uma base para a manutenção centrada na confiabilidade dos hidrômetros

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Desenvolvimento de metodologia para o programa de manutenções preventiva e preditiva do parque de hidrômetros do DMAE – Porto Alegre/Brasil Autores: Mello, E.J.*, Rabello Jr., M. 19 a 21 de outubro de 2009 Hotel Transamérica São Paulo BRASIL Desenvolvimento de metodologia para o programa de manutenções preventiva e preditiva do parque de hidrômetros do DMAE – Porto Alegre/Brasil Autores: Mello, E.J.*, Rabello Jr., M.

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Desenvolvimento de metodologia para o programa de manutenções preventiva e preditiva do parque de hidrômetros do DMAE - Porto Alegre/Brasil

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Desenvolvimento de metodologia para o programa de manutenções preventiva e preditiva do parque de hidrômetros do DMAE – Porto Alegre/Brasil 

Autores: Mello, E.J.*, Rabello Jr., M.  

Elton J. MelloGerente Técnico

DMAE – Porto AlegreBrasil

19 a 21 de outubro de 2009Hotel TransaméricaSão PauloBRASIL

Desenvolvimento de metodologia para o programa de manutenções preventiva e

preditiva do parque de hidrômetros do DMAE – Porto Alegre/Brasil 

 Autores: Mello, E.J.*, Rabello Jr., M.

 

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Desenvolvimento de metodologia para o programa de manutenções  preventiva e preditiva do parque de hidrômetros do DMAE – Porto Alegre/Brasil 

 Sumário

A gestão dos parques de hidrômetros dos sistemas de abastecimento de água brasileiros

baseia-se, via de regra, no índice de hidrometração e, nos casos em que esta gestão está mais

desenvolvida, pratica-se a manutenção preventiva dos medidores instalados, tendo como

elemento motivador desta despesa o atendimento ao Inmetro.

Pode-se citar a Sabesp e a Copasa, entre as companhias estaduais, e a Sanasa, entre os

serviços municipais de saneamento, como aquelas empresas brasileiras que praticam a gestão

de seus parques de hidrômetros fazendo o acompanhamento do desempenho de seus

medidores instalados, a partir de uma bem montada estrutura de retaguarda, composta por

técnicos capacitados e avançados laboratórios, certificados como Postos de Ensaio

Autorizados pelo Inmetro.

Esta prática, verificada em especial na Sabesp, permite o desenvolvimento de sistemas de

gestão da hidrometria que, juntamente com as soluções de telemetria disponíveis, gerenciam

todas as variáveis que interferem nos resultados e desempenho da micromedição.

Embora 48,5% dos municípios brasileiros já apresentavam de 99% a 100% de suas ligações

hidrometradas, segundo o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2007 do SNIS, a

confiabilidade destes medidores em relação ao seu tempo de instalação na rede está longe de

tranquilizar os gestores ligados às áreas de micromedição e de perdas, mesmo naqueles casos

em que os prazos estabelecidos pelo Inmetro estejam sendo cumpridos.

Neste sentido, este trabalho desenvolve uma ferramenta de gestão do parque de hidrômetros

que pode ser utilizada por qualquer empresa de água, pois empregando a sua base de dados

de faturamento, constitui o indicador IN014 do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos do

SNIS – Consumo micromedido por economia [m³/mês/eco] – como parâmetro de desempenho

dos medidores.

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Introdução

A gestão do parque de hidrômetros de qualquer serviço ou empresa de saneamento reveste-se

de grande complexidade, por envolver e exigir uma variedade de critérios e parâmetros, que

nem sempre estão ao alcance dos gestores da área para auxiliá-los na análise e melhoria dos

indicadores [1].

Isto resulta na priorização da manutenção corretiva do parque, demandada pelos problemas

apontados na leitura mensal dos medidores (hidrômetros parados, danificados, ilegíveis,

vazando, etc.), em detrimento da manutenção preventiva ou verificação periódica [2] dos

mesmos. Nos casos em que esta acontece, vale-se, única e exclusivamente, do tempo de

instalação do medidor na rede, desconsiderando as condições efetivas de funcionamento do

hidrômetro. Muitas vezes, são substituídos medidores com pouquíssimo uso e em excelentes

condições de funcionamento, permanecendo instalados outros, com baixo rendimento ou com

elevado volume totalizado.

O objetivo deste trabalho é instrumentalizar o Departamento Municipal de Água e Esgotos de

Porto Alegre - DMAE com uma ferramenta de gestão que, utilizando exclusivamente a sua

base de dados comercial, elabore mensalmente o Programa de Manutenções Preventiva e

Preditiva do Parque de Hidrômetros do DMAE, levando em consideração o tipo de usuário, a

região da cidade em que está instalado e, especialmente, o desempenho do hidrômetro,

constituindo-se na base de um programa de manutenção centrada na confiabilidade [3].

O estado da arte

Tabela 1 - Quantidade de ramais ativos e faturamento por faixa de consumoFaixas de

Consumo do RamalQtde

Ramais% dos

Ramais% Acum. Ramais

Nº Economia

Consumo Lido [m³]

% do Faturamento

% Acum. Faturamento

Sem Consumo 23.404 9,07% 9,07% 24.874 - 1,18% 1,18%De 0 a 4 m³ 33.115 12,83% 21,89% 35.022 86.541 1,95% 3,13%De 5 a 10 m³ 63.906 24,76% 46,65% 68.280 481.518 4,77% 7,90%De 11 a 15 m³ 44.440 17,21% 63,86% 48.939 571.148 5,39% 13,29%De 16 a 20 m³ 29.082 11,27% 75,13% 33.509 517.729 5,05% 18,34%De 21 a 30 m³ 27.692 10,73% 85,86% 35.259 682.922 7,13% 25,47%De 31 a 50 m³ 15.067 5,84% 91,69% 27.393 571.474 6,68% 32,15%De 51 a 100 m³ 8.450 3,27% 94,97% 40.266 596.013 7,67% 39,82%De 101 a 200 m³ 6.572 2,55% 97,51% 74.952 943.171 11,43% 51,25%De 201 a 300 m³ 2.682 1,04% 98,55% 47.178 654.057 8,23% 59,47%De 301 a 500 m³ 2.009 0,78% 99,33% 51.298 765.798 10,04% 69,51%De 501 a 1.000 m³ 1.188 0,46% 99,79% 47.280 803.181 10,91% 80,42%De 1.001 a 4.000 m³ 489 0,19% 99,98% 36.609 812.325 12,99% 93,41%Acima de 4.000 m³ 52 0,02% 100,00% 5.955 483.640 6,59% 100,00%Total geral 258.148 100,0% 576.814 7.969.517 100,0%Fonte: Sistema de Cadastro de Água do DMAE - Competência: Julho/2009

251

.72

8

 

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 A realidade da medição do consumo de água em Porto Alegre está retratada na tabela 1, que

estratifica os consumos mensais por faixas, onde se observa que a gestão do parque de

hidrômetros pode e deve ter políticas diferenciadas aplicadas simultaneamente.

Uma política voltada para as ligações ativas de água com consumos micromedidos inferiores a

300 m³/mês, realidade em 98,55% dos ramais ativos e que representam 59,47% do

faturamento. Outra política de gestão voltada para os consumos maiores de 300 m³/mês com

3.738 ligações hidrometradas, apenas 1,45% dos ramais ativos, mas que se traduzem em

40,53% do faturamento.

No Brasil, embora seja um dos indicadores utilizados pelo SNIS [4], conforme mostrado na

tabela 2, o consumo por economia não tem ainda um papel de relevância nos estudos das

perdas aparentes ou perdas de faturamento dos sistemas de abastecimento ou na gestão dos

parques de hidrômetros.

Tabela 2 - Consumo mensal por economia no Brasil

0-5 6-10 11-15 16-20 21-30 31-50 >50

200 - 1.000 106 10 78 16 - - 1 1 1.000 - 10.000 2.535 98 1.603 736 58 21 11 8

10.000 - 50.000 1.203 21 565 495 78 29 12 3 50.000 - 150.000 283 3 78 151 36 14 1 -

150.000 - 500.000 109 1 16 75 14 1 2 - 500.000 - 1.000.000 17 1 2 9 4 1 - -

1.000.000 - 2.500.000 12 - 1 8 3 - - - 2.500.000 - 5.000.000 - - - - - - - - 5.000.000 - 11.000.000 2 - - 1 - 1 - -

Total (200 - 11.000.000) 4.267 134 2.343 1.491 193 67 27 12

3,1% 54,9% 34,9% 4,5% 1,6% 0,6% 0,3%

Total(10.000 - 11.000.000) 1.626 26 662 739 135 46 15 3

1,6% 40,7% 45,4% 8,3% 2,8% 0,9% 0,2%

Total (50.000 - 11.000.000) 423 5 97 244 57 17 3 -

1,2% 22,9% 57,7% 13,5% 4,0% 0,7% 0,0%

Fonte: Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgostos - 2007 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - PMSS

AG001 - População total atendida com abastecimento de

água [habitante]Qtde.

MunicípiosIN014 - Consumo micromedido por economia [m³/mês/econ.]

Mesmo que a comparação pura e simples entre os valores desse indicador por município não

permita conclusões definitivas, uma constatação pode-se retirar da observação da tabela 2: Os

municípios com menor população atendida com abastecimento de água, tem um consumo

micromedido por economia menor e, consequentemente, um consumo médio percapita de

água inferior, conforme a tabela 3.

Baseado nos demais indicadores disponibilizados pelo Diagnóstico do SNIS, que informam os

bons índices de hidrometração e de perdas de faturamento nestes municípios, comparáveis ou

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 melhores que os mais populosos, é possível relacionar algumas das prováveis causas que

levam a esta situação:

- Hábito cultural ou baixa disponibilidade hídrica, associados a atitudes conservacionistas da

água pela população;

- Nível de renda ou situação econômica [5];

- Menor índice de perdas, com menos volumes estimados, devido aos sistemas de

abastecimento serem menores e/ou as redes mais novas;

- Baixo desempenho dos medidores, acarretado pela falta de programas de manutenção.

Tabela 3 - Consumo médio percapita de água

s/inform. <51 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 >300200 - 1.000 106 - 2 33 57 10 2 1 1

1.000 - 10.000 2.535 5 52 861 1.323 239 30 11 14 10.000 - 50.000 1.203 6 17 325 625 159 42 16 13 50.000 - 150.000 283 13 1 55 127 56 21 8 2

150.000 - 500.000 109 12 - 18 44 26 7 1 1 500.000 - 1.000.000 17 2 - 2 5 5 3 - -

1.000.000 - 2.500.000 12 - - 1 6 4 1 - - 2.500.000 - 5.000.000 - - - - - - - - -

5.000.000 - 11.000.000 2 1 - - - - 1 - -

Total de 200 - 11.000.000 4.267 39 72 1.295 2.187 499 107 37 31

0,9% 1,7% 30,3% 51,3% 11,7% 2,5% 0,9% 0,7%

Total de 10.000 - 11.000.000 1.626 34 18 401 807 250 75 25 16

2,1% 1,1% 24,7% 49,6% 15,4% 4,6% 1,5% 1,0%

Total de 50.000 - 11.000.000 423 28 1 76 182 91 33 9 3

6,6% 0,2% 18,0% 43,0% 21,5% 7,8% 2,1% 0,7%

Fonte: Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgostos - 2007 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - PMSS

IN022 - Consumo médio percapita de água [l/hab./dia]AG001 - População total atendida com abastecimento de

água [habitante]

Qtde. Municípios

Provavelmente, todas estas causas contribuem, em maior ou menor grau, com a redução do

consumo percapita nos municípios menos populosos. Para o desenvolvimento deste trabalho

será destacada a última causa, ou seja, o baixo desempenho dos medidores, que interfere

diretamente no volume micromedido.

No DMAE, este indicador do consumo por economia é um parâmetro altamente confiável,

quanto a sua atualização e validação, uma vez que é obtido a partir de grandezas essenciais

para o cálculo e emissão das contas de água, que são o volume micromedido e o número de

economias.

Metodologia

A base de dados

O DMAE utiliza o Sistema de Cadastro de Água - SCA com o objetivo principal e final de

elaborar o seu faturamento mensal e que, além dos módulos de Leitura, Cadastro, Ligação e

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 Corte, entre outros, agrega o módulo de Hidrômetros que executa a administração do seu

parque de medidores.

Todas as operações com os medidores do DMAE são lançadas e atualizadas neste módulo,

desde a aquisição, passando pela movimentação (colocação e retirada) na rede, até a sua

baixa do patrimônio. Este módulo inclui, também, uma rotina para o planejamento da

manutenção preventiva, baseado apenas no tempo de instalação dos medidores na rede.

A base de dados resultante dos lançamentos executados mensalmente em cada módulo,

embora tenha sido criada com o enfoque comercial, constitui-se numa rica fonte de

informações para a gestão do parque de hidrômetros.

As informações disponíveis

Com o intuito de permitir relatórios mais completos e análises mais complexas, a base de

dados do SCA é disponibilizada para os gestores das áreas, sendo atualizada mensalmente

em um gerenciador de banco de dados, após o fechamento da competência, isto é, do mês de

faturamento, que ocorre na primeira emissão de contas.

Com o objetivo de estabelecer novos parâmetros para o planejamento da manutenção

preventiva, realizou-se uma série de cruzamentos e relacionamentos com os dados disponíveis

que, para este estudo, foram agrupados utilizando-se os seguintes filtros:

- Grupo: Existem 16 grupos que representam as regiões da cidade e que observam

características sócio-econômicas similares;

- Categoria: São 4 os tipos de usuários considerados pelo SCA - residencial, comercial,

industrial e repartição pública;

- Economia: Representa a quantidade de unidades habitacionais abastecidas por um mesmo

ramal ou ligação de água, sendo o consumo do ramal registrado pelo hidrômetro. A atualização

desta quantidade é de extremo interesse do usuário, pois a conta de água é calculada em

função deste número.

- Capacidade do medidor: É determinada pela máxima vazão (ou vazão permanente) em que a

água pode atravessar o hidrômetro, por um curto período de tempo, sem que o mesmo se

danifique [6]. O DMAE instala os seus medidores observando o dimensionamento estabelecido

pela tabela 4.

- Classe metrológica: São parâmetros pré-estabelecidos que definem os limites metrológicos do

medidor [7].

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 Na implantação definitiva do sistema deve ser avaliada a pertinência de considerar mais filtros -

tipo de medidor (unijato, multijato, volumétrico, woltmann vertical, woltmann axial, etc.), tipo de

abastecimento (direto ou indireto com reservatório), entre outros - que sejam mantidos

atualizados na base de dados e possam influenciar na micromedição do consumo.

Ajustando-se os parâmetros para a manutenção preventiva

Sabia-se que além da dimensão tempo de instalação, era necessário agregar o volume

totalizado pelo medidor em função de sua capacidade ou vazão máxima, conforme

apresentado na tabela 4, que seria a base para a reformulação do programa de manutenção

preventiva praticado pelo DMAE, que considerava apenas o tempo de instalação do medidor.

Tabela 4 - Pré-dimensionamento de hidrômetros

Tipo de Medidor

DN (mm)

Qmin (l/h) Qn (m³/h) Mínima Máxima Qn (m³/h) Qmin

(l/h)DN

(mm)Tipo de Medidor Anos

Volume Acumulado (m³)

[%] Acumulado [%]

UJ 20 15 0,75 - 20 7 5.000 2,40

MJ 20 30 1,5 21 300 5 10.000 96,00

25 70 3,5 301 525 0,48 25 100 5 526 750 0,64

751 1.050 1.051 1.500

MJ 50 300 15 1.501 2.250 2.251 3.000 3.001 4.500 4.501 9.000 9.001 12.000

12.001 15.000 15.001 18.000

W 150 4.500 150 18.001 45.000 0,00

W 200 7.500 250 45.001 75.000 -

W 250 12.000 400 75.001 120.000 -

W 300 18.000 600 120.001 180.000 - Fonte: Seção de Medição/DMAE - Porto Alegre/RS - Brasil. Competência: Julho/2009

Classe Metrológica B Faixas de Consumo (m³/mês)

Hidrômeros InstaladosClasse Metrológica C

Substituição Preventiva

(o que ocorrer primeiro)

UJ/MJ/VM

MJ 3,5 35 25 UJ/MJ

1,5 15 20

5 27.000

MJ 40 200 10 10 100 40

50 UJ/MJ15 90/150

W

UJ/MJ

W 50 450 15

80 1.200 40 8040 180 UJ 4

W 100 1.800 60 UJ 4

3Obs: Hidrômetros classe "C" são recomendados para medição dos

consumos dos imóveis com abastecimento indireto.

60 300 100Conforme análise de

desempenho

5 54.000

0,01

0,11 5

98,40

1,60

0,35

0,01

No entanto, buscava-se um refinamento destes critérios (tempo e volume) que considerasse a

variedade de usuários e a diversidade de regiões sócio-econômicas da cidade. Por isso,

escolheu-se a medida consumo por economia, obtida a partir da divisão da média dos

consumos dos últimos 6 meses1 pelo número de economias cadastradas no ramal, disponíveis

na base de dados.

                                                            1 Optou‐se pela média dos últimos seis meses como forma de compensar a sazonalidade verificada nos consumos micromedidos,  em  função  da  variação  da  temperatura  ambiente  ao  longo  do  ano,  e  para  contrabalançar intercorrências eventuais que possam alterar o consumo normal de água, como vazamentos ou fugas.

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 As informações obtidas (ver tabela 5) confirmaram o acerto desta decisão, pois cada grupo

(região da cidade), categoria (tipo de usuário) e tipo de imóvel (pela quantidade de economias)

apresenta um consumo médio por economia próprio, em que pese os critérios para a instalação

dos medidores na rede serem universais, ou seja, coloca-se e se retira conforme o SCA

estabelece, apenas se observando a tabela de dimensionamento (ver tabela 4).

Verifica-se na tabela 5, que apresenta um resumo das informações buscadas, a diversidade de

valores que assume a medida escolhida e que, a partir de um valor médio geral de 13,82

m³/eco na competência julho/2009, ela oscila em função do grupo, categoria, capacidade do

medidor e nº de economias abastecidas pelo ramal.

Observa-se então, que um dos dogmas da área comercial dos serviços e empresas de água de

cidades como Porto Alegre - com forte predominância econômica do setor de serviços -, de que

uma residência sempre consumirá mais água que um estabelecimento comercial, não é

procedente, pois tanto no comparativo dos valores gerais da categoria residencial (12,53

m³/eco) com a comercial (14,51 m³/eco), como nos ramais com 2 a 8 economias (residencial

com 9,87 m³/eco e comercial com 11,99 m³/eco), verifica-se a quebra deste paradigma.

Tabela 5 - Consumos médios por economia [m³/mês/eco] em Porto Alegre/RSResidencial

Residencial Comercial Comercial Residencial De 9 a 20

Grupo 1 20,16 11,14 16,84 12,63 11,10 9,00 10,45 Grupo 2 14,27 11,66 23,14 12,23 13,15 8,38 13,92 Grupo 3 14,43 14,63 12,15 13,67 9,28 10,72 12,37 Grupo 4 13,18 12,22 22,37 12,51 7,73 9,43 12,06 Grupo 5 10,99 10,63 13,64 10,90 7,98 8,02 9,14 Grupo 6 12,50 11,63 11,53 11,00 16,40 12,12 12,96 Grupo 7 14,03 13,41 11,46 14,11 8,68 9,13 12,70 Grupo 8 14,91 14,95 13,48 13,96 10,27 13,34 14,06 Grupo 9 12,82 11,40 14,40 11,17 27,73 10,69 10,39

Grupo 10 13,11 11,43 21,05 12,05 9,60 9,86 8,95 Grupo 11 14,15 11,77 13,87 12,51 10,63 8,50 9,84 Grupo 12 16,63 14,75 27,28 14,91 11,61 9,58 12,88 Grupo 13 12,69 12,58 11,65 13,18 10,05 9,54 10,94 Grupo 14 15,02 13,94 12,99 13,58 9,39 9,32 11,62 Grupo 15 12,83 12,63 11,30 12,39 8,35 9,86 11,33 Grupo 16 12,13 11,69 15,03 11,43 7,21 8,06 11,21

Geral 13,82 12,53 14,51 12,59 11,99 9,87 11,91 Fonte: Sistema de Cadastro de Água/ DMAE

Ramal de 2 a 8 ecoCompetência Julho/2009 Geral

Categoria Hidrômetros de 3m³/h

 

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 A escolha do parâmetro de desempenho

Se manutenção preventiva for entendida como “aquela realizada de forma a reduzir ou evitar a

falha ou a queda no desempenho de um hidrômetro, obedecendo a um planejamento

previamente elaborado, baseado em intervalos de tempo” e se aceito o conceito de que

manutenção preditiva é “a atuação realizada com base em modificação de parâmetro de

condição ou desempenho do medidor, cujo acompanhamento obedece a uma sistemática”,

esta metodologia proposta ao incorporar o tempo de instalação, o volume totalizado neste

tempo e monitorar uma variável de desempenho para a programação da manutenção dos

hidrômetros na rede de abastecimento de água potável estará, também, indicando quais os

hidrômetros que estão com um rendimento abaixo da média do segmento2 considerado.

13.95510.034 9.186 7.399 8.007

33.423

16.670

22.081

60.744

21.478

167645

35.191

13,43 13,25 13,05

12,26

12,9212,47

13,05

11,60 11,61 11,19

12,48

12,56

5,32

de 0 a 1 ano de 1 a 2anos

de 2 a 3anos

de 3 a 4anos

de 4 a 5anos

de 5 a 6anos

de 6 a 7anos

de 7 a 8anos

de 8 a 9anos

de 9 a 10anos

de 10 a 15ano

de 15 a 20ano

mais de 20anos

Qtde Ramais m³ / ECO / mês

    Figura 1 ‐ Consumo médio por economia em ramais com medidores de 3 m³/h 

Assim, a medida “consumo por economia médio” (m³/eco) de cada segmento será o parâmetro

de desempenho deste programa, em relação ao qual se avaliará cada um dos hidrômetros

                                                            2 Segmento: É o agrupamento de hidrômetros empregados, em determinada competência, na medição da água consumida na rede pública de abastecimento de Porto Alegre com características de instalação (grupo, categoria), aplicação (faixa de consumo medido/número de economias) e utilização (classe e tipo de medidor) semelhantes. 

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 instalados em ramais ativos, ou seja, em ramais que não apresentem irregularidades

comerciais, que exijam outras ações do DMAE, como de corte ou de desligamento.

A figura 1 exemplifica o potencial deste indicador de desempenho, onde se pode observar que

aplicando apenas o filtro “capacidade do medidor”, no caso 3 m³/h, depara-se com uma queda

acentuada do valor do consumo médio por economia para os ramais com hidrômetros com 2

anos de instalação.

Na figura 2, abrindo-se os dados referentes a esta situação, verificam-se três marcas de

medidores que estão abaixo do consumo médio por economia (12,48 m³/eco) deste segmento

analisado (60.744 ramais): a marca 1 instalada em 1.214 ramais, a marca 5 instalada em 4

ramais e a marca 6 em outros 367 ramais.

60.744

7.897

355 367

50.907

41.214

10,64

4,50

12,7412,4812,8312,81

10,75

Marca 1 Marca 2 Marca 3 Marca 4 Marca 5 Marca 6 Média 3m³/h

Qtde Ramais m³ / ECO / mês

Figura 2 ‐ Consumo médio por economia:  medidores de 3 m³/h com 2 anos de instalação 

Além da preventiva, planejando a manutenção preditiva

O produto final desta metodologia está sistematizado nas figuras 3.a e 3.b, sob a forma do

Fluxograma do Programa de Manutenções Preventiva e Preditiva de Hidrômetros.

O sistema proposto não considera os hidrômetros que estão instalados em ramais que

apresentam uma das seguintes características ou situações:

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 - Dívida superior a 3 meses ou sob pendência jurídica;

- Beneficio de tarifa social (cálculo 3) ou em regiões de baixíssima renda;

- Anormalidades apontadas pela leitura mensal, que possam interferir no consumo efetivo;

- Isenção de cobrança da água;

- Poço artesiano.

Os hidrômetros desses ramais já são objeto de outras ações, específicas para cada caso.

Quanto à gestão do parque, propriamente dita, a metodologia estratifica os medidores por

tempo de instalação e os trata de maneira diferenciada; avalia o dimensionamento do medidor

em função das faixas de consumos em vigor; considera o volume acumulado ou o total

registrado pelo hidrômetro; entre outros parâmetros.

Depois de verificados ou atendidos os parâmetros para a programação preventiva, o medidor é

submetido à análise para a elaboração da manutenção preditiva.

Neste caso, são calculados os consumos por economia médios de cada um dos segmentos na

competência considerada. Os valores são obtidos a partir da média dos consumos médios dos

seis meses anteriores (Med6) pelo número de economias em cada segmento, conforme

exemplificado na tabela 6, cujos dados, neste caso ilustrativo, poderiam ser os 5 ramais ativos

da categoria residencial existentes no grupo 10, que abastecem imóveis que têm de 2 a 8

economias, com hidrômetros da classe B de 3 m³/h instalados.

Tabela 6 - Cálculo do consumo por economia médio de um segmento

fd = 1,00 fd = 0,75

1 2 32 16,00 2 8 72 9,00 3 6 75 12,50 4 3 46 15,33 5 4 41 10,25

12,62

3,06

Med6/Eco [m³/mês/eco]

(Cons.Med6/Eco médio) - fd * DP

9,55 10,32

Desvio Padrão (DP)

Nº do Ramal

Nº de Economias

Eco [un]

Consumo médio 6 meses anteriores Med6 [m3/mês]

Consumo por economia médio do segmento considerado (Cons.Med6/Eco médio)

Com esta informação atualizada mensalmente, o sistema verifica se o consumo médio por

economia dos últimos seis meses (Med6/Eco) medido pelo hidrômetro no ramal é inferior ao

consumo por economia médio do segmento onde medidores similares (capacidade e classe)

estão igualmente instalados (Cons.Me6/Eco médio). Em caso afirmativo, o mesmo irá fazer

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 parte da manutenção programada pelo critério de desempenho, ou seja, pela manutenção

preditiva3.

Executando a manutenção baseada em uma condição

Embora faltem estudos atualizados sobre o desempenho dos hidrômetros em função do tempo

de instalação e do volume totalizado, é sabido que o melhor rendimento de um medidor

corretamente dimensionado é alcançado no primeiro ano de sua instalação na ligação de água.

As curvas de calibração dos medidores velocimétricos, à medida que o tempo passa e volumes

de água são consumidos, deslocam-se para a direita e para baixo, ou seja, iniciam a funcionar

com vazões cada vez maiores e seus erros negativos aumentam.

Como o acompanhamento do desempenho dos medidores instalados na rede pública de água

não é, com raríssimas exceções, uma prática usual e rotineira das empresas de saneamento

brasileiras [8] e, ao mesmo tempo, como o comportamento dos medidores varia de um

fabricante para outro, ou mesmo de um ano ou algumas vezes de um lote para outro do mesmo

fabricante, não se tem um diagnóstico da realidade do parque de hidrômetros em termos da

submedição efetiva provocada pelo tempo de utilização dos medidores e, muito menos, em

função do volume totalizado.

Para constituir mais um parâmetro de avaliação do desempenho do medidor e executar a

manutenção baseada em uma condição (MBC), o sistema armazena o consumo por economia

médio dos 12 primeiros meses de utilização do medidor na ligação de água. Mensalmente, é

avaliado o comportamento do medidor em relação a este período, considerado como aquele

em que ele apresentava o seu melhor rendimento.

Adota-se o coeficiente de juvenilidade f1 (ver figura 3.b) para estabelecer o limite de aceitação

para a queda de rendimento do hidrômetro considerado, comparativamente com o seu primeiro

ano de vida.

Cabe destacar que esta manutenção baseada em uma condição pode ser aprimorada com o

levantamento do índice de desempenho metrológico dos medidores instalados, o que permitiria

uma determinação científica do valor do coeficiente de juvenilidade f1.

                                                            3  Utilizando‐se  o  desvio  padrão  (DP)  e  se  variando  o  coeficiente  de  preditiva  (fd),  é  estabelecida  a  faixa  de tolerância  admitida  no  segmento  em  análise  para  os  consumos micromedidos  (Med6/Eco)  pelos  hidrômetros instalados em cada ramal ou ligação de água. No exemplo da tabela 6, para fd = 1, apenas o hidrômetro do ramal nº 2 entrará em manutenção preditiva. No caso de fd = 0,75, também, o hidrômetro do ramal nº 5.  

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PMPPH - HIDRÔMETRO

GRUPO

Cálculo

Tempo Inst.>8a

INDICADOR DE CONTA

(CATEGORIA)

Temp_Instal>

6meses

Ramal ATIVO e s/ OS de CO

=3

≠3

N

S

N

S

N

S

N

S

Sem Anormalidades

ou = N

S

Poço Artesiano

N

S

N

M.PreventivaPV

tempo

1

Cons_comp = 0

S

N

Vila S

N

Dívida + 3 meses ou

Pend.Jurídica

N

S

1 2

4

AnormalidadesValores de N10 - 11 - 13 - 14 - 17 - 18 - 19 - 27 - 28 - 31 - 34 - 35 - 37 - 38 - 39 - 51 - 53 - 60 - 62 - 63 - 68 - 69 - 73 - 76 - 77 - 79 - 80 - 86 - 91 - 210

Capacidade = 3m³/h e

Med6 ≤ Reg.Máx do 1,5m 3 /h [Tab.2]

Capacidade > 3m³/h e Med6 > Reg. Máx ou Med6

< Reg.Min[Tab.2]

N

REDUZIR Capacidade do HD para 1,5m³/h na emissão da OS PV (destacar na OS)

Avisar que a Capacidade do HD está fora da faixa de dimensionamento (no planejamento da OS)

N

S

S

Figura 3.a - Programa de manutenções preventiva e preditiva de medidores

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Med6/Eco <

(Cons.Méd6/Eco médio - fd * D.P.)

Nº de Economias

CAPACIDADE E CLASSE

+ HD's

FIM

Nº de Economias/Faixas1ª) 01 ECO 2ª) de 02 a 08 ECO's3ª) de 09 a 20 ECO's 4ª) de 21 a 50 ECO's5ª) Acima de 50 ECO's

Med6/Eco >

fn * Cons.Méd6/Eco médio

Cons_comp/Eco <

f1 * Méd12/Eco

Med6/Eco: Consumo médio dos 6 meses anteriores medidos pelo hidrômetro sobre o número de economias do ramalCons.Méd6/Eco médio: Tabela calculada por competência, com os valores médios por segmento: Grupo - Categoria - Nº de Economias - Capacidade e Classe do HD.fn: Programável, podendo assumir valores de 1,00 a 0,00

Cons_comp/Eco: Consumo medido na competência pelo hidrômetro sobre o número de economias do ramal consideradoMéd12/Eco: Consumo médio mensal do HD nos 12 meses iniciais de instalação no ramal considerado por economia f1: Programável, podendo assumir valores de 1,00 a 0,00

Tempo Inst.>13meses e < 01/01/2007

Cons.Méd6/Eco médio e D.P.

Cons.Méd6/Eco médio e D.P. (desvio padrão): Tabela 1 calculada por competência, com os valores médios por segmento: Grupo - Categoria - Nº de Economias - Capacidade e Classe do HD

S

N

N

S

N

N

N

N

S

N

S

N

N

S

S

Reg.Máx.Extendido:Registro máximo mensal por capacidade (Tabela 2) x 12 meses x 3,0 anos(programável)

fd: Programável, podendo assumir valores de 1,00 a 0,00

M.PreventivaPV

volume

M.PreditivaPD

desempenho

M. Baseada em uma Condição

BC

rendimento

3

3

3

3

3

5a < T.I≤ 8a nos

LEIT.≥ Reg.Máx.Ext

Poço Artesiano

S

Relatório para STAM/I

desempenho

1

2

4

S

Capacidade = 3m³/h e

Med6 ≤ Reg.Máx(1,5m3/h) [Tab.2]

Capacidade > 3m³/h e Med6 > Reg. Máx ou Med6

< Reg.Min[Tab 2]

N

REDUZIR Capacidade do HD para 1,5m³/h na emissão da OS PV (destacar na OS)

Avisar que a Capacidade do HD está fora da faixa de dimensionamento (no planejamento)

N

S

S

Figura 3.b - Programa de manutenções preventiva e preditiva de medidores (continuação)

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 Resultados esperados

A implantação desta metodologia permitirá que os recursos investidos na manutenção

preventiva do parque de hidrômetros sejam otimizados, ao mesmo tempo em que resultará na

melhoria dos indicadores de micromedição e de arrecadação, com o aumento do volume

medido.

Outra conseqüência de sua aplicação será a substituição de hidrômetros que estejam com seu

rendimento abaixo da média, ao contrário de hoje, em que este parâmetro não é observado, o

que propicia situações inversas, ao retirarem-se medidores com bons índices de medição e

permanecerem hidrômetros com desempenho insatisfatório na rede.

A metodologia agrega um atributo inexistente nos sistemas de gestão de hidrometria praticados

em larga escala, uma vez que, além de fazer o monitoramento mensal do rendimento dos

medidores, seu indicador de desempenho ajusta-se à melhoria (contínua) da qualidade do

parque de hidrômetros resultante de sua aplicação, ao contrário dos sistemas baseados

apenas no tempo de instalação e nos consumos totalizados (mínimo e máximo) que têm os

seus parâmetros estanques.

Como mais uma vantagem da aplicação deste método, destaca-se a versatilidade com que

podem ser alterados os coeficientes e parâmetros utilizados na programação das

manutenções, incorporando as possíveis modificações na política comercial da empresa e a

desejada evolução do parque de medidores.

Desta forma, o aumento resultante no grau de rendimento da micromedição proporcionará uma

maior conservação da água por parte dos usuários que, até então, tinham os seus consumos

submedidos.

Conclusões

Esta metodologia para gestão do parque de hidrômetros pode e deve ser melhorada

continuamente e, com a determinação do desempenho metrológico requerido dos medidores, é

a base para a aplicação do método da manutenção centrada na confiabilidade.

Para isso, é fundamental complementá-la com outras práticas e políticas de gestão que

garantam a qualidade da medição, como a verificação periódica dos medidores instalados.

Esta verificação servirá tanto para avaliar a observância dos hidrômetros aos limites

metrológicos legais ao longo do tempo, como para certificar-se de que os valores dos

parâmetros de controle (tempo e volume) e coeficientes utilizados pela metodologia não

necessitam de adequações.

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 Outro fator que contribuirá para a melhoria contínua desta metodologia é a utilização de novos

critérios de dimensionamento dos medidores, definidos a partir de levantamento dos perfis de

consumo dos usuários em cada segmento, em conjunto com a determinação dos índices de

desempenho metrológico dos medidores utilizados no parque [9].

Por fim, entende-se que esta metodologia para planejamento das manutenções preventivas,

pela sua abrangência e simplicidade, aplica-se a qualquer tipo e porte de serviço ou empresa

de água, necessitando apenas de ajustes nos valores de seus parâmetros de controle (tempo e

volume), em função do estágio em que se encontra o parque de hidrômetros considerado.

Referências Bibliográficas

[1] Nielsen, M. J. et al.: “Medição de Água - Estratégias e Experimentações”, pp. 89-112,

Optagraf Editora & Gráfica, Curitiba/PR, 2003.

[2] INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, et.

al.: “Portaria nº 246 de 17/10/2000. Regulamento Técnico Metrológico para hidrômetros

de água fria, de vazão nominal até 15 m³/h”, Brasília, 2000.

[3] Siqueira, I. P.: “Manutenção Centrada na Confiabilidade”, pp.69-91, QualityMark, Rio de

Janeiro, 2005.

[4] PMSS - Programa de Modernização do Setor Saneamento: “Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento: Diagnóstico dos serviços de água e esgotos – 2007”,

Brasília, 2009.

[5] Coelho, A. C.: “Medição de Água Individualizada – Manual de Consulta”, pp. 40, Ed. do

Autor, Recife, 2007.

[6] ABNT - Associação Brasileira De Normas Técnicas: “NBR NM 212: Hidrômetros

Velocimétricos para Água Fria de Vazão Nominal até 15 m³/h”, Rio de Janeiro, 1999. [7] ABNT - Associação Brasileira De Normas Técnicas: “NBR 14005: Medidor Velocimétrico

para Água Fria, de 15 até 1.500 m³/h de Vazão Nominal”, Rio de Janeiro, 1997. [8] INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, et.

al.: “Portaria nº 066 de 13/04/2005. Regulamento Técnico Metrológico para execução

dos ensaios inerentes à verificação dos instrumentos de medição”, Brasília, 2005.

[9] Arregui, F.J. et al.: “Quantification of meter errors of domestic users: a case study”,

Valencia - Espanha, 2007, http://medindoagua.wordpress.com/category/papers/.

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 Biografia de Elton J. Mello*

Em 1980, Elton formou-se em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Maria,

Brasil. Em 1995, obteve o título de especialização em Engenharia Clínica pela Universidade

Federal do Rio Grande do Sul.

Desde 1995 é engenheiro concursado do Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE

de Porto Alegre - RS, Brasil, tendo atuado na área de micromedição e perdas. De 2001 a 2003

exerceu a função de Superintendente Comercial do DMAE, responsável pelas áreas de

aprovação de projeto hidrossanitário, de ligações de água e micromedição, de arrecadação e

de atendimento ao usuário.

No período de 2003 a 2008 esteve cedido ao Ministério da Saúde do Brasil para atuar como

Gerente de Engenharia e Patrimônio do Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre – RS.

Em junho de 2008, retornou ao DMAE para ocupar o cargo de Gerente Técnico do Laboratório

de Hidrômetros com a missão de levar o Laboratório à certificação pela NBR ISO /IEC

17025:2005 e a tarefa de implantar a telemetria na micromedição da água distribuída pelo

DMAE.

Desde fevereiro de 2009, mantém na internet o blog “Medindo Água”

(medindoagua.blogspot.com/), que, também, pode ser acompanhado pelo Twitter

(twitter.com/medindoagua).

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 Descrição da Organização

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) foi criado em 15 de dezembro de 1961 e

é o órgão responsável pela captação, tratamento e distribuição de água, bem como pela coleta

e tratamento do esgoto sanitário (cloacal) no município de Porto Alegre, Estado do Rio Grande

do Sul, Brasil.

É da responsabilidade do Departamento fiscalizar e manter esses serviços, além de planejar e

promover, de forma constante, seu melhoramento e ampliação, garantindo a infra-estrutura

necessária para o crescimento sustentável da cidade.

O Dmae conta hoje com cerca de 2.500 colaboradores ativos e uma estrutura que inclui oito (8)

Estações de Bombeamento de Água Bruta (EBABs), sete (7) Estações de Tratamento de Água

(ETAs), 92 Estações de Bombeamento de Água Tratada (EBATs), 99 reservatórios, nove (9)

Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), 17 Estações de Bombeamento de Esgotos

(EBEs), cerca de 3,7 mil quilômetros de rede de água e mais de 1,6 mil quilômetros de rede de

esgotos, além de serviços de atendimento ao usuário. Atualmente 100% dos porto-alegrenses

são abastecidos com água tratada e 85% da população dispõe do serviço de coleta de esgoto.

A capacidade de tratamento de esgotos da cidade é de até 27% e, através do Programa

Integrado Sociambiental (PISA), o Departamento executa obras para ampliar o tratamento de

esgotos em Porto Alegre para 77%, com prazo de conclusão em 2012.