uma modelagem de dinÂmica de sistemas aplicada ao …

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FACULDADE IETEC Andreza Cristiana da Silva UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO ENSINO SUPERIOR COM ÊNFASE NA EVASÃO ESCOLAR Belo Horizonte 2017

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Page 1: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

FACULDADE IETEC

Andreza Cristiana da Silva

UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO

ENSINO SUPERIOR COM ÊNFASE NA EVASÃO ESCOLAR

Belo Horizonte

2017

Page 2: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

Andreza Cristiana da Silva

UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO

ENSINO SUPERIOR COM ÊNFASE NA EVASÃO ESCOLAR

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Faculdade Ietec, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas.

Área de concentração: Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas

Linha de pesquisa: Gestão de Processos, Sistemas e Projetos

Orientadora: Profa. Dra. Wanyr Romero Ferreira Faculdade Ietec

Belo Horizonte

Faculdade Ietec

2017

Page 3: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

Silva, Andreza Cristiana da.

S586m Uma modelagem de dinâmica de sistemas aplicada ao ensino superior com ênfase na evasão escolar / Andreza Cristiana da Silva. - Belo Horizonte, 2017.

66 f., enc.

Orientadora: Wanyr Romero Ferreira.

Dissertação (mestrado) – Faculdade Ietec.

Bibliografia: f. 53-56

1. Ensino superior - Evasão. 2. Dinâmica de sistemas. 3. Gestão institucional. 4. FIES. 5. SISU. I. Ferreira, Wanyr Romero. II. Faculdade Ietec. Mestrado em Engenharia e Gestão de Processos e Sistemas. III. Título.

CDU: 681.3.03:378

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Page 5: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

Andreza Cristiana da Silva. Uma modelagem de dinâmica de sistemas aplicada ao ensino

superior com ênfase na evasão escolar.

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Engenharia e Gestão de

Processos e Sistemas da Faculdade Ietec,

como requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Engenharia e Gestão de

Processos e Sistemas.

Área de concentração: Engenharia e Gestão

de Processos e Sistemas

Linha de Pesquisa: Gestão de Processos,

Sistemas e Projetos.

Orientador: Profa. Dra. Wanyr Romero

Ferreira

Faculdade Ietec

Aprovada pela banca examinadora constituída pelos professores:

______________________________________________________________ Profa. Dra. Wanyr Romero Ferreira – Ietec

______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 2017.

Faculdade Ietec

Rua Tomé de Souza, 1065 - Belo Horizonte, MG - 30140-131 - Brasil - tel.: (031) 3116-1000 - fax (031)

Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão de

Processos e Sistemas

Faculdade Ietec

Page 6: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

Dedico esse trabalho ao meu filho Sttanley pela compreensão e apoio. Grande foi a

ausência durante essa caminhada e mesmo assim sempre me estimulava a

continuar. Aos meus pais e minhas irmãs que sempre me deram forças.

Page 7: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

AGRADECIMENTOS

A Deus porque D’Ele e por Ele são todas as coisas.

A Profa. Dra. Wanyr Romero Ferreira por toda compreensão, competência e

incansável dedicação. O conhecimento que adquiri com ela nessa caminhada levarei

por toda vida, como profissional e como pessoa.

Ao Prof. Dr. José Helvécio Martins pela experiência que muito contribuiu para vida

acadêmica.

Ao Prof. Rafael Amantéa que de forma dinâmica foi o transmissor de grande

conhecimento para realização desse trabalho.

Ao meu filho Sttanley pelo amor e compreensão.

A minha família pelas palavras de encorajamento.

Ao amigo Reginaldo Eustáquio que foi muito importante na decisão desse curso.

Ao amigo Ricardo Botelho pelas repreensões e palavras que contribuíram para que

acreditasse em mim.

Ao Wanderson, colega e amigo que adquiri nessa caminhada e que muito contribuiu

para a realização desse trabalho.

Aos amigos que juntos estamos concluindo essa etapa e que me ajudaram a não

desistir em vários momentos.

Page 8: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles

que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”

Rm.8.28

Page 9: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

RESUMO

O ensino superior brasileiro apresentou na última década um crescimento

significativo em relação a anos anteriores. Investimentos governamentais em

políticas públicas permitiram o ingresso no ensino superior de jovens que, de outra

forma, não teriam condições para tal. Porém, o aumento de ingressantes devido a

esses incentivos não evitou a evasão escolar que é um problema com o qual as

instituições de ensino têm convivido. É necessário que se identifiquem os porquês e

formas de aumentar a taxa de permanência do aluno no curso. Vários são os fatores

que interferem na evasão tais como, auxílio na escolha do curso, conciliação entre

trabalho e estudos, base de ensino, entre outras. O presente trabalho utiliza a

técnica de Dinâmica de Sistemas para modelar o sistema de ensino no Brasil e

analisar a influência das políticas públicas na redução da evasão no ensino superior,

com foco no Fies e no Sisu, que afetam diretamente a rede privada e pública de

ensino. Os resultados mostraram que as políticas públicas têm efeito significativo

nas taxas de evasão. Há três vezes menos evasão entre os alunos que têm um dos

dois tipos de financiamento considerados. A contribuição desse estudo estende-se

aos gestores das instituições de ensino superior pois reforça a importância da

criação de mecanismos e ações de permanência dos alunos.

Palavras-chave: Ensino superior. Dinâmica de sistemas. Políticas públicas. FIES.

SISU.

Page 10: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

ABSTRACT

Brazilian higher education has presented significant growth in the last decade in

relation to previous years. The opportunities afforded by government investments

were an attitude that allowed several students to enter higher education. However,

with the increase of these opportunities, some candidates did not evaluate important

conditions for the stay in the course of entry. There are several factors that interfere

with evasion, such as investigating the interests of the area of action (for example,

through vocational tests), work reconciliation and studies, teaching base, among

others interfering with school dropout, a problem that has institutions. The present

work using the systems dynamics shows the influence of public policies in the

reduction of evasion in higher education, focusing on Fies and Sisu, which directly

affect the private and public education network. The results of the implementation of

the aforementioned variables confronted real data proving that public policies

mitigate evasion. According to statistical data, the model has shown that students

with financing reduce dropout by up to three times. The contribution extends to

Higher education institutions managers in the creation of mechanisms to maintain or

develop students' permanence actions.

Keywords: Higher education. Dynamics of systems. Public policy. FIES. SISU.

Page 11: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de enlace positivo e enlace negativo ......................................... 34

Figura 2 - Diagrama de estoque e fluxo .................................................................... 35

Figura 3 - Componentes utilizados na Dinâmica de Sistemas .................................. 36

Figura 4 - Modelo conceitual ..................................................................................... 38

Figura 5 - Parte do diagrama referente aos alunos do Sisu (Setor Público) ............. 42

Figura 6 - Parte do diagrama referente aos alunos do Fies (Setor Privado) ............. 43

Figura 7 - O modelo com a inclusão das políticas públicas (Fies e Sisu) .................. 44

Page 12: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Crescimento de instituições de ensino superior no período de 2000 a

2014 ..................................................................................................... 21

Gráfico 2 - Evolução da educação superior – graduação no período entre 2005 a

2015 ..................................................................................................... 22

Gráfico 3 - Evolução das taxas de escolarização líquida e bruta na educação na

faixa etária de 18 a 24 anos ................................................................. 23

Gráfico 4 - Trajetória dos estudantes no curso de ingresso ................................... 28

Gráfico 5 - Taxa de Evasão no Curso no 1º ano…………………………………….31

Gráfico 6 - Evolução do número de matrículas. Período de 2009 - 2015 .............. 40

Gráfico 7 - Ingressos no Fies ................................................................................. 46

Gráfico 8 - Evolução no número de matriculados no setor privado........................ 47

Gráfico 9 - Concluintes no Setor Privado ............................................................... 48

Gráfico 10 - Evolução do número de ingressos no Sisu .......................................... 48

Gráfico 11 - Evolução no número de matriculados no setor público ........................ 49

Gráfico 12 - Concluintes no setor público ................................................................ 50

Gráfico 13 - Matriculados no setor privado (com Fies) ............................................ 50

Gráfico 14 - Simulação Evasão Pv e Evasão Fies ................................................... 51

Page 13: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição de bolsas - PROUNI, no período 2012 - 2015 .................... 24

Tabela 2 - Evolução do Fies no período de 2009 a 2015 ........................................ 25

Tabela 3 - Número de candidatos inscritos no Sisu – período de 2010 a 2015 ...... 25

Tabela 4 - Número de vagas Sisu – Período de 2010 a 2014 ................................. 26

Tabela 5 - Crescimento anual percentual das taxas de evasão (de cada ano em

relação ao ano anterior) ......................................................................... 29

Tabela 6 - Evasão total no período de 2004 a 2015 ................................................ 39

Tabela 7 - Evasão média no setor público e no setor privado, no período de 2004 a

2015 ....................................................................................................... 41

Page 14: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNE Conselho Nacional de Educação Conaes Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MEC Ministério de Educação e Cultura LDB Lei das Diretrizes e Bases da Educação FIES Fundo de Financiamento Estudantil PNE Plano Nacional de Educação PDE Plano de Desenvolvimento da Educação Pnaes Plano Nacional de Assistência Estudantil Prouni Programa Universidade para Todos Reuni Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais Brasileiras SEMESP Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior SESU Secretaria de Educação Superior Sinaes Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior Sisu Sistema de Seleção Unificada UAB Universidade Aberta do Brasil

Page 15: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 16

2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 16

2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 17

3.1 História do ensino superior no Brasil .......................................................... 17

3.2 Regulamentação do ensino superior .......................................................... 17

3.2.1 Conselho Nacional de Educação ................................................................ 18

3.2.2 Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – Conaes ........... 18

3.2.3 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior .............................. 19

3.2.4 Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ..................................... 19

3.3 As Instituições de Ensino Superior ............................................................. 20

3.3.1 Evolução do ensino superior – Graduação no Brasil .................................. 21

3.3.2 Plano de Desenvolvimento da Educação para o ensino superior............... 22

3.4 Evasão no ensino superior brasileiro .......................................................... 26

3.5 Causas…………………………………………………………………………....29

4 METODOLOGIA ........................................................................................ 33

4.1 Dinâmica de Sistemas ................................................................................ 33

4.1.1 Diagramas causais ..................................................................................... 33

4.1.2 Estoque e fluxo ........................................................................................... 34

4.1.3 Variáveis auxiliares ..................................................................................... 35

4.2 Cálculo da variável evasão ......................................................................... 36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………….46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 53

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 55

ANEXO A – Equações ............................................................................... 59

Page 16: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

14

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas o ensino superior teve um aumento crescente tanto nas

Instituições de Ensino Superior (IES) públicas quanto nas privadas. As políticas

públicas introduzidas pelos governos favoreceram o ingresso de estudantes de

classe média e baixa nas universidades. De acordo com o Censo de 2013, os cursos

superiores tiveram 130% de aumento entre 2000 e 2013 e o número de ingressantes

aumentaram 76,4% (INEP, 2014).

O ensino superior pode ser visto como um bem público, na medida em que toda a

sociedade se beneficia cultural, econômica e socialmente ao ter acesso à educação

superior de qualidade (MIZRAHI; MEHREZ, 2001). A educação é imprescindível

para o crescimento econômico de um país. Sendo a educação direito garantido pelo

Estado, de acordo com a Constituição Federal de 1988, art. 205 e a Lei de Diretrizes

e Bases da Educação nº 9394, o ensino superior pode ser ofertado por instituições

públicas ou privadas.

Na segunda metade do século XX, o Brasil foi marcado por um crescimento

significativo do número de alunos no ensino superior em busca de melhor formação

profissional e expectativa de novas oportunidades de trabalho. Para a Secretaria de

Educação Superior (SESu), os desafios da educação superior no Brasil podem ser

condensados na tríade: expansão, qualidade e democratização (MEC, 2014). Ainda

com avanços no ingresso de indivíduos no ensino superior, o Brasil não conseguiu

atingir a meta estabelecida pelo Plano Nacional da Educação (PNE), entre 2001 e

2010 que seria pelo menos 30% da faixa etária de 18 a 24 anos.

Mesmo com a expansão das instituições de ensino superior, vários desafios são

encontrados para garantir o processo de formação do aluno, uma vez ingresso. A

evasão tem sido um dos fatores que têm interrompido o avanço desse aluno, sendo

responsável por vários prejuízos. A busca por intervenções que possam diminuir o

impacto causado por esse fator tem sido alvo de vários estudos, uma vez que a

evasão traz prejuízos tanto econômicos quanto sociais (BAGGI e LOPES, 2001).

Page 17: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

15

Qualquer estudo que pretende analisar as diversas variáveis que afetam o

desempenho de cursos superiores envolve estudar o comportamento de sistemas

interativos complexos. Por isto, é importante identificar uma ferramenta adequada

para um estudo teórico de tais sistemas. Uma dessas ferramentas é a modelagem

dinâmica de sistemas, uma abordagem poderosa para entender o comportamento

de sistemas complexos ao longo do tempo. A metodologia de dinâmica de sistemas,

criada por Jay Forrester na década de 1950, tem se mostrado adequada em várias

áreas do conhecimento (FORRESTER, 1961).

Vários trabalhos que utilizam a dinâmica de sistemas em estudos de modelagem de

sistemas educacionais têm sido encontrados na literatura recente. Groff (2013)

explorou a dinâmica do atual sistema educacional dos Estados Unidos utilizando a

modelagem de dinâmica de sistemas. Seu estudo mostrou a aplicação prática desta

ferramenta para entender as correlações entre os vários fatores que afetam o

desempenho do sistema educacional dos Estados Unidos e contribuiu para criar

políticas públicas de melhorias na educação.

Murthy, Gujrati e Iyer (2010) apresentam um modelo de simulação dinâmica de

sistemas de um programa de educação a distância em um instituto de engenharia na

Índia. Os resultados das simulações auxiliaram os gestores a planejar futuros

investimentos do programa.

Em seu trabalho, Strauss (2010) trata do importante papel da educação superior

para o país no âmbito econômico e social, principalmente, apontando as dificuldades

encontradas pelo Brasil em alcançar seus objetivos. Mostra como a modelagem

pode conduzir a decisões e intervenções para um ensino superior de qualidade. O

trabalho de Strauss, apesar de abrangente não levou em consideração a evasão

escolar no ensino superior.

Assim, este trabalho visa ampliar a análise de Strauss (2010) introduzindo a evasão

escolar e analisar o impacto de políticas públicas sobre as variáveis envolvidas no

modelo e apresentar medidas que possam mitigar essa evasão.

Page 18: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

16

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Elaborar um modelo de dinâmica de sistemas que permita analisar o efeito das

políticas públicas sobre a evasão escolar no ensino superior e analisar medidas que

podem ser tomadas para diminuir esta evasão.

2.2 Objetivos específicos

a) adaptar o modelo de Strauss (2010) para incluir a variável evasão e o efeito

das variáveis “FIES” e “SISU”;

b) validar o modelo de dinâmica de sistemas que incorpore as diversas variáveis

envolvidas;

c) descrever e analisar o comportamento dinâmico do ensino superior,

considerando as condições atuais do Brasil.

Page 19: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 História do ensino superior no Brasil

O ensino superior no Brasil surgiu no século XIX. Com a chegada dos portugueses ao

Brasil, houve as primeiras instituições culturais e científicas seguindo este nível. Porém,

nenhum avanço ocorreu nessa linha da educação que era oferecida pelos jesuítas,

numa linha religiosa. Aqueles que se interessavam pelo ensino superior tinham que ir à

Europa, especificamente em Coimbra (SHIGUNOV e MACIEL, 2008).

Com a vinda da família real, houve o interesse de criar essas escolas a nível

universitário. A primeira foi fundada na Bahia e no Rio de Janeiro em 1808. Em 1810,

foi assinada pelo Príncipe Regente uma carta de lei criando a Academia Real Militar da

Corte que mais tarde se transformaria na Escola Politécnica.

Com essa base histórica, o ensino superior era de caráter independente, profissional e

elitista, uma vez que o acesso era restrito, pois atendia a um grupo de pessoas que não

mais podiam ir a Europa para tal finalidade. A partir daí muitas foram as tentativas da

ampliação/criação de escolas de nível superior no Brasil, mas nenhuma delas teve

sucesso. Somente em 1912, surge a primeira universidade no Brasil no estado do

Paraná, porém durou apenas três anos. Em 1920, surgiu a Universidade Federal do Rio

de Janeiro que fundiu os cursos superiores da cidade.

3.2 Regulamentação do ensino superior

A regulamentação do ensino superior no Brasil, deu-se pelo decreto nº 5773, de 9 de

maio de 2006, onde ocorre a regularização, supervisão e avaliação das IES no Brasil

conforme art. 84, inciso IV, da Constituição e tendo em vista o disposto nos artigos 9º,

inciso VI, VIII e IX e 46 da Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, que rege a

educação no território nacional – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). A

legislação educacional brasileira estabelece que “a educação abrange os processos

Page 20: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

18

formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho,

nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da

sociedade civil e nas manifestações culturais.” (LDB, 1996).

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é o

órgão responsável pela avaliação do ensino superior no /Brasil, gerando índices e

informações que norteiam o processo de organização, conduzido pelo MEC buscando a

qualidade da educação superior. O mecanismo utilizado para aquisição desses

indicadores são avaliações aplicadas a esses discentes, por meio do Exame Nacional

de Desempenho de Estudantes (ENADE) que integra o Sistema Nacional Educação

Superior (SINAES).

A seguir, apresenta-se uma descrição dos órgãos que, atualmente, são responsáveis

por esse processo.

3.2.1 Conselho Nacional de Educação

O Conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão colegiado integrante

do Ministério da Educação (MEC) criado no ano de 2005 e responsável por colaborar e

formular políticas educacionais em nível federal bem como exercer função de

assessoramento, deliberação e normatização das ações do MEC. É composto por

representantes da sociedade civil.

3.2.2 Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – Conaes

Órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável por coordenar e supervisionar o

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), do qual faz parte o

Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Tem, entre suas funções, a

de elaborar propostas de desenvolvimento das Instituições de Ensino Superior (IES)

com base nas informações produzidas nos processos que organiza.

Page 21: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

19

3.2.3 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

Criado pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004, o Sinaes é formado por três

componentes principais: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos

estudantes. Ele avalia todos os aspectos que giram em torno desses três eixos: o

ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a

gestão da instituição, o corpo docente, as instalações e vários outros aspectos. O

sistema possui uma série de instrumentos complementares: autoavaliação, avaliação

externa, Enade, avaliação dos cursos de graduação e instrumentos de informação

(censo e cadastro). Os resultados das avaliações possibilitam traçar um panorama da

qualidade dos cursos e instituições de educação superior no País. Os processos

avaliativos são coordenados e supervisionados pela Conaes. A sua operacionalização é

de responsabilidade do Inep.

As informações obtidas com o Sinaes são utilizadas pelas IES para orientação da sua

eficácia institucional e efetividade acadêmica e social, pelos órgãos governamentais

para orientar políticas públicas, e pelos estudantes, pais de alunos, instituições

acadêmicas e públicas em geral, para orientar suas decisões quanto à realidade dos

cursos e das instituições.

3.2.4 Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

O ENADE foi criado pela Lei 10861, de 14 de abril de 2004. É um dos pilares do

SINAES. Segundo o INEP (2015), o objetivo do ENADE é:

avaliar o desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional, e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial, integrando o Sinaes, juntamente com a avaliação institucional e a avaliação dos cursos de graduação.

O exame é obrigatório para aqueles alunos os quais o curso tenha sido selecionado e a

não realização da prova, impossibilita o aluno de concluir sua graduação, pois a

Page 22: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

20

liberação do diploma está condicionada a tal fator. A primeira aplicação ocorreu em

2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento.

3.3 As Instituições de Ensino Superior

As IES brasileiras podem se classificar em públicas ou privadas. As IES públicas são

aquelas mantidas pelo Poder Público podendo ser federal, estadual ou municipal. As

IES privadas são dirigidas por pessoa física ou jurídica e visam lucro. Podem ser

consideradas como uma atividade econômica, onde existe a oferta e a demanda

(MONDINI, 2005; DOMINGUES, 2005).

De acordo com o nível acadêmico, as IES são classificadas em:

a) Universidades - instituição de ensino que oferece uma pluralidade de cursos –

graduação e pós-graduação, além de apresentar requisitos mínimos de titulação

acadêmica sendo um terço de mestres e doutores. A carga de trabalho do corpo

docente terá um terço em regime integral. É independente para criar cursos e

sedes acadêmicas e administrativas, expedir diplomas, fixar currículos e número

de vagas, firmar contratos, acordos e convênios, entre outras ações, respeitados

as legislações vigentes e a norma constitucional;

b) Centros universitários – da mesma forma que as universidades, os centros

universitários têm cursos em várias áreas do conhecimento (pluridisciplinar).

Normalmente são menores que as universidades. Não está definido na LDB (Lei

de Diretrizes e Bases) e não apresenta o requisito da pesquisa institucionalizada;

c) Faculdades – diferente das universidades, atuam com menor número de ofertas

de cursos além de não ter a função de promover a pós-graduação. Pode atuar

como uma unidade orgânica de uma universidade, sendo uma repartição

administrativa que faz parte da sua estrutura e não tem autonomia jurídica;

d) Institutos Federais – são modalidades voltadas para a formação técnica.

Oferecem ensino médio integrado ao ensino técnico, cursos técnicos, cursos

superiores de tecnologia, licenciaturas e pós-graduação. A denominação

Page 23: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

21

remonta à Lei 11.892/08 que renomeou os Centros Federais de Educação

Profissional e Tecnológica (CEFETs) e as Escolas Técnicas.

De acordo com a LDB, art. 44, a educação superior confere cursos de graduação, pós-

graduação, sequenciais e extensão. A pós-graduação pode ser lato sensu, dirigida pela

Secretaria de Educação Superior (SESu) e stricto sensu, dirigida pela Comissão de

Aperfeiçoamento Pessoal do Nível Superior (CAPES). O curso de graduação atribui

diplomas de bacharel, licenciatura e tecnólogo.

3.3.1 Evolução do ensino superior – Graduação no Brasil

Com o apoio da LDB/96 garantindo a abertura e permanência das instituições privadas

de ensino e com a concordância do Governo Federal e o MEC, a partir de 1995 houve

um crescimento rápido de IES. O Gráfico 1 mostra o aumento de instituições no

período de 2000 a 2014. Observa-se que o crescimento das IES privadas foi de mais de

100%, no período, enquanto as instituições públicas cresceram menos de 70%.

Gráfico 1 - Crescimento de instituições de ensino superior no período de 2000 a 2014

Fonte: Sindata/SEMESP/Base Censo Inep

Page 24: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

22

A evolução do ensino superior não pode ser analisada considerando apenas o

crescimento do número de IES. É importante fazer uma avaliação entre os ingressantes

regularizados e concluintes, observando assim o compromisso dos alunos e a

efetividade do sistema.

Na última década, a evolução das matrículas no ensino superior foi de 73,6% (INEP,

2015). O Gráfico 2 mostra a evolução da educação superior – graduação no período

entre 2005 a 2015.

Gráfico 2 - Evolução da educação superior – graduação no período entre 2005 a

2015

Fonte: Inep/Censo da Educação Superior

3.3.2 Plano de Desenvolvimento da Educação para o ensino superior

A proposta elaborada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) considera como objetivo

aumentar a escolaridade média de 18 a 29 anos buscando atingir no mínimo 12 anos

de estudo e 25% dos mais pobres equiparando a escolaridade média entre negros e

não negros declarados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Anseia

também elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa

Page 25: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

23

líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta e

expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas no segmento público (META 8

e 12). Considera-se como taxa de bruta a razão entre o número total de matrículas

(independente da faixa etária) e a população correspondente na faixa etária prevista

para o curso na etapa de ensino. A taxa de escolarização líquida representa a razão

entre o número de matrículas de alunos com idade prevista para estar cursando

determinada etapa de ensino e a população total na mesma faixa etária. O Gráfico 3

mostra essa evolução no período de 2001 a 2014.

Gráfico 3 - Evolução das taxas de escolarização líquida e bruta na educação na faixa

etária de 18 a 24 anos

Fonte: Inep/Censo da Educação Superior

O caráter objetivo das ações, traduzido em metas, é o ponto alto do PDE - uma

tentativa de diminuir a enorme defasagem que o Brasil apresenta em relação aos

países desenvolvidos numa área estratégica para o crescimento. Em 2015, as

matrículas no ensino superior superaram a marca histórica de 8 milhões de alunos

matriculados, equivalente ao tamanho do ensino médio (INEP, 2015). Para alcançar

Page 26: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

24

essas metas foram criados programas que facilitassem a ampliação de ingressos no

ensino superior. Entre as ações tratadas no PDE em relação ao ensino superior,

destacam-se:

Programa Universidade para Todos – ProUni . Criado pela Lei nº11.096, de 13 de

janeiro de 2005, tem como objetivo a oferta de bolsas de estudo em instituições

privadas de ensino superior. A seleção é realizada pela nota que o candidato alcança

no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). As bolsas disponibilizadas podem ser

integrais ou parciais, dependendo da renda bruta familiar. No ano de criação do

programa, o SISPROUNI (Sistema do ProUni) foi concedido 112.275 bolsas ao todo. A

Tabela 1 apresenta a evolução no aumento de bolsas ofertadas no período de 2012 a

2015.

Tabela 1 - Distribuição de bolsas - PROUNI, no período 2012 - 2015

Distribuição de bolsas

Ano Integrais Parciais Total

2012 98.728 96302 195030 2013 108696 53643 162329 2014 131636 59989 191625 2015 135616 77497 213113

Fonte: Elaborada a partir da do Resumo da distribuição de bolsas ProUni 2012- 2015

Fundo de Financiamento Estudantil – FIES. Criado pela Lei nº 10.260, de 12 de julho

de 2001, é um programa do governo federal que financia cursos superiores não

gratuitos e com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior (Sinaes). Em 2004, foi ajustado com taxa de juros de 6,5% a.a. para 3,4% a.a..

Em 2016, o programa passou por mudanças para os candidatos retornando a taxa de

juros para 6,5%a.a (MEC, 2016). A Tabela 2 mostra a evolução do número de inscritos

no programa no período de 2009 a 2015.

Page 27: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

25

Tabela 2 - Evolução do Fies no período de 2009 a 2015

Ano Total Geral Total com FIES

2009 4460683 133089

2010 4764062 151035

2011 4991898 220603

2012 5160266 434000

2013 5389948 817081

2014 5878199 1303202

2015 6080989 1332369 Fonte: Inep, 2015.

Sistema de seleção unificada – Sisu. É o sistema informatizado por meio dos quais

instituições públicas de ensino superior oferecem vagas a candidatos participantes do

Enem. Instituído em janeiro de 2010, o Sisu realiza dois processos seletivos por ano, a

cada início de semestre. A Tabela 3 mostra o número de inscritos no Sisu no período

de 2010 a 2015.

Tabela 3 - Número de candidatos inscritos no Sisu – período de 2010 a

2015

INSCRITOS

ANO 1ª EDIÇÃO 2ª EDIÇÃO TOTAL

2010 793910 231931 1025841

2011 1080193 446508 1526701

2012 1757399 642878 2400277

2013 1949958 788719 2738677

2014 2559987 1214259 3774246

2015 2791334 1095050 3886384

Fonte: Mec/SESu/Dipes, 2015.

A Tabela 4 apresenta o número de vagas destinadas ao Sisu no período de 2010 a

2014. Houve um crescimento durante esse intervalo tanto na primeira quanto na

segunda edição do processo.

Page 28: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

26

Tabela 4 - Número de vagas Sisu – Período de 2010 a 2014

VAGAS

ANO 1ª EDIÇÃO 2ª EDIÇÃO TOTAL

2010 47913 16573 64486

2011 83125 26336 109461

2012 108560 30548 139108

2013 129319 39724 169043

2014 171401 51412 222813 Fonte: Mec/SESu/Dipes, 2015.

Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades –

REUNI. Busca aumentar o ingresso e a permanência no ensino superior. Tem como

objetivo dobrar o número de alunos nas graduações em dez anos, contados a partir de

2008 favorecendo assim o ingresso de 680.000 alunos a mais nas graduações. Para a

conquista dessa meta, todas as universidades federais aderiram ao programa e

apresentaram ao Ministério da Educação, planos de reestruturação, conforme a

orientação do REUNI. Espera-se aumento de vagas, ampliação e abertura de cursos

noturnos, aumento do número de alunos por professor, diminuição do custo por aluno, a

flexibilização de currículos e o combate a evasão.

Universidade Aberta do Brasil – UAB. O programa almeja a ampliação e

interiorização da oferta de cursos superiores à distância, principalmente para

professores atuantes na educação básica. Deseja-se também atender as outras áreas

da educação (gestores e administrativos). O objetivo é a disseminação e o

desenvolvimento de metodologias educacionais.

3.4 Evasão no ensino superior brasileiro

Apesar do Brasil ter registrado um avanço de 5,5 milhões de estudantes matriculados

nas IES nos últimos 15 anos, a evasão atinge 25% dos alunos no setor privado e 12%

no setor público (UNIVERSIA BRASIL, 2015). A evasão é um dos problemas que

inquieta as instituições de ensino tanto no Brasil quanto no exterior (SILVA FILHO et al.,

2007).

Page 29: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

27

Pode-se definir a evasão como um número de estudantes que iniciou um curso, porém

não o concluiu no período determinado. Segundo Zago (2016) “a evasão parasita todo

o sistema e traz consequências ruins para o ensino privado, público e para a

sociedade”. De acordo com dados do MEC (1997), pela Comissão Especial de Estudos

sobre a Evasão nas Universidades Brasileiras, há três tipos de evasão: o desligamento

do curso superior (abandono), a transferência, trancamento ou exclusão pela instituição

de ensino, e a evasão do sistema, podendo ser definitiva ou temporária (SOUZA et al.,

2012).

O discente ao ingressar em uma IES, nem sempre tem certeza da escolha do curso.

Com o passar do tempo, vai perdendo o entusiasmo e a falta de afinidade com as

disciplinas faz com que a expectativa passe a não existir mais. Em outros casos, a

dificuldade por não conseguir acompanhar os conteúdos gera uma frustação que

resulta com a decisão de evadir. Uma parte desses alunos nem sempre apresenta

quesitos insuficientes para se manter no curso, porém muitos compõem uma demanda

reprimida que trazem consigo um despreparo oriundo do tempo em que passou fora de

uma instituição de ensino.

A evasão no ensino superior é um fator que vem se arrastando há tempos, se fazendo

presente em todas as instituições de ensino pelo Brasil. De acordo com o cenário atual,

Araújo (2013, p. 27) descreve a evasão como “[...] categoria antitética à permanência, é

abordada de forma mais significativa nas publicações dos anos 1980 e 1990,

especificamente por meio de estudos de casos, com discussões sobre suas causas

relacionadas [...]”. De acordo com a autora, nos últimos vinte anos, houve um aumento

significativo de estudos voltados este tema, porém, o número ainda é escasso.

Segundo relatam Bardagi e Hutz (2009, p. 95), “a evasão no ensino superior é um

fenômeno em expansão no Brasil, mas são poucos os estudos sobre as características

da evasão e suas consequências na vida do estudante”.

Page 30: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

28

Apesar de ser um fator de peso negativo, são poucas as instituições que traçam

estratégias para reduzir a evasão. Com o aumento de IES, as instituições acabam

tendo um gasto elevado com propagandas para atrair o cliente (aluno) e esquecem que

não basta conquistá-lo, mas mantê-lo até o fim do curso. A falta de planejamento,

organização de um banco de dados e análise de boas práticas são comportamentos

que contribuem para um cenário favorável no combate à evasão, segundo Silva Filho et

al., 2007.

Não se pode banir a evasão do processo, pois engano na escolha do curso, exigência

de estudo acima do esperado para quem busca somente um diploma e transferência

para IES mais desejadas entre outras são razões que sempre existirão. O Gráfico 4

mostra a trajetória dos estudantes no curso de ingresso no período de 2010 a 2014, nas

IES da rede privada e da rede federal.

Gráfico 4 - Trajetória dos estudantes no curso de ingresso

Fonte: Inep/ Censo da Educação Superior, 2015.

Observa-se que as taxas de evasão cresceram ao longo do período e foram sempre

maiores na rede privada que na rede federal. A evasão na rede privada teve uma

Page 31: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

29

evolução média de 64%. Entretanto, a taxa de crescimento anual desta variável (taxa

de evasão) é maior para a rede pública. A Tabela 5 mostra este crescimento de cada

ano em relação ao ano anterior (INEP, 2015).

Tabela 5 - Crescimento anual percentual das taxas de evasão (de cada ano em

relação ao ano anterior)

IES 2011/2010 (%)

2012/2011 (%)

2013/2012 (%)

2014/2013 (%)

Rede privada 132,0 28,6 18,7 13,6

Rede pública 154,2 44,1 21,7 15,1

Dados: Adaptado de Inep, 2015.

De acordo com Gilioli (2016, p. 27), o que justifica um número menor dos evadidos nas

instituições públicas é a gratuidade do curso associado com a dificuldade de mudar de

área do conhecimento, além do crédito que as instituições refletem no meio acadêmico.

3.5 Causas

Com o aumento de instituições de ensino superior, o número de ingressos tem

acompanhado esse crescimento, tanto na rede pública quanto na privada. A adoção de

políticas públicas é considerada um fator relevante para essa evolução. A evasão

escolar vem aumentando a cada ano e tem sido alvo de inúmeros estudos que buscam

entender e criar estratégias para minimizá-la. Numa análise de pesquisas acadêmicas

realizadas no período de 2000 a 2012, Santos (2014) aponta como direções para essa

temática: Gestão, Olhar em relação ao estudante, Políticas públicas e Políticas de

permanência.

Pinto (2010) relata que as políticas públicas contribuem positivamente para diminuir o

número de evadidos. Para ele, os alunos oriundos do PROUNI, ao manter um bom

aproveitamento se sentem estimulados a continuar seus estudos. Sem dizer ainda que

um olhar para essas políticas reduz as diferenças de possibilidades na área estudantil.

Estudos do MEC também comprovam que alunos agraciados com bolsas do PROUNI

evadem menos.

Page 32: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

30

De acordo com Araújo (2013), as instituições dão grande importância à captação de

alunos, e fazem grandes investimentos em marketing como se esta fosse a batalha

principal. Porém, há a necessidade de ações que garantam que esse aluno permaneça

até a conclusão do curso. Existe uma carência de estudos sobre estudantes que se

mantêm no curso de ingresso até sua conclusão.

Vários autores apontam causas diversas para a evasão no ensino superior. Para

Hipólito (2016) as principais causas são: inadaptação ao ensino superior por falta de

maturidade do aluno, formação básica deficiente, dificuldade financeira, irritação com a

precariedade dos serviços oferecidos, falta de motivação e atenção dos professores e

mudança de curso. Para Souza et al. (2016), são: falta de apoio familiar, condições

financeiras, a falta de orientação vocacional, repetência nas disciplinas que têm a

matemática como pré-requisito, a localização da IES e condições associadas ao

trabalho. Borges (2011) acrescenta os fatores: incertezas na escolha do curso quanto à

atuação profissional, falta de tempo para dedicação aos deveres acadêmicos, inchaço

no mercado de trabalho e mudanças na vida familiar. Para Fritsch (2015), os principais

fatores ligados à taxa de evasão são: desempenho parcial, média geral da turma ao

final do período, número de reprovação a cada semestre, dificuldades em acompanhar

o conteúdo, grau de cobrança de cada disciplina, número de alunos por turma e

créditos concluídos.

Lobo (2012) ressalta, como fatores que afetam a permanência do aluno, a baixa

qualidade da educação básica e do ensino médio brasileiro, a delimitação das políticas

públicas, a falta de maturidade na escolha da carreira profissional, a dificuldade na

movimentação acadêmica, liberação para funcionamento de novos cursos, melhor

planejamento para financiamentos estudantis, despreparo dos docentes e fracasso na

promoção de medidas no combate à evasão.

De acordo com Bardagi (2009) e Hutz (2009), ao ingressar no meio acadêmico superior,

o estudante tem dificuldades em adaptação. São inúmeras as diferenças percebidas

Page 33: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

31

entre o ambiente escolar e o ambiente universitário, onde as instituições não traçam

formas de alcançar esse estudante no novo ambiente levando à evasão. Os

estudantes, no deslocamento ensino médio – ensino superior, precisam harmonizar

essas mudanças acadêmicas, vocacionais e sociais que surgem nessa transição

(ALMEIDA; SOARES, 2003).

Segundo Hipólito (2015), quando o primeiro semestre do curso torna-se o foco dos

índices de evasão, esse valor pode chegar a 40 ou 50% dos estudantes. O que

preocupa as instituições é que “perdendo essa quantidade de alunos no primeiro

semestre, a universidade está deixando de receber receita por, no mínimo, 4 anos”.

Assim pode-se perceber a influência econômica que a evasão causa no sistema

acadêmico. Os impactos financeiros apresentam-se muito contundentes, uma vez que o

aluno não renova a matrícula, gera uma perda de receita altíssima para a instituição.

Segundo Capelato (SEMESP, 2016), estudos comprovaram:

que alunos com Fies evadem três vezes menos que aqueles sem o financiamento, daí a importância de se criarem políticas públicas para inovar em formas de financiamento estudantil, para que mais jovens possam frequentar o ensino superior.

O Gráfico 5, apresenta a evolução da taxa de evasão considerando o primeiro ano no curso. Gráfico 5 – Taxa de Evasão no Curso no 1º ano

Fonte: Sindata/Semesp/Base Censo INEP (SEMESP, 2016)

Page 34: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

32

Estudos apontam para uma redução na modalidade presencial sendo compensado por

um acréscimo no setor na modalidade à distância. Percebe-se também a dificuldade de

alcançar a meta proposta pelo PNE para 2014 que seria elevar a taxa de escolaridade

da população de 18 a 24 anos para 33% no ensino superior, pois se encontra em 17%.

Dos estudos citados, observa-se a complexidade do tema e, consequentemente, a

dificuldade em se estudar e encontrar soluções. Uma ferramenta utilizada para

entender sistemas complexos é a dinâmica de sistemas. Ela foi desenvolvida por Jay

W. Forrester a partir do século 20 e utiliza técnicas ligadas à ciência e à engenharia

(GARCIA, 2006).

Sterman (2000) ressalta a importância das ferramentas de simulação por trabalharem

com elementos de complexidade dinâmica, que não aparecem em modelos mentais,

mesmo sendo eles o ponto de partida para elaboração do modelo dinâmico. Esses

elementos que compõem o sistema interligando variáveis que diretamente ou

indiretamente influenciam no modelo proporcionam a análise e orientação na tomada

de decisões.

A metodologia de dinâmica de sistemas e o pensamento sistêmico têm um importante

papel, do ponto de vista de aprendizagem organizacional, em função da “possibilidade

de avaliar os padrões de comportamentos do sistema visando o aprimoramento dos

modelos mentais compartilhados das pessoas que têm o poder de tomar decisões”

(ANDRADE1, 1997 apud STRAUSS, 2010). Desta metodologia, é possível trabalhar o

pensamento sistêmico e entender o comportamento de partes em causas e efeitos

muitas vezes distantes no tempo e no espaço (SOUZA et al., 2007), possibilitando

verificar diferentes influências que o sistema pode gerar.

1 ANDRADE, Aurélio Leão de et al. Pensamento Sistêmico: caderno de campo: o desafio da mudança sustentada nas

organizações e na sociedade. Porto Alegre: Bookman, 2006.

Page 35: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

33

4 METODOLOGIA

A técnica de modelagem usada neste trabalho é a Dinâmica de sistemas. Esta é uma

ferramenta que permite a análise de sistemas complexos que apresentam interação

entre diversas variáveis. O modelo é implementado no software iThink.

4.1 Dinâmica de Sistemas

A teoria ou disciplina Dinâmica de Sistemas (System Dynamics) é antes de tudo uma

nova linguagem que permite expressar mais adequadamente as cadeias de eventos

circulares (loops) existentes na natureza. Através de diversos tipos de diagramas

(causais, estoque e fluxo) é possível expressar graficamente um sistema (um pedaço

bem delimitado da natureza) possibilitando ver mais claramente a complexidade

dinâmica (ao longo do tempo) das relações entre as partes do mesmo (VILLELA, 2005).

4.1.1 Diagramas causais

Os diagramas de ciclo causal (modelos causais ou feedback) são relações que servem

para descrever uma situação-problema em consequência da sua estrutura e atividades

interconectadas. Buscam explicitar as relações de causa e efeito dentro do contexto do

problema. Existem apenas dois tipos de enlace de feedback: positivo ou reforçador e

negativo ou balanceado (STERMAN, 2000). A Figura 1 apresenta um exemplo de

enlace positivo (se o número de nascimentos aumenta, a população aumenta e vice-

versa) e de enlace negativo (se o número de mortes aumenta, a população diminui e se

a população aumenta o número de mortes aumenta).

Page 36: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

34

Figura 1 - Exemplo de enlace positivo e enlace negativo

Fonte: Adaptado de STERMAN, 2000.

Os modelos mentais de sistemas dinâmicos e complexos não são bem definidos

podendo gerar distorções no resultado. Uma vez que esse sistema é simplificado a um

diagrama com suas variáveis interconectadas e equações matemáticas, pode ser

analisado e entendido, viabilizando resultados e detectando intervenções ou até

mudanças extremas. A elaboração do diagrama com suas respectivas conexões faz

com que a interação das variáveis da situação-problema seja entendida de forma

simples e eficiente. O raciocínio causal é a chave para se reorganizar ideias num

estudo de Dinâmica de Sistemas.

4.1.2 Estoque e fluxo

Estoques e fluxos são centrais em Dinâmicas de Sistemas (FERNANDES, 2001;

STERMAN, 2000). A Figura 2 apresenta um esquema no qual estas variáveis se

interconectam.

Nascimentos População+

+

População Mortes

+

-

Page 37: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

35

Estoques representam acúmulo ou decréscimo de algum recurso (água, dinheiro,

prestígio pessoal, produto químico, etc.) depende do que aconteceu no passado. Os

estoques são variáveis de estado e podem ser considerados como repositórios no qual

algo é acumulado, armazenado e potencialmente passado para outros elementos do

sistema (DEATON; WINEBRAKE, 2000). Eles fornecem uma visão de como está o

sistema em qualquer instante do tempo. E quaisquer mudanças nos estoques, que

ocorrem devido à ação dos fluxos, demandam certo tempo, ou seja, não são

instantâneas (COVER, 1996).

Figura 2 - Diagrama de estoque e fluxo

Fonte: Adaptado de STERMAN, 2000.

Fluxos representam o transporte de recursos (água, dinheiro, prestígio pessoal, produto

químico, etc.) no sistema. Os fluxos são vazões controladas por equações e por isto

são representados por um ícone parecido com “uma torneira sobre um cano”. Os fluxos

são medidos em unidade de uma grandeza qualquer (metros, por exemplo) por unidade

de tempo (segundo, por exemplo) (VILLELA, 2005). Os fluxos por sua vez, são

variáveis de ação, e podem alterar os estoques, aumentando ou diminuindo seus

volumes (POWERSIM, 1996).

4.1.3 Variáveis auxiliares

As variáveis auxiliares servem para formular os dados, para definir as equações dos

fluxos. Elas servem para combinar, através de operações algébricas, os fluxos, os

estoques e outros auxiliares. São usadas para modelar as informações e não o fluxo

físico, sendo capazes de se alterar instantaneamente, sem atrasos (COVER, 1996). Os

Estoque

Fluxo de

entrada

Fluxo de

saída

Page 38: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

36

conectores representam as inter-relações entre todos os componentes do sistema

(REINALDE et al., 2005). São essas inter-relações que ligam os componentes que

formarão uma expressão matemática (DEATON; WINEBRAKE, 2000).

A Figura 3 apresenta os componentes que inter-relacionam os elementos de um

sistema. O estoque pode ser associado a um reservatório que é ligado aos fluxos

(saída e entrada) que o alimentam. São calculados analiticamente por integrais e os

fluxos são apresentados como derivadas. Auxiliar é uma variável que está associada ao

sistema. Os conectores fazem as ligações entre essas variáveis e suas equações.

Figura 3 - Componentes utilizados na Dinâmica de Sistemas

Fonte: REINALDE et al., 2005.

4.2 Cálculo da variável evasão

Silva Filho et al. (2007) utilizam um cálculo básico para o estudo da evasão

considerando o número de alunos matriculados em um certo ano, os concluintes e

ingressos. Os dados de matriculados, ingressantes e concluintes utilizados nesse

trabalho foram obtidos do INEP.

A taxa de evasão de um ano em relação ao ano anterior pode ser obtida da equação:

E(n) = 1 – [ M(n) – I(n)]/[M(n-1) – C(n-1)] (1)

em que:

Page 39: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

37

E – Taxa de Evasão

M – Matriculados

C – Concluintes

I – Ingressos

n – ano em estudo

(n – 1) – ano anterior

A partir do modelo de Strauss (2010), introduziram-se duas variáveis: os alunos

bolsistas do Sisu e Fies como estudo para analisar o impacto dessas políticas públicas

na redução da evasão no ensino superior. Não considerou o ensino à distância (EaD)

neste trabalho. Os alunos que concluem o ensino médio são direcionados basicamente

para três setores: ensino superior público ou privado, onde se considera como variáveis

os alunos bolsistas do Sisu e Fies, respectivamente, e para o mercado de trabalho. Os

alunos bolsistas do Sisu, alimenta a Demanda Pb e os alunos bolsistas do Fies

alimenta a Demanda Pv.

De acordo com o referencial teórico, podem-se pontuar os fatores mostrados na Figura

4, como causas da evasão no ensino superior.

Estes fatores envolvem:

a) políticas públicas, representadas pelo Fies, Sisu, Pnaes e ProUni;

b) taxa de aprovação e de reprovação;

c) estrutura física;

d) teste vocacional;

e) precariedade do ensino básico;

f) dificuldade em conciliar trabalho e estudo;

g) suporte pedagógico;

h) localização;

i) salas equipadas.

Page 40: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

38

Dentre essas políticas públicas, este trabalho considerou o Fies e o Sisu, que afetam

diretamente o setor privado e o setor público, respectivamente. Além disso, as variáveis

são calculadas a partir de valores disponibilizados pelos órgãos governamentais. Vários

dos outros fatores são qualitativos e carentes de estudos mais aprofundados.

Figura 4 - Modelo conceitual

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A Tabela 6 mostra a evasão total no período de 2004 a 2015 utilizando a equação 1.

Os dados foram coletados a partir das informações divulgadas nos Censos da

Evasão ES

Políticas públicas

ProUni

FiesPnaes

Sisu

Teste vocacional

Capacitação de

profissionais

Trabalho vs estudo

Aprovação/

reprovaçãoEstruturas físicas

Precariedade do

ensino básico

Salas equipadas

Suporte ao aluno

(pedagógico/psicológico)

Localização

Page 41: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

39

Educação Superior (INEP, 2004-2015). Observa-se que a média de evasão geral é de

22,75%, no período considerado.

Tabela 6 - Evasão total no período de 2004 a 2015

ANO MAT ING CONC EVASÃO (%)

2004 4223344 1646414 633363 24,31%

2005 4567798 1805102 730484 23,04%

2006 4883852 1965314 762633 23,94%

2007 5250147 2138241 786611 24,49%

2008 5808017 2336899 870386 22,23%

2009 5954021 2065082 959197 21,24%

2010 6379299 2182229 973839 15,97%

2011 6739689 2346695 1016713 18,73%

2012 7037688 2747089 1050413 25,03%

2013 7305977 2742950 991010 23,79%

2014 7828013 3110848 1027092 25,30%

2015 8027297 2920222 1150067 24,91% Fonte: Elaborado a partir de dados do Inep (2004-2015) e da equação de Silva Filho et al. (2007)

Legenda: MAT = número de alunos matriculados, ING = número de ingressantes, CONC = número de concluintes e

EVASÃO = percentagem de alunos evadidos.

O Gráfico 6 mostra a evolução das matrículas em várias modalidades de ingresso. A

regulamentação do Fies com diminuição da taxa de juros de 6,5% para 3,4% a.a.

(SISFIES, 2015), houve um aumento significativo das matrículas de alunos com Fies e

com outros financiamentos estudantis impactando de forma similar as matrículas em

geral. As matrículas sem financiamento tiveram um decréscimo.

Page 42: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

40

Gráfico 6 - Evolução do número de matrículas. Período de 2009 - 2015

Fonte: Elaborado a partir de dados de Inep, 2015.

A Tabela 7 apresenta os dados de evasão média no setor público e no setor privado, no

período de 2004 a 2015. No setor público, onde atua o Sisu, a evasão foi sempre menor

que no setor privado. Tomando valores médios no período considerado, no setor

público a média foi de 14,06%, enquanto no setor privado foi de 25,86%.

Sabe-se que os concluintes do ensino médio se distribuem nos setores: público, privado

e na demanda reprimida. A análise parte dos Matriculados no Ensino Médio, pois esse

é o gargalo inicial. Sem o ensino médio não haveria ingresso no Ensino Superior. O

modelo de Matriculados no Ensino Médio depende dos ingressos no ensino em idade

escolar e também dos alunos que ingressam tardiamente no ensino. O ingresso no

ensino superior se dá pelo acesso por meio das políticas públicas Sisu, Fies e

instituições privadas. Analisando as variáveis que atuam no setor público, como mostra

Page 43: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

41

a Figura 5, a taxa de ingressos por meio do Sisu foi calculada pela razão entre o

número de vagas ofertadas pelo Sisu e o número total de candidatos a se inscrever no

Sisu, no período de 2010 a 2015. O Sisu recebe uma porcentagem dos alunos que

concluem o ensino médio e alunos da demanda reprimida. Consideraram-se candidatos

ao Sisu, concluintes do ensino médio e candidatos que voltam ao ensino superior. Foi

considerado um Delay de 7,5 anos, contabilizando o tempo que o aluno leva para

concluir mais um prazo equivalente a 50% do tempo esperado para conclusão,

condição para as instituições públicas. Para simular o crescimento da taxa de ingresso

baseado nos dados reais e manter o crescimento similar ao crescimento real, foi

realizado um arranjo matemático, para manter esse crescimento. Logo, foi criado um

fluxo extra que possibilita o crescimento e correção da taxa de ingresso de acordo a

tendência baseado nos dados do passado. Esse novo fluxo corrigi a taxa de ingresso

antes de simular a situação do Sisu. O valor de 0.011 da taxa de ingresso no Sisu inicial

é um valor que foi encontrado após varias simulações.

Tabela 7 - Evasão média nos setores público e privado, no período de 2004 a 2015.

Ano Setor público (%) Setor privado (%)

2004 15,29 28,08

2005 12,02 27,33

2006 15,34 27,15

2007 12,98 28,46

2008 10,86 26,12

2009 18,83 22,15

2010 8,31 17,62

2011 11,71 21,31

2012 13,21 29,44

2013 15,61 26,92

2014 17,07 28,34

2015 17,53 27,40

Fonte: Elaborada a partir de dados de Inep, 2015.

Page 44: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

42

Figura 5 – Diagrama de bloco referente aos alunos do Sisu (Setor Público)

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

No setor privado, a taxa de ingresso no Fies foi obtida pela razão entre o número de

ingressos com Fies e o total geral de ingressos considerando o período de 2009 a

2015. A taxa de evasão considerou a média nesse período. A Figura 6 apresenta a

modelagem para esse fluxo.

Neste trabalho, o modelo de Strauss (2010) foi adaptado para considerar a evasão no

setor público e privado como mostra a Figura 7. As variáveis que analisam o ensino à

C resc imento da taxa de ingresso

Demanda Pb

Demanda Pb

P resenc ial

s isu

Ingresso no Sisu C onc lusão do Sisu

Evasão Sisu

Taxa ingresso no s isu inic ial

Q uantidade alunos SISU

A no de inic io do SISUStep SISU

Delay SiSU

Delay C umprimento SISU

taxa de ingresso s isucorreção

Page 45: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

43

distância não foram consideradas no modelo, pois o presente trabalho considera os

programas de incentivo à entrada no ensino superior no âmbito geral.

Figura 6 – Diagrama de bloco referente aos alunos do Fies (Setor Privado)

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

No setor privado o valor da evasão dos alunos foi calculado usando a equação 1 e

fazendo a média aritmética dos valores obtidos. No setor público, foi mantido o mesmo

valor. Foram agregadas as modelagens apresentadas nas Figuras 3 e 4 para observar

as interferências das políticas públicas na redução da evasão no ensino superior. Existe

um modelo que simula o ingresso, mas somente esse modelo não é o suficiente para

manter a taxa em crescimento, logo foi necessário o mesmo arranjo para correção da

taxa. A Figura 7 mostra a implementação dessas duas modelagens no iThink.

fies

taxa fies

ingresso fies

indice fies

correção fies

cons tante de ajus te

Matriculados Pv

Step adic ional de correção

Ingresso no Fies

Demanda PvEvasão Fies

C onc lusão do Fies

Demanda P v

P resenc ialStep Fies

Page 46: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

44

Figura 7 - O modelo com a inclusão das políticas públicas (Fies e Sisu).

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

C resc imento da taxa de ingresso

Matriculados EMIngressos EM

fies

C onc lusão EM

População 15 a 19

~

Demanda Pb

Razão pop 15 a

19 no EM

~ Delay

cumprimento EM

EM máximo

O brigatoriedade

EM A no Iníc io

O brigatoriedade

Ens ino Médio

Step

Ens ino Médio

Evasão EM

Delay EM médio

Demanda ES

Reprimida

Entrada

Demanda ES

Saída Demanda

Reprimida

Ingressos Pv

Ingressos Pb

AtratividadePb X Pv

Percebida

Razão C andidatos

Percentual

Demanda

Demanda ES

Reprimida C alc

Demanda P v

Demanda Pb

Situação econômica

~

Função demanda

~

Percentual

Demanda

taxa fies

ingresso fies

indice fies

correção fies

cons tante de ajus te

Matriculados Pv

Step adic ional de correção

Ingresso no Fies

Demanda Pv

Função demanda

reprimida

~

Mercado de trabalho

Ingresso Mercado Des is te ES

Razão Candidatos

V olta ao ES

Des is te Demanda Reprimida

Evasão Fies

C onc lusão do Fies

Demanda Pb

P resenc ial

Demanda P v

P resenc ial

fies

s isu

Ingresso no Sisu C onc lusão do Sisu

Evasão Sisu

Taxa ingresso no s isu inic ial

Q uantidade alunos SISU

A no de inic io do SISUStep SISU

Step Fies

Delay SiSU

Delay C umprimento SISU

taxa de ingresso s isucorreção

Page 47: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

45

O desenvolvimento do modelo de Ingressos no Sisu e Fies, e os seus respectivos

fluxos adicionais , foram modelados baseado em dados existentes. Para que o sistema

tivesse o comportamento similar ao real foram incorporados aos os fluxos de correções.

Page 48: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

46

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de ingressos no Fies aponta para um crescimento significativo a partir do ano

de 2010, quando as taxas de financiamento caem e a demanda cresce, refletindo no

aumento de ingressos conforme o Gráfico 7. Esse crescimento permanece no período

de simulação. Porém, com as novas regras do programa esse comportamento pode

sofrer alterações que poderão ser confrontadas com a atualização dos dados a partir

desse ano.

Gráfico 7 - Ingressos no Fies

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O número de matriculados no setor privado acompanhou o crescimento dos ingressos

no Fies, o que reforça a interferência que o programa afeta no número de matriculados

no ensino superior como mostra o Gráfico 8. Não houve como justificar a interferência

econômica que fez com que houvesse queda em 2016 e obviamente o sistema

considera essa queda para anos posteriores por falta de dados.

18:47 dom, 12 de f ev de 2017

Ev olução de ingresso no FIES

Page 1

1980,00 1997,50 2015,00 2032,50 2050,00

Years

1:

1:

1:

0

2000000

4000000

Ingresso no Fies: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -

1 1

1

1

2 2

2

2

3 3

3

3

4 4

4

4

5

5

5

5

6

6

6

7

7

7

8

8

8

9

9

9

10

10

10

11

11

12

12

13

13

14

14

15

1516 17

18 19 20

Page 49: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

47

Gráfico 8 - Evolução no número de matriculados no setor privado

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Os concluintes acompanham os crescimentos ocorridos no número de ingressos e

matriculados no setor privado sendo o comportamento das curvas em todas as

simulações irregulares como pode ser observado no Gráfico 9.

Pode-se acompanhar no Gráfico 10 a evolução do número de candidatos no Sisu desde

sua criação. A busca por uma oportunidade no setor público tornou-se mais atrativa. As

curvas apresentam um crescimento discreto e contínuo a partir de 2010, o que pode ser

justificado pelos investimentos em instituições públicas não serem tão dinâmicos quanto

no setor privado.

19:59 dom, 12 de fev de 2017

Evolução das Matrículas no setor privado

Page 26

1980,00 1997,50 2015,00 2032,50 2050,00

Years

1:

1:

1:

0

3000000

6000000

Matriculados Pv: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -

1 1

1

1

2

2

2

2

3

3

3

3

4

4

4

4

5

5

5

5

6

6

6

7

7

7

8

8

8

9

9

9

10

10

10

11

11

12

12

13

13

14

14

15

15

16

17 18

1920

Page 50: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

48

Gráfico 9 - Concluintes no Setor Privado

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Gráfico 10 - Evolução do número de ingressos no Sisu

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

20:23 dom, 12 de fev de 2017

Concluintes no Setor Privado

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1980,00 1997,50 2015,00 2032,50 2050,00

Years

1:

1:

1:

50000

600000

1150000

Conclusão Pv: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -

1 1

1

1

2

2

2

2

3

3

3

3

4

4

4

4

5

55

5

6

6

6

7

7

7

8

8

8

9

9

9

10

10

10

11

11

12

12

13

13

14

14

15

15

16

1718 19

20

20:31 dom, 12 de fev de 2017

Evolução do Sisu

Page 26

1980,00 1997,50 2015,00 2032,50 2050,00

Years

1:

1:

1:

0

10000000

20000000

Ingresso no Sisu: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -

1 11

1

2 2

2

2

3 3

3

3

4 4

4

4

5 5

5

5

66

6

7

7

7

8

8

8

9

9

9

10

10

10

11

11

12

12

13

13

14

14

15

15

16

1718

19

20

Page 51: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

49

O Gráfico 11 apresenta a evolução no número de matriculados no setor público no

período analisado. Há uma forte demanda para esse setor de ensino mas observa-se

que esses números não se alteram significativamente ao longo dos anos. Uma das

explicações é o fato de que o número de vagas no setor público não se alterou de

forma significativa, no período, ao contrário do que ocorreu com o setor privado.

Gráfico 11 - Evolução no número de matriculados no setor público

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O número de concluintes no setor público apresenta comportamento de poucas

variações de acordo com as simulações mostradas no Gráfico 12.

De acordo com o Gráfico 13, os valores reais e simulados apresentam a mesma

tendência sendo que no período de 2013 a 2015, os dados reais ficam acima dos

simulados.

20:22 dom, 12 de fev de 2017

Evolução das Matrículas no setor público

Page 26

1980,00 1997,50 2015,00 2032,50 2050,00

Years

1:

1:

1:

450000

950000

1450000

Matriculados Pb: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -

1

11

1

2

2

2

2

3

33

3

4

44

45

5 5

5

66

6

7

7

7

88

8

9 9

9

10 10

10

11

11

12

12

13

13

14

14

15

15

1617

1819

20

Page 52: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

50

Gráfico 12 - Concluintes no setor público

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Gráfico 13 - Matriculados no setor privado (com Fies)

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

21:13 dom, 12 de fev de 2017

Concluintes no Setor Público

Page 26

1980,00 1997,50 2015,00 2032,50 2050,00

Years

1:

1:

1:

50000

150000

250000

Conclusão Pb: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -

1

11 1

2

22

2

3

33

3

4

44

4

5

5 5

5

6 6 67

7

78

8

8

99

9

10 10

10

11 1112

12

13

13

14

14

15

15

16 1718 19

20

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Alu

no

s M

atri

cula

do

s n

o E

nsi

no

Su

per

ior

pel

o F

ies

Tempo em anos

Dados Reais

Dados Simulados

Page 53: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

51

O Gráfico 14 apresenta as simulações para evasão no ensino privado geral e para os

alunos com Fies. Considerando o período de 2010 a 2015, a evasão de alunos com

financiamento Fies é bem inferior à evasão tomada como um todo no ensino superior

privado.

Podemos observar o comportamento do setor público em relação ao privado (GRÁFICO

15). Em alguns anos a evasão no setor privado chega a ser o dobro da evasão no setor

público.

Gráfico 14 - Simulação Evasão Pv e Evasão Fies

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Percebe-se que o Sisu e o FIES são variáveis significativas para o ingresso e também

para a permanência nas IES, contudo há pesos diferentes para o setor público e para o

setor privado.

O presente estudo enfatizou o período a partir de 2010 para o Fies onde a redução de

juros impulsionou a demanda, crescendo o número de ingressantes nos cursos de

0,00

50.000,00

100.000,00

150.000,00

200.000,00

250.000,00

300.000,00

350.000,00

400.000,00

19

80

19

84

19

88

19

92

19

96

20

00

20

04

20

08

20

12

20

16

20

20

20

24

20

28

20

32

20

36

20

40

20

44

20

48

mer

o d

e A

lun

os

Evad

ido

s

Tempo em anos

Evasão Ensino Privado Evasão Fies

Page 54: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

52

graduação. Porém, o Fies foi reformulado em 2004. Ainda com taxas pouco atrativas

houve um dinamismo no ensino superior. Logo, os ingressos correspondente a esse

ano, considerando o período médio esperado de 5 anos para conclusão do curso

superior, pode-se verificar o impacto que a evasão sofreu nesse intervalo de 2004 a

2009 na rede privada.

Considerando o período de 2004 a 2015, a evasão dos alunos com o Fies apresenta

uma média de 7,5% se mantendo abaixo da curva de evasão de alunos sem o

financiamento. A evasão entre os alunos sem Fies oscila em torno de 30%, no período.

Estes resultados confirmam a importância das políticas públicas como ferramentas para

reter o aluno na graduação.

Page 55: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

53

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve por objetivo elaborar um modelo de dinâmica de sistemas que

permitisse a análise das variáveis que afetam a evasão escolar no ensino superior e,

posteriormente, analisar medidas que podem ser tomadas para diminuir este fator.

Sob esse enfoque, adaptou-se o modelo de Strauss (2010) abordando-se a evasão por

meio das variáveis Fies e Sisu que, pelos dados levantados, afetam a evasão escolar.

Nos últimos anos houve um crescimento de alunos ingressantes no ensino superior

gerado principalmente pela influência de políticas públicas. No setor privado, o Fies

oportunizou o aumento dos ingressantes e a permanência do aluno, uma vez que o

fator econômico tem um peso importante. Já no setor público, o incentivo é movido pela

qualidade. Devido à concorrência por uma vaga ser muito grande, o aluno oriundo de

uma classe social mais baixa, tinha menos oportunidade devido à qualidade do ensino

básico.

Sendo assim, o comportamento dinâmico do ensino superior, considerando as

condições atuais do Brasil leva a seguinte dinâmica: há um crescimento do número de

ingressos nas IES, mas a taxa de permanência não acompanha esse comportamento.

Os resultados obtidos nesse estudo por meio do modelo de dinâmica de sistemas se

mostraram bastante eficiente para as diversas variáveis envolvidas, pois concordam

com a visão de diversos autores a respeito dos motivos para a evasão escolar.

O Fies é uma variável importante na busca pela diminuição da evasão no setor privado.

Pode-se observar através das análises que alunos contemplados com o benefício

evadem até três vezes menos em relação aos alunos que não possuem nenhum

incentivo. No setor público, os dados analisados mostraram que a evasão não

apresentou variação considerável nos períodos em estudo. O Sisu favoreceu o ingresso

de alunos com classe social mais baixa.

Page 56: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

54

Esse trabalho não considerou alunos contemplados com benefícios do ProUni. Alunos

contemplados com bolsas no setor público mas que não conseguem nota do ENEM

para ingressarem no curso de sua preferência, migram para o setor privado. Nesse

setor sua nota do Enem pode ser suficiente para entrada no curso desejado.

De acordo com as variáveis que foram analisadas, financiamentos de qualquer espécie,

sendo ofertados pelo governo ou pela própria instituição, são ações positivas na

redução da evasão no setor privado.

Contudo, há outros fatores, alguns apresentados no item 4.2, onde apresentou-se um

modelo conceitual, muitos deles qualitativos, que afetam essa dinâmica e estudos

específicos podem gerar mais conhecimento e posteriores ações para favorecer a

permanência dos alunos no ensino superior.

Page 57: UMA MODELAGEM DE DINÂMICA DE SISTEMAS APLICADA AO …

55

REFERÊNCIAS

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57

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59

ANEXO A – As equações do modelo

AtratividadePb_X_Pv_Percebida(t) = AtratividadePb_X_Pv_Percebida(t - dt) +

(Mudança Percepção_atratividade) * dt

INIT AtratividadePb_X_Pv_Percebida = 0.5

INFLOWS:

Mudança Percepção_atratividade = (Atratividade_Pb_vs_Pv-

AtratividadePb_X_Pv_Percebida)/Delay_percepção

Demanda_ES_Reprimida(t) = Demanda_ES_Reprimida(t - dt) + (Entrada Demanda_ES

- Saída_Demanda_Reprimida - Desiste_Demanda_Reprimida) * dt

INIT Demanda_ES_Reprimida = 4000000

INFLOWS:

Entrada Demanda_ES = int(Razão_Candidatos+Volta_ao_ES)

OUTFLOWS:

Saída_Demanda_Reprimida = int(Ingressos_Pb+Ingressos_Pv)

Desiste_Demanda_Reprimida = INT(Demanda_ES_Reprimida*0.15)

Matriculados_EM(t) = Matriculados_EM(t - dt) + (Ingressos_EM - Evasão_EM -

Conclusão_EM) * dt

INIT Matriculados_EM = 1600000

TRANSIT TIME = 4

INFLOW LIMIT = INF

CAPACITY = INF

INFLOWS:

Ingressos_EM =INT(Max(População_15_a_19*1000000*Razão_pop_15_a

19_no_EM,Delay cumprimento_EM*População_15_a_19*1000000)/3)

OUTFLOWS:

Evasão_EM = LEAKAGE OUTFLOW

LEAKAGE FRACTION = normal(0.17,0.02)

NO-LEAK ZONE = 0

Conclusão_EM = CONVEYOR OUTFLOW

Matriculados_Pb(t) = Matriculados_Pb(t - dt) + (Ingressos_Pb - Conclusão_Pb -

Evasão_Pb) * dt

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INIT Matriculados_Pb = 492232

TRANSIT TIME = 5

INFLOW LIMIT = INF

CAPACITY = INF

INFLOWS:

Ingressos_Pb = INT(min(Vagas_Pb,Demanda_Pb_Presencial)*Função_ingresso_Pb)

OUTFLOWS:

Conclusão_Pb = CONVEYOR OUTFLOW

Evasão_Pb = LEAKAGE OUTFLOW

LEAKAGE FRACTION = normal(0.1406,0.01)

NO-LEAK ZONE = 0

Matriculados_Pv(t) = Matriculados_Pv(t - dt) + (Ingressos_Pv - Conclusão_Pv -

Evasão_Pv) * dt

INIT Matriculados_Pv = 885054

TRANSIT TIME = 4

INFLOW LIMIT = INF

CAPACITY = INF

INFLOWS:

Ingressos_Pv = INT(min(Vagas_Pv,Demanda_Pv Presencial)*Função_ingresso_Pv)

OUTFLOWS:

Conclusão_Pv = CONVEYOR OUTFLOW

Evasão_Pv = LEAKAGE OUTFLOW

LEAKAGE FRACTION = normal(0.2275,0.08)

NO-LEAK ZONE = 0

Mercado_de_trabalho(t) = Mercado_de_trabalho(t - dt) + (Ingresso_Mercado -

Desiste_ES - Volta_ao_ES) * dt

INIT Mercado_de_trabalho = 9000000

TRANSIT TIME = 4

INFLOW LIMIT = INF

CAPACITY = INF

INFLOWS:

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Ingresso_Mercado = Conclusão_EM-Razão_Candidatos

OUTFLOWS:

Desiste_ES = CONVEYOR OUTFLOW

Volta_ao_ES = LEAKAGE OUTFLOW

LEAKAGE FRACTION = Função_demanda reprimida

NO-LEAK ZONE = 0

Orçamento_ES_Setor_Público(t) = Orçamento_ES_Setor_Público(t - dt) + (Novos

recursos - Recursos anuais) * dt

INIT Orçamento_ES_Setor_Público = 0

INFLOWS:

Novos recursos = Orçamento_ES

OUTFLOWS:

Recursos anuais = Orçamento_ES_Setor_Público

Preço_esperado(t) = Preço_esperado(t - dt) + (Mudança percepção_preço) * dt

INIT Preço_esperado = Preço_inicial

INFLOWS:

Mudança percepção_preço = (Preço_indicado-Preço_esperado)/Delay_mudança

percepção_preço Vagas_Pb(t) = Vagas_Pb(t - dt) + (Criação_Vagas_Pb -

Fechamento_Vagas_Pb) * dt

INIT Vagas_Pb = Vagas_Pb_Inicial

INFLOWS:

Criação_Vagas_Pb =INT((1-Demanda atendida_Pb) *Incentivo_a_vagas_Pb_Percebido

*Vagas_Pb*Taxa_Criação_Pb)

OUTFLOWS:

Fechamento_Vagas_Pb = int(Vagas_Pb*Qualidade_Pb)

OUTFLOWS:

Vagas_Pv(t) = Vagas_Pv(t - dt) + (Criação_Vagas_Pv - Fechamento_Vagas_Pv) * dt

INIT Vagas_Pv = Vagas_Pv_Inicial

INFLOWS:

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Criação_Vagas_Pv = IF (Preço_mensalidade>Preço_mínimo) THEN

INT(Incentivo_a_vagas Pv_Percebido*(1-

Demanda atendida_Pv)*(Vagas_Pv*Taxa_Criação_Pv)*Ocupação Vagas_Pv) ELSE 0

OUTFLOWS:

Fechamento_Vagas_Pv = int((Qualidade_Pv*Vagas_Pv) + (IF

Preço_mensalidade<Preço_mínimo THEN Vagas_Pv*Taxa Fechamento_Pv ELSE 0))

UNATTACHED:

Demanda_Pb = int

((Razão_Candidatos+Demanda_ES Reprimida_Calc)*AtratividadePb_X_Pv_Percebida)

UNATTACHED:

Demanda_Pv = int ((Razão_Candidatos+Demanda_ES Reprimida_Calc)*(1-

AtratividadePb_X_Pv_Percebida))

Atratividade_Pb_vs_Pv =((Min(1,Demanda atendida_Pb/Demanda atendida_Pv)

*Step_Peso concorrência)+Atrativ_preço*Step_Peso_preço+Qualidade_Pb_vs_Pv

*Step_Peso qualidade)

Atrativ_preço = Preço_esperado/Preço_indicado

Delay_EM_médio = 4

Delay_incentivo_a_vagas_Pv = 2

Delay_incentivo _vagas_Pb = 4

Delay_mudança _percepção_preço = 3

Delay_percepção = 3

Delay_recursos_ES = 3

Delay cumprimento_EM = SMTHN(Step_Ensino_Médio,Delay_EM_médio,2)

Demanda_ES Reprimida_Calc = Demanda_ES_Reprimida*Percentual Demanda

Demanda_vs_economia = Situação_econômica/Função_demanda

Demanda atendida_Pb = MIN(1,Vagas_Pb/Demanda_Pb_Presencial)

Demanda atendida_Pv = MIN(1,Vagas_Pv/Demanda_Pv Presencial)

Discrepância =

Min(1,(Matriculados_Pv+Matriculados_Pb+)*Distorção_idade/Meta_calculada)

Distorção_idade = 0.65

Efeito_da_ocupação_de_vagas_no_preço =

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(Demanda atendida_Pv/Ocupação Vagas_Pv)^Sensitividade_do_Preço

em_função_das_vagas

EM_máximo = 0.9

Função_ingresso_Pb = normal(0.96,0.005)

Gasto_por_aluno Presencial_Pb = 12000

Incentivo_a_vagas_Pb_Percebido =

SMTHn(Incentivo_Vagas Pb_Presencial,Delay_incentivo vagas_Pb,0.01,1)*0.6

Incentivo_a_vagas Pv_Percebido = SMTH1(Incentivo vagas_Pv,Delay_incentivo

a_vagas_Pv,0.01)

Incentivo_Vagas Pb_Presencial = if ((Recursos_anuais Presencial/Matriculados_Pb) >

Gasto_por_aluno Presencial_Pb) then (Max(0,1-Discrepância)/Demanda

atendida_Pb)*Step_Público else 0

Incentivo vagas_Pv = Max(1-Discrepância,0)/Demanda atendida_Pv*LDB_1996

Incremento recursos = STEP(Percentual_Reuni, 2008)

Inicio_Sinaes = Step(1,2009)

LDB_1996 = Step_Privado+STEP(0.5,1996)

Meta = 0

Meta_calculada = (População_20_a_24/5*7)*1000000*Step_Meta

Obrigatoriedade EM_Ano_Início = 2012

Obrigatoriedade Ensino_Médio = 1

Ocupação Vagas_Pb = Min(1,Ingressos_Pb/Vagas_Pb)

Ocupação Vagas_Pv = MIN(1,Ingressos_Pv/Vagas_Pv)

Orçamento_ES = Recursos iniciais*(1+SMTHN(Incremento

recursos,Delay_recursos_ES,1,0))

Percentual_Reuni = 0.2

Peso_concorrência = 0

Peso_Preço = 0

Peso_qualidade = 0

Preço_indicado = MAX(Preço_mínimo,Preço_mensalidade)

Preço_inicial = 500

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Preço_mensalidade = Preço_esperado*Efeito_da_ocupação_de_vagas_no_preço

Preço_mínimo = 400

Privado = 0

Público = 0

Qualidade_Pb = (1-Qualidade_Pb_vs_Pv)*Sinaes*Inicio_Sinaes

Qualidade_Pb_vs_Pv = 0.8

Qualidade_Pv = Sinaes*Qualidade_Pb_vs_Pv*Inicio_Sinaes

Razão_Candidatos = Conclusão_EM*Percentual Demanda

Recursos iniciais = 14000000000

Reuni = 0.15

Sensitividade_do_Preço em_função_das_vagas = -0.05

Sinaes = 0.03

Step_Ensino_Médio =Obrigatoriedade

Ensino_Médio*STEP(EM_máximo,Obrigatoriedade EM_Ano_Início)

Step_Meta = 0.3+Step(Meta,2008)

Step_Peso_preço = 0.15+STEP(Peso_Preço,2008)

Step_Peso_concorrência = 0.65+step(Peso_concorrência,2008)

Step_Peso qualidade = 0.20+STEP(Peso_qualidade,2008)

Step_Privado = 0.05+STEP(Privado, 2008)

Step_Público = 0.10+Step(Reuni,1999) + Step(Público,2008)

Taxa_Criação_Pb = 0.1

Taxa_Criação_Pv = 0.60

Taxa Fechamento_Pv = 0.05

Vagas_Ead Pb_Inicial = 2000

Vagas_Pb_Inicial = 126940

Vagas_Pv_Ead_Inicial = 100000

Vagas_Pv_Inicial = 277874

Função_demanda = GRAPH(Situação_econômica)

(6.00, 0.62), (6.74, 0.72), (7.47, 0.75), (8.21, 0.75), (8.95, 0.75), (9.68, 0.77), (10.4,

0.785), (11.2, 0.785), (11.9, 0.805), (12.6, 0.83), (13.4, 0.85), (14.1, 0.865), (14.8,

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0.865), (15.6, 0.87), (16.3, 0.87), (17.1, 0.87), (17.8, 0.88), (18.5, 0.89), (19.3, 0.895),

(20.0, 0.915)

Função_demanda reprimida = GRAPH(TIME)

(1980, 0.55), (1987, 0.65), (1994, 0.78), (2001, 0.9), (2008, 0.85), (2015, 0.8), (2022,

0.8), (2029, 0.8), (2036, 0.8), (2043, 0.8), (2050, 0.8)

Função_ingresso_Pv = GRAPH(Demanda_vs_economia)

(10.0, 0.82), (10.8, 0.83), (11.6, 0.78), (12.4, 0.76), (13.2, 0.76), (13.9, 0.77), (14.7,

0.77), (15.5, 0.78), (16.3, 0.782), (17.1, 0.79), (17.9, 0.8), (18.7, 0.8), (19.5, 0.81), (20.3,

0.815), (21.1, 0.815), (21.8, 0.82), (22.6, 0.825), (23.4, 0.83), (24.2, 0.835), (25.0, 0.84)

População_15_a_19 = GRAPH(TIME)

(1991, 14.6), (1992, 15.0), (1993, 15.3), (1994, 15.7), (1995, 16.0), (1996, 16.5), (1997,

16.9), (1998, 17.3), (1999, 17.7), (2000, 17.9), (2001, 18.0), (2002, 17.9), (2003, 17.8),

(2004, 17.6), (2005, 17.4), (2006, 17.1), (2007, 16.9), (2008, 16.6), (2009, 16.5), (2010,

16.4), (2011, 16.4), (2012, 16.5), (2013, 16.6), (2014, 16.8), (2015, 16.9), (2016, 17.1),

(2017, 17.2), (2018, 17.2), (2019, 17.2), (2020, 17.0), (2021, 16.8), (2022, 16.5), (2023,

16.1), (2024, 15.7), (2025, 15.3), (2026, 14.9), (2027, 14.5), (2028, 14.1), (2029, 13.8),

(2030, 13.5), (2031, 13.3), (2032, 13.1), (2033, 12.9), (2034, 12.8), (2035, 12.7), (2036,

12.6), (2037, 12.5), (2038, 12.4), (2039, 12.4), (2040, 12.3), (2041, 12.2), (2042, 12.1),

(2043, 12.0), (2044, 11.9), (2045, 11.7), (2046, 11.6), (2047, 11.4), (2048, 11.2), (2049,

11.0), (2050, 10.8)

População_20_a_24 = GRAPH(TIME)

(1980, 11.5), (1981, 11.9), (1982, 12.3), (1983, 12.8), (1984, 13.1), (1985, 13.4), (1986,

13.6), (1987, 13.8), (1988, 13.9), (1989, 14.0), (1990, 14.0), (1991, 14.1), (1992, 14.2),

(1993, 14.2), (1994, 14.3), (1995, 14.5), (1996, 14.7), (1997, 14.9), (1998, 15.2), (1999,

15.5), (2000, 15.9), (2001, 16.3), (2002, 16.8), (2003, 17.2), (2004, 17.5), (2005, 17.8),

(2006, 17.8), (2007, 17.7), (2008, 17.5), (2009, 17.2), (2010, 17.0), (2011, 16.8), (2012,

16.5), (2013, 16.4), (2014, 16.3), (2015, 16.3), (2016, 16.4), (2017, 16.5), (2018, 16.7),

(2019, 16.8), (2020, 17.0), (2021, 17.1), (2022, 17.1), (2023, 16.9), (2024, 16.7), (2025,

16.4), (2026, 16.0), (2027, 15.6), (2028, 15.3), (2029, 14.8), (2030, 14.4), (2031, 14.1),

(2032, 13.7), (2033, 13.4), (2034, 13.2), (2035, 13.0), (2036, 12.9), (2037, 12.7), (2038,

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12.6), (2039, 12.5), (2040, 12.5), (2041, 12.4), (2042, 12.3), (2043, 12.3), (2044, 12.2),

(2045, 12.1), (2046, 12.0), (2047, 11.8), (2048, 11.7), (2049, 11.7), (2050, 11.7)

Razão_pop_15_a 19_no_EM = GRAPH(TIME)

(1980, 0.17), (1987, 0.216), (1994, 0.33), (2001, 0.47), (2008, 0.531), (2015, 0.561),

(2022, 0.594), (2029, 0.624), (2036, 0.657), (2043, 0.687), (2050, 0.72)

Situação_econômica = GRAPH(TIME)

(1980, 6.71), (1985, 6.37), (1990, 6.35), (1995, 6.78), (2000, 6.95), (2005, 7.44), (2010,

8.41), (2015, 8.58), (2020, 8.95), (2025, 9.21), (2030, 9.48), (2035, 9.75), (2040, 10.0),

(2045, 10.3), (2050, 10.6)

Ingresso_no_Sisu: Delay_Cumprimento_SISU

Conclusão_do_Sisu: 5

Evasão_sisu: normal(0.14,0.001)

Quantidade_alunos_Sisu: STEP (((Conclusão_EM+Demanda_ES_Reprimida)*

Crescimento_da_taxa_de_ingresso)*0.85,2010)

Delay_Sisu: 7.5

Delay_cumprimento_Sisu: SMTHN(Step_SISU,Delay_SiSU,0)

Step_Sisu: STEP(Quantidade_alunos_SISU,Ano_de_inicio_do_SISU)

Ano_início_Sisu: 2010

Taxa_de_ingresso_Sisu:STEP(Taxa_ingresso_no_sisu_inicial,Ano_de_inicio_do_SISU)

Taxa_de_ingresso_Sisu_inicial: 0.011

Taxa_de_ingresso_no_Fies: GRAPH(TIME)

(2009, 0.030), (2010, 0.030), (2011, 0.040), (2012, 0.080), (2013, 0.150), (2014, 0.220),

(2015, 0.220)

Taxa_Fies: STEP((0.02*EXP(0.3966*Ingresso_Fies)-Constante_de_ajuste),2009)

Step_Fies:STEP((Saída_Demanda_Reprimida+Matriculados_Pv)*indice_fies,2010)

Ingresso_no_Fies: Step_Fies+Step_adicional_de_correção

Conclusão_do_Fies: 0.75

Evasão_do_Fies: normal(0.075, 0.08)

Step_adicional_de_correção: STEP(0.07*Matriculados_Pv,2013)

Ingresso_Fies: 0.06

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