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Controle Social Unidade VI

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Unidade VI

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  • Controle Social

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    Unidade VI

    Controle Social

    Na unidade quatro conversamos sobre as aes agregadas ou complementares para as quais so transferidos recursos por meio do PDDE: gua na Escola; Mais Cultura nas Escolas; PDE Escola, Escola Acessvel e Escola do Campo. De cada uma dessas aes apresentamos o pblico alvo, objetivos, legislao pertinente, clculo dos recursos a serem transferidos e detalhes da operacionalizao, dentre outras informaes.

    J nesta unidade, estudaremos o acompanhamento e controle social a ser exercido na utilizao dos recursos das diversas aes financiadas pelo programa e sua devida prestao de contas, elementos fundamentais para a transparncia no uso desses recursos. Conversaremos,

    inicialmente, sobre o significado do controle social e o histrico da evoluo dos conselhos de controle social no mundo e no Brasil. Logo em seguida, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre como as Unidades Executoras, Conselho Escolar, legislao pertinente, formao, responsabilidades, atuao, entre outros temas.

    No final do estudo desta unidade, esperamos que voc seja capaz de:

    :: definir e caracterizar conselho de acompanhamento e controle social;

    :: identificar as principais etapas de evoluo dos conselhos no mundo e no Brasil;

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    :: compreender o controle social como meio de participao contnua da sociedade na gesto pblica, direito assegurado pela Constituio Federal;

    :: identificar os Conselhos Sociais como representaes capazes de exercer controle sobre a ao do Estado, supervisionando e avaliando as decises e aes administrativas, exigindo dos gestores pblicos a comprovao dos atos praticados;

    :: compreender a Unidade Executora como instncia responsvel pelo contnuo acompanhamento da aplicao dos recursos do PDDE transferidos s escolas, garantindo a correta destinao desses recursos.

    Para iniciarmos o estudo dessa temtica to importante, pedimos que voc reflita sobre algumas questes, que apresentamos a seguir:

    O que acompanhamento e controle social?

    Quando o controle social necessrio?

    Como ele acontece?

    Quem so os atores deste processo?

    6.1. O processo de democratizao da sociedade brasileira e os conselhos de acompanhamento social

    6.1.1. Acompanhamento e controle social

    Em todos os cursos ofertados no mbito do Formao pela Escola reservamos uma unidade para discutirmos alguns pilares da sociedade democrtica, dentre os quais, participao, cidadania, controle do estado pela sociedade civil, conselhos, responsabilizao, tica, transparncia e outros temas correlacionados. Nesse sentido, a discusso sobre os mecanismos de acompanhamento e controle social, necessrios a uma correta execuo das aes financiadas pelo FNDE, sempre est presente na pauta de nosso programa e, portanto, nesta unidade vamos manter essa tradio.

    Mas afinal, o que acompanhamento e controle social?

    Agora, vamos apresentar a voc, primeiramente, o significado de acompanhamento e controle social, que encontramos no dicionrio Aurlio: a palavra

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    acompanhamento est relacionada a observar a marcha, a evoluo de. Quanto palavra controle, a definio que encontramos fiscalizao exercida sobre as atividades de pessoas, rgos, departamentos, produtos etc., para que tais atividades ou produtos, no se desviem das normas preestabelecidas. Finalmente, o sentido da palavra social prprio dos scios de uma sociedade, comunidade ou agremiao. De maneira simplificada, podemos considerar que controle social a ao fiscalizadora exercida pelos scios de uma comunidade.

    Depois de muitas pesquisas, selecionamos algumas definies mais conhecidas de acompanhamento e controle social para apresentar a voc. Leia cada uma delas atentamente.

    Ao fiscalizadora exercida pela sociedade sobre o Estado.

    Acompanhamento, a fiscalizao e o controle das decises e aes pblicas.

    Participao da sociedade no acompanhamento e verificao da execuo das polticas pblicas, avaliando objetivos, processo e resultados.

    Participao da sociedade no controle dos gastos do governo.

    Capacidade que tem a sociedade organizada de atuar nas polticas pblicas, em conjunto com o Estado, para estabelecer suas necessidades, interesses e controlar a execuo destas polticas.

    Direito da participao da sociedade no acompanhamento e verificao da gesto dos recursos federais empregados

    nas polticas pblicas.

    Participao do cidado na gesto pblica, na fiscalizao, no monitoramento e no controle das aes da administrao pblica no acompanhamento das polticas.

    Voc percebeu que essas definies muitas vezes se complementam?

    Tambm notou que acompanhamento e controle social esto diretamente relacionados atuao da sociedade na participao na gesto, fiscalizao e controle de polticas pblicas?

    Para efeito de nossos estudos vamos considerar a ltima definio apresentada, isto :

    Controle e acompanhamento social participao do cidado na gesto pblica, na fiscalizao, no monitoramento e no controle das aes da administrao pblica no acompanhamento das polticas.

    E afinal, quando o controle social possvel?

    Como podemos participar na gesto e fiscalizar a ao do Estado?

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    O controle social somente possvel, quando todos ns compreendemos a importncia de participar socialmente, ou seja, quando nos tornamos sujeitos de nossa prpria histria, atuantes e capazes de orientar e fiscalizar as aes do Estado, aqui entendido como poder pblico em geral.

    Para que seja possvel fiscalizar a ao do Estado, acreditamos que a primeira atitude buscar informaes oficiais sobre a execuo das polticas pblicas. No caso da educao, podemos acessar sites na internet como o da Presidncia da Repblica (www.presidencia.gov.br), do Ministrio da Educao (www.mec.gov.br), do FNDE (www.fnde.gov.br), da Controladoria Geral da Unio (www.cgu.gov.br),etc. Outra atitude correta acompanhar a execuo destas polticas em seu Estado ou Municpio, solicitando, junto ao executivo local, as informaes necessrias. importante destacar que a participao em conselhos de controle social favorece a efetiva e eficiente fiscalizao das aes do Estado. Que tal conhecermos um pouco sobre este assunto?

    6.1.2. Conselhos de acompanhamento social: definio e importncia

    E o que um conselho de acompanhamento e controle social ?

    No contexto de controle social que foi discutido anteriormente, conselho um espao de participao que permite aos cidados maior proximidade com a administrao pblica, por isso, constitui-se importante mecanismo de ampliao da democracia e de participao poltica. Pode ser definido como:

    [...] espaos pblicos porque constituem uma arena de debate e discusso na construo de acordos e na elaborao de polticas pblicas. , pois, o local de explicitao dos interesses, reconhecimento da existncia das diferenas e da legitimidade do conflito e da troca de ideias como procedimento de tomada de decises sobre a elaborao, acompanhamento, fiscalizao e avaliao das polticas pblicas.

    TATAGIBA, Luciana. Os conselhos gestores e a democratizao das polticas pblicas no Brasil, 2002.

    Aps a definio apresentada acima, precisamos pensar nas seguintes questes:

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    Qual a importncia desses conselhos? O que eles representam?

    Quais os papis que eles devem desempenhar?

    Quais so suas principais caractersticas?

    Quais as condies para o fortalecimento desses conselhos?

    Em relao sua importncia, os conselhos de acompanhamento e controle social se constituem em canais de comunicao entre a sociedade civil e o poder pblico e so instrumentos fundamentais para a gesto pblica e para o atendimento das demandas apresentadas pela sociedade. Seus principais papis so:

    :: estimular a participao (individual e coletiva) e a formao de novas lideranas;

    :: manter o fluxo de informao com as instituies que representa;

    :: alimentar-se permanentemente das opinies e vontades daqueles que representa;

    :: tornar pblicas as decises polticas e as negociaes;

    :: respeitar e defender as deliberaes;

    :: contribuir na generalizao das discusses e dos interesses coletivos;

    :: contribuir na qualificao da participao social;

    :: cumprir e fazer cumprir o regimento interno;

    :: buscar maior transparncia na utilizao de recursos pblicos;

    :: consolidar a democracia e a participao popular no espao poltico.

    As principais caractersticas desses conselhos so:

    a) Formao plural: permite a participao de pessoas de qualquer crena religiosa, etnia, filiao partidria, convico filosfica, contando com a representao dos vrios atores que constituem a sociedade brasileira;

    b) Representao do Estado e da sociedade civil: os conselhos devem ser compostos por conselheiros, representantes do Estado e da sociedade civil;

    c) Natureza deliberativa: capacidade prpria de decidir sobre a formulao, controle, fiscalizao, superviso e avaliao das polticas pblicas, inclusive nos assuntos referentes definio e aplicao do oramento, como instituio mxima de deciso;

    d) Natureza consultiva: tem carter de assessoramento e exercido por meio de pareceres, aprovados pelos membros, respondendo a consultas do governo e da sociedade;

    e) Funo fiscalizadora: competncia para fiscalizar o cumprimento das normas e a legalidade de aes;

    f ) Funo mobilizadora: a que situa o conselho numa ao efetiva de mediao entre o governo e a sociedade.

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    Para que ocorra o fortalecimento dos Conselhos, algumas condies so essenciais:

    :: autonomia: infraestrutura (espao fsico e secretaria executiva) e condies de funcionamento autnomo;

    :: transparncia e socializao de informaes: para controlar o oramento e os gastos pblicos;

    :: visibilidade: divulgao e *publicizao de suas aes;

    :: integrao: criar estratgias de articulao e integrao do Conselho - atravs de agendas comuns e fruns mais amplos que contribuam para superar a setorizao e a fragmentao das polticas pblicas;

    :: articulao: dos conselhos com outras instncias de controle social como os fruns e comisses temticas ampliando a participao da sociedade no controle social das polticas pblicas;

    :: capacitao continuada dos conselheiros: desenvolver um processo contnuo de formao dos conselheiros, instrumentalizando- os para o efetivo exerccio do controle social.

    Agora que j temos uma noo do que controle e acompanhamento social e o que so conselhos sociais, nossa proposta que voc conhea, de maneira resumida, a histria desses conselhos, de sua origem at os dias atuais.

    6.1.3. A evoluo dos conselhos sociais

    Quando surgem os primeiros conselhos sociais no contexto mundial?

    Quando surgem os primeiros conselhos que efetuam a eleio dos seus representantes?

    No mundo antigo, que outras experincias de formao de conselhos temos notcias?

    Que tipo de conselho surge no sculo XX?

    A origem dos conselhos se perde no tempo e se confunde com a histria da poltica, da democracia e da participao. Os registros histricos indicam que os primeiros conselhos, como formas primitivas de gesto dos grupos sociais, j existiam h quase trs mil anos. No povo hebreu, por exemplo, desde a poca de Moiss, foi institudo o conselho de ancios, conhecido por Sindrio, que reunia 70 sbios para auxiliar este lder nas decises sociopolticas, administrativas e jurdicas.

    Da mesma maneira que o povo hebreu, o mundo greco-romano, nos sculos IX e VII a.C., utilizou a estratgia de formao de espaos de poder e de deciso coletiva, como os conselhos de ancios (o Senado Romano ou a *Gerousia Espartana) ou simplesmente de cidados (a *Boul ateniense).

    *Publicizao: Ato de tornar pblico, divul-gar, dar conhecimento sobre algo.

    *Boul: assembleias de cidados da cidade grega de Atenas, com atribuies e organiza-o definidas.

    *Gerousia: assembleias de cidados da cidade grega de Esparta, com atribuies e organiza-o definidas.

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    A gesto da comunidade local por meio de um conselho, constitudo como representao da vontade popular (conselho popular), viria a ganhar sua mxima expresso na Comuna Italiana, instituda a partir do sculo X d.C. que, adotando a democracia representativa, elegia suas lideranas. O exemplo mais radical deste tipo de conselho foi, sem dvida, a Comuna de Paris, em 1871. Embora com durao de apenas dois meses, viria a constituir-se na mais marcante experincia de autogesto de uma comunidade urbana. Os conselhos populares exerciam a democracia direta e/ou resultantes dos diferentes interesses.

    Na primeira metade do sculo XX surgem os conselhos formados por grupos sociais identificados pelo ambiente de trabalho, como os conselhos de operrios. Neste sentido, podem ser citadas as experincias dos russos, no momento da Revoluo dos Sovietes de 1905 e a recriao deste tipo de conselho durante a Revoluo Socialista de 1917. Ainda

    fundamental citar a experincia alem dos Conselhos de Fbricas a partir de 1918 e as experincias dos operrios italianos na dcada de vinte. Novas experincias de conselhos de operrios ou de fbrica surgiriam na Espanha (1934-1937), na Hungria (1950) e na Polnia (1969-1970).

    Lentamente a ideia de formao de conselhos se espalha pelo mundo. Nos Estados Unidos os conselhos surgiram nas dcadas de 1960 e incio dos anos 1970, por meio do desenvolvimento de grupos de interesse, constituindo-se como organismos de presso da sociedade civil que atuaram no sentido de obter solues para amenizar os conflitos, sem interferir, no entanto, na poltica da cidade. J na Espanha, eles surgiram como forma de participao dos indivduos no processo de gesto das cidades.

    Quando os conselhos surgem no Brasil?

    Como ocorreu a evoluo destes conselhos?

    Qual foi o grande marco nos anos oitenta, que permitiu a ampliao da participao popular, a criao dos conselhos e a democratizao de nossa sociedade?

    No Brasil esses conselhos de controle social surgem, sobretudo, das demandas de democratizao da sociedade, durante a ditadura militar, no final da dcada de 1970 e incio da dcada de 1980. Inicialmente, nos primeiros anos de organizao, os conselhos eram, predominantemente, voltados ao atendimento de carncias imediatas, como linhas de nibus, recursos para certos setores, etc. Na dcada de

    *Atores sociais: todos que trabalham com demandas e reivindica-es de carter redis-tributivo e usam como principal estratgia a mobilizao coletiva dos envolvidos nas questes pelas quais atuam.

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    oitenta os canais de participao se alargam. Os movimentos associativos populares passaram a reclamar participao do povo na gesto pblica. O desejo de participao comunitria se inseriu nos debates da Constituinte, que geraram, posteriormente, a institucionalizao dos conselhos gestores de polticas pblicas no Brasil. Esses conselhos tinham um carter nitidamente de ao poltica e aliavam o saber letrado com o saber popular, por meio da representao das categorias sociais de base. Foram muitas as formas de organizao e as funes atribudas a esses conselhos, mas sua origem vinculava-se ao desejo de participao popular na formulao e na gesto das polticas pblicas.

    Ao mesmo tempo em que os conselhos populares, organizados, sobretudo, por grupos de esquerda e de oposio ao regime militar, se destacaram como estratgia para ampliar e alargar a democratizao do Estado, ocorreu proliferao de *atores sociais at ento ausentes destes espaos: organizaes no governamentais (ONGs), associaes de profissionais (sindicatos), entidades de defesa de direitos humanos, de minorias, de meio ambiente, entre outras.

    No podemos deixar de enfatizar que a Constituio de 1988 foi o marco do processo de *redemocratizao do pas e instituiu um conjunto de direitos fundamentais, sociais e polticos que permitiu a consolidao de nosso regime democrtico e participativo. Os direitos nela estabelecidos resultaram de um longo e conflituoso processo de mobilizaes sociais e polticas que marcaram os anos 1970 e 1980. A Constituio Cidad, na verdade, alargou o projeto de democracia, compatibilizando princpios da democracia representativa e da democracia participativa e reconheceu a participao social como um dos elementos-

    chave na organizao das polticas pblicas. Neste sentido, ela props a criao de inmeros conselhos reconhecidos como instncias de negociao e *pactuao das propostas institucionais e das demandas da sociedade.

    Os conselhos se institucionalizaram em praticamente todo o conjunto de polticas sociais no pas e asseguram a presena de mltiplos atores sociais na formulao, na gesto, na implementao ou no controle das polticas sociais. Representam hoje uma estratgia privilegiada de democratizao das aes do Estado. Nos espaos da federao temos conselhos Municipais, Estaduais ou Nacionais, responsveis pelas polticas setoriais nas reas da educao, da sade, da cultura, do trabalho, dos esportes, da assistncia social, da previdncia social, do meio ambiente, da cincia e tecnologia, da defesa dos direitos da pessoa humana e de desenvolvimento urbano. Em diversas reas h conselhos atendendo s categorias sociais ou programas especficos. Na rea dos direitos humanos temos os conselhos dos direitos da mulher, da criana e do adolescente, do idoso e das pessoas portadoras de deficincia. No interior das organizaes pblicas (no tratamos aqui das de carter privado) vamos encontrar os conselhos prprios de definio de polticas institucionais, de gesto e de fiscalizao. No mbito associativo temos conselhos de secretrios Estaduais e Municipais de diversas reas (na educao temos o Consed e a Undime), conselhos de universidades (Andifes e outros, segundo as categorizaes das universidades). Ligados a programas governamentais, destacam-se na rea da educao os conselhos da alimentao escolar, do Fundeb e aqueles que atuam no mbito do PDDE.

    No processo de gesto democrtica do que pblico, os conselhos, hoje, so a expresso da sociedade organizada

    *Redemocratizao: volta democracia; emocratizar (-se) novamente.

    *Pactuao: ato de combinar, ajustar, con-tratar, convencionar.

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    e exercem uma funo mediadora entre o governo e a sociedade. Como j enfatizamos, estes rgos devem ter a capacidade de levar at as instncias decisrias do Estado as crescentes e complexas demandas da sociedade.

    Agora, nossa proposta continuar nossa discusso sobre democracia participativa, cidadania, controle e acompanhamento social avaliando as relaes entre estes conceitos, educao, escola, autonomia, gesto democrtica, recursos pblicos e PDDE.

    Como ficou a situao da escola com o processo de redemocratizao de nosso pas?

    O que significa autonomia da escola?

    O que gesto democrtica e qual sua relao com o PDDE?

    6.1.4. Gesto democrtica e a autonomia da escola

    O processo de redemocratizao do Brasil tambm gerou importantes mudanas no campo educacional e nesse contexto, coube escola um novo desafio constituir-se enquanto ncleo de gesto. Para tanto, a escola passou a ser entendida como espao de deliberao coletiva em diferentes reas: administrativa, financeira e pedaggica. Assim, ela passou a ser responsvel por definir aes, elaborar e executar os seus projetos educativos e de gesto. Essa responsabilidade no ficou mais restrita figura do diretor e sua equipe diretiva. Todos os envolvidos direta e indiretamente foram chamados a se responsabilizar e, nesse contexto, a comunidade local e escolar (pais, alunos, professores, servidores administrativos, etc.) passou a, de fato, participar das discusses e decises referentes ao cotidiano da escola.

    Nesse processo de implementao da gesto democrtica nas unidades de ensino, tem sido dada grande nfase adoo de novos procedimentos administrativos, busca da transparncia nas aes e possibilidade da escola se organizar, sobretudo por meio de rgos consultivos e deliberativos, que contem com participao de representantes de todos os segmentos da comunidade local e escolar, para pensar, planejar, elaborar e implementar seus projetos, de forma coletiva, democrtica e autnoma, porm sem desconsiderar as normas gerais do sistema de ensino e as leis que o regulam.

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    Preste ateno!

    Podemos afirmar que a gesto democrtica implica a efetivao de novos processos de organizao e gesto baseados em uma dinmica que favorea os processos coletivos e participativos de deciso. Nesse sentido, a participao constitui uma das bandeiras fundamentais a serem implementadas pelos diferentes atores que constroem o cotidiano escolar.

    Quando pensamos em participao e organizao interna da escola por meio de rgos representativos, no podemos deixar de comentar como Paulo Freire percebia esse processo:

    "Tudo o que a gente puder fazer, no sentido de abrir mais a escola, no sentido de provocar, pedir, desafiar estudantes, merendeiras, zeladores, vigias, diretores de escola, coordenadores pedaggicos, pais, mdicos, dentistas, alunos, vizinhos da escola, tudo o que a gente puder fazer para convocar os que vivem em torno da escola e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mo, tambm. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se pe diante de ns, que o de assumir esse pas democraticamente, que o de ter voz, o de ganhar voz e no apenas o de falar, no apenas o de dar bom-dia. Ora, o conselho de escola um dos momentos, um dos meios de que a gente pode se servir, se que eu posso usar esse verbo, nessa luta pela democratizao da escola e pela democratizao do ensino no Brasil".

    Paulo Freire

    Disponvel em http://www.mp.go.gov.br/portalweb/conteudo.jsp?page=35&conteudo=conteudo/d51c882ce49605582fdabc70d7c54c8f.html. Acessado em 12/04/2013.

    Outro tema exige nosso olhar mais apurado: a autonomia. Falamos que gesto democrtica implica tambm em participao da comunidade local e escolar na definio do destino da escola, que deve ser construdo coletivamente, e de maneira autnoma. A autonomia qual nos referimos, no entanto, no dada ou decretada. Ela uma construo decorrente das lutas dirias que so travadas nos espaos escolares. Por isso, a construo dessa autonomia requer muita luta e dedicao daqueles que esto inseridos nos processos educativos.

    A autonomia da unidade escolar significa, portanto:

    A possibilidade de construo coletiva de um projeto poltico-pedaggico que esteja de acordo com a realidade da escola e com as necessidades de sua comunidade escolar, bem como, em harmonia com as normas estabelecidas pelas polticas educacionais ou a legislao adotada.

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    fundamental apontarmos que essa autonomia possui quatro dimenses fundamentais:

    a) Administrativa: consiste na possibilidade da escola elaborar e gerir seus planos, programas e projetos, evitando sua submisso a uma administrao central na qual as decises a ela referentes sejam tomadas fora dela e por pessoas que no conhecem a sua realidade. Dessa forma, a comunidade escolar pode, por meio da vivncia de um processo democrtico e participativo, romper com a cultura centralizadora e pouco participativa em que tm sido elaborados os projetos e efetivadas as tomadas de decises em relao gesto das unidades escolares. importante salientar que autonomia sinnimo de responsabilidade. Dessa forma, ter autonomia administrativa significa tambm no esquecer que a escola est inserida em um processo que envolve relaes internas e externas, sistema educativo e comunidade escolar. Essa autonomia cria vrias possibilidades, dentre elas a constituio de rgos representativos e consultivos e a construo, aprovao e implementao do projeto de gesto.

    b) Jurdica: diz respeito possibilidade da escola elaborar suas normas e orientaes escolares em consonncia com as legislaes educacionais. Ela possibilita que as normas de funcionamento sejam discutidas coletivamente e faam parte do regimento escolar elaborado pelos segmentos envolvidos com a escola e no por um regimento nico, elaborado para todas as instituies que fazem parte da rede de ensino.

    c) Pedaggica: est estreitamente ligada identidade, funo social, clientela, organizao curricular, avaliao, bem como aos resultados e, portanto, essncia do projeto

    pedaggico da escola. Essa dimenso da autonomia refere-se liberdade da escola no conjunto das suas relaes, definir sobre o ensino, tornando-se condio necessria para o trabalho de elaborao, desenvolvimento e avaliao do projeto poltico-pedaggico da escola.

    d) Financeira: refere-se existncia e utilizao de recursos financeiros capazes de dar instituio educativa condies para efetivar seus planos e projetos. No podemos nos esquecer de que a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n 9.394/96), ao abordar a forma de organizao da unidade escolar, destaca a autonomia ao explicitar, no art. 12, II, que os estabelecimentos de ensino tero a incumbncia de administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros. Ainda, a autonomia financeira deve possibilitar escola elaborar e executar seu oramento, planejar e executar suas atividades, tendo o acompanhamento e fiscalizao dos rgos internos e externos competentes. Em sntese, obrigao do poder pblico o financiamento das instituies educacionais pblicas e compete s escolas otimizar e tornar transparente e participativo o uso dos recursos. Assim, o conselho escolar, ou qualquer outro rgo similar, o local apropriado de discusso e democratizao do uso dos recursos financeiros administrados pela escola.

    Pensando em utilizao de recursos financeiros, no podemos esquecer do PDDE. Nesse sentido, pense nas seguintes questes:

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    Na escola, entendida como ncleo de gesto em busca da autonomia, quem se responsabiliza pelo uso dos recursos financeiros a ela destinados?

    Qual a relao entre autonomia da escola, controle social e o PDDE?

    Como realizado o controle social dos recursos desse programa?

    Voc sabe que tipo de entidade responsvel por efetuar esse controle?

    Como a comunidade escolar pode contribuir com o processo de controle social do PDDE?

    6.2. Controle Social do PDDE

    6.2.1. Princpios da administrao pblica e o PDDE

    Para entendermos a relao entre controle social e os recursos do PDDE, consideramos importante relacionar esse fato com um exemplo bastante interessante: um clube social e esportivo.

    Pense que nesse tipo de associao, os scios tm a oportunidade de conviver socialmente e o direito de usufruir de um conjunto de benefcios a eles disponibilizados: rea de lazer que inclui piscina, academia, quadras esportivas, campo de futebol; equipamentos para atividades fsicas, segurana, dentre outros. Todo o acesso a esses bens e servios s possvel mediante contribuio financeira (compra do ttulo e taxa de manuteno), j que cada associado tem o dever de contribuir para a manuteno da instituio. Nesse sentido, as decises sobre como e em que investir os recursos cabem aos associados, que so representados pela diretoria, responsvel por administrar o patrimnio e os recursos do clube (presidente, vice, secretrio diretor de esportes, diretor social, etc.) e pelo Conselho Fiscal, responsvel por efetuar o acompanhamento das aes dessa diretoria.

    Se compararmos essa situao com o PDDE, sabemos que no estamos tratando de um clube ou de uma empresa privada, mas de um programa federal que utiliza recursos pblicos. Exatamente por essa razo, podemos nos considerar scios, no sentido etimolgico, ou seja, formadores de uma sociedade, pois pagamos impostos e, por isso, temos o direito de gozar dos benefcios que so custeados com os recursos financeiros e pblicos, que nesse caso especfico

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    so investidos na escola. Todavia, tambm temos o dever de participar das decises sobre como e em que aplicar esses recursos.

    Pensemos em trs hipteses:

    I - Se, em um clube, os scios priorizarem apenas os seus direitos, dedicando seu tempo apenas a tomar banho de piscina, praticar esportes e desfrutar as reas de lazer, quem tomar a deciso sobre como e em que os recursos devem ser utilizados? Ser que o presidente do clube conseguiria sozinho definir as prioridades?

    II - O que aconteceria com o lazer dos scios do clube se o presidente resolvesse investir todos os recursos em bolas de futebol em vez de investir na reforma da quadra, no conserto dos banheiros ou das rachaduras da piscina, nas goteiras presentes nos cmodos do clube?

    III - E na escola, ser que o diretor e os membros do conselho escolar teriam condies de definir, sozinhos, sem a participao da comunidade, como e em que investir os recursos do PDDE?

    Certamente no, pois isso implicaria impossibilidade de as comunidades escolar e local exercerem o controle social, que um direito do cidado brasileiro, conquistado na Constituio Federal de 1988, que permite a participao da sociedade no acompanhamento e verificao da gesto dos recursos empregados nas polticas pblicas. Ele possvel quando os cidados deixam de ser espectadores para assumir a sua participao social, ou seja, quando se tornam atuantes na sociedade, capazes de acompanhar e fiscalizar as aes do Estado.

    Faz parte dos nossos direitos participar dos conselhos escolares e similares, para exercer o controle social sobre os recursos pblicos destinados comunidade escolar.

    No podemos deixar de registrar que a administrao pblica se baseia em vrios princpios e alguns influenciam diretamente a execuo do PDDE. So eles:

    descentralizao: ocorre quando o Governo Federal, fundamentado no pacto federativo, transfere a responsabilidade da gesto e execuo das aes pblicas, e o devido acompanhamento e fiscalizao dos recursos, em mbito local, aos seus parceiros (governos municipais, estaduais, distrital), que devero ser auxiliados pelos variados segmentos da sociedade, de maneira organizada e representativa (organizaes no-governamentais, conselhos, entidades, instituies, entre outras);

    gesto democrtica (gesto = administrao; e democrtica = aquilo que emana do povo): ato de administrar as aes pblicas com a participao do povo, da sociedade, da comunidade. Ocorre, por exemplo, quando o governo recorre opinio pblica para o planejamento sobre a aplicao dos recursos pblicos;

    planejamento participativo: planejar um processo racional de interveno na realidade em vista de objetivos. Visa a transformao de ideias em ao. pensar antes o caminho para chegar ao objetivo. O planejamento participativo quando os variados segmentos da sociedade, de maneira representativa, definem as prioridades e elas so respeitadas pelos gestores na aplicao dos recursos e

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    na participao da sociedade civil no recebimento, gesto e fiscalizao dos recursos pblicos.

    Nesse contexto, podemos afirmar categoricamente que o PDDE permite a descentralizao dos recursos pblicos destinados educao, ou seja, a gesto e fiscalizao desses recursos passam a ser atribuio das comunidades escolar e local, por meio do controle social.

    Fique atento!

    Ao pensarmos no PDDE, sabemos que :

    uma poltica pblica que efetua transferncias de recursos financeiros pblicos para escolas, por meio de entidades representativas da comunidade escolar denominada unidade executora prpria ou secretarias de educao e prefeituras, a depender da vinculao da escola;

    esses recursos tm origem nos impostos pagos pelo povo, isto , por cada um de ns;

    os recursos devem ser aplicados exclusivamente na educao bsica pblica;

    direito de cada cidado saber o que feito com esses recursos, ou seja, acompanhar, controlar e fiscalizar a execuo do programa.

    Agora, vamos ver como o conceito de controle social se efetiva na execuo e fiscalizao dos recursos do PDDE.

    6.2.2. Etapas do controle social no PDDE

    Como vimos anteriormente, no mbito do PDDE, trs diferentes entidades, isto , rgos ou instituies, atuam diretamente no programa e so responsveis pela formalizao dos procedimentos de adeso e habilitao e pelo recebimento, execuo e prestao de contas dos recursos transferidos. Na Resoluo/CD/FNDE n Resoluo 10, de 18 de abril de 2013.

    I. Entidade Executora (EEx) prefeituras municipais e secretarias distritais e estaduais responsveis pela formalizao dos procedimentos necessrios ao recebimento, execuo e prestao de contas dos recursos do programa, destinados s escolas de suas redes de ensino que no possuem UEx, bem como pelo recebimento, anlise e emisso de parecer das prestaes de contas das UEx, representativas de suas escolas ou dos polos presenciais da UAB a ela vinculados;

    II. Unidade Executora Prpria (UEx) entidade privada sem fins lucrativos, representativa das escolas pblicas e dos polos presenciais da UAB, integrada por membros da comunidade escolar, comumente denominada de caixa escolar, conselho escolar, colegiado escolar, associao de pais e mestres, crculo de pais e mestres, dentre outras entidades, responsveis pela formalizao dos procedimentos necessrios ao recebimento dos repasses do programa, destinados s referidas escolas e polos, bem como pela execuo e prestao de contas desses recursos;

    III. Entidade Mantenedora (EM) entidade privada sem fins lucrativos, qualificada como beneficente de assistncia social, ou de atendimento direto e gratuito ao pblico, representativa das escolas privadas de educao especial, responsveis pela formalizao dos procedimentos

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    necessrios ao recebimento dos repasses do programa, destinados s referidas escolas, bem como pela execuo e prestao de contas desses recursos.

    Ao lermos essas descries, podemos perceber claramente que:

    a) existem vrias formas de organizao destas entidades, bem como diversas denominaes;

    b) as UExs e as EMs podem ser consideradas espaos de debate, troca de ideias, tomada de decises sobre acompanhamento, fiscalizao e avaliao do PDDE, que uma poltica pblica;

    c) a formao das UEx plural, pois rene membros da comunidade escolar, tais como: pais de alunos, outros representantes da comunidade local, professores, representantes da equipe diretiva e de assistentes da educao (secretrios escolares, orientadores educacionais, merendeiras, etc.), dentre outros.

    d) estas entidades so responsveis por receber, executar e prestar contas dos recursos destinados s escolas, de acordo com as regras e parmetros definidos no mbito do programa.

    Como vimos na Unidade II, a UEx constituda por todos os associados e administrada pela Assembleia Geral, pela Diretoria e pelos Conselhos Deliberativo e Fiscal. Podemos perceber claramente a ao da comunidade no processo de acompanhamento e controle social do PDDE quando:

    a Assembleia Geral convocada e reunida, pois nesse momento, todos os scios (efetivos ou colaboradores) tomam decises acerca dos assuntos que dizem respeito

    ao funcionamento da Unidade Executora, inclusive sobre a utilizao dos recursos e prestao de contas dos recursos do PDDE. Esses membros da UEx podem solicitar, esclarecimentos sobre as atividades da Unidade Executora Prpria e sobre os atos da Diretoria e dos Conselhos Deliberativo e Fiscal;

    constitudo Conselho Deliberativo, j que a escolha de seus membros realizada democraticamente, por meio de processo eletivo. Tambm quando a comunidade, representada neste conselho, aprecia a programao anual, o plano de aplicao de recursos e os balancetes, bem como quando convoca assembleias;

    so eleitos os titulares e os respectivos suplentes do Conselho Fiscal, constitudo de acordo com o estatuto da entidade. Esse conselho tem como funes, fiscalizar a movimentao financeira da Unidade Executora Prpria: entrada, sada e aplicao de recursos, examinar e julgar a Programao Anual, sugerindo alteraes, se necessrio; e analisar e julgar a prestao de contas da Unidade Executora Prpria.

    constituda a Diretoria, por meio de processo eletivo, j que a mesma responsvel por administrar e prestar contas, dos recursos financeiros da entidade, inclusive aqueles advindos do PDDE.

    O controle social pode e deve ser exercido em outras etapas de execuo do PDDE. No quadro a seguir, de maneira resumida, voc poder perceber outras situaes em que fundamental a atuao da comunidade escolar.

    Quadro 3: Controle social do PDDE

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    Quesito PDDE Controle social Adeso/habilitao Respeita o direito das comunidades escolar e local em aderir

    ou no ao programa. Nenhuma escola obrigada a aderir, mas, caso queira, a escola deve manifestar seu interesse, por meio do rgo ou entidade que a representa. Isso significa que no h sanes s escolas que optarem por no receberem os recursos.

    As comunidades escolar e local tm a possibilidade de verificar quais escolas podem ser beneficiadas pelo programa e solicitar a adeso/habilitao para o PDDE aos rgos e entidades aos quais esto vinculadas.

    Planejamento para aplicao dos re-cursos

    Respeita a deciso sobre o tipo de recurso requerido pela comunidade escolar. a escola quem define quanto deseja receber de recursos de custeio e de capital. Cabe ao FNDE a deciso de 80% para recurso de custeio e 20% para recurso de capital somente quando a escola no define quanto quer receber em cada categoria econmica.

    Verifica se a comunidade escolar e local participou do planejamento para os investimentos dos recursos do programa e, caso isso ocorra a contento, qualquer uma das comunidades escolar e/ou local deve denunciar o fato aos rgos ou entidades competentes.

    Diminuio da desigualdade social

    Utiliza tabelas diferenciadas para o clculo dos recursos, visando reduo das desigualdades regionais do pas.

    Deve ter a conscincia desse direito e buscar preservar a sua efetivao.

    Repasse dos recursos s escolas

    O dinheiro disponibilizado para a escola por meio de Unidades Executoras. Nos casos previstos na legislao, quando a escola no possuir sua UEx, o dinheiro repassado prefeitura ou secretaria estadual ou distrital de educao, conforme a vinculao do estabelecimento de ensino.

    Deve promover e orientar a constituio das entidades e instituies representativas, bem como assegurar as condies de recebimento, gesto e prestao de contas dos recursos.

    Fiscalizao da execuo e prestao de contas

    O FNDE institui as regras para a execuo dos recursos, que devero ser seguidas pelas UExs, EExs e EMs, como por exemplo: a escolha das prioridades, a aquisio dos bens e contratao de servios, a execuo da pesquisa de preos, o requerimento de documentos comprobatrios de despesas (notas fiscais, recibos, etc..) e a elaborao e apresentao dessa prestao de contas comunidade escolar, etc.

    Em termos objetivos, quando a escola recebe os recursos financeiros do PDDE, os gestores devem apresentar prestao de contas comunidade escolar e local para apreciao, favorecendo a atuao do controle social. Somente aps a apreciao, que a mesma deve ser enviada Prefeitura, para a devida consolidao, e em momento posterior, enviada ao FNDE.

    Na impossibilidade de exercer seu direito mencionado na coluna ao lado, o gestor pode e deve recorrer ao controle externo para garantir o direito da comunidade que representa. O controle externo constitudo por rgos do legislativo, tribunais de contas e tambm conselhos responsveis pelo controle social. O controle interno constitudo pela Controladoria Geral da Unio e pelas auditorias internas dos rgos.

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    Se voc conhece alguma escola que preenche os requisitos para participar do PDDE e ainda no est sendo beneficiada pelo programa, exera o direito do controle social, pois quem faz tal controle voc, junto com os outros membros da comunidade.

    Oriente as escolas e comunidades que ainda no participam do PDDE a procurar a prefeitura ou a secretaria estadual ou distrital de educao a que se vinculam, para que sejam tomadas as providncias necessrias com vistas ao atendimento das escolas pelo programa.

    Aproveite a oportunidade para aprender mais sobre controle social discutindo esse assunto com sua comunidade, afinal isso um direito conquistado. Oriente sua comunidade quanto ao dever de participar das decises sobre a aplicao dos recursos e de fiscalizar essa aplicao por meio de seu direito de ter acesso prestao de contas.

    Agora que temos uma viso mais clara de controle social e sua relao com o PDDE, precisamos ainda discutir a questo da transparncia pblica e a execuo do PDDE.

    6.3. O PDDE e a Transparncia Pblica

    O que transparncia pblica?

    Como ela efetivada?

    Qual a relao transparncia e PDDE?

    A promoo da transparncia pblica vem ganhando destaque nos cenrios nacional e internacional. O combate corrupo deve ser realizado de forma sistemtica, efetiva e determinante. Por essa razo, o Governo Federal brasileiro prioriza as medidas preventivas capazes de evitar que irregularidades sejam cometidas. Quando se fala em preveno da corrupo, a promoo da transparncia pblica e o acesso informao constituem a principal medida a ser implantada. O Estado brasileiro acredita que a transparncia o melhor recurso contra a corrupo, pois incentiva os gestores pblicos a serem mais responsveis em sua atuao e permite que a sociedade, de posse das informaes, controle a ao dos governantes e fiscalize a aplicao do dinheiro pblico, tornando mais efetivo o controle social.

    A transparncia pblica uma obrigao legal, imposta aos administradores pblicos de cada esfera do poder, que devem tornar pblico os atos estatais, obedecendo a um dos princpios constitucionais da Administrao Pblica,

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    conhecido por publicidade (Constituio Federal, art. 37). nesta trilha que o Estado brasileiro tem caminhado firme para aperfeioar e fortalecer os mecanismos de combate corrupo. Prova desta afirmao foi a aprovao de legislao especfica sobre o tema, conforme texto a seguir:

    A transparncia ser assegurada tambm mediante: [...]

    II liberao ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informaes pormenorizadas sobre a execuo oramentria e financeira, em meios eletrnicos de acesso pblico; [...]

    [...] os entes da Federao disponibilizaro a qualquer pessoa fsica ou jurdica o acesso a informaes referentes a:

    I quanto despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execuo da despesa, no momento de sua

    realizao, com a disponibilizao mnima dos dados referentes ao nmero do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao servio

    prestado, pessoa fsica ou jurdica beneficiria do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatrio realizado;

    II quanto receita: o lanamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinrios [...].

    [...] Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao rgo competente do Ministrio Pblico o descumprimento das prescries estabelecidas nesta Lei Complementar [...]

    Lei Complementar n 131, de 27 de maio de 2009, Art. 1 e 2.

    Sendo o FNDE um rgo vinculado ao poder executivo, o mesmo deve disponibilizar a todos informaes sobre seu oramento e investimentos efetuados em cada programa ou ao, dentre os quais, o PDDE. Para cumprir essa determinao legal, o FNDE utiliza-se de seu site na internet.

    Voc j teve a oportunidade de navegar pelas pginas do PDDE, no site do FNDE?

    Sabe quais so as informaes sobre o programa que esto disponveis para acesso pblico?

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    As pginas do PDDE, disponveis no site do FNDE, oferecem ao usurio, ou seja, quele que as acessam, um conjunto de informaes fundamentais para que o cidado compreenda melhor essa poltica pblica. Para conhec-las, acesse o seguinte endereo na internet: www.fnde.gov.br, clique em Programas e siga o passo a passo que disponibilizamos a seguir:

    Tela 1: 1 e 2 Passos: acesso ao site do FNDE e localizando a pgina do PDDE

    Agora, propomos a voc que clique no link PDDE, para explorarmos juntos essa pgina.

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    Tela 2: 3 Passo: acessando a pgina do PDDE

    A tela que se abrir apresentar um conjunto de oito links (Opes), que ao serem clicados, levam voc, usurio, para informaes detalhadas sobre o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Veja no quadro a seguir um resumo das informaes que voc encontrar nessa pgina:

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    Quadro 4: Contedos disponveis nos links do PDDE

    Nome da Janela Contedos 1) Apresentao Espao utilizado para a apresentao resumida do PDDE, incluindo algumas informaes

    histricas da evoluo do Programa. 2) Funcionamento Apresenta informaes sobre a execuo do PDDE, inclusive apontando alguns detalhes das

    diversas aes complementares atendidas pelo programa. 3) Dados Estatsticos Registra alguns dados financeiros e atendimento do PDDE, de 1995 a 2008.4) Consultas Apresenta os sistemas de consulta, no mbito do PDDE (Consulta de prestao de contas;

    Situao dos processos de adeso e habilitao; e Relao de Unidades Executoras (REx), os Guias e Manuais produzidos entre 2006 e 2013).

    5) Atualizaes cadastrais Orienta o processo de atualizao cadastral.7) Legislao Traz links de acesso a legislao pertinente ao PDDE, at os dias atuais. 8) Perguntas frequentes Disponibiliza uma lista de questes esclarecedoras sobre o funcionamento do Programa.9) Contatos Coloca disposio do usurio os contatos com FNDE e o endereo de correspondncia.

    Tambm os gestores e conselheiros podem obter informaes sobre a liberao dos recursos do PDDE, efetuada pelo FNDE, acessando Consultas online e clicando em Liberao de Recursos, na pgina principal do site, direita, conforme indicao a seguir.

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    Tela 3: 4 Passo: acessando o link Liberao de recursos

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    Para obteno das informaes necessrio preencher os dados solicitados pelo sistema SIGEFWEB. Ao acessar esse sistema, voc pode consultar, de maneira detalhada, o valor dos recursos financeiros repassados s entidades pelo Programa Dinheiro Direto na Escola do Governo Federal - e de outros programas do FNDE tambm!

    Tela 4: 5 Passo: acessando o sistema SIGEFWEB

    Com as orientaes que disponibilizamos temos certeza que voc poder navegar nas pginas do PDDE, com facilidade e sucesso. Tambm poder obter informaes importantes para acompanhar a execuo do programa em sua localidade. Saiba fazer valer os seus direitos, sendo responsvel pelos seus deveres.

    Lembre-se tambm de realizar as atividades 30,31,32 e 33 de seu caderno de atividades.

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    Unidade VI em sntese

    Com esta ltima unidade, verificamos que o controle social no importante apenas para o PDDE, mas sim para todas as aes que so realizadas pelo Estado.

    Descrevemos os Conselhos de Acompanhamento Social que so compostos por cidados que possuem par-ticipao na administrao pblica. Apresentamos um breve histrico sobre a evoluo dos conselhos sociais e nesse contexto, abordamos dois pontos que so essenciais para um conselho: a gesto democrtica e a autonomia da escola. A primeira destaca a importncia da escola como um espao de reflexo e discusso. J a autonomia da escola, compreende a construo de um Projeto Poltico Pedaggico na dimenso da rea-lidade da escola e as necessidades da comunidade escolar.

    Vimos tambm que o controle social no PDDE tem como um de seus principais aspectos a participao das comunidades escolar e local. O acompanhamento nas etapas de execuo do PDDE um direito conquista-do e cabe a sua comunidade escolar o dever de participar das decises referentes aplicao dos recursos, sua fiscalizao e a prestao de contas.

    Por fim, destacamos que a transparncia pblica uma obrigao legal e o FNDE utiliza o site, www.fnde.gov.br, para disponibilizar a todos o seu oramento e os investimentos efetuados em cada programa ou ao, dentre eles o PDDE.

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