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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUCP/SP MARIA DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA MALASPINA O INÍCIO DO ENSINO DE FRAÇÃO: UMA INTERVENÇÃO COM ALUNOS DE 2ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA SÃO PAULO 2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUCP/SP

MARIA DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA MALASPINA

O INÍCIO DO ENSINO DE FRAÇÃO: UMA INTERVENÇÃO COM

ALUNOS DE 2ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

SÃO PAULO

2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUCP/SP

MARIA DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA MALASPINA

O INÍCIO DO ENSINO DE FRAÇÃO: UMA INTERVENÇÃO COM

ALUNOS DE 2ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada à banca examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como

exigência parcial para obtenção do título de MESTRE

em Educação Matemática, sob orientação da

Professora Doutora Sandra Maria Pinto Magina.

SÃO PAULO

2007

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Banca Examinadora

____________________________________

____________________________________

____________________________________

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Tese por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

__________________________ __________________________ Assinatura Local e Data

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Ao meu esposo,

Marcos Roberto Malaspina,

pelo apoio e compreensão

e ao meu querido filho,

Heitor Oliveira Malaspina.

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AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Sandra Maria Pinto Magina, pelas

orientações, dedicação, incentivo, apoio e amizade. Meu muito

obrigada, por todos os momentos de aprendizagem.

À Professora Doutora Janete Bolite Frant, por fazer parte da

banca e pelas valiosas sugestões, comentários e críticas que

contribuíram para elaboração e evolução desta pesquisa.

À Professora Doutora Abigail Fregni Lins, por fazer parte da

banca e pelas valiosas sugestões, comentários e críticas que

contribuíram para elaboração e evolução desta pesquisa.

À Professora Doutora Irene Carzola, pela meticulosa ajuda,

sugestões e ensinamentos e enriquecimento na construção da

análise.

À Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, pelo auxílio

concedido (bolsa mestrado), que sem dúvida alguma possibilitou o

início e o término deste trabalho.

À direção, professores e alunos da escola estadual pela

colaboração para a realização deste trabalho.

A Helenir da Comissão Regional da Diretoria de Ensino de São

Bernardo do Campo, pela disposição e atenção.

Aos meus amigos do grupo de segunda-feira, pelas sugestões.

O meu agradecimento especial a minha amiga Raquel pelo

incentivo, pelas pertinentes discussões na elaboração da seqüência

e durante toda a construção da dissertação.

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Ao meu querido e amado esposo, pelo apoio e a valiosa ajuda, na

construção das tabelas e gráficos e sugestões.

À direção e professores da Escola Antônio Nascimento, em especial

a minha companheira de trabalho e amiga Léia, pela torcida e

vibração positiva.

À minha sogra, cunhados e cunhadas por te me ajudado apoiando

o meu pequeno filho durante as minhas ausências.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente auxiliaram na

elaboração e desenvolvimento deste trabalho.

E finalmente, agradeço a Deus por ter me dado força, saúde, garra

e perseverança para que eu pudesse conquistar mais essa vitória.

A Autora

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RESUMO

A presente dissertação teve por objetivo realizar um estudo intervencionista para

introdução do conceito de fração com alunos da 2ª série do Ensino Fundamental.

O estudo propôs-se a responder à seguinte questão de pesquisa: “Quais os

efeitos que cada um dos quatro significados para fração (parte-todo,

quociente, operador multiplicativo e medida) traz para a aprendizagem

inicial dos alunos do 1º ciclo (2ª série) do Ensino Fundamental sobre esse

conceito?” Para tanto, foi realizado um estudo com 61 alunos, advindos de duas

turmas de uma escola pública estadual da região de Santo André, que

compuseram dois grupos; um dos grupos passou por uma intervenção planejada

de ensino sobre o tema fração – Grupo Experimental (GE) – e o outro grupo não

passou por qualquer intervenção sobre o tema, e por isso, foi chamado de Grupo

Controle (GC). Ambos os grupos, nunca tiveram contato, do ponto de vista formal

da escola, com o objeto fração. A fundamentação teórica da pesquisa contou com

a Teoria dos Campos Conceituais proposta por Vergnaud (1988; 2001) e as idéias

teóricas de Nunes et al. (2003) com relação aos diferentes significados da fração.

A metodologia constou de um estudo quase-experimental dividido em duas

etapas: a primeira, denominada etapa , referiu-se a aplicação coletiva dos três

testes-diagnóstico (pré, intermediário e pós-teste) tanto aos alunos do GE quanto

GC que responderam individualmente. A segunda, chamada de etapa , voltou-se

para fase de intervenção, momento em que dividimos aos alunos do GE em

quatro subgrupos nos quais foram ensinados dois significados da fração.Os

dados foram analisados dentro de dois momentos: um voltado à análise

quantitativa em que se buscou relacionar os percentuais de acerto, com ajuda a

do pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciene). O segundo

momento referiu-se a análise dos dados do ponto de vista qualitativo, visando

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identificar os tipos de erros cometidos pelos alunos, bem como analisar suas

estratégias na resolução. Os resultados mostraram que cada um dos significados

teve papel importante na aprendizagem da fração pelos alunos e todos trouxeram

contribuições para o início da apropriação desse objeto. Dessa forma, foi possível

encontrar efeitos distintos na aprendizagem inicial de fração, dependendo do

significado que se utilizou para introduzir esse conceito.

Palavras-chave: Fração, intervenção, SPSS, Ensino Fundamental, testes-

diagnóstico

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ABSTRACT

The purpose of this dissertation was to do an interventionist study for the

introduction of the fraction concept to 2nd graders. The study proposed to answer

the following research question: “What are the effects that each of the four

meanings of the fraction (part-whole, quotient, multiplicative operator and

measurement) bring to the initial learning of 2nd graders about this

concept?” For such, a study with 61 students was done, coming from two classes

of a state public school of the Santo André zone, which composed two groups,

one of the groups passed through a planned intervention of teaching about the

fraction theme – Experimental Group (GE) – and the other group did not pass

though any intervention about the theme, and because of that, it was called

Control Group (GC). Both groups have never had contact, from the formal view of

the school, with the fraction object. The theoretical foundation of the research

counted with the Theory of Conceptual Fields proposed by Vergnaud (1988; 2001)

and the theoretical ideas from Nunes et al. (2003) with relation to the different

meanings of fractions. The methodology counted with a near-experimental study

divided into two steps: the first one, denominated step , referred to the collective

application of three diagnostic tests (pre, intermediate and pos – test) for both

students from GE and GC that answered individually. The second one, called step

, turned itself to the intervention phase, moment in which the students from the

GE and the GC were divided into 4 subgroups in which two meanings of fractions

were taught. The data were analyzed inside these two moments, one turned to the

quantitative analysis in which was tried to relate the percentage of right answers,

with help from the SPSS (Statistical Package for Social Science) The second

moment referred to the analysis of the data from a qualitative point of view, aiming

at identifying kind of mistakes made by the students, as well as to analyze its

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strategies in the resolution. The results showed that each of the meanings had an

important role in the learning of the fraction by the students and they all brought

contributions to the beginning of the appropriation of this object. Thus, it was

possible to find distinct effects in the initial learning of fraction, depending on the

meaning that was used to introduce this concept.

Keywords: Fraction, intervention, SPSS, Elementary School, Diagnostic – tests.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 13

1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 14

1.3 PROBLEMÁTICA ........................................................................................... 16

1.4 OBJETIVO E QUESTÃO DE PESQUISA ...................................................... 18

1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS DA DISSERTAÇÃO .................................. 19

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 21

APOIO TÉORICO DO ESTUDO ......................................................................... 21

2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 21

2.2 VERGNAUD: A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS ............................. 21

2.3 KIEREN ……………………………………………………………………………. 27

2.4 NUNES E BRYANT ………………………………………………………………. 29

2.4.1 Frações e seus cinco diferentes significados ....................................... 35

CAPÍTULO III ............................................................................................................ 42

REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 42

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 42

3.2 PESQUISAS DO GRUPO ............................................................................. 42

3.2.1 Pesquisas no Brasil e no Mundo .......................................................... 51

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 71

METODOLOGIA .................................................................................................. 71

4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 71

4.2 DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICO ................................................. 72

4.3 DESENHO DO EXPERIMENTO ................................................................... 73

4.3.1 Universo da Pesquisa ........................................................................... 73

4.3.2 Sujeitos de Pesquisa ............................................................................ 74

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4.4 MATERIAL ..................................................................................................... 75

4.4.1 Materiais da Etapa : Os Instrumentos Diagnósticos ........................... 76

4.4.2 Materiais da Etapa : A Intervenção ..................................................... 106

4.5 PROCEDIMENTO ......................................................................................... 107

4.5.1 Etapa : Aplicação dos Instrumentos-diagnóstico ................................ 107

4.5.2 Etapa : Aplicação da Intervenção de Ensino ...................................... 109

CAPÍTULO V ............................................................................................................. 118

ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 118

5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 118

5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA ............................................................................ 119

5.2.1 Desempenho geral do GC e GE ........................................................... 120

5.2.2 Desempenho Geral dos Subgrupos do GE .......................................... 122

5.2.2.1 Desempenho dos subgrupos do GE no Pré-teste .................... 125

5.2.2.2 Desempenho dos subgrupos do GE no Teste Intermediário .... 128

5.2.2.3 Desempenho dos subgrupos do GE no Pós-teste .................... 133

5.2.3 A fração e seus significados em relação aos testes-diagnóstico .......... 137

5.2.3.1 As variáveis contínuas e discretas nos testes-diagnóstico ....... 138

5.2.3.2 Icônica versus não icônica nos testes-diagnóstico ................... 140

5.2.3.3 Variável continua Icônica versus não icônica e variável

discreta icônica versus não icônica nos testes diagnósticos ... 141

5.3 ANÁLISE QUALITATIVA ............................................................................... 143

CAPÍTULO VI ............................................................................................................ 156

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 156

6.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 156

6.2 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS ................................................ 158

6.3 RESGATE DA QUESTÃO DE PESQUISA .................................................... 163

6.4 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .............................................. 166

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 168

ANEXOS .................................................................................................................... i

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Neste trajeto de doze anos como professora de Matemática do Ensino

Fundamental e Médio da Rede Pública e Privada, tive a oportunidade de expor e

discutir com os colegas nossa formação. No meio deste trajeto com o objetivo de

trazer algo melhor para minha formação e paralelamente tentar aperfeiçoar a

qualidade de meu trabalho, tive, também, a oportunidade de participar de alguns

projetos que traziam em seu cerne, como questão central, a formação do

professor. Muitas inquietações, reflexões foram desencadeadas ao longo desse

caminho.

A busca e o desejo de aperfeiçoar e ampliar esses conhecimentos para

continuar exercendo minha profissão, foram os fatores motivadores para ingressar

no Programa de Estudos Pós-graduados em Educação Matemática da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ao ingressar, integrei-me ao

grupo de pesquisa que traz em seu cerne dois pontos importantes: ensino e

aprendizagem das frações.

No contexto, o presente estudo enfoca o número racional em sua

representação fracionária ba , (a N, b N, com b 0), que chamaremos de

fração, com objetivo de fazer um estudo intervencionista com alunos de 2ª série

do Ensino Fundamental.

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1.2 JUSTIFICATIVA

Na área de Educação Matemática, diversas pesquisas como as realizadas

por Nunes (1997); Silva (1997); Bezerra (2001); Merlini (2005); Moutinho (2005);

Rodrigues (2005); Santos (2005) e Canova (2006) apontam que existem

dificuldades em relação ao ensino e aprendizagem de frações, no que diz respeito

ao professor e aluno.

Para Nunes, (1997) muitas vezes, a forma como a fração é apresentada

pode permitir a impressão que as crianças saibam muito sobre frações. Conforme

afirma:

Um método de ensino... simplesmente encorajam os alunos a empregar um tipo de procedimento de contagem dupla – ou seja, contar o número total de partes e então as partes pintadas – sem entender o significado desse novo tipo de número. (NUNES, 1997, p. 191).

As dificuldades com a aprendizagem também podem ser constatadas na

análise do desempenho apresentado pelos alunos das 4ª e 5ª séries do Ensino

Fundamental, em duas questões propostas pelo Sistema Nacional de Avaliação

Básica (SAEB - 2001) e pelo Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do

Estado de São Paulo (SARESP, 1998).

O relatório do SARESP (1998) pontua que era esperada uma atuação bem

melhor por parte dos alunos, levantando como hipótese para essa má atuação o

não domínio, por parte desses alunos do conceito de frações equivalentes.

As evidências relatadas apontam a necessidade de se construir um método

de ensino que de fato possibilite ao aluno a plena compreensão do conceito de

fração.

Nas pesquisas como a de Campos e cols 1995, Kerslake (1986); Mack

(1993) apontadas por Nunes e Bryant (1997) houve consideráveis evidências para

sugerir que o único modelo de fração nas quais as crianças sentiram-se mais

confortáveis foi a fração, como parte de um todo.

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Nunes e Bryant (1997) afirmam, apoiando os estudos de Mack (1993) que

existe uma lacuna com que a criança aprende na escola com os números

racionais e sua vida cotidiana. Esta desconexão é feita em razão da forma na qual

a aprendizagem é feita, pois os alunos não pensam nas frações, como tendo

qualquer relação com a divisão, apenas relacionam frações à linguagem parte-

todo.

Mack (1993) sugere ser possível superar esta lacuna: “movendo-se para

trás e para frente em seu conhecimento desenvolvido fora da escola e as

representações simbólicas, os alunos deveriam vir a compreender quais

conexões têm de ser feitas” (MACK, 1993 citada por NUNES e BRYANT, 1997, p.

213).

Como Behr et al (1983), acreditamos que desenvolver o conceito de

número racional, também, é importante, pois ele desenvolve nas crianças várias

habilidades, como: entender e controlar situações do mundo real, ampliar as

estruturas mentais necessárias para desenvolvimento intelectual, e, também,

prover a fundação, na qual podem ser desenvolvidas as operações algébricas.

Cabe ressaltar que este estudo faz parte de um projeto de pesquisa mais

amplo, desenvolvido dentro do programa de cooperação entre a Oxford University

– sob a Coordenação de Terezinha Nunes – e o Programa de Educação

Matemática da PUC-SP, coordenado pelas Professoras Tânia Campos e Sandra

Magina. O projeto intitulado “A formação, desenvolvimento e ensino do conceito

de fração”, tem por objetivo investigar a formação e o desenvolvimento do

conceito de fração no Ensino Fundamental, Médio e Superior, quer seja do ponto

de vista de seu ensino, quer seja de sua aprendizagem.

As pesquisas citadas serviram de base para o desenho de nosso estudo,

pois pontuaram as dificuldades encontradas nas estratégias para resolver

situações-problema que envolvem frações nos alunos dos 2º e 3o ciclos do Ensino

Fundamental (5ª e 6ª e 8ª séries), além de alunos do 3º ano do Ensino Médio e

alunos da área de exatas do Ensino Superior.

Com apoio nestes estudos, elaboramos uma pesquisa que enfocou alunos

do primeiro ciclo do Ensino Fundamental (2ª série), que nunca tiveram contato

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com objeto frações do ponto de vista formal da escola. Nossa meta foi estender

esses diagnósticos, partindo agora para a realização de uma intervenção de

ensino, observando os efeitos de se trabalhar com quatro dos cinco significados

propostos por Nunes et al (2003), a saber: parte-todo, operador multiplicativo,

medida e quociente (que serão detalhados nos capítulos seguintes).

Assim, os cinco significados propostos por Nunes et al (2003) são: parte-

todo, operador multiplicativo, medida, quociente e número. Em nossa pesquisa,

não trataremos do significado número, por acreditarmos que a fase em que as

crianças do estudo encontram-se não lhes permite ainda ler e manusear

adequadamente instrumentos importantes para a apropriação desse significado,

como é o caso da régua que, por sua vez, acabaria por gerar uma variável

interveniente no estudo.

Após pontuadas estas dificuldades, apresentaremos na seção seguinte a

problemática de nosso estudo.

1.3 PROBLEMÁTICA

Romanatto afirma que o número racional é considerado um assunto

importante na escolaridade básica de Matemática. Em muitas oportunidades,

apresenta-se aos alunos, como um obstáculo para sua plena compreensão. Ainda

ressalta que:

Um dos aspectos que podem justificar tal situação é a complexidade com que esse assunto se manifesta. O número racional deve ser entendido como uma teia de relações onde noções, princípios e procedimentos matemáticos distintos são construídos ou adquiridos a partir de diferentes contextos. (ROMANATTO, 1997, p. 101)

A prática mais comum para explorar o conceito de fração é a que recorre a

situações em que está implícita a relação parte-todo, como é o caso das

tradicionais divisões de um chocolate ou de uma pizza em partes iguais. As

crianças são informadas que o número total de partes é o denominador, e que o

número de partes pintadas, o numerador. Desta forma, introduzir fração pode

16

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fazer com que as crianças tenham a impressão de que sabem muito sobre

frações, mas isso pode ser um engano, uma vez que as situações são limitadas,

conforme constatamos no trabalho Campos e cols (1995, p. 191).

Partindo do pressuposto que, ao raciocinar sobre os números racionais

como fossem naturais, pontuamos, baseados nos PCN, alguns problemas que os

alunos podem enfrentar:

conceber que a representação ba com 0b seja um número racional

positivo e não dois números naturais com um traço a separá-los, isto é,

esse novo número representa o quociente entre dois números naturais

quaisquer, sendo o segundo não nulo.

entender que cada fração pode ser representada por diferentes e

infinitas representações ...63,

42,

21 , a noção de equivalência de

frações. Uma determinada medida ou quantidade no campo dos

números naturais era representada por um único número e agora, no

campo das frações, é necessário conceber infinitas representações para

uma determinada quantidade ou medida.

a comparação entre racionais : acostumados com a relação 3>2, terá de

compreender uma desigualdade que lhes pareça contraditória, ou

seja,21

31 ;

se, ao multiplicar um número natural por outro natural (sendo este

diferente de 0 ou 1), a expectativa é encontrar um número maior que

ambos, ao multiplicar 10 por 21 se surpreender-se-ão ao ver que o

resultado será menor que 10;

se a seqüência dos números naturais permite estabelecer sucessor e

antecessor, para os racionais isso não fará sentido; uma vez que entre

dois números racionais quaisquer é sempre possível encontrar outro

racional; assim, o aluno deverá perceber que 0,8 e 0,9 estão números,

como 0,81, 0,815 ou 0,87.

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Frente às possíveis dificuldades apontadas pelos PCN e os resultados de

pesquisas que envolveram o conceito de fração, apresentaremos nas páginas

seguintes o objetivo e a questão de pesquisa deste estudo.

1.4 OBJETIVO E QUESTÃO DE PESQUISA

O objetivo desta pesquisa é realizar um estudo intervencionista com

crianças do 1º ciclo do Ensino Fundamental (2ª série), que nunca tiveram contato,

do ponto de vista formal da escola com o objeto fração. As noções intuitivas dos

alunos constituir-se-ão nosso ponto de partida. Isto é, iniciaremos investigando os

conhecimentos espontâneos do aluno referente ao objeto de estudo – fração para

posteriormente, proceder uma intervenção de ensino com o uso de material

manipulativo.

Como já foi dito, trabalharemos em nossa intervenção com quatro

significados da fração propostos por Nunes et al (2003): parte-todo, quociente,

operador multiplicativo e medida.

Neste contexto, lançamos a questão de pesquisa.

Quais os efeitos que cada um dos quatro significados para fração

(parte-todo, operador multiplicativo, quociente e medida) traz para a

aprendizagem inicial dos alunos do 1o ciclo (2ª série) do Ensino

Fundamental sobre esse conceito?

A fim de buscar subsídios para responder à questão foi elaborada uma

seqüência didática com 28 situações-problema em forma de livrinho, abarcando

os significados de frações- parte-todo, operador multiplicativo, medida e quociente

propostos por Nunes et al (2003) e, também, considerando as variáveis contínuas

e discretas e sua representação icônica versus não icônica.

Em nosso estudo, trabalhamos com duas classes de 2ª série, sendo que

denominamos uma de grupo controle (GC) e outra de grupo experimental (GE). O

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grupo experimental foi subdividido em quatro subgrupos denominados GE1, GE2,

GE3 e GE4 que serão descritos detalhadamente no capítulo de metodologia.

Salientamos, também que este estudo constou de duas etapas: a etapa é

relacionada à aplicação dos instrumentos-diagnóstico (pré-teste, teste

intermediário e pós-teste) e a etapa referente à intervenção de ensino. Sendo

que os instrumentos-diagnóstico preservaram a mesma equivalência matemática,

tanto no que se refere aos contextos quanto as que se refere às questões.

Na etapa , tivemos a participação dos dois grupos experimental e controle

o primeiro instrumento aplicado, foi o pré-teste que teve por objetivo verificar os

conhecimentos espontâneos dos alunos no que tange à fração.

Já no que se refere à etapa , na qual só participou o grupo experimental,

trabalhamos primeiro com a intervenção de ensino que teve por objetivo verificar

como os alunos lidavam com as frações. Após esta primeira intervenção, fizemos

à aplicação do teste intermediário no qual participaram os dois grupos controle e

experimental. Em seguida realizamos a segunda intervenção de ensino, do qual

participou somente o grupo experimental. Ao final, foi aplicado terceiro

instrumento-diagnóstico, denominado pós-teste, que teve por objetivo verificar o

desenvolvimento do conceito, com a participação dos dois grupos: experimental e

controle.

1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS DA DISSERTAÇÃO

O capítulo I consta de uma breve introdução com apresentação da

problemática, justificativa, objetivo e questão de pesquisa do estudo.

No capítulo II são apresentadas as idéias teóricas que deram subsídios ao

nosso estudo; no que se refere aos Campos Conceituais, temos Vergnaud (1988;

1990; 1991; 1994 e 2001) e a classificação Teórica proposta por Nunes et al.

(2003) dos cincos diferentes significados da fração.

19

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No capítulo III há uma revisão da literatura no sentido de apresentar e

discutir pesquisas já realizadas que têm correlação com o presente estudo. Este

trabalho encontra-se inserido no grupo de pesquisa, “A formação,

desenvolvimento e ensino do conceito de fração” (como já foi citado), dentro do

qual já foram produzidas cinco dissertações de Mestrado e estão em fase de

conclusão duas teses de Doutoramento, daremos especial ênfase a estas

pesquisas, sem, desconsiderar outras.

No capítulo IV, Metodologia, é feito a apresentação em detalhes do estudo,

no qual consta uma justificativa teórico-metodológica, seguida pela apresentação

do universo do estudo e do desenho do experimento.

No capítulo V procede a nossa análise dos resultados, tanto no aspecto

quantitativo como no qualitativo.

No capítulo VI, apresentamos as conclusões fundamentadas nas análises

feitas no capítulo anterior, propondo, com base nas reflexões advindas das

respostas à nossa questão de pesquisa, idéias para realização de futuras

pesquisas no tema fração, que permitam o avanço no conhecimento de como

ensinar fração.

Finalmente, apresentamos as referências bibliográficas que colaboraram

sobremaneira na elaboração e desenvolvimento do presente estudo.

20

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CAPÍTULO II

APOIO TÉORICO DO ESTUDO

2.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo está dividido em duas partes. A primeira, refere-se à

formação do conceito, pois nos apoiamos na Teoria dos Campos Conceituais de

Vergnaud (1990, 2001).

A segunda parte, diz respeito aos significados das frações, a partir de

Kieren (1988), que foi o primeiro a classificar os números racionais em diferentes

significados e, sobretudo a classificação proposta por Nunes et al (2003), que se

assume para este estudo.

2.2 VERGNAUD: A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS

A teoria de Vygotsky exerceu uma grande influência da teoria de no

trabalho de Vergnaud. Uma delas é a idéia de que o conceito é construído com

base nas situações a que o sujeito se submete dentro ou fora da escola e que

esses conceitos evoluem e sofisticam-se ao longo do tempo. Em sua teoria,

Vergnaud procura focar a construção do conceito no próprio conteúdo do

conhecimento a ser construído pelo indivíduo.

O sujeito não consegue construir com facilidade um conceito, pois o tempo

necessário varia de pessoa para pessoa e pode se estender por um longo

período.

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Vygotsky (1987) divide os conceitos em dois tipos: cotidianos (ou

espontâneos) que se referem àqueles conceitos construídos a partir da

observação, manipulação e vivência direta da criança e os conceitos científicos

que são os conhecimentos sistematizados, adquiridos nas interações

escolarizadas.Na formação do conceito cotidiano, a motivação é interna e

desenvolve-se a partir de situações particulares vivenciadas pelo sujeito. Assim, o

desenvolvimento do conceito espontâneo da criança é ascendente.

Para Vygotsky, (ibid), ao operar com conceitos cotidianos, a criança não

está consciente deles, pois sua atenção está sempre centrada no objeto ao qual o

conceito se refere e nunca no próprio ato do pensamento. O desenvolvimento do

conceito cotidiano deve atingir certo nível de generalização, para que a criança

esteja apta a absorver um conceito científico.

Podemos dizer que o processo de formação dos conceitos cotidianos é

ascendente, surgindo impregnado de experiência, mas, de forma ainda não

consciente e “ascendendo” para um conceito conscientemente definido; já os

conceitos científicos, surgem de modo contrário, seu movimento é descendente,

começando com uma definição verbal com aplicações não espontâneas e,

posteriormente, pode adquirir um nível de concretude, impregnando-se na

experiência. Isto porque o conceito científico depende da interferência de outras

pessoas, e o ensino escolar desempenha um importante papel nessa formação.

O ensino do conceito de fração que, geralmente, é formalizado na escola,

possibilita estabelecer forte ligação com o cotidiano das crianças, o que facilita a

compreensão desse conhecimento. Por exemplo, o conceito de metade 21 é

formado no cotidiano da criança, ao dividir um doce igualmente, repartir

igualmente um brinquedo, etc. Pode-se ir mais além e dizer que as frações de

numerador 1 são usualmente encontradas no dia-a-dia das crianças.

Vergnaud (1989) reconhece que a Teoria dos Campos Conceituais foi

desenvolvida, também, baseada nas idéias de Vygotsky.

Vergnaud (1993) considera a construção de um conceito matemático, como

algo que não se dá de maneira imediata. Para ele, são por meio de resoluções de

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situações-problema que um conceito adquire sentido para o sujeito. Para formar

um conceito matemático, é preciso lidar com ele dentro de um conjunto de

situações e cada situação, por sua vez, traz consigo uma variedade de conceitos.

Deve-se ressaltar que o termo “situação”, tal como é empregado por

Vergnaud, não tem o sentido de situação didática de Brousseau, mas sim de

tarefa. “A idéia é que qualquer situação complexa pode ser analisada como uma

combinação de tarefas, cuja natureza e dificuldade própria é importante conhecer”

(VERGNAUDN, 2001, p. 167).

A Teoria dos Campos Conceituais (1990) é uma teoria cognitivista que

oferece um referencial ao estudo do desenvolvimento cognitivo e da

aprendizagem de competências complexas, particularmente aquelas implicadas

nas Ciências, levando em conta os próprios conteúdos do conhecimento e a

análise conceitual de seu domínio.

Esta teoria também possibilita analisar a relação entre os conceitos,

enquanto conhecimentos explícitos e as invariantes operatórias implícitas nos

comportamentos dos sujeitos frente a uma determinada situação, aprofundando a

análise das relações existentes entre significados e significantes.

Para Vergnaud (1993), significado é definido como sendo uma relação do

sujeito com as situações e o significante, de modo mais preciso, os esquemas

evocados no sujeito individual, por uma situação ou por um significado constituem

o significado dessa situação ou desse significante àquele indivíduo.

A teoria dos Campos Conceituais retoma e aprofunda as idéias de Piaget

no que se refere aos esquemas.

Para Piaget, esquema é o conceito introduzido para dar conta das formas

de organização, tanto das habilidades sensório-motoras como das habilidades

intelectuais. Vergnaud (1996) considera que os esquemas, necessariamente,

referem-se às situações, a tal ponto que se deve falar em interação esquema-

situação ao invés de interação sujeito-objeto da qual se referia Piaget. Decorre

daí que o desenvolvimento cognitivo consiste, sobretudo, no desenvolvimento de

um vasto repertório de esquemas.

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Vergnaud (2001 p. 157) define esquemas como “a organização invariante

da conduta para dada classe da situação”

Como foi dito, para Vergnaud (2001) os esquemas referem-se a classes de

situações. Dentre estas distinguem-se duas:

Classes de situações para as quais o sujeito dispõe, em seu repertório,

em um dado momento de seu desenvolvimento, e em determinadas

circunstâncias, de competências necessárias ao tratamento

relativamente imediato da situação;

Classes de situações para as quais o sujeito não dispõe de todas as

competências necessárias, o que o obriga a um tempo de reflexão e

exploração, de hesitações e as tentativas abordadas que o conduzem ao

êxito ou ao fracasso.

Segundo Vergnaud (2001), o conceito de esquema interessa às duas

classes de situações, mas não funciona do mesmo modo nos dois casos. No

primeiro caso, observam-se, para uma mesma classe de situações,

comportamentos automatizados, organizados por um só esquema. Ao passo que,

no segundo caso, observa-se à sucessiva utilização de vários esquemas que

podem entrar em competição e que, para atingir a solução desejada, devem estar

acomodados. Esse processo é necessariamente acompanhado por descobertas.

Desta forma, os conhecimentos contidos nos esquemas podem ser

designados pelas expressões conceito-em-ação e teorema-em-ação ou também

pela expressão mais global, “invariantes operatórios”.

O teorema-em-ação é uma proposição, uma crença que o sujeito toma

como verdadeira sobre o real. Está ligado às ações dos alunos para resolver um

determinado problema. Aparece de modo intuitivo, na maioria das vezes é

implícito1, seu âmbito de validade pode ser considerado verdadeiro ou falso. Os

teoremas-em-ação abrem caminhos para fazermos um diagnóstico do que os

alunos sabem, ou não, de modo que possamos oferecer situações que lhes

1 Implícito refere-se ao conhecimento que não está conscientemente apropriado pelo o sujeito. Nesse

sentido, implícito significa que o sujeito pode resolver um problema sem, contudo, saber explicar como ele chegou ao seu resultado ou, que operação usou para tal, ou, ainda, qual, ou quais, conceitos subjazem a sua ação.

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permitam consolidar seus conhecimentos, estendê-los e superar suas eventuais

dificuldades.

Segundo Vergnaud (1988) apud Magina et al (2001), esse crescimento leva

muitos anos, mas os professores devem estar conscientes dos resultados a longo

prazo do processo de ensino-aprendizagem. O conceito-em-ação é um objeto, um

predicado ou uma categoria de pensamento tida como pertinente pelo sujeito na

construção dos esquemas que conduzem ao conceito e quando são

manifestados, geralmente, são explícitos.

A Teoria dos Campos Conceituais considera a existência de uma série de

fatores que influenciam e interferem na formação e desenvolvimento dos

conceitos e o conhecimento deve emergir dentro de situações-problema.

Apoiados nas considerações anteriores, Vergnaud (1990; 2001) considera

que a principal entrada do campo conceitual são as situações; e os vários

conceitos constituem essas situações que, também são representadas de alguma

forma. Para definir conceito, Vergnaud utiliza uma trinca de conjuntos,

representada como C = (S, I, R), onde:

S – é um conjunto de situações que dá sentido ao conceito (a

referência);

I – é um conjunto de invariantes, nos quais repousa a operacionalidade

do conceito (objetos, propriedades, relações);

R – é um conjunto de representações simbólicas que pode ser usada

para representar simbolicamente o conceito, suas propriedades e as

situações.

A construção do conhecimento pelo aprendiz não é um processo linear,

facilmente identificável. Ao contrário, é complexo, demorado, com avanços e

retrocessos, continuidades e rupturas. O conhecimento prévio é determinante no

progressivo domínio de um campo conceitual.

Dentre muitas estruturas estudadas por Vergnaud, destacam-se duas: as

aditivas e as multiplicativas. O presente estudo encontra-se inserido dentro do

campo conceitual das estruturas multiplicativas. Cabe explicitar que esse campo

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envolve o conjunto de situações, cujo tratamento implica uma ou várias

multiplicações e divisões, e o conjunto dos conceitos e teoremas, permite analisar

tais situações. Entre outros conceitos, são identificados a proporção simples e

múltipla, função linear e não linear, razão escalar direta e inversa, quociente e

produto de dimensões, combinação linear e aplicação linear, fração2, número

racional, múltiplo e divisor, como conceitos pertencentes às estruturas

multiplicativas.

A seguir apresentamos um exemplo que ilustra a idéia de Vergnaud no

campo da multiplicação.

A aprendizagem dos números racionais supõe rupturas com idéias

construídas pelos alunos a respeito dos números naturais e, portanto, demanda

tempo e uma abordagem adequada. No campo dos números naturais, os alunos

vivenciam um conjunto de situações que forma a concepção de que a

multiplicação sempre aumenta, ou seja, o produto é sempre maior do que os dois

fatores. Ao raciocinar sobre os números racionais, é necessário um outro conjunto

de situações que dê conta de superar esta dificuldade, provocando a ruptura

dessa expectativa, por exemplo, 10 multiplicado por 21 .

Com este exemplo, acreditamos que o campo conceitual multiplicativo

abrange um número maior de situações, que necessitam ser melhor elucidadas e

analisadas com cuidado, a fim de facilitar a hierarquia das competências3

possíveis desenvolvidas pelos alunos, dentro e fora da escola, pois resolver

algumas operações de multiplicação constituem um dos elementos que compõe

esta operação, que pode ser considerada a ponta do iceberg conceitual.

Assim como Vergnaud, acreditamos que possa ser possível construir o

conceito de fração, coordenando uma interação entre os três conjuntos da terna –

o das Situações, dos Invariantes e das Representações.

2 Grifo nosso. 3 Competência refere-se à ação do sujeito cujo conhecimento que subjaz essa ação ainda está implícito. Ela

pode ser traçada pela ação do sujeito diante das situações. Liga-se, portanto, ao saber fazer do aluno.

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2.3 KIEREN

Para Kieren o conceito de número racional pode ser construído a partir de

considerações dos quatro seguintes subconstrutos: quocientes, operadores,

medidas e razões (KIEREN, 1988, p.166).

O autor não engloba o subconstruto4 parte-todo, entende que as idéias que

o constituem já estão presentes nos subconstrutos quociente, operador e medida

(KIEREN, 1993, p. 57). Para o autor, a idéia de subconstrutos parece atribuir

maior ênfase às estruturas cognitivas.

Aprofundando suas considerações sobre a construção do conceito de

número racional, o autor propõe um modelo teórico para essa construção que

procura apresentar as possíveis interconexões entre as idéias que formam o

conceito, partindo das situações presentes no conhecimento intuitivo do sujeito

até o estágio da formalização. Este é apresentado sob a forma de um mapa no

qual se identificam quatro níveis pelos quais deve passar a construção do

conceito de número racional (KIEREN, 1993 p. 64-65).

- O nível dos conhecimentos intuitivos;

- Os subconstrutos;

- Um terceiro nível obtido com base nos subconstrutos em direção a um

pensamento multiplicativo mais formal; e

- O conhecimento estruturado nos números racionais dentro de um campo

quociente.

No intuito de achar explicações para a evolução do processo de construção

do conceito, Kieren (1993) considera que a partição e a obtenção da fração com

numerador unitário da forma b1 têm, para a criança, o mesmo papel de um

axioma na construção do número racional como elemento de um conjunto

quociente, denomina essa operação de “thinking tool”.

4 Kieren refere-se aos constructos e subconstructos. Podemos entender “constructos” como sendo o conceito

e “subconstructos” como os pequenos conceitos que juntos formam o conceito maior.

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Outro aspecto importante do número racional mostrado por Kieren (1993) é

o fato de ele ter, ao mesmo tempo, um caráter de quociente e um caráter de

razão. Quando visto como quociente, ele responde à questão “quanto?” Quando

visto como razão, estabelece uma propriedade relacional entre a parte e o todo.

Outro fator que demonstra que os números racionais não podem ser vistos

somente como uma extensão dos números inteiros, é o fato de que nos racionais

a adição e a multiplicação são operações independentes. Enquanto nos inteiros

positivos, a multiplicação conduz a um número maior; nos racionais nem sempre

isso ocorre como, por exemplo, multiplicar 21 por

31 significa dividir

21 em 3

partes e essa operação não pode ser reduzida a uma adição, como se fazia com

os números inteiros.

Kieren (1993), também ressalta o duplo papel desempenhado pelo número

1 no campo racional, como uma consideração importante a ser levada em conta

na compreensão da construção desse conceito. De fato, o número 1 é a unidade

divisível “que forma uma base de comparação para os números racionais” (p. 55)

e, também, serve como base conceitual para formação do inverso multiplicativo,

além, claro, de servir como o elemento neutro da multiplicação. O autor defende a

necessidade das crianças apropriarem-se dessas duas noções, para que possam

passar a ver o número 1, dentro dessa visão mais complexa.

Uma conseqüência imediata da aplicação das idéias de Kieren é a de que

os currículos montados, segundo a visão dos números racionais dentro dos

subconstrutos (quociente, operador, medida e razão) propiciariam melhor

interligação dos vários campos da Matemática, além de se tornarem uma janela

significativa, para que a criança tenha contato com outros domínios5 da

Matemática, desde as séries iniciais. Porém se considerados os números

racionais apenas como uma extensão dos números inteiros ou um simples

algoritmo numa relação parte-todo estática, os números racionais permaneceriam

apenas no domínio matemático dos números.

5 Esses domínios que Kieren refere seriam que ao trabalhar os números racionais dentro dos subconstrutos,

você já mostraria outros campos da matemática como, por exemplo, o subconstruto operador aproxima os números racionais da Álgebra, subconstruto medida oferece uma ligação com a geometria, etc.

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Para ilustrar a situação, o autor cita como exemplo, o fato de que partições

sucessivas podem conduzir crianças muito jovens à idéia de grandezas

infinitesimais, como no relato de uma estudante de 11 anos que respondeu que

sua fração favorita era 21 , pois “me fascina a possibilidade de dividir em dois e

obter pedaços tão pequenos quanto eu queira, indefinidamente”. O autor ainda

ressalta que o subconstruto medida oferece, também, uma ligação importante

entre geometria, espaço e estudo dos números racionais. (KIEREN, 1988 p. 59).

No que diz respeito ao subconstruto operador, o autor relata que este

proporciona uma aproximação dos números racionais com a Álgebra e com a

noção de função composta, em termos não-formais. Já o subconstruto razão,

aponta na direção de importantes conceitos de proporção e probabilidade.

Ao final, o autor sugere que a idéia de ver os números racionais por

intermédio dos subconstrutos fornece suporte para uma análise semântica,

psicológica e pedagógica do ensino do número racional, bem como um suporte

empírico para seu estudo. Propõe, também, que a idéia intuitiva de partição

exerce um papel importante na construção do conhecimento do número racional

por parte do sujeito.

2.4 NUNES E BRYANT

A aquisição de um conceito matemático pressupõe seu reconhecimento em

diversas situações e contextos. Assim sendo, cuidaremos a seguir, do objeto de

nosso estudo: os números racionais em sua representação fracionária,

denominada fração, no que diz respeito a seus diferentes significados tratados por

Nunes.

Nunes e Bryant (1997) citam que, com as frações as aparências enganam,

alguns alunos podem passar pela escola sem dominar diversos conceitos de

fração, mesmo usando termos fracionais corretos, falando coerentemente sobre

frações e resolvendo alguns problemas.

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Abarcando esta idéia, Nunes e Bryant (1997) afirmam que essa falsa

impressão que as crianças têm de algum domínio do conceito de fração pode

estar associada à forma como esse conteúdo lhes é apresentado – todos

divididos em partes. Assim, as crianças são informadas de que o número total de

partes (por exemplo, 8) é o denominador e as partes pintadas (por exemplo, 5), o

numerador e escreve 85 , sem entender o significado desse novo tipo de número.

Nesse contexto, Nunes e Bryant (1997) retomam pesquisas relevantes,

cujos resultados confirmam a suspeita de que as crianças podem usar a

linguagem das frações sem compreender completamente sua natureza. Estes

estudos servem, como advertência dos perigos que existem por trás da

complexidade e da diversidade dos conceitos envolvidos em frações. Dentre os

estudos, destacam-se os realizados no Brasil por Campos e cols (1995) e na

Inglaterra por Kerslake (1996).

No trabalho citado, por Nunes e Bryant (1997), Campos e cols (1995)

apresentaram em suas pesquisas que a impressão de crianças raciocinando

sobre frações, poderia ser falsa, sobretudo, quando são submetidas a um método

de ensino que se limita e estimula os alunos a resolver os problemas, utilizando-

se de procedimentos de dupla contagem, sem entender o significado deste novo

tipo de número.

Para demonstrar sua hipótese, Campos e cols (1995) apresentaram os

desenhos indicados abaixo a crianças de idade aproximada de 12 anos ou mais,

que haviam aprendido o procedimento de dupla contagem e pediram-lhes que

nomeassem as frações apresentadas em cada uma das figuras, a seguir:

FIGURA 2.1 - Situações propostas por Campos apud Nunes e Bryant, 1997

Situação 1 Situação 2 Situação 3

FONTE: Nunes e Bryant, Crianças fazendo Matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997

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Nas duas primeiras situações 1 e 2, o percentual de acertos foi perto do

teto, com algumas exceções, pois alguns alunos usaram a contagem dupla de

forma diferente, contando as partes pintadas para o numerador e as partes não

pintadas, para o denominador.

Com relação a terceira situação, o desempenho dos alunos foi

significativamente inferior ao demonstrado nas situações 1 e 2, pois ao apoiarem

suas estratégias de resolução do procedimento de dupla contagem, 56% dos

alunos escolheram 71 , como a fração correspondente.

Estes resultados confirmam a suspeita levantada pelas pesquisadoras de

que as crianças podem usar a linguagem da fração sem compreender

completamente sua natureza.

Nesta pesquisa, a questão do tipo da situação 1, também, foi abordada e

será observado se os alunos também utilizaram o procedimento de dupla

contagem.

Nunes e Bryant (1997), ainda sugerem que existe uma conexão entre

divisão e fração, ficando, especialmente, claro quando se pensa em um tipo de

problema, envolvendo quantidades contínuas, pois se pensarmos em um

problema como, por exemplo, 3 barras de chocolate divididos por 4 pessoas, o

resultado da divisão será fração. Esta conexão não é acidental, faz referência a

uma análise matemática de números racionais feitas por Kieren (1988; 1994), em

que sugere que as frações são números produzidos por divisões e portanto, são

números do campo dos quocientes.

Nesse sentido, Nunes e Bryant (1997) argumentam que, se isso estiver

certo, então, deveremos buscar a origem da compreensão do conceito de fração

nas crianças, em um contexto que propicie situações de divisão.

Diante de tal reflexão, os autores citados argumentam que, de fato existe

uma lacuna entre a compreensão que as crianças têm das propriedades básicas

de frações e as tarefas resolvidas no contexto das avaliações educacionais.

Assim, Nunes e Bryant referem que:

31

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... quando as crianças resolvem tarefas experimentais sobre divisão e números racionais, elas se engajam em raciocinar sobre as situações. Em contraste, quando elas resolvem tarefas matemáticas em avaliações educacionais elas vêem a situação como um momento no qual elas precisam pensar em que operações fazer com os números, como usar o que lhes foi ensinado na escola, concentrando-se nas manipulações de símbolos, os alunos poderiam desempenhar em um nível mais baixo do que teriam desempenhado se tivessem se preocupado mais com a situação-problema. (NUNES e BRYANT, 1997, p. 212)

A hipótese de dissociação entre o desempenho dos alunos em situações

contextuais e o desempenho frente às situações de avaliação escolar foi bastante

explorada por Mack (1993) e será discutida com maior profundidade na próxima

seção.

Os resultados da pesquisa de Mack (1993) vêm ao encontro com a

afirmação de Nunes e Bryant (1997) que, embora os problemas da vida cotidiana

não pareçam causar dificuldades, muitos dos problemas apresentados

simbolicamente não são resolvidos pelos estudantes, que apresentam algoritmos

falhos e comparações inadequadas.

No intuito de solucionar muitas das dificuldades apresentadas na

aprendizagem do número racional na forma fracionária, Nunes et al. (2003)

propõem uma classificação teórica, envolvendo a fração em cinco significados.

Antes de apresentarmos esta classificação, exporemos algumas considerações

de Nunes em relação ao conceito de fração.

Nunes et al. (2003) destacam dois invariantes que são considerados

centrais no conceito de fração: as noções de ordenação e equivalência.

No que concerne à ordenação de fração, observamos que existem duas

idéias básicas e centrais que devem ser levadas em consideração no ensino da

fração. A primeira é que, para um mesmo denominador, quanto maior for o

numerador, maior será a fração; contudo – a segunda idéia diz respeito a uma

situação na qual para um mesmo numerador, quanto maior o denominador menor

será a fração.

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Observamos que a primeira estratégia é relativamente simples, pois a idéia

utilizada para resolver esta situação é semelhante à comparação de dois números

naturais, embora a afirmação que o denominador deve ser constante para uma

comparação direta a ser feita entre os numeradores, pode oferecer alguma

dificuldade. A segunda idéia pode mostrar mais dificuldade, pois as crianças

precisam pensar em uma relação inversa entre o denominador e a quantidade

representada pela fração.

No que diz respeito à noção de equivalência de fração, devem ser

considerados dois aspectos essenciais: equivalência em quantidades extensivas

e intensivas.

As quantidades extensivas referem-se à comparação entre duas

quantidades de mesma natureza, a lógica parte-todo. Portanto, são suscetíveis de

ser adicionadas e medidas por unidade de mesma natureza. Por exemplo: “três

metros” expressam a comparação de uma unidade de comprimento, o metro, com

outro comprimento, o comprimento da mesa. (NUNES et al. 2005)

Já as quantidades intensivas, referem-se às medidas baseadas na relação

entre duas quantidades diferentes, portanto, não suscetíveis de adição e são

medidas de uma relação de duas magnitudes, cada uma vindo de diferente

quantidade intensiva. Por exemplo, quando quisermos saber se uma limonada

está “forte” ou “fraca”, estaremos nos referindo à concentração do suco de limão,

a medida da concentração de um copo de limão (uma quantidade) e a quantidade

de água (a segunda quantidade).

A lógica das quantidades intensivas é diferente da lógica das quantidades

extensivas, porque não está baseada na relação parte-todo, mas, na relação

entre duas quantidades diferentes.

A diferença entre esses dois tipos de quantidade pode ser compreendida

segundo Nunes et al. (2005) quando comparamos as quantidades extensivas e

intensivas que podem ser medidas em uma mesma situação.

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FIGURA 2.2 - Exemplo comparação entre quantidades extensiva e intensiva

FONTE: Nunes et al. (2005), Números e operações numéricas. São Paulo: Cortez, 2005.

O exemplo 1 desta figura representa uma situação, envolvendo quantidade

extensiva. Quando juntamos duas quantidades extensivas, o todo é igual à soma

das partes e no caso se subtraímos uma parte de um todo, a parte que restará

será igual ao todo, menos a parte retirada.

Já o exemplo 2 desta figura, representa uma situação envolvendo

quantidade intensiva. Neste caso, se juntarmos duas quantidades intensivas

diferentes – um copo de suco de laranja com 80% de concentrado e outro com

20% de concentrado – a concentração do todo não será igual a 80 + 20. Os

números 80 e 20 não podem ser somados sem levarmos em consideração a

quantidade de água, pois 80% de suco de concentrado significa 80 partes de

concentrado para 20 partes de água e 20% de concentrado significa 20 partes de

concentrado para 80 de água.

Segundo Nunes et al. (2005), a lógica das quantidades extensivas baseia-

se no raciocínio aditivo. Já a lógica das quantidades intensivas baseia-se em uma

relação entre duas quantidades, portanto, no raciocínio multiplicativo.

Ao apresentar algumas considerações, feitas por Nunes et al. (2005) com

relação ao conceito de fração, seguimos nosso estudo apresentando a fração e

seus cincos significados.

34

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2.4.1 Frações e seus cinco diferentes significados

Uma situação dada ou um simbolismo particular não evoca em um

indivíduo todos os esquemas disponíveis, isto é, quando se diz que uma palavra

tem determinado significado, estamos recorrendo a um subconjunto de esquemas

e, dessa forma, operando uma restrição ao conjunto dos esquemas possíveis.

Para ilustrar o que acabamos de discutir, tomemos, como exemplo, o significante

41 . O significado desse símbolo dependerá dos esquemas que o sujeito possui

para dar significado a essa representação.

O sujeito poderá dar como significado à fração 41 , uma relação parte-todo,

ou seja, uma pizza dividida em quatro partes iguais, sendo uma parte tomada, isto

é,41 significando o quociente da divisão entre duas variáveis. Poder-se-ia

interpretar, ainda, a fração 41 , como um número na reta numérica, ou seja, 0,25;

como operador, 41 de litro de leite, ou seja, 250 ml de leite e, finalmente, a

interpretação de 41 como sendo medida, isto é, a chance de se tirar uma bola azul

em uma caixa que tenha uma bola azul e três bolas vermelhas.

Diante do exposto, acreditamos que o conceito de fração poderá ser

construído se contemplado um conjunto de situações, explorando seus diferentes

significados, dentro de um contexto de quantidades contínuas e discretas.

Entendemos por quantidades contínuas aquelas que são passíveis de

serem divididas de modo exaustivo, sem que, necessariamente percam suas

características. Por exemplo, uma pizza pode ser dividida em inúmeras partes

sem deixar de ser pizza.

Por outro lado, quantidades discretas dizem respeito a um conjunto de

objetos idênticos, que representa um único todo e o resultado da divisão deve

produzir subconjuntos com o mesmo número de unidades. É o que encontramos,

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por exemplo, em uma situação em que temos de dividir cinco bolinhas para três

crianças.

No que diz respeito à representação icônica, entendemos por icônica a

situação-problema que possui o desenho ou figuras e não icônica que não possui

desenhos ou figuras.

A seguir os parágrafos pretendem apresentar detalhadamente cada um dos

significados propostos por Nunes et al. (2003). Cabe ressaltar que, em nosso

estudo abarcaremos somente quatro dos cinco significados parte-todo, operador

multiplicativo, medida e quociente.

Fração como Parte-todo

A idéia presente neste significado é a da partição de um todo (contínuo ou

discreto) em n partes iguais, em que cada parte pode ser representada como n1 .

Assim, assumiremos como o significado parte-todo, um dado todo dividido em

partes iguais em situações estáticas, na qual a utilização de um procedimento de

dupla contagem é suficiente para se chegar a uma representação correta.

Por exemplo: 1- Uma barra de chocolate foi dividida em três partes iguais.

Carlos comeu duas dessas partes. Que fração representa o que Carlos comeu?

A situação refere-se ao significado parte-todo contínuo, com ícone. O aluno

frente a esta situação deverá identificar que o todo foi dividido em 3 partes iguais,

portanto, trata-se de uma comparação parte-todo (significado); bem como

identificar que o número total de partes que foi dividido é o denominador e as

partes que Carlos comeu representa o numerador, escrevendo a fração 32 .

Exemplo 2- Em uma loja de presentes, tem 2 bonés azuis e 1 boné branco,

todos do mesmo tamanho. Que fração representa a quantidade de boné branco

em relação ao total de bonés?

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Para resolver esta situação, que envolve o significado parte-todo contínuo,

sem ícone, o sujeito deverá identificar qual o total de bonés referindo-se ao

denominador e quantos são os bonés brancos em relação ao total de bonés

correspondendo ao numerador, assim, terá a fração31 .

Fração como Quociente

Este significado está presente em situações em que está envolvida a idéia

de divisão, por exemplo, uma torta a ser repartida igualmente entre 5 crianças.

Nas situações de quociente temos duas variáveis (por exemplo, número de tortas

e número de crianças), sendo que uma corresponde ao numerador e a outra ao

denominador – no caso, 51 . A fração, nesse caso, corresponde à divisão (1

dividido por 5) e também ao resultado da divisão (cada criança recebe 51 ).

Exemplo: 1- Na mesa do restaurante existem 5 crianças. A garçonete

serviu 3 tortas para dividir igualmente entre elas. Qual a fração que cada criança

irá receber?

Esta situação-problema envolve o significado quociente contínuo com

ícone, o sujeito frente a esta situação deverá perceber que a divisão é uma boa

estratégia para resolvê-la. Temos duas variáveis, uma que corresponde ao

numerador, no caso as tortas e outra, ao denominador, no caso, as crianças.

Teremos, então, a fração 53 .

Exemplo: 2- Foram divididas igualmente 8 bolas de futebol de mesmo

tamanho para 4 crianças. Quantas bolas de futebol cada criança ganhará? Que

fração representa essa divisão?

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Esta situação-problema envolve o significado quociente discreto sem ícone.

Para que possamos exemplificar a quantidade discreta no significado

quociente, temos de nos reportar às frações chamadas aparentes, ou seja,

frações que representam números inteiros, por exemplo: 22 ,

36 ,

28 ,.... No caso da

última situação apresentada à fração são 48 , ou seja, cada criança recebera 2

bolas de futebol.

A quantidade discreta exige que o numerador (bolas de futebol) seja

divisível pelo numerador (crianças).

Este significado pressupõe, ainda, extrapolar as idéias presentes no

significado parte-todo, pois na situação de quociente temos duas grandezas

distintas: no exemplo, tortas e crianças; no exemplo 2 bolas de futebol e crianças.

Significado Medida

Algumas medidas envolvem fração por se referirem à quantidade

extensiva, nas quais a quantidade refere-se à relação entre duas variáveis de

valor discreto. Por exemplo, a probabilidade de um evento é medida pelo

quociente – número de casos favoráveis, dividido pelo número de casos

possíveis. Portanto, a probabilidade de um evento varia de 0 a 1, e a maioria dos

valores com os quais se trabalhou é fracionário.

Exemplo: 1- Na escola de Paulo, foi feito um sorteio com 8 bilhetes para

um passeio. Paulo tinha comprado 4 desses 8 bilhetes. Qual a chance de Paulo

ser sorteado?

Esta situação envolve o significado medida, discreto sem ícone. A

possibilidade de Paulo ganhar o sorteio é expressa por uma medida (significado)

obtida pelo quociente entre, o número de bilhetes comprados por Paulo e o

número total de bilhetes do sorteio, ou seja, pela fração84 .

Outras medidas envolvem frações por se referirem a quantidades

intensivas.

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Exemplo: 2- Para fazer uma certa quantidade de suco de uva são

necessárias 2 medidas de água para 1 medida de concentrado de suco de uva.

Que fração representa a medida de concentrado de uva em relação ao total de

suco?

Esta situação refere-se ao significado medida com quantidades intensivas,

com ícone. A receita é medida pela razão 1 para 2 que pode ser representada,

como sendo 21 (relação parte-parte). Com esta medida podemos fazer,

indefinidamente, diversas quantidades de suco de uva, mantendo o mesmo sabor;

além disso, esta quantidade poderá nos remeter à idéia de fração, considerando-

se que o todo (a mistura) é constituído de 3 partes, 31 é a fração que corresponde

a medida de concentrado de uva na mistura e, 32 é a fração que corresponde a

medida de água na mistura.

Situação Operador Multiplicativo

Associou-se a esse significado o papel de transformação, isto é, a

representação de uma ação que se deve imprimir sobre um número ou uma

quantidade, transformando seu valor nesse processo. Conceber a fração, como

um operador multiplicativo, é admitir que a fração ba funciona em quantidades

contínuas, como uma máquina que reduz ou amplia essa quantidade no

processo, enquanto em quantidades discretas sua aplicação atua como um

multiplicador divisor.

Exemplo: 1- Um estojo contém 20 lápis coloridos. Marina deu 43 dos lápis

para sua amiga. Quantas lápis Marina deu?

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Nesta situação, o sujeito deverá perceber que a fração desempenha o

papel de transformação, ou seja, deve-se multiplicar 20 por 3 e dividir o total por 4

ou dividir 20 por 4 e multiplicar o total por 3. Ao mesmo tempo que a fração

desempenha um papel de transformação, também, conduz a idéia de que os

números racionais formam um corpo munido de duas operações; a adição e

multiplicação.

A explicação dada acima (quantidade discreta) se estende para

exemplificar as situações com quantidades contínua desse mesmo significado

(operador multiplicativo).

Exemplo: 2- Felipe ganhou uma barra de chocolate e comeu 43 . Pinte a

quantidade de chocolate que Felipe comeu?

O sujeito tem de perceber que a fração que Felipe comeu se refere a uma

quantidade, ou seja, 43 de 1.

Significado Número

Assim como o número inteiro, a fração nesse significado é representada

por pontos na reta numérica. Os números não precisam necessariamente referir-

se a quantidades específicas (discretas).

Existem duas formas de representação fracionária, ordinária e decimal.

Exemplo 1: Represente na reta numérica a fração 32 .

O sujeito frente a essa situação deverá reconhecer a fração, como um

número (significado) e não uma superposição de dois números naturais. Dever-

se-á perceber, ainda, que todo número tem um ponto correspondente na reta

numérica e que sua localização depende do princípio de ordenação (invariante),

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isto é, 32 é um número compreendido entre 0 e 1. Mesmo considerando esse

intervalo, há necessidade de que o sujeito compreenda que à direita e à esquerda

de32 existem ainda infinitos números. Terá ainda que admitir a existência de

duas formas de representação fracionária, a ordinária e a decimal.

Desta forma, como já foi dito, assumiremos em nosso estudo os

significados das frações propostos por Nunes et al. (2005), pois acreditamos,

assim como Vergnaud que a aprendizagem de um conceito se dá por dentro de

situações ou conjuntos de situações.

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CAPÍTULO III

REVISÃO DA LITERATURA

3.1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo pretende trazer idéias de autores que elaboraram

pesquisas científicas sobre os números racionais no âmbito do campo de estudos

da Educação Matemática.

Para tanto apresentamos o capítulo dividido em duas seções: A primeira,

inicia-se com os trabalhos de mestrado que foram estudos diagnósticos, nos

quais se inclui este com o objetivo de estender esses diagnósticos, partindo agora

para a realização de uma intervenção de ensino, observando os efeitos de se

trabalhar com quatro dos cinco significados propostos por Nunes et al. (2003), a

saber: parte-todo, operador multiplicativo, medida e quociente.

A segunda, apresenta algumas pesquisas, que investigaram o ensino e

aprendizagem do conceito da fração e que muito contribuíram para nosso estudo.

3.2 PESQUISAS DO GRUPO

Como descrito no capítulo I deste trabalho, nosso estudo faz parte de um

projeto de pesquisa mais amplo, intitulado “A formação, desenvolvimento e ensino

do conceito de fração”, cujo objetivo é investigar a formação e o desenvolvimento

do conceito de fração nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior, quer seja do

ponto de vista de seu ensino, quer seja do ponto vista de sua aprendizagem.

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No que diz respeito ao ensino de fração, há o trabalho de Canova (2006),

intitulado “Crença, concepção e competência dos professores do 1º e 2º ciclo do

Ensino fundamental com relação à fração”, que se propôs responder às seguintes

questões de pesquisa: Quais as crenças que os professores dos 1º e 2º ciclos do

Ensino Fundamental apresentam em relação ao conceito de fração e o seu

ensino? Quais as concepções e competências, que esses mesmos professores,

apresentam em relação à fração e seus diferentes significados?

Canova (2006) teve por objetivo identificar e analisar as crenças,

concepções e competências dos professores que atuavam no 1º e 2º ciclos do

Ensino Fundamental, no que diz respeito ao conceito de fração em seus cinco

significados, a saber, Nunes et al. (2003) – parte-todo, operador multiplicativo,

medida e quociente. Para tanto, elaborou um instrumento investigativo composto

por 29 questões subdivididas em quatro partes: 1- perfil; 2- crenças; 3-

concepções e 4- competências. Este instrumento foi aplicado a 51 professores do

Ensino Fundamental, distribuídos em três escolas da Rede Municipal da cidade

de Osasco. A pesquisa constou de dois momentos. O primeiro, diz respeito a

entrega dos questionários e o segundo, às entrevistas clínicas feitas com 10% da

amostra. Os resultados mostraram que as crenças dos professores não são

influenciadas pela sua prática docente, o mesmo não acontece para as

concepções. Pois estas eram mais restritas entre os professores do 1º ciclo do

que aos professores do 2º ciclo. Quanto à competência, Canova (2006) constatou

que não houve desempenho eqüitativo entre os cinco significados da fração e os

invariantes. Estas evidências levaram a pesquisadora a concluir que há a

necessidade de se ampliar o campo conceitual desses professores com relação

ao objeto fração.

Ainda voltado ao ensino de fração, temos o estudo de Santos (2005)

intitulado “O conceito de fração em seus diferentes significados: um estudo

diagnóstico junto a professores que atuam no Ensino Fundamental”. Esse estudo

propôs-se a responder à seguinte questão de pesquisa: “é possível reconhecer as

concepções dos professores que atuam nos 1º e 2º ciclos (polivalentes) e no 3º

ciclo (especialistas) do Ensino Fundamental, no que diz respeito ao conceito de

fração?” Se sim, quais? Se não, por quê?

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Para responder à questão acima, Santos (2005) realizou um estudo

diagnóstico com 67 professores do Ensino Fundamental, distribuídos em sete

escolas da rede pública estadual da cidade de São Paulo. A pesquisa de campo

constou de dois momentos: no primeiro, foi solicitado aos professores a

elaboração de seis problemas, envolvendo o conceito de fração, e no segundo

momento, foi pedido para que resolvessem os próprios problemas elaborados. Os

resultados obtidos mostraram uma tendência, tanto entre os professores

polivalentes como entre os especialistas em valorizar a fração com o significado

operador multiplicativo na elaboração dos problemas.

Quanto à resolução dos problemas, houve uma valorização dos aspectos

procedimentais – aplicação de um conjunto de técnicas e regras (algoritmo).

Estas evidências levaram Santos (2005) a concluir que não existe diferença

significativa entre a concepção dos professores polivalentes e especialistas, seja

na elaboração ou na resolução de problemas de fração em seus diferentes

significados. No que concerne às concepções, o pesquisador ainda afirma que,

provavelmente, exista uma forte influência daquelas construídas na Educação

Básica.

No que diz respeito à aprendizagem de fração, três dissertações sobre o

tema foram desenvolvidas. Iniciamos descrevendo o estudo de Merlini (2005),

intitulado. “O conceito de fração em seus diferentes significados: um estudo

diagnóstico com alunos de 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental”. Merlini (2005)

propôs a responder a seguinte questão de pesquisa. Quais as estratégias de

resolução alunos de 5ª e 6ª séries utilizam frente a problemas que abordam o

conceito de fração, no que diz respeito aos cinco significados da fração: número,

parte-todo, operador multiplicativo, quociente e medida? E teve por objetivo

investigar as estratégias que esse alunos utilizam frente a problemas que

abordam o conceito de fração, segundo a classificação teórica proposta por

Nunes et al. (2003).

Para tanto, Merlini (2005) realizou um estudo diagnóstico com 120 alunos,

sendo 60 da 5ª série e 60 da 6ª série do Ensino Fundamental, distribuídos em

duas escolas da rede pública estadual da cidade de São Paulo. A pesquisa de

campo constou de dois momentos: no primeiro, o questionário foi aplicado

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coletivamente e respondido individualmente pelos alunos; no segundo momento,

foram feitas entrevistas clínicas em 12% da amostra. Nos resultados obtidos, a

pesquisadora constatou que em nenhuma das séries pesquisadas houve um

desempenho eqüitativo, no que diz respeito aos cinco significados da fração, ou

seja, para um mesmo significado foram observadas diferentes estratégias de

resolução. Merlini ainda ressalta que a abordagem que se faz do conceito de

fração não garante que o aluno construa o conhecimento desse conceito.

Concomitante ao trabalho de Merlini (2005), há o trabalho de Moutinho

(2005), intitulado “Fração e seus diferentes significados um estudo com alunos

das 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental”.

No estudo de Moutinho (2005), a questão de pesquisa foi: Quais as

concepções que são possíveis de se identificar com relação aos cinco diferentes

significados da fração (número, operador multiplicativo, medida, quociente e

parte-todo), a partir da aplicação de um estudo diagnóstico, com alunos das 4ª e

8ª série do Ensino Fundamental?

A pesquisa teve por objetivo identificar as concepções que esses alunos

utilizam frente a problemas que abordam esse conceito. Para tanto, foi elaborado

um instrumento-diagnóstico já descrito anteriormente, foi o mesmo utilizado por

Merlini (2005), sendo este aplicado a 65 alunos da 4ª série e 58 alunos da 8ª série

do Ensino Fundamental distribuído em duas escolas da rede pública estadual da

cidade de São Paulo. Os resultados foram analisados, observando-se o

desempenho e as estratégias utilizadas pelos alunos, quando resolveram de

forma errônea as questões propostas.

A pesquisa de Moutinho (2005) mostrou que os alunos da 4ª série

demonstraram possuir a concepção parte-todo, como central para resolução dos

problemas; já os das 8ª, além desta, buscaram resolver os problemas com o uso

mais intenso de operações, sem atingir um índice de acerto favorável, o que

acabou resultando em desempenho menor do que a 4ª série.

Nessa direção, Moutinho (2005) concluiu que há necessidade de se

desenvolver trabalho mais amplo do Campo Conceitual da fração, com base no

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uso de diferentes situações, utilizando os significados tratados por Nunes et al

(2003) no que tange às frações.

Por fim, há o trabalho de Rodrigues (2005), que foi, também, voltado à

aprendizagem de fração e teve por título “Números Racionais: Um estudo das

concepções de alunos após o estudo formal”. A pesquisa propôs responder às

seguintes questões de pesquisa: Que aspectos do conceito de fração nos

significados parte-todo e quociente permanecem sem ser apropriados por alunos

de oitava série do Ensino Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino

Superior na área de exatas? Que ligações existem entre essas dificuldades e as

deficiências, já apontadas por outras pesquisas, da prática pedagógica? O

trabalho teve por objetivo identificar aspectos do conceito de fração, relativos aos

significados parte-todo e quociente, que permaneceram não apropriados por

alunos em fase de escolarização posterior ao ensino formal.

Para responder às questões de pesquisa, Rodrigues (2005) elaborou um

instrumento composto de 48 questões, envolvendo o conceito de fração nos

significados parte-todo e quociente, em três níveis de dificuldade, aplicado a 13

alunos de 8ª série, 31 do 3º ano do Ensino Médio e 29 do Ensino Superior, na

área de exatas.

Rodrigues (2005) constatou que, mesmo nesses níveis de escolaridade, os

alunos ainda apresentam dificuldades significativas sob três pontos de vista: da

compreensão do papel da unidade nos problemas envolvendo frações, das

peculiaridades das situações, envolvendo grandezas discretas; e de aspectos

mais abstratos da construção dos números racionais, como a inclusão dos inteiros

e a explicação de soluções em termos operações com frações.

Anterior a esses trabalhos realizados no seio do grupo de pesquisa referido

no início desta seção, há o trabalho de Bezerra (2001) o que também foi voltado à

aprendizagem de fração, tendo por objetivo investigar, como ocorre a aquisição

do conceito de número fracionário em alunos de 3ª série do Ensino Fundamental,

bem como suas representações com base em situações-problema que fossem

desafiadoras e significativas ao aluno.

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Bezerra (2001) inicia seu trabalho, afirmando que o conjunto dos números

naturais é um obstáculo na aprendizagem do conjunto dos números racionais.

Sua pesquisa consistiu de uma seqüência de ensino, abordando frações com o

significado parte-todo e quociente, contemplando, tanto quantidade contínua

como quantidade discreta.

A pesquisa foi aplicada em duas turmas de 3ª série do Ensino

Fundamental, de uma escola pública da cidade de São Paulo, dividida em dois

grupos: grupo controle e grupo experimental, considerando que o contato desses

sujeitos com o campo numérico dos números racionais fosse inédito.

Os dois grupos foram submetidos a dois testes individuais: um antes (pré-

teste) da aquisição do conceito de fração e outro (pós-teste), após ter tido contato

com esse conteúdo. O grupo denominado controle não teve qualquer contato

formal com esse conteúdo. O conteúdo sobre frações foi abordado somente

depois das aplicações dos dois testes. O objetivo de Bezerra (2001), com esse

grupo, era observar se poderia ocorrer algum acréscimo significativo de

aprendizagem de maneira informal.

Nas diversas formas de abordar a introdução do conceito dos números

fracionários, o autor optou por uma forma não convencional, ou seja, partir do

conceito de divisão já abordado nos números naturais e de frações impróprias.

Para Bezerra (2001) a construção da seqüência baseou-se na formulação

de situações-problema que procuravam motivar os alunos a encontrar respostas

que os levassem à aplicação dos conceitos adquiridos em outras situações

semelhantes, sempre partindo de uma situação-problema, no qual os alunos,

fazendo uso de determinados materiais significativos, caminhassem na direção da

construção do conceito do número fracionário. Desse modo, Bezerra (2001)

formaliza o conceito de número fracionário e sua representação na forma a/b

(a com b ).Nb, 0

Bezerra (2001, p. 168) inicia sua seqüência com situações explorando o

modelo quociente e, no desencadear dos encontros, apresentou também

situações com o modelo parte-todo. O autor enfatiza que o modelo parte-todo é

importante, mas não deve ser o único nem ser o ponto de partida para o

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aprendizado das crianças, “pois ele parece oferecer uma barreira maior entre os

naturais e os fracionários”.

Com posse de seus resultados, Bezerra (2001) conclui que, embora as

crianças apresentem, após a intervenção, avanços cognitivos, ainda perduram

alguns tipos de erros que ele relaciona em seis categorias:

E1 – relacionar parte-parte, em quantidades discretas ou contínuas.

O erro foi observado em uma relação do tipo parte-todo que o aluno

procedeu à contagem da parte destacada e, em seguida, fez a contagem das

demais partes, esquecendo de relacionar o todo. Para exemplificar, Bezerra

apresenta uma questão que mostra o desenho de três corações e que um deles

foi pintado, cuja pergunta era: “Como você pode representar numericamente o

coração pintado em relação a todos os corações?” A resposta obtida foi 21 , que é

característica do E1, ou seja, relacionar parte-parte.

E2 – relacionar todo-parte, em quantidades discretas ou contínuas.

O erro compreende a inversão das posições do numerador com o

denominador.

E3 – representar uma fração, utilizando somente números naturais.

Este tipo de resposta, segundo o autor, evidencia que o aluno ainda não

conseguiu operar com o novo conjunto numérico, assim, representa com o

conhecimento anterior a nova situação, isto é, o conjunto dos números naturais.

E4 – considerar a palavra usada na leitura de uma fração, como sendo a

quantidade a ser assinalada.

Este erro representa a ação do aluno, quando lhe foi solicitado que

circulasse a quinta parte de um conjunto de dez elementos. O procedimento

utilizado em tal situação foi circular cinco elementos do conjunto.

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E5 – com quantidades discretas, centrar-se em única figura (observação

da quantidade contínua) e desprezar as demais que compõe o todo.

Para Bezerra (2001), esse tipo de erro está relacionado ao procedimento

do aluno frente a uma quantidade discreta, fixa-se em apenas uma figura e a

considera como contínua, efetuando apenas a divisão dessa figura, desprezando

as demais.

E6 – realizar uma divisão de uma quantidade contínua, desprezando a

conservação das áreas na figura e repartindo as partes, segundo um

critério aleatório.

Bezerra (2001) ainda conclui que seu estudo ofereceu pistas significativas

sobre o processo de aquisição do conceito de fração, sendo a mais valiosa delas

a que o processo de construção dos conceitos de fração, a exemplo da história,

ganha força quando se inicia, baseando na resolução de problemas concertos,

advindos da realidade.

Cabe ressaltar que meu trabalho vem ao encontro do Bezerra, com

algumas diferenças, a primeira seria em relação ao sujeitos da pesquisa, pois,

trabalhei com alunos de 2ª série e, em segundo lugar, os significados da fração,

pois, em nossa seqüência envolvemos os quatro significados - parte-todo,

operador multiplicativo, medida e quociente.

Ainda dentro de nosso grupo de pesquisa, duas teses de doutorado,

abordando o tema fração encontram-se em andamento. São investigações que

buscam, entre outros objetivos, aprofundar os estudos diagnósticos realizados

pelos mestrandos do grupo.

Uma dessas teses esta sendo realizada por Damico (em fase de

conclusão), cujo estudo investiga a formação inicial de professores de Matemática

de duas universidade do ABC Paulista, no que reportar-se à preparação dos

licenciandos para o ensino de números racionais no Ensino Fundamental. Foram

pesquisados 346 alunos, sendo 189 iniciantes e 157 concluintes das duas

Instituições.

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A coleta dos dados foi realizada por intermédio de cinco fontes,

denominadas Instrumentos: Instrumento 1- os alunos concluintes foram

solicitados a criarem oito problemas envolvendo frações, com o objetivo de avaliar

alunos do Ensino Fundamental; Instrumento 2- os alunos concluintes resolveram

os oito problemas que criaram; Instrumento 3- todos os alunos, iniciantes e

concluintes foram submetidos a uma avaliação, contendo vinte questões que

versavam sobre os conhecimentos fundamentais de números racionais;

Instrumento 4- entrevista interativa com 10% dos alunos concluintes participantes

da pesquisa; Instrumento 5- entrevista interativa com 41 professores.

Para coleta dos dados, Damico (em fase de conclusão) optou por uma

abordagem qualitativa, precedida por um estudo resumo estatístico, com o

objetivo de mostrar a freqüência que em cada categoria ou subcategoria foi

observada.

Os resultados são apresentados em três unidades de análise que abordam:

o conhecimento matemático (conceitual e processual) dos estudantes para

professores em relação a cinco subconstrutos ou significados das frações: parte-

todo, operador, quociente ou divisão indicada, medida e coordenada linear; o

conhecimento matemático e o PCK (conhecimento pedagógico do conteúdo ou

conhecimento didático) em relação às operações básicas com frações (adição,

multiplicação e divisão) e os números racionais na formação universitária.

Os dados da pesquisa de Damico (em conclusão) apontam para o fato de

que os estudantes para professores têm uma visão sincrética de números

racionais. Há um acentuado desequilíbrio entre conhecimento conceitual e

processual, com prevalência do processual, como também observa um baixo

nível de conhecimento didático relacionado às formas de representação dos

conteúdos, normalmente, ensinados no Ensino Fundamental que versam sobre

números racionais (frações).

Seguido ao estudo de Damico, tem-se, também, o estudo de Fontoura (em

andamento). Este será uma intervenção com professores das séries iniciais (1ª a

4ª séries do Ensino Fundamental), tendo como base os resultados nos estudos

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diagnósticos dos mestrandos. Sua pesquisa vai envolver os cinco significados da

fração, a saber – parte-todo, operador multiplicativo, medida, quociente e número.

3.2.1 Pesquisas no Brasil e no Mundo

Nesta subseção, como foi dito, apresentaremos a revisão da literatura,

focalizando alguns estudos realizados no Brasil e no mundo que consideramos

relevantes e cujos os resultados contribuirão efetivamente ao desenvolvimento de

nossa pesquisa.

Nancy Mack (1990) fornece um grande apoio a nossa pesquisa, visto que a

pesquisadora preocupa-se em analisar a influência do conhecimento intuitivo dos

alunos na construção significativa dos procedimentos formais referentes às

frações, bem como a tendência dos alunos ao fazer generalizações sobre as

frações baseadas nas estruturas simbólicas disponíveis para números inteiros e,

reciprocamente, fazer generalizações sobre números inteiros com base nas

estruturas simbólicas das frações.

Embora os trabalhos apresentados pela autora representem grandes

diferenças do ponto de vista metodológico em relação à pesquisa, temos em

comum a busca da representação simbólica da fração a partir de situações-

problema que mobilizam, de início conhecimentos intuitivos, com alunos de 2ª

série do Ensino Fundamental, visto que fração inicia-se no ponto de vista formal

da escola na 3ª série do Ensino Fundamental. Os dois trabalhos apresentados

pela autora, referem-se à atividade intervencionista aplicada a grupos de alunos

de quinta e sexta séries, em atividades individualizadas, com minuciosa descrição

das respostas e procedimentos dos sujeitos.

Mack (1990) indica dois pontos importantes a serem levados em conta na

construção do conhecimento matemático dos estudantes: a obtenção de

situações que promovam a efetiva participação dos alunos e o relacionamento

entre seu conhecimento intuitivo e os procedimentos simbólicos.

51

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Segundo Mack “conhecimento intuitivo” são as respostas dadas pelos

alunos a situações extraídas da vida real. Argumenta que esse conhecimento

costuma ser pouco relacionado ao conhecimento dos símbolos matemáticos

(MACK, 1990, p. 16). Ressalta também que os estudos recentes sobre frações

estão mais focados nas falsas concepções dos alunos sobre esse objeto

matemático e partem do princípio de que os alunos não têm nenhum

conhecimento anterior ao iniciar seu estudo e nem costumam considerar esses

conhecimentos intuitivos. Embora haja estudos que demonstrem a existência

desses conhecimentos, não existem trabalhos realizados sobre os caminhos que

os estudantes podem tomar com base neles dar significados aos símbolos e

procedimentos formais referentes às frações.

Mack (1990) observa que, nos problemas envolvendo partições, os alunos

apresentam uma tendência a separar um todo em partes e a representar cada

uma das partes como número inteiro, e não como uma fração do todo.

Os resultados da pesquisa de Mack apontam que a compreensão de

situações que envolviam frações fora da escola não se articulava com as

representações simbólicas aprendidas na escola.

Assim, propôs um problema: “suponha que você tem duas pizzas do

mesmo tamanho e você corta uma delas em seis pedaços de tamanhos iguais, e

você corta a outra em oito pedaços de tamanhos iguais. Se você receber um

pedaço de cada pizza, de qual você ganhará mais?” Depois, uma nova pergunta:

“que fração é maior, 1/6 ou 1/8?” Mack observou que problemas sobre situações

cotidianas não pareciam causar dificuldades; mas, no segundo problema, com

exceção de um aluno, todos disseram que 1/8 era maior, porque 8 é um número

maior.

No que diz respeito à unidade, a autora mostra que os alunos são capazes

de identificar corretamente a unidade a que se refere uma fração quando

trabalham com situações contextuais, porém sentem dificuldades de identificar a

unidade, quando trabalham com situações simbólicas. Ainda conclui que os

alunos tendem em uma situação simbólica ou concreta a tratar uma coleção de

unidades, como fosse sempre a nova unidade.

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Outro ponto discutido pela pesquisadora é a influência dos procedimentos

padronizados, muitas vezes incorretos, na tentativa resolver as questões

simbólicas que muitas vezes, se sobrepõem aos procedimentos intuitivos e

constituem-se em um fator dificultador da construção do conceito (MACK 1990, p.

29).

A autora sugere que, seja pesquisada a viabilidade de se abordar o estudo

das frações, inicialmente, a partir da noção de partição, estendendo-se essa

concepção a outros significados antes que os alunos possam relacionar os

símbolos matemáticos a seu conhecimento intuitivo de fração (p. 30). A autora

ainda afirma que, quando esse caminho é seguido, surge nos alunos uma

tendência a construírem algoritmos alternativos corretos para a solução dos

problemas. Esses algoritmos, muitas vezes, são mais trabalhosos que os

tradicionais, e os alunos tendem a substituí-los por outros mais práticos na

medida que amadurecem seus estudos.

Ao final de seu trabalho, (Mack 1990, p. 29) propõe que embora muitos

autores reconheçam que o modelo parte-todo imponha limites a compreensão do

número racional, pois pode trazer dificuldades futuras ao estudo. Suas

observações mostram ser possível utilizar a idéia de partição para resolver muitos

problemas de maneira significativa.

Outra conclusão da autora é que a abordagem do estudo de frações, com

base na noção de partição e do conhecimento intuitivo permite resolver, mais

cedo que na proposta curricular tradicional, problemas como a subtração com

reagrupamentos ou a conversão de números mistos em frações impróprias.

(MACK, 1990, p. 30).

Ao investigarem a respeito da partição, tanto em figuras geométricas como

em grupos de objetos, com uma aproximação para o conceito de fração, Pothier e

Sawada (1990), apontam que os livros-texto limitam o uso de modelos físicos

para um trabalho introdutório de frações. Os autores evidenciam que os alunos

completam tais exercícios, sem que necessariamente atentem para as

propriedades geométricas de tais figuras (inteiro) ou das partes e,

conseqüentemente, nomeiam as frações para partes não iguais de um inteiro.

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Assim, Pothier e Sawada (1990) argumentam que os exercícios baseados

em diagramas de figuras previamente repartidas que os alunos usam para

identificar várias frações ou para representá-las, colorindo o número determinado

de partes, podem representar parte das dificuldades enfrentadas no trabalho com

o conceito das frações.

Com o objetivo de avaliar os efeitos de um trabalho de um ensino de

frações, Tinoco e Lopes (1994) elaboraram uma proposta de ensino que

contemplava situações didáticas que visavam a minimizar o impacto das

dificuldades apresentadas pelos alunos no processo de aprendizagem do

conceito de fração.

O estudo foi realizado com um grupo de 101 alunos da 5ª série do Ensino

Fundamental de escolas municipais e outro grupo constituído de 30 alunos do 1º

ano do Curso de Formação de Professores “primários” (CFP) pertencentes a

escolas estaduais, ambas do Rio de Janeiro.

Na proposta de ensino, a ênfase dada era centrada em três aspectos: (a) a

construção do conceito de fração pelo aluno como um número; (b) a exploração

do conceito de fração em conjuntos discretos e (c) a noção de frações

equivalentes, como representações da mesma quantidade. Os sujeitos foram

submetidos a um pré-teste e um a pós-teste, além de entrevistas.

Da análise qualitativa dos dados obtidos, as autoras ressaltaram alguns

tipos de resolução. Na questão típica de fração, em conjunto discreto, foram

encontradas dois tipos de estratégias de resolução. “Silvia ganhou 43 dessas

balas. Pinte as balas que ela ganhou.” Abaixo do enunciado da questão desenhou

16 balas iguais.

A primeira estratégia identificada, foi fazer cálculo, isto é, contar o total de

balas determinando 43 de 16 e pintando 12 balas, sem fazer agrupamentos.

Uma segunda estratégia identificada, foi o agrupamento das balas em

quatro grupos iguais e pintando três deles.

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A terceira estratégia foi formar grupos de quatro balas e, em cada um deles

pintar três das balas. Esta última estratégia é completamente diversa daquela

utilizada com as frações em conjunto contínuo, mas relacionada com as razões.

Em outra questão, enfocando a noção de frações equivalentes, o estudo

propôs a seguinte questão: “ 10....14

....72 . Qual o valor do quadrado? Qual o

valor do triângulo?”

As autoras citadas levantaram como hipótese para esta questão que a

dificuldade residia na presença da fração intermediária. A hipótese foi confirmada

na entrevista, uma vez que o aluno afirmou que o quadrado era quatro e o

triângulo, ele não sabia qual o valor.

Ao tampar a fração intermediária, as autoras refizeram a pergunta, obtendo

a resposta 35. Esta evidência sugere, segundo as autoras, que os alunos não

estão familiarizados com a transitividade da equivalência e que esta dificuldade

pode ser superada no processo de ensino, com situações que levem o aluno, por

exemplo, a obter uma fração equivalente a 153 com denominador 10.

Com relação às questões envolvendo a ordenação de frações, os critérios

utilizados pelos alunos basearam-se em três estratégias: (1) frações com o

mesmo numerador; (2) frações com o mesmo denominador e (3) frações com

numeradores e denominadores diferentes. Nesse último caso, os alunos

recorreram ao uso de diagramas.

Em suas conclusões, as autoras evidenciaram que em relação ao pré e ao

pós-teste, houve uma diminuição significativa das respostas em branco, o que

denota maior encorajamento dos alunos para atacar os problemas e uma melhora

sensível nas questões de conceitualização e equivalência. Por outro lado,

constataram ainda que alguns tipos de erro persistiram, sugerindo que a maioria

deles seja obstáculo epistemológico ou vício adquirido em sala de aula.

Kerslake (1996) em seu projeto de pesquisa na Inglaterra que durou seis

anos com 10.000 crianças entre 11 e 15 anos, investigou as estratégias de

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resolução e os erros que essas crianças apresentavam ao resolver problemas

que envolviam entre outros conceitos os de fração.

Na busca de encontrar informações a respeito dos caminhos pelos quais os

alunos pensam sobre as frações, o estudo possibilitou observar três aspectos que

emergiram dos dados obtidos. O primeiro referia-se se os alunos seriam capazes

de pensar frações, como números ou se pensavam que a palavra “número”

implicaria somente a números inteiros. O segundo, descobrir os modelos de

frações que as crianças dispunham e o terceiro, como elas visualizavam a idéia

de equivalência.

Kerslake (1986) propôs, entre outros, um mesmo problema de dois modos:

com contexto e sem contexto. O problema sem contexto pedia aos alunos a

resolução de 3:5, e o problema com contexto: “Três barras de chocolate foram

divididas igualmente para cinco crianças. Quanto cada uma recebeu?”

A pesquisadora constatou que, aproximadamente 65% dos alunos

obtiveram sucesso no problema com contexto, ao passo que, no problema sem

contexto o índice de sucesso foi significativamente menor.

A autora observou que um número relativamente grande de alunos

interpretou 3:5 como 5:3, sugerindo que as crianças dividem um número grande

por outro menor.

Nas observações feitas por Kerslake (1986) das frações e números

inteiros, notou-se que quando se perguntava aos alunos “quantas frações estão

entre41 e

21 ?” Eles respondiam: “uma”, referindo-se a

31 . Dessa forma, podemos

concluir que os alunos observam apenas os denominadores das frações e não se

dão conta das frações existentes entre elas, ou seja, entre 21 e

41 .

Em seus estudos, Kerslake (1986) observou, durante as entrevistas, que o

diagrama com freqüência ajuda na resolução de determinados problemas como,

por exemplo, entender a fração, como parte de um todo por meio de um círculo

dividido em partes iguais e sombreado algumas delas. No entanto, o uso de

diagramas no modelo parte-todo nem sempre possibilita a visualização imediata

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de determinadas situações como, por exemplo, 43

32 . Nesta situação, são

necessárias outras divisões da mesma figura para sua compreensão.

Kerslake (1986), baseada nas idéias de Kieren, argumenta que o conceito

de número racional é diferente de número natural, visto que eles não fazem parte

do meio natural dos alunos e as diversas interpretações do número racional

resultam em uma variedade de experiências necessárias.

Neste sentido, a autora conclui que o entendimento dos números racionais,

como elemento do campo quociente requer a oportunidade de experiências dos

aspectos partitivos da divisão. Há necessidade de se estender o modelo parte-

todo e incluir o aspecto quociente da fração e finalmente, as frações

representadas como pontos sobre a reta numerada.

Outra questão proposta por Kerslake (1986) dizia: “Aqui estão três doces.

Há quatro crianças que desejam a sua parte. O que você pode fazer?” Os alunos

dividiram os três doces para quatro pessoas, mas não se preocuparam se as

partes eram iguais ou não. Na intenção de observar o processo de divisão

realizado pelo aluno, foi avaliado que eles não fazem a conexão entre 3:4 e 43 ;

pois só um dos alunos teve mais dificuldade e traçou três retas sobre as três

bolas (doces), os demais desenharam uma cruz sobre cada bola.

Quando foi perguntado ao aluno que traçou três retas sobre as três bolas,

se todos os pedaços tinham o mesmo tamanho, ele respondeu: “O desenho não

está muito correto”. Ela não pensou na maneira de como fazer, mas, quando

lembrou do modelo , realizou a divisão de forma mais adequada que a anterior.

A estratégia utilizada por 11 alunos foi o de criar um desenho,

representando a situação, ou seja, os três doces que seriam repartidos e as

quatro crianças, distribuindo pedaço por pedaço para cada uma das crianças.

Em nosso estudo também encontramos respostas parecidas com os alunos

de Kerlaske (1986) que não preocupavam se a divisão estava em partes iguais.

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Em seus estudos, Kerslake (1986) encontrou também evidências da falta

de compreensão dos alunos sobre equivalência de frações, mesmo, quando eles

tiveram sucesso em algumas situações que envolviam a equivalência de frações.

Os estudos mostraram que, embora os alunos tivessem apresentado um bom

desempenho nos itens de equivalência que ela apresentou, eles não

necessariamente encontraram frações equivalentes com o mesmo objetivo de

efetuar a adição e somavam frações com denominadores diferentes, por exemplo,

43

32 deram como resultado

75 .

A autora afirma que, embora alguns alunos tenham transformado as

frações em frações equivalentes com o mesmo denominador, parecem que não

perceberam a conexão entre equivalência de fração e adição.

Kerslake (1986) em seus estudos encontrou evidências consideráveis para

constatar que o único modelo de fração com o qual os alunos sentiram-se

confortáveis e familiarizados foi o de fração, como parte de um todo. A

familiaridade com o modelo parte-todo dificultou que entendessem o aspecto da

divisão ou da distribuição, isto é, por exemplo, a fração ba pode ser vista como

sendo coisas “a” distribuídas entre pessoas “b”.

Mesmo que o aspecto (divisão) apareça com freqüência em livros-texto e

seja a base para o método utilizado para transformar a fração em decimais, os

alunosmostram-se relutantes para reconhecer quaisquer conexões entre ba e

.b:a

Ao encontro, as idéias de Kerslake têm também os estudos realizados no

Brasil, por Campos et al. (1995).

O estudo consistiu de um teste diagnóstico, aplicado ao um grupo de 76

alunos de 4ª e 5ª séries do Ensino Fundamental com idade aproximada de 12

anos ou mais de três escolas particulares da cidade de São Paulo. Na posse dos

resultados, Campos et al. (1995) perceberam que havia respostas que mereciam

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ser investigadas mais profundamente, decidindo, assim, por realização de

entrevistas.

Após analisar os protocolos e as entrevistas, Campos et al. (1995)

concluíram que a maior dificuldade encontrada foi que as crianças, apesar da

idade, não possuíam a noção de conservação de área. Esta dificuldade foi

constatada, por exemplo, nas figuras abaixo, cujas frações atribuídas

respectivamente, foram 31 e

62 .

Desta forma, ficou claro que as crianças não podem compreender o

conceito de fração, pois exige-se delas um desenvolvimento ainda não alcançado.

Campos et al. (1995) ressaltam que esta dificuldade se dá, uma vez que na

escola não são exigidos esses conhecimentos das crianças, pois é sempre dada

uma figura já dividida em partes iguais, fazendo com que elas não percebam a

noção fundamental da fração. A presença da dupla contagem é muito forte,

desconsiderando, assim, a conservação de área.

Outra dificuldade também é apontada por Campos et al. (1995) a respeito

da desconsideração das áreas equivalentes. Nas figuras representadas abaixo,

foram associadas, respectivamente, as seguintes frações: 44 e

11 .

Nas entrevistas, as pesquisadoras indagaram aos alunos se não se poderia

atribuir uma mesma fração para representar as duas figuras. As crianças

responderam não, pois eram figuras diferentes, “Uma tem traço e a outra não”.

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Assim, um dos fatores facilitadores na pesquisa, foi a presença de frações

com o numerador 1, como 21 ou

31 . As questões que envolviam esse tipo de

fração tiveram respostas imediatas. As autoras ainda ressaltam que a provável

facilidade não deve ser uma simples coincidência, visto que, historicamente, os

egípcios e, até mesmo, hoje em dia, os povos tidos como primitivos (índios, tribos

africanas, etc), usam basicamente as frações unitárias. (CAMPOS et al., 1995).

Ao final, Campos et al (1995) afirmam que o ensino, tanto do ponto de vista

metodológico como curricular, é deficiente, apresentando falhas que, embora

evidentes, são difíceis de ser rompidas.

Silva (1997) realizou um trabalho com um grupo de alunos do último ano do

curso de Magistério, procurando investigar se eles conseguiam perceber as

diferentes concepções de fração como parte-todo, medida e quociente,

explorando, também, as quantidades discretas e contínuas.

O objetivo era possibilitar que os futuros professores das séries iniciais

refletissem sobre a introdução do número fracionário no ensino por meio de

diferentes concepções do conceito. Para atingir este objetivo, Silva (1997)

elaborou uma seqüência didática, baseada na metodologia da Engenharia

Didática.

Com base nos resultados obtidos, a autora constatou que, para alguns

professores, a seqüência trabalhada não foi suficiente. Silva (1997) classificou

estas dificuldades, como obstáculos didáticos e epistemológicos, confirmando os

resultados de Kieren (1988) e Campos (1989). Dentre as dificuldades apontadas,

foi constatada a forte tendência do uso de algoritmos e a concepção de associar a

fração a uma figura. Esta deveria estar, necessariamente, dividida em partes

iguais, considerando a área e a forma da figura. A necessidade é estabelecida

pelo uso da dupla contagem das partes na identificação da fração, ao mesmo

tempo em que conduz à idéia, conforme denomina a autora, de “discretização do

contínuo”, pois a referência do inteiro inicial é substituída pelo número de partes

conseguidas, após a divisão.

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Silva (1997) destacou ainda a falta de entendimento do conceito de

medição, o que dificultou realizar medições com unidades não usuais; uma

tendência ao uso de algoritmos, em detrimento de um trabalho construtivo com a

representação de figuras, sobretudo, nas operações de adição e subtração.

Independente do contexto, os futuros professores apresentaram, naturalmente, os

decimais, como resultados das divisões, ao invés de perceberem a representação

de um quociente por meio de uma fração.

Com relação aos obstáculos de origem epistemológica, a autora constatou

que o conhecimento dos números naturais conduz à crença de que a adição e a

subtração de frações seguem uma lógica análoga à dos números naturais, ou

seja, basta somar os numeradores e os denominadores das frações envolvidos na

operação. Observou ainda que o uso constante de nosso sistema métrico,

representado exclusivamente por números decimais, dificultou a percepção das

representações fracionárias.

Finalmente, apoiada nos resultados obtidos, a autora destaca como

positivo o envolvimento dos futuros professores nas propostas, não havendo

resistência a nenhuma discussão, o que levou a uma mudança de comportamento

para quase todas dificuldades apresentadas.

Ao final, observa que alguns conhecimentos adquiridos anteriormente

apresentam raízes profundas, sugerindo a necessidade de realização de um

trabalho mais a longo prazo, para que essas raízes possam ser removidas dando

oportunidades para outras nascerem e crescerem com mais força e com novas

direções (SILVA, 1997; p. 197).

No artigo feitos por Onuchic e Botta (1997) uma “nova visão sobre o ensino

e a aprendizagem dos números racionais” as autoras chama atenção das grandes

dificuldades que os professores e os alunos sentem para trabalhar com os

números racionais.

As autoras ainda acreditam que essas dificuldades ocorram pela forma

como o número racional é ensinado, cujas as regras de “como fazer” são

privilegiadas e vêm ao encontro de alguns pesquisadores já citados como por

exemplo Campos et al. (1995) e Silva (1997).

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Onuchic e Botta (1997, p. 6) ressaltam que o ensino convencional do grau

médio está produzindo estudantes com concepções excessivamente simplistas de

números e operações sobre números e estratégias mecânicas para resolver

problemas.

As autoras citam os estudos dos americanos Hiebert e Behr que

recomendam que:

- o ensino deveria ser mais orientado para o significado do que para o

símbolo;

- em lugar de se colocar o conhecimento como um pacote pronto e

acabado, o ensino deveria encorajar os alunos a construírem seu próprio

conhecimento;

- o ensino deveria trabalhar os alunos dentro de experiências de

aprendizagem estruturadas, para ajudá-los a adquirir um conhecimento

essencial , tanto conceitual como de procedimento.

Hiebert e Behr citados por Onuchic e Botta (1997) recomendam que seja

dada uma atenção ao desenvolvimento dos símbolos fracionários,

desenvolvendo-se conceitos, como os de ordem e equivalência, importantes para

se dar sentido ao tamanho relativo das frações e que levem os alunos a ligar sua

compreensão e suas estratégias intuitivas a métodos mais gerais e formais.

As autoras citadas ainda afirmam que compreender as frações como

números, comparações de frações, conversão para decimais e porcentagem

deveriam ser mais enfatizadas.

Onuchic e Botta (1997) citam, também, os estudos de Kieren (1988), que

foi o primeiro educador a identificar os quatro modos básicos, que chamou de

subconstrutos dos números racionais, nos quais esses números podem ser

interpretados, como relação parte-todo (medida), quociente, razão e operador.

Ao final de seu artigo, Onuchic e Botta (1997) recomendam que trabalhar o

número racional em seus diferentes significados e dentro do contexto de uma

variedade de situações-problema facilitaria a compreensão desses novos

números.

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Em seu artigo “Números Racionais: conhecimentos da Formação Inicial e

Prática Docente na Escola Básica”, Moreira e David (2004) apresentaram uma

análise do conhecimento matemático, restringindo-se a certos aspectos do

conceito de número racional e às operações nesse campo numérico veiculado no

processo de formação inicial do professor, confrontando-o com as questões que

se colocam na prática docente na escola básica.

Os dados utilizados pelos autores referem-se ao curso diurno de

Licenciatura em Matemática da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O

estudo explicita e analisa algumas formas concretas de desarticulação, entre o

processo de formação inicial e a prática profissional.

No entanto, evidencia que, apesar das pesquisas mostrarem que, em

termos da prática docente, a construção dos números racionais é uma das mais

complexas operações da Matemática escolar, esse conjunto é visto como um

objeto extremamente simples, ao longo dos cursos de formação. O tratamento

dado ao conjunto dos números racionais refere-se apenas à definição,

demonstrações formais e propriedades, em outras palavras:

...é como se a teoria da Matemática científica sobre os números racionais resultasse da ação de um fortíssimo compactador que condensa – e, portanto, de certa maneira, esconde – uma variedade imensa de idéias matemáticas em alguns enunciados formais: as definições e os teoremas relativos às propriedades das operações. (MOREIRA e DAVID, 2004 p. 16).

Adotar esta perspectiva como tratamento didático, para o conjunto dos

números racionais, nos cursos de formação de professores, parece-nos, não ser

suficiente, como também não favorece a explicitação das idéias matemáticas

subjacentes às propriedades e às definições. Pois, o trabalho com números

racionais, do ponto de vista da Matemática escolar, pressupõe não só operar com

significados concretos da fração e de outras interpretações, mas também

compreender as relações entre seus elementos, as novas formas de

representações, a nova ordem, as novas operações e suas novas propriedades.

A compreensão de todas estas questões poderia permitir ao professor

propor e discutir com seus alunos, por exemplo, por que no processo de extensão

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dos campos numéricos algumas propriedades e definições mantêm-se válidas e

outras, não. No domínio dos números naturais, o fato de que dois conjuntos são

rotulados pelo mesmo número falado – digamos ambos os conjuntos têm cinco

elementos, poderá ajudar os alunos a entenderem a equivalência entre dois

conjuntos. Esta situação é, provavelmente, mais complicada com as frações,

quando a equivalência de frações é designada por palavras diferentes – um terço,

dois sextos – e diferentes signos numéricos 1/3 e 2/6.

De todo modo, Moreira e David (2004) afirmam que o tratamento dado ao

conjunto dos números racionais, como alvo dado e estático, desenvolve-se

orientado pelos valores conceituais e estéticos na Matemática acadêmica,

garantindo, dessa forma, em tese, um estatuto de formação teórico-científico.

Portanto, a visão predominante no processo de formação, pode ter algumas

implicações sérias, uma vez que a articulação, entre o processo de formação na

licenciatura com a prática escolar, é concebida como uma tarefa a ser executada,

essencialmente, fora do espaço da formação matemática.

Os autores sugerem que a construção de uma articulação mais adequada

entre o processo de formação e a prática docente escolar está inteiramente ligada

a uma concepção de formação que tome como referência central a Matemática

em sua condição de disciplina escolar, “ao invés de se tentar integrar a prática

escolar a uma formação específica orientada pela Matemática científica”

(MOREIRA e DAVID, 2004, p. 17).

Campos e Magina (2004) realizaram um estudo diagnóstico com 70

professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, com objetivo de investigar

os conceitos que esses professores tinham sobre fração. Para tanto, solicitaram-

lhes que apresentassem estratégias de ensino ao analisarem respostas errôneas

de alunos em questões que envolviam o conceito de fração.

As autoras concluíram que, provavelmente, a maior parte dos professores

das séries iniciais apresenta dificuldades conceituais entre representar

numericamente situações de fração e de razão. Outro dado importante levantado

pelas pesquisadoras foi a pouca utilização dos invariantes da fração acionados

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nas estratégias, o que pode significar a pouca relevância que esses invariantes

têm em seu ensino.

Além disso, constataram que a principal estratégia de ensino desses

professores é o uso de desenho ou de material concreto com vistas a facilitar

comparações perceptuais dos alunos em detrimento do trabalho com os

invariantes lógicos da fração. Parece que não há uma clareza desses professores

sobre os diferentes significados de fração, o que os levaram a propor situações de

ensino limitadas, restringindo-se à percepção e ao significado parte-todo.

Nesta perspectiva, temos também os estudos de Escolano e Gairín (2005)

que apresentaram em seu artigo “Modelos de Medida para la Ensenãnza Del

Número Racional em Educación Primários”, resultados de uma pesquisa realizada

com alunos de educação primária na Espanha, entre os anos de 1999 e 2004.

Para os autores, o uso do modelo parte-todo na introdução do conceito de

número racional é considerado, como alguns dos obstáculos didáticos na análise

de seus estudos.

Escolano e Gairín (2005) iniciam seu artigo, fazendo considerações sobre o

significado parte-todo, comparando-o com outros significados: quociente, medida

e razão.

Ressaltam que o uso quase exclusivo do significado parte-todo no ensino

não tem uma ligação com a gênese dos números racionais, uma vez que na

história, esse novo conjunto surge da necessidade de dividir, medir e comparar.

Afirmam que as dificuldades que apresentadas pelos alunos em relação ao

domínio dos números racionais, podem ser causadas, tanto pelas decisões

tomadas no processo educativo, em relação a esses números, como também pelo

conjunto de procedimentos, relações e operações próprias desses números.

Os autores, também referem-se a Behr et al. (1993) que admitem cinco

significados para a fração: parte-todo, quociente, razão, operador e medida e

Kieren (1993) que considera o significado parte-todo incluído nos significados

quociente e medida.

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Escolano e Gairín (2005) referem que o significado parte-todo é

apresentado, usualmente, em uma situação estática, com a figura dividida em

partes iguais, com algumas dessas partes pintadas. Esta situação exigirá do

aluno realizar uma transferência entre representações gráficas e simbólicas, e as

etapas dessa transferência são a interpretação da figura, a realização da dupla

contagem e a representação do resultado dessas operações de forma simbólica.

Estas tarefas conduzem ao estabelecimento de uma relação simbólica entre dois

números naturais, e só depois, ao longo do processo educativo será instituída a

definição de número racional.

Segundo os autores, a construção do conceito de fração, tendo como ponto

de partida o modelo parte-todo aqui descrito, tem como características a

constatação de que boa parte do conhecimento é adquirido de forma visual, e

também o fato de que a atividade não está associada à tarefa de medir

grandezas. Nesse contexto, os fatos produzem na aprendizagem alguns efeitos

indesejados, como:

- A ênfase está na dupla contagem;

- não se define a unidade. O todo-unidade não necessita ser apresentado

de forma explícita. Sendo assim, as figuras podem ser apresentadas

superpostas e claramente diferenciadas, segundo o atributo da cor, de

modo que o aluno não tem necessidade de reconhecer a unidade para

resolver a tarefa;

- não se atribui relevância a necessidade de igualdade dos tamanhos das

partes (conservação das áreas), pois o processo está centrado na

cardinalidade do número de partes

Pelos fatores expostos, Escolano e Gairín (2005) ainda afirmam que

modelo parte-todo reforça a idéia de número natural, pois a tarefa se resolve por

dupla contagem e o aluno não sente necessidade de introduzir nenhuma estrutura

numérica superior à do número natural. Sendo assim, a fração não adquire o

status de número, mas, de uma simples relação entre dois números naturais.

Conforme os autores ressaltam tudo acaba por gerar três tipos de

obstáculos.

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O primeiro, refere-se à formação de concepções adequadas, uma vez que

não existem frações impróprias; as frações são números não medidas; o todo ou

unidade não é número.

O segundo, diz respeito à separação conceitual entre número racional e

número natural, pois: a fração é formada por dois números naturais e descreve

apenas uma situação estática em que estão envolvidos dois números naturais.

Portanto, nem a fração nem a expressão decimal são entendidas como um ente

numérico diferente dos números naturais. As relações e operações com os

números racionais têm os mesmos significados que os números naturais, fazendo

com que os alunos tendam a estender aos números racionais as mesmas

técnicas operatórias usadas nos números naturais, não percebendo as

peculiaridades das operações com racionais, sobretudo no que diz respeito à

adição e à multiplicação.

Já o terceiro obstáculo, refere-se à formação de idéias abstratas, na

medida que não provêm situações que facilitem a passagem do mundo dos

objetos para o mundo das idéias. Assim, os alunos adquirem crenças do tipo: os

conceitos são as técnicas a eles associadas e os conteúdos úteis são os

procedimentais.

Com base nos obstáculos e nas dificuldades descritos acima, os autores

elaboraram uma seqüência de ensino, no sentido de uma proposta alternativa de

abordagem do ensino de frações, preocupados em reduzir os efeitos apontados,

como desvantagens do modelo parte-todo. Na elaboração da seqüência,

consideraram a gênese histórica do número racional, priorizando modelos que

forneçam suportes físicos estáveis para que os alunos construam o

conhecimento. Participaram das atividade 160 alunos e 5 professores.

Como conclusão, Escolano e Gairín (2005) argumentam que o modelo

apresentado, pautado nos significados medida, quociente e razão proporciona o

desaparecimento dos obstáculos citados e permitem que as frações impróprias

tenham o mesmo status, como expressão da medida de uma grandeza, que as

frações são entes numéricos associados à idéia de medida e que a unidade

exerce um papel essencial para interpretar as frações. Argumentam, as

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diferenças entre os números racionais e os naturais e as frações equivalentes por

meio de atividades manipulativas.

Os pesquisadores do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação

Matemática (GEPEM), publicaram em 2005, um estudo no qual à pesquisadora

Frant faz referências ao livro ”Frações no Currículo do Ensino Fundamental:

Conceituação, Jogos e Atividades Lúdicas” de Joaquin Giménez e Marcelo Bairral

(1991), sobre a fundamentação e as aplicações no trabalho com frações nos

diferentes níveis de ensino. As idéias principais iniciaram-se desde 1978, pelo

grupo “Periódica Pura”, em Barcelona. No Brasil, em 1994, a primeira edição do

material foi desenvolvida e a presente edição sofreu algumas modificações em

função das experiências que continuaram se desenvolvendo em diferentes

espaços de formação profissional docente.

O livro disponibiliza aos professores e futuros educadores um conjunto de

material de apoio fundamentalmente gráfico ainda que de natureza manipulativa

para o ensino sistemático de frações.

O capítulo I do livro traz a fração dentro dos significados e implicações

curriculares e algumas falas de estudantes de Licenciatura Matemática (20 anos

de idade) referente à concepção que os mesmos têm sobre frações.

Nesse sentido, Giménez e Bairral (1991) afirmam que existem três

concepções errôneas apresentadas pelos estudantes sobre frações, a saber:

- a fração é uma parte menor da unidade;

- a fração são dois números separados por um traço;

- a fração é um operador que sempre indica uma subdivisão e, portanto,

um resultado menor.

Diante do exposto, mostram várias exemplos com objetivo de exemplificar

tais concepções e, ao final, dão ênfase a uma estratégia imprescindível: a

valorização da unidade.

Em seguida Giménez e Bairral (1991, p. 10) referem, que: “em nosso

cotidiano, a linguagem nos oferece uma primeira dificuldade sobre o tema, uma

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vez que há uma variedade de situações que, freqüente e diferentemente falam da

frações”.

Nesse sentido, Gimenez e Bairral (2005) citam os diferentes aspectos que

a fração pode assumir que não estão associados apenas à idéia de parte-todo,

tais como: a fração como quantidade, como expressão de um escalar ou medida,

como função símbolo, ou, ainda, como probabilidade.

Ao final deste primeiro capítulo, Gimenez e Bairral (2005) sugerem que a

construção do conceito de fração deve ser desenvolvida baseada nos aspectos

citados acima e explorados desde situações mais simples até as mais complexas.

Ressaltam uma seqüência de conteúdos conceituais, que contemplam as

diversas idéias das frações que preconizam um processo contínuo de ampliação

desse conjunto.

O capítulo II intitulado de Equivalência, Reta Numérica, Comparações e

Estimativas, Gimenez e Bairral (2005) falam sobre a ordenação e equivalência,

como elementos conceituais importantes que constrói a noção de fração e

número racional e deve ser explorada em situações variadas.

Os autores sugerem que a primeira idéia para trabalhar a equivalência são

as distribuições, ou seja, uma vez que descoberto que as partes em que se divide

o todo, devem ser iguais. O processo de partição leva a elaboração de respostas

distintas.

Nos capítulos seguintes os pesquisadores recomendam vários jogos e

atividades manipulativas variadas para trabalhar com frações, além da descrição

de suas experiências com os alunos.

Gimenez e Bairral (2005) ainda ressaltam que as dificuldades associadas à

construção do conceito de fração são de dois tipos: psicológicas e

epistemológicas. No primeiro caso, os pesquisadores referem-se á construção da

idéia de unidade e à sua variabilidade, seja nos problemas resultantes das

subdivisões simples e, posteriormente, na aceitação da densidade (entre duas

frações há uma outra) que apresenta situações implícitas com a noção de infinito.

Além também da dificuldade em reconhecer frações de uso não cotidiano que

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correspondem à interpretação da fração com a divisão, nesse caso, a aceitação

do resíduo como uma parte do divisor. Já em relação as dificuldades

epistemológicas, os pesquisadores ressaltam: duas frações, embora escritas

diferentemente, têm o mesmo valor; a incorporação da idéia de razão-proporção

com a fração; e o reconhecimento e aceitação da fração com um número,

chamando atenção do aluno para a existência e a especificidade de outro campo

numérico.

Ao final, Giménez e Bairral (2005) referem que “a utilização de uma tarefa

bem planejada ou um recurso didaticamente elaborado não implica na

aprendizagem”. Ou seja, em outras palavras, não só a utilização dos recursos e a

inovação das aulas que resolvem a complexidade na construção do

conhecimento. É preciso envolvimento tanto de professor como do aluno.

Expostos os estudos relevantes à nossa pesquisa, passaremos ao próximo

capítulo, no qual onde situaremos a metodologia utilizada na presente pesquisa.

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CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, descrevemos o desenho metodológico de nosso estudo,

cujo objetivo foi de introduzir o número racional positivo, em sua representação

fracionária, que chamamos de fração. Limitar-nos a abordar a fração com alunos

de 2ª série do Ensino Fundamental, apenas investigando quatro significados:

parte-todo, quociente, operador multiplicativo e medida (Nunes et al. 2003). Além

disso, consideramos as variáveis de quantidades (contínuas e discretas) e de tipo

representação (situação-problema icônica e não icônica).

Ao discorrer sobre o estudo, iniciamos com uma discussão teórico-

metodológica e, na seqüência, apresentamos o desenho do experimento, que

consta do universo da pesquisa, quando situamos a escola dentro, da qual o

estudo foi realizado e, em particular, delineamos seus sujeitos participantes.

Descrevemos, ainda, o material utilizado no que tange aos instrumentos-

diagnóstico aplicados (pré-teste, intermediário e pós-teste) e a intervenção de

ensino. Por fim, descrevemos o procedimento utilizado na aplicação dos

instrumentos e no desenvolvimento da referida intervenção.

Cabe ressaltar que as atividades utilizadas nos instrumentos-diagnóstico

foram as mesmas, tanto no pré como no intermediário e pós-teste.

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4.2 DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICO

O estudo tem um caráter quase experimental, intervencionista, com o

objetivo de introduzir os números racionais positivos em sua forma fracionária (ba ,

com a e b naturais e b 0) que denominamos de fração.

Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), os estudos experimentais

caracterizam-se pela realização de “experimentos” que visam verificar a validade

de determinadas hipóteses em relação fenômeno ou problema. Entendemos por

experimento aquela parte da investigação, na qual se manipulam certas variáveis

e observam-se seus efeitos sobre outras. Neste tipo de investigação, o papel do

pesquisador é tentar reproduzir um fenômeno para observá-lo sob controle.

Os autores ainda ressaltam que existem dois tipos especiais de pesquisa

experimental:

Quase-experimental: é aquele em que a variável independente é

manipulada pelo pesquisador, operando com grupos de sujeitos

escolhidos sem seu controle;

Experimental: é útil quando se deseja destacar as relações entre

variáveis (previamente selecionadas nele). Aqui as hipóteses

desempenham importante papel e o pesquisador pode controlar tanto a

variável independente como também a constituição dos grupos de

sujeitos envolvidos na pesquisa.

Campbeli e Stanley (1972) nesta mesma direção, ressaltam uma vez que

contemplamos em nossa metodologia a aplicação de um pré-teste, de uma

intervenção de ensino e de pós-teste, esta pesquisa pode ser tratada de forma

quase-experimental, citam também o fato de não haver preocupação com a

equivalência pré-experimental da amostragem dos grupos que a diferencia da

pesquisa experimental propriamente dita.

A proposta de trabalho aqui apresentada apóia-se nas idéias desses

autores. O estudo foi de caráter intervencionista, pela aplicação de instrumentos-

diagnóstico (pré-teste, teste intermediário, pós-teste), que permitem a obtenção

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de dados quantitativos e qualitativos, sendo assim classificado de quase-

experimental.

4.3 DESENHO DO EXPERIMENTO

O desenho envolveu a utilização de dois grupos de pesquisa advindos de

duas classes da 2a série do Ensino Fundamental, sendo que uma das classes

teve o papel de grupo experimental (GE) e a outra de grupo controle (GC)6.

Ambos os grupos submeteram-se aos instrumentos-diagnóstico utilizados

pela pesquisa (pré, intermediário e pós-teste). Os grupos constituíram coletivos,

naturalmente montados, isto é, os sujeitos de cada grupo eram alunos que

compunham uma classe completa. Contudo, como se tratou de alunos de uma

mesma escola, com a mesma faixa etária e apresentando desempenho similar no

pré-teste, podemos dizer que havia uma certa equiparação entre os grupos.

A fixação dos grupos em experimental e de controle foi feita

aleatoriamente. O GC foi nosso grupo de referência, passou por todos testes

diagnósticos, mas não pelas intervenções de ensino pela qual passou o GE.

Tomaremos este grupo como comparativo; é importante salientar que, do ponto

de vista formal, o grupo não teve contato nenhum com o objeto estudado na

pesquisa.

4.3.1 Universo da Pesquisa

Como já foi dito anteriormente, nosso estudo foi realizado com alunos de

duas turmas de 2ª série do Ensino Fundamental de uma Escola Pública da região

de Santo André, cidade pertencente à grande São Paulo. No que diz respeito aos

ambientes da escola, a mesma possui Sala de Biblioteca, de Vídeo, Quadra

Poliesportiva. Além disso, está sendo montado um Laboratório de Informática com

oito computadores.

6 A partir daqui, iremos nos referir a esses grupos por suas respectivas abreviaturas GE para grupo

experimental e GC para grupo controle.

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A escola participa do projeto denominado “Escola da Família”,

desenvolvido pelo Governo Estadual, que consiste em abrir as portas de algumas

de suas escolas nos finais de semana para promover atividades culturais e de

lazer que contam com a presença dos alunos e da comunidade. Esta escola

funciona nos períodos matutino e vespertino.

A primeira razão para a escolha da escola veio do fato de querermos

pesquisar uma instituição pública, já que esta é a que mais abriga a população de

estudantes brasileiros (92% da população de estudantes dos Ensinos

Fundamental e Médio estudam em escolas públicas). Quanto às razões de termos

escolhido esta escola, em particular, podemos elencar três que, embora distintos,

relacionam-se uns com os outros, a saber: conhecimento de parte de seu corpo

docente, acessibilidade e abertura da direção para realização de pesquisas

educacionais em suas dependências e seu fácil acesso com respeito à

localização. Por questão de ética, preservaremos o nome da escola, das

professoras e dos alunos envolvidos na pesquisa.

4.3.2 Sujeitos de Pesquisa

Os sujeitos de nossa investigação pertencem ao período vespertino, da

escola, apresentam faixa etária entre sete e nove anos de idade. Segundo dados

revelados pelo plano escolar, os sujeitos são provenientes de classe média e

moram próximos à escola. A maioria tem disponível em suas casas livros e

computador. Nessa direção, fomos informados pelas professoras dessas duas

classes participantes do estudo, que a grande maioria já é usuário de

computadores em suas próprias residências.

Nosso estudo contemplou um total de 62 alunos, sendo 31 da turma que

denominamos de GE e 31 da turma que chamamos de GC. Os alunos que

formaram o grupo GE foram os que receberam uma intervenção de ensino. O

desenho do experimento foi planejado uma subdivisão do GE em quatro

subgrupos, segundo o tipo e ordem da intervenção que cada subgrupo receberia.

Assim, o GE foi subdividido em GE1, GE2, GE3, e GE4. Esta escolha foi feita

aleatoriamente, com a ajuda da professora da classe, com exceção de dois

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alunos que não podiam permanecer no mesmo grupo pelo fato de não dominarem

a leitura. Assim todos permaneceram nos mesmos subgrupos durante o

desenvolvimento de toda a intervenção, não havendo troca de subgrupo.

Ainda com relação ao desenho do experimento, este foi subdividido em

duas etapas: as etapas e . A etapa diz respeito às aplicações dos

instrumentos-diagnóstico (pré-teste, intermediário e pós-teste). Desta etapa,

participaram os dois grupos GE e GC. Já etapa diz respeito à aplicação da

intervenção de ensino do qual teve participação somente do grupo GE dividido em

subgrupos: GE1, GE2, GE3 e GE4.

A seguir, apresentaremos um quadro-resumo do desenho de nosso

experimento, para melhor visualização.

QUADRO 4.1 – Resumo do desenho do experimento

4.4 MATERIAL

Podemos descrever o material utilizado na pesquisa, segundo as duas

etapas do estudo. A etapa descreve o material utilizado nos instrumentos-

diagnóstico aplicados em três fases (pré-teste, teste intermediário e pós-teste). Já

a etapa cita os materiais utilizados na intervenção de ensino.

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4.4.1 Materiais da Etapa : Os Instrumentos Diagnósticos

Os instrumentos-diagnóstico7 constituíram-se em pré-teste, intermediário e

pós-teste; todos preservaram a mesma equivalência Matemática, tanto no que se

refere aos contextos quanto às que se refere às questões.

Estes instrumentos foram compostos por 28 situações-problema,

apresentadas em forma de livrinho com oito páginas, sendo a primeira dedicada à

identificação do sujeito (nome, idade e série) e as páginas restantes as 28

situações-problema, envolvendo os quatro significados de fração (parte-todo,

operador multiplicativo, quociente e medida).

As variáveis de quantidade (contínua e discreta) e de representação

(icônica e não icônica foram consideradas e controladas. Para cada significado,

trabalhamos com oito situações-problema, sendo que quatro delas envolveram

variáveis contínuas e as outras quatro variáveis discretas (com exceção do

significado quociente, pois não conseguimos encontrar situações que

envolvessem quantidade discreta dentro desse significado, a não ser que

saíssemos do campo dos racionais).

Da mesma forma, havia quatro situações-problema que continham ícones e

outras quatro que não continham ícones. Optamos por trabalhar dessa maneira

para investigar se a presença do ícone contribui ou não na resolução das

situações envolvidas nos instrumentos-diagnóstico.

Abaixo mostraremos uma tabela com o número das questões, de acordo

com o significado e o tipo de variáveis envolvida, ou seja, discreta ou contínua,

icônica ou não icônica.

7 Para melhor visualização do layout da folha ver o Anexo 1 testes diagnósticos (pré, intermediário e pós-

teste).

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QUADRO 4.2 - Distribuição das questões segundo o significado e as variáveis investigadas no

estudo.

Contínuo Discreto

não icônico não icônico

Parte-todo Q1 e Q3 Q2 e Q8 Q5 e Q4 Q6 e Q7

Quociente Q9 e Q10 Q11 e Q12

Operador multiplicativo

Q17 e Q18 Q19 e Q20 Q14 e Q15 Q13 e Q16

Medida Q25 e Q27 Q26 e Q28 Q21 e Q23 Q22 e Q24

Var. Sig.

Contínuoicônico

Discretoicônico

Todas as frações utilizadas nos instrumentos-diagnóstico foram chamadas

de frações próprias, aquelas em que o numerador é menor que o denominador.

Esta escolha baseia-se na hipótese de que a como os sujeitos investigados nunca

tiveram nenhum contato do ponto de vista formal da escola com fração, talvez, o

fato de utilizar apenas um tipo de fração, representando quantidades menores

que um facilitasse seu entendimento.

Necessário se faz dizer que a questão 12 do nosso instrumento-diagnóstico

apresenta uma fração imprópria.Isto ocorreu em razão de um erro de digitação

que somente foi percebido, após a aplicação do pré-teste. Como os testes-

diagnóstico mantiveram a mesma equivalência matemática de contexto e

questões, decidimos por manter a questão e dar uma atenção especial em nossa

análise, verificando assim o fator ordem e equivalência proposto no estudo de

Nunes et al. (2003) no que se refere às frações.

No que diz respeito as frações dos testes diagnósticos usamos as

seguintes frações: 21 ,

31 ,

41 ,

32 ,

42 ,

82 ,

43 ,

53 ,

63 ,

64 ,

84 ,

86 ,

48 .

A seguir, apresentaremos, a descrição pormenorizada de cada uma das

questões desenvolvidas nos testes, como uma análise das mesmas.

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Questão 1

PEDRO E PAULO COMPRARAM UMA PIZZA PARA DIVIDIR IGUALMENTE ENTRE ELES.

PINTE DE AZUL A PARTE QUE PEDRO COMEU E DE VERMELHO A PARTE QUE PAULO COMEU

UTILIZANDO NÚMEROS, ESCREVA QUAL A FRAÇÃO DA PIZZA QUE CADA UM COMeu.

Resposta

Esta questão aborda o significado parte-todo com quantidade contínua e

apresenta ícone para retratar a situação. O significado parte-todo é, geralmente, o

mais abordado nos livros didáticos para se introduzir o conceito de fração. Para

obter a resposta, o aluno pode utilizar o processo de dupla contagem, sendo a

quantidade de pizzas dividida o denominador e a parte que Pedro comeu, o

numerador. O ícone, pode ser um fator facilitador, pois ele retrata a situação.

Nesse caso, a criança pode fazer a divisão no próprio desenho da pizza.

Nesta questão, é possível encontrarmos as seguintes respostas:

21 dividida em 2 partes e comeu uma parte, indicando o estabelecimento

da relação parte-parte.

12 O aluno poderia ainda ter pensado de maneira correta, mas inverteu o

numerador com o denominador.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva 21

pizza ou, simplesmente, 21 , ou ainda, “meio”. Não será considerada, como

resposta correta aquela em que o aluno simplesmente passar um traço na metade

do ícone constante na questão.

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Geralmente, este significado é utilizado para introduzir o conceito de fração

e como é facilmente encontrado em livros didáticos, acreditamos que haja fortes

razões para se afirmar que os alunos não terão problemas resolver para essa

questão. Espera-se um grande número de acertos na questão.

Questão 2

ANTES QUE COMEÇASSEM A COMER CHEGARAM DOIS AMIGOS DO PAULO E DO PEDRO.

A PIZZA FOI ENTÃO OUTRA VEZ REPARTIDA IGUALMENTE ENTRE OS QUATRO AMIGOS.

NESTE CASO QUE PARTE DA PIZZA CADA UM IRÁ COMER? DESENHE ESTA SITUAÇÃO E

ESCREVA A FRAÇÃO QUE CADA UM DOS MENINOS IRÁ COMER.

Resposta

A questão refere-se ao significado Parte-todo com quantidade contínua, e

não utiliza ícone para retratar a situação, tem por objetivo verificar se o aluno

consegue, apoiada na descrição de um problema, sem ausência de figuras,

identificar o todo, as partes e, por fim, representar uma fração que exprima a

situação.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

41 indicando a obtenção correta das partes e do todo, mostrando que o

aluno pode ter se utilizado de dupla contagem, o que caracteriza o

significado parte-todo.

14 o aluno poderia ainda ter pensado de maneira correta, mas inverteu

o numerador com o denominador.

31 o aluno ao responder dessa maneira poderia estar indicando o

estabelecimento das relações parte-parte.

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Consideraremos como resposta correta, aquela que o aluno escreva 41 de

“pizza”. Não será considerada como resposta correta aquela que o aluno

simplesmente passe um traço na metade do ícone constante na questão.

Como na primeira questão, acreditamos que os alunos não terão

dificuldade em resolver a questão, pois refere-se ao significado parte-todo, e está

bem explicitado no texto: quem é o todo que foi dividido e qual número de partes

tomadas .

Questão 3

CARLOS GANHOU UMA BARRA DE CHOCOLATE. ELE CORTOU EM 6 PEDAÇOS IGUAIS E COMEU 4

PEDAÇOS. PINTE OS PEDAÇOS QUE ELE COMEU E ESCREVA A FRAÇÃO.Resposta

Esta questão enfatiza o significado parte-todo com quantidade contínua, e

utiliza ícone para retratar a situação e tem por objetivo verificar se o aluno

consegue identificar o todo, as partes e, por fim, representar uma fração que

exprima a situação.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

64 indicando que o aluno utilizou de relações parte-todo.

32 , o aluno pode ter utilizado uma relação de equivalência entre os

elementos do conjunto

46 ou

23 para essas representações, o aluno demonstra que pensou da

maneira correta, mas inverte o numerador pelo denominador.

42 o aluno pode ter pensado em relações parte-parte.

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Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva, 64

ou32 . Não será considerada como resposta correta aquela em que o aluno

apenas pintar o ícone ele deverá também escrever a fração.

Nesta questão, nossa expectativa é que os alunos não apresentem muita

dificuldade e tenham uma grande quantidade de acertos, visto que o ícone é um

fator facilitador.

Questão 4

NUMA LOJA DE PRESENTES TEM 2 BONÉS AZUIS E 1 BONÉ BRANCO, TODOS DO MESMO

TAMANHO. VOCÊ PODE ESCREVER UTILIZANDO NÚMEROS A FRAÇÃO QUE REPRESENTA A

QUANTIDADE DE BONÉ BRANCO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE BONÉS?

Resposta

Esta questão enfatiza o significado parte-todo com quantidade discreta e

utiliza ícone para retratar a situação, tem por objetivo verificar se o aluno identifica

o todo e utiliza a dupla contagem para representar a situação.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

31 indicando que o aluno utilizou a dupla contagem, o que caracteriza o

significado parte-todo.

13 para essas representação, o aluno demonstra que pensou da maneira

correta, mas inverte o numerador pelo denominador

21 indicando que o aluno pensou na relação parte-parte.

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Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva a

fração31 .

Nossa previsão é que também os alunos não apresentem dificuldades

nesta questão, visto que o ícone pode ser um fator facilitador, pois retrata de

maneira clara a situação.

Questão 5

NO RETÂNGULO ABAIXO, LAÍS PINTOU DUAS CARETINHAS. VOCÊ PODE REPRESENTAR

NUMERICAMENTE, EM FORMA DE FRAÇÃO, ESSAS CARETINHAS PINTADAS EM RELAÇÃO À

QUANTIDADE TOTAL DE CARETINHAS?

Resposta

A questão enfatiza o significado parte-todo com quantidade discreta e

utiliza ícone para retratar a situação, tem por objetivo verificar se o aluno identifica

o todo e utiliza a dupla contagem para representar a situação.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

42 indicando que o aluno está usando a relação parte-todo.

21 o aluno pode ter utilizado uma relação de equivalência entre os

elementos do conjunto.

24 ou

12 para estas representações, o aluno demonstra que pensou da

maneira correta, mas inverte o numerador pelo denominador.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva, a

fração42 ou a fração equivalente

21 .

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Como na primeira questão, acreditamos que os alunos não terão

dificuldade nessa questão, visto que o ícone pode ser um fator facilitador, pois

retrata de maneira clara a situação.

Questão 6

NUMA LOJA DE BRINQUEDOS HAVIA 5 BONECAS IGUAIS. SARA COMPROU 3 DESSAS BONECAS

PARA PRESENTEAR SUAS SOBRINHAS. QUE FRAÇÃO REPRESENTA AS BONECAS QUE SARA

COMPROU EM RELAÇÃO AO TOTAL DE BONECAS DA LOJA?Resposta

Desenho

A questão refere-se ao significado parte-todo com quantidade discreta e

não utiliza ícone para retratar a situação, tem por objetivo verificar se o aluno

identifica o todo e as partes com base na interpretação de um texto, em que o

todo deve ser considerado, como um conjunto de objetos e a parte, um de seus

subconjuntos.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

53 indicando que o aluno está usando a dupla contagem, o que enfatiza

situação parte-todo.

32 ou

23 indicando que o aluno está fazendo a relação parte-parte, ou

seja, o aluno indica 2 bonecas que sobraram na loja de brinquedo para 3

que Sara comprou ou 3 bonecas que Maria comprou para 2 que restaram

na loja .

35 o aluno demonstra que pensou da maneira correta, mas inverte o

numerador pelo denominador

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva 53 .

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Nossa previsão é que o aluno encontre um pouco mais de dificuldade nesta

questão, pelo fato de não apresentar ícone. O aluno terá de imaginar a situação,

com base na hipótese que as quantidades discretas não são muito utilizadas no

livros didáticos conforme mostram as pesquisa de Merline (2005) e Moutinho

(2005).

Questão 7

DAS 8 XÍCARAS DE UM CONJUNTO DE CHÁ, 2 ESTÃO QUEBRADAS. VOCÊ PODE ESCREVER A

FRAÇÃO QUE INDICA A QUANTIDADE DE XÍCARAS QUEBRADAS EM RELAÇÃO AO TOTAL DE

XÍCARAS?Resposta

Desenho

Esta questão refere-se ao significado parte-todo com quantidade discreta e

não utiliza ícone para retratar a situação, tem o mesmo objetivo da questão

anterior, verificar se o aluno identifica o todo e as partes a partir da interpretação

de um texto, em que o todo deve ser considerado como um conjunto de objetos e

a parte, um de seus subconjuntos.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

82 indicando que o aluno está usando a dupla contagem, o que enfatiza

situação Parte-todo

41 o aluno pode ter utilizado uma relação de equivalência entre os

elementos do conjunto.

28 ou

14 o aluno demonstra que pensou da maneira correta, mas inverte

o numerador pelo denominador.

84

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86 ou

68 o aluno está indicando que respondeu de maneira equivocada,

ou seja, 6 xícaras que restaram do conjunto que não estão quebradas

para 8 que é o total, utilizando a dupla contagem o que também

caracteriza o significado parte-todo, ou inverter o numerador com o

denominador na mesma situação.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 82

ou41 das xícaras.

Nossa previsão para esta questão é a mesma que a anterior, que o aluno

encontre um pouco mais de dificuldade, pelo fato de não apresentar ícone, e o

aluno ter de imaginar a situação. Partindo, também, da hipótese que as

quantidades discretas não são muito utilizadas nos livros didáticos.

Questão 8

NANÁ GANHOU UMA BARRA DE CHOCOLATE, PARTIU EM 3 PARTES IGUAIS E DEU 2 PARTES

PARA SUA AMIGA LUANA. VOCÊ PODE ESCREVER QUE FRAÇÃO REPRESENTA A PARTE QUE

LUANA RECEBEU EM RELAÇÃO AO TOTAL DO CHOCOLATE?Resposta

Desenho

Esta questão refere-se ao significado parte-todo com quantidade contínua

e não utiliza ícone para retratar a situação, tem por objetivo verificar se o aluno

identifica o todo e as partes a partir da interpretação de um texto, utilizando-se de

dupla contagem.

Na questão, esperamos as seguintes respostas:

32 indicando que o aluno está usando a dupla contagem, o que enfatiza

a situação parte-todo.

85

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23 o aluno demonstra que pensou da maneira correta, mas inverte o

numerador pelo denominador

31 o aluno demonstra que respondeu de maneira equivocada,

relacionando o todo e o que sobrou.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 32 .

Não será considerada como resposta correta aquela em que o aluno escrever 31 ,

pois o tipo de resposta demonstra a sobra do todo.

Nossa expectativa é que o aluno não tenha dificuldade nesta questão, visto

que, para obter a resposta, ele poderá utilizar o procedimento de dupla contagem,

a quantidade de partes do chocolate que foi dividida, como sendo o denominador

e o total de partes que Luana recebeu, representar o numerador. Ainda partindo

da hipótese que quantidades contínuas são muito abordada pelos livros didáticos,

conforme pesquisas já citadas .

Questão 9

NA MESA DO RESTAURANTE TEM 5 CRIANÇAS. A GARÇONETE SERVIU 3 TORTAS PARA DIVIDIR

IGUALMENTE ENTRE ELAS. QUAL A FRAÇÃO QUE CADA CRIANÇA IRÁ RECEBER?

Resposta

Esta questão apresenta o significado quociente, com quantidade contínua,

utilizando-se de ícone para representar a situação. O significado quociente está

presente em situações de divisão, idéia de partição. O objetivo é verificar se o

86

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aluno consegue, utilizando-se de figuras, responder à questão, operando com

grandezas contínuas.

Nesta questão, esperamos, as seguintes respostas:

53 indicando que o aluno está usando o significado quociente, ou seja, 3

chocolates para 5 crianças, o que retrata duas grandezas distintas (torta

e crianças).

35 o aluno demonstra que pensou de maneira correta, mas inverte o

numerador pelo denominador.

Consideramos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 53 da

torta.

Nossa expectativa é que os alunos tenham um pouco mais de dificuldade

nesta questão, embora seja comum as crianças vivenciarem situações que

envolvam operação de divisão por partição, mesmo antes de entrar na escola.

Questão 10

DIVIDA AS 2 BARRAS DE CHOCOLATE QUE ESTÃO DESENHADAS ABAIXO PARA 4 CRIANÇAS, DE

TAL FORMA QUE TODAS GANHEM O MESMO TANTO. QUANTO DO CHOCOLATE CADA UMA IRÁ

RECEBER?

Resposta

A questão aborda o significado quociente, com quantidade contínua,

utilizando-se de ícone para representar a situação. O significado quociente está

presente em situações de divisão, idéia de partição. O objetivo é o mesmo da

87

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questão anterior, verificar se o aluno consegue utilizando-se de figuras responder

à questão, operando com grandezas contínuas.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

42 indicando que o aluno está usando o significado quociente, ou seja, 2

chocolates para 4 crianças, o que retrata duas grandezas distintas,

(chocolate e crianças).

24 o aluno demonstra que pensou da maneira correta, mas inverte o

numerador pelo denominador.

21 aluno pode ter utilizado uma relação de equivalência.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 42

ou21 da barra de chocolate e, também, que divida corretamente as barras, ou

seja, utilizando-se do ícone.

Partimos da hipótese que a divisão por partição é dada, a partir das séries

iniciais, porém o aluno poderá não fazer conexão entre fração e divisão na

formalização da resposta. Acreditamos que os alunos também encontrarão

dificuldade nesta questão, apesar do ícone ser um fator facilitador, conduzindo-o

à resposta. Ressaltamos que isto pode ocorrer pelo fato do conceito de fração

estar para o aluno, mais ligado ao significado parte-todo. (NUNES e BRYANT,

1997).

Questão 11

AGORA DIVIDA UMA BARRA DE CHOCOLATE PARA TRÊS CRIANÇAS E PINTE A PARTE QUE UMA

DELAS IRÁ COMER.

Resposta

Desenho

88

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Esta questão aborda o significado quociente, com quantidade contínua, e

não utiliza figuras para representar a situação. O significado quociente está

presente em situações de divisão, idéia de partição. O objetivo é verificar se o

aluno consegue responder à questão, operando com grandezas contínuas, sem

utilizar ícones.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

31 indicando que o aluno está usando o significado quociente, ou seja, 1

chocolate para 3 crianças, o que retrata duas grandezas distintas,

(chocolate e crianças).

13 o aluno demonstra que pensou da maneira correta, mas inverte o

numerador pelo denominador.

32 o aluno demonstra que respondeu de maneira equivocada,

relacionando o que sobrou do chocolate que foi dividido para 3 crianças.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva 31

da barra ou, simplesmente, a que o aluno apenas pinte e divida o ícone

corretamente. Não será considerada correta aquela que o aluno simplesmente

passar traços no ícone constante na questão.

Como na questão anterior, acreditamos que o aluno poderá ter dificuldade

para responder esta questão, e o outro fator que poderá tornar a questão mais

complexa, é o fato de não aparecer o ícone, o aluno terá de imaginar e desenhar

a situação.

Questão 12

LANA TEM 8 BARRAS DE CEREAIS. ELA VAI DIVIDIR IGUALMENTE PARA 4 CRIANÇAS. VOCÊ

PODE ESCREVER QUE FRAÇÃO CADA CRIANÇA IRÁ RECEBER?

Resposta

Desenho

89

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Esta questão aborda o significado quociente com quantidade contínua, e

não utiliza ícones para representar a situação. O significado quociente está

presente em situações de divisão, idéia de partição. O objetivo é verificar se o

aluno encontra a solução, baseando-se na descrição do problema.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

48 indicando que o aluno está usando o significado quociente, ou seja, 8

barras de cereais para 4 crianças, o que retrata duas grandezas distintas,

(cereais e crianças), caracterizando o significado quociente.

84 o aluno demonstra que pensou da maneira correta, mas inverte o

numerador pelo denominador .

82 este tipo de resposta nos traz uma hipótese que o aluno possa ter

utilizado do significado parte-todo, ou seja, cada criança receberá 2

pedaços dos 8 cereais.

28 o aluno poderá responder invertendo o numerador pelo denominador.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 48 ,

24 ou 2 da barra de cereais.

Há fortes indícios que teremos nesta questão uma grande quantidade de

acertos.

Questão 13

SILAS COMPROU 6 BALÕES. DESSES BALÕES 21

SÃO VERMELHOS. ESCREVA QUANTOS

BALÕES SÃO VERMELHOS.

Resposta

Desenho

90

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A questão envolve o significado operador multiplicativo, com quantidade

discreta e não utiliza ícone para representar a situação. O objetivo da questão é

que o aluno encontre a solução, baseando-se na descrição do problema.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

3 indica que o aluno utilizou o significado operador.

21 , possivelmente, o aluno tenha utilizado apenas dados do enunciado.

63 o aluno utilizou da estratégia parte-todo, ou seja, 3 balões de um total

de 6.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva ou

circule 3 dos balões.

Há grandes indícios que o aluno não terá dificuldade para responder esta

questão, tendo uma grande quantidade de acertos.

Questão 14

CARLA GANHOU 64

DAS BOLAS ABAIXO. CIRCULE QUANTO ELA GANHOU.

Resposta

A questão enfatiza o significado operador Multiplicativo com quantidade

discreta e apresenta ícone para retratar a situação. O objetivo da questão é que o

aluno represente a solução da situação, operando com o ícone.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

o aluno circule 4 das 6 bolinhas apresentadas,

91

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Consideraremos como resposta correta aquela em que aluno escreva ou

circule as 4 bolas.

Há fortes indícios que o aluno não terá dificuldade em responder, pois a

situação fornece de maneira explícita todos os elementos para resolução.

Questão 15

FÁBIO TINHA 6 BOLAS. ELE ORGANIZOU AS BOLAS EM DOIS GRUPOS. UM GRUPO ERA DE

BOLAS AZUIS E OUTRO DE BOLAS AMARELAS. QUAL A FRAÇÃO QUE REPRESENTA AS BOLAS

AMARELAS EM RELAÇÃO AO TOTAL DE BOLAS?

Resposta

A questão enfatiza o significado operador multiplicativo com quantidade

discreta e apresenta ícone para retratar a situação. O objetivo da questão é que o

aluno represente a solução da situação, operando com o ícone.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

63 tudo indica que o aluno considerou o conjunto como sendo uma parte.

21 há claras evidências que o aluno se utilizou da estratégia operador

multiplicativo, pois teríamos 1 que representa o grupo de bolas amarelas

e 2 que representam o total de grupos.

62 indicam que o aluno utilizou do significado parte todo, ou seja, dois

grupos de um total de 6 bolas.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva 63

ou21 das bolas.

92

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Nossa expectativa é que haja pouco erros nesta questão, pois o ícone será

um fator facilitador.

Questão 16

AGORA FÁBIO TEM 8 BOLAS, ORGANIZADAS EM QUATRO GRUPOS. TRÊS GRUPOS SÃO DE

BOLAS VERDES E UM DE BOLA AMARELA. QUAL A FRAÇÃO QUE REPRESENTA AS BOLAS

VERDES EM RELAÇÃO AO TOTAL DE BOLAS?

Resposta

Desenho

Esta questão enfatiza o significado operador multiplicativo com quantidade

discreta e não apresenta ícone para retratar a situação. O objetivo da questão é

que o aluno encontre a solução, baseando-se na descrição do problema.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

43 tudo indica que o aluno operou, utilizou-se da estratégia de operador

multiplicativo.

86 tudo indica que o aluno utilizou-se do significado parte todo.

83 indicam que o aluno utilizou o significado parte-todo, pois 3

representariam 3 grupos de bolas verdes e de um total de 8 bolas.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva 43 ,

ou ainda, 86 das bolas verdes.

Pressupõe-se que o aluno terá dificuldades para responder esta questão,

pelo fato de precisar encontrar a solução, baseando-se na descrição do problema,

sem a ajuda do ícone.

93

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Questão 17

LULU GANHOU UM CHOCOLATE E COMEU 53 . PINTE A QUANTIDADE DE CHOCOLATE QUE

LULU COMEU. Resposta

A questão apresenta o significado operador multiplicativo com quantidade

contínua, e apresenta um ícone. O objetivo é que o aluno utilize o ícone para

responder o problema.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

o aluno indique ou pinte, de alguma forma, 3 das 5 partes que deverão

representar o chocolate inteiro.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno divida o

ícone corretamente em 5 partes iguais e pinte 3 partes. Não será considerada

como resposta correta, aquela em que o aluno simplesmente escrever

simplesmente53 da barra.

Pressupõe que, geralmente, o conceito de fração é introduzido e

trabalhado com figuras geométricas (retângulos, círculos) que apresentam

chocolate, pizza. Acreditamos que o ícone seja tido como fator facilitador para que

o aluno compreenda a questão.

Questão 18

A TIA DE SANDRA FEZ BOLOS DE MORANGO E CHOCOLATE. QUE FRAÇÃO REPRESENTA OS

BOLOS DE MORANGO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE BOLOS?

Resposta

94

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A questão enfatiza o significado operador multiplicativo com quantidade

contínua e apresenta um ícone. O objetivo é que o aluno utilize o ícone para

responder ao problema.

Nesta questão, esperamos as seguintes respostas:

82 provalvemente, o aluno utilizou da dupla contagem, o que caracteriza o

significado parte-todo.

41 o aluno utilizou o operador multiplicativo.

62 provalvemente, o aluno utilizou a relação parte-parte.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escrever

82 ou

41 do bolo de morango.

Nesta questão, pressupõe-se que o aluno não encontre dificuldade em

responder a questão pois, o ícone pode ser um fator facilitador.

Questão 19

A MÃE DE CARLOS FEZ 1 TORTA DE MORANGO E 3 CHOCOLATE. QUE FRAÇÃO DO CONJUNTO

DE TORTAS REPRESENTA AS TORTAS DE CHOCOLATE COM RELAÇÃO AO TOTAL DE TORTAS

QUE A MÃE DE CARLOS FEZ?

Resposta

Desenho

Esta questão refere-se ao significado operador multiplicativo, contínuo e

não utiliza ícone para apresentar a situação. O objetivo é que o aluno, a partir da

descrição do problema, consiga sem utilização do ícone operar sobre a grandeza

contínua.

Nesta questão, esperamos as possíveis respostas:

95

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43 o aluno utilize-se do significado operador multiplicativo

34 o aluno indique que pensou corretamente, mas inverteu o numerador

com o denominador.

31 o aluno utilize-se da estratégia parte-parte, ou usou apenas o

enunciado do problema para responder à questão.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno,

simplesmente, escreva 43 do total das tortas.

Como na questão anterior, acreditamos que o aluno poderá ter dificuldade

para responder esta questão pelo fato do não ter o ícone para representar a

situação.

Questão 20

CARLOS DEU 84

DO QUEIJO PARA 8 CRIANÇAS.

DESENHE ABAIXO O NÚMERO CERTO DE CRIANÇAS E DE QUEIJO, DE TAL FORMA QUE CADA

CRIANÇA RECEBA OS 84

DE QUEIJO QUE CARLOS DEU.

Resposta

Desenho

Esta questão refere-se ao significado operador multiplicativo com

quantidade contínua e não utiliza ícone para apresentar a situação. O objetivo da

questão é que o aluno encontre a solução baseando-se na descrição do

problema.

Nesta questão, esperamos as possíveis respostas:

há fortes indícios que o aluno desenhe 8 queijos e quatro crianças, e

divida o queijo, usando a situação parte-parte.

Desenhe utilizando a estratégia operador 21 ou

84 .

96

Page 98: UnEncryptedMaria da Conceicao de Oliveira Malaspina da Conceicao de Oliveira... · pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo pucp/sp maria da conceiÇÃo de oliveira malaspina

Consideraremos como resposta correta, aquela que o aluno desenhe a

situação.

Há claras evidências que haverá uma pequena quantidade de erros nesta

questão, visto que o aluno utilizar-se-á da dupla contagem.

Questão 21

NUM SAQUINHO HÁ 6 BOLAS DE GUDE. 4 DESSAS BOLAS SÃO AZUIS E DUAS SÃO VERDES.

QUAL A CHANCE DE ALGUÉM, SEM OLHAR, PEGAR UMA BOLA AZUL NESSE SAQUINHO?

Resposta

Esta questão refere-se ao significado medida, com quantidade discreta e

utiliza ícone para apresentar a situação. O significado medida desta questão

envolve fração e refere-se a quantidades extensivas, nas quais a quantidade é

medida pela relação de duas variáveis. A probabilidade de um evento é medida

pelo quociente número de casos favoráveis, dividido pelo número de casos

possíveis. Portanto, a probabilidade de um evento varia de 0 a 1 e a maioria do

valores com os quais trabalhamos, é fracionária. O objetivo da questão é que o

aluno com base na descrição do problema consiga chegar à solução utilizando-se

do ícone.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

64 para esta resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da fração com

o significado de medida, ou seja, a chance de tirar 4 bolas azuis do

saquinho.

46 acreditamos que ao aluno pensou certo, mas fez a inversão do

numerador com o denominador

97

Page 99: UnEncryptedMaria da Conceicao de Oliveira Malaspina da Conceicao de Oliveira... · pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo pucp/sp maria da conceiÇÃo de oliveira malaspina

31 para este tipo de resposta, há fortes indícios que o aluno pode ter

simplificado a fração.

13 acreditamos que para este tipo de resposta, o aluno tenha invertido o

numerador com o denominador.

Consideraremos como resposta correta, aquela que o aluno escreva 64 ou

31 das bolas azuis ou, simplesmente,

64 .

Possivelmente, acreditamos que o ícone será um grande facilitador nesta

questão, havendo, desta forma, um grande índice de acertos.

Questão 22

VAMOS IMAGINAR QUE ALGUÉM TIROU AS BOLAS AZUIS E VERDES E QUE COLOCOU NO

SAQUINHO AGORA 2 BOLAS BRANCAS E 2 BOLAS PRETAS. QUAL A CHANCE DE ALGUÉM, SEM

VER, TIRAR DO SAQUINHO UMA BOLA BRANCA?Resposta

Desenho

Esta questão envolve o significado medida com quantidade discreta, e não

utiliza ícone para apresentar a situação. O significado medida desta questão

envolve fração e refere-se a quantidades extensivas, nas quais a quantidade é

medida pela relação de duas variáveis. A probabilidade de um evento é medida

pelo quociente número de casos favoráveis dividido pelo número de casos

possíveis. Portanto, a probabilidade de um evento varia de 0 a 1 e a maioria do

valores com os quais trabalhamos é fracionária. O objetivo da questão é que o

aluno com base na descrição do problema consiga chegar. Objetivo é que o

aluno, apoiado na descrição do problema, consiga sem utilização da figura chegar

à solução.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

98

Page 100: UnEncryptedMaria da Conceicao de Oliveira Malaspina da Conceicao de Oliveira... · pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo pucp/sp maria da conceiÇÃo de oliveira malaspina

42 para esta reposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da fração com o

significado de medida, ou seja, a chance de tirar 4 bolas azuis do

saquinho.

24 acreditamos que o aluno pensou certo, mas fez a inversão do

numerador com o denominador

42 para este tipo de resposta, há fortes indícios que o aluno pode ter

simplificado a fração

24 acreditamos que, para este tipo de resposta, o aluno tenha invertido o

numerador com o denominador.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 42

ou21 das bolas brancas.

Acreditamos que os alunos poderão para responder esta questão, pelo fato

de não ter o ícone para representar a situação. Nossa previsão é que tenha um

grande número de erros.

Questão 23

OBSERVE O BARALHO.

QUAL A CHANCE DE TIRAR UMA CARTA AZUL NESTE BARALHO?

Resposta

A questão envolve o significado medida com quantidade discreta e

apresente ícone para retratar a situação. O significado medida nesta questão

envolve fração e refere-se a quantidades extensivas, nas quais a quantidade é

medida pela relação de duas variáveis. A probabilidade de um evento é medida

99

Page 101: UnEncryptedMaria da Conceicao de Oliveira Malaspina da Conceicao de Oliveira... · pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo pucp/sp maria da conceiÇÃo de oliveira malaspina

pelo quociente número de casos favoráveis, 2 cartas brancas, dividido pelo

número de casos possíveis, total de cartas de 5 cartas. Portanto, a probabilidade

de um evento varia de 0 a 1 e a maioria do valores com os quais trabalhamos, é

fracionária. O objetivo da questão é que o aluno utilize o ícone para conseguir

chegar à solução do problema.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

53 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da

fração com o significado de medida, ou seja, a chance de tirar carta azul

neste baralho é de 3 em 5.

35 acreditamos que o aluno pensou certo, mas fez a inversão do

numerador com o denominador.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 53

das cartas azuis.

Nossa expectativa é que uma grande quantidade de alunos não tenha

dificuldade para resolver a questão, pois o ícone é um fator facilitador.

Questão 24

NA ESCOLA DE PAULO FOI FEITO UM SORTEIO COM 8 BILHETES PARA UM PASSEIO. PAULO

TINHA COMPRADO 4 DESSES 8 BILHETES. QUAL A CHANCE DE PAULO SER SORTEADO?

Resposta

Desenho

A questão envolve o significado medida com quantidade discreta e

apresenta ícone para retratar a situação. O significado medida desta questão

envolve fração e refere-se a quantidades extensivas, nas quais a quantidade é

medida pela relação de duas variáveis. A probabilidade de um evento é medida

pelo quociente número de casos favoráveis, total dos bilhetes comprados por

Paulo dividido pelo número de casos possíveis, total de bilhetes feito o sorteio,

100

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portanto, a probabilidade de um evento varia de 0 a 1 e a maioria do valores com

os quais trabalhamos, é fracionária. O objetivo da questão é que o aluno sem

utilizar o ícone consiga por meio da descrição do problema, solucioná-lo.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

84 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da

fração com o significado de medida, ou seja, a chance de tirar carta azul

neste baralho é de 3 em 5.

48 acreditamos que o aluno pensou certo, mas fez a inversão do

numerador com o denominador .

41 ou

42 para este tipo de resposta, há fortes indícios que o aluno pode

ter simplificado a fração.

Consideraremos como resposta correta aquela que o aluno escreva 84 ou

41 ou

42 dos bilhetes.

Nossa expectativa é que haja um grande número de alunos nessa questão,

por ser uma situação muito ligada ao cotidiano, apesar do ícone não estar

presente na situação.

Questão 25

UM PINTOR MISTUROU 3 LITROS DE TINTA PRETA COM 1 LITRO DE TINTA BRANCA. QUE

FRAÇÃO DA MISTURA REPRESENTA A TINTA BRANCA EM RELAÇÃO AO TOTAL DE TINTA?

Resposta

Esta questão envolve o significado medida com quantidade contínua e

apresenta ícone para retratar a siituação. O significado medida desta questão

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Page 103: UnEncryptedMaria da Conceicao de Oliveira Malaspina da Conceicao de Oliveira... · pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo pucp/sp maria da conceiÇÃo de oliveira malaspina

envolve fração e refere-se a quantidades intensivas, nas quais a quantidade é

medida pela mistura das duas tintas branca e preta. O objetivo da questão é que

o aluno utilize o ícone para conseguir chegar à solução do problema.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

41 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da

fração com o significado de medida, ou seja,

14 acreditamos que ao aluno pensou certo, mas fez a inversão do

numerador com o denominador .

31 há fortes indícios que, para este tipo de resposta, o aluno utilizou-se

da relação parte-parte.

Consideraremos como resposta correta, aquela que o aluno escreva 41 da

tinta branca em relação ao total da mistura.

Nossa expectativa é que grande número de alunos acerte a questão, pois o

ícone pode ser um fator facilitador.

Questão 26

PARA FAZER UMA JARRA DE SUCO DE CAJU, CARLA MISTURA 1 LITRO DE ÁGUA E 2 LITROS DE

CONCENTRADO DE CAJU. VOCÊ PODE ESCREVER QUE FRAÇÃO REPRESENTA O

CONCENTRADO DE CAJU EM RELAÇÃO AO TOTAL DA MISTURA?

Resposta

Desenho

A questão envolve o significado medida com quantidade contínua e não

apresenta ícone para retratar a situação. O significado medida desta questão

envolve fração por se referir a quantidades intensivas – concentrado de caju e

água, isto é, para obter o suco o aluno terá de misturar 1 litro de água para 2 litros

de concentrado de caju. Além disso, esta quantidade nos remete á idéia de

102

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fração, considerando que o todo (o suco) é constituído de 3 partes, sendo 32 a

fração que corresponde à medida de concentrado de caju no suco e, 31 é também

a fração que corresponde à medida de água no suco.

Nesta questão, esperamos as possíveis respostas:

3

1 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da

fração com o significado de medida

13 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno pensou de

maneira coerente, porém inverteu o numerador com o denominador.

12 ou

21 acreditamos que ao responder desta forma, o aluno pode ter

pensado na relação parte-parte, ou seja, 2 partes do concentrado de caju

para 1 parte de água ou vice-versa.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 32

do concentrado de caju em relação ao total da mistura.

Nossa expectativa é que grande número de alunos não acerte a questão,

pois o fato do ícone não ser apresentado, pode ser um fator de complexidade.

Questão 27

PARA PREPARAR UMA JARRA DE DE REFRESCO DE UVA, CLÁUDIA NECESSITA DE UM COPO

DE CONCENTRADO DE UVA E UM COPO DE ÁGUA. VOCÊ PODE ESCREVER QUE FRAÇÃO

REPRESENTA O CONCENTRADO DE UVA EM RELAÇÃO A MISTURA TOTAL?

Resposta

103

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A questão envolve o significado medida com quantidade contínua e

apresenta ícone para retratar a situação. O significado medida desta questão

envolve fração por se referir a quantidades intensivas – concentrado de uva e

água, isto é, para obter o suco, o aluno terá que misturar 1 litro de água para 1

litro de concentrado de uva. Além disso, essa quantidade nos remete à idéia de

fração, considerando que o todo (o suco) é constituído de 2 partes, sendo 21 a

fração que corresponde à medida de concentrado de uva no suco e, 21 é também

a fração que corresponde à medida de água no suco.

Nesta questão, esperamos as possíveis respostas:

21 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da

fração com o significado de medida

12 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno pensou de

maneira coerente, porém inverteu o numerador com o denominador.

11 acreditamos que, ao responder desta forma, o aluno pode ter pensado

na relação parte-parte, ou seja, 1 parte do concentrado de uva para 1

parte de água.

Consideraremos como resposta correta aquela em que o aluno escreva 21

do concentrado de uva em relação à mistura total.

Nossa expectativa é que grande número de alunos acerte a questão, pois o

fato do ícone ser apresentado, pode ser um fator de facilitador

Questão 28

PARA FAZER UM CIMENTADO UM PEDREIRO MISTURA DUAS LATAS DE CIMENTO COM 6 LATAS

DE AREIA. QUAL A FRAÇÃO REPRESENTA AS LATAS DE CIMENTO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE

LATAS DA MISTURA?Resposta

Desenho

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A questão envolve o significado medida com quantidade contínua e não

apresenta ícone para retratar a situação. O significado medida desta questão

envolve fração por se referir a quantidades intensivas – cimento e areia, isto é,

para obter o cimentado o pedreiro terá de misturar 2 latas de cimento, para 6 latas

de areia. Além disso, essa quantidade nos remete à idéia de fração, considerando

que o todo (a mistura) é constituído 8 partes, sendo 82 a fração que corresponde

à medida do cimento e, 86 é também a fração corresponde a medida da areia no

cimentado.

Nesta questão, é possível encontrar as seguintes respostas:

82 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno utilizou-se da

fração com o significado de medida, ou seja, 2 partes de cimento para 8

partes da mistura (o total).

81 para este tipo de resposta, acreditamos que o aluno pensou de

maneira coerente, porém inverteu o numerador com o denominador.

62 ou

26 acreditamos que ao responder desta forma, o aluno pode ter

pensado na relação parte-parte, ou seja, 2 latas de cimento para 6 latas

de areia.

Consideraremos como resposta correta, aquela em que o aluno escreva, a

fração82 do cimento ou a fração equivalente

41 .

Nossa expectativa é que grande número de alunos não acerte a questão,

pois o fato do ícone não ser apresentado, pode ser um fator de complexidade.

Tendo apresentado uma análise prévia das questões, passaremos agora,

para segunda etapa do estudo.

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4.4.2 Materiais da Etapa : A Intervenção

O material da intervenção de ensino constou de 12 situações-problema

envolvendo os quatro significados da fração (parte-todo, operador multiplicativo,

medida e quociente). Foram também consideradas e controladas nos problemas

as variáveis de quantidade (contínua e discreta) e de representação (icônica e

não icônica). Para cada significado, trabalhamos com seis situações-problema,

sendo que três delas envolveram variáveis contínuas e as outras três variáveis

discretas (com exceção do significado quociente que, como já foi dito, não

conseguimos elaborar situações que envolvessem quantidades discretas).

Ainda na intervenção, utilizamos fichas de atividades individuais entregues

aos alunos e material manipulativo que descreveremos, a seguir.

Fichas de atividades

Foram preparadas quatro fichas de atividades distintas, cada uma referente

a um dos significados. Cada ficha de atividade constitui-se de uma folha de papel

A4, constando apenas uma linha na parte superior da folha para identificação do

aluno, seguida da identificação do significado da fração que seria trabalhado já

impresso, o restante da folha foi dividida em uma tabela com seis linhas e duas

colunas, de modo que cada célula estava destinada para que o aluno resolvesse

nela a questão8, conforme mostra a figura abaixo:

QUADRO 4.3 - Fichas de atividades distribuídas aos alunos do Ge

Nome Nome Nome Nome Parte-todo Quociente Operador-Multiplicativo Medida 1- 7- 1- 1- 7- 1- 7- 2- 8- 2- 2- 8- 2- 8- 3- 9- 3- 3- 9- 3- 9- 4- 10- 4- 4- 10- 4- 10- 5- 11- 5- 5- 11- 5- 11- 6- 12- 6- 6- 12- 6- 12-

8 Para melhor visualização do layout da folha, ver Anexo 2.

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Material manipulativo

O material manipulativo utilizado, constitui-se de figuras construídas em

cartolina branca em papel sulfite que estavam recortadas em forma de pizzas,

hexágonos, octógonos, bolos, tortas, bonecos e barras de chocolates ainda

levamos cartas de baralho, saquinho contendo bolas de gude, bexigas, caixinhas

de gelatina e saquinhos de refrescos de 200 ml.

4.5 PROCEDIMENTO

Descreveremos o procedimento do estudo segundo suas duas etapas,

iniciando pela etapa , referente às aplicações dos instrumentos-diagnóstico (pré-

teste, teste intermediário e pós-teste) e em seguida a etapa que diz respeito à

intervenção de ensino, tendo participado somente o grupo GE, conforme foi citado

anteriormente.

No que diz respeito à etapa , diagnóstica dos dois grupos GE e GC, foi

desenvolvida em sala de aula convencional no período normal de aula, com a

presença da pesquisadora e da professora da sala que fez o papel de

observadora. Já a etapa , que se refere à intervenção, foi feita em outro

ambiente da própria escola; no caso, a sala da biblioteca e os encontros foram

gravados e só contou com a presença da pesquisadora.

A seguir, descrevemos cada uma das etapas.

4.5.1 Etapa : Aplicação dos Instrumentos-diagnóstico

Esta etapa subdividiu-se em três fases: aplicação do pré-teste, teste

intermediário e pós-teste.

O pré-teste constitui-se de 28 situações-problema, no que tange aos

significados de frações (Nunes et al., 2003) – parte-todo, operador multiplicativo,

quociente e medida, bem como sua representação fracionária b

a (a , b ,

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com b 0), contemplando, também as variáveis contínuas versus discretas,

icônicas versus não icônicas, que foram entregues aos alunos.

O teste foi aplicado coletivamente em cada uma das classes, com os

alunos e lido pela pesquisadora em voz alta, mas, resolvido individualmente por

cada um dos participantes, no contexto papel e lápis. Isto é sem o uso do material

manipulativo.

O objetivo de ler as questões foi de não gerar dúvidas na leitura, a fim de

que os alunos pudessem se ater em concentrar na resolução das questões.

O momento da aplicação do pré-teste em ambos os grupos, foi antecedido

por uma conversa em que foram explicados o objetivo do trabalho e sua

importância no âmbito da pesquisa. Enfatizamos que os alunos não se

preocupassem com acertos e erros ou notas, pois estes não eram o enfoque da

pesquisa. Por isso, era muito importante que ficassem bem à vontade,

procurassem não deixar questões sem resolver. Antes de iniciarmos à leitura, nos

vimos forçados a introduzir uma situação do dia das crianças que utilizamos

frações, isto aconteceu tanto no GE como no GC. Demos como exemplo a fração

meio. Solicitamos aos alunos que respondem as questões, à medida que fossem

lidas e procurassem resolver todas sem deixar nada em branco.

Esclarecemos que, no decorrer das atividades, se algum aluno ainda

sentisse alguma dúvida com relação ao entendimento do que a questão

objetivava, faríamos a devida explicação, de modo que esta não interferisse na

resposta do aluno.

Após as devidas explicações, para cada aluno presente foi distribuído um

“livrinho” de questões, para que todos colocassem seus respectivos nomes.

Idades e série e iniciassem o teste.

O primeiro grupo a responder o pré-teste foi GE, logo, em seguida o GC.

Nas duas salas, a aplicação do teste variou entre 90 a 120 minutos e contemplou

toda a sala.

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Cabe ressaltar que, antes da aplicação do teste intermediário planejamos

um encontro com os alunos GE, no qual foi feita a intervenção com cada

subgrupo (GE1, GE2, GE3, GE4) e foi dado um significado de fração que

detalharemos na aplicação da intervenção.

O teste intermediário, como já foi dito nas seções anteriores, manteve a

mesma equivalência de contexto e questões. Este também foi aplicado

coletivamente e respondido individualmente, seguindo o mesmo procedimento do

pré-teste sem o uso do material manipulativo em um período aproximado de duas

horas.

Antes da aplicação do pós-teste tivemos o segundo encontro com o grupo

GE, no qual novamente cada um dos grupos (GE1, GE2, GE3, e GE4) passou por

outra intervenção que será detalhada também na próxima seção.

Antes de apresentarmos a intervenção de ensino, se faz necessário relatar

a respeito do tempo total gasto no desenvolvimento do estudo que foi de 15 dias.

O pré-teste foi aplicado em ambos os grupos na segunda semana do mês de

março, a intervenção de ensino foi aplicada no GE logo nos dias seguintes. O

pós-teste foi aplicado nos dois grupos, após o término das intervenções.

4.5.2 Etapa : Aplicação da Intervenção de Ensino

A aplicação da intervenção dividiu-se em dois momentos: o momento de

resolução do problema e o momento de discutir as soluções encontradas nas

situações-problema.

Como já foi citado anteriormente na seção 4 3.2, o GE foi subdividido em

quatro subgrupos (GE1, GE2, GE3, e G4).

Cada um desses grupos passou por duas intervenções, totalizando dois

encontros que serão detalhados ainda nesta seção com uma duração de 90

minutos cada um. A aplicação do significados para cada grupo foi feita

aleatoriamente.

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Abaixo mostraremos uma tabela com os grupos e os significados

distribuídos em cada uma das intervenções.

TABELA 4.1 - Distribuição dos significados por subgrupo na intervenção

Sig.Grupos Parte-todo Quociente Oper. Multip. Medida

GE1 1ª Intervenção 2ª Intervenção

2ª Intervenção

2ª Intervenção

2ª Intervenção

GE2 1ª Intervenção

GE3 1ª Intervenção

GE4 1ª Intervenção

Na aplicação retirava um grupo por vez da sala de aula e este era levado à

biblioteca, onde discutíamos o objeto do estudo. Neste espaço, os alunos ficavam

sentados em uma mesa-redonda, contendo o material manipulativo necessário e,

também era disponibilizado para cada aluno do grupo uma ficha individual para

que respondesse às questões. Ressaltamos que nem todas as questões podiam

ser utilizadas o material manipulativo.

A pesquisadora lia a questão a ser respondida, para que não houvesse

dúvida quanto ao enunciado.

Os questionamentos feitos durante a aplicação eram no sentido de

promover e garantir a reflexão e o entendimento do objeto estudado. Em nenhum

momento, interferirmos com respostas ou afirmações que levassem à solução.

Cabe ressaltar que a todo momento sempre procuramos trabalhar com os

alunos em grupo, pois, acreditamos que a “interação entre alunos desempenha

um papel fundamental no desenvolvimento das capacidades cognitivas, afetivas e

de inserção social”. (PCN BRASIL, 1998, p. 38).

O PCN (BRASIL, 1998, p. 39) ainda ressalta que trabalhar coletivamente

favorece o desenvolvimento de capacidades como:

Perceber que, além de buscar a solução para uma situação proposta, devem cooperar para resolvê-la e chegar a um consenso;

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Saber explicar o próprio pensamento e procurar compreender o pensamento do outro;

Discutir as dúvidas, supor que as soluções dos outros podem fazer sentido e persistir na tentativa de construir suas próprias idéias.

Durante o desenvolvimento das atividades, além do material manipulativo

descrito, os alunos utilizaram lápis e borracha.

A seguir detalharemos os encontros da intervenção, destacando apenas o

momento do GE, visto que já foi falado que o GC não participou desta etapa.

1º Encontro

O primeiro encontro teve duração de 90 minutos. Cada uma das questões

envolvidas no encontro foi lida pela pesquisadora e resolvida pelos alunos do

grupo GE1. O encontro foi áudio-gravado. A seguir, detalharemos as doze

questões.

QUADRO 4.4 – Atividade 1 desenvolvida na intervenção com Ge1

1- SALETE TINHA UMA BARRA DE CHOCOLATE. ELA CORTOU EM 2 PEDAÇOS DE MESMO TAMANHO E COMEU

1 PEDAÇO. VOCÊ PODE ESCREVER, USANDO NÚMEROS, A FRAÇÃO DO CHOCOLATE QUE SALETE

COMEU?

2- E SE SALETE TIVESSE CORTADO O CHOCOLATE DELA, EM 3 PEDAÇOS DO MESMO TAMANHO E COMESSE

1 PEDAÇO? COMO VOCÊ ESCREVERIA A FRAÇÃO DE CHOCOLATE QUE SALETE COMEU?

3- VAMOS IMAGINAR AGORA QUE SALETE PEGOU O MESMO CHOCOLATE E CORTOU EM 4 PEDAÇOS IGUAIS

E COMEU 1 PEDAÇO. COMO VOCÊ ESCREVERIA A FRAÇÃO QUE SALETE COMEU?

4- LARISSA FOI À PIZZARIA E PEDIU UMA PIZZA. ELA DIVIDIU A PIZZA EM 5 PEDAÇOS IGUAIS E COMEU 1

PEDAÇO. QUAL A FRAÇÃO QUE LARISSA COMEU?

5-NA MESA DE RESTAURANTE, TEM 3 CRIANÇAS. A GARÇONETE SERVIU DUAS TORTAS PARA DIVIDIR

IGUALMENTE ENTRE ELAS. QUAL FRAÇÃO QUE CADA CRIANÇA IRÁ RECEBER?

6- AGORA IMAGINE QUE SÃO 5 CRIANÇAS QUE ESTÃO SENTADAS NA MESA DO RESTAURANTE. E A

GARÇONETE CHEGOU E SERVIU DUAS TORTAS PARA DIVIDIR IGUALMENTE ENTRE ELAS. QUAL FRAÇÃO

QUE CADA CRIANÇA IRÁ RECEBER?

7- CASCÃO DESENHOU 8 CARETINHAS E PINTOU DUAS DAS CARETINHAS. VOCÊ PODE REPRESENTAR

NUMERICAMENTE, EM FORMA DE FRAÇÃO, ESSAS CARETINHAS PINTADAS EM RELAÇÃO À QUANTIDADE

TOTAL DE CARETINHAS?

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8- NUMA LOJA DE BRINQUEDOS, HAVIA 4 BONECAS IGUAIS. LANA COMPROU 3 DESSAS BONECAS PARA

PRESENTEAR SUAS SOBRINHAS. QUE FRAÇÃO REPRESENTA AS BONECAS QUE LANA COMPROU EM

RELAÇÃO AO TOTAL DE BONECAS DA LOJA?

9- VAMOS IMAGINAR AGORA QUE NA LOJA HÁ 6 BONECAS IGUAIS. LANA COMPROU 3 DESSAS BONECAS

PARA PRESENTEAR SUAS SOBRINHAS. QUE FRAÇÃO REPRESENTA AS BONECAS QUE LANA COMPROU EM

RELAÇÃO AO TOTAL DE BONECAS DA LOJA?

10- DAS 8 XÍCARAS DE UM CONJUNTO DE CHÁ, 3 ESTÃO QUEBRADAS. VOCÊ PODE ESCREVER A FRAÇÃO

QUE INDICA A QUANTIDADE DE XÍCARAS QUEBRADAS EM RELAÇÃO AO TOTAL DE XÍCARAS?

11-CARLA FEZ UMA FIGURA E DIVIDIU EM 6 PARTES IGUAIS. DEPOIS PINTOU ALGUMAS PARTES DESSA

FIGURA. VOCÊ SABE ESCREVER QUANTAS PARTES DO DESENHO ELA PINTOU EM RELAÇÃO AO

DESENHO TODO?

12-IMAGINE QUE CARLA FEZ OUTRA FIGURA E DIVIDIU EM 8 PARTES IGUAIS. DEPOIS PINTOU 4 PARTES

DESSA FIGURA. VOCÊ SABE ESCREVER QUANTAS PARTES DO DESENHO ELA PINTOU EM RELAÇÃO AO

DESENHO TODO?

Esta atividade envolveu o significado parte-todo, teve por objetivo, mostrar

aos alunos situações, envolvendo frações com este significado. As questões 1, 2,

3, 4, 5, 6 envolveram frações com quantidades contínuas. Quanto às questões 7,

8, 9, 10, 11, 12 envolveram as quantidade discretas.

Para responder as questões 4, 5, 6, 10, 11, 12, os alunos poderiam utilizar

os materiais manipulativos.

Depois de respondida todas as questões, passávamos para o momento da

discussão, primeiramente, com cada aluno lendo sua resposta individual para

todo o grupo e, em seguida, nosso questionamento para às soluções

encontradas.

Terminado esse primeiro momento com esse grupo, levamo-os à sua

referida sala e retiramos GE2.

Para o GE2 foram desenvolvidas, também, doze questões, envolvendo o

significado operador multiplicativo. Abaixo descrevo as questões.

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QUADRO 4.5 - Atividade 2 desenvolvida na intervenção com o Ge2

1- CAIO TINHA 6 CHOCOLATES. DESSES CHOCOLATES, ELE COMEU ½. VOCÊ PODE ESCREVER, QUANTOS

CHOCOLATES ELE COMEU?

2- CAIO FEZ 1 GELATINA DE MORANGO E 2 GELATINAS DE MARACUJÁ. QUE FRAÇÃO DO CONJUNTO DAS

GELATINAS REPRESENTA A GELATINA DE MORANGO EM RELAÇÃO AO TOTAL DE GELATINAS.

3- A MÃE DE SUELY FEZ 3 TORTAS DE CHOCOLATE E 1 DE COCO. QUE FRAÇÃO DO CONJUNTO DE TORTAS

REPRESENTA A TORTA DE COCO COM RELAÇÃO AO TOTAL DE TORTAS QUE A MÃE DE SUELY FEZ?

4- E SE A MÃE DE SUELY TIVESSE FEITO 4 TORTAS DE CHOCOLATE E 1 DE CÔCO. QUE FRAÇÃO DO

CONJUNTO DE TORTAS REPRESENTA A TORTA DE CÔCO COM RELAÇÃO AO TOTAL DE TORTAS QUE A MÃE

DE SUELY FEZ?

5- BÁRBARA GANHOU UM CHOCOLATE E COMEU 2/3. DESENHE O CHOCOLATE E PINTE A PARTE QUE

BÁRBARA COMEU.

6- AGORA IMAGINE QUE BÁRBARA PEGOU O MESMO CHOCOLATE E COMEU 2/5 .DESENHE O CHOCOLATE E

PINTE A PARTE QUE BÁRBARA COMEU.

7- CÁSSIO TINHA 8 BOLAS. ELE ORGANIZOU AS BOLAS EM QUATRO GRUPOS. UM GRUPO ERA DE BOLAS

AZUIS, OUTRO DE BOLAS AMARELAS, OUTRO DE BOLAS BRANCAS E ÚLTIMO GRUPO DE BOLAS PRETAS.

QUAL A FRAÇÃO QUE REPRESENTA AS BOLAS BRANCAS EM RELAÇÃO AO TOTAL DE BOLAS?

8-CÁSSIO TINHA 8 BALAS E RESOLVEU TAMBÉM ORGANIZAR 4 EM GRUPOS. FEZ TRÊS GRUPOS DE BALAS

DE UVA E UM GRUPO DE BALA DE MAÇÃ. QUAL A FRAÇÃO QUE REPRESENTA AS BALAS DE UVA EM

RELAÇÃO AO TOTAL DE BALAS?

9- CÁSSIO ADOROU A BRINCADEIRA DE ORGANIZAR, ENTÃO RESOLVEU ORGANIZAR AGORA SEUS 6

CARTÕES TELEFÔNICOS. ELE FEZ DOIS GRUPOS. UM GRUPO DE CARTÃO COM DESENHO E OUTRO

GRUPO DE CARTÃO SEM DESENHO. QUAL A FRAÇÃO QUE REPRESENTA OS CARTÕES COM DESENHO EM

RELAÇÃO AO TOTAL DE CARTÕES?

10- IMAGINE AGORA QUE CÁSSIO RESOLVEU FAZER SUA ÚLTIMA ORGANIZAÇÃO COM SEUS BOTÕES. ELE

TINHA 15 BOTÕES. E ELE QUER ORGANIZAR, TAMBÉM, EM GRUPOS. VOCÊ PODE DESENHAR ESSE

GRUPO DE TAL FORMA QUE FIQUE 3/5?

11- FÁBIO TINHA 12 BOLAS DE TÊNIS. ELE ORGANIZOU AS BOLAS DE TÊNIS EM 6 GRUPOS. 4 DESSES

GRUPOS ERAM DE BOLAS VERDES E OS OUTROS DE BOLAS BRANCAS. QUAL A FRAÇÃO DO TOTAL DE

BOLAS QUE REPRESENTA AS BOLAS VERDES?

12- MÁRCIA GANHOU 4/6 DOS BOTÕES. VOCÊ SABE ESCREVER EM FORMA DE FRAÇÃO QUANTOS BOTÕES

MÁRCIA GANHOU?

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Esta atividade envolveu o significado operador multiplicativo e teve por

objetivo propiciar a compreensão do conceito da fração neste significado. As

questões 1, 2, 3, 4, 5, 6 envolveram frações com quantidades contínuas. Já as

questões 7, 8, 9, 10, 11, 12 envolveram as quantidade discretas.

Para responder as questões 4, 5, 6, 10, 11, 12, os alunos deveriam utilizar

o material manipulativo.

Avaliação do primeiro encontro

O fechamento deste primeiro encontro foi feito em sala de aula, onde

agradeci aos alunos e marquei a minha próxima ida à escola, pois os outros

grupos ficaram preocupados por não terem saído da sala naquele primeiro dia,

ficando bastante curiosos.

No geral, a participação das crianças foi muito proveitosa, percebíamos

que, no momento das discussões, elas paravam, refletiam, discutiam suas

respostas, tentando chegar às soluções. Ocorreram dúvidas, mas sempre

tentamos discutir para chegar à formalização do conceito.

2º Encontro

Neste encontro, iniciamos o segundo momento desta segunda fase de

nossa intervenção. A seqüência de encontros foi semelhante ao primeiro

momento, porém trabalhamos os outros dois grupos GE3 e GE4 e outros dois

significados de nossa intervenção. A duração e a aplicação das atividades deste

segundo encontro foram semelhantes ao encontro anterior.

O encontro iniciou-se no dia seguinte do término do primeiro encontro. A

seguir mostraremos as questões desenvolvidas nesse encontro.

QUADRO 4.6 - Atividade 3 desenvolvida na intervenção com Ge3

1- PARA FAZER REFRESCO DE LARANJA, SARA MISTURA 1 LITRO DE ÁGUA E 2 LITROS DE CONCENTRADO

DE LARANJA. VOCÊ PODE ESCREVER QUE FRAÇÃO REPRESENTA O CONCENTRADO DE LARANJA EM

RELAÇÃO AO TOTAL DA MISTURA?

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2- PARA PINTAR O SEU QUARTO, SARA MISTUROU 3 LITROS DE TINTA ROSA COM 1 LITRO DE TINTA

BRANCA. QUE FRAÇÃO DA MISTURA REPRESENTA A TINTA BRANCA EM RELAÇÃO AO TOTAL DE TINTA?

3- AGORA IMAGINE VOCÊ QUE SARA QUER PINTAR TAMBÉM A SALA DE SUA CASA, PARA ISSO ELA MISTURA

3 LATAS DE TINTA AZUL COM 1 LATA DE TINTA BRANCA. QUE FRAÇÃO DA MISTURA REPRESENTA A TINTA

BRANCA EM RELAÇÃO AO TOTAL DE TINTAS?

4- SARA GOSTOU DE PINTAR, ENTÃO, RESOLVEU PINTAR A CASA TODA ELA MISTUROU 5 LATAS DE TINTA

AZUL COM 1 LATA DE TINTA BRANCA. QUE FRAÇÃO DA MISTURA REPRESENTA A TINTA BRANCA EM

RELAÇÃO AO TOTAL DE TINTAS?

5- SARA CANSOU DE PINTAR, RESOLVEU FAZER UM SUCO DE FRAMBOESA. E PARA FAZER O SUCO, ELA

UTILIZA 1 COPO DE ÁGUA E 2 COPOS DE CONCENTRADO DE FRAMBOESA. VOCÊ PODE ESCREVER QUE

FRAÇÃO REPRESENTA O CONCENTRADO DE FRAMBOESA EM RELAÇÃO AO TOTAL DA MISTURA?

6- IMAGINE AGORA QUE SARA ACABOU DE RECEBER VISITAS ELE QUER SERVIR GELATINA DE MORANGO.

PARA FAZER A GELATINA, ELA UTILIZA 3 COPOS DE ÁGUA E 2 DE CONCENTRADO DE GELATINA DE

MORANGO. ESCREVA A FRAÇÃO QUE REPRESENTA O CONCENTRADO DE GELATINA DE MORANGO EM

RELAÇÃO AO TOTAL DA MISTURA?

7- NUM SAQUINHO HÁ 8 BOLAS. DUAS DESSAS BOLAS SÃO VERDES E 6 SÃO BRANCAS. QUAL A CHANCE DE

ALGUÉM SEM OLHAR PEGAR UMA BOLA VERDE NESTE SAQUINHO.

8- AGORA VAMOS IMAGINAR QUE NUM SAQUINHO TEM 4 BOLAS. 3 DESSAS BOLAS SÃO ROXAS E 1 PRETA.

QUAL A FRAÇÃO REPRESENTA A CHANCE DE ALGUÉM PEGAR SEM VER AS BOLAS ROXAS NESTE

SAQUINHO?

9- NA ESCOLA DE CECÍLIA TEVE UM SORTEIO COM 6 BILHETES PARA UM PASSEIO NO ZOOLÓGICO. CECÍLIA

COMPROU 3 DESSES 6 BILHETES. ESCREVA EM FORMA DE FRAÇÃO A CHANCE DE CECÍLIA SER

SORTEADA?

10- EM UM SAQUINHO HÁ 8 BEXIGAS. 3 DELAS SÃO AZUIS, E 5 SÃO ROSAS. QUAL A FRAÇÃO REPRESENTA A

CHANCE DE ALGUÉM TIRAR DO SAQUINHO AS BEXIGAS AZUIS?

11- TEMOS UM BARALHO COM 6 CARTAS SOBRE A MESA. 4 DESTAS CARTAS É O CORINGA. ESCREVA EM

FORMA DE FRAÇÃO A CHANCE DE ALGUÉM TIRAR O CORINGA SEM VER?

12- IMAGINE AGORA QUE O BARALHO TEM 8 CARTAS. 4 DELAS É O CORINGA. ESCREVA EM FORMA DE

FRAÇÃO A CHANCE DE ALGUÉM TIRAR O CORINGA SEM VER?

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Esta atividade envolveu o significado medida, teve por objetivo, propiciar a

compreensão do conceito da fração nesse significado. As questões 1, 2, 3, 4, 5, 6

envolveram frações com quantidades contínuas. Já as questões 7, 8, 9, 10, 11, 12

envolveram as quantidade discretas.

Para responder às questões 4, 5, 6, 10, 11, 12, os alunos deveriam utilizar

o material manipulativo.

A seguir, apresentaremos a atividade do GE4.

QUADRO 4.7 - Atividade 4 desenvolvida na intervenção com Ge4

1- MARCOS GANHOU UMA TORTA. ELE QUER DIVIDIR IGUALMENTE PARA DOIS AMIGOS. VOCÊ PODE

ESCREVER, USANDO NÚMEROS, A FRAÇÃO DA TORTA QUE CADA AMIGO IRÁ RECEBER?

2- E SE CHEGASSE MAIS UM AMIGO DE MARCOS E ELE TIVESSE QUE DIVIDIR A TORTA EM 3 PEDAÇOS DO

MESMO TAMANHO. COMO VOCÊ ESCREVERIA A FRAÇÃO DA TORTA QUE CADA AMIGO IRÁ RECEBER?

3- VAMOS IMAGINAR AGORA QUE ANTES QUE MARCOS COMEÇASSE A COMER, CHEGOU MAIS UM OUTRO

AMIGO. MARCOS TERÁ QUE DIVIDIR IGUALMENTE A TORTA ENTRE 4 AMIGOS. COMO VOCÊ ESCREVERIA A

FRAÇÃO QUE CADA UM IRÁ RECEBER?

4- LUÍS COMPROU UMA PIZZA PARA DIVIDIR PARA 5 CRIANÇAS. QUAL A FRAÇÃO DA PIZZA QUE CADA UM IRÁ

COMER?

5- CARLOS GANHOU 2 CHOCOLATES PARA DIVIDIR IGUALMENTE ENTRE 3 CRIANÇAS. QUAL FRAÇÃO DO

CHOCOLATE QUE CADA CRIANÇA IRÁ RECEBER?

6- E SE FOSSEM 2 CHOCOLATES PARA 5 CRIANÇAS. QUAL FRAÇÃO DO CHOCOLATE QUE CADA CRIANÇA

IRÁ RECEBER?

A atividade envolveu o significado quociente, teve por objetivo propiciar a

compreensão do conceito da fração neste significado. Todas as questões

envolveram as frações com quantidades contínuas.

Para responder às questões 4, 5, 6, o grupo precisaria utilizar o material

manipulativo.

Neste momento, encerrou-se a primeira etapa da intervenção, então

partimos para os dois últimos encontros.

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Tal qual como os outros encontros, nestes dois últimos encontros foram

feitas apenas as mudanças dos significados das frações nos subgrupos como já

foi exposto na Quadro 4.3, ou seja, o GE1 que trabalhou com o significado parte-

todo na primeira intervenção, recebeu neste segundo momento a intervenção do

significado medida; o GE2 que trabalhou operador multiplicativo na primeira

intervenção, neste segundo momento recebeu a intervenção no significado

quociente, o GE3 que trabalhou o significado medida na primeira intervenção,

ficou com o significado parte-todo e por último o GE4 que havia trabalhado

quociente, recebeu o significado operador multiplicativo.

Avaliação dos encontros

As atividades realizadas cumpriram seus objetivos. Os encontros foram

estruturados de forma a garantir a participação coletiva dos alunos.

As atividades desenvolvidas nas intervenções estavam sempre que

podíamos relacionadas com situações do cotidiano da criança, para que tornasse

mais fácil a aprendizagem.

Nos últimos encontros percebemos que as crianças já estavam bem mais

confiantes ao darem suas respostas e montarem suas estratégias. Os

questionamentos com outros evidenciava um crescimento em seu campo

conceitual. Buscamos o envolvimento constante de todos e em todos os

momentos.

Os subgrupos colaboraram bastante durante o desenvolvimento das

atividades.

Aqui foi descrita a metodologia adotada no estudo, no próximo capítulo

apresentaremos os resultados dos dados obtidos, bem como sua análise.

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CAPÍTULO V

ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 INTRODUÇÃO

No presente capítulo, apresentamos a análise dos dois momentos da

pesquisa: o primeiro trata dos instrumentos-diagnóstico e o segundo analisa a

intervenção de ensino.

No que diz respeito aos instrumentos-diagnóstico – pré-teste, teste

intermediário e pós-teste – analisamos sob dois aspectos: quantitativo e

qualitativo. O primeiro, quantitativo, inicia pela comparação dos desempenhos

gerais do grupo experimental – GE e do grupo controle – GC, nos três

instrumentos-diagnóstico.

Ainda sobre o aspecto quantitativo da análise, detemo-nos inicialmente,

nos índices de acerto global dos dois grupos (GE e GC) considerando os três

testes (pré, intermediário, pós-teste). Em seguida como o nosso interesse reside

no grupo experimental, analisamos o desempenho dos quatro subgrupos do GE,

segundo os diferentes significados da fração - PT (parte-todo), ME (medida), QU

(quociente) e OM (operador multiplicativo). Por fim, ainda focando apenas o GE,

analisamos o desempenho dos sujeitos, levando em consideração as variáveis

elencadas no estudo: quantidades contínuas e discretas, representação icônica e

não icônica.

No que tange ao aspecto qualitativo, este se refere à observação das

estratégias e dos esquemas de ação utilizados pelos alunos no momento da

118

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resolução dos problemas e às variáveis empregadas como procedimento de

resolução, tanto no que diz respeito aos testes-diagnóstico quanto às

intervenções de ensino. A análise dessas estratégias nos permitirá categorizar os

procedimentos de resolução utilizados pelos alunos frente às situações por eles

elaboradas.

A pretensão da pesquisa, ao apresentar seus resultados, não é qualificar

qual é o “melhor” ou “pior” significado para ensinar o conceito de fração. Também

não temos a pretensão de generalizar nossos resultados para além do universo

pesquisado, pois temos consciência de que se trata de um estudo com um

pequeno número de sujeitos.

Acreditamos, no entanto, que nossos resultados poderão trazer

contribuições significativas para a discussão científica sobre a participação que

cada um desses significados tem, no que diz respeito à construção do conceito de

fração em crianças pequenas (oito anos).

O estudo também poderá contribuir para a discussão sobre a série em que

já seria pertinente iniciar o estudo dos rudimentos do conceito de fração e a

influência que cada um dos significados tem em relação à iniciação da formação

de conceitos, no seu ensino na escola. Temos fortes razões para acreditar que os

resultados deste estudo-diagnóstico poderão contribuir para futuros estudos que

objetivem investigar novas abordagens no ensino de fração, como pretendemos

apontar no final do trabalho.

5.2 ANÁLISE QUANTITATIVA

Antes de iniciarmos esta primeira parte da análise cabe relembrar que

nossos testes foram aplicados em duas turmas de 2ª série de uma escola pública

da região de Santo André, cidade pertencente à grande São Paulo.

Em cada uma dessas turmas, havia 31 alunos, somando um total de 62

alunos. As turmas foram denominadas uma de GE e a outra de GC.

119

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Ressaltamos que, para a análise quantitativa, não destacaremos as

questões que foram deixadas em branco pelos alunos, visto que esse percentual

foi pequeno, o que mostra que, de fato, houve empenho por parte dos alunos em

responder às questões propostas.

Para dar sustentabilidade aos resultados, aplicamos testes estatísticos,

utilizando o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science). Foi

escolhido o teste qui-quadrado para analisar as diferenças na porcentagem de

desempenho entre os grupos, nos diversos tipos de problemas, ao longo dos

testes-diagnóstico (tempo). O nível de significância utilizado foi de 5% ( = 0,05).

5.2.1 Desempenho geral do GC e GE

Iniciaremos a análise apresentando um panorama geral do desempenho do

GE e GC em relação aos testes diagnósticos (pré-teste, teste-intermediário e pós-

teste), conforme mostra a Figura 5.1.

FIGURA 5.1 - Desempenho geral do GC e GE nos testes-diagnósticos.

Nº % Nº % 2 (1) p

Pré-teste 109 12,6 94 10,8 1,3 0,263

Intermediário 153 17,6 335 38,6 94,4 0,000

Pós-teste 231 26,6 438 50,5 104,2 0,000

(n=868) (n=868)Testes

diagnóstico

GC GEQui-Quadrado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

s

GC GE

120

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Analisando a Figura 5.1 observamos que o GC e o GE partem de

patamares similares (pré-teste), sem haver diferença estatisticamente significativa

em seus desempenhos ( (1) = 1,3; p > 0,05). 2

Esse comportamento similar entre os grupos muda já no teste

intermediário, com um avanço referente aos acertos do GE de 21% em relação ao

GC ( (1) = 94,4; p < 0,001). No pós-teste, essa tendência manteve-se, com o

GE aumentando ligeiramente a diferença entre seu percentual de acerto e o do

GC, diferença de 23,9% em favor do GE. Salientamos que esse melhor

comportamento do GE sobre o GC, nesses dois últimos instrumentos-diagnóstico

apresentou a partir do qui-quadrado, um alto índice de significância estatística

( (1) = 104,2; p < 0,001).

2

2

Tal resultado, muito provavelmente, é fruto das intervenções, de ensino

pelas quais passaram os alunos do GE, o que não aconteceu com os alunos do

GC.

Esse resultado já era esperado, pois, segundo Vergnaud (1982; 1987;

1988; 2001) o professor tem um papel fundamental, visto como mediador; é dele

a responsabilidade de fazer escolhas adequadas para criar um ambiente

favorável para o aluno avançar nesse processo de aprendizagem.

Considerando apenas o GC, que foi o grupo que serviu de equiparação,

houve um avanço. Há indícios que esse avanço esteja ligado ao fato dos testes-

diagnóstico (pré, intermediário e pós-testes) terem mantido a mesma equivalência

matemática, tanto no que se refere aos contextos e questões. O fato dos alunos

fazerem o mesmo teste várias vezes, faz com que eles reflitam sobre suas ações

e tentem modificar para atingir a meta desejada. Nessa perspectiva, Vergnaud

(1996a, p. 117) afirma: “que muitas de nossas concepções vêm das primeiras

situações que fomos capazes de dominar ou de nossa experiência tentando

modificá-las”.

Ainda com relação aos resultados apresentados na Figura 5.1, observamos

uma evolução maior do GE no pós-teste, visto que, nesse momento, este grupo já

121

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havia passado por duas intervenções, que melhor serão detalhadas nas próximas

seções.

Assim, temos razões para supor que, quanto maior o número situações

trabalhadas, mais estaremos dando sentido ao conceito, o que encontra respaldo

na teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud (1990; 1994; 2001).

Em outras palavras, nem um só conceito, nem uma situação isolada dá

conta do processo de aquisição de um conhecimento.

Na próxima seção, apresentaremos e analisaremos o desempenho global

dos quatro subgrupos do GE.

5.2.2 Desempenho Geral dos Subgrupos do GE

Nesta seção, mostraremos o desempenho geral dos subgrupos do GE ao

longo dos três testes-diagnóstico. Ressaltamos que para uma melhor organização

dos alunos do GE, estes foram divididos em quatro subgrupos, os quais

receberam um nome, segundo as ordens das intervenções pelas quais o

subgrupo passou.

Assim, o subgrupo que, inicialmente, passou pela intervenção de ensino de

fração com o significado parte-todo e depois pela intervenção que explorou o

significado medida, denominamos de GE1 (PT+Me). O GE2 (OM+Qu) foi o

subgrupo, cuja primeira intervenção foi operador multiplicativo e, a segunda,

quociente. O GE3 (Me+PT) teve primeiro, medida e depois parte-todo. Por fim, o

GE4 (Qu+OM) que passou, primeiramente, pela intervenção quociente e em

seguida pela intervenção com o significado operador multiplicativo.

A Figura 5.2 mostra a trajetória média dos quatro subgrupos nos três

testes-diagnóstico, após intervenções recebidas. Analisando a taxa de

crescimento do desempenho dos subgrupos observamos que todos os quatro

subgrupos crescem ao longo das intervenções, sendo que do pré-teste para o

teste intermediário o ganho foi de aproximadamente 30% e do teste intermediário

esse crescimento desacelera, crescendo para aproximadamente 15%.

122

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FIGURA 5.2 - Desempenho geral dos subgrupos do GE em relação aos testes-diagnóstico.

% % % % 2 (3) p

Pré-teste 7,9 7,1 12,1 16,8 12,6 0,006

Intermediário 36,1 34,7 37,5 46,9 7,8 0,051

Pós-teste 45,2 56,6 46,4 55,6 9,3 0,026

Qui-Quadrado Grupo Testes

GE1(PT+Me)

GE2(OM+Qu)

GE3(Me+PT)

GE4(Qu+OM)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

sGE1(PT+Me)

GE2(OM+Qu)

GE3(Me+PT)

GE4(Qu+OM)

Os subgrupos GE1 (PT+Me), GE3 (Me+PT) e GE4 (Qu+OM) apresentam

uma trajetória similar de crescimento em toda a intervenção, crescendo mais

rapidamente do pré-teste para o teste intermediário e desacelerando do teste

intermediário para o pós-teste, porém o GE4 (Qu+OM) em torno de 10% acima do

GE2 (OM+Qu) e GE3 (Me+PT). Já o GE2 (OM+Qu), que acompanha o GE1

(PT+Me) e o GE3 (Me+PT) do pré-teste para o teste intermediário, foi o único

grupo que manteve o mesmo ritmo de crescimento, alcançando o GE4 (Qu+OM)

no final do processo.

De fato, quando comparamos os quatro subgrupos no pré-teste

encontramos diferenças significativas ( (3) = 12,6; p = 0,006), contudo se

retirarmos GE4 (Qu+OM)não encontramos diferenças significativas no

desempenho nos outros três subgrupos no pré-teste ( (2) = 3,7; p = 0,158). O

mesmo ocorre no teste intermediário, pois quando comparamos os quatro

subgrupos encontramos diferenças significativas ( (3) = 9,3; p = 0,026) e

2

2

2

123

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quando retiramos o G4 (Qu+OM), não encontramos mais essa diferença ( (2) =

0,84; p = 0,837). Ou seja, o subgrupo GE4 (Qu+OM) parte de um patamar

superior de 10% em relação aos outros três grupos e todos crescem na mesma

proporção, após a primeira intervenção, mantendo essa diferença no teste

intermediário.

2

2

2 2

Após a segunda intervenção, o subgrupo GE2 (OM+Qu) surpreende, pois é

o único a manter o ritmo de crescimento da primeira fase, enquanto os outros três

grupos desaceleram. Esse maior ritmo de crescimento faz com que o subgrupo

GE2 (OM+Qu) alcance o subgrupo GE4 que havia partido de um patamar 10%

acima dos outros subgrupos. Isto é confirmado quando comparamos os quatro

subgrupos ( (3) = 6,6; p = 0,037), mas não encontramos diferenças entre GE2

e GE4 ( (1) = 0,041; p = 0,839), nem entre GE1 e GE3 ( (1) = 0,068; p =

0,795).

Observamos que em GE4 (Qu+OM) e GE2 (OM+Qu) foram trabalhados os

mesmos significados (quociente e operador multiplicativo), mudando apenas a

ordem de intervenção, já em GE1 (PT e Me) e GE3 (Me+PT) foram trabalhados

os significados de parte-todo e medida, mudando também a ordem. Estes

resultados parecem indicar que apresentar frações por parte-todo e medida não

amplia tanto o campo conceitual das frações, quanto apresentar quociente e

operador multiplicativo.

Por outro lado, comparando o GE2 (OM+Qu) com o GE4 (Qu+OM) que

trabalharam os mesmos significados, mudando apenas a ordem da intervenção,

parece que iniciar com operador multiplicativo foi mais decisivo na apreensão do

conceito de fração, uma vez que o grupo GE2 (OM+Qu) foi que mais cresceu,

tanto em termos absolutos, quanto em termos relativos. A intervenção pelo qual

que este grupo passou parece que ajudou o grupo a ter sucesso não só no

significado trabalhado como também nos outros significados.

Portanto, é razoável supor que a intervenção tanto nos significados

operador multiplicativo e quociente para ter surtido efeito para aprendizagem das

crianças. E no caso do GE2 (OM+Qu), o caminho pelo qual o subgrupo começou

parece ter sido mais eficiente ainda.

124

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Esta evidência também é apontada nos trabalhos de Merlini (2005),

Moutinho (2005) e Santos (2005).

Contudo, resta nos perguntar o porquê GE4 (Qu+OM) também não

apresentou o mesmo ritmo de crescimento que GE2 (Qu+OM) já que ambos

passaram pelas mesmas intervenções, porém em ordem inversa. Diante de tal

resultado levantamos duas hipóteses. A primeira, é que a ordem da intervenção

dos significados é importante. A segunda é o desequilíbrio gerado nesse

subgrupo, após as intervenções, uma vez que esse subgrupo aparece em

patamares melhores de acertos no pré-teste, mantendo-os no teste intermediário,

mas seu desempenho no pós-teste denota uma queda nesse ritmo de

crescimento. De fato, baseando-se nas idéias de Vergnaud (2001), o subgrupo,

em especial, necessitaria de uma intervenção maior para que os alunos

pudessem chegar ao equilíbrio.

Ainda, nesse sentido, Vergnaud (2001) afirma que a construção do

conhecimento pelo aprendiz não é um processo linear, facilmente identificável.

Pelo contrário, é complexo, tortuoso, demorado, com avanços e retrocessos,

continuidades e rupturas.

Visando compreender como a apresentação de cada um dos significados

desenvolve a apreensão dos mesmos e dos outros significados, nas próximas três

subseções apresentaremos o desempenho dos subgrupos em cada um dos

quatro significados, nos testes-diagnóstico.

5.2.2.1 Desempenho dos subgrupos do GE no Pré-teste

Antes de iniciar esta subseção, relembramos à distribuição das questões

nos testes-diagnóstico com relação aos significados de fração. Para cada um

desses significados foram elaboradas oito questões, abarcando suas variáveis

contínuas e discretas e representações icônicas versus não icônicas, com

exceção do significado quociente que foram elaboradas somente quatro questões

como já foi explicitado no capítulo da metodologia, como mostra a Quadro 5.1.

125

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QUADRO 5.1 - Distribuição das questões em relação aos quatro significados e suas variáveis

Contínuo Discreto

não icônico não icônico

Parte-todo Q1 e Q3 Q2 e Q8 Q5 e Q4 Q6 e Q7

Quociente Q9 e Q10 Q11 e Q12

Operador multiplicativo

Q17 e Q18 Q19 e Q20 Q14 e Q15 Q13 e Q16

Medida Q25 e Q27 Q26 e Q28 Q21 e Q23 Q22 e Q24

Var. Sig.

Contínuoicônico

Discretoicônico

A Tabela 5.1 abaixo mostra o ponto de partida de cada subgrupo do GE,

ou seja, o desempenho de cada subgrupo em relação ao que tange aos

significados da fração trabalhados no teste-diagnóstico (pré-teste) sem nenhuma

intervenção, lembrando que esses sujeitos não haviam tido nenhuma aula formal

de frações na sua vida escolar.

TABELA 5.1 - Percentual de acertos em relação aos significados da fração dos subgrupos do GE no pré-teste

Sig

.

TesteGrupo

Pré Int. Pós Pré Int. Pós Pré Int. Pós Pré Int. Pós

21,4 --- 10,7 --- 19,6 ---

Parte-todo(%)

Quociente(%)

GE3(Me+PT)

20,3 --- 6,3 ---

---

---

---

Oper. Multip.(%)

Medida(%)

GE1(PT+Me)

13,9 --- 2,8 --- 8,3 --- 4,2 ---

GE2(OM+Qu)

14,3 --- 3,6 --- 3,6 --- 5,4 ---

12,5 --- 6,3 ---

12,5 ---

Geral 17,3 --- 5,6

---GE4

(Qu+OM)

--- ------ ---10,9 --- 6,9--- ---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

Analisando a Tabela 5.1 podemos inferir que as crianças possuem algum

conhecimento do conceito de frações e que esse é diferenciado por subgrupo e

significado, resultados concordantes com as idéias de Vygotsky (1987), que

nomeia este conhecimento, como conceitos espontâneos ou cotidianos, ou seja,

cada criança traz consigo seu próprio conhecimento, construído a partir das suas

observações ou vivências.

126

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Nessa perspectiva, temos fortes razões para acreditar que o sucesso dos

alunos em algumas das questões do instrumento só pode ser explicado pelo

conhecimento intuitivo deles, visto que esses alunos nunca tiveram contato, do

ponto de vista formal da escola, com o objeto do estudo. Tal resultado está em

concordância dos resultados enunciados por Mack (1990), em que a

pesquisadora procura analisar a influência do conhecimento intuitivo dos alunos

na construção significativa dos procedimentos formais referente às frações.

Ainda com relação aos dados da Tabela 5.1 podemos perceber que o GE4

(Qu+OM) é o grupo que mais se destaca em todos os quatro significados. O fato

do subgrupo apresentar os melhores índices de acertos em cada um dos

significados, pode estar relacionado com sua vivência. Ou seja, talvez, os alunos

desse subgrupo tenham tido oportunidades de vivenciar situações que

envolvessem fração, mesmo que, informalmente, fora do ambiente escolar.

Observamos, também, que todos os subgrupos se saíram melhor nas

questões que envolviam o significado parte-todo. Tal resultado foi

estatisticamente significativo, conforme Tabela 5.1 ( (3) = 12,615; p = 0,006), o

que vem ao encontro de algumas pesquisas discutidas em nossa revisão da

literatura, como é o caso dos estudos de Bezerra (2002); Merlini (2005); Moutinho

(2005); Rodrigues (2005); Santos (2005), entre outros.

2

Os resultados ainda mostram que os alunos tiveram dificuldade em

responder questões com o significado quociente. De fato, este foi o significado em

que todos os grupos apresentaram seu pior desempenho. Uma explicação para

tal comportamento pode ser o fato do número reduzido de questões envolvendo

esse significado. Ainda corroboram com esta constatação, os resultados

encontrados por Kerslake (1986) em seus estudos, em que afirma que os alunos

não fazem a conexão da divisão com a fração.

Até aqui analisamos o desempenho dos subgrupos do GE considerando

apenas seus conhecimentos intuitivos. Nas duas próximas seções, passaremos a

analisar o desempenho desses grupos, após a intervenção de ensino.

127

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5.2.2.2 Desempenho dos subgrupos do GE no Teste Intermediário

Antes de mostrar os resultados por grupos de acertos, cabe relembrar que

o teste intermediário foi feito, após a primeira intervenção de ensino e

enriqueceremos esta seção apresentando alguns protocolos dos alunos

desenvolvidos durante a mesma. Sempre que pertinentes reproduziremos

algumas falas dos alunos no momento da discussão coletiva no encontro da

intervenção, com o objetivo de ilustrar a construção do teorema-em-ação dos

alunos.

Com base nas idéias de Vergnaud (1982; 1988) os teoremas-em-ação são

caminhos para analisarmos as estratégias intuitivas dos alunos e ajudá-los na

transformação do conhecimento intuitivo no conhecimento explícito.

Os teoremas-em-ação nos fornecem caminhos para fazermos um

diagnóstico do que os alunos sabem, ou não, de modo que possamos oferecer

situações que lhes permitam consolidar seus conhecimentos, estendê-los, ou

seja, nos dá a percepção de seus limites e apontam possibilidades para

compreender suas eventuais dificuldades.

Apresentaremos a seguir a Tabela 5.2, destacando a porcentagem de

acertos em relação a cada significado da fração, após a primeira intervenção

juntamente com os resultados que cada subgrupo obteve no pré-teste. Nossa

intenção é oferecer ao leitor a possibilidade de ter em uma única tabela ambos os

resultados, de modo a visualizar a evolução no desempenho de cada subgrupo.

TABELA 5.2 - Percentual de acertos em relação aos significados da fração dos subgrupos do GE no teste intermediário

Sig

.

TesteGrupo

Pré Int. Pós Pré Int. Pós Pré Int. Pós Pré Int. Pós

30,2 ---

---35,9

---13,9

33,5 --- 6,910,9--- 5,6 38,7 ---Geral 17,3 52,0

48,2 ---GE4

(Qu+OM)21,4 62,5 --- 10,7 28,6 --- 19,6 39,3

34,4 --- 6,3

--- 12,5

26,8 ---

GE3(Me+PT)

20,3 40,6 --- 6,3 40,6 --- 12,5

GE2(OM+Qu)

14,3 55,4 --- 3,6 28,6 --- 3,6 25,0

34,7 --- 4,2

--- 5,4

2,8 52,8 --- 8,3GE1

(PT+Me)13,9 51,4 ---

Parte-todo(%)

Quociente(%)

Oper. Multip.(%)

Medida(%)

Legenda: Números destacados

em azul indicam o significado onde os subgrupos atingiram o maior percentual de acertos, no teste intermediário;

Números destacados em rosa indicam o percentual de acerto dos grupos no teste intermediário relacionado ao significado trabalhado na intervenção de ensino.

128

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Os dados da Tabela 5.2 evidenciam novamente que todos os subgrupos do

GE parecem lidar razoavelmente bem com fração, quando esta se apresenta em

situações que abordam o significado parte-todo. De fato, se considerarmos o

número total de respostas de todos os subgrupos, observamos mais da metade

respondeu de forma correta nesse significado (52%).

Outro ponto importante que podemos destaca, é com relação ao

crescimento dos grupos no significado quociente, que foi significativamente maior

em relação ao que os alunos haviam acertado no pré-teste.

Ao observamos os percentuais de acertos do GE1 (PT+Me) no significado

quociente, notamos um resultado bem expressivo, com um aumento de quase de

19 vezes mais no teste intermediário, quando comparado com o pré-teste (2,8%

no pré-teste e 52,8% no teste intermediário). E mais o GE1 (PT+Me) que recebeu

em sua primeira intervenção o significado parte-todo, não apresentou no teste

intermediário, percentual de acerto superior no significado parte-todo em relação

ao significado quociente (51,4% de acerto em parte-todo e 52,8% em quociente).

Tais resultados nos fazem levantar algumas hipóteses: a primeira, que a

intervenção parte-todo não foi suficiente para o subgrupo crescer mais nesse

significado do que nos outros; a segunda que, independente, da intervenção

recebida, o que parece dar mais sentido aos alunos quando falamos em fração, é

o significado quociente, ou seja, para os alunos entenderem a fração deve estar

ligada as situações que envolvem o significado quociente. Ainda, nos resta uma

terceira hipótese, que no significado quociente trabalhamos somente com

quantidade contínuas e, ao que parece, para os alunos trabalharem somente com

está variável, tornou-se mais fácil.

O fato dos alunos do subgrupo GE1 (PT+Me) terem se saído melhor nas

questões que envolviam o significado quociente, está em consonância com os

resultados encontrados por Kieren (1988) e Nunes et al. (1997; 2003).

Ainda com relação ao GE1 (PT+Me), observamos que fazendo a

comparação dos outros significados com o significado parte-todo, no qual o

subgrupo teve seu segundo melhor desempenho, há um aumento proporcional

nos outros significados. Como, por exemplo, no significado operador

129

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multiplicativo, era esperado que o subgrupo alcançasse 30,6%, porém atinge,

além do esperado, isto é, 34,7%.

Um fato nos chamou atenção na aplicação da primeira atividade de

intervenção do GE1 (PT+Me) foi que observando os alunos ao desenvolverem as

atividades, percebemos que eles não se preocupavam com a divisão do todo em

partes iguais, porém, na hora que passavam a manusear objetos, eles se

preocupavam se o pedaço do amigo era igual ou não.

A seguir mostraremos o protocolo da intervenção do aluno em que aparece

situação desse tipo.

QUADRO 5.2 - Atividade desenvolvida na intervenção do aluno GE1 (Pt+Me)

12 - Imagine que Carla fez outra figura e dividiu em 8 partes iguais. Depois pintou 4

partes dessa figura. Você sabe escrever quantas partes do desenho ela pintou em

relação ao desenho todo?

Porém quando fizemos a intervenção, perguntamos:

P: O que vocês acham desse desenho? Vamos verificar em quantas partes iguais

podemos dividir?

Aluno G11: acho que reparti muito.

Entretanto, ao continuar respondendo às questões, o erro persiste. Por

outro lado, quando entregamos a este grupo um papel recortado no formato de

barra de chocolate (material concreto), os alunos fazem a divisão repartindo

igualmente.

Nesse primeiro momento, evidenciamos que há uma clara confusão na

divisão das áreas. O grupo não consegue perceber a necessidade da divisão

eqüitativa das partes. Ora dividem de forma correta quando manipulam o material,

130

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ora dividem de forma errada quando fazem o desenho. Resultados similares

foram encontrados no estudo de Bezerra (2001).

Outro fato que nos chamou atenção no GE1 (PT+Me) foi o comportamento

da aluna C1, cujo pré-teste deixou totalmente em branco, e no momento da

intervenção mostrou-se participativa, buscando resolver as situações

apresentadas. Já no momento do teste intermediário, continuou deixando as

questões em branco, com exceção apenas ás questões que envolviam o

significado parte-todo com ícone.

Por outro lado, temos o grupo GE4 (Qu+OM) que recebeu na primeira

intervenção, o significado quociente apresenta situação inversa ao GE1 (PT+Me),

tendo um alto percentual de acertos no significado parte-todo (62,5%).

Comparando o percentual de acerto desse grupo em valores absolutos temos seu

melhor desempenho em parte-todo, já em valores relativos esse percentual é alto

no significado medida, que passa de 12,5% para 48,2%.

Nesse sentido, encontramos resultados conflitantes, pois, de um lado,

comparando os resultados do subgrupo GE1 (PT+ME) com o subgrupo GE4

(Qu+OM) temos uma situação que corrobora com as idéias de Kieren (1988) e

Nunes et al. (1997), que sugerem que o significado quociente seria uma

abordagem para início de frações e outra que vai de encontro a essas idéias, ou

seja, o significado quociente não é o que mais dá significado aos alunos.

Diante desses resultados, surgem algumas indagações neste primeiro

momento do estudo: a primeira, ou nossa intervenção pode não ter sido

suficiente, ou seja, talvez devêssemos trabalhar com mais situações que

envolvessem esse significado para o grupo GE4 (Qu+Me), tendo em vista que o

número de situações que envolviam o significado quociente foi metade tanto no

que se refere nos testes-diagnóstico como na intervenção de ensino; ou o

significado quociente não é o que dá mais significado como sugerem Kieren

(1988) e Nunes et al. (1997). Porém, ainda é cedo para fazermos tal afirmativa,

uma vez que no segundo momento do estudo teremos um outro subgrupo (GE2

OM+Qu) que receberá esta mesma intervenção, onde teremos a oportunidade de

analisar se estas evidências se confirmam.

131

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O subgrupo GE2 (OM+Qu) recebeu como primeira intervenção o

significado operador multiplicativo. Do ponto de vista do crescimento absoluto, o

significado que apresentou o maior percentual de acerto foi parte-todo (55,4%).

Mas se compararmos do ponto de vista do crescimento relativo, o significado que

grupo teve seu maior crescimento foi o significado quociente (de 3,6% no pré-

teste, para 28,6% no teste intermediário) seguido do significado operador

multiplicativo (de 3,6% no pré-teste, para 25,0 % no teste intermediário).

Salientamos que o último significado operador multiplicativo foi aquele pelo qual o

subgrupo passou a intervenção. Então, tal como o GE1 (PT+Me) o crescimento

relativo maior do subgrupo foi no significado quociente seguido pelo significado

que o grupo recebeu a intervenção.

O GE3 (Me+PT) recebeu o significado de medida como primeira

intervenção teve a mesma tendência de comportamento que o GE2 (OM+Qu) e

teve em termos de crescimento relativo no significado quociente, seguida do

significado de medida que foi a intervenção pelo qual o subgrupo passou.

Finalizando, constatamos que, fazendo a comparação dos três subgrupos

(GE1, GE2 e GE3), que tiveram suas intervenções nos significados parte-todo,

operador multiplicativo e medida, respectivamente, temos o maior salto relativo

dentro das situações que envolvem o significado quociente, seguido do

significado pelo qual passou o grupo na intervenção. Já o subgrupo GE4

(Qu+OM) que recebeu esta intervenção (quociente), cresce mais em termos

relativos no significado medida ficando em segundo lugar o significado quociente

seguido parte-todo em terceiro lugar.

Cabe ressaltar que o subgrupo GE4 (Qu+OM) é que destoa dos outros três

subgrupos, pois, desde o primeiro momento este subgrupo vem se comportando

de maneira diferenciada em relação aos outros subgrupos, como foi mostrado na

seção anterior, pois ele já começa de patamares mais altos no pré-teste.

Diante desses primeiros resultados, é razoável supor que independente da

intervenção dada há forte tendência dos subgrupos sobressaírem-se melhor nas

questões que envolvem o significado quociente, ou seja, parece que aprender

fração está ligado ao significado quociente, o que vai corroborar com as idéias de

Kieren (1988) e Nunes et al. (1997).

132

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Tais evidências nos permitem refletir que, nesse primeiro momento nossa

intervenção parece ter surgido algum efeito, visto que pelos dados da Tabela 5.2

há um crescimento dos subgrupos em relação aos significados abordados na

primeira intervenção.

Face aos resultados da primeira intervenção, passaremos agora à segunda

etapa de nossa intervenção, no qual apresentaremos dados do subgrupo do GE

no pós-teste.

5.2.2.3 Desempenho dos subgrupos do GE no Pós-teste

Para melhor entendimento do leitor, faz necessário lembrar que nesta

subseção iniciaremos mostrando a tabela com o percentual dos acertos dos

significados em relação a cada significado da fração, após a segunda intervenção,

juntamente com os resultados que cada subgrupo obteve no pré-teste e teste

intermediário. Nossa intenção, como já foi dito na seção anterior é oferecer ao

leitor a possibilidade de ter em uma única tabela ambos os resultados, para

visualizar as eventuais melhoras no desempenho de cada subgrupo.

Tal como foi feito na seção anterior, vamos comparar o salto de cada um

dos subgrupos, considerando o significado pelo qual o subgrupo passou na

intervenção. Assim sendo, vamos comparar o desempenho no teste intermediário

para o desempenho no pós-teste.

TABELA 5.3 - Percentual de acertos em relação aos significados da Fração dos Subgrupos do GE no pós-teste.

Sig

.

TesteGrupo

Pré Int. Pós Pré Int. Pós Pré Int. Pós Pré Int. Pós

12,5 34,4

Oper. Multip.(%)

34,7

3,6 25,0 48,2

Parte-todo(%)

Quociente(%)

GE4(Qu+OM)

21,4

Medida(%)

GE1(PT+Me)

13,9 51,4 63,9 2,8 52,8 33,3 8,3 34,7 4,2 13,9 43,1

GE2(OM+Qu)

14,3 55,4 89,3 3,6 28,6 32,1 5,4 26,8

GE3(Me+PT)

20,3 40,6 62,5 6,3 40,6 37,5 31,3 6,3 35,9

62,5 85,7 10,7 28,6 21,4 19,6 39,3 48,2 12,5 48,2

Geral 17,3 52,0 74,2 5,6 38,7 31,5 30,210,9 33,5 39,9 6,9

44,6

50,0

50,0

46,8

Legenda:

Números destacados em azul indicam o maior percentual de acerto dos grupos no pós-teste;

Números destacados em rosa indicam o percentual de acerto dos grupos no pós-teste relacionado ao significado trabalhado na intervenção de ensino.

133

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A Tabela 5.3 apontou novamente que há uma forte tendência dos alunos

do GE se saírem melhor em situações que envolvem o significado parte-todo já

que obtivemos um valor de 74,2% de respostas certas neste significado.

Os resultados também mostram que os subgrupos tiveram um bom

desempenho nas questões que envolviam o significado medida. Comparando o

desempenho no pré-teste, onde o total de acertos neste significado foi de apenas

6,9%, o desempenho no pós-teste cresceu além do esperado, pois se seguisse a

tendência dos índices de acerto das questões que envolviam o significado parte-

todo no pré-teste ao pós-teste, este significado (medida) deveria crescer a um

patamar de 29,6%, porém chegou a 46,8%.

Em relação aos subgrupos, iniciamos pelo subgrupo GE1 (PT+Me), pois

podemos dizer que este grupo comportou-se como o esperado. O grupo cresceu

mais no significado, pelo qual passou na segunda intervenção (medida) seguida

do significado que passou na primeira intervenção (parte-todo).

Essas evidências, também, acontecem no GE3 (Me+PT), que agora

passou pela intervenção no significado parte-todo, tem seu crescimento maior

neste significado, seguido do significado medida, pelo qual o subgrupo teve sua

primeira intervenção.

Observa-se que estes dois subgrupos, crescem relativamente bem do pré-

teste para o intermediário nos outros dois significados que não foram trabalhados,

porém do observa-se uma estagnação e até queda no pós-teste.

Tais resultados nos permitem inferir, em primeira instância, que nossa

intervenção parece ter surtido efeito, pois, de fato o comportamento desses dois

grupos segue a mesma tendência, uma vez que cresce, primeiramente, na

intervenção recebida no pós-teste, seguida da intervenção recebida no teste

intermediário, corroborando com as idéias de Vergnaud (2001) já citado na

pesquisa, quando argumenta que o conceito deve emergir dentro de várias

situações.

Já os subgrupos G2(OM+Qu) e G4 (Qu+OM) não seguiram o mesmo

comportamento dos subgrupos GE1(PT+Me) e GE3 (Me+PT), uma vez que o

134

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maior desempenho acontece nos significados que não foram trabalhados durante

a intervenção.

O subgrupo G2 (OM+Qu) que entre o teste intermediário e pós-teste,

recebeu a intervenção no significado quociente, o maior crescimento proporcional

ocorreu nos significados operador multiplicativo, medida e parte-todo, que não

foram trabalhados nessa intervenção, sendo que o crescimento no desempenho

no significado trabalhado (quociente) foi baixo.

O GE4 (Qu+OM) recebeu a mesma intervenção do GE2 (OM+Qu), porém,

em ordem inversa, seu comportamento, é similar, isto é cresce mais no

significado não trabalhado, mostrando uma queda no desempenho no significado

quociente que havia sido trabalhada na primeira intervenção.

Diante desses resultados podemos inferir que temos dois subgrupos um

formado pelos subgrupos GE1(PT+Me) e GE3 (Me+PT), que seguem uma

mesma tendência de comportamento, crescendo substancialmente nos

significados que foram trabalhados na intervenção recebida, e o outro, formado

pelos subgrupos GE2(OM+Qu) e GE4 (Qu+OM), que crescem mais no significado

parte-todo, mostrando até uma queda no significado trabalhado.

No caso GE2 (OM+Qu), parece que nossa intervenção fez com o grupo

tenha desempenho em todos os significados, visto que consegue distribuir seu

crescimento, quase de forma eqüitativa entre os significados, pois cresce entre

uma vez meia e quase duas vezes nos outros significados entre teste

intermediário e pós-teste.

Já em relação ao GE4 (Qu+OM), parece que nossa intervenção não ajudou

o subgrupo, a distribuir seu crescimento dentro dos significados, pois, observando

o comportamento desse subgrupo do teste intermediário para o pós-teste há

quase que uma estagnação em relação aos significados (cresce um pouco mais

uma vez em cada significado).

Diante do resultado apresentado pelo grupo GE4 (Qu+OM), conjeturamos

duas possibilidades que justifiquem tal comportamento, já que este foi o subgrupo

que começou com melhor desempenho. A primeira, é que tenha havido

135

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desequilíbrio no entendimento das crianças após nossa intervenção, e as crianças

não mais tivessem certeza do que sabiam. A segunda, é referente ao tempo da

intervenção.

Finalizando esta segunda etapa, poderíamos dizer que temos dois

subgrupos que se comportam, conforme o previsto GE1 seguido do GE3, isto é,

melhoram seu desempenho nos significados trabalhados na intervenção. Já os

subgrupos GE2 e GE4 crescem mais no significado parte-todo que não foi o

significado trabalhado. Todos os subgrupos mostram uma queda no significado

quociente no pós-teste. Também não podemos deixar de ressaltar que foi no

significado quociente onde tivemos o menor número de questões tanto nos testes-

diagnóstico como na intervenção de ensino.

Neste momento, necessário se faz refletirmos também sobre o tempo da

intervenção novamente. De fato, cada subgrupo só recebeu dois significados com

apenas um encontro cada um. Para os grupos GE1, GE2 e GE3 que pouco

sabiam, nossa intervenção parece ter levado os subgrupos a refletir e melhorar o

desempenho para lidar com situações envolvendo frações.

Com relação o GE4 que tinha algum conhecimento, esta intervenção de

poucas horas parece ter desequilibrado e sem ter tido tempo suficiente para

equilibrá-lo novamente, assim há necessidade de uma intervenção que dure mais

tempo, pois, fazendo uma comparação deste subgrupo com outros subgrupos

(GE1, GE2 e GE3) este subgrupo poderia atingir melhor índice de crescimento.

Nesse sentido, Vergnaud (1998; 2001), aponta o papel do conhecimento

prévio do aluno.

Segundo Vergnaud (1998) as concepções prévias dos alunos contêm

teoremas e conceitos-em-ação, que são verdadeiros teoremas e conceitos

científicos que podem evoluir para os alunos. Mas como já foi dito no capítulo II

de nosso estudo, o hiato entre os invariantes operatórios dos alunos e os do

conhecimento científicos são grandes, de modo que a mudança conceitual pode

levar muito tempo.

136

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Na próxima seção, faremos a comparação entre os resultados obtidos nos

três testes-diagnóstico (pré, intermediário e pós-testes) no que diz a respeito aos

significados da fração.

Antes de iniciar as seções seguintes, cabe lembrar que vamos analisar os

dados do ponto de vista geral nos três testes-diagnóstico não destacando mais a

separação dos subgrupos do GE.

5.2.3 A fração e seus significados em relação aos testes-diagnóstico

Iniciamos apresentando uma figura identificando o total de acertos em cada

um dos significados (parte-todo, quociente, operador multiplicativo e medida) em

relação ao testes-diagnóstico (pré, intermediário e pós-teste).

FIGURA 5.3 - Total de acertos dos quatro significados da Fração em relação aos testes-diagnóstico

Parte-todo Quociente Oper. Multip. Medida

% % % % 2 (3) p

Pré-teste 17,3 5,6 10,9 6,9 18,4 0,000

Intermediário 52,0 38,7 33,5 30,2 28,9 0,000

Pós-teste 74,2 31,5 39,9 46,8 86,2 0,000

Sig.Testes

Qui-Quadrado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

s

Parte-todo Quociente

Oper. Multip. Medida

137

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Analisando a Figura 5.3 podemos observar que existe diferença

significativa no desempenho entre os quatro significados, conforme os resultados

do teste qui-quadrado, constantes na Figura 5.3. Contudo, essa diferença é

explicada basicamente por o bom desempenho no significado parte-todo. Se

retirarmos o desempenho nesse significado não encontramos diferenças

significativas desempenho nos outros três significados no pré-teste ( (1)= 4,038;

p = 0,136) e nem no teste intermediário ( (1)= 2,657; p = 0,265). Já no pós-

teste, o desempenho em quociente cai e se afasta significativamente do

desempenho de Medida ( (1)= 7,985; p = 0,005), mas não se diferencia do

desempenho em OM ( (1)= 2,540; p = 0,111).

2

2

2

2

Os resultados apontam para predominância expressiva do significado,

parte-todo em todos os testes diagnósticos em seus valores absolutos. Já com

relação aos valores relativos o significado que tem seu patamar mais alto é

medida (cresceu 6,7 vezes mais quando comparado o pós-teste com o pré-teste),

seguido do significado quociente, que cresce 5,6 vezes mais.

Salientamos que se olharmos para estes dados da Figura 5.3 e tivermos

em mente os dados do desempenho dos subgrupos, após as intervenções (Figura

5.1) é provável que esta queda do significado quociente do teste intermediário

comparado ao pós-teste deva-se ao desempenho do grupo GE4 (OM+Qu).

Nas próximas seções apresentamos e analisamos as situações, de acordo

com a utilização de duas variáveis: quantidades contínuas e discretas na sua

representação icônicas versus não icônicas independente do significado.

5.2.3.1 As variáveis contínuas e discretas nos testes-diagnóstico

A seguir, analisamos os dados sob o enfoque da utilização das duas

variáveis: quantidades contínuas icônicas versus não icônicas o e quantidades

discretas icônicas versus não icônicas.

Nesta análise, cabe lembrar que para cada significado, com exceção do

significado quociente, foram elaboradas quatro questões, abordando cada uma

dessas variáveis.

138

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O significado quociente como já foi dito contemplou apenas a quantidade

contínua icônica e contínua não icônica. Pelo fato de que a fração, como

quociente, não permitiu que montássemos situações que contemplassem a

variável discreta, pois, elaborar situações contemplando esta variável sairia do

campo dos racionais, o que não é o objetivo de nossa pesquisa.

A Figura 5.4 abaixo apresenta o desempenho geral, dos alunos nos testes-

diagnóstico em relação às variáveis contínuas e discretas.

FIGURA 5.4 - Desempenho geral dos subgrupos nos testes-diagnóstico em relação a variável contínua e discreta

Contínuo Discreto

% % 2(3) p

Pré-teste 12,5 6,5 10,6 0,001

Intermediário 38,9 28,6 11,7 0,001

Pós-teste 46,6 42,9 1,3 0,250

Var.Teste

Qui-quadrado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Po

rce

nta

ge

m d

e a

ce

rto

s

Contínuo Discreto

Pelos dados da Figura 5.4, percebemos que há diferença significativa em

relação a variável contínua e discreta em relação aos testes diagnósticos,

conforme teste qui-quadrado exposto na tabela da Figura. Ou seja, no pré-teste

quando as crianças ainda não sabem fração, essa diferença é significativa na

variável contínua permanecendo no teste intermediário após a primeira

intervenção.

139

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Já no pós-teste, depois que as crianças passaram pelas duas intervenções,

embora a variável contínua apareça com um pouco diferença em relação à

variável discreta, esta diferença não é mais significativa, ou seja, há uma

tendência de encontro, ou seja, ela vai se igualando com a variável discreta.

Em seguida, faremos à comparação dessas variáveis dentro de suas

representações icônica versus não icônica, no intuito de verificarmos se existe

diferença significativa.

5.2.3.2 Icônica versus não icônica nos testes-diagnóstico

Iniciamos esta subseção apresentando a Figura 5.5 com gráfico e a tabela

com o teste qui-quadrado dos resultados.

FIGURA 5.5 – Resultado das representações icônicas versus não icônicas nos testes-diagnóstico.

Icônico Não icônico

% % 2(1) p

Pré-teste 10,7 8,3 1,7 0,193

Intermediário 38,3 29,2 9,1 0,003

Pós-teste 49,6 39,9 9,4 0,002

Qui-quadrado Var.Teste

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

s

Icônico Não icônico

140

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Na Figura 5.5 percebemos que não há diferença eqüitativa em relação às

questões envolvendo a representação icônica versus não icônica nos testes-

diagnóstico.

Ainda podemos inferir que observando o Gráfico da Figura 5.5. que o

comportamento é justamente ao contrário das situações que envolviam as

variáveis contínuas versus discretas. Ou seja, tanto as situações-problema que

possuem ícone como as que não possuem ícone partem praticamente do mesmo

patamar, com uma diferença sensível a favor do ícone. Já no teste intermediário

está diferença significativa é a favor do icônico, mantendo-se ainda maior no pós-

teste.

Finalizando, poderíamos afirmar que as variáveis contínuas e discretas

interferem no começo, quando as crianças não sabem fração (pré-teste). Esta

diferença continua no teste intermediário, porém a tendência é diminuir, após

passarem pelas duas intervenções (no pós-teste).

Já em relação a situações icônicas e não icônicas, é importante, pois o

ícone importa no começo quando as crianças começam a aprender fração, ou

seja, ele ajuda e há uma tendência de continuar após as intervenções.

Na próxima seção, faremos uma junção dessas variáveis contínuas versus

discretas, dentro de sua representação icônica versus não icônica.

5.2.3.3 Variável continua Icônica versus não icônica e variável discreta

icônica versus não icônica nos testes diagnósticos

Iniciaremos esta subseção apresentando a Figura 5.6. com um gráfico e

uma tabela no intuito de verificar se há diferença entre a variável contínua e

discreta na representação icônica e não icônica nos testes-diagnóstico.

141

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FIGURA 5.6 – Resultado das variáveis contínuas e discretas nas representações icônicas versus não icônicas nos testes-diagnóstico.

Discreto icônico

Discreto não icônico

Contínuo icônico

Contínuo não icônico

% % % % 2 (3) p

Pré-teste 6,9 6,0 14,5 10,5 13,0 0,005

Intermediário 31,0 26,2 45,6 32,3 22,8 0,000

Pós-teste 44,4 41,5 54,8 38,3 15,4 0,001

Qui-quadrado Var.Testes

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Po

rcen

tag

em d

e ac

erto

sDiscreto icônico Discreto não icônico

Contínuo icônico Contínuo não icônico

Analisando os dados nos três testes-diagnóstico, constantes na Figura 5.6

observa-se diferença significativa entre as quatro variáveis, sendo que a variável

contínua icônica apresenta um desempenho superior, isso pode ser comprovado

quando se retira esta variável da análise, não se observando diferença

significativa entre as outras três variáveis (discreta-icônica, contínua-não-icônica e

discreta-não-icônica), conforme resultados do teste qui-quadrado.

Esse melhor desempenho na variável contínua-icônica nos leva a indicar

que para os alunos resolver situações com essa variável interfere em seu

desempenho.

O estudo de Merlini (2005), vem ao encontro de nossos resultados, pois a

autora em seus estudos com alunos de 5ª e 6ª série afirma que seus sujeitos de

pesquisas tiveram melhor desempenho com as situações que envolvia a

quantidade contínua com representação icônica.

142

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Corrobora com essa idéia os pesquisadores Moutinho (2005) e Santos

(2005).

Finalizando esta primeira parte de nossa análise, passaremos à segunda

etapa o que denominamos análise qualitativa.

5.3 ANÁLISE QUALITATIVA

Na seção anterior, realizamos a análise quantitativa dos resultados, cujo

principal parâmetro foi o número de acertos que nossos alunos obtiveram quando

responderam os instrumentos-diagnóstico. Lá consideramos, primeiramente, tanto

o desempenho dos alunos do GE quanto do GC, para depois investigarmos

apenas o desempenho do GE, tendo em conta os quatro subgrupos.

Na presente seção, realizamos uma análise da qualidade dos tipos de

resolução e das estratégias utilizadas pelos sujeitos do GE, frente aos testes-

diagnóstico (pré-teste, teste intermediário e pós-teste), complementando-a,

sempre que procedente com informações trazidas das intervenções de ensino.

Desta forma, decidimos agrupar algumas dessas estratégias que os levaram ao

insucesso nas questões, criando categorias.

Antes da apresentação das categorias, vale lembrar que o número de

respostas categorizadas do pré-teste atingiu um total de 729, aumentando em 23,

o número de respostas categorizadas do teste intermediário de 514 para 557,

aumentando em 43 e do pós-teste de 430 para 452, aumentando em 22, o total

de respostas categorizadas.

No entanto, a análise qualitativa foi delineada dentro de categorias, com

um total de 729 respostas categorizadas para o pré-teste, 557 para o teste

intermediário e 452 para o pós-teste chegando há um total de 1738, aumentando,

assim, 88 o número de respostas categorizadas.

Dessa forma nossa análise qualitativa foi delineada dentro de nove

categorias, teve um total de 1738 respostas categorizadas. Em seguida

mostraremos uma tabela com os nomes e siglas criadas para identificar tais

categorias.

143

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TABELA 5.4 - Nomes e siglas de identificação das categorias

Categoria Nome da categoria

P-P Relação Parte-parte

D/N Inversão do numerador com o denominador

Qu->PT Quociente remete para o Parte-todo

Om->PT Operador Multiplicativo remete para o Parte-todo

rep dados Utilização dos dados do problema

faz conta Utilização de operações

Nº natural Utilização da fração como número natural

Ícone Não se preocupa com a divisão do desenho, repartindo as partes segundo o seu critério

Incomp Incompreensível

Nesta seção abordamos as nove categorias, definindo-as e colocando,

para cada uma delas, a possível estratégia utilizada pelos alunos para que possa

justificá-las.

Parte-parte (P-P)

A categoria denominamos P-P (parte-parte), refere-se à estratégia utilizada

pelo aluno ao desprezar o todo envolvido e se remete apenas às partes para

resolução de uma determinada situação tanto com quantidades discretas na

representação icônica versus não icônica como as quantidades contínuas na

representação icônica versus não icônica. Este tipo de categoria foi encontrada

nas questões que envolviam os quatro significados da fração (parte-todo,

quociente, operador multiplicativo e medida). Para exemplificar esta categoria,

apresentamos a resolução dos alunos nos testes diagnósticos.

FIGURA 5.7- Resolução do aluno A4 GE4 (Qu+OM) no pré-teste

144

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Inversão do numerador com o denominador (D/N)

A categoria denominada D/N refere-se à inversão do numerador com o

denominador.

Nessa categoria, o aluno compreende a situação, porém não é capaz de

representá-la, utilizando a fração, ou seja, o aluno não consegue distinguir a

relação que há entre o numerador e denominador. Este tipo de categoria foi

encontrado nos quatro significados da fração, assim um exemplo clássico desta

categoria seria:

FIGURA 5.8 - Resolução do aluno B4 Ge4 (Qu+OM) no pré-teste

Quociente remete ao Parte-todo (Qu -> PT)

Esta categoria está ligada às questões, cujo significado enfocado é o

Quociente. Refere-se à estratégia que a criança não leva em consideração as

duas grandezas envolvidas, levando em conta somente uma delas, como

mostram os exemplos abaixo.

FIGURA 5.9 - Resolução do aluno F4 Ge4 (Qu+OM) no teste intermediário

145

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Operador remete ao Parte-todo (Om->PT)

A categoria Om->PT denominada como Operador remete ao Parte-todo foi

criada exclusivamente para questões que envolviam o significado operador

multiplicativo.

Entendemos que o erro que qualifica esse tipo de categoria, pode ser pelo

fato do aluno entender a situação, mas, muitas vezes, não conseguir diferenciar a

qual o todo ele se refere. Este tipo de estratégia pode ser detectada em nossas

intervenções nas discussões com os alunos, mediante suas respostas.

Um exemplo que encontramos, enquadrado nesta categoria, seria:

FIGURA 5.10 - Resolução do aluno I1 Ge1 (PT+Me) no pós-teste

Representação dos dados do problema (rep->dados)

Esta categoria determinada, como representação dos dados do problema,

compreende a estratégia, na qual o aluno elaborou sua resposta, de maneira

equivocada com os dados contidos no enunciado.

Como exemplo, desta categoria, apresentamos a resolução de um aluno.

FIGURA 5.11 - Resolução do aluno d2 Ge2 (OM+Qu) no pós-teste

146

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Utilização de operações (faz conta)

Esta categoria faz conta determinada do uso das operações que

compreendem a estratégia, na qual o aluno elaborou sua resposta, utilizando

qualquer tipo de operação (adição, subtração, multiplicação ou divisão) entre

numerador e denominador.

O exemplo que ilustra este tipo de estratégia é:

FIGURA 5.12 - Resolução do aluno I1 Ge1 (PT+Me) no teste intermediário

Utilização da fração como número natural (Nº natural)

A categoria é determinada pelo uso da fração: como número natural,

compreende a estratégia que o aluno faz uso dos números naturais para

representar a fração. Esse tipo de estratégia parece que ainda o aluno ainda não

se apropriou desse novo conjunto; portanto, representa com o conhecimento

anterior à nova situação.

Para exemplificar esta categoria, apresentamos a resolução de um aluno:

FIGURA 5.13 - Resolução do aluno G1 Ge1 (PT+ME) no pré-teste

147

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Não se preocupa com a divisão do desenho, repartindo as partes

segundo o seu critério aleatório (Ícone)

O tipo de categoria determinada ícone compreende a estratégia utilizada

pelo aluno, quando ele despreza o desenho, divide e distribui de acordo com seu

critério. Não se preocupa se o todo está dividido de forma correta, ou mesmo, se

o todo dividido condiz com o total de partes enunciadas na fração.

Para exemplificar esta categoria apresentamos o protocolo do aluno.

FIGURA 5.14 - Resolução do aluno A2 Ge2 (OM+Qu) no pós-teste

Incompreensível (Incomp)

Esse tipo de categoria foi criada exclusivamente, quando ao analisar a

resposta dada pelo aluno, não conseguimos definir, o que ele mesmo escreveu ao

responder os testes-diagnóstico.

Para exemplificar, esta categoria destacamos o protocolo do aluno:

FIGURA 5.15 - Resolução do aluno E3 Ge3 (ME+ PT) no pré-teste

148

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Definidas as categorias de análise, a seguir, apresentamos, um panorama

geral da 2ª etapa da análise.

Embora tenhamos ciência de que existem casos em que há vários tipos de

erros na resolução de uma única questão, fizemos um panorama geral dos

principais erros encontrados nos testes-diagnóstico e em quais grupos eles se

destacaram.

Apresentamos a seguir a incidência da utilização de cada categoria –

Relação Parte-parte, Inversão do numerador com o denominador, Quociente

remete ao Parte-todo, Operador Multiplicativo remete para o Parte-todo, Utilização

dos dados do problema, Utilização de operações, Utilização da fração como

número natural, Incompreensível – nas resoluções apresentadas por cada

subgrupo. Momento em que destacamos a quantidade de respostas incorretas em

cada uma das categorias em relação aos grupos e, também, apresentamos um

gráfico com a finalidade de mostrar qual o comportamento dos grupos em relação

aos erros.

Iniciaremos mostrando o Gráfico

GRÁFICO 5.1 - Erros cometidos pelos subgrupos do GE nos testes-diagnósticos

8090

100110120130140150160170180190200210

Pré-teste Intermediário Pós-teste

To

tal

de

erro

s

GE1 (PT+M e) GE2 (OM +Qu)

GE3 (M e+PT) GE4 (Qu+OM )

149

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Em relação ao Gráfico 5.1, inferimos que, em geral todos os grupos diminui

suas quantidades de erros. Alguns grupos reduzem mais seus erros, como é caso

do GE2 (OM+Qu), e outros diminuem menos, como é o caso do GE1 (PT+Me).

Nesse sentido temos Vergnaud, (1996), onde afirma que a construção do

conhecimento pelo aprendiz não é um processo linear. Ao contrário, é complexo,

tortuoso, demorado com avanços e retrocessos, continuidades e rupturas.

É provável que tentamos montar uma seqüência que propiciasse a

aprendizagem dos alunos trabalhando o significado da fração proposta por Nunes

et al. (2003), porém estamos cientes de que cada aluno tem seu tempo, e a

construção e a apropriação de um conceito são processos lentos que exigem

fôlego que estendem- se aos longos dos anos.

A seguir, como foi dito, passamos a comentar os tipos de erro dos alunos.

TABELA 5.4 - Tipos de erros dos subgrupos do GE nos testes-diagnóstico

Com base nos dados da Tabela acima, podemos inferir que das nove

categorias elaboradas para enquadrar as estratégias dos erros dos alunos

150

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tivemos uma incidência maior em quatro categorias (parte-parte, inversão do

denominador pelo numerador, utilização dos números naturais e

incompreensíveis).

Assim, iremos dar uma atenção especial voltada a estas quatro categorias,

isto não quer dizer que outros erros não são importantes, pois este não é o intuito

de nossa análise, pelo contrário, nesse momento vamos tentar buscar porque

alguns erros continuaram e, até mesmo, aumentaram após nossa intervenção.

A tabela evidencia que, no geral em termos absolutos todos os erros

sofreram uma queda; porém, alguns continuaram persistentes (parte-parte,

inversão do denominador pelo numerador, quociente remete a parte todo,

operador multiplicativo remete a parte todo, representação dos dados, faz contas

e ícone). É provável que esta persistência aconteça pelo fato de alguns erros

diminuírem mais rápido do que outros. Por outro lado, outros praticamente

desapareceram após as intervenções (utilização dos números naturais e

Incompreensíveis).

Abaixo apresentamos um Gráfico com os quatro erros que mais chamaram

atenção.

GRÁFICO 5.2 - Gráfico com os quatro tipos de erros nos testes-diagnóstico

0

50

100

150

200

250

Pré-teste Intermediário Pós-teste

Com

par

ativ

o d

as c

ateg

ori

as

P-P D/N Nº natural Incomp

No Gráfico 5, observamos que existe uma tendência, em todos os grupos,

em empregar a categorias parte-parte, como estratégia de resolução. Quando as

151

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crianças não sabem fração no pré-teste, está incidência é maior, tendo uma

incidência pouco menor no teste intermediário e continuando no pós-teste.

Bezerra (2001); Merlini (2005); Moutinho (2005); em seus estudos, também

observaram esse tipo de erro nas questões, envolvendo o significado parte-todo e

medida, tanto em quantidade discreta com representação icônica versus não

icônica, com quantidade contínua com representação icônica versus não icônica.

Segundo os autores, os alunos procederam a contagem da parte destacada e, em

seguida, realizaram a contagem das demais partes, esquecendo sempre de

relacionar o todo.

De modo similar, Canova (2006), em seus estudos com professores dos 1º

e 2º ciclos do Ensino Fundamental, observou esse tipo de erro nas situações

envolvendo o significado parte-todo e medida.

Outro tipo de erro que foi bastante freqüente observando o Gráfico 5. é a

inversão do numerador com o denominador. Este erro nos chamou bastante

atenção, pois, comparando de onde as crianças partem (pré-teste) e chegam ao

pós-teste, observamos quase uma estagnação. O que nos levar a supor que as

crianças possam estar entendendo a fração, porém não se apropriam da escrita

formal.

Esses resultados permitem conjeturar duas possibilidades que possam ter

levado as crianças a praticar esse tipo de erro. A primeira, diz respeito à questão

12 dos testes-diagnósticos, pois nesta questão, temos o numerador maior o que

denominador, o que não foi trabalhado durante nossas intervenções. A segunda

possibilidade, refere-se às situações problema nos quais os alunos utilizaram-se

do enunciado do problema como mostram os protocolos dos alunos abaixo:

FIGURA 5. 16 - Resolução do aluno h1 Ge1 (PT+ME) no pré-teste.

152

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Esse tipo de erro é comum entre as crianças, conforme apresentou os

resultados de Bezerra (2001); Merlini (2005); Moutinho (2005) e Canova (2006) já

citados neste trabalho.

Seguindo essa linha de raciocínio, encontramos uma valiosa contribuição

em D’Ambrósio (1989) que mostra nos resultados de sua pesquisa algumas

dificuldades dos alunos ao trabalharem com o conceito de fração. Uma dessas

dificuldades citada é a confusão que os alunos fazem entre numerador e o

denominador (ora o numerador era o número total de partes, ora o número de

elementos).

Por outro lado, o erro que denominamos de número natural, aparece no

pré-teste em patamares altos (140 em termos absolutos, segundo maior erro),

porém, após a primeira intervenção, ou seja, no teste intermediário, ele aparece

duas vezes menor (70 em termos absolutos). Já no pós-teste, este tipo de erro

aparece em patamar bem mais baixo (11 termos absolutos). O que é razoável

supor que há fortes indícios que os alunos já comecem a entender o significado

desse novo campo numérico, aumentando seu Campo Conceitual.

Abaixo, apresentamos o protocolo de evolução de um mesmo aluno do

subgrupo GE3 (ME+PT).

FIGURA 5. 17 - Resolução do aluno E3 Ge3 (ME+PT) no pré-teste e pós-teste

153

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Segundo Magina et al. (2001) a formação do conceito pela criança pode

ser observada por meio de suas estratégias de ação ao resolver um problema,

isto é pelos invariantes que a criança reconhece na situação (muitas vezes

implícitos, como no caso dos teoremas-em-ação, na estratégia). Além da

estratégia de ação, pode-se ainda observar as expressões utilizadas pela criança

durante a resolução de um problema, isto é, a simbologia que ela usa para

representar a situação e sua ação na mesma.

Nesse sentido, concordamos com Magina et al. (2001), pois foi por meio

das estratégias que os alunos utilizaram que conseguimos analisar seu

crescimento. Crescimento esse que é de suma importância a seu campo

conceitual.

Constatamos, ainda, em relação aos dados da Tabela 5.4 que a categoria

inconsistente, teve patamares diferenciados em relação ao pré-teste e pós-teste.

Este tipo de categoria começa com 8,5% e, ao final dos testes, atingiu 2,2% dos

erros, o que significa uma diferença de 6,3 pontos porcentuais, mostrando que os

alunos, após passarem pelas intervenções, tentam expandir o seu Campo

Conceitual. Abaixo mostraremos um protocolo mostrando a evolução de um

mesmo aluno após a intervenção.

FIGURA 5. 18 - Resolução do aluno E3 Ge3 ( PT+ME) no pré-teste e pós-teste

154

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Apesar da estratégia parte-parte ter sido muito utilizada, é razoável supor

que não houve muita regularidade nas principais estratégias de resolução

encontradas nas respostas dos alunos de nossa amostra, visto que, para uma

mesma questão encontramos diferentes estratégias de resolução utilizadas pelos

os alunos.

Acreditamos agora que temos dados suficientes para responder nossa

questão de pesquisa, passaremos ao próximo capítulo, no qual apresentaremos

as conclusões do estudo.

155

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CAPÍTULO VI

CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 INTRODUÇÃO

A presente dissertação teve por objetivo realizar um estudo intervencionista

para introdução do conceito de fração com alunos da 2ª série do Ensino

Fundamental. Esses alunos, advindos de duas turmas de uma escola pública

estadual da região de Santo André, compuseram dois grupos, sendo que um dos

grupos passou por uma intervenção planejada de ensino sobre o tema fração –

Grupo Experimental (GE) – e o outro Grupo não passou por qualquer intervenção

sobre o tema e por isso o chamamos de Grupo Controle (GC). Ambos os grupos

nunca tiveram contato, do ponto de vista formal da escola, com o objeto fração.

O estudo utilizou a classificação teórica proposta por Nunes et al. (2003)

que discute a fração, contemplando cinco significados: Parte-todo, Quociente,

Operador Multiplicativo, Medida e Número. Este último significado (número) não

foi abordado em nosso estudo, uma vez que para isso seria necessário que os

alunos tivessem algum conhecimento sobre outros conjuntos numéricos.

Para alcançarmos o objetivo do estudo, traçamos um planejamento

científico, o qual envolveu algumas etapas. A primeira delas, foi justificar o

interesse e a importância de realizarmos tal investigação e, em seguida,

apresentamos a problemática para, então, colocarmos, explicitamente, a questão

de pesquisa (Capítulo I). Em seguida, realizamos inúmeras leituras para definição

do suporte teórico que seria usado na construção e análise da pesquisa.

Encontramos na Teoria dos Campos Conceituais e nas idéias teóricas de Nunes

156

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et al. (2003) tais subsídios e esses construtos teóricos foram apresentados e

discutidos no capítulo II. A Teoria dos Campos Conceituais foi muito importante

para subsidiar nossa visão sobre a formação do conceito, principalmente, no que

ela destaca quanto à essencialidade da resolução de problemas para surgimento

do conhecimento, a grande ênfase nas situações em que esses problemas estão

inseridos e as estratégias (implícitas e explícitas) que os alunos usam para

resolvê-los. Já Nunes nos ofereceu subsídios para classificar os significados da

fração.

Complementando a parte teórica de nosso estudo, procedemos com uma

revisão bibliográfica das pesquisas correlatas à nossa, realizadas no Brasil e no

mundo (capítulo III). Iniciamos a revisão a partir das pesquisas realizadas no

âmbito do projeto desenvolvido dentro do programa de cooperação entre a Oxford

University – sob a coordenação de Terezinha Nunes – e o Programa de Educação

Matemática da PUC-SP, coordenado pelas Professoras Doutoras Tânia Campos

e Sandra Magina, intitulado “A formação, desenvolvimento e ensino do conceito

de fração”, que investigaram o objeto fração”.

Apoiando-nos nas idéias teóricas, bem como nas leituras das pesquisas

relacionadas ao estudo, definimos e construímos a metodologia de nossa

pesquisa, a qual se tratou de um estudo quase experimental, composto por duas

etapas: a primeira, denominada etapa , constitui na aplicação dos testes-

diagnóstico (pré, intermediário e pós-testes), pelos quais passaram os dois

grupos, GC e GE. A segunda, etapa , voltou-se à fase de intervenção, momento

em que ensinamos aos alunos do GE a fração, tendo em conta os quatro

significados discutidos (Capítulo IV).

O passo seguinte à realização do estudo foi proceder com a análise dos

dados delineada em dois momentos: primeiro em relação ao aspecto quantitativo,

em que buscamos relacionar os percentuais de acertos, com ajuda do pacote

estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciene). O segundo momento,

referiu-se à análise dos dados do ponto de vista qualitativo, visando a identificar

os tipos de erros cometidos pelos alunos, bem como analisar suas estratégias na

resolução (Capítulo V). Para tanto, apresentaremos, na próxima seção (6.2), uma

síntese desses resultados para, em seguida, retomarmos à questão de pesquisa

157

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com o intuito de respondê-la (seção 6.3). Finalizando nosso estudo,

apresentaremos algumas sugestões para futuras pesquisas (seção 6.4).

6.2 SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS

Nesta seção, apresentamos uma síntese dos principais resultados

discutidos no capítulo da análise, tanto no que se refere aos testes-diagnóstico,

quanto os da intervenção de ensino, pelo qual apenas os alunos do GE

passaram.

De início, observamos que os grupos GE e GC partiram de patamares

similares, não havendo diferença estatisticamente significativa em seus

desempenhos. Porém, esta similaridade entre grupos começa a mudar no teste

intermediário, (após a primeira intervenção), com um distanciamento ainda maior

no pós-teste, a favor do GE. Provavelmente, tal resultado, foi fruto das

intervenções de ensino pelas quais passaram os alunos do GE, o que não

aconteceu com os alunos GC.

Por outro lado, é importante considerar que o GC, grupo não visto e que

serviu de equiparação, também, apresentou melhoria em seu desempenho de um

teste para outro. Há indícios de que esse avanço esteja ligado ao fato dos testes-

diagnóstico (pré, intermediário e pós-testes) terem mantido a mesma equivalência

matemática, tanto no que se refere aos contextos quanto às questões, e que,

embora em níveis de percentuais bem aquém do GE, eles proporcionaram

momentos de aprendizagem aos alunos desse grupo.

Nessa perspectiva, concordamos com a afirmação de Vergnaud (1996a, p.

117) de que: ”muitas de nossas concepções vêm das primeiras situações que

fomos capazes de dominar ou de nossa experiência, tentando modificá-las”.

Salientamos que esse melhor desempenho do GE sobre o GC, nos dois

últimos instrumentos diagnósticos, apresentou um alto índice de significância

estatística. Este resultado nos permite inferir que as intervenções de ensino

surtiram resultados satisfatórios de aprendizagem.

158

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Tal resultado já era esperado, pois segundo Vergnaud (1982, 1987, 1988,

2001), o professor tem um papel fundamental, no processo de aprendizagem dos

alunos, sendo dele a responsabilidade de fazer escolhas adequadas para criar um

ambiente favorável para o aluno avançar no processo de aprendizagem.

Para aplicação da intervenção de ensino, dividimos o grupo GE em quatro

subgrupos. Cada subgrupo, por sua vez, teve contato com dois significados

distintos de fração. Os nomes de cada subgrupo foram definidos segundo os

significados que eles receberam, juntamente com a ordem de seu ensino. Assim,

por exemplo, o GE1 (PT+ME) foi o subgrupo que, inicialmente passou pela

intervenção de ensino, explorando o significado parte-todo e depois pelo

significado medida.

Com relação aos resultados obtidos pelos alunos do GE, notamos que no

pré-teste o significado parte-todo foi o que apresentou patamar de acerto mais

alto (17,3%), seguido pelo significado operador multiplicativo (10,9%) e depois

medida (6,9%). O significado quociente foi o que teve o pior índice de acertos,

apresentando média de acerto de 5,6%.

Em relação aos quatro subgrupos do GE, todos partiram de patamares

similares com exceção do subgrupo GE4 (Qu+OM), que de início já apresentou

um perfil diferente, saindo em patamar mais alto em todos os significados.

Após a aplicação do pré-teste, seguimos em direção à segunda parte da

análise, que teve o intuito de medir a contribuição que cada intervenção

exerceu sobre aprendizagem dos alunos do GE.

Ao final da primeira intervenção, constatamos que os subgrupos GE1

(PT+Me), GE2 (OM+Qu) e GE3 (Me+PT), apresentaram melhor desempenho

nas questões do teste intermediário que exploravam o significado quociente,

seguido do significado pelo qual o subgrupo passou na intervenção. Já o

subgrupo GE4 (Qu+OM), que recebeu esta intervenção (quociente), cresceu

mais em termos relativos no significado medida, ficando em segundo lugar o

significado quociente.

159

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Face ao primeiro resultado, constamos que, independentemente da

intervenção recebida, houve uma forte tendência dos subgrupos em apresentar

melhor desempenho nas questões que envolviam o significado quociente. Ou

seja, parece que situações de frações que envolvem a idéia de quociente é mais

significativas aos alunos o que veio corroborar com as idéias de Kieren (1988) e

Nunes et al. (1997).

Em seguida, passamos a avaliar os subgrupos após a segunda

intervenção, ou seja, no pós-teste.

Os resultados apresentados na Tabela 5.3 da seção 5.2.2.3 apontaram, tal

como no pré-teste que há uma forte tendência dos alunos do GE saírem-se

melhor em situações, envolvendo o significado parte-todo, já que obtivemos um

valor de 74,2% de respostas certas neste significado. Um outro significado que os

subgrupos, também, tiveram um bom salto, foi nas questões que envolviam o

significado medida.

Os resultados ainda sugerem que houve dois subgrupos (GE1 e GE3) que

seguiram uma mesma tendência de comportamento, estando em consonância

com a intervenção recebida e outros dois subgrupos que foram dispares

GE2(OM+Qu) e GE4 (Qu+OM).

No caso do GE2(OM+Qu), tudo indica que nossa intervenção fez com que

os alunos desse subgrupo tivessem no final um bom desempenho em todos os

significados, visto que ele conseguiu distribuir seu crescimento de maneira

razoavelmente eqüitativa. De fato, o GE2 cresceu entre uma vez e meia e duas

vezes em todos os significados entre o teste intermediário e pós-teste,

independente da intervenção recebida. Em outras palavras, o subgrupo fez uma

distribuição em seu percentual de sucesso, não se atendo apenas a apresentar

bom desempenho nas situações, nas quais os significados recebeu na

intervenção de ensino.

Já em relação ao GE4(Qu+OM), este teve um comportamento totalmente

diferente dos demais subgrupos, pois esse subgrupo apresentou algum

crescimento (do pré para o pós-teste) nas situações que envolviam os

significados trabalhados nas duas intervenções pelas quais passou, mas esse

160

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crescimento foi relativamente pequeno e, além disso, houve uma quase

estagnação nos percentuais de acerto em relação aos outros dois significados.

Este subgrupo chega a apresentar no pós-teste, inclusive, uma queda no

significado quociente, o que, a princípio, não deveria acontecer já que este foi um

dos significados dado na intervenção.

Os resultados apresentados pelo subgrupo GE4 (Qu+OM), permite-nos

conjeturar duas possibilidades que justifiquem tal comportamento. A primeira

possibilidade, é considerar que, uma vez que esse subgrupo foi o único, que

apresentou algum sucesso nas questões do pré-teste, isto indicava que os alunos

desse subgrupo já tinham alguma compreensão sobre fração. No entanto, ao

passar pelas intervenções, estas geraram desequilíbrios nesse entendimento,

levando os alunos a não mais ter certeza do que sabiam. A segunda, é

conseqüência da primeira, referente ao tempo da intervenção; isto é, para superar

o desequilíbrio, os alunos necessitariam de mais contato (interação) com o objeto

fração. Desta forma, não houve possibilidade de fazer relação direta entre o que

eles receberam de intervenção e o que eles avançaram na formação do conceito

de fração.

Finalizando esta segunda etapa, concluímos que dois subgrupos

comportaram-se conforme o previsto (GE1 e GE3). Já em relação ao GE2 e GE4,

tiveram comportamentos diferentes. Sobre o GE2, podemos supor que esse

subgrupo, após a segunda intervenção, não se comportou conforme o previsto,

mas além do previsto, indicando que foi essa intervenção que mais ajudou os

alunos na formação do conceito de fração. Já entre os alunos do GE4, houve um

desequilíbrio, o que os levou a ter um crescimento relativamente menor que os

demais subgrupos.

Em relação aos quatro significados trabalhados na intervenção de ensino,

os resultados apontaram para a predominância expressiva do significado, parte-

todo em todos os testes-diagnóstico em seus valores absolutos. Quantos aos

valores relativos, o significado que teve seu patamar mais alto, foi o de medida

(cresceu 6,7 mais, comparando-se o pré-teste com o pós-teste), seguido do

significado quociente (cresceu 5,6 mais), comparando-se o desempenho no pré-

teste e no pós-teste.

161

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Em relação às variáveis contínuas e discretas, constatamos também que

houve diferença significativa em favor da variável contínua no pré-teste (antes dos

alunos passarem pela intervenção de ensino), mas essa diferença tende a

desaparecer à medida que os testes-diagnóstico são aplicados. De fato, depois

que os alunos passaram pelas duas intervenções (no pós-teste), embora as

situações em que a variável contínua aparece, apresentem maiores percentuais

de acertos em relação à variável discreta, essa diferença não é mais significativa.

Assim, há uma tendência de desaparecimento da interferência dessas variáveis

no percentual de sucesso dos alunos.

Em seguida, passamos a observar as situações-problema que possuíam o

ícone versus àquelas em que não havia ícone. No início, os resultados apontaram

que, quando os alunos ainda não haviam interagido com a fração (no pré-teste), a

representação icônica mostrou ser uma variável que não interferia no sucesso das

questões. O fato da situação-problema ter ou não o ícone, não favorecia, no

início, o acerto dos alunos. Por outro lado, no teste intermediário e no pós-teste,

após as intervenções de ensino, essa variável passou a interferir no sucesso dos

alunos ao resolverem as situações-problema. Assim, os alunos tinham mais

sucesso ao resolver problemas nos quais os ícones estavam presentes, do que

naquelas situações em que não havia representações icônicas.

Assim, temos que estas duas variáveis seguiram caminhos opostos quanto

às suas interferências junto a esses alunos.

Nesse sentido, analisamos as variáveis contínuas e discretas dentro de

suas representações icônicas versus não icônicas e constatamos que a variável

contínua icônica sobressai-se em relação às outras variáveis, o que nos levou a

indicar que para os alunos resolverem situações com essa variável interferiu em

seu desempenho.

Quanto à análise qualitativa, que tratou de classificar os tipos de erros que

os alunos cometeram ao longo da resolução dos três testes-diagnóstico, foi

possível classificar esses erros em nove categorias, a saber: Parte-parte,

Inversão do numerador com o denominador, Quociente remete ao parte-todo,

Operador remete ao parte-todo, Representação dos dados do problema,

162

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Utilização de operações, Não preocupação com a divisão do desenho, repartindo

as partes, segundo o seu critério aleatório (Ícone), número natural e

Incompreensível

Constatamos que o número de erros de todas as categorias sofreu queda

de um teste para outro, porém, quando foram observados seus valores relativos,

alguns pareciam insistir em permanecer. Este foi o caso das categorias “parte-

parte” e “inversão do denominador com o numerador”.

Por outro lado, as categorias denominadas “inconsistente” e “número

natural” praticamente desapareceram ao longo dos testes. Tal resultado nos levou

a supor, dentro do limite de nossa amostra, que os alunos realmente iniciaram a

compreensão do significado desse novo campo numérico, expandindo assim seus

Campos Conceituais numérico e multiplicativo.

Após a apresentação da síntese dos resultados, acreditamos estar

munidas para responder nossa questão de pesquisa, que é o que faremos, a

seguir.

6.3 RESGATE DA QUESTÃO DE PESQUISA

No início deste estudo, levantamos certas dificuldades encontradas em

relação ao ensino e aprendizagem de fração, no que diz respeito ao professor e

aluno.

Pautados nestes estudos, sugerimos que essas dificuldades poderiam ser

minimizadas por um trabalho que privilegiasse o ensino de fração, a partir de

diversos contextos, explorando quatro de seus cinco significados e já se iniciasse

com alunos que nunca tiveram contato do ponto de vista formal da escola com

objeto fração. Destacamos, ainda, a importância do papel do professor, pois cabe

a ele a cuidadosa escolha e adequação das situações que dão significado ao

conceito.

Na Inglaterra, foi feito um estudo de intervenção, que apontou que as

crianças inglesas conseguem compreender melhor o conceito de fração, quando

163

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este é iniciado, baseado em uma situação representada por um quociente, o

resultado de uma divisão.

Nesta perspectiva, partimos da hipótese que o entendimento da fração nos

alunos dependerá, do modo pelo qual a fração é introduzida. Apoiados, nessa

hipótese, lançamos mão de nossa questão de pesquisa:

QUAIS OS EFEITOS QUE CADA UM DOS QUATRO SIGNIFICADOS PARA FRAÇÃO

(PARTE-TODO, QUOCIENTE, OPERADOR MULTIPLICATIVO E MEDIDA) TRAZ PARA

A APRENDIZAGEM INICIAL DOS ALUNOS DO 1O CICLO (2ª SÉRIE) DO ENSINO

FUNDAMENTAL SOBRE ESSE CONCEITO?

Antes de responder à questão, é preciso informar que nosso estudo foi

realizado com uma amostra não aleatória, envolvendo uma quantidade pequena

de alunos (31 do GE e 31 do GC). Portanto, embora tenhamos tratado os dados

estatisticamente e nossa amostra tenha sido retirada de uma população de escola

pública (sistema que atende a maioria dos alunos brasileiros), sabemos que não

possuímos dados suficientes que nos permitam extrapolar, para além de nossa

população.

Ainda assim nos sentimos confortáveis para pensar que nossos resultados

muito provavelmente, contribuam para dar pistas sobre a participação que cada

um dos significados de fração aqui investigados no que diz respeito à construção

do conceito em crianças pequenas (8 anos). O estudo, também, poderá contribuir

para sugerir se seria pertinente trabalhar com o tema fração na escola já no 1º

ciclo do Ensino Fundamental e se, sim, a partir de qual (ou quais) significados.

Face aos resultados e restringindo-nos sempre aos limites de nossa

amostra, defendemos a idéia de que é possível reconhecer que cada um dos

significados teve papel importante na aprendizagem da fração pelos alunos.

Todos trouxeram contribuições para o início da apropriação desse objeto.

Dessa forma, a partir da análise dos resultados foi possível encontrar

efeitos distintos na aprendizagem inicial de fração, dependendo do significado que

se utilizou para introduzir esse conceito.

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A fração com o significado parte-todo parece ser o único já existir nos

alunos, mesmo antes de qualquer ensino formal, porém junto com esse

significado há um outro bastante forte, que é o “parte-parte”. Na verdade, parece

que os alunos chegam à escola com um falso teorema-em-ação, provavelmente,

oriundo de situações cotidianas ligadas à idéia de divisão de duas partes. O

significado parte-todo, porém parece não contribuir tanto para apropriação do

conceito de fração, visto que os subgrupos que receberam esta intervenção (GE1

e GE3) não apresentaram seus melhores patamares em acertos nesse

significado.

A fração com significado medida apresentou uma trajetória similar ao

significado parte-todo. Isto significa dizer que os subgrupos que receberam

intervenção, explorando este significado não apresentaram altos (ou os mais bem

sucedidos) percentuais de acertos nele. Já a fração com o significado quociente e

operador multiplicativo parece ter grande contribuição para os alunos

apropriarem-se do conceito de fração.

Nesse sentido, é importante destacar que, independente da intervenção

recebida, o significado quociente foi o gerou mais sentido para os alunos quando

falamos em fração. Em outras palavras, os alunos parecem entender melhor a

fração quando esta está ligada às situações que envolvem o significado

quociente. Tal conclusão encontra-se alinhada ao que defende Kieren, (1988) e,

principalmente, Nunes et al. (1997).

Desta forma, observando o crescimento dos subgrupos dentro da

intervenção recebida e restringindo-se sempre ao limite de nossa amostra, os

resultados parecem indicar que apresentar frações por parte-todo e medida não

ampliam tanto o campo conceitual das frações quanto apresentar quociente e

operador multiplicativo.

Assim, comparando o GE2 (OM+Qu) com o GE4 (Qu+OM) que

trabalharam os mesmos significados, tendo apenas a ordem da intervenção

inversa, parece que iniciar com operador multiplicativo foi mais decisivo na

apreensão do conceito de fração, uma vez que o subgrupo GE2 (OM+Qu) foi o

subgrupo que mais cresceu, tanto em termos absolutos, quanto em termos

165

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relativos. A intervenção pelo qual que este subgrupo passou parece que ajudou o

subgrupo a ter sucesso não só no significado trabalhado como também nos

outros significados.

Portanto, é razoável supor que introduzir fração a partir dos significados

operador multiplicativo e quociente mostra ser o melhor caminho para a

aprendizagem da fração, mesmo com crianças pequenas (8 anos).

Esta evidência, também, é apontada nos trabalhos de Merlini (2005),

Moutinho (2005), voltados para alunos de séries mais adiantas, e mesmo em

Santos (2005), que pesquisou os significados entre professores (polivalentes e

especialistas).

Finalmente, ao refletir sobre o fechamento deste estudo e tendo

respondido nossa questão de pesquisa, temos a convicção de que se faz

necessário um trabalho mais consistente em relação ao significado quociente,

visto que nossa intervenção trabalhou com menos questões neste significado.

6.4 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Acreditamos que nosso estudo poderá trazer contribuições significativas

para a discussão científica sobre a participação que cada um dos significados da

fração exerce, no que diz respeito à construção de seu conceito em crianças

pequenas (8 anos). Assim, a partir de nossa conclusão, podemos fazer algumas

sugestões para realização de futuros estudos que objetivem investigar novas

abordagens para o ensino de fração. Desta forma destacamos duas sugestões de

pesquisa com intervenção no Ensino Fundamental.

A primeira sugestão de pesquisa, seria uma intervenção com maior número

de encontros, abordando os quatro significados, parte-todo, quociente, operador-

multiplicativo e medida, mas, que mantivesse a mesma quantidade de questões a

todos os significados.

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Estes quatro significados seriam abordados dentro de suas variáveis de

quantidades contínuas versus discretas e representação icônica versus não

icônica.

Outra sugestão seria fazer, primeiramente, um estudo piloto com alunos

para depois montarmos uma seqüência, em seguida, entrevistas com parte dessa

amostra.

167

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ANEXOS

Anexo 1

IDADE: __________________________________________

NOME DO ALUNO: ___________________________________

SÉRIE: _____________________________________________

i

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1- Pedro e Paulo compraram uma pizza para dividir igualmente entre eles.Pinte de azul a parte que Pedro comeu e de vermelho a parte que Paulo comeu.Utilizando números, escreva qual a fração da pizza que cada um comeu.

Respost

2- Antes que começassem a comer chegaram dois amigos do Paulo e do Pedro.A pizza foi então outra vez repartida igualmente entre os quatro amigos.Neste caso que parte da pizza cada um irá comer? Desenhe esta situação e escreva a fração que cada um dos meninos irá comer.

Resposta

3- Carlos ganhou uma barra de chocolate. Ele cortou em 6 pedaços iguais e comeu 4 pedaços. Pinte os pedaços que ele comeu e escreva a fração.

Resposta

4- Numa loja de presentes tem 2 bonés azuis e 1 boné branco, todos do mesmo tamanho. Você pode escrever utilizando números a fração que representa a quantidade de boné branco em relação ao total de bonés?

Resposta

5- No retângulo abaixo, Laís pintou duas caretinhas. Você pode representar numericamente, em forma de fração, essa caretinhas pintada em relação à quantidade total de caretinhas?

Resposta

ii

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6- Numa loja de brinquedos havia 5 bonecas iguais. Sara comprou 3 dessas bonecas para presentear suas sobrinhas . Que fração representa as bonecas que Sara comprou em relação ao total de bonecas da loja?

Resposta

Desenho

7- Das 8 xícaras de um conjunto de chá, 2 estão quebradas. Você pode escrevera fração que indica a quantidade de xícaras quebradas em relação ao total de xícaras?

Resposta

Desenho

8- Naná ganhou uma barra de chocolate, partiu em 3 partes iguais e deu 2 partes para sua amiga Luana. Você pode escrever que fração representa a parte que Luana recebeu em relação ao total do chocolate?

Resposta

Desenho

9- Na mesa do restaurante tem 5 crianças. A garçonete serviu 3 tortas para dividir igualmente entre elas. Que fração de torta cada criança receberá?

Resposta

10- Divida as 2 barras de chocolate que estão desenhadas abaixo para 4 crianças, de tal forma que todas ganhem o mesmo tanto. Que fração do chocolate cada criança receberá?

Resposta

iii

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11- Agora divida uma barra de chocolate para três crianças e pinte a parte que uma delas irá comer.

Resposta

Desenho

12- Lana tem 8 barras de cereais. Ela vai dividir igualmente para 4 crianças. Você pode escrever que fração cada criança irá receber?

Resposta

Desenho

13- Silas comprou 6 balões. Desses balões 21 são vermelhos. Escreva quantos

balões são vermelhos. Resposta

Desenho

14- Carla ganhou 64 das bolas abaixo. Circule as bolas que ela ganhou.

Resposta

15- Fábio tinha 6 bolas. Ele organizou as bolas em dois grupos. Um grupo era de bolas azuis e outro de bolas amarelas. Qual a fração que representa as bolas amarelas em relação ao total de bolas?

Resposta

iv

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16- Agora Fábio tem 8 bolas, organizadas em quatro grupos. Três grupos são de

7- Lulu ganhou um chocolate e comeu

bolas verdes e um de bola amarela. Qual a fração que representa as bolas verdes em relação ao total de bolas?

Resposta

Desenho

531 . Pinte a quantidade de chocolate que

8- A tia de Sandra fez bolos de morango e chocolate. Que fração representa os

9- A mãe de Carlos fez 1 torta de morango e 3 chocolate. Que fração do

0- Carlos deu

Lulu comeu. Resposta

1bolos de morango em relação ao total de bolos?

Resposta

1conjunto de tortas representa as tortas de chocolate com relação ao total de tortas que a mãe de Carlos fez?

Resposta

Desenho

842 do queijo para 8 crianças.

nças e de queijo, de tal forma que Desenhe abaixo o número certo de cria

cada criança receba os 84 de queijo que Carlos deu.

v

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21- Num saquinho há 6 bolas de gude. 4 dessas bolas são azuis e duas são verdes. Qual a chance de alguém, sem olhar, pegar uma bola azul nesse saquinho?

22- Vamos imaginar que alguém tirou as bolas azuis e verdes e que colocou no saquinho agora 2 bolas brancas e 2 bolas pretas. Qual a chance de alguém, sem ver, tirar do saquinho uma bola branca?

23- Observe o baralho:Qual a chance de tirar uma carta azul neste baralho?

24- Na escola de Paulo foi feito um sorteio com 8 bilhetes para um passeio. Paulo tinha comprado 4 desses 8 bilhetes. Qual a chance de Paulo ser sorteado?

Resposta

Desenho

Resposta

Resposta

Desenho

RespostaDesenho

Resposta

vi

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25- Um pintor misturou 3 litros de tinta preta com 1 litro de tinta branca. Que fração da mistura representa a tinta branca em relação ao total de tinta?

Resposta

26- Para fazer uma jarra de suco de caju, Carla mistura 1 litro de água e 2 litros de concentrado de caju. Você pode escrever que fração representa o concentrado de caju em relação ao total da mistura?

Resposta

Desenho

27- Para preparar uma jarra de refresco de uva, Cláudia necessita de um copo de concentrado de uva e um copo de água. Você pode escrever que fraçãorepresenta o concentrado de uva em relação a mistura total?

Resposta

28- Para fazer um cimentado um pedreiro mistura duas latas de cimento com 6 latas de areia. Qual a fração representa as latas de cimento em relação ao total de latas da mistura?

Resposta

Desenho

vii

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Anexo 2

viii

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ix

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