unidade i) noÇÕes gerais e princÍpios da execuÇÃo:...

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[email protected] UNIDADE I) NOÇÕES GERAIS E PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO: (1) EXECUÇÃO FORÇADA: Atividade estatal que cronologicamente sucede a atividade de cognição, pois para que haja execução é imprescindível que exista a certeza do direito do credor, quer atestada por um processo de conhecimento anterior (título judicial), quer porque estribada em um instrumento a que a lei confere aquela certeza (título extra judicial). Em face da certeza previamente existente a doutrina afirma que a execução não é um processo contraditório, pois não estabelece a discussão sobre o direito das partes. Inobstante isso quaisquer questões sobre os atos praticados no curso daquele processo se submeterão ao princípio constitucional do contraditório. Conhecimento e execução são atividades jurisdicionais complementares na medida em que quando ocorre uma violação a ordem jurídica, esta precisa ser reconhecida para que gere a sanção, que é a resposta para a violação da norma. O meio através do qual se aplica a sanção é a execução forçada. Algumas vezes, através da execução forçada, é possível restabelecer exatamente a situação violada, entregando ao credor aquilo que lhe foi tomado e nessas hipóteses afirmamos que há uma EXECUÇÃO ESPECÍFICA, pois o órgão executivo realiza a própria prestação devida. Ex.: entrega do credor da coisa ou quantia devida. Entretanto, há hipóteses em que não é possível restabelecer o “status quo ante”, então o ordenamento determina que se propicie ao credor o equivalente a perda que sofreu, então falamos em EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA. Ex.: obrigação de fazer e não fazer quando se resolve em perdas e danos. A execução forçada consiste assim na satisfação compulsória do direito do credor, quer de forma específica ou subsidiária. Ele é o conteúdo e finalidade do processo de execução, embora nem sempre ocorra, como quando citado o devedor paga voluntariamente ou quando é declarado insolvente. A execução forçada, quando ocorre pode se dar por dois meios, ou através de mecanismos de coação que intimidam o devedor, como a prisão e a multa ou através de sub-rogação , que é a execução forçada propriamente dita, em sentido técnico, pois configura a verdadeira hipótese de substituição do devedor. Assim, diz-se que só há verdadeira execução forçada ou EXECUÇÃO DIRETA, quando há agressão ao patrimônio do devedor para satisfazer o direito do credor. O processo de execução é autônomo quando nascido de um título extra-judicial, entretanto atualmente após a reforma processual operada pela Lei nº11.232/05, quando se tratar de sentença, a sua execução se fará nos mesmos autos, como uma fase do processo de conhecimento, que atualmente se denominada simplesmente de “cumprimento de sentença”. Entretanto, nem toda sentença se submeterá a essa fase, tendo em vista que há a possibilidade de ser voluntariamente cumprida. (2). PRINCÍPIOS DA TUTELA EXECUTIVA A doutrina de um modo geral, aponta como princípios informativos das execuções em geral:

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[email protected]

UNIDADE I)

NOÇÕES GERAIS E PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO:

(1) EXECUÇÃO FORÇADA:

Atividade estatal que cronologicamente sucede a atividade de cognição, pois para que haja

execução é imprescindível que exista a certeza do direito do credor, quer atestada por um processo de

conhecimento anterior (título judicial), quer porque estribada em um instrumento a que a lei confere aquela certeza

(título extra judicial).

Em face da certeza previamente existente a doutrina afirma que a execução não é um

processo contraditório, pois não estabelece a discussão sobre o direito das partes.

Inobstante isso quaisquer questões sobre os atos praticados no curso daquele processo se

submeterão ao princípio constitucional do contraditório.

Conhecimento e execução são atividades jurisdicionais complementares na medida em que

quando ocorre uma violação a ordem jurídica, esta precisa ser reconhecida para que gere a sanção, que é a resposta

para a violação da norma.

O meio através do qual se aplica a sanção é a execução forçada.

Algumas vezes, através da execução forçada, é possível restabelecer exatamente a situação

violada, entregando ao credor aquilo que lhe foi tomado e nessas hipóteses afirmamos que há uma EXECUÇÃO

ESPECÍFICA, pois o órgão executivo realiza a própria prestação devida. Ex.: entrega do credor da coisa ou

quantia devida.

Entretanto, há hipóteses em que não é possível restabelecer o “status quo ante”, então o

ordenamento determina que se propicie ao credor o equivalente a perda que sofreu, então falamos em

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA. Ex.: obrigação de fazer e não fazer quando se resolve em

perdas e danos.

A execução forçada consiste assim na satisfação compulsória do direito do credor, quer de

forma específica ou subsidiária. Ele é o conteúdo e finalidade do processo de execução, embora nem sempre

ocorra, como quando citado o devedor paga voluntariamente ou quando é declarado insolvente.

A execução forçada, quando ocorre pode se dar por dois meios, ou através de mecanismos de

coação que intimidam o devedor, como a prisão e a multa ou através de sub-rogação, que é a execução forçada

propriamente dita, em sentido técnico, pois configura a verdadeira hipótese de substituição do devedor.

Assim, diz-se que só há verdadeira execução forçada ou EXECUÇÃO DIRETA, quando

há agressão ao patrimônio do devedor para satisfazer o direito do credor.

O processo de execução é autônomo quando nascido de um título extra-judicial, entretanto

atualmente após a reforma processual operada pela Lei nº11.232/05, quando se tratar de sentença, a sua execução

se fará nos mesmos autos, como uma fase do processo de conhecimento, que atualmente se denominada

simplesmente de “cumprimento de sentença”.

Entretanto, nem toda sentença se submeterá a essa fase, tendo em vista que há a possibilidade

de ser voluntariamente cumprida.

(2). PRINCÍPIOS DA TUTELA EXECUTIVA

A doutrina de um modo geral, aponta como princípios informativos das execuções em geral:

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1-Toda execução é REAL;

2-Toda execução tende à SATISFAÇÃO DO CREDOR;

3-Toda execução deve ser ÚTIL AO CREDOR;

4-Toda execução deve ser ECONÔMICA;

5-Toda execução deve ser ESPECÍFICA;

6-Toda execução deve ser ÀS EXPENSAS DO DEVEDOR;

7-Toda execução deve RESPEITAR A DIGNIDADE HUMANA DO DEVEDOR;

8-O Credor PODE DISPOR da Execução;

Resumimos o significado de cada um desses princípios:

1-Toda execução é REAL:

O processo executivo moderno não tolera execução pessoal, a execução é sempre

patrimonial, recaindo sobre os bens presentes e futuros do devedor (art. 591 CPC)

As exceções no nosso sistema são: o devedor de alimentos e o depositário infiel (art. 5º,

LXVII, CF/88).

Quando não se encontram bens, a execução é suspensa (art. 791, III, CPC).

2-A execução tende apenas a SATISFAÇÃO DO CREDOR:

Isto significa que a atuação do Estado é proporcional à satisfação dos direitos do credor, não

tendo caráter de penalidade, assim feito o pagamento extingue-se a execução.

A penhora, em face desse princípio, recai sobre os bens que bastem ao cumprimento da

obrigação (art. 659, CPC) e a arrematação será suspensa quando o valor bastar para o pagamento do credor (art.

692, parágrafo único, CPC).

3-UTILIDADE DA EXECUÇÃO:

Associa-se ao princípio anterior, pois determina que a execução não pode ser apenas

mecanismo de punição ao devedor, sem benefício a credor.

Por isso, veda-se a penhora de bens que não satisfarão sequer as custas do processo (art. 659,§ 2º, CPC); bem como

a arrematação por preço vil (art. 692 “caput”, CPC).

4-ECONOMIA DA EXECUÇÃO:

Também está ligada a idéia de que a execução não é penalidade para o devedor, assim,

existindo vários meios de satisfação, deve-se fazer a execução pelo menos gravoso (art. 620 CPC).

Exemplo: já se decidiu ser exagerado o pedido de desligamento de linhas telefônicas se não há indício de fraude.

5-ESPECIFICIDADE DA EXECUÇÃO:

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Objeto da execução deve ser tanto quanto possível o objeto da relação jurídica originária,

ocorrendo sua substituição pelo equivalente em dinheiro quando a prestação originária não lhe for entregue (art.

627 e 633, do CPC).

Nas ações de conhecimento cujo objeto seja obrigação de fazer ou não fazer o autor pode requerer perdas e danos

desde a inicial, ainda que possível a tutela específica (art. 461, § 1º, CPC).

6 - ÔNUS DO DEVEDOR:

Como o comportamento do devedor foi que deu causa a execução, este deve responder por

todos os reflexos de sua mora, assim só se desonera pelo pagamento do principal e de todos os encargos, prejuízos

e despesas que seu inadimplemento deu causa (art. 651 e 659, CPC).

7-RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA:

Uma vez mais, repete-se a regra segundo a qual a execução não tem por objetivo punir, assim

não pode afetar a dignidade do devedor, objetivando causar-lhe vexame, levá-lo à fome ou impossibilitá-lo de

exerce sua profissão.

Com fundamento nesse princípio é que se estabelece a impenhorabilidade de certos bens, tais

como aqueles necessários ao exercício de profissão (art.649, V, do CPC).

8-DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO:

O credor tem integral disponibilidade sobre a execução, podendo deixar de executar o título

que possui ou desistir da execução já iniciada, sem qualquer condição para tanto, ou seja, sem a necessidade de

buscar a anuência da parte contrária, isto porque já há um direito reconhecido.

No processo de conhecimento, após o prazo de resposta, o autor só poderia desistir com o

consentimento de réu, na execução não existe tal exigência, podendo o credor desistir de atos executivos ou de toda

a execução (art. 569, CPC), assumindo apenas as custas geradas.

A desistência não se confunde com a renúncia ao crédito, pois aquela permite a renovação da

ação, enquanto a renúncia extingue o direito ao crédito (art. 794, II, CPC).

Em havendo Embargos, sendo estes uma espécie de ação de conhecimento, o legislador

determinou que se compreendesse qual era o objeto dessa ação, pois sendo questão meramente processual, os

Embargos seriam extintos junto com a execução, sedo o credor o responsável pelas custas e honorários

advocatícios do Embargante, entretanto, não sendo o objeto meramente processual, a extinção só poderá operar

com a concordância do Embargante (artigo 569, parágrafo único, b, do CPC).

Igualmente, em virtude do princípio da disponibilidade da execução, é possível ao credor

alterar parcialmente o pedido até antes da propositura dos Embargos, inclusive variando de espécie de execução ou

desistindo parcialmente em relação a algum co-executado.

Entretanto, após a nomeação de patrono pelo devedor,(ainda que não haja interposição de Embargos), o credor, na

hipótese de desistência, responderá pelos honorários advocatícios deste.

(3). FORMAS E ATOS DA EXECUÇÃO

Nosso ordenamento jurídico distingue os procedimentos executivos pela natureza da

prestação assegurada ao credor, assim se fala em :

Certa ( art. 621 a 628, CPC)

1-Execução para entrega

de coisa Incerta (art. 629 a 631, CPC)

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de fazer (arts. 632 a 638, CPC)

2-Execução de obrigações

de não fazer (arts. 642 e 643 CPC)

3-Execução por quantia certa contra devedor solvente (artigo 646 e seguintes do CPC)

contra devedor insolvente (artigo 748 e seguintes do CPC)

Nesta última classificação, norteada pelo estado de solvência do devedor, costuma-se falar

em:

1-EXECUÇÃO SINGULAR (contra devedor solvente):

Objetivo, é o total pagamento do exeqüente, que com a penhora terá a preferência sobre os

demais credores quirografários.

2-EXECUÇÃO COLETIVA (contra devedor insolvente):

Quando há a prévia declaração de insolvência do devedor, dada a impossibilidade de seu

patrimônio responder por todas as dívidas, assim são convocados todos os seus credores e arrecadados todos os

seus bens penhoráveis.

O objetivo da execução coletiva é colocar todos os credores em igualdade (ressalvados os privilégios legais) , para

que todos rateiem o produto da expropriação.

Além da classificação que se faz dos procedimentos executivos, em todo o processo de

execução, é possível distinguir fases, apresentá-las por razões didáticas da seguinte forma:

a) PROPOSIÇÃO: o interessado na inicial, apresenta o título e justifica a execução.

b) PREPARAÇÃO: são realizados os atos de apreensão patrimonial, para a satisfação do crédito.

c) FASE FINAL: satisfação do credor

No processo de execução, em relação à atividade jurisdicional, podemos distinguir:

1-DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE: impulsionam o processo. Ex.: determinação de avaliação do bem

penhorado.

2-ATOS EXECUTÓRIOS EM SENTIDO ESTRITO: Ex. realização da hasta, pagamento do credor, etc.

3-DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: o juiz, profere juízos de valor sobre questões surgidas no curso da

execução. Ex.: ampliação ou redução de penhora, pedido de remição ou adjudicação, etc...

Ainda há que se observar que processo executivo (rel. proc. Completa), passa a existir a partir

da citação do devedor, entretanto execução forçada só há a partir da agressão ao patrimônio do devedor.

(4). DISPOSIÇÕES GERAIS

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As regras do processo de conhecimento (art. 598, CPC) se aplicam de forma geral ao processo de execução, pois

ambos os tipos de tutela mantém relação de subsidiariedade.

Exemplo: regras sobre a petição inicial (art. 282 CPC), nulidades (arts. 243 a 250, CPC) , tempo e lugar dos prazos

processuais (arts. 172 a 176, CPC), etc.

Uma das regras aplicáveis ao processo de execução, assim como ao processo de conhecimento é o princípio da

lealdade processual que determina que o magistrado zele pelo comportamento das partes, intervindo sempre que

abusos forem cometidos, assim são poderes do juiz diante de atos inadequados:

· Ordenação de competência das partes (art. 599, I ,CPC)

· Advertir o devedor (artigo 599, II, CPC)

· Aplicar a multa, salvo se o devedor apresentar fiador idôneo (art. 601, CPC).

Por ser lesão não só ao interesse da parte, como aos interesses da Justiça, o juiz pode agir “ex-officio” ou mediante

provocação, podendo além de aplicar a multa do art. 601, CPC, de 20%, condenar o devedor a indenizar o credor

pelos prejuízos que o seu ato tenha causado, nos termos do art. 18, “segunda parte”, CPC.

No processo de execução são considerados atos atentatórios (art. 600, CPC) à Justiça:

1. Fraude;

2. uso de ardis, para se opor à execução;

3. resistência injustificada às ordens judiciais ;

4. omissão de bens

Título : EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA

UNIDADE II)

EXECUÇÃO PROVISÓRIA E DEFINITIVA

EXECUÇÃO DEFINITIVA: é aquela que se fundamenta em situação reconhecida pelo Estado como imutável. É

a execução dos títulos extrajudiciais (artigo 585, CPC), pois a lei lhes conferem previamente a certeza jurídica, e

dos títulos judiciais (artigo 475-N, do CPC) quando submetidas a coisa julgada.

EXECUÇÃO PROVISÓRIA: é aquela em que como regra são vedados os atos de expropriação (salvo caução do

credor), permitidos apenas os de garantia, em virtude de que os títulos nos quais se funda a execução, ainda não

são considerados imutáveis pelo ordenamento, dada a inocorrência do trânsito.

É a execução ou cumprimento das sentenças cujo recurso só seja recebido em efeito devolutivo.

Exemplo: as hipóteses previstas no artigo 520, do CPC.

No que se refere a execução fundada em título extrajudicial embargada, quando a sentença seja de

rejeição ou improcedência dos Embargos, a apelação terá efeito apenas devolutivo da execução.

Entretanto já se discutiu se essa execução seria definitiva ou provisória, o entendimento dominante no STJ é de

que será definitiva, não sendo necessária a caução do credor, entretanto esse entendimento não é unânime.

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Ainda no que se refere à possibilidade de EXECUÇÃO PROVISÓRIA, há que se observar que

mesmo nos casos em que a apelação seja recebida em ambos os efeitos, será possível a execução se o recurso for

parcial, sendo possível separar a parte impugnada da parte não impugnada. Exemplo: em uma sentença que

condena o réu ao pagamento de danos materiais e morais, este recorre voltando-se apenas contra a condenação por

danos morais. Neste caso, seria possível a execução sobre os danos materiais e esta não seria provisória eis que

sobre ela não houve recurso.

PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA

1-É um risco do credor, que fica obrigado a REPARAR PERDAS E DANOS, caso a sentença seja reformada

(artigo 475-O, I, CPC), ressaltado que sendo esta reforma parcial, somente nesta ficará sem efeito a execução

(artigo 475-O, §1º, CPC).

2-Vedam-se, a princípio, atos que impliquem em levantamento de dinheiro ou alienação de propriedade, ou

quaisquer outros que possam causar graves danos ao executado, ressalvada a apresentação de caução idônea

arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos (artigo 475-O, III, CPC).

O artigo 475-O, § 2º, do CPC, autorizou o juiz a dispensar a caução nas seguintes hipóteses:

a). para o crédito alimentar ou decorrente de ato ilícito até o limite de 60 (sessenta) salários mínimos, provado o

estado de necessidade de exeqüente;

b). se o recurso pendente for agravo de instrumento perante o STF ou o STJ, salvo se avaliar que a dispensa da

caução pode resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. Exemplo: se a decisão judicial

determinou a demolição de um prédio.

3-Retorno total ou parcial ao “status quo ante”, caso o recurso seja total ou parcialmente provido (artigo 475-O,

§1º, CPC) e se confirmado a sentença a execução se torna definitiva.

A execução provisória é feita em autos apartados, sendo certo que o exeqüente instruirá sua

petição com cópias autenticadas (ou declaradas autênticas nos termos do artigo 544, §1º, do CPC) dos documentos

que entender necessários, mas obrigatoriamente dos seguintes documentos:

1. Sentença ou acórdão a executar;

2. Certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;

3. Procurações outorgadas pelas partes;

4. Decisão ou sentença de habilitação dos sucessores do falecido, se houve falecimento noticiado nos autos (art.

1055 e segs., CPC)

Definitiva ou provisória a execução se fará sempre mediante provocação, através de petição inicial, que obedecerá

tos todos os requisitos do art. 282, CPC

Título : REQUISITOS DA EXECUÇÃO

UNIDADE III).

DOS REQUISITOS E ELEMENTOS DA EXECUÇÃO – RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

1). PRESSUPOSTOS DA EXECUÇÃO FORÇADA:

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A execução se submete aos mesmos requisitos genéricos de qualquer ação, assim é necessária a presença dos

pressupostos processuais que permitem o estabelecimento e condição válida da relação processual, bem como

requisito para que se possa chegar a um provimento final.

A execução forçada, a par desses requisitos genéricos, possui requisitos específicos que consistem em:

1. Formalmente (art. 586, CPC): título executivo de onde se extrai a certeza, liquidez e exigibilidade da

dívida.

2. Na prática (art. 580, CPC): o inadimplemento do devedor completa os requisitos para a execução.

A). O TÍTULO EXECUTIVO

O titulo executivo tem por função:

1. autorizar a execução;

2. definir o fim da execução (é o procedimento: quantia certa, fazer/não fazer);

3. fixar os limites da execução :

3.1 . objetivamente: valor e espécie da obrigação

3.2 . subjetivamente: legitimidade ativa e legitimidade passiva.

A conseqüência prática do título executivo é tornar certa a relação obrigacional estabelecida, autorizando a

agressão patrimonial na hipótese de inadimplemento, essa certeza nos títulos judiciais, decorre da manifestação do

Estado no processo de conhecimento e nos títulos extrajudiciais, da manifestação da vontade das partes, cientes do

consecutório legal.

REQUISITOS DO TÍTULO

Além da existência material do título para que este seja passível de execução, tem de preencher os

seguintes requisitos, segundo o art. 586, CPC:

A- Liquidez: deve estar determinado o “quantum” da prestação.

Na hipótese de cumprimento de sentença, a indeterminação quantitativa gera o procedimento de liquidação

de sentença.

B- Certeza: é a convicção sobre a existência de instrumento que preencha os requisitos formais para que seja

considerado título executivo, na medida em que esclarece a obrigação quanto a sua existência e extensão.

C- Exigível: o seu pagamento não depende de termo ou condição ainda não cumpridos. Exemplo: pretendo

executar a obrigação de fazer transferência do título de domínio, tenho de comprovar que paguei todas as

prestações devidas.

Na hipótese da execução estar condicionada à contraprestação a cargo do credor, este pode oferecer essa

contraprestação em juízo a fim de executar a obrigação do devedor (artigo 582, CPC).

B).INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR (ART. 580, CPC)

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Inadimplente é aquele, que não cumpriu na forma e tempo devidos uma obrigação.

Inadimplemento é requisito da execução, sendo o pagamento óbice a propositura da ação, assim

como uma de suas causas extintivas.

Nos contratos bilaterais, onde há obrigações recíprocas, o artigo 476 do Código Civil estabelece

que aquele que não cumpriu sua obrigação não pode exigir a do outro, sendo certo que se o fizer, sem oferecer em

juízo sua conraprestação será carente da ação por ausência de interesse de agir.

Nas obrigações recíprocas, ambos são credores e devedores, assim aquele que quiser propor a

ação de execução deverá cumprir com sua obrigação ou assegurar seu cumprimento (art. 615, IV, CPC).

Apesar do óbice a execução, o devedor quando citado, em tal hipótese, poderá exonerar-se da

dívida depositando sua prestação, sendo o exeqüente chamado a cumprir sua contra-prestação para efetuar o

levantamento (art. 582, parágrafo único, CPC), em prazo certo, após o qual, o depositante poderá executar o autor,

pois agora este se transforma em único devedor.

2). ELEMENTOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Em qualquer relação processual, há elementos subjetivos e objetivos, pois qualquer relação jurídica é sempre um

vinculo entre pessoas a respeito de bens da vida.

Elementos subjetivos compreendem: partes (credor e devedor)

órgão jurisdicional

Elementos objetivos compreendem: titulo executivo

bens sobre os quais recaem a atividade jurisdicional.

A). ELEMENTOS SUBJETIVOS (JUÍZO DE PARTES):

São as partes, que na execução são denominadas de exeqüente e executado ou como fez o

legislador, credor e devedor.

Legitimação Ativa: (art. 566 e 567, CPC), pertence a aqueles que estão autorizados a propor a ação, pode ser ainda

:

1. Legitimação originária: a que decorre do próprio título executivo em sua formação.

· Credor (é a regra geral): aquele que consta no título executivo como beneficiário da obrigação descumprida.

· Ministério Público (quando esteve na posição de agente ou substituto processual deste. Ex.: execução de

sentença penal condenatória (ação “ex-delicto” de vítima pobre).

2. Legitimidade superveniente ou derivada: quando decorre de fato posterior à formação do título que

representa sucessão de partes ( seja esta sucessão da espécie “causa mortis” ou “inter vivos”).

Atenção especial deve ser dada a essas hipóteses dada a sua excepcionalidade, são os casos em que outra pessoa

assume a posição do credor, seja judicial ou extrajudicial o título.

A condição de sucessor deve estar comprovada na inicial da ação de execução, sob pena de indeferimento por

ilegitimidade ativa.

São legitimados supervenientes:

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a)- espólio, herdeiros ou sucessores do credor, quando o direito foi transmitido pela morte do credor

Enquanto não efetivada a partilha, o espólio promoverá a execução forçada, sendo representado pelo inventariante,

salvo se este for dativo, quando então será representado pela totalidade dos herdeiros.

Embora a representação processual do espólio seja aquela estabelecida no art. 12, V, CPC, na omissão do

inventariante, qualquer herdeiro, na qualidade de comunheiro de bens, terá interesse na defesa do espólio ou para a

propositura da respectiva ação.

O dispositivo ao distinguir herdeiro e sucessores do falecido, está na primeira hipótese se referindo aos sucessores

a título universal e na segunda aos legatários ou sucessores a título singular (de coisa específica).

b)- Cessionário: aquele que recebe o título por ato “inter vivos”, oneroso ou gratuito, desde que a cessão não

seja vedada pela lei (ex. proibição legal é a da cessão de benefício previdenciário) ou pela própria vontade das

partes (cláusula que veda a cessão é comum no compromisso de compra e venda de imóvel).

c)- Sub-rogado: sub-rogação é o direito que nasce para aquele que paga dívida de terceiro, de assumir todos os

direitos, ações, garantias e privilégios do credor primitivo em face do devedor e seus fiadores (art. 349, CC).

A sub-rogação pode decorrer da lei ou da vontade das partes. Ex.: fiador que paga dívida do afiançado,

adquirente de imóvel hipotecário.

O credor originário pode prosseguir no feito na condição de substituto processual, bem como o sub-rogado

pode nela prosseguir na hipótese de ter ocorrido já no curso do processo.

Embora os artigos 566 e 567, CPC, não tenham mencionado também, são partes legítimas

para propor ação de execução a massa falida, o condomínio e a herança jacente ou variante.

Legitimação Passiva: corresponde aquele em face de que se pode mover ação de execução.

Há três categorias de legitimados passivos a saber:

· Devedores originários; (art. 568, I, CPC)

· Sucessores; (art. 568, II e III , CPC)

· Responsáveis (art. 568 IV e V, CPC)

A distinção que se faz entre os devedores (sejam originais ou sucessores) e os responsáveis pela dívida, leva

em conta a distinção entre o caráter pessoal da obrigação (assumida pelo devedor), e o seu caráter

patrimonial (assumida pelo devedor e eventualmente por terceiros garantidores da obrigação).

O devedor está OBRIGADO pela dívida, mas o responsável sofre a execução em virtude da SUJEIÇÃO de seus

bens ao processo.

Sempre que não existir a identidade de obrigação e sujeição, ou seja, quando o exeqüente esteja acionando aquele

que é apenas responsável e não devedor, deverá instruir a inicial com a prova documental dessa responsabilidade,

dada a impossibilidade de instrução oral em processo de execução.

a)- Devedor originário: é aquele que figure no título executivo como devedor.

b)- Sucessores: aqui menciona o art. 568, II, CPC, o espólio, os herdeiros e os sucessores.

O espólio será parte até antes da partilha, pois ultimada esta cada herdeiro responde na proporção que coube

(art. 597, CPC), na herança, preservado o seu patrimônio pessoal.

[email protected]

Se o falecimento ocorreu no curso do processo, deve ser feita a habilitação incidente do espólio ou dos

sucessores.

c)- Novo devedor: ocorre na hipótese de assunção de dívida, antes não prevista pelo Código Civil, agora

expressamente prevista pelo artigo 299 do Código Civil, tendo como condição a anuência expressa do credor que

deve consentir. O antigo devedor fica exonerado salvo se o novo devedor era insolvente e esta condição era

ignorada pelo credor.

Na hipótese de execução em face do novo devedor, o credor deve junto à inicial, trazer a prova da assunção

da dívida.

O art. 303 do Código Civil, fala do adquirente de imóvel hipotecado, quando notifica o credor que assumirá o

crédito, em não havendo manifestação em contrário, presume-se o assentimento.

d)- Fiador Judicial: é garantia pessoal prestada no curso do processo, podendo ser cautelar preparatória ou

incidental (artigos 826 a 838, CPC).

Ex¹. quando o condenado em ação de indenização à prestação de caráter alimentar requerer a substituição da

constituição de capital, por fiança bancária (art. 475-Q, § 2º, CPC).

Ex²: caução para arrematação no prazo de 15 (quinze) dias e não à vista como ordinariamente deveria ser feito (art.

690, “caput”,CPC).

Ex³: Nas ações possessórias, quando o réu prove que o autor não tem idoneidade financeira para na hipótese de

sucumbência responder por perdas e danos (art. 925, CPC).

Ex4: O requerido nunciado na ação de nunciação de obra nova, quando prove o prejuízo na sua suspensão, presta

caução, para nela prosseguir (art. 940, “caput”, CPC).

Ex5: Os herdeiros que forem imitidos na posse de bens do ausente, devem prestar caução para garantir futura e

eventual restituição.

O fiador tem o BENEFÍCIO DE ORDEM, (art. 595, “caput”, CPC), que consiste na faculdade de nomear bens do

devedor os seus responderão pela dívida, resguardado o DIREITO DE REGRESSO, NOS MESMOS AUTOS

(art. 595, parágrafo único, CPC).

O art. 568, IV, só trata do fiador judicial, porque o fiador extrajudicial, ou seja, aquele que se obrigou por um

instrumento particular (contrato acessório de caução), é equiparado ao devedor, pois os contratos de caução são

títulos executivos por si mesmos (art. 585, III, CPC) apesar de acessórios em relação a um contrato principal.

e)- Responsável tributário (art. 568, V, CPC): aquele definido na legislação tributária e cujo nome esteja

inscrito na dívida ativa como responsável, tenha ou não auferido vantagem do fato gerador da obrigação tributária.

Ex.: O adquirente é responsável pelos tributos relativos aos bens adquiridos (art. 130, “caput” do CTN).

A respeito da RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL, que é exatamente a sujeição do patrimônio à

execução, nosso Código de Processo Civil dedicou todo um capítulo, detalhando a questão entre os artigos 591 a

597 do Código de Processo Civil.

É certo dizer que a princípio o devedor responde pela dívida com todo o seu patrimônio, presente ou futuro,

ressalvadas apenas as hipóteses de impenhorabilidade que a própria legislação estabeleça (artigo 649, do CPC e Lei

nº8.009/90).

O artigo 592 trata de outras hipóteses de SUJEIÇÃO PATRIMONIAL ou RESPONSABILIDADE

PATRIMONIAL, quais sejam:

[email protected]

a). Bens com Sucessor a título singular (artigo 592, II, CPC): a responsabilidade ocorre na hipótese da execução

estar fundamentada em direito real ou em obrigação reipersecutória, ou seja, aquela em que existe direito de

seqüela (perseguição do bem com quem quer que esteja).

b). Bens do Sócio (artigo 592, II, do CPC): os bens particulares dos sócios, como regra, não respondem pela

dívida da sociedade, ressalvado quando a lei assim o determinar, o que ocorre nas sociedades simples, conforme

determina o artigo 1023, do CC (responsabilidade pessoal na proporção de sua participação societária). Os sócios

tem o chamado benefício de ordem (artigo 1024 do CC combinado com artigo 596, do CPC). Necessário

mencionar que caso existam ilegalidades praticadas na administração da empresa, esta regra de distinção entre a

pessoa jurídica e física é alterada, sendo utilizada para tanto a teoria da “desconsideração da personalidade jurídica”

(disregard of legal entity), que não impõe limites a execução forçada sobre o patrimônio pessoal dos sócios.

c). Bens do Devedor mesmo na posse de terceiros (artigo 592, III, do CPC): esta regra na verdade não cria

qualquer exceção haja vista que não importa a localização dos bens mas sim sua titularidade, logo se tenho um

barco guardando em uma marina particular, este barco está tão sujeito à execução quanto qualquer outro bem que

esteja diretamente sob minha posse, ainda que exista posse contratual de terceiro (na hipótese de locação ou

comodato).

d). Bens do Cônjuge: o cônjuge, ainda que não tenha diretamente contraído a dívida, poderá responder com sua

meação, bens próprios ou reservados, nas hipóteses em que a lei determina sua responsabilidade patrimonial.

O artigo 1644 do Código Civil determina que as dívidas contraídas por qualquer deles para aquisição de coisas

necessárias à economia doméstica ou empréstimos para a aquisição de tais bens, obrigam solidariamente ambos os

cônjuges.

e). Fraude à execução: quaisquer bens que tenham sido alienados a qualquer título ou gravados com ônus real, se:

e-1). Já pendia sobre eles ação fundada em direito real (art.593, I, CPC);

e-2). Já havia ação em curso capaz de reduzir o devedor à insolvência (art.593, II, CPC);

e-3). Quando a lei assim o determinar.

B). COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO (art.575, ss., CPC)

Regras Gerais:

É competência funcional para execução de sentença civil, condenatória.

É competência territorial nos demais casos.

O art. 575, CPC, dispõe:

a- Nos tribunais : para ações originárias;

b- No juízo que decidiu em 1º grau para as sentenças cíveis em geral.

c- Juízo cível competente, segundo as regras de competência territorial, para execução de sentença penal

condenatória e sentença arbitral (esta após a Lei nº 9307/96, não necessita mais de homologação judicial).

O art. 576, CPC, estabelece para ações de execução por título extrajudicial, a aplicação das regras

de competência do processo de conhecimento.

Devemos então relembrar o foro geral, previsto no art. 94, CPC, (ações pessoais e reais, sobre

bens móveis) que é o domicílio do réu.

Bem como os foros especiais estabelecidos:

[email protected]

Art. 100, IV, CPC: local onde a obrigação deve ser satisfeita, quando houver indicação no título executivo.

Art. 111, “caput”, parte final, CPC: foro de eleição, se houver sido estabelecido no título.

Na ordem estabelecida deve preferir-se:

1)- foro de eleição se houver;

2)- local do pagamento quando não há foro de eleição e este está indicado no título;

3)-domicílio do devedor, caso não haja foro de eleição ou indicação de praça de pagamento no título.

Nossos tribunais entendem que como as duas primeiras regras são estabelecidas em benefício do

credor, o devedor não poderia opor exceção na hipótese de ser acionado em seu domicílio, haja vista que nenhum

prejuízo acarretaria.

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

A sentença estrangeira só será título executivo em nosso país após sua prévia homologação pelo

Superior Tribunal de Justiça (art. 483, CPC e artigo 105, I, i, da Constituição Federal).

A execução em si far-se-á, por carta de sentença e competentes para os atos executórios serão os

juízes federais de primeira instância, segundo o que dispõe o art. 109, X, de nossa Carta Magna.

O credor não pode ajuizar ação de execução no estrangeiro e buscar cumprimento de mandado executivo no Brasil.

Já se decidiu que não é concedido o “exequatur”, para Carta Rogatória executiva (STF, Exeq. Nº

1395, Min.Oswaldo Triqueiro).

Se o título é judicial deve requerer a homologação da sentença, se é extrajudicial, deve propor

ação de execução no Brasil.

EXISTE REVELIA EM PROCESSO DE EXECUÇÃO?

Ao estudarmos citação, observamos que a teor do artigo 222, “d”, do CPC, a única forma de

citação vedada no processo de execução, é a citação postal.

Logo, verificados os requisitos, é possível que ocorra a citação editalícia (art. 231, CPC), ou na hipótese de

ocultação do devedor até mesmo a citação com hora certa (art. 227 e 228, CPC).

Ocorrida à citação por edital ou com hora certa, o art. 9º, II, do CPC, dispõe que deve ser

nomeado curador ao réu.

Muitos autores e alguns tribunais a esse respeito, têm se manifestado no sentido de não haver

nomeação de curador na execução, pois o devedor não é chamado para se defender , mas sim para cumprir a

obrigação (art. 652, “caput”, CPC), afirmando ainda que por isso não haveria REVELIA.

Entretanto há confusão conceitual nesse entendimento, pois a revelia é a inércia diante do ato

citatório, não se confundindo com os seus efeitos, estes sim, característicos do processo de conhecimento e

inexistentes no processo de execução.

Dessa forma, citado por edital ou com hora certa, entendemos que deve ser nomeado curador ao devedor, para que

seja resguardado o contraditório em todos os atos do processo de execução, sendo certo que há quem entenda que

se existirem elementos nos autos, o curador poderá até mesmo opor embargos, entendimento que só foi reforçado

pelas últimas reformas, tendo em vista que não há mais a necessidade de garantia do juízo para embargar (artigos

736 e 738 do CPC).

[email protected]

A esse respeito, entendendo do modo como pensamos, o antigo 1º Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, nos autos

da Apelação nº 259.530, in RT 535/124; e no mesmo sentido RT 553/152 e RT 530/121.

3). CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES:

Em virtude do princípio da economia processual, que consiste em obter no processo um melhor resultado com a

prática de menor número de atos, nosso legislador processual civil autorizou a cumulação de execuções, desde que

obedecidos os seguintes requisitos, expostos no artigo 573, do Código de Processo Civil:

a). que seja o mesmo devedor;

b). que seja o mesmo procedimento (obrigação de natureza igual, ou seja, duas ou mais execuções por quantia

certa, duas ou mais execuções para entrega de coisa, etc...);

c). que o juiz seja competente para todas as execuções.

Preenchidos esses requisitos, podemos ter a cumulação de execuções sem qualquer problema

Título : LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

UNIDADE IV).

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

Sentença ilíquida é aquela que não fixa o valor da condenação.

A iliquidez é incompatível com a execução, pois esta requer título líquido, certo e exigível, consoante o artigo 586,

do Código de Processo Civil.

Quando faltar esse requisito aos títulos judiciais, antes de proceder ao cumprimento da sentença (artigo 475-I a

475-R, do Código de Processo Civil) se fará sua liquidação para que se fixe o valor ou se individualize o objeto da

execução, já na hipótese de título extrajudicial a iliquidez faz com que perca a própria executividade, não sendo

então adequada a ação de execução, mas sim a chamada ação monitória (artigo 1102-A e seguintes do Código de

Processo Civil).

A respeito da natureza jurídica da liquidação de sentença, no passado, antes da reforma processual operada pela Lei

nº11.232/05 era pacífico o entendimento de que se tratava de processo preparatório, que antecedia a execução e

gerava uma sentença declaratória que atribuía certeza ao título executivo anteriormente gerado.

Após a reforma, a liquidação se tornou uma fase do processo de conhecimento que antecede o cumprimento da

sentença, este também mera fase do processo anterior, sendo certo que o legislador passou a tratar a questão como

mera decisão interlocutória, haja vista que o Código de Processo Civil, junto ao artigo 475-H, esclareceu que “da

decisão de liquidação caberá agravo de instrumento”.

Destarte, diante da clareza do texto legal, entendemos que não é mais possível sustentar qualquer dúvida

doutrinária a cerca da natureza jurídica da liquidação de sentença.

LIMITES DA LIQUIDAÇÃO:

É certo que a decisão de liquidação não pode em nada alterar o teor da sentença anterior, sob pena de

violar coisa julgada, conforme expressamente veda o artigo 475-G do nosso Código de Processo Civil.

A regra, não se aplica aos juros e à correção monetária, cujos pedidos ainda que não formulados e

mesmo que não contidos expressamente na sentença da ação de conhecimento, a teor do artigo 293 e da Súmula

254, do Supremo Tribunal Federal, são considerados implícitos e assim devem ser sempre considerados na

liquidação.

[email protected]

O que não pode ser feito é alterar o percentual de tais juros ou o índice de correção anteriormente

determinados na sentença, ressalvada a hipótese do índice oficialmente extinto e substituído por outro.

CONTRADITÓRIO:

Como em qualquer procedimento ou fase do processo, este princípio também é respeitado na liquidação

da sentença.

LIQUIDAÇÃO PARCIAL:

Na hipótese de haver na sentença uma parte líquida e outra não, é direito do credor executar a parte

líquida desde logo, circunstância em que a liquidação da outra parte poderá ser procedida em autos apartados, tal

como ocorrerá na hipótese de pendência de recurso, prevista pelo artigo 475-A, §2º, do Código de Processo Civil.

LIQUIDAÇÃO PELO VENCIDO:

A liquidação também pode ser requerida pelo vencido, uma vez que este tenha interesse de pagar

voluntariamente a fim de fugir dos efeitos da mora, observando-se entretanto que enquanto não procedida a

liquidação não é possível cobrar a multa prevista no artigo 475-J, do Código de Processo Civil.

DIFERENÇA ENTRE LIQUIDAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE VALORES:

Não podemos confundir a apuração de quantia certa, que até então era desconhecida pelas partes, o que

se faz nos títulos judiciais perante o procedimento de liquidação que estamos estudando, com as meras atualizações

de débito, realizadas no curso do cumprimento da sentença e também nas execuções de título extrajudicial, apenas

para agregar despesas processuais e custas ou atualizar acessórios.

ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO:

Nosso legislador processual estabeleceu três espécies de liquidação, quais sejam:

a). por cálculo (artigo 475-B, CPC);

b). por arbitramento (artigo 475-C e 475-D, CPC);

c). por artigos (artigo 475-E, CPC).

Vejamos uma a uma:

A). LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO (art.475-B, CPC):

A liquidação por cálculo é um procedimento simples, cumprido pela própria parte que ao peticionar

requerendo o cumprimento da sentença junta a petição uma memória discriminada e atualizada do cálculo,

procedido consoante o que fora determinado pela sentença.

Há caso em que o cálculo depende da apresentação de documentos ou informações que estão com o

devedor ou mesmo com terceiro e nessa hipótese deve-se requerer ao juiz que intime a parte ou terceiro para que

apresente tais dados, podendo fixar até 30 (trinta) dias para cumprimento da diligência (artigo 475-B, §1º, do CPC).

Caso o devedor não apresente esses dados, sem justo motivo, o cálculo apresentado pelo credor

será considerado correto, e sendo o descumprimento injustificado praticado por terceiro, será expedido mandado de

busca e apreensão, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência (artigo 475-B, §2º combinado

com artigo 362, ambos do Código de Processo Civil).

[email protected]

Como dito o cálculo é feito pela própria parte, como regra, entretanto, por exceção poderá ser

determinado ao CONTADOR DO JUÍZO, quando os cálculos iniciais parecerem excessivos ou ainda quando o

credor for beneficiário da assistência judiciária gratuita, tendo em vista a presumida hipossuficiência nesse último

caso.

Feito o cálculo pelo contador, as partes serão intimadas a se manifestar, entretanto se o credor

discordar, a execução prosseguirá pelo valor originalmente requerido, entretanto a penhora será feita com base no

valor encontrado pelo contador (artigo 475-B, §4º, do Código de Processo Civil).

B). LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO (artigo 475-C)

A liquidação por arbitramento é feita quando:

a). a sentença determinar que assim o seja;

b). as partes convencionaram que assim o seja;

c). a natureza do objeto exija que assim o seja.

A liquidação por arbitramento é realizada mediante exame pericial cujo objetivo é utilizar do

conhecimento técnico de um profissional que analisará as informações dos autos, e sem necessidade de produzir

outras provas, estimará o valor da condenação. Exemplo: estimar os lucros cessantes de uma atividade, estimar os

danos em uma obra de arte, etc..

PROCEDIMENTO:

a). Petição de requerimento: o juiz recebendo a petição nomeará perito, fixando desde logo prazo

para entrega do laudo;

b). As partes são intimadas, através de seus advogados, da nomeação do perito, e têm 5 (cinco)

dias para indicar assistentes técnicos e apresentar quesitos (artigo 421, CPC).

c). Apresentado o laudo as partes têm o prazo comum de 10 (dez) dias para se manifestarem a

respeito e em seguida o juiz proferirá decisão, ou, em havendo dúvidas, poderá designar audiência de instrução para

esclarecê-las (artigo 475-D, parágrafo único, CPC), decidindo em seguida. Decisão contra a qual cabe agravo de

instrumento (artigo 475-H, CPC).

C). LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS (ART.475-E, CPC):

A liquidação por artigos é procedida quando é necessário alegar e provar fato novo que não pode

ser apurado antes da sentença.

O nome do procedimento decorre do fato de que a petição que o requeria era tradicionalmente

elaborada de forma articulada, ou seja, pela indicação enumerada de fatos a serem provados.

Atualmente a legislação não faz a exigência da articulação, sendo certo apenas que o

procedimento a ser seguido é o comum, conforme preceitua o artigo 475-F, do Código de Processo Civil, ou seja, o

credor pode elaborar petição onde narre os fatos que tenham relação com a apuração dos valores, não podendo

modificou ou inovar a condenação.

Exemplo: em uma ação de indenização por atropelamento, a sentença condenatória foi ilíquida

porque no momento em que foi proferida ainda não era possível determinar em definitivo os danos decorrentes do

fato, haja vista que a vítima ainda estava hospitalizada, assim sendo a extensão dos danos será provada em fase de

liquidação por artigos. Deve-se ressaltar que, no exemplo, as partes não voltarão a discutir a autoria e

materialidade do fato causador do dano, pois este já está fixado na sentença, mas discutirão as provas de sua real

extensão.

[email protected]

PROCEDIMENTO:

a). Petição de requerimento de liquidação;

b). Intimação do devedor para em 15 (quinze) dias apresentar defesa, a teor do que determina o

artigo 297, do Código de Processo Civil;

c). Havendo ou não resposta pode haver ou não direito à réplica;

d). O juiz, sendo o caso, designará audiência preliminar do saneador (artigo 331, do CPC), e,

especificadas as provas a serem produzidas, será designada audiência de instrução e julgamento, sendo a seguir

proferida a decisão interlocutória a respeito.

Título : EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA

UNIDADE V).

AÇÃO DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA

(artigos 621 a 631, CPC)

* Objeto da Execução para Entrega de Coisa: e sempre a entrega de um bem, seja qual for seu gênero ou

espécie.

a). Obrigação de dar: entregar o que não é seu. Exemplo: A recebeu de B, bem que deveria ser entregue em data

certa a C.

b). Obrigação de prestar: entregar coisa fabricada pelo devedor após produção. Exemplo: o ceramista que entregará

um vaso.

c). Obrigação de restituir: devolver o que recebeu do credor para posse ou detenção temporária. Exemplo: ao fim de

um comodato devolver o bem emprestado.

* A coisa pode ser: a). móvel;

b). imóvel.

* A coisa pode ser:

a). certa (individualizada): é aquela em que desde o momento em que a obrigação foi assumida já se conhecia seu

gênero e espécie, estando plenamente delimitada sua descrição.

b). incerta: é aquela que está apenas identificada pelo gênero, dependendo de uma das partes (credor ou devedor)

sua delimitação futura. Esta espécie de objeto ocorre nas obrigações alternativas, em que uma das partes pode

escolher no momento do pagamento qual será a coisa a ser entregue efetivamente.

* Procedimento:

a). Petição inicial: atentar para a competência, pois segundo o artigo 100, IV,“d”, do CPC, é do lugar onde a

obrigação deve ser satisfeita, entretanto é plenamente possível a fixação de um foro de eleição em contrato (artigo

111, do CPC); atentar também para o fato de que os requerimentos são para que o executado seja citado a fazer a

entrega da coisa no prazo de 10 (dez) dias ou depositá-la para embargar (art.621, última parte, CPC).

Pode ser requerida também a fixação de multa diária pelo descumprimento da ordem de entrega (“astreinte”), a

fim de compelir o devedor a entregar o bem (esta multa diária pode ser fixada pelo juiz até mesmo “ex officio”, ou

[email protected]

seja, sem o requerimento da parte, assim como pode ser revista a qualquer tempo, seja para aumentá-la ou para

reduzi-la ou mesmo para revogá-la, caso se verifique a impossibilidade de cumprimento da obrigação, sendo esta

devida até o momento em que a obrigação se impossibilitou, sem prejuízo de perdas e danos, consoante o que

dispõe o artigo 461, §2º, CPC).

b). Após a citação do devedor poderá:

b-1). Entregar a coisa: causa a extinção do processo, se existir necessidade de

liquidar perdas e danos (art.624, CPC);

b-2). Depositar a coisa: se for efetuado o depósito o devedor terá 10 (dez) dias

contados da juntada do termo de depósito aos autos para embargar, se não o fizer, a não interposição de embargos

será certificada nos autos e o bem será entregue ao credor, extinguindo-se o processo caso não haja necessidade de

liquidar perdas e danos.

b-3). Permanecer inerte: será expedido mandado de busca e apreensão (bem móvel)

ou imissão na posse (bem imóvel), independentemente da possibilidade de incidir multa diária até que a entrega

seja efetivada ou se prove a impossibilidade de cumprimento.

· Hipótese de Alienação, Perda ou Destruição do Bem:

· a alienação é ineficaz após a propositura da ação;

· se o terceiro adquirente quiser defender sua posse ou domínio terá de depositar o bem em juízo para

depois se utilizar de embargos de terceiro, sendo sua responsabilidade limitada a entrega do bem (art.626, CPC).

· O credor não está obrigado a perseguir a coisa, podendo optar por perdas e danos (art.627, CPC),

circunstância em que terá direito a receber o valor do bem e perdas e danos, valores os quais poderão ser liquidados

nos próprios autos da execução (liquidação por arbitramento), que se transformará após a liquidação em execução

por quantia certa.

· O direito material esclarece que nas obrigações de restituir coisa certa (artigo 238, do Código Civil)

se a coisa se perder sem culpa do devedor a relação jurídica estará resolvida sofrendo o credor a perda, ressalvados

os seus direitos até o dia da perda (exemplo: se existiram frutos colhidos, deverá ser ressarcido destes).

· DIREITO DE RETENÇÃO:

· Conceito: decorre da lei material (artigo 1219, do Código Civil) conceder ao possuidor de boa-fé da

coisa o direito de nela ou com ela permanecer até ser indenizado pelas despesas que fez em seu benefício.

É uma exceção dilatória, porque não extingue o processo, mas apenas o condiciona a solução deste àquela questão

prévia.

· Se no título executivo já existir referência a benfeitorias realizadas ou frutos a serem recebidos, tudo

deve ser apurado em liquidação para apuração de saldos, se este existir em favor do credor, não haverá direito à

retenção, devendo ser entregue o bem e continuar a execução, na modalidade quantia certa; se existir em favor do

devedor, este poderá com ela ou nela permanecer até que seja depositado o equivalente ao ressarcimento.

· O devedor que pretender o direito a retenção deverá opor EMBARGOS DE RETENÇÃO (artigo

745, IV, do CPC), podendo o credor suscitar na impugnação a eventual existência de frutos ou perdas e danos a

compensar (artigo 1221, do Código Civil combinado com artigo 745, §1º, do Código de Processo Civil).

· SENTENÇA EM AÇÃO DE CONHECIMENTO: Atualmente, por força da Lei nº10444/02, com a inserção

do artigo 461-A, no Código de Processo Civil, as sentenças nas ações de conhecimento que determinarem a entrega

de bem terão caráter executivo, se sujeitando ao cumprimento pela mera expedição de mandado de imissão na

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posse (bens imóveis) ou busca e apreensão (bens móveis), ou seja, sem que haja necessidade de se fazer uma

petição inicial de execução.

· ENTREGA DE COISA INCERTA:

a). Se a escolha cabia ao credor: este deve exercitar o seu direito de escolha, desde logo, na petição inicial, podendo

o devedor impugnar o objeto da obrigação no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, devendo o juiz decidir, podendo

para tanto valer-se do auxílio de um perito (artigo 630, do Código de Processo Civil).

b). Se a escolha cabia ao devedor: na petição inicial o exeqüente deve requerer que o devedor seja citado para

entregá-las já individualizadas (artigo 629, do Código de Processo Civil), podendo o credor impugnar a escolha no

prazo de 48 (quarenta e oito) horas, devendo o juiz decidir, podendo para tanto valer-se do auxílio de um perito

(artigo 630, do Código de Processo Civil0.

Julgada questão que torna o bem de INCERTO em CERTO, o procedimento passa a ser o da execução para entrega

de coisa certa, já anteriormente descrito

Título : EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER

AÇÃO DE EXECUÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER

(artigos 632 a 645, CPC)

Objeto da Execução de Fazer ou Não Fazer:

É sempre obter do devedor uma determinada ação ou omissão, assim dividimos essas prestações em duas espécies,

quais sejam:

a). prestação positiva: obrigação de realização

b). prestação negativa: dever de abstenção

· Problema: o repúdio pela execução pessoal poderia inviabilizar a execução, principalmente nas

hipóteses em que a obrigação é personalíssima. Para entendermos melhor a questão é necessário compreendermos

a divisão das obrigações em fungíveis e infungíveis.

· Classificação das Obrigações:

a). Fungíveis: aquelas que podem ser realizadas por terceiros sem prejuízo. Ex.: desmatamento, demolição, limpeza

geral. Essas obrigações comportam execução específica, pois se o devedor se recusa a cumprir pode ser feito

através de terceiros às suas expensas.

b). Infungíveis: aquelas que são pactuadas em razão da pessoa (“intuitu personae”), não podendo haver

substituição. Ex: cantor contratado para show, célebre pintor, etc.

Essas obrigações, por não comportarem execução específica, são convertidas em perdas e danos.

· Prazo: é um tipo de execução que não tem prazo fixo (art.632, CPC), tendo em vista que o prazo para

executar o ato ou serviço vai variar conforme a sua complexidade, cabendo ao juiz arbitrar um prazo razoável, caso

não haja um prazo previsto no próprio título executivo.

· “Astreintes”: multa a ser fixada pelo juiz, “ex officio” ou a requerimento da parte na execução a fim de

compelir o devedor a cumpri-la, devendo também fixar a data a partir da qual será exigida (artigo 645, CPC).

[email protected]

Há casos em que a multa está prevista no próprio título executivo e então o juiz poderá reduzi-la se entendê-la

excessiva (artigo 645, parágrafo único, CPC).

A multa não é um substitutivo do valor de perdas e danos, mas apenas mecanismo de coerção, podendo ser revista a

qualquer tempo, seja para aumentá-la ou para reduzi-la ou mesmo para revogá-la, caso se verifique desde logo a

impossibilidade de cumprimento da obrigação, sendo esta devida até o momento em que a obrigação se

impossibilitou, sem prejuízo das perdas e danos, os quais serão apurados em liquidação.

· Título: só haverá ação de execução de obrigação de fazer sobre títulos extrajudiciais (artigo 585, CPC), pois

as sentenças (títulos judiciais) que condenam alguém a uma obrigação de fazer têm caráter executivo e devem

prever em seu corpo os meios de coerção para cumprimento (art.461, CPC).

PROCEDIMENTOS:

A). Execução das Obrigações de Fazer Fungíveis:

a-1). Na inicial o autor formulará requerimento para citação do réu com arbitramento de prazo para cumprimento

da obrigação (é a única espécie de execução que não estabelece prazo legal para cumprimento da obrigação, dada a

enorme variedade de obrigações, cada qual com um tempo hábil de execução diferente do outro).

a-2). Se no prazo fixado o devedor cumprir a obrigação, o processo será extinto.

a-3). O devedor poderá no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do mandado de citação aos autos (artigo

738, CPC) EMBARGAR. Os Embargos do Devedor como regra não terão efeito suspensivo (artigo 739-A, §1º, do

CPC), entretanto o juiz poderá atribuir tal efeito se entender que há risco de dano de difícil e incerta reparação e

desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Observa-se também que essa suspensão pode ser parcial quanto ao objeto e quanto ao devedor, dependendo da

argumentação utilizada na petição de Embargos.

a-4). Se o Devedor permanece INERTE, o Credor poderá:

a-4.1).Pedir a realização da obrigação por terceiro às expensas do devedor (artigo 634, “caput”, do CPC):

- O credor adiantará as quantias previstas na proposta que o juiz, mediante contraditório, houver aprovado

(artigo 634, parágrafo único, do CPC);

- Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes em 10 (dez) dias, e não havendo impugnação dará por cumprida a

obrigação, ou havendo impugnação, a decidirá (artigo 635, CPC);

INADIMPLEMENTO POR TERCEIRO: nessa hipótese o credor poderá reclamar em 10 (dez) dias, que o juiz o

autorize a concluir ou reparar às custas do contratante. Ouvido o contratante em 5 (cinco) dias o juiz mandará

avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.

a-4.2). Se o credor quiser executar ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as obras e

trabalhos necessários a prestação do fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.

O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da apresentação da proposta por terceiro

(artigo 637, parágrafo único, CPC).

B). Execução das Obrigações de Fazer Infungíveis:

As obrigações ou prestações denominadas de infungíveis, como dito anteriormente são aquelas

em que não pode haver substituição por terceiro, dada sua natureza personalíssima.

[email protected]

Assim sendo, esgotado o prazo para cumprimento voluntário, a obrigação converte-se em perdas e

danos (o exeqüente também pode desde a inicial requerer tal conversão), hipótese em que a liquidação da verba

indenizatória e sua execução dar-se-ão nos próprios autos do processo em curso (artigo 633, parágrafo único, CPC),

sob a forma de execução por quantia certa (o credor não poderá aqui pedir indenização por outros fatores, tais

como, verbi gratia, danos morais, para isso deverá usar a ação de conhecimento).

C). Obrigação de Declarar Vontade, Compromisso de Concluir Contrato ou Transferir Propriedade (artigo

466-A, 466-B e 466-C, do CPC)

Tratada como tutela de conhecimento a obrigação de declarar vontade, cumprir contrato e

transferir propriedade deve ser requerida mediante petição inicial, sendo certo que:

c-1). Se o cumprimento da obrigação estiver sujeita ou condicionada a qualquer espécie de

contraprestação, o credor deve provar com a inicial o cumprimento ou oferecê-lo nos autos, salvo se sua obrigação

ainda não era exigível;

c-2). A sentença substituirá a declaração de vontade ou ainda se possível, produzirá o mesmo

efeito do contrato a ser firmado (artigos 466-A e 466-B, do CPC);

c-3). A hipótese é cabível em qualquer caso em que o devedor se obrigou a contratar sem direito

de arrependimento, pois se houve previsão de arrependimento só caberão perdas e danos contra a parte

inadimplente.

D). Execução de Obrigação de Não Fazer:

d-1). O descumprimento é identificado pela prática do ato proibido em lei ou pelo título

executivo extrajudicial, sendo certo que quando o descumprimento é da lei, deverá ser proposta ação de

conhecimento, enquanto que se o descumprimento decorre de título extrajudicial, poderá ser proposta a ação de

execução.

d-2). Objeto da execução pode ser ou o desfazimento do ato, quando isto ainda é

possível, às custas do devedor, ou, não sendo possível perdas e danos (artigo 643, do CPC).

Título : EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE

AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA

CONTRA DEVEDOR SOLVENTE

(TÍTULO EXTRAJUDICIAL)

* Objeto da Execução por Quantia Certa (artigos 646 a 729, do CPC):

O objeto é a expropriação de bens do devedor para satisfazer obrigação expressa em unidades monetárias,

constante de título extrajudicial (artigo 646, CPC).

Essa expropriação pode ocorrer através de adjudicação de bens, alienação por iniciativa particular, alienação em

hasta pública ou usufruto de bens, conforme elenca o artigo 647, do CPC.

* FASES:

a). proposição (da petição inicial a citação)

b). preparação (ocorrerá se não houve pagamento voluntário, podendo ir de uma penhora até arrematação)

[email protected]

c). pagamento (através de adjudicação ou entrega do produto da venda judicial dos bens penhorados)

A). FASE DE PROPOSIÇÃO:

*PETIÇÃO INICIAL acompanhada necessariamente do instrumento de mandato, da memória do débito, e do título

executivo extrajudicial (art.585, CPC).

A partir da Lei nº11.382/06, o credor poderá indicar na sua petição inicial os bens que conhece do devedor a fim de

que, em não havendo pagamento, sejam estes penhorados (artigo 652, §1º, CPC), não obstante o juiz possa, de

ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo determinar a intimação do devedor para indicar bens à

penhora (artigo 652, §3º, CPC), prevendo que se não indicá-los em 5 (cinco) dias, considerar-se-á que está

praticando ato atentatório à dignidade da Justiça (artigo 600, IV, do CPC).

*REQUERIMENTO DE CITAÇÃO DO DEVEDOR para pagar no prazo de 3 (três) dias, conforme artigo 652, do

CPC (antes da Lei nº11.382/06 o prazo era de 24 (vinte e quatro) horas para pagar ou nomear bens a penhora).

*EMENDA DA INICIAL: o juiz ao receber a petição inicial, se verificar que está incompleta ou que falta algum

documento essencial deve determinar sua emenda no prazo de 10 dias (art.616, CPC), sob pena de indeferimento.

* a propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição, sendo certo que a citação deve ser feita nos

termos do artigo 219, do CPC (artigo 617, CPC).

* Ao DESPACHAR A INICIAL o juiz fixará desde logo os honorários advocatícios para a hipótese de pagamento

(artigo 20, §4º, do CPC), sendo certo que a partir da Lei nº11.382/06, o devedor terá o benefício de redução da

verba honorária pela metade na hipótese de pagamento integral (artigo 652-A, parágrafo único, do CPC).

* O Oficial de Justiça, verificado o não pagamento, procederá a penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o

respectivo auto e intimando o executado, na mesma oportunidade se o devedor estiver presente (artigo 652, §1º,

CPC), se não encontrado o executado, esta intimação pode ser feita na pessoa de seu advogado, se tiver (artigo 652,

§4º, CPC).

Caso o devedor não tenha patrono nos autos e não seja encontrado para ser intimado da penhora, o Oficial

certificará as diligências realizadas e o juiz decidirá se dispensa a intimação ou se determina novas diligências

(artigo 652, §5º, CPC).

CERTIDÃO DE DISTRIBUIÇÃO E AVERBAÇÃO SOBRE BENS DO DEVEDOR (art.615-A, do CPC):

Outra novidade da Lei nº11.382/06 é o fato de que distribuída a execução, o credor tem o direito de obter Certidão

comprobatória do seu ajuizamento, com identificação das partes e valor da causa, para efetuar AVERBAÇÃO junto

a registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora e arresto.

É obrigatória a comunicação das averbações feitas, no prazo de 10 (dez) dias a partir de sua concretização (artigo

615-A, §1º, do CPC), e após a penhora dos bens será determinado o cancelamento das averbações dos bens que não

tenham sido penhorados (artigo 615-A, §2º, do CPC).

É certo que a partir da averbação autorizada pelo artigo 615-A, do CPC, ocorre a PRESUNÇÃO DE FRAUDE na

hipótese de alienação ou oneração dos bens que sofreram averbação (artigo 615-A, §3º, combinado com 593,

ambos do CPC).

O legislador também se preocupou em proteger a parte executada de eventuais abusos, sendo prevista indenização

para o exeqüente que promover averbação indevida, a título de litigância de má-fé (artigo 18, §2º, do CPC), no teto

de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa ou mediante liquidação por arbitramento, caso em que o incidente

será processado em autos apartados

O novel legislador estabeleceu que, após normatização pelos Tribunais, a averbação de penhora de bens poderá ser

realizada por meios eletrônicos (artigo 659, §6º, do CPC).

[email protected]

B). FASE DE PREPARAÇÃO:

ARRESTO NA HIPÓTESE DE DEVEDOR NÃO ENCONTRADO PARA CITAÇÃO (artigo 653, do CPC):

*o Oficial de Justiça estando com o mandado executivo em mãos procurará o devedor no endereço indicado na

inicial, e caso não o encontre, mas encontre bens, deverá arrestar o que for suficiente para garantir a execução;

*o Oficial permanecerá com o mandado executivo nos 10 dias seguintes ao arresto, procurando o devedor por 3

(três) vezes em dias distintos, mas não o encontrando deverá certificar o ocorrido (art.653, parágrafo único, CPC);

*O credor será intimado do arresto realizado e deverá nos 10 (dez) dias seguintes a sua intimação providenciar a

citação por Edital do devedor (após o prazo do Edital o devedor terá os 3 (três) dias seguintes para efetuar o

pagamento, nos termos do artigo 652, “caput”, do CPC), e em não havendo este pagamento o arresto será

convertido em penhora (artigo 654,CPC) e a execução prosseguirá.

PENHORA

*Conceito: primeiro ato processual executivo de agressão ao patrimônio do devedor inadimplente para realização

do direito do credor.

*Funções a). individuação (descrevê-los);

b). apreensão (encontrar e vinculá-lo ao processo)

c). depósito (responsabilidade pela guarda e conservação)

*Conseqüências:

a). ineficácia dos atos de disposição perante o credor;

b). indisponibilidade do bem para o depositário;

c). direito de seqüela (ressalvadas as garantias reais ou privilégios anteriores, conforme art.613, CPC): que é a

possibilidade de buscar o bem e leva-lo à arrematação nas mãos de quem quer que ele esteja.

Não há INALIENABILIDADE do bem penhorado, pois o devedor ainda conserva o domínio do mesmo.

O TJMG já decidiu inclusive que é possível a transferência de propriedade em registro público, desde que o

adquirente suporte os gravames anteriormente incidentes.

d). direito de preferência: a penhora é o ato através do qual se cria um vínculo entre o bem e a ação, assim sendo,

segundo o artigo 612, do CPC, cria-se um direito de preferência, consistente no fato de que o credor que primeiro

penhorou o bem será o primeiro a ter o seu crédito satisfeito, restando ao segundo o saldo, caso exista, e assim

sucessivamente em relação aos demais credores. O direito de preferência da penhora só deixa de existir na hipótese

de credores que detenham privilégios legais (os artigos 955 a 965, do Código Civil, tratam de alguns privilégios

creditórios).

*Procedimento de penhora a). o credor pode indicar na petição inicial, bens do devedor passíveis de penhora

(artigo 652, §2º, do CPC);

b). caso o bem penhorado esteja gravado por penhor, hipoteca ou anticrese, o credor

que tem tais garantias deverá ser obrigatoriamente intimado da penhora (art.615, II combinado com 619, CPC).

c). deve ser respeitada a ORDEM LEGAL inscrita junto ao artigo 655, CPC, bem

como devem ser respeitadas as RESTRIÇÕES DE IMPENHORABILIDADE (artigo 649 e 650, do CPC, bem

como Lei nº8.009/90).

[email protected]

d). quando o Oficial de Justiça não encontrar bens de valor significativo para

penhorar deverá descrever os bens que guarnecem a casa ou estabelecimento do devedor (artigo 659, §3º, CPC)

caso o devedor resista ao cumprimento do mandado executivo pelo Oficial, este deve comunicar ao juiz e solicitar

ordem de arrombamento (art.660, CPC), circunstância em que 2 (dois) Oficiais cumprirão o mandado, lavrando

auto circunstanciado do ocorrido, que será também assinado por 2 testemunhas que a tudo deverão assistir

(art.661,CPC).

Sempre que necessário poderá ser requisitada força policial para auxiliar o trabalho dos Oficiais (artigo 662, CPC).

Na hipótese de prisão por resistência os oficiais deverão lavrar também um auto de resistência com rol de

testemunhas, em duas vias, ficando uma via nos autos do processo e outra entregue ao policial a quem entregarem o

preso (artigo 663, CPC).

e). auto de penhora: deve constar obrigatoriamente do auto de penhora (art.665,

CPC): - data e local; -nome das partes; -descrição dos bens penhorados; - nomeação do depositário (se for feito o

depósito dos bens será lavrado um único auto, conforme determina o artito 664, do CPC).

F). DEPÓSITO (artigo 666, CPC): É a guarda judicial do bem levado a penhora.

F-1). sendo dinheiro, pedras preciosas ou papéis de crédito, em banco oficial ou na falta deste outro que exista no

local (em se tratando de pedras preciosas ou jóias o depósito deverá ser feito co o prévio registro do valor estimado

para resgate, conforme determina o artigo 666, §2º, do CPC).

F-2) sendo móveis ou imóveis urbanos, em depositário judicial, se houver;

F-3). em depositário particular.

F-4). Com o próprio devedor: desde que com anuência expressa do exeqüente ou quando for difícil a remoção

(artigo 666, §1º, CPC).

O depositário judicial infiel terá sua prisão decretada nos próprios autos do processo, independentemente de ação

de depósito (artigo 666, §3º, do CPC).

G). Segunda penhora (art.667, CPC): não há segunda penhora, exceto se a primeira

foi anulada, os bens não bastam ou o credor desistir dos bens por serem litigiosos ou onerados por outros

gravames.

H). SUBSTITUIÇÃO DO BEM PENHORADO (ART.668, CPC, ALTERADO PELA LEI Nº11.382/06):

O devedor pode no prazo de 10 (dez) dias após a intimação da penhora, requerer a substituição da penhora,

provando que isto não causará prejuízo ao exeqüente e lhe será menos onerosa. Antes da reforma operada pela Lei

nº11.382/06, não havia prazo fixo para o pedido de sustituição, podendo ocorrer a qualquer tempo, desde que antes

da arrematação ou adjudicação.

PENHORA DE BENS IMÓVEIS:

A penhora de imóveis pode se realizar mediante auto (pelo Oficial) ou termo (no Cartório), cabendo ao exeqüente

providenciar a indispensável averbação do ato na matrícula do imóvel perante o registro público, bastando para

tanto a Certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial.

Esta averbação confere presunção absoluta de conhecimento da penhora a terceiros, não sendo possível alegar

aquisição de boa-fé, após este ato (artigo 659, §4º, do CPC).

Se for apresentada a matrícula do imóvel nos autos, será sempre lavrado o termo de penhora (não importando onde

se localize o bem) e o executado será nomeado depositário do mesmo, podendo ser intimado de tal fato

pessoalmente ou através de seu advogado (artigo 659, §5º, do CPC), sendo certo que se for casado, é necessária

[email protected]

também a intimação do seu cônjuge, seja ou não devedor solidário (artigo 655, §2º, CPC), ressalvado que sua

meação lhe será paga, se não responder pela dívida, quando procedida a arrematação (artigo 655-B, CPC).

O novel legislador estabeleceu que, após normatização pelos Tribunais, a averbação de penhora de bens poderá ser

realizada por meios eletrônicos (artigo 659, §6º, do CPC).

PENHORA DE NUMERÁRIO (PENHORA ON-LINE):

É sabido que o dinheiro goza de total preferência na ordem de penhora estabelecida pelo legislador (artigo 655, I,

do CPC).

Em virtude das modernas inovações tecnológicas porque tem passado nossa sociedade, e buscando o legislador

acompanhar as referidas mudanças, a Lei nº11.382/06 regulou procedimento que já era utilizado em alguns

Tribunais brasileiros, qual seja, a chamada “penhora on-line”, consistente no bloqueio, por meios eletrônicos, de

valores em dinheiro depositados em Bancos, sendo certo que este deve ocorrer até o limite da execução (artigo 655-

A, do CPC).

Resguardando o sigilo bancário o legislador determinou que os Bancos só informarão se existem ou não numerários

disponíveis até o valor indicado, sendo vedada a entrega de outra espécie de informação, tais como extratos ou

demonstrativos (artigo 655-A, §1º, do CPC).

Na hipótese dos numerários terem origem que os torna impenhoráveis, o ÔNUS DA PROVA é do executado,

(conforme preceitua o artigo 655-A, §2º, do CPC), cabendo a este fazer prova de que os valores se enquadram no

conceito de vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios,

montepios, doações de terceiro destinadas ao sustento do devedor e sua família, ganhos de profissional autônomo

ou honorários de profissional liberal (artigo 649, IV, do CPC), sendo certo que este dispositivo não se aplica a

execução de alimentos (artigo 649, §2º, CPC).

É também impenhorável os depósitos em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos

(artigo 649, X, CPC).

DA PENHORA DE CRÉDITO E OUTROS DIREITOS PATRIMONIAIS:

É a penhora realizada sobre valores que o devedor deveria receber de terceiros.

Enquanto a penhora não for apreendido o título de crédito, considerar-se-á feita a penhhora do terceiro devedor

para que não pague ao executado (apontado como credor no título) e ao executado (credor do terceiro) para que não

pratique qualquer ato de disposição do crédito (artigo 671, CPC).

A penhora de título de crédito deve ser procedida pela apreensão do título esteja com quem estiver, sendo certo que

apesar de não apreendido o título, se o terceiro confessar a dívida, será desde logo considerado depositário da

importância (artigo 672, “caput”, §1º, CPC), salvo se depositar em juízo o valor da dívida (artigo 672, §2º, CPC).

A fim de evitar a fraude à execução, o legislador presumiu absolutamente fraudulenta a quitação do débito

fornecida pelo executado ao terceiro, quando este negou a dívida em juízo, podendo ser designada audiência a fim

de ouvir o executado e o terceiro (artigo 672, §§3º e 4º, do CPC).

Se a penhora for realizada em direito e ação do devedor, não sendo oferecidos embargos, ou se estes forem

rejeitados, o credor fica sub-rogado nos direitos do devedor até o limite do seu crédito, salvo se em 10 (dez) dias

contados da efetivação da penhora manifestar vontade de que o referido direito ou ação seja levado a alienação

judicial (artigo 673, “caput”, §1º, CPC).

Caso o credor sub-rogado não receba o crédito oriundo daquele direito ou ação, poderá prosseguir na execução

penhorando outros bens do devedor (artigo 673, §2º, do CPC).

A penhora de direito discutido em juízo é feita no rosto dos autos, mediante averbação a requerimento do juízo

onde se opera a execução, dirigido ao juízo onde se discute o direito (artigo 674, CPC).

[email protected]

Se a penhora recair sobre dívida de dinheiro a juros, ou rendas que caracterizem prestação periódica, o credor

poderá levantar estes a medida que forem sendo depositados, abatendo do crédito os montantes recebidos (artigo

675, CPC).

Quando o direito penhorado implicar em entrega ou restituição de coisa determinada, o devedor desta será intimado

para no vencimento da obrigação depositá-la em juízo (artigo 676, CPC).

AVALIAÇÃO

A avaliação é a atribuição de valor ao bem penhora, sendo fundamental a fim de que se proceda a adjudicação ou

alienação do bem.

Este ato pode ser praticado pelo próprio Oficial de Justiça (artigo 652, combinado com 680, ambos do CPC), ou

apresentada pelo próprio executado, quando ofereceu o bem a penhora (artigo 668, parágrafo único, V, do CPC), ou

se necessários conhecimentos especializados, o juiz nomeará um avaliador, que deverá apresentar o laudo em no

máximo 10 (dez) dias, ou prazo inferior determinado pelo juiz (artigo 680, CPC).

O laudo, seja do Oficial ou do perito, deve conter a descrição dos bens, seu estado de conservação e o seu valor

(artigo 681, caput, CPC).

Em se tratando de imóvel que comporte desmembramento este deve ser considerado na avaliação (artigo 681,

parágrafo único, do CPC), a fim de que a execução se processe pelo meio menos gravoso.

Quando o bem possuir cotação oficial em Bolsa de Valores esta será considerada na data, mediante comprovação

por certidão ou publicação no órgão oficial (artigo 682, CPC).

Será designada NOVA AVALIAÇÃO, quando as partes argüirem erro ou dolo do avaliador, for verificado

majoração ou diminuição do bem após a avaliação, ou houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem

(artigo 683, combinado com 668, parágrafo único, V, CPC).

A avaliação SERÁ DISPENSADA quando o exeqüente aceitar a estimativa do executado (artigo 668, parágrafo

único, V, CPC) ou se existir cotação oficial em Bolsa, devidamente comprovada (artigo 684, CPC).

Depois de feita a avaliação, o juiz poderá mandar, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária:

I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que bastem à execução, se o valor dos

penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exeqüente e acessórios;

II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos penhorados for inferior ao

referido crédito.

Cumpridas as providências de avaliação, o juiz dará início aos atos de expropriação dos bens que podem ocorrer

por adjudicação ou alienação (seja pó iniciativa particular ou em hasta pública).

DA ADJUDICAÇÃO (ARTIGOS 685-A e 685-B, do CPC):

É o ato através do qual o credor adquire a propriedade dos bens penhorados.

Esta aquisição é realizada sempre por preço não inferior ao da avaliação (artigo 685-A, CPC).

Caso o valor dos bens seja inferior ao do crédito, o adjudicante deve depositar de imediato a diferença, ficando esta

à disposição do executado, se o valor do crédito for superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente

(artigo 685-A, §1º, CPC).

A adjudicação também pode ser procedida pelo credor com garantia real ou por quaisquer credores concorrentes do

bem penhorado, assim como pelo cônjuge, descendente ou ascendente do executado (artigo 685-A, §2º, CPC).

[email protected]

A adjudicação do bem não será feita sem que seja intimado o senhorio direto, o credor com garantia real ou com

penhora anteriormente averbada, esta intimação deve ser feita com antecedência de 10 (dez) dias, conforme dispõe

o artigo 698, do CPC.

Se houver concorrência entre diversos interessados, haverá entre eles licitação, sendo a preferência do cônjuge,

descendente ou ascendentes, nessa ordem (artigo 685-A, §3º, CPC).

Se a penhora recair sobre quota de sociedade, sendo o exeqüente alheio a esta, a própria sociedade será

intimada, assegurando-se preferência de aquisição aos sócios (artigo 685-A, §4º, CPC).

A adjudicação se aperfeiçoa pela lavratura e assinatura do Auto de Adjudicação, que segue assinado pelo juiz, pelo

adjudicante, pelo escrivão e pelo executado, se estiver presente (artigo 685-B, do CPC).

Em se tratando de bem imóvel, será expedida Carta de Adjudicação para registro no cartório competente, ou em se

tratando de bem móvel, mandado de entrega ao adjudicante (artigo 685-B, CPC).

DA ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR (ARTIGO 685-C, DO CPC):

Caso não ocorra a adjudicação dos bens, estes podem ser levados a alienação pela iniciativa do credor ou através de

corretor devidamente credenciado em juízo (artigo 685-C, do CPC).

O juiz fixa prazo, meio de publicidade, prelo mínimo, condições de pagamento, garantias e, se houver trabalho de

corretor, a comissão de corretagem (artigo 685-C, §1º, CPC).

A alienação se aperfeiçoa pela lavratura e assinatura de termo nos autos, que segue assinado pelo juiz, pelo

exeqüente, pelo adquirente e pelo executado, se estiver presente (artigo 685-C, §2º, do CPC).

Em se tratando de bem imóvel, será expedida Carta de Alienação para registro no cartório competente, ou em se

tratando de bem móvel, mandado de entrega ao adquirente (artigo 685-C, §2º, do CPC).

Os Tribunais regulamentarão a alienação por iniciativa privada, podendo procedê-la inclusive por meio eletrônico,

bem como a forma de credenciamento dos corretores, exigindo o legislador que tenham no mínimo, 5 (cinco) anos

de exercício profissional (artigo 685-C, §3º, do CPC).

A alienação do bem não será feita sem que seja intimado o senhorio direto, o credor com garantia real ou com

penhora anteriormente averbada, esta intimação deve ser feita com antecedência de 10 (dez) dias, conforme dispõe

o artigo 698, do CPC.

DA ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA (ARTIGOS 686 A 707, DO CPC):

Não ocorrendo a adjudicação ou alienação por iniciativa particular do bem penhorado, este será levado a hasta

pública (artigo 686, CPC), sendo imóvel, será levado a praça, e sendo móvel, levado à leilão.

O procedimento da alienação em hasta pública:

De acordo com o art. 686, CPC, a arrematação será precedida de Edital (salvo se o valor do bem não exceder a 60

(sessenta) salários mínimos, conforme §3º) que conterá diversos requisitos, mencionados no próprio artigo supra-

citado.

Tal edital deverá ser publicado com pelo menos 5 dias de antecedência em um jornal de grande circulação na

cidade (artigo 687, “caput”, CPC).

Uma vez designada data para a realização da hasta, o executado deverá ser intimado por seu advogado, ou não

havendo, por mandado, carta registrada, edital ou qualquer outro meio idôneo (artigo 687, §5º, CPC).

A designação de data para hasta pública terá, desde logo, duas datas: a primeira data fixada e a segunda, entre

10(dez) e 20(vinte) dias a contar da data fixada, também desde logo fixados no Edital (artigo 686, VI, CPC).

[email protected]

A alienação do bem não será feita sem que seja intimado o senhorio direto, o credor com garantia real ou com

penhora anteriormente averbada, esta intimação deve ser feita com antecedência de 10 (dez) dias, conforme dispõe

o artigo 698, do CPC.

Nesta segunda data a arrematação poderá ser feita por qualquer preço, desde que este não seja vil (artigo 692, do

CPC).

Na primeira hasta pública não pode ser aceito valor inferior ao da avaliação (artigo 686, VI, do CPC).

Em conformidade com o art. 690, CPC, a arrematação far-se-á com dinheiro à vista ou dentro do prazo

máximo de 15 (quinze) dias, mediante caução.

Se o arrematante ou seu fiador não pagarem o preço no prazo, o juiz determinará a perda da caução,

voltando os bens a nova praça ou leilão, dos quais não serão admitidos a participar o arrematante e seu

fiador (artigo 695, CPC).

Se o fiador pagar o valor do lanço e a multa, poderá requerer que a arrematação lhe seja transferida (artigo 696,

CPC).

A Lei nº11.382/06, inovou ao estabelecer que em se tratando de bem imóvel, o arrematante poderá propor

por escrito a oferta de no mínimo 30% (trinta por cento) do valor à vista, sendo o restante garantido por

hipoteca do próprio imóvel em prestações (artigo 690, §1º, CPC).

Havendo várias propostas o juiz decidirá pela de maior valor ou melhores condições de pagamento (artigo 690, §3º,

CPC).

Os pagamentos em prestações feitos pelo arrematante pertencerão ao exeqüente até o limite do seu crédito e os

subseqüentes ao executado (artigo 690, §4º, CPC).

Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, será preferido aquele que se propuser a

arrematá-los em sua totalidade, oferecendo para os que não tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os

demais o de maior lanço (artigo 691, CPC).

Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens bastar para o pagamento do credor (artigo

692, parágrafo único, CPC).

A arrematação constará de auto, que será lavrado de imediato (antes da Lei nº11.382/06 eram 24 horas depois de

realizada a praça ou o leilão), conforme determina o artigo 693, “caput” do CPC.

Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da Justiça ou pelo leiloeiro, a arrematação

considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os Embargos do

executado (artigo 694, CPC) e na hipótese de procedência destes o executado terá o direito de receber do exeqüente

o valor recebido como produto da arrematação e caso este tenha sido inferior ao valor da avaliação do bem,

inclusive a diferença apurada (artigo 694, §2º, CPC alterado pela Lei nº11.382/06).

Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80% do valor da avaliação, o juiz o confiará à

guarda e administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano, conforme

determina o artigo 701, do CPC.

Finalmente, efetuado o leilão ou praça, lavrar-se-á o auto, expedindo-se a carta de arrematação, que deve conter os

requisitos expressos no artigo 703, do CPC.

C). FASE DE PAGAMENTO:

O pagamento ao credor será feito:

I - pela entrega do dinheiro (na hipótese de alienação)

[email protected]

II - pela adjudicação dos bens penhorados (já vista no item anterior);

III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.

O juiz autorizará que o credor levante, até a satisfação integral de seu crédito, o dinheiro depositado para segurar o

juízo ou o produto dos bens alienados quando (artigo 709, do CPC).

I - a execução for movida só a benefício do credor singular, a quem, por força da penhora, cabe o direito de

preferência sobre os bens penhorados e alienados;

II - não houver sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou preferência, instituído anteriormente à

penhora. Ao receber o mandado de levantamento, o credor dará ao devedor, por termo nos autos, quitação da

quantia paga.

Uma vez pago o credor, havendo sobre de qualquer importância, esta será restituída ao devedor (artigo 710, do

CPC)

Se concorrerem vários credores, a distribuição dos valores respeitará a ordem de preferência do direito material, ou,

sendo todos quirografários, a ordem das penhoras efetivadas (artigo 711, CPC).

Os credores formularão suas pretensões, requerendo provas se for o caso, mas a disputa se limitará o direito de

preferência ou anterioridade da penhora, para posterior decisão judicial (artigo 712 e 713, do CPC).

Além disso, o art. 716, CPC, estabelece que o juiz da execução pode conceder ao credor o usufruto de bem móvel,

imóvel ou de empresa, quando o reputar menos gravoso ao devedor e eficiente para o recebimento da dívida

Título : EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

(artigos 748 a 786-A, do CPC)

CONCEITO DE INSOLVÊNCIA

Ocorre estado de insolvência toda vez que as dívidas excederem à importância dos bens do devedor (artigo 748, do

CPC).

Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a responsabilidade por dívidas, não possuir bens próprios

que bastem ao pagamento de todos os credores, poderá ser declarada, nos autos do mesmo processo, a insolvência

de ambos (artigo 749, CPC).

Em conformidade com o art. 750, CPC, presume-se a insolvência quando:

I - o devedor não possuir outros bens livres e desembaraçados para nomear à penhora;

II - forem arrestados bens do devedor, com fundamento no art. 813, I, II e III, CPC.

A declaração de insolvência do devedor produz (artigo 751, CPC):

I - o vencimento antecipado das suas dívidas;

II - a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer os atuais, quer os adquiridos no curso do

processo;

III - a execução por concurso universal dos seus credores.

Declarada a insolvência, o devedor perde o direito de administrar os seus bens e de dispor deles, até a liquidação

total da massa (artigo 752, CPC).

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A declaração de insolvência pode ser requerida (artigo 753, CPC):

I - por qualquer credor quirografário;

II - pelo devedor;

III - pelo inventariante do espólio do devedor.

A). Da insolvência requerida pelo credor:

O credor requererá a declaração de insolvência do devedor, instruindo o pedido com título executivo judicial ou

extrajudicial, em consonância com o art. 586, CPC.

O devedor será citado para, no prazo de 10 dias, opor embargos; se os não oferecer, o juiz proferirá, em 10 dias, a

sentença (artigo 755, CPC).

Nos embargos pode o devedor alegar (artigo 756, CPC):

I - que não paga por ocorrer alguma das causas enumeradas nos arts. 741, 742 e 745, CPC, conforme o pedido

de insolvência se funde em título judicial ou extrajudicial;

II - que o seu ativo é superior ao passivo.

O devedor ilidirá o pedido de insolvência se, no prazo para opor embargos, depositar a importância do crédito, para

lhe discutir a legitimidade ou o valor (artigo 757, CPC).

Não havendo provas a produzir, o juiz dará a sentença em 10 dias, havendo-as, designará audiência de instrução e

julgamento (artigo 758, CPC).

B). Da insolvência requerida pelo devedor ou pelo seu espólio

É lícito ao devedor ou ao seu espólio, a todo tempo, requerer a declaração de insolvência (artigo 759, CPC).

Para tanto, é necessário que o devedor dirija ao juiz da comarca em que o devedor tem o seu domicílio uma petição

contendo as seguintes informações (artigo 760, CPC):

I - a relação nominal de todos os credores, com a indicação do domicílio de cada um, bem como da importância

e da natureza dos respectivos créditos;

II - a individuação de todos os bens, com a estimativa do valor de cada um;

III - o relatório do estado patrimonial, com a exposição das causas que determinaram a insolvência.

C). Da declaração judicial de insolvência

De acordo com o art. 761, CPC, na sentença, que declarar a insolvência, o juiz:

I - nomeará, dentre os maiores credores, um administrador da massa;

II - mandará expedir edital, convocando os credores para que apresentem, no prazo de 20 dias, a declaração do

crédito, acompanhada do respectivo título.

Ao juízo da insolvência concorrerão todos os credores do devedor comum (artigo 762, “caput”, CPC) e as

execuções movidas por credores individuais serão remetidas ao juízo da insolvência (artigo 762, §1º, CPC).

Havendo, em alguma execução, dia designado para a praça ou o leilão, far-se-á a arrematação, entrando para a

massa o produto dos bens (artigo 762, §2º, CPC).

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Atribuições do Administrador da Massa

A massa dos bens do devedor insolvente ficará sob a custódia e responsabilidade de um administrador, que

exercerá suas atribuições sob a direção e superintendência do juiz (artigo 763, CPC).

Nomeado o administrador, o escrivão o intimará a assinar, dentro de 24 (vinte e quatro) horas termo de

compromisso de desempenhar bem e fielmente o cargo (artigo 764, CPC).

Ao assinar o termo, o administrador entregará a declaração de crédito acompanhada do título executivo, não o

tendo em seu poder, fará sua juntada em um prazo máximo de 20 dias (artigo 761, II, combinado com artigo 765,

CPC).

São deveres do administrador da massa (artigo 766, CPC):

A). arrecadar todos os bens do devedor, inclusive tomando medidas judiciais para tanto, se necessário;

B). representar a massa de bens judicialmente, inclusive contratando patrono, cujos honorários devem ser

submetidos à aprovação judicial;

C). praticar os atos de conservação dos direitos e ações da massa, provendo as cobranças de dívidas ativas;

D). alienar os bens da massa em praça ou leilão, com autorização judicial.

O administrador será remunerado através de valor arbitrado pelo juiz segundo sua diligência, trabalho,

responsabilidade e importância da massa de bens (artigo 767, CPC).

Verificação e Classificação dos Créditos:

Decorrido o prazo de 20 (vinte) dias do Edital de convocação dos credores a fim de que apresentem seus créditos e

títulos, o escrivão deverá em 5 (cinco) dias ordenar todas as declarações, autuando cada uma com seu respectivo

título.

Feita as ordenações e autuações os credores serão intimados por Edital para no prazo de 20 (vinte) dias alegarem

suas preferências, bem como nulidade, simulação, fraude ou falsidade de dívidas e contratos (artigo 768, CPC).

Nesse mesmo prazo o devedor também poderá impugnar quaisquer créditos.

Não havendo impugnações, o escrivão remeterá os autos ao contador, que organizará o quadro geral dos credores,

observando quanto à classificação dos créditos e dos títulos legais de preferência, o que dispõe a lei civil (artigo

769, CPC combinado com artigos 955 a 965, do CC).

Se todos os credores forem quirografários, a organização será feita apenas por ordem alfabética (artigo 769,

parágrafo único, CPC).

Se por ocasião da organização do quadro de credores já tiver ocorrido a alienação dos bens da massa, o contador

indicará a percentagem cabível a cada credor no rateio (artigo 770, CPC).

O juiz sentenciará, após ouvidos todos os interessados sobre o quadro geral de credores, no prazo de 10 (dez) dias

(artigo 771, CPC).

Quando ocorrer impugnação, caso seja necessário será deferida a produção de provas, inclusive oral, se for o caso,

antes de proferida a sentença (artigo 772, §§1º e 2º CPC) e apenas após o seu trânsito em julgado é que será

organizado o quadro geral de credores.

Se os bens ainda não tiverem sido alienados até a organização do quadro geral de credores, o juiz determinará a

alienação em praça ou em leilão, destinando o produto ao pagamento dos credores (artigo 773, CPC).

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Saldo Devedor.

Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral a todos os credores, o devedor insolvente

continua obrigado pelo saldo devedor e todos os bens penhoráveis que adquirir respondem pelo pagamento do

referido saldo, até que a extinção das obrigações seja declarada.

Os bens do devedor poderão ser arrecadados nos autos do mesmo processo, a requerimento de qualquer credor

incluído no quadro geral, procedendo-se a sua alienação e distribuição do respectivo produto aos credores, na

proporção dos seus saldos.

Extinção das Obrigações

A interrupção da prescrição ocorre com a instauração do concurso universal de credores e voltará a correr quando

transitar em julgado a sentença que houver encerrado o processo de insolvência (art.777, CPC).

Em 5 (cinco) anos, contados do encerramento do processo de insolvência serão extintas todas as obrigações do

devedor, declaração que poderá ser requerida pelo devedor, devendo o juiz, nessa hipótese, mandar publicar Edital

com prazo de 30 (trinta) dias, prazo em que qualquer credor pode alegar que não houve o decurso do prazo

prescricional ou que o devedor adquiriu bens (artigo 778 a 780, CPC).

A esse respeito será ouvido o devedor em 10 (dez) dias, após o que sendo necessário será designada audiência de

instrução e julgamento e após, proferida sentença, a qual se declarar extintas as obrigações deverá ser publicada por

Edital e reabilitará o devedor para todos os atos da vida civil.

Título : DOS EMBARGOS DO DEVEDOR

DOS EMBARGOS DO DEVEDOR

São uma ação de conhecimento incidental ao processo de execução.

Atualmente não dependem da garantia do juízo (artigo 736, CPC), ao contrário do que ocorria anteriormente em

que seu prazo só transcorria da intimação da penhora, haja vista a necessidade de garantia do juízo.

Os embargos são distribuídos por dependência, autuados em apartado ao processo de execução e instruídos com

cópias das peças relevantes (artigo 736, parágrafo único, CPC).

O devedor tem 15 (quinze) dias para embargar, sendo termo inicial da contagem deste prazo a juntada do mandado

de citação aos autos, sendo indiferente a existência de outros devedores, pois neste caso a contagem ocorre da sua

respectiva juntada, salvo se forem cônjuges (artigo 738, §1º, CPC).

Em qualquer caso, não haverá a contagem do prazo em dobro na hipótese de litisconsórcio, ainda que com

advogados distintos, como expressamente ressalta o §3º, daquele mesmo artigo 738.

Se a citação ocorreu por carta precatória, o juízo deprecado comunicará tal fato ao deprecante (podendo ser

inclusive por meio eletrônico) e a partir da juntada da referida comunicação aos autos iniciará a contagem do prazo

para Embargar.

REJEIÇÃO LIMINAR:

Ao juiz caberá indeferir a petição inicial dos Embargos, rejeitando-os liminarmente, caso:

a). sejam intempestivos;

b). a petição seja inepta, nos termos do artigo 295, do CPC;

c). sejam manifestamente protelatórios (por exemplo: quando estejam argumentando com tese amplamente

superada na doutrina e na jurisprudência). Na hipótese de Embargos manifestamente protelatórios será imposta

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multa, em favor do exeqüente, cujo montante será até 20% do valor da execução (artigo 740, parágrafo único, do

CPC).

EFEITOS DOS EMBARGOS:

Antes da reforma processual operada pela Lei nº11.382/06 os Embargos tinham o poder de suspender a execução,

entretanto após a reforma a regra é a continuidade do procedimento executivo, sendo o efeito suspensivo hipótese

excepcional analisada a partir do requerimento do Embargante e quando sendo relevantes os argumentos, o

prosseguimento da execução possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

De qualquer modo, para deferir o efeito suspensivo a execução deve estar garantida por penhora, depósito ou

caução suficiente (artigo 739-A, §1º, do CPC).

A decisão sobre os efeitos atribuídos aos Embargos tem caráter precário, podendo a qualquer tempo ser modificada

pelo magistrado a requerimento da parte e desde que em decisão fundamentada na alteração das circunstâncias que

a motivaram (artigo 739-A, §2º, CPC).

A suspensão pode ser apenas parcial, caso em que a execução pode prosseguir quanto ao restante, assim como se a

suspensão disser respeito a argumentos que sirvam apenas a um dos Embargantes, a execução prosseguirá em

relação aos demais (artigo 739-A, §4º, CPC).

A concessão do efeito suspensivo não impede a penhora e avaliação de bens, impedindo apenas os atos de

expropriação (artigo 739-A, §6º, CPC).

EMBARGOS POR EXCESSO DE EXECUÇÃO.

O Embargante para ter sua petição recebida deve declarar qual é o valor correto da execução, juntando memória do

cálculo, sob pena de rejeição liminar ou não conhecimento do pedido.

Por analogia, podemos utilizar o artigo 743, do CPC para definir excesso de execução:

a). quando o credor pede valor superior ao do título;

b). quando pede coisa diversa do título (na hipótese de execução para entrega de coisa);

c). quando se processa de modo diverso do que determina a sentença (na verdade nesta hipótese teremos uma

impugnação ao cumprimento da sentença, que por deficiência da reforma continuou a ter esse aspecto disciplinado

no capítulo dos Embargos);

d). quando o credor sem cumprir sua prestação exige a do devedor;

e). se o credor não prova que a condição da execução se realizou.

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ APURADA.

A multa por litigância de má-fé (artigos 17 e 18, do CPC) será apurada em autos em apenso a execução, podendo

realizar-se por compensação de valores ou por execução nesses autos.

PROCEDIMENTO:

Recebidos os Embargos o exeqüente será intimado a oferecer impugnação no prazo de 15 (quinze) dias. Sendo

necessário produzir prova em audiência, será designada uma audiência de conciliação, instrução e julgamento,

julgando em 10 (dez) dias, ou sendo hipótese de julgamento antecipado da lide sentenciará de imediato (artigo 740,

CPC).

MATÉRIAS DOS EMBARGOS DO DEVEDOR (ARTIGO 745, CPC):

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A). O documento não é título executivo (nulidade da execução);

B). Penhora incorreta ou avaliação errônea;

C). Excesso de execução ou cumulação indevida;

D). Retenção por Benfeitorias (na hipótese de execução para entrega de coisa): nessa espécie de Embargos o

exeqüente poderá pedir a compensação das benfeitorias com os frutos ou danos devidos pelo executado, o que

poderá ser apurado por meio de exame pericial, sendo que o exeqüente poderá se imitir na posse, desde que preste

caução ou deposite o valor das benfeitorias ou resultado da compensação entre estas e os frutos e danos.

E). Matérias oponíveis em defesa em ação de conhecimento (pagamento, novação, renúncia ou perdão da dívida,

etc...)

CONFISSÃO DO DÉBITO

Se o devedor no prazo dos Embargos confessar o débito poderá, depositando 30% do valor da execução, requerer o

parcelamento do saldo em 6 (seis) vezes, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês,

circunstância que pode ser deferida ou não pelo juiz, quando deferida acarretará a suspensão dos atos executivos, se

indeferida, apesar do levantamento do valor depositado a execução prosseguirá.

Caso o devedor não pague qualquer das parcelas, as demais vencerão e lhe será imposta multa de 10% sobre os

valores não pagos, vedada a interposição de Embargos (artigo 745-A, do CPC).

OUTROS EMBARGOS DO DEVEDOR (ARTIGO 746, DO CPC):

a). À adjudicação;

b). À Alienação ou Arrematação.

Prazo: 5 (cinco) dias contados do ato.

Fundamento: nulidade da execução ou causa extintiva da execução que seja posterior à penhora.

Procedimento: O adquirente poderá desistir da aquisição (artigo 746, §1º, CPC), e se assim o for o juiz liberará o

valor depositado em seu favor, mas se o juiz entender que os embargos foram protelatórios imporá multa

equivalente a 20% (vinte por cento) do valor em favor do adquirente do bem.

EXECUÇÃO POR CARTA (ARTIGO 747, CPC):

Na execução por carta os Embargos podem ser apresentados tanto no juízo deprecado, quanto no deprecante,

entretanto só poderão ser julgados pelo deprecante, salvo se o fundamento for exclusivamente vícios ou defeitos

oriundos da penhora, avaliação ou alienação (atos praticados pelo juízo deprecado)

Título : DOS EMBARGOS DE TERCEIRO

EMBARGOS DE TERCEIROS

(Artigos 1046 e seguintes do CPC).

Conceito: é o remédio processual usado por aquele que apesar de não ser parte sofre turbação ou esbulho em sua

posse por meio de um ato de constrição judicial (penhora, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrolamento,

inventário, partilha etc.)

Comparação com a intervenção de terceiros, na qual seja, a assistência e a oposição:

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Na assistência o terceiro requer a intervenção para auxiliar que uma das partes obtenha sentença de mérito

favorável, em virtude de ter interesse jurídico na causa.

Na oposição o terceiro intervem por que pretende obter a declaração de que o direito disputado no processo de

conhecimento lhe pertence,não sendo necessário que exista qualquer espécie de constrição do bem.

Os embargos são manejáveis quando há constrição judicial ocorrendo ou em vias de ocorrer, e seu objetivo é

apenas liberar o bem e/ou excluí-lo daquela discussão, muitas vezes sem adentrar ao mérito da ação a qual incidem

e sem atar o direito do autor ou do réu. Ex: bem de terceiro que por equivoco foi objeto de penhora.

Natureza Jurídica mista: posto que tem caráter declaratório, já que o embargante pretende que o juiz declare a

inexistência de vínculo do seu bem com o processo na qual houve a indevida constrição judicial e em segundo

plano também tem natureza constitutiva, pois tem o poder de revogar a constrição anteriormente procedida, caso

sejam procedentes os embargo.

Legitimidade: todo aquele que seja titular de direitos ou tenha a posse sobre o objeto de constrição judicial, desde

que não seja parte e não tenha responsabilidade executiva, ou seja, não esteja obrigado a se sujeitar ao ato.

Fraude: o STF entende que a fraude contra a execução pode ser reconhecida aos autos dos embargos de

terceiros, porque é ato ineficaz, entretanto a fraude contra credor não, pois até que o ato seja anulado, por

meio de ação pauliana, o terceiro será o legitimo proprietário. (ver súmula 195 STJ)

Embargante é credor com garantia real e não foi intimado da penhora sendo o bem dado em garantia.

(art1054, CPC)

- Contra os embargos do credor com garantia real só se pode alegar:

a) insolvência do devedor (inexistência de outros bens)

b) nulidade do título ou inexigibilidade contra o terceiro; (ex: falta de registro)

c) outro é o bem dado em garantia.

Competência: distribuída por dependência (na hipótese de execução por carta de Embargo devem ser

apresentados ao juízo que ordenou a medida)

Procedimento:

a) Judicial

- liminar (se a constrição fez com que o terceiro perdesse a posse do bem): documentos que provem a posse e

se for o caso sua qualidade de terceiro e rol de testemunhas caução

- valor da causa: dos bens disputados

- autos apartados

obs: Se os embargos disserem a respeito de todos os bens alegados ao processo principal, esse será suspenso.

o juiz pode marcar audiência de justificação se entender necessário e nesse caso, determinará a citação do

réu para acompanha-la correndo o prazo de resposta, a partir da declaração liminar.

Prazo de resposta: 10 dias

Sem resposta: juiz decide em 5 dias.

Legitimidade de quem é parte, mas defende bens em título diverso do de parte. Ex: mulher intimada da

penhora de imóvel e que pretende defender sua meação.

Legitimidade passiva: a quem interessa a medida de constrição (credor em geral). Ex: se o devedor fez a

nomeação ele também deve figurar no pólo passivo.

Prazo:

[email protected]

a) constrição em processo de conhecimento: (art1048, CPC) até antes da sentença transitar em julgado (obs: a

coisa julgada não atinge terceiro, por isso se não usar Embargos, ainda lhe resta vias ordinárias). Ex: bem arrolado

em partilha de ação de separação judicial.

b) Constrição em processo de execução: até 5 dias após a arrematação, mas nunca depois da assinatura da

respectiva carta, (conta-se sempre da lavratura do auto)

Título : EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

(ARTIGOS 730 e 731, CPC)

É execução que obedece a procedimento diverso das demais execuções, tendo em vista a impenhorabilidade dos

bens pertencentes a Fazenda Pública.

Procedimento:

1 – A Fazenda é citada para opor embargos no prazo de 10 dias, nos termos do artito 730, do CPC;

2 – Os embargos não têm efeito suspensivo, pois seguem a regra geral, agora alterada com o advento da Lei

nº11.282/06;

3 – Não havendo embargos ou sendo esses rejeitados, o juiz por meio do Presidente do Tribunal expedirá a

requisição de pagamento, a qual se denomina “precatório”;

4 – A Fazenda é obrigada a incluir a verba no orçamento do próximo ano (mês de dezembro do ano subseqüente ao

da respectiva apresentação);

5 – Os pagamentos serão feitos na ordem de apresentação dos precatórios, tendo preferência àqueles de caráter

alimentar (art 100, caput, CF/88);

6 – Se for desobedecida a ordem de preferência por meio do pagamento a outro credor, poderá ser requerido ao

Presidente do Tribunal, ouvindo o Procurador Geral da Justiça, o seqüestro da quantia equivalente.

à Obrigações de “pequeno valor”:

O art 100 § 3° CF/88 determina que as obrigações de pequeno valor não se sujeitam ao regime dos precatórios,

delegando a lei ordinária o poder de definir o “valor” de tais obrigações.

A Lei Federal n° 10.259/01 determinou que estas obrigações são as inseridas na competência dos Juizados

Especiais Federais, qual seja de 60 salários mínimos.

O Art 87 do ADCT determina que enquanto no âmbito estadual e municipal não for publicada lei, valerá:

40 salários para Estados e D.F.

30 salários para Município.

O credor poderá optar por essa forma de pagamento, desde que renuncie a diferença, que exceda ao limite legal,

não se permitindo do fracionamento do valor, sob qualquer forma.

à Execução provisória: se o objeto for recebimento de valores, não será permitido.

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à Correção pelo decurso do prazo: antes da E.C 30/00 havia a expedição de precatório suplementar, hoje esta

emenda introduziu as seguintes alterações:

· o pagamento deve ocorrer sempre ate o final do exercício seguinte a sua apresentação;

· os precatórios são atualizados na data do pagamento;

· o Presidente do tribunal pode responder por crime de responsabilidade se retardar ou frustrar a liquidação do

precatório.

à Os créditos de natureza alimentar não necessitam obedecer a ordem cronológica, conforme autoriza o artigo 100,

da Constituição Federal (Súmulas 655 do STF e 144 do STJ).

Título : EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS

É uma espécie de execução por quantia certa que pela relevância de seu objeto foi tratada de forma diferenciada

pelo legislador (artigo 5º, LXVII, da Constituição Federal).

A execução de alimentos pode ser processada pelo rito especial, quando se pede a prisão do devedor, ou pelo rito

comum das execuções, circunstância em que o objetivo é a penhora de bens.

à Averbação em falta de pagamento: Na execução de alimentos é possível que o juiz profira ordem para que o

débito seja descontado em folha de pagamento, sendo o devedor empregado público ou celetista.

Apos a averbação do débito em folha o devedor terá o direito de oferecer embargos.

à Prisão civil: a parte credora poderá requerer, já na inicial que o devedor de alimentos seja citado para em 3 (três)

dias efetuar o pagamento ou provar porque não o fez, ou se já o fez, sob pena de prisão de 1 a 3 meses (art 733,§1º,

CPC).

A prisão não exime o devedor do pagamento e este poderá ser preso quantas vezes ocorrer o inadimplemento.

Não há prisão “ex officio” e só a parte pode requerê-la.

A Súmula nº309 do Superior Tribunal de Justiça declarou que a dívida que justifica a pena de prisão tem de ser

atual, assim considerada a dívida correspondente às três anteriores a propositura da ação e aquelas que se venceram

no curso do processo.

à Não obstante a redação do art 733, CPC fale literalmente em “alimentos provisionais”, nossos Tribunais firmam

entendimento de que também nos alimentos definitivos deve se possibilitar a prisão, por uma interpretação lógica.

à Prazo Maximo da prisão: o artigo 733, §1º, do CPC, determina que a prisão pode variar entre 1(um) a 3 (três)

meses.

à Opção pelo rito: na petição inicial o alimentando deverá informar se deseja que o devedor seja executado pelo

rito do artigo 733 do CPC, ou se por meio das execuções em geral, pela penhora (art 652, CPC).

Não obstante a opção na inicial, se após a prisão, persistir o inadimplemento o credor poderá pedir o

prosseguimento do feito pela penhora.