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Uma Aventura Decisiva no meu Futuro Profissional

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado

à Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto, com vista à obtenção do grau de

Mestre em Ensino da Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei nº

74/2006 de 24 de março e o Decreto-Lei nº

43/2007 de 22 de fevereiro).

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Leite Queirós

Leandro Abreu Pereira

Porto, julho 2013

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Ficha de Catalogação

Pereira, L. (2013): Uma Aventura Decisiva no meu Futuro Profissional.

Relatório de Estágio Profissional. Porto: L. Pereira. Relatório de Estágio

Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

PALAVRAS – CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ENSINO; ESTÁGIO

PROFISSIONAL; FORMAÇÃO INICIAL; PROFESSOR REFLEXIVO.

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III

DEDICATÓRIA

À minha FAMÍLIA pelo permanente apoio ao longo de todo o meu

percurso de vida.

Ao meu filho MARTIM, o qual privei-o da minha presença no seu primeiro

momento de vida, por me encontrar nos Açores a realizar este Estágio

Profissional.

À minha esposa PRISCILA, que sempre me apoiou em todo este

processo, mesmo implicando a minha ausência do nosso lar. Foste, és e

sempre serás uma grande mulher.

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V

AGRADECIMENTOS

Mais que um mero formalismo, aproveito este espaço para agradecer a

todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, me acompanharam e

apoiaram nas diferentes etapas desta caminhada. Quero manifestar a minha

gratidão e o meu muito obrigado de uma forma mais particular:

- À minha família, por todos os ensinamentos e o apoio incondicional.

Apesar da distância entre nós ser longínqua, estão sempre presentes.

- A ti, Martim, espero que um dia compreendas que privei-te da minha

presença neste teu primeiro ano de vida para te puder proporcionar um melhor

futuro.

- A ti, Priscila, porque sei que minha ausência durante este ano implicou,

de ti, um trabalho redobrado. Mesmo que a palavra "obrigado" tenha um

elevado significado, nunca expressará por inteiro o quanto és importante para

mim.

- À professora Paula Queirós, pelo acompanhamento, partilha e sabedoria

que sempre me transmitiu.

- Ao professor Luís Paulo Vieira, pela sua forma de orientar. Obrigado

pelo seu exemplo de profissionalismo e por me transmitir inúmeros

ensinamentos ao longo deste ano.

- Aos meus colegas de estágio, que sempre me souberam compreender e

apoiar.

- À ESL e ao grupo de Educação Física, pela disponibilidade de cada dia

e pela forma como me acolheram.

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VII

ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA III

AGRADECIMENTOS V

ÍNDICE GERAL VII

ÍNDICE DE FIGURAS XI

ÍNDICE DE QUADROS XIII

ÍNDICE DE ANEXOS XV

Resumo XVII

Abstract XIX

LISTA DE ABREVIATURAS XXI

1. INTRODUÇÃO 3

1.1 - Estrutura do Relatório de Estágio Profissional 4

1.2 - Caraterização geral do Estágio Profissional 6

1.2.1 - Enquadramento legal/institucional 6

1.2.2 - Objetivos 7

1.3 - Finalidade e processo de realização do Relatório de Estágio

Profissional

7

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL 11

2.1 - Identificação e percurso biográfico que conduziu ao segundo

Estágio Profissional

12

2.2 - Expetativas pessoais em relação ao Estágio Profissional 15

2.2.1 - Ser Professor 19

2.2.2 - Ser Estudante Estagiário 24

2.2.3 - Ser Professor Reflexivo 27

2.2.4 - Ser Professor Eficaz 32

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL 39

3.1 - Macro-contexto 40

3.1.1 - Importância da Educação na atualidade 41

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VIII

3.1.2 - Papel da Educação Física 42

3.2 - Micromeio 44

3.2.1 - Escola Secundária das Laranjeiras 44

3.2.2 - Complexo Desportivo das Laranjeiras 46

3.2.3 - Departamento de Educação Física 47

3.2.4 - Laranjeiras Clube 48

3.2.5 - Núcleo de Estágio Profissional 48

3.1.3 - Micro-contexto 48

3.1.3.1 - Importância das conclusões que advêm da caraterização

da turma

49

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL 57

4.1 - Área 1 – Organização e gestão do ensino e da

aprendizagem

59

4.1.1 - Conceção 60

4.1.1.1 - Importância do Programa Nacional de Educação Física 60

4.1.1.2 - Importância do Documento de Organização e Gestão do

Departamento de Educação Física e Desporto

62

4.1.2 - Planeamento 63

4.1.2.1 - Planeamento Anual 64

4.1.2.2 - Unidade Didática 67

4.1.2.2.1 - Reflexão sobre a Unidade Didática de Natação 68

4.1.2.3 - Plano de Aula 74

4.1.2.4 - Heterogeneidade da turma - Informática/Desporto 75

4.1.2.5 - Importância da reflexão para a aula seguinte 77

4.1.3 - Realização 78

4.1.3.1 - Controlo da turma 79

4.1.3.2 - Criar e manter regras e rotinas 84

4.1.3.3 - Estratégias que aumentaram os diversos tipos de tempo 88

4.1.3.4 - Ser simultaneamente professor e ator na relação com os

alunos

91

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IX

4.1.3.5 - Marcar a diferença pela diversificação das aulas - Danças

Sociais, Orientação Desportiva, Golfe e Musculação

95

4.1.3.6 - A importância de observar e ser observado 98

4.1.3.7 - Presença do Modelo de Educação Desportiva no Estágio

Profissional

100

4.1.4 - Avaliação 115

4.1.4.1 - Avaliação diagnóstica 115

4.1.4.2 - Avaliação formativa 117

4.1.4.3 - Avaliação sumativa 118

4.1.4.4 - Humanização das notas 120

4.1.5 - Experiência de ser Professor a Tempo Inteiro 121

4.2 - Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relação com a

Comunidade

124

4.2.1 - Atividades presentes no Plano Anual de Atividades do

Departamento de Educação Física e Desporto

124

4.2.1.1 - Atividades Desportivas Escolares - Taça 3D 125

4.2.1.2 - Mega Sprinter 126

4.2.1.3 - XIII Corta Mato Escolar Jovem 126

4.2.1.4 - Mega Salto 128

4.2.1.5 - XII Romaria Escolar 128

4.2.1.6 - XVIII Supertaça Escolar 129

4.2.1.7 - Flash Desportivo 130

4.2.1.8 - Laranjeiras Clube 130

4.2.2 - Atividades não presentes no Plano Anual de Atividades do

Departamento de Educação Física e Desporto

132

4.2.2.1 - VII Jornadas da Adolescência 132

4.2.2.2 - Reuniões do departamento de Educação Física e

desporto, do desporto escolar, de diretores de turma e geral de

professores

134

4.2.2.3 - Apresentação do Projeto de Formação Individual à

comunidade escolar 135

4.2.2.4 - Mexe-te Professor 135

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X

4.2.2.5 - Ação de formação - “Quebrar as rotinas das aulas de

Educação Física”

136

4.2.2.6 - Direção de turma 137

4.2.3 - Importância da Participação na Escola e da Relação com a

Comunidade

140

4.3 - Área 4 – Desenvolvimento Profissional 142

4.3.1 - A importância da elaboração do Projeto de Formação

Individual no Estágio Profissional

142

4.3.2 - Oito Modelos de Estrutura de Conhecimentos - a árdua, mas

útil tarefa da sua elaboração

144

4.3.3 - Estudo - Autoperceção da Competência Profissional nos

Estudantes Estagiários e Professores de Educação Física

145

4.3.3.1 - Resumo 145

4.3.3.2 - Introdução 146

4.3.3.3 - Breve Revisão da Literatura 148

4.3.3.4 - Objetivos do Estudo 152

4.3.3.5 - Material e Métodos 152

4.3.3.6 - Apresentação dos Resultados 156

4.3.3.7 - Discussão dos Resultados 165

4.3.3.8 - Conclusões 169

4.3.3.9 - Limitações do Estudo 171

4.3.3.10 - Bibliografia 171

4.3.4 - Construção de uma identidade profissional 174

5. CONCLUSÃO 179

6. PERSPETIVAS FUTURAS 183

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 187

ANEXOS XXIII

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XI

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Instalações da ESL 45

Figura 2: Instalações do Complexo Desportivo 46

Figura 3: Instalações do Complexo Desportivo - Pista de Atletismo,

Piscina, Polidesportivo Ar Livre e Pavilhão

47

Figura 4: Caraterização da Turma - Área de Residência - Gráfico 1 50

Figura 5: Caraterização da Turma - Encarregado de Educação -

Gráfico 2

51

Figura 6: Caraterização da Turma - Habitação - Gráfico 3 51

Figura 7: Caraterização da Turma - Refeições Diárias - Gráfico 4 52

Figura 8: Caraterização da Turma - Retenção Escolar - Gráfico 5 52

Figura 9: Caraterização da Turma - Gosto pela Disciplina - Gráfico 6 52

Figura 10: Caraterização da Turma - Modalidade Favorita - Gráfico 7 53

Figura 11: Caraterização da Turma - Modalidade com Maiores

Dificuldades - Gráfico 8

53

Figura 12: Modelo de educação desportiva (adaptado de Siedentop,

1994)

103

Figura 13: Médias das dimensões dos Estudantes Estagiários -

Gráfico 9

159

Figura 14: Médias das dimensões dos Professores - Gráfico 10 160

Figura 15: Médias das categorias nos Estudantes Estagiários -

Gráfico 11

162

Figura 16: Médias das categorias nos Estudantes Estagiários -

Gráfico 12

163

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XIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Comparação dos resultados da avaliação diagnóstica

com a sumativa

73

Quadro 2: Horário da semana de professor a tempo inteiro 121

Quadro 3: Média e desvio padrão da idade da amostra total 153

Quadro 4: Média e desvio padrão da idade dos Estudantes

Estagiários

153

Quadro 5: Média e desvio padrão da idade dos Professores 153

Quadro 6: Resumo dos itens presentes no instrumento aplicado na

Autoperceção da Competência Profissional

155

Quadro 7: Média dos itens respondidos pelos Estudantes

Estagiários

156

Quadro 8: Média dos itens respondidos pelos Professores 157

Quadro 9: Diferenças entre o nível de Autoperceção da

Competência Profissional entre os dois grupos em estudo

158

Quadro 10: Diferenças entre o nível nas dimensões nos

Estudantes Estagiários

159

Quadro 11: Diferenças entre o nível nas dimensões nos

Professores

160

Quadro 12: Diferenças entre o nível nas dimensões entre os dois

grupos em estudo

161

Quadro 13: Diferenças entre o nível nas categorias nos Estudantes

Estagiários

162

Quadro 14: Diferenças entre o nível nas categorias nos Estudantes

Estagiários

164

Quadro 15: Diferenças entre o nível nas categorias entre os dois

grupos em estudo

165

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XV

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1: Artigo do Jornal VitaL sobre o trabalho desenvolvido no

Laranjeiras Clube

XXII

Anexo 2: Artigo do Jornal Correio dos Açores sobre os Projetos de

Vida das VII Jornadas da Adolescência

XXIV

Anexo 3: Programa da Ação de Formação “Quebrar as rotinas nas

aulas de Educação Física”

XXVI

Anexo 4: Questionário da Autoperceção da Competência Profissional XXVII

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XVII

Resumo

O presente documento reflete de forma crítica e fundamentada sobre a

experiência do Estágio Profissional, inserido no 2º Ciclo em Ensino da

Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto, e realizado na Escola Secundária das Laranjeiras. O

Estágio Profissional assume-se como uma oportunidade de excelência para

convocar conhecimentos, que estão na base da justificação da ação,

colocando-os em prática no contexto real de ensino. Procurando uma

perspetiva biográfica e desenvolvimentalista do aprender a ensinar, este

documento encontra-se dividido em seis partes fundamentais. O primeiro

capítulo, “Introdução”, consiste na caraterização geral do estágio e apresenta a

pertinência da realização de um relatório. O segundo capítulo refere-se ao

“Enquadramento Pessoal”, onde é feito uma breve caraterização do eu pessoal

e uma reflexão sobre as expetativas em relação ao estágio. Neste último ponto,

reporto-me às caraterísticas do ser professor e aos seus conhecimentos, bem

como às caraterísticas do professor iniciante. O terceiro capítulo apresenta um

“Enquadramento da Prática Profissional”, quer a nível institucional, quer a nível

funcional. Também é realizado um enquadramento concetual, nomeadamente,

no que concerne à educação, à conceção de educação e da Educação Física.

Posteriormente, o quarto capítulo, “Realização da Prática Profissional”, é

organizado em três áreas - “Organização e gestão do ensino e da

aprendizagem”, “Participação na escola e relações com a comunidade”,

“Desenvolvimento Profissional” e tem por base as reflexões elaboradas ao

longo do ano letivo e o seu contributo para o potenciamento das minhas

capacidades. Será ainda desenvolvido um estudo sobre a Autoperceção da

Competência Profissional em Estudantes Estagiários e Professores de

Educação Física. Por fim, nos dois últimos capítulos, tendo em conta a riqueza

do Estágio Profissional, será realizada uma sistematização das conclusões e

uma projeção do futuro enquanto professor de Educação Física.

PALAVRAS – CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

PROFESSOR REFLEXIVO; AUTOPERCEÇÃO; COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL.

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XIX

Abstract

This document reflects a critical and founded on the experience of the

Professional Traineeship, of the 2nd cycle in Physical Education teaching in

basic and secondary schools, in the Faculty of Sport of the Oporto University,

and performed in the High School of Laranjeiras. The Professional Traineeship

is assumed as an excellent opportunity to convert knowledge that underpins the

justification of the action, putting them into practice in the real context of

teaching. Bearing in mind a biographic and development perspective of learning

how to teach, this document is divided into six parts. The first chapter,

"Introduction", presents an overall characterization of the pre-service and shows

the relevance of a report. The second chapter is the "Personal Framework",

where is provided a concise characterization of the personal self and reflection

on the expectations of the practicum year. On this last item, I refer to the

characteristics of being a teacher and to his knowledge, as well as to the

characteristics of the teacher who is just beginning. The third chapter presents a

“Framework of the Professional Practice”, both at institutional and functional

level. A conceptual framework is also accomplished, in particular, with regard to

education, concept of education and Physical Education. Thereafter, the fourth

chapter, “Professional Practice Implementation”, is organized into three areas -

"Teaching and Learning Organization and Management", "Participation in

school and community connections", "Professional Development", and is based

on the reflection developed throughout the school year and their help to

enhance my skills. Will be still developed a study on the Autoperception of

Professional Competence in Students Trainees and Teachers of Physical

Education. Finally, in the last two chapters, given the wealth of the Professional

Traineeship, a systematization of the findings will be carried on, as well as a

projection of the future as a Physical Education teacher.

KEY WORDS: PHYSICAL EDUCATION; PROFESSIONAL TRAINEESHIP;

REFLECTIVE PRACTITIONER; AUTOPERCEPTION; PROFESSIONAL

COMPETENCE.

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XXI

LISTA DE ABREVIATURAS

DOG - Documento de Organização e Gestão

EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

ESL – Escola Secundária das Laranjeiras

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva

PA - Planeamento Anual

PAA – Plano Anual de Atividades

PES – Prática de Ensino Supervisionada

PFI – Projeto de Formação Individual

PNEF - Programa Nacional de Educação Física

PTI - Professor a Tempo Inteiro

REP – Relatório de Estágio Profissional

UD – Unidade Didática

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1. INTRODUÇÃO

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3

1. INTRODUÇÃO

O processo de estágio profissional (EP) é um momento específico da

formação de professores de Educação Física (EF), no qual, assumimos a

responsabilidade pela docência de uma turma e vivenciamos situações reais do

desempenho da profissão.

As aprendizagens mais significativas e duradouras são as que decorrem

de experiências concretas e da experimentação ativa, implicando o

envolvimento direto dos formandos em atividades e contextos reais de trabalho

(Schön, 1987). Nesse sentido, o presente relatório de estágio profissional

(REP) procura explorar as minhas principais vivências, perceções e reflexões

associadas ao “tornar-se professor”, dando a conhecer os aspetos mais

significativos, os maiores ganhos, as dificuldades ultrapassadas e as

estratégias implementadas.

O EP é um processo de constantes descobertas, no qual nos

conhecemos como professores e apercebemos das reais condições em que se

exerce a nossa futura profissão. Engloba ainda a tomada de consciência das

semelhanças e das diferenças entre o nosso processo reflexivo de formação e

aquele que propomos aos alunos. Como tal, o EP constitui-se palco de um dos

processos mais ricos e decisivos da capacitação e da integração do jovem

professor no mundo da docência (Alarcão, 1996).

Ao longo de um ano letivo e por meio da metodologia investigação - ação

e aprender fazendo, temos a oportunidade de construir ativamente uma forma

pessoal de conhecer, bem como de nos familiarizarmos com as normas, os

valores e a cultura da classe profissional, na qual estamos prestes a integrar,

assim como, a oportunidade de construir ativamente uma forma pessoal de

conhecer e de agir na profissão (Schön, 1987). Por outro lado, o envolvimento

num conjunto de papéis, atividades e responsabilidades, de âmbito e natureza

diversa, em interação com diferentes agentes e encerrando diversos desafios e

níveis de exigência e reflexão, fazem do EP um espaço privilegiado do

desenvolvimento pessoal e profissional dos candidatos a professores (Matos,

2012a).

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4

Segundo Caires (2003), importa ler os estágios e os estudantes

estagiários à luz de questões como o enquadramento político, social e, mesmo,

ético em que tem lugar a preparação para a profissão, bem como à da pessoa

do futuro professor. Assim, o EP trata-se de um momento em que o passado

do indivíduo, o seu presente e futuro são colocados numa tensão dinâmica.

Como tal, serão tomados em consideração as expetativas, valores e

motivações em relação ao ensino, tendo em conta a minha personalidade, o

meu passado, os modelos que idealizo e as experiências vivenciadas. No

fundo, este documento procurará realizar um enquadramento do passado, um

discurso sobre a realização e, ainda, perspetivar o futuro, uma vez que

aprender a ensinar é sempre o processo de formação e transformação, de

escrutínio em relação ao que se está a fazer e ao que se pode melhorar.

As propostas que recentemente têm surgido e destacado, ao nível da

investigação e da formação inicial de professores, defendem que o

desenvolvimento profissional não deve ser realizado apenas como derivando

acumulação (de cursos, conhecimentos ou técnicas), mas também, de um

trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal (Nóvoa, 1992). Por conseguinte, neste

âmbito surgem palavras de ordem como reflexão, exame crítico,

responsabilidade, criatividade e (auto)formação participada (Dewey, 1990;

Schön, 2000; Alarcão & Tavares, 2003; Caires, 2003), às quais procurar-se-á

dar sentido através da explicitação da multiplicidade de experiências, ensaios,

erros, frustrações e conquistas que marcaram o meu desenvolvimento

profissional neste EP, dando a conhecer a complexidade, o grau de exigência e

a multiplicidade de desafios que a prática docente pode encerrar.

1.1 - Estrutura do Relatório de Estágio Profissional

O REP é um documento altamente singular e pessoal que decorre num

contexto único e num momento irrepetível e que resulta dos conhecimentos, do

percurso de vida e de formação, dos valores e postura face à profissão.

Assim, atendendo a esta perspetiva biográfica e ecológica do EP, este

documento apresenta-se dividido em seis capítulos fundamentais.

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O primeiro capítulo constitui-se numa caraterização geral do estágio e

seus objetivos, enquadrando este processo ao nível legal e institucional. É

apresentado ainda a finalidade da realização do REP sobre a prática do ensino

supervisionada e os objetivos de tal procedimento.

No segundo capítulo é realizado um enquadramento pessoal como forma

de contextualizar o meu percurso de vida e as minhas expetativas em relação

ao EP. Nesse sentido, procurei compreender qual o papel do estágio na

formação inicial de professores, e de que forma, este processo é determinante

na construção da competência profissional de um professor reflexivo e

questionador das suas práticas.

O terceiro capítulo apresenta um enquadramento concetual da prática

profissional, onde são tratadas questões relativas à conceção de educação e

da EF, o entendimento da escola e das suas caraterísticas institucionais e

funcionais, e um “micro - contexto” de um grupo concreto, no caso a minha

turma.

O quarto capítulo discursa sobre a realização da prática profissional. É

feita uma introspeção sobre tudo o que foi concebido, planeado, realizado e

avaliado ao longo do ano letivo, recorrendo essencialmente aos diferentes

momentos de reflexão, que suportam o nível de conhecimento que tais tarefas

me permitiram alcançar. Este capítulo assume-se como central em todo o REP,

pelo que optei por organizá-lo tendo em conta as diferentes áreas de

desempenho previstas. Assim, subdivido-o em três partes: O primeiro ponto é

relativo à organização e gestão do ensino e da aprendizagem, no qual são

tratadas questões como a conceção da EF na escola; o planeamento nos seus

vários níveis de profundidade e as suas particularidades, dando realce à

unidade didática (UD) de Natação; as dificuldades e as estratégias adotadas e

refletidas durante a realização da prática, salientando as UD de Voleibol e

Futebol, pela aplicação do Modelo de Educação Desportiva (MED); e,

finalmente, todo o processo de avaliação inerente ao processo e à profissão. O

ponto 2 é referente às atividades desenvolvidas, ao nível da participação na

escola e das relações com a comunidade. Depois, tendo em vista o valioso

contributo do Estágio, no ponto 3 abordo o processo de desenvolvimento

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profissional, debatendo todas as questões que o influenciaram, incluindo nesse

ponto o estudo sobre a autoperceção da competência profissional nos

Estudantes Estagiários e nos Professores.

O quinto capítulo corresponde ao balanço final de todo este processo e as

respetivas conclusões obtidas deste em função deste EP, deixando para o

sexto, e último capítulo, uma projeção do futuro enquanto professor de EF.

1.2 - Caraterização geral do Estágio Profissional

Após concluir a minha formação inicial (licenciatura pré-Bolonha) em

2006, através da realização do EP na Escola Secundária do Castelo da Maia, e

ter desempenhado a minha profissão ao longo destes últimos anos, foi-me

concedida a oportunidade de realizar pela segunda vez o EP nos Açores,

sendo que os motivos desta repetição serão apresentados no capítulo

“Enquadramento Pessoal”. Como tal, durante este EP pude (re)adquirir

conhecimentos, pô-los em prática, testar teorias, expetativas e representações

construídas rumo à (re)edificação de um estilo próprio de atuação, segundo um

enquadramento legal e institucional específico.

1.2.1 - Enquadramento legal/institucional

O EP engloba a prática de ensino supervisionada (PES) e o respetivo RE,

sendo uma unidade curricular inserida no 2º Ciclo de estudos em Ensino da

Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto (FADEUP), tendo lugar no terceiro e quarto

semestres deste ciclo de estudos.

Este é regido pelas orientações legais, nomeadamente as constantes do

Decreto-lei nº74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº45/2007 de 22 de

Fevereiro e pelo regulamento geral dos segundos ciclos da UP, o regulamento

geral dos segundos ciclos da FADEUP e o regulamento do curso de mestrado

em ensino de EF (Matos, 2012b).

Importa salientar que este processo de estágio decorreu na Escola

Secundária das Laranjeiras (ESL), situada na cidade de Ponta Delgada da ilha

de São Miguel pertencente ao arquipélago dos Açores, num núcleo de estágio

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constituído por três elementos, tendo o acompanhamento sido realizado ao

longo de todo o ano letivo por um professor da escola, denominado Professor

Cooperante, e uma professora da faculdade, denominada Professora

Orientadora.

1.2.2 - Objetivos

De acordo com o artigo 2º, do regulamento do EP o objetivo desta

unidade curricular engloba a “integração no exercício da vida profissional de

forma progressiva e orientada, através da PES em contexto real,

desenvolvendo as competências que promovam nos futuros docentes um

desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências

da profissão” (Matos, 2012b, p.2).

Pretende-se que o desenvolvimento dessas competências decorra da

atividade do estudante – estagiário nas três áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem;

II. Participação na escola e III - Relações com a comunidade;

IV. Desenvolvimento profissional.

1.3 - Finalidade e processo de realização do Relatório de Estágio

Profissional

A realização do REP representa uma oportunidade de análise e reflexão

sobre todo o percurso realizado ao longo deste ano letivo, explorando

efetivamente a relação teoria – prática. Como tal, pretende-se que este

documento seja reflexivo e descritivo da atividade desenvolvida no EP, tendo

como principal objetivo a sua justificação, compreensão e meditação.

O constante fluir e confronto entre o que é realizado (ação) e as

expetativas e saberes que o sustentam (reflexão), permitem, em situações

reais de prática, a tomada de consciência das minhas limitações e

potencialidades face às exigências do exercício profissional. O REP revela

sobretudo um caminho pessoal, percorrido durante a realização da PES, de

confronto com situações de prática real, de resolução de problemas, de análise

da minha própria intervenção, que no seu conjunto contribuíram para uma

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experiência de aprendizagem fundamental no desempenho futuro da profissão.

Portanto, este REP sendo inerente à própria PES, foi construído de acordo os

aspetos e acontecimentos mais marcantes, que influenciaram toda a minha

prática pedagógica de modo positivo ou negativo, onde as experiências

vivenciadas, fundamentais na formação, foram potenciadas por momentos de

reflexão que levaram, sempre que isso fosse necessário, a formas alternativas

de atuação, à luz dos referenciais teóricos acerca da ação do professor.

Em suma, este RE pretende apresentar o meu trajeto ao longo da PES

baseado num posicionamento crítico e reflexivo acerca da minha atuação,

evidenciando o meu perfil e postura profissional, tendo em vista uma educação

valiosa e uma EF que contribua para tal.

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2. ENQUADRAMENTO

PESSOAL

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2. ENQUADRAMENTO PESSOAL

O estudante estagiário é um sujeito ativo que aprende a ser professor

sendo, desde logo, influenciado pelo seu percurso biográfico e pelas suas

conceções explícitas, ou não, do seu papel como professor.

Tratando-se de um processo pessoal e idiossincrático, este poderá

assumir distintos contornos e ter diferentes epílogos, variando consoante as

caraterísticas dos formandos e os contextos em que o seu desenvolvimento

tem lugar. A grande variabilidade intra e interindividual observada define-o

como um desenvolvimento em espiral (Alarcão & Tavares, 2003). É na sinergia

e na conflitualidade entre as diferentes dimensões do funcionamento do

indivíduo, em interação com todo um conjunto de variáveis contextuais, que o

desenvolvimento ocorre (Machado, 1996, citado por Caires, 2003).

Segundo Maynard (1990) entre os fatores pessoais constam aspetos

como a biografia do sujeito, as suas necessidades individuais ou as suas

caraterísticas psicológicas (personalidade, autoconceito, autoestima e sentido

de autoeficácia). “Igualmente importante é o sentido de controlo detido pelo

estagiário em relação ao EP, no sentido de gerir os recursos pessoais, em

termos de personalidade, da forma como encara o momento de estágio,

expetativas em relação à profissão e a si próprio como professor, o apoio

recebido em termos de supervisão (nível técnico, instrumental e emocional) e o

ambiente do trabalho e da escola onde o estágio tem lugar, funcionando como

um poderoso mecanismo de redução do sentido de ameaça por vezes

vivenciado” (Caires, 2003, p.163).

Poder-se-á dizer então que o EP é um processo marcado pela

individualidade do estudante estagiário, assumindo caminhos distintos em

função das caraterísticas próprias de cada formando e de cada contexto em

que decorreu o seu desenvolvimento.

Essa individualidade terá sem dúvida influência nas expetativas e

objetivos que cada um pode estabelecer nesta fase particular da formação de

professores, assim como o significado que lhe será atribuído para a construção

da sua própria identidade profissional.

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Deste modo, mais do que realizar uma descrição detalhada e

pormenorizada, demonstrando quem sou, quais as minhas origens e principais

caraterísticas, qualidades e defeitos, entendo que neste ponto é essencial

compreender de que forma, tudo aquilo que me carateriza e distingue pode

influenciar a minha forma de pensar e atuar durante a minha atividade como

professor de EF.

Finalmente, alerto que neste capítulo será efetuado desde já o

desenvolvimento de alguns temas (Ser Professor, Ser Estudante Estagiário,

Ser Professor Reflexivo e Ser Professor Eficaz) que à partida se esperaria

encontrá-los dentro do Enquadramento da Prática. Porém, esta opção justifica-

se por considerar que as ilações retiradas da minha identificação, percurso

biográfico e espetativas pessoais relativamente ao EP, conduzem naturalmente

à minha visão de Ser Professor.

2.1 - Identificação e percurso biográfico que conduziu ao segundo Estágio

Profissional

Segundo Gori (2001, p.2), “para se analisar a inserção profissional de um

professor iniciante é necessário considerar os fatores que interferiram no seu

processo de adaptação ao contexto escolar, como por exemplo a história de

vida de cada professor.”

Neste sentido, pode-se afirmar que para se perceber as opções pela

carreira de professor, no caso particular de EF, torna-se essencial a

compreensão dos aspetos que influenciaram essas mesmas opções, de entre

eles, destacando-se o seu percurso de vida e formação académica.

Para Nóvoa (2009, p.3) a “profissionalidade docente não pode deixar de

se construir no interior de uma pessoalidade do professor.” Podemos então

perceber que, para além de ser impossível separar o eu profissional do eu

pessoal, a identidade não é um dado adquirido e estagnado, mas sim um lugar

de lutas e conflitos, um espaço de permanente construção de formas de ser e

estar na profissão. Esta configuração de identidades passa pela construção da

história pessoal e profissional, precisando de tempo para refazer conceções,

acomodar inovações e assimilar mudanças.

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Perceber então quem sou e como cheguei aqui, é o ponto de partida para

perceber o porquê das minhas ações, crenças e atitudes. Ao apresentar

brevemente o meu percurso de vida pretendo transmitir de que modo essa

trajetória contribuiu para as minhas opções e conceções, atendendo a que a

preferência por esta profissão está certamente marcada pelas minhas vivências

passadas.

Nascido a 16 de agosto de 1983, vivido e criado no seio de uma família

açoriana de classe média – baixa, desde cedo fui confrontado com a exigência

de vida e com a importância de sermos nós próprios a lutar e a transcendermo-

nos para construir o nosso percurso. Pelas reduzidas possibilidades financeiras

e caraterísticas inatas dos meus pais, nunca fui habituado a excessos ou

grandes bens materiais, mas tive sempre a felicidade de ser presenteado com

uma boa educação.

O meu percurso desportivo começou desde cedo (8 anos), mais

concretamente no Futebol Clube Velense. Desde essa altura que o fator

competição induziu-me a agir por mim e a lutar por ser o melhor, sim o melhor,

não porque tenha qualquer sentido de superioridade ou prepotência, mas

porque considero que tentar ser o melhor é uma condição indispensável em

qualquer campo da nossa vida, tal como o oxigénio o é para a vida.

À imagem do que se sucedia no campo de treino, local de esforço,

aperfeiçoamento e superação, a transferência destas caraterísticas foi

automática para o campo escolar. A incessante busca por mais e melhor e

aliado ao meu espírito de sacrifício e de competitividade, proporcionava-me,

por um lado, a diferença relativamente aos meus colegas e, por outro lado, o

reconhecimento dos meus treinadores e professores. De facto, penso que a

vivência desportiva permitiu-me aprendizagens importantes para a vida, e para

o desempenho da minha profissão, visto que ser Professor nos dias de hoje é

porventura uma das “tarefas” mais complicadas e difíceis, implicando

indiscutivelmente uma formação moral e volitiva sólida para ultrapassar os

contextos e situações adversas da atualidade.

Em 2001, na altura com os 18 anos acabados de serem completados, fui

obrigado a abandonar o meu “ninho” e a partir rumo ao Porto e à FADEUP.

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Esta instituição foi sempre a minha primeira opção, por se tratar da faculdade

mais conceituada e reconhecida de todo o país. Foi aí que começou a

caminhada para o meu objetivo claramente definido: Ser Professor de EF.

Por motivos financeiros, em 2002 e com apenas 19 anos, comecei a dar

aulas de musculação e de grupo, tendo disso dado continuidade até aos dias

de hoje. A minha entrada nesta área foi indubitavelmente o fator decisivo para

que no término da minha licenciatura (2006), optasse por não regressar aos

Açores, mas sim dar continuidade à minha carreira profissional no fitness e,

consequentemente, permanecer na cidade do Porto.

A minha conceção do “Ser Professor” e, particularmente do “Ser Professor

de EF” numa escola, que tinha sido construída e reconstruída sucessivamente

ao longo do meu percurso académico, fora-se desvanecendo com o passar dos

anos.

Em 2012, em virtude de não conseguir, consecutivamente, ingressar no

ramo educacional público, consequência dos frequentes cortes do governo na

área da educação, e das condições de trabalho oferecidas pelos Health Clubs

se terem deteriorado vertiginosamente nos últimos anos, decidi aproveitar a

oportunidade, há muito desejada e procurada, de ingressar no Mestrado em

Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário com realização

do EP nos Açores.

Era então chegado, uma vez mais, o momento de realizar o EP, sendo

desta vez na ESL. Esta foi sempre a minha única e exclusiva opção, dada a

sua localização e consequente possibilidade de obter a prioridade no concurso

de docentes da região futuramente. “Repetir” o EP implicou, não apenas uma

responsabilidade acrescida devido à maturidade, entretanto alcançada pela

minha idade, mas também o dever de cumprir, com excecional competência e

profissionalismo, todas as tarefas de estágio, ambicionando ser um exemplo

para os alunos, colegas de estágio e professores. Só assim, conseguiria, não

apenas ser o melhor por o ser, mas tal como referido anteriormente, obter

bases fortes e sólidas na reconstrução do meu ser, saber e pensar com vista

ao tão desejado objetivo: Ser Professor de EF.

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2.2 - Expetativas pessoais em relação ao Estágio Profissional

No início deste EP foi-me proposto realizar o meu Projeto de Formação

Individual (PFI) no qual teria de especificar e expor as minhas expectativas,

bem como confrontá-las com as dificuldades que caraterizavam o meu EU.

Efetuar um levantamento inicial das minhas principais expetativas, por

vezes confundidas como limitações ou dificuldades pessoais, bem como

delinear estratégias e planos de ação para o combate das mesmas foi,

inequivocamente, decisivo para um bom desempenho durante a minha

intervenção ao longo deste processo. Ouso mesmo dizer, que essa

identificação foi determinante para a diminuição e disfarce das minhas

limitações, centrando-me fortemente nas estratégias para as ultrapassar.

Neste momento, revendo o que aí foi traçado e efetuando uma análise à

distância, consigo compreender como é que essas expetativas se

concretizaram ao longo do ano letivo e qual a sua contribuição para a formação

da minha conceção de Ser Professor.

De seguida, dividindo em seis áreas relacionadas entre si, apresento as

expetativas iniciais e respetivas estratégias delineadas no PFI, bem como os

resultados obtidos ao longo do ano letivo.

Na minha turma…

Expetativa - “ (…) apesar de não conhecer ainda os seus costumes,

comportamentos e atitudes, espero obter uma relação de

companheirismo, carinho, atenção e dedicação, possibilitando um clima

propício à aprendizagem”.

Estratégia - “ (…) tentarei sempre manter o respeito, a distância e

diferenciação de papéis entre professor e aluno”.

Resultados - “ (…) considero que neste momento mantenho uma boa

relação com os alunos, na qual eles percebem as diferenças de

posições e respeitam-me como professor, promovendo um clima positivo

de aprendizagem (Reflexão da aula nº57 e nº58).”

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Expetativa - “ (…) observei que o nível de desempenho da minha turma

de 12º ano é elevado (…) permitir-me-á trabalhar num patamar de

excelência, com vista a atingir um conjunto variado de benefícios que a

aula de EF acarreta”.

Estratégia - “ (…) planificar exaustivamente as aulas, transformando-as

em momentos motivantes e, consequentemente, despoletar nos alunos

uma vontade intrínseca de se tornarem desportivamente cultos e

intérpretes de um estilo de vida ativo”.

Resultados - “ (…) a minha postura, dedicação e planificação foi

recompensada (…) foi visível o empenho e motivação dos alunos

(Reflexão da aula nº75 e nº76). “ (…) foi satisfatório ouvir dos meus alunos o

comentário que estão muito bem preparados fisicamente com as aulas

deste ano letivo e que durante o seu trajeto escolar nunca tinham tido

um professor tão exigente. Como é óbvio há que saber interpretar e

medir as palavras dos mesmos, tendo sempre consciência que nem tudo

o que é dito corresponde bem à verdade, que por vezes a memória é

curta e que a vontade de agradar o professor do momento é grande.

Contudo, é sempre positivo e, de certa forma, reconfortante receber este

tipo de feedbacks, reconhecendo o meu empenho e aplicação durante

todas as aulas e demonstrando que a minha conceção do que deve ser

uma aula de EF, possivelmente, estará a ser aplicada na prática (Reflexão

da aula nº97 e nº98).”

No meu núcleo de estágio…

Expetativa - “ (…) espero que consigamos manter sempre o espírito de

coesão, cooperação e entreajuda, face à elevada carga de trabalho que

o EP exige”.

Estratégia - “ (…) a realização de várias tarefas em comum e a

observação recíproca de aulas possibilitará uma aprendizagem mútua

através dos nossos erros”.

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Resultados - “ (…) para que possa melhorar ou reajustar o processo

ensino -aprendizagem na próxima aula, seguirei o conselho dos meus

colegas de núcleo de estágio (…) (Reflexão aula nº61 e nº62).”

O professor cooperante…

Expetativa - “ (…) é sem dúvida um dos elementos fundamentais, se não

o mais importante para a orientação/sucesso deste EP, (…) dedicado,

disponível, profissional, competente e personalidade vincada”.

Estratégia - “ (…) procurarei através das suas orientações e feedbacks

pertinentes, realizar uma introspeção exaustiva sobre os erros cometidos

e estratégias de ensino/sequências metodológicas para ultrapassar os

mesmos”.

Resultados - “ (…) que as alterações introduzidas, sugeridas pelo

professor cooperante, surtiram os efeitos pretendidos (…) (Reflexão da aula

nº63 e nº64).” “ (…) os conselhos emitidos pelo professor cooperante

foram pertinentes e fizeram todo o sentido, ajudando-me a reduzir o

risco de possíveis lesões (…) (Reflexão da aula nº69 e nº70).”

A professora orientadora…

Expetativa - “No que diz respeito à supervisão (…) será realizada pela

professora orientadora ao longo de todo o ano (…) detentora de enorme

experiência de supervisão de ensino (…) ”.

Estratégia - “ (…) deverei aproveitar e interpretar todos os seus

conselhos, com objetivo de aperfeiçoar as minhas valências como

professor e educador.”

Resultados - “Hoje coincidiu com a 2ª vinda da professora orientadora à

ilha/escola (…) terá como objetivo principal saber como está a decorrer o

estágio (…) demonstrou estar numa função de amiga, com vista a ajudar

na resolução de eventuais problemas relacionados com as aulas, mas

sobretudo apoiou-nos e esclareceu-nos dúvidas sobre a elaboração do

estudo e do relatório de estágio (…) (Reflexão da aula nº83 e nº84).”

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O departamento de EF e desporto…

Expetativa - “ O primeiro contacto que tive (…) foi extremamente

positivo, dado ao clima de companheirismo e partilha de experiência e

informação que existiu entre todos (…) ”.

Estratégia - “ (…) aproveitar toda a disponibilidade demonstrada para

aperfeiçoar as minhas competências profissionais através da experiência

vivida e consumada deste grupo coeso, empenhado e profissional.”

Resultados - “ (…) o grupo de EF desta escola é composto por docentes

extremamente profissionais. Aproveitar toda esta sabedoria,

competência e profissionalismo e retirar todo o tipo de informações

pertinentes para o meu futuro, tem sido um dos meus principais objetivos

deste ano. Conviver com professores, para além do meu professor

cooperante, como a professora G.P. ou professor F.M. poderá ser difícil

de repetir (Diário de Bordo - Reunião do Departamento).”

A nível pessoal...

Expetativa - “ (…) durante este meu interregno da vida académica os

hábitos de estudo regular foram-se perdendo (…) ”.

Estratégias - “ (…) o importante nesta fase é não ficar agarrado às

minhas lacunas e demitir-me da responsabilidade das minhas limitações,

mas sim tirar proveito da minha formação de base e experiência

acumulada. Por outro lado, deverei “ (…) aumentar e diversificar o meu

conhecimento, renovar e atualizar a minha formação inicial e aperfeiçoar

as minhas competências com vista a atingir o sucesso profissional”.

Resultados - “ (…) frequentei a ação de formação de Danças Sociais

(…) hoje, tive a oportunidade de aplicar pela primeira vez os

conhecimentos adquiridos na mesma. (…) para o sucesso desta tarefa

contribui ainda a minha experiência no contexto dos ginásios (Reflexão

aula nº35 e nº36).” “ (…) esta predisposição poderá também ter sido

sustentada pelo facto de possuir experiência de lecionação de aulas de

natação em ginásios e por ter frequentado durante o último ano duas

ações de formação de ensino de natação (Reflexão aula nº61 e 62).” “Com o

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objetivo de colmatar estas minhas lacunas iniciais optei, previamente,

por visualizar jogos de equipas federadas, elaborar o Modelo de

estrutura de conhecimentos (MEC) de Voleibol e estudar com maior

afinco a matéria abordar durante as aulas (Reflexão aula nº55 e nº56).”

De acordo com os excertos anteriores, podemos verificar que o

levantamento dessas expetativas iniciais e das estratégias delineadas

previamente foi extremamente importante para clarificar as próprias exigências

e objetivos do estágio e sustentar o modo como atuei.

Contudo, sendo o EP o verdadeiro momento onde podemos

operacionalizar todos os conhecimentos académicos adquiridos até então e

colocá-los, através da nossa intervenção, ao serviço da prática do dia-a-dia,

seria um erro crucial e grave não expor a maior de todas as minhas expetativas

para este EP e, consequentemente, projeto de vida: Ser Professor.

2.2.1 - Ser Professor

O papel do professor como agente da socialização tem sofrido relevantes

modificações devido à transformação do contexto social. A sociedade presente,

marcada pela diversidade e pela pluralidade, exige da escola funções

acrescidas no sentido de preparar os jovens para a realidade do futuro

concebendo um ensino de qualidade.

Alarcão (1996, p.176) afirma que “os professores desempenham um

importante papel na produção e estruturação do conhecimento pedagógico

porque refletem na e sobre a interação entre a pessoa do professor e a pessoa

do aluno, entre a instituição escola e a sociedade em geral.” Reconhece-se

então que o professor só poderá desempenhar de forma condigna a sua

missão se tiver tripla competência: no plano do conhecimento, no plano

psicológico e no plano psicossociológico (Mialaret, 1991).

Por outro lado, Shulman (1986) enfatiza a dimensão conhecimentos na

profissão de professor quando afirma que, Ser Professor implica possuir

conhecimentos, quer ao nível da compreensão do que ensina como da forma

de o transmitir. Aliás, é o conhecimento pedagógico do conteúdo que distingue

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o professor de uma disciplina de um especialista (não professor) dessa mesma

disciplina. O professor, ao contrário do especialista, mais do que possuir os

conhecimentos, sabe como transmiti-los, como criar representações nos seus

alunos.

Para Siedentop (2000) existem 4 categorias do conhecimento do

professor:

- Conhecimento do conteúdo ou da matéria de ensino - está relacionado

com a matéria ou modalidade que o professor vai ensinar. É necessário ter um

bom conhecimento da matéria de ensino, conseguindo-o através da análise da

atividade ou modalidade desportiva em estruturas do conhecimento e

integrando categorias mais transdisciplinares. Este conhecimento é a base da

qual emergem as restantes categorias do conhecimento, fornecendo a

orientação norteadora para planificação do ensino, em que, através do

conteúdo delimita-se o objeto, objetivos e tarefas.

- Conhecimento pedagógico do conteúdo - está relacionado com a forma

como o professor transporta o conteúdo, a forma como o transmite aos alunos,

para que estes percebam, devendo também, saber quais as matérias onde os

alunos têm mais ou menos dificuldades. Permite a tradução da matéria para o

ensino através de uma abordagem criativa dos programas, é a maneira como o

professor interpreta a matéria, na prática, de acordo com as condições que se

lhe deparam, capacidade de adaptar a matéria à realidade específica da

escola. Por isso, o professor deverá conhecer e compreender a matéria,

conhecimento esse que advém de formação académica, experiências

pessoais, influência de crenças e valores. O conhecimento pedagógico do

conteúdo supõe, por parte do professor um conhecimento dos alunos

(vivências, expetativas, dificuldades, crenças, potencialidades, entre outros),

dos propósitos de ensino (que refletem os objetivos do processo), do

curriculum (atividades e projetos curriculares) e dos métodos/metodologias

educativo-didáticas.

- Conhecimento dos contextos do sistema educativo - refere-se ao

conhecimento curricular da matéria. Neste conhecimento integram-se a forma

como o professor organiza a matéria, os textos a que recorre, as

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contraindicações de alguns exercícios, entre outros. Encontra-se intimamente

ligado ao conhecimento pedagógico do conteúdo, sendo que o professor deve

conhecer e modificar o conteúdo (adaptação dos materiais) para responder às

exigências programáticas. O professor estuda as exigências e escolhe uma

metodologia de ensino de acordo com esse estudo, precisa de apreender o

nível de conhecimentos e capacidade dos alunos, as exigências do programa

são ajustadas às possibilidades destes e à estrutura global das condições. O

conhecimento dos contextos do sistema educativo parte do princípio que o

professor conhece as normas, as leis, as regras e os princípios subjacentes ao

funcionamento da escola no seu geral e da EF em caso particular. Supõe que

este conheça os espaços existentes via escola e como estes se organizam ao

nível da condição física.

- Conhecimento pedagógico geral - engloba todos os saberes, as

informações que refletem o modo como o professor julga que os alunos

aprendem. São linhas do professor, não existindo normalmente nenhum tipo de

fundamento teórico que as sustente.

As definições anteriores clarificam eficazmente as caraterísticas e

exigência da nossa profissão. Contudo, considero que a visão apresentada por

Nóvoa (2009) é aquela que melhor se adequa à minha conceção de Ser

Professor. Como tal, apresentarei de seguida o conjunto de disposições

fundamentais defendidas pelo autor, comprovando simultaneamente com

alguns dos exemplos vividos durante a minha prática pedagógica:

- Conhecimento: o importante é, sem dúvida, conhecer bem aquilo que se

ensina. O trabalho do professor consiste na construção de práticas docentes

que conduzam os alunos à aprendizagem. Assim, o conhecimento corresponde

a um conjunto de caraterísticas, capacidades, crenças e valores pessoais do

docente que vão ser determinantes na sua profissão. A tomada de decisão é

uma caraterística fundamental do professor. Contudo, para tomar decisões é

necessário possuir conhecimentos, pois ninguém pensa no vazio, mas antes na

aquisição e na compreensão do conhecimento. Como tal, consciente da

importância de conhecimentos sólidos para a atuação na prática, investi na

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incessante busca por mais informações sobre a E.F. Isso mesmo encontra-se

ilustrado no seguinte excerto. “ (…) no sentido de estar preparado para ensinar

e tomar decisões hoje, tive obrigatoriamente que investir num estudo profundo

sobre Voleibol e Testes de Aptidão Física. Contudo, não encaro este processo

como uma mera obrigação, mas sim como uma tarefa gratificante que

possibilitará que a progressão do meu conhecimento. Tenho plena consciência

que só assim poderei vir a tornar-me num profissional de EF de excelência

(Reflexão da aula nº45 e nº46).”

- Cultura profissional: é necessário, para além de uma formação inicial,

uma formação contínua, pois as exigências da própria prática docente vão-se

alterando, exigindo uma procura constante de conhecimento. A formação e a

profissão vão-se desenrolar no confronto entre a teoria e a prática. Ser

professor é compreender os sentidos da instituição escolar, integrar-se numa

profissão, aprender com os colegas mais experientes. Como tal, é na escola e

no diálogo com os outros professores que se aprende a profissão. O registo

das práticas, a reflexão sobre o trabalho e o exercício da avaliação são

elementos centrais para o aperfeiçoamento e inovação, sendo estas rotinas

que fazem avançar a profissão. Neste seguimento, também existiram inúmeras

ocasiões em que o relacionamento com colegas de profissão fez aumentar a

minha cultura profissional, tendo vivido um desses momentos quando “ (…)

uma vez mais, tive uma conversa extremamente produtiva com o professor

A.N., sobre o assunto: Aquecimento na aula de EF. (…) Ao colocar parte da

minha conversa com o professor A.N. neste tópico Conversas de Intervalo, não

pretendo que seja este o tema central da minha reflexão, mas sim

compreender e transmitir que as várias conversas efetuadas ao longo deste

ano com alguns professores, como por exemplo professor L.P.V, professora

G.P., professor Z.C., têm sido deveras enriquecedoras. Inicialmente, defini

como um dos meus principais objetivos para este EP, também incentivado pelo

professor cooperante, passar o máximo de tempo possível na escola. Só

assim, é que conseguiria integrar-me na escola, perceber a profissão, aprender

com os colegas mais experientes, refletir sobre o trabalho, dialogar e trocar

ideias com outras pessoas. Resumidamente, só assim conseguiria perceber

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verdadeiramente no que consiste Ser Professor (Diário de Bordo - Conversas de

Intervalo).”

- Tato Pedagógico: é muito importante para a ação, para agir com

eficiência e corresponde à dimensão subjetiva, ao cruzamento da dimensão

profissional com a dimensão pessoal. Esta é uma dimensão fruto das questões

da pessoalidade, ou seja, integrar tudo o que é objetivo, mas também

desenvolver alguns indicadores pessoais e subjetivos. Relativamente a meu

tato pedagógico, este foi patente em diversas circunstâncias ao longo de todo o

ano, tendo sido “ (…) necessário durante as aulas ter alguma subjetividade e

bom senso para lidar com os problemas surgidos, diversas personalidades,

imprevistos, etc., para além disso, também se configura como importante

demonstrar alguma sensibilidade na hora de classificar e atribuir os valores que

identificam os alunos (Reflexão aula nº119 e nº120).”

- Trabalho em equipa: os novos modos da profissão de docente implicam

um reforço das dimensões coletivas e colaborativas, do trabalho em equipa, da

intervenção conjunta nos projetos educativos de escola. O exercício

profissional organiza-se, cada vez mais, em torno de “comunidades de prática”,

no interior de cada escola. Este mesmo espírito de trabalho em grupo foi

também sentido “ (…) após ter passado pela experiência de organizar a VII

Jornadas da Adolescência, uma vez que considero que o trabalho em equipa e

a colaboração de todos os professores responsáveis pela organização dos

stands de EF proporcionou a apresentação de um evento repleto de atividades

interessantes e dinâmicas a toda comunidade escolar. (Diário de Bordo -

Organização das VII Jornadas da Adolescência).”

- Compromisso social: refere-se a um conjunto de aspetos que ligam a

profissão a uma envolvência social, bem como aos princípios, valores, inclusão

social e diversidade cultural. O ato de educar é também um ato social, devendo

ser exercido, não apenas durante o horário letivo, mas sim permanentemente.

Como tal, “ (…) estando o anfiteatro repleto de alunos, era meu dever

aproveitar este momento para me dirigir aos alunos e transmiti-lhes a minha

opinião sobre os princípios e valores da sociedade atual, bem como alertar-lhes

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para da importância dos mesmos para o seu futuro (Diário de Bordo - Palestra de

Projetos de Vida - Jornadas da Adolescência).”

Prosseguindo nesta caminhada, de constantes vaivém, sobre o que nos

diz a literatura e o que foi vivido na prática, somos levados, uma vez mais, às

seguintes questões: Será que o EP encerra em si todas as caraterísticas da

futura profissão? Dar aulas apenas a uma turma, possibilitará obter uma visão

global do que é Ser Professor? Saber que em última instância a

responsabilidade dos alunos pertence ao professor cooperante, permitirá sentir

verdadeiramente na pele qual a responsabilidade de Ser Professor? Em suma,

será o EP capaz de gerar uma conceção clara e definida da abrangência do

Ser Professor?

2.2.2 - Ser Estudante Estagiário

Grande parte da nossa vida profissional joga-se nestes anos iniciais e na

forma como nos integramos na escola e na profissão. Nóvoa (2009, p.6) diz

mesmo que “nestes anos em que transitamos de aluno para professor é

fundamental consolidar as bases de uma formação que tenha como referência

lógicas de acompanhamento, de formação em situação, de análise da prática e

de integração na cultura profissional docente.”

Segundo Alves (1997, citado por Braga, 2001, p.66) “o professor iniciante

ao chegar à realidade escolar sofre o denominado «choque da realidade», que

representa os dilemas, as dificuldades na nova profissão. Esse choque, se não

for bem gerido pelo professor com apoio de outros profissionais da educação

mais experientes, pode provocar sérios danos à construção do perfil do

docente que neste momento inicia a sua carreira profissional. Contudo, apesar

do início do ano ser marcado por momentos amargos e difíceis, no final do ano

emerge no professor um sentimento de identificação com a profissão,

tornando-se numa experiência gratificante para ele.” Realizar uma formação

acompanhada, orientada e refletida, poderá proporcionar ao professor o

desenvolvimento de competências e atitudes necessárias para um

desempenho consciente, responsável e eficaz no futuro.

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Alarcão (2009, p.121) afirma que “o professor mais experiente é o

professor que ajuda. Permanece a ideia da ajuda, do apoio, da atenção ao

outro, às circunstâncias e às necessidades. A essa ideia de apoio associa-se

sempre a de desafio. Aliás, a supervisão é fundamentalmente um processo de

desafios, acompanhados de apoios para que as pessoas sejam capazes de

responder aos desafios.”

Para Schön (1991) o estágio orientado por um profissional faculta ao

estudante estagiário a possibilidade de praticar e de se confrontar com

problemas reais, cuja resolução exige reflexão, levantamento e averiguação de

hipóteses, a vivência dos erros cometidos e a tomada de consciência da

importância da colaboração dos outros. Acima de tudo o estágio profissional é

o momento de aprender com a experiência do que acontece na prática.

Santos (1991, citado por Gori, 2001, p.5) refere que “a experiência de

campo - o estágio - assume primordial importância na formação do professor,

por se constituir num espaço intermediário entre o mundo da prática e o mundo

académico.”

Depreende-se facilmente que EP visa possibilitar ao estudante estagiário

a passagem por um período de transição que reduza os riscos do confronto

com a realidade escolar. No meu caso pessoal, um desses momentos

especiais, no qual pude atuar apoiado e em que a experiência adquirida me

ajudará no futuro a minimizar o impacto da responsabilidade implícita à função,

de docente foi vivido no Conselho de Turma do 2º período. “Este foi sem

sombra de dúvidas, mais um momento marcante na minha formação como

futuro professor. Ser professor de EF remete-nos, não apenas para a

lecionação das mais diversas modalidades, mas também, para um sem número

de tarefas que a escola nos dias de hoje exige constantemente. Nesse sentido,

o professor cooperante, o qual tenho trabalhado na direção de turma,

incentivou-me a assumir neste 2º período o Conselho de Turma. Obviamente,

que aceitei prontamente esta oportunidade de perceber mais um dos

parâmetros que constituem a abrangência da minha futura profissão. Decorrido

o Conselho de Turma, e efetuando uma análise ao meu desempenho durante o

mesmo, poder-se-á considerar que estive à altura do desafio. Fui capaz de

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dirigir a reunião calmamente e seguir o protocolo da mesma com sucesso.

(Diário de Bordo - Conselho de Turma do 2º Período).”

De facto, face à dupla condição, estudante estagiário e professor, que

somos alvo e na qual, naturalmente, ocorrem erros que muitas vezes poderão

passar despercebidos ou até mesmo não serem entendidos através de uma

introspeção e análise, percebe-se que é fundamental o papel de uma

orientação pedagógica nesta etapa da formação, visando uma integração

progressiva no papel da docência e desenvolvendo um conjunto de

caraterísticas e exigências que um professor deverá dominar no exercício da

sua função. Alarcão (1997, p.9) refere que “a competência do professor não se

constrói por justaposição, mas por integração entre o saber académico, o saber

prático e o saber transversal. A presença de um formador bem preparado junto

do formando em desenvolvimento justifica-se pela necessidade de

interpretação da dialética que se estabelece entre estes saberes e pela

necessidade de análise e síntese que este processo implica.” Podemos então

deduzir que através da proteção do professor cooperante, que nos retira, em

certa medida, a responsabilidade direta na tomada de decisão perante toda

comunidade escolar, é pertinente encarar esta fase como determinante na

criação de uma identidade profissional e de uma forte e sólida conceção do que

é Ser Professor.

Podemos então concluir que Ser Estudante Estagiário é ter a

possibilidade de praticar e de se confrontar com problemas reais do ensino, de

encontrar soluções e aprender com os erros cometidos e de analisar e refletir

permanentemente sobre as tomadas de decisão com o auxílio e colaboração

do professor cooperante. Em suma, é perceber quais as caraterísticas do Ser

Professor.

Contudo, há que salientar, que Ser Professor nunca poderá ser

considerado como um produto final ou cessado, mas sim, como um processo

contínuo de desenvolvimento que se inicia com a necessária formação

especializada e que, sendo alvo de uma profunda e permanente reflexão, as

várias experiências vão ganhando significado.

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2.2.3 - Ser Professor Reflexivo

O modelo de estágio preconizado pela faculdade promove o

desenvolvimento de Professores Reflexivos e assenta numa constante procura

de novos conhecimentos, soluções e estratégias de ensino. Todavia, em que

consiste ser Professor Reflexivo?

Um Professor Reflexivo será aquele que é capaz de se interrogar,

analisando construtivamente a sua própria prática e fazendo juízos de valor

sobre o seu trabalho e o produto que dele resulta (Amaral et al., 1996). De

acordo com este entendimento ganha sentido a compreensão da designação

do Professor Reflexivo, ou seja, aquele que tem a capacidade de analisar e

refletir sobre a prática e reajustar o processo em função dessa mesma reflexão.

Segundo Dewey (1959, citado por Silva, 2009, p.40) “a função do

pensamento reflexivo é transformar situações problemáticas, caraterizadas

pela dúvida e pelo conflito, em situações claras e coerentes por recurso ao

exame mental do assunto. O processo reflexivo carateriza-se por um vaivém

permanente entre o que acontece e a sua compreensão, na procura do

significado das experiências vividas, sendo que, é através das práticas, que

progressivamente vai-se obtendo um maior entendimento das mesmas.”

Para Esteves (2002) desenvolver uma prática reflexiva envolve um

processo de resolução de problemas e de reconstrução de significações, sendo

que esta observa-se ao longo de um continuum de ação e não em ato isolado.

Neste processo é identificado um problema pelo professor, que deriva de uma

situação concreta da prática, tendo significado para o prático. De seguida, são

imaginadas soluções possíveis para os problemas, sendo as mesmas criadas

ou fundamentadas a partir de teorias, implicando um exame crítico das suas

ações profissionais ou das suas implicações em termos de efeitos sobre outros.

Posteriormente é posta em prática essa solução e avaliada quanto aos seus

efeitos sobre as ações-alvo e quanto às suas consequências para os

resultados dos alunos. Finalmente, o último atributo crítico é relativo à

aprendizagem que permite ao professor, ou seja, um aprofundamento da

compreensão do professor, e é utilizado para atribuir significado ao contexto

profissional em que o problema foi identificado.

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No que concerne à sistematização da reflexão, Zeichner (1993) referindo-

se aos seus níveis, distingue:

- Reflexão Técnica: cuja preocupação é com a eficiência e eficácia dos

meios utilizados;

- Reflexão Prática: onde a tarefa é explicar soluções inerentes à atividade

de ensino e avaliar se os objetivos educacionais estão a ser atingidos pelos

alunos;

- Reflexão Ética/Política/Crítica: onde a preocupação se centra nas ações

do professor e os seus efeitos para a construção de valores sociais mais justos.

Numa outra sugestão, Schön (1987) distingue três tipos de reflexão.

Sendo esta a perspetiva com a qual me identifiquei mais, irei, simultaneamente

com o seu desenvolvimento, apresentar exemplos práticos vividos durante este

EP.

- Reflexão na ação: ocorre durante a ação, isto é, no confronto com

situações indeterminadas em que o professor se surpreende. Também fui

surpreendido, obrigando-me, por diversas vezes, a refletir na ação. “ (…) senti

que devido à complexidade das sequências gímnicas e por ser o primeiro

contacto dos alunos com as mesmas, a aula não estava a ter o dinamismo

previsto e desejado. Perante este cenário, altero a estrutura do plano de aula,

decidindo encurtar o tempo de permanência dos alunos em cada uma das

estações e adicionando outro exercício que não se encontrava programado

(Reflexão da aula nº17 e nº18).”

- Reflexão sobre a ação: que é posterior à ação e geralmente verbal e onde

o professor reconstrói mentalmente a ação para tentar analisá-la

retrospetivamente, tendo geralmente um caráter avaliativo. Este nível foi

solicitado constantemente após as aulas, sendo que um desses exemplos

ocorreu depois de uma das aulas da UD de Voleibol. “No exercício de bloco

simples, os 3 alunos (…) por vezes não passaram a bola corretamente e,

consequentemente, o bloco era mal realizado. (…) será pertinente colocar na

próxima aula, os 3 alunos em cima de uma cadeira, segurando a bola num

ponto fixo, para que ocorra um maior sucesso no bloco (Reflexão da aula nº59 e

nº60).”

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- Reflexão sobre a reflexão na ação: um olhar posterior para ação e para a

reflexão acerca do que aconteceu, do que se observou e do significado

atribuído ao que aconteceu. É considerada fundamental para o

desenvolvimento do conhecimento profissional do professor, na medida em que

é uma reflexão proactiva que ajuda o profissional a determinar as suas ações

futuras, a compreender futuros problemas ou a descobrir novas soluções. A

minha capacidade de intervenção dentro deste nível foi decisiva para o bom

funcionamento do processo ensino-aprendizagem. Como tal, apresento

seguidamente dois desses exemplos, nos quais se poderá verificar a minha

atitude reflexiva. “ (…) iniciei a aula através de um exercício de aquecimento

orientado por mim, contrariando a estratégia da utilização de jogos lúdicos.

Esta alteração foi pensada, refletida e planeada previamente, no sentido de

verificar se existiria uma ativação geral mais intensa e rápida. Efetivamente, a

minha suspeita confirmou-se revelando-se a estratégia desta aula adequada

(…) (Reflexão da aula nº21 e nº22).” “Relativamente aos exercícios aplicados

durante a aula, penso que as alterações introduzidas, despoletadas pelos

conselhos emitidos pelo professor cooperante, surtiram os efeitos pretendidos,

uma vez que: 1) no exercício do bloco, ao colocar os alunos sobre cadeiras,

promoveu que os colegas executassem o bloco conforme as indicações

técnicas de referência; 2) a instalação de uma fita branca de referência na

rede, obrigou os alunos a realizarem o deslocamento em passo caçado junto à

mesma e a colocarem as mãos num plano elevado; 3) a introdução de um novo

exercício analítico, com fitas a marcarem as posições finais dos alunos no

campo aquando da realização de bloco duplo, facilitou a compreensão de como

e para onde se deviam movimentar (Reflexão da aula nº63 e nº64).”

Por sua vez, Van Manem (1995, citado Alarcão, 1996) acentua os níveis

em que se estabelece a reflexão, permitindo situar a sua profundidade e

abrangência e alargando a análise às diferentes funções que caraterizam a

nossa profissão. Como tal existem três níveis de reflexão com diferente

complexidade:

- Nível técnico: a reflexão centra-se em temas como a manutenção da

disciplina na aula; a manutenção da atenção e interesse dos alunos; a

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compreensão dos conteúdos da aula, etc. A este nível o professor reflete sobre

o seu ensino (reflexão sobre e na ação);

- Nível Prático: a reflexão revela preocupação com os pressupostos,

valores e consequências das ações do professor. Este avalia o seu ensino,

refletindo sobre a natureza da sua disciplina, sobre os processos de

aprendizagem, sobre os seus alunos e sobre os objetivos mais vastos da

escolarização;

- Nível crítico e emancipatório: a este nível, a reflexão centra-se nos

aspetos éticos, sociais e políticos de âmbito geral, incluindo a influência das

instituições que podem condicionar a ação do professor e a sua eficácia.

Revistos os conceitos anteriores, surge a necessidade de perceber que

modelo de formação é este que fomenta o desenvolvimento, enquanto

estudante estagiário, do Professor Reflexivo, bem como as suas implicações

práticas.

O atual contexto da formação promove que o estudante estagiário seja,

efetivamente, um constante questionador que procura a cada momento

desenvolver as suas capacidades e superar os obstáculos que eventualmente

possam surgir no seu trajeto, ajudando a criar um forte compromisso entre os

saberes adquiridos e a busca contínua por novos. Neste sentido, a reflexão

surge como um instrumento indispensável para a (re)construção da uma

identidade profissional que não pode ser considerada como estática e/ou pré-

determinada.

Uma formação com uma forte componente de reflexão, a partir de

situações práticas reais, é a via possível para um profissional se sentir capaz

de enfrentar as situações sempre novas e diferentes com que se vai deparar na

vida real e para tomar as decisões mais apropriadas nas zonas de indefinição

que a caraterizam – reflexão a partir da ação (Alarcão, 1996).

De acordo com Schön (1991), o estágio orientado por um profissional,

faculta ao estudante estagiário a possibilidade de praticar e de se confrontar

com problemas reais, cuja resolução exige reflexão, levantamento e

averiguação de hipóteses, a vivência dos erros cometidos e a tomada de

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consciência da importância da colaboração dos outros. Acima de tudo o estágio

é o momento de aprender a refletir sobre o que acontece na prática.

De facto, se o paradigma da formação de professores nos conduz para a

edificação de profissionais reflexivos, é fundamental que o processo de

orientação se reja por esses mesmos pressupostos. Para isso, é decisivo o

papel que professor cooperante desempenha na promoção dessa capacidade

reflexiva. Podemos mesmo acrescentar que, uma atitude reflexiva do professor

cooperante influencia o crescimento de atitudes semelhantes nos estudantes

estagiários e a sua evolução ao longo do EP, tendo como objetivo o seu

aperfeiçoamento, ou seja, passagem de uma descrição da ação para um nível

mais profundo e reflexivo sobre os porquês da nossa atuação. De seguida

transcrevo dois exemplos que demonstram a minha evolução reflexiva, ao

longo deste EP:

Reflexão Descritiva - “A aula iniciou-se com um ligeiro atraso, devido à

chegada tardia dos alunos à sala de aula, o que me levou a atuar de

imediato, repreendendo os mesmos e prevenindo que futuramente que

os horários sejam cumpridos. De seguida, explicitei os objetivos da aula

e efetuei a chamada (…).” (Reflexão da aula nº15 e nº16).

Reflexão Introspetiva - “Asseguradas que estão as questões técnicas de

base do Lançamento do Dardo, procurarei na próxima aula ter como

preocupação principal a utilização de situações de competição,

induzindo consequentemente um aumento da motivação dos alunos

pela prática do lançamento.” (Reflexão da aula nº93 e nº94).

Em suma, todo o processo de formação, no qual o estágio emerge como

o momento chave, deve conduzir para uma forte reflexão e criar situações com

significado autêntico para o desempenho profissional. Deve ainda, solidificar

nos formandos a virtude de refletir constantemente acerca da sua própria

prática de ensino, levando a que estes assumam no futuro uma perspetiva

crítica.

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Outro nível Reflexivo

Ficou patente que a literatura refere-se ao EP como um momento

marcante na formação de professores, definindo, claramente, os diversos

níveis de reflexão nos quais os estudantes estagiários se devem centralizar.

Contudo, não poderia encetar este capítulo, sem antes deixar de transmitir que

este EP para além de ter exigido de mim uma permanente reflexão sobre as

aulas, metodologias de ensino implementadas, consequências das minhas

ações como professor, objetivos educacionais gerais ou valores sociais na

atualidade, também foi capaz de conduzir-me a uma profunda reflexão sobre o

meu futuro, ao qual poderia intitular, Nível Pessoal. De seguida, apresento um

dos momentos que ilustra a minha afirmação:

“ (…) a atividade na qual tive a oportunidade de participar hoje, XII

Romaria Escolar, remeteu-me para uma profunda reflexão, não estando

esta relacionada com a procura incessante de soluções para a minha

turma ou sala de aula, mas sim com uma meditação sobre o meu

percurso de vida. (…) Percorrer uma caminhada de oração, fé e

reflexão, aprender os cânticos dos romeiros e rezar em conjunto com

todos os irmãos e irmãs do rancho, possibilitou-me aquilo que

poderíamos intitular de retiro espiritual, tendo sido este, certamente, um

dos momentos mais marcantes deste EP. Atualmente, tendo em conta

toda a minha envolvência e dedicação nas diversas áreas do EP

exigidas pela faculdade, não só posso afirmar que reúno as condições

necessárias para o desempenho da minha profissão futuramente, como

também posso assegurar que é este o destino que ambiciono para a

minha vida: Ser Professor.” (Diário de Bordo - 12ª Romaria Escolar).

2.2.4 - Ser Professor Eficaz

Apesar de ter tentado garantir o desenvolvimento das inúmeras

caraterísticas de Ser Professor, será que, efetivamente, consegui ser eficaz

durante o processo ensino-aprendizagem? Como tal, antes de encetar este

capítulo, emerge a necessidade de se perceber o que é a eficácia no ensino.

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Estabelecer o rendimento escolar e a eficácia do ensino constitui-se há

muito como uma das preocupações essenciais de vários investigadores da

educação e, consequentemente, da EF.

Dos resultados da investigação centrada na eficácia pedagógica decorre

o postulado de que “os professores mais eficazes diferenciam-se porque atuam

segundo o pressuposto de que o propósito do ensino é promover a

aprendizagem dos alunos. Esses professores planificam cuidadosamente,

utilizam materiais adequados, clarificam os objetivos para os alunos, mantêm

um andamento vivo da aula, controlam o trabalho dos alunos com regularidade,

ensinam de novo se os alunos apresentam dificuldades, aproveitam bem o

tempo de aula e utilizam estratégias de ensino coerentes” (Cohen et al, 2003,

citado por Mesquita & Graça, 2009, p.41).

Para Rink (1985), os comportamentos que os professores devem ter para

obter sucesso nas aulas de EF são: realizar uma introdução à aula de forma a

motivar os alunos; no início de uma nova aprendizagem, o professor deve

descrever a tarefa de forma a ajudar os alunos a terem uma ideia do que vão

executar; descrever aos alunos como se executa a tarefa proposta; apoiar os

alunos quando estes encontram-se a executar a tarefa; dar instruções para

melhorar o desempenho dos alunos.

De acordo com a mesma autora, o professor pode facilitar a

aprendizagem se estabelecer prioridades nos conteúdos de aprendizagem e os

estruturar, conferindo-lhes determinada lógica, e os sequenciar criteriosamente

(progressão); visar o seu aperfeiçoamento através da sua exercitação e

consolidação (refinamento); proporcionar oportunidades para a sua utilização

em condições inabituais ou de exigência de rendimento (aplicação) (Rink,

1985).

Em concordância com os anteriores autores, Siedentop (2000) afirma que

os professores mais eficazes planificam cuidadosamente, utilizam materiais

adequados, clarificam os objetivos para os alunos, mantêm um bom ritmo de

aula, controlam regularmente a atividade dos alunos, preocupam-se e atuam

de forma distinta de acordo com as necessidades dos alunos, rentabilizam o

tempo de aula e utilizam estratégias de ensino coerentes.

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Não pretendendo estender-me, uma vez que estas questões serão alvo

do desenvolvimento adequado e merecido no capítulo da Realização

Profissional, parece-me, no entanto, pertinente demonstrar que estive em

consonância com as perspetivas anteriores. Como tal, obviamente que aspirei

estar sempre enquadrado com as caraterísticas atribuídas a um Professor

Eficaz, tentando ser eficiente durante a instrução, mantendo um bom ritmo de

aula e procurando uma elevada taxa de exercitação. O excerto seguinte é

exemplo disso mesmo. “ (…) hoje procurei efetuar uma instrução concisa e

eficaz e proporcionar uma elevada taxa de exercitação (…) apesar de estar

limitado espacialmente por ter apenas 1/3 do pavilhão à minha disposição, as

estações paralelas de trabalho da condição física permitiram índices elevados

de atividade motora durante a aula (Reflexão da aula nº19 e nº20).”

Simultaneamente, para que realmente o ensino fosse eficaz, outros

pormenores foram planeados cuidadosamente, sendo um desses exemplos

visível ao “ (…) optar por organizar previamente as equipas. Este detalhe, pode

passar despercebido no decorrer das aulas, mas revela-se eficaz na redução

do tempo gasto neste tipo de tarefas (Reflexão da aula nº63 e nº64).”

Contudo, o meu objetivo, passava por apenas não concentrar-me nestas

questões, mas ir mais além, assegurando que o risco de colocar em causa a

minha eficácia era efetivamente reduzido. Como tal, a preparação de planos

alternativos para os possíveis imprevistos foi sempre tido em conta, tal como

expressa exemplo seguinte. “ (…) deparei-me com a interdição da piscina do

Complexo Desportivo das Laranjeiras devido à presença de uma bactéria nas

análises da água. Antecipando que este problema poderia acontecer (…) tinha

estruturado um plano B como alternativa (…) aula de Voleibol (Reflexão da aula

nº57 e nº58).”

Mesquita & Graça (2009, p.42) acrescentam ainda que o objetivo principal

do professor será sempre proporcionar tarefas que sejam congruentes com os

objetivos de ensino e com cada um dos alunos, para que os efeitos de

aprendizagem possam evoluir no sentido esperado. Assim, um dos

pressupostos a ter em conta é que “aprende mais quem dedica mais tempo a

uma boa exercitação”. De realçar que o tempo que o professor dedica à

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exercitação ou tempo de empenhamento do aluno pode não ser sinónimo de

eficácia no ensino. Porém, este pode contribuir decisivamente para o tempo ou

número de vezes que cada aluno se exercita a um nível adequado – taxa de

respostas apropriadas do aluno (Siedentop, 2000), pelo que “ (…) estruturei

adequadamente a aula através da criação de várias estações de trabalho com

a presença de apenas 3 a 4 alunos nas mesmas. (…) o bom aproveitamento

das condições espaciais disponíveis e do próprio tempo de aula, permitiu-me

proporcionar uma elevada taxa de densidade motora aos alunos.(…) Só assim

conseguirei que exista qualidade no ensino com vista à aprendizagem (Reflexão

da aula nº31 e nº32).”

Apesar de estar patente que é difícil determinar com precisão a eficácia

de um professor, estando esta dependente fatores externos adicionais, tais

como o meio social, os alunos, as condições materiais, etc, consegue-se

encontrar linhas orientadores gerais que resumem este conceito. Assim sendo,

falar de eficácia no ensino, é estar consciente de que um ato educativo de

qualidade exige elevados conhecimentos pedagógicos e uma profunda e

constante reflexão sobre as suas finalidades e acerca dos processos didáticos

suscetíveis de as concretizar. Finalmente, afirmo que Ser Professor Eficaz foi

desde logo, não apenas uma ambição, mas também um dever pessoal. Foi

sempre com esse objetivo bem presente, que realizei uma planificação

exaustiva e minuciosa de todos os fatores que pudessem intervir ao longo das

várias fases do processo ensino-aprendizagem, facilitando o meu controlo

sobre os mesmos.

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3. ENQUADRAMENTO DA

PRÁTICA PROFISSIONAL

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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

A natureza complexa, unitária e integral do processo de ensino-

aprendizagem e as caraterísticas gerais da atividade do professor decorrem

num contexto balizado pelas condições gerais do sistema educativo, pelas

condições locais da educação e pelas condições mais próximas da relação

educativa, exigindo uma integração e interligação das várias áreas e domínios

a percorrer no processo de formação e, em particular, no EP. Mialaret (1991)

apresenta os três grupos de fatores que condicionam a educação da seguinte

forma:

- Condições gerais da Educação/Instituição - têm interferência direta sobre

as situações de educação e a própria relação professor – aluno, tais como: tipo

de sociedade (a história, os aspetos económicos, sociais, políticos), sistema de

educação, programas gerais e particulares, métodos e técnicas pedagógicas,

arquitetura da escola, recrutamento e formação dos professores.

- Condições locais das situações de Educação - referem-se a uma escala

mais local, na qual podem ser analisados três aspetos: local onde se encontra

o estabelecimento de ensino, os meios familiares, o nível socioeconómico e

cultural; estabelecimento de ensino – as suas particularidades arquiteturais e

pedagógicas; equipa docente – uma equipa de professores competentes e

colaboradores, pode marcar a diferença na qualidade de uma escola.

- Condições da relação educativa - são alusivas à turma, sala de aula,

professor e relação grupo – turma e aluno.

Podemos então concluir que a intervenção do professor será sempre

marcada pela missão da educação no país e em particular o papel da EF, pela

forma que a escola é regulamentada e pelo contexto da comunidade escolar

em que atua e suas caraterísticas e necessidades. Obter um conhecimento

situacional aprofundado relativo à própria instituição de ensino em que atuamos

torna-se imperativo para o desenvolvimento de um ensino de qualidade.

Por conseguinte, atendendo a esta importância, efetuar-se-á neste

capítulo uma caraterização do contexto onde decorreu toda a PES, tentando

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não realizar uma descrição exaustiva dos contextos específicos da ação

pedagógica, mas sim compreender um conjunto de condições que

influenciaram o ato de ensino durante o ano letivo e respetivas repercussões.

Assim, no Enquadramento da Prática Profissional será feito um

enquadramento do Macro-contexto, onde se inserem questões como a

“Importância da Educação na Atualidade” e o “Papel da Educação Física”. A

opção por estes temas resulta fundamentalmente das experiências vividas ao

longo do processo de estágio e que me fizeram sentir o valor das mesmas no

âmbito deste projeto e da minha atuação enquanto estudante estagiário de EF.

Ainda num âmbito concetual reservei a abordagem da “Importância do

Programa Nacional de Educação Física” e da “Importância do Documento de

Organização e Gestão do Departamento de Educação Física” para o capítulo

seguinte, Realização da Prática Profissional, por entender que é nessa parte

que a análise desses temas é mais assertiva e pertinente.

De seguida, ciente da importância que o conhecimento do contexto em

que se atua tem para que a nossa intervenção na comunidade escolar

contenha um verdadeiro sentido educativo, apresentarei breves descrições

sobre as caraterísticas do “Micromeio”, da “Escola Secundária das Laranjeiras”,

do “Complexo Desportivo das Laranjeiras”, do “Departamento de Educação

Física”, do “Laranjeiras Clube” e do “Núcleo de Estágio Profissional”.

Por fim, no “Micro-contexto”, demonstrando as condições que

influenciaram a relação educativa, caraterizarei a “Turma” e demostrarei a

“Importância das conclusões que advêm da caraterização da turma”.

3.1 - Macro-contexto

A educação é hoje unanimemente considerada como um dos principais

veículos de socialização e de promoção do desenvolvimento individual.

Inserindo-se num contexto histórico, social e cultural amplo, os sistemas

educativos acabam por ilustrar os valores que orientam a sociedade e que esta

pretende transmitir.

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3.1.1 - Importância da Educação na atualidade

Segundo Freire (1979, p.14) “a educação tem um caráter permanente.

Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando.

Existem graus de educação, mas estes não são absolutos. O homem, por ser

inacabado, incompleto, não sabe de maneira absoluta.”

Delors (1999) defende que a educação deve organizar-se em torno de

quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de

algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a

conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer,

para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de

participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas;

finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É

claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que

existem entre elas múltiplos pontos de contacto, relacionamento e permuta.

Quando falamos em educação, referimo-nos a um fenómeno que pode

acontecer em toda a parte e que as influências educativas podem ocorrer sem

serem planificadas, ao qual designamos por educação no sentido lato. Esta

remete-nos para pessoas, para situações, para factos, para experiências, que

de algum modo nos educam. No entanto, quando falamos no sentido restrito,

referimo-nos à educação planificada para desempenhar um papel específico,

por exemplo, a educação escolarizada, onde se estabelecem relações

interpessoais, nas quais pessoas com níveis superiores de educação exercem

conscientemente influências sobre outras. A atividade educativa carateriza-se

então por uma ação consciente, organizada, participada e coerente. Há uma

parceria entre o educador e o educando, na medida em que há um objetivo

comum, fundamentado nas obrigações sociais e profissionais (Bento, 1995).

A sociedade vive mergulhada num caos de problemas e angústias

(pobreza, fome, violência, falta de saúde, famílias desajustadas), em

consequência das constantes medidas políticas, económicas e culturais

implementadas ultimamente pelos órgãos de soberania e outros organismos de

poder. Tudo isto acaba por se repercutir na vida do homem (os nossos alunos,

pais e auxiliares educativos são exemplos disso mesmo) e em todas as áreas,

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inclusive na educação. Por outras palavras, a crise da sociedade expressa-se

fortemente na educação.

Neste contexto, e apesar da continuada desvalorização da classe

profissional docente, levando, por vezes, a um desincentivo pela profissão,

verifica-se que a importância e a responsabilidade dos professores como

educadores têm vindo a aumentar significativamente nos últimos tempos.

Assim, cabe a nós, enquanto profissionais da educação e independentemente

dos recentes percalços desta profissão, acreditarmos que a nossa intervenção

é preponderante e, possivelmente, decisiva nos dias de hoje.

Independentemente de todas as condicionantes, é nosso dever exercer um

papel educativo de qualidade, competência e profissionalismo.

3.1.2 - Papel da Educação Física

A escola tendo uma enorme importância na educação dos alunos, a EF

também contribui para essa mesma função. Contudo, os últimos tempos têm

sido de grandes desafios para os profissionais da EF no que se refere à

afirmação da sua importância enquanto disciplina escolar. De facto, para além

do ceticismo instalado em relação aos resultados e à qualidade da formação

dos professores, a EF tem também enfrentado uma enorme desconfiança

quanto à sua relevância educativa. O último exemplo dos constrangimentos

pelo qual a disciplina tem vindo a atravessar, foi a publicação do decreto-lei n.º

139/2012 em Diário da República, estabelecendo que a nota de EF deixará de

contar para todos os alunos matriculados no ensino secundário após o término

do ano letivo 2014/2015.

Como tal, para vencer o desafio que tal cenário nos coloca, urge a

necessidade de ter sempre presente os valores que autenticam a importância e

o papel da EF enquanto disciplina escolar.

Matos & Graça (1991) afirmam que disciplina de EF tem um papel

privilegiado e insubstituível na promoção e criação de hábitos de vida

saudáveis, pela criação dos pressupostos para a aquisição de um estilo de vida

ativo, impondo-se esta promoção como meta de qualquer sistema educativo,

dado que muitas crianças não terão na sua vida outra oportunidade de praticar

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atividade física organizada e regular, a não ser nas experiências

proporcionadas em aulas de EF.

Segundo Crum (1993) existem três papéis principais da EF, sendo eles a

estruturação do comportamento motor, a aquisição de condição física e a

formação pessoal, cultural e social, derivando todos eles da sua principal

função – ensinar.

Para Bento et al. (1999), o argumento central a favor da importância da

EF e da sua presença na escola justifica-se por ser a única disciplina que trata

preferencialmente a corporalidade. Por conseguinte, a EF reflete o modo como

o sistema educativo entende o corpo e como concebe a sua formação.

Podemos mesmo afirmar ainda, de acordo com o mesmo autor, que a EF

representa o modo como o sistema educativo intervém na construção e

configuração de uma importante dimensão humana – o corpo.

Continuando com a perspetiva de Bento (1995), o desporto sendo

conteúdo da EF, emana uma natureza profundamente educativa porque

contém na sua essência ideais, valores, normas, regras, atitudes, desafios,

exigências e metas. Surge então, como cultura de relações, condutas humanas

e códigos do trato humano, postos à prova no jogo e na competição.

A conceção da EF apresentada nos Programas Nacionais centra-se no

valor educativo do desporto pedagogicamente orientado para o

desenvolvimento multilateral e harmonioso do aluno. Pode-se definir como a

apropriação das habilidades técnicas e conhecimentos, na elevação das

capacidades do aluno e na formação das aptidões, atitudes e valores,

proporcionadas pela exploração das suas possibilidades num desporto

adequado – intenso, saudável, gratificante e culturalmente significativo. O

desporto, “materializado” na escola por via da disciplina de EF, ensina também

o aluno a superar as suas limitações. No desporto é possível aprender que no

plano ético, estético, espiritual e racional, o Homem não tem limites. Assim, a

grande tarefa pedagógica do professor é conseguir transmitir aos alunos que a

vitória é somente parte do prazer do jogar e que na derrota há também vitórias.

Segundo, Rosado (2009, p.11), “educar através do desporto, pela via da EF,

para além do aperfeiçoamento físico e adoção de estilos de vida saudáveis, é

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construir um projeto de educação social, cívica e intelectual, alicerçado em

valores da fraternidade, camaradagem, convivência social, respeito e

cooperação e contribuir para que cada aluno adquira competências de vida

como o autoconhecimento, o autocontrolo, a autorrealização, perseverança, a

valorização do esforço, o autoaperfeiçoamento e harmonia pessoal”.

Por tudo isto, entendo que os princípios e valores presentes na EF

contemplam mais do que o domínio das habilidades motoras. Subentende-se

um projeto que, sim, englobe a aprendizagem de habilidades motoras, mas que

seja muito mais do que isso, promovendo uma educação integral, cívica, ética,

de desenvolvimento de competências de vida aplicáveis para além do âmbito

do desporto.

3.2 - Micromeio

A ilha de São Miguel é a maior do arquipélago dos Açores, tendo uma

superfície de 746,82 km² e uma população a rondar os 130.000 habitantes. É

composta por vários concelhos, nos quais se incluí o de Ponta Delgada. Esta,

com mais de cinco séculos de existência, foi elevada a cidade a 2 de abril de

1546 e possui atualmente uma área 231,90 km² e cerca de 69.000 habitantes.

É nesta cidade, mais concretamente na freguesia de São Pedro, que se

encontra localizada, a 3 km a nordeste do centro, a ESL.

3.2.1 - Escola Secundária das Laranjeiras

A ESL foi inaugurada a 17 de dezembro de 1986 e programada para uma

capacidade máxima de 1260 alunos, principalmente, com residência nas

freguesias Fajã de Baixo, São Roque, Livramento e São Pedro.

É constituída por 152 docentes, 2 psicólogas, 1 chefe de serviços de

administração escolar, 11 assistentes técnicos e 43 assistentes operacionais e

tem como uma das suas principais caraterísticas, a diferenciação dos espaços

das salas de aula e laboratórios dos restantes espaços mais públicos. Na figura

seguinte pretende-se ilustrar de forma simples os espaços da escola:

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Rés-do-chão 1º Andar

• Gabinete dos Servidores da Escola • Biblioteca • Instalações dos Serviços Administrativos • Instalações do Conselho Executivo • 2 Armazéns de Consumíveis • 8 Salas de Aula • Anfiteatro • Refeitório/Cozinha • Sala de alunos • Papelaria/Pré-pagamento • Bufete de alunos • Sala de Educação Tecnológica • Sala de Estudo • Laboratório de Física com 1 anexo • 2 Laboratórios Biologia/Geologia com 2 anexos • Laboratório de Química com 1 anexo • Sala de pesagens dos Laboratórios • 2 Salas de Informática • 2 Gabinetes de Departamento • 1 Pátio interior coberto • Gabinete da telefonista • Gabinete do Encarregado Pessoal Não Docente • Sala de Pessoal não docente

• 26 Salas de Aula • 1 Sala de Professores • 1 Sala de Reuniões • 2 Salas de Educação Visual • Gabinete Informática Professores/Diretores Turma • Gabinete Atendimento Encarregados de Educação • Gabinete Psicóloga/Ensino Especial • Gabinete Psicóloga • Armazém da Secretaria • 8 Gabinetes de Departamento • 1 Sala de Informática • Instalações sanitárias para pessoal docente • Bufete de Professores • Arrumos • Reprografia • Sala de Encaminhamento Disciplinar/Sala de Associação de Estudantes

Figura 1: Instalações da ESL.

Através do meu primeiro contacto com a escola e da leitura cuidada do

Projeto Educativo da ESL, fiquei elucidado sobre as caraterísticas

anteriormente apresentadas. De seguida, apresento parte da reflexão sobre o

primeiro dia naquele que se viria a tornar como o meu local predileto ao longo

deste último ano, a ESL:

“As memórias deste primeiro dia estão ainda bem vivas dentro de mim.

Tal como combinado, pelas 09:00 dirigi-me ao pavilhão do Complexo

Desportivo das Laranjeiras para reunir com o professor cooperante. (…)

o qual tive oportunidade de finalmente conhecer. Este efetuou-me uma

visita guiada pela ESL/Complexo Desportivo das Laranjeiras,

apresentando-me a toda a comunidade escolar (auxiliares educativos,

conselho executivo, coordenadora de departamento, professores no

geral e colegas estudantes estagiários). A primeira impressão foi

excelente a todos os níveis, antevendo excelentes condições para

realizar o meu EP. Saliento ainda, que apesar do nervosismo que

reinava em mim neste primeiro dia, tentei abstrair-me do mesmo e

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absorver o máximo de informações uteis e pertinentes para o futuro.

Diário de Bordo - 1º Contato com a ESL.

Neste momento, fazendo uma análise ao texto escrito na altura, posso

constatar que as minhas primeiras impressões não foram defraudadas ou

deturpadas. De facto, tive sempre ao meu dispor excelentes condições de

trabalho a todos os níveis. A ESL para além de possuir excelentes instalações

para a EF, tema que será abordado mais à frente, caraterizou-se por um

ambiente acolhedor, de união e, simultaneamente, de rigor.

A recetividade e o apoio dado aos estudantes estagiários, onde a maioria

já conhece as particularidades do trabalho exigido ao “professor” estagiário, foi

excelente. Poderei mesmo afirmar que uma das mais-valias deste segundo EP

terá sido a oportunidade concedida pela ESL, e correspondente comunidade

escolar, para vivenciar e perceber a panóplia de assuntos que envolve a

escola.

3.2.2 - Complexo Desportivo das Laranjeiras

As aulas de EF decorrem num espaço multifuncional anexo à escola

designado de Complexo Desportivo das Laranjeiras. Este está,

preferencialmente, disponível para as aulas de EF durante o horário diurno das

08h30 às 17h30 e possui uma gestão autónoma efetuada pelos Serviços do

Desporto da Ilha de São Miguel.

De seguida apresento o conjunto de instalações disponíveis para a prática

das aulas de EF:

Figura 2: Instalações do Complexo Desportivo.

Interiores Exteriores

- Pavilhão desportivo com ar condicionado e bancada - Sala de Ginástica (Ginástica de Solo, Aparelhos e Trampolins) - Sala de Judo - Sala de Treino Físico e Musculação - Piscina de 25 metros

- Pista sintética de Atletismo - Polidesportivo exterior com piso em relva sintética (2campos de futebol 5) - Campo de Futebol relvado 100x64 metros com bancada

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Figura 3: Instalações do Complexo Desportivo - Pista de Atletismo, Piscina, Polidesportivo Ar

Livre e Pavilhão.

A riqueza deste complexo desportivo assenta na quantidade e qualidade

das instalações e equipamentos disponibilizados, sendo esta, sem dúvida, um

aspeto diferenciador da maioria das escolas do nosso país. Podemos mesmo

afirmar que estão reunidas condições muito próximas das ideais para a prática

pedagógica da EF.

3.2.3 - Departamento de Educação Física

O departamento de EF é constituído por 14 docentes, sendo a sua

maioria efetivos na ESL, o que por si só espelha o elevado grau de experiência

presente no seio do grupo. É um grupo coeso, dinâmico, trabalhador e aberto

sempre à discussão de diferentes ideias com vista ao progresso. De salientar

ainda, o espírito de colaboração que demonstraram e a disponibilidade para

partilha de informação e experiência de ensino para com os estudantes

estagiários.

Após um ano de contacto diário, estou ainda mais convicto do que o

profissionalismo dos docentes que constituem o grupo de EF e o rigor com que

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encaram a profissão e a disciplina, são, certamente, qualidades que muito

contribuem para a competência que lhes é reconhecida na escola.

3.2.4 - Laranjeiras Clube

O Laranjeiras Clube, com sede na escola, é um clube desportivo escolar

com o objetivo da promoção de atividades recreativas, desportivas e culturais.

Através da minha integração neste, tive a possibilidade de desenvolver

diversas atividades pelo núcleo de Ar Livre e Exploração da Natureza, em

colaboração com a minha colega de estágio R.F., com sessões às quintas-

feiras das 14:00 às 15:30 e sextas-feiras das 15:30 às 17:00. Apraz-me ainda

dizer, que foi iniciado o desenvolvimento de um núcleo de Voleibol com

sessões às quartas-feiras das 16:00 às 17:30 e às sextas das 14:00 às 15:30.

Contudo, devido à falta de assiduidade dos alunos inscritos, houve a

necessidade de encerrar o mesmo em janeiro de 2012.

3.2.5 - Núcleo de Estágio Profissional

A ESL recebeu durante este ano letivo dois núcleos de EP provenientes

da FADEUP, tendo sido os mesmos atribuídos a diferentes professores

cooperantes. No meu caso específico, fiquei inserido no núcleo 2 juntamente

com os meus colegas estudantes estagiários D.V. e R.F, sobre a orientação do

professor cooperante L.P.V.

Convicto que o ambiente criado em volta do núcleo de estágio no EP é

um fator preponderante para o atingir dos objetivos propostos, confesso que

tive algum receio inicial por não saber com quem iria trabalhar. Contudo, e à

posteriori, posso afirmar que me identifiquei com espirito de coesão, trabalho e

união que reinou durante todo o ano letivo.

3.1.3 - Micro-contexto

Compreender o micro-contexto é um dado necessário para o professor e,

provavelmente, a base da sua atuação no desenvolvimento de um ensino

consciente, individualizado e de qualidade. De facto, a realização do estudo da

turma no início do ano foi importante para o conhecimento dos meus alunos,

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não apenas no contexto escola/aula, mas também fora dele. Esse

aprofundamento das caraterísticas da turma foi decisivo na compreensão de

certas atitudes tomadas pelos alunos ao longo das aulas, na minha atuação

perante as mesmas e, consequentemente, na melhoria e aperfeiçoamento da

interação inerente a todo o processo ensino-aprendizagem.

3.1.3.1 - Importância das conclusões que advêm da caraterização da

turma

O professor aquando do planeamento e preparação do ensino deve

conhecer “o mais exatamente possível as situações concretas da vida dos seus

alunos (…) deve preocupar-se com a esfera direta da vida e dos interesses dos

alunos” (Bento, 2003, p. 74).

Partindo deste entendimento, a caraterização pormenorizada dos alunos

da minha turma e respetivas conclusões recolhidas, possibilitaram, sem dúvida,

um conjunto de informações úteis e pertinentes para a minha atuação durante

as aulas.

A elaboração da caraterização da turma foi realizada no início do ano

letivo através da aplicação do “Questionário Individual do Aluno” e, respetiva,

recolha das informações presentes no mesmo. As questões foram

intencionalmente selecionadas para que dessem resposta apenas aos

possíveis assuntos com ligação direta à aula de E. F.

A turma do 12º ano era constituída por 15 alunos, 4 do sexo feminino e 11

do sexo masculino. Esta diferença substancial entre os sexos permitiu-nos

perceber que não existia homogeneidade relativamente a este parâmetro,

tendo sido esta conclusão determinante durante a abordagem de algumas

modalidades, tais como, Futebol, Voleibol e Danças Sociais. Esta mesma

afirmação pode ser comprovada através do exemplo vivenciado na aula de

Futebol. “É de salientar ainda a forma como estruturei as equipas previamente.

Apesar de não ter sido a forma pedagógica mais correta relativamente aos

diversos níveis de jogo que a turma apresenta, considero que foi assertiva e

adequada em termos de sexos. Assim, optei por dividir as 4 raparigas que a

turma possui pelas 3 equipas efetuadas, bem como introduzir a regra de passar

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a bola pelo elemento feminino antes de se marcar golo. Sendo o futebol uma

das modalidades que, preferencialmente, os rapazes evitam jogar com as

raparigas, encaro que as estratégias adotadas ajudaram, de certa forma, a

prevenir o exacerbar estereótipos de sexo que poderia vir a acontecer e,

consequente, desmotivação dos elementos femininos (Reflexão da aula nº19 e

nº20).”

A média de idades da turma era aproximadamente 19 anos, três alunos

com 21 anos e uma aluna com 17 anos, o que revelava algum grau de

maturidade.

A maioria residia em São Pedro, sendo o segundo lugar ocupado por São

Roque e Fajã de Baixo. Pôde-se depreender que os alunos viviam

relativamente perto da escola, diminuindo a probabilidade de ocorrerem atrasos

para as aulas. Esta foi uma informação extremamente útil durante todo o ano,

tal como se pode comprovar neste excerto. “A aula iniciou-se com um ligeiro

atraso devido a vários alunos terem chegado tardiamente ao local de aula.

Sabendo que praticamente toda a turma vive nas redondezas da escola

percebi imediatamente que possivelmente os motivos apresentados para os

atrasos não eram válidos, pelo que decidi atuar prontamente, relembrando as

regras definidas pelo DOG relativamente ao cumprimento do horário estipulado

para a aula. Esta repreensão mais severa teve como objetivo prevenir

futuramente que a hora de entrada na sala de aula não seja cumprida (Reflexão

da aula nº29 e nº30).”

Figura 4: Caraterização da Turma - Área de Residência - Gráfico 1.

São Pedro 36%

Livramento 7%

Matriz 7%

Fajã de Baixo 22%

São Roque 21%

Arrifes 7%

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A responsabilidade do encarregado de educação recaía maioritariamente

sobre os próprios alunos, proporcionando que todas as questões relacionadas

com a disciplina fossem tratadas de uma forma célere e sem intermediários.

Figura 5: Caraterização da Turma - Encarregado de Educação - Gráfico 2.

A maioria dos alunos vivia em moradias, indicando-nos que durante a sua

infância tiveram, à partida, um espaço disponível para um bom

desenvolvimento motor de certas habilidades necessárias para a E. F.

Figura 6: Caraterização da Turma - Habitação - Gráfico 3.

Relativamente ao número de refeições efetuadas diariamente pelos

alunos, a maioria fazia quatro ou mais refeições: pequeno - almoço, almoço,

lanche e jantar. Por outro lado, existiam dois alunos que apenas realizavam

duas refeições. Face a este cenário pude concluir que a maioria dos alunos

possuía bons hábitos alimentares, indispensáveis para um bom desempenho

durante a prática de atividade física.

0

5

10

15

Pai Mãe Próprio

1 2

12

0

5

10

15

Apartamento Moradia

4

11

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52

Figura 7: Caraterização da Turma - Refeições Diárias - Gráfico 4.

Relativamente ao desempenho escolar em anos anteriores, apenas 5

alunos não tinham reprovado ao longo do seu percurso, percebendo-se que a

turma era pouco competente e que apresentava algumas dificuldades no

processo de ensino – aprendizagem.

Figura 8: Caraterização da Turma - Retenção Escolar - Gráfico 5.

Apenas uma aluna afirmou que não gostava de EF, o que à partida

facilitava-me o trabalho de motivação a desenvolver para a prática das aulas.

Figura 9: Caraterização da Turma - Gosto pela Disciplina - Gráfico 6.

0

2

4

6

5 Refeições 4 Refeições 3 Refeições 2 Refeições

0

2

4

6

8

10

Sim Não

10

5

0

5

10

15

Sim Não

14

1

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53

No que concerne às modalidades desportivas prediletas, observou-se que

o Futebol e o Voleibol eram as mais referenciadas, indo de encontro às

escolhas efetuadas pelos alunos no início do ano para o PA.

Figura 10: Caraterização da Turma - Modalidade Favorita - Gráfico 7.

Particularmente em relação à “Modalidade com Maiores Dificuldades”, a

escolha recaiu com 60% sobre a Ginástica, constatando-se que apesar desta

modalidade estar englobada nos programas educativos desde idades muito

jovens, a maioria dos alunos atinge o ensino secundário com inúmeras

lacunas. Este dado levou-me a redobrar os cuidados e exigências durante este

tipo de aulas na tentativa de inverter o cenário. “Tendo já conhecimento que

esta seria a modalidade na qual os alunos apresentariam maiores dificuldades,

emiti constantemente incentivos durante a realização dos elementos gímnicos.

Para além disso, preparei exaustivamente o plano de aula e as estratégias de

ensino para as diversas dificuldades que fossem aparecendo. Assim sendo, foi

gratificante perceber que no final da aula houve vários alunos a melhorar o seu

desempenho inicial (Reflexão da aula nº17 e nº18).”

Figura 11: Caraterização da Turma - Modalidade com Maiores Dificuldades - Gráfico 8.

0

2

4

6

8

10

Atletismo Ginástica Futebol Voleibol

1 1

9

4

Nenhuma 6%

Basquetebol 20%

Futebol 7%

Natação 7%

Ginástica 60%

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4. REALIZAÇÃO DA

PRÁTICA PROFISSIONAL

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57

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

O EP remete para a vivência da prática, confronto com a realidade e

desenvolvimento de competências e capacidades de resolução de problemas

que se alicerçam nas bases teóricas que se vai adquirindo. Entende-se então

que a prática tem o poder de dotar-nos da experiência que a teoria não

concede.

Roldão (2008, p.176) apresenta o seu ponto de vista, referindo que “ a

atividade de ensinar – como sucedeu com outras atividades profissionais –

praticou-se muito antes de sobre ela se produzir conhecimento sistematizado.

Estas profissões transportam por isso uma inevitável «plasticidade» que, a não

ser questionada/teorizada, jamais transformaria a atividade em ação

profissional e mantê-la-ia prisioneira de rotinas não questionadas e incapazes

de responder à realidade. (…) é justamente neste interface teoria-prática que

se jogam, julgamos, as grandes questões relativas ao conhecimento

profissional docente que hoje está na agenda da formação e da

profissionalização dos professores. A formalização do conhecimento

profissional ligado ao ato de ensinar implica a consideração de uma

constelação de saberes de vários tipos, passíveis de diversas formalizações

teórico – científicas, científico – didáticas, pedagógicas (o que ensinar, como

ensinar, a quem e de acordo com que finalidades, condições e recursos), que

contudo, se jogam num único saber integrador, situado e contextual – como

ensinar aqui e agora – a que se configura como «prático».”

A mesma autora (Roldão, 2008, p.182) acrescenta ainda que “o professor

profissional – como o médico ou o engenheiro nos seus campos específicos –

é aquele que ensina não apenas porque sabe, mas porque sabe ensinar. E

saber ensinar é ser especialista dessa complexa capacidade de mediar e

transformar o saber conteudinal curricular (…) aprende-se e exerce-se na

prática, mas numa prática formal, investigada e discutida com os pares e com

os supervisores – ou, desejavelmente, tudo isto numa prática coletiva de mútua

supervisão e construção de saber inter pares.”

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Percebe-se então que a prática não existe sem a teoria, mas a teoria sem

a prática também não consegue subsistir, construindo ambas uma relação

constante de dependência uma da outra e complementando-se entre si

simultaneamente. Só assim o processo poderá adquirir um sentido real e

objetivo.

De facto, foi através da Realização da Prática Profissional deste EP, que

pude, uma vez mais, aplicar todo o conhecimento teórico assimilado ao longo

do tempo e adquirir novos conceitos e competências, tornando-me mais

consistente, mais seguro de mim próprio e melhor profissional no contexto

educativo atual. Sem a confrontação com a realidade escolar e sem a

exigência de ter de passar por todo este processo de formação, certamente

que não teria evoluído como o verificado.

Tive ainda a oportunidade de, para além de passar por toda a atividade

letiva prevista na área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e da

Aprendizagem”, desempenhar outras funções não letivas que, serão

desenvolvidas ao longo deste capítulo e que vão de encontro às restantes duas

áreas contempladas e previstas no Regulamento de Estágio Profissional: áreas

2 e 3 – “Participação na Escola e Relações com a Comunidade” e área 4 –

“Desenvolvimento Profissional” (Matos, 2012a).

É inquestionável que a realização da prática nas diversas áreas permitiu-

me, através de uma postura reflexiva e hábitos de investigação e de trabalho

intensos, desenvolver competências que possibilitarão um melhor desempenho

futuro, capaz de responder aos novos desafios e exigências da profissão,

construídos em atividades para a comunidade escolar e para a interação

escola - meio/comunidade envolvente.

Na busca pela excelência, objetivo geral que motivou, ininterruptamente,

todas as minhas ações durante o ano letivo, agi sempre em consonância com

as minhas perspetivas pessoais, apesar de as mesmas serem fundamentadas

em conhecimentos teóricos, e tirei partido da própria prática, usufruindo de

todas as suas vantagens e das verdadeiras oportunidades que a mesma

proporciona.

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59

4.1 - Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem

Esta área assumiu grande importância ao longo do processo de ensino e

aprendizagem, pois a ela esteve sempre inerente todas as tarefas centrais da

profissão de professor, nomeadamente, a conceção, o planeamento, a

realização, a avaliação do ensino e o objetivo central de “ construir uma

estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeita o

conhecimento válido no ensino da EF e conduza com eficácia pedagógica o

processo de educação e formação do aluno na aula de EF” (Matos, 2012a,

p.3).

Para melhor concretizar o processo de organização e gestão do ensino e

da aprendizagem, foi necessário conhecer previamente a fundo as diretrizes e

orientações do programa nacional de educação física (PNEF) e as regras

presentes no Documento de Organização e Gestão (DOG) do departamento de

EF da ESL, balizando a minha atuação com as práticas existentes no grupo

EF.

Entendo que esta organização da disciplina de EF foi importante para

enquadrar a minha prática, sendo-me conferido, no entanto, liberdade e

autonomia suficientes para que, de acordo com os meus conhecimentos,

habilidades, capacidades, métodos e estratégias, pudesse dar um toque

pessoal ao processo de ensino e aprendizagem.

Dessa forma, os diferentes temas abordados resultam da vivência efetiva

da prática de ensino, e como tal, são na sua generalidade específicos da turma

do 12º ano. Nesse sentido, são acompanhados por momentos de reflexão onde

são levantadas algumas questões sobre o desenrolar dos acontecimentos ao

longo do ano letivo de 2012/2013: 1) Definição do problema (O que fazer?

Porque fazer?); 2) Preparação e planificação do trabalho (Como fazer? Quando

fazer? Quais as estratégias a adotar?); 3) Avaliação do processo e dos

resultados (O que reformular? Está a obter sucesso a metodologia aplicada?

Que mudanças introduzir? O que foi feito? O que foi alcançado? Quais os

resultados pretendidos e obtidos?) (Matos, 2012a).

Ensinar não é chegar à sala de aula e improvisar, como muitas vezes se

denomina e, infelizmente, se pratica, pelo que todo este processo de

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60

organização e gestão do ensino e aprendizagem e constante questionamento

sobre o mesmo, deve-se, fundamentalmente, à minha preocupação com a

melhoria do ensino de modo a beneficiar a aprendizagem dos alunos.

4.1.1 - Conceção

“Projetar a atividade de ensino no quadro de uma conceção pedagógica

referenciada às condições gerais e locais da educação, às condições imediatas

da relação educativa, à especificidade da EF no currículo do aluno e às

caraterísticas dos alunos” (Matos, 2012a, p.4) constituiu-se como uma das

minhas preocupações iniciais e permanentes.

Na tentativa de ultrapassar esta árdua tarefa, mas de extrema

importância, atuei de imediato analisando os planos curriculares e os

programas de EF, recorrendo aos conhecimentos próprios da EF e aos

conhecimentos transversais na educação e procurando dados sobre a

investigação em educação e ensino e sobre o contexto cultural e social da

escola e dos alunos. Só após estarem garantidas as condições anteriormente

referidas, reuniria todos os dados suficientes e pertinentes que sustentassem

uma tomada de decisão adequada e, consequentemente, um desenvolvimento

e aprendizagem desejável.

De seguida, e dado que quase as todas questões analisadas referentes à

conceção pedagógica já foram desenvolvidas ao longo do capítulo

Enquadramento da Prática, centrar-me-ei apenas na “Importância do Programa

Nacional de Educação Física” e na “Importância do Documento de

Organização e Gestão do Departamento de Educação Física”.

4.1.1.1 - Importância do Programa Nacional de Educação Física

Uma das preocupações principais foi, numa fase inicial, orientar-me como

constituinte de um sistema global da educação. Como tal, procurei, através de

uma pesquisa minuciosa e exaustiva, perceber a perspetiva de

desenvolvimento dos alunos e da EF escolar e as orientações pedagógicas

preconizadas no PNEF.

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61

Apesar de poder afirmar que esta análise foi, inequivocamente, um aspeto

decisivo para o sucesso do meu trabalho realizado ao longo do ano letivo, não

tenciono, de forma alguma, passar a mensagem como sendo um acérrimo

defensor de tudo o que o PNEF recomenda, já que no meu entender, existem

algumas lacunas relacionadas com a operacionalização prática na escola ou

adaptações necessárias a efetuar de acordo com a realidade, tais como:

“O programa define que ao longo dos ciclos de aprendizagem deve

existir uma evolução do nível Introdutório até ao Avançado, mas existem

vários fatores que impedem que esta mesma evolução aconteça

naturalmente (…) ” (Reflexão no PA).

“ (…) o número de horas semanais, que é reduzido, nunca

ultrapassando os 180 minutos semanais, o que por si só, é limitador.”

(Reflexão no PA).

“ (…) determinadas modalidades poderão não ser abordadas devido à

falta de materiais indicados para o efeito.” (Reflexão no PA).

“ (…) o número elevado de matérias que o programa oferece em cada

ano escolar (…) não permite, na maioria das vezes, uma verdadeira

aprendizagem, por não haver consolidação.” (Reflexão no PA).

“ (…) abordagem plural (…) leva à realização de UD demasiado curtas

para alcançar o maior objetivo dos programas: Aprendizagem” (Reflexão

no PA).

“ (…) os conteúdos programáticos posicionamento e interceção do

guarda-redes (…) pela especificidade de treino que considero que esta

posição requer, penso não ser importante colocar este conteúdo.”

(Reflexão na UD Futebol).

“ (…) devido às debilidades técnicas apresentadas por alguns alunos,

não foi possível aplicar todos elementos técnicos do nível Avançado

sugerido pelo PNEF.” (Reflexão na UD Ginástica).

“ (…) apesar de ter tido como base as orientações do PNEF, senti a

necessidade de elevar a fasquia, aumentando a complexidade prevista

para os níveis de desempenho Introdutório e Elementar na minha

turma.” (Reflexão na UD Natação).

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62

Contudo, e apesar de ser crítico em relação a alguns aspetos das

indicações programáticas do PNEF, considero que a informação disponível é

importante e deve ser vista, principalmente, como uma orientação para as

aulas de EF. Como tal, exige-se que o documento seja encarado como uma

referência para a prática das matérias individuais e coletivas ao longo do ano,

mas sempre relacionado com as condições pessoais, materiais e locais.

4.1.1.2 - Importância do Documento de Organização e Gestão do

Departamento de Educação Física e Desporto

As normas gerais e os procedimentos pelos quais o departamento de EF

e desporto da ESL se deve orientar, reger e atuar, estão regulamentados no

DOG.

Este documento organiza a disciplina de EF e procura obter um

compromisso de todos os professores na uniformização do trabalho, sem

desigualdades e discrepâncias, estabelecendo normas gerais para as aulas e

alunos, critérios de avaliação das matérias, mapas de rotação de instalações,

inventário de material, fichas de auto e heteroavaliação, Plano Anual de

Atividades (PAA), etc.

Tendo tido conhecimento da existência do documento através do

professor cooperante, obviamente que foi minha intenção imediata ler e

examinar o mesmo pormenorizadamente. Só assim, poderia entender a

orgânica e dinâmica do grupo de EF da ESL e conhecer as suas condições ao

nível do seu funcionamento geral e, em particular, na dinamização da disciplina

de EF.

Contudo, não me limitei apenas a perceber e a seguir todas as indicações

do DOG sem qualquer questionamento e reflexão sobre o porquê das mesmas.

Nesse sentido, redigi e entreguei uma “reflexão, pretendendo, não que fosse

efetuado qualquer remodelação ou reformulação imediata, mas sim, conduzir

os responsáveis pela elaboração do documento a refletir ou repensar sobre a

sua orgânica/estruturação, contribuindo assim para um aperfeiçoamento do

mesmo e, consequente, melhoria do processo ensino-aprendizagem na ESL

(Reflexão na Análise Crítica ao DOG).”

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63

Olhando para trás, posso afirmar que as orientações prescritas pelo DOG

foram extremamente importantes durante o ano letivo, tendo sido mesmo a

base do meu trabalho, do meu planeamento anual (PA) e da minha atuação.

4.1.2 - Planeamento

O planeamento do ensino, passando pelas adaptações possíveis,

advindas da autonomia de cada escola, constitui-se como um processo

unitário, racional e complexo da concretização progressiva de indicações

generalizadas. O professor deve considerar a atividade de planear como um

dos atos determinantes da sua profissão. Para isso, tem que adotar princípios

metodológicos e didáticos, planificar as indicações contidas no programa e

pensar o processo de desenvolvimento do aluno, atentando sempre as

condições pessoais, sociais, materiais e locais (Bento, 2003).

Vickers (1990) e Rink (1993) valorizam a importância do planeamento,

considerando-o essencial para os professores em todas as etapas

profissionais. Por conseguinte, o planeamento do ensino engloba uma ação

reflexiva sobre o que existe, o que se quer alcançar e que meios estão

disponíveis para o conseguir e deve representar nos seus diferentes níveis o

elo de ligação entre os princípios constituintes do sistema de ensino, os

programas das respetivas disciplinas e a sua realização prática.

Baseado nesta conceção anterior e na perspetiva de que “o planeamento

é uma ferramenta fundamental para o professor, uma vez que torna possível

prever e antecipar o funcionamento da sua disciplina ao longo do ano letivo

(Reflexão no PA) ”, realizei o meu planeamento nos diferentes níveis em que o

mesmo se alicerça (PA, UD e plano de aula), procurando sempre estruturar

situações pedagógicas concretas, que revelassem uma relação estreita entre

os conteúdos programáticos, os conhecimentos adquiridos sobre a disciplina

de EF, as orientações do DOG e as condições locais educativas da ESL. Atuei

sempre com uma visão global, não me centrando apenas nos conteúdos de

uma determinada aula, mas sim, num processo de ensino – aprendizagem

marcado pela continuidade e consciência de que tudo o que é feito hoje, resulta

de um decurso anterior e influenciará o amanhã.

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Posso mesmo afirmar que encarei este momento como vital, dada a sua

influência na condução do ensino e importância na elaboração de uma

sequência devidamente estruturada e posteriores análises do produto e

processo educativo.

Tendo perceção da real importância que um planeamento bem efetuado e

adequado à realidade escolar pode ter ao longo do ano letivo, foquei-me em

todos os seus detalhes e pormenores, na tentativa de precaver futuras e

constantes alterações. Não porque tenha uma opinião negativa para com os

ajustes que são realizados na altura exata, mas sim, porque considero que um

planeamento refletido e amadurecido estará sempre sujeito a um menor

número de ajustamentos, o que por sua vez, minimizará os possíveis erros no

processo de ensino.

4.1.2.1 - Planeamento Anual

O PA é um documento de caráter global, que procura situar e concretizar

o programa de ensino no local e nas pessoas envolvidas, sintetizando os

objetivos indicados no programa para o ano específico. Assim, neste nível de

preparação do ensino, todas as recomendações prescritas para a disciplina

foram tidos em conta, bem como os resultados que pretendia alcançar nos

meus alunos nos diferentes domínios: capacidades, habilidades,

conhecimentos e atitudes.

“Verifiquei o calendário escolar referente a 2012/2013 e obtive uma

previsão de 122 aulas (…) para o ano letivo. As matérias nucleares presentes

nos coletivos (Futebol e o Voleibol), nos individuais a Ginástica (Solo e

Aparelhos), no Atletismo (Salto em Comprimento, Resistência Aeróbia e o

Lançamento do Dardo), na Natação (Crol e Costas) e matérias alternativas

(Golfe, Orientação Desportiva e Danças Sociais) foram selecionadas pelos

alunos, já que no 12º ano, estes podem escolher dois desportos coletivos, duas

matérias dentro da Ginástica, uma corrida, um salto e um lançamento dentro do

Atletismo, duas matérias na Natação e pelo menos uma matéria alternativa.

Houve ainda a preocupação de equilibrar o número de aulas a abordar, cerca

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de 16 aulas nas matérias nucleares, na tentativa de promover um

desenvolvimento equitativo das mesmas (Reflexão no PA).”

Foram ainda marcadas as datas de avaliação, testes escritos e eventos

desportivos que coincidiam com as aulas.

Apesar de todas as orientações, que o planeamento é sujeito, reduzindo,

em certa medida, o espaço de manobra ao professor, considero que existiram

algumas razões que reforçaram determinadas opções em detrimento de outras,

tais como:

“Futebol – esta opção será, no meu entender, a mais correta para iniciar

as aulas, uma vez que, sendo uma modalidade que domino melhor,

permitir-me-á estar mais à vontade no confronto inicial com os alunos.”

(Reflexão no PA).

“Atletismo – neste primeiro período abordarei a Resistência Aeróbia

dentro do Atletismo com o objetivo de preparar os alunos para o XIII

Corta-Mato Escolar Jovem.” (Reflexão no PA).

“Natação – face às condições apresentadas nesta escola (…) era

imprescindível abordar esta matéria durante o ano.” (Reflexão no PA).

“Danças Sociais – (…) optei por abordar os conteúdos Merengue e

Rumba Quadrada pela sua menor complexidade e tendo em conta que

num total de 15 alunos, 11 são do sexo masculino.” (Reflexão no PA).

“Orientação Desportiva - (…) pretendo quebrar a possível rotina e dar

um aspeto mais lúdico às aulas de EF.” (Reflexão no PA).

“Golfe - pretendo introduzir modalidades menos habituais para os

alunos, proporcionando possivelmente experiências novas para a

maioria (…) no 3º período com o objetivo das condições climatéricas

proporcionarem aulas com alguma qualidade.” (Reflexão no PA).

“Aptidão Física – decidi integrar ao longo das aulas a exercitação da

condição física e despender uma aula por período para os alunos

realizarem a avaliação bateria de testes físicos, cumprindo com as

normas do DOG.” (Reflexão no PA).

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66

O ensino real contempla o inesperado, algo que não é previsível no seu

planeamento e preparação, sendo muitas vezes essencial uma adaptação

situacional. De facto, mesmo que a previsão mental representada no

planeamento seja a mais correta, não consegue extinguir o inesperado na sua

totalidade. Por conseguinte, o meu caso não fugiu à regra, e verificaram-se

alguns imprevistos (obras no pavilhão, interdição da piscina, ações de

formação e condições climatéricas adversas) durante o ano letivo que me

levaram a efetuar alguns ajustes:

“Devido às obras existentes no pavilhão, alterei o PA (…) e face ao

espaço alternativo disponibilizado (…) decidi realizar, desde já, a

avaliação diagnóstica de Natação.” (Reflexão da aula nº41e nº42).

“Devido à presença de uma bactéria nas análises da água da piscina,

esta foi interdita (…) apesar de ter sido avisado previamente pelo meu

professor cooperante dessa possibilidade e ter planificado uma

alternativa para lecionar uma aula de Voleibol, este meu plano B não foi

passível da sua realização (…) perante todas estas condicionantes (…)

ministrei uma aula teórica, abordando as modalidades que estou a dar

no momento.” (Reflexão da aula nº53 e nº54).

“Pela segunda semana consecutiva, a piscina foi interdita (…)

antecipando este problema (…) alertei os alunos para virem preparados

(equipamento) para o caso de realizarem outra aula que não Natação e

estruturei um plano B como alternativa.” (Reflexão da aula nº57 e nº58).

“Nesta aula foi realizada uma Ação de Formação de Suporte Básico de

Vida pelo gabinete de saúde da ESL. Relativamente ao PA, a solução

passará por efetuar a avaliação sumativa de Ginástica de Aparelhos

juntamente com a Ginástica de Solo na próxima aula, pelo que o PA e o

processo de ensino não serão comprometidos.” (Reflexão da aula nº73 e

nº74).

Apesar dos pequenos ajustes, é com enorme satisfação que, quando ao

comparo o planeado com o realizado, verifico que o resultado final apresenta

apenas uma sessão prática de Natação a menos e uma aula teórica de

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Natação/Voleibol a mais. Por tudo isto, considero que o meu segredo, para a

obtenção destes resultados, foi, por um lado, ter efetuado um PA realista e

apropriado, e, por outro lado, estar sempre precavido com um plano B para os

possíveis imprevistos de forma a conseguir manter o planeamento inicial.

4.1.2.2 - Unidade Didática

Segundo Bento (2003, p.75), as UD “são partes essenciais do programa

de uma disciplina. Constituem unidades fundamentais e integrais do processo

pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e bem

distintas de ensino-aprendizagem.” Como tal, devemos compreender a UD

como um guia de preparação das aulas e um elemento articulador de todos os

conteúdos e objetivos de aprendizagem de cada modalidade.

Neste nível de planeamento, as UD foram produzidas de acordo com o

modelo de Vickers (1990) que sustenta um trabalho educacional a quatro

níveis, habilidades motoras, cultura desportiva, fisiologia do treino e condição

física e conceitos psicossociais. Por conseguinte, baseado nas linhas

orientadoras do PA, nos objetivos e as indicações programáticas do PNEF, nos

recursos materiais, temporais e humanos existentes, nos conhecimentos

acerca da modalidade em causa, no nível de desempenho dos alunos

observado durante as avaliações diagnósticas da turma e nos conselhos

experientes emitidos pelo professor cooperante, elaborei uma planificação

minuciosa e profunda de todas as matérias, procurando ir ao mais ínfimo

pormenor, tal como se pode verificar pelo seguinte excerto. “Colocar a

Resistência Aeróbia nesta etapa da UD, justifica-se por ser uma atividade mais

dinâmica o que permite combater o frio que existe normalmente nesta época do

ano (Reflexão da UD de Atletismo).” Procurei ainda, um desenvolvimento integral

dos alunos através de sequências lógicas e metodológicas das matérias que

refletissem as funções e os conteúdos específicos de cada aula, as várias

opções a tomar quanto à ordem e organização das atividades e as estratégias

a adotar durante as sessões.

Realizando uma retrospetiva do ano letivo, verifico que na generalidade

os objetivos de todas as UD foram cumpridos de acordo com a planificação

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inicial. Contudo, tenho perfeita consciência de que no futuro nem sempre será

este o cenário, pelo que terei que estar preparado para o caso de ser

necessário efetuar “reformulações mediante a própria evolução dos alunos ou

aparecimento de novas situações que alterem as condições existentes no

momento (Reflexão da UD de Natação).”

Sabendo que todas as matérias abordadas na minha turma fizeram-me

crescer como futuro professor, gostaria de destacar as UD de Natação, Golfe,

Orientação Desportiva e Danças Sociais pelo desafio que foi planear

modalidades “menos comuns” na escola e as UD de Futebol e Voleibol pela

dificuldade implícita à aplicação de um modelo com o qual não tive contacto

durante a minha primeira formação inicial (licenciatura), o MED.

Seguidamente, centrar-me-ei apenas na análise da UD de Natação por

considerar que, apesar de conter pontos sobre a sua realização e avaliação, a

chave desta esteve na base do planeamento efetuado.

As restantes matérias destacadas serão alvo de reflexão mais à frente

neste capítulo.

4.1.2.2.1 - Reflexão sobre a Unidade Didática de Natação

A UD de Natação foi um desafio pessoal não só por se tratar de uma

modalidade “menos comum” na escola, tal como referido anteriormente, mas

também por ter pressentido que esta poderia vir a ser a matéria que teria

maiores dificuldades de planeamento e intervenção.

Apesar de ter alguma prática no ensino da Natação, as dificuldades

iniciais prendiam-se com a imprevisibilidade das condições reais em que

atuaria, pela minha experiência anterior de ensino ser diferente do contexto

atual (faixa etária de 6 e 10 anos) e, sobretudo, pelo corpo de conhecimentos

que possuía desta modalidade ter sido construído há cerca de 10 anos.

Sabendo que a minha atuação pedagógica não se caraterizava por um

grau de mestria que permitisse estar completamente à vontade, surgiram

imediatamente inúmeras dúvidas, incertezas e inseguranças, para as quais não

era capaz de ter respostas concretas e adequadas. Que conteúdos eram

apropriados para a minha turma? Qual o alcance da UD, em termos de

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aprendizagem e evolução dos alunos, tendo em conta o número de aulas

disponíveis? Quais as prioridades a estabelecer, tendo previsivelmente alunos

com níveis de desempenho distintos? Como resolver as questões de

segurança implícitas à modalidade? Quais as melhores metodologias e

sequências de ensino a aplicar?

Perante tal “tempestade” que se aproximava da minha pessoa, investi

num estudo profundo, construí o MEC de Natação pormenorizadamente e, face

ao roulement de instalações ter ditado que as minhas aulas de Natação

desenrolar-se-iam apenas no segundo e terceiro período, decidi observar

sistematicamente as aulas de Natação dos meus colegas de núcleo de estágio

durante o primeiro período.

Atualmente, verifico que esta tomada de decisão permitiu-me,

inequivocamente, assimilar informações pertinentes e conduzindo-me a um

desmitificar progressivo do cenário inicial e ao ultrapassar com distinção de

mais uma barreira.

Quase no término do primeiro período “devido às obras existentes no

pavilhão, fui obrigado a alterar o meu PA (…) e face ao espaço alternativo

disponibilizado (piscina) (…) decidi realizar a avaliação diagnóstica (…)

(Reflexão da aula nº41 e nº42).”

O processo de avaliação diagnóstica colocou-me desde cedo perante a

evidência das minhas dificuldades em avaliar a competência dos alunos nesta

modalidade. De facto, o conhecimento do conteúdo e a experiência na

modalidade são fatores decisivos para avaliar, mas a metodologia selecionada

também o é, devendo esta ser concebida de forma a facilitar a tarefa do

professor. No meu caso específico, optei pelo caminho mais difícil,

contrariamente à opinião do professor cooperante, usando uma grelha

avaliativa com inúmeros critérios de êxito. No momento, verifiquei

imediatamente que não seria fácil avaliar todos os itens presentes com um

elevado grau de objetividade, dando então valor à sugestão emitida pelo

professor cooperante, na qual me transmitiu que a avaliação em contexto real

deverá ser objetiva e útil para as aulas seguintes, mas sobretudo aplicável.

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Para além deste contratempo, na primeira aula tive a “ausência de 50%

dos alunos da minha turma pelo que socorri-me da segunda aula para a

recolha de mais alguns dados, permitindo uma apreciação mais fiável e válida

da turma no seu global (Reflexão da UD de Natação).”

Apesar de todas as dificuldades iniciais, consegui retirar toda a

informação necessária e relevante para enquadrar a turma no ensino das

técnicas de nado alternadas (Crol e Costas) de acordo com três níveis

distintos: grupo A - nível Não Introdutório/Introdutório; grupo B - nível

Elementar; e grupo C - nível Avançado.

Perante estes três níveis formulei os objetivos a atingir, organizei a

matéria de ensino e defini a melhor forma de dividir o trabalho por cada aula.

“Na aula nº4 e nº5 introduzirei e exercitarei em todos os grupos (A, B e C)

as técnicas de Crol e Costas, Partida Engrupada e Viragem Aberta, mas

através de diferentes abordagens. (…) Na aula nº6 e nº7 (…) adicionarei a

Partida de Costas e a Viragem em Rolamento (…) reforçarei todos os

conteúdos abordados com vista à consolidação dos mesmos (aula nº8) (…)

para a avaliação sumativa (aula nº9). Esta última, para além de possibilitar

avaliar o nível de aprendizagem adquirido, permitirá ainda consciencializar se

trabalho e o planeamento efetuado estão adequados ao nível dos alunos ou se

é necessário reajustá-los para ir ao encontro das suas verdadeiras

necessidades (Reflexão da UD de Natação).”

De facto, não se verificou necessários grandes reajustes na generalidade

do planeamento, tendo estas decisões minuciosas dado resultados positivos ao

longo do tempo, obrigando-me a elevar os objetivos inicialmente propostos

para alguns alunos. Assim, nas aulas seguintes optei, por dar continuidade à

estratégia inicialmente delineada, mas também “ (…) tentar diminuir as

distâncias/diferenças existentes entre os grupos à partida (Reflexão da UD de

Natação).”

Aliado ao planeamento da UD, a importância de estruturar bem e refletir

ainda melhor sobre a organização dos alunos, o posicionamento do professor

de forma a manter sempre toda a turma controlada, o estabelecer e fazer

cumprir rigorosamente as regras de segurança e o aproveitar das

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potencialidades do meio aquático e do material didático, contribuíram,

significativamente, para o desenvolvimento das capacidades dos alunos. Assim

sendo, tive o cuidado de “reprogramar o tempo de descanso entre séries e

exercícios (…) definir rotinas de partida (…) focar a minha atenção nos alunos

AA, JM e VF, uma vez que se diferenciam pela negativa da restante turma

(Reflexão da aula nº61 e nº62) ”, “usar placa apenas nos alunos identificados no

nível Não Introdutório (…) pedir, especificamente, o tipo de pega da placa que

desse melhor resposta ao objetivo do exercício, aproveitar ao máximo os

momentos de pausa e recuperação para emitir feedbacks prescritivos para a

turma ou para determinado aluno, efetuar uma boa demonstração da braçada,

controlar se todos os alunos efetuavam a respiração bilateral, dividir os grupos

pelas pistas de acordo com os níveis definidos, posicionar-me,

maioritariamente, na zona lateral da piscina que continha a pista com os alunos

mais fracos (Reflexão da aula nº67 e nº68) ”, “ (…) usei a hidroginástica no fim da

aula para o treino de força e motivação dos alunos (Reflexão da aula nº71 e nº72).”

Outra das preocupações que se revelou fundamental para o sucesso da

minha ação foi “ (…) o meu post it amarelo (…) essencial na gestão da aula

através das várias indicações anotadas (…) definição dos grupos, quais os

grupos a instruir primeiro, onde me posicionar nos vários momentos de prática,

quais os feedbacks a emitir, etc. (Reflexão da aula nº107 e nº108).”

A relevância deste minucioso planeamento e reflexão diária de cada

sessão, nomeadamente, ao nível da organização didático – metodológica das

atividades, a distribuição dos alunos e o meu posicionamento na aula

beneficiaram o desenrolar do processo de ensino ao produzir resultados

positivos ao longo do tempo.

Foi com alguma admiração que verifiquei a rápida progressão de alguns

alunos “ (…) os progressos dos alunos têm sido evidentes e surpreendentes

(Reflexão da aula nº71 e nº72) “, pelo que era importante assinalar os mesmos “ (…)

fiz questão de o destacar em plena aula e em frente a toda a turma pela sua

evolução. Com esta atitude, espero ainda que a motivação do aluno aumente,

influenciando o seu empenho em aulas futuras (Reflexão da aula nº71 e nº72).”

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Obviamente, que face às minhas limitações iniciais poderia ter

menosprezado a minha capacidade de intervenção e, consequentemente, ter

estabelecido objetivos mais modestos. Contudo, acredito que os progressos

dos alunos vieram, sobretudo, comprovar que as decisões tomadas os

beneficiaram e permitiram uma progressão interessante na aprendizagem dos

conteúdos, levando-me a ter que tomar novas decisões.

Os relatos seguintes exemplificam a minha necessidade de realizar

ligeiros reajustes em função do decorrer da UD.

“ (…) após ter verificado que o aluno VF, MM e TM demonstraram uma

clara evolução, decidi reformular os grupos de trabalho e colocá-los na

pistas do grupo de nível superior.” (Reflexão da aula nº71 e nº72).

“Tendo em conta os rápidos progressos que os alunos de nível inferior

têm evidenciado, entendi que era o momento de antecipar a introdução

de alguns conteúdos (…).” (Reflexão da aula nº107 e nº108).

De facto, enquanto professor, é muito gratificante sentir que contribuímos

para a aprendizagem dos nossos alunos e observar a sua progressão através

do “balanço sobre a evolução das competências demonstradas no início da UD

(…) há um sentimento de satisfação e orgulho por ter conseguido contribuir

para o crescimento de alunos que evidenciavam grandes dificuldades (Reflexão

da aula nº115 e nº116).”

Perante tais testemunhos ao longo das reflexões das aulas e do

planeamento da UD, depreende-se facilmente que existiu aprendizagem na

turma. Contudo, emerge uma questão central: Quais os resultados obtidos no

final da UD de Natação?

A avaliação sumativa fornece informações do desempenho dos alunos e

do processo de ensino, permitindo ao professor melhorar a sua futura prática e

perceber o produto do ensino. De seguida, apresento os resultados da

avaliação sumativa quando confrontados com a avaliação diagnóstica.

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Quadro 1: Comparação dos resultados da avaliação diagnóstica com a sumativa.

Os resultados obtidos pelos alunos permitiram verificar que sete alunos,

de um total de onze, progrediram um ou mesmo dois níveis de desempenho.

Estes dados possibilitaram afirmar que os alunos “ (…) que atingiram

plenamente os objetivos propostos (…) superaram as minhas expetativas

iniciais. Apesar de ser um motivo de orgulho atingir tais resultados, olhando a

todas as dificuldades inicialmente apontadas, não me dou por 100% satisfeito.

O aluno AA mesmo progredindo (…) não atingiu o nível positivo (Reflexão da aula

nº115 e nº116).”

Para além dos resultados obtidos, foi também gratificante verificar que ao

longo da UD alguns alunos (principalmente os com mais dificuldades)

demonstravam-se felizes por sentirem que estavam a progredir

significativamente.

Finalmente, verifico que esta UD contribuiu decisivamente para o meu

crescimento no conhecimento pedagógico da matéria, no desenvolvimento de

capacidades de gestão e organização da aula e no planeamento da instrução.

Todas estas condicionantes vieram confirmar o meu progresso rumo à

Alunos Avaliação Diagnóstica Avaliação Sumativa

AB Atestado Médico

AA Não Introdutório Não Introdutório

BM Introdutório Elementar

DB Elementar Avançado

JM Não Introdutório Elementar

LC Avançado Avançado

MC Atestado Médico

MM Introdutório Elementar

MC Elementar Avançado

ML Avançado Avançado

NS Avançado Avançado

TM Elementar Avançado

TP Atestado Médico

VF Não Introdutório Elementar

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obtenção de competência no ensino e reforçar a minha confiança para encarar

as dificuldades que no futuro a profissão me possa apresentar.

4.1.2.3 - Plano de Aula

O plano de aula constitui-se como o elo final da cadeia de planeamento

do ensino, referindo-se, portanto, ao plano pormenorizado da ação concreta do

professor e dos alunos, na aula.

Segundo Bento (2003) o plano de aula não é apenas uma unidade

organizativa essencial, mas sobretudo a unidade pedagógica do processo de

ensino, no sentido em que todo o conteúdo, direção, princípios, métodos e

meios do processo de educação e formação se concretizam na aula. Para além

disso, o caráter único e irrepetível de cada aula, faz com que forneça um

contributo específico para o alcance das tarefas e objetivos da UD, do PA e da

própria educação.

Devo referir que a fase inicial do EP foi importantíssima para clarificar

como deve ser concebida uma aula e o seu respetivo plano. Assim sendo,

percebi qual a estrutura de plano de aula a adotar e os aspetos a ter em conta

durante a sua elaboração, como por exemplo, a importância de conseguir

abranger as quatro categorias transdisciplinares, a definição clara do tema da

aula, o uso de situações pedagógicas articuladas com o objetivo geral

pretendido e a progressão lógica entre as tarefas da aula e o objetivo da aula e

da UD em questão.

Pensar de acordo com todos estes pormenores contribuiu para que

inicialmente despendesse várias horas na preparação do plano de aula.

Preparar o melhor possível para que nada falhasse revelava-se necessário e

obrigatório para alcançar um ensino de qualidade.

A tarefa de ser professor exige uma sistemática e profunda reflexão do

que é realizado na aula e dos pensamentos concessionados antes da mesma.

Assim, foi com alguma naturalidade que encarei a minha tarefa de reflexão

sobre a aula e o plano da mesma. Contudo, esta reflexão só fazia sentido para

mim, se fosse efetuada enquanto estavam presentes os acontecimentos da

aula. Assim, uma reflexão atempada, por vezes até durante a própria

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realização, possibilitou que ao longo do EP fossem reunidas as condições

necessárias para encontrar outras estratégias e tarefas de ensino. Através

destes ajustamentos pude permitir aos alunos uma efetiva apropriação de

conhecimentos e capacidades.

Cheguei a dar por mim, a imaginar a operacionalização da aula e a refletir

sobre a mesma. Tal simulação mental prévia da atividade prática permitiu-me

várias vezes corrigir aspetos antes da prática, melhorar estratégias, delinear

rotinas e a própria gestão do espaço de aula, bem como as suas transições.

Com o avançar do ano letivo, a experiência na estruturação do plano de

aula levou a uma relativa diminuição do tempo para o seu planeamento, sem

nunca, descurar a preocupação de uma preparação a mais cuidada possível.

Atualmente, é com muito agrado que constato que o empenho, dedicação

e força de vontade transformaram-se em aulas potenciadoras de um bom

processo de ensino-aprendizagem para todos os elementos da turma.

4.1.2.4 - Heterogeneidade da turma - Informática/Desporto

No início do ano deparei-me com disparidade existente no seio da turma

ao nível do desempenho motor. A aula de EF revelava-se como um forte

indicador de que a turma era constituída por elementos de dois cursos tão

distintos como o Tecnológico de Desporto e o Tecnológico de Informática. De

facto, nas diversas modalidades abordadas durante o ano letivo, todos os

membros do Tecnológico de Informática, à exceção de um aluno que

curiosamente foi o melhor da turma a EF, situaram-se num nível bastante

inferior aos restantes colegas.

Face a esta heterogeneidade patente, tornava-se pertinente a procura de

soluções e a tomada de decisões que definissem a melhor estratégia de ensino

para todos os alunos.

Optei então por adotar uma metodologia assente na divisão da turma por

grupos de trabalho que congregavam elementos de diferentes níveis. “É de

salientar que estruturei as equipas previamente, optando por dividir os

elementos com maiores dificuldades pelos 3 grupos organizados, procurando

um equilíbrio entre as equipas e um desenvolvimento progressivo de toda a

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turma (Reflexão da aula nº19 e nº20).” Procurava através desta conceção fomentar

um espírito de partilha e ajuda, tentando que os mais dotados tecnicamente

influenciassem os seus colegas com maiores dificuldades na obtenção de

melhores resultados.

No entanto, comprovando que o processo de ensino-aprendizagem é um

processo reflexivo, cheguei à conclusão que as medidas sugeridas não seriam

as que melhor satisfaziam as necessidades de todos os alunos. A estratégia

adotada não permitia a evolução dos melhores alunos no sentido de

alcançarem patamares mais altos de rendimento.

Desta feita, e perante tal constatação, optei por fazer uma reformulação

dos grupos de trabalho que fosse de encontro às necessidades dos alunos.

“Dividi então a turma em grupos de trabalho homogéneos, separados por níveis

de desempenho semelhantes (Reflexão da aula nº23 e nº24).”

Efetivamente, obtive resultados positivos rapidamente, mas não em todas

as modalidades ou em todos os grupos. Nas modalidades coletivas, os grupos

de nível elevado evidenciavam uma progressão significativa, enquanto os de

nível inferior a evolução não era tão visível. Possivelmente devido à diminuição

do seu empenho face à desmotivação pelo insucesso mais frequente. Contudo,

nas modalidades individuais esta metodologia assentava perfeitamente,

revelando-se acertada e promovendo um desenvolvimento em todos os alunos.

Este aspeto comprovava a complexidade do processo de ensino-

aprendizagem, onde nada é regra, nada é estanque. O que para uma

modalidade se pode tornar imprescindível, noutra poderá não ser tão visível.

Caberá então ao professor a difícil e indispensável tarefa de ajustar as

exigências às necessidades dos alunos.

Baseado nestes sinais, adotei aquele que senti ser o melhor plano de

intervenção para a minha turma. Por conseguinte, dividi a turma por níveis de

desempenho nas modalidades Ginástica, Natação, Atletismo e Dança e usei

um sistema misto nas modalidades Futebol, Voleibol e Orientação Desportiva,

ou seja, trabalhar com grupos homogéneos ou heterogéneos consoante os

objetivos propostos para os exercícios.

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Esta mudança após reflexão sobre a reflexão inicial permitiu-me verificar

melhorias que possivelmente não se evidenciariam caso tivesse ficasse apenas

pela primeira. Este exemplo comprova, uma vez mais, a necessidade de uma

constante reflexão na, pela e sobre a prática, indo de encontro à perspetiva de

Schön (1987) quando afirma que uma forma de refletir é através da “Reflexão

sobre a reflexão na ação”, a qual carateriza-se por um olhar posterior para

ação e para a reflexão acerca do que aconteceu.

Finalmente, considero ser importante salientar que, por vezes, tentei dar

uma atenção especial aos alunos “mais fracos”, para que estes garantissem os

objetivos mínimos em todas as modalidades e obtivessem sucesso na

avaliação sumativa. Porém, saliento que a estratégia adotada, nunca colocou

em causa o desenvolvimento dos alunos “mais fortes”, uma vez que procurei

sempre que, também estes evoluíssem para um patamar superior ao seu

estado inicial.

4.1.2.5 - Importância da reflexão para a aula seguinte

Ao longo deste REP tive o cuidado de desenvolver o conceito do

professor reflexivo e a importância da sua reflexão sobre os acontecimentos

emergentes do contexto de ação.

Contudo, ao nível do planeamento, torna-se essencial perceber qual a

importância e influência que uma reflexão atempada pode ter sobre a

estruturação e planificação da aula seguinte. Saber orientar a ação posterior

em relação a um contexto ou situação só se torna possível se refletimos sobre

a ação anterior.

Tendo como referência o meu primeiro estágio (2005/2006), entendo que

um dos meus pontos fortes, nesta segunda oportunidade, foi a realização das

reflexões nos momentos propícios e adequados. Apesar de considerar que, por

vezes, refletir à distância sobre um acontecimento pode-nos permitir a tomada

de consciência do resultado do trabalho efetuado, encarei sempre a reflexão da

aula logo após o seu término como tarefa fulcral e obrigatória. Só assim,

conseguiria ter presente os recentes acontecimentos da aula e atribuir-lhes

significado.

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Este exercício de reflexão auxiliou-me na melhoria de aspetos

importantes para eficácia da minha intervenção e revelou-se fundamental na

qualidade das aulas seguintes. Através desta atividade reflexiva crítica e

estratégica, selecionei pontos críticos de aula, analisei as necessidades e

aprendizagem dos alunos e desenvolvi o espírito estratégico numa ação

constante de melhoria e refinamento prático. Todas estas decisões foram

indispensáveis nas reformulações necessárias para ultrapassar os problemas

que eram detetados no momento. Alguns desses exemplos estão bem patentes

nas reflexões seguintes.

“ (…) na próxima aula, terei que adotar uma metodologia que dê um

melhor apoio aos dois alunos com maiores dificuldades, sem prejudicar

os mais competentes e o ritmo da aula.” (Reflexão da aula nº35 e nº36).

“ (…) a maioria dos alunos têm vivências anteriores nesta modalidade,

pelo que não se justifica a passagem por todas as etapas de

aprendizagem (…) na próxima aula partirei do lançamento em corrida

lateral.” (Reflexão da aula nº93 e nº94).

“Na próxima aula terei o cuidado de promover um período inicial de

aquecimento mais forte e intenso, dado que os alunos ao passarem para

o Lançamento do Dardo, devido às caraterísticas implícitas à

modalidade, arrefecem com alguma facilidade.” (Reflexão da aula nº97 e

nº98).

Adicionalmente, mais importante que as respostas foram as questões que

iam surgindo e que me ajudaram a despertar para a necessidade de investigar

e compreender as ações futuras. Acredito que refletir num processo de

questionamento constante na procura de soluções para o exercício da

atividade, possibilita aos professores oportunidades para aceder ao constante

desenvolvimento.

4.1.3 - Realização

A transição da teoria (conceção e planeamento) para a prática (realização

e avaliação) deve ser harmoniosa, eficiente e consciente de que a realização

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comporta um conjunto de situações não previstas às quais teremos que dar

resposta.

Na operacionalização de tudo o que tem vindo a ser narrado surgia a

indispensabilidade de conduzir com eficácia a realização da aula, atuando de

acordo com as tarefas didáticas e as diferentes dimensões da intervenção

pedagógica.

Concentremo-nos então especificamente em cada um dos pontos

fundamentais para a minha realização da prática.

4.1.3.1 - Controlo da turma

A pertinência deste tema no presente REP surge da caraterização e

vivência com a minha turma. Face às caraterísticas da mesma, tornava-se

indispensável o seu controlo, no que concerne ao respeito mútuo entre o

professor e alunos, tal como os entre os próprios alunos. Segundo Bento, 2003,

p.144) “se não se atribui a estes aspetos valor algum, então o processo de

ensino na aula decorre sem direção, sem objetivos, sem resultados – para o

professor e para os alunos.”

Deste modo, ciente de que era necessário criar um ambiente favorável ao

desenvolvimento e formação dos alunos, procurei desde cedo tomar as

decisões corretas neste âmbito, criando uma estrutura sólida que não fosse

facilmente desmoronada e adotando uma personalidade forte e vincada

durante as aulas. Estas atitudes foram importantes para não correr riscos de

perder o controlo da turma no imediato. Por conseguinte, “a minha atuação foi

adequada, na qual tentei demonstrar liderança e controlar a turma. Neste início

do ano a minha estratégia passa por adotar uma atitude interventiva, ativa e

controladora, não dando grande espaço de manobra aos alunos. Após sentir o

domínio dos mesmos, irei então tentar criar uma maior empatia e ganhar a sua

confiança. Esta metodologia foi adotada segundo o meu passado escolar, já

que no 11º ano tive felicidade de conhecer uma professora, curiosamente de

EF, que me marcou neste ponto do controlo da turma. A sua posição

representava uma autoridade clara para todos. Contudo, ao longo do ano a sua

atitude mais autoritária foi-se diluindo e assumindo uma maior permissividade.

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Nós, alunos, reconhecíamos-lhe então autoridade e cumpríamos as regras de

bom comportamento na sala de aula. De facto, foi, indubitavelmente, o ano que

mais senti o estabelecimento de condições ideais de aula e no qual desenvolvi

melhor as minhas capacidades na disciplina de EF (Reflexão da aula nº13 e nº14).”

Não existindo dúvidas sobre a metodologia a adotar, era óbvio que não

pretendia ser autoritário, mas vir a ter autoridade. Segundo Novais (2004,

p.17), a “autoridade tem equivalido a ser autoritário com os aprendizes, não

lhes dando direito de se posicionarem em relação a diversas questões que

ocorrem no contexto escolar. De acordo com essa visão, o aluno cala-se não

por crer na autoridade docente, mas por temer as punições e ameaças

(implícitas ou explícitas) do professor autoritário (…) a relação professor-aluno

vai se enfraquecendo diariamente nessa batalha desigual, onde o primeiro tem

todas as armas contra o segundo.” Neste sentido a autoridade autoritária,

decorrente de uma posição hierárquica, poderá ser aceite apenas porque a lei

o exige e não porque apresentamos realmente competência ou liderança para

tal.

Não é a presença da autoridade que está errada, mas sim o seu abuso, o

exagero, a autoridade desmedida, o autoritarismo, o facto de ela repousar

sobre a utilização contínua de sanções. Essa deve ser utilizada dentro dos

limites da democracia, pois é importante que aquele que detém a autoridade

saiba que o seu fundamento está na liberdade dos outros, e que se a primeira

nega a segunda e corta a relação que a embasa, deixando de existir e

passando a se tornar autoritarismo (Freire & Shor, 2000). Assim, “a autoridade

do docente deve fornecer ao educando todo o apoio e amparo para que esse

se torne um adulto, capaz de se colocar objetivos, levantar alternativas de

ação, selecionando a mais eficiente do ponto de vista social e pessoal e,

deliberadamente, refrear todo e qualquer impulso que impeça ou protele a

execução da opção escolhida” (Novais, 2004, p.25).

Efetivamente, não posso deixar de admitir que no início do ano usei uma

posição mais autoritária. Contudo, a minha estratégia passou sempre por a

longo prazo recolher frutos dessa mesma posição e ser visto como uma

autoridade no futuro.

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De acordo com Freire (1989, citado por Novais, 2004) a autoridade leva o

aluno a se disciplinar, sendo esse capaz de adaptar o seu comportamento às

regras estabelecidas, conseguindo-se a organização necessária para que os

resultados sejam atingidos. Contudo, a autoridade docente apenas será

garantida se houver clareza dos propósitos da interação, tanto para

professores quanto para alunos, uma nítida perceção dos papéis e das

atribuições inerentes a cada parte envolvida, hábitos e regras de convivência

claros, estabelecidos e respeitados por todos e resultados que espelhem o

processo quotidiano de interação e, principalmente, um compromisso genuíno

com o processo pedagógico.

Atingido este patamar, aí sim, encontrar-me-ia no momento certo para

adotar a postura idealizada, ou seja, ser uma autoridade e poder levar os

alunos a desenvolverem a sua autonomia dentro da sala de aula. Trabalhar a

este nível permitir-me-ia controlar apenas as regras e rotinas essenciais para a

criação de uma boa relação e de um bom clima de aula, facilitando a tarefas de

gestão, organização e instrução. No final do primeiro período, constatava que

os resultados da estratégia aplicada ao nível do controlo da turma já

começavam a aparecer, uma vez que “ (…) comparativamente ao início do ano

letivo, consigo vislumbrar uma clara progressão ao nível do comportamento

dos alunos e do meu controlo sobre os mesmos durante a aula.

Continuamente, tenho vindo a verificar que as regras são cumpridas e que os

alunos começam a ver-me como a autoridade dentro da sala de aula (…) é

com agrado que verifico que esta temática está praticamente resolvida no final

do primeiro período, podendo mesmo começar-me a desprender, lentamente,

das constantes preocupações neste âmbito e a fomentar um clima de maior

empatia com a turma (…) para que este trabalho não seja perdido futuramente,

terá que ser reavaliado periodicamente (Reflexão da aula nº47 e nº48).”

Entretanto, com o decorrer das aulas, a relação criada entre professor e

alunos e o seu produto natural tiveram a evolução desejada. De facto, a

autonomia conscientemente concedida aos alunos e o respeito pelo professor

demonstrou-se benéfico no desenvolvimento dos mesmos em vários

momentos. Desta forma, passei a preocupar-me com outros aspetos, tais

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como, a qualidade da informação emitida, a gestão do tempo de aula, o tempo

potencial de aprendizagem, entre outros. Exemplo disso mesmo era visível

durante as aulas de Ginástica de Aparelhos, onde “ (…) a autonomia da turma

foi essencial para um melhor funcionamento da aula (…) já compreendem

quais as regras a cumprir, quais as suas responsabilidades, quais as tarefas a

desempenhar durante a aula e quais as rotinas implementadas (…) sinto que é-

me reconhecido respeito e autoridade, o que facilita a minha intervenção nos

diversos momentos da aula, tais como, gestão da aula, instrução da matéria e

compreensão dos conteúdos (…) torna-se mais fácil trabalhar nestas condições

(Reflexão da aula nº65 e nº66).”

O excerto anterior espelha o contexto de aprendizagem instalado não

apenas na aula de Ginástica do início do 2º período, mas, praticamente,

durante o restante ano letivo. A palavra praticamente aparece no meu discurso

não por acaso, mas com o objetivo de transmitir que, mais uma vez, ficou

comprovado que processo ensino-aprendizagem não é estanque nem acabado

e possui pontos altos e baixos, cabendo ao professor a tarefa de manter os

altos e potenciar os baixos. Por conseguinte, não havendo bela sem senão ou

confirmando-se a exceção à regra, relato o único episódio ocorrido quase no

final do 3º período.

“ (…) um dos alunos decidiu contestar a decisão do colega (árbitro),

gerando-se uma troca de palavras mais acesa entre os alunos. A minha

postura inicial durante o conflito foi passiva, controlando apenas à

distância. Nesse entretanto ouvi ainda um dos alunos envolvidos a emitir

um palavrão ao qual simulei não ter ouvido. Contudo, a dada altura

intervim e dei por terminado definitivamente a discussão. (…) será que a

minha postura foi adequada? Será que deveria ter intervindo antes ou

depois? Será que deveria ter repreendido ou dado ordem de saída da

aula ao aluno que emitiu o dito palavrão? Penso que no geral intervim

corretamente. Por vezes, temos que ignorar determinadas atitudes para

não criar maiores conflitos (…) contudo, este facto entristece-me

profundamente, porque não pondo a aula em causa, marcou

negativamente aquele momento (…) estava agradado com a progressão

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efetuada ao longo do ano pela turma ao nível das regras de

comportamento da turma e autonomia da mesma (…) Espero que esta

tenha sido uma situação pontual e que não mais se repita (…) terei que

estar atento para que não haja repercussões deste episódio (…) No final

da aula, reprimi novamente esta situação, aproveitando imediatamente

para retirar o melhor deste facto negativo. Demonstrei então aos alunos

que, por vezes, se critica o árbitro, mas quando passamos por essa

função tudo se torna mais difícil.” (Reflexão da aula nº111 e nº112).

Após o término do ano letivo, fazendo uma reflexão à distância sobre o

tema “Controlo da turma”, considero que a estratégia delineada inicialmente

sobre a postura adotada, o ganho de autoridade e a autonomia concedida aos

alunos foi adequada à realidade da turma. Simultaneamente, o controlo desses

mesmos parâmetros foi imprescindível para a manutenção de um clima

propício à aprendizagem.

Como estratégia secundária, a identificação de alunos “modelo”, com

influência no seio do grupo e pelos quais o mesmo se seguia e orientava, teve

alguma preponderância neste processo do controlo da turma. “Identificados os

alunos que deviam ser primeiramente controlados (NS, LC e MC), tornou-se

importante atuar imediatamente sobre os mesmos. Após estes estarem

controlados será mais fácil controlar a restante turma (Reflexão da aula nº19 e

nº20).”

Finalmente, considero ainda que foi importante a minha atenção

permanente para alguns pormenores que podem ter feito a diferença, como por

exemplo, ser coerente, respeitador e justo na aplicação das regras, chamar os

alunos pelos nomes à distância, conversar no final da aula quando se

justificava, desenvolver interações positivas dentro e fora da aula, ter sempre

toda a turma no campo de visão, circular pelo espaço através de uma

variabilidade e imprevisibilidade dos deslocamentos e estar constantemente

atento à prática.

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4.1.3.2 - Criar e manter regras e rotinas

Rink (1993) esclarece que para vermos altos níveis de empenhamento

dos alunos com baixos níveis de comportamentos inadequados é necessário a

implementação de regras e rotinas que levem os alunos a agir com

responsabilidade e a serem capazes de interagir entre si de forma positiva e

apoiada.

Segundo Good e Brophy (1984, citado por Matos, 1989), o nível máximo

do ensino a atingir seria a concretização da noção de classe eficaz, como

sendo aquela em que a turma parece funcionar por si mesma. O professor

passa muito tempo a ensinar e pouco a manter o controlo da turma.

Ora, para que tal se concretize não é possível que o professor passe

grande parte do seu tempo, interrompendo a atividade por motivos disciplinares

ou esgotando constantemente as energias na tentativa de conseguir o normal

funcionamento da aula. Torna-se claro que deve ser criado e consolidado um

conjunto de regras e rotinas adequadas, com vista a obtenção de condições

para atuar e conseguir que todos os alunos obtenham um bom nível de

desempenho durante a aula. Só assim poderemos ter a turma a operar em

modo de piloto automático, com a mínima intervenção do professor. Contudo,

que regras e rotinas são essas? Qual a real importância da sua implementação

para o decorrer das aulas? Quando foram colocadas em prática? Como foram

operacionalizadas ao longo do EP? Quais as suas repercussões para o ato

educativo?

Primeiramente, importa perceber que as regras e rotinas da sala de aulas

são necessárias para a tranquilidade, a harmonia e a eficiência das aulas,

devendo ser ajustáveis ao sistema mutável de trabalho. Este sistema de regras

e rotinas deve ser ensinado aos estudantes nas primeiras aulas do ano escolar,

por forma a poder existir uma atividade letiva prazerosa que confira satisfação

pessoal e que não conduza a frequentes interações negativas que acarretarão

certamente a uma crescente perca de motivação para o desempenho da

profissão.

Segundo Fink e Siedentop (1989, citado por Oliveira, 2001, p.84) “o

estabelecimento de um controlo efetivo e das rotinas instrucionais no começo

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do ano escolar repercute-se positivamente em resultados e atitudes ao longo

do ano.” Assim, a criação de regras e rotinas é um dos primeiros passos que o

professor deve considerar no sentido de uma boa gestão da aula e de

rentabilizar melhor o tempo. Os diferentes tipos de regras e rotinas (balneário,

pré-aula, aula, pós-aula, etc.) devem ser ensinadas aos alunos e praticadas até

estarem bem implementadas (Rink, 1993).

É fundamental que estas sejam claras e definam o que se espera que

seja a conduta adequada da turma. Por isso mesmo devem ser curtas,

passíveis de ser cumpridas quer pelos alunos quer pelo professor e

estabelecidas de forma positiva. Isso pressupõe que mais do que cumprir, os

alunos compreendam o porquê de determinadas regras e rotinas e assim as

tomem como válidas e necessárias.

Logo nas primeiras aulas, planeei implementar um conjunto de regras e

rotinas que me levasse a consumir pouco tempo em organizações e transições.

Foi sempre minha intenção ensinar aos alunos pequenas unidades

comportamentais, fáceis de entender e como se fizessem parte integrante da

aula. Tive ainda a preocupação de descrever os procedimentos corretos, dar

oportunidades para os alunos os praticarem e pedir para seguirem os mesmos.

A minha intervenção e a necessidade de corrigir ou reforçar comportamentos

foi naturalmente mais frequente durante as primeiras aulas. Porém, apesar da

maior exigência inicial e do tempo despendido para que os alunos

interiorizassem e assimilassem as regras e rotinas e o modo como as aulas

seriam conduzidas, não considero que tenha sido trabalho ou tempo perdido.

Foi antes, um investimento que permitiu, a curto e médio prazo, otimizar e

maximizar o tempo disponível, promover períodos superiores de prática,

prevenir e neutralizar possíveis comportamentos de indisciplina, reduzir os

momentos de gestão e organização da turma e diminuir a minha intervenção

nesta área.

Seguidamente, apresento o conjunto de regras e rotinas implementado

numa fase prematura e consolidado ao longo do ano letivo, sem deixar de

referir algumas delas eram transversais, outras eram mais específicas

dependendo da unidade que estava a ser lecionada.

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O horário da aula estabelecido pelo DOG deveria ser cumprido, ou seja,

os alunos possuíam 5 minutos para se equipar e comparecer no local

estabelecido para a aula (10 minutos no caso da aula ser o primeiro

tempo letivo) e reservava os 5 minutos finais da aula a fim de realizarem

a sua higiene pessoal, chegarem atempadamente à aula seguinte e

permitirem a entrada dos colegas da turma subsequente no balneário.

No caso de não ser cumprido pelos alunos a hora de entrada na sala de

aula, ocorria a penalização de uma falta de pontualidade, sendo que a

terceira falta por este motivo era transformada numa falta injustificada.

O uso do equipamento adequado era obrigatório e específico de cada

instalação, devendo os alunos adquirir o equipamento conforme indicado

nas normas gerais de utilização.

Os alunos sempre que não apresentassem o equipamento oficial da

escola eram penalizados com uma falta de material, exceto a

apresentação de um comprovativo legal que justificasse a dispensa.

Para além disso, com o objetivo de prevenir futuramente episódios

semelhantes, estes alunos eram sobrecarregados com outras tarefas,

tais como, elaboração de relatório de aula pormenorizado,

preenchimento de fichas de trabalhos ou ajuda nas “tarefas

administrativas” da aula.

Não era permitido qualquer tipo de adereço (relógios, brincos, anéis,

pulseiras, etc.), mascar pastilhas elásticas ou usar os cabelos compridos

soltos.

Ao chegarem ao espaço de aula, os alunos deviam depositar em local

próprio (caixa de papelão), todos os objetos que considerassem de

valor, designadamente, joias, relógios, carteiras, etc..

No início e final da aula, existia sempre um relembrar dos conteúdos

abordados e a emissão do conjunto de informações pertinentes à turma.

Existiu sempre a preocupação de ter nos diferentes espaços de aula, um

local de reunião do grupo para os diversos momentos de instrução.

Ao meu sinal, os alunos deveriam agrupar-se o mais rápido possível e

em semicírculo para ouvir as minhas indicações.

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As minhas instruções e recomendações deveriam ser acompanhadas

simultaneamente pelo silêncio dos alunos.

No caso dos períodos de instrução em modalidades coletivas, as bolas

deveriam estar paradas e sem batimentos durante os mesmos.

Após o aquecimento, existiu sempre um período de alongamentos. Este

momento era dado por um dos alunos, libertando-me para tarefas de

instrução ou de gestão de material.

A distribuição dos alunos era efetuada previamente por mim, não

havendo lugar à escolha de elementos ou troca dos mesmos.

Sempre que não fosse necessário a utilização do material preparado

para a aula, este deveria estar obrigatoriamente arrumado no seu local

apropriado (carrinho de compras).

No caso específico das aulas de Futebol no polidesportivo de ar livre,

sempre que um aluno colocasse a bola no seu exterior, o próprio deveria

imediatamente proceder à recolha da mesma.

Na modalidade Ginástica era obrigatório a realização de ajudas aos

colegas de turma.

A montagem e desmontagem de material deveria ser efetuada pelos

alunos sobre a minha orientação (aparelhos de Ginástica, redes de

Voleibol, placas de Natação, etc.)

Na modalidade de Atletismo os alunos deveriam transportar o material,

previamente selecionado por mim junto da funcionária do complexo,

para o local de prática.

No final da aula, era reservado um espaço para o trabalho de aptidão

física que seria avaliado no final de cada período letivo.

Aos poucos e poucos, as regras e rotinas estabelecidas desenvolveram

nos alunos a responsabilidade de começarem a agir com eficiência e eficácia, e

nessa conformidade, a necessidade da minha intervenção foi diminuindo

gradualmente, rentabilizando melhor o processo ensino-aprendizagem.

A boa organização proveniente desta estratégia foi um dos principais

sustentáculos que minimizou a desestabilização da aula e das tarefas em

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curso, permitiu-me dedicar mais tempo às necessidades da turma e levou os

alunos a obterem o maior empenhamento e rendimento durante a prática. “ (…)

as regras e rotinas estabelecidas e passíveis de serem operacionalizadas

durante as aulas deram resultados positivos. Assim, consegui rentabilizar

melhor o tempo e focar-me nas tarefas essenciais da aula, tais como,

instrução, correção e gestão dos exercícios (…) fui mais eficaz no processo de

ensino, já que minimizei o tempo perdido em tarefas paralelas e realizei as

essenciais ao processo ensino-aprendizagem (circulei pelo espaço da aula,

verifiquei as dificuldades dos alunos, propus alternativas individualizadas,

interagi com os alunos particularmente, sem me desligar do resto da turma,

emiti feedbacks sem ter que interromper a aula, etc.). (Reflexão da aula nº33 e

nº34).”

De uma maneira geral, as regras e rotinas implementadas contribuíram

para um bom ambiente na turma, ajudaram-me a tornar a aula de EF numa

experiência de aprendizagem positiva e produtiva e permitiram-me responder

às necessidades pessoais dos alunos sem descontinuar o desenvolvimento

das atividades da turma. Finalmente, referir que aqui residiu também a

natureza social e axiológica da disciplina, que a configuram num poderoso

cenário para o ensino de valores humanos.

4.1.3.3 - Estratégias que aumentaram os diversos tipos de tempo

Ao longo deste documento foram abordados alguns dos temas que

podem condicionar a atuação do professor durante a realização da prática, tais

como, o “Controlo da turma” e “Criar e manter regras e rotinas”. Asseguradas

as condicionantes anteriores, urge a necessidade de falarmos nas estratégias

desenvolvidas para aumentar os diversos tipos de tempo, ou seja, o tempo

disponível para a prática, o tempo na tarefa e o tempo potencial de

aprendizagem dos alunos.

Não aspirando realizar uma revisão da literatura exaustiva e aprofundada

sobre os vários conceitos de tempo, parece-me pertinente efetuar

primeiramente um breve enquadramento dos mesmos e só depois, desenvolver

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o cerne da questão que desejo ver aqui esclarecida, ou seja, quais as

estratégias implementadas.

De acordo com os conceitos apresentados por Metzler (1979, citado por

Rosado & Ferreira, 2009, p.188), deve-se “otimizar, com base no tempo horário

ou institucional, o tempo disponível para a prática, o tempo na tarefa e o tempo

potencial de aprendizagem, isto é, o tempo gasto em tarefas ajustadas,

pertinentes relativamente aos objetivos e com níveis de dificuldade desafiantes

(assumindo-se que uma tarefa é desafiante quando representa uma dificuldade

e um desafio onde o sucesso é muito provável).”

Existem diferenças entre tempo disponível para a prática, tempo na tarefa

e tempo potencial de aprendizagem. Se retiramos ao tempo previsto da aula

(horário institucional) os tempos passados na deslocação para o local de aula e

o tempo nos balneários, ficamos com um tempo que, efetivamente o aluno

passa na aula, o chamado tempo útil. Se a este tempo útil retirarmos o tempo

que o professor dispensa a dar informação e o tempo que se passa em tarefas

de gestão/organização teremos então o nosso tempo disponível para a prática

(Rosado, 2013).

Ainda segundo o mesmo autor, o tempo na tarefa deve ser entendido

como o tempo em prática específica, o tempo para as atividades principais,

aquelas de maior interesse para a aprendizagem, as mais específicas. Por sua

vez, esse tempo terá, ainda, de ser passado em tarefas ajustadas no seu nível

de dificuldade, que sejam pertinentes relativamente aos objetivos e com níveis

de dificuldade desafiantes (tempo potencial de aprendizagem). Por tempo

potencial de aprendizagem entende-se o tempo que o aluno passa ocupado,

com elevado grau de sucesso (80%) em tarefas diretamente relacionadas com

os objetivos de aprendizagem (Rosado, 2013).

Do ponto de vista da gestão do tempo, várias foram as estratégias

adotadas e readotadas que ajudaram-me a aumentar o tempo disponível para

a prática e, espero eu, dado que não houve a aplicação de instrumentos

validados que determinassem e quantificassem a influência dos diversos tipos

de tempo, a garantir um incremento do tempo na tarefa e do tempo potencial

de aprendizagem. Seguidamente, explicito algumas dessas estratégias.

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Tentei reduzir o tempo despendido nos balneários, “ (…) alertando para

o cumprimento das regras definidas pelo DOG relativamente aos

horários (…) (Reflexão da aula nº29 e nº30).”

Diminuí o tempo em algumas tarefas administrativas, “ (…) ao optar por

apenas verificar quem se encontrava ausente e prescindir da chamada

formal (Reflexão da aula nº15 e nº16) ” ou “ (…) definindo os grupos de

trabalho previamente (Reflexão da aula nº31 e nº32).

Alertei para “ (…) a montagem e desmontagem do material ser efetuada

com alguma brevidade pelos alunos (…) (Reflexão da aula nº69 e nº70).”

Organizei as atividade de modo a que toda a turma estivesse em prática

simultânea ou o mais perto possível dessa situação e tentei reduzir o

tempo de espera e o número de alunos inativos “ (…) ao usar pequenos

grupos de trabalho em cada estação (3 a 4 alunos) (…) aumentando o

tempo de empenhamento motor (…) (Reflexão da aula nº17 e nº18).”

As transições foram sempre planeadas, procurando uma sequência

lógica de encadeamento das tarefas ou “ (…) através da preparação do

material para o exercício seguinte durante a prática dos alunos (…)

(Reflexão da aula nº77 e nº78).”

Tive o cuidado de não me perder durante a instrução ou organização

dos exercícios, tentando fazer preleções rápidas e sucintas e com uma

linguagem clara, fluida, dinâmica.

Evitei parar os exercícios ou fragmentá-los através de constantes

interrupções, como por exemplo, “ (…) aproveitei sempre os momentos

de recuperação nos blocos para a emitir feedbacks prescritivos para

toda a turma ou para determinado aluno (…) (Reflexão da aula nº77 e nº78).”

Procurei um nível elevado de empenhamento motor dos alunos durante

todas as aulas através de incentivos constantes e preocupação

demonstrada.

Organizei as modalidades individuais (Ginástica, Natação e Atletismo)

de forma a irem de encontro à dinâmica presente nas coletivas. Assim,

através de um “ (…) bom aproveitamento das condições espaciais

disponíveis, do próprio tempo de aula e da organização implementada,

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foi visível uma elevada dinâmica e taxa de empenhamento motor, nem

sempre presente neste tipo de modalidades (Reflexão da aula nº31 e nº32).”

Preocupei-me ainda em verificar se o aluno fazia o comportamento

apropriado, corrigi e emiti o correspondente feedback, na tentativa de

garantir o ritmo e fluxo da sessão e o elevado grau de motivação.

“Tive sempre um plano B preparado para o caso de chover durante as

aulas de Atletismo (Reflexão da aula nº103 e nº104) ” ou alternativas para o

insucesso de algum exercício das restantes modalidades.

“Mantive a estrutura da aula anterior (…) reduzindo o tempo despendido

em organização, gestão e instrução dos exercícios (Reflexão da aula nº111

e nº112).”

Procurei exercícios que promovessem o sucesso na tarefa e que fossem

ajustados às necessidades educativas.

Todo este processo de implementação das diferentes medidas, exigiu de

mim uma atenção permanente e uma reflexão constante sobre as mesmas, no

antes, no agora e no depois. E, mesmo após o depois, este momento nunca foi

dado terminado e consumado, mas sim, como constantemente inacabado.

Assim, toda esta reflexão sobre a importância e operacionalização das

estratégias aplicadas possibilitou um maior tempo disponível para a prática dos

alunos e consequentes tempos na tarefa e potencial de aprendizagem,

facilitando aquisições em diversos planos e beneficiando o aumento dos

ganhos de aprendizagem alcançados, ou seja, o produto do ensino.

4.1.3.4 - Ser simultaneamente professor e ator na relação com os alunos

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na

realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a

relação entre professor e alunos envolve sentimentos e emoções percetíveis na

ação e nas interações e se, de facto, procuramos aceder e cativar a turma esta

é uma excelente forma de o conseguir.

O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente

nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em

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alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser melhor

cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando

as suas ações no desenvolver das atividades. Para os alunos é importante ver

o professor comprometido e envolvido com ação que realiza, manifestando

interesse e preocupação, e não ser apenas alguém que se limita a transmitir

teorias e determinados conhecimentos. “ (…) participei no fim da sessão,

efetuando os 10 minutos de corrida contínua. Para além do constante

interesse, emotividade, dedicação e preocupação com os alunos, esta minha

decisão demonstrou que também sei dar o exemplo de como se faz. Este

estímulo adicional fez com que a turma efetuasse o exercício de forma unida,

sem qualquer atraso ou desistência dos alunos mais fracos (Reflexão da aula nº77

e nº78).”

A atitude do professor, a forma como ele interage com a turma, como

direciona as suas orientações pedagógicas, como interpreta o seu

comprometimento com a tarefa de educar, estão fortemente associados à

capacidade de conseguir fazer com que os alunos participem nas atividades de

aprendizagem. É óbvio, que a nossa condição humana remete-nos para bons e

maus momentos ao longo da nossa vida pessoal que pode, apesar de não

dever, condicionar a vida profissional. Contudo, é nosso dever contrariar essa

possível ausência de vontade intrínseca e estar interessado e envolvido

diretamente com a atividade que se exerce. “ (…) de referir que hoje, apesar de

ter como imagem de marca a minha personalidade interventiva, dinâmica e

entusiasta, quem me conhece sabe do que falo, tive que representar durante a

aula. Por motivos pessoais, a minha disposição não era a melhor. Contudo, os

meus alunos não têm culpa dos fatores externos à escola. Como tal, inspirei

fundo, e atuei de acordo as caraterísticas que idealizo num professor de EF

(Reflexão da aula nº97 e nº98).”

De realçar, que neste âmbito, influenciado pelo professor cooperante

numa forma de ser e estar envolvida e entusiasta na função que exerce,

encarnei em inúmeras ocasiões personagens, sentimentos e emoções que não

sentia verdadeiramente. Todos estes momentos vieram apenas dar razão à

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célebre frase proferida pelo professor cooperante, “nós profissionais da EF,

somos durante uma aula simultaneamente professores e atores”.

De facto, um ator para construir a sua personagem precisa paralelamente,

de estar preparado para se despir muitas vezes, dos seus problemas pessoais,

memórias, ideias pré-concebidas, etc., e de dar forma a outro ser que vá de

encontro ao seu lugar de atuação, fazendo-o parecer completamente real aos

olhos de quem o vê.

Parte-se do pressuposto, que raramente é preciso atuar, porque o nosso

prazer, sentimento e a paixão pela profissão devem ser, por si só, elementos

suficientes para a condução normal da nossa atividade. Contudo, há dias que

este processo não acontece naturalmente, tendo que ser de certa forma

forçado ou induzido. É precisamente nesses momentos, que temos de ser

atores e fazer sonhar, manipular, persuadir, sentir e fazer sentir, sorrir, chorar e

emocionar. Ser ator é mentir e fazer isso tão bem que a mentira acaba por se

tornar verdade. Só assim os alunos acreditarão no nosso interesse e

preocupação, promovendo um clima de ensino-aprendizagem favorável.

Não é por acaso que os alunos recordam uns professores e outros não, é

porque alguns conseguem marcá-los pelos sentimentos positivos que neles

despertam. Por conseguinte, os professores que não estejam vocacionados e

motivados ou dispostos para assumir esta postura na sua prática de ensino,

terão mais dificuldades em criar condições favoráveis à aprendizagem dos

seus alunos.

Acredito ainda que o sucesso da nossa função emana da nossa pessoa,

dos nossos sentimentos e da nossa alma. Um professor diretamente envolvido

no processo ensino-aprendizagem deve também possuir uma forte ligação aos

seus alunos e à sua função. Não basta ao professor ambicionar a criação de

um clima de aprendizagem positivo e alegre, é necessário muito mais do que

isso. É preciso mostrar-se com um sentimento de prazer, gosto e entusiasmo

no exercer da profissão, mas ir mais além, preocupando-se e envolvendo-se

ativamente com seus os alunos no seu processo de desenvolvimento. Tendo

esse objetivo sempre presente, ajudei os alunos em trabalhos para outras

disciplinas (presença em filmagens), apoiei-os nos seus treinos para os pré-

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requisitos de entrada no curso de desporto, avaliei os que faltaram às

avaliações fora do horário da disciplina, etc. Contudo, houve um momento que

me marcou durante o ano letivo.

“A minha presença no evento de hoje (…) teve como objetivo (…), acima

de tudo, apoiar o meu aluno ML na sua participação na fase ilha do

Corta Mato (…) após ter pedido ao aluno para participar no evento,

quando este se encontrava algo reticente, não poderia desiludi-lo e não

comparecer no dia do evento. Pelo motivo de me encontrar a lecionar,

não pude acompanhar a deslocação da equipa da escola no autocarro.

Assim, mal terminei a aula dirigi-me para o local da prova e foi com

extrema felicidade que verifiquei que o meu aluno (ML) ficou

visivelmente agradado quando identificou a minha presença no meio do

restante público. Perante tal, e face às caraterísticas do aluno (situação

familiar desfavorecida), decidi premiá-lo pela sua participação com um

almoço. (…) Na crise de valores atuais, não podemos remeter

simplesmente à componente letiva da profissão. Temos que preocupar-

nos com eles, proporcionar novas experiências e incutir outros valores

nos alunos. Em suma, temos que ir mais além do que se realiza durante

as aulas.” (Diário de Bordo - Participação na fase ilha do Corta Mato Escolar).

Para mim é claro que, professores que não se preocupem e dediquem

aos seus alunos não conseguirão, nem serão dignos da sua função enquanto

docentes. Porém, preocupar-se e dedicar-se não significa criar uma relação de

proximidade, na qual seja perdido o respeito mútuo. Há que, acima de tudo,

saber diferenciar bem as posições que cada um ocupa na hierarquia e

conseguir fazer perceber isso mesmo aos alunos. A preocupação com este

tema ao longo do ano, não se prendeu pela minha pessoa, já que tinha a

certeza que nos momentos adequados seria capaz de identificar a existência

dessa distância. Contudo, não posso afirmar o mesmo relativamente à minha

turma. Será que todos eles teriam o discernimento necessário para distinguir a

existência dessa barreira? Possivelmente não.

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Assim, fiel aos meus princípios mantive a separação das águas e,

simultaneamente, ensinei e transmiti toda a minha experiência de vida, devotei-

me com todas as forças à formação e dediquei-me aos meus alunos durante

este ano letivo. Poder-se-á dizer ainda que durante o EP, o facto de termos

apenas uma turma promove este forte envolvimento. É certo e compreendo

perfeitamente o argumento, sendo o mesmo válido. Contudo, ao olhar para o

lado, verifiquei com agrado que alguns professores do departamento se

dedicavam igualmente às várias turmas que detinham. Por isso, se eles

conseguiam, eu também conseguirei. Esta postura que adotei será para

continuar. Assim sou, assim serei, caso contrário, esta viagem não teria mesmo

significado.

4.1.3.5 - Marcar a diferença pela diversificação das aulas - Danças Sociais,

Orientação Desportiva, Golfe e Musculação

Ser professor não é apenas querer cumprir com as suas obrigações

processuais, é ser mais do isso, é cunhar pela diferença, é ser aquele que cria

uma presença que jamais será esquecida pelos seus alunos.

Seria eu capaz de marcar positivamente os meus alunos? Que estratégia

deveria adotar nesse sentido? Baseada em que teoria?

Procurando obter respostas para as diversas questões, tornava-se

necessário recorrer ao meu passado e às práticas que haviam tido impacto na

construção da minha pessoalidade. Inspirado nessas memórias e vivências

reuniria condições para definir e balizar a estratégia mais adequada e sustentar

a minha atuação.

Foi com alguma nostalgia que recuei no tempo, estimulando o meu

subconsciente com várias recordações das aulas de EF do 8º ano. Nesse ano,

o professor em causa evidenciou a preocupação de, apesar do difícil acesso a

espaços apropriados, orientar-nos para a aprendizagem, mas também

demarcar-se dos restantes colegas de profissão pela promoção de aulas e

experiências diferentes do habitual. Para nós, alunos, ter a possibilidade de

frequentar e vivenciar aulas de Natação, Atletismo e Judo, terá sido,

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porventura, o culminar de um ano repleto de excelentes experiências

desportivas.

Assim, consciente do meu importante papel e baseado na minha

perspetiva pessoal, o objetivo passava igualmente por implementar a estratégia

que tinha dado tão bons resultados. Seria impensável deixar fugir a

oportunidade de me diferenciar dos demais.

Por conseguinte, decidi que o caminho a percorrer passaria por

diversificar as aulas ao longo do ano letivo e potenciar experiências únicas para

o percurso escolar da turma. “ Pretende-se introduzir modalidades menos

habituais para os alunos, na tentativa de proporcionar, possivelmente, novas

experiências para a maioria e marcar futuramente os mesmos (…) (Reflexão do

PA).”

Demonstrando exemplos práticos em contexto real, iniciei o meu plano no

primeiro período ao lecionar Danças Sociais, através dos estilos Rumba

Quadrada e Merengue. Durante as aulas, foram visíveis agradáveis momentos

de cooperação, entreajuda e empenho em direção à concretização dos

objetivos propostos. “Esta aula foi a prova evidente de que é importante fugir,

de vez em quando, às rotinas instaladas pelo ensino das modalidades mais

tradicionais (…) verifiquei que foi proporcionado uma nova experiência para

alguns alunos e constatei que, no cômputo geral, todos demonstraram estar

recetivos aos ritmos apresentados, tendo mesmo alguns exibido um nível muito

interessante. (…) foi uma aula divertida, dinâmica e com bom aproveitamento

(Reflexão da aula nº35 e nº36).”

Dando continuidade ao estratagema delineado, no segundo período

procedi à abordagem de aulas de Orientação Desportiva. A primeira aula

“exigiu uma planificação trabalhosa, com a construção de vários materiais

(cartões de controlo, cartões com pontos cardeais e colaterais, percursos de

estafetas, mapas da prova de orientação, folha de perguntas e respostas,

montagem do percurso com balizas, etc.) (…) sendo recompensada pela

agradável motivação e empenho demonstrada pelos alunos durante a aula

(Reflexão da aula nº75 e nº76).” Entretanto, na aula teórica ficou patente que esta

matéria era “ (…) desconhecida para a maioria dos alunos. O contacto com

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bússolas, mapas, cartões de controlo e cálculo de azimutes foi uma novidade.

Penso ter conseguido despertar nos mesmos o interesse pela modalidade e

pelo evento culminante que será realizado através da prova de Orientação

Desportiva na Reserva Florestal de Recreio Pinhal da Paz (Reflexão da aula nº75 e

nº76).” Na última aula desta UD, optei por realizar, tal como anteriormente

referido, uma prova de Orientação Desportiva no Pinhal da Paz. Tendo sido

esta extremamente trabalhosa na sua planificação, constatei que a mesma não

correu como esperado ou planeado. De facto, existiu uma série de fatores que

condicionaram o sucesso da aula. Contudo, penso que o objetivo geral foi

conseguido, “contribuindo para a promoção uma nova experiência, bem como

para diversificação (Reflexão da aula nº121 e nº122).”

Já no terceiro período promovi aulas de Golfe no Driving Range do

Parque Urbano e o acesso a espaços externos à escola e novas práticas

desportivas. “ (…) saliento o clima positivo subjacente ao longo de toda a

sessão e o contentamento visível nos alunos ao experimentarem algo diferente

do seu habitual (…) (Reflexão da aula nº95 e nº96).” “É de destacar ainda a

habilidade demonstrada pelos alunos MC, TP e TM, mas acima de tudo, a

técnica evidenciada pelo ML, tendo sido o mesmo convidado pelo responsável

das instalações a ter aulas gratuitas com vista à possível profissionalização no

Golfe (Reflexão da aula nº99 e nº100).”

Por fim, pude ainda proporcionar aos alunos a oportunidade de passarem

por mais uma experiência distinta do comum. “Desta vez, suportado na minha

vivência em ginásios, decidi realizar uma aula de musculação na sala de treino

físico do Complexo Desportivo, explicando aos alunos o tipo de máquinas

existentes, os grupos musculares envolvidos nas ações motoras, o tipo de

treinos de força possíveis, as precauções que se deveria ter para minimizar o

risco de lesões, etc. (Reflexão da aula nº103 e nº104).”

Terminado o ano letivo, não possuo qualquer dúvida que a passagem por

este tipo de experiências e por estes momentos repletos de novas vivências foi

extremamente gratificante, mas acima de tudo teve uma influência significativa

na formação dos alunos. De facto, este EP não teria sido o mesmo sem esta

decisão que em muito contribuiu para o meu sucesso como professor ao longo

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do ano letivo, mas sobretudo para a imagem deixada aos olhos dos meus

alunos.

Estou igualmente certo, que Ser Professor, no verdadeiro sentido que a

atividade evoca, passa também por atingir o objetivo inicialmente proposto, ou

seja, marcar a diferença.

4.1.3.6 - A importância de observar e ser observado

Segundo Caires (2003, p.63), “as discussões e a resolução de problemas

em grupo, passando pelo diálogo socrático entre supervisor e formando acerca

dos comos e porquês das práticas de ambos, ou pela escrita de narrativas e/ou

elaboração de relatórios ou diários sobre as experiências, poderão todas elas

constituir-se em estratégias promotoras de reflexão, exploração de si próprio e

dos outros e, como tal, oportunidades únicas de integração e de construção de

novas significações pessoais, rumo a níveis mais complexos de funcionamento

pessoal e profissional. Por intermédio destas estratégias, o formando poderá

fazer a reconstrução das experiências vividas, dissecá-las e avaliá-las, no

sentido de uma maior consciencialização dos seus padrões de atuação e da

identificação de aspetos que necessitem de ser trabalhados.”

Ainda segundo a mesma autora, a oportunidade de expor os pontos de

vista, de os colocar à discussão do grupo, de os confrontar com opiniões

distintas ou de os submeter à apreciação do professor cooperante e dos

colegas de estágio constituiu-se como um facto desenvolvimento relevante na

formação (Caires, 2003).

Partindo da importância destes pressupostos, foi traçado no início do ano

um plano de observação, no qual se estipulou que seria sujeito a 10

observações pelos meus colegas e realizaria o mesmo número aos meus

colegas de núcleo de estágio e aos professores mais experientes. As

respetivas fichas de observação foram construídas segundo as orientações

emitidas pela FADEUP e aprovadas em grupo pelo núcleo de estágio.

Durante as observações realizadas, procurei sempre, ser descritivo,

crítico e reflexivo sobre alguns aspetos que considerava críticos para o

desenrolar da aula dos meus colegas, tentando perceber em primeira instância

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qual seria a sua intenção e, posteriormente, emitir a minha opinião sobre o que

correu bem ou mal, o que resultou ou não no trabalho de determinado

conteúdo, o que era possível alterar para que certo exercício melhorasse, etc.

No fundo, todas as aulas observadas foram alvo de debates intensos e

produtivos sobre a prestação desenvolvida pelo professor em causa, aferindo-

se aspetos positivos e negativos e sugerindo-se o que se poderia alterar,

melhorar ou corrigir com o objetivo de conduzir a mais e melhores benefícios

para o professor e turma.

No que diz respeito aos momentos formais em que fui observado,

confesso que sempre tentei reforçar a minha atenção para todos os

pormenores envolvidos no ato educativo da aula em questão. O medo de errar

e ser apontado esse mesmo comportamento esteve sempre presente. Porém,

habituado ao longo da minha vida à constante observação e avaliação das

minhas ações, fui sempre capaz de abstrair-me do nervosismo que poderia

estar implícito à situação e não deixar que a minha postura fosse afetada

durante a aula. Obviamente que houve erros a corrigir e estratégias a alterar,

mas a sua exposição e reflexão fez com estes diminuíssem ao longo do tempo

e fossem ultrapassados através das preciosas recomendações dos meus

colegas de estágio e do professor cooperante, melhorando e aperfeiçoando o

meu desempenho pessoal.

Relativamente às observações realizadas aos professores mais

experientes, posso concluir que estas permitiram-me verificar as estratégias

que utilizavam, as interações e relações pedagógicas estabelecidas com o

coletivo e individualmente, as situações de aprendizagem desenvolvidas e o

desempenho e comportamento dos alunos, em contextos totalmente diferentes

do meu. Na minha opinião, algumas das formas e métodos distintos de

abordagem eram mais adequadas que outras, porém todas pareciam resultar e

capazes de enfrentar e ultrapassar os obstáculos que apareciam. Assim, sou

levado a acreditar que os vários momentos de observação aos professores do

departamento foram produtivos, pois em todas as circunstâncias houve a

necessidade de refletir sobre a opinião formulada durante a aula, perceber o

porquê de determinadas formas de ser e de estar e daí retirar conclusões. A

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possibilidade de observar as suas atuações numa situação análoga àquela

com que lidava na minha turma, permitiu-me ainda redefinir, reestruturar ou até

mesmo reforçar a minha prática de forma a ser bem-sucedido face à

complexidade das tarefas e papéis na aula.

Como já foi exposto, faz parte do processo de formação cometer-se

alguns erros, exercícios menos conseguidos ou instrução inadequada à

situação. Porém, somente procedendo a uma reflexão exaustiva

individualmente ou em grupo (reuniões de núcleo realizadas semanalmente e

após as observações) sobre os temas levantados, foi possível perceber os

motivos fulcrais para tais acontecimentos e procurar soluções e medidas de

combate imediato. Como tal, considero que todas as observações efetuadas e

recebidas revelaram-se, manifestamente, interessantes, nas quais tive a

oportunidade de evidenciar o meu ponto de vista e ser confrontado e

questionado de modo construtivo sobre o mesmo. Nestas reuniões salientou-se

um clima permanente de respeito e de consideração, onde o erro e as

dificuldades puderam ser discutidos abertamente, promovendo a reavaliação

das teorias e das práticas de cada um de nós. Foi através desta troca de

informações, opiniões e análise das observações das aulas que pensei e

meditei sobre os assuntos, tornando-se um dos pilares e sustentáculos de

informação relevante, enriquecedora e vantajosa para o meu processo de

formação e para a busca da minha identidade profissional.

Este ganho não se verificou apenas ao nível dos conhecimentos, como

também ao nível psicossocial onde valências como trabalhar em equipa, saber

ouvir os outros, exprimir-se e fazer apreciações críticas sem ferir

suscetibilidades, se destacaram, bem como reforçaram o espírito de grupo

existente.

4.1.3.7 - Presença do Modelo de Educação Desportiva no Estágio

Profissional

São vários os modelos instrucionais disponíveis para o ensino, no

entanto, segundo Rink (2001, citado por Graça & Mesquita, 2009, p.46) “não há

nenhum modelo que seja adequado a todos os envolvimentos de

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aprendizagem. A eficácia de ensino deve ser interpretada através do recurso a

modelos de instrução que forneçam uma estrutura global e coerente para o

ensino e treino no desporto. Entre modelos de instrução mais centrados na

direção do agente de ensino e modelos que concedem mais espaço à

descoberta e à iniciativa dos praticantes, há que encontrar o justo equilíbrio

entre as necessidades de direção e apoio e as necessidades de exercitação da

autonomia, de modo a criar as condições favoráveis para uma vinculação

duradoura à prática desportiva.”

Tendo ouvido falar sistematicamente pelos meus colegas sobre a

existência e aplicação nas didáticas de um modelo com caraterísticas

completamente diferentes, principalmente, do Modelo de Instrução Direta, fui

invadido por um profundo constrangimento pessoal pelo meu desconhecimento

do mesmo, apenas compreendido, mas não justificado, pela sua inexistência

na minha formação inicial. Contudo, esta lacuna pessoal, que deveria ser

ultrapassada, teve a particularidade de me despertar a curiosidade e interesse

sobre o tema. Na procura de mais informações percebi rapidamente que, para

além de nada ser mencionado ou sugerido nas normas orientadoras do EP, a

aplicação do MED não era, de facto, obrigatória. Seria isso motivo suficiente

para deixar passar em claro a oportunidade de aprender outro modelo de

instrução? Obviamente que não. Mais grave do que desconhecer era não

aproveitar a possibilidade de ter contacto com outra forma de ensinar.

Neste sentido, o caminho a percorrer era apenas um, decidindo investir

na pesquisa de documentos sobre esta temática, estudar pormenorizadamente

os mesmos e dialogar com o meu núcleo de estágio e orientadora na procura

de mais informações. Apenas com esta definição de ideias bem vincada, seria

possível colmatar a minha carência de conhecimento e sustentar as minhas

futuras decisões e ações.

Breve caraterização do Modelo de Educação Desportiva

O Modelo de Educação Desportiva, do inglês Sport Education Model,

apresenta-se como alternativa ao ensino tradicional, principalmente ao

denominado Modelo de Instrução Direta. A génese do MED reporta-se à tese

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de doutoramento de Siedentop, na qual defendia a colocação da educação

lúdica (“Play education”) num lugar central nas orientações curriculares de EF e

pressuponha a necessidade de se conferir um cunho afetivo às aprendizagens

(Graça & Mesquita, 2009).

O MED “constitui-se um modelo curricular que oferece um plano

compreensivo e coerente para o ensino do desporto na escola, preservando e

reavivando o seu potencial educativo. O modelo define-se como uma forma de

educação lúdica e critica as abordagens descontextualizadas, procurando

estabelecer um ambiente propiciador de uma experiência desportiva autêntica,

conseguida pela criação de um contexto desportivo significativo para os alunos,

o que pressupõe resolver alguns equívocos e mal-entendidos na relação da

escola com o desporto e competição” (Graça & Mesquita, 2009, p.59).

Entende-se então que o MED foi projetado para proporcionar aos alunos

experiências desportivas educacionalmente ricas, no contexto da EF. A

intenção passa por movimentar a prática de habilidades motoras desfasadas

do contexto desportivo para situações de jogo realistas, que permitem aos

alunos organizar e gerir as suas próprias experiências desportivas.

Tendo como principais objetivos o desenvolvimento de participantes

desportivos, cultos, competentes e entusiastas e o fornecimento aos alunos de

oportunidades de incremento das habilidades e capacidades de compreensão

e participação no fenómeno desportivo para toda a vida, o autor (Siendentop,

1994) integrou seis aspetos do desporto institucionalizado no MED:

- “As épocas desportivas substituem as unidades didáticas de curta

duração, porquanto o autor argumenta a insuficiência temporal destas para a

consolidação das aprendizagens (…) (Graça & Mesquita, 2009, p.61).”

- “A filiação, promove a integração, no imediato, dos alunos em equipas e,

consequentemente, o desenvolvimento do sentimento de pertença. A variedade

de papéis assumida pelos alunos na constituição das equipas (jogadores,

árbitros, jornalistas, dirigentes, etc.) evidencia uma redefinição de papéis do

professor e dos alunos (…). As equipas têm nomes, símbolos, cores, capitão,

treinador, uma área própria para treinar. Durante a época desportiva os alunos

permanecem na mesma equipa, que sob o comando dos seus capitães, deve

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planear, exercitar, apoiar, competir e celebrar (…) (Graça & Mesquita, 2009,

p.61).”

- “A competição formal possui uma época desportiva construída em torno

de uma agenda formal de competição, afixada no início para permitir que as

equipas se preparem para os seus adversários (…) este calendário formal

ganha maior importância com os alunos dispostos a treinarem e prepararem-se

para os jogos (…) tal como acontece no desporto formal (Siedentop, 2000,

p.168).”

- O evento culminante, “ (…) procura-se que este seja revestido de caráter

festivo (Graça & Mesquita, 2009, p.62) ” e que na competição se envolvam

todos os participantes, promovendo a igualdade de oportunidades, ao invés de

se focarem os alunos e equipas mais qualificadas.

- Os registos estatísticos, visa “ (…) a manutenção dos registos e a sua

divulgação significativa para os alunos e fornece às equipas a possibilidade de

identificar as suas performances e definir objetivos (Siedentop, 2000, p.168).”

- A festividade promove, à imagem do que sucede no desporto formal, a

criação de uma atmosfera festiva. Para tal, “ (…) professores e alunos

trabalham juntamente para criar um festival que celebra o esforço, a

progressão e o fairplay (através de cartazes, cores das equipas, cerimónias de

entrega de prémios, filmagens) (Siedentop, 2000, p.168).”

Modelo de Educação Desportiva

Figura 12: Modelo de educação desportiva (adaptado de Siedentop, 1994).

Contexto

Desportivo

Filiação

Competição

Formal

Registos

Estatísticos

Festividade

Épocas

Evento

Culminante

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Este modelo pressupõe ainda, mudanças nos papéis e responsabilidades

dos intervenientes no ato educativo. Assim, é exigido ao professor novos

requisitos de planeamento, pretendendo-se uma saída do centro das atenções

de forma a conferir maior responsabilidade ao aluno. Para os alunos,

idealizam-se novas responsabilidades, “ (…) ao nível da participação ativa,

promoção da equidade e inclusão, responsabilidade pelo próprio

comportamento e desempenho na execução da aula, maior liderança,

cooperação, aceitação e apoio aos outros, procura de soluções, avaliar,

aprender e ensinar” (Siedentop, 2000, p.169).

Integração do MED nas UD de Futebol e Voleibol

As UD de Futebol e Voleibol foram formuladas em função da

caraterização e número de alunos, caraterísticas comportamentais

apresentadas, número de aulas disponíveis e competências a desenvolver

previstas pelo PNEF e pelo grupo de EF e desporto da ESL.

Acrescentando a tudo isto, as mesmas foram construídas reservando as

aulas do segundo (Futebol) e terceiro (Voleibol) período com vista à integração

do MED. Como tal, após a avaliação inicial das modalidades, optei por realizar

um trabalho de correção, promoção e desenvolvimento dos conteúdos técnico

e táticos durante o primeiro (Futebol) e segundo (Voleibol) período através do

Modelo de Instrução Direta. Este trabalho pretendeu que até à fase de

aplicação do MED, metade do ano letivo decorrido, fossem reunidas condições

necessárias à tomada de uma decisão ponderada e refletida sobre os critérios

de formação das equipas, equilíbrio competitivo dos jogos e desenvolvimento

da entreajuda e cooperação dentro do grupo. A harmonia e equilíbrio na

formação de grupos pressupõe um profundo conhecimento do relacionamento

entre os elementos da turma, bem como da real definição das capacidades

individuais de cada aluno, o que, na minha opinião, não poderia ser consumado

logo no primeiro período.

Este ponto de vista pessoal é apresentado por Hastie (1998, citado por

Graça e Mesquita, 2009, p.61) quando afirma que “uma diferença fundamental

do MED em relação às abordagens tradicionais é a preocupação extrema em

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diminuir os fatores de exclusão, lutando por harmonizar a competição com a

inclusão, por equilibrar a oportunidade de participação e por evitar que a

participação se reduza ao desempenho de papéis menores por parte dos

alunos menos dotados.”

Contudo, o facto de ter decidido não aplicar o MED logo desde o início do

ano levou ao aparecimento de um novo problema. Seria suficiente o número de

aulas disponíveis para proceder a uma aplicação válida e eficaz? De facto, face

às sugestões programáticas, imposições do roulement de instalações e

restrições normativas do departamento, mesmo que fosse minha pretensão,

seria impossível conseguir um número efetivo de aulas condizente aos

pressupostos veiculados por Siedentop (2000), ao referir que a UD deve dar

lugar a uma época desportiva com, pelo menos, 20 aulas de 45 minutos. Como

tal, a solução encontrada passou por aplicar o MED em duas modalidades

coletivas, de forma a perfazer um total de 14 aulas de 45 minutos (6 de Futebol

e 8 de Voleibol). Na minha opinião, o número de aulas encontradas para a

abordagem do MED foi o suficiente para passar pela experiência de contatar

com um modelo diferente de instrução em duas modalidades e para retirar

ilações sobre aplicação do modelo no seu geral.

Finalmente, urge a necessidade de referir que tentarei centrar a minha

reflexão, não no desenrolar das UD na sua totalidade, mas sim, no período em

que foi aplicado o MED, já que penso ser o real interesse e o elemento

divergente e diferenciador das restantes UD. Apraz-me ainda dizer que, tal

como na sua génese e consequente aplicação, as ilações retiradas da

implementação do MED não serão separadas por modalidades (Futebol e

Voleibol), uma vez que os pontos de reflexão são comuns.

Decorrer da aplicação do MED nas UD de Futebol e Voleibol

Neste ponto procurarei ilustrar o modo como decorreram as UD,

atendendo ao planeamento inicial e às expetativas criadas com base na

revisão da literatura. Nesse sentido, será dado um especial enfoque aos

aspetos refletidos diariamente durante o decorrer das catorze aulas em

confronto com orientações do MED.

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Logo na planificação da implementação do MED, surgiu-me a primeira

grande dificuldade. Face ao patamar de aprendizagem alcançado no Futebol

(4+GRx4+GR) e em prol de um maior interesse no quadro competitivo, tornava-

se essencial formar 3 equipas de 5 elementos, numa turma de apenas 14

alunos. Solução, era uma vez mais palavra que emergia, “ (…) optando por

efetuar 3 equipas de 5 jogadores e inseri-me numa delas. A minha participação

é exclusiva da modalidade Futebol, já que no Voleibol por ser abordado o 4x4,

não haverá essa necessidade (Reflexão da aula nº77 e nº78).” Perante tal decisão,

poder-se-á questionar quem desempenharia o papel central do professor? A

resposta é obviamente, eu. Após ter-me aconselhado junto do professor

cooperante e ponderado fortemente, optei por ir em frente com a minha

decisão. De facto, esta revelou-se assertiva, justificando-se pelo tempo de

participação na aula ser reduzido (20 minutos em cada 2 sessões), pelo

elevado grau de maturidade presente no grupo (12ºano) e pela minha posição

em campo ser a de guarda-redes, o que reduzia a minha intervenção e

participação no jogo e permitia-me um controlo e visualização total da turma,

uma vez que os seus 14 alunos estariam todos envolvidos simultaneamente no

mesmo jogo (9 como jogadores e 5 com funções de árbitros, oficiais de mesa e

jornalistas).

Simultaneamente, surgia a dúvida de como formular equipas

heterogéneas, mas equivalentes. Apesar de ter conseguido diminuir as

diferenças iniciais existentes no desempenho dos alunos nas modalidades

envolvidas através do trabalho desenvolvido ao longo das primeiras aulas das

UD, continuava a ser visível alguma heterogeneidade de competências, com a

proeminência de alunos pela negativa (Não Introdutório) ou pela positiva

(Avançado). Por conseguinte, “ (…) decidi formar equipas em que todas elas

tenham, quer em Futebol quer em Voleibol, um elemento do nível Avançado,

um elemento do nível Não Introdutório e os restantes três elementos serão

divididos pelos níveis Introdutório e Elementar (Reflexão da aula nº77 e nº78).”

Neste momento, posso concluir que as equipas foram bem formuladas,

dado que apresentaram um equilíbrio competitivo e diferenças de resultados

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reduzidas durante os jogos da competição, sendo os mesmos resolvidos

através de detalhes.

As primeiras aulas do MED foram importantes para a “ (…) transmissão

dos conteúdos e propósitos do modelo, entrega e explicação do Manual de

Equipa e do Capitão/Treinador, criação da identidade da equipa, definição e

distribuição de funções nas equipas, promoção da exercitação interequipa e

intraequipa através dos jogos amigáveis de pré-época, mas sobretudo para

preparar devidamente o período competitivo (Reflexão da aula nº77 e nº78).”

Por outro lado, seria este “novo” modelo de instrução capaz de despertar

o interesse dos alunos e criar expetativas em relação à sua concretização?

“Saliento que durante a apresentação do MED e revelação das equipas

compostas, constatei que os alunos aceitaram com agrado as tarefas de

preencherem o Contrato de Capitão/Treinador, criarem um nome para a

equipa, conceberem um grito de guerra e lerem o Manual de Equipa e de

Capitão/Treinador entregue. Fiquei ainda com a perceção de que o

desconhecimento da turma sobre o novo modelo poderá ser motivo de

interesse suplementar, o que pode ser gerador de maior dedicação pelos

alunos com menores níveis de empenho. Até agora, o trabalho desenvolvido

leva-me a acreditar que a aplicação do MED pode resultar e obter um

significado positivo na turma (Reflexão da aula nº77 e nº78).”

De realçar ainda, que nesta fase (pré-época) não fui capaz de cortar

umbilicalmente com a minha postura mais diretiva e ir de encontro ao

incremento de autonomia dos alunos reivindicado pelo modelo. Porém, a

estratégia passou sempre por assegurar-me primeiramente que toda a matéria

de base ao desempenho dos alunos durante a fase competitiva da época era

compreendida, preparando-os para o desempenho das funções que lhes

seriam atribuídas futuramente, e só depois aumentar a liberdade e

responsabilidade das suas ações durante as aulas.

Ao chegar à terceira aula da aplicação do MED “ (…) consegui finalmente,

em determinados períodos da aula, constatar que a turma funcionou em modo

de piloto automático. Os capitães de equipas, tendo já estudado os exercícios a

utilizar no período de aquecimento antes dos jogos e definido o nome da

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equipa, o grito de guerra e as funções de cada elemento nos diversos

momentos da aula, conseguiram organizar, dinamizar e coordenar os seus

elementos quer durante a sua prestação nos jogos pertencentes ao quadro

competitivo, quer no desempenho das funções apoio dos mesmos, realizando

com sucesso as tarefas de arbitrar, fotografar, filmar, cronometrar, preencher

as fichas de jogos e marcar os pontos. Destaco ainda como positivo a postura

dinâmica, ativa e interessada de todos os elementos da turma. (Reflexão da aula

nº81 e nº82).”

Apesar de todo este clima favorável nesta fase, com o início do período

competitivo sobressaiu imediatamente uma das desvantagens da aplicação do

MED na minha turma, o excesso de vontade de vencer. “ Houve vários

exemplos de desprimor e falta de apoio aos alunos mais fracos (Reflexão da aula

nº81 e nº82).”

Contudo, porque evidenciaria o MED esta vontade de vencer a qualquer

custo, nunca antes demonstrada?

Não tendo dados objetivos que comprovem o porquê deste exagerar do

espírito competitivo da maioria dos alunos da minha turma, em detrimento dos

restantes valores, penso que as minhas suspeitas poderão andar muito perto

da verdade. “Na minha opinião, a resposta poderá estar associada a dois

motivos. Primeiramente, a implementação do MED, através da criação de um

grito de guerra, um quadro competitivo, atribuição de prémios aos melhores

alunos, preconiza por si só a competição, o que pode amplificar esta vontade

de querer vencer em detrimento das restantes dinâmicas de coesão de grupo.

O segundo aspeto que poderá contribuir para esta questão, está relacionado

com a presença na minha turma de um elevado número de alunos com ligação,

atualmente ou no passado, ao desporto federado em Futebol e Voleibol (…)

(Diário de Bordo - “Participação na aula da estudante estagiária M.T. - MED).”

Perante tais factos, era meu dever intervir no sentido de tentar equilibrar

a balança, que neste momento pendia para o sobrevalorizar da vitória. “Assim

sendo (…) tive uma intervenção pedagógica mais forte junto da turma,

procurando amenizar o clima de rivalidade que por vezes é criado e a falta de

cooperação e interajuda (…) alertei insistentemente para a importância do

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espírito de equipa, apoio aos colegas, fairplay, respeito pelo adversário e

decisões de arbitragem (Reflexão da aula nº81 e nº82).” Tive ainda o cuidado de “

(…) conversar com os capitães de equipa sobre estes aspetos. Acredito que

estes terão capacidade para entender a minha perspetiva e influenciar os

colegas, uma vez que a nomeação dos capitães efetuada, teve em conta as

suas atitudes, responsabilidade, comportamento e cultura desportiva que têm

revelado ao longo do ano letivo. Estou convicto de que serão capazes de

demonstrar responsabilidade durante a sua atuação, promover um bom espírito

no seio da equipa, coordenar o grupo e colaborar com os colegas mais fracos,

ajudando-os a progredir (Reflexão da aula nº87 e nº88).”

“A minha intervenção sobre a turma e os capitães das equipas,

relativamente ao reforço da importância de estarem presentes na aula

equitativamente todos os pressupostos do MED, promoveu resultados positivos

(Reflexão da aula nº101 e nº102).”

De facto, neste período (competição), a minha função passava por atuar

sobre este tipo de questões, supervisionando a atividade dos alunos mais à

distância e atribuindo-lhes mais autonomia e responsabilidade. Por outro lado

deveria aproveitar essa mesma autonomia da turma para exercer a minha

função como professor, ou seja, intervir junto da aprendizagem motora. “Foi

com agrado que pude verificar a capacidade demonstrada para desempenhar

devidamente o que foi pedido em cada função (…) os estatísticos preencheram

corretamente as fichas de jogo, os marcadores de pontos estiveram atentos e

cumpriram com o seu cargo, os árbitros dominaram perfeitamente as regras do

jogo, encarando com responsabilidade a sua tarefa e os repórteres circularam

pelo espaço, cobrindo o evento com fotografias e filmagens. A turma parece

agir por si, sem necessitar uma grande intervenção minha nos processos de

gestão e organização da aula, o que acaba por me causar alguma estranheza.

Não estou habituado a estar desprendido deste tipo de funções, dando a

impressão que o meu raio de ação está limitado. Porém, foi sempre com este

objetivo que trabalhei durante o ano letivo, pelo que terei que aproveitar esta

situação para me dedicar mais supervisão, instrução e correção de aspetos

técnicos e táticas da modalidade (Reflexão da aula nº105 e nº106).”

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A conclusão da aplicação do MED nas UD foi feita através do tão

esperado evento culminante. A aula de hoje exigiu um elevado nível de

planificação. Em primeiro lugar, o objetivo para estas sessões finais era

proporcionar aos alunos uma experiência única em termos festivos. Como tal,

organizei um minitorneio entre as três equipas presentes no quadro

competitivo, com a presença adicional e especial de uma equipa de

professores (núcleo de estágio e professor cooperante). “ (…) considero que a

sessão foi extremamente positiva, na qual os jogos do minitorneio decorreram

de acordo com o planeado. (…) a decisão de incluir uma equipa de professores

foi benéfica, já que grande parte da motivação dos alunos passou por jogar

contra a nossa equipa (…) a cerimónia de entrega das medalhas aos

vencedores e a subida ao pódio pelas equipas do MED, foi, indubitavelmente,

um dos pontos marcantes do MED, tendo sido, certamente, diferente e

enriquecedor para os alunos que nunca passaram em termos desportivos por

este tipo de momentos (…) o evento culminante foi diferente de todas as aulas

do ano, no que se refere à festividade, ambiente de inclusão e clima da aula

(Reflexão da aula nº113 e nº114).”

Ilações sobre a aplicação do MED nas UD de Futebol e Voleibol

Depois do que foi apresentado anteriormente em relação ao planeamento

e realização das UD de Futebol e Voleibol ao abrigo do MED, cabe-me fazer

um balanço do significado que teve esta experiência, numa perspetiva

construtiva e com vista à melhoria futura da minha prática de ensino

Assim, as considerações que apresento de seguida, não são mais do que

o reflexo da minha vivência e como tal, espelham uma perspetiva pessoal da

aplicação do modelo neste contexto particular (turma do 12º ano da ESL).

Considero ser importante referir que, à partida, pela minha ausência de

formação neste modelo, considerava-me desconhecedor do MED e das suas

potencialidades. Foi isso que me levou a colocá-lo em prática, consciente de

que a realidade me poderia apresentar informações, umas mais positivas do

que outras, mas que com a devida reflexão permitir-me-ia retirar ilações para

melhorar a minha atuação como professor.

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Nesse sentido apresento os aspetos positivos e negativos, mais

marcantes do ponto de vista pessoal e resultantes desta experiência.

A organização da disciplina por multiatividades foi logo o primeiro

entrave à consecução do MED, uma vez que, segundo Siedentop (2000)

este modelo não encaixa em formatos de multiatividades e unidades

curtas de instrução. Como tal, penso ser importante o PNEF, orientações

dos departamentos e roulements das instalações das escolas, serem

alvo de uma reflexão profunda que permita, de acordo com algumas

alterações, existir condições estruturais para aplicação do MED.

Um dos propósitos do MED prende-se com a contextualização das

experiências na EF. Tal como já foi referido durante a breve

caraterização do MED, este é crítico pelas habilidades serem ensinadas

de forma isolada e não como parte do contexto natural da sua execução

estratégica no jogo. Os rituais, valores e tradições que dão sentido ao

desporto, raramente são mencionados e muito menos ensinados para

que os alunos os possam compreender e vivenciar (Graça & Mesquita,

2009).

De facto, penso que foi visível que as aulas caraterizaram-se por este

tipo de abordagem, tendo o MED a particularidade de promover

experiências educativas do desporto mais autênticas e completas.

Refiro-me ao desenrolar da pré-epoca, do quadro competitivo, do evento

culminante, mas principalmente, às funções atribuídas aos alunos. Os

papéis assumidos pelos alunos (jogador, capitão, árbitro, estatístico,

oficial de mesa ou jornalista) e a vivência destas funções contribuíram

para o seu desenvolvimento pessoal e enriquecimento da cultura

desportiva. Como em todos os parâmetros de uma aula de EF,

dificilmente poderemos ambicionar a criação de um ambiente

exatamente igual ao da competição. Obviamente que existe alguma

artificialidade no desempenho dos papéis, contudo considero que o

essencial destes esteve presente, permitindo aos alunos perceberem a

abrangência do fenómeno desportivo, adquirem conhecimentos de base

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sobre a competição, para a partir daí poderem analisar o jogo e

compreenderem o desporto.

Por outro lado, penso será pertinente questionarmo-nos se é mais

importante ter os alunos a desempenhar as outras funções ou a

praticarem as habilidades motoras das modalidades abordadas?

Depois desta experiência, entendo que o desempenho de outras funções

pelo aluno deve ser utilizado com ponderação. Poderá ser interessante

para os alunos vivenciarem e perceberem as diferentes funções, mas

não deve passar disso mesmo. A real importância está na prática das

habilidades motoras e na sua aprendizagem. É neste aspeto que

deveremos centrar-nos e que deve ser o nosso principal objetivo da

aula. “ (…) planifiquei as aulas, de forma a cada equipa passar no

máximo 15 minutos em cada duas sessões (90 minutos) em funções de

apoio aos jogos, já que considero ser importante ter todos os alunos em

atividade motora. Para mim essa é a prioridade do ensino (Reflexão da aula

nº81 e nº82).”

Relativamente à motivação dos alunos para a disciplina de EF,

considero que a turma revelou durante todo o ano letivo um elevado

interesse pelas atividades das aulas. Contudo, admito que, de facto, a

aplicação do MED teve a capacidade de criar um interesse suplementar

e quebrar as rotinas pessoais e dos alunos associadas aos modelos

mais tradicionais.

Outra conclusão retirada desta experiência, e já referida anteriormente,

foi o efeito negativo da competição. A competição desportiva,

configurada didaticamente e com precauções pedagógicas, pode

contribuir para desenvolver nos alunos valores como a resistência às

dificuldades, a superação, o respeito pelo outro, etc. Competir, implica

necessariamente relacionarmo-nos, ainda que num contexto de disputa,

daí que o respeito e o reconhecimento do adversário são transversais à

oposição e ao desejo de vitória. Por outro lado, esse sentido de disputa

inerente a cada momento competitivo, apela a uma motivação intrínseca

do aluno em se superar, solicitando a busca dos limites do corpo e de

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um rendimento cada vez mais elevado. Todavia, apesar de todo o valor

pedagógico da competição, devemos ter em consideração que se

podem gerar alguns antagonismos, caindo-se no exagero do ganhar a

todo o custo, desprezando valores como o companheirismo, a

interajuda, a festividade, etc. Por tudo isto, e de acordo com os vários

exemplos já mencionados anteriormente, considero que o enfoque

colocado pelo MED na competição formal, pontuações e prémios, acaba

por fazer sobressair os aspetos negativos da competição.

Uma outra caraterística particular do MED, também já referenciada, mas

não desenvolvida, reporta-se aos critérios da formação de grupos, que

visam assegurar o equilíbrio competitivo e o desenvolvimento das

relações de cooperação na aprendizagem.

Com a intenção de promover-se a inclusão e equilibrar as oportunidades

de participação de todos os alunos, somos obrigados a criar uma grande

heterogeneidade em termos da competência dos alunos dentro de cada

equipa. Paralelamente, a fomentação e premiação da colaboração na

aprendizagem, o fairplay, a interajuda, o apoio do capitão à sua equipa,

entre outros, promove a igualdade de oportunidades para participar e o

desporto inclusivo.

Contudo, será este método do desporto inclusivo a melhor forma de

promovermos a evolução de todos os alunos? E como fazemos a

diferenciação do ensino por etapas de aprendizagem? Penso que o

objetivo de promover nas aulas de EF uma inclusão e um desporto igual

para todos seria correto, se todos os alunos progredissem também na

sua aprendizagem. Porém, o meu termo de comparação (antes de

aplicar o MED em Futebol e Voleibol, tinha utilizado os modelos

tradicionais, diferenciando a turma por níveis de desempenho nas

mesmas modalidades), permite-me afirmar que isso não se comprovou

na prática. De facto, os alunos mais fracos, possivelmente uma vez mais

pelo exaltar da vitória, tiveram menos oportunidades para aprender e

quase não progrediram durante a aplicação do MED.

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Para além disso, há momentos em que é importante alterar a

constituição das equipas para beneficiar a progressão na prestação

individual do aluno, o que, por necessidade de cumprimento do quadro

competitivo torna difícil a mudança dos alunos de equipa.

Importa ainda acrescentar que, face a esta experiência, tenho sérias

dúvidas que os alunos JM, AB, VF e AA (menor nível de competência)

se tenham sentido completamente integrados nas suas equipas e

valorizados como membro das mesmas. Porém, reconheço o mérito do

modelo em ter essa preocupação, valorizando aspetos tão importantes e

muitas vezes negligenciados, com o é o caso da inclusão. De facto, não

podemos passar ao lado desta questão nas aulas de EF, pelo que

acredito que o MED poderá ter um contributo importante nesse sentido,

se conseguir levar os alunos a compreenderem realmente o valor das

atitudes inclusivas. Mas, mais que a importância do modelo adotado

para essa questão da inclusão, acredito que é ao professor que cabe,

em primeira instância, a função de abordar o tema com frontalidade e

educar os alunos para valores como a inclusão, fazendo-os sentir a

necessidade de acolher e colaborar com o colega mais fraco.

Por último gostaria de referir as implicações deste modelo no trabalho do

professor. A abordagem das UD através do MED implica, principalmente

numa primeira fase, um elevado dispêndio de tempo e recursos por

parte do professor (quadro competitivo, evento culminante, pódios,

medalhas, diplomas, Manuais de Equipas e Capitão/Treinador, contratos

de capitão, etc.). Perante o cenário controverso da educação atual e da

multiplicidade de funções que a escola coloca diariamente ao professor,

é com alguma dificuldade, que vejo os profissionais de EF aplicarem o

MED nas suas aulas. Contudo, concordo com a posição da faculdade

em promover outras formas de ensinar, apetrechando os futuros

profissionais com novas ferramentas de ensino. Termino esta reflexão,

afirmando convictamente, que após as minhas limitações iniciais pelo

desconhecimento do modelo, caso estejam reunidas condições para tal,

aplicarei novamente o MED.

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4.1.4 - Avaliação

A avaliação pretende diagnosticar carências, classificar homogeneamente

segundo níveis de capacidade, dispensar matéria do programa, predizer níveis

de desempenho e aquisição, especificar a dimensão dos progressos, motivar

os alunos, determinar notas e avaliar o ensino e o currículo.

Assim sendo, tal como as tarefas de conceção, planificação e realização,

a avaliação é parte importante e integrante da atividade didática do professor,

estando diretamente relacionada com as restantes. Percebe-se tal ligação pelo

facto de ser através da avaliação, controlo e análise do ensino e rendimento

dos alunos, que o professor vistoria a conceção, planificação e realização do

próprio ensino. Neste seguimento, poderemos afirmar que a avaliação,

destaca-se como uma importante ferramenta na conceção do ensino,

funcionando como um agente regulador que acompanha todo o processo,

antes (avaliação diagnóstica), durante (avaliação formativa) e o após a sua

conceção (avaliação sumativa).

Depreende-se facilmente que uma avaliação bem delineada e pensada

pode contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, bem como constituir-se

numa ferramenta essencial para ilustrar a performance dos alunos, a sua

progressão em termos de aprendizagem e ao mesmo tempo servir de

motivação e de responsabilização do próprio aluno pela sua aprendizagem e

crescimento.

De seguida serão apresentadas a importância dos diferentes momentos

avaliativos, tendo como base o duplo sentido da avaliação, ou seja, como

processo de ensino (variáveis relativas ao professor e aos alunos) e como

produto de ensino (os resultados obtidos pelos alunos).

4.1.4.1 - Avaliação diagnóstica

A avaliação diagnóstica é realizada no início de um processo de

aprendizagem, tendo como função a obtenção de informações sobre os

conhecimentos, aptidões e competências dos alunos com vista à organização

dos processos de ensino e aprendizagem. É com base neste tipo de avaliação

que o professor determina os objetivos e metas do ensino e realiza a seleção

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assertiva dos conteúdos para as diferentes UD, podendo esta ser considerado

como o elemento balizador do trabalho inicial do professor, ajudando-o a

nortear a sua prática para o ano letivo. Como tal, e face à sua importância, é

essencial para o professor, conceber e utilizar estratégias e formas de

avaliação inicial dos alunos que retirem o máximo de informação pertinente

possível, mas também que facilitem o seu trabalho.

Logo na primeira aula de avaliação diagnóstica, apesar de ter planificado

e preparado detalhadamente os exercícios, a organização espacial, as

transições dos alunos, a utilização dos instrumentos de avaliação adequados

para a avaliação, percebi que este processo não se afigurava tal fácil, como

havia especulado. Então, onde estaria os problemas? Quais as soluções? O

que alterar?

Primeiramente, penso que não tinha ainda a experiência necessária para

avaliar determinados alunos e, simultaneamente, gerir a restante turma/aula.

De facto, realizar duas tarefas sem me abstrair de nenhuma delas no início

revelou-se uma tarefa muito mais complexa do que inicialmente supunha que

seria. Paralelamente, e tal como já foi referido durante este documento, as

minhas grelhas de avaliação eram demasiado complexas, com uma grande

quantidade de informação e parâmetros para avaliar. A utilização deste tipo de

grelhas, não só dificultava a avaliação em si, como ajudava a prejudicar a

organização, gestão e dinamização das aulas. Por outro lado, ainda não

conhecia bem os meus alunos, logo à partida não sabia quais os alunos com

maiores e menores dificuldades.

Perante tais dificuldades, havia que agir com alguma celeridade no

sentido de melhorar quer a minha avaliação diagnóstica, quer as futuras

avaliações (formativa e sumativa). Assim sendo, decidi “reconstruir as grelhas

de avaliação, simplificando-as de forma a retirar apenas a informação útil e

pertinente para a minha tomada de decisão e definir mentalmente os

comportamentos necessários para os alunos atingirem cada um dos níveis de

desempenho. É importante olhar para o movimento no seu global e ser capaz

de identificar automaticamente se o aluno se enquadra no nível Não

Introdutório, Introdutório, Elementar ou Avançado. Só depois, e caso exista

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condições para tal, é que debruçar-me-ei sobre uma análise mais

pormenorizada sobre os aspetos negativos ou positivos, permitindo a minha

intervenção futura para os melhorar ou consolidar (Reflexão da aula nº17 e nº18).”

A opção pela estratégia anterior, juntamente com o acumular progressivo

de experiência em realizar uma tarefa específica e controlar o resto da turma,

permitiu-me ultrapassar esta dificuldade inicial e, consequentemente, melhorar

as seguintes fases da avaliação.

4.1.4.2 - Avaliação formativa

O Despacho Normativo nº 1/2005 (2005, p.73) refere que “a avaliação

formativa é a principal modalidade de avaliação do ensino básico, assume um

caráter contínuo e sistemático e visa a regulação do ensino e da

aprendizagem, recorrendo a uma variedade de instrumentos de recolha de

informação, de acordo com a natureza das aprendizagens e dos contextos em

que ocorrem. Fornece ao professor, ao aluno, ao encarregado de educação e

aos restantes intervenientes, informação sobre o desenvolvimento das

aprendizagens e competências, de modo a permitir rever e melhorar os

processos de trabalho.”

Segundo Siedentop (2000), a avaliação formativa tem como objetivo

fornecer feedbacks para o professor e aluno de modo a identificarem eventuais

dificuldades de aprendizagem, rever a prática docente e permitir a manutenção

de um registo do progresso do aluno identificando as suas principais fraquezas.

Reconheço que nos primeiros tempos, o conceito de avaliação formativa

e a sua pertinência era para mim algo indefinido e gerador de alguma

confusão. Uma vez mais ao sentir a necessidade de reavivar a minha

formação, consultei informação sobre o tema e aconselhei-me com o professor

cooperante e núcleo de estágio sobre o tema. De facto, durante a elaboração

da primeira UD (Futebol) do ano, estipulei dias específicos e idealizei realizar

este tipo de avaliação apenas naqueles momentos específicos. Não estaria

errado de todo o meu pensamento, contudo seria extremamente redutor avaliar

formativamente apenas pontualmente, uma vez que a avaliação formativa

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concretiza-se com duas formas de regularidade: permanente e pontual,

intercalar e final, todas fundamentais na sua concretização (Rosado, 2006).

Foi então que percebi que a avaliação formativa pontual, formalmente

organizada e decisiva na recolha de dados, completava-se naquilo que eu já

fazia diariamente, ou seja, numa avaliação contínua e permanente, muitas

vezes com um caráter informal e não instituída, isto é, não organizada de forma

deliberada. “Pretendo que a avaliação formativa não seja apenas pontual, mas

também diária e contínua, de forma a permitir-me realizar ajustamentos e rever

a metodologia usada em função das necessidades e feedbacks dos alunos,

com vista a promover aprendizagens significativas e contextualizadas. (Reflexão

da UD de Futebol).”

Percebe-se então que avaliar formativamente pressupõe também uma

recolha sistemática de informações sobre o desempenho dos alunos ao longo

das UD, tendo como objetivo principal a aferição da eficácia das estratégias e o

reajustar da atuação em função desses mesmos dados. No fundo, este registo

diário de dados sobre o desempenho dos alunos nos diferentes domínios da

avaliação, permitiu-me recolher feedbacks para os processos de planeamento,

gestão e instrução da aula e sobre o progresso da turma em direção aos

objetivos de aprendizagem. Paralelamente, entendo que este procedimento

permite acompanhar de perto a evolução dos alunos, dando consistência,

complementando e facilitando a tarefa de avaliar sumativamente os alunos nas

diferentes modalidades.

4.1.4.3 - Avaliação sumativa

Segundo o Despacho Normativo nº 1/2005 (2005, p.73) “a avaliação

sumativa consiste na formulação de um juízo globalizante sobre o

desenvolvimento das aprendizagens do aluno e das competências definidas

para cada disciplina e área disciplinar.”

Através da avaliação sumativa, o professor verifica se os seus objetivos

foram ou não alcançados com sucesso, determinando a eficácia de todo o

processo de ensino-aprendizagem. Poder-se-á então afirmar que o processo

de avaliação não é uma mera formalidade que visa apenas avaliar o aluno,

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mas sim uma forma de averiguarmos se o nosso ensino vai ou foi de encontro

às necessidades dos alunos no sentido de lhes proporcionar as melhores

condições de desenvolvimento e aprendizagem. Por outro lado, a realização da

avaliação sumativa pretende tornar quantitativo o nível qualitativo dos alunos,

no sentido de aferir os resultados que permitam realizar uma balanço final e

global da evolução dos alunos ao longo de cada UD.

A avaliação criterial foi o instrumento de recolha de informação que mais

se adequou a variabilidade interindividual presente na turma e contribui para

uma avaliação mais coerente e individualizada. Os alunos foram avaliados em

relação a critérios pré-estabelecidos que tinham como referência os objetivos

de ensino. Este tipo de avaliação pretendeu minimizar a subjetividade do

momento, uma vez que é inegável que sendo a observação o meio avaliativo,

possa ser posto em causa a objetividade do processo. Como tal, considero que

a objetividade poderá ter sido garantida, entre outros fatores, pela definição

rigorosa de critérios e pela quantidade de informação recolhida.

Porém, avaliar devidamente os alunos exige também que se pondere não

só o seu desempenho e competência final, mas também o progresso desde o

estado inicial até ao momento de avaliação sumativa e o empenho e

exercitação que evidenciou ao longo da UD. Para isso, o acompanhamento

diário dos alunos foi essencial e permitiu-me compreender que a função da

avaliação sumativa trata-se, principalmente, de um processo de verificação e

de controlo, permitindo tirar as dúvidas existentes sobre os objetivos

alcançados.

Finalmente, referir que a cultura desportiva dos alunos foi avaliada

através da realização de um teste escrito em cada período, no sentido de

verificar os conhecimentos teóricos adquiridos sobre as modalidades

abordadas, bem como realizar uma interação entre estes conhecimentos e as

aulas realizadas. A aptidão física foi avaliada no final do primeiro, segundo e

terceiros período, para que fosse possível verificar o nível de desempenho que

estes evidenciavam. Os conceitos psicossociais foram avaliados

sistematicamente ao longo de todas as aulas, através da verificação dos

comportamentos e valores inerentes a cada aluno alunos.

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4.1.4.4 - Humanização das notas

Tradicionalmente quando ouvimos falar de avaliação, relacionamos

imediatamente com o termo notas, porque de facto estão ambos

interrelacionados na realidade escolar. As notas configuram-se como a

ferramenta utilizada para exprimir a performance dos alunos no final de cada

período e são geralmente obtidas pelo resultado de diversas avaliações.

Contudo, uma das aprendizagens importantes efetuadas ao longo deste ano,

fixou-se no meu entendimento de que nem sempre as notas são um reflexo

objetivo dos resultados das avaliações. Estas devem servir como um

instrumento válido e rigoroso, mas também demonstrar alguma sensibilidade

do professor na altura de premiar o empenho, dedicação e progressão dos

alunos ao longo do ano letivo.

No final do primeiro período, após ter calculado objetivamente as notas da

turma segundo as avaliações efetuadas, deparei-me com classificações de

alguns alunos que não identificavam perfeitamente as suas caraterísticas. Foi

então, que fui alertado pelo professor cooperante para a existência de um novo

conceito neste contexto, “humanização das notas”, consistindo este na

utilização da margem de manobra que um professor deverá ter no seu raio de

ação (normalmente um valor para cima ou para baixo).

A introdução deste novo conceito no meu processo avaliativo veio dar

resposta às minhas dificuldades, originadas pela tentativa de ser o mais

rigoroso e objetivo possível. Assim sendo, tendo a liberdade de modificar,

sempre com algumas precauções, a nota final, possibilitou-me encontrar um

valor numérico que reconhecesse e demonstrasse na plenitude as capacidades

e caraterísticas do aluno em questão.

Finalmente, é importante referir que este novo instrumento disponibilizado

e aplicado por mim, ficou comprovado e validado durante o conselho de turma,

o qual tive o prazer de dirigir, uma vez que as caraterísticas que valorizava ou

não em cada aluno eram completamente corroboradas pela opinião dos

restantes professores da turma através de feedbacks ou pelas notas atribuídas.

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4.1.5 - Experiência de ser Professor a Tempo Inteiro

Ao longo deste documento, por diversas ocasiões ficou demonstrado a

importância que o EP tem na preparação do futuro profissional da educação.

Tal como já foi definido e contextualizado segundo a literatura, o EP pretende

dar ao estudante estagiário a oportunidade de contatar o mais próximo possível

com a realidade escolar e com as funções que a escola exige atualmente ao

professor. Mas será que se verifica isso mesmo na prática? Será que a

lecionação de apenas uma turma ou 2 blocos de 90 minutos possibilitará ao

estudante estagiário obter uma perfeita e real noção do que é ser professor?

Será a minha turma representativa da maioria das turmas existentes?

Com o objetivo de dar resposta a este tipo de questões, o professor

cooperante sugeriu a realização do projeto Professor a Tempo Inteiro (PTI),

consistindo este na lecionação de um horário completo escolar (22 horas

letivas) durante uma semana.

Quadro 2: Horário da semana de professor a tempo inteiro.

A sugestão foi prontamente aceite, iniciando no imediato por “ (…) falar

pessoalmente com todos os professores titulares das turmas que iria lecionar

(…) pretendi com esta primeira conversa recolher o maior número de dados

úteis para a minha planificação, tais como: número de alunos, níveis de

comportamento, existência de alunos problemáticos, motivação e

disponibilidade motora para a prática de EF, espaço onde decorreriam as aulas

e modalidades e conteúdos a abordar (…) após reunir o máximo de

informações possíveis, preparei e planifiquei exaustivamente todas aulas (…)

enviei por correio eletrónico os planos de aula elaborados para os respetivos

professores, com vista a que os mesmos verificassem se os objetivos e

exercícios delineados estavam adequados ao PA da turma, sendo que recebi

Horário - PTI

Segunda 12ºD (90m) 8ºB (90m) 7ºA (45m) 11ºE (90m)

Terça 8ºA (90m) 9ºC (90m)

Quarta 7ºC (45m) 12ºD (90m)

Quinta 7ºA (90m) 8ºB (45m) 9ºC (45m)

Sexta 7ºC (90m) 8ºA (45m) 11ºE (90m)

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apenas feedbacks positivos e ordem para dar seguimento com o planeamento

(Reflexão da semana de PTI).”

Chegado o tão esperado momento, “ (…) lecionei uma semana real e

intensiva de aulas tentando adotar uma postura forte, dinâmica, interventiva

(…) (Reflexão da semana de PTI) ” onde tive a oportunidade de contatar com

diversos alunos e turmas completamente diferentes da minha realidade.

Esta experiência permitiu-me assim retirar algumas ilações, tal como

pretendido inicialmente. Assim sendo, percebi que cada ano de escolaridade

tem as suas particularidades e diferenças em termos de “ (…) número de

alunos por turma, comportamento dos alunos, desempenho motor, grau de

concentração e atenção durante a instrução, etc. (Reflexão da semana de PTI) ”

levando-me a concluir que, “ (…) a turma que tenho este ano é um verdadeiro

oásis quando comparado com as restantes realidades (…) (Reflexão da semana de

PTI).”

Constatei também que “ (…) o empenho, dedicação, atitude e

comportamento dos alunos são diferentes da turma que me foi atribuída no

meu primeiro estágio ou da minha da minha realidade enquanto aluno. Serão

fatores motivacionais dos alunos? Será a menor dedicação e empenho face à

desmotivação dos professores consequente dos sucessivos cortes do governo

na educação? Será consequência da crise instalada no país, sendo os

problemas de casa transportados para a escola? Será a não contabilização

atual da nota de EF para a média? (Reflexão da semana de PTI).” Atualmente, ainda

não consigo dar um parecer concreto e válido para as diversas questões,

porém a convicção da altura mantém-se, “ (…) após esta semana tenho uma

certeza: a realidade escolar alterou-se, para pior na minha opinião, e,

possivelmente, continuará a alterar-se (Reflexão da semana de PTI).”

Foi ainda positivo perceber que através deste projeto consegui levar os

vários professores titulares das turmas que me cederam as suas aulas “ (…) a

refletir sobre a sua prática pedagógica e a inovar e aumentar o seu

conhecimento através de novos exercícios, metodologias, estratégias, etc.

(Reflexão da semana de PTI).”

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Por último, esta semana levou-me a comprovar o que já suspeitava há

muito, uma vez que “ (…) o ritmo e a dinâmica apresentada por mim e exigida

aos alunos durante todos os exercícios e aulas será difícil de se manter ao

longo de todo um período, ano ou carreira profissional (…) no final da semana,

o desgaste físico e psicológico era evidente, sendo que a energia que transmiti

persistentemente aos alunos já não se emancipava de uma forma natural, mas

sim por esforço pessoal. Por outro lado, a planificação, dedicação e

empenhamento que é exigido ao longo deste EP durante a lecionação na

minha turma é irreal, já que tenho sérias dúvidas que no futuro consiga aplicar

da mesma forma a um número tão elevado de turmas e aulas. Contudo,

considero que a preparação que nos é dada durante este ano é fulcral e

adequada no sentido de fornecer um sem número de conhecimentos e

ferramentas para podermos aplicar, caso seja necessário, ao longo do nosso

percurso profissional (Reflexão da semana de PTI).”

“Concluindo, penso ter sido uma experiência rica e reveladora da

profissão de docente que me espera no futuro (Reflexão da semana de PTI) ” e face

à importância da mesma para a construção da minha identidade profissional,

sugiro que esta tarefa, sempre que seja possível de operacionalização nos

núcleos de estágio da FADEUP, uma vez que a mesma depende de fatores

externos à faculdade (cedência das turmas de outros professores aos

estudantes estagiários, aprovação do departamento de EF, aceitação por parte

da direção da escola, etc.), seja dinamizada, incluída e desenvolvida no âmbito

do EP.

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4.2 - Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade

“Estas áreas englobam todas as atividades não letivas realizadas pelo

estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar e

(…) um melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a

exploração da ligação entre a escola e o meio. Estas pretendem contribuir para

a promoção do sucesso educativo, no reforço do papel do professor de EF na

escola e na comunidade local, bem como da disciplina de EF, através de uma

intervenção contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora. A sua

conceção pretende refletir sobre a escola enquanto comunidade educativa e o

papel cooperante do professor na (re)construção, no desenvolvimento e na

reflexão do Projeto Educativo da Escola da escola e dos projetos disciplinares

e transdisciplinares.” (Matos, 2012a, p. 6).

Face a esta definição clara do trabalho a desenvolver nestas duas áreas,

teria que ter uma participação ativa e não confinada ao contexto da sala de

aula, pelo que desde o início do ano, estabeleci como prioridade não passar

pela, mas estar na escola, não me limitando ao meu horário letivo semanal. Só

assim, poderia não ser apenas mais um na escola, mas sim, ser e sentir-me

membro integrante da mesma, alcançando a meta estabelecida inicialmente.

Aí, nesse exato momento, estaria em condições de fazer parte da escola, ser

reconhecido como elemento da mesma e participar na dinamização de

atividades que conduzissem a uma mobilização da comunidade escolar e me

aproximassem da sua realidade, gerando um clima favorável ao

desenvolvimento de competências essenciais para a minha futura profissão.

De seguida, será apresentado especificamente cada uma das atividades

realizadas, procurando, principalmente, expressar a importância desta

participação para a minha integração na vida da ESL, bem como os principais

ganhos desses processos para o meu futuro.

4.2.1 - Atividades presentes no Plano Anual de Atividades do

Departamento de Educação Física e Desporto

Os eventos que tive a oportunidade de participar, presentes no PAA do

departamento de EF e desporto elaborado para este ano letivo e com o objetivo

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de, naturalmente, despoletar e aumentar nos alunos o gosto pela prática

desportiva, foram as Atividades Desportivas Escolares - Taça 3D, Mega

Sprinter, XIII Corta Mato Escolar Jovem, Mega Salto, XII Romaria Escolar,

Flash Desportivo, XVIII Supertaça Escolar e Laranjeiras Clube (núcleo de

Voleibol e núcleo de Exploração da Natureza e Ar Livre).

4.2.1.1 - Atividades Desportivas Escolares - Taça 3D

A Taça 3D consistiu num torneio interno composto por três modalidades,

sendo elas Futebol, Voleibol e Badmínton e tendo como principal objetivo a

promoção da atividade física junto da comunidade escolar. A atividade

consistia em realizar a competição das três modalidades todas as quartas-

feiras de outubro a abril, exceto nos períodos de interrupção letiva (férias dos

alunos). Pelo facto de ter estado ligado ao Futebol, fui designado como

organizador desta competição específica, tendo assumido funções de apoio e

gestão nas restantes modalidades (Voleibol e Badmínton).

Foi visível na participação de algumas equipas a vontade de colocar à

prova os seus limites, de querer testar a sua evolução, de tentar ir de encontro

e em confronto com o outro segundo as leis éticas do desporto. Contudo,

também foi notório que determinadas equipas desistiram ou não

compareceram aos jogos, colocando em causa o bom desenrolar do torneio.

De facto, estas situações levaram-me a refletir e a perceber que é importante

dinamizar este tipo de eventos para os alunos, porém terá que haver

ponderação no momento de decidir sobre a duração dos mesmos. Como tal,

considero que organizar eventos com uma longevidade tão alargada para

alunos pouco responsáveis nos seus compromissos, como foi o caso, torna-se

pouco compensador e reconfortante, sendo mesmo extremamente complicado

manter o normal funcionamento do evento durante um calendário tão

prolongado. A solução poderá então passar por dinamizar as Atividades

Desportivas Escolares através de eventos pontuais e sem continuidade, dando

a oportunidade a novas entradas de alunos e não correr o risco de saturação e

desistência das equipas.

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Finalmente, a minha participação nesta Taça 3D e o contacto mais

profundo sobre toda a dinâmica que nela se inseriu, deu-me a oportunidade de

perceber as tarefas de coordenação, organização e gestão implícitas à mesma.

4.2.1.2 - Mega Sprinter

O Mega Sprinter decorreu a 14 de novembro de 2012, consistindo numa

competição de velocidade entre os alunos, distinguidos por sexo e idades.

Tendo sido este o primeiro evento a reunir os elementos do departamento de

EF e desporto para colaborar e organizar algo em conjunto, não posso deixar

de assinalar que foi neste momento que, pela primeira vez, tive um sentimento

de pertença no grupo, o qual se viria a manifestar e estabelecer entre todos os

professores ao longo do ano letivo.

A minha colaboração no apoio das questões organizativas de material e

dos participantes, bem como nas tarefas de juízes de chegada, promoveu

relações extremamente positivas que ajudaram, nesta fase inicial, a integrar-

me no grupo.

Por outro lado, salientar que percebi o porquê deste tipo de eventos

ajudarem a tornar a EF como a disciplina predileta da maioria dos alunos e

constatei o forte impacto na promoção dos seus objetivos junto da comunidade

escolar.

Finalmente, considero que se tratou de uma experiência construtiva ao

nível da tomada de consciência de como se organizam este tipo de atividades,

possibilitando-me retirar ilações para futuras intervenções e obter a noção do

que é necessário fazer para que uma atividade deste cariz seja conduzida com

sucesso.

4.2.1.3 - XIII Corta Mato Escolar Jovem

Na realização do XIII Corta Mato Escolar Jovem, fui selecionado para ser

o diretor da prova, supervisionado pelo professor F.M. e coadjuvado pela

estudante estagiária M.M., tendo como responsabilidade a liderança e a

organização da mesma.

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Esta experiência contribuiu significativamente para o meu crescimento,

retirando durante a promoção do evento (dinâmica instituída na página da

internet facebook “Eu vou e tu?”), a primeira das aprendizagens para o futuro.

Qual a importância das estratégias de promoção e divulgação do evento? De

facto, um plano adequado, apelativo e despertador de curiosidade poderá ter

um forte impacto no público-alvo definido. Como tal, será pertinente não

desprezar o antes do evento e correspondente divulgação.

Por outro lado, foi necessário ter algumas reuniões antes do evento para

distribuir tarefas, identificar fatores que pudessem influenciar a realização do

evento, encontrar as respetivas soluções, conhecer o percurso, definir o horário

para cada escalão, entre várias outras preocupações.

Era então chegado o dia do evento, 12 de dezembro de 2012, no qual

tornava-se necessário orientar os 126 participantes durante a prova, bem como

liderar os alunos do curso profissional de desporto e equipa de professores

destacada para a organização, gestão e controlo da corrida (montagem e

desmontagem do percurso e tarefas de juízes de chegada, partidas e

credenciação). Aqui residia o meu grande problema: como gerir e liderar uma

equipa de pessoas tão diferentes? Chefiar os alunos apresentava-se à partida

acessível, porém dar ordens a professores com mais tempo de serviço e mais

experientes neste tipo de eventos, não era assim tão fácil. Contudo, seria, uma

vez mais, a altura exata para demonstrar o porquê de me caraterizarem

frequentemente como alguém dinâmico, vincado em termos de personalidade e

capaz de liderar grupos. Como tal, assumi a minha posição de diretor da prova

e tentei coordenar toda a organização da mesma.

Atualmente, verifico que esse dia fez-me crescer não só como professor,

onde aprendi como organizar um corta mato escolar, mas também como

homem, compreendendo que tal como em tudo na vida, o importante é saber

ouvir a opinião dos outros, gerir as diferentes personalidades de cada um, mas

acima de tudo saber decidir e responsabilizar-se por essa mesma decisão.

Posteriormente foi organizada e realizada a entrega de prémios relativos

ao XIII Corta Mato Escolar Jovem no dia 10 de janeiro, sendo destacados e

premiados os três primeiros classificados de cada escalão e sexo, com um

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óculo de escada esculpido sob uma base de basalto - pormenor da arquitetura

civil açoriana.

O culminar deste evento foi efetuado através da seleção e

acompanhamento de 21 alunos distribuídos pelos quatro escalões para

representarem a escola na fase de ilha do Corta Mato Escolar no dia 16 de

janeiro, na Reserva Florestal do Pinhal da Paz.

4.2.1.4 - Mega Salto

O Mega Salto realizou-se no dia 23 de janeiro de 2013, consistindo numa

competição de salto em comprimento entre os alunos, distinguidos por sexo e

idades.

Tal como no Mega Sprinter, a minha função foi apoiar nas questões

organizativas de material, participantes e desenrolar da competição. Fui ainda

incumbido para coordenar a equipa de professores em todo o processo de

verificação e análise dos saltos numa das quatro caixas de areia em

competição.

Finalmente, considero que foi, uma vez mais, uma excelente experiência

para perceber como é organizado este tipo de atividades, ganhando

instrumentos e conhecimentos para futuras intervenções em eventos do

género.

4.2.1.5 - XII Romaria Escolar

A XII Romaria Escolar realizou-se no dia 16 de março de 2013,

diferenciando-se das demais atividades pelo facto de reunir toda a comunidade

escolar (pais, alunos, funcionários e professores) em prol de um só objetivo:

caminhada de fé. Para além disso, as diferenças existentes entre todos, foram

esquecidas e postas de parte, passando a sermos todos irmãos e irmãs do

rancho durante o percurso de oração e reflexão.

Esta é uma atividade presente em poucas escolas da ilha de São Miguel,

não sendo infelizmente reproduzida pelas restantes instituições do país.

Contudo, após ter passado pela XII Romaria Escolar, arrisco-me a dizer, que

cada vez mais, faz falta a presença de um evento do género no PAA das

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escolas portuguesas. Facilmente se depreende da afirmação anterior que a

minha participação nesta atividade, levou-me à construção de uma excelente

impressão da mesma ao nível da organização demonstrada pelo departamento

de EF e desporto da ESL, da interação criada entre todos os membros e da

importância e impacto que esta dinâmica teve na comunidade escolar.

Realço ainda, que esta foi simultaneamente marcante ao nível da minha

reflexão pessoal, tema já desenvolvido anteriormente no ponto de Ser

Professor Reflexivo, pelo que não será novamente referido.

4.2.1.6 - XVIII Supertaça Escolar

A XVIII Supertaça Escolar decorreu nos dias 7 e 8 de Maio, envolvendo

em competição 456 pessoas, entre alunos, árbitros, professores

acompanhantes e pessoal de apoio às competições. Para além da escola

organizadora (ESL), participaram também as Escolas Secundárias Domingos

Rebelo e Antero de Quental. Esta atividade incluiu modalidades que fazem

parte do programa de EF, nomeadamente Basquetebol, Futebol e Voleibol

(modalidades coletivas) e Ginástica e Atletismo (modalidades individuais).

Tratando-se do ponto mais alto do PAA da ESL, marco no desporto

escolar em Ponta Delgada, as expetativas iniciais eram elevadas relativamente

ao seu impacto na comunidade escolar e ao seu nível organizativo. Neste

sentido, ao ser-me concedida a oportunidade de acompanhar de perto e

participar em toda a organização da atividade, uma vez que fui nomeado pelo

professor cooperante (comissário do evento) como um dos seus principais

apoios, pude perceber de perto a elevada dimensão do evento, bem como a

importância de planear bem todas as tarefas implícitas ao mesmo, tais como,

assinatura de protocolos e patrocínios, estipular e cumprir os prazos definidos,

distribuir as tarefas pelas equipas da organização, acompanhar as equipas de

arbitragem, controlar as entregas de tshirts e águas, organizar a cerimónia

encerramento, certificar-se da cobertura do evento pelos media, introduzir e

lançar os resultados da competição, etc.

Resumidamente, ser parte ativa da equipa organizadora fez-me sentir ser

parte integrante da ESL, tendo sido a minha participação nesta atividade

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extremamente enriquecedora quer pela aprendizagem efetuada, quer pela

troca de experiências com pessoas com os quais nunca havia contactado,

permitindo compreender de que forma se consegue mobilizar toda uma

comunidade educativa em prol de práticas de estilos de vida saudáveis.

4.2.1.7 - Flash Desportivo

O Flash Desportivo consistiu num concurso de fotografia que pretendia

levar os alunos a identificar momentos e/ou situações representativas do que é

o desporto, registar fotograficamente manifestações significativas da atividade

desportiva, conscientes de que “uma imagem vale mais do que mil palavras” e

produzir uma legenda, visando transmitir o que se pretende comunicar com a

imagem.

Esta atividade foi organizada, dinamizada e posta em prática pelos dois

núcleos de estágio presentes na ESL e teve como tarefas principais a

elaboração do regulamento do concurso, a avaliação dos trabalhos recebidos,

a exposição das fotos à comunidade escolar, a entrega de prémios, a

elaboração de um minibook fotográfico e a avaliação da mesma.

No meu entender esta atividade teve um reduzido impacto na comunidade

escolar, pela fraca adesão dos alunos à mesma (participação de apenas

dezanove alunos e vinte e cinco trabalhos). Todavia, até as experiências

negativas tem a capacidade de nos ensinar e pôr a refletir sobre os motivos e

condicionantes para a atividade não ter obtido o sucesso esperado. Como tal,

chego à conclusão que, apesar da ideia inicial ter sido interessante, os alunos

pretendem atividades que vão de encontro ao principal objetivo da EF, ou seja,

corpo em movimento.

4.2.1.8 - Laranjeiras Clube

O Laranjeiras Clube é um clube desportivo escolar sedeado na ESL, que

promove e desenvolve o desporto junto da comunidade local. Ao ter

conhecimento da sua existência pelo professor cooperante (presidente do

clube), tive como objetivo imediato poder estar de alguma forma integrado

nesta dinâmica. Por conseguinte, foram-me sugeridas duas possibilidades,

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sendo elas a criação de raiz de um novo núcleo ou integrar-me no núcleo que a

minha colega estagiária R.F. tinha a seu cargo. A minha decisão passou por

não selecionar nenhuma das hipóteses disponíveis, mas sim por inserir-me nas

duas em simultâneo.

O novo núcleo criado no âmbito da promoção do Voleibol teve uma

elevada adesão inicialmente, com a presença de cerca de vinte alunos a

praticarem a modalidade. Contudo, após este começo fulgurante, a interrupção

dos treinos motivado pelas obras ocorridas no pavilhão, conjuntamente com o

início da realização de estágios profissionais por alguns dos alunos, conduziu a

uma redução da assiduidade dos atletas, pondo em causa o número mínimo

exigido pelos Serviços do Desporto (quinze alunos). Face a este cenário, decidi

encerrar o núcleo de Voleibol no final de janeiro de 2013.

Contudo, os quatro meses passados a liderar este núcleo de Voleibol,

promoveram experiências positivas e conduziram-me a uma aprendizagem e

aperfeiçoamento ao nível do treino da modalidade que servir-me-á, certamente,

no futuro.

Relativamente ao núcleo de Exploração da Natureza e Ar Livre, foi,

indubitavelmente, uma experiência fantástica ter liderado e gerido o grupo de

jovens associados, tendo, para além dos treinos semanais, desenvolvido

inúmeras atividades durante o ano letivo, tais como, canoagem¹, peddy paper

no Parque Urbano, passeio pedestre na Lagoa do Fogo, prova de Orientação

Desportiva na ESL, no Jardim António Borges e na Reserva Florestal do Pinhal

da Paz, passeio de bicicleta de todo o terreno à cidade da Lagoa, tiro com arco,

atividades de praia e escalada.

Todos os eventos referidos anteriormente levaram-me ao

desenvolvimento nas diversas áreas. Porém, a maior aprendizagem de todas

foi despoletada pela atividade “Viagem ao Centro dos Açores - São Jorge”,

durante a interrupção letiva da Páscoa, na qual os alunos ficaram na minha

casa em São Jorge à minha responsabilidade. Esta foi planeada com vários

meses de antecedência, de forma a garantir a angariação da quantia monetária

necessária e fazer face às despesas das viagens e alimentação, através de

¹ Anexo 1: Artigo do Jornal VitaL

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organização de jantares, venda de bolos, rifas, cotas, angariação de

patrocínios e apoio do Laranjeiras Clube.

Neste momento, e fazendo uma análise geral da minha prestação nos

dois núcleos, posso afirmar que ter estado associado ao Laranjeiras Clube

durante este ano letivo proporcionou-me a aquisição de múltiplas

aprendizagens ao nível de organização e dinamização de atividades e gestão

de relações de adolescentes, as quais não teria sido possível sem a sua

presença (Laranjeiras Clube) neste EP.

4.2.2 - Atividades não presentes no Plano Anual de Atividades do

Departamento de Educação Física e Desporto

Simultaneamente com as atividades desenvolvidas do PAA do

departamento de EF e desporto tive a possibilidade de colaborar, em outros

domínios, nem sempre relacionados diretamente com a promoção e reforço do

gosto da atividade física junto dos alunos, mas que, na minha opinião, também

contribuíram fortemente para a minha conceção e perceção da abrangência do

Ser Professor. Como tal, participei nas VII Jornadas da Adolescência, nas

reuniões do departamento de EF e desporto, nas reuniões do desporto escolar,

nas reuniões de diretores de turma, nas reuniões gerais de professores, na

apresentação do PFI à comunidade escolar, no torneio Mexe-te Professor, na

ação de formação promovida pelo núcleo de estágio “Quebrar as rotinas das

aulas de Educação Física” e, ao longo de todo o ano, na direção da minha

turma.

4.2.2.1 - VII Jornadas da Adolescência

As VII Jornadas da Adolescência realizaram-se de 9 a 12 de abril de

2013, tendo sido organizadas pela equipa de saúde escolar da ESL. Apesar

das várias atividades paralelas, tais como a participação em cerimónias,

conferências, palestras, rastreios, entre outros, estas jornadas destacaram-se,

principalmente, pela diversidade de stands apresentados na Expo Saúde

Jovem, cujo objetivo foi proporcionar aos alunos experiências saudáveis ao

nível da alimentação, da prática de exercício físico ou da sensibilização para

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outros aspetos relacionados com o bem-estar físico, psicológico e social da

pessoa.

Como habitualmente, o departamento de EF e desporto, representado

este ano pelos dois núcleos de EP de EF presentes na ESL, deu o seu

contributo na organização do evento, apelando a um estilo de vida saudável

pelo seu stand repleto de atividades de carácter lúdico desportivo. Através da

diversidade, interesse e riqueza do programa apresentado (insufláveis, tiro ao

arco, exposição de fotografias, masterclass de Zumba, ténis de mesa,

matraquilhos e golf) foi possível garantir uma elevada adesão de toda a

comunidade escolar durante todo o evento.

Atualmente, após ter passado pela experiência de organizar as VII

Jornadas da Adolescência e ter estado inserido num evento com esta

grandeza, posso afirmar que o vivenciar do antes, durante e depois desta

semana foi extremamente positivo pelas aprendizagens interiorizadas. São

estes momentos de interação, de partilha de saberes, de convivência com os

outros que fazem com que todo o meu processo de formação adquira

significado e consistência. Como tal, as sucessivas reuniões antes do evento,

os contatos efetuados com os patrocinadores, a montagem e desmontagem do

material para as atividades e a gestão da equipa de trabalho permitiram-me

crescer como pessoa e adquirir conhecimento sobre e como organizar algo de

género.

Apresentação do meu Projeto de Vida

A organização das VII Jornadas da Adolescência decidiu inserir no seu

programa, numa altura em que o panorama é de “descrença no futuro”, uma

palestra com o tema “Projetos de Vida”, tendo como o objetivo principal

estimular os jovens para seguirem os seus sonhos. Este evento decorreu no

anfiteatro da escola e contou com vários depoimentos de personalidades

importantes açorianas sobre a utilidade de definir objetivamente um rumo

durante a adolescência e importância da escola na construção destes projetos

de vida.

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Foi com agrado que perante a presença de tão ilustres celebridades (o

futebolista Pauleta, o piloto de automóveis Ricardo Moura, a arquiteta Ana Rita

Silva, o comandante da SATA Frederico Rego e a cantora Raquel Dutra) recebi

o convite para integrar o painel de preletores.

Partindo do meu caso pessoal (realização do EP pela segunda vez),

marquei o meu discurso pelo reforço da importância de ter projetos futuros e da

necessidade de ser persistente, nem que para isso, sejamos obrigados a

recuar, reformular e construir novamente. “Seguiu-se o professor estagiário de

EF pela segunda vez, Leandro Pereira, que sendo de São Jorge teve de ir

estudar para o Porto e depois optou por regressar aos Açores e a São Miguel

para fazer o que realmente gosta: ensinar. Em consequência disso teve de

deixar mulher e filho recém-nascido no Porto para poder seguir os seus dois

sonhos: o de ser professor e do de regressar aos Açores (Artigo no jornal Correio

dos Açores²).”

Concluindo, a minha participação nesta atividade foi, porventura, um dos

momentos altos deste EP, permitindo-me expor a toda a comunidade escolar o

meu percurso de vida e propósito deste meu segundo EP, não com o objetivo

de ficarem a saber quais os meus planos futuros, mas sim de estimulá-los a

definir e lutar pelos seus.

4.2.2.2 - Reuniões do departamento de Educação Física e Desporto, do

desporto escolar, de diretores de turma e geral de professores

Desde a minha chegada à escola que fiz questão de estar presente em

todos os momentos que pudessem acrescentar-me conhecimento relevante

para o meu futuro. Neste sentido, presenciei todas as reuniões do

departamento de EF e desporto, do desporto escolar, de diretores de turma e

geral de professores, tendo até, por vezes, dado o meu contributo através de

intervenções que achasse serem pertinentes, bem como realizando a ata da

reunião de departamento do dia 12 de dezembro de 2012.

Atualmente, posso afirmar que foi com enorme prazer que presenciei e

ouvi todas as informações das diversas reuniões realizadas, uma vez que,

² Anexo 2: Artigo do jornal Correio dos Açores na íntegra

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foram sempre momentos representativos e formativos sobre as diversas tarefas

e a funções que cada professor terá que desempenhar numa escola.

4.2.2.3 - Apresentação do Projeto de Formação Individual à comunidade

escolar

No dia 20 de fevereiro de 2013, realizou-se no anfiteatro da escola a

apresentação dos PFI dos estudantes estagiários dos dois núcleos de EP

presentes na ESL.

Esta cerimónia foi a solução encontrada para demonstrar, a todos os

professores do departamento de EF e desporto, o trabalho que estávamos e

iriamos realizar durante o ano letivo nas nossas turmas e na ESL.

Relativamente à minha apresentação, considero que o meu desempenho

foi extremamente positivo, diferenciando-se dos demais, principalmente, pela

visualização do vídeo produzido sobre o meu percurso de vida. Confesso que,

apesar da experiência adquirida em falar para plateias ao longo destes anos,

não deixou de estar implícito o chamado “nervoso miudinho”. Porém, acredito

que a apresentação do PFI também englobava a função de nos prepararmos

para falar e expressar em momentos formais perante um público qualificado e

exigente.

Atualmente, constato que foi com distinção que ultrapassei a situação,

tendo apresentado formalmente o meu percurso de vida e as expetativas com

que parti para esta renovação de formação, bem como consolidado a forma de

ser e estar nestes eventos.

4.2.2.4 - Mexe-te Professor

No dia 24 de abril de 2013 os Serviços do Desporto organizaram o

torneio “Mexe-te Professor”, reunindo várias equipas de professores das

escolas de toda a ilha. A ESL organizou-se no sentido de participar no evento,

tendo sido integrado na equipa de Futebol.

Este não foi um momento marcante em termos de aprendizagem de como

se organiza ou dinamiza eventos do género, uma vez que fiz parte do mesmo

apenas como participante, mas sim, uma excelente experiência em termos de

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convívio e interação com a classe docente de EF. “Ser Professor é também

estar integrado no departamento, escola e meio em que desenvolvemos a

nossa profissão. (…) momentos de socialização, no qual todos os professores

do nosso departamento tiveram a oportunidade de conviver através do

desporto (…) fomentando um convívio generalizado, mas também um espirito

de grupo do nosso departamento/equipa. Como é óbvio, não poderia terminar

de falar sobre este acontecimento, sem deixar expresso que no final do torneio

de Futebol a vitória foi nossa (Diário de Bordo - Participação no Mexe-te Professor).”

4.2.2.5 - Ação de formação - “Quebrar as rotinas das aulas de Educação

Física”

Durante o planeamento da ação de formação, muitas foram as ideias que

surgiram, até que decidimos optar por oferecer uma formação que associasse

e convergisse em dois pontos: novas modalidades e materiais autoconstruídos.

Mas porquê a abordagem desta temática? Qual a sua pertinência e utilidade

futuramente na ESL? Seria inovador para os formandos?

Durante este ano letivo, percebemos que, face às caraterísticas que cada

vez mais os nossos alunos revelam, a lecionação da EF necessita de se

centrar em mais e melhor formação contínua, inovação e procura incessante de

soluções que poderão ajudar a criar aulas diversificadas e motivantes. Por

conseguinte, e com o intuito de dar resposta e sugerir alternativas a estes

problemas, levamos a cabo nos dias 15 e 22 de maio, a organização e

dinamização da inovadora ação de formação "Quebrar as rotinas nas aulas de

Educação Física"³ dirigida aos professores do departamento de EF e desporto

da ESL.

Na primeira sessão, os conteúdos programáticos foram a introdução ao

tema, a apresentação das regras e caraterísticas das matérias alternativas

(Ringo, Badmínton e Softball) e a autoconstrução dos materiais didáticos para

as respetivas modalidades. Estes objetos foram construídos a partir de

materiais quotidianos, tais como, collants de senhora, cabides de metal, rolos

de fita isoladora, sacos de plástico, jornais e papelão. A segunda sessão foi o

culminar da ação, na qual foi possível verificar e experimentar na prática

³ Anexo 3: Programa da Ação de Formação

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a utilidade dos materiais construídos, havendo ainda tempo para encerrar com

um agradável coffee-break.

Atualmente, verifico que a promoção deste evento envolveu um forte

espírito e trabalho de grupo do nosso núcleo de estágio para que todos os

detalhes estivessem devidamente acautelados. Considero que pela adesão,

interesse e dedicação de todos os participantes, a pertinência do tema e a

experiência proporcionada ao departamento foi adequada e positiva, sendo de

certa forma, a nossa forma de recompensar pelas inúmeras aprendizagens que

obtivemos deste grupo de professores ao longo do ano letivo.

Finalmente, esta atividade, para além de me ter obrigado a aprofundar

conhecimentos sobre o tema, despertou a minha atenção para a possibilidade

de ter mais uma saída profissional no futuro, ou seja, ser formador na área da

EF.

4.2.2.6 - Direção de turma

Visto tratar-se de um potencial cargo a desempenhar no futuro como

professor, no início do ano letivo, assumi a minha colaboração no cargo de

diretor de turma. Este papel foi desempenhado às terças-feiras, no horário das

10:15h às 11:45, bloco este destinado ao atendimento dos encarregados de

educação para debate de qualquer tipo de ocorrência ou desenvolvimento do

seu educando, bem como às restantes tarefas administrativas.

Logo no início do ano foi efetuado o processo de eleição do delegado e

do subdelegado da turma (respetivamente, TM, nº 11 e LC, nº 5), clarificando e

valorizando a figura daqueles elementos e as suas funções como um elo de

ligação e de integração do aluno na turma e desta na escola.

Posteriormente, face à abertura e confiança depositada em mim pelo

diretor de turma (professor cooperante), fui edificando gradualmente uma

autonomia, sempre supervisionada, na direção de turma, que permitiu-me

vivenciar na prática e perceber de perto qual a função pedagógica, função

administrativa e relação com os alunos, professores do conselho de turma,

encarregados de educação e conselho executivo inerentes a este cargo, bem

como compreender as leis que regulam o papel do diretor de turma na escola,

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as tarefas a desempenhar, o modo de organização e regulamentação das

respetivas reuniões.

Como colaborador da direção de turma, fiz o levantamento das faltas dos

alunos (semanalmente) e o seu registo nos respetivos suportes administrativos,

enviei aos encarregados de educação a informação sobre as faltas dos seus

educandos, registei os contactos efetuados e toda a documentação utilizada na

relação diretor de turma/encarregados de educação, diretor de turma/professor

e diretor de turma/alunos, organizei e atualizei o processo individual do aluno,

preenchi todos os documentos relativos à avaliação dos alunos (antes, durante

e após as reuniões de avaliação), mantive o dossier da direção de turma

organizado e atualizado, incluindo nele informações sobre cada um dos alunos,

estive presente na diversas reuniões de diretores de turma, participei nas

reuniões com os encarregados de educação, ajudando na sua organização e

até intervindo para esclarecer algumas questões relativas ao funcionamento da

disciplina de EF, participei nos conselhos de turma, colaborei na entrega de

notas e contribuir para toda a resolução de assuntos relacionados com a turma

ao longo do ano letivo. A par destas tarefas foi importante o conhecimento mais

aprofundado das necessidades de cada um dos alunos da turma, tendo como

objetivo o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem que se

pretende o mais congruente e apropriado quanto possível. Neste sentido, a

troca de informações com o diretor de turma (professor cooperante) e restantes

docentes permitiu que encontrasse justificação para algumas das atitudes

irrefletidas que alguns alunos evidenciavam e conhecer cada um dos seus

processos de vida, as adversidades porque já haviam passado e que, alguns

ainda estavam a enfrentar. Como tal, sustentado nessas informações

recolhidas procurei o desenvolvimento de várias aptidões, comportamentos,

atitudes e valores através de uma relação pedagógica onde os alunos não

fossem meros agentes passivos no processo de ensino/aprendizagem, mas

elementos ativos.

Foi privilegiado um clima de exigência, mas simultaneamente, de abertura

a críticas e sugestões, confiança e responsabilidade, concedendo-se sempre

aos alunos a oportunidade de formularem as suas opiniões sobre os mais

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diversos assuntos, tendo sido o diálogo a estratégia encontrada para gerir as

dificuldades e conflitos que fazem parte da nossa função como

professores/educadores e reforçar os comportamentos desejáveis e eliminar os

indesejáveis, primando sempre pela igualdade de tratamentos e oportunidades.

De realçar ainda, que foi dedicado uma atenção especial aos alunos com

maiores dificuldades ao nível de assiduidade, comportamento e sentido de

responsabilidade, procurando incentivá-los a alcançar o sucesso e

responsabilizar pelos seus atos, verificando-se, por vezes a eficácia e por

outras a ineficácia.

Por outro lado, percebi que o diretor de turma desempenha, junto dos

docentes da turma, uma função de coordenação das atuações de cada um

deles no âmbito da respetiva área, assegurando-se que todos cumprem com os

pressupostos legais relativos à turma (documentos, sumários, registos de

assiduidade, colocação de propostas de notas, aulas previstas, dadas e

assistidas, etc.) e motivando-os no sentido de agirem em colaboração para

alcançar-se o sucesso da turma. Simultaneamente, o diretor de turma faz de

articulação entre essa ação com os professores e os restantes atores

envolvidos no processo educativo, ou seja, os alunos e os encarregados de

educação. Neste seguimento, para que este consiga garantir essa mediação,

deve sensibilizar os encarregados de educação para a necessidade da sua

vinda regular à escola, devendo realçar os efeitos positivos do

acompanhamento do seu educando em casa, fomentando hábitos de trabalho

pessoal e funcionando como incentivo na conquista gradual da busca da

excelência. Assim, é evidente a importância do papel do diretor de turma como

mediador entre escola-família, tendo forçosamente que apresentar, durante a

realização das reuniões, caraterísticas de um bom moderador e gestor de

relações humanas.

Compreendi ainda que, para ser desenvolvido um bom trabalho na

direção de turma, é crucial que o diretor de turma desempenhe as suas tarefas

com rigor e seriedade, criando um ambiente de responsabilidade, quer com a

turma, quer com os encarregados de educação, e transmita aos alunos um

espírito de responsabilidade e de querer alcançar sempre mais e melhor.

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140

Por outro lado, uma das funções basilares deste cargo concerne na

presidência das reuniões de conselho de turma, o qual tive a oportunidade de

liderar no segundo e terceiro períodos. Nestas, é essencial uma preparação

prévia para que esta seja concisa e onde sejam debatidos os aspetos mais

relevantes e que necessitam de ser tratados em conselho, tais como

aproveitamento da turma, comportamento, assiduidade ou alguma situação

divergente. Todos os professores deram o seu contributo, uns mais que outros,

para transparecerem a imagem que criaram em torno da turma e das

individualidades que a compõem, evidenciando uma preocupação pela

transmissão de ensinamentos e valores aos alunos e respetivo sucesso

escolar.

Finalmente, posso afirmar que dado a experiência adquirida durante este

ano letivo, quando chegar o momento de desempenhar o cargo de diretor de

turma, terei mais certezas sobre o que e como fazer. Ser diretor de turma não é

só assinar um conjunto de justificações de faltas, presidir o conselho de turma

e entregar as notas, mas sim, acima de tudo, ensinar a ser e a saber estar. Ser

diretor de turma exige muito empreendimento e dedicação para com os alunos,

e portanto, será sempre na evolução destes que se deverá buscar a força e o

alento para o trabalho a desenvolver.

4.2.3 - Importância da Participação na Escola e da Relação com a

Comunidade

Ao longo do ano letivo tive a preocupação em participar no máximo de

atividades promovidas pela escola, tendo sido a maioria já desenvolvidas

anteriormente. Porém, estas não foram as únicas, uma vez que existiram

outras de menor relevância (Projeto Escola Saudável - Índice de Massa

Corporal, Demonstração de Goalball, participação em aulas do Curso

Profissional de Desporto, Maratona de Dança, Dia Aberto da Universidade dos

Açores e Formação em Orientação Desportiva), mas que também

influenciaram e promoveram a minha integração na ESL.

Considero que o ano do EP é uma etapa cuja finalidade se baseia em

vivenciar ao máximo o que a escola oferece, para que no futuro seja facilitado o

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enquadramento na profissão. Neste sentido, procurei aproveitar o melhor

possível as atividades promovidas pela escola, julgando que este investimento

foi essencial para a troca de experiências com os professores responsáveis

pelas atividades, mais experientes e cientes das necessidades que cada tarefa

acarreta.

Todas as atividades foram sempre encaradas como desafios e momentos

importantes de aprendizagem, mesmo não estando incumbido da sua

organização, nas quais sempre me disponibilizei para participar, dinamizar e

colaborar nas tarefas necessárias. Esta constante interação permitiu-me ao

longo do ano letivo retirar várias ilações de cada um dos momentos vividos e

ensinamentos importantes para a minha intervenção futura numa escola,

atendendo à pluralidade que carateriza a função do professor.

Resumidamente, a minha participação nas diferentes atividades escolares

foi extremamente rica pelo tipo de contactos que estabeleci com outros

elementos da comunidade escolar e pelo relacionamento estabelecido com os

alunos num contexto fora da sala de aula, permitindo, tudo isto, o alcançar de

uma visão mais abrangente sobre o ensino, do que significa ser professor, de

estar numa escola e do impacto que as instituições escolares podem ter no seu

funcionamento organizacional.

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142

4.3 - Área 4 – Desenvolvimento Profissional

Segundo Matos, (2012a), esta área engloba atividades e vivências

fundamentais na construção da competência profissional, numa perspetiva do

seu desenvolvimento ao longo da profissão, promovendo o sentido de pertença

e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação. Neste

âmbito, o estudante estagiário deve perceber a necessidade do

desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das condições e do

exercício da atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de

desenvolvimento profissional. Como tal, a investigação/reflexão/ação assume-

se de elevada importância e deve estar sempre presente no percurso do

professor, como base para progredir e identificar o papel que se deve

desempenhar no seio da escola.

De seguida, serão apresentados os temas que me conduziram ao

desenvolvimento enquanto futuro professor, procurando expressar e

demonstrar a importância de cada um deles na construção da minha identidade

profissional.

4.3.1 - A importância da elaboração do Projeto de Formação Individual no

Estágio Profissional

A elaboração do PFI constitui-se como uma das minhas primeiras tarefas,

procurando através da mesma construir um plano de trabalho para a formação

pessoal, visando o desenvolvimento e a aquisição de capacidades vitais para a

futura atividade de docente. Admito que naquela fase inicial do EP em que

realizei o PFI, tudo era ainda muito confuso pelas várias situações a

acontecerem simultaneamente e pela elevada quantidade de tarefas e

trabalhos a serem exigidos, complicando a descoberta e perceção das minhas

principais dificuldades, o confronto com as minhas crenças mais profundas, a

consciencialização das minhas lacunas de formação, a definição dos planos e

estratégias para tentar suprimir as mesmas e a obtenção da concentração ideal

e necessária, face à importância que o documento viria a ter neste percurso.

Por conseguinte, foi com alguma dificuldade que compreendi, no momento, as

razões da sua existência e a imposição da sua conceção, conseguindo,

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143

somente agora, percecionar, em toda a sua plenitude, a utilidade deste

trabalho.

Esta tarefa de antecipação, realizada com sucesso, teve como base os

pressupostos de projetar eventuais dificuldades sem ainda não ter passado por

elas, bem como executar uma predição de atividades a participar e uma

definição de objetivos, recursos e estratégias. No fundo, tentou-se redigir um

plano de intenções que antevissem o trabalho que seria realizado e todas as

condicionantes à sua volta, servindo como guião para o meu percurso ao longo

deste ano letivo.

Relendo atualmente o meu PFI constato que este documento, para além

de ter sido de extrema utilidade, é também representativo de certa forma do

“esqueleto” deste REP, tendo-se configurado como elemento estruturante para

esta mesma tarefa.

Por outro lado, percebo que a reflexão apontada como arma fundamental

para a construção deste documento orientador, em muito contribuiu para sua

boa redação, revelando um papel determinante para ultrapassar todos os

desafios que foram surgindo nesta longa caminhada rumo ao Ser Professor.

Como tal, fazendo o cruzamento entre o que perspetivava e aquilo que de facto

aconteceu, verifico que no PFI consegui refletir sobre quase todas as

problemáticas e angústias que foram surgindo ao longo deste EP. O que se

considerava um conjunto de intenções passou a ser um conjunto de

concretizações, que se foram desenrolando ao longo de várias jornadas e

batalhas, muitas repletas de sucesso, outras nem tanto, mas todas elas

fizeram-me crescer e evoluir, tornando-me num melhor profissional.

Resumidamente, posso afirmar convictamente que passar para o papel

um conjunto de previsões, expetativas e objetivos, permitiu-me guiar toda a

atividade durante este ano letivo, de forma a atingir um dos principais objetivos

do EP, ou seja, potenciar o desenvolvimento das minhas capacidades e

competências profissionais, através de uma reflexão e investigação contínua e

consciente da minha atuação, rumo a um ensino com qualidade.

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144

4.3.2 - Oito Modelos de Estrutura de Conhecimentos - a árdua, mas útil

tarefa da sua elaboração

Primeiramente, importa salientar que, apesar ter tido conhecimento da

possibilidade de implementação do MEC no ensino da EF na escola durante a

realização do meu primeiro EP, a sua utilização revelou-se pouco vincada e

presente quando comparado com o atual, podendo mesmo afirmar que a

elaboração deste tipo de documentos foi para mim uma novidade. Porém,

desde logo apercebi-me da real importância que cada MEC poderia ter no

planeamento e estruturação das diversas matérias. Como tal, procurei ter

sempre a conceção do MEC específico de cada modalidade finalizado antes da

sua abordagem nas aulas. Neste seguimento, após inúmeras e consecutivas

horas difíceis de trabalho, consegui dar por concluído, no início do segundo

período, a elaboração dos oito MECs necessários à minha planificação para

este ano letivo (Futebol, Voleibol, Ginástica, Natação, Atletismo, Danças

Sociais, Golfe e Orientação Desportiva).

Perante todo este árduo trabalho despendido durante a conceção dos

diversos MECs, torna-se pertinente, ao chegarmos a esta etapa, efetuarmos

algumas questões. Terá sido compensatório e relevante todo este esforço?

Quais foram as suas implicações diretas para o EP? Qual a sua influência para

o desenvolvimento das minhas competências profissionais?

Neste momento, percebo que a minha tomada de decisão, em ter

realizado, individualmente, cada um dos MECs específicos de forma

pormenorizada, revelou-se como a opção mais correta e assertiva possível. De

facto, considero que esta tarefa foi extremamente útil para a minha evolução

nos conhecimentos adquiridos e para uma melhor fundamentação da minha

forma de atuar durante as aulas, garantindo um salto exponencial no meu

processo de formação.

Por outro lado, o facto de ter estado afastado todos estes anos desta

realidade escolar (3ºciclo e secundário), foi preponderante para a

consciencialização da importância que este estudo poderia ter no imediato.

Poderei mesmo afirmar, que terá sido esse trabalho particular de profunda

investigação, o aspeto mais determinante para o meu acréscimo de

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conhecimentos sobre cada temática envolvida, obtendo informações

detalhadas sobre cada um dos módulos constituintes, sobre o tratamento

didático que deveria ser efetuado para que a transmissão dos saberes

ocorresse de acordo com os objetivos e sobre as necessidades que seriam

traçadas para a turma. No fundo ter elaborado um número tão elevado de

MECs, sustentou grande parte do meu sucesso durante este ano letivo.

4.3.3 - Estudo - Autoperceção da Competência Profissional nos

Estudantes Estagiários e Professores de Educação Física

4.3.3.1 - Resumo

O sucesso dos docentes está intimamente associado à sua formação

inicial e ao desenvolvimento da competência ao longo das várias fases da vida,

mas também à autoperceção dessa mesma competência, procurando

acompanhar as novas necessidades e interesses dos alunos pela prática

desportiva e ajustar-se às alterações ocorridas no tempo. Este estudo teve

como objetivo principal a comparação do nível da autoperceção da

competência profissional de Estudantes Estagiários com Professores de EF

com 10 anos a 20 anos de experiência. A amostra foi constituída por 15

Estudantes Estagiários de EF da FADEUP e 15 Professores de EF da ilha de

São Miguel. Para a avaliação da autoperceção da competência profissional, foi

utilizada a Escala Autoperceção das Competências Profissionais em

Profissionais do Desporto, versão adaptada por Batista (2008) das versões de

Nascimento (1999) e Feitosa (2002). Os procedimentos estatísticos efetuaram-

se através do “SPSS” (versão 21.0). Uma vez analisados e discutidos os

resultados, verificámos que existem diferenças estatisticamente significativas

entre o grupo Estudantes Estagiários e o Grupo Professores na autoperceção

da competência profissional.

PALAVRAS-CHAVE: AUTOPERCEÇÃO; COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL; ESTUDANTE ESTAGIÁRIO; PROFESSOR; EDUCAÇÃO

FÍSICA.

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4.3.3.2 - Introdução

No âmbito da investigação requerida neste EP, foi realizado um estudo

comparativo da Autoperceção da Competência Profissional nos Estudantes

Estagiários e Professores de EF. Mas, qual o motivo da opção por este tema?

Qual o seu enquadramento neste meu EP? Qual a sua pertinência para o meu

futuro?

As investigações centradas nas competências de profissionais de EF

(Nascimento, 2002; Nascimento e Feitosa 2006; Batista, 2008; Costa e

Nascimento, 2009) destacam um conjunto de competências que os professores

adquirem na formação profissional e ao longo da carreira docente. De facto, a

constante dinâmica e evolução da EF faz com que seja exigido aos

profissionais da área, para além de uma consistente formação inicial, a

permanente aquisição de novos conhecimentos e habilidades que conduzirão à

melhoria do seu desempenho. Nesta linha de pensamento, Onwuegbuzie et al.

(2002), afirma que as perceções que os estudantes estagiários possuem da

sua competência e das caraterísticas dos professores efetivos, podem

influenciar a sua forma de atuar.

Por outro lado, Batista (2008, p.321) acrescenta ainda que “o

desempenho profissional competente resulta não só do nível de competência

adquirido, mas também da autoavaliação que cada um faz das suas

competências. A perceção de domínio das competências necessárias à

atividade profissional surge muitas vezes como fator decisivo da competência

profissional.”

Assim sendo, poder-se-á afirmar que o sucesso dos docentes está

intimamente associado à sua formação inicial e ao desenvolvimento da

competência ao longo das várias fases da vida, mas também à autoperceção

dessa mesma competência, procurando acompanhar as novas necessidades e

interesses dos alunos pela prática desportiva e ajustar-se às alterações

ocorridas no tempo.

De facto, estando de regresso à etapa inicial da formação profissional

através deste segundo EP, enquadro-me numa dupla condição simultânea

(estudante estagiário e professor com tempo de serviço), uma vez que ao ter

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terminado a minha licenciatura em 2006, foi-me concedida a oportunidade de

exercer a minha atividade profissional e adquirir um conjunto de experiências

que a maioria dos meus colegas estudantes estagiários, ainda não possui

neste momento. Acredito mesmo, que essas vivências que tive e terei ao longo

da vida, deram e continuarão a dar forma à minha identidade como professor

competente, bem como a autoperceção das minhas competências. Mas qual

será a autoperceção da competência profissional realizada pelos estudantes

estagiários atuais? E pelos profissionais de EF com mais tempo de serviço do

que eu?

Neste seguimento, admitindo que o sucesso profissional depende da

utilização adequada de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes inerentes ao

desempenho profissional da área, do sentimento de domínio e segurança

manifestado em relação a essas mesmas dimensões, assumi que era relevante

estudar, comparar e clarificar a influência da autoperceção da competência

profissional e de cada uma das diferentes dimensões e categorias, intrínsecas

à minha profissão, nos meus colegas Estudantes Estagiários e nos Professores

com 10 a 20 anos de tempo de serviço (etapa seguinte à que me encontro

neste momento). Acredito que, em função das caraterísticas apontadas como

mais importantes para um desempenho competente nas aulas de EF pelos

Estudantes Estagiários e pelos Professores, refletirei sobre a minha conceção

de competência profissional, visando sempre uma melhoria da minha atuação

no futuro.

Importa ainda realçar que neste estudo, o instrumento utilizado pretende

avaliar as perceções da competência profissional e não a competência

profissional. Como tal, a utilização da expressão “autoperceção de

competência”, não pode ser entendida como a competência em si mesma, mas

como uma parte de um todo que é a competência e que vai muito além da

agregação do conjunto de competências que estão na base deste instrumento.

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4.3.3.3 - Breve Revisão da Literatura

Competência Profissional

Procurar um conceito de competência profissional surge como adequado

e necessário para que a nossa tarefa se revele verdadeiramente útil e para que

se parta de uma referência adequada e esclarecida, independentemente do

nível de completude que consigamos alcançar.

O termo competência tem sido objeto de estudo de vários investigadores

de diversas áreas. Na sua maioria, estes autores, falam na complexidade e na

grande dificuldade encontrada na definição e entendimento desta temática.

Hager (1993, citado por Rebelo, 2009) refere que a competência está envolvida

numa ausência de consenso provocada pela complexidade do próprio conceito,

apesar das várias tentativas de clarificação. Como tal, quando se tenta definir

competência, verificamos a existência de uma enorme diversidade de

definições, termos e caraterísticas, associadas à sua noção, sendo a ausência

de convergência bastante evidente (Batista, 2008). Porém, apesar da

diversidade patente, procurarei apresentar algumas definições que possibilitem

um melhor entendimento do conceito e ir de encontro às competências

específicas do profissional de EF sistematizadas a partir da investigação

desenvolvida por Nascimento (1999) (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes)

como sendo essenciais para a intervenção profissional na área. Este trabalho

auxiliou ainda na estruturação da Escala de Autoperceção de Competência

Profissional em EF, instrumento este empregue no nosso estudo.

Ecke (1981, citado por Matos, 1989) define a competência como um

termo integrado num sistema global que permite resolver, com êxito,

determinadas tarefas ou alcançar determinados rendimentos numa atividade

concreta.

De acordo com Altet (2001, citado por Rebelo, 2009), a competência

profissional do professor é um conjunto formado por conhecimentos e posturas,

mas também por ações e atitudes necessárias ao exercício com sucesso da

profissão.

Por sua vez, Matos (1989), refere que à competência pertencem o

conhecimento, base da competência, as capacidades, as habilidades e os

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hábitos exigidos para o rendimento numa atividade específica. A mesma autora

acrescenta ainda que a competência depende igualmente de qualidades do

indivíduo como a motivação, os valores e convicções que são determinantes do

exercício da competência. Assim, a competência não é o somatório das suas

componentes, mas sim de uma pluralidade que as integra e permite resolver

com êxito as tarefas profissionais.

Nascimento (1998) considera aceitável para professores de EF que a

competência seja entendida como um conjunto de Conhecimentos, Habilidades

e Atitudes necessárias para uma atuação profissional adequada. Da mesma

forma, para Noguera & Casaubon (1999), um profissional competente tem de

demonstrar uma série de habilidades ou capacidades profissionais que lhe

permitam desempenhar as tarefas, programar a sua aula, intervir na turma com

eficácia nas interações de comunicação (técnica de ensino), organizar a turma

de maneira eficaz, estabelecer as relações sócio afetivas que permitam um

clima de aula positivo, gerir o tempo e avaliar as aprendizagens dos alunos. Na

mesma linha de pensamento, O´Sullivan & Tannehill (1990) reconhecem como

conhecimentos específicos, da matéria do assunto dos professores de EF, os

aspetos técnicos das habilidades motoras, estratégias de abordagem do

desporto, implicações do treino para a melhoria do desempenho e

considerações sobre o desenvolvimento, normas, valores e tradições de vários

desportos inerentes à sua própria cultura.

Resumidamente, não obstante às várias formas de operacionalização e

multiplicidade de definições e entendimentos que proliferam na literatura, a

competência de um profissional de EF pode ser entendida como um produto de

aprendizagem ou experiência que evidencia o carácter adquirido, ou seja, a

mudança provocada pelo processo de aprendizagem ou pelas experiências

vivenciadas (Nascimento, 1998), sendo que a generalidade das definições

tende a incorporar no seu conceito três dimensões fundamentais,

Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (Batista, 2008), que permitem um

desempenho eficaz no exercer da sua atividade.

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150

Desenvolvimento profissional baseado na competência

A carreira profissional docente é um percurso relacional e

contextualmente vivenciado e construído, em que a pessoa/professor vai-se

diacronicamente desenvolvendo, segundo um conjunto de etapas ou fases com

caraterísticas próprias, em espaços e tempos diferenciados e com

necessidades específicas de formação.

Por conseguinte, a formação inicial compreende o período no qual os

futuros docentes têm o contato com a base das competências que a profissão

exige (Nascimento, 2002), mas diante das suas especificidades, estes são

obrigados a frequentar várias etapas de formação com vista à aquisição de

novos conhecimentos que permitam o desenvolvimento e melhoria da prática

pedagógica e da sua atuação como professores competentes. Como tal, o

professor vai ao longo do tempo desenvolvendo a sua atividade em constante

conflito entre a prática e a teoria, sendo que a vivência da prática fornece

elementos que permitem reformular o equacionar dos problemas e iluminar os

quadros teóricos ao exigir novas reflexões e novos aprofundamentos.

Também já na década de 80, Ecke (1981, citado por Matos, 1989)

afirmava que a atividade teórica que deve desenvolver, seja na preparação e

análise de ensino, seja no confronto com a literatura, seja ainda no

desenvolvimento de métodos meios e formas do trabalho educativo, o

professor aumenta capacidades, adquire conhecimentos, altera motivos e

atitudes que irão forçosamente implicar mudanças na prática.

Depreende-se então, que perante o aumento do nível de conhecimento,

exigências e responsabilidades a dominar, sendo a sua velocidade, por vezes,

difícil de acompanhar, os professores em geral e os de EF em particular, num

tempo em que é cada vez mais difícil atingir a excelência profissional, vêem-se

obrigados a adaptar às necessidades educativas atuais, através de uma

permanente atualização e renovação de conhecimentos, visando o incremento

da sua competência no geral.

Resumidamente, poderemos afirmar que durante o processo contínuo de

“tornar-se professor” e face aos desafios e exigências da sociedade, da escola,

dos alunos, das famílias e das comunidades, os profissionais de EF devem

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manifestar uma predisposição mais ativa e reflexiva, atitudes de iniciativa,

serem voluntariosos, procurarem renovar a sua formação e terem criatividade

para enfrentarem os novos desafios. Só através deste forte empenho e

comprometimento por parte do professor, poder-se-á aumentar o nível de

competência e, consequentemente, ajudar os alunos nas suas aprendizagens.

Influência da autoperceção na manifestação de competência

Segundo Nascimento (1999) a ação humana procura estabelecer um

relacionamento entre a componente intelectual e a componente emocional. A

componente intelectual é a representação dos conhecimentos e habilidades do

indivíduo, enquanto a componente emocional é a que irá utilizar, melhor ou

pior, a componente intelectual, e daí resultar a competência e a sua própria

perceção. Ainda segundo o mesmo autor, a competência percebida implica

alguma organização e coordenação de vários processos mentais, tais como, o

receio de errar, a sensação de não estar a usar toda a sua capacidade e a

ausência de confiança no desempenho profissional, que demonstram a

presença emocional na realização humana.

Para Batista et al. (2011) a forma como o professor interpreta as suas

competências é significativo no seu comportamento, pois a imagem que ele

cria de si mesmo influencia a forma como ele se adapta às exigências. Como

tal, o professor ao se autoavaliar cria interesses e aptidões que melhoram o

seu próprio desempenho.

Por sua vez, Bandura (1992), defende que um docente ao apresentar

níveis elevados de autoperceção tem tendência a estar mais motivado para a

sua atividade profissional e desenvolve um esforço superior para cumprir os

objetivos. Como consequência disso recorre, de uma forma mais eficaz, às

habilidades que domina e consegue envolver os seus alunos com naturalidade.

De acordo com Batista (2008), apesar da competência percebida não

corresponder à competência efetiva, de uma forma geral, considera-se que

elevados valores de autoperceção de competência profissional são um fator

regulador da expressão da competência profissional, uma vez que condicionam

a motivação, as expetativas e o grau de empenhamento do profissional.

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152

Deste modo, percebe-se que a autoperceção das competências

profissionais é de extrema importância na forma como o professor interpreta o

seu próprio desempenho, se adapta às exigências que lhe são colocadas e

assume-se como variável mediadora e influenciadora do seu comportamento.

4.3.3.4 - Objetivos do Estudo

Objetivo Geral

- Comparar o nível da autoperceção da competência profissional dos

Estudantes Estagiários com os Professores de Educação Física com 10 anos a

20 anos de experiência.

Objetivos Específicos

- Identificar o nível da Autoperceção da Competência Profissional em

cada grupo de estudo.

- Identificar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas

várias dimensões em cada grupo do estudo.

- Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas

várias dimensões dentro de cada grupo do estudo.

- Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas

várias dimensões entre os dois grupos do estudo.

- Identificar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas

várias categorias em cada grupo do estudo.

- Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas

várias categorias dentro de cada grupo do estudo.

- Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas

várias categorias entre os dois grupos do estudo.

4.3.3.5 - Material e Métodos

Neste ponto serão descritos os procedimentos metodológicos realizados

para a possível concretização do estudo. Como tal, apresentarei de seguida a

amostra que foi investigada, o instrumento empregue na recolha de dados e os

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153

procedimentos estatísticos adotados para o tratamento de dados e análise das

variáveis selecionadas.

Breve descrição da amostra

A amostra foi constituída por um grupo de 15 Estudantes Estagiários de

EF da FADEUP e por um grupo de 15 Professores de EF com experiência

profissional entre os 10 e os 20 anos da ilha de São Miguel. A idade da

amostra total varia entre os 22 e os 48 anos, apresentando uma média de

32,10 com o desvio padrão de 9,45 (Quadro 3).

Quadro 3: Média e desvio padrão da idade da amostra total.

Relativamente à idade da amostra do grupo de Estudantes Estagiários

verifica-se que esta varia entre os 22 e os 25 anos, apresentando uma média

de 23,40 com o desvio padrão de 0,91 (Quadro 4).

Quadro 4: Média e desvio padrão da idade dos Estudantes Estagiários.

Por sua vez, a idade dos sujeitos com 10 a 20 anos de experiência

profissional varia entre 33 a 48 anos, sendo a média total de 40,80 com um

desvio padrão de 4,68 (Quadro 5).

Quadro 5: Média e desvio padrão da idade dos Professores.

Idade da Amostra Total Número Mínimo Máximo Média + DP

30 22 48 32,10±9,45

Idade Estudantes Estagiários Número Mínimo Máximo Média + DP

15 22,00 45,00 23,40±0,91

Idade Professores Número Mínimo Máximo Média + DP

15 33,00 48,00 40,80±4,68

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154

Instrumento

Para a avaliação da autoperceção da competência profissional, foi

utilizada a Escala Autoperceção das Competências Profissionais em

Profissionais do Desporto, versão adaptada por Batista (2008) das versões de

Nascimento (1999) e Feitosa (2002).

O questionário está dividido numa primeira parte com dados

caraterizadores dos inquiridos em análise e numa segunda parte referente à

Autoperceção da Competência Profissional, composta por 33 itens referentes a

diferentes competências necessárias para o exercício da atividade. As

questões são fechadas, de múltipla escolha e estão agregadas em 3

dimensões constituídas por um conjunto de categorias: dimensão

Conhecimentos que inclui as categorias Concetual e Procedimental, a

dimensão Habilidades que é composta pelas categorias Planeamento,

Comunicação, Avaliação, Motivação e Gestão e por último a dimensão

Atitudes. A resposta a cada item é realizada numa escala Likert de 6 níveis (0 a

5), em que 0 representa nenhum domínio e 5 domínio total da competência.

O instrumento utilizado é constituído por uma escala de medida de

eficácia pessoal, referindo-se apenas a convicções do profissional do desporto

sobre as suas próprias capacidades para desempenhar comportamentos

específicos.

De seguida apresenta-se, através do quadro 6, um resumo do conteúdo

de cada item presente no instrumento4 aplicado, bem como a sua organização

em termos de categorias e dimensões.

4 Anexo 4: Questionário da Autoperceção da Competência Profissional na integra

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155

Quadro 6: Resumo dos itens presentes no instrumento aplicado na Autoperceção da

Competência Profissional.

Item Competências Categorias Dimensões

1 Princípios gerais e específicos do processo de ensino

Concetual

Co

nh

ecim

en

tos

2 Princípios de organização curricular

3 Principais teorias pedagógicas aplicadas no ensino

4 Intervenção pedagógica que facilitem o desenvolvimento de atitudes, valores e comportamentos sociais aceitáveis Procedimental

5 Métodos e técnicas de avaliação

6 Processos de aprendizagem motora

Concetual

7 Conteúdos de ensino

8 Efeitos fisiológicos da prática de atividades físicas

9 Constituição e funcionamento do corpo humano

10 Indicações e contraindicações fisiológicas dos exercícios

11 Estruturar e sequenciar os conteúdos de ensino Planeamento

Hab

ilidad

es

12 Implementar tarefas adequadas à aprendizagem

13 Analisar os programas e ajustá-los Avaliação

14 Adaptar o programa às suas caraterísticas e às dos alunos

Planeamento 15 Elaborar e planear o trabalho pedagógico nas várias turmas

16 Desenvolver o ensino teórico e prático em diferentes níveis

17 Orientar e conduzir as aulas utilizando uma terminologia específica, mas adequada às caraterísticas dos alunos

Comunicação 18 Transmitir de uma forma clara e concisa a informação

19 Utilizar técnicas de comunicação pessoal e de grupo

20 Identificar erros e dificuldades nas habilidades motoras Avaliação

21 Fornecer informações adequadas para a correção dos erros

22 Criar um clima favorável à aprendizagem de conhecimentos sobre o movimento e de habilidades motoras

Gestão

23 Criar e reforçar a motivação para a prática de atividade física, criando um ambiente de trabalho agradável

Motivação 24 Despertar o gosto/interesse para a prática de atividade física

25 Promover a integração de alunos com dificuldades de aprendizagem ou provenientes de minorias étnicas

26 Diversificar e inovar as formas de trabalhar

27 Aplicar ou utilizar de forma crítica novos conhecimentos Planeamento

28 Propiciar ações que inter-relacionem a escola e a comunidade envolvente

Gestão

29 Ter uma atitude investigativa e de procura constante de atualização

-

Atitu

des

30 Demonstrar espírito de autocrítica condizente a uma permanente avaliação da respetiva atuação pedagógica

31 Demonstrar uma atitude de comprometimento profissional

32 Demonstrar iniciativa de criar, por si mesmo, novas oportunidades de intervenção

33 Demonstrar criatividade para enfrentar os desafios provocados pelas mudanças na sociedade

Procedimentos estatísticos

Para o tratamento de dados foram utilizadas as medidas de estatística

descritiva de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão) na

caraterização das diferentes variáveis em estudo. Atendendo à reduzida

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156

dimensão amostral e à ausência de normalidade, recorreu-se aos testes não

paramétricos para comparar as diferenças do nível da autoperceção da

competência profissional e das suas dimensões e categorias entre os grupos

(teste Mann Whitney) e para identificar as diferenças dentro de cada grupo de

estudo (testes Friedman e Wilcoxon). O nível de significância estatística

utilizado foi de 5%.

Os procedimentos efetuaram-se através do programa informático de

estatística “Statistical Package for Social Science - SPSS” (versão 21.0).

4.3.3.6 - Apresentação dos Resultados

Do tratamento estatístico da informação obtida através da análise dos

questionários emergiu um conjunto de resultados que serão descritos.

Nível da Autoperceção da Competência Profissional dos Estudantes

Estagiários

O quadro 7 apresenta-nos a valorização média dos Estudantes

Estagiários em cada questão do questionário aplicado, ou seja, evidencia quais

os itens mais e menos valorizados, bem como a média de todos os itens.

Quadro 7: Média dos itens respondidos pelos Estudantes Estagiários.

Estudantes Estagiários

Item Média ± DP Item Média ± DP Item Média ± DP

1 3,27±0,46 12 3,47±0,52 23 3,27±0,46

2 3,13±0,35 13 3,60±0,63 24 3,20±0,41

3 3,07±0,46 14 3,40±0,51 25 3,20±0,68

4 3,33±0,49 15 3,47±0,64 26 3,53±0,52

5 3,13±0,35 16 3,13±0,51 27 3,13±0,35

6 3,27±0,46 17 4,00±0,38 28 3,27±0,59

7 3,47±0,52 18 3,60±0,72 29 2,53±0,74

8 2,87±0,52 19 3,80±0,56 30 3,20±0,68

9 2,80±0,68 20 3,60±0,63 31 3,53±0,74

10 2,87±0,52 21 3,53±0,64 32 4,00±0,54

11 3,40±0,51 22 3,53±0,64 33 3,40±0,51

Média dos Itens 3,33 ± 0,25 (Média ± DP)

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157

Pela análise do quadro 7, verifica-se que os Estudantes Estagiários num

total de 33 questões, percecionam ter um “Domínio Insuficiente” apenas em 4

itens, sendo eles o número 8 (Conhecimentos dos efeitos fisiológicos da prática

de atividades físicas), 9 (Conhecimentos da constituição e funcionamento do

corpo humano), 10 (Conhecimentos das indicações e contraindicações

fisiológicas dos exercícios) e 29 (Ter uma atitude investigativa e de procura

constante de atualização). Relativamente às restantes questões o grupo

considera ter um “Domínio Suficiente”, com exceção do item 17 (Orientar e

conduzir as aulas utilizando uma terminologia específica, mas adequada às

caraterísticas dos alunos) e 32 (Demonstrar iniciativa de criar, por si mesmo,

novas oportunidades de intervenção) no qual afirmam ter um “Domínio quase

total”. O resultado da média do conjunto de todas as questões é de 3,33 ± 0,25,

o que nos indica que o nível da autoperceção da competência profissional dos

Estudantes Estagiários situa-se no “Domínio Suficiente”.

Nível da Autoperceção da Competência Profissional dos Professores

No quadro 8 pode-se verificar a valorização média dos Professores em

cada questão do questionário aplicado, bem como a média de todos os itens.

Quadro 8: Média dos itens respondidos pelos Professores.

Professores

Item Média ± DP Item Média ± DP Item Média ± DP

1 3,87±0,74 12 4,13±0,64 23 4,07±0,70

2 3,87±0,64 13 4,20±0,68 24 3,87±0,74

3 3,47±0,74 14 4,00±0,76 25 3,87±0,83

4 3,60±0,74 15 4,20±0,56 26 3,87±0,74

5 3,80±0,78 16 3,87±0,74 27 3,73±0,79

6 3,80±0,68 17 4,33±0,49 28 3,80±0,78

7 3,87±0,64 18 4,27±0,59 29 3,40±0,83

8 3,80±0,86 19 4,27±0,59 30 3,93±0,70

9 3,87±0,83 20 4,13±0,74 31 3,73±0,79

10 3,67±0,82 21 3,93±0,70 32 4,33±0,49

11 4,13±0,74 22 4,40±0,51 33 3,13±0,52

Média dos Itens 3,91 ± 0,55 (Média ± DP)

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158

Através do quadro anterior pode-se constatar que os Professores

apresentam em todas as questões valores muito próximos do “Domínio quase

total”, exceto no item 33 (Demonstrar criatividade para enfrentar os desafios

provocados pelas mudanças na sociedade) o qual apresenta “Domínio

Suficiente” (3,13 ± 0,52). No que diz respeito à média de todas as questões, o

valor é de 3,91 ± 0,55, o que nos permite afirmar que o nível da autoperceção

da competência profissional dos Professores situa-se no “Domínio quase total”.

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional entre os

grupos

O quadro 9 visa apurar a existência de diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos em estudo na valorização atribuída a cada uma

das questões e à média do conjunto dos itens.

Quadro 9: Diferenças entre o nível de Autoperceção da Competência Profissional entre

os dois grupos em estudo.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

Pela análise do quadro 9, visualizamos que existem diferenças

estatisticamente significativas em 24 num total de 33 questões. Podemos ainda

afirmar que, através do valor de p (0,001) para a média do conjunto de todos os

Estudantes Estagiários VS Professores

Item Z p Item Z p Item Z p

1 2,367 0,018* 12 2,719 0,007* 23 3,090 0,002*

2 3,287 0,001* 13 2,307 0,021* 24 2,675 0,007*

3 1,578 0,115 14 2,246 0,025* 25 2,058 0,040*

4 0,959 0,337 15 2,908 0,004* 26 1,244 0,214

5 2,700 0,007* 16 2,740 0,006* 27 2,395 0,017*

6 2,294 0,022* 17 1,972 0,049* 28 1,849 0,064

7 1,732 0,083 18 2,477 0,013* 29 2,663 0,008*

8 3,059 0,002* 19 2,082 0,037* 30 2,536 0,011*

9 3,162 0,002* 20 1,975 0,048* 31 1,679 0,093

10 2,820 0,005* 21 1,591 0,112 32 0,516 0,606

11 2,698 0,007* 22 3,318 0,001* 33 1,361 0,174

Média dos Itens 3,446 (Z) 0,001* (p)

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itens, existem diferenças estatisticamente significativas na autoperceção da

competência profissional entre os Estudantes Estagiários e os Professores.

Nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes dimensões

dos Estudantes Estagiários

A figura 13 ilustra as diferenças entre as médias das dimensões da

autoperceção da competência profissional nos Estudantes Estagiários.

Figura 13: Médias das dimensões dos Estudantes Estagiários - Gráfico 9.

A figura anterior demonstra que a dimensão Conhecimentos é a que

apresenta menor valorização (3,12±0,28), seguida das Atitudes (3,33±0,40), e,

por fim, aparecem as Habilidades (3,45±0,31).

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes

dimensões dos Estudantes Estagiários

O quadro 10 pretende perceber se existem diferenças entre a valorização

atribuída a cada uma das três dimensões pelos Estudantes Estagiários.

Quadro 10: Diferenças entre o nível nas dimensões nos Estudantes Estagiários.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

2,8

3

3,2

3,4

3,6

Conhecimentos Habilidades Atitudes

3,12

3,45 3,33

Estudantes Estagiários

Estudantes Estagiários

Dimensões Z p

Conhecimentos/Habilidades 3,124 0,002*

Conhecimentos/Atitudes 1,670 0,095

Atitudes/Habilidades 1,278 0,201

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Pelo quadro anterior verifica-se que existem diferenças estatisticamente

significativas apenas na valorização atribuída pelos Estudantes Estagiários às

dimensões Conhecimentos/Habilidades.

Nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes dimensões

dos Professores

A figura 14 ilustra as diferenças entre as médias das dimensões da

autoperceção da competência profissional nos Professores.

Figura 14: Médias das dimensões dos Professores - Gráfico 10.

A figura 14 demonstra que a dimensão Atitudes é a que apresenta menor

valorização (4,06 ± 0,57) pelos Professores, seguida dos Conhecimentos (3,76

± 0,65), e, por fim, aparecem as Habilidades (3,71 ± 0,53).

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes

dimensões dos Professores

O quadro 11 pretende perceber se existem diferenças entre a valorização

atribuída a cada uma das três dimensões pelos Professores.

Quadro 11: Diferenças entre o nível nas dimensões nos Professores.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

3,4

3,6

3,8

4

4,2

Conhecimentos Habilidades Atitudes

3,76

4,06

3,71

Professores

Professores

Dimensões Z p

Conhecimentos/Habilidades 2,691 0,007*

Conhecimentos/Atitudes 0,569 0,569

Atitudes/Habilidades 2,732 0,006*

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161

Através do quadro anterior verifica-se que existem diferenças

estatisticamente significativas na valorização atribuída pelos Professores às

dimensões Conhecimentos/Habilidades e Atitudes/Habilidades.

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes

dimensões entre os grupos

O quadro 12 apresenta a valorização atribuída a cada uma das

dimensões, bem como as diferenças existentes entre os grupos em estudo.

Quadro12: Diferenças entre o nível nas dimensões entre os dois grupos em estudo.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

Através do quadro 12 constata-se que os valores atribuídos à

autoperceção da competência profissional pelos Estudantes Estagiários são

inferiores aos dos Professores em todas as dimensões. As diferenças

existentes são estatisticamente significativas entre os dois grupos em duas

(Conhecimentos e Habilidades) das três dimensões. No caso da dimensão

(Atitudes) não se verificam diferenças estatisticamente significativas, mas pelo

valor apresentado (p=0,068) pode-se afirmar que são diferenças

substancialmente relevantes.

Nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes categorias

dos Estudantes Estagiários

A figura 15 apresenta as diferenças entre as médias das categorias da

autoperceção da competência profissional nos Estudantes Estagiários.

Dimensão Estudantes Estagiários Professores Z p

Conhecimentos 3,12±0,29 3,76±0,65 3,097 0,002*

Habilidades 3,45±0,31 4,06±0,57 3,306 0,001*

Atitudes 3,33±0,40 3,71±0,53 1,826 0,068

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162

Figura 15: Médias das categorias nos Estudantes Estagiários - Gráfico 11.

Através da análise da figura 15 verifica-se que os Estudantes Estagiários

percecionam a categoria Concetual (3,09±0,29) como a menos importante de

todas, sendo o valor mais elevado visível na Comunicação (3,80±0,41).

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes

categorias dos Estudantes Estagiários

O quadro 13 demonstra as diferenças existentes entre a valorização

atribuída pelos Estudantes Estagiários a cada uma das categorias da

autoperceção da competência profissional.

Quadro 13: Diferenças entre o nível nas categorias nos Estudantes Estagiários.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

0

1

2

3

4 3,09 3,23 3,33 3,8 3,58 3,3 3,37 3,33

Estudantes Estagiários

Estudantes Estagiários

Categorias Z p Categorias Z p

Atitudes/Concetual 1,727 0,084 Procedimental/Comunicação 3,291 0,001*

Atitudes/Procedimental 1,061 0,289 Procedimental/Avaliação 2,428 0,015*

Atitudes/Planeamento 0,796 0,426 Procedimental/Motivação 0,270 0,788

Atitudes/Comunicação 3,016 0,003* Procedimental/Gestão 1,043 0,297

Atitudes/Avaliação 2,010 0,044* Planeamento/Comunicação 2,690 0,007*

Atitudes/Motivação 0,085 0,932 Planeamento/Avaliação 0,994 0,320

Atitudes/Gestão 0,354 0,723 Planeamento/Motivação 0,433 0,665

Concetual/Procedimental 1,416 0,157 Planeamento/Gestão 0,477 0,634

Concetual/Planeamento 1,715 0,086 Comunicação/Avaliação 1,658 0,097

Concetual/Comunicação 3,355 0,001* Comunicação/Motivação 2,673 0,008*

Concetual/Avaliação 2,334 0,020* Avaliação/Motivação 1,279 0,201

Concetual/Motivação 0,911 0,362 Avaliação/Gestão 1,473 0,141

Concetual/Gestão 1,505 0,132 Motivação/Gestão 0,493 0,622

Procedimental/Planeamento 0,849 0,396 Comunicação/Gestão 2,264 0,024*

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163

O quadro 13 demonstra que existem diferenças estatisticamente

significativas na valorização atribuída pelos Estudantes Estagiários às

categorias Atitudes/Comunicação, Atitudes/Avaliação, Concetual/Comunicação,

Concetual/Avaliação, Comunicação/Gestão, Comunicação/Motivação,

Planeamento Comunicação, Procedimental/Comunicação,

Procedimental/Avaliação.

Nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes categorias

dos Professores

A figura 16 apresenta as diferenças entre as médias das categorias da

autoperceção da competência profissional nos Professores.

Figura 16: Médias das categorias nos Professores - Gráfico 12.

Através da análise da figura anterior verifica-se que os Professores

valorizam as categorias Procedimental (3,70±0,70) e Atitudes (3,71±0,53) como

as menos importantes, sendo o valor mais elevado visível na categoria

Comunicação (4,29±0,49).

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes

categorias dos Professores

O quadro 14 demonstra as diferenças existentes entre cada uma das

categorias da autoperceção da competência profissional nos Professores.

0 1 2 3 4

3,78 3,7 4,01 4,29 4,03 3,92 4,1 3,71

Professores

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164

Quadro 14: Diferenças entre o nível nas categorias nos Professores.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

Através do quadro 14 podemos verificar que existem diferenças

estatisticamente significativas na valorização atribuída pelos Professores às

categorias Atitudes/Planeamento, Atitudes/Comunicação, Atitudes/Avaliação,

Atitudes/Motivação, Atitudes/Gestão, Concetual/Comunicação,

Procedimental/Planeamento, Procedimental/Comunicação,

Procedimental/Avaliação, Procedimental/Gestão, Comunicação/Avaliação,

Comunicação/Motivação, Motivação/Gestão e Comunicação/Gestão.

Comparar o nível da Autoperceção da Competência Profissional nas diferentes

categorias entre os grupos

O quadro 15 apresenta os valores atribuídos a cada uma das categorias e

verifica se existem diferenças existentes entre dois grupos em estudo.

Professores

Categorias Z p Categorias Z p

Atitudes/Concetual 0,660 0,509 Procedimental/Comunicação 3,076 0,002*

Atitudes/Procedimental 0,035 0,972 Procedimental/Avaliação 2,640 0,008*

Atitudes/Planeamento 2,422 0,015* Procedimental/Motivação 1,664 0,096

Atitudes/Comunicação 3,192 0,001* Procedimental/Gestão 2,434 0,015*

Atitudes/Avaliação 2,097 0,036* Planeamento/Comunicação 2,661 0,008*

Atitudes/Motivação 2,138 0,033* Planeamento/Avaliação 0,365 0,715

Atitudes/Gestão 3,075 0,002* Planeamento/Motivação 1,115 0,265

Concetual/Procedimental 1,489 0,137 Planeamento/Gestão 0,872 0,383

Concetual/Planeamento 1,783 0,075 Comunicação/Avaliação 2,035 0,042*

Concetual/Comunicação 3,112 0,002* Comunicação/Motivação 2,943 0,003*

Concetual/Avaliação 1,808 0,071 Avaliação/Motivação 0,990 0,322

Concetual/Motivação 0,316 0,752 Avaliação/Gestão 0,491 0,623

Concetual/Gestão 1,875 0,061 Motivação/Gestão 2,308 0,021*

Procedimental/Planeamento 2,484 0,013* Comunicação/Gestão 2,121 0,034*

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165

Quadro 15: Diferenças entre o nível nas categorias entre os dois grupos em estudo.

* Diferenças estatisticamente significativas para p ≤0,05.

Pelo quadro anterior percebe-se que os Estudantes Estagiários

demonstram um nível inferior de autoperceção da competência profissional em

todas as categorias comparativamente aos Professores. Constata-se ainda que

as diferenças são estatisticamente significativas entre os dois grupos em todas

as categorias, exceto na categoria Avaliação, a qual, pelo valor obtido

(p=0,054), apresenta diferenças substancialmente relevantes.

4.3.3.7 - Discussão dos Resultados

Após termos analisado os resultados obtidos, verificamos que ambos os

grupos revelam níveis de autoperceção das competências profissionais

globalmente positivos pelo que, de acordo com Bandura (1992), podemos

considerar que a generalidade dos inquiridos encontra-se motivado para

exercer a sua profissão e procura desenvolver um esforço superior na tentativa

de cumprir os objetivos a que se propõe. Como tal, o domínio das habilidades

de ensino permitem-lhes maior eficácia no ensino.

Este contexto positivo ficou patente ao constatar-se que os Estudantes

Estagiários percecionam-se como tendo um “Domínio Suficiente” em termos de

competência profissional, indo de encontro aos resultados obtidos por Vieira et

al. (2006) quando situaram durante a sua investigação os estudantes em

formação inicial no mesmo nível de competência. Por sua vez, os Professores

consideram-se como detentores de um nível superior (“Domínio quase total”)

relativamente aos Estudantes Estagiários em praticamente todas as

competências avaliadas. Essas mesmas diferenças para além de serem

evidentes, também o são estatisticamente significativas na maioria das

Categorias Estudantes Estagiários Professores Z p

Concetual 3,09±0,29 3,78±0,64 3,307 0,001*

Procedimental 3,23±0,37 3,70±0,70 2,037 0,042*

Planeamento 3,33±0,37 4,01±0,62 3,265 0,001*

Comunicação 3,80±0,41 4,29±0,49 2,952 0,003*

Avaliação 3,57±0,59 4,03±0,69 1,925 0,054

Motivação 3,30±0,38 3,92±0,66 2,755 0,006*

Gestão 3,37±0,52 4,10±0,54 3,078 0,002*

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166

questões em termos de comparação dos grupos, podendo sugerir que níveis

superiores de autoperceção da competência profissional são induzidos pelo

acumular de experiência profissional.

Um dos motivos que se pode apontar para o aparecimento deste

resultado inferior nos Estudantes Estagiários, poderá ser por estes

apresentarem nesta fase da carreira inseguranças, dúvidas, ajustes e reajustes

durante a sua atuação. Ainda segundo (Mariano, 2006, citado por Farias et al.

2012), esta fase é caraterizada pelo choque com a realidade, momento em que

emanam dúvidas e anseios, exigindo do professor demasiadas afirmações, ou

seja, entre outros fatores, o domínio dos conhecimentos teóricos,

estabelecendo-se uma relação entre teoria e prática para a concretização do

seu fazer pedagógico.

Por outro lado, tal como seria de esperar, os Professores com experiência

de ensino ao apresentarem os valores mais elevados, confirmaram a teoria de

que é no exercício e na prática da profissão que se desenvolvem saberes

específicos, provindos da formação académica e profissional, incrementando o

seu nível de competência. Feitosa e Nascimento (2003) concordam desta linha

de pensamento, revelando que a partir das evoluções das necessidades dos

indivíduos, serão desenvolvidas novas áreas de intervenção do profissional que

levam necessariamente ao domínio de novas competências.

No que concerne à divisão da competência, constata-se que ambos os

grupos se autopercecionam em todas as dimensões positivamente, pelo que

poderemos afirmar que para ser competente e aplicar um bom desempenho

das tarefas é necessário reunir as 3 dimensões (Habilidades, Conhecimentos e

Atitudes). Por sua vez, Nascimento (1998) e Feitosa (2002), também enfatizam

a importância da competência profissional incorporar Conhecimentos,

Habilidades e Atitudes para se realizar um desempenho adequado.

Apesar dos Estudantes Estagiários e Professores valorizarem a presença

das 3 dimensões para exercer a sua profissão competentemente, verifica-se

que existem diferenças estatisticamente significativas entre grupos em 2

(Conhecimentos e Habilidades) das 3 dimensões. Uma vez mais, a variável

tempo de serviço sobressai exponenciando as competências adquiridas

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através da experiência. No caso da dimensão Atitudes não se verifica

diferenças estatisticamente significativas, mas pode-se aferir diferenças

substancialmente relevantes (p=0,068). Na tentativa de compreender melhor

qual o motivo para a obtenção deste resultado, pode-se verificar que o item 33

(Demonstrar criatividade para enfrentar os desafios provocados pelas

mudanças na sociedade) pertencente à dimensão Atitudes, apresenta uma

média de 3,13 nos Professores (única resposta de todo o questionário em que

a média dos Professores é inferior aos Estudantes Estagiários). Como tal, este

valor “atira” claramente a média dos Professores nesta dimensão para números

inferiores aos apresentados pelos Estudantes Estagiários, impossibilitando a

existência de diferenças estatisticamente significativas. Esta particularidade

estará, possivelmente, relacionada com o desânimo e insatisfação que reina

atualmente no seio dos professores, face à permanente redução de benefícios

da profissão, acréscimo de tarefas e exigências implementadas pelo governo

na educação.

Cingindo-nos apenas aos Estudantes Estagiários, é visível a existência de

diferenças estatisticamente significativas apenas no confronto

Conhecimentos/Habilidades. Este grupo sente-se mais competente ao nível da

dimensão Habilidades, menos capaz ao nível dos Conhecimentos e coloca as

Atitudes no posto intermédio. Os investigadores Vieira et al. (2006) também

obtiveram estes dados, apurando que os estudantes em formação inicial

possuem uma autoperceção da competência profissional superior nas

Habilidades, quando comparadas aos Conhecimentos. Igualmente, Batista

(2008) na sua investigação, identificou que a dimensão Conhecimentos é a que

os profissionais inquiridos revelaram níveis de autoperceção mais reduzidos.

Porém, seria aceitável idealizarmos que neste grupo a dimensão

Conhecimentos atingiria patamares mais elevados face à proximidade temporal

do término da formação inicial, que lhes conferiria, à partida, um conhecimento

mais presente e atualizado. Por sua vez, face à pouca experiência letiva,

reduzidas vivências práticas e inseguranças ao nível do saber-fazer, seria de

esperar que a dimensão Habilidades apresentasse níveis de autoperceção

mais baixos. Por outro lado, o caráter prático que é concedido nas instituições

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de formação, através de uma forte presença de várias didáticas específicas do

desporto ao longo do curso, poderá dar algum sentido aos dados obtidos, mais

concretamente, à elevada valorização das Habilidades. Ainda relativamente a

este grupo, analisando as diversas categorias, verifica-se que existem

diferenças estatisticamente significativas no confronto da Comunicação com as

demais. De facto, tal como na investigação conduzida por Pereira et al. (2010),

onde a Comunicação assumiu pela positiva preponderância nos estagiários da

FADEUP, Universidade de Trás dos Montes e Alto Douro e do Instituto

Superior da Maia, também no nosso estudo esta categoria destacou-se em

relação às restantes. Por conseguinte, poder-se-á explicar esta evidência

através da presença de caraterísticas particulares nas aulas de EF, nas quais a

comunicação se assume como uma ferramenta essencial. Assim sendo, a

utilização sistemática de estratégias de comunicação poderá conduzir a uma

maior sensação de domínio nesta habilidade.

Reportando-nos somente aos Professores, verifica-se que estes

apresentam diferenças estatisticamente significativas no confronto

Conhecimentos/Habilidades e Atitudes/Habilidades. Este grupo, considera ser

mais competente ao nível da dimensão Habilidades e menos habilitado ao nível

das Atitudes, sendo o patamar intermédio ocupado pelos Conhecimentos. Da

mesma forma, Costa et al. (2004) ao analisar a autoperceção de competência

profissional em professores de EF, concluiu que os profissionais se percebem

mais competentes no domínio das Habilidades do que no domínio dos

Conhecimentos. Importa uma vez mais realçar, face à reduzida diferença entre

a média das dimensões Conhecimentos (3,76±0,65) e Atitudes (3,71±0,53), a

influência do item 33 nos resultados, colocando a dimensão Atitudes na última

posição. Como tal, se a valorização por parte dos Professores nesta questão

fosse semelhante às restantes respostas, a ordenação das dimensões teria

sido igual à dos Estudantes Estagiários. Também aqui neste grupo

(Professores), o facto da dimensão Habilidades apresentar níveis de

autoperceção mais elevados remete-nos, uma vez mais, para o sentido prático,

o saber-fazer que usualmente é atribuído aos docentes de EF e que a

experiência de ensino pode acarretar. Sobre isto, alguns autores referem que,

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para uma ocupação profissional de caráter eminentemente prático, como é o

caso do profissional de EF, as capacidades e as habilidades tendem a assumir

um papel preponderante (Nascimento, 1998; Feitosa, 2002). No que concerne

à análise das categorias, verifica-se que pela positiva, tal como no outro grupo

em estudo (Estudantes Estagiários), emerge a Comunicação. Este resultado

pode-se justificar similarmente, ou seja, através da importância desta

ferramenta nas aulas de EF. Pela negativa, sobressaem as categorias

pertencentes à dimensão Conhecimentos (Concetual e Procedimental), o que

indicia que os docentes têm consciência das suas limitações e

simultaneamente da necessidade de procurar obter mais informação e possuir

uma atitude ativa de investigação, aquisição, atualização e renovação de

conhecimentos. Sobre esta questão, Carreiro da Costa (1996) refere que a

melhoria da qualidade de ensino da EF depende da formação contínua.

Também Piérron (1996) indica que o professor deve estar empenhado num

processo de aperfeiçoamento pessoal na base de uma reflexão contínua sobre

a sua própria ação pedagógica. Esta valorização da

dimensão Conhecimentos é ainda, apontada por Batista et al. (2007) como

fundamental e presente na competência. De facto, o conhecimento

especializado, tácito ou de outra natureza tem como objetivo aperfeiçoar e o

iluminar da prática com vista à sua melhoria. Só quem conhece

pormenorizadamente, é que coloca alternativas na tomada de decisão, isto é,

só opta quem conhece mais do que um caminho. Como tal, é pertinente o

docente possuir um vasto leque de conhecimentos para que tome decisões

consistentes. Desta forma, poderemos afirmar que não existe competência sem

conhecimentos, uma vez que são os conhecimentos específicos que permitem

decidir corretamente em relação à operacionalização dos conteúdos de ensino.

4.3.3.8 - Conclusões

Uma vez analisados e discutidos os resultados, podem-se retirar várias

conclusões da investigação efetuada sobre a Autoperceção da Competência

Profissional em Estudantes Estagiários e Professores (10 a 20 anos de

experiência de ensino):

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1. Verificámos que existem diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos na Autoperceção da Competência Profissional.

2. Verificámos que os Estudantes Estagiários na generalidade

autopercecionam-se com tendo um “Domínio Suficiente” relativamente à

sua competência profissional. Por sua vez, os Professores enquadram-

se num “Domínio quase total”.

3. Verificámos que os Estudantes Estagiários autopercecionam-se menos

competentes nos Conhecimentos, seguindo-se as Atitudes e, por fim,

aparece a dimensão Habilidades como a mais valorizada. Relativamente

aos Professores, estes consideram ser menos competentes nas

Atitudes, seguindo-se os Conhecimentos e, no topo, surge a dimensão

Habilidades.

4. Verificámos que existem diferenças estatisticamente significativas nos

Estudantes Estagiários apenas entre as dimensões

Conhecimentos/Atitudes da Autoperceção da Competência Profissional.

5. Verificámos que existem diferenças estatisticamente significativas nos

Professores entre as dimensões Conhecimentos/Habilidades e

Atitudes/Habilidades da Autoperceção da Competência Profissional.

6. Verificámos que existem diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos nas dimensões Conhecimento e Habilidades, sendo os

Professores autopercecionam-se mais competentes profissionalmente

que os dos Estudantes Estagiários.

7. Verificámos que os Estudantes Estagiários autopercecionam a categoria

Concetual como a menos importante de todas, sendo o valor mais

elevado visível na Comunicação. Relativamente aos professores, estes

consideram as categorias Procedimental e Atitudes como as menos

importantes, sendo o valor mais elevado visível na categoria

Comunicação.

8. Verificámos que existem diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos em todas as categorias, sendo que os Professores

autopercecionam-se mais competentes profissionalmente do que os

Estudantes Estagiários.

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171

4.3.3.9 - Limitações do Estudo

Para finalizar, apresentaremos as limitações que poderão influenciar a

representatividade e consistência das conclusões apresentadas:

a primeira limitação prende-se com a reduzida amostra que foi utilizada,

podendo induzir algumas restrições na generalização das conclusões da

pesquisa.

outro dos problemas que se verificou, consiste na escassez de estudos

encontrados sobre esta temática e aplicados em grupos semelhantes ao

do estudo em causa, dificultando a comparação e discussão de

resultados.

4.3.3.10 - Bibliografia

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28. Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2656723

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(re)construção de um conceito de competência aplicável ao profissional do

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Batista, P., Matos, Z., & Graça, A. (2011). Autopercepção das

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Bandura, A. (1992). Exercise of personal agency through the self-efficacy

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(1996). Formação de Professores em Educação Física – concepções,

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Costa, L., Letthin, C., Souza, R. & Nascimento, J. (2004). Potencialidades

e necessidades profissionais em educação Física. Revista da Educação

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172

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http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3426

Costa, L., & Nascimento, J. (2009). O “bom” professor de Educação

Física: possibilidades para a competência profissional. Revista da Educação

Física/UEM, Maringá, v.20, nº1, p.17-24, 2009. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.4025/reveducfis.v20i1.3883

Farias, G., Nascimento, J., Graça, A. & Batista, P. (2012). Competências

profissionais em Educação Física: uma abordagem ao longo da carreira

docente. Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.656-666, out/dez, 2012. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/motriz/v18n4/a04v18n4.pdf

Feitosa, W. (2002). As competências específicas do profissional de

Educação Física: Um estudo Delphi. Dissertação de Doutoramento

apresentada à Universidade Federal de Santa Catarina.

Feitosa, W. & Nascimento, J. (2003). As competências específicas do

profissional de Educação Física que atua na orientação de atividades físicas:

um estudo Delphi. R. Brasileira. Brasília v.11 n.4 p.19-26 out/dez Disponível

em: http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/521/545

Matos, Z. (1989). Para uma definição do conceito e dos pressupostos do

desenvolvimento da competência pedagógica. Dissertação de Doutoramento

apresentada ao Instituto Superior de Educação Física da UP.

Nascimento, J. (1998). Formação inicial universitária em educação física e

desportos: uma abordagem sobre o ambiente percebido e auto – percepção de

competência profissional de formandos brasileiros e portugueses. Dissertação

de Doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de

Educação Física da Universidade do Porto.

Nascimento, J. (1999). Escala de auto-percepção de competência

profissional em Educação Física. Revista Paulista de Educação Física, São

Paulo, v.13, n.1, p.5-21.

Nascimento, J. (2002). Formação profissional em Educação Física e

desportos: contextos de desenvolvimento profissional. Montes Claros: Ed.

Unimontes.

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competências profissionais. In: Souza Neto, S.; Hunger. D. (Orgs.) Formação

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Noguera, M. & Casaubón, J. (1999). Relacion entre el nuevo perfil del

profesor de Educación Física y su formación inicial. Revista Digital, 4 (15).

Onwuegbuzie, A., Minor, L., Witcher, A. & James, T. (2002). Preservice

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Effective Teachers. The Journal of Educational Research. Nov/Dez. v.96, n.2.

O’Sullivan, M. & Tannehill, D. (1990). Teacher testing and implications for

Physical Education. Journal of Teaching Physical Education. v9, n.3, p.174-183.

Pereira, P., Sousa, T., Batista, P., & Mesquita, I. (2010). Self-Perception of

professional competence in physical education pre-service teachers: study

according to the teacher education institution and teaching experiences before

practicum. III Congreso Internacional de Ciencias del Deporte y EF.

Piérron, M. (1996). Formação de professores aquisição de técnicas de

ensino e supervisão pedagógica. Lisboa: UTL – FMH.

Rebelo, R. (2009). Autopercepção das competências profissionais.

Estudo em professores de Educação Física a exercer funções nos concelhos

de Resende, Cinfães e Baião. Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Ciências do Desporto e de EF da Universidade do Porto.

Vieira, L., Vieira, J. & Fernandes, R. (2006). Competência Profissional

Percebida: Um estudo com estudantes de Educação Física em formação

Inicial. Revista Educação Física/UEM, Maringá, v.17, n.1, p.95-105. Disponível

em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/3375

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174

4.3.4 - Construção de uma identidade profissional

Este foi, sem dúvida alguma, um ano de forte investimento e evolução,

através de uma reflexão profunda sobre a problemática do que é Ser Professor.

Porém, pode-se afirmar que este desenvolvimento profissional será um

processo contínuo, que teve apenas o seu início efetivo no EP.

Durante o EP é proporcionada ao estudante estagiário a possibilidade de

entender que não é mais um recetáculo de conhecimentos, mas sim, que é

chegado o momento de assumir um papel ativo na sua formação. Como tal,

conhecedor deste principal objetivo, procurei realizar e envolver-me em

diversas atividades, umas já desenvolvidas (Análise do PNEF, DOG, PFI e

MECs), outras não, devido à sua menor importância, mas possuidoras de

alguma relevância (participação nas Jornadas de Medicina Desportiva e na

palestra Stress e Burnout em professores).

Chegado a este momento, sinto, que a necessidade inicial que tinha em

investigar, aumentar os meus conhecimentos e refletir sobre as mais diversas

situações, contribuiu significativamente para a edificação do meu

desenvolvimento profissional. De facto, pode-se assumir que o estágio torna-se

um ato central na vida do professor aliada à investigação, como sendo bases

da sua atuação diária, numa atividade profissional complexa nos saberes e na

incerteza das situações.

Neste processo de crescimento, tornou-se indispensável a partilha de

problemas, de dúvidas e de conselhos com aqueles que me acompanharam. A

ajuda de cada um deles, professor cooperante, orientadora da FADEUP,

professores do grupo de EF, colegas estudantes estagiários, foi um contributo

valioso. Cada professor, pela sua experiência, saber e desejo de partilha,

tornou-se um meio fundamental na minha procura de conhecimento e melhoria,

sensibilizando-me para habilidades e estratégias de ensino que desconhecia

ou desvalorizava.

No seguimento desta ideia, as reuniões do núcleo de estágio foram

desde o primeiro dia momentos de partilha, de crítica, de uma riqueza de

opiniões, que fizeram sobressair a importância da reflexão e do trabalho em

equipa como eixos determinantes da profissão.

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175

Ao nível das competências mais pessoais, sinto que este EP contribuiu

para o aprimoramento de várias capacidades: escrita, expressão, convocar e

interligar os conhecimentos e autoavaliar-me.

Ao nível da realização do ensino, consegui progressivamente descentrar

as preocupações em mim mesmo, nas minhas dificuldades, para me centrar

nos alunos, pois, são eles o cerne do processo educativo.

Por outro lado, tomei consciência que a minha capacidade profissional,

não se limita às tarefas didáticas relacionadas com a disciplina de EF. Na

realidade o envolvimento na comunidade escolar, a participação nas diversas

atividades promovidas pela ESL, e em particular a proximidade com o diretor

de turma, permitiu-me perceber as múltiplas tarefas existentes na profissão.

Ser professor, é para além de lecionar uma disciplina, atuar numa escola,

contribuir para o sucesso educativo, conviver e interagir com todos os agentes

escolares e da comunidade.

Relativamente à disciplina de EF, foi gratificante perceber o valor que lhe

é reconhecido nesta escola, pelo contributo para a formação dos alunos, e pela

competência dos professores do grupo. Contudo, reconheço que esta é uma

realidade particular, e que provavelmente, noutros contextos, não existirá um

entendimento tão vincado do valor pedagógico da EF. Porém, se atentarmos

por si só, nos valores que incute, nos benefícios ao nível da saúde e dos

hábitos de vida saudáveis que promove, é de esperar um aumento do valor

conferido à “nossa disciplina”. Como tal, para conseguir acompanhar esta

valorização, será necessário um perfil de Professor, cada vez mais

competente, responsável, capaz de promover a disciplina de EF na escola e

explorar o seu potencial, adaptando-se à multiplicidade de contextos em que

atuará.

Essa ideia vai ao encontro da importância do estudante estagiário tomar

consciência de que o estágio é “apenas” um momento precoce do seu

processo de desenvolvimento profissional. No meu caso, sinto que, pela

riqueza e significado deste segundo EP, este foi um ano que me aperfeiçoou e

me apetrechou para intervir no futuro e construir a minha identidade

profissional.

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5. CONCLUSÃO

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179

5. CONCLUSÃO

O EP revelou-se preponderante para o meu compromisso de, finalmente,

conseguir fazer da docência, a minha carreira. Constituiu-se ainda, como mais

uma oportunidade de pôr em prática os conhecimentos adquiridos que na

minha primeira licenciatura e neste ano letivo, complementar os conhecimentos

teóricos com as situações práticas e reconstruir o meu próprio estilo de

atuação.

Parti para esta viagem, com orgulho do que sou e com extrema vontade

de dar o melhor de mim em cada instante, em cada tarefa, em cada segundo

da minha vida. É certo que durante esta viagem, alguns obstáculos se

depararam à minha frente, precipícios se vislumbravam em meu redor. No

entanto, fui capaz de ultrapassar todas as barreiras e, através destas

progressões, consegui estruturar melhor o meu conhecimento didático-

pedagógico e delinear estratégias concretas, na solução de problemas reais do

ensino. Este EP permitiu-me ainda, aprofundar a minha conceção do impacto

da profissão não só sobre os alunos, como também sobre a sociedade em

geral.

Ao chegar ao fim deste percurso, sinto que este EP veio, seguramente,

valorizar-me em termos de competência profissional, podendo afirmar que,

apesar de ser a minha segunda experiência, foi neste ano que tive

verdadeiramente a possibilidade de pôr em prática todos os conhecimentos,

renovar o corpo teórico que possuía e sentir o que é ser professor na

abrangência desta condição.

A realização do REP, isto é, o “dialogar com as situações”, tornou mais

explícita a multiplicidade de experiências, ensaios, erros, frustrações e

conquistas que marcaram e promoveram o meu desenvolvimento profissional.

Todos eles, sem exceção, e sendo parte integrante de uma dinâmica interativa,

constituem as diferentes facetas do “tornar-se/ser professor”, dando a conhecer

a complexidade, o grau de exigência e a multiplicidade de desafios que a

profissão docente encerra (Caires, 2003).

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180

Neste momento, olhando para trás, reconheço que quer o EP, quer o

REP, concederam-me capacidades, estratégias, técnicas e habilidades

indispensáveis para o ensino e, acima de tudo, ganhar segurança em relação à

minha competência profissional. Ora, tudo isto, valoriza ainda mais e dá sentido

e consistência às minhas opções de vida e privações familiares efetuadas

durante este ano, com vista a realizar este EP nos Açores e atingir esse

objetivo tão desejado e ambicionado: Ser Professor de EF.

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6. PERSPETIVAS

FUTURAS

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183

6. PERSPETIVAS FUTURAS

Naturalmente, face às circunstâncias atuais onde o mercado de oferta

para a lecionação de EF está sobrelotado (tendo sido esse mesmo motivo

decidi arriscar nesta viagem), continuo algo apreensivo com o meu futuro

profissional quanto à docência. É certo que investir nesta carreira hoje em dia

significa uma indefinição do percurso de vida, instabilidade da carreira

profissional, desgaste físico e psicológico. Escrevo não apenas pelo que se diz,

mas porque sou um exemplo desses na prática.

Contudo, também já senti e percebi que na sociedade de hoje, o espírito

de iniciativa, a criatividade, o dinamismo, a capacidade de adaptação e a

vontade do querer, são requisitos fundamentais que podem fazer a diferença

entre o sucesso e o insucesso.

Como tal, durante este ano sabático do Ser Professor, face ao concurso

de docentes para o próximo ano letivo já ter decorrido, procurarei ativamente

emprego na área do desporto, talvez voltar ao “mundo do fitness”, e continuar a

frequentar a formação contínua, com vista a munir-me de um conjunto de

competências mais alargadas, garantindo uma atualização permanente e

necessária. A sua concretização permitir-me-á encontrar as respostas

adequadas à evolução que a sociedade espera delas.

Posteriormente, já em 2014/2015, perspetivo que consiga finalmente

entrar na escola pública, por via da obtenção, através deste EP, da primeira

prioridade no concurso dos Açores, e desempenhar o meu papel de professor

com o máximo de profissionalismo que me foi incutido e com as bases

adquiridas durante este ano. Fundamentalmente, a realização deste EP

permite encarar o futuro com mais alguma confiança e perspetivar que poderei

brevemente Ser Professor, e por conseguinte dignificar da melhor maneira

possível a EF na escola, bem como a FADEUP, ensinando, transmitindo,

atuando e formando corretamente os meus alunos para o difícil futuro que se

avizinha.

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7. REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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Anexo 1

Documento: Artigo do Jornal VitaL sobre o trabalho desenvolvido no

Laranjeiras Clube.

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Anexo 2

Documento: Artigo do Jornal Correio dos Açores sobre os Projetos de Vida

das VII Jornadas da Adolescência.

Artigo Correio dos Açores a 26/04/2013

Os tempos que vivemos estilhaçam os sonhos dos jovens açorianos

Jovens precisam de estímulos para seguirem os seus sonhos, numa altura em que o panorama

é de “descrença no futuro”. Nas VII Jornadas da Adolescência na Escola Secundária da

Laranjeiras falou-se da importância da família e da escola na construção de projetos de vida. O

anfiteatro da Escola Secundária das Laranjeiras encheu-se de jovens na abertura das VII

Jornadas da Adolescência onde se falou sobre “projetos de vida”. Ou melhor, sobre a

importância de definir um rumo durante a adolescência. De acordo com Fátima Silva,

presidente das jornadas e coordenadora da equipa de saúde escolar da Escola, a escolha do

tema devido à crise que não é só económica “mas também existencial”, já que a sociedade

atualmente também carece de valores, “de alicerces a partir dos quais se possa reerguer”.

Para os jovens “a pior crise” é a das expectativas, confirma Fátima Silva que assume o lugar

dos professores que têm como função social “conduzir os alunos o futuro e à autoconfiança” e

depois verem os alunos “sem qualquer projeto de vida consistente, sem nenhuma expectativa

de amanhã, porque os sonhos são estilhaçados pela crueldade” do tempo que vivemos. É por

isso que os “projetos de vida”, numa altura em que uma “enorme quantidade de alunos”, que

estariam virados para um futuro de sucesso e felicidade mas que hoje em dia se vê “atolada

nas areias movediças da descrença no futuro, da falta de um projeto de vida, e pior, da falta de

um sonho”. Para a coordenadora da equipa de saúde escolar da Escola Secundária das

Laranjeiras, que tem desde 2007 um gabinete de apoio ao aluno onde são também ouvidos os

estudantes sobre os seus anseios futuros, o lema que os alunos devem seguir é o de terem “a

coragem de serem felizes, de sonharem e de lutarem pelos vossos sonhos. A vossa vida e o

vosso futuro só a vós pertencem, assumam a vossa plena responsabilidade na sua

construção”. Para Fátima Silva não basta no entanto que no fim destas jornadas, que vão

decorrer até sexta-feira, nem que seja apenas um aluno tenha um sonho ou mais confiança no

futuro. “É preciso também envolver e devolver à família o seu papel na construção de

expectativas, de projetos de futuro”, um envolvimento que assume enorme importância nos

dias que correm em que os jovens precisam de ter expectativas para o futuro perante um negro

cenário. Neste sentido, as VII Jornadas da Adolescência chamaram profissionais de várias

áreas profissionais para darem os seus depoimentos de vida de modo a incentivarem os jovens

a pensarem que “nem tudo está perdido”. Através de um depoimento audiovisual, o ex-jogador

de futebol Pedro “Pauleta” e o piloto de rallies Ricardo Moura explicaram o seu percurso de

vida, a importância de serem persistentes e muitas vezes terem de esperar por um

reconhecimento que não é imediato. Seguiu-se o professor estagiário de educação física,

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XXV

Leandro Pereira, que sendo de São Jorge teve de ir estudar para o Porto e depois optou

por regressar aos Açores e a São Miguel para fazer o que realmente gosta: “ensinar”. Em

consequência disso teve de deixar mulher e filho recém-nascido no Porto para poder

seguir os seus dois sonhos: o de ser professor e do de regressar aos Açores. Houve

ainda depoimentos de Raquel Dutra, enfermeira que nunca deixou para trás o sonho de ser

cantora e que assume agora um projeto a solo pelo qual teve de lutar. Também Frederico

Rego, comandante da Sata Air Açores, explicou o seu percurso de vida até conseguir

especializar-se em pilotar os aviões que operam nas nove ilhas dos Açores, seguindo-se Ana

Rita Silva, arquiteta e engenheira civil, que trabalha habitualmente num mundo dominado pelo

sexo masculino. Depoimentos que tentaram demonstrar aos jovens presentes que é necessário

ter sempre um rumo definido para o futuro, sendo que por vezes é preciso lutar um pouco mais

para conseguir realizar todos os objetivos. No primeiro dia das VII Jornadas da Adolescência,

que decorrem até sexta-feira, foi inaugurada a “expo saúde” e houve ainda um lanche saudável

e prova de sopas. Importância dos projetos de futuro Na sessão de abertura das VII Jornadas

da Adolescência o Diretor Regional da Saúde, Armando Almeida, reforçou a importância dos

mais jovens terem um projeto de vida “que seja construído com base naquilo que são as

expectativas” dos mais novos tendo por base as experiências dos mais velhos. Armando

Almeida salientou que os jovens têm de aprender “a perder, a reformular e a voltar a construir

novamente” alertando que muitas vezes os jovens são aliciados para um caminho “mais fácil

que nos desviam da saúde e que não nos levam a concretizar o nosso projeto de vida”, alertou.

Também a Diretora Regional da Educação, Graça Graça Teixeira elogiou o tema central das

jornadas elogiando também o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Escola

Secundária das Laranjeiras “que tem encetado trabalho na promoção e hábitos de vida

saudáveis”. Mas também o tema do “burnout, stress e bem-estar em professores” que vai ser

debatido durante a tarde de hoje foi destacada pelo Diretora Regional da Educação que referiu

que “sem profissionais motivados não há sucesso escolar”. Graça Teixeira salientou a “partilha,

reflexão e debate de ideias” expostos nas Jornadas e pediu para que continuassem no tempo,

da mesma forma de que presidente das jornadas, Fátima Silva, já o tinha feito. Por fim, o

presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, destacou que as

Jornadas são um estímulo importante para ajudar os mais novos com os projetos de vida que

ambicionam. Um projeto de vida que se faz “no exercício da cidadania e cultivando valores”

que vão sendo adquiridos na adolescência com boas-práticas. “Os adolescentes devem

projetar hoje as suas vidas fundamentadas em valores que os levem a boas práticas no futuro

e que não abalem o seu carácter”, referiu José Manuel Bolieiro que destacou também a

importância do diálogo entre gerações para a formação do carácter dos mais jovens. José

Manuel Bolieiro defendeu ainda a importância da escol e da família na construção de um

projeto de vida que ajude os mais jovens a conseguir alcançar uma vida melhor. No final da

sessão de abertura foi inaugurada a Expo Saúde.

Autor: Carla Dias

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XXVI

Anexo 3

Documento: Programa da Ação de Formação “Quebrar as rotinas nas aulas

de Educação Física”.

Programa

Tema: “Quebrar as rotinas nas aulas de Educação Física”

Enquadramento: Face às características que, cada vez mais, os nossos alunos revelam, a

lecionação da Educação Física necessita de se centrar em mais formação contínua, inovação,

criatividade e procura incessante de soluções que poderão ajudar a criar aulas diversificadas e

motivantes. A proposta que apresentamos a seguir pode ser inserida na categoria F (3º ciclo) e

E (secundário) do DOG.

Assim sendo, e com o intuito de dar resposta e sugerir alternativas a este problema, o Núcleo 2

do Estágio Profissional vem propor uma ação de formação intitulada “Quebrar as rotinas nas

aulas de Educação Física”, na qual se apresentará diversas modalidades diferentes do

habitual, bem como efetuar-se-ão materiais autoconstruídos, de forma a colmatar a carência

deste tipo de materiais em realidades escolares.

Datas: 15 e 22 de Maio

Horas: 14h30 - 16h00

Público-Alvo: Departamento de Educação Física e Desporto da ESL

Materiais Necessários: Collants de senhora, cabides, rolos de fita isoladora, sacos de

plástico, jornais, papelão de 25x25 cm, tesouras.

Programa

Dia Hora Conteúdo

15 Maio (quarta-feira) 14h30-14h45 Introdução/ Apresentação do tema

14h45-15h30 Elaboração de Materiais autoconstruídos

15h30- 16h00 Parte Prática (Ringo)

16h00 Encerramento/Coffee Break

22 Maio (quarta-feira) 16h00-16h30 Parte Prática (Badminton)

16h30-17h00 Parte Prática (Softball)

17h00 Encerramento/Coffee Break

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Anexo 4

Documento: Questionário da Autoperceção da Competência Profissional.

AUTOPERCEÇÃO DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS ESPECÍFICAS DO PROFISSIONAL DE DESPORTO

adaptada por Batista (2008) das versões de Nascimento 1999 e Feitosa (2002).

Dados caraterizacionais

1.Sexo: F ___ M ___

2. Ano de nascimento: _______

3. Experiência profissional: número de anos de serviço ____________

O objetivo deste questionário é detetar a perceção que os profissionais de Desporto têm, das suas

competências profissionais específicas.

Orientações para preenchimento do questionário:

Nas folhas seguintes, estão listadas diversas competências necessárias para o exercício da atividade profissional de

Professor de Educação Física. A ordem de apresentação nada tem a ver com qualquer hierarquia. Assinale com um

“X”, nas colunas ao lado da listagem de competências, o número que corresponde à sua opinião quanto à competência

percebida, considerando:

(0) Nenhum domínio - considero-me um profissional que não possui qualquer domínio nesta competência.

(1) Domínio muito insuficiente - considero-me um profissional com um domínio muito pequeno ou muito superficial

nesta competência.

(2) Domínio insuficiente - considero-me um profissional com domínio insatisfatório nesta competência.

(3) Domínio Suficiente - considero-me um profissional com domínio satisfatório nesta competência.

(4) Domínio quase total - considero-me um profissional com grande domínio nesta competência, porém ainda não

atingi o nível de “especialista”.

(5) Domínio total - considero-me um profissional “especialista” nesta competência.

Leia com atenção todos os itens, escolhendo a alternativa que melhor define o seu grau de domínio nessa

competência. Cada item deverá ter apenas uma resposta. Não há respostas erradas, o importante é que corresponda

àquilo que realmente pensa.

Competências

Competência

Percebida

0 1 2 3 4 5

1. Dominar conhecimentos sobre os princípios gerais e específicos do processo de ensino-

aprendizagem em Educação Física.

2. Dominar conhecimentos sobre os princípios de organização curricular, para melhor

estruturação dos conteúdos da Educação Física.

3. Dominar conhecimentos sobre as principais teorias pedagógicas aplicadas ao ensino da

Educação Física.

4. Dominar conhecimentos sobre as dimensões de intervenção pedagógica que facilitem o

desenvolvimento de atitudes, valores e comportamentos sociais aceitáveis.

5. Dominar conhecimentos sobre métodos e técnicas de avaliação em Educação Física.

6. Dominar conhecimentos sobre os processos de aprendizagem motora.

7. Dominar conhecimentos sobre os conteúdos de ensino da Educação Física.

8. Dominar conhecimentos sobre os efeitos fisiológicos da prática de atividades físicas.

9. Dominar conhecimentos sobre a constituição e funcionamento do corpo humano.

10. Dominar conhecimentos sobre as indicações e contra-indicações fisiológicas dos

exercícios físicos.

11. Ser capaz de estruturar e sequenciar os conteúdos de ensino da Educação Física.

12. Ser capaz de implementar as tarefas adequadas à aprendizagem dos conteúdos da

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XXVIII

Educação Física.

13. Ser capaz de analisar os programas de Educação Física e ajustá-los às situações

particulares de ensino.

14. Ser capaz de adaptar o programa às suas características e às dos seus alunos.

15. Ser capaz de elaborar e planear o trabalho pedagógico em Educação Física para

diferentes turmas.

16. Ser capaz de desenvolver o ensino teórico e prático da Educação Física em diferentes

níveis de ensino.

17. Ser capaz de orientar e conduzir as aulas de Educação Física utilizando uma

terminologia específica da disciplina mas adequada às caraterísticas dos alunos.

18. Ser capaz de transmitir de uma forma lógica, clara e concisa a informação.

19. Ser capaz de utilizar técnicas de comunicação pessoal e de grupo.

20. Ser capaz de identificar erros e dificuldades dos alunos na realização de habilidades

motoras.

21. Ser capaz de fornecer informações adequadas para a correção dos erros de

aprendizagem.

22. Ser capaz de criar um clima favorável à aprendizagem de conhecimentos sobre o

movimento e de habilidades motoras que se relacionem com o quotidiano do aluno.

23. Ser capaz de criar e reforçar a motivação para a prática de atividade física numa

determinada população criando um ambiente de trabalho agradável.

24. Ser capaz de despertar o gosto ou interesse para a prática de atividades físicas.

25. Ser capaz de promover a integração de alunos com dificuldades de aprendizagem ou

provenientes de minorias étnicas.

26. Ser capaz de diversificar e inovar as formas de trabalhar com seus alunos.

27. Ser capaz de aplicar ou utilizar de forma crítica novos conhecimentos relacionados com

a Educação Física.

28. Ser capaz de propiciar ações que inter-relacionem a escola e a comunidade envolvente

no âmbito da Educação Física.

29. Demonstrar uma atitude investigativa e de procura constante de atualização que

favoreça o reajustamento da sua atuação profissional.

30. Demonstrar espírito de autocrítica condizente a uma permanente avaliação da respetiva

atuação pedagógica.

31. Demonstrar uma atitude de comprometimento profissional com o ensino de Educação

Física.

32. Demonstrar iniciativa de criar, por si mesmo, novas oportunidades de intervenção.

33. Demonstrar criatividade para enfrentar os desafios provocados pelas mudanças na

sociedade e, também, fomentar a sua inovação.