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UNIFAVIP | DeVry CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA COORDENAÇÃO DE JORNALISMO CURSO DE BACHARELADO EM JORNALISMO NADSON RODRIGUES LINS NARA GISELY GUINHO DE MELO WELLINGTÂNIA WIDIAM SILVA MARINHO POSITHIVOS CARUARU 2015

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UNIFAVIP | DeVry

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA

COORDENAÇÃO DE JORNALISMO

CURSO DE BACHARELADO EM JORNALISMO

NADSON RODRIGUES LINS

NARA GISELY GUINHO DE MELO

WELLINGTÂNIA WIDIAM SILVA MARINHO

POSITHIVOS

CARUARU

2015

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NADSON RODRIGUES LINS

NARA GISELY GUINHO DE MELO

WELLINGTÂNIA WIDIAM SILVA MARINHO

POSITHIVOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Centro Universitário do Vale do Ipojuca, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Comunicação Social com

Habilitação em Jornalismo.

Orientador: Jurani Oliveira Clementino

CARUARU

2015

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PositHIVos¹

Nadson Rodrigues Lins²

Nara Gisely Guinho de Melo³

Wellingtânia Widian Silva Marinho4

Jurani Oliveira Clementino5

Centro Universitário do Vale do Ipojuca, CARUARU - PE

RESUMO

O vídeo documentário PositHIVos mostra a realidade de pessoas comuns, de diferentes idades,

classes sociais, sexo e sexualidade que contraíram o vírus HIV. Nele mostramos as dificuldades,

o preconceito, a família e a situação atual das três personagens entrevistadas. Com esse

documentário queremos mostrar que não é o fim. Existem dificuldades, porém a doença pode

ser controlada. Mesmo no século XXI, esse tema é pouco falado, tanto nas mídias quantos dos

próprios portadores, muitos não se sentem à vontade ao falar como adquiriram o vírus, por esse

motivo atores representaram as falas das personagens, buscando passar a mesma emoção das

histórias contadas.

PALAVRAS-CHAVE: AIDS; documentário; soropositivo; jornalismo; audiovisual.

ABSTRACT

The video documentary 'PositHIVos' shows the reality of ordinary people, of different ages,

social classes, gender and sexuality that contracted AIDS. We showed the difficulties,

prejudice, family and the current situation of the three interviewed characters. With this

documentary we want to show that it is not the end. There are difficulties, however, the disease

can be controlled. Even in the twenty-first century, this topic is little spoken, both in the media

how many of their own carriers, many do not feel at ease when speaking as acquired the virus,

therefore actors represent the lines of the characters willing to transmit the excitement of

storytelling .

Keywords: AIDS; documentary; HIV-positive; journalism; audio-visual.

____________________________

1 Trabalho exigido como requisito para conclusão do Curso de Comunicação Social com habilitação em

Jornalismo, modalidade Vídeodocumentário. 2 Aluno graduando em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Centro Universitário do Vale do

Ipojuca, UNIFAVIP | Devry, e-mail: [email protected]. 3 Aluno graduando em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Centro Universitário do Vale do

Ipojuca, UNIFAVIP | Devry, e-mail: [email protected]. 4 Aluna graduanda em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Centro Universitário do Vale do

Ipojuca, UNIFAVIP | Devry, e-mail: [email protected]. 5 Orientador do trabalho. Professor do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo do Centro

Universitário do Vale do Ipojuca, UNIFAVIP | DeVry, e-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

HIV é a sigla em inglês ao vírus da imunodeficiência humana, que é o agente causador

da AIDS que ataca o sistema imunológico que é o responsável pela defesa do nosso organismo.

Ter HIV não é a mesma coisa que ter AIDS, o HIV infecta as células no sistema imunológico,

especialmente as células T, levando, com o tempo, a uma severa depressão do sistema imune,

e tornando a pessoa mais suscetível a doenças infecciosas.

A AIDS é a evolução dessa imunodeficiência. Porém, há muitos soropositivos que

convivem muitos anos sem apresentar os sintomas ou até mesmo desenvolver a doença.

Em 1981 foram relatados cerca de 40 casos de Sarcoma de Kaposi, um câncer raro e que

se desenvolvia até então apenas em pacientes idosos, mas algo chamou a atenção dos médicos:

Os pacientes morriam pouco tempo após dar entrada nos hospitais e eram todos homossexuais

masculinos.

Em 1982, foi confirmado o primeiro caso da doença no Brasil, e adotado temporariamente

o termo “Doença dos 5H” – Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos (usuários

de heroína) e Hookers (profissionais do sexo).

Atualmente no Brasil, existem cerca de 734 mil pessoas convivendo com o vírus.

Trazendo para uma realidade mais próxima, em Pernambuco há por volta de 20.300 pessoas

infectadas. Grande parte delas vive em Recife e nas Regiões Metropolitanas. O primeiro caso

em Caruaru foi notificado em junho de 1997, até 2015 foram registrados 2.158 registros. Hoje

o Centro de Orientação e Apoio ao Sorológico atende grande parte das cidades do agreste, entre

estes, 1.020 moradores de Caruaru e 1.138 de outras cidades. No total, 1.283 homens e 875

mulheres. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

A ideia de um documentário surgiu após a descoberta da Websérie “Positivos” que foi

exibida no YouTube trazendo a história de jovens que descobriram ser portadores do vírus e

partilhavam suas experiências de vida dividindo o mesmo apartamento. Trazendo para uma

realidade mais próximas, optamos por mostrar a vida de algumas pessoas soropositivas que

levam uma vida normal, apesar da doença. Neste trabalho defendemos a ideia de que os

portadores de HIV devem ser respeitados assim como qualquer pessoa e podem exercer funções

diversas na sociedade, sem que isso seja um problema.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Mostrar a realidade de pessoas comuns, de diferentes idades, classes sociais, sexo e opção

sexual que contraíram o vírus HIV, através de videodocumentário, como instrumento de alerta

social.

Objetivos Específicos

Verificar a relação entre os personagens e a sociedade.

Identificar características, dificuldades, preconceitos e forma de superação.

Entender como é a vivência dessas pessoas.

Apresentar e estimular o espectador que irá ver o vídeo documentário que ele perca o

preconceito e que procure uma forma de ajudar e se prevenir essa doença.

Alertar a sociedade para prevenção.

JUSTIFICATIVA

A temática escolhida para ser usada no presente trabalho aborda a realidade de milhões

de pessoas ao redor do mundo: a AIDS. Apesar de a doença ter mais de 30 anos de existência,

ainda há muito preconceito com os portadores. Mesmo sendo um problema que pode atingir

qualquer pessoa, de qualquer orientação sexual, ainda existe a ideia de que a “culpa” da

epidemia seja originada apenas de relações homossexuais. Nosso documentário irá ser útil

como alerta social e como produto educacional na prevenção da doença. Apesar de ser um tema

que pode atingir qualquer pessoa, caso não haja prevenção, na academia ainda sentimos falta

de obras com o tema, tanto na área da psicologia ou da saúde. Em nossa faculdade só existem

duas monografias com o tema.

MÉTODOS E TÉCNICAS ULTILIZADAS

Pretendemos realizar um documentário de modo performático que dá ênfase às

características subjetivas das experiências de vida e dos depoimentos dos personagens. O

NICHOLS (2007), afirma que há uma combinação entre acontecimentos reais que conduzem o

espectador de uma maneira emocional, e não por argumentos lógicos e científicos. Esse tipo de

documentário “nos convida, como fazem os grande documentários, a ver o mundo com novos

olhos e a repensar a nossa relação com ele.” (NICHOLS, 2007, p.176).

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Adotamos o estilo qualitativo pois nos dá a possibilidade de descrever e analisar situações

cotidianas de realidade particulares (GÓMEZ, 1995). Com estudo Empírico, partimos de um

estudo de levantamento bibliográfico e histórico sobre a doença. Foram aplicados leituras de

livros, leituras de dados do Ministério da Saúde, pesquisas e dissertações sobre o tema

escolhido. Após este levantamento, será realizada uma coleta de dados usando técnicas

quantitativas através dos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde.

Elaboramos um trabalho de abordagem realista através de entrevista aberta com pessoas

portadoras do vírus HIV para que possam expressar como se sentem perante a sociedade atual.

Para FIELD (2001, p.29) “Personagem é PERSONALIDADE. Todo personagem manifesta

visualmente uma personalidade(...) A essência do personagem é a ação – o que uma pessoa faz

é o que ela é.”

Foram ouvidas três personagens, que relataram suas experiências de vida, como

descobriram ser portadores do vírus HIV/Aids, como é seu cotidiano, o preconceito, como é a

aceitação, não só por eles, mas pelos que os cercam, a família, o trabalho e os demais recintos

em que interagem socialmente.

Utilizamos o método histórico dos fatos onde consideramos possível a praticidade de

compreender a realidade de determinados fenômenos acontecidos

Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos,

processos e instituições do passado para verificar a sua influência na

sociedade hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual através

de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo,

influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época. Seu

estudo, para uma melhor compreensão do papel que atualmente

desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos da sua

formação e de suas modificações. (MARCONI;LAKATOS, 2006, p.

91)

O vídeo documentário é um dos utensílios da comunicação de grande impacto na

sociedade. Segundo o conceito usado pelo autor DANCYGER (2003), o documentário é um

filme sobre pessoas reais, em situações reais, fazendo o que elas usualmente fazem.

Os documentários trazem o telespectador mais próximo da realidade social, trazendo uma

perspectiva de realidade. Os seres humanos acreditam no que veem, isso se dá através da mente

humana, criando um elo entre a maneira que mundo é, e a realidade em que vive. Em introdução

ao documentário, NICHOLS afirma:

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Os cineastas são atraídos pelos modos de representação do

documentário quando querem nos envolver em questões diretamente

relacionadas ao mundo histórico que todos compartilhamos. [...]

‘vemos o mundo que compartilhamos como se filtrado por uma

percepção individual. ’ Vemos o mundo que compartilhamos com uma

clareza que minimizam a importância do estilo e percepção do cineasta.

(NICHOLS, 2005, p. 20)

Esse tipo de produção é feita com o formato de trazer entretenimento e trazer essas

relações podem afetar de forma intensa como afirma RAMOS (2008, p. 22): “Documentário é

uma narrativa com imagens que estabelece asserções, na medida em que em que o telespectador

receba essa narrativa.” Sendo assim construído o conceito de documentário. Em resumo, o

documentário nos dá a opção de pensar na realidade que vivemos promovendo discursão sobre

o tema proposto.

A utilização de personagens tem início desde os primórdios do audiovisual. Nos filmes

os personagens levam um roteiro ficcional, nos documentários eles levam um roteiro de

comprovação sobre o determinado a assunto posto em discursão. Eles são primordiais para

atividade jornalística na produção do documentário, bem como a parte estética de edição e

gravação.

NICHOLS (2005) afirma que o documentário precisa de cinco questões principais. A

primeira questão está dentro da postura plástica e cinemática dos planos e da montagem do

produto. A segunda questão está sobre os aspectos sonoros como o som direto, a trilha musical

e os comentários. A terceira é a forma que usamos em nosso vídeo que atribui a cronologia

narrativa ou não em relação a argumentação. A quarta fala sobre a utilização de imagens como

fotografia, imagens de arquivos e imagens de terceiros e a quinta em relação ao modo de

representação para o estilo que será expositivo, poético, observativo, participativo, reflexivo ou

performático. Esses cinco últimos conceitos que NICHOLS traz em sua obra é conhecida como

narrativas/tipos de documentários e são esses que dão voz ao documentário:

O fato de que a voz de um documentário se apoia em todos os meios

disponíveis, não só nas palavras faladas, significa que o argumento ou

ponto de vista pode ser mais ou menos explicito. A forma mais explicita

de que a voz é, sem dúvida, aquela transmitida pelas palavras faladas

ou escritas. (NICHOLS, 2005, p. 78)

Entretanto RAMOS (2008, p.86 - 96) nos apresenta cinco elementos estruturais no qual

são feitas suas afirmações sobre a narrativa do documentário. Quatro desses conceitos são na

etapa de realização e apenas o quinto se refere ao espectador. São eles: A tomada que se dá

quando um sujeito opera a câmera dentro de uma locação, o sujeito da câmera que é o conjunto

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de equipe que além de estar por trás das câmeras opera com a subjetividade da tomada. A forma

como a imagem a imagem atravessa a lente. A montagem narrativa que acontece quando se dá

a voz ao documentário, podendo ser: A voz over, a voz em primeira pessoa, a voz das

entrevistas, a voz das imagens de arquivo, a voz dos diálogos ou monólogos do mundo. E por

fim, o espectador que mesmo estando fora dos processos de montagem, terá sua percepção

acerca do sujeito da câmera. Estes dois tipos de conceitos nos fornece o aproveitamento no

processo prático de realização e construção da realidade mostrada no produto audiovisual.

DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSOS

A produção deste documentário aconteceu no período de 12 de Agosto à 06 de Novembro

de 2015. As entrevistas foram realizadas no estilo informal, porém, focada nas relações e

revelações da vida pessoal. Primeiramente realizamos as entrevistas com os personagens reais.

Para captação de áudio, no primeiro entrevistado real foi usado gravador profissional, no

segundo usamos o aplicativo de Áudio Recorder, disponibilizado pela Sony Mobile

Communications que grava áudios de alta qualidade, na terceira personagem real foi autorizado

o uso de imagem onde usamos duas câmera gravadoras Nikon 3200, Microfone de Lapela de

Fio da Multilaser e Iluminação que não funcionou na hora da gravação. Gravamos com a

terceira personagem sem luz, o que comprometeu a gravação.

De início já iriamos fazer uso de atores, pois dois personagens se prontificaram a contar

a sua história, porém, não poderam/quiseram aparecer. Fomos orientados a realizar a gravação

da terceira personagem real também com uma atriz. O conceito do uso de atores veio do trabalho

realizado pelo diretor do documentário “Jogo de Cena”, Eduardo Coutinho, porém, de forma

mais direta com o espectador, olho a olho, para que o mesmo possa se sentir impactado por

aquela história. Nosso trabalho inovou usando esse tipo de trabalho no formato documental, ou

seja, este documentário é baseado em histórias reais.

No trabalho de edição usamos o método escalado das histórias, porém, de forma retilínea.

Os cortes foram feitos para que cada um falasse sua parte da história começando de como foi

que descobriram até como se sentem hoje em dia. De início as personagens dizem seus nomes

e qual foi sua primeira reação ao saber do resultado do exame e após começam a contar sua

história de vida. Em pontos mais emocionantes fizemos cortes e colocamos outras personagens

para que o espectador fique curiosos com o que acontecerá no entorno da história e continue

vendo o documentário até o fim.

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CONSIDERAÇÕES

Ao concluirmos o vídeo documentário PositHIVOs, colocarmos em prática novas formas

de se trabalhar o audiovisual que nos incentivaram a mostrar ao mundo que há uma solução,

que a vida não termina com um diagnóstico, mas que se tratado a vida continua, com

dificuldades, é óbvio, é possível viver de maneira saudável mesmo sendo portador do vírus

HIV. Este documentário foi idealizado para que sirva de alerta social, que as pessoas irão

assistir se previnam e que mentalizem que se cuidar é fácil e que podemos evitar tudo. O

documentário no modo performático traz uma nova roupagem de como abordar assuntos

polêmicos ou que causem desconforto as fontes primárias, porém, sem perder o registro

documental usando recursos da ficção para um documentário real, como por exemplo: O uso

de atores para trazer maior emoção as falas, o cenário que trouxe um ambiente de libertação

pessoal ao contar as histórias (base: mito da caverna). A importância dessa inovação no âmbito

audiovisual é servir de base para documentários futuros, para que os estudantes não se prendam

a um só conceito, mas que sempre procurem técnicas diferenciadas para que seu trabalho seja

único.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. HIV/Aids, hepatites e outras DST / Ministério da Saúde, Secretaria de

Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.

196 p. il. - (Cadernos de Atenção Básica, n. 18) (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

FIELD, Syd. Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico / Syd Field. -

Rio

de Janeiro: Objetiva, 2001

GÓMEZ, A. I. Pérez. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed, 2001.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São

Paulo: Atlas, 1991.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico, 2014. Disponível em: <

http://www.aids.gov.br/pagina/boletim-epidemiologico />. Acesso em 06 de nov. 2014.

RAMOS, Fernão. Mas afinal, o que é mesmo Documentário. São Paulo: SENAC, 2008

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Tradução Mônica Saddy Martins. São Paulo:

Editora Papirus, 2005.

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ANEXOS

ANEXO I – ROTEIRO PRÉVIO

Perguntas para os personagens Fale seu nome, idade e profissão

Qual o primeiro pensamento que você teve ao saber que estava com o vírus?

Como aconteceu a transmissão do vírus?

Em relação a sua família, qual foi a reação deles?

Você acha que mudou algo no seu relacionamento familiar?

Como você contou para os seus filhos/marido/esposa e qual a reação deles?

E os seus amigos, como reagiram? Lhe apoiaram?

Você tem vergonha de dizer que é portador do vírus?

Como é o seu tratamento?

Como você se sente hoje com a doença? Ela está controlada?

Você teve outras doenças através do vírus?

Qual o conselho que você daria para as pessoas que não são portadoras do vírus?

ANEXO II – ROTEIRO DE EDIÇÃO

ROTEIRO DE EDIÇÃO DOCUMENTÁRIO – POSITHIVOS – UNIFAVIP – 2015.2 TEMPO LIMITE 20’

INTRODUÇÃO. TELA ESCURA – INFORMAÇÕES ESCRITAS EM LETRAS BRANCAS SOBRE OS CASOS DE HIV NO PAÍS E LOCALIDADE. Música: Sad Piano – Isolation ATÉ 0’54’’ LETTERING 01:

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(CANTO INFERIOR DIREITO): CARUARU, 2015 LETTERING 02: ATUALMENTE NO BRASIL, EXISTEM CERCA DE 734 MIL PESSOAS CONVIVENDO COM O VÍRUS HIV LETTERING 03: EM CARUARU, DESDE JUNHO DE 1997 – QUANDO FOI NOTIFICADO O PRIMEIRO CASO – ATÉ MAIO DE 2015 FORAM 2.158 IDENTIFICADAS PORTADORAS DO VÍRUS. LETTERING 04: ENTRE ESTES, 1.020 MORADORES DE CARUARU E 1.138 DE OUTRAS LOCALIDADES DO AGRESTE PERNAMBUCANO. DO TOTAL, 1.283 HOMENS E 875 MULHERES. CENTRO DE ORIENTAÇÃO E APOIO SOROLÓGICO – CARUARU – PE LETTERING 05: DOCUMENTÁRIO BASEADO EM HISTÓRIAS REAIS LETTERING 06: LOGO DO DOCUMENTÁRIO. (Som abaixa gradativamente até sumir. )

ANGELITA (MARIA) – 0’55’’ – Fade in 1’06’’ – Fade out

ANGELITA (MARIA) – 0’55’’ – 1’06’’ MEU NOME É MARIA SOARES, EU TENHO 38 ANOS E A SEIS EU DESCOBRI QUE ESTAVA COM A DOENÇA. E ASSIM, FOI CHOCANTE, EU FIQUEI BASTANTE IMPRESSIONADA.

TIAGO (FRANCISCO) – 1’07’’ - Fade in 1’18’’ – Fade out

TIAGO (FRANCISCO) – 1’07’’ – 1’18’’ MEU NOME É FRANCISCO, TENHO 27 ANOS. EU NÃO FIQUEI ASSUSTADO, PORÉM, FIQUEI ABALADO. O COMEÇO FOI COMPLICADO, EU COMECEI A PERDER PESO, TIVE FASTIO, PERDA DE SONO.

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 1’19’’ – Fade in 2’26’’ – Fade out

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 1’19’’ MEU NOME É ANDRÉ E TENHO COMO PROFISSÃO O MAGISTÉRIO EM DIREITO. TENHO 34 ANOS E MINHA PRIMEIRA REAÇÃO FOI, MEU NAMORO ACABOU. ENTÃO, AQUILO ME CHOCOU MUITO COMIGO POR QUÊ EU NÃO SABIA O QUE IA FAZER. ENTÃO EU ... TIVE UMA PEQUENA DISCURSÃO PORQUE ELE QUERIA QUE EU FIZESSE O

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TESTE PARA VERIFICAR SE EU TINHA HIV. ENTÃO EU DECIDI FAZER, UM POUCO NERVOSO, MAS DECIDI FAZER. E DISCULTIMOS UM POUCO, LÓGICO! MAS QUANDO EU CHEGUEI LÁ PARA FAZER O TESTE TINHA DADO FALSO POSITIVO. A PESSOA QUE ESTAVA LÁ ME ATENDENDO FALOU QUE ERA PARA TESTAR DE NOVO, MAS FIQUEI UM POUCO INDECISO PORQUE EU NÃO QUERIA. EU JÁ TINHA CERTEZA, COMO EU TINHA DADO FALSO SORO, EU DISSE QUE NÃO QUERIA MAS ELES INSISTIRAM PORQUE ERA UM PROTOCOLO DA SECRETÁRIA DE SAÚDE. EU PERGUNTEI SE ELES ME ACHAVAM COM CARA DE IMBECIL.

ANGELITA (MARIA) – 2’26’’ – Fade in 2’48’’ – Fade out

ANGELITA (MARIA) – 2’26’’ – 2’48’’ ELE PEGOU COM UMA MULHER DE FORA, NÉ? UMA ‘MULHER DA RUA’ E A DOENÇA DELE JÁ ESTAVA MUITO AVANÇADA E EU TAVA NO COMEÇO E AI EU PRECISEI FAZER ISSO PORQUE MUDOU TUDO NA MINHA VIDA. MUDOU TUDO, PASSOU TUDO A SER DIFERENTE, EU NÃO PODIA MAIS ESTAR COM ELE.

TIAGO (FRANCISCO) – 2’49’’ - Fade in 3’37’’ – Fade out

TIAGO (FRANCISCO) – 2’49’’ – 3’37’’ NA ÉPOCA QUANDO EU TINHA AQUELA IDADE, ADOECI, TAVA UMA CRISE DE CONJUTIVITE. EU TAVA NA CASA DA MINHA COLEGA, PINTANDO EM CIMA DA ESCADA, AI COMECEI A ME DAR UMAS TONTURAS EU DESCIA E PRECISAVA ABAIXAR A CABEÇA. AI FOI QUANDO EU FALEI: - AMANHÃ QUANDO EU TERMINAR EU VOU NO HOSPITAL PORQUE EU TO MUITO MAL E TENHO CERTEZA QUE VOU FICAR INTERNADO. AI ELA DISSE: - TOMA UM COPO DE LEITE ... AI EU TOMAVA, MAS NÃO PASSAVA. EU TAVA COM DIANA, UMA AMIGA MINHA, AI EU FALEI QUE QUANDO CHEGASSE O RESULTADO ELA ME FALASSE A VERDADE, PORQUE DE DUAS UMA, OU ERA CÂNCER, OU ERA AIDS.

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ROBERTO ( ANDRÉ ) – 3’38’’ – Fade in 5’31’’ – Fade out

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 3’38’’ – 5’31’’ EU NÃO ENTENDO, EU NÃO SEI COMO É QUE FUNCIONA ESSE NEGÓCIO DE HOMOSEXUALISMO, PORQUE EU NÃO SEI SE A GENTE JÁ NASCE COM ISSO OU SE É FEITO DEPOIS, OU SE VOCÊ COM O PASSAR DO TEMPO VOCÊ CRESCE. E FALANDO SOBRE ESSAS COISAS EU LEMBRO UM POUCO DA MINHA INFÂNCIA. EU FUI, TIPO, MOLESTADO QUANDO ERA CRIANÇA. MINHA MÃE IA PRA MANICURE AI EU DESCIA A RUA COM ELA E IA LÁ PRA MANICURE COM ELA, ENTÃO ELA NÃO GOSTAVA, DE MANEIRA ALGUMA, QUE EU FICASSE LÁ, POR ELA DIZIA: “AQUI É LUGAR ONDE SÓ FICA MULHERESM, NÃO PODE FICAR, VÁ BRINCAR, VÁ PRA OUTRO CANTO.” ENTÃO EU FUI PRO QUINTAL DESSA MANICURE, LÁ TINHA, ELA CRIAVA MUITAS AVES, ELA CRIAVA PATO, GALO, GALINHA, TUDO QUANTO ERA AVE ELA CRIAVA. AI TINHA O FILHO DELA LÁ, ELE JÁ ME CONHECIA PORQUÊ EU IA SEMPRE LÁ. AI TEVE UM DIA QUE ELE SENTOU PERTO DE MIM, ENTÃO EU ME APROXIMEI MAIS DELE, AI FOI QUANDO ELE PEGOU A MINHA MÃO E DISSE: - COLOCA A MÃO AQUI FOI ... ELE PEGOU A MINHA MÃO, EU BOTEI A MINHA MÃO LÁ, EU ACHEI ESTRANHO AQUILO, PORQUE ELE MANDOU EU FICAR APERTANDO DEPOIS, AI EU FUI APERTAR, AI ELE DISSE QUE SE ISSO ERA BOM, AI CONTINUAMOS FAZENDO AQUI OUTRO DIAS QUANDO EU IA PRA LÁ, SÓ QUE ELE ME PEDIU PARA NÃO CONTAR A NINGUÉM, NA MINHA MENTE AQUILO ALI ERA SÓ UMA BRINCADEIRA COMO ELE FALAVA. AI ELE PEDIU PARA EU NÃO CONTAR A MINHA MÃE E EU NÃO CONTEI PORQUE EU ERA MUITO INOCENTE NAQUELA ÉPOCA, EU TINHA SÓ SEIS ANOS. E ENTÃO, DEPOIS DE UM TEMPO, COMO EU MORAVA NA CAPITAL, DEPOIS DE UM TEMPO A GENTE SE MUDOU DALI.

ANGELITA (MARIA) – 5’32’’ – Fade in 5’59’’ – Fade out

ANGELITA (MARIA) – 5’32’’ – 5’59’’ EAÍ, MESMO DIANTE DE TODA ESSA SITUAÇÃO EU NÃO TIVE VERGONHA, EU NÃO TIVE VERGONHA DE CONTAR PROS MEUS

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FAMILIARES, DE CONTAR AOS MEUS AMIGOS, CIDADE PEQUENA NÉ? CIDADE PEQUENA TODO MUNDO SABE. TODO MUNDO JÁ SABIA DELE. E AÍ? TODO MUNDO SE AFASTOU, NÃO TEVE NINGUÉM QUE ME DESSE APOIO. NINGUÉM MESMO. E MESMO ASSIM EU NÃO TIVE VERGONHA. É SÓ UMA DOENÇA.

TIAGO (FRANCISCO) – 6’00’’ - Fade in 6’50’’ – Fade out

TIAGO (FRANCISCO) – 6’00’’ – 6’50’’ UMAS DUAS SEMANAS O RESULTADO CHEGOU, E ELA ME FALOU QUE TINHA CHEGADO, AI EU PERGUNTEI A ELA: - FOI CÂNCER OU FOI AIDS? AI ELA FALOU: - FOI O ÚLTIMO QUE TU DISSESSE. AI EU CALADO, OUVINDO O RADIOZINHO NA CAMA DO HOSPITAL. AI ELA DISSE: - OXE! TU NUM VAI CHORAR NÃO? E EU DISSE PRA ELA: - SE EU CHORAR, VAI MELHORAR? MUDA ALGUMA COISA ? AI ELA DISSE: - NÃO E EU FALEI: - EU NÃO VOU CHORAR, NÃO TEM MOTIVO PARA CHORAR, SEJA O QUE DEUS QUISER. E PRONTO, TO AQUI, QUATRO ANOS DEPOIS E ESTOU MUITO BEM.

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 6’51’’ – Fade in 8’38’’ – Fade out

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 6’51’’ – 8’ 38’’ NAQUELA ÉPOCA NÃO EXISTIA MUITA VIOLÊNCIA, O INDICE DE VIOLENCIA ERA MUITO BAIXO, ENTÃO AS CRIANÇAS DO BAIRRO FICAVA BRINCADO NA RUA DE BOLA, DE PIQUE ESCONDE, DE QUEIMADA E ENTÃO EU CONHECI UM AMIGO, UM AMIGO QUE A GENTE FICAVA MUITO PRÓXIMO, AS VEZES EU IA PRA CASA DOS PAIS DELE, A GENTE FICAVA LÁ BRINCANDO DAQUELES JOGOS DE

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MEMÓRIA PRA EXERCITAR A MENTE, AI TEVE UM CERTO DIA QUE EU SENTEI DO LADO DO PAI DELE E O PAI DELE COMEÇOU A ALISAR MINHA PERNA E EU NÃO SABIA MUITO BEM O QUE FAZER. ENTÃO, EU COLOQUEI MINHA MÃO NA PERNA DO PAI DELE TAMBÉM E COMEÇAMOS AS CARÍCIAS NAQUELA ÉPOCA, ENTÃO FICOU ROLANDO POR DIAS E DIAS AQUILO. ENTÃO EU FUI PRA CASA, AS VEZES O PAI DELE LIGAVA PRA DIZER QUE ERA PRA EU DORMRI LÁ PORQUE ALEXANDRE TAVA PRECISANDO DE ALGUÉM PARA BRINCAR EM TALS ... E TEVE UM CERTO DIA QUE EU FUI E ALEXANDRE NÃO ESTAVA, SÓ ESTAVA O PAI DELE, ENTÃO, FOI ROLANDO ESSAS COISAS, ESSES ATOS ASSM. NÃO CHEGOU A TER PENETRAÇÃO, MAS A GENTE FAZIA OUTRAS COISAS. AI COMEÇOU A ROLAR OS BOATOS NO BAIRRO E ALGUNS AMIGOS QUE ESTAVA COM A GENTE, BRINCANDO FICAVA TIPO, ME AMEAÇANDO DIZENDO: - EU VOU CONTAR PRA SUA MÃE QUE VOCÊ FAZ, SE VOCÊ NÃO FIZER ISSO COMIGO. ENTÃO EU ACABAVA FAZENDO. COMO SE FOSSE FORÇADO, MESMO EU NÃO QUERENDO. E ISSO ME MAGOAVA.

TIAGO (FRANCISCO) – 8’39’’ - Fade in 9’06’’ – Fade Out

TIAGO (FRANCISCO) – 8’39’’ – 9’06’’ AI EU SEI QUE QUANDO EU CHEGUEI NO HOSPITAL, PASSEI UM OU DOIS MESES NO MÁXIMO, POR AI, E ERA TÃO RUIM O NEGÓCIO QUE EU PEDIA ALTA E DIZI QUE QUERIA MORRER EM CASA. AI DEPOIS ME TRAZIAM PARA CASA, MAS QUANDO ERA UM OU DOIS DIAS DEPOIS EU MUDAVA DE IDEIA E DIZIA QUE QUERIA MORRER NO HOSPITAL. E FICAVA NESSA AGONIA, PRA LÁ E PRA CÁ. QUANDO FOI UM DIA EU CISMEI E VIM EMBORA. MAS ATÉ HOJE NÃO SINTO MAIS NADA.

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 9’07’’ – Fade in 13’04’’ – Fade out

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 9’07’’ – 13’ 04’’ AI DEPOIS DE UM TEMPO A GENTE FOI MORAR EM RECIFE ... OU FOI, EU VIM PRA CARUARU ALIÁS, AI FOI QUANDO EU TINHA MAIS OU MENOS UNS 19 ANOS OU 18. DAÍ PASSEI MAIS OU MENOS UM OU DOIS ANOS SEM TER RELAÇÃO COM NINGUÉM, SEM TER AMIGOS. FOI AI QUE EU CONHECI UMA

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PESSOA E ESSA PESSOA EU COMECEI A GOSTAR DELA. EU CONHECI ELA NO MICARU SE EU NÃO ME ENGANO O NOME, MICARU, AI FOI QUANDO TIVE MEU PRIMEIRO SEXO COM PENETRAÇÃO, NO CASO, QUANDO EU FUI O ATIVO E ELE FOI O PASSIVO AI EU COMECEI A GOSTAR DELE. FOI AI QUE ESSA PESSOA ME TOCOU ENTÃO, E EU PEDI PRA SAIR COM ELA DE NOVO. ENTÃO SAÍ COM ELA E OS AMIGOS DELA, OS AMIGOS DELA NÃO GOSTAVAM MUITO DE MIM, ENTÃO QUANDO EU COMBINEI COM ELE DE SAIR, NO DIA DE A GENTE SAIR ELE DISSE QUE TINHA ENCONTRADO O EX NAMORADO DELE E QUE IA SAIR COM ELE E QUE A GENTE SE ENCONTRAVA DEPOIS. SÓ QUE NÃO DEU MUITO CERTO, EU VOLTEI PRA CASA MUITO TRISTE QUE MEUS PAIS ATÉ NOTARAM. ENTÃO, ELES PERGUNTARAM O QUE ESTAVA ACONTECENDO COMIGO, AI EU DISSE QUE TINHA TRANSADO PELA PRIMEIRA VEZ, COM UM CARA, ELES ME APOIARAM, PASSARAM A MÃO NA MINHA CABEÇA MAS DISSERAM QUE EU NÃO FIZESSE MAIS ISSO PROQUE ISSO ERA ERRADO. FOI QUANDO EU FUI PRA RECIFE E DE RECIFE EU FUI PRA OLINDA, AI EU FIQUEI LÁ EM OLINDA, AI FOI QUANDO EU FUI PRA UMA BOATE GAY LÁ, PRIMEIRA VEZL, CONHECI UM CARA LÁ ... MAS NÃO TEVE NADA DEMAIS, A GENTE SÓ SE CONHECEU. AI MINHA VIZINHA QUE IA MUITO PARA ESSES LUGARES, ELA É HOMOSEXUAL, ELA ME CONVIDOU PARA IR A UMA FESTA QUE TINHA LÁ TODO ANO, QUE ERA A FESTA MAIS BADALADA DE OLINDA, ENTÃO ERA NUMA POUSADA, SE EU NÃO ME ENGANO, A POUSADA ERA MUITO ESTREITA QUASE NÃO CABIA NINGUÉM, MAS EU FUI, FOI AI QUE EU CONHECI ESSE CARA, EU ESTAVA NA PORTA DO BANHEIRO NA VERDADE E FOI QUANDO ELE, DO NADA, TOCOU NA MINHA MÃO ... AI EU OLHEI PRA ELE, ELE ERA BONITO, ALTO, MORENO ELE ERA GOSTOSO, ENTÃO, FICAMOS NESSA NOITE QUE FOI NO SÁBADO AI NO DOMINGO JÁ FOMOS PRO CINEMA. ENTÃO, DEPOIS DE UM DIA TENTEI INSISTIR, INSISTIR, INSISTIR AI ELE DISSE QUE: - NÃO, NÃO DÁ, VAMOS SER SÓ AMIGOS, E TAL ...

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AI EU TIVE QUE ACEITAR, AI VIRAMOS AMIGOS DE ANDAR JUNTOS E TUDO. AI DEPOIS DE UM TEMPO EU CONHECI ESSE MEU PRIMEIRO NAMORADO NUMA BOATE, EU ERA MUITO APAIXONADO POR ELE MESMO. EU IA E VOLTAVA DE CARUARU SÓ PRA VÊ-LO, FINGIA QUE IA ESTUDAR, DIZIA PARA OS MEUS PAIS QUE ESTAVA ESTUDANDO PARA UM CONCURSO, MAS ERA TUDO MENTIRA SÓ PARA IR VÊ-LO. ENTÃO NAMORAMOS, EU ACHO QUE MAIS OU MENOS DURANTE QUATRO OU CINCO ANOS E ELE .... ELE VIAJOU, AI EU FUI PRA CASA DELE, EU COMECEI A MORAR COM ELE, EU PASSEI QUATRO ANOS MORANDO COM ELE ONDE TRÊS EU MOREI NA CASA DELE E UM NA NOSSA CASA, DE NÓS DOIS JUNTOS, ENTÃO ELE VIAJOU QUANDO ELE TAVA PRA VOLTAR EU ARRUMEI TODA A CASA, ARRUMEI O QUARTO COLOQUEI CARTAZES E FOI QUANDO ...

TIAGO (FRANCISCO) – 13’04’’ – Fade in 13’15’’ – Fade out

TIAGO (FRANCISCO) – 13’04’’ – 13’15’’ EU NÃO SEI ONDE EU PEGUEI O VÍRUS, REALMENTE NÃO SEI, SE FOR PRA EXPLICAR EU NÃO SEI. EU ERA DOADOR DE SANGUE E DOAVA AQUI E EM SÃO PAULO ONDE PRECISAVA EU DOAVA.

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 13’16’’ – Fade in 13’45’’ – Fade out

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 13’16’’ – 13’ 45’’ ELE DISSE QUE A GENTE NÃO PODERIA FICAR MAIS JUNTOS, AI EU FIQUEI MUITO TRISTE, MUITO TRISTE MESMO. FOI QUANDO EU FINALMENTE DECIDI CONTAR AOS MEUS PAIS QUE ESTAVA NAMORANDO UM CARA, QUE ESSE FULANO QUE MINHA MÃE TANTO PERGUNTAVA ERA MEU NAMORADO. AI FOI AI QUE EU DECIDI A MORAR FORA MESMO DE CASA. MAS FICOU TUDO BOM DEPOIS DE UM TEMPO, PORQUE EU ...

TIAGO (FRANCISCO) – 13’46’’ - Fade in 14’44’’ – Fade out

TIAGO (FRANCISCO) – 13’46’’ – 14’44’’ EU ERA CASADO, ME SEPAREI. AI DE LÁ PRA CÁ O QUE ACONTECEU É QUE EU NÃO FAÇO MUITAS COISAS NÃO. ATÉ AGORA NÃO PENSEI EM TER RELACIONAMENTE SÉRIO COM NINGUÉM NÃO. EU TO FELIZ ASSIM, SEM NINGUÉM MESMO, EU TENHO MINHA FAMILIA, MEUS FILHOS. EU JÁ TIVE MUITO

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MEDO DA MORTE. MAS ATÉ NO HOSÍTAL MESMO EU BRINCAVA COM O PESSOAL LÁ, SEMPRE TINHA DOIS OU TRÊS PERTO DE MIM LÁ, PORQUE ERA UM SALÃO QUE TINHA MUITAS CAMAS NÉ ? A GENTE DORMIA MUITO POR CONTA DO MEDICAMENTO. A GENTE ACORDAVA E FALTAVA UM, AI EU DIZIA: - DONA MARIA, CADÊ FULANO ? E ELA: - OXE, SOUBESSE NÃO? ELE MORREU. – E AQUELE OUTRO? ELA DIZIA, MORREU TAMBÉM. AI EU BRINCAVA COM ELA DIZENDO: - QUANDO EU MORRER ELES VÃO PERGUNTAR: - CADÊ AQUELE CABELUDINHO ALI? - OXE, O CABELUDINHO ALI , ELE MORREU TAMBÉM. AI ELA DIZIA: - RAPAZ, NUM BRINQUE COM ISSO NÃO!

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 14’45’’ – Fade In 16’43’’ – Fade out

ROBERTO ( ANDRÉ ) – 14’45’’ – 16’46’’ ... SABENDO QUE EU ERA SORO POSITIVO, EU COMECEI A DAR VALOR AS COISAS MAIS IMPORTANTES DA VIDA. AS COISAS MAIS PEQUENAS. EU ERA UMA PESSOA MUITO EGOISTA, EU QUERIA TUDO PRA MIM. SE EU EMPRESTASSE ALGO, EU EMPRESTAVA COM A MAIOR INSEGURANÇA. EU QUERIA TUDO PERTO DE MIM, EU QUERIA MEUS AMIGOS PERTO DE MIM, ELES SÓ PRA MIM, MAS EU MUDEI, É ISSO, VAMOS DIZER QUE MINHA DOENÇA, ELA ME MELHOROU, EU FIQUEI MELHOR DEPOIS DELA. A PRIMEIRA PESSOA QUE EU CONTEI FOI MEU IRMÃO MAIS NOVO. FOI A ÚNICA PESSOA DA FAMILIA QUE ME APOIOU DESDE O COMEÇO. AI EU CONEHCI UM CARA NUM SITE DE RELACIONAMENTO, NO BATE PAPO, ONDE SÓ TINHA PESSOAS QUE SÃO SORO POSITIVAS. ELE TINHA ACABADO DE SABER QUE ERA SOROPOSITIVO. ENTÃO, A GENTE

TIAGO (FRANCISCO) – 16’44’’ – Fade in 17’19’’ – Fade out

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TA NAMORANDO AGORA. ESTAMOS MUITO FELIZES ESPERO QUE ISSO CONTINUE, NÉ? ENTÃO EU PERCEBI QUE SÓ PORQUE NÓS TEMOS SOROPOSITVO, NÓS SOMOS SOROPOSITIVOS ... NÃO É PARA DEIXAR DE VIVER É PARA VIVERMOS PARA APRENDERMOS, PRA CONHECER NOVAS PESSOAS FEITO EU CONHECI ESSA PESSOA QUE ESTÁ ME AJUDANDO MUITO. ENTÃO ISSO É SÓ UMA DOENÇA E ELA JÁ ESTÁ CONTROLADA DENTRO DE MIM. SOU UMA PESSOA NORMAL COMO QUALQUER OUTRA. EU ENSINO, EU MOSTRO A MEUS ALUNOS COMO É QUE EU SOU DE VERDADE EU EU SOU UMA PESSOA BEM MELHOR AGORA DEPOIS DA MINHA DOENÇA. TIAGO (FRANCISCO) – 16’44’’ – 17’19’’ EU TÔ BEM, TÔ BEM, NÃO TENHO DO QUE RECLAMAR. TANTA GENTE POR AI QUE COME NA MÃO DOS OUTROS, QUE PRECISA DE ALGUÉM PRA TOMAR BANHO, PRA COMER, PRA FAZER DE TUDO, VAI NO BANHEIRO E PRECISA DE ALGUÉM QUE LEVE, EU GRAÇAS A DEUS TO BEM ASSIM, NÃO PRECISO DISSO. QUANDO EU SOUBE, EU FIQUEI ... FIQUEI MEIO TRISTE. MAS ... A VIDA CONTINUA.

ANGELITA (MARIA) – 17’20’’ – Fade in 18’26’’ – Fade out

ANGELITA (MARIA) – 17’20’’ – 18’26’’ EU VOU LÁ NO LACTÁRIO, EU PEGO MEUS EXAMES, EU PEGO MEU REMÉDIO. SABE O QUE MAIS ME IMPRESSIONA? É TANTA GENTE JOVEM, TANTA GENTE JOVEM INDO LÁ, INDO LÁ FAZER EXAME, INDO LÁ PEGAR REMÉDIO. E COM TODO ESSE TEMPO QUE PASSOU O CONSELHO QUE EU DOU PRA ELES ... É QUE SE CUIDE ... ELES QUE TEM A DOENÇA, SE CUIDEM. TOME SEU REMÉDIO, FAÇA SEU EXAME, PORQUE A VIDA SEGUE EM FRENTE. PORQUE NÃO TEM QUE TER VERGONHA, TEM QUE SE CUIDAR. ESSA DOENÇA ELA SÓ ABATE QUEM SE ENTREGA E OS OUTROS ... OS DEMAIS ... QUE SE CUIDE, CUIDE DE VOCÊ, CUIDE DO SEU CORPO, SE PROTEJA, SE PREVINA COM QUEM VOCÊ FOR TER RELAÇÃO PORQUE TODO ESSE IMPACTO NA

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MINHA VIDA MUDOU TUDO, MAS EU NÃO SINTO NADA, ISSO É SÓ UMA DOENÇA, E HOJE? HOJE MINHA VIDA É NORMAL, FORA ISSO MINHA VIDA É NORMAL.

CRÉDITOS FINAIS ENTRADAS DAS FALAS ORIGINAIS.

Elenco de Reconstrução Angelita Nogueira Tiago Salvador Roberto Maia Roteiro e direção Nadson Rodrigues Lins Wellingtânia Widian Silva Marinho Nara Gisely Guinho de Melo Coordenação Wellingtânia Widian Silva Marinho Direção de Fotografia Nara Gisely Guinho de Melo Pesquisa Nadson Rodrigues Lins Wellingtânia Widian Silva Marinho Nara Gisely Guinho de Melo Consultoria Laldivandes Rodrigues Lins Produção Danyella Bárbara Tiné Nadson Rodrigues Lins Nara Gisely Guinho de Melo Phyllipee Santana Wellingtânia Widian Silva Marinho Edição Nadson Rodrigues Lins Wellingtânia Widian Silva Marinho Videografismo Edivaldo Coelho Nadson Rodrigues Lins Produção Executiva Nara Gisely Guinho Melo Trilha Sonora Sad Piano - Isolation The XX – Hot Like Fire

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Orientação Jurani Oliveira Clementino Documentário baseado em histórias reais Centro Universitário do Vale do Ipojuca UNIFAVIP | DeVry Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. Agradecimentos A Deus. Aos nossos personagens reais, sem vocês esse documentário não seria possível. Aos nossos mestres por cada orientação durantes esses anos. Aos nossos pais por nos ajudar nos nossos momentos mais difíceis e aos nossos colegas e amigos de turma por todo apoio e força dado na produção deste documentário.

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