unidade 12- politicas de saude para a atencao integral a usuarios de drogas

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Políticas de saúde para a atenção integral a usuários de drogas Prof. Dr. Telmo M. Ronzani Daniela C. Belchior Mota Ao fim desta Unidade, você terá conhecimento de como os usuários do Sistema de Saúde acessam os serviços de prevenção, tratamento e reabilitação e as melhores condições de encaminhar ou prestar um cuidado mais adequado ao usuário de álcool e outras drogas. Irá conhecer, também, um pouco sobre a política de saúde brasileira e como o acesso aos serviços é organizado no sistema de saúde, enfatizando as seguintes questões: • A Política de Saúde Brasileira. • A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas • A Rede Assistencial para a Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas Unidade 12

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politicas de saude - usuário de droga

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Page 1: Unidade 12- Politicas de Saude Para a Atencao Integral a Usuarios de Drogas

Políticas de saúde para a atenção integral a usuários de drogas

Prof. Dr. Telmo M. RonzaniDaniela C. Belchior Mota

Ao fim desta Unidade, você terá conhecimento de como os usuários do Sistema de Saúde acessam os serviços

de prevenção, tratamento e reabilitação e as melhores condições de encaminhar ou prestar um cuidado mais

adequado ao usuário de álcool e outras drogas. Irá conhecer, também, um pouco sobre a política de saúde brasileira e como o acesso aos serviços é organizado no

sistema de saúde, enfatizando as seguintes questões:

• A Política de Saúde Brasileira.

• A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas

• A Rede Assistencial para a Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas

Unidade 12

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Políticas de saúde para a atenção integral a usuários de drogas

1. A Política de Saúde Brasileira

Na década de 80, o intenso debate sobre os direitos humanos teve como ponto culminante a elaboração da Constituição de 1988, a qual destacou a saúde como uma das condições essenciais à vida digna sen-do, portanto, um direito humano fundamental. Assim, a Política de Saúde Brasileira foi formulada a fim de viabilizar a garantia normativa máxima do direito à saúde.

Na política de saúde, a operacionalização deste princípio constitucional ocorreu por meio da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem o seu funcionamento organizado pelas Leis no 8.080/90 e 8.142/90. Com o SUS, à saúde passa a ser pensada como uma obri-gatoriedade do Estado, por meio da responsabilidade das esferas de governo federal, estaduais e municipais. Isto inclui não só na gestão do sistema de saúde, mas também a participação destas esferas no finan-ciamento e oferta de serviços. O SUS foi concebido a partir dos seguin-tes princípios doutrinários:

• Universalidade: assegura o direito à saúde a todos os cida-dãos, independente de condição de saúde, gênero, idade, re-gião, condições financeiras, etc.

• Integralidade: considera as diversas dimensões do processo saúde-doença que afetam o indivíduo e a coletividade, atuan-do, portanto, na promoção, prevenção e tratamento de agra-vos.

• Equidade: direito à assistência de acordo com o nível de com-plexidade.

Para que o direito à saúde não seja negado na prática constitucional, há di-

retrizes organizativas que visam proporcionar maior efetividade aos referidos

princípios. Entre estas diretrizes, está a descentralização, que aponta a ênfase

nos municípios como esfera principal de acesso aos serviços e gestão de saúde;

a hierarquização, que se refere à criação de uma rede de cuidados em níveis

de complexidade para a racionalização e melhor gasto dos serviços de saúde;

e a participação comunitária ou controle social, que garante a participação

de representantes da comunidade na proposição, fiscalização e gestão dos sis-

temas de saúde.

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Em relação à participação comunitária, destaca-se a institucionaliza-ção dos Conselhos de Saúde e das Conferências de Saúde, definidas pela Lei n° 8.142/90. Estes são espaços para que a população possa vocalizar as suas demandas, atuar na proposição de diretrizes para a formulação de políticas e para que o modelo de gestão participativa do SUS seja consolidado.

Portanto, o SUS é o arranjo organizacional para a implementação da política de saúde. Mas, quais são as questões que afetam a saúde da população e que devem estar incluídas na agenda da política de saúde?

Embora tradicionalmente o uso de álcool e outras drogas tenha sido alvo de abordagens moralistas e reducionistas, considerando a diver-sidade de danos relacionados ao uso destas substâncias, em 2003 foi publicada no Brasil a “A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas”. Esta Política se com-prometeu a enfrentar os diferentes problemas associados ao consumo de álcool e outras drogas enquanto uma questão de saúde pública.

No próximo item você observará como a política de álcool e outras drogas foi operacionalizada segundo a lógica da Política de Saúde Bra-sileira.

2. A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas

De forma resumida, a história das políticas de saúde mental no Brasil é marcada por embates e disputa de diferentes interesses, o que levou a uma mobilização de diversos setores da sociedade para que houvesse um cuidado mais digno e humanizado aos portadores de sofrimento mental. Este movimento ficou conhecido como Luta Antimanicomial e propôs as mudanças para a consolidação da Reforma Psiquiátrica, que, de uma forma geral, defendia a inversão do sistema de manicô-mios fechados para o tratamento de portadores de sofrimento mental, os quais na maioria das vezes eram excludentes e desumanizados, para serviços de base comunitária, extra-hospitalares e chamados de “porta aberta”, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD). Poste-riormente, a partir de experiências exitosas que aconteceram no Brasil,

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foi possível a formulação da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde.

A política voltada para os usuários de álcool e outras drogas está arti-culada à Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Um impor-tante marco constitucional é a Lei nº 10.216 / 02, a qual dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, entre eles os usuários de álcool e outras drogas, destacando que é res-ponsabilidade do Estado o desenvolvimento de ações de assistência e promoção de saúde a esta população. Esta lei direciona também o modelo assistencial em saúde mental, de acordo com os preceitos do movimento da Reforma Psiquiátrica, voltada para a criação de uma rede assistencial baseada em dispositivos extra-hospitalares, a qual será detalhada a seguir.

Especificamente em relação às políticas sobre álcool e outras drogas, outro marco legislativo relevante é a Lei nº 11.343 / 06, a qual prescre-ve medidas para prevenção do uso, atenção e reinserção social de usuá-rios e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à pro-dução não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas. Segundo esta Lei, o usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário. Além disso, esta lei faz a distinção entre usuários / dependentes de drogas e traficantes. Embora o porte continue sendo caracterizado como crime, usuários e dependentes não estarão mais sujeitos à pena restritiva de liberdade, mas sim às medidas socioeducativas.

Deste modo, há a superação do modelo moralizante do cuidado e o resgate da cidadania dos usuários enquanto sujeitos com plenos di-reitos, inclusive o de se cuidar. Enquanto perspectiva teórico-prática, a política do Ministério da Saúde se baseia nos princípios de Redução de Danos, tendo em vista o rompimento com as metas de abstinência como única possibilidade terapêutica.

Destaca-se que a política para os usuários de álcool e outras drogas é convergente com os princípios e orientações do SUS, buscando a uni-versalidade do acesso e do direito à assistência aos usuários. De acor-

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do com a perspectiva da Política de Saúde Brasileira, é possível verificar os seguintes pontos principais da Política de Álcool e outras Drogas:

• Integralidade das ações, que vai envolver desde ações de promoção e prevenção destinadas à população geral, até ações assistenciais para aqueles usuários que necessitam de tratamento.

• Descentralização e autonomia da gestão pelos níveis estadu-ais e municipais para o desenvolvimento em ações voltadas para álcool e outras drogas e estruturação dos serviços mais próximos do convívio social.

• Equidade do acesso dos usuários de álcool e drogas às ações de prevenção, tratamento e redução de danos, de acordo com prioridades locais e grau de vulnerabilidade.

• Mobilizar a sociedade civil bem como estabelecer parcerias locais para a defesa e promoção dos direitos.

Para a consecução de tais objetivos, a política está organizada a partir do estabelecimento de uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas, pois não se pode pensar na assistência de forma frag-mentada e sim de forma INTEGRAL e INTERSETORIAL. Esses dois princípios são fundamentais para nosso curso porque é a partir des-tes que podemos pensar o quão importante é articular os diferentes Conselhos com o setor saúde para que o usuário tenha um cuidado integral, de acordo com suas necessidades e problemas.

Tendo em vista a importância de que você, conselheiro, incorpore a perspectiva do direito à saúde a sua prática e, deste modo, proceda o encaminhamento dos usuários de álcool e outras drogas para o setor de saúde, a seguir vamos conhecer como a política de álcool e outras drogas brasileira organiza à rede assistencial para esta população.

3. A Rede Assistencial para os Usuários de Álcool e outras Drogas

A política de saúde mental brasileira está voltada para realizar um cui-dado integral, objetivando promover a atenção aos usuários baseada

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em evidências científicas e principalmente com uma ação de base co-munitária. De acordo com a Reforma Psiquiátrica, a rede assistencial proposta por esta política é baseada na criação de uma rede de atenção aos usuários de modelo extra-hospitalar, inserido na comunidade, de caráter interdisciplinar e que evita a cronificação dos pacientes e o iso-lamento social.

Assim, o aparato organizativo pensado para promover a Reforma Psi-quiátrica no Brasil foi por meio da criação e disseminação do modelo extra-hospitalar de saúde, chamados Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), para substituir de forma organizada e gradual o modelo hos-pitalocêntrico.

As atividades e responsabilidades dos CAPS para organização da políti-ca de saúde mental são:

• Direcionamento local das políticas e programas de Saúde Mental, desenvolvendo projetos terapêuticos e comunitários;

• Dispensa de medicamentos, encaminhamento e acompanha-mento de usuários que moram em residências terapêuticas, as quais são alternativas de moradia para os portadores de transtornos mentais que não contem com suporte familiar e social suficientes.

• Assessoramento e retaguarda para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cui-dado domiciliar;

• Promoção de saúde e de cidadania das pessoas com sofrimen-to psíquico;

• Prestar atendimento em regime de atenção diária;

• Gerenciar os projetos terapêuticos oferecendo cuidado clíni-co eficiente e personalizado;

• Promover a inserção social dos usuários por meio de ações in-tersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultu-ra e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas;

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• Organizar a rede de serviços de saúde mental do território;

• Dar suporte e supervisionar a atenção à saúde mental na Atenção Primária à Saúde;

• Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental da área de abrangência do CAPS;

• Coordenar junto com o gestor local as atividades de supervi-são de unidades hospitalares psiquiátricas que atuem no ter-ritório;

• Manter atualizada a listagem dos pacientes da região que uti-lizam medicamentos para a saúde mental.

As atividades desenvolvidas nos CAPS são:

• Atendimento individual

• Atendimento em grupo

• Atendimento para a família

• Atividades comunitárias

• Assembléias ou Reuniões de Organização do Serviço

Dentro da perspectiva de trabalho em rede e de atenção integral, cada vez mais se procura articular as atividades e ações de saúde mental jun-to aos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), entendendo que a reinserção social dos portadores de sofrimento mental deve ser rea-lizada na comunidade onde vivem. Os serviços de APS, como as Equi-pes de Saúde da Família, por exemplo, podem desempenhar um papel fundamental nesse processo, pois possibilitam o acompanhamento e a melhoria do acesso ao cuidado de saúde de pacientes que não procu-ram o CAPS e que podem ser acompanhados pelas Equipes de Saúde da Família. Na figura a seguir, podemos observar como a rede de saúde mental é pensada dentro de uma perspectiva integral.

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Políticas de saúde para a atenção integral a usuários de drogas

Fonte: Ministério da Saúde

Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPS i). A implantação destes serviços é definida de acordo com o porte do município:

• municípios de até 20.000 habitantes - rede básica com ações de saúde mental;

• municípios entre 20 a 70.000 habitantes - CAPS I e rede básica com ações de saúde mental;

• municípios com mais de 70.000 a 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS AD e rede básica com ações de saúde mental;

• municípios com mais de 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi, e rede básica. No caso dos municípios que não tiverem CAPS AD, está previsto a atenção aos usuá-rios de álcool e outras drogas na modalidade CAPS que esti-ver disponível no município.

REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL

Centro Comunitário

Instituiçõesde Defesa

dos Direitosdo Usuário

HospitalGeral

Prontos-SocorrosGerais

UnidadeBásica

de SaúdePCF/PACSSaúde daFamília

Residências Terapeuticas

Centro de AtençãoPsicossocial

CAPS

CAPSiCAPSod

PSF

PSF

Vizinhos Preços

Esportes

Associações e/oucooperativas

TrabalhoAssociação de bairro

Escola

Família

PSF

PSF

PSF

PSF

PSF

PSF

PSF

PSF

PSF

PSF

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UNIDADE 12

Mas como funcionam especificamente os CAPS para usuários de dro-gas e como a rede assistencial é organizada para essa população?

Da mesma forma como se planejou a assistência a outros problemas de saúde mental, o Ministério da Saúde, também planejou ações vol-tadas aos usuários de álcool e outras drogas por meio dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). Os CAPS AD são dispositivos com funcionamento ambulatorial e de hospital-dia, com trabalho interdisciplinar e integral que procuram oferecer e criar uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas. As atividades e funções dos CAPS AD são:

• Prestar atendimento diário aos usuários dos serviços, dentro da lógica de redução de danos;

• Gerenciar os casos, oferecendo cuidados personalizados;

• Oferecer atendimento nas modalidades intensiva, semi-inten-siva e não-intensiva, de acordo com a necessidade do usuário garantindo que eles recebam atenção e acolhimento;

• Oferecer condições para o repouso e desintoxicação ambula-torial de usuários que necessitem de tais cuidados;

• Oferecer cuidados aos familiares dos usuários dos serviços;

• Promover, mediante diversas ações, esclarecimento e educa-ção da população, a reinserção social dos usuários, utilizando recursos intersetoriais;

• Trabalhar, junto a usuários e familiares, os fatores de prote-ção para o uso e dependência de substâncias psicoativas, bus-cando ao mesmo tempo minimizar a influência dos fatores de risco para tal consumo;

• Trabalhar a diminuição do estigma e preconceito relativos ao uso de substâncias psicoativas, mediante atividades de cunho preventivo/educativo.

É relevante acentuar que os CAPS ad são instâncias não só de cuidado aos usuários, mas também de organização e articulação de toda a

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rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas. Juntamente com a regulamentação dos CAPS AD, o Ministério da Saúde também instituiu o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada aos Usuários de Álcool e Outras Drogas, o qual objetiva:

• Aperfeiçoar as intervenções preventivas como forma de redu-zir os danos sociais e à saúde representados pelo uso prejudi-cial de álcool e outras drogas;

• Organizar / regular as demandas e os fluxos assistenciais;

• Promover, em articulação com instituições formadoras, a ca-pacitação e supervisão das equipes de APS, serviços e progra-mas de saúde mental locais.

Com ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários, o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada aos Usuários de Álcool e Outras Drogas está voltado para o desenvolvimento de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde e sociais.

Em situações de urgência decorrente do consumo de álcool e outras drogas, para as quais os recursos extra-hospitalares disponíveis não tenham obtido resolutividade, está previsto o suporte hospitalar à demanda assistencial, por meio de internações de curta duração em hospitais gerais (Portaria Nº. 2.629 de 28 de outubro de 2009) e evi-tando a internação de usuários de álcool e outras drogas em hospitais psiquiátricos.

Portanto, a política de álcool e outras drogas trata-se de uma políti-ca intersetorial e inclusiva, com ações em várias áreas: saúde, justiça, educação e social. Por meio do estabelecimento desta rede de atenção integral ao usuário e tendo o CAPS AD articulado a outros níveis de atenção à saúde e setores da sociedade, a política preconiza que a assis-tência deve pautar-se por ações de prevenção, tratamento e reinser-ção social.

No quadro a seguir foram sintetizados os principais pontos das Porta-rias que norteiam a atenção ao usuário de álcool e outras drogas:

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Políticas de saúde para a atenção integral a usuários de drogas

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UNIDADE 12

A Política de Drogas do Ministério da Saúde procura criar mecanismos de atenção integral dentro da perspectiva geral do SUS. Neste sentido, é importante que você conheça como funciona a rede de atenção e como é planejada a política de drogas. Como apontado anteriormente, a intersetorialidade e integralidade são fundamentais e o trabalho inte-grado entre os diversos setores pode melhorar de forma significativa a atenção aos usuários.

Por essa razão, conheça um pouco mais sobre o que é feito no seu município e

procure parceiros na área de saúde. Com certeza essa parceria será recompen-

sadora para as parte envolvidas, em especial para o usuário/paciente.

Portaria GM / MS nº 336 / 2002: Estabelece as modalidades de serviços CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS i e CAPS AD.

Portaria GM / MS nº 816 / 2002: Institui no âmbito do SUS a Pro-grama Nacional de Atenção Comunitária aos Usuários de Álcool e outras Drogas.

Portaria GM / MS nº 2.197 / 2004: Institui no âmbito do SUS, a Po-lítica Nacional de Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas

Portaria GM / MS nº 384 / 2005: Autoriza os CAPS I a atenderem álcool e drogas.

Portaria GM / MS nº 1.612 /2005: Credenciamento e habilitação de serviços hospitalares de referência para atenção aos usuários de álcool e outras drogas.

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Políticas de saúde para a atenção integral a usuários de drogas

Resumo Você está encerrando a Unidade 12 deste Curso. Nessa etapa, você pode observar que existem pressupostos e princípios da nossa Política de Saúde que precisamos resguardar não só como cidadãos, mas tam-bém como profissionais de diversas áreas, para que nossa população tenha um acesso à saúde universal e de qualidade, como assegura nossa Constituição.

Na próxima Unidade, você estudará os programas de promoção de saúde integrados na política nacional de educação. Até logo!

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ReferênciasBrasil. Lei nº 10.216 / 2001, de 06 de abril de 2001.

_____ Lei nº 11.343 / 2006, de 23 de agosto de 2006.

_____ Portaria GM / MS nº 336 / 2002, de 19 de fevereiro de 2002.

_____ Portaria GM / MS nº 816 / 2002, de 30 de abril de 2002.

_____ Portaria GM / MS nº 2.197 / 2004, de 14 de outubro de 2004.

_____ Portaria GM / MS nº 384 / 2005, de 05 de julho de 2005.

_____ Portaria GM / MS nº 1612 / 2005, de 09 de setembro de 2005.

_____ Ministério da Saúde. A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas. Brasília: Ministério da Saúde. 2004.

_____ Ministério da Saúde. A Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde. 2004.

CAMPOS GWS et al. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec. 2006.

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