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299
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro “A BIOGEOGRAFIA NO NÚCLEO DE RIO CLARO (SP): ANÁLISE E AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS NO PERÍODO DE 1969-2004” Márcia Helena Galina Orientador: Prof. Dr. Helmut Troppmair Rio Claro (SP) 2006

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

    Instituto de Geocincias e Cincias Exatas

    Campus de Rio Claro

    A BIOGEOGRAFIA NO NCLEO DE RIO CLARO (SP):

    ANLISE E AVALIAO DAS CONTRIBUIES

    CIENTFICAS NO PERODO DE 1969-2004

    Mrcia Helena Galina

    Orientador: Prof. Dr. Helmut Troppmair

    Rio Claro (SP)

    2006

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

    Instituto de Geocincias e Cincias Exatas

    Campus de Rio Claro

    A BIOGEOGRAFIA NO NCLEO DE RIO CLARO (SP):

    ANLISE E AVALIAO DAS CONTRIBUIES

    CIENTFICAS NO PERODO DE 1969-2004

    Mrcia Helena Galina

    Orientador: Prof. Dr. Helmut Troppmair

    Tese de Doutorado apresentada

    ao Curso de Ps-Graduao em

    Geografia, rea de Concentrao em

    Organizao do Espao, para obteno

    do Ttulo de Doutor em Geografia

    Rio Claro (SP)

    2006

  • 574.9 Galina, Mrcia Helena G158b A biogeografia no ncleo de Rio Claro (SP) : anlise e

    avaliao das contribuies cientficas no perodo de 1969-2004 / Mrcia Helena Galina. Rio Claro : [s.n.], 2006

    278 f. : il., grfs., quadros, fots., mapas

    Tese (doutorado) Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geocincias e Cincias Exatas

    Orientador: Helmut Troppmair

    1. Biogeografia. 2. Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro. I. Ttulo.

    Ficha Catalogrfica elaborada pela STATI Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP

  • COMISSO EXAMINADORA

    1- Dr. Helmut Troopmair (Orientador) IGCE/UNESP/Rio Claro (SP)

    2- Dr. Adler Guilherme Viadana - IGCE/UNESP/Rio Claro (SP)

    3- Dra. Lucy Marion C. P. Machado - IGCE/UNESP/Rio Claro (SP)

    4- Dra. Marta Felcia Marujo Ferreira Universidade Federal de Alfenas/ Alfenas

    (MG)

    5- Dra. Juliana Augusta Verona Faculdade de Vinhedo/ Vinhedo (SP)

    _______________________________________

    Mrcia Helena Galina

    Rio Claro, 5 de outubro de 2006

    Resultado: Aprovada

  • Aos meus pais,

    Geraldo Galina e Maria Braghin Galina,

    que me proporcionaram o conhecimento sobre os

    princpios fundamentais para a vida em sociedade,

    como dignidade, carter e respeito ao prximo.

    DEDICO

  • A G R A D E C I M E N T O S

    Agradeo s seguintes Pessoas e Instituies:

    - Orientador Prof. Dr. Helmut Troppmair do Departamento de Geografia da UNESP de Rio

    Claro, pela orientao, concesso de material relevante, amizade e ateno dispensadas desde a

    graduao. Fundador do Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro, sempre muito admirado e

    respeitado pelos alunos e colegas de profisso, ao longo dos seus anos dedicados Docncia e

    Pesquisa;

    - Professores componentes do Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro, Departamento de

    Geografia da UNESP de Rio Claro, mais diretamente envolvidos com a temtica Biogeogrfica:

    Professor Doutor Adler Guilherme Viadana, Professor Doutor Jos Carlos Godoy Camargo,

    Professora Doutora Ana Tereza Cceres Cortez e Professora Doutora Maria Juraci Zani dos

    Santos pela concesso de material essencial para a elaborao do presente trabalho. Professores e

    pesquisadores assduos e portadores de contedo profundo e interessante, sempre trabalhando para o

    progresso da cincia;

    - Instituto Geolgico - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo - pela

    concesso das condies e materiais necessrios para o andamento e finalizao da presente pesquisa,

    na pessoa da Diretora Geral Dra. Sonia Aparecida Abissi Nogueira;

    - Amigos, Colegas e funcionrios da Ps-Graduo, do Departamento de Geografia, da

    Biblioteca e do Instituto Geolgico, em especial, Juliana Augusta Verona, Gilberto D. Henrique e

    Maria Isabel Vitorino, pelo companheirismo e incentivo.

    Por fim, agradeo a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para a elaborao deste

    trabalho, seja com atos, gestos ou palavras.

  • [...] Ao macular uma natureza que se pretende intocada pela mo humana, a histria passa a ser inimiga do mito e conduz a uma indesejada reflexo sobre o cunho utilitarista que sempre marcou as relaes do Ocidente com o universo natural. Alm de afastar qualquer sonho de remisso, esse perambular pelas trevas adquire contornos quase profanos, ao trazer do passado uma imagem to inesperada e angustiante, frgil desenho composto de documentos esfacelados, frases incompletas e velhas figuras, farrapos de uma memria cada vez mais gasta e dbil, ltimo refgio de um mundo que no mais existe sob o sol. Estranho orculo esse, cuja indizvel crueldade condena renovada lembrana de florestas sem fim e do grito das aves a escurecer o cu em um perdido dia de glria. (Papavero e Balsa, 2001:1037)

  • S U M R I O

    NDICE...................................................................................................................................... i

    NDICE DE FIGURAS.............................................................................................................. vi

    RESUMO................................................................................................................................... xiii

    ABSTRACT............................................................................................................................... xiii

    I- INTRODUO E OBJETIVOS............................................................................................ 01

    II- MATERIAIS E METODOLOGIA......................................................................................... 04

    III- REVISO DA LITERATURA............................................................................................. 09

    IV- ANLISE E AVALIAO DA PRODUO ACADMICA DO NCLEO DE

    ESTUDOS BIOGEOGRFICOS DE RIO CLARO................................................................... 24

    V- RESULTADOS E CONCLUSES......................................................................................... 226

    VI- REFERNCIAS ................................................................................................................... 267

    VII- ANEXOS ............................................................................................................................ 274

  • N D I C E

    I- INTRODUO E OBJETIVOS........................................................................................... 01

    II- MATERIAIS e METODOLOGIA .................................................................................... 04

    III- REVISO DA LITERATURA........................................................................................... 09

    3.1) Geografia, Biogeografia no contexto Geogrfico e Evoluo dos Estudos Biogeogrficos......................................................................................................................... 09

    3.1.1) Breve histrico sobre evoluo do paradigma da Cincia Geogrfica.................. 09 3.1.2) A Biogeografia no contexto da Geografia ............................................................. 11 3.1.3) Consideraes sobre Teorias Evolutivas e Biogeogrficas.................................... 13 3.1.4) O desenvolvimento de estudos em Biogeografia, no mbito da Geografia,no Brasil............................................................................................................................. 19

    3.2) Novos Desafios: Breves Reflexes sobre Biodiversidade no atual cenrio daBiotecnologia .......................................................................................................................... 21

    IV- ANLISE E AVALIAO DA PRODUO CIENTFICA DO NCLEO DE

    ESTUDOS BIOGEOGRFICOS DE RIO CLARO.............................................................. 24

    4.1) Prof. Dr. Helmut Troppmair............................................................................................ 24

    4.1.1) Produo Cientfica Indicada Para Avaliao.......................................................... 25

    4.1.1.1) Livre Docncia: Estudo Zoogeogeogrfico e Ecolgico das Formigasdo Gnero Atta (Hymenoptera) com nfase sobre a Atta Laevigatta,(Smith, 1858), no Estado de So Paulo........................................................................ 25 4.1.1.2) Livros e Captulos de Livros: Biogeografia e Meio Ambiente...................... 30 4.1.1.3) Artigos............................................................................................................ 31

    A) A Cobertura Vegetal Primitiva do Estado de So Paulo.................................. 31 B) Contribuio ao Estudo Fenolgico do Estado de So Paulo peloIp Amarelo (Tabebula Pulcherrima) ................................................................. 33 C) Estudo Biogeogrfico das reas Verdes de Duas Cidades Mdiasdo Interior Paulista: Piracicaba e Rio Claro......................................................... 35 D) Estudo Biogeogrfico de Liquens como Vegetais Indicadores de Poluio Area da Cidade de Campinas S. P................................................... 36 E) Ecossistemas e Geossistemas do Estado de So Paulo.................................... 38 F) Perfil Fitoecolgico do Estado do Paran........................................................ 41 G) Qualidade Ambiental e de Vida Em Rio Claro ............................................. 43 H) Condies Geoambientais, Ocorrncia de Neblina e Acidentesem Rodovias Paulistas............................................................................................ 44 I) Poluio Sonora na rea Central do Espao Urbano de Rio Claro.................... 46

    4.1.2) Orientaes Efetuadas................................................................................................ 48 4.1.2.1) Doutorado......................................................................................................... 48

    A) Contribuio Definio Climtica da Bacia do Corumbata e Adjacncias (S.P.), dando nfase Caracterizao dos Tipos de Tempo............. 48 B) Influncias climticas associadas s Pedolgicas e Econmicas naproduo de cana-de-acar nos Ncleos Canavieiros do Estado deSo Paulo................................................................................................................ 50

    i

  • C) Estudo Biogeogrfico Comparativo de uma rea de Mata Latifoliada de Encosta e de uma rea Reflorestada no Estado de So Paulo........................ 50 D) Anlise Ambiental da Sub-Bacia do Rio Piracicaba: Subsdiosao seu Planejamento e Manejo ........................................................................... 51 E) Dinmica da Paisagem: Estudo Integrado de Ecossistemas Litorneos em Huelva (Espanha) e Cear (Brasil)................................................................. 53 F) A Ecologia da Paisagem e a Questo da Gesto de Recursos Naturais:Um Ensaio Terico-Metodolgico realizado a partir de duas reasda Costa Atlntica Brasileira................................................................................. 54 G) Geossistemas de Santa Catarina....................................................................... 57 H) Organizao do Espao e Manejo do Solo em Santa Terezinha, no Alto Vale do Itaja - SC: Reflexos sobre a Qualidade Ambiental e a Ocorrncia de Enchentes na Bacia Hidrogrfica do Itaja.................................... 60 I) Litoral Sul de Sergipe: Uma Proposta de Proteo Ambiental e Desenvolvimento Sustentvel............................................................................... 62 J) Regies Bioclimticas do Estado de Mato Grosso do Sul................................ 64 K) O Afogar das Veredas: Uma Anlise Comparativa Espacial e Temporal das Veredas do Chapado de Catalo (GO).......................................... 68

    4.1.2.2) Mestrado A) A Fauna Urbana de Uberlndia (MG) com Destaque a Avifauna: Um Estudo de Biogeografia Ecolgica................................................................. 73 B) A Qualidade das guas na Bacia do Rio Piracicaba......................................... 76 C) Transformaes na Organizao Espacial da Cobertura Vegetal no Municpio de Uberlndia (MG) De 1964 A 1979................................................. 78 D) As reas Verdes de Piracicaba......................................................................... 81 E) Sensao de Conforto como Metodologia para Delimitar Espaos Bioclimticos e Biogeogrficos no Estado de So Paulo....................................... 82 F) Biotopos na rea de Proteo Ambiental das Cuestas de So Pedro e Analndia........................................................................................... 85 G) Anlise da Qualidade Hdrica do Alto e Mdio Corumbata (SP) pela aplicao de Bio-Indicadores......................................................................... 85 H) O Lixo Domiciliar: A Produo de Resduos Slidos Residenciais em Cidades de Porte Mdio e a Organizao do Espao. O Caso de Rio Claro, SP... 86 I) Variao da Cobertura Vegetal e seus Reflexos na Eroso Superficial............. 88 J) Ensaio Metodolgico sobre a Ocupao Humana e as transformaes no Mosaico Ambiental na Fazenda de Picinguaba (SP) Parque Estadual daSerra do Mar, nos Perodos de 1962 e 1990 ......................................................... 90 K) Impactos na Cobertura Vegetal no Complexo Estuarino Lagunar Munda- Manguaba de 1965 A 1989/90............................................................................... 92 L) Ocupao em reas Inundveis em Blumenau (SC)......................................... 95 M) Qualidade Ambiental e de Vida na Cidade de Vrzea Paulista (SP): Estudo de Caso....................................................................................................... 97 N) Poluio Visual Em Rio Claro (SP) ................................................................. 100

    4.2) Prof. Doutor Jos Carlos Godoy Camargo.................................................................... 105

    4.2.1) Produo Cientfica Indicada Para Avaliao............................................................. 105

    4.2.1.1) Doutorado: Estudo Biogeogrfico Comparativo de uma rea de Mata Latifoliada de Encosta e de uma rea Reflorestada no Estado de So Paulo................. 105 4.2.1.2) Livre Docncia: Evoluo e Tendncias do Pensamento Geogrfico no Brasil: A Biogeografia.................................................................................................... 108

    ii

  • 4.2.1.3) Artigos................................................................................................................ 111 A) Estudo Fitogeogrfico da Vegetao Ciliar do Rio Corumbata (SP)............... 111 B) Estudo Fitogeogrfico e Ecolgico da Bacia Hidrogrfica Paulista do Rio a Ribeira.......................................................................................................... 115 C) Caracterizao da Vegetao Natural de Encosta da Regio Serrana de Itaqueri da Serra (SP)............................................................................................. 117 D) Zoogeografia da Regio Serrana de Itaqueri da Serra (SP).............................. 119

    4.2.2) Orientaes Efetuadas................................................................................................ 121 4.2.2.1) Doutorado........................................................................................................... 121

    A) Impactos e Condies Ambientais da Zona Costeira do Estado do Piau........ 121

    4.2.2.2) Mestrado............................................................................................................. 124 A) Anlise das Unidades Geoambientais na Plancie Deltaica do Rio Parnaba/PI................................................................................................. 124 B) O Humano pelo Vis Quantitativo: Um Exame do (Neo)Positivismo em Speridio Faissol, atravs da Leitura de Textos selecionados.............................. 126

    4.3) Profa. Doutora Ana Tereza Cceres Cortez................................................................. 130 4.3.1) Produo Cientfica Indicada Para Avaliao........................................................... 130

    4.3.1.1) Mestrado: Biotopos na rea de Proteo Ambiental das Cuestas de So Pedro e Analndia.................................................................................................... 130 4.3.1.2) Doutorado: Contribuio ao Estudo das Matas Ciliares: O Exemplo daPoro Meridional da APA de Corumbata (SP)............................................................. 134 4.3.1.3) Livre Docncia: A Gesto de Resduos Slidos Domiciliares: Coleta Seletiva e Reciclagem - A Experincia em Rio Claro..................................................... 138 4.3.1.4) Livros e Captulos de Livros: Paisagem e Qualidade de Vida........................... 140 4.3.1.5) Artigos................................................................................................................ 141

    A) A Legislao Ambiental no Brasil no Perodo de 1934-1984........................... 141 B) A Biogeografia e sua Relao com a Ecologia.................................................. 142 C) Produtores e Consumidores............................................................................... 143

    4.3.1.6) Trabalhos Apresentados em Reunies Cientficas: As Andorinhas Migratrias em Rio Claro (SP): seus impactos Negativos e Positivos............................ 144

    4.3.2) Orientaes Efetuadas................................................................................................ 145 4.3.2.1) Mestrado............................................................................................................. 145

    A) Anlise do Mercado Brasileiro de Reciclagem de Resduos Slidos Urbanos e Experincias de Coleta Seletiva em alguns Municpios Paulistas.................... 145 B) Caracterizao Geogrfica da Disperso do Flor, atravs de TeoresFoliares, em Espcies Vegetais de Interesse Econmico, a partir do Plo Cermico de Santa Gertrudes SP........................................................................ 148

    4.3.2.2) Especializao: Anlise e Caracterizao da Arborizao de Piracicaba/SP... 151 4.3.2.3) Graduao: A Conscientizao Ambiental como Subsdio para a questo dos Recursos Hdricos no Municpio de Piracicaba (SP)................................................. 155

    4.4) Professor Doutor Adler Guilherme Viadana................................................................ 157

    4.4.1) Produo Cientfica Indicada Para Avaliao............................................................ 157

    4.4.1.1) Mestrado: Anlise da Qualidade Hdrica do Alto e Mdio Corumbata (SP)pela aplicao de Bio-Indicadores................................................................................... 157

    iii

  • 4.4.1.2) Doutorado: Perfis Ictiobiogeogrficos da Bacia do Rio Corumbata (SP)......... 160 4.4.1.3) Livre Docncia: A Teoria dos Refgios Florestais Aplicada aoEstado de So Paulo........................................................................................................ 164 4.4.1.4) Livros e Captulos de Livros............................................................................. 168

    A) Um Plano de Recuperao de Hidrobiocenoce no Municpio de Corumbata (SP) em rea de Preservao Ambiental........................................... 168 B) Estudo Biogeogrfico do Astyanax Bimaculatus (Tambi) na Determinao da Qualidade de Hidrotopo no estado de So Paulo............................................. 170 C) Biogeografia: Natureza, Propsitos e Tendncias............................................ 171

    4.4.1.5) Artigos................................................................................................................ 173

    A) Abordagem Preliminar acerca da Metodologia da InterpretaoBiogeogrfica dos Ambientes Degradados por Ao Antrpica........................... 173 B) Proposta Metodolgica para Interpretao de Mapas Corolgicos:O exemplo da Regio Sul no Mapa: Fauna Ameaada de Extermnio.............. 174

    4.4.2) Orientaes Efetuadas................................................................................................ 176

    4.4.2.1) Mestrado ........................................................................................................... 176

    A) Subsdios para Adequar o Abastecimento Hdrico de Setor do Municpio de Rio Claro (SP).................................................................................................. 176 B) Ttulo: A Aplicao dos Perfis Geo-Ambientais em Setores da Cidade de Rio Claro (SP)................................................................................................... 179 C) Ttulo: A Vegetao Original do Setor Nordeste do Estado de So Paulo: Uma Representao Cartogrfica atravs de Tcnicas Simplificadas .................. 181 D) Ttulo: A Questo dos Resduos Slidos Urbanos: Uma Abordagem Scio-Ambiental com nfase no Municpio de Ribeiro Preto............................ 186

    4.4.2.2) Graduao: Os Aspectos Fitofisionmicos do Cerrado do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG).............................................................................................. 189

    4.5) Prof. Dra. Maria Juraci Zani dos Santos...................................................................... 193 4.5.1) Produo Cientfica Indicada para Avaliao........................................................... 193

    4.5.1.1) Mestrado: A Importncia da Variao do Ritmo Pluviomtrico para a Produo Canavieira na Regio de Piracicaba................................................................. 193 4.5.1.2) Doutorado: Influncias Climticas Associadas s Pedolgicas e Econmicas na Produo de Cana-de-Acar nos Ncleos Canavieiros do Estado de So Paulo...... 196 4.5.1.3) Livre Docncia: Variabilidade e Tendncia da Chuva e sua relaocom a Produo Agrcola na Regio de Ribeiro Preto.................................................. 198 4.5.1.4) Livros e Captulos de Livros: Mudanas Climticas e o Planejamento Agrcola............................................................................................................................ 200

    4.5.1.5) Artigos: Mudanas Climticas no estado de So Paulo..................................... 201

    4.5.2) Orientaes Efetuadas............................................................................................... 202 4.5.2.1) Doutorado.......................................................................................................... 202

    A) Agricultura e Meio Ambiente: Um estudo sobre a SustentabilidadeAmbiental de Sistemas Agrcolas na Regio de Ribeiro Preto (SP).................... 202 B) Variabilidade e Tendncia Climtica na Regio de Campinas (SP) e sua Relao com o Uso do Solo................................................................................. 205

    4.5.2.2) Mestrado............................................................................................................ 207 A) Anlise Ambiental e Conseqncias do Desmatamento no Municpio de Presidente Prudente............................................................................................... 207

    iv

  • B) Estudo de Microclima Subterrneo: O Exemplo da Gruta Olhos D`gua Castro (PR) ........................................................................................................... 210 C) Influncia Climtica na Produo de Feijo (Phaseolus Vulgaris L.) na Regio de Ribeiro Preto.................................................................................. 212 D) Influncia Climtica na Produo de Cana-de-Acar no Ncleo Canavieiro de Ja.................................................................................................................... 215 E) Comportamento Climtico e sua Influncia na Incidncia de Pragas eDoenas na Cultura de Citros nos Municpios de Limeira e Bebedouro (SP)...... 217 F) Mudanas Climticas de Curto Prazo: Tendncia dos Regimes Trmicos e Hdricos e do Balano Hdrico nos Municpios de Ribeiro Preto, Campinas e Presidente Prudente (SP) no Perodo de 1969-2001.............................................. 219 G) Variabilidade Climtica e a Produtividade do Milho em Espaos Paulistas..... 223

    V- RESULTADOS E CONCLUSES...................................................................................... 226

    A) Estudos Ambientais e de Qualidade de Vida............................................................... 236 B) Biogeografia Ecolgica................................................................................................ 241 C) Bioclimatologia............................................................................................................ 245D) Subsdios Tericos e Metodolgicos para a Biogeografia........................................... 248 E) Biogeografia Fitofisionmica...................................................................................... 250 F) Biogeografia Faunstica................................................................................................ 252 G) Biogeografia Histrica e Evolucionista ...................................................................... 254 H) Biogeografia Antrpica ou Social............................................................................... 256 I) Estudos Climatolgicos................................................................................................. 257 J) Biogeografia Regional.................................................................................................. 258 K) Biogeografia Florstica................................................................................................ 259

    5.1- Consideraes Finais....................................................................................................... 264

    VI- REFERNCIAS ................................................................................................................. 267

    VII- ANEXOS.............................................................................................................................. 274

    v

  • N D I C E D E F I G U R A S

    Figura 1 Quadro com roteiro geral para analise da produo cientfica selecionada............... 5

    Figura 2- Quadro sinttico e sistemtico como modelo para identificao dos trabalhos e

    contribuies geradas nas reas especficas da Biogeografia........................................................ 7

    Figura 3 - Os modelos da Geografia Fsica. Fonte: Bertrand (1982) apud Fournier (2001)......... 11

    Figura 4 Relaes entre isolao e diferenciao. Fonte: Muller (1974) apud

    Troppmair (2006)........................................................................................................................... 18

    Figura 5- Exemplo do grfico das termo-isopletas. Fonte: Troppmair (1973)............................. 26

    Figura 6- Ilustrao mostrando as condies de expulso de terra, corte e transporte de matria

    orgnica pelas savas em funo da temperatura. Fonte: Troppmair (1973)................................. 27

    Figura 7- Distribuio dos sauveiros em funo da topografia. Fonte: Troppmair (1973)........... 27

    Figura 8- Ilustrao mostrando os estados de tempo, os tipos de precipitao e o grau de

    atividades das savas (acelerada, normal e lenta) Fonte: Troppmair (1973)................................ 28

    Figura 9- Ilustrao mostrando o prejuzo causado pelas savas (%) em anos secos,

    midos e normais. Fonte: Troppmair (1973).................................................................................. 28

    Figura 10- Delimitao das Regies Ecolgicas de ocorrncia da Atta laevigata no estado

    de So Paulo. Fonte: Troppmair (1973)......................................................................................... 29

    Figura 11- Cobertura Vegetal Primitiva do estado de So Paulo. Fonte: Troppmair (1969)........ 32

    Figura 12- Representao da fenologia do Ip amarelo no Estado de So Paulo.

    Fonte: Troppmair (2006)............................................................................................................... 34

    Figura 13 - Zonas de ocorrncia de Liquens e Musgos e Grau de Poluio no Municpio

    de Campinas (SP) no perodo de 1974-1975. Fonte: Troppmair (1977)...................................... 38

    Figura 14- Exemplo de Geossistema Plancie Costeira Sul com as inter-relaes das variveis

    Biticas e Abiticas. Fonte: Troppmair (1983).............................................................................. 40

    Figura 15- Perfil Fitoecolgico do Paran. Fonte: Troppmair (1990).......................................... 42

    Figura 16 - Perfil Fitoecolgico de Sergipe. Fonte: Troppmair (1990)........................................ 43

    Figura 17- Ilustrao mostrando a ocorrncia de acidentes por trechos de 5 Km em dias

    de neblina (1996/97). Fonte: Troppmair (1998)........................................................................... 45

    Figura 18-Planta parcial da cidade de Rio Claro, ilustrando o centro, a intensidade de

    trfego e a poluio sonora. Fonte: Troppmair (1998).................................................................. 48

    Figura 19- Ilustrao mostrando a rea, a populao, a vazo mdia e o nmero de

    estabelecimentos do setor industrial nas quatro sub-bacias do rio Piracicaba.

    Fonte: Procknow (1990)................................................................................................................ 52

    Figura 20- Exemplo de Grfico de Interao. Fonte: Veado (1998)............................................ 58

    vi

  • Figura 21- Perfil da vegetao identificada na plancie fluvial no alto vale, na baixa e meia

    encosta e no topo de morros do alto vale. Fonte: Veado (1998).................................................. 59

    Figura 22- Imagem do Satlite LANDSAT 5 TM em que aparece parte dos geofceis Mdio Vale dos

    rios Canoas e Pelotas. Fonte: Veado (1998)................................................................................ 59

    Figura 23- Exemplo de uma rea ocupada pela agricultura no Alto Vale do Itaja

    (Blumenau SC)Fonte: Butzke Dallacorte (1998)..................................................................... 61

    Figura 24- Ilustrao do Nomograma de ndice de Conforto de Terjung (1966).

    Fonte: Parra (2001)........................................................................................................................ 65

    Figura 25- Delimitao das Regies Bioclimticas do Mato Grosso do Sul.

    Fonte: Parra (2001)........................................................................................................................ 66

    Figura 26- Registro da substituio da cobertura de capim sap por cimento amianto nas

    moradias das reservas indgenas no estado de Mato Grosso do Sul. Fonte: Parra (2001)............ 67

    Figura 27- Hospital com cobertura em cimento amianto Fonte: Parra (2001)............................. 67

    Figura 28- Vereda devastada para plantio de arroz. Fonte: Ferreira (2003)................................. 70

    Figura 29- Vereda transformada em represa com vegetao afogada e morta (tipo paliteiro).

    Fonte: Ferreira (2003).................................................................................................................... 71

    Figura 30- Retirada de argila de uma vereda para uso cermico. Fonte: Ferreira (2003)............ 71

    Figura 31- Fornos de queima de madeira para carvo vegetal (madeira de Cerrado a espera

    de carvoejamento). Fonte: Ferreira (2003).................................................................................... 72

    Figura 32- Vereda queimada em estgio de recuperao. Fonte: Ferreira (2003)....................... 72

    Figura 33- Perfil mostrando a distribuio vertical da fauna nos fundos de vale, nas reas

    centrais e nas reas perifricas. Fonte: Siegler (1981).................................................................. 74

    Figura 34- Teia Ecolgica envolvendo a fauna identificada. Fonte: Sigler (1981)..................... 75

    Figura 35- Exemplo do Modelo Hidrolgico de Thiessen. Fonte: Prochnow (1981).................. 77

    Figura 36- Perfil delimitando Geossistema, Geofceis e Geotopos. Fonte: Schneider (1982)..... 80

    Figura 37- Delimitao dos espaos bioclimticos no estado de So Paulo.

    Fonte: Castelo (1985)..................................................................................................................... 84

    Figura 38- Exemplo de canteiro de observao em solo desnudo. Fonte: Macagnan (1990)....... 89

    Figura 39- Exemplo de canteiro de observao em rea de pastagem. Fonte: Macagnan (1990). 89

    Figura 40- Cultivo da cana-de-acar no topo do tabuleiro e agricultura de subsistncia

    na encosta. Fonte: Calheiros (1993)............................................................................................. 94

    Figura 41- Eroso em Sulcos nas bordas do tabuleiro do interflvio Lagoa Munda e rio

    dos Remdios. Fonte: Calheiros (1993)......................................................................................... 94

    Figura 42- Densidade Demogrfica por Bairro. Fonte: Verona (2002)........................................ 99

    Figura 43- Concentrao populacional por bairro (m). Fonte: Verona (2002)............................ 99

    vii

  • Figura 44- Exemplo de excesso luminoso prximo a semforo no centro urbano da cidade

    de Rio Claro (SP). Fonte: Dvolos (2004)...................................................................................... 102

    Figura 45- Exemplo de publicidade com letreiros de grande porte (rua oito, Bairro Santana)

    em Rio Claro (SP). Fonte: Dvolos (2004)................................................................................... 102

    Figura 46- Identificao de placa de anncio sobre a calada no centro da cidade de

    Rio Claro (SP). Fonte: Dvolos (2004).......................................................................................... 103

    Figura 47- Exemplo de preservao da fachada arquitetnica de uma edificao,

    avenida dezoito (18) com rua um (01), Rio Claro (SP). Fonte: Dvolos ...................................... 103

    Figura 48- Exemplo da relao publicidade-meio ambiente. Praa entre a avenida visconde

    do Rio Claro e rua seis (06) no municpio de Rio Claro (SP). Fonte: Dvolos (2004).................. 104

    Figura 49- Perfil esquemtico da distribuio vertical da fauna numa rea de vegetao

    natural. Fonte: Godoy (1988)......................................................................................................... 107

    Figura 50- Perfil esquemtica da distribuio horizontal da fauna nas reas de mata, pastagem e

    mata galeria. Fonte: Godoy (1988)................................................................................................. 107

    Figura 51- Exemplo da distribuio horizontal da fauna numa rea reflorestada....................... 108

    Figura 52- Ilustrao dos tipos de Vegetao Ciliar identificados.

    Fonte: Camargo (1971) et al.......................................................................................................... 113

    Tabela 53- Exemplo de catalogao das espcies identificadas de acordo com o perfil,

    contendo o nome vulgar, o nome cientfico e a famlia. Fonte: Camargo (1971).......................... 114

    Figura 54- Perfil da vegetao identificada na rea de estudo. Fonte: Camargo et ali (1972).... 117

    Figura 55- Perfil esquemtico mostrando a ocorrncia da fauna associada com a vegetao

    da rea. Fonte: Camargo (1989)..................................................................................................... 121

    Figura 56- Aspectos da dinmica natural costeira do Estado do Piau.

    Fonte: Cavacanti (2000)................................................................................................................ 123

    Figura 57- Faissol contextualizado em panorama. Fonte: Reis Jr. (2003).............................. 128

    Figura 58- Exemplo do Biotopo Colinas Amplas e Vales Abertos identificado em So Pedro-

    S.P. (estrada Santa Maria-So Pedro). Fonte: Cortez (1985)....................................................... 131

    Figura 59- Exemplo do Biotopo Colinas Mdias e Vales Intermedirios com destaque

    para o pastoreio, favorecido pelo relevo e pelo solo. Fonte: Cortez (1985)................................... 131

    Figura 60-Exemplo do Biotopo Runeiforme. Fonte: Cortez (1985)............................................. 132

    Figura 61- Exemplo do Biotopo Morrotes Alongado e Espiges. Fonte: Cortez (1985) ............. 132

    Figura 62- Entalhes dos Vales com vegetao de desfiladeiro. Fonte: Cortez (1985).................. 132

    Figura 63- Exemplo do Biotopo de Represas e Lagoas. Fonte: Cortez (1985)............................ 133

    Figura 64- Biotopo Brejos e Plancies aluviais, solo hidromorfo identificado na estrada Itirapina-

    Brotas. Fonte: Cortez (1985)........................................................................................................... 133

    viii

  • Figura 65- Alinhamento de Cuestas registrado na estrada Santa Maria-So Pedro, municpio de

    So Pedro. Cortez (1985)............................................................................................................... 134

    Figura 66- Exemplo de reflorestamento ciliar na represa municipal de Iracempolis (SP)

    realizado em 1986. Fonte: Cortez (1991)....................................................................................... 136

    Figura 67- Detalhe do espaamento regular entre as mudas plantadas na represa municipal

    de Iracempolis. Fonte: Cortez (1991)........................................................................................... 136

    Figura 68- Reflorestamento ciliar no rio Jaguari (Cosmpolis- SP) realizado em 1960. Observa-se

    a densidade da vegetao. Fonte: Cortez (1991)............................................................................ 137

    Figure 69-Alunos participantes do programa de educao ambiental. Fonte: Cortez (2002)....... 139

    Figura 70- Esquematizao de uma rede alimentar. Fonte Krasilchiik (2002)............................. 144

    Figure 71- Localizao dos municpios paulistas selecionados para estudo.

    Fonte: Leite (2001)........................................................................................................................ 146

    Figura 72- Mesa de separao da central de triagem de materiais reciclveis de Corumbata (SP).

    Fonte: Leite (2001)........................................................................................................................ 147

    Figura 73- Uma das trs esteiras transportadora de materiais reciclveis da central de triagem da

    URBAM S/A em So Jos dos Campos (SP). Fonte: Leite (2001).............................................. 147

    Figura 74-Corte transversal de folha de capim colonio desenvolvido em regio com alto

    teor de flor (rea dentro do Plo Cermico) que apresentava colorao esverdeada.................. 151

    Figura 75- Parque da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Fonte: Leite (1997).. 153

    Figura 76- Rio Piracicaba e vegetao preservada. Fonte: Leite (1997)..................................... 154

    Figura 77- Parque Municipal da rua do Porto (Piracicaba). Fonte: Leite (1997)........................ 154

    Figura 78- Praa Jos Bonifcio - Piracicaba (SP). Fonte: Leite (1997)..................................... 155

    Figura 79- Quadro de verificao de Comportamento de Bioindicadores (modificada).

    Fonte: Viadana (1985).................................................................................................................. 158

    Figura 80 Graus de poluio (altamente poludo, poludo e limpo) identificados no alto e

    mdio curso do rio Corumbata pela aplicao de Bio-indicadores. Fonte: Viadana (1985)........ 159

    Figura 81- Ilustrao mostrando um corte transversal de um "hidrotopo" mendrico do

    segmento fluvial do mdio Passa Cinco no municpio de Ipena. Fonte: Viadana (1992,

    modificada).................................................................................................................................... 161

    Figura 82- Crrego da Servido, afluente pela margem esquerda do rio Corumbata.

    Fonte: Viadana (1992).................................................................................................................... 162

    Figura 83- Porto de areia instalado no alto do rio Corumbata. Fonte: Viadana (1992).............. 163

    Figura 84- Ponto de pesca com mata galeria relativamente preservada no Ribeiro da Cabea

    entre os municpios de Rio Claro e Ipena. Fonte: Viadana (1992)............................................ 163

    Figura 85- Exemplo de "linha-de-pedra" exposta em barranco de rodovia no municpio de

    ix

  • Capo Bonito (SP). Fonte: Viadana (2000).................................................................................... 165

    Figura 86- Calhaus expostos a cu aberto em terreno do Parque Estadual do Guaterl no

    municpio de Tibagi (PR). Fonte: Viadana (2000)......................................................................... 165

    Figura 87- Cactceas e bromlias terrestres observadas no municpio de Valinhos (SP).

    Fonte: Viadana (2000).................................................................................................................. 166

    Figura 88- Domnios naturais do Estado de So Paulo h 13.000 e 18.000 anos.

    Fonte: Viadana (2000) modificado............................................................................................. 168

    Figura 89- Esquematizao do Sistema de Abastecimento Urbano. Fonte: Mitt (2000)............. 177

    Figura 90- Esquematizao da interao entre o sistema respiratrio e o sistema sangneo.

    Fonte: Mitt (2000)........................................................................................................................... 177

    Figura 91- Bacia do rio Corumbata com destaque para a sub-bacia do Ribeiro Claro.

    Fonte: Mitt (2001)apud Vidana (1993).......................................................................................... 178

    Figura 92- Paisagem avistada a fundo, conhecida como Serra Azul.Fonte: Ceturi (2003)......... 182

    Figura 93- Viso aproximada da mata que origina a toponmia "Morro Verde".

    Fonte: Ceturi (2003)...................................................................................................................... 183

    Figura 94- Mata que origina o topnimo "Serra Negra". Fonte: Ceturi (2003)............................ 183

    Figura 95- Palmeiras denominadas Jaguari, s margem de rio homnimo.

    Fonte: Ceturi (2003)....................................................................................................................... 183

    Figura 96- Indivduos de Araucria perdendo territrio para as plantaes de eucaliptos

    em Pinhalzinho (SP). Fonte: Ceturi (2003), modificada................................................................ 185

    Figura 97-Ocorrncia de Palmceas em Santa Cruz das Palmeiras. Fonte: Ceturi (2003).......... 185

    Figura 98- rea do antigo lixo de Serrana, demarcada em vermelho. Ao fundo, rea de

    plantio de cana-de-acar. Fonte: Santos (2004)......................................................................... 187

    Figura 99- "Piscino"construdo na rea do lixo de Serrana para captao das guas pluviais.

    Fonte: Santos (2004)...................................................................................................................... 188

    Figura 100- Campo Cerrado no Chapado do Zagaia. Fonte: Carneiro (2001)........................... 190

    Figura 101- Campo Cerrado ilustrado por Warming em Lagoa Santa. Fonte: Carneiro (2001). 191

    Figura 102- Registro dos aspectos fitofisionmicos do Cerrado na rea de estudo.

    Fonte: Carneiro (2001)................................................................................................................... 192

    Figura 103- Perfil da Paisagem do Cerrado no Parque Nacional da Serra da Canastra.

    Fonte: Carneiro (2001).................................................................................................................. 192

    Figura 104- Exemplo da variao da produo de cana e de acar, de acordo com a variao da

    precipitao no perodo de 1960-70. Fonte: Santos (1975)............................................................ 195

    Figura 105- Piv-central em cultura de soja no municpio de Guara -SP (janeiro de 1995).

    Fonte: Francisco (1996)................................................................................................................. 204

    x

  • Figura 106- Canteiros de alface com irrigao no municpio de Ribeiro Preto SP

    (janeiro de 1995) Fonte: Francisco (1996)..................................................................................... 205

    Figura 107- Processo erosivo na rea norte do distrito de Amelipolis - Presidente Prudente

    - SP. Fonte: Francisco (1989)......................................................................................................... 209

    Figura 108- Exemplo de assoreamento de corpos hdricos em Presidente Prudente (SP).

    Fonte: Francisco (1989)................................................................................................................. 209

    Figura 109- Exemplares da fauna caverncola (opilies). Fonte: Carvalho (1994)...................... 211

    Figura 110- Exemplo da depredao do patrimnio espeleolgico. Fonte: Carvalho (1994)....... 212

    Figura 111- Localizao dos Municpios componentes da diviso regional administrativa de

    Ribeiro Preto no estado de So Paulo. Fonte: Chaim (1995)....................................................... 214

    Figura 112- Sintomas do cancro ctrico em frutos, folhas e ramos. Fonte: Bieras (2002)............ 218

    Figura 113- Freqncia Relativa da Deficincia Hdrica Anual dos Municpios de Ribeiro

    Preto, Campinas e Presidente Prudente. Fonte: Galina(2002)....................................................... 221

    Figura 114- Freqncia Relativa do Arm

  • Figura 125 Percentagem das subreas contempladas (produo cientfica indicada e

    orientaes efetuadas) pelo Prof. Dr. Adler Guilherme Viadana ................................................ 233

    Figura 126 Percentagem das subreas contempladas (produo cientfica indicada

    e orientaes efetuadas) pela Profa. Dra. Ana Tereza C. Cortez................................................. 234

    Figura 127 Percentagem das subreas contempladas (produo cientfica indicada

    e orientaes efetuadas) pela Profa. Dra. Maria Juraci Z. dos Santos......................................... 234

    Figura 128 Representao dos tipos de trabalhos analisados ao longo do perodo

    considerado................................................................................................................................... 235

    Figura 129 - Quadro sinttico e sistemtico como modelo para identificao dos trabalhos

    e contribuies geradas nas reas especfcas da Biogeografia.................................................... 235

    Figura 130- Mensurao das abordagens..................................................................................... 261

    Figura 131- Mensurao das escalas (local, sub-regional,regional e pontual) utilizadas nos

    trabalhos com abordagem areal................................................................................................... 261

    Figura 132- Proporo de pesquisas aplicadas no estado de So Paulo e em outros estados

    brasileiros, e de pesquisas com abordagens metodolgicas, conceituais e reflexivas;

    produzidas pelo Ncleo de Estudos Geogrficos de Rio Claro .................................................. 262

    Figura 133- Representao espacial e proporo de pesquisas aplicadas no estado de

    So Paulo e em outros estados brasileiros, produzidas no mbito do Ncleo de Estudos

    Geogrficos de Rio Claro............................................................................................................ 262

    Figura 134- Exemplo de imagem do satlite NOAA-17 com dados sobre NDVI...................... 266

    xii

  • R E S U M O

    Os objetivos da presente pesquisa compreenderam o resgate, o levantamento, a anlise e a avaliao sistemtica das contribuies e originalidades geradas pela produo cientfica na rea de Biogeografia, desenvolvida no perodo de 1969 a 2004, por professores, pesquisadores e alunos do Departamento de Geografia e de Ps-Graduao em Geografia, Instituto de Geocincias e Cincias Exatas de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista, mais diretamente envolvidos com a temtica biogeogrfica. A partir do levantamento anterior houve a classificao das pesquisas dentro das reas especficas da Biogeografia, a fim de identificar as subreas mais contempladas e as que vm apresentando maior desenvolvimento. Tambm houve aluso s abordagens espaciais e s escalas mais comumente utilizadas nessas pesquisas. A divulgao do papel de destaque dos pesquisadores vinculados ao denominado Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro na orientao e conduo das pesquisas, tanto no estado de So Paulo como em outros estados, acabou naturalmente compondo o rol dos objetivos. A gnese da Biogeografia deu-se pelos esforos de pesquisadores que se dedicaram investigao sobre a distribuio dos seres vivos, desde os primrdios, tais como os naturalistas, mas seu desenvolvimento e evoluo somente foram possveis pela dedicao de outros pesquisadores, como os do Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro, sobretudo quanto investigao sobre o relacionamento e funcionamento global das Biogeocenoses e dos Geossistemas.

    Palavras-Chave: Biogeografia, Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro, Contribuies e Originalidades.

    A B S T R A C T

    The objective of this study wa s recovery the academic production in Biogeography, developed since 1969 until 2004, by professors, researchers and students of the Geography Department, Master and Doctor Degree of Geography Program, Geosciences and Accurate Sciences Institute of So Paulo State University, at Rio Claro, more directly involved with Bi ogeography subjects. Before this investigation, a systematic analysis and estimation of the contributions and originalities were made, and a classification of the works in the specific disc iplines in Biogeography as well, for the purpose to identify the more contemplate areas and those that are showing more progress. It was given also an emphasis to the analysis of the space and the scales more common in these researches. Spreading the importance of the researchers in Nucleus of Biogeography Studies at Rio Claro to the development and conduction of these researches was a natural process of this work. The Biogeographys genesis was possible due the efforts of the researchers, sin ce a long time, in studying alive-beings distribution, like the naturalists did. But the development and evolution only had continuity by the dedication of other researchers (the Rio Claros researchers, for example) in studies about the relationship and the global functionality of the Biogeocenoses and Geossystems.

    Key-Words: Biogeography, Rio Claros Biogeography Studies Nucleus, Contributions and originalities.

    xiii

  • I- INTRODUO E OBJETIVOS

    O curso de Graduao em Geografia na Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro,

    assim como o Instituto de Geocincias e Cincias Exatas foram fundados em 1958,

    simultaneamente implantao da Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Rio Claro, at

    ento, Instituto Isolado de Ensino Superior. Dentro do currculo do referido curso de Graduao

    constava a disciplina de Biogeografia que, por falta de docente na rea, fora ministrada por um

    especialista em botnica, Professor Doutor Karl Arens. Posteriormente, assumiram a disciplina os

    gegrafos Professor Doutor Joo Dias da Silveira e Professor Doutor Carlos Augusto Figueiredo

    Monteiro.

    A partir de 1968, com o retorno do Professor Doutor Helmut Troppmair da Universidade de

    Bonn, Alemanha, onde havia se especializado em Biogeografia, a disciplina homnima passava

    para seu comando, assim como a liderana no encaminhamento de pesquisas e orientaes

    concernentes referida temtica junto ao Departamento de Geografia da atualmente denominada

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho.

    Com o decorrer dos anos, profissionais tanto da rea de Geografia como das demais reas do

    conhecimento (Ecologia, Sociologia, entre outras) procuraram capacitao em Biogeografia, sob a

    orientao do Professor Doutor Helmut Troppmair e, dentre esses, alguns passaram tambm a

    pesquisar, orientar alunos e lecionar no mesmo Departamento.

    Dava-se incio constituio do Ncleo de Estudos Biogeogrficos junto ao Departamento de

    Geografia da Universidade Estadual Paulista de Rio Claro, que passar a ser denominado no

    presente trabalho como Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro, onde inmeras

    metodologias de pesquisa foram desenvolvidas nas diversas reas especficas da Biogeografia e

    importantes encaminhamentos para a amenizao de problemas ambientais foram gerados. Diante

    disso, percebeu-se a necessidade do resgate e sistematizao dessa produo, assim como a anlise,

    avaliao e divulgao das principais contribuies e originalidades. Torna-se oportuno fazer aluso

    s colocaes de Camargo (1998), que elaborou um extenso levantamento de trabalhos

    biogeogrficos brasileiros, seguido de uma anlise crtica dessa produo, proporcionando um

    delineamento sobre tendncias futuras da Biogeografia, no mbito da Geografia, obra em que se

    pde constatar a relevncia do referido Ncleo de Estudos:

    [...] atualmente, o Departamento de Geografia da UNESP de Rio Claro o nico Departamento de Geografia do Brasil, e talvez da Amrica do Sul, que possui um grupo de especialistas em Biogeografia, todos discpulos de Troppmair e com o ttulo mnimo de Doutor. Sob influncia de Troppmair, esse grupo de Biogeografia acabou fundando em 1997, um Grupo de Estudos de Biogeografia, com a finalidade de desenvolver pesquisas, publicar trabalhos e orientar estudantes e demais interessados nessa temtica. Podemos dizer que o departamento de Geografia da UNESP de Rio Claro, sob a liderana de Helmut Troppmair, desempenha hoje um importante papel, no que diz respeito ao desenvolvimento

    1

  • e divulgao da Biogeografia, no mbito da Geografia, em nosso pas [...]. (CAMARGO, 1998:257)

    Diante do exposto, apresentam-se como objetivos do presente trabalho:

    1) Resgatar a produo acadmica na rea de Biogeografia, desenvolvida por professores do

    Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro, mais

    diretamente envolvidos com a temtica Biogeogrfica e em ordem cronolgica de envolvimento na

    rea: Prof. Dr. Helmut Troppmair, Professor Doutor Jos Carlos Godoy Camargo, Professora

    Doutora Ana Tereza Cceres Cortez, Professor Doutor Adler Guilherme Viadana e Professora

    Doutora Maria Juraci Zani dos Santos, assim como teses e dissertaes desenvolvidas por seus

    orientandos, com a grande maioria vinculada ao curso de ps-graduao em Geografia, na rea de

    Organizao do Espao, pelo Instituto de Geocincias e Cincias Exatas da mesma Universidade;

    2) A partir do levantamento anterior, analisar e avaliar sistematicamente as contribuies e

    originalidades geradas (sobretudo metodolgicas) por cada pesquisa, assim como classific-las

    dentro das reas especficas da Biogeografia, a fim de identificar as subreas mais contempladas e

    as que vm apresentando maior desenvolvimento;

    3) Identificar as abordagens espaciais (areal, linear e terica) e as escalas (regional, sub-

    regional, local e pontual) mais comumente utilizadas nas pesquisas;

    4) Divulgar o papel de destaque dos pesquisadores vinculados a esse Ncleo de Estudos na

    orientao e conduo das pesquisas em Biogeografia, tanto no estado de So Paulo como em

    outros estados brasileiros, assim como gerar subsdios para estudantes e professores, procurando

    dessa forma, contribuir para estudos futuros.

    Deve-se entender por produo cientfica, teses, dissertaes, captulos de livros, captulos de

    cadernos de formao, livros, artigos de peridicos e trabalhos apresentados em encontros

    cientficos, considerados mais relevantes pelos professores em questo, alm de estudos

    desenvolvidos por seus orientandos de graduao, especializao, mestrado e doutorado junto ao

    curso de graduao e ps-graduao em Geografia, na rea de Concentrao em Organizao do

    Espao, do Instituto de Geocincias e Cincias Exatas da Universidade Estadual Paulista, campus

    de Rio Claro.

    Existe, portanto, a presena de uma preocupao central, que se refere ao exame das

    contribuies e originalidades geradas nas reas especficas da Biogeografia, a partir da produo

    acadmica desenvolvida pelos professores e pesquisadores componentes do Ncleo de Estudos

    Biogeogrficos de Rio Claro e de preocupaes secundrias, ligadas mensurao das subreas

    dentro da Biogeografia mais contempladas, assim como das abordagens e escalas espaciais mais

    comumente utilizadas nesses estudos.

    2

  • Como justificativa da pesquisa, coloca-se, sobretudo a necessidade do resgate, sistematizao

    e divulgao de trabalhos com significativa importncia na rea biogeogrfica, assim como a

    mensurao das contribuies metodolgicas e epistemolgicas geradas a partir de um autntico

    Ncleo de Estudos Biogeogrficos, que desde a dcada de 70 vem se destacando com trabalhos

    pioneiros e contribuindo para o desenvolvimento da Biogeografia brasileira. Embora a gnese da

    Biogeografia tenha ocorrido pelos esforos de viajantes e naturalistas, seu desenvolvimento e

    evoluo somente foram possveis graas dedicao exclusiva de pesquisadores que os

    sucederam. Entretanto, muitas vezes, importantes trabalhos cientficos so produzidos, mas

    fracamente divulgados; tal situao bastante comprometedora do ponto de vista cientfico, uma

    vez que a comunicao o elo maior da comunidade cientfica. Infelizmente, muitos desses

    trabalhos acabam se perdendo pelas mais variadas razes. Diante do exposto, acredita-se que,

    apesar da exaustiva tarefa, a presente investigao contribuir sobremaneira para a preservao e

    divulgao de uma importante memria cientfica na rea da Biogeografia, produzida junto a um

    centro de desenvolvimento de pesquisas com referncia nacional.

    3

  • II- MATERIAS E METODOLOGIA

    Como se trata de uma pesquisa de natureza terica e investigativa da temtica Biogeogrfica

    adotou-se como materiais, fontes bibliogrficas, resultados da aplicao de questionrios e

    relatrios fornecidos pela Seo de Ps-Graduao do Instituto de Geocincias e Cincias Exatas da

    Universidade Estadual Paulista. O material bibliogrfico foi obtido junto aos professores

    pesquisadores investigados e tambm junto ao acervo da biblioteca da Universidade Estadual

    Paulista, campus de Rio Claro. Ento, o objeto investigativo do presente trabalho se referiu

    produo cientfica de professores e pesquisadores pertencentes ao Ncleo de Estudos

    Biogeogrficos de Rio Claro, mais diretamente envolvidos com a temtica Biogeogrfica,

    conforme j exposto.

    Considerou-se como produo acadmica: trabalhos apresentados em encontros cientficos,

    artigos de revista, captulos de livro ou livros na ntegra, monografias, trabalhos de especializao,

    dissertaes de mestrado, teses de doutorado e de livre docncia, sendo a grande maioria da

    produo gerada no mbito do Departamento de Geografia e da Ps-Graduao em Geografia,

    integrantes do Instituto de Geocincias e Cincias Exatas da Universidade Estadual Paulista

    (UNESP), campus de Rio Claro. Embora algumas das obras analisadas tenham sido produzidas

    junto Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas (USP), vale ressaltar que os respectivos

    autores esto vinculados ao quadro docente da Universidade Estadual Paulista, pertencendo,

    portanto, ao Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro.

    Trabalhos apresentados em encontros cientficos, artigos de peridicos, captulos de livros ou

    livros na ntegra, assim como monografias e trabalhos de especializao, somente foram

    considerados quando indicados como relevantes via questionrio respondido pelo professor

    responsvel; no caso das dissertaes de mestrado, teses de doutorado e de livre docncia,

    consideramos todas as produzidas pelos professores investigados, assim como pelos seus

    orientandos vinculados ao Programa de Ps-Graduao em Geografia, na rea de Concentrao em

    Organizao do Espao, independentemente de indicao.

    Inicialmente, utilizou-se da tcnica de aplicao de questionrios (anexo 1) aos professores

    pesquisadores, com a finalidade de identificao dos trabalhos considerados por eles como os mais

    relevantes. Para levantamento das orientaes efetuadas - Teses e Dissertaes defendidas no Curso

    de Ps-Graduao em Geografia na rea de Concentrao em Organizao do Espao -

    independentemente de indicao, realizou-se levantamento (anexo 2) junto Seo de Ps-

    Graduao do referido Instituto desde a poca de sua criao (dcada de 80), com a finalidade de

    obteno do rol completo de trabalhos orientados pelos professores em questo. Para a reproduo

    4

  • das ilustraes dos trabalhos houve a digitalizao por meio de um scanner e a utilizao de um

    programa para tratamento de imagens.

    Desse modo, a investigao possibilitou a identificao, o resgate, o inventariamento e,

    sobretudo, a anlise e avaliao das contribuies e originalidades da referida produo

    cientfica desenvolvida na rea de Biogeografia, no ncleo de Rio Claro, desde 1969 at 2004.

    O prximo passo foi o estabelecimento de um roteiro como suporte para a elaborao da

    anlise qualitativa dos dados, ou seja, quando variveis assumem valores em forma de atributos ou

    qualidades. O roteiro auxiliou na avaliao das contribuies da produo cientfica levantada (Fig.

    1), com o objetivo de obteno de dados bsicos das pesquisas: poca de realizao (observando os

    paradigmas vigentes), espao analisado, tipo de trabalho (dissertao, tese, artigo, entre outros),

    classificao especfica dentro da Biogeografia, identificao da localidade estudada (quando se

    tratar de pesquisa aplicada), das escalas de abordagem e das palavras-chaves. Em seguida, na parte

    mais importante da anlise, observou-se a viabilidade dos materiais, mtodos e tcnicas utilizados

    (descrevendo-os, quando necessrio) para se atingir os objetivos propostos, assim como ressaltar as

    originalidades e as contribuies de cada pesquisa desenvolvida.

    T T U L OA U T O RA N OT I P O D E T R A B A L H OO R I E N T A D O RE S P A O A N A L I S A D OC L A S S I F I C A O D A R E A D O T R A B A L H OR E S U M O D O T R A B A L H OP a l a v r a s - C h a v eA N L I S E E A V A L I A O D A S C O N T R I B U I E S D A P E S Q U I S A

    Figura 1 Quadro com roteiro geral para analise da Produo Cientfica selecionada. Org. GALINA, M.H.

    No caso da avaliao das contribuies dos trabalhos orientados pelos professores

    componentes do Ncleo de Estudos Biogeogrficos de Rio Claro, esta se deu na seguinte seqncia:

    Teses de Doutorado, Dissertaes de Mestrado, Trabalhos de Especializao e de Graduao (neste

    ltimo caso, somente quando indicado como relevante pelo professor orientador, via questionrio).

    Segundo Troppmair (1987, p. 2-4), ao estudar os seres vivos, a Biogeografia pode apenas

    enfocar os vegetais, quando falamos em Fitogeografia, ou apenas os animais, neste caso trata-se da

    Zoogeografia. Para o autor, essas divises podem sofrer novos desdobramentos conforme o

    enfoque que dado ao estudo e formulao dos problemas. Diante disso, procuramos ordenar as

    pesquisas mediante suas reas especficas, etapa que se constituiu como uma das mais delicadas do

    trabalho em virtude de se tratar de uma tarefa que envolve a subjetividade de quem a elabora e de

    certa forma provoca certo engessamento. Entretanto, com a finalidade de tornar mais objetiva

    5

  • possvel tal etapa da pesquisa, optamos por nortear tal classificao com base em autores j

    consagrados na Biogeografia: Troppmair (1987-2006), Viadana (2004) e Simmons (1982), alm de

    criar ou adaptar novas classes em virtude de alguns trabalhos no possurem vnculo estreito e

    especfico com a Biogeografia, mas fornecerem importantes subsdios para o desenvolvimento de

    pesquisas nessa rea e estarem sob a orientao direta de especialistas no assunto, como o caso

    das trs ltimas classificaes, dentre as listadas a seguir, seguidas de um breve resumo:

    x Biogeografia Ecolgica (Troppmair, 1987-2006), considera as inter-relaes dos seres

    vivos com as condies geoecolgicas do meio ambiente em determinado espao

    geogrfico;

    x Biogeografia Fitofisionmica (Troppmair, 1987-2006), preocupa-se em investigar os

    aspectos fisionmicos dos seres vivos, sendo mais comum o estudo da vegetao

    (fitofisionomia), ou seja, a expresso desta no mosaico da paisagem em virtude de

    diferentes formas de crescimento;

    x Biogeografia Faunstica e Florstica (Troppmair, 1987-2006), enfoca sobretudo a

    distribuio geogrfica e as causas da ocorrncia de determinada espcie animal ou

    vegetal num dado espao;

    x Biogeografia Histrica e Evolucionista (Troppmair, 1987-2006 e Viadana, 2004). A

    Biogeografia Histrica procura investigar as causas da atual distribuio, alm das

    diferenas e possveis causas da extino de espcies da flora e da fauna. A

    Biogeografia Evolucionista pode ser entendida como uma extenso da Biogeografia

    Histrica, entretanto com mais nfase no estudo na evoluo dos seres vivos por meio

    da seleo natural, em decorrncias das condies geoecolgicas do passado.

    x Biogeografia Antrpica (Troppmair, 1987-2006), enfoca essencialmente o homem, ser

    vivo que afetado e, ao mesmo tempo, influencia as condies ambientais, so

    pesquisas direcionadas para a anlise dos impactos ambientais negativos sentidos e

    provocados pelo homem;

    x Biogeografia Regional (Troppmair, 1987-2006), enfatiza o estudo das espcies

    vegetais e animais que ocorrem em determinada regio ou Geossistema, integrando o

    mosaico da paisagem;

    x Bioclimatologia (Simmons, 1982), rea que se preocupa com as inter-relaes dos

    seres vivos, sobretudo com as condies climticas e pedolgicas de determinado

    espao geogrfico, considerando o valor e o aproveitamento econmico de espcies

    vegetais cultivadas pelo homem. Simmons (1982) classifica essa subrea dentro da

    Biogeografia Cultural.

    6

  • x Subsdios Tericos e Metodolgicos para a Biogeogeografia, na subrea de subsdios

    tericos, foram classificados trabalhos com efetiva contribuio na rea de educao,

    particularmente, na construo de conceitos relevantes em Biogeografia; no caso de

    subsdios metodolgicos, tm-se trabalhos relacionados ao estudo crtico dos

    princpios, das hipteses e dos resultados alcanados por meio dos mtodos

    empregados na cincia (no caso, geogrfica), destinados a determinar a sua origem

    lgica, o seu valor e sua objetividade.

    x Estudos Ambientais e de Qualidade de Vida, no caso de estudos ambientais, foram

    classificados os trabalhos envolvidos com a investigao dos aspectos abiticos dos

    geossistemas. Quanto aos estudos relacionados qualidade de vida, classificamos

    sobretudo aqueles preocupados em estabelecer indicadores investigativos do bem-estar

    da populao, sobretudo urbana.

    x Por fim na subrea dos estudos Climatolgicos, consideramos trabalhos que

    abordaram as variveis climticas de forma especfica. Variveis estas que em

    consonncia com outros condionantes (geolgicos, pedolgicos, geomorfolgicos,

    interferncia antrpica), determinam o sucesso ou o fracasso da predominncia dos

    componentes biticos nos geossistemas, portanto subsdios essenciais para estudos

    biogeogrficos.

    Procuramos tambm apresentar um quadro sinttico (Fig. 2), que serviu de modelo para a

    apresentao do resumo das principais contribuies e originalidades (sobretudo metodolgicas) das

    pesquisas, dentro das reas especficas.

    ANO Ttulo

    Tipo de Trabalho (Artigo, Trabalho Graduao, Mestrado, Doutorado, Livre Docncia, etc)

    Nome do Autor/ Orientador (quando necessrio)

    Resumo das Principais Contibuies (seja quanto s tcnicas, mtodos ou produtos gerados- subsdios,

    diretrizes, produtos carogrficos, entre outros).

    Palavras-chave:

    Figura 2- Quadro sinttico e sistemtico como modelo para identificao dos trabalhos e contribuies geradas nas reas especifcas da Biogeografia. Org. GALINA, M.H.

    Na quantificao dos dados foram utilizadas tcnicas estatsticas que compreenderam o

    clculo das freqncias relativa percentual e absoluta; da mdia mvel de ordem 3 para a obteno

    das mdias para grupos de valores sucessivos, principalmente compostos por valores que se

    repetem; do ajuste da reta de tendncia exponencial, com a finalidade de encontrar a relao entre a

    quantidade de trabalhos desenvolvidos em funo das subreas. Por meio dessas tcnicas houve a

    possibilidade da mensurao das seguintes variveis:

    7

  • x Evoluo quantitativa dos trabalhos selecionados ao longo do perodo considerado;

    x Freqncia de participao dos professores componentes do Ncleo de Estudos

    Biogeogrficos de Rio Claro na orientao de trabalhos de Graduao,

    Especializao, Dissertaes de Mestrado e Teses de Doutorado;

    x Subreas mais contempladas dentro da temtica Biogeogrfica;

    x Tipos de trabalhos produzidos e avaliados (trabalhos apresentados em encontros

    cientficos, artigos de revista, captulos de livro ou livros na ntegra, monografias,

    trabalhos de especializao, dissertaes de mestrado, teses de doutorado e de livre

    docncia);

    x Abordagens (areal, linear e terica) e escalas (local, sub-regional, regional e pontual)

    mais comumente utilizadas;

    x Proporo de pesquisas aplicadas no estado de So Paulo e em outros estados

    brasileiros, e de pesquisas com abordagens metodolgicas, conceituais e reflexivas.

    A metodologia consistiu em reunir todas as informaes a partir das fontes e tcnicas acima

    mencionadas, no perodo de 1969 a 2004, com alicerce na produo acadmica considerada, por

    meio da abordagem analtico-avaliativa.

    Por fim, vale esclarecer que optamos por fazer as citaes bibliogrficas detalhadas das obras

    utilizadas nos trabalhos avaliados por meio do recurso Cf (Conforme), de acordo com a ABNT,

    as quais constaram apenas na parte referente s notas de rodaps e no nas referncias finais, com o

    objetivo de fornecer ao leitor um melhor acesso (mais detalhado e completo possvel) s referncias

    dos trabalhos utilizados na produo acadmica avaliada, sobretudo quando se tratou dos

    procedimentos metodolgicos utilizados.

    8

  • III- REVISO DA LITERATURA

    3.1) Geografia, Biogeografia no contexto Geogrfico e Evoluo dos Estudos Biogeogrficos

    3.1.1) Breve histrico sobre evoluo do paradigma da Cincia Geogrfica

    A produo acadmica em torno da Cincia Geogrfica passou por diferentes momentos e

    proporcionou mudanas gradativas e debates intensos acerca de seu objeto de estudo, dos mtodos e

    das tcnicas empregadas; at mesmo em torno de suas finalidades ou objetivos, afinal como

    oportunamente nos coloca Reis Jnior (2003, p. 6-7), todo pensamento possui condicionantes,

    nenhuma viso de mundo escapa de sua contemporaneidade e dos reflexos que carregam os fatos e

    eventos do passado, cada membro de um grupo social tem imprimido em si a marca da coletividade,

    a qual se fundamenta no convvio do grupo e na comunho de valores e idias mdias, que por

    fim, acabam convergindo para uma espcie de amarra das vises de realidade.

    O status de conhecimento organizado somente passou a ser conferido Geografia a partir do

    sculo XIX, quando comeou a penetrar nas universidades. As primeiras cadeiras de Geografia

    foram criadas na Alemanha em 1870 e, posteriormente na Frana (CHRISTOFOLETTI 1982, p.

    25). No Brasil, num primeiro momento, a Geografia pode ser encontrada nos discursos do Estado e

    do Exrcito at que em 1934, a Geografia marcou o ensino pela criao do curso superior na

    Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras da Universidade de So Paulo e do Departamento de

    Geografia. Professores oriundos da Frana, como Pierre Mombeig e Defontaines, com forte

    influncia na escola de Vidal de La Blache, contriburam com a consolidao dessa cincia no

    Brasil.

    Inicialmente a Geografia era marcada pelo positivismo, que sustentava quase que todas as

    Cincias Humanas e caracterizava-se por Estudos Regionais e das Paisagens, de bases empricas. O

    lugar e a regio eram encarados como dimenses objetivas, resultantes das interaes entre o

    homem e a natureza; havia grande valorizao do trabalho de campo, do real, do concreto, surgindo

    da as famosas monografias regionais, que buscavam Leis Gerais. A tendncia Lablachiana da

    Geografia e as correntes que dela se desdobraram passaram a ser denominadas de Geografia

    Tradicional, predominando at 1950.

    No ps-guerra, a realidade tornou-se mais complexa com o desenvolvimento do capitalismo

    monopolista, da industrializao e da urbanizao. Os gegrafos neopositivistas passaram a criticar

    as bases da Geografia Tradicional, reclamando reformulaes conceituais, filosficas e

    metodolgicas, uma vez que os mtodos e as teorias haviam se tornado insuficientes para explicar a

    complexidade do espao. Deu-se incio a uma transformao nos aspectos filosfico e metodolgico

    9

  • de abordagem da Cincia Geogrfica, denominada de Revoluo Quantitativa e Teortica,

    caracterizada por um rigor maior na aplicao da metodologia cientfica, pela filosofia do

    positivismo lgico, pelo desenvolvimento de teorias relacionadas com as caractersticas da

    distribuio e arranjo espaciais dos fenmenos, pelo uso de tcnicas estatsticas e matemticas na

    anlise de dados coletados, pela abordagem sistmica como instrumento conceitual para o

    tratamento da organizao espacial e pelo vasto emprego de modelos.

    Como inmeros filsofos se colocaram em posio contrria ao positivismo, outras tendncias

    ganharam mpeto na Geografia: Geografia Humanstica, Geografia Idealista e Geografia Radical

    (CHRISTOFOLETTI 1982, p. 36). A Geografia Humanstica possui a fenomenologia existencial

    como filosofia, procura analisar os objetos da conscincia por meio da supresso de todos os

    preconceitos sobre a natureza destes objetos e valorizar a experincia do indivduo ou do grupo. J

    na Geografia Idealista, as aes humanas no podem ser explicadas, a menos que se compreenda o

    pensamento subjacente a ela (as aes envolvidas nos fenmenos), procura focalizar seu aspecto

    interior. A partir dos anos 60, sob influncia das teorias marxistas, surge a Geografia Radical cujo

    centro de preocupaes passa a ser as relaes entre a sociedade, o trabalho e a natureza na

    produo e apropriao dos lugares e territrios. Segundo Camargo (1998, p. 2), essa corrente teve

    o mrito de introduzir na Geografia o Mtodo Dialtico.

    Por fim, vale citar a Geografia Tmporo-Espacial que, segundo Christofoletti (1982, p. 83),

    procura analisar as atividades dos indivduos e das sociedades em funo das variveis tempo e

    espao, visando traar as trajetrias dos ritmos de vida (dirios, anuais e da prpria durao da vida)

    e assinalar a alocao de tempo despendido nas diversas atividades e nos vrios lugares. O contexto

    abrangido pelo territrio ao alcance do indivduo ou da sociedade corresponde ao seu meio

    ambiente, dentro do qual ele executa suas atividades, considerando as escalas temporais do dia, do

    ano ou da prpria vida.

    Percebe-se que a Cincia Geogrfica assim como demais reas do conhecimento cientfico

    passam constantemente por intensas discusses dicotmicas acerca da abordagem de seu objeto

    investigativo e de sua metodologia de estudo, cenrio que colabora para a evoluo, afinal a cincia

    somente progride a partir da quebra de paradigmas e da imposio de novos desafios, gerados,

    sobretudo pelas mudanas sociais, polticas e econmicas, que se conjugam no espao ao longo do

    tempo.

    10

  • 3.1.2) A Biogeografia no contexto da Geografia

    Se os debates acerca da Cincia Geogrfica so numerosos e complexos, com a Geografia

    Fsica no poderia ser diferente, entretanto, controvrsias parte, neste ltimo caso, reconhece-se

    um agravante relacionado com a estrutura geral do sistema cientfico e do ensino superior, cuja

    organizao obedece a lgicas sociais e intelectuais herdadas de uma tradio comtiana pesada, que

    relega ao ltimo plano os saberes naturalistas concretos (DELEAGE, 1991, apud FOURNIER,

    2001, p. 84).

    Tradicionalmente, a Geografia Fsica engloba vrios ramos (Climatologia, Geomorfologia,

    Hidrologia e Biogeografia) e se incumbe do papel primordial de explicar e proporcionar solues

    concretas para questes relevantes que a sociedade contempornea exige. Diante disso, vale uma

    sucinta abordagem sobre um conceito extremamente importante em Geografia Fsica: o de

    Geossistema, que surgiu na dcada de 60 com Sotchava e passou a permitir respostas mais

    concretas aos problemas ambientais por meio da integrao de todos os componentes relacionados

    aos complexos naturais.

    Primeiramente, como conceito de sistema deve-se entender um conjunto estruturado de

    objetos (formas) e atributos (fluxos de massa e/ou energia), com limites bem definidos, partes

    componentes bem caracterizadas e interligaes por meio da circulao dos fluxos de massa e/ou

    energia; a maior importncia na adoo dessa abordagem em estudos ambientais consiste na rigidez

    de sua metodologia, permitindo, desta forma, um maior rigor cientfico nos procedimentos da

    diagnose e controles ambientais (ARGENTO, 1985).

    Fournier (2001, p. 86-88) conceitua Geossistema como a combinao de determinada

    superfcie do geoma (rocha, ar, gua) e de uma biocenose (Fig. 3), com estruturas e funcionamento

    sofrendo fortes variaes interanuais. Para Troppmair (1987, p. 102), os arranjos dos elementos no

    meio natural formam um mosaico que a prpria organizao do espao geogrfico; desse conjunto

    de componentes, processos e relaes dos sistemas que integram o meio fsico (no qual pode

    ocorrer explorao biolgica) tem-se o conceito de Geossistema.

    Figura 3 - Os modelos da Geografia Fsica. Fonte: Bertrand (1982) apud Fournier (2001, p. 86)

    11

  • Em concordncia com Troppmair (1987, p. 1-4) e Viadana (2004, p. 112-113), como parte

    integrante da Cincia Geogrfica, a Biogeografia tambm se preocupa com as interaes,

    organizao e processos espaciais, entretanto com nfase maior aos seres vivos (biocenoses) que

    habitam determinado local, o biotopo, inclusive o homem, como participante de uma biocenose, e

    portanto, integrante das cadeias trficas e dependente das condies ambientais, mediante uma

    abordagem espao-temporal. Em todas suas definies, a Biogeografia assume a conotao

    espacial, fato que a distingue de outros setores do conhecimento organizado como a Biologia, a

    Botnica, a Zoologia e a Ecologia, por exemplo. este enfoque espacial associado aos princpios

    bsicos da Geografia, como os de extenso e conexo dos fatos da superfcie terrestre, que

    possibilita ao biogegrafo as explicaes necessrias e pretendidas no seu estudo.

    Ainda segundo os autores supracitados, no mbito da Biogeografia, a participao dos seres

    vivos nos Geossistemas obedece a uma hierarquia e complexidade crescentes, iniciando-se com os

    seres unicelulares, passando para os pluricelulares, indivduos, populaes, comunidades at se

    chegar aos ecossistemas ou geobiocenoses, que incluem o aspecto orgnico (vegetais e animais) e

    inorgnico (biotopo elemento espacial). Percebe-se ento, que alm da espacialidade, h que se

    considerar tambm a escala do tempo, visto que nos estudos cujos contedos se mostram revestidos

    de interpretao sobre origem, evoluo e disperso das espcies (animais e vegetais), faz-se

    necessrio tambm sua devida localizao temporal em termos geolgicos.

    A meno da teoria da ecologia da paisagem outro ponto importante em estudos

    biogeogrficos, pois admite paisagem como uma entidade total, espacial e visual do espao

    humanizado, que compreende a integrao funcional e estrutural da biosfera, da tecnosfera e da

    geosfera, tendo o ecotopo como unidade menor e a ecosfera como a maior. Para Metzger (2001, p.

    8) a ecologia da paisagem vem promovendo uma mudana de paradigma nos estudos sobre

    fragmentao e conservao de espcies e ecossistemas, pois permite a integrao da

    heterogeneidade espacial e do conceito de escala, tornando esses trabalhos ainda mais aplicados

    para a resoluo de problemas ambientais. Piccolo (1997), por exemplo, baseou-se nos arcabouos

    terico-metodolgicos da ecologia da paisagem a fim de superar limitaes metodolgicas que

    envolvem as prticas de manejo.

    Por fim, vale ressaltar a importncia da interdisciplinaridade nos estudos das paisagens, afinal

    as perspectivas no devem adotar abordagens setoriais, mas sim de carter sistmico, geossistmico.

    Diante do exposto, vale mencionar que os biogegrafos, dentre os gegrafos fsicos, foram os que

    primeiro se adiantaram em adotar a percepo dinmico-integrada dos componentes paisagsticos

    em suas investigaes.

    12

  • 3.1.3) Consideraes sobre Teorias Evolutivas e Biogeogrficas

    A idia aceita sobre a origem da vida admite que a partir do primeiro ser vivo ocorreram

    transformaes que originaram outros seres, ou seja, que as espcies existentes na Terra tm

    relaes entre si, algumas de origem mais antiga (mais simples), outras mais recentes (mais

    complexas). Diante do fato de que as novas espcies surgiram de outras j existentes, estudiosos

    sempre se preocuparam em entender qual seria o mecanismo dessa transformao.

    Alguns filsofos da antiguidade observaram que os grupos animais obedeciam a certos

    padres, parecendo existir uma organizao entre eles, entretanto, tais idias no passaram do

    terreno filosfico, pois a crena predominante era de que cada espcie animal ou vegetal tivesse

    sido criada independentemente, essa era a interpretao literal das sagradas escrituras e o dogma

    no admitia controvrsia. Que o patriarca No levara em sua arca, por ordem divina, sete casais de

    cada espcie de animais puros e um casal de cada espcie de animais impuros, a fim de salv-los do

    dilvio foi questo mais ou menos pacfica entre os pensadores e filsofos naturais da Europa crist,

    at pelo menos o sculo XVIII. Cessado o cataclismo e escancarada a porta da arca, esses animais,

    obedecendo a ordem de Deus ("crescei e multiplicai-vos"), voltaram a povoar o mundo.

    (BROWNE, 1983 apud PAPAVERO E TEIXEIRA, 2001:1015).

    Mais do que um episdio bblico, essa foi a primeira teoria biogeogrfica proposta e a que

    mais tempo permaneceu vigente. Seus postulados baseavam-se na idia da existncia de um nico

    centro de origem da biota, um ponto bem definido da face da Terra, do qual animais (e homens)

    dispersaram-se para povoar o mundo; durante a disperso, sofreram mudanas em seus caracteres

    somticos provocadas pela influncia direta do meio e herana desses caracteres adquiridos (assim

    explicavam-se as diferenas dos diversos grupos de raas humanas, por exemplo). Como toda teoria

    cientfica constantemente colocada prova, a descoberta, pelos europeus, de animais e populaes

    humanas no Novo Mundo, notadamente na Amrica do Sul, foi o mais severo teste pelo qual

    biogeografia de origem bblica passou. Esse fato obrigou os pensadores a formular novas hipteses

    ad hoc para imunizar a teoria.

    Quanto questo da influncia de fatores ambientais na modificao das caractersticas dos

    seres vivos, faz-se necessrio aludir figura de Jean Baptiste Lamarck, um naturalista de grande

    influncia nos fins do sculo XVIII, que publicou em 1809 a obra Philosophie Zoologique, em que

    constatou que os seres vivos utilizam seus rgos, imprimindo-lhes feies prprias para se

    adaptarem s condies ambientais. A teoria de Lamarck encerra duas suposies: a lei do uso e

    desuso dos rgos e transmisso da herana dos caracteres adquiridos. A transmisso dos caracteres

    adquiridos negada pela gentica atual, e nesse ponto a Teoria de Lamarck no pde ser aceita.

    13

  • Seus trabalhos, no entanto, chamaram seriamente a ateno do mundo cientfico para a questo da

    evoluo e demonstraram o fenmeno da adaptao.

    Charles Darwin indubitavelmente foi o pesquisador que maior influncia teve sobre o

    pensamento cientfico do sculo XIX. Sua obra provocou uma verdadeira revoluo na

    interpretao dos fenmenos biolgicos; os princpios fundamentais de sua teoria esto no livro The

    Origin of Species, lanado em 1859. Darwin, aos 22 anos de idade (1831) empreendeu uma viagem

    ao redor do mundo em misso oficial como naturalista, navegando durante cinco anos pelo

    Atlntico e Pacfico, experincia que lhe permitiu coletar dados e evidncias empricas

    demonstrativas de sua teoria.

    O ensaio de Malthus sobre populao (1830) tambm influenciou as idias de Darwin, que

    constatou o estabelecimento da concorrncia vital a partir da insuficincia dos meios para atender a

    todos, ocorrendo ento a sobrevivncia dos mais aptos, com o conseqente melhoramento das

    espcies. Ele viu naquela idia uma forma de explicar (a) seus achados sobre espcies extintas que

    se relacionavam mais com outras no extintas encontradas na mesma regio, (b) a similaridade

    entre espcies prximas umas das outras, (c) suas dvidas derivadas da criao de animais e (d) sua

    incerteza quanto existncia de uma "lei de harmonia" na natureza.

    No fim de novembro de 1838, Darwin comeou a comparar o processo de seleo de

    caractersticas feito por criadores de animais com uma natureza Malthusiana selecionando variantes

    aleatoriamente de forma que toda a parte de uma nova caracterstica adquirida colocada em

    prtica e aperfeioada, e pensou nisto como "a mais bela parte da minha teoria" de como novas

    espcies se originam.

    A teoria de Darwin de que evoluo ocorreu por meio de seleo natural mudou a forma de

    pensar em inmeros campos de estudo da Biologia Antropologia. Seu trabalho estabeleceu que a

    "evoluo" havia ocorrido no necessariamente por meio das selees natural e sexual (isto, em

    particular, s foi comumente reconhecido aps a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel no

    incio do sculo XX e o desenvolvimento da Sntese Moderna). Outros antes dele j haviam

    esboado a idia de seleo natural, e em vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de

    William Charles Wells