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  • 8/16/2019 Uma Análise Das Pensões Referentes Aos Servidores Públicos Militares Sob a Ótica Da Teoria Dos Modelos de Direi…

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    UMA ANÁLISE DAS PENSÕESREFERENTES AOS SERVIDORES

    PÚBLICOS MILITARES SOB A ÓTICADA TEORIA DOS MODELOS DEDIREITO DE MIGUEL REALELeave a reply 

    POR JOÃO AMADEUS ALVES DOS SANTOS[1] 

    1 Introdução: a pensões militares

    hoje a necessidade de compreender

    seu passado

    Sabe-se hoje que as pensões militares pesam mais no orçamento federal do que oPrograma Bolsa-família[2]. Tal fato já traz uma importância prática no estudo de talinstituto, o qual, por incrível que pareça, carece incrivelmente de estudos jurídicosdoutrinários. Por outro lado, entre 1790 e 2013, mutações várias de ordem

    legislativa e jurisprudencial acerca do tema aconteceram. A proposta destetrabalho é justamente estudar tais mudanças à luz da “teoria dos modelos dodireito”, de autoria do jurista brasileiro Miguel Reale. 

     A pensão militar tem origem bicentenária e é a importância paga, mensalmente,aos beneficiários do militar falecido ou assim considerado, nos termos dalegislação aplicável[3]. 

    Os militares da União (ativos e inativos) contribuem, nos dias de hoje,mensalmente, com 7,5% para a pensão militar e com até 3,5% para a assistênciamédico-hospitalar  –  ambas as percentagens sobre os seus proventos. Vale

    destacar que os artigos 142 e 144 da Constituição Federal de 1988 estabelecemas atribuições das Forças Armadas e das Forças Auxiliares. Estas possuem umsistema previdenciário vinculado aos Estados da Federação; daquelas nem sepode falar em sistema previdenciário propriamente dito.

    O militar, ainda que na inatividade, permanece vinculado à sua profissão, é umacaracterística da carreira. Nessa situação, pode ser classificado em doissegmentos bem distintos: a reserva ou a reforma. Os militares na reserva estãosujeitos a leis militares, em especial ao Estatuto dos Militares (Lei nº 6.880 de 09de dezembro de 1980) e ao Regulamento Disciplinar (Decreto nº 57.654 de 20 de janeiro de 1966), com possibilidade de mobilização a qualquer momento.

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    Há, então, um elenco, legalmente posto, de especificidades, inerentes à profissão,que regula toda a vida profissional do militar enquanto tal perante o Estado.Portanto, ao se abordar o tema da remuneração dos militares na inatividade, deve-se considerar as peculiaridades do ofício.

     Assim sendo, os militares federais nunca tiveram e não têm um regimeprevidenciário estatuído, seja em nível constitucional ou no da legislação ordinária.Essa característica é histórica no Brasil: o art. 142, da Constituição Federal, emseu §3º, inciso X, estabelece que “a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferênciado militar para a inatividade, consideradas as peculiaridades de suas atividades(…) “. 

     As condições de transferência do militar para a inatividade e de percepção depensões estão estabelecidas no Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880, de 09 dedezembro de 1980), na Lei de Remuneração dos Militares (Medida Provisória n°2.215-10, de 31 de agosto de 2001) e na Lei de Pensões (Lei n° 3.765 de 04 demaio de 1960).

    Em todos esses diplomas legais e na própria Constituição Federal, como já foi dito,nunca houve e não há qualquer referência a sistema ou a regime previdenciáriodos militares federais. A remuneração dos militares na inatividade, dos reformadose os da reserva, é integralmente custeada pelo Tesouro Nacional.

    Portanto, os militares não contribuem para “garantir a reposição de renda” quandonão mais puderem trabalhar. Essa garantia é totalmente sustentada pelo Estado.Os militares federais contribuem com 7,5% da sua remuneração bruta paraconstituir pensões, que são legadas aos seus dependentes e com 3,5 %, tambémdos proventos, para fundos de saúde.

     As origens da pensão militar, no Brasil, remontam ao Século XVIII, quando criadoo Plano de Montepio Militar dos Oficiais do Corpo da Marinha, em 23 de setembrode 1795. Este documento foi o primeiro ensaio no sentido de assegurar à famíliado militar falecido assistência condigna e compatível às condições sociais à época.Portanto, o advento da pensão militar é anterior ao movimento previdenciário noBrasil, cuja origem é atribuída ao Decreto nº 4.682 de 24 de janeiro de 1923,popularmente conhecido como “Lei Eloy Chaves”. 

    O desenvolvimento histórico da legislação brasileira sobre pensões militares

    reforça sempre o sentido da constituição de um patrimônio que, após a morte domilitar, será legado aos seus dependentes. É por isso que o militar contribui,durante toda a sua vida profissional e na inatividade, até a sua morte, para formartal patrimônio. Não se trata, então, dos contribuintes sustentarem os beneficiários,como se dá na Previdência Social.

    Evidenciada a importância histórica do instituto, ver-se-á que muitas normastrataram de várias espécies de pensões militares ao longo do tempo. A tais textoslegais correspondem várias interpretações jurisprudenciais, nos casos em queconflitos de interesses foram e são levados à jurisdição, mormente na últimadécada. O pretendido neste trabalho é justamente analisar as relações hodiernas

    entre tal legislação e sua correlata jurisprudência a partir de um marco teórico, da“teoria dos modelos do direito” de Miguel Reale. 

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    Porém, o corte epistemológico vai além: não serão analisadas aqui todas nuancesdas relações entre a legislação que institui as pensões e suas implicações para aexperiência jurídica, mas somente aquilo relativo ao problema dos dependentes domilitar, ou seja, as pessoas que integram o rol de beneficiários aptos a receber apensão militar quando da morte do titular do benefício.

    2 Análise legislativa: as pensões

    militares cerca de 1790 a 2000

     A história das pensões dos militares tem mais de duzentos anos. As pensões atualmente em vigor tiveram suas origens nas tenças portuguesas,posteriormente reguladas pela Lei de Remuneração dos Oficiais do Exército dePortugal, de 16 de dezembro de 1790, e pelo Alvará de 23 de setembro de 1795,que aprovou o Plano de Montepio dos Oficiais da Armada Real Portuguesa.

    O princípio se dá, então, no Século XVIII, em 23 de setembro de 1795, quando foicriado o Plano de Montepio Militar dos Oficiais do Corpo da Marinha, legislaçãopioneira de amparo financeiro aos oficiais reformados e seus herdeiros, os quais,inclusive os pensionistas habilitados, contribuíam com um dia de soldo até o fim desuas vidas. As contribuições sustentavam o próprio sistema implantado[4]. 

    Os militares tiveram um primeiro diploma concedendo o que se chama de“montepio” – quantia equivalente à metade do soldo – pelo “Plano de benefício dosórfãos e viúva dos oficiais” da Marinha, de dois de setembro de 1795, assinadopelo Príncipe D. João, no Palácio de Queluz, em Lisboa. É curioso frisar que, em

    1790, pelo Alvará de 16 de dezembro, foi criado o “montepio militar” por D. Maria I.Tal medida foi bem recebida à época, dado o fato da pobreza e da máremuneração dos ditos oficiais. Foi idealizado com o instituto de “seguro” ou com ocaráter de “associação”. A importância do benefício é fixada em quantitativo igual àmetade do soldo do posto ocupado pelo oficial quando de sua morte  – seja efetivoou na reforma. O Plano admite o montepio em vida se o oficial contribuinte for“excluso ou degradado” [5]. 

     Aquele Plano estipulava que os beneficiários do montepio seriam as viúvas dosoficiais e, na falta delas, as filhas “donzelas ou viúvas”, que dividiriam igualmente apensão, mesmo que mudassem de estado civil após a concessão, ou seja, umavez concedido à filha que preenchesse os requisitos, o benefício seria vitalício.

    O Montepio da Marinha abrangia apenas os oficiais, não incluindo as praças daMarinha e nem os militares do Exército. Estes, para receberem benefícios, usavampetições como recurso, ou, no caso dos oficiais do Exército, a Lei de Remuneraçãode Oficiais do Exército de 16 de dezembro de 1790.

     A necessidade da existência de instituições militares genuinamente brasileiraspara lutar pelas causas nacionais levou o Governo Imperial a conceder, porDecreto de quatro de janeiro de 1823, às viúvas ou órfãs de oficiais doExército mortos nas lutas pela Independência do Brasil, o benefício de meio soldodas patentes de seus respectivos maridos ou pais. Aos herdeiros de cabos e

    soldados o valor do benefício era de um inteiro soldo. Em 15 de janeiro de 1823,outro Decreto estendeu aos militares da Armada os mesmos direitos.

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    Com o Brasil já independente, a Lei de seis de novembro de 1827, referendadapelo Conde de Lages, instituiu metade de soldo para os oficiais do Exército. Assim,as viúvas, filhas solteiras, filhos menores de 18 anos e mães viúvas,respectivamente, passaram a ter direito à percepção de meio soldo da patente queo militar possuísse quando falecido. A responsabilidade pelo pagamento deste

    montepio do Exército era toda do Estado, não havendo contribuição por parte dosoficiais ou dos beneficiários, ao contrário do Plano de Montepio dos Oficiais daMarinha.

    Em 1847, o Decreto nº 521 estabeleceu que as filhas solteiras continuassem areceber o meio soldo, mesmo depois de casadas, uniformizando os Planos doExército e da Marinha. Em 11 de junho de 1890, o Decreto nº 475 concedeu àsviúvas e órfãs dos oficiais da Armada o meio soldo devido ao pessoal do Exército,sem invalidar o montepio do Plano da Marinha de 1795. O Decreto nº 695, de 28de agosto de 1890, criou o montepio similar ao da marinha para as famílias dosoficiais do Exército, sem invalidar o meio soldo concedido pela lei de seis denovembro de 1827. O Decreto nº 1.054, de 20 de setembro de 1892, estabeleceuregras de contribuição para o meio soldo e o montepio dos oficiais do Exército.

    Finalmente, a Lei nº 288, de 6 de agosto de 1895, equiparou o montepio dosoficiais da Armada, de 1795, ao dos oficiais do Exército, unificando as vantagensconcedidas às duas instituições quanto ao meio soldo e ao montepio, corrigindoalgumas distorções existentes nas legislações anteriores, e estabelecendo auniversalidade das contribuições.

     Ainda no séc. XIX já ficou consolidado o que se chama de princípio tempus regitactum : o direito ao montepio (civil ou militar) é regido pela lei vigente à data doóbito do contribuinte[6]. 

    Leis e Decretos sobre o assunto continuaram sendo emitidos no princípio doséculo XX, sendo de atenção o Decreto nº 816, de 10 de janeiro de 1902, queestendeu às filhas casadas o direito à percepção do meio soldo e do montepio(antes recebiam apenas o montepio).

    O Decreto-Lei nº 8.958, de 29 de janeiro de 1946, alterou as disposições legaissobre montepio militar e meio soldo correspondentes aos herdeiros, estabelecendocomo beneficiários, por ordem de precedência e reversão, a viúva, as filhassolteiras, viúvas e casadas e os filhos menores de 21 anos, as filhas desquitadas,os filhos interditos, os netos órfãos, as mães viúvas ou solteiras e as irmãs

    solteiras ou viúvas. Mantinha basicamente a mesma relação de beneficiários defins do Século XVIII.

    Em nove de março de 1953, o Governo baixou o Decreto nº 32.389, queconsolidou todas as disposições legais existentes sobre pensão militar (montepio emeio soldo), documento que mais tarde seria revisado, dando origem à atual Lei nº3.765, de 4 de maio de 1960.

     A Lei nº 3.765, de 1960, unificou as pensões de montepio, meio soldo e especiaiscriando apenas um benefício que ficou conhecido como “pensão militar”,garantindo a uniformidade de tratamento nas Forças Armadas e estabelecendo a

    universalidade das contribuições. O rol dos beneficiários continuou o mesmo,

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    inclusive quanto às “filhas de qualquer condição”. Diz tal Lei, em sua redaçãooriginal:

     Art 7º A pensão militar defere-se na seguinte ordem:

    I – à viúva;

    II – aos filhos de qualquer condição, exclusive os maiores do sexo masculino,que não sejam interditos ou inválidos;

    III – aos netos, órfãos de pai e mãe, nas condições estipuladas para os filhos;

    IV – à mãe viúva, solteira ou desquitada, e ao pai inválido ou interdito;

    4.  IV)  –  à mãe, ainda que adotiva, viúva, solteira ou desquitada, e ao pai,ainda que adotivo, inválido ou interdito; (Redação dada pela Lei nº 4.958,

    de 1966)

    V  – às irmãs germanas e consangüíneas, solteiras, viúvas ou desquitadas,bem como aos irmãos menores mantidos pelo contribuinte, ou maiores interditosou inválidos;

    VI – ao beneficiário instituído, desde que viva na dependência do militar e nãoseja do sexo masculino e maior de 21 (vinte e um) anos, salvo se fôr interdito ouinválido permanentemente.

      1º A viúva não terá direito à pensão militar se, por sentença passada em

     julgado, houver sido considerada cônjuge culpado, ou se, no desquiteamigável ou litigioso, não lhe foi assegurada qualquer pensão ou amparopelo marido.

      2º A invalidez do filho, neto, irmão, pai, bem como do beneficiário instituídocomprovar-se-á em inspeção de saúde realizada por junta médica militar oudo Serviço Público Federal, e só dará direito à pensão quando nãodisponham de meios para prover a própria subsistência.

     A Lei nº 8.216, de 13 de agosto de 1991, tentou alterar o texto do art. 7º da Lei nº3.765, de 1960, para retirar o direito das filhas casadas, desquitadas oudivorciadas à Pensão Militar. Mantinha este direito apenas para as filhas solteiras.Porém, por não terem sido cumpridas as formalidades do Congresso Nacionalquanto à tramitação da sua proposição, em Decisão de Plenário de 3 de junho de1993, o Supremo Tribunal Federal declarou procedente a Ação Direta deInconstitucionalidade nº 574-0, ficando canceladas as alterações que a Lei nº8.216, de 1991, tentara introduzir no texto da Lei de Pensões. Ficaram mantidos ostermos da redação original: “f ilhas de qualquer condição”. 

    Finalmente a Medida Provisória nº 2.131, de 28 de dezembro de 2000, alterou aredação do art. 7º da Lei de Pensão Militar extinguindo o direito das filhas “dequalquer condição” e colocando-as em igualdade de condição com os filhoshomens. A nova redação estabelece:

     Art. 7o A pensão militar é deferida em processo de habilitação, tomando-se porbase a declaração de beneficiários preenchida em vida pelo contribuinte, na ordem

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    de prioridade e condições a seguir: (Redação dada pela Medida provisória nº2215-10, de 31.8.2001)

    I  – primeira ordem de prioridade: (Redação dada pela Medida provisória nº2215-10, de 31.8.2001)

    1.  a) cônjuge; (Incluída pela Medida provisória nº 2215-10, de 31.8.2001)2.  b) companheiro ou companheira designada ou que comprove união estável

    como entidade familiar; (Incluída pela Medida provisória nº 2215-10, de31.8.2001)

    3.  c) pessoa desquitada, separada judicialmente, divorciada do instituidor ou aex-convivente, desde que percebam pensão alimentícia; (Incluída pelaMedida provisória nº 2215-10, de 31.8.2001)

    4.  d) filhos ou enteados até vinte e um anos de idade ou até vinte e quatroanos de idade, se estudantes universitários ou, se inválidos, enquanto durara invalidez; e (Incluída pela Medida provisória nº 2215-10, de 31.8.2001)

    5.  e) menor sob guarda ou tutela até vinte e um anos de idade ou, seestudante universitário, até vinte e quatro anos de idade ou, se inválido,enquanto durar a invalidez. (Incluída pela Medida provisória nº 2215-10, de31.8.2001)

    II  –  segunda ordem de prioridade, a mãe e o pai que comprovemdependência econômica do militar; (Redação dada pela Medida provisória nº 2215-10, de 31.8.2001)

    III  – terceira ordem de prioridade: (Redação dada pela Medida provisória nº2215-10, de 31.8.2001)

    1. 

    a) o irmão órfão, até vinte e um anos de idade ou, se estudanteuniversitário, até vinte e quatro anos de idade, e o inválido, enquanto durara invalidez, comprovada a dependência econômica do militar; (Incluída pelaMedida provisória nº 2215-10, de 31.8.2001)

    2.  b) a pessoa designada, até vinte e um anos de idade, se inválida, enquantodurar a invalidez, ou maior de sessenta anos de idade, que vivam nadependência econômica do militar. (Incluída pela Medida provisória nº2215-10, de 31.8.2001)

    Esta regra vale para todos os militares admitidos nas Forças Armadas após 29 dedezembro de 2000. Para aqueles que já estavam nas Forças Armadas naquela

    data a MP nº 2.131, de 2000, estabeleceu a continuidade deste direito, conformeprevisto na Lei nº 3.765, de 1960, mediante o pagamento de uma contribuiçãoadicional específica de caráter opcional.

    3 Um tipo à parte de pensão militar:

    a pensão especial de ex-combatente

    cerca de 1950 a 1990

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     A primeira norma editada para assegurar direitos aos ex-combatentes foi a Lei nº1.147, de 25 de junho de 1950, que estabeleceu as seguintes medidas de amparoe assistência aos ex-combatentes: a)  financiamento em condições vantajosas pormeio de instituto de previdência para aquisição ou construção demoradia; b)   doação de terrenos pela União para aqueles não beneficiados pelo

    referido financiamento; c) preferência no acesso a empregos públicos, medianteconcurso; e d)   preferência na matrícula dos estabelecimentos de ensino públicopara o ex-combatente e seus filhos.

    Em relação à Segunda Guerra Mundial, três diplomas constituem o cerne daquestão referente à pensão especial de ex-combatente: art. 30 da Lei 4.242/63; Lei6.592/1978 e art. 53 do Ato das Disposições Constitucionais Transitóriasreferentes à Constituição de 1988. Assim foi redigido o art. 30 da Lei 4.242/63:

     Art 30. É concedida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, da FEB, daFAB e da Marinha, que participaram ativamente das operações de guerra e seencontram incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência enão percebem qualquer importância dos cofres públicos, bem como a seusherdeiros, pensão igual à estipulada no art. 26 da Lei n.º 3.765, de 4 de maio de1960. (Revogado pela Lei nº 8.059, de 1990).

    Parágrafo único. Na concessão da pensão, observar-se-á o disposto nos arts.30 e 31 da mesma Lei nº 3.765, de 1960.

     A Lei 4.242/63 impôs, portanto, dois requisitos para a concessão do benefício:participação ativa nas operações de guerra e incapacidade de prover o própriosustento. No que toca aos herdeiros, a lei não foi clara quanto às condições emque receberiam o benefício.

    Note-se que, a Lei 4.242/63 remeteu o aplicador à Lei 3.765/60, paraexclusivamente três finalidades: a)   fixar o valor da pensão (igual à deixada porsegundo sargento); b)  estabelecer a forma de reajuste da pensão (art. 30);e c)  estabelecer qual o órgão concedente e o controle do Tribunal de Contas (art.31).

    Em 12.09.1967, regulamentando o artigo 178 da então vigente ConstituiçãoFederal de 1967, foi editada a Lei 5.315. Vejamos a disciplina das referidasnormas, a começar pela Constituição Federal de 1967:

     Art 178  – Ao ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira, da Força AéreaBrasileira, da Marinha de Guerra e Marinha Mercante do Brasil que tenhaparticipado efetivamente de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial sãoassegurados os seguintes direitos:

    1.  a) estabilidade, se funcionário público;2.  b) aproveitamento no serviço público, sem a exigência do disposto no art.

    95, § 1º;3.  c) aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço

    efetivo, se funcionário público da Administração centralizada ou autárquica;4.  d) aposentadoria com pensão integral aos vinte e cinco anos de serviço, se

    contribuinte da previdência social;5.  e) promoção, após interstício legal e se houver vaga;

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    6.  f) assistência médica, hospitalar e educacional, se carente de recursos.

    Pois bem, a Lei n.º 5.315/67, que regulamentou o dispositivo constitucionalsupracitado:

     Art . 1º Considera-se ex-combatente, para efeito da aplicação do artigo 178 daConstituição do Brasil, todo aquêle que tenha participado efetivamente deoperações bélicas, na Segunda Guerra Mundial, como integrante da Fôrça doExército, da Fôrça Expedicionária Brasileira, da Fôrça Aérea Brasileira, da Marinhade Guerra e da Marinha Mercante, e que, no caso de militar, haja sido licenciadodo serviço ativo e com isso retornado à vida civil definitivamente.

      1º A prova da participação efetiva em operações bélicas será fornecida aointeressado pelos Ministérios Militares.

      2º Além da fornecida pelos Ministérios Militares, constituem, também, dadosde informação para fazer prova de ter tomado parte efetiva em operações

    bélicas:1.  a) no Exército:

    I  – o diploma da Medalha de Campanha ou o certificado de ter serviço no Teatrode Operações da Itália, para o componente da Fôrça Expedicionária Brasileira;

    II – o certificado de que tenha participado efetivamente em missões de vigilância esegurança do litoral, como integrante da guarnição de ilhas oceânicas ou deunidades que se deslocaram de suas sedes para o cumprimento daquelasmissões.

    1. 

    b) na Aeronáutica:

    I  –  o diploma da Medalha de Campanha da Itália, para o seu portador, ou odiploma da Cruz de Aviação, para os tripulantes de aeronaves engajados emmissões de patrulha;

    1.  c) na Marinha de Guerra e Marinha Mercante:

    I  –  o diploma de uma das Medalhas Navais do Mérito de Guerra, para o seuportador, desde que tenha sido tripulante de navio de guerra ou mercante,atacados por inimigos ou destruídos por acidente, ou que tenha participado decomboio de transporte de tropas ou de abastecimentos, ou de missões depatrulha;

    II – o diploma da Medalha de Campanha de Fôrça Expedicionária Brasileira;

    III – o certificado de que tenha participado efetivamente em missões de vigilância esegurança como integrante da guarnição de ilhas oceânicas;

    IV  – o certificado de ter participado das operações especificadas nos itens I e II,alínea c , § 2º, do presente artigo;

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    1.  d) certidão fornecida pelo respectivo Ministério Militar ao ex-combatenteintegrante de tropa transportada em navios escoltados por navios deguerra.

      3º A prova de ter servido em Zona de Guerra não autoriza o gôzo das

    vantagens previstas nesta Lei, ressalvado o preceituado no art. 177, § 1º,da Constituição do Brasil de 1967, e o disposto no § 2º do art. 1º desta Lei.

     Art . 2º É estável o ex-combatente servidor público civil da União, dos Estados edos Municípios.

     Art . 3º O Presidente da República aproveitará, mediante nomeação, nos cargospúblicos vagos, iniciais de carreira ou isolados, independentemente de concurso,os ex-combatentes que o requererem, mediante apresentação de diplomaregistrado no Ministério da Educação e Cultura de curso que os qualifiquem para oexercício do cargo, ou mediante prova de capacidade para os demais, segundo

    critérios a serem fixados em regulamento.  1º Os que não quiserem submeter-se à prova, ou nela forem inabilitados,

    serão aproveitados em classe de menor padrão de vencimentos, nãodestinada a acesso.

      2º O requerimento de que trata êste artigo será dirigido aos MinistériosMilitares a que estiver vinculado o ex-combatente.

      3º O Ministério Militar, a que tiver pertencido o ex-combatente, encaminharáo requerimento ao Departamento Administrativo do Pessoal Civil, depois deconvenientemente informado pelos órgãos competentes quanto aoatendimento dos requisitos previstos no art. 1º desta Lei.

    Em seguida, foi editada a Lei nº 5.698, de 31 de agosto de 1971, que dispõe sobreas prestações devidas a ex-combatente segurado da Previdência Social, normaesta recepcionada pela Constituição Federal de 1988. A referida legislação detalhaa relação do ex-combatente com o Regime Geral da Previdência Social e a formade cálculo dos benefícios em razão da garantia de aposentadoria integral aos 25anos de serviço. Note-se que essa espécie não se enquadra na categoria de“pensão especial de ex-combatente”, pois não decorre pura e simplesmente dofato de ter o beneficiário participado das aduzidas operações bélicas, termos nosquais esse espécime de pensão se diferencia das demais ora tratadas.

    Posteriormente, criou-se a Lei 6.592, de 17 de novembro de 1978, sendo uma

    nova pensão aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, inacumulável eintransferível, no valor de duas vezes e meia o maior salário-mínimo, nestesmoldes:

     Art. 1º  –  Ao ex-combatente, assim considerado pela Lei nº 5.315, de 12 desetembro de 1967, julgado, ou que venha a ser julgado, incapacitadodefinitivamente, por Junta Militar de Saúde, e necessitado, será concedida,mediante decreto do Poder Executivo, pensão especial equivalente ao valor deduas vezes o maior salário-mínimo vigente no país, desde que não faça jus aoutras vantagens pecuniárias previstas na legislação que ampara ex-combatentes.

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      1º – Considera-se necessitado, para os fins desta Lei, o ex-combatente cujasituação econômica comprometa o atendimento às necessidades mínimasde sustento próprio e da família.

      2º  –  A condição a que se refere o parágrafo anterior será constatadamediante sindicância a cargo do Ministério Militar a que estiver vinculado o

    ex-combatente.Somente com a entrada em vigor da Lei nº 7.424, de 17 de dezembro de 1985,que vigorou até a entrada em vigor da Lei nº 8.059/90, é que ficou regulamentadaa transferência da pensão especial de que trata a lei nº 6.592/78, nos seguintesdizeres:

     Art. 1º  –  A pensão especial de que trata a Lei nº 6.592, de 17 de novembro de1978, é inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos,exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de opção.

     Art. 2º  – Em caso de falecimento de ex-combatente amparado pela Lei nº 6.592,de 17 de novembro de 1978, a pensão especial será transferida na seguinteordem:

    I – à viúva;

    II – aos filhos menores de qualquer condição ou interditos ou inválidos.

      1º  –  O processamento e a transferência da pensão especial serãoefetuados de conformidade com as disposições da Lei nº 3.765, de 4 demaio de 1960, que dispõe sobre as Pensões Militares.

      2º  –  Os beneficiários previstos nos incisos I e II deste artigo devemcomprovar, para fazerem jus à pensão especial, que viviam sob adependência econômica e sob o mesmo teto do ex-combatente e que nãorecebem remuneração.

     Art. 3º  – Aplica-se o disposto no artigo anterior, a partir da data de entrada emvigor desta Lei, aos beneficiários do ex-combatente falecido, que já se encontravapercebendo a pensão especial referida no art. 1º da Lei nº 6.592, de 17 denovembro de 1978.

    Pois bem, o art. 53 do ADCT criou uma terceira pensão especial ex-combatentesda Segunda Guerra Mundial, com um valor ampliado em relação às demaispensões, equivalente ao soldo de segundo-tenente, autorizando a acumulaçãocom benefício previdenciário. Todavia, quanto à transmissão da pensão especial,nada inovou, mantendo os mesmos moldes da legislação então vigente, qual sejaa Lei 7.424/1985, e, para os casos em que o evento morte se deu antes da entradaem vigência desta Lei, cabe a anterior, então vigente, ou seja, a Lei nº 3.765/60,mormente seu art. 7º.

    Está assim redigido o dito artigo:

     Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operaçõesbélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de

    setembro de 1967, serão assegurados os seguintes direitos:

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      I  –  aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, comestabilidade;

    II  –  pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente dasForças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável

    com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefíciosprevidenciários, ressalvado o direito de opção;

    III  – em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou dependente, deforma proporcional, de valor igual à do inciso anterior;

    (…) 

    Parágrafo único. A concessão da pensão especial do inciso II substitui, paratodos os efeitos legais, qualquer outra pensão já concedida ao ex-combatente.

     A fim de regulamentar o art. 53 do ADCT-88, foi editada a Lei nº 8.059, de quatrode julho de 1990, que estabelece:

     Art. 1º Esta lei regula a pensão especial devida a quem tenha participado deoperações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315,de 12 de setembro de 1967, e aos respectivos dependentes (Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias, art. 53, II e III).

    (…) 

     Art. 5º Consideram-se dependentes do ex-combatente para fins desta lei:

    I – a viúva;

    II – a companheira;

    III  – o filho e a filha de qualquer condição, solteiros, menores de 21 anos ouinválidos;

    IV – o pai e a mãe inválidos; e

    V – o irmão e a irmã, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos.

    Parágrafo único. Os dependentes de que tratam os incisos IV e V só terãodireito à pensão se viviam sob a dependência econômica do ex-combatente, porocasião de seu óbito.

    (…) 

     Art. 8º A pensão especial não será deferida:

    I – à ex-esposa que não tenha direito a alimentos;

    II  – à viúva que voluntariamente abandonou o lar conjugal há mais de cincoanos ou que, mesmo por tempo inferior, abandonou-o e a ele recusou-se a voltar,

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    desde que esta situação tenha sido reconhecida por sentença judicial transitadaem julgado;

    III  –  à companheira, quando, antes da morte do ex-combatente, houvercessado a dependência, pela ruptura da relação concubinária;

    IV  –  ao dependente que tenha sido condenado por crime doloso, do qualresulte a morte do ex-combatente ou de outro dependente.

    (…) 

     Art. 14. A cota-parte da pensão dos dependentes se extingue:

    I – pela morte do pensionista;

    II – pelo casamento do pensionista;

    III – para o filho, filha, irmão e irmã, quando, não sendo inválidos, completam21 anos de idade;

    IV – para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez.

    Parágrafo único. A ocorrência de qualquer dos casos previstos neste artigonão acarreta a transferência da cota-parte aos demais dependentes.

    (…) 

     Art. 17. Os pensionistas beneficiados pelo art. 30 da Lei nº 4.242, de 17 de julhode 1963, que não se enquadrarem entre os beneficiários da pensão especial deque trata esta lei, continuarão a receber os benefícios assegurados pelo citadoartigo, até que se extingam pela perda do direito, sendo vedada sua transmissão,assim por reversão como por transferência.

    (…) 

     Art. 20. Mediante requerimento do interessado, qualquer outra pensão jáconcedida ao ex-combatente ou dependente que preencha os requisitos poderáser substituída pela pensão especial de que trata esta lei, para todos os efeitos.

    (…) 

     Art. 25. Revogam-se o art. 30 da Lei nº 4.242, de 17 de julho de 1963, a Lei nº6.592, de 17 de novembro de 1978, a Lei nº 7.424, de 17 de dezembro de 1985, edemais disposições em contrário.

    4 A teoria dos modelos do direito de

    Miguel Reale linhas gerais levando

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    em conta os objetivos da investigação

    ora proposta

    Miguel Reale, expoente do culturalismo jurídico, elenca o que chama de “teoria dosmodelos jurídicos” como uma aplicação da “teoria das estruturas” – tão vistas nasdemais ciências sociais  – ao direito, assim perfazendo uma “teoria das estruturasnormativas”. Para ele e, consequentemente, para os fins deste trabalho, asestruturas são como cortes verticais da realidade; quando isso se faz dentro daexperiência do direito, tem-se um modelo jurídico[7].  Levando tal consideraçãopara o campo do fenômeno jurídico, pode-se traçar um paralelo entre o que Realechama de “estrutura”, ou, especificamente quanto ao direito, de “modelo”, ao queHans Kelsen trata como visão estática do ordenamento jurídico[8], muito embora

    tais noções não correspondam totalmente. O que importa, para manter-se oparalelo, é que estrutura é a apreensão estática da descrição de um sistema, aqual serve para resolver problemas de ordem dinâmica.

     As estruturas sociais têm como caracteres: a)  uma relação de pressuposição entreos as partes e o todo (totalidade plural); b)  um valor responsável por ser a ideiamatriz da razão que dá forma e constitui o todo, cujas partes se relacionam demaneira duradoura e contínua (complementaridade); c)  a relação entre a mudançade direção das partes e do todo, que seguem uma mesma direção (vetorialidade etensionalidade); d)   unidades em termos de função e de situação em relação àsdemais estruturas sociais dentro de um mesmo contexto histórico, vinculadas àscondições de realizabilidade por meio da comunicação (durabilidade)[9]. 

    No campo da experiência jurídica, as estruturas sociais se apresentam comonormativas, em sistemas de modelos, cuja natureza é tridimensional, isto é, deuma experiência que se perfaz como norma através de um processo integrativomediatizado por valores, ou, numa só palavra: jurídica[10]. Quando, dentro destepanorama, há um processo de escolhas, feitas por quem de competência para tal,para delimitar um número de soluções normativas para tensões entre fatos evalores, alcançando-se, assim, um sentido normativo dentro de uma estruturasocial, chega-se o que se chama de “modelo jurídico” propriamente dito[11]. 

    Por outro lado, com o passar do tempo e a influência da cultura, os modelos jurídicos passam a sofrer um solapamento do contexto teórico a cabo dos utentesenvolvidos em seu processo de concretização, assim vão se imprimindo valores deconvivência nas ditas estruturas normativas, as quais vão adquirindo objetividadetranspessoal. Tais contextos teóricos são os ditos modelos do direito, oudogmáticos, posto que sejam de responsabilidade da ciência do direito ou ciênciada dogmática jurídica[12]. Cumpre observar que Miguel Reale, em fase posteriorde seu pensamento, abandonou a nomenclatura de modelos “do direito” ou“dogmáticos”, substituindo-os por modelos “hermenêuticos”, pois passou aentender que os modelos jurídicos englobam a função dogmática[13]. Por fim, nafase mais madura de suas reflexões, estabelece o mestre paulista que os modelosde direito podem ser divididos em duas categorias, a dos modelos jurídicos e a dos

    modelos dogmáticos ou hermenêuticos. Nesta última fase, ele confere aosmodelos hermenêuticos apenas o aspecto doutrinário, mas, por outro lado, na

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    época de seu pensamento em que toda a teoria dos modelos de direito foiformada, nada obsta que a jurisprudência atue dentro da modelagemhermenêutica, a depender da função que desempenha[14]. 

     Assim, o autor proclama três funções básicas dos modelos

    hermenêuticos: a)  esclarecem os significados dos modelos jurídicos, viabilizandosua correta aplicação; b)  propõem novos conteúdos e significados dentro daexperiência dos modelos jurídicos, quando estes se mostram em defasagem emrelação à realidade na qual estão inseridos; c)  proclamam a revogação dosmodelos jurídicos, afirmando sua “morte”, quando estes não mais encontramguarida na experiência jurídica do “mundo da vida” [15]. Estas três funções levamReale a concluir pelo caráter metalinguístico dos modelos hermenêuticos emrelação aos modelos jurídicos.

    Resumindo: os modelos jurídicos emergem da experiência jurídica comoestruturação, por meio de uma vontade competente (autoridade com poder),guiada por certas valorações, para assim dar sentido normativo a fatos sociais;enquanto que os modelos hermenêuticos são de natureza teorética, atuantes apartir dos modelos jurídicos e envolta deles, para lhes captar os valores e assimlhes fornecer máxima plenitude, dentro das condições de vigência e eficácia nasistemática do ordenamento jurídico.

    Os modelos jurídicos não podem olvidar a experiência, pois são concebidos dentrodela, como integração e superação entre fatos e valores (fático-axiológica). Muitomenos o podem fazer os modelos hermenêuticos, cuja operacionalidade,intimamente vinculada aos modelos jurídicos, é função essencial à sua existência.Então, ambos tipos de modelos não são meras concepções abstratas, pelocontrário: seu sentido é imanente à experiência jurídica[16]. 

    Dentro da experiência jurídica que condiciona a existência dos modelos jurídicoshá uma tensão permanente entre dois fatores operantes os quais dão impulso aseu desenvolvimento: por um lado, preservação e permanência; por outro, reformae substituição. As mudanças nos planos dos fatos, dos valores e das normas sãotratadas, dentro da experiência dos modelos, como notas de uma constanteautocorreção, marcada pela regeneração ou realimentação, o que cedo ou tardeacabar por repercutir também no âmbito dos modelos hermenêuticos[17]. 

    5 Conclusão: evidenciando os

    modelos dogmático-hermenêuticos

    relativos aos modelos jurídicos acerca

    das pensões militares com ênfase na

    questão dos ex-combatentes

    Passa-se, então, a analisar certos pontos acerca das pensões militares,principalmente no que toca ao tipo especial referente aos ex-combatentes,

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    tomando a teoria dos modelos do direito de Miguel Reale como marco teórico. Taispontos são os que mais causam conflitos, ora trazidos à jurisdição estatal, a saber:um sobre a condição de ex-combatente para fins de percepção do benefício eoutro relativo ao rol de beneficiários e aos requisitos que hão de ser preenchidospara a reversão de pensão de falecido titular.

    5.1 A problemática da condição ou do

    conceito) de ex-combatente

    Quanto ao problema da condição de ex-combatente para fins de percepção depensão, pode-se notar que entre os critérios objetivos elencados pela Lei nº 5.315,de 12 de setembro de 1967, e experiência real da época havia certa discrepância.De um lado se tinha, no texto legal, certos conceitos abertos, aplicados aosmilitares das Forças Armadas, como, por exemplo “participação em missões devigilância do litoral” e, de outro, certos servidores públicos não militares que se

    submeteram aos mesmos riscos, como os da Marinha Mercante que continuaramde deslocando pelo litoral brasileiro à época dos torpedeamentos alemães. É de senotar que até um navio petroleiro figura dentro da extensa lista de embarcaçõesbrasileiras afundadas por submarinos do Eixo[18]. 

    Então, a jurisprudência ficou tensionada entre os modelos jurídicos da Lei nº5.315/67 e o da Lei nº 5.698/71, tomando a efetiva participação em operações deguerra como critério à condição de ex-combatente, assim resolvendo:

    (…) O extinto TFR já proclamou que o conceito de ex-combatente da Lei nº4.242/63, como o da Lei nº 5.315/67, é mais restritivo do que o da Lei nº 5.698/71,a qual tratou exclusivamente de beneficios previdenciários (AC nº 83.736/RJ, DJde 13.6.85, e AC nº 93.405/RJ, DJ de 19.2.87, ambos da relatoria do MinistroJesus Costa Lima). E a Segunda Turma do STF, ao julgar o AgRg no AI478.472/SC (Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 3.12.2004, p. 43), assentou que o ADCT/88, em seu art. 53, caput, não conceitua o ex-combatente, deixando para aLei 5.315/67 defini-lo. É na Lei nº 5.315/67, portanto, que se deve buscar oconceito de ex-combatente que fará jus aos benefícios inscritos nos incisos docitado art. 53 do ADCT. No âmbito do STJ, a Primeira Turma, ao julgar tanto oREsp 1.354.280/PE (Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 21.3.2013) quanto o AgRg no REsp 1.369.925/PE (Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 18.4.2013),deixou consignado que as Leis nºs 4.242/63 e 5.698/71, bem como o art. 53, II, do ADCT, cuidam de espécies diversas de benefícios concedidos aos ex-combatentesda Segunda Guerra Mundial. De acordo com a Primeira e Quinta Turma do STJ, aLei nº 5.698/71  – que considera ex-combatente o integrante da Marinha MercanteNacional que, entre 22 de março de 1941 e 8 de maio de 1945, tenha participadode pelo menos duas viagens em zona de ataques submarinos  –  restringe-se aregulamentar as prestações devidas aos ex-combatentes segurados daprevidência social, não trazendo qualquer norma relativa à pensão especial de ex-combatente (…)”[19]. 

    Tanto assim o é que “(…) A participação de integrante da Marinha MercanteNacional, entre 22 de março de 1941 e 8 de maio de 1945, em ao menos duasviagens em zona de ataques submarinos, não lhe confere, por si só, o direito à

    pensão especial a que se refere a Lei n.º 8.059/90”[20],  esta que regula as

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    pensões especiais de ex-combatente previstas no art. 53 do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias da Constituição de 1988.

    Conclui-se, então, que o modelo hermenêutico em voga atualiza o modelo jurídicoem relação à experiência do “mundo da vida”, para lhe operacionalizar em sua

    plenitude através da captação de seus valores.

    5.2 O problema dos beneficiários do ex-

    combatente

    Talvez este seja o ponto mais polêmico em relação o modelo jurídico em questão.Os motivos para tal são os mais variados, mas, primordialmente, há o conflito deinteresses entre a Administração Pública  –  adstrita ao princípio da legalidadeestrita, só podendo conceder um benefício se preenchidos todos os requisitoslegais  – e os particulares que ora figurem como beneficiários da pensão deixada

    pelo ex-combatente, os quais, via de regra, tendem a alegar um direito adquiridosó pelo fato de estarem elencados no rol legal.

    Somado a tal contraposição de interesses há o fato da legislação exacerbadasobre o tema. Como visto alhures, desde a década de 1790 que no Brasil selegisla sobre pensões de servidores militares, os quais, por conta de seufalecimento, as deixariam aos seus dependentes. Com o tempo, muitas leis sobreo tema foram editadas, modificando o que de mais sensível há em relação àspensões militares em questão de geração de conflitos judiciais: o rol debeneficiários.

    Pode-se, através de um visão geral da legislação acerca da pensões militares,como exposto supra , identificar que, a partir da Lei nº 8059/90, houve umrecrudescimento na rigidez para concessão da pensão especial de ex-combatenteprevista no art. 53 do ADCT. Antes deste diploma legal, por exemplo, segundo oart. 7º da Lei nº 3.765/60, a filha de qualquer condição teria direito ao benefício.

    Não se cuida aqui de analisar tais modelos jurídicos sob o prisma sociológico, detentar evidenciar o caráter paternalista ou não de tal legislação. Trata-se, a bem daverdade, de evidenciar que, independente da postura do modelo jurídico emquestão, o modelo hermenêutico correlato operou uma importante função: a deestender os critérios que o ex-combatente teria que atender para perceber obenefício de pensão especial nos termos das Leis nº 4.242/63 e nº 3765/60 aosbeneficiários:

    (…) Como dito na decisão agravada, a morte do ex-combatente ocorreu em30/8/1984, sob a vigência das Leis n. 3.765/60 e n. 4.242/63, que autorizavam odeferimento da pensão às filhas maiores de 21 anos e válidas, desde quecomprovassem a incapacidade de prover sua subsistência e a não percepção deimportância dos cofres públicos. (…) [21] 

     A questão é que “incapacidade de provar sua subsistência” e “não percepção deimportância dos cofres públicos” são requisitos impostos, pela legislação aludida,aos titulares do benefício, isto é, aos ex-combatentes. O que a modelagemhermenêutica fez, então, foi estender tais requisitos ao rol de beneficiários:

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    É firme a jurisprudência no sentido de que o direito à pensão de ex-combatentedeve ser regido pela lei vigente à época do falecimento do instituidor. (…) No caso,o pai da agravante faleceu quando ainda vigiam as Leis ns. 3.765/1960 e4.242/1963. (…) O art. 30 da Lei n. 4.242/63, ao instituir a pensão de Segundo-Sargento, trouxe requisitos específicos  –  prova de que os ex-combatentes

    encontravam-se “incapacitados, sem poder prover os próprios meios desubsistência”, e que não percebiam “qualquer importância dos cofres públicos” -, oque acentua a natureza assistencial desse benefício, que deverá ser preenchidonão apenas pelo ex-combatente, mas também por seus dependentes. (…) [22] 

    O principal argumento para tal extensão reside no caráter assistencial dobenefício[23]. Então, conclui-se, mais uma vez, que o modelo hermenêutico emquestão atualizou o modelo jurídico em relação à valoração exigida pelaexperiência jurídica que permeiam as causa de reversão de pensão especial deex-combatente.

    6 Bibliografia

    BARONE, João. O Brasil e sua guerra quase desconhecida. Rio de Janeiro: NovaFronteira, 2013.

    EXÉRCITO BRASILEIRO. A pensão militar. Disponível em:

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    [2]Conforme o Jornal Folha de S. Paulo: DINHEIRO PÚBLICO & CIA. Intocada,previdência dos militares gasta mais do que o Bolsa Família . Disponível em:. Data de acesso: 16/05/2014.

    [3] EXÉRCITO BRASILEIRO. A pensão militar. Disponível em:

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    [18] Para uma lista atual das embarcações brasileiras afundadas pelos submarinosalemães, inclusive com número de vítimas: BARONE, João.O Brasil e sua guerraquase desconhecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, pp. 33-35.

    [19]  AgRg no REsp 1339561/RN, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,

    PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/08/2013, DJe: 21/08/2013.

    [20]  AgRg no REsp 883.349/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTATURMA, julgado em 18/03/2014, DJe: 07/04/2014.

    [21]  AgRg no REsp 1416403/PE, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDATURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 20/03/2014.

    [22]  AgRg no AREsp 353.705/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 25/10/2013.

    [23] (…) De acordo com o art. 30 da Lei 4.242/63, o recebimento da pensãoespecial depende de o militar, integrante da FEB, FAB, ou Marinha, ter participadoefetivamente de operações de guerra e esteja incapacitado, sem condições deprover seu próprio sustento, além de não receber outros valores dos cofrespúblicos. Os dois últimos requisitos devem ser comprovados também pelos seusherdeiros, acentuando o caráter assistencial do benefício (…). (REsp 1237888/SC,Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/10/2013, DJe18/10/2013).

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