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UMA CIDADE EM ESCAVAÇÃO Teatro Aberto 26, 27 e 28 Nov. de 2015

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UMA CIDADE EM ESCAVAÇÃO

Teatro Aberto26, 27 e 28Nov. de 2015

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UMA CIDADE EM ESCAVAÇÃO

Lisboa, 2017

Teatro Aberto26, 27 e 28Nov. de 2015

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Título:I Encontro de Arqueologia de Lisboa: Uma Cidade em Escavação(Teatro Aberto, 26, 27 e 28 de Nov. de 2015)

Coordenação editorial:Ana CaessaCristina NozesIsabel CameiraRodrigo Banha da Silva

Design gráfico do Encontro:João Rodrigues, Ana Filipa Leite

Design gráfico e composição do Livro de Resumos e das Atas:Rui Roberto de Almeida

Edição: CAL/DPC/DMC/CMLCentro de Arqueologia de Lisboa / Departamento de Património Cultural /Direção Municipal de Cultura / Câmara Municipal de Lisboa

Impressão:Livro de Resumos - Imprensa Municipal / Câmara Municipal de LisboaCD Atas - MPO (Portugal) Tiragem: 450 exemplaresISBN: Livro de Resumos - 978-972-8543-45-7 / Atas - 978-972-8543-46-4Depósito Legal: 433151/17

Advertências:O conteúdo dos artigos é da inteira responsabilidade dos autores. O Centro de Arqueologia de

Lisboa declina qualquer responsabilidade por equívocos ou questões de ordem ética e legal.O cumprimento, ou não, do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa de 1990 (em vigor desde

2009), assim como as traduções para a língua inglesa, são unicamente da responsabilidade dos au-tores de cada texto.

Os direitos de autor da obra são extensíveis a todos os documentos, impressos ou manuscritos, com tratamento digital de imagem, nela publicados. Assim, toda e qualquer reprodução de texto e imagem é interdita, sem a autorização escrita dos autores, ou dos seus representantes legais, nos termos da lei vigente, nomeadamente o Código do Direito de Autor e Direitos Conexos. Em power-points, a reprodução de imagens ou de partes do texto é permitida, com a condição de origem e autoria do texto e das imagens serem expressamente indicadas no diapositivo em que é feita a re-produção.

Para intercâmbio (on prie l’échange, exchange accepted): CAL - Centro de Arqueologia de LisboaAv. da Índia 166, 1400-207 LISBOA, Portugal

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índice

Prefácio ......................................................................................... 9

Introdução ................................................................................... 11

Comissão ........................................................................................ 13

1. A ocupAção do terrItórIo do munIcípIo de LIsboA ......................... 14

1. A ArqueoLogIA do sítIo de LIsboA: um (novo) bALAnço crítIco, vInte e um Anos depoIs

carlos Fabião ................................................................................... 16

2. o sítIo neo-cALcoLítIco dA trAvessA dAs dores (AjudA-LIsboA)nuno neto, paulo rebelo, joão Luís cardoso ......................................... 24

3. um sítIo dA pré-HIstórIA recente em pedrouços (beLém, LIsboA)Anabela castro, victor Filipe, joão paulo barbosa ............................... 38

4. resuLtAdos preLImInAres dA presençA pré-romAnA no pátIo josépedreIrA (ruA do recoLHImento/beco do Leão, LIsboA) Anabela joaquinito ............................................................................. 48

5. LouçA “de ForA” em cArnIde (1550-1650). estudo do consumo decerâmIcA ImportAdAtânia manuel casimiro, carlos boavida, Ana margarida moço ................... 56

2. A cIdAde mAnuFAtureIrA e IndustrIAL ............................................ 68

2. ruA de sAntIAgo, LIsboA: tAnques romAnos nA requALIFIcAção do edIFícIo sIto no nº 10-14

joão miguez, Alexandre sarrazola .............................................................. 70

3. objectos produzIdos em mAtérIAs durAs de orIgem AnImAL, do convento de sAntAnA, de LIsboA

mário varela gomes, rosa varela gomes, joana gonçalves ................................. 84

4. cerâmIcA modernA de LIsboA: propostA tIpoLógIcAjacinta bugalhão, Inês pinto coelho ........................................................ 106

5. evIdêncIAs de produção oLeIrA dos FInAIs do sécuLo XvI A meAdos do sécuLo XvII no LArgo de jesus (LIsboA)

guilherme cardoso, Luísa batalha ............................................................. 146

6. umA Intervenção em pLeno bAIrro dAs oLArIAs: novos dAdos sobre A produção oLeIrA no sécuLo XvII

Inês mendes da silva, marina pinto .......................................................... 146

ArqueoLogIA de LIsboA

5umA cIdAde em escAvAção

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3. A ArqueoLogIA dos espAços, A IdentIdAde e A FIsIonomIA dA cIdAde ....................................... 190

1. museu de LIsboA – teAtro romAno: um museu e um monumento romAno nA cIdAde

Lídia Fernandes .................................................................................... 192

2. A cerâmIcA de engobe vermeLHo de LIsboAelisa de sousa ...................................................................................... 212

3. dAdos preLImInAres de umA Intervenção ArqueoLógIcA nos AntIgos ArmAzéns sommer, LIsboA (2014-2015) - três mIL Anos de HIstórIA dA cIdAde de LIsboA

ricardo ávila ribeiro, nuno neto, paulo rebelo, miguel rocha ....................... 222

4. As termAs romAnAs às portAs de ALFAmAvanessa Filipe, raquel santos ................................................................. 246

5. A cerâmIcA comum de produção LocAL e regIonAL do núcLeo ArqueoLógIco dA ruA dos correeIros, LIsboA. os conteXtos FAbrIs

carolina grilo ...................................................................................... 254

6. presençA dA ocupAção romAnA no ALjube de LIsboAclementino Amaro, eurico de sepúlveda ...................................................... 272

7. A cercA FernAndInA: dAs portAs de stA. cAtArInA Ao postIgo do duque – LIsboA

nuno neto, paulo rebelo, vanessa mata ...................................................... 286

8. IndAgAções ArqueoLógIcAs nA murALHA AntIgA de LIsboA: o LAnço orIentAL entre A ALcáçovA do cAsteLo e o mIrAdouro de sAntA LuzIA

marina carvalhinhos, nuno mota, pedro miranda ............................................ 298

9. perspectIvAs Arqueo-bIoLógIcAs sobre A necrópoLe IsLâmIcA de ALFAmA

vanessa Filipe, Alice toso, joana Inocêncio .............................................. 338

10. A Intervenção ArqueoLógIcA no âmbIto do projecto de ArquItecturA “ApArtAmentos pedrAs negrAs” (LIsboA)

Sofia de Melo Gomes, Mónica Ponce, Victor Filipe ....................................... 348

11. umA AproXImAção Ao espAço vIvencIAL dA cAsA dos bIcos: A cuLturA mAterIAL de umA LIXeIrA dA prImeIrA metAde do sécuLo XvIII

Inês pinto coelho, tiago silva, André teixeira ......................................... 366

12. cAsA dA severA, memórIAs ArqueoLógIcAs de um espAço (LArgo dA severA n.º 2, mourArIA, LIsboA)

Ana Caessa, António Marques, Nuno Mota ................................................... 386

13. ruA do comércIo nº 1 A 13, LIsboA: metAmorFose espAcIAL Alexandra Krus, Isabel cameira, márcio martingil ...................................... 414

14. testemunHos ArqueoLógIcos nA ruA do jArdIm do regedor nº 10 A 32, LIsboA

márcio martingil .................................................................................. 426

15. objectos do quotIdIAno num poço do HospItAL reAL de todos-os-sAntos carlos boavida .................................................................................... 440

6

I encontro

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16. FrAgmentos dA mesA nobre de umA cIdAde em trAnsFormAção: porceLAnA cHInesA num conteXto de terrAmoto dA prAçA do comércIo (LIsboA)

sara Ferreira, césar neves, Andrea martins, André teixeira ........................ 458

17. nAvIos de épocA modernA em LIsboA: bALAnço e perspectIvAs de InvestIgAção

José Bettencourt, Cristóvão Fonseca, Tiago Silva, Patrícia Carvalho, Inês coelho, gonçalo Lopes .................................................................... 478

18. IdentIFIcAção e cArActerIzAção de umA estruturA seIscentIstA: o bALuArte do terreIro do pAço

césar neves, Andrea martins, gonçalo Lopes .............................................. 496

19. A rAmpA dos escALeres reAIs dA cordoArIA nAcIonAL: prImeIros sInAIs do FIm do ImpérIo

Mónica Ponce, Marta Lacasta Macedo, Alexandre Sarrazola, teresa Alves de Freitas ........................................................................ 510

Lista de Abreviaturas .................................................................... 516

Autores ......................................................................................... 517

participantes ............................................................................... 518

ArqueoLogIA de LIsboA

7umA cIdAde em escAvAção

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A ARQUEOLOGIA DOS ESPAÇOS,A IDENTIDADE E A FISIONOMIA DA CIDADE

“Apartamentos Pedras negras”.sistema de esgoto do período moderno

RESUMO:A intervenção realizada em dois edifícios da Travessa do Almada, entre a Rua das Pedras Negras e a Travessa das Pedras

Negras permitiu identificar duas realidades históricas: a mais recente do período moderno pré-terramoto; e uma outra de época romana. Apesar do grau de destruição dos contextos, foi possível interpretar algumas realidades, tendo-se revelado novos dados para uma leitura mais abrangente associada às Termas dos Cássios.

PALAVRAS-CHAVE:Termas dos Cássios, arruamento moderno.

ABSTRACT:The archaeological intervention in two buildings at Tv. do Almada, Lisbon, allow us to identify two historical moments of

occupation: the most recent reports to modern period, before earthquake, having been discovered an old street; and the oldest archaeological contexts reports to the roman period. Despite the high level of destruction with this intervention it was possible to obtain more information related with the Cassios Baths.

KEy WORDS:Cássios Roman Baths; Modern street.

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A INTERvENÇãO ARQUEOLóGICANO âMbITO DO PROjECTO DE

ARQUITECTURA “APARTAMENTOS PEDRAS NEGRAS”

Sofia de Melo GomesNemus – Gestão e Requalificação Ambiental Ldª[email protected]

mónica PonceArqueó[email protected]

victor FilipeBolseiro de doutoramento, UNIARQ/FLUL; [email protected]

1. Apresentação

A intervenção arqueológica realizada no decorrer do “Projeto de Arquitetura Apartamentos Pedras Negras” teve como objetivo dar continuidade a um processo de intervenção arqueológica iniciado por outra equipa, ao abrigo da informação emitida pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC) n.º1423/DSPAA/2013 (31/05/2013). Numa primeira intervenção já se havia descoberto algumas estruturas e troço de calçada, am-bos associados ao período moderno.

Como objetivo genérico assumiu-se a escavação in-tegral dos dois edifícios até à cota de obra definida em projeto. Como objetivos específicos foram considerados a identificação e registo de pré-existências de época moderna e, na possibilidade de ocorrerem vestígios mais antigos proceder ao seu registo, interpretação e análise de modo a se proceder a uma tomada de decisão cons-ciente nas opções a adotar no processo em curso.

3.10

Figura 1- Localização (lat 38.710673º, long 9.134959- sistema WGS84) Fonte: GoogleEarth.2016.

349UmA CidAde em esCAvAçãO

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A intervenção decorreu de forma faseada em função da logística e da segurança da equipa. Assim, os traba-lhos iniciaram-se no edifício 2 (virado à Travessa. das Pedras Negras) e só quando este espaço foi liberto se iniciou a intervenção no edifício 1 (situado na Rua das Pedras Negras).

A escavação permitiu a identificação de treze fases distintas de ocupação do espaço, os quais se podem distribuir da seguinte forma:

• Fases XIII-XII: período pós-terramoto de 1755;• Fases VI-XI: período moderno pré-terramoto de

1755;• Fases I-V: período romano.Seguidamente são apresentados de forma sucinta

os contextos e materiais que permitiram uma leitura do espaço.

2. Leitura cronológica dos dados obtidos em escavação:

2.1. Período moderno

2.1.1. ContextosNa fase mais antiga associada ao período moderno,

identificada como fase VI, inclui-se um conjunto de reali-dades que estruturam todo o espaço intervencionado.

Do lado leste foram identificados dois compartimen-tos, identificados com a letra A e C. O compartimento A faz a esquina com a Rua do Arco de D. Tereza. De

planta trapezoidal (4 m parede norte x 4,90 m parede sul x 5,90 m paredes leste e oeste), possui uma subdivisão a norte com 1m de largura. A parede que faz a divisão tem um sistema construtivo mais frágil, apenas com um alinhamento de pedras (a sul) que encosta a um sistema de construção de terra. A parede ainda se encontrava estucada no momento da escavação.

Adossado a esta parede e sobre o pavimento de ter-ra identificou-se uma estrutura de função indeterminada mas que parece ter funcionado como degrau. A estrutura era composta por um primeiro nível de grandes lajes que delimitavam um espaço retangular, de 1,2 m x 1,5 m, ao qual se sobrepunha um conjunto de tijolos, tipo ladrilho, colocados em cutelo, por uma área de 0,80 m x 0,50 m. Esta estrutura assentava sobre um pavimento em terra.

A entrada principal seria de duas portas (1,80 m aproximadamente), apresentado uma soleira em pedra com buraco de gonzo e goteira central. Mais a norte, jun-to à esquina, havia uma segunda entrada mais discreta, que não ultrapassava os 0,70 m de largura e que dava acesso à subdivisão. Neste caso a soleira era marcada por tijolos tipo ladrilho colocados em cutelo.

A parede leste faz atualmente de alicerce ao edifício existente e mantém-se estucada. A sul o compartimen-to seria parcialmente aberto para o compartimento C, existindo uma passagem com cerca de 2,30 m. Aqui o acesso à rua fazia se por uma passagem com cerca de 2,20 m. Nesta divisão não se identificou qualquer nível de utilização do espaço.

Figura 2 - Planta com os vestígios do período Moderno.

Sofia de Melo GoMes, Mónica Ponce, Victor FiliPe

i encontro de Arqueologia de lisboa 350

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Os edifícios do lado oeste apresentam um maior número de reestruturações e alterações. Nesta fachada apenas se associou a este primeiro momento o muro [101] (edifício 2) e o muro [192] (edifício 1) que cor-respondem, respetivamente, às paredes exteriores dos compartimentos D e F.

É de referir que o muro [192] se encontrava em bom estado de conservação, revelando dois níveis de estuque de parede e três aberturas de janelas de rampa para ilu-minação. A este foi adossado o muro [177], limitando a norte o compartimento F. A esta fase construtiva es-tão ainda associados os muros [204] e [181]. Do [204] apenas se registou uma linha de pedras de cantaria reu-tilizada, onde se destaca uma pedra de calcário que teve como função primordial o fecho de um arco. O limite deste muro a norte interceta com o [181] que em para-lelo com o [177] parece fazer um pequeno corredor de acesso ao interior do compartimento.

Num segundo momento (fase VI) construiu-se o muro [25] adossado a sul ao muro [101], e ao qual se encostou o murete [102] (o limite sul mais antigo deste compartimento só foi identificado na fase VIII com a cons-trução do muro [28] sobre o [102]).

A calçada da Rua Arco do Caranguejo (fase VII) foi colocada posteriormente à construção destes muros já que se lhes encosta. Os depósitos utilizados para as-sentamento da pedra basáltica apresentam materiais datáveis do séc. XVII, como a faiança de aranhões e a porcelana chinesa. Por baixo da calçada foi construído um sistema de escoamento de águas residuais com liga-ção aos edifícios da rua.

À fase VIII pertencem ainda dois muros de fachada: o [76] (edifício 2) e o [203] (edifício 1). Ambos se destacam dos demais pela excelente qualidade do aparelho utilizado.

O sistema construtivo é em aparelho misto com facha-da exterior em cantaria trabalhada e miolo em argamassa amarela granulosa reforçada com pedra não tratada e tijolo tipo ladrilho. É de realçar o fragmento de telha moderna ar-gamassada ao paramento do muro [76]. Neste, a fachada interior deveria ser rebocada mas não se identificou qual-quer tipo de vestígio. A datação destes muros numa fase posterior aos restantes deve-se ao facto da vala de fun-dação do muro [76], onde se recolheram fragmentos de faiança moderna com decoração pintada à mão em azul-cobalto e vinado (séc. XVII), cortar a calçada moderna.

O período pré-pombalino é ainda marcado pelo fe-char dos acessos ao compartimento C, tanto pelo com-partimento A como pela rua (fase IX). O fecho é feito por paredes bastante robustas, com uma argamassa muito dura reforçada por grandes pedras em estado bruto.

Na fase XI é construído o compartimento B e é fe-chada a rua do Arco do Caranguejo.

A construção do compartimento B fez-se com um alteamento do espaço com a colocação de um areão a servir base ao chão e com a construção dos muros [77] e [80] (ambos sem vala de fundação). O muro [77] era construído por uma linha simples de pedra aparelhada de dimensões regulares, enquanto que o [80] apresentava dois paramentos com o interior em argamassa amarela.

O fecho da Rua do Arco do Caranguejo fez-se com a construção de um espaço delimitado pelo muro [46] a leste, pelos muros [38] e [39] a sul e sobrepondo-se ao

Figura 3 – sistema de esgoto.

A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras negras”

351UmA CidAde em esCAvAçãO

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muro [101] a oeste (não se identificou o limite a norte por se prolongar por baixo da atual fachada. O muro [46] fecha o acesso à Rua do Arco de D. Tereza enquanto que os muros [38] e [39] fazem a ligação entre os muros [73] e [25]. O espaço interior tem um pavimento em ar-gamassa amarela muito dura que se sobrepõe à calçada. A partir deste momento a Rua do Arco do Caranguejo passa a ser um beco.

O terramoto de 1755 arrasou com o edificado exis-tente (fase XII). Os vestígios identificados resumem-se a um amontoado de escombros onde se conseguiu dife-renciar as derrocadas de paredes, as quedas de telhados e os níveis de combustão resultantes do incêndio.

Com o plano de reconstrução da cidade de Lisboa estes níveis foram aplanados e os muros que resistiram passaram a ter a função de alicerce dos novos edifícios.

2.1.2. MateriaisOs materiais passíveis de datação prendem-se basi-

camente com as porcelanas chinesas com paisagens, as faianças portuguesas e os azulejos de padrão geométri-cos e vegetalistas policromáticos (azul e amarelo sobre branco), que remetem para a primeira metade séc. XVII.

As faianças identificadas são datáveis genericamen-te do séc. XVII e apresentam temas decorativos diver-sos, a saber:

• Aranhões (motivos vegetalistas) executados com azul-cobalto e vinado;

• Aranhões (motivos geométricos) com apontamen-tos decorativos de azul-cobalto;

• Decoração do tipo contas.

Foram identificados dois tipos de azulejos: • Azulejo em barro vermelho com vidrado verde: 1ª

metade do séc. XVII• Azulejos de padrão geométricos e vegetalistas po-

licromáticos (azul e amarelo sobre branco): 1ª metade do séc. XVII.

É ainda de salientar a presença de uma peça de jogo criada a partir de um fragmento de porcelana, e a presença de alguns objetos de adorno como botões de punho, um colchete e um alfinete de lenço de homem.

Da cerâmica comum não há nada a destacar a não ser a presença de uma panela associada ao nível de uti-lização do compartimento A. A panela está praticamente inteira tendo-se conservado o seu conteúdo.

2.1.3. Análise interpretativaA escavação revelou um arruamento calcetado com

pedra basáltica com orientação NNE-SSW que cruza os edifícios 1 e 2. No limite norte do edifício 2 haveria uma outra rua para leste, identificada em intervenção anterior e parcialmente identificada nesta campanha apenas por baixo da fachada leste do edifício. Praticamente no limite sul da área de intervenção identificou-se um corte de pendente a ultrapassar por um degrau dando lugar a um espaço mais aberto, igualmente calcetado por pedras basálticas mas aqui de maiores dimensões.

Figura 4 – Peça de jogo.

Figura 5 – Panela recolhida no compartimento A. Figura 6 - Arruamento.

sofia de melo GOmes, móniCa POnCe, ViCtoR FiLiPe

i encontro de Arqueologia de Lisboa 352

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Figura 7 - Localização da área de intervenção planta de João nunes Tinoco (1650) (OLIVEIRA, 2012).

Figura 8 - Extrato da planta topográfica de Lisboa posterior a 1780(OLIVEIRA, 2012).

A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras negras”

353UmA CidAde em esCAvAçãO

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Confrontando o registo arqueológico com a carto-grafia de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel (VIEIRA DA SILVA, 1900) que reconstitui o tecido urbano pré-pombalino e com a planta de Tinoco é possível perceber que os edifícios intervencionados se sobrepõem à antiga rua Arco do Caranguejo e que o edifício 2 se deverá sobrepor no seu limite norte à antiga Rua do Arco de D. Tereza (DGPC: Processo S-33825).

A grande maioria das construções integra um primei-ro momento construtivo (fase VI). Desta fase é possível perceber o alinhamento da Rua Arco do Caranguejo com alinhamento a oeste e a leste, fazendo esquina para leste, para a rua do Arco de D. Tereza.

A análise integrada dos dois edifícios revela que a realidade identificada no edifício 1 está mais conservada, devendo-se estar perante os vestígios arqueológicos do que terá sido o primeiro piso destes edifícios enquanto que no edifício 2 já só se observa o piso térreo. Esta interpretação surge não só devido à diferença altimétrica existente entre os dois espaços mas também pela leitura da planta das estruturas, observando-se claramente uma continuidade (cf. Figura 1- planta) entre ambas.

2.2. Ocupação romana

2.2.1. ContextosA fase I de ocupação identificada nas Pedras Negras

está associada ao pavimento [134], do qual apenas se ve-rificou um nível de argamassa muito fino. Este pavimento, cujas dimensões observadas são aproximadamente 8,5m

(N-S) por 7m (E W), está destruído no limite sul e entra por debaixo da fachada leste do atual edifício.

À mesma cota mas separado fisicamente por cons-truções do período moderno, identificou-se o muro [150]. Com uma orientação NNW-SSE, apresenta um sistema de construção bastante sólido onde se desta-cam os monólitos facetados que ocupam toda a largura do muro. Por possuir uma orientação e sistema de cons-trução completamente distintos das demais construções identificadas de época romana, considerou-se tratar de uma fase antiga, integrando a fase I.

Os materiais que permitem datar esta fase foram re-colhidos na [172], unidade removida parcialmente a sul. Do conjunto destacam-se dois fragmentos de drag.27, um de produção Andújar e outro de La Grafesenque, e ainda um fundo e uma asa de ânfora de tipo Lusitana Antiga. Estes materiais sugerem uma datação da primei-ra metade do século I d.C.

Na fase II de utilização deste espaço o muro [150] e o pavimento [134] foram cortados para a construção do muro [53]. O tipo de aparelho deste muro sugere tratar-se de um muro com alguma relevância construtiva. Adossado a este identificou-se uma cloaca de grandes dimensões cujo sistema construtivo sugere pertencer ao mesmo momento de construção. Não se chegou a es-cavar a totalidade da cloaca por se ter atingido primeiro a cota de obra. O muro [53] e a cloaca prolongam-se para a Travessa do Almada, encontrando-se quase à superfície.

Estas duas estruturas, com uma orientação NWW-SEE, pelas suas características deverão estar associa-

Figura 9 – Planta da Fase i.

sofia de melo GOmes, móniCa POnCe, ViCtoR FiLiPe

i encontro de Arqueologia de Lisboa 354

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das ao limite sul das “Termas dos Cássios”. Atualmente considera-se poder tratar-se de um muro de contenção a quebrar o declive do terreno e cuja transposição daria acesso às termas.

A escavação não forneceu dados que permitissem datar o momento de construção destas estruturas, deven-do ser assumida uma cronologia anterior à fase III. Apesar de se avançar com a proposta de poderem estar associa-das às termas, os contextos escavados e que adossam ao muro apresentam cronologias anteriores à renovação das Termas no século IV d.C.

O muro [150] apesar de ter sido cortado foi reutilizado como limite de um espaço interior, do qual não se conhe-cem os limites. Na sua reutilização o muro é usado como base de parede em terra [156], estucada na face oeste [149]. Com a escavação foi possível observar restos do estuque in situ e de argamassa com negativos de mate-riais perecíveis. Os materiais provenientes da [156] suge-rem uma datação post quem de meados do século I d. C.

A fase III caracteriza-se por um abandono e degradação deste espaço. Este momento não pode ter tido uma longa duração visto se encontrar numa zona nobre da cidade.

O derrube de parede [149] está documentado pela [143], unidade esta que ficou selada pela deposição da [132]. O abandono deste espaço está igualmente docu-mentado pela presença do depósito [146/148] no espa-ço que se interpreta como interior sobre as [143], [157] e [149/156]. Os materiais datáveis da [132] apontam para um post quem Augusto-Tibério. Na mesma linha surgem os materiais recolhidos na [146/148]. Nesta unidade as

Figura 10 – Planta da Fase ii.

Figura 11 – muro [53] e cloaca.

A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras negras”

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terra sigillata são sobretudo itálicas datadas deste perío-do. Os fragmentos de ânfora são provenientes da Bae-tica e são uma asa de Haltern e um arranque de asa de Dressel 20.

É possível perceber que os materiais datantes das fases I, II e III são cronologicamente semelhantes, sendo maioritariamente terra sigillata itálica (Augusto-Tibério) e terra sigillata hispânica de Andujar (séculos I-II d.C.), surgindo de forma muito ocasional terra sigillata clara A, o que revela processos de remodelação num espaço temporal próximo.

Um novo momento de utilização deste espaço (fase IVa) é marcado pela construção de vários muros de sis-tema ensonso, e cujo espólio sugere estar-se na presen-ça de compartimentos utilitários. Estes muros surgiram parcialmente conservados junto à fachada oeste do edi-fício 2 e são limitados a leste pelo muro [125] (que se sobrepõe ao pavimento [134]) e encosta ao muro [53], apresentando uma orientação grosso modo NNE-SSW.

O interior é dividido pelos muros [120], [121] e [128]. Para este momento de ocupação identificou-se o pavimento [145] que surge associado a um compar-timento que existiria para sul do muro [128]. Os mate-riais cerâmicos recolhidos da estrutura do muro [125] possuem um hiato bastante vasto, entre a 2ª metade do século I a.C. a finais século I d.C./ III d.C. (terra sigillata clara A de forma indeterminada e ânfora Dressel 20).

O capitel jónico recolhido do aparelho do muro [125] tem paralelo no elemento arquitetónico apresentado por

Lídia Fernandes (FERNANDES, 2009) e datado dos séculos III-IV d.C. Contudo, considera-se que no caso do elemento recolhido nas Pedras Negras a cronologia se aproxime mais do séc. III d.C. se considerarmos os restantes materiais.

A determinado momento (fase IVb) o muro [128] foi removido e o espaço foi alteado com a deposição da [137] e que serviu de base ao pavimento [138]. Neste caso op-tou-se por um pavimento em lajes de pedra e em tijoleira.

Nesta fase os materiais datantes são 4 fragmentos de ânfora provenientes da [137] e genericamente en-quadráveis entre as últimas décadas do século I a.C. e o século III d.C.: 2 asas de Dressel 14 da Lusitânia, 1 bor-do de Oberaden 83 e 1 arranque de asa de uma Dressel 20, ambas provenientes de Guadalquivir.

À mesma cota do pavimento, mas separado deste pela destruição do piso, identificou-se um pequeno tanque em opus signinum de função indeterminada. Este tanque assenta sobre o alicerce do muro [128] e sobre a [142] que corresponde a uma bolsa. Imediatamente a norte do tanque o chão deveria ser em opus signinum [116] visto ter-se identificado a cotas muito próximas o resto de um pavimento e respetivo rodapé adossado ao muro [125]. Este pavimento também assentaria sobre a [142].

O tanque e o pavimento de opus signinum [116] po-dem ser datados a partir dos materiais obtidos na [142] que se destacam pela presença de t.s.c. D, apontando uma data mais tardia, já para finais do séc. IV d.C.

Figura 12 – Planta da Fase iva.

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Figura 13 – Tanque.

Figura 12 – Planta da Fase ivb.

A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras negras”

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O espaço confinado entre os muros [53], [120], [121] e [125] revelou um contexto em terra [119] que deverá ter funcionado como chão. Junto ao muro [121], mas já em claro contexto de destruição, foram identifi-cados alguns nódulos de opus signinum, o que sugere que a dado momento este espaço teve um pavimento neste sistema construtivo. Este nível ocupacional é datá-vel a partir das ânforas fraturadas in situ, junto ao muro [53], correspondendo estas às formas Keay LXXVIII e Almagro 51A-B, apontando assim para uma cronologia já entre os séculos III e V d.C.

Durante o processo de construção (fase IVa), utili-zação e reconstrução (fase IVb) do espaço interior dos compartimentos, foi-se formando sobre o pavimento [134] um depósito, o [124], que se encostou aos muros [53] e [125]. A determinado momento da formação da [124] foi construído encostado ao muro [53] o emba-samento [88]. Este embasamento à data da escavação apresentava-se como uma massa amorfa, surgindo ape-nas do lado oeste o que parecia ser o negativo de umas escadas, mas muito ténue. Correspondendo hipotetica-mente à base de uma escadaria, esta teria como função transpor o muro [53] e a cloaca, e aceder ao espaço dedicado às termas.

Dos materiais obtidos por baixo da [88] é a reter 1 fragmento de t.s.sg., Drag. 27 e um fragmento de ânfora lusitana Dressel 14. Após a construção deste embasa-mento a [124] continuou a formar-se. Os materiais datan-tes obtidos nesta unidade são sobretudo t.s.h. e t.s.i., que apontam para uma cronologia do séc. I-II d.C., sendo caso excecional 1 fragmento de t.s.c.C e outro de t.s.c.D que remetem para cronologias mais tardias. Dos 3 fragmentos de ânfora classificados, a Dressel 14 e a Dressel 20 apon-tam para o séc. I-III d.C. enquanto que a Almagro 51C (Lusitânia) se estende do séc. III d.C. ao séc. V. d.C.

Os materiais obtidos na [124] remetem para uma cronologia mais antiga do que os recolhidos em contex-tos de construção e utilização de espaços interiores.

À fase IV segue-se o abandono, a fase V, registada nas várias unidades estratigráficas em deposição secun-dária, quer dentro dos compartimentos como no espaço exterior de pátio. Estes depósitos revelaram uma grande quantidade de material não só romano mas também de cronologia islâmica.

2.2.2. MateriaisOs materiais de cronologia romana são bastante di-

versificados, tendo-se recolhido elementos construtivos diversos (colunas, um capitel, mármore de revestimento e tesselas) e cerâmica vária (lucernas, paredes finas, terra sigillata, ânforas, peças de jogo, etc.). Do conjunto destacam-se os elementos arquitetónicos, a terra sigilla-ta e o conjunto anfórico.

Elementos arquitetónicos Dos elementos arquitetónicos identificados desta-

cam-se duas peças específicas recolhidas de em con-textos secundários: uma coluna e um capitel. A coluna foi reutilizada na base de um dos muros de cronologia moderna. Encontra-se inteira, apresentando como me-didas 140 cm de altura por 60 cm / 64 cm de diâme-tro máximo. Possui de forma octogonal. Uma das faces

Altura total 20 cm

Scanillus 34.5cm x 34.5cm

Altura scanillus 6cm

Largura visível Pulvinus 10,5 cm

Largura frontal Pulvinus 49cm

Largura lateral Pulvinus 52 cm

Diâmetro volutas 14 cm

Quadro 1 – Características do capitel. dimensões.

Figura 15 – Coluna.

Figura 16 – Capitel jónico.

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laterais apresenta na base uma reentrância de encaixe com 10cm de largura por 22cm de altura.

Este tipo de colunas era utilizado em hipocaustos termais de grandes espaços públicos (DEGBOMONT, 1984), pelo que se considera que esta peça pertenceria às Termas dos Cássios.

O capitel jónico de coluna foi recolhido do miolo do muro [125], encontrando-se num excelente estado de

conservação. A parte superior da peça é ocupada por um scanillus. O balteus frontal é decorado por volutas simples. O equino possui um kyma decorado com três óvulos bastante acentuados e emoldurados, destacan-do-se o óvulo central por ser de dimensões superiores aos óvulos laterais. Esta peça apresenta na parte inferior um pequeno colarinho de ligação ao fuste. A lateral do pulvinus é decorada por folhas contrapostas que se dis-põem a partir do centro. A matéria-prima é um calcário branco de tonalidade bege.

Em Lisboa são conhecidos vários capitéis jónicos, sendo o elemento mais próximo o capitel recolhido na Rua de S. Mamede, diferenciando-se este pela ausên-cia de roseta e de semipalmeta que decoram a voluta. O exemplar recolhido na Rua de S. Mamede é datado pela autora de uma cronologia tardia, apontando para os séculos III-IV d.C.

Terra SigillataA terra sigillata identificada é maioritariamente de

produção hispânica, havendo um número muito próxi-mo de registos de terra sigillata itálica, de terra sigillata sudgálica e de terra sigillata clara.

A análise às pastas apresentada baseia-se numa ob-servação a olho nu, tendo-se recorrido à lupa binocular (Leica ZX6), com um aumento de 10x 1, apenas em alguns casos que suscitaram dúvidas.

Os fragmentos de terra sigillata itálica foram reco-lhidos em 9 unidades estratigráficas, 6 das identificadas como contextos romanos. Destes contextos é de desta-car a recolha de 20 fragmentos da [124] e 8 da [148], correspondendo a 50% do total identificado. Do total de 56 registos foi atribuído forma a 16 fragmentos e a 14 foi possível distinguir entre prato e taça.

Os fragmentos de terra sigillata sudgálica totalizam 55 registos, dos quais apenas se identificaram forma a 18 e a 12 foi possível distinguir entre prato e taça. Os fragmentos foram recolhidos sobretudo em contextos pós-romanos. Nas unidades associadas ao período ro-mano os fragmentos escasseiam, nunca ultrapassando os 2 exemplares por unidade. A produção é de fabrico La Grafessenque, tendo-se identificado unicamente um fragmento originário de Montans (nº318, [132]).

Foram recolhidas 2 marcas de oleiro: uma em fundo de taça e outra em fundo prato. A marca de oleiro iden-tificada no fundo do fragmento de taça nº96, e recolhida na [90], pertence a BASSVS, considerado o principal exportador ruteno pré-flaviano (SILVA,2012, p. 291). A marca recolhida está completa podendo-se ler OF BAS-SI. Em Lisboa é conhecido um segundo exemplar na Sé. Esta olaria terá iniciado a produção em 45 d.C., com uma produção predominantemente Cláudio-Nero e ter-minando a 70 d.C.

A segunda marca de oleiro, com o registo nº206, foi recolhida na [118]. A marca está incompleta, sendo possível ler (..)SENT.

A terra sigillata hispânica é de todos os grupos o mais representativo com 86 fragmentos, dos quais 33 com forma atribuída. Do conjunto apenas 28% provém de contextos romanos. Em relação aos centros produ-tores, estão representados os dois principais centros: Andújar e Tritium Magallum, com claro predomínio do segundo com 62%.

Figura 17 – Terra sigillata itálica.

Figura 18– Terra sigillata Hispânica.

Figura 19 – Marca de oleiro, peça nº 96.

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A diferenciação entre os dois centros produtores sus-citou dúvidas em vários fragmentos, sobretudo naqueles com uma pasta mais depurada, tendo-se considerado, nestes casos, a identificação pela forma dos vácuos da pasta, atribuindo-se a Andújar as pastas que apresenta-vam os vácuos alongados. Em alguns fragmentos não foi possível distinguir as produções ficando classificado como indeterminado.

As cerâmicas de terra sigillata clara estão bem repre-sentadas nas Pedras Negras, com um claro predomínio do fabrico da terra sigillata clara A com mais de 50% das ocorrências. Quanto à sua distribuição pelas unidades estratigráficas nota-se um claro predomínio de presen-ças na [142], integrada na fase ocupacional IVb.

ÂnforasA amostra que aqui se analisa é composta por todos

os fragmentos de bordo, asa e fundo de ânfora recupera-dos na intervenção de 2013 na Rua das Pedras Negras, incluindo aqueles que provêm de contextos estratigráficos

Quadro 2 – Quantificação global das ânforas da Rua das Pedras Negras.

Figura 20 – Terra sigillata Clara.

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de Época Moderna. Trata-se de um conjunto relativamen-te pequeno e de reduzida fiabilidade estatística, composto por um total de 54 fragmentos que corresponde a um Número Mínimo de 35 Indivíduos (NMI): 9 bordos, 14 fundos e 31 asas. Contudo, é um conjunto relativamente diversificado no que se refere às tipologias e às regiões de proveniência, com algumas particularidades quantita-tivas pouco habituais, que testemunha um arco cronoló-gico que se estende do séc. II a.C. até ao séc. V-VI d.C.. As ânforas atribuíveis ao Alto-Império correspondem a 63% da amostra, sendo a fase cronológica melhor repre-sentada. Estratigraficamente, esse espaço temporal está cristalizado nas fases I, II e III, definidas com base nas evidências arqueológicas documentadas durante a esca-vação (cf. ponto 2.2.1 deste artigo). À Antiguidade Tardia correspondem 23% (fases IVa e IVb) e à fase republicana apenas 6%, sendo que 9% dos contentores anfóricos são de tipo e de cronologia indeterminados.

As ânforas republicanas, meramente residuais, resu-mem-se a um bordo de Greco-Itálica proveniente da cos-ta tirrénica da Península Itálica e a uma asa de T-7.4.3.3., produzida na costa meridional da Ulterior. Estas formas, frequentes nos pacotes artefatuais republicanos do últi-mo terço do século II a.C. em Olisipo, testemunham a importação do vinho itálico e dos preparados de peixe da Baía Gaditana nas fases mais precoces da presença romana no extremo ocidental peninsular.

Já no que diz respeito ao Alto-Império, e como ante-riormente se referiu, a amostra é bem mais expressiva, ainda que quantitativamente pouco representativa. Parti-cularmente intrigante é a presença maioritária das ânforas

béticas (47,6%) face às produções lusitanas (38,1%), tão inusual quanto difícil de explicar, uma vez que o que habi-tualmente se observa na cidade de Olisipo, aproximada-mente a partir de meados do século I d.C., é uma constan-te supremacia das produções lusitanas, normalmente com valores acima dos 50% (BUGALHÃO, 2001; SABROSA e BUGALHÃO, 2004; FILIPE, 2008; DIAS et al., 2012; ALMEIDA e FILIPE, 2013; FILIPE, 2015; SILVA, 2015; FILIPE et al., no prelo). A residualidade de grande parte destes materiais, no que se refere à sua proveniência es-tratigráfica, não explica totalmente esta estranha prepon-derância das ânforas béticas, sendo particularmente de sublinhar a fraca expressão da Dressel 14 e da Lusitana 3 que correspondem às duas tipologias lusitanas mais di-fundidas entre a segunda metade do século I e o II d.C. e recorrentemente maioritárias nos conjuntos anfóricos. As produções da Gália, Península Itálica e Mediterrâneo Oriental (todas com 4,8%) são minoritárias, sendo relati-vamente expectáveis os valores percentuais que apresen-tam. Sublinhe-se a ausência de produções do Norte de África e da província hispânica da Tarraconense.

Quanto ao conteúdo das ânforas alto-imperiais da Rua das Pedras Negras, verifica-se uma maior repre-sentatividade dos contentores piscícolas (42,9%), se-guido dos vinícolas (33,3%) e dos oleícolas (23,8%). O consumo dos preparados de peixe lusitanos, repre-sentado pelos modelos anfóricos mais precoces e pela Dressel 14, apresenta valores significativamente mais al-tos (67%) que os da Bética (33%), aqui testemunhados pelas Dressel 7-11 e pelas Beltrán IIB. A hegemonia dos preparados de peixe lusitanos encontra explicação

Figura 21 – Regiões produtoras, conteúdos e proveniência das ânforas vinárias alto-imperiais.

A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras negras”

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na vigorosa indústria piscícola existente nesta província, sendo as importações, neste conjunto, exclusivamente representadas pelos produtos da costa bética.

O quadro da geografia de proveniência das ânforas destinadas a transportar vinho é bem mais diversificado e equilibrado, observando-se cinco regiões produtoras distintas. O vinho consumido era maioritariamente prove-niente da Lusitânia (28,6%) e da Bética (28,6%), respe-tivamente transportado em ânforas de tipo Lusitana 3 e Haltern 70. Em proporções similares, com 14,3% cada, temos o vinho da Gália, de Itália e do Mediterrâneo Orien-tal, envasado nas típicas Gauloise 4 e Dressel 2-4 itálicas e orientais. Apesar da relativa expressividade dos valores percentuais, convém manter bem presente que se trata de quantidades muito pouco expressivas, corresponden-do os 28,6% da Lusitana 3 e Haltern 70 apenas a dois indivíduos de cada.

À semelhança do que se havia já observado em idêntico período na Praça da Figueira (ALMEIDA, FI-LIPE, 2013), o azeite consumido era exclusivamente importado da província Bética em ânforas de tipo Obe-raden 83/Ovóide 7 e Dressel 20, produzidas no Vale do Guadalquivir. Sublinhe-se a presença de uma marca de oleiro sobre a asa de uma Dressel 20 Júlio-Cláudia, para a qual não encontrámos paralelo. Trata-se de uma marca de difícil leitura com as primeiras letras mal conservadas, aparentemente inédita, apresentando diversos nexos: Q.S^E.EV^P^SH^E^I (palma?) (entretanto publicada em Fabião et alii, 2016).

Quanto às ânforas atribuíveis à Antiguidade Tardia, com escasso valor estatístico, foram reconhecidos apenas oito indivíduos, provenientes da Lusitânia (62,5%) e da Bética (costa oriental bética 12,5% e vale do Guadalquivir 25%). As produções lusitanas, exclusivamente piscícolas,

Quadro 3 – Quantificação das ânforas do Alto-Império.

Quadro 4 – Quantificação das ânforas da Antiguidade Tardia.

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Figura 22 – Lusitânia, vales do Tejo/Sado: Lusitana Antiga (20), Dressel 14 (24); Bé-tica, Vale do Guadalquivir: Haltern 70 (19 e 52), Oberaden 83/Ovóide 7 (26), Dressel 20 Júlio-Cláudia (45 e 54, com marca), Dressel 20 Flávio-Trajana (6), Dressel 20 An-toninina (1); Bética, costa ocidental: Dressel 7-11 (50), Beltrán IIB (34 e 36) ) e imitação de modelo norte-africano (?) (3); Gália, Narbonense: Gauloise 4 (18) e tipo indeterminado (53); Península Itálica, costa tirrénica: Greco-Itálica (7), Dressel 2-4 (17); tipo e procedência indeterminados (22 e 53); indeterminado (3).

A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras Negras”

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são representadas por dois exemplares de Almagro 51C e dois de Keay LXXVIII (25% cada) e um de Almagro 51A-B (12,5%), notando-se a ausência das Almagro 50, Keay XVI e Lusitana 9. Relativamente às béticas, observa-se a presença da Keay XIX (12,5%), piscícola, da Dressel 20 do século III (12,5%) e da Dressel 23 (12,5%), oleí-colas. No global, as ânforas piscícolas representam 75% e as oleícolas 25%, sendo estas últimas exclusivamente importadas da Bética.

É particularmente destacável o facto de estarem au-sentes as produções norte africanas (que, eventualmente, poderão estar representadas de forma minoritária por um fragmento de asa de tipo e cronologia indeterminados), tão comuns nesta fase mais tardia, bem como as do Me-diterrâneo Oriental. A total ausência de ânforas vinárias nesta amostra poderá não ser totalmente imputável a fa-tores casuísticos, uma vez que no conjunto de ânforas tar-dias da intervenção de Irisalva Moita na Praça da Figueira se verificou uma diminuição no consumo de vinho relativa-mente à fase Alto-Imperial (ALMEIDA, FILIPE, 2013).

3. Leitura interpretativa dos contextos romanos

Os dados obtidos com a presente intervenção suge-rem que se intervencionou a área de acesso às termas.

A fase I (muro [150] e pavimento [134]) será anterior à renovação das termas, no entanto o tipo de construção presente no muro [150] não tem paralelo com nenhuma das estruturas identificadas na intervenção das termas (SILVA, 2012, pp. 210-211), sendo assim atribuída a um período mais antigo.

O muro [53] (fase II) deverá corresponder ao limite sul das termas, cortando a pendente que daria para um espaço amplo e aberto.

Adossado ao muro corre a cloaca que apresenta uma direção transversal à identificada nas termas dos Cássios (que terá uma orientação NE-SW), pelo que as duas cloacas deverão intercetar onde hoje se ergue o nº43 da Rua das Pedras Negras. A cloaca acompanha a pendente do terreno para leste, possivelmente dire-cionando-se para a grande cloaca existente no largo de Santo António (ALARCÃO, 1994, p. 58).

A construção do muro de contenção e da cloaca re-alizou-se num momento anterior ao reaproveitamento do muro [150], onde os materiais recolhidos das [156] e [149] apontam para uma datação dos séculos I-II d.C. Neste sen-tido, a presença destas estruturas sugerem a existência de um outro espaço público anterior às Termas dos Cássios.

No limite oeste deste espaço aberto, que se estende para sul (grosso modo) do muro [53], foram identificados segmentos de espaços cujos materiais sugerem uma cronologia do séc. I-II d.C. Contudo, com as remodela-ções posteriores não é possível proceder a uma leitura precisa quanto à sua funcionalidade.

A remodelação deste espaço compartimentado deve-rá ter acontecido entre finais do séc. I e o séc. III d.C. O hiato cronológico resulta do facto dos materiais recolhidos do sistema construtivo dos muros apontarem para os sé-culos I-II (abundância de terra sigillata hispânica) e sécu-los I-III (terra sigillata clara A), no entanto no muro limítrofe a leste ([125]) foi recolhido um capitel cujo paralelo surge datado de finais do século III, inícios do IV.

Numa leitura muito linear dos dados formulam-se duas hipóteses: ou os materiais cerâmicos utilizados remontam a um período já no limite da sua produção (t.s.c.A) e a um período pós-produção (no caso da t.s.h.) ou o capitel deverá remontar a um período mais antigo do que atualmente proposto.

Da mesma época será o embasamento adossado ao muro [53] e que deverá corresponder a uma escadaria de acesso ao espaço termal. A análise conjunta dos ma-teriais recolhidos sob a [88] sugerem uma cronologia do séc. I-II d. C.

A última remodelação deste espaço terá ocorrido já num período mais tardio, a partir do séc. V, datação esta obtida a partir de um conjunto de terra sigillata clara D recolhida numa bolsa sob um tanque de opus signinum.

Concluindo, a realidade intervencionada corresponde a diferentes momentos construtivos mas que remetem, grosso modo, para os séc. I-II d.C. Ou seja, os materiais identificados nas várias fases são muito homogéneos sendo possível perceber uma evolução cronológica ao longo das várias fases mas muito concentradas no séc. I-II d.C. O grande salto cronológico dá-se no último mo-mento de remodelação (fase IVb) onde há um predo-mínio de terra sigillata clara D, remetendo já para finais do séc. IV e o momento de abandono (fase V) cujos materiais tardios remontam a uma época tardo-romana/alto-medieval.

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A intervenção arqueológica no âmbito do Projecto de Arquitectura “Apartamentos Pedras negras”

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