram item por item, como se tivessem um plano de contas.

Isto facilita identificar componentes de maior peso no custo de produção e,

consequentemente, concentrar neles os esforços de minimização de custo.

Pouco mais da metade dos produtores, 55,6% deles, possuem

controle patrimonial atualizado das instalações, benfeitorias, máquinas e

equipamentos, o que permite identificar o valor de seu ativo e, com isso,

caracterizar a verdadeira situação patrimonial da empresa. Assim sendo, pode-se

afirmar que boa parte dos produtores não conhece o valor real do seu próprio

patrimônio.

Os agricultores foram ainda indagados se é feito o controle de

produtividade da lavoura por hectare. A grande maioria, 91,7% deles, faz esse

tipo de controle, mostrando assim a importância dada ao fator de produção terra.

3.3.3 Análise econômica e financeira

Após identificar o tipo de controle que os produtores rurais utilizam,

foi analisado se os mesmos usam corretamente os instrumentos econômicos e

financeiros no gerenciamento de suas propriedades.

Dada a relevância do custo de produção para as tomadas de

decisão, perguntou-se sobre sua prática, observando-se que 87,5% o fazem

sistematicamente. Bianchi (2010) fez o mesmo questionamento a assentados,

Page 34: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

30

observando que 9% registram apenas os custos fixos. A menor escala de

produção dos assentados, bem como o empirismo de sua gestão, carente de

maior controle, certamente explica essa diferença nos percentuais.

Verificou-se também que 84,1% dos produtores utilizam o hectare

como referência para o custo de produção, ou seja, os custos são divididos pela

área plantada, gerando uma média por hectare. Uma minoria (4,8%) prefere ter

como referência o custo por saco produzido. Com tais dados, os produtores

verificam quantos sacos foram colhidos por hectare e subtraem deste valor os

custos expressos em quantidade equivalente de sacos. Um total de 11,1% dos

agricultores utilizam os dois métodos. Essa porcentagem é pouco significativa, e o

ideal seria que a totalidade dos produtores fizessem os dois cálculos, para deixar

mais claro o real custo de produção.

Ao analisar-se que itens os produtores consideram para calcular o

custo de produção, obteve-se resultado bastante heterogêneo, como mostrado na

Tabela 1.

Nove são os componentes do custo total, considerados simultaneamente

por apenas 3,2% dos produtores. Foi identificado que 14,3% levam em

consideração somente o custo operacional da lavoura (desembolso), embora em

todas as outras combinações apareça tal custo, como pode ser visto nas Tabelas

1 e 2. Uma explicação para isso é que o custo operacional corresponde ao

desembolso anual do agricultor, portanto é um custo fácil de ser identificado.

Page 35: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

31

TABELA 1 – Composição do custo de produção considerado pelos produtores de

São Gabriel do Oeste – MS, 2012.

FrequênciaCombinação dos itens de custo Absoluta Relativa (%)6.7.8 9 14,3%8 9 14,3%5.8 4 6,3%6.8 4 6,3%8.9 4 6,3%1.3.6.7.8.9 3 4,8%3.5.6.7.8 3 4,8%1.2.3.4.5.6.7.8.9 2 3,2%1.2.5.6.7.8 2 3,2%1.5.6.7.8.9 2 3,2%1.5.8 2 3,2%6.7.8.9 2 3,2%1.2.3.4.8 1 1,6%1.3.4.5.6.7.8.9 1 1,6%1.3.4.5.6.7.8 1 1,6%1.3.5.6.7.8.9 1 1,6%1.3.6.7.8 1 1,6%1.5.6.7.8 1 1,6%1.5.6.8 1 1,6%1.6.8 1 1,6%1.7.8 1 1,6%1.8 1 1,6%3.4.5.6.7.8 1 1,6%3.4.5.7.8.9 1 1,6%3.5.6.8 1 1,6%3.5.8 1 1,6%3.6.8.9 1 1,6%5.6.7.8.9 1 1,6%5.6.8 1 1,6%Total 63 100,0%

Itens de custo: 1=Depreciação de máquinas e equipamentos; 2=Depreciação de instalações ebenfeitorias; 3=Juros sobre o capital em máquinas e equipamentos; 4=Juros sobre o capital eminstalações e benfeitorias; 5=Custo de oportunidade da terra (juros ou valor de arrendamento);6=Juros sobre o custo operacional da lavoura (despesas com insumos, mão de obra, etc);7=Imposto territorial; 8=Custo operacional da lavoura; 9= Pró-labore (Valor da mão de obra doproprietário).

Outra combinação bastante usada pelo produtor, com porcentagem

de 14,3% do total, é aquela que considera custos operacionais, juros sobre os

mesmos e imposto territorial.

Page 36: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

32

TABELA 2 – Frequência com que os diferentes componentes do custo sãoincluídos nas estimativas dos produtores de São Gabriel do Oeste– MS, 2012.

Itens Custo de produção Freq. %Depreciação de máquinas e equipamentos 21 33,3

Depreciação de instalações e benfeitorias 5 7,9

Juros sobre capital imobilizado em máquinas e equipamentos 18 28,6

Juros sobre capital imobilizado em instalações e benfeitorias 7 11,1

Custo de oportunidade da terra (juros ou arrendamento) 26 41,3

Juros sobre as despesas operacionais com a lavoura 39 61,9

Imposto territorial 32 50,8

Custo operacional da lavoura (insumos, mão de obra, etc) 63 100

Pró-labore (valor da mão de obra do proprietário) 18 28,6

Quanto ao cálculo e uso das margens econômicas, 75% dos

entrevistados afirmaram calcular tais margens, do que se conclui que a grande

maioria dos proprietários tem interesse em conhecer com mais detalhe seus

resultados econômicos. Na prática, no entanto, observou-se que 63,6% dos

agricultores que realizam algum controle calculam apenas a margem bruta

(receita menos custo operacional), o que se explica pelo fato da maioria não fazer

o custo de produção completo, levando em consideração apenas as despesas

operacionais, como pode ser observado na Tabela 3.

A partir desse resultado, e sabendo-se que a lucratividade é definida

como lucro liquido dividido pelo valor total das vendas, pode-se concluir que essa

foi uma resposta genérica, prejudicada pelo mal entendimento, de parte dos

produtores, do significado do conceito de lucratividade.

Page 37: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

33

TABELA 3 -Combinação dos itens considerados pelos produtores de São Gabriel

do Oeste - MS para fazerem os cálculos das margens econômicas,

2012.

Combinação dos itens Frequencia %1 35 63,6%1.2 1 1,8%1.2.3 1 1,8%1.3 2 3,6%1.4 1 1,8%2 2 3,6%4 4 7,3%5 4 7,3%6 5 9,1%Total 55 100,0%Itens: 1= Receitas – Desembolso = despesas de custeio (Margem Bruta) 2= Receitas –(desembolso + depreciação + pró-labore) (Margem Operacional 1) 3= Receitas – (desembolso +depreciação) (Margem Operacional 2) 4= Receitas – (desembolso + depreciação + juros sobrecapital + pró-labore) (lucro líquido 1) 5= Receitas – (desembolso + depreciação + juros sobre ocapital) (lucro líquido 2) 6= Outros.

Esse alto índice de produtores que calculam apenas a margem bruta

é preocupante porque, a longo prazo, o produtor precisa de reinvestimentos, e

pode não conseguir os recursos para isso, pois ele não sabe qual é o valor real

dos seus custos totais.

Questionados sobre a execução do balanço patrimonial, metade dos

produtores afirmaram realizá-lo. Julga-se, no entanto, que este percentual está

superestimado, talvez porque os entrevistados não conhecem suficientemente o

significado desse conceito. Isto fica mais patente quando se verifica que apenas

37,5% dos respondentes disseram calcular a relação ativo total/passivo total,

componente menor de um balanço patrimonial.

Uma minoria de produtores, 13,9% do total, fazem uso de outros

indicadores financeiros, mais uma vez evidenciando que a gestão financeira não é

uma área que recebe atenção maior dos produtores. Além disso, mesmo quando

afirmaram fazer uso de outros indicadores, alguns não perceberam que já haviam

respondido sobre isso em outro ponto do questionário, não se tratando, portanto,

de indicador diferente. Outro equívoco identificado refere-se ao tratamento do

Page 38: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

34

dólar americano como um indicador, quando o mesmo é usado, no caso, apenas

para expressar os resultados em uma moeda estável.

3.3.4 Análise das relações entre variáveis selecionadas

Por meio da análise bivariada buscou-se investigar a existência de

relação de dependência entre o emprego da função controle (percepção de lucro,

grau de informatização, cálculo do custo de produção e realização de balanço

patrimonial) e variáveis que poderiam explicar tal emprego (idade, tamanho da

lavoura, formação em ciências agrárias e nível de escolaridade).

Primeiramente, julgou-se interessante verificar se a faixa etária do

proprietário rural estava relacionada ao tamanho da lavoura, supondo-se que os

agricultores mais velhos teriam maior área porque estão há mais tempo na

atividade e, portanto, puderam acumular ganhos revertidos em compra de terras.

Para isso, cruzou-se a idade com a área total de lavoura, encontrando-se uma

dependência significativa (2 = 39,04, gl = 24, p = 0,02) na associação dessas

duas variáveis. Produtores de 30 a 39 anos possuem mais terras cultivadas

(acima de 1800 ha), seguidos pelos de 40 a 49 anos (Tabela 4). Já os produtores

com menos de 30 anos e aqueles com mais de 60 são os que possuem menos

quantidade de terra cultivada. Portanto, os dados não sustentam a suposição de

que os mais velhos possuem mais terra, o que pode ser explicado pelo fato dos

mais idosos não estarem mais à frente de seus negócios, tendo delegado a

administração para as gerações mais jovens.

TABELA 4 – Análise da relação Idade x Área total da lavoura, São Gabriel doOeste – MS, 2012.

Idade Área total da lavoura TOTALAté300ha

301 a600ha

601 a900ha

901 a1.200ha

1201 a1500ha

1501 a1.800ha

acima de1.800 há

até 29 anos 11,1% 0,0% 44,4% 22,2% 11,1% 11,1% 0,0% 100%30 a 39 anos 5,9% 23,5% 11,8% 5,9% 5,9% 0,0% 47,1% 100%40 a 49 anos 28,6% 14,3% 7,1% 10,7% 0,0% 3,6% 35,7% 100%50 a 59 anos 21,1% 5,3% 31,6% 15,8% 5,3% 5,3% 15,8% 100%60 ou mais 14,3% 42,9% 14,3% 0,0% 28,6% 0,0% 0,0% 100%TOTAL 18,8% 15,0% 18,8% 11,3% 6,3% 3,8% 26,3% 100%

Page 39: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

35

Ter um bom retorno dos investimentos e conseguir comprar terras

ao longo do tempo, para aumentar a área de produção, traz ao agricultor a

possibilidade de ter uma renda maior. Para verificar se o aumento da área de

terra está relacionado com a idade do produtor, cruzaram-se essas duas

variáveis, observando-se, de forma significativa (2 = 10,62, gl = 4,1, p = 0,03),

que os produtores entre 30 e 39 anos aumentaram mais suas áreas produtivas,

enquanto aqueles acima de 60 anos tiveram um menor aumento de suas áreas,

como mostrado na Tabela 5.

TABELA 5 – Análise da relação Idade x Aumento da área de lavoura, São Gabrieldo Oeste – MS, 2012.

Idade Aumento da área de lavoura TOTALSim Não

até 29 anos 66,7% 33,3% 100%30 a 39 anos 70,6% 29,4% 100%40 a 49 anos 39,3% 60,7% 100%50 a 59 anos 31,6% 68,4% 100%60 ou mais 14,3% 85,7% 100%TOTAL 45,0% 55,0% 100%

Com o objetivo de saber se os agricultores mais jovens tem melhor

percepção sobre os resultados econômicos, pelo fato de terem mais acesso a

informações, cruzou-se a idade dos produtores com a percepção dos mesmos

sobre se estão ou não tendo lucro. Verificou-se que essa relação não é

significativa (2 = 6,67, gl = 4,1, p = 0,15), demonstrando que a idade não interfere

nesse tipo de comportamento. A Tabela 6 apresenta esse cruzamento de forma

detalhada.

TABELA 6 – Análise da relação Idade x Percepção sobre Lucro, São Gabriel doOeste – MS, 2012.

Idade Lucro TOTALSim Não

até 29 anos 100% 0,0% 100%30 a 39 anos 100% 0,0% 100%40 a 49 anos 100% 0,0% 100%50 a 59 anos 89,5% 10,5% 100%60 ou mais 85,7% 14,3% 100%TOTAL 96,3% 3,8% 100%

Page 40: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

36

Cabe também observar, com base na Tabela 6, que mesmo sem

executar um controle satisfatório, a maioria dos produtores acredita estar

auferindo lucros, o que talvez se explique pela adoção de tecnologias de ponta e

alta produtividade que caracterizam a agricultura do município.

Relacionando área total da lavoura e grau de informatização (Figura

1), observou-se que indivíduos com até 900 ha utilizam mais o caderno e a

agenda para fazer suas anotações, enquanto aqueles com mais de 1800 ha, a

grande maioria, faz seus registros em meio eletrônico. Embora essa relação seja

pouco significativa do ponto de vista estatístico (2 = 18,65, gl = 12, p = 0,09), vale

ressaltar que tais resultados coincidem com os achados de Tres (2009), que

encontrou uma relação direta significativa entre a utilização de planilhas

eletrônicas e o tamanho da área de plantio.

Figura 1. Resultados do cruzamento das variáveis área total da lavoura com onde

é feita as anotações, São Gabriel do Oeste – MS, 2012.

Com relação ao custo de produção, realizou-se seu cruzamento com

a variável “empresários rurais que possuem graduação em ciências agrárias”,

para verificar se a formação nessa área está relacionada positivamente com a

prática do cálculo de custo de produção. O resultado (Tabela 7) mostra que

78,8% desses profissionais fazem esse custo, obtendo-se uma dependência

significativa (2 = 6,66, gl = 2, p = 0,03).

Page 41: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

37

TABELA 7– Análise da relação Curso x Custo de produção, São Gabriel do Oeste

– MS, 2012.

Curso Custo de Produção TOTALSim Não

Agronomia 92,3% 7,7% 100%Zootecnia 0,0% 100% 100%Administração Rural 50,0% 50,0% 100%TOTAL 78,8% 11,3% 100%

Os engenheiros agrônomos são os graduados que mais fazem o

custo de produção da lavoura, somando 92,3%.

Quando cruzadas as variáveis “nível de escolaridade” com “balanço

patrimonial da empresa”, os resultados mostraram-se não significativos (2 = 5,20,

gl = 6, p = 0,52), ou seja, o nível de escolaridade não interfere no fato de o

produtor fazer ou não o balanço patrimonial em sua empresa (Tabela 9).

TABELA 8 – Análise da relação escolaridade x balanço patrimonial, São Gabrieldo Oeste – MS, 2012

Escolaridade Balanço patrimonial TOTALSim Não

Fundamentalincompleto 0,0% 100% 100%

fundamental completo 50,0% 35,7% 100%médio incompleto 40,0% 40,0% 100%médio completo 33,3% 54,2% 100%superior incompleto 62,5% 25,0% 100%superior completo 54,2% 41,7% 100%pós-graduado 25,0% 75,0% 100%TOTAL 45,0% 45,0% 100%

Independentemente da significância estatística, parece haver uma

tendência de que os produtores que mais fazem o balanço patrimonial são

aqueles com mais alto nível de educação formal. Tais resultados estão de acordo

com as expectativas, pois é de se esperar que indivíduos mais instruídos tenham

maior preocupação com indicadores mais complexos como o balanço patrimonial.

3.3.5 Motivação para realizar o controle da atividade

Para verificar a importância dada pelos empresários ao controle e,

principalmente, o motivo pelo qual os mesmos o fazem, foram formuladas

Page 42: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

38

questões usando a escala de Likert, cujos resultados foram expressos em termos

de médias aritméticas, desvios-padrão e coeficientes de variação (Tabela 9).

TABELA 9 – Importância de motivos para realizar o controle da atividade, SãoGabriel do Oeste – MS, 2012.

Fator Média Desvio Padrão Coeficiente deVariação

Rever e, se necessário, ajustar asmetas para o próximo ciclo produtivo. 4,72 0,48 10,2

Implementar ações corretivas, tão logoquanto possível, se forem necessárias. 4,63 0,62 13,4

Avaliar se o que está acontecendo estádentro do planejado (esperado) 4,44 0,77 17,3

Entender a magnitude e razões dasdivergências entre os resultadosobtidos e os esperados. 4,36 0,68 15,6

Definir padrões de desempenho(tempo, $, qualidade, quantidade) 4,32 0,67 15,5

Monitorar desempenho (instrumento decoleta e análise de dados). 4,04 0,88 21,8

Comparar desempenho com padrões -benchmark (índices, gráficos, medidasestatísticas, etc) 3,10 0,98 31,6

1=Nenhuma importância 2=Pouca importância 3=Moderada importância 4= Importante 5=MuitoImportante

Como mostra a Tabela 9, os coeficientes de variação indicam que a

maioria dos produtores tiveram percepção semelhante ao responderem a mesma

questão, o que demonstra que este segmento de produtores (adotantes do

controle) é bastante homogêneo quanto à importância atribuída ao controle como

meio para identificar gargalos e definir possíveis soluções.

Já para os produtores que não fazem nenhum tipo de controle,

perguntou-se os motivos de assim procederem. Conforme a Tabela 10, observa-

se que os motivos são bem diferentes, revelando que esse grupo é mais

heterogêneo.

Page 43: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

39

TABELA 10 – Importância de motivos para não fazer o controle da atividade, SãoGabriel do Oeste – MS, 2012.

Fator Média Desvio Padrão Coeficiente deVariação

Não acredita ser necessário 4,25 1,16 27,3

Dificuldades nos métodos 2,88 1,55 53,8

Falta de conhecimento e orientação 2,38 1,30 54,6

Falta de capital para implantar umsistema de controle 1,88 1,36 72,3

Falta de pessoal preparado para prestaresse serviço 1,88 1,46 77,7

1=Nenhuma importância 2=Pouca importância 3=Moderada importância 4= Importante 5=MuitoImportante

A opinião dos produtores em relação à necessidade de fazer o

controle foi em geral a mesma, ressaltando sua importância. Já quando

questionados sobre os outros motivos que levam a não fazer o controle, os

resultados foram bem variados.

3.3.6 Análise Multivariada

A fim de investigar a existência de ligação verdadeira entre a

variável dependente e a independente, ou ambas as variáveis com uma terceira,

foram realizadas análises de correspondência múltipla. Com essas análises foi

possível identificar se a explicação da variável dependente estaria relacionada a

outros fatores os quais estariam ocultos se analisados de forma isolada ou

utilizando apenas a análise bivariada.

Ao cruzar simultaneamente as variáveis idade, escolaridade,

informatização (se utiliza computador ou faz anotação em papel para fazer o

controle) e “avaliar_esperado”, ou seja, avaliar se o que está acontecendo está

dentro do planejado (esperado), foi possível observar a formação de dois grupos,

caracterizados pela proximidade entre os pontos no gráfico (Figura 02): o grupo

formado pelo círculo de linha contínua, constituído de agricultores até 39 anos,

Page 44: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

40

com formação superior incompleta até pós-graduados, que fazem o controle da

empresa utilizando computador e acham muito importante avaliar se o que está

acontecendo está dentro do planejado ou esperado; o grupo formado pelo circulo

pontilhado, onde se incluem indivíduos de 40 até 59 anos, com formação até o

ensino médio incompleto, que fazem anotações em caderno ou agendas, e

também acreditam ser importante avaliar se os resultados obtidos estão de

acordo com o planejado ou esperado.

até 29 anos

30 a 39 anos

40 a 49 anos

50 a 59 anos

60 ou mais

fundamental incompleto

fundamental completo

médio incompleto

médio completo

superior incompleto

superior completo

pós-graduado

Caderno/Agenda

Computador

Caderno/Agenda e Computador

nenhuma importância

pouca importância

moderada importância

importante

muito importante

Figura 02 – Agrupamentos formados sobre as variáveisque influenciam na maneira que são feitas as anotaçõese no grau de importância de ser feito o controle. SãoGabriel do Oeste – MS, 2012.

Portanto, é evidente que os mais jovens estão tendo maior

oportunidade para estudar, adquirindo assim informação que os leva a

compreender a importância da função de controle para a lavoura, além de terem

mais habilidade para usar a informática, utilizada por eles para facilitar e

assegurar o controle do negócio rural.

Page 45: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

41

Vale salientar que a caracterização desses dois “tipos” de produtores

é um importante subsidio para os formuladores de politicas de órgãos públicos e

empresas privadas voltadas para os produtores de grãos de São Gabriel do

Oeste, pois suas especificidades implicam tratamentos diferenciados.

3.4 CONCLUSÕES

De maneira geral, os produtores de grãos de São Gabriel do Oeste -

MS fazem controle financeiro de suas lavouras, embora esse controle não seja

completo, pois não levam em conta todos os custos em seus cálculos. Além

disso, existe parte deles que ainda não usa a informática na gestão da fazenda.

Mesmo que o controle não seja feito corretamente pela maioria, os

produtores acreditam em sua importância, principalmente para identificarem

falhas no planejamento, entender as divergências ocorridas e, assim, implementar

ações corretivas e ajustar novas metas. Neste contexto, visualiza-se a

necessidade de assistência técnica mais adequada capaz de orientar o produtor

também na área de gestão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBALHO, V. F.; PEREIRA, A. C., OLIVEIRA, A. B. S. Indicadores de controlee desempenho: uma ferramenta de gestão direcionada para a atividadepecuária bovina de corte. 6º Congresso USP – Controladoria e Contabilidade,2006. Disponível em <www.congressoeac.locaweb.com.br> Acesso em: 15 Mar.2012.

BASTOS, R. M. Gestão da propriedade rural. Júlio de Castilhos, 2008.Disponível em <www.rstrainingrural.com.br> Acesso em: 12. nov. 2011.

BIANCHI, L. C. F. Gestão da agricultura familiar em assentamento rural nomunicípio de Chapadão do Sul – Mato Grosso do Sul, 2010. 140p.Dissertação a nível de mestrado. Anhanguera-Uniderp, Campo Grande, MS.

BORILLI, S. P.; PHILIPPSEN, R. B.; RIBEIRO, R. G.; HOFER, E. O uso dacontabilidade rural como uma ferramenta gerencial: um estudo de caso dos

Page 46: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

42

produtores rurais no município de Toledo, PR. Revista Ciências Empresariais daUNIPAR, Toledo, v.6, n.1, p. 77-95, 2005.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. C. L. Metodologia Científica. 6. ed.São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

CREPALDI, S. A. Contabilidade Geral: uma abordagem decisorial. 2. ed. SãoPaulo: Atlas, 1998, 352 p.

FONSECA, J. S.; MARTINS, G. A. Curso de Estatística. São Paulo: Atlas, 1994.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 04 abr. 2012.

JUDD, C. M.; SMITH, E. R.; KIDDER, L. H. Research methods in socialrelations. Fort Worth: Harcourt Brace, 1991. 573 p.

MARION, J. C. Contabilidade Rural. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1996. p 24.

MTE - MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, Brasília, 2011. Disponívelem:<http://portal.mte.gov.br> Acesso em: 08 abr. 2012.

NUNES, P. Conceito de balanço patrimonial. 2006. Disponível em<www.notapositiva.com> Acesso em: 29 mar. 2012

PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema deinformação contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000

ROSSONI, A. L. Formas Jurídicas e alternativas tributárias na bovinoculturade corte no Estado de Mato Grosso do Sul, 2009. Dissertação de Mestrado.Anhanguera-Uniderp, Campo Grande, MS.

ROVERI, P. Escolha da Forma Jurídica da Firma Agrícola: Tendências eAnálise. Iniciação Científica. Universidade de São Paulo, FEA – USP, São Paulo,2006.

SILVA, A. F. Fluxo de caixa. Revista Ecco n. 1, Universidade Metodista de SãoPaulo. Disponível em: <www.metodista.br/revista-ecco> Acesso em: 12 Mar 2012.

SPAGNOL, R.; PFULLER, E. E. Revista de Administração e CiênciasContábeis do IDEAU, A administração rural como processo de gestão daspropriedades rurais, v. 5, n. 10, 2010, p.10.

TRES, C. D. Adoção de instrumentos de administração e de tecnologia deinformação na gestão da produção agropecuária no estado de mato grosso,2009. 71p. Dissertação de Mestrado. Anhanguera-Uniderp, Campo Grande, MS.

VESTENA, F S.; NOVAES, A L.; HALL R J.; CORRÊA, F T B S.; LOPES, A C V.;Análise da utilização de ferramentas contábeis e gerenciais de controle financeirono ramo do agronegócio na região da Grande Dourados-MS. In: SIMPÓSIO DEENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 15., 2008. Anais...Dourados: UFGD, 2008.

Page 47: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão

43

APÊNDICE

Page 48: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão
Page 49: UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP - Cloud Object … · Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp ... instituições de ensino e pesquisa, ... padrão