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UMA ANÁLISE CRÍTICA DIANTE A REPRESENTAÇÃO MODERNA NA ESFERA SOCIAL NO CONTO - KEW GARDENS Maria das Graças de Oliveira Pereira Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN [email protected] Robson Henrique Antunes de Oliveira Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN [email protected] RESUMO: A literatura requer um olhar atencioso no que diz respeito aos sujeitos participantes do enredo, como também da esfera social de uma obra literária. Neste sentido, o conto- Kew Gardens da escritora inglesa Virginia Woolf, publicado em 1919 do século XX, é detentor de um cenário lírico de grande beleza natural e possuidor de emoções e críticas em um contexto caótico ao qual a sociedade é apresentada de forma supérflua pelo fato de se ater e priorizar as coisas insignificantes da vida. Neste sentido, desenvolvemos como objetivos destacar alguns pontos importantes que possam exemplificar o caos diante a sociedade que é apresentada pela autora Virginia Woolf na obra Kew Gardens, de maneira que possa levarmos a refletir sobre a abordagem diante o contexto da obra, para podemos então, analisar de forma precisa a ótica sociológica contemplado no conto e por meio disso tentar extrair a crítica que ela faz sobre o período que regia a sua escrita. Para isso, recorremos aos estudos de Candido (2006), Corrêa (2003), Gay (2009), Silvestre (2007), uma vez que, eles contribuem diretamente para os estudos literários no prisma em que evidencie as características de análise sociológica na obra literária. E com a contribuição deles, tentaremos interpretar e compreender de forma crítica as diversas facetas de uma obra moderna com relação aos aspectos sociais transpostos na obra Kew Gardens de Virginia Woolf. Verificando-se assim, uma crítica sociológica diante o conto, pois é exposto que os homens estão mais preocupados com assuntos vulgares da sua rotina, não percebendo a beleza da natureza que os cercam. PALAVRAS CHAVES: Kew Gardens, emoções e beleza natural. INTRODUÇÃO O conto “Kew Gardens”, da escritora inglesa Virginia Woolf, foi publicado em 1919, na qual remete um cenário lírico com beleza natural. Associando a natureza com sua obra, a autora, indiretamente, crítica o cenário caótico da sociedade e, apresenta nesse contexto personagens que vivem e dão importância aos fotos supérfluas da vida. Virginia Woolf é considerada uma escritora literária feminista do modernismo Inglês. De sensibilidade notável ante a escrita, ela cria traços singulares e pitorescos no contexto de seus textos. O real sempre se fez presente em suas obras, criticamente ela salienta os aspectos reais de uma sociedade vazia. De forma geral, o objetivo do nosso trabalho é apresentar pontos importantes do caos do contexto social que é apresentada pela autora Virginia Woolf na obra “Kew Gardens”. Por isso, (83) 3322.3222 [email protected] www.setep2016.com.b r

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UMA ANÁLISE CRÍTICA DIANTE A REPRESENTAÇÃO MODERNA NA ESFERA SOCIALNO CONTO - KEW GARDENS

Maria das Graças de Oliveira PereiraUniversidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

[email protected]

Robson Henrique Antunes de OliveiraUniversidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

[email protected]

RESUMO: A literatura requer um olhar atencioso no que diz respeito aos sujeitos participantes do enredo,como também da esfera social de uma obra literária. Neste sentido, o conto- Kew Gardens da escritorainglesa Virginia Woolf, publicado em 1919 do século XX, é detentor de um cenário lírico de grande belezanatural e possuidor de emoções e críticas em um contexto caótico ao qual a sociedade é apresentada de formasupérflua pelo fato de se ater e priorizar as coisas insignificantes da vida. Neste sentido, desenvolvemoscomo objetivos destacar alguns pontos importantes que possam exemplificar o caos diante a sociedade que éapresentada pela autora Virginia Woolf na obra Kew Gardens, de maneira que possa levarmos a refletir sobrea abordagem diante o contexto da obra, para podemos então, analisar de forma precisa a ótica sociológicacontemplado no conto e por meio disso tentar extrair a crítica que ela faz sobre o período que regia a suaescrita. Para isso, recorremos aos estudos de Candido (2006), Corrêa (2003), Gay (2009), Silvestre (2007),uma vez que, eles contribuem diretamente para os estudos literários no prisma em que evidencie ascaracterísticas de análise sociológica na obra literária. E com a contribuição deles, tentaremos interpretar ecompreender de forma crítica as diversas facetas de uma obra moderna com relação aos aspectos sociaistranspostos na obra Kew Gardens de Virginia Woolf. Verificando-se assim, uma crítica sociológica diante oconto, pois é exposto que os homens estão mais preocupados com assuntos vulgares da sua rotina, nãopercebendo a beleza da natureza que os cercam.

PALAVRAS CHAVES: Kew Gardens, emoções e beleza natural.

INTRODUÇÃO

O conto “Kew Gardens”, da escritora inglesa Virginia Woolf, foi publicado em 1919, na qual

remete um cenário lírico com beleza natural. Associando a natureza com sua obra, a autora,

indiretamente, crítica o cenário caótico da sociedade e, apresenta nesse contexto personagens que

vivem e dão importância aos fotos supérfluas da vida.

Virginia Woolf é considerada uma escritora literária feminista do modernismo Inglês. De

sensibilidade notável ante a escrita, ela cria traços singulares e pitorescos no contexto de seus

textos. O real sempre se fez presente em suas obras, criticamente ela salienta os aspectos reais de

uma sociedade vazia.

De forma geral, o objetivo do nosso trabalho é apresentar pontos importantes do caos do

contexto social que é apresentada pela autora Virginia Woolf na obra “Kew Gardens”. Por isso,

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propomos refletindo e analisar sobre o contexto da obra, na perspectiva sociológica e, por meio

disso, tentar extrair a crítica social que ela faz sobre aquele período.

Para a fundamentação da nossa pesquisa, temos como referência teórica os trabalhos dos

autores que fazem estudos sobre a crítica sociológica. Dentre eles, estão as pesquisas de Candido

(2006), Corrêa (2003), Gay (2009), Silvestre (2007). Com a contribuição desses estudos, iremos

interpretar e compreender de forma crítica as diversas facetas de uma obra moderna com relação

aos aspectos sociais transpostos na obra Kew Gardens de Virginia Woolf.

DISCURSÃO TEÓRICA E RESULTADOS

LITERATURA MODERNA E AS INFLUÊNCIAS DO MEIO SOCIAL

Os séculos XIX e XX foram uma época histórica para as manifestações do modernismo

literário contemporâneo, pois nesse período a sociedade de forma geral estava passando por

transições que envolvia as diversas áreas públicas, tais como: a economia, política, na ciência e nas

artes. Dentro desse contexto social era possível ver influências pitorescas que contribuíam

diretamente com o cenário de inovações nas obras de arte e em especial as literárias, podia-se ver a

presença da singularidade, do novo.

Buscava-se inovar em um mundo caótico de transições. As artes e, mais especificamente a

Literatura, trouxe grandes contribuições para melhor representar a realidades tórridas do contexto

contemporâneo. Por meio da desmontagem do real, as obras literárias efetivarem significativamente

o cenário social, pois nas desorganizações dos textos a ordem passa a ser interrompida,

caracterizando diretamente a bagunça que se encontrava na realidade de urbana e industrial, fato

que marca o movimento moderno como social.

A literatura no modernismo privilegia a construção das marcas do contexto social, sabendo

que, por meio dela, é possível descrever e explicitar características profundas e reais das situações

que produzem sentidos diante a realidade, pois a literatura não se pode ser vista como algo separado

da vida, sabendo que há uma aliança entre esses fenômenos. Pois: “Ela é criada dentro de um

contexto; numa determinada língua, dentro de um determinado país e numa determinada época,

onde se pensa de uma certa maneira; portanto, ela carrega em si as marcas desse contexto.” (SILVA,

2009, p. 177)

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Sabendo dessa realidade em que as obras literárias são influenciadas pelo o fluxo do meio

social. Os estudos de Candido (2006), Corrêa (2003), Gay (2009), Silvestre (2007) afirmam que a

sociedade influência na obra literária assim como a obra literária pode ser influenciada pelos

aspectos sociais. Assim, é explicito ver a diversidade social no interior das obras, muitas vezes

carregados por uma atmosfera intensa com convicções intrínsecas.

As singularidades dos artistas foram sendo significantes para o período modernista Inglês,

pois sempre é possível notar o cunho de sentimentos indissociável do não convencional. Os novos

artistas em suas obras quebravam os paradigmas tradicionalistas, a ânsia pela a inovação sempre era

absolutamente almejados por esse novo período. Ousar, mudar, arriscar, “make a new” como Peter

Gay (2009) explicita, buscava ir além dos princípios conservadores dos interesses regidos pelos

burgueses. A emoção das novas características que o modernismo apresentava em suas obras

literárias, resgatava o lúdico, o extraordinário do universo para torna-se matéria na literatura.

Essas marcas renovadoras para o modernismo literário foi difundido perante um época de

transtornos e catástrofe em todo o mundo, pois o contexto social vivenciava um período de guerra

mundial essa, que essencialmente foi importante para a nova ótica de superatenção e metamorfose

da Literatura. Pois: “Sabemos, ainda, que o externo (no caso, o social) importa, não como causa,

nem como significado, mas como elemento que desempenha certo papel na constituição da

estrutura, tornando-se, portanto, interno” (CANDIDO, 2006, p.14).

Esse impacto de conflitos do contexto social, marca a desordem consequente do quadro

politico, econômico, histórico e artístico, que expressivamente mudou a cultura da Arte numa

perceptiva gloriosa diante um mundo entre colapsos. Pois: “É uma aparente contradição, mas

também um fato histórico irrefutável, que as obras modernistas, criadas para apresentar uma aura de

heresia, tenham acabado por receber o epíteto de clássicas.” (GAY 2009, p.25)

Esses marco de suma importância no período moderno, muitos críticos anti-modernistas

expressavam com tensão seus argumentos que se oporiam a essa nova estética literária. Mas, o

conflite entre o “velho” e o “novo”, nada comprometia os literários a veicular e abstraia o não

superficial diante as obras. As essências e as críticas dos escritores proliferavam o contexto social

de forma insana e frívola. O exagero era a natureza mais exuberante da nova literatura.

É importante reconhecer a liberdade posta nas obras, em que os enredos fortemente

abordavam as irreverências exibicionistas dos temas diante o cenário urbano. As diversidades

sociais saudaram esses novos horizontes que conotava a literatura moderna e, cada vez mais, essas

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impressões causavam efeitos simbolicamente ao público, de forma que evidenciava a crítica à

singularidade daqueles que apreciavam a literatura.

Evidentemente é explícita a importância do pensamento crítico visto a predominância do

social na Literatura. Assim é possível entender os valores, crenças, ideologias e princípios

particularizados expostos por determinado autor para poder contextualizar e refletir de forma que

venha desestereotipar sobre as verdades plenas. Assim, almejando sempre a não deixar-se manipular

ou se alienar diante aos padrões de uma determinada elite social, pois de acordo com Silva apud

Barberis, “o papel da crítica sociológica é, justamente, fazer com que cada leitor comece a observar

o mundo que nos cerca e perceba, aos poucos, que os nossos hábitos, crenças e valores não surgiram

“naturalmente”, nem são eternos.” (2009, p. 124).

KEW GARDENS: UMA MODESTA ANÁLISE AO AMBIENTE IGNORADO

Para entender a crítica sociológica da autora Virginia Woolf, faz-se necessário ver as

narrativas literárias como um conjunto que envolve características únicas do contexto em que o

conto foi escrito. Devido a isso, as condições presentes nas obras sempre evidenciam questões e

pensamentos singulares que refletem em experiências históricas, sociais, culturais, políticos e

econômicas vivenciadas pela autora. Para melhor contextualizar nossa análise, trazemos aspectos

que são essencialmente relevantes e por meio deles podemos construir e conduzidos a interpretação

mais consciente, sobre a crítica sociológica presente no conto Kew Gardens:

o artista é responsável por transmitir em sua obra, além de um conjunto ideológicoque representa os valores da sociedade em que vive, os seus valores pessoais e aconcepção que tem do mundo, escolhendo temas e recursos em meio aos váriostipos de experiência... a obra de arte seja produto de uma confluência entre ainiciativa individual do artista e as condições sociais de sua produção, ou seja, aobra de arte desempenha o papel de condutor das ideias e concepções do artista arespeito do mundo que o cerca. (SILVESTRE, 2007, p. 45)

Assim, percebemos que uma narrativa pode ter um sentido mais amplo que envolve aspectos

e concepções da esfera social, por isso a questão abordada em uma obra revela fatores da

personalidade, como também, do momento histórico que a autora Virginia Woolf se fez presente no

seu contexto sócio histórico Inglês.

A Literatura, de forma universal, pode representar cenários narrativos, que muitas vezes, são

essenciais para moldar o feito de uma história, pois:

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as formas literárias são maneiras determinadas de ver o mundo e, como tais, têmrelações com a forma dominante de ver o mundo que é a “mentalidade social” ouideologia de uma época. Essa ideologia é, por sua vez, produto das relaçõesconcretas que os homens estabelecem entre si num tempo e lugar determinados...(SILVESTRE apud WANDERLEY, 2007, p. 46).

Para a análise do conto, precisamos perceber o cenário que Virginia Woolf aborda, pois a

forma é representada de forma graciosa e com belezas naturais. Isso faz referencia ao próprio título

que remete a um jardim botânico conhecido por seu encanto, situado ao sudeste de Londres –

Inglaterra. Nele é notável a presença da natureza, que de forma rica enaltecia e embelezava a

paisagem.

O conto é narrado em terceira pessoa, sendo o narrador figurado por um caracol, que

simbolicamente irá observar as atitudes das pessoas que iam ao Kew Gardens. No início da

narrativa, é possível perceber o caracol observar de um canto do jardim, descrevendo suas

características naturais demarcando a graciosidade e beleza existente naquele lugar.

Do canteiro de flores em forma oval erguia-se talvez uma centena de talos que nomeio da ascensão se alargava em folhas em forma de coração ou de língua e sedesfraldavam na ponta em pétalas vermelhas ou azuis ou amarelas com manchas deoutra cor a carcá-las na superfície... as pétalas eram superfícies volumosas paraserem sopradas pela brisa do verão e, quando se moviam, as luzes vermelhas, azuise amarelas passavam umas sobre as outras, lançando em dois dedos da terra escurapor baixo uma pequena mancha de coloração intricada. (p. 115)

A natureza é ressaltada no conto pela a diversidade de cores existente, cores essas, que

realça a atmosfera de elegância e alegria ao cenário da obra. A diante, o narrador apresenta e

salienta como será no decorro na narrativa e, há conotação de que os personagens da obra irão

ignorar esse cenário deslumbrante que os cercava. Como percebemos em: “A brisa então soprou

ligeiramente mais forte e a cor, sendo esbatida para cima, desapareceu pelo o ar, pelos os olhos dos

homens e mulheres que andavam em julho por Kew Gardens.” (p. 115)

O conto é marcado por quatro passagens e, em cada uma delas irá apresentar situações

distintas do cotidiano das pessoas no Kew Gardens.

No primeiro momento, o que nos chama atenção é a presença do louva-a-deus, pois remete a

memória de Simon no passado com Lily, a qual tinha pedido em casamento. Com isso, ele

interrogou a sua esposa Eleonor sobre questões que haviam vividos, relembrando ela sobre Lily. O

mesmo louva-a-deus que esteve presente com ele e Lily estava simbolicamente representado na

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fivela do sapado de sua esposa, Eleonor. Esse passagem, podemos perceber em: “faz quinze anos

que estive aqui com Lily... pedi a ela que se casasse comigo. Em torno de nós, circulando sem parar,

um louva-a-deus: que agora eu vejo tão claramente com o sapato dela, com uma fivela quadrada

prateada na ponta.” (p, 116)

É importante mencionar, que na passagem, gera dúvidas ao personagem Simon em relação

ao amor da sua vida. Explicitamente, entende-se a escolha errôneo de Simon ao casar-se com sua

atual esposa, Eleonor. Simbolicamente, seu amor e felicidade esteve representado pela a figura de

um lova-a-deus, ao qual remete lembranças do pedido de casamento que fez a personagem Lily.

Além disso, no momento da conversa com sua esposa, o seu amor está representado na fivela

prateada do seu sapato, que é justamente aquilo que faz lembrar Lily. Assim, podermos perceber

que seu: “desejo estava no louva-a-deus.” (p, 116)

Em um segundo momento, o caracol ficou observando a cena representada por dois homens.

Um aparentemente mais velho que o outro. Nesse contexto entra em cena a relação de amizade e a

modernidade. Amizade representada pelo personagem Willian e o velho e, a modernidade que é

simbolizada por um aparato utilizado durante o diálogo dos dois amigos. Explicitado em: “Trata-se

de uma pequena bateria elétrica, com uma capa de borracha para isolar o fio – isolar? – insular? –

bem, vamos deixar de lado os detalhes... a maquininha, em suma fica em qualquer lugar

conveniente a cabeceira da cama...” (p, 118)

No terceiro momento o caracol percebe a presença de duas velhas de classe média baixa, que

fofocava a respeito de outras pessoas de classe mais elevadas que elas. Os sinais de conversa entre

as velhas são notáveis quando o narrador fala que: “ambas cheias de energia, de seu muito

complicado diálogo: Nell, Bert, Lot, Cess, Phill, Pa, ele diz, eu diz, ela diz, eu diz, eu diz eu diz...

Meu Bert, Sis, Bill, Vovô, o velho, açúcar. Açúcar, farinha, peixe seco, verduras, Açúcar, açúcar,

açúcar.” Percebemos a superficialidade do diálogo entre as velhas, independente do assunto, assim

como toda fofoca é insignificante em contexto social.

No último momento do conto, entram em cena dois jovens, ambos cheios de vitalidade e

desejos a serem desbravados, como podemos perceber quando o caracol afirma em: “corpo tão

prenhe de significados.” Há conotação que ambos então em um atmosfera de desejos carnais, na

qual a ânsia efêmera da sexualidade percorre pelos jovens. Simbolicamente o menino estava mais

afoito que a “inocente” menina, a fim de por em pratica suas intenções, notamos em: “ele puxou a

sombrinha para fora da terra, como uma safanão, e mostrou-se impaciente para achar o lugar em

que se tomava chá em companhia dos outros, com os outros.”

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Nessa breve análise, percebemos a vida caótica dos seres humanos nela exposta, pois, o

vazio se fazem cada vez mais presente na vida desordenada e confusa da sociedade entre o século

XIX e XX. Muitos buscam uma intenção diante dos seus atos e muitas vezes não passam de coisas

supercolas. No caso do conto, em meio a natureza, podemos perceber o retratado pelo o amor mal

escolhido, os amigos perdidos em uma sociedade que apresenta transição com a modernismo, a

fofoca insignificante das velhas e a banalização sexual entre o casal de jovens.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciamos a pesquisa com a finalidade de aprofundar os conhecimentos sobre os estudos

literários a respeito dos aspectos sociológicos que percorrem e configuram o cenário das obras

literária do modernismo. Pois, percebe-se sua relevância para o prisma de qualquer narrativa, já que

os fatores sociais são essencialmente singulares para o contexto de escrita de qualquer autor.

O foco do trabalho foi análise crítica sociológica do conto “Kew Gardens” da autora

Virgínia Woolf. Por meio das questões sociais tentamos identificar quais são as contribuições que

que o contexto trás para as obras literárias do modernismo Inglês. As causas naturais explicitadas

nessa obra remete singularidade do universo de escrita da autora, ao qual faz referência a um

ambiente em caos em que os humanos estão inseridos.

A obra “Kew Gardens” da autora Virgínia Woolf, destaca o contexto social submerso a

vulnerabilidade humana diante aos aspectos sociais, pois eles estão submerso a um cenário que

deveria trazer paz, mas que infelizmente só remete as coisas superficiais dos seres humanos. Nessa

perspectiva, é explicitada a crítica social no conto, pois é exposto que os homem estão mais

preocupados com assuntos vulgares da sua rotina, enquanto não percebem a beleza da natureza que

os cercam.

REFERÊNCIAS

CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2006

CORRÊA, Marisa. Teoria Literária: abordagens históricas e contemporâneas, Maringá: Eduem,2003.

GAY, Peter. Modernismo: o fascínio da heresia - de Baudelaire a Beckett e mais um pouco. SãoPaulo: Companhia das Letras, 2009, 578 p.

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SILVA, Marisa Correa. Crítica sociológica. In: BONNICI, Thomas; ZOLIN, Lucia O. (Orgs).Teoria Literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. 3. ed. rev. e amp. Maringá:Eduem, 2009.

SILVESTRE, Marcela Aparecida Cucci. Processos de construção e representação da identidadefeminina em contos de Kate Chopin. Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2006, p. 261.Disponível em: <http://http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/cp022929.pdf> acesso em 10de fev. 2014.

WOOLF, Virgínia. Contos completos. São Paulo: Cosac Naily, 2005. P, 116-122

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