uma frente brasil

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N 145 AGOSTO/20154Pgina 13. Sempre se falou da necessida-de de construir uma frente. Por quais motivosaatualconjunturatornaesta frente mais necessria e urgente?JooPedroStdile.Aideiadeconstruir frentessempreestevepresentenoiderio dasforaspopularesedospartidosdees-querda,poispartimosdoprincipiodeque necessrioconstruirumagrandeunida-deentreamaiorpartedasforaspopula-res (representadas por inmeras formas de mediao que a classe trabalhadora vai or-ganizandoparaenfrentarseusproblemas). Eemboraessanecessidadedefrentes,de unidadepopularsejaumanecessidadees-tratgica,ouseja,sassimaclassetraba-lhadorapodeconstruirhegemonianaso-ciedadecomsuasideiasesuaspropostas, no geral, aqui no Brasil, as experincias de frentessempreseativeramapenasaper-odos eleitorais, restritas ao objetivo de ga-nhar eleies.Porm agora, fora de um perodo elei-toralecomumcontextohistricoemque seagravamascriseseconmicas,sociais, poltica e de valores, acho que muitos seto-res das foras populares se deram conta que somentecomaconstruodeprocessos unitrios poderemos enfrentar juntos as cri-ses e, sobretudo,conseguiremos apresentar propostas alternativas para o povo, para sair das crises.A burguesia j tem suas propostas para sairdacrise,arigororealinhamentoda economia aos Estados Unidos, imaginando que as empresas transnacionais vo retomar os investimentos e tirar a economia da cri-se,emtrocadaentregadoquesobroude empresas estratgicas;reduo dos gastos doestado,oqueeleschamamdeestado mnimo,paraqueooramentopblicoda Unio seja administrado apenas de acordo comseus interesses e no para resolver os problemas do povo; e, terceiro, seriaredu-NACIONALzir o chamado custo brasil de mo-de-obra, que na prtica reduzir os direitos sociais e trabalhistas, que esto garantidos na CLT e na constituio. Esse programa a volta doneoliberalismo,ousejaliberdadetotal para o capitalPgina 13. A frentepopular tem um pro-grama,umaplataforma,umresumode seus objetivos?Stdile. Estamos num processo de constru-odeunidadeentreasforaspopulares, comumolharestratgico,ouseja,como objetivo de construir um programa de lon-goprazo,querepresentesoluoparaos problemas do povo e sada para a crise.Enesseprocessodeconstruoesta-mosaindadebatendo,ouvindo,consultan-do.A princpio elencamos apenas uma pla-taformapoltica,quedesde2013permeia os debates nos movimentos populares e for-as politicas (ver quadro na pgin ao lado). Essa a plataforma mnima que estunif-cando as foras populares nesse momento.Pgina 13. uma frente eleitoral?Stdile. No. As frentes eleitorais so cons-trudas por partidos que disputam eleies. Nem estamos em tempo de eleies, nem a frente composta apenas por partidos. Ao contrrio,osmovimentospopulares,estu-dantis,sindicais,noespectromaisamplo possvel, e com alguns partidos que con-formam a frente popular.Pgina 13. H setores que ainda no in-tegram a frente. Voc considera necess-rioepossvelincorporarestessetores? Como fazer?Stdile.Emboraanecessidadedefrentes, comodisse,sejaumanecessidadeprogra-mticadequemquerconstruirmaioriasna sociedade, e no apenas com seus primos... acho que ser difcil termos uma frente ni-ca, popular ou de esquerda. Porque alguns setoresdeesquerdatemleiturasdiferentes da situao atual, apostando no afundamen-to do governo e na derrota total do PT e do PCdoB, para ento emergirem como alterna-tivas. E embora possamos ter todas as crticas do mundo s politicas e comportamento das direes partidrias e de movimentos, porem inegvel que as foras populares que foram se construindo nesses 30 anos esto presen-tes numa militncia social que est tambm no PT, no PCdoB, nas frentes de massa, e at em setores como PDT e PSB.Ou seja, de-vemos lavar a criana, mas no jog-la fora com a gua suja!Porissopossvelquenoprximo perodo tenhamos vrias frentesno campo popular.E isso at natural,pelas origens doutrinrias, ideolgicas ecomportamento ttico de cada agrupamento politico.Pessoalmenteachoquedevemos apostarnumafrentepopular,queaglutine amplossetorespopulareseatdaclasse mdia,dentrodeumaplataformapoltica comum.E a plataforma poltica acho que aglutina amplos setores.Uma frente BrasilJoo Pedro Stdile, dirigente do Movimento Sem Terra, fala nesta entrevista sobre o tema que est na boca de 10 em cada 10 militantes da esquerda brasileira: a necessidade de construir uma frenteOs movimentos populares, estudantis, sindicais, no espectro mais amplo possvel, e com alguns partidos que conformam a frente popular5 N 145 AGOSTO/2015NACIONAL Pgina 13.Qual o calendrio de atividades?Stdile. muito difcil prender- se a calendrios, pois se tra-tadeprocessosdeconstruo,quetemritmoslentos,eso infuenciados pela correlao de foras e pela luta de classes.Estamos realizando diversas reunies e plenrias nos esta-dos e a nvel nacional, esperamos durante o segundo semestre consolidar uma frente popular que aglutine amplos setores.Masaomesmotempoessafrentetemquealimentaras mobilizaes de massa, para atuarem na conjuntura e na luta de classes. Afnal, s a mobilizao da classe trabalhadora pode alterar a correlao de foras, e postar a classe em outro pata-mar na disputade sadas para a crise.E infelizmente, neste momento apenas os setores militantes, as mediaes esto se mobilizando.A base social est quieta, apenas assistindo.E nela que devemos atuar, para explicar a gravidade da situao e buscar mobilizarmos, com as propostas de sadas da crise.Certamentenosegundosemestreteremosmuitasmobi-lizaes, como j est programada a Marcha das Margaridas em Braslia (ver artigo a respeito nesta edio de Pgina 13), que ter a adeso de movimentos populares, a jornada de luta unitria do dia 20 de agosto em todas as capitais.Depois na Semana da Ptria teremos mobilizaes e o Grito dos Exclu-dos,em outubro h agendas internacionais na luta contra as empresastransnacionaisepelasoberaniaalimentarentre12 e 16 de outubro.Depois teremos o 5 de novembro,jornada continental contra a ofensiva imperialista dos Estados Unidos e celebrando a derrota da ALCAh dez anos em Mar del Plata.Ou seja, o perodo ser de muitas articulaes, mas tam-bm de muitas mobilizaes de massa. A disputa ser grande.S a mobilizao da classe trabalhadora pode alterar a correlao de foras, e postar a classe em outro patamar na disputa de sadas para a crise. E infelizmente, neste momento apenas os setores militantes, as mediaes esto se mobilizando. A base social est quieta, apenas assistindo1. Defesadosdireitosdostrabalhadores:lutarporme-lhorias das condies de vida do povo, o que envolve empre-go, renda, moradia, educao, terra, transporte publico etc. Criticar e fazer aes de massa contra todas as medidas de poltica econmica e ajuste fiscal que retirem direitos dos trabalhadoresequeimpeamumprocessodedesenvolvi-mento com distribuio de renda.2. Defesa dos direitos sociais do povo brasileiro. Deve-moslutarcontraadiminuiodamaioridadepenal,con-tra o extermnio da juventude pobre das periferias, e lutar pela ampliao dos direitos sociais que esto em perigo pela campanha da mdia burguesa e por iniciativas conservado-res no congresso.3. Defesa da democracia. No podemos aceitar nenhumatentativa de golpe. E tambm por isto mesmo, para fazer re-formas mais profundas, precisamos avanar na luta pela re-forma poltica, pela reforma do poder judicirio e dos meios de comunicao de massa, como instrumentos tambm da democracia necessria.4Defesa da soberania nacional.O povo o verdadeiro dono do petrleo, do pr-sal e das riquezas naturais. Deve-mos impedir a ofensiva que visa entregar nosso petrleo s empresas transnacionais. Assim como devemos lutar con-tra a transferncia de bilhes de dlares ao exterior, de for-ma legal pelas empresas ou ilegal, por contas secretas (vide caso do HSBC).5. Lutar por reformas estruturais e populares. H di-versas propostas j consolidadas em torno da necessidade de reforma poltica, da reforma urbana, agrria, tributaria, educacionaletc.Consideramosqueodocumentounitrio construdopelosmovimentospopularesemagosto/14 um subsidio que devemos utiliz-lo para fazer o debate. (em anexo segue uma copia)6. Defesa dos processos de integrao latino-americanaemcurso,comoUnasul,Celac,MERCOSULeintegrao popular,que esto sendoatacados pelas foras do capital internacional.Plataforma mnima para debater com as foras populares na construo da unidade necessria