uma tragédia de solidão

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Quando as grades se fecham é quando o inferno começa para muitos, mas, para Albert O’Brien, já começou há muito tempo. Ser jogado em um canil, onde a vida dos animais vale pouco e o medo é a única forma de respeito, é mais uma provação em uma vida que conheceu, muito cedo, uma terrível violência. Mas a questão é: seria a última? Enquanto Albert luta para sobreviver em meio ao pior que existe no sistema prisional da Califórnia – gangues sangrentas, psicopatas como vizinhos, carcereiros tão brutais quanto os presos e as privações da mente em um mundo claustrofóbico –, sua família enfrentará uma ameaça ainda mais perturbadora. Por que ele está aqui? Tem alguma coisa a ver com os monstros de seu passado? Conseguirá sobreviver, física e mentalmente, ao seu novo tormento? Cuidado! A primeira página desta história é um aviso para você pensar se aguenta ou não. Dessa página em diante, as coisas só vão piorar, mas você não conseguirá largar o livro até saber o final.

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Page 3: Uma tragédia de solidão

m. moori batista

umatragédia

de solidãoTalentos da Literatura Brasileira

, 2015

Page 4: Uma tragédia de solidão

gerente editorial

Lindsay Gois

editorial

João Paulo PutiniNair FerrazRebeca LacerdaVitor Donofrio

gerente de aquisições

Renata de Mello do Vale

assistente de aquisições

Acácio Alves

auxiliar de produção

Luís Pereira

produção editorial

SSegovia Editorial

preparação

Adriana Bernardino

diagramação

Vanúcia Santos (AS Edições)

revisão

Thiago FragaMárcio Barbosa A. Siqueira

capa

Dimitry Uziel

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Batista, Matheus MooriUma tragédia de solidão / Matheus Moori Batista. Barueri, SP : Novo Século Editora, 2015. (Coleção talentos da literatura brasileira)

1. Romance brasileiro I. Título. II. Série.

15-06050 CDD-869.3

Índice para catálogo sistemático:1. Romances : Literatura brasileira 869.3

novo século editora ltda.Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – BrasilTel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323www.novoseculo.com.br | [email protected]

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.

Uma tragédia de solidãoCopyright © 2015 by Matheus Moori BatistaCopyright © 2015 by Novo Século Editora Ltda.

Page 5: Uma tragédia de solidão

PARTE UM:

PARTE DOIS:

PARTE TRêS:

CICATRIZES 13

159

239

333

SAngUE

REDEnçãO

nOTAS

SUMÁRIOgerente de aquisições

Renata de Mello do Vale

assistente de aquisições

Acácio Alves

auxiliar de produção

Luís Pereira

revisão

Thiago FragaMárcio Barbosa A. Siqueira

capa

Dimitry Uziel

Uma tragédia de solidãoCopyright © 2015 by Matheus Moori BatistaCopyright © 2015 by Novo Século Editora Ltda.

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Em honra dos meus pais.

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AgRADECIMEnTOS

Quero agradecer à professora Antônia Faro, por sua instrução durante o trabalho de revisão textual

deste romance. Agradeço ao professor Diogo Caeta-

no Avelino Neto, por contribuir com a leitura crítica,

ao artista plástico Lucas Almeida Thiesen, por criar a

capa, e à estudante de letras Sofia Déli de Oliveira Alves

de Andrade, por ter feito a primeira leitura quando este

livro ainda era um embrião; e ao treinador do Centro

de Treinamento Barão Negro, Edgar Santos, por dispo-

nibilizar o espaço para a venda da primeira edição.

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DEDICATóRIA

Dedico este livro aos amigos que estudaram comigo no Colégio Ápice, pois irão identificar a história

como sendo de minha autoria.. Em ordem alfabética:

Ariel Nascimento Lobo, Davi Lopes Villaça, Filipo Pires

Figueira, Henrique Kojin Peres, Iuri Menegoni Pertilli,

Matheus Orlandini da Silva, Renato Daniel Furtado

e Ricardo Biasoto Manacero. Também dedico ao

nosso antigo professor de geografia Valdir Aparecido

Mantega.

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PARTE UM:CICATRIZES

CICATRIZES

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1Era uma vez uma tarde de um domingo ensolarado. O céu

estava azulado com nuvens brancas. Era uma vez um parque

verde e belo com um grande lago de água limpa e cristalina, e

famílias reunidas em sua beirada para curtir um piquenique. O

vento assobiava fazendo pequenas e suaves ondas no lago. A gra-

ma e as árvores tornavam a paisagem esverdeada. Borboletas e

abelhas voavam em torno de margaridas, colhidas por adolescen-

tes para brincar de “bem-me-quer, malmequer” com suas pétalas

brancas. Ouvia-se o canto de passarinhos e os latidos de cães que

passeavam com os donos. Também se ouviam os risos nas brinca-

deiras das crianças, que corriam, atiravam água umas nas outras

e subiam em árvores.

Ao lado do parque tinha um bosque deserto. Entre as árvores,

longe do olhar de todos, havia uma pequena casa com um cômo-

do apenas. Uma porta se abriu para esse cômodo, de onde saiu um

pequeno menino ruivo com sardas no rosto e olhos cor de mel.

Ele tremia, sua cabeça e seu mundo pareciam girar. Não esboçava

sorriso, apenas um olhar vazio. Sentia-se assustado, enjoado e tam-

bém confuso, muito confuso, pois não conseguia entender direito o

que sucedeu ali. Mas ele podia sentir, em seu íntimo, que não era

algo que deveria ter feito.

Do mesmo cômodo saiu um homem adulto. Olhou para os dois

lados, certificando-se de que não havia ninguém; fechou a porta

atrás dele e encarou o menino. O homem encostou o dedo indicador

nos lábios, fazendo sinal de silêncio, e falou gentilmente à criança:

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– Este será nosso segredo, não conte a ninguém.

Era uma vez um menino, um pobre e infeliz menino que ficaria

marcado pelo resto da vida.

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2Albert percebia que chegara ao inferno e que ali seria a sua vida até o fim. Nunca ouvira tanto barulho, nem mesmo no tiroteio

de sua última missão. O som das grades eletrônicas se abrindo e se

fechando e a gritaria dos presos, que vinha de todas as direções,

tornavam a cadeia um lugar em que era impossível se ouvirem os

próprios pensamentos. Ao menos para quem adentrava ali pela pri-

meira vez, e este era o seu caso.

Ele caminhava por um longo corredor de celas no térreo da peni-

tenciária com os outros detentos recém-chegados. Acima, ficavam

mais três andares de celas trancadas por grades. Todos vestiam um

macacão laranja que denunciava o fato de serem novos no local.

Enquanto os outros novatos se dirigiam para suas celas, em fila

indiana e escoltados por alguns guardas, os presidiários antigos fa-

ziam uma tremenda algazarra para recebê-los. Para onde quer que

Albert olhasse, havia homens grandes, com o corpo repleto de tatu-

agens e cicatrizes, que o encaravam, apontavam o dedo, ofendiam e

ameaçavam, procurando amedrontá-lo.

– Aí, veadinho! Tu vai ser meu aqui dentro!

– Ô, chefia, bota o bonitão aqui comigo!

– Carne fresca chegando!

Para ele, aquilo parecia um canil, repleto de cachorros raivosos

que latiam e queriam arrancar um pedaço de sua carne. Esse tor-

mento durou até Albert finalmente chegar a uma cela. Faltando

apenas alguns metros para entrar, um detento negro, alto e de por-

te físico avantajado se interpôs entre ele e seu destino, encarando-o.

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O corpulento homem tinha lágrimas tatuadas bem abaixo de seus

olhos e levava um lenço preto amarrado na cabeça. Como vestia uma

camisa regata branca, típica do presídio, seus braços descobertos re-

velavam a tatuagem de um dragão alado empoleirado em uma torre

de prisão. Na lateral de seu ombro estavam escritas as letras “BGF”.Albert não fazia ideia do significado das tatuagens, apenas imagi-

nava a intenção do sujeito que estava à sua frente. Neste momento, percebeu que a barulheira dos prisioneiros cessou, e que todos presta-vam atenção neles agora. O olhar fixo dos outros era intimidante, mas o silêncio do estranho era mais assustador ainda. Ele sentiu a tensão crescer no ar e ficou nervoso com a situação. Porém, embora estivesse tenso, não era a primeira vez que se colocava em risco. Já havia so-brevivido a vários tiroteios e, ao contrário do que os detentos estavam pensando, ele não era uma ovelha indefesa, prestes a ser devorada pelos lobos. Sabia como se cuidar. Já havia até tirado a vida de um ho-mem com suas próprias mãos, aliás era esse o motivo de ele estar ali.

Finalmente, o outro detento se dirigiu calmo em sua direção, e o guarda, que escoltava Albert, pousou a mão no cassetete, caso algo saísse do controle. Ignorando o carcereiro, Albert deu um pas-so à frente para encarar seu antagonista, mostrando a todos que ele não precisava de ninguém para protegê-lo. O misterioso sujeito se conteve e, depois de um silencioso e tenso intervalo, afastou-se ligei-ramente para o lado, sem dar as costas. Com a passagem liberada, Albert prosseguiu, sem baixar a guarda, e entrou em seu novo lar.

Depois de um duro caminho para alojar o recém-chegado, o agente penitenciário exclamou:

– Fechar a 15!Ouviu-se o som da trava eletrônica, seguido da grade se fechan-

do. O funcionário dirigiu a palavra ao novato:– Acostume-se com esse som. Você irá ouvi-lo para o resto de

sua vida.Ao virar-se para ir embora, o guarda acrescentou:– Sabe aquele ditado, “viva cada dia como se fosse o último”?

Aqui qualquer dia pode ser o último, mesmo.

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