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ARIANA LISBOA MEIRA UMA ABORDAGEM SOBRE O PAPEL DA MULHER NA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DA BARRA DO CHOÇA BAHIA VITÓRIA DA CONQUISTA, BA 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM PROGRAMAS SUSTENTÁVEIS

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ARIANA LISBOA MEIRA

UMA ABORDAGEM SOBRE O PAPEL DA MULHER NA

CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DA

BARRA DO CHOÇA – BAHIA

VITÓRIA DA CONQUISTA, BA

2013

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO

DA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ COM ÊNFASE EM

PROGRAMAS SUSTENTÁVEIS

ARIANA LISBOA MEIRA

UMA ABORDAGEM SOBRE O PAPEL DA MULHER NA

CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DA

BARRA DO CHOÇA – BAHIA

Monografia apresentada a Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, como parte das exigências do

curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Gestão da

Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Programas

Sustentáveis, para obtenção do título de Especialista

em Gestão da Cadeia Produtiva do Café.

Área de Concentração: Desenvolvimento Rural

Sustentável

Orientador:

Prof. DSc. Paulo Roberto Pinto Santos

VITÓRIA DA CONQUISTA, BA

2013

ARIANA LISBOA MEIRA

UMA ABORDAGEM SOBRE O PAPEL DA MULHER NA

CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ NO MUNICÍPIO DA

BARRA DO CHOÇA – BAHIA

Monografia apresentada a Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, como parte das exigências do

curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Gestão da

Cadeia Produtiva do Café com Ênfase em Programas

Sustentáveis, para obtenção do título de Especialista

em Gestão da Cadeia Produtiva do Café.

Área de Concentração: Desenvolvimento Rural Sustentável

Data de defesa: _______________________________

Resultado: ___________________________________

BANCA EXAMINADORA

Orientador: _________________________________________________

DSc. Paulo Roberto Pinto Santos - DFZ/UESB

Examinadores: _______________________________________________

DSc. Valdemiro da Conceição Júnior - DFZ/UESB

_______________________________________________

MSc. Divane Fernandes de Oliveira - EBDA/ATES/VC

DEDICO

Aos meus queridos pais, José Costa Meira e Creuza Maria

Lisboa Meira, que sempre acreditaram no meu crescimento

intelectual e pessoal, me apoiando nos momentos difíceis e pelo amor

incondicional;

Aos meus irmãos Helvio, Marcelo e Daiane pelo convívio

familiar.

OFEREÇO

As cafeicultoras do município da Barra do Choça que aceitaram

participar desta pesquisa, revelando parte de sua vida de maneira

espontânea.

O que é viver bem?

“Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.

E digo prá você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo, estou

ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que

estou ouvindo pouco.

...Procuro sempre ser e está atualizada com os fatos e isso me ajuda

a vencer as dificuldades da vida... O bom é produzir sempre e não

dormir de dia.

...Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.

Eu não digo nunca que estou cansada e esquecida, mais esquecida fica.

...Então silêncio! Sei que tenho muitos anos.

Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades,

mas não sei se sou velha não. Você acha que sou?

Posso dizer que sou a terra e nada mais quero ser...

...procuro superar todos os dias minha própria personalidade,

despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a

palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de

solidariedade e amizade.

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.

...Faço o que devo fazer com amor. Eu me esforço para ser cada dia

melhor, pois bondade também se aprende.

Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou

chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho

incerto da vida, que o mais importante é o decidir”

Cora Coralina

AGRADECIMENTOS A Deus, pela minha existência.

Ao meu orientador e professor Dr. Paulo Roberto Pinto Santos, pela paciência, confiança e

apoio para realização deste trabalho.

A Alessandra, por agendar horários com o professor Dr. Paulo Roberto Pinto Santos.

Aos motoristas da Uesb, Sr. Carlos, Sr. José Almeida e Dalvan, pela condução e diversão

durante as visitas nas propriedades.

A Dona Regina Dantas, pelas indicações das entrevistadas, pela prontidão de me acompanhar

durante as entrevistas e pela amizade construída durante a realização deste trabalho.

As administradoras, Leonéia Arruda e Jeane Cardoso, pela coragem de inserirem no ambiente

agronômico e pela amizade construída durante a realização da pós em Café.

Aos engenheiros agrônomos Fabiano de Sousa e Zorai de Santana, pelas parcerias nas

realizações nos trabalhos em equipe.

Aos colegas desistentes Fabrine, pela alegria durante as aulas e por levar guloseimas para

devorarmos durante o intervalo, Danilo, Heliennay, Henrique, Margarida e Renata pelos

momentos de descontração, que por motivos diferentes não puderam concluir a

especialização.

Aos demais colegas sobreviventes da especialização, Alan, Augusto, Ceila, Cezar, José

Antonio, Juliana, Lázaro, Leandra, Maira, Vivaldo, Vaneide.

A professora Sandra Elizabet, pela disposição e ajuda quando foi preciso.

Ao professor Valdemiro Conceição Júnior, pela praticidade e visão holística sobre a cadeia

produtiva do café relacionando a diversas áreas. E por aceitar participar da banca

examinadora.

Ao professor Jamilsem, pela humildade de fornecer o material e por passar informações sobre

aplicativos relacionados à economia cafeeira.

Ao professor Carlos Henrique (Cebolinha) pela preocupação em passar o conteúdo para os

colegas economistas José Antonio e Maíra e administradoras Leonéia Arruda e Jeane

Cardoso.

Aos demais professores, por ampliarem meus conhecimentos em diversas áreas relacionadas a

Cadeia Produtiva do Café.

A Agnaldo (Lú) pela ajuda durante as atividades realizadas na disciplina Caracterização

Sensorial e Microbiológica do Café.

A Divane, pela amizade e por aceitar participar da banca examinadora.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.

RESUMO

O município da Barra do Choça, distante a 27 km de Vitória da Conquista, sempre destacou-

se na produção de café na Região do Planalto da Conquista desde a implantação da cultura. E

a participação das mulheres vem crescendo, não apenas como preferência de mão de obra,

principalmente para catar o café, como também em diferentes atividades cafeeira, tais como,

atividades na lavoura, fazendo gestão da propriedade de café, degustadora, empresária e

participação ativa em cooperativas e/ou associações. Dentro deste contexto, este trabalho teve

como objetivo estudar o papel da mulher inserida em diversos setores da cadeia produtiva do

café no município da Barra do Choça na Bahia, visando à satisfação com a atividade que

exerce, a relação trabalho/família e sua autoestima. Este estudo foi realizado através da

aplicação de questionário, abrangendo dados pessoais, atuação na cadeia produtiva do café,

relação trabalho/família, trajetória do trabalho fora de casa, realização profissional, lazer nos

finais de semana, mulher na cafeicultura, e quem é o nome da entrevistada. Foram

entrevistadas 25 mulheres, sendo Assentamento Mocambo (3), Boa Vista (1), Coqueiro (1),

Ingazeira (3), Pau Brasil (2), Santo Antonio I (2) e II (3), Sossego (9) e no próprio município

da Barra do Choça (1). Sendo possível concluir que a participação da mulher dentro do setor

cafeeiro no município da Barra do Choça, está em crescimento e que estas mulheres estão

satisfeitas com a atividade que exercem, pois conseguem conciliar trabalho e família, e

possuem elevada autoestima.

Palavras-chave: mulheres no café, setores do café, participação feminina

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Atuação das entrevistadas inseridas dentro da cadeia produtiva do café

no município da Barra do Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013...........................................................................................................................

24

Figura 1 - Propriedade de duas entrevistadas que trabalham com a cultura do café

no município da Barra do Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013.............................................................................................................................

26

Gráfico 2- Primeiro trabalho relatado pelas entrevistadas no município da Barra do

Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013...........................................................................................................................

30

Gráfico 3- Respostas das entrevistadas sobre o que deveria ser feito para aumentar

a atividade que exercem, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013...........................................................................................................................

33

Gráfico 4 - Participação das mulheres na cadeia produtiva do café no município da

Barra do Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de

2013...........................................................................................................................

35

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de mulheres, idade, quantidade de filhos e grau de

escolaridade das entrevistadas no município da Barra do Choça, no período de

dezembro de 2012 a fevereiro de 2013.................................................................

23

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIC - Associação Brasileira da Industria de Café

ACI - Aliança Cooperativa Internacional

ATER - Assistência Técnica de Extensão Rural

4C - Código de Conduta para a Comunidade do Café

COOPASUB - Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do Sudoeste da

Bahia Ltda.

COOPERBAC - Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região

Ltda.

COOPMAC - Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense Ltda.

EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBC - Instituto Brasileiro de Café

IBQP - Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

IWCA - International Women's Coffee Alliance

MPA - Movimento dos Pequenos Agricultores

MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

OCB - Organização das Cooperativas do Brasil

ONU - Organização das Nações Unidas

PIB - Produto Interno Bruto

PNAE- Programa Nacional de Alimentação Escolar

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRRC - Plano de Renovação e Revigoramento de Cafezais

SEAGRI - Secretária de Agricultura Irrigação e Reforma Agrária

UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

UNICAFES - União das Cooperativas da Agricultura Familiar no Estado da Bahia

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12

2 REFERÊNCIAL TEORICO .................................................................................... 14

2.1 CAFÉ NA BAHIA E NA BARRA DO CHOÇA ..................................................... 14

2.2 MULHERES NOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO BRASIL ................................. 15

2.3 PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO COOPERATIVISMO .......................... 16

2.4 MULHERES EMPREENDEDORAS NO BRASIL ................................................ 17

2.5 GÊNERO NA AGRICULTURA FAMILIAR.......................................................... 17

2.6 ALIANÇA INTERNACIONAL MULHERES DO CAFÉ....................................... 19

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 20

3.1 LOCAL E PERÍODO DE COLETA DE DADOS ................................................... 20

3.2 MULHERES ENTREVISTADAS ........................................................................... 20

3.3 PROCEDIMENTO DA ENTREVISTA .................................................................. 20

3.4 ANALISE DE DADOS ........................................................................................... 21

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 22

4.1 DADOS PESSOAIS ................................................................................................. 22

4.2 ATUAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ .............................................. 24

4.3 RELAÇÃO TRABALHO/ FAMÍLIA ...................................................................... 27

4.4 TRAJETÓRIA DO TRABALHO FORA DE CASA ............................................... 30

4.5 REALIZAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................................... 32

4.6 LAZER E FINAIS DE SEMANA ............................................................................ 34

4.7 MULHER NA CAFEICULTURA ........................................................................... 34

4.8 QUEM É O NOME DA ENTREVISTADA? .......................................................... 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 38

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 39

ANEXOS ..................................................................................................................... 43

Anexo A - Termo de compromisso ....................................................................... 43

Anexo B - Termo de consentimento para participação ......................................... 44

Anexo C - Questionário ........................................................................................

Anexo D - Imagens das entrevistadas .................................................................

45

48

12

INTRODUÇÃO

O município da Barra do Choça, situado na região cafeeira do Planalto da Conquista, é

o maior produtor de café arábica (Coffea arabica) do Norte/Nordeste Brasileiro, com uma

produção média que varia de 250 e 300 mil sacas de café de 60 kg/ano, em 40 mil hectares

plantados. E esta cultura tem contribuído para o fortalecimento da economia regional, apenas

no município de Barra do Choça, que tem aproximadamente 1600 propriedades rurais, sendo

que deste total 60% são da agricultura familiar e 80% da renda é oriunda da cafeicultura

(EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, 2012). Estes agricultores familiares

estão organizados em associações e cooperativas, que vem sendo incentivada desde os anos

noventa pela Prefeitura e Secretaria Municipal de Agricultura de Barra do Choça (PEREIRA

et al., 2011).

Sendo que a partir da década de 70 com a implantação da lavoura cafeeira, o

município da Barra do Choça, vem apresentando bons resultados em relação à expansão da

cultura do café. Pois favorecem aos cafeicultores melhores condições de vida, tais como,

saúde, educação, habitação e melhoria da autoestima.

No campo da produção, a mulher tem sido precursora dentro da unidade familiar,

assumindo os desafios de começar algo novo, ao mesmo tempo em que desafia a agricultura

convencional ao colocar em prática saberes adquiridos em outras gerações, questionando as

formas de produzir e demonstrando descontentamento nos casos em que a lucratividade

imediata sobrepõe o bem-estar da família (LOVATTO et al., 2010).

Isso gera uma situação de economia precária, porque muitas das atividades produtivas

desenvolvidas por elas não originam renda monetária, apesar de contribuírem na manutenção

e sobrevivência da própria família. Para Vinholi (2011) as atividades normalmente são

desenvolvidas nos quintais e entorno da moradia, representadas pelo cultivo de hortas e

plantas medicinais, criação de aves e pequenos animais ou, ainda, na realização de

beneficiamento de alimentos e derivados.

Em muitos casos é a mulher a responsável pela introdução das novas práticas de

produção, na medida em que testa formas e preparados nos cultivos, dedica-se ao artesanato, à

culinária, aos agrupamentos sociais, recuperando desta forma a cooperação em todas as

esferas produtivas. Ela aparece como o centro de formação das articulações no meio rural,

conectando, às vezes, através da religiosidade, a família e a comunidade, movimentando a

vizinhança para uma mudança de hábitos (LOVATTO et al., 2010). Dentro deste contexto o

13

objetivo deste estudo foi analisar o papel da mulher inserida em diversos setores da cadeia

produtiva do café no município da Barra do Choça na Bahia, visando à satisfação com a

atividade que exerce, a relação trabalho/família e sua autoestima.

14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Café na Bahia e na Barra do Choça

O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, sendo o Brasil o segundo maior

consumidor mundial desta bebida e o primeiro entre os produtores. O mercado brasileiro

representa 14% da demanda mundial, com um consumo de 4,94 kg de café torrado por

habitante/ano, o que representa quase 83 litros para cada brasileiro (ABIC - Associação

Brasileira da Industria de Café, 2012). Sendo a Bahia o quarto maior produtor de café, depois

de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, alcançando um volume médio de 2,3 milhões de

sacas num universo estimado de 10 mil propriedades, as quais mais de 80% pertencem a

agricultores familiares (SEAGRI - Secretária de Agricultura Irrigação e Reforma Agrária,

2012).

A cafeicultura na Bahia teve início de 1975 a 1980, pois a implantação da cultura no

estado ocorreu devido as constantes geadas que atingiram o centro-sul do país, diminuição da

produtividade por causa da idade avançada dos cafezais, persistência da ferrugem,

supervalorização das terras aptas ao cultivo e pressão de outras culturas mais rentáveis e de

menor risco, sobretudo a soja (MATHIAS, 2003). O PRRC (Plano de Renovação e

Revigoramento de Cafezais), proporcionou apoio em crédito e assistência técnica, e a lavoura

cafeeira atingiu 120 mil hectares em 1989 na Bahia, ocupando áreas da região do Planalto da

Conquista (OLIVEIRA et al., 2007), dentre elas o município da Barra do Choça.

O município da Barra do Choça, que está inserido na região do Planalto da Conquista,

teve a implantação da cafeicultura bem articulada à conjuntura política e econômica pela qual

passava o país na época do chamado “milagre brasileiro”, como também por pesquisas

realizadas pelo IBC (Instituto Brasileiro de Café) concluindo que este município tinha um

ótimo potencial para o desenvolvimento da cafeicultura (OLIVEIRA et al., 2007).

Segundo os mesmos autores, este município foi Influenciado também proximidade

com Vitória da Conquista (27 km) que em 1975 já contava com mais de 170 mil habitantes e

uma infraestrutura urbana razoável, bem como a existência de uma malha viária representada

pelas BR's 116 e 415, capazes de escoar a produção. Aliado aos fatores físicos e de

infraestrutura urbana e viária, havia na região uma mão de obra abundante e disposta a

trabalhar nas lavouras de café.

15

O município da Barra do Choça está localizado entre as coordenadas geográficas 14°

51” 52‟ de latitude sul e 40° 34” 44‟ de longitude oeste, possui 778 km2 de área total, de clima

tropical semiúmido, de 840m de altitude, banhada pelos rios, Catolé, Gaviãozinho, Choça,

Monos e Água Fria (PEREIRA et al., 2011). Este município é produtor de leite, carne,

banana, feijão, milho, cana, mandioca, e possui aptidão para o cultivo de maçã, morango,

eucalipto, cedro, grevílea e outras espécies florestais, no entanto o café é a principal cultura.

E esta cultura tem contribuído para o fortalecimento da economia regional, pois

apenas no município de Barra do Choça que tem aproximadamente 1600 propriedades rurais,

sendo que deste total 60% são da agricultura familiar e 80% da renda é oriunda da

cafeicultura (EBDA, 2012).

2.2 Mulheres nos Movimentos Sociais do Brasil

No Brasil, os movimentos sociais de mulheres começaram a ganhar destaque na

década de 80, articulado à luta popular, ao direito da terra e aos títulos dos lotes no campo

(PEDRO, 2005). No entanto o novo no movimento das mulheres referia-se aos direitos sociais

modernos, que lutavam pela igualdade e liberdade, em termos das relações de gênero (GOHN,

2000). Desta forma, a libertação das mulheres inicia a partir da criação e disseminação de

movimentos feministas (SANTOS, 2009).

A luta das mulheres no movimento feminista é um bom exemplo para esclarecer o

campo de ação dos movimentos, não dominado a nenhuma ordem ou escala de “luta”

principal ou secundária. O que é interessante para nos alertar sobre a concepção ampliada de

movimento social onde nem tudo que muda na sociedade é sinônimo ou resultado da ação de

um movimento social, pois estes são uma das formas possíveis de mudança e transformação

social (GOHN, 2003).

E essa transformação social requeria demandas dos mais diversos espaços sendo três

os tipos de movimentos de mulheres rurais: Movimentos Autônomos, Movimento Sindical e o

Movimento das Mulheres ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

A partir desses três movimentos rurais inicia-se a discussão sobre as condições das mulheres

no campo e mais do que isso, questiona-se as condições das mulheres dentro dos próprios

movimentos sociais (SANTOS, 2009).

A expropriação da terra, do trabalho, da renda rural, a falta de condições de

sobrevivência no campo e na cidade parece ser a motivação original que leva muitas mulheres

16

a participarem das reuniões para a organização das ocupações. Desta forma nas décadas de 80

e 90, as mulheres inserem nos movimentos sindicais, nos partidos políticos, nos movimentos

sociais na defesa da afirmação “do outro” e de “outra mulher”, na ressignificação da mulher

como sujeito político, na luta por direitos e igualdade de oportunidades (SANTOS, 2009).

Para Gohn (2007) essa atuação das mulheres não se materializa em reconhecimento

da importância da participação da mulher na construção do Movimento por parte de seus

dirigentes, havendo uma invisibilidade na atuação das mulheres.

2.3 Participação das mulheres no cooperativismo

O movimento cooperativista iniciou-se em 1844, na Inglaterra, em meio à Revolução

Industrial, com o objetivo de unir forças dos trabalhadores, para obter maiores e melhores

resultados do trabalho de forma organizada. Com rápida expansão, o cooperativismo se

expandiu-se pela Europa e pelo mundo e, em 1881, já existiam mil cooperativas de consumo,

com aproximadamente 550 mil associados (DALLER, 2009).

A ACI (Aliança Cooperativa Internacional), foi criada em 1895. A fim de representar

mundialmente o cooperativismo, preservando seus valores e princípios, criou-se em 1946, a

ACI, conquistando assento consultivo na ONU (Organização das Nações Unidas), sendo uma

das primeiras organizações não governamentais a ter cadeira na ONU (DALLER, 2009).

O Brasil é filiado à ACI desde 1989 (Daller, 2009), e tem a maior presença das

mulheres no cooperativismo popular, que visa à geração de trabalho e renda, contribuindo

igualitariamente para a composição do capital necessário à formação da sociedade

cooperativa, sendo à força de trabalho o principal capital de que dispõem. E segundo OCB

(Organização das Cooperativas do Brasil) as mulheres representavam 52% dos 296

empregados das cooperativas brasileiras (CIRILO, 2013). Este cooperativismo está

relacionado com a transformação social, tendo como objetivo formar lideranças que gere

trabalho e renda, possibilitando a transformação social da comunidade (SOUZA, 2008).

Sendo que estas mulheres estão na produção de vestuário, na alimentação e no

artesanato, principalmente a partir de materiais típicos de sua região, como também em

propriedades rurais (NAZZARI et al., 2007). E segundo Morais et al (2011), os grupos de

mulheres estão organizados em associações, cooperativas ou aquelas ainda na informalidade

elevam sua autoestima e rompem as barreiras do preconceito, ao conquistar os espaços

econômicos de forma conjunta.

17

2.4 Mulheres empreendedoras no Brasil

O termo empreendedorismo vem da palavra francesa entrepreneur criada por volta dos

séculos XVII e XVIII. Porém popularizou-se na língua inglesa entrepreneurship com a

revolução industrial, difundindo por todo o mundo (MOTA et al., 2004). Para Drucker (2001),

empreendedorismo é um comportamento e não um traço de personalidade. Segundo Dornelas

(2001) empreender significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes

de fazer as coisas. Empreendedor é aquele que se compromete com um trabalho ou uma

atividade específica e significante (ALVES JÚNIOR, 2008).

O empreendedorismo feminino tem crescido em todo o mundo nas últimas décadas e

as brasileiras estão entre as mais empreendedoras do mundo (GEM - Global Entrepreneurship

Monitor, 2011). Sendo que em 1990, 74% da população economicamente ativa feminina era

concentrada no setor terciário, ou seja, em serviços, principalmente em alguns setores da

economia, como atividades comunitárias, áreas voltadas à educação, serviços de saúde e

principalmente serviços domésticos. No entanto a, versatilidade é a qualidade que resume a

condição atual da vida feminina (RAPOSO e ASTONI, 2007).

Pois em 2010, as mulheres eram metade dos empreendedores brasileiros (49,3%), o

que representa 10,4 milhões de mulheres comandando suas empresas (GEM, 2010). Esse

crescimento ocorreu devido ao aumento da participação do setor de comércio e serviços no

total do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, setor em que as mulheres respondem por dois

terços dos novos negócios (IBQP - Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade, 2009).

Segundo Jonathan (2005) no Brasil é relevante o número de empresas lideradas por

mulheres que buscam se incluir e permanecer no mercado de trabalho, assim como criar

empregos e contribuir para que o país se desenvolva sócio e economicamente. Por este

motivo, para Schemer e Carvalho (2010) na ultima década muitos pesquisadores se

interessaram no estudo das mulheres que trabalham por conta própria, desta maneira são

recentes estudos sobre mulheres empreendedor.

2.5 Gênero na agricultura familiar

Gênero refere-se as diferenças psicológicas, sociais e culturais entre homens e

mulheres. Enquanto sexo define as diferenças anatômicas e fisiológicas entre masculino e

18

feminino (GIDDENS, 2005). Para Boni (2011) existe três abordagens principais que explicam

as diferenças entre sexo e gênero.

A primeira, afirma que são os fatores biológicos que geram as diferenças entre os

gêneros. A segunda abordagem é a de socialização do gênero, segundo a qual a criança ao

nascer tem apenas o sexo biológico, mas seu desenvolvimento se dará através do gênero

social. A terceira vê o sexo e o gênero como produtos socialmente construídos. “Não somente

o gênero é uma criação puramente social, que carece de uma „essência‟ estabelecida, mas o

próprio corpo humano está sujeito a forças sociais que o moldam e alteram de várias formas”

(GIDDENS, 2005: 106).

Desta maneira os homens, são responsáveis pelas finanças, manter a casa, pelo

trabalho pesado, pelo sustento da família. Enquanto o papel da mulher na sociedade sempre

foi bem definido, ou seja, dona de casa, responsável pelo bem-estar dos filhos e da casa,

submissa aos pais ou ao marido, não tendo direito de expressar suas vontades ou de realizar

seus sonhos. Entretanto é possível observar mudanças no comportamento das mulheres, para

competir em igualdade com os homens (DAMASCENO, 2010).

Esta mudança foi aumentada com a participação das mulheres no mercado de trabalho,

que teve início em 1975, onde a ONU, reconheceu a questão da mulher como um problema

social, declarando como Ano Internacional das Mulheres. Sendo que nas últimas décadas do

século XX, o país passou por transformações profundas no âmbito demográfico, cultural e

social, influenciando diretamente no trabalho feminino (BRUSCHINI et al., 2010).

A queda de fecundidade; redução no tamanho da família; envelhecimento da

população brasileira, com maior expectativa de vida para as mulheres; aumento do número de

famílias chefiadas por mulheres, foram algumas transformações demográficas. Essas

transformações aliadas às mudanças nos padrões culturais e nos valores relativos ao papel

social da mulher alteraram a identidade feminina, cada vez mais voltada ao trabalho produtivo

(BRUSCHINI; PUPPIN, 2004).

Nesse contexto, as mulheres, por muitos séculos, não obtiveram um papel relevante na

sociedade. Hoje, as mulheres buscam a sua realização pessoal e profissional, pois atuam nas

unidades produtivas familiares, combinando atividades agrícolas e não agrícolas, porque há

necessidade de diversificação das fontes de renda familiar, da busca por atividades que

permitam construir maiores níveis de autonomia, frente às relações antagônicas impostas pelo

mercado dos produtos agrícolas.

19

Sendo que a agricultura familiar brasileira é responsável por aproximadamente 38%

do valor bruto da produção de alimentos do país, que representa em torno de 10% do PIB

agrícola, corresponde a 85% dos estabelecimentos agropecuários e responde por quase

77% dos postos de trabalho na agricultura (CASTILHO; SCHNEIDER, 2010).

Entretanto, segundo os mesmos autores, pouco se conhece a parcela destas proporções no que

se refere à contribuição das mulheres nas unidades familiares de produção

2.6 Aliança Internacional das Mulheres do Café

A IWCA (INTERNATIONAL WOMEN`S COFFEE ALLIANCE) teve origem em

2002, no encontro de mulheres da indústria dos EUA e Canadá com produtoras da Nicarágua,

cuja missão é dar poder às mulheres do setor cafeeiro internacional, estimulando e

reconhecendo a participação destas em todas as etapas da cadeia produtiva do café, desde o

grão à xícara. Tendo o compromisso de desenvolver ações que gerem benefícios de integração

e valorização das mulheres nos países produtores (NETO, 2012).

Atualmente, a entidade está presente na Guatemala, Costa Rica, Burundi, Nicarágua,

Colômbia, República Dominicana, El Salvador, Quênia, Ruanda, Uganda e Índia. No Brasil,

esta Aliança, foi criada durante o 7º Espaço Café Brasil, na maior

feira do setor na América Latina. Sendo constituídas por mulheres batalhadoras, de diferentes

idades e escolaridades, dos Estados da Bahia, São

Paulo e Minas Gerais (SANTIAGO, 2012).

A IWCA, constitui no fortalecimento de uma rede de contatos, na execução de cursos

de treinamento e na incorporação das mulheres na cadeia de abastecimento. Pois as mulheres

que fazem parte desta Aliança, produz café de qualidade, entretanto há necessidade de

aprender a comercializa-los. Segundo Neto (2012), há realização de treinamento, capacitação

e desenvolvimento das lideranças, preparando-as para que façam negócios para beneficiarem

suas famílias.

20

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local e período de coleta de dados

Este trabalho foi realizado na zona rural e no próprio município da Barra do Choça.

As regiões rurais foram Assentamento Mocambo, Boa Vista, Coqueiro, Ingazeira, Santo

Antonio I, Santo Antonio II, Pau Brasil e Sossego. Para execução deste trabalho, realizou-se

7 visitas, nos dias 12 de dezembro de 2012; 14, 25 e 30 de janeiro de 2013; 04, 14 e 26 de

fevereiro de 2013.

3.2 Mulheres entrevistadas

Foram entrevistadas 25 mulheres de diferentes setores dentro da cadeia produtiva do

café, dentre elas 3 Assentamento Mocambo, 1 Boa Vista, 1 Coqueiro, 3 Ingazeira, 2 Santo

Antonio I, 3 Santo Antonio II, 2 Pau Brasil, 9 Sossego e 1 Barra do Choça.Sendo 5 de

movimentos sociais, 19 agricultoras familiares e 1 média agricultora.

A escolha destas mulheres foi através de indicações do docente Paulo Roberto, do

presidente da COOPASUB (Cooperativa Mista Agropecuária dos Pequenos Agricultores do

sudoeste da Bahia Ltda), dos dirigentes do MST e MPA (Movimento dos Pequenos

Agricultores) de Vitória da Conquista, e de uma representante da UNICAFES (União das

Cooperativas da Agricultura Familiar no Estado da Bahia) do município da Barra do Choça.

3.3 Procedimento da entrevista

Após escolha das entrevistadas foi realizado o contato através de ligações, onde foi

explicado resumidamente o motivo e o objetivo da pesquisa, e em caso de aceite agendou-se o

dia da entrevista.

Antes do início da aplicação dos questionários, foi explicado de forma mais detalhada

o objetivo do questionário, como seria realizada a pesquisa e a importância desta tanto para as

entrevistadas quanto para o meio acadêmico, e assumindo o compromisso de esclarecer as

dúvidas que poderiam surgir durante a entrevista, através da assinatura do termo de

compromisso (Anexo A).

21

Houve também o termo de consentimento para participação (Anexo B), em que as

entrevistadas assinaram, aceitando a divulgação do seu nome, imagem, participação

voluntária, livre de qualquer forma de remuneração e que os dados da pesquisa seriam

utilizados somente para fins acadêmicos e científicos.

Logo após iniciou-se a entrevista com a aplicação do questionário (Anexo C). Este

questionário foi adaptado de Gomes (2010) e Cruz (2006), composto por dados pessoais,

atuação na cadeia produtiva do café, relação trabalho/família, trajetória do trabalho fora de

casa, realização pessoal, lazer e fins de semana, mulher na cafeicultura e o nome da

entrevistada.

3.4 Análise de dados

Após aplicação dos questionários e realização de imagens fotográficas foi feita a

tabulação e análise de dados de forma quantitativa e qualitativa.

22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao iniciar a entrevista, muitas mulheres ficaram inseguras, pois se escutou inúmeras

vezes “... será que eu vou saber responder?”, “... e se eu responder errado?” ou “... será que

eu sei responder?”, e “...ele (esposo), não vai ficar aqui?”. E poucas se sentiram a vontade

no início da entrevista. Entretanto, no decorrer da entrevista, foi percebido que as

inseguranças haviam desaparecido. Isto porque, às entrevistadas ficaram a vontade para falar

sobre sua vida, e algumas vezes respondiam além das perguntas, e consequentemente

demandava maior tempo para conclusão do questionário. Além das inseguranças, também foi

observado outros comportamentos, como medo, presa (pois tinha que fazer o almoço),

angustia, felicidade, satisfação e superação.

Desta maneira, apesar do questionário ter sido extenso, por fim todas se sentiram

prestigiadas e foi possível obter informações sobre o conhecimento, sentimento, desejos,

sonhos, o que fizeram, o que fazem, o que pretendem fazer.

4.1 Dados pessoais

Em relação aos dados pessoais, as mulheres entrevistadas que se enquadram em

movimentos sociais, variou em relação a idade, o número de filhos e grau de escolaridade. A

idade de 30 a mais de 50 anos, a quantidade de filhos foi de 1 a 6 e grau de escolaridade 1º ao

5º ano incompleta até cursando técnico em agropecuária. O mesmo ocorreu em relação as

agricultoras familiares, pois a idade variou de 20 a acima de 50 anos, o número de filhos

variou de não tem a 9, em relação ao grau de escolaridade entre 1º ano ao superiro completo

(Tabela 1).

23

Tabela 1. Número de mulheres, idade, quantidade de filhos e grau de escolaridade das

entrevistadas no município da Barra do Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro

de 2013

Número de

mulheres

Idade Número de

filhos

Grau de escolaridade

Movimentos Sociais

1 Entre 31 a 36 1 Cursando Técnico em Agropecuária

2 Acima de 50 3 1° ao 5º ano incompleto

3 Acima de 50 3 1° ao 5º ano incompleto

4 Acima de 50 6 1° ao 9º ano completo

5 Acima de 50 5 5° ao 9º ano incompleto

Agricultoras familiares

1 Entre 41 a 45 3 1° ao 5º ano incompleto

2 Entre 46 a 50 3 1° ao 5º ano incompleto

3 Acima de 50 5 1° ao 5º ano incompleto

4 Acima de 50 4 6° ao 9º ano completo

5 Acima de 50 2 1° ao 5º ano incompleto

6 Acima de 50 4 1° ao 5º ano completo

7 Entre 46 a 50 3 2º grau completo

8 Entre 20 a 30 - Superior incompleto

9 Acima de 50 5 1° ao 5º ano incompleto

10 Entre 36 a 40 3 6° ao 9º ano completo

11 Entre 31 a 35 4 1° ao 5º ano completo

12 Acima de 50 - Superior incompleto

13 Entre 46 a 50 2 6° ao 9º ano completo

14 Acima de 50 9 Apenas lê e escreve

15 Entre 46 a 50 4 6° ao 9º ano incompleto

16 Entre 20 a 30 - Superior completo

17 Entre 36 a 40 2 1° ao 5º ano completo

18 Entre 41 a 45 2 1° ao 5º ano incompleto

19 Entre 41 a 45 2 Superior incompleto

Média agricultora

1 Acima de 50 3 1º grau completo

Dentre as entrevistadas somente 3 não tem filhos, as demais a quantidade de filhos

varia de 1 a 9. Para o grau de escolaridade, o mínimo foi apenas lê e escreve, sendo que 3

entrevistadas estão cursando curso superior, em Serviço Social e Pedagogia, ambas a

distância, e dentre elas uma é pedagoga e atualmente está fazendo Engenharia Agronômica na

Uesb, e outra concluiu licenciatura em Biologia, pela mesma instituição.

As entrevistadas com mais idade, apesar de não terem estudado, os filhos e netos estão

estudando e muitos ou são graduados ou estão se graduando, em instituições a distancia ou

presencial. Alguns filhos(as) e netos (as) estudam na UESB (Universidade Estadual do

24

Sudoeste da Bahia), pois tem transporte disponibilizado pela prefeitura do município,

possibilitando acesso ao ensino superior. E as entrevistadas que depois de terem criado os

filhos, voltaram a estudar e para ter companhia levam o esposo junto, desta maneira ambos

sentem-se entusiasmados com os estudos.

Em relação ao estado civil, 14 eram solteiras e 11 casadas quando iniciaram suas

atividades com café e atualmente 20 estão casadas, 1 viúva, 1separada e 3 permanecem

solteiras. Em geral, pode ser observado na tabela que houve um aumento do nível de

escolaridade, e a redução da natalidade, corroborando com Lombardi (2009) ao mencionar o

aumento do nível de escolaridade das mulheres rurais, sendo que em 1993 apenas 3,5%

tinham estudado, no mínimo, nove anos e em 2006, este percentual aumentou de 15,2% e

com Ribeiro (2013) ao relatar que mulheres com maior grau de escolaridade diminuem as

taxas de natalidade e casam-se com idades mais avançadas.

4.2 Atuação na cadeia produtiva do café

A atuação das entrevistadas na cadeia produtiva do café, foi diversificada. Pois estas

mulheres realizam mais de uma atividade tanto relacionada com café, quanto paralela a

atividade cafeeira (Gráfico 1).

Gráfico 1. Atuação das entrevistadas inseridas dentro da cadeia produtiva do café no

município da Barra do Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de 2013. Gráfico

1A - Mulheres de Movimentos sociais. Gráfico 1B - Agricultoras familiares.

No gráfico 1A, das cinco mulheres entrevistadas, três são aposentadas, e sempre

trabalharam na roça, tanto com café quanto em outras culturas, como mandioca, feijão e

milho. As demais entrevistadas colhem café da sua propriedade e de outras no período da

colheita.

Gráfico 1A - Mulheres de Movimentos sociais Gráfico 1B - Agricultoras familiares

0 1 2 3 4 5

Aposentada

Cata café

0 5 10

Enche sacolinha

Cata café

Torra café

Aposentada rural

Trabalhadora assalariada

Outras atividades

25

E relação as agricultoras familiares (Gráfico 1B), estas realizam mais de uma

atividade, sendo que 13 mulheres afirmaram catar café, destas duas torram café de sua

propriedade, cinco são aposentadas rurais, mas continuam trabalhando em suas propriedades.

Três delas trabalham meio período como merendeira e uma é professora de escolas

localizadas próxima a sua residência.

As outras atividades mencionadas por quatro entrevistadas foram degustadora, técnica

de ATER (Assistência Técnica de Extensão Rural), diretora comercial da COOPERBAC

(Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região Ltda ) e meio

período como Coordenadora Pedagógica.

E a média produtora é empresária, pois a mesma diversifica sua produção fabricando

balas de café com mel e de gengibre com mel e ainda na época de São João vende licor para a

região e cidades próximas. E também gera emprego, pois tem três funcionárias. Esta

empresária pretende permanecer no mercado de trabalho, corroborando com Jonathan (2005),

desta forma criam emprego e contribui para o desenvolvimento socioeconômico da região

Dentre as pequenas produtoras, tem Joara, que faz parte da administração da

COOPERBC, é também coordenadora pedagógica de uma escola no município da Barra do

Choça. Oliviana, que é filha de pequeno produtor e atualmente é técnica do Ater, participou

de inúmeros cursos de degustação de café como organizadora, porém a mesma afirmou que

não tem certificado como degustadora de café:

“... quando estudava na Uesb, participei junto com o professor Paulo Roberto, de vários

concursos de café, mais não tenho certificado”.

(Oliviana- 25 anos - Barra do Choça)

É possível observar que a presença da mulher no mercado de trabalho atual é um fato

indiscutível e irreversível, pois elas vêm buscando posições antes desempenhadas somente

pelos homens. Para Cirolini e Noro (2008) estas empreendem e inovam seu próprio negócio,

comprovando competências e habilidades na execução de suas atividades.

Estes resultados não diferem das mulheres que foram entrevistadas neste estudo, pois

estas conseguiram conquistar os diversos setores da cadeia produtiva do café. No entanto

estas conquistas foram decorrentes de muitas discussões conforme relatado por Santos (2009)

e mudanças de comportamento (DAMASCENO, 2010).

Ao perguntar para as entrevistadas quanto tempo estão na atividade relacionada ao

café, somente 2 tem menos de 10 anos, uma delas trabalha como técnica do ATER. A maioria

trabalha com café entre 10 a 25 anos. E dentre elas, 9 desde a implantação da cultura no

26

município, como Dona Elenita (37 anos), Dona Maria Luisa e Dona Iracema (40 anos)

(Figura 1).

Figura 1. Propriedade de agricultoras que trabalham com a cultura do café. 1A- Propriedade

de Dona Elenita; 1B- Propriedade de Dona Iracema

O motivo pelo qual estas mulheres iniciaram atividades relacionadas ao café foram

diversos, um deles foi à implantação da cultura em 1975, pois era a cultura que melhor se

adaptava a região, e outros motivos foram:

“Porque gosto, pois é o único trabalho que aparece... acabou o café, acabou o dinheiro”.

(Maria Aparecida Santos - 34 anos - Santo Antonio II - Anexo D- Figura 1 )

“Porque gosto... para não ficar só em casa, põe muita besteira na cabeça. Trabalho de casa

nunca acaba. Ir para roça é bom demais”. (Dona Marilene - 47 anos - Sossego - Anexo D -

Figura 2)

“Porque gosto, para ajudar,... gosto de ter dinheiro”.

(Dona Neide - Boa Vista - Anexo D - Figura 3)

“Porque gosto da área... pela Barra do Choça ter um histórico com a cafeicultura. E impregna

(o café) na vida”. (Joara - 24 - Sossego - Anexo D - Figura 4)

As mulheres parecem trabalhar para buscar algo mais do que dinheiro, para

Damasceno (2010) elas querem recompensas não apenas financeiras, mas também

"intrínsecas", tais como: satisfação, bem-estar e sensação de colaborar com algo importante.

Como exemplo ter o próprio dinheiro delas, para que estas possam comprar o que desejam ou

investir em algo novo, tais como um investimento, como é o caso de Dona Neide, que torra o

seu próprio café. E de outras produtoras como foi mencionado por Dona Neide e Dona

Cecília, que cultivam o café separado do seu esposo, e que o recurso que recebem são

utilizados por elas mesmas.

No entanto, apesar destas mulheres atuarem participativamente no plantio, colheita,

manejo, torra do café, a parte de comercialização é realizada pelos filhos ou esposo.

1A 1B

27

4.3 Relação trabalho família

Ao serem perguntadas sobre o que é trabalho para elas, algumas disseram que:

...trabalho é importante para a vida, ... é o meio de sustento, ... porque tem que trabalhar, ...

quem não trabalha fica doente, ... é terapia e outras foram mais abrangentes, como:

“É honra. Tudo que vem fácil vai fácil. Tem que trabalhar mesmo”.

(Dona Joana - Ingazeira)

“É tudo, porque sem trabalho a vida não continua”.

(Dona Gersi - 56 anos - Sossego - Anexo D - Figura 5)

“Trabalhar é bom. É preciso trabalhar. É uma necessidade. Necessidade de buscar alguma coisa

para sobrevivência. Sem trabalho ninguém sobrevive”. (Dona Zenilde - 43 anos - Sossego)

Sobre a renda mensal, variou entre um salário mínimo a 10 e a participação delas no

sustento da casa, para a maioria foi de 50%, ou seja, as despesas são divididas entre o casal.

Evidenciando a participação da mulher não somente como dona de casa, mais também

mulheres que conseguem conciliar os serviços da casa com atividades da roça e como foi

mencionado anteriormente elas participam em diversas atividades dentro da lavoura cafeeira,

exercendo outras atividades como agente de saúde, merendeira, transporte escolar e

professora.

Para elas, conciliar trabalho com a família, foi unanime ouvir que era complicado e

tinha que se organizar. E quando os filhos eram pequenos elas iam trabalhar como o marido

na roça ou comércio e estes ficavam com os familiares (sogra, cunhada, mãe, sobrinha),

vizinha, dormindo em casa (pois não tinha com quem deixar os filhos), em casa aos cuidados

dos irmãos mais velhos, pagava uma pessoa para cuidar deles, outras levavam para roça,

como:

“... fazia umas caminhas de baixo do pé de café” (Dona Irani - Anexo D - Figura 6)

“... ficavam dentro do balaio” (Dona Jovelina - Assentamento Mocambo)

“... colocava dentro da bacia” (Dona Valdelice - 58 anos - Boa Vista (MPA) - Anexo D -

Figura 7)

“... colocava os meninos na rede, a noite cuidava deles (dava banho, janta e colocava para

dormir)” (Dona Natilde - Assentamento Mocambo - Anexo D - Figura 8)

Em relação ao primeiro trabalho, 17 das entrevistadas foi na roça, junto aos pais,

quando criança, porém no sentido de acompanha-los e não como trabalho infantil. Pois não

tinham com quem deixar os filhos e nem quem cuidasse deles. Então os pais levavam os

28

filhos para a roça, desta maneira os pais ficavam tranquilos sabendo que seus filhos estavam

bem.

Atualmente, não é mais permitido em virtude do 4C, (Código de Conduta para a

Comunidade do Café) e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O 4C é constituído

por 10 práticas inaceitáveis. Estas práticas são: piores formas de trabalho infantil; trabalho

escravo ou forçado; tráfico de pessoas; proibição de filiação a ou representação por um

sindicato; despejo forçado sem compensação adequada; não fornecimento de moradia

adequada onde forem necessárias para os trabalhadores de classe; corte de floresta primária ou

destruição de outras formas de recursos naturais; utilização de agrotóxicos proibidos e

relações imorais nos negócios, conforme acordos internacionais, leis e práticas nacionais

(Código de Conduta, 4C).

O ECA dispõe sobre a proteção integral das crianças e dos adolescentes,

assegurando-lhes a proteção integral que se traduz em todas as oportunidades e facilidades a

fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral espiritual e social, em condições

de liberdade e de dignidade, garantindo que todas as crianças e adolescentes, sejam tratados

como pessoas que precisam de atenção, proteção e cuidados especiais para se desenvolverem

e serem adultos saudáveis (Lei 8069, 1990).

Para as mulheres que trabalhavam ou trabalham fora, os maridos aceitavam ou

aceitam, pois segundo elas é uma renda a mais que entra na casa. Desta maneira elas ajudam

nas despesas da casa, na educação financeira dos filhos, como também tem suas próprias

economias.

Devido a algumas transformações da estrutura familiar, mostra o crescimento do

desemprego dos chefes de família o que induz mais mulheres, em particular as casadas e com

filhos, a ingressar na força de trabalho buscando complementar o orçamento familiar.

(DAMASCENO, 2010). A inserção das mulheres no mercado de trabalho brasileiro, segundo

Bruschini e Puppin (2004), tem sido caracterizada através do tempo pela marca da

precariedade, o que atinge importante parcela das trabalhadoras.

Porém em relação a ajudar nos serviços domésticos, a maioria das entrevistadas

afirmou que tanto o marido quanto os filhos ajudavam ou ajudam. No entanto algumas

informaram que apenas os filhos ajudavam outras somente o marido, como:

“Quando viajava meu marido cuidava dos filhos” (Dona Elenita - Santo Antonio I)

Outras informaram que às vezes, como:

“... varre terreiro, ... põe arroz no fogo” (Dona Valdelice -58 anos - Boa Vista - Anexo D -

Figura 7)

29

Três delas mencionaram que o companheiro ajuda a bagunçar.

Estudo realizado por Fernandes (2008), ao perguntarem se o companheiro ajuda nas

atividades domésticas, estas mencionaram que o esposo ou companheiro não tem participação

efetiva na elaboração das tarefas domésticas e na elaboração das refeições, exceto em finais

de semana quando participam de parte da elaboração da “comida” como uma forma de lazer.

Eles cortam e assam a carne ou peixe na cozinha ou no quintal e ajudam a lavar a louça num

clima festivo.

Ainda segundo a mesma autora, as mulheres relataram que os maridos encaram as

tarefas domésticas como serviços fáceis e pouco cansativos, pelo fato de que quando resolvem

participar das tarefas fazem como um “passatempo”, além do que eles acham que o fato de

elas realizarem essas tarefas no espaço doméstico, tem a possibilidade de descansarem,

sentando de vez em quando para conversar com os filhos ou outras pessoas que estiverem na

casa, o que não é possível fazer na roça

Entretanto as mulheres têm uma consciência confusa de sua situação nas relações

sociais de produção no espaço rural, na medida em que existe uma profunda interação entre os

diferentes setores da sua vida. Pois o fato sobre o que é essencial de sua atividade se

desenvolve sobre uma exploração agrícola familiar, no quadro de uma agricultura de casal,

favorecendo a confusão dos papéis sociais, profissionais e familiares, induzindo sobre o papel

da mulher na agricultura sendo definido muito mais como um modo de vida que como uma

profissão.

Para Stropasolas (2006), ser agricultora não se restringe a exercer uma profissão na

agricultura, mas exige que se leve em conta outros parâmetros que interferem sobre a

representação que as agricultoras constroem delas mesmas, pois ser agricultora e também ser

esposa, mãe, mulher e rural.

Corroborando com Damasceno (2010) ao mencionar a participação feminina no

mercado de trabalho que cresceu significativamente nas últimas décadas, mostram que as

mulheres estão presentes em todos os segmentos e classes empresariais, apesar de ainda

existirem desigualdades de oportunidades no mundo do trabalho, diferenciais de rendimentos

entre os dois sexos, obstáculos aos planos de ascensão a cargos de chefia. Pois inúmeras vezes

o trabalho feminino foi considerado como ajuda ou complemento ao trabalho masculino.

As mulheres apesar da correria, conseguem conciliar as atividades domésticas, com

atuação em diferentes setores da cafeicultura e muitas gostam de trabalhar para ter seu próprio

dinheiro, ajudar em casa e porque se sentem bem.

30

Houve relatos de algumas que passaram fome, necessidades financeiras, como Dona

Iracema (72 anos -Sossego - Anexo D - Figura 9), Dona Cecília (47 anos - Boa vista -Anexo

D - Figura 10), mesmo assim não desistiram de trabalhar no campo e mudar para a cidade.

Conseguiram educar seus filhos e algumas estão educando os netos, como Dona Marinalva

(59 anos - Coqueiro - Anexo D - Figura 11), que está educando os três netos.

4.4 Trajetória do trabalho fora de casa

Das entrevistadas, 11 (44%) nunca trabalharam fora, somente na roça desde pequena,

4 (16%) trabalharam no comércio, 5 (20%) em casa de família, 3 (12%) como merendeira,

1(4%) como professora e 1(4%) como agente de saúde (Gráfico 2). Quem influenciou foram

os pais, irmãos e a necessidade de sustento.

Gráfico 2. Primeiro trabalho relatado pelas entrevistadas no município da Barra do Choça, no

período de dezembro de 2012 a fevereiro de 2013.

Sobre as dificuldades encontradas no dia a dia no setor da cafeicultura, as respostas

foram: sol, falta de chuva, ladeira (no local onde está plantado o café), frio e chuva (na época

da colheita do café), preços dos insumos, colheita e beneficiamento do café, aplicação de

produtos químicos, pagar alguém para cuida do café, falta de mão de obra, manter a lavoura

conservada, catar o café do chão, conhecimento, falta de estufa e nenhuma.

Nunca

trabalhou fora

Comércio Doméstica Merendeira Professora Agente de

saúde

0

5

10

15

20

25

31

Segundo Bernardes e Marcondes (2004), as principais dificuldades que influenciam

na participação da mulher no mercado de trabalho são: dificuldades financeiras; de tempo,

tendo em vista a busca do equilíbrio entre trabalho e família, principalmente relacionado a

criação dos filhos; ansiedade, devido a uma economia não estável, concorrentes, fornecedores,

clientes, processos trabalhistas são alguns fatores que deixam os empresários tensos e afetam

suas relações familiares; separações e divórcios.

Das 25 entrevistadas, 6 relataram que o fato de ser mulher interfere na atividade que

desempenha. Para 18 entrevistadas o fato de ser mulher facilita na atividade que desenvolve,

pois ...mulher cata mais café que o homem, ... mulher tem dinheiro. E 4 mulheres

responderam que não facilita, pois ainda existe preconceito, ... mulher e homem na mesma

atividade. Para Dona Zenilde: "Ainda há um pouco de preconceito, embora tenha uma

presidente representando o Brasil". E as demais responderam que depende do lugar e da

atividade.

Todas se sentem realizadas no trabalho que desempenha com o café. Entretanto 5 das

entrevistadas discordam que a mulher hoje possui condições de igualdade com os homens

para trabalhar fora de casa, pois mencionaram que ainda existe diferença, embora tenha

melhorado muito a participação das mulheres no trabalho fora de casa. Contrapondo com 20

entrevistadas que mencionaram haver condições de igualdade entre homens e mulheres para

trabalhar fora, com exemplo:

“Mulher trabalha melhor que o homem. Mulher explica melhor que o homem, ... quando chega

na sociedade para conversar... Depois que a mulher começou a trabalhar na sociedade tudo

começou a melhorar” (Dona Marinalva-59 anos - Coqueiro - Anexo D - Figura11)

Sim, pois a mulher agora tem vez de trabalhar, sim. Direito igual aos homens (Dona Valdelice,

MPA -Anexo D - Figura 7)

Com certeza, tem mulher que trabalha até mais que os homens (Dona Lucidalva - 56 anos -

Santo Antonio II - Anexo - Figura 13)

Isso nos retorna a discussão sobre gênero, pois muitos se referem a gênero como

sinônimo de mulheres. Para Boni (2011) esta confusão é muito comum, mas as relações de

gênero se constroem com homens e mulheres afetando toda a sociedade. Segundo o mesmo

autor a compreensão das desigualdades de gênero e suas consequências são imprescindíveis

para eliminarmos desigualdades, principalmente no meio rural. Como exemplo, o que ocorre

com os proprietários de lavoura cafeeira, ao contratar mulheres para catar café no período da

colheita, conforme foi mencionada por uma das entrevistadas:

...tem homem que não gosta de pegar café (Maria Aparecida- 38 anos- Sossego)

32

Mas, trabalhando e lutando pela sua independência a mulher mostrou que é capaz de

exercer vários papéis, garantindo assim maior participação na sociedade (TEIXEIRA, 2012).

Para Rohnelt e Salamoni (2010) as mudanças e transformações ocorridas no espaço rural nas

últimas décadas provocaram um rearranjo nas unidades produtivas de base familiar, assim

como, na vida das pessoas que se organizam nesse espaço

4.5 Realização profissional

Sobre o que consideram mais importante em sua vida, a maioria das entrevistadas

respondeu que era a família, em especial os filhos, entretanto Dona Cecília, mencionou o

marido:

“Meu esposo, pois para ter os meus filhos foi necessário ter esposo”.

(Dona Cecília - 47 anos - Pau Brasil - Anexo D - Figura

10)

Em seguida responderam que era amar a Deus, ter saúde, amar ao próximo,

trabalhar, agradecer a Deus e diferenciando das respostas anteriores, foi a de Dona Vitória:

“O que considero mais importante na minha vida é o de eu ser mulher”

(Dona Vitória - 45 anos - Sossego - Anexo D - figura 12)

Com esta resposta, fica evidente que apesar das dificuldades encontradas no cotidiano,

elas se valorizam, possuindo autoestima elevada e desta maneira se sentindo capaz de mudar

ou melhorar de vida. Sendo esta a próxima questão abordada neste item sobre realização

profissional, pois ao perguntarem para as entrevistadas se elas se sentiam capazes de mudar

ou melhorar de vida, somente 4 delas mencionaram que não, pois para elas o que adquiriram

durante a vida não há mais necessidade de mudança, ou ampliar a atividade que exercem.

Ao perguntar se sentiam capazes de agir e tomar decisões por conta própria, as

respostas foram divididas, pois 12 afirmaram que sim, 11 consultam a família e 2

responderam que as vezes pois depende da situação. Esta resposta nos remete a mudança de

comportamento das mulheres, pois com o passar dos anos, as mulheres tem se destacado cada

vez mais em diversos setores, adquirindo autonomia e segurança para resolver situações, até

antes solucionada pelos homens. Embora outras por comodidade, criações dos pais, ainda

sentem-se inseguras.

Porém em relação ao que deveriam fazer para aumentar o desempenho na atividade

que exercem, as respostas foram bem diferentes (Gráfico 3).

33

Gráfico 3. Respostas das entrevistadas sobre o que deveria ser feito para aumentar a atividade

que exercem

Dentre as respostas mencionadas pelas entrevistadas, 5 delas responderam que eram a

necessidade de financiamento, em seguida foi adubo para café, pois estas alegaram que os

preços dos adubos estavam muito elevados e elas não tem condições de compra-los.

Posteriormente mencionaram necessidade de capacitação, como concluir um curso superior;

diversificar a propriedade, pois além do café, plantar milho e feijão e criar gado; mecanizar a

lavoura, melhorar a roça e adquirir um despolpador melhor. Por fim foi mencionado uma vez

a torra de café na própria propriedade, necessidade de água para irrigar o café; ver os filhos

empregados, pois tem família para sustentar; comprar mais terra e melhoria do preço do café.

E se sentiam realizada profissionalmente, apenas 1 mencionou que ainda não:

“Ainda não, pois preciso terminar os estudos. E na agricultura quero fazer mais”

(Joara - 24 anos - Sossego - Anexo D - Figura 4)

Como alternativa de melhoria e de aumentar a autoestima das mulheres que trabalham

na cafeicultura, tem a IWCA que tem como objetivo estimular e reconhecer a participação

destas em todas as etapas da cadeia produtiva do café, desde o grão à xícara e valorizar as

mulheres nos países produtores.

Torrar café na propriedade

Se capacitar

Diversificar a area

Finaciamento de projeto

Adubo para café

Mecanizar a lavoura

Irrigar a propriedade

Melhorar a roça

Chuva

Emprego para os filhos

Comprar terra

Despoupador

Melhorar o preço do café

Ter outra renda

0 1 2 3 4 5 6

34

4.6 Lazer e finais de semana

Sobre sair com as amigas, 11 disseram que saem, vão à igreja, aniversários e tomam

banho de rio. Ao perguntar o que é feito nos finais de semana e feriados com a família, 9

responderam que ficam em casa, pois são os filhos e netos que vão para casa delas, 11

mencionaram que visitam parentes e vizinhos,outras que almoçam fora e esporadicamente vão

para eventos sociais, viajam, tomam banho de rio, vão a feira fazer compras. Sendo que das

25 entrevistadas 8 relataram que vão a igreja.

Estudos realizados por Neves e Medeiros (2013), ao analisar expressão de relações

familiares e de gênero, foi mencionado pelas entrevistadas que o domingo é o dia de não

trabalhar, de descansar, de ir ao culto, de receber e de visitar amigos e parentes. E por

Fernandes (2008), ao estudar gênero e políticas de credito, onde as mulheres mencionaram

que o lazer era ir a missa e a casa das vizinhas.

Quando não estão trabalhando as entrevistadas mencionaram que descansam em casa

(5), leem a bíblia (5), costuram (5), assistem televisão (4), vão à casa da vizinha (2), leem

livro (2), pinta e borda (1), monta a cavalo (1), visita as amigas (1), acessa a internet (1) e

dorme (1), contudo 3 mencionaram que estão sempre trabalhando. Porém, elas não fazem

somente uma atividade, ou seja, as que assistem televisão, também vão a casa das

vizinhas.uma deles que informou que ler livro também acessa a internet.

Estudo realizado por Cruz (2006), onde entrevistou 50 de duas cooperativas, (43) delas

assistem televisão, (2) dormem e descansam, (3) visitam amigos e parentes e (2) vão ao

shopping e cinema. Resaltando que tanto neste estudo quanto no estudo realizado por Cruz

(2006) as atividades tidas como descanso para as entrevistas são atividades domesticas.

4.7 Mulher na cafeicultura

As resposta para a primeira questão foi 100% sim, para as demais a maioria

responderam que sim Gráfico 4)

35

Gráfico 4. Participação das mulheres na cadeia produtiva do café no município da Barra do

Choça, no período de dezembro de 2012 a fevereiro de 2013

Para elas, as mulheres envolvidas na cafeicultura são exemplos para outras a

permanecerem ou inserirem, nos diversos setores da cadeia produtiva do café na região da

Barra do Choça. Em relação se as mulheres tem exercido um papel fundamental na

manutenção das atividades na cadeia produtiva do café na região da Barra do Choça, 20 das

entrevistadas afirmaram que sim e algumas explicaram:

“Todo mundo gosta de panhá café” (Dona Joana - 46 anos - Ingazeira)

“Aqui tem mulher que a chuva pode tá caindo...tem coragem mesmo”

(Dona Cleuza - 56 anos - Sossego)

“Tem algumas que são proprietárias. O plantio de café delas é separado. E algumas participam

de concurso” (Dona Neide - Boa Vista - Anexo - Figura 3)

Estes relatos demonstram que mesmo em condições adversas as mulheres continuam

realizando atividades dentro da cadeia produtiva do café. Fato este foi confirmado quando se

perguntou sobre o aumento da participação da mulher na atividade cafeeira, pois 22

informaram que sim, como exemplo:

“Pois tem tanta mulher nas roças de café, sorrindo, cantando, alegre e brincando”. (Dona

Iracema - 72 anos - Sossego -Anexo D - Figura 9)

“Tem aumentado. Depois do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar)”. (Dona Marinalva - 59 anos - Coqueiro - Anexo D - Figura 11)

Pois o PRONAF Mulher atende às propostas independentemente de sua condição

civil da produtora agrícola, sendo uma medida que inclui as mulheres a acesso aos recursos,

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Exemplos para

outras mulheres

Papel fundamental

na atividade

cafeeira

Aumento da

participação das

mulheres

Não soube

Não

Sim

36

sejam eles de crédito, produtivos, de terra ou de sucessão na área rural (REVISTA GLOBO

RURAL on line, 2012)

Entretanto uma não soube responder e 2 mencionaram que não, como exemplo de

Dona Cecília, alegando que com a bolsa família muitas mulheres não estão trabalhando mais:

“Diminuiu por causa do governo Lula,... por causa da bolsa família”.

(Dona Cecília - 47 anos - Pau Brasil - Anexo - Figura 10)

Quando Dona Cecília, fez este comentário ela estava se referindo, a mulheres que

deixam de trabalhar para ficar em casa cuidando dos filhos. Contudo a bolsa família, tem

ajudado muitas famílias que antes viviam na pobreza e extrema pobreza, reduzindo a fome e a

miséria

As entrevistadas fazem parte de Cooperativas e de movimentos sociais, sendo que 9

são cooperadas da COOPERBAC, 1 da COOPMAC (Cooperativa Mista Agropecuária

Conquistense Ltda.), 1 da COOPASUB, 1 da UNICAFES, 3 do MST e 3 do MPA. A

COOPERBAC e COOPMAC, são cooperativas que trabalham com café, cuja sede é na Barra

do Choça e Vitória da Conquista, respectivamente. A COOPERBAC, além do café

comercializa outros produtos, como banana, mandioca que é vendido para o PNAE

(Programa Nacional de Alimentação Escolar).

A COOPERBAC, tem grande importância para estas produtoras, pois depois de

inserirem nesta cooperativa a qualidade de vida destas 9 entrevistadas melhorou muito,

porque antes seus produtos eram vendidos pelos atravessadores com o preço abaixo do

mercado e atualmente o café quanto os outros produtos são vendidos para a cooperativa e

PNAE.

Nodari e García (2012), ao estudarem o papel desempenhado pelas mulheres no

sistema cooperativo, concluíram que a mulher participa ativamente da cooperativa, seja na

diretoria, no planejamento ou nas execuções das ações. E o que pode ser observado pelas

cooperadas da COOPERBAC, onde estas participam de reuniões, fazem parte da diretoria,

discutem sobre a melhoria da cooperativa.

Recentemente os representantes da COOPERBAC, estiveram reunidos com o

secretário estadual da Agricultura, para discutir a implantação da indústria de beneficiamento

do café no município. Pois “a cooperativa já produz café de qualidade, com o selo da

agricultura familiar, mas ainda terceiriza a torrefação e moagem do grão. Com a criação da

agroindústria na região temos a condição de produzir e comercializar uma café inteiramente

fabricado por nós”, esclareceu a diretora da COOPERBAC, Regina Dantas (Anexo D - Figura

14) (SEAGRI, 2013). Com a implementação da agroindústria de café no município, irá gerar

37

emprego e renda, e melhoria na qualidade de vida para as mulheres que contribuem no setor

cafeeiro.

4.8. Quem é o nome da entrevistada?

“Sou eu”, ...é eu”, foram as respostas mais escutadas, ao perguntar quem era o nome

da entrevistada. Entretanto houveram outras respostas, tais como:

“Sou eu...aquela que enfrenta a batalha, vai a luta e não desiste”

(Dona Marinalva- 59 anos - Coqueiro - Anexo D - Figura 11)

“Eu, euzinha aqui, oh! Calma, alegre, todo mundo gosta „deu”

(Dona Ana - 43 anos - Ingazeira )

“Sou eu... branca, bonita, cabelo branco” (Dona Lucidalva - 56 anos - Santo Antonio II -

Anexo D - Figura 13)

“Bonita, elegante, solteira, novinha, tô começando a vida agora,...sou apaixonada por criança

e pássaro” (Dona Maria do Carmo - 53 anos - Ingazeira)

“É eu. Tem que valorizar a gente...e quem tem que gosta de mim sou eu mesma” (Dona

Cleusa - 56 anos - Sossego )

“É eu, sou eu mesma... paciente, muito guerreira. Que tem esperança e com fé em Deus a

gente vence... Gosto de incentivar as pessoas”. (Dona Joana - 46 anos - Ingazeira )

“Uma aventureira. Uma doida que não tem juízo”. (Dona Natilde - Assentamento Mocambo -

Anexo D - Figura 8)

“Uma pessoa apaixonada pelo trabalho, de mãos dadas com a família,... acreditando em Deus

acima de tudo”. (Dona Luiza - Sossego)

Com estas respostas foi possível perceber que estas mulheres possuem elevada

autoestima, reconhecem seu valor. E por mais que a vida foi ou esteja difícil, nunca desistem

de enfrentar os obstáculos.

38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi percebível que após algumas entrevista, elas ficaram pensativas e teve algumas

que falaram "é só isso?", após o término da entrevista.

Atualmente a situação cafeeira está em crise, principalmente em decorrência da seca

na Região, e apesar das dificuldades, estas querem permanecer com a lavoura de café, pois

devido a esta cultura conseguiram melhorar sua qualidade de vida.

As mulheres envolvidas na cafeicultura são exemplos para outras mulheres a

permanecerem ou inserirem, nos diversos setores da cadeia produtiva do café na região da

Barra do Choça.

A participação tem aumentado em todos os setores da cadeia produtiva,

principalmente em participação das cooperativas.

Estas mulheres possuem autoestima elevada, pois estão satisfeitas com sua vida, onde

inclui trabalho em diferentes setores do café, família, tem seu próprio dinheiro para usar,

investindo em novas atividades ou para uso pessoal.

39

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43

ANEXOS

Anexo A – Termo de compromisso

O presente termo destina-se a esclarecer ao participante da pesquisa intitulada “O

Papel da Mulher na Cadeia Produtiva do Café no município da Barra do Choça – Bahia : Uma

abordagem sobre as mulheres na cafeicultura”, sob a responsabilidade da discente ARIANA

LISBOA MEIRA, aluna do curso de pós-graduação latu sensu Gestão da cadeia produtiva

do café com ênfase em sustentabilidade, orientanda do Prof. Paulo Roberto Pinto Santos,os

seguintes aspectos:

1. A pesquisa tem como objetivo analisar o papel da mulher inserida em diversos setores da

cadeia produtiva do café no município da Barra do Choça na Bahia, visando à satisfação com

a atividade que exerce, a relação trabalho/família e sua autoestima;

2. A metodologia utilizada no desenvolvimento da pesquisa será Estudo de Campo;

3. As entrevistadas das pesquisas tomarão parte nesta como informantes, cujas declarações

serão colhidas por meio de entrevista utilizando questionário e em seguida tabuladas para

posterior analise;

4. A discente firma o compromisso de, em qualquer momento da entrevista, fazer quaisquer

esclarecimentos adicionais às entrevistadas;

5. Fica claro que a participação das mulheres da pesquisa é voluntária e livre de qualquer

forma de remuneração;

6. Os resultados advindos da pesquisa serão utilizados unicamente para fins acadêmicos e

científicos.

Afirmo aqui que discutir as questões acima apresentadas com cada entrevistada em

estudo.

Barra do Choça. Data ____/____/_______

Assinatura da discente

44

Anexo B - Termo de consentimento para participação

Prezada senhora ou senhorita

A senhora (ou senhorita) está sendo convidada para participar da pesquisa sob o título

“O Papel da Mulher na Cadeia Produtiva do Café no município da Barra do Choça – Bahia :

Uma abordagem sobre as mulheres na cafeicultura”.

No caso de aceitar o convite, sua participação consistirá no preenchimento do

questionário com questões de assinalar e escritas.

A senhora (ou senhorita) terá liberdade para pedir esclarecimentos sobre quaisquer

questões durante a realização da pesquisa, bem como desistir de participar da pesquisa em

qualquer momento que desejar, mesmo depois de ter assinado este documento. Caso concorde

em participar, seu nome, suas imagens e informações sobre sua história será revelado para

fins acadêmicos e científicos.

Agradeço atenciosamente por sua colaboração

_______________________________________________________________

Assinatura da discente

Eu, __________________________________________________________ estou de

acordo com a participação do estudo sobre o papel da mulher na cafeicultura. Pois fui

devidamente esclarecida quanto aos objetivos desta pesquisa. A discente garantiu que terei

liberdade para pedir esclarecimentos sobre qualquer questão durante a realização da pesquisa.

Também estou de acordo que meu nome, minhas imagens e as informações sobre minha

história será revelada. Fui ainda esclarecida de que minha participação neste estudo não me

trará algum beneficio econômico.

Barra do Choça. Data ____/____/_______

45

Anexo C – Questionário

1. Nome da entrevistada:

2. Localidade:

3. Dados pessoais:

Naturalidade:

Estado civil (quando iniciou este trabalho):

Estado civil (atual):

Idade: ( ) 20 a 30 anos ( ) 31 a 35 anos ( ) 36 a 40 anos

( ) 41 a 45 anos ( ) 46 a 50 anos ( ) acima de 50

Condição em que se encontrava quando começou a trabalhar (emprego atual):

( ) solteira sem filhos ( ) solteira com filhos

( ) casada sem filhos ( ) casada sem filhos

( ) independente sem filhos ( ) independente sem filhos

( ) viúva

Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não Quantos _____ Idade _____

Estudou até: ( ) Analfabeta ( ) Apenas lê e escreve ( ) 1ª a 4ª serie incompleta

( ) 1ª a 4ª serie incompleta ( ) 5ª a 8ª serie incompleta

( ) 2° grau incompleto ( ) 2° grau completo

( ) Superior incompleto ( ) Superior completo

4. Atuação na cadeia produtiva

Qual sua função no trabalho:

( ) enchimento de sacolinhas no viveiro ( ) proprietária de viveiro

( ) catadora de café ( ) pequena produtora de café

( ) média produtora de café ( ) grande produtora de café

( ) corretora de café ( ) empresária

( ) artes (pintora, escritora, artesanato) ( ) degustadora de café

( ) trabalhador assalariada ( ) administradora (cooperativa)

( ) outra atividade. Qual? ________________________________________________

Quanto tempo está nesta atividade?

Por qual motivo você desempenha está função?

46

5. Relação trabalho família

O que é o trabalho para você?

Qual é sua renda mensal

( ) diarista ( ) até salário mínimo

( ) entre 1 a 5 salários mínimos ( ) entre 6 a 10 salários mínimos

( ) entre 11 a 15 salários mínimos ( ) acima de 15 salários mínimos

Qual a sua participação no sustento da família?

Como é a relação trabalho/família na sua vida?

Você consegue conciliar e de que forma seu trabalho com as atividades domesticas, cuidados

pessoais, educação dos filhos?

Quem cuidava (ou cuida) de seus filhos enquanto você está no trabalho?

Como era (ou é) organizado o cuidado de seus filhos quando você e/ou seu companheiro estão

no trabalho?

Seu companheiro aceita que você trabalhe fora de casa?

Seu companheiro e/ou seus filhos te ajudam nas atividades domesticas?

6. Trajetória do trabalho fora de casa

Fale como começou a trabalhar fora? Houve influência de algum homem ou mulher? Se

houve como se deu?

Quais as dificuldades encontradas no dia a dia neste setor da cafeicultura? E como as

enfrenta? Alguém a apoia?

Você diria que o fato de ser mulher interfere na atividade que desempenha no trabalho?

( ) Não ( ) Sim. Se sim de que maneira?

7. Realização profissional

O que você considera mais importante em sua vida?

Você se sente capaz de mudar/melhorar sua vida?

Você se sente capaz de agir, tomar decisões por conta própria?

Em sua opinião o que você deveria fazer para aumentar seu desempenho na atividade que

exerce?

Você se sente realizada profissionalmente?

Você acha que o fato de ser mulher facilita na atividade que desenvolve no seu trabalho? Ou

dificulta? E por quê?

Em sua opinião a mulher hoje possui condições de igualdade com os homens para trabalhar

fora de casa?

47

8. Lazer e fins de semana

Você costuma sair com suas amigas nos finais de semana e feriados? Se sim para onde vão?

O que você faz nos fins de semana e feriados com sua família?

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?

9. Mulher na cafeicultura:

Em sua opinião as mulheres envolvidas na cafeicultura são exemplos para outras mulheres a

permanecerem ou inserirem nos diversos setores da cadeia produtiva do café na região da

Barra do Choça? ( ) Não ( ) Sim.

Em sua opinião as mulheres tem exercido um papel fundamental na manutenção das

atividades na cadeia produtiva do café na região da Barra do Choça? ( ) Não ( ) Sim.

Para você a participação das mulheres nos setores da cadeia produtiva do café tem

aumentado? ( ) Não ( ) Sim.

Cooperativa

Você faz parte de alguma cooperativa? Se sim, qual?

10. Quem é o nome da entrevistada?

48

Anexo D - Imagem de algumas das entrevistadas no município da Barra do Choça no

período de dezembro de 2012 a fevereiro de 2013

Figura 1. Dona Maria Aparecida Santos Figura 2. Dona Marilene Reis Santos

Figura 3. Dona Neide Almeida Dias Figura 4. Joara Sousa Oliveira

Figura 5. Dona Gersi Silva Novais Santos Figura 6. Dona Irani Morais Silva

1

2

49

Figura 7. Dona Valdelice de Jesus Santos Figura 8. Dona Natilde Maria de Jesus

Figura 9. Dona Iracema Morais Silva Figura 10. Dona Cecília Silva Cruz

Figura 11. Dona Marinalva de Jesus Bonfim Figura 12. Dona Vitória Soares Pereira

11

50

Figura 13. Dona Lucidalva Vieira dos Santos Figura 14. Regina Dantas

13