uma aborteira

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Uma Aborteira 1 R. S. - entidade não identificada – utilizou suas cordas vocais e seu cérebor para comunicar-se na sessão mediúnica do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, cidade natal do médium, mensagem essa que se encontra na íntegra no livro Vozes do Grande Além e da qual reproduziremos parte. Deus de bondade e de amor, dai-me forças para que a minha voz não trema na confissão- ensinamento, a que, me sinto obrigada!... (..) Meus irmãos, fala-vos pobre mulher desencarnada que, até agora, tem vagueado no charco de choro e sangue... R. S. inicia, assim, a comunicação. Em seguida, contou que era médium, na encarnação que deixara , tendo recebido a bênção do conhecimento espírita; fora preparada pelos Benfeitores Espirituais para servir aos semelhantes, através de suas faculdades de cura mediúnica, de forma gratuita, em especial para as parturiente. Renascera em lar pobre, em sua vida privada era uma simples lavadeira. Viúva aos trinta anos, com uma filha para criar, trabalhava nessa função modesta, conhecendo muitos sacrifícios. Com o tempo, porém, deixou-se seduzir pela idéia do dinheeiro fácil, esqueceu-se das lições doutrinárias e engajou-se em senda tormentosa. Muitas senhoras reclamavam-me a colaboração e muitas outras foram chegando, que me pediam o concurso para a delinqüência disfarçada em salvação social. Moças de diversas procedências, damas jovens acostumadas à preguiça e à irresponsabilidade, ofereciam-se à minha porta, pagando alto preço por meus serviços. O dinheiro era tentador e as somas eram largas. A atividade era fácil. O passe magnético com a administração de algumas drogas, aparentemente simples, davam resultados perfeitos. E sem ouvir as sugestões do nosso amigo Doutor Bezerra, que procurou afastar-me das sombras, enquanto era tempo, devotei-me de corpo e alma às trevas crescentes que se avolumavam em minha porta. Sua filha Edméia tornara-se menina e moça. R. S. procurou poupá-la do trabalho digno, enternando-a num colégio elegante e ofertando-lhe chapéus, vestidos, jóias e adornos, tudo que estivesse à altura de sua beleza física. Sua filha era bela e devia brilhar no campo social, assim pensava. Para obter sempre mais dinheiro, R. S. trabalhava na indústria do aborto. Dez aos se passaram. A conta bancária avolumara-se; expandira os negócios para outros bairros, auxiliada por duas companheiras, devidamente treinadas para procurá-la somente nos casos difíceis. Estava construindo o palacete que sempre sonhara para a filha, escolhendo tapetes e telas raras, ao gosto da jovem. Edmeia tinha seu próprio carro, comparecia a festas e reuniões mundanas, impressionando sempre pela beleza bem adornada. Tudo parecia correr a contento, quando, certa noite, alguém lhe bateu à porta. Era uma de suas auxiliares, dizendo-lhe que havia atendido mal uma cliente. R. S. insistiu em saber se realmente a moça podia pagar, para dar-lhe a devida atenção, recebendo resposta positiva. Quando lhe trouxeram a moça desmaiada, a esvair-se em sangue, reconheceu o corpo de Edméia, sua própria filha. Minha filha era também uma cliente da indústria do aborto. (...) Em vão, tentei o socorro tardio... Tudo estava no fim. (...) Edméia morreu em meus braços. (...) Tombei, desalentada. (...) A dor rompera-me um vaso importante e por dois meses agonizei, até que a morte me arremessou à sinistra região em que me vejo cercada por largas nuvens de lodo e sangue, 1 Extraído de «Nossa Vida no Além», de Marlene Nobre, capítulo 5.

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Mensagem sobre aborto

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  • Uma Aborteira1

    R. S. - entidade no identificada utilizou suas cordas vocais e seu crebor paracomunicar-se na sesso medinica do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, cidade natal do mdium,mensagem essa que se encontra na ntegra no livro Vozes do Grande Alm e da qual reproduziremosparte.

    Deus de bondade e de amor, dai-me foras para que a minha voz no trema na confisso-ensinamento, a que, me sinto obrigada!...

    (..) Meus irmos, fala-vos pobre mulher desencarnada que, at agora, tem vagueado nocharco de choro e sangue...

    R. S. inicia, assim, a comunicao. Em seguida, contou que era mdium, na encarnao quedeixara , tendo recebido a bno do conhecimento esprita; fora preparada pelos BenfeitoresEspirituais para servir aos semelhantes, atravs de suas faculdades de cura medinica, de formagratuita, em especial para as parturiente.

    Renascera em lar pobre, em sua vida privada era uma simples lavadeira. Viva aos trintaanos, com uma filha para criar, trabalhava nessa funo modesta, conhecendo muitos sacrifcios.Com o tempo, porm, deixou-se seduzir pela idia do dinheeiro fcil, esqueceu-se das liesdoutrinrias e engajou-se em senda tormentosa.

    Muitas senhoras reclamavam-me a colaborao e muitas outras foram chegando, que mepediam o concurso para a delinqncia disfarada em salvao social. Moas de diversasprocedncias, damas jovens acostumadas preguia e irresponsabilidade, ofereciam-se minha porta, pagando alto preo por meus servios.

    O dinheiro era tentador e as somas eram largas. A atividade era fcil. O passe magntico com a administrao de algumas drogas,

    aparentemente simples, davam resultados perfeitos. E sem ouvir as sugestes do nosso amigo Doutor Bezerra, que procurou afastar-me das

    sombras, enquanto era tempo, devotei-me de corpo e alma s trevas crescentes que seavolumavam em minha porta.

    Sua filha Edmia tornara-se menina e moa. R. S. procurou poup-la do trabalho digno,enternando-a num colgio elegante e ofertando-lhe chapus, vestidos, jias e adornos, tudo queestivesse altura de sua beleza fsica. Sua filha era bela e devia brilhar no campo social, assimpensava. Para obter sempre mais dinheiro, R. S. trabalhava na indstria do aborto.

    Dez aos se passaram. A conta bancria avolumara-se; expandira os negcios para outrosbairros, auxiliada por duas companheiras, devidamente treinadas para procur-la somente nos casosdifceis. Estava construindo o palacete que sempre sonhara para a filha, escolhendo tapetes e telasraras, ao gosto da jovem.

    Edmeia tinha seu prprio carro, comparecia a festas e reunies mundanas, impressionandosempre pela beleza bem adornada.

    Tudo parecia correr a contento, quando, certa noite, algum lhe bateu porta.Era uma de suas auxiliares, dizendo-lhe que havia atendido mal uma cliente. R. S. insistiu

    em saber se realmente a moa podia pagar, para dar-lhe a devida ateno, recebendo respostapositiva.

    Quando lhe trouxeram a moa desmaiada, a esvair-se em sangue, reconheceu o corpo deEdmia, sua prpria filha.

    Minha filha era tambm uma cliente da indstria do aborto. (...)Em vo, tentei o socorro tardio...Tudo estava no fim. (...)Edmia morreu em meus braos. (...)Tombei, desalentada. (...)A dor rompera-me um vaso importante e por dois meses agonizei, at que a morte me

    arremessou sinistra regio em que me vejo cercada por largas nuvens de lodo e sangue,

    1 Extrado de Nossa Vida no Alm, de Marlene Nobre, captulo 5.

  • escutando os comoventes vagidos de criancinhas assassinadas... (...)Nunca pude pisar no palacete que minha filha e eu mandramos construir... (...)Tenho vivido num lago de sangue, de treva, de dor, de angstia, de maldio... Somente agora, depois de muito orar e padecer, ouvi novamente a voz de Dr. Bezerra, o

    nosso amado benfeitor... Um novo servio ser-me- confiado. Devo, por dez anos, trabalhar nos lupanares e nos gabinetes em que o aborto se

    transformou em criminoso negcio, no sentido de amparar as jovens irrefletidas e as mulheresdesorientadas.

    Devo evitar que o infanticdio se processe, oferecendo minhas foras para que algumentezinho possa escapar foice sanguinolenta manejada pela mulher esquecida da prpria alma.

    Devo servir por dez anos nesse laborioso caminho cujas misrias conheo, para, depois,experimentar, por minha vez, a dor de tantas crianas que as minhas mos sufocaram!... (...)

    Minha palavra no tem outro objetivo seno este - implorar a esmola da orao em meubenefcio e acordar as mulheres, nossas irms, para que no se afastem da Bno de Deus.