um pouco da história da educação ambiental

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Um pouco da Histria da Educao Ambiental - Incio dcada de 60 - Livro "Primavera Silenciosa" de Rachel Carson - Parte IIMeio Ambiente

Rachel Carson

At a dcada de 50, no havia no Brasil uma preocupao precpua com os aspectos ambientais; as normas existentes limitavam-se aos aspectos relacionados com o saneamento, a conservao e a preservao do patrimnio natural, histrico e artstico, e soluo de problemas provocados por secas e enchentes. O perodo compreendido entre 1930 a 1950 caracterizou-se pela industrializao com base na substituio de importaes. Nesse perodo o pas foi dotado de instrumentos legais e de rgos pblicos que refletiam as reas de interesse da poca e que, de alguma forma, estavam relacionados rea do meio ambiente, tais como: o Cdigo de guas - Decreto n 24.643, de 10 de julho de 1934; o Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS); o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS); a Patrulha Costeira e o Servio Especial de Sade Pblica (SESP). As medidas de conservao e preservao do patrimnio natural, histrico e artstico mais significativas, no perodo acima referido, foram: a criao de parques nacionais e de florestas protegidas nas regies Nordeste, Sul e Sudeste; o estabelecimento de normas de proteo dos animais; a promulgao dos cdigos de floresta, de guas e de minas; a organizao do patrimnio histrico e artstico; a disposio sobre a proteo de depsitos fossilferos, e a criao, em 1948, da Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza.

Dcada de 601962 - Livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson - alertava sobre os efeitos danosos de inmeras aes humanas sobre o ambiente, como por exemplo o uso de pesticidas. 1968 - Nasce o Conselho para Educao Ambiental , no Reino Unido. Neste mesmo ano, surge o Clube de Roma que em 1972, produz o relatrio Os Limites do Crescimento Econmico que estudou aes para se obter no mundo um equilbrio global como a reduo do consumo tendo em vista determinadas prioridades sociais.

Na dcada de 60, o Governo brasileiro se compromete com a conservao e a preservao do meio ambiente, efetivadas por meio de sua participao em convenes e reunies internacionais, como por exemplo, a Conferncia Internacional promovida pela UNESCO, em 1968, sobre a Utilizao Racional e a Conservao dos Recursos da Biosfera. Nessa ocasio foram definidas as bases para a criao de um

programa internacional dedicado ao Homem e Biosfera (MAB - Man and Biosphere), que foi efetivamente criado em 1970. O Brasil, como membro das Naes Unidas, tambm assinou acordos, pactos e termos de responsabilidade entre pases, no mbito da Declarao de Soberania dos Recursos Naturais.

Dcada de 701970 - Entidade relacionada revista britnica The Ecologist elabora o Manifesto para Sobrevivncia onde insistiam que um aumento indefinido de demanda no pode ser sustentado por recursos finitos. 1972 - Conferncia das Naes sobre o Ambiente Humano, Estocolmo. Os principais resultados formais do encontro constituram a Declarao sobre o Ambiente Humano ou Declarao de Estocolmo que expressa a convico de que tanto as geraes presentes como as futuras, tenham reconhecidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e no degradado(Tamanes - 1977). Ainda como resultado da Conferncia de Estocolmo, neste mesmo ano a ONU criou um organismo denominado Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, sediado em Nairobi. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou o primeiro curso de ps-graduao em Ecologia do pas. 1975 - Em resposta s recomendaes da Conferncia de Estocolmo, A UNESCO promoveu em Belgrado (Iugoslvia) um Encontro Internacional em Educao Ambiental onde criou o Programa Internacional de Educao Ambiental - PIEA que formulou os seguintes princpios orientadores : a Educao Ambiental deve ser continuada, multidisciplinar, integrada s diferenas regionais e voltada para os interesses nacionais. Carta de Belgrado - constitui um dos documentos mais lcidos e importantes gerados nesta dcada. Fala sobre a satisfao das necessidades e desejos de todos os cidados da Terra. Prope temas que falam que a erradicao das causas bsicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluio, a explorao e dominao, devam ser tratados em conjunto. Nenhuma nao deve se desenvolver as custas de outra nao, havendo necessidade de uma tica global. A reforma dos processos e sistemas educacionais central para a constatao dessa nova tica de desenvolvimento. A juventude deve receber um novo tipo de educao que requer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre escolas e comunidade, entre o sistema educacional e sociedade. Finaliza com a proposta para um programa mundial de Educao Ambiental. 1976 - Criao dos cursos de ps-graduao em Ecologia nas Universidades do Amazonas, Braslia, Campinas, So Carlos e o Instituto Nacional de Pesquisas Areas - INPA em So Jos dos Campos. 1977 - Realizada a Conferncia Intergovernamental de Educao Ambiental em Tbilisi (ex- URSS) organizada pela UNESCO com a colaborao do PNUMA. Foi o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educao Ambiental, iniciado em 1975. Definiu-se os objetivos, as caractersticas da EA, assim como as estratgias pertinentes no plano nacional e internacional. No Brasil, o Conselho Federal de Educao tornou obrigatria a disciplina Cincias Ambientais em cursos universitrios de Engenharia. 1978 - Os cursos de Engenharia Sanitria j inseriam as matrias de Saneamento Bsico e Saneamento Ambiental. 1979 - Realizao do Seminrio de Educao Ambiental para Amrica Latina realizado pela UNESCO e PNUMA na Costa Rica. O departamento do Ensino Mdio/MEC e a CETESB publicam o documento Ecologia - Uma proposta para o Ensino de 1 e 2 graus.

A dcada de 70 foi marcada pelo agravamento dos problemas ambientais, e, conseqentemente, pela maior conscientizao desses problemas em todo o mundo. No perodo de 21 a 27 de agosto de 1971, foi realizado, em Braslia, o I Simpsio sobre Poluio Ambiental, por iniciativa da Comisso Especial sobre Poluio Ambiental da Cmara dos Deputados. Deste Simpsio participaram pesquisadores e tcnicos do Pas e do exterior, com o objetivo de colher subsdios para um estudo global do problema da poluio ambiental no Brasil. No entanto, somente aps a participao da delegao brasileira na Conferncia das Naes Unidas para o Ambiente Humano, realizada em 1972, em Estocolmo, Sucia, que medidas efetivas foram tomadas com relao ao meio ambiente no Brasil. Participaram do evento representantes de aproximadamente 113 naes,

90% dos quais pertenciam ao grupo dos pases em desenvolvimento. Nessa poca, apenas 16 deles possuam entidades de proteo ambiental. Os delegados dos pases em desenvolvimento, liderados pela delegao brasileira, defendiam seu direito s oportunidades de crescimento econmico a qualquer custo. Ao final, foi proclamada, como forma ideal de planejamento ambiental, aquela que associasse a prudncia ecolgica s aes pr-desenvolvimento, isto , o ecodesenvolvimento. Esses pases conseguiram ainda aprovar a declarao de que o subdesenvolvimento uma das mais freqentes causas da poluio no mundo atual, devendo, portanto, o controle da poluio ambiental ser considerado um subprograma de desenvolvimento, e a ao conjunta de todos os governos e organismos supranacionais convergir para a erradicao da misria no mundo. Nessa Conferncia foram aprovados 25 princpios fundamentais que orientam as aes internacionais na rea ambiental, tais como: a valorizao do homem dentro do ambiente como ser que o transforma, mas que depende dele para sobreviver, e que o homem o ser mais importante do mundo, pois promove o progresso social, cria riquezas e desenvolve a cincia e a tecnologia. Ainda na dcada de 70, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, pelo Decreto n 73.030, de 30 de outubro de 1973, que se props a discutir junto opinio pblica a questo ambiental, fazendo com que as pessoas se preocupassem mais com o meio ambiente e evitassem atitudes predatrias. No entanto, a SEMA no contava com nenhum poder policial para atuar na defesa do meio ambiente. Vrias medidas legais foram tomadas posteriormente com o objetivo de preservar e conservar os recursos ambientais e de controlar as diversas formas de poluio. A SEMA dedicou-se a defender dois grandes objetivos: estar atenta poluio, principalmente a de carter industrial, mais visvel, e proteger a natureza. Em 1968, tem incio na Europa um movimento que se preocupava com os problemas ambientais nos seus pases e no mundo, denominado Clube de Roma. Seus participantes especialistas de vrias reas do conhecimento humano reuniram-se em Roma para discutir a crise daquele momento e as crises futuras da humanidade. Em 1972, o Clube de Roma publicou o seu relatrio The Limits of Growth (Os limites do Crescimento), que alertava para o fato de que a humanidade teria, obrigatoriamente, um limite de crescimento com o modelo econmico ento praticado, baseado no consumo exacerbado e altamente concentrado em poucas naes. Poucos meses depois realizou-se em Estocolmo, Sucia, a Conferncia da ONU sobre o Ambiente Humano, de onde saiu um documento intitulado "Declarao sobre o Ambiente Humano". A Declarao reconhece a importncia da Educao Ambiental como o elemento crtico para o combate crise ambiental no mundo, enfatizando a premncia de o homem reordenar suas prioridades. Em 1977, a UNESCO-PNUMA promoveu a Conferncia Intergovernamental sobre Educao Ambiental, que influenciou a adoo dessa disciplina nas universidades brasileiras.

Dcada de 801985 - Parecer 819/85 do MEC refora a necessidade da incluso de contedos ecolgicos ao longo do processo de formao do ensino de 1 e 2 graus, integrados a todas as reas do conhecimento de forma sistematizada e progressiva, possibilitando a formao da conscincia ecolgica do futuro cidado. 1987 - Estratgia Internacional de ao em matria de educao e formao ambiental para o decnio de 90 documento final do Congresso Internacional sobre Educao e Formao Relativas ao Meio-ambiente, realizado em 1987 em Moscou, Rssia, promovido pela UNESCO. Ressalta a importncia da formao de recursos humanos nas reas formais e no formais da EA e na incluso da dimenso ambiental nos currculos de todos os nveis. Plenrio do Conselho Federal de Educao aprovou por unanimidade, a concluso da Cmara de Ensino a respeito do parecer 226/87 que considerava necessria a incluso da

Educao Ambiental dentre os contedos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas de 1 e 2 graus, bem como sugeria a criao de Centros de Educao Ambiental. A UNESCO/PNUMA realizou em Moscou o Congresso Nacional sobre Educao e Formao Ambientais UNESCO/PNUMA onde foram analisadas as conquistas e dificuldades na rea de EA desde a conferncia de Tbilisi e discutido uma estratgia internacional de ao em educao e formao ambientais para a dcada de 90. 1988 - Constituio da Repblica Federativa do Brasil dedicou o Captulo VI ao Meio Ambiente e no Art. 225, Inciso VI, determina ao ... Poder Pblico, promover a Educao Ambiental em todos os nveis de ensino... Realizao do Primeiro Congresso Brasileiro de Educao Ambiental no Rio Grande do Sul. Realizao do Primeiro Frum de Educao Ambiental promovido pela CECAE/USP, que mais tarde foi assumido pela Rede Brasileira de Educao Ambiental. 1989 - Realizao da 3 Conferncia Internacional sobre Educao Ambiental para as Escolas de 2 Grau com o tema Tecnologia e Meio Ambiente, em Illinois/USA.

O Governo Federal, por intermdio da SEMA, instituiu em 1981 a Poltica Nacional do Meio Ambiente, pela qual foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institudo o Cadastro Tcnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. Por esse Cadastro foram definidos os instrumentos para a implementao da Poltica Nacional, dentre os quais o Sistema Nacional de Informaes sobre o Meio Ambiente (SINIMA). Foi criado, tambm, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que tem poderes regulamentadores e estabelece padres de meio ambiente. A SEMA props o que seria de fato a primeira lei ambiental, no Pas, destinada proteo da natureza: a Lei n 6.902, de 1981 ano-chave em relao ao meio ambiente brasileiro. Destaca-se a criao das seguintes unidades de conservao pelo governo federal: parques nacionais, reservas biolgicas, reservas ecolgicas, estaes ecolgicas, reas de proteo ambiental e reas de relevante interesse ecolgico. Nos estados e municpios a preocupao centrou-se na proteo de mananciais e cintures verdes em torno de zonas industriais. Em 1985, apenas 1,49% da rea total do Pas ocupada por unidades de conservao. A Constituio de 5 de outubro de 1988 foi um passo decisivo para a formulao da nossa poltica ambiental. Pela primeira vez na histria de uma nao, uma constituio dedicou um captulo inteiro ao meio ambiente, dividindo entre o governo e a sociedade a responsabilidade pela sua preservao e conservao. A partir da, foi criado o programa Nossa Natureza, que estabeleceu diretrizes para a execuo de uma poltica ampla de proteo ambiental. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA, foi criado pela Lei n 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. O IBAMA foi formado pela fuso de quatro entidades brasileiras que trabalhavam na rea ambiental: Secretaria do Meio Ambiente - SEMA; Superintendncia da Borracha SUDHEVEA; Superintendncia da Pesca SUDEPE, e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF.

Dcada de 901990 - A Declarao Mundial sobre Educao para Todos: Satisfao das Necessidades Bsicas de Aprendizagem, aprovada na Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, realizada Jontien, Tailndia, de 5 a 9 de maro de 1990, reitera: confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herana cultural, lingstica e espiritual, de promover a educao de outros, de defender a causa da justia social, de proteger o meio ambiente.... 1991 - Portaria 678/91 do MEC, determinou que a educao escolar deveria contemplar a Educao Ambiental permeando todo o currculo dos diferentes nveis e modalidades de ensino. Foi enfatizada a necessidade de investir na

capacitao de professores. Portaria 2421 /91 do MEC, institui em carter permanente um Grupo de Trabalho de EA com o objetivo de definir com as Secretarias Estaduais de Educao, as metas e estratgias para a implantao da EA no pas e elaborar proposta de atuao do MEC na rea da educao formal e no-formal para a Conferncia da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Encontro Nacional de Polticas e Metodologias para a Educao Ambiental, promovido pelo MEC e SEMA com apoio da UNESCO/Embaixada do Canad em Braslia, com a finalidade de discutir diretrizes para definio da Poltica da EA. 1992 - Conferncia da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, RIO -92. O MEC promoveu em Jacarepagu um workshop com o objetivo de socializar os resultados das experincias nacionais e internacionais de EA, discutir metodologias e currculos. Do encontro resultou a Carta Brasileira para a Educao Ambiental. 1993 - Portaria 773/93 do MEC, institui em carter permanente um Grupo de Trabalho para EA com objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as aes, metas e estratgias para a implementao da EA nos sistemas de ensino em todos os nveis e modalidades - concretizando as recomendaes aprovadas na RIO -92. 1994 - Proposta do Programa Nacional de Educao Ambiental - PRONEA, elaborada pelo MEC/MMA/MINC/MCT com o objetivo de capacitar o sistema de educao formal e no-formal, supletivo e profissionalizante, em seus diversos nveis e modalidades. 1995 - Foi criada a Cmara Tcnica temporria de Educao Ambiental no Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA, determinante para o fortalecimento da Educao Ambiental. 1996 - Lei n 9.276/96 que estabelece o Plano Plurianual do Governo 1996/1999, define como principais objetivos da rea de Meio Ambiente a promoo da Educao Ambiental, atravs da divulgao e uso de conhecimentos sobre tecnologias de gesto sustentvel dos recursos naturais, procurando garantir a implementao do PRONEA. A Coordenao de Educao Ambiental promove 3 cursos de Capacitao de Multiplicadores em Educao Ambiental apoio do Acordo BRASIL/UNESCO, a fim de preparar tcnicos das Secretarias Estaduais de Educao, Delegacias Regionais de Educao do MEC e algumas Universidades Federais, para atuarem no processo de insero da Educao Ambiental no currculo escolar. 1997 - Conferncia Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educao e Conscincia Pblica para a Sustentabilidade Thessaloniki,1997 onde houve o reconhecimento que, passados cinco anos da Conferncia Rio-92 , o desenvolvimento da EA foi insuficiente. Entretanto esse encontro foi beneficiado pelos numerosos encontros internacionais realizados em 1997, na ndia, Tailndia, Mxico , Cuba, Brasil, Grcia entre outras. O Brasil apresentou o documento Declarao de Braslia para a Educao Ambiental, consolidado aps a I conferncia Nacional de Educao Ambiental CNIA. Reconhece que a viso de educao e conscincia pblica foi enriquecida e reforada pelas conferncias internacionais e que os planos de ao dessas conferencias devem ser implementados pelos governos nacionais, sociedade civil (incluindo ONGs, empresas e a comunidade educacional), a ONU e outras organizaes internacionais. Elaborao dos Parmetros Curriculares Nacionais - PCNs com o tema Convvio Social, tica e Meio Ambiente, onde a dimenso ambiental inserida como um tema transversal nos currculos do Ensino Fundamental. A Coordenao de Educao Ambiental do MEC promove 7 Cursos de Capacitao de Multiplicadores e 5 Teleconferncias. 1998 - A Coordenao de Educao Ambiental do MEC promove 8 Cursos de Capacitao de Multiplicadores, 5 teleconferncias, 2 Seminrios Nacionais e produz 10 vdeos para serem exibidos pela TV Escola. Ao final deste ano, a Coordenao de Educao Ambiental inserida na Secretaria de Ensino Fundamental - SEF no MEC, aps reforma administrativa. 1999 - Promulgada a Lei n 9.795 de 27 de abril de 1999 que institui a Poltica Nacional de Educao Ambiental, a que dever ser regulamentada aps as discusses na Cmara Tcnica Temporria de Educao Ambiental no CONAMA. Portaria 1648/99 do MEC cria o Grupo de Trabalho com representantes de todas as suas Secretarias para discutir a regulamentao da Lei n 9795/99 MEC prope o Programa PCNs em Ao atendendo s solicitaes dos Estados.

Em 1990, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidncia da Repblica SEMAM, ligada Presidncia da Repblica, que tinha no IBAMA seu rgo gerenciador da questo ambiental, responsvel por formular, coordenar, executar e fazer executar a Poltica Nacional do Meio Ambiente e da preservao, conservao e uso racional, fiscalizao, controle e fomento dos recursos naturais renovveis.

Realizou-se no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, a Conferncia da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92, da qual participaram 170 naes. A Rio-92 teve como principais objetivos: identificar estratgias regionais e globais para aes referentes s principais questes ambientais; examinar a situao ambiental do mundo e as mudanas ocorridas depois da Conferncia de Estocolmo; examinar estratgias de promoo de desenvolvimento sustentado e de eliminao da pobreza nos pases em desenvolvimento.

Contudo, a sociedade que vinha se organizando nas ltimas dcadas pressionava as autoridades brasileiras pela proteo ao meio ambiente.Essas, preocupadas com a repercusso internacional das teses discutidas na Conferncia Mundial sobre o Meio Ambiente, determinaram, em 16 outubro de 1992, a criao do Ministrio do Meio Ambiente - MMA, rgo de hierarquia superior, com o objetivo de estruturar a poltica do meio ambiente no Brasil.

Meio Sculo de Lutas: Uma Viso Histrica da guaPara ordenar esse debate internacional que, pela primeira vez depois da Revoluo Industrial, escapava das fronteiras tradicionais, as potncias industriais passaram a adotar uma estratgia normativa.

Em 1949, a Conferncia Cientfica das Naes Unidas sobre Conservao e Utilizao dos Recursos Naturais reuniu, pela primeira vez, cientistas e expertos de todas as regies do Planeta para analisarem a gesto dos recursos naturais num mundo que vinha de sofrer a devastadora II Guerra Mundial. Nessa ocasio no foram abordados temas fundamentais como a degradao dos oceanos, rios e mares, a contaminao industrial, a gesto de dejetos perigosos, a migrao rural para centros urbanos, as mudanas climatolgicas e o desenvolvimento nuclear. Um outro antecedente de grande importncia foi o Ano Geofsico Internacional, patrocinado pela UNESCO entre 1957 e 1958. Esta iniciativa que contou com a participao de outros setores do complexo da ONU,

promoveu um sistema mundial de observao da atmosfera superior, alm de coordenar o estudo de zonas remotas, como por exemplo, a Antrtica. O Programa Biolgico Internacional, desdobramento do Ano Geofsico Internacional, centrou as suas atividades durante um decnio (1964-1974) estudando a produtividade biolgica e o bem estar humano. Nos anos 60, o generalizado processo de descolonizao, determinou o ingresso de um considervel nmero de pases recentemente emancipados, principalmente africanos, no cenrio poltico internacional. A conseqncia direta desse fato foi a de que ganharam importncia, no debate multilateral, as questes relacionadas com o desenvolvimento econmico. Em 1964, foi realizado o primeiro grande frum de debates, tendo como tema fundamental as relaes entre comrcio e industrializao: a Conferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento - UNCTAD, onde a questo do uso das guas martimas fora colocado do ponto de vista econmico e no como de um recurso natural a ser preservado. Com a entrada macia dos pases em desenvolvimento nas decises internacionais, ficou evidente que a fenda que separava os pases industrializados das economias perifricas, especificamente no debate multilateral e na questo ambiental, era muito mais profunda do que se imaginava. Durante o ps Guerra os protagonistas dos debates eram um reduzido nmero de representantes das potncias hegemnicas com alguns espectadores incidentais. A partir da UNCTAD a multiplicao das vozes fez sentir que as preocupaes ambientais estavam disseminadas em todo o Planeta. Tratado Antrtico Para ordenar esse debate internacional que, pela primeira vez depois da Revoluo Industrial, escapava das fronteiras tradicionais, as potncias industriais passaram a adotar uma estratgia normativa. O final dos anos 60 e, sobretudo, a dcada posterior, esto marcados pela realizao de grandes encontros internacionais sob o patrocnio da ONU. Em 1961, um instrumento jurdico internacional inaugurou uma nova viso no campo da colaborao internacional ao ser assinado o Tratado Antrtico, no qual se determinou o uso pacfico do Continente Branco. O Brasil assinou o Tratado em 1976. Como a opinio pblica internacional estava influenciada nos anos 60/70 pelo debate generalizado de todas as questes internacionais, o movimento ambientalista mundial buscava propor formas alternativas de organizao social e de comportamento em relao natureza. A questo do meio ambiente transformou-se num fato poltico impossvel de se ignorar. Nos pases europeus o poltico verde comeou a ganhar espaos nos poderes legislativos e, em alguns casos, at nos executivos municipais. A idia de organizar um encontro mundial para discutir os problemas ambientais se consolidou ao final da dcada de 60. Em 1968, o Conselho Econmico e Social das Naes Unidas, sugeriu a realizao de uma conferncia mundial para tratar dos problemas ambientais. Os debates continuaram at 1971, quando a Comisso Econmica para a Europa, organismo da ONU, promoveu o Simpsio sobre Problemas Relativos ao Meio Ambiente, realizado em Praga, Tchecoslovquia. O documento afirma que as medidas disciplinares podiam se constituir num primeiro passo de controle ambiental. Era a primeira vez que se falava concretamente em termos de punies para com os poluidores. Estas concluses tiveram que percorrer alguns caminhos antes de serem formuladas no seio da ONU. Em 1970, durante o Simpsio das Naes Unidas sobre a Desorganizao do Meio Ambiente, realizado em Tquio, o bloco latino-americano deixou bem claro que existia uma correlao entre o grau de contaminao ambiental e a natureza do sistema scio-econmico vigente. Direito do Mar Trs anos antes, na Assemblia Geral da ONU, em 1967, iniciou-se um novo tipo de dilogo, que culminaria na Assemblia-Geral de 1970 ao consolidar o conceito de que determinados recursos naturais so Patrimnio Comum da Humanidade. Esta nova viso do entorno comeou em 1967 com os debates internacionais sobre os recursos dos fundos marinhos. A no-aceitao do que fora estabelecido em diversos

acordos internacionais sobre os assuntos do mar, dava mostras de que o mundo procurava uma nova ordem poltica e ambiental. Foi assim, em face dessa necessidade que, em 1973, deu-se incio a uma Conferncia sobre o Direito do Mar. Em Dezembro de 1982, em Montego Bay, Jamaica, a Conferncia colocou para assinatura a Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar. O Brasil ratificou a Conveno em Dezembro de 1988. Conferncia de Estocolmo A Assemblia-Geral da ONU, em 1971, decidiu convocar para 1972 em Estocolmo, Sucia, a Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente Humano, primeiro grande evento a analisar e avaliar a temtica ambiental do ponto de vista ambientalmente correto. Esta conferncia consolidou as bases da moderna poltica ambiental adotada por todos os pases, com maior ou menor rigor, nas suas legislaes particulares. No pice das lutas ecologistas geradas pelo movimento anti-nuclear da dcada de 60, a Conferncia de Estocolmo foi um referencial que gerou o principal estudo da situao ambiental no mundo: o Relatrio Brundtland. Como decorrncia da Conferncia de Estocolmo, em 1983, foi estabelecida, na ONU, a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela ento Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Seu objetivo, em linhas gerais, era o de reexaminar a questo ambiental inter-relacionando-a com a questo do desenvolvimento e, alm disso, propor um Programa de Ao em nvel mundial. Quatro anos depois, em Abril de 1987, foi publicado o informe final denominado Nosso Futuro Comum. Uma vez aprovado o relatrio, a ONU emitiu uma resoluo dando prosseguimento aos trabalhos da Comisso. Depois de ser publicado e antes de ser apresentado perante a ONU, o informe Nosso Futuro Comum, tambm conhecido como Relatrio Brundtland, foi analisado por presidentes, primeiros-ministros, chefes de Estado e outras altas autoridades de mais de 100 pases, que adotaram as suas recomendaes e, dentro da realidade de cada uma das naes, aplicaram o seu contedo nos programas ambientais nacionais. Conferncia de Mar del Plata Com o caminho aberto pela Conferncia do Mar, a ONU decidiu convocar a I Conferncia das Naes Unidas sobre a gua que foi realizada em Maro de 1977, em Mar del Plata, Argentina. Esta Conferncia foi o primeiro encontro especializado para tratar os problemas da gua. O crescente consumo de gua em dimenso planetria e a presso exercida pelas instituies oficiais sobre os recursos hdricos em algumas reas, indicavam o surgimento de uma crise de gua em mdio prazo que s poderia ser atenuada mediante a adoo de programas de gerenciamento integrado desses recursos. O Plano de Ao de Mar del Plata, foi considerado o mais completo documento referencial sobre recursos hdricos, at a elaborao do captulo especfico sobre a gua da Agenda 21. O nmero de participantes foi bastante reduzido e esteve composto, basicamente, por tcnicos e alguns poucos polticos, no houve participao da sociedade civil. Neste encontro tambm se aprovou uma recomendao apresentada pela Conferncia da ONU sobre Assentamentos Humanos - HABITAT, realizada um ano antes, em 1976, em Vancouver, Canad, na qual se solicitou a todos os pases fazerem esforos para fornecer gua potvel e servios de saneamento adequados para todos at 1990. Decnio da gua O Decnio Internacional do Fornecimento de gua Potvel e Saneamento foi proclamado pela ONU em Novembro de 1980. Contou com uma ativa participao de governos e agncias internacionais, tanto no sentido tcnico como financeiro. Este movimento universal teve por finalidade melhorar e promover a cobertura dos servios de gua potvel e de saneamento bsico para o maior nmero de pessoas possvel, especialmente os setores localizados nos subrbios das cidades ou nas reas rurais. Dez anos depois do lanamento da Dcada da gua, em Setembro de 1990, em Nova Dlhi, ndia, as concluses apresentadas, sobre esta iniciativa, demonstraram que as expectativas foram frustradas pelos resultados inferiores aos previstos. Mas houve alguns resultados positivos: nos dez anos que separam o encontro de Mar del Plata do de Nova Dlhi, os profissionais do setor da engenharia sanitria aprimoraram

os seus conhecimentos; doenas endmicas de veiculao hdrica foram minimizadas ou erradicadas do quadro geral da sade. A OMS e a OPS estiveram absolutamente compromissadas com o Decnio e forneceram apoio aos pases na formulao das polticas de sade. Com esse objetivo foi criada, no seio da OPS, coincidindo com o incio da Dcada da gua, a Rede Panamericana de Informao em Sade Ambiental. Esta Rede procurou satisfazer no somente a demanda de informao em todos os nveis, como tambm incentivar a disseminao das informaes em toda a Amrica Latina e Caribe. Mesmo com a criao da Rede, as informaes ficaram limitadas s organizaes de classe e s secretarias de obras e servios pblicos que nessa poca centralizavam em quase todos os pases a questo da gua. Conferncia de Dublin A segunda grande Conferncia Internacional sobre gua e Meio Ambiente organizada pela ONU realizou-se em Dublin, Irlanda, em Janeiro de 1992, isto , poucos meses antes da Conferncia do Rio, de Junho de 92. A Conferncia de Dublin, que foi tambm preparatria da RIO92, teve uma grande repercusso tanto pela quantidade de participantes oficiais quanto pelo nmero de pases e ONGs envolvidas no encontro. Os experts ali reunidos consideraram, pela primeira vez, que a situao dos recursos hdricos caminhava de forma bastante dramtica para um ponto crtico. A Declarao de Dublin registra, de forma inovadora, um enfoque radicalmente novo sobre a avaliao, aproveitamento e gesto dos recursos hdricos, principalmente da gua doce. Nela afirma-se que esta otimizao somente pode se obter mediante um compromisso poltico e a participao dos mais altos nveis dos governos em conjunto com a sociedade civil, com as comunidades envolvidas. Os participantes da Conferncia de Dublin produziram recomendaes e um programa de ao sob o ttulo de A gua e o Desenvolvimento Sustentvel. O primeiro Princpio da Declarao de Dublin afirma que: a gua doce um recurso finito e vulnervel, essencial para garantir a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente. Dublin foi um verdadeiro marco na histria ambiental e um celeiro de informaes para os jornalistas especializados em temas ambientais. Nesse encontro se explicitou muito claramente a relao entre a gua e a diminuio da pobreza e das doenas; a proteo e as medidas de proteo contra os desastres naturais; a conservao e o reaproveitamento da gua; o desenvolvimento urbano sustentvel; a produo agrcola e o fornecimento de gua potvel ao meio rural; a proteo dos sistemas aquticos e as questes transfronteirias e se reconheceu a existncia de conflitos geopolticos derivados da posse das bacias hidrogrficas. Frum Mundial da gua A cada trs anos, se renem no Frum Mundial da gua representantes governamentais, de organizaes internacionais, de ONGs, de instituies financeiras e de indstrias, alm de cientistas, especialistas em assuntos hdricos, empresrios e acadmicos. Nesta ocasio, na convocao de Kyoto, participam como delegados mais de 5.000 especialistas e polticos, inclusive Ministros de Estado. Para cobertura do encontro se registraram mais de 3.000 jornalistas e foi criado um mecanismo de debate na Internet denominado Water Media Network. A idia deste encontro internacional surgiu em 1996 no mbito do Conselho Mundial de gua, para discutir os principais assuntos relacionados com a gesto de recursos hdricos. O I Frum realizou-se em 1997, em Marraquech, Marrocos e o II Frum em Haia, Holanda, em 2000. O III Frum Mundial da gua ocorre concomitantemente em trs cidades japonesas (Kyoto, Shiga e Osaka) no perodo de 16 a 23 de maro de 2003. O Frum discute as aes tomadas pelos diferentes pases para implementar o manejo integrado dos recursos hdricos e busca solues que permitam comunidade internacional atingir os objetivos da Declarao do Milnio realizada em Setembro de 2000, em Nova Iorque, durante a 55 Sesso das Naes Unidas e os da Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, realizada em Johanesburgo, em Setembro de 2002,

que buscam reduzir pela metade, at 2015, o nmero de pessoas sem acesso a gua potvel e a saneamento bsico. No segmento Ministerial do Frum, 5 mesas-redondas temticas, trataro especificamente os seguintes pontos: 1) gua potvel e saneamento; 2) gua para a produo de alimentos e desenvolvimento rural; 3) preveno da poluio e conservao de ecossistemas; 4) mitigao de desastres e gesto de risco; e 5) gesto dos recursos hdricos e compartilhamento de seus benefcios. Est prevista ainda sesso plenria para apresentao dos relatrios das mesas-redondas, bem como o exame e adoo de Declarao Ministerial a ser assinada por mais de 100 Ministros. Os Ministros participaro ainda de um dilogo multissetorial com representantes dos diferentes setores presentes no Frum. Alm da Declarao Ministerial, o III Frum dever aprovar documento intitulado Programa de Aes para a gua, uma compilao de aes concretas de governos e organizaes internacionais voluntariamente submetidas aos organizadores do evento. A delegao do Brasil contou com a participao de representantes do Itamaraty, do Ministrio do Meio Ambiente e do Ministrio de Cincia e Tecnologia, bem como do Diretor-Presidente e do Diretor da Agncia Nacional da gua - ANA, Jerson Kelman. O Brasil ser representado, no segmento ministerial, pelo Secretrio Nacional de Recursos Hdricos, Joo Bosco Senra. Na realidade, as discusses em torno dos temas a serem tratados no III Frum Mundial da gua j foram objeto de estudos prvios em encontros internacionais, entre os quais merecem destaque o IV Dialogo InterAmericano de Recursos Hdricos, realizado em Foz do Iguau em 2000, a Conferncia Internacional sobre gua Doce, realizada em Bonn, Alemanha, em Dezembro de 2001, e a Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel de Johanesburgo, em Setembro de 2002. Ano Internacional da gua Doce A Assemblia-Geral da ONU declarou o ano 2003 como Ano Internacional da gua Doce. A resoluo, produto de uma iniciativa do governo do Tajiquisto, foi adotada em 20 de Dezembro de 2000, tendo sido apoiada por 148 pases. O texto da resoluo convida aos Governos, ao sistema da ONU e aos outros atores a aproveitarem esta oportunidade para sensibilizar a opinio pblica sobre a importncia do uso e da gesto dos recursos hdricos. Esta resoluo tambm faz um apelo aos governos, organizaes nacionais e internacionais, ONGs e ao setor privado para que juntos contribuam de forma voluntria na promoo do Ano Internacional da gua Doce. A divulgao no dia 22 de Maro, Dia Internacional da gua, do Relatrio Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hdricos gua para as Pessoas, gua para a Vida durante o III Frum Mundial da gua de Kyoto representa um dos pontos altos do encontro. O Relatrio oferece uma viso mais completa e atualizada sobre o estado em que se encontram os recursos hdricos nos dias de hoje. Este documento, que representa a mais importante contribuio intelectual para o Frum e para o Ano Internacional da gua Doce, foi coordenado pela UNESCO. Para que este relatrio fosse escrito, um total de 23 reas que tratam da questo da gua no sistema da ONU participaram da criao do documento. Pela primeira vez se reuniram para poder monitorar o progresso alcanado na luta empreendida para atingir os objetivos relacionados gua nos campos da sade, alimentao, ecossistemas, cidades, indstria, energia, gesto de risco, avaliao econmica, diviso de recursos e governana.

A Geografia e o Meio Ambiente na Nova Ordem Mundial07/08/2008

No cenrio da Nova Ordem Mundial, as questes se tornam cada vez mais mundiais e cada vez menos estritamente locais. Destaca-se, entre essas questes de interesse global, o meio-ambiente e a conscincia de que a destruio ambiental no traz conseqncias, apenas, a um determinado ecossistema de um pas ou de um continente, mas para todos os que moram no que se convencionou denominar de "Aldeia Global". Esse cenrio foi construdo a partir de modificaes filosficas, genericamente denominadas de "Globalizao" (entrelaamento das economias, maior interdependncia e intercmbio entre as naes) ou "Modernizao", as quais produziram novos paradigmas em, praticamente, todos os aspectos da vida moderna. Entre esses paradigmas, criou-se uma nova viso e tratamento ao "Cliente" externo e interno de uma instituio, redirigindo todos os esforos da organizao para a busca de sua total satisfao (Deming, 1987 , Tofler 1992). Alm do tradicional consumidor, esses paradigmas consideram como cliente externo, o meio-ambiente, ao qual deve ser dispensado o mesmo tratamento dado aos demais clientes. Por outro lado, e devido ao progressivo crescimento populacional, tornou-se necessrio o aumento da produo de alimentos, minrios e demais bens de consumo essenciais manuteno da espcie humana. evidente que, o atendimento desta demanda, gera obrigatoriamente, impactos ambientais negativos, quer pelo desmatamento de florestas nativas para o plantio, quer pela emisso de resduos das fbricas, ou ainda, pela movimentao da terra para a extrao de minrios entre outros. A maior circulao de mercadorias - como matria-prima, mquinas, bens industrializados, semiindustrializados, etc. - leva tambm circulao e, at mesmo, imposio de idias. Assim sendo, a conscincia ecolgica que chegou primeiro aos pases desenvolvidos, alcanou, tambm, principalmente por imposio, os pases subdesenvolvidos. Nesses pases em processo de desenvolvimento econmico que ainda se utilizam da Vantagem Competitiva de seus recursos naturais (Adam Smith, 1723 in Toffler 1980), h necessidade de explor-los, uma vez que esses recursos representam uma das poucas alternativas de obteno de recursos financeiros e fonte de renda para a populao, comumente pobre (o Brasil, mais particularmente o Nordeste brasileiro e especialmente o Estado do Rio Grande do Norte, est inserido nesse contexto mencionado). Tais pases, tradicionalmente, exportadores de matria-prima para as chamadas naes desenvolvidas (aquelas que j esgotaram seus recursos naturais, e que produziram uma conscincia de preservao ambiental atravs de uma legislao impeditiva de maior degradao da natureza) necessitam de mudanas nos programas de poltica ambiental. Entretanto, os Pases Desenvolvidos conseguiram avanos acerca das polticas ambientais, atravs de reivindicaes populacionais, desde a dcada de 60. Os Estados Unidos da Amrica foram pioneiro desse movimento, criando a National Environmental Policy Act (NEPA) em 1969, que tornou obrigatrio a elaborao de Relatrios de EIA (Estudo de Impactos Ambientais). A partir de ento, os projetos, programas, atividades e propostas de legislaes do Governo Federal s poderiam ser executados a partir da aprovao do EIA/RIMA (Estudo de Impactos Ambientais e Relatrio de Impacto Ambiental) que seriam elaborados por uma equipe interdisciplinar. Nesses relatrios, elaboram-se diagnsticos do meio-ambiente, envolvendo os meios fsicos, biolgicos e

antrpicos e se definem os impactos, positivos e negativos, considerando os casos de instalao e noinstalao do empreendimento. Os Relatrios de EIA/RIMA devem, ainda, considerar as medidas de controle, mitigao e recuperao ambiental, caso o empreendimento em considerao venha a ser instalado. Ainda na Conferncia das Naes Unidas para o Meio-Ambiente, em Estocolmo no ano de 1972, a questo ambiental, realmente, torna-se problema planetrio. Os pases desenvolvidos apresentam as implicaes da questo ambiental para a questo econmica-social e propem, tambm, maior participao do cidado, demonstrando a necessidade da implementao da educao ambiental para uma maior conscincia ecolgica. Porm, s na dcada de 80 que se discute mais sobre o assunto e a EIA torna-se implementada a nvel mundial. J o final da dcada de 80 traz consigo grandes mudanas scio-poltico e econmicas, tais como: a queda do Muro de Berlim, mudanas e fim da URSS, fim da guerra fria e da bipolarizao mundial (Bloco dos pases comunistas x Bloco dos pases capitalistas), entre outras. Dessa forma, o mundo tornou-se Multipolar e as preocupaes mundiais tornam-se globalizadas e voltadas, tambm, para o meio-ambiente e a questo ambiental toma um novo rumo e um grande avano. Na dcada seguinte (90), realizou-se a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento (20 anos depois da Conferncia de Estocolmo). A citada conferncia, a ECO 92, foi realizada no Rio de Janeiro de 3 a 4 de junho, onde se reuniram pessoas de vrias naes, nveis sociais e intelectuais, como chefes de Estado, cientistas, ambientalistas, ONGs, jovens, adultos, crianas, ndios, etc. Segundo afirma Magnolli & Scalzaretto (1994: p. 133) :A Conferncia do Rio de Janeiro discutiu uma vasta temtica, ligada aos climas globais, s florestas e a biodiversidade. Entretanto, poucos acordos prticos foram alcanados, em virtude dos mltiplos interesses divergentes entre as dezenas de pases participantes." A referida conferncia conseguiu chamar a ateno do mundo para os desmandos contra o meio ambiente, pois objetivava os estudos referentes aos problemas ambientais e humanos do planeta alm de encontrar solues e tomar decises. Contudo, depois de vrias discusses, alguns pontos foram "amarrados" como a elaborao da agenda 21 segundo a qual afirma Poloni (1996:p.2): "...estabeleceu as metas e as estratgias para o equacionamento dos grandes problemas ecolgicos e para o desenvolvimento harmonioso das sociedades no prximo sculo. (...) Esses so os grandes desafios da humanidade na busca de uma ordem ambiental planetria que supere as divergncias entre pases e blocos de naes." Mais tarde, outro evento veio acrescentar ao que tinha sido decidido na ECO-92. Esse evento, conhecido como "Rio + 5", realizado no Rio de Janeiro em 1997, teve como objetivo pr em prtica projetos, anteriormente, estabelecidos na conferncia de 1992. Porm, os pases subdesenvolvidos, marcados pela sua herana histrico-colonial, trouxeram uma carga de dependncia poltico-econmica, traduzida no comrcio e na Diviso Internacional do Trabalho (DIT), que refletiu nas relaes econmicas dos dias atuais. Assim, para ingressarem na economia global, os pases subdesenvolvidos tinham que submeter-se s exigncias do mercado externo, onde, muitas vezes, exportavam parte de sua produo de matrias-primas. Essa explorao causa a degradao ambiental, tornando-se mais acentuadas nos dias atuais. Atualmente, alm da dependncia em relao ao comrcio internacional, outra forma de dependncia - que est intimamente ligada a anterior - so os vultuosos emprstimos internacionais, que se transformam em gigantescas dvidas externas dos Pases Subdesenvolvidos. Esses Emprstimos Internacionais ocorreram concomitante crise do Petrleo na dcada de 70, culminando em elevadas dvidas com o aumento das taxas de juros. Assim, muitos pases, inclusive o Brasil, viram-se

"presos" s dvidas e aos juros, que, muitas vezes, buscavam novos emprstimos na tentativa de amortecer parte da dvida. Conseqentemente, na dcada de 80, os credores, como o Banco Mundial e o FMI, comearam a pressionar os pases devedores no intuito de que estes redefinissem suas polticas nas reas econmicas e sociais, recaindo o nus, principalmente, na rea social - inclusive no meio ambiente - na tentativa de pagar a dvida ou parte dela. Porm, esta prtica, alm de gerar um caos econmico, aumentou ainda mais as desigualdades sociais - as quais poderiam ser uma ameaa estabilidade financeira internacional - e que, muitas vezes, provocavam ainda mais a degradao ambiental. Surgiu, assim, um conceito a partir do que propunha Thomas Lovejoy, de que fala o Manual Global de Ecologia (l993:p.47): "Um plano inovador para aliviar a dvida e as presses ambientais nas naes em desenvolvimento 'Trocar Dvida por Natureza', usado com sucesso na Bolvia, Equador, Costa Rica e nas Filipinas". Essa proposta implicava em trocar a dvida externa dos pases do Terceiro Mundo por natureza, ou seja, reas de floresta, com suas espcies vegetais e animais, passariam ao controle de organizaes como o "Conservao Internacional ( CI ) "e o "Fundo Mundial para a Vida Selvagem" . Com isso, muitos pases se viram "obrigados" a promover aes mais eficazes de proteo natureza, surgindo, ento, leis que tornavam obrigatrios os relatrios de EIA/RIMA para aes de particulares e de Governo. Explica-se, dessa forma, porque muitos pases, como o Brasil, comearam a "se preocupar" mais com a questo ambiental. Outro grande passo para a proteo ambiental, na dcada de 90, foi a criao da ISO l4000 , que uma norma de gerenciamento do meio ambiente. Como afirma D'Avignon (1995: p. 14): "Uma norma ambiental a tentativa de homogeneizar conceitos, ordenar atividades e criar padres e procedimentos que sejam reconhecidos por aqueles que estejam envolvidos com alguma atividade produtiva que gere impactos ambientais. Servem para garantir que os servios ou processos produtivos de uma organizao sejam compatveis com o meio-ambiente, ou seja, sustentveis." O termo sustentvel, auto-sustentvel ou desenvolvimento sustentvel, foi incorporado questo ambiental e ao desenvolvimento scio-econmico, como pr-requisito indispensvel aos pases que se propunham ingressar na nova ordem mundial. Dessa forma, o crescimento industrial atrelado s questes ambientais num mundo globalizado e a necessidade desse desenvolvimento ser auto-sustentvel tende a tornar-se, progressivamente, num paradigma. Sobre este tema D'Avignon (op cit) ressalta que: "... foram surgindo no mundo movimentos e conceitos que hoje so utilizados freqentemente. A expresso desenvolvimento sustentvel, por exemplo foi popularizada pela Comisso Mundial do Meio-Ambiente e Desenvolvimento, nomeada pela primeira ministra norueguesa, Gro-Harlem Brunditand, no incio da dcada passada." De acordo com a citao do autor, entende-se que o desenvolvimento sustentvel tornou-se popular a partir desta comisso mundial do meio ambiente e desenvolvimento, onde a definio citada por D'Avignon (op cit), : "O processo de desenvolvimento onde os recursos naturais so usados de forma racional para manter as condies de vida adequadas para as geraes atuais e futuras." Nesse caso, os pases e as empresas precisam mostrar que esto "ecologicamente corretos", utilizando as chamadas "tecnologias limpas", modificando os processos e/ou os produtos, a fim de se adaptarem s mudanas atuais, para se manterem competitivos no mercado internacional. Para a confirmao das chamadas tecnologias limpas, a ISO 14000 fornece certificados dos sistemas de gerenciamento ambiental que abrange seis reas: sistemas de gerenciamento, auditorias, avaliao do

desempenho, rotulagem e anlise do ciclo de vida e aspectos ambientais relacionados a produtos. Porm, toda problemtica da questo ambiental, questionada nos pases subdesenvolvidos, tiveram precedentes a partir da poltica econmica estabelecida pelos pases desenvolvidos, os quais implementam a tecnologia aplicada nas sedes de suas empresas (implantados no mundo desenvolvido), ao passo que as filiais espalhadas pelo mundo subdesenvolvido so desprovidos de tecnologias adequadas para uma maior proteo ao meio ambiente. Diante desse aspecto, a questo ambiental ultrapassa a barreira "ecolgica", para se engendrar na poltica e na economia; transpondo a barreira local para a global. Como afirma Paixo ( l981:p.215 ): "a questo ambiental no pode ser analisada como algo parte, desvinculada da realidade social que a encerra". Portanto, no se pode conceber a dicotomia natureza e sociedade; no h como se fazer uma anlise ambiental fragmentada do aspecto social (relaes sociais, foras produtivas, etc. ) bem como deixar de lado os parmetros espao-temporal. Mediante a problemtica exposta na Conferncia de Estocolmo em l968, percebeu-se a necessidade de implementar-se a educao ambiental como parte bsica e essencial de uma estratgia para solucionar os problemas relacionados ao meio ambiente. nesse contexto que a Cincia Geogrfica pode contribuir e ser de grande valia na formao de indivduos, como cidados, que possam interferir na transformao da sociedade, de tal forma que haja um ambiente equilibrado. E, como afirma Fadini ( l996:p.320), isso pode ocorrer "atravs de um maior envolvimento social e poltico nas questes ambientais ". Muitas vezes, pensa-se que questes sociais, como a concentrao de renda por exemplo, so de maior urgncia que a ambiental, porm o que no se percebe que a concentrao de renda significa apropriao do espao e por conseguinte da natureza. Assim sendo, ao se fazer um EIA/RIMA para uma indstria, deve-se ter uma viso da repercusso a nvel scio-econmico-ambiental bem como das implicaes no desenvolvimento regional, evitando, assim, que o pas entre na contra-mo da Histria e, por conseguinte, fique margem da economia global. Por tanto, no encadeamento da Nova Ordem Mundial, em que as cincias procuram redefinir os seus rumos, a Geografia pode introduzir reflexes sobre a educao ambiental, contribuindo para uma possvel soluo, em que os pases caminhem para um desenvolvimento sustentvel, para uma gesto que atenda aos diversos interesses de forma a preservar o meio scio-ambiental. Licenciamento Ambiental em Mato Grosso do Sul Informaes sobre Meio Ambiente, Licenciamento Ambiental, Tecnologias, Gesto e Controle Ambiental. Os 12 grandes problemas ambientais da humanidade Uma anlise da UNEP (United Nations Environment Programme Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente) sobre os grandes problemas mundiais da atualidade em relao ao ambiente, levantou 12 grandes problemas que preocupam pesquisadores, administradores e gerentes da rea ambiental, so eles: 1. Crescimento demogrfico rpido: Mesmo considerando que a taxa de fecundidade das mulheres est diminuindo nos pases desenvolvidos, o crescimento demogrfico aliado ao desenvolvimento tecnolgico acelera a presso sobre os sistemas e recursos naturais, e em geral traz como consequncia mais impactos ambientais, devido ao aumento na produo industrial e nos padres de consumo.

2. Urbanizao acelerada: alm do rpido crescimento demogrfico, a aglomerao de populao em reas urbanas est gerando grandes centros com 15 milhes de habitantes ou mais. Esses centros de alta densidade populacional demandam maiores recursos, energia e infra-estrutura, alm de criarem problemas complexos de carter ambiental, econmicos e principalmente social.

3. Desmatamento: a taxa anual de desmatamento das florestas, especialmente das tropicais, ocasiona diversos problemas como eroso, diminuio da produtividade dos solos, perda de biodiversidade, assoreamento de corpos hdricos e etc.

4. Poluio marinha: a poluio marinha est se agravando cada vez mais devido a: descargas de esgotos domsticos e industriais atravs de emissrios submarinos, desastres ecolgicos de grandes propores, como naufrgio de petroleiros, acmulo de metais pesados no sedimento marinho nas regies costeiras e esturios, perda de biodiversidade (exemplo: espcies frgeis de corais), poluio trmica de efluentes de usinas nucleares e etc.

5. Poluio do ar e do solo: ocasionada principalmente pelas indstrias, agroindstria e automveis, atravs de: emisses atmosfricas das indstrias, disposio inadequada de resduos slidos (exemplo: lixes) e de resduos industriais que causam poluio do solo, acmulo de aerossis na atmosfera provenientes da poluio veicular e industrial, contaminao do solo por pesticidas e herbicidas, e etc.

6. Poluio e eutrofizao de guas interiores rios, lagos e represas: a poluio orgnica provenientes dos centros urbanos e atividades agropecurias gera uma variedade de efeitos sobre os recursos hdricos continentais, os quais so fundamentais para o abastecimento pblico das populaes. Essa presso resulta na deteriorao da qualidade da gua, causada pelo fenmeno da eutrofizao, acmulo de metais pesados no sedimento, alteraes no estoque pesqueiro e geralmente inviabiliza alguns dos usos mltiplos dos recursos hdricos.

7. Perda da diversidade gentica: o desmatamento e outros problemas ambientais acarreta em perda de biodiversidade, ou seja em extino de espcies e perda da variabilidade da flora e da fauna. A biodiversidade e seus recursos genticos so fundamentais para futuros desenvolvimentos tecnolgicos.

8. Efeitos de grandes obras civis: a construo de obras civis de grande porte, como represas de usinas hidreltricas, portos e canais, gera impactos considerveis e dficeis de mensurar sobre sistemas aquticos e terrestres.

9. Alterao global do clima: o aumento da concentrao dos gases estufa na troposfera terrestre (primeira camada da atmosfera) e de partculas de poluentes est causando um fenmeno conhecido como aquecimento global, que o aumento da temperatura do planeta, devido a maior reteno da radiao infravermelha trmica na atmosfera. Cada grau celsius de aumento da temperatura terrestre ir trazer consequncias diferentes, e estas so acumulativas, segundo o 2 relatrio do Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas (IPCC) apenas 1 C a mais j suficiente para derreter as geleiras de topos de montanha do mundo todo, comprometendo abastecimento locais de gua, e se o aumento chegar a 4 C estima-se que at 3,2 bilhes de pessoas podero sofrer com a falta dgua e que a subida do nvel do mar ir ameaar a existncia de cidades costeiras em todo o mundo. As previses de aquecimento para o fim deste sculo estimam entre 1,8 C e 4 C a mais na mdia da temperatura mundial.

10. Aumento progressivo das necessidades energticas e suas conseqncias ambientais: o aumento da demanda energtica devido ao crescimento populacional, urbanizao e crescente desenvolvimento tecnolgico gera a necessidade da construo de novas usinas hidreltricas e termeltricas, grandes e pequenas usinas nucleares, e etc. E quanto maior a utilizao de combustveis fossis (termeltricas, carvo mineral) mais gases de efeito estufa so lanados na atmosfera. Outros tipos de matrizes energticas como hidreltricas e usinas nucleares possuem impactos ambientais associados a sua construo e operao (exemplo: falta de tratamento para os resduos nucleares).

11. Produo de alimentos e agricultura: A agricultura de alta produo uma grande consumidora de energia, de pesticidas e de fertilizantes. A expanso das fronteiras agrcolas aumenta as taxas de desmatamento e perda de biodiversidade.

12. Falta de saneamento bsico: principalmente nos pases subdesenvolvidos, a falta de saneamento bsico um problema crucial devido s inter-relaes entre doenas de veiculao hdrica, distribuio de vetores e expectativa de vida adulta e taxa de mortalidade infantil. E tambm pela poluio orgnica gerada pelo aporte de esgostos domsticos e drenagem pluvial em corpos dgua devido a falta de infra-estrutura adequada e a lanamentos irregulares.

Dentre os problemas ambientais que afetam o Brasil, podemos listar os mais crticos:

1. Desmatamento, que acarreta em perda de Biodiverdidade; 2. Eroso devido a desmatamento e manejo inadequado do solo na agricultura e pecuria; 3. Poluio das guas e solos devido a falta de saneamento bsico nas reas urbanas e rurais; 4. Falta de polticas de gerenciamento de resduos slidos nas reas urbanas, gerando lixes; 5. Poluio industrial.

No entanto, a partir da dcada de 70, a humanidade comeou a tomar conscincia dos seus impactos sobre a natureza, devido principalmente as consequncias econmicas que as reaes da natureza a esses impactos geravam, como mais gastos com sade pblica. Isso levou ao surgimento de uma nova abordagem de desenvolvimento econmico conciliatrio com a conservao ambiental, surgiu assim o conceito de desenvolvimento sustentvel.

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Questo Ambiental da Nova Ordem MundialDurante a ordem mundial bipolar a questo ambiental era considerada secundria. Somente os movimentos ecolgicos e alguns cientistas alertavam a humanidade sobre os riscos de catstrofes ambientais. Mas a grande preocupao dos governos - e em especial da grandes potncias mundiais - era com a guerra fria, com a oposio entre o capitalismo e o socialismo. O nico grande risco que parecia existir era o da Terceira Guerra Mundial, uma guerra atmica entre as superpotncias de ento. Mas o final da bipolaridade e da guerra fria veio alterar esse quadro. Nos anos 90 a questo do meio ambiente torna-se essencial nas discusses internacionais, nas preocupaes dos Estados - e principalmente dos grandes centros mundiais de poder - quanto ao futuro. J antes do final dos anos 80 percebia-se que os problemas ecolgicos comeavam a preocupar as autoridades soviticas, norteamericanas e outras, mas sem ganharem muito destaque, Houve em 1972, na Sucia, a Primeira Conferncia Mundial sobre o Meio Ambiente, promovida pela ONU e com a participao de dezenas de Estados. Naquele momento, a questo ambiental comeava a se tornar um problema oficial e internacional. Mas foi a Segunda Conferncia Mundial sobre o Meio Ambiente, a ECO92 ou RIO-92, realizada no Brasil vinte anos depois da primeira, que contou com maior nmero de participantes (quase cem Estados-naes) e os governos enviaram no mais tcnicos sem poder de deciso, como anteriormente, e sim polticos e cientistas de alta expresso em seus pases. Isso porque essa segunda conferncia foi realizada depois do final da guerra fria e o desaparecimento da ameaa comunista veio colocar a questo ambiental como um dos mais importantes riscos estabilidade mundial na nova ordem. Alm disso, os governos perceberam que as ameaas de catstrofes ecolgicas so srias e precisam ser enfrentadas, e que preservar um meio ambiente sadio condio indispensvel para garantir um futuro tranqilo para as novas geraes. Mas a problemtica ambiental suscita vrias controvrsias e oposies. Os pases ricos voltam suas atenes para queimadas e os desmatamentos nas florestas tropicais, particularmente na floresta Amaznica, a maior de todas. J os pases pobres, e em particular os que tm grandes reservas florestais, acham natural gastar seus recursos com o objetivo de se desenvolverem. Se os pases desenvolvidos depredaram suas matas no sculo passado, por que ns no podemos fazer o mesmo agora?, argumentam. Alguns chegam at afirmar que essa preocupao com a destruio das florestas tropicais ou com outras formas de poluio nos pases subdesenvolvidos ( dos rios, dos grandes centros urbanos, perda de solos agrcolas por uso inadequado, avano da desertificao, etc.) nada mais seria que uma tentativa do Norte de impedir o desenvolvimento do Sul; a poluio e a destruio das florestas, nessa interpretao, seriam fatos absolutamente naturais e at necessrios para se combater a pobreza. Outros ainda - inclusive pases ricos, como o Japo, a Sucia ou a Noruega - argumentam que uma incoerncia os Estados Unidos pretenderem liderar a cruzada mundial contra a poluio quando so justamente eles, os norte-americanos, que mais utilizam os recursos naturais do planeta. Todos esses pontos de vista tm uma certeza razo, e todos eles so igualmente limitados ou parciais. Os atuais pases desenvolvidos, de fato, em sua maioria depredaram suas paisagens naturais no sculo passado ou na primeira metade deste, e

isso foi essencial para o tipo de desenvolvimento que adotaram: o da Primeira ou da Segunda Revoluo Industrial, das indstrias automobilsticas e petroqumicas. Parece lgico ento acusar de farsante um pas rico preocupado com a poluio atual nos pases subdesenvolvidos. Mas existe um complicador a: que at h pouco tempo, at por volta dos anos 70, humanidade no sabia que a biosfera podia ser irremediavelmente afetada pelas aes humanas e existiam muito mais florestas ou paisagens nativas no sculo passado do que hoje. Nas ltimas dcadas parece que o mundo ficou menor e a populao mundial cresceu de forma vertiginosa, advindo da um maior desgaste nos recursos naturais e, ao mesmo tempo, uma conscincia de que a natureza no infinita ou ilimitada. Assim, o grande problema que se coloca nos dias atuais o de se pensar num novo tipo de desenvolvimento, diferente daquela que ocorreu at os anos 80, que foi baseado numa intensa utilizao - e at desperdcio - de recursos naturais no renovveis. E esse problema no meramente nacional ou local e sim mundial ou planetrio. A humanidade vai percebendo que uma s e que mais cedo ou mais tarde ter que estabelecer regras civilizadas de convivncia - pois o que prevaleceu at agora foi a lei da selva ou a do mais forte - , inclusive com uma espcie de Constituio ou carta de gesto do planeta , o nosso espao de vivncia em comum. apenas uma questo de tempo para se chegar a isso, o que provavelmente ocorrer no sculo XXI.

A partir da dcada de 1990, os problemas ambientais ganham ateno mundial, intensifica-se o movimento ecologista e comea-se a dar ateno especial ao que a ao humana pode causar ao meio ambiente. RIO 92, AGENDA 21 E RIO +10 Em 1992, ocorreu o primeiro grande evento organizado para debater formas de reduzir a devastao ambiental: a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (apelidada ECO 92), com sede no Rio de Janeiro. Na ECO 92 estabeleceram-se: - o conceito de desenvolvimento sustentvel (um desenvolvimento capaz de atender s demandas atuais sem comprometer a capacidade de atender as necessidades futuras). - a ideia de que os pases desenvolvidos so os principais responsveis pela poluio mundial e de que os pases em desenvolvimento no detm recursos e tecnologias para financiar a preservao ambiental e devem receber ajuda financeira e tecnolgica para isso. No final da Conferncia, foi elaborada a Agenda 21, documento que estabeleceu parmetros para o desenvolvimento sustentvel. Ele continha a ideia de adequar eficincia econmica proteo ambiental e justia social. Em 2002, a cidade sul-africana de Joanesburgo recebeu a conferncia Rio +10. Nela, pretendia-se verificar os avanos obtidos em 20 anos pelos pases participantes da ECO 92 e rever os objetivos estabelecidos. Porm, o total direcionamento da conferncia para debates de cunho social resultou em poucos resultados prticos. Suas principais conquistas foram: a rediscusso da Agenda 21, a busca por coloc-la em prtica e a criao da ideia de responsabilidade ambiental por parte dos cidados. PROTOCOLO DE KYOTO E COPENHAGEN Tratado internacional para reduo dos gases de efeito estufa, o protocolo de Kyoto visa diminuir as emisses de CO2 para patamares prximos aos das emisses de 1990. Seu principal obstculo a no adeso dos EUA, que consideram a relao entre aquecimento global e atividades humanas no comprovadas e alegam que cumprir as metas do acordo prejudicaria sua economia. Em dezembro de 2009 ocorreu o Encontro de Copenhagen, na Dinamarca. O objetivo era que os pases firmassem um acordo substituto ao Tratado de Kyoto e que pudesse deter, de forma prtica, as emisses de carbono e o aquecimento global. A reunio, no entanto, no teve o desfecho esperado, por conta do impasse criado pelas divergncias entre pases em desenvolvimento e desenvolvidos. Os industrializados esperam que os em desenvolvimento assinem o acordo, mas estes consideram que cumprir as

metas de reduo de emisses vai desacelerar suas economias e querem compensaes financeiras por parte dos desenvolvidos. Alm disso, os BRIC (Brasil, Rssia, ndia e China) alegam que os principais emissores de CO2 so os industrializados, devendo eles se comprometerem com a diminuio das emisses. PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS Poluio urbana: fbricas, automveis, indstrias e residncias so fontes de gases e resduos poluentes. Fenmeno importante a ser estudado a "inverso trmica", que ocorre quando as camadas da atmosfera se invertem, ficando as mais frias prximas ao solo e as mais quentes elevadas, dificultando a circulao de ar e concentrando poluio. Outro ponto importante so as "ilhas de calor", que ocorrem quando o centro da cidade, por ter muito concreto e prdios, torna-se mais quente que as reas ao redor. Poluio das guas: grande quantidade de lixo, derramamentos de combustveis e trfego de navios poluem as guas marinhas. Agrotxicos e fertilizantes poluem o campo. Na cidade, a gua muito desperdiada e ainda sofre com diversos tipos de poluio gerados pela atividade industrial. Aquecimento global: o problema ambiental global mais discutido. Consiste no aumento gradual da temperatura da Terra, mas a ideia de que a ao humana responsvel por ele no inteiramente aceita. Ressalta-se que a degradao ambiental no se restringe ao aquecimento do globo. Desmatamento: grande emissor de CO2, responsvel pela perda da biodiversidade e pela devastao da Mata Atlntica e das Araucrias. Ocorre, por exemplo, com a constituio de cidades, grandes poluidoras dos rios e do ar que avanam sobre mananciais (reduzindo a quantidade de gua potvel disponvel) e sobre reas remanescentes de vegetao. crescente tambm o processo de desertificao por conta da pecuria sobre regies fragilizadas.

Informativo do Instituto

DESAFIOS AMBIENTAIS DO SCULO XXI

Aquilo que parecia muito distante para vrias geraes, finalmente chegou. Chegamos ao final do sculo XX. Estamos entrando no sculo XXI. O que fizemos com o nosso planeta e o que faremos daqui pra frente?

O relatrio Planeta Vivo 2000, uma anlise sobre a sade do planeta realizada anualmente pela fundao, revelou que se cada ser humano consumir os recursos naturais e emitir dixido de carbono nos mesmos nveis que um cidado mdio dos Estados Unidos, Alemanha ou Frana, seriam necessrios, pelo menos, mais dois planetas para comportar tal consumo. Ou seja, o mundo vive um momento de insustentabilidade. Alm disso, o relatrio ainda informou que os ecossistemas de florestas, gua doce e marinho sofreram reduo de 1/3 desde 1970. A principal degradao teria ocorrido nos trpicos e regies temperadas do Hemisfrio Sul, como resultado do consumo dos habitantes do Hemisfrio Norte. A nica forma de reverter essa tendncia perigosa comear a encarar com seriedade os recursos naturais do planeta, observa o professor Ruud Lubbers, presidente do WWF Internacional. O ser humano no pode se dar ao luxo de continuar usando os recursos naturais da forma como vem fazendo. Esses e outros assuntos sero discutidos por lderes mundiais, organizaes no governamentais, especialistas, ambientalistas e outros representantes da sociedade em eventos como a Cpula de Gotemburgo - Estratgia de Sustentabilidade, em 2001, e a Conferncia Rio+10, em 2002. Enquanto essas reunies no comeam, conhea os principais desafios para a conservao do meio ambiente no sculo XXI, que sero pauta nas discusses. Biodiversidade

A destruio e a perda da biodiversidade foi um dos maiores problemas ambientais detectados no sculo XX e constitui-se em um dos grandes desafios do prximo milnio. A Conveno da Diversidade Biolgica (CDB), instituda na Rio 92, vem coordenando e orientando os procedimentos em vrios pases para a conservao da biodiversidade, a utilizao sustentvel de seus componentes e a repartio justa e equitativa dos benefcios derivados da utilizao dos recursos genticos. No Brasil, o desenvolvimento das linhas gerais definidas pela Conveno e a intermediao de informaes so de responsabilidade da Diretoria do Programa Nacional de Conservao da Diversidade Biolgica - DCBio, ligada ao Ministrio do Meio Ambiente. Os principais objetivos da DCBio so formular polticas e normas para a conservao e uso sustentvel da biodiversidade, disseminar informaes sobre biodiversidade, estabelecer um sistema de acesso a recursos genticos e estimular, nos setores pblico e privado, a conservao e utilizao sustentvel da biodiversidade. O Brasil tem um papel muito importante na conservao da biodiversidade devido s suas riquezas naturais. Nos principais biomas brasileiros, como Amaznia, Cerrado, Mata Atlntica e Caatinga, ocorre uma grande variedade de ecossistemas, o que concorre para a grande incidncia de diversidade biolgica. Em setembro desse ano, o Ibama divulgou um estudo demonstrando que o pas contribuiu com 10% do patrimnio natural total do mundo e que o valor monetrio desses recursos seria da ordem de US$2.072 bilhes.

Discusses sobre valores econmicos a parte, o fato que o Brasil um dos pases mais ricos em biodiversidade do mundo e precisa tomar cuidado para no perd-la. Entre os planos do Governo brasileiro est viabilizar o clculo de compensaes pelos danos causados ao meio ambiente com a extrao de recursos por empresas nacionais e internacionais. Hoje, por exemplo, a indstria farmacutica explora plantas nativas e micro-organismos e o pas tem um controle muito pequeno sobre essas atividades. Os nmeros da biodiversidade (e de sua degradao) no Brasil

O Brasil abriga cerca de 10 a 20% do nmero de espcies conhecidas pela cincia, sendo o pas com a maior biodiversidade do mundo. As espcies ocorrem principalmente nas suas extensas florestas tropicais midas, que representam cerca de 30% das florestas desse tipo no mundo. Diversas plantas de importncia econmica mundial so originrias do Brasil, destacando-se o abacaxi, o amendoim, a castanha do par, a mandioca, o caj e a carnaba.

A Amaznia, a maior floresta tropical mida do mundo, j perdeu uma rea de 532 mil km2, o equivalente ao territrio da Frana. Entre 1990 e 1995, a Mata Atlntica sofreu uma devastao de cerca de 500 mil hectares, o que equivale a 390 campos de futebol por dia. Hoje, 208 espcies de animais se encontram ameaadas de extino no Brasil. O Ibama prev a incluso de 10 novas espcies nos prximos anos. O Brasil abriga o maior nmero de primatas (55 espcies), anfbios (516 espcies) e animais vertebrados (3.010 espcies) do mundo. Tambm tem a mais diversa flora do planeta, nmero superior a 55 mil espcies descritas, o que corresponde a 22% do total mundial. Possui tambm 3 mil espcies de peixes de gua doce, totalizando trs vezes mais que qualquer outro pas do mundo. O Brasil um dos pases com a maior taxa de endemismo __ ocorrncia de espcies somente em um determinado local __ do mundo, ou seja, vrias espcies so exclusivamente brasileiras, no ocorrendo em nenhum outro lugar. So 68 espcies de mamferos, 191 de aves, 172 de rpteis e 294 de anfbios.

Biotecnologia e OGMs

A biotecnologia __ processo tecnolgico que permite a utilizao de material biolgico para fins industriais __ um dos assuntos mais polmicos discutidos nacional e internacionalmente. Os questionamentos vieram tona na sociedade principalmente na dcada de 90, com as especulaes em torno dos transgnicos, ou organismos geneticamente modificados (OGMs). Os OGMs so animais e plantas que sofrem modificaes geradas pela transferncia de caractersticas (genes) de uma espcie para a outra. Com o avano da engenharia gentica, passou-se a produzir alimentos transgnicos e pases do mundo inteiro passaram a se preocupar com as consequncias que esses poderiam gerar para a sade humana e para o meio ambiente.

Um dos avanos em relao a acordos sobre OGMs foi alcanado no final do ano passado, quando a Organizao Mundial do Comrcio assinou o Protocolo de Biossegurana em Montreal, Canad. Esse documento define a disciplina do comrcio internacional de produtos transgnicos, exigindo de alguns pases provas suficientes sobre segurana para o meio ambiente e para a sade. At ento, a produo de transgnicos no seguia essas regras. Atualmente, o lder mundial na produo de OGMs so os Estados Unidos, que cultivam plantas geneticamente modificadas desde 1994. Estima-se que, nos prximos cinco anos, as exportaes do pas sejam 100% de transgnicos ou de produtos combinados a eles. Na Europa, os consumidores se mostram mais temerosos em relao aos alimentos transgnicos e alguns pases chegam a no permitir sua comercializao. No Brasil, vivemos um impasse jurdico. A Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana, rgo responsvel pelo controle da biotecnologia, emitiu, por exemplo, parecer tcnico favorvel produo da soja trangncia RR, mas essa resoluo esbarrou em protestos por parte de ambientalistas, de alguns governos locais e de instituies. O fato que hoje ainda no temos uma poltica definida sobre produo e comercializao de alimentos transgnicos. A interferncia do homem na alterao dos processos vivos no recente. Data da origem dos primeiros seres humanos que habitaram nosso planeta. Muito antes do aparecimento da cincia que estuda a hereditariedade, chamada de Gentica, os agricultores e criadores de animais j procuravam melhorar a qualidade de suas plantas e animais

domsticos.

Os primeiros experimentos que deram incio Gentica foram realizados pelo monge austraco Gregor Mendel, em 1860. Os experimentos de Mendel com ervilhas levaram-no a concluir que as caractersticas da ervilha estavam sob o controle de dois fatores distintos (mais tarde denominados de genes): um, proveniente do parental macho, e o outro, do parental fmea. Os experimentos de Mendel auxiliaram o homem a aprender mais sobre Gentica, Hereditariedade e Biotecnologia. O mundo cientfico s veio a reconhecer o significado das descobertas de Mendel muito depois de sua morte, mas seu trabalho serve como um fundamento para a Biotecnologia. A partir da dcada de 50, com a elucidao molecular do cdigo gentico e da estrutura dos cidos nucleicos por Watson e Crick, os cientistas comearam a entender como a informao duplicada e passada de gerao para gerao. Por volta do incio da dcada de 80 os cientistas tornaram-se capazes de transferir pedaos de informao gentica, chamados de genes, de um organismo para outro __ surgia ento a moderna Biotecnologia, ou a tecnologia de DNA recombinante, engenharia gentica ou transgnicos. Embora essas palavras, sob o ponto de vista tcnico, no representem exatamente a mesma coisa, elas traduzem uma nova etapa da aplicao do conhecimento cientfico originando uma nova fase da Biotecnologia. Clima A mudana do clima foi reconhecida como uma preocupao comum da humanidade na Rio 92, com a assinatura da Conveno Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima, ou simplesmente Conveno do Clima. A conveno prope uma estratgia global para proteger o sistema climtico para geraes presentes e futuras. Um dos principais objetivos da conveno o desenvolvimento de polticas e programas que visem a estabilizao das concentraes de gases de efeito estufa na atmosfera. O aumento da concentrao desses gases um dos maiores responsveis pelo aumento da temperatura global, o que causa perigosas mudanas nos padres climticos mundiais.

As discusses sobre a mudana climtica global giram em torno do assunto emisses de gases de efeito estufa, sendo o CO2 o principal. Em 1997, pases do mundo inteiro se encontraram em Kyoto, no Japo, e ficou compromissado o corte, at 2010, de cerca de 5,2% das emisses de gases (considerando os nveis medidos em 1990). Em novembro de 2000 estar sendo realizada em Haia, na Holanda, uma conferncia complementar s decises feitas em Kyoto e vrios pases, inclusive o Brasil, discutiro os mecanismos e as regras para a diminuio das emisses.

Em junho desse ano, o Ministrio da Cincia e Tecnologia do Brasil criou o Frum Brasileiro de Mudanas Climticas, tendo como objetivo a conscientizao e a mobilizao da sociedade sobre o tema de mudana global do clima. A idia otimizar os debates sobre o assunto e as implementaes das aes necessrias para minimizao do problema contando com a participao de ONGs, do setor privado e da comunidade acadmica.

Indicadores e consequncias da mudana do clima global Concentrao de CO2 na atmosfera

ANO

CONCENTRAO DE CO2 (partes por milho)*

1959

315

1965

320

1970

325

1975

330

1980

340

1985

350

1990

360

*Nmeros aproximados Fonte: PIMC, 1990 Mudana no nvel dos oceanos

PERODO

AUMENTO DO NVEL DO MAR

Sculo XIX

15cm

At 2030

Mais 18cm

Em 2100

65cm acima dos nveis atuais

Fonte: WWF Mudana da temperatura global

Nos ltimos 50 anos, os Alpes na Europa perderam 50% de sua cobertura de gelo. Pesquisas sugerem que estamos vivendo o sculo mais quente dos ltimos 600 anos. A temperatura mdia da Terra hoje 4C acima do que era na ltima idade do gelo, cerca de 13 mil anos atrs. A temperatura mdia atual 1/2 grau superior da dcada de 1860, um aumento enorme para um perodo de apenas 130 anos. Se o ritmo atual de emisses continuar, a concentrao de dixido de carbono duplicar at o final do sculo. O resultado ser um aumento mdio da temperatura da Terra em cerca de 1C.

Fonte: WWF Desenvolvimento Sustentvel

O termo desenvolvimento sustentvel foi criado em 1987 e lanado para o mundo no Relatrio Nosso Futuro Comum, da Brundtland Commision (Comisso Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento). considerado o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras geraes de satisfazer as suas prprias necessidades. Em outras palavras, desenvolvimento sustentvel quer dizer desenvolvimento econmico com a conservao do meio ambiente, ou seja, desenvolver sem destruir.

Atualmente, as organizaes no governamentais de meio ambiente no falam somente em desenvolvimento sustentvel, mas tambm defendem a adoo da econologia, que combina princpios da economia, sociologia e ecologia. A econologia defendida por ambientalistas como a forma de viabilizar o desenvolvimento sustentado e seu conceito prev a reinveno da economia principalmente com a adoo de energia renovvel. No Brasil, as discusses sobre desenvolvimento sustentvel e sustentabilidade so coordenadas oficialmente pela Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel e da Agenda 21 Nacional (CPDS). A Agenda 21 foi o compromisso firmado pelos pases signatrios da Rio 92 de incluir o desenvolvimento sustentvel nas pautas de discusso de suas polticas internas e externas de desenvolvimento.

Em 1999, a CPDS desencadeou um processo de planejamento participativo para analisar a situao atual do pas. A idia era identificar suas potencialidades e fragilidades de forma a conceber um plano de desenvolvimento sustentvel. O resultado foi a elaborao do documento Agenda 21 Brasileira - Bases para Discusso, que contou com a participao de, aproximadamente, 800 representantes de diferentes setores da sociedade de diversas regies do pas. O objetivo deste documento ampliar a divulgao de informaes e o envolvimento da sociedade na discusso das propostas at agora formuladas, tendo assim mais subsdios para a formulao da Agenda 21 Nacional e das suas verses locais (para as cidades). Raio X dos desafios da sustentabilidade no Brasil e no mundo

No Brasil, os 50% mais pobres da populao, que tinham 18% da renda em 1960, tiveram sua parcela reduzida para 11,6% em 1995. J os 10% mais ricos passaram de 54% da renda nacional em 1960 para 63% em 1995. Portanto, toda a renda perdida pelo extrato mais pobre foi incorporada pelo segmento mais rico, que ainda se beneficiou de uma perda de 2,6% das camadas intermedirias. Alm disso, ainda ocorre acentuada disparidade de renda entre as regies do pas. Em 1996, a renda mdia nacional estava em US$ 5.240. No Sudeste, ela chegava a US$ 7.212, no Sul, a US$ 5.388 e no CentroOeste, a US$ 5.440. J no Norte no passava de US$ 3.747 e no Nordeste, de US$ 2.559.

A populao brasileira saltou dos 30 milhes de pessoas em 1960 para 80 milhes duas dcadas mais tarde e para 123 milhes de pessoas em 1996. Hoje, a populao estimada, de acordo com o censo realizado em 2000, em aproximadamente 160 milhes de pessoas. Essa progresso exigiu uma expanso urbana acelerada e desordenada, o que resultou em degradao ambiental e em degradao das infra-estruturas mnimas (saneamento, educao, sade, transportes, limpeza urbana, etc). Os pases j industrializados, onde se encontram 19% da populao mundial, respondem por 86% da produo e consumo mundial, 82% das exportaes de bens e servios, 71% do comrcio mundial, 68% dos investimentos estrangeiros diretos, 74% das linhas telefnicas, 58% de toda a energia produzida e 93,3% dos usurios da Internet. Enquanto isso, os 20% da populao mais pobres do planeta tm 1% do produto mundial, 1% das exportaes, 1% do investimento direto e 1,5% das linhas telefnicas. As trs pessoas mais ricas do mundo, juntas, detm ativos superiores ao produto bruto dos 48 pases mais pobres, onde vivem 600 milhes de pessoas. Pouco mais de 200 pessoas, detentoras de ativos superiores a US$ 1 bilho, juntas, tm mais do que a renda anual de 45% dos habitantes do planeta, cerca de 2,7 bilhes de pessoas. Essas pessoas aumentaram seus ativos em 150% em apenas quatro anos. Fonte: Relatrios do Desenvolvimento Humano, de 1998 e 1999, do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento - PNUD. Energia

De acordo com o Relatrio Mundial de Energia, publicado pela Organizao das Naes Unidas - ONU no segundo semestre desse ano, 80% do consumo energtico mundial tm origem em combustveis fsseis (petrleo, gs natural e carvo), cuja utilizao emite gases nocivos que aquecem o planeta, desestabilizando o clima global. Com as tendncias atuais, ainda segundo o relatrio, no possvel sustentar nenhum modelo de desenvolvimento econmico compatvel com a preservao do meio ambiente se mudanas nos padres de produo e consumo no forem viabilizadas.

O documento produzido pela ONU define trs linhas de atuao bsicas (e rentveis) para a resoluo da problemtica em torno da energia produzida e consumida no planeta: mais pesquisas, mais fontes renovveis e mais eficincia no consumo em residncias, empresas e veculos, que hoje desperdiam cerca de 30% da energia produzida. O relatrio tambm afirma que tornam-se necessrias mudanas legislativas que desestimulem o atual uso ineficaz, e incompatvel com a qualidade do meio ambiente, dos combustveis fsseis tradicionais. Atualmente, as energias renovveis e no prejudiciais natureza __ hidrulica, solar, elica, geotrmica, por biomassa, entre outras __ satisfazem 14% do consumo energtico mundial. Apesar do principal obstculo ao crescimento do uso de energia alternativa ser o risco econmico que as fontes mais naturais oferecem, o documento da ONU indica que a tendncia que os custos dessas tecnologias vo diminuir rapidamente, at ficarem competitivas com os combustveis fsseis em alguns setores, principalmente nas reas rurais. No Brasil, o maior problema enfrentado o desperdcio de energia eltrica assistido nas ltimas dcadas. Alm do consumo ter aumentado junto com o crescimento da populao, cerca de 12% da energia eltrica que o pas produz, segundo dados atuais da Eletrobrs, no so usados para nada, ou seja, so desperdiados. Esse nmero equivale a 7.500 megawatts (MW), ou o consumo de 40% das residncias brasileiras. Na verdade, desde 1995 o consumo de energia eltrica vem crescendo mais do que a capacidade de gerao das usinas hidreltricas, termeltricas e nucleares em funcionamento. Assim, o combate ao desperdcio passa a ser a fonte de produo mais barata e mais limpa que existe, uma vez que gera economia e evita maiores impactos ao meio ambiente. Recursos Hdricos H quem diga que se a humanidade enfrentar uma III Guerra Mundial, seu estopim principal ser a gua, j considerada por muitos atualmente como o ouro do terceiro milnio. Tanta valorizao explicada por uma triste estimativa: a gua no um recurso inesgotvel e ser certamente um bem escasso no futuro. No Brasil, um pas privilegiado, que possui uma das mais extensas redes hidrogrficas do mundo, o assunto gua est em alta com as discusses em torno da recm instituda Poltica Nacional de Recursos Hdricos e da recm-criada Agncia Nacional da gua - ANA, cujos objetivos so gerenciar

a gesto dos recursos hdricos nacionais.

Discusses e leis parte, o fato que a demanda por gua cresce a cada ano e as reservas disponveis no so inesgotveis. Esse dado vale para o Brasil e para o mundo. Em outras palavras, novas aes de uso da gua devem ser tomadas. Aes essas, que vo desde alertar a sociedade para a importncia da economia dentro de casa at o estabelecimento de polticas pblicas que garantam o gerenciamento democrtico, sustentvel e integrado dos recursos hdricos. As alarmantes estimativas da gua No mundo Relatrio da Organizao das Naes Unidas (ONU) de 1992 afirma que por volta do ano 2020 a carncia de gua vai afetar 2/3 da populao mundial. Hoje, 20% da populao do planeta no tm acesso gua potvel para beber e 50% sofrem com problemas sanitrios. Da gua existente no mundo, apenas 1% doce e est disponvel para o uso. Do restante, 97% gua salgada e 2% formam as geleiras inacessveis. De 1900 a 1997, a populao do planeta dobrou e o consumo de gua cresceu sete vezes. De toda a gua doce consumida no planeta, 70% se destina ao uso agrcola em irrigao. Com o crescimento da populao, esse nmero, j muito alto, tende a aumentar. guas poludas afetam a sade de, aproximadamente, um milho e duzentas mil pessoas e contribuem para a morte de 15 milhes de crianas com menos de cinco anos. O consumo de gua em uma famlia de classe mdia nos Estados Unidos chega a 2 mil litros por dia. Na frica, esse consumo de apenas 150 litros e milhes de famlias ainda precisam carregar guas por longas distncias. Pases cujas reservas de gua so menores do que 1000 metros cbicos por pessoa por ano sofrem com sua escassez. Abaixo desse nmero, a falta de gua vira um problema scioeconmico e ambiental. Hoje, cerca de 30 pases se encontram nessa situao, sendo que 20 deles enfrentam a total escassez de gua. Quarenta e um por cento das terras para agricultura encontram-se inapropriadas para uso devido a longos perodos de seca, desertificao, eroso por gua e vento e outros problemas. Essa situao, agravada pela necessidade de se alimentar um adicional de cerca de 84 milhes de pessoas a cada ano, leva perda de 15 milhes de hectares de florestas anualmente. O mundo assiste expanso da desertificao a uma taxa de 10 milhes de hectares por ano e calcula-se que sejam investidos cerca de US$ 42,3 bilhes anualmente em programas de combate desertificao. Hoje, a desertificao atinge cerca de 70% dos 5,2 bilhes de hectares das terras secas do planeta. Mais de 50% dos rios do mundo esto poludos ou em vias de serem exauridos devido ao desperdcio e m-gesto dos recursos hdricos nas bacias fluviais. Entre os rios que correm maior perigo esto o Amarillo, na China, o Colorado, nos Estados Unidos, o Nilo, no Egito e o Volga, na Rssia. No Brasil O Brasil detm 8% de toda a gua disponvel para uso humano no mundo. A maior parte dessa gua, cerca de 80%, est na regio Amaznica, onde vivem apenas 5% da populao brasileira. O desperdcio de gua da ordem de 40% no pas, um ndice considerado muito alto. Ou seja, de cada 100 litros usados, por exemplo, 40 poderiam ter sido poupados. Apenas 16% dos esgotos sanitrios so tratados no pas. O restante jogado in natura nos rios, lagoas e mares. Da populao brasileira, 45% ainda no tm acesso aos servios de gua tratada e 96 milhes de pessoas vivem sem esgotamento sanitrio. Estima-se que 72% dos leitos hospitalares so ocupados por pacientes vtimas de doenas transmitidas atravs da gua, como desinteria, hepatite, clera e esquistossomose. Entre 1979 e 1995, cerca de 343 mil crianas com menos de cinco anos morreram no Brasil em consequncia do consumo de gua contaminada por falta de tratamento adequado. Quarenta por cento dos bitos aconteceram na regio Nordeste. No Nordeste, 12 milhes de pessoas so atingidas pela seca por ano. Na regio semi-rida encontram-se os indicadores sociais mais alarmantes do pas. As reas suscetveis ocorrncia de desertificao no pas encontram-se na regio Nordeste e ao norte de Minas Gerais e correspondem a 900 mil quilmetros quadrados. Estima-se que as perdas econmicas geradas cheguem a US$ 100 milhes por ano. O Brasil detm 77% das guas de superfcie da Amrica do Sul e um dos que mais sofrem com o desequilbrio entre a oferta e a demanda, o desperdcio, a poluio ambiental e a violao das reas de preservao dos cursos de gua. A poluio ambiental um dos principais fatores que colaboram com a degradao dos recursos hdricos no Brasil. Estima-se, por exemplo, que 50% das praias brasileiras estejam poludas por esgotos, vazamentos de petrleo e lixos. Fontes: The World Watch Institute, MMA, Fundao Nacional de Sade, Unep (Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente) e Banco Mundial. BCpula do Milnio DECLARAO DAS NAES UNIDAS

Adotada pela Assemblia Geral - 8 de setembro de 2000 Valores e Princpios Ns, Chefes de Estado e Governo, estamos congregados na sede das Naes Unidas, em Nova York, de 6 a 8 de setembro de 2000, no alvorecer de um novo Milnio, para reafirmar nossa f na Organizao e sua Carta como fundamentos indispensveis para um mundo mais pacfico, prspero e justo. Ns reconhecemos que, em adio s nossas responsabilidades para com as nossas prprias sociedades, temos a responsabilidade coletiva com a sustentao dos princpios de dignidade humana, igualdade e eqidade, em nvel global. Como lderes, ns temos um dever, enquanto livres, com todos os povos do mundo, especialmente os mais vulnerveis, em particular, as crianas do mundo a quem pertence o futuro. Ns reafirmamos nosso compromisso com os propsitos e princpios da Carta das Naes Unidas, que tem provado serem perenes e universais. Certamente, sua relevncia e capacidade para orientar tem aumentado, como naes e povos tm se tornado crescentemente interconectados e interdependentes (...). Ns consideramos certos valores fundamentais como essenciais para as relaes internacionais no sculo vinte e um. Estes incluem: Liberdade