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ITEMA capa dessa edição destaca dois pontos importantes:

o rio São Francisco, que acaba de tornar-se o primeiro rio brasileiro a

integrar uma rede internacional de P&D, denominada Water and Food.

Traz também o símbolo dos Conirds, uma marca que chama-nos a

atenção para o ciclo hidrológico, facilita uma visão holística do

desenvolvimento sustentável da agricultura irrigada, com o homem

interferindo nesse ciclo em favor da segurança alimentar, da segurança

hídrica e da segurança ambiental, perseguindo-se maior eqüidade e

bem-estar social. O planejamento, a permanente organização das

informações e o arrojo são fundamentais para se atingir esses

benefícios, que podem ser proporcionados com os investimentos nessas

cadeias produtivas. Que esta capa inspire essas reflexões!

Uma ousadia necUma ousadia necUma ousadia necUma ousadia necUma ousadia necessáressáressáressáressáriaiaiaiaiaconcepção moderna dos agronegócios, motivo de aten-

ção daqueles que estão debruçados sobre o novo mo-

delo de irrigação e sobre o Planird, cujo esboço já foi

colocado na edição nº 51 da revista ITEM e que, a exem-

plo do que ocorreu no XI Conird, será novamente tra-

tado em Uberlândia (MG), com suas evoluções e apri-

moramentos, como mostra a reportagem desta edição.

Assim, nada mais auspicioso do que a chegada do

Proirriga, fazendo movimentar essa cadeia produtiva

da agricultura irrigada em todo o Brasil.

Nesta edição da ITEM, procura-se retratar todo esse

trabalho. Trata-se de um repensar, de uma forma de

reordenar o acervo de experiências e trabalhos já colo-

cados em prática, um novo modelo de conceber os ne-

gócios da irrigação, tendo-a não só como alavanca prin-

cipal, mas entendendo as interligações com a visão do

todo, para que da sinergia entre as partes logre-se um

bom negócio em favor da prosperidade dos diversos

elos das cadeias produtivas.

O Banco do Nordeste tem coordenado e fomentado

esse trabalho em torno do novo modelo da irrigação,

perseguindo essa formulação com base em estudos e

experiências acumuladas, propiciando um rico proces-

so dialético com diversos segmentos da sociedade. Ao

editar esse número da revista ITEM, optou-se pela ta-

refa de captar a essência do que está em curso, enri-

quecendo esse processo com mais uma reportagem

sobre as políticas da água, com o especial concurso da

ANA. Uma edição que pretendemos ter bem viva ao

ensejo do XII Conird, em Uberlândia.

Helvecio Mattana Saturnino

EDITOR

E-MAIL: [email protected]

oda a cadeia dos agronegócios da agricultura

irrigada está festejando o anúncio do Proirriga.

Uma mobilização comandada pelo ministro

Pratini de Moraes que, certamente, está vindo com to-

dos os ingredientes para somar com os trabalhos em

andamento e resgatar o ânimo dos produtores em fa-

vor da agricultura irrigada.

São mais empregos permanentes nas cadeias produti-

vas por unidade de água utilizada na irrigação, mais

renda, segurança e prosperidade para o elo mais frágil:

o produtor irrigante. Ao viabilizar-se o setor produtivo

com financiamentos mais compatíveis, mesmo que ain-

da distantes do ideal nesse mercado globalizado, cria-

se o ambiente para estimular os investimentos para

melhor atender a logística requerida pelos agronegócios,

exercitando-se os princípios básicos emanados dos es-

tudos que propõem um novo modelo para a irrigação.

Nas cadeias da agricultura irrigada, estão as oportuni-

dades de geração de empregos permanentes, a custos

relativamente baixos. Há a abertura de muitos postos

que comportam a ocupação de analfabetos, a exemplo

dos trabalhos de seleção de produtos para exportação.

Uma das mais dignas formas de alavancar a cidadania

e a prosperidade, com divisas das exportações. Para dar

suporte a essa assertiva, há um considerável acervo de

trabalhos, seja no setor privado, seja sob a égide do

governo, no Ministério da Integração Nacional, com o

concurso da Codevasf, do DNOCS, bem como de di-

versas iniciativas dos governos estaduais, de muitos

planos e programas do passado, e da P&D, com o con-

curso das universidades e do sistema de pesquisa lide-

rado pela Embrapa.

Tendo-se os recursos hídricos como centro das aten-

ções e fonte de capital e serviços, o agronegócio da

agricultura irrigada tem na água a mola propulsora do

desenvolvimento sustentável, que em muito extrapola

a difícil e engenhosa atividade de produzir irrigando,

para ganhar espaço no dia-a-dia de cada cidadão, pro-

porcionando-lhe melhor qualidade de vida. Essa é a

T

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CONSELHO EDITORIAL:ALBERTO DUQUE PORTUGAL

EDSON ZORZIN

ESTEVES PEDRO COLNAGO

FERNANDO ANTÔNIO RODRIGUEZ

HELVECIO MATTANA SATURNINO

JORGE KHOURY

JOSÉ CARLOS CARVALHO

LUIZ CARLOS HEINZE

SALASSIER BERNARDO

COMITÊ EXECUTIVO:

ANTÔNIO A. SOARES; DEVANIR GARCIA DOS SANTOS; FRANCISCO DESOUZA; GENOVEVA RUISDIAS; HELVECIO MATTANA SATURNINO; PAULO

ROBERTO COELHO LOPES

EDITOR: HELVECIO MATTANA SATURNINO E-MAIL:[email protected] OU [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVEL: GENOVEVA RUISDIAS (MTB MG 01630JP). E-MAIL: [email protected]

ENTREVISTAS E REPORTAGENS: GENOVEVA RUISDIAS E GLÓRIA VARELA

(MTB MG 2111 JP).

COLABORADORES: ANA LÍVIA LOPES, BRUNO STÉFANO, MARCELINO

ROBERTO RIBEIRO NETO E CIBELE PEREIRA DA SILVA (SUPORTETÉCNICO).

AUTORIA DOS ARTIGOS TÉCNICOS: DEMETRIOS CHRISTOFIDIS, MAURÍCIO LOPES

ENTREVISTAS TÉCNICAS: ANTÔNIO FÉLIX DOMINGUES, ANTÔNIO PONTES

DE AGUIAR JÚNIOR, ARNALDO EIJSINK, CARLOS MATOS, EDILSON

GUIMARÃES, EDUARDO BORELA, EDSON ZORZIN, ELIAS TEIXEIRA

PIRES, ELIZEU ANDRADE ALVES, FRANCISCO MAVIGNIER C. FRANÇA,HUMBERTO CASTILLA, JOÃO ANTÔNIO FAGUNDES SALOMÃO, JOHNLANDERS, JOSÉ SIMAS, MÁRIO VILELA, THEODOR FRIEDRICH, PATRÍCIA

COELHO DE SOUZA LEÃO.

INFORME TÉCNICO PUBLICITÁRIO: ECOBUSINESS SCHOOL, IRRIGAPLANENGENHARIA, VALMONT COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.

REVISÃO: MARLENE A. RIBEIRO GOMIDE E ROSELY A. R. BATTISTA

FOTOGRAFIAS: ARQUIVOS DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, DOCARREFOUR, DA EMBRAPA, DA FAZENDA SANTA ISABEL, DO INSTITUTOESTADUAL DE FLORESTAS DE MINAS GERAIS, DA SECRETARIA DEAGRICULTURA IRRIGADA DO CEARÁ DA VALMONT INDÚSTRIA ECOMÉRCIO LTDA., ARGUS SATURNINO, EVANDRO RODNEY, EVERARDO

MANTOVANI, GENOVEVA RUISDIAS, HELVECIO MATTANA SATURNINO,MAURÍCIO ALMEIDA.

PUBLICIDADE: ABID, PELO E-MAIL: [email protected] OU PELO FAX(61) 274.7245.

PROGRAMAÇÃO VISUAL, ARTE E EDITORAÇÃO GRÁFICA: GRUPO DE DESIGN

GRÁFICO – RUA CÔNEGO JOÃO PIO, 150, BAIRRO MANGABEIRAS, BELO

HORIZONTE, MG, FONE: (31) 3225-5065 E FONE-FAX: (31)3225.2330.

TIRAGEM: 6.000 EXEMPLARES.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DEIRRIGAÇÃO E DRENAGEM (ABID)

SCLRN 712, BLOCO C - 18, BRASÍLIA, DF, CEP: 70760-533.

FONE: (61) 273-2154 OU (61) 272-3191; FAX: (61)274-7245 E E-MAILS: [email protected] E [email protected]

PREÇO DO NÚMERO AVULSO DA REVISTA: R$ 6,00 (SEIS REAIS).

OBSERVAÇÕES:OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, NÃOTRADUZINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DA ABID. A REPRODUÇÃOTOTAL OU PARCIAL PODE SER FEITA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

AS CARTAS ENVIADAS À REVISTA OU A SEUS RESPONSÁVEIS PODEM OU NÃOSER PUBLICADAS. A REDAÇÃO AVISA QUE SE RESERVA O DIREITO DEEDITÁ-LAS, BUSCANDO NÃO ALTERAR O TEOR E PRESERVAR A IDÉIA GERALDO TEXTO.

ESSE TRABALHO SÓ SE VIABILIZOU GRAÇAS À ABNEGAÇÃO DE MUITOS

PROFISSIONAIS E AO APOIO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

IRRIGAÇÃO & TECNOLOGIA MODERNAITEMITEM

REVISTA TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IRRIGAÇÃO E

DRENAGEM – ABID

Nº 54 - 2ºTRIMESTRE DE 2002

ISSN 0101-115X.

LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:LEIA NESTA EDIÇÃO:

Cartas – Página 6

Publicações – Página 8

Um Credo para a Irrigação – Página 9

O agronegócio da irrigaçãoFrancisco Mavignier C. França, gerente

do Ambiente de Políticas deDesenvolvimento do Banco do Nordeste e

coordenador dos estudos que deramorigem ao novo modelo de irrigação,

acredita que esse trabalho deveapresentar resultados efetivos e fazer com

que a irrigação no Nordeste seja umaatividade moderna, competitiva e de

qualidade, geradora de emprego e renda.Conheça os fatos que antecederam a

proposta desse novo modelo para o país.Página 10

Passo a passo, conheça o novo modelode irrigação Página 13

A simplicidade e a objetividade daproposta do novo modelo de irrigação

Para o engenheiro agrônomo, EliasTeixeira Pires, o novo modelo de

irrigação, fruto de um ano e meio detrabalho, elaborado por um consórcio deempresas contratado com esse objetivo,resume-se na nova política de irrigação

pública para o país e na proposta deestratégias para a sua implantação.

Página 22

Os resultados econômicos da irrigaçãoO consultor e pesquisador Elizeu Andrade

Alves mostra os resultados econômicosque a agricultura irrigada vem

provocando na economia nacional.Página 26

Novo modelo em teste em dois projetosde irrigação

As propostas do novo modelo de irrigaçãoestão sendo testadas nos projetos de

irrigação de Salitre, na Bahia, e deAcaraú, no Ceará. Veja em que fase do

processo estão esses projetos. Página 28

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A irrigação garante o sucesso dos agronegócios do Carrefour

O Carrefour tornou-se o maior produtor mundial de uva orgânica,garante o gerente de agronegócios da empresa, Arnaldo Eijsink.Ele mostrou como a irrigação tem garantido o sucesso da empresanesta área, que abastece o mercado interno de frutas e exportapara 30 países. Página 31

O futuro da uva sem semente Página 34

Informe Técnico Publicitário da ValmontA história da irrigação nacional confunde-se com a da ValmontIndústria e Comércio Ltda., empresa multinacional fabricante desistemas de irrigação, que está no Brasil há 48 anos. Conheça-a eleia as opiniões do diretor-presidente da empresa, Bernhard Kiep,sobre a agricultura irrigada brasileira. Página 37

Minicursos do XII Conird, a oportunidade de atualização Página 44

Irrigação, a fronteira hídrica na produção de alimentos, deDemetrios Christodifis. Página 46

Irrigante poderá receber bônus ao tornar-se um produtor de águas

O superintendente de Cobrança da Agência Nacional de Águas,Antônio Félix Domingues, considera que, ao tornar-se um produtorde águas, o produtor rural poderá receber incentivos. Isso tem porbase a legislação que instituiu a Política Nacional de RecursosHídricos e está dando origem a um programa especial da AgênciaNacional de Águas. Página 56

Informe Técnico Publicitário da Irrigaplan Engenharia Página 60

Brasil participa de rede internacional em P&D paraprodutividade e uso competitivo da água Página 61

Cadeias produtivas, a chave do sucesso para o agronegócioUsando sua experiência internacional sobre o assunto, o técnicoJosé Simas, do Banco Mundial na América Latina e Caribe, fez umbalanço sobre o atual processo da irrigação brasileira. Conheçasuas opiniões nessa entrevista exclusiva. Página 64

Parâmetros do Plano Nacional de Irrigação e DrenagemNova diretrizes vão recuperar a importância na agriculturairrigada. Página 68

Proirriga vai movimentar crédito de R$ 200 milhões para aagricultura irrigada

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou, emjunho último, o Programa de Apoio à Agricultura Irrigada(Proirriga), com o objetivo de incentivar a modernização e acompetitividade da atividade no país. Página 72

Navegando pela Internet – Página 74

Classificados – Página 74

A prática do Plantio Direto traz benefícios,que podem ser aplicados à agriculturairrigada e contribui para que o irrigantepossa tornar-se um “produtor de águas”

O ministro da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, Pratini de Moraes,garantiu uma linha de crédito inicial para amodernização da agricultura irrigada

Um novo modelo de irrigação, voltadoespecialmente para o Nordeste, estápronto e começa a ser testado em doispólos de irrigação (Baixo Acaraú e Salitre)

O Carrefour conta com uma área de 500hectares no pólo de irrigação de Juazeiro/Petrolina, que produz uvas de mesa com esem sementes para os mercados interno eexterno

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6 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

CARTASleitores

1ª1ª1ª1ª1ª – a inclusão do tema, citricultura

irrigada, como um dos tópicos da

programação do XII Conird; e

2ª2ª2ª2ª2ª – a ABID vem recebendo, a cada

edição, o apoio de novos colaboradores.

Um exemplo disso é a conclamação

feita pelo diretor-presidente da Valmont

Indústria e Comércio, Bernhard Kiep, aos

seus revendedores para que eles

participem e colaborem com o processo

de retomada da associação, conforme

cópia do e-mail abaixo.

Apoio

“No sentido de termos voz ativa nos meiosacadêmicos e nas instituições governamentais, aValley vai participar mais da Associação Brasi-leira de Irrigação e Drenagem, que tem a revistaITEM (bem conhecida de todos os “velhos” aman-tes da irrigação), como um meio de propagar asquestões da irrigação do Brasil. Assim sendo, aValley compareceu com a quarta capa na ediçãode nº. 52/53 e fez a programação de quatroedições até o início do próximo ano.

Outro evento importante é o XII CongressoNacional de Irrigação e Drenagem (Conird). Comcerteza, muitos de vocês irão participar (maioresinformações poderão ser obtidas na www.funarbe.org.br/conird). Gostaria que todos anali-sassem o assunto e se tornassem assinantes da

ITEM. A edição 52/53 traz artigos interessantescomo: A outorga em Minas Gerais; Como irrigarcom pouca água; Cultivo protegido na produçãointensiva de mudas e outros temas.” (BernhardKiep, diretor-presidente da Valmont Indústria eComércio Ltda, e-mail: [email protected])

Pelo fortalecimentoe representatividade

“A área de Irrigação e Drenagem da Faculda-de de Engenharia Agrícola da Unicamp, ao ver aretomada das atividades da ABID e a volta darevista ITEM, sentiu a necessidade de congratulá-los por essa dinâmica iniciativa e incentivá-losnesse árduo trabalho em prol da agriculturairrigada. Nós, que abraçamos firmemente a cau-sa da irrigação, entendemos a importância de ter,em nosso país, um veículo de divulgação com aqualidade técnica e visual com que a ITEM vemsendo publicada. A oportunidade que se abriu,uma vez mais, para especialistas de todo o país deapresentar suas experiências e contribuir para odesenvolvimento agrícola do país é incomensu-rável. Queremos, assim, dar todo o nosso apoiopara que a ABID seja consolidada pelo fortaleci-mento da revista e pela realização de um Conirdforte e representativo.” (Professores RobertoTestezlaf e Edson Matsura, e-mail: [email protected])

O XII Conird ea citricultura nacional

“O potencial de produção de frutas cítricas demesa para exportação é muito pouco exploradono Brasil. A nossa ampla diversificação climáticapossibilita produzir praticamente todas as varie-dades de frutas de mesa consumidas no mercadointernacional, o que é um enorme atrativo para odesenvolvimento da nossa citricultura, a exem-plo de países como Espanha, África do Sul, Israele o estado da Califórnia (EUA), nos quais aexportação de frutas cítricas é um dos principaisagronegócios, agregando alto valor ao produto etornando-se uma ótima opção para diversifica-ção agrícola.

Duas boas notícias aserem comunicadas

aos leitores da ITEM:

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 7

Nossa citricultura é estruturada para produ-ção de frutas destinadas à indústria de suco epassa por dificuldades de produtividade, devidoaos problemas fitossanitários, os quais aumen-tam a cada dia. Uma grande preocupação é autilização intensa do porta-enxerto limão-cravo,que está presente em 85% dos pomares brasilei-ros, tornando o parque citrícola extremamentevulnerável a pragas e doenças, o que limita odesenvolvimento do setor.

A preferência na utilização desse porta-en-xerto deu-se também pela sua resistência hídrica,propiciando o plantio de citrus sem irrigação nasprincipais regiões produtoras do país, mas trou-xe com ele diversas desvantagens, entre elas, amenor produtividade, a concentração de um úni-co porta-enxerto e a falta de opção nas combina-ções de variedades de porta-enxertos e copas, aexemplo inverso dos principais parques citríco-las produtores de frutas de mesa do mundo. Estesutilizam outras combinações de variedades deporta-enxertos e copas, que visam a melhoria daqualidade da fruta, o aumento de produtividadee o período de produção, além do aspecto técnicoestratégico, quanto aos problemas fitossanitários,devido à grande diversidade varietal. A utilizaçãoda irrigação e fertirrigação nestes parques citrí-colas propicia o desenvolvimento de pomaresmais vigorosos e menos susceptíveis aos proble-mas fitossanitários, promovendo o desenvolvi-mento contínuo de novas tecnologias, facilitandoa comercialização e estabelecendo a hegemoniasobre o agronegócio da citricultura de mesa, queé irrigada mundialmente.

É evidente que uma das melhores alternativastécnicas para solucionar os problemas de nossacitricultura, alavancar seu desenvolvimento ediversificar o setor, é o incremento da prática dairrigação e fertirrigação.

A irrigação na citricultura destinada à indús-tria proporciona o aumento da produtividade, amelhoria de qualidade das frutas e a quantidadede sólidos solúveis, além de aumentar também operíodo de oferta das frutas, conseqüentemente,maior período de safra e de operação da indús-tria. Já a irrigação na citricultura destinada àprodução de frutas para mesa está embasada noaumento de produtividade, qualidade e períodode safra, viabilizando-a economicamente. O au-mento da produtividade, a melhoria da qualida-de da fruta no sabor e aparência e o aumento doperíodo de produção são os principais fatorespara agregar maior valor de comercialização aoproduto final. A adoção da irrigação e o incre-mento da fertirrigação, acompanhados das técni-cas de aplicação de fitormônios e condução dacultura, proporcionam o refinamento da produ-ção citrícola. Este procedimento é utilizado para

produzir as melhores frutas cítricas do mundo.A possibilidade real de serem desenvolvidas

novas oportunidades do agronegócio da citricul-tura irrigada para a produção de frutas de mesaé a adoção da tecnologia similar dos maioresprodutores do mundo, por apresentar condiçõesideais para o desenvolvimento sustentável dosetor, uma vez que o custo de produção de citrusno Brasil é muito inferior aos dos demais países,o que nos torna extremamente competitivos.

A irrigação na citricultura cresceu enorme-mente nos últimos anos, transformando-se nomaior segmento de frutas irrigado do país. Ape-sar do aumento extremamente expressivo dasáreas irrigadas no país, resultado da alta viabili-dade financeira obtida sobre os investimentos, airrigação dos citrus ainda apresenta erros e mos-tra o longo caminho a ser percorrido até atingir-mos seu domínio total.

Entre os principais problemas da citriculturairrigada podemos citar: a falta de planejamentodos pomares irrigados; a escolha desapropriadade variedades de citrus para irrigação; a opçãopor métodos de irrigação menos adequados; abaixa eficiência para implantação e manutençãodos sistemas de irrigação; a falta de assistênciatécnica; a falta de mão-de-obra capacitada paraoperar os sistemas de irrigação; o manejooperacional incorreto; a inexistência de controlede aplicação (balanço hídrico) e o baixo aprovei-tamento efetivo da fertirrigação.

Podemos afirmar que a falta de domínio téc-nico sobre a irrigação e fertirrigação é hoje aprincipal diferença tecnológica entre a nossacitricultura e as melhores citriculturas do mun-do, podendo ser considerada como principalincremento para o desenvolvimento dapotencialidade de oportunidades desse agrone-gócio no Brasil.

Assim, considero muito auspicioso o fato deter sido distinguido para ajudar na organizaçãodo XII CONIRD, a realizar-se em Uberlândia de9 a 13 de setembro deste ano, trabalhando naorganização do seminário sobre a fruticulturairrigada, tendo-se como exemplo a citricultura.Será um momento muito especial, com umaímpar oportunidade para tratarmos da maiorsustentabilidade e rentabilidade desse grandenegócio brasileiro. Com essa carta, quero ir es-quentando as turbinas para que todos os interes-sados participem desse XII Congresso Nacionalde Irrigação e Drenagem.” (Danilo José FanelliLuchiari, Engº. Agrº., Fac. de Agronomia ManoelCarlos Gonçalves, Espírito Santo do Pinhal, SP;M.Sc. Engº. Civil em Recursos Hídricos e Sane-amento Básico, Unicamp/SP, email: [email protected]).

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8 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

INFORMAÇÕES DO DR. FRIEDRICH,THEODOR, DA AGSE, DA FAO, EM

ROMA E JOHN LANDERS, DA APDC

“O Meio Ambiente e aAgricultura Sustentável”, umlivro editado pela Associaçãodo Plantio Direto no Cerrado(APDC), em 2000, ganhouuma versão em inglês peloapoio e interesse da FAO(Food and Agricultural

Organization), organização das Nações Unidas voltadapara a alimentação e a agricultura, em tê-lo disponíveldurante o World Food Summit, five years later (WFSfyl)ou Cúpula Mundial da Alimentação, cinco anos depois,realizada em Roma, Itália, de 10 a 13 de junho de 2002.

A publicação “The Environment and Zero Tillage”,editada por Helvecio Mattana Saturnino e John N.Landers, que conta com a autoria dos dois e de experi-entes profissionais do sistema de Plantio Direto, emdesenvolvimento científico e tecnológico, em políticasde recursos hídricos e meio ambiente, foi traduzida porJohn N. Landers e colaboradores. Tem 144 páginas, 42fotografias, excluindo-se as fotos externas das capas,além de 36 ilustrações gráficas.

Mesmo não havendo uma conexão oficial entre aprogramação da WFSfyl e o lançamento do livro, existeuma relação direta entre estes dois acontecimentos.A FAO está promovendo a chamada agricultura con-servacionista, considerando-a como uma resposta di-reta para o problema de produção sustentável da agri-cultura e, como tal, um caminho ambientalmente cor-reto na luta contra a fome. A publicação TheEnvironment and Zero Tillage será usada como infor-mação de fundo para a conscientização dos programasde ação direcionadores nos países membros da FAOsobre a agricultura sustentável, segundo o conceito deagricultura conservacionista.

Quem se interessar pela publicação, poderá entrarem contato com a Associação do Plantio Direto noCerrado (APDC), SCRLN 712, bloco C, Loja 18, AsaNorte, Brasília, DF, CEP 70.760-533, fone: (61) 2732154, fax: (61) 274 7245, e-mails: [email protected] [email protected].

Um panorUm panorUm panorUm panorUm panorama do encama do encama do encama do encama do encontrontrontrontrontro em Ro em Ro em Ro em Ro em RomaomaomaomaomaA Cúpula Mundial da Alimentação fez um apanha-

do dos resultados e progressos obtidos nos últimoscinco anos, desde a realização da última reunião (WFS),em 1996.

Contou com a participação de chefes de Estado decerca de 100 países membros e ainda com mais de 200ministros de todas as partes do mundo. Como resulta-do do encontro, constituiu-se uma aliança internacio-nal contra a fome. Foi elaborada uma declaração,assinada por todos os chefes e representantes de Esta-do participantes, onde foram firmados 35 compromis-sos políticos a serem cumpridos, destacando a alimen-tação e a agricultura nas agendas de desenvolvimento,com os objetivos de acabar com a fome e de reduzir onúmero de pessoas subnutridas, até o ano de 2015.

Quem quiser conhecer na íntegra essa declaração,poderá clicar o endereço eletrônico da FAO na internet(www.fao.org/worldfoodsummit ), e ter acesso a outrasinformações sobre o que aconteceu durante a cúpulamundial, em cinco idiomas.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento do Brasil, Marcus Vinicius Pratini de Moraes,esteve presente na Cúpula Mundial da Alimentação e,em seu pronunciamento, destacou os avanços sociaisobtidos pelo governo brasileiro, nos últimos anos. Eleapresentou os seguintes destaques obtidos pelo país naárea da agricultura:• aumento de 70% da produtividade agrícola nos

últimos dez anos;• a obtenção de US$ 24 bilhões em exportações do

agronegócio em 2001;• crescimento de 97% na produção de carne de fran-

go, 67% na de carne suína e 30% na de carne bovina,em oito anos; e

• Brasil – primeiro produtor mundial de café, laranjae cana-de-açúcar, com o maior rebanho comercialdo mundo alimentado a pasto.

Ainda considerou que os países mais competitivosestão sendo prejudicados, devido à imposição de bar-reiras protecionistas ao comércio de seus produtospelos países ricos. Segundo o ministro, estudos daOrganização de Cooperação e Desenvolvimento Eco-nômico (OCDE) estimam que as importações de paísesem desenvolvimento e os efeitos negativos das políticasagrícolas dos países desenvolvidos sobre os preçosinternacionais de commodities custam US$20 bilhõesaos países em desenvolvimento. Entre outros exem-plos, ele cita o suco de laranja brasileiro, que para sercomercializado, em determinados países, está sujeitoao pagamento de tarifas adicionais equivalentes a40,7%, 54,9% e de até 139,2%.

Para conhecer a apresentação do Ministro Pratinide Moraes na íntegra, basta acessar o site www.agricultura.gov.br.

PUBLICAÇÕESFFFFFAAAAAO lança emO lança emO lança emO lança emO lança emRRRRRoma livroma livroma livroma livroma livro sobro sobro sobro sobro sobre oe oe oe oe oPPPPPlantio Dlantio Dlantio Dlantio Dlantio Diririririretetetetetooooo

8 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 9

FOTO EVANDRO RODNEY (IEEF/MG)

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10 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

OOOOO s técnics técnics técnics técnics técnicos que atuaros que atuaros que atuaros que atuaros que atuaram no estudoam no estudoam no estudoam no estudoam no estudodo nodo nodo nodo nodo novvvvvo moo moo moo moo modelo de irrdelo de irrdelo de irrdelo de irrdelo de irrigação têmigação têmigação têmigação têmigação têm

ccccco no no no no nvicção de que o uso dessavicção de que o uso dessavicção de que o uso dessavicção de que o uso dessavicção de que o uso dessatttttecnoloecnoloecnoloecnoloecnologia rgia rgia rgia rgia requer uma noequer uma noequer uma noequer uma noequer uma novvvvvaaaaa

mentalidade pmentalidade pmentalidade pmentalidade pmentalidade por paror paror paror paror parttttte do goe do goe do goe do goe do govvvvv erno eerno eerno eerno eerno ed ed ed ed ed evvvvve ser ence ser ence ser ence ser ence ser enca ra ra ra ra rado cado cado cado cado co m o :o m o :o m o :o m o :o m o :

s interessados em conhecer os resultadosdeste trabalho, que está retratado emcinco volumes, bastam acessar na internet

o endereço eletrônico da chamada rede de irriga-ção (www.bancodonordeste.gov.br/irriga), fazero download das publicações e imprimi-las.

Segundo Francisco Mavignier C. França,gerente do Ambiente de Políticas de Desenvolvi-mento do Banco do Nordeste e coordenador dosestudos que originaram esse trabalho, “sua ela-boração foi um processo muito rico, em termosde experiência, e importante na consolidação danecessidade de parcerias”. E completa: “Acre-dito que estamos na metade do caminho e nãopodemos parar. Esse trabalho deve apresentarresultados efetivos e fazer com que a irrigaçãono Nordeste seja uma atividade moderna, com-petitiva e geradora de emprego e renda de qua-lidade.”

A N T E C E D E N T E SA N T E C E D E N T E SA N T E C E D E N T E SA N T E C E D E N T E SA N T E C E D E N T E S – A retomada das políticaspúblicas voltadas para a atividade teve início coma emissão de uma nota conjunta aos Ministériosde Planejamento e do Meio Ambiente, datada de31 de junho de 1996, que determinou a formaçãode um grupo de trabalho. Em 1998, a políticanacional de irrigação e drenagem teve suas baseslançadas, reforçadas no Programa Avança Bra-sil, em 1999,que criou então o projeto do novomodelo de irrigação.

Para se fazer um trabalho de tamanha dimen-são, enfrentando uma série de percalços surgidosao longo do caminho, bem como mudançasinstitucionais na gestão do negócio da irrigação,foram estabelecidas importantes parcerias, entreelas, com o Banco Interamericano do Desenvol-vimento (BID), a Secretaria de Assuntos Interna-cionais do Ministério da Agricultura, o Ministé-rio do Meio Ambiente, o Ministério de Orçamen-to e Gestão, a Codevasf e o Banco do Nordeste.

A oficialização dessa parceria deu-se atravésde um acordo de cooperação entre o BID e oBanco do Nordeste, onde houve um aporte novalor US$1,4 milhão do BID-Fumin e umacontrapartida de US$1,3 milhão por parte doBanco do Nordeste e outra de US$ 100 mil doMinistério da Integração Nacional. Desses recur-sos, ainda resta um saldo significativo para darseqüência aos próximos passos do estudo.

COMITÊ GESTORCOMITÊ GESTORCOMITÊ GESTORCOMITÊ GESTORCOMITÊ GESTOR – O intuito principal era ode ter esse estudo como referência oficial dairrigação. O governo criou, então, através de umaportaria interministerial, o comitê gestor, com aparticipação de representantes dos vários minis-térios envolvidos com a atividade, composto pelocoordenador do novo projeto de irrigação (geren-

Depois de um ano e meio de trabalho,

a partir da contratação de um consórcio

formado por três empresas – Plena

Consultoria e Engenharia Agrícola (MG),

Projetec - Projetos Técnicos de Irrigação

Ltda (PE) e Fundação Getúlio Vargas (RJ), o

comitê gestor, constituído pelo governo

federal através de uma portaria

interministerial, e seus parceiros estão

comemorando uma grande vitória.

A conclusão e a divulgação dos estudos

que apontam políticas e estratégias

necessárias para o estabelecimento de um

novo modelo de irrigação nacional, voltado

especialmente para a Região Nordeste

O

O Agronegócioda Irrigação

FOTO ARQUIVO DA VALMONT

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te), Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica do Mi-nistério da Integração, Secretaria de Planeja-mento do Ministério de Orçamento e Gestão,Secretaria de Assuntos Internacionais do Minis-tério da Agricultura, Codevasf, DNOCS e Bancodo Nordeste. Este, por sua vez, criou um comitêtécnico, composto por essas mesmas institui-ções, além da Embrapa.

Os termos de referência, considerados a almados estudos, foram estabelecidos pelos coorde-nadores (Banco do Nordeste e BID), que optarampela elaboração de um documento detalhado ebem orientado, devido a uma série de propostase projetos em andamento que já apresentavamalgumas divergências. A proposição deste docu-mento contou com a participação de vários con-sultores e com o apoio do comitê gestor.

CONCEPÇÃO DO MODELOCONCEPÇÃO DO MODELOCONCEPÇÃO DO MODELOCONCEPÇÃO DO MODELOCONCEPÇÃO DO MODELO – As recomenda-ções para esse trabalho e que iriam definir essenovo modelo de irrigação deveriam observaralgumas características, como:� estímulo ao investimento privado no desenvol-

vimento da agricultura irrigada, em todas asfases, desde o planejamento da irrigação até odesenvolvimento agrícola , incluindo a cadeiaprodutiva, os sistemas de apoio, observando asexigências da conservação ambiental;

� a orientação ao desenvolvimento da produçãoagrícola com base nas oportunidades e carac-terísticas dos mercados nacional e internacio-nal e dentro das características empresariaisde competitividade dos projetos;

� a reorientação da participação do governo, nosentido de restringir-se ao papel que cabe a umEstado moderno (orientação, regulação e pro-moção);

� a criação da sinergia entre a iniciativa privadae os entes governamentais representados nasesferas federal, estadual e municipal;

� a geração de informações necessárias paraestimular o investimento privado no desenvol-vimento da agricultura irrigada;

� a identificação de sistemas de monitoramentoda irrigação, aplicáveis à região Nordeste,visando ao uso racional da água com sustenta-bilidade ambiental, econômica e social;

� a identificação de modelos e fontes de financi-amento para estimular o investimento privadono desenvolvimento da agricultura irrigada;

� a identificação de mecanismos e/ou a proposi-ção de uma legislação para o controle dospossíveis impactos ambientais e sociais dosinvestimentos, e estratégias de mitigação di-ante dos riscos do meio ambiente e social;

� a utilização do Projeto Salitre, situado emJuazeiro, Bahia, como projeto piloto para va-lidar o modelo conceitual.

R E L A T Ó R I O SR E L A T Ó R I O SR E L A T Ó R I O SR E L A T Ó R I O SR E L A T Ó R I O S – O novo modelo de irrigaçãoseria proposto, seguindo as recomendações ediretrizes determinadas pelos termos de referên-cia e condensado em diferentes relatórios inici-ais, assim descritos:� um relatório de antecedentes, com uma breve

descrição do setor agrícola e as estatísticasbásicas do setor (área, produção, participaçãono PIB etc.), incluindo informações sobre aparticipação e impacto da agricultura irrigadana economia do país, comparativas com aagricultura de sequeiro. Além dos históricossobre as participações governamental e priva-da na agricultura irrigada;

� um relatório sobre o estado-da-arte nacional einternacional de irrigação, contendo um diag-nóstico prospectivo dos atuais projetos dosseis principais pólos de irrigação do Nordeste(Vale do Jaguaribe, Petrolina-Juazeiro, Mos-soró-Açu, Oeste Baiano, Norte de Minas e AltoPiranhas), além do Rio Grande do Sul, bemcomo os projetos representativos de irrigaçãodo Peru, Colômbia, México, Espanha, Áfricado Sul, EUA (Califórnia e Colorado), Chile eoutros de importância para o setor;

� um relatório da proposta do novo modeloconceitual, contendo critérios de engenhariade construção, alternativas de viabilizaçãotécnica de engenharia econômica, financei-ra, ambiental e legal dos projetos de aprovei-tamento hidroagrícola e agroindustrial, dasáreas inseridas no semi-árido, adotando-secomo referências os seis pólos de irrigaçãomais importantes existentes na região Nor-deste.Esses relatórios deveriam propor alternati-

vas, justificadas de forma objetiva, cobrindo osseguintes aspectos: marco legal; planejamentoda irrigação; produção, pós-colheita, distribui-ção e mercado; dimensão econômico-financeira;

“““““ EEEEE sse trsse trsse trsse trsse trabalho deabalho deabalho deabalho deabalho devvvvv eeeeea p ra p ra p ra p ra p resentar resentar resentar resentar resentar resultadosesultadosesultadosesultadosesultadose fe fe fe fe fe t i ve t i ve t i ve t i ve t i vos e fazos e fazos e fazos e fazos e fazer cer cer cer cer com queom queom queom queom quea irra irra irra irra irrigação no Nigação no Nigação no Nigação no Nigação no No ro ro ro ro rd e s td e s td e s td e s td e s teeeeeseja uma atividadeseja uma atividadeseja uma atividadeseja uma atividadeseja uma atividadem om om om om od e r n a ,d e r n a ,d e r n a ,d e r n a ,d e r n a , c c c c co m po m po m po m po m petit ivetit ivetit ivetit ivetit iva ea ea ea ea eg e rg e rg e rg e rg e ra d o ra d o ra d o ra d o ra d o ra de empra de empra de empra de empra de emprego eego eego eego eego errrrr enda de qualidadeenda de qualidadeenda de qualidadeenda de qualidadeenda de qualidade”””””

(Francisco Mavignier C. França,do Banco do Nordeste)

Uma das cincoUma das cincoUma das cincoUma das cincoUma das cincopublicações,publicações,publicações,publicações,publicações,editadas peloeditadas peloeditadas peloeditadas peloeditadas peloBanco do Nordeste,Banco do Nordeste,Banco do Nordeste,Banco do Nordeste,Banco do Nordeste,e que retratam oe que retratam oe que retratam oe que retratam oe que retratam onovo modelo denovo modelo denovo modelo denovo modelo denovo modelo deirrigaçãoirrigaçãoirrigaçãoirrigaçãoirrigação

FOTO ARQUIVO DO BANCO DO NORDESTE

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plano de ação e seus atores; serviços de apoio;gestão de projetos de irrigação.

METODOLOGIA PARTICIPATIVAMETODOLOGIA PARTICIPATIVAMETODOLOGIA PARTICIPATIVAMETODOLOGIA PARTICIPATIVAMETODOLOGIA PARTICIPATIVA – Esses do-cumentos preliminares foram apresentados emworkshops com a presença de investidores, espe-cialistas, representantes governamentais, finan-ciadores, compradores e tradings, que contribu-íram para disseminação, ajustes e conclusõesnecessárias aos três relatórios finais.

A partir da validação e agregação das propos-tas finais, foi elaborado mais um relatório con-tendo orientações e recomendações de viabiliza-ção técnica, financeira, ambiental, econômica elegal de projetos de produção agrícola e agroin-dustrial da área inserida no Projeto Salitre, loca-lizado dentro do Pólo Petrolina-Juazeiro, naBahia.

Para a elaboração desses estudos, foi realiza-da uma concorrência internacional, apoiada peloBNDES, Codevasf e DNOCS, da qual participa-ram oito consórcios. Cinco foram pré-qualifica-dos e três apresentaram as propostas técnicasfinais, culminando com a escolha de um consór-cio composto por três empresas nacionais.

SEQÜÊNCIASEQÜÊNCIASEQÜÊNCIASEQÜÊNCIASEQÜÊNCIA – A partir da escolha do consór-cio de empresas responsáveis pela elaboraçãodos estudos, o trabalho foi iniciado em maio de1999 e concluído em novembro de 2000, com aprodução das cinco publicações, assimintituladas:� Políticas e estratégias para um novo modelo de

irrigação, que tem uma versão em inglês (Po-licies and strategies for a new model ofirrigation);

� A importância do agronegócio da irrigaçãopara o desenvolvimento do Nordeste;

� Estado-da-arte nacional e internacional doagronegócio da irrigação 2000;

� Modelo geral para otimização do agronegócioda irrigação do Nordeste;

� Modelo específico para otimização e promo-ção do projeto de irrigação Salitre-Juazeiro,na Bahia.Todos os trabalhos foram acompanhados pelo

comitê gestor, pelo grupo de apoio técnico, pelaequipe técnica do Banco e pelos advisers contra-tados para dar orientações aos relatórios parciaisque iam sendo gerados.

Em essência, a proposta buscou desenvolverestudos que visavam o desenvolvimento, valida-ção e estabelecimento das bases estruturais,conceituais, regulatórias, operacionais e finan-ceiras, com enfoque na região Nordeste para aimplementação de um novo modelo de irrigação.“Isso representou um estudo holístico, que abran-

geu todas as dimensões do desenvolvimento doagronegócio”, explica Mavignier França.

ENVOLVIMENTO E SENSIBILIZAÇÃOENVOLVIMENTO E SENSIBILIZAÇÃOENVOLVIMENTO E SENSIBILIZAÇÃOENVOLVIMENTO E SENSIBILIZAÇÃOENVOLVIMENTO E SENSIBILIZAÇÃO – Umponto importante foi a apresentação da propostade estudo, de forma estruturada, em mais de 60eventos de grande porte no Brasil, como Frutal,Mercovale, eventos em São Paulo e em todos osEstados do Nordeste. Foram convidados especi-alistas e interessados em irrigação para discutiressa proposta de trabalho. Foi criada uma páginana internet, chamada rede da irrigação (www.bancodonordeste.gov.br/irriga), que abriga, alémda coleção de estudos para download, 123 leitu-ras recomendadas, 138 links de interesse e aparticipação de 352 especialistas.

Foram feitas inserções na imprensa, mais de60 notícias ao longo do estudo, além de cafés damanhã com a imprensa no Ceará, Pernambucoe Bahia. O Banco do Nordeste, responsável pelacoordenação desse estudo, catalogou mais de1.600 especialistas que apoiaram sua realiza-ção.

O estudo apresenta novidades e tem propos-tas em andamento. “Seu mérito maior é o de terelaborado um compêndio referendado no Nor-deste e no Brasil. Referendado pelas liderançasdos pólos de irrigação do Nordeste, por especia-listas internacionais e pelo comitê gestor de estu-dos”, considera Mavignier França.

C O N T I N U I D A D EC O N T I N U I D A D EC O N T I N U I D A D EC O N T I N U I D A D EC O N T I N U I D A D E – Os próximos passos jáestão traçados e em andamento. Entre as conclu-sões necessárias estão:� a capacitação de técnicos, de gestores públi-

cos e privados dentro da nova estratégia;� a montagem da nova plataforma sobre o agro-

negócio irrigação;� o apoio à elaboração de cartas-consultas para

o Banco Interamericano e Banco Mundial;� a realização de mais dois seminários para

apresentação dos resultados finais;� a elaboração do Plano Nacional de Irrigação e

Drenagem pelo Ministério de Integração Na-cional;

� a viabilização da exploração de 42.099 hecta-res ociosos existentes dentro dos pólos públi-cos de irrigação;

� o estabelecimento de um termo de parceriaentre a Codevasf, Banco do Nordeste e gover-no do Estado da Bahia para a viabilização doProjeto Salitre;

� o estabelecimento dos planos de negócios e demarketing para as fases seguintes dos ProjetosSalitre e Baixo Acaraú;

� a extensão do fundo de aval do BNDES para afruticultura. �

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Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

O consórcio formado pelas empresas PlenaConsultoria e Engenharia Agrícola Ltda. (MG),Projetos Técnicos de Irrigação Ltda. - Projetec(PE), juntamente com a Fundação Getúlio Vargas(RJ), foi contratado para elaborar o estudo. Fo-ram checados documentos com diretrizes estra-tégicas que visassem desenvolvimento e valida-ção de bases estruturais, conceituais, regulatórias,operacionais e financeiras, com enfoque na re-gião Nordeste, e que permitissem a implementa-ção da política do novo modelo de irrigação.

nal e internacional da irrigação e ditou asdiretrizes e as estratégias para a implementa-ção de um novo modelo conceitual.

• a parte B trouxe uma definição de diretrizes,para que este modelo possa ser aplicado noProjeto Salitre.

Passo a passo,conheça o novo

modelo de irrigaçãoAs cinco publicações que podem ser encontradas no

site do Banco do Nordeste representam o resultado de

um ano e meio de trabalho. Para entender como foi

elaborado esse novo modelo de irrigação, acompanhe

os quadros explicativos a seguir:

Quadro 2Quadro 2Quadro 2Quadro 2Quadro 2

O estudo teve as seguintes abordagens:• a parte A do trabalho, composta de um relató-

rio de antecedentes, onde foi levantado o queaconteceu com a irrigação no Brasil ao longodesse tempo, enfocou o estado-da-arte nacio-

Quadros 3 e 4Quadros 3 e 4Quadros 3 e 4Quadros 3 e 4Quadros 3 e 4

As macrodiretrizes deste novo modelo previ-ram o estímulo aos investimentos privados, umaprodução agrícola com foco no mercado e umareorientação para a participação do governo.

Dentro disso, o novo modelo deveria ser cons-tituído por vários componentes como:• marco legal;• planejamento de irrigação;• produção pós-colheita, distribuição e mercado;• parte econômico-financeira de todo o processo;• gestão de projetos de irrigação;• serviços de apoio como pesquisa, assistência

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técnica etc.;• plano de ação envolvendo os atores constituin-

tes desse modelo.

seminários e reuniões, contatos com atuais epotenciais investidores e procedida uma com-pleta revisão bibliográfica nacional e interna-cional sobre o assunto.

Quadro 5Quadro 5Quadro 5Quadro 5Quadro 5

Devido à complexidade deste trabalho e aosinteresses de vários órgãos e entidades envolvi-dos neste processo, o consórcio, por orientaçãoemanada dos termos de referência do próprioedital, adotou a seguinte metodologia:• foi trabalhado um processo de participação

dos atores envolvidos, com a realização deseminários, reuniões e contatos diretos. Comisso, o consórcio envolveu de 500 a 600 pesso-as entre produtores, técnicos e empresários dosetor.

• foi feita uma pesquisa de dados e um levanta-mento de informações disponíveis a respeitode irrigação na região Nordeste, que foramavaliados contínua e permanentemente pelocomitê gestor do estudo, pelo Banco do Nor-deste e pelos órgãos envolvidos.

• foi utilizada, como estratégia, uma equipemultidisciplinar, com vários tipos de especia-listas de diversas áreas (hidráulica, constru-ção civil, meio ambiente, solo, mercado) bemcomo pessoas que deram algum tipo de contri-buição na área de gestão de projetos públicos,e produtores rurais. Foram realizados vários

Quadro 6Quadro 6Quadro 6Quadro 6Quadro 6

Como primeiro documento, foi elaborado oestado-da-arte nacional e internacional do agro-negócio da irrigação. O objetivo era fazer umaanálise da política e dos instrumentos de promo-ção da agricultura irrigada, implantação e geren-ciamento de projetos, transferência de gerencia-mento de projetos públicos para o privado eatuação do setor privado.

Isso tudo serviu como referencial para a pro-posta deste modelo.

Quadro 7Quadro 7Quadro 7Quadro 7Quadro 7

Como metodologia, foi feita a identificação depaíses com experiência em irrigação, quecorrespondiam a 35% da área irrigada no mun-do. Identificaram-se os pólos de irrigação doNordeste, com forte atuação no agronegócio.Foram realizados seminários em cada pólo, com243 participantes.

Foi feita uma análise detida de bibliografiasnacional e internacional sobre o assunto relacio-nado com a irrigação.

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Quadro 8, 9 e 10Quadro 8, 9 e 10Quadro 8, 9 e 10Quadro 8, 9 e 10Quadro 8, 9 e 10

Dessa análise global, foram obtidas as reco-mendações sobre os países analisados.

Quadro 11Quadro 11Quadro 11Quadro 11Quadro 11

Na fase do estado-da-arte, pode-se verificar aexistência, nos pólos de irrigação do Nordestebrasileiro, de um processo de transferência dogerenciamento, da parte de operação e manuten-ção dos projetos públicos, para a organização dosusuários, via cooperativas ou distritos. Isso vemocorrendo, a partir de meados da década de 80.

Foi observado também, o desenvolvimento doprocesso de organização de produtores, comvisão de mercado e de agronegócio, o que podeser constatado em locais como Mossoró, Açu,Petrolina, Juazeiro e Norte de Minas, onde exis-tem organizações capacitadas e preparadas, comvisão de economia de mercado.

Quadro 12Quadro 12Quadro 12Quadro 12Quadro 12

É importante que se faça uma análise bemsimples da atual situação dos projetos públicosdo Nordeste. Em conversas mantidas com repre-sentantes de vários organismos, tem-se a imagemde que todo projeto público foi, exclusivamente,aportado com recursos públicos, o que não cor-responde à verdade.

Quanto às condições dos projetos públicos doBrasil, em 1999, aproximadamente 169,8 milhectares encontravam-se prontos para ser opera-dos. Em fase de implantação, havia cerca de 130mil hectares.

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Outra observação: o foco central, durante to-dos esses anos e em todos os pólos, sempre foi aobra de engenharia.

Quadro 13Quadro 13Quadro 13Quadro 13Quadro 13

Temos aqui uma análise sobre a efetiva parti-cipação pública e privada em perímetro de irri-gação. Toda a infra-estrutura hidráulica coletivaé de responsabilidade do governo. A parte demanutenção e operação dessa infra-estrutura hi-dráulica é realizada, ainda hoje, em alguns casos,pelo governo, mas já existem organizações, tipodistrito, com um forte aparato de participaçãopública, em sua grande maioria.

O aproveitamento agrícola é totalmente reali-zado com recursos dos produtores (próprios ouatravés de crédito rural). A infra-estrutura parce-lar de irrigação também está sob a responsabili-dade do produtor, quer seja ele pequeno, querseja grande. Num determinado momento, a infra-estrutura parcelar do pequeno foi implantadapelo governo, porém esse produtor passou apagar por ela com prazos de até 25 anos.

Nesse aspecto, quando se faz um balanço doscustos de toda uma infra-estrutura hidráulicaprincipal, incluindo a parcelar de irrigação e osinvestimentos necessários à produção (packing-house, com estruturas de formação da cultura oufruticultura), verifica-se que há uma participa-ção de investimentos do governo na ordem de32% a 35%, enquanto que, na iniciativa privada,variam de 65% a 68%.

quando se está dentro do processo de produçãode agricultura irrigada. Mesmo com as condi-ções oferecidas para o Nordeste, o custo é bas-tante elevado, quando comparado a outros in-vestimentos.

Quadro 14Quadro 14Quadro 14Quadro 14Quadro 14

Com base nessas informações, partiu-se entãopara definir quais premissas seriam necessáriaspara orientação e desenvolvimento dessa políticado novo modelo de irrigação.

Com isso, a irrigação do Nordeste foi enfocadacomo política de desenvolvimento ou agronegó-cio, e não como obra. O custo de oportunidadedo capital para o setor privado é muito elevado,

Quadro 15Quadro 15Quadro 15Quadro 15Quadro 15

Partiu-se, então, de outras premissas:• o governo será o responsável pela implantação

dos projetos, mas poderá vender ou arrendara infra-estrutura hidráulica coletiva. O gover-no opera o sistema por um período limitado, edepois transfere o processo para as organiza-ções dos irrigantes ou dos participantes doprojeto;

• os projetos poderiam ser públicos ou privados,criando-se aí uma nova figura: a dos projetosmistos. Outra constatação: toda uma base deapoio seria diferenciada, isto é, a base dapesquisa, da assistência técnica, do gerencia-mento ambiental etc.;

• mudanças do enfoque do projeto público, queaté então era o de engenharia, passaram aganhar, a partir de meados da década de 80,um enfoque de organização da produção, es-pecialmente na área de promoção. Ao invés devender lotes, passariam a ser vendidos empre-endimentos. A questão de produção deveriaser enfocada de uma forma diferente da quevem sendo enfocada hoje.

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A recuperação dos investimentos públicos po-deria ser efetuada através da venda ou aluguel daestrutura, por um período longo.

Quadro 16Quadro 16Quadro 16Quadro 16Quadro 16

De acordo com essas premissas, passou-se aconstruir um marco teórico para a elaboraçãodesse estudo e definição dessa política.• A primeira constatação é de que, cada vez mais,

torna-se necessário estar dentro de um proces-so competitivo, e só sobreviverá quem estivercapacitado para enfrentar a concorrência.

• Para entrar nesse processo, a tecnologia deinformação é um indutor forte de competitivi-dade, capaz de alterar estruturas de mercadoe padrões de concorrência.

• No que se refere à produção agrícola, haveránecessidade de existir uma coordenação verti-cal, ou seja, todos os atores devem saber o queestá acontecendo na área de mercado. Qual-quer estratégia de competitividade depende,exclusivamente, do ambiente institucional.

• VENDA – a legislação atual não permite vendaou arrendamento.

Quadro 17Quadro 17Quadro 17Quadro 17Quadro 17

Dentro do marco legal da irrigação existem a Leino 6.662, de 1979; e os Decretos nos. 88.496 e 2.168.

Resumidamente, essa legislação determina quesomente o poder público, de forma direta, cons-trói projetos e opera, ou pode transferir essaoperação.• AMORTIZAÇÃO – diz ainda que o projeto será

amortizado, mas a infra-estrutura continuaránas mãos do poder público. Isso significa quea amortização, efetivamente, não está sendorealizada, porque o dinheiro arrecadado, narealidade, está sendo usado para atender àsnecessidades oriundas do desgaste natural dainfra-estrutura hidráulica.

• EMANCIPAÇÃO – a lei diz que os projetosserão emancipados. Como se pode emanciparum projeto de irrigação, se a infra-estruturahidráulica continua sendo do governo?

Quadro 18Quadro 18Quadro 18Quadro 18Quadro 18

Diante do quadro apresentado pela atual legis-lação brasileira, foi feita uma análise, e uma novaproposta de legislação foi encaminhada ao Con-gresso Nacional. O senador Osmar Dias apresen-tou um projeto de lei, substitutivo à lei anterior,que basicamente atende às reivindicações donovo modelo descritas a seguir:

Quadro 19Quadro 19Quadro 19Quadro 19Quadro 19

Dentro do planejamento da irrigação, a situa-ção atual dos projetos públicos é a seguinte:

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Quadro 20Quadro 20Quadro 20Quadro 20Quadro 20

Hoje existe no Brasil uma área implantadacom projetos de irrigação, em torno de 169 milhectares, com aproximadamente 60 mil hectaresfora de operação, por vários motivos, ou seja:

à pesquisa e a vários produtores particulares quefacilita a definição desses parâmetros regionais.Torna-se necessária a definição de um programade pesquisas, que envolva solo/água/planta. Énecessário que se comece a pensar num estímuloà tarifa, com base numa hidroeconomicidade,valorizando quem gasta bem a água, em quanti-dade e com qualidade de produção e retorno.

Quadro 21Quadro 21Quadro 21Quadro 21Quadro 21

Como proposta dentro do novo modelo deirrigação, consideram-se os critérios descritos aseguir:

Quadro 23Quadro 23Quadro 23Quadro 23Quadro 23

Dentro do sistema de produção, pós-colheita,distribuição e mercado, o que se verifica é aexistência de um sistema segmentado.

Os produtores não têm contrato de compraantecipado. Existe um processo de informaçãoassimétrica (quem detém a informação é o ataca-dista ou o supermercado). O produtor não detéma informação sobre o que acontece ao longo dacadeia, ao contrário do que acontece em váriaspartes do mundo. Essa falta de coordenação levaa um risco elevado em relação ao processo.

Existem poucas agroindústrias, indústrias pro-cessadoras, empresas embaladoras e empresascomercializadoras nas regiões dos agropólos.

Predomina a relação produtor/atacadista; pra-ticamente 70% dos negócios realizados nosagropólos envolvem esse tipo de relação.

Faltam informações sobre potencialidades etecnologia de produção disponível.

Quadro 22Quadro 22Quadro 22Quadro 22Quadro 22

Nos procedimentos e normas técnicas atuais,propõe-se uma adequação ao manual de irriga-ção existente e a definição de normas e procedi-mentos para a elaboração de um plano de negó-cios para esses projetos.

No sistema de monitoramento de irrigação,propõe-se a instalação de estações meteorológi-cas regionais, hidrômetros para cada parcela edefinição de parâmetros regionais de água/solo/planta.

Existe uma massa crítica de informações junto

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 19

Quadros 24 e 25Quadros 24 e 25Quadros 24 e 25Quadros 24 e 25Quadros 24 e 25

Em vários países, esse sistema de informaçõesé bem montado, como condição para a tomada dedecisão. As propostas nessa área são as seguintes:• mudar a forma de gestão no processo de mer-

cado. É, para isso, é preciso criar simetriaatravés de um processo de capacitação, orien-tação junto às organizações, cooperativas eassociações, no sentido de, cada vez mais,haver interesse de entrar nesse processo debusca de informação.

• disponibilizar essa informação através da cri-ação de uma plataforma ou um sistema deinformação, sob a responsabilidade do gover-no, a fim de fornecer ao produtor, dados sobreuma série histórica e análises conjunturais demercado, gráficos e comportamento, área plan-tada por produção e espécie.

• criar um sistema de informação tecnológicaem nível regional, paralelamente a essa plata-forma. O sistema Embrapa criaria bancos dedados sobre as culturas, tecnologia de produ-ção e uma agenda de capacitação.Essas sugestões, aparentemente simples, po-

dem transformar todo um processo de produçãode forma assimétrica para uma forma simétrica.Isso vai garantir ganhos e mais estabilidade, doponto de vista de risco, para o produtor.

Quadro 26Quadro 26Quadro 26Quadro 26Quadro 26

A situação, do ponto de vista econômico-finan-ceiro, é vista assim:• no setor de agricultura irrigada, existe uma

grande dependência do produtor em relaçãoao crédito rural. Este apresenta-se sempre emquantidade e disponibilidade insuficientes, aum custo, muitas vezes, questionável e bastan-te pulverizado;

• a gestão frágil do agronegócio leva a umaatividade de risco;

• a infra-estrutura hidráulica coletiva, atual-mente, é financiada somente pelo poder públi-co nos perímetros de irrigação.

Quadro 27Quadro 27Quadro 27Quadro 27Quadro 27

A proposta que se faz para esse segmento é aseguinte:

Precisamos melhorar o sistema de gestão. Paraisso, é preciso ter:• um plano de promoção e marketing, e dentro

dele, um plano de negócio. Precisamos saberqual é o risco que temos, antes de entrar noprocesso;

• informações disponíveis, pois somente elassão capazes de gerar e nivelar conhecimento esegurança a quem está à frente do processo.Com isso, os riscos serão reduzidos;

• alternativas de financiamento, que podem seratraídas, se o risco diminuir, diferentes docrédito rural tradicional. É possível buscar-sebolsas de valores, entrar em companhias decapital de risco, pegar fundos múltiplos deinvestidores, empresas emergentes etc. Essascolocações refletem entrevistas que foram fei-tas com produtores e potenciais empreende-dores.

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Quadro 28Quadro 28Quadro 28Quadro 28Quadro 28

É preciso buscar e dar estímulo para imple-mentação de empresas e projetos, de forma indi-vidual ou coletiva. E o financiamento de infra-estrutura hidráulica coletiva poderia ser atravésde recursos do Tesouro ou da participação dainiciativa privada, com a garantia governamentalde recebimento da tarifa da água.

nada com a pós-colheita, novas variedades emanejo de água.

• praticamente não existe gerenciamento am-biental nos perímetros públicos de irrigação.

• plataforma de informações – Uma informa-ção, por mais simples que seja, leva pelo me-nos 15 dias para ser obtida.

• capacitação em gestão – Uma área bem domi-nada pelo setor industrial e deficiente no setoragropecuário.

Quadro 29Quadro 29Quadro 29Quadro 29Quadro 29

Finalmente, quanto aos serviços de apoio, oque se passa hoje nos perímetros de irrigação?• na realidade, o DNOCS desempenhou esta

atividade e a Codevasf, a partir de meados dadécada de 80, iniciou uma política relaciona-da com a assistência técnica, que vem dandoresultados relativamente bons. Essa assistên-cia técnica é desempenhada de forma tradici-onal, voltada apenas para a produção e nãopara o agronegócio, diferentemente de como oassunto é conduzido em outros países.

• a pesquisa e desenvolvimento detém muitasinformações, porém existe um hiato entre aevolução da agricultura irrigada e a informa-ção necessária, notadamente na parte relacio-

Quadro 30Quadro 30Quadro 30Quadro 30Quadro 30

A proposta é constituir uma plataforma, emque se possa obter informações básicas regio-nais, tecnológicas, mercadológicas e gerenciais.O trabalho de assistência técnica deverá sair domodelo atual hoje para o modelo de gerencia-mento de produção, em que o técnico não estejavoltado somente para questões ligadas a pragas,doenças, manejo etc. Ele tem que estar voltadopara o negócio. A pesquisa e desenvolvimentotem que buscar as informações existentes eregionalizá-las.

Deverão ser propostos programas de capacita-ção e gestão, principalmente com o apoio doSenar, Sebrae etc., além da constituição de umserviço de direcionamento ambiental. Tudo o quese referir à qualidade de produto e à questãoambiental bem conduzida tem um valor agrega-do forte nas questões de mercado. �

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Item – O senhor pode sinteti-zar para nós o que é esse novomodelo de irrigação?Elias – De forma objetiva e prá-tica, esse novo modelo desenhauma nova política de irrigaçãopública para o país e, dentrodisso, propõe uma estratégia.Essa nova proposta tem duasfacetas: uma, é a parte legalpara dar mais mobilidade go-vernamental, em termos de ge-renciamento; e uma outra, degestão de produção, de crédito,de organização etc., que nãotem nada a ver com a lei, quefoi proposta e se encontra noCongresso Nacional.

Item – E dentro desse modelo,o que existe de novo e o que estásendo aproveitado de antigasexperiências?

Elias – Um novo modelo nãosignifica que seja tudo novo.Temos hoje uma legislação bá-sica de irrigação no Brasildirecionada às áreas públicas.Esta contém dispositivos que,futuramente, irão impedir amodernização da atividade. Emprimeiro lugar, esta legislaçãodetermina que, por interessepúblico, a obra coletiva, cons-truída com investimentos dogoverno, pertence e sempreserá de propriedade do poderpúblico. Ao mesmo tempo, dis-ciplina a cobrança do usuárioque estiver dentro do períme-tro, durante 50 anos, pela recu-peração desses investimentospúblicos. Ora, se eu pago porum negócio durante um deter-minado período, ao final dele,passo a ser o proprietário. Masa lei não determina isso. Temosque ter uma legislação, em quemais cedo ou mais tarde, o go-verno possa vender ou alugaressa estrutura a um grupo deprodutores, a um condomínio,a uma associação. Essa novalegislação que hoje encontra-se em estudos no Senado Fede-ral, vai permitir isso. Esse é umponto que interfere muito nolado gerencial do projeto e queexige constantes investimentosda parte do poder público.Um segundo ponto: quando ogoverno federal decide investirhoje em um projeto de irriga-ção, não pergunta, antes deimplantá-lo, se o município ouo Estado quer aquela obra. De

repente, cinco mil famílias sãoassentadas em um determina-do lugar, que passa a necessi-tar de uma infra-estrutura desustentação. Há 20 anos, essafunção era dos órgãos federais.Hoje, a responsabilidade pas-sou a ser do Estado e do municí-pio. Mas a política de irrigaçãoem vigor não define claramenteo papel do poder público.O terceiro ponto é o desconhe-cimento da capacidade técnicae financeira do irrigante paraimplementar a produção. Esseé um dos motivos pelos quaisnenhum dos perímetros públi-cos de irrigação do país tem100% de aproveitamento. Al-guns, como por exemplo oJaíba, etapa 1, tem 30% de apro-veitamento, num investimentoem que foram aplicados cercade US$ 300 milhões.O novo modelo de irrigaçãoapenas apontou o óbvio ululan-te e considerou que é precisomudar a lei, para dar a liberda-de que os perímetros públicosprecisam para se deslanchar.

Item – Então, tudo se resumena mudança da legislação?Elias – Não, têm mais outrascoisas. Para se implantar umprojeto dentro dessa nova dire-triz precisamos ter claros ospapéis da União, do Estado edo município. Esses projetoslevam pelo menos 15 anos parasua implantação e, nesse perío-do, os governos se revezam.Dentro de um perímetro como

A simplicidade e aobjetividade da proposta do

novo modelo de irrigação

E N T R EEEEEELIASLIASLIASLIASLIAS T T T T TEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRA P P P P PIRESIRESIRESIRESIRES

Para explicar por que o novo modelo

de irrigação foi concebido e a nova

mentalidade que está sendo exigida

para a seleção de empreendedores

nos perímetros públicos de irrigação,

a revista ITEM entrevistou o

engenheiro agrônomo Elias Teixeira

Pires, da Plena Consultoria e

Engenharia Agrícola, líder do

consórcio que venceu a concorrência

para esse trabalho.

22 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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o Jaíba, temos mais de 80 kmde estradas internas. E quem éque vai fazer a manutençãodelas? O novo modelo esclare-ce isso, bem como determina acontextualização do projetodentro da bacia hidrográfica.Quantos projetos não fizeramisso e estão até com problemasde água?Outros pontos como políticasde crédito e de mercado tam-bém são orientados e focados.

Item – Qual é o papel do Estadonesse novo modelo?Elias – Quando falo em projetopúblico, significa que precisoconstruir num lugar que nãotem água, não chove e não exis-te oportunidade de desenvolvi-mento se não houver água.Então, estão trazendo a águadistante 40 km para esse lugare o papel do poder público ésocializar o seu uso. Daí parafrente, o papel do Estado passaa ser o de catalizador dos pro-cessos, e não o de executor. E oque seria esse papel? Seria o demontar um bom plano de negó-cios e promover o empreendi-mento. Projeto de irrigação nãoé somente desenho e obra. Temque haver o desenho da produ-ção e o plano de marketing.Cabe ao poder público trazer oprojeto para uma situação denegócio. Ele vai mostrar para opúblico que tem um projeto,com crédito, estudo prévio deviabilidade, que existe interes-se de mercado etc.

Item – Instituições como aCodevasf, que têm experiêncianesse assunto, seriam as res-ponsáveis por esse plano denegócios?Elias – A Codevasf, nos últimosanos, tem tentado exercer essepapel e obtido alguns resulta-dos interessantes. Criou o Pro-grama de Promoção do Vale do

São Francisco (Promovasf) e,com isso, viabilizou algunsempreendimentos como aValexport, em Petrolina, e rea-lizou outras ações como a devender o Vale do São Franciscoem feiras nacionais e internaci-onais, atraindo negócios, en-quanto o DNOCS ainda nãotrabalha este segmento.

Item – Qual é o perfil doirrigante nesse novo modelo?Elias – O novo modelo não des-creve esse perfil. Prevê a exis-tência do pequeno irrigante,chamado empreendedor fami-liar, e do empreendedor em-presarial, mas não determina onúmero de cada um deles den-tro de um perímetro público deirrigação. Esse direcionamentoserá dado pelo governo, de acor-do com a sua política.Até 1985, o critério levado emconta pelo governo para a sele-ção do integrante nos projetosera de pequeno produtor que,além de pobre, quanto maisfilhos ele tivesse, maiores aschances de ser selecionado.Depois dessa data, ocorrerammudanças nesse critério, quan-do passaram a destinar áreasdos projetos para outros seto-res, como empresarial e técni-co, o que nem sempre significa-va fator para o sucesso.O que se busca hoje são peque-nos, médios ou grandes empre-endedores, que, em vez de se-rem assentados, passem a ad-quirir o lote. O pequeno tam-bém passou a comprar, mesmode forma diferenciada. Outramudança: quando o pequenoprodutor recebia o seu lote, jádispunha de todo o equipamen-to de irrigação instalado, quenem sempre era compatívelcom a cultura escolhida porele. O novo modelo determinaque o Estado viabilizará o cré-dito, via empréstimo bancário,

mas será o produtor quem iráescolher o sistema de irriga-ção, de acordo com a cultura aser desenvolvida e definida peloprodutor .

Item – Como está a situaçãodos dois pólos escolhidos (Bai-xo Acaraú e Salitre) para se-rem os pilotos de implantaçãodesse novo modelo?Elias – Pelo estudo inicial, oprojeto piloto seria apenas oSalitre, que está em início deconstrução. Então, foi sugeri-do o projeto Baixo Acaraú paraser o piloto para todas as açõesdo processo. Ou seja, implan-tar o projeto e imediatamentevender ou alugar a estrutura de

irrigação, contar com fundo deaval etc.A situação é a seguinte: o BaixoAcaraú está com suas obraspraticamente prontas. Foi feitoo primeiro assentamento, pelaSecretaria de Agricultura Irri-gada do Ceará (Seagri-CE) naárea que estava reservada paraos antigos moradores do proje-to a ser reassentados. Eles nãopassaram pelo processo de se-leção, mas estão pagando pelosseus lotes, com o uso de finan-ciamento. Além disso, a Seagri-CE trouxe importadores inte-ressados, que fecharam con-tratos de comercialização, e oBanco do Nordeste aportou oempréstimo. Agora, um novo

“““““ PPPPP rrrrr o j e to j e to j e to j e to j e to de irro de irro de irro de irro de irrigaçãoigaçãoigaçãoigaçãoigaçãonão é somentnão é somentnão é somentnão é somentnão é somenteeeee

desenho e obrdesenho e obrdesenho e obrdesenho e obrdesenho e obra .a .a .a .a .TTTTTem que haem que haem que haem que haem que havvvvv er oer oer oer oer o

desenho dadesenho dadesenho dadesenho dadesenho dap rp rp rp rp rooooo dução e o planodução e o planodução e o planodução e o planodução e o plano

de de de de de m a r km a r km a r km a r km a r ketingetingetingetingeting”””””

V I S T A EEEEELIASLIASLIASLIASLIAS T T T T TEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRA P P P P PIRESIRESIRESIRESIRES

FOTO GENOVEVA RUISDIAS

2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 23

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segmento, já selecionado me-diante licitação pública, com aparticipação do próprio Ban-co, adquiriu seus lotes e estáentrando no processo de pro-dução do projeto.

Item – Com as novas diretrizesque estão sendo adotadas, o se-nhor acredita em melhoreschances de resultados positivospara o Projeto Baixo Acaraú?Elias – Já é mais auspiciosoapós o seu primeiro mês defuncionamento. A partir domomento em que um grupo dereassentados consegue entrarnuma área, sem receber o kitde sobrevida, mas recebe o fi-nanciamento devido à pré-ga-

rantia de comercialização desua produção, já é um avanço.Significa que o produtor já estáconseguindo sobreviver nummercado competitivo. E que aspessoas que adquiriram áreano Baixo Acaraú, têm garanti-do o acesso ao crédito. O proje-to é recente, tem cerca de seismeses.

Item – Qual será o papel dainiciativa privada?Elias – A iniciativa privada temque ser vista de duas formas naimplantação da infra-estruturacoletiva de irrigação. Tem umpapel importante na produção,mas a ela, hoje, não é permitidaa participação em projeto pú-

“““““ NNNNN o Po Po Po Po Prrrrr o j e to j e to j e to j e to j e to Bo Bo Bo Bo Ba i xa i xa i xa i xa i xooooo

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obtidos já são maisobtidos já são maisobtidos já são maisobtidos já são maisobtidos já são mais

auspiciosos após oauspiciosos após oauspiciosos após oauspiciosos após oauspiciosos após o

seu prseu prseu prseu prseu primeirimeirimeirimeirimeiro mês deo mês deo mês deo mês deo mês de

funcionamentfuncionamentfuncionamentfuncionamentfuncionamentooooo”””””

E N T R E V I S T A

blico. Mas no futuro ela poderáassociar-se no processo de ex-pansão da atividade. Competeà iniciativa privada buscar osmecanismos para produzir ecomercializar.

Item– Como o senhor imaginaum perímetro de irrigação fun-cionando de acordo com essemodelo?Elias – Imagino que dentro des-se perímetro deva existir umagestão de água e uma organiza-ção para fazer isso, que é odistrito de irrigação. O distritoé uma sociedade dos produto-res, sem fins lucrativos.Imagino que no início do pro-cesso, o governo terá que de-sempenhar uma ação decatalização do crédito, de mer-cados, de promoção. Dentro doprojeto tem que existir um cen-tro permanente e contínuo deinformações tecnológicas e demercado, que, a princípio, temque ser administrado pelo go-verno e, depois, passado para aassociação dos produtores.Tem que haver uma agência dedesenvolvimento regional(constituída por representan-tes da área federal, municipal edos produtores) que dará ascoordenadas sobre as necessi-dades de apoio ao projeto.

Item – Fala-se muito no consu-mo in natura dos produtosoriundos dos perímetros de ir-rigação. Como o senhor vê aparticipação da agroindústrianesse processo?Elias – Pela experiência quetenho nesse assunto, consideroa agroindústria importante,pois é capaz de dar sustentabi-lidade regional, em termos degeração de empregos e impos-tos. Mas não dá sustentabilida-de para o produtor, porque arelação entre os dois segmen-tos é terrível. �

Com o objetivo de dar maior estabi-lidade ao Plano Nacional de Irrigação eDrenagem (Planird), os responsáveis peloconsórcio defendem a posição de queele deva passar pelo crivo do CongressoNacional e não apenas ser instituído peloExecutivo. Essa proposta leva em contaos fatos antecedentes ao atual estádioda irrigação nacional, que demonstram ainstabilidade da atividade e as dificulda-des dos atuais gestores dos projetos pú-blicos de irrigação. “Para nós, que sem-pre trabalhamos a irrigação, sob a batutado Executivo, essa proposta pode trazerum certo desconforto, porque envolvenegociação”, considera Mário RamosVilela, um dos consultores que integra-ram o consórcio responsável pela elabo-ração do novo modelo de irrigação.

Outra proposta do consórcio estávoltada para o papel ser desempenhadopelo Dnocs e pela Codevasf, as duas mai-ores instituições governamentais res-ponsáveis pelos maiores projetos públi-cos de irrigação existentes no país. Elaspassariam por um processo dereformulação e responderiam, inicial-mente, pela gerência global dos empre-endimentos ligados ao agronegócio, como concurso da agricultura irrigada.

Atualmente, a iniciativa privada res-ponde por dois terços dos investimentosda agricultura irrigada praticada nos pro-jetos públicos no país, enquanto o go-verno investe um terço, uma realidadeque constrange a ampliação dos investi-mentos particulares. Para os responsá-veis pelo consórcio, até a completa eman-cipação dos projetos de irrigação exis-

O papelreservado aogoverno nonovo modelode irrigação

FOTO GENOVEVA RUISDIAS

24 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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tentes no país, essas duas instituições,com larga experiência na atividade, res-ponderiam pela gerência do agronegó-cio e por decisões políticas relativas aocrédito e à demanda por tecnologia.

SERVIÇOSSERVIÇOSSERVIÇOSSERVIÇOSSERVIÇOS – Para o engenheiro agrô-nomo Elias Teixeira Pires, os serviços deassistência técnica existentes nos proje-tos públicos de irrigação, desenvolvidosespecialmente pela Codevasf, apesar dosbons resultados apresentados, ainda sãodesempenhados de uma forma conside-rada tradicional, voltados apenas para acultura e produção e não para o agrone-gócio. “E tendo em vista que existemdecisões políticas que envolvem iniciati-vas relativas ao crédito e à tecnologia, aprópria Codevasf encontra hoje muitasdificuldades para manter esse processode assistência técnica, que ela criou apartir da década de 80”, afirma ele.

Elias considera ainda que a pesquisade desenvolvimento, apesar de deter umgrande acervo de informações, tem difi-culdades em atender à evolução da agri-cultura irrigada, notadamente as relati-vas às etapas de pós-colheita, de novasvariedades e de manejo de água.

A proposta do consórcio é constituiruma plataforma, onde se obtenham in-formações básicas regionais, tecnológi-cas, de mercado e gerenciais. O trabalhode assistência técnica sairia do modelopraticado hoje, para um modelo de ge-renciamento de produção, em que o téc-nico vai olhar o negócio como um todo enão simplesmente as questões de pra-ga, doença, manejo etc. A pesquisa edesenvolvimento passará a buscar infor-mações existentes, para transformá-lasem informações regionalizadas.

Além disso, com o apoio do Senar edo Sebrae, seria definido um programade capacitação e gestão, além de umserviço de direcionamento ambiental.Informações e tecnologias relativas àqualidade de produto e questões am-bientais bem conduzidas representamvalor agregado para o produto, impor-tante em questões de mercado.

EEEEELIASLIASLIASLIASLIAS T T T T TEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRAEIXEIRA P P P P PIRESIRESIRESIRESIRES

PENSE NISTPENSE NISTPENSE NISTPENSE NISTPENSE NISTOOOOO e c e c e c e c e comparomparomparomparompareçaeçaeçaeçaeçaContatos pelo e-mail: helhelhelhelhelvvvvvecio@gcsnetecio@gcsnetecio@gcsnetecio@[email protected]

PPPPPenseenseenseenseense nistnistnistnistnistooooo.. .. . .. . .. . .. . .Na edição nº 51 da revista ITEM,

mostrou-se como funciona o

Sistema de Suporte à DecisãoSistema de Suporte à DecisãoSistema de Suporte à DecisãoSistema de Suporte à DecisãoSistema de Suporte à Decisão

AgrícolaAgrícolaAgrícolaAgrícolaAgrícola, o SisdaSisdaSisdaSisdaSisda, através de um

INFORME INFORME INFORME INFORME INFORME TÉCNICTÉCNICTÉCNICTÉCNICTÉCNICOOOOOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIO. Em quatro

páginas, por iniciativa dos

interessados, explicou-se o

resultado de um trabalho de

anos de pesquisa e como o setor

produtivo poderá obter proveito

integral de seu sistema de

irrigação, com economia de água.

Nessa mesma linha de mostrar

seus produtos e serviços, já

houve o concurso

da Rain BirdRain BirdRain BirdRain BirdRain Bird (Item nº 48 e 51),

da Pivot Equipamentos dePivot Equipamentos dePivot Equipamentos dePivot Equipamentos dePivot Equipamentos de

Irrigação LtdaIrrigação LtdaIrrigação LtdaIrrigação LtdaIrrigação Ltda (Item nº 51),

da Carborundum IrrigaçãoCarborundum IrrigaçãoCarborundum IrrigaçãoCarborundum IrrigaçãoCarborundum Irrigação

(Item nº 49),

da Netafim do BrasilNetafim do BrasilNetafim do BrasilNetafim do BrasilNetafim do Brasil (Item nº 48),

da Polysack Polysack Polysack Polysack Polysack (Item nº 52/53), e

da ValmontValmontValmontValmontValmont (página 37 desta edição).

O INFORME INFORME INFORME INFORME INFORME TÉCNICTÉCNICTÉCNICTÉCNICTÉCNICOOOOOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIOPUBLICITÁRIO é uma forma

que as empresas do setor de

irrigação e drenagem têm para

mostrar seu produto, seus

serviços, explicando-os com

detalhes. Com esse instrumento,

a ABID poderá ser sempre uma

parceira, facilitando

entendimentos que favoreçam as

promoções de negócios.

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26 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

ÁREA ESCÁREA ESCÁREA ESCÁREA ESCÁREA ESCOLHIDAOLHIDAOLHIDAOLHIDAOLHIDA

Os resultadoseconômicosda irrigação

Ao longo de um ano e meio de trabalho,

o processo de construção do novo

modelo de irrigação envolveu muita

leitura, pesquisas, conferências,

contatos com especialistas, viagens e

discussões. Mas trouxe uma convicção

aos integrantes do consórcio que o

elaboraram: sua implantação definitiva,

com a mudança de comportamento de

todos os atores envolvidos no processo,

ainda requer muito trabalho (ler o credo

da irrigação na abertura dessa matéria).

Os primeiros resultados podem ser

medidos em números mostrados pelo

pesquisador Elizeu Andrade Alves a

entidades governamentais, técnicos e

universidades, nos dias 5 e 6 de março,

em Brasília, durante o Seminário sobre

Promoção do Agronegócio da Irrigação.

Ele utilizou dados de pesquisa do

Programa Nacional de Irrigação e

Drenagem (Planird) e da Fundação

Getúlio Vargas (FGV), para mostrar a

importância da agricultura irrigada para

a economia e, especialmente, para

reduzir os índices de pobreza rural do

Nordeste brasileiro. Elizeu foi veemente

ao comentar: “Ao contrário dos

apóstolos que permitiram até serem

crucificados e decapitados, ainda não

fomos capazes de vender nossas idéias

para a sociedade brasileira.”

Área 116.000ha

Público (R$) 917.000.000,00

Privado (R$) 1.663.000.000,00

Razão (privado/público) 1,81

ItensItensItensItensItens Área Área Área Área Área (ha)(ha)(ha)(ha)(ha) Novos empregosNovos empregosNovos empregosNovos empregosNovos empregos

Planird 116.000 90.391

ItensItensItensItensItens Custo Emprego Custo Emprego Custo Emprego Custo Emprego Custo Emprego (R$)(R$)(R$)(R$)(R$)

Planird Público 100.149,40

Planird Total 28.549,70

Siderurgia 400.000,00

Petroquímica 500.000,00

Alumínio 2.400.000,00

Com isso, seriam criados 90.391 empregos. Se ima-ginarmos que cada emprego sustenta uma família decinco pessoas, seriam 500 mil habitantes gravitandoem torno desses projetos de irrigação.

Dentro da área de 130 mil ha de projetos de irrigaçãocom infra-estrutura implantada existentes no Brasil,foram escolhidos 116 mil hectares. Os investimentosdo governo necessários a esta área seriam da ordemde R$ 917 milhões, enquanto o setor privado investi-ria R$ 1,6 bilhão, numa relação da ordem de 1 para 1,81.

INVESTIMENTOS PÚBLICOS – Na área deinvestimentos públicos, o custo de um emprego se-ria R$ 10 mil; no Planird, R$28 mil, enquanto que nasiderurgia custa R$400 mil, na petroquímica, R$500mil, e na indústria de alumínio, R$2,4 milhões.

NONONONONOVVVVV OS EMPREGOSOS EMPREGOSOS EMPREGOSOS EMPREGOSOS EMPREGOS

26 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 27

MEDIDAS DE CMEDIDAS DE CMEDIDAS DE CMEDIDAS DE CMEDIDAS DE CA PA PA PA PA PI TI TI TI TI TA LA LA LA LA L

DEPOIS, RENDA BRUTA POR HECTARE,que é uma medida mais palatável. É o produto pro-duzido no hectare, sem os descontos de custos. Nocaso do Planird, esta medida ficou em torno deR$16mil; no estudo da FGV, em torno de R$493,00em média, e os bem-sucedidos em torno deR$1.217,00. (Novamente, vejam a diferença do nívelde produtividade).

Fizemos algumas medidas de produtividade, capital/produto. Quantas unidades de produto uma unidadede capital gera? Uma unidade de capital gera 8,5 uni-dades de produto no Planird. Uma outra pesquisa daFGV mostra que em toda a agricultura brasileira, umaunidade de capital gera duas unidades de produto. Eentre os agricultores mais bem-sucedidos, uma uni-dade de capital gera cerca de 4 unidades de produto.

ItensItensItensItensItens Capital/produtoCapital/produtoCapital/produtoCapital/produtoCapital/produto

Planird 8,50

Fgv (médio) 2,19

Fgv (bem sucedido) 3,65

ItensItensItensItensItens Capital/produtoCapital/produtoCapital/produtoCapital/produtoCapital/produto

Planird 1,90

Fgv (médio) 0,90

Fgv (bem sucedido) 1,34

ItensItensItensItensItens V. AdicionadoV. AdicionadoV. AdicionadoV. AdicionadoV. Adicionado/ha/ha/ha/ha/ha

Planird 7.795,00

Fgv (médio) negativo

Fgv (bem sucedido) 176,56

ItensItensItensItensItens R. BrutaR. BrutaR. BrutaR. BrutaR. Bruta/ha/ha/ha/ha/ha

Planird 16.373,00

Fgv (médio) 493,97

Fgv (bem sucedido) 1.217,93

CUSTO/PRODUTO, o que significa essa medida?Se eu tenho um custo para produzir, quantas unida-des de produto uma unidade de custo gera? No casodo Planird, gera 1,9, ou seja, quase duas unidades deproduto. No caso do estudo da FGV, gera 0,9, o quesignifica que a maioria dessa amostra está com rendalíquida negativa, atestando o grau de miséria da agri-cultura brasileira. E os mais bem-sucedidos geramem torno de 1,34. (Vejam a diferença do nível deprodutividade entre a agricultura irrigada e a agricul-tura de sequeiro).

VALOR ADICIONAL POR HECTARE: OPlanird está gerando quase R$ 8 mil por hectare, apóspagos os custos. No caso da FGV, é negativo, refle-tindo que a agricultura brasileira não é capaz de pa-gar todos os custos. No caso dos bem-sucedidos daFGV, R$176,00. (Vejam novamente o diferencial deprodutividade da agricultura irrigada para a desequeiro nesse país).

ItensItensItensItensItens Área Área Área Área Área (1000ha)(1000ha)(1000ha)(1000ha)(1000ha) Valor Valor Valor Valor Valor (bilhão)(bilhão)(bilhão)(bilhão)(bilhão)

Planird 116 1,90

Arroz, algodão, mamona,feijão, milho, soja, sorgo 7.054,00 2,50

O Planird vai gerar em 116 mil hectares quase 2 mi-lhões de produtos. Um levantamento da CompanhiaNacional de Abastecimento (Conab), com as cultu-ras arroz, feijão, algodão, mamona, soja, milho, sorgo,mostra que em 7 milhões de hectares estão gerandouma produção de R$ 2,5 milhões.

Com 116 mil hectares estamos gerando um valorbruto quase correspondente a 7 milhões de hectaresde agricultura de sequeiro no Nordeste.

NÚMERNÚMERNÚMERNÚMERNÚMEROS DE PROS DE PROS DE PROS DE PROS DE PRODUÇÃO DE GRÃOSODUÇÃO DE GRÃOSODUÇÃO DE GRÃOSODUÇÃO DE GRÃOSODUÇÃO DE GRÃOSNA ANA ANA ANA ANA AGRICULGRICULGRICULGRICULGRICULTURTURTURTURTURA IRRIGADA,A IRRIGADA,A IRRIGADA,A IRRIGADA,A IRRIGADA,CCCCCOMPOMPOMPOMPOMPA RA RA RA RA RADOS AADOS AADOS AADOS AADOS AOS DA AOS DA AOS DA AOS DA AOS DA AGRICULGRICULGRICULGRICULGRICULTURTURTURTURTURAAAAADE SEQUEIRDE SEQUEIRDE SEQUEIRDE SEQUEIRDE SEQUEIROOOOO

2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 27

ItensItensItensItensItens Taxa RetornoTaxa RetornoTaxa RetornoTaxa RetornoTaxa Retorno

Menor 12,49

Média 132,39

Alta 192,35

ItensItensItensItensItens Projetos Projetos Projetos Projetos Projetos (números)(números)(números)(números)(números)

Codevasp 22

DNOCS 15

Estados 16

TOTAL 53

T AT AT AT AT AXXXXXAS DE RETAS DE RETAS DE RETAS DE RETAS DE RETORNO DOS PRORNO DOS PRORNO DOS PRORNO DOS PRORNO DOS PROJETOJETOJETOJETOJETOSOSOSOSOSDA CODEDA CODEDA CODEDA CODEDA CODEVVVVVASF E DNOCSASF E DNOCSASF E DNOCSASF E DNOCSASF E DNOCS

A maioria dos projetos de irrigação da Codevasf edo DNOCS tem taxas de retorno extremamente al-tas, porque são menores os investimentos decomplementação ao projeto necessários aos aplica-dos em obras de engenharia e de infra-estrutura. �

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Dois projetos de irrigação localizados na

região Nordeste brasileira foram

escolhidos para a implementação do

novo modelo de irrigação. São eles o

projeto Salitre, situado no nordeste

baiano, no submédio do Rio São

Francisco, e o projeto Baixo Acaraú,

situado na bacia hidrográfica do Rio

Acaraú, a 240 quilômetros da capital

cearense. Ambos os projetos estão sendo

implantados como pilotos dessa nova

proposta e encontram-se em diferentes

fases de funcionamento.

do Salitre, por exemplo, está com seuprojeto básico pronto, mas em início deconstrução. De sua implantação planeja-

da constam cinco etapas, sendo que a primeira estásendo implementada: de uma área total de 5.900hectares, 2 mil serão destinadas a pequenos produ-tores e 2,9 mil, para lotes empresariais.

Já o projeto Baixo Acaraú, previsto para ocuparuma área total de, aproximadamente, 13 mil hecta-res, está numa fase um pouco mais adiantada; aprimeira etapa que previa a implementação de1.401 hectares foi concluída no ano passado. Osprimeiros proprietários dos lotes receberam suasescrituras e estão explorando suas áreas, a maioriacom resultados positivos.

O BAIXO ACARAÚ EM FOCOO BAIXO ACARAÚ EM FOCOO BAIXO ACARAÚ EM FOCOO BAIXO ACARAÚ EM FOCOO BAIXO ACARAÚ EM FOCO – Segundo Antô-nio Pontes de Aguiar Júnior, do DepartamentoNacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), queacompanha, há anos, os projetos de desenvolvimen-to agrícola implantados com financiamento do Ban-co Mundial, existem duas vantagens importantesno projeto Baixo Acaraú:• sua situação geográfica, que favorece o isola-

mento fitossanitário; e• sua proximidade dos mercados de exportação.

O perímetro irrigado localiza-se próximo aoPorto do Pecém, que está iniciando suas operaçõesde exportação. Localizado a 230 km do Porto deMucuripe, em Fortaleza, mantém a mesma distân-cia do aeroporto internacional da capital cearense.Conta também com uma malha viária em boas

condições de conservação, que interliga as princi-pais capitais do Nordeste.

O clima e o solo são considerados bastantefavoráveis para o desenvolvimento da agriculturairrigada, especialmente da fruticultura. Os solossão profundos, bem drenados, com aptidão para aexploração tecnificada, especialmente pelas cara-terísticas físicas do solo.

Quanto à política de recursos hídricos, o Cearáé considerado pioneiro em várias iniciativas, espe-cialmente na implantação do projeto de interligaçãode bacias hidrográficas e da Companhia de Gestãode Recursos Hídricos (Cogerh). A Bacia do Acaraú,além do alto volume de reserva de água, apresentauma boa recarga de água e baixo índice de utiliza-ção, demonstrado pelo percentual de reserva regis-trado na última estação invernosa. Existem estudospara a construção de mais duas barragens, quepermitiriam ampliar a área do projeto para 19.600hectares.

O projeto tem o apoio institucional do Ministé-rio da Integração Nacional, através do Departa-mento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS),que disponibiliza a infra-estrutura, repassa recur-sos financeiros, equipamentos e bens, através deconvênio firmado com o governo do Estado. ASecretaria de Agricultura Irrigada do Ceará é res-ponsável pela implementação de ações de gestão,de capacitação dos produtores, de apoio técnico, depromoção e marketing, de comercialização, enquan-to o Banco do Nordeste responde pelas questões decrédito e financiamento agrícola.

Novo modelo em teste em doisprojetos de irrigação

Para o secretário de Agricultura Irrigada do Ceará, CarlosPara o secretário de Agricultura Irrigada do Ceará, CarlosPara o secretário de Agricultura Irrigada do Ceará, CarlosPara o secretário de Agricultura Irrigada do Ceará, CarlosPara o secretário de Agricultura Irrigada do Ceará, CarlosMatos, o Projeto Baixo Acaraú destaca-se pela inovaçãoMatos, o Projeto Baixo Acaraú destaca-se pela inovaçãoMatos, o Projeto Baixo Acaraú destaca-se pela inovaçãoMatos, o Projeto Baixo Acaraú destaca-se pela inovaçãoMatos, o Projeto Baixo Acaraú destaca-se pela inovação

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E N V O L V I M E N T OE N V O L V I M E N T OE N V O L V I M E N T OE N V O L V I M E N T OE N V O L V I M E N T O – Para o secretário de Agri-cultura Irrigada do Ceará, Carlos Matos Lima, oprojeto tem uma especial importância.

“Além de toda a infra-estrutura proporcionadapelo governo federal, através do Dnocs, que o tornaum dos mais modernos do mundo – com processosinformatizados e utilização de tecnologias moder-nas, como a fibra óptica – o Projeto Baixo Acaraútambém destaca-se pela inovação na forma de dis-tribuição dos lotes, beneficiando também o peque-no produtor, que antes não tinha acesso à tecnolo-gia, nem a crédito e ao apoio comercial. Tambémnão conheço outro projeto de irrigação desse porte,que esteja tão perto de um porto com a infra-estrutura do Porto do Pecém, que possibilitará umescoamento da produção mais eficiente. É precisodestacar o suporte que o projeto recebe do governodo Ceará, por meio da Secretaria de AgriculturaIrrigada (Seagri/CE) – a primeira criada no País –que tomou para si o trabalho de organizar, capaci-tar e apoiar comercialmente os produtores. Todosesses fatores conjugados tornam o Baixo Acaraúum projeto referência para a irrigação brasileira”,considera o titular da Seagri/CE.

CARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETOCARACTERÍSTICAS DO PROJETO – Com aprimeira etapa já realizada, o projeto tem grandeparte de sua segunda etapa também concluída, poissão obras comuns à primeira. Já estão prontos abarragem, a adutora, a estação de bombeamento ecanais principais e o sistema elétrico.

Existem projetos executivos prontos para a con-clusão dessa segunda etapa, paralelamente à cons-trução da barragem de Taquara, necessária à ope-ração desta fase da obra.

Algumas características são consideradas im-portantes nesse projeto: os canais e o reservatóriosão revestidos com manta, a questão da automaçãoda estrutura da irrigação implica numa maior efici-ência e menor custo operacional, bem como aexistência de redes elétrica de baixa tensão, rede dedrenagem e viária em todos os lotes.

Os quatro núcleos habitacionais possuemarruamento, estações de tratamento e distribuiçãode água, rede elétrica de baixa tensão, infra-estru-tura de apoio à produção (escritório, oficinas, bal-cões, packing-house etc.). Foi construída uma linhade energia exclusiva para o projeto, com 90 km deextensão, desde a subestação da Chesf, em Sobral,CE, o que representa garantia e qualidade no forne-cimento de energia. A linha de atendimento daestação principal importa na cobrança de umatarifa reduzida pela energia utilizada.

Além disso, os lotes possuem pressurização in-dividual, o que significa um grande avanço naquestão de operação. Nesse sistema, um únicoirrigante não terá condições de prejudicar os de-mais, no caso de inadimplência, como ocorre napressurização coletiva. Outro ponto a favor é aexistência de hidrômetros em todos os lotes, o querepresenta precisão na cobrança. As dotações de

água são de 1,5 L/s/ha e de 1,3 L/s/ha.Os critérios de seleção dos proprietários dos

lotes também foram revistos, eliminando-se o com-ponente “paternalista” do processo de classifica-ção. O objetivo maior passou a ser o de classificarprodutores com condições de desenvolver o loteirrigado, de forma empresarial.

Quanto ao crédito dos produtores, foram leva-das em conta as informações cadastrais dos candi-datos em instituições bancárias, visando reduzir onúmero de inadimplentes nos perímetros irrigados.

CONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕES – O projeto Baixo Acaraú en-contra-se com a sua primeira etapa concluída, comlotes, devidamente regularizados no cartório, en-tregues para as três categorias de proprietários:pequenos produtores, técnicos e empresários.

A segunda etapa está em andamento, destacan-do-se a grande procura por lotes destinados a pe-quenos produtores qualificados. A terceira fase daslicitações também encontra-se em andamento, eabrange uma área de 4.139 hectares para as trêscategorias de proprietários.

Os investimentos necessários estão em torno deR$ 100 mil o lote de oito hectares, sendo os custosde R$ 1 mil/ha para a incorporação da área (inclu-indo desmatamento, preparo do solo e calagem), R$3 mil/ha para a implantação de sistema de irrigaçãoon farm, e R$ 8 mil/ha para a implantação deculturas de custo médio.

No Baixo Acaraú,No Baixo Acaraú,No Baixo Acaraú,No Baixo Acaraú,No Baixo Acaraú,os canais de águaos canais de águaos canais de águaos canais de águaos canais de águasão revestidos comsão revestidos comsão revestidos comsão revestidos comsão revestidos commanta, umamanta, umamanta, umamanta, umamanta, umacaracterísticacaracterísticacaracterísticacaracterísticacaracterísticaimportante doimportante doimportante doimportante doimportante doprojetoprojetoprojetoprojetoprojeto

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A gestão dos perímetros é de responsabilidadedo governo federal e está a cargo do Dnocs, queresponde pela execução das obras. A amortizaçãodos investimentos é ressarcida através da parcelak1 da tarifa da água.

A administração e o desenvolvimento agrícolado perímetro está a cargo do Distrito de Irrigação,formado pelos próprios usuários. Os custos de ge-rência, bem como o das equipes de operação emanutenção, estão sendo cobertos pela arrecada-ção da tarifa k2.

Salitre, um projeto queestá saindo do papel

Os dados relativos ao projeto Salitre, por en-quanto, referem-se somente às obras necessárias àimplantação do projeto, em que se procuraenquadrá-los de acordo com o previsto no novomodelo de irrigação. Delas, constam dez estaçõesde bombeamento, cerca de 39 km de canais princi-pais, 76 km de canais secundários e 248 km demacrodrenagem. O projeto irá englobar uma áreatotal de 67 mil hectares, com uma área brutairrigável de 33.900 ha e uma área líquida irrigávelde 29.600 ha (a diferença fica por conta das áreasocupadas por construções e estradas dentro damancha irrigada).

Entre estradas principais e secundárias, serão900 km e capacidade de energia instalada de 100MBA. O suprimento de energia do projeto é feitopela subestação de Juazeiro, que está tendo a suacapacidade ampliada. A dotação de água previstapara a irrigação é de 1,34 L/s/ha.

A área será dividida em 485 lotes empresariaise 944 lotes destinados a pequenos produtores. Oprojeto deverá ser implantado em cinco etapas,sendo que a primeira envolverá uma área de 5.900ha, com 2 mil para pequenos proprietários e 3,9 milpara lotes empresariais.

Segundo Eduardo Borela, representante daCodevasf, os pontos fortes do projeto são:� as características climáticas: permitem maior

controle das lavouras e da programação de sa-fras, o que já vem ocorrendo na região;

� a localização: nordeste baiano, submédio SãoFrancisco, a jusante da barragem de Sobradinho,dentro de um pólo de agricultura irrigada calca-do na fruticutura;

� a infra-estrutura da região: tem-se toda umarede para a área de transporte (BR 407, BR 235,BR 426 e a estadual 210), além de hidrovias,ferrovias e transporte aéreo;

� os sistemas bancário e comercial instalados;� a existência de aporte nas áreas de saúde e

educação, com o benefício de escolas técnicasprofissionalizantes e escola de agronomia.

O projeto está orçado em R$ 657 milhões e seuestudo de viabilidade econômica apresentou umataxa de retorno de 20% e uma relação custo/bene-fício de 11%. A previsão é de 34 mil diretos e 68 milindiretos a serem gerados, a um custo unitário deR$ 30 mil.

Borela considera que uma das preocupaçõesda Codevasf está voltada para a ocupação inicial deprodutores no projeto, tendo em vista a falta decapital por parte do setor produtivo. “Entendemosque o Salitre é um projeto grande e, se não houvercontinuidade na aplicação de recursos, ele poderávir a se transformar num grande Jaíba”, diz ele,referindo-se ao projeto de irrigação existente nonorte de Minas Gerais, iniciado na década de 60 eque, até hoje, não foi definitivamente implantado.

As Taxas K1 e K2 são, respectivamente,K 1K 1K 1K 1K 1– Esta taxa refere-se ao retorno dos investimentos realizadospelo governo federal na construção do projeto, que deverão serpagos em 50 anos com três anos de carência. Este valor é proporci-onal à área de cada usuário. O valor desta taxa corresponde aR$ 85,00/ha/ano.

K 2K 2K 2K 2K 2 – Taxa para realização da operação e manutenção do projeto,semelhante a uma taxa de condomínio. Ou seja, as despesas neces-sárias para que a água chegue em cada lote são rateadas, proporci-onalmente, ao consumo desta água. No projeto projeto Baixo Acaraú,esta taxa corresponde a R$ 17,50ha/mes+R$11,00/1.000m³.

INVESTIMENTOS NECESSÁRIOSINVESTIMENTOS NECESSÁRIOSINVESTIMENTOS NECESSÁRIOSINVESTIMENTOS NECESSÁRIOSINVESTIMENTOS NECESSÁRIOS – O valor do investimento neces-sário para lotes de 8 ha, dependendo das culturas, poderá chegar aR$ 100.000,00, valor este que não inclui o valor da terra, que depen-derá da oferta apresentada pelo produtor. Nas licitações realizadasno Baixo Acaraú, apareceram ofertas de compra, que variaram deR$4.000,00 a R$ 20.000,00.

Fonte: Seagri/CE

I M P L E M E N T A Ç Ã OI M P L E M E N T A Ç Ã OI M P L E M E N T A Ç Ã OI M P L E M E N T A Ç Ã OI M P L E M E N T A Ç Ã O – Estão sendo implementa-das ações que visam fomentar o associativismoentre os pequenos produtores, com o objetivo defacilitar a obtenção de crédito, insumos, operaçõesagrícolas, beneficiamento de produção e atividadesde comercialização.

Foram contratadas empresas para implemen-tar atividades de desenvolvimento agrícola, dentreelas: a Plena Consultoria, que apóia os trabalhos doDnocs, o consórcio Projetec/RL/Igesa, para areformulação, estruturação e organização do Dis-trito de Irrigação; a Hydros no projeto de assistên-cia técnica, extensão e organização dos produtores.

O projeto prevê a geração de 25 mil empregos,com a média de um emprego criado para cada R$ 10mil investidos, a geração de uma renda média denove salários-mínimos para o pequeno produtor e aprodução prevista de mais de 300 toneladas dealimentos/ano.

A primeira safra colhida foi a de melão, plantadanuma área de 167 mil hectares, gerando uma recei-ta de R$ 2,2 milhões, sendo 40% comercializada nomercado interno e 60%, no mercado externo. Está-se iniciando o plantio de 90 hectares de banana e 82hectares de abacaxi. �

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o Pólo de Irrigação de Juazeiro/Petrolina,localizado entre os estados da Bahia ePernambuco, o Carrefour conta com uma

área de 500 hectares localizada em quatro fazen-das da Agropecuária Labrunier e da Agropecuá-ria Orgânica do Vale, onde produz uva de mesa,com semente e sem semente, para atender aomercado interno e à rede da empresa no exterior.Metade dessa produção é conduzida por sistemade manejo integrado e a outra metade comocultivo orgânico, com certificação internacional,atendendo a uma das atuais exigências do merca-do externo.

A empresa conta ainda com um sistema pró-prio de certificação que garante a qualidade doalimento de produção própria ou por agriculto-res independentes que seguem normas preesta-belecidas. Os produtos com o selo de qualidadeda empresa são distribuídos principalmente naslojas da rede localizadas em diferentes países docontinente americano e da Europa, além de sercomercializados para outras redes interessadasdo comércio varejista nacional.

A irrigação tem sido a principal aliada para osucesso deste empreendimento do Carrefour.“Sem ela, o Nordeste não seria o que é hoje. E,com certeza, não vai ser o que o futuro temdesenhado para esta região”, garante ArnaldoEijsink, diretor de Agronegócios do CarrefourBrasil, que acompanha o trabalho da empresaneste setor desde a implantação do primeiroprojeto há 13 anos.

Além da garantia da produção, ele destacatambém a importância do uso da irrigação nageração de empregos. Somente nos 500 hectaresirrigados de produção de uva nas fazendas doCarrefour, a empresa conta com um quadro fixode 1.300 funcionários diretos, sem contabilizaros empregos indiretos gerados com o desenvolvi-mento de toda a cadeia produtiva para o atendi-mento dos mercados interno e externo.

A IRRIGAÇÃO COMO ALIADAA IRRIGAÇÃO COMO ALIADAA IRRIGAÇÃO COMO ALIADAA IRRIGAÇÃO COMO ALIADAA IRRIGAÇÃO COMO ALIADA – Para o dire-tor de Agronegócios do Carrefour Brasil, é im-portante a localização das fazendas da empresana região Nordeste. Percentuais equivalentes a95% e 50% da produção da Agropecuária Orgâni-ca do Vale e da Agropecuária Labrunier, respecti-vamente, são destinados ao mercado externo.

“Aqui temos duas produções por ano, na mes-ma área. Esse fato também nos permite definirquando queremos produzir, buscando “janelas”no mercado externo”, afirma ele.

As fazendas do Carrefour em Juazeiro/Petrolina utilizam diferentes sistemas de irriga-ção para a produção de uvas, que vão do goteja-mento à microaspersão.

A importância dasinformações meteorológicas

Segundo Eijsink, o último investimento naárea foi a importação de uma estação meteoroló-gica informatizada, que mensura as atividades deirrigação das unidades de produção da empresa,

A irrigação garante o sucessodos agronegócios do Carrefour

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de acordo com as condições climáticas. “Ela nosfornece informações que nos orientam sobre quan-to e quando irrigar, se devemos ou não parar,devido à maior ou menor influência dos ventos”,completa.

A Agropecuária Orgânica do Vale e a Agrope-cuária Labrunier contam com diferentes esta-ções meteorológicas nos modelos Camphell eDavis, além de uma estação no campo. Apesar deos modelos serem diferentes, os sensores são osmesmos.

Existe o sensor que fornece informações so-bre a temperatura média, máxima e mínima dodia, bem como o horário que ela ocorre. “Sabe-mos que longos períodos abaixo da temperaturade 25º C são favoráveis à ocorrência do oídio”,relata Eijsink.

Outro sensor mede a umidade relativa do ar,sendo registrada a oscilação diária, enquanto oheliógrafo mede a velocidade do vento e suadireção.

O sensor de radiação solar mede a quantidadede energia que atinge o parreiral. Quanto maisalto o índice, maior a probabilidade de a safra serprodutiva. Os períodos de muito sol são favorá-veis à produção de uva.

Já outro sensor, de molhamento foliar, possuiuma placa que simula uma folha, onde se mede operíodo em que ela ficou úmida. Quando a folhada uva permanece molhada por um período igualou superior a cinco horas, existe o perigo dedoenças, como o míldio.

O pluviômetro mede a quantidade e a intensi-dade das chuvas. Períodos chuvosos muito lon-gos deixam as plantas com poucas frutas para opróximo ciclo e estão diretamente relacionadoscom a radiação luminosa.

“Esse é um dos nossos pontos-chave, que fazcom que o Carrefour seja hoje a maior empresado mundo de produção orgânica de uvas”, garan-te Eijsink.

Através da estação meteorológica, são feitosos cálculos diários de perda de água por evapo-transpiração. Dependendo da fase fenológica dacultura, usa-se mais ou menos água na reposição.

Através de um levantamento de pragas e do-enças, estão sendo montados modelos matemáti-cos de prevenção, criando-se estações de aviso.Esses modelos de previsão de doenças estãosendo analisados e, brevemente, serão lançadosem um sistema intranet, para que os produtoresdo Vale do São Francisco possam ter acesso aessas informações e também às condições climá-ticas da região.

Atualmente, a região conta com três estaçõesligadas via rádio, mas em breve, a área de cober-tura será ampliada com 25 estações.

Uva sem semente, preferidapelo mercado externo

O sistema de irrigação utilizado depende dosolo. Para o mais argiloso, o gotejo é consideradoo mais adequado, enquanto o sistema de microas-persão é indicado para o solo arenoso.

Eijsink considera que o sistema de microas-persão apresenta maiores vantagens, pela forteatuação da empresa em produção orgânica. Essesistema permite molhar toda a área de produção,entre uma linha e outra de plantio. Como osistema de produção orgânica não permite adu-bações químicas, 12 espécies de leguminosas sãoplantadas no meio das linhas de cultivo, comoforma de captação de nitrogênio para alimentara planta.

Hoje, nas fazendas do Carrefour estão sendoplantadas duas variedades sem semente (Festivale Cripson Seedless), para atender uma tendênciado mercado europeu, além de cinco variedadescom semente (Itália, Red Globe, Benitaka, Brasile Ribier).

Dos 500 hectares em produção, metade estádentro dos padrões internacionais da agriculturaorgânica. E, ainda, 250 hectares são plantadoscom variedades de uvas sem semente, outra exi-

São 500 hectares da empresa no pólo Juazeiro/Petrolina, que produzemSão 500 hectares da empresa no pólo Juazeiro/Petrolina, que produzemSão 500 hectares da empresa no pólo Juazeiro/Petrolina, que produzemSão 500 hectares da empresa no pólo Juazeiro/Petrolina, que produzemSão 500 hectares da empresa no pólo Juazeiro/Petrolina, que produzemuvas de mesa com e sem sementeuvas de mesa com e sem sementeuvas de mesa com e sem sementeuvas de mesa com e sem sementeuvas de mesa com e sem semente

O Carrefour é a empresa de maior produção mundial de uvas orgânicasO Carrefour é a empresa de maior produção mundial de uvas orgânicasO Carrefour é a empresa de maior produção mundial de uvas orgânicasO Carrefour é a empresa de maior produção mundial de uvas orgânicasO Carrefour é a empresa de maior produção mundial de uvas orgânicas

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gência do mercado externo. “Somos hoje o maiorexportador de uvas do Brasil. Exportamos para13 países”, contabiliza Eijsink, enumerando al-guns deles: Inglaterra, Escandinávia, Noruega,Dinamarca, Alemanha, Suíssa, França, Itália,Espanha, EUA e Canadá.

F U T U R OF U T U R OF U T U R OF U T U R OF U T U R O – No sistema de cultivo orgânico, aempresa também vem desenvolvendo testes como plantio de variedades de uvas próprias para aprodução de vinho orgânico.

Eijsink considera que o futuro das exporta-ções da uva está nas variedades sem semente eque Juazeiro/Petrolina apresenta as condiçõesclimáticas ideais para o desenvolvimento da cultu-ra. “Minha área de produção mais antiga de uvasem semente tem sete anos e apresenta uma pro-dutividade ainda considerada baixa. Essa culturaprecisa de maturidade para mostrar toda suapotencialidade. Mesmo assim, estamos produzin-do o dobro da produtividade alcançada em paísescomo o Chile e a África do Sul”, orgulha-se ele.

Em sua segunda safra, a produtividade da uvacom o cultivo orgânico chega a uma média de 10 t/ha, enquanto a do manejo integrado atinge a 30 t/ha.

São cinco os pontos principais a ser seguidospelos produtores:• os produtos deverão ser extremamente saudá-

veis, em sistemas de produção que não utili-zem ingredientes polêmicos, como, por exem-plo, transgênicos, hormônios, antibióticos, ouapresentem resíduos de agrotóxicos ou outroselementos que perturbem o consumidor maisexigente;

• deverão manter o sabor correto e verdadeiro,evitando que fatores climáticos ou origináriosdo uso de adubos e defensivos interfiram e omodifiquem;

• deverão apresentar um aspecto visual, bonito,atrativo para o cliente;

• deverão passar um processo de produção con-siderado ecologicamente correto, isto é, deacordo com a legislação do meio ambiente;

• deverão ser socialmente corretos, isto é, nãopoderão envolver mão-de-obra infantil no seuprocesso produtivo e deverão gerar benefíciospara a comunidade ligada à região produtora.

PREÇO JUSTOPREÇO JUSTOPREÇO JUSTOPREÇO JUSTOPREÇO JUSTO – Os produtores que compõemo sistema de produção de acordo com as normasestabelecidas pelo Carrefour são consideradosparceiros da empresa e seus produtos recebem oselo garantia de origem Carrefour. Uma vez queeles se enquadrem nas exigências de produção daempresa, têm a preferência na venda de seusprodutos para as lojas Carrefour no Brasil.

No caso de excedente de produção e se houverinteresse pelo produto, dentro dos 30 países domundo, onde a empresa está presente, o produtortem a chance de exportá-lo.

Para mostrar o destaque que o setor deagronegócios tem atualmente para a empresa epara a área do comércio exterior nacional, ArnaldoEijsink anunciou, durante conferência apresen-tada em Brasília, um contrato de exportaçãofirmado pela empresa durante a Feira Internaci-onal de Paris. Este contrato prevê o fornecimentopara a Europa de 2 mil toneladas de um únicoprodutor de Natal, além de inúmeros tipos defrutas, entre elas, manga (produzida em Juazeiro/Petrolina), melão (em Mossoró), mamão papaia(no Espírito Santo), limão thayti e laranja (emSão Paulo). “E esta laranja deverá ser entregueainda verde para fornecer na hora um suco dequalidade para o cliente europeu”,” explicaEijsink, para mostrar as especificidades das exi-gências do consumidor do mercado externo.

No caso do fechamento de contrato com oprodutor, o Carrefour define com ele um siste-ma de preço justo, onde se levam em conta osinteresses do cliente e do produtor, preservandouma margem para que ele possa continuar pro-duzindo. �

NNNNNooooo B RB RB RB RB RA S I LA S I LA S I LA S I LA S I L,,,,,o Co Co Co Co Ca r ra r ra r ra r ra r re fe fe fe fe four cour cour cour cour conta conta conta conta conta com 14 lojas em 11om 14 lojas em 11om 14 lojas em 11om 14 lojas em 11om 14 lojas em 11

EEEEE stados e atstados e atstados e atstados e atstados e atende a 43 municípiosende a 43 municípiosende a 43 municípiosende a 43 municípiosende a 43 municípios.....

NNNNNooooo M U N D OM U N D OM U N D OM U N D OM U N D O,,,,,são 9 mil lojas em 30 paísessão 9 mil lojas em 30 paísessão 9 mil lojas em 30 paísessão 9 mil lojas em 30 paísessão 9 mil lojas em 30 países,,,,, que que que que que

a ta ta ta ta tendem a 2 bilhões de pendem a 2 bilhões de pendem a 2 bilhões de pendem a 2 bilhões de pendem a 2 bilhões de pessoas pessoas pessoas pessoas pessoas por anoor anoor anoor anoor ano.....

SELO DE QUALIDADESELO DE QUALIDADESELO DE QUALIDADESELO DE QUALIDADESELO DE QUALIDADE – Uma das principaisdificuldades que os produtores nacionais encon-tram é o de atender às exigências específicas deprodução do mercado internacional. Através darede internacional Carrefour, os produtores na-cionais estão tendo a oportunidade de colocarseus produtos no mercado externo, vencendotradicionais barreiras de exportação, além deabrir novos pontos de comercialização no merca-do nacional de agronegócios.

Através de um convênio firmado com o Bancodo Nordeste, vários produtores de frutas, delegumes e até de leite estão recebendo apoio definanciamento e produzindo de acordo com asnormas estabelecidas pelo sistema de produçãodo Carrefour. Diferente de outros sistemas deprodução em parceria, a empresa não fornecemudas aos produtores e o acompanhamento éfeito através de uma auditoria externa.

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mercado externo tem demonstrado suapreferência pelo fruto, através de sinaiscomo o da Inglaterra, maior importador

de uva com semente do Pólo de Irrigação Juazeiro/Petrolina. A variedade cultivada pela maioria dosprodutores desse pólo de irrigação é a SuperiorSeedless, também conhecida como Festival.

Ela se sobressaiu dentre as mais de 20 varie-dades avaliadas em experimentos de pesquisa

realizados pela Embrapa Semi-Árido e apoiadospela iniciativa privada, por meio da Valexport ede prefeituras municipais do pólo. Na variedadeFestival, foram identificadas características fa-voráveis ao mercado: sabor agradável, polpacrocante, tamanho de baga e boa conservaçãopós-colheita.

Outras variedades estão surgindo como novasalternativas e expandindo-se rapidamente. É ocaso da Cripson Seedless. Um argumento impor-tante para essa expansão do cultivo da uva semsemente está relacionado com os preços obtidosno mercado externo, que chegam a US$3,5 oquilo. Já a caixa com 4,5 kg de uva Itália, comsemente, é comercializada por US$3. Em 2002,estima-se que a área plantada com uva semsemente atinja, aproximadamente, mil hectares.

PREFERÊNCIAS DO MERCADO EXTERNOPREFERÊNCIAS DO MERCADO EXTERNOPREFERÊNCIAS DO MERCADO EXTERNOPREFERÊNCIAS DO MERCADO EXTERNOPREFERÊNCIAS DO MERCADO EXTERNO –Segundo a pesquisadora da Embrapa Semi-Ári-do, Patrícia Coelho de Souza Leão, o mercadoexterno tem sinalizado, com muita clareza, apreferência dos consumidores pela uva sem se-mente. “Esta é uma mudança que está ocorrendogradativamente, mas a tendência futura é plan-tar, predominantemente, uvas sem sementes”,considera ela.

Uvas desenvolvidas através do cultivo orgâni-co, outra preferência dos consumidores exter-nos, apresentam uma produtividade menor doque a obtida com o manejo integrado. Isso deve-se justamente ao fato de, na prática, não seadmitir o uso de insumos de origem química,enquanto a agricultura convencional é altamentedependente desses insumos para produzir frutosde melhor aparência, tamanho e produtividade.

Segundo Patrícia Leão, o Carrefour possuiáreas de produção dentro dos sistemas de produ-ção integrada e orgânica. “São sistemas diferen-tes, que exigem, inclusive, isolamento entre asáreas”, esclarece.

O sistema de produção integrada do Carrefoursegue as diretrizes do sistema implementadopela Embrapa, para o Vale do São Francisco.Entretanto, quanto ao sistema orgânico, oCarrefour recebe a assessoria do InstitutoBiodinâmico (IBD), não havendo participaçãodireta da Embrapa nesse trabalho.

A Embrapa Semi-Árido atua em três princi-pais linhas de pesquisa e desenvolvimento naregião: recursos naturais, agricultura irrigada ede sequeiro. Quanto à pesquisa em viticultura, ofoco é a produção de uvas sem sementes, testando-se novas variedades, copa e porta-enxertos, aspec-tos do manejo, para a melhoria da qualidade como uso de reguladores de crescimento, tipos depoda, nutrição mineral e manejo de irrigação.

Além disso, enfatiza-se a importância dos

Em 2002, a Associação dos Exportadores de Uva do

Vale do São Francisco estima comercializar no

mercado europeu (em especial, na Inglaterra), cerca

de 600 mil caixas de uva sem semente. Esse número,

apesar de pouco expressivo, representa um avanço

em relação ao do ano passado. Em 2001, foram

vendidas 300 mil caixas de uva sem semente, para 2,8

milhões de caixas de uvas exportadas com sementes.

O

O futuro dauva semsemente

O futuro dauva semsemente

FOTO ARQUIVO DA EMBRAPA

34 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 35

estudos e da conservação dos recursos genéticose início de trabalhos de melhoramento, que vi-sam a obtenção de novas variedades. As pesqui-sas são realizadas, em sua maioria, no campoexperimental da Embrapa. Uma fazenda da re-gião participa como parceira na execução deexperimento e existem três unidades de observa-ção para avaliação de variedades que estão sendoinstaladas em áreas de produtores, fora do Valedo São Francisco.

A economia com a adoção daprodução integrada de frutas

Em 1977, a Embrapa assumiu o projeto deprodução integrada de frutas da Secretaria doDesenvolvimento Rural do Ministério da Agricul-tura e intensificou as ações de parceria na regiãodo Vale do São Francisco, para a implantação deuma proposta abrangente, incorporando açõesque sensibilizam e certificam a qualidade am-biental em fruticultura irrigada (a revista ITEM,edição nº 49, pp 40 a 42, publicou a matéria“Produção Integrada de Frutas: como tornarcompetitiva a fruticultura nacional”).

O Programa de Produção Integrada de Frutasé gerenciado pela Embrapa, com apoio financei-ro do CNPq e do Ministério da Agricultura Pecu-ária e Abastecimento. A adesão ao sistema deProdução Integrada de Frutas (PIF) é livre porparte de produtores e de empresas. No entanto,os interessados comprometem-se a seguir, nomanejo dos seus cultivos, as normas técnicas daPIF publicadas no Diário Oficial da União, quevêm sendo implantadas no Brasil há quatro anos.

As primeiras culturas submetidas à essametodologia de cultivo foram a maçã, a manga eas uvas finas de mesa, três dos principais itens dapauta de exportação de frutas no país. Os projetospara implantação da PIF são coordenados pelasunidades da Embrapa (Semi-Árido e Uva e Vinho).

A PIF agrega qualidade, produtividade e sus-tentabilidade à fruticultura do país. Com essesatributos, o país espera crescer suas vendas defrutas para o exterior, calculada, atualmente, emR$ 220 milhões, para R$ 1bilhão, em 2010. Aprodução integrada, com suas normas técnicas,ajusta os sistemas de cultivo ao rigor da legisla-ção internacional que regula o consumo de ali-mentos em importantes mercados, como os dosEstados Unidos e da Europa.

Duas questões importantes, que dãocredibilidade comercial à PIF são: a estruturaçãodos cultivos, que permite a rastreabilidade dasfrutas, e a formatação de um selo de conformida-de da produção, de acordo com o que estabele-cem as normas técnicas. Este selo é uma espéciede passaporte que permite a livre circulação das

frutas brasileiras no mercado externo.A rastreabilidade é feita a partir de procedi-

mentos que documentam a localização do pomarpor meio do Sistema de Posicionamento Global(GPS) e práticas agrícolas a que são submetidasa cultura. Essas normas preestabelecem deter-minados manejos e grande parte deles está rela-cionada com o manejo integrado de pragas (MIP).A Embrapa Semi-Árido tem definido metodologiaspara monitoramento de pragas e doenças queestão reduzindo o uso de produtos químicos nospomares, em percentuais expressivos.

Um exemplo da redução de uso de agrotóxicos,é a Fazenda Boa Esperança, onde a adoção daprodução integrada resultou numa economia de76% na quantidade de agrotóxicos utilizada nocontrole de doenças em mangueiras. Em outrafazenda, a Copafruit, o uso de inseticidas nasparcelas de manga caiu cerca de 40%.

O monitoramento estabelece o nível de açãopara cada praga, que é próximo ao estádio deinfestação capaz de provocar danos econômicos.Só a partir da constatação desse nível é que sãofeitas as pulverizações.

Por conta desse manejo, têm-se verificado apresença crescente de inimigos naturais nos po-mares, que também são monitorados pelos técni-cos que trabalham com a produção integrada.Esses inimigos naturais são indicadores de equi-líbrio do ecossistema e sinalizam que se estáfazendo um bom manejo na área e que os produ-tos químicos utilizados são seletivos e atingemapenas as pragas.

A sustentabilidade ambiental é um dos atribu-tos que o agronegócio brasileiro necessita para amanutenção e a ampliação dos espaços da fruti-cultura nos mercados externo e interno. Atual-mente, o Programa estende-se por 3.170 hectaresdos 12 mil hectares cultivados com manga no Pólode Irrigação de Juazeiro/ Petrolina, no Vale do SãoFrancisco. Em videiras, atinge 725 hectares dos 5mil hectares plantados na região. Em geral, essasáreas são de grandes fazendas exportadoras.

Ainda este ano, a Embrapa Semi-Árido pre-tende submeter ao Banco do Nordeste um proje-to para implantação do programa de produçãointegrada entre os pequenos e médios produtoresdos perímetros irrigados de Juazeiro e Petrolina.

Estudos socioeconômicos realizados pelaempresa mostram os ganhos por hectare, com aredução de custos proporcionada pela PIF, quechega a R$1.516,00 por hectare, no caso dacultura da manga. Com a uva, esse ganho é deR$4.432,00. Os mesmos estudos revelam que osbenefícios econômicos para a região, com a pro-dução integrada de uva, são de R$2.571.219,00.Com a produção integrada de manga, a regiãoganharia R$3.847.062,00. �

2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 35

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36 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002 4º trimestre 2001 / 1º trimestre 2002 • Nº 52/53 • ITEM 37

2002A REVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEMREVISTA ITEM tem como objetivo principal o inter-câmbio técnico, o associativismo, o maior conheci-mento do que está acontecendo na irrigação brasilei-ra e no mundo, exercitando-se uma permanente inte-gração tecnológica, comercial, econômica, ambientale política, para o fortalecimento da ABID que, emsíntese, precisa dar suporte para fazer florescer, cadavez mais, o agronegócio da agricultura irrigada, embenefício de todos.

A organização da ABID é compreendida pela seguintesCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOSCATEGORIAS DE SÓCIOS:SóciosSóciosSóciosSóciosSócios PATROCINADORES I PATROCINADORES I PATROCINADORES I PATROCINADORES I PATROCINADORES I eeeee II I I I I I I I I – Pessoas físicas e

pessoas jurídicas interessadas em apoiar osobjetivos, a manutenção, e o desenvolvimentoda ABID. O sócio patrocinador I pode eleger oueleger-se para membro do Conselho Diretor.Para ser sócio patrocinador, favor entrar emcontato direto com a ABID ou encaminhar e-mail para [email protected].

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios TITULARESTITULARESTITULARESTITULARESTITULARES – Profissionais de nível superior,interessados em irrigação, drenagem e áreasconexas.

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios IRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTESIRRIGANTES – Agricultores, pecuaristas de es-colaridade até o nível médio, que atuem naárea de irrigação e drenagem.

SóciosSóciosSóciosSóciosSócios JUNIORESJUNIORESJUNIORESJUNIORESJUNIORES – Técnicos de grau médio e alunosde escolas superiores interessados no desen-volvimento da irrigação e drenagem.

VALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADEVALORES DA ANUIDADE da ABID, incluindo aassinatura da revista Item: Sócio Titular – R$ 75,00R$ 75,00R$ 75,00R$ 75,00R$ 75,00 Sócio Irrigante e Júnior – R$ 55,00R$ 55,00R$ 55,00R$ 55,00R$ 55,00

A A S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S AA S S I N A T U R A A V U L S A da revista Item será deR$ 40,00R$ 40,00R$ 40,00R$ 40,00R$ 40,00, cobrada a partir de 01/01/2002.

Para ASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABIDASSOCIAR-SE À ABID e manter seu cadastro emdia, encaminhe seus dados e o comprovante de depó-sito para ABID, SCLRN 712, bloco C, nº 18, Cep 70760-533, Brasília/DF ou pelo fax (61) 274-7245. Depósito ouDOC para: ABID/APDC CNPJ 37880192/0001-88, bancoItaú 341, agência 1584, conta 10.323-6.

NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-NÃO SE ESQUEÇA DE ENCAMINHAR O COMPROVAN-TE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAILTE DE DEPÓSITO E AVISAR POR E-MAIL. COLABORECOM OS CONTROLES DE SUA ASSOCIAÇÃO.

ENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATOENTRE EM CONTATO com a ABID pelo e-mail [email protected] e [email protected], ou pelo ende-reço SCRLN 712, bloco C, nº18, CEP 70760-533, Brasília/DF, fone (61) 273-2154 ou 272-3191 e fax (61) 274-7245.

ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DE

IRRIGAÇÃO EDRENAGEMÉ O COMITÊNACIONAL

BRASILEIRO DA

ICID-CIIDICID-CIIDICID-CIIDICID-CIIDICID-CIID

A Revista ITEM 48,4o trimestre de 2000,marca sua retomada,com mais uma especialmotivação paraassociar-se à ABID.

A Revista ITEM 55,3º trimestre 2002,já está no prelo.

Helvecio Mattana [email protected] nome da equipe da ABID-APDC

Sua contribuição émuito importante,participando. Está aí oanúncio para o X I IX I IX I IX I IX I IC O N I R DC O N I R DC O N I R DC O N I R DC O N I R D, que serárealizado de 9 a 13 desetembro de 2002, emUberlândia,obedecendo-se àdecisão de fazê-lo dedois em dois anos noNordeste e, nos anosalternados, em outrasregiões do Brasil.

A arte gráfica dessamensagem procuraevidenciar as ediçõesda revista ITEM, arealização em 2001 doXI CONIRD e 4th IRCEW,com a edição dosAnais do CongressoAnais do CongressoAnais do CongressoAnais do CongressoAnais do Congresso ede um livro em Inglêslivro em Inglêslivro em Inglêslivro em Inglêslivro em Inglês,e as parcerias e ainserção internacionalda ABID.

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 37

irrigação agrícola já era conheci-da no Brasil, desde o século ante-rior, mas os métodos praticados

eram de irrigação por superfície (sulcos) e porinundação, especialmente do arroz e, em me-nor escala, de produtos hortícolas.

Na década de 50, o café era o principalproduto de exportação nacional, e o governobrasileiro incentivava a importação de equi-pamentos de irrigação, através da isenção deimpostos, com o objetivo de aumentar a pro-dução e atender à demanda do mercado.Jürgen Kiep, a princípio, trabalhava no quehavia restado da empresa de importação eexportação da família de sua esposa, a cente-nária Theodor Wille, que acabou dando ori-gem à Asbrasil (Aspersão no Brasil S.A.).

A REPRESA SECOUA REPRESA SECOUA REPRESA SECOUA REPRESA SECOUA REPRESA SECOU – O investimento daTheodor Wille na irrigação partiu do interessede um cafeicultor do Paraná por um sistemade irrigação convencional, por aspersão, queo levou a procurar por Jürgen em seu escritó-rio, em São Paulo. Mesmo não tendo conheci-mento sobre o assunto, Jürgen buscou informa-ções na Alemanha, de onde importou o primei-ro sistema de irrigação para café, em 1952.

Quando a Valmatic

Irrigação Ltda

(empresa resultante

da associação da Asbrasil

com a Valmont

Internacional, Inc.)

inaugurou em Brotas,

São Paulo, em 1978,

o primeiro pivô central da

América Latina, fabricado

no Brasil, introduzia a

produção e distribuição

desses sistemas de

irrigação no país. O fato

tornou-se um marco da

história da agricultura

irrigada nacional e da

Valmont Indústria e

Comércio Ltda, que se

misturaram a partir de uma

determinada data, dando

origem a Valley de hoje.

A história da empresa

começou em 1951 pelas

mãos de Jürgen Kiep,

um alemão que veio parar

em terras brasileiras,

após a guerra.

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

Mas a estréia chegou a ser engraçada: oequipamento foi instalado junto a uma peque-na represa, que não tinha reservatório deágua. Tudo funcionou a contento durante ainauguração, mas ao retornarem mais tarde, asurpresa. A represa havia secado.

Em 1954, Jürgen Kiep transformava aTheodor Wille na Asbrasil. Foi um nome estra-tegicamente escolhido, já que o presidente naépoca era Juscelino Kubstcheck, que tinhacomo uma das metas governamentais o rápi-do desenvolvimento industrial do país. Estavacriada a primeira empresa brasileira para aprodução de sistemas completos por aspersãoe seus componentes.

K N O W - H O WK N O W - H O WK N O W - H O WK N O W - H O WK N O W - H O W IMPORTADO IMPORTADO IMPORTADO IMPORTADO IMPORTADO – Inicial-mente, a empresa foi instalada em SãoBernardo (SP), com o maquinário e a tecnolo-gia originários da empresa alemã Perrot. Masmesmo trabalhando com know-how importa-do, Jürgen, desde o início, implantou na em-presa uma filosofia, que se manteve durantegerações, a de buscar parcerias para a adapta-ção e o desenvolvimento de equipamentos, deacordo com as condições locais.

Foram importadas máquinas especiais

História da irrigação e dos48 anos da Valmont no Brasil

História da irrigação e dos48 anos da Valmont no Brasil

AA sede da Valmont Indústria e Comércio Ltda. , em Uberaba, que produz o mundialmente famoso pivô Valley 8000A sede da Valmont Indústria e Comércio Ltda. , em Uberaba, que produz o mundialmente famoso pivô Valley 8000A sede da Valmont Indústria e Comércio Ltda. , em Uberaba, que produz o mundialmente famoso pivô Valley 8000A sede da Valmont Indústria e Comércio Ltda. , em Uberaba, que produz o mundialmente famoso pivô Valley 8000A sede da Valmont Indústria e Comércio Ltda. , em Uberaba, que produz o mundialmente famoso pivô Valley 8000

FOTO ARQUIVO DA VALMONT

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38 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

para a fabricação de tubos de aço leves, comacoplamentos destinados exclusivamente à irrigação.Para garantir uma perfeita proteção contra corrosão euma longa vida útil, foi construída uma instalaçãocompleta de zincagem e fogo, projetada especialmentepara a galvanização de tubos de irrigação.

Os motores diesel que acionavam a maior parte dossistemas de irrigação continuaram a ser importados.

O NOVO MERCADO DA HORTICULTURAO NOVO MERCADO DA HORTICULTURAO NOVO MERCADO DA HORTICULTURAO NOVO MERCADO DA HORTICULTURAO NOVO MERCADO DA HORTICULTURA – Jána segunda metade da década de 50, o mercado para airrigação do café tornou-se insignificante. Surgiu, po-rém, um novo mercado em potencial, a horticultura,incluindo a cultura da batata, praticada em grandeescala pelos imigrantes japoneses e seus descendentes.

Ocorreu também o rápido crescimento urbano naregião Centro-sul do Brasil, o que aumentou a deman-da por produtos hortícolas e o rápido esgotamento dasterras agricultáveis nas proximidades dos grandes cen-tros. A prática da irrigação por aspersão foi apontadacomo uma forma de crescimento substancial da produ-tividade.

Na mesma época, com a instalação de novas indús-trias no Brasil, incluindo a automobilística, tornou-semais fácil a produção de componentes de equipamen-tos de irrigação por aspersão, especialmente motoresdiesel, motores elétricos, bombas de alta capacidade,válvulas de bronze, ferro fundido etc. Estas indústriasconcentraram-se, especialmente, em São Paulo.

TRADIÇÃO NO SULTRADIÇÃO NO SULTRADIÇÃO NO SULTRADIÇÃO NO SULTRADIÇÃO NO SUL – No Rio Grande do Sul, jáexistia uma tradição de irrigação de arroz inundado eos equipamentos necessários eram fabricados na re-gião. Especialmente bombas de grande vazão, compor-tas e outros meios de controle de fluxo de água eramoferecidos pela indústria local.

Na época, a eletrificação rural e a própria produ-ção de energia hidroelétrica eram insuficientes para oabastecimento da irrigação agrícola. O petróleo e seusderivados eram baratos e existia uma indústria brasi-leira de motores diesel de boa capacidade.

Assim, até 90% dos equipamentos de irrigaçãoeram movidos a motores diesel. Com o crescimento dademanda e o desenvolvimento de tecnologia na irriga-ção, expandiu-se a indústria de equipamentos de irri-gação no Brasil. A partir de 1965, foram construídasnovas fábricas e as existentes aumentaram e aperfeiço-aram suas linhas de produtos.

MERCADO SAZONALMERCADO SAZONALMERCADO SAZONALMERCADO SAZONALMERCADO SAZONAL – Mesmo tendo um cari-nho especial pela irrigação, Jürgen Kiep cuidou paraque a sua indústria não dependesse somente dessaatividade. Dividiu-a com o ramo de auto-peças.

Com o aperfeiçoamento de novos produtos para airrigação, além da convencional, a Asbrasil iniciou odesenvolvimento de sua linha de carretéis. Os anos 60e 70 tornaram famosos os autopropelidos Perromatic,Chuvisco e Chuvamática. Bastante conhecidos no mer-cado, foram os primeiros desenvolvidos no Brasil, comirrigação de canhão.

No final dos anos 70 e começo da nova década, airrigação tornou-se um tema importante para o desen-volvimento do Cerrado e do Nordeste, o que levou aempresa a expandir-se até a região, com a instalação deuma fábrica em Recife para atender a uma teóricademanda. “Lembro-me que meu pai dizia que a fábricateria pedidos para mais de 10 anos, caso fossem irriga-dos apenas 10% do que se pretendia”, recorda-seBernhard Kiep, o atual diretor-presidente da ValmontIndústria e Comércio Ltda, um dos herdeiros do funda-dor da empresa no Brasil.

A históriaA históriaA históriaA históriaA históriaem duas fotos:em duas fotos:em duas fotos:em duas fotos:em duas fotos:

na primeira, Jürgenna primeira, Jürgenna primeira, Jürgenna primeira, Jürgenna primeira, JürgenKiep, fundador daKiep, fundador daKiep, fundador daKiep, fundador daKiep, fundador daAsbrasil, que deuAsbrasil, que deuAsbrasil, que deuAsbrasil, que deuAsbrasil, que deu

origem à Valmont;origem à Valmont;origem à Valmont;origem à Valmont;origem à Valmont;na segunda, a placana segunda, a placana segunda, a placana segunda, a placana segunda, a placa

de inauguração dode inauguração dode inauguração dode inauguração dode inauguração doprimeiro sistema deprimeiro sistema deprimeiro sistema deprimeiro sistema deprimeiro sistema de

pivô central ,pivô central ,pivô central ,pivô central ,pivô central ,produzido no Brasilproduzido no Brasilproduzido no Brasilproduzido no Brasilproduzido no Brasil

e instalado nae instalado nae instalado nae instalado nae instalado nafazenda Santafazenda Santafazenda Santafazenda Santafazenda Santa

Isabel, em Brotas,Isabel, em Brotas,Isabel, em Brotas,Isabel, em Brotas,Isabel, em Brotas,São PauloSão PauloSão PauloSão PauloSão Paulo

FOTOS ARQUIVOS DA VALMONT E DA FAZENDA SANTA ISABEL

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 39

I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

O PRIMEIRO PIVÔ BRASILEIROO PRIMEIRO PIVÔ BRASILEIROO PRIMEIRO PIVÔ BRASILEIROO PRIMEIRO PIVÔ BRASILEIROO PRIMEIRO PIVÔ BRASILEIRO – Por volta de1975, iniciou-se no Brasil a técnica da irrigação locali-zada, primeiro por gotejamento e, posteriormente, pormicroaspersão. Esta técnica utilizada atualmente éderivada direta ou indiretamente dos sistemas usadosem Israel.

Em 1977, o interesse de um produtor em introduziro pivô central em sua propriedade fez com que JürgenKiep e seu braço direito, Joaquim Klausner, fossem aosEstados Unidos manter contatos comerciais com aValmont, que já era a empresa líder mundial na produ-ção de sistemas de irrigação mecanizada.

A Valmatic Irrigação Ltda. surgiu da associaçãoentre a Asbrasil e a norte-americana Valmont, destina-da especialmente à produção e distribuição de siste-mas de pivô central.

E assim, como mais uma marca de pioneirismo, aempresa iniciou a fabricação dos primeiros pivôs cen-trais no Brasil. Uma grande festa no dia 25 de maio de1979, na Fazenda Santa Isabel, da família AlmeidaPrado, em Brotas (SP) marcou a inauguração daqueleque foi o primeiro pivô fabricado no Brasil, numacerimônia com a participação do então ministro daAgricultura, Alysson Paulinelli e de todo o staff daValmont, inclusive do presidente Bob Daugherty. Essepivô foi instalado com o objetivo de irrigar milho eaveia para a produção de forragens, reutilizando aágua servida com os dejetos dos animais da produçãode leite. Anos depois, em 1989, com a mudança da linhade produção da fazenda, a parte aérea desse equipa-mento foi vendida para a Bahia.

A princípio, os pivôs centrais tinham como base omodelo americano, que depois passaram por modifica-ções, para melhor se adaptarem às condições brasilei-ras. A qualidade desses primeiros modelos pode sercomprovada em milhares de sistemas que funcionamhá dezenas de anos.

MUDANÇA DE SEDEMUDANÇA DE SEDEMUDANÇA DE SEDEMUDANÇA DE SEDEMUDANÇA DE SEDE – Em 1982, foi lançado oPrograma de Financiamento para a Aquisição de Equi-pamentos de Irrigação (Profir). A indústria preparou-se então, para atender ao rápido aumento da demandapor equipamentos de irrigação.

Nessa época, foram cadastradas mais de 80 empre-sas do ramo e havia pelo menos dez delas fabricantesde pivô central instaladas no país. Por diversas razões,inclusive econômicas e financeiras, o Profir não pôdeser executado da forma prevista, provocando o fecha-mento de quase todas as empresas.

Em l984/1985, irritada com os altos e baixos daeconomia brasileira, a Valmont optou por sair dasociedade e transformar-se apenas em uma vendedorade tecnologia para a empresa brasileira. Com isso, aAsbrasil adquiriu novamente a Valmatic.

A empresa concretizou a sua mudança para Ubera-ba, MG, em 1989, enquanto a irrigação mantinha-secomo um negócio complicado, devido à alta da inflação.

NOS DIAS DE HOJENOS DIAS DE HOJENOS DIAS DE HOJENOS DIAS DE HOJENOS DIAS DE HOJE – No início dos anos 90,devido às dificuldades para a negociação de bens decapital, praticamente todos funcionários da empresa,que eram ligados a projetos e vendas, tornaram-se seusrevendedores e distribuidores autônomos. Isso fez comque a empresa passasse a contar com a maior rede derevendedores espalhada pelo país.

Em 1997, a estabilidade da política econômicareinante no Brasil levou a Valmont Industries, Inc., ainvestir novamente no país e a comprar todos os ativosda Asbrasil S.A., Divisão de Irrigação, criando a ValmontIndústria e Comércio Ltda. Simultaneamente, moder-nizou seu maquinário para a fabricação do novo mode-lo de pivô, igual ao usado nos EUA, o Valley 8000. E,assim, surgiu a Valley, marca do principal equipamen-to produzido pela Valmont.

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FOTO ARQUIVO DA FAZENDA SANTA ISABEL

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irrigação no mundo.O faturamento mundial da empre-sa em 2001 com a irrigação foi deUS$ 338 milhões, com a implanta-ção de sistemas mecanizados e degerenciamento de água.

Item – Como o senhor vê a expan-são da agricultura irrigada e a pro-dução de alimentos no Brasil?Kiep – O Brasil é visto com enormepotencial de crescimento para aprodução de alimentos. Existempoucos lugares no mundo, onde sepode aumentar a área agricultável.Mesmo no Brasil, considero nãoser preciso aumentar essa área,mas concentrar a área já agriculta-da de maneira mais eficiente e commaior respeito ao meio ambiente.A irrigação é fundamental para con-seguir esses dois objetivos. É real-mente espantoso vermos que hojea área cultivada com irrigação re-presenta somente 7% da área plan-tada brasileira. E esses 7% repre-sentam mais de 35% da produçãode alimentos. Ou seja, em vez deficar desmatando matas adicionais,deveria existir um plano enfocadoem aumentar a área irrigada. Ogrande futuro disso não é apenas oCerrado brasileiro, mas os estadosdo Paraná, Rio Grande do Sul, SãoPaulo que são fundamentais. Paraesse desenvolvimento, é precisoexistir uma vontade política em uniro Ministério da Agricultura e o doMeio Ambiente, para que as leis demeio ambiente sejam, de algumamaneira, viáveis para a implanta-ção da agricultura irrigada. Tenhoconsciência de que é possível au-mentar a área irrigada, sem des-truir o meio ambiente.

Item – Qual é a sua visão sobre ouso competitivo da água?Kiep – O grande ponto em discus-são no Brasil é se existe realmentefalta de água. A Agência Nacionalde Águas (ANA) foi criada, comotambém a Lei das Águas. Sabemosque no Brasil não existe a falta deágua. A meu ver, existe uma faltade gerenciamento dos recursos hí-dricos. No ano de 2001, a Valmontvendeu no mundo inteiro 7.500pivôs. Desses, 4.500 foram vendi-dos para os EUA, 1.200 foram ven-didos para o Iraque e menos de 700

Quando a Asbrasil instalou o pri-meiro pivô central de irrigação noBrasil, em 1979, Bernhard Kieptinha apenas 11 anos de idade.Hoje, ele tem 35 anos e é o diretor-presidente da Valmont Indústria eComércio Ltda., empresa que su-cedeu a Asbrasil e produz o pivôValley 8000, marca que desperta aconfiança no mercado mundial deirrigação, onde está presente há 48anos. Ele fala sobre o assunto, coma segurança de quem cresceu res-pirando o oxigênio desse mercado.Durante seis anos, foi presidenteda Câmara Setorial de Equipamen-tos de Irrigação da Associação Bra-sileira da Indústria de Máquinas eEquipamentos (Abimaq) e, atual-mente, preside o conselho curadorda Fundação Triângulo, que de-senvolve pesquisas de cultivaresde soja e milho.Desde 1997, a Valmont, com 28unidades espalhadas pelo mundo,assumiu o controle da Asbrasil. Suafábrica brasileira, instalada emUberaba, Minas Gerais, conta com180 funcionários e é o que se clas-sifica de uma empresa enxuta. Sua

Para fazer crescer o boloPara fazer crescer o boloPara fazer crescer o boloPara fazer crescer o boloPara fazer crescer o boloda produção agrícolada produção agrícolada produção agrícolada produção agrícolada produção agrícola

nacional, bastanacional, bastanacional, bastanacional, bastanacional, bastaacrescentar dois tipos deacrescentar dois tipos deacrescentar dois tipos deacrescentar dois tipos deacrescentar dois tipos de

fermento: a eficiência dosfermento: a eficiência dosfermento: a eficiência dosfermento: a eficiência dosfermento: a eficiência dosmétodos de produção e ométodos de produção e ométodos de produção e ométodos de produção e ométodos de produção e o

respeito ao meiorespeito ao meiorespeito ao meiorespeito ao meiorespeito ao meioambiente. Esta é aambiente. Esta é aambiente. Esta é aambiente. Esta é aambiente. Esta é afórmula dada pelofórmula dada pelofórmula dada pelofórmula dada pelofórmula dada pelo

diretor-presidente dadiretor-presidente dadiretor-presidente dadiretor-presidente dadiretor-presidente daValmont Indústria eValmont Indústria eValmont Indústria eValmont Indústria eValmont Indústria e

Comércio Ltda., BernhardComércio Ltda., BernhardComércio Ltda., BernhardComércio Ltda., BernhardComércio Ltda., BernhardKiep, que considera aKiep, que considera aKiep, que considera aKiep, que considera aKiep, que considera a

irrigação como a aliadairrigação como a aliadairrigação como a aliadairrigação como a aliadairrigação como a aliadacerta para atingir essescerta para atingir essescerta para atingir essescerta para atingir essescerta para atingir esses

dois objetivos, sem adois objetivos, sem adois objetivos, sem adois objetivos, sem adois objetivos, sem anecessidade de aumentonecessidade de aumentonecessidade de aumentonecessidade de aumentonecessidade de aumento

das áreas agricultáveis.das áreas agricultáveis.das áreas agricultáveis.das áreas agricultáveis.das áreas agricultáveis.

A receita para o aumento daprodução nacional de alimentos

administração busca a valorizaçãodo capital humano, com o desen-volvimento de um programa de se-gurança de trabalho e de ativos,que prevê a participação de seusempregados nos resultados e umtreinamento que também valorizao relacionamento colaborador, ad-ministrador, acionista e cliente daempresa. A Valmont mantém a mai-or rede de distribuidores do país,tudo isso fruto de sua história, quese confunde com a da irrigaçãoagrícola brasileira.

Item – Quais são os números daValmont em todo o mundo?Kiep – A Valmont tem 28 fábricasespalhadas pelo mundo, com prin-cipal concentração nos EstadosUnidos e na Europa. As fábricas,onde se produz o pivô centralValley, são duas nos EUA, uma naÁfrica do Sul, uma na Espanha,uma nos Emirados Árabes e umano Brasil, com depósitos própriosda fábrica localizados na China, naAustrália e na Argentina. É a únicaempresa que está realmente parti-cipando de todos os mercados de

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“É preciso existir uma“É preciso existir uma“É preciso existir uma“É preciso existir uma“É preciso existir umavontade política em unirvontade política em unirvontade política em unirvontade política em unirvontade política em unir

o Ministério dao Ministério dao Ministério dao Ministério dao Ministério daAgricultura e o do MeioAgricultura e o do MeioAgricultura e o do MeioAgricultura e o do MeioAgricultura e o do MeioAmbiente, para que asAmbiente, para que asAmbiente, para que asAmbiente, para que asAmbiente, para que asleis sejam viáveis paraleis sejam viáveis paraleis sejam viáveis paraleis sejam viáveis paraleis sejam viáveis para

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I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

“Existe um certo exagero“Existe um certo exagero“Existe um certo exagero“Existe um certo exagero“Existe um certo exageroem amedrontar osem amedrontar osem amedrontar osem amedrontar osem amedrontar os

agricultores, quanto àagricultores, quanto àagricultores, quanto àagricultores, quanto àagricultores, quanto àcobrança da água.cobrança da água.cobrança da água.cobrança da água.cobrança da água.

A própria ANA é muitoA própria ANA é muitoA própria ANA é muitoA própria ANA é muitoA própria ANA é muitoclara nesse sentido, declara nesse sentido, declara nesse sentido, declara nesse sentido, declara nesse sentido, de

que não existe razão paraque não existe razão paraque não existe razão paraque não existe razão paraque não existe razão paraesse pânico.”esse pânico.”esse pânico.”esse pânico.”esse pânico.”

foram vendidos para o Brasil. Nãoacredito que o Iraque tenha maisreservas hídricas do que o Brasil.Mas por causa da produção de ali-mentos, lá está-se investindo empoços artesianos de até 250 metros,para poder irrigar.No Brasil, a questão de fazer reser-vatórios de água precisa ser bemdiscutida entre os ministérios res-ponsáveis. Até brinco, quando faloque, se realmente existisse falta deágua no Brasil, entre a Argentina eo Uruguai não existiria mais um riocomo divisa. O Brasil tem um índicepluviométrico médio de 1.200 milí-metros/ano, muito alto comparan-do-se com as médias dos EUA, daAustrália e da Europa, o que facilitaa manutenção desses reservatórios.Considero muito grande a buro-cracia existente pela parte ambien-tal, para os agricultores implanta-rem processos de irrigação. Mui-tos produtores interessados aca-bam sentindo-se frustrados e desa-nimados, por causa das exigênciaslegais. Para se ter uma idéia, umagricultor que queira implantar 500hectares irrigados, tem que apre-sentar estudos de impacto ambien-tal em quase todos os Estados daFederação, iguais aos de uma em-presa de fabricação de produtos quí-micos. É praticamente impossívelpara um produtor ter no seu quadrode empregados pessoas especiali-zadas para isso. Ele acaba contra-tando serviços de terceiros, que, emmuitos casos, tornam-se onerosos.Meu alerta é no sentido de tomarcuidado para que uma boa teorianão se transforme numa realidadeinviável. O agricultor hoje tem mui-ta consciência de que precisa viverem harmonia com o meio ambiente.O Plantio Direto é um exemplo dis-so. Hoje, ele não é difundido somen-te por uma questão ambiental e,sim, por necessidade de produção.Com a irrigação, é a mesma coisa.Por estas dificuldades, estamos as-sistindo, nos últimos anos, a umprocesso de concentração de agri-cultores. Hoje, temos mais clientescom mais de três ou cinco máqui-nas do que clientes novos, com umamáquina só. Ou seja, o agricultormais bem estruturado e que já co-nhece o caminho burocrático paraa implantação da irrigação, conti-

nua crescendo. Para aquele quecomeça do zero, está ficando maisdifícil, a cada ano, iniciar a irriga-ção. O grande problema disso ésocial, porque os agentes financei-ros informam, claramente, quequanto maior é o produtor e maisirrigação ele tenha, mais fácil tor-na-se o seu fluxo de caixa e o seucrédito.Além disso, é necessária uma mai-or conscientização em separar aindústria usuária da água e polui-dora da agricultura irrigada, que,pelo contrário, é uma usuária puri-ficadora da água. Muitas empresasde geração de energia ou gruposambientalistas, que são contra ouso da água para irrigação, nãotêm conhecimento de como a tec-nologia, no fundo, é positiva. Te-mos que ter consciência de comotaxar as áreas usuárias, de formadiferenciada, pelo uso da água.Também, existe um certo exageroem amedrontar os agricultores,quanto à cobrança da água. A pró-pria ANA é muito clara nesse senti-do, de que não existe razão paraesse pânico. Ele atinge especial-mente ao pequeno e ao médio pro-dutor e, de uma certa maneira, aca-ba constituindo-se em mais um itemque faz com que eles não cresçam.

Item – Como o senhor vê a expan-são dos agronegócios e o papel re-servado à agricultura irrigada?Kiep – Primeiro, achamos impor-tante viver em harmonia com omeio ambiente. Um sistema insta-lado hoje, seguindo os padrões danossa empresa, evita qualquer con-taminação da água; o agricultorusa a fertirrigação ou a quimigação,implantando válvulas e colocan-do-as no lugar correto do equipa-mento, não há perigo de contami-nar o meio ambiente. Este tipo detreinamento é dado na fábrica eestamos enfocados em fazê-lo.Às vezes, existe uma certa distor-ção, por alguns, de achar que deve-mos partir 100% para a agricultu-ra orgânica. Pessoalmente, soumuito a favor da agricultura orgâ-nica, mas é preciso nos conscienti-zar de que a grande massa da po-pulação não tem poder aquisitivopara comprar uma agricultura100% orgânica. Consecutivamen-

te, precisamos pensar em produziralimentos para toda a nação, inclu-sive para exportação. Então, temque se criar um certo equilíbrionesse sentido. E para isso, a agri-cultura irrigada é muito interes-sante. Com ela, obtêm-se múltiplasculturas num ano, podendo-se re-duzir a área agricultável no Brasil,incentivando essa área irrigada atecnologias como Plantio Direto,que se tornam ainda mais viáveis,formando os chamados ciclos davida (circles of life). Por isso, prati-camente, todo agricultor que temum pivô, acaba instalando outros.

Item – Quais são os dados dos equi-pamentos de irrigação no Brasil e aparticipação da Valmont?Kiep – O Brasil tem de 7,5 mil a 8mil pivôs instalados, dos quais maisde 5,5 mil são da marca Valley/Valmont. Para a empresa, o Brasilfoi considerado o terceiro maior

mercado em 2001, quando foramvendidos, aproximadamente, 700pivôs (o que representou cerca de10% em relação a mais de 20 anosde existência do pivô). Percebe-seque este mercado é extremamentevolátil. Exemplo: quando veio a cri-se de energia no ano passado, está-vamos trabalhando em ritmo de doisturnos. Em dois meses, caímos paraum só turno e tivemos que despedir35% dos nossos funcionários. A re-cuperação começou a partir deabril deste ano, mas não sei atéquando ela irá. As incertezas comrelação ao cenário político nacio-nal estão travando investimentos.

Item – Até há pouco tempo, o go-verno desempenhava um papel con-siderado paternalista em relação àagricultura irrigada, principalmen-

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FOTO HELVECIO SATURNINO

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te nos perímetros públicos. Comoo senhor viu esta atuação e o queela representou para a atividade?Kiep – O papel desempenhado pelogoverno foi muito importante, por-que realmente despertou para aquestão da agricultura irrigada. Po-demos lembrar que tivemos até umministro da irrigação nos anos 80.Houve inúmeros investimentosbem-sucedidos e outros que, semdúvida, não deram os frutos deseja-dos. Mas, diria que foi criada umabase muito boa, especialmente nasuniversidades. Hoje, temos enge-nheiros e técnicos agrícolas forma-dos, com conhecimentos básicos deirrigação, importantes para o de-senvolvimento da agricultura naci-onal. Nos últimos anos, o governomudou um pouco essa atitudepaternalista, procurando incentivara iniciativa privada, viabilizando fi-

nanciamentos, através do BNDES.Particularmente, o trabalho daequipe do ministro Pratini é muitolouvável, porque dá ao agricultor apossibilidade de tomar sua pró-pria decisão. A função do governojunto ao BNDES, para o financia-mento de equipamentos, é funda-mental para o desenvolvimento daagricultura irrigada no Brasil.

Item – Em termos de avançostecnológicos obtidos pela irrigação eo uso racional dos recursos hídricos,quais são as expectativas e tendênci-as para o setor produtivo, em termosde novos equipamentos, tecnologiase modernização da atividade?Kiep – Desde 1982, existiram noBrasil mais de 26 empresas de pivôcentral e praticamente todas fe-charam. Algumas tentam sobrevi-

ver, mas a verdade parece umagrande Serra Pelada, muito sonhoe pouco dinheiro. Como nasci nes-se mercado, sei que a realidade édura e para cada ano bom, exis-tem, pelo menos, dois muito difí-ceis. Com todos os distúrbios eco-nômicos que ocorreram ao longoda história da irrigação no Brasil,pode-se fazer pouca pesquisa.E a Valmont está muito voltadapara ajudar na pesquisa, buscandodesenvolver tecnologias de agricul-turas tropicais. Muito do que tra-zemos de fora tem que ser adapta-do e melhorado para a nossa agri-cultura. Tentamos fazer uma ponteentre o que tem lá fora e o que temaqui, junto às universidades e aosnossos clientes. Como exemplo,posso citar trabalhos desenvolvi-dos com as universidades de Ube-raba e de Viçosa, a Faculdade de

Zootecnia em Uberaba, a Faculda-de de Santa Maria (RS), a Unicampe a Esalq, para tentar dar impulsosem diferentes segmentos. Vejo quemuitas empresas tentam trazer tec-nologias da África do Sul, de Isra-el, da Austrália para cá, sem anali-sar se podem usar a mesma receitados países de origem. Pelo fato desermos uma empresa com acesso atodos os mercados do mundo, sa-bemos que muitas idéiasincrementadas em alguns países,depois de alguns anos, não deramo resultado esperado.Temos condições de checar issorapidamente. Então, deixo aqui omeu alerta para certas coisas quese faz, sem a devida precaução.O principal objetivo da Valmontestá voltado para continuar redu-zindo o consumo da água, de uma

maneira contínua, ou seja, fazercom que nossos sistemas consigamsaciar a necessidade da planta, evi-tando ao máximo o desperdício. Ea irrigação subcopa, a irrigação dameia em círculo, a irrigação comlepa (muito usada no Brasil paracafé), já são amostras de como umpivô convencional (instalado nosanos 80) e o pivô instalado nestadécada conseguem reduções abso-lutas de 40% e 50%. Existem algu-mas críticas, sem conhecimento decausa, em relação à irrigação me-canizada, que chegam a colocá-lacomo obsoleta, sem saber do de-senvolvimento dos emissores. En-tão, não basta somente economi-zar água, mas também economizarenergia, um custo pesado para oagricultor. Aí, esbarramos muitasvezes no fato de o agricultor quererarriscar e querer trabalhar commenos água. Vou dar um exemplo:quando alguém vai numa concessi-onária comprar um carro, semdúvida, é melhor comprar um car-ro grande, com um motor forte,que estará mais tranqüilo. Mas, porquestões de necessidade ou de eco-nomia, os modelos Mil são os maisvendidos do Brasil. Atualmente,vemos que muitos sistemas de irri-gação ainda são comercializadoscom potências e lâminas de águaacima do necessário. E hoje temostecnologias, como por exemplo oSisda, para se fazer um manejo deágua mais preciso, sem desperdí-cio de água e energia. A irrigaçãomecanizada tem condições hoje deaplicar os mesmos volumes de águaque a irrigação localizada, de umamaneira eficiente para a planta,com um custo de manutenção e demão-de-obra infinitamente menor.Um outro ponto interessante é aparte da automatização que, semdúvida, traz benefícios para agri-cultores que têm múltiplos equipa-mentos. Ou seja, eles podem fazer ocontrole do manejo da irrigação àdistância, em seus próprios escritó-rios: ligar, desligar, quanto irrigar,quando irrigar, sem ter que se des-locar até o equipamento a toda hora.Um terceiro ponto importante é aconstante melhora na estrutura me-tálica do equipamento, tentandoreduzir o custo, sem diminuir suaqualidade e a vida útil. Um dospontos do qual temos muito orgu-

“O principal objetivo da“O principal objetivo da“O principal objetivo da“O principal objetivo da“O principal objetivo daValmont é continuarValmont é continuarValmont é continuarValmont é continuarValmont é continuar

reduzindo o consumo dareduzindo o consumo dareduzindo o consumo dareduzindo o consumo dareduzindo o consumo daágua, de uma maneiraágua, de uma maneiraágua, de uma maneiraágua, de uma maneiraágua, de uma maneira

contínua, ou seja, fazercontínua, ou seja, fazercontínua, ou seja, fazercontínua, ou seja, fazercontínua, ou seja, fazercom que nossos sistemascom que nossos sistemascom que nossos sistemascom que nossos sistemascom que nossos sistemas

consigam saciar aconsigam saciar aconsigam saciar aconsigam saciar aconsigam saciar anecessidade da planta,necessidade da planta,necessidade da planta,necessidade da planta,necessidade da planta,evitando ao máximo oevitando ao máximo oevitando ao máximo oevitando ao máximo oevitando ao máximo o

desperdício.”desperdício.”desperdício.”desperdício.”desperdício.”

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FOTO ARQUIVO DA VALMONT

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I N F O R M E T É C N I C O P U B L I C I T Á R I O

lho é a constatação de que os equi-pamentos mais antigos do merca-do são nossos. Até hoje, o nossoprimeiro pivô, montado em 1979,continua funcionando.Somos um parceiro do agricultorpor 10, 15, 20 anos, não só paravender o equipamento. Cito o exem-plo de um cliente nosso, que temum pivô de 16 anos e apresentavaum tubo desgastado, que teve deser trocado. Ele nos pediu urgên-cia, por estar com uma área plan-tada com alho, e em menos de 48horas, o atendemos. Ou seja, sabe-mos que de todos os equipamentosque o agricultor adquire para suapropriedade, o pivô é que terá maistempo de vida útil.

Item – Quais são as perspectivas dosetor em relação à agricultura irri-gada nacional?Kiep – Pelo fato de os últimos trêsanos terem sido, no fundo, bonspara a agricultura irrigada, insta-laram-se fábricas em todos os seg-mentos: convencional, carretel, lo-calizada e mecanizada, bem acimada demanda nacional. Consecuti-vamente, com a crise da energia de2001, algumas empresas fecharamas portas. Vejo o Brasil, a médio ea longo prazos, como um grandeprodutor agrícola, mas não pode-mos menosprezar exemplos comoos da Argentina, que nos fazemficar preocupados. Se os funda-mentos da nossa economia não fo-rem bem administrados, a agricul-tura não vai gerar os produtos ne-cessários ao mercado interno e àexportação. Não havendo liquidezpor parte dos agentes financeiros edo governo para agricultura, o se-tor rapidamente voltará ao ciclodo começo dos anos 80/90. Vejoum futuro próspero, se houver ma-turidade dos futuros governos paraadministrarem, com cuidado, asquestões macroeconômicas.

Item – Quais são os principais ins-trumentos para a modernização eexpansão da irrigação nacional?Kiep – Sem dúvida, dois pontos sãofundamentais: a desburocratizaçãopor parte da área do meio ambientee maiores facilidades de financia-mento ao agricultor, este, o atualMinistro Pratini, está fazendo como Proirriga, que deverá estar ope-rando em outubro de 2002. �

Um fã incondicional da irrigação, especialmen-te do pivô central. É assim que se define o enge-nheiro agrônomo Décio Bruxel, diretor-presidenteda empresa BB Agricultura e Pecuária, com sedeem Patos de Minas, MG. Atualmente, ele conta com20 pivôs que irrigam 8 mil hectares com café, soja,milho, tomate e feijão, além de dedicar-se à criaçãode suínos e de gado de corte e de leite. “Consideroa irrigação a oitava maravilha do mundo”, afirma.Além dessa tecnologia, Bruxel também utiliza aadubação orgânica originária dos dejetos de suí-nos e bovinos no cultivo de milho e de café.

As atividades desempenhadas em sua propri-edade são devidamente licenciadas junto aos ór-gãos competentes. “Muitos proprietários ficam te-merosos e vêem algumas tecnologias como bicho-de-sete-cabeças. Mas agindo com transparência,cumprindo a legislação e tomando os cuidadosnecessários, consegue-se fazer muito”, conta Dé-cio Bruxel.

Á G U AÁ G U AÁ G U AÁ G U AÁ G U A – Dois problemas identificados porBruxel referem-se à concessão de outorga e à pro-vável cobrança pelo uso da água pela agricultura.“A irrigação permite o uso mais racional, possibilitaduplicar a produção para quem tem menos terra”,considera o produtor.

O problema, segundo ele, é que são feitas pou-cas vistorias pelos órgãos responsáveis. Muitos pro-dutores pedem a outorga de uso e não a utilizam,enquanto alguns que têm condições de usá-la, nãoconseguem a licença.

Bruxel é contra a cobrança pelo uso da água. “Éum bem que eu uso para produzir, vou pagar im-postos pelo bem produzido, além dos impostos

sociais dos empregados. Por que pagar por essaágua?”, questiona.

E N E R G I AE N E R G I AE N E R G I AE N E R G I AE N E R G I A – O fato de o governo do Estado, hápouco mais de um ano, ter excluído a energia comoum item que possibilitava a obtenção de créditosobre o ICMS para a agricultura, é outro ponto queincomoda o setor. “Isso é um absurdo, pois os doisprincipais itens da irrigação são a água e a energia”,pondera ele.

Bruxel considera que não temos problema defalta de água no Brasil. O que falta é uma maiorconscientização em relação ao uso dela. Comoexemplo da importância do manejo da água nairrigação, ele cita sua própria experiência. “Atual-mente, tenho mananciais de água manejada, mai-ores do que eu tinha quando comecei com a irriga-ção, em 1984”, afirma ele.

Outro exemplo citado por ele é o rio Sacra-mento, na Califórnia, EUA, 100% usado para a irri-gação. “No Brasil, querem que deixemos a águacorrer toda para o mar”, afirma ele, considerandoque todos têm direito ao seu uso. �

Gerardus M. C. Sanders é produtor ruraldesde que se entende por gente. A partir de1982, passou a investir na irrigação como tec-nologia imprescindível na Fazenda Boa Sorte,de sua propriedade, localizada em Paracatu,Minas Gerais. Começou com dois pivôs e foiampliando a área de cultivo ano a ano.

Atualmente, conta com um sistema de irri-gação linear, que irriga uma área de 600 hecta-res, além de mais 18 pivôs centrais em funcio-namento. Ao todo, são 2.700 hectares irriga-dos, onde são cultivados arroz, soja, feijão emilho. Todos os equipamentos utilizados porele foram adquiridos da Valmont/Valley.

Segundo o produtor, devido às condiçõesespecíficas da região onde se localiza Paracatu,com uma altitude de 550 a 600 metros, se nãohouver o apoio da irrigação, a chance de co-

lheita da produção é de apenas 15%. “Os perí-odos de estiagem são prolongados e não setem a mínima condição de obter uma produti-vidade que dê para cobrir os custos, se nãocontarmos com a irrigação”, afirma ele.

Quase todos os equipamentos de irriga-ção da Fazenda Boa Sorte dependem da ener-gia, com exceção da irrigação linear, que utili-za diesel. Em 2001, ocorreu um aumento mé-dio de 30% nos custos da energia elétrica co-brados no Estado, o que tem provocado maio-res preocupações com os custos de produção.Um paliativo, no entendimento de Sanders,seria a ampliação do horário de taxa reduzidade 6 para 9 horas, que contribuiria para com-pensação com o horário de custo maior daágua. Em época de estiagem, o tempo médiode irrigação é de 15 horas diárias. �

Sem irrigação, colho apenas 15% do que plantei

Sistema linear de irrigação da Valmont em funcionamentoSistema linear de irrigação da Valmont em funcionamentoSistema linear de irrigação da Valmont em funcionamentoSistema linear de irrigação da Valmont em funcionamentoSistema linear de irrigação da Valmont em funcionamento

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A oitava maravilha do mundoA oitava maravilha do mundoFOTO ARQUIVO DA VALMOT

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Minicursos doXII Conird,

a oportunidadede atualização

44 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

MMMMM inicursosinicursosinicursosinicursosinicursos

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS PARACLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS PARACLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS PARACLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS PARACLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS PARAAGRICULTURA IRRIGADAAGRICULTURA IRRIGADAAGRICULTURA IRRIGADAAGRICULTURA IRRIGADAAGRICULTURA IRRIGADA, a cargo de DoracyPessoa Ramos, da Embrapa Solos.

O PROCESSO DE OUTORGA DE ÁGUAS EO PROCESSO DE OUTORGA DE ÁGUAS EO PROCESSO DE OUTORGA DE ÁGUAS EO PROCESSO DE OUTORGA DE ÁGUAS EO PROCESSO DE OUTORGA DE ÁGUAS ELICENCIAMENTO AMBIENTAL PARALICENCIAMENTO AMBIENTAL PARALICENCIAMENTO AMBIENTAL PARALICENCIAMENTO AMBIENTAL PARALICENCIAMENTO AMBIENTAL PARAIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃO, com Éder J. Pozzebon, da ANA.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURADO CAFÉDO CAFÉDO CAFÉDO CAFÉDO CAFÉ, com o professor André Luís TeixeiraFernandes, da Universidade de Uberaba.

O MANEJO DA CAFEICULTURA IRRIGADAO MANEJO DA CAFEICULTURA IRRIGADAO MANEJO DA CAFEICULTURA IRRIGADAO MANEJO DA CAFEICULTURA IRRIGADAO MANEJO DA CAFEICULTURA IRRIGADA,com o especialista Roberto Santinato, doConsórcio Pesquisa e Desenvolvimento do Café/Embrapa Café.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURADO ABACAXIDO ABACAXIDO ABACAXIDO ABACAXIDO ABACAXI, sob a responsabidade dospesquisadores Otávio A. de Almeida e Eugênio F.Coelho, da Embrapa Fruticultura.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURADO MARACUJÁDO MARACUJÁDO MARACUJÁDO MARACUJÁDO MARACUJÁ, a cargo dos pesquisadoresJuscelino de Azevedo e Nilton T. V. Junqueira, daEmbrapa Cerrados.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURAIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NA CULTURADO MILHODO MILHODO MILHODO MILHODO MILHO, com os pesquisadores AntônioMarcos Coelho e Paulo Emílio P. de Albuquerque,da Embrapa Milho e Sorgo.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAS CULTURASIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAS CULTURASIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAS CULTURASIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAS CULTURASIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAS CULTURASDO ARROZ E DO FEIJÃO EM TERRAS ALTASDO ARROZ E DO FEIJÃO EM TERRAS ALTASDO ARROZ E DO FEIJÃO EM TERRAS ALTASDO ARROZ E DO FEIJÃO EM TERRAS ALTASDO ARROZ E DO FEIJÃO EM TERRAS ALTAS,com o pesquisador Luiz Fernando Stone, daEmbrapa Feijão e Arroz.

IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EMIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EMIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EMIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EMIRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EMPASTAGENSPASTAGENSPASTAGENSPASTAGENSPASTAGENS, com o professor Rubens D. Coelho,da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP.

A IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAFRUTICULTURA COM ÊNFASE EMFRUTICULTURA COM ÊNFASE EMFRUTICULTURA COM ÊNFASE EMFRUTICULTURA COM ÊNFASE EMFRUTICULTURA COM ÊNFASE EMCITRICULTURACITRICULTURACITRICULTURACITRICULTURACITRICULTURA, com o pesquisador Eugênio F.Coelho, da Embrapa Fruticultura.

MANEJO DE IRRIGAÇÃO UTILIZANDO OMANEJO DE IRRIGAÇÃO UTILIZANDO OMANEJO DE IRRIGAÇÃO UTILIZANDO OMANEJO DE IRRIGAÇÃO UTILIZANDO OMANEJO DE IRRIGAÇÃO UTILIZANDO OSISTEMA DE DECISÃO AGRÍCOLA (SISDA)SISTEMA DE DECISÃO AGRÍCOLA (SISDA)SISTEMA DE DECISÃO AGRÍCOLA (SISDA)SISTEMA DE DECISÃO AGRÍCOLA (SISDA)SISTEMA DE DECISÃO AGRÍCOLA (SISDA), como professor Everardo C. Mantovani, daUniversidade Federal de Viçosa.

AS ALTERNATIVAS PARA A IRRIGAÇÃO E SEUSAS ALTERNATIVAS PARA A IRRIGAÇÃO E SEUSAS ALTERNATIVAS PARA A IRRIGAÇÃO E SEUSAS ALTERNATIVAS PARA A IRRIGAÇÃO E SEUSAS ALTERNATIVAS PARA A IRRIGAÇÃO E SEUSEQUIPAMENTOS: O EXEMPLO DA IRRIGAÇÃOEQUIPAMENTOS: O EXEMPLO DA IRRIGAÇÃOEQUIPAMENTOS: O EXEMPLO DA IRRIGAÇÃOEQUIPAMENTOS: O EXEMPLO DA IRRIGAÇÃOEQUIPAMENTOS: O EXEMPLO DA IRRIGAÇÃONA CULTURA DA BANANANA CULTURA DA BANANANA CULTURA DA BANANANA CULTURA DA BANANANA CULTURA DA BANANA, com o professorRoberto Testezlaf, da Unicamp.

om 20 minicursos ministrados por es-pecialistas, que irão abordar diferentesáreas do setor de irrigação e drenagem, o

XII Congresso Nacional de Irrigação e Drena-gem (XII Conird) dará a oportunidade aos parti-cipantes de atualização e informação sobre asprincipais questões da agricultura irrigada. Nofinal do congresso, serão realizadas atividadespós-evento, entre elas, um dia de campo a cargoda Universidade Federal de Uberlândia, quandohaverá a oportunidade prática de se conhecerdiversos sistemas de irrigação e experiências deatividades bem-sucedidas.

Além dos minicursos programados ao longodo período de 9 a 13 de setembro próximo, noCenter Convention de Uberlândia, MG, o XIIConird conta na sua programação com quatroconferências e debates sobre a atual políticanacional de recursos hídricos, além de oito semi-nários técnicos. Ao longo do congresso, dar-se-áseqüência às reuniões técnicas sobre Coeficien-tes de Cultivo e Fertirrigação, em continuidadeao trabalho permanente de organização, de siste-matização e de divulgação das informações obti-das pela pesquisa.

Minicursos“Como Iniciar e Manter uma Boa Irrigação e

Drenagem”, é um minicurso introdutório a serministrado na abertura do congresso pelo especi-alista Lairson Couto, da Agência Nacional deÁguas (ANA), em busca do nivelamento de todosos participantes. Junto ao mesmo, o professorEverardo Mantovani estará fazendo uma intro-dução sobre princípios de manejo da irrigação.

Assim, a partir da manhã do dia 10/07, osparticipantes do evento já terão contado comesses minicursos introdutórios e de nivelamento,ajudando-os a maximizar o aproveitamento nosoutros minicursos, assim programados:

C

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XII CXII CXII CXII CXII CONIRDONIRDONIRDONIRDONIRD – – – – – CCCCCONGRESSO NAONGRESSO NAONGRESSO NAONGRESSO NAONGRESSO NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEMGEMGEMGEMGEM

2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 45

APLICAÇÃO, EFICIÊNCIA E CUSTOS DAAPLICAÇÃO, EFICIÊNCIA E CUSTOS DAAPLICAÇÃO, EFICIÊNCIA E CUSTOS DAAPLICAÇÃO, EFICIÊNCIA E CUSTOS DAAPLICAÇÃO, EFICIÊNCIA E CUSTOS DAIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA: OIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA: OIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA: OIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA: OIRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA: OEXEMPLO DAS PASTAGENS NA PECUÁRIAEXEMPLO DAS PASTAGENS NA PECUÁRIAEXEMPLO DAS PASTAGENS NA PECUÁRIAEXEMPLO DAS PASTAGENS NA PECUÁRIAEXEMPLO DAS PASTAGENS NA PECUÁRIADE LEITEDE LEITEDE LEITEDE LEITEDE LEITE, com o professor Luís César DiasDrumond, da Universidade de Uberaba.

A IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NAA IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO NACULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E OCULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E OCULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E OCULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E OCULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E OREAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS SERVIDASREAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS SERVIDASREAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS SERVIDASREAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS SERVIDASREAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS SERVIDASNA AGROINDÚSTRIA SUCRO-ALCOOLEIRANA AGROINDÚSTRIA SUCRO-ALCOOLEIRANA AGROINDÚSTRIA SUCRO-ALCOOLEIRANA AGROINDÚSTRIA SUCRO-ALCOOLEIRANA AGROINDÚSTRIA SUCRO-ALCOOLEIRA,com o consultor Udo Rosenfeld.

MODELAGEM DA APLICAÇÃO DEMODELAGEM DA APLICAÇÃO DEMODELAGEM DA APLICAÇÃO DEMODELAGEM DA APLICAÇÃO DEMODELAGEM DA APLICAÇÃO DEFERTILIZANTES E DEFENSIVOS VIA ÁGUA DEFERTILIZANTES E DEFENSIVOS VIA ÁGUA DEFERTILIZANTES E DEFENSIVOS VIA ÁGUA DEFERTILIZANTES E DEFENSIVOS VIA ÁGUA DEFERTILIZANTES E DEFENSIVOS VIA ÁGUA DEIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃOIRRIGAÇÃO, com o professor Durval Dourado,da Esalq/Usp.

USO DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICASUSO DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICASUSO DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICASUSO DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICASUSO DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICASAUTOMÁTICAS NO MANEJO DA IRRIGAÇÃOAUTOMÁTICAS NO MANEJO DA IRRIGAÇÃOAUTOMÁTICAS NO MANEJO DA IRRIGAÇÃOAUTOMÁTICAS NO MANEJO DA IRRIGAÇÃOAUTOMÁTICAS NO MANEJO DA IRRIGAÇÃO,com o professor Fabiano Chaves da Silva daUniversidade Federal de Uberlândia

MANEJO QUÍMICO DA FERTIRRIGAÇÃO EMMANEJO QUÍMICO DA FERTIRRIGAÇÃO EMMANEJO QUÍMICO DA FERTIRRIGAÇÃO EMMANEJO QUÍMICO DA FERTIRRIGAÇÃO EMMANEJO QUÍMICO DA FERTIRRIGAÇÃO EMCULTIVOS PROTEGIDOSCULTIVOS PROTEGIDOSCULTIVOS PROTEGIDOSCULTIVOS PROTEGIDOSCULTIVOS PROTEGIDOS, com o pesquisadorPedro Roberto Furlani, do InstitutoAgronômico de Campinas.

HIDROLOGIA E DRENAGEMHIDROLOGIA E DRENAGEMHIDROLOGIA E DRENAGEMHIDROLOGIA E DRENAGEMHIDROLOGIA E DRENAGEM, com o professorDécio Eugênio Cruciani, da Esalq/USP.

AVALIAÇÕES METEOROLÓGICAS E OAVALIAÇÕES METEOROLÓGICAS E OAVALIAÇÕES METEOROLÓGICAS E OAVALIAÇÕES METEOROLÓGICAS E OAVALIAÇÕES METEOROLÓGICAS E OPLANEJAMENTO DA IRRIGAÇÃOPLANEJAMENTO DA IRRIGAÇÃOPLANEJAMENTO DA IRRIGAÇÃOPLANEJAMENTO DA IRRIGAÇÃOPLANEJAMENTO DA IRRIGAÇÃO, com oprofessor Hilton Silveira Pinto, da Unicampi.

SSSSSemináremináremináremináremináriosiosiosiosiosSeminários sobre os agronegócios calcados na agricultura irrigadaSeminários sobre os agronegócios calcados na agricultura irrigadaSeminários sobre os agronegócios calcados na agricultura irrigadaSeminários sobre os agronegócios calcados na agricultura irrigadaSeminários sobre os agronegócios calcados na agricultura irrigada

� A Organização dos Comitês de Bacia Hidrográfica e as Outorgaspara Irrigação

� Recarga e Uso das Águas Subterrâneas para Irrigação

� Reuso das Águas Servidas com ênfase nos dejetos da Suinocultura

� A Irrigação em Cultivos Protegidos e Hortaliças;

� O Agronegócio da Fruticultura Irrigada: o Exemplo da Citricultura

� Produção Intensiva da Pecuária de Corte em Pastagens Irrigadas

� Produção Intensiva de Leite em Pastagens Irrigadas

� O Agronegócio da Cafeicultura Irrigada

CCCCConfonfonfonfonferênciaserênciaserênciaserênciaserênciasQuatro conferências sobre temas atuais da política do setorQuatro conferências sobre temas atuais da política do setorQuatro conferências sobre temas atuais da política do setorQuatro conferências sobre temas atuais da política do setorQuatro conferências sobre temas atuais da política do setor

� Os Recursos Hídricos e o Desenvolvimento Sustentável daAgricultura Irrigada

� O Plano Nacional de Irrigação e Drenagem e o Proirriga

� O Sistema de Informação de Apoio à Agricultura Irrigada

� A Integração Tecnológica, Socioeconômica e Comercial noAgronegócio da Agricultura Irrigada

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1 0 h 1 51 0 h 1 51 0 h 1 51 0 h 1 51 0 h 1 5àsàsàsàsàs

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1 2 h 1 51 2 h 1 51 2 h 1 51 2 h 1 51 2 h 1 5

1 3 h 1 51 3 h 1 51 3 h 1 51 3 h 1 51 3 h 1 5àsàsàsàsàs

1 9 h1 9 h1 9 h1 9 h1 9 h

1 9 h1 9 h1 9 h1 9 h1 9 h

2 0 h 3 02 0 h 3 02 0 h 3 02 0 h 3 02 0 h 3 0

09/set09/set09/set09/set09/setsegunda-feirasegunda-feirasegunda-feirasegunda-feirasegunda-feira

Credenciamento

Minicursosintrodutórios

10/set10/set10/set10/set10/setterça-feiraterça-feiraterça-feiraterça-feiraterça-feira

MinicursosVisita a EstandesReunião Técnica

11/set11/set11/set11/set11/setquarta-feiraquarta-feiraquarta-feiraquarta-feiraquarta-feira

MinicursosVisita a EstandesReunião Técnica

12/set12/set12/set12/set12/setquinta-feiraquinta-feiraquinta-feiraquinta-feiraquinta-feira

MinicursosVisita a EstandesReunião Técnica

13/set13/set13/set13/set13/setsexta-feirasexta-feirasexta-feirasexta-feirasexta-feira

MinicursosVisita a EstandesReunião Técnica

AtividadesAtividadesAtividadesAtividadesAtividadespppppós-ós-ós-ós-ós-eeeee ventoventoventoventoventosssss

Dia de Campona UFU

ExcursõesTécnicas

ExcursõesTurísticas

CONFERÊNCIA:Os RecursosHídricos e oDesenvolvimentoda AgriculturaIrrigada

CONFERÊNCIA:O Plano Nacionalde Irrigação eDrenagem

CONFERÊNCIA:O Sistema deInformação deApoio àAgriculturaIrrigada

CONFERÊNCIA:A IntegraçãoTecnológica,Socioeconômicae Comercial noAgronegócio daAgriculturaIrrigada

Almoço Almoço Almoço Almoço

ATIVIDADESDIVERSAS:

Visita à EstandesSessão PôsterSeminário

ATIVIDADESDIVERSAS:

Visita à EstandesSessão PôsterSeminário

ATIVIDADESDIVERSAS:

Visita à EstandesSessão PôsterSeminário

ATIVIDADESDIVERSAS:

Visita à EstandesSessão PôsterSeminário

Atividades deConfraternização

Atividades deConfraternização

Atividades deConfraternização

EncerramentoAberturado Evento

Inauguraçãoda feira

Coquetel

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DDDDDEMETRIOSEMETRIOSEMETRIOSEMETRIOSEMETRIOS C C C C CHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDISHRISTOFIDIS

DOUTOR EM GESTÃO AMBIENTAL/DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E M.SC.EM ENGENHARIA DE IRRIGAÇÃO; PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA,

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL E CENTRO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; CONSULTOR DO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO

NACIONAL / SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA

ENDEREÇO: SGAN Q. 601 LOTE 1, SALA 416 - CEP 70830-901 -BRASÍLIA, DF – TEL: (61) 223 1550 E (61) 9967 3060 – E-MAIL:

[email protected]

Introduçãocrescente procura pelos recursos hídri-cos está gerando uma trajetória de redu-ção de disponibilidade de água que se

apresenta tanto na crise atual, da saúde, comoestima-se que ocorrerá na crise de médio prazo,de alimento, e se agravará na crise do amanhã,da vida (Fig. 1).

As propostas mundiais voltadas para a ne-cessidade de evitar a crise atual na saúde, aten-dendo com água potável as populações, evitan-do as doenças com adequados sistemas de sane-amento, e produzindo mais alimentos com me-

nor quantidade de água (more crop per drop),baseiam-se no fato de que, por volta do ano2025, cerca de 3 bilhões de pessoas (1,1 bilhãona África) estarão vivendo em países com talescassez de recursos hídricos (disponibilidademenor que 1.700m3/hab./ano), que ficarão as-sim incapacitados de produzir seus própriosalimentos e de exercer qualquer outra atividadeprodutiva.

Para a produção de alimentos agrícolas, atu-almente são utilizados solos irrigados. No mun-do, são cerca de 275 milhões de hectares quecorrespondem a 18% de área de colheita total noplaneta, sendo, entretanto, responsáveis por cer-ca de 42% da produção total da agricultura.

Uma vez que a agricultura irrigada e osderivados alimentares da pecuária requerem apassagem da maior parte da água captada dosmananciais, a segurança alimentar deve-se as-sociar ao uso mais eficiente da água utilizada naprodução de alimentos, sendo que esse processofisiológico necessita de uma elevada quantidadede água para se efetivar, obtendo-se os alimen-tos, direta ou indiretamente.

Irrigação, a fronteira hídrica naprodução de alimentos

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Nessa passagem da água pelos sistemas pro-dutivos, onde há um processo natural de depura-ção dos recursos hídricos, seja pela evapotrans-piração, seja pela infiltração, são necessáriascerca de 2 mil t de água para se produzir umatonelada de arroz ou soja, e algo em torno de 1 milt de água para obter 1 t de trigo ou milho. Naprodução de alimentos de origem animal, o re-querido é de maior monta: 7 mil t de água paraobter 1 t de carne bovina; 4 mil t de água para 1t de carne suína; 5 mil t de água para 1 t de leitee 6.600 t de água para 1 t de queijo (Christofidis,1998).

A segurança alimentar envolve a capacidadede acesso aos alimentos, a maneira como o ali-mento é produzido (se é ecologicamente susten-tável), o sistema produtivo, a política agrícola, osinsumos, os créditos, a distribuição, as tecnolo-gias apropriadas e o teor nutricional dos alimen-tos. Assim, na agricultura irrigada, o tratocriterioso da água é imprescindível para que hajasegurança ambiental, perseguindo-se os critéri-os e as recomendações científicas, para que hajaeficiência e segurança na irrigação.

A agricultura e airrigação no mundo

A superfície agrícola mundial, que apresen-tou colheita, no ano 2000, correspondeu a umaárea da ordem de 1,5 bilhão de hectares, dosquais cerca de 275 milhões sob domínio de siste-

mas de irrigação. Existem também cerca de 190milhões de hectares que possibilitam a prática daagricultura por estarem atendidos com sistemasde drenagem agrícola.

A superfície produtiva agrícola sob sequeiro,em torno de 1,225 bilhão de hectares, é respon-sável por 58% do total colhido, enquanto a super-fície agrícola irrigada, embora correspondendo aapenas 18% da área total sob produção agrícola,possibilita cerca de 42% do total colhido naagricultura (Fig. 2).

FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1FIGURA 1 – As crises com a escassez dos recursos hídricos e as fases do desenvolvimento

A água anualmente utilizada na produçãoagrícola sob irrigação correspondeu, em 2000, aum volume de cerca de 2.595 km³, acarretando oíndice médio específico mundial de 9.436 m³/ha/

FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2FIGURA 2 – Superfície e produção agrícola colhida anualmenteno mundo

SUPERFÍCIE COLHIDASUPERFÍCIE COLHIDASUPERFÍCIE COLHIDASUPERFÍCIE COLHIDASUPERFÍCIE COLHIDA (bilhões de hectares)

PRODUÇÃO COLHIDAPRODUÇÃO COLHIDAPRODUÇÃO COLHIDAPRODUÇÃO COLHIDAPRODUÇÃO COLHIDA (%)

sob SEQUEIRO sob IRRIGAÇÃO

1,125 1,125 1,125 1,125 1,125 (82%) 0,275 0,275 0,275 0,275 0,275 (18%)

4 2 %4 2 %4 2 %4 2 %4 2 % 5 8 %5 8 %5 8 %5 8 %5 8 %

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48 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1QUADRO 1 – Evolução da área irrigada no mundo, continentes e países selecionados(1.000 hectares)

PAÍSESPAÍSESPAÍSESPAÍSESPAÍSES 19751975197519751975 19801980198019801980 19851985198519851985 1989-911989-911989-911989-911989-91 19951995199519951995 19961996199619961996 19971997199719971997 19991999199919991999

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Á F R I C AÁ F R I C AÁ F R I C AÁ F R I C AÁ F R I C A 9 . 4 8 89 . 4 8 89 . 4 8 89 . 4 8 89 . 4 8 8 9 . 9 9 99 . 9 9 99 . 9 9 99 . 9 9 99 . 9 9 9 1 0 . 7 4 01 0 . 7 4 01 0 . 7 4 01 0 . 7 4 01 0 . 7 4 0 1 1 . 0 7 71 1 . 0 7 71 1 . 0 7 71 1 . 0 7 71 1 . 0 7 7 1 2 . 2 5 41 2 . 2 5 41 2 . 2 5 41 2 . 2 5 41 2 . 2 5 4 1 2 . 2 6 31 2 . 2 6 31 2 . 2 6 31 2 . 2 6 31 2 . 2 6 3 1 2 . 3 1 41 2 . 3 1 41 2 . 3 1 41 2 . 3 1 41 2 . 3 1 4 1 2 . 5 3 81 2 . 5 3 81 2 . 5 3 81 2 . 5 3 81 2 . 5 3 8África do Sul 1.017 1.128 1.128 1.290 1.270 1.270 1.270 1.354Egito 2.825 2.445 2.497 2.620 3.283 3.266 3.300 3.300Madagascar 1.000 1.087 1.087 1.090 1.090Marrocos 1.060 1.127 1.245 1.258 1.258 1.258 1.251 1.305Sudão 1.946 1.946 1.946 1.950 1.950

AMÉRICA DOAMÉRICA DOAMÉRICA DOAMÉRICA DOAMÉRICA DONORTE /CENTRALNORTE /CENTRALNORTE /CENTRALNORTE /CENTRALNORTE /CENTRAL 2 2 . 8 2 32 2 . 8 2 32 2 . 8 2 32 2 . 8 2 32 2 . 8 2 3 2 7 . 6 8 72 7 . 6 8 72 7 . 6 8 72 7 . 6 8 72 7 . 6 8 7 2 7 . 5 9 22 7 . 5 9 22 7 . 5 9 22 7 . 5 9 22 7 . 5 9 2 2 8 . 9 7 42 8 . 9 7 42 8 . 9 7 42 8 . 9 7 42 8 . 9 7 4 3 0 . 1 5 23 0 . 1 5 23 0 . 1 5 23 0 . 1 5 23 0 . 1 5 2 3 0 . 1 5 23 0 . 1 5 23 0 . 1 5 23 0 . 1 5 23 0 . 1 5 2 3 0 . 5 5 23 0 . 5 5 23 0 . 5 5 23 0 . 5 5 23 0 . 5 5 2 3 1 . 3 9 53 1 . 3 9 53 1 . 3 9 53 1 . 3 9 53 1 . 3 9 5EUA 16.690 20.582 19.831 20.800 21.400 21.400 21.400 22.400México 4.479 4.980 5.285 5.600 6.100 6.100 6.500 6.500

AMÉRICA DO SULAMÉRICA DO SULAMÉRICA DO SULAMÉRICA DO SULAMÉRICA DO SUL 6 . 3 2 06 . 3 2 06 . 3 2 06 . 3 2 06 . 3 2 0 7 . 2 0 27 . 2 0 27 . 2 0 27 . 2 0 27 . 2 0 2 7 . 9 4 97 . 9 4 97 . 9 4 97 . 9 4 97 . 9 4 9 8 . 6 4 08 . 6 4 08 . 6 4 08 . 6 4 08 . 6 4 0 9 . 8 4 19 . 8 4 19 . 8 4 19 . 8 4 19 . 8 4 1 9 . 8 5 29 . 8 5 29 . 8 5 29 . 8 5 29 . 8 5 2 9 . 9 0 29 . 9 0 29 . 9 0 29 . 9 0 29 . 9 0 2 1 0 . 3 2 61 0 . 3 2 61 0 . 3 2 61 0 . 3 2 61 0 . 3 2 6Argentina 1.440 1.580 1.620 1.676 1.700 1.700 1.700 1.561Brasil 1.100 1.600 2.100 2.656 2.656 2.656 2.756 2.950Chile 1.242 1.255 1.257 1.265 1.265 1.265 1.270 1.800Colômbia 673 1.037 1.051 1.061 850Peru 1.130 1.160 1.210 1.416 1.753 1.753 1.760 1.195

Á S I AÁ S I AÁ S I AÁ S I AÁ S I A 121.746121.746121.746121.746121.746 132.449132.449132.449132.449132.449 141.198141.198141.198141.198141.198 153.970153.970153.970153.970153.970 179.906179.906179.906179.906179.906 184.046184.046184.046184.046184.046 187.194187.194187.194187.194187.194 192.962192.962192.962192.962192.962Afeganistão 2.430 2.505 2.586 2.933 2.800 2.800 2.800 2.386Arábia Saudita 1.583 1.620 1.620 1.620 1.620Arzebajão 1.453 1.453 1.455 1.455Bangladesh 1.441 1.569 2.073 2.900 3.429 3.553 3.693 3.985Casaquistão 2.380 2.213 2.149 2.350China 42.668 45.317 44.461 47.232 49.857 50.961 51.819 53.740Coréia DPR 900 1.120 1.270 1.420 1.460 1.460 1.460 1.460Coréia REP 1.277 1.307 1.325 1.344 1.206 1.176 1.163 1.159Filipinas 1.040 1.219 1.440 1.546 1.550 1.550 1.550 1.550Índia 33.730 38.478 41.779 45.809 53.000 55.000 57.000 59.000Indonésia 4.825 4.818 7.059 4.409 4.687 4.760 4.815 4.815Irã 5.900 4.948 5.740 7.000 7.264 7.265 7.265 7.562Iraque 1.587 1.750 1.750 3.200 3.525 3.525 3.525 3.525Japão 3.171 3.055 2.952 2.846 2.745 2.724 2.701 2.659Kirgistão 1.077 1.074 1.074 1.072Myanmar 1.008 1.555 1.557 1.556 1.841Nepal 1.135Paquistão 13.630 14.680 15.760 16.860 17.200 17.580 17.580 17.950Síria 717 1.089 1.127 1.168 1.186Tailândia 2.419 3.015 3.822 4.248 4.642 5.004 5.010 4.750Turmequistão 1.750 1.800 1.800 1.800Turquia 3.866 4.186 4.200 4.200 4.500Uzbequistão 4.281 4.281 4.281 4.281Vietnã 1.000 1.542 1.770 1.840 2.000 2.200 2.300 3.000

E U R O P AE U R O P AE U R O P AE U R O P AE U R O P A 1 2 . 7 3 21 2 . 7 3 21 2 . 7 3 21 2 . 7 3 21 2 . 7 3 2 1 4 . 4 6 71 4 . 4 6 71 4 . 4 6 71 4 . 4 6 71 4 . 4 6 7 1 6 . 0 1 21 6 . 0 1 21 6 . 0 1 21 6 . 0 1 21 6 . 0 1 2 1 6 . 5 7 11 6 . 5 7 11 6 . 5 7 11 6 . 5 7 11 6 . 5 7 1 2 5 . 1 4 22 5 . 1 4 22 5 . 1 4 22 5 . 1 4 22 5 . 1 4 2 2 9 . 4 1 62 9 . 4 1 62 9 . 4 1 62 9 . 4 1 62 9 . 4 1 6 2 4 . 7 7 72 4 . 7 7 72 4 . 7 7 72 4 . 7 7 72 4 . 7 7 7 2 4 . 4 0 62 4 . 4 0 62 4 . 4 0 62 4 . 4 0 62 4 . 4 0 6Bulgária 1.128 1.197 1.229 1.251 800 800 800 800Espanha 2.818 3.029 3.217 3.387 3.527 3.603 3.603 3.640França 805 900 1.050 1.300 1.630 1.650 1.670 2.100Grécia 875 961 1.099 1.200 1.328 1.364 1.385 1.441Itália 2.720 2.870 3.000 2.615 2.698 2.698 2.698 2.698Romênia 1.474 2.301 2.956 3.124 3.110 3.096 3.089 2.673Rússia 5.362 5.108 4.990 4.600Ucrânia 2.585 2.517 2.466 2.434

OCEANIAOCEANIAOCEANIAOCEANIAOCEANIA 1 . 6 2 01 . 6 2 01 . 6 2 01 . 6 2 01 . 6 2 0 1 . 6 8 41 . 6 8 41 . 6 8 41 . 6 8 41 . 6 8 4 1 . 9 5 71 . 9 5 71 . 9 5 71 . 9 5 71 . 9 5 7 2 . 1 7 42 . 1 7 42 . 1 7 42 . 1 7 42 . 1 7 4 2 . 7 8 82 . 7 8 82 . 7 8 82 . 7 8 82 . 7 8 8 2 . 8 8 82 . 8 8 82 . 8 8 82 . 8 8 82 . 8 8 8 2 . 9 8 82 . 9 8 82 . 9 8 82 . 9 8 82 . 9 8 8 2 . 5 3 92 . 5 3 92 . 5 3 92 . 5 3 92 . 5 3 9Austrália 1.469 1.500 1.700 1.892 2.500 2.600 2.700 2.251

NOTA: os totais consideram os países que não foram relacionados, por possuírem áreas totais irrigadas inferiores a 1 milhão de hectares.FONTE: FAO (2000)

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ano. Em dez anos, houve uma melhoria de efici-ência nos sistemas de irrigação da ordem de 5%(em 1990, o indicador específico era de 9.958 m³/ha/ano). Estima-se que no ano 2025, o índicemédio mundial de uso de água na irrigação estejaem 8.100 m³/ha/ano de água.

O indicador mundial de superfície irrigadaper capita, em 1975, apresentava-se no patamarde 463 m³/hab./ano, reduzindo-se, no final doséculo 20, para 453 m³/hab./ano. Atualmente, osíndices mundiais mais elevados de área irrigadapor habitante são do Paquistão (1.415), do Chile(1.221) e da Grécia (1.174 m³/ha/ano).

A evolução da superfície de solos incorpora-dos à irrigação, no período 1975-1999, em paí-ses, com áreas agrícolas irrigadas superiores a 1milhão de hectares, indicou um crescimento de189,2 para 274,2 milhões de hectares (Quadro 1).

Potencial agrícola e deirrigação no mundo

Os principais indicadores de solos aptos àprodução agrícola, no mundo, indicam a existên-cia da possibilidade física de elevar a área cultiva-da de 1,5 para 3,55 bilhões de hectares por ano.Tais solos podem ser classificados em duas catego-rias: aqueles com produtividade média agrícolaequivalente inferior a 10 t/ha/ano, e os de rendi-mento médio superior a tal índice (Quadro 2).

Agricultura e irrigaçãono Brasil

A área agrícola plantada no Brasil, conside-rando-se as 62 principais lavouras, segundo oIBGE: Produção Agrícola Municipal (2001), evo-luiu de 46,75 (1996) para cerca de 51,82 milhõesde hectares (2000), enquanto os indicadores deárea colhida pela agricultura, nos mesmos anos,foram de 45,67 e 50,20 milhões de hectares.Segundo a Food and Agriculture Organization -FAO, a área total de solos utilizados com lavouraspermanentes e temporárias no Brasil, em 1996foi de 65,4 milhões de hectares, enquanto em1999 essa superfície alcançou 65,2 milhões dehectares e a relação de área irrigada (AI), áreatotal cultivada (AC), na agricultura no Brasil, foi4,06 (1996), elevando-se para 4,72, em 1999(Quadro 3).

Os solos aptos, no mundo, para desenvolvi-mento da agricultura irrigada, estão estimadosem 470 milhões de hectares. Com base nestaavaliação, existem cerca de 195 milhões de hec-tares de solos que poderão, anualmente, ser in-corporados à produção, com técnicas controla-das associadas à agricultura irrigada.

Potencial agrícola e deirrigação no Brasil

Os especialistas estimam que existem solosaptos para expansão e desenvolvimento anual deagricultura de sequeiro, em bases sustentáveis,em mais de cerca 110 milhões de hectares nopaís, dos quais, aproximadamente, 72% estãolocalizados na área do Cerrado.

No que diz respeito aos solos aptos para odesenvolvimento da agricultura irrigada de for-ma sustentável o potencial brasileiro está estima-do em 29.564 mil hectares, dos quais, cerca dedois terços ocorrem nas regiões Norte e Centro-Oeste (Quadro 4).

QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2QUADRO 2 – Solos aptos por produtividade agrícolae por região

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA EQUIVALENTEPRODUTIVIDADE AGRÍCOLA EQUIVALENTEPRODUTIVIDADE AGRÍCOLA EQUIVALENTEPRODUTIVIDADE AGRÍCOLA EQUIVALENTEPRODUTIVIDADE AGRÍCOLA EQUIVALENTE

AméricaAméricaAméricaAméricaAmérica Oceania,Oceania,Oceania,Oceania,Oceania,AméricaAméricaAméricaAméricaAmérica do Nortedo Nortedo Nortedo Nortedo Norte África eÁfrica eÁfrica eÁfrica eÁfrica e

do Suldo Suldo Suldo Suldo Sul e Centrale Centrale Centrale Centrale Central EuropaEuropaEuropaEuropaEuropa ÁsiaÁsiaÁsiaÁsiaÁsia MundoMundoMundoMundoMundo %%%%%

Abaixo de 10t/ha/anoAbaixo de 10t/ha/anoAbaixo de 10t/ha/anoAbaixo de 10t/ha/anoAbaixo de 10t/ha/ano12 340 150 560 1.062 30

Acima de 10t/ha/anoAcima de 10t/ha/anoAcima de 10t/ha/anoAcima de 10t/ha/anoAcima de 10t/ha/ano580 270 240 1.400 2.490 70

TotaisTotaisTotaisTotaisTotais592 610 390 1.960 3.552 100

PorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagemPorcentagem16,7 17,2 11,0 55,2 100 –––

(milhões de hectares)

QUADRO 3QUADRO 3QUADRO 3QUADRO 3QUADRO 3 – Áreas agrícolas, plantadas,colhidas e totais do Brasil(Período 1996 a 2001)

ÁREAS E LAVOURASÁREAS E LAVOURASÁREAS E LAVOURASÁREAS E LAVOURASÁREAS E LAVOURAS

19961996199619961996 19971997199719971997 19981998199819981998 19991999199919991999 20002000200020002000 20012001200120012001

Área plantada Área plantada Área plantada Área plantada Área plantada 11111 com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras

46,75 48,30 48,51 50,70 51,82 53,45

Área colhida Área colhida Área colhida Área colhida Área colhida 11111 com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras com as 62 principais lavouras

45,67 47,61 46,80 49,00 50,20 52,02 *

Lavouras permanentes e temporárias Lavouras permanentes e temporárias Lavouras permanentes e temporárias Lavouras permanentes e temporárias Lavouras permanentes e temporárias 22222

65,40 65,30 65,20 65,20 65,30 65,20 *

NOTA: ( * ) Valor estimadoFONTE: ( 1 1 1 1 1 ) IBGE: Produção Agrícola Municipal (2001)

( 2 2 2 2 2 ) FAO: Food and Agriculture Organization (2001)

(milhões de hectares)

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As possibilidades de desenvolvimento susten-tável da agricultura irrigada, em cada Estado,estudadas em 1999, pelo Ministério do MeioAmbiente - MMA / Secretaria de Recursos Hídri-cos - SRH / Departamento de DesenvolvimentoHidroagrícola - DDH, levaram em conta a exis-tência de solos aptos (classes 1 a 4), a disponibi-lidade de recursos hídricos sem risco de conflitoscom outros usos prioritários da água e o atendi-mento às exigências da legislação ambiental e aoCódigo Florestal (Quadro 5).

Situação da irrigaçãono Brasil

A evolução da superfície dominada com siste-mas de irrigação e drenagem, destinados à agri-cultura, no Brasil, indica que, no período de 25anos houve a incorporação de 1,85 milhão dehectares, entre 1975 e 1999 (Gráfico 1).

QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4QUADRO 4 – Potencial de solos para desenvolvimentosustentável da irrigação - BRASIL

GRÁFICO 1GRÁFICO 1GRÁFICO 1GRÁFICO 1GRÁFICO 1 – Evolução das áreas irrigadas no Brasil (1950-2001)

(mil hectares)

TerrasTerrasTerrasTerrasTerrasRegiãoRegiãoRegiãoRegiãoRegião VárzeasVárzeasVárzeasVárzeasVárzeas AltasAltasAltasAltasAltas TotalTotalTotalTotalTotal %%%%%

Norte 9.298 5.300 14.598 49,4

Nordeste 104 1.200 1.304 4,4

Sudeste 1.029 3.200 4.229 14,3

Sul 2.207 2.300 4.507 15,2

Centro-Oeste 2.326 2.600 4.926 16,7

Totais 14.964 14.600 29.564 100

FONTE: Estudos desenvolvidos pelo MMA/SRH/DDH (1999), revisados por Christofidis (2002)

QUADRO 5QUADRO 5QUADRO 5QUADRO 5QUADRO 5 – Área potencial para odesenvolvimento da irrigaçãosustentável dos Estados brasileiros

REGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES Á R E AÁ R E AÁ R E AÁ R E AÁ R E AEstadosEstadosEstadosEstadosEstados (hectares)

N O R T EN O R T EN O R T EN O R T EN O R T E 14.598.00014.598.00014.598.00014.598.00014.598.000

Rondônia 995.000Acre 615.000Amazonas 2.852.000Roraima 2.110.000Pará 2.453.000Amapá 1.136.000Tocantins 4.437.000

NORDESTENORDESTENORDESTENORDESTENORDESTE 1.304.0001.304.0001.304.0001.304.0001.304.000

Maranhão 243.500Piauí 125.600Ceará 136.300Rio Grande do Norte 38.500Paraíba 36.400Pernambuco 235.200Alagoas 20.100Sergipe 28.200Bahia 440.200

SUDESTESUDESTESUDESTESUDESTESUDESTE 4.229.0004.229.0004.229.0004.229.0004.229.000

Minas Gerais 2.344.900Espírito Santo 165.000Rio de Janeiro 207.000São Paulo 1.512.100

S U LS U LS U LS U LS U L 4.507.0004.507.0004.507.0004.507.0004.507.000

Paraná 1.348.200Santa Catarina 993.800Rio Grande do Sul 2.165.000

CENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTE 4.926.0004.926.0004.926.0004.926.0004.926.000

Mato Grosso do Sul 1.221.500Mato Grosso 2.390.000Goiás 1.297.000Distrito Federal 17.500

TOTAL BRASILTOTAL BRASILTOTAL BRASILTOTAL BRASILTOTAL BRASIL 29.564.00029.564.00029.564.00029.564.00029.564.000

FONTE: Estudos desenvolvidos pelo MMA/SRH/DDH(1999), revisados por Christofidis (2002)

Área IrrigadaÁrea IrrigadaÁrea IrrigadaÁrea IrrigadaÁrea Irrigada 3080 314929502756 287026562545 259023321600 21001100545 79632064 141

2000 200119991997 199819961994 199519901980 198519751965 197019601950 1955

Superf íc ieSuperf íc ieSuperf íc ieSuperf íc ieSuperf íc ieIrrigadaIrrigadaIrrigadaIrrigadaIrrigada(mil hectares)

35003500350035003500

30003000300030003000

25002500250025002500

20002000200020002000

15001500150015001500

10001000100010001000

5 0 05 0 05 0 05 0 05 0 0

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50 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 51

A consistência das informações sobre a super-fície produtiva agrícola, sob irrigação no paísestá em curso e os elementos provindos dasSecretarias Estaduais responsáveis pela agricul-tura irrigada e do Ministério da Integração Naci-onal / Secretaria de Infra-estrutura Hídrica /Departamento de Desenvolvimento Hidroagrí-cola, permitem estimar, com base no ano 2001, aárea irrigada brasileira em 3.149.217 hectares(Quadro 6).

O maior índice de evolução, em termos deincorporação de superfície à produção agrícolasob irrigação, no período de 1996 a 2001, ocor-

reu no estado da Bahia, que elevou, em seis anos,de 140 para 280 mil hectares, sua superfícieagrícola irrigada.

A incorporação de áreas dominadas pelo mé-todo de irrigação localizada (gotejamento, mi-croaspersão etc.), no período, foi bastante repre-sentativa, tendo-se elevado de 112.730 ha (1996),para 248.414 ha (2001). Na região Nordeste, oíndice de expansão de sistemas de irrigação loca-lizada permitiu elevar a cobertura para umasuperfície de 138,4 mil ha (2001), enquanto em1996 a área sob controle da irrigação localizadaera de 55.200 ha.

QUADRO 6QUADRO 6QUADRO 6QUADRO 6QUADRO 6 – Áreas irrigadas, métodos de irrigação, Estados, Regiões do Brasil (2001)

(hectares)

ANO 2001 – MÉTODO DE IRRIGAÇÃOANO 2001 – MÉTODO DE IRRIGAÇÃOANO 2001 – MÉTODO DE IRRIGAÇÃOANO 2001 – MÉTODO DE IRRIGAÇÃOANO 2001 – MÉTODO DE IRRIGAÇÃO

B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I L Com controleCom controleCom controleCom controleCom controleR E G I Õ E SR E G I Õ E SR E G I Õ E SR E G I Õ E SR E G I Õ E S de drenagemde drenagemde drenagemde drenagemde drenagem A s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oEstadosEstadosEstadosEstadosEstados agrícolaagrícolaagrícolaagrícolaagrícola Superf íc ieSuperf íc ieSuperf íc ieSuperf íc ieSuperf íc ie convencionalconvencionalconvencionalconvencionalconvencional Pivô CentralPivô CentralPivô CentralPivô CentralPivô Central LocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizada T o t aT o t aT o t aT o t aT o t alllll

B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I L 1.059.8161.059.8161.059.8161.059.8161.059.816 574.012574.012574.012574.012574.012 615.417615.417615.417615.417615.417 651.548651.548651.548651.548651.548 248.414248.414248.414248.414248.414 3.149.2173.149.2173.149.2173.149.2173.149.217

NORTENORTENORTENORTENORTE 31.70031.70031.70031.70031.700 50.18050.18050.18050.18050.180 6.0556.0556.0556.0556.055 1.4101.4101.4101.4101.410 1.6901.6901.6901.6901.690 91.03591.03591.03591.03591.035Rondônia ––– ––– 4.140 ––– 460 4.600Acre 200 320 140 ––– 20 680Amazonas 100 900 700 ––– 120 1.820Roraima 2.000 6.350 300 100 210 8.960Pará 1.000 5.550 150 ––– 280 6.980Amapá 400 1.040 300 ––– 170 1.910Tocantins 28.000 36.020 325 1.310 430 66.085

NORDESTENORDESTENORDESTENORDESTENORDESTE 35.08535.08535.08535.08535.085 155.644155.644155.644155.644155.644 242.506242.506242.506242.506242.506 122.006122.006122.006122.006122.006 138.421138.421138.421138.421138.421 663.672663.672663.672663.672663.672Maranhão 3.000 20.780 11.450 2.940 6.030 44.200Piauí 1.000 9.340 6.983 740 6.130 24.193Ceará 2.829 16.740 30.222 17.502 5.320 72.613Rio Grande do Norte ––– ––– 2.700 1.100 13.983 17.783Paraíba 18.901 11.115 8.306 1.980 7.300 47.602Pernambuco ––– 31.640 42.200 9.400 8.740 91.980Alagoas 5.155 1.939 56.500 5.940 548 70.082Sergipe 4.200 26.225 8.415 258 6.224 45.332Bahia ––– 37.865 75.730 82.146 84.146 279.887

SUDESTESUDESTESUDESTESUDESTESUDESTE 9.1259.1259.1259.1259.125 208.740208.740208.740208.740208.740 245.768245.768245.768245.768245.768 362.618362.618362.618362.618362.618 83.38883.38883.38883.38883.388 909.639909.639909.639909.639909.639Minas Gerais ––– 107.881 73.535 87.950 44.590 313.956Espírito Santo 9.125 8.212 53.837 13.688 6.388 91.250Rio de Janeiro ––– 14.827 14.186 6.620 400 36.033São Paulo ––– 77.820 104.210 254.360 32.010 468.400

S U LS U LS U LS U LS U L 942.596942.596942.596942.596942.596 152.924152.924152.924152.924152.924 82.06082.06082.06082.06082.060 5 0 05 0 05 0 05 0 05 0 0 18.72018.72018.72018.72018.720 1.196.8001.196.8001.196.8001.196.8001.196.800Paraná ––– 14.380 35.810 500 1.060 51.750Santa Catarina ––– 115.500 20.600 ––– 1.200 137.300Rio Grande do Sul 942.596 23.044 25.650 ––– 16.460 1.007.750

CENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTE 41.31041.31041.31041.31041.310 6.5246.5246.5246.5246.524 39.02839.02839.02839.02839.028 165.014165.014165.014165.014165.014 6.1956.1956.1956.1956.195 258.071258.071258.071258.071258.071Mato Grosso do Sul 39.700 1.580 3.200 36.700 300 81.480Mato Grosso 1.000 3.108 2.780 3.795 3.967 14.650Goiás 600 1.671 29.306 118.099 1.267 150.943Distrito Federal 10 165 3.742 6.420 661 10.998

FONTE: Ministério da Integração Nacional / SIH / DDH (1999), complementadas e estimadas para o ano 2001 por Christofidis (2002)

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As superfícies com as 62 principais lavouraspermanentes e temporárias, plantadas no Brasil,e correspondentes áreas dominadas pela irriga-ção, nos anos de 1996 e 2001, indicam a baixaparticipação da agricultura irrigada na superfí-cie agrícola total do país com o indicador de5,89%. Os Estados de maior utilização percentualsão: Tocantins, Roraima, Sergipe, Rio Grande doSul e Distrito Federal (Quadro 7).

Demanda de água parairrigação no Brasil

A indicação dos volumes de água derivadosdos mananciais e os utilizados para o desenvolvi-mento da agricultura irrigada na parcela agríco-la, por Estado, baseou-se nas características desolos, nos tipos e variedades de cultivos, no

QUADRO 7QUADRO 7QUADRO 7QUADRO 7QUADRO 7 – Superfícies plantadas e áreas irrigadas por Estado e Região do Brasil (1996 e 2001)

X x x x x x x x x xX x x x x x x x x xX x x x x x x x x xX x x x x x x x x xX x x x x x x x x x

(hectares)

B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES P L A N T A D AP L A N T A D AP L A N T A D AP L A N T A D AP L A N T A D A IRRIGADAIRRIGADAIRRIGADAIRRIGADAIRRIGADA AI/AP (%)AI/AP (%)AI/AP (%)AI/AP (%)AI/AP (%) P L A N T A D AP L A N T A D AP L A N T A D AP L A N T A D AP L A N T A D A IRRIGADAIRRIGADAIRRIGADAIRRIGADAIRRIGADA AI/AP (%)AI/AP (%)AI/AP (%)AI/AP (%)AI/AP (%)EstadosEstadosEstadosEstadosEstados 1996 1996 1996 1996 1996 11111 1996 1996 1996 1996 1996 22222 19961996199619961996 2000 2000 2000 2000 2000 11111 2001 2001 2001 2001 2001 11111 2001 2001 2001 2001 2001 33333 20012001200120012001

B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I L 46.750.23046.750.23046.750.23046.750.23046.750.230 2.656.2842.656.2842.656.2842.656.2842.656.284 5,685,685,685,685,68 51.820.82951.820.82951.820.82951.820.82951.820.829 53.485.92453.485.92453.485.92453.485.92453.485.924 3.149.2173.149.2173.149.2173.149.2173.149.217 5, 8 95 , 8 95, 8 95 , 8 95 , 8 9

NORTENORTENORTENORTENORTE 2.192.7952.192.7952.192.7952.192.7952.192.795 78.36078.36078.36078.36078.360 3,573,573,573,573,57 2.594.9832.594.9832.594.9832.594.9832.594.983 2.728.1662.728.1662.728.1662.728.1662.728.166 91.03591.03591.03591.03591.035 3, 3 43 , 3 43, 3 43 , 3 43 , 3 4

Rondônia 436.187 100 0,02 592.701 650.817 4.600 0,71

Acre 73.689 600 0,08 105.167 115.066 680 0,59

Amazonas 177.057 1.200 0,68 209.183 218.668 1.820 0,83

Roraima 38.230 5.000 13,08 42.528 44.162 8.960 20,29

Pará 1.234.182 6.260 0,51 1.338.727 1.368.930 6.980 0,51

Amapá 9.933 100 1,01 10.025 11.244 1.910 16,99

Tocantins 223.517 65.100 29,13 296.652 319.279 66.085 20,70

NORDESTENORDESTENORDESTENORDESTENORDESTE 10.706.35210.706.35210.706.35210.706.35210.706.352 428.464428.464428.464428.464428.464 4,004,004,004,004,00 11.520.56411.520.56411.520.56411.520.56411.520.564 11.841.44911.841.44911.841.44911.841.44911.841.449 663.672663.672663.672663.672663.672 5, 5 85 , 5 85, 5 85 , 5 85 , 5 8

Maranhão 993.586 40.000 1,03 1.244.774 1.317.697 44.200 3,35

Piauí 727.138 18.190 2,50 906.900 960.687 24.193 2,52

Ceará 1.467.035 77.030 5,25 1.930.621 2.072.864 72.613 3,50

Rio Grande do Norte 611.653 14.494 2,37 468.733 447.374 17.783 3,97

Paraíba 682.557 27.600 4,04 623.654 633.258 47.602 7,52

Pernambuco 1.500.898 85.000 5,66 1.134.122 1.088.012 91.980 8,45

Alagoas 789.061 7.500 0,95 713.725 697.680 70.082 10,05

Sergipe 343.003 18.040 5,26 322.636 318.756 45.332 14,22

Bahia 3.591.421 140.610 3,92 4.175.399 4.351.100 279.887 6,43

SUDESTESUDESTESUDESTESUDESTESUDESTE 10.791.38710.791.38710.791.38710.791.38710.791.387 821.520821.520821.520821.520821.520 7,617,617,617,617,61 10.819.05810.819.05810.819.05810.819.05810.819.058 10.841.49310.841.49310.841.49310.841.49310.841.493 909.639909.639909.639909.639909.639 8, 3 98 , 3 98, 3 98 , 3 98 , 3 9

Minas Gerais 3.846.499 260.020 6,76 4.065.496 4.124.667 313.956 7,61

Espírito Santo 703.049 39.500 5,62 746.387 760.193 91.250 12,00

Rio de Janeiro 286.245 72.000 25,15 264.859 259.814 36.033 13,87

São Paulo 5.955.594 450.000 7,56 5.742.613 5.696.820 468.400 7,81

S U LS U LS U LS U LS U L 15.780.63915.780.63915.780.63915.780.63915.780.639 1.147.8001.147.8001.147.8001.147.8001.147.800 7,277,277,277,277,27 16.801.97416.801.97416.801.97416.801.97416.801.974 17.072.38417.072.38417.072.38417.072.38417.072.384 1.196.8001.196.8001.196.8001.196.8001.196.800 7, 0 17 , 0 17, 0 17 , 0 17 , 0 1

Paraná 7.643.815 55.000 0,72 8.075.849 8.189.535 51.750 0,63

Santa Catarina 1.667.867 118.800 7,12 1.708.348 1.718.924 137.300 7,99

Rio Grande do Sul 6.468.957 974.000 15,06 7.017.777 7.163.925 1.007.750 14,07

CENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTECENTRO-OESTE 7.279.0577.279.0577.279.0577.279.0577.279.057 180.140180.140180.140180.140180.140 2,472,472,472,472,47 10.084.25010.084.25010.084.25010.084.25010.084.250 10.956.43210.956.43210.956.43210.956.43210.956.432 258.071258.071258.071258.071258.071 2, 3 62 , 3 62, 3 62 , 3 62 , 3 6

Mato Grosso do Sul 1.624.606 55.600 3,42 2.064.061 2.192.380 81.480 3,72

Mato Grosso 3.256.373 8.100 0,25 4.842.967 5.352.543 14.650 0,27

Goiás 2.324.209 106.500 4,58 3.092.529 3.323.782 150.943 4,54

Distrito Federal 73.869 9.940 13,46 84.693 87.728 10.998 12,54

FONTE: ( 1 1 1 1 1 ) IBGE - Produção Agrícola Municipal – ( 2 2 2 2 2) SRH/MMA (1997) – ( 3 3 3 3 3 ) Estimativa: CHRISTOFIDIS, Demetrios (2002)

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clima, na eficiência de condução, distribuição eaplicação de água, nos métodos e sistemas deirrigação, nos fatores de uso do solo, na adoçãode cultivos permanentes ou temporários, nascaracterísticas regionais de precipitação (e ado-ção de chuva efetiva), que são os fatores maisrepresentativos dentre os que influenciam taldefinição em 1998 (Quadro 8).

Por ocasião da reunião sobre o Meio Ambien-

te - Rio 92, com a Agenda 21, foi proposto oPrograma Água para Produção de Alimentos eDesenvolvimento Rural Sustentáveis, o qual con-siderou que:

“A sustentabilidade da produção de alimen-tos depende, cada vez mais, de práticas sau-dáveis e eficazes de uso e conservação daágua, entre as quais se destacam o desenvol-vimento e o manejo da irrigação, inclusive o

QUADRO 8QUADRO 8QUADRO 8QUADRO 8QUADRO 8 – Demanda de água para irrigação, no Brasil e nos Estados - 1998

R E G I Ã OR E G I Ã OR E G I Ã OR E G I Ã OR E G I Ã OE S T A D OE S T A D OE S T A D OE S T A D OE S T A D OEstadoEstadoEstadoEstadoEstado

Eficiência deEficiência deEficiência deEficiência deEficiência decondução econdução econdução econdução econdução edistribuiçãodistribuiçãodistribuiçãodistribuiçãodistribuiçãonos sistemasnos sistemasnos sistemasnos sistemasnos sistemasde irrigaçãode irrigaçãode irrigaçãode irrigaçãode irrigação

( % )( % )( % )( % )( % )

Área irrigadaÁrea irrigadaÁrea irrigadaÁrea irrigadaÁrea irrigada

(hectares)(hectares)(hectares)(hectares)(hectares)

Á g u aÁ g u aÁ g u aÁ g u aÁ g u acaptada doscaptada doscaptada doscaptada doscaptada dosmananciaismananciaismananciaismananciaismananciais

(mil m³/ano)(mil m³/ano)(mil m³/ano)(mil m³/ano)(mil m³/ano)

Água queÁgua queÁgua queÁgua queÁgua quechega aschega aschega aschega aschega asparcelasparcelasparcelasparcelasparcelasagrícolasagrícolasagrícolasagrícolasagrícolas

(mil m³/ano)(mil m³/ano)(mil m³/ano)(mil m³/ano)(mil m³/ano)

Á g u aÁ g u aÁ g u aÁ g u aÁ g u acaptada doscaptada doscaptada doscaptada doscaptada dosmananciaismananciaismananciaismananciaismananciais

(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)

Água queÁgua queÁgua queÁgua queÁgua quechega àschega àschega àschega àschega àsparcelasparcelasparcelasparcelasparcelasagrícolasagrícolasagrícolasagrícolasagrícolas

(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)(m³/ha.ano)

B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I L 2.870.2042.870.2042.870.2042.870.2042.870.204 33.747.29733.747.29733.747.29733.747.29733.747.297 21.039.15921.039.15921.039.15921.039.15921.039.159 11.52111.52111.52111.52111.521 6.9826.9826.9826.9826.982 6 0 , 66 0 , 66 0 , 66 0 , 66 0 , 6

REGIÃO NORTEREGIÃO NORTEREGIÃO NORTEREGIÃO NORTEREGIÃO NORTE 86.66086.66086.66086.66086.660 836.900836.900836.900836.900836.900 461.320461.320461.320461.320461.320 10.64810.64810.64810.64810.648 5.9255.9255.9255.9255.925 5 5 , 65 5 , 65 5 , 65 5 , 65 5 , 6Rondônia 2.230 20.168 11.536 9.044 5.173 57,2Acre 660 6.137 3.332 9.298 5.048 54,3Amazonas 1.710 21.466 12.107 12.553 7.080 56,4Roraima 5.480 63.966 35.428 11.673 6.465 55,4Pará 6.850 86.461 46.169 12.622 6.740 53,4Amapá 1.840 18.799 10.922 10.217 5.936 58,1Tocantins 67.890 619.903 341.826 9.131 5.035 55,1

REGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTEREGIÃO NORDESTE 495.370495.370495.370495.370495.370 8.114.5868.114.5868.114.5868.114.5868.114.586 5.340.1465.340.1465.340.1465.340.1465.340.146 16.58516.58516.58516.58516.585 10.92810.92810.92810.92810.928 6 5 , 96 5 , 96 5 , 96 5 , 96 5 , 9Maranhão 44.200 815.446 499.283 18.449 11.296 61,2Piauí 24.300 445.929 272.257 18.351 11.204 61,1Ceará 82.400 1.426.014 922.633 17.306 11.197 64,7Rio Grande do Norte 19.780 310.961 221.556 15.721 11.201 71,2Paraíba 32.690 471.521 333.798 12.851 9.098 70,8Pernambuco 89.000 1.619.355 1.046.640 18.195 11.760 64,6Alagoas 8.950 155.014 102.495 17.320 11.452 66,1Sergipe 25.840 427.600 293.026 16.548 11.340 68,5Bahia 168.210 2.442.746 1.648.458 14.522 9.800 67,5

REGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTEREGIÃO SUDESTE 890.974890.974890.974890.974890.974 9.497.2239.497.2239.497.2239.497.2239.497.223 6.223.4026.223.4026.223.4026.223.4026.223.402 11.30811.30811.30811.30811.308 7.1107.1107.1107.1107.110 6 2 , 96 2 , 96 2 , 96 2 , 96 2 , 9Minas Gerais 293.400 3.429.553 2.055.560 11.689 7.006 59,9Espírito Santo 65.774 620.775 411.088 9.439 6.250 66,2Rio de Janeiro 76.800 1.121.050 639.974 14.597 8.333 57,1São Paulo 445.000 4.325.845 3.116.780 9.507 6.850 72,1

REGIÃO SULREGIÃO SULREGIÃO SULREGIÃO SULREGIÃO SUL 1.195.4401.195.4401.195.4401.195.4401.195.440 13.696.40513.696.40513.696.40513.696.40513.696.405 8.521.6248.521.6248.521.6248.521.6248.521.624 11.22211.22211.22211.22211.222 6.9136.9136.9136.9136.913 6 1 , 66 1 , 66 1 , 66 1 , 66 1 , 6Paraná 62.300 615.088 411.180 9.873 6.600 66,8Santa Catarina 134.340 1.660.039 934.066 12.357 6.953 56,3Rio Grande do Sul 998.800 11.421.278 7.176.378 11.435 7.185 62,8

REGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTEREGIÃO CENTRO-OESTE 201.760201.760201.760201.760201.760 1.602.1831.602.1831.602.1831.602.1831.602.183 1.053.6671.053.6671.053.6671.053.6671.053.667 7.9417.9417.9417.9417.941 5.2225.2225.2225.2225.222 6 5 , 86 5 , 86 5 , 86 5 , 86 5 , 8Mato Grosso do Sul 61.400 505.322 303.009 8.230 4.935 60,0Mato Grosso 12.180 89.620 58.647 7.358 4.815 65,4Goiás 116.500 914.525 623.741 7.850 5.354 65,9Distrito Federal 11.680 92.716 68.270 7.938 5.845 73,6

FONTE: Christofidis, Demetrios. (2000).

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manejo das águas em zonas de agricultura desequeiro, o suprimento de água para a cria-ção de animais, aproveitamentos pesqueirosde águas interiores e agrossilvicultura. Al-cançar a segurança alimentar constitui umaalta prioridade em muitos países e a agricul-tura não deve apenas proporcionar alimen-tos para populações em crescimento, mastambém economizar água para outras finali-dades”.

O dilema atual relativo ao crescente uso daágua para produzir alimentos é o seguinte:a) retirar água da agricultura irrigada para aten-

der ao crescimento urbano, à produção in-dustrial e às exigências ambientais que sãocada vez maiores;

b) melhorar a eficiência dos métodos dos sistemasde irrigação e do manejo da agricultura irrigadae da drenagem agrícola, para manter a compe-titividade e a expansão das áreas produtoras dealimentos com menor dotação de água.

As propostas emergentes de alternativas aodesenvolvimento sustentável da irrigação são deincentivo à reconversão de sistemas de irrigação,que atualmente apresentam baixa eficiência, paramétodos de irrigação adaptados a cultivos demaior retorno e apropriados ao uso racional deenergia e água. Nessa transformação, surgem,com maior vantagem, os equipamentos de maiorfacilidade de controle, os de manejo adequadodos sistemas de irrigação por superfície, os queelevam a uniformidade de aplicação de água,como os por aspersão, e os de irrigação localizadacomo gotejamento e microaspersão (Quadro 9).

As expansões das áreas irrigadas ocorrerão,com maiores chances de sucesso, se os equipa-

mentos, máquinas e implementos acompanha-rem as melhorias de eficiência no uso de águas eas reais capacidades de aquisição dos agriculto-res a partir dos benefícios advindos da adoçãodos novos equipamentos.

No caso brasileiro, as atividades imediatas,associadas à otimização da irrigação, com maiorpossibilidade de sucesso são:a) a reconversão de áreas atualmente irrigadas

ao nível parcelar (on-farm), a métodos e siste-mas mais apropriados como a fruticulturairrigada, em especial na região Nordeste,onde se estima possível incrementar o uso deuma área de 820 mil hectares em solos, queapresentam potencialidade para irrigação coma mesma água que atualmente é utilizadapara irrigar 500 mil hectares; e

b) a expansão da produção agrícola sob irriga-ção, sob domínio de sistemas existentes, per-mite o aumento da área atual irrigada em25%, ou seja, em cerca de 800 mil hectares,apenas com a melhoria de eficiência de con-dução, distribuição e aplicação de água.

Dentre os pontos de grande representatividadeno processo de transformação produtiva e mo-dernização tecnológica, com uso de máquinas,tubulações, equipamentos e implementos ade-quados às áreas de irrigação, além de transfor-mação, dentro do próprio setor industrial e co-mercial, alguns aspectos devem ser motivo deaprofundamento.

Como parte da solução, citam-se as necessi-dades de substituição dos métodos de irrigaçãode baixa eficiência no uso da água que levam auma dotação de água superior ao dobro do que arequerida pelos cultivos. Assim, uma ênfase naexpansão das áreas irrigadas será em equipa-

QUADRO 9QUADRO 9QUADRO 9QUADRO 9QUADRO 9 – Métodos, Sistemas e Tipos de Irrigação

M É T O D O D E I R R I G A Ç Ã OM É T O D O D E I R R I G A Ç Ã OM É T O D O D E I R R I G A Ç Ã OM É T O D O D E I R R I G A Ç Ã OM É T O D O D E I R R I G A Ç Ã O S I S T E M A D E I R R I G A Ç Ã OS I S T E M A D E I R R I G A Ç Ã OS I S T E M A D E I R R I G A Ç Ã OS I S T E M A D E I R R I G A Ç Ã OS I S T E M A D E I R R I G A Ç Ã O T I P O D E I R R I G A Ç Ã OT I P O D E I R R I G A Ç Ã OT I P O D E I R R I G A Ç Ã OT I P O D E I R R I G A Ç Ã OT I P O D E I R R I G A Ç Ã O EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUAEFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUAEFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUAEFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUAEFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA

S u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i eS u p e r f í c i e Inundação Tabuleiro retangular, tabuleiro em contorno (em curva de nível) 45-70Faixas 50-75Sulcos Sulco comum (retilíneo), sulco em contorno, sulco em tabuleiro,

sulco em ziguezague, em corrugação. 40-70

A s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã oA s p e r s ã o Convencional portátil 60-75semi-portátil 60-75permanente 70-80

Autopropelido 60-70Ramal volante 60-85Pivô central tradicional, LEPA (low energy, precise application) 70-90Deslocamento linear com deslocamento lateral, com deslocamento longitudinal 70-90

LocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizadaLocalizada Gotejamento 85-95Microaspersão 80-90Tubos perfurados, porosos e outros (xique-xique, jato pulsante, potejamento, cápsulas porosas) 75-95

Subsuperficial , Subter-Subsuperficial , Subter-Subsuperficial , Subter-Subsuperficial , Subter-Subsuperficial , Subter- Com Lençol Freático Estável Por tubulação subterrânea ou valetas em nível parcelar; 40-70rânea ou rânea ou rânea ou rânea ou rânea ou SubirrigaçãoSubirrigaçãoSubirrigaçãoSubirrigaçãoSubirrigação Com Lençol Freático Variável Por tubulação subterrânea ou valetas em nível parcelar; 50-75

Agricultura irrigada pode ser definida como sendo a agricultura em que o suprimento de água é manejado por meios artificiais, por método, sistema e tipo de irrigação, envolvendo ocontrole de água, e inclui a drenagem agrícola para retirar o excesso de água ou controle da salinidade, no caso, em regiões áridas e semi-áridas.

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mentos e tecnologias que permitam melhor ma-nejo e maior controle sobre o uso da água, e quelevem ao aumento de produtividade e reduçãodos custos de operação e de manutenção, aumen-tando a competitividade dos produtos oriundosda agricultura irrigada, pela redução do consu-mo de energia e das perdas de água.

Os custos de investimento da irrigação priva-da, dentro da parcela (on-farm), em geral, sãoinferiores e variam de US$ 650/ha para os siste-mas tradicionais de irrigação por superfície, atéUS$2,300/ha para a irrigação por gotejamento.Os custos das outras tecnologias são de aproxi-madamente US$ 1,450/ha para os sistemas deaspersão; US$1,600/ha para os sistemas de pivôcentral; e para sistemas autopropelidos.

As melhorias nos projetos envolvidos comagricultura irrigada são de toda ordem. Há medi-das estruturais e não-estruturais, além do instru-mental, do ponto de vista físico-técnico, tecnoló-gico, materialista. Há aspectos humanos, psico-lógicos, institucionais, organizacionais e legais.Há os relacionados com as lavouras, com ossolos, com o clima, com o ser humano e aquelesrelacionados com o meio ambiente e com a dinâ-mica de evolução humana, entre outros. Isto é,uma série de aspectos que passarão a compor a

1 .1 .1 .1 .1 . Seleção e reprodução de variedadesde cultivos com alta produtividade porágua utilizada.

2 .2 .2 .2 .2 . Consórcio de cultivos e plantio nos in-tervalos entre fileiras para melhor apro-veitamento da umidade do solo.

3 .3 .3 .3 .3 . Melhoria na adequação dos cultivos àscondições climáticas e à qualidade daágua disponível.

4 .4 .4 .4 .4 . Seqüenciamento de plantio para maxi-mizar a produção em condições de so-los e águas salinas (semi-árido).

5 .5 .5 .5 .5 . Adoção de cultivos tolerantes sob con-dições de escassez ou não garantia dedisponibilidade de água.

6 .6 .6 .6 .6 . Sistematização dos solos para melho-ria de uniformidade de aplicação daágua e redução de vazões na irrigaçãopor superfície.

7 .7 .7 .7 .7 . Melhorias de condução de água noscanais, de maneira que atendam a ca-lendários pré-determinados por setor.

8 .8 .8 .8 .8 . Defasagem dos plantios e variação noscultivos para reduzir a exigência simul-

de água, plantio direto e irrigação al-ternativa.

1 6 .1 6 .1 6 .1 6 .1 6 . Melhoria na manutenção dos canais,tubulações, reservatórios e equipamen-tos.

1 7 .1 7 .1 7 .1 7 .1 7 . Reciclagem de água dos drenos e dostrechos finais (com adequado manejo).

1 8 .1 8 .1 8 .1 8 .1 8 . Uso conjuntivo de água (água de su-perfície e água subterrânea).

1 9 .1 9 .1 9 .1 9 .1 9 . Formação de organizações de usuáriosde águas para melhoria do envolvimen-to dos irrigantes e aplicação de instru-mentos econômicos.

20.20.20.20.20. Redução dos subsídios nos preços daágua para irrigação e adoção de preçospara a água que induzam a conservação.

2 1 .2 1 .2 1 .2 1 .2 1 . Incentivo à disseminação de tecnolo-gias eficientes de otimização e inter-câmbio tecnológico entre o setor pú-blico e o privado.

2 2 .2 2 .2 2 .2 2 .2 2 . Melhoria na capacitação, treinamentoem serviço e nos métodos de dissemi-nação de tecnologia e de conscientiza-ção dos irrigantes.

QUADRO 10QUADRO 10QUADRO 10QUADRO 10QUADRO 10 – Medidas para melhoria da produtividade da água na agricultura irrigada

tânea de água, ao longo dos distintosdesenvolvimentos dos cultivos.

9 .9 .9 .9 .9 . Criação de bacias de indução à infiltra-ção da água no solo e redução do esco-amento superficial.

1 0 .1 0 .1 0 .1 0 .1 0 . Uso de aspersores mais eficientes e me-lhor uniformidade de aplicações, maisprecisas e com menores pressões, redu-zindo perdas por evaporação e em de-corrência decorrentes de velocidadesde ventos elevadas.

1 1 .1 1 .1 1 .1 1 .1 1 . Adoção da irrigação localizada para re-dução de perdas de evaporação, porperculação profunda e melhoria da pro-dutividade.

1 2 .1 2 .1 2 .1 2 .1 2 . Melhorias nos calendários agrícolas, as-sociando-os com a disponibilidade deágua e de mercado.

1 3 .1 3 .1 3 .1 3 .1 3 . Aperfeiçoamento das operações no sis-tema de irrigação para fornecimento deágua programada.

1 4 .1 4 .1 4 .1 4 .1 4 . Aplicação da água, conforme a fase dedesenvolvimento de cada cultivo.

1 5 .1 5 .1 5 .1 5 .1 5 . Adoção de métodos de conservação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHRISTOFIDIS, D. “Disponibilidade de água nos pólos de desenvolvimento parafruticultura irrigada no Nordeste”. In: Disponibilidade de água e fruticulturairrigada no Nordeste (org. Donald Sawyer). Instituto Sociedade, População eNatureza/CNPq/FUNAPE, UFG, Brasília, 2001, p. 45-60.

CHRISTOFIDIS, D. “Water, irrigation and food crisis” in Water Resources Development,vol. 14. nº 13, 405-415, Carfax Publisching Ltd., London, 1998.

CHRISTOFIDIS, D. “Olhares sobre a Política de Recursos Hídricos no Brasil: O caso dabacia do rio São Francisco”, CDS/UnB, Brasília, dezembro, 2001, 430 p.

CHRISTOFIDIS, D. Considerações sobre conflitos e uso sustentável em recursos hídri-cos, em Conflitos e uso sustentável dos recursos naturais, Suzi Huff Theodoro (org),Garamont, Brasília, 2002.

FALKENMARK, M. e WIDSTRAND, C., 1992, Population and water resources: a delicatebalance. Population Bulletin (Anais Congresso. ABRH - Recife). “Aspectos deSustentabilidade e Vulnerabilidade dos Recursos Hídricos - stress hídrico”.

FAO - Food and Agricultural Organization of the United Nations, The state of food andagriculture: 2000, Lessons from the past 50 years. Roma, 2000, p. 329 (ISB 92-5-104400-7 ISSN 0081-4539).

FAO - Food and Agricultural Organization of the United Nations, The ProductionYearbook. Rome, (dados colhidos do site da FAO, de 2001).

POSTEL, Sandra. “Redesigning irrigated agriculture” in State of the World 2000: (org.Lester Brown), 2000.

WWW: World Water Vision: 2000 “A Water Secure World, - Vision for water, life andenvironment”. World Water Comission Report, Inglaterra, Thamer Press, 2000, 70 p.

FONTE: Ampliado e adaptado à situação brasileira por Christofidis, Demetrios (2001), a partir de Postel (2000).

agenda dos empreendimentos de irrigação e deagricultura que pretendam alcançar elevado pa-drão de sustentabilidade ambiental associadosao desenvolvimento humano (Quadro 10). �

2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 55

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Item – Como o senhor vê o papeldesempenhado pelo agricultorem relação ao uso competitivoda água?Antônio Félix Domingues –ÁGUA, um bem público, um re-curso natural limitado, dotadode valor econômico – está pre-sente em múltiplas atividades dohomem, sendo utilizada para asmais diversas finalidades. Com aexpansão dos centros urbanos, aintensificação da industrializa-ção e a ampliação da agriculturairrigada é crescente a demandapor água, quer para consumodireto, quer para a utilização emdiversas fases da produção, oupara usos não consuntivos (lazer,paisagismo), acirrando a com-petição. Além disso, a qualidadedos mananciais vem decrescen-do rapidamente pela ação antró-pica. No Brasil, no âmbito dosrecursos hídricos derivados dosmananciais, a agricultura irriga-da é a principal usuária, respon-sável pelo uso de, aproximada-mente, 63% do volume total, sen-

do para uso doméstico, urbano erural (18%), industrial (14%) e adessedentação de animais (5%).Portanto, o agricultor tem umpapel de destaque na gestão dosrecursos hídricos por ser o prin-cipal usuário.

Item – Ele seria mesmo o quese denomina um “produtor deáguas”?Antônio Félix Domingues – Nãoexatamente. O agricultor é con-siderado mais um usuário deágua (por exemplo o irrigante, opecuarista etc.). Entretanto, amaior parte das áreas de recargados aqüíferos encontra-se no es-paço rural, nas áreas de agricul-tura e nas áreas com vegetaçãonatural. Se este agricultor adotapráticas conservacionistas, comoo terraceamento, o plantio dire-to, a conservação de estradas ecaminhos e a proteção das matasciliares e de topo, dentre outras,os recursos hídricos da bacia se-rão beneficiados. Do contrário,poderão ocorrer impactos negati-

E N T R EAAAAANTÔNIONTÔNIONTÔNIONTÔNIONTÔNIO F F F F FÉLIXÉLIXÉLIXÉLIXÉLIX

DDDDDOMINGUESOMINGUESOMINGUESOMINGUESOMINGUES

Irrigante poderá receber bônusao tornar-se um produtor de águas

A agricultura irrigada responde por uma

parcela de 63% do consumo de água e é

considerada a principal usuária, dentre

os vários setores que a utilizam. A maior

vantagem do setor é que, através de

práticas de conservação de solo e de

água, que incluem a gestão e o manejo

integrado de microbacias, o irrigante

tem condições de transformar-se num

“produtor de águas” e contribuir para a

redução do escorrimento superficial e da

erosão.

Por isso, ele poderá receber um bônus,

conforme prevê a legislação. Segundo

Antônio Félix Domingues,

superintendente de Cobrança e

Conservação da Agência Nacional de

Águas (ANA), “ o produtor rural que

provê, através de práticas e manejos

conservacionistas, benefícios para os

recursos hídricos, deve receber uma

atenção diferenciada, seguindo o

conceito provedor-recebedor. Para

tanto, programas de compensação

financeira, tais como o de incentivo ao

produtor de água, deverão ser

implantados no futuro”, considera ele.

56 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 57

vos. Dessa forma, a conservaçãoe a 'produção de água' podem seralcançadas através da gestão edo manejo integrado da micro-bacia, com a utilização de práti-cas de conservação de solo e daágua. Assim, contribui-se para aredução do escorrimento super-ficial e da erosão. Essas práticasaumentam a infiltração de águano solo; recarregam os aqüífe-ros; aumentam e estabilizam ofluxo de água dos cursos d’águaalimentados por esta bacia, epodem, também, reduzir a quan-tidade de material arrastado (só-lidos em suspensão) pelas águas,diminuir a quantidade de sedi-mentos nos cursos d’água, re-presas e lagos e contribuir para amelhoria da qualidade da água.Portanto, um programa de con-servação de solo e de água bemconduzido, no meio rural, podetrazer grandes benefícios e pode-se afirmar com segurança que aagricultura é uma das poucasatividades econômicas capaz de“produzir água” de boa qualida-de. Segundo pesquisadores daEmbrapa Milho e Sorgo, em SeteLagoas, MG, dentro de seu siste-ma de produção, o agricultorpode e deve então considerar aágua como um de seus insumos,mas também como um de seusprodutos, e seu manejo adequa-do não pode ser considerado umaetapa independente dentro doprocesso de produção agrícola,devendo ser analisado dentro docontexto de um sistema integra-do. Assim, pode-se afirmar queem muitas situações, onde se pra-ticam esses conceitos de susten-tabilidade, a agricultura vem con-tribuindo para aumentar a “pro-dução de água” e para melhorarsua qualidade, sendo assim, par-te importante da solução e nãoapenas um problema como mui-tos querem mostrar. Deveriaentão o produtor rural receberum bônus pela “produção deágua” ou disponibilização deágua de boa qualidade a jusantede sua propriedade? Se o produ-

tor rural conduz suas atividadesdentro dos princípios de susten-tabilidade e conforme as premis-sas descritas, ele poderá sim re-ceber algum tipo de recompensaou bônus. Esta afirmação contacom a sustentação legal expres-sa na Lei nº 9.433/97, em seuartigo 4º, parágrafo XVII, com aseguinte redação: “propor aoConselho Nacional de RecursosHídricos o estabelecimento deincentivos, inclusive financeiros,à conservação qualitativa e quan-titativa de recursos hídricos”.

Item – O senhor concorda queele deva ter o mesmo tratamentodispensado à indústria e demaisusuários da água?

Antônio Félix Domingues – Pe-rante a legislação, e mais especi-ficamente, às leis nº 9.433/97 enº 9.984/2000, nos rios de domí-nio da União e segundo as res-pectivas leis estaduais, no casodos rios de domínio dos Estados,todos os usuários de água emuma bacia têm os mesmos direi-tos e deveres. A cobrança vemsendo implementada pela ANA epor alguns Estados em baciaspiloto, com muito critério e deforma participativa, envolvendoos usuários, os comitês de baciae a sociedade em geral. Na práti-ca, o agricultor, cuja atividadeagrícola, pecuária ou florestal,tende a agregar pouco valor à

água utilizada, paga menos pelaágua bruta do que um industrial,cujo produto possui alto valoragregado. Assim, as tarifas deágua bruta tendem a ser diferen-ciadas. Exemplo disso é o estadodo Ceará, onde o industrial daregião metropolitana de Fortale-za paga R$ 0,67/m³ de água bru-ta, enquanto o produtor rural doVale do Jaguaribe paga algo emtorno de R$ 0,01 pelo mesmometro cúbico. A tarifação dife-renciada e a cobrança são, entre-tanto, instrumentos disciplina-dores e incentivadores ao usoracional da água. Entretanto,cabe ao Conselho Nacional deRecursos Hídricos estabelecer di-retrizes complementares paraimplementação da Política Naci-onal de Recursos Hídricos, apli-cação de seus instrumentos e atu-ação do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hí-dricos; cabendo aos comitês debacia, entre outras atribuiçõesprevistas na lei, propor ao Con-selho Nacional e aos ConselhosEstaduais de Recursos Hídricosas acumulações, derivações, cap-tações e lançamentos de poucaexpressão, para efeito de isençãoda obrigatoriedade de outorgade direitos de uso de recursoshídricos, de acordo com os do-mínios destes; estabelecer os me-canismos de cobrança pelo usode recursos hídricos e sugerir osvalores a ser cobrados.

Item – Qual é a importância dosistema de Plantio Direto nesseprocesso de produção de alimen-tos, conservação do solo e pre-servação dos recursos hídricos?Antônio Félix Domingues – Osistema de Plantio Direto apre-senta duas grandes vantagens emrelação à preservação dos recur-sos hídricos: a primeira é umasignificativa redução da erosãona gleba e, conseqüentemente,da sedimentação (assoreamento)dos cursos d’água. Essa reduçãochega, em alguns casos, a 90%da erosão proporcionada pelo

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preparo convencional. A segun-da vantagem é a redução do es-coamento superficial e o aumen-to da infiltração. Essa infiltraçãoexcedente irá contribuir, em umprimeiro momento, para o au-mento da disponibilidade de águano solo, reduzindo os riscos deperdas de safra por veranicos e,num segundo, no aumento darecarga dos aqüíferos e no au-mento da vazão dos rios nos perí-odos de estiagem. As vantagensdo sistema de Plantio Direto sãomuitas, tanto do ponto de vista daredução dos custos de produção,quanto dos ganhos ambientais.Seus efeitos benéficos, segundo apesquisa e a APDC, aplicam-setanto à agricultura de sequeiroquanto à irrigada. Entretanto, naagricultura irrigada traz ainda avantagem da economia do volu-me de água aplicado e a corres-pondente economia de energia.

Item – Os diversos Estados daFederação têm diferentes políti-cas estaduais de recursos hídri-cos. O estado do Paraná, porexemplo, prevê que o setor agrí-cola não irá pagar pelo uso daágua, os irrigantes da Bahia quei-xam-se pelo fato de estarem ex-cluídos dessa discussão, enquan-to que, em Minas Gerais, a águadeverá ser avaliada como umacommodity. Qual é a sua visãosobre esse assunto?Antônio Félix Domingues – Con-forme discutido anteriormente,a ANA atua na gestão dos recur-sos hídricos de domínio da União,cabendo aos Estados atuaremnaqueles sob o seu domínio. En-tretanto, as questões relaciona-das com a gestão dos recursoshídricos são discutidas a priori

pelos usuários e os respectivoscomitês de bacias e, daí, encami-nhadas aos Conselhos Estaduaisou Nacional para aprovação, àluz da legislação e das resolu-ções desses Conselhos.

Item – Como a ANA vê o papeldesempenhado pelo produtor

que utiliza a irrigação, em rela-ção à conservação dos recursoshídricos e ao meio ambiente? Antônio Félix Domingues – Oirrigante é geralmente um pro-dutor tecnificado, que busca au-mentar sua produtividade com airrigação, o que é louvável. En-tretanto, o irrigante deve seguiros critérios legais e técnicos, paraque o uso da água não crie confli-tos de uso e não coloque em riscoo meio ambiente. Para tanto, todoo projeto de irrigação deve teruma outorga de direito de uso deágua, fornecida pelo órgão esta-dual ou federal (dependendo dadominialidade do recurso hídri-co), ser corretamente dimensio-nado, em função das necessida-

des da cultura, e utilizar as prá-ticas agrícolas adequadas, paranão comprometer a qualidadedos recursos hídricos.

Item – O setor de máquinas eequipamentos para a irrigaçãotem considerado que, a cada dia,aumenta o número de grandes emédios produtores que já utilizada irrigação para a compra denovos equipamentos, enquantoque o chamado pequeno produ-tor não se anima, devido às difi-culdades burocráticas para aobtenção da outorga para o usoda água. Os setores de financia-mento agrícola têm dado prefe-rência a quem tem mais irriga-ção e, portanto, mais crédito.

Como o senhor analisa esta situ-ação? O governo está preocupa-do com isso?Antônio Félix Domingues – Aoutorga pelo direito de uso daágua é um poderoso instrumentode gestão de recursos hídricos,previsto na Constituição Federalde 1988, estabelecido na Lei nº9.433/97 e nas leis estaduais quetratam da Política de RecursosHídricos nos Estados. Esse e ou-tros instrumentos de gestão derecursos hídricos já vêm sendoutilizados com sucesso por váriasdécadas nos países mais desen-volvidos como a França, Alema-nha, Estados Unidos e muitosoutros. A ANA e as instituiçõesestaduais vêm-se instrumentan-do para a melhoria do atendi-mento ao usuário no processo deconcessão da outorga, buscandosimplificar os procedimentos ad-ministrativos e através dainformatização reduzir os prazose organizar as bases de dados.Quanto à afirmativa sobre as difi-culdades impostas aos pequenosprodutores, pelos agentes finan-ceiros, desconhecemos o assuntoe sugerimos que essas questõessejam levadas aos foros adequa-dos, através de seus representan-tes, e que as instituições de crédi-to rural ajustem seus procedimen-tos para atender a legislação e aosinteresses dos produtores.

Item – Como o senhor vê a irri-gação no processo de depuradorade águas servidas, no lugar deestações de tratamento? Quaisseriam as possibilidades de usoe suas limitações?Antônio Félix Domingues – Autilização de águas servidas e dealguns efluentes industriais atra-vés da irrigação já ocorre emalgumas regiões, mas geralmen-te passam por algum tipo de tra-tamento ou depuração. Portan-to, não exclui totalmente as esta-ções de tratamento. Esses efluen-tes possuem características mui-to diferentes dependendo de suaorigem como, por exemplo:

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efluentes de esgotos domésticos,efluentes industriais como avinhaça, efluentes de dejetos dasuinocultura e outros. Essesefluentes, além de possuírem emsua composição nutrientes paraas plantas podem também apre-sentar elementos tóxicos, comometais pesados. Portanto, a utili-zação desses efluentes deve serfeita com muito critério, levan-do-se em conta a sua composi-ção, as quantidades máximas queo solo ou determinada culturapode suportar para evitar possí-veis danos ambientais. No en-tanto, em nenhuma dessas situa-ções a utilização das águas servi-das ou efluentes substitui com-pletamente as estações de trata-mento. Esses efluentes devempassar por algum tipo de trata-mento nem que seja apenas umalagoa de sedimentação, antes deser utilizados na agricultura comofertilizantes. Como já foi dito, es-sas águas servidas ou efluentestratados apresentam uma diver-sidade muito grande em sua com-posição, portanto, sua utilizaçãoirá depender dessa composição ede resultados de pesquisa mos-trando sua viabilidade.

Item – Como deve proceder oirrigante “produtor de águas”?Qual é o seu perfil? Qual é operfil do irrigante brasileiro esuas características gerais?Antônio Félix Domingues – O“produtor de água” é aquele pro-dutor rural ambientalmenteconsciente que, apesar de utili-zar os recursos naturais, o faz demaneira correta e sustentável,sem degradar o solo e a água. Oirrigante, além de buscar a raci-onalização do uso da água nairrigação, deverá utilizar tam-bém tecnologias e práticas paraa conservação do solo e da águavisando à conservação qualitati-va e quantitativa dos recursoshídricos. Entenda-se como raci-onalização do uso da água nairrigação o conjunto de tecnolo-gias que inclui, desde a escolha

adequada do método e do siste-ma de irrigação, o correto di-mensionamento do sistema e dosequipamentos, a otimização daeficiência da irrigação atravésde práticas de manejo e sistemasde produção e rotação de cultu-ras desenvolvidas para as condi-ções de agricultura irrigada. Operfil desse produtor é de umcidadão consciente dos proble-mas ambientais e de seu papel,para assegurar a sustentabilida-de da atividade agrícola para asua e para as próximas gerações.Esse produtor utiliza alta tecno-logia e está atento às mudanças eàs tendências de mercado emnível nacional e internacional.Quanto ao perfil dos irrigantesbrasileiros temos que levar emconta, principalmente, duas ca-tegorias: os irrigantes nos perí-metros públicos de irrigação e osparticulares. Os primeiros, ge-ralmente estão organizados emdistritos de irrigação ou associa-ções de irrigantes, que utilizamestruturas coletivas de captaçãoe condução, que tratam tambémda operação e da manutençãodesses perímetros e, na maioriadas vezes, da comercialização dosprodutos. Na maioria desses pe-rímetros públicos, prevalece apresença de pequenos produto-res com um grau de escolaridadede baixo a médio, sujeitos aosproblemas operacionais nessesperímetros, com pouco nívelorganizacional e baixa assistên-cia técnica. Entretanto, em al-guns desses perímetros públicosde irrigação existem áreas em-presariais, onde são utilizadastecnologias avançadas na con-dução dos sistemas de produçãoe do manejo da irrigação. Quan-to aos particulares, o perfil émuito diverso, desde pequenosirrigantes com baixo nível tec-nológico e pouco recurso finan-ceiro, a grandes produtores ouempresas com maior disponibi-lidade de recursos financeiros ecom maior facilidade de acesso àtecnologia. Entretanto, com ex-

ceção de alguns poucos produto-res e empresas que utilizam tec-nologia avançada, visando à ex-portação, a maioria não utilizanenhuma prática de manejo deirrigação, com grande desperdí-cio de água e energia. Dentre osprincipais problemas encontra-dos na agricultura irrigada me-recem destaque a baixa taxa deutilização de técnicas de manejode irrigação, com desperdício deágua e de energia, e a utilizaçãode sistemas de produção e detecnologias desenvolvidas paraa agricultura de sequeiro.

Item – Como a ANA vê a práticade técnicas agrícolas como oPlantio Direto em relação à con-

2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 59

FOTO EVERARDO MANTOVANI

servação do meio ambiente e àprática da irrigação?Antônio Félix Domingues – AANA acredita que qualquer prá-tica conservacionista que tragabenefícios para os recursos hí-dricos, tais como o Plantio Dire-to, é bem-vinda. Para tanto, aANA está desenvolvendo um pro-grama de incentivo à adoção des-se tipo de prática em bacias, ondehá mananciais. No caso da irri-gação, a ANA incentiva os irri-gantes a atenderem à legislação(por exemplo, outorga) e a ado-tarem práticas conservacionis-tas, de forma que garanta a sus-tentabilidade de sua produção,bem como a água para os outrossetores usuários. �

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60 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

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sse esforço é traduzido na forma de umprograma do CGIAR denominado “Global

Challenge Program” ou Programa de DesafiosGlobais. Com esse esforço, o principal objetivo dosistema CGIAR é definir uma agenda de prioridades,além de instrumentos de mobilização de seus centros,parceiros, clientes e beneficiários, em busca daconvergência para o esforço de inovação agropecuáriaem escala global.

A partir de ampla mobilização em torno detemas complexos, que exigem concurso de múlti-plas instituições e competências, como acesso,valoração e uso de recursos genéticos, qualidade esegurança de alimentos, uso sustentável de recur-sos naturais, dentre outros, o CGIAR espera catalisar

a organização de redes multidisciplinares de inova-ção, com elos em diferentes continentes e países,integrados por modelos de gestão, que permitamatuação sinérgica para alcance de objetivos co-muns.

Nesse momento, várias redes piloto estão emfase de organização, dentre elas a denominada“Water and Food” (Água e Alimento), cuja organiza-ção é coordenada pelo Instituto Internacional deManejo de Água (International Water Management

Institute - IWMI), localizado no Sri Lanka. A Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)vem participando ativamente da discussão e elabo-ração da rede “Water and Food”, que deverá serapresentada ao Conselho Científico do CGIAR, em

Brasil participa de redeinternacional em P&D

para produtividade e usocompetitivo da água

Brasil participa de redeinternacional em P&D

para produtividade e usocompetitivo da água

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CHEFE DO DEPARTAMENTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

DA EMBRAPA – E-MAIL: [email protected]

O Grupo Consultivo

Internacional em Pesquisa

Agropecuária (CGIAR), órgão

vinculado ao Banco Mundial, que

integra 16 centros internacionais

de pesquisa agropecuária, vem

realizando nos últimos dois anos

uma série de ajustes no seu

modus operandi para priorização

de ações e concentração de

esforços em temas de alta

importância estratégica para a

agropecuária mundial.

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2º trimestre 2002 • Nº 54 • ITEM 61

FOTO EVANDRO RODNEY (IEF/MG)

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julho deste ano, e lançada, oficialmente, no segun-do semestre, durante as solenidades da Rio +10, emJohanesburgo, África do Sul.

A lógica que move a discussão da Rede Água eAlimento está centrada no desafio de se produziralimento com menor quantidade de água, uma vezque a disponibilidade desse recurso para a agricul-tura deverá, cada vez mais, ser balanceada comoutros usos, como produção de energia, consumourbano e serviços ambientais diversos. Esses desa-fios requerem, portanto, aumentos substanciais naprodutividade da água utilizada na agricultura e acompreensão, cada vez maior, de que o uso compe-titivo da água é um conceito que veio para ficar.

A Rede Água e Alimento está sendo construída apartir da integração de capacidades em pesquisa edesenvolvimento e em transferência tecnológicapara atuar em um período de 10 a 15 anos, prazonecessário para alcançar-se os objetivos propostos.

geográfico é composto de um conjunto de 11 baciashidrográficas piloto (“benchmark basins”), que emfases posteriores será ampliado até que o projetoatinja uma escala global. Através das áreas temáticase experiências de manejo nas bacias de referência,pretende-se compor um portfolio de projetos depesquisa centrados em produtividade do recursoágua, composto a partir de um sistema competitivo,com definição de temas relevantes para cada bacia,chamada de projetos via edital, avaliação de méritostécnicos e estratégicos por comitês de alto nível,acompanhamento, avaliação e síntese de resultados.

As áreas temáticas são desenhadas, de modo aintegrar massa crítica e suporte metodológico, volta-dos ao manejo e uso sustentável do recurso água nasbacias hidrográficas de referência e estão concentra-das em “Crop Water Productivity Improvement”,“Multiple Uses of Upland Watersheds”, “Ecosystems,

Fisheries and Wetlands”, “Water Institutions and Po-

licies” e “Integrated Water Resources Management”.

As bacias hidrográficas de referência (“benchmark

basins”), escolhidas para a fase inicial do projetosão: a Bacia do Rio São Francisco (Brasil), a BaciaIndu-Gangética (Índia, Paquistão e Bangladesh), aBacia do Rio Limpopo (África do Sul), Bacia do RioAmarelo (China), a Bacia do Rio Nilo (Burundi,República Democrática do Congo, Egito, Eritréia,Etiópia, Kênia, Rwanda, Sudão, Tanzânia e Uganda),a Bacia do Rio Karkheh (Irã), a Bacia do Rio Mekong(Camboja, Laos, Myanmar, Tailândia, Vietnã e Chi-na), a Bacia do Rio Ulua (Honduras), a Bacia do RioVolta (Burkina Faso, Gana, Costa do Marfim, Benin,Niger, Togo e Mali), a Bacia “Virtual dos Andes”(Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Argentina e Chile)e a Bacia do Rio Amu Darya (Turkmenistão, Tajiquistão,Uzbequistão, Kyrgyzstão e Afeganistão). O objetivo éorganizar e integrar as experiências em curso noâmbito dessas bacias piloto, induzir trabalhos depesquisa e transferência em áreas prioritárias eestabelecer um amplo trabalho de compartilha-mento de informações e experiências.

A inserção do Brasil nessa rede internacional,através da Embrapa e seus parceiros, será umaexcelente oportunidade para estabelecimento decooperação com um grande número de especialis-tas, que trabalham em diversos países nos maisvariados aspectos relacionados a produtividade euso competitivo da água. A Embrapa estará, embreve, mobilizando seus parceiros na busca deintegração dos esforços em curso e indução de pro-jetos no âmbito da Bacia do Rio São Francisco.

Para maiores informações, contate o Departa-mento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa,em Brasília. Informações sobre a rede Água e Ali-mento poderão ser acessadas na página doInternational Water Management Institute, no ende-reço http://www.cgiar.org/iwmi/challenge-program/index.htm. �

62 ITEM • Nº 54 • 2º trimestre 2002

FOTO ARGUS SATURNINO

A fase I da rede, constante da proposta inicial a serapresentada ao Banco Mundial e outros financiado-res, cobre um período inicial de cinco anos.

A expectativa é que o investimento inicial de U$75 milhões catalise a captação de recursos adicio-nais, de modo a permitir a implementação da agendada pesquisa nas fases seguintes, quando o programaampliará seu escopo das áreas piloto para uma esca-la global. As primeiras estimativas são de que osU$75 milhões de investimentos iniciais do CGIARcatalisarão de imediato a captação de outros U$50milhões, através de iniciativas locais ou nacionaisdas 18 instituições que são parceiras no projeto.

A Rede Água e Alimento adota um modelo degestão matricial, que prioriza focos temáticos egeográficos. O foco temático da rede é composto decinco áreas de pesquisa interrelacionadas. O foco

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FOTO ARGUS SATURNINO

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e acordo com dados da Food andAgricultural Organization (FAO), órgãodas Nações Unidas para a agricultura, o

Brasil teria de 2,7 a 3 milhões de hectares irriga-dos em 1998, de um total de 42 milhões dehectares com lavouras. Portanto, mesmo semtradição, a irrigação brasileira já corresponde acerca de 7% da área total de plantio.

O balanço do processo brasileiro, segundoJosé Simas, inclui sucessos e falhas, tanto nairrigação pública como na privada. Mas trouxemuitas lições. A primeira conquista foi o equilí-brio da oferta de alimentos básicos e até mesmode frutas, não se restringindo mais às da estação.Foi absorvendo as lições que se chegou ao estádioatual - uma agricultura irrigada eficiente e pro-dutiva, capaz de gerar empregos e renda, e remu-nerar os investimentos. E o que é mais importan-te, com grandes perspectivas de expansão emdiferentes setores e regiões. A chave para o cres-cimento, destaca o técnico do Banco Mundial, éaumentar a eficiência do uso da água. E princi-palmente, desenvolver a cadeia produtiva doagronegócio.

Para ele, ampliar o número de hectares irri-gados não é tão significativo como aumentar aprodutividade e a rentabilidade da água. “Aoinvés de expandir a área, deve-se consolidar aque já existe, garantir a rentabilidade do agrone-gócio. Falar em toneladas de produtos e nãoapenas em hectares irrigados, direcionar o em-preendimento para a especialização em produtosnobres, de maior valor agregado”.

Estar voltado para o mercado. Essa é uma dasvantagens que ele aponta no novo modelo deirrigação brasileiro. “Até agora, a irrigação eraum mecanismo de produção, não necessaria-mente de produto. O pragmatismo do novo mo-delo desloca o enfoque para produtos com viabi-lidade de mercado, para o agronegócio, na pers-pectiva de uma cadeia produtiva”. De acordocom o novo paradigma, conhecer os elementospositivos e os restritivos possibilita ao produtorminimizar os riscos e dar mais sustentabilidadeà atividade.

O que precisa ser considerado, insiste o técni-co do Banco Mundial, é que os cultivos de maiorvalor agregado são intensivos em capital e exi-gem uma capacitação gerencial muito maior.Mas valem a pena, porque têm efeitos sociais queultrapassam os perímetros irrigados.

A manga é emblemática nesse novo conceito.“No meu entendimento, a manga tinha umasazonalidade muito concentrada. Produzia du-rante três meses do ano, gerava empregos nesseperíodo e liberava depois um contingente de bói-as-frias. Na realidade, com a indução floral, osperímetros de irrigação produzem praticamente oano inteiro, param uns dois meses apenas paradescansar a planta. Têm produção precoce, inter-mediária e tardia, garantem empregos fixos, en-tram em nichos de mercado, avançam na exporta-ção. A tecnologia muda os paradigmas”, ressalta.

Simas aponta uma assimetria considerável nairrigação brasileira, mas salienta que ela é umelemento fundamental para a fixação do homem

Cadeias produtivas,a chave do sucesso

para o agronegócio

Por ser mais recente, a irrigação brasileira tem menos

tradição que a de outros países latino-americanos,

como México, Argentina ou Chile. Mas, certamente, ela

é um dos fatores que levaram a agricultura do Brasil à

situação de destaque que ocupa hoje no mercado

mundial. Esta é a opinião de José Simas, funcionário

do Banco Mundial na América Latina e Caribe,

especializado em gestão de recursos hídricos.

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no campo. O destaque é maior na fruticulturatropical. Enquanto um hectare de uva de mesairrigada gera quatro ou cinco empregos diretos epermanentes, a lavoura mecanizada de milhoirrigado, no Brasil Central, por exemplo, man-tém apenas um empregado para 50 hectares. “Aassimetria, portanto, é de 1 para 250, o que tornaa irrigação de frutas e hortaliças mais interessan-te do que a de grãos, no que se refere à criação depostos de trabalho”.

Ele diz que é importante lembrar que a cadeiaprodutiva começa na produção de insumos e sótermina no caixa do supermercado, na mesa doconsumidor. Ou seja, a geração de empregosextrapola os limites da produção e pode até sermaior fora da unidade produtiva. Esse ponto devista, segundo Simas, justificaria a insistência demuitos países em subsidiar a atividade agrícola.“Não se trata apenas de subsídio aos agricultores,o que se pretende é garantir a sustentabilidade detoda a cadeia produtiva, porqueela tem efeitos multiplicadoresimportantíssimos”.

Na análise de José Simas, se aintegração do agronegócio em fru-ticultura começa a se expandir noBrasil, na produção de grãos elajá é uma realidade. “Todos nóscomemos soja e milho diariamen-te, seja através do leite, de laticí-nios, da carne bovina, de aves,suínos ou defumados”. Ele citaainda o exemplo da Argentina,que procura exportar mais óleo efarelo para a preparação de con-centrados de rações animais quea soja em grão.

Atento à pauta de exportações brasileira, otécnico observa que o país pode dar um grandesalto também na produção de milho. A tendênciade expansão da indústria de carnes que se obser-va no Cerrado traz vantagens competitivas ecomparativas para o Brasil Central, impulsio-nando a agricultura irrigada na região.

Combate à pobrezaO incentivo à irrigação, segundo o técnico,

está relacionado com a linha mestra da atuaçãodo Banco Mundial no Brasil, que é apoiar ogoverno em ações que contribuam para a redu-ção da pobreza, seja ela urbana ou rural. Emparceria com diversos órgãos, a instituição atuatambém nas áreas de saúde e educação, e emoutros projetos voltados para a geração de em-prego e renda.

Juntamente com o Ministério da IntegraçãoNacional, Banco do Nordeste e Codevasf, o Ban-

co Mundial está iniciando estudos para dimen-sionar a capacidade de geração de empregos nosdiversos tipos de irrigação. Quer ainda avaliarem que medida a atividade contribui para odesenvolvimento de uma área. José Simas adian-ta que empiricamente já se observou, em diversosperímetros irrigados, melhoria nos índices deescolaridade e de nutrição. Registrou-se tambémque o nível de emprego tem reflexos mais positi-vos fora da unidade agrícola, o que fortalece oconceito de incentivo à cadeia produtiva. E o queé melhor, empregos formais e permanentes. Nafruticultura tropical, por exemplo, praticamentenão existe bóia-fria, a maioria dos trabalhadorestem carteira assinada.

Segundo Simas, já existem muitas avaliaçõeseconômicas e financeiras dos projetos de irriga-ção. O que o Banco Mundial quer é montar umquadro mais amplo, conhecer melhor e compro-var os aspectos sociais da irrigação. “É necessá-

rio analisar bem os modelos deprodução nos perímetros, a tec-nologia e os insumos aplicados,os tipos de empregos gerados, onível de salários, a qualificaçãodos trabalhadores, a parte fiscale tributária, a redistribuição derenda a partir da arrecadaçãofiscal”.

DiversidadeUma das características dos

cultivos irrigados no Brasil é adiversidade de produtos e de ti-pos de exploração. Desde a pio-neira irrigação de arroz por inun-

dação, no Rio Grande do Sul, no início do séculopassado, várias outras tipologias surgiram. JoséSimas destaca os cinturões verdes em torno dasgrandes metrópoles, onde se utilizam diversosprocedimentos de irrigação; a produção de fru-tas e hortaliças tropicais; a irrigação de biomassa,como a cana; e a irrigação complementar, emáreas sensíveis aos veranicos, onde pequenasvariações de chuva podem trazer quebras deprodução consideráveis. O complemento valesobretudo para a produção de grãos, que usageralmente sistemas mecanizados, com destaquepara os pivôs.

Outra peculiaridade brasileira é que a políti-ca de irrigação está interligada com a políticaenergética. “Nossos rios são efluentes, grandeparte das terras boas está em níveis mais altosque a oferta de água”, lembra Simas. Dependentede bombeamento, a atividade se torna intensivaem energia, o que reforça o incentivo ao uso detecnologias poupadoras de água.

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As tipologias, segundo José Simas, variamainda de acordo com a classificação dos investi-mentos – privados e públicos. A história dessesúltimos é recente, surgiram na década de 70.Neles o ordenamento territorial é feito mediante adesapropriação de terras e assentamento de pro-dutores familiares e, mais recentemente, de pe-quenas, médias e até de grandes empresas. Mas háque se considerar, diz ele, que não se pode prescin-dir da infra-estrutura pública para fazer irrigação.“Seja ela hidráulica, elétrica ou relacionada como transporte, o investimento público tem que estarpresente. Ele capitaliza investimentos privados deporte muito maior. Uma das lições que aprende-mos no Brasil é que sem os empreendimentos dosetor privado não há desenvolvimento”.

Historicamente, lembra Simas, a irrigação éum fator de desenvolvimento regional. No Méxi-co, foram os investimentos públicos em distritosde irrigação que garantiram a ocupação doterritório, nos últimos dois sé-culos. Sem a instalação dos cha-mados “distrito de riego”, o paísteria continuado a perder terri-tório, por invasão ou aquisição,para os Estados Unidos, vizinhomais desenvolvido e poderoso.“Foi uma estratégia política deocupação territorial, quase dedesbravamento, necessariamen-te subsidiada”.

Para justificar a necessidadede investimentos públicos eminfra-estrutura, principalmentenas zonas áridas, o técnico com-para o sistema de regulação dosrios brasileiros com o de outrospaíses da América Latina. Chile, Argentina ePeru, por exemplo, são favorecidos pela neve quecai na Cordilheira dos Andes. O degelo lento levaà auto-regulação periódica dos rios nessas regi-ões, o que José Simas classifica como dádiva deDeus. Já os cursos d’água brasileiros seguem umregime pluvial, exigindo grandes investimentospúblicos na construção de barragens e reservató-rios para regular a oferta de água.

No Brasil, a necessidade dessas obras de gran-de porte levou muita gente a confundir irrigaçãocom infra-estrutura e a esquecer que os investi-mentos públicos são apenas indutores. Simas dáum exemplo: o investimento público por hectaredepende da complexidade do acesso à água, danecessidade de construção de barragens. O custopode ser significativo. Mas o investimento para seformar um pomar, bancado pela iniciativa priva-da, é comparativamente muito maior.

Intensiva em energia e em capital, portantoonerosa, a irrigação para ser bem-sucedida pres-

supõe capacidade tecnológica e opção por culti-vos de alto valor agregado. Esse é outro ponto dedestaque na concepção do novo modelo nacionalde irrigação. Na análise de José Simas, a irriga-ção pública brasileira no passado insistiu emtrabalhar com culturas de baixa remuneração.Os assentamentos de pequenas unidades famili-ares não tinham capacidade tecnológica nemfinanceira para lavouras mais sofisticadas.

A melhor compreensão do papel social dairrigação mudou esse quadro, tanto nos períme-tros públicos como nos empreendimentos priva-dos. Mais ainda canalizou a vocação do semi-árido brasileiro para a produção de frutas, comouva, melão, manga e mamão, e hortaliças de altovalor, seja para consumo interno, industrial ouexportação. Já nas regiões com seis meses dechuva, como no Brasil Central, ou nas zonas detransição, como os Cerrados, prevalece a produ-ção de grãos, embora com tecnologia muito mais

moderna.Independentemente da espe-

cialização regional, José Simasgarante que o caminho para osucesso é a visão de agronegócio.É a integração da agro-indústriade transformação com as cadeiasde distribuição do mercado in-terno e de exportação que vaigarantir o crescimento da irriga-ção. E acima de tudo, atrair em-preendedores, empresários ouprodutores locais, homens comcapacidade gerencial para fazeras coisas acontecerem.

O desafio para o desenvolvi-mento da agricultura irrigada não

é mais a infra-estrutura hidráulica. É o agronegó-cio e isso passa pela pesquisa, pelo conhecimentocientífico, pelos estudos mercadológicos, pelaárea normativa, logística de transporte, cadeiade frios e muito mais. “O maior desafio é delinearas linhas de produção mais adequadas para oempreendimento, localizar as vantagens compe-titivas e comparativas. Vincular produto a mer-cado, integrar as cadeias produtivas, essa é alinha correta”, conclui Simas.

A abertura de mercados de exportação, tam-bém enfatizada no novo modelo de irrigação, traznovas perspectivas para a indústria de transfor-mação de frutas tropicais. Para o técnico do BancoMundial, isso se aplica à citricultura, hoje concen-trada em São Paulo, Minas Gerais e Paraná e compresença ainda pequena na Bahia e Sergipe. Comoo mercado asiático está-se abrindo para os cítri-cos, a conseqüência lógica é o crescimento. “Sãoprodutos que, pela natureza mercadológica dife-renciada, com base na exportação de um produto

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industrializado, têm um mercado mais firme”,pondera. A atividade tenderá a crescer em áreasirrigadas e poderá migrar para as zonas áridas.

Outra possibilidade de expansão levantada porJosé Simas é o processamento da banana. Segun-do ele, o futuro da fruta é a industrialização depastas. O crescimento da produção irrigada vaidepender de um melhor domínio da tecnologia deprocessamento. A fruta, que hoje praticamente sóé consumida in natura, tem um futuro brilhantepor causa das mudanças na pirâmide etária.

A população de idosos cresce em várias regiõesdo mundo, com uma alimentação semelhante à dobebê depois do aleitamento, sustentada por purêse papas. Como a base da composição desses pro-dutos é a pasta de banana, as oportunidades deampliação de mercado para a fruta são enormes.

Outras vertentes que podem ser exploradasna cadeia produtiva é a produção de bananachips, para se comer como batata frita, de desi-dratado de banana e até mesmode ração para animais, a partir defrutos descartados pela classifi-cação. “Pena que o Brasil aindanão acordou para esse mercado”,lamenta Simas.

Para ele, a tendência da fruti-cultura irrigada é de expansãotecnológica. Mas a produção degrãos, arroz e principalmente ocomplexo soja/milho/trigo, vaicrescer tanto em produtividadecomo em área irrigada. O panode fundo desse incremento é aexploração do agronegócio.

Mercado de águaA avaliação de José Simas é clara: se a visão

de mercado é importante, cuidar da sustentabili-dade dos recursos hídricos é fundamental para apolítica de irrigação no Brasil. E define: emcondições de escassez, gestão de recursos hídri-cos significa manejar a demanda e não a oferta.É demarcar, numa macro-dimensão, as priorida-des de uso desse bem, cujos interesses sãomultisetoriais.

A escassez, portanto, determina as regras domercado de água. E para gerir a demanda, otécnico explica, é necessário estabelecer umainterconexão dos sistemas produtores, equili-brando-se as condições de oferta ou de demandados mananciais e reservatórios da bacia hidro-gráfica.

O abastecimento de várias regiões metropoli-tanas brasileiras, pondera, já é feito a partir detransposições. É o caso de núcleos urbanos anti-gos, como Rio de Janeiro e São Paulo. Acontece,

também, em cidades que passaram mais recente-mente por processos de expansão. Salvador temo sistema da barragem de Pedra do Cavalo. EFortaleza conta com o canal do Trabalhador, queconecta o rio Jaguaribe à capital, e com a trans-posição do Pacoti/Riachão/ Gavião/Choró.

Na Grande São Paulo, o índice de disponibili-dade de água, na faixa de 800 m³/habitante/ano, éum dos mais críticos do país, bem abaixo darecomendação das Nações Unidas, de 2.000 m³habitante/ano. A região sofre com outra condiçãode escassez, a qualidade da água. Poluída, conta-minada, a água tem um custo de tratamento muitoelevado. “O mercado de água, portanto, é extrema-mente importante em várias bacias do estado deSão Paulo”, avalia Simas, com a experiência dequem, nos últimos anos, acompanhou a formula-ção das leis de águas em diversos países.

Para garantir a sustentabilidade dos recursoshídricos, ele defende a adoção da política de

ordenamento territorial. São me-didas que disciplinam a ocupa-ção e o uso do solo nas atividadesurbanas, agrícolas, industriais, deinfra-estrutura, licenciamentos,parques e áreas de proteção am-biental. “Às vezes, o traçado deuma estrada tem implicações ne-gativas no ordenamento territo-rial. O assentamento de uma in-dústria poluidora pode contami-nar um aqüífero com metais pe-sados. Enfim, é um conjunto demedidas pró-positivas no sentidode estabelecer atividades huma-nas com o menor impacto possí-vel ao uso continuado dos recur-

sos de base, como a água”.

Capacidade tecnológicaAlém da melhoria da capacidade técnica e

empreendedora do produtor brasileiro, JoséSimas enfatiza a modernização dos serviços naárea de irrigação. Mesmo que a tecnologia apli-cada seja importada, alguns equipamentos, comoos tubos, são produzidos no próprio país.

“Eu fiquei admirado ao encontrar, em cidadesdo sertão nordestino, escritórios técnicos comprofissionais qualificados, desenhando sistemasde irrigação, prestando assistência pós-venda, iden-tificando no arquivo computadorizado a peçadanificada, diante da reclamação feita pelo produ-tor por telefone”. Segundo Simas, a rede de pres-tação de serviços de irrigação modernizou-se emtodo o país. Está madura, é fator de desenvolvi-mento e tem plenas condições de sustentar aevolução dos cultivos irrigados no Brasil. �

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gora, a equipe da diretoria de Desenvolvi-mento Hidroagrícola do Ministério, coor-denada pelo economista Edson Zorzin, es-

tabeleceu um novo cronograma e deve concluirtodo o trabalho até 15 de novembro, data estipuladapara o lançamento oficial do plano. Para o diretor,esse é o tempo necessário para fazer uma avaliaçãointerna e apresentar uma proposta de irrigaçãoconsistente a ser desenvolvida no próximo governo.

O Planird segue os parâmetros do novo modelode irrigação, elaborado sob a coordenação do Ban-co do Nordeste, com financiamento do BancoInteramericano de Desenvolvimento, visando esta-belecer uma nova abordagem para a implantaçãode projetos de irrigação pública. Outro indicadorusado pelo Planird é a lei de irrigação que estátramitando no Congresso Nacional (ver box).

Os técnicos da diretoria de DesenvolvimentoHidroagrícola trabalham atualmente na compati-bilização do Planird com esses instrumentos nor-teadores da política de irrigação do país. A linhamestra do que foi divulgado no ano passado, duran-

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O Ministério da Integração Nacional, através da

Secretaria de Infra-estrutura Hídrica, prepara-se para

lançar, em novembro próximo, o Plano Nacional de

Irrigação e Drenagem (Planird). O objetivo é impulsionar

a agricultura brasileira, aumentando a produção e as

exportações do setor. A implantação do plano foi

anunciada no segundo semestre do ano passado,

embora o projeto ainda não estivesse totalmente

concluído. As mudanças institucionais no Ministério - a

presença de quatro ministros neste período, sendo dois

interinos - atrasaram um pouco a iniciativa.

te o XI Conird, em Fortaleza, não vai ser alterada.Desde o início da sua elaboração, há dois anos emeio, o Planird já estrutura mudanças que foramreferendadas pelo novo modelo de irrigação. Mas, aequipe toma cuidados adicionais para que o planotenha absoluta coerência com o estudo do Banco doNordeste e com a nova lei de irrigação.

PONTOS DE CONVERGÊNCIAPONTOS DE CONVERGÊNCIAPONTOS DE CONVERGÊNCIAPONTOS DE CONVERGÊNCIAPONTOS DE CONVERGÊNCIA – Para destacara importância dessa compatibilização, Edson Zorzinlembrou que uma das principais propostas do novomodelo de irrigação é a transferência dos sistemasde irrigação aos usuários, prioritária também nasmetas do Planird. Mas a alienação da infra-estrutu-ra de uso comum nos perímetros irrigados, toda elapertencente ao governo federal, só poderá ser efeti-vada com a aprovação da lei de irrigação. A propos-ta tem fundamento econômico: a venda dos equipa-mentos aos empresários tira do governo o ônus damanutenção permanente.

A privatização da assistência técnica é outralinha de atuação comum aos dois projetos. O que sepretende é tornar o processo de produção e decomercialização auto-sustentável também no quese refere a esse tipo de serviço. A consultoria,contratada pelos próprios usuários, seria remune-rada percentualmente, mediante acréscimo de pro-dutividade ou de comercialização, ou ainda demelhoria de preço.

A ação do governo nos projetos de irrigaçãopública, em termos de assistência técnica, passariaa ser temporária, estimada em três anos. “Em pro-jetos novos ou reabilitados, o governo assumiria aassistência técnica no período inicial, ao mesmotempo em que prepara as condições para que osprodutores organizem-se para a nova proposta”. Asubstituição da ação oficial pela iniciativa privada,segundo Edson Zorzin, abre espaço para maioreficiência do sistema.

Parâmetros doPlano Nacional

de Irrigaçãoe Drenagem

Novas diretrizes vãorecuperar a importância

política da agricultura irrigada

A

FOTO EVERARDO MANTOVANI

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Outro ponto de convergência entre o novo mo-delo de irrigação e o Planird é a transformação doprocesso de tarifação do uso de água em instrumen-to efetivo de política de gestão de água. “A idéia écriar uma nova cultura. A tarifa deve enfatizar aeconomia e a qualidade do recurso. Os usuáriosmais cuidadosos e eficientes vão ter vantagens emrelação aos perdulários, que serão penalizados porisso”, defende o diretor.

Os dois projetos prevêem benefícios tambémpara os produtores que adotarem sistemas demonitoramento e controle, que proporcionem oretorno de uma água de melhor qualidade à baciahidrográfica. A discussão dessas mudanças aindaestá em fase embrionária, mas a Secretaria deInfra-estrutura Hídrica do Ministério já está elabo-rando projetos nessa linha junto com Agência Naci-onal de Águas (ANA).

Estudos de campo desenvolvidos em projetospúblicos indicam que a adoção de um sistemapadronizado e uniforme de irrigação não é o ideal.Os agricultores mais eficientes rapidamente substi-tuem os equipamentos recebidos por métodos maismodernos e eficientes. Isso acaba exigindo umadisponibilidade maior de recursos por parte doprodutor, que paga pelo equipamento inicial e pre-cisa investir em tecnologia logo em seguida. “Aindicação do novo modelo de irrigação, que estamosincorporando ao Planird, é oferecer aos agricultoresum crédito proporcional ao investimento, de acordocom o mercado, nas condições estabelecidas pelosistema monetário nacional”, informa Edson Zorzin.

Na fase atual de atualização e compatibilização,técnicos do Ministério da Integração Nacional estu-dam alternativas nesse sentido para serem incorpo-radas ao plano.

AMPLIAR ESTRUTURAS JÁ MONTADASAMPLIAR ESTRUTURAS JÁ MONTADASAMPLIAR ESTRUTURAS JÁ MONTADASAMPLIAR ESTRUTURAS JÁ MONTADASAMPLIAR ESTRUTURAS JÁ MONTADAS – OBrasil tem hoje cerca 180 mil hectares de irrigaçãopública, implantados ao longo dos últimos 30 anos.Desse total, cerca de 98 mil hectares, a grandemaioria na região Nordeste, estão em produçãoplena. A prioridade do Plano Nacional de Irrigaçãoe Drenagem, nos próximos cinco anos, é trabalharnesse vácuo e fazer com que esta faixa diferencialseja incorporada à economia.

A meta seguinte é a ampliação dos perímetros jáinstalados, que dispõem de condições promissorasde desenvolvimento. Segundo o diretor de Desen-volvimento Hidroagrícola do Ministério da Integra-ção Nacional, em muitos projetos é possível agre-gar novas áreas ao processo produtivo, com inves-timentos relativamente reduzidos. A criação denovos perímetros públicos poderá acontecer numaetapa posterior, mas não é prioritária.

O viés assistencialista que historicamente ca-racterizou a ação dos projetos de irrigação do go-verno federal, beneficiando produtores com peque-na capacidade empresarial, dá lugar à seleção deagricultores tecnicamente mais qualificados. “Mas,sem abandonar o propósito social que uma proposta

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Conird:um fórum para debates

De Fortaleza para o próximo Conird emUberlândia, quando foram apresentadas as diretri-zes do Plano Nacional de Irrigação e Drenagem,houve uma evolução nos trabalhos em favor doPlanird, mesmo atropelados pelas dificuldadespolíticas representadas pela constante troca decomando no Ministério da Integração Nacional.

Uma das vitórias a se comemorar, sem dúvida,é a conclusão dos estudos que deram origem aonovo modelo de irrigação. Outra é a apresentaçãodo plano diretor para a agricultura irrigada para aregião Centro-Oeste.

O diretor de Desenvolvimento Hidroagrícolado Ministério da Integração Nacional, Edson Zorzin,reconhece a importância de interagir e dialogarpermanentemente com o setor, participando decongressos nacionais de irrigação e drenagem e deperiódicos como a revista ITEM. Considera essenci-al a participação para a continuidade do processode planejamento da irrigação, bem como a somade ações dos diversos organismos do setor, pro-postos pelo Avança Brasil. “Esse é o grande propó-sito de apresentarmos o que está sendo feito emveículos como a revista ITEM, tendo-se como reta-guarda um fantástico acervo de estudos, a exem-plo do que temos no novo modelo, com foco nosperímetros públicos do Nordeste”, afirma.

Zorzin já agendou um novo compromisso: acei-tou o convite da ABID e no XII Conird, que terá iníciono próximo dia 9 de setembro, em Uberlândia,deverá estar presente para dar continuidade aosdebates.

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de irrigação pública deve embutir”, esclarece Zorzin.Ele informa que as linhas de combate à pobreza e demelhoria na distribuição de renda da populaçãorural, estão claramente expressas no Planird. Osnovos critérios irão provocar uma mudança na capa-citação dessa parcela, que irá receber treinamentomais intenso para acompanhar o processo.

Mas a lenta consolidação dos 180 mil hectares deáreas irrigadas, segundo Zorzin, não é conseqüênciado assentamento de pequenos produtores. Nos 98mil hectares plenamente incorporados ao processoprodutivo existem agricultores de todos os níveis. Navisão do diretor, vários fatores levaram a essa moro-sidade, entre eles um “turn over” de produtoresbastante significativo. Mas, a demora deve-se basica-mente à falta de garantias para a captação de crédito.“O problema não é disponibilidade de recursos. Éque as garantias exigidas são bastante elevadas edificilmente os pequenos produtores dispõem depatrimônio suficiente para captar esses recursos.”

A proposta do novo modelo de irrigação parasuperar o problema de garantia de crédito é acriação de um fundo de aval. O assunto foi incorpo-rado pelo Planird e está sendo discutido por técni-cos do Ministério da Integração Nacional com re-presentantes do BNDES e do Banco do Nordeste,no sentido de se definir a abrangência da medida, seem nível federal ou estadual.

Experiências já realizadas com o fundo de avalestão sendo avaliadas. Há iniciativas em áreas defruticultura na Bahia, numa associação de esforçosda Codevasf, governo do Estado, BNDES e Bancodo Brasil. Nesses projetos, o fundo cobriu parte dagarantia exigida. O Ceará também estabeleceu essanova modelagem em projetos como o do BaixoAcaraú, com financiamento do Banco Mundial. Naopinião de Edson Zorzin, é fundamental encontra-rem-se alternativas para substituir a garantia atual,cuja exigência dificilmente os produtores conse-guem atender.

PLANOS ESTADUAISPLANOS ESTADUAISPLANOS ESTADUAISPLANOS ESTADUAISPLANOS ESTADUAIS – O Planird é, priorita-riamente, voltado para a região Nordeste, onde seconcentra grande parte dos projetos de irrigaçãopública. Mas, sua abrangência é nacional e estabe-lece diretrizes também para áreas irrigadas pelainiciativa privada.

O Ministério da Integração Nacional vem incen-tivando os Estados a estabelecerem planos própriosde irrigação e drenagem. A estratégia contrastacom a prática adotada até agora, bastante diretiva,e marca um novo posicionamento do governo fede-ral no setor. Além de definir prioridades e planos deação no âmbito dos Estados, os governos estaduaisestão sendo estimulados a analisar inter-relaçõescom os Estados vizinhos. A congregação de interes-ses pode levar à criação de propostas regionais.

Segundo Humberto Rey Castilla, consultor doInstituto Interamericano de Cooperação para aAgricultura (IICA), órgão da OEA, e consultor doMinistério, a meta é desenvolver projetos que se

enquadrem na visão de desenvolvimento do setorprimário em cada Estado, mas possam estruturar-se em pólos.

Nessa perspectiva, já está pronto e incorporadoao Planird o plano diretor de irrigação da regiãoCentro-Oeste. A equipe técnica do Ministério, mai-or e mais experiente que as estaduais, coordenou oprocesso de formatação do plano – cálculo dosinvestimentos necessários, dos custos de operaçãoe manutenção em todo o Estado – mas, já adotandoa nova estratégia de deixar a cargo dos Estados adefinição de metas.

Para a ampliação da área irrigada, o planodiretor aponta a necessidade de conversãotecnológica de equipamentos, bastante acentuadano Distrito Federal, embora indicada também paraas outras unidades. A mudança de métodos estásendo analisada com muita cautela para ser efetiva-da na ocasião oportuna. O consultor HumbertoCastilla cita como exemplo a existência de umgrande número de pivôs na região, ainda com mui-tos anos de vida útil.

O Rio Grande do Sul encaminhou ao Ministérioum pedido de cooperação técnica para a elaboraçãode um plano para a metade sul do Estado. A área,correspondente a 52% do território gaúcho, temconflitos de uso de água e é a menos desenvolvida doEstado. A sugestão do Ministério é desenvolver umplano estadual de irrigação, numa visão estadualmais integrada e, paralelamente, trabalhar tam-bém em um plano de recursos hídricos.

Aos poucos, as iniciativas alastram-se. SegundoHumberto Castilla, já estão agendadas reuniões deespecialistas do Ministério com técnicos de Sergipeinteressados em estabelecer um plano estadual deirrigação e drenagem.

O Planird prevê ações complementares do go-verno para possibilitar a irrigação por parte dainiciativa privada, como obras de infra-estrutura.Sendo a irrigação moderna altamente dependentedo uso de energia, algumas regiões poderão ter asua capacidade energética ampliada. E territóriosmais distantes, com dificuldades de transporte, po-derão receber investimentos em estradas. O planoinclui ainda perspectivas de assistência técnica porparte do governo e fomento da atividade agrícola,através de linhas diferenciadas de crédito. Por exem-plo, prazos de pagamento ou de carência que real-mente estimulem o agricultor a adotar a irrigação.

Em outra linha de trabalho, o Ministério daIntegração Nacional procura conscientizar os pro-dutores em geral de que a agricultura irrigada é umaatividade econômica que precisa ser bem conduzidapara proporcionar bons resultados. E, estáredirecionando atividades de assentamentos do Incra,incentivando a irrigação nos projetos que dispõemde água, de acordo com a visão de agronegócio.

Para Humberto Castilla, nem todos os assenta-dos têm condições de tocar o empreendimento.Mas, a capacidade de absorção de mão-de-obra naagricultura irrigada amplia as possibilidades de

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inclusão dessas camadas ao processo produtivo.“Nem todo mundo nasceu para ser agricultor, nemtodo mundo pode ser empresário do agro. Mas podeser um empregado do agronegócio. A agriculturapode criar empregos a um custo muito mais baixodo que a indústria e a irrigação gera pelo menos umposto de trabalho por hectare”, considera ele.

CADASTRO DAS ÁREAS IRRIGADASCADASTRO DAS ÁREAS IRRIGADASCADASTRO DAS ÁREAS IRRIGADASCADASTRO DAS ÁREAS IRRIGADASCADASTRO DAS ÁREAS IRRIGADAS – Os da-dos utilizados para avaliação das zonas de irrigaçãono Brasil são ainda do final da década de 80. O totaloscila de 2,6 milhões a 3,1 milhões de hectares. OMinistério da Integração Nacional quer mapeartoda a área irrigada no país, até março do próximoano. Segundo o diretor Edson Zorzin, projeto nessalinha foi apresentado ao Banco Mundial, que estáanalisando a proposta, mas já manifestou-se favorá-vel à sua realização.

O planejamento e a estratégia de ação estãodefinidos. Além do Ministério, também vão partici-par da realização do projeto a Codevasf e a ANA. Olevantamento será geo-referenciado e para isso oMinistério já dispõe de mais de 70% dos equipa-mentos GPS necessários. A metodologia usada seráa mesma que a Codevasf adotou para elaborar ocadastro das áreas de fruticultura.

Quando estiver pronto, o novo cadastro poderáredirecionar algumas metas do Planird. Isso por-que ele irá indicar os métodos de irrigação e osprodutos praticados. Em algumas culturas, comoas frutícolas, irá detalhar o tipo e o estádio dedesenvolvimento da fruteira – início, produção ple-na ou decadência de produção.

O conhecimento dos sistemas utilizados, segun-do Zorzin, é importante para dar sustentação aoprograma de conversão tecnológica da irrigaçãoparcelada, que vem sendo encaminhado pelo Mi-nistério, com o objetivo de induzir o uso de métodosmais eficientes, em termos de economia de energiae de água.

Além de trazer subsídios para a dinamização daagricultura irrigada, o nível de detalhamento docadastro vai impulsionar, até mesmo, a política degestão de recursos hídricos, pois o projeto vai serdesenvolvido por bacia hidrográfica. De acordo comas informações de Edson Zorzin, com a conclusão dotrabalho, será possível conhecer a demanda de água

em cada região e a derivação de cada bacia, dadosque hoje nenhuma instituição dispõe. Essas informa-ções são fundamentais para que a ANA estabeleça,por exemplo, a cobrança pelo uso da água bruta. �

Projeto de lei sobre irrigação estáno Senado desde 1995

O Projeto de Lei do Senado Federal nº 229, que dispõe sobre aPolítica Nacional de Irrigação e Drenagem, está em tramitação desdeagosto de 1995. Ele é de autoria da Comissão Temporária para oDesenvolvimento do Vale do São Francisco, instalada no Senadonaquele ano. A proposta visa disciplinar e criar instrumentos para amodernização da atividade agrícola, tendo em vista o aumento daprodução e da produtividade, além da preservação dos recursos deágua e solo.

O senador Osmar Dias apresentou um substitutivo à Comissão deAssuntos Econômicos, em novembro de 2000, incorporando emen-das dos senadores Lúcio Alcântara e Waldeck Ornelas. O substitutivorecebeu mais 14 emendas, propostas por Waldeck Ornellas. Com asaída do senador Osmar Dias da Comissão de Assuntos Econômicos, oprojeto foi redistribuído em fevereiro de 2002. O relator atual é osenador Freitas Neto.

Em seu relatório, o senador Osmar Dias destaca que a expansão daárea irrigada, o desenvolvimento da tecnologia e as mudanças naconcepção sobre a função do poder público exigiam uma revisão dalegislação vigente, a fim de adequá-la ao momento atual e abrirespaços para avanços no setor. Para o senador, o PLS 229/95 atende aessas exigências e estabelece dispositivos que cobrem todos os as-pectos relevantes da irrigação e drenagem agrícola.

No substitutivo apresentado, o senador procurou especificar me-lhor a tipologia dos projetos de irrigação abrangidos pela lei, introdu-zindo a figura do projeto misto, onde se somam recursos do poderpúblico e da iniciativa privada. O PLS 229/95 recebeu sugestõesdiscutidas durante encontro nacional organizado pela Secretaria Na-cional de Recursos Hídricos, reunindo representantes de vários órgãosdos governos federal e estaduais.

Nos debates, destacaram-se as discussões sobre o caráter socialdos programas de irrigação, especialmente na região Nordeste, aoutorga das águas, as cobranças de tarifas, as amortizações de infra-estrutura, os critérios de emancipação dos projetos, os direitos dosirrigantes já estabelecidos em projetos públicos, a alienação ou oarrendamento da infra-estrutura em projetos públicos.

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objetivo é assegurar maior estabilidade àprodução, dando aos agricultores condi-ções de operar com equipamentos mais

eficientes, sob o ponto de vista de economia de águae de energia. Os financiamentos poderão ser usadosna implantação, renovação ou reconversão de siste-mas de irrigação, abrangendo a compra de equipa-mentos e obras de infra-estrutura associadas aoempreendimento, como, por exemplo, pequenosreservatórios para irrigação localizada. (ver qua-dro). Os técnicos, que estruturaram o projeto, re-forçam que ele se destina à modernização da agri-cultura irrigada e não se restringe a simples comprade equipamentos.

O programa de apoio já estava pronto no anopassado, mas não foi implantado devido à crise noabastecimento de energia. O Proirriga segue a linharecomendada pelo ministro Pratini de Moraes, emtodos os programas do Ministério – incentivo àmodernidade e à competitividade. Segundo EdilsonGuimarães, diretor do Departamento de EconomiaAgrícola, vinculado à Secretaria de Política Agríco-la, o Proirriga atende a essas duas vertentes e aindapossibilita a redução do risco da atividade agrícola,outro aspecto destacado nos programas do Ministé-rio. “O projeto moderniza a agricultura irrigada,aumenta a produtividade e melhora a renda do

Proirriga vai movimentarcrédito de R$ 200 milhões para

a agricultura irrigada

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

lançou, no mês de junho, o primeiro programa de

apoio voltado especificamente para a agricultura

irrigada, econômica e ambientalmente sustentável.

É o Programa de Apoio à Agricultura Irrigada

(Proirriga), que vai movimentar uma linha de crédito

de R$ 200 milhões, no período de julho de 2002 a

junho de 2003. Os recursos, garantidos pela

Resolução nº 2.986 do Banco Central, assinada em

3 de julho, são equalizados pelo Tesouro Nacional

junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES).

produtor, que poderá ter uma receita maior porárea plantada. E aumenta a competitividade brasi-leira no mercado externo, onde muitos setores,entre eles a fruticultura, têm uma participação bemmenor do que o potencial do país.”

Na opinião do técnico João Antônio FagundesSalomão, também do Departamento de EconomiaAgrícola, a agricultura irrigada está sendo prioriza-da, por ser reconhecidamente estratégica para aconquista e a consolidação de mercados interno eexterno.

Características do ProirrigaO Proirriga vai beneficiar produtores e coopera-

tivas rurais de todo o país, independente do tipo decultura e do sistema de irrigação adotados. O limitede crédito é de até R$ 250 mil por beneficiário. Paraos técnicos do Ministério, o prazo de financiamentoe os encargos financeiros são os maiores apelos doprograma. A taxa de juros é de 8,75% ao ano e oprazo é de oito anos, incluídos até três anos decarência. A definição do prazo vai depender doprojeto técnico encaminhado ao Banco, que assu-me o risco operacional do financiamento. Todos osagentes financeiros ligados ao sistema nacional decrédito rural poderão operar com o Proirriga.

Para o diretor do Departamento de EconomiaAgrícola, financiamentos mais baratos do que estesó os obtidos através do Pronaf e dos fundos cons-titucionais, sendo que estes últimos não têm abran-gência nacional, só atendem as regiões Norte, Nor-deste e Centro-Oeste. Essa restrição limitava a açãodos agricultores. Edilson Guimarães cita outroexemplo: antes, se o produtor quisesse financiarequipamentos de irrigação, a menor taxa encontra-da no mercado era a do próprio BNDES, de 11,95 %(mais 4%).

Ele afirma que só agora, com a estabilização damoeda, foi possível ao governo criar um programade financiamento a longo prazo, com taxa fixa, emque o produtor sabe exatamente quanto vai pagarno final. E lembra que nas décadas de 80 e 90, ocrédito rural operava com taxas como a TJLP e aTR, entre outras, que davam, no máximo, para ocusteio. Mesmo assim, gerou um passivo de R$ 25bilhões, cuja solução ainda está sendo negociada.“Com o Proirriga, o produtor terá condições defazer investimentos”, garante o diretor.

O

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Nos últimos cinco anos, o Ministério da Agricul-tura passou a estruturar programas de apoio ainvestimentos com taxas fixas. Começou timida-mente, como define o diretor do Departamento deEconomia Agrícola, e vem aumentando, a cada ano,o número de projetos disponíveis para o produtor.Além do Proirriga, o Plano Agrícola e Pecuário para2002/2003 incorporou mais quatro novos progra-mas de investimento, todos financiados com recur-sos do BNDES: o Programa de Plantio Comercialde Florestas (Propflor); o Programa de Desenvolvi-mento Cooperativo para Agregação de valor à Pro-dução Agropecuária (Prodecoop); o Programa deApoio à Cacauicultura (Procacau); e o Programa deErradicação da Brucelose e Tuberculose Animal,que entrará em funcionamento a partir de 2003. Nototal, os cinco novos programas vão aplicar R$ 770milhões no apoio a atividades e produtos estratégi-cos para a modernização e aumento da competitivi-dade da agropecuária brasileira.

Entre os projetos lançados em safras anteriores,destacam-se o de recuperação de pastagens degra-dadas (Propasto) e o de incentivo à modernização,resfriamento e ao transporte da produção leiteira(Proleite), que foram ajustados nesta temporada.

Os técnicos calculam que o limite de crédito doProirriga – R$ 250 mil por produtor – seja suficientepara um pivô de até 100 hectares ou 50 hectares deirrigação localizada. No total, dependendo do siste-ma de irrigação, eles estimam financiar de 60 a 80mil hectares de agricultura irrigada. O Ministériogarante que não vão faltar recursos. Se for necessá-rio, o projeto poderá receber um novo aporte. “Eunão conheço projeto bem-sucedido, que sofra coma falta de dinheiro”, destaca Edilson Guimarães.

Como exemplo, ele citou o programa de moder-nização da frota de tratores e colheitadeiras(Moderfrota), que recebeu em 2001, no segundoano de operação, um total de R$ 2,06 bilhões. Ummontante superior aos R$ 90 milhões inicialmenteprevistos para o período.

A flexibilidade está garantida pela Resolução nº2.986 do Banco Central, que autoriza os ministériosda Agricultura e da Fazenda a remanejar recursosentre os vários programas de investimento ampara-dos por recursos equalizados pelo Tesouro Nacio-nal junto ao BNDES.

De acordo com os resultados obtidos neste pri-meiro ano de funcionamento, o Proirriga poderáser renovado. “Nossos programas são criados emcaráter permanente. Por uma questão de orçamen-to do Ministério, eles não podem ultrapassar oprazo de um ano. Adotamos o período de julho ajunho do ano seguinte, para acompanhar o calendá-rio agrícola do Centro-Sul, a principal região pro-dutora do país. Mas, normalmente, os projetos sãorenovados. Este ano, além dos cinco programasnovos, renovamos os 13 que já estavam em opera-ção”, informa o diretor do Departamento de Econo-mia Agrícola. �

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BENEFICIÁRIOSBENEFICIÁRIOSBENEFICIÁRIOSBENEFICIÁRIOSBENEFICIÁRIOS – Produtores rurais e suas cooperativas

ENCARGOS FINANCEIROSENCARGOS FINANCEIROSENCARGOS FINANCEIROSENCARGOS FINANCEIROSENCARGOS FINANCEIROS – 8,75% a. a.

PRAZO DE FINANCIAMENTOPRAZO DE FINANCIAMENTOPRAZO DE FINANCIAMENTOPRAZO DE FINANCIAMENTOPRAZO DE FINANCIAMENTO – Até 8 anos, incluídos até 3 anos decarência

LIMITES DE FINANCIAMENTOLIMITES DE FINANCIAMENTOLIMITES DE FINANCIAMENTOLIMITES DE FINANCIAMENTOLIMITES DE FINANCIAMENTO – Até R$ 250 mil por beneficiário/ano, independente de outros créditos ao amparo de recursoscontrolados do crédito rural

G A R A N T I A SG A R A N T I A SG A R A N T I A SG A R A N T I A SG A R A N T I A S – As admitidas no crédito rural

MONTANTE DE RECURSOSMONTANTE DE RECURSOSMONTANTE DE RECURSOSMONTANTE DE RECURSOSMONTANTE DE RECURSOS – R$ 200 milhões

O P E R A Ç Ã OO P E R A Ç Ã OO P E R A Ç Ã OO P E R A Ç Ã OO P E R A Ç Ã O – Todos o bancos que operam com o BNDES e comsistema nacional de crédito rural

ITENS FINANCIÁVEISITENS FINANCIÁVEISITENS FINANCIÁVEISITENS FINANCIÁVEISITENS FINANCIÁVEIS – Investimentos fixos e semi-fixos para im-plantação, renovação ou reconversão de sistemas de irrigação,inclusive obras de infra-estrutura associadas.

São considerados investimentos fixos:São considerados investimentos fixos:São considerados investimentos fixos:São considerados investimentos fixos:São considerados investimentos fixos:a) Construção, reforma ou ampliação de benfeitorias e instala-

ções permanentes;b) Aquisição de máquinas e equipamentos de provável duração

útil superior a cinco anos;c) Obras de irrigação, açudagem, drenagem, proteção e recupe-

ração do solo;d) Desmatamento, destoca, florestamento e reflorestamento;e) Formação de lavouras permanentes;f) Formação ou recuperação de pastagens;g) Eletrificação e telefonia rural.

Investimentos semifixos:Investimentos semifixos:Investimentos semifixos:Investimentos semifixos:Investimentos semifixos:a) Aquisição de animais de pequeno, médio e grande porte, para

criação, recriação, engorda ou serviço;b) Instalações, máquinas e equipamentos de provável duração

útil não superior a cinco anos;c) Aquisição de veículos, tratores, colheitadeiras, implementos,

embarcações e aeronaves (destinados especificamente à ativi-dade agropecuária);

d) Aquisição de equipamentos empregados na medição de la-vouras.

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FOTO HELVECIO SATURNINO

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www.www.Navegando nainternet

O planejamento da agricultura irrigada

requer informações atualizadas sobre a

política e a tecnologia para o setor,

assuntos enfocados por esta edição da

revista ITEM. A internet continua sendo

uma ferramenta importante, como

fonte de informações para a atualização

dos interessados na política dos setores

de recursos hídricos e meio ambiente.

Nossas dicas de sites e portais de

interesse são:

.agricultura.gov.br Portal do Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, onde se obtêm informaçõessobre a estrutura da instituição governamental,legislação, recursos humanos, qualidade e no-tícias atualizadas diariamente. Através dele, po-dem-se chegar aos sites de quaisquer órgãosligados ao Ministério e às informações que elestrazem. São eles: Embrapa, Instituto Nacionalde Meteorologia (Inmet), Ceagesp, Agrofit,Proagro, Secretaria de Apoio Rural eCooperativismo (Sarc) e Serviço Nacional deProteção de Cultivares (SNPC) etc.

.ana.gov.br

.Site da Agência Nacional de Águas, com infor-mações atualizadas sobre a política de recursoshídricos, informações para os produtores ruraisem relação à legislação vigente .

.banconordeste.gov.br/irrigaSite do Banco do Nordeste, que divulga a rede deirrigação, criada no âmbito do estudo que subsi-diou o projeto do Novo Modelo de Irrigação doprograma Brasil em Ação. Traz os cinco volumesresultantes desse trabalho.

.boletimpecuario.com.brSite com um boletim informativo sobre o queacontece no setor agropecuário, com informa-ções atualizadas diariamente sobre o clima nasdiversas regiões brasileiras, cotações de preçosde produtos, leilões, publicações, política para osetor etc. Circula desde outubro de 2000 e contacom aproximadamente 19 mil leitores diários. Ointeressado pode recebê-lo diariamente ou se-manalmente, de acordo com a sua vontade. Oacesso é gratuito, bastando inscrever-se nos linksopcionais do site.

.codevasf.gov.brSite da Companhia de Desenvolvimento do ValeSão Francisco e do Paranaíba, que traz os progra-mas de irrigação da Codevasf, além de informa-ções sobre agricultura irrigada, barragens etc.

.cprm.gov.brSite sobre o Serviço Geológico do Brasil, ligado àSecretaria de Minas e Metalurgia do Ministériode Minas e Energia, abrangendo as águas super-ficiais e subterrâneas, levantamentos e estudossobre recursos hídricos desenvolvidos nas di-versas sedes regionais.

.embrapa.brSite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária, onde poder-se-ão acessar diretamenteinformações sobre qualquer uma das unidadesda empresa.

CL ASS I F I CADOSCL ASS I F I CADOS

.funarbe.org.br/conird e

.minasplan.com.brSites da Fundação Arthur Bernardes, ligada àUniversidade Federal de Viçosa, e da empresaMinasplan, que estão trabalhando na organiza-ção do XII Congresso Nacional de Irrigação eDrenagem (XII Conird), que acontece de 9 a 13de setembro, no Center Convencion deUberlândia.

.hrac-br.com.brSite da Associação Brasileira de ação à Resistên-cia de Plantas aos Herbicidas, reconhecida comoorganismo consultor pela Food and AgriculturalOrganization (FAO) e Organização Mundial deSaúde (WHO) das Nações Unidas.

.icid.orgSite da International Commission on Irrigationand Drainage (em inglês). Traz informações so-bre a organização, temas estratégicos, eventos,notícias, publicações, catálogo de serviços etc.

.integracao.gov.brSite do Ministério da Integração Nacional, onde,através dele, podem-se chegar às informaçõesda Codevasf, além de também poder acessarpublicações como o Frutiséries, cuja edição estásob a responsabilidade do Departamento deProjetos Especiais da Secretaria de Infra-Estru-tura Hídrica.

.iwmi.orgSite do International Water Management Institute,um centro internacional que trata da irrigação eda água, em inglês, com informações de todomundo sobre o assunto.

w w w . p i v o t v a l l e y . c o m . b r

Tel.: (31) 3269-9500E-mail: [email protected]

Site: www.ecobusiness.edu

LAVRAS IRRIGAÇÃOCOMÉRCIO EENGENHARIA LTDA

Av. JK, 490 - CentroLavras MGCep. 37200-000Tel: (35) 3821-7841E-mail: lavrasirrigacao@

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