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Revista Cultural do Conservatório de Tatuí - Setembro/2008 - Ano IV - nº 42- Distribuição Gratuita Sidney Mattos e a música instrumental Sidney Mattos e a música instrumental Dois anos de Pólo Dois anos de Pólo Empresário Wandér Weege doa harpa da Lyon & Healy ao Conservatório de Tatuí Empresário Wandér Weege doa harpa da Lyon & Healy ao Conservatório de Tatuí Uma nova harpa Uma nova harpa Músico carioca apresenta seu show instrumental 'Interfaces' neste mês Músico carioca apresenta seu show instrumental 'Interfaces' neste mês Pólo de São José do Rio Pardo comemora seu segundo ano de funcionamento Pólo de São José do Rio Pardo comemora seu segundo ano de funcionamento

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Revista Cultural do Conservatório de Tatuí - Setembro/2008 - Ano IV - nº 42- Distribuição G

ratuita

Sidney Mattos e amúsica instrumentalSidney Mattos e amúsica instrumental Dois anos de PóloDois anos de Pólo

Empresário Wandér Weege doa harpa daLyon & Healy ao Conservatório de TatuíEmpresário Wandér Weege doa harpa daLyon & Healy ao Conservatório de Tatuí

Uma nova harpaUma nova harpa

Músico carioca apresenta seu showinstrumental 'Interfaces' neste mêsMúsico carioca apresenta seu showinstrumental 'Interfaces' neste mês

Pólo de São José do Rio Pardo comemoraseu segundo ano de funcionamentoPólo de São José do Rio Pardo comemoraseu segundo ano de funcionamento

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2 ENSAIO Magazine

EXPEDIENTE

O Ensaio Magazine é uma publicação do Conservatório Dramático eMusical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí, gerido pela Associação de Ami-gos do Conservatório de Tatuí, qualificada como Organização Social daÁrea de Cultura no Governo do Estado de São Paulo por ato do SenhorGovernador, de 12/12/2005, publicado no DOE de 13/12/2005 – Seção I.

Este informativo foi produzido para distribuição gratuita, financiadoexclusivamente por meio de apoio cultural de empresas e parceiros cujosanúncios estão publicados nas páginas seguintes.

Tiragem: 3.000 exemplares

Rua São Bento, 415 – Tatuí, SP – CEP 18270-820Informações: (15) 3251-4573

www.conservatoriodetatui.org.brFotos: Conservatório de Tatuí/Divulgação

Governo do Estado de São PauloJosé Serra

Secretaria de Estado da CulturaJoão Sayad

Unidade de Formação CulturalLuiz Nogueira

Diretor Executivo da AACTHenrique Autran Dourado

Diretor Artístico-Pedagógico da AACTAntonio Carlos Neves Campos

Diretor Administrativo-Financeiro da AACTDalmo Magno Defensor

Jornalista ResponsávelDeise Juliana de Oliveira - Mtb 30803([email protected])

Programador VisualPaulo Rogério Ribeiro

([email protected])

Assistente de MarketingGiovani de Arruda Campos

([email protected])

Foto da CapaCartasMúsica Instrumental

A capa desta edição do"Ensaio Magazine"destaca o multi-instrumentista SidneyMattos, carioca que virápela primeira vez a Tatuíneste mês de setembro. Oshow especial, com outrosmúsicos, mostrará omelhor da músicainstrumental brasileira.

Sidney Mattos é um defensor da músicainstrumental de qualidade e promete passearpelos mais diferentes estilos.

Somos muito gratos a toda administração do Conservatório, pois meu filho RicardoBrasil continua a fazer parte do corpo docente desta maravilhosa escola. Durante o mês dejulho, ele participou em Londrina do Festival de Inverno. O instrumento dele é o contrabaixoacústico e, em Tatuí, ele é aluno do professor Pedro.

O Ricardo tem 21 anos e está entusiasmado com as oportunidades que o Conservatóriooferece aos seus alunos. Tenho mais dois sobrinhos que também estudam em Tatuí: a AlanaBrasil (que faz percussão) e o João Brasil (que também faz contrabaixo acústico).

Quero dizer da felicidade que estamos toda a nossa família com a ida do João para oTexas, agora em agosto. Quero agradecer mais uma vez a este querido Conservatório, poiso João sempre estudou aí e conseguiu a chance de ir para o exterior prosseguir seus estudosmusicais através dessa escola.

Sempre escrevo para vocês pois sei que lêem as nossas correspondências e tenho certezaque ficarão felizes juntamente conosco. O trabalho de vocês é árduo e merece todo nossoreconhecimento e gratidão.

Agradeço imensamente a todos vocês que tratam nossos filhos com todo carinho,seriedade e, principalmente, os incentivam a continuarem crescendo musicalmente e comoseres humanos através dessa arte maravilhosa que é a música.

Cidinha MarianoTrês Lagoas-MS

Estou auxiliando na organização dos cursos de artes do Centro Cultural de Jaraguá doSul, que tem uma estrutura muito boa (www.scar.art.br), além de organizar projetosculturais e ministrar aulas de canto popular e violão. Graças ao conhecimento e experiênciaadquiridos enquanto aluna e professora do Conservatório de Tatuí, posso hoje contribuircom as atividades culturais da minha cidade natal, realizando-me profissional epessoalmente.

Meus sinceros agradecimentos.

Beth MuellerJaraguá do Sul-SC

ÍndiceNova harpa 4Empresário Wandér Weege oficializa doação deharpa da Lyon & Healy ao Conservatório

Abayomi com violão e voz 5Professores do Conservatório transformamamizade em inédita formação

Abílio Tavares no Fetesp 7Ator e diretor presidirá o júri de um dos maistradicionais festivais de teatro de São Paulo

Interfaces 8Sidney Mattos faz na 'Capital da Música' showde música instrumental brasileira

Vittor Santos na SamJazz 10Compositor e arranjador coordena show especialcom obras próprias, de Jobim e Moacir Santos

Jan Van der Roost 12Compositor belga, destaque no universo dacomposição, rege Orquestra de Sopros Brasileira

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3ENSAIO Magazine

O aluno RodrigoFerreira de Souza,que estuda guitarrano Conservatório deTatuí, conquistou oterceiro lugar no IIGuitar FestivalSouza Lima/CoverGuitarra. O concursofoi realizado naescola Souza Limaem São Paulo noúltimo dia 31 dejulho, reunindocandidatos de Mato Grosso, Minas Gerais, RioGrande do Sul, São Paulo e Brasília. Pela terceiracolocação, ele recebeu troféu, brindes e bolsa deestudos. O concurso teve como jurados Rafael

O Quinteto Acadêmico Brasileiro, formado pormúsicos e professores do Conservatório de Tatuí evencedor do 3º Concurso Nacional Petrobras JovensCameristas, fará apresentação especial no teatro“Procópio Ferreira” no dia 8 de setembro, a partirdas 20h30.

O grupo é formado por Anselmo Pereira (flauta),Valquíria de Campos (oboé), LindembergCavalcante (clarineta), Ivan Ferreira (fagote) eAdriana Scaglioni Lima (trompa). No concerto dopróximo dia 8, o quinteto apresentará o repertório

premiado no concurso nacional, com direito aobras de Radamés Gnatalli (“Suíte”) e SamuelBarber (“Quinteto”).

O quinteto é formado por jovensinstrumentistas que têm, em comum, o objetivode potencializar a formação profissional, edivulgar a música erudita junto à população. Poressa nobre missão, os instrumentistas já haviamsido premiados em 2006 pelo PAC (Programa deAção Cultural), promovido pela Secretaria deCultura do Estado de São Paulo.

Quinteto Acadêmico Brasileiroapresenta repertório premiado

Bittencourt, Edu Lettie Gustavo Barros.Rodrigo apresentouuma música solo(arranjo próprio de“Forrozim”, deHeraldo do Monte).Ele estuda guitarrahá nove anos eaperfeiçoa-se noConservatório deTatuí há quatro anos,tendo aulas com oprofessor Fabio

Gouveia. Sorocabano, ele também integra o TrioAboio, no qual toca contrabaixo, além do trio AVácuo e banda Intuição (nesses dois últimos, fazperformance com guitarra).

A editora Irmãos Vitalefez o lançamento oficial,em seu estande na 20ªBienal Internacional doLivro em São Paulo, do“Caderno de Saxofone –Sopro Novo Yamaha”. Omaterial, elaborado peloprofessor Erik Heimann Paiscom arranjos do maestroAntonio Carlos NevesCampos, vem acompanhadode CD com 16 obras para

estudo e prática e foi desenvolvido exclusivamentepara o projeto “Sopro Novo”, mantido pela YamahaMusical do Brasil.

Por meio do “Sopro Novo”, a empresa oferece ainstrumentistas brasileiros a oportunidade departiciparem de workshops, palestras e recitais comrenomados artistas. Segundo a coordenadora de difusãomusical Crystal Velloso, o projeto passa a disponibilizarmaterial didático e, principalmente, uma referênciaauditiva para que os estudantes possam progredir deforma mais eficiente, otimizando tempo e esforço.

Na empreitada de produção do caderno e nagravação do CD, que tomou longos dias e dedicação,Erik contou com parceria do maestro Antonio CarlosNeves Campos e a colaboração de diversas pessoas. OCd traz 14 obras, entre dobrados, valsas, marchas ecanções que relembram apresentações em coretos decidades do interior. Entre os arranjos do maestro Neves,há obras do compositor tatuiano Octávio “Bimbo”Azevedo, Guerra-Peixe, Spartacco Rossi, além de obrasde autoria do próprio maestro. Também está incluídano CD a obra “Obligato ao Saxofone”, de MarceloAfonso, músico do Conservatório de Tatuí que compôsa obra especialmente para o caderno.

O material publicado pela editora Irmãos Vitaleestará à disposição a partir do próximo mês.Interessados podem obter mais informações no sitewww.yamahamusical.com.br.

Aluno destaca-se no Guitar Festival

O aluno de canto lírico Abel Fonseca, cantordescoberto pelo maestro Agenor Ribeiro Netto emuma pequena fazenda de café no interior de SantaCruz do Rio Pardo, recebeu homenagens em Tatuí.Ele, que estuda no Conservatório de Tatuí, foi umdos destaques da 1ª Noite Italiana, realizada noClube de Campo. Além de se apresentar (num showcom quase três horas de duração), Abel foihomenageado pela instituição e pelo tambémcantor e aluno Pedro Paulo.

Abel homenageado

Erik Heimann Paisfaz lançamento decaderno de saxofone

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ENSAIO Magazine 54

O empresárioWandér Weege, proprietário damalharia Malwee Ltda., oficializou a doação aoConservatório de Tatuí de uma harpa de pedaisda fábrica americana Lyon&Healy. O instrumentofoi adquirido e, atualmente, aguarda afinalização de trâmites legais de importação. Aentrega deve acontecer até o mês de janeiro dopróximo ano.

A doação foi intermediada pela musicistaVanja Ferreira. Foi ela quem contatou oempresário Wandér Weege após conhecê-lo noFestival de Música de Santa Catarina. “Soubeque ele havia doado quatro instrumentos àSociedade Cultura Artística de Jaraguá do Sul e,durante o festival, perguntei se ele poderia doarmais algumas harpas para o Brasil. Ele disse quesim e perguntou para onde. Minha resposta foiautomática: Rio de Janeiro, São Paulo e EspíritoSanto”, contou Vanja.

O encontro entre o empresário e a musicistaocorreu em fevereiro. No mês de maio aprofessora foi informada das encomendas dasharpas e, há dois meses, o próprio empresárioWeege confirmou quais seriam as escolas quereceberiam os instrumentos. “Agora, temos deesperar o prazo de entrega da fábrica, ostrâmites do envio ao Brasil, o embarque dosinstrumentos, alfândega... toda a burocraciainerente aos negócios deste porte. Creio que até

Empresário oficializa doação de harpa a TatuíConservatório receberá de Wandér Weege harpa de pedais da Lyon & Healy

janeiro esses instrumentos já estarão no Brasil”,disse ela.

A escolha do Conservatório de Tatuí como umadas escolas a receber a harpa ocorreu a pedidosdo diretor executivo Henrique Autran Dourado.“Termos dois instrumentos será importantíssimo.Aqui é uma das poucas cidades a oferecer cursode harpa e esse curso é importantíssimo, hajavista que a falta de harpistas no país émonumental”, disse ele.

O atual curso de harpa do Conservatório deTatuí foi reativado após um “hiato” de quaseduas décadas. Ele visa em especial crianças etem o objetivo principal de formar uma novageração de harpistas profissionais no Estado deSão Paulo. O material didático utilizadoatualmente no curso foi adquirido em Paris pelaprofessora, a russa Liuba Klevtsova (integranteda Osesp). O curso tem foco voltado para ascrianças, sendo que a atual classe de harpa recebealunas com idades que variam de sete a dez anos.

O Conservatório de Tatuí oferece um cursodiferenciado de harpa ao ter como professora umadiscípula de Vera Dulova, graduada no famosoConservatório Tchaikovsky de Moscou. A EscolaRussa de Harpa atualmente é conhecida como“Escola de Dulova” tão marcante a atuação da jáfinada harpista na Rússia e no mundo. Liubaformou-se na última turma de Vera Dulova.

O violonista João Duarte Camarero,18, aluno de Ricardo Grion eAlexandre Bauab, foi passar as fériasde julho na França e... encontrou umaroda de choro! Tubo bem que osinstrumentistas franceses não têm“aquela” malícia dos chorõesbrasileiros, mas foi só ouvir o ritmoque o violonista passou a ser parteintegrante do grupo.

Nascido em Avaré, João mudou-separa Tatuí para estudar música. Aqui,passou a dedicar-se aos estilospopular e erudito. A integração foitotal: em um ano passou a participarde um trio de choro, o “Mané semJaleco” – integrado por ele no violãode sete cordas mais Rafael Toledo nopandeiro e Neto Teixeira no bandolim.Além disso, ele faz educação musicalna UFSCar (Universidade Federal deSão Carlos) - Unidade Itapetininga -e encontrou no Conservatório de Tatuí o ambienteperfeito para se aprofundar no estudo da música.“Em Avaré tinha estudado piano quando eracriança e, também, violão com Daniel Pereira, outroque se formou aqui. Agora, estou me dedicandobastante e, sempre, tocando bastante”, contou ele.

O passeio pela França deveria ser apenas paramatar saudades da família mas acabouencontrando o grupo “Bando do Chorão”, formado

Chorão até na França!

exclusivamente por franceses. De nota em nota,viajou com o grupo para uma apresentação numaroda de choro internacional em Turim, na Itália, eganhou uma elogiosa crítica num site francês comdireito a citações sobre o violão brasileiro. “Elesadoram choro e música brasileira. E é engraçadoporque a gente começa a tocar e todos já queremparticipar de alguma forma”, contou ele.

Na crítica sobre a apresentação do grupo "Bando

do Chorão", publicada no site"Chez Mamouti", João ganhoudestaque.

"Tivemos a chance de encontrarum belo exemplar da nova geraçãodo choro brasileiro: JoãoCamarero e seu violão de 7 cordas.Como todos nós chorões, Joãoadmira o grande mestre Dino 7Cordas. O jovem maneja oinstrumento como Dino em pessoa:um ritmo infernal associado à umavirtuosidade impetuosa, umaenorme criatividadecontrapontística e um verdadeiroprazer de tocar. Tome comoexemplo o belo acompanhamentode improviso, como ‘As Rosas nãoFalam’, de Cartola; umademonstração de velocidade em‘Jorge da Fusa’, de Aníbal AugustoSardinha ‘Garoto’; sensibilidade

em ‘Choro para Metrônomo’, de Baden Powell, cujoestilo claramente não está pronto para se perdercom o talento de jovens violonistas como João",cita-se no texto.

Se os franceses tocam tão bem quanto osbrasileiros? “Claro que não”, diz João. “Eles nãotêm linguagem e isso é difícil de ensinar, é algo quese aprende na malícia da roda de choro... mas comoinstrumentistas são bons”, brincou ele.

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Nova Safra

Há pelo menos 15 anos os professores de violãoAdriano Paes, Patrícia Nogueira, Juliana Oliveira eJosiane Gonçalves mantêm uma longa amizade –no caso de Adriano e Patrícia, a amizadetransformou-se em casamento. Porém, mesmoconvivendo quase que diariamente, eles jamaishaviam pensado no óbvio: apresentarem-se juntos.Foi a partir de uma boa idéia em um de seus muitosencontros felizes que esse quarteto tirou os violõesdos cases e criou o “Abayomi” – palavra que emtupi-guarani significa “encontro feliz”.

O diferencial deste dentre muitos conhecidosquartetos de violão é a participação especial deJosiane Gonçalves também como cantora. Desdejunho deste ano os quatro ensaiam todos os sábadosà tarde em sucessivos “encontros felizes”. “Um amigonosso, chamado João Luiz, nos ofereceu arranjospara quatro violões e voz, que é uma formaçãoinédita”, destaca Juliana Oliveira.

Outro diferencial do quarteto é o repertório,formado exclusivamente por música brasileira.Entre as obras eleitas pelo Abayomi estão as deTom Jobim, Valdir Azevedo, João Pernambuco,

Egberto Gismonti, Chico Buarque, Ary Barroso, alémde peças do folclore mineiro e músicasconhecidíssimas como “Rancho Fundo”.

A cantora do quarteto começou a soltar a vozem rodas de choro. “Quando surgiu a oportunidadede cantar, não perdi tempo. Estou gostando muito”,disse ela.

O quarteto Abayomi está se preparando paragravar um CD e entrar de vez com sua propostainovadora no mercado musical. Ainda nestesemestre os violonistas se apresentam no Festivalde Violão de São João Del Rey e prometem agradartanto instrumentistas quanto cantores. “Orepertório é diferente e creio que iremos agradar opúblico da ‘A a Z’”, disse Juliana.

Até lá, o quarteto segue ensaiando em“abayomis” semanais que não dispensam a presençada mascote do grupo: Cacau, a ciumentacachorrinha do casal Adriano e Patrícia.

Interessados em ouvir mais do Abayomi podemobter mais detalhes com Juliana Oliveira(jus_oliveira@hotmail) ou pelo telefone (15) 9704-4068.

Abayomi e a inédita formaçãode quatro violões e voz

Professores do Conservatório de Tatuí transformaram amizadede 15 anos em projeto musical diferenteProfessores do Conservatório de Tatuí transformaram amizadede 15 anos em projeto musical diferente

Nove alunos da oficina de teatro de rua, dosetor de artes cênicas do Conservatório, realizaramdia 18 de agosto aula experimental pelas ruas deTatuí. Caracterizados como mendigos, bailarinas,mística, grávida e desempregado, os estudantessaíram pelas ruas da cidade solicitando ajuda adesconhecidos. Toda a ação foi supervisionadapor quatro professores e monitores doConservatório que acompanharam, à distância, ogrupo. Órgãos de segurança locais também foramavisados antecipadamente sobre a ação.

O objetivo era observar a reação das pessoasdiante da presença de personagens “socialmenteindesejados”. O grupo passou sobretudo pela áreacentral e enfrentou diferentes reações, da rejeiçãoà total disposição de ajuda. Foram arrecadados,durante a atividade, três litros de leite, pães,biscoitos e R$ 27,50 em dinheiro. Toda aarrecadação foi doada ao Lar São Vicente dePaulo.

Segundo a professora Adriana Afonso, aatividade faz parte da grade curricular da oficinade teatro de rua. “Quando estamos no palco,adoramos os aplausos, mas, como platéia,passamos por várias situações. A atividade foi oprimeiro exercício na rua realizado pelos alunos,após observação. Agradecemos a todos quecolaboraram com esta ação social e entenderama necessidade encenada pelos estudantes”,afirmou ela. “A divulgação, somente após o evento,é necessária para agradecer e, também, para queo exercício fosse real”, esclareceu ela.

Alunos de artescênicas fazemaulas nas ruas

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ENSAIO Magazine6

NotasAluno de contrabaixo no Texas

O contrabaixistaJoão Brasil, aluno doprofessor AnselmoMelosi no Conser-vatório de Tatuí,ingressou no últimomês de agosto naArizona State

University. Incentivado pelo professor WaldirBertiplagia, que o convenceu a enviar umagravação à universidade, João Brasil foi aceito naclasse do professor romeno Katalin Rotaru, um dosmais respeitados da atualidade.

João Brasil, que é natural de Três Lagoas (MatoGrosso do Sul), iniciou estudos de música noConservatório de Tatuí em 2004. Na foto, estãoWaldir Bertipaglia, Jorge (spalla da Osuel) e JoãoBrasil.

Conservatório no ‘Batalha de Bateras’Alunos do

Conservatório deTatuí disputarão asegunda edição da“Batalha de Bateras”,evento que visarevelar novos talentosde bateria com

realização da Orion Cymbals. Uma semifinal deveráser realizada no próprio Conservatório de Tatuí.Dela, será classificado um baterista local quedisputará a final, com outros 15 instrumentistas,no estande da Orion Cymbals, na Expomusic, entreos dias 24 e 28 de setembro, no Center Norte, emSão Paulo. O sistema de eliminação será o estilo“mata-mata”, no qual uma banca de juradosdecidirá, de acordo com os requisitos estabelecidos,o melhor baterista. Além dos três primeiroscolocados, serão premiados a escola e o professordo vencedor. Detalhes da “Batalha de Bateras” estãono www.batalhadebateras.blogspot.com.

Cristiane Blóes no AmazonasA professora Cristiane

Blóes presidiu, nos dias 31 dejulho e 1º de agosto, a bancade jurados do I ConcursoAmazonense de Piano"Maria Isabel Desterro eSilva", realizado em Manaus.Foi o primeiro concursorealizado no Estado doAmazonas, sob incentivo da

Secretaria de Estado da Cultura. O concurso buscareaver a tradição pianística do Estado, apontar eincentivar talentos e sua integração com o meiomusical nacional.

O concurso foi disputado nas categorias eruditoe popular, distribuindo R$ 30 mil em prêmios. Nacategoria erudito o vencedor foi Jó Farah, de 14anos, que ganhou um piano de cauda. SafhíriaShimizu foi premiada na categoria revelação erecebeu também o segundo lugar na disputa. Alémde presidir a banca julgadora de piano erudito,Cristiane Blóes participou do recital de abertura eministrou masterclass a alunos da Universidade doEstado do Amazonas.

‘Les Ensembles’A Camerata Les

Ensembles fezparticipação especialno dia 9 de agosto noevento que prestouhomenagem aocompositor tatuiano

Octávio Azevedo (Bimbo). Na data, uma placa

indicando o local onde nasceu, viveu e morreu ocompositor foi instalada no prédio onde hojefunciona o Café Canção. Dentro da cafeteria, naPraça da Matriz, objetos pessoais do compositortambém estão em exposição permanente.

A Les Ensembles - formada por Fernando JoséPires, Felipe Natanael Teixeira (violinos), PauloVictor Sales (viola) e Raissa Lisboa (violoncelo) –apresentou obras compostas por Bimbo Azevedo,com arranjos de Antonio Carlos Neves Campos.

Também em agosto, o quarteto fez concertoespecial no anfiteatro da escola técnica “SallesGomes”. Com repertório popular e erudito, aapresentação foi antecedida de aula de históriada música apresentada pelo maestro da JazzSinfônica Jovem, Claudio Casarini. Nela, Casarinicomparou o curso técnico da escola ao curso deluteria do Conservatório e destacou a importânciada escola de música para a difusão cultural.

Todos os alunos da escola técnica, incentivadospelo diretor Cármino Fructuozo, participaram daaudição.

Gilson Antunes é a atração da Mostra deViolões deste mês

O violonista GilsonAntunes será a atração daIII Mostra de Violões nestemês de setembro noConservatório de Tatuí.Doutorando em Musicologiapela Universidade de SãoPaulo e professor de violãodo Departamento de Músicada Universidade Federal da

Paraíba, Gilson é um dos nomes mais festejados daatualidade no meio violonístico. Organizador dediferentes festivais, eventos e mostras, ele vematuando para unir a classe de violonistas e, maisque isso, divulgar o instrumento.

Antunes faz apresentação dia 15, a partir das21h, no Espaço Cooperativa de Música (praçaMartinho Guedes, 42), com entrada franca. Seurecital será precedido por apresentação do alunodo Conservatório Luiz Foschi. No dia seguinte, apartir das 10h, no Anexo 4, ele coordena bate-papo com alunos do Conservatório de Tatuí einteressados.

A Mostra de Violões foi criada para integrarestudantes de violão a instrumentistas járeconhecidos no mercado e será realizada até omês de novembro.

Aplausos para a SamJazzA Big Band SamJazz e o

trompetista Diego Garbimreceberam moções deaplausos da Câmara deVereadores de Tatuí. Amoção, aprovada por

unanimidade, destaca a formatura do jovemtrompetista que passou a integrar definitivamentea big band regida por Sérgio Oliveira.

Nova música antigaA dulcista (quem toca

flauta doce) GiuliaTettamanti, professora doConservatório de Tatuí, foiuma das personagens dareportagem especial “Elesfazem a nova músicaantiga”, publicada pelos

jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, emagosto. A reportagem mostrou que jovens músicosvêem na visceralidade e na liberdade deinterpretação o grande trunfo do gênero que teminício na Idade Média.

A reportagem destacou que o que diferencia essesjovens de outros mortais da mesma idade não ésimplesmente o fato de se dedicarem à música hápelo menos dez anos, mas, sim, de terem escolhidodentro dela um gênero em que inexistem - ou sãoraros - registros de gravações sonoras históricas,textos que contextualizem as obras, fotografias emeras descrições de como produzir som emdeterminado instrumento.

O Conservatório de Tatuí é uma das escolas quemantém aulas de música antiga, terreno até bempouco tempo atrás explorado por contáveis músicosbrasileiros, mas que parece ganhar força graçasao crescente interesse de jovens.

Pianista premiadaA tatuiana Shirley Godói venceu a 18ª edição do

Festival de Música Livre de Itapetininga, realizadodia 26 de julho, no Clube “Venâncio Ayres”. O eventoreuniu candidatos de mais de 16 cidades.

Shirley estuda no Conservatório de Tatuí háquatro anos e, na ocasião, musicou poema doescritor Odimar Justino, obtendo o primeiro lugarcom a inédita composição.

Sítio do Carroção recruta monitores noConservatório

“Aqui é o melhorlugar paraencontrar oprofissional com operfil queprocuramos, op r o f i s s i o n a lcompleto.” Com essaafirmação, a gerente

de recursos humanos Flavia Abujamra de Oliveiraexplicou o motivo pelo qual o Sítio do Carroção,um dos centros de entretenimento mais respeitadosda América Latina, decidiu instalar um stand pararecrutar profissionais no jardim do Conservatóriode Tatuí.

A entrevista de candidatos às vagas de monitoresdurou toda a manhã e foi realizada por Flavia epelo coordenador operacional Fernando Moraes.“A filosofia do Sítio do Carroção é surpreender ascrianças com conhecimentos inesquecíveis. NoConservatório, a diversidade culturalrespeitadíssima pode contribuir e muito com anossa filosofia”, disseram eles.

O cargo oferecido é para monitor de alunos, queexige que o candidato seja dinâmico, tenhaconhecimentos culturais e muita força de vontade.Tudo sobre o Carroção pode ser encontrado no sitewww.sitiodocarrocao.com.br.

‘Sete Dias com o Mestre’O professor

Juliano de ArrudaCampos e o alunoJonas Vieira RibeiroFilho trouxeram nab a g a g e maprendizado paradar e vender. Os

flautistas participaram do evento “7 Dias com oMestre”, organizado por James Galway, em Weggis,na Suíça, no último mês.

Por sua performance, Jonas chamou a atençãoda professora Valerien Parkinson e ganhou delaum bocal para flauta. Juliano, professor doConservatório de Tatuí, disse que voltou com maissegurança e novas técnicas para seremcompartilhadas com seus alunos. “O trabalho deextensão foi intenso e tive momentos importantespara mim, como a orquestra de flautas formadapor 40 instrumentistas que apresentou repertórioexclusivo de música brasileira”, comentou Juliano.

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7ENSAIO Magazine

O Fetesp (Festival Estudantil de Teatro do Estadode São Paulo) já definiu o presidente do júri queelegerá os melhores espetáculos estudantis desta21ª edição. Abílio Tavares, diretor e ator de teatroformado pela ECA (Escola de Comunicações e Artes)da Universidade de São Paulo, vai comandar ofestival. As inscrições de grupos estudantis deescolas municipais, estudantis, particulares e deensino técnico de teatro podem ser feitas até o dia12 de setembro.

Além das apresentações de espetáculosconcorrentes no teatro “Procópio Ferreira”, o 21ºFetesp levará peças à praça Paulo Setúbal. Tambémestão confirmadas oficina de teatro com o grupoXPTO e a realização do Encontro de Teatro eEducação, que contará com participação de nomescomo os de Ivam Cabral (do grupo Satyros) e derepresentantes de escolas como a Célia Helena, Unisoe Escola Livre de Santo André. Outro que tambémconfirmou presença é o ator João Baldasseirine,formado pelo Conservatório de Tatuí e uma dasestrelas do filme “Linha de Passe”. O filme, dirigidopor Walter Salles, foi premiado em Cannes e estréiano Brasil também neste mês de setembro.Baldasseirine irá ministrar uma palestracompartilhando detalhes sobre sua carreira.

O 21º Festival Estudantil de Teatro do Estado deSão Paulo recebe inscrições de grupos de teatro deescolas estaduais, municipais e particulares deensino fundamental, médio e técnico. As inscriçõesgratuitas estão abertas inclusive a escolas de teatrode nível médio nas modalidades teatro juvenil e/ou adulto. O evento acontecerá de 25 de outubro a

1º de novembro. Este é um dos mais longevosfestivais do Estado de São Paulo, evento culturalrealizado pelo Governo do Estado de São Paulo eSecretaria de Estado da Cultura, através doConservatório Dramático Musical “Dr. Carlos deCampos” e Associação de Amigos do Conservatóriode Tatuí, oficializado pelo decreto nº 18434, de 15de fevereiro de 1982.

Grupos interessados em participar do festivaldevem enviar ficha de inscrição devidamentepreenchida (ela pode ser encontrada no sitewww.conservatoriodetatui.org.br), juntamente como histórico do grupo, cópias do texto do espetáculo,release do espetáculo e fotos em alta resoluçãopara divulgação, além do espetáculo completo (semedição) gravado em fita de vídeo VHS ou DVD. Omaterial deve ser encaminhado para oConservatório de Tatuí como 21º Fetesp à rua SãoBento, 415 - CEP 18270-820 - Tatuí/ SP.

Uma comissão designada pela diretoria doConservatório, entre coordenadores e professoresdo setor de artes cênicas, selecionará seteespetáculos infantis, juvenis e/ou adultos entre osdias 15 e 19 de setembro. Os espetáculosselecionados serão divulgados em 22 de setembro.Eles serão apresentados no teatro “ProcópioFerreira” entre os dias 25 de outubro e 1º denovembro. Cada grupo selecionado receberá R$1.500,00 de ajuda de custo para participar damostra competitiva.

Os três melhores trabalhos receberão troféus ecertificados. Também serão oferecidas premiaçõesindividuais ao mérito de ator; mérito de atriz;

mérito de direção; maquiagem; coadjuvantemasculino e feminino; cenografia; iluminação;figurino; coreografia; sonoplastia; melhor direção;melhor ator; e melhor atriz. O júri popular tambémpremiará com troféu e certificado o melhorespetáculo.

JúriAbílio Tavares foi diretor do TUSP – Teatro da

USP - durante 17 anos e diretor de seu corpoartístico. Em nove anos de existência, montou noveespetáculos, recebeu 17 indicações parapremiações, ganhando 12. Seus últimos trabalhoscom o Grupo TUSP foram o espetáculo “Interior”(2002 – 2004), que permaneceu um ano em cartazem São Paulo e mais dois anos viajando pelo Brasil,o espetáculo “Segredo” (2005), oito meses em cartazem São Paulo e o “Auto de Natal” (2005) com aparticipação da atriz Rosi Campos. No teatro Folha,produziu e dirigiu o espetáculo “Tudo de Mim”,com Petrônio Gontijo e Bianca Rinaldi. Dirigiu,ainda, os Festivais de Teatro Universitário da USP,realizado em várias cidades do Estado de São Paulo.

Com trabalhos de direção realizados na linha demusical, ópera, teatro de bonecos e das formasanimadas, tem grande experiência na realizaçãode espetáculos e eventos de grandes proporçõesrealizados para o grande público, com aparticipação de muitos artistas e membros dacomunidade, em espaços ao ar livre que mobilizamgrandes e complexas estruturas técnicas.

No 21º Fetesp, ele presidirá um grupo formadopor diretores dos espetáculos selecionados, sistemajá adotado por importantes festivais no país.

Abílio Tavares presidirá júri do 21º FetespAbílio Tavares presidirá júri do 21º FetespInscrições para Festival Estudantil de Teatro terminam dia 12 de setembroInscrições para Festival Estudantil de Teatro terminam dia 12 de setembro

“Primeiro levaram os comunistas e eu nãoprotestei – porque não era comunista. Daílevaram os socialistas e eu não protestei – porquenão era socialista. Depois foi a vez dossindicalistas e eu não protestei – porque nãoera sindicalista. Então levaram os judeus e eunão protestei – porque não era judeu. Por fim

importante a participação de todos para quepossamos atuar juntos em uma tentativa demelhoria da escola.

Qualquer dúvida que tiverem ou ajuda quenecessitarem entrem em contato com o DCE:[email protected] / www.dce-cdmcc.blogspot.com / comunidade no orkut : DCE- CDMCC Tatuí

DCE Informa

Abílio TavaresJoão Baldasseirine

levaram a mim – e não restou mais ninguém paraprotestar por mim.”

(Martin Niemoller, ministro protestante esobrevivente de campo de concentração)

Alunos, fiquem atentos as mudanças e aosacontecimentos que vem sofrendo o Conservatório.Estamos passando por um período de reformas e é

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8 ENSAIO Magazine

No próximo dia 27 de setembro o multi-instrumentista Sidney Mattos faz sua primeiraapresentação em Tatuí, a partir das 20h30, noteatro “Procópio Ferreira”. Ele apresentará o showinstrumental “Interfaces”, acompanhado de outrostrês músicos.

Sidney começou a aprender piano aos oito anosde idade. Foi aluno de Oscar Santos e fezaprofundamento da técnica de violão nas escolasBrower, Cáceres e Villa-Lobos. Entre 1970 e 1973assinou a direção musical de Gonzaguinha e IvanLins. Participou em gravações de Elis Regina, JorgeBenjor, Evinha, entre outros.

Atuou em diversos países da Europa.Acompanhou a pianista Tânia Maria em turnê pelaSuíça e participou de programas na “Antenne 1”.

Sidney Mattos traz a Tatuí ‘Interfaces’Multi-instrumentista fará sua primeira apresentação na 'Capital da Música'

Fez a direção musical da dupla “Les Étoiles” noOlympia de Paris. Nesse período participou tambémdo grupo “Embryo” em Munique e fez pesquisa decampo nos seguintes países: Alemanha, Áustria,Iugoslávia, Grécia, Turquia, Irã, Paquistão,Afeganistão Índia, Nepal e Inglaterra.

No Brasil teve o privilégio de dividir o palco comCartola, Geraldo Azevedo, Barrosinho, NivaldoOrnelas, Pascoal Meirelles, Marisa Gata Mansa,Jards Macalé, Maria Alcina, Bia Bedran, Codó, entreoutros. Trabalhou na trilha sonora de programasna TV Educativa do Rio de Janeiro como “Repúblicados Bichos”, “Bienal da Música Contemporânea” eno especial “Os Músicos”.

Sidney tem cerca de 200 composições gravadas,tendo lançado oito CD´s autorais, três infantis além

dos três instrumentais. Musicoterapeuta formadopelo Conservatório Brasileiro de Música é, há quinzeanos, responsável pela direção musical do NúcleoExperimental de Arte-Educação.

Em seu show “Interfaces” Sidney Mattos traztoda sua experiência musical e apresenta, com seutrio, músicas de própria autoria como “Sereno”,“Remains”, “SamSalsa” e “Free”. O repertório doshow foi selecionado durante cinco anos e contémmúsicas de três diferentes CDs, além de outras,inéditas.

“Interfaces” também é o nome do seu próximoCD instrumental, que será lançado ainda esse ano.Ao lado de Sidney Mattos apresentam-se AndréDantas (contrabaixo), Elly Werneck (percussão) eDavi Lima (flauta, saxofone e teclado).

Serão conhecidos no próximo mês de novembro osvencedores do Concurso Nacional de Luteria “EnzoBertelli”, realizado pela primeira vez no país peloConservatório de Tatuí. No último dia 31 de julhoforam encerradas as inscrições. Agora, os inscritos têmaté o dia 31 de outubro para enviar seus violinos paraavaliação.

O concurso totalizou 30 inscrições, número consideradopositivo para sua primeira edição. “Fiquei surpreso como número de participantes, superou as expectativas. Esseconcurso é comum na Europa e nos Estados Unidos, masnunca havia sido realizado no Brasil, país que não temtradição na construção de instrumentos. Nesse segmento,são raras as escolas de luteria”, afirmou o diretorexecutivo da Associação de Amigos do Conservatório deTatuí Henrique Autran Dourado.

Os 30 inscritos vêm dos Estados de São Paulo, Goiás,Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo. O luthier domelhor violino ganhará uma bolsa de estudos de trêsmeses na Europa. O segundo colocado receberá R$ 6mil e o terceiro, R$ 4 mil.

O concurso visa premiar talentos da fabricação deinstrumentos na modalidade de violino e divulgar a

Concurso de luteria definirávencedores em novembro

arte de luteria. Sob o nome “Enzo Bertelli”, ele fazhomenagem a um dos mais importantes luthiers daItália que, há 20 anos, fundou em Tatuí o curso defabricação de instrumentos – o Conservatório é umadas raríssimas escolas a oferecer o curso de luteriagratuitamente.

Até 31 de outubro, todos os inscritos deverão enviaros instrumentos concorrentes ao Conservatório de Tatuí.Um júri formado por dois luthiers independentesescolhidos pelo Conservatório fará seleção prévia edesclassificará os instrumentos que apresentaremcaracterísticas de trabalho mecânico ou envernizadosmecanicamente; tiverem formas excêntricas, foremdecorados ou coloridos de forma extravagante; tiveremsido envelhecidos artificialmente; e apresentaremmedidas anormais (caixa harmônica menor de 35 cm emaior de 36 cm).

No mês de novembro, em data a ser definida, seráfeita avaliação de sonoridade por instrumentistasreconhecidos no país, em evento aberto ao público. Namesma data serão anunciados os vencedores do concurso.Os três instrumentos premiados passarão a integrar oquadro de patrimônio do Conservatório de Tatuí.

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9ENSAIO Magazine

A sensação de renovação que oprofessor Cláudio “Cambé” Sampaiotrouxe do Espírito Santo para concluiro segundo semestre de aulas noConservatório de Tatuí foi uma dasmelhores recompensas de suaparticipação no Festival Internacionalde Domingos Martins, um dosprincipais do país. O trompetista foi osegundo professor do Conservatóriode Tatuí a participar do evento comocoordenador de oficina técnica,realizado em julho deste ano. Antesdele, o trombonista Alan Palmatambém havia coordenado oficina nofestival.

Neste ano, o festival que tradicionalmenterecebe nomes consagrados do meio musical contoucom a presença de professores como Paulo Levi,Renato Farias, Ney Conceição, Dino Rangel, KikoFreitas, Marco Nimrichter (que também aparecem

Professor participa de Festival Internacional de Domingos MartinsProfessor de Tatuí no Espírito Santo

na foto acima), entre outros músicos reconhecidosinternacionalmente.

O festival de Domingos Martins é o maiorintercâmbio musical do Espírito Santo. Ele temcomo objetivos praticar, pesquisar e resgatar a

arte erudita, popular, folclórica, emespecial no que se refere à músicaproduzida no Brasil. Iniciado em1992, o evento já se tornou referêncianacional para os estudantes de música.Durante o mês de julho, quando érealizado o festival, a cidade deDomingos Martins se torna um pólode estudos, reflexão e prática daatuação do músico profissional,apoiada em fundamentações teóricasatualizadas.

Tanto para Cláudio Sampaioquanto para Alan Palma, o evento éimportante pela troca de informaçõesentre alunos e professores. “O evento

permite que tenhamos contato com outrosprofissionais reconhecidos internacionalmente e,durante todo o festival, há um alto intercâmbiode informações. Ao terminar o evento, nossentimos renovamos”, disseram eles.

O músico João Del Fiol,um dos responsáveis eincentivadores pelainstalação doConservatório em Tatuí,recebeu uma homenagemà altura. Com projetoidealizado por Giovani deArruda Campos e obra doartista plástico ClaudioCamargo, Del Fiol ganhouum monumento. Ele foiinstalado na Praça daMatriz, em frente ao hotel"Del Fiol". No próximo dia12 de setembro, aorquestra de cordasregida por RaymundoFrançani Jr. que leva onome do músico tatuiano, fará apresentaçãoespecial a partir das 17h, em evento que

João Del Fiol ganhamonumento na cidade

marcará a instalação domonumento.

João Baptista Del Fiolnasceu em Tatuí no dia28 de novembro de 1908.Filho de Antonio Del Fiole Cesira Del Fiol, foicasado com Lígia Vieirade Camargo Del Fiol comquem teve o filho FirmoCamargo Del F iol . Oprofessor dedicou suavida à música e foi elequem sol ic itou aodeputado estadualNarciso Pieroni , nadécada de 50, a criaçãode uma escola de músicaem Tatuí.

João Del Fiol faleceu em 3 de dezembro de2000, aos 92 anos.

OSB apresentaobras dedicadasao grupo

A Orquestra de Sopros Brasileira apresenta nopróximo dia 6 de setembro, a partir das 20h30,concerto especial sob regência de Dario Sotelo.No programa, obras que foram escritas ouorquestradas especialmente para o grupo.

Serão apresentadas obras como "Rondeau", dofrancês Messiaen, orquestrada por João Vitor Bota.Outra obra que também será apresentada é"Ultreya", de Vicente Mocho, além da estréia desinfonias assinadas por Edmundo Villani-Côrtese Rodrigo Vitta.

Os compositores se reunirão duas horas antesdo concerto, em encontro aberto à comunidade,para debater os trabalho de composição e detalharsuas obras.

A apresentação acontece às vésperas do feriadode Independência do Brasil e, conforme o maestroDario Sotelo, a data de 7 de setembro tambémserá lembrada no concerto.

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O compositor e arranjador Vittor Santos foiuma das melhores surpresas do ano passado notrabalho apresentado pela elogiadíssima BigBand SamJazz. Ao participar do 2º Encontro deMetais com o grupo do Conservatório de Tatuí,o músico fluminense saiu do palco com asensação de missão cumprida e os espectadoresficaram pedindo repeteco. Os músicos também.E para apresentar um show especial, Vittor Santosvolta a Tatuí neste mês de setembro. Aapresentação será dia 18 de setembro, a partirdas 20h30, no teatro “Procópio Ferreira”.

Para este segundo trabalho, Vittor traznovidades no repertório, que abrigará várias desuas composições. Uma delas é “Vitória”, temade abertura (que será usada na abertura doconcerto), composta há 18 anos. Outra é “Valsados Amigos”, obra jazzística que tem cerca de11 minutos de duração. Também está confirmadano repertório “Ponderação nº 6”, obra que integraa série “Ponderações”, com dez obras. O repertóriotrará ainda obras de Moacir Santos e Tom Jobim.A preparação das obras já teve início no Rio deJaneiro. “Vamos dar continuidade ao trabalhodo ano passado e tenho ótimas expectativas”,disse ele.

Vittor Santos é requisitadíssimo e conhecidopor ser polêmico. Ele não acredita emaquecimento, é incapaz de seguir rotina deestudos, toca trombone com bocal debombardino e não ouve música. E é um dosmúsicos mais requisitados da atualidade – e temsido assim há quase três décadas. Ele aceita asdenominações de compositor, arranjador eprodutor, mas nega-se a se chamar trombonista– muito embora já tenha mais de duas centenasde gravações como solista e seja um senhortrombonista.

Auto-didata, o arranjador, compositor,trombonista e produtor é nome inevitável emgravações fundamentais para a história damúsica popular brasileira – caso de “AntonioBrasileiro”, último disco de Tom Jobim – erevolucionou o mercado de arranjos.

Em criança, não cansava de pôr a mão nosinstrumentos e descobrir o seu som: instrumentosde sopro, violão, piano e tudo que lhe apareciana frente. Também não cansava de fazerperguntas como toda criança não para de fazer.A adolescência, em vez de lhe tirar aespontaneidade, atiçava-o a fazer perguntasmais e mais específicas, manuseando cada vez

mais nos instrumentos e ainda dotava-o dedisciplina, indispensável na formação doconhecimento. Os rumos e incidentes de suainfância e adolescência o levaram à frente deuma big band aos 20 anos. Suas perguntas eindagações se transformaram em investigações.Hoje, ele fala com o coração cheio de amor.

Jamais “perseguiu a carreira” de arranjador-regente-intérprete: viu-se envolvido nela,reforçado pela perseverança e humildade. Entreas muitas curiosidades da carreira de Vittor (comdois “tes” para que não se confunda com Victor),está o singelo hábito de dar nomes aos trombones.De todos que já teve e entre os poucos quemantém – ele já nomeou os trombones deBaltazar, Belchior, Belini, Barney, Bonifácio, Boris– o Bernardo é o preferido, instrumento do qualnão se separa desde 1985.

Para quem acompanhou o trabalho dele frenteà SamJazz no ano passado, “imperdível” é poucopara adjetivar o concerto do dia 18 de setembro.Quem não viu, não pode cometer o mesmo erroduas vezes. Os ingressos para a apresentaçãopoderão ser adquiridos no dia do evento, a partirdas 18h30, ao custo de R$ 5 (R$ 2,50 idosos,estudantes e aposentados).

SamJazz recebe Vittor Santose suas composiçõesSamJazz recebe Vittor Santose suas composiçõesUm dos músicos mais requisitados da atualidade, compositor cariocafará segunda apresentação com big band em TatuíUm dos músicos mais requisitados da atualidade, compositor cariocafará segunda apresentação com big band em Tatuí

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11ENSAIO Magazine

Com direito a bolo e “parabéns a você”, o póloavançado do Conservatório de Tatuí em São José doRio Pardo comemorou no dia 23 de agosto seus doisanos de funcionamento no município. O eventocontou com apresentação de grupos de câmara decordas e sopros, além da Orquestra de Sopros MaestroNeves, que reúne 70 integrantes sob regência deAgenor Ribeiro Netto. Entre as autoridades estiverampresentes o deputado federal Silvio Torres e oprefeito João Santurbano. De Tatuí participaram oassessor de controladoria Rodrigo Patini e opresidente do Conselho de Administração daAssociação de Amigos do Conservatório de TatuíCristiano Guimarães.

A apresentação dos grupos foi acompanhada pormais de 300 pessoas que superlotaram o salão defestas da igreja dos Três Reis. Além de acompanharobras brasileiras como “Tico-Tico no Fubá” e “AsaBranca”, o público ouviu músicas tradicionaisirlandesas e obras de John Williams que são a cara

Pólo de São José do Rio Pardocomemora segundo ano de vida

de filmes famosos como “ET” e “Tubarão”.A apresentação, afirmou o maestro Agenor, teve

como objetivo apresentar publicamente a evoluçãodos estudantes atendidos pelo pólo. Na mesmacerimônia, houve espaço para homenagens. Oassessor de controladoria Rodrigo Patini recebeuuma placa como “agradecimento e reconhecimentodos alunos do pólo de São José do Rio Pardo por suasempre pronta atuação”. Outros dois homenageadosforam Rafael Rinco Lino e Juan Marino. Rafaelrecebeu placa como “aluno destaque” e Juan como“professor destaque”.

Após a apresentação, público e músicos visitarama sede do pólo e celebraram o aniversário com direitoa bolo e refrigerante.

O pólo de São José do Rio Pardo foi inauguradoem 3 de julho de 2006 e passou a funcionar em 5 deagosto do mesmo ano. Hoje, a escola que tem AgenorRibeiro Netto como coordenador pedagógico atendea 200 alunos, vindos de 27 diferentes municípios.

O bem humorado trombonista James Lebens, americanoque se apresentou em Tatuí no último mês, ficou espantadoao ver tantos trombonistas estudando numa única escola.Elogiando o alto nível dos alunos, o professor da JulliardSchool disse que “queria trazer seus estudantes a Tatuí”.“Queria que eles viessem para Tatuí e, aqui, aprendessemcomo se faz para se tornar um profissional do trombone”,disse ele, referindo-se à dedicação dos estudantes locais.

Em sua primeira turnê no Brasil, James Lebensapresentou-se no teatro “Procópio Ferreira” em recital aolado da pianista Miriam Braga. Ele também elogiou ainstrumentista. “Toquei ‘Tango’ com mais de 20 pianistasdiferentes e nunca ninguém tocou como ela. Nem sequer

‘Quero trazer meus alunos aqui’, diz americano

Determinação e disciplina são palavras de ordemna rotina de Guilherme Calebe, 14. E de tanto seguira rotina à risca, o adolescente que viaja de Campinasa Tatuí três vezes por semana para estudar violino jáse tornou um destaque.

Aluno do professor Vinicius Trisolio, Guilhermefreqüenta o primeiro ano do curso básico II e, logono teste, chamou a atenção do professor. “Eu estavana banca de jurados quando Guilherme fez o testepara entrar na escola. Logo percebi que existia umgrande talento a ser lapidado”, disse Vinicius.

Integrante da orquestra de cordas “Professor Josédos Santos” – que apresenta repertório erudito epopular -, Guilherme fez seu primeiro solo à frentedo grupo em evento que contou com a participaçãodo presidente do Rotary Club Internacional.

Guilherme, que cursa a oitava série do EnsinoFundamental em Campinas, divide seu tempo entre aescola e o estudo de música. “Estudo o tempo todo,mesmo quando não estou aqui. O tempo que levoviajando é maior que o período de aula e, tambémpor isso, é necessário se dedicar mais", diz ele.

O jovem violinista foi influenciado pelo pai, músicode igreja. Aos nove anos, Guilherme também passoua tocar na igreja com o pai e, aos 11, ingressou naOrquestra Juvenil da Unicamp realizandoapresentações nos principais pontos da cidade. “Masmeu sonho era estudar no Conservatório de Tatuí.Estudei muito para passar no teste”, diz ele.

O professor Vinicius aposta no talento precocedo aluno. “Neste ano, depois que ingressou noConservatório, ele ganhou um violino e, se elecontinuar assim, todos ouvirão muito sobre essegaroto“, disse Trisolio.

Destaque doviolino

precisamos conversar sobre a música, ela tem umacomunicação fantástica”, afirmou.

Além do recital, Lebens ministrou masterclass noConservatório de Tatuí e deu dicas simples e eficientes paraquem dedica-se ao trombone. Lebens passou também porSão Paulo e Paraíba.

O trombonista é endorser da Weril, empresa brasileiracom 99 anos de fundação e mantém um quinteto de metaisno Canadá. No repertório do grupo, há várias composiçõesde Tom Jobim. "Agora, que estou aprendendo português,também vou cantar as músicas de Tom Jobim", diz ele. Entreas suas composições favoritas estão "Corcovado", "Garotade Ipanema", "Desafinado", entre outras.

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Simpático e extrovertido. Assim se define o compositorbelga Jan Van Der Roost que, aos 52 anos de idade,está entre os melhores da atualidade. Em sua segundarápida passagem pelo Brasil, no final de agosto, eleregeu a Banda Sinfônica de Cubatão e a Orquestra deSopros Brasileira. Em Tatuí, a convite do maestro DarioSotelo, regeu sua obra “Sinfonia Hungárica” numaapresentação diferente que se tornou uma verdadeiraaula de história.

Jan Van der Roost nasceu em Duffel, na Bélgica.Estudou trombone, história da música e educaçãomusical em Louvain e, também, em conservatórios deGhent e Antuérpia, onde formou-se regente ecompositor. Hoje, ele dá aulas no Instituto Lemmens naBélgica e é professor convidado do Instituto de MúsicaShobi, em Tóquio, e da Universidade de Arte de Nagoya,também no Japão.

Com uma meteórica carreira como compositor(principalmente após o sucesso da obra “Rikudim”),Van der Roost desenvolveu trabalhos diferentes em maisde 40 países, de quatro continentes. Suas obras sãoapresentadas, apreciadas e gravadas no mundo todo –um privilégio para poucos. Como compositor, dedica-senão apenas a sinfonias mas também a concertos paratrompete, violão, trompa... Sua versatilidade em escreverdiferentes gêneros e estilos (incluindo dois Oratórios) éuma espécie de marca registrada. Seu trabalho é tãoreconhecido que há quase 30 anos só escreve sobencomendas – e elas são muitas. Tanto que Van derRoost tem agenda lotada de pedidos até 2011 e detrabalhos de regência até 2013.

Nos curtos vinte dias em que esteve no Brasil e naArgentina ele falou sobre sua carreira e, claro, sobre aexperiência de ser um grande compositor da atualidade.

Em que momento decidiu ser compositor?Foi mais ou menos ao mesmo tempo em que decidi

ser músico e comecei a tocar trombone. Eu tinha 15anos quando tentei escrever as minhas primeiras peças,muitas delas eu ouvia no rádio ou em discos (naqueletempo nem tínhamos CDs, eram LPs). Eu tentava copiaro que ouvia e procurava formas de expressar o quesentia. Mas, naquela época, era somente inspiração,nunca tinha tido aulas específicas sobre composição.Aos 18 anos decidi me tornar um músico profissional eentrei para o Conservatório da Bélgica para estudartrombone e, também, harmonia, teoria, análise, músicacontemporânea... tentei aprender bastante sobre teoriae não apenas sobre o instrumento. E as coisasaconteceram simultaneamente. Gradualmente, fuiaprendendo e escrevi minha primeira peça. Naquelemomento senti que era isso que gostaria de fazer naminha vida. Após cinco anos de estudos fui para outroconservatório e, depois, para um terceiro conservatório,sempre buscando mais aprendizado e me especializandoem estudos avançados de regência e composição. Logoeu estava envolvido com composição e, comoconseqüência, com regência, já que passei a recebermuitos convites para reger minhas próprias obras. Umacoisa veio atrás da outra: lecionar, compor, reger... e,hoje, não toco mais trombone por pura falta de tempo.Minha primeira peça oficial foi publicada em 1978.

Quais eram os grupos que tocavam suasmúsicas no início de sua carreira?

Por incrível que pareça não comecei como umcompositor para bandas. Comecei escrevendo para grupos

pequenos, peças para formações de flauta e piano,trombone e piano, grupo de câmara e suas muitaspossibilidades. A partir de 1984, passei a atuar nasduas frentes, tanto para bandas e grandes grupos comopara formações pequenas. Hoje, escrevo para orquestrassinfônicas, orquestras de sopros, corais...

Como é ser um compositor bem sucedido?Depende do que chamamos de bem sucedido. Algumas

pessoas escrevem cinco peças e ganham muito dinheiroe notoriedade. Outras, escrevem por toda a vida e nãoconseguem nenhum dinheiro, nem reconhecimento.Algumas pessoas estão felizes com o que têm, outrasnunca estão felizes com toda a fama que possuem.Tudo é muito relativo.

Mas, falando por mim, não tenho do que reclamar.Minhas peças são sempre executadas pelas maisdiferentes formações no mundo todo. Com muitos dessesgrupos eu trabalhei pessoalmente. Mas ser bem sucedidoimplica na fusão de muitos elementos. Não se trata deapenas de ser bom ou ter bons amigos ou bons contatos.Todos esses itens, separados, não funcionam. Claro quevocê precisa ter talento, claro que precisa ter dom, claroque precisa estudar muito por muitos anos paraaprender tudo que precisa sobre composição, claro queprecisa ter alguns amigos que o incentive e que lhedêem a chance de apresentar algumas peças, claro queprecisa de editores... mas esses itens separadamentenão funcionam. Você precisa de uma combinação detodos eles.

É preciso também ter algum tipo de habilidade parase comunicar. Alguns compositores são muitointrovertidos e nunca pensam no que as outras pessoasacham de suas obras. Eles preferem focar exclusivamenteno que fazem sem se importar com o resto. Não tenhonada contra essa atitude, mas quando você escreveapenas para si mesmo e não se importa com o que asoutras pessoas possam pensar ou sentir sobre suasobras, você não pode se surpreender se ninguém seinteressar por suas peças porque elas são feitasexclusivamente para você. Agora, se você se importacom o que pensam, gosta de ouvir opiniões, gosta deouvir suas peças sendo apresentadas, há sempre apossibil idade de aprender mais. Então, ao sercomunicativo você pode até ouvir críticas negativas sobreseu trabalho, mas é melhor do que escrever uma músicafantástica e colocá-la dentro de uma gaveta. Seria omesmo que pintar um quadro maravilhoso e ninguémver, ou escrever uma epopéia e ninguém ler. Todos osartistas precisam das pessoas. Posso escrever algo muitobom e guardar para mim mas, depois, não possoreclamar de ninguém se interessar pelas minhas obras.Porém, novamente, digo: ter boa comunicação tambémnão é tudo. É preciso uma combinação de várioselementos para fazer a carreira decolar.

Você já ouviu a mesma obra sendoexecutadas por músicos de diferentesnacional idades . A expressão é sempre amesma?

De certa forma, a música é universal. E não estoufalando da minha música. Os grandes mestres podemser tocados por todo mundo e a música será a mesmano Canadá, Nova Zelândia ou América do Sul.Basicamente, todos vão tocar da mesma maneira esentir da mesma maneira. Claro que em alguns paísesas pessoas estarão mais entusiasmadas e, em outros,

mais reservadas, mas todos os grandes gênioscompositores são fantásticos e dão significado universalpara a música.

Agora, no meu caso, vejo diferenças. Trabalhei com aOrquestra de Sopros Brasileira em Tatuí e eles sãofantásticos, flexíveis. Se fosse no Japão, levaria o dobrodo tempo para fazer o mesmo trabalho. Não porquesejam piores músicos, mas por causa das atitudes. Lá,os músicos são mais introspectivos e leva-se muitomais tempo para convencê-los a se abrirem. No Brasil,os músicos são mais expressivos, é muito mais fácil dese comunicar com eles. É diferente ouvir diferentesculturas e pessoas a partir de minhas músicas. Isso ésensacional.

Você está sempre trabalhando?Sempre. Estou com a agenda cheia para os próximos

três anos. No caso de trabalhos de regência, a agendaestá completa até 2011. Tenho também algumas obrasencomendadas até 2013. Tenho meu próprio sistema detrabalho e dedico pelo menos uma hora de trabalho aencomendas de cada ano, todos os dias. Podem ser trêspeças de 20 minutos ou cinco de 15. Hoje, trabalho comobras para violão e piano, com uma peça sinfônica,outra para coral e orquestra... são diferentes estilos.Algumas são curtas, outras longas. Dedico uma horapara cada trabalho já encomendado, seqüencialmente.Só escrevo sob encomenda há quase 30 anos, mas hásituações em que posso escolher minhas encomendas.Hoje, tenho o privilégio de não aceitar algo que nãoqueira fazer. Nos trabalhos, dou minha inspiração e,também, busco informações. Em “Sinfonia Hungárica”,por exemplo, busquei muitas informações envolvendotoda a história do país.

Você ouve todos os estilos de música?Sou aberto a muitos estilos, mas não gosto muito de

tecno, heavy metal e rap. Para mim, não há melodia ouritmo, só palavras e barulho. Não é o que busco, minhacriatividade funciona diferente. Mas se esses estilosinterferirem positivamente na escrita de algum compositor,ótimo. Todos são livres para ouvirem o que quiserem.

E música brasileira?É ótima. Já conhecia Villa-Lobos muito antes de sonhar

em vir para o Brasil. E, agora, já estou com outras peçasna minha memória. Há um ritmo específico, umsentimento específico. Tenho simpatia por músicabrasileira. Aliás, por muita música brasileira e nãosomente por samba.

O que diria a um novo compositor?O único conselho que daria, se é que posso dar algum

conselho, é você deve ouvir seu coração e fazer o queacha que precisa ser feito. Há muitas maneiras, muitosestilos na música, muitas possibilidades. Você pode serum compositor contemporâneo, conservador, de jazz,eletrônico, pop... é muita informação. Acho que cadacompositor deve encontrar o que gosta e deseja escrever.Seja honesto consigo mesmo e assim terá sucesso. Masse não obtiver o sucesso, não há nada que possa fazera respeito. Não pode influenciar as pessoas dizendo quea sua composição é a melhor de todas. Há tantoscompositores que, em vida, nunca foram reconhecidos edepois entraram para a história. Há outros que tiverammuito sucesso em vida, mas foram esquecidos. Não estáem nossas mãos prever ou decidir o que irá acontecer.

Aos 52 anos de idade, belga destaca-se pela versatilidade eestá entre os melhores compositores da atualidade

Jan Van der Roost:compositor do mundo

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17ENSAIO Magazine

O maestro AdrianoMachado está buscandopatrocínio para umambicioso projeto: refazer ocaminho percorrido porVilla-Lobos entre os anos de1931 e 1932. Na ocasião,quando era diretor deeducação musical do novogoverno nacionalista, Villa-Lobos percorreu 115 cidadesdo Estado de São Paulo comcerca de oito instrumentistas.A idéia do maestro tatuiano,regente da OrquestraSinfônica Paulista, é refazerno ano de 2009 o caminho trilhado por Villa-Lobos com a sua Orquestra Sinfonia Villa-Lobos,formada por 40 instrumentistas.

“Estou em busca de apoio para percorrer as115 cidades em uma homenagem a Villa-Lobosno ano em que serão celebrados os 50 anos desua morte”, disse o maestro. “Pretendemos fazerum repertório com obras de Villa-Lobos e suasinfluências, como Bach”, acrescentou.

Durante sua turnê, Villa-Lobos passou por Tatuíe, na Capital da Música, foi recepcionado porJoão Del Fiol, que além de organizar o evento noClube Tatuiense cuidou de emprestar aocompositor seu piano.

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) foiincrivelmente prolífico e alcançou status de lendano Brasil. Fez um profundo estudo da músicafolclórica nativa, que assimilou um estilo musical

Alunos do setor de artes cênicas destacaram-seno IV Festival Livre de Sorocaba, realizado em julho,com o espetáculo “Jezebel”, uma realização dogrupo “Mandala”.

A peça foi indicada aos prêmios de melhormaquiagem (Carolina Câmara), melhor cena (KalineLeigue e Débora Ester) e melhor trilha sonora (BiancoMarques). O prêmio de melhor atriz coadjuvantefoi para Kaline Leigue.

Também integram o grupo Karine de Andrade,Maria Clara Arantes, Luis Ricardo de Oliveira,Guilherme Junqueira, Odilon Lamego, AnelisaFerraz, Leila Carolina e Arielle Tavares.

O estudante de violino Daniel Moreira, aluno doprofessor Pedro Delarole, foi aprovado para integrara Orquestra Sinfônica da USP (Universidade de SãoPaulo). Aos 19 anos de idade, Daniel estuda noConservatório de Tatuí há quase dez anos e diz quea aprovação na orquestra “é uma realização pessoalimportante”. Atualmente, Daniel divide os ensaiosdiários em São Paulo com as aulas que continua afreqüentar no Conservatório de Tatuí semanalmente.Ao longo dos anos de estudos no Conservatório deTatuí, Daniel Moreira integrou a Orquestra de CordasJoão Del Fiol, a Orquestra Sinfônica Jovem eOrquestra Sinfônica Paulista. “Sou grato aosprofessores Pedro Delarole e Paulo Bosísio que, alémde serem meus únicos mestres na escola, sempre meapoiaram e me incentivaram”, disse ele.

O violista Daniel Pires, integrante da Osusp ex-aluno e professor do Conservatório de Tatuí, foiconvidado pelo diretor de departamento demúsica da USP (Universidade de São Paulo), GilJardim, a integrar a Orquestra FilarmônicaBrasileira que fará turnê pelos Estados Unidoscomposta por 28 concertos. Ao longo de 40 dias,ele acompanhará o grupo que fará apresentaçõesde obras brasileiras do erudito ao popular, a partirdo mês de outubro. A Filarmônica Brasileira éformada por músicos conceituados. Assim comoDaniel Pires, também foi convidado a integrar ogrupo o saxofonista Branford Marsales, irmão dotrompetista Wynton Marsales.

Pelos caminhos de Villa-LobosAdriano Machado busca patrocínio para ambicioso projeto

eclético. Esse conhecimentoveio a constituir a base dasreformas radicais no sistemade educação musical sob ogoverno nacionalista dosanos 30. Recebeu muitasinfluências. Jovem, tocou emcafés e rodou o Brasilcoletando música, tambémtendo estudado em Paris.

Mais participaçõesCom agenda cheia, Adriano

Machado também participade dois importantes eventosneste mês de setembro. Entreos dias 19 e 21, ele coordena

apresentação especial em Brasília dentro do projeto“Contos Clássicos”, regendo a Orquestra de Câmarano Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília,com participação especial do grupo cênico“Giramundo”.

Já em Brasília e Curitiba (neste mês de setembroe no próximo), Adriano Machado coordena osensaios dos músicos que se apresentam no “VideoGame Live”, show que executa música dos maispopulares games de todos os tempos e quetambém passará pelo Rio de Janeiro. O evento éuma criação de Tommy Tallarico e Jack Wall,músicos veteranos da indústria de games, e trazno repertório músicas dos games Mario, Zelda,Warcraft, Final Fantasy, God of War, KindgomHearts, Tom Raider, entre outros. A regência dogrupo formado por músicos de Brasília e Curitibaé de próprio Jack Wall.

Turnê internacional

O professor doConservatório de TatuíPedro Persone (músicaantiga) teve seu livro “TheEarliest Piano Music”lançado pela editora VDM-Verlag, de Saarbrücken, naAlemanha. A obra trata dacoleção de 12 sonatas deLodovico Giustini (1685-1743), as primeirasconhecidas para piano. As

obras foram compostas para fortepiano, instrumentocriado por Bartolomeo Cristofori (1655-1731). A obratambém analisa a ligação entre Giustini e o brasileiroJoão de Seixas da Fonseca Borges, além de trazerbiografia do compositor, entre outras importantesinformações sobre o inventor do instrumento, entreoutros detalhes.

Pedro Persone, doutor em música pelaUniversidade de Boston, reintroduziu o fortepianono Brasil no ano de 1991. O livro “The EarliestPiano Music” já está à venda na amazon.com.

Violinista naSinfônica da USP

Livro de Pedro Personeé lançado na Alemanha

Alunos de artescênicas em destaque

O artigo sobre Miguel Llobet, assinado pelaprofessora Dagma Eid e publicado na edição dejunho da Ensaio Magazine, foi também publicadopela revista Brazilian Guitar Magazine em agosto.A revista eletrônica é referência importante nouniverso violonístico brasileiro.

Artigo naBrazilian Guitar

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ENSAIO Magazine 514

Homem de aparência séria. Tanto que as pessoasque não o conheciam e não tinham contato diáriocom ele com certeza poderiam pensar que ele deveriaser uma pessoa muito séria, brava, sem brincadeiras,sem piadas, sem sorrisos. Como professor então, umcarrasco... Realmente a minha primeira impressãofoi essa também, mas, como diz o velho ditado, “asaparências enganam”. E como enganam!

Na verdade ele era brincalhão e, para a surpresade muitos, sarrista. Gostava de uma boa piada etambém contava algumas.

Em relação à música e ao trombone, aí sim eramuito sério. Sua preocupação com o ensino detrombone foi tanta que desenvolveu um método euma coletânea de estudos com a preocupaçãovoltada para o desenvolvimento de seus alunos.Sempre que um de seus alunos era selecionado paraparticipar de algum concurso ou teste, podia contarcom sua ajuda, pois estava sempre disposto eanimado para ajudar.

Mesmo com sua idade um pouco avançada fez,na década de 90, diversas viagens pelo Brasilacompanhando alguns de seus alunos em encontrosde trombonistas. Tal dedicação fez com que fossereconhecido e homenageado internacionalmentepela Associação Internacional de Trombonistas, aITA. Gagliardi na verdade era um grande paizãopara seus alunos. Quando digo “ajudá-los”, falo emtodos os sentidos: às vezes moralmente e atéfinanceiramente em alguns casos. Muitos de seusex-alunos podem comprovar o que estou dizendo.

Sempre animado e disposto a novidades entroupara a era da informática e aprendeu a manusear ocomputador para poder escrever suas músicas earranjos. Sua curiosidade era grande, tanto que sealguém conseguisse alguma gravação que ele nãoconhecia, com toda humildade, dizia: “você podefazer uma cópia?”. Posso dizer que tive o privilégiode participar de muitos desses momentos, poissempre o tive em minha casa, não como uma visitailustre que era, mas sim como um grande amigo.Nessas visitas sempre tinha alguma novidade, algumvídeo ou algum disco pra gente ouvir. Através deleconheci as principais orquestras de dança do Brasil,vários solistas e quantas histórias... guardo todosesses presentes e recordações com carinho.

Nascido em São Paulo, em 5 de dezembro de1922, mudou-se para o Rio de Janeiro com suafamília em 1935. Iniciou seus estudos de música aos13 anos e teve como professor nada mais nada menosque seu pai, José Gagliardi, famoso trombonista nasdécadas de 30 e 40.

Em 1938 ingressou no instituto Nacional deMúsica, atualmente Escola de Música daUniversidade Federal do Rio de Janeiro. Teve aulascom o professor Abdom Lyra, catedrático detrombone, concluindo também o curso de teoria esolfejo, matérias estas que sempre estiveram presentes

Espaço Leitura

Gilberto GagliardiLeopoldo Artuzo*

* Leopoldo Artuzo, trompetista, é professor demúsica de câmara do Conservatório de Tatuí eregente do Grupo de Metais “Professor GilbertoGagliardi”.

FOTO 1: Festival de MPB de 1995 - em pé: Alan,João José, Nahor Gomes, Paulinho; sentados:Leopoldo, Gilberto, Carioca.FOTO2: Silvio Mazzuca, Gilberto, Buda e Leopoldo

em sua maneira de lecionar. Sempre achou deextrema importância o músico conhecer osrudimentos da música e não somente tocar seuinstrumento.

Iniciou sua carreira profissional em 1940 comointegrante da Rádio Nacional e também da RádioGlobo do Rio de Janeiro. Devido à habilidade comoorquestrador, rapidamente tornou-se diretor deorquestra. Como trombonista, trabalhou com osmaestros Francisco Mignone, Cláudio Santoro, LyrioPanicalli, Alceu Bochino, Radmés Ganatalli, Gaó, LeoPerachi, entre outros. Foi em 1946 um dos fundadoresdo conjunto “Os Copacabanas”, que se tornoufamoso pela sua inconfundível qualidade musical eperformance.

Mudou-se para São Paulo em 1954, trabalhandoposteriormente com os maestros Osmar Milani,Enrico Simonetti, Gabriel Migliori, Silvio Mazzuccae Luiz Arruda Paes. Em 1957 formou sua orquestrade dança, apresentando-se nas noites paulistas. Comessa orquestra gravou três LPs pela gravadora RGE,perpetuando composições de sua autoria como“Trombone Maluco”, “Chora Menino”, “Quando osTrombones se Encontram”, “Tromboneando” e umacomposição de seu pai José Gagliardi chamada“Acariciando”. Também fez maravilhosos arranjosde composições como “Brejeiro”, “Na Baixa doSapateiro”, “Dora”, entre outras. Fez belíssimosarranjos de músicas como “Laura” e “La Virgem deLa Macarena”, perpetuadas com solo maravilhosode trompete do fabuloso Sétimo Paioletti (até algumtempo primeiro trompete da orquestra JazzSinfônica, também fora um dos professores detrompete do Conservatório de Tatuí, um trompetistaque também tem muita história). Importante lembrarque o primeiro trompete da orquestra e queparticipou das gravações dos três LPs era nada maisnada menos que o nosso querido Capitão, EdgarBatista dos Santos.

Mudando completamente de estilo e mostrandosua versatilidade como músico, em 1957 Gagliardiingressa na Orquestra Sinfônica Municipal de SãoPaulo, ocupando a cadeira de terceiro trombone.Em 1964, com a aposentadoria do professor AntonioCeccato, concorreu à vaga de primeiro trombone, aqual ocupou com maestria e competência até suaaposentadoria no final dos anos 80. Com a OrquestraSinfônica Municipal de São Paulo trabalhou sob abatuta dos maestros Eduardo de Guarnieri, SouzaLima, Armando Bellardi, Camargo Guarnieri, HeitorVilla-Lobos, Eleazar de Carvalho, Izaac Karabchewskie Túlio Collacciopo.

Em 1969 foi convidado pelo maestro Olivier Tonipara integrar o corpo docente da Escola Municipalde Música de São Paulo. Em 1979, a convite doprofessor Mark McDunn, realizou um seminário naDe Paul University-School of Music em Chicago,Illinois, e desde então se tornou um grande

colaborador e motivador de eventos dessa natureza.Aqui no Brasil, em 1995, juntamente com otrombonista Radegundis Feitosa, deu suacontribuição para a fundação e realização doprimeiro encontro da Associação Brasileira deTrombone, a ABT. Em virtude de sua elevada estimae em consideração pelos trabalhos realizados comoprofessor, recebeu uma homenagem e se tornoupresidente da ABT em 1997.

Em 1984, a convite do maestro Neves, passou afazer parte do corpo docente do Conservatório, cargoque ocupou até 1999 quando seu estado de saúdeimpossibilitou-o de continuar. Trabalhou nos festivaisde inverno de Campos do Jordão - Núcleo Tatuí e foiintegrante da Orquestra de Sopros Brasileira.Também fez diversas apresentações com a Orquestrado Festival de MPB.

Em agosto de 2005 foi formado o “Grupo deMetais Professor Gilberto Gagliardi”, que lhe prestauma homenagem mais do que merecida. O grupo éformado por alunos de nível intermediário eavançado, executando repertório eclético – doerudito ao popular -, participando de eventos dentroda escola e na comunidade. Em 2006 o grupoparticipou da gravação do DVD institucional doConservatório, firmando-se assim como um grupopedagógico.

Em julho de 2006 o trombonista Antonio HenriqueSeixas (Bocão) organizou um concerto na UFRJdenominado “Tributo a Gilberto Gagliardi”. Nele,diversos grupos se apresentaram executando arranjosque o próprio professor escrevera para quarteto detrombones, quinteto de metais, grupo de metais ebig band.

Dentre tantas homenagens conferidas a estegrande artista, destaca-se uma realizada aqui noConservatório em 12 de novembro de 2000, noite naqual foram homenageados três grandes artistas: osmaestros Osmar Milani, Silvio Mazzucca e GilbertoGagliardi. Gilberto, infelizmente, já estava doente ecompletamente sem visão. Estava nos bastidores etive a honra de acompanhá-lo até seu assento.Quando aparecemos no palco todo o públicocomeçou a aplaudi-lo e ele me perguntou: “Paraquem é tudo isso?”. Então eu lhe disse: “É para osenhor, para quem mais poderia ser?”

Gilberto Gagliardi faleceu em 15 de julho de 2001,deixando seus ensinamentos, seu entusiasmo eprincipalmente seu amor pela música como exemploe inspiração para todos nós.

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O Presidente da República sancionou o projetode lei 2732/208 no dia 15 de agosto. Ele altera alei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que tratadas leis de diretrizes e bases da educação, paradispor sobre a obrigatoriedade do ensino da músicana educação básica. Todo o movimento musicalbrasileiro havia batalhado mais intensamente nosúltimos anos para a volta da música nas escolas. OConservatório de Tatuí sediou um encontronacional sobre a questão com a participação derepresentantes do Brasil todo e vai, com certeza,prestar um serviço ao país colaborando nas diversasáreas da educação musical, como já vinha fazendo.Isso porque o Conservatório de Tatuí formaprofissionais para os mercados internacional enacional das grandes capitais mas também paraas cidades e regiões de origem de cada aluno.

Não formamos profissionais para o mercado ouindústria cultural. Formamos o ser humano e ocidadão. Afinal, o projeto original do Conservatóriode Tatuí elaborado pelo Governo Lucas Garcez haviasido a interiorização do conhecimento e da cultura.

Outra colaboração importante do Conservatóriode Tatuí foi a formação de instrumentistas comuma visão musical mais ampla e uma consciênciaeducacional mais social. Com isso, criava-seconjuntos musicais cujo objetivo não era só aapresentação, mas também a formação de novosmúsicos. Muitos alunos criaram, também, pequenosnúcleos de ensino musical nas suas cidades que,aos poucos, tornaram-se escolas de músicaconceituadas. O aluno também colaborou com aeducação da sua cidade, que passou a conhecermais profundamente vários instrumentos musicaisainda inacessíveis e desconhecidos. Nesse contexto,a escola que formava profissionais até para oexterior, que se preocupava em criar orquestraseducativas, descobria que a aquisição e adivulgação de um simples instrumento pelos alunos,na sua cidade, já era uma contribuição artístico-cultural imensa. Boa parte dos alunos era o primeirorepresentante da família, da escola, a estudardeterminado instrumento numa escola formal.Afinal, não podemos imaginar uma aula de músicaque fique entre quatro paredes e intramuros. Parecefácil, mas não é.

Hoje, esse aluno que se antecipou historicamentepode colaborar de forma profissional e não pelosimples voluntariado e amor à arte. Cabe aosestudiosos, próximos do poder, criar alternativasde inclusão já que o número de licenciados emmúsica ainda é muito pouco.

De outro lado, uma cidade, uma escola, umprofessor, pode criar algo independente, mascoletivo e solidário. Talvez no período de instalaçãodo curso de música nas escolas poderia haver umaabertura para formação ainda a se concluir,dependendo de um exame nacional ou atémunicipal. Aliás, seria importante que o histórico eo movimento musical de cada cidade fosseincorporado na elaboração do seu planejamento.

José Antonio Pereira*

Música nas Escolas

* Professor do Conservatório de Tatuí e UFSCar,maestro da Banda Sinfônica Jovem

Infelizmente, a Ordem dos Músicos, seção de SãoPaulo, está em fase de reestruturação. A Espanha,por exemplo, para ser integrada ao MercadoComum Europeu precisou incluir a música nocurrículo escolar e, como não existiam professoressuficientes, foram articuladas pessoas leigas, masque tocavam instrumentos e cantavam em corais.Eles passavam esta experiência aos alunos da escola.Sei que é um assunto polêmico.

Estudando há muito tempo sobre a questão daeducação musical escolar, sou favorável aoprocesso inclusivo, à musicalização com atividadese vivências que não precisam ter a duração de umahora (talvez dez minutos), mas que sirva de ligaçãoentre as aulas ou modos diferenciados de se conviverna escola. Esperamos que a escola consiga integrar-se ao seu bairro, a sua cidade. Sabemos quequalquer distância ou trajeto é caro e demorado.Uma aula fora do horário já é um desastre e, alémdisso, há as questões de acústica. Lembro-me deum prefeito de uma grande capital, na década de70, que criou uma lei do silêncio a partir das 17horas porque muitas fanfarras e bandas estudantissaíam às ruas naquele horário. Para que isso nãose repita é preciso conhecimento e planejamento.

Sobre o currículo a ser utilizado, já que nãotemos material nacional, podemos colocar acriatividade a serviço, afinal existe o conceito decomposição coletiva, por exemplo. Podemos fazeruma revisão do material da época do professorNacif Farah, Villa-Lobos... há uma produçãogigantesca que, felizmente, alguns não puseramno lixo.

Em pesquisas realizadas para o mestrado,descobri que a audição nem sempre faz parte doensino musical. A audição apreciativa pode sersimples e enriquecedora. Ouvir a si mesmo não étarefa fácil. Fazer silêncio pode ser uma das maiorescontribuições da música para as demais disciplinas.Um repertório, um disco antigo, um cd importadopode fazer a diferença no repertório das crianças ejovens. O aluno de cada escola vai ser compositor,maestro, multi-instrumentista, fazer uma segundavoz, improvisar uma percussão corporal, memorizaruma canção em várias línguas....

Na nossa profissão não podemos ensinar osalunos a tocar só por amor à arte. Eles aprenderãouma habilidade, aprenderão a exercer a cidadania,mas também a prestar um bem à humanidade.Cada um canta ou toca a canção ou melodia quemais gosta ou leva uma gravação ou vídeo paraouvir, comentar e reproduzir de várias maneiras.Bater palma é um ato super artístico, umacoordenação de mãos em alta velocidade. Fazersilêncio é o maior toque/busca de um engenheiroacústico. Tão importante quanto o ponto de vistaé o ponto de escuta.

O coral “Da Boca Pra Fora” iniciou dia 31 deagosto sua turnê premiada. Os quatro shows estãoagendados até o mês de novembro como parte doprêmio pela conquista do bicampeonato no MapaCultural Paulista. Sob regência de Cadmo Fausto,o grupo estreou em Adamantina mas tambémpassará por Salto, Indaiatuba e Votuporanga.

Os cantores mostram sua versatilidade nestemês de setembro em Salto. A apresentação serádia 12 de setembro, na Igreja Matriz de Salto, às20h30. No dia 18 de outubro, às 20h, o grupo fazapresentação em Indaiatuba; e, dia 23 denovembro, às 20h30, na cidade de Votuporanga.Todas as apresentações têm entrada franca.

Para a turnê, o regente Cadmo Fausto incluiuno repertório música sacra, MPB e spirituals. “Ocarro-chefe é o repertório do musical ‘Trem Bão’”,adiantou ele. “E, claro, a obra ‘Benedictus’, deEdmundo Villani-Côrtes”, adiantou ele.

O Coral Da Boca Pra Fora, grupo estável doConservatório de Tatuí, tornou-se bicampeão doMapa Cultural Paulista, evento realizado pelaSecretaria de Estado da Cultura com objetivo demapear e premiar talentos em diferentescategorias. A vitória no Mapa Cultural Paulistafoi anunciada em maio, em cerimônia realizadano auditório “Simon Bolívar”, no Memorial daAmérica Latina, em São Paulo. Iniciado no anopassado com disputas locais em todos osmunicípios do Estado de São Paulo, o concursoavaliou e premiou trabalhos de artes visuais, cantocoral, dança, literatura, teatro e vídeo.

Pela categoria canto e coral, o Mapa CulturalPaulista premiou cinco grupos, dentre inscritosde todo o Estado. Em 22 anos de existência, ocoral Da Boca Pra Fora não é só o único coroprofissional do Conservatório de Tatuí. É um dosprincipais coros do Estado de São Paulo. Provadisso é o alto nível dos 16 coralistas que integramo grupo regido por Cadmo Fausto – e, por extensão,a carreira de cada um.

O coral já havia vencido o Mapa CulturalPaulista na edição de 2001/2002. Com um CDgravado, o coral Da Boca Pra Fora foi fundadoem 1985 pelo próprio Cadmo Fausto e temparticipado de festivais e encontros por todo oBrasil. Em sua trajetória, realizou diversosespetáculos mesclando música com elementos deteatro, destacando a beleza da voz comoinstrumento e ampliando sua expressividadeatravés do canto coletivo. O repertório ecléticoapresenta canções populares (brasileiras, italianase latinas), renascentistas, negro spirituals e peçaseruditas de autores nacionais e internacionais.

Coral ‘Da BocaPra Fora’ iniciaturnê premiada

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BRAVO!1. Diego, Márcia, Ige D´Aquino, Gary, Ademir e Silvia; 2.Ana e Evelin; 3. André e Débora; 4. Fernanda, Roger eJurandir; 5. Mauricio e Luciana ; 6. Diego, Márcia, Gary,Daniel, Taiana, Estella, Alexandre, Gustavo, David eJenyffer; 7. Tálassa e Jônatas; 8. Teresa Beyele, KerstinGraff e Julia Schroff (Alemanha); 9. Adriana Manis; 10.Gabriel Roberto e Helô Faria (São José do Rio Preto);11. Adriano "Bola" e Rita (Tatuí); 12. Markus Schimitt,Emil Straus e Thomas Letzelten (Alemanha); 13. Rodrigo,Cristhiane, Herica e Flavio; 14. Kleber, Talita e Thiago;15. Diego e Samanta; 16. Nilton Luis, Rosana, Fátima eCarlos Henrique; 17. Gabriel, Anita e Donata; 18. FlavioMiranda, Mariana Maduro e João Paulo Cupperi; 19.Eduardo, Selma, Silvania e Bruno(Campinas); 20. AnaCarla, Karin e Karol; 21. O casal italiano Felippo e Therezavisita o Conservatório de Tatuí acompanhado de NeusaProost, Ondina, as freiras Catarina e Consolação e afuncionária Isabel Costa.

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BRAVO!22. Heloisa e Julio Villa-Nova; 23. João e Maria José(Votorantim); 24. Katsuyo Motoyama Inoue, MarciaInoue e Mauro (Tietê); 25. Janine Heinz e HannahHofmann (Alemanha); 26. Julia Polley e KatharinaVoigt (Alemanha); 27. Zuma Visciglia e a neta Olivia;28. Glaucia, Paola e Malena; 29. Hildemar, Marissabel,Elizabeth, Pedro e Luigi (Tietê); 30. Vanessa e Gustavo;31. Tainara Almeida Oliveira, Mariana Gurgel, MariaEliane Gurgel; 32. Luiz Fernando e Alana; 33. Marcelo,Tatiane, Karen e Guilherme; 34. Andreia e Elker; 35.Gerson e Suemir; 36. Mary, Alexandre e a estudantede jornalismo Pamela ; 37. Markus Schimitt, Kai Lensene Timo Honeis (Alemanha); 38. Izabel, Robson, Celine,Roberto, Vandal; 39. Helio, Lucas, Fabricio, Elaine,Silvana, Tais e Eduardo (São Paulo); 40. Mateus, Ana eIbraim; 41. Vanessa e Marcos Bueno; 42. Michele eSidney (São Paulo)

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Espaço Leitura

Uma breve trajetória do arranjadorNailor Azevedo Proveta e da Banda Mantiqueira

Erica Masson, autoraProf. Dr. Rafael dos Santos, co-autor

1.0 INTRODUÇÃODiante da grandeza dos arranjadores e músicos

brasileiros destaca-se o trabalho de Nailor Azevedo, oProveta. O fato de este ter sido o fundador e ser atéhoje o principal arranjador e coordenador da BandaMantiqueira torna-o um dos maiores expoentes damúsica instrumental brasileira, consagradomundialmente. Desta forma torna-se difícil dissociaro arranjador Proveta da Banda Mantiqueira, poissomente para esta, escreveu por volta de cinqüentaarranjos, quatro composições e participou da gravaçãode três CDs. Este fato constitui o ponto de partidadesta pesquisa que tem o intuito de desvendar astécnicas e recursos utilizados por ele em seus arranjospara Big Band. Desde a fundação da BandaMantiqueira, ele buscou liberdade de expressão comaplicação de uma linguagem com “sotaque brasileiro1”,embora a banda enverede também por outroscaminhos, levando em conta a universalidade damúsica.

Para a música da atualidade, seus arranjos são obrasde grande valor o que desencadeia o reconhecimentode seu trabalho por grandes músicos brasileiros comopodemos observar na declaração feita pelo maestroNelson Ayres:

“Lá por 1979 os músicos paulistas levaram um sustomonumental: de repente, surgindo do nada, apareceuem São Paulo um menino estraçalhando no sax eclarinete, tocando mais do que muito músicoprofissional de nome e tarimba.

Um de seus padrinhos musicais, o grande trompetistaBuda, espalhou para os músicos a única explicaçãopossível: tratava-se de uma aberração genética, umacriação de laboratório – enfim, um bebê de proveta.

O apelido pegou, grudou, e a sina do NailorAzevedo, filho de família ilustre de músicos de Leme,é a de ser conhecido como Proveta.

Acontece que ser apenas um instrumentista genial nãoera suficiente pro moleque. Muito esforço, muito tempo, emuita dedicação fizeram surgir também um grandearranjador que, além de dominar os intrincados meandrosde harmonia e orquestração, tem também um imensotalento natural para achar a frase bem construída, o ritmopreciso, a unidade arquitetônica que faz com que cada umde seus arranjos tenha CIC e RG2.”

“CIC e RG” foram as palavras utilizadas por NelsonAyres, no encarte do CD Aldeia, da Banda Mantiqueira,para definir identidade e características próprias dosarranjos de Nailor Azevedo.

Segundo Nelson Ayres, os arranjos e a interpretaçãode Nailor Azevedo, usam todas as técnicas da históriada Big Band, mas tem os pés firmemente fincados noscoretos do interior onde muitos músicos tocaram empúblico pela primeira vez 3.

Utilizando técnicas de contrapontos, blocos,aberturas de acordes e elementos extraídos dos ritmostradicionais como: maxixe, polca e chôro, NailorAzevedo evita o óbvio, combina naipes e mistura osinstrumentos com a intenção de formar um só som,conduz os saxofones como uma contra voz utilizandodeslocamentos rítmicos como característicasprincipais de seus arranjos. Esses elementos fazem asua música ser tão distinta.

2.0 TRAJETÓRIA 2.1NOTAS BIOGRÁFICAS

Nailor AparecidoAzevedo nasceu em 25de maio de 1961, nacidade de Leme,interior do estado deSão Paulo. Filho demúsico e incentivadopor seus pais, iniciouseu aprendizadomusical muito cedo.

Aos seis anos de idade já lia partituras musicais etocava clarinete na banda de Leme. Iniciou sua carreiraprofissional, também muito cedo, tocando em bailesno conjunto liderado por seu pai o acordeonista etecladista Geraldo Azevedo que ministrou para seufilho aulas de prática instrumental e apreciaçãomusical. Estudou saxofone e passou a integrar outrasformações musicais da região dentre as quais a Bandado Brejo, da cidade de Valinhos-SP.

Em 1969 estudou na Corporação Musical Maestro ÂngeloConsertino, ainda na cidade de Leme, e em 1977 fez ocurso de Clarinete e Teoria Musical no Conservatório CarlosGomes na cidade de Campinas, SP.

Mudou-se para São Paulo e, com apenas dezesseisanos de idade, já era integrante da orquestra doMaestro Sylvio Mazzucca, famosa em todo o Brasil eem 1981 fez um curso básico de instrumentação enoções de arranjo com seu primeiro professor nanova cidade, o maestro Nelson Ayres. Em seguida,participou da banda do 150 NIGHT CLUB,clube deJazz no Maksoud Plaza Hotel, badalada casa noturnade São Paulo que apresentava regularmente grandesatrações internacionais. Segundo o maestro da BandaSavana, José Roberto Branco, essa banda é umareferência à Big Band para a época4.

Em 1983, ingressou na formação que consolidou aBanda Savana, Big Band que surgiu na década de 70liderada pelo maestro José Roberto Branco, e que emsua primeira versão era integrada pelos seguintesmúsicos: Nailor Azevedo, saxofone alto, CacáMalaquias, saxofone tenor, Carlos Alberto, saxofonebarítono, Rony Stella e Valdir Ferreira, trombones,Tenison, Walmir Gil e Branco, trompetes, Bruno Elias,guitarra, Pedro Ivo, contrabaixo e Carlos Bala nabateria. Na Banda Savana, Proveta teve a oportunidadede escrever seu primeiro arranjo para Big Band, amúsica Na Baixa do Sapateiro. A experiência detrabalhar com Branco e com o pianista Laércio deFreitas (o “Tio”) teve grande influência nodesenvolvimento de seus arranjos fato que pode serconfirmado a seguir através de um depoimento deProveta ao pesquisador Rui Carvalho:

“Eu toquei com o Branco no Piu Piu durante umano e meio, mais ou menos, lá por 1987/ 1988. Foi noLF Combo, ou seja, o combo de Laércio de Freitas.Tinha eu de sax, o Branco de Trompete, o Tio de piano,o Waldir (Ferreira) de trombone, (integrante da BandaSavana e Banda Mantiqueira) o Lelo (atualmenteintegrante da Banda Mantiqueira) na bateria e o Sérgiono baixo. Foi maravilhoso. Cada noite era uma aula. OBranco e o Tio falavam de suas experiências emostravam nos solos do que é que estavam falando.

Eles falavam para não perder o “fogo interior” . OBranco e o Tio desafiavam os músicos porquepropunham coisas “frescas” o que me fez estudarmuito jazz. Dos vinte e um aos vinte e oito anostoquei muito com Branco e com o Tio (Laércio deFreitas). Branco nos passava o afro-brasileiro e o Tioera mais aquela coisa da gafieira. (...) Branco me fezperder o medo de experimentar coisas novas5 (...)quando você trabalha com pessoas como o Brancoou o Tio, você adquire uma atitude mais justa, maisfranca, mais comprometida6.”

Em 1985, formaram a “Banda Aquarius” e, emseguida, veio o “Sambop Brass” sob a liderança dotrombonista François de Lima (trombonista da BandaMantiqueira), onde Proveta e Walmir Gil eramintegrantes e ajudaram na elaboração dos arranjosdas músicas executadas pelo grupo. A Banda Aquariuse o Sambop Brass fizeram sucesso em suasapresentações, mas tiveram vida breve e,lamentavelmente, por falta de oportunidade, nãodeixaram gravado em disco o trabalho realizado.

Em 1986, Proveta teve as primeiras noções decontraponto com o professor Edmundo Vilani e em 1989partiu para a carreira acadêmica ingressando no curso deBacharelado em Saxofone na Faculdade de MúsicaMozarteum formando-se em 1992. Nesta mesma épocafez vários cursos com o professor Cláudio Leal sobreOrquestração, Harmonia Avançada e Instrumentação quesegundo ele tiveram grande importância no aprimoramentode suas técnicas de arranjo.

Após muitos cursos, Proveta já tinha adquiridotécnicas e maturidade suficientes para colocar emprática uma idéia que havia surgido em sua cabeçadesde 1983, quando ingressou na “Banda Savana”, aformação de uma banda que tivesse liberdade deexpressão e onde ele pudesse aplicar a linguagem damúsica brasileira. Surgiu então, em 1991, a BandaMantiqueira, onde Proveta além de liderar aindaescreve a maioria dos arranjos.

Além do trabalho desenvolvido com a BandaMantiqueira, Proveta exerce intensa atividade comoinstrumentista, arranjador e produtor com uma gamavariada de artistas de renome no Brasil e no exterior7

reservando, também, uma parte do seu tempo paraministrar aulas e cursos.

>>Continua na próxima edição

1 Baseado nos ritmos e características da música brasileira.2 Nelson Ayres, SP, agosto, 1996. Encarte do primeiro CD da BandaMantiqueira, “Aldeia”.3 Nelson Ayres, SP, 2004. Encarte do CD da Orquestra Sinfônica doEstado de São Paulo, Luciana Souza e Banda Mantiqueira, comregência de Roberto Minczuk.4 CARVALHO, Rui Manuel Senico. Entre a Imanência e a Representação:Maestro Branco e a Banda Savana: Pós Modernismo, Identidade e MúsicaPopular no Brasil. Dissertação Mestrado Unicamp. Campinas, SP, 2003.p. 24.5 CARVALHO, Rui Manuel Senico. p. 47.6 CARVALHO, Rui Manuel Senico. p. 50.7 Alguns ariístas com os quais Proveta já atuou: Laércio de Freitas,Nelson Ayres, Arismar do Espírito Santo, Guinga, Edson Alves, MoacirSantos, Rosa Passos, Simone, Raul Seixas, Claudia, Célia, Peri Ribeiro,Agnaldo Rayol, Nelson Gonçalves, Anna Caran, Celso Viáfora, Gereba,Vânia Bastos, Jane Duboc, Guinga, Joyce, Martinho da Vila, Elza Soares,Mônica Salmaso, Sérgio Santos, Carter, Roger Newman, Anita Oday,Paul West, Joe Willians, George Divivier, Ray Connif, Nico Fidenco,Albert Collins, Berry White, Natalie Cole, entre outros.

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Programação CulturalMês de Setembro

Big Band SamJazzPrograma exclusivo com repertório de bandasSérgio Oliveira, regenteTeatro Procópio Ferreira

Coro de Educadores de TatuíEvento realizado em parceria com a Yazaki do BrasilMarcos Nascimento, regenteAnfiteatro Escola Técnica “Salles Gomes”

Orquestra de Sopros BrasileiraDario Sotelo, regenteTeatro Procópio Ferreira

Orquestra Sinfônica PaulistaAdriano Machado, regenteTeatro Municipal de São João da Boa VistaAbertura da 31ª Semana Guiomar Novaes

Banda Sinfônica JovemComemoração Independência do BrasilJosé Antonio Pereira, regenteEscola Municipal “Eugênio Santos”

Quinteto Acadêmico BrasileiroAnselmo Pereira (flauta), Valquíria de Campos (oboé),Lindemberg Cavalcante (clarineta), Ivan Ferreira (fagote)e Adriana Scaglioni Lima (trompa).Teatro Procópio Ferreira

Orquestra de Cordas“João Del Fiol”Cerimônia para marcar a instalação domonumento em homenagem a João Del Fiol.Raymundo Françani Jr., regentePraça da Matriz

Coral Da Boca Pra ForaCadmo Fausto, regenteTurnê Mapa Cultural Paulista - Salto - SP

Orquestra Sinfônica PaulistaRoberto Tibiriçá, regenteCentro Educacional da Fundação Salvador ArenaSão Bernardo do Campo - SP

Palestra Motivando TodosPalestrante: Alfredo RochaTeatro Procópio Ferreira

III Mostra de ViolõesRecital com Gilson Antunes e Luiz FoschiCooperativa de Música

III Mostra de ViolõesBate-papo com Gilson AntunesAnexo 4 - Conservatório de Tatuí

Grupo de ChoroQuebrando GalhoAlexandre Bauab Junior, coordenaçãoTeatro Procópio Ferreira

Big Band SamJazz convidaVittor SantosVittor Santos, tromboneTeatro Procópio Ferreira

Orquestra de SoprosBrasileiraFelix Hawswirth, regente convidadoTeatro Procópio Ferreira

Orquestra Sinfônica PaulistaAdriano Machado, regenteTeatro Procópio Ferreira

Interfaces - show instrumentalSidney Mattos, multi-instrumentistaTeatro Procópio Ferreira

05SEXTA

20h30

06SÁBADO11h00

12SEXTA

17h00

15SEGUNDA21h00

16TERÇA

10H00

16TERÇA

20h30

18QUINTA20h30

13SÁBADO15h00

15SEGUNDA20h00

21DOMINGO20h30

25TERÇA

20h30

27QUINTA20h30

Programação confirmada até 28 de agosto (fechamento desta edição). Confira a programação no site www.conservatoriodetatui.org.br

07DOMINGO10h00

06SÁBADO20h30

06SÁBADO20h30

08SEGUNDA20h30

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