uma proposta de educaÇÃo patrimonial · grupo, este adentrava no museu com aquele olhar de...

14
827 UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL Ivan Aparecido MANOEL 1 Bruno Felippe VIEIRA 2 “Romper com o passado não significa abolir sua memória nem destruir seus monumentos, mas conservar tanto uma quanto outros, num movimento dialético que, de forma simultânea, assume e ultrapassa seu sentido histórico original, integrando- o num novo estrato semântico.” Françoise Choay Resumo: Este trabalho é fruto de um projeto de ação didático-pedagógica desenvolvido no ano de 2006, na cidade de Franca, onde para além de se estudar a História do município a partir de seus patrimônios edificados tombados pelo CONDEPHAT, buscou–se estabelecer os germes de uma preocupação e responsabilidade com os “bens” pertencentes à comunidade francana. O projeto teve duração de um ano e foi desenvolvido em caráter de amostragem na 5ª série “B” da E.E. Mário D’Elia na cidade de Franca – S.P. UNITERMOS: Patrimônio Histórico; História de Franca; educação patrimonial; ensino de História. 1. INTRODUÇÃO Este estudo, na verdade, derivou-se do projeto intitulado “Franca: sua História através de seu patrimônio histórico”, realizado durante o ano de 2006 na E.E. Mário D’Elia, na cidade de Franca-S.P. Contou portanto, com a colaboração não somente da esfera acadêmica, como da própria sociedade, representada pela escola referida e por instituições como o Museu e o Arquivo Histórico Municipal que forneceram material valioso no desenvolvimento teórico do projeto. A proposta inicial surgiu da preocupação primeira com o gradativo, porém contínuo processo de esquecimento o qual a História de Franca estava – e creio que ainda esteja – sofrendo. Como membro da equipe do Museu Histórico Municipal de Franca no ano anterior (2005), penso ter me encontrado numa posição privilegiada para constatar esta dura premissa. Dia após dia, pelo menos algumas dezenas de visitantes “passavam” pelo Museu em busca, sobretudo, de distração e lazer. Apenas um seleto grupo (a maioria da academia, é verdade) freqüentava o Museu com vistas à pesquisa e ao estudo. Em relação ao primeiro grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações antigas, que “foram, viveram e fizeram parte”, um dia, de um tempo e lugar sepultados que nem parecem ser o mesmo que o seu. Assim um Museu, na ótica desses mesmos indivíduos – mesmo que inconscientemente – seria uma grande cripta onde se celebra um passado decrépito e que 1 Professor do Departamento de História da Faculdade de História, Direito e Serviço Social – UNESP – Franca. Atualmente é também Diretor da FHDSS e coordenou o projeto no ano de 2006. 2 Graduado em História (2006) – FHDSS – UNESP – Franca. Bolsista PROGRAD.

Upload: others

Post on 13-Jan-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

827

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Ivan Aparecido MANOEL1 Bruno Felippe VIEIRA2

“Romper com o passado não significa abolir sua memória nem destruir seus monumentos, mas conservar tanto uma quanto outros, num movimento dialético que, de forma simultânea, assume e ultrapassa seu sentido histórico original, integrando-o num novo estrato semântico.”

Françoise Choay

Resumo: Este trabalho é fruto de um projeto de ação didático-pedagógica desenvolvido no ano de 2006, na cidade de Franca, onde para além de se estudar a História do município a partir de seus patrimônios edificados tombados pelo CONDEPHAT, buscou–se estabelecer os germes de uma preocupação e responsabilidade com os “bens” pertencentes à comunidade francana. O projeto teve duração de um ano e foi desenvolvido em caráter de amostragem na 5ª série “B” da E.E. Mário D’Elia na cidade de Franca – S.P.

UNITERMOS: Patrimônio Histórico; História de Franca; educação patrimonial; ensino de História.

1. INTRODUÇÃO

Este estudo, na verdade, derivou-se do projeto intitulado “Franca: sua História

através de seu patrimônio histórico”, realizado durante o ano de 2006 na E.E. Mário D’Elia, na

cidade de Franca-S.P. Contou portanto, com a colaboração não somente da esfera acadêmica,

como da própria sociedade, representada pela escola referida e por instituições como o Museu

e o Arquivo Histórico Municipal que forneceram material valioso no desenvolvimento teórico do

projeto.

A proposta inicial surgiu da preocupação primeira com o gradativo, porém

contínuo processo de esquecimento o qual a História de Franca estava – e creio que ainda

esteja – sofrendo. Como membro da equipe do Museu Histórico Municipal de Franca no ano

anterior (2005), penso ter me encontrado numa posição privilegiada para constatar esta dura

premissa. Dia após dia, pelo menos algumas dezenas de visitantes “passavam” pelo Museu em

busca, sobretudo, de distração e lazer. Apenas um seleto grupo (a maioria da academia, é

verdade) freqüentava o Museu com vistas à pesquisa e ao estudo. Em relação ao primeiro

grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera

encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações antigas, que “foram,

viveram e fizeram parte”, um dia, de um tempo e lugar sepultados que nem parecem ser o

mesmo que o seu. Assim um Museu, na ótica desses mesmos indivíduos – mesmo que

inconscientemente – seria uma grande cripta onde se celebra um passado decrépito e que

1 Professor do Departamento de História da Faculdade de História, Direito e Serviço Social – UNESP – Franca. Atualmente é

também Diretor da FHDSS e coordenou o projeto no ano de 2006. 2 Graduado em História (2006) – FHDSS – UNESP – Franca. Bolsista PROGRAD.

Page 2: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

828

acima de tudo, não guarda relação alguma com aquilo que se concebe como “seu tempo”,

presente.

Curioso nesta minha breve análise empírica foi notar que este distanciamento

parecia ser relativamente menor em relação às pessoas mais idosas, explicável talvez pela

idéia de que o seu tempo – pessoal – se sobrepusesse ou estivesse imbricado ao tempo

daquelas “quinquilharias históricas”, a ponto destas mesmas se transformarem, de alguma

forma, em preciosidades de um passado que foi “seu” também. A diferença nas duas

concepções é crassa: enquanto uns tem no museu, um grande guia de curiosos e fazem dele,

objeto de um culto ignorante; outros têm no mesmo objeto-museu, parte da inteligibilidade da

sua própria vida. Configurou-se então, o objetivo principal da iniciativa do projeto: resgatar o

passado de Franca e fazer dele parte da experiência e da vida cotidiana de cada indivíduo,

para que reconheça na coletividade uma parte de si, e torne a alcunha “comunidade” talvez ao

menos mais palpável.

Constatado – ainda que sumariamente – o problema, surgiu outro ou vários

outros, principalmente em relação à maneira de tornar a idéia, uma efetiva iniciativa, ou seja,

fazer com que pessoas tão diferentes que mais parecem estar numa arca da História,

navegando num grande mar de incertezas, apenas com seus pares, de repente, interessar-se

pela história e pela vida uns dos outros e sentindo-se como iguais, tornar capazes de escrever

uma nova história em comum. Desse termo originou-se aquilo que seria o elo fundamental

entre os dois tempos supostamente diferentes do “passado que foi um dia” e do “presente

vivido hoje”: o patrimônio. Nada mais significativo, afinal entende-se por patrimônio,

etimologicamente, como uma herança paterna, um bem cultural (material ou não, individual ou

coletivo, concreto ou abstrato) que é legado de uma geração à sua próxima da nossa

“comunidade imaginada” que é a Pátria ou a Nação. (ANDERSON, 1989).

Destarte, partiu-se para um estudo histórico da cidade – de Franca –, aquela que

LeGoff (1998, p.111) chamou de palco da religiosidade, do trabalho, e das pessoas que vêm

nela, a proteção, de si e dos seus bens; palco também de constantes transformações e

renovações que não deixam espaço para continuidades e permanências, mas que encontram

no patrimônio e na prática da sua preservação, o cuidado simbólico com a “prova” de um

passado real, que mesmo não voltando mais como pensavam com nostalgia os românticos,

permanece na memória coletiva daqueles que o cultuam.

A problemática do patrimônio surgiu exatamente neste ínterim. Maria Cecília

Londres Fonseca (2005, p. 21) sugere-nos que a idéia de se transmitir bens culturais de uma

nação à sua próxima geração é prática característica dos Estados Modernos, dado seu valor

simbólico na construção de uma identidade coletiva, educação e formação dos cidadãos.

Porém, a mesma autora diz-nos também que o alcance deste “poder simbólico” é restrito a um

grupo de intelectuais que têm acesso a ele, ou a um outro seleto grupo capaz de compreender

Page 3: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

829

e reconhecer no patrimônio, um “Patrimônio”; ou seja, o julgamento do bem enquanto

pertencente ao domínio público da coletividade que precisa ser preservado em nome da

memória mesma desta coletividade é relativo e subjetivo, por guardar na sua lógica o

pensamento elitista da existência de um grupo privilegiado capaz de estabelecer o que

representa (ou não) a Nação; fazendo da instituição do patrimônio, uma seleção.

Foi este durante muito tempo – e em parte continua sendo – o pensamento dos

membros do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Conselho de

Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico (CONDEPHAT) nos seus âmbitos estadual

e municipal; órgãos oficiais do Estado responsáveis pela proteção, reflexão e formulação de

políticas públicas acerca da questão patrimonial no Brasil. Acontece que estas políticas

acabam por refletir apenas a ideologia de determinado grupo dominante que homogeneíza os

valores e, consequentemente, a “eleição” que se faz do que seria o patrimônio da sociedade,

realiza-se num movimento “apenas de cima para baixo”. O elemento popular é “descartado” do

processo, ainda que aqueles que estão no cerne das políticas de preservação no Brasil, o

façam em nome daquela massa. Logo, a reconstituição do passado, tendo o patrimônio como

elo, não seria histórica, pois este tipo de história é, historicamente, uma construção seletiva,

uma versão. (RODRIGUES, 1994, p. 49-50).

O objetivo primeiro do projeto e sua derivação neste estudo não foi o de estudar

as concepções de História; se ela é verídica ou não, se é construção, apropriação ou versão;

mas tão somente alertar para o fato de que quando se fala em patrimônio, em bens de uma

coletividade, esta coletividade deve e precisa ser chamada ao processo. O patrimônio que se

deseja preservar não tem um valor inerente a ele; este é construído pelo indivíduo; logo o bem

deve ser acessível a uma coletividade que o reconheça no patrimônio e reconheça-se no seu

processo. É preciso desenvolver mecanismos que dêem inteligibilidade ao que se quer

preservar. (FONSECA, 2005, p. 43).

Em outras palavras, de nada adianta preservar fisicamente o patrimônio, com

instrumentos legais como o tombamento3, por exemplo, se este não vier acompanhado da

proteção das próprias mentalidades, pois “a preservação dos monumentos antigos é antes de

tudo uma mentalidade.” (CHOAY, 2001, p. 149). Neste sentido, o maior desafio deste projeto foi o

de transformar a subjetividade individualista em coletiva, combatendo o “culto ao sagrado sem

raízes” – a não ser pela curiosidade individual (FONSECA, 2005, p. 22), conceito extremamente

volátil e dependente daqueles poucos que se vêem no processo, como os “velhos” visitantes

do já obsoleto Museu, acima citados.

3 A prática do tombamento enquanto aparato jurídico do Estado tem seus primórdios na Revolução Francesa, quando a

preservação e/ou conservação torna-se um Ato. Legalmente o que se faz é um registro do bem (em geral, num livro de tombo, daí o nome) por um órgão oficial do Estado, constando suas características, período em que foi confeccionado; com vistas a proteger esse bem contra destruição, mutilação e demolição, aplicando multas e respondendo processo penal, aquele que infringir estas leis. Importante falar que o bem não é “congelado”; pode ser vendido ou alugado, desde que não altere sua estrutura física.

Page 4: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

830

2. METODOLOGIA E PRÁTICA DA PROPOSTA

A partir das reflexões apontadas, sucedeu um contínuo aperfeiçoamento e

amadurecimento das idéias rumo a uma proposta de educação patrimonial. Pensamos ser a

educação elemento de transformação social que encontrou neste caso, na figura do professor,

o interlocutor na comunicação entre o indivíduo e seus bens. Em caráter de amostragem,

escolhemos desenvolver o projeto com alunos da rede estadual de ensino, através da Escola

Mário D’Elia, em Franca e especificamente alunos da 5ª série do Ensino Fundamental. A

escolha desta faixa etária trouxe dificuldades no que tange à capacidade não plenamente

desenvolvida ainda, de abstração dos alunos, de lidar com idéias não-concretas – como o

patrimônio – mas, ao mesmo tempo, representou para nós um desafio e tanto ao formular

maneiras de se promover a tão comentada “democratização do saber”, com alunos em

processos de aprendizado distantes da proposta e muito diferentes um do outro. Também por

isso, cremos que a escolha dos patrimônios edificados e tombados pelo CONDEPHAT

municipal, como objeto-guia deste estudo foi deliberada. Estes patrimônios nos forneceram a

“concretude” necessária ao mínimo de abstração.

Na aula inaugural, apresentou-se a proposta aos alunos e iniciou-se uma

reflexão primeira acerca da concepção ou das concepções de História dos alunos, com

perguntas como: o que é a História? O que ela estuda? Por que ela estuda? Para que ela

serve? Qual a diferença dela e das demais “ciências”? Todas as respostas foram agrupadas

num quadro feito na lousa e vagarosamente, foi-se construindo ou ao menos delimitando o que

viria a ser o campo que se denomina por “História”. Num segundo momento 4, partiu-se para o

estudo direcionado do patrimônio, onde se trabalhou inicialmente com o conceito de “bem”,

material ou imaterial, público ou privado, individual ou coletivo, procurando agrupá-lo e

relacioná-lo como parte integrante da idéia de patrimônio. Buscou-se definir um segundo

elemento presente na idéia de patrimônio: a questão da memória (ou das memórias),

trabalhando a dicotomia memória-esquecimento, esquecimento-identidade, identidade-história,

estabelecendo-se no final – o que foi mais interessante – uma definição conjunta com os

alunos, de patrimônio (e especificamente, patrimônio histórico) e a nossa função, não somente

enquanto historiadores, no estudo destes aspectos.

Estudou-se em seguida, a questão específica do tombamento, como mecanismo

de proteção do patrimônio. Um tanto complicado na medida em que tocava transversalmente

ao tema proposto, com argumentos jurídicos que precisaram ser previamente esclarecidos

(direitos, leis, advogados), mas que procurou centrar-se na eliminação de pré-conceitos

presentes no senso-comum, como a aparente contradição entre o termo “tombar”, arraigado na

mentalidade dos alunos com um significado pejorativo, e seu correlato “conservar”; levando-

4 As propostas trabalhadas com os alunos desenvolveram-se num encadeamento de fatos que muitas vezes ultrapassavam uma

única aula, o que penso, dispensa-nos de fazer um relato cronológico do que foi ministrado com exatidão em cada aula.

Page 5: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

831

nos a um recuo histórico do surgimento deste termo ambíguo. Discutiu-se a dificuldade da

proteção de um patrimônio coletivo, por pertencer ao domínio público e, portanto, envolver

interesses diversos e por vezes, conflitantes (público e privado, individual e coletivo); explicou-

se a função do CONDEPHAT na cidade como órgão responsável pela proteção, mas acima de

tudo, pela promoção de discussão e democratização do patrimônio. Ao final do módulo, um

grupo de alunos curiosamente me procurou para juntamente com eles, conversar com o diretor

da escola acerca da possibilidade de se tombar o acervo – considerável – da biblioteca da

Instituição. A proposta não vingou por motivos que não cabem neste momento, mas

permaneceu o intuito primeiro da aula: fazer os alunos pensarem no patrimônio como bens

próprios a ponto de sentirem-se no direito, eles mesmos, de exigir sua proteção.

Realizada esta primeira fase, introdutória, reflexiva e mais ligada à tentativa de

uma educação patrimonial, o que se desenrolou a seguir foi um estudo da História de Franca

propriamente, tendo como eixo da análise, os patrimônios edificados tombados pelo

CONDEPHAT 5. Trabalhou-se em todas as aulas com o recurso visual da fotografia, sobretudo

antigas (final do XIX e início do XX), que eram projetadas numa televisão ou quando se fez

necessário, reveladas e distribuídas entre os alunos. Sem contar as fotos, artigos, jornais e

revistas sobre Franca que os mesmos trouxeram no decorrer das aulas; o que demonstrou,

ainda que em parte, um interesse mínimo pelo tema. Problematizou-se a questão da fotografia

como documento e dos relatos orais – trazidos também pelos alunos – enquanto instrumentos

de estudo da História. Levei aos alunos um dos primeiros relatos escritos de viajantes que

passaram por Franca e registraram suas impressões, como Luís D’Alincourt em 1818, Auguste

de Saint-Hilaire em 1819 e Willian John Burchell em 1827 – este último nos forneceu também a

primeira ilustração de Franca, também levada aos alunos. Paralelamente às memórias dos

viajantes, havia solicitado previamente que os alunos trouxessem as “memórias” de sua família

ou de pessoas mais velhas e suas impressões de Franca, numa tentativa de aproximar a

história que se vê em livros e que se apresenta aparentemente distante, com aquela “história

viva” de seus entes, reconstruindo a história da cidade sob uma outra perspectiva. (ANEXO I).

Por conseguinte foi desenvolvido o estudo dos patrimônios e indireta – ou

diretamente – de Franca, em quatro eixos: religião, política, economia e sociedade. No primeiro

módulo, tentou-se demonstrar à sala o quanto foi forte a presença e a influência da Igreja

(católica) seja na formação moral, na administração, na economia ou nas formas de

sociabilidade (como as praças, por exemplo), promovendo sempre uma reflexão com os

nossos “tempos modernos”. (ANEXO II). Estudou-se o antigo Colégio Champagnat e o antigo

5 No período de elaboração do projeto, eram 13 os patrimônios de Franca. Durante sua execução aumentou para 17, tendo ainda 4

tombamentos provisórios, permanecendo nestes números até março de 2007. Como estes patrimônios incluídos posteriormente estavam ainda em harmonia com a proposta, foram incluídos no projeto.

Page 6: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

832

Colégio Nossa Senhora de Lourdes 6; o Relógio do Sol (obra encomendada pela Igreja) e as

reminiscências de uma capela, erguida extra-oficialmente por populares.

No estudo político da cidade, enfatizou-se a gradativa separação entre a

administração fortemente marcada pela Igreja e os germes de uma administração laica,

representados principalmente no estudo da Antiga Cadeia de Franca, que depois se tornou

Prefeitura e atualmente abriga o Museu Histórico Municipal, tendo o prédio completado em

2006, 110 anos de construção; e do prédio da Nova Cadeia Pública (hoje, ainda uma Delegacia

de Polícia).

Na economia, impossível escapar dos trilhos da Ferrovia Mogiana; sinais de

“progresso” para uns, e de perdas irreparáveis para outros, na medida em que a cidade

descaracteriza-se, importa modelos europeus e ganha novos ares, construções, gostos não tão

“originais”; mas sem dúvida, tempos de uma Mogiana que traz mudança. Desenvolve-se a

cultura do café, surgem os “barões” e seus palacetes; uma nova dinâmica social é construída

com o café e trazida pela Estrada de Ferro. No que tange à questão patrimonial, mostramos a

diferenciação da cidade arquitetonicamente, antes e depois do café e discutimos a respeito de

como também o calçado em “nossos tempos” também exigiu uma nova dinâmica e faz parte da

vida cotidiana desta sociedade contemporânea. A Antiga Estação Ferroviária; algumas

residências geminadas que pertenciam a Companhia; os postes da CPFL localizados próximo

à antiga ferrovia foram os objetos de estudo.

No último módulo, dedicou-se ao lazer e a vida social em Franca, em grande

parte decorrência dos tempos do café, da influência já não tão presente da Igreja nas formas

de sociabilidade, e na diversificação mesmo destas formas de interação social. Clubes,

estádios de futebol, jardim botânico e o basquete na cidade receberam especial atenção.

Caminhando para o final do projeto, já em meados de dezembro de 2006,

retornamos onde, de alguma forma, tudo parece ter começado: o Museu Histórico Municipal.

Foi organizado, com o apoio da direção da Escola, professores de História e, sobretudo, dos

alunos, um passeio histórico pelo centro de Franca, local onde se encontra a maioria dos bens

tombados do município, tendo como destino final, o Museu. Na passagem pelos patrimônios,

levei fotos daquelas mesmas edificações em outros tempos, fotos ainda em preto e branco; o

que contribui para acentuar certo contraste entre o antigo e o novo e a idéia da perenidade do

patrimônio. Já na visita ao museu, a atenção obviamente foi transferida imediatamente ao

acervo, mas passada a curiosidade inicial, começaram eles mesmos a perceberem-se “dentro”

de um patrimônio; flashes entraram em ação, registrando aquele pequeno recorte na “História”

e na história de cada um que esteve envolvido naquele momento. (ANEXO III).

6 Esse prédio abriga hoje o campus da Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Page 7: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

833

Em nosso último encontro, já novamente na sala de aula, foi pedido a cada

aluno que trouxesse fotos que eles tiraram dos monumentos, ou fotos que eles haviam

encontrado em algum jornal, revista e trouxessem para a sala de aula, onde também com o

material fornecido pelo Núcleo de Ensino, foi possível montar painéis temáticos sobre a

questão do patrimônio: religião, política economia e sociedade foram os eixos. Ainda um outro

grupo dedicou-se ao relato da nossa viagem. Todos fizeram parte de uma exposição na escola

(ANEXO IV). Utilizou-se das fotos antigas e novas, refletindo justamente no contraste desejado

quando da elaboração do projeto, entre o “velho” e o “novo”, o “ontem” e o “hoje”.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando elaboramos o projeto, havia em nossas mentes “acadêmicas”,

preocupações várias e objetivos muitos diante de uma proposta de educação patrimonial.

Queríamos democratizar o patrimônio, “ensinar” patrimônio, fazer com que todos “sentissem”

que o patrimônio é uma herança de todos e para todos. Pouco a pouco, esta doutrinação

quase “catequética” foi dissipando-se ante a uma realidade dura que confesso, por vezes, nos

levou a não criar mais expectativas. Afinal, o intuito do projeto era o de ser apenas um

“projeto”, de fornecer a base para uma reflexão, incitar uma mudança, estabelecer as

“primeiras linhas de uma teia cultural” ou ainda “combater a oralidade como única fonte

histórica” promovendo uma conscientização nas bases. Nada além de um caráter experimental

e introdutório.

Mas qual não é a nossa surpresa quando nos deparamos com situações como

os alunos trazerem material para estudo, por exemplo, ou eles mesmos se disporem a

pesquisar a história da escola para anexar na proposta de tombamento da biblioteca; a atenção

e a curiosidade até - preconceito a parte - espantosa em conhecer a História do lugar que os

acolhe, nos levou a repensar nossos objetivos e metas. Como afirmamos no projeto inicial,

estes seriam resultados em grande parte abstratos que talvez hoje, ainda não se configurem

numa prática sistematizada ou não nos traga – ainda – alguma grande revelação ou futuros

pesquisadores e “defensores” do patrimônio. Mas cremos sinceramente que as primeiras

sementes foram lançadas – num terreno que precisa ser trabalhado, é certo.

Só o tempo nos dirá se desta terra sairá apenas uma flor, ou um jardim, ou se

permanecerá infértil. Mas ao menos guardamos a sensação de que por aqui, já se respira um

ar mais agradável.

Page 8: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

834

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acervo Iconográfico do Museu Histórico Municipal “José Chiachiri”. Franca, 2006.

ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira. São Paulo: Ática, 1989. (Série Temas, vol. 9).

Brasil. Parâmetros Curriculares Nacionais: 5ª a 8ª séries: História. Secretária de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998. 108 p.

CHOAY, François. A alegoria do patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. São Paulo: Estação Liberdade : Ed. UNESP, 2001.

FALCÃO, Joaquim de Arruda. A política de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional e a democracia no Brasil. Revista Ciência & Trópico. Recife, v. 12, n. 2, p. 212-214, dez. 1984.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 2.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ : MinC – IPHAN, 2005.

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. A retórica da perda: os discursos do patrimônio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ : MinC – IPHAN, 1996.

LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades: conversações com Jean LeBrun. Tradução de Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. (Coleção Prismas).

LOPEZ, Immaculada. Memória Paulistana. Problemas Brasileiros. São Paulo, v. 32, n. 311, p. 33-36, out. 1995.

RODRIGUES, Marly. Alegorias do passado: a instituição do patrimônio em São Paulo (1969-1987). 1994. 179 p. Tese (Doutorado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, 1994.

TEIXEIRA, Jorge Leão. Guardião da memória. Problemas Brasileiros. São Paulo, v. 39, n. 319, p. 16-21, fev. 1997.

Page 9: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

835

ANEXO I – AULA SOBRE A “ORIGEM DE FRANCA”

HISTÓRIA DE FRANCA

Mapa Hidrográfico (Rios) do Estado de São Paulo

Memória sobre a viagem do porto de Santos à cidade de Cuiabá (Luiz D’Alincourt) 1818

“O arraial da Franca [...] foi fundado há treze para quatorze anos, por Hypolito Antonio Pinheiro, Capitão de Distrito, e natural da comarca7 de São João D’El Rey , província de Minas Gerais; é ele o mais opulento8 do lugar [...]”. [...] “Os habitantes deste lugar são industriosos9, e trabalhadores; fazem diversos tecidos de algodão; boas toalhas, colchas e cobertores; fabricam pano azul de lã muito sofrível; chapéus; alguma pólvora; e até já tem feito espingardas; a sua principal exportação consta de gado vacum, porcos e algodão, que levam a Minas; plantam milho, feijão, e outros legumes para consumo do país. O arraial etá bem arruado, porém a maior parte das ruas é ainda mui pouco povoada, só o largo da Matriz está mais guarnecido10 de casas, que são construídas de pau a prumo, com travessões e ripas, cheios os vão de barro, e as paredes rebocadas com areia fina, misturadas com bosta, geralmente são pequenas e a maior parte delas cobertas de palha. Tem a Franca duas Igrejas: a da Nossa Senhora do Rosário, pequena, e baixa, foi a primeira que se fundou; e a Matriz Nossa Senhora da Conceição está quase acabada, é um lindo templo.11 Esta freguesia chega a três mil almas de confissão; e a meu ver deveria entrar o Arraial no número das Vilas, para melhor governo, ordem e polícia de seu povo, que tendo em meio de si as Autoridades de Justiça, não haverá ali tantos crimes.”

7 Comarca - s. f., divisão de distrito judicial; região; país; território. 8 Opulento - adjetivo para a pessoa que tem grandes riquezas. 9 Industrioso - pessoa que faz o trabalho muito bem, com habilidade, com engenho. 10 Guarnecido - abastecido, no sentido de que tem mais casas. 11 A Matriz primitiva foi concluída em 1820 e demolida em 1913, onde hoje é a fonte luminosa. A atual Matriz foi iniciada em 1898 e concluída em 1913.

Page 10: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

836

Estrada dos Goiases

Viagem à província de São Paulo (Auguste de Saint-Hilaire) 1819

“Ao terminar o relato de minha viagem a Goiaz, disse que, após ter transposto o Rio Grande, limite da província de São Paulo, comecei, no dia 24 de setembro de 1819, a percorrer essa imensa província. Para alcançar sua capital, viajei 86 léguas12, seguindo a estrada que as caravanas percorrem, em demanda de Goiáz e Mato Grosso. Gastei 36 dias nessa viagem, muito castigado pelas chuvas e más pousadas. “ [...] “ A Vila de Franca, onde pousei, é aprazívelmente 13 localizada em meio de vastas pastagens [...]”. “Não havia ali, ao tempo de minha viagem, senão cêrca de umas cincoentas casas, mas já estavam assinalados os locais para a construção de um grande número delas, e era fácil de perceber que Franca não demoraria em adquirir grande importância. Durante o tempo em que permanecí nessa Vila, era a mesma habitada por mineiros que, pelo ano de 1804, tinham construído as primeiras casas da localidade. Uns, sentindo falta de espaço em sua região natal, outros fugindo das perseguições da justiça e de seus credores [...].” 14 “Em 1824 a Vila de Franca foi elevada à cidade, sob o nome de Cidade da Franca do Imperador [...]”. Em seu começo, os assassinatos e muitos outros crimes multiplicaram-se no seio da nóvel15 população, a qual, entre seus habitantes, contava, como já disse, grande número de aventureiros e de indivíduos perseguidos pela justiça. Na ocasião da minha viagem, esse estado de cousas não estava ainda muito mudado – Franca continuava a ser considerada como um covil16 de homens perigosos e de má fama [...]”. “Os francanos cultivavam, fabricavam em suas propriedades, tecidos de algodão e de lã, e aplicavam-se especialmente à criação de gado vacum, de porcos e de carneiros.”

12 Légua - medida de distancia, equivale a 5 km. 13 Aprazível – agradável. 14 Credor – aquele a que se deve dinheiro. 15 Novel – nova. 16 Covil – cova, caverna, toca ou esconderijo.

Page 11: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

837

ANEXO II – AULA SOBRE A INFLUÊNCIA RELIGIOSA NA CIDADE

HISTÓRIA DE FRANCA

Rua do Adro 1 Rua Santa Efigênia

Rua Santa Cruz Rua do Carmo Rua da Princesa Trav. da Alegria 2 3 4 Rua do Rosário 5 Rua das Flores R.Misericórdia Rua do Comércio Rua do Ouvidor

1. Igreja de Santa Efigênia 2. Igreja de São Rafael 3. Igreja Matriz 4. Igreja do Carmo 5. Igreja do Rosário

DICIONÁRIO

Câmara – Local onde se reuniam algumas pessoas, escolhidas pela população para votar, discutir e julgar o que acontecia ou precisa ser feito na cidade. Diocese – Era uma parte da cidade de São Paulo que era administrada pela Igreja, através do Bispo, que estava acima do vigário. Freguesia – divisão da Igreja. Então, existia a Igreja de São Paulo e as Freguesias dentro da província. Então se uma região era uma freguesia, era porque ela tinha uma Igreja, ou seja um templo e um vigário. Pelourinho – Coluna de pedra ou madeira , colocada em praça pública ou local público, para castigar criminosos e escravos. Servia para demonstrar o poder da Justiça e da autoridade. Aqui em Franca, o pelourinho ficava à praça Barão. Província – Divisão regional de São Paulo, pra administrar melhor todo este território. É como hoje são as cidades, ou Estados. Vigário – era como um padre, era quem realizava as missas e administrava a Igreja da cidade. Vila – Era uma região que já não era mais só um povoado, só uma freguesia, mas também não era uma cidade.

Page 12: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

838

CRONOLOGIA

1722 – Abertura da Estrada dos Goiases

Entre o final de 1722 e 1804 – começam a migrar para esta região, aqueles que seriam os primeiros habitantes de Franca: os mineiros que vinham em busca de novas terras pra plantar e criar gado, e os paulistas que passavam por esta região para explorar o ouro de Goiás.

1804 – Os primeiros habitantes de Franca se estabelecem na região onde hoje é o centro. Esta região era parte de uma fazenda, a Fazenda Santa Bárbara, de propriedade do Capitão Hipólito Antonio Pinheiro, que doa parte da região do centro que eram suas terras, e pede para o bispo da diocese de São Paulo, para construir uma Igreja para que assim pudesse surgir a cidade de Franca. Por isso, as pessoas o consideram, o Fundador de Franca. Franca se chama nessa época FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA FRANCA E RIO PARDO.

1805 – Foi construída a primeira Igreja de Franca – a do Rosário – onde hoje é a casa paroquial, e onde foi rezada a primeira missa.

1818 – Luiz D’Alincourt passa por Franca, indo para Cuiabá e faz um relato da Freguesia.

1819 – É a vez de Auguste de Saint Hilaire passar por Franca, vindo de Goiás, e fazer um relato.

1820 – Foi construída a primeira Matriz, que chamavam de Matriz primItiva

1824 – Franca foi elevada à categoria de Vila, no dia 28 de novembro, com o nome de Vila Franca do imperador, em homenagem a D. Pedro I, imperador do Brasil.

1824 – Um pouco depois da elevação à categoria de vila, é escolhido o lugar para construir a Cadeia, Câmara e o Pelourinho. O próprio capitão Hipólito Pinheiro fez a planta do prédio. E neste ano, são dados os primeiros nomes nas ruas. (olhar a 1ª Folha). A Igreja perde sua autoridade sobre a cidade, e a Câmara assume esta função.

1827 – Willian John Burchell, passando por Franca, desenha a primeira imagem da Vila.

1844 – Construção da Capela Santa Cruz

1886 – Construção do Relógio do Sol

1888 – Construção do Colégio Nossa Senhora de Lourdes

1898 – Foi demolida aquela Igreja do Rosário, e construída a segunda e nova Matriz, que existe até hoje.

1913 – Foi demolida à Igreja Matriz antiga, que ficava onde hoje é a fonte luminosa

1917 – Construção do Colégio Champagnat.

Page 13: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

839

ANEXO III – FOTOS DO PASSEIO HISTÓRICO

Page 14: UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL · grupo, este adentrava no Museu com aquele olhar de curiosidade de quem não espera encontrar nada além de um aglomerado de objetos e representações

840

ANEXO IV – PAINÉIS