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UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Departamento de Comunicação Social TV Digital Daqui pra frente, o que será diferente? O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital Orientanda PRISCILA EUGENIA TREVISAN CESTARI Orientador: Prof. Ms. WILLIANS CEROZZI BALAN Banca examinadora:

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UNESP – Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Arquitetura, Artes e ComunicaçãoDepartamento de Comunicação Social

TV DigitalDaqui pra frente, o que será diferente?

O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital

OrientandaPRISCILA EUGENIA TREVISAN CESTARI

Orientador:Prof. Ms. WILLIANS CEROZZI BALAN

Banca examinadora:Profa Ms. TEREZINHA DE JESUS BOTEON

EDSON SIMÕESProfissional de Produção de Televisão

Bauru – SP2 0 0 1

UNESP – Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Arquitetura, Artes e ComunicaçãoDepartamento de Comunicação Social

TV DigitalDaqui pra frente, o que será diferente?

O que vai mudar no seu televisor com a chegada da TV Digital

Priscila E. Trevisan Cestari9831339

Projeto Experimental apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Rádio e Televisão, ao Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", atendendo à resolução de número 02/84 do Conselho Federal de Educação.

Bauru – SP2 0 0 1

Dedico esse trabalho à Deus, que me deu fé e coragem para nunca desistir de caminhar em busca deste objetivo: a aprendizagem.

E aos meus pais, Armírio e Maria José, e irmãos, Carlos e Maria Luiza, por acreditarem em mim e verem que esse esforço já valeu a pena.

Agradecimentos

Ao meu eterno namorado, William, pela compreensão, amor e carinho nos momentos mais difíceis, além de suportar a saudade de cada dia!

Ao pessoal de casa por terem me acolhido quando precisei de um lar pra viver esses últimos seis meses!

Agradeço aos amigos, os mais verdadeiros, pelo apoio e torcida.

E ao Professor Willians, pela paciência e dedicação, hoje e sempre!

A todos vocês, muito obrigada!

“O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitar”

Leonardo da Vinci

“A primeira coisa a fazer é descobrir tudo aquilo que os outros sabem, e então começar onde eles pararam”

Thomas Alva Edison

Í N D I C E

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 91 - A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA TV: HISTÓRICO.......................................12

1.1- O SONHO DE SE TRANSMITIR IMAGENS...............................................................121.2- A GERAÇÃO DE IMAGENS.................................................................................131.3- A TV EM CORES...............................................................................................181.4- A INVENÇÃO DO VT...........................................................................................19

1.4.1- O início da gravação de imagens...........................................................191.4.2- O Videotape............................................................................................20

2 - O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIAS....................................................................262.1- MAIS ESPAÇO PARA O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA.............................................31

3 - SISTEMA ANALÓGICO E DIGITAL...................................................................323.1- O SISTEMA ANALÓGICO.....................................................................................323.2- O SISTEMA DIGITAL...........................................................................................36

4 - UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA...........................................................404.1- A ARTE QUE SOBREVIVE ATRAVÉS DOS TEMPOS..................................................404.2- CINEMA DIGITAL................................................................................................43

4.2.1- Os formatos de captação digital.............................................................444.2.2- Do vídeo para o cinema: um processo antigo........................................48

4.3- LADO A LADO: CINEMA ANALÓGICO E DIGITAL.....................................................494.4- CINEMA E FUTURO.............................................................................................53

5 - A CRONOLOGIA DA TV DIGITAL.....................................................................575.1- PORQUE NÃO CONFUNDIR TV DIGITAL COM TV DE ALTA DEFINIÇÃO (HDTV).......575.2- UMA BREVE HISTÓRIA.......................................................................................595.3- CONVERGÊNCIA E MODELOS DE CAMADAS.........................................................65

6 - EXPECTATIVA DOS USUÁRIOS.......................................................................696.1- EXPECTATIVAS DOS USUÁRIOS BRASILEIROS PARA A TELEVISÃO DO FUTURO........70

6.1.1- Melhor Imagem, Melhor Som.................................................................726.1.2- Ajuda aos Deficientes Físicos.................................................................736.1.3- Gravação de Programas e Near-Video-on-Demand...............................736.1.4- Vídeo Adicional.......................................................................................746.1.5- Zooming..................................................................................................756.1.6- Múltiplos Programas e Vídeo sob Demanda..........................................766.1.7- Interatividade..........................................................................................776.1.8- Internet...................................................................................................796.1.9- Áudio Adicional.......................................................................................806.1.10- Legenda Adicional..............................................................................806.1.11- Outras Características........................................................................81

7 - PLATAFORMAS PARA TV DIGITAL.................................................................837.1- MODELO DE REFERÊNCIA ITU-T........................................................................837.2- O PADRÃO MPEG............................................................................................84

7.2.1- Por que a compressão?.........................................................................84

8 - MODELOS DE NEGÓCIO EM TELEVISÃO DIGITAL........................................898.1- CARACTERÍSTICAS PARA MODELOS DE NEGÓCIOS...............................................90

8.1.1- Resolução, qualidade de imagem e formato de tela...............................908.1.2- Conversão de formatos de tela...............................................................948.1.3- Diversidade de Programação.................................................................968.1.4- Otimização de cobertura.........................................................................978.1.5- Transmissão hierárquica........................................................................98

8.1.6- Multimídia e Hipermídia..........................................................................988.1.7- Interatividade e Canal de Retorno........................................................1008.1.8- Datacasting...........................................................................................1038.1.9- API........................................................................................................104

8.2- MODELOS DE NEGÓCIOS PARA TELEVISÃO DIGITAL............................................1058.2.1- Programas secundários de televisão....................................................1058.2.2- Diversidade de serviços e acesso à Internet........................................1068.2.3- Receptibilidade do sinal de televisão....................................................107

8.3- POSSÍVEIS MODELOS DE NEGÓCIOS..................................................................1088.3.1- Observações acerca dos modelos de negócios...................................114

8.4- MODELOS DE NEGÓCIOS ADOTADOS EM ALGUNS PAÍSES...................................1168.4.1- Estados Unidos....................................................................................1168.4.2- Europa..................................................................................................1178.4.3- Japão....................................................................................................118

9 - INVESTIMENTOS DE GERADORAS E RETRANSMISSORAS......................1199.1- A PRODUÇÃO..................................................................................................1209.2- TRANSMISSÃO.................................................................................................1229.3- RETRANSMISSÃO.............................................................................................123

9.3.1- Custos..................................................................................................124

10 - RECEPTORES PARA TV DIGITAL..................................................................12610.1- INTRODUÇÃO..........................................................................................12610.2- A INDÚSTRIA E O MERCADO DE TELEVISORES NO BRASIL.........................12610.3- PRODUTOS DE TV DIGITAL EXISTENTES NO MUNDO..................................129

10.3.1- Estados Unidos com o ATSC...........................................................12910.3.2- A Europa com o DVB-T....................................................................13010.3.3- A Austrália com o DVB-T/7 MHz......................................................13110.3.4- O Japão com o ISDB-T....................................................................133

10.4- DEFININDO OS PRODUTOS DE TV DIGITAL NO BRASIL...............................13510.4.1- Arquiteturas do Sistema de Recepção.............................................13510.4.2- STB-HD/SD......................................................................................13510.4.3- Monitor-SD.......................................................................................13710.4.4- Monitor-HD.......................................................................................13710.4.5- Televisor Integrado SD.....................................................................13810.4.6- Televisor Integrado HD....................................................................13810.4.7- Outros Produtos de Consumo de TV Digital....................................138

11 - PERSPECTIVAS...............................................................................................14011.1- MERCADO BRASILEIRO DE TELEVISORES EM CORES................................140

11.1.1- Domicílios e Televisores..................................................................14011.1.2- Expectativa da queda de preços......................................................141

11.2- OPÇÕES PARA A FASE DE TRANSIÇÃO ANALÓGICO/DIGITAL........................141

12 - SITUAÇÃO BRASILEIRA.................................................................................14512.1- PADRÕES: QUAL A MELHOR ESCOLHA?....................................................14612.2- E O QUE VAI MUDAR NO MODO DE SE VER TV?........................................14812.3- DAQUI PRA FRENTE O QUE SERÁ DIFERENTE............................................151

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................157GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS........................................................................160

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................185

ANEXOS........................................................................................................................190

8

I N T R O D U Ç Ã O

9

INTRODUÇÃO

Desde o Século XIX, os estudiosos pesquisavam a respeito de

como fazer para transmitir imagens à distância. Sabe-se que os

experimentos evoluíram de acordo com a possibilidade de cada época.

Do surgimento da televisão na década de 30, com imagens

monocromáticas, à introdução do sistema de cor nos anos 50, a televisão

passaria a fazer parte do cotidiano das pessoas, contando histórias e

narrando fatos.

Quando o desenvolvimento tecnológico promove uma quebra

de paradigmas, tal como foi o advento da TV em cores, a sociedade

passa a notá-lo como um todo. As mudanças passam a fazer parte da

vida dos indivíduos, enquanto telespectadores, não só pelo fato da

aquisição de novos aparelhos receptores e sim das possibilidades que

eles proporcionam.

Em pleno século XXI, estamos prestes a viver uma nova

quebra de paradigmas com a introdução da tecnologia digital no serviço

de televisão recebido pelo telespectador, isto é, o usuário final. O que se

denomina televisão digital é a transmissão de sinais de TV em forma de

dígitos binários – daí o digital – que proporciona, entre outras vantagens,

uma melhor qualidade de imagem e som ao telespectador.

Aos poucos, a curiosidade a respeito do tema, fez com que

certas questões precisassem ser resolvidas tais como: o que é TV Digital?

Como iria funcionar? Quais benefícios? Quanto seria modificada para

receber essa tecnologia?

As respostas fariam parte desta monografia.

A decisão da pesquisa sobre TV Digital partiu do desejo de

conhecer como uma nova tecnologia em televisão pode vir a ser aplicada

e como os profissionais da Radiodifusão precisam ter contato com alguns

conceitos importantes. O tema é relativamente recente e a opção por

10

realizar um projeto como este é possibilitar àqueles que consultarão esse

material o registro de uma época e sua situação atual.

Além do mais, os estudos estão voltados para a área da

Comunicação e não da Engenharia ou da Eletrônica. Não teria sentido

desta ser uma pesquisa de aspectos técnicos da televisão digital, pelo

fato de que é realizada para estudantes de comunicação virem a

compreender, mesmo que basicamente, alguns aspectos importantes que

podem modificar o perfil de um profissional de TV. Veremos, por exemplo,

que certos cuidados não podem ser descartados dentro da tecnologia

digital, como subestimar a alta capacidade da gravação de uma imagem,

onde uma câmera digital “enxerga” mais do que outra sistema analógico.

Assim, esta pesquisa divide-se em duas partes. Enquanto a

primeira descreve a introdução à história tecnológica da televisão e do

cinema, meios que serão diretamente atingidos pela tecnologia digital, a

segunda parte traz a história da TV Digital, suas características e

aplicações.

11

PRIMEIRA PARTE: HISTÓRIA TECNOLÓGICA DA

TELEVISÃO E DO CINEMA

12

1 - A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA TV: HISTÓRICO

1.1- O sonho de se transmitir imagens

O surgimento e desenvolvimento da televisão deve-se ao

trabalho de inúmeros cientistas que estudaram os fenômenos

eletromagnéticos assim como a transmissão de imagens à distância.

Pode-se dizer que tudo começou no século XIX, em 1817.

Neste ano, o químico sueco Jacob Berzelius descobriu casualmente o

selênio1, o que veio a ser o primeiro passo para a transmissão de

imagens. A descoberta abriria novos campos para a utilização da energia

elétrica, inclusive na televisão, mas ninguém desconfiou disto, muito

menos Berzelius.

A idéia de transmitir imagens à distância era sonho de muitos.

Em 1842, Alexander Bain realizou a primeira transmissão telegráfica de

uma imagem sem movimento (fac-símile), atualmente conhecido como

fax. Após essa experiência, nada impediria que se fizesse o mesmo com

imagens em movimento.

A televisão deixou de ser apenas “sonho” para tornar-se

realidade quando foram comprovadas, em 1873, pelo inglês Willoughby

Smith, as propriedades fotoelétricas do elemento químico selênio,

descoberto no início daquele século. Lançava-se, portanto, o piso teórico

para o processo eletrônico de geração de imagens através da tradução de

luz em cargas elétricas, e vice-versa. Isto porque, na claridade, o selênio

transmitia impulsos elétricos fortes, que se reduziam proporcionalmente à

diminuição da luz.

A partir daí, começaram a surgir idéias. O norte-americano

George Carey, em 1875, propôs um sistema baseado na exploração de

cada ponto da imagem onde, simultaneamente, uniu milhares de células

e projetou uma imagem em um número igual de lâmpadas, mais ou

1 O elemento químico Selênio é brilhante e luminoso quando submetido a um campo elétrico; porém Berzelius não encontrou aplicação prática para sua descoberta.

13

menos o que viria ser, posteriormente, o aparelho receptor. Já em 1880, o

francês Maurice Le Blanc, notou que imagens sucessivas, apresentadas

em uma certa velocidade, davam a impressão de movimento.

No ano de 1884, o alemão Henrich Hertz demonstrou a

existência de sinais elétricos se propagando pelo espaço, criando um

aparato dotado de duas espirais de arame desconectadas. A primeira era

a fonte de ondas eletromagnéticas (conhecida como oscilador) enquanto

que, na segunda espiral, a oscilação ocasionava uma corrente elétrica.

A próxima investida em direção ao fundamento das

telecomunicações aconteceria pelo jovem Giuglielmo Marconi, em 1896,

ao sintetizar a descoberta de Hertz com a concepção do telégrafo de

Samuel Morse. Marconi fez as primeiras transmissões de sinais elétricos

sem usar fios e, pouco depois, conseguiu enviar mensagens sonoras

(“beeps”) a uma distância de duas milhas. Um ano mais tarde, essa

experiência ganhava penetração na Alemanha, nas mãos de Adolf Slaby

e Georg Graf, onde a informação recebia em definitivo o prefixo “tele”.

1.2- A Geração de Imagens

No campo da geração de imagens, outras invenções

primordiais inauguravam a televisão. Em Berlim, no ano de 1884, Paul

Gottlieb Nipkow concebeu um aparelho mecânico para decomposição do

material visual, convertendo as frações obtidas em sinais elétricos, sendo

que o dispositivo adequava-se para a formação da imagem. O “Disco de

Nipkow” era um disco de ferro e perfurado, que, ao girá-lo, a imagem do

objeto dividia-se em pequenos pontos e, estando em alta velocidade,

estes reagrupavam-se depois. Em proporção direta a essa energia

luminosa, no aparelho eram geradas correntes elétricas, transportadas

por um fio a uma lâmpada situada atrás de um segundo disco rotativo

perfurado, que girava em sincronia com o primeiro. O espectador que se

colocasse frente a essa extremidade, poderia assistir a uma reprodução,

ainda que bastante precária, da cena.

14

FIGURA 01 – DISCO DE NIPKOW

O futuro da televisão, no entanto, não poderia permanecer em

um processo mecânico de análise das imagens. Quase na virada do

século, em 1897, o alemão Karl Ferdinand Braun já havia concebido as

bases da câmera de TV, inventando o tubo de raios catódicos, em que um

feixe emitido por um canhão de elétrons é o responsável pelo que se

chama de varredura do material visual.

A descoberta de Braun viabilizou experimentos com aparelhos

de funcionamento eletrônico – ancestrais do moderno sistema de

televisão – tal como o iconoscópio. Patenteado pelo russo naturalizado

americano Wladmir Zworykin, em 1923, o iconoscópio era um tubo a

vácuo com uma tela de células fotoelétricas que permitia a análise

eletrônica da imagem. Usando o iconoscópio, ele transmitiu imagens

numa distância de 45 quilômetros. Logo a RCA (Radio Corporation of

America) convidou Zworykin para conduzir a equipe que produziria o

primeiro tubo de televisão.

FIGURA 02 – ICONOSCÓPIO

15

A década de 20 foi um período de variadas experiências em

televisão. Em 1924, dois técnicos da empresa alemã AEG Telefunken,

August Karolus e Fritz Schroeter, conseguiram realizar a primeira

transmissão de imagens sem a utilização de fios via ondas

eletromagnéticas. Logo depois, o inglês John Lodgie Baird repetiria a

proeza, transmitindo contornos de objetos a distância e, no ano seguinte,

fisionomias de pessoas. Já em 1926, Baird fez a primeira demonstração

no Royal Institution em Londres para a comunidade científica,

posteriormente, firmando acordo para emissões experimentais com a

BBC (British Broadcasting Corporation), a empresa de radiodifusão estatal

britânica. Naquela época, o padrão de definição possuía 30 linhas e era

mecânico.

Até 1927 as transmissões limitavam-se a figuras sem definição

e imagens sem estabilidade. Quem primeiro conseguiu transmitir imagens

estáveis de um lugar para outro foi o engenheiro norte-americano Philo

Taylor Farnsworth. No dia 7 de setembro de 1927, Farnsworth viu seu

sonho realizado, utilizando o tubo de raios catódicos desenvolvido no final

do século XIX. Farnsworth e Zworykin travaram longa disputa judicial pela

paternidade da invenção da TV. Farnsworth ganhou a disputa mas

somente depois que a patente havia sido expirada, não recebendo

nenhum dinheiro pelo seu invento.

As empresas norte-americanas que detinham patentes em

telecomunicações convergiam seus interesses com o estabelecimento da

empresa RCA (Radio Corporation of America), tratando de desenvolver a

fundo o princípio da câmera de TV. Faltava-lhes, entretanto, a tecnologia

dos tubos de raios catódicos, produzidos pela AEG Telefunken alemã.

Permutaram-se, então, patentes entre as duas empresas. Em 1928, a

empresa alemã lançava o primeiro aparelho de TV em caráter

experimental; dois anos depois, seria ela a responsável pela introdução

da técnica de varredura entrelaçada – adotada em todos os sistemas de

televisão do mundo – aumentando a qualidade de imagem e assegurando

as possibilidades comerciais do novo meio de comunicação. Assim, a

primeira demonstração pública ficou por conta da RCA que, em 1930,

projetou imagens em uma tela de 1,83m por 2,44m. No ano seguinte, foi

16

montada uma antena no edifício Empire State Building (Nova Iorque) e,

embora o sistema utilizasse um receptor eletrônico, o emissor era

mecânico.

Em 1935, a Alemanha iniciava as primeiras transmissões

experimentais. Um ano depois, a RCA inaugurava em Nova Iorque a sua

estação de testes (W2XF) e, na Inglaterra, a BBC já transmitia

regularmente. Além disso, em Berlim (1936), foram transmitidos os Jogos

Olímpicos, sendo este evento a primeira geração de imagens realizada

fora de estúdio. Na Inglaterra, em 1937, três câmeras eletrônicas

transmitiram das ruas para a TV londrina a cerimônia de coroação do Rei

George VI, com cerca de cinqüenta mil telespectadores. Na Rússia, a

televisão começava a funcionar em 1938.

Pouco mais de dez anos haviam passado desde o iconoscópio

de Zworykin, e muitos avanços tecnológicos foram obtidos desde aquelas

imagens de nitidez precária e algumas centenas de linhas (240, para ser

mais exato) de varredura horizontal. Em Paris, a Exposição Tecnológica

Mundial conferia prêmios à Telefunken pelo seu sistema de televisão com

375 linhas de varredura horizontal, logo substituído por outro com 441

linhas 2.

Entre Estados Unidos e Europa, surgiram dois modos de se

fazer televisão. Diferiam não só os padrões tecnológicos como também o

conteúdo das programações, as fontes de financiamento e o

aproveitamento comercial das recém-nascidas emissoras.

Um dos passos no desenvolvimento tecnológico apontava para

as futuras alianças entre estações, formando as redes. Na Alemanha, em

1936, era realizada a primeira transmissão direcional de microondas –

transmissões “invisíveis” que predominariam até a era da difusão dos

sinais via satélite.

Como o iconoscópio exigia uma quantidade exagerada de luz e

a imagem reproduzida era deficiente, Zworykin inventou, então, uma

válvula de raios catódicos muito sensível, chamada Orthicon, que

adaptada a câmera, equilibrava a luz e dava uma qualidade técnica

2 Hoje, o sistema PAL conta com varredura horizontal de 625 linhas.

17

melhor a imagem. O Orthicon passou a ser produzido em escala industrial

a partir de 1945. O primeiro aparelho de televisão popular foi o modelo

630TS da RCA, comercializado a partir de 1946.

A partir da década de 40 o desenvolvimento da televisão

acelerou-se. O sistema já era eletrônico e os aperfeiçoamentos

tecnológicos acumulavam-se. A primeira transmissão em cores, que vinha

sendo pesquisada desde o início do século, foi feita em 1940, quando

também apareceram o transmissor portátil, o cabo coaxial (usado para

transmitir imagens diretamente do emissor ao receptor, não havendo

interferências atmosféricas) e foram testadas as imagens de 504 linhas.

Em 1941, a WNTB tornou-se a primeira emissora a obter licença para

funcionar publicamente nos Estados Unidos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os avanços tecnológicos

da TV ficaram parados. A Alemanha foi o único país da Europa a manter

a televisão no ar. Paris voltou as transmissões em outubro de 1944,

Moscou em dezembro de 1945 e a BBC (Londres) em junho de 1946,

com a transmissão do desfile da vitória.

Com o fim da Segunda Guerra, a televisão firmou-se como

meio de comunicação de massa. Em 1947, inventava-se o transistor,

ocorrendo uma disparada vertiginosa na fabricação de televisores. Foram

quatro mil na Alemanha Ocidental (1952), dos quais 1600 estavam

instalados em restaurantes e bares. Dessa forma, o telespectador logo

obteve a garantia de receber uma boa imagem com o lançamento de um

tubo metálico para a visão direta.

Somente no início dos anos 50 a TV passou a fazer parte da

realidade de, praticamente, todos os países, além de firmar-se como meio

de comunicação de massa. Neste mesmo ano, a França possuía uma

emissora com definição de 819 linhas, a Inglaterra com 405 linhas, os

russos com 625 linhas e os Estados Unidos e o Japão com 525 linhas,

enquanto o Brasil inaugurava sua primeira TV, com equipamentos

trazidos dos EUA por Assis Chateaubriand.

18

1.3- A TV em Cores

A TV em cores foi ao ar pela primeira vez nos Estados Unidos

com a rede de TV CBS, em 12 de junho de 1951 e depois com a

americana NBC, em 1954. Porém, bem antes, em 1929, Hebert Eugene

Ives já havia feito em Nova Iorque as primeiras imagens coloridas com 50

linhas de definição por fio. Peter Goldmark aperfeiçoou o invento, fazendo

demonstrações com 343 linhas, em 1940. Em 1949, sistemas

experimentais já haviam sido desenvolvidos pela RCA e CBS.

FIGURA 03 – RECEPTOR EXPERIMENTAL DO SISTEMA EM CORES (CBS -1951)

Vários sistemas foram criados, mas todos iam de encontro a

uma imensa dúvida: se um sistema novo surgisse, o que fazer com os

aparelhos antigos preto e branco que já eram cerca de 10 milhões no

início dos anos 50?

Criou-se nos Estados Unidos, em 1954, um comitê especial

para, literalmente, colocar cor no sistema preto e branco. Esse comitê

recebeu o nome de National Television System Committee (também

encontrado como National Television Standards Committee), cujas iniciais

serviriam para dar nome ao novo sistema, NTSC. Este baseava-se em

utilizar o padrão preto e branco que trabalhava com níveis de luminância

(Y) e acrescentaram a crominância (C), ou seja a cor. Vale a pena

recordar que o princípio de captar e receber as imagens em cores está na

19

decomposição da luz branca em três cores primárias3 que são vermelho

(R de red), o verde (G de green) e o azul (B de blue), em uma proporção

de níveis de 30% de R, 59% de G e 11% de B. Na recepção o processo é

inverso, pois a imagem é composta através da somatória das cores

(R+G+B) no pixel, ou seja, nos pontos da tela do televisor.

Em 1967, entrou em funcionamento na Alemanha, o sistema a

cores PAL (iniciais de Phase Alternation Line), que resolvia alguns dos

problemas existentes no sistema norte-americano. Nesse mesmo ano,

entrou na França o SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire), mas não

compatível com o sistema preto e branco francês.

No Brasil, a primeira transmissão oficial em cores ocorreu em

31 de março 1972, durante a Festa da Uva, em Caxias do Sul, cidade do

Rio Grande do Sul.

1.4- A Invenção do VT

1.4.1- O início da gravação de imagens

As tentativas de transmitir imagens aconteceram desde o final

do século XIX. Os processos que eram mecânicos evoluíram e podia-se

transmitir imagens com até 30 linhas de resolução (os sistemas PAL-M e

NTSC utilizam 525 linhas). Porém existia um sério problema a ser

solucionado: como armazenar as imagens?

Os primeiros métodos utilizados basearam-se nas gravações

que eram utilizadas para o som, ou seja, um disco de 25 centímetros de

diâmetro e de 78 rotações por minuto, como nos antigos gramofones. O

invento de dinamarquês Valdemar Poulsen, técnico da empresa de

telefonia de Copenhague, no início do século XX, traria a inovação em

gravação eletromagnética. Poulsen, em momentos de concentração em

suas pesquisas, não gostava de ser incomodado e muito menos atender

3 Não podemos confundir as cores primárias da luz (vermelho, verde e azul) com as cores primárias para tinta (vermelho, amarelo e azul).

20

ao telefone, então criou a primeira secretária-eletrônica: o "Telegrafone",

como era chamado. Utilizava-se um fio de arame para armazenar as

gravações magnéticas, mas havia um enorme problema, pois quando o

fio torcia, a gravação ficava ao contrário. Esse sistema foi usado até o

início dos anos 40.

Outros meios para armazenar as gravações foram

desenvolvidos, inclusive uma fita de papel banhada com aço em pó.

Talvez essa tenha sido a maneira que possibilitou as indústrias BASF e

Telefunken, juntas, desenvolverem a fita tal como hoje é conhecida,

utilizando uma camada de óxido de ferro como material magnético sobre

uma fita de poliester.

1.4.2- O Videotape

Durante os dez primeiros anos de existência da televisão no

mundo, entre 1947 e 1956 não havia possibilidade de armazenar ou

registrar sons e imagens em fitas magnéticas. As transmissões somente

eram possíveis ao vivo.

Seguindo o caminho do desenvolvimento dos processos de

registrar o áudio, o vídeo passou também a desenvolver técnicas de

gravação em fita magnética, sendo que os primeiros grandes progressos

começaram em 1950.

Em 1956, a firma AMPEX, no auge do seu desenvolvimento

tecnológico, criou um suporte magnético que conseguia registrar sons e

imagens simultaneamente. Dois cientistas da empresa americana,

Charles Ginsberg e Ray Dolby, revolucionariam o modo de fazer televisão

com o invento do "videoteipe". Este suporte, na época, tinha a largura de

duas polegadas e passou a ser desenvolvido industrialmente no mundo

inteiro. A partir daí, os olhos dos telespectadores não acompanhariam

mais os erros e improvisos da televisão feita ao vivo. Além do mais, as

produções televisivas poderiam ter seus trabalhos melhor acabados.

Segundo o site <www.tudosobretv.com.br>, a primeira

gravação mundial de videoteipe em fita magnética de som e imagem foi

21

realizada pela emissora norte-americana WNBT e, em seguida, a CBS

utilizaria o VT pela primeira vez em 30 de novembro de 1956.

Mas não foi fácil chegar ao invento, já que a dificuldade estava

em armazenar muito mais informações que o áudio. Imagine que se fosse

utilizado o mesmo processo de gravação do som, haveria a necessidade

de 35,5 metros de fita para armazenar informações de 01 segundo de

imagem e, para 01 hora, 127.800 metros de fita, sem contar que a fita

teria de passar na cabeça magnética a uma velocidade de mais ou menos

130 quilômetros por hora!

Para resolver este problema, manteve-se a mesma velocidade

de fita que do gravador de som, ou seja, 38 centímetros por segundo (15

polegadas por segundo), mas para que a gravação ganhasse maior

velocidade fizeram também com que a cabeça magnética girasse.

Para o primeiro videoteipe inventado a fita era de 05

centímetros ou 02 polegadas de largura, com velocidade de 38

centímetros ou 15 polegadas por segundo, passando por um conjunto em

forma cilíndrica de 04 cabeças dispostas a 90 graus cada uma que tanto

gravavam quanto reproduziam, girando a 240 rotações por segundo. Esse

videotape recebeu o nome de Quadruplex devido as cabeças se

encontrarem em forma de quadrante e possuía mais de 500 linhas de

resolução horizontal.

FIGURA 04 – FITA QUADRUPLEX

22

Pode-se dizer que a história do videoteipe divide-se em quatro

momentos. O primeiro dá-se com o surgimento do equipamento de duas

polegadas, o formato Quadruplex. Além de serem máquinas enormes e

de difícil mobilidade, eram utilizadas apenas para uso interno em

estúdios.

Os avanços da tecnologia trouxeram, em 1959, o sistema

helicoidal. Nesse sistema utilizam-se de duas cabeças rotativas de vídeo,

sendo que uma grava o campo 1 (linhas ímpares do vídeo) e a outra

grava o campo 2 (linhas pares)4. A fita de duas polegadas, contava com

cerca de 400 linhas de resolução horizontal. Tanto o áudio quanto o vídeo

utilizavam as fitas em rolo.

FIGURA 05 – FITA HELICOIDAL

A segunda opção viria no mesmo ano (1965) quando a Sony,

muito em função de Akio Morita, presidente da empresa naquela

circunstância, desenvolveu o segundo passo tecnológico do crescimento

industrial do vídeo: o formato port-a-pack, uma espécie de gravadores de

áudio com dois rolos (de peso considerável), que possibilitava certa

mobilidade. Funcionando com uma fita de meia polegada, acondicionada

em rolo, o port-a-pack era o primeiro esforço de se levar as ruas o

videoteipe, transformando-o numa tecnologia capaz de sair do espaço

reduzido e limitante do estúdio. Como o port-a-pack utilizava fitas de rolo

de meia polegada, que não têm uma qualidade tão boa de registro quanto

as fitas maiores, a experiência não deu tão certo em nível de

permanência tecnológica quanto a de seu sucessor, o U-Matic, este como

o terceiro momento da revolução do vídeo.

4 A imagem na TV é formada por um quadro de 525 linhas, dividido em dois campos, um que apresenta as linhas ímpares e outro campo que apresenta as linhas pares, entrelaçadas.

23

FIGURA 06 – ILHA U-MATIC

Criado em 1971 pela Sony com o formato de ¾ de polegada, o

U-Matic além de usar uma fita um pouco maior, com qualidade de registro

superior à fita de meia polegada, possibilitava o registro em cores e o

acondicionamento do videoteipe em um estojo (o cassete), facilitando o

transporte, o manuseio e a segurança. O U-Matic veio agilizar as

gravações externas, principalmente as reportagens, já que antes do VT

eram utilizadas as câmeras com filmes 16 mm, estes posteriormente

deveriam ser revelados e depois montados. Os modelos de equipamentos

em U-Matic foram vários, desde o industrial até o broadcast.5 Enquanto o

industrial contava com resolução horizontal em torno de 260 linhas, a

linha broadcast tinha sua resolução em até 340 linhas horizontais.

O quarto momento do crescimento tecnológico do videoteipe

deu-se em 1975, quando a Matsushita – empresa japonesa que detém o

controle da JVC (Japan Video Corporation) e da Panasonic – implantou a

indústria do formato VHS (Video Home System). De formato helicoidal e

fita de 1/2 polegada (resolução em torno de 180 a 200 linhas horizontais,

o VHS estava voltado para o uso doméstico.

5 Utiliza-se o termo broadcast para definir equipamento profissional para a TV e o termo industrial para o equipamento de qualidade técnica intermediária entre o amador e o profissional.

24

A respeito do VHS, conheci duas histórias. O ponto em comum

delas é o fato de existir dois tipos de fita cassete que utilizam o formato de

mais polegada, a própria VHS e o Betamax. As histórias diferem (ou

seriam ocultadas da história?) porque uma delas diz que a patente do

VHS pertencia à Sony, mas como ela preferiu usar a fita de formato

Betamax, ao fim de dois anos perdeu o direito de explorar industrialmente

essa patente. A Matsushita, então, colocou no mercado o formato VHS,

repassando a patente para inúmeras empresas antes que a própria Sony

lançasse o Betamax. A segunda versão dessa história conheci durante as

consultas para este projeto de pesquisa. De acordo com o livro “Made In

Japan”6, como a qualidade não era a esperada, a Sony passou os direitos

do VHS para a Matsushita, proprietária da JVC e Panasonic, e passou a

pesquisar o Betamax. Ao longo da década de 80, para melhorar a

resolução do material gravado, as japonesas Panasonic e JVC apostaram

em um sistema, conhecido como S-Video que utilizou o formato

doméstico VHS como base e recebeu o nome de S-VHS (Super VHS), em

1987. O sistema utiliza-se de fita de 1/2 polegada e possui resolução

horizontal em torno de 400 linhas horizontais.

Desenvolvido a partir do sistema doméstico Betamax, a Sony

criou o sistema Beta, recebendo o nome Betacam para a utilização

broadcasting. Helicoidal e com fita de 1/2 polegada, possui qualidade

profissional com capacidade de 500 linhas de resolução horizontal.

Também existem os formatos Hi 8 (sistema doméstico),

helicoidal e fita com 8 milímetros de largura, mas com qualidade de

gravação de até 400 linhas horizontais de resolução. Além deste, existem

o DVCPro, da Panasonic e JVC, sistema de gravação digital semelhante

ao DVCam (Sony), cujo lançamento no mercado deu-se quase que

simultaneamente.

6 Referente à biografia de Akio Morita, fundador da Sony.

25

No Brasil, a primeira emissora a adquirir equipamentos de

gravação e reprodução foi a TV Rio, canal 13, em 1957. Porém, a TV Tupi

de São Paulo foi a pioneira a utilizá-los, em 1960, gravando as imagens

da festa de inauguração de Brasília e exibindo-as em várias cidades.

Além disso, na TV brasileira, o videoteipe passou a ser usado

definitivamente com o programa humorístico de Chico Anísio também na

década de 60.

26

2 - O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIAS

A televisão, enquanto meio de transmissão pública, nasceu dos

moldes da válvula e do espectro de radiofreqüências. Porém, as

tecnologias permitiram avanços e hoje, o meio encontra-se a caminho da

digitalização em busca de melhor qualidade de transmissão e recepção

de sinais.

Durante décadas, os sistemas de televisão funcionaram

sobretudo através de válvulas, isto é, cilindros de vidro lacrados com

componentes no vácuo. Os tubos transformavam as luzes de uma

imagem em sinais elétricos que, posteriormente, seriam convertidos em

ondas eletromagnéticas. Estas tornavam-se capazes de irradiar-se pelo ar

a partir de uma estação de transmissão e de serem detectadas por

antenas de TV a quilômetros de distância. Depois, mais válvulas foram

usadas para ampliar e processar essas ondas para a exibição numa tela

fosforescente, ela própria uma enorme válvula. De fato, em cada ponto de

um sistema de televisão onde sinais fracos precisavam ser realçados,

refinados ou ampliados, a válvula entrou em ação.

Uma limitação básica da tecnologia de televisão está no fluxo

de sinais através do ar. A transmissão de sinais requer o uso de uma

porção do espectro eletromagnético, chamada radiofreqüência, que na

atmosfera é altamente vulnerável à interferências 7.

O espectro eletromagnético, composto de cargas elétricas que

produzem magnetismo, gera eletricidade numa espiral perpétua pelo ar.

Essa ação de ondas eletromagnéticas, moduladas por sinais de sons e

imagens, torna possível a transmissão de TV a longa distância.

Pode-se pensar nas ondas eletromagnéticas tais como as

ondas no oceano. Enquanto o comprimento da onda é a distância entre

uma crista e outra, o número de ondas, ou vibrações por segundo, é a

7 GILDER, 1996:32.

27

freqüência. Denominadas hertz8, estas vibrações conduzem as

informações de som, cor e brilho necessárias ao sistema de transmissão

pela televisão. A quantidade de freqüências passíveis de serem

transmitidas por um meio específico denomina-se largura de banda.

“Largura de banda é a capacidade de enviar informação por um determinado canal. A maioria das pessoas procura compreendê-la comparando-a ao diâmetro de um tubo ou ao número de pistas numa rodovia.”9

Enquanto o ouvido humano consegue detectar freqüências

entre 30 Hz a 20 mil hertz, que podem ser convertidas nas bandas de

áudio do espectro, o olho humano consegue detectar comprimentos de

onda entre 400 e 700 nanômetros (bilionésimos de um metro) ou

freqüências próximas de (10)15 (dez elevado à decima quinta potência).

Como todos os componentes técnicos da imagem – luz,

contraste, cor, pixels, sinais de sincronização, além dos sinais de áudio,

entre outros – são convertidos em ondas eletromagnéticas, estes podem

ser transmitidos por longas distâncias para uso na televisão. Para isso, as

ondas precisam ser convertidas na porção de radiofreqüência do espectro

eletromagnético e, dessa forma, tais freqüências ocupam parte do

espectro. Apenas para efeitos comparativos, vale-se lembrar que um

canal de TV ocupa 6 MHz de banda do espectro eletromagnético,

enquanto neste mesmo espaço caberiam 960 telefones analógicos

funcionando simultaneamente.

Observe na tabela a seguir que as freqüências estão em ordem

crescente e conforme as características das ondas hertzianas estão

atribuídos alguns dos serviços que se utilizam do transporte das

freqüências 10.

8 As ondas descobertas em 1887 foram chamadas de “ondas hertzianas”, em homenagem a seu descobridor, o estudante alemão Henrich Rudolf Hertz.

(TAVARES, 1999:19)9 NEGROPONTE, 1995:27.10 Estas atribuições são internacionais.

28

faixa de até serviço observação

20 Hz 20.000 Hz Sons audíveis

20 KHz 30 KHz Ultrassom

530 KHz 1.600 KHz Rádio AM107 emissoras com

10 KHz de banda

34,48 MHz 34,82 MHz Rádio Taxi

38 MHz 40,6 MHz Telemedição Biomédica

40,6 MHz 40,7 MHz Telemedição de características de materiais

40,7 MHz 41,0 MHz Telemedição Biomédica

41,0 MHz 49,6 MHz Diversos serviços

49,6 MHz 49,9 MHz Telefone sem fio

49,9 MHz 54 MHz Diversos serviços

54 MHz 60 MHz Televisão VHF Canal 2

60 MHz 66 MHz Televisão VHF Canal 3

66 MHz 70 MHz Televisão VHF Canal 4

70 MHz 72 MHz Radioastronomia

72 MHz 73 MHz Telecomando

73 MHz 75,4 MHz Rádio Navegação Aeronáutica

75,4 MHz 76 MHz Telecomando

76 MHz 82 MHz Televisão VHF Canal 5

82 MHz 88 MHz Televisão VHF Canal 6

88 MHz 108 MHzRadiodifusão

Rádio FM

99 canais em

faixas de 200 KHz

88 MHz 108 MHz Microfone sem fio de alcance restrito

108 MHz 117,975 MHz Rádio Navegação para Aeronáutica

117,975 MHz 121,5 MHz Comunicação Móvel para Aeronáutica

121,5 MHz 121,5 MHz Comunicação de Socorro

121,5 MHz 136 MHz Comunicação Móvel para Aeronáutica

136 MHz 138 MHz Satélites Meteorológicos Internacionais

138 MHz 143,6 MHzReservado para as comunicações fixas e

móveis

143,6 MHz 143,65 MHz Pesquisas Espaciais

143,65 MHz 144 MHz Rádio Amador

144 MHz 146 MHz Rádio Amador por Satélite

146 MHz 148 MHz Rádio Amador

148 MHz 149,17 MHzReservado ao SESC - Serviço Especial de

Supervisão e Controle

A tabela continua na página seguinte.

149,17 MHz 174 MHz Diversos serviços

174 MHz 180 MHz Televisão VHF Canal 7

180 MHz 186 MHz Televisão VHF Canal 8

29

186 MHz 192 MHz Televisão VHF Canal 9

192 MHz 198 MHz Televisão VHF Canal 10

198 MHz 204 MHz Televisão VHF Canal 11

204 MHz 210 MHz Televisão VHF Canal 12

210 MHz 216 MHz Televisão VHF Canal 13

216 MHz 470 MHz Diversos Serviços

470 MHz 476 MHz Televisão UHF Canal 14

476 MHz 482 MHz Televisão UHF Canal 15

482 MHz 806 MHz Televisão UHF Canais 16 a 69

806 MHz 824 MHz Diversos serviços

824 MHz 834,4 MHz Telefonia Celular Banda "A"

834,4 MHz 845 MHz Telefonia Celular Banda "B"

845 MHz 869 MHz Diversos Serviços

869 MHz 880 MHz Telefonia Celular Banda "A"

880 MHz 880,6 MHz Outros Serviços

880,6 MHz 890 MHz Telefonia Celular Banda "B"

890 MHz 891,5 MHz Telefonia Celular Banda "A"

891,5 MHz 894 MHz Telefonia Celular Banda "B"

894 MHz 896 MHz Telefonia Celular Aeronáutico

896 MHz 3.000 MHz Outros Serviços

3 GHz 3,1 GHz Rádio Navegação e Rádio Localização

3,7 GHz 4,2 GHz Descida de sinal de Satélite Banda "C

5,925 GHz 6,425 GHz Subida de sinal de Satélite Banda "C"

6,425 GHz 7,125 GHz Sistema Digital

10,7 GHz 11,7 GHz Rádio Digital

10,7 GHz 12,2 GHz Descida de sinal de Satélite Banda "Ku"

13,75 GHz 14,8 GHz Subida de sinal de Satélite Banda "Ku"

14,5 GHz 15,35 GHz Rádio Digital

Tabela 1: Espectro de Freqüência e alguns dos serviços atribuídos 11

Como freqüências mais altas e mais baixas tendem a perder-se

na atmosfera a longas distâncias, conforme observado na tabela anterior ,

apenas aquelas entre quilohertz e megahertz podem conduzir

11 BALAN, Willians C. “O Espectro de Freqüência e a Comunicação Social” In: As Freqüências e a Comunicação Social – Curso à distância via Internet, referente aos estudos de Educação à Distância. Veja mais em (www.willians.pro.br/frequencia)

30

prontamente sinais de rádio e televisão com base na terra. As freqüências

residentes no ar são utilizáveis para transmissões de rádio e televisão,

telefones celulares, pagares e outras tecnologias móveis. Já as

freqüências mais altas, com bilhões de ondas por segundo (gigahertz),

possibilitam as transmissões diretas por satélite e outras a longa

distância.

Todas essas freqüências combinadas ocupam espaços do

espectro eletromagnético. Dessa forma, as estações de TV modulam e

transmitem essas freqüências na forma de ondas hertzianas,

reverberando para frente em círculos a partir de uma antena

eletromagneticamente carregada. Para a condução de um sinal de

televisão, as emissoras precisam de 6 MHz de banda12. A fim de evitar

interferências que cada canal pode provocar em outro, se estiver em uma

faixa de freqüências muito próxima, é necessário manter espaço livre no

espectro entre um canal e outro. Esse espaço isolante é várias vezes

maior do próprio sinal, e somente a televisão ocupa, por exemplo, cerca

de 40% do espectro do rádio. Assim sendo, o espectro é considerado um

recurso limitado, porque, em qualquer localidade, apenas uma faixa de

freqüências está disponível para a transmissão de informações, o que

forçaria a TV a adotar um sistema centralizado e limitado a poucos

canais.

12 No caso do Brasil, já que na Europa a largura de banda para um canal de TV é de 8 MHz.

31

2.1- Mais espaço para o Espectro de Freqüência

Uma solução encontrada para resolver os problemas de

saturação do espectro de freqüência foi a digitalização dos sinais. Se os

6 MHz, que parece muito espaço do espectro, já é apertado para um

canal de TV analógico e limita a quantidade de pixels a serem

transmitidos, certamente esse espaço poderia ser melhor aproveitado

caso os dados fossem digitais. Dentro de um canal analógico existem

certas dificuldades de manipulação e armazenagem de sinais, o que no

sistema digital não ocorre por justamente este trabalhar em sistema

numérico.

“Como são representações numéricas finitas (que começam com 00000000 e acabam com 11111111) os sinais digitais, ao contrário dos analógicos, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos espaço na onda. Comprimidos assim, eles podem viajar em grupos muito maiores do que os sinais analógicos. O resultado é que o consumidor recebe mais canais e ainda alguns serviços complementares.” 13

Com a digitalização do sinal é possível, através das

possibilidades de compressão dos sinais, a transmissão de mais sinais

em menor espaço do espectro de freqüência. Ou seja, a otimização do

espaço do espectro é um fato possível e estamos cada vez mais próximos

deste acontecimento.

Para melhor uma compreensão, conheça a seguir os conceitos

de sistemas analógicos e digitais.

13 Revista Superinteressante, Ano 10. n.º 08, Agosto, 1996, p. 70-71.

32

3 - SISTEMA ANALÓGICO E DIGITAL

Em relação às constantes mudanças tecnológicas, duas

palavras ganharam notoriedade em nosso cotidiano: Analógico e Digital.

Este capítulo estabelece as principais diferenças entre os dois

sistemas de transmissão, já que a convivência entre eles ainda persistirá

por algum tempo, devido à existência dos receptores existentes nas

residências, assim como equipamentos em algumas emissoras de TV.

3.1- O Sistema Analógico

Devido ao custo e à complexidade das válvulas usadas nos

sistemas de televisão, a maior parte do processamento dos sinais eram

realizadas na estação. A partir de seu surgimento, o receptor de TV

precisou ser relativamente simples, pois os projetistas necessitavam

reduzir os custos minimizando o número de válvulas nos aparelhos. Para

a época em que a televisão foi concebida, a armazenagem de sinais

estava fora de cogitação, já que uma memória poderia exigir milhões de

válvulas num único televisor. E a armazenagem do sinal somente pode

ser idealizada graças às evoluções tecnológicas no campo da

microeletrônica.

Dessa forma, áudio e vídeo transmitidos pelas estações teriam

que ser ondas diretamente exibívieis, o mais semelhante possível aos

sons e às imagens que foram geradas. Isso significou que a TV teria que

operar em um sistema analógico, já que estas ondas tinham capacidade

de simular diretamente o som, o brilho e a cor.

33

Até o surgimento do sistema digital, o sistema analógico de

transmissão era o único disponível para a transmissão de áudio e vídeo.

A eficiência para conduzir, imitar e exibir o sinal através de ondas

eletromagnéticas é a vantagem deste sistema. Porém, a sensibilidade à

interferência atmosférica e a dificuldade de manipulação e armazenagem,

são fatores que deixam o sistema analógico em desvantagem. Dado que

a onda analógica inteira é usada para conduzir informações, qualquer

distorção resulta em variação da imagem.

FIGURA 07 - GRÁFICO SINAL ANALÓGICO

George Gilder (1996:150) exemplifica que, como os sulcos de

um disco de vinil, a impressão helicoidal num videocassete ou os padrões

químicos num filme, eles (os sinais analógicos) imitam diretamente a

forma, o tempo e a natureza do conteúdo do sinal que registram, seja som

ou imagem. Assim, os sinais analógicos normalmente têm que ser

enviados ou reproduzidos “em tempo real”, na mesma velocidade em que

foram gravados. A maior parte dos sinais analógicos “amarra” o receptor

ao transmissor numa tradução fiel do sinal. Trata-se do meio apropriado a

um mundo de poucos transmissores e muitos receptores.

Limitações econômicas e técnicas fizeram com que os

componentes eletrônicos, em vez de situar-se no aparelho de TV,

retrocedessem à estação de transmissão. Quase toda a inteligência do

sistema – a geração, seqüencialização e a armazenagem de sinais de

imagens – teria que localizar-se no centro de transmissão.

34

O aparelho de TV limitaria-se a forma dos sinais usados, a

resolução da imagem e o número de canais. O poder de processamento

do aparelho era mínimo comparado com o da estação.

Contudo, a televisão triunfou facilmente sobre suas deficiências

técnicas. As invenções do transistor (1947)14 e do circuito integrado (1957)

foram responsáveis por mudanças tecnológicas na televisão, inclusive

pelo fato de a maior parte da “inteligência” do sistema agora fazer parte

da própria estação15.

Um alto-falante ou um tubo de imagem de TV não era capaz de

funcionar apenas pelo sinais captados por uma antena, já que estes são

de baixa intensidade. Para tanto, a utilização destes meios (rádio ou TV)

dependia da amplificação do sinal até alcançar potência suficiente para

aplicações práticas.

Segundo MALVINO (1995:194), antes de 1951, as válvulas

eram os principais dispositivos usados para a amplificação de sinais

fracos. Embora fossem excelentes amplificadoras, elas apresentaram

uma série de desvantagens. Tais como: o filamento interno ou aquecedor

requer 1 W (watt) ou mais de potência e a vida útil deste é da ordem de

alguns milhares de horas apenas. Além do mais, a válvula ocupa muito

espaço e o aquecimento necessário para o seu funcionamento faz

aumentar a temperatura interna de seus equipamentos eletrônicos.

O transistor possibilitou o processamento de impulsos

elétricos16. Em 1951, Shockley inventou o primeiro transistor de junção,

um dispositivo semicondutor capaz de amplificar sinais de rádio e de TV.

As vantagens de um transistor ultrapassariam as desvantagens de uma

válvula, pois o transistor não tem filamento, logo, aquece pouco pela

transferência de elétrons e, portanto, requer uma potência muito menor.

Além disso, por ser um dispositivo semicondutor, pode durar

indefinidamente; ocupa pouco espaço devido às suas pequenas

dimensões e como não aquece muito, os equipamentos podem funcionar

com temperaturas internas mais baixas.14 O transistor foi inventado na empresa Bell Laboratories, em Murray Hill, no estado

de Nova Jersey.15 CASTELLS, 1999:5816 Idem, p.58

35

Graças aos avanços da microeletrônica, o transistor possibilitou

a invenção de vários outros componentes, inclusive a do Circuito

Integrado (CI), um dispositivo pequeno que contém vários transistores. A

existência do CI deu origem aos modernos computadores e outros

milagres da eletrônica. Já o circuito integrado (microchip) permitiu ao

mundo combinar vários transistores numa minúscula peça, ou seja,

serviram inicialmente de substitutos baratos para a válvula (no caso da

TV, pois criou-se um sem-número de inovações na área da

eletroeletrônica)17.

Em relação a transmissão de sinais, os transistores

conseguiram realizar quase todas as funções de amplificação de válvulas,

exceto exibir realmente a imagem.

Dessa forma, o televisor poderia tornar-se um eficiente

processador com milhões, ou mesmo bilhões, de equivalentes à válvula

capazes de executar funções além da mera exibição. Poderia criar,

aperfeiçoar, processar, armazenar e até transmitir sinais próprios. Embora

os microchips fossem, de início, usados para estender a vida dos

receptores e dos videocassetes comuns, acabariam mudando

radicalmente a própria natureza dos meios de comunicação.

FIGURA 08 - MICROCHIP

Por ocuparem considerável espaço dentro do espectro de

freqüência, os canais analógicos já cedem espaço às transmissões em

digital. E a respeito do futuro sobre as transmissões analógicas, não há

certeza do que irá ocorrer. O mais provável é que essas emissões

diminuam e desapareçam aos poucos, para dar lugar a uma totalidade de

17 MALVINO, 1995:194

36

transmissões em digital, devido as vantagens apresentadas por este

sistema.

Assim, não se pode afirmar uma data exata para o

“desaparecimento” das transmissões no sistema analógico. Em algum

momento, haverá um último transmissor analógico que ficará fora de

serviço e marcará, enfim, a transição definitiva para o sistema digital.

3.2- O Sistema Digital

A primeira vez em que ouvi o termo “digital” foi quando ganhei

meu primeiro relógio de pulso. Simples para ver as horas, não se

precisava contar os espaços para sabê-la, já que os números eram bem

visíveis.

Para fazer-se uma comparação entre o que é analógico e o

que é digital, podemos citar o exemplo acima. Vamos imaginar dois tipos

de relógios: os de ponteiro e os digitais. Os de ponteiros, que têm as

marcações de minutos e horas, movem-se a cada instante de maneira

precisa, de acordo com a posição do ponteiro de segundo. Já o outro

relógio, com visor de cristal líquido, a variação das informações é exata:

há uma progressão (1, 2, 3 e assim por diante), onde o marcador dos

minutos aumenta sempre um assim que o marcador de segundos

completa seu ciclo (60 segundos).

Assim, dizemos que o relógio de ponteiros é analógico, pois

não há um ponto definido para que os ponteiros parem já que estarão

sempre em movimento. O relógio de cristal líquido, então, é digital, pois a

mudança é muito precisa e os dados não sofrem variações, ou seja, a

informação é exata.

“Os sinais digitais, por sua vez, são todos bits e bytes homogêneos, códigos de “ligado e desligado” que podem ser facilmente armazenados, comprimidos, depurados, editados e manipulados. A inteligência distribuída dos sistemas digitais é apropriada a

37

um mundo com tantos transmissores quanto receptores.” 18

Os sinais digitais, enquanto representações numéricas finitas,

onde 0 (Zero) representa o que Gilder chama de “desligado” e 1 (Um),

“ligado”, podem ser transformados em fórmulas que ocupam menos

espaço na onda eletromagnética, no caso da transmissão e recepção de

sinais de TV, o que não acontece com os sinais analógicos. Isso significa

que imagens e sons são transformados em linguagem de computador

(combinações entre os dígitos 0 e 1) o que favoreceria a obtenção de um

sinal mais limpo com o uso da tecnologia digital.

FIGURA 09 – GRÁFICO SINAL DIGITAL

Já que a onda, em um sistema digital ocupa menos espaço,

então a largura de banda necessária para o transporte de informações via

TV não seria a mesma ocupada pelos canais analógicos. Assim, é

evidente que a principal questão na adoção da transmissão digital é o uso

do espectro eletromagnético.

Conforme nos explica o consultor John Watkinson em seu

artigo “Como funciona a Transmissão Digital” (WATKINSON, 2000: 18),

em cada país existe apenas um espectro e as pressões para acomodar

mais serviços no mesmo tendem sempre a aumentar. Os atuais canais de

18 Gilder, 1996:151

38

TV analógicos baseiam-se em uma tecnologia desenvolvida há várias

décadas, que usa muita largura de banda.

Durante a transmissão digital, a informação perde pequenas

nuances e pode até ficar levemente pior que a analógica (como cópia fiel

do original) com todos os seus matizes. Porém, no transporte que irão

fazer depois (da emissora para o aparelho receptor de TV) os sinais

digitais mantêm-se inalterados, enquanto os analógicos sofrem perdas

significativas.

Tal como as ondas formadas por uma pedra que cai na água,

conforme se afastam do local do impacto e ficam mais fracas, algo

parecido acontece com as ondas eletromagnéticas que carregam os

sinais de TV. Mas, em geral, elas conseguem levar os sinais digitais até o

fim da “viagem”, afinal são apenas zeros e uns, o que não ocorre com a

infinidade de gradações de cores e brilhos ou sons da informação

analógica. Esta, então, fica cheia de chuviscos, ruídos e outras

interferências. Se a onda enfraquece a ponto de não conseguir levar os

códigos digitais, a transmissão pode cair de vez, mas nunca vai ficar ruim,

já que os códigos são números exatos, sem perda de qualidade.

No formato digital, todas as informações de som, brilho e cor

são numericamente codificadas. Ao contrário dos sinais analógicos, os

sinais digitais podem ser armazenados e manipulados sem se deteriorar.

Por ser digital, a qualidade da imagem dobra, assim como o

som fica mais claro e sem ruídos como em um CD. As imagens podem

ser transmitidas com maior número de linhas, permitindo a alta definição.

E a largura de banda poderá ser diminuída para, enfim, reduzir o

congestionamento do espectro de freqüências.

Portanto, se os sinais digitalizados resolvem a questão do

espectro de freqüências, não se pode deixar de lado a questão que o

digital provoca mudanças também em outras meios. A seguir, no capítulo

referente ao Cinema, conheça o que o digital trouxe e possibilitará para

esta mídia.

39

40

4 - UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA

Esta pesquisa não tem a pretensão de estudar mais

profundamente a história do cinema. Dentro desse tópico, é importante

que se conheça a origem e evoluções tecnológicas, a fim de efeito

comparativo para a segunda parte deste trabalho. Ou seja, como a alta

definição, uma das características da TV Digital, vai influenciar o cinema.

4.1- A arte que sobrevive através dos tempos

Durante séculos, civilizações buscaram meios para reproduzir

a realidade. Os teatros de sombra foram os primeiros espetáculos

públicos com projeção de imagens. Em pleno século XVI, a "Câmara

Escura" permitia a projeção de imagens externas dentro de um quarto

escuro.

No decorrer da história, o cinema logo revelou sua

possibilidade de comunicação acompanhando as “revoluções” das

sociedades, economias e culturas que ocorriam em todo o mundo. Para

tanto, antes de constituir-se como arte da representação e encantar o

mundo, a origem do cinema está ligada às histórias da pintura e da

fotografia.

As primeiras expressões da pintura reproduziam as imagens

dos objetos tais como o artista a observava. Nuances de luz e sombra

procuravam ser a mais fiel representação daquela realidade.

Já a fotografia, inventada no século XIX, possibilitou registrar e

guardar as imagens dos objetos. Pela primeira vez, no que se diz respeito

à reprodução de imagens, as tarefas artísticas essenciais ficariam

reservadas ao olhar do fotógrafo sobre a lente de uma câmera. A

fotografia passava a registrar o tempo real do acontecimento e, através

dela não era possível deformar a perspectiva ou a profundidade de

campo; afinal era um registro.

41

Assim, o período primitivo do cinema foi precedido pela

descoberta da fotografia.

TAVARES DE SÁ (1974:19) em sua obra “Cinema em Debate:

100 Filmes em Cartaz”, classifica o cinema com a “arte do movimento”19,

isto é, define-o como a arte que visa criar a beleza por meio de imagens

luminosas em movimento, o que supõe técnica e linguagem próprias para

tal arte (montagem, planos seqüência, por exemplo). As imagens, dotadas

de um certo ritmo interno graças à sucessão de planos, resulta na ilusão

de movimento das personagens dentro de cada tomada. Ou seja, através

da exposição de uma imagem a cada 24 quadros por segundo20 temos o

movimento das cenas apresentadas.

A origem do cinema data de fins do século XIX, mas não

podemos esquecer das primeiras experiências de animação que

ocorreram no século XVII com a Lanterna Mágica. Esta, considerada a

precursora do cinema, era utilizada para a para projeção luminosa de

imagens ou desenhos.

“Um lençol branco, uma lanterna com uma única lente, uma vela como fonte luminosa, era este todo o seu equipamento. Maravilhavam grandes e pequenos, contando histórias com a ajuda de lâminas de vidro com desenhos pintados à mão projetados na tela”21

Durante todo o século XIX, inventores tentaram construir

aparelhos que buscassem produzir a ilusão do movimento, como o

taumatropo, fenaquistocopio, zootropo e o praxinoscopio. Uma variação

do último, o Teatro Óptico, elaborado por Emile Reynaud, é o que mais se

aproxima do que conhecemos como cinema. Com o objetivo de produzir

uma ação contínua, projetavam-se mais de 500 transparências de

desenhos utilizando um aparelho cilíndrico. Juntamente com a projeção

de uma imagem de fundo, a partir de uma lanterna, o aparelho

proporcionava projeção dos primeiros desenhos animados.

19 A palavra cinema decorre da expressão Kinema, cujo significado é Movimento.20 O cinema adota a projeção de 24 quadros por segundo para que o olho humano

não perceba os quadros parados.21 MARCHAND, 2001:02

42

Até então, quatro dos principais elementos do cinema já

existiam: a persistência da visão, fotografia e projeção. Porém ainda

faltavam dois elementos fundamentais, a película perfurada e o

mecanismo de avanço intermitente que lhe daria movimento. E foi nos

Estados Unidos, em 1890, que os inventores Thomas Edison e William

Dickson encontraram a solução para esses dois últimos elementos.

Tiveram a idéia de perfurar um filme flexível de celulose, com 35 mm de

largura, dos dois lados. E para resolver o problema de movimento do

filme, uma roda dentada poderia desenrolá-las de modo regular. Estava

inventado o Cinetoscópio.

A fita perfurada de Edison e Dickson usada em seu

Cinetoscópio, acrescido de outros aperfeiçoamentos, permitiu ao irmãos

Louis e Auguste Lumière criar um mecanismo que projetava a imagem em

movimento em uma tela à distância, ao qual deu-se o nome de

Cinematógrafo.

“Foi depois de observar o mecanismo de uma máquina de costura que os Irmãos Lumière inventaram um projetor que fazia com que as imagens parassem e avançassem. Era a invenção do cinema!22

Considerados os inventores do cinema, em 28 de dezembro de

1895, os Irmãos Lumière exibiram no Salon Indien, aquele que veio a ser

conhecido como o primeiro filme da história: "A Chegada de um Trem na

Estação da Cidade", um breve testemunho sobre a vida diária.

Os filmes desta época eram sempre feitos sobre situações do

cotidiano, como o trabalho ou relações familiares, o que fazia aos poucos

perder a magia das primeiras apresentações. Mas, valendo-se da

invenção dos Irmãos Lumière e da imaginação de George Méliès, o

cinema tomou um novo rumo. Este criou os primeiros filmes de “ficção

cinematográfica” e realizou experiências surrealistas de grande efeito

para a época. A intenção dos filmes de Méliès era a de transformar os

sonhos das pessoas em imagens animadas na tela do cinema.

22 Idem, p.05

43

Mais de cem anos passaram-se desde a invenção do cinema, e

este sobreviveu às evoluções tecnológicas que foi submetido. Primeiro do

mudo para o falado (1927) e do preto e branco para o sistema em cores

(década de 40). Nem o advento da televisão nos anos 50 sepultou a

“sétima arte”. Agora, em pleno século XXI, o cinema prepara-se para

adaptar-se às recentes transformações tecnológicas e por que não aos

novos espectadores que estarão se formando?

Sobreviver dentro da era digital não será difícil para o cinema.

As produções tendem a aumentar, além da rapidez e barateamento

dentro da cinematografia. A linguagem desse novo período complementa

o que já existe em relação ao cinema, só que agora o caminho a seguir é

mais tecnológico, o que veremos a seguir com o que vem a ser o cinema

digital.

4.2- Cinema Digital

O tempo e os recursos gastos para viabilizar uma produção

cinematográfica no Brasil pelo caminho da Lei do Audiovisual, tornaram-

se, nos últimos anos, um dos maiores obstáculos na vida dos

profissionais do setor.

O excesso de burocracia de uma legislação feita por quem

nunca pisou num set de filmagem tem tornado o cinema brasileiro um

negócio cada vez mais voltado para outros setores e cada vez menos

para produtores, diretores e cinegrafistas. Através de dados da Revista

Tela Viva23, entre comissões, auditorias e taxas de administração, um

filme brasileiro acaba custando, em média, 20% a mais do que deveria

devido à legislação audiovisual do País, dentro de um mercado em que as

possibilidades de retorno são mínimas e onde a demanda por novos

projetos não pára de crescer.

23 BOCATTO, Paulo. “Cinema Digital, Cinema Novo”. In Revista Tela Viva, Out/01.

44

As novas tecnologias digitais que revolucionam o mercado do

cinema internacional (Europa e Estados Unidos), começaram a ser

utilizadas no Brasil como uma alternativa viável para que o cinema

brasileiro possa seguir adiante, ou seja, o digital vem abrir um novo

caminho, que aproxima-se de um jeito mais ágil e, porque não, até

mesmo mais espontâneo de filmar. Isto pelo fato de algumas produções

levarem muitos anos para captar um filme inteiro, já que dependem de

recursos que nem sempre são disponibilizados da maneira menos

burocrática.

O Cinema Digital não modifica somente a maneira de se fazer

filmes, e sim a própria estrutura do mercado cinematográfico. Pode-se

dizer que o avanço tecnológico concilia técnica e criação, simplificando os

processos de produção a tal ponto que é possível pensar até em filmes

que sejam realizados quase sem sair de casa. De certa forma, o digital

torna-se um meio para que projetos dos mais diferentes tipos saiam com

mais rapidez do papel.

No momento em que o digital chegar definitivamente às salas

de projeção o cinema conhecerá um novo mercado, onde muitas pessoas

terão acesso aos meios de produção. O que poderá garantir à produção

independente seu espaço tão esperado.

4.2.1- Os formatos de captação digital

Existem diversos formatos de captação digital, que tanto

servem para TV como para o cinema.

No mercado, encontram-se de câmeras amadoras, com preços

que não ultrapassam os US$ 2 mil, as semiprofissionais (de até US$ 5

mil) até as câmeras profissionais que variam entre US$ 15 mil a US$ 100

mil. 24

As câmeras Mini-DV amadoras, embora limitam a qualidade de

imagem, foram utilizadas em algumas cenas de filmes como “Festa em 24 Idem - Revista Tela Viva/ Outubro-2001

45

Família”, do dinamarquês Thomas Vinteberg e “Buena Vista Social Club”,

do alemão Wim Wenders.

Já as semiprofissionais têm qualidade bastante superior, pois

trabalham com três CCDs (contra um CCD das amadoras). Equipamentos

desse tipo foram utilizados em “Os Idiotas”, de Lars von Trier.

Na categoria de câmeras profissionais entram vários formatos

DVCam, e DVCPro, Digital S, DVCPro 50 e Beta Digital, enquanto em

outro patamar surgem as câmeras HD (High Definition ou Alta Definição),

com custos elevados e reservadas, por enquanto a nada menos que

George Lucas. No Brasil, as primeiras câmeras HD já chegaram, e por

enquanto são disponibilizadas apenas para locação, com um custo de

diária superior ao da melhor câmera 35 mm disponível no mercado...

Uma curiosidade é que são os europeus que estão na dianteira

do Cinema Digital justamente por trabalhar no sistema PAL, que além de

ter 100 linhas a mais de resolução vertical (625 linhas em relação ao

sistema NTSC ou PAL-M), operam a 25 quadros por segundo, número

mais próximo dos 24 quadros do cinema que os 30 quadros do NTSC

utilizado no resto do mundo, considerada uma grande vantagem no

momento de converter vídeo para película. Isto será visto com mais

detalhes no item “Do vídeo para o cinema: um processo antigo”.

Porém, os processos de transferência de vídeo para película

também evoluem em alta velocidade e, embora ainda sejam caros para

os padrões brasileiros, devem baratear e, dependendo do tipo de

produção, compensam pela economia feita nos custos de captação de

imagem. A questão econômica é um fator importante na hora de se

escolher qual o formato mais adequado para a filmagem.

Pompeu Aguiar, diretor do curta brasileiro “Improviso n.º 3”, diz

que:

46

“É um pouco complicado achar que com o digital basta pegar uma câmera e sair fazendo. Se você busca uma linguagem mais próxima do cinema, o uso do vídeo demanda muita pesquisa.”25

O primeiro filme inteiramente realizado em vídeo foi 200

Motels, de Frank Zappa 26. Em 1971, quando o filme foi realizado,

utilizando uma técnica de transferência de fita magnética para película

aperfeiçoada por uma filial da Technicolor Corporations, a tecnologia

ainda “engatinhava” rumo à digitalização dos recursos.

Uma das primeiras experiências de um filme com telecâmeras27

com a captação das imagens em vídeo, transferindo-as depois para

cinema (Kinescopia) foi realizada pelo cineasta italiano Michelangelo

Antonioni em “ O Mistério de Oberwald” (Il Mistero de Oberwald) de 1980.

Sua obra não foi realizada com a câmera de cinema e sim com uma

câmera de televisão, considerando-se um obra inteiramente eletrônica,

porém não digital.

ARISTARCO (1985:25) explica que Antonioni sempre esteve

atento ao uso funcional das cores, e quis experimentar o sistema

eletrônico para conhecer um novo modo de se fazer cinema. Neste, a cor

é utilizada para reproduzir a realidade como ela é, já que a película

reproduz com fidelidade aquilo que se encontra diante de uma máquina

de filmar. Enquanto que na televisão pode-se acrescentar ou retirar a cor,

assim como intervir em sua qualidade e na relação entre vários tons. Isto

porque o diretor tem pleno controle do que grava através de monitores

profissionais de TV.

“Quando a SONY inventou as primeiras telecâmeras de alta definição de sinal, o mundo

25 Revista Tela Viva/ OUT-2001 26 MACHADO, 1988:19627 A expressão é utilizada pelo próprio Antonioni em “Até Parece uma Brincadeira”, in

ARISTARCO, 1985:167

47

da captação de imagens mudou em poucos meses. Com essas telecâmeras obtém-se uma qualidade de imagem que é em tudo idêntica à do cinema; deixou de haver grão no monitor e rastros de cor; obtém-se um sinal nítido, tão perfeito como o que se pode obter na melhor câmera de cinema.”28

Percebe-se, então, que o uso do digital em um filme busca

vencer as limitações do vídeo, trazendo com o avanço do setor novas

possibilidades para que exista uma fotografia mais elaborada,

especialmente na questão do contraste.

Talvez nem todos os diretores irão se preocupar com uma

fotografia mais elaborada em suas produções. O movimento dinamarquês

do Dogma 95, que trouxe às telas filmes como “Os Idiotas” e “Festa em

Família”, por exemplo, recolocou o foco do cinema digital na dramaturgia

e não na técnica, pois, segundo o próprio “movimento”, os filmes podem

ter imagens que causam estranhamento (cortes rápidos, seqüências onde

a câmera é instável), mas a garantia é de que seguram o seu espectador

pela força do roteiro e das atuações dos atores.

Talvez a grande vantagem do cinema digital seja uma

variedade de conceitos, estéticas e modos de produção que ele abriga,

rompendo com um jeito único de se fazer cinema, predominante no Brasil

(principalmente) nestes últimos anos. Para filmes de grande produção, os

formatos digitais podem ser úteis quando se necessita de muitos efeitos

especiais e trucagens, muito mais fáceis e baratos de serem feitos no

formato digital do que opticamente. Em relação ao cinema de baixo

orçamento, tais como documentários e filmes experimentais, o digital

traça novos caminhos para se colocar os projetos “na lata” - ou melhor,

“na fita”.

Esperamos que um modelo mais econômico de produção

cinematográfica seja financeiramente viável no Brasil. Porém, isto não me

deixa tranqüila ao pensar nos cuidados com a produção. Infelizmente,

28 Declaração de COPPOLA, Francis Ford – in ARISTARCO,1985:31.

48

sempre existirá um “produtor” que ao possuir “uma câmera digital na mão

e idéias na cabeça” (parodiando de uma maneira mais moderna Glauber

Rocha) poderá fazer do mercado sua vitrine para o universo das artes.

Podem acabar tornando o mercado cinematográfico um depositário de

“lixos” e meras coisas, muitas vezes sem nexo e sem sentido, ocupando

os espaços de quem produz um cinema sério e preocupado com

qualidade de conteúdo? Os filmes “amadores” talvez não conquistem seu

espaço em escala comercial e ganharemos muito com isto enquanto

espectadores.

Assim, que o cinema renove-se e não morra por obra de

poucos.

4.2.2- Do vídeo para o cinema: um processo antigo

A possibilidade técnica da transferência de vídeo para filme

não é um processo recente. A Kinescopia, um processo de transferência

em tempo real, é inclusive anterior ao nascimento da fita de vídeo.

No início da era da TV, como não existia o videotape, as

grande redes norte-americanas usavam a película para armazenar alguns

de seus programas. O grande problema é – e sempre foi – a

incompatibilidade entre o número de fotogramas por segundo entre os

dois formatos (sem discutir a questão da qualidade de imagem, que é um

problema anterior à transferência propriamente dita).

O cinema, como ficou mundialmente padronizado, roda a 24

fotogramas por segundo. Já o vídeo roda a 30 quadros (ou frames) por

segundo (no sistema NTSC, padrão nos Estados Unidos e na captação

de imagens no Brasil) ou 25 quadros por segundo (no sistema PAL,

padrão da maioria dos países europeus).

Essa diferença entre PAL e NTSC explica porque o cinema

independente europeu está na vanguarda da realização em vídeo digital –

resolvidos minimamente os problemas de qualidade da imagem, os

49

europeus puderam “abraçar” o vídeo sem o medo do pull-down29. A ínfima

diferença de um frame não é sensível na tela.

No caso dos primórdios da TV, alguns programas gerados ao

vivo eram simultaneamente captados da pequena tela por câmeras de

cinema com obturador variável, sincronizada eletronicamente para fazer o

pull-down e eliminar os batimentos na imagem.

Esse processo de kinescopia evoluiu dos anos 50 até os dias

atuais, é evidente. Mas hoje não é a única maneira de transferir vídeo

para cinema, nem a de melhor qualidade – embora continue sendo a

opção de mais baixo custo. O princípio chegou a ser utilizado na grande

indústria, com filmagens de imagens com o andamento eletronicamente

modificado a partir de uma tela de cristal líquido, com altíssima resolução

– essa opção, obviamente, não se enquadra em filmes de baixo

orçamento. Vale-se lembrar de que há uma variação do processo,

batizada de triniscopia, realizada pelo laboratório Film Craft, em Detroit,

nos Estados Unidos 30.

4.3- Lado a Lado: Cinema analógico e digital

No que diz respeito ao cinema, assim como a televisão,

também pode existir em dois sistemas: um analógico e outro, digital.

No sistema analógico, o registro das imagens no cinema é feito

em película, como na fotografia. O tamanho de um fotograma – também

conhecido como bitola – é variado, mas o formato para cinema comercial

costuma ter 35 mm de largura. Além do mais, grande parte desse

equipamento é grande e incômodo e não permite a visualização do

material gravado, fazendo-se necessária a revelação do negativo (em

processo químico) para saber se a gravação é aproveitável ou não. No

sistema digital, a Câmera capta as imagens, registra-as codificadas em

dígitos, armazenando em discos rígidos ou discos semelhantes ao DVD.

O tamanho dessa imagem é relativo à área que se pretende captar, e

29 Pull Down é a conversão da velocidade de vídeo para o cinema.30 Dado da Revista Tela Viva – Janeiro/01

50

pode simular as diferentes bitolas da captação em filme. O equipamento é

leve e de manuseio bastante prático, além de permitir a visualização das

tomadas logo após sua gravação, o que possibilita ao diretor saber se o

material é aproveitável ou não.

Dentro de um sistema analógico, a velocidade de captação da

imagem pelas câmeras de 35 mm é de 24 quadros por segundo (q.p.s.).

Há um projeto de câmera capaz de captar 48 q.p.s. - acompanhado da

fabricação de um projetor correspondente -, diminuindo o desgaste da

bitola e aumentando a qualidade da imagem, proposto para chegar ao

mercado norte-americano entre o final de 2001 até a metade de 2002.

Pelo sistema digital, quase todas DVCams captam 30 q.p.s. A

incompatibilidade desse com o tempo do 35 mm (24 q.p.s.), causa

problemas em adaptação cronológica no momento da kinescopagem,

acarretando imperfeições em alguns detalhes e em movimentos das

imagens. Atualmente, somente o modelo Panavision 24P Digital HD é

capaz de captar 24 q.p.s. 31

Por serem pouco sensíveis à luz, os filmes requerem freqüente

auxílio artificial para alcançar o grau correto de luminosidade pretendido.

Com exceção do preto, as cores registradas podem sofrer alterações

durante o processo químico de revelação. Dessa forma, pelo processo

analógico, a imagem da película é definida por pontos, o que a torna mais

"suave", permitindo maior distinção da graduação entre luz e sombra

(meios-tons), e pelo fato de ser bastante sensível à luz, torna a câmera

capaz de registrar imagens. No processo das imagens digitais não há um

processo químico para revelar as imagens, mas simplesmente uma

decodificação digital. A imagem é convertida em linhas o que ressalta as

cores e a definição de contornos, porém, na maioria dos modelos de

câmera digital, enfraquece os meios-tons e a profundidade do negro.

Já o som, quando captado analogicamente apresenta ruído,

pois seu freqüente manuseio acumula sujeira à fita magnética. A edição

em ilha analógica fornece um grande leque de recursos, como melhor

manipulação de brilho e profundidade sonoras , ainda que seja mais lenta.

31 Informação do jornal on line O Estado de São Paulo, 13/12/00.

51

No registro das trilhas em película, a referência de perto, longe, alto e

baixo de um som podem misturar-se, causando uma polifonia indecifrável.

Já o som digital é favorecido por softwares que proporcionam um som

mais limpo e estereofônico, assim como a utilização de seis até 12 canais

digitais dão mais clareza à distância e ao volume real de cada som num

filme digital, fazendo com que o público escute exatamente o que o diretor

ouviu na filmagem (um processo vai desde o Dolby32 SR, passando pelo

THX, até chegar ao Dolby Digital e ao DTS). Além do que a edição de

som em computador é mais rápida do que em uma ilha analógica.

A edição linear (analógica) não é mais usada para finalizações

em cinema enquanto que a edição não-linear garante um controle maior

das partes do filme a serem “cortadas”. Também torna mais prática - e de

qualidade técnica superior - a edição de efeitos especiais. Como é feita

em computador, as imagens que estão em película devem ser

digitalizadas, mas aquelas já gravadas em material digital não precisam

passar pelo processo.

Em relação às cópias, as de material analógico sempre perdem

qualidade em relação ao original, enquanto a perda de qualidade de uma

cópia no formato digital é desprezível.

Quanto à distribuição, o sistema analógico mobiliza a

produção de cópias, transporte (aéreo ou terrestre) para os pontos de

exibição e contrato de seguro contra perda. Enquanto no digital, em um

futuro próximo, as cópias seriam somente necessárias em salas que

necessitassem do DVD. Se não, o filme poderia ser enviado por

computador ou via satélite, ou carregado em qualquer lugar do mundo por

download.

Uma das vantagens do sistema analógico sobre o digital diz

respeito à pirataria. Esta torna-se possível se houver acesso à película e

ao equipamento necessário para reproduzi-lo, geralmente restrito às

produtoras e grandes estúdios. Pelo sistema digital, a pirataria somente

seria possível por meio de um computador bem equipado. Mas os filmes

32 O Dolby, enquanto sistema que processa o áudio reduzindo os ruídos, foi desenvolvido inicialmente para gerar o efeito surround nos cinemas com quatro canais: esquerdo, direito, central e traseiro, e que depois ganhou sua versão doméstica.

52

seriam criptografados e protegidos para que só vendedores e

compradores tivessem acesso ao filme.

Sobre o armazenamento, os negativos e internegativos

(película revelada) são condicionados em latas refrigeradas ou em

emulsões especiais. Por ser um sistema analógico, o filme está sempre

sujeito a deterioração por agentes ambientais ou químicos, assim como

seu manuseio impróprio pode rasgá-lo. Já em formato digital, os filmes

poderão ser armazenados em discos rígidos, protegidos contra vírus

eletrônicos, ocupando espaço em memória mas não em volume.

Dentro de um sistema analógico, a exibição é realizada por um

equipamento mecânico, que projeta, por meio de uma forte luz, a imagem

sobre uma superfície branca. Esse método permite maior qualidade no

brilho e contraste das imagens. Já o equipamento digital, decodifica e

projeta em tela as imagens, por meio de raios de catódio. As tecnologias

de Digital Light Processing (da Texas Instruments) e Image Light Amplifier

(da JVC) têm permitido uma reprodução de imagem similar à da película,

com boa qualidade de brilho e contraste.

E, por fim, a programação. Em um sistema analógico, a

programação dos cinemas está sujeita a contratos prévios entre estúdios,

distribuidores e exibidores. Através do formato digital, do ponto de vista

dos exibidores e público, a programação poderá ser mais interativa e

independente, pois carregar o filme pela Internet daria essa opção. A

opção de diversificar o mercado de distribuição permitiria outras

finalidades para o telão, tais como assistir a shows, concertos, e até

participar de videoconferências.

4.4- Cinema e futuro

A consolidação do sistema digital para o cinema promoverá

melhorias no que diz respeito à redução de custos com captação e edição

de imagens, já que é possível baratear a produção. Além do mais, existe

53

a possibilidade de uma nova forma de distribuição dos filmes, ou seja,

serem estes distribuídos via satélite para as salas de cinema, assim como

a facilidade de tudo ser feito diretamente do computador para um disco

rígido, sem perda da qualidade. Para se ter um exemplo, só os Estados

Unidos consomem cerca de US$ 3 bilhões por ano com a copiagem de

películas e distribuição de filmes33 e através do processo digital, esses

valores teriam grandes chances de serem reduzidos.

E por que falar do cinema em uma pesquisa sobre TV Digital?

Através do histórico apresentado anteriormente, pode-se notar

que desde a década de 80, as telecâmeras de HDTV serviu à produção

cinematográfica. Um exemplo é do diretor Francis Ford Coppola, que

utiliza-se da gravação eletrônica desde “Do fundo do coração” (1981).

Mas as similaridades entre a HDTV e o cinema podem estar

muito mais além do entusiasmo de um grande cineasta pelo sistema. O

fato é que, mesmo na indústria cinematográfica, as aplicações da HDTV

não se restringem à produção propriamente dita e sim nos mecanismos

de distribuição e exibição de filmes, mesmo os rodados em película e

depois transcritos eletronicamente.

Para solucionar o problema da distribuição, os estudiosos

acreditam que milhares de salas de exibição podem estar conectadas a

um mesmo filme, rodado em HDTV e distribuído por satélite em banda de

altíssima freqüência34. Todavia, para que isto aconteça, é necessário que

a imagem eletrônica alcance a resolução de uma película fotográfica de

35mm, o que poderá ocorrer com a consolidação da alta definição.

Quando a qualidade de imagens tornar-se realmente

compatível (imagem eletrônica próxima à qualidade da película), o

sistema de transmissão via satélite transformaria com rapidez todo o

mecanismo de distribuição cinematográfica das grandes cidades,

implantados há muitos anos, permitindo a diversificação de salas em

países de grande extensão e difícil locomoção, como é o caso do Brasil.

33 TORELLI, Eduardo. “Cinema em Casa”. In: Revista Video Zoom Magazine, ano 02, n.o 15, p .56.

34 HOINEFF, 1991:117

54

Cinema e TV serão próximos quando houver maior definição

do vídeo e ampliação das proporções das telas. Isto porque mais pontos

por linha no vídeo garantiriam uma imagem próxima à de um filme de 35

mm, assim como o aumento das proporções da tela de um receptor de

TV, dariam a sensação de “cinema” para o espectador. Embora o

tamanho da tela aproxime-se do cinema, devido à proporção da TV

normal que é de 4:3, contra 16:9 da HDTV, cada meio possui

características e linguagens próprias. Veremos que a alta definição em TV

não significa apenas uma ampliação do número de linhas de varredura, e

sim uma imagem mais larga, à maneira do cinema.

Os produtores de TV, possivelmente, irão utilizar-se de

procedimentos do cinema, tais como técnicas de enquadramento e

iluminação, devido às novas proporções de tela. Porém, a linguagem da

televisão provavelmente sofrerá influência dos avanços da tecnologia,

mas não chegará a ser uma linguagem cinematográfica.

Em relação ao investimento em equipamentos de alta

definição, o custo é elevado, assim como os dos aparelhos receptores.

Acredita-se que apenas uma pequena parcela da população – de alto

poder aquisitivo – irá adquirir um televisor digital de alta definição logo nas

primeiras fases de implementação do sistema em nosso país.

Até o momento, produções televisivas em alta definição estão

restritas, no Brasil especificamente, à Rede Globo, que desde o final de

1999 testa a nova tecnologia na dramaturgia e em transmissões do

carnaval (2000). Mas como realizar programas em alta definição se nem

todos podem compartilhar desta nova tecnologia? Talvez essa questão

esteja sendo estudada pelas emissoras, pensando em um modelo de

negócio que priorize a alta definição nas transmissões e as condições de

produção para as indústrias de aparelhos receptores.

Portanto, o processo do novo formato (HDTV) parece estar

mais próximo do cinema do que da TV, o que não deixa, além da questão

da distribuição, de ser uma alternativa para a indústria cinematográfica

produzir em maior escala com maior qualidade técnica de imagens. Com

isso, a TV poderá “reaprender” com o cinema nas questões de

enquadramento, iluminação, cores e texturas de materiais para cenário e

55

figurino, além de contar com o apoio de iluminadores e fotógrafos de

cinema para manter o padrão estético.

É importante lembrar que neste capítulo não foram discutidos

quais os benefícios da HDTV para a televisão, pois isto é assunto para a

segunda parte dessa pesquisa, que envolve a TV Digital e suas

características.

56

SEGUNDA PARTETELEVISÃO DIGITAL:

UMA QUEBRA DE PARADIGMAS

57

5 - A CRONOLOGIA DA TV DIGITAL

5.1- Porque não confundir TV Digital com TV de Alta Definição (HDTV)

Embora recente, o tema TV Digital vem ganhando seu espaço

dentro dos meios de comunicação. Jornais, revistas e programas de TV já

citaram alguma vez sobre o assunto. Mas, ainda resta-me uma dúvida:

você já saberia discorrer sobre uma breve definição a respeito do que

vem a ser a TV Digital e o que é TV de Alta Definição?

Para este trabalho de pesquisa, pude consultar diversas fontes.

Artigos de jornais brasileiros assim como do restante do mundo –

Portugal, Espanha, Estados Unidos – além de publicações especiais,

reportagens e breves notas a respeito dessa nova tecnologia que está

prestes à adentrar nossos lares e quebrar paradigmas dentro do meio

televisivo.

Por se tratar de uma tecnologia recente, impressionou-me a

quantidade de informações a respeito do tema. Ou seja, são poucos os

que têm conhecimento específico dentro da área, enquanto que muitos

abordam o assunto de maneira superficial e, até mesmo, equivocada em

certos aspectos, assim como algumas das definições tornam-se até

mesmo confusas pelo simples fato daqueles que se propõem a falar a

respeito de TV Digital não se aprofundarem um pouco mais no assunto.

Em primeiro lugar, não podemos confundir TV Digital com o sistema de

TV de alta definição (HDTV).

A importância desse tópico propõe esclarecer possíveis mal-

entendidos que encontrei na imprensa em certos momentos de consulta

durante a pesquisa. Isto até chegou a confundir-me em algumas vezes,

principalmente antes de aprofundar o tema, já que os significados de TV

Digital e TV de Alta Definição aparecem, muitas vezes, como sinônimos –

o que não é verdade.

58

Em certos casos, notam-se, principalmente via Internet, que os

autores mencionam em seus textos que televisão digital vem a ser a

mesma coisa que o sistema de alta definição. Como exemplo, vejamos

onde o autor inicia seu texto com a seguinte frase:

“A TV DIGITAL, ou sistema de TV de alta definição, HDTV, começou a ser desenvolvida no Japão e Europa, há quase uma década.”35

No trecho citado, o autor do texto define que TV Digital e TV

de Alta Definição são, simplesmente, as mesmas coisas. Para não entrar

em detalhes específicos neste momento, já que serão abordados no

capítulo sobre o histórico da TV Digital, pode se dizer que, enquanto

sistema de transmissão e recepção de sinais de televisão, a TV Digital

possibilitará que o espectro de freqüências seja utilizado de maneira mais

eficiente. Ou seja, podemos dizer que é o sinal sendo transmitido por

dígitos – daí o termo digitalização. Além do mais, TV Digital é um termo

bem mais amplo, permitindo que o telespectador receba a TV de Alta

Definição.

É verídico que o Japão foi o primeiro país a pensar em uma

nova tecnologia capaz de ampliar o padrão da imagem de televisão para

mais de mil linhas. As pesquisas iniciaram-se no início dos anos setenta

por diversas empresas japonesas, especialmente a Sony e a rede de

televisão NHK 36 , porém não foram responsáveis na mesma época pela

TV Digital. Inclusive, o sistema de HDTV do Japão era analógico

(operando com 1.125 linhas de varredura horizontal e freqüência de 60

MHz), o que ocupava muito espaço dentro do espectro de freqüências

daquele país.

35 “HDTV E SUA NOVIDADES”. www.facom.ufba.br/com022/hdtv.htmlTexto realizado como trabalho de pesquisa de alunos sob a responsabilidade do

Professor André Lemos, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

36 Na cronologia da Alta Definição, a vantagem japonesa é indiscutível, pois antes mesmo do final da década de 70, a HDTV já estava no papel e em 1981, a Sony desenvolvia o primeiro gravador de imagens em Alta Definição. As primeiras transmissões foram feitas em 85.

59

Segundo HOINEFF 37, o sinal gerado em Alta Definição no

Japão utilizava-se de uma faixa de freqüência de 27 MHz. Isto significava

que a HDTV ocuparia no sistema a cabo um espaço muito maior que o

atualmente reservado a cada estação dentro do espectro eletromagnético.

A respeito do trafego de sinais via satélite, o problema poderia ser mais

grave. Porém, a rede japonesa NHK desenvolveu em 1987 o sistema

MUSE (Multiple Subnyquist Encoding), onde uma banda de 30 MHz

seria comprimida para quatro bandas de 8 MHz, dividindo o sinal no

momento de transmissão e, posteriormente, reagrupado sem perda de

qualidade.

5.2- Uma Breve História

Se algum ponto da contínua história da evolução tecnológica

pode ser demarcado como o início dos trabalhos em televisão digital,

esse ponto remonta à década de 70, quando foram iniciadas as primeiras

pesquisas em televisão de alta definição, no Japão. Porém, foi somente

na segunda metade da década de 80, especialmente com a evolução dos

circuitos integrados digitais, que tal discussão ganhou maior força.

Afinal, qual era a idéia da televisão de alta definição?

A TV de Alta Definição (também conhecida por HDTV), tratava-

se, basicamente, de tentar reproduzir em um aparelho de televisão

doméstico a mesma qualidade de imagem e som que se tem em uma sala

de cinema. Isso significava ter-se uma melhor qualidade de imagem

(maior nitidez, eliminação de ruídos como o chuvisco e contornos

indefinidos nos objetos coloridos,) melhor som e uma tela mais larga ao

invés do formato herdado da década de 40 38.

Os testes realizados para a avaliação de imagens durante a

década de 70 indicaram que tal qualidade poderia ser obtida facilmente 37 HOINEFF, 1991:12138 Até o início da década de 50, também o cinema adotava o formato “Matchbox” no

aspecto 4:3. Foi somente a partir de então que o cinema passou a adotar formatos mais largos, como o “Panorama” (1,85:1), “CinemaScope” (2,35:1) e o “Cinerama” (3:1).

60

duplicando a resolução dos televisores convencionais, ou seja, algo como

1000 a 1200 linhas em vez das 525 linhas de um televisor NTSC.

Entretanto, ao dobrar o número de linhas, isto significava, no mínimo,

quadruplicar o número de pixels (pontos de imagem), já que o número de

colunas também teria que ser dobrado. Além disso, para se adotar uma

tela maior, o número de colunas seria algo mais que o dobro. Porém, isto

resolveria apenas um dos problemas – o da resolução. Além da questão

da resolução da imagem, existiam outras questões de fundo técnico-

econômico envolvidas no processo de uma nova TV: o meio de

transmissão e a compatibilidade entre os sistemas 39.

Em relação ao meio de transmissão, vale-se recordar que os

sistemas de televisão analógica utilizam um canal de 6 MHz40 para

transmitirem uma programação aos seus telespectadores. Em tese,

parecia razoável esperar-se que os sinais da nova televisão pudessem

ser transmitidos utilizando o mesmo recurso, isto é, a mesma largura de

banda. Conforme dissemos anteriormente, na primeira parte, o sinal de

uma televisão em preto-e-branco ocupa a totalidade do canal de 6 MHz.

“Quando foi introduzida a televisão em cores, o volume de informações do novo sistema passaria a ser praticamente o triplo do anterior, pois onde antes havia um único vetor (intensidade luminosa) passou a serem necessários três vetores (intensidade de vermelho, verde e azul ou qualquer combinação derivada desse conjunto) para se transmitir as informações relativas às cores.”41

Este era o grande temor da evolução do sistema preto e branco

para a cores: onde haveria espaço?42 Porém, conforme explica MEGRICH

(1989:12) “o volume de informações de uma televisão colorida não chega

39 Qualquer semelhança com o que pode acontecer com a escolha do padrão de TV Digital para o Brasil é mera coincidência...

40 Ou 7 ou 8 MHz no caso de países da Oceania e Europeus, respectivamente. 41 In “Relatório Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão

Digital” – Março/2001, elaborado pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).

42 Relativo à saturação dos espaços disponíveis no espectro de freqüências.

61

a ser o triplo da televisão monocromática, pois para as informações de

crominância utiliza-se um grau de resolução menor que no preto-e-

branco. Isso é feito sem prejuízo da qualidade da imagem percebida,

conforme indicam os estudos de anatomia da visão humana”.43

Através de uma combinação de técnicas (uso de

subportadoras, modulação em quadratura, uso dos conhecimentos psico-

visuais, etc.) foi possível alocar todas as informações necessárias para a

televisão colorida no espaço espectral antes dedicado a uma televisão

convencional44. Entretanto, até o final da década de 80, não havia

tecnologia capaz de compactar, (no espaço de 6 MHz) o volume de

informações necessário para se transmitir uma imagem de alta definição

através de um meio de propagação tão sujeito a interferências e erros

como é o caso da difusão dos sinais analógicos por ondas

eletromagnéticas.

A segunda questão era a da compatibilidade entre os sistemas

de cor, devido à TV transmitir em preto e branco. Neste sentido, o

surgimento da televisão em cores correspondia a um avanço tecnológico

revolucionário, pois um televisor colorido era capaz de reproduzir os

sinais de um programa preto-e-branco e, mais do que isso, um televisor

antigo seria capaz de reproduzir, em preto-e-branco, um programa que

estivesse sendo transmitido a cores, devido à compatibilidade no número

de linhas verticais. Essas questões – os aperfeiçoamentos desejados, o

volume de informações que deveriam ser transmitidos, o espectro

disponível, a compatibilidade com os sistemas existentes – eram um

imenso desafio.

O primeiro sistema de televisão de alta definição a entrar em

operação em escala comercial, o sistema japonês MUSE – Multiple

Subnyquist Sampling Encoding – na década de 80, combinava técnicas

43 MEGRICH, 1989:1244 Relatório Integrador - p.13

62

de processamento digital com o uso de subportadoras45 analógicas. Ele

teve o mérito de derrubar a impressão de que seria impossível se obter a

compactação de um sinal tão complexo como o da televisão, em um

espaço tão reduzido do espectro. No MUSE, o sinal de alta definição, com

mais de 1 Gbit/s de informação, é reduzido a 27 MHz, largura de faixa

disponível para transmissão via satélite.

Na Europa, o projeto da Comunidade Européia denominado

“Eureka”, iniciou, a partir de 1986, um trabalho similar ao dos japoneses

conhecido como MAC – Multiplexed Analog Components. Este padrão

partia da digitalização e compressão independente de cada componente

de cor e, como no MUSE, utilizava algumas técnicas analógicas para a

composição final do sinal. Para a alta definição, foi criada uma versão

similar, apenas operando com um maior número de pixels chamada de

HD-MAC., que operaria em 27 MHz, sendo, portanto adequado para uso

via satélite como o MUSE. Ainda em 1986, a Inglaterra licenciara uma

empresa a implantar um sistema baseado em HD-MAC via satélite, não

concluído devido às dificuldades econômicas e disputas comerciais.

Paralelamente ao MAC, e protegido pela Comissão Européia, outras

experiências isoladas foram sendo desenvolvidas na Europa: o HD-Divine

(países nórdicos), Spectre (Inglaterra) e HDTV-T (Alemanha). A

experiência obtida com esses trabalhos seria fundamental para a etapa

seguinte no desenvolvimento do sistema europeu.

As dificuldades na realização de um sistema de alta definição

levaram tanto o Japão quanto a Europa a tentarem experiências visando

obter um sistema melhor que o analógico, porém sem os custos da

HDTV. Esses sistemas intermediários receberam diversos nomes, tais

como ATV (Advanced Television), ETV (Enhanced Television) e,

finalmente EDTV (Enhanced Definition Televison).

O Japão lançou um sistema de televisão avançada,

tecnicamente chamado “EDTV-I” e comercialmente batizado de

“Clearvision”. Era basicamente um sistema NTSC modificado, com tela

45 As subportadoras são usadas para as informações de cor, áudio e dados. (Ver Glossário)

63

4:3 e varredura progressiva. Posteriormente foi lançada uma segunda

geração, o “EDTV-II”, que apresentava tela em formato 16:9. Na Europa,

experiências similares foram realizadas, sendo a mais famosa dando

origem ao PALplus, um sistema analógico com tela em formato 16:9 e

compatível com o PAL convencional.

Nos Estados Unidos, a história começa em 1987, quando 58

organizações televisivas fizeram uma petição à FCC 46 para que fossem

iniciados estudos visando explorar novos conceitos no serviço de

televisão, batizado como ATV – Advanced Television Service. Para tal

finalidade, foi criado o ACATS – Advisory Committee on Advanced

Television. Logo no início de seus trabalhos, o ACATS tomou uma

decisão que viria a alterar radicalmente as pesquisas em

desenvolvimento: ao contrário dos modelos híbridos do Japão e da

Europa, ele propôs um sistema totalmente digital, batizado de DTV –

Digital Television. Com isso, abandonava-se definitivamente a esperança

de tentar criar um padrão compatível com os sistemas analógicos

tradicionais. A fim de resolver o problema da transição (coexistência de

receptores analógicos e digitais), durante essa fase o mesmo programa

deveria ser transmitido simultaneamente pelo sistema analógico e pelo

novo sistema digital, utilizando dois canais distintos – solução batizada de

Simulcasting47.

O passo seguinte deu-se com a criação do laboratório ATTC

(Advanced Television Test Center), para testar as propostas de diferentes

fabricantes e centros de pesquisa. Entre 1990 e 1992, foram testadas seis

propostas, não se chegando a um resultado que satisfizesse a todos os

envolvidos.

Em 1993, sete empresas e instituições participantes dos testes

(AT&T, GI, MIT, Philips, Sarnoff, Thomson e Zenith) resolveram unir seus

esforços na chamada “Grande Aliança”, visando desenvolver um padrão

46 A FCC (Federal Communications Commission) é o órgão governamental fiscalizador e regulador das normas de telecomunicações dos Estados Unidos, assim como a ANATEL no Brasil.

47 Não confundir com a transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiodifusores de canais tanto analógicos quanto digitais, isto é, o simulcast.

64

unificado que englobasse as principais vantagens dos “sistemas-

candidatos”.

Neste intervalo de tempo, no início da década de 90, uma

tecnologia em gestação viria a resolver o problema da compactação de

grande volume de informações (especialmente de vídeo) num feixe de

bits relativamente pequeno: o padrão MPEG48, concebido por um

pesquisador italiano e rapidamente disseminado entre os grupos de

pesquisa.

No final de 1993, um grupo de fabricantes e emissoras

européias , a partir da experiência adquirida com os projetos já citados e

adotando a tecnologia MPEG como base, criou o consórcio DVB (Digital

Video Broadcasting), que viria a produzir um padrão com o mesmo nome.

A versão DVB para a radiodifusão terrestre (DVB-T) entrou em operação

em 1998, inicialmente na Inglaterra.

Do lado americano, a Grande Aliança alcançou um resultado

similar, também baseado no MPEG. No final de 1995, o ATSC –

Advanced Television Systems Committee – recomenda à FCC adotar o

sistema da Grande Aliança como o padrão para a DTV norte-americana.

Em dezembro de 1996, através do “Fourth Report and Order” a FCC

adota uma versão levemente modificada daquele como sendo o padrão

para a DTV. O padrão norte-americano, batizado de ATSC, também

entrou em operação em novembro de 1998.

Enquanto isso, o Japão, que fora o pioneiro em alta definição

com um sistema analógico, parecia sofrer do “mal de pioneirismo”,

ficando para trás com o seu sistema MUSE em operação comercial.

Foi apenas em 1997 que o Japão decidiu partir para um

modelo totalmente digital, similar ao DVB europeu. Batizado de ISDB,

48 O Moving Pictures Experts Group (MPEG) é um grupo de trabalho, constituído em Janeiro de 1988, responsável pelo desenvolvimento de padrões internacionais de compressão, descompressão, processamento e representação codificada de imagens animadas, áudio e a combinação de ambos.

Veja mais no item 7.2.1 “Por que a Compressão?”

65

Integrated Services Digital Broadcasting, o sistema japonês foi oferecido

inicialmente via satélite (em substituição ao MUSE), a partir de dezembro

de 2000. As transmissões terrestres são esperadas para 2003, em função

das dificuldades que aquele país conta com seu espectro de freqüências.

5.3- Convergência e Modelos de Camadas

A recente evolução tecnológica provoca a revisão de uma

série de conceitos aos quais nos habituamos, forçando, de certa forma,

uma revisão na maneira pela qual víamos e entendíamos os serviços de

telecomunicações. Por exemplo, no passado, a única forma de ouvirmos

música ou notícias era através do rádio, enquanto que hoje é possível

fazer isso por meio da Internet, mesmo que ainda de forma limitada. Por

outro lado, já em tempos recentes, a única forma de se acessar a Internet

era através de uma conexão telefônica (no caso dos usuários

residenciais). Era! Hoje já é possível acessar o mesmo recurso através

das redes de televisão por assinatura via satélite, além de telefones

celulares.

Em um passado nem tão distante, os serviços de

telecomunicações – incluindo o de televisão – caracterizavam-se por um

conjunto definido de recursos, tanto os empregados (meio de

transmissão, espectro e outras características técnicas) quanto os

disponibilizados (formato da imagem, qualidade do som e facilidades

auxiliares). A convergência, ao derrubar as fronteiras entre os diferentes

serviços, provoca necessariamente a realização de uma revisão

conceitual.

Para evitar que a cada nova tecnologia ou serviço criados

fosse necessária uma revisão conceitual, o setor de telecomunicações

tem optado pelo uso do modelo de camadas.

A idéia surgiu na década de 80, na área de redes locais de

computadores, com o seu modelo OSI (Open System Interconnection), de

66

sete camadas, para possibilitar a interligação de diferentes tipos de

máquinas e ambientes de software. Dentro do modelo de camadas, cada

uma desta possui um conjunto de funções mútuas, sendo independente

das demais. Isto porque as entidades localizadas em uma camada

utilizam recursos da camada que lhe é imediatamente inferior.

Na área de telecomunicações, o modelo de camadas foi

introduzido com a RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados, também

conhecida por ISDN). A arquitetura estruturada da RDSI permite que

diferentes tipos de equipamentos, com diferentes funcionalidades,

características e aplicações, possam ser interconectadas e atendidas

através de uma única rede, ao contrário das redes então vigentes, que

eram dedicadas exclusivamente ao tráfego de sinais telefônicos, ou dados

ou vídeo.

A grande flexibilidade introduzida ao possibilitar o transporte de

serviços com características bastante heterogêneas dentro de uma

mesma rede, fez com que a filosofia do modelo de camadas fosse

adotada em outras tecnologias de telecomunicações. Mais recentemente,

o modelo de camadas possibilitou discernir os serviços de

telecomunicações das suas plataformas de suporte, fornecendo uma

visão mais clara dos sistemas de telecomunicações e com isso permitindo

mais um passo rumo à convergência de serviços e tecnologias. Ou seja,

com a substituição de um antigo paradigma do serviço de

telecomunicações – utilizando-se apenas de sinais telefônicos, dados ou

vídeo – permitiu-se a realização de um modelo mais aberto e integrado,

caracterizado por funcionalidades e atributos deste serviço.

A figura 10 ilustra tal modelo conceitual.

67

FIGURA 10 - MODELO DE CAMADAS EM SERVIÇOS E PLATAFORMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

FONTE: ANATEL/2001

Aplicando-se o modelo de camadas para o caso do serviço de

televisão, é possível visualizar e planejar como as diferentes

funcionalidades previstas ou imaginadas para esse serviço podem ser-lhe

agregadas, ao mesmo tempo em que permite identificar quais são as

necessidades que ele poderá demandar da camada que lhe suporta.

Inicialmente, faremos uma distinção entre o serviço de

televisão propriamente dito e a plataforma de telecomunicações que lhe

suporta. Para o caso da difusão dos sinais desse serviço por meio de

ondas eletromagnéticas de propagação terrestre, a chamada

radiodifusão, as plataformas possíveis são o ATSC, o DVB-T e o ISDB-T.

Na camada de serviço, a televisão utilizando a tecnologia

digital pode ser confirmada em diferentes modelos de negócio, tendo

diferentes atributos e suportando diferentes aplicações.

Finalmente, a camada de aplicação utiliza os substratos para

prover as diversas facilidades, além da imagem e do som,

disponibilizadas pelas novas tecnologias.

Embora as plataformas ATSC, DVB-T e ISDB-T tenham sido

otimizadas para a transmissão de sinais de vídeo, o seu uso não é restrito

a esse tipo de informação. Um exemplo disso é o da Suécia, onde a

mesma plataforma utilizada para a transmissão de sinais de televisão é

empregada para o acesso à Internet.

SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES

Televisão,Comunicação

Multimídia

ATSC, DVB, ISDBPLATAFORMA

Comércio Eletrônico, Notícias

APLICAÇÃO

68

A convergência não se restringe à forma de transmissão dos

sinais. Hoje, assiste-se à televisão ou acessa-se a Internet por meio de

terminais distintos que possuem diferentes características técnicas, isto é,

televisores e computadores, respectivamente. No futuro, um mesmo

terminal poderá ser empregado para se utilizar esses diferentes serviços.

Mas não acredito que os terminais passarão a ser discriminados então

não pelo tipo de serviço ao qual é destinado, mas por atributos como

“portátil” ou “fixo”, “de usufruto individual” ou “coletivo”, com grau de

resolução tal ou memória qual.

O futuro está aqui, diante de nós. A televisão digital é a

tecnologia que possibilitará essa quebra de paradigmas. E isto é que

poderemos acompanhar durante os próximos capítulos dessa pesquisa.

69

6 - EXPECTATIVA DOS USUÁRIOS

As novas tecnologias abrem um grande leque de opções para

a evolução do modelo atual do negócio de televisão. Mesmo em um

cenário mais conservador, com a televisão restrita apenas ao transporte

de sinais de áudio e de vídeo, a introdução da tecnologia digital

possibilitará melhorar a qualidade dos sinais recebidos, assim como

permitirá que mais canais e programas sejam disponibilizados aos

telespectadores.

Por outro lado, mais abrangente, o negócio de televisão seria

enriquecido pelo acréscimo de novos recursos, pela execução de outros

serviços de telecomunicações e de valor adicionado usando a mesma

plataforma tecnológica de transmissão, com o telespectador sendo

atendido através de terminais que, mais do que meros reprodutores de

sons e imagens, fossem terminais integrados.

Entretanto, para que todos esses recursos possam ser

aproveitados de uma forma otimizada e, sobretudo, atendendo às

expectativas dos usuários, é necessário compreender a respeito do quê

eles esperam e como a introdução da tecnologia digital poderia vir a

satisfazer a tais anseios.

Neste capítulo, serão apresentados alguns resultados das

pesquisas de mercado efetuadas junto a consumidores brasileiros. Os

dados dessas pesquisas fazem parte do Relatório Integrador dos

Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital, realizado

através do Convênio Técnico da Agência Nacional de Telecomunicações

(Anatel) e a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em

Telecomunicações (CPqD).

70

6.1- Expectativas dos usuários brasileiros para a televisão do futuro

Entre 1999 e o primeiro semestre de 2000, a Anatel promoveu

três séries de pesquisas de opinião junto ao público, para descobrir os

desejos e tentar formular o conceito do que seria a televisão do futuro de

acordo com as expectativas do mesmo.

A primeira série foi uma pesquisa qualitativa, onde foram

ouvidos consumidores, gerentes de indústrias de equipamentos e de

emissoras de televisão. Nessa pesquisa, os consumidores ouvidos

expuseram livremente o que esperavam de uma televisão do futuro. No

segmento de consumidores, ela foi realizada com a técnica de grupos

focais nas cidades de Porto Alegre (RS), Campinas (SP) e Recife (PE).

Nestes estudos, tal pesquisa é referida como “Pesquisa Qualitativa”.

A segunda série foi uma pesquisa quantitativa, elaborada a

partir da primeira, onde foram ouvidas três mil pessoas de 55 cidades

distribuídas nas cinco macrorregiões geo-econômicas (Norte, Nordeste,

Sudeste, Sul e Centro-Oeste). Tanto a escolha das cidades quanto a

escolha das pessoas entrevistadas na íntegra foram feitas procurando

reproduzir-se o perfil sócio-econômico do Brasil e das respectivas regiões.

Tal pesquisa é referida como “Pesquisa Quantitativa-I”. (Ver DOC.04)

Finalmente, uma terceira série foi realizada junto ao público

freqüentador de shopping centers, quando foram ouvidas 4.700 pessoas

em sete grandes centros metropolitanos.(Ver DOC.05 e DOC.06)

Esta pesquisa teve por objetivo avaliar o público que,

supostamente, seria o primeiro a adquirir um aparelho de televisão digital,

quando o mesmo estivesse disponível. Para a realização desta pesquisa,

foi feita uma demonstração com um televisor de alta definição, que não

pudera ser feita nas pesquisas anteriores, apresentando uma partida de

futebol. Essa pesquisa é referida como “Pesquisa Quantitativa-II” .

O resultado dessas pesquisas permitiu delinear o que o público

espera da televisão do futuro. As tabelas a seguir apresentam a opinião

do público consultado na segunda e na terceira série de pesquisas. Os

valores apresentados referem-se à importância dada pelos entrevistados

71

para o atributo, sendo que um valor mais alto corresponde a uma maior

importância, numa escala de zero a dez.

Atributos Pontuação

1 Ajuda para deficientes físicos 8,12

2 Gravação de Programas 7,48

3 Imagem em Alta Definição 6,94

4 Múltiplos Programas 5,91

5 Informativos 5,79

6 Programas Defasados 5,51

7 Interatividade 5,48

8 Vídeo Adicional 4,78

9 Áudio Adicional 4,37

10 Legenda Adicional 4,28

11 Hipermídia 4,10

12 Áudio Digital 3,33

Tabela 2 - Importância dos atributos, segundopesquisa quantitativa - I

Fonte: ANATEL/2001

Atributos Pontuação

1 Imagem em Alta Definição 9,26

2 Múltiplos Programas 7,53

3 Gravação de Programas 7,47

4 Hipermídia 6,62

5 Programas Defasados 6,57

6 Interatividade 6,21

7 Ajuda para deficientes físicos 6,17

8 Vídeo Adicional 6,06

9 Áudio Adicional 5,76

10 Legenda Adicional 5,62

11 Áudio Digital 5,39

12 Informativos 5,38

Tabela 3 - Importância dos atributos, segundo pesquisa quantitativa – II

Fonte: ANATEL/2001

72

As pesquisas abordaram também questões mais imediatas, tal

como o preço que a pessoa estaria disposta a pagar pelo aparelho

receptor.

Para melhor compreensão, as características desta “televisão

do futuro” foram agrupadas por atributos. Como poderá ser notado,

alguns dos atributos referem-se ao sistema como um todo, enquanto

outros dizem respeito apenas à implementação do aparelho receptor.

Entretanto, visando fornecer um quadro completo, optei por apresentar

todas as expectativas, mesmo aquelas que não dizem respeito

diretamente à tecnologia da televisão.

6.1.1- Melhor Imagem, Melhor Som

O principal atributo da televisão do futuro é que ela deve ter

uma melhor imagem e um melhor som. Na pesquisa qualitativa, a HDTV

foi mencionada como um atributo importante pelos três entrevistados. Na

pesquisa quantitativa I, a alta definição aparece em terceiro lugar,

enquanto que na pesquisa quantitativa II (shoppings) foi o quesito mais

solicitado.

Mas melhor imagem e melhor som não se restringem ao

aspecto “alta definição”. Eles significam, de uma forma mais abrangente,

uma imagem de boa qualidade, sem fantasmas, sem tremores, sem

chuvisco, limpa e com uma boa definição de cores. A comprovação

dessa tese, segundo o CPqD, deu-se pelas pesquisas quando algumas

pessoas afirmaram que um dos fatores que as levam a darem preferência

por determinado canal é a qualidade de sua imagem .

Quanto ao melhor som, as expectativas referem-se não apenas

à qualidade (som de CD), mas também a outros atributos tais como os

sons envolventes (surround), possibilidade de controle tonal (equalizador

gráfico), visualização opcional de leds indicadores de nível (VU-METER),

atributos que referem-se ao aparelho receptor. Entretanto, pelo menos um

atributo sonoro é relacionado ao sistema: a possibilidade de se ouvir, por

73

exemplo numa orquestra, instrumentos individuais (o que implica na

transmissão simultânea de vários fluxos elementares de áudio).

Outra expectativa é relacionada não tanto com a qualidade do

som, mas com o seu nível: os usuários esperam que haja uma certa

padronização do nível de áudio, sendo que, no caso analógico, o desnível

entre os canais percebido ao se mudar de canal é apontado como um

grande incômodo. O mesmo desnível se verifica nos intervalos

comerciais.

Assim sendo, é importante ressaltar que todos esses

conteúdos somente poderão ser totalmente usufruídos em alta definição.

6.1.2- Ajuda aos Deficientes Físicos

A pesquisa quantitativa-I indica a importância da ajuda aos

deficientes físicos. Tal importância é igualmente destacada em todas as

macrorregiões geo-econômicas.

Essa ajuda vai desde uma legenda textual ou através da

exibição de uma pessoa empregando a linguagem de surdos-mudos

numa pequena janela PIP (picture in picture), e também através de uma

descrição textual da cena, para pessoas com deficiências auditivas

(closed caption).

As informações que compõem os mecanismos de ajuda são

transmitidos através de fluxos complementares, e a sua exibição/ativação

é controlada pelo usuário. No caso de legenda (texto), o usuário pode

selecionar a cor, o tamanho das letras e a localização do texto na tela.

6.1.3- Gravação de Programas e Near-Video-on-Demand

A gravação de programas, outro atributo tido como importante

na pesquisa qualitativa, aparece como o segundo atributo mais importante

na pesquisa quantitativa-I e em terceiro na quantitativa-II.

74

Para o usuário, a gravação de programas tem três tipos de

finalidade: as duas primeiras compreendem a possibilidade de gravar um

programa para assisti-lo em um horário mais conveniente (tal como o

papel exercido pelo videocassete) além da possibilidade de transmissão

do mesmo programa em horários defasados. Conhecida como Near-

Video-on-Demand, (e que aparece em sexto lugar na pesquisa

quantitativa-I e em quinto na quantitativa-II), pode-se depreender que a

possibilidade do usuário assistir a um programa sem ficar rigidamente

amarrado ao horário de transmissão do mesmo é visto como um grande

benefício.

O terceiro tipo de finalidade é o uso do armazenamento local

como uma memória buffer de tempo limitado. Neste caso, o usuário teria

a possibilidade de “apertar um botão” e rever uma cena que acabou de

passar (enquanto o resto do programa é automaticamente gravado para

desfrute em seguida).

Para efeitos comparativos, podemos dizer que o

armazenamento local é como o que fazemos com arquivos de Internet em

programas como Real Player. Ao escolher uma música on line, por

exemplo, o programa “carrega” as informações (armazena) e depois

executa. Isto difere do download de arquivos, já que neste existe a

possibilidade de arquivamento em disco flexível ou rígido.

Apesar desses atributos serem mais pertinentes ao aparelho

receptor, o uso de rótulos identificadores nos programas (program

identifier) poderá vir a ajudar a satisfazer tais tipos de anseios, ao

possibilitar com precisão o início e o término da gravação de programas

ou segmentos, e também ao criar a possibilidade de que tais

acionamentos possam ser feitos remotamente, seja pelo próprio usuário,

seja pelo provedor do programa.

6.1.4- Vídeo Adicional

O vídeo adicional refere-se à transmissão simultânea de fluxos

de vídeo complementares, por exemplo, possibilitando que uma mesma

cena possa ser vista de diferentes ângulos.

75

Se pensarmos em um jogo de futebol, o mesmo poderia ser

visto de cima (visão geral do campo) ou ser acompanhado através de

uma câmera colocada próximo ao gol do time adversário. Além do futebol,

poderíamos assistir aos diferentes finais de uma telenovela, por exemplo.

Segundo as pesquisas, alguns consumidores esperam que a

televisão do futuro seja tridimensional. Outros disseram que gostariam de

“poder rodar a imagem”, ou seja, de poder deslocar o ângulo de visão.

Deve-se observar que, de um sistema que permita ao usuário escolher

entre duas a quatro tomadas de cena distintas (o que será possível na TV

digital) para um sistema interativo onde o usuário possa escolher, livre e

linearmente, o ângulo de visão, ainda existe uma distância técnica

considerável a ser percorrida, o que exigirá maior estrutura para captação

de imagens. Como exemplo, pode-se citar o sistema de TV via satélite

DirecTV, que tem transmitido eventos com câmeras diferentes em canais

diferentes.

6.1.5- Zooming

Um atributo próximo à expectativa anterior é a possibilidade do

usuário poder controlar o nível de “Zoom” sobre um detalhe da cena. Esta

expectativa foi detectada na pesquisa qualitativa.

O Zooming pode ser realizado, dentro de certas limitações,

pelo próprio aparelho receptor. É claro que qualquer efeito de Zooming a

partir de um volume finito de dados acabaria por degradar a qualidade da

imagem ampliada, gerando uma solução de compromisso entre a

ampliação tecnicamente possível e a percepção do usuário (em função do

tamanho e resolução do monitor e da percepção visual do usuário). A

transmissão em alta definição favorece este atributo, ao enviar uma maior

quantidade de informações da mesma imagem.

76

6.1.6- Múltiplos Programas e Vídeo sob Demanda

O atributo “múltiplos programas” aparece em quarto lugar na

pesquisa quantitativa-I. Trata-se da oferta de diversos conteúdos distintos,

ou seja, da transmissão simultânea de diversos programas SDTV (ou

EDTV) através de um mesmo canal.

O motivo por tal interesse é que os consumidores desejam

mais opções de programação (nesse sentido, a TV a Cabo é sempre tida

como uma referência). Mas não se trata de um mero aumento quantitativo

dos canais: a pesquisa indica que os consumidores gostariam de ter

“alternativas” em relação aos programas padrão, ou seja, programas com

diferentes temas e, provável segmentação da audiência. A pesquisa

indica também o anseio por conteúdos mais informativos, com menos

violência, menos agressão verbal e mais enquadrados a seus padrões

morais. Aparentemente, de nada adiantará ter-se mais canais

(programações), se os conteúdos ou as abordagens forem semelhantes.

Adicionalmente, há uma preocupação de que tais programas

adicionais sejam de acesso gratuito ou, pelo menos, caso seja por

assinatura, disponíveis por um preço razoável para a grande massa da

população.

Aparentemente, dois fatores têm contribuído para isso. O

primeiro é o custo da televisão por assinatura, não acessível ou não

compensador para parte da população. O segundo é a própria

programação – embora a TV por assinatura ofereça uma grande

quantidade de canais, não raras vezes os usuários ficam sem poder

desfrutar de determinado programa, principalmente devido ao problema

de horário de transmissão. Dessa forma, a televisão digital poderá vir a

equacionar esse problema de duas formas. Uma, pelo uso do mecanismo

de armazenamento local, facilitado pelo uso de identificadores de

programa, que lhe conferiria uma independência à vinculação temporal

entre a transmissão e o desfrute do programa. E a outra forma, pela

efetiva oferta de vídeo sob demanda utilizando-se dos recursos de

interatividade, a transmissão utilizando banda remanescente disponível e

acesso condicional.

77

6.1.7- Interatividade

Há uma certa confusão quanto ao significado do termo

“interatividade”. As pessoas mais ligadas à tecnologia entendem como

interatividade a interação do usuário com o programa, como ocorre por

exemplo em um sistema hipermídia. Já outra parcela da população

interpreta a interatividade como a possibilidade de influir na programação

das emissoras, não apenas em programas do tipo “Você Decide”, mas na

escolha efetiva, do que deve ou não, ser transmitido ao público. A

interatividade, incluindo ambas as interpretações, foi o sétimo atributo

mais votado na pesquisa quantitativa-I e sexto na pesquisa quantitativa-II.

Analisa-se a seguir cada uma dessas possibilidades.

Interação com o Programa

O aspecto mais notável da convergência tecnológica é a

possibilidade da TV digital vir a ser um sistema totalmente interativo. O

usuário teria um teclado ou dispositivo apontador (mouse) remotos, e as

imagens seriam compostas por objetos “clicáveis” com a finalidade de

trazer informações complementares, possibilitar serviços como o home-

shopping, a busca de outros programas correlatos ou a navegação

hipermídia. Nas emissoras, segundo a pesquisa, os representantes

entrevistados consideram que a introdução desses novos serviços ou

facilidades é um atributo muito importante.

Por outro lado, a relativamente baixa receptividade obtida por

uma tal tecnologia, na pesquisa de mercado realizada junto ao público

consumidor, pode ser devida ao uso que as pessoas fazem atualmente da

televisão. A maioria das pessoas assiste passivamente à TV. Outras

utilizam a TV como uma companhia para amenizar a solidão, ou para ser

um “som” enquanto se faz outras atividades (significando, via de regra,

que sequer prestam atenção ao que é veiculado). Entretanto, há uma

grande chance de que esse cenário venha a ser alterado com o tempo,

pois as crianças crescidas na “era da Internet” tendem a utilizar os

aparelhos de forma muito mais interativa. O reflexo dessa tendência é a

aquisição, pelas classes mais abastadas, do “segundo microcomputador”

para as crianças, como ocorrera com a “segunda TV” anos atrás.

78

Nessa nova cultura, quando as pessoas estiverem

acostumadas a utilizar a televisão de forma ativa, a interatividade poderia

ser não apenas local, mas possibilitar a participação dos telespectadores

“ao vivo” nos programas, seja de forma restrita (votações), seja com o uso

de web-cams ou recursos similares capazes de capturar a imagem e a

voz das pessoas que passariam a participar efetivamente dos programas.

Daí surgirá a preocupação em como manter o telespectador defronte ao

seu aparelho receptor durante mais tempo.

Home Shopping e Merchandising

A pesquisa qualitativa indicou um resultado que, embora seja

um pouco contraditória, mostra o potencial do home-shopping.

Basicamente, os usuários dizem não gostar dos canais totalmente

dedicados a vendas, ao mesmo tempo em que há bastante tolerância ao

merchandising implícito ou explícito dos programas, sendo inclusive

preferido esse mecanismo mais que os intervalos comerciais (que os

usuários geralmente ignoram mudando de canal).

O home-shoping proporcionado pela hipermídia é bastante

próximo ao merchandising, explícito ou implícito. Na forma explícita, um

apresentador faria a apresentação de um produto, seguido de um “clique

aqui para adquirir já”. Na forma implícita, não haveria tal empurrão – o

“objeto do desejo” estaria presente, em forma de um hiperlink , num dado

cenário, à espera de interessados na sua aquisição.

O que ocorre hoje, é que em uma determinada novela ou

minissérie, por exemplo, os objetos de uso das personagens

encontram-se à venda através dos sites oficiais das mesmas. A Rede

Globo iniciou esse tipo de comércio virtual durante a novela “Laços de

Família” (2000). Porém, a finalização da compra do produto acontece

dentro do site do canal de vendas Shoptime.com (do Grupo de canais por

assinatura Globosat). Isto nos dá a impressão de que a emissora já vem

se preparando para quando, através do controle remoto, o próprio

telespectador fará suas compras sem sair de casa – e pelo televisor.

Influência na Programação

79

O desejo da população em influir na programação denota,

pelos depoimentos colhidos e relatados nas pesquisas, um

descontentamento em relação ao nível e enfoque dos programas

veiculados. Nesse sentido, um sistema interativo viria a ajudar, de acordo

com os entrevistados, pelo retorno imediato que as emissoras teriam

quanto aos índices de audiência, dando um claro parâmetro sobre o que a

população deseja e não deseja ver veiculado na televisão.

Embora a definição da programação seja uma prerrogativa das

emissoras, a televisão digital poderá vir a auxiliar esse atributo

indiretamente, se vier a ser implementado algum mecanismo de aferição

remota e instantânea dos índices de audiência.

6.1.8- Internet

Além da possibilidade de se utilizar o aparelho de televisão

como terminal de acesso à Internet, a pesquisa de mercado indica pelo

menos um uso inusitado para a TV digital nessa área: o uso como

interface de caixa-postal para deixar “recados”. Dessa forma, as pessoas

que convivem na mesma casa poderiam deixar recados umas às outras.

Os e-mails (também formas de recados), sejam eles locais ou enviados

via Internet, poderão ser em forma apenas textual, ou uma gravação

sonora, ou mesmo audiovisual, aproveitando-se dos recursos multimídia

do televisor.

Nesse sentido, comparado com ao microcomputador, a

televisão digital apresenta as seguintes vantagens:

a) é um aparelho, em tese, mais simples de operar, e

mais abrangente (ou seja, mais pessoas o utilizam);

b) é suposto que a pessoa vai assistir a TV, enquanto

que é menos garantido que ela vá ligar o micro – isto

permitiria as pessoas lerem os recados assim que

ligasse a TV;

80

c) acoplada a outras funcionalidades, como por exemplo

o relógio, pode ser utilizada como despertador – a

mensagem seria exibida assim que a TV se ligasse.

Visualiza-se também serviços de informação (por assinatura),

onde provedores enviariam boletins com notícias sobre determinado

assunto (cada mensagem poderia ser não só um texto, mas um videoclip

ou seja, um arquivo multimídia contendo uma reportagem).

6.1.9- Áudio Adicional

O áudio adicional, nono lugar na pesquisa quantitativa-I, tem

utilização prevista principalmente para transportar informações em

diversos idiomas. Poderá ser também utilizado, por exemplo, para

transmitir sinais de vários microfones (ou instrumentos) no caso de shows

e concertos.

Além dessa utilização, o áudio adicional poderá colaborar para

a transmissão de informação complementar para as pessoas com

deficiência visual.

6.1.10- Legenda Adicional

Da mesma forma que o áudio adicional, a principal utilidade da

legenda adicional será a possibilidade de se ter legendas em diferentes

idiomas, à escolha do usuário.

Diferentemente dos sistemas atuais, a televisão digital deverá

possibilitar ao usuário escolher o idioma, o tamanho e a cor da letra.

81

6.1.11- Outras Características

A pesquisa de mercado detectou outros atributos desejáveis

para a TV do futuro. Embora não diretamente relacionados ao sistema, e

sim ao aparelho receptor, optou-se por registrá-los aqui, pois completam o

quadro das expectativas dos usuários.

Periféricos

A pesquisa qualitativa detectou um grupo de pessoas com o

desejo de poder conectar uma impressora ao receptor de televisão. A

impressora teria a finalidade de imprimir o que estivesse sendo exibido na

tela (por exemplo, o rosto de um artista favorito). Outra aplicação seria por

exemplo para imprimir textos de receitas culinárias cuja elaboração

estivesse sendo transmitida, ou imprimir textos que pessoas entrevistadas

quisessem disponibilizar ao público de uma forma geral (informações,

dicas, orações).

Controle ativado pela voz

A televisão do futuro seria controlada vocalmente, e não mais

por meio de um controle remoto com inúmeras teclas.

Senha

A TV do futuro teria uma senha para a sua ativação.

Inicialmente concebida para minimizar risco de roubo, poderia ser

utilizada para controle de acesso a programas adultos.

Programas Preferidos

A TV poderia ter um mecanismo tal que permitisse ao usuário

definir os tipos de programas preferidos. O sistema automaticamente

passaria a avisar o usuário sobre os horários dos programas que atendam

ao perfil especificado.

82

Mecanismos de Busca

Item complementar ao anterior, a televisão poderia ter um

mecanismo de busca baseado em palavras-chave, para facilitar a

localização de um programa (ou tipo de programa) dentro de uma grande

gama de canais (como ocorre por exemplo na TV por assinatura).

Tela fina e portátil

A tela da TV do futuro deverá ser fina, ou seja, de cristal líquido

ou de plasma (ou até mesmo de outro material que venha a ser

desenvolvido futuramente). Mais que isso, os usuários mais avançados

esperam que ela possa ser afixada em qualquer lugar, tal qual um quadro.

Tecnicamente, isso significa que a TV deveria ser desmembrável em duas

unidades: uma unidade receptora-decodificadora (URD) contendo todos

os circuitos de recepção e processamento dos sinais e uma outra

unidade, que seria apenas a tela e os circuitos imediatamente

necessários.

No-Break

Outra expectativa dos usuários é a existência de um No-Break

na TV. Pelos depoimentos, não há nada mais deprimente que acabar a

eletricidade e ficar sem ter o que fazer (e pior, perdendo a programação

da TV).

83

7 - PLATAFORMAS PARA TV DIGITAL

7.1- Modelo de Referência ITU-T

A União Internacional de Telecomunicações – ITU – traz, em

seu documento “A Guide to digital terrestrial television broadcasting in the

VHF/UHF bands” (de 15 de Janeiro de 1996), o modelo de referência para

a televisão digital, que é seguido pelos três padrões públicos – o ATSC, o

DVB e o ISDB.

O modelo de referência, ilustrado na figura 11, divide as

funcionalidades do sistema (transmissão) em três blocos principais:

Codificação do sinal-fonte, responsável pela conversão e compressão

dos sinais de áudio e vídeo em feixes digitais denominados de fluxos

elementares de informação.

Multiplexação, responsável pela multiplexação dos diferentes fluxos

elementares (cada qual contendo informações de áudio, vídeo ou

dados), formando um único feixe digital à sua saída.

Codificação de canal e modulação, responsável por converter o feixe

digital multiplexado em um sinal (ou grupo de sinais) passível de

transmissão por um meio físico, no caso, o ar.

FIGURA 11 – MODELO DE REFERÊNCIA ITU-T PARA A TELEVISÃO DIGITALFONTE: ANATEL/2001

CODIFICAÇÃO DE SINAL

FONTE

CODIFICAÇÃO DE SINAL

FONTE

VÍDEO

ÁUDIO

DADOS

Multiplexação de Sinais

Codificação de canal e modulação

84

Através dos trabalhos realizados pelos diversos países na

primeira metade da década de 90 e que resultaram no modelo

apresentado anteriormente , houve um forte consenso na utilização do

padrão MPEG 1 (em particular, no atual estágio tecnológico, o MPEG-2)

para as camadas de codificação do sinal-fonte (em particular, o de vídeo)

e a de multiplexação. Já para a codificação de canal e modulação, cada

uma das propostas (ATSC, DVB e ISDB) adota uma solução diferente,

como será visto nas seções seguintes.

7.2- O Padrão MPEG

7.2.1- Por que a compressão?

Antes de falarmos em compressão de sinais, é importante

ressaltar brevemente o processo de conversão de um sinal analógico em

digital. Este processo supõe os seguintes passos, anteriores à

compressão propriamente dita: a amostra do sinal analógico original e a

codificação das amostras em bits.

A amostra do sinal analógico original permite a obtenção de

certos valores, tais como aqueles que serão transmitidos. Dessa forma, a

freqüência de amostra deve garantir a posterior reconstrução do sinal

original.

O segundo passo, a codificação das amostras em bits, significa

que o número de bits necessários para codificar uma amostra depende do

tipo de sinal e a qualidade desejada. Se o sinal é digital, então tem-se

uma quantidade de bits por segundo associada (a taxa binária) e a

informação a ser transmitida é composta de áudio e vídeo, mais seus

componentes técnicos. Por exemplo, se um sinal analógico tem uma

largura de banda de 30 MHz, esse sinal convertido em digital ocupa 108

MHz, ou seja, exigiria-se muito mais de espaço dentro do espectro para

sua condução. A partir disto, existe a necessidade de um novo passo, ou

seja, a compressão dos sinais para redução da largura de banda.

85

O sinal digital pode comprimir-se sem que o usuário perceba

grandes diferenças49. Ou seja, em SDTV (que é a definição mais próxima

da que temos hoje em dia) é possível a transmissão de cinco canais

onde hoje cabe apenas um canal de TV, enquanto que em Alta Definição

(HDTV), há a possibilidade de transmitir-se até quatro canais50. Assim

sendo, um canal analógico ocupa aproximadamente o mesmo que 6

canais digitais comprimidos com similar qualidade, ou o mesmo que de 4

canais em alta definição. Além disso, o sinal de áudio também é

comprimido, eliminando-se as partes não perceptíveis ao ouvido humano.

Para comprimir o sinal emprega-se o padrão MPEG-2.

“Nos sistemas analógicos a capacidade de armazenamento depende única e exclusivamente da duração da fita, mas para a viabilização do vídeo digital a compressão é fundamental para que num pequeno espaço seja possível armazenar um grande volume de sinais.” 51

O princípio da maioria dos sistemas de compressão de sinal de

vídeo é a possibilidade de eliminação da porção repetitiva (redundante)

da imagem devido a limitações de percepção do olho e do cérebro

humano. Logo, é possível reduzir sensivelmente a quantidade de

informações que chega ao espectador, de forma a convencê-lo de que o

que ele vê é o que foi realmente captado.

A compressão52 é necessária para diminuir o espaço requerido

para o armazenamento ou a largura da banda de transmissão. Comprimir

o sinal de vídeo é tornar possível muitas aplicações antes inviáveis por

motivos técnicos ou econômicos. Sistemas de edição que processam

vídeo sem compressão, por exemplo, têm alto custo e sua aplicação é

49 O grande problema que pode vir a ocorrer com a compressão é que quanto mais se comprime um sinal, mais perde-se na qualidade do mesmo.

50 No capítulo referente ao espectro de freqüência, vale-se lembrar a respeito da abordagem da questão referente ao espaço ocupado por um canal de televisão no espectro de freqüência , ou seja, 6MHz de largura de banda são necessários para a transmissão de um canal de TV ou 960 telefones analógicos funcionando simultaneamente.

51 CALVENTE, Emerson. “Técnicas e Padrão de Compressão” In: Revista Tela Viva, n.o 73 – Setembro/2000

52 Compressão é um termo computacional que representa a variedade de fórmulas matemáticas usadas para otimizar o tamanho das imagens. Ver mais em <http://www.fe.up.pt/~goii2000/M6/tipos.htm>

86

restrita ao cinema e à pós-produção de alta performance. Para as demais

aplicações, como o jornalismo na TV e vídeos comerciais, é necessário

garantir um nível de fidelidade aceitável em relação à imagem original.

Em se tratando de alta definição, a taxa de transmissão digital

de um sinal, em sua forma original, é de um bilhão de bits por segundo.

Para um sinal de definição padrão esse valor cai para 200 milhões de bits

por segundo. Um canal de televisão, para transmitir com segurança, tem

espaço apenas para 20 milhões de bits por segundo.

Logo, a quantidade de dados em um sinal de HDTV deve ser

reduzida à proporção de 50 para 1 para poder ser transmitida em uma

largura de banda padrão.

Sendo assim, a compressão não é responsável por toda a

redução, mas pela maior parte dela. Inicialmente, a quantidade de

informação a ser comprimida deve ser reduzida e isso se dá pela

diminuição de resolução a um nível imperceptível pelo espectador. A

resolução de cor do olho humano é menor que a resolução da informação

em preto e branco e são justamente as informações de cor que serão

reduzidas, sem alterar a percepção da cena pelo espectador.

Em seguida, a informação restante é comprimida pela

eliminação da redundância. Dessa forma, com a redução de 50 para 1,

cinco canais de definição padrão podem ser transmitidos em um único

canal, ou seja, em uma largura de banda de transmissão de 20 milhões

de bits por segundo.

Em relação aos sistemas de compressão de vídeo, o mais

conhecido é o MPEG, que refere-se ao conjunto de padrões

internacionalmente aceitos para a codificação de informação audiovisual

para compressão em formato digital. A área que se aplica

especificamente à qualidade broadcast é o MPEG-2, também conhecido

como ISO/IEC-13818.

Há um número de padrões MPEG destinado a várias

aplicações. Para broadcast e produções em estúdio há o MPEG-2

4:2:2P@ML (também conhecido como MPEG 422) que é o nome utilizado

para identificar qual subgrupo de padrões deve ser usado. Ele foi

87

desenvolvido para operações em estúdio, onde a edição e o

processamento da imagem devem ocorrer sem degradação perceptível 53.

Como resultado da compressão, é importante saber que nem

todos as imagens ocupam a mesma largura de banda. Assim, um canal

de notícias aonde aparece unicamente o apresentador ou em uma

retransmissão de Fórmula 1, com câmaras fixas, não necessitará a

mesma quantidade de informação que a transmissão de um filme ou

programa de auditório, por exemplo.

A tabela abaixo mostra-nos a síntese dos demais sistemas de

compressão de sinais de vídeo, além do próprio MPEG já citado

anteriormente.

Sistemas DescriçãoDCT Discrete Cosine Transform. Usado nos formatos Digital S (JVC) e Digital

Betacam (Sony).JPEG Joint Photographic Experts Group. Desenvolvido para a transmissão de

quadros parados, como fotos.M-JPEG Uma variação do JPEG para movimento, usado em alguns sistemas de

edição não-linear.DV Desenvolvido por um consórcio de quase 60 empresas, entre elas: Sony,

Philips, Thomson, Matsushita, Hitachi, Toshiba, Sharp, Mitsubishi, Sanyo, JVC, etc. O sistema de compressão é o intra-frame, que hoje é o coração dos formatos DVCPro e DVCPro 50. É utilizado pela Sony no formato DVCAM. É possível trocar arquivos de áudio e vídeo entre equipamentos de vários fabricantes.

MPEG-1 Inicialmente desenvolvido para permitir o armazenamento de vídeo clipes em CD-ROMs ou em aplicações similares com baixa quantidade de informações. Entretanto, em forma modificada (MPEG+ ou um número adicional de sinais +) foi utilizado para quantidades maiores de sinal de vídeo.

MPEG-2 Recentemente adotado como padrão para transmissão digital pelo FCC Advisory Committee.

Tabela 4: Padrões de CompressãoFonte: Revista Tela Viva/ Junho-2000

53 COSTA, Beto. Transmissão em Bits. In Revista Tela Viva, Junho-2000 (versão on line)

88

Em suma, podemos enumerar as principais características do

padrão MPEG-2:

Faz parte de uma família de padrões (MPEG-1, MPEG-4, entre outros)

de compressão de áudio, vídeo e multiplexação de sinais. O MPEG-2

por sua vez é composto por diversos padrões (ISO/IEC 13818-2 para

televisão e multimídia, ISO/IEC 13818-3 para áudio com

compatibilidade regressiva, etc.).

É um algoritmo54 assimétrico. Ou seja, o custo da codificação é muito

maior que o da decodificação. Esta é uma característica interessante

para a televisão, pois o alto custo do codificador é assimilado pelo

radiodifusor, enquanto que o receptor do telespectador requer um

decodificador de baixo custo.

É um algoritmo flexível, possibilitando a codificação de imagens com

diferentes níveis de resolução (qualidade).

É um algoritmo escalonável. Ou seja, permite fazer a composição de

diferentes arranjos de sinais de áudio e vídeo (um vídeo e dois áudios,

um vídeo e cinco áudios, vários vídeos e cinco áudios, etc.). Além

disso, permite que um decodificador de baixa capacidade extraia, de

um fluxo de sinal de alta capacidade, as informações necessárias para

poder reproduzir as informações com a definição adequada para o seu

nível de operação.

54 Segundo o dicionário Aurélio, algoritmo significa o “conjunto de regras e operações bem definidas e ordenadas, destinadas à solução de um problema ou classe de problemas em número finito de etapas.”

89

8 - MODELOS DE NEGÓCIO EM TELEVISÃO DIGITAL

Ao contrário da televisão analógica, que possui um modelo de

negócio bem definido e pouco flexível, a televisão digital apresenta

diversas alternativas possíveis para a conformação do modelo. Se, por

um lado, tal diversidade de opções cria um cenário bastante atraente,

pode, por outro, facilmente induzir a alternativas enganosas. Enquanto

algumas opções são, infelizmente, mutuamente excludentes, outras

podem coexistir, mas a um custo bastante elevado. E, finalmente, existem

as opções que, mesmo tendo um custo aparentemente significativo,

podem trazer um volume de ganhos que compensem os investimentos

necessários. As dificuldades são de natureza técnica, econômica e

algumas vezes legal.

Para efeitos destes estudos, entende-se como modelo de

negócio em televisão digital “a forma como os recursos tecnológicos e

suas características são utilizadas para prover um determinado conjunto

de programas e facilidades para os telespectadores”55. As alternativas

referem-se a:

diferentes características de receptibilidade do sinal, com o

conseqüente atendimento de diferentes segmentos de mercado;

utilização da capacidade de transporte de bits e sua distribuição entre

diferentes tipos de programas televisivos e outros serviços de

telecomunicações;

diferentes formas de se implementar os programas aplicativos que

complementam os programas de televisão.

Dessa forma, a radiodifusão brasileira, de acirrada competição

entre as emissoras e com um elevado número de redes, sugere a

necessidade de uma flexibilidade que permita a cada uma delas enfrentar

o desafio da introdução da nova tecnologia, com todos os investimentos

55 In: Relatório Integrador – P.59

90

que serão necessários. Obviamente, por atingirem parcelas diferentes de

público, as soluções estratégicas de negócio não serão as mesmas para

todas as emissoras. Assim, no início da implementação da TV digital, as

emissoras trabalharão na sondagem dos anseios do público, mediante o

oferecimento das alternativas possíveis, com posterior avaliação da

resposta do público e, se for o caso, direcionamento da estratégia.

Não se pode esquecer que a TV digital vem substituir uma

tecnologia estabelecida há 50 anos e que ela será utilizada,

provavelmente, pelos próximos 30 anos. É a televisão do futuro.

O presente capítulo analisa as alternativas existentes de

Características para Modelos de Negócios e o próprio Modelo de Negócio

que poderá vir a ser adotado, além de suas possibilidades. Além da

melhor qualidade de imagem e som, a tecnologia digital disponibilizará à

televisão um conjunto de facilidades impensáveis no ambiente analógico,

como interatividade, informação hipermídia e uma flexibilidade na adição

e utilização de novas aplicações, tais como o comércio eletrônico, a troca

de mensagens ou os jogos eletrônicos.

8.1- Características para modelos de negócios

8.1.1- Resolução, qualidade de imagem e formato de tela

Uma questão central para a definição do modelo de negócio é

a escolha da resolução desejada para a imagem da televisão digital. A

resolução e o modelo de negócio são parcialmente interdependentes –

definido um deles, tem-se poucas opções de escolha para o segundo.

A resolução envolve dois importantes componentes. O primeiro

é a resolução espacial, que é definida pelo número de pontos de imagem

(pixels) ou, de forma equivalente, pelo número de linhas e colunas

(pixels/linha). Quanto maior o número de linhas, melhor a resolução.

Associado a isso, existe a questão do formato de tela, que pode ser no

atual formato 4:3 (quatro unidades de medida de largura por três de

altura, ou 1,33:1) ou no novo formato de tela larga 16:9 (dezesseis

unidades de largura por nove de altura, ou 1,78:1).

91

O segundo componente é a resolução temporal. Pode-se ter

(no caso brasileiro) 30 quadros por segundo em modo progressivo ou 60

campos em modo entrelaçado. No modo progressivo, o monitor “pinta”

uma imagem completa a cada 1/30 avos de segundo, uma linha de cada

vez. Isto significa que, em um sistema de 480 linhas em modo

progressivo, cada linha da imagem é criada em 1/14.400 avos de

segundo (30x480). Os monitores de microcomputadores utilizam esta

técnica. Já no modo entrelaçado, utilizado nos atuais sistemas de

televisão (analógica), cada quadro de imagem é uma composição de dois

campos. Um dos campos contém as linhas ímpares e o outro as linhas

pares. A cada 1/60 avos de segundo, o monitor cria um dos campos, de

forma alternada. No exemplo de 480 linhas em modo alternado, em cada

semi-ciclo são “pintadas” 240 linhas (pares ou ímpares). Com isso, leva-

se os mesmos 1/14.400 avos de segundo (60x240) para se criar uma

nova linha de imagem.

Entretanto, o efeito final dessas alternativas para o

telespectador é diferente. Uma imagem de, por exemplo, 1000 linhas em

modo entrelaçado, apresenta uma qualidade de imagem subjetivamente

similar a uma imagem com 700 linhas em modo progressivo. Não

obstante, para o telespectador, esses sistemas apresentam diferentes

resultados. Em cenas mais estáticas, um sistema entrelaçado com um

maior número de linhas (as 1000 entrelaçadas no exemplo acima)

apresenta uma melhor qualidade de imagem, dado que possui maior

resolução (espacial). Já em cenas com bastante movimento, um sistema

progressivo (de 700 linhas, no exemplo) apresenta uma qualidade de

imagem melhor, pois evita os artefatos que seriam causados em uma

imagem entrelaçada.

Esses atributos – resolução e formato de tela – podem ser

agrupados em quatro categorias, correspondendo a quatro diferentes

níveis de qualidade de imagem (e som): alta definição (HDTV), definição

estendida (EDTV), definição padrão (SDTV) e baixa definição (LDTV).

Embora não haja um critério unanimemente aceito em nível mundial, há

um certo consenso na adoção da categorização a seguir.

92

HDTV – Alta DefiniçãoO conceito de televisão de alta definição surgiu com a intenção

de se ter, na casa do usuário, uma qualidade de imagem e som

equivalentes às do cinema. Testes subjetivos realizados no início dos

desenvolvimentos indicaram que seria necessário, para tal finalidade, o

dobro da resolução espacial (em termos de linhas e colunas) da televisão

comum. Além disso, a tela teria que ser mais larga. Com os

desenvolvimentos e testes posteriores, os valores convergiram para uma

resolução de 1080 linhas (com 1920 pixels/linha) em modo entrelaçado

(como na televisão analógica) ou 720 linhas (com 1280 pixels/linha) com

varredura progressiva (como nos microcomputadores), ambos com uma

tela em formato 16:956. Uma imagem melhor seria obtida com 1080 linhas

em modo progressivo, porém os sistemas atuais de transmissão digital

não comportam a taxa de bits que seria necessária nesse caso.

O áudio utilizado é o estéreo Surround 5/1, ou seja, com três

alto-falantes frontais (direito, central e esquerdo), dois laterais (surround

direito e esquerdo) e um para freqüências hiper-baixas. Este último gera

vibrações de baixa freqüência que, embora fiquem abaixo do limiar de

audição, são captados pelo corpo humano em forma de sensações,

reproduzindo as cenas de maneira mais realista. Esse efeito realista pode

ser comparado ao áudio dos home-theaters que existem atualmente.

SDTV – Definição PadrãoA televisão de definição padrão (SDTV) tem uma resolução

espacial de 480 linhas (com 640 pixels por linha) e uma resolução

temporal de 60 quadros por segundo em modo entrelaçado.

Apesar do nome e dos valores serem semelhantes aos da

televisão analógica (que utiliza 525 linhas no total – aproximadamente

480 na área visível – e 60 quadros por segundo, no caso do Brasil), a

qualidade de imagem da SDTV é bem superior ao recebido em média

através das emissoras abertas de televisão analógica. Ela é equivalente 56 O formato 16:9 é muitas vezes apresentado como o “formato do cinema”, o que não

passa de certo marketing a ser utilizado para vender os produtos. O formato 16:9 é apenas mais um formato da TV, enquanto que o cinema não tem um único formato, conforme DOC 02 – Por quê 16:9?

93

ao chamado “padrão estúdio”, que adota como valores típicos uma

resolução de 600 pixels/linha e não apresenta problemas como o de cores

cruzadas ou chuviscos típicos que ocorrem na recepção doméstica de

sinais analógicos.

Em relação ao formato de tela, não há muita unanimidade.

Atualmente, a maioria das transmissões é realizada no formato 4:3,

embora haja uma tendência à migração para o formato 16:9 (widescreen).

No futuro, espera-se que todas as transmissões sejam nesse último

formato.

No caso da Europa, a SDTV utiliza áudio estéreo bicanal, ou

seja, com alto-falantes direito e esquerdo.

EDTV – Definição EstendidaO conceito de televisão de definição estendida surgiu como

uma categoria intermediária que, embora não apresente os valores de

resolução da HDTV, apresenta uma qualidade de imagem melhor do que

a SDTV. Tipicamente, tem-se uma tela larga (16:9) e resolução de 480

linhas, 720 pixels/linha e varredura em modo progressivo.

O áudio é o estéreo surround (5/1), como na HDTV.

LDTV – Baixa DefiniçãoA LDTV refere-se a uma televisão com qualidade ou resolução

inferior à SDTV. Um exemplo típico é o sistema com 240 linhas, 320

pixels por linha e varredura progressiva.

Grande número de softwares e placas de captura para

microcomputadores, por exemplo, trabalham atualmente com imagens

nessa ordem de resolução.

Outro exemplo típico é o videocassete doméstico, que

apresenta resolução de 480 linhas entrelaçadas e cerca de 330

pixels/linha (além de uma sensível degradação na resolução cromática,

coisa que não ocorreria na LDTV).

94

Como ilustra esse último exemplo, a resolução (ou seja, o

número de pixels) em si não é garantia de qualidade de imagem. A

qualidade propriamente dita depende de uma série de outros fatores,

alguns objetivos (ausência de ruído, nitidez dos contornos dos objetos,

estabilidade da imagem) e outros subjetivos (uniformidade das texturas,

suavidade dos movimentos). Adicionalmente, devido à maior definição

das imagens na televisão digital, as condições de gravação das cenas

(iluminação, tremores, resposta temporal da câmera, maquiagem dos

atores e acabamento do cenário) também influenciam de forma

significativa na qualidade subjetiva percebida pelo telespectador.

RESOLUÇÃOTipo Espacial

(pixels e pixels/linhas)

Temporal* Formato de Tela

HDTV 1080x1920 60 c/s, e16:9720x1280 30 q/s, p

EDTV 480x640 30 q/s, p 16:9SDTV

480x640 60 c/s, e16:94:3

LDTV 240x320 30 q/s, p 4:3c/s = campos/seg; q/s = quadros/seg; e = varredura entrelaçada; p = varredura progressiva.

Tabela 5 – Tipos de resolução da imagemFonte: ANATEL/2001

8.1.2- Conversão de formatos de tela

Os programas transmitidos em formato 16:9 devem poder ser

usufruídos por telespectadores que disponham de monitores 4:3 e vice-

versa.

A respeito das vantagens da tela mais larga, a coexistência de

diferentes formatos durante a fase de transição pode causar desconforto

aos usuários. As piores situações ocorrem quando:

95

uma imagem de alta definição (HDTV) é exibida em um televisor

analógico 4:3 em modo natural (Letterbox). Neste caso, uma imagem

com 1080 linhas entrelaçadas é exibida ocupando 75% da altura - ou

aproximadamente 364 linhas no PAL-M, com redução (ou seja, perda

de informação) de 3:1.

uma imagem 4:3 (material antigo) é exibida em um televisor de alta

definição, 16:9, em modo corte horizontal (Zoomed). Neste caso, a

parte exibida da imagem corresponde a 75% do original - 364 linhas.

Se o monitor for de alta definição, essas 364 linhas serão exibidas em

uma tela com resolução de 1080 linhas. Com isso, tem-se uma linha

de informação original para cada 3 linhas exibidas no monitor,

resultando em uma apreciável perda de qualidade. (Ver também

DOC.01 – Formatos de Cinema e TV)

FIGURA 12 - CONVERSÃO ENTRE FORMATOS 16:9 E 4:3FONTE:ANATEL/2001

Para a conversão de formatos, normalmente a URD (unidade

receptora-decodificadora) possibilita ao usuário escolher o modo de

conversão. Adicionalmente, a emissora pode enviar, junto ao programa,

uma informação denominada Active Format Descriptor (AFD, que tem por

finalidade informar à URD qual é o modo de conversão caso aquele

material seja exibido em um monitor com relação de aspecto diferente do

esperado.

8.1.3- Diversidade de Programação

96

Na televisão analógica, devido a questões de limitação

tecnológica, não é possível ter-se dois canais de televisão adjacentes

ocupados em uma mesma localidade, sob pena de ocorrerem mútuas

interferências57 . Esse é um problema que não ocorre na televisão digital,

o que fará com que cada município possa contar com mais canais de

televisão e, portanto, com mais opções de programação.

Todavia, na televisão digital, além do aumento do número de

canais propriamente dito, cada canal poderá transportar mais de uma

programação. Pode-se ter, por exemplo, dentro de um canal (espaço de 6

MHz), uma programação exclusivamente direcionada para crianças, outra

exclusivamente de notícias, entre tantas outras. O número de

programações transmitido depende apenas da capacidade de transporte

do sistema e da taxa média de bits ocupada por cada programação. Esta,

por sua vez, depende do nível de resolução estabelecido.

Não há restrições para a composição dos programas, mas

deve-se observar que, por exemplo, não é possível ter-se um modelo de

múltiplos programas em HDTV. Uma alternativa possível é a adoção de

diferentes modelos em função do horário, como por exemplo a

transmissão em HDTV no horário nobre (filmes) ou em eventos especiais

(jogos, corrida de automóveis) e a transmissão de múltiplos programas

em SDTV em horários em que há maior probabilidade de audiência

segmentada (por exemplo, durante o dia).

A adoção de um modelo híbrido – em que uma emissora pode

transmitir por exemplo um programa principal em HDTV e outro em SDTV

para um público específico; ou transmitir HDTV em horário nobre e

múltiplos programas em SDTV nos demais; ou ainda diferentes emissoras

transmitirem, uma em HDTV e outra em SDTV – traz como vantagem uma

grande flexibilidade para o atendimento de diferentes necessidades do

público. Porém, traz também o risco de não motivar os consumidores a

57 Canais “adjacentes” referem-se à posição ocupada no espectro de freqüências. Por exemplo, os canais 2 e 3 são adjacentes. Conforme já foi visto na tabela “Espectro de Freqüência e alguns dos serviços atribuídos”, no item “O Espectro de Freqüências”, nota-se que a distribuição dos canais ao longo do espectro não é contínua, havendo janelas de freqüência entre os canais 4 e 5, 6 e 7, 13 e 14, 36 e 38. Essas janelas são utilizadas para outros serviços de telecomunicações. (fonte: Relatório Integrador, p.60)

97

adquirirem caros terminais de alta definição, dado que haveriam menos

opções de programas em HDTV, ao contrário do caso em que todas as

emissoras optassem por esse modelo de negócio.

É importante lembrar-se que em primeira pesquisa já realizada,

pelo CPqD, as emissoras e o público com potencial de compra de

equipamentos e aparelhos em HDTV mostraram ser em menor número.

Certamente, a produção em alta definição consumirá valores vultosos

para a TV e, dessa maneira, o espaço pode ser de quem tem condições

de investir mais: a indústria cinematográfica.

8.1.4- Otimização de cobertura

A flexibilidade com que algumas plataformas permitem ajustar

os parâmetros de transmissão, possibilita à emissora ampliar a

capacidade de transporte (em detrimento da robustez do sinal), ou dar

uma maior robustez à transmissão (em detrimento da capacidade de

transporte). Essa flexibilidade poderia ser empregada para se otimizar a

cobertura, dado que existem no país regiões com condições geográficas

bastante diversas, requerendo, em algumas delas, sinais mais robustos

do que em outras. Cada emissora poderia ajustar os seus parâmetros de

transmissão de modo a obter a máxima capacidade de transporte para a

condição geográfica local.

Entretanto, pode-se pensar que tal diversidade de modos de

operação trará como conseqüência um desequilíbrio na oferta das

programações oferecidas aos públicos dessas diferentes regiões; ou seja,

usuários residentes em locais planos contariam com mais opções de

programação ou de serviços do que os residentes em áreas acidentadas.

Todavia, penso que as evoluções tecnológicas e questões econômicas

não permitirão que todos os serviços de programação estejam restritos

apenas às regiões planas.

8.1.5- Transmissão hierárquica

98

A transmissão hierárquica consiste na transmissão de parte

dos bits com um grau de robustez maior do que o dos demais. Com isso,

criam-se dois tipos (ou camadas) de sinais: um, mais robusto, destinado a

ser captado por todos os usuários, mesmo em situações bastante

adversas; e o outro, menos robusto, destinado a ser captado pela maioria

dos usuários que se utilizam de antenas externas ou que estejam em

locais de recepção não hostil.

Tal partição poderia ser empregada por exemplo para se

transmitir um programa de HDTV na camada menos robusta, destinada a

ser captada pelos telespectadores da área urbana ou residentes em uma

região mais central da área de cobertura. Um segundo programa, com o

mesmo conteúdo que o anterior, seria transmitido em LDTV ou SDTV na

camada mais robusta, para contemplar os usuários residentes em locais

de difícil recepção, afastados da antena transmissora, em zonas de

sombra, ou ainda utilizando receptores móveis.

Portanto, essas novas características deverão ser agregadas à

programação convencional para tornar o serviço de televisão mais

interativo, rico em informações e interessante para o telespectador. O

desfrute desses novos recursos é feito utilizando-se o controle remoto

como dispositivo de entrada de dados (ou seja, o controle remoto faz o

papel que o mouse faz para o computador).

Para aplicações mais sofisticadas, o terminal (televisor ou

URD) poderia contar com um teclado sem fio.

8.1.6- Multimídia e Hipermídia

Multimídia é a apresentação de informações utilizando-se das

diversas formas possíveis de comunicação: sons, imagens, textos e

sensação tátil58. A televisão analógica disponibiliza as duas primeiras e,

de uma forma limitada, a terceira. A televisão digital, por possuir uma

melhor resolução (especialmente no caso de EDTV e HDTV), possibilita

uma utilização mais intensiva de textos com letras menores e gráficos

58 In: Relatório Integrador, p.74.

99

com detalhes finos. E o áudio com freqüências hiper-baixas reproduz, em

certa medida, as vibrações que são percebidas mais pelo tato que pelo

ouvido. Desta forma, a televisão digital, ao aumentar o número de meios

possíveis pelos quais uma informação pode ser transmitida para as

pessoas, através de diferentes órgãos dos sentidos destas, contribui para

melhorar a qualidade técnica da comunicação.

A multimídia é um recurso disponibilizado pela televisão digital,

mas a sua completa fruição depende das características do aparelho

receptor do usuário. Por exemplo, um televisor analógico não será capaz

de exibir, com a qualidade necessária, textos em letras pequenas ou

gráficos com detalhes finos. E para a reprodução do áudio com

freqüências hiper-baixas, o usuário necessita de um sistema de som

complementar ao da TV.

Já a hipermídia refere-se à possibilidade das pessoas

“navegarem” pelas informações, ou seja, de obterem informações

adicionais através de interações com um programa (de computador) que

reage de acordo com os comandos recebidos.

A hipermídia é um recurso hoje comum em

microcomputadores, porém ainda ausente na televisão analógica. Ela é

baseada em uma interface (imagem) composta de objetos clicáveis, ou

seja, objetos que podem ser de alguma forma selecionados e “clicados”,

tal como fazemos hoje com os computadores. Ao serem “clicados”, esses

objetos ativam comandos que podem ser, por exemplo, “exibir mais

informações sobre um detalhe da imagem” ou “substituir a imagem atual

pela de outro programa”. Uma imagem de televisão contendo objetos

clicáveis forma, então, uma interface hipermídia, possibilitando ao usuário

selecionar objetos e, a partir dessa seleção, obter informações adicionais

relacionadas ao programa em curso, mudar para outros programas,

efetuar compras eletrônicas, divertir-se com jogos eletrônicos, entre

outras possibilidades.

Os recursos necessários para um telespectador usufruir-se da

hipermídia localizam-se na URD. Desta forma, mesmo os usuários que

utilizem-se de um televisor analógico acoplado a uma URD não estarão

impedidos de usufruírem dos recursos hipermídia dos novos programas

100

de televisão, porém, vale lembrar-se que ainda com qualidade de

imagens do sistema analógico.

8.1.7- Interatividade e Canal de Retorno

A hipermídia disponibiliza à televisão digital um de seus

principais atributos – a interatividade. Entretanto, para que esta seja

completa, é necessário considerar-se a questão do canal de retorno. Sob

esse aspecto, existem três graus possíveis: a interatividade local, a

interatividade com retorno por um canal não-dedicado e a com retorno por

um canal dedicado.

Interatividade localA interatividade local ocorre quando toda a informação

necessária é inicialmente transmitida pela emissora e armazenada no

receptor do usuário. A partir daí, o usuário passa a utilizar interativamente

os recursos hipermídia, “navegando” pelas informações disponíveis

localmente. Somente quando e se o usuário efetuar um comando que

implique em mudança de programação, um novo fluxo de programa é

selecionado pelo receptor e as informações anteriormente armazenadas

são substituídas pelas do novo programa.

Esta forma de interatividade não requer canal de retorno. Como

conseqüência, ela não possibilita as chamadas aplicações transacionais

como, por exemplo, o comércio eletrônico, quando uma informação

gerada pelo telespectador deve ser enviada para a emissora.

Interatividade com canal de retorno não-dedicadoNeste caso, pode-se ter aplicações transacionais – aplicações

em que há uma troca de mensagens entre o receptor do usuário e alguma

máquina servidora localizada remotamente. Entre elas destacam-se o

101

comércio eletrônico, o acesso à Internet e a troca de mensagens (e-mail).

As mensagens originadas pelo receptor do usuário são transmitidas para

o servidor por meio de uma rede não específica, como por exemplo, a

rede telefônica fixa comutada. Nesse caso, o receptor contém a

funcionalidade de modem telefônico, que efetua os procedimentos

necessários. No caso de terminais portáteis e móveis, o retorno poderá

ser efetuado com uso do serviço móvel celular.

A transmissão de mensagens do servidor para o usuário pode

ocorrer pela mesma linha telefônica ou como um fluxo de dados

incorporado ao programa televisivo.

O canal de retorno não-dedicado, embora tenha algumas

inconveniências, principalmente o tempo de latência necessário para se

efetuar a conexão e a possibilidade de não-conexão por indisponibilidade

de enlace livre, tem a grande vantagem de permitir a realização de

operações transacionais e ser uma tecnologia já disponível.

Interatividade de retorno de canal dedicadoEste é um estágio posterior de desenvolvimento, em que o

sistema de televisão teria um meio específico para a função de canal de

retorno. Tal meio poderia ser, por exemplo, um canal de televisão (6 MHz)

alocado para essa finalidade, e compartilhado entre as diversas

emissoras. O usuário necessitaria ter em sua residência, além de uma

antena receptora, uma antena transmissora que emitiria sinais na referida

freqüência e que seria captada ou na estação principal da emissora ou

mais provavelmente por meio de uma rede de antenas distribuída pela

cidade. A segunda opção, embora mais cara, seria a mais provável

devido à menor potência necessária no transmissor do usuário.

Alternativamente, poderá ser empregada uma rede de antenas

coletoras pelo prestador do serviço, utilizando uma freqüência diferente às

dos canais de televisão. Ou seja, a transmissão talvez seja possível via

rádio, LP (linha privativa) ou até mesmo via ADSL.

102

O canal de retorno dedicado apresenta como vantagem a

possibilidade de ser projetado com as características necessárias e

adequadas a esse tipo de tráfego: baixa latência, tempos de retardo

adequados às necessidades das aplicações e capacidade para suportar

tráfego composto tanto por surtos com grande volume de bits como por

fluxos contínuos.

Com isso, ele não amplia significativamente o leque de

aplicações que o canal de retorno não-dedicado possibilita, mas melhora

o desempenho das mesmas, particularmente em aplicações como jogos

com participação simultânea de várias pessoas ou videoconferências

associadas à discussão de algum tema que esteja sendo

simultaneamente televisionado.

103

8.1.8- Datacasting

O Datacasting refere-se à transmissão de fluxos de dados que

serão armazenados e processados pelo receptor. Tais dados podem estar

vinculados a programas, com a finalidade de permitir a interatividade

local; podem se referir a informações auxiliares, como por exemplo o guia

eletrônico de programação (EPG); ou ainda podem se constituir em

programas completos, como por exemplo, boletins meteorológicos.

Nesses casos, a transmissão dos dados é realizada de

maneira cíclica, conhecida como date carousel, e também denominada

“carrossel de dados”. A informação é dividida em segmentos que são

retransmitidos de tempos em tempos. A URD, ao “sintonizar” este fluxo,

começa a armazenar os segmentos, até tê-los todos em sua memória. A

partir daí, o usuário pode efetuar a interação/navegação local, consultar o

EPG, entre outros serviços. No caso de um programa interativo, o usuário

pode requerer alguma informação que não esteja no conjunto

armazenado localmente. Nesse caso, a URD acessa um outro fluxo onde

aquela informação pode estar localizada, e “carrega” todos os segmentos

do novo fluxo.

A técnica do carrossel de dados é interessante pois, como os

segmentos da informação são repetidos ciclicamente, em qualquer

instante em que o usuário ligue o televisor e tente acessar essas

informações, os dados são carregados rapidamente na memória da URD.

Além disso, em aplicações como boletins meteorológicos e

cotações financeiras, os segmentos podem ser continuamente

atualizados, fazendo com que o usuário receba a informação mais

recente. Outra vantagem do carrossel é superar a freqüente situação da

limitada memória disponível no aparelho receptor, que pode não ser

capaz de armazenar todos os segmentos necessários, fazendo com que,

à medida em que o usuário navegue pelas informações, novos segmentos

sejam capturados e armazenados, embora tal procedimento aumente os

tempos de latência da aplicação.

104

Mesmo sem a implementação de aplicações interativas, o

datacasting é importante para a atualização de informações quando o

usuário muda de canal, pois o novo canal terá novas tabelas de

programação.

8.1.9- API

A API (Application Programming Interface), é a interface entre o

sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais

como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros.

Pode-se dizer que é o equivalente ao API dos sistemas operacionais de

computadores, que fazem com que estes possam executar diferentes

programas e aplicativos, como planilhas eletrônicas e processadores de

textos que foram criados por terceiros a partir de padrões bem conhecidos

e estabelecidos. Assim como a interface gráfica é uma interface entre o

usuário e a máquina, a API é a interface entre a aplicação utilizada pelo

usuário e o sistema operacional da máquina. Com o advento da televisão

digital, o mercado está movimentando-se rapidamente da URD passiva,

projetada apenas para exibir a imagem na TV, para verdadeiros

microcomputadores em rede com várias possibilidades de interação,

capazes de processamentos gráficos sofisticados. O sistema operacional

e a API da unidade receptora são elementos críticos de um receptor de

televisão digital, embora sejam apenas duas peças em um grande

quebra-cabeças. Eles serão os responsáveis pela percepção que o

usuário terá dos novos produtos e aplicações, distinguindo-os do antigo

sistema analógico.

A API pode ser composta por um conjunto de comandos do

próprio sistema operacional ou, de uma maneira melhor elaborada, formar

uma camada à parte. Dessa forma, a API desempenha, então, a função

de interface entre um programa aplicativo criado por uma empresa, e o

hardware – sistema operacional criado por outra.

105

Com isso, diferentes empresas podem criar aplicativos para

uma dada URD e diferentes fabricantes de URD podem ter aqueles

aplicativos rodando em suas máquinas, permitindo a interoperabilidade de

aplicativos e terminais. Assim a unidade receptora está pronta para

executar uma aplicação, bastando que os fornecedores de conteúdo

criem estas aplicações seguindo as especificações da API.

8.2- Modelos de negócios para televisão digital

8.2.1- Programas secundários de televisão

Programas secundários referem-se a conjuntos de informações

que podem ou não estar vinculados aos programas de televisão. Alguns

exemplos são:

Guia eletrônico de programação (EPG)59

Na televisão digital, onde o usuário deve escolher um programa e não

mais um canal (que é conhecido por um número fixo), fazem-se

necessárias novas formas de busca. O EPG (Eletronic Programming

Guide) é um menu que possibilita ao usuário efetuar tal busca.

Tecnicamente, o EPG é um fluxo de dados que é transmitido junto

com os demais fluxos de informação (áudio, vídeo), podendo existir

um em cada canal ou um único agregando as informações de todos

os canais.

Compras eletrônicas e outras aplicações vinculadas a um programa. Tratam-se de recursos que possibilitam a um telespectador, por

exemplo, clicar em um ícone na tela e obter informações ou mesmo

efetuar a compra de um produto que esteja sendo exibido naquele

momento.

59 O EPG é, para a televisão digital, o equivalente aos guias de horários de televisão publicados nos jornais.

106

Isso é realizado com a inserção de hiperlinks na imagem e com a

transmissão de fluxos de dados que possibilitam ao usuário obter as

informações ou interações que deseja. Denomina-se de aplicações

vinculadas ao programa pois tais fluxos de dados são mapeados junto

ao programa que irá utilizá-los.

Boletins informativos e aplicações não vinculadas a programas.São programas independentes, porém que não exibem conteúdo de

vídeo convencional baseado em cenas dinâmicas. São, por exemplo,

boletins de tempo, cotações e outros informativos que são exibidos

em forma de textos ou gráficos, acompanhados ou não de um fundo

musical. Esses programas são compostos por fluxos elementares de

dados e talvez áudio (mas não vídeo), o que significa que eles

ocupam uma taxa de bits bastante pequena.

8.2.2- Diversidade de serviços e acesso à Internet

Ao mesmo tempo da transmissão de sinais de televisão sob a

forma de radiodifusão, a plataforma poderá ser utilizada também para a

transmissão de sinais de outros serviços de telecomunicações ou de valor

adicionado.

Um exemplo típico é o serviço de televisão por assinatura,

onde os programas são oferecidos apenas a seus assinantes. Um

segundo exemplo é o de acesso à Internet, quando a capacidade de

transporte da plataforma é utilizada para o grande tráfego de informações

no sentido descendente e o retorno é realizado por meio da rede

telefônica convencional. Esses serviços podem coexistir com os

programas de televisão dentro de um canal, ou podem ser providos

mediante o uso de canais específicos.

No futuro, com a convergência tecnológica, um mesmo

terminal, fixo ou portátil, poderá ser utilizado para se assistir a programas

televisivos, programas secundários, realizar acesso à Internet, ou ainda,

de uma forma mais abrangente, acessar programas multimídia

107

(compostos de sons, vídeo, texto e gráficos) e hipermídia (que possuem

links para uma livre navegação do usuário pelas informações e

seqüências de imagem e som). O sinal de retorno, nesse caso, poderia

fluir tanto por meio da rede de telefonia celular (discada) como por meio

de uma rede IP via rádio (dedicada).

8.2.3- Receptibilidade do sinal de televisão

A receptibilidade refere-se à possibilidade de tipos variados de

terminais, localizados em pontos diversos e sujeitos a diferentes

condições técnicas, receberem os sinais de televisão com o grau de

qualidade adequado. Quando examinado pela ótica da emissora, refere-

se à cobertura alcançada por esse sinal.

Nos sistemas de televisão analógica, uma vez estabelecida a

localização da antena transmissora, a sua altura e a potência irradiada, as

características de cobertura estão definidas. A partir daí, a recepção ou

não do sinal depende apenas da localização do usuário e do tipo de

antena por este utilizado.

No caso da televisão digital, outros parâmetros podem ser

considerados. O emprego de diferentes parâmetros de transmissão ou o

uso da transmissão hierárquica, quando a plataforma apresenta tais

flexibilidades, permitem à emissora ampliar o universo da possível

audiência, ou alternativamente, aumentar a capacidade de transporte e,

consequentemente, as opções de programas, sacrificando talvez a

recepção sob condições mais severas.

Para a cobertura de áreas de recepção mais crítica, ou zonas

de sombra, poderão ser empregados reforçadores de sinais ou redes de

antenas operando sincronamente à mesma freqüência (rede de

freqüência única).

Do lado do usuário, este poderá desejar desfrutar os

programas por meio de receptores fixos, utilizando antenas externas ou

internas, por meio de receptores instalados em veículos (recepção

móvel), ou ainda através de terminais portáteis.

108

8.3- Possíveis modelos de negócios

O modelo de negócio a ser adotado será o maior desafio para

a televisão brasileira, pois o que interessa para as emissoras é “segurar”

o espectador por mais tempo em frente à tela da TV. Dessa forma, a partir

dos principais atributos da televisão digital apresentados nas seções

anteriores, podem compor-se diferentes modelos de negócio.

Apresenta-se a seguir os principais modelos possíveis para a

situação brasileira60, porém não se pode esquecer que estes somente

serão válidos a partir da escolha da plataforma (ou padrão) para a

transmissão digital dos sinais de TV.

Modelo 1: HDTVEste modelo é caracterizado pela transmissão de um único

programa televisivo, na melhor resolução possível (HDTV). Podem ser

transmitidos, além disso, o guia eletrônico de programação (EPG) e

dados vinculados ao programa, além de programas secundários como

boletins informativos, até o limite em que os mesmos não prejudiquem a

qualidade do vídeo/áudio do programa principal.

Fundamentado na oferta de uma excelente qualidade de

imagem e som, o HDTV tem como vantagem o fato de ser um modelo

simples. Como desvantagens, o custo dos equipamentos é maior (tanto

para o telespectador quanto para as emissoras), tal como qualquer

produto no início de uma nova tecnologia. Dessa forma, será inicialmente

adquirido apenas por pessoas de alto poder aquisitivo, mas com o tempo

é possível que existam novas alternativas e isso tornará a tecnologia mais

acessível aos demais consumidores.

O que deveria acontecer era existir uma URD universal, dotada

sempre de recepção que inclua HDTV, de modo que os indivíduos

pudessem comprar este produto uma única vez e ir evoluindo nos

complementos, na medida de suas possibilidades.

60 As análises aqui realizadas baseiam-se no pressuposto de que todas as emissoras adotarão o mesmo modelo de negócio. Caso isso não ocorra, deve ser observada a ressalva “a” discorrida na seção 8.3.1.

109

Modelo 2: HDTV com replicação de conteúdoNeste modelo, aplicável somente para plataformas que

permitem transmissão hierárquica, é transmitido um programa em HDTV

numa configuração de menor robustez, e o mesmo programa (conteúdo)

é replicado em LDTV (ou eventualmente SDTV) em uma camada de

maior robustez, para possibilitar que pessoas com terminais móveis,

portáteis, ou sujeitos a condições hostis de recepção possam captar o

programa.

As informações de EPG e de boletins, neste caso, seriam

transmitidas na camada mais robusta.

Este modelo enfatiza a transmissão de imagem de alta

definição, ao mesmo tempo em que se preocupa com o atendimento de

todos os usuários (cobertura). Ele será necessário se a transmissão de

sinais de HDTV com uma robustez padrão se mostrar insuficiente para

atender a todos os usuários ou tipos de receptor (eventualmente incluindo

os terminais móveis). Tem como vantagem a maior receptibilidade e,

como desvantagem, o custo da replicação do mesmo conteúdo em dois

programas digitais distintos.

Modelo 3: HDTV e um segundo programa de L/SDTVNeste modelo, é transmitido um programa principal em HDTV e

um segundo programa, com conteúdo diferente, em LDTV ou SDTV,

conforme a capacidade de transporte do sistema.

Este é um modelo diferente do anterior. Neste caso, há ainda

uma certa ênfase na transmissão de um programa de elevada qualidade

(HDTV), ao mesmo tempo em que procura atender a uma necessidade de

informação de uma audiência segmentada. A emissora atenderia a um

segmento de audiência principal (por exemplo, jogo de futebol ou filme)

em HDTV e outro secundário (por exemplo, notícias) em SDTV.

Este modelo tem como vantagem a preservação da alta

qualidade de imagem (pelo menos em um dos programas) aliada a uma

certa diversificação de informações.

110

Para plataformas com robustez configurável, pode-se ter

emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus

de robustez, embora a transmissão em um modo mais robusto possa

inviabilizar o segundo programa em SDTV.

Modelo 4: HDTV e outros serviços de telecomunicações Neste modelo, é transmitido um programa em HDTV. A

capacidade remanescente de transporte é utilizada para a prestação de

um outro serviço, tal como a televisão por assinatura ou o acesso à

Internet.

Em relação a disponibilização de novos serviços para os

usuários, este modelo tem a vantagem de propiciar à emissora uma fonte

de receita adicional, que poderá ser crítica durante a fase de transição do

analógico para o digital. Como desvantagem, essa capacidade

remanescente é bastante limitada, não apresentando flexibilidade para

crescimento se houver aumento de demanda.

Este modelo não contempla o atendimento sob condições

severas de recepção.

Para plataformas com robustez configurável, pode-se ter

emissoras em diferentes locais no país transmitindo com diferentes graus

de robustez. Porém, a transmissão em modo mais robusto é feita

sacrificando parte do sinal não-televisivo, ou seja, a televisão por

assinatura seria em LDTV ou, no caso do acesso à Internet, a taxa de bits

disponível seria menor.

Modelo 5: Múltiplos programas em SDTVNeste modelo, a capacidade do canal é utilizada para a oferta

de múltiplos programas em SDTV (tipicamente quatro por canal). Cada

programa teria os seus próprios dados vinculados. Além dos programas

televisivos, haveriam os boletins e outras aplicações não-televisivas.

Do ponto de vista estratégico, este modelo é caracterizado pelo

foco no aumento da oferta de programações. Apresenta como vantagens

a diversificação de informações, o custo relativamente mais baixo para os

equipamentos de estúdio e monitor do usuário , uma qualidade de

111

imagem e som melhores que a recebida por meio analógico e, no caso do

usuário estar utilizando uma URD combinada a um televisor analógico

como monitor, não haver perda significativa de qualidade de imagem,

exceto nas transmissões 16:9. Como desvantagem, não há o efeito de

alta definição, para aqueles que contam com tal expectativa.

Como uma alternativa de uso desse modelo, a capacidade de

transporte pode ser utilizada para a transmissão de vários fluxos de vídeo

referentes a diferentes ângulos de visão de um mesmo programa.

Uma segunda alternativa refere-se à transmissão do mesmo

conteúdo em horários defasados (ver Near Video on Demand). Tal

alternativa somente faz sentido enquanto a maioria dos usuários não

possuir uma URD com dispositivo de memória.

Em qualquer desses casos, com o emprego de plataformas

com robustez configurável, pode ter-se emissoras em diferentes locais no

país transmitindo com diferentes graus de robustez. É provável que a

adoção de um grau de robustez maior implique em uma redução do

número de programas disponibilizados ao público.

Modelo 6: Múltiplos programas em EDTVTecnicamente, este modelo é similar ao anterior, exceto que,

em vez de se ter programas com resolução (qualidade) SDTV, teria-se

com resolução EDTV.

Este modelo privilegia uma melhor qualidade de imagem,

procurando atender ao quesito de múltiplos programas. O aumento na

qualidade da imagem sacrifica a quantidade de programas disponíveis,

que seria de dois ou três por canal, no caso brasileiro. Um telespectador

que utilizasse uma URD acoplada a um televisor analógico veria uma boa

imagem, porém não tão boa quanto aquele que possuir um monitor

EDTV. Mas a imagem ainda seria melhor do que aquela é vista nos

receptores analógicos atuais.

Este modelo tem, em relação aos que empregam HDTV, um

custo mais baixo tanto para os equipamentos da emissora quanto do

usuário, e uma maior oferta de programação. Em relação à SDTV,

112

apresenta a vantagem de uma melhor qualidade de imagem, com perda

no número de programações possível.

Modelo 7: Múltiplos programas SDTV com transmissão hierárquica

Neste modelo, aplicável somente para plataformas com

capacidade de transmissão hierárquica, o programa principal (em SDTV)

e o guia eletrônico de programação (EPG) são transmitidos na camada

mais robusta. O restante dos programas é transmitido em modo menos

robusto.

Este modelo privilegia o aspecto da cobertura. A sua vantagem

é a de garantir que pelo menos o programa principal seja captável por

todos os usuários da área de cobertura. Como desvantagem, é esperado

que os equipamentos para transmissão e recepção hierárquica tenham

um custo um pouco mais elevado que a transmissão não-hierárquica.

Modelo 8: Múltiplos programas em EDTV com transmissão hierárquica

Este modelo é similar ao modelo 7, exceto que é composto por

programas em EDTV. Apresenta como vantagens, em relação ao modelo

7, uma melhor qualidade de imagem e, em relação ao modelo 6, a ênfase

na melhor cobertura. É esperado que o custo deste modelo seja mais

elevado que o dos modelos 6 e 7.

Modelo 9: SDTV com outros serviços de comunicaçãoNeste modelo, é transmitido um programa televisivo em SDTV

e o restante da capacidade de transporte do canal é utilizado para a

prestação de outros serviços, tais como o de televisão por assinatura ou o

acesso à Internet.

Para o consumidor, ele apresenta a vantagem da

disponibilidade de acesso a outros serviços de telecomunicações ou os

de valor adicionado. Para a emissora, apresenta a vantagem de uma

fonte adicional de receita, podendo contribuir para facilitar a migração do

sistema analógico para o digital, por exemplo através do fornecimento,

pela emissora, de uma URD com o custo já debitado no valor da

113

assinatura. Uma desvantagem é que limita o acesso das camadas de

menor poder aquisitivo a esses serviços.

Modelo 10: EDTV com outros serviços de telecomunicaçõesEste é um modelo similar ao 9, exceto que o programa

televisivo é transmitido em EDTV.

Tem como vantagem uma melhor qualidade de imagem e

como desvantagem o menor número de opções de programas.

Modelo 11: Alternância de modos em diferentes horáriosNeste modelo, a emissora pode transmitir programas em

HDTV, SDTV ou EDTV em diferentes horários.

Tem como vantagem a grande flexibilidade para atender a

diferentes expectativas do público, alternando entre imagens de alta

qualidade (em filmes, esportes ou shows) e oferta de conteúdo

diversificado. Como desvantagens, para o telespectador, é reduzido o

número de programas veiculados em alta definição, enquanto o custo do

terminal é idêntico ao dos casos com HDTV.

Modelo 12: Alternância de modos em diferentes horários, com transmissão hierárquica

Este modelo é similar ao anterior, exceto que inclui a facilidade

de se realizar a transmissão hierárquica. Em determinados horários, seria

transmitido um programa HDTV com replicação de conteúdo como no

modelo 2. Nos demais horários, seriam transmitidos múltiplos programas

em SDTV ou EDTV com robustez diferenciada, como nos modelos 7 e 8.

Comparado ao modelo 11, tem a vantagem de apresentar uma

melhor cobertura do sinal. Como desvantagem, a transmissão hierárquica

pode implicar em um custo mais elevado para os equipamentos de

transmissão e recepção.

114

8.3.1- Observações acerca dos modelos de negócios

Os modelos de negócio apresentados na seção 8.3 são os

mais ilustrativos. Outras configurações intermediárias são possíveis e,

portanto, as seguintes considerações são feitas:

a) A análise dos modelos, particularmente de 1 a 10,

considera que todas as emissoras do país adotarão o

mesmo modelo. Caso isto não se verifique, deve-se

considerar que o custo do receptor (em particular o

monitor) será determinado pelo maior grau de

resolução (p. ex., HDTV) adotado por uma das

emissoras, mesmo que as demais transmitam apenas

em SDTV. Além disso, a adoção de diferentes

modelos de negócio pode elevar o custo da URD,

devido ao fator de escala ou à complexidade do

receptor.

b) Verifica-se atualmente uma certa polarização na

definição do modelo de negócio, ou privilegiando a

elevada qualidade da imagem (HDTV) ou

diversificando ao máximo a programação (em SDTV).

É necessário esclarecer que existem alternativas

intermediárias e que, mesmo a SDTV, apresenta uma

qualidade de imagem e som melhores do que a

televisão analógica convencional.

c) Embora programas em HDTV sejam captáveis com o

uso de URD e possam ser desfrutados mesmo em

televisores analógicos, deve-se observar que isso

suprime o seu principal atributo – a grande qualidade

da imagem. Uma imagem HDTV reproduzida em um

televisor convencional terá a qualidade da imagem

limitada pela resolução e formato de tela do mesmo.

No caso de televisores analógicos, mesmo os mais

recentes, tal resolução é tipicamente de 400 linhas e

440 pixels/linha e formato 4:3. Televisores para

115

aplicação home-theater, podem apresentar resolução

de 720 ou 1080 linhas, embora ainda mantenham o

formato 4:3.

d) A alternativa de se transmitir programas HDTV em

horário reduzido e múltiplos programas nos demais

horários, embora tenha a vantagem de se atender a

um mercado segmentado durante os múltiplos

programas, penaliza o consumidor que adquire um

receptor HDTV e somente pode desfrutar de

programas em alta definição em alguns horários61.

e) Para os modelos de múltiplos programas, não é

conveniente misturar programas em SDTV e em

EDTV, pelos mesmos motivos do item anterior (d):eles

penalizam o telespectador ao transmitir alguns

programas com uma qualidade inferior à esperada.

Particularmente, não é conveniente permitir uma

proliferação simultânea de programas com formatos

4:3 e 16:9, devendo-se adotar uma das linhas e a

outra ser utilizada somente como exceção,

f) A disponibilização dos serviços por assinatura pode

ser uma fonte de receita adicional para as emissoras.

Entretanto, isso requer a implantação de um sistema

de acesso condicional, uma eventual negociação com

outros provedores de serviços por assinatura para o

uso integrado desse sistema e o gerenciamento dos

custos operacionais associados. A televisão digital

propicia, para as emissoras, formas alternativas de

receita mesmo sem a adoção do serviço por

assinatura, como o comércio eletrônico realizado por

meio de hiperlinks.

61 Em um monitor de HDTV, (devido a sua alta resolução), defeitos na imagem que não apareceriam em outras modalidades acabam se tornando visíveis. Além disso, as imagens de DTV, para serem exibidas em um monitor HDTV, têm cada uma de suas linhas duplicadas, o que gera uma imagem mais pobre que a HDTV “autêntica”.

116

g) A adoção de diferentes configurações de robustez por

diferentes emissoras de uma mesma rede poderá

causar uma não-uniformidade na programação

transmitida, prejudicando os telespectadores situados

naquelas áreas com veiculação de programação mais

restrita. Por tal motivo, esta opção deve ser adotada

somente onde alternativas como a maior potência ou o

uso de reforçadores de sinal não possam ser adotadas

ou sejam insuficientes.

8.4- Modelos de negócios adotados em alguns países

Alguns países já definiram suas plataformas e, portanto,

adotaram modelos de negócio de acordo com o padrão. A seguir,

apresentam-se os modelos de negócio adotados nos Estados Unidos,

Europa, Japão e Austrália.

8.4.1- Estados Unidos

Inicialmente, os Estados Unidos estabeleceram uma grande

flexibilidade em termos de resolução da imagem, já que incluem os

formatos de HDTV (1080p, 1080e e 720p), EDTV (480p 16:9) e SDTV

(480e 16:9, 704x480, p/e, 4:3, e 640x480, p/e, 4:3).

Entretanto, a FCC voltou atrás e permitiu que as emissoras

transmitam apenas um sinal de televisão aberta, no modo HDTV.

Essa reconsideração deveu-se a fatores de ordem econômica

e política. A motivação econômica é que a FCC acredita que, se não

houver um firme apoio das emissoras à HDTV (ou seja, a uma maciça

transmissão de programas desse tipo), os consumidores não se sentirão

atraídos a adquirir um receptor de HDTV que, por enquanto, apresentam

preços bastante elevados. Por outro lado, a inexistência de uma grande

massa de consumidores com terminais de alta definição poderia inibir a

produção desses programas, devido ao seu alto custo.

117

O fator político é que existiram protestos de outros segmentos

econômicos, com a argumentação de que as emissoras estariam

pretendendo utilizar a faixa obtida gratuitamente (concedida para a

transmissão simulcast62) para a prestação de outros serviços de

telecomunicações – circunstância para a qual, normalmente, haveria um

“leilão” de uso de freqüência.

Com isso, o modelo norte-americano pode ser resumido como

sendo baseado na oferta de um único programa de televisão aberta de

altíssima qualidade (HDTV).

8.4.2- Europa

O padrão DVB divide os receptores em quatro grupos: os

destinados para uso com freqüências de 25/50Hz e os de freqüências

30/60Hz; e, dentro de cada tipo, os que operam apenas com nível SDTV

e os que operam em nível HDTV.

Para o nível HDTV, tanto os sistemas de 25/50 Hz quanto os

de 30/60Hz deverão trabalhar com a resolução de 1080 linhas e 1920

pixels/linha.

Para o nível SDTV, os sistemas de 25/50 Hz podem adotar

vários níveis de resolução, mas sempre operando com 576 linhas ou 288

linhas (esta última seria uma LDTV). Os sistemas de 30/60 Hz igualmente

podem adotar vários níveis de resolução, mas tendo como referência 480

linhas ou 240 linhas (LDTV). O DVB faz ainda uma distinção entre a

SDTV e a EDTV baseado no sistema de áudio: a SDTV tem um som

estéreo (2/0), utilizando MPEG-1/ camada2, enquanto que a EDTV teria

áudio 5/1, portanto com MPEG-2/camada2. Opcionalmente, um sistema

DVB pode utilizar áudio Dolby AC-3.

62 Simulcast significa a transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos radiofusores de canais tanto analógicos quanto digitais. Essa definição não deve ser confundida com o outro significado de transmissão simultânea que se refere à situação das radiodifusões de qualquer conteúdo que estejam sendo transmitidas nos canais tanto analógicos quanto digitais durante um período de transição de vários anos.

(Fonte: Anatel/2001).

118

8.4.3- Japão

O Japão prevê utilizar quatro níveis de resolução. Porém, deve-

se observar que no Japão existem sistemas de 50 e de 60 Hz

(respectivamente, na metade norte e metade sul do país).

Embora o modelo de negócio no Japão ainda não esteja

claramente estabelecido, a plataforma ISDB foi projetada para ser

aplicável a diversas configurações de negócio, e não apenas para o

transporte de um grande feixe de bits de televisão. Dessa forma, o ISDB

tem as seguintes facilidades:

a) Um receptor de faixa estreita é capaz de receber e

decodificar um segmento do sinal completo de faixa

larga. Ou seja, um receptor não-televisivo (rádio ou

notebook dotado de antena) pode receber e reproduzir

as informações de faixa estreita do canal.

b) O feixe de bits pode ser “empacotado” em dois grupos

de bits distintos, para programas ou aplicações

distintas, com diferentes níveis de robustez. Esses

grupos de bits podem assumir qualquer valor que seja

uma fração duodecimal do feixe total.

Dadas as características da plataforma, é esperado que o

modelo de negócio japonês tenda para um modelo bastante flexível,

aglutinando ao serviço de televisão diversas outras aplicações, de modo a

torná-lo algo mais parecido a um serviço de acesso a informações

multimídia.

119

9 - INVESTIMENTOS DE GERADORAS E RETRANSMISSORAS

No Brasil, existem retransmissoras:

que recebem sinais terrestres, não só via microondas, mas também

captados do ar de geradoras ou outras retransmissoras e recebidos de

‘’links’’ analógicos em UHF;

que recebem sinais digitais, via satélite em banda C (4 GHz ) ou em

banda Ku (12GHz), geralmente provindos de uma cabeça de rede

geradora. Esses sinais correspondem à programação da geradora

analógica;

que recebem sinais analógicos, via satélite em banda C, das cabeças-

de-rede nacionais.

A introdução da tecnologia digital traz a possibilidade, para as

prestadoras do serviço de televisão, de concretizar “sonhos” de longa

data: a transmissão de imagem e som com qualidade de cinema, os

programas interativos e o terminal multifuncional do usuário.

Entretanto, a concretização dessa possibilidade requer

investimentos em novos equipamentos e a produção de programas dentro

de novos paradigmas.

Do ponto de vista tecnológico, a prestação do serviço de

televisão apresenta três grandes etapas: produção, transmissão nas

geradoras e retransmissão. Assim sendo, as principais etapas do

processo de produção de programas de TV são: captação, que

compreende a tomada de imagens e sons em estúdio ou externa;

produção, que compreende a edição de programas pré-gravados ou o

tratamento e transporte dos sinais em tempo real no caso de programas

ao vivo; pós-produção, que compreende a adição de efeitos e

sonorização nos programas pré gravados e ao vivo; transmissão e

retransmissão, que compõem o processo de transporte do sinal até o

120

telespectador final na cidade onde o programa foi gerado no caso da

transmissão e para outras cidades do país no caso da retransmissão63.

Esse capítulo aborda as questões referentes às três etapas

com a finalidade de um melhor entendimento e conhecimento dos dados

fornecidos.

9.1- A Produção

Independentemente da Transmissão e Retransmissão digital

ainda não estarem implantadas no Brasil, as nossas principais emissoras

de TV vêm, nos últimos 6 anos, digitalizando progressivamente os

equipamentos e esquemas utilizados nas etapas de Captação, Produção

e Pós-Produção as quais passaremos a chamar genericamente de

Produção.

Todas as atividades da geração de conteúdo entre a gravação

das cenas e a mesa de operação (cortes), se for transmissão ao vivo, ou

armazenamento para posterior pós-produção, envolve a produção. Além

disso, envolve também a transmissão de sinais entre estúdios e a sala de

controle mestre e, no caso de reportagens externas, a interligação entre

um veículo móvel e a respectiva base.

As atividades de gravação, armazenamento, edição e pós-

produção são realizadas utilizando-se padrões que podem ser totalmente

distintos daquele utilizado para levar o sinal até o telespectador final. No

caso analógico, os equipamentos de estúdio empregados podem ser em

padrão S-VHS ou componente (RGB, YUV) e, no momento de se efetuar

a transmissão para os telespectadores, o material é transcodificado para

PAL-M.

Com a TV digital, as diversas etapas do processo produtivo de

conteúdo televisivo não devem ser alteradas na sua essência. Entretanto,

cada etapa ganhará em sofisticação, em função da adição de conteúdo

interativo.

63 A definição do padrão de TV Digital afeta apenas as etapas de transmissão e retransmissão.

121

As emissoras de pequeno e médio porte do Brasil que ainda

não iniciaram a digitalização de seus equipamentos de produção utilizam

equipamentos analógicos nos padrões NTSC, PAL-M ou Componente

Analógico, convertendo, quando necessário, esses formatos para o PAL-

M no momento da transmissão. Entre esses equipamentos, encontram-se

câmeras, máquinas de vídeo tape, ilhas de edição, mesas de corte,

monitores, entre outros. Os principais fornecedores já não mais oferecem

esses equipamentos na versão PAL-M e vem reduzindo, ano após ano, a

oferta nas versões NTSC e Componente Analógico, investindo quase que

totalmente seus recursos no desenvolvimento da ampliação das versões

digitais e de HDTV desses equipamentos.

Para as grandes redes e as maiores emissoras do Brasil que já

produzem com equipamentos digitais (câmeras, VTs, mesas de corte,

monitores, ilhas de edição, etc..) há uma grande variedade de famílias de

equipamentos em uso, com faixas de preço distintos. Essas mesmas

emissoras já vêm utilizando tal tecnologia há algum tempo em sua etapa

de produção, utilizando “padrões de estúdio”. A gravação,

armazenamento e edição são efetuados em forma digital e, de forma

similar ao caso anterior, apenas no momento da transmissão para o

usuário final é efetuada a conversão dos sinais para o analógico PAL-M.

Alguns dos padrões digitais em uso nas emissoras de televisão são

suportados por diversos fabricantes, enquanto outros são proprietários,

tendo um fornecedor único.

Esses equipamentos apresentam uma extensa gama de

preços. Por exemplo, câmeras portáteis da série DV (PAL-DV ou NTSC-

DV), de uso profissional, podem custar entre US$ 4.000 e US$ 20.000,

com a correspondente diferença na qualidade da imagem capturada sob

condições mais críticas. Mas além das câmeras, os estúdios utilizam uma

extensa gama de equipamentos e acessórios, tais como gravadores, ilhas

de edição, roteadores, monitores, servidores diversos (efeitos sonoros,

inserção de comerciais), além de transmissores e receptores.

122

De acordo com Nelson Faria Júnior, do Departamento de

Engenharia da Rede Globo, em entrevista para a Revista Vídeo Zoom

Magazine64, a emissora já produz em tecnologia digital, desde a captação

de externas, estúdio, pós-produção e efeitos especiais. Isto significa que

não existe perda de qualidade entre a captação e o produto final. Além do

mais, a Globo já se prepara há cerca de 5 anos, desde a inauguração do

Projac, investindo em equipamentos que permitem à a emissora

preparação necessária para a transição do sistema digital. (Ver também

DOC.03).

Assim sendo, os investimentos nos sistemas de produção

serão difíceis de estimar, pois dependem fortemente das estratégias que

cada emissora irá adotar.

9.2- Transmissão

Para esse trabalho de pesquisa, considera-se Transmissão

como sendo a geração de uma emissora para outra emissora, via

sistemas de microondas ou satélite. Este sinal de TV não é aquele

captado pelo público.

Dessa forma, pode-se dizer que várias são as etapas desde

que um sinal é gerado pela cabeça-de-rede até o receptor final, ou seja:

Transmissão: da cabeça-de-rede até a emissora afiliada.

Retransmissão: que subdivide-se em dois tipos,

a) da emissora afiliada até o transmissor desta mesma emissora para

outras localidades, isto é, neste local o sinal é inserido em um

transmissor local destinado aos telespectadores da cidade; e

b) da emissora afiliada até o telespectador.

64 MIRANDA, Angela. “PROJAC: A Cidade das Ilusões”, In Revista Vídeo Zoom Magazine, número 15, ano 02, Janeiro/2001, Crazy Turkey Editora, São Paulo, p.44-49

123

Repetidora: a estação que serve apenas para interligar o sinal da

geradora até o ponto de recepção, ou seja, são postos que recebem o

sinal, amplificam e transmitem para outro ponto. Por exemplo: a TV

Globo de São Paulo transmite para a TV Modelo (Bauru). Porém, o

sinal passa por estações de repetição uma vez que não é possível a

transmissão direta via repetidoras.

Dessa forma, as etapas para transmitir às cabeças-de-rede

envolvem:

a conversão (codificação) do sinal ou sinais do “padrão estúdio”

(qualquer que seja ela, como S-VHS ou D-6) em feixes de transporte

MPEG;

a modulação desse sinal segundo um dos padrões de transmissão de

televisão digital (ATSC, DVB ou ISDB); e

a conversão para a radiofreqüência (RF) adequada, a amplificação de

potência e sua irradiação.

9.3- Retransmissão

As programações originadas pelas geradoras são transmitidas

para os telespectadores por meio de uma cadeia de estações que inclui,

além das próprias geradoras, as suas retransmissoras. Estas podem estar

localizadas próximas às geradoras, tendo por finalidade cobrir uma região

de sombra ou estender a área de cobertura daquela; ou podem estar

localizadas em pontos bastante distantes, com a finalidade de levar o

sinal de televisão para municípios afastados.

Dessa maneira, o sinal recebido pela antena (seja de

microondas, seja de satélite) passa pelo respectivo sintonizador. O sinal

deve ser remodulado para o padrão de transmissão terrestre ao público,

nos canais abertos, amplificados e finalmente transmitidos para a

comunidade local.

124

Para o simulcasting em nível de retransmissora, existem duas

alternativas. A primeira é a duplicação de todo o segmento de

transmissão entre as estações; enquanto que a segunda alternativa, a

transmissão via satélite, passaria a ser realizada em forma digital.

Os sintonizadores de satélite normalmente oferecem opção de

saída PAL-M, ou seja, já contêm o decodificador MPEG e, com isso, o

transport stream seria utilizado para a modulação digital e o sinal PAL-M,

em banda-base, seria utilizado para a modulação analógica.

As implicações dessa alternativa são:

Evita-se a necessidade de um segundo conjunto de canais de satélite

para as redes de televisão, já que não há viabilidade econômica e nem

disponibilidade suficiente de capacidade de segmento espacial no

Brasil para que todas as geradoras possam transmitir seus sinais via

satélite;

A alternativa somente poderá ser implementada quando todas as

retransmissoras contarem com um sintonizador de satélite digital

(mesmo que ela não realize a retransmissão digital em um primeiro

momento);

Os usuários que atualmente se utilizam de sinais de satélite em Banda

C também teriam que adquirir receptores digitais para satélite.

Estima-se que o custo do conjunto de equipamentos para a

recepção e transmissão digitais para as retransmissoras fique entre

US$130.000 e US$300.000 (inclusive torre), conforme a potência do

transmissor (considerado de 250 W a 5 kW) e o tipo de receptor

empregado para receber os sinais da geradora.

9.3.1- Custos

O custo total da parte de transmissão depende de uma série de

fatores. Inicialmente, depende da possibilidade de compartilhamento da

torre do sistema analógico, dado o alto custo do mesmo. Em segundo

lugar, o custo do codificador MPEG depende fortemente do modelo de

negócio, além da qualidade da codificação em si.

125

O modulador, que determina a freqüência de transmissão,

depende tanto do modelo de negócio como do padrão de plataforma,

assim como depende também da potência e, eventualmente, da

freqüência de operação.

Portanto, estima-se que será muito alto o investimento nos

sistemas de transmissão e retransmissão, que as emissoras brasileiras

terão que efetuar nos próximos anos para viabilizar a transição para

digital. Torna-se, portanto, imprescindível que o novo modelo de negócio

da televisão digital viabilize receitas adicionais às atuais, provenientes

única e exclusivamente do mercado publicitário65.

65 In “Comentários à Consulta Pública 291/2001 – Televisão Digital/ Junho-2001” – Grupo ABERT/SET de TV Digital.

126

10 - RECEPTORES PARA TV DIGITAL

10.1- Introdução

A inclusão deste capítulo faz-se necessária nesta pesquisa,

porque, após os estudos realizados, deduz-se que a definição do sistema

digital para a TV brasileira vai influenciar e determinar novos processos

para a produção em TV. Assim sendo, tanto os profissionais atuantes na

área, quanto estudantes dos cursos de Rádio e TV, além de Cinema,

Audiovisual, Programação Visual, Publicidade, Jornalismo, entre outros,

sofrerão influência direta do futuro sistema a ser definido pela ANATEL.

A importância em relatar informações mais técnicas é relevante

na medida em que as definições aqui a serem determinadas, virão a

contribuir também para nossa forma de trabalhar no futuro, enquanto

comunicadores sociais.

Portanto, a inclusão deste estudo sobre o mercado de TV

deve-se ao fato que o meio está diretamente ligado à transição do

sistema analógico para o digital.

10.2-A Indústria e o Mercado de Televisores no Brasil

Após a correta escolha do padrão, os receptores serão o fator

mais decisivo para a implantação bem sucedida de TV Digital no Brasil.

Todas as condições abaixo são absolutamente necessárias para que o

Brasil não repita os insucessos da TV Digital de outros países do mundo:

Disponibilidade de receptores que, pela sua funcionalidade, sejam

atraentes e assim levem os consumidores a querer receber TV Digital;

Funcionalidades, como compatibilidade com todos os formatos de

transmissão SD e HD, imagem de definição e qualidade elevadas,

áudio de alta qualidade com surround, facilidade de instalação,

simplicidade de operação através de um único controle remoto, guia

eletrônico de programação, datacasting, interatividade, mobilidade e

portabilidade, além de multiplicidade de conteúdo;

127

Preço inicial acessível a uma considerável camada da população, de

forma que se assegure, desde logo, massa crítica para um

crescimento rápido e sustentado do número de telespectadores. Este

crescimento será auto realimentado, em função da sistemática

redução de preços e do aumento das ofertas de programação em HD;

Disponibilidades coordenadas de receptores e de transmissão digital.

Manaus é o local onde se fabrica a quase totalidade dos

televisores vendidos no Brasil, em decorrência dos benefícios fiscais. A

indústria teve, em 1999, uma produção de menos de 4 milhões de

unidades, bastante abaixo do recorde de 8,5 milhões registrado em 96.

Por outro lado, no ano de 2000 iniciou-se uma recuperação com a

produção excedendo 5,2 milhões de aparelhos. O crescimento no

primeiro quadrimestre de 2001 em relação a igual período de 2000 foi de

25,3%, segundo dados da Anatel, fornecidos pela Zona Franca de

Manaus-AM) mas há notícias de que houve retração após o mês de maio,

em decorrência da crise energética.

Há indicações de que os modelos de 14 a 20/21 polegadas são

responsáveis por quase 90% da produção, em termos de quantidade de

unidades. Estes televisores têm, no Brasil, preços similares aos

praticados nos Estados Unidos.

Os televisores de "tela grande", tipicamente de 29, 32, 34 e 38

polegadas, constituem o complemento do mercado, ou seja, pouco mais

de 10% das vendas, em quantidade. Por outro lado, esta participação

vem crescendo rapidamente.

Os reprodutores de DVD vêm também tendo um crescimento

de vendas acelerado: em 2000, foram vendidos quase 200 mil aparelhos,

contra 23 mil em 1999. No primeiro quadrimestre de 2001 foram vendidas

126 mil unidades. O DVD é um impulsionador das vendas de aparelhos

de TV de “tela grande”.

Os preços dos televisores de “tela grande” e dos DVDs, no

Brasil, são, de forma geral, maiores que os praticados nos EUA, em

128

média 25% mais altos. Esta diferença tem, entre outras, duas possíveis

causas: a menor taxa de nacionalização destes produtos e os ainda

baixos volumes de produção.

É importante salientar que existe uma diferença na maneira de

especificar o tamanho das telas entre Estados Unidos e Brasil. Enquanto

que nos EUA, é indicada a dimensão da diagonal útil da tela, isto é,

fósforo visível, no Brasil, indica-se a dimensão total externa do vidro.

Assim, o televisor brasileiro de 29" corresponde ao americano de 27", o

34" ao 32" e o 38"ao 36".

Assim como em todos os mercados onde está sendo

introduzida a TV Digital, no Brasil os fabricantes têm grande preocupação

de assegurar uma boa condução do lançamento da nova tecnologia. A

confusão dos consumidores, causada pela eventual má condução

mercadológica do processo, certamente teria um impacto negativo nas

vendas de televisores analógicos da linha de “tela grande”, a de maior

interesse daqueles consumidores que, tipicamente, serão os primeiros

candidatos a produtos de HDTV.

A exportação de televisores ainda é feita em escala

relativamente baixa pelo Brasil. Em 2000, o saldo de

importação/exportação de televisores a cores foi positivo em 90 milhões

de dólares (estes números referem-se apenas a produtos acabados e não

consideram a importação de componentes).

Naturalmente, uma unificação de padrões digitais na América

do Sul serviria de grande impulso para as exportações de aparelhos de

TV Digital. A possibilidade de desenvolver modelos de aparelhos de TV

Digital padronizados para toda a América do Sul propiciaria:

Eliminação de duplicidade de investimentos na adaptação de

produtos;

Ganhos de escala de produção e, consequentemente, preços mais

atraentes para o público e, portanto , uma penetração mais rápida.

Há que considerar que o padrão de vídeo de 50 quadros por

segundo (q/s) é adotado para TV analógica (PAL-N) na Argentina, no

129

Uruguai, no Paraguai e na Bolívia. Assim, mesmo sendo alcançado o

padrão único de transmissão de TV Digital no nosso continente, muito

provavelmente em 60 quadros/segundo, ainda haverá a necessidade dos

produtos padrão "América do Sul" acomodarem 50 e 60 quadros/s e os

diversos padrões de TV Analógica (PAL-M, PAL-N e NTSC).

Em suma, além das adaptações para a acomodação do padrão

digital a ser adotado, as seguintes adaptações deverão ser feitas nos

produtos para o nosso mercado:

Decodificação analógica nos padrões analógicos PAL-M, PAL-N e

NTSC;

Varredura vertical em 50 e 60 Hz para os sinais analógicos atuais;

Operação em 127 e 220 Volts, com amplas faixas de tolerância de

tensão (100~240V), e em 50 e 60 Hz;

Mensagens de texto na tela (On Screen Display - OSD), em

Português, Espanhol e Inglês.

Na realidade, a adaptação de produtos mundiais às

características acima enumeradas (exceto o padrão digital) é trivial e

certamente dominada por pela nossa indústria, pois é um tipo de trabalho

que vem sendo rotineiramente desenvolvido desde 1972, desde o

surgimento da TV em cores no Brasil.

10.3-Produtos de TV Digital existentes no mundo

10.3.1- Estados Unidos com o ATSC

O mercado dos EUA tem uma demanda anual de 25 milhões

de televisores novos. O comércio varejista americano de televisores mais

sofisticado oferece diversos produtos para TV Digital, inclusive uma ampla

linha de Televisores com capacidade de “display” em Alta Definição.

Nos EUA, é possível comprar televisores digitais integrados de

HDTV. Este tipo de aparelho, contido em único gabinete, é composto,

basicamente, de: um “display”, um receptor para as transmissões digitais

130

em ATSC e um segundo receptor para as transmissões analógicas

convencionais em NTSC.

No ano de 2000, a indústria americana vendeu 650 mil

dispositivos de HDTV, incluindo monitores, receptores digitais integrados

e set-top-box. Contudo, apenas cerca de 10% destas unidades incluía a

capacidade de recepção e decodificação dos sinais ATSC “do ar” .

Um dos fatores que estão aumentando a venda de monitores

HDTV é o considerável interesse dos consumidores no seu uso com

reprodutores de DVD. Segundo o Relatório Integrador, pelo menos um

fabricante americano (RCA) dá como brinde um Reprodutor DVD com

saída progressiva aos compradores de Monitores HDTV.

O baixo volume de vendas de receptores de TV digital, muito

inferior ao das expectativas iniciais, é freqüentemente associado aos

graves problemas de recepção de sinal digital que ocorrem nos Estados

Unidos e que vêm sendo divulgados na imprensa. Aliás, os resultados dos

testes no Brasil apontaram que o padrão norte-americano não conta com

uma boa transmissão terrestre. Outro ponto importante é a alta

penetração da TV a Cabo nos EUA, fazendo com que a esmagadora

maioria dos domicílios não tenha antena de TV para captação “do ar” .

Os receptores digitais americanos oferecem EPG (Guia de

Programação Eletrônico).

10.3.2- A Europa com o DVB-T

O padrão DVB-T está em operação em alguns países

europeus. No momento, a maior base instalada é a da Grã-Bretanha,

onde são oferecidos serviços digitais terrestres de broadcast gratuito e de

TV por assinatura.

A principal diferença do enfoque da Europa para o do Brasil é a

total falta de interesse dos europeus em TV de Alta Definição. Eles vêem

na TV Digital (DTV) terrestre um meio de fornecer uma melhor qualidade

131

de TV na resolução convencional, a chamada “Standard Definition” ou

SDTV, e a transmissão simultânea de diversos programas em cada canal.

Há produtos de consumo disponíveis para o público entre "Set–

Top-Box " e Televisores Digitais Integrados.

Há, na Europa, ampla oferta de televisores 16:9, com varredura

de 625 linhas e, em diversos casos, varredura vertical dobrada para

100Hz, de forma a evitar a cintilação característica da TV de 50 campos

por segundo.

Na Inglaterra, os STBs são fortemente subsidiados pelo

operador de TV por Assinatura, ficando o preço de venda para o

consumidor em aproximadamente 150 dólares, desde que associado a

uma assinatura.

Os receptores digitais oferecem EPG (Guia de Programação

Eletrônico).

10.3.3- A Austrália com o DVB-T/7 MHz

A Austrália é, até o momento, o único país que adotou o

sistema DVB-T com largura de faixa de canal de 7 MHz, diferente daquela

para a qual ele foi desenvolvido originalmente (8 MHz).

O projeto de TV Digital australiano tem como foco a TV de alta

definição (HDTV), ao contrário de todos os outros países DVB-T que

operam exclusivamente em definição convencional (SDTV).

Adicionalmente, é também o primeiro projeto de “Broadcast”

em HDTV com 50 campos/s. Outros países interessados em HDTV e com

distribuição de energia em 50Hz, como a Argentina, decidiram que as

transmissões de TV Digital seriam feitas em 60 campos/s, de forma a tirar

proveito da escala de produção de “displays” e equipamentos de

produção HD dos EUA e do Japão.

A Austrália resolveu também utilizar a codificação de áudio

Dolby AC3, diferentemente de todos os outros países DVB-T, que usam

simplesmente a codificação de áudio MPEG. A adoção opcional do AC3

exigiu a revisão da norma DVB-T.

132

O país tem uma população que não chega a 20 milhões de

habitantes, mas caracterizada por alto poder econômico. Dos 6,9 milhões

de domicílios, 60% têm 2 ou mais televisores.

Há apenas uma indústria montadora de televisores na

Austrália, a Sharp, e a demanda atual de televisores novos é de apenas 1

milhão de aparelhos por ano.

O início das transmissões ocorreu em primeiro de janeiro de

2001. E embora o plano inicial fosse o HDTV, até o momento as

transmissões estão limitadas apenas ao SDTV nos formatos 4:3 e 16:9,

devido à falta de receptores que suportem HDTV.

Ainda não há oferta de aparelhos de HDTV ao mercado

australiano, nem STBs, nem televisores integrados. O lançamento de um

STB HD marca DGTEC estava programado para o mês de Agosto/2001.

A especificação deste futuro STB HD prevê a compatibilidade com o

áudio AC3 e saídas de vídeo em SDTV e HDTV.

Atualmente há apenas um modelo de STB disponível na

Austrália. O aparelho decodifica apenas transmissões feitas em SDTV,

tem áudio limitado ao MPEG (não decodifica AC3) e é fabricado pela

Thomson. Este STB é vendido no varejo australiano a um preço

equivalente a 368 dólares dos EUA. Um segundo STB, também limitado a

SD, havia sido anunciado pela TEAC para lançamento em Março/2002

com igual preço. Há notícias de que, mesmo para disponibilizar este único

modelo de STB SD, os “Broadcasters” australianos tiveram que investir 6

milhões de dólares e custear a produção do lote inicial, assumindo o risco

do produto. Este fato também coloca em dúvida o grau de realismo do

preço do STB no varejo.

O motivo de todos estes problemas parece estar ligado ao

desinteresse dos fabricantes de TVs em produzir receptores de TV Digital

específicos para um mercado de volume tão limitado.

Os fabricantes exerceram forte pressão junto ao Governo

australiano, no sentido de poder importar os seus STBs da Europa, com

as modificações limitadas somente à largura de faixa do canal para 7MHz.

133

Embora na Austrália não haja, até o momento, TVs Digitais

Integrados, há oferta de monitores (Televisores Analógicos) com tela de

formato largo 16:9 (widescreen), similares aos produtos europeus.

Os radiodifusores australianos têm elevado interesse em

possibilitar a recepção móvel. Contudo, em decorrência das limitações do

DVB-T na acomodação simultânea de recepção móvel e fixa no mesmo

canal, com programação diferenciada, essa aplicação é ainda incerta.

No caso de a ANATEL cogitar na adoção do sistema DVB-T

para o Brasil, é fundamental que tome todas providências e proceda a

todas as negociações prévias necessárias, de modo a assegurar a

disponibilidade de receptores digitais no Brasil. Isto para não correr o

risco de ver configurar-se uma situação similar à que, lamentavelmente,

observa-se hoje na Austrália.

10.3.4- O Japão com o ISDB-T

O mercado japonês tem uma demanda anual de 10 milhões de

televisores novos. Destes, mais de 4 milhões são de “tela grande” (acima

de 22”). Os televisores de tela 16:9 (widescreen) foram em 2000 mais de

1,3 milhões. Os dados acima estão nas estatísticas oficiais da Jeita

(Associação da Indústria Eletrônica Japonesa).

O padrão japonês, embora utilize faixas de freqüências um

pouco diferente das brasileiras, tem também canais de 6MHz de largura.

O foco japonês para a TV Digital está principalmente no HDTV,

como o do radiodifusor brasileiro. Na realidade, o Japão vem oferecendo

aos seus consumidores transmissões de HDTV em formato analógico, por

satélite, já há alguns anos, embora com limitada programação e uma

penetração de 800 mil receptores HDTV apenas.

O Japão iniciou os serviços de transmissão digital de HDTV no

final do ano 2000, mas utilizando, inicialmente, a sua distribuição por

134

satélite de radiodifusão diretamente ao telespectador ou através de sua

posterior distribuição por cabo.

Devido ao enorme congestionamento do espectro

eletromagnético no território Japonês, foram necessárias modificações em

sua utilização para disponibilizar a faixa necessária para a transmissão

terrestre de TV Digital (ISDB-T). Há, no momento, 11 estações

experimentais de ISDB-T em funcionamento no Japão, mas o serviço

comercial terrestre só se iniciará em 200366.

Diversos modelos de televisores digitais integrados, set-top-box

e monitores HD digitais estão sendo vendidos com sucesso no Japão

desde Setembro de 2000.

A meta da indústria pretendia vender 10 milhões de receptores

nos mil primeiros dias. Segundo estatística da Jeita (Associação da

Indústria Eletrônica Japonesa), no primeiro quadrimestre de 2001 foram

vendidos:

52 mil Televisores Digitais Integrados para ISDB-T;

188 mil Set Top Boxes para ISDB-T.

Com isto a base instalada de receptores de TV Digital no Japão

já totaliza:

mais de 200 mil Televisores Digitais Integrados HD

mais de 400 mil Set Top Boxes HD

Contudo, os “front-ends” (sintonizador e demodulador) dos TVs

Digitais Integrados e STBs Japoneses são, até o momento, apenas

adequados à recepção do sinal do satélite.

Espera-se a disponibilidade de receptores digitais de consumo

com “front-ends” adequados à recepção do sinal terrestre em um espaço

de tempo relativamente curto. Inclusive de modelos universais, que

possibilitem a recepção de sinais terrestres, de satélite ou de cabo .

Na realidade, os monitores HD já são um produto maduro no

Japão, contando com uma base instalada de 800 000 unidades até o final

do ano 2000, recebendo as transmissões analógicas de HDTV por

66 Dados referentes ao primeiro semestre de 2001.

135

satélite. Estes, progressivamente, migrarão para o novo serviço digital

através de STBs.

10.4- Definindo os produtos de TV Digital no Brasil

10.4.1- Arquiteturas do Sistema de Recepção

Podem-se definir os tipos de produtos de TV Digital que

certamente serão oferecidos no Brasil nos dois primeiros anos de TV

Digital. Estas definições permitirão uma melhor análise das possibilidades

de usar produtos mundiais já existentes como projetos base para

adaptação ao nosso mercado e produção no Brasil. A configuração

possível é composta de dois aparelhos:

"Set-top-box" ou STB - contém fundamentalmente um bloco Receptor

Digital Terrestre .

Monitor - contém o bloco “Display” e o bloco Receptor Analógico.

Com as considerações acima, pode-se agora definir mais

precisamente os produtos básicos possíveis, para efeito de análise.

10.4.2- STB-HD/SD

O "Set Top Box" contém, basicamente, o bloco Receptor

Digital. O STB recebe a transmissão de TV Digital em qualquer formato

SD/HD de 60Hz (480i, 480p, 720p, 1080i) e, possivelmente SD de 50Hz

(576i, 576p).

Opcionalmente, este tipo de STB poderá incorporar também:

um receptor analógico PAL-M/NTSC/PAL-N, um receptor de DTH e

entradas de sinais externos.

Estas funcionalidades adicionais simplificam os sistemas

domésticos de recepção e tornam a operação fácil através de um único

136

controle remoto, ficando transparente para o telespectador o meio pelo

qual o programa chega à sua residência.

Independentemente do formato do sinal que está sendo

recebido, o STB-HD/ SD, através de conversor interno e de interfaces

adequadas, oferece tipicamente os seguintes formatos de saída :

SDTV - Em interfaces analógicas de diversos padrões físicos

(RF/Antena, Vídeo, PAL-M/NTSC/PAL-N/ Áudio), componentes

analógicas Y/R-Y/B-Y ou RGB e S-Video), de forma a exibir o programa

em um televisor analógico convencional em SD ou em um Monitor-SD em

480i/60 ou 576i/50. O STB tem tipicamente capacidade de escalar a

imagem de modo a produzir os diversos formatos de exibição, tal como o

letterbox, por exemplo.

HDTV - Em componentes analógicas de banda larga Y/R- Y/B-

Y e R/G/B que permitam a exibição do programa digital em um Monitor-

HD, em 480p/60 ou 576p/50 ou 1080i/60 ou 1080i/50. As transmissões

digitais recebidas em SDTV poderão ser processadas por um conversor

dobrador de linhas e fornecidas nas interfaces HD em 480p/60Hz,

540p/60 ou 576p/50Hz, formatos normalmente denominados de EDTV.

No que se refere ao áudio, o STB poderá decodificar apenas o

par estéreo básico ou oferecer saída para os 5.1 canais que serão

provavelmente previstos no padrão brasileiro.

A saída dos 5.1 canais poderá ser analógica (6 plugs RCA de

áudio) ou digital codificada (coaxial ou óptica), para decodificação externa

em um home theater, por exemplo. Neste último caso, a codificação AAC

adotada pelo ISDB, trará um complicativo adicional, pois os aparelhos de

home theater atuais são compatíveis somente com AC3.

O STB deve oferecer uma API67 que permita a execução de

aplicativos de interatividade. O Guia Eletrônico de Programação deverá

ser uma funcionalidade padrão de todo STB.

Um modem poderá equipar também o STB para prover um

canal de transações que permita interatividade na sua forma mais ampla.

67 Interface entre o sistema operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros.

137

Outra funcionalidade que poderá se incorporada ao STB é um

“slot” para cartões de Acesso Condicional, especialmente naqueles que

também incorporarem Receptor para DTH.

Naturalmente, poderá haver STBs com diferentes graus de

funcionalidade e preços, desde que sejam universais quanto à

compatibilidade com todos os formatos de transmissão de vídeo (SD/HD)

e de áudio, assegurando ao telespectador a recepção de toda a

programação, qualquer que seja o seu formato de transmissão.

10.4.3- Monitor-SD

O Monitor-SD contém os blocos de "Display" e de Receptor

Analógico.

Neste caso, o “Display” está limitado à exibição em “Standard

Definition” (SDTV) de alta qualidade, com capacidade de exibir nos

aspectos 16:9 e 4:3, podendo ter a tela nos formatos físicos 16:9 (imagem

4:3 com colunas laterais) ou 4:3 (imagem 16:9 em "letterbox").

Os sinais exibidos são os do Receptor Analógico interno e da

Interface para receber sinais externos de um STB-HD/SD ou outros

aparelhos como: VCR, DVD, STB de DTH e de TV a Cabo.

Basicamente, este produto é um televisor analógico

convencional, podendo ter processamento digital de vídeo que permita

escalar a imagem de forma a gerar os diversos formatos de exibição,

embora o próprio STB, de modo geral, já ofereça estes recursos.

10.4.4- Monitor-HD

O Monitor-HD contém os blocos de "Display" e de Receptor

Analógico. Neste caso, o “Display” de imagem tem capacidade de exibir

em alta definição e nas relações de aspecto 16:9 e 4:3.

Os sinais exibidos são os do Receptor Analógico interno e da

interface para receber sinais externos de um STB-HD/SD ou outros

aparelhos como: VCR, DVD, STB de DTH e TV a Cabo.

138

Tipicamente, o Monitor-HD deve suportar varreduras 480p/60

ou 540p/60, 576p/50, 1080i/60 ou 720p/60. O Monitor-HD incorpora um

dobrador digital de linhas para converter sinais analógicos recebidos em

480i/60 ou 576i/50 para 480p/60 ou 540p/60 e 576p/60, respectivamente.

No caso dos DVDs com saída progressiva, a interconexão de vídeo

poderá ser também 480p/60 ou 576p/50.

10.4.5- Televisor Integrado SD

O Televisor Integrado SD incorpora os três blocos: "Display",

Receptor Analógico e Receptor Digital em um só aparelho, que tem

funcionalidade equivalente ao conjunto formado por um STB-SD/HD e um

Monitor-SD.

10.4.6- Televisor Integrado HD

O Televisor Integrado HD incorpora os três blocos: "Display",

Receptor Analógico e Receptor Digital em um só aparelho, que tem

funcionalidade equivalente ao conjunto formado por um STB-SD/HD e um

Monitor-HD.

10.4.7- Outros Produtos de Consumo de TV Digital

Os produtos que foram caracterizados até agora são os

convencionais que estarão presentes no nosso mercado a partir do início

das transmissões digitais. Mas há dois outros grupos de produtos de TV

Digital de grande interesse.

O primeiro grupo é o dos produtos que já existem, mas ainda

não atingiram escala significativa devido ao seu atual custo elevado.

Estes produtos sofrerão, provavelmente, uma constante redução de

preços com o progresso da tecnologia e, num futuro não muito distante,

se tornarão muito mais populares.

Entre estes estão os Projetores de HDTV e os “Displays” de

Plasma.

139

É importante ressaltar que a TV de Alta Definição (HDTV) é

fantástica numa tela de 32”, contudo a experiência de HDTV se revela

muito mais dramaticamente em telas ainda maiores que só são possíveis

com Projetores ou Displays de Plasma. Assim, é evidente que as super

telas serão o sonho de consumo dos próximos anos para muitos

telespectadores.

Outro exemplo deste primeiro grupo de produtos é o Gravador

Digital Inteligente de TV. Esse produto, geralmente baseado na tecnologia

de unidades de Discos Magnéticos Rígidos, pode ser uma unidade

autônoma ou estar incorporado em um STB.

No segundo grupo, estão produtos que em fase de

desenvolvimento no momento e também dependendo do estabelecimento

de transmissões para suportá-los. E enquadram-se aqui os receptores

veiculares de TV Digital, os Telefones Celulares compatíveis com a

recepção de TV Digital, os Receptores de TV Digital em PDA (Palm top) e

as Redes Integradas Domésticas.

Naturalmente, cada um dos produtos citados neste item

merece um estudo detalhado, tão logo seja conhecido o Padrão e o

cronograma de implantação da TV Digital no Brasil.

140

11 - PERSPECTIVAS

Este capítulo procura oferecer uma visão geral do mercado

brasileiro de televisão. São apresentados alguns números relativos ao

atual mercado consumidor de televisores a cores, e esboçadas as

características de um possível modelo de migração para a televisão

digital.

11.1-Mercado Brasileiro de Televisores em Cores

11.1.1- Domicílios e Televisores

O Brasil possui cerca de 45 milhões de domicílios. Destes,

aproximadamente 85% contam com pelo menos um televisor, perfazendo

um universo de 38 milhões de lares com receptor de televisão. A

distribuição de televisores não é uniforme, estando concentrada nos lares

com maior poder aquisitivo. A maioria dos domicílios das classes sócio-

econômicas A e B contam com mais de um receptor, conforme o indicado

na tabela abaixo.

Televisores por

DomicílioClasse Sócio-Econômica

A B C D E1 2% 17% 52% 81% 55%2 20 % 45 % 40 % 12 % 2 %

3 ou 4 62 % 36 % 7 % 1 % 0 %5 ou mais 16 % 2 % 0 % 0 % 0 %

TOTAL 100% 100% 99% 94% 57%Tabela 6 – Distribuição de Televisores por Classes Sociais

FONTE: IBOPE – Março/2001

Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos

Eletroeletrônicos (Eletros), entre o início e meados da década de 90, os

aparelhos de 14 e 20 polegadas respondiam por 95% das vendas mas,

desde então, vem ocorrendo uma acentuada migração para as telas

acima de 25 polegadas. A estimativa de alguns fabricantes do setor é

que, por volta de 2002, esses produtos deverão responder por 25% das

vendas.

141

11.1.2- Expectativa da queda de preços

Toda tecnologia, quando introduzida no mercado, apresenta

preços elevados. Posteriormente, com a produção em grande escala, os

preços caem até atingir um patamar de equilíbrio.

Quando a televisão a cores foi introduzida no Brasil, no começo

da década de 70, seus preços eram elevados para a maioria da

população. Hoje, a televisão é um bem de consumo durável com preços

bastante acessíveis a todos. Verifica-se que a queda de preços dos

televisores a cores de 20 polegadas, entre 1975 e 2001 está na proporção

de 4:1, em dólares. Entretanto, isso não justifica o aparente custo

proibitivo que a televisão a cores tinha quando de sua introdução.

11.2- Opções para a fase de transição analógico/digital

A televisão digital, por ter recepção incompatível com a

televisão analógica, necessita ter o mesmo programa (conteúdo)

transmitido simultaneamente por meio de um segundo canal, em um

arranjo conhecido como simulcast. O canal digital poderá, além disso,

transmitir outros programas e aplicações, explorando todos os recursos

que a tecnologia vier a disponibilizar.

Durante a fase de transição, portanto, coexistirão canais

analógicos e digitais. Ao fim desta, quando todos os usuários (ou pelo

menos uma maioria significativa) tiverem migrado para o sistema digital, o

sistema analógico será desativado e o respectivo canal liberado.

O modelo de transição proposto segue as linhas gerais

adotadas em outros países, como por exemplo, os Estados Unidos. As

transmissões digitais seriam iniciadas de forma gradativa, começando

pelas grandes cidades. Isso ocorreria para que os investimentos

necessários na atualização de equipamentos, particularmente das

geradoras, pudessem ser adequadamente amortizados.

142

Do lado dos usuários, espera-se que o número de

consumidores interessados das classes A/B possam formar um mercado

inicial capaz de alavancar a produção em grande escala. De acordo com

a pesquisa de mercado 68, o sucesso da televisão digital não depende

apenas da tecnologia de transmissão, mas fundamentalmente da

programação e dos novos recursos disponibilizados.

Fase de transmissão voluntária

Início das transmissões obrigatórias

Fim do período de transição

Cidades de grande porte

Cidades de médio porte

Cidades de pequeno porte

FIGURA 13 – MODELO DE TRANSIÇÃOFONTE: ANATEL/2001

De acordo com a figura 13, as emissoras teriam um período de

adaptação (fase de transmissão voluntária), durante o qual já poderiam

realizar as transmissões no novo modelo. A duração dessa fase

dependeria do porte da cidade, sendo menor para as capitais e

municípios de grande porte.

68 CPqD: “Apêndices contendo as pesquisas mercadológicas qualitativas” – Volume II. janeiro de 2000.

143

Dessa forma, terminada a fase de transmissão voluntária, teria

início a etapa de transmissão obrigatória, conforme indica a figura a

seguir.

Fase de transmissão voluntária

Fase inicial de transmissões obrigatórias

Fase de crescimento

Fase de transmissão estabilizada

Término do Simulcast

FIGURA 14 – FASES DO SIMULCASTFONTE: ANATEL/2001

Na etapa de transmissão obrigatória, haveria uma fase inicial,

onde as emissoras transmitiriam pelo menos três horas de programação

no grau de qualidade estabelecido (HDTV, EDTV ou SDTV). Nos demais

horários, seria admitido que a emissora fizesse uma simples conversão

do material analógico para o digital. Nessa fase, não seria obrigatória a

cobertura de toda a área de prestação de serviço da emissora.

A seguir, viria uma fase de crescimento. Nessa fase, a

emissora deve aumentar tanto o número de horas de programação com a

qualidade definitiva, quanto a área de cobertura.

Ao final dessa fase, a emissora deverá ter 100% de sua

programação na qualidade definitiva (exceto para o caso da transmissão

de material antigo) e 100% da cobertura prevista no plano de alocação de

canais.

A fase seguinte é a da transmissão estabilizada, em que há

100% de transmissão simultânea, enquanto se aguarda a migração dos

consumidores.

O início da fase de transmissão estabilizada seria o marco para

outro evento: as emissoras que porventura não tivessem iniciado as

transmissões digitais até essa data perderiam direito ao uso do segundo

canal, devendo realizar as transmissões digitais e analógicas em horários

alternados utilizando o mesmo canal.

144

O término da transição poderia ocorrer simultaneamente em

todo o país ou gradualmente naqueles municípios em que se verificassem

as condições para a desativação do sistema analógico. Estes se

beneficiariam com a introdução antecipada de novos serviços ou

programações nos canais liberados.

145

12 - SITUAÇÃO BRASILEIRA

O padrão de transmissão da TV digital a ser adotado no Brasil

ainda não foi determinado, mas as emissoras de TV, produtoras

independentes e fornecedores de serviços já estão começando,

timidamente, a se aproximar do formato. Alguns projetos já estão sendo

captados em câmeras HDTV e outros têm captação em película e

finalização nos novos equipamentos de telecinagem e edição digitais de

alta definição.

A TV Record e a Rede Globo foram as primeiras a

demonstrarem a nova tecnologia da alta definição. Na fase de

experiências, em 1998, a Rede Globo realizou seus primeiros testes

durante a transmissão da Copa do Mundo de Futebol ocorrida na França.

Além desse evento captado em alta definição, os dois últimos

episódios do seriado “Mulher”, foram realizados em estúdio com câmeras

HDTV utilizando lentes fixas (tal como as de cinema) no final de 99. Já em

2000, a emissora fez a cobertura do Carnaval, assim como toda a parte

de dramaturgia do seriado “A Invenção do Brasil”, exibido na semana do

Descobrimento (Abril/2001), também foi captada no formato. A emissora

ainda não estabeleceu um projeto de implantação do sistema com a

realização dos testes, mas eles apontam uma linha a ser seguida.

As demais emissoras ainda não começaram a realizar testes

propriamente ditos. O SBT já adquiriu três câmeras e pretende utilizá-las

assim que forem definidos os rumos da dramaturgia na emissora.

Segundo o departamento de engenharia do SBT, mesmo sem a definição

do padrão de transmissão, as pesquisas de equipamentos serão

suficientes para oferecer um sinal digital para a região da capital paulista,

conforme já vem ocorrendo. No caso da captação, porém, a orientação é

a de que, se o novo estúdio destinado à dramaturgia for realmente

montado, toda a estrutura será compatível com HDTV.

146

Na TV Record as pesquisas de mercado também existem, mas

a emissora não pretende realizar nenhum teste enquanto não estiver

definido o formato de transmissão. A emissora chegou a receber algumas

câmeras para teste, mas preferiu aguardar o desenvolvimento do sistema.

Fora das grandes redes de TV, as iniciativas ainda são poucas,

mas a alta qualidade do resultado vem surpreendendo quem se aventura

pela nova tecnologia. A primeira experiência de produção total em HDTV

foi feita pelo jornalista Nelson Hoineff, que criou um documentário para a

Mostra do Redescobrimento (2000). Nesse caso, o maior destaque esteve

na exibição, que também foi feita, pela primeira vez, em HDTV69.

12.1- Padrões: Qual a melhor escolha?

O mercado brasileiro desperta o interesse dos maiores

investidores, tanto na área industrial quanto na de serviços, pois os 172

milhões de brasileiros poderão comprar até o equivalente a US$ 10

bilhões por ano, por volta de 2007, em equipamentos e serviços de

multimídia e telecomunicações. Daí a guerra dos lobbies que tentam

convencer a Anatel e o governo a adotar o seu padrão de TV digital, a ser

escolhido entre os três existentes: o norte-americano, o europeu e o

japonês.

Nunca se viu uma guerra tão acirrada de lobbies no Brasil

quanto a que ocorre a respeito da escolha do padrão de TV Digital a ser

adotado. A decisão depende, em grande parte, das negociações

internacionais que a Anatel está promovendo com os governos norte-

americano, japonês e europeu. E cada grupo possui fortes motivos para

defender seu sistema.

Os argumentos mais fortes dos norte-americanos é a possível

compatibilidade entre os países latino americanos virem a adotar o

sistema ATSC, que já opera em mais de 200 canais de televisão dos

EUA. Utilizando a mesma largura de faixa de freqüência prevista para o

Brasil (6 Megahertz), o sistema abre a possibilidade do uso de apenas a 69 ALMEIDA, Lizandra. “Um pé na alta resolução” , In Revista Tela Viva, Edição

Especial Setembro /2000 < http://www.telaviva.com.br/especiais>

147

metade dessa largura de banda para os canais de TV digital, ficando o

restante para a prestação de outros serviços, como comunicação de

dados de alta velocidade, Video On Demand (transmissão de filmes ou

programas de TV a pedido do espectador), teleshopping ou e-commerce,

jogos eletrônicos e outros. Um dos pontos criticados no sistema norte-

americano é a impossibilidade de recepção com antena interna. Os

defensores do sistema ATSC dizem que a recepção pode ser feita com

antena externa, como nos EUA, e que os preços de uma antena externa

não são elevados. Aliás, no Brasil, a grande maioria (85%) dos televisores

que recebem sinal aberto utilizam antena externa. Outra solução seria

aumentar a intensidade do sinal, embora encontre muita resistência em

tempos de crise energética.

Já o sistema DVB, adotado na Europa, tem o maior número de

usuários, certo amadurecimento tecnológico, porém utiliza-se de uma

faixa de freqüência mais larga, com 7 ou 8 MHz. O sistema foi adotado

na Austrália, com a opção da largura de faixa de freqüência em 7 MHz.

O diretor-executivo do Projeto Europeu, Peter MacAvock, e o

engenheiro Salomão Wejnberg, representante do sistema DVB no Brasil,

lembram que, com a largura de 7 MHz, o sistema permite até três canais

de TV digital e ainda sobram freqüências para outros serviços.

O DVB é, na realidade, uma família de padrões, com variantes

como: DVB-T, para transmissão terrestre; DVB-C, para televisão a cabo;

DVB-S, para difusão via satélite; DVB-MC, para difusão via microondas

até 10 GHz; e DVB-MS, para microondas acima de 10 GHz.

Para Ethevaldo Siqueira, o padrão europeu é acusado de

“vender” a ilusão de que, com a digitalização, a televisão aberta resolverá

todos os seus problemas de qualidade de imagem, dispensando o salto

para a alta definição. Tudo indica que as pessoas querem chegar à alta

definição (HDTV), com imagens ainda mais perfeitas do que a da TV

digital. A vantagem será o maior número de linhas e de pixels (elementos

de imagem) contidos na TV de alta definição. E as pesquisas realizadas

pelo CPqD demonstram que o público brasileiro quer mesmo uma

televisão com imagem de alta definição.

148

Ao que se diz respeito ao padrão japonês, o ISDB, (Integrated

Services Digital Broadcasting), sabe-se que ainda não opera

comercialmente. Os primeiros 100 mil domicílios japoneses recebem

imagens de TV digital exclusivamente via satélite. Ou seja, as

transmissões comerciais em sinal aberto terrestre só deverão começar

em 2003 ou 2004.

Os japoneses argumentam que seu sistema é o mais

sofisticado, pois permite, inclusive, recepção móvel em trens, ônibus ou

automóveis. O número de outras facilidades e recursos é tão grande que

o sistema foi apelidado carinhosamente de “canivete suíço da TV

digital”70.

O relatório de testes ABERT/SET aponta o padrão japonês

como o mais adequado ao Brasil. Mas os outros padrões também

entraram “em jogo” tentando convencer que deram certo em seus países

e porque não dar certo no Brasil. Os testes realizados entre 1998 e 2000,

foram realizados com os três padrões (ATSC, DVB e ISDB). E é nisso que

a ANATEL pretende tomar como base para a escolha, mais uma vez

adiada71, que provavelmente ocorrerá no início de 2002.

12.2- E o que vai mudar no modo de se ver TV?

No início da televisão, os telespectadores não entendiam muito

bem o que vinha a ser tal meio e nem estavam habituados às mudanças

tecnológicas. Através de conversas informais com pessoas que

presenciaram o advento desta mídia, na maioria delas constatei que

referiam-se à TV como “um rádio com imagens”. Afinal de contas, esta

fôra a maior expectativa durante o início dos anos 50.

70 SIQUEIRA, Ethevaldo. “Prepare-se: vem aí a revolução da TV Digital” In: O Estado de S.Paulo, Economia, 03/06/2001.

(http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/06/03/eco071.html)71 Na verdade, a escolha dos padrões era para ter ocorrido em Novembro/2001.

149

Para efeitos comparativos, imagine que um televisor, tão

comum hoje em dia, custava naquele período a metade do preço de um

automóvel. Era o valor, literalmente, dado à nova tecnologia. Sem

concorrência, as empresas que dominavam o mercado poderiam vender

aos interessados os aparelhos televisores pelo preço que lhes

interessasse. Tal como o rádio em seu início, o televisor representava

status para aqueles que o possuíam.

E o tempo passou.

A TV saiu do preto e branco e ganhou cores. Deixou as

válvulas e entrou na era do circuito integrado, permitindo a miniaturização

dos componentes assim como o desenvolvimento de novas tecnologias.

Hoje até existem televisores que mais parecem quadros já que são

pendurados nas paredes das residências! Sem falar nas possibilidades

que a televisão, enquanto meio de comunicação, irá proporcionar com a

chegada da TV Digital.

Através deste trabalho de pesquisa, pude compreender que a

tecnologia não só mexe com a estrutura do meio, mas sim com uma série

de fatores que fazem parte da televisão. Além dos profissionais que

colaboram tanto dentro de uma emissora, quanto aqueles que são

independentes, existe a questão de produção de programas (materiais

próprios e captação de imagens). Primeiramente, se pensarmos no caso

do jornalismo, como exemplo, que já é real, este passa por uma

reformulação na sua forma de realização. Com a miniaturização das

câmeras e as possibilidades da edição não-linear, os profissionais estão

buscando preparos adicionais dentro da área técnica, o que de certa

forma, não é lá muito bom para o Radialista, já que o campo de trabalho

deste profissional está sendo ocupado por outros e já não é dos

maiores... O que está sendo comum – e se tornará ainda mais – é o

próprio repórter ser responsável (além do próprio texto) pela captação e

edição de imagens. Isto é fato na TV Globo, que possui equipamentos

Mini-DV (formato digital) de fácil manuseio e que proporcionam as vídeo-

reportagens. O repórter Luís Nachibin, em entrevista ao programa Vitrine,

da TV Cultura, exibida em agosto/2001, disse que hoje atua como um

freelancer para a TV Globo. A emissora fornece a câmera (Mini-DV) e o

150

profissional realiza seu trabalho, já que o equipamento está cada vez

mais automatizado e, portanto, mais fácil de operar. Isto proporcionou à

emissora redução de despesas com viagens – principalmente as

internacionais – e profissionais que tinham que se deslocar por vários

dias.

Dessa forma, nota-se que a tendência é o surgimento de um

profissional que aqui refiro-me como “multitarefa”. Embora as produções

assumiram, nos últimos tempos, um grau de elaboração muito alto, ao

mesmo tempo o número de profissionais necessários na produção

diminuiu. A preocupação das emissoras é trabalhar-se muito, mas com

um quadro efetivo menor. E isto não acontece somente no setor

televisivo, mas em todos aqueles que passam por adaptações

tecnológicas.

A interatividade na TV – proporcionada pela TV Digital –

provavelmente exigirá a criação de outros perfis profissionais, com uma

formação mais direcionada para a tecnologia digital. Inclusive, aproveito

para destacar um termo que o repórter Mário Bonfiglio, da Revista Vídeo

Zoom Magazine, cita em relação ao surgimento de novos profissionais:

operador de sistemas digitais, que será o elo entre os diversos setores da

produção72. Este profissional, provavelmente, será o responsável pelo

tratamento e direcionamento dos diversos formatos de arquivos de dados

e vídeo para todos os demais setores de uma produtora ou emissora de

televisão. De certa forma, isto possibilitará a aplicação instantânea de

imagens ao vivo na televisão, além de abastecer servidores de dados

para o jornalismo e, também, para o arquivo.

O profissional encontrará além da necessidade de se

aperfeiçoar dentro da área através de cursos de qualificação e/ou

especialização, a necessidade de ter um diferencial perante todos ou

demais: a criatividade. Isto é válido não apenas para quem trabalha com a

produção e sim todos os profissionais envolvidos dentro de uma

emissora.

72 BONFIGLIO, Mário Luís. “Especial 50 anos de TV”, In: Revista Vídeo Zoom Magazine, Ano 02, numero 13, Crazy Turkey Editora, São Paulo.

151

A sensibilidade e a criatividade do profissional vão desde o

câmera responsável por compor imagens até o diretor geral que estarão

lidando com um novo paradigma, portanto, um novo modo de se fazer TV.

Portanto, o mercado tende ao crescimento pelo fato de que as

emissoras darão preferências às produtoras independentes para

produção de programas e conteúdos para acesso durante a programação.

Provavelmente, as produtoras de vídeo passariam a produzir conteúdos

para a TV além dos serviços de acesso, tal como o Video on Demand

(vídeo por encomenda), assim como a realização de produções

televisivas independentes, além de programas segmentados.

12.3-Daqui pra frente o que será diferente

Enfim, século XXI.

Todos que um dia assistiram ou ouviram falar de “2001 – Uma

Odisséia no Espaço” ou do desenho “Os Jetsons”, imaginavam que este

seria o século onde tudo já seria tão moderno que, ao menos, nossos

eletroeletrônicos já fariam “contato” conosco. Ou ainda, que tudo fosse

resolvido por um único botão e pronto: teríamos todas as facilidades da

vida moderna.

Não vamos dizer que o futuro imaginado ainda na década de

60 – ou um pouco depois – não tenha se aproximado dos indivíduos.

Surgiram as revoluções tecnológicas que nos proporcionaram evoluções

no decorrer dos tempos.

O que nos interessa, para este trabalho de pesquisa, está na

evolução dos meios cinema e televisão. O Cinema, nascido há mais de

cem anos, foi o grande incentivador do surgimento da televisão. Primeiro,

apenas retratava as atividades da vida cotidiana; não tinha som e muito

menos cor. Graças aos trabalhos de pesquisa daqueles que insistiram em

melhorar o meio, o cinema aderiu às novas tecnologias e não perdeu seu

espaço. Quando, em 1927 o cinema mudo deu espaço ao sonoro, as

personagens passaram a imortalizar frases e pensamentos, enquanto os

diretores trabalhavam de um jeito novo, apropriado para a “tecnologia” da

época. Assim sendo, a maleabilidade do meio permitiu que o cinema não

152

estivesse com seus dias contados a partir do surgimento da televisão. Se

hoje o cinema é digital, é pelo fato de que ele pode ser assim, devido aos

avanços que a tecnologia nos permite a fim de proporcionar mais

qualidade, principalmente no que se diz respeito à técnica.

De fato, as proporções do retângulo dos filmes de 35 mm são

incompatíveis com a tela quase quadrada (4:3) da TV. Ou seja, mesmo

com a alta definição, é fato que o nosso televisor não será nunca uma tela

de cinema, seja devido às proporções de tela, ou pelas diferenças das

imagens na tela (é preciso considerar que a tela do televisor tem luz

emitida enquanto que o cinema tem luz projetada). Utilizo-me das

palavras de Arlindo Machado73 quando explica que uma TV de alta

definição estaria a meio caminho entre cinema e televisão, ou seja, uma

espécie de cinema eletrônico. Mesmo ainda não estando definitivamente

na era da alta definição, a evolução dos meios para o digital oferecerá

possibilidades de transferir itens do universo da produção cinematográfica

para as mesmas tecnologias das produções em TV. O exemplo foi o

seriado “Mulher”, que utilizando-se das câmeras em HDTV, foi necessário

repensar enquadramentos, iluminação, cores e materiais para obter-se

um resultado positivo.

Em relação à mudança para o padrão de alta definição para a

TV, certamente, isto implicará uma melhora significativa na resolução de

imagem. Mas o padrão estético do novo formato depende de uma

adaptação, ou até de uma revolução completa dos técnicos e

profissionais da área. Tudo começa pela proporção. Se o formato 4:3 da

televisão transforma-se em 16:9 no HDTV, os enquadramentos acabam

sendo totalmente diferentes. Não poderia deixar de citar HOINEFF74 que,

durante a realização de um curta em HDTV para a Mostra do

Redescobrimento ocorrida durante o segundo semestre de 2000, teve a

necessidade de pensar no novo enquadramento e no “impressionante”

tamanho da tela.

73 MACHADO, Arlindo. A Arte do Vídeo. 3.a Ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p.52.74 ALMEIDA, Lizandra. “Um pé na alta resolução” , In Revista Tela Viva, Edição

Especial Setembro /2000 < http://www.telaviva.com.br/especiais>

153

Além do mais, Hoineff explica que as relações de contraste e

brilho mudaram e certas cores ficam mais realçadas. Assim sendo, vale

ressaltar que além do cuidado com os enquadramentos e cores de

cenários e figurinos, será preciso atenção ao que se diz respeito à

iluminação. Ou seja, dentro do quadro haverá mais espaço para detalhes

até então não observados ou percebidos pelas atuais câmeras de TV. Se

com as câmeras digitais já nota-se um certo cuidado com luz, imagine

quanto maior não será a preocupação com a iluminação!

Até aqui pensamos em uma das possibilidades proporcionadas

pela plataforma que virá a ser escolhida pela ANATEL, ou seja, a alta

definição. Mas a abertura para a convergência de mídias é uma das

preocupações das emissoras já que o sistema digital permite a

transmissão não só de som e imagem como de dados e textos.

Depois da alta definição nos televisores, este como sendo o

principal produto que divulgará a TV Digital após sua implementação, o

segundo passo será a TV Interativa. Quem não irá compartilhar a idéia de

poder assistir a um jogo de futebol ou um capítulo de novela por um

ângulo opcional e distinto? Saber qual é a marca e a loja mais próxima

que oferecem o produto visto na minissérie? São fatores que abrem

portas para a chamada TV interativa. Até então, comportava-se como um

veículo passivo, onde o telespectador ligava o aparelho e o máximo de

interatividade que conseguia (o que não acho que seja interatividade) era

zapear de canal em canal via controle remoto. A interatividade promove a

opção: utilizar-se de ferramentas que possibilitam o telespectador de agir

diante do monitor.

Mas a interatividade começou antes mesmo da TV de alta

definição se considerarmos o exemplo a seguir. Para os assinantes do

sistema de TV por satélite Sky, a partida entre Vasco e Bahia, válida

pelas oitavas de final da Copa João Havelange, em novembro de 2000,

houve a possibilidade de experimentar, na transmissão Pay-Per-View, os

recursos da TV Interativa. A tela do aparelho foi dividida em seis

pequenos monitores, que mostraram, simultaneamente, a partida sob

vários ângulos: o ângulo tradicional de transmissão, dois ângulos atrás

dos gols, replay com delay de 30 segundos, os melhores momentos e os

154

gols de outras partidas. A interatividade também permitia que o usuário,

por meio do controle remoto, maximizasse a tela desejada.

O sucesso da estréia fez com que a Sky exibisse outras sete

partidas de futebol no formato interativo e estendesse a experiência para

espetáculos como o Free Jazz Festival, a Copa Davis de Tênis 2001 e o

Oscar 200175. Na entrega do maior prêmio do cinema norte-americano, o

assinante pôde acompanhar a cerimônia em seis canais. Além dessas

transmissões, o serviço de TV por assinatura oferece outros recursos

interativos, como a TV Inteligente, que permite reservar um programa e

ser lembrado cinco minutos antes de começar e escolher filmes em Pay-

Per-View.

FIGURA 15 – TELA DO CANAL TELECINE (SKY) DURANTE A CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO DO OSCAR/ 2001

Assim como a Sky, a DirecTV também realizou estas

experiências com jogos de futebol, em canais variados, onde pelo acesso

ao controle remoto, conseguia-se assistir às partidas por ângulos

distintos, o que faz do espectador praticamente um “diretor de imagens”.

Outra experiência de TV digital no Brasil ocorre bem longe dos

olhos curiosos do público da TV aberta. Está restrita a um grupo de 250

usuários do serviço NET, oferecido pela GloboCabo em Sorocaba, Estado

de São Paulo.

Através dos estudos que realizei no decorrer dessa pesquisa a

respeito, pode-se dizer que um sistema de televisão digital é composto

75 ZYS, Neide. “TV digital - Melhor sob qualquer ângulo” In: Especial TV Digital. Terra On Line - Seção Informática.

Veja em:www.terra.com.br/informatica/especialtvdigital.htm

155

por três camadas, isto é, plataforma de transmissão, modelos de negócios

e aplicações (ou recursos). Por enquanto, aguarda-se uma definição

destas três camadas. E somente a partir daí é que poderemos afirmar

com maior precisão quais serão as tendências e o que ocorrerá com cada

uma. Este projeto propôs, através de dados referentes às pesquisas já

realizadas pela Anatel, dar um panorama geral do que vem a ser a TV

Digital e suas funcionalidades. Além disso, buscou a evolução tecnológica

dos meios (cinema e TV) a fim de estabelecer comparações e tentar

respostas para uma grande questão: o cinema perderá espaço para a

TV? Após esta pesquisa, creio que não. Cada meio conta com seu

espaço e por mais que se aproximem, serão linhas paralelas que, de

acordo com a geometria, não se cruzam.

Portanto, o cinema contribuiu com o avanço da TV. Mas ele

também se transformou e chegou à digitalização, por exemplo.

Disputando espaços nesta evolução tecnológica, pode-se dizer que foi a

TV quem sempre quis se aproximar do cinema em relação à sua alta

definição de imagens e sons e não o contrário. Assim sendo, os filmes

continuarão sendo produzidos para o cinema e a TV é um meio para

também distribuí-los.

156

CONSIDERAÇÕES FINAIS

157

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se dizer que toda evolução tecnológica é um processo

natural que os meios de comunicação atravessam para “sobreviver” e

manter-se através dos tempos. O fato de existir uma renovação para que

se modernizem, tanto com novas linguagens ou novas técnicas mostra

que a tecnologia não é revolucionária e sim evolutiva.

Ao longo de sua história, a televisão vem sofrendo

transformações, tanto em relação aos recursos de linguagem como aos

de suporte tecnológico – este como sendo a principal abordagem desta

pesquisa.

Assim sendo, ao utilizar-me do método hipotético-dedutivo para

a concepção desta monografia precisei ter acesso, além das fontes

bibliográficas, aos mais diversos documentos, dados e referências, a fim

de confrontar informações, criando bases para melhor compreensão

deste tema. Até então pouco explorado pela área da Comunicação, o

assunto TV Digital tem relevante importância na medida em que o

profissional desta área possa conhecer informações básicas, porém

necessárias, para saber o que fazer quando essas idéias e conceitos

tornarem-se parte da realidade.

Durante esta pesquisa procurei, de maneira um tanto que

imparcial em certos momentos, apresentar a evolução tecnológica TV, o

porquê da digitalização dos sinais, a relação cinema e alta definição

(HDTV), assim como as características do sistema de televisão digital e

suas possíveis (e prováveis) aplicações de acordo com a plataforma ser

escolhida pela ANATEL.76 Escolha que provavelmente ocorra no decorrer

do primeiro semestre de 2002.

76 Vale-se lembrar que as informações técnicas presentes neste estudo sobre TV Digital tem como base os dados de pesquisas realizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), Grupo Abert/SET, além dos relatórios da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

158

Portanto, a partir dessa pesquisa, posso dizer que o que será

conhecido como TV Digital irá representar um novo conceito na tecnologia

de transmissão e recepção de sinais de televisão. Ou seja, uma somatória

de novas funções e de novos meios de gravação, geração e transmissão

de sinais de áudio e vídeo, além da transmissão de dados.

Novas maneiras de relacionar-se com a televisão enquanto

telespectadores. Novas formas de produzir televisão enquanto

profissionais habilitados na área da Radiodifusão. Com a chegada da TV

digital, todos nós experimentaremos novas maneiras de nos

relacionarmos com a mídia chamada televisão. Ou seja, pode-se dizer

que as mudanças na estética e na linguagem televisiva dentro do

universo digital estão apenas em seu inicio.

Assim, enquanto produtores e futuros produtores, devemos nos

preparar para ver, viver e aprender com a primeira evolução tecnológica

desde Baird, que modificará desde o modo de assistir e de se fazer

televisão. Isso faz parte de um processo evolutivo e não revolucionário,

portanto, preparemo-nos, pois a transição já começou: televisão,

digitalização. Enfim, TV Digital.

159

G L O S S Á R I O

160

GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

ABERT – Associação Brasileira de Empresas de Rádio e TV, fundada em

Brasília em 1962. É uma sociedade constituída por empresas privadas de

radiodifusão autorizadas a funcionar no país.

AC-3 - Também conhecido como Dolby Digital. Este é o formato de som

que se utiliza de 5 canais separados (frontal esquerdo, frontal direito,

central, esquerdo e direito atrás do espectador) e um canal de subwoofer.

A/D – Símbolo para conversor de analógico para digital.

ADSL (Asymmetrical Digital Subscriber Line) – Sistema que possibilita

transmissão de sinais em banda larga nos cabos telefônicos metálicos.. É

a tecnologia que permite altas velocidades (acima de 8Mbps) no acesso à

Internet pelo uso de linhas telefônicas convencionais. É a mais comum

das tecnologias DSL, que são vistas como possíveis estágios

intermediários na transição para redes totalmente ópticas.

Afiliadas – Estações de TV que transmitem a programação da emissora

principal e fazem parte de uma rede.

Alta Definição – Sistema de TV cuja resolução está mais próxima à do

filme de 35 mm, enquanto a Televisão comum é comparável ao filme de

16 mm (em termos de resolução)

Amplificador – Dispositivo eletrônico que aumenta a intensidade de um

sinal.

Analógico – Sinal elétrico contínuo que transporta informação na forma

da variação de grandezas físicas como amplitude ou freqüência.

Anamórfico - É um processo para filmagem e projeção de filmes com

imagem alargada em salas de cinema. Uma câmera especial é usada

para ajustar a imagem horizontalmente durante a etapa de fotografia e

lentes auxiliares são usadas no projetor a fim de restaurar o comprimento

da imagem durante a exibição. O processo anamórfico é usado em muitos

filmes com relação entre largura e altura na proporção de 2:35:1, mais

especificamente nos atuais Panavision, e nos antigos CinemaScope.

Filmes anamórficos podem ser reproduzidos em telas de TV normal (4:3

ou Letterbox) ou em Formatos 16:9 (Widescreen).

161

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações. Órgão regulador do

setor no Brasil.

Animação – Técnica que transforma quadros parados em cenas em

movimento.

Antena parabólica – Antena utilizada quase sempre para comunicação

com satélites. O formato parabólico garante, teoricamente, que todos os

sinais paralelos que atingem a antena se concentrem sobre um único

ponto, o foco.

API (Application Programming Interface) – Interface entre o sistema

operacional da URD e as aplicações criadas para o usuário, tais como

jogos, comércio eletrônico, guia de programação, entre outros. Assim

como a interface gráfica é uma interface entre o usuário e a máquina, a

API é a interface entre a aplicação utilizada pelo usuário e o sistema

operacional da máquina.

Aplicação – Refere-se a softwares que, utilizando como infra-estrutura a

plataforma e o serviço de televisão, disponibilizam recursos e

funcionalidades aos usuários.

Armazenamento local de informações – Funcionalidade dos receptores

de televisão, ou de módulos acoplados aos mesmos, que permite o

armazenamento de informações (programas) em discos magnéticos ou

outros dispositivos, com a finalidade de possibilitar um melhor

processamento das informações pelo receptor, bem como para

possibilitar facilidades como a navegação hipermídia ou o deslocamento

temporal para o usuário.

Artefatos (Artifacts) – São irregularidades do sinal de vídeo quando ele

está na forma digital, ou seja, pequenos “defeitos” na forma de mosaicos

percebidos na imagem de TV quando há problemas na transmissão

digital.

ATSC (Advanced Television Standards Committee) - Comitê norte-

americano que definiu o padrão para a televisão digital, que entrou em

funcionamento naquele país em 1998. O ATSC também é conhecido

como o padrão americano de TV Digital.

Áudio - É a parte do sinal que carrega as informações de som.

162

Áudio adicional - Refere-se aos fluxos elementares de informação de

áudio que são transmitidos junto a um programa, especialmente aqueles

destinados a serem reproduzidos de forma alternativa, tais como

dublagens em diferentes idiomas.

Áudio 5/1 –Processamento de som Surround (que envolve) com seis

canais de som digital utilizando 5 canais de som mais um canal dedicado

para subwoofer.

Banda – Termo que designa uma determinada faixa de freqüências do

espectro eletromagnético.

Banda C - Faixa de freqüências de microondas situada entre 3,7 GHz e

4,2 GHz. É utilizada na comunicação por satélites e também em links

terrenos.

Banda de guarda - Faixa estreita de freqüências deixada vazia entre

duas faixas vizinhas e em uso. Destina-se a garantir proteção contra

interferências entre as faixas vizinhas.

Banda Ku - Faixa de freqüências de microondas, de 10,95 GHz a 12,7

GHz, utilizada entre outras coisas para aplicações espaciais e nos

serviços de DTH.

Banda larga - Faixa ampla de freqüências, usada para vídeo e serviços

integrados em geral, com som, imagens e dados.

BER (Bit Error Rate) – Abreviatura de taxa de erro para processamento

digital. Índice que mede a quantidade de erros (e portanto a qualidade) de

um sinal digital.

Beta – Formato magnético e mecânico para VTs.

Betacam – Câmera ou VT no formato Beta. Pode ser analógica ou digital.

Bidirecional - Rede que permite o tráfego de sinais nos dois sentidos

simultaneamente.

Bit (Binary Digit) – A menor unidade de um sinal, quando este se

encontra na forma digital. Pode assumir o valor 0 ou 1.

bps - Bits por segundo. Medida de velocidade de transferência de dados.

163

Brilho – É um dos atributos da sensação visual. Os outros são matiz e

saturação. É a capacidade que tem um objeto de sensibilizar um sistema

de captação (olho humano, câmera de TV, entre outros).Diz respeito à

potência luminosa emitida, ou refletida, pelo objeto.

Broadcast – Radiodifusão em canais abertos, de livre acesso ao público.

Broadcasting – Transmissão de uma informação (áudio, vídeo ou

ambos) para uma comunidade, usando antenas. É sinônimo de

Radiodifusão.

Byte – Conjunto de oito bits, formando uma unidade de informação.

Usualmente cada byte corresponde a um caractere.

Cabeça de Rede – Principal emissora de uma rede com a mesma

programação.

Cabeça de VT – Cabeça usada nos videoteipes. Podem ser de áudio,

vídeo, control track, sincronismo ou , de um modo geral, cabeças

gravadoras, reprodutoras e apagadoras.

Campo – É a metade de um quadro. Dois campos formam um quadro,

que é a menor informação de TV. A TV brasileira em cores opera com

59,94 campos por segundo; a TV preto e branco operava com 60 campos

por segundo, para acompanhar a freqüência das concessionárias de

energia elétrica (60 ciclos).

Canal - Para a televisão, “canal” pode ser entendido como um meio de

comunicação entre um ponto (de origem) e uma área (de recepção).

Nesse caso, mais especificamente, o canal corresponde a um espaço do

espectro de freqüências utilizável para a transmissão de um conjunto de

informações (6MHz no caso brasileiro).

Canal aberto – Canal de livre acesso (recepção gratuita).

Canal adjacente – Dois canais são adjacentes quando não há intervalo

de freqüência entre eles, ou seja, são próximos.

Canal de retorno – Meio físico utilizado para o escoamento de

informações no sentido ascendente, ou seja, do telespectador para a

emissora.

164

Canal de retorno não-dedicado - Canal de retorno não integrado ao

sistema de transmissão, valendo-se de outras redes de telecomunicações

por demanda, usualmente sendo utilizada a rede telefônica comutada.

Canal de retorno dedicado - Canal de retorno integrado ao sistema de

transmissão, empregando a mesma tecnologia que a utilizada no sentido

descendente, ou seja, da emissora para o espectador.

Canal de TV – Faixa do espectro eletromagnético alocada a uma

emissora para irradiar seus programas. No Brasil, que é sistema PAL e

padrão M, o canal ocupa a faixa de 6 MHz.

Cinemascope - Introduzido em 1953, o cinemascope oferecia uma tela

de cinema maior do que os espectadores estavam acostumados.

Utilizava-se o processo da anamorforse, que consiste comprimir a

imagem na filmagem para descomprimir na projeção.

Cinescópio – Tubo de imagem que converte variações de sinal eletrônico

em variações de brilho.

Codificação – Técnica para transformar uma informação de um sinal,

alterando um dos seus parâmetros. Para recuperar a informação original

precisa-se de um decodificador adequado.

Codificador - Dispositivo que faz a codificação.

COFDM (Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing) -

Padrão europeu de codificador de TV digital.

Compressão digital - Técnica de compressão de sinais digitais em que

se agrupam bits iguais ou redundantes, reduzindo-se assim a largura de

banda necessária para a transmissão da informação. Quando se usa

compressão digital, pode-se fazê-lo com ou sem perda da informação

original. No primeiro caso, é necessário definir o quanto de perda o

sistema permitirá, ou seja, qual a taxa de compressão a ser aplicada.

Comprimento de onda - Distância percorrida em um ciclo por uma onda

eletromagnética, durante o seu período (ciclo).É calculada pela divisão da

velocidade de propagação da onda por sua freqüência.

Conteúdo - Conjunto de informações contido em um programa ou em

uma programação.

Convergência - Tendência tecnológica e de mercado de integração de

diversos serviços, incluídos transporte de vídeo, dados e telefonia.

165

Conversor - Equipamento instalado na casa do assinante que converte

os canais não-codificados recebidos pelo cabo em canais sintonizáveis

pela TV.

Crominância - Componente com a informação de cor num sinal de vídeo,

isto é, sinal que leva a informação de matiz e saturação da imagem.

D/A - Conversão de digital para analógico.

Dados – Qualquer informação ou grupo de bits que não se refira

especificamente a vídeo ou áudio.

dB - Unidade logarítmica padrão utilizada, entre outras coisas, para

quantificar ganhos e perdas de potência em dispositivos tanto de entrada

quanto de saída.

Datacasting - Refere-se à transmissão de fluxos de dados que serão

armazenados e processados pelo receptor.

Decoder – Equipamento destinado a recuperar uma informação,

previamente processada por um encoder. Ver encoder.Decodificação - Trazer os sinais anteriormente codificados a sua forma

original.

Decodificador - Aparelho que permite a visualização de sinais

anteriormente codificados.

Demultiplexação - Processo aplicado a um sinal composto formado por

multiplexação, para recuperação dos sinais independentes originais ou

grupos desses sinais.

Definição – Sinônimo de resolução. Capacidade que um sistema tem de

reproduzir detalhes de uma imagem. Quanto maior a resolução, maior a

capacidade do sistema em mostrar pequenos elementos de imagem.

Quando a resolução se aplica à câmeras, é comum usar o termo

definição.

Deslocamento temporal - É um atributo pelo qual o usuário pode, de

uma forma limitada, controlar o tempo e o ritmo de exibição dos

programas, interrompendo para continuar em outro momento (pausa),

avançando o enredo mais rapidamente (avanço rápido, caso o programa

166

já esteja gravado), rever alguma cena passada ou simplesmente para

desfrutar o programa em outro horário mais conveniente. Isto poderá ser

feito com o uso do armazenamento local de informações.

DTH (Direct to Home) - Sistema digital de transmissão e recepção de TV

via satélite. Utiliza mini antena parabólica, com decodificador digital que

recebe o sinal.

Digital – Sistema oposto ao analógico, utiliza-se da forma binária (que

combina os números binários 1 e 0 alternadamente), de modo a

manipular informações sem a perda de qualidade da mesma.

Digitalização - Transformação de uma informação analógica, seja

imagem, som, vídeo ou qualquer outra em uma seqüência de códigos

binários.

Display - Tela para mostrar alguma informação, seja ela telas de

computadores, monitores, entre outros.

Distorção - Mudança não desejada na forma de onda que ocorre entre

dois pontos de um sistema de transmissão.

Dolby – Também conhecido como sistema que processa o áudio

reduzindo os ruídos, o Dolby foi desenvolvido em 1977 para gerar o efeito

surround nos cinemas, e que depois ganhou sua versão doméstica.

Trabalhava com quatro canais: esquerdo, direito, central e traseiro.

Download - Transferência de um arquivo de um computador remoto para

um computador local.

DV - abreviatura de Digital Video, sistema de gravação digital de alta

definição, desenvolvido pela união das empresas Hitachi, JVC, Mitsubishi,

Panasonic, Sanyo, Sharp, Sony, Thomson, Toshiba e Philips, no final de

1993.

DVB (Digital Video Broadcasting) - Consórcio europeu formado para

definir padrões para a TV digital.

DVB-T – Sistema digital de transmissão terrestre criado a partir do

Consórcio Europeu.

DVCAM - sistema desenvolvido pela Sony que utiliza a tecnologia DV.

DVCPRO - sistema desenvolvido pela Panasonic que utiliza a tecnologia

DV.

167

EDTV (Enhanced-definition Television) - Sistema proposto para uma

evolução intermediária à ATV, com pequena melhoria de qualidade de

áudio e vídeo em relação à TV convencional.

Efeito mosaico - efeito digital que fragmenta a imagem em pequenos

quadrados.

Elemento de Imagem: Menor detalhe de uma cena que o sistema de TV

consegue mostrar na tela. (Ver pixel)Elemento de informação - Conjunto de bits que contém uma informação

completa em si, como por exemplo um texto, uma figura animada, uma

foto, um segmento de áudio ou de vídeo, etc. Elementos de informação

podem ser compostos de outros elementos de informação.

ELETROS - Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrônicos.

E-mail - Ferramenta da Internet que permite o envio de mensagens e

arquivos entre usuários que possuam endereço eletrônico. É ainda o

nome pelo qual são conhecidas as mensagens enviadas pela Internet.

EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações. Estatal que

gerencia grande parte das comunicações nacionais e internacionais,

criada em 1969.

Emissora - Organização capaz de irradiar programas de televisão para

uma comunidade, de acordo com as leis vigentes.

Encoder - Transformador de sinal de vídeo original (red, green e blue) em

sinais de luminância e crominância. Existem dois tipos de encoder:

analógicos e digitais. Os analógicos são preferencialmente usados para

processamento de sinais, destinados a transformar o sinal de um formato

para outro, de maneira que possam ser integrados num sistema de

comunicações. Por exemplo: o Encoder PAL-M recebe o sinal de RGB e o

transforma em sinal de croma PAL-M, que pode ser irradiado para um

transmissor. Os encoders digitais são usados para embaralhamento de

sinais.

Entrelaçamento de imagens - Técnica utilizada na formação de imagem

em que um quadro é constituído por dois campos, espacialmente

diferentes, mas temporalmente quase iguais.

168

EPG (Eletronic Programming Guide) - Fluxo de dados transmitido junto

com os demais fluxos de informação (áudio, vídeo), que pode existir um

em cada canal ou um único agregando as informações de todos os

canais. Na televisão digital, onde o usuário deve escolher um programa e

não mais um canal, fazem-se necessárias novas formas de busca, e é o

EPG (um menu) que possibilita ao usuário efetuar tal busca.

Espectro óptico - Faixa de comprimentos de onda da radiação óptica

(infravermelho + radiação visível + ultravioleta).

Fantasma - Imagem dupla ou múltipla no televisor, provocada pelos

sinais que surgem após reflexão por grandes objetos (e/ou obstáculos).

FCC (Federal Communications Commission) - Órgão governamental

fiscalizador e regulador das normas de telecomunicação nos EUA.

Fibra óptica - Fibras de vidro concêntricas, de espessuras micrométricas,

que transportam a luz gerada por um laser. Permite tráfego de grande

quantidade de informações.

Fita Magnética – Dispositivo destinado a armazenar uma informação sob

forma de parâmetros magnéticos.

Fluxo elementar de informação - Fluxo de bits, contínuo ou fragmentado

em pacotes, correspondente a um elemento de informação.

FM (Frequency Modulation) - Freqüência modulada. Consiste em fazer a

freqüência de uma portadora variar com a amplitude do sinal de

informação que se quer transmitir ou processar. O som da TV brasileira é

transmitido em FM.

Formato de Telas (Aspect Ratio) - Refere-se a proporção entre largura e

altura de tela. Em uma TV comum, essa relação é de 4:3 (em cada 4

unidades de altura, temos 3 de largura). Nas telas Widescreen temos a

relação 16:9.

Frame – Também conhecido por quadro, é a menor imagem da televisão,

designa cada uma das imagens fixas gravadas em uma fita de cinema ou

vídeo. Quando na velocidade 24 ou 30 quadros por segundo, as imagens

ganham movimento. O quadro é constituído por dois campos (field). Nos

169

sistemas PAL-M e NTSC um quadro é formado por 525 linhas a uma

freqüência de 60 Hz.

Freqüência - Número de oscilações ou vibrações completas (ciclos) de

uma onda eletromagnética ou acústica medido em Hertz, que acontecem

igualmente em um determinado tempo. Em áudio, a faixa de freqüências

capaz de ser percebida pelo ouvido humano se estende de 20Hz a

20KHz.

Ganho - Número dimensional que representa a relação entre a potência

de saída e a potência de entrada de um sistema (expresso em dB).

Geradora - Prestadora de serviço de televisão que produz e transmite

sinais de televisão.

GHz – Unidade de medida de freqüência. O símbolo G significa 109.

Grade de programação - Esquema com a seqüência de programação de

um determinado canal durante um determinado período de tempo.

Gravação – Registro do som ou imagem em disco, filme ou fita, por meio

de processos mecânicos, magnéticos ou ópticos.

HDTV (High-Definition Television) - TV de alta definição. Sistema de

televisão com geração de imagens que possuem um número maior de

linhas de definição e um quadro mais largo aos padrões 4:3. Os sistemas

desenvolvidos possuem a relação de quadro 16:9. Dessa forma, gera

imagens muito mais nítidas e definidas. Helicoidal: Termo usado para designar o desenho que a fita de alguns

VTs descreve, quando é enrolada no tambor (drum).O termo também é

usado para caracterizar o tipo de VT.

Hertz (Hz) - Unidade de medida de ciclos, oscilações ou freqüências por

segundo, descoberto pelo físico alemão Heinrich R. Hertz.

170

Hipermídia – Para esta pesquisa, o temo é utilizado com o significado de

um programa interativo cuja interface de interação com o usuário é

formado por um conjunto de objetos “clicáveis”.

Home Shopping – Serviço interativo que permite ao usuário fazer

compras sem sair de casa, via cabo, telefone ou Internet.

IBOPE: Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. Empresa que

faz pesquisa de audiência e opinião, desde a década de 50.

Imagem - Informação estática ou dinâmica percebida, pelo ser humano,

através da visão.

Informação - Inteligência ou conhecimento capaz de ser representado

em formas adequadas para comunicação, armazenamento ou

processamento. Mas para a melhor compreensão nesta pesquisa, trata-se

de idéias, conhecimentos, pensamentos, sentimentos ou sensações que

podem ser representados em formas passíveis de transmissão,

armazenamento ou processamento através de meios de comunicação.

Infravermelho - Radiação eletromagnética, como comprimento de onda

superior ao da radiação visível

Interatividade - Transferência de informações pelo mesmo meio,

bidirecionalmente, em tempo real e on line. Possibilidade de o usuário

interferir na informação transmitida.

Interconexão - Ligação física entre sistemas distintos para permitir o

acesso dos assinantes de um sistema ao outro.

Interface - Forma pela qual dois sistemas interagem ou um sistema

interage com o usuário. Dispositivo com finalidade de conexão entre dois

equipamentos que não possuem as mesmas funções.

Internet - Rede mundial de computadores surgida nos anos 60 e

popularizada nos últimos dez anos. Permite que usuários de vários tipos

de computadores no mundo inteiro se comuniquem por meio de um

protocolo comum.

ISDN (Integrated Services Digital Network) - Ver RDSI.

171

ISDB –T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial) – Sistema

japonês de transmissão digital de sinais terrestres.

ISO (International Standard Organization) - Organização que estabelece

padrões internacionais para produtos e serviços, inclusive

telecomunicações.

JPEG (Joint Photographic Experts Group) - Grupo destinado a definir

padrões de compressão de vídeo estático.

kbps - Kilobits por segundo. Medida de velocidade de transferência de

dados. Eqüivale a mil bps.

Kelvin – Unidade de medida de temperatura, baseada no zero absoluto.

É um conceito da termodinâmica, onde o zero Kelvin eqüivale a (-273o)C,

além de ser também utilizado, entre outras coisas, na medição da

temperatura de ruído de diversos equipamentos.

LDTV (Low Definition Television) - Refere-se a uma televisão com

qualidade ou resolução inferior à SDTV, com sistema típico de 240 linhas,

320 pixels por linha e varredura progressiva.

Legenda adicional - Atributo da televisão digital, referente à possibilidade

de se ter legendas alternativas em diferentes idiomas ou com descrições

textuais das cenas. A exibição ou não destas legendas é controlada pelo

usuário. Cada legenda adicional corresponde a um fluxo elementar de

dados.

Letterbox - Tipo de gravação em que a largura da imagem é preservada

como original do filme. Quando vista em um TV comum (4:3) uma tarja

preta aparece acima e abaixo da tela.

172

Link - Usa-se, em geral, para designar uma ligação de sinal entre dois

pontos.

Luminância – Componente com a informação de luminosidade num sinal

de vídeo. Na TV em cores, é o sinal que leva a informações de brilho.

Matiz - o mesmo que cor.

Mbps - Megabits por segundo. Medida de velocidade de transferência de

dados. Eqüivale a um milhão de bps.MDS (Multipoint Distribution System) - Sistema de distribuição de apenas

um canal de TV por microondas.

Mícron (µm) - Unidade de medida que eqüivale a um milionésimo de

metro (10-6 m)

Microondas - Ondas que estão em faixas de freqüências muito altas,

acima de 1 GHz.

Modem - Abreviação de modulador/demodulador. Dispositivo que

converte informações enviados pelo computador em sinais elétricos, que

são enviados pela linha telefônica. Estes são recebidos por um dispositivo

equivalente que irá convertê-los de volta em dados.

Modulador - Aparelho que modula uma onda de radiofreqüência para

sobrepor-lhe a informação.

MPEG – abreviatura de Moving Pictures Experts Group. Grupo que

desenvolve normas para a compressão de vídeo digital e áudio digital.

MP3 - designação abreviada para MPEG-1 Layer 3, o MP3 é uma forma

de compactação e armazenamento digital de som.

Multimídia - Ferramenta utilizada em comunicações e marketing. É

caracterizada por combinar, dentro de um único ambiente de software,

som, imagem, textos e gráficos.

Multiplex - Em sistemas de TV, é um equipamento que permite combinar

mais de uma informação na entrada para um único canal de saída. Por

exemplo, na TV em cores, o sinal de croma é multiplexado em freqüência

junto com o sinal de luminância.

173

Multiplexação - Processo reversível para empacotamento de sinais

provenientes de várias fontes distintas em um único sinal composto para

transmissão por meio de um canal de transmissão.

NAB (National Association of Broadcasters) – Associação Norte

Americana de Radiodifusoras. Produz padrões e normas para Rádio e TV.

Nano (n) - Unidade que eqüivale a um bilionésimo de metro, ou 10 -9 m,

usado para medir comprimentos de ondas de luz.

NHK - abreviatura de Nippon Hoso Kyuokai, rede de televisão japonesa

sustentada pelo público e fundações.

NTSC (National Television Standard Committee) - Comitê de

regulamentação dos padrões para televisão dos EUA. A sigla também

define o padrão de cor americano, um sistema de TV em cores

desenvolvido nos Estados Unidos e adotado em diversos países,

possuindo definição de 525 linhas em freqüência de 60 hertz. Entrou em

funcionamento nos EUA em 1953.

8-VSB - Padrão norte-americano de modulação para TV digital.

Objeto clicável - Trata-se de uma imagem exibida na tela que, ao ser

“clicada”, dispara algum evento, tal como a exibição de uma informação

adicional.

Ondas - Energia que se propaga através de um meio (ar, água, cabo,

etc.). As ondas de rádio, ditas eletromagnéticas, se propagam no ar a

uma velocidade de 300 mil km/s, aproximadamente.

Operadora - Simplificação empregada para “empresa operadora de

serviços de telecomunicações”. É a entidade que presta, mediante termo

de outorga, serviço de telecomunicações, incluindo o de televisão.

OSD (On Screen Display) – Tela onde pode-se ver instruções e

mensagens em formato texto.

174

Padrão - Conjunto de parâmetros que formam um sistema de TV.

Pan and Scan - Processo de mudança de um filme ou programa, original

de widescreen (16:9), para o formato convencional (4:3).

PAL (Phase Alternation Line) - Padrão alemão de codificação das cores

em vídeo, baseado nos princípios do NTSC. Possui definição de 625

linhas a uma freqüência de 50 Hz. Dele variam os sistemas como: PAL-M,

PAL-N, PAL-G. Entrou em funcionamento na Alemanha em 1967.

PAL-M - Padrão de codificação de cor adotado para as transmissões de

TV no Brasil com definição de 525 linhas e freqüência de 60MHz.

PAL-Plus - Proposta para transmitir o sistema PAL no formato de tela

larga (16:9), proposto na Europa. Usa técnicas digitais no encoder e nos

receptores.

Pay-per-view – Serviço de TV por assinatura onde o usuário paga

determinada taxa para ter acesso a um programa em dia e horário

específicos.

Pay TV – ver TV por assinatura.

Película - Material fílmico sensível, usado em cinema para gravar

imagens por um processo fotoquímico.

Persistência de Visão - Característica do olho humano que permite a

visualização de cenas em movimento, mostradas com interrupção. É o

efeito de memória que o olho humano tem para guardar uma imagem que

já foi apagada.

PIP (Picture in Picture) - Sistema que permite a aparição de uma pequena

tela, sobre a tela normal do TV, que mostra a imagem de outro canal.

Pixels (Picture Element) - A menor partícula de formação de uma

imagem em vídeo. Quanto maior for a quantidade de pixels, melhor

definição de imagem.

Plataforma - Ou plataforma tecnológica. Refere-se ao conjunto de

recursos físicos (rede e equipamentos), softwares e outros itens

tecnológicos (especialmente algoritmos e protocolos), que tem por

objetivo efetuar o transporte de sinais de serviços de telecomunicações.

175

Plataforma de Televisão Digital - Conjunto de recursos tecnológicos de

telecomunicações através do qual os programas de televisão são

transmitidos, recuperados e armazenados em forma digital.

Polarização - Característica de propagação de ondas eletromagnéticas.

Pode ser horizontal, vertical ou circular. Refere-se à posição do campo

elétrico, quando associado a uma onda eletromagnética irradiada. Os

sinais de transponders adjacentes vêm, por exemplo nas transmissões de

TV via satélite, com polarização cruzada para evitar interferências

mútuas.

Portadora – Radiofreqüência cuja modulação contém a informação de

áudio, de vídeo ou de cores, transformando-a em seu respectivo sinal.

Programa de televisão - Conjunto de elementos de informação ou de

fluxos elementares de informação que possuem uma relação funcional ou

semântica entre si.

Programação - Refere-se a um fluxo composto por um conjunto de

programas transmitidos seqüencial e continuamente.

Programação básica - É a programação comum entre as estações

geradoras de uma mesma rede Recepção interna - Refere-se à

possibilidade de recepção de sinais de televisão utilizando-se de antenas

localizadas internamente a um imóvel, normalmente afixada sobre o

próprio receptor ou junto à parede.

Progressive Scan – Método de formação de imagens utilizado nos

monitores de computador e nos novos TVs e projetores digitais (DTV),

onde cada quadro da imagem é traçado de uma só vez a cada 1/60 de

segundo. Isso reduz a visibilidade das linhas horizontais que formam a

imagem e aumenta a sua resolução.

Projetor de Vídeo - Aparelho que recebe sinal de vídeo e projeta a

imagem em uma tela para projeção de 60” a 300”. Os mais comuns são

os tipos CRT (3 tubos) e LCD (cristal líquido)

Quadro - ver frame.

176

Quadruplex – Primeiro formato de videoteipe desenvolvido para a TV,

que utiliza fitas de duas polegadas de largura e quatro cabeças de vídeo.

4:2:2 – Termo usado par televisão digital. Os algarismos 4, 2 e 2

significam que os sinais de diferença de cor (R-Y) e (B-Y) são amostrados

em uma freqüência cujo valor é a metade do valor da freqüência de

amostragem do sinal Y (luminância).

Raios catódicos - Eletrodo negativo (cátodo) de onde partem feixes de

elétrons que se dirigem aos íons positivos. RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados) - Rede digital de

telecomunicações. Serviço provido pelas operadoras de

telecomunicações que permite, no mesmo terminal e no mesmo par,

serviços de voz e dados a 32 ou 64 kbps.

Receptor – Aparelho que tem por finalidade receber, processar e exibir

os sinais de televisão, reproduzindo a imagem e o som originais de uma

transmissão. Popularmente conhecido como TV, pode ser analógico ou

digital.

Receptor de televisão digital - Aparelho, de uso doméstico ou

profissional, que tem por finalidade receber, processar e exibir os sinais

de televisão em forma digital. Pode ser composto por um único aparelho

(“receptor integrado”) ou por unidades separadas com funções de

recepção-processamento (unidade receptora-decodificadora) e de

exibição das imagens (monitor).

Recepção móvel - Refere-se à possibilidade de recepção de sinais de

televisão em veículos em movimento.

Rede - Conjunto de emissoras que transmitem a mesma programação de

uma emissora geradora.

Relação de aspecto – Conhecido como “formato de tela”, refere-se à

relação entre a largura e a altura de uma tela, isto é, da imagem exibida

na tela de um televisor. Na televisão convencional, essa relação é 4:3, ou

seja, a imagem possui 4 unidades de medida de largura e 3 de altura.

177

Resolução da imagem - Chamado também de “definição da imagem”,

refere-se ao número de linhas (horizontais) e colunas de elementos

(pixels) que formam uma imagem. A resolução mais baixa (menos nitidez)

é a das fitas de vídeo (240 linhas) e a mais alta é a da HDTV (1080

linhas)

Resolução horizontal – Refere-se ao número de colunas que compõe

uma imagem ou, equivalentemente, ao número de pixels que compõe

uma linha horizontal de imagem.

Resolução vertical – Refere-se ao número de linhas horizontais que

compõe uma imagem, contado através de um eixo imaginário vertical.

Retransmissora – Emissora de televisão que apenas retransmite

programas produzidos pelas emissoras geradoras. Estação

retransmissora de televisão é o conjunto de receptores e transmissores,

incluindo equipamentos acessórios, capaz de captar sinais de sons e

imagens e retransmití-los, simultaneamente, para recepção pelo público

em geral.

RF - Radiofreqüência. Sinal de áudio e vídeo utilizado nas transmissões

de rádio e TV comuns. Também pode ser conectores de antena de TV e

VCRs.

RGB – Abreviatura de red, green e blue (vermelho, verde e azul); designa

as três cores fundamentais que geram todas demais cores visíveis.

Ruído – Interferências e/ou distúrbios não desejados registrados na

gravação, transmissão ou reprodução do vídeo., que, quando introduzidos

em um sinal prejudicam a qualidade do som e imagem. Em cinema,

refere-se à granulação da película.

SAP (Second Audio Program) – Sistema de distribuição de áudio pelas

TVs, que permite ao espectador ouvir o programa em dois idiomas

distintos. É muito usado para ouvir o idioma original (evita o som dublado)

dos filmes transmitidos pelas TV. É acessada por uma tecla no televisor.

178

Satélite – Equipamento eletrônico que se desloca em órbita espacial,

recebendo sinais de uma fonte emissora e transmitindo-os a um ou mais

receptores.

Saturação – Um dos parâmetros dos atributos visuais de qualquer

imagem colorida. Ela mede a quantidade de branco que está diluída na

respectiva cor. Uma cor 100% saturada não tem o branco diluído.

SDTV (Digital Standard Definition Television) - Padrão de TV broadcast

digital que transmite múltiplos canais digitais com definição padrão no

mesmo espaço necessário a um único canal digital de alta definição

HDTV.

SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire) - Padrão francês de

codificação das cores em vídeo. Diferenciado do NTSC e PAL, possui 625

linhas de definição a uma freqüência de 50 Hz.

Sentido de fluxo - Refere-se ao sentido da transmissão física das

informações, podendo ser ascendente ou descendente.

Sentido de fluxo ascendente - É o sentido de fluxo de sinais, do usuário

para a emissora ou algum provedor de serviços.

Sentido de fluxo descendente - É o sentido do fluxo de sinais em

sistemas convencionais de televisão, da emissora ou outro provedor de

serviços para o usuário final.

Serviço - Conjunto de atividades e funções que podem trazer valor,

utilidade ou proveito para um usuário.

Serviço de telecomunicações - É o conjunto de atividades que

possibilita a oferta de telecomunicação. Telecomunicação é a

transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios

ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos,

caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer

natureza.

Serviço de televisão - Modalidade de serviço de telecomunicações

destinado à transmissão de sons e imagens (radiodifusão de sons e

imagens, radiotelevisão ou radiodifusão de televisão), por ondas

radioelétricas, para serem direta e livremente recebidos pelo público em

geral.

179

SET - Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, que congrega os

profissionais de engenharia de televisão no Brasil.

Setor de radiodifusão - Segmento econômico da sociedade composto

pelas geradoras, retransmissoras, produtoras de conteúdo, fabricantes e

todos os agentes econômicos que participam diretamente viabilizando a

produção, difusão e recepção dos programas televisivos pelo usuário.

SHF (Super High Frequency) - Faixa de freqüências entre 3 e 30 GHz.

Simulcast - Transmissão coincidente de uma programação idêntica pelos

radiofusores de canais tanto analógicos quanto digitais.

Sinal - Corrente elétrica que transporta as informações de vídeo e de

áudio.

Sintonia - Ajuste do receptor ou do televisor para a captação de uma

freqüência ou um canal.

Sistema - É um conjunto de recursos tecnológicos que tem por objetivo

executar determinado conjunto de funcionalidades. “sistema” ou “sistema

de televisão” refere-se ao conjunto formado pela plataforma tecnológica,

pelo modelo de negócio e eventualmente pela aplicação.

SMPTE - Society of Motion Picture and Television Engineers (EUA).

Sociedade com sede nos Estados Unidos que congrega profissionais de

cinema e televisão.

Som - Informação percebida, pelo ser humano, através da audição.

STB ou Set Top Box - Termo genérico que denomina o dispositivo de

interface entre a rede e o televisor do assinante.

Subportadora - Uma onda portadora que, por sua vez, modula a

portadora principal num sistema de comunicação. As subportadoras são

usadas para as informações de cor, áudio e dados.

Super VHS - Formato de vídeo semi-profissional, presente em VCRs e

Filmadoras. Trabalha com luminância e crominância em separados.

Super-Video - Conector de sinal de vídeo com separação entre os

componentes de luminância (branco-e-preto) e crominância (color). Em

nível de qualidade de imagem, está entre o vídeo composto e o

component video.

Surround - Sistema de som que cria um ambiente sonoro envolvendo o

espectador.

180

Tela - Nome genérico dado às superfícies para projeção de imagens.

Televisão - Palavra que significa ver a distância (tele: longe, distante;

visão: ver). Aparelho eletrônico capaz de captar programas (áudio e

vídeo), transmitidos por ondas de rádio ou cabo.

Televisão analógica - Sistema de televisão convencional, com

transmissão analógica. Possui uma relação de aspecto 4:3 e o Brasil

utiliza, para as informações de cromaticidade, o padrão de modulação

PAL-M, composto por 525 linhas horizontais.

Televisão digital - Sistema de televisão com transmissão, recepção e

processamento digitais, podendo, na ponta do usuário final, os programas

serem exibidos por meio de equipamentos totalmente digitais ou através

de aparelhos analógicos acoplados a unidades conversoras (URD).

Televisão de alta definição (HDTV) - É uma variante da televisão (não

necessariamente digital) que disponibiliza ao usuário vídeo com formato

de tela larga (16:9) ou similar e uma qualidade de imagem comparável à

de cinema. Ver HDTV.

Televisão de baixa definição (LDTV) - Refere-se a formas televisivas

que apresentam uma qualidade ou resolução inferior à da SDTV. Ver LDTV.Televisão de definição Estendida (EDTV) - É uma variante da televisão

que apresenta uma qualidade de imagem intermediária entre a SDTV e a

HDTV, com formato de tela larga (16:9). Ver EDTVTelevisão com definição padrão (SDTV) - É uma variante da televisão

que disponibiliza ao usuário imagens com resolução similar à televisão

analógica. Usualmente, possui formato de tela 4:3, embora possa ser

também 16:9. Ver SDTVTranscodificador – Equipamento que converte o sinal de vídeo de um

padrão de cor para outro. Ex.: transformar de NTSC em PAL-M.

181

Transmissor - Gera o sinal na potência necessária para transmiti-lo via

ar. É equipado com modulador.

Tubo de raios catódicos – Instrumento com superfície fotossensível

podendo ser varrida por feixe de elétrons que vem de um canhão

eletrônico, sendo assim o princípio da produção e reprodução de imagem

eletrônica.

TV a Cabo - Sistema de transmissão de TV que substitui o tradicional

sistema de antenas. Utiliza cabos semelhantes aos telefônicos para levar

o sinal às residências, a partir de uma central operadora. Sua maior

vantagem é eliminar interferências naturais na transmissão pelo ar.

TV Interativa - Serviço de TV que permite a interatividade e a

interferência instantânea .

TV por Assinatura – Tipo de transmissão , por cabo ou satélite, em que o

espectador paga uma taxa para receber a programação.

UHF (Ultra High Frequency) - Faixa de freqüências entre 300 MHz e 3

GHz. Entre 470 MHz e 890 MHz , esta faixa designa os canais de

televisão do 14 ao 83.

U-MATIC - Sistema de VT que emprega fitas de ¾ polegadas, de uso

profissional. (Hoje está fora de uso).

URD ou Unidade receptora decodificadora - Aparelho, de uso

doméstico ou profissional, que tem por finalidade receber e processar

(demodular e decodificar) os sinais de televisão digital, para exibição

através de um monitor ou um televisor convencional. A unidade receptora

também é conhecida pelos termos Set-Top-Box e IRD (Integrated

Receiver Decoder).

Varredura – Produção e distribuição de imagem eletrônica através de

feixes de elétrons. Pode ser sincronizada ou aleatória, mas também existe

a varredura progressiva, que é uma mistura das duas formas.

182

Velocidade de propagação - Velocidade na qual uma onda

eletromagnética viaja.

VHF (Very High Frequency) Faixa de freqüências entre 30 Mhz a 300

MHz. A sigla também é usada para designar os canais de TV 2 a 13, que

estão nessa faixa.

VHS - abreviatura de Video Home System, sistema de videocassete que

utiliza fitas de meia polegada.

Vídeo – Sinal eletrônico proporcional à imagem, que forma junto com o

áudio e a crominância o sinal de televisão. Este sinal leva apenas a

informação de brilho.

Video adicional - Também chamado de vídeo complementar, refere-se a

um ou mais fluxos elementares de vídeo, que podem conter informação

adicional ou constituírem-se em fluxo de vídeo alternativo do mesmo

programa, como por exemplo cenas tomadas de diferentes ângulos de um

mesmo espetáculo (ex.: partida de futebol) ou diferentes enredos para um

mesmo programa.

Video-on-demand - Serviço interativo em que o assinante escolhe o filme

que deseja assistir e a que hora. O sinal vem em compressão digital e

permite ao assinante pausar, voltar ou correr o filme como quiser.

Também chamado de "locadora virtual".

VLF (Very Low Frequency) - Freqüência Muito Baixa. Faixa compreendida

entre 3 KHz e 30 KHz.

Widescreen - Formato de telas que exibe imagens no formato de cinema,

também conhecido como 16:9. Oferece a vantagem de difundir os filmes

no seu formato original (cinema).

Y – Letra usada para representar o sinal de luminância quando a

transmissão é colorida.

183

Y, R-Y, B-Y – Representam os sinais de luminância e componentes antes

da codificação.

YUV – Simbologia do sistema PAL para representar os sinais de

luminância (Y) e diferenças de cor já modulados dentro da subportadora

de cor. U corresponde ao (B-Y) e V ao (R-Y).

184

B I B L I O G R A F I A

185

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MPEG – www.mpeg.org

MPEG TV – www.mpegtv.com

Microfone – O Site dos Radialistas - www.microfone.jor.br

Ministério das Comunicações - www.mc.gov.br

Revista Broadcasting & Cable - www.broadcastingcable.com

Revista Época On Line - http://epoca.globo.com

Revista Galileu – http://galileu.globo.com

Revista Home Theater - www.hometheater.com.br

Revista Tela Viva - www.telaviva.com.br

Revista Pay-TV - www.paytv.com.br

Revista Vídeo Zoom Magazine - www.zoommagazine.com.br

SET - www.set.com.br

TV Digital e Set Top Box: www.terravista.pt/ancora/5831/glossario.htm

TV K8 – www.tv.k8.com.br

Tudo sobre TV - www.tudosobretv.com.br

UFBA/ Faculdade de Comunicação: www.facom.ufba.br

Você Sabia? (história TV) - www.vocesabia.com.br

189

A N E X O S

190

ANEXOS

DOC.01 – Formatos de Cinema na TV

DOC.02 – Porquê 16:9?

DOC.03 – Entrevista Revista Tela Viva – “ A Experiência da Globo”

DOC.04 – Apêndice contendo o questionário estruturado para a pesquisa

quantitativa por região

DOC.05 – Questionário estruturado para a Pesquisa TV Digital em

Shoppings

DOC.06 – Cartões para questionários de pesquisa