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Jornal do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do IBILCE Ano 2 - Volume 2 - Número 5 - Maio - Junho 2014 Tema em Destaque: Doenças Virais Editorial UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Câmpus São José do Rio Preto Por: Prof. Dra. Paula Rahal [email protected] Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que as doenças virais estão se espalhando rapidamente pelo mundo. Mas, por que isso acontece? Sem dúvida são muitos os fatores que ajudam para que essa situação ocorra. A globalização e o desenvolvimento da economia, somados a um aumento dos meios de transporte intercontinentais, facilitam a viagem de pessoas levando os micro- organismos de um lugar para outro. O aumento da temperatura ambiental está mudando o comportamento de aves migratórias fazendo com que cheguem a novos lugares com sua carga microbiana. O crescimento da população traz uma maior produção de resíduos sólidos e líquidos gerados, assim como a pressão pela incorporação de novas áreas urbanas sem uma oferta adequada de serviços de saneamento básico. Esses elementos geram as condições que permitem a proliferação de insetos transmissores de vírus. Por outro lado, práticas inadequadas como o compartilhamento de seringas, de lâminas de barbear ou de depilar, de instrumentos de manicure e de pedicure ou de agulhas para tatuagem que não foram esterilizados, tudo isso ajuda no alastramento das doenças virais. Nós, do Pós-Micro, acreditamos que é possível controlar esse processo. Para isso, é importante a participação ativa da população efetivando as práticas de prevenção e de controle já conhecidas. Apoiamos de maneira decidida a campanha de luta contra as doenças virais: dengue, AIDS, HPV e hepatites virais, entre outras, indo ao encontro de iniciativas dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Essas iniciativas são trazidas à tona com as atividades da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e da OMS. PósMicro NewsLetter Temas de Interesse 2 4 Representação discente - apenas um elo Por: Mestranda Náthali Maria Machado de Lima e-mail: [email protected] Representante Discente (Gestão 2014/2016) ante o Conselho do Programa de Pós Graduação em Microbiologia - Unesp/IBILCE. Estou muito feliz por ter sido eleita representante discente do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia da Unesp/IBILCE, juntamente com o meu suplente Érik Messias de Moraes. Admito que não havia cogitado a ideia da candidatura até ser procurada pelo representante discente anterior a mim, Tiago Casella, que após uma breve conversa abriu-me os olhos para essa grande oportunidade. A existência desse cargo dentro do Conselho do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia não pode ser esquecida e interpretada como simplesmente duas pessoas. Aos pós- graduandos quero que fique clara nossa função: somos o elo que levará até ao Conselho o posicionamento de vocês perante todas as decisões. Sintam-se totalmente aproximados do instrumento de preparação para o futuro de vocês, o Programa de Pós- Graduação. Biodeterioração de Tintas imobiliárias Por: Mestrando Fernando Nogueira Barbosa Um pé cá, outro lá – reflexões sobre uma co-tutela Por: Mestranda Livia Maria Gonçalves Rossi A importância da interdisciplinaridade Por: Mestrando Guilherme Rodrigues 3 Interação entre pós-graduação e ensino básico Por: Profa. Dra. Adriane Pinto Wasko (IB - Unesp) Agrotóxicos no ambiente Por: Doutoranda Tássia Chiachio Egea Dengue Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo HepatitesPor: Profa. Dra. Paula Rahal (IBILCE - Unesp) Patógenos emergentes: o que é isso? Por: Profa. Dra. Maria Teresa Destro (USP) AIDS DENGUE HPV Vacinação é já “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” Arthur Schopenhauer Esta publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre os temas de interesse para o programa de pós-graduação em microbiologia e de refletir as diversas tendências na microbiologia. As opiniões e ideias expressadas pelos autores não necessariamente correspondem à filosofia do periódico.

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Page 1: UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... · ambiental está mudando o comportamento de aves migratórias fazendo com que cheguem a novos lugares com sua carga

Jornal do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do IBILCE Ano 2 - Volume 2 - Número 5 - Maio - Junho 2014

Tema em Destaque: Doenças Virais

Editorial

UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Câmpus São José do Rio Preto

Por: Prof. Dra. Paula Rahal

[email protected]

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que as doenças virais estão se espalhando rapidamente pelo mundo. Mas, por que isso acontece? Sem dúvida são muitos os fatores que ajudam para que essa situação ocorra. A globalização e o desenvolvimento da economia, somados a um aumento dos meios de transporte intercontinentais, facilitam a viagem de pessoas levando os micro-organismos de um lugar para outro. O aumento da temperatura ambiental está mudando o comportamento de aves migratórias fazendo com que cheguem a novos lugares com sua carga microbiana.

O crescimento da população traz uma maior produção de resíduos sólidos e líquidos gerados, assim como a pressão pela incorporação de novas áreas urbanas sem uma oferta adequada de serviços de saneamento básico. Esses elementos geram as condições que permitem a proliferação de insetos transmissores de vírus.

Por outro lado, práticas inadequadas como o compartilhamento de seringas, de lâminas de barbear ou de depilar, de instrumentos de manicure e de pedicure ou de agulhas para tatuagem que não foram esterilizados, tudo isso ajuda no alastramento das doenças virais.

Nós, do Pós-Micro, acreditamos que é possível controlar esse processo. Para isso, é importante a participação ativa da população efetivando as práticas de prevenção e de controle já conhecidas. Apoiamos de maneira decidida a campanha de luta contra as doenças virais: dengue, AIDS, HPV e hepatites virais, entre outras, indo ao encontro de iniciativas dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Essas iniciativas são trazidas à tona com as atividades da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e da OMS.

PósMicroNewsLetter

Temas de Interesse

2

4

Representação discente - apenas um elo

Por: Mestranda Náthali Maria Machado de Limae-mail: [email protected] Discente (Gestão 2014/2016)ante o Conselho do Programa dePós Graduação em Microbiologia - Unesp/IBILCE.

Estou muito feliz por ter sido eleita representante discente do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia da Unesp/IBILCE, juntamente com o meu suplente Érik Messias de Moraes. Admito que não havia cogitado a ideia da candidatura até ser procurada pelo representante discente anterior a mim, Tiago Casella, que após uma breve conversa abriu-me os olhos para essa grande oportunidade. A existência desse cargo dentro do Conselho do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia não pode ser esquecida e interpretada como simplesmente duas pessoas. Aos pós-graduandos quero que fique clara nossa função: somos o elo que levará até ao Conselho o posicionamento de vocês perante todas as decisões. Sintam-se totalmente aproximados do instrumento de preparação para o futuro de vocês, o Programa de Pós-Graduação.

Biodeterioração de Tintas imobiliáriasPor: Mestrando Fernando Nogueira Barbosa

Um pé cá, outro lá – reflexões sobre uma co-tutelaPor: Mestranda Livia Maria Gonçalves RossiA importância da interdisciplinaridade

Por: Mestrando Guilherme Rodrigues

3Interação entre pós-graduação e ensino básico

Por: Profa. Dra. Adriane Pinto Wasko (IB - Unesp)

Agrotóxicos no ambientePor: Doutoranda Tássia Chiachio Egea

Dengue

Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo

HepatitesPor: Profa. Dra. Paula Rahal (IBILCE -

Unesp)

Patógenos emergentes: o que é isso?Por: Profa. Dra. Maria Teresa Destro (USP)

AIDS DENGUEHPV

Vacinação é já

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que

ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” Arthur Schopenhauer

Esta publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre os temas de interesse para o programa de pós-graduação em microbiologia e de refletir as diversas tendências na microbiologia. As opiniões e ideias expressadas pelos autores não necessariamente correspondem à filosofia do periódico.

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Dengue

Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo.

e-mail: [email protected]

O vírus da dengue pertence ao gênero Flavivirus (família Flaviviridae) com quatro sorotipos antigenicamente distintos (1 a 4). São José do Rio Preto, localizada na região noroeste do estado, mesmo estando entre as cidades brasileiras com alta qualidade de vida, vem apresentando circulação endêmica de dengue durante os últimos anos. O primeiro caso autóctone foi relatado em 1990, quando o sorotipo 1 foi introduzido na cidade. Os sorotipos 2, 3 e 4 foram introduzidos, respectivamente, em 1998, 2005 e 2011. A chegada do sorotipo 4 na região já era alvo de preocupações, porque a introdução de um sorotipo invasor que não encontra indivíduos pré-imunizados, causaria uma rápida propagação da epidemia em um número maior de pessoas. O surto foi confirmado em 2013. A pesquisa do vírus da

dengue em amostras de sangue de pacientes febris, que procuram o serviço de saúde do município de São José do Rio Preto, vem sendo realizada pelo Laboratório de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina. No período entre 2011 e 2014 foi possível estabelecer uma circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 4 e a partir da análise do genoma completo foi possível agrupar os respectivos sorotipos em genótipos que circulam no Brasil (genótipo Americano/Africano, genótipo Americano/Asiático e genótipo Amer icano) . Essa pesqu i sa demonstra a importância de es tudos moleculares para o entendimento da origem e evolução do vírus da dengue, enfatizando a importância da utilização dos mesmos como ferramenta de p r e d i ç ã o d e e p i d e m i a s e m p r o g r a m a s d e v i g i l â n c i a epidemiológica.

Hepatites

Por: Profa. Dra. Paula Rahale-mail: [email protected]ório de Estudos Genômicos Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas -IBILCE

Em 28 de julho de 2014, comemoramos o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. No estado de São Paulo, a Secretaria de Saúde tem o desafio de intensificar o trabalho de prevenção e de ampliar a faixa etária para a vacinação da população contra essas doenças. As hepatites são inflamações no fígado, independentemente das causas. As hepatites mais conhecidas são as virais, as hepatites A, B, C e D, porém, além de outras formas virais, algumas hepatites podem ser bacterianas, causadas por distúrbios de imunidade ou do metabolismo, ou ainda, por substâncias tóxicas.Hepatite A: a hepatite A é transmitida por água e alimentos contaminados ou de uma pessoa para outra. A melhor

estratégia de prevenção é a melhoria no sistema de saneamento básico e com medidas educacionais de higiene. A vacina específica contra o vírus A está indicada no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Hepatite B e Hepatite C: os vírus da hepatite tipo B (HBV) e tipo C (HCV) são transmitidos sobretudo por meio do sangue. Usuários de drogas injetáveis e pacientes submetidos a material cirúrgico contaminado e não-descartável estão entre as principais vítimas desses dois tipos hepatite, daí o cuidado que se deve ter nas transfusões sanguíneas, no dentista, em sessões de depilação ou de tatuagem, por exemplo. O vírus da hepatite B pode ser transmitido pelo contato sexual, o que reforça a necessidade do uso de métodos de prevenção, no caso, a camisinha. Há vacinação contra a Hepatite B, disponível no SUS, conforme padronização do PNI. Não existe vacina para o vírus da hepatite C.Hepatite D: o vírus da hepatite D só causa a doença na presença do vírus da hepatite B. Sua forma de transmissão é a mesma do vírus da hepatite B.

http://4.bp.blogspot.com/_pUvjiI24kaY/S6-

p3DL6Z0I/AAAAAAAAAFU/5hsL2V0-Bi8/s320/seloCombataDengue.png

Patógenos emergentes:o que é isso?

Por: Profa. Dra. Maria Teresa Destro (USP)e-mail: [email protected] de Ciências FarmacêuticasDepartamento de Alimentos e Nutrição Experimental

Há alguns anos ficou mais frequente, entre os microbiologistas, a expressão “patógenos emergentes”. O critério principal para que sejam considerados “emergentes” é o aumento na frequência de sua detecção, em casos clínicos, regiões geográficas e alimentos em que antes não eram encontrados.Alterações demográficas, como maior expectativa de vida, maior sobrevida de pessoas com sistema de defesa deprimido, aumento do número de nascimentos e da taxa de sobrevivência de bebês debilitados, aumento da população nos centros urbanos e aumento da pobreza na periferia desses centros, e movimentação internacional de pessoas, podem contribuir para

a emergência de novos patógenos.Condições ecológicas podem causar alterações nos hábitos de animais, facilitando a transmissão a outros animais (inclusive humanos) de micro-organismos antes restritos aos primeiros. A elevação da temperatura da água de mares e oceanos tem levado pesquisadores a considerarem a possibilidade de aumento na frequência de doenças transmitidas por frutos do mar. Um exemplo disso foi a ocorrência de um surto de infecção por Vibrio parahaemoliticus no sul do Chile, entre 2004 e 2007, e que afetou aproximadamente 7 mil pessoas.Alterações na forma de produção de alimentos, com volumes cada vez maiores sendo produzidos em um único lugar e sendo enviados cada vez mais longe, também podem interferir. Há quem relacione o aumento da vida útil de um alimento com a emergência de novos patógenos, já que os deteriorantes tradicionais não se multiplicariam.Quais serão os novos patógenos emergentes? Essa é uma pergunta que muitos pesquisadores têm feito. Infelizmente, nos resta, apenas, esperar o que ocorrerá.

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Interação entre pós-graduação e

ensino básico

Por: Profa. Dra. Adriane Pinto Wasko

e-mail: [email protected]

Profa. do Departamento de Genética do Instituto de Biociências da Unesp (Campus de Botucatu)

Educação científica de qualidade, formação de profissionais qualificados, consolidação da universidade como instituição de ensino e pesquisa e resolução de problemas sociais e desigualdades são essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Uma admirável iniciativa para desenvolver tais pontos vem sendo realizada por um programa de educação em ciência para professores e estudantes da rede básica, associado à “Rede Nacional de Educação e Ciência: Novos Talentos da Rede Pública”, que engloba instituições superiores de ensino do Brasil e oferece atividades subsidiadas pela FINEP e CAPES. A Unesp passou a integrar essa rede, em 2006, por meio do Programa de Extensão Universitária "Difundindo e Popularizando a Ciência na UNESP: Interação entre Pós-Graduação e Ensino Básico". Embora o objetivo principal refira-se à difusão e à popularização da ciência no país, visa-se, também, o aprimoramento didático de alunos de pós-graduação. Para atingir tais objetivos, uma disciplina de difusão e de popularização da ciência é ministrada, anualmente, para alunos de pós-graduação, juntamente com a realização de cursos de férias para professores e para alunos do ensino básico. Nesses cursos, as atividades são essencialmente desenvolvidas

por meio do método científico. Adicionalmente, são realizadas feiras e exposições científicas e elaborados materiais e atividades didáticas inovadoras, como jogos, peças de teatro, livros, gibis, músicas e práticas laboratoriais. As atividades, inicialmente desenvolvidas por docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Genética) do Câmpus da Unesp de Botucatu, foram posteriormente estendidas e atualmente envolvem outros Programas de Pós-Graduação da

Unesp. A Unesp já ofereceu 37 cursos de férias, que atenderam mais de 740 estudantes e cerca de 30 professores de escolas públicas. Até o momento, 56 estudantes do ensino médio que se destacaram nesses cursos foram contemplados com bolsas de Iniciação Científica Jr. Adicionalmente, a exposição “Ciência, Ação e Diversão”, realizada em Botucatu, atingiu 5.837 alunos do ensino fundamental e médio e cerca de 220 professores, de 44 escolas do estado de São Paulo. Os resultados alcançados têm levado à implementação de atividades similares em outros programas de pós-graduação e vêm ao encontro das políticas nacionais para a área de educação básica, incluindo a missão da CAPES de aplicar a experiência adquirida na pós-graduação para melhorar a qualidade do ensino básico no país.

A SEÇÃO TÉCNICA DE PÓS-GRADUAÇÃO

INFORMAMatrícula 2º Semestre – 2014 programa de Pós-Graduação em MICROBIOLOGIAalunos regulares - 14 a 18/07/2014.Mestrado e Doutorado. Conceito 5 da CAPES. Maior informação no link:

http://www.ibilce.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-de-pos-graduacao/microbiologia/principal/

UTILIZE OS SERVIÇOS DA BIBLIOTECAdo IBILCE

Agrotóxicos no ambiente

Por: Doutoranda Tássia Chiachio Egea

e-mail: [email protected]

O uso intensivo de agrotóxicos nas culturas brasileiras trouxe consigo uma preocupação para a saúde dos sistemas aquáticos: a contaminação. Esses pesticidas promovem uma ruptura no equilíbrio ecológico de algas e de peixes, por exemplos.

Agrotóxicos persistentes (de longa duração) sofrem degradação lenta e podem permanecer mais disponíveis para os animais aquáticos, podendo ser acumulados no tecido adiposo do organismo. Pequenas doses de alguns pesticidas podem levar a mudanças de comportamento, a perda de peso, a difícil reprodução e a incapacidade para evitar predadores.

Observando tal problemática, desde 2008, o Laboratório de Bioquímica e Microbiologia Aplicada da Unesp de São José do Rio Preto apresenta um grupo de pesquisa voltado para o isolamento de fungos e de bactérias de solo de canavial, a fim de estudar sua

capacidade na degradação de herbicidas utilizados na cultura de cana-de-açúcar, predominante no estado de São Paulo. O objetivo é avaliar a capacidade desses micro-organismos em degradar os herbicidas Diuron, Hexazinona e Clomazona, reduzindo sua toxicidade por meio da transformação da molécula original, com o objetivo de utilizá-los em processos de biorremediação.

O desafio do trabalho é capacitar os micro-organismos para degradarem o contaminante alvo utilizando o sistema enzimático e as características físico-químicas que o meio oferece. Devido à rápida evolução genética das bactérias e a enorme diversidade metabólica dos fungos, a combinação dos micro-organismos pode fornecer todas as capacidades metabólicas para completar a eliminação de um contaminante orgânico.

Assim, técnicas de aplicação de micro-organismos na degradação de poluentes parecem ser uma tecnologia eficiente e limpa, tendo como principais vantagens, o custo reduzido e a possibilidade de o tratamento ser realizado no próprio local da contaminação, restabelecendo o equilíbrio do ambiente.

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EQUIPE RESPONSÁVELEditora Chefe: Prof. Dra. Paula Rahal; Vice-editor-chefe: Guillermo Ladino Orjuela;

Apoio: Tiago Casella; Mayra Mioto Mataruco; Mariana Nogueira Batista; Náthali Maria Machado de Lima, Rafael Rahal Guaragna MachadoRevisão de redação: Gustavo da Silva Andrade.

Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas IBILCE - UNESP - Câmpus de São José do Rio PretoRua Cristovão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth - CEP 15054-000 - São José do Rio Preto Contato Fone - 17-3221.2379 - Fax - 17-3221.2390

e-mail: [email protected] - Facebook: https://www.facebook.com/posmicrohttp://www.ibilce.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-de-pos-graduacao/microbiologia/jornal-posmicro

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DEPOIMENTOS

APOIOS E PATROCINIOS

Programa de Pós-Graduação em Microbiologia - IBILCE - UNESP

A importância da

interdisciplinaridade

Por: Mestrando Guilherme Rodrigues

e-mail: [email protected]

Quando iniciamos uma pós-graduação, tendemos a enxergar nosso trabalho pelo único ponto de vista que conhecemos, nos esquecendo que as diferentes áreas do saber se conectam e, dessa

f o r m a , a b r e m n o s s a s m e n t e s . P u d e c o n h e c e r e s s a interdisciplinaridade no mestrado, pois trabalho testando compostos contra a replicação do Vírus da Hepatite C, e assim firmamos uma parceria com o grupo do Prof. Dr. Luis Octavio Regasini, do Laboratório de Química Verde e Medicinal do Ibilce, que sintetiza esses compostos. O contato com a química por trás dos testes biológicos fornece um leque de novas ideias e possibilidades, que me permite unir novos conhecimentos à minha formação como

microbiologista.

Biodeterioração de Tintas Imobiliárias

Por: Mestrando Fernando Nogueira Barbosae-mail: [email protected]

A indústria de tintas imobiliárias, no Brasil, tem se desenvolvido cada vez mais em conssonancia com o crescimento do setor de construção civil. Nosso país é o quinto maior produtor mundial de tintas. As tintas à base de água são constituídas principalmente por resinas, por pigmentos, por solventes e por aditivos, formando uma mistura homogênea e, devido à variedade de compostos utilizados em sua fabricação, as tintas, quando expostas a microrganismos como fungos, bactérias ou algas, são suscetíveis a contaminação, seja em sua fase de produção, armazenamento ou depois de aplicadas.

Esses microrganismos provocam algumas alterações nas características do produto como, por exemplo, a diminuição da viscosidade, a alteração do pH, a precipitação de pigmento e a deformação de embalagens, o que torna as tintas impróprias para o comércio, provocando grandes prejuízos aos fabricantes.Os resíduos da indústria de tintas representam um risco do ponto de vista ambiental, particularmente os resíduos de tintas dispersas em solventes orgânicos, devido ao perigo envolvido no descarte desse material ativo. Autalmente, estudos vêm sendo realizados visando caracterizar e adequar à disposição final e reaproveitá-los. Como alternativa aos tratamentos químicos e físicos dos resíduos, processos biotecnológicos, como a biorremediação, que envolve, conjuntamente, microrganismos, enzimas e surfactantes, estão sendo cada vez mais utilizados, com o objetivo de solucionar ou minimizar problemas de poluição ambiental.

Um pé cá, outro lá –

reflexões sobre uma co-tutela

Por: Mestranda Livia Maria Gonçalves Rossi

e-mail: [email protected]

Para muitos, a experiência de pós-graduação plena no exterior é vista como o ápice da formação acadêmica. Contudo, essa visão superestimada da vida lá fora ofusca os amplos benefícios que parcerias e colaborações entre instituições nacionais e estrangeiras têm a oferecer.

Muito de minha experiência profissional vem de colaborações multinacionais, com países como, por exemplo, o México, a Rússia e, especialmente, os EUA. A principal colaboração foi com o Centers for Disease Control and Prevention, o CDC, que trabalha para o desenvolvimento e para a aplicação de programas de prevenção e de controle de doenças, saúde ambiental, promoção de atividades de educação em saúde que visem melhorar o bem-estar

da população estadunidense, além de oferecer apoio e consultoria a diversos países e instituições.

Porém, quando chegou o momento de prosseguir com minha formação acadêmica, contribuíram para meu repatriamento fatores importantes, como os processos seletivo e imigratório, além dos altos custos do ensino superior, que podem facilmente chegar a $50.000 dólares, uma vez que até universidades estatais são pagas. Além disso, a qualidade do ensino e pesquisa, e a formação de nossos docentes não ficam aquém das universidades estrangeiras. Foi assim que, visando estreitar a colaboração entre o CDC e a Unesp/IBILCE, e com o aceite da Profa. Dra. Paula Rahal, inicie meu mestrado ao estilo co-tutela.

O programa de co-tutela oferece a oportunidade de titulação em ambas as instituições de ensino participantes e usualmente é voltado ao Doutorado. É possível desenvolver parte dos experimentos no exterior, e assim, manter “um pé cá e outro lá”, aproveitando as oportunidades de aprendizado oferecidas por cada instituição. Mais i n f o r m a ç õ e s p o d e m s e r e n c o n t r a d a s p e l o s i t e : <<http://www.unesp.br/portal#!/propg/convencao-de-co-tutela/>>

PROEXPRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA