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UM PLANO NACIONAL PARA BANDA LARGA O BRASIL EM ALTA O BRASIL EM ALTA VELOCIDADE

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UM PLANO NACIONAL PARA BANDA LARGA

O BRASIL EM ALTAO BRASIL EM ALTAVELOCIDADE

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Ministro de Estado das Comunicações

Senador Hélio Costa

Secretário de Telecomunicações

Roberto Pinto Martins

Diretor de Serviços e de Universalização de Telecomunicações

Átila Augusto Souto

Organizadores

Átila Augusto Souto

Daniel B. Cavalcanti

Roberto Pinto Martins

Colaboradores

Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel

Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações – CPqD

Associação Brasileira de Telecomunicações – Telebrasil

Sumário

1 Introdução .................................................................................................................21 1.1 Motivação ............................................................................................................21 1.2 Definição ..............................................................................................................24 1.3 Objetivos ..............................................................................................................24 1.4 Princípios .............................................................................................................25 1.5 Estrutura do documento ......................................................................................26

2 A infraestrutura de banda larga do futuro..............................................................28 2.1 Uma nova abordagem para as políticas públicas: as TICs como um sistema de inovação ......................................................................................28 2.2 A evolução da oferta de serviços e aplicações ....................................................31 2.2.1 A Internet do futuro ....................................................................................32 2.2.2 A nova cesta de serviços e aplicações ......................................................32 2.2.3 Os requisitos oriundos da nova cesta de serviços e aplicações ...............33 2.3 Umadefiniçãoabertadabandalarga .................................................................35

3 Diagnóstico da banda larga no Brasil ....................................................................37 3.1 A difusão do acesso banda larga no Brasil .........................................................37 3.1.1 Bandalargafixa ........................................................................................37 3.1.2 Banda larga móvel ....................................................................................42 3.2 Comparação internacional da evolução da banda larga .....................................47 3.2.1 Seleção dos países para análise ..............................................................47 3.2.2 Histórico da banda larga no Brasil e nos países selecionados .................50 3.2.3 Prognóstico da difusão da banda larga no Brasil e nos países selecionados .............................................................................................53 3.3 Análise de Gap ....................................................................................................56 3.4 VertentesdamassificaçãodoacessoBandaLarga ............................................58 3.5 Restrições ao crescimento da demanda .............................................................59 3.5.1 Proporção de domicílios com computadores e com Internet ....................59 3.5.2 Quantidade de Acessos a Internet ............................................................62 3.5.3 Penetração da banda larga .......................................................................64 3.5.4 CaracterísticasdoserviçoBL:velocidade,taxasdecontenção e limitação de banda .................................................................................65 3.5.5 Preço da Internet banda larga ...................................................................66 3.5.6 Renda média da população ......................................................................70 3.5.7 Nível educacional ......................................................................................72

3.5.8 Habilidade em TICs ...................................................................................74 3.6 Restrições ao crescimento da oferta ...................................................................75 3.6.1 Cobertura da banda larga .........................................................................75 3.6.2 Competição ...............................................................................................80 3.6.3 Alocação de espectro ................................................................................86 3.6.4 Investimentosnaatualizaçãoeexpansãodainfraestruturaexistente ......88 3.6.5 Investimentos em redes de transporte ......................................................91 3.7 Restriçõesregulatóriasàmassificaçãodabandalarga ......................................94 3.8 Desafiosdosserviçosdegovernoeletrônicoedascidadesdigitais ...................97 3.8.1 Principaisdesafiosàimplantaçãodascidadesdigitais ...........................100 3.8.2 Limitaçõesparaodesenvolvimentodepontospúblicosdeacesso ........104 3.9 Oportunidades para Política Industrial e de Desenvolvimento Tecnológico ......106

4 Metas .......................................................................................................................110 4.1 Acesso individual urbano ................................................................................... 111 4.2 Acesso coletivo urbano ..................................................................................... 112 4.3 Acesso individual rural ....................................................................................... 112 4.4 Acesso coletivo rural ......................................................................................... 113 4.5 Acesso Móvel .................................................................................................... 114

5 Mecanismos e instrumentos de ação ................................................................... 115 5.1 Mecanismos de estímulo ao investimento privado ............................................ 115 5.1.1 Mecanismos que acelerem a cobertura de banda larga em regiões pouco adensadas e áreas rurais ............................................................. 115 5.1.2 Mecanismos de estímulo à competição .................................................. 115 5.1.3 Mecanismosdefinanciamento ................................................................ 119 5.1.4 Mecanismos para diminuição da carga tributária ....................................121 5.1.5 Mecanismosparaqualificaçãodepontosdeacessocoletivoprivados ..122 5.2 Mecanismos regulatórios ...................................................................................123 5.2.1 Massificaçãodeacessos ........................................................................124 5.2.2 Instrumentosdefomentoàmassificaçãodabandalarga .......................126 5.3 Questãoregulatóriaespecial:gestãodoespectropararedessemfio .............130 5.3.1 Faixade450MHz ...................................................................................130 5.3.2 Faixade700MHz ...................................................................................131 5.3.3 Faixade2,5GHz ....................................................................................131 5.3.4 Faixa3,5GHz .........................................................................................132 5.3.5 FaixasdeFrequênciaNãoLicenciadas ..................................................133 5.4 AçõesdoGovernoFederal ................................................................................133 5.4.1 ProgramaBandaLarganasEscolas .......................................................133

5.4.2 Programa Nacional de Telecomunicações Rurais ...................................134 5.4.3 Programas para Telecentros ...................................................................134 5.4.4 Programa para Montagem de Rede de Transporte de Dados no Atacado ...142 5.5 AçõesdosEstados,MunicípioseSociedadeCivil ............................................144 5.5.1 Estados ...................................................................................................144 5.5.2 Municípios ...............................................................................................149 5.5.3 Sociedade Civil ........................................................................................152 5.6 Instrumentos para o fomento industrial .............................................................154

6 Diretrizes para Atingir as Metas ............................................................................156 6.1 Diretrizes para estímulo à competição ..............................................................156 6.2 Diretrizesparafinanciamentodastelecomunicações .......................................156 6.3 Diretrizes para diminuição da carga tributária. ..................................................157 6.4 Diretrizes regulatórias ........................................................................................157 6.5 DiretrizesparaGestãodoEspectro ..................................................................158 6.6 DiretrizesparaprogramasdoGovernoFederal ................................................159 6.7 Diretrizes para o fomento das “Cidades Digitais” ..............................................159 6.8 Diretrizes para Telecentros ................................................................................159 6.9 Diretrizes para o Fomento Industrial .................................................................160

7 Investimentos .........................................................................................................161 7.1 Investimentos privados ......................................................................................161 7.2 AportesPúblicosFederais,EstaduaiseMunicipais ..........................................165 7.2.1 Investimentos em Telecentros .................................................................166 7.2.2 Cidades Digitais ......................................................................................167

8 Modelo de Gestão para o Plano Nacional de Banda Larga ................................169 8.1 Aspectos da coordenação público-privada ........................................................169 8.2 Principaisdesafiosdegerenciamento ...............................................................169 8.3 DefiniçãodaGestãoeModelodeGovernança .................................................171 8.4 OPNBLeoscompromissosinternacionaisdoBrasilnoÂmbitoEsportivo ......173

9 Anexos ................................................................................................................174 9.1 AnexoI–Projeçãodonúmerodeacessosbandalarga ...................................174 9.2 AnexoII–Metodologiaparaadistribuiçãodemográficadetelecentros ...........174 9.3 AnexoIII–AcessoaosServiçosdeComunicaçõesnosDomicíliosBrasileiros ..178 9.4 AnexoIV–SatéliteGeoestacionárioBrasileiro(SGB) ......................................179

10 Referências Bibliográficas ....................................................................................188

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Sumário Executivo

A sociedade contemporânea, marcada pelo uso e aplicação de conhecimento e dainformação,estávivendoumarevoluçãotecnológica.Osefeitosdessarevoluçãopermeiamtodas as esferas da atividade humana,moldando as relações sociais, a economia e oavanço da ciência e tecnologia.

Nessecontextoda “economiadoconhecimento”,onde informaçãoeconhecimentosãoinstrumentos de trabalho, a infraestrutura de acesso a Internet embanda larga é vistacomo essencial para o desenvolvimento e competitividade das nações. As aplicações proporcionadasporessainfraestruturatrazembenefíciosàvidacotidiana,pormeio,porexemplo,dofornecimentodeacessoainformaçõeseserviçosdesaúde,educação,comércioeentretenimento,bemcomoàeconomia,pormeiodamudançadehábitoseprocessosdeindivíduos,empresasegovernos,comreflexosnaprodutividadeecompetitividadedasfirmasedopaís.

O potencial do acesso a Internet em banda larga de dinamizar a economia e de trazer benefícios sociais tem levado à adoção por diversos países de programas nacionais de expansãodabandalarga.OBrasil,emboraaindaapresenteumabaixadifusãodoacessoembandalarganosdomicílios,demonstraumelevadopotencialdeparticipardasociedadedainformação,jáqueopaíspossuimaisde64milhõesdeinternautaseobrasileiroestáentreosqueusammaisintensivamenteaInternet(30horase13minutosmensais).

Nessecontexto,oMinistériodasComunicaçõesestabeleceapresentepropostaparaumPlanoNacionaldeBandaLarga(PNBL),comoobjetivodemassificar,até2014,aofertade acessos banda larga e promover o crescimento da capacidade da infraestrutura de telecomunicaçõesdopaís.Essaexpansãodaofertavisa:

- Acelerar a entrada da população na moderna Sociedade da Informação;

- Promover maior difusão das aplicações de Governo Eletrônico e facilitar aoscidadãos o uso dos serviços do Estado;

- Contribuir para a evolução das redes de telecomunicações do país em direção aosnovosparadigmasdetecnologiaearquiteturaquesedesenhamnohorizontefuturo,baseadosnacomunicaçãosobreoprotocoloIP;

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- Contribuirparaodesenvolvimentoindustrialetecnológicodopaís,emparticulardosetordetecnologiasdeinformaçãoecomunicação(TICs);

- Aumentar a competitividadedasempresasbrasileiras, emespecial daquelas dosetordeTICs,assimcomodasmicro,pequenasemédiasempresasdosdemaissetoreseconômicos;

- Contribuir para o aumento do nível de emprego no país;

- Contribuir para o crescimento do PIB brasileiro.

Assim,tendoemvistaqueasredesdetelecomunicaçõesembandalargasãoainfraestruturada sociedade da informação, este PNBL foi desenvolvido em torno de aspirações porresultadossociaiseeconômicos.

Éimportanteregistrarque,noanode2000,aONUrealizouaCúpuladoMilênio,naqual191paísesaprovaramasMetasdoMilênio.Essespaíses,inclusiveoBrasil,secomprometeramacumprir,até2015,oitometasdereduçãodadesigualdadeedapobreza,edemelhoriadas condições de vida da população.

Mais recentemente,alinhadocomesseobjetivo,aONUpropôsumadiscussãosobreopapeldaInternetnessecontexto,naCúpulaMundialdaSociedadedaInformação(WSIS– World Summit on the Information Society),queserealizouemduasfases–umaprimeiraemGenebra(2003),easegundaemTunis(2005),etraçoumetasaindamaisambiciosasrelativas às tecnologias da informação e de comunicação – estender a Internet a todas as localidades do mundo até 2015. São metas da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação: conectar todasas localidades, todasas instituiçõesdeensino, todasas instituiçõesdepesquisacientífica,todososmuseusebibliotecaspúblicas,todososhospitaisecentrosdesaúde,assimcomoasinstituiçõesemtodososníveisdegoverno.Adicionalmente,visaadaptaroscurrículosescolaresparaenfrentarosdesafiosdasociedadeda informação,assegurarquetodostenhamacessoàtelevisãoeaorádio,egarantirquemaisdametadedapopulaçãomundialtenhaacessoàsTICaté2015.

Umdos princípios destePNBL é o estímulo ao setor privado para que este invista nainfraestrutura de banda larga, em regime de competição, cabendo ao Estado atuar deformacomplementar,focalizandoseusinvestimentosdiretos,principalmenteemacessoscoletivoseemcontextosdereduçãodasdesigualdadesregionaisesociais.OpapeldosetorprivadodeinvestidoreaatuaçãodoEstadodeformacomplementarestãoemlinhacomaspolíticaspúblicasdediversosoutrospaíses,conformeanálisedaOrganizaçãoparaaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômico(OCDE)[1].

O diagnóstico da banda larga no Brasil identificou os principais aspectos que podemrestringir seu avanço e inibir a difusão de seus benefícios pela sociedade, dentro dasdimensões:dademanda,daoferta, da regulaçãoedaspolíticasdegovernoeletrônicoedecidadesdigitais.Levantou-sequeonúmerodeacessosaInternetembandalargafixaatingiuaproximadamente9,6milhõesemdezembrode2008,oquecorrespondea

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aproximadamente17,8acessosacada100domicíliose5,2acessosacada100brasileiros.Apesardocontínuocrescimentononúmerodeacessos–taxaanualmédiadecrescimentode 49% entre os anos de 2002 e 2008 – observa-se uma forte desaceleração a partir de 2004.Além disso, na comparação internacional com países que, sob determinadoscritérios,apresentamcondiçõessemelhantesaoBrasil–Argentina,Chile,China,MéxicoeTurquia–,opaísapresentabaixosníveisdepenetraçãodebandalarga.

O prognóstico da difusão dos acessos banda larga no Brasil e nos países selecionados para comparação demonstra que, sem que medidas sejam tomadas para acelerar adifusãodabandalarga,oBrasilpermaneceráemsituaçãodedesvantagemaolongodosanos.AprojeçãorealizadaindicaqueoBrasilatingiráaproximadamente18,3milhõesdeacessosbandalarganofinalde2014,oquecorrespondeacercade31,2acessosacada100domicílios,númerobastanteinferioràmédiade37,0acessosacada100domicíliosprojetados para os países analisados.

Éimportanteressaltarqueadifusãodabandalarganãoocorredemaneirahomogêneapelapopulaçãobrasileira,devido,principalmente,àsdesigualdadessocioeconômicaspresentesnopaís.Tem-se,porexemplo,queaproximadamente40%dosacessosembandalargaestão no Estado de São Paulo e as regiões nas quais os rendimentos médios domiciliares sãomenorespossuempenetraçãodeacessoembandalargamaisbaixa.Nestesentido,estePNBLestabelecediretrizesemetasdiferenciadasparaasáreasurbanase rurais,sejam acessos coletivos bem como acessos individuais.

A demanda por acesso aos serviços de telecomunicações, sobretudo de infraestruturade banda larga, pode ser dividida em três categorias:municípiosmaiores, em que hácompetiçãoentreredeseplataformasdeserviço;municípiosmenores,emqueasredesestãochegandopormeiodoestabelecimentodemetasdeuniversalização;eáreasremotasedefronteira,cujoatendimentosóseviabilizapormeiodeprogramaspúblicos.Afiguraaseguir ilustraasdiferentesvertentesqueumaestratégianacionaldemassificaçãodoacesso banda larga deve contemplar.

Figura 1 – Vertentes da massificação do acesso Banda Larga

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Com relação às restrições ao crescimento da demanda, uma análise realizada nessediagnóstico revelou que o Brasil está em desvantagem frente aos países analisados em quasetodososaspectosconsiderados.Destaca-seabaixarendadafamíliabrasileiracomooprincipalfatorlimitanteaoconsumodeassinaturabandalarga,umavezqueconcorrecom outros gastos na cesta de consumo familiar.

Outroaspectoqueconfirmaqueospreçosdeassinaturabandalargasãoumfatorlimitanteàexpansãodabanda larganopaíséaaltasensibilidadeaopreçoqueoconsumodeInternet pelos brasileiros demonstra. A análise sugere que se houver alguma políticagovernamentalquereduzaopreçofinaldaassinaturadeInternetouassinaturabandalarga,analogamente,apenetraçãodoserviçotenderáaaumentardemaneirasignificativa.

O Brasil se destaca dos demais países com relação ao número de usuários de Internet (bandalargaebandaestreita),comaproximadamente39usuáriosacada100habitantesacessandoaredeem2008,oqueindicaqueexisteumademandareprimidaaseratendidapelo acesso em banda larga. O acesso a Internet é feito em sua maioria a partir dos domicílios(43%)edoscentrospúblicospagos(47%).

Comrelaçãoàsrestriçõesaocrescimentodaofertadeinfraestruturabandalarga,oBrasilvematuandoparasuperarumdosprincipaisfatoresdelimitaçãodaexpansãodacoberturabandalarga,ouseja,aexpansãodobackhaul a mais localidades. Este tema foi abordado recentementepormeiodatrocadeobrigaçõesdoPGMUIIdasconcessionáriasdoSTF.Destaca-se a importância de garantir a oferta não discriminatória aos nós de acesso ao backhaul.

OutroaspectorelacionadoàofertaéabaixacompetiçãoentreplataformastecnológicasnoBrasil.Apesardas taxasdecrescimentodoacessopormeiodeoutrasplataformas,sobretudo da plataforma cable modem,viremaumentandodeformamaisaceleradaqueaplataformaADSL,oacessopormeiodestatecnologia,em2008,aindarepresentavacercade70%dabandalarganopaís.Verifica-se,portanto,queexisteespaçoparaimpulsionara penetração da banda larga no país por meio do estímulo à competição entre plataformas tecnológicas distintas.

OBrasilavançoubastantenosúltimosanos,emtermosderenovaçãodoarcabouçore-gulatório, implantando instrumentos importantesparaoestímuloàcompetiçãoeuniver-salizaçãodosserviçosde telecomunicações.Noentanto,emaspectosmaisamplosdoarcabouçolegaleregulatóriodosetordetelecomunicações,oBrasilencontra-seatrásdepaísesimportantesnacomunidadeinternacional,principalmenteemrelaçãoàimplantaçãode alguns mecanismos de controle do setor.

Em relação à competição, o Regulamento de Portabilidade é exemplo das conquistasimportantes que marcam a evolução do setor de telecomunicações brasileiro. Também houvemelhoranoquedizrespeitoaocontroleexercidopelaANATEL,comapromulgaçãodoRegulamentodeSeparaçãoeAlocaçãodeContas,instrumentoimportantenocontroledasempresasquedetêmpoderdemercadosignificativo.

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Entretanto,instrumentosquepoderiamauxiliarnadisseminaçãodoacessoaoserviçobandalargaaindacarecemdeimplementação,taiscomoocompartilhamentodeinfraestrutura.Alémdisso, a regulamentaçãoespecífica aoSCM–especialmente no que se refere àadequaçãodasregrasde interconexãoeaeliminaçãoderestriçõesàmobilidade–eaprópria regulamentação de poder de mercado significativo devem alavancar de formasignificativaodesenvolvimentodosetor.

No que se refere aos desafios dos serviços de governo eletrônico, algumas pesquisasindicamquehácorrelaçãopositivaentreadisponibilizaçãodessesserviçoseaofertadebanda larga. Embora o Brasil se destaque na oferta de determinados serviços de governo eletrônico,principalmentenaesferafederal,aindahádesafiosnaincorporaçãodasTICspelosetorpúblicoemsuasoperaçõesounoatendimentoaocidadão,principalmentenaesfera municipal.

Emdiversospaíses,diferentesarranjosvêmsendofomentadosnabuscapornovosmodelosdesustentabilidade,principalmente,pormeiodeiniciativasdenominadas“cidadesdigitais”,estimuladasporliderançaslocaisouporpolíticasdegoverno.Entretanto,paraviabilizaçãodestetipodepolíticanoBrasilháqueseenfrentardesafios,dentreosquais:

i)aidentificaçãoeaplicaçãodemodelosdesustentabilidadeadequadosàsdiversascondições socioeconômicas regionais existentes, que sejam, ainda, compatíveis,com o quadro regulatório e também coerentes com o modelo adotado para o setor de telecomunicações;

ii)superaçãodebarreirasàdifusãodasTICsnaesferapúblicamunicipal,taiscomo,obaixograude informatizaçãodasprefeituras,gargalosnaofertadesoluçõeseserviços de TICs em pequenos municípios e o desenvolvimento de uma cultura da utilização destas tecnologias pelo servidor público.

A partir das análises que compuseram o diagnóstico do quadro brasileiro foi estabelecido umconjuntodemetasaseremperseguidas,classificadasquanto:

i)àabrangênciadaofertadeacessobanda larga,distinguindo-seáreasurbanaseáreas rurais; e

ii)aotipodeacessoparaqueapopulaçãousufruadosserviços,diferenciandooacessoindividual do coletivo.

A tabela a seguir apresenta um sumário das metas estabelecidas neste Plano Nacional de BandaLarga.

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Tabela 1 – Metas de Banda Larga

Abrangência e tipo de acesso

Metas para 2014

AcessoFixoIndividual

(UrbanoeRural)

• 30 milhões de acessos banda larga fixa(urbanoserurais),somando-seosacessosemdomicílios,propriedades,empresasecooperativas.

AcessoFixoColetivo

(UrbanoeRural)

Levaracessobandalargaa100%dosórgãosdeGoverno,incluindo:

• 100%dasunidadesdaAdministraçãoFederal,dosEstadoseMunicípios.

• 100%dasescolaspúblicasaindanãoatendidas(maisde70.000rurais).• 100%dasunidadesdesaúde(maisde177.000).• 100%dasbibliotecaspúblicas(maisde10.000).• 100%dosórgãosdesegurançapública(maisde14.000).Implantar 100 mil novos Telecentros Federais até 2014.

Acesso Móvel• 60 milhões de acessos banda larga móvel,entreterminaisdevoz/dados

(comserviçodedadosativo)emodemsexclusivamentededados.

Destamaneira,estePNBLdeveráelevaraquantidadedeacessosbandalargaparacercade 30milhões fixos e de aproximadamente 60milhões de acessosmóveis, até 2014,totalizando 90 milhões de acessos banda larga. Isto representa alcançar um nível deteledensidadepróximode50acessospor100domicílios(emacessosfixosbandalarga),ou45acessospor100habitantes(acessosfixosemóveisembandalarga)nototal.

Visando atingir asmetas estabelecidas, foi identificado um conjunto demecanismos einstrumentos capazes de solucionar as restrições existentes e garantir a expansão doacesso a Internet em banda larga.

Umprimeiroconjuntodemecanismosédirecionadoaoestímulodoinvestimentoprivado,visando: acelerar a cobertura banda larganopaís; incentivar a competição, o que trazmenorespreçosaoconsumidoremaioradesão;eproporcionaramelhoriadeinfraestruturadefinanciamentoaosetorprivado.

A Tabela 2 a seguir resume a segmentação de oferta e demanda para os diferentes mercados. Tendo em vista que a atual base de assinantes de banda larga equivale ao atendimento das classes de rendamais alta nas grandes cidades (comos pacotes deserviçosatuais),odesafioéaadesãodenovosassinantesnessasgrandescidades(comaofertadenovospacotesdeserviço,taiscomoabandalargaaR$30,viabilizandooserviçoparaoutrasclassesderenda),bemcomoaexpansãodainfraestruturadebandalargaàscidadesmenores(pormeiodenovosinvestimentosnasredesfixasemóveis).

Paraatendimentoespecíficodademandaporbandalargaemáreasrurais,ocaminhoéaacelerar a implementação do Programa Nacional de Telecomunicações Rurais.

15

Tabela 2 – Segmentação da Oferta e Demanda de Banda Larga

MunicípiosPopulação Classe

de Renda

Demanda

Oferta de Infraestrutura de Banda Larga

Backbone Backhaul Acesso

Total Urbana % Fixo Móvel Fixo Móvel Fixo Móvel

266 102M37M 20% Cidades

com mais de 100K habitantes

AB PSA MA MA MA MA MA MA

51M 27% CDE NPS MA MA NIBL NIBL NIBL NIBL

5298 87M

14M 7% Cidades com menos

de100K

habitantes

AB PSA NIBL NIBL NIBL NIBL NIBL NIBL

49M 26% CDE NPS NIBL NIBL NIBL NIBL NIBL NIBL

20% Rural(Pop.=32M) NPS PNTR PNTR PNTR PNTR PNTR PNTR

MA Mercado AtualPSA Pacotes de Serviço AtuaisNPS Novos Pacotes de ServiçosNIBL Novos Investimentos de Expansão da Banda Larga Fixa e MóvelPNTR Programa Nacional de Telecomunicações Rurais

Outro conjunto de mecanismos é direcionado aos aspectos regulatórios e de redução tributária,osquaisvisampromoveramassificaçãodabandalarga,pormeiodeinstrumentosdeestímuloàoferta,àdemandaeamelhoriadaqualidade,edoacessoaosserviçosde telecomunicaçõesque lhedãosuporte .Ademais,estePNBLpropõeaalocaçãodoespectrodefrequênciaparaoprovimentodeInternetembandalarga,pormeiodeserviçosbaseadosemredessemfio,nasfaixaslicenciadasde450MHz,2,5GHze3,5GHz.

OPlanoNacional deBandaLarga tambémestabeleceaçõesdoGovernoFederal quevisam promover a difusão da banda larga em áreas pouco favorecidas e pontos de acesso coletivoestratégicos,comoporexemplo,emescolasurbanas,ruraisetelecentros.

Há tambémdiversas ações que podem ser desenvolvidas pelos estados,municípios epelasociedadecivilquecontribuemparaasuperaçãodasbarreirasidentificadasparaodesenvolvimentodascidadesdigitais,inclusiveparaoprovimentodeserviçosdegovernoeletrônico.

A partir do diagnóstico realizado e dosmecanismos e ações propostos no PNBL, sãoestabelecidasdiretrizesemdiferenteseixos:

Diretrizes para estímulo à competição:-

Estruturar os ativos de fibras ópticas detidas por várias empresas como

participaçãoe/oucontroleestataldeformaaviabilizar,acurtoprazo,umnovobackbonenacional,quepermitaaofertadessacapacidadedetransportededados no atacado.

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Implantardepontosdetrocadetráfego(PTT)emtodososmunicípiosdoo

paíscompopulaçãosuperiora100milhabitantes,comoformademelhoraratopologiadaInternetnoBrasil,aumentaraconectividadeereduzircustosdetrocadetráfego,alémdegarantiraofertanão-discriminatóriadeacessoaobackhauldasconcessionáriasdoSTFC,pormeiodaofertadeinfraestruturaparaco-localizaçãodeequipamentosderede(collocation)nessespontos.

Aumentar em dez vezes a velocidade mínima de oferta dos serviços de o

acessobandalarga,até2014.

Realizar a concessão de novas outorgas ao setor de TV por assinatura via o

cabo visando elevar a pelo menos 25% o total dos domicílios atendidos com acessoInternetbandalargaviainfraestruturadeTVacabo,inclusivecomaumento do número de municípios com oferta do serviço.

Assegurar a inclusãodedutose fibrasóticas como itensobrigatóriosnao

implantaçãodeobraspúblicasdeinfraestrutura,incluindoasdetransportes,habitação,saneamentoeenergia,dentreoutras.

Diretrizes para financiamento das telecomunicações:-

OferecerlinhasdecréditodoBNDESparaprojetosdeexpansãodoacessoo

bandalarga,tantonosegmentodebandalargafixacomodebandalargamóvel.

Oferecer linhas de crédito do BNDES voltadas a projetos de inclusãoo

digitalcomacessobandalarga,emespecialasCidadesDigitais,paraasprefeituras.

Disponibilizar linha de crédito do BNDES para a disseminação eo

profissionalização dos pontos de acesso coletivo privados com acessobandalarga(Lan Houses).

Oferecer treinamentos e ações de apoio do SEBRAE, para pequenaso

empresas,deformaquepossamobterfinanciamentoecapacitaçãoparaaprestaçãodeserviçosnoâmbitodaspropostasdestePNBL.

Descontingenciamento orçamentário dos recursos do FUST e do o

FUNTTEL.

Diretrizes para diminuição da carga tributária:-

Promoveradiminuiçãodacargatributáriaembenseserviçosbandalarga,o

emespecialaincidênciadePIS/COFINS,àsemelhançadoquefoiadotadono programa Computador para Todos.

17

Estender às demais Unidades da Federação a aplicação da isenção do o

ICMS definida pelo Confaz, autorizada nos planos de acesso a InternetbandalarganoâmbitodoConvênioICMS38,de03/04/2009.

Incluir os prestadores de serviços banda larga, pertencentes à categoriao

demicroempresas ou empresas de pequeno porte, no Supersimples ouSimples Nacional.

ReduzirovalordaslicençasdeSCMe,emparticular,reduzirovalordaso

taxasdefiscalizaçãoquecompõemoFISTEL,paraprestadoresdeserviçosbandalargafixaoumóvel.

Desoneraçãotributáriadeequipamentosparabandalarga,comopartedeo

uma estratégia integrada de fomento industrial.

Diretrizes regulatórias:-

IncluirnonovoPlanoGeraldeMetasdeUniversalização(PGMUIII)metaso

de acréscimo na capacidade de transporte das redes de suporte ao STFC (backhaul).

Estimularacompetiçãonaofertadoserviçobandalarga,mediantereduçãoo

dasbarreirasdeentradaanovosprestadoresdeserviço.Nestesentido,arevisão dosRegulamentos deRemuneração deRedes, doRegulamentodeCompartilhamentodeInfraestrutura,doRegulamentodeInterconexão,bemcomoaRegulamentaçãodePoderdeMercadoSignificativo,podemser utilizadas em conjunto para criar assimetrias regulatórias que propiciem condições mais favoráveis a entrada de novos atores nesse mercado.

Reforçar a aplicação dos instrumentos que impedem a prática de venda o

casadaentreoserviçobandalargaeoutrosserviçosdetelecomunicações,por meio de ação integrada entre MC,ANATEL e órgãos de defesa daconcorrência e de defesa dos consumidores.

Dar prioridade à regulamentação sobre neutralidade de redes e qualidade o

doserviçobandalarga,acelerandoaespecificaçãoderegulamentaçãoquepromova a transparência nas informações e a qualidade do serviço banda larga.

Eliminaralimitaçãoaonúmerodeoutorgasexpedidasparaaprestaçãodeo

serviço de TV a Cabo.

EstenderacoberturadosserviçosSMPdeterceirageração(3G)atodososo

municípios brasileiros.

Destinar recursos ao mapeamento e georeferenciamento dos recursos o

de banda larga no país, como instrumento de planejamento e deacompanhamentoeavaliaçãodestePlanoNacionaldeBandaLarga.

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Diretrizes para gestão do espectro:-

Adotar nas licitações de radiofrequências para banda larga a divisão dos o

blocos licitadosdeformaaviabilizaraparticipaçãodegrandes,médiosepequenosprestadoresdeserviçosdetelecomunicações,medianteadivisãodoterritóriodopaísemáreasdecobertura/abrangênciadiferenciada(algunsblocoscomcoberturanacional,outrossomentecomcoberturaregionaloulocal),inclusivecomaimposiçãodelimitesmáximosdefaturamentoparaoslicitantesparticipantesemcadacategoriadecobertura/abrangência.

Introduzir, na forma de quesitos para avaliação de propostas, novoso

condicionantesnalicitaçãoderadiofrequênciasparabandalarga,incluindo,dentreoutros,compromissosdecoberturaestendida,medidasdeestímuloàcompetição,evalormáximonospreçosdosserviçosaseremprestados.

Reservarblocosdefrequência,nafaixade3,5GHzparaempresaspúblicaso

vinculadas aoGovernoFederal, Estadual ouMunicipal, coma finalidadede promover a inclusão digital, conforme proposta da ANATEL, na CP54/2008.

Diretrizes para programas do Governo Federal:-

GarantiramanutençãodoProgramaComputadorparaTodos(incluindooso

modemsparaoscomputadores)eosbenefíciosdaLeidoBem.

Expandir o Programa GESAC para atendimento de acessos coletivoso

emáreas ruraisede fronteira.Nessecontexto,avaliaro investimentonaaceleração do processo de desenvolvimento e lançamento do Satélite GeoestacionárioBrasileiro(SGB).

Implementarasaçõesnecessárias,noâmbitodaadministraçãodireta,daso

empresasdegovernoedassociedadesdeeconomiamista,nosentidodedisponibilizarativospúblicosdefibrasópticasparaviabilizaraestruturaçãodeumaofertaderededetransportededadosexclusivamentenoatacado.

Promover a gestão integrada da demanda de redes de dados no âmbito o

doGovernoFederal,tantodopontodevistadopoderdecompra,comodeestruturaçãodeumsistemaautônomo(AS–Autonomous System)ougrupodesistemasautônomosquereúnaosentesdegoverno.

Diretrizes para o fomento das “cidades digitais”:-

ArticularnasdiferentesesferasdegovernoasiniciativasdeCidadesDigitais,o

levandoemcontaaspolíticasexistentes.

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Estimular a integração e participação do Terceiro Setor nas ações para a o

constituiçãoedesenvolvimentodosprogramasdecidadesdigitais,inclusivepara difusão de centros públicos de acesso.

PromoveradisseminaçãoderedesWi-Fiassociadasapontosdeacessoo

coletivo,sejampúblicos(escolas,bibliotecas,etc.)ouprivados(empresaseoutros).

Diretrizes para telecentros:-

Implantar 100 mil novos telecentros públicos até 2014.o

Expandir o Projeto Nacional de Apoio a Telecentros a todos os novoso

telecentros.

Tornarperiódicooprogramadecapacitaçãodemonitoresde telecentros,o

realizando um treinamento por ano até 2014.

Criar regras comuns de uso dos telecentros, baseadas nas premissaso

assumidasnoProjetoNacionaldeApoioaTelecentros,eemconjuntocomos gestores.

Reservar uma parte da dotação orçamentária do Projeto Nacional de Apoio o

a Telecentros para divulgação dos espaços nas comunidades atendidas.

Diretrizes para fomento industrial e desenvolvimento tecnológico:-

Criar as condições para consolidação de um grande fornecedor de o

equipamentos de rede, a partir do capital tecnológico existente no país,incluindo a destinação de recursos para capitalização e acesso a crédito a estaempresa,bemcomoparapesquisaedesenvolvimentodetecnologiasdestinadas às redes de banda larga.

Implantação do Processo Produtivo Avançado, com a incorporação deo

softwarenaavaliaçãodaconcessãodosincentivosfiscaisprevistosnaLeide Informática.

Porfim,sãoestimadososinvestimentos–privadosepúblicos–necessáriosàobtençãodasmetas constantes deste PNBL, sendo que, são esperados investimentos privadosparaaimplantaçãodeaproximadamente70milhõesdenovosacessos.Paratanto,sãoestimadosinvestimentosnecessários(CAPEX)dasprestadorasdeserviçosfixosemóveis,quesedistribuempelostrêssegmentosderede(Acesso,Backhaul e Core).Grandepartedessesinvestimentosvirádosprópriosplanosdeexpansãodasredesdessasempresas,oualavancados mediante demanda gerada por um processo de desoneração dos serviços de bandalarga,quegerademandaadicional.Nototal,estima-sequeaindaserãonecessários

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investimentosdaordemdeR$49bilhõesparaviabilizar–pormeioderecursosprópriosdasprestadorasede linhasdecrédito, taiscomoasdoBNDES–os investimentosnaexpansãodasredesdebandalargafixaemóvel,quepermitirãoatingirametatotalde90milhõesdeacessosbandalargaem2014.

Emtermosdeinvestimentospúblicos,sãoprevistosaportesdiretosemprogramaseproje-tosdeváriasesferas,alémdasrenúnciasdaUnião,EstadoseMunicípiosedautilizaçãodefundossetoriais,quenosomatóriorepresentamummontantedaordemdeR$5,3bilhõesanuais.

Dessaforma,estePNBLestabeleceasbasesparaprogramasqueenvolvemtodaasocie-dadebrasileira,vistoque,oferecediretrizesvoltadasparaapriorizaçãodosinvestimentosnecessários.Éimportantedestacarqueaexistênciademodernaeabrangenteinfraestru-tura de banda larga é componente indispensável da preparação do nosso país para sediar os dois grandes eventos que colocarão o Brasil no centro das atenções mundiais – a Copa doMundodeFutebolem2014(com12cidades-sede)eosJogosOlímpicosdoRiodeJaneiro,em2016.

Porfim,dadooescopo,abrangênciaecomplexidade–bemcomoanaturezadinâmica–dasdiretrizesemetasaquiformuladas,propõe-sequesejaconsideradaaconveniênciadeseconstituirumComitêGestordoPlanoNacionaldeBandaLarga,compostoporrepre-sentantesdeórgãosdeGoverno,daindústriaedasprestadorasdeserviçosdetecnologiasdainformaçãoecomunicação(TIC),bemcomodasociedade.Essecomitêassumiriares-ponsabilidadedecoordenaraefetivaimplementaçãodoPlanoNacionaldeBandaLarga,incluindooacompanhamentoerevisãoperiódicadasmetas,deformaacompatibilizá-lascomasnovasexigênciasnumambientetecnológicoemconstanteevolução.

21

1 Introdução

1.1 Motivação

A revolução da Internet é uma das marcas do tempo em que estamos vivendo. Mesmo noBrasil,ondeoíndicedepenetraçãodomiciliardemicrocomputadoresérelativamentebaixo–deacordocomoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatísticaesseíndiceéde31,2%dosdomicílios,earededeInternet(incluindoacessodiscadoeacessobandalarga)atendeaapenas23,8%dosdomicílios[36]–hámaisde64milhõesde internautas[2]. ObrasileiroestáentreosqueusammaisintensivamenteaInternetemcasa(30horase13minutosmensais[3]),oquedemonstraopotencialqueasociedadeemredetemaoferecerao desenvolvimento de nosso país.

AUniãoInternacionaldeTelecomunicações(UIT;eminglês,ITU),jáem2003,apontavaa importância da infraestrutura de acesso à Internet em banda larga, reconhecida pormuitospaísescomo“infraestruturacrucialparaqueseconsigaatingirasmetassociais,econômicasecientíficas”[4].Numaépocaemqueoconhecimentoéconsideradoumativoindispensávelparaodesenvolvimentodasnações,abandalarga–ou,maisprecisamente,o acesso à Internet em alta velocidade – é vista como a infraestrutura característica dessa “economiadoconhecimento”.Oquetornaabandalargatãoatraenteepromissoranãoé um fator único. Os benefícios da expansão dessa infraestrutura, segundo a mesmareferênciadaUIT,podemserdivididos,grossomodo,emtrêscategorias:

• Benefícios para os usuários. Por ser mais veloz e permitir um acesso contínuo quando comparadacomoacessodiscadoàInternet,abandalargafacilitaacomunicação,torna-amais rápida,permitea trocadeconteúdomais rico,emmultimídia,bemcomoapartilhadeumaconexãocomváriosusuáriossimultaneamente.

• Benefícios para a economia.A banda larga estimula a inovação, o crescimentoeconômicoeaatraçãodeinvestimentosestrangeiros.

• Retornodeinvestimento.Pelaperspectivadenovosserviçoseaplicações,elaatraiusuários,ajudandoarecuperaroscustosdeimplantaçãodainfraestrutura.

Comefeito,ocrescimentodaadesãoaváriosnovosserviçosparaousuáriofinal–educação,saúde, comércio e bancos, entretenimento – está ligado à conveniência da velocidademaisaltadaconexãoedoseucarátercontínuo,semquesejanecessárioestabelecer-seumanovaconexãoacadavezqueumacessoénecessário.

Poroutrolado,asempresasencontramnessenovoambientedecomunicaçãoumcenáriofavorávelàexpansãodeseusnegóciosenquantoosGovernos,porseuturno,estabelecemnovosemaiseficientescanaisderelacionamentoeprestaçãodeserviçosaoscidadãos.

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Setaisefeitospodemserfrequentementeverificadospelaexperiênciacotidiana,tambéméfatoqueoimpactoeconômicodabandalargatemsidoobjetodeestudoseanálisesmaisrigorosas. É verdade que se trata de uma infraestrutura bastante recente e em contínua evolução, não havendo, portanto, estudos definitivos sobre o assunto.Nãoobstante, oesforço de estimativa não só é válido como se faz necessário para balizar o processo decisório dos atores públicos e privados envolvidos com o tema.

Em2001,porexemplo,umestudodaconsultoriaCriterion Economics para a operadora norte-americanaVerizonestimouqueaamplaadoçãodabandalarga,nãoapenasdiretamente,mas também agindo nos hábitos de compras, transporte, saúde e entretenimento dasfamílias,poderiacausarumimpactopositivonaeconomianorte-americanadeUS$400bilhões oumais por ano [5]. Outro estudo, de 2002, patrocinado peloNew Millennium Research Council (NMRC),estimouqueaconstruçãoeousodeuma infraestruturadebandalarganosEUAgerariammaisdeummilhãodeempregos[6].

Maisrecentemente,umestudodoMIT[7]verificouque,entre1998e2002,comunidadesnorte-americanas em que acessos banda larga eram disponíveis em massa desde 1999 exibiramumcrescimentomaisrápidonosníveisdeempregoedenegócios,emparticularemsetoresintensivosemtecnologiadainformação(TI)quandocomparadascomoutrascomunidades sem banda larga à época.

Emque pese tais estudos terem sido feitos para umpaís como osEstadosUnidos, oreconhecimento do caráter universal dos benefícios econômicos da banda larga não équestionado.Épossívelestabelecercorrelaçõespositivasentreaextensãodainfraestruturadebanda largadeumpaíseo seu crescimentoeconômico.Estudo recentedoBancoMundialestimaem1,3%acontribuiçãoparaocrescimentoeconômicoparacada10%decrescimentodapenetraçãodeserviçosdebandalarga[8].DadosdaOCDE[9] indicamcorrelaçãosimilar,conformepodeservistoaseguirnaFigura2.

% variação no PIB

% variação no investimentoCrescimento

PIBCrescimento investimento

telecom

% variação no PIB

% variação no investimentoCrescimento

PIBCrescimento investimento

telecom

Figura 2 - Investimento em Telecomunicações e Crescimento do PIB

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Pelopotencialdedinamizaraeconomia,programasnacionaisdeexpansãodabandalargaforamadotadosporváriospaísesemseuspacotesdeestímuloàrecuperaçãoeconômicaapós crise mundial de 2008 [8]. Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha,Portugal,ItáliaeFinlândiaincluírammedidasexplícitasnestesentido.Emaçõesdistintas,Austrália,França,Irlanda,Japão,CingapuraeCoréiadoSultambémanunciarammelhoriaseexpansõesdesuainfraestruturadebandalarga.Paracitarumpaíslatino-americano,oChilepossuiumplanodeaçãoque,dentreasdiversasáreasdeação,estabelecemetasdecoberturadeconexõesembandalarga[10].ATabela3aseguirresumeohorizontedetempo e as principais metas de alguns desses planos nacionais.

Tabela 3 - Planos Nacionais de Banda Larga

Investimentos em infraestrutura, à parte seu papel no desenvolvimento econômico emmédioelongoprazos,podemdesempenharumafunçãoimportanteemrespostaàcriseeconômica.Nocasoparticulardabandalarga,projetosdeinvestimentosãointensivosemmãodeobraepodemseriniciadosrapidamente[8].

É claro que a banda larga não age sobre a economia de forma isolada. Como outras tecnologiasdeinformaçãoecomunicação(TICs),elaéumatecnologiahabilitadora,umatecnologia que suporta o uso de outras tecnologias e aplicações com impacto nos mais variadossetoreseconômicos.HojeparececlaroqueoefeitopositivodasTICsacabasedando pelamudança de comportamentos e processos de indivíduos e empresas, comreflexosmaisamplosnaprodutividadedasempresase,porextensão,nospaíses.

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Assim,aimportânciadainfraestruturadecomunicaçõesbandalargaéindiscutível.Cumpre,portanto,estabelecerasdiretrizesemetasaseremperseguidasdemodoqueoBrasildelasebeneficieomaisrapidamentepossível.

1.2 Definição

Apesardoamploreconhecimentosobreaimportânciaeosbenefíciosdoacessobandalarga,aprópriadefiniçãode“bandalarga”nãoéconsensual.Conformeapresentadonocapítulo2,asdefiniçõesexistentesdebanda largasãosempre feitasem termosdevelocidadedeacesso,enãoháumconsensosobrequevelocidadeéessa.Issopodeserexplicado(i) pela dificuldade de se estabelecer padrões de tráfego que espelhem a diversidadedeexpectativas, comportamentosepadrõesdeusodosconsumidoresfinaise (ii) peloexplosivocrescimentodetráfego,oqualtornaobsoletaqualquerdefiniçãoquesebaseieapenasnalarguradebandadoacessoàInternet,exigindoconstantesatualizações.

EstePlanoNacionaldeBandaLargavisaoferecerumadefiniçãodebandalargaquenãosebaseieemumvalornumérico,masquereflitaaconstantenecessidadedainfraestruturade telecomunicações ser capaz de suprir a cesta de serviços e aplicações que dela se utilizam,deformaatornarpossívelàsociedadeteracessoaInternetdofuturo.

Nessesentido,aspropostasdestePNBLvisammudarocursodaspolíticaspúblicasnadireçãoopostadopensamentoconvencionalincrementalista[11],calcadoemacréscimossucessivosnalarguradebanda,indoaoencontrodamudançadeparadigmadaevoluçãodas telecomunicações, marcada pela incorporação de aspectos da computação e narealizaçãodequeoconsumidorfinalpossuipapeldedestaque.Dessaforma,adefiniçãode banda larga é aberta para ser robusta frente à constante evolução do setor de telecomunicações:

Acesso banda larga: um acesso com escoamento de tráfego tal que permita aos consumidores finais, individuais ou corporativos, fixos ou móveis, usufruírem, com qualidade, de uma cesta de serviços e aplicações baseada em voz, dados e vídeo.

1.3 Objetivos

Oobjetivoémassificar,até2014,aofertadeacessosbandalargaepromoverocrescimentodacapacidadedetransportedeserviçosdetelecomunicações,demodoqueosvaloresestabelecidosnestePNBLsejamatingidos.

Ofoconaofertaestáemlinhacomdiretrizesdeoutrospaíses[11],umavezqueestePlanoreconheceaimportânciadeolharapolíticadebandalargaemtermosdeumapolítica de infraestrutura,algoquequebraaabordagemtradicionaldeconsideraroacessoàInternete

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a rede de entrega da banda larga simplesmente como serviços comerciais. Assim como as redesdetransporterodoviárioeferroviáriosãocentraisaodesenvolvimentoeconômico,asredes de telecomunicações em banda larga são a infraestrutura da sociedade da informação. Nessesentido,estePNBLfoidesenvolvidoemtornodeaspiraçõesporresultadossociaiseeconômicos.

Essaexpansãodaofertavisa:

• Acelerar a entrada da população na moderna Sociedade da Informação;

• Promover maior difusão das aplicações de Governo Eletrônico e facilitar aoscidadãos o uso dos serviços do Estado;

• Contribuir para a evolução das redes de telecomunicações do país em direção aosnovosparadigmasdetecnologiaearquiteturaquesedesenhamnohorizontefuturo,baseadosnacomunicaçãosobreoprotocoloIP;

• Contribuirparaodesenvolvimentoindustrialetecnológicodopaís,emparticulardosetordetecnologiasdeinformaçãoecomunicação(TICs);

• Aumentar a competitividade das empresas brasileiras, emespecial daquelas dosetordeTICs,assimcomodasmicro,pequenasemédiasempresasdosdemaissetoreseconômicos;

• Contribuir para o aumento do nível de emprego no país;

• Contribuir para o crescimento do PIB brasileiro..

1.4 Princípios

Em primeiro lugar, este PNBL tem como princípio básico o art. 6º da Lei Geral deTelecomunicações–LGT,Leinº9.472,de16dejulhode1997,queestabelece:

Art. 6° Os serviços de telecomunicações serão organizados com base no princípio da livre, ampla e justa competição entre todas as prestadoras, devendo o Poder Público atuar para propiciá-la, bem como para corrigir os efeitos da competição imperfeita e reprimir as infrações da ordem econômica.

Assim,oeixodoPlanoéoestímuloaosetorprivadoparaqueesteinvistanessainfraestrutura,emregimedecompetição,cabendoaoEstadoatuardeformacomplementar,focalizandoseusinvestimentosprincipalmenteemacessoscoletivoseemcontextosdereduçãodasdesigualdades regionais e sociais.

O papel do setor privado como investidor e a atuação do Estado de forma complementar estãoemlinhacomaspolíticaspúblicasdediversosoutrospaíses[1].UmacomparaçãofeitapeloBancoMundial [8]mostraqueo investimentoassociadoaosplanosdebanda

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larga desses países é geralmente e em grande parte feito pelo setor privado. Países como Portugal oferecem apenas linhas de crédito às operadoras para que estas realizem oinvestimentonecessário à construçãoda infraestruturaeháaindapaíses comoaGrã-Bretanha que conduzem estudos para verificar a necessidade ou não da alocação derecursos governamentais.

Poroutrolado,quandoháinvestimentopúblico,eleéapenasumaparceladoinvestimentototalepossuifocoeprazorestritos:naAustráliaenaCoréiadoSul,osgovernoscolocamrecursos públicos apenas para cobrir o investimento inicial – 11% e 4% do investimento totalnecessário,respectivamente–enquantoemoutrospaísesoinvestimentopúblicoéfeitoviametasdeuniversalização–porexemplo,Finlândia–oucontrataçãodeempresasapósconcorrênciaspúblicasqueincluemobrigações–porexemplo,França,Irlanda,Japãoe Cingapura.

Em segundo lugar, este PlanoNacional de Banda Larga faz parte da incumbência doMinistério das Comunicações, estabelecida no Decreto nº 4.733, de 10 de junho de2003,queéodeformular e propor políticas, diretrizes, objetivos e metas.Dessaforma,opresentePNBLelencaumconjuntodediretrizesquedeverãosedesdobraremaçõessob responsabilidade dos diversos atores envolvidos, conforme encaminhado nasrecomendações e diretrizes relacionadas no Capítulo 6.

Nessalinha,omesmoDecretoestabelecequecabeàAgênciaNacionaldeTelecomuni-cações–ANATELdesenvolverinstrumentos,projetoseaçõesquepossibilitemaofertadeplanosdeserviçosdetelecomunicações,observandoasdiretrizesemetasestabelecidaspeloMinistériodasComunicações.Dessa forma,oPNBLpretendesugerirumpequenonúmerodealteraçõesregulatórias,deformaacompatibilizarosmecanismosdeincentivoaoinvestimentonainfraestruturadebandalargaaquipropostoscomosprincípiosdaLGT.Aomesmotempo,procuradefiniracorresponsabilidadedosatoresenvolvidospeloesta-belecimento de suas contrapartidas aos benefícios concedidos pelo Estado.

1.5 Estrutura do documento

No capítulo 2 é descrita a importância da infraestrutura de banda larga como vetor de promoção da evolução dos serviços de comunicação. Apresenta-se uma nova abordagem paraaspolíticaspúblicasdetelecomunicações,aoconsiderarosetorcomopartedeumsistema de inovação de tecnologias de informação e comunicação (TICs).Além disso,apresenta-se a evolução da oferta de serviços e aplicações desse sistema de inovação e sugere-se uma nova cesta de serviços e aplicações, juntamente de seus requisitos.Ocapítulo traz,porfim,umadefinição inovadoradabanda larga,baseadanacestadeserviçosdeaplicaçõesapresentada,aoinvésdataxadedadosnoacessoàrede.

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No capítulo 3 é realizado um diagnóstico da situação do acesso a Internet em banda larga noBrasil.Paratanto,foramselecionadosumconjuntodepaíseseumasériedeindicadoresquepermitissemacomparaçãodediversosaspectosinibidoresouhabilitadoresdadifusãoda banda larga pela população. O diagnóstico considerou os aspectos relacionados à demanda,àofertaeaoarcabouçoregulatório,quepodemrestringiroavançodabandalarganopaís.Alémdisso,foramanalisadososprincipaisdesafiosaoavançodogovernoeletrônicoedascidadesdigitais.

Com base no diagnóstico realizado, no capítulo 4 foram estabelecidas metas para asuperação das restrições ao crescimento da banda larga no Brasil. São apresentadas metas para os seguintes tipos de acesso: acesso individual urbano; acesso coletivo urbano; acesso individual rural e acesso coletivo rural.

Nocapítulo5,foramidentificadososmecanismoseosinstrumentosdeaçãoeficienteseeficazescapazesdegarantiraofertadoacessoàbandalarga,solucionandoosgargalosexistenteseatendendoademandareprimidanoBrasil.Foramindicadoscincodiferentesconjuntos de mecanismos e ações: mecanismos de estímulo ao investimento privado; mecanismos regulatórios; mecanismos relacionados à gestão do espectro para redes sem fio;açõesdogovernofederaleaçõesdosestados,municípiosesociedadecivil.

Apartirdosmecanismoseaçõesfoiestabelecido,nocapítulo6,umconjuntodediretrizesquefocamesforçosnasaçõesque,emprincípio,semostrammaiseficazesdopontodevista de relação custo-benefício de sua implantação. As diretrizes foram agrupadas em oito diferentesgrupos:diretrizesparaestímuloàcompetição;diretrizesparafinanciamentodastelecomunicações; diretrizes para a diminuição da carga tributária; diretrizes regulatórias; diretrizes para destinação do espectro; diretrizes para programas do governo federal; dire-trizes para o fomento das cidades digitais e diretrizes para telecentros.

Porfim,nocapítulo7sãoestimadososinvestimentospúblicoseprivadosnecessáriosàobtençãodasmetasconstantesdestePNBL.Osinvestimentosprivadossãodestinadosà implantação de novos acessos em banda larga individuais, urbanos e rurais, e osinvestimentos públicos são destinados aos acessos coletivos.

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2 A infraestrutura de banda larga do futuro

Este capítulo trata da importância da infraestrutura de banda larga como vetor de promo-çãodaevoluçãodosserviçosdecomunicação.Emprimeirolugar,inicia-secomumanovaabordagemparaaspolíticaspúblicasdetelecomunicações,aoconsiderarosetorcomopartedeumsistemade inovaçãode tecnologiasde informaçãoecomunicação (TICs).Visando apresentar o foco destas propostas na oferta da infraestrutura por parte dos ope-radoresderede,apresentaospapéisqueosatoressetoriaispodemassumireoimpactodas diferentes relações entre eles na evolução do setor.

Emsegundolugar,apresentaaevoluçãodaofertadeserviçoseaplicaçõesdessesistemade inovação,começandopelascaracterísticasda Internetdo futuro,passandoporumasugestãodanovacestadeserviçoseaplicaçõesefinalmenteapresentandoosrequisitosoriundos dessa cesta.

Finalmente,ocapítuloéencerradocomumadefiniçãoinovadoradabandalarga,baseadanacestadeserviçosdeaplicaçõesapresentada,aoinvésdataxadedadosnoacessoàrede.

2.1 Uma nova abordagem para as políticas públicas: as TICs como um sistema de inovação

EstePNBLadotaumavisãosistêmicadastelecomunicaçõesaoconsiderá-laspartedeumsistema de inovaçãode tecnologiasde informaçãoecomunicação(TICs),compostodediversos sub-setores: semicondutores, computadores, software, eletrônicade consumo,equipamentosdetelecomunicações,serviçosdeoperadoresderede(fixas,móveis,TVàcabo,satéliteeoutras),radiodifusão,mídia,jornais,livros,músicaepropaganda[12].Estemodelopossuidiversascamadasque,deformasimplificada,representampapéisaseremdesempenhados pelos atores do sistema de inovação deTICs, como fornecedores deequipamentos,operadoresderedes,prestadoresdeserviçosdevaloradicionado,dentreoutros,osquaispodemservistosnaTabela4.

Tabela 4 - Papéis do sistema de inovação de TICs

Camada FuncionalidadeI Elementos de rede, incluindo equipamentos de telecomunicações, hardware e

softwaredecomputadoreseeletrônicadeconsumo

II Operação das redes

III Conteúdos, aplicações, serviços, plataformas de inovação, busca, navegação emiddleware

IV Consumofinal

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Uma das vantagens desse modelo reside no fato dele oferecer não só uma arquitetura tecnológica dasTICs,mas tambémum sistema econômico-institucional commercadoseoutrasinstituições–incluindoagências,financiadores, leis,regulação,padronizaçãoecompetição – que modelam a sua evolução ao longo do tempo. Ao abordar as TICs como umsistemadeinovação,estePNBLconsideraqueosnovosprodutos,osnovosprocessos,asnovasformasdeorganizaçãoeosnovosmercados–emsuma,asinovações–sãoosprincipaismobilizadoresdosistema.Nessesentido, reconhece-sequeexistemrelaçõessimbióticasentreosatoresdecadacamada,emtermosdefluxosfinanceiros(aquisição-venda),demateriais(entrada-saída),deinformaçãoedoprocessodeinovaçãocomoumtodo,conformemostradonaFigura3.

Figura 3 - Relações entre os atores do novo sistema de TICs

Fonte:Fransman,2007

Arelação6entreoperadoresde rede(camada II)econsumidoresfinais (camada IV)éaquela tradicionalmente consideradana regulaçãogeral dosetorde telecomunicações,atravésdepolíticas públicas e regulamentaçãode serviços específicos, como telefoniafixa–ServiçoTelefônicoFixoComutado(STFC),telefoniamóvel–ServiçoMóvelPessoal(SMP),eacessoà Internet–ServiçodeComunicaçãoMultimídia (SCM).Entretanto,aregulaçãogeraldosetordeveriatratardasdemaisrelaçõesexistentesnonovosistemadeTICs,entreasquaissedestacamasrelações1e3.

No que diz respeito à relação 1 entre operadores de rede (camada II) e fornecedoresdeelementosderede(camadaI),elaéfundamentalparaainovaçãodasTICs.Emumambientedecompetição,umoperadorderedeiráinvestirnãoemqualquerequipamento,masnaquelainfraestruturaquegarantiráaofertadeserviçosinovadores.Dessaforma,as políticas públicas devem incentivar a pesquisa e desenvolvimento e a comercialização de inovações tecnológicas oriundas dos fornecedores de elementos de rede, para garantir a oferta de uma infraestrutura de telecomunicações por parte dos operadores de rede que os torne capazes de oferecer novos serviços ao consumidor final. No

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âmbitodoMinistériodasComunicações,issoserefletenasdiretrizesparaaalocaçãoderecursosdoFundoparaoDesenvolvimentoTecnológicodasTelecomunicações–FUNTTEL,emconsonânciacomaspolíticasindustrialecientíficaetecnológicadoEstado.

Nestesentido,háqueseconsideraromovimentorealizadonoBrasildaconsolidaçãodeuma grande empresa de serviços de telecomunicações, resultante da incorporação daBrasilTelecompelaOi,criandooportunidadedeestímulointensoàindústrianacionaledatecnologianacional(viderelação1).

A partir deste pano de fundo, apresenta-se uma oportunidade única para, no escopodas políticas voltadas para o desenvolvimento industrial e tecnológico do setor, e criarcondições para o fortalecimento das indústrias nacionais que atuam no desenvolvimento efornecimentodeelementosderedeeterminaisnopaís,dando-lhesmusculaturaparaatendimentodomercadointernoetambémexterno.

Jáarelação3entreprovedoresdeconteúdoeaplicações(camadaIII)econsumidoresfinais(camadaIV)éumanovidadesurgidanosanosrecenteseédeextremaimportância.Trata-sedeumarelaçãofundamentalmentediferentedarelação6acima,entreoperadorderedeeconsumidorfinal,hajavistaaevoluçãodaInterneteacriaçãodaWeb2.0,aqualenvolvenovasformasdeinteraçãocomosconsumidores,osquaispassamaassumirimportantepapelnosprocessosdecriaçãodeconteúdoedeinovação,conformeadefiniçãocompactaaseguir,formuladaporTimO’Reilly[13]:

“Web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva”.

Essanovarelaçãosimbióticaexigeporpartedosprovedoresdeconteúdoeaplicaçõescompetênciasespecíficas,comohabilidadesemsoftware,envolvimentodosconsumidoresfinaisnoprocessodeinovaçãoenovasrotinasorganizacionais.Ostradicionaisoperadoresde rede ainda têm grande parte de sua forma de agir baseada no paradigma das teleco-municações,enquantoosprovedoresdeconteúdoeaplicaçõesatuamnoparadigmadacomputação,oqueémaispróximodarealidadedaInternet.Essasdiferençasnastradi-çõesdosdoisgruposdeatorescriamumadescontinuidadeentreasrelações3e6,umavez que são necessárias diferentes competências para atuar como operador de rede ou comoprovedordeconteúdoeaplicações.Nãoporacaso,emtodosospaísessãoosnovosentrantes que estão dominando a camada III e não os tradicionais operadores de rede.

Nesse contexto, visa-se assegurar a oferta de uma infraestrutura de telecomunicaçõesporpartedosoperadoresderedenacamadaII,deformaquepermitaqueosprovedoresdeconteúdoeaplicaçõespossamflorescerdeformavirtuosaegarantiracapacidadedeinovaçãodosistemacomoumtodo.Nessesentido,o foco é a oferta da infraestrutura

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por parte dos operadores de rede (camada II).Essaofertaé influenciadapela íntimarelação entre operadores de rede e os demais atores do sistema de inovação: fornecedores deelementosde rede (camada I),provedoresdeconteúdoeaplicações (camada III)econsumidoresfinais(camadaIV).

Tradicionalmente,aspolíticaspúblicastêmfocalizadoapenasarelaçãoentreoperadoresderedeeconsumidoresfinais,entretanto,asdemaisrelaçõesdosistemaprecisamserconsideradasnessaspolíticas,porsuainfluêncianotipodeinfraestruturanecessáriaaodesenvolvimento pleno do sistema. Os fornecedores de elementos de rede pressionam paraaadoçãodenovastecnologiasdesenvolvidasporeles,enquantoosprovedoresdeconteúdo e aplicações também pressionam os requisitos da infraestrutura para atender as necessidadesapontadaspelanovarelaçãocomosconsumidoresfinais.Aregulamentaçãodosetortratadosserviçostradicionaisdetelefoniafixa,telefoniamóveleacessoàInternet(camada II). Entretanto, a nova oferta da camada III – novos conteúdos, aplicações,serviços,plataformasdeinovação,busca,navegaçãoemiddleware – é considerada como serviçodevaloradicionadoenãopossuiregulamentaçãoespecífica,criandoumalacunanas políticas públicas do setor de telecomunicações.

Visandocobriressalacuna,procura-setratardessanovacestadeserviçosdacamadaIII.ApróximaseçãofazumadiscussãosobrequetipodeinfraestruturadacamadaIIdeveserfomentado para que a oferta de serviços dos operadores de rede atenda aos requisitos surgidosdanovarelaçãoentreosconsumidoresfinaiseosprovedoresdeaplicaçõeseconteúdo.

2.2 A evolução da oferta de serviços e aplicações

AproliferaçãodosserviçosdevaloradicionadodacamadaIII,comonavegação,e-mailevídeoediversosserviçossemcustodaWeb2.0,comopodcasting,compartilhamentodevídeoeP2P,motivadosprincipalmentepelasnovasgeraçõesdeusuários,colocamanovarelaçãoentreprovedoresdeconteúdoeaplicaçõeseconsumidoresfinaisemevidência.

Segundo o IDATE [14], os consumidores finais, individuais ou corporativos, passam afazer parte dos processos de inovação do setor de telecomunicações, principalmentepelasmudançasemsuasexpectativas,emseucomportamentoeemseuspadrõesdeusodesses.Asnovasgeraçõesde consumidores possuembaixa lealdadeamarcasetêmcomograndeinteresseosserviçosbaseadosnosefeitosemrede,osquaiscolocarãopressãonaabordagem tradicionaldosoperadoresde rede,marcadaporser fechadaecombaixainteroperabilidade.Essesserviçosdevaloradicionadoesuasaplicaçõestrazemexigênciasquesetraduzememnovosrequisitosparaainfraestruturanecessáriaàofertados operadores de rede.

Oobjetivodestaseçãoésugerirumalistaderequisitosdessainfraestrutura,apartirdeuma discussão dos requisitos dos novos serviços de valor adicionado e suas aplicações.

32

2.2.1 A Internet do futuro

A consolidação do uso dos protocolos da família IP utilizados na Internet e nas redes de comunicaçãodedadoséalgoamplamenteabordadonaliteratura,epodeservistacomoaquiloquepermitiu,emtermostecnológicos,aseparaçãoentreascamadasdeoperaçãoderede(camadaII)eosserviçosdevaloradicionadoesuasaplicações(camadaIII)[15].

A antiga compartimentalização dos serviços de telecomunicações em diferentes infraestruturas,comotelefoniafixaetelefoniamóvel,cadaumacomsuasredesdistintas,começouadesmoronarcomosurgimentodoacessodiscadoàInternet,doacessoADSL,doacessoviaTVàcaboedoacessoviacelular.OprotocoloIP,antesrestritoàsredesdedados,adentrouasredesdetelecomunicaçõesatravésdediversasevoluçõestecnológicas,comoMPLS(Multi Protocol Label Switching)eIPv6.AfamíliadeprotocolosbaseadosemIPpermitiuentãoumaúnicaformaderoteardados,menoscomplexaemenoscustosa[14].Hoje esses protocolos já são norma nos backbonesdosoperadoresderede,entretantoainda precisam progredir na direção dos backhaulsedasredesdeacessofixasemóveis.

A progressão citada acima visa criar uma única infraestrutura de camada II que seja completamente agnóstica aos mais variados tipos de serviços e aplicações da camada III quetrafegamsobreela[14],atravésderedes“tudo-IP”[16],conformeFigura4.

Figura 4 - Ambiente Convergente – Tudo IP

Fonte:UIT,2005

2.2.2 A nova cesta de serviços e aplicações

Uma nova cesta de serviços e aplicações pode ser obtida de um recente estudo sobre a evolução do tráfego IP e suas implicações para os prestadores de serviço. Essa cesta sugere umasegmentaçãodeserviçoseaplicações, cujademandade tráfegoémotivadapelocrescenteaumentoemquantidade,tamanhoeresoluçãodastelasdigitais,pelaproliferaçãodedispositivosbaseadosnoprotocoloIP,peloaumentodacapacidadedeprocessamento

33

da computação e pela crescente digitalização dos conteúdos [17]. Essa segmentaçãodivide o tráfego em diferentes categorias de serviços e aplicações demandantes de banda passante,comopodeserobservadonaTabela5.

Tabela 5 - Cesta de serviços e aplicações da Internet do futuro

Consumidor individual

Internet Navegação/E-mail Navegação,e-mail,mensageminstantâneae outros tráfegos de dados

Compartilhamentodearquivos

Tráfego P2P

JogospelaInternet Jogosonlinecasuais,jogosdeconsoleem rede e jogos de mundos virtuais multijogadores

Voz pela Internet TráfegodeserviçosVoIPnovarejo,deVoIPno PC

Comunicação de vídeo pela Internet

ChamadadevídeobaseadaemPC,webcam,monitoramentodevídeoviawebcam

Vídeo no PC pela Internet TV ou Vídeo sob demanda de graça ou pagos vistos num PC

Vídeo na TV pela Internet TV ou Vídeo sob demanda de graça ou pagos entregues via Internet mas vistos numa tela de TV utilizando set-top box ou media gateway

Vídeo ambiente Câmerasdesegurança,eoutrosfluxosdevídeo persistentes

Não-Internet VídeoMPEG-2sobdemandaMPEG-2porcabo

Serviços de TV comerciais tradicionais

VídeoMPEG-4sobdemanda por cabo

Vídeo IPTV sob demanda

Corporativo Internet Todo tráfego corporativo que atravessa a Internet pública

WANIP Todo tráfego corporativo que é transportado sobreprotocoloIP,maspermanecedentrodeumaWANcorporativa

Móvel Tráfego de dados baseados em dispositivos móveis(celulares,PCsportáteisetc.),comoSMS,MMSeserviçosdevídeo.

2.2.3 Os requisitos oriundos da nova cesta de serviços e aplicações

Segundooestudomencionadoacima,osserviçosdevídeopela Internet já respondemporumterçodetodootráfegodeInternetdosconsumidoresindividuais(dadosde2008),sem incluir a trocadevídeoatravésdocompartilhamentodearquivosdo tipoP2P.Foiestimadoqueasomadetodasasformasdevídeo(TV,vídeosobdemanda,InterneteP2P)representará91%detodootráfegoglobaldosconsumidoresindividuaisem2013,sendo

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que o vídeo pela Internet demandará 60% de todo o tráfego de Internet dos consumidores individuais,conformemostradonaFigura5.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

2008 2009 2010 2011 2012 2013

PB

/mês

Vídeo ambiente

Vídeo na TV pela Internet

Vídeo no PC pela Internet

Comunicação de vídeo pela Internet

Voz pela Internet

Jogos pela Internet

Compartilhamento de arquivos

Navegação/E-mail

Figura 5 - Impacto do vídeo na cesta de serviços de Internet dos consumidores individuais

Fonte:CiscoVisualNetworkingIndex:ForecastandMethodology,2008–2013.

A crescente importância dos serviços de vídeo, bem como das aplicações em temporeal, remetemaumanecessidadedea infraestruturade telecomunicaçõesgarantirnãosomente a banda passante necessária para suportar o intenso tráfego de dados,mastambémquesitosdequalidade,comoalatência.

Ataxadebitsdabandalarganodownload de dados é crítica para vídeos de alta resolução e paraocompartilhamentodegrandesarquivos.Jáoupload é importante em comunicações interativas, como videoconferências. A latência, isto é, o tempo que cada pacote dedados leva para sair da fonte e chegar ao destino, é fundamental para aplicações emtemporeal,comotransmissãodevídeoaovivo.Outrosquesitoscomoarelaçãoentreacapacidademáximaderedeeacapacidadecomercializada, taxadeperdadepacotes,jitter e continuidade dos serviços também poderiam medir a qualidade.

Outroestudorecente[18]sugereumavisãodefuturonaqual“aolongodaspróximasduasdécadas,astelecomunicaçõespermitirãoaousuáriomóveltercontrolesobreousufrutodequalquerserviço,emqualquerlugar,emqualquerinstante,comqualidade,privacidade,transparência,segurançaealtíssimograuderealismo,atravésderedesdealtavelocidadee de terminais e dispositivos amplamente acessíveis”.

Os pontos acima corroboram a necessidade de capacidade e qualidade para o pleno usufruto da nova cesta de serviços e aplicações da Internet do futuro que trafegarão pela infraestrutura. No que concerne a qualidade, sugere ainda indicadores relacionados à

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qualidadedeserviço(QoS)tradicionalmentedefinidapelaUIT,mastambémàqualidadeda experiência (QoE) do consumidor final, como, por exemplo, oMean Opinion Score (MOS1).Entretanto,aquelavisãotambémembutediversosoutrosrequisitosqueapontampara uma nova tendência do setor: o foco no usuário. Essa tendência remete às relações apresentadas na Figura 3 e discutidas anteriormente neste capítulo.

AspectoscomoQoSesegurança,apenascitandoalguns,ganhamnovasnuancesquandoa interatividade e, principalmente, a simplicidade passam a ser requisitos importantesparausufrutodanovacestadeserviçoseaplicações,colocandooconsumidorfinalnaposição de grande influenciador do desenvolvimento do sistema de inovação deTICs.Dessaforma,énecessáriaumadefiniçãoexpandidadeQoS,queváalémdofoconaredeequeconsidereopapelcentraldoconsumidorfinal.AindanãoháumadefiniçãoparaQoEeseusrequisitosdeatendimento,masaUITjáiniciouatividadesnessesentido,visandoincluir o tema na padronização das telecomunicações. Recentemente, a UIT publicourecomendações de QoE para serviços e aplicações baseadas em IPTV. Em uma delas [19] são definidos requisitos deQoEa partir da perspectiva do usuário e agnósticos aarquiteturas de rede e protocolos de transporte de dados. Essa recomendação de serviços devídeopelaInternetapresentarequisitosespecificadoscomofim-a-fim–vídeo,áudio,texto, gráficos, dentreoutros–e também informações sobre comoestes influenciamocomportamento das camadas de rede e de aplicações.

Em suma, a nova cesta de serviços e aplicações traz requisitos de capacidade, comolarguradebandanasredesdeacesso,nosbackhauls e backbones dos operadores de rede,mastambémrequisitostradicionaisdequalidade(QoS),comolatência,erequisitosavançadosrelacionadosàexperiênciadoconsumidorfinal(QoE).Éimportante,portanto,queaANATELponderenaregulamentaçãodosserviçosodesafiodeincluirestesrequisitosnos seus instrumentos de controle de qualidade da oferta da banda larga no Brasil.

2.3 Uma definição aberta da banda larga

Umavezqueobjetivoémassificar,até2014,aofertadeacessobandalarga,éimportanteoferecer uma definição do termo. Este é o objetivo desta seção. Apesar do amploreconhecimento sobre a importância e os benefícios do acesso banda larga, a própriadefiniçãode“bandalarga”nãoéconsensual,comosepodeveraseguir.

UmadasprimeirasdefiniçõesnomeiodastelecomunicaçõesfoidadapelaUIT[20],aindanocontextodachamadaRDSI–RedeDigitaldeServiçosIntegrados.Hojeultrapassada,essa arquitetura concebida entre as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimentoexplosivodaInternet,defineacessobandalargacomoumacessoRDSIcapazdeconteraomenosumcanalcapazdesuportarumataxasuperioràtaxaprimária,ousuportaruma

1 O Mean Opinion Score(MOS)éumindicadorusualmenteutilizadopara medir a qualidade percebida pelo usuário através detestessubjetivos.OMOSéamédiaaritméticadosvaloresopinados,variandode1(ruim)a5(excelente).

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taxadetransferênciadeinformaçãoequivalente.Ataxaprimáriaeradefinidacomo1,544MbpsnosEUAe2,048MbpsnaEuropaenospaísesqueseguemapadronizaçãoUIT,comooBrasil.Passouaserusual,então,nosmeiosdetelecomunicações,considerar2Mbpscomoataxainicialdoacessobandalarga.Entretanto,asuperaçãodaarquiteturaRDSI,aemergênciadeoutrastecnologiasearquiteturasdeacessoeaofertadeoutrastaxasdeacessoacimadataxabásicadatelefonia(64kbps),levouaumquadroderelativa“frouxidão”noconceitodeacessobandalarga.

AOCDE[21]utilizacomocritérioosacessosqueoferecemconectividadeàInternetcomcapacidadededownloadsuperiora256Kbps,enquantoonorte-americanoFCC,até2008,definiaacessobandalargacomoacessocomtaxassuperioresa200Kbps.EmseuQuintoRelatório[22],sobreadisponibilidadedetelecomunicaçõesavançadasparaosamericanosematendimentoàseção706doAtodeTelecomunicaçõesde1996,oFCCmudousuaclassificação,passandoadesignarcomode“bandalargabásica”osacessoscomtaxasentre768Kbpse1,5Mbps.Ouseja,naprática,estabeleceu768Kbpscomonovolimiteinferiorparaadefiniçãodeacessobandalarga.

JáaANATELnãodefinebandalargaemtermosdetaxadetransmissãomínima,emboraregulamenteserviçosdetelecomunicaçõescapazesdeprovê-la(SCM,SMPeTVA),emalguns casos combinado com um serviço de valor adicionado.

Assim,épossívelnotarqueemboraasdefiniçõesdebandalargasejamsempreexpressasemtermosdecapacidadedeacesso,medidaembitsporsegundo,nãoháumconsensosobrequevaloressamedidadeveassumir. Issopodeserexplicado (i)peladificuldadede se estabelecer padrões de tráfego que espelhem a diversidade de expectativas,comportamentosepadrõesdeusodosconsumidoresfinaise(ii)peloexplosivocrescimentodetráfego,oqualtornaobsoletaqualquerdefiniçãoquesebaseieapenasnalarguradebandadoacessoàInternet,exigindoconstantesatualizações.

Desse modo, visa-se oferecer uma definição de banda larga que não se baseie numvalor numérico,mas sim uma que reflita a constante necessidade da infraestrutura detelecomunicações suportar a cesta de serviços e aplicações que utilizam essa mesma infraestrutura,deformaatornarpossívelasociedadeteracessoàInternetdofuturo.Nessesentido,oobjetivoémudarocursodaspolíticaspúblicasnadireçãoopostadopensamentoconvencionalincrementalista[11],calcadoemacréscimossucessivosnalarguradebanda,indoaoencontrodamudançadeparadigmadaevoluçãodastelecomunicações,marcadapelaincorporaçãodeaspectosdacomputaçãoenarealizaçãodequeoconsumidorfinalpossuipapeldedestaque.Portanto,adefiniçãodebandalargaéabertaparaserrobustafrente à constante evolução do setor de telecomunicações:

Acesso banda larga: um acesso com escoamento de tráfego tal que permita aos consumidores finais, individuais ou corporativos, fixos ou móveis, usufruírem, com qualidade, de uma cesta de serviços e aplicações baseada em voz, dados e vídeo.

37

3 Diagnóstico da banda larga no Brasil

O objetivo deste capítulo é apresentar um diagnóstico da atual situação da banda larga noBrasil, identificandoos principais aspectos quepodem restringir seuavançoe inibiradifusãodeseusbenefíciospelasociedade.Paratanto,seráanalisadoumconjuntodeindicadores adequados para caracterizar a evolução da banda larga no país ao longo do tempo e comparar o quadro brasileiro com outros países. O diagnóstico realizado neste capítulo oferece subsídios à proposição de metas e diretrizes que serão tratadas nos capítulos subsequentes.

Estecapítuloestáorganizadodaseguinteforma.Emprimeirolugar,naseção3.1,apresenta-se como a difusão do acesso à Internet banda larga vem ocorrendo ao longo do tempo no Brasil,caracterizando-seasdiferençasregionais.Emseguida,naseção3.2,érealizadauma comparação da evolução dos acessos banda larga no Brasil com outros países. Para tanto, selecionou-se, por meio de critérios objetivos, representativos e confiáveis, umconjunto restrito de países para análise.

Emseguida,nositensde3.3e3.4,sãoapresentadas,respectivamente,asrestriçõesaocrescimento da demanda pelo acesso à Internet banda larga e da oferta desse tipo de serviço. Tais análises são baseadas em comparações ao grupo de países selecionados previamente

Naseção3.5,sãoapresentadasasrestriçõesregulatóriasàmassificaçãodabandalarganopaís.Porfim,sãoapresentadososprincipaisdesafiosdosserviçosdegovernoeletrônicoedas cidades digitais para estimularem a demanda pelo acesso banda larga.

3.1 A difusão do acesso banda larga no Brasil

3.1.1 Banda larga fixa

O número de acessos a Internet em banda larga fixa no Brasil é crescente e atingiuaproximadamente 9,6 milhões em dezembro de 2008. Na Figura 6 é apresentada aevoluçãodonúmerodeacessosnopaís.Ataxaanualmédiadecrescimentodosacessos,entreosanosde2002e2008,éde49%,revelandoumfortecrescimentoaolongode7anos2.Apesardocontínuocrescimento,observa-seumafortedesaceleraçãodataxaanualapartirde2004.Nesteano,onúmerodeacessoshaviacrescido105%,enquantonoanode2008,somente29%.

2Sãoconsideradososacessoscomvelocidadesiguaisousuperioresa256kbps,pormeiodeplataformasfixas.

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2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução do acesso banda larga no Brasil

Número de acessos (milhões) Taxa de crescimento

Figura 6 - Evolução do acesso banda larga no Brasil: número de acessos X taxa de crescimento de acessos

Fonte: Point Topic(GlobalBroadbandStatistics,2009)

ApartirdonúmerodeacessosaInternetbandalarga,pode-secalcularsuadifusãonosdomicílios e na população3,aqualtambémsemostracrescente,conformemostradonaFigura7.Pode-severificarqueadifusãoatingiu,em2008,aproximadamente17,8acessosacada100domicíliose5,2acessosacada100brasileiros.

0,7%1,3%

2,2%3,1%

4,0%5,2%

2,2%

4,6%

7,5%

10,5%

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2003 2004 2005 2006 2007 2008

Evolução da difusão do acesso banda larga (por 100 domicílios e por 100 habitantes)

População Domicílios

Figura 7 - Evolução da difusão dos acessos banda larga no Brasil por 100 domicílios e 100 habitantes

Fonte: Point Topic(GBS,2009)

3Oindicadordedifusãodabandalargadomiciliarsupõequetodososacessossãofeitosapartirdosdomicílios.Noentanto,sabe-sequeoacessoaInternetbandalargatambémérealizadoemempresas,locaisdeacessopúblicoeoutrasorganiza-ções,nãosendopossíveldiferenciá-los.

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Éimportanteressaltarqueadifusãodabandalarganãoocorredemaneirahomogêneapela população brasileira, devido, principalmente, às desigualdades socioeconômicaspresentesnopaís.Emfunçãodissofoifeitaadistribuiçãodeacessos,dadifusãodabandalarga nos domicílios e do rendimento médio mensal individual nas regiões brasileiras,conforme mostrado na Figura 8.

Nordeste570.445 acessosAcessos/Dom.: 4,00%Rendimento médio mensal (R$): 381

Sudeste6.001.721 acessosAcessos/Dom.: 23,81%Rendimento médio mensal (R$): 748

Sul1.896.908 acessosAcessos/Dom.: 21,33%Rendimento médio mensal (R$): 759

Centro-Oeste834.138 acessosAcessos/Dom.: 20,00%Rendimento médio mensal (R$): 760

Norte526.245 acessosAcessos/Dom.: 13,45%Rendimento médio mensal (R$): 449

Figura 8 - Distribuição de acessos e difusão banda larga para cada 100 domicílios por região geográfica – 2008

Fonte:IDC(BarômetroCiscoBandaLarga,2009)eIBGE(PNAD,2007).

Os dados da Figura 8 mostram que no Nordeste é onde se apresenta o menor percentual deacessospordomicílio(4%)eomenorrendimentomédiomensalindividualdopaís(R$381,00).NoNorte,onúmerodeacessosbandalargaéomaisbaixodetodasasregiões(526milacessos),masorendimentomédiomensalindividual(R$449,00)tambémébaixocomonoNordesteeadifusãobandalargapordomicílioéconsideravelmentemaior(13%)do que naquela região.

NoSulenoSudeste,porsuavez,seencontramosmaiorespercentuaisdedifusãobandalarga(21%e24%,respectivamente),sendoqueéemSãoPauloqueseencontraomaiorpercentual de acessos por domicílio; com 3.905.762 acessos o estado de São Paulo apresenta percentual de acessos acima de 30%.

OCentro-Oesteéaregiãoqueapresentaomaiorrendimentomédiomensaldopaís(R$760,00),masnãoamaiordifusãodeacessosbandalargapordomicílio(20%).Juntamentecom oCentro-Oeste, as regiões Sul e Sudeste também possuem rendimentosmédiosmensaisindividuaismaiores(R$759,00eR$748,00,respectivamente)doquenasoutrasregiões do Brasil.

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Aquestãodosdesequilíbriosregionaisnaofertadeinfraestruturadebandalargafixanopaís temsidoobjetodepolíticaspúblicas recentes, notadamentepormeioda trocadatrocadeobrigaçõesexpressasnoPlanoGeraldeMetasdeUniversalização(PGMU)dasconcessionáriasdoSTFC,levandoobackhaulatodasassedesdemunicípiodopaís,atéofinalde2010,conformeoDecretonº6.424,de4deabrilde2008.AFigura9aseguirilustraaabrangênciadessametadeuniversalização,quelevaráobackhaul a 3.439 municípios brasileiros ainda não atendidos. O cronograma estabelece que 40% desses municípios sejamatendidosem2008,outros40%em2009eos20%restantesem2010.

Figura 9 – Backhaul STFC no Brasil

Fonte: MC

Complementarmente,eoriundodeumanegociaçãoocorridaemparalelocomatrocadeobrigaçõesdoPGMU,foiestabelecidooprogramaBandaLarganasEscolas,queresultounumacordoentreoGovernoFederaleasconcessionáriasdoSTFC.Nessesentido,asconcessionárias do STFC assinaram junto à Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) aditivos contratuais às suas autorizações de prestação do Serviço deComunicaçãoMultimídia(SCM).

Esse programa prevê a implantação de conexões banda-larga em todos os 5.565municípiosbrasileiros,beneficiandomaisde56mil escolaspúblicasurbanasaté2010,o que corresponde a 85%dos estudantes brasileiros [84].As empresas conectarão asescolasàsredesdeInternetgratuitamenteaté2025, incluindoquaisquernovasescolaspúblicasquevenhamasercriadasnesseperíodo.Peloacordo,aentreganasescolasédeummodemcomvelocidademínimade1Mbps,enquantooMECinstalaráoslaboratóriosdeinformáticacomrecursosdoProInfo.Acréscimosdevelocidadedeconexãoocorrerãoperiodicamente,deformaamanteroserviçoatualizadoaolongodoprazoacordado.

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Emquepeseoméritodetaisiniciativas,énecessárioreconhecerque,paraoplanejamen-toeformulaçãodepolíticaspúblicaseficazesemtelecomunicações,quetrateminclusivedasdiferençassocioeconômicasdopaís,sãonecessáriasinformaçõessistemáticasefide-dignas que tragam à luz os diversos aspectos que impactam a tomada de decisão. Nesse sentido,umaferramentainteressanteparaseobterumacorretavisãodasdiferençassocio-econômicasesuacorrelaçãocomadisponibilidadedeinfraestruturadetelecomunicaçõesseria o mapeamento georreferenciado da infraestrutura de telecomunicações do Brasil e o cruzamentodessasinformaçõescomosindicadoressociaiseeconômicos.

Umexemplodaaplicaçãodestaferramentaéomapeamentodacoberturadainfraestruturade banda larga que vem sendo realizado nosEstadosUnidos daAmérica, pelaNTIA4 [23].Dentrodoplanonacionaldeestímuloàbandalarga,instituídoem2009,ogovernoestadunidensealocouUS$350milhõesparaestaatividade.Omapeamentoérealizadopormeiodosistemade informaçãogeográfica (GIS,em inglês)esuaaplicaçãovisaàobtenção de vantagem competitiva pelos estados que o empregam no pleito aos fundos federaisvoltadosàexpansãodabandalarga.

Aaplicação pioneira domapeamento ocorreu no estadodeKentucky (ProjetoConnect Kentucky) e posteriormente foi adotada por outros estados, como Colorado, Kansas,Minnesota, North Carolina, Ohio, Tennessee, Illinois, South Carolina e West Virginia.Desde2005,Kentuckyvemrealizandoumlevantamentodapenetraçãobandalarganosdomicílios do estado, bem como realizando pesquisas de mercado para identificar asprincipais barreiras à adoção da banda larga pela população e pelas empresas. O estado contavacomumabaixadisponibilidadedeinfraestruturabandalargaecombaixousonasregiõesnasquaisosserviçosjáestavamdisponíveis.Dessemodo,oprincipaldesafiodomapeamento era a proposição e implementação de programas agressivos de estímulo à demanda,desenhadosparaaumentaraadoçãodabandalargaeencorajaraimplantaçãoderedesdetelecomunicações.Afiguraabaixoilustraomapadacoberturaderedesdebandalarga(comesemfio)realizadonoestadodeKentucky[24].

Figura 10 - Mapeamento da infraestrutura de banda larga de Kentucky

4 National Telecommunications and Information Administration

42

3.1.2 Banda larga móvel

O acesso em banda larga, por meio da plataforma móvel celular, está crescendorapidamente em diversos países do mundo. Os avanços tecnológicos e os investimentos emnovastecnologiascelulares,taiscomooaumentonadisponibilidadederedesIMT/3G,deaparelhoscelularesadequadosànavegaçãonaInternetedeterminaisdedadosquepermitemoacessoàredecelularpormeiodocomputador,têmcontribuídoparaadifusãoda banda larga móvel.

DeacordocomestudosdaUIT, cercadeoitentapaíseshaviam implantado redescomtecnologiacelulardeterceirageraçãoatéofinalde2007.AUIT,assimcomoosestudosdoFórumEconômicoMundial(FEM),destacaa importânciadabandalargamóvelparaamassificaçãodoacessoàInternet,sobretudoempaísescomlimitadainfraestruturaderedefixa.

Entretanto,osindicadoresrelacionadosàbandalargamóvelaindasãobastanteincipientesdevidoàrecenteintroduçãodastecnologias3Gnospaíses−entre2002e2003−,alémda coleta e tratamento de informações sobre sua penetração e uso serem realizados porpoucospaísesede formanãopadronizada.UmestudorecentedaOCDE[25]visaconstruir uma metodologia para padronizar a coleta e tratamento estatístico de dados da bandalargamóvelesemfio.

Poressasrazões,acomparaçãointernacionaldoacessobandalargamóvelnãotemsidoutilizadaemprofusão.Porém,pormeiodosdadosdaUITedoIDC,épossívelcompararapenetraçãodabandalargamóvelnapopulaçãodospaísesexibidosnafiguraaseguir.

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Figura 11 - Penetração de assistentes de banda larga móvel por 100 habitantes 2007 (%)Fonte:UIT,IDC(2007)

Comosepodeobservar,oBrasileoutrospaísesemdesenvolvimentoapresentamumníveldepenetraçãobandalargamóvelmuitobaixoquandocomparadosàmaioriadospaísesdesenvolvidos.Tal fatopodeserexplicadopela introdução tardiadas redesde terceira

43

geraçãonospaísesemdesenvolvimento,assimcomopelasdiferençassocioeconômicasentreospaíses,determinandoníveisdiferentesdedemandapeloserviço.É importantelembrar que esse indicador trata de assinantes banda larga e, portanto, não se sabequantos são de fato os usuários que acessam a Internet por meio do terminal móvel.

Aofertadeserviços3GteveinícionoBrasilnofinalde2007,comduasoperadorasutilizandoa frequênciade850MHz.Visandoaexpansãodaoferta3Gnopaís,aANATEL lançou,em2007,oEditaldeLicitaçãonº002/2007/SPVelicitouassubfaixasdefrequênciaF,G,IeJ–1,9GHze2,1GHz−,parausonoperíodode15anos.Apartirdoiníciode2008,praticamentetodasasoperadorasmóveisdopaísjáoperavamcompadrões3G.EsseeditaldeveservircomoumvetorparaamassificaçãodoSMPedabandalargamóvelnopaís,poisestipulacompromissosdosproponentesvencedorescomosseguintesobjetivos:(1)garantircoberturacelulara100%dosmunicípiosbrasileirosaté2010;e (2)garantiradifusãodetecnologias3Gemtodoopaís,estabelecendoque,em8anos,aomenos3.387municípiosterãoacessoabandalargamóvelconformeConsultaPública(CP22/2008)daANATEL.

Aofinaldesses8anos,estima-sequeapopulaçãocobertapelosserviços3Gcompreenderácerca de 88% da população brasileira, caso cumpra-se o mínimo estabelecido noscompromissos. A tabela abaixo mostra, de forma detalhada, os compromissos dosproponentes vencedores do Edital.

Tabela 6 - Compromissos de Abrangência do Edital nº 002/2007/SPV-ANATEL

Municípios Compromissos de Abrangências

Sem SMP

Atender, comSMPprestado emquaisquer das subfaixas autorizadas para a

prestaçãodoSMP,osMunicípiossemSMPematé24mesesapósapublicação

do Termo de Autorização.

Com menos de 30 mil

habitantes

Atender,comserviçodeterceirageração*,60%dosmunicípioscompopulação

menorque30.000habitantes(15%acadaano,nos5º,6º,7ºe8ºanos).

Os60%dosmunicípioscommenosde30milhabitantesforamdivididosentre

as4ProponentesvencedorasemcadaÁreadePrestação,ficandocadauma

responsável por atender 15%.

Entre 30 e 100 mil

habitantes

Atender,comserviçodeterceirageração,50%dosmunicípioscompopulação

maiorque30.000emenorque100.000habitantesematé60mesesapósa

publicaçãodoextratodoTermodeAutorização.

Com mais de 100 mil

habitantes

Atender,comserviçodeterceirageração,100%dosmunicípios.

Fonte:EstudotécnicoparaatualizaçãodaregulamentaçãodastelecomunicaçõesnoBrasil,ANATEL,Brasília,2008.

Estima-sequeem julhode2009oBrasil atingiu cercade4,2milhõesdeacessos3G,considerandooscelularescomtecnologiasWCDMA,EVDOeterminaisdedados(modem)com velocidades superiores a 256 kbps. Com relação à cobertura atingida pelos serviços

* Prestado nas subfaixas de radiofrequências

44

3G, estima-se que em julho de 2009 foram cobertos em torno de 656municípios pelatecnologia WCDMA, que compreendem cerca de 63,3% da população brasileira [26],conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12 - Cobertura 3G no Brasil (Junho 2009)Fonte: Teleco

DeacordocomosdadosdaconsultoriaPyramidResearch[27],dejulhode2009,osacessosembandalargamóvelcrescerãoexpressivamentenospróximosanos,ultrapassandoosacessosfixosem2011.Estima-sequeem2014,opaísatinjaaproximadamente27milhõesdeacessosmóveispormeiodedispositivosdedados(taiscomoosUSB),crescendoaumataxamédiaanualde62%.

As projeções daANATEL também indicam que a quantidade de acessos banda largamóveisserásuperioradeacessosfixosapartirde2011,atingindoumpatamaracimade52milhõesem2014,conformeapresentadonaFigura13.

Figura 13 - Projeção de acessos banda larga fixo e móvelFonte:ANATEL-PGR

45

AindasegundoasprojeçõesdaANATEL,onúmerodeacessosmóveis(SMP)noBrasilem2014serádeaproximadamente215milhões,conformeapresentadonaFigura14.

Figura 14 - Projeção de acessos SMPFonte:ANATEL-PGR

ParafinsdestePNBL,assume-sequeabasedeusuáriospós-pagosrepresentaboapartedo mercado potencial da banda larga móvel e a base de usuários pré-pagos representará algoemtornode10%destemercadovistoque,opreçodostelefonescelulares3Gpoderepresentar barreira para a difusão da banda larga móvel e que o segmento pré-pago não conta com subsídios da operadora.

De acordo com a evolução histórica do número de celulares pré-pago e pós-pago noBrasil,mostradanaFigura15,percebe-sequeonúmerodeusuáriospós-pagosativosé decrescente e sua participação no mercado é projetada para pouco menos de 18% até 2014.Portanto,pode-sesuporqueem2014aquantidadedeusuáriosbandalargamóvelpós-pagoserádeacimade39milhõeseque,somadosamaisde21milhõesdeusuáriospré-pagos,resultaráemumtotalemtornode60milhõesdeusuáriosbandalargamóvel.

38,30%

58,90%

68,00%71,60%

76,20%80,50% 80,80% 80,62% 80,66% 81,47% 81,91%

61,70%

41,10%

32,00%28,40%

23,80%19,50% 19,20% 19,38% 19,34% 18,53% 18,09%

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 jul/09

Evolução dos acessos celulares pós-pagos e pré-pagospré-pago pós-pago

Figura 15 - Evolução dos acessos celulares pré-pagos e pós-pagos

46

Dopontodevistadeterminaismodems,omercadopotencialédadopelaprevisãodabasede notebooksnopaís,realizadaapartirdosdadoshistóricosdaABINEEapresentadosnaTabela7,naqualseobservaqueoBrasilteráaproximadamente70milhõesdenotebooks em 2014.

Tabela 7 – Quantidade de computadores ativos no Brasil

Computadores 2004 2005 2006 2007 2008

Total 20.524 24.329 30.184 37.267 46.217

Desktops 20.330 23.822 29.002 31.123 35.723

Notebooks 194 507 1.182 6.144 10.494

Portanto,considerandoonúmerodeusuários potenciais (proprietáriosdecelularesnascategorias de pós-pago e pré-pago e de notebooks)comoomercadopotencialmáximodabandalargamóvelnopaís,conclui-sequeem2014oBrasilpoderáapresentaremtornode120milhõesdeusuáriosdebandalargamóvel,indicandoqueabasedenotebooks e de terminais celulares pós-pago e pré-pago não representam qualquer restrição quanto à difusão da banda larga móvel.

Nãoobstanteasprojeçõesotimistasparaaquantidadedeacessosmóveis,paraserealizarodiagnósticoeprognósticocompletosdabandalargamóvelnoBrasil,énecessáriorealizarlevantamentoamplodeaspectos, taiscomoadisponibilidadeouescassezdeespectroderadiofrequência,aqualidadepercebidapelosusuários,comoecomqualfinalidadeoacessomóvelestásendousado,entreoutros.Muitosdessesaspectossãoespecíficosàbandalargamóvel,nãopermitindocorrelaçãocomadifusãodabandalargafixa.Alémdisso,comojáditoanteriormente,dadaasuarecenteadoção,oseuacompanhamentonosdiferentes países não vem sendo realizada em profusão.

Com relação à disponibilidade de radiofrequências, é importante mencionar estudoelaboradopelaUITàépocadaConferênciaMundialdeRadiocomunicaçãode2007(CMR-2007),alertandoquantoàdemandafuturadeespectro.Combasenesseestudo,diversasfaixasdefrequênciaforamidentificadasduranteaCMR-07,eoBrasilparticipouativamentedessadiscussão.Oprocessoderegulamentaçãodadestinaçãodessasfaixasnopaísestáemandamento,eseráabordadoadiantenaseção5.3.

Noentanto,considerandoaatualevoluçãodaquantidadedeacessosembandalargamóveleoscompromissosassumidospelasempresasoperadorasdoSMPparaospróximos8anos,suaofertanãodeverepresentarrestriçãoàmassificaçãodosacessosbandalargano país.

Opotencialdeusodeaplicaçõesmóveisaindaestálongedesercompletamenteexplorado.Arecenteiniciativadogovernobrasileiro,ampliandocoberturadoserviçoSMPparatodososmunicípiosdoPaís,abrenovaspossibilidades.Aliarestacoberturacomaplicaçõesde

47

interessesocial,emespecialaquelasdestinadasaproverserviçosdegovernoeletrônicovoltadosaoscidadãos,assimcomoode informações instantâneaspara incrementodenegóciosdemicroepequenosempresários,poderepresentarumacontribuiçãosignificativana redução de algumas desigualdades sociais e regionais. Com os novos modelos de terminais,alémdoSMS, jáestádisponívelemescalacomercialumaplataformaprontaparasuportarserviçosMMScomexibiçãodeimagensemtemporeal.Tudoistosignificaaumentodetráfegoe incrementodosserviçoseaplicações.Noentanto,alémdabaixapenetraçãodosserviços“não-voz”,mereceregistroabaixíssimautilizaçãodaplataformade serviços móveis em aplicações de interesse social. Nessa categoria inclui-se tudo o que estárelacionadocomaspossibilidadesdeaproximaçãoentreEstadoecidadãos,desdeasimplescomunicaçãointerpessoal,atéadisponibilizaçãodeserviçosdeutilidadepública.

Dessemodo,osaspectosacimadescritosindicamanecessidadedereforçaroescopodaspropostasdopresentePNBLsobreainfraestruturaderedeeplataformasenvolvidasnaofertadeacessoàInternetembandalarga,umavezqueaumentodetráfegorepresentaráimpacto sobre a infraestrutura de transporte de dados, em que pese a contribuiçãorepresentadapela implementaçãodapolíticadefinidana trocadeobrigaçõesdoSTFC,quegarantiráaexpansãodecapacidadedetransportenobackhaul.

3.2 Comparação internacional da evolução da banda larga

De forma a permitir uma comparação adequada da situação da banda larga no país,inicialmenteforamselecionadosalgunspaísesque,sobdeterminadoscritérios,apresentamcondiçõessemelhantesaoBrasil.Emseguida, foramanalisadasassérieshistóricasdabandalarganestespaísese,porfim,foramestimadassuasevoluções.

3.2.1 Seleção dos países para análise

Paraumaanáliseinicial,foramselecionadososquatropaísesqueconstituemoacrônimoBRIC−Brasil,Rússia,ÍndiaeChina−,alémdequatropaísessul-americanosanalisadosem[28]−Peru,Argentina,ChileeColômbia−epelostrintapaísesdaOCDE,devidoaoaltoníveldedetalhamentodasinformaçõesdessasduasfontessobreadifusãodabanda larga.

Dessemodo, tem-se o seguinte grupo com 38 países:Alemanha,Argentina,Austrália,Áustria,Bélgica,Brasil,Canadá,Chile,China,Colômbia,Dinamarca,Eslováquia,Espanha,Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Índia, Irlanda, Islândia,Itália,Japão,CoréiadoSul,Luxemburgo,México,Noruega,NovaZelândia,Peru,Polônia,Portugal,ReinoUnido,RepúblicaTcheca,Rússia,Suécia,Suíça,Turquia.

Diversos indicadores podem ser utilizados para efeito de comparação do estágio de desenvolvimento da infraestrutura e do uso da banda larga entre os países. Um indicador comumente utilizado é o nível de penetração da banda larga na população. A comparação

48

desse indicador permite verificar a influência relativa que diversos fatores, tais comoníveldedemanda,aspectosregulatóriosedisponibilidadedeinfraestrutura,exercemnadeterminação do nível de penetração banda larga nos países.

Apesar de um grande número de fatores ser determinante no nível de penetração banda larga,paraumaprimeiracomparaçãoentreos38paísesselecionados,oProdutoNacionalBrutopercapita−PNBpercapita5−foiescolhidoporpossuirelevadacorrelaçãocomapenetraçãobanda larga,alémde refletirasdisparidadessocioeconômicasdessegrupoheterogêneodepaíses.

Defato,analisandoadistribuiçãodapenetraçãodabandalargasegundooindicadorPNBpercapita,percebe-seumaboacorrelaçãoentrearendapercapitadospaíseseaadoçãodebandalarga,conformeaFigura16.

AU

AT

BE

CA

CZ

DK

FIFR

DE

GRHU

IS

IE

IT

JP

MX

NL

NZ

NO

PL

PT

SK

ES

SE

CH

TR

UKUS

BRASIL

LU

AR

CO

PE

IN

RU

CN

CL

y = 0,0015x + 12,48R² = 0,7072

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000

Penetração Banda Larga (domicílios)

PNB per capita (PPP$)

Figura 16 – Penetração Banda Larga (% domicílios) x PNB (per capita)

Aanálisedafigurasugereque,mantendo-seconstantesosoutrosfatoresqueinfluenciamna penetração banda larga, os países que se situamabaixo da linha têmumnível dedifusãodebandalargaabaixodoquesuasrendasnacionaispoderiampossibilitar.

Para efeitos de diagnóstico e de determinação de ações e políticas voltadas à banda larga,éinteressanteacomparaçãodepaísescomníveispróximosderendanacional.Tal

5ProdutoNacionalBrutoémedidoemdólaresamericanos(US$)econvertidos–pormeiodosfatoresdeconversãoPPP(Purchasing Power Parity) doBancoMundial –paravaloresdedólares internacionaisdeparidadedepoderdecompra(PPP$).

49

comparaçãopermiteumaanálisemaisapuradadepaísescomdesempenhosdestacadosequepossuemrendassemelhantes.

Assim,paraumaadequadaanálisedasrestriçõesexistentesnoBrasilparaadifusãodessesserviçoséaconselhávelrestringirumgrupodepaísesqueapresentemPNBmaispróximosaobrasileiro.ObservandopaísescomPNBpercapitamenordoquePPP$15.000,tem-seumgrupoformadopor:Argentina,Brasil,Chile,China,Colômbia,Índia,México,Peru,RússiaeTurquia,conformeapresentadonaFigura17.

OestabelecimentodemetasparaaexpansãodabandalarganoBrasildeveserdirecionadoaalcançaroníveldepenetraçãodogrupodequatropaísesdestacadosnaFigura17,osquaistêmPNBpróximosaoBrasil,massedestacamnadifusãodabandalarga.

Argentina

Brasil

Chile

China

Colômbia

Índia

México

Peru

Rússia

Turquia

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000

Penetração Banda Larga (por 100 domicílios)

PNB per capita (PPP$)

Figura 17 – Penetração Banda Larga (% domicílios) x PNB per capita (PPP$)

Dessa forma,ogrupodepaísesparafinsdecomparaçãopoderiase restringiraessesquatropaíses−Argentina,Chile,TurquiaeMéxico–eaanálisesubsequenteseorientarumoàinvestigaçãodosfatoresquerestringemumdesempenhosemelhantepeloBrasil.

Entretanto, devido às condições geográficas dos países também serem um aspectoimportantenaanálisedacoberturaepenetraçãodoacessobanda larga,optou-sepelainclusãodaChinanogrupo.TalfatosejustificapelascaracterísticaspróximasqueaChinaeoBrasilpossuememrelaçãoàextensãoterritorialeàdispersãopopulacional,oque,porsuavez, indicaqueocustoeadificuldadede levaracessoaáreasnãoatendidasporinfraestruturabandalargatendemaser,emteoria,próximos.Portanto,devemexistiroutrosfatoresquepossibilitamumníveldepenetraçãobandalargamaiselevadonaChinaque no Brasil.

50

3.2.2 Histórico da banda larga no Brasil e nos países selecionados

ApenetraçãodabandalargaestáseguindoumavelocidadesignificativamentediferenteentreamédiadospaísesdaOCDEeamédiados6paísesselecionados(G6)paraanálise:Argentina,Brasil,Chile,China,MéxicoeTurquia.Ohistóricodepercentualdepenetraçãodebandalarga,expressoemconexõespor100habitantes,émostradonaFigura18.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Pen

etra

ção

(co

nex

ões

/po

pu

laçã

o)

Histórico da penetração BL

OCDE G6 Brasil

Figura 18 - Histórico da penetração banda larga no Brasil, OCDE e G6Fonte: Point Topic(GBS,2009)

DeacordocomográficodaFigura18,observa-seumagrandediscrepânciaentreosníveisdepenetraçãobandalargadospaísesdaOCDE,dospaísesanalisados(G6)edoBrasil.OBrasilapresentapenetraçãomenorqueamédiadaOCDEedoG6aolongodosanos.

Verifica-setambémqueataxadecrescimentodapenetraçãodabandalarganospaísesdaOCDEdiminuiunoanode2007,podendoserumindicativodequeelaestámaispróximadasaturaçãodemercado.Jánosgruposdepaísesselecionados,emboraavelocidadedecrescimentosejasignificativamentemenorqueadospaísesdaOCDE,suadesaceleraçãoainda não pode ser constatada, sugerindo que existe parte do público potencial a seratendido.

Ohistóricodepenetraçãodebandalargaeohistóricodataxadecrescimentodasconexõesdecadaumdospaísesselecionadosparaoestudosãomostrados,respectivamente,naFigura 19 e na Figura 20.

A penetração dos acessos em banda larga é crescente para o conjunto de países analisados. Comrelaçãoàtaxadecrescimentodapenetração,observa-sequeaTurquia,oBrasileaChinaapresentamtaxasdecrescentesaolongodotempo.Destaca-seofortecrescimentodataxadepenetraçãodaTurquiaem2004e2005.AtaxadecrescimentodapenetraçãonaChinaé ligeiramentemenorqueadoBrasil, porémapenetraçãodabanda largaésuperior durante o período analisado.

51

NocasodoChile,observa-sequeataxadecrescimentofoicrescenteentre2004e2006,quandocomeçouadecrescer.Noentanto,durantetodooperíodoanalisado,oChileéoqueapresentoumaiorpenetraçãodeacessopor100habitantes.AArgentinaapresentaumcomportamentooscilantenataxadecrescimentoentre2004e2006,terminandocomumatendênciadecrescenteentre2006e2008.Porfim,nocasodoMéxico,observa-seumataxacrescentedapenetraçãoentre2006e2008,oquelevouopaísaobterumníveldepenetraçãomaiorqueodaChinaedoBrasilem2008.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Pen

etra

ção

(co

nex

ões

/po

pu

laçã

o)

Histórico penetração BL (G6)

G6 Chile Turquia México Argentina Brasil China

Figura 19 Histórico da penetração banda larga dos países da análiseFonte: Point Topic(GBS,2009)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Chile Turquia México Argentina Brasil China

Taxas de crescimento da penetração banda larga (%)

2004 2005 2006 2007 2008

Figura 20 Taxas de crescimento da penetração banda larga nos países da análiseFonte: Point Topic(GBS,2009)

52

ComrelaçãoàevoluçãodavelocidadedeacessobandalargacontratadanoBrasil,verifica-se que o crescimento do número de acessos no país ocorre predominantemente entre as velocidades contratadas mais elevadas de download6,conformeapresentadonaFigura21.

O aumento da velocidade média de navegação pode ser justificado pela crescentedemandaporconteúdosmultimídia,oqueserefletenoaumentodasvelocidadesmínimasoferecidas.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

2006 2007 2008

Evolução da distribuição dos acessos por velocidades contratadas de downloadno Brasil

até 255 kbps 256 - 511 kbps 512 kbps - 0,99 Mbps acima de 1 Mbps

Figura 21 – Evolução da distribuição dos acessos banda larga por velocidade contratada de download no Brasil

Fonte:IDC(BarômetroCiscoBandaLarga,2009).

Em 2008, os acessos com velocidades de download superiores a 2 Mbps eram de aproximadamente13%dosacessoscontratadosnoBrasil.Nestemesmoano,menosde1%dosacessoscontratadostinhamvelocidadesuperiora8Mbps.

A comparação internacional das velocidades contratadas de download revela que a velocidademédiadoBrasil,em2008,eramenorqueadaArgentinaedoChile,deacordocomográficoapresentadonaFigura22.

Osacessoscontratadoscomvelocidadessuperioresa512kbpseramdeaproximadamente88%e86%noChileeArgentina,respectivamente.NoBrasil,essevalorfoisignificativamenteinferior,tendoatingidocercade64%dasvelocidadescontratadas.

6 Não inclui IP dedicado.

53

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Brasil

Chile

Argentina

11%

3%

2%

25%

9%

12%

30%

25%

39%

34%

63%

47%

Distribuição dos acessos por velocidade contratada de download ( 2008)

até 255 kbps 256 - 511 kbps 512 kbps - 0,99 Mbps acima de 1 Mbps

Figura 22 – Comparação internacional da distribuição dos acessos banda larga por velocidade contratada de download (2008)

Fonte:IDC(BarômetroCiscoBandaLarga,2009).

AcomparaçãodiretadasvelocidadescontratadasdoBrasilcomasdoMéxicoedaTurquianãoépossível,poisafontededadosdisponíveisparaestesdoispaísesnãoéamesmadoBrasil.Entretanto,paraseterumaideiadaofertadevelocidadedosacessosbandalarganessespaíses,foramutilizadososdadosdaOCDE,osquaismostramavelocidademédiade download anunciada pelos prestadores de serviço de acesso de cada país.

ATurquiaapresentou,em2008,avelocidademédiade3.338kbps,enquantooMéxico1.514 kbps. A velocidade média anunciada dos países da OCDE cresceu de 2 Mbps em 2004 para 17 Mbps em 2008. 3.2.3 Prognóstico da difusão da banda larga no Brasil

e nos países selecionados

Nesta seção foi feita uma previsão baseada em dados reais sobre a situação do Brasil e dos países selecionados quanto à difusão da banda larga. O objetivo do prognóstico écomparar a situaçãodoBrasil comoutrospaísesnospróximoscincoanos, a fimdeantecipara realidadebrasileirasemque tenhamsido tomadasmedidasparaaceleraradifusão da banda larga.

Na Figura 23 são apresentados os percentuais de difusão de banda larga por domicílio nospaísesanalisados,paraosanosde2008e2014.Osdadosde2008,obtidosem[29],resultam do número de acessos banda larga em relação ao número de domicílios de cada país. A projeção dos dados de 2014 foi estimada com base na projeção de crescimento do númerodedomicílios[30]edasconexõesbandalargadecadapaís,utilizandoomodelode difusão de Bass7.

7 AmetodologiautilizadaparaaestimativadaprojeçãoébaseadanoconceitodedifusãodeinovaçãodeBass(Bass,1969).OsvaloresdosparâmetrosdomodelodeBassestãoapresentadosnoAnexoI,naseção9.1.

54

Acessos banda larga por 100 domicílios (2008 e 2014)

17,8%23,5%

29,9% 30,0% 32,4%36,7%

31,2% 34,0%

45,0%

68,5%

39,8%

53,1%

B ras il C hina C hile Méxic o Argentina Turquia

2008 2014

Figura 23 – Percentual de acesso de banda larga por 100 domicílios (2008 e 214)

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdedadosdaOCDE,2009eBancoMundial.

A Figura 23mostra que oMéxico é o país para o qual se projeta amaior penetraçãodeacessobanda largapor100domicíliospara2014,mesmoqueem2008 tenhasidoa Turquia o país que apresentou a maior difusão de banda larga. Isso ocorre porque na projeçãodosdadoshistóricos,oMéxicotevemaiorcurvadecrescimentodabandalargapor domicílio do que a Turquia e os demais países analisados8.

Adicionalmente, foram obtidos os déficits de acesso de banda larga por domicílio doBrasilemrelaçãoaospaísesanalisados,aindanacomparaçãodedadosde2008e2014.ConformedemonstraaTabela8,omaiordéficitemnúmerodeconexõesdoBrasiléemrelaçãoàTurquiaem2008–com10.219.680,ouseja,paraatingirummesmoníveldepenetraçãopordomicílioqueaTurquiaem2008(ouseja,36,7%),oBrasilnecessitariadeumacréscimosuperiora10milhõesnonúmerodeconexõesbandalarga.

Tabela 8 – Déficit de acessos do Brasil em relação aos países analisados

País Déficit de acessos do Brasil para atingir mesma difusão por 100 domicílios2008 2014

México 6.629.243 21.918.706 Turquia 10.219.680 12.889.158 Chile 6.571.342 8.094.247 Argentina 7.899.575 5.087.939

China 3.088.730 1.656.067

8 Talcomportamentopodeserdevidoàocorrênciadefatoresexternosaumadifusãonatural,taiscomopolíticasagressivasno setor para aumento de demanda.

55

Opercentualde31,2%depenetraçãodeacessosbandalargapor100domicíliosprojetadoparaoBrasil,significaqueopaísteria18.316.621deacessosbandalarganofinalde2014,conformeilustradonaFigura24,quemostraadifusãodabandalargaesuaprojeçãoemmilhõesdeacessosnopaísde2000a2020.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Ace

sso

s (M

ilhõ

es)

Difusão do acesso banda larga no Brasil - projeção

Figura 24 – Projeção da difusão de acessos banda larga no Brasil – Projeção

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdedadosdoIBGE

Asestimativasrealizadasparaestaprojeção–donúmerodeconexõesdebanda largaparaoanode2014–levamemconsideração,principalmente,ocomportamentohistóricodonúmerode conexõeseaausência denovasaçõesespecíficasdeestímulo.Sendoassim, todas as restrições naturais de um processo de difusão tais como limitação deoferta de cobertura, elasticidade a preço, atratividade pelo serviço, dentre outras, sãoautomaticamenteconsideradasparaaestimativafinal9.

Em2014,omaiordéficitpassariaasercomrelaçãoaoMéxico.Assim,parasealcançarpatamarsimilaraodoMéxicoemquantidadedeacessosbandalargapor100domicíliosem2014,oBrasildeveriatomarmedidasextremamenteambiciosas,capazesdeaceleraredeslocaracurvadedifusãoparacima,apartirde2010,conformeobservadonaFigura2510.

9 Eventualmente,algumasestimativasdemercadopodemsebasearemmetodologiasqueeliminamalgumasdasrestri-çõesexistentes,comoobjetivodeavaliaroimpactodedeterminadarestrição,semconsiderar,necessariamente,asoutrasrestrições.Dessaforma,osvaloresresultantesdecadametodologiasetornamincomparáveis,poispartemdediferentespressupostos.Apenasparafinsdecomparação,aprevisãoparaoBrasil–realizadaem[29]–éde22,3milhõesdeacessospara 2013.10 Paraestecálculoconsidera-seaquantidadedeconexõesnoBrasilde9.618.494conexõesembandalargaemdezem-brode2008,conforme[29].

56

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Brasil Brasil_Meta China México Argentina Turquia Chile

Figura 25 – Projeção dos acessos banda larga no Brasil e no G6 (por 100 domicílios)

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdedadosdaOCDE,2009eBancoMundial.

Apenasparafinsdecomparação,elevaraquantidadedeacessosbandalargaem2014alémdonívelprojetadoparaoMéxicorepresentaatingirumadifusãode70acessospor100domicílios,enquantoque,parasuperaramédiadeacessosem2014projetadaparao conjunto de países analisados representa atingir uma difusão de 40 acessos por 100 domicílios.

Esteimpulsonaquantidadedeacessosdepende,necessariamente,daidentificaçãodotipodedéficitobservadoedeumaavaliaçãodasrestriçõesapresentadasparaocrescimentodaofertaedademandaporessesserviços,conformedescritonaspróximasseçõese,porúltimo,dacapacidadedeinvestimentonecessário.

5.3 Análise de Gap

Uma maneira interessante de analisar o desenvolvimento da banda larga no Brasil e as políticasdeimpactoparasuamassificaçãosãoosconceitosdegap de mercado e gap de acesso,conformeconceituaçãodaUIT[31]emodelodeanálisedegapsdoRegulatel[32].Considerandoduasdimensõescomobarreirasimportantesparaseatingiramassificação–coberturageográficadarede,peloladodaoferta,edisponibilidadederenda,peloladodademanda–,pode-sedeterminaraomenostrêszonasdistintasparaavaliaçãodesseserviço:penetraçãoatual,gap de mercado e gap de acesso.

57

ConformeindicadonaFigura26,apenetraçãoatual,representadapeloprimeiroretângulo,éde17,8%,deacordocomoscálculosapresentadosanteriormente.Ogap de mercado é decercade26,3%,representandoopercentualdedomicíliosdoBrasilquenãopossuemacessoàInternetembandalargadevidoàineficiênciademercadoouàindisponibilidadede renda para aquisição desse serviço. Tais domicílios estão situados em regiões nas quais aofertadebandalargaéeconomicamenteviávele,paraqueadifusãodabandalargasejaampliada,serianecessáriaaeliminaçãodebarreirasnãoeconômicas.Dessemodo,para suprimir tal gapnoBrasil,énecessárioestabelecerpolíticaseaçõesqueatuem,porexemplo,sobrearegulaçãovigente,quefavoreçamumambientecompetitivoeaatraçãode investimentos.

Penetração atual (acessos/domicílios)

17,8%

Gap de Mercado

26,5%

Gap de Acesso

55,7%

Abrangência geográficaÁreas de menor custo Áreas de maior custo

Dem

and

aD

omic

ílios

com

re

ndim

ento

ele

vado

Dom

icíli

os c

om b

aixo

re

ndim

ento

100% dos domicílios

100%

de

cobe

rtur

a

Oferta comercialmente

viável

Oferta viável por meio de

subsídios e incentivosPenetração atual

(acessos/domicílios)17,8%

Gap de Mercado

26,5%

Gap de Acesso

55,7%

Abrangência geográficaÁreas de menor custo Áreas de maior custo

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100% dos domicílios

100%

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Oferta comercialmente

viável

Oferta viável por meio de

subsídios e incentivos

Figura 26 - Gap de mercado e Gap de acesso

Fonte: Elaboração própria a partir de modelo UIT e Regulatel.

Com relação ao gap deacesso,ovalorestimadoparaoBrasil édeaproximadamente55,7%.Issorepresentaopercentualdedomicíliosqueestãoemcondiçõesgeográficase/ou de renda incapazes de atrair a oferta de Internet em banda larga11.Nestecaso,parasuprimir esse gapénecessárioestabelecerpolíticaseaçõesquefaçamuso,porexemplo,de recursos do FUST para subsidiar a operação deste serviço.

As informaçõesutilizadas para essaestimativa sãoapresentadas naTabela 9, comosdados dos domicílios que constituem o gap de acesso destacados em amarelo.

11 Aestimativadessepercentual foi realizadaapartirdedadosderendimentomensaldomiciliardaPNAD/IBGE2007.Paratanto,considerou-sequeosdomicíliosbrasileirossituadosnazonaurbanacomrendimentomensaldeatétrêssaláriosmínimosestariamnessegrupo.Alémdisso,paraosdomicíliosdaszonasrurais, foramconsiderados todosaquelessemrendimento ou com rendimento mensal de até dez salários mínimos.

58

Tabela 9 - Distribuição de domicílios por faixas de rendimento mensal

Classes de rendimento mensal domiciliar (Salário Mínimo)

Domicílios

(1.000)

Até 1

SM

Mais

de 1 a

2 SM

Mais

de 2 a

3 SM

Mais

de 3 a

5 SM

Mais

de 5 a

10 SM

Mais

de 10 a

20 SM

Mais

de 20

SM

Sem

rendimento

Sem

declaração

Total

Brasil

Urbanos 4.974 9.408 8.171 9.972 8.249 3.638 1.494 711 1.321 47.937

Rurais 2.165 2.636 1.514 1.158 530 131 48 150 184 8.517

Total 7.139 12.045 9.685 11.131 8.779 3.769 1.542 862 1.505 56.454

Fonte:PNAD(2007)

O gap de mercado foi obtido da diferença entre o acesso universal e a soma do gap de acesso com a penetração atual.

3.4 Vertentes da massificação do acesso Banda Larga

Aspolíticas voltadasàmassificaçãodoacessobanda largapormeiodaampliaçãodainfraestrutura de telecomunicações a todos os municípios devem trazer em seu bojo as trêsvertentesapresentadasnaFigura27,asquaisrefletemadiversidadedecondiçõesexistentesnoBrasil.

Figura 27 – Vertentes da massificação do acesso Banda Larga

Fonte: MC.

Aprimeiravertenteabrangeosmunicípiosmaiores,ondeexistediversidadederedesdetelecomunicaçõesecompetiçãonainfraestruturaenosserviços.Nestecaso,opapeldoEstado é assegurar um ambiente de competição. Em analogia à análise de gap,apresentadaanteriormente,essavertentecorrespondeàsregiõesquejácontamcomacessobandalarga.

59

Nasegundavertente,osmunicípios,pequenosemédios,serãoatendidosporinfraestruturade redes de telecomunicações por meio do estabelecimento de metas de universalização. Em analogia à análise de gap,asaçõesdoEstadonessavertentesãovoltadasàsupressãodo gapdemercado,pormeiodoestímuloaoinvestimentodosetorprivadoeàcompetição,bem como através de instrumentos regulatórios. Por exemplo, o estabelecimento deobrigações de atendimento aos operadores de rede é um instrumento que contribui para a massificaçãodainfraestruturaderedesdetelecomunicações.

Porfim,aterceiravertenteabrangeasregiõesremotasedefronteiras,atendidasporredesdetelecomunicaçõespormeiodeprogramaspúblicos.Nestecaso,oEstadocumpreoseupapeldemitigarasdesigualdadesregionaisesociais.ComoexemplodeaçãodoEstado,tem-seoprogramaGovernoEletrônicoServiçodeAtendimentoaoCidadão(GESAC),atu-almenteemprocessodeexpansãopara12milpontosdepresençaemmaisde3milmuni-cípios. Tais ações se enquadram como instrumentos que visam suprimir o gap de acesso.

3.5 Restrições ao crescimento da demanda

Nesta seção são analisadas as restrições ao crescimento da demanda por banda larga no Brasil,taiscomo:acessoacomputadoreseaInternetnosdomicílios,quantidadedeusuáriosde Internet, acesso à banda larga, características do serviço, preço da Internet bandalarga,rendamédiadapopulação,níveleducacional,habilidadeemTICsdapopulaçãoequantidadedeserviçoseletrônicosdisponíveis.Aseguirsãodescritososfatoreslimitantesdo crescimento da banda larga no Brasil.

3.5.1 Proporção de domicílios com computadores e com Internet

Um dos principais fatores de restrição ao crescimento da demanda por banda larga é o ritmodadifusãodoscomputadoresnosdomicíliosbrasileirosjáque,atualmente,oprincipalmeio de acesso à banda larga é o computador de uso pessoal.

A quantidade de acessos à Internet nos domicílios é outro fator limitante ao crescimento da bandalarganoBrasil,poisépormeiodadisseminaçãodaInternetqueaumentaointeresseeautilidadedaInternetdaperspectivadademanda,aqualélimitadapeladisponibilidadeda oferta das tecnologias de acesso banda larga.

60

Proporção de domicílios com computador e com internet (2007)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

China Argentina Chile Turquia México Brasil

Proporção de domicílios com computador

Proporção de domicílios com internet

Figura 28 – Proporção de domicílios com computador e com Internet (2007)12

Fonte:UIT,2009

Em2007,segundoestudodeTICsdaUIT[33],apenascercade21%dosdomicíliosnoBrasilpossuíamcomputadoresepoucomaisde15%destes,acessoaInternet13. O Brasil foioquartocolocadoquandoseolhadoúltimoaoprimeirocolocadoentreos38paísesselecionadosnocapítulo3,oquedenotamuitobaixaproporçãodedomicíliosbrasileiroscomcomputador,principalmentediantedospaísesdesenvolvidosdaOCDE,taiscomoaHolandaeoJapão,osquaistiverampenetraçãodocomputadoremtornode85%doslaresno mesmo ano.

A Figura 28 mostra que a penetração de computadores nos domicílios brasileiros é pró-ximaàpenetraçãodoMéxico,de22%nomesmoano.QuandocomparadoàTurquia,àArgentina,aoChileeàChina,oBrasilencontra-seemposiçãoinferior,jáquecercade29%,36%,36%e39%dosdomicíliosdessespaíses,respectivamente,tinhamcomputa-dor no mesmo ano.

Comrelaçãoàsvendasdecomputadoresnopaís,onúmerodenovosdesktopsenotebookscomercializadosanualmenteécrescente,conformeapresentadonaFigura29.Em2008,foram vendidos cerca de 12 milhões de unidades, representando um crescimento deaproximadamente20%emrelaçãoa2007.Entretanto,nota-seumadesaceleraçãonasvendas anuais a partir de 2006.

12 Acesso discado incluído.13 Pesquisamaisrecente, realizadaem2008peloCGI,apontamnúmerosrelativamentemaiores:27%domicílioscomcomputador e 20% com acesso à Internet.

61

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

2004 2005 2006 2007 2008

Var

iaçã

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Ven

das

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Cs (m

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es)

Vendas anuais de desktops e notebooksDesktops Notebooks Variação das vendas

Figura 29 – Vendas anuais de desktops e notebooks

Fonte: ABINEE

Vale destacar também que a participação de notebooks nas vendas é crescente. Em 2007 e2008,avendadessesequipamentosrepresentaram19%e36%dototalcomercializadonopaís,respectivamente.Ocrescimentodasvendasnessesmesmosanosfoide183%,em2007,e125%em2008.

SegundoosdadosdaAssociaçãoBrasileiradaIndústriaElétricaeEletrônica(ABINEE),abaseinstaladadecomputadoresnopaísem2008eradeaproximadamente46milhões,sendo36%parausoresidenciale64%parausocomercial.Asprojeçõesdosdadoshistóricosapontamque o país possuirámais de 130milhões de computadores em2014.Assim,mantidosasatuaiscondiçõeseincentivos,adisponibilidadedessebemnãorepresentariarestriçãosignificativaaoaumentodapenetraçãodabanda larganopaís. Issoreforçaanecessidade de continuidade nas políticas públicas para difusão de computadores nos domicílios residenciais, como precursor de um processo demassificação do acesso àbanda larga.

DadosdaFundaçãoGetúlioVargasparecemcorroboraressaavaliação,poisderecentepesquisa realizada por essa instituição estima que o Brasil apresentará base ativa de computadoresde100milhõesdeunidadesem2012,comoindicaafigura30.

62

Figura 30 - Base Ativa de Microcomputadores em Uso no Brasil

Fonte:EAESP/FGV(2008)

Quanto à proporção de domicílios com Internet14,pelaFigura31,19%dosdomicíliosturcose16%dosdomicílioschinesestinhamacessoaInternetem2007.NoBrasil,opercentualdedomicílioscomInterneterade15%,abaixoaindadapenetraçãonessespaíses.QuandocomparadoàArgentinaeaoChile,asituaçãodoBrasiléaindapior,jáquequase28%dosdomicíliosargentinose22%dosdomicílioschilenospossuíamacessoaInternetnomesmoano.

Já oMéxico apresentou quantidade de domicílios comacesso à Internetmenor que oBrasilem2007,12%do total15.OMéxicoeaChina têmbaixaproporçãodedomicílioscomInternetquandocomparadacomaproporçãodedomicílioscomcomputador,jáqueaproporçãodedomicíliosmexicanoscomcomputadorésimilaràproporçãodedomicíliosbrasileiros com computador,mas a proporção de domicíliosmexicanos com Internet émenordoquenoBrasil.NaChina,apenetraçãodaInternetnosdomicíliosébeminferioràpenetração dos computadores.

3.5.2 Quantidade de Acessos a Internet

AoseobservaraquantidadedeusuáriosqueacessamaInternet,oBrasilapresentaumamelhorsituaçãodoqueaoseobservaraquantidadededomicílioscomcomputadorecomacessoàInternet,oqueindicaqueousodaInternetforadosdomicílioséproporcionalmentemaior,emrelaçãoaosoutrospaísesanalisados,aousodaInternetresidencial.

14 QuandoseanalisaaquantidadedeacessosàInternetnosdomicílios,osdadosapresentadosnãoselimitamaoacessobandalarga,poisosdadosencontram-seagregadosecontabilizambandalargaebandaestreitanomesmoíndice.15 Essarelaçãoseinverteunoanode2008,quandooMéxicoapresentouumaquantidadededomicílioscomacessoàInternetmaiorqueoBrasil,30%dototal,enquantooBrasilsubiupara17,8%dototal.

63

Segundo[33],35,2usuáriosacada100habitantesutilizaramaInternetnoBrasilem2007.OBrasilficouumpoucopiorqueaItáliaePortugalempenetraçãodaInternetporusuários,38%e40%dototaldehabitantesem2007,respectivamente.

Percentual de usuários de internet (2007)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Brasil Chile Argentina México Turquia China

Figura 31 – Percentual de usuários de Internet: Usuários/ Total da População (2007)

Fonte:UIT,2009

DeacordocomaFigura31,onúmerodeusuáriosdeInternetnoBrasilfoimelhorqueodoChile(31%dototaldeindivíduos),daArgentina(26%),doMéxico(22%),daTurquia(16%)edaChina(16%)nomesmoano.

AChinatevesomente16%deusuáriosdeInternetnomesmoano,númerocomparativamentebeminferioraodoBrasil,aindaqueopercentualdedomicílioschinesescomInternetemrelaçãoaototalsejasimilaraopercentualdedomicíliosnacionais.Mascomojáhaviasidoobservado,adefasagemdaproporçãodedomicílioschinesescomInternetemrelaçãoàproporçãodedomicílioschinesescomcomputadorégrande.IssosignificaqueaproporçãodechinesesquepossuemInternetnosdomicílioséamesmaproporçãodechinesesqueusamaInternet,aopassoquenoBrasilenosdemaispaísescitadosexistemmaisusuáriosdoquedomicíliosconectadosàInternet,ouseja,muitosdosusuáriosutilizamaInternetforadecasa(notrabalho,emtelecentros,empontos de acesso coletivo privados,nacasadeamigosedevizinhos).

De acordo com uma pesquisa realizada pelo CETIC.br (Centro de Estudos sobre asTecnologiasdaInformaçãoedaComunicação),oacessoindividualaInternet(bandalargaebandaestreita)éfeitoemsuamaiorianoacessodomiciliarenoscentrospúblicospagos,dentre o total de usuários de Internet da área urbana entrevistados. A Figura 32 mostra a evolução de alguns dos locais de acesso a Internet de 2005 a 2008.

64

Local de acesso individual à Internet

2% 3%6%

3%

18%

30%

49% 47%42% 40% 40%

43%

2005 2006 2007 2008

Centros públicos gratuitos Centros públicos pagos Acesso domicil iar

Figura 32 – Locais de acesso individual a Internet

Fonte:CETIC.br,TICDomicílioseUsuários,2009

Aquantidadede telecentrosnoBrasil variaentre5,5mil (dadosdoONID16) e16,6mil(dadosdoMapadeInclusãoDigitaldoIbict)17,enquantoque,deacordocomaABCID18,existem90milpontosdeacessocoletivoprivados(pontosdeacessocoletivoprivados)emfuncionamentonopaís.Issosignificaqueentre6%e16%doscentrospúblicossãogratuitosnoBrasil.Portanto,existemrelativamentepoucoscentrospúblicosgratuitos,oque também deve ser considerado na interpretação dos dados fornecidos na Figura 32.

3.5.3 Penetração da banda larga

Oadventodabanda largapotencializaousoda Internet,aopossibilitaroacessoaummaiornúmerodeaplicaçõescomqualidadeaceitávelparaousuário(download e upload devídeos,fotos,arquivoseserviçosqueexigemmaiorvelocidadedeconexão).

A penetração da banda larga, que mede a difusão desta tecnologia para o acesso àInternet, ainda émuito baixa no Brasil em comparação àmaioria dos países. Isso sedeve à indisponibilidade da tecnologia na maioria dos municípios brasileiros. O custo de implantaçãodeinfraestruturaaindaéaltonopaísenãoexistemuitacompetiçãoentreosfornecedoresdebandalarga,oqueimpactadiretamentenospreçosdosserviços,àqualaindaseaplicaelevadacargatributária.Comisso,mesmoqueexistainteresseporpartedosconsumidores,nãohácomoadquiriratecnologia,limitandoadifusãodabandalargano Brasil.

16 ObservatórioNacionaldeInclusãoDigital,ligadoaoMinistériodeOrçamento,PlanejamentoeGestão.17 Adiferençaseexplicapeladiferençaentreasmetodologiasdelevantamentoempregadaspelosdoisórgãos.18 AssociaçãoBrasileiradeCentrosdeInclusãoDigital,quecongregaproprietáriosdepontosdeacessocoletivoprivados.

65

Proporção de assinantes banda larga (2008)

0%

2%

4%

6%

8%

10%

Argentina Chile Turquia México China Brasil

Figura 33 – Proporção de assinantes banda larga: Assinantes BL/ Total da População (2008

Fonte:OCDE,Point Topic e IDC

ApartirdaFigura33observa-sequeonúmerodeassinantesdeInternetbandalargafixanoBrasilem2008foidecercade5%dototaldeindivíduos.China,México,Turquia,ChileeArgentinaapresentaramnúmerosmaioresqueodoBrasilnomesmoano(emtornode6%,7%,8%,9%e9%deassinantesdeInternetbandalargadototal,respectivamente).

Em geral, aArgentina tem boa penetração de computadores nos domicílios, um bomnúmerodeusuáriosdeInternet,amaior19 penetração de Internet nos domicílios e a maior proporção de assinantes banda larga dentre os seis países selecionados na seção 3.2.1. IssosignificadizerqueaArgentinatemmenoresrestriçõesdedemandaporbandalargaaoseanalisarostrêsgráficosanterioresemconjunto,emcomparaçãocomosoutroscincopaíses selecionados.

3.5.4 Características do serviço BL: velocidade, taxas de contenção e limitação de banda

Aoferta de banda larga geralmente diz respeito à velocidademáxima, o que tem sidofontedeconfusãoparamuitosusuários, jáqueavelocidade realdependedadistânciaentreodomicíliodousuárioeacentraltelefônica(casosejautilizadaatecnologiaDSL),quantidade de usuários atendidos por uma célula na rede HFC e de um número de outros fatores20.Dentreessesoutrosfatores,astaxasdecontenção(amedidadecomomuitosassinantesdividemumaquantidadedebandalimitada)têmimpactonavelocidadedeumaconexãoqueafetarátodosostiposdeassinantesbandalarga.

19 Atéoanode2007,sendoqueem2008aTurquiaapresentoumaiorpenetraçãodeInternetnosdomicílios.20 Conforme[1].46p.

66

Odesenvolvimentodeaplicaçõesqueusamaltataxadebandalargataiscomo,ocompar-tilhamentodearquivoseostreamingdevídeopeer-to-peer,acarretouaimposiçãodelimi-tações pelas operadoras sobre a quantidade de banda larga que os usuários podem trans-mitirpormês.ExistemofertascomlimitesexplícitosemdoisterçosdospaísesdaOCDE21.

Essas imposições do lado da oferta de banda larga acabam por inibir o consumidor que sabedascondiçõesdeusodacompraquerealiza.SegundoapesquisadoCGIsobreperfildeusuáriodeTICs[2],20%dosconsumidoresnãosabequalavelocidadedoserviçodeacesso à Internet que adquiriu e 10% não sabem a diferença entre banda larga e banda estreita. Com a disseminação do uso e da informação transparente sobre o serviço banda larga,essenúmerodeconsumidorestendeadiminuir.

3.5.5 Preço da Internet banda larga

Uma das principais barreiras de entrada sob a perspectiva da demanda por acesso banda largaéopreçocobradopelaassinaturadoserviço,principalmente,empaísesàsemelhançadoBrasilcomaltaconcentraçãoderenda,ondemuitopoucospodemdisporderecursospara a contratação desse tipo de serviço.

Emgeral,nessespaíses,amaioriadapopulaçãogastagrandepartedasuarendacomalimentação,moradiaetransporte,restandoapenasumapequenaparceladarendaparagastosextras,nosquaisseincluiaassinaturadoserviçodebandalarga.

NaFigura34sãoapresentadosvaloresdasassinaturasmensais(PPPemUS$)datelefoniafixaedospacotesdeserviçosqueincluemabandalargafixanospaísesselecionados.Observa-sequeoChileapresentaamaior tarifade telefoniafixamensal, seguidopeloBrasil,nomontantedeaproximadamenteUS$30,00.AsmenorestarifasdetelefoniafixamensalestãonaChinaenaArgentina,ambosospaísescommenosdeUS$10,00detarifa.

Tarifas mensais (PPP $)

0

20

40

60

80

100

120

140

China Argentina México Brasil Chile

Pacote de serviços com banda larga fixaTarifa telefonia fixa mensal

Figura 34 – Assinaturas mensais de telefonia fixa e pacotes de serviços BL (PPP $)Fonte:UIT(2009)ePoint Topic(GBS,2009)

21 Conforme[1].48p.

67

Quantoàassinaturamédiamensaldospacotesdeserviçosqueincluemabandalargafixa,comparando-se em termos de paridade do poder de compra(PPP$),oBrasiléopaísqueapresentaomaiorvalor(acimadePPP$130,00),seguidodaArgentina(cercadePPP$120,00).OChileficaemumaposiçãointermediárianacomparaçãocomosoutrosquatropaíses,enovamenteaChinaéopaíscomamenorassinaturamensal(aproximadamentePPP$60,00).AArgentina, apesar de apresentar um valor elevado de tarifamensal deserviçosbandalargafixa,tevegrandeproporçãodeassinantesbandalarga(cercade9%do totaldapopulação).OBrasil, todavia,apresentouvalormensalmédiomaiscarodepacotes de serviços com banda larga e teve a menor adesão de assinantes banda larga (aproximadamente5%dototaldapopulação).Poroutrolado,aChinaapresentoubaixapenetraçãodeassinantes,masaindamelhorpenetraçãodoqueoBrasil,mesmoqueaassinatura naquele país fosse a menor de todas quando comparada às assinaturas dos outros países selecionados.

NoBrasil,deacordocomosdadosdoCGInapesquisaTICDomicílioseUsuários2008,o consumo de Internet pelos brasileiros é altamente sensível ao preço de assinatura de Internet.AFigura35mostraquehaverámaioradesãodedomicílios,aoserviçodeacessoà Internet, à medida que diminui o valor máximo declarado pelos entrevistados paraaquisição de acesso à Internet.

Valor máximo declarado para aquisição de acesso à internet x adesão (%)

y = 69,891e-0,015x

R2 = 0,9781

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 50 100 150 200 250 300

Valor (R$)

Ad

esão

(%

)

Figura 35 – Valor máximo declarado para aquisição de acesso à Internet x adesão

Fonte:CGI(TICDomicílioseUsuários,2008)

OsresultadosdaFigurasugeremquesehouveralgumapolíticagovernamentalquereduzaopreçofinaldaassinaturadeInternetouassinaturabandalarga,analogamente,apenetra-çãodatecnologiatenderáaaumentardemaneirasignificativa.Issoconfirmaqueospre-çosdeassinaturabandalargasãoumfatorlimitanteàexpansãodabandalarganopaís.

68

AexemplodaFigura35,foramfeitasascurvasdeadesãoempercentualdeacordocomopreçoparaaquisiçãodeacessoaInternetparaasclassesA,B,CeD/E,conformeilustradona Figura 36.

Valor máximo declarado para aquisição de acesso a Internet x Adesão (%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 50 100 150 200 250 300Valor (R$)

ades

ão (

%)

A B C DE

Figura 36 – Valor máximo declarado para aquisição de acesso a Internet por classe de renda

Fonte:CGI(TICDomicílioseUsuários,2008)

DeacordocomoperfildaamostradaPesquisaTICDomicílioseUsuários2008[2],dototaldedomicíliosnopaís,48%pertencemàclasseCe36%pertencemàclasseD/E,oquerepresenta23milhõese17,3milhõesdedomicíliosurbanos,respectivamente.Observa-senaFiguraque,dentreosrespondentesdedomicíliosurbanosquedeclararamserovalormáximodeR$50,00paraaquisiçãodeacessoaInternet,39%dosentrevistadosperten-ciamàclasseCe21%pertenciamàclasseD/E.Issosignificadizerquecercade9milhõesdedomicíliosdazonaurbanadaclasseCe3,6milhõesdedomicíliosdazonaurbanadasclassesD/EdemonstraraminteresseempagaressevalorparateracessoaInternet.

Entretanto,deacordocomamesmapesquisa, jáexistemnopaíscercade17%e1%dedomicíliosdaáreaurbanacomacessoa Internetpertencentesàs classesCeD/E,respectivamente.Issorepresenta3,9milhõesdedomicíliosdaclasseCe173mildomicíliosdaclasseD/E.Dessemodo,têm-sequeexistemquase5,1milhõesdedomicíliosurbanosdaclasseCquetencionamadquiriracessoaInternetaovalormáximodeR$50,00ecercade3,5milhõesdedomicíliosurbanosdaclasseD/Ecomamesmaintenção,totalizandocercade8,6milhõesdedomicíliosurbanos.

QuandoseconsideraumvalormáximodeR$20,00paraadquiriraInternet,aproximadamente15,6milhões de domicílios urbanos da classeC e cerca de 8,3milhões de domicílios

69

urbanosdasclassesD/EtencionamobteracessoaInternet.NasubtraçãodessesnúmerosdedomicíliosdaquelesdasclassesCeD/EquejápossuemInternetnasresidências,têm-secomoresultadoquecercade11,7milhõesdedomicíliosurbanosdaclasseCecercade8,1milhõesdedomicíliosurbanosdaclasseD/E,ouseja,aproximadamente19,9milhõesdedomicíliosurbanosquetencionamadquiriracessoaInternetaovalormáximodeR$20,00eaindanãopossuemacessoàrede.

EmumaanáliseposterioraumvalormáximodeR$30,00paraaquisiçãodeacessoaInternet, aproximadamente13,6milhõesdedomicíliosurbanosdaclasseCecercade6,4milhõesdedomicíliosurbanosdasclassesD/EtencionamadquiriracessoaInternet.AosubtrairdessesnúmerosdedomicíliosaquelesdasclassesCeD/Equejápossuemacessoa Internet, obtém-sequeexiste cercade9,7milhõesdedomicílios urbanosdaclasseCecercade6,2milhõesdedomicíliosurbanosdaclasseD/E,ouseja,15,9milhõesdedomicíliosurbanosquetencionamadquiriracessoaInternetaovalormáximodeR$30,00eaindanãopossuemacessoàrede.

Entretanto,deve-seconsiderarque,dototalde18,3milhõesdeacessosbandalargaqueoBrasilapresentaráem2014,conformeapresentadoem3.2.3,7,9milhõesserãodenovosacessos residenciaisdosváriossegmentossociais.Provavelmente, representadospelaquasetotalidadedasclassesAeBe,necessariamente,parte22 da classe C.

Assim,umapolíticaqueviabilizasseacomercializaçãodeserviçoscomvalormáximo,porexemplo,nafaixaentreR$25,00eR$30,00seriacapazdeadicionaràbasedeusuáriosbanda larga algo em torno de 5 milhões de domicílios urbanos da classe C e 7 milhões de domicíliosurbanosdaclasseD/E,ouseja,12 milhões de novos acessos.

Essas estimativas demonstram a alta sensibilidade ao preço do acesso a Internet pela demanda e um grande potencial de crescimento do acesso banda larga no Brasil a tais preços.AaltavelocidadenaquedadepreçosFOBdosmodemsdeterceirageração,porexemplo,mostraqueépossívelqueospreçosdaInternetbandalargatambémsigamatendênciadequeda.Emapenasumano,opreçodomodemtevereduçãodequase60%.Aofertadedispositivoséampla,disputadaporfabricantestaiscomoHuawei,SonyErics-son,ZTEeSamsung,alémdeoutrosfabricantesquenãomantêmproduçãodestesitensno mercado nacional.

Ademais,acredita-sequevaloresdeacessobásicoà Internetbanda largaemtornodeR$30,00 mensais são compatíveis com os modelos de negócios atuais adotados naprestaçãodesse tipodeserviço,medianteadequaçõesnaofertaquepermitam,dentreoutrosaspectos,arecuperaçãodoscustosdeativoscomoomodemestejamembutidasneste valor mensal de acesso à Internet.

Parasevisualizararadiografiaatualdoperfildeacessoaosserviçosdecomunicaçõesnosdomicíliosurbanose ruraisdoBrasil,nasdiferentesclassesde renda,veraseção

22 Provavelmente,apartequesedeclaroupropensaaadquirirserviçosporatéR$50,00.

70

9.3(AnexoIII),quecontémanálisesobredadosextraídosdaPNAD-2008,recentementedivulgadapeloIBGE.

3.5.6 Renda média da população

Do outro lado encontra-se a renda da família brasileira. Essa é o principal fator limitante ao consumodeassinaturabandalarga,umavezqueconcorrecomoutrosgastosnacestadeconsumo familiar

Segundo[35],opercentualdepessoasde10anosoumaisdeidade,quevivememáreaurbanaerural,émostradonaTabela10deacordocomaárea,orendimentoearegiãogeográfica.

Tabela 10 – Percentual de pessoas de 10 anos ou mais de idade de cada categoria de rendimento em relação ao total que vive em cada região do país

País/Região

Total Urbana Rural

Até

2 S

M

De

2 a

5 S

M

mai

s de

5 S

M

semrendimento/

sem

dec

lara

ção

Até

2 S

M

De

2 a

5 S

M

mai

s de

5 S

M

semrendimento/

sem

dec

lara

ção

Até

2 S

M

De

2 a

5 S

M

mai

s de

5 S

M

semrendimento/

sem

dec

lara

ção

Brasil 45% 14% 7% 34% 43% 16% 8% 33% 52% 6% 2% 40%

Norte 45% 10% 4% 40% 46% 12% 5% 38% 45% 6% 1% 47%

Nordeste 54% 7% 3% 37% 52% 9% 4% 35% 57% 2% 1% 40%

Sudeste 40% 18% 9% 33% 39% 19% 9% 33% 51% 9% 2% 37%

Sul 43% 19% 9% 29% 42% 20% 10% 28% 47% 13% 4% 36%

Centro-Oeste 44% 15% 9% 33% 43% 15% 10% 32% 48% 10% 3% 40%

DeacordocomdadosfornecidospeloIBGE23emostradosnaTabela,45%dosbrasileiroscom10anosoumaisdeidadetêmumarendadeatédoissaláriosmínimos,oqueassegurauma renda disponível24bastantelimitada.AindasegundooIBGE,43%dosbrasileirosdaárea urbana e 52% dos brasileiros que vivem na área rural têm renda de até dois salários mínimos.

Nocensode2000,47%dosdomicíliosurbanose81%dosdomicíliosruraistinhamrendade até dois salários mínimos. A diferença de renda entre as áreas urbana e rural diminuiu significativamente emsete anos,masaindaassimamaioria dapopulaçãoque recebeatédoissaláriosmínimosvivenazonarural.Seasregiõesbrasileirasforemcomparadas,a concentração de pessoas com 10 anos ou mais de idade que têm renda inferior a dois saláriosmínimos émaior noNordeste (54%).OSudeste, por sua vez, apresenta

23 Deacordocom[35],em2007osaláriomínimoeradeR$380,00.Nessesdoisúltimosanos,todavia,estesofreuumaumentonominalde22%.OsaláriomínimoatualédeR$465,00.24 Diferença entre o rendimento familiar e as despesas consideradas essenciais.

71

umadistribuiçãoumpoucomenosconcentrada,com40%debrasileirosnacategoriaderendimento inferior a dois salários mínimos. Na categoria de rendimento de dois a cinco saláriosmínimos,opercentualdefamíliasnoNordesteéde7%enaregiãoNortede10%.Nas outras três regiões esse percentual varia entre 14% e 19%. Aqueles que recebem mais decincosaláriosmínimosseencontramnoSudeste,SuleCentro-Oeste(9%),sendoquenoNorteeNordesteopercentualémenor(4%e3%,respectivamente).

Quando se observa o valor do rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idadeverifica-seadiscrepânciaexistenteentreosrendimentosdaáreaurbanaedaárea rural.

ATabela11mostraosrendimentosmédiosmensaisporregiãodopaís,deacordocom[35].

Tabela 11 – Valor do rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade (em reais)

País/Região Total Urbana Rural

Brasil R$628,00 R$689,00 R$312,00

Norte R$449,00 R$495,00 R$292,00

Nordeste R$381,00 R$447,00 R$210,00

Sudeste R$748,00 R$778,00 R$395,00

Sul R$759,00 R$816,00 R$479,00

Centro-Oeste R$760,00 R$813,00 R$408,00

O menor valor do rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade é o da região Nordeste (R$ 381,00), onde se encontra o menor valor do rendimentomédiomensaldaárearural(R$210,00).NaregiãoSuléondesetemomaiorvalordorendimentomédiomensaldaárearural(R$479,00),sendoqueénoCentro-Oesteondesetemomaiorvalordorendimentomensaldaspessoasde10anosoumaisdeidade(R$760,00),ligeiramentesuperioraorendimentomédiomensaldaspessoasquevivemnoSul (R$759,00).

Esses dados mostram que a renda média dos brasileiros ainda é uma grande barreira para a difusão da banda larga no país25,jáque45%dosbrasileiroscom10anosoumaisdeidadetêmumarendadeatédoissaláriosmínimos,sendoqueamaioriaseencontranoNordeste.Quantoaovalordorendimentomédiomensaldobrasileiro,naárearuraléondeseencontraamaiordificuldadedepagamentodeumaassinaturabandalarga, jáqueamédiamensalédeR$312,00.AsregiõesNorteeNordestesãoasqueapresentammenorvalordorendimentomédiomensal(R$449,00eR$381,00,respectivamente),valoresbemabaixodamédianacional(R$628,00).

25 Segundo[2],54%dosquepossuemcomputadorsemconexãoresidencialalegamqueocustoelevadoéomotivoprinci-palparanãopossuíremconexãoàInternetemcasa.Omesmomotivoéalegadopor75%dosquenãopossuemcomputadorpara a ausência desse equipamento em casa.

72

3.5.7 Nível educacional

Segundo[36],em2007oBrasilaindaapresentavaumaltoíndicedepessoasclassificadascomo analfabetas funcionais (32%), sendo que apenas 28% do total da população foiclassificadanonívelplenodealfabetizaçãoe40%foramclassificadasnonívelbásicodealfabetização. Uma pessoa é considerada funcionalmente alfabetizada quando é capaz de utilizaraleituraeaescritaparafazerfrenteàsdemandasdeseucontextosocialeusaressashabilidadesparacontinuaraprendendoesedesenvolvendoaolongodavida.

Aalfabetizaçãoéumfatorrelevanteparaadisseminaçãodabandalarga,umavezqueimpacta no uso das TICs por parte dos brasileiros. O grau de alfabetização da população serefletenashabilidadesemTICsporpartedousuárioeaqueleconsideradoinábilnãoserácapazdefruirplenamenteaspotencialidadesadvindascomabandalarga,sendooanalfabetismo funcional um fator limitante ao crescimento do uso da banda larga no país.

De acordo com o IndicadorNacional deAnalfabetismo Funcional (INAF), desenvolvidopor[36],umapessoaéconsideradaanalfabetafuncionalquando,mesmosabendolereescreverideiassimples,nãotemhabilidadesdeleitura,escritaecálculonecessáriasparapossibilitaroseudesenvolvimentopessoaleprofissional.ApesquisaINAFsebaseianumaamostra nacional com 2.000 pessoas de 15 a 64 anos. As pessoas alfabetizadas são clas-sificadasemtrêsníveisdealfabetização:rudimentar,básicaeplena.Alfabetizadosdenívelrudimentar conseguem, nomáximo, extrair uma informação explícita em textos curtos,comotítuloseanúncios,edesempenhartarefasdeleituradenúmerosemcontextosespe-cíficos,taiscomopreços,horários,númerostelefônicoseinstrumentosdemedidasimples(comorelógioefitamétrica).Jáosalfabetizadosdenívelbásicosãocapazesdelocalizarumainformaçãonãoexplícitaemtextosdemaiorextensão(porexemplo,pequenasmaté-riasdejornal),edelerecompararnúmerosdecimaisreferentesapreços,contardinheiroefazertroco.Oalfabetizadodenívelplenoconseguelertextosmais longos, localizarerelacionarmaisdeumainformação,compararváriostextoseidentificarfontes26.

A evolução dos níveis de alfabetização e a evolução da população de 15 a 64 anos entre analfabetosfuncionaisefuncionalmentealfabetizados,paraoperíodode2001a2007[36],são mostradas na Tabela 12.

26 Noanode2006,ametodologiadoINAFfoiaperfeiçoadacomaintroduçãodaTRI–TeoriadaRespostaaoItem,umatécnicaestatísticaemquecadaquestãodotestetemseugraudedificuldadedefinidopreviamenteeapontuação(profici-ência)decadaindivíduorespondentevariadeacordocomograudedificuldadedasquestõesquefoicapazderespondercorretamente.AintroduçãodaTRIpermitiuaconstruçãodeumaescalaúnicadealfabetização,poisforamutilizadastrêsescalas:umaparamatemática,outraparaportuguêseumaterceiracomum,quemedeessashabilidadescombinadas.

73

Tabela 12 – Evolução dos níveis de alfabetização no Brasil

INAF Brasil – população de 15 a 64 anos

Categorias 2001-2002 2002-2003 2003-2004 2004-2005 2007

AnalfabetoAnalfabetos funcionais

39% 39% 38% 37% 32%Alfabetizado Nível Rudimentar

Alfabetizado Nível Básico Funcionalmente alfabetizados

61% 61% 61% 63% 68%Alfabetizado Nível Pleno

Para o período 2001-2005 foram utilizadas médias móveis para assegurar a comparabilidade dos dados. O percentual de analfabetos funcionais diminuiu ao longo do período para 32% em2007,7%deanalfabetose25%dealfabetizadosnonívelrudimentar.Internacionalmente,as medidas de analfabetismo funcional tomam por base os anos de estudo da população. Supostamente,aocompletara4ªsérieosalunosjádeveriamdominarashabilidadesbásicasdealfabetização.Domesmomodo,espera-seque,aoconcluiroEnsinoFundamental(8ªsérie), osalunosalcancemonível plenodealfabetização.Aescolaridadeé, de fato, oprincipal fatordepromoçãodashabilidadesdealfabetizaçãodapopulação.Todavia,osdadosconsolidadosdoINAFnoperíodode2001a2007,mostramquenemsempreoníveldeescolaridadegaranteoníveldehabilidadesqueseriaesperado.ATabela13mostraosníveisdealfabetizaçãoporgraudeescolaridadenoBrasil,conforme[36].

Tabela 13 – Níveis de alfabetização por grau de escolaridade no Brasil de 2001 a 2007

% de 1ª a 4ª série

% de 5ª a 8ª série

% Ensino Médio

% Ensino Superior ou

mais

% Total Brasil com alguma escolaridade

% Total Brasil (inclui pessoas

sem escolaridade)

Analfabeto 12 1 0 0 4 11

Rudimentar 52 26 8 2 26 26

Analfabetos funcionais

64 27 8 2 30 37

Básico 31 53 45 24 41 37

Pleno 5 20 47 74 29 26

Funcionalmente alfabetizados

36 73 92 98 70 63

Observa-se na Tabela que da população brasileira entre 15 e 64 anos com nível de escolaridadede1ªa4ªsérie,apenas31%apresentamnívelbásicodealfabetizaçãoe64%sãoanalfabetosfuncionais;dosquecompletaramda5ªa8ªsérie,apenas20%alcançamonívelplenodealfabetização,enquanto27%sãoanalfabetosfuncionais.IssomostraqueoBrasilestámuitodefasadoemníveiseducacionaisquandocomparadoaosoutrospaíses,o que se traduz em uma restrição à difusão da banda larga no país.

74

3.5.8 Habilidade em TICs

DiferentestiposdehabilidadesemTICsmostram-senecessáriosnaSociedadedaInfor-mação,emfunçãodogruposocialnoqualocidadãoestáinserido.Porexemplo,diferen-çasnalocalizaçãodousuário(zonaurbanaezonarural)enasuaidadeproduzemgrupossociaisexcluídosdigitalmenteesemacessoabandalarganopaís.

Deacordocom[2],osmotivosmaisalegadosparaumbrasileironãoutilizaraInternetsãoafaltadehabilidadeeafaltadeinteresse,sendoqueomotivoeconômicoésubstancial-mentemenoscitadoqueessesdois,comopodeserevidenciadonaFigura37.Essedadoéreveladordaexistênciadebarreirasmaissutisaousodainternetdoqueoprovimentodeconectividade,taiscomoafaltadeusabilidade/acessibilidade/inteligibilidadedasinterfacescomputacionais.Comoexemplo,podemoscitarrecentepesquisaeminclusãodigital[38]que concluiu que a escolaridade necessária para a plena compreensão das páginas do sítiodoSUSéde18anos,ouseja,pós-graduação,oquerevelaainadequaçãodessesconteúdos para a maioria da população.

TOTAL BRASIL NORDESTE SUL NORTE0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

Falta de habilidade com o computador/internet

Não tem necessidade/interesseNão tem condições de pagar o acesso

Não tem de onde acessarNS/NR

Figura 37 - Motivos pelos quais nunca utilizou a Internet, por região do país27.

Fonte:CETIC.br,TICDomicílioseUsuários,2009

Isso leva à necessidade de maior esforço e implantação de políticas governamentais di-recionadasaoaumentodainclusãodigital,sejaatravésdeprogramasdeusoderecursosdaescolapelacomunidade,sejapormeiodediminuiçãodecustosdeimplantação,obtidacom o aumento da competição e com o incentivo às parcerias público-privado.

Empesquisarealizadaemtrêsmunicípiosbrasileiros[38],commaisde900entrevistascoletadas entre usuários e não usuários de telecentros, observa-se que 80% dos não

27 Percentualsobreototaldepessoasquenuncaacessaramainternet,masusaramumcomputador.

75

usuáriosnãosabiamdaexistênciadeumtelecentropróximoàsuacasa.Odesconhecimentopor parte dos não usuários é um fator relevante sobre a disseminação da Internet e da bandalarganopaís,jáquenãotemcomohaveratribuiçãodevaloraumserviçoquenãoéconhecido.

Resultados obtidos pelo mesmo projeto, também apontam para a necessidade deincorporaçãodeconceitosdeinteligibilidade,usabilidadeeacessibilidadedasinterfaces,alémdelinguagemsimplificada(plain language).

Merece destaque o programa Banda Larga nas Escolas Públicas do governo federal,lançadoem2008,queapostanapromessadequeashabilidadesemTICspotencializamoaprendizadoporpartedoaluno,diminuindoaexclusãodigitalnopaíseaumentandoodesenvolvimento.

3.6 Restrições ao crescimento da oferta

Nesta seção se analisam os fatores que podem limitar a penetração do acesso a aplicações de Internet em banda larga no Brasil pela perspectiva da oferta. A partir de uma análise comparativacomasituaçãoemoutrospaísesprocura-sedeterminarqueinfluênciaalgunsfatores,como,porexemplo,acoberturaeoníveldecompetiçãonaindústria,podemternessedesempenho.

O primeiro fator a ser analisado é a cobertura do acesso em banda larga no país. A seguir se analisam o nível de competição e a alocação de espectro.

3.6.1 Cobertura da banda larga

Do ponto de vista da oferta é preciso analisar se o índice de penetração do acesso banda larga no país está sendo limitado por uma restrição na implantação da infraestrutura necessária por parte dos operadores de serviços de telecomunicações. Em uma primeira abordagem,ograudeofertadeinfraestruturadeacessobandalargapodeserestimadopelo número de municípios com cobertura desse serviço.

A quantidade de municípios no país atendidos por prestadores de serviço de acesso banda largaéde4.162,osquaisrepresentam92,1%dapopulaçãobrasileira.Pode-seconcluir,portanto,quenãoéafraçãodosmunicípiosnãoatendidaqueestádeterminandoofracodesempenhodoBrasilemrelaçãoaospaísesdogruposelecionadoparaaanálise.

Os prestadores de serviço de acesso banda larga que operam nesses 4.162 municípios utilizamváriostiposdetecnologiasdisponíveis,sejaoADSL,oCable Modem ou as soluções deacessosemfio(terrestre–comfrequênciaslicenciadasenãolicenciadas,bemcomoviasatélite).Noentanto,asdificuldadesdecoberturadeumpaíscomextensãoterritoriale

76

demografiacomooBrasilsãomelhorentendidasquandoseanalisaacoberturadoacessobanda larga através de redes cabeadas.

SegundodadoscompiladospelaAnatel, emJulhode2009oBrasil dispunhade1.467empresasautorizadasaprestaroserviçoSCM,comoilustradonaFigura38.Aindasegundoaquelaagência,maisde80%dessesprestadoresdeSCMutilizasoluçõesdeacessosemfiocomousode frequênciasnão licenciadas (sobretudona tecnologiaWi-Fi,conformedetalhadoem5.3.4).

Figura 38 - Prestadoras de Serviço SCM Fonte: Anatel.

A Tabela 14 apresenta a quantidade de municípios no país atendidos por operadores de telefonia e de TV por assinatura que prestam o serviço de acesso banda larga através dastecnologiasdeADSLouCable Modem,comosmunicípiosagrupadosporfaixasdepopulação,conformeobtidoem[39].Observa-sequeaausênciadecoberturaparaessastecnologias de acesso é bem mais acentuada constituindo um fator importante já nos muni-cípioscommenosde100milhabitantes.Aindaassim,os2.398municípioscomcoberturaconcentramcercade145milhõesdehabitantes,ouseja,77,5%dapopulaçãobrasileira.

Tabela 14 – Municípios brasileiros atendidos pelas tecnologias ADSL ou Cable Modem

Faixas de População do Município

Total de MunicípiosCom BL

ADSL ou Cable ModemPercentual atendido

ADSL ou Cable ModemAté 10 mil 2.662 1.067 40%

10 a 30 mil 1.876 678 36%

30 a 50 mil 448 206 46%

50 a 100 mil 311 200 64%

100 a 500 mil 231 211 91%

mais de 500 mil 36 36 100%

Total 5.564 2.398 43%

Fonte:TELEBRASIL,2009.

77

A distribuição demográfica é um aspecto relevante que alguns países apresentam eque,emteoria,indicaograudedificuldadeparacobrirasáreashabitadascomredesdesuporteaosserviçosdetelecomunicações,emgeral.Ouseja,paísescomaltadispersãopopulacionalpodemapresentarmaiordificuldadeparadifundirserviçosdebandalarga.NaFigura 39 observa-se a dispersão populacional dos 38 países selecionados.

AU

AT

BE

CA

CZ

DK

FI FR

DE

GRHU

IS

IE

IT

JP

KR

LU

MX

NL

NZ

NO

PL

PT

SK

ESSE

CH

TR

UK US

BRASIL

ARCL

CO

PERU

IN

CN

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25 30 35 40

P ene t r aç ão B anda La r ga ( do m i c í l i o s)

M a i o r d i spe r são po pu l ac i o na lM eno r d i spe r são po pu l ac i o na l

Figura 39 – Penetração Banda Larga (% domicílios) x Dispersão Populacional (% km2 de 50% hab.)

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdedadosdaOCDE,2009eBancoMundial.

A maior parte dos países encontra-se em uma situação de dispersão igual ou maior que oBrasil.EmboraoBrasil tenhaumagrandeextensão territorial, suapopulaçãoémaisconcentradadoqueoCanadá,EstadosUnidos,AustráliaeChina.Esseindicadormostraquecomomesmo investimento,paísesdeextensãosemelhantecommenordispersãopopulacional atendem mais pessoas do que países com maior dispersão populacional. Noquediz respeito a esse indicador, oBrasil temumaboa relaçãode investimento eatendimento do público potencial.

Parao subgrupoemanálise, considerandoonível dedispersãopopulacional doBrasil(10%),observa-sequeArgentina,MéxicoeChinapossuemníveissemelhanteseTurquialigeiramentemaior(20%)–epenetraçãobandalargasuperior.JáoChile,emboratenhaa penetração superior a brasileira tem a menor dispersão populacional dentre todos os países(2%).

Portanto,emboraadispersãopopulacionalsejaumfatorquedificulteacobertura,emfunçãodoaumentonoscustosde implantação,principalmentederedescabeadas,dificultandoarecuperaçãodos investimentosrealizados,essefatorparecenãojustificaradiferença

78

entreoíndicedepenetraçãonoBrasil frenteaosíndicesdeArgentina,México,ChinaeTurquia,osquaistêmdispersãopopulacionalmaior.Exceçãoaocasochileno,quepossuidispersão menor e penetração maior.

De toda forma esse fator de limitação foi abordado através da troca de obrigações do PGMU II das concessionárias do STFC levando obackhaul a mais localidades. Neste sentido,éimportantegarantiraofertanãodiscriminatóriaaosnósdeacessoaobackhaul,criadopelodecretonº6.424,de4deabrilde2008.

Ascondiçõesprevistasparaestaofertasãodenominadas,comumente,comoregulaçãodoacessoaberto (Open Access Regulation).Umadas formasmenos invasivasemaistransparentes para obter a abertura das redes é por meio da oferta dos recursos para uso industrial mediante aplicação de tarifas baseadas em custos ou em benchmarks internacionais. No outro extremo, das medidas públicas voltadas para a abertura dasredes, encontra-se a separação entre serviços e infraestrutura de rede sob diferentesníveis(operacional,funcionalouestrutural).

Outro fator de forte impacto na aceleração da cobertura do acesso banda larga é o investimento das operadoras de telecomunicações em backbone. A aceleração da demanda por aplicações como streamingevídeointerativo,transferênciadearquivospeer-to-peer e downloadsdemúsicaexigeatualizaçõesdeinfraestruturaderedesbandalarga.Ademais,o investimento em backbone contribui para a redução de custos com o aluguel de links e ERBsdeterceiros,emespecial,dasconcessionárias,decustosdeinterconexãoderedes,comoaumentodotráfego,alémdepermitiraofertadeserviçosconvergentes,comaltasvelocidadesdetransmissão,queganhamforçacomaportabilidadenumérica.

3.6.1.1 A rede de telefonia fixa como indicador

Apesar do indicador número de acessos por domicílio ser comumente usado para indicar apenetraçãodabandalargadeumpaís,nemtodososdomicíliosterãoanecessidadeouinteressedeadquirirumaconexãobandalargamesmoquetenhamcondiçõesfinanceiraspara tanto. Além disso, existem diferentes proporções entre acessos residenciais ecomerciais nesse indicador, devido à impossibilidade de distinção.Alguns autores [40]propõemqueparaasnaçõesindustrializadasumindicadormelhorseriaarazãoentreonúmerodeacessosbandalargaeonúmerodeacessosdetelefoniafixaaoredordoanode1996.Aescolhadoanode1996decorredequeporvoltadametadedadécadade1990ospaíses industrializadostinhamalcançadoníveisdepenetraçãodatelefoniafixapróximosdoquesepodeconsiderarcomoacessouniversal.

Emboraosubgrupodepaísesselecionadosparaumaanálisemaisdetalhadanãoconstituaumgrupodepaísesindustrializadosquetenhaalcançadooacessouniversal,oexercíciode estimar esse indicador é válido.

79

Aseguir,naTabela15,apresenta-separaessesubgrupodepaísesonúmerodetelefonesfixos,adensidadedetelefonesfixospordomicílio,onúmerodeconexõesbandalargaeovalordoquocienteentreonúmerodeconexõesbandalargaeonúmerodedomicílioscomtelefonefixo.

Tabela 15 – Conexões banda larga por domicílios com telefone fixo (2009)

Número de telefones fixos

Telefones Fixos / 100 domicílios

Conexões Banda Larga

Conexões BL / Telefones Fixos

BrasilArgentinaChileMéxicoChinaTurquia

38.287.5699.273.6943.166.735

19.843.362361.988.559

17.998.119

70,888,469,177,492,3116,1

9.618.4943.396.1091.372.0967.702.809

92.109.0485.683.032

25%37%43%39%25%32%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da UIT e Point Topic(GBS,2009)

Osnúmerosapresentadosnessatabelamostramque, juntamentecomoChile,oBrasiltemumdospioresíndicesdepenetraçãodatelefoniafixapordomicilioetalvezosucessoda Turquia possa ser parcialmente explicado pela elevada penetração preexistente deacessosdetelefoniafixa.

A Figura 40 apresenta como a quantidade de acessos banda larga estava distribuída entre asdiferentestecnologiasdeacessonospaísesdosubgrupodeanáliseaofinalde2005,conforme[41].Observe-sequeaTurquiadependiaexclusivamentedatecnologiaADSLeerasuportadapeloacessouniversaldesuarededetelefoniafixa.JáoChilequetinhaumapenetraçãodatelefoniafixalevementepiorqueadoBrasil,possuíaamaiorparticipaçãodeplataformasalternativas,comoocable modem,naofertadeacessos.Portanto,adispo-nibilizaçãodeplataformasalternativasaoADSLpodecolaborarnamelhoriadosíndices.

Figura 40 – Distribuição das conexões banda larga por tecnologia de acessoFonte:IDATE,2007.

80

AFigura41comparaosíndicesdepenetraçãodatelefoniafixa(por100domicílios)comosíndicesdepenetraçãodoacessobandalarga(por100domicíliose100habitantes),parao subgrupo de países. Índic es de penetraç ão de telefonia fixa e

banda larg a (2008)

70,77

92,31

77,3769,07

88,42

116,13

17,823,5

30,0 29,9 32,4 36,7

5,2 7,0 7,2 8,8 8,8 7,8

B ras il C hina Méxic o C hile Argentina Turquia

telefonia fixa por 100 domicílios

banda larga por 100 domicílios

banda larga por 100 habitantes

Figura 41 – Penetração da telefonia fixa (por 100 domicílios) e da banda larga (por 100 domicílios e por 100 habitantes) 2008

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da UIT e Point Topic(GBS,2009).

3.6.2 Competição

O segundo fator a ser discutido pela perspectiva da oferta é o nível de competição. Se o mercadoforatrativoearegulaçãopermitir,acompetiçãoentreosprestadoresdeserviçopodelevarapreçosmaisbaixose,consequentemente,umamaiorpenetraçãodoacessoem banda larga. As áreas do país atendidas por apenas um prestador terão um índice de penetração determinado pelas regras de um mercado submetido ao monopólio. O índice depenetraçãonãoseráumvalorótimodopontodevistadobemestarsocial,massimumótimodopontodemaximizaçãodolucrodoprestador.

Observa-sequepaísesondeexisteaomenosumprestadoralternativocomredeprópria,comoosoperadoresdeTVporassinaturaviacabo,podemapresentaríndicesrazoáveisdepenetraçãoepreçosmenoresdesseserviço,comoéocasodosEstadosUnidos.Mesmonocasodeumduopólio,pode-seesperaraomenosumamelhorianaqualidadedoserviçoprestado.

AFigura42,aseguir,apresentaapenetraçãodabandalarganospaísesdaOCDEparaas diferentes tecnologias de acesso. Observa-se que países como Canadá e Estados Unidos têm forte participação da tecnologia de TV a cabo no acesso e penetração acima

81

damédia.NoentantoissonãoédeterminanteemcasoscomoaAlemanha,ondeoADSLépredominanteeoíndiceésemelhante.OutroscasoscomoFrançaeItália,ondetambémpredomina oADSL, tem resultados que podem ser explicados pela forte regulação dedesagregaçãodaúltimamilha.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

Dezembro de 2008

MédiaOCDE

xDSL Cabo Fibra/LAN Outros

Figura 42 – Penetração banda larga (por 100 habitantes) por tecnologia de acesso

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdedadosdaOCDE(2008)eIDC(BarômetroCiscoBandaLarga,2009).

ComoapresentadonaFigura,paraosubgrupodeseispaíses,em2005predominavaatecnologiadoADSLnoacesso.Aofinalde2008asúnicasalteraçõesquevalemmençãoforamoaumentoexpressivodaparticipaçãodaplataformadecable modem no caso do Brasil – passando a representar 30% dos acessos frente aos 16% anteriores – e a perda de participação do cable modemnoChileondepassoude36%para30%.

NoscasosdeArgentinaeMéxicotambémexistiaumamaiorparticipaçãodaplataformadeTVacabonoacessobandalarga,oquetambémpoderiaajudaraexplicaromelhorresultado em relação ao Brasil.

Conformedadosde[39],apresentadosnaTabela16,entreofinalde2005eofinalde2008oacessoADSLcresceunoBrasilataxasanuaisde34%,30%e25%,enquantoqueasoutrasplataformas(principalmenteocable modem)cresceramataxasanuaisde100%,50% e 43%.

82

Tabela 16 – Taxas de crescimento das plataformas de acesso banda larga no Brasil

Ano

Total de

acessos BL

(milhões)

Acessos ADSL

(milhões)

Taxa de

crescimento

anual ADSL

Outras

plataformas

(milhões)

Taxa de

crescimento

anual outras

2005 3,9 3,2 0,7

2006 5,7 4,3 34% 1,4 100%

2007 7,7 5,6 30% 2,1 50%

2008 10 7,0 25% 3,0 43%

Fonte:ElaboraçãoprópriaapartirdosdadosdaTELEBRASIL,2009.

Dessas taxas de crescimento nos últimos anos e considerando-se que as plataformasdeTVporassinaturaoperamemcidadesondeasoperadorasdetelefoniafixa jáestãopresenteseoferecendooacessobandalargaporADSL,pode-sesuporqueacompetiçãoatravés de plataformas alternativas tem funcionado como mecanismo impulsionador da penetração.

ATabela17eaTabela18apresentamdadosde[42],comonúmerototaldeacessosbandalargaADSLnastrêsregiõesondeatuamasconcessionáriasOi,BrasilTelecomeTelefonicae o total de acessos banda larga Cable Modem da maior competidora das concessionárias doSTFC,aNET.NaTabela17tambémsãoapresentadas,paracadaáreadecobertura,adensidadedeacessosbandalargapor100habitantesepor100domicílios.NaTabela18,sãoapresentadasaquantidadedeterminaisdetelefoniafixainstalados–nocasodaNET a quantidade de domicílios cabeados com tecnologia bidirecional pela empresa nas cidades onde atua – e a razão entre a quantidade de acessos banda larga em serviço e a quantidadedeacessosfixosinstaladosparacadaregiãodeatuaçãodasconcessionárias,conforme[43].

Tabela 17 – Penetração banda larga por região de atuação das concessionárias

Região Acessos BLAcessos BL /

100 habitantes

Acessos BL /

100 domicílios

I−Oi 1.965.100 2,0 6,8

II−BrT 1.805.500 4,5 14,2

III−Telefonica 2.489.000 5,7 18,0

NET 2.284.000 4,6 15,5

Brasil 9.618.494 5,2 18,0

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados doAtlasBrasileiro deTelecomunicações, 2009 e dos dadosapresentadosnosrelatóriosdecadaempresadeInformaçõesAnuaisparaaComissãodeValoresMobiliários,data-basede31/12/2008.

83

Tabela 18 - Razão entre a quantidade de acessos banda larga em serviço e a quantidade de acessos fixos instalados

Região Acessos BL AcessosTel/TV Fixos

Acessos BL /Acessos Tel/TV Fixo

I - Oi 1.965.100 17.700.000 11,1

II - BrT 1.805.500 10.400.000 17,4

III - Telefonica 2.489.000 14.697.287 16,9

NET* 2.284.000 7.527.000 30,3

Fonte:Elaboraçãoprópriaapartirdosdadosapresentadosnosrelatóriosdecadaempresaem[44].

EmboraosnúmerosapresentadosnessastabelasreforcemasdificuldadesrepresentadaspeladistribuiçãodemográficadaregiãoIdoplanogeraldeoutorgasdoSTFC,hádesenotarqueaconcessionáriaqueatuanaregiãoII,queapresentacaracterísticassemelhan-tes,apresentou resultadossensivelmentemelhores.Talvezestimulados,emparte,pelacompetiçãodeumaautorizatáriadoSTFC–aGVT–queapresentaparticipaçãosignifica-tiva no mercado de acesso banda larga. A Telefonica encontra concorrência da NET em 45 municípios,oquerepresentacercade50%dapopulaçãoexistentenasáreasdecoberturade cada uma delas.

No Brasil, o setor de TV por assinatura vem protestando há anos em função da nãoconcessãodenovasoutorgasdesde2002.SegundodadosdaANATEL,aTVacaboestápresenteemapenas261municípiosbrasileirosonderesidem77,7milhõesdehabitantes,ouseja,41%dapopulaçãobrasileira.

AFigura43,aseguirapresentaaparticipaçãodemercadodasempresasdeacessobandalarganoChileaofinalde2007emnúmerodeconexões,conforme[44],eobserva-sequeaconcessionáriadetelefoniafixa,Telefonica,sofriaforteconcorrênciadeváriosatoreseprincipalmente da VTR que operava através da rede de cabos de TV por assinatura.

Figura 43 - Participação de mercado das empresas de acesso banda larga no ChileFonte:SUBTEL,2007.

*ParaodadodeAcessosFixosdeTVdaNETfoiconsideradoonúmeroderesidênciascabeadascomtecnologiabidire-cional,quepermiteaimplantaçãodoserviçodeacessobandalarga,enãoonúmeroderesidênciascabeadasqueatingiu10.193.000nofinaldoano,incluindoosnúmerosdaBigTVcujaaquisiçãofoiconcluídapelaNETServiçosem29dedezem-bro de 2008. As concessionárias de STFC informam que os acessos instalados são terminais que podem ser disponibilizados ematé7diasparaentraremserviço,masseusinformesnãotrazemnenhumainformaçãosobreacapacidadedeofertaroserviçobandalargapormeiodoADSL.

84

Paraosubgrupodepaísesanalisados,deve-sedestacarquenocasodaTurquiaemboraaplantadeacessoADSLpertençaquasequeemsuatotalidadeaTurkTelekomobackbone foiseparadoestruturalmentedaempresaemmaiode2006,constituindoumanovaempresaa TTNet. A TTNet opera o backboneeprovêacessofinalaosusuáriosenquantoqueaTurkTelekoméobrigadaaproveroADSLatravésderesale,bitstream access ou desagregação total para qualquer um dos 73 ISPs operando no país. A Figura 44 apresenta o crescimento daparticipaçãodosISPsalternativosaolongodosanos2007e2008,conforme[46].

Figura 44 – Crescimento da participação dos ISPs alternativos na Turquia, 2007/08

Fonte:ICTA,2008.

Se por um lado, o caso de países comoEstadosUnidos,Canadá e Bélgica reforça aimportânciadaconcorrênciaintermodaldasplataformasdeTVporassinatura,poroutrolado os países europeus apontam para a necessidade de mecanismos regulatórios como arevendaeadesagregação,cujainexistênciapodeserumfatordelimitaçãonaofertadeacessos banda larga e por consequência da penetração.

Comrelaçãoàsplataformassemfio,percebe-seumapenetraçãoaindanãosignificativanamaioria dospaísesparaoacessobanda larga, comexceçãodaRepúblicaTcheca.SegundoaOCDE[1],cercade35%doacessodeassinantesbandalargasedápormeiodeoutrastecnologiasquenãooADSL,caboefibraóticanessepaís.Aoamadureceremao longodo tempo,as tecnologiassemfio têmopotencialdeconquistarmaior fatiadomercadoeconcorrercomtecnologiasmaisdifundidastaiscomoADSLecable modem.

Adicionalmente,novasaplicaçõesdetelemetriaecontroledeenergiaelétricaemambien-tederedeinteligente–ochamadoSmart Grid – irão representar demanda adicional de tráfegoem redesbanda larga.Neste sentido, a tecnologiaPower Line Communicaton (PLC)foiconcebidainicialmenteparaatenderespecificamenteaessademandasendoque,

85

paísescomoAustráliaeEstadosUnidospossuemplanosespecíficosdeimplantaçãode Smart Grid.

Importantesresultadossobreaviabilidadedestatecnologia,principalmentenoquecon-cernesuacapacidadedeseraplicadaemlargaescala(scalability),foramdivulgadospeloprojeto da comunidade europeia denominado OPERA28[116],quecontacomaparticipa-çãodaCELG29ede,pelomenos,doisoperadorescomerciaisdeserviçosdetelemetriabaseadosemtecnologiaPLC:

- Power Plus Communication (PPS): baseada naAlemanha, oferece serviços deSmart Metering e Smart Grids para seus clientes com plataformas que alcançam até200Mbps,deformabidirecional;

- EnBw:operaçãodogrupoEDFnaAlemanha,ofereceserviçodeSmart Metering.

A sua utilização para provimento de serviços banda larga deverá se restringir ao segmento deacessodasredesbandalarga,noqualpoderãoserexploradostodososbenefíciosdeumainfraestruturaubíquaecomCAPEXeOPEXreduzidos.

Deumpontodevistatécnico-econômico,suautilizaçãocomobakhaul é pouco provável emredesbandalarga,cujosacessossejambaseadosemtecnologiasdeacessocomo:FTTH,HFCouxDSL,podendosemostrarmaiseficienteemcasosenvolvendoacessossemfiocomo:WiMax,WiFieatémesmocelular.

Paraproverosserviçosbanda largaa tecnologiaexigequeosinalpercorradistânciaslimitadasaalgumascentenasdemetrosnaredeelétrica,obrigandoainstalaçãodeseg-mento backhaulbaseadoemfibra,cabocoaxialousemfio,casonãoexistainfraestruturacabeada.

Alémdisso,asuadifusãopodeapresentardificuldadesemrelaçãoaomodelodenegóciosadotado,podendocausarsuadescontinuidadecomoocorreu,porexemplo,nocasodaempresa Oni Communications, baseadaemPortugal, que oferecia acesso a Internet aquase500clienteseinterrompeusuaofertaem31deoutubrode2006[117].

NoBrasil,atecnologiaPLCdeveserconsideradadevidoàgrandecapilaridadedasredesde distribuição de energia elétrica no país e à recente regulamentação de seu uso. Em abril de2009aANATELpublicouaResolução527queaprovaoRegulamentosobreCondiçõesdeUsodeRadiofrequênciasporSistemasdeBandaLargapormeiodeRedesdeEnergiaElétrica(BPL).Odocumentoestabeleceoscritérioseparâmetrostécnicosquepermitemautilizaçãodessatecnologianaradiofrequênciaentre1.705kHze50MHz,pormeiodousocompartilhadodoespectroeletromagnéticocomosserviçosdeRadioamadoreodeRadio-difusãodeSonseImagens,quepoderãooperarnessasfaixasemcarátersecundário.

28 Open PLC European Research Alliance.29 CompanhiaEnergéticadeGoiás.

86

Maisrecentemente,Aneelaprovouem25/08/09resoluçãoquedefineasregrasparaousodatecnologiaPLC.Oregulamentodeterminaascondiçõesparaautilizaçãodainfraestruturadas empresas distribuidoras de energia elétrica para implantação do sistema que permite atransmissãodedadospormeiodaredededistribuição.OprestadordoserviçodePLCdeveráseguirospadrõestécnicosdadistribuidora,odispostonestaResoluçãodaAneele na regulamentação de serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequências da ANATEL.Emborasejautilizadoomesmomeiofísico(asredesdedistribuiçãodeenergiaelétrica),atecnologiapermiteousoindependentedosserviçose,portanto,aconcessionáriapoderátambémutilizara infraestruturadoprestadordeserviçodePLCparaatenderàssuas necessidades e interesses.

Entretanto,análises recentesdomercado [115]considerama regulamentaçãodaAneelexcessivamente restritiva visto que, a introdução da tecnologia PLC implica riscossignificativos por parte de investidores em função de seu estágio de desenvolvimento,eaobrigatoriedadede repassede90%da receitaauferidapelasdistribuidoras, comoalugueldasredes,paraamodicidadetarifáriadaenergiaelétrica.Estaregrapermitiráumaapropriação de apenas 10% das receitas por parte das concessionárias de distribuição.

Além disso, a regulamentação impede que as concessionárias prestem o serviço debandalargadiretamente,maspermitequeestasempresasabramsubsidiáriascomessefim.Entretanto, impõemanecessidadede licitaraofertaparautilizaçãodesuas redesconcomitantemente junto a todos os interessados - subsidiárias e independentes - o que tambémdificultaarealizaçãodosprimeirosplanosdenegócioe,portanto,dosprimeiroscontratos de implantação.

3.6.3 Alocação de espectro

Umaalternativaparapromoveracoberturanosmunicípioscommenosde100milhabitan-tese,porconseguinte,acompetição,éincentivaraparticipaçãodeatoresqueutilizemtec-nologiassemfioparaofereceroacesso.Casotaistecnologiaspermitamaofertadoacessoembandalargaacustosmaisbaixos,aumenta-seaatratividadedonegócioparaosatoresprivados,diminuindoanecessidadedeintervençãodosetorpúblico.Issoéespecialmenteviávelcomautilizaçãodefaixasdoespectroderadiofrequênciasnãolicenciadas,comoasutilizadaspelopadrãoIEEE802.11a/b/g/n(popularmenteconhecidacomoWi-Fi).

Éocaso,porexemplo,daRepúblicaTcheca,comoseobservanaFigura42,ondeaacessosemfioWiFiépopularemespaçoseinstituiçõespúblicas,eentreturistaseviajantesanegócios,alémdoWiMAXque,segundodadosdo IDATE[47], recebeuquatro licençasem2004.Nototalhavia520.000assinantesem2007,oquerepresentavamaisde33%dabase de assinantes de banda larga.

Merecemençãoespecialafaixade700MHzparasistemasdebandalarga,queconven-cionou-sechamar“dividendodigital”datransiçãodaTVAnalógicaparaaTVDigital.De-

87

vidoàsexcelentescondiçõesdepropagaçãodesinaisnessafaixa(raiodecoberturadeaté50Kmapartirdotransmissor,semvisadadiretaecompenetraçãodeedificações),éconsideradadeexcepcionalvalorparaimplementaçãodesistemasbandalarga.

NosEUA,emfunçãodagrandeatratividadedalicitaçãodessafaixadefrequência,aFCC[48]incluiuumasériedeinovaçõesnosmecanismosdelicitação,alémdecondicionantesnaimplantaçãodoserviçoaseremcumpridospeloslicitantesvencedores.Porexemplo,blocos com cobertura variável (alguns com cobertura nacional, outros somente comcobertura regional ou local), incentivo para pequenos licitantes (15% de desconto naproposta vencedora se faturamento entre US$ 15 e 40 milhões, e 25% de descontose faturamento menor que US$ 15 milhões), acesso aberto a quaisquer dispositivoscompatíveis,equaisqueraplicações(neutralidadederede),dentreoutros.

Entretanto, talvez o mecanismo licitatório mais interessante foi a divisão dos blocoslicitadosdeformaaviabilizaraparticipaçãodegrandes,médiosepequenosprestadoresdeserviçosde telecomunicações,medianteadivisãodo territóriodopaísemáreasdediferentesabrangências,conformeilustradonaFigura45.

Figura 45 – Licitação 700 MHz - Divisão dos blocos licitados

Fonte: FCC

Areservadeblocosespecíficosparacadaumdessessegmentos,conforme[49]seguindoadivisãoindicadanaFigura46,viabilizouamplacompetição–oprocessoarrecadouquaseUS$20bilhões,para62MHzdeespectro–econtemplouprestadoresdeserviçodeportenacional,regionalelocal.

88

Figura 46 – Licitação de blocos na faixa de 700 MHz nos EUA

Fonte: FCC

AexperiênciadosEUAcomalicitaçãodessafaixafoibemsucedida,econtémexemplosquepodemserperseguidos,aindaquedemaneiraadequadaaoarcabouçolegaleregulatóriobrasileiro.

Opotencialdeusodealgumasfaixasdefrequênciadoespectroradioelétrico,quejáforamobjetodeconsultaspúblicasequeestima-seestejamdisponíveisacurtoprazonoBrasil,estádetalhadonaseção5.3.3.

3.6.4 Investimentos na atualização e expansão da infraestrutura existente

Uma barreira para a penetração da banda larga no Brasil pode estar representada pela necessidadedeatualizaçãodasredeslegadasdetelefoniafixaedeTVporassinaturaviacaboenaexpansãodacapacidadedasredesjáatualizadaspararecebermaisacessos.

Emrelaçãoàatualizaçãodasredes,deve-serecordarquenaprivatizaçãodosistemaem1998existiamcercade20milhõesdeacessosde telefoniafixaenquantoquehojesãomaisde40milhões.Logo,50%daplantainstaladatêmapenas10anosdeimplantação.

Entretanto,paraoADSLexisteumalimitaçãononúmerodeparesdecobrequepodemserutilizadosemcadacaboe,portanto,aofertapoderiaserlimitadaemnúmerodeacessosbandalargaatravésdessatecnologia,casoaredenãosejaexpandida.

NocasodarededeTVacabo,emalgumasáreasasredescoaxiaisouaindasãoanalógicasou não estão preparadas para o trafego bidirecional. No caso daNET, dosmais de 9

89

milhõesdedomicíliosporondepassaasuarede,7,5milhõesjáapresentamatecnologiabidirecional ativada.

Quanto à limitação de capacidade, ela se dá pelo número de usuários em uma célulacompartilhandoabanda.Segundo[50],emdezembrode2008,arededaNETconsistiaem5.633nósdefibraóptica,cadaumdosquais,normalmente,alimentandoumamédiade1.809residências.Cadanóéalimentadocomdezesseisfibras.Essaarquiteturapermiteuma futuramigração para ummodelo no qual cada nó de fibra óptica alimentará 500residênciasesedestinaacriarumaplataformadeapoioparaserviços,taiscomotelevisãodo tipo pay-per-view e near video-on-demand.

Entretanto,aexpansãodasredesdeTVacaboestácondicionadaanecessidadedeseconcedernovasoutorgasdeTVporassinaturaviacabo,deformaapromoveracompetiçãoem um número maior de municípios.

Parafinsdecomparação,épossívelestimarosinvestimentosnecessáriosparaseatenderumadeterminadaárea,pormeiodetrêssoluçõestecnológicas:xDSL[51],cable modem [51]eWiMax[53].

Nestecaso,considera-seamesmadensidadedemográficaeamesmacestadeserviçosmultimídia para as três plataformas analisadas.

- Atualizaçãodeumarededetelefonia,comaimplantaçãodeplataformaDSL

Paraumaáreasuburbana,osinvestimentosnecessários(CAPEX)paradotarumaredede paresmetálicos complataformaDSL são da ordemde € 400 por assinante.AsprincipaiscomponentesdeCAPEXsão:

o EquipamentoTerminal(modem);

o Digital Subscriber Line Access Multiplexer(DSLAM)

o Elementodeagregação(switchouroteador)

o Broadband Remote Access Server(BRAS)

o SistemadeSuporteàOperação(SSO).

Adicionalmente, são previstos alguns custos operacionais (OPEX), cujas principaiscomponentes são:

o Operação & Manutenção do Local Loop (custo interno ou tarifa deunbundling);

o Operação&ManutençãodosEquipamentos(20%doCAPEX).

90

- AtualizaçãodeumarededeTVporassinatura,comaimplantaçãodeplataformascable modem:

Paraumaáreasuburbana,osinvestimentosnecessários(CAPEX)paradotarumarededecabocoaxialcomplataformacable modemsãodaordemde€1000porassinante.AsprincipaiscomponentesdeCAPEXsão:

o EquipamentoTerminal(cable modem);

o Conversores óptico-elétricos bidirecionais;

o Cabosdefibrasópticasnarededeacesso;

o Controlador de cable modem no head-end

Adicionalmente, são previstos alguns custos operacionais (OPEX), cujas principaiscomponentes são:

o Operação&ManutençãodaRedeCoaxial(custointerno);

o Operação&ManutençãodosEquipamentos(20%doCAPEX).

o ImplantaçãodeumaredeWiMax:

Nestecaso,considera-seumaáreasuburbanadeumaoperaçãodeTVporassinatura,naqualaredecoaxialnãoestápresente.Destaforma,aEstaçãoBaseeosequipamentosterminais representam a rede de acesso dentro da mesma arquitetura de head-end.

Osinvestimentosnecessários(CAPEX)paraimplantarumaredesemfiocomplataformaWiMaxsãodaordemde€1000porassinante.AsprincipaiscomponentesdeCAPEXsão:

o EquipamentoTerminal(modem);

o Antena e conversor;

o Estação Base;

o Controlador de head-end;

o Elementodeagregação(switchouroteador).

Adicionalmente, são previstos alguns custos operacionais (OPEX), cujas principaiscomponentes são:

o Operação&ManutençãodaRedeWiMax.

Estesvaloressugeremqueacompetiçãoemserviçosbandalarga,pormeiodasoperaçõesdeTVporassinatura,somenteocorreráemáreasnasquais jáexiste redecoaxial.Emáreas não cobertas, as empresas devem optar por soluções sem fio, cujos custos porassinantesemostrammenoresdoqueoscustosdeseconstruirnovasredescoaxiais.

91

3.6.5 Investimentos em redes de transporte

Umdosfatorescríticosnaofertadeacessosbandalarga,tantofixacomomóvel,éacapa-cidade de escoar este tráfego em redes de transporte de dados nacionais e internacionais.

Face à crescente verticalização da infraestrutura das grandes operadoras, que detêmcada uma sua própria rede de backbone,backhauledeacesso,issoacabasetornandoforte limitador a uma concorrência efetiva em preços. Interessante notar o processo de verticalizaçãode infraestruturaderedesemanosrecentes,quepodeser ilustradopelaaquisiçãodaPegasuspelaTelemar,daMetroredepelaBrasilTelecom,daIqarapelaCTBC,daGeodexpelaGVTedaInteligpelaTIM,dentreoutros.

Dadosospesadoscustosdemontagemdeumarededetransporte(backbone e backhaul),faz-senecessáriooestímuloàexistênciadeprestadoresdestetipodeserviçonoatacado,e que não ofereçam serviços de acesso. Isso teria um efeito de redução geral de preços de transporte,tendoemvistaocompartilhamentoderedesentrediversosprestadores.

A crescente demanda por capacidade de transporte de dados pode ser observada na de-manda por backhaulporpartedasoperadorasdeserviçoSMPdeterceirageração(3G).OserviçoSMPcomoumtodojápossuimaisde45milestaçõesrádio-base(ERB)implan-tadas.Comooscompromissosdeabrangênciadalicitação3Gimplicamemlevaressasredesamaisde3milmunicípios,atéoanode2014,podeseperceberoimpactoqueistoterásobreasredesdetransportededadosnopaís,emparticulardadaaprojeçãode60milhõesdeacessosbandalargamóvelnopaísnessemesmoperíodo.Istosomadoàproje-çãode30milhõesdeacessosbandalargafixa,providosporgrandes,médiosepequenosprestadoresdeserviçosSCM,delineiaumquadrodeexpressivademandaadicionalporcapacidade de transporte de dados. Estudos recentes mostram não apenas o aumento do volumedetráfegoporERB,masademandapormaiorcapacidadedebackhaul e backbo-ne,comorevelamdadosaseguirdaempresadeconsultoriaAnalysysMason(2008).

Figura 47 – Demanda por Backhaul (EUA)

Fonte:AnalysysMason(2008)

Além das redes de backbone das prestadoras de serviços de telecomunicações, commaisde200milquilômetrosdeextensão,oBrasildispõedeamplarededefibrasóticas,

92

pertencentes a empresas estatais – notadamente do setor elétrico - que poderiam ser utilizadas para estruturar essa oferta de capacidade de transporte de dados no atacado. O modelopropostoéoestabelecimento,sobreessainfraestrutura,deumagestãointegradadeofertaespecializadanoatacado,responsávelpelaimplantaçãoeoperaçãodeumaredeIPcomconectividadeàInternet,incluindoossegmentosdenúcleodarede(backbone)edesuporteàtrocadetráfego,comcapacidadedeinterconexãocomcabossubmarinosempontosespecíficosparaoferecertrânsitointernacional(toll gate).

Umapossibilidadeseriafazercomqueessaempresadesempenheopapeldedetentoradesses ativos, que fossem ofertados no atacado para operação em bases comerciais.Esta oferta poderia estar centrada no conceito de Pontos de Troca de Tráfego (PTT),descritosdetalhadamentenaseção5.1.2.3destePNBL.OmelhorexemplodeumarededetransportecomesseconceitodePTTéodaRNP,queoperaumbackbone que atende àcomunidadeacadêmicaedepesquisa,oferecendoacessoàInternetatravésdosseuspontosdepresença(PoP)regionaisnas27unidadesdafederação.Asinstituiçõesusuáriasda RNP conectam-se ao backbonediretamente,atravésdosPoP,ouindiretamente,atravésde redes regionais.A trocade tráfego (peering) daRNPcomoutrosbackbones ocorre nessespontosdetrocadetráfego(PTT).AfiguraabaixoilustraobackbonedaRNP,queporsuavezseinterconectacomumconjuntoderedesmetropolitanas(Redecomep).

Figura 48 – Rede Nacional da RNP

93

Assim, o Brasil passaria a ter umbackbone estruturado para oferta no atacado, comotopologia e porte equivalente aos grandes backbones privados.A títulode ilustração,aFigura49ilustraosbackbonesdaEletronet,daEmbratel,daGVTedaOi-BrT.

Figura 49 – Exemplos de Backbones (Eletronet, Embratel, GVT e Oi-BrT)

Éimportantetambémdestacarque,paracomplementarobackboneEletronet,poderiamserestruturadasparceriascomredesregionais,estaduaisemetropolitanasexistentesouemprocessodeestruturação,deformaaassegurarcapilaridadenobackbone-backhaul. AlgumaspossibilidadeincluemasredesdaEletronorte(RegiãoNorte),daCopelTelecom(Paraná),Infovias(MinasGerais),redesmetropolitanascomoasRedecomepdaRNP,além

94

dasredesdeoutrasestataistambémdetentorasdecabosóticospróprios,taiscomoChesf,Furnas,EletrosulePetrobrás,apenasparacitaralgumas,conformeilustradoaseguir.

Figura 50 – Exemplos de Redes Backbone – Backhaul (Regional, Estadual, Metropolitana)

3.7 Restrições regulatórias à massificação da banda larga

Noquedizrespeitoaoarcabouçolegaleregulatóriodosetordetelecomunicações,oBrasilencontra-seatrásdepaísesimportantesnacomunidadeinternacional,principalmente,emrelação à implantação de alguns mecanismos de controle do setor.

Emparticulardestaca-seaComunidadeEuropeia,quepormeiodaSecretariadeTeleco-municaçõesvempromovendo,hámaisdeumadécada,aimplementaçãodeinstrumentosdefomentoàcompetiçãoeuniversalizaçãodeserviçosdecomunicaçãoeletrônicanospa-ísesmembros.Defato,noarcabouçode1998[54],encontram-sedefinidos,dentreoutros:

• portabilidade numérica;

• desagregação do enlace local da rede legada;

• modelo de custos para diversos serviços.

Posteriormente,aconvergênciadossetoresdastelecomunicações,dosmeiosdecomu-nicaçãosocialedastecnologiasdainformação,levouàunificaçãodoquadroregulatório,

95

demodoaabrangertodasasredeseserviçosdetransmissão.Nessearcabouço,de2003,encontram-sedefinidosinstrumentosimportantes,taiscomoalicençaúnicaparaserviçosde comunicação digital.

Detodomodo,épossíveldizerqueaadoçãodetaisinstrumentospelospaísesmembrosgerou resultados positivos no que concernem três aspectos fundamentais30:

• competição;

• qualidade;

• preço.

Osprincipaisresultadosdaimplementaçãodessaspolíticassãocolhidosagora,momentoem que a União Europeia prepara nova revisão do arcabouço regulatório das telecomuni-cações.Defato,aoperceberqueemmuitossegmentosdomercadoacompetiçãojáéumarealidadeequenãohádificuldadesrelacionadasàofertadosserviços,onovomercadotransfere parte da regulação ex-ante para ex-post,deixandoacargodasagênciasdedefe-sadaconcorrênciaafiscalizaçãodemercadosmaduros.

Cabedestacar,entretanto,queencontra-seemdiscussãoapertinênciadeseadotarnovosinstrumentosdecontrolequeimpulsionemacompetição,taiscomoaseparaçãofuncional31 e a criação de submercados regionais32.

OBrasilavançoubastantenosúltimosanos,emtermosderenovaçãodoarcabouçoregu-latório,implantandoinstrumentosimportantesparaoestímuloàcompetiçãoeuniversaliza-ção dos serviços de telecomunicações.

Comrelaçãoàcompetição,oRegulamentodePortabilidade,arevisãodoRegulamentodeEILD,dentreoutros,foramconquistasimportantesquemarcamaevoluçãodosetordetelecomunicaçõesbrasileiro.Noquetangeamassificaçãodoacesso,oscompromissosde abrangência assumidos pelas prestadoras do SMP quando da licitação das frequências associadas à prestação do serviço móvel de terceira geração dão mais um passo na direção de se ampliar a oferta do acesso banda larga a todos os grupos populacionais.

Noquediz respeitoaocontroleexercidopelaANATEL,houve tambémmelhora,comapromulgaçãodoRegulamentodeSeparaçãoeAlocaçãodeContas,instrumentoimportantenocontroledasempresasquedetémpoderdemercadosignificativo.

Entretanto,instrumentosquepoderiamauxiliarnadisseminaçãodoacessoaoserviçoban-dalargaaindacarecemdeimplementação,taiscomoocompartilhamentodeinfraestrutu-ra.AdespeitodaResoluçãoConjuntanº001,de24denovembrode1999,estabeleceros

30 Aindaquenãosesaibaemquemedidacadainstrumentoemquestãocontribuiuparacadaaspecto,éinegávelaexis-tência de correlação positiva entre as grandezas analisadas.31 JáadotadanoReinoUnido.32 Decorredaconstataçãodaheterogeneidadeencontradaentreospaísesmembros.

96

primeirospilaresparaocompartilhamentodeinfraestruturacomumaossetoresdeteleco-municações,energiaelétricaepetróleo,poder-se-iaestenderospreceitosdessaresolu-çãoparaoutrossetoresrelevantes,comoodetransporteterrestre,reguladopelaAgênciaNacional de Transportes Terrestres – ANTT.

Adicionalmente,seriaconvenientereverascompetênciasnormativasparaimposiçãoderestrições de natureza urbanística e ambiental, bem como as regras da concessão dodireitodepassagemedeusodosoloemviaspúblicaseemáreasdedomíniodaUnião,dos Estados Federados e dos Municípios para a infraestrutura da prestação de serviços de telecomunicações.Paralelamente,assegurarainclusãodedutosefibrasóticascomoitensobrigatóriosnasobraspúblicasdeinfraestrutura, incluindoasdetransportes,habitação,saneamentoeenergia,dentreoutras,emmuitocontribuiriaparaacriaçãodeumambientedecompartilhamento.

A UIT, em recente estudo [55], aponta uma maior ênfase no compartilhamento deinfraestruturacomoaspecto-chavenasreformasregulatóriasemtelecomunicações.Estecompartilhamentocompreendetantoainfraestruturaprópriadosprestadoresdeserviçosdetelecomunicaçõesjáestabelecidos,comoaquelaadministradaporoutrosdetentoresdeinfraestrutura.

Figura 51 – Compartilhamento de Infraestrutura de Telecomunicações

Fonte:UIT(2008)

97

Figura 52 – Compartilhamento de Infraestrutura Passiva

Fonte:UIT(2008)

Além disso, a adequação da regulamentação específica ao SCM – como plano denumeração, inclusivecontemplandoopadrãodenumeraçãoparaoambientede redesconvergentes–oENUM(Telephony Number Mapping),aspectosdainterconexãoclasseVeainclusãodemobilidade–eaprópriaregulamentaçãodepoderdemercadosignificativopoderiamalavancardeformasignificativaodesenvolvimentodosetor.

Ainda que não se possa estabelecer uma correlação perfeita entre a implantação de um determinado instrumento regulatório em um país e o incremento da penetração do serviço banda larga, é razoável afirmar que, demaneira geral, a implantação demecanismosde estímulo à competição traz benefícios importantes na ampliação da disponibilidade e qualidadedoserviçoemanálise,sendo,portanto,umobjetivoaserperseguido.

3.8 Desafios dos serviços de governo eletrônico e das cidades digitais

Épossívelqueadisponibilizaçãodeserviçosdegovernoeletrônicoaumenteaadoçãodabandalarga,devidoaograndepotencialdeestímulopeloladodademanda.Aanáliseinternacional da penetração da banda larga revela que vários dos países com maior penetração também apresentam melhores posições no Índice de Prontidão de e-Gov(e-Government Readiness Index33),definidopelaONU[54].

Alémdoestímuloqueosserviçosdegovernoeletrônicopodemprovocarnadisseminaçãodebandalarga,hátambémumarelaçãonosentidoinverso,ouseja,aofertadebandalargaestimulaaofertaedemandadeserviçosdegovernoeletrônico.Estaéaprincipalconclusão de estudo conduzido na região de Piemonte, naItália,peloqualseverificouque77%dosmunicípiosconectadoscombandalargaoferecemserviçosdegovernoeletrônico,porcentagemquecaipara46%nosmunicípiosconectadoscombandaestreita[57].

33 O índice refere-se à capacidade genérica ou aptidão do setor público de usar TICs para encapsular serviços públicos e disponibilizá-losaoscidadãos,alémdeinformaçãodealtaqualidadeeferramentasefetivasdecomunicaçãoquedêemsu-porteaodesenvolvimentohumano.Oíndiceécompostode3sub-índices:ÍndicedeMedidadeWeb,ÍndicedeInfraestruturaemTelecomunicaçõeseÍndicedeCapitalHumano.

98

No Brasil, apesar de haver serviços de governo eletrônico que figuram entre os maisavançadosnomundocomo,porexemplo,aurnaeletrônicautilizadapeloTribunalSuperiorEleitoral,oprogramaReceitanet(impostoderenda),oComprasNet(pregãoeletrônico),oSiscomex(comércioexterior),oSPED(notafiscaleletrônica),arecentemodernizaçãodo sítio do INSS na Internet e o atendimento para concessão de aposentadoria em 30 minutos,dentreoutros,opaísregrediunoÍndicedeProntidãodeGovernoEletrôniconosúltimosanos,tendocaído,de2005a2008,daposição33paraaposição45emrelaçãoaos 182 países analisados.

A Tabela 19 mostra a evolução do índice nesse período nos países da América do Sul. O crescimento da Argentina deveu-se majoritariamente ao incremento no sub-índice de infraestrutura,principalmentenonúmerodeassinantesdecelularedePCs.UmdestaquedadoaoBrasilpelaONU[58]foramasiniciativase-participativasdaCâmaradosDeputados,pelas quais os cidadãos e cidadãs podem entrar em contato com os parlamentares em salasdebate-papo,fórunsdediscussãoepeloserviço“FalecomoDeputado”.

Tabela 19 – Evolução do índice de prontidão de Governo Eletrônico nos países da América do Sul

País Índice 2008 Índice 2005 Posição 2008 Posição 2005

Argentina 0.5844 0.5971 39 34

Chile 0.5819 0.6963 40 22

Brasil 0.5679 0.5981 45 33

Uruguai 0.5645 0.5387 48 49

Colômbia 0.5317 0.5221 52 54

Peru 0.5252 0.5089 55 56

Venezuela 0.5095 0.5161 62 55

Bolívia 0.4867 0.4017 72 85

Equador 0.4840 0.3966 75 92

Paraguai 0.4654 0.3620 88 107

Guiana 0.4375 0.3985 97 89

Suriname 0.3472 0.3449 123 110

Região 0.5072 0.4901

Mundo 0.4514 0.4267

Fonte:ONU(2008)

UmdosdesafiosenfrentadospeloBrasil consisteemdifundiracapacidadededisponi-bilizaçãodeserviçoseletrônicosentrediversosórgãosdaadministraçãopública,espe-cialmentedaesferamunicipal.Segundoapesquisaem[2],entreosserviçoseletrônicosmaiscotadospelaspessoasquenuncautilizaramserviçosdegovernoeletrônico34 figuram

34 Apesquisaavaliouquaisserviçoseletrônicosoentrevistadogostariadeutilizar.

99

váriosserviçosdeâmbitomunicipal:pagamentodeimpostosetaxasmunicipais,emissõesdecertidões,obtençãodelicençasepermissões,consultassobreoandamentodeatosprocessuaisna justiça,elaboraçãodeboletimdeocorrência,matrículaescolar, informa-çõessobreempregos,etc., oquepode indicaroportunidadesparaserviçoseletrônicosmunicipais.

Alémdisso,podemosidentificaroutroslimitantesàmelhorianaprontidãodogovernoele-trôniconoBrasil,taiscomoanecessidadedeseaprimoraravisãoestratégicaparausodasTICsnogoverno,quesejahabilitadoradenovosmodelosdegestãoegovernança;ane-cessidade de se ampliar a capacidade de articulação junto às outras esferas de governo e àprópriasociedade,especialmentenaintegraçãodeserviçoseletrônicos;eanecessidadedeadequaraprovisãoeusodosrecursosdisponíveis,demodoaaperfeiçoaracoordena-ção e direcionamento dos investimentos em tecnologia da informação.

Umexemplosignificativovemdosetorbancário,quetemsebeneficiadodeumprocessode crescente automação dos serviços por meio de uso de redes de dados e da Internet. ConformedadosdaFebraban,dototalde43,9bilhõesdetransaçõesbancáriasrealizadasem2008,18%foramefetuadaspormeiodaInternet(Internet Banking)e33%emmáqui-nasdeautoatendimento.Asoperaçõesna“bocadocaixa”hojecorrespondemaapenas10% do total.

Emrelaçãoaosserviçosdegovernoeletrônicomunicipal,algunsdessesfatoreslimitantessãoespecialmenterelevantescomo,porexemplo,anecessidadedeintegraçãodeserviçoscomasesferasfederaleestadual,eanecessidadedeproverserviçosmaisorientadosaosusuáriosfinais,emlugardeumaênfasenoback-office.

Nosúltimosanos,emdiversospaíses,ossetoreslocaisdegoverno,negóciosecomunida-des,emboraapresentemobjetivosdistintos,vêmbuscandoumalinhamentodeinteressesquetemmotivadoabuscaporsoluçõescompartilhadasparasuperaçãodasdebilidadesna oferta de banda larga. Uma estratégia frequentemente adotada é a agregação de de-manda,sejadecomunidades,degoverno,ouempresas,comvistasaviabilizarosinvesti-mentos necessários para a disponibilização ou ampliação de infraestruturas e serviços de telecomunicações em regiões distantes dos centros de consumo. Tal estratégia permite a obtençãodebenefícioseconômicosquedificilmenteseriamobtidospormeiodecontratosindividuais.

Combinarserviçosmunicipaiseletrônicosdegoverno,comodeeducaçãoesaúde,alémdeserviçosprivadosedecomunidades,éumamaneiraeficientedeseagregardemandaquepode contribuir para a implantação de infraestruturas em regiões atualmente desprovidas. Aagregaçãodedemandapodetambémocorrernaesferaestadual,como,porexemplo,em programas para a redução de custos na contratação de serviços de comunicação que irão atender escolas estaduais ou serviços de segurança pública baseados em tecnologias inovadoras.

100

3.8.1 Principais desafios à implantação das cidades digitais

Conformeapresentadonaseção1.1,algunspaísesdesenvolvempolíticasparaestímuloàformaçãodasociedadedainformação,apoiadas,principalmente,nadifusãodabandalarga,masquecontemplamtambémoestímuloaodesenvolvimentodegovernoeletrônicomunicipal e a formação de cidades digitais35.Estaspolíticaseprogramassãoeficientesmecanismosdeestímuloàdemandapor serviçosdebanda larga, viabilizandoaofertaonde,deoutramaneira,seriadificultada,senãoinviável.

Apossibilidadedeacessoàbandalarga,sejapormeiodepontosdeacessopúblicooupelasubscriçãodeserviçosacustosacessíveis,éumfatordesucessoparaodesenvolvimentodequalquerprogramadecidadedigital.Alémdeserviçosdecomunicaçãoadequados,aofertadeserviçoseletrônicospúblicoseprivadosconstitui condiçãoessencialparaosucesso destes projetos.

Os serviços de governo eletrônico, embora possam ser largamente aprimorados eintegrados emuma cidade digital, representamapenas uma categoria de serviços quedeveserestimuladanumprojetodecidadedigital.Osserviçoseletrônicospossibilitamumamploespectrodeatividades,quepodemserclassificadasemcategoriasdeacordocoma relaçãoentreosgruposdeatoresbeneficiáriosda cidadedigital: governo, empresas(negócios) e cidadão (ousociedadecivil).Asexperiências virtuosasdecidadesdigitaissão aquelas que conseguem articular recursos necessários para assegurar o provimento contínuodeserviçosdebandalargaedeserviçoseletrônicoseconteúdosqueatendemnecessidadesedesejos,manifestosounão,poressesatores.

São inúmeros os serviços que podem ser desenvolvidos e os benefícios que podem ser alcançados com a difusão da banda larga no município. Os benefícios podem ser de naturezaeconômica,social,políticaecultural.SegundoanálisedaComunidadeEuropeia[60],osbenefícioseconômicospodemser:(i)diretamenteassociadosaoconsumidordebensou serviços; (ii) diretamenteassociadosaosprestadoresde serviços, públicosouprivados;(iii)indiretos,comoporexemplo,areduçãodosgastosdetransporte,poluição,etc.

5.7.6.1 Adequação dos modelos de exploração e sustentabilidade para cidades digitais

Atualmente,emváriosmunicípiosbrasileirosexisteminiciativasemdesenvolvimentoquevisamviabilizaremaximizarosbenefíciosqueabandalargapodeproporcionar.Entretanto,uma boa parte destas iniciativas enfatiza apenas o acesso gratuito à Internet e desenvolve-se sob um modelo de sustentabilidade bastante dependente do governo municipal.

Noentanto,dadasasdiversasalternativastecnológicaspossíveiseosdiversostiposdeserviçoseletrônicosporoferecer,existemdiversosmodelosdesustentabilidade/negóciosque podem ser considerados na implantação de uma cidade digital.

35 Segundo[59],considera-seumacidadedigitalaquelaqueapresentaemtodasuaáreageográfica, infraestruturadetelecomunicaçõeseInternet,tantoparaacessoindividualquantopúblico,disponibilizandoàsuapopulaçãoinformaçõeseserviços públicos e privados em ambiente virtual

101

Dentre os modelos estruturados principalmente na esfera do governo municipal, asiniciativaslocaiseregionaissãoclassificadascombasenanaturezaprincipaldopapelqueogovernolocalassume[61]:

• Usuário intensivo de banda larga: o governo local atrai indiretamente a implantação comercialdabandalarga,pormeiodepolíticasqueestimulemademandaporessetipodeserviço.Porexemplo,estimularoprovimentoeusodeserviçosdegovernoeletrônicoedee-mailecomunicaçãointer-repartiçãobaseadaemVoIP.

• Desenvolvedordeinfraestrutura:ogovernolocaladotaumapolíticadeprovimento,na qual alguma divisão da administração municipal se torna responsável pelo provimento de um ou mais elementos da infraestrutura de rede de acesso local.

• Financiador:ogovernolocalprovêsubsídios,diretosouindiretos,paraosusuáriosouparaosprestadoresdeserviçodeacessobandalargapormeio,porexemplo,desubvenção,reduçãoouisençãodeimpostosmunicipais.

• Ordenador neutro: o governo local adota reformasem leismunicipais, demodoa facilitar a implantação de serviços comerciais sem relação, por exemplo, aosdireitosdepassagem,deusodepostesedesítiosdaadministraçãomunicipalparaa implantaçãode infraestruturasdecomunicação,àspolíticasdezoneamentoeaos regulamentos para a implantação de cabos subterrâneos nas vias municipais.

Além disso, os modelos de negócios não se restringem a estes, cuja ênfase está nopapeldogovernomunicipal.Háoutrosmodelosqueexploramdiversascombinaçõesdepropriedadeeatuaçãonasatividadesdeprojeto, implantaçãoeprovimentodeserviços,epordiversosatores, taiscomo:prestadores locais,prestadoresqueatuamemescalanacional, comunidade, consórcios privados, cooperativas, ONGs, concessionárias deserviços públicos.

Em[62]sãoanalisados,porexemplo,osdesafiosdesecriarmodeloshíbridos,público-privados, para redes locais sem-fio. Outros estudos centram a análise no grau desustentabilidade de modelos para redes sem-fio metropolitanas, tais como [63], queconclui que, para uma regiãometropolitana como a de Pittsburgh nos EUA, hámaiorviabilidade para os modelos de negócios baseados em monopólio ou modelo atacado-varejo(Wholesale Retail),emqueoprestadorprincipalrevendecapacidadeparaoutro(s)prestador(es),querevende(m)serviçosdetelecomunicaçõesdiretamenteparaosusuáriosfinais.Estesmodelosforamcomparadosaosdecompetiçãoabertaeaodecompetiçãobaseadoeminstalaçõesdeempresaspúblicas(Facilities-based).

Asustentabilidadedosmodelosdenegóciosparainfoviasmunicipaisvaria,entreoutrosaspectos,emrazãodastecnologiasempregadas,queporsuavezimplicamemdistintosgrausde investimento inicialecustosdemanutenção.Em[64]sãodescritas iniciativas,

102

baseadasemredesdefibradomunicípio,quetiveramseusplanosdenegóciosfrustrados,mesmo no modelo Wholesale-Retail.

Nestes casos, a municipalidade deve considerar a implantação de uma rede de fibraprópria apenas quando não houver possibilidade dela ser ofertada por um operadorconvencional.Mesmoassim,háqueseverificar,inclusive,seexistempossibilidadesreaisda municipalidade desenvolver o expertisetécniconecessárioparaconstruir,gerenciareatualizarainfraestruturademodoeficaz.

NoBrasil,levando-seemcontaqueatéofinalde2010deverãoestarimplantadososenlacesdeentroncamento(backhaul)emtodososmunicípios, incorporandoumgrandenúmerodemunicípios,é importante identificarmodelosdenegóciosqueviabilizem, inclusive,aatuação sustentável de pequenos e médios prestadores de serviço de acesso à Internet.

Conforme previsto na seção 3.6.1, é imprescindível que estes pequenos e médiosprestadoresdeserviçodeacessoàInternettenhamacessonãodiscriminatórioaosnósdobackhaul,baseadoemtarifasjustaserazoáveis.

Outra forma de se viabilizar modelos de negócios no âmbito municipal é a adoção de ParceriasPúblicoPrivadas(PPP),instrumentoprevistoemlei,quepossibilitaaassociaçãoentre os setores público e privado, para realização de projetos que visam benefíciosmútuos e que respeitam regras de partilha de riscos pré-definidas. Constituem-se emumaalternativa de financiamento, já que o parceiro privado pode arcar comos custosdeimplantaçãoeoperaçãodoserviçopúblicoconcedido,estandoosaportesdeverbaspúblicas condicionados ao efetivo início da prestação do serviço. Há que se considerar as limitaçõesparaousodesteinstrumento,taiscomo:ovalordocontratodevesuperarR$20milhões,eoprazodevigêncianãodeveserinferioracincoanosnemsuperiora35anos,incluído eventual prorrogação. Uma alternativa para pequenos municípios é a constituição de consórcios municipais para implantação de PPP.

3.8.1.2 Barreiras à difusão das TICs na esfera pública

Para disseminar mais largamente o uso de TICs na esfera pública municipal é necessário superar outras barreiras, além da disponibilização de conectividade e de aplicaçõesadequadas.Em[65]porexemplo,éapontadaanecessidadedeprogramasdetreinamentoamplos e, principalmente, para aqueles funcionários que encontram-se hámais temponoserviçopúblico.Eletambémacreditaqueograndenúmerodecontrataçõesrecentes,representandoaentradadenovos funcionáriospúblicos,poderáajudar,vistoqueestespertencemaumageraçãomaisfamiliarizadaaousodessastecnologias.Adicionalmente,algumasmedidasauxiliarespodemserimplementadascomo,porexemplo,ofinanciamentopara aquisição de computadores e o subsídio para a contratação de serviços banda larga para funcionários.

103

Baixo grau de informatização das prefeituras

Em [66] é apresentado estudo que identifica barreiras à informatização em prefeiturasde todas as regiões do país. Em praticamente todas as prefeituras pesquisadas foram verificadas dificuldades dos gestores na captação de recursos, na cooperação entreprefeiturasenodomínioda tecnologia.As linhasdefinanciamentopara informatizaçãosãoconhecidas,masdevidoàsuacomplexidade,frequentemente,énecessáriooapoiodeconsultorias.Também,constata-sequegestorespúblicostêmpoucoconhecimentodasopçõestecnológicas,oquepodepromoverescolhasinadequadas.

Alémdisso,namaioriadoscasoshádesafiosdeintegraçãodesoluçõeseexperiênciasentreassecretariasmunicipais.Hácarênciadeprofissionaisespecializados,especialmentenospequenosmunicípios.Emprefeiturasondehásistemaslegadosháumagranderesistênciaàmigraçãodesistemas,pelotemordedesafiostécnicosepelaprópriaresistênciaculturaldosusuários.Poroutrolado,emprefeiturascombaixograudeinformatização,aresistênciaculturalémenor,poisháumaquantidademenordebarreirasinerciaisdecomportamentoou em relação a sistemas legados.

Gargalos na oferta de soluções e serviços de TICs em pequenos municípios

Há pelo menos quatro domínios de soluções para a municipalidade: infraestrutura (sistemasdecomunicação,servidores,sistemasoperacionais,etc.),desktop(aplicativosdeprodutividade),aplicativosdegestão(escolar,saúde,tributário,etc.)erelacionamento(interfacecomocidadão).Asalternativasdefornecimentodesoluçõeseserviçosvariamdesde fornecedores privados, empresas públicas mistas (estaduais e municipais),departamentosmunicipais,profissionaisautônomoseatéoestabelecimentodecooperativaspara soluções baseadas em software livre.Apesar das várias alternativas, nem todasas prefeituras apresentam capacidade econômica compatível com o custo de algumassoluçõesdemercado.Nestes casos, as fontes de financiamento comumente utilizadassão: PMAT36 e PNFAM37.

Uma alternativa de provimento que vem se estruturando nos últimos anos é a utilização desoluçõesepadrõesabertos,quepermitemaiorcompartilhamentodesoluçõesentreprefeituras e menor dependência de soluções proprietárias. Neste sentido uma iniciativa do Ministério do Planejamento voltada para o desenvolvimento de soluções abertas e compartilhadas para osmunicípios brasileiros – o programa 4CMBR38– está dentro do PortalSoftwarePúblico[67]etrazumalistadesistemasbaseadosemsoftwarepúblico.

36 Programa de Modernização da Administração Tributária37 ProgramaNacionaldeApoioàGestãoAdministrativaeFiscalparaosMunicípiosBrasileiros38 ProjetoComunidade,Conhecimento,ColaboraçãoeCompartilhamentodosMunicípiosBrasileiros

104

3.8.2 Limitações para o desenvolvimento de pontos públicos de acesso

A disponibilização de pontos de acesso público é um componente essencial da constituição das cidades digitais, devido ao potencial de democratização do acesso a informaçõeseserviçoseletrônicos.Atualmentehábarreirasparaasduasclassesde iniciativasquedisponibilizam estes tipos de acessos: telecentros e centros públicos de acesso pago (tipicamentepontosdeacessocoletivoprivados).

As barreiras associadas às iniciativas de telecentros forammapeadas no trabalho, emandamento,ProjetoNacionaldeApoioaosTelecentrosdoMPOG/MCT/MC[68],ouseja:

• baixaescaladasiniciativas;

• fragmentação da oferta;

• superposição de iniciativas;

• ausência de critérios comuns que organizem a distribuição dos telecentros no território nacional;

• dificuldadedemanutençãodosespaços.

A essas barreiras podemos adicionar outra barreira importante, captada na pesquisarealizada no escopo do projeto STID39e jámencionadanestePNBL,queverificouqueégrandeodesconhecimentodasiniciativasdetelecentrosporpartedaspopulaçõesdascidades atendidas.

Enfimháumabaixaconsolidaçãoorçamentáriaeinstitucionaldestasiniciativas,oquelevaaosseguintesdesafios:

• ampliaçãoeunificaçãodaoferta;

• melhoriadasustentabilidade;

• ampliaçãodaqualificaçãodoatendimento;

• formação dos monitores;

• aumento da divulgação dos espaços.

Portanto,apesardas iniciativas levadasa termopelosgovernosnosentidodeexpandirfortementeaquantidadedetelecentrosnoBrasil,deve-seconsiderarqueaboamontagemde um telecentro envolve fatores que vão além do provimento de conectividade. Além dos desafioscitados,segundo[69],tambéméimportanteaferirodesempenhodostelecentros,paraquesejaminimizadaaquantidadedetelecentrosinoperantes.Outrodesafioéqualificaraexperiênciadousuárionostelecentros,atuando-senaformaçãodosmonitoresetambémnoconteúdodisponibilizado,oqueacarretanumamaioratratividadedesseslocais.

39 Ver seção 5.4.3.2.

105

AsbarreirasàexpansãodoacessoresidencialnoBrasilserefletemnolevantamentodoslocais de acesso individual mais frequentados. Enquanto que os centros públicos são locais deacessopara52%dosinternautas,42%preferemacessardecasa,namédiadopaís.Essa diferença se acentua quando se consideram os estratos sociais e as regiões do país maiseconomicamentedesfavorecidas,conformemostraaFigura53.

A B C DE

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

por Classe Social

SUDESTENORDESTE

SULNORTE

CENTRO-OESTE

0

10

20

30

40

50

60

70

80

por Região

Centro público deacesso gratuito

Centro público de acesso pago

Em casa

Figura 53 – Locais de acesso individual (% s/ total de usuários de Internet)

Fonte:CETIC.br,TICDomicílioseUsuários,2009

ComosepodeperceberpelaFigura,oscentrospúblicosdeacessogratuito,quepassaremosachamarsimplesmentedetelecentros40,aindasãoinexpressivoscomolocaisdeacesso,mesmonosestratosmaiseconomicamentedesfavorecidos.Alémdisso,aFiguramostraquehouveumadiminuiçãodeusodesseslocaisnoúltimoano,caindode6%em2007parasomente3%dosinternautasurbanosem2008,namédiadopaís.

Poroutrolado,osCentrosPúblicosdeAcessoPagotêmdemonstradoseupotencialnaampliaçãodoacessodapopulaçãoàInternet.SegundooCGI(2009),esteslocaissãoosmaisutilizadosparaoacessoindividualàInternet,sendoutilizadospor47%dototaldeusuários.Paraseterideiadessapenetração,enquantoqueháhojepeloBrasilentre5,5mil(dadosdoONID41)e16,6mil(dadosdoMapadeInclusãoDigitaldoIbict)telecentros42,aestimativaparaonúmerodepontosdeacessocoletivoprivadoséde90mil,segundo a ABCID.

40 Háváriasdefiniçõespossíveisparatelecentros.Adefiniçãoqueiremosadotarfoidadaem[70]:“éumlugarfísico,defácilacessopúblico,queoferecegratuitamenteserviçosdeinformáticaetelecomunicações,numcontextodedesenvolvimentosocial,econômico,educacionalepessoal”.41 ObservatórioNacionaldeInclusãoDigital,ligadoaoMinistériodeOrçamento,PlanejamentoeGestão42 Adiferençaseexplicapeladiferençaentreasmetodologiasdelevantamentoempregadaspelosdoisórgãos.

106

Atéapresentedata,ospontosdeacessocoletivoprivadoscresceramemgrandemedidasem programas específicos de apoio. Uma das consequências desse processo é que,dosaproximadamente90milpontosdeacessocoletivoprivadosespalhadospeloBrasil,segundo[71]apenas13%estãoformalizados.Afaltade linhasdecréditoespecíficaseafaltadeinformaçãomuitasvezesdificultamoumesmoimpedemalegalizaçãodessesestabelecimentos.

Aexistênciadeumalegislaçãoúnicaquereguleofuncionamentodospontosdeacessocoletivoprivados tambémévistacomo impeditivoàsuaexpansão.Dadaa importânciadessesestabelecimentos,pelaaltapenetraçãoterritorialealtapreferênciadosusuários,a elaboração de um projeto de lei nesse sentido deve discutir em profundidade questões tais como:

• A relação que o usuário brasileiro possui com os pontos de acesso coletivo privados (quesão,maisquemerospontosdeacesso,ambientesdesocialização);

• Operfildeuso(quehojetemmigradodosjogosparaacomunicação,informação,pesquisaerelacionamento[72]);

• Oníveldeingerênciananavegaçãodosusuáriosqueseconsiderarazoável,seéque alguma ingerência é considerada razoável;

• Comoqualificaraexperiênciadosusuáriosdessesestabelecimentos.

Comrelaçãoàúltimaquestão,umexemplodeiniciativanessesentidoéoprogramaConexãoCultura,daFundaçãoPadreAnchieta,deSãoPaulo,quedisponibilizaumaplicativoaospontos de acesso coletivo privados conveniados que dá acesso privilegiado a conteúdos culturaiseinformativosproduzidospelaTVCulturaepeloSESC[73].

3.9 Oportunidades para Política Industrial e de Desenvolvimento Tecnológico

Este PNBL também traz à luz a oportunidade para criação de uma política específicaparao fortalecimentoda indústrianoPaís,provocandoumefeitopositivo, também,nasinstituições de pesquisa e desenvolvimento. Iniciativas desta natureza são comuns nos paísesdaComunidadeEuropeia (i-2010),noJapão,CoréiaeEstadosUnidos,sóparacitaralgumasdasmaisrelevantes.NoBrasil,háumapercepçãopositivadaimportânciadaalavancagemdotripéinclusão–mercado–inovação.Odesafioestáemmaterializaresteprocesso com efeito positivo de médio e longo prazo.

Oprincipalinstrumentodefomentoàinovaçãonosetordetelecomunicações,oFundoparaoDesenvolvimentoTecnológicodasTelecomunicações–Funttel,realizará,nospróximostrês anos, investimentos de pelo menos R$ 330 milhões nas áreas de comunicaçõesópticas,comunicaçõessemfioembandalarga,plataformasdeserviçosbaseadasemIPesoftware para telecomunicações.

107

Por tratar-se de um setor que opera em escala global e vive uma dinâmica especialmente acelerada,osinvestimentosemPesquisa,DesenvolvimentoeInovação(P,D&I)precisamsermuitosuperioresparaqueaindústriabrasileiradetelecomunicaçõestenhacondiçõesdecompetição.Nessesentido,éfundamentalqueserevertaoprocessodeprogressivocontingenciamentoderecursosdoFunttel,queem2009chegoua80%.

Classicamente,aosepensarempolíticasestruturantes,omodelomaisdifundidoparaumaabordagemdelongoprazoéconjugarumapolíticadedifusão/uso,comumapolíticade infraestrutura,política industrialepolíticadoconhecimento,conformemostradonaFigura 54.

Política de Difusão / Uso

Política de Infraestrutura

Política Industrial

Política de Conhecimento

Figura 54 – Modelo Clássico de Fomento às Políticas Setoriais

MereceatençãoofatodequeestePNBLtrata,essencialmente,depolíticasdedifusão/usoedeinfraestrutura,analisandodeformaespecíficaasrestriçõesàdifusãodabandalarganoBrasil.Taispolíticastêmcomoresultadodiretoacriaçãodeumambientedenegócios,propícioaodesenvolvimentoindustrialetecnológico,cujajaneladeoportunidadedeveseraproveitada.

Ao analisarmos o cenário da indústria de telecomunicações no Brasil, verificamos quehistoricamentetemhavidoumgrandeesforçoparamanutençãodoequilíbriodabalançacomercialnosetor.Emespecial,noanode2008abalançafoinegativa,comopodeser vistanaTabela20,certamenteafetadapelosinvestimentosnaimplantaçãodenovasredesdo serviço móvel.

Tabela 20 – Balança comercial do setor de telecomunicações

2006 2007 2008 Var 2008 x 2007Exportações 3.115 2.491 2.540 2%

Importações 1.235 2.021 3.203 58%

Fonte: Abinee43

Oprincipalprodutonasexportaçõesbrasileirastemsidotelefonescelularesecabosparatelecomunicações,aopassoquetemhavidograndevolumedeimportaçãodecomponentespara telecomunicações.

43Abinee–DesempenhoSetorial–www.abinee.org.br/abinee/decon/

108

NaabordagemdestePNBLháumagrandeexpectativaqueeleproduzaefeitosnacomer-cializaçãodeumconjuntodeequipamentosqueestádetalhadonaTabela21.

Tabela 21 Principais Equipamentos

Segmento de Rede Equipamentos / Produtos

Acesso Terminais/ComputadoresModem/DSLAMEquipamentos de Acesso Sem Fio

Backhaul RoteadoresEquipamentos de TransmissãoCabos Ópticos

Backbone RoteadoresEquipamentos de TransmissãoCabos Ópticos

SegundodadosdaABINEE,ofaturamentodosegmentoindustrialdeTelecomunicaçõesdeprodutosfabricadosnopaís,excluindooscelulares,foideR$2bilhões,oquerepresentou5,5%dofaturamentodaindústriaeletroeletrônica.

A participação de produtos do setor fabricados no país aumentou nos anos seguintes so-bretudoemfunçãodaexpansãodosetorparaocumprimentoeantecipaçãodasmetasdeuniversalização.Em1999e2000ofaturamentodaindústriabrasileira,nestesegmento,superouasimportações.Noentanto,apartirde2001asimportaçõessuperaramodesem-penhodaindústrianacional,comaexceçãodoanode2005,conformepodeservistonafiguraabaixo.

Figura 55 - Dados da Indústria de Telecom no Brasil

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Some-seaestequadroofatodequeumaparcelasignificativadovalordosequipamentosde telecomunicações fabricados no Brasil é devida a componentes importados, o queacentuaacaracterísticadedependênciatecnológicaeodéficitnabalançadepagamentos.DeacordocomlevantamentodaABINEE,aparticipaçãodecomponentesimportados(emvalor)nosprodutosfabricadosnoBrasilerade30%em1998esubiupara43%em2008.

AAssociaçãoprevêqueademandainternadevecontinuarexibindotaxasanuaisdevariaçãorealbastanterobustas(superioresa10%nospróximosanos).Adicionalmente,estePNBLtambém fomentará o mercado de equipamentos de infraestrutura de telecomunicações. Trata-se,portanto,deumaoportunidadesingularparaalavancaraproduçãonacionalefortalecer a indústria brasileira do setor.

No entanto, para que esta circunstância favorável possa evoluir para a consolidaçãoda indústria brasileira de telecomunicações é imprescindível que esta incorpore permanentemente tecnologia e inovação desenvolvidas no país.

Oprincipalinstrumentodefomentoàinovaçãonosetordetelecomunicações,oFundoparaoDesenvolvimentoTecnológicodasTelecomunicações–Funttel,veminvestindoháanosem projetos de pesquisa e desenvolvimento no setor de telecomunicações e produzindo resultados relevantes em termos de propriedade intelectual e transferência tecnológica para a indústria brasileira.

Nos próximos três anos, o Funttel investirá nas áreas de comunicações ópticas,comunicaçõessemfioembandalarga,plataformasdeserviçosbaseadasemIPesoftwarepara telecomunicações. No entanto, estes investimentos são insuficientes para que aindústriabrasileiradetelecomunicaçõestenhacondiçõesdecompetirglobalmente.

Este é o momento para reforçar investimentos para que o Brasil conquiste o domínio tecnológico nesta área estratégica, possibilitando impulsionar a produção local de altovaloragregado,aumentaraofertadeempregosediminuirodéficitdabalançacomercial.Para issoserãonecessários,nomínimo,R$300milhõesanualmente.Nessesentido,éfundamental que se reverta o processo de progressivo contingenciamento de recursos do Funttelobservadonosúltimosanosequeem2009chegoua80%,conformepodeservistonafiguraaseguir.

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Figura 56 – Dados do Funttel

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4 Metas

Com base nas análises que compuseram o diagnóstico do quadro brasileiro e as restrições aoavançodoacessoa Internet banda larganoBrasil, nesta seção serãodescritososobjetivosaseremalcançadospelopaís,estabelecendo-seumconjuntodemetasaseremperseguidas.

Pelosmotivosexpostosnaseção3.1.2,asmetasestabelecidasnestePNBLsebaseiamno diagnóstico das restrições que se impõem ao avanço da infraestrutura de banda larga. Umametacarátergeraléade,até2014,aumentaremdezvezesavelocidademínimadosserviçosdeacessobandalargafixa.Combasenaatualdistribuiçãodevelocidadesdeacesso,anteriormenteapresentadanasFiguras21e22,ametaédequetaisvelocidadessejamdezvezesmaiores,atéoanode2014.EssametapermitiráaoBrasiltrazeraqualidadedaofertadeserviçobandalargafixaaumavelocidadecompatívelcomademandadasaplicações,talcomoilustradonaFigura5.

Asmetasforamclassificadasquanto:(1)àabrangênciadaofertadeacessobandalarga,distinguindo-seáreasurbanaseáreasrurais;e(2)aotipodeacessoparaqueapopulaçãousufruadosserviços,diferenciandooacessoindividualdocoletivo.

As metas propostas levam em consideração o nível de penetração banda larga que se desejaqueoBrasilalcanceaolongodospróximos5anoseanecessidadededirecionaraexpansãodoacessobandalargaemlocaisespecíficos,taiscomobibliotecas,unidadesde saúde e escolas.

A definição das metas leva em consideração uma relação aceitável entre os custosparaexpandiracoberturadeacesso,acapacidadedeseofertareconsumirumaamplagama de serviços e o tempo necessário para se implementar a infraestrutura de rede. Tais aspectos devem ser considerados, sobretudo, para as áreas demenor densidadepopulacional,ondeoscustosparaampliaçãodeinfraestruturaderedetendemasermaiselevadoseointeressedeexploraçãocomercialémenor.Sãoapresentadasaseguirasmetasestabelecidasapartirdaclassificaçãodefinida.

4.1 Acesso individual urbano

A meta para o acesso individual urbano visa elevar o nível de penetração banda larga noBrasilapatamarespróximosdospaísesanalisados,alémdeestabeleceraofertadevelocidademínima pelos prestadores de serviço de acesso. Para tanto, são propostasduas sub-metas para o acesso individual urbano:

• Atingir até 50% dos domicílios urbanos com acesso banda larga até 2014.

112

• Atingirtodasasmicroepequenasempresasquetenhamdemandaparaacessoabanda larga.

Osomatóriodessameta(domicíliosePME)representaemtornode29milhõesdeacessosindividuais urbanos.

4.2 Acesso coletivo urbano

• Levaracessobandalargacoletivourbano,até2014,a100%dosórgãosdeGoverno,incluindo:

o 100%dasunidadesdaAdministraçãoFederal,dosEstadoseMunicípios;

o 100% das unidades de saúde;

Totaldeunidadesdesaúde,emzonasurbanaserurais,noBrasilédecercade177.000[74].

o 100% bibliotecas públicas44;

AquantidadedebibliotecaspúblicasnoBrasil,em2004,erade10.346[75].

o 100% dos órgãos de segurança pública.

AquantidadedeórgãosdesegurançapúblicanoBrasil,em2005,erade14.084[76].

• Expandironúmerodetelecentrosnopaís

o Implantar 100 mil novos telecentros federais até 2014.

AexpansãodeveseguircritériosdedistribuiçãoquevisemcompensarasdesigualdadesregionaisnapenetraçãodoacessoresidencialemBandaLarga,conformeapontadonaTabeladoAnexoII,quedetalhaametodologiaaseraplicadanafaseinicial.

• EstimularaexpansãodePontos de acesso coletivo privados

ConformedescritonoCapítulo3.6.2,aestimativaparaonúmerodepontos de acesso coletivo privados formalizadas no Brasil é de apenas 13% das 90 mil em operação. Devido à alta penetração no país e aos benefícios sociais que esses estabelecimentos trazem,pelofatodeconstituíremomododeacessomaiscomum,sendomuitasvezesaúnicaopçãodeacesso,sugerem-semetasparasuaexpansãopormeiodeprogramasdefinanciamento,medidasdeapoioàformalizaçãoeprogramasdequalificaçãodosempreendedores.

44 Não consideradas as bibliotecas escolares e de unidades de saúde.

113

4.3 Acesso individual rural

• LevaracessoaInternetembandalargaindividuala15%dosdomicíliosruraisaté2014,oquerepresentaemtornode1milhãodeacessos.

Atualmente,somentecercade2%dosdomicíliosruraispossuemacessoaInternetembandalarga,segundoapesquisaTICDomicíliosde2008.Umdosgrandesdesafiosparaampliar o acesso a esses serviços aos domicílios rurais é a viabilização de sua oferta emregiõesdebaixadensidadepopulacionalecomumapopulaçãopredominantementedebaixarenda.DeacordocomasanálisesrealizadasnestePNBL,fazendousodastecnologiasexistentes,osdomicíliosruraissemacessoembandalargafazempartedo gapdeacesso,ouseja,somentepormeiodesubsídiosaprestaçãodoserviçosetornará viável nessas áreas.

Nesse contexto, para definir ameta de acesso individual rural, a análise baseia-seno rendimento mensal domiciliar da PNAD/IBGE de 2007. Por meio do critério derenda,supõe-sequeosdomicílioscomrendimentosuperiora trêssaláriosmínimossãoaquelesqueexigirãosubsídiosmenoresparaoatendimentodeacessoembandalarga.Entretanto,osdomicílioscomrendimentosuperioradezsaláriosmínimossãoexcluídosdameta,poisrepresentamopercentualjáatendidoatualmente.

4.4 Acesso coletivo rural

• LevaracessoaInternetembandalargacoletivorural,até2014,a:

o 100% das unidades de saúde

Aquantidadetotaldeunidadesdesaúde,somadasaslocalizadasnaszonasurbanaseruraisdoBrasil,édecercade177.000[74].

o 100% das escolas

Comrelaçãoàmetadeofereceracessoa100%dasescolas rurais,valedestacarque,comoformadeinduziraampliaçãoeamelhorianaofertadosserviçosdetelecomunicaçõesàspopulaçõesrurais,ogovernoinstituiu,pormeiodaPortarianº431doMinistériodasComunicações,de23dejulhode2009,oProgramaNacional deTelecomunicaçõesRurais.EsteProgramatemafinalidadedepermitiràpopulaçãolocalizadaemáreasruraisoacessoaserviços,deinteressecoletivo,detelefoniaededadosembandalarga.

Aportariadeterminaqueaprestaçãodosserviçosdeveprivilegiaraexplo-raçãodefrequênciasnafaixade450-470MHz,condicionandoaautoriza-çãoaalgumasobrigaçõesporpartedasempresas.Dentreasobrigações,destaca-seadeassegurar,deformagratuita,aconexãodetodasasesco-laspúblicasruraiscomInternetembandalarga,naáreadeprestaçãodoserviçodedadosembandalarga,duranteatotalidadedoprazodeoutorga,nas condições previstas em edital de licitação.

114

O universo atual das escolas públicas brasileiras é de 86.654 escolas rurais [77].Éimportantetambémconsiderarqueaproximadamente35milnãotêmenergiaelétrica,oquepodeimporumadilataçãodoprazodestametaou a necessidade de compatibilizá-la com o cronograma do Programa Luz para Todos.

4.5 Acesso Móvel

• LevaracessoaInternetembandalargamóvel,até2014,a:

o 60milhõesdeacessos individuais,computadosacessosemterminaisdevoz/dados (com serviço de dados ativo) e modems exclusivamente dedados.

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5 Mecanismos e instrumentos de ação

Esta seção identifica os mecanismos e os instrumentos de ação eficientes e eficazescapazesdegarantiraofertadeserviçosbandalarga,solucionandoosgargalosexistentese atendendo a demanda reprimida no Brasil.

5.1 Mecanismos de estímulo ao investimento privado

Os mecanismos de estímulo ao investimento privado propostos visam à aceleração da coberturabandalarganopaís,oincentivoàcompetição,oquetrazmenorespreçosaoconsumidoremaioradesão,amelhoriadeinfraestruturadefinanciamentoaosetorprivadoeareduçãodacargatributáriaqueoneraosetorprivado.Aseguirserádetalhadocadamecanismo de estímulo ao investimento privado.

5.1.1 Mecanismos que acelerem a cobertura de banda larga em regiões pouco adensadas e áreas rurais

5.1.1.1 Uso de tecnologias sem fio nas áreas rurais

Atualmente,algumas faixassubaproveitadasnoBrasil têmsidoexploradascomgrandesucessoempaísesdaÁsiaedaAméricaLatinacomo,porexemplo,afaixade450MHz.

Essa faixapossuiexcelentescondiçõesdepropagaçãoepoderiaserdestinadaparaoprovimento de serviçosde telefonia e dedadosemáreas rurais e debaixa densidadepopulacional.Adicionalmente,areferidafaixacontacomalternativastecnológicasdepelomenoscincofabricantesinternacionais,comequipamentosdetransmissãoeterminaisapreços competitivos.

Paraaoperaçãofixaoumóvel,épossívelcontarcomautilizaçãodeantenascomraiodecoberturadeaté50km,permitindoacoberturasobreváriascomunidadesruraiscomumaúnicaestaçãorádio-base(ERB).Naseção5.3,agestãodoespectronafaixade450MHzéanalisadamaisdetalhadamente.

5.1.2 Mecanismos de estímulo à competição

5.1.2.1 Concessão de novas outorgas ao setor de TV por assinatura via cabo

Desde2002aANATELnãofazqualquerlicitaçãodoserviçodeTVporassinaturaviacabo.AANATEL,emumaconsultapúblicaem2006,pretendiaestabeleceroserviçoemtodososmunicípiosbrasileiros,semlistaspré-definidasdelocalidadesparaasoutorgas.Segundoosdadosdaseção3.6.2,apenetraçãodoserviçodeTVporassinaturaébaixanoBrasil,comcercade41%dapopulaçãoou77milhõesdepessoascomacessoaofertasdotipo,

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em261municípiosdopaís,quetêmoserviçodisponívelpormeiodastecnologiasMMDS,cabo,ouambas.

Segundo a ABTA45[78],asempresasdeTVporassinaturasomavam2,4milhõesdeclientesdebandalargaem2008.AtecnologiadeTVacaborespondepelamaiorpartedosclientes,com62,14%,seguidapeloDTH(Direct to Home),com33,88%,epeloMMDS,com3,96%.Apenas a Net e a TVA oferecem serviço de banda larga por meio de suas redes de cabo. ANet,queusaocabocomotecnologia,éalíderdosegmento,commarket share de 48% nomercadodeTVporassinaturae18%debandalarga.EmsegundolugarestáaSky/DirectTV,queutilizaoDTHcomotecnologiaedetémcercade31%domercado.

As operadoras de telecomunicações vêm demonstrando amplo interesse em entrar neste mercado,paraofereceroschamadospacotestriple play,quereúnemTVporassinatura,bandalargaetelefonia.Atualmente,Telefonica,OieEmbrateloferecemserviçosdeTVporassinatura,utilizandoastecnologiasMMDSeDTH,jáqueaLeidoCaboimpõerestriçõesà participação das teles na TV a cabo46.

5.1.2.2 Desagregação de elementos de rede das concessionárias do STFC (unbundling)

Adesagregaçãodeelementosderedeéocompartilhamentodapropriedadedaredefísicade telecomunicações. A composição dos preços dos serviços oferecidos pelos prestadores deserviçodeacessobandalargapodeserreduzidacomocompartilhamentodaestruturafísica.Paratanto,éprecisocriarregrasparaoestabelecimentodoscustosdosprodutosvendidosporatacadoerevenda.Comisso, todososprestadoresdeserviçodeacessobanda larga poderão ter condições de oferecer os mesmos serviços por preços mais competitivos.Adicionalmente,osprestadoresdeserviçosde telecomunicaçõesdeverãoterpermissãoparaousodasestruturasfísicasexistentesnopaís.

5.1.2.3 Oferta não discriminatória de acesso ao backhaul

As terminações do backhaul nos municípios beneficiados pelo atual PGMU do STFCatual têm por objetivo disponibilizar a infraestrutura de transporte em banda larga a vários prestadoresdeserviçodeacessoaInternet,deformajustaenãodiscriminatória.Paratanto,o acesso a essa infraestrutura de rede deverá ser regulado por medidas de abertura de rede,comaidentificaçãodospontosdepresençaeofertaderecursosparausoindustrial,com tarifas reguladas por custos.

Alémdisso,aexistênciadessainfraestruturaviabilizaadisseminaçãodosPontosdeTrocadeTráfego(PTT)47,quevisammelhoraratopologiadaInternetnoBrasil,aumentandoa

45 Associação Brasileira de TV por Assinatura.46 As empresas de telefonia não podem ter participação superior a 20% no negócio de cabo em sua área de concessão e ascompanhiasdecapitalestrangeirodevemrespeitarolimitede49%naparticipaçãoacionáriaemnegóciosdosetor.47 SegundooComitêGestordaInternet,oPTTosPontosdeTrocadeTráfegoconsistemnumaestruturacentralizada,ondeváriasredespodemseinterligar.ElesexistemparaajudarosparticipantesdaInternetaestabelecerrelaçõesdetrocadetráfego,combenefíciosmútuosereduçãodecustos[122].

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conectividadeereduzindocustosdetrocadetráfego.Talmedidamelhoraaeficiênciadaconexãoentreprestadoresdeserviço,provedoresdeconteúdoeprestadoresdeserviçode meios de comunicação.

NessesentidovaledestacaraexperiênciadoComitêGestordaInternetnoBrasil(CGI.br) com a criação dos PTTMetro, implantados nas regiões metropolitanas no País queapresentamgrandeinteressedetrocadetráfegoInternet,equerepresentamumpontodeconvergência para viabilizar acordos bilaterais ou mesmo acordos de tráfego múltiplo.

Os pontos de terminação do backhaul,viabilizadospeloatualPGMUdoSTFC,alémdesuprirasnecessidadesdosprestadoreslocaisemtermosdeconexõesembandalarga,representam um ponto de convergência em regiões metropolitanas. Podem, portanto,servircomolocaisfísicosdosPTT(moldadosàsemelhançadosPTTMetro)paraaofertadeinterconexão,pormeiodeacordosbilateraisoumultilaterais.Damesmaforma,estesPTTMetro podem estabelecer acordos de tráfego multilateral com outros PTTMetro com os quais apresentem alto interesse de tráfego.

UmadasprincipaisvantagensdestemodelodePTTéaracionalizaçãodoscustos,umavezqueosbalançosde tráfegosãoresolvidosde formamaisdiretae local,evitandoautilizaçãodesnecessáriaderedesdeterceiros,muitasvezesdealtahierarquia.OacessoaessainfraestruturadePTTdeveserreguladopormedidasdeaberturaderede,comaidentificaçãodospontosdepresençaeofertadecapacidadenoatacado.

Outra grande vantagem é o maior controle que uma rede pode ter com relação a entrega deseutráfegoomaispróximopossíveldoseudestino,conformeilustradonaFigura57,oqueemgeralresultaemmelhordesempenho,qualidadeeoperaçãomaiseficientedaredecomo um todo.

Figura 57 – Criação dos PTT em pontos de presença do backhaul

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Nestecaso,caberiaàsconcessionáriasdoSTFC–responsáveispelobackhaul viabilizado viaPGMU–tornardisponíveisnosseuspontosdepresençaemregiõesmetropolitanas(por exemplo, cidades commais de100mil habitantes), sobmodelo de co-localização(collocation),asinstalaçõesnecessáriasaorecebimentodosequipamentos(roteadores)das redes participantes, proporcionando condições adequadas a sua operação emanutenção.

5.1.2.4 TV Digital

ExistemfortesevidênciasdequeaTVdigital,comoacréscimoderecursosdeinteratividade,pode ser importante instrumento de inclusão digital. Dada a ampla disponibilidade de televisores nos domicílios brasileiros – acima de 96% nos domicílios urbanos e acima de 82%nosdomicíliosrurais–pode-seafirmarquenenhumoutroequipamentodetecnologiade comunicações atinge penetração similar no Brasil.

A TV digital interativa é uma plataforma que poderá ser utilizada pela população para ter acesso a serviços eletrônicos, tais como aplicações de governo eletrônico, de acessobancário,deeducaçãoedesaúde,dentreoutros.OambientevirtualdaTVdigital,maissimpleseamigávelqueumcomputador,possibilitarámaioracessibilidadepelaparceladapopulaçãosemcomputadoremcasa,tipicamentenasclassesDeE.Alémdisso,nofuturo,umaparelhodeTVdigitalpoderáharmonizarconteudosdigitais transmitidos tantopelatelevisão como pela Internet.

O grande desafio da disponibilização de serviços interativos via TV digital é o daimplementaçãodeumcanalderetornoentreousuárioeoprestadordoserviço.Osdesafiostecnológicos dessa solução já vem sendo abordados em vários projetos de pesquisa no âmbitodoFUNTTEL,queresultaramnumasériedeaplicações-pilotojáimplementadasetestadas.

Amassificaçãodabanda larganoBrasileadisponibilizaçãodecanaisdeacessocomcoberturaebaixocustocertamente trarão impactopositivonadifusãoda interatividadenaTV.OaparelhodeTVouset-topboxdigitaléumaalternativadeterminaldeacessoque,tãologoseobtenhaescala,apresentarácustomaisreduzidoqueumcomputador.Talaspectoassegurarámaiordisseminaçãoentreasfamíliasdemenorrenda.Aexistênciadeterminaisbaratos,quepermitamainteratividadeeacessoaserviços,podealavancarasmetas de penetração da banda larga no Brasil.

A harmonização entre broadband e broadcast é um poderoso instrumento de políticas públicasdeestímuloàinclusãodigital.Alémdisso,dopontodevistadepolíticaindustrial,aTVdigitalmostra-secomoumainovaçãodisruptiva,quepossibilitaráamplasoportunidadesparaaindústrianacionaldeeletrônicos,paraosetordesoftware,paraosetorderadiodifusãoe para a sociedade em geral.

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5.1.3 Mecanismos de financiamento

5.1.3.1 Estímulo ao aumento da capacidade das redes

OBancoNacionaldeDesenvolvimentoEconômicoeSocial (BNDES)oferece linhasdecréditoparaaaquisiçãodeequipamentosnacionais,estimulandoaproduçãonacional.AparticipaçãodosdesembolsosdoBNDESnosetordetelecomunicações,em2008,foide4%ouR$4bilhões.

Em2009oBNDESamplioude60%para80%suaparticipaçãomáximanofinanciamentode empreendimentos de distribuição de energia elétrica, telecomunicações, petróleo eampliação da capacidade produtiva na indústria.

AexistênciadofinanciamentopeloBNDESéumincentivoàatualizaçãoderedeslegadasdetelefoniafixaedeTVporassinaturaviacabo.AsconcessionáriaseoperadorasdeTVporassinaturajáfazemusodaslinhasdefinanciamentodoBNDESparamodernizaçãoeexpansãodarede,dainfraestruturadebackboneedacapacidadedeinterconexãocomasdemais operadoras. Ainda utilizam os recursos do BNDES para aumento da qualidade da operação e em sistemas de gerenciamento de rede.

OBNDESpoderia,alémdefinanciaracompradeequipamentosnacionais,oferecerlinhasdecréditoparaprojetosdeinclusãodigitalcomacessobandalarga,aexemplodascidadesdigitais.Estainiciativaestariaalinhadacomaalocaçãodeblocosdefrequênciaparausoeminclusãodigitalporempresaspúblicas,conformedescritonaseção5.3.4.

Isso iria viabilizar às prestadoras de serviço chegar a localidades demenor densidadepopulacional,nasquaisoinvestimentoemacessoémaisalto.Dessemodo,aliberaçãoderecursospúblicosdoBNDESseestenderiaaosprestadoresdeserviçobanda larga,incluindoosprovedoresdeserviçodeInternet(PSI).

5.1.3.2 Incentivo ao desenvolvimento de tecnologias sem fio para oferecer o acesso banda larga

LinhasdefinanciamentohojeestãodisponíveisnoBNDES,noFUNTTELenoFNDCT(FundoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico),emdiversasmodalidades.AFinanciadoradeEstudoseProjetos(FINEP)doMinistériodaCiênciaeTecnologiaoferecefinanciamentoparaodesenvolvimentodetecnologiasdeconexãoaInternetbandalarga.AchamadapúblicadoprogramaSubvençãoEconômicaem2009concedeuR$450milhõesemrecursosnãoreembolsáveis,comR$80milhõesdestinadosàáreadeTecnologiasdaInformaçãoeComunicação(TICs).

AFINEPtambémfezchamadapúblicaem2009paraaseleçãodeprojetosdepesquisaeinovaçãotecnológicaquereceberãorecursosnomontantedeR$110milhõesdoFUNTTEL(Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), sendo que uma

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dasquatroáreasprioritáriassãoossistemasdecomunicaçãosemfioembanda larga.O desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos para redes de acesso banda largasemfio,comousodefrequênciastantolicenciadascomonãolicenciadaspodemseenquadrar nessa área prioritária.

5.1.3.3 Estímulo à proliferação de pontos de acesso coletivo privados e pequenos empreendedores

OBNDESdisponibiliza linhasdecréditoespecíficasparaofinanciamentodemáquinase equipamentos, capital de giro e matéria prima. Não existe uma linha direta para osproprietários de pontos de acesso coletivo privados. Os produtos do BNDES são oferecidos a partir da rede bancária que faz a intermediação e garante o risco para o banco federal. JáosrecursosfinanceirossãoliberadospelopróprioBNDES.NoBNDES,existemlinhasde crédito voltadas para:

i. Implantação,modernizaçãoeampliaçãodeativosfixos.

ii. Aquisiçãodemáquinaseequipamentosnovos,produzidosnospaísecredenciadosnoBNDES,queapresentemíndicedenacionalizaçãoigualousuperiora60%ouque cumpram o Processo Produtivo Básico.

iii. Capital de giro associado exclusivamente a investimentos para implantação ouampliaçãodeativosfixos,calculadoemfunçãodasnecessidadesespecíficasdoempreendimento.

OBNDESpoderia disponibilizar uma linha de crédito para a disseminação dos pontos de acesso coletivo privados comacessobanda larga.Para tanto,necessitariafinanciarosequipamentosnecessários,ossoftwaresdegerenciamento,osistemaoperacional,osaplicativosoregistrodaempresa,aassessoriajurídicaecontábil.

Segundo estimativas da SBRT48 [79],umponto de acesso coletivo privado com quinze computadores–sendoque,umamáquinafuncionacomooservidordarede–necessitade um investimento da ordem deR$ 70mil. Os próprios donos dePontos de acesso coletivo privados estimam que 80% dos pontos de acesso coletivo privados têm algum grau de informalidade.Emumestudo realizadopeloSebrae, foi estimadoqueo customínimodahoraparaoespaçoformalizadoseriadeR$2,50(próximoaobreak even),ouaproximadamenteR$5milanual,variandoemfunçãodaregiãogeográfica.

Uma estimativa dos recursos do BNDES necessários para atender a demanda dos pontos de acesso coletivo privadosédecercadeR$2,7bilhões,oqueseriacapazdeformalizare reestruturar metade dos pontos de acesso coletivo privadosilegaisatuais,ouseja,emtornode36milestabelecimentosexistentes.

48 Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas.

121

Adicionalmente, o BNDES poderia disponibilizar uma linha de crédito voltada paraa conectividade em banda larga de micro e pequenas empresas. Nesse nicho sãoparticularmente relevantes as tecnologias de redes de acesso sem fio com o uso defrequências não licenciadas.

SegundoosdadosdoIDC[28],somente8,9%dessasempresaspossuíamacessobandalargaaofinalde2008,ouseja,emtornode860milacessos.Istorepresentaumataxadepenetraçãoemtornode14%,numuniversodemaisde6milhõesdemicroepequenasempresas contabilizadas pelo SEBRAE.

Considerando a estimativa de que o número desses estabelecimentos ultrapasse os 8 milhõesem2014–dosquais20%conectadosembandalarga–seriamnecessáriosparasuaconectividadeembandalargarecursosdaordemdeR$2bilhõesanuais.

5.1.4 Mecanismos para diminuição da carga tributária

5.1.4.4 Redução da carga tributária incidente sobre serviços essenciais da competência da União

Segundoestimativasdemercado[80],oImpostosobreCirculaçãodeMercadorias(ICMS)sobreosserviçosessenciais,inclusiveodetelecomunicações,respondematualmentepormaisde41%dorecolhimentoglobaldoICMSemtodoopaís.OICMSvariade25%a35%,dependendo do Estado.

OConfaz(ConselhoNacionaldePolíticaFazendária),em2009,determinouaisençãodoICMSnosEstadosdeSãoPaulo,ParáeDistritoFederaldosplanosdeacessoaInternetbandalargacompreçosdeatéR$30,00mensais,prestadasnoâmbitodoConvênioICMS38, de 03/04/2009 (DOUde 08.04.09). Devem estar inclusos no valor damensalidadetodos os meios e equipamentos necessários à conectividade.

5.1.4.5 Incentivo à participação de prestadores de serviço de rede sem fio para oferecer o acesso banda larga

AinclusãodospequenosprestadoresdeserviçosbandalarganoSupersimples,sistemasimplificadodetributação,seriaumamedidadeincentivoàofertadeacesso.

AreduçãodastaxasdelicenciamentocobradaspelaANATELéoutraformadeincentivaraparticipaçãodepequenosprestadoresqueutilizemtecnologiassemfionaofertadeacessobandalarganopaísvistoque,atualmente,aslicençasdeSCMcustamomesmovaloraosdiversosprestadores,independentementedeseuporte.

Adicionalmente,astaxasdeFundodeFiscalizaçãodasTelecomunicações(FISTEL)po-demsersignificativasparaosprestadorescomlicençadeSCM(bandalargafixa)eSMP(bandalargamóvel).ExistemduastaxasdefiscalizaçãoquecompõemoFISTEL:aTaxa

122

deFiscalizaçãodeInstalação(TFI)eaTaxadeFiscalizaçãodeFuncionamento(TFF)49. A TFI é devida pelas empresas prestadoras de serviços de telecomunicações quando da emissãodocertificadodelicençaparaofuncionamentodasestaçõeseovaloréfixadopelaANATEL,deacordocomotipodeserviçoprestado.ATFFédevidaanualmenteecor-respondea50%dovalorconsignadonaTFI,incidindosobretodasasestaçõeslicenciadasatéofinaldoanoanterior.

5.1.5 Mecanismos para qualificação de pontos de acesso coletivo privados

Umaimportanteaçãocomplementaràquelaapresentadanaseção5.1.3,definanciamentoparaformalizaçãoereestruturaçãodepontosdeacessocoletivoprivados,éimplementarmecanismosdequalificaçãodessesespaços.Adisponibilidadedecréditoparafinanciaraformalizaçãonãoésuficientesehouverdesinformaçãosobreosprocedimentosneces-sáriospararealizartalformalização,comocargatributária,legislaçãodosetor,burocraciaenvolvida,procedimentosnecessários,etc.Alémdisso,tambéméimportantemuniciarosgestores sobre boas técnicas de administração para pequenos negócios de forma a otimi-zarosrecursosdisponíveisemaximizaraschancesdesucesso.

Programasdecapacitaçãopodeminclusiveinformarsobreaspossibilidadesdediversificaçãode atuação dos pontos de acesso coletivo privados. Uma reunião50realizadanofinalde2008[82]paradiscutirdesafiosdosetorlevantoualgumaspossibilidadesdediversificação,taiscomooferecimentodecursosdeEaDepresenciais,ouparceriascomescolasparafuncionamentocomolaboratóriosdeinformáticaouparaauxílioempesquisasescolares.Essasalternativascontribuiriamparaasustentabilidadeeconômicadessesespaços,umavezqueoscustosfixosaumentamcomalegalização.Aatuaçãoemáreasdiversificadasecompapelsocialrelevantetambémcontribuiriaparareduzirpreconceitosaindaexistentescom relação aos pontos de acesso coletivo privados.

Como exemplo de iniciativas de qualificação desses espaços podemos citar aquelasempreendidas pelo Sebrae. Na página virtual da instituição podem ser encontrados documentos de apoio contendo informações a novos empreendedores e também para auxiliarempreendedoresquequeirammodernizarouformalizarseusnegócioscomo,porexemplo,odocumento“SebraeIdéiasdeNegócios–pontosdeacessocoletivoprivados”.Alémdisso,escritóriosrealizamtrabalhosespecíficosemsuaslocalidades,taiscomoosprojetosdeapoiodoSebraedeSergipe,Goiás,RiodeJaneiro,CearáePará.Asaçõesnos Estados são programadas de acordo com as peculiaridades e desigualdades regionais refletidasnosegmento.Taisaçõesincluemfornecimentodecursos,açõesdetecnologia,

49 Essefundoécompostoporoutrasfontesderecursos,alémdasmencionadastaxas,quaissejam,metadedosvaloresdasoutorgasconcedidasemultasprevistasnaLGT.EssasfontesnãosãoobjetodereduçãoporpartedessePlano.50 Areuniãocontoucomrepresentantesdogoverno,doSebraeedaFGV,alémdeproprietáriosdepontosdeacessoco-letivo privados de diversos Estados..

123

acessoaocrédito,consultoriasgerenciais,açõessocioambientais,práticasdeeficiênciaenergética, organização de encontros setoriais, etc. Um mecanismo importante seriaampliaressesprogramas,deformaaatingirtodasasUnidadesdaFederação.

5.2 Mecanismos regulatórios

Se na virada do milênio o grande objetivo nas telecomunicações do Brasil era universalizar oacessodocidadãoàtelefonia,emsuasdiversasmodalidades,aevoluçãodosetortrouxemudanças importantes.

Notadamente,oamadurecimentodaInternettrazconsigoosurgimentodenovasformasde interação entre usuários, novas necessidades e, portanto, novos requisitos para asredes que suportam os serviços de telecomunicações. Nesse sentido, é fundamentalgarantiroacessoaInternetpelamaioriadapopulação,oqueimplica,necessariamente,em assegurar o acesso do cidadão ao serviço banda larga.

Existem diversas tecnologias que se prestam para tal finalidade. Entretanto, não hásoluçãoúnicaquesejamaisadequadaatodososcenáriosdeutilização,havendocertacomplementaridadeentreelas.Ademais,hápontosfortesefracosemcadauma.

OquesebuscagarantirpormeiodaspropostascontidasnestePNBLéqueopaístenhaà suadisposiçãoa infraestrutura necessária e suficiente para escoar todo seu tráfego,garantindoafruiçãodasdiversasaplicaçõesquehojedependemdoacessoaInternet.Atítuloilustrativo,aTabela22compara,qualitativamente,asdiversastecnologiasdisponíveispara o acesso do serviço banda larga.

Assim,oGovernoFederalpodelançarmãodeinstrumentosquepromovamumaoumaisdessastecnologias,tendocomoobjetivomaiormassificaçãodoacessoaoserviçobandalarga, incluindo, dentre outras, a concessãode novas licenças de operação deTVporassinatura,ealicitaçãodeespectroderadiofrequências.

Contudo, pode-se perceber ainda pela Tabela 22 que existe um compromisso entre amassificaçãoeoaltodesempenhodoserviço.Ouseja,soluçõesquepromovemacoberturageográfica–comoéocasodassoluçõessemfio–e,portanto,alcançamumuniversomaiordeusuáriospotenciais,apresentamdesempenhoinferioraodassoluçõescabeadas.No entanto, o investimento inicial necessário para se implantar infraestrutura de redescabeadasésignificativamentemaiorqueodassoluçõessemfio.Assubseçõesaseguirelaboram essas questões.

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Tabela 22 – Análise qualitativa das tecnologias de acesso

5.2.1 Massificação de acessos

Emmercadosmaduros,ondeexistecompetiçãoentreplataformaseatoresdistintos,énatural que a penetração do serviço de acesso à Internet seja maior que aquele observa-do em regiões onde a prestação desse serviço se dá em regime de monopólio – natural ou não.

Todavia,namedidaemquesedesejediminuirdesigualdadesregionais,deve-seempre-garaçõesquetenhamcomoobjetivoampliaraofertadosserviçosdetelecomunicaçõesparaessasregiões,apreçosjustoserazoáveis.

Atualmente,oGoverno,pormeiodoMinistériodasComunicações,dispõededoisins-trumentos importantes para a promoção de serviços de telecomunicações: as obriga-çõesimpostasàsempresasprestadorasemcontrapartidaàexploraçãodosserviços,eo Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações. Esses instrumentos são apresentados a seguir.

125

5.2.1.1 Obrigações impostas às prestadoras de serviços de telecomunicações

Desdeaprivatizaçãodo setor, dois tiposdeobrigações foram impostasàsempresasprestadorasdeserviçosdetelecomunicações,comocontrapartidadeinteressepúblicopelo direito de exploração dos serviços. A primeira diz respeito às obrigações deuniversalização,aopassoqueasegundaversasobrecompromissosdeabrangência.

Comrevisãoqüinqüenal,asobrigaçõesdeuniversalizaçãoseaplicamtãosomenteàsempresasqueexploramserviçosdetelecomunicaçõesemregimepúblico,conformepre-conizadonoArt.79daLeinº9742,de16dejulhode1997.LeiGeraldeTelecomunica-ções.Atualmente,somenteoServiçoTelefônicoFixoComutado–STFCéprestadoemregime público.

Entretanto,umavezqueasredesquedãosuporteaoSTFCsuportamtambém,compul-soriamente,outrosserviços,incluindooserviçodeacessobandalarga,oGovernoFede-ral pode estabelecer metas para aquele serviço que promovam a ampliação de cobertura e/oudiminuiçãodepreçoaoconsumidorfinal.Iniciativasnessesentidojáforamadota-dasnopassado recente,quandodaúltimapromulgaçãodoPlanoGeraldeMetasdeUniversalização–PGMUII,quedefiniucomometasparaasconcessionáriasdoSTFCa implantação e ampliação de infraestrutura de transmissão nos diversos municípios da Federação.

Esse instrumento permitiu ampliar a disponibilidade de infraestrutura de telecomunicações emregiõesdebaixaviabilidadeeconômicaparaaimplantaçãodessainfraestrutura.

Instrumentoanálogo,porémaplicadoàsempresasqueexploramserviçosdetelecomuni-caçõesemregimeprivado,porémdeinteressecoletivo,éodecondicionamentosadmi-nistrativos,taiscomooestabelecimentodecompromissosdeabrangêncianaslicitaçõesde radiofrequências.

Talmedidapodeserusadaparadoispropósitosdistintos,contudoambosdeinteressedopaís. Aumentar a competição em determinados mercados ou ampliar a disponibilidade de infraestrutura de determinadas regiões.

OprimeirocasosedeuquandodacriaçãodasempresasespelhodoSTFC,quetinhamo compromisso de implantar o serviço em algumas cidades de sua área de atuação em um prazo determinado.

O segundo se deu quando da licitação das frequências associadas à prestação do ServiçoMóvelPessoal–SMP,deterceirageração–3G.Asempresasqueadquiriramtais licenças assumiram como uma das contrapartidas a oferta do serviço de segunda geraçãoemtodososmunicípiosdopaísaté2010.Talmedida,novamente,contribuiparaa ampliação da infraestrutura de telecomunicações.

126

5.2.1.2 Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações

Instituído em 2000, o Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações –FUSTtemarrecadaçãoanualdecercade600milhõesdereais,recolhidossobreareceitaoperacional bruta de todas as empresas que operam no setor.

Alvo demuita discussão nos últimos anos, em função da não aplicação dos recursosarrecadados,oFUSTtevesuaprimeiraaplicaçãoefetivaem2007,aofinanciaroprogramadoMinistériodasComunicaçõesquelevouotelefoneadaptadoparadeficientesauditivosa todas as instituições que atendem a esse público.

Atualmente,aLeiquedispõessobreaaplicaçãodosrecursosdoFUSTencontra-seemprocessoderevisãopeloLegislativo.NoSenado,oProjeto51deLeiNº103de2007,quedispõe sobre o acessoa redesdigitais de informaçãoemestabelecimentos deensino,apresentou quatro propostas de mudanças que alteram a forma como as obrigações de universalizaçãopodemserfinanciadaspeloEstado.

A primeira diz respeito à ampliação da elegibilidade para aplicação de recursos do FUST no financiamento de serviços de telecomunicações, ao passo que a segunda ampliasua utilização para o pagamento dos valores devidos pela prestação dos serviços de telecomunicações.

Aterceirapropostaalteraaformacomoaaplicaçãodosrecursospodesedar,descentra-lizandosuaaplicaçãopormeiodeconvênioscomasUnidadesdaFederação.Finalmente,oPLS103/2007modificaaformacomosedáoacompanhamentodautilizaçãodosrecur-sos do FUST.

Emsuaúltimaversão,emapreciaçãopelaCâmaraFederal,oProjetodeLei1481de2007modificaoPLS103/2007,ampliandoadescentralizaçãopropostaporeste,alémdealteraraformacomosedáoacompanhamentodaaplicaçãodosrecursos.

Casotodasasalteraçõespropostassejamaprovadas,oFUSTpoderáserutilizadoparamassificaroserviçodeacessobandalarga,podendofinanciarprojetosqueincluamatémesmo o pagamento de assinatura mensal do serviço.

5.2.2 Instrumentos de fomento à massificação da banda larga

Osinstrumentosregulatóriosvoltadosaofomentodamassificaçãodabandalargapodemserclassificadosemduascategorias:instrumentosparapromoçãodaofertaeinstrumentospara promoção da demanda. Dadas suas peculiaridades, ambas podem ser utilizadassimultaneamente.

51 PropostopeloSenadorAloizioMercadante,oqualalteraaLeinº9.394,de20dedezembrode1996,eaLeinº9.998,de 17 de agosto de 2000.

127

Da forma como se encontra organizado o setor de telecomunicações no Brasil, pode-sedividir tais instrumentosentreMinistériodasComunicaçõeseANATEL.Ditodeoutraforma,pelaprópriaatribuiçãodecadaórgão,instrumentosdefomentodademandasãoclaramentedaesferadoMC,aopassoqueinstrumentosreguladoresdaofertasãoobjetodeformulaçãoporpartedoMCeimplementaçãoporpartedaANATEL.

Contudo, ainda que se busque, por meio de políticas públicas, a diminuição dasdesigualdades regionais,éevidentequeumpaísdeproporçõescontinentaisapresentemaioresdesafiosdoquepaísesdeproporçõesreduzidas,noquetangeaexpansãodeinfraestrutura.Defato,adesigualdadenaofertadosserviçosempartedecorredisso.

Mesmoeliminando-seasrestriçõesdeinfraestrutura,nãosepodeignorarquedesigualdadesdedemanda–como,porexemplo,distribuiçãoderendaeescolaridade,paracitarapenasdois aspectos com impacto direto na fruição do serviço banda larga – são talvez mais importantesedesoluçãomaisdifícil,transcendendooobjetivodessetrabalho.

É,portanto,salutarqueseconsideretaisdiscrepânciasentreasregiõesdaFederação,detalsortequenãosecoloquecomoobjetivoalgoinalcançável.Ditodeoutraforma,aindaque o objetivomaior seja amassificação do acesso ao serviço de banda larga,metasquantitativasdevemserponderadasemfunçãodadiversidadesocioeconômicaobservávelno Brasil.

Assim,regiõescommaioríndicededesenvolvimento,melhorrendapercapita,maiorgraude escolaridade, dentre outros indicadores, naturalmente devem apresentar índices depenetraçãodoserviçomaiorqueregiõesdiametralmenteopostase,portanto,asmetasrepresentativas para essas regiões devem ser substancialmente menores que aquelas.

Aspróximassubseçõesapresentamumasériedeinstrumentosquepodemserutilizadospara a promoção da banda larga no Brasil.

5.2.2.1 Instrumentos de fomento à oferta da banda larga

Pode-seestimularaofertadeserviçosbanda largapormeiodediversosmecanismos,que variam desde isenções de tributos para importação de equipamentos até a imposição de metas para implantação de infraestrutura por prestadoras de serviços. A Tabela 23 apresentaexemplosdetaismecanismos.

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Tabela 23 Instrumentos de fomento à oferta de banda larga

Mecanismo Descrição

Revisão dos Contratos de Concessão (qüin-qüenal),eediçãodonovoPGMUIII.

Revisão visando estabelecer novas metas para amplia-çãodasredesdoSTFCquesuportamoutrosserviços,emparticularBandaLarga

PlanoGeraldeMetasdeCompetição–PGMC Definiçãodeinstrumentosqueasseguremníveisadequa-dos de competição

Radiofrequências para a oferta de serviço Ban-daLarga

Destinaçãodefaixasderadiofrequênciaparapossibilitaramassificaçãodeacessosbandalarga

Regulamentação da revenda de serviços de telecomunicações

Regulamentação que visa à ampliação da oferta e da competiçãopormeiodarevendadeSTFC,SMPeSCM

Regulamentaçãodecompartilhamentodeinfraestrutura* e elementos de redes de tele-comunicações

Regulamentação de Desagregação de Elementos de Re-desdeTelecomunicações,incluindomodelodeprecifica-ção de uso desses elementos

Regulamentação de Poder de Mercado Signi-ficativo–PMS

Definirosmercadosrelevantesecritériosparaidentifica-ção de empresas ou grupos com Poder de Mercado Sig-nificativo

Regulamentação adicional para o SCM RevisãodaRegulamentaçãodeInterconexão**,deMobi-lidade e de Numeração

Revisão dos Regulamentos de Remuneração de Redes

Revisão da regulamentação, aplicando-se modelos deremuneração de redes como base para a criação de assi-metrias regulatórias entre grupos com e sem PMS

Implantação de licença convergente para ou-torga de serviços de telecomunicações

Substituir tradicionais outorgas baseadas em serviços e tecnologiasespecíficasparamodelosaderentesaocená-rio de convergência

Definiçãodepontosdetrocadetráfego–PTT Estabelecimento de condições para troca de tráfego entre prestadoras de serviços de telecomunicações e regula-mentação pertinente

Diminuição do custo da licença SCM para pe-quenos prestadores

Estímulo à entrada de novos atores em mercados de ni-cho,apreçoscompetitivos

Concessão de novas outorgas ao setor de TV por assinatura via cabo

Estímulo à entrada de novos atores para ampliação da oferta de serviços

5.2.2.2 Instrumentos de fomento à demanda da banda larga

- Pode-se estimular a demanda por serviços banda larga por meio de instrumentos apropriados.Nessesentido,açõesespecíficasdogovernofederalpodemagircomoelementocatalisador,àsemelhançadoqueseverificoucomaimplantaçãodoProgramaComputadorparaTodos[83].ATabela24apresentaexemplosdetaismecanismos.

*Inclui-seaquiainfraestruturadecaixasdepassagemdutoseafins,utilizadasporempresaseoutrossetores,comodis-tribuiçãodeenergiaelétrica.Defato,aResoluçãoConjuntanº001,de24denovembrode1999,deveserestendidaparaoutrasagênciasqueapresentemrelevânciaaotemaemquestão,como,porexemplo,aAgênciaNacionaldeTransportesTerrestres – ANTT.*RevisãodoRegulamentoGeraldeInterconexão(AnexoàResoluçãoAnatel410/2005),emespecialnoqueserefereàsregrasparaarealizaçãodeInterconexãoClasseV.

129

Tabela 24 – Instrumentos de fomento à demanda por banda larga

Mecanismo Descrição

Coibição de venda casada Intensificaçãode ações que visema coibição deoferta vinculada obrigatória entre serviço banda largaeoutrosserviçosdetelecomunicações(ex.:assinatura de telefonia como pré-condição para contratação de serviço banda larga baseado em xDSL)

Programa Computador para Todos EstímuloàaquisiçãodePCs,pormeiodeisençãofiscaldogovernofederaledisponibilizaçãodelinhade crédito para financiamento de PCs de baixocusto

IsençãofiscalporpartedasUnidadesdaFederação OexemplodoquefoiadotadopeloDistritoFederal,ParáeSãoPaulonoâmbitodoCONFAZ,pode-sediminuir a tributação por meio da isenção de ICMS sobre o serviço banda larga em todos os estados da federação

Regime diferenciado do FISTEL para pequenosprestadores SCM

Criar regime diferenciado para recolhimento dastaxasdoFISTEL,comoobjetivodedesoneraropequeno prestador de serviço SCM

IsençãofiscalporpartedaUnião Aexemplodoquefoirealizadoemoutrossetores,a União pode vir a abrir mão de PIS e COFINS

5.2.2.3 Instrumentos para melhoria da qualidade da banda larga

Comomencionadonaseção5.2,existeumcompromissoentreamassificaçãodoacessoeaqualidadequeseconsegue.Ouseja,viaderegra,tecnologiasmaisversáteisequepermitem inclusivemobilidade, tendemapropiciarumaexperiênciaparaousuáriocomqualidadepior,quandocomparadascomsoluçõesconfinadas.

Detodomodo,dadasascaracterísticasdetráfegoobservadasnoBrasil,queseapresentamuitomaisintensamentenaformadeconsumidordoqueprovedordeconteúdo,boapartedaexperiênciadousuárioestádiretamenteassociadaàcapacidadedarededebackhaul e backbone do que com o acesso propriamente dito52.

Assim,adicionalmenteaoobjetivodesemassificaroacessoaoserviçobandalarga,am-pliando-seaofertaparanovasáreasdeatendimento,deve-seconcomitantementepromo-verumaumentonaqualidadedoserviçopercebidapelousuário,ondeestejáéoferecido.

Alguns instrumentosvoltadosespecificamenteparaamelhoriadaqualidadedoserviçobandalargadevemserincorporadosaestedocumento,sendoqueaTabela25apresentaexemplosdessesinstrumentos.

52 Esseraciocínioéválidopararedesconfinadas,ondeoacessonãoécompartilhado.Paraoutrassoluçõesnãoseaplica.

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Tabela 25 – Instrumentos para melhoria da qualidade da banda larga

Mecanismo Descrição

Regulamentação de Qualidade dos Serviços Implantação de mecanismos para mensuração da qualidade percebida pelos usuários nos serviços de telecomunicações, incluindo melhoria noatendimento às reclamações dos usuários e nos procedimentosdefiscalização

Regulamentação da Neutralidade de redes Assegurartratamentoisonômicoenãodiscriminatórioaotráfegocursadonasredesdetelecomunicações,para uma mesma classe de serviço*

5.3 Questão regulatória especial: gestão do espectro para redes sem fio

Comojámencionadoanteriormente,noqueserefereàdisponibilidadederadiofrequências,o estudo elaborado pela UIT à época da Conferência Mundial de Radiocomunicação de 2007 (CMR-2007), alertou quanto à demanda futura de espectro. Durante a CMR-07foramidentificadasdiversasfaixasdefrequência,conformedetalhadoaseguir.OBrasilparticipouativamentedasdeliberaçõesdessaConferênciae,comoresultado,oprocessoderegulamentaçãodadestinaçãodessasfaixasnopaísestáemandamento.

Adicionalmente,cabemencionarquepodemserutilizadosdiversoscondicionantesnalicita-çãoderadiofrequênciasparabandalarga,comoaadoçãodoconceitode“sançãopremial”,emqueosvencedoresdelicitaçõesassumemcompromissos,sejadecoberturaestendida,delimitaçãodepreçosdosserviços,ououtros.Atítulodeexemplo,aFrançarealizouem2006umleilãoparaasfrequênciasde3,5GHz,em22regiõesdopaís.Ocritérioparaaescolhadovencedorconsideroutrêsquesitos:cobertura(pesode34%),estímuloàcompeti-ção(33%)epreço(33%).Foramestabelecidasmetasdecoberturapara2008,2010e2012. Oestímuloà competiçãoenvolveuofertanomádica (mobilidadedasestações terminais),vendadacapacidadenoatacadoparaprestaçãodeserviçoporterceiros,erevenda.

5.3.1 Faixa de 450 MHz

Apropostadenovosusosparaafaixade450a470MHzfoiobjetodeconsultapública53 pelaANATEL, na qual se propõe uma reorganização dos serviços que hoje ocupamareferida faixaeasadjacentes,de formaapermitira liberaçãodebandasuficienteparaacomodarpelomenosdoisoperadores.Alémdisso,apropostaprevêadestinaçãodas

* A neutralidade de redes aqui mencionada diz respeito à não-discriminação dentre as aplicações que trafegam em uma rede,sejamaquelasprovidaspeladetentoradainfraestruturaderede,sejamserviçosprestadosporterceiros.Anecessida-dedeasredesseremtransparentesemrelaçãoàsaplicaçõeséhojeconsideradacomoumaregulamentaçãopositiva,namedidaemqueéumestímulopermanenteàinovação.Nãoobstante,apossibilidadededefiniçãodediferentesclassesdeserviçonãoéincompatívelcomoconceitodeneutralidadederedes,talcomodiscutidoem[120].53 PropostadeRegulamentosobreCanalizaçãoeCondiçõesdeUsodeRadiofrequênciasnaFaixade450MHza470MHz.Busca-sepromoveroincrementodaofertadeaplicaçõesembandalargasemfio;criarcondiçõesparafuturasautorizaçõesdeusoderadiofrequênciasnafaixade450MHza470MHzeviabilizaraprestaçãodeserviçosemáreasruraiseremotas.

131

faixasde451MHza458MHzede461MHza468MHzaoSMP(ServiçoMóvelPessoal),emcaráterprimárioesemexclusividadee,aoSTFC(ServiçoTelefônicoFixoComutado),emcarátersecundário,voltadoparaousopúblicoemgeral.

Adicionalmente,tambémpoderãoserbeneficiadoscomessasfaixasoSLP(ServiçoLimitadoPrivado)eoSCM(ServiçodeComunicaçãoMultimídia),aindaemcarátersecundário.

Assim,assubfaixasde451MHza454,5MHze461MHza464,5MHzseriamdestinadasàprestaçãodoSTFC,até31dedezembrode2017,emcaráterprimário,naslocalidadescompopulaçãoinferiora100milhabitantes,afimdeatenderosusuáriosqueseencontramforadaÁreadeTarifaçãoBásicadasprestadorase,emcarátersecundário,paraoatendimentodasmesmaslocalidadespeloSMP,assimcomopeloSCM.

Caberessaltar,queoMinistériodasComunicaçõeseditouaPortariaNº178,de22deabrilde2008,indicandoousopreferencialdafaixaderadiofrequênciasde450-470MHzparaatenderazonaruralcomserviçosdetelefoniaedados,comgarantiadeserviçobandalargaparaasescolasruraisnoâmbitodoProgramaNacionaldeTelecomunicaçõesRurais,conformedetalhadonaseção5.4.2.

5.3.2 Faixa de 700 MHz

Cabemencionarque,adespeitodoprazofinalde transiçãodaTVDigitalnoBrasilseroanode2016,deve-secolocaremdiscussãoopotencialdoespectrona faixade700MHzparasistemasdebanda larga,queconvencionou-sechamar “dividendodigital”datransição da TV Analógica para a TV Digital. Esse tema começou a ser abordado pela Anatelem2008,aolançarconsultapública833/2008,aqualprevêadestinaçãodecanaisUHF para o Serviço SCM.

Devidoàsexcelentescondiçõesdepropagaçãodesinaisnessafaixa(raiodecoberturadeaté50Kmapartirdotransmissor,semvisadadiretaecompenetraçãodeedificações),éconsideradadeexcepcionalvalorparaimplementaçãodesistemasbandalarga.

Naseção3.6.3foidetalhadaabemsucedidaexperiênciadosEUAcomalicitaçãodessafaixade700MHz,inclusivecomaintroduçãodemecanismosinovadoresnamodelagemdo processo licitatório.

5.3.3 Faixa de 2,5 GHz

NoBrasil,afaixade2,5GHzencontra-sedestinadaaosserviçosdeDistribuiçãodeSinaisMultipontoMulticanal–MMDS(TVporassinatura)e,maisrecentemente,paraoacessoàInternetbandalarga,prestadocomoserviçodevaloradicionado.

Talpossibilidade,temfeitocomqueosatuaisdetentoresdelicençanessafaixadefrequênciasejam absorvidos por grupos de telecomunicações interessados na prestação de serviços deredesdedadossuportadosportecnologiaWiMax.

132

Noentanto,seguindorecomendaçãodoUITdedestinarestafaixadentreaquelasdestinadasaosserviçosIMT,aANATELpropõemdestinar140MHzparaoSMPemanterapenas50MHzparaoSCMeparaoMMDS,nesteúltimocasoaté2015.

Nestecaso,oMMDSdeixariadeexplorarosatuais186MHzaté31dedezembrode2012,quandoosserviçosdeSMPeSTFCocupariamafaixade2,5GHzemcarátersecundário.Entre2012e2015,oSMPpassariaaseroserviçoprimárioem120MHzdafaixa,restandoaoMMDSaprioridadedetransmissãodossinaisnosquase70MHzrestantes.Após2015,oSMPocupariacomoserviçoprioritário,140MHzeoMMDSficariacomosquase50MHzrestantes.Essaporção,a seroperadaemduplexaçãoTDD, jádispõedeperfilWiMaXFórumdefinidoecomamplagamadefabricantesdeequipamentosdisponíveis.

5.3.4 Faixa 3,5 GHz

Aocontráriodafaixade2,5GHz,nafaixade3,5GHzjáforamoutorgadasalgumaslicençasaprestadoresdeserviçosde telecomunicaçõesnoBrasil,comvistasaoprovimentodeserviçosfixos,notadamenteoSTFCeoSCM.

Tais prestadores tem adotado a tecnologia WiMax, na implementação de redes deacessoparaseusserviçosdevozedadoseaANATELtemhomologadoregularmenteosequipamentosnessafaixa.

Aprimeira licitaçãodeblocosna faixade3,5GHzocorreuem2003e,posteriormente,a ANATEL introduziu o conceito de “mobilidade restrita”, que deve ser definido porregulamentação específica. Em 2008, a ANATEL submeteu a Consulta Pública (CP54/2008)umapropostacommudançasnaregulamentaçãodousodafaixade3,5GHz,dentre as quais destacam-se:

- aatribuiçãoadicionalda faixa,emcaráterprimário,aoSMP (consistentecomadecisãodaConferênciaMundialdeTelecomunicaçõesdaUIT(2007)parapermitirousodacomponenteterrestredoIMTemcomplementoàfaixade3,5–3,6GHz);

- o arranjo dos blocos de frequência em múltiplos de 5 MHz;

- areservade5+5MHzparaempresaspúblicasvinculadasaoGovernoFederal,EstadualouMunicipal,comafinalidadedepromoverainclusãodigital;

- ousodeporçõesdessafaixadoespectroemduplexaçãoFDDouTDD.

Apesardasmudançasemcurso,opresentePNBLpropõequeaprioridadedeveserdadaàdefiniçãodeblocosdefrequênciaparaoSCM,equesejamlicitadosdeformaacontemplarprestadoresdepequeno,médioegrandeporte,talcomonoleilãorealizadopelaFCC,nafaixade700MHz,detalhadonaseção3.6.3.

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5.3.5 Faixas de Frequência Não LicenciadasEm função de sua relevância para o modelo de negócio de pequenos prestadores de serviçosSCM,merecemmençãoespecíficaasfaixasdefrequêncianãolicenciadas,quesão objeto do Regulamento sobre Equipamentos de Radiocomunicação de Radiação Restrita,anexoàResolução365/2004daAnatel.

Estãoamplamentedisponíveisparaa implementaçãode redesdeacessosemfiocomtecnologiaWi-Fi(IEEE802.11a/b/g/n),asfaixasdefrequêncianãolicenciadasde2.4GHzede5GHz.Apenasparaafaixade2.4GHzháalgunsrequisitosdelicenciamentona implementação de redes de acesso em municípios com população superior a 500 mil habitantes.

5.4 Ações do Governo Federal

OprincipalpapeldoGovernoFederal,sobaperspectivadestePlanoNacionaldeBandaLargacontinuarelacionadoàsaçõesdedifusãodabandalarganopaísemáreaspoucofavorecidasepontosdeacessocoletivoestratégicos,comoporexemplo,emescolasurbanaserurais,enapromoçãodabandalargacomouminstrumentofundamentalparafomentaroportunidadesdedesenvolvimentoeconômico.Alémdisso,énecessárioproporcionarumambiente de segurança regulatória onde os atores do setor privado possam competir de forma transparente e justa.

Váriosprogramastêmtratadodaquestãodadifusãodabandalargapelopaís,particularmenteoProgramaGESAC,oprogramabandalarganasescolaseorecém-lançadoProgramaNacional de Telecomunicações Rurais. Atuando nas localidades pouco favorecidas e nas escolaspúblicas,ogovernofederalproporcionacondiçõesparaqueasmunicipalidadeseos cidadãos possam usufruir dos serviços disponíveis na sociedade da informação.

Umaveztraçadoopanoramadaaçãogovernamentalnasquestõesdabanda larga,aspróximasseçõesapresentamasaçõesespecíficasparacadaumadasfrentesdeatuaçãodogovernoprevistasnestePNBL,destacandooseupapel indutornocrescimentoenadifusãodosserviçosdetelecomunicações,emparticularoprovimentodebandalargaaosindivíduos,municípiosecorporações.

5.4.1 Programa Banda Larga nas Escolas

OProgramaBandaLarganasEscolaséumainiciativaconjuntadaPresidênciadaRepública,CasaCivil, Secretaria deComunicação,ANATELe dosMinistérios dasComunicações,PlanejamentoeCiênciaeTecnologia.Esseprogramaseestenderáatéoanode2025,conforme já descrito na seção 3.5.8.

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Ametadesseprogramaéatender100%dasescolaspúblicasbrasileirasatéofinalde2010,beneficiandoumtotalde37,1milhõesdeestudantesquandototalmenteimplantado.De2010atéoanode2025,esteprogramaseráobjetoderevisõesperiódicasparaacréscimoda velocidade de acesso disponibilizada em cada escola. Devido à importância do acesso àinformaçãoparaosprogramaseducacionais,esseprogramacontinuaráamerecerumaposição de destaque dentre as atuais propostas, por ser um instrumento fundamentalparaproporcionarmelhoresoportunidadesemeiosdepesquisaeaprendizadoparaosestudantes das redes públicas de ensino.

5.4.2 Programa Nacional de Telecomunicações Rurais

Exercendooseupapeldeformuladordepolíticaspúblicasdetelecomunicações,oMinis-tériodasComunicaçõeseditouaPortariaNº178,de22deabrilde2008,indicandoousopreferencialdafaixaderadiofrequênciasde450MHzparaatenderazonaruralcomservi-çosdetelefoniaedados,comgarantiadeserviçobandalargaparaasescolasrurais.

O instrumento utilizado será a inclusão de condicionantes para as empresas que participa-remdalicitaçãodosdireitosdeexploraçãodasradiofrequênciasnafaixade450MHz.Osvencedoresterãoodireitodeexplorarosserviçosdetelefoniaedados,masemcontra-partida serão obrigados a conectar as escolas rurais com serviço de acesso a Internet em altavelocidade.Oobjetivodoprogramaélevarconexãobandalargapara80.000escolasruraisatéofinalde2014,viabilizandoassimoacessobandalarganomeiorural.

Comisso,serápossívelexpandiraofertadevozedadosparaasáreasforadoscentrosurbanosematécincoanos.Amodelagemeconômicadoserviçodeverápreverformadecompensar a oferta gratuita do serviço às escolas rurais e ao mesmo tempo assegurar a modicidade de preços aos usuários comerciais do serviço. A possível extensão deabrangênciadosserviçosaoutrosusuáriosdeatacadoevarejoconfigura-secomoumaalternativa a ser ponderada.

ComainclusãodesseprogramadentreasprioridadesdestePNBL,pretende-secomple-mentarasaçõesjáemandamentonoProgramadeBandaLarganasEscolasUrbanas,proporcionando às escolas rurais benefícios e oportunidades semelhantes àqueles dasescolas urbanas.

5.4.3 Programas para Telecentros

EmumpaísondeapenetraçãodeBandaLarganosdomicíliosaindaépequenaeondeháfortesbarreirasàsuaexpansão,taiscomorestriçõesdeinfraestruturaerestriçõesdeordemeconômicaparaaquisiçãodecomputadoreseconexão,oscentrospúblicosdeacessosãoferramentas importantes para se acelerar a entrada da população na moderna Sociedade daInformação,paraassimpoderdesfrutardosseusinegáveisbenefícios.AparticipaçãonaSociedade da Informação se dará na mesma medida em que o ciberespaço seja utilizado

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paraincrementodacidadaniaeseconfigurecomomeiodeintervençãonessasociedade,num processo onde o upload tem tanta importância quanto o download.

Como instrumentos de apoio à inclusão digital da população, é importante pensar ostelecentros54 (emesmooscentrospúblicosdeacessopago)comoespaçosmuitomaisamplos do que meros pontos de conexão.A grande capacidade de agregação socialdesses locais, num país onde a comunicação é essencialmente oral, pode contribuirpara a disseminação dos benefícios da Sociedade de Informação e incremento de suas estruturas.Cursosdecapacitaçãoepreparaçãoparaomercadodetrabalho,porexemplo,sãoiniciativasqueseaproveitamdafortepresençadejovensnesseslocais.Também,acarênciadebibliotecaspúblicasqueseverifica tantoempequenascidadesquantonasperiferias das grandes cidades, pode ser parcialmente compensada por esses locais,apesar de que não se deve encará-los como substitutos para bibliotecas.

Quando os telecentros são concebidos com base em construção e gestão participativa pelas comunidades locais (os chamados telecentros comunitários55), as experiênciasmostramqueosbenefíciossemultiplicam,trazendodesenvolvimentocultural,econômicoemesmoambientalparaoentornodesseslocais,comrecuperaçãodeáreasdegradadas.Comoexemplos,podemoscitaro telecentrodaCidadeTiradentes,emSãoPaulo [86],otelecentroEducaPipa,napraiadaPipa(RN)[87],ouostelecentrosÔmnia,daregiãodaCatalunha,naEspanha [88].Agestãoparticipativaviabilizaumacondiçãoessencialà sustentabilidade dos telecentros, que é a apropriação desses espaços por parte dascomunidadesbeneficiadas.

A importância dos telecentros na constituição e ampliação de acesso à Sociedade da Informação no Brasil, evidenciada pelo diagnóstico apresentado até aqui, está emconsonância com as diretrizes doGoverno Federal com respeito ao tema da inclusãodigital: o grupo operacional que trata desse assunto, que é acompanhado diretamentepeloGabinetedaPresidênciadaRepública,concluiuqueadimensãoquemelhorprecisaser trabalhada é a dos telecentros para acesso comunitário [90]. Uma das medidasresultantesdessaconclusãoéa ideiadoProjetoNacionaldeApoioaTelecentros,cujacoordenaçãogeralestáacargodosMinistériosdoPlanejamento,daCiênciaeTecnologiae das Comunicações.

5.4.3.1 Programas Federais para Telecentros

Aseguirseráfeitaumasíntesedetrêsprogramasfederaisjáexistentesqueabordamaquestãodostelecentros,equesãoimportantesnasuperaçãodasbarreirasàexpansãoapresentadas no capítulo 3.

54 ParaadefiniçãodetelecentroadotadanestePlano,veranotaderodapé43.55 Segundo[85],“Ostelecentroscomunitáriossãoiniciativasqueutilizamastecnologiasdigitaiscomoinstrumentosparaodesenvolvimentohumanoemumacomunidade.Suaênfaseéousosocialeaapropriaçãodasferramentastecnológicasemfunçãodeumprojetodetransformaçãosocialparamelhorarascondiçõesdevidadaspessoas”.

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Projeto Nacional de Apoio a Telecentros

Uma iniciativa importante para contornar as barreiras à expansão dos telecentros serádada pelo Projeto Nacional deApoio a Telecentros, cujo objetivo geral é “desenvolveraçõesconjuntasentreórgãosdoGovernoFederal,Estados,DistritoFederal,Municípiosesociedadecivilquepossibilitemaoferta,implantaçãoemanutençãoemlargaescaladetelecentros”.

O apoio se dará com o oferecimento de conexão, computadores, bolsas de auxíliofinanceiroajovensmonitoreseformaçãodemonitoresbolsistasenão-bolsistasqueatuemnostelecentros,oferecendocondiçõesaoaperfeiçoamentodaqualidadeeàcontinuidadedasiniciativasemcurso,alémdainstalaçãodenovosespaços.OProjeto[68]prevênovostelecentros,alémdesuporteoperacionalatelecentrosativos.ConformeprevistonaversãopreliminardoPrograma,oMinistériodasComunicaçõesforneceráosseguintesitens:

• kits de equipamentos e mobiliário novos

• conexãoàinternetpormeiodoProgramaGESAC

Aspremissasexigidaspelostelecentrosparaquepossamusufruiroapoiodadopeloprojetodeixamtransparecerumavisãomodernadodesafioemsuaconcepção,aoevitar trataressesespaçoscomomerospontosdeconexãoeaoabarcaraquestãodaapropriaçãodos espaços pelas comunidades atendidas. Nesse sentido, destacamos algumas daspremissasexigidas:

• Permitir acessoa sitesde redesde relacionamento,blogs e outras ferramentas disponíveis na web,demodoqueopúblicousuáriopossaconhecereacompanhara evolução tecnológica da Internet.

• Sermais do que um ponto de acesso, estimulando atividades junto ao públicoe à comunidade para o uso efetivo das TICs no desenvolvimento local em suas múltiplas dimensões.

• Trabalharativamenteparaque todaacomunidade local, independentementedegrupo,filiaçãopartidáriaou religiosa, idade,escolaridadeeoutroselementosdediversidade,aproprie-sedoespaçodotelecentroparaseuusoebenefício.

Programa de capacitação de monitores de Telecentros

Em2009oMinistériodaEducação,pormeiodaSecretariadeEducaçãoProfissionaleTecnológica,mobilizouos214IFET(InstitutosFederaisdeEducação,CiênciaeTecnologia– antigos Cefets) espalhados pelo país para treinar 12 mil monitores de telecentrosmunicipaisparatrabalharemcomosistemaoperacionaldesenvolvidosobreplataformadesoftwarelivre,numcursode40horasdeduração,duranteumasemana.Cadaprefeiturapôdeinscreverdoisservidores.

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GESAC

OGovernoEletrônicoServiçodeAtendimentoaoCidadão–GESACéumprogramadoGovernoFederalcriadoemjunhode2003etemcomometadisponibilizaracessoàInternetemaisumconjuntodeoutrosserviçosdeinclusãodigitalàscomunidadesexcluídasdoacessoedosserviçosvinculadosà redemundialdecomputadores.NoProgramaGESACsãobeneficiadasprioritariamenteascomunidadescombaixoIDH(ÍndicedeDesenvolvimentoHumano) e que estejam localizadas em regiões onde as redes de telecomunicaçõestradicionaisnãooferecemacessolocalaInternetembandalarga.Paratanto,oProgramaprovêconexãoviasatélite[89].Segundo[91],cercade6milpontosdoGESACjáforaminstaladoseprevê-sechegara12mil,cobrindo-setodososmunicípiosbrasileiros,oqueestá sendo viabilizado por meio de um pregão vencido por um consórcio de empresas lideradopelaEmbratel,comvigênciaatéagostode2012.

Emboraoprogramanãoobjetiveunicamenteatenderademandaportelecentros,sendousadotambémpara,porexemplo,conectarpostosmilitares,dadaasuacapilaridadeemregiõesremotas,devidoàtecnologiaporsatéliteadotada,oprogramaébastanteindicadoparadifundirtelecentrosemlocaisdedifícilacesso,comoregiõesdefronteira.Oatualpro-gramadeexpansãodoGESACdaráprioridadetambémacomunidadesquilombolas,indí-genas,extrativistaseribeirinhas,postosdetelemedicinaetelessaúde,entreoutras[92].

A demanda crescente por capacidade satelital, no âmbito do Programa GESAC,forneceelementosadicionaisnaanálisedeviabilidadeeconômicadoprojetodoSatéliteGeoestacionárioBrasileiro(SGB).Oacessoviasatéliteé,econtinuarásendo,paraboaparte das regiões remotas e de fronteira a única alternativa viável de provimento de acesso àInternet.Nessasregiões,somenteapresençadoEstadogarantiráaofertadeInternetcomo apoio indispensável a programas de saúde e de educação.

SGB – Satélite Geoestacionário Brasileiro

OProjetoSGBiniciou-seemfunçãodanecessidadedesebuscarsoluçõesparaatenderum conjunto de serviços e aplicações consideradas estratégicas para o país:

• A evolução da infraestrutura de apoio ao tráfego aéreo requer novas soluções para navegaçãoecomunicaçãomóvelaeronáutica,comusointensivodecomunicaçõesvia satélites.

• Oserviçodeveserdeabrangênciamundial,segundoplanejamentoestabelecidopelaOrganização daAviaçãoCivil Internacional (OACI). O Brasil émembro daOACI e participou ativamente na elaboração deste planejamento, destarte, estácomprometido com a sua implementação.

• Nonovocenárioqueestáseconfigurando,asalternativassãoa implementaçãode uma solução própria ou a aquisição deste serviço a partir de prestadores internacionais.

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• NessecenáriooSGBapresenta-secomoumasoluçãodeGoverno,assegurandoasoberania sobre este serviço que é vital tanto para a indústria do transporte aéreo eaeconomiadopaís,quantoparaaquelesserviçosdecomunicaçõesestratégicasdogoverno,incluindodefesaesegurançanacional.Alémdisso,oSGBpossibilitaa oferta de serviços com a abrangência e as características adequadas às necessidadesnãotãosomentedosórgãosdedefesaedesegurança,masàquelasvinculadasàsdemandassociais(bandalargaemáreasremotas,porexemplo)emeteorológicas em condições que atualmente não são disponíveis nas ofertas e soluções comerciais disponíveis.

• Os serviços de previsão meteorológica do Brasil são dependentes de imagens obtidas a partir de satélites e estas são providas por satélites estrangeiros que cobremaregião.Entretanto,aprogramaçãodestessatéliteséestabelecidaconformeointeressedospaísesdetentoresdoseucontroleeistoresultaemumadeficiênciade informações necessárias para os serviços de previsão brasileiros. O SGBpossibilitaráproverestas informaçõescomaqualidadee frequênciaadequadas,permitindoumamelhoriasignificativanosresultadosapresentadospelosserviçosde previsão meteorológica do país. Isto propiciará ganhos significativos para aAgricultura,DefesaCivil,TransporteTerrestre,MarítimoeAéreo,ForçasArmadasevários outros setores do governo e da economia.

• A indústria espacial brasileira ainda é incipiente e carece de mais oportunidades comerciaisnestaáreaparasuaplenaexpansãoeconsolidação.OSGBcontribuirácomestesegmentoeoutroscorrelatos,propiciandooportunidadesdecapacitaçãodaindústria em aplicações e serviços para as áreas espacial e de telecomunicações.

OprojetoSGBiniciou-senofinaldoanode2001,quandoaFundaçãoAtechfoicontratadapararealizaçãodeumestudodeviabilidadetécnicaeeconômicaparaossatélites.Estetrabalhofoirealizadoduranteoanode2002,comrecursosfornecidospeloComandodaAeronáutica.OestudoconcluiupelaviabilidadetécnicaeeconômicadoSGB,recomendandosua continuidade.

Posteriormente,asautoridadesdoMinistériodaDefesaedoMinistériodasComunicaçõesviabilizaram a etapa seguinte que compreendeu a elaboração de uma proposta de especificaçõestécnicasparaoSGB.Estaetapa,foiviabilizadacomrecursosdoFUNTTELqueaportou10,8milhõesdereais,repassadosatravésdeumconvênioestabelecidoentreaFINEPeaFundaçãoCasimiroMontenegroFilho.Nesteconvênio,oCTAparticipoucomoEntidadeExecutoraeasFundaçõesAtecheCPqDcomoentidadescontratadasparaarealização das atividades. Que uma vez conclusa foi entregue ao CTA.

Aofinaldestaetapa,oMDtransferiuaconduçãodoprojetoparaaAgênciaEspacialBrasileira–AEB,umavezque,nafaseatual,oprogramamaterializa-secomtodasascaracterísticasde programa aeroespacial, adquirindo característica de programa de telecomunicaçõessomentequandoosatéliteestiveremórbita.OplanoestáemcursonaAEB,quenesta

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fasereconstituiuogrupodetrabalhosobsuacoordenação,comparticipaçãodoMD,MC,MCTeMPOG.

Atualmente as atividades em curso são:

• Revisãodademanda(concluída).

• Contratação de estudo para avaliar a possibilidade de materializar o projeto via ParceriaPúblico-Privada–PPP(atividadeemcurso).

• DefiniçãoquantoaofertadaOi(apósconclusãodoitemanterior).

Etapas subsequentes:

• Definiçãodamodelagemdoprojeto.

• FormalizaçãodoprojetocomoProgramadeEstadoviadecreto,aexemplodoqueaconteceu com a TV Digital.

• Estudo e preparação de documentação para reserva de posição orbital.

• Elaboraçãodeespecificaçãotécnicafinal.

• Definiçãodamodelagemdeparticipaçãodaindústrianacional.

Afiguraaseguirresumealgumasinformaçõesdossatélitesgeoestacionáriosbrasileiros. Aseção9.4–AnexoIVapresentamaioresdetalhesdoProjetoSGBedasposiçõesorbitaisem processo de coordenação junto à UIT em nome do Brasil.

Figura 58 – Satélites Geoestacionários Brasileiros e Posições Orbitais em Processo de Coordenação junto à UIT em nome do Brasil

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5.4.3.2 Mecanismos para Vencer as Barreiras à Expansão dos Telecentros

Aseção3.8.2identificouosprincipaisdesafiosàexpansãodostelecentrosnoBrasil.Nestaseção apresentamos diretrizes que procuram contornar essas barreiras.

Ampliação e unificação da oferta

OpresentePNBLprevêumaexpansãode100milnovostelecentrosaté2014.Umavezque os telecentros são ferramentas importantes para prover o acesso em locais com deficiênciasdepenetraçãodeBandaLarga,é importantequesuaexpansãosedêcombaseemcritériosqueprocuremmaximizaracompensaçãodasdecorrentesdesigualdadesexistentes.Umestudo realizadonoâmbitodoProjetoSTID,detalhandoesses critériosparaumconjuntode25miltelecentrosiniciaisencontra-senaseção9.2-AnexoII.

Melhoria da sustentabilidade

Umacondiçãonecessáriaàsustentabilidadedostelecentroséquehajaapropriaçãodessesespaços por parte dos usuários das comunidades do seu entorno. As iniciativas mais bem-sucedidassãoaquelasemqueacomunidadelocaléchamadaparaparticipardagestãoeintervirnoprocessodeconstruçãodessesespaços.Pode-secitaroexemplodotelecentrodaCidadeTiradentes,bairrodacidadedeSãoPaulo,emqueoprocessodeconstruçãotemsidoparticipativodesdeseuinício(olocaldeconstruçãofoidecididopelosmoradorese até a própria construção física do telecentro foi feita em mutirão com a comunidade local [87]).Comoresultado,segundo[93],“otelecentromudoucompletamenteoentorno,queera controlado pelo crime organizado. (...) E isso com recursosmuitos pequenos, comumusomuito intensodestesaparelhospelapopulação.(...)Éumlugardeusomúltiplodaquelacomunidade,quepassouausarodireitodeacessoàinformação”.Alémdisso,“a transformação dos telecentros de uma simples sala com computadores e Internet a polosarticuladoresdeprojetos,eventosculturais,reivindicaçõessociaisedisseminadordademocraciavirtualsófoipossívelpelodestacadopapeldaslíderescomunitárias.”[87]

Nessesentido,oProjetoNacionaldeApoioaTelecentrospossuiumaconcepçãoadequadaao assumir a apropriação dos locais como premissa ao apoio governamental. Uma ação importanteéaexpansãodesseprojetoatodosostelecentrosasereminstalados.UmavezqueestePNBLprevêamontagemde100milnovostelecentrosaté2014,háumdéficitdetelecentros a serem atendidos pelos benefícios do Projeto de Apoio.

Outradiretivaimportanteparamelhorarasustentabilidadedosespaçosédefinir,emcon-juntocomosgestoresdostelecentros,metasparaacompanhamentodedesempenhoEssaseriatambémumaformadeaprimorarafiscalizaçãodoprograma,deformaaenfrentardesafiosdautilizaçãodemaiseficazdostelecentros[69].Paratanto,háasOficinasdeInclusãoDigital,eventosespecificamenteorganizadospeloComitêTécnicode InclusãoDigitaldoGovernoFederalparatratardosproblemasenfrentadospeloscentrospúblicosde acesso.

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Comrelaçãoàsustentabilidadeeconômicadosespaços,éprecisoressaltarqueelaestádiretamente relacionada à sua sustentabilidade social, “conceito que traduz o grau deinserçãodotelecentronascomunidadesondeestálocalizado”[95].Anoçãodetelecentroadvogada por este PNBL, que resulta em mecanismos para promover e incentivar aapropriação desses espaços pelas comunidades atendidas, aponta para um caminhode consolidação desses espaços em centros públicos. Ressalva-se que uma parte dos telecentrospodevirapermanecercomfinanciamentoexclusivamentepúblico,porestaremem locais relevantes ou de elevada carência. Aqui há uma analogia com o princípiode complementaridade entre os sistemas privado, público e estatal de comunicaçãopreconizadopelaConstituiçãoFederalde1988.Nãoéacasoofatodequeexperiênciasque associam telecentros e rádios comunitárias têm obtido sucesso. Nessas localidades geralmente hámaior participação comunitária, além das rádios proverem um canal dedivulgação para os espaços e fortalecerem a busca por novos apoiadores.

Ampliação da qualificação do atendimento e formação dos monitores

Uma medida importante é tornar periódico o programa de capacitação de monitores de telecentros[96],realizandoumtreinamentoporanoaté2014.Oscursosseriamvariados,contando inclusive commatérias não-técnicas, tais como acolhimento de usuários emtelecentros,comolidarcomusuáriosdeficientes,comoajudarusuáriosavencerbarreirasparaousodecomputadoreInternet,etc.Dessaforma,tambémosmonitorestreinadosatuariam como multiplicadores em suas comunidades.

Outroaspecto importanteaseconsiderarécriar regrascomunsdeuso,quepermitam,por exemplo, o acesso a redes sociais nos telecentros, como forma de aumentar aatratividade desses espaços e em conformidade com a necessidade do acesso ao direito dacomunicação,basedamodernaSociedadedaInformação,talcomopreconizaoProjetoNacional de Apoio a Telecentros.

Ampliação da divulgação dos espaços

Conforme captado numa pesquisa realizada no escopo do projetoSTID [38], cerca de80%dapopulaçãodosmunicípiospesquisadosdesconheciamaexistênciadostelecentrosdisponíveis. Esse pode ser um importante limitante à disseminação de uso dessas iniciativas.Umaaçãodemelhoriadessasituaçãopodeserdadareservando-seumapartedadotaçãoorçamentáriadoProjetoNacionaldeApoioaTelecentrosparadivulgaçãolocal,atravésdeinserçõesemrádioslocais,emissoraslocaisdeTV,oupormeiodebanners e folders. Outra maneira possível seria adicionar uma contrapartida de divulgação aos locais quepleiteiamosbenefícios.Umaaçãodemelhoriadadivulgaçãodostelecentrosreforçaanecessidadedesecriarmetasdeacompanhamentodedesempenho,emparceriacomosgestores,emqueaquestãodadivulgaçãodosespaçospoderiaseracompanhada.

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Qualificação da atuação dos telecentros

Aqualificaçãoeampliaçãodopapeldostelecentrostambémcontribuiparamelhorarsuasustentabilidade,umavezqueessesespaçospodemseraproveitadosparaproverservi-çossocialmenterelevantesparaseusentornos,taiscomocursosdecapacitaçãoemem-preendedorismo,ouentãoaplicaçõesdetelemedicinaetelessaúde.Nessasaplicações,ostelecentrospodematuarnofornecimentodaconexãonecessáriapararealizardiagnósticoseavaliaçõesmédicaspreliminaresdeformaremota,beneficiandoprincipalmenteregiõesdistantes de locais de atendimento. O governo federal possui projetos para utilização de pontosdoGESACparaessafinalidadecomo,porexemploaRUTE56[97].

NoAmazonasjáexistem22polosdetelemedicina,queatendema19municípios,comumequipamentoportátilemfasedetestesnomunicípiodeSãoGabrieldaCachoeira[98]e[99],comoseobservanaFigura59.

Figura 59 – Aplicações de Telemedicina

Fonte: Caderno Digital

UmaoutrainiciativaimportanteédadapeloProgramaNacionaldeTelessaúde,queobjetiva,entreoutros, “odesenvolvimentocontínuoadistânciadosprofissionaisdasequipesdeSaúdedaFamília,apartirdautilizaçãodemultimeios(videoconferência,vídeostreaming,chats,canaispúblicodetelevisãoebibliotecavirtual)” [100].Nototal,oprogramaprevêa instalação de 900 Pontos de Telessaúde em Unidades Básicas de Atendimento de municípios selecionados em todas as regiões do país. Tal iniciativa pode ser acelerada com aexecuçãodametadeconexãoemBandaLargadetodosascercade177milunidadesdesaúdebrasileiros,talcomoprevistonestePNBL(vercapítulo4).

5.4.4 Programa para Montagem de Rede de Transporte de Dados no Atacado

Talcomodescritonaseção3.6.5,aestruturaçãodeumanovarededetransportededadosseriaumaexcelentealternativaparafazerfrenteaoprocessodeverticalizaçãonaoferta

56 Rede Universitária de Medicina.

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deserviçosdetelecomunicaçõesnoBrasil,quehojerepresentafortebarreiradeentradaa novos prestadores.

Oquesetemhojesãoativosdefibrasópticasdetidasporváriasempresascomparticipaçãoe/ou controle estatal (dentre as quais a Petrobrás, as Estatais do Setor Elétrico, e aEletronet)quepermitiriamviabilizar,acurtoprazo,oaumentosignificativodacapacidadede transporte de dados em backbonesnacionais,equeparalelamentepermitiriaumaofertadessa capacidade de transporte de dados no atacado ao mercado.

Atítulodeexemplo,atopologiabaseadanaredeEletronetexistente,acrescidadepontosde troca de tráfego (tal como descrito na seção 5.1.2.3) e somando-se novos enlacesóticos que já estejamdisponíveis comoparte deoutras redes, permitiria configurar umbackbone que se interconecta aos backbones das demais operadoras, e beneficiando-sedeumconjuntodeoutrasredes–sejamredespúblicas(redesdegoverno,redesdeestataisdosetorelétrico,redesacadêmicas),sejaoextensobackhaul implantado pelas operadoraspormeiodemetasdeuniversalização(constantesdoPGMUII).AFigura60,aseguir,exemplificaesquematicamenteesseconceito,ilustrandoopotencialdeinterconexãoemumestado,apartirdeumpontodetrocadetráfego(PTT).Ressalte-sequeafiguraé meramente ilustrativa da proposta. A questão do número e da distribuição dos PTT deveráserdetalhadaemanáliseespecífica,comtodososatoresdegovernoedemercadopresentesemcadapontopotencial.Noentanto,estima-sequeexistaatualmentepotencialpara algumas centenas de PTT no país.

Tais PTT representam pontos de convergência tanto para redes que constituam sistemas autônomos(AS–Autonomous Systems),visandoarealizaçãodetrocadetráfego(peering),comotambémpararedesdeprestadoresdemenorporte,visandoacompradecapacidadede trânsito.

Figura 60 – Rede de Transporte de Dados no Atacado

Fonte: MC

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O arcabouço jurídico e regulatório sob o qual foi constituída a empresa Eletronet assegura condições favoráveis à que se possa remunerar os ativos das estatais detentoras de cabos óticos. Para que se estabeleça esse novo backbone deabrangêncianacional, éimprescindívelautilizaçãodasfibrasóticasdetidaspelaEletronet.Paralelamente,háoprocessodedefiniçãodeumentequeassumaagestão,operaçãoemanutenção,incluindoatarefadeatualizaçãotecnológicadainfraestruturaeletrônicaedeampliaçãodarede.

Aquestãoquesecolocanessemomentoéadaopçãodecomoseestruturaressagestão,onde apresentam-se as seguintes alternativas:

a) OGovernointegraeoperaessainfraestruturadeformaestatal;

b) OGovernodisponibilizaseusativosdefibrasóticaspara integraçãoeoperaçãoprivada(sejamediantelicitação,parceriaououtraforma).

Emsíntese,nãohádúvidaquantoaopapelfundamentalquepodeviradesempenharestenovo backbone nacional para oferta de capacidade de transporte de dados no atacado ao mercado,exclusivamenteparaprestadoresdeserviçosdetelecomunicações.Bastadefinircomo isso será realizado.

5.5 Ações dos Estados, Municípios e Sociedade Civil

5.5.1 Estados

Alguns programas de governo estadual recentes demonstram que há oportunidadesdeatuaçãodestaesferadegoverno,noestímuloàdifusãodaBandaLargaeserviçoseletrônicos de interesse público, com vistas a se desenvolver uma economia e culturaorientadasaoambientedigital.Destacam-seasiniciativasdoRiodeJaneiro,Ceará,BahiaeRioGrandedoSul[101].Emgeral,sãoprogramascomorientaçõesespecíficas,inclusivequanto à adoção de modelos de sustentabilidade. Recebem a denominação de “Estados Digitais”evisamessencialmenteestimularaurbanizaçãodigitaldeseusmunicípios.Cabe,emgeral,àesferadaadministraçãoestadualatuar,principalmente,comoarticuladoraefomentadora das iniciativas municipais denominadas “Cidades Digitais”.

Uma série de questões é comum a conjuntos de municípios de cada Estado, emtermos de infraestrutura, condição socioeconômica, recursos disponíveis e políticas dedesenvolvimentoexistentes,epodemserequacionadasinicialmenteporestesprogramaserefinadasposteriormente,apartirdaadesãodosmunicípiosàideiadeconstruçãodeummunicípio digital.

Oconhecimentodestascondiçõeséopontodepartidaparaaimplementaçãodeaçõeseficazes nestes programas.Aliás, a identificação destas condições também subsidia epermitemelhoralinhamentoemrelaçãoàseventuaispolíticasnacionaisdemassificação

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do acesso banda larga por meio da ampliação da infraestrutura de telecomunicações nos municípiosdopaís,conformeduasdasvertentesdiscutidasnaseção3.4,quaissejam,dosmunicípiosemáreasremotasedefronteiras,edosmunicípiosmédiosepequenosquedeverão ser atendidos via metas de universalização.

Há um conjunto de ações que a administração estadual pode desenvolver como parte destesprogramasde“EstadoDigital”,oumesmoquandonãoexisteumprogramadestes.Algumas possibilidades são:

• Planejamento inicial das ações necessárias para o estímulo ao desenvolvimento da urbanização digital nos municípios do Estado. Esta ação visa fornecer um quadro comparativodasvariáveisqueafetama implantaçãodosprogramasmunicipais,que possibilitarão criar soluções que atendam conjuntos de municípios com desafioscomuns,demodoanortear,inclusive,osmodelosdesustentabilidadequeserãoadotados.Devem-semapearaspectostécnicosdainfraestruturaexistentenoestadoeoperfildaquelasexistentesnosmunicípios,osaspectossocioeconômicosdapopulaçãoeidentificarosprincipaisserviçosquesedesejaoferecereograudeintegraçãodaquelesexistentes.Umplanodemetasdeveserproposto,inclusive,podendo-sedefinircritériosparaescolhadaordemdeatuaçãonosmunicípios;

• Dimensionamento das soluções e ações necessárias. Com base no mapeamento realizado deve-se dimensionar os recursos financeiros, humanos e técnicosnecessários para se viabilizar a implantação e integração dos programas de cidades digitais no estado;

• Consolidação e proposição de modelos de sustentabilidade. Com base na si-tuaçãodeurbanizaçãodigital dosmunicípiosedeoutros fatores relevantes,éconvenientequeogovernoproponhamodelosdesustentabilidadeadequadosàsdiversascategoriasdemunicípiosdoEstado.Paraisto,hádiversasalternativas,dentre as quais:

o Proposição de um conjunto de modelos de referência que sirvam para nortearaadoçãoqueosmunicípios farão.Preferencialmente,devemsermodeloscujaeficáciatenhasidorelativamentecomprovadaemcondiçõeseconômicassemelhantes;

o Proposiçãodeummodelo“guarda-chuva”quepossaseradotadoemumaboaparceladosmunicípiosdoestado,quepodeserbaseadoemumprojetodeinfraestruturasemelhante,deacordocomoportenomunicípio,financia-dapelogovernodoestado.OestadodeMinasGeraislançourecentementeuma proposta deste tipo para cobertura de 688 municípios com menos de 20milhabitantesaté2010[102].Naquelecaso,ogovernoficaresponsávelpelo investimentonasredesdeacesso,asOperadorasdeTelecomunica-çõesficamencarregadasdelevarobackhaulatéosmunicípioseasONGs

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explorarãocomercialmentea rededeacesso local,em trocadealgumasobrigações;

o Compartilhamentodeinfraestruturae/ouserviçosdeconectividadedealtodesempenho.AlgunsEstadosutilizampormeiodeparcerias,inclusive,asredesdepesquisaexistentes,comoelementocomplementardeconectivi-dadeparaosmunicípios.UmexemplodeprogramadestetipoéoCinturãoDigitaldoCeará,57[104];

o Estímuloàcriaçãodeparceriaspúblicoprivadas(PPPs)queassumemaimplantaçãoe/ouoperaçãoderedesmunicipaisporumlongoperíodopré-determinadoemcontrato, queprevê tambémo compartilhamento de ris-cos com o poder público. Esta alternativa é aplicável inclusive no caso de pequenosmunicípios,desdequepormeiodaconstituiçãodeconsórciosmunicipais58;

• De posse da dimensão dos investimentos necessários e dos modelos de sustenta-bilidadequepodemseradotados,deve-serealizaranálisesdeviabilidadetécnicaeeconômica,queconsidere,inclusive,diversosbenefíciosqueserãoobtidospelasociedade,numprazorazoável;

• Planejamentoebuscadealternativasparaaofertaagregadadesoluções, inclu-sive por meio de parcerias que viabilizem a disponibilização dos diversos tipos de recursosnecessáriosaodesenvolvimentodascidadesdigitais,dentreosquais,osrecursostecnológicos,humanos,sociaisefinanceiros;

• Informatizaçãodeórgãosdaadministraçãoestadual,presentesnosmunicípios,porexemplo,paraosórgãosdesegurançapública.Adisponibilizaçãodeinfraestruturase tornamais justificável namedida emque se ampliar sua utilidade.Umaaçãonestesentidoéainformatizaçãodasrepartiçõesdosórgãospúblicosestaduais,nosdiversos municípios. Devem-se buscar recursos para a instalação de sistemas infor-matizados de apoio às rotinas burocráticas e se possível para introdução de sistemas devigilânciainformatizados.Devem-sedisseminarestaçõesdetrabalho,correioele-trônicoetreinamentoparaomaiornúmeropossíveldeservidorespúblicos;

• Informatizaçãodasescolaspúblicas,comoaçãocomplementaraoProInfoquetemsuaimplantaçãocoordenadacomoProgramaBandaLarganasEscolas.Alémderecursos para professores é interessante buscar a viabilização da implantação de programaspedagógicosinovadoresquefazemusodasTICs,queestimulamouso

57 Oprojetoprevêumanelde3.000KmdefibrasqueinterligaráFortalezaaoutrostrêsmunicípios.Apartirdestainfra-estrutura,25pontosserãoconectadospormeioderamificaçõesdefibrasópticas.Prevê-seadistribuiçãodeconexõesdeaté70Mbpsparacadamunicípio.EmFortaleza,oCinturãoDigitalseintegrarácomaredemetropolitanaGigafor,utilizandoinfraestruturadoMCT,jáexistente,permitindooacessodosórgãosdoGovernocomvelocidadedeaté2Gbps58 AformaçãodeconsórciosmunicipaispossibilitasuperararestriçãolegalquantoaovalormínimodoscontratosdePPPs,queédeR$20milhões.

147

denovasmídiaspelosalunosemsaladeaulacomo,porexemplo,comooprojeto“Um Computador por Aluno”;

• Estímuloaodesenvolvimentodeconteúdosdigitaispedagógicos,produzidosporalunoseprofessores.AlémdapossibilidadedeseutilizarosconteúdosdoMEC,aplena participação na sociedade informacional requer a capacidade de produção e publicaçãodeconteúdosdigitais.Assim,asescolasdevembuscardesenvolverestacapacidadedecriação,publicação,compartilhamentoeintercâmbiodeconteúdosdigitais,entreosalunos,professoreseambos;

• Desenvolvimento de consórcios entre governos e Universidades, com vistas àofertadecursosàdistância,inclusivedenívelsuperior.Umexemplodestetipodeconsórcioqueleva,inclusive,cursosdenívelsuperioradiversosmunicípios,éoCEDERJ,daFundaçãoCECIERJ,noRiodeJaneiro[105].Ospontosdeacessoremoto aos cursos destes consórcios podem ser realizados em laboratórios de informáticadascidadesdigitais, laboratóriosescolares, telecentrosoupontos de acesso coletivo privados adequados a este propósito;

• Estímulo ao desenvolvimento e implantação de serviços de governo eletrônicoda administração estadual, principalmente com vistas a melhorar os canais deatendimentoeletrônicodocidadão.Estasaçõespodemserfortalecidaspelaadoçãoou recomendação de padrões tecnológicos abertos que facilitem a interoperabilidade dosserviçoseletrônicosmunicipais,estaduaisefederais;

• Consolidaçãoedivulgaçãodasmelhorespráticasdegestãodeiniciativasdecidadesdigitais.ÉrecomendávelquehajaumsítiodogovernoestadualnaInternetqueajudeapromoverosprogramasdecidadesdigitais,agregandoinformaçõespertinentesepremiandoperiodicamenteasmelhoresaçõesquepodemserreplicadas.Devetambémpromover o compartilhamento de conteúdos e soluções, e desenvolverfóruns de discussões sobre temas diversos;

• Articulaçãodeaçõespara integraçãodoprogramaestadual de cidadesdigitais,quando existente, a outros programas de inclusão social e inclusão digital, porexemplo:

o RevisãoemanutençãodosprogramasdeinclusãodigitaldoEstado,paraquesealinhemàexistênciadeumeventualplanodeimplantaçãodecidadesdigitais;

o Coordenação das ações de distribuição de pontos de acesso público no Estado. A disponibilização de pontos de acesso público que sejam fruto de iniciativasdogovernoestadualdeveatenderaumadistribuiçãoequilibrada,segundo critérios que considerem a capacidade e previsão de instalação destespontosemcadamunicípiodoEstado.Devehaverumalinhamentoentre as ações direcionadas para a implantação de telecentros do governo

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estadual em relação às demais ações federais e municipais. . A Tabela do AnexoIImostraadistribuiçãosociodemográficadostelecentrosfederaisaserem implantados na fase inicial;

o Apoioà informatizaçãodeorganizaçõesdo terceiro setor, principalmenteaquelasqueapresentamhistóricoeresultadosnotórios;

• Apoio à informatização de pequenas e médias empresas;

• Participação nas ações de formalização dos pontos de acesso coletivo privados,com vistas a aprimorá-las como instrumentos de inclusão digital, por exemplo,propondomecanismosquecontribuamparaofinanciamentoebarateamentodoscustosde implantaçãoeoperação,mesmoquandooperarememregime formal,com os devidos registros;

• Integração de programas estaduais de cidades digitais a programas de desenvolvi-mentodebasetecnológica,implantadosouplanejados;

o Criação de mecanismos de integração da oferta e demanda por soluções baseadasemsoftware,principalmente,entreaspequenasemédiasempre-sas que desenvolvem soluções e as prefeituras;

o Apoiodeprogramasexistentesoucriaçãodenovosprogramas,queesti-mulem o desenvolvimento de soluções de software público para administra-çõesmunicipaiseestaduais,baseadosemsoluçõesabertasepadrõesdeinteroperabilidade recomendados pelo governo federal. Deve-se buscar um compartilhamentodassoluçõesdisponíveisnoPortaldeSoftwarePúblicodoGovernoFederal[67];

o Apoio à criação ou integração de Arranjos Produtivos de Tecnologia da In-formaçãoeComunicação,comfoconodesenvolvimentodesoftware,comocomplementoaosprogramasdecidadesdigitais.Umexemploexitoso,quecontribuiuemgrandemedidaparaoaumentodacapacitaçãoemTICs,naregiãodeRecife,éoAPLdePortoDigital[106].Consisteemumprogramadedesenvolvimentoeconômicoqueagregainvestimentospúblicos,inicia-tivaprivadaeuniversidades,compondoumecossistemalocaldeinovaçãoqueabrigaempresasdeTIC,deserviçosespecializadoseórgãosde fo-mento. O apoio a este tipo de programa respalda ações para implantação decidadesdigitais,principalmenteporpossibilitaracapacitaçãoemTICsem regiões onde a carência deste tipo de mão de obra pode ameaçar estes programas;

• Fomentoaodesenvolvimentodeempresaspúblicasoudeeconomiamista,queatuemnadisponibilizaçãoegestãodeTICs,voltadosparaaadministraçãoestaduale municipal.

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o Cabeidentificarecolocarempráticanovosmodelosdeatuaçãoparaestasempresas, que permitam, inclusive, uma atuação mais descentralizada,possibilitando, por exemplo, que uma empresa deste tipo atenda a umconjunto de municípios59.Estemodelopodeserbastanteútil,principalmenteemregiõesmetropolitanasounaquelasondeexistaumgrandenúmerodepequenosmunicípios,proporcionandoeconomiasdeescalaeviabilizando,porexemplo,ahospedagemdesoluçõescompartilhadas.Alémdisso,taisempresas podem se beneficiar da reserva de blocos de radiofrequênciaparaempresaspúblicas,conformepropostaconstantenaConsultaPública(CP54/2008)daANATEL;

• Criação do ordenamento organizacional, na administração estadual, que seencarregue das ações para urbanização digital dos municípios do Estado. Tendo em vista a ampla gama de ações para implantação e acompanhamento de umprogramadeEstadoDigital,énecessáriaaatribuiçãodecompetênciasdentrodaestruturadaadministraçãoestadual.Algumasexperiênciasexistentescentralizamestas ações em Secretarias cuja atuação perpassa o domínio de outras, porexemplo,secretariasdeplanejamento,deinovação,oudeciênciaetecnologia;

• Dentreasaçõesdeacompanhamentodestesprogramas,cabeacriaçãoeaplicaçãodeindicadoresdedesempenhodestesprogramasestaduais,paraseviabilizarumaavaliaçãoperiódica.Éumaoportunidadeparasecriar,porexemplo, indicadoresdaevoluçãodograudeurbanizaçãodigitaldosmunicípios,quepodemabrangera evolução da disponibilização e uso de infraestruturas de TICs, de conteúdose serviços eletrônicos, nos setores de governo municipal, pequenas empresase pelo cidadão. Quando as medidas envolverem um conjunto significativo demunicípios,elespoderãomelhoravaliarsuasituaçãoespecífica,emrelaçãoaosdemaismunicípioseassim,identificaráreasdeatuaçãoparamelhoriadoníveldeurbanização digital. O conjunto de indicadores pode ser consolidado num índice de urbanização digital dos municípios e do estado.

5.5.2 Municípios

As ações de difusão do uso das TICS nos municípios podem ser ad hoc,oupodemserplanejadaspormeiodeumprogramadecidadedigital,commúltiplospropósitos,articuladoe conduzido por lideranças locais. Em geral, estas iniciativas vislumbram superar asdificuldadesrelacionadasàdisponibilizaçãoouampliaçãodainfraestruturadecomunicaçãono territóriodomunicípio,emboraseja importantesuaconcepção, também,comomeioparaadisponibilizaçãoefruiçãodeserviçoseletrônicospúblicoseprivados,inclusive,comvistasàpromoçãoda inclusãodigital.Quandoestas iniciativassãoplanejadas,háuma

59 UmmodelodestetipoéadotadopelaempresamistadenominadaInformáticadeMunicípiosAssociadosS/A(IMA),daregião de Campinas.

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oportunidade de se avançar sobre questões que o mercado provavelmente não atenderia dentrodeumprazorazoável,oque,emcertamedida,poderiaimplicaremrestriçõesaodesenvolvimentodedeterminadossetoresdomunicípio.Emúltimainstância,devemsernorteadaspara a realizaçãodaapropriaçãodousodas tecnologias pelomunicípio, demodoatenderàssuasnecessidadesespecíficas.

Asvantagensdestasiniciativasplanejadaseconduzidaslocalmentesãoconfirmadasempesquisasjuntoaosseususuários.Recentemente,umapesquisajuntoàpopulaçãolocaldeumadestasiniciativas[107],domunicípiodeTiradentesemMinasGerais,confirmouosresultados positivos proporcionados60.

A concepção e implantação deste tipo de iniciativa extrapola a dimensão tecnológica,constituindo-se,inclusive,numprocessosocialdinâmicoecontínuo.Portanto,quaisquerquesejamosmentoreseresponsáveispelaimplantaçãodoprojeto,éconvenientequesuapropostasejadebatidaemumfórumrepresentativodasliderançasdomunicípio,edevetambém ser submetido a uma análise de viabilidade. Este processo pode ser apoiado pela contrataçãodeconsultoriaespecializada,devendocontemplar,inclusive:

• Mobilizaçãodasprincipaisliderançaspolíticas,econômicas,empresariaiseparaatomadadedecisãodesecriar,ounão,umprojetodecidadedigitalplanejado;

• Definição dos focos de atuação da iniciativa, devendo contemplar diagnósticos,aomenos,sobreacoberturadosserviçosdetelecomunicaçõeseparaacessoaInternet,existentes;ii)perfildapopulação;iii)serviçospúblicoseprivadoseletrônicos,inclusivedegovernoeletrônicoaseremoferecidos; iv)níveisde integraçãodosserviçosexistentes;

• Estabelecimento das metas para o programa de cidade digital do município,relativasàimplantaçãoeapropriaçãodastecnologiaseserviços,asquaisdevemcontemplar:

o Informatização das bibliotecas públicas;

o Informatização de todos as unidades de saúde;

• Análisedeviabilidadetécnicaeeconômica,quedevecontemplarumaavaliaçãoquantoàadequaçãodomodelodesustentabilidadequeseráadotadopelomunicípio,considerandoamelhorconveniênciaentreosdiversospapéisqueogovernolocalpode assumir: cliente intensivo do prestadores de serviço local de banda larga,desenvolvedordeinfraestrutura,financiadorouordenadorneutro;

60 Naavaliaçãodainiciativapelapopulaçãohouveaprovaçãodamaioriadosentrevistadosemrelaçãoaosseguintesas-pectos:94%delesemrelaçãoaimportânciadoprogramaparaacidadecomoumtodo;83%afirmamqueoprogramacrianovasoportunidadesdeempregoparaosjovens;82%concordamqueoprogramamelhorouaeducaçãodascriançasnaes-cola;56%afirmamqueoprogramatornaomunicípiomaisconhecido;e54%afirmahavermelhorianosserviçospúblicos.

151

• Após a tomada de decisão em favor do desenvolvimento de um projeto de cidade digital planejado, seguem-seaçõesde implantação,gestãoemonitoramentodoprojeto;

o Formalizaçãodaestruturadecoordenação,execuçãoeacompanhamentodo projeto;

o Acompanhamento ou gestão, dependendo do modelo adotado, dasatividades relacionadas à disponibilização e manutenção da infraestrutura tecnológica de comunicação no município;

o Normatização e facilitação da obtenção de direitos de passagem em vias municipais e o compartilhamento de sítiosmunicipais para instalação deinfraestruturas de comunicação.

o Fomentoàimplantaçãodeserviçoseletrônicospúblicoseprivadoslocais.Estes serviços dependem dos objetivos definidos para cada município,contemplando alguns mais tradicionais que podem ser disponibilizados em um sítio da iniciativa, na Internet61 e outros, tecnologicamente maiscomplexos,porexemplo,queutilizamnovas tecnologiasdecomunicaçãovoltadas para telemetria, apoio a força municipal de trabalho que atueem campo e até mesmo para suporte a uma política de desenvolvimento sustentável,porexemplo,pormeiodosnomeados “Smart Grids”62. Cabe destacartambémapossibilidadededisponibilizaçãodeserviçosremotos,emmunicípiosdedifícilacesso,comoéocasodoserviçodetelemedicinadisponibilizado no município de Parintins, no interior doAmazonas, quepossibilitou a interação remota entre médicos daquele município e outros de universidadesdeSãoPaulo,principalmenteparaarealizaçãodeatividadesdediagnósticoscomplexo.[108];

o ApoioàdifusãodepontosdeacessopúblicosaInterneteserviçoseletrô-nicos. A administração municipal deve articular a implantação de pontos de acesso coletivo privadosetelecentros,sejamestesdeiniciativapública,pri-vadaeterceirosetor,demodoacriarumacoberturaadequadadestespon-tosportodoterritóriodomunicípio.Pode,também,disponibilizarquiosquesparaacessoaserviçoseletrônicoseatémesmoaInternet,emrepartiçõespúblicas.Deve,ainda,estimularacriaçãodeleismunicipaisqueregulemefacilitem a implantação e manutenção dos pontos de acesso coletivo priva-

61 Serviçoslocais,públicoseprivados:consultasainformaçõessobreserviçosmunicipais,relativosaimpostosetaxas,licitações,etc;tramitescomaadministraçãomunicipal,comoamarcaçãodeconsultasmédicas,alvarás,inscriçõesempro-gramassociaisdomunicípio,etc;tele-educação;tele-medicina.Dependendodotipodaplataformadecomunicaçãoadotada,pode-sedisponibilizar,inclusive,serviçosmóveiscomênfaseematividadeseconômicas,comoacoordenaçãodeequipedecampo;paracidadão,porexemplonomonitoramentodaslinhasdeônibus,ouparatelemetria;62 Sistemadeentregadeeletricidadeaosconsumidores,utilizandotecnologiadigitalparapouparenergia,reduzirocustosemelhoraraconfiabilidadeetransparênciadosistemacomoumtodo.

152

dos,semqueistoimpliquenumaumentodecustosoperacionaisqueinviabili-ze este tipo de negócio. A prefeitura municipal pode também apoiar os pontos de acesso coletivo privados distribuindo passes de uso de suas instalações aosestudantes,comafinalidadederealizarempesquisasescolares;

o GestãodacapacitaçãonecessáriaparaousoeficientedasTICs,especial-mente dos servidores municipais e de formação básica do público em geral;

o Fomento à produção de conteúdos digitais locais. A iniciativa pode disponi-bilizaraplicativosquefacilitemaprodução,armazenamentoedivulgaçãodeconteúdos;

o Gestãodacomunicaçãodainiciativa,comvistasseaincrementarumacultu-ra tecnológica no município e criar uma identidade própria do programa. Um mecanismoeficienteémanterumsítiodainiciativadaWeb,queutilizerecur-sos para o compartilhamento de conteúdos, informação e conhecimentos,estimulando assim a participação e consequente apropriação do projeto pela população;

o Revisãoperiódicadoprograma,comvistasamanterseualinhamentoaosobjetivos traçados e ao plano diretor do município. Para um monitoramento eficazéimportantequeaequipedegestãoutilizeindicadoresquereflitamostatus das ações em relação às principais metas de apropriação do projeto.

5.5.3 Sociedade CivilDefine-secomoTerceiroSetortodasasiniciativasprivadas,deutilidadepública,comorigemna sociedade civil. Atualmente, algumas organizações do Terceiro Setor desenvolvemdiversas iniciativas relacionadas ao desenvolvimento de programas de capacitação tecnológica,inclusãodigitaledesenvolvimentodecidadesdigitais.Alémdeconstituíremalternativasdefinanciamento,apresentamtambémumadinâmicaquepossibilitaageraçãodeumaenormemultiplicidadedeações,quejamaispoderiasercontempladanoslimitesde qualquer política pública.

Estas organizações se distinguem de outras instituições sociais por apresentarem alguns atributosestruturais,taiscomo:constituiçãoformal;estruturabásicanãogovernamental;gestãoprópria;semfinslucrativos;e,baseiam-senotrabalhovoluntário.Otipomaiscomuméaorganizaçãonãogovernamental-ONG.Entretanto,maisrecentementeoordenamentojurídicocriouafiguradaOSCIP63,pormeiodaqualse tornoupossívelcelebrar termosde parceria com o poder público. O estabelecimento de parceria com o poder público possibilita, inclusive, a utilização de recursos públicos para suas finalidades, dividindodessa forma o encargo administrativo e de prestação de contas. Sua constituição está legalmentecondicionadaadeterminadasfinalidades.

63 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

153

Adespeitodeexistiremcasosdedesviosdepropósito,noBrasiljáforamcontabilizadasmais de 500 mil instituições no Terceiro Setor [109]. Constituem-se, portanto, numinstrumento de grande potencial para realização das ações para difusão do uso das TICs. No caso de cidades digitais há experiências internacionais que atribuem àsONGs umpapelproeminenteemseusmodelosdesustentabilidade.Podem tambémfigurarcomoatores de modelos que vislumbram a constituição de parcerias público privadas.

Hádiversospapéisqueasorganizaçõesdasociedadecivilpodemdesenvolver,taiscomo:

OSCIP gestora de Arranjo Produtivo Local (APL) de TICs. As OSCIPs podem ser utilizadascomoorganizaçãogestoradeAPLs.Estesarranjosconstituemumaalternativaparadisseminaçãodecapacitaçõesnecessáriasà implantaçãodascidadesdigitais,emregiõesdopaísondehácarênciademãodeobraespecializadaemTICs.Possibilitamacriaçãodepolosdecapacitaçãoedesenvolvimentodesoluçõesbaseadasemsoftware,quepodematuar,inclusive,nodesenvolvimentodeserviçoseletrônicospúblicoseprivados.OInstitutoPortoDigitalemRecifeéumexemplodestetipodeAPL.Naquelearranjo,umaleimunicipalbeneficiaasempresas,láinstaladas,comreduçãode60%doISS[106].Outravantagem da utilização das OSCIPs nestes arranjos é a previsão legal que possibilita que pessoasjurídicasqueefetuemdoaçõesàsOSCIPs,obtenhamumadeduçãonoImpostodeRenda,atéolimitede2%sobreolucrooperacional.OutroAPLsemelhante,quebuscourecentementetransformar-seemOSCIPéoITESCS,deSãoCaetanodoSul-SP[110].

OSCIP gestora de Pontos de acesso coletivo privados. As OSCIPs poderiam ser utilizadas como forma organizacional para regularização da situação de informalidade dos pontos de acesso coletivo privados.Aosereconhecerestesespaçoscomodeinteressepúblico,porpromoveremainclusãodigitalemespaçoscomerciais,elespoderãousufruirdosbenefíciosprevistosparaasOSCIPs[111],inclusivequantoàpossibilidadedeprestaçãodeserviçosdetelecomunicações(taiscomooSCM).

OSCIP gestora de programas de cidade e estado digital. Há modelos de sustentabilidade decidadesdigitaisqueutilizamONGsatuandocomointermediárioquerevendecapacidadede comunicação a pequenos prestadores64.NoBrasil,recentementeoGovernodeMinasGeraisapresentouumapropostadelevarbandalargapara688municípiosdepequenoporte,atéofinalde2010.Apropostaécombinaraçõesdogovernoestadual,iniciativaprivadaeOSCIPsqueseriamasresponsáveispelagestãonosmunicípios.Naquelemodelo,comocontrapartidaaoinvestimentorealizadopelogovernoestadual,asOSCIPstêmaobrigaçãode disponibilizar acesso gratuito aos órgãos públicos estaduais localizados no município e oacessogratuitoàInternetparaapopulação,limitadoemduashorasdiárias.

OSCIP gestora de iniciativas de telecentros. Algumas iniciativas implantam e gerem telecentros por meio de OSCIPs. É um modelo interessante principalmente por facilitar a

64EstefoiomodeloinicialdainiciativaWirelessPhiladelphia.

154

participaçãodacomunidadelocalnagestãodestesespaços.OProgramaCulturaViva,doMinistériodaCultura,porexemplo,temestimuladoestemodelodegestão[112].Atualmentehá instrumentos que permitem ao terceiro setor desenvolvermodelos alternativos paraimplantação de iniciativas que visam ampliar e complementar a difusão do acesso a banda largaeaosserviçoseletrônicos.Osmodelosviabilizadosporestasinstituiçõespossibilitam,inclusive,combinar recursos federais,estaduais,municipais,dosetorprivadoe terceirosetor. Além das possibilidades de aplicação apresentadas, possivelmente há outrosmodelosquepodemserdesenvolvidosapartirdestes,emboraalgunspossamenfrentarobstáculoslegaiscomo,porexemplo,éocasodoenquadramentodospontos de acesso coletivo privados como OSCIPs.

5.6 Instrumentos para o fomento industrial

O fomento industrial exige uma estratégia de mercado. Analisando-se o Modelo deFransman,a“Relação1”entreProvedoresdeElementosdeRedeeOperadoresdeRede(ilustradaanteriormentenaFigura3),sóocorrepeloestímuloaousoeàdemandaporparte dos operadores de serviços de telecomunicações. Por tratar-se de uma relação de compraevenda,elapromoveacompetiçãoentreosfornecedoresdeelementosderedena busca de seu posicionamento mercadológico.

O que foi observado no diagnóstico é que as indústrias brasileiras do setor, emboratenhamumaboacapacidadetécnica,apresentam-sedeformafragmentada,commenorcompetitividade quando comparadas com os grandes atores internacionais do mercado. Comvistasao fortalecimentodessasempresas,umadasaçõespodesero incentivoàconsolidação daquelas que apresentem complementaridades, com integração vertical,criando empresas maiores, capazes não só se tornarem fornecedoras deste nicho demercadonoBrasil,mastambémdesetornarematoresnomercadointernacional.Assim,atuarnãoapenasemitensperiféricos,masnafabricaçãodeequipamentosdemaiorvaloragregado.

Paraqueaindústriabrasileiratenhacondiçõesdeaproveitarestaoportunidade,sugere-seacriaçãodelinhasespeciaisdefinanciamentoàproduçãoequipamentosdeinfraestruturadebandalargaeincentivosfiscaisparainvestimentosqueutilizemessesprodutosfabricadosnopaís,paraodesenvolvimento localdeprodutos inovadoreseparaacapacitaçãoderecursoshumanosemprojetosdebandalarga.

Paratanto,alémdoestímulodacapacidadedecompra,decorrentedaspropostasdestePNBLedeoutrascondiçõesdemercado,édevitalimportânciaqueasempresassejamdevidamentecapitalizadasetenhamacessoarecursosdecréditoquelhespermitamcompetirno mercado internacional. Esta capitalização e o acesso ao crédito podem ser providos pelo BNDES. Tais condições, como já mencionado na seção 5.1.3, estão disponíveis. Amanutençãodacompetitividadetemforterelaçãocomoprocessodeinovação,quepode

155

serapoiadoporinstituiçõesdeP&D,comacessoarecursosdefundossetoriaisorientadosestrategicamente pelo Estado. Este modelo conceitual está ilustrado na Figura 61.

Operadores deRede

Grande Provedor deEquipamentos

Instituições deP&D

Relação 1

EstadoCapitalização e Crédito

Fomento: Fundos de P&D

Crédito

Figura 61 – Modelo conceitual de fomento industrial

ALeideInformática(LeiNo8.248/1991)foiinovadoraquandocriada,aovincularincentivosfiscaisaempresasquecumprissemacondiçãodoprocessoprodutivobásico(PPB),comcompromissosdepesquisaedesenvolvimento.Noentantohoje,especificamentenosetordetelecomunicações,amontagemdeplacaseequipamentosprecisariasercomplementadapelo software (que representaamaiorparceladevaloragregadoaosprodutos).Nessesentido,adefiniçãodoProcessoProdutivoAvançado,computandoparceladesoftwarenoprocessoprodutivobásico,seriaimportanteevolução.

Adicionalmente,ofinanciamentodoscompradoresapresentaumpapelrelevanteemtodaacadeiaderelações.Porfim,adesoneraçãotributáriadacadeiaprodutiva,realizadadeformaseletiva,tambémpodeserpartedeumaestratégiaintegradadefomentoindustrialvisando o estímulo à banda larga.

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6 Diretrizes para Atingir as Metas

Emvirtudedoquefoiapresentadonasseçõesanteriores,énecessáriocentraresforçosnasaçõesque,emprincípio,mostrem-semaiseficazesdopontodevistaderelaçãocusto-benefício de sua implantação.

6.1 Diretrizes para estímulo à competição

• Estruturarosativosdefibrasópticasdetidasporváriasempresascomparticipaçãoe/oucontroleestataldeformaaviabilizar,acurtoprazo,umnovobackbone nacional,que permita a oferta dessa capacidade de transporte de dados no atacado.

• Implantar de pontos de troca de tráfego (PTT) em todos osmunicípios do paíscompopulaçãosuperiora100milhabitantes,comoformademelhoraratopologiada Internet no Brasil, aumentar a conectividade e reduzir custos de troca detráfego,alémdegarantiraofertanão-discriminatóriadeacessoaobackhaul das concessionáriasdoSTFC,pormeiodaofertadeinfraestruturaparaco-localizaçãodeequipamentosderede(collocation) nesses pontos.

• Aumentar em dez vezes a velocidade mínima de oferta dos serviços de acesso bandalarga,até2014.

• Realizar a concessão de novas outorgas ao setor de TV por assinatura via cabo visando elevar a pelo menos 25% o total dos domicílios atendidos com acesso Internet banda larga via infraestrutura deTVa cabo, inclusive comaumento donúmero de municípios com oferta do serviço.

• Assegurarainclusãodedutosefibrasóticascomoitensobrigatóriosnaimplantaçãode obras públicas de infraestrutura, incluindo as de transportes, habitação,saneamentoeenergia,dentreoutras.

6.2 Diretrizes para financiamento das telecomunicações

• OferecerlinhasdecréditodoBNDESparaprojetosdeexpansãodoacessobandalarga,tantonosegmentodebandalargafixacomodebandalargamóvel.

• Oferecer linhasdecréditodoBNDESvoltadasaprojetosdeinclusãodigitalcomacesso banda larga, em especial as Cidades Digitais, para as prefeituras – talcomojáocorrenoPMAT(ModernizaçãodaAdministraçãoTributáriaeGestãodosSetoresSociaisBásicos)–emmontantequerepresentepelomenos10%dototalde recursos desembolsados pelo BNDES no setor de telecomunicações em 2008.

157

• DisponibilizarlinhadecréditodoBNDESparaadisseminaçãoeprofissionalizaçãodos pontos deacessocoletivoprivadoscomacessobandalarga(Lan Houses).

• OferecertreinamentoseaçõesdeapoiodoSEBRAE,parapequenasempresas,deformaquepossamobterfinanciamentoecapacitaçãoparaaprestaçãodeserviçosnoâmbitodaspropostasdestePNBL.

• DescontingenciamentoorçamentáriodosrecursosdoFUSTedoFUNTTEL.

6.3 Diretrizes para diminuição da carga tributária

• Promover a diminuiçãoda carga tributária embense serviços banda larga, emespecialaincidênciadePIS/COFINS,àsemelhançadoquefoiadotadonoprogramaComputador para Todos.

• Estender às demais Unidades da Federação a aplicação da isenção do ICMS definidapeloConfaz,autorizadanosplanosdeacessoaInternetbandalarganoâmbitodoConvênioICMS38,de03/04/2009.

• Incluir os prestadores de serviços banda larga, pertencentes à categoria demicroempresas ou empresas de pequeno porte, no Supersimples ou SimplesNacional,deformaqueaspequenasemédiasempresascomfaturamentoanualdeatéR$120mil,sejamisentasdetributação,excetoparaaPrevidênciaSocial,cuja alíquota será de 3% sobre o faturamento.

• ReduzirovalordaslicençasdeSCMe,emparticular,reduzirovalordastaxas65 de fiscalizaçãoquecompõemoFISTEL,paraprestadoresdeserviçosbandalargafixaou móvel.

• Desoneração tributária de equipamentos para banda larga, como parte de umaestratégia integradadefomentoindustrial,aplicadaamodems(parabandalargafixaemóvel) eoutrosdispositivosdo tipoCPE (customer premises equipment),bemcomoaequipamentosdeinfraestruturaparabandalargafixaemóvel,tantoem frequências licenciadas como não licenciadas.

6.4 Diretrizes regulatórias

• Incluir no novo PlanoGeral deMetas de Universalização (PGMU III) metas deacréscimonacapacidadedetransportedasredesdesuporteaoSTFC(backhaul).

• Estimularacompetiçãonaofertadoserviçobanda larga,mediante reduçãodasbarreirasdeentradaanovosprestadoresdeserviço.Nestesentido,arevisãodos

65 TaxadeFiscalizaçãodeInstalação(TFI)eaTaxadeFiscalizaçãodeFuncionamento(TFF).

158

RegulamentosdeRemuneraçãodeRedes,doRegulamentodeCompartilhamentodeInfraestrutura,doRegulamentodeInterconexão,bemcomoaRegulamentaçãodePoderdeMercadoSignificativo, podemserutilizadasemconjuntopara criarassimetrias regulatórias que propiciem condições mais favoráveis a entrada de novos atores nesse mercado.

• Reforçar a aplicação dos instrumentos que impedem a prática de venda casada entreoserviçobanda largaeoutrosserviçosdetelecomunicações,pormeiodeaçãointegradaentreMC,ANATELeórgãosdedefesadaconcorrênciaededefesados consumidores.

• Dar prioridade à regulamentação sobre neutralidade de redes e qualidade do serviçobandalarga,acelerandoaespecificaçãoderegulamentaçãoquepromovaa transparência nas informações e a qualidade do serviço banda larga.

• Eliminaralimitaçãoaonúmerodeoutorgasexpedidasparaaprestaçãodeserviçode TV a Cabo.

• Estender a cobertura dos serviços SMP de terceira geração (3G) a todos osmunicípios brasileiros.

• Destinar recursos ao mapeamento e georeferenciamento dos recursos de banda larganopaís,comoinstrumentodeplanejamentoedeacompanhamentoeavaliaçãodestePlanoNacionaldeBandaLarga.

6.5 Diretrizes para gestão do espectro

• Adotar nas licitações de radiofrequências para banda larga a divisão dos blocos licitados de forma a viabilizar a participação de grandes, médios e pequenosprestadores de serviços de telecomunicações, mediante a divisão do territóriodo país em áreas de cobertura/abrangência diferenciada (alguns blocos comcoberturanacional,outrossomentecomcoberturaregionaloulocal),inclusivecomaimposiçãodelimitesmáximosdefaturamentoparaoslicitantesparticipantesemcadacategoriadecobertura/abrangência.

• Introduzir,naformadequesitosparaavaliaçãodepropostas,novoscondicionantesna licitação de radiofrequências para banda larga, incluindo, dentre outros,compromissosdecoberturaestendida,medidasdeestímuloàcompetição,evalormáximonospreçosdosserviçosaseremprestados.

• Reservar blocos de frequência, na faixa de 3,5 GHz para empresas públicasvinculadasaoGovernoFederal,EstadualouMunicipal,comafinalidadedepromoverainclusãodigital,conformepropostadaANATEL,naCP54/2008.

159

6.6 Diretrizes para programas do Governo Federal

• GarantiramanutençãodoProgramaComputadorparaTodos(incluindoosmodemsparaoscomputadores)eosbenefíciosdaLeidoBem.

• Expandir oProgramaGESACpara atendimento de acessos coletivos emáreasrurais e de fronteira. Nesse contexto, avaliar o investimento na aceleração doprocessodedesenvolvimentoelançamentodoSatéliteGeoestacionárioBrasileiro(SGB).

• Implementarasaçõesnecessárias,noâmbitodaadministraçãodireta,dasempresasdegovernoedassociedadesdeeconomiamista,nosentidodedisponibilizarativospúblicosdefibrasópticasparaviabilizaraestruturaçãodeumaofertaderededetransportededadosexclusivamentenoatacado.

• PromoveragestãointegradadademandaderedesdedadosnoâmbitodoGovernoFederal,tantodopontodevistadopoderdecompra,comodeestruturaçãodeumsistemaautônomo(AS–Autonomous System)ougrupodesistemasautônomosque reúna os entes de governo.

6.7 Diretrizes para o fomento das “cidades digitais”

• ArticularnasdiferentesesferasdegovernoasiniciativasdeCidadesDigitais,levandoemcontaaspolíticasexistentes.

• Estimular a integração e participação do Terceiro Setor nas ações para a constituição edesenvolvimentodosprogramasdecidadesdigitais, inclusiveparadifusãodecentros públicos de acesso.

• PromoveradisseminaçãoderedesWi-Fiassociadasapontosdeacessocoletivo,sejampúblicos(escolas,bibliotecas,etc.)ouprivados(empresaseoutros).Dadasuasimplicidadeerelativamentebaixocusto,osequipamentosdepontodeacessoderedesWi-Fitemgrandecapacidademultiplicadoradeconectividadeemáreadeabrangênciarestrita,enquantooscomputadoresdotiponotebook,emsuagrandemaioria,jápossuemacessoWi-Ficomorecursopadrão.

6.8 Diretrizes para telecentros

• Implantar 100 mil novos telecentros públicos até 2014. Uma proposta de distribuição inicial,correspondenteapartedessameta,poderiaseguirumaquantidademínimade unidades nos municípios, por faixa de população e por região, segundo oscritériosdescritosnoAnexoII.

160

• ExpandiroProjetoNacionaldeApoioaTelecentrosatodososnovostelecentros.

• Tornar periódico o programa de capacitação de monitores de telecentros [96],realizando um treinamento por ano até 2014.

• Criarregrascomunsdeusodostelecentros,baseadasnaspremissasassumidasnoProjetoNacionaldeApoioaTelecentros,eemconjuntocomosgestores.

• Reservar uma parte da dotação orçamentária do Projeto Nacional de Apoio a Telecentrosparadivulgaçãodosespaçosnascomunidadesatendidas[90].

6.9 Diretrizes para o fomento industrial e desenvolvimento tecnológico

• Criar as condições para consolidação de um grande fornecedor de equipamentos derede,apartirdocapitaltecnológicoexistentenopaís,incluindoadestinaçãoderecursosparacapitalizaçãoeacessoacréditoaestaempresa,bemcomoparapesquisa e desenvolvimento de tecnologias destinadas às redes de banda larga.

• ImplantaçãodoProcessoProdutivoAvançado,comaincorporaçãodesoftware na avaliaçãodaconcessãodosincentivosfiscaisprevistosnaLeideInformática.

161

7 Investimentos

Nestaseção,baseando-senasdiretrizesapontadasnasseçõesanteriores,sãoestimadosos investimentos – privados e públicos – necessários à obtenção das metas constantes destePNBL.

7.1 Investimentos privados

Dadas as condições de mercado, a expectativa é de investimentos privados para aimplantaçãodosnovosacessosbandalargafixaemóvel,constantesdametasestabelecidasno Capítulo 4.

Até2014sãoprevistosemtornode30milhõesdeacessosbanda largafixa.Este totalrepresentaumaadiçãodeaproximadamente20milhõesdeacessosbandalargafixa,noperíodo de 2010 a 2014.

Para tanto, são estimados investimentos necessários (CAPEX) por novo acesso. Esseinvestimentosedistribuipelostrêssegmentosderede(Acesso,Backhaul e Core),conformeFigura 62.

Distribuição dos investimentos

52%36%

12%

Acesso Backhaul Core

Figura 62 – Distribuição dos investimentos em Rede de Banda Larga

Emtermosdetecnologiasadotadas,osegmentodeacessorepresentaomaiormontantederecursossendoque,sãoesperados investimentosemdiferentes tecnologias (ADSL,HFCeWiMax),deacordocomascaracterísticaslocais.

Dessa forma,aparticipaçãodemercadoesperadapara cadaumadessas tecnologias,em percentual dos acessos individuais é de, aproximadamente, 60%, 25% e 15%,respectivamente.NaFigura63são indicadosos investimentos,por terminal,estimadospara cada um dessas redes.

162

CAPEX

R$ 0

R$ 500

R$ 1.000

R$ 1.500

R$ 2.000

ADSL WiMAX HFC Greenfield HFC

Figura 63 – Investimento em Tecnologias de Acesso

Comisso,abaseinstaladaem2014alcança30milhõesdeacessosindividuaisalterandoaparticipaçãodasdiferentes tecnologiasdeacesso,conformeobservadonaFigura64:ADSL,CableModem,WiMax(incluindooutrastecnologiassemfio,comoWi-Fi)eOutras(incluindoFibraÓtica).

Para efeito de projeção da ordem de grandeza dos investimentos das prestadoras para oacréscimode18milhõesdeacessosbanda larga fixa (noperíodode2010a2014),aestimativadeCAPEXmédioponderado,paraummixdetecnologiasdeacesso,édaordemdeR$1.000(milreais)poracesso.Dessaforma,oinvestimentoparaacréscimode18milhõesdeacessosbandalargafixa,édaordemdeR$18bilhões.

Figura 64 – Distribuição das conexões banda larga por tecnologia de acesso

Fonte:Elaboraçãoprópria,apartirdedadosdoIDATE(2007)eIDC(2009).

Jánoqueserefereàbandalargamóvel,osdadosmaisrecentessãoaquelesdasprojeçõesdoestudotécnicodoPlanoGeraldeAtualizaçãodaRegulamentaçãodasTelecomunicaçõesnoBrasil(PGR),elaboradopelaANATEL.

163

Figura 65 – SMP: Projeção de investimentos Fonte:Anatel-PGR

Emresumo,osinvestimentostotaisdasprestadoras,quelevarãoàmetade90milhõesdeacessosbandalargafixaemóvelem2014,sãodeaproximadamenteR$49bilhões(18milhõesdenovosacessosbanda largafixa,com investimentodeR$18bilhões,e53milhõesdenovosacessosbandalargamóvel,demandandoinvestimentosdeR$31bilhões).Asfigurasaseguirindicamasituaçãoaofinalde2009eaprojeçãodecrescimentoaté 2014.

Figura 66 – Acessos Banda Larga em 2009

164

Figura 67 – Acessos Banda Larga em 2014

Estima-se que os planos de investimentos das prestadoras levem a um crescimento “natural” da base de acessos banda larga instalados a um patamar de 55milhões deacessosem2014.Ocrescimentonãoseriamaior,naausênciadeoutrasiniciativas,pelasrestriçõesdedemanda (devidoaopreçodoserviço, conformedescritoemdetalhesnaseção3.5.5).Apartirdesselimite,os35milhõesdeacessosadicionais,quelevamàmetade90milhõesdeacessosem2014,incluemapremissade“alavancas”deincentivo,pormeio de desonerações (de natureza fiscal, tal como descrito na seções 5.1.4 e 6.3) edeinvestimentosadicionaisdasprestadoras,mediantelinhasdecréditoespecíficas(taiscomodoBNDES,indicadasnasseções5.1.3.e6.2).

Comoobjetivodeverificaracompatibilidadedetaisinvestimentoscomacapacidadedeinvestimento das principais operadoras de telecomunicações fixas (Telefonica,Oi/BrasilTelecom,Embrateleoutras),foramanalisadososinvestimentosrealizadosnoperíodode2005a2008,emserviçosnãoregulados,ouseja,excluídososinvestimentosemtelefoniafixa: banda larga, comunicação de dados, Internet e rede IP. A média anual dessesinvestimentosédecercadeR$2,8bilhões,conformedemonstradonaTabela26.

Tabela 26 - Investimentos em dados das operadoras de telefonia fixa66

Investimento exceto telefonia fixa (R$ milhões) 2005 2006 2007 2008

Telefonica 563 720 1.028 2.060

Oi/BrasilTelecom 835 668 568 2.628

Embratel 387 442 428 326

Outras 89 92 101 251

TOTAL(excetotel.fixa) 1.874 1.922 2.125 5.265

Média anual 2.796

66 Elaboraçãoprópriaapartirdosrelatóriosanuaisdasoperadorasdetelefoniafixanopaís.

165

Portanto,estima-sequeR$2,8bilhõesporanoadviriamnaturalmentedosinvestimentosdasoperadorasdetelecomunicaçõesembandalargafixa,sendoorestantepotencialmenteoriundodeoutrosfinanciamentosespecíficosparabandalarga,departedeagentescomoo BNDES.

7.2 Aportes Públicos Federais, Estaduais e Municipais

Em termos de investimentos públicos, são previstos aportes diretos em programas eprojetosemváriasesferas,alémdasrenúnciasdaUnião,EstadoseMunicípios,previstasem5.1.4,eutilizaçãodefundossetoriais.

Porexemplo,nocasodeisençãodoICMS,PISeCOFINSparaplanosdeserviçosbandalarga,compreçosemtornodeR$30,00(líquidosdessesimpostos),asrenúnciaschegariamaomontantedaordemdeR$2,8bilhõesaoano(estimandoem35milhõesdeacessosfixosemóveiscontratadosaessevalor,até2014).

Nocasodefundossetoriais,asalteraçõespropostasparaaLeidoFUSTencontram-seemprocesso de aprovação pela Câmara dos Deputados Federais e preveem a utilização dos recursosdofundoparaprojetosdebandalargavoltadosparaasaúde,bibliotecas,órgãosdesegurançapúblicaeescolasrurais,conformemencionadonocapítulo4.

A aplicação anual de recursos do FUST em investimentos deverá corresponder ao total domontantearrecadadoacadaano,ouseja,R$800milhões/ano.JáparaoFUNTTEL,estima-seaaplicaçãodeatéR$320milhõesanualmente.

AFigura68,aseguir,resumeumconjuntodealavancasdedesoneraçãoquepoderiamseradotadas para potencializar o crescimento da banda larga no Brasil.

Figura 68 – Alavancas para o Crescimento da Banda Larga

166

ATabela 27, abaixo, aponta valores correspondentes aomontante representado pelosprincipaisaportesdoGovernonaimplementaçãodoPNBL,paralelamente aos aportes do setorprivado, considerando-se o período 2010-2014. Esses valores incluem investimentos diretos (telecentros,satéliteSGB,aplicaçãoderecursosdoFUSTedoFUNTTEL,etc.)bemcomoasestimativasdevaloresreferentesarenúnciasfiscais.

Tabela 27 – Valor dos Aportes no PNBL

7.2.1 Investimentos em Telecentros

7.2.1.1 Ampliação e unificação da oferta

O custo de um kit de telecentro67paraogovernoemdezembrode2007,segundo[102],foideR$22mil.Paraaquisiçõesapartirde2009estima-seessevaloremaproximadamenteR$20mil.Oscustos,aolongodoscincopróximosanos,para100milnovostelecentros(envolvendokits,treinamentoinicialeconexão)édeaproximadamenteR$2,2bilhões.

É importante ressaltar que, seguindo as diretrizes desse Projeto, os custos relativos àinfraestrutura dos espaços físicos são de responsabilidade das iniciativas contempladas pelo Projeto.

A conexão de telecentros, não atendidos comercialmente, será provida pelo ProgramaGESACdoMinistériodasComunicações,comoprevistonoProjetoNacionaldeApoioaTelecentros.

67 Okitécompostopor1servidor,10estações,1impressora,1roteador,1câmera,11estabilizadores,13mesas,21cadeirase 1 armário.

167

7.2.1.2 Ampliação da qualificação do atendimento e formação dos monitores

Aqui o mecanismo prevê tornar periódico o programa de capacitação de monitores de telecentros,realizandoumtreinamentoporanoaté2014.Ocustodaprimeiraversãodoprograma,paraoMinistériodasComunicações,foideR$6,2milhõese,comaprevisãodecursosanuaisnospróximoscincoanosaté2014,ocustoserádeR$31milhões.

Éimportanteressaltarqueaformaçãodosmonitoresdeveincluirmatériasnãotécnicas,como por exemplo, acolhimento de usuários nos telecentros, como lidar com usuáriosportadoresdenecessidadesespeciais,dentreaquelesessenciaisparaaqualificaçãodoatendimento e para que os telecentros contribuam de forma mais efetiva para a redução das barreiras à inclusão digital.

7.2.2 Cidades Digitais

Paraaestimativadeinvestimentosemaçõesde“cidadesdigitais”,existemalgumasinicia-tivascorrentesquepodemservirdebalizamentoparafinsdaquelaspropostasnestePNBL.

ProgramaMinasDigital[102]:

OcustoestimadoparaogovernogarantircoberturaWi-Fiem566municípios,commenosde20milhabitantes,emMinasGeraisédeR$57milhões.Asestimativasconsideraminstalaçãoderedessemfio,emfrequênciasnãolicenciadas(2,4GHze5,8GHz).Considerou-sequeascidadescomaté5milhabitantesserãoatendidasporumaúnicaantena.Aquelasquetiverementre5mile10milhabitantesserãoservidasporduasantenas,eosmunicípioscom população entre 10 mil e 20 mil pessoas terão três antenas. A estimativa de custo por cidadevariaentreR$70mileR$120mil.

ProgramaBaixadaDigital[114]:

NoBaixadaDigitalestima-sequeseránecessáriouminvestimentodeR$4milhõesparaimplantar infraestrutura de comunicação em 11 municípios que integrarão o projeto. Neste caso,considera-seautilizaçãodeequipamentosdetecnologiaWiMax,paraainterligaçãodo backbonequechegaráatéaportadascidades,ede tecnologiaMesh,para fazeraconexãoparaalgunspontosintramunicipais.

CinturãoDigital(Ceará)[104]:

EsteprojetotemvalorestimadodeR$47milhões,comoobjetivodeproveracessoporbandalargaàsprincipaiscidadesdoInterior,comcoberturainicialde82%dapopulaçãodoestado.Oprojetocontemplaautilizaçãodeumanelde3.000Kmdefibrasqueligaráasprincipaiscidadeseapartirdessainfraestrutura,outros25pontosserãoconectadospormeioderamificaçõesdefibras.Prevê-seadistribuiçãodoacessoatravésdatecnologiaWiMax,comligaçõesdeaté70Mbps,emcadamunicípio.

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NavegaPará[121]:

Este projeto possui ações estruturantes de construção de Infovias e de implementação de CidadesDigitais.Arededetransporte(BackboneÓptico)interligaasprincipaisunidadesdoEstadodoPará,cominfraestruturaDWDMeSDH-STM16,combasenaredededadosdaELETRONORTE.NaFase1doNavegaParájáforamativadas16cidadesdigitais,quevão possibilitar aos municípios do interior acesso aos serviços públicos pela Internet. As redessemfiooperamna faixade frequênciade5,7GHz,utilizando tecnologiaWiMax.Emcadacidadeserá instaladaumaestaçãoservidoranoPontodePresença(POP)doGovernodoEstado/Eletronorte,queirradiaráosinalderádioparaasestaçõesclientes.AsestaçõesclientesserãoórgãosdoGovernoEstadualeMunicipal(escolas,SecretariasMunicipaiseEstaduais,postosdesaúdeehospitais,delegacias,quartéisdaPolíciaMilitaredosBombeiros,dentreoutros).

169

8 Modelo de Gestão para o Plano Nacional de Banda Larga

Este capítulo tem por objetivo identificar o formato mais eficaz de organização dascontribuiçõesdosetorpúblicoeprivadoparaaimplementaçãodoPNBLaolongodosanosque se seguirão à decisão de sua implementação.

Aimportânciadacorretadefiniçãodomododeoperaçãoedosistemapararelacionamentoentreosprincipaisatoresdeumaplanodessamagnitudeéevidenciada,dentreoutras,pelasdimensõesdohorizontedetempoedoportedatarefa.Umavezqueaimplementação,caracterizadanumobjetivonacionalaseratingidonoprazo5anos,vaimobilizargrandesesforços econômico-financeiros, extensas obras de infraestrutura, capacidade defornecimentodaindústria,alémdeváriasiniciativasdeâmbitosocial,políticoelegal.

Serão a seguir analisadas as particularidades da cooperação entre os entes públicos e privadosqueestarãopresentesnodesenvolvimentodoPNBL,osaspectosmaiscríticos,obstáculosedesafiosasesuperaremeasvantagensedesvantagensdasalternativasquese apresentam para o modelo de gestão.

8.1 Aspectos da coordenação público-privada

Deverãoestarenvolvidososatorespúblicoseprivadosnumsistemaquerequerextremapró-atividade e cooperação, com o uso em larga escala de contribuições de naturezaeconômicadeambasaspartes.Asexperiênciasanterioresnosetordetelecomunicaçõesnãosederamem formato interativo, istoé,cabiaaosetorpúblicoestabelecermetaseregras bem definidas e competia ao setor privado implementá-las. Mesmo no recenteprocesso que resultou na troca de obrigações para implementação do backhaul (PGMUdoSTFC),estainteraçãosedeuprimordialmentenaetapadedefiniçãodasmetas.Observe-se que ali se tratava de metas substancialmente padronizadas nas suas dimensões física eeconômica.

NopresentecasodoPNBL,oprocessoquesedesenvolverácontarácomváriasdefiniçõesprévias,contidasnopresentedocumento.Noentanto,teráaimportantecaracterísticadeenvolver a administração coordenada de múltiplas frentes.

8.2 Principais desafios de gerenciamento

Inicialmente, é importante analisarmos aspectos críticos para o sucesso de umprojetocomplexocomooPNBL:

170

a.Correçãoeclarezanadefiniçãodosobjetivosaserematingidosbemcomodosprazosestipuladosparasuafinalização.Qualéamedidadosucessode talesforço?

b.Umavezestipuladasasmetas,planejardemaneiraestruturadalançandomãode um ordenado projeto e com acesso a todas as informações necessárias a suaexecução.

c.Focodisciplinadonaexecuçãodoplanejado,comcontroletotaldedesenvolvimentoe seus desvios. Estar preparado para tomar as decisões necessárias para garantir que as entregas sejam garantidas.

d.Acompanharaevoluçãodoprojetoediscutiralternativaserevisõesdeescopoouatémesmodemetas,casonecessário.

e.Estarpreparadoparalidarcomcircunstânciasquefujamaoplanejado,equedevem ser gerenciadas.

Aliadoaosaspectosacima,outrosfatoressãoimportantesaconsiderar.EstarãoevoluindoaolongodaimplementaçãodoPNBL,tantoatecnologiacomoomercadodetelecomuni-cações,quetemsecaracterizadoporfrequentestransformaçõessocietáriasnoâmbitodasgrandes empresas e com um dinamismo muito grande na produção de equipamentos e conteúdos.Paralelamente,osurgimentodenovosmodelosdenegócionosetor,noâmbitoda rápida aceleração do crescimento da economia brasileira.

OritmodaevoluçãodoPNBLestaráemlargaescaladependentedaefetivaçãodasmedidasque alavanquem o incentivo à demanda e à oferta de banda larga. Além de implementar as diretrizes já definidas, haverá o desafio da formulação de alternativas, revisões,reprogramações,demodoaredirecionarosesforçosemdireçãoàsmetastraçadas.

Em paralelo à interação com o ambiente público em torno das alavancas incentivadoras esuaexposiçãoàopiniãopública,estarãoemfocoasquestõescomerciaise regulató-riosenvolvendoasempresasparticipantesdoesforçonacionaldoPNBL.Acooperaçãoecoordenaçãodeveráocorrernessecontextodecrescentecompetição,umavezqueasempresasestarãoinvestindoemplataformasconcorrentesparaaexploraçãocomercialdoserviço,noqueseconstituiparteimportantenocrescimentodasofertasediversidadedosserviços.

Todososfatoresacimaconsideradosfarãopartedodesafiodeexecuçãodeumprojetodetalenvergadura.IstosóserápossíveldentroseforadotadoumModelodeGestãoeGovernançaqueestrutureegarantaaarticulaçãodoPNBLemtodososseuscomponentescríticos:partesenvolvidas (multiplicidadeediferentes formasdeabordagemeatuação,prazo,investimentosenvolvidosepúblicosaseratendido).Oprocessodeacompanhamentopropicianãosomentea identificaçãodeproblemaspotenciaisantesqueelesvenhama

171

ocorrer,comotambémindicaanecessidadedeimplementaçãodeplanosderecuperaçãoepromoveacomunicaçãoealinhamentodoPlano.

Um modelo de gestão bem estruturado assegura a atribuição de responsabilidades,orientaosesforçosdasequipesrelacionadasparaaobtençãoderesultados,e,porúltimo,garanteatualizaçãodoplanoecomunicaçãoentreosenvolvidos,sendocapazdereagirrapidamenteàsmudançasnoambienteinternoouexternoaoPNBL.

Para fazer frente aos desafios de gerenciamento acima expostos faz-se necessária adefiniçãodeummodelodegestãoparaoPNBL,comafinalidadedoatendimentodasmetasestabelecidaseexpectativasdosórgãosenvolvidos.

8.3 Definição da Gestão e Modelo de Governança

Omodelodegovernançatemporobjetivoatribuirresponsabilidades,orientarosesforçosdasequipesenvolvidasnaexecuçãoparaaobtençãoderesultados,e,porúltimo,assegurara atualização permanente do plano do projeto.

Dado o escopo, abrangência e complexidade – bem como a natureza dinâmica - dasdiretrizes e metas aqui formuladas, propõe-se que seja considerada a conveniênciade se constituir um Comitê Gestor do Plano Nacional de Banda Larga. Esse comitêassumiria responsabilidade de coordenar a efetiva implementação do PNBL, incluindooacompanhamentoerevisãoperiódicadasmetas,deformaacompatibilizá-lascomasnovasexigênciasnumambientetecnológicoemconstanteevolução.UmexemplodetarefaquejásedelineiaparaoComitêGestor,éaformulaçãodepropostasaseremincorporadasaoPlanoPlurianual(PPA)2012-2015.

ComvistasagarantirmaiorceleridadeedarmaiortransparêncianaconduçãodoPlano,propõe-seummodelodegestãoquecontempleas funçõesdeplanejamento, acompa-nhamentoeexecuçãodoprogramaabrangendotodososprojetoseações,denominadoscomponentes,necessáriosparaqueseatinjaasmetaseobjetivosdoPNBL.

Figura 69 – PNBL: Funções de Gestão

172

Osprojetoseações constituemoplanode implementaçãodoPNBL.CadaumdestescomponentesdeveráserdirigidoporumresponsávelasernomeadopeloComitêGestor,quetambémserãoresponsáveispelasupervisãodiretadaexecuçãodosprojetoseações,devendoparticiparnasreuniõesdoComitêGestor.

OComitêGestorserácompostoporrepresentantesdeórgãosdeGoverno,daindústriaedasprestadorasdeserviçosdetecnologiasdainformaçãoecomunicação(TIC),bemcomodasociedade.Suacoordenaçãoviabilizaaresoluçãodequestõesedefiniçãodeprioridades,garantindo a cooperação e gestão integrada de esforços de todos os envolvidos.

Propõe-se que a estrutura de governança do Plano seja composta pelos seguintes integrantes:

Figura 70 – PNBL: Estrutura de Governança

Deverão ser estabelecidos três níveis de coordenação para implementação e operacionali-zaçãodoPlano,integrandotodooprocessodeacompanhamentoetomadadedecisão.

1° Nível Estratégico Comitê Executivo

2° Nível Gestão Comitê Gestor

3° Nível Técnico Grupos de Trabalho

Processo deDecisão

Fóruns deAlinhamento

CaberáaoComitêExecutivoconduziroprocessodeplanejamentoestratégicodoPlano,definir os objetivos, monitor e avaliar os resultados do Plano, através de indicadorespreviamentedefinidos.

JáaoComitêGestorcaberádisseminarezelarpelasrecomendaçõesediretrizestécnicasdefinidas pelo Comitê Executivo; definir os projetos e ações voltados para atender aoplanejamento estratégico estabelecido peloComitêExecutivo; acompanhar a execução

173

dosprojetospormeiodeindicadoresdedesempenho,propondoaçõespreventivasparagarantir o resultado esperado; apresentar uma visão sistêmica do Plano.

AosGruposdeTrabalho,porsuavez,caberádefinirasdiretivasnecessáriasàexecuçãodecadaprojeto,programaraçõespreventivasparaqueosprojetosatinjamosobjetivosesperados,coordenaraintegraçãoentreosprojetos,aprovarasespecificaçõestécnicaseo plano de atividades dos projetos.

AavaliaçãodoPlanoserárealizadanoâmbitodestesComitêseGruposdeTrabalho,pormeiodaanálisedosrelatóriosdeacompanhamentoedosresultadosalcançados.

AimplementaçãodoPlanosedarápormeiodediferentesprojetoseaçõesexecutadosporequipestécnicasqueserãocoordenadaspelosGruposdeTrabalho.AsEquipesTécnicastrabalharão em colaboração com responsáveis de componente na implementação doPlano. Cada equipe técnica terá um coordenador.

8.4 O PNBL e os compromissos internacionais do Brasil no Âmbito Esportivo

Nessecontexto,oBrasiltemgrandesdesafiosqueseapresentamnofuturopróximo:

i) OsJogosMundiaisMilitares,em2011;

ii) ACopadasConfederaçõesdeFutebol,em2013;

iii) ACopadoMundodeFutebol,em2014;

iv) OsJogosOlímpicoseParaolímpicos,em2016.

Jásepodeafirmarqueumdosmaiores legadosqueaCopadoMundodeixaráparaoBrasil será a infraestrutura de banda larga. A organização de um evento como a Copa doMundodeFutebol,geraamobilizaçãode todososbrasileiros,queusarãoredesdetelecomunicações no período. Também é necessário considerar que um evento desse porteatrai1milhãodeturistasestrangeirose,consequentemente,10milhõesdefamiliarese amigos desses turistas que desejarão se manter em contato e dependerão de uma boa infraestrutura.Adicionalmente,estima-sequeaCopadoMundodeFutebolcontarácomapresençademaisde30milprofissionaisdomundotodo,sendo15mildelesdaimprensa,epodegeraraté100milempregos,comumimpactoestimadonoPIBde0,3%.

Por essas razões, o PNBL poderá dar uma relevante contribuição para o esforço derealizaçãodosgrandeseventos,comoaCopadoMundodeFutebolem2014eosJogosOlímpicoseParaolímpicosde2016,comoadequado investimentona infraestruturadebandalargaqueestarádisponívelealinhadatecnologicamentecomomundo.Portanto,nota-sequeoPlanoNacionaldeBandaLargadevecontemplarumafaseespecíficaparadetalhamentodessasdemandas.

174

9 Anexos

9.1 Anexo I – Projeção do número de acessos banda larga

Para a estimativa da projeção do número de acessos nos países analisados foi considerado omodelodedifusãodebensdeconsumoduráveispropostoporFrankM.Bass (Bass,1969).Essemodeloexibeumacurvadeadoçãoemformade“S”,emqueumafaseinicialde crescimento acelerado é seguida de outra com crescimento assintótico. A partir desses conceitos, foram estimados, para cada país, os parâmetros do mercado total (m), deinovação(p)edeimitação(q),apresentadosnaTabela28.

Tabela 28 - Parâmetros utilizados para a projeção do número de acessos

País Mercado total (m) Inovação (p) Imitação (q)

Brasil 19.266.600 0,006 0,424

Argentina 4.593.200 0,004 0,684

Chile 2.500.768 0,052 0,242

China 151.536.700 0,020 0,168

México 20.224.772 0,003 0,552

Turquia 9.031.638 0,004 0,418

9.7 Anexo II – Metodologia para a distribuição demográfica de telecentros

NesteAnexo,édescritadetalhadamenteametodologiaparaquantificaraexpansãodetelecentros na fase inicial, e indicar um critério para a distribuição territorial das novasunidades,baseadoemumsistemadepontuaçãoquelevaemconsideração:

• otamanhodosmunicípios(prioridadeparamunicípiosmaispopulosos)

• acoberturadeBandaLarganosmunicípios,porfaixadepopulação(prioridadeparafaixasdemunicípioscommenorcobertura)

• asdiferençasregionaiscomrelaçãoàpenetraçãodeBandaLarganosdomicílios(prioridadeparaasregiõesdopaíscommenorpenetração)

Osquesitosacimaforamtraduzidosemtrêsíndices,quesãoapresentadosnaTabela29enaTabela30.AúltimacolunadaTabelaindica,paracadaregiãodopaís,umaquantidadedetelecentrosporfaixadepopulaçãodosmunicípiosqueprivilegiaconcomitantementeasregiões com menor penetração residencial e os municípios com menor cobertura de Banda Larga.Combasenaavaliaçãodosresultadosdessametodologia,deveráserformuladaa

175

segundafasedeexpansãodostelecentos,queelevaráototala100milnovostelecentrosatéofinalde2014.

Os indicadores e mecanismos de monitoramento para essa diretriz serão os mesmos utilizadosnoProjetoNacionaldeApoioaTelecentros,queserãoindicadospelaCoordenaçãoExecutivadoProjeto[90].

Tabela 29 - Critério de atribuição do índice municipal

MunicípiosatendidosporBL,porfaixadepopulação(a) Índicepop.(b) índicemunic.(c)

< 5 mil 41% 834 2,5 1,00

5 a 10 mil 41% 876 7,5 2,29

10 a 20 mil 40% 1003 15 4,23

20 a 50 mil 40% 894 35 9,39

50 a 100 mil 66% 295 75 19,55

100 a 500 mil 93% 224 300 77,43

> 500 mil 100% 32 1000 257,95

a. Fonte:Elaboraçãoprópria,apartirdedadosdaTelebrasil.b. Índice diretamente proporcional ao tamanho dosmunicípios, considerando-se a quantidade central de

habitantesdointervalodecadafaixadepopulação.c. Médiaaritméticaponderadaentreoíndiceanteriorea%demunicípiosnãoatendidosporBandaLarga.

176

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a.b.Índiceinversam

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icílioseUsuários,2009).

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sd.Fonte:IB

GE(2008)

e.Quantidadedenovostelecentrosnafaseinicial,porregiãoeporfaixadehabitantesdosmunicípios,incluindoos15miltelecentrosnovosjáprevistosaté2010.

f. Q

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t.g.Quantidadedetelecentrosporregião,som

ando-seaquantidadeatualcom

aexpansãoprevistaaté2011.

h.Fonteparaaquantidadedehabitantesporregião:IBGE(2007).

178

9.9 Anexo III – Acesso aos Serviços de Comunicações nos Domicílios Brasileiros

NesteAnexo,éapresentadaumavisãoesquemáticadoacessoaserviçosdetelecomuni-caçõesnosdomicíliosbrasileiros,segmentadosnosambientesurbanoeruralporclassede renda.

Figura 71 – Acesso a Serviços de Comunicações nos Domicílios Brasileiros

Fonte:ElaboraçãoprópriacombaseemdadosdoIBGE–PNAD2008.

179

9.11 Anexo IV – Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB)

Antecedentes

AConvençãosobreAviaçãoCivil InternacionaldeChicagomaterializouofórumnoqualse produziu o arcabouço legal que deu origem aOACI (Organização daAviação CivilInternacional).

Nesse fórum os países membros convencionaram que a responsabilidade pela prestação dos serviços gerenciamento, monitoramento e controle do tráfego aéreo civil, é deverinalienável de cada país nas áreas de sua soberania e responsabilidade.

Anteessecenário,oBrasiltornou-seresponsávelpelaprestaçãodessesserviçosemumadasmaioresextensõesdeespaçoaéreomundial,22milhõesdeKm²,denominadodeFIR(Flight Information Region)Brasil.ContemplaAméricadoSuleCaribe.(videFigura72).

20º

10º

00º

10º

20º

30º

40

50º

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30º 20º 10º 00º40º60º80º90º

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FIRASSUNPÇÃOFIRRESISTÊNCIA

FIRMONTEVIDEO

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FIRLA PAZ

FIRBOGOTÁ

FIRASSUNPÇÃOFIRRESISTÊNCIA

Figura 72 – Área de gerenciamento de tráfego aéreo sob responsabilidade do Brasil

180

Como signatário da OACI, o país tem o compromisso de seguir as recomendações ediretivasdaquelainstituição,dentreelas,adeefetuarogerenciamento,monitoramentoecontrole do tráfego aéreo civil a partir de sistemas de comunicações via satélite.

OSGBfoimotivadoporessanecessidadedopaísdefinirsoluçõesparaatendimentoàsaplicações deNavegaçãoAeronáutica como foco no gerenciamento de tráfegoaéreo,conhecidocomoCNS/ATM68.

Antearelevânciadainiciativa,em2004,interaçõesentreoMinistériodaDefesaeoMinistériodasComunicaçõesresultaramnadisponibilizaçãoderecursosdoFUNTTEL(10,8milhõesdereais),pararealizaçãodeestudodeviabilidadeeespecificaçõespreliminaresvisandomaterializaroSGB.

OsrecursosforamrepassadosviaFINEP,àFundaçãoCasimirodeAbreuMontenegroFilho(FCMF),quecontoucomaparticipaçãodasfundaçõesAtecheCPqD,sobacoordenaçãodoentãoCentroTécnicoAeroespacial,hojeComandoGeraldeTecnologiaAeroespacial(CTA)pararealizaçãodoestudo.

Durante os estudos restou identificado que tal qual a aplicação CNS/ATM, o paísapresentava outras demandas igualmente estratégicas para o Estado Brasileiro, quesomadas,sinalizavampontodeviabilidadeparaconcepçãodoSGBcomoumprogramadeEstado,comênfasenosseguinteseixos:

Estratégico e de Defesa

o Atender ao CNS/ATM e as comunicações aeronáuticas e da Marinha Mercante.

o Prover Comunicações Militares – SISCOMIIS.

o Prover Comunicações estratégicas do Governo Brasileiro (PR, SIPAM etc.).

o Suportar as políticas de Segurança Pública, Defesa Civil e ambiental.

o Aplicações meteorológicas – imageador - Os serviços de previsão meteorológica do Brasil são dependentes de imagens obtidas a partir de satélites estrangeiros que cobrem a região. A programação destes satélites é estabelecida conforme o interesse dos países detentores do seu controle, isto resulta em deficiência de informações necessárias para os serviços de previsão brasileiros.

Soberania

o Indução ao Desenvolvimento Tecnológico.

o Capacitação Tecnológica em Novas Áreas: oportunidade de absorção de tecno-logias nas áreas de telecomunicações, localização, navegação, sensoriamento

68 (Communication, Navigation, Surveillance/Air-Traffic Management-Comunicação,Navegação,Vigilância/Gerenciamen-todoTráfegoAéreo)

181

remoto, meteorologia, aeroespacial e comunicações móveis aeronáutica dentre outros.

o Cooperação Tecnológica Internacional: oportunidade de estabelecimento de um programa, capaz de alavancar o programa aeroespacial brasileiro, em especial a consolidação da capacidade de lançamento de foguetes a partir do Brasil.

o Exportação de Serviços: sistemas e serviços de valor agregado desenvolvidos a partir do SGB poderão ser exportados para outros países.

Indução à Integração Regional

o Integração Regional - O SGB viabiliza a oferta de serviços satelitais estratégicos às nações da América do Sul e Caribe (CAR/SAM). Este alcance do programa favorece a Integração Regional, colocando em destaque a posição brasileira no que se refere a serviços via satélite em geral e à Gerência de Tráfego Aéreo e navegação marítima.

Indução ao Desenvolvimento Social

o Provimento de infraestrutura para o Desenvolvimento Social: fornecer infraes-trutura de telecomunicações que viabilize projetos de inclusão e disseminação da TICs em regiões remotas e de fronteiras, contemplando os segmentos de saúde, educação, agricultura, pesca, reforma agrária, meio-ambiente, serviços públicos, etc.

Ocupação de Posição Orbital no arco de interesse do Brasil

o As posições orbitais para os satélites, com suas respectivas coberturas e frequências de operação, constituem bem escasso de natureza estratégica, elemento de cobiça muito bem resguardado pelos detentores de uso.

o Vários países do continente sul americano já ocupam posições orbitais com satélites de governo, a exemplo da Argentina e Venezuela.

o A Figura 73 apresenta a ocupação do arco orbital, área de localização de satélites geoestacionários no espaço, demonstrando que a faixa que permite cobertura à área de interesse do Brasil já apresenta alta taxa de ocupação.

182

Figura 73 – Ocupação do arco orbital – Fonte GVF Fórum

o Como resultado, foram identificadas, por exemplo, demandas advindas do Ministério da Defesa (MD), que necessita de comunicações militares na banda X do espectro eletromagnético, atualmente disponibilizadas pelos satélites da operadora Star One, e demandas das instituições brasileiras da área de meteorologia. O resultado do estudo foi a especificação de três satélites.

o Para o Brasil consolidar tanto a sua posição no continente, quanto consolidar sua estratégia de defesa nacional, é imprescindível a ocupação do arco orbital com satélites de governo, em posições que permitam cobertura da área de inte-resse do Brasil. As Figuras abaixo demonstram imagens do continente brasileiro a partir de posições orbitais ainda disponíveis no arco orbital.

80° W 48° W 10° W

Figura 74 – Posições Orbitais sobre o Território Brasileiro

183

Abrangência do Programa – Escopo Técnico

OProgramaSGBcompreende:

o Segmento espacial incluindo:

o Plataforma de Satélites

o Cargas úteis

o Segmento Terrestre

o CentrodeGerenciadeSatélites

o CentrodeGerenciadeComunicações

o CentrodeGerenciadeMeteorologia

o ServiçodeLançamentoeOperacionalizaçãodeSistemasSatelitais

Síntese do Estudo Realizado com Recursos do Funttel (Atech e CPqD)

1-Identificaçãodedemandaspotenciais

Oestudoidentificoudemandapotencialemtrêsgruposassimclassificados:

o Demanda Civil

o Comunicações estratégicas

o Apoio a programas de inclusão e universalização das TICs em regiões remotasedefronteira,nasáreasdee-gov,saúde,educaçãoeoutros.

o Demanda da Defesa

o MinistériodaDefesa,paraaplicaçõesSISCOMISnasbandasCeX

o ComandodaMarinha,paraaplicaçõesnasbandasC,KueX

o ComandodoExército,paraaplicaçõesnasbandasC,X

o ComandodaAeronáutica,paraaplicaçõesCNS/ATM,SISCEAB,SIPAMeoutrasnasbandasCeL.

o Aplicações meteorológicas.

o Previsão de tempo de curto e médio prazo

o Planejamento de safra agrícola

o Previsãoderecursoshídricos

184

o Planejamento de navegação aérea e marítima

o Planejamento e suporte a atividades de defesa civil.

Anteademandalevantada,oestudosinalizaoProgramaSGBcompostopor2satélites.Contempla também em seu escopo:

o Estimativa de benefícios, custos de aquisição, manutenção, operação emanutenção.

o Conclusão indicativa pela viabilidade técnica e econômica do SGB, com oProgramaestimadoemUS$600milhõesedemonstraçãodequeomesmosepaga ao longo dos 15 anos de sua vida útil.

o Demonstra que para dispor dos mesmos serviços contemplados no escopo doSGB,aolongode15anos,contratadosdesatélitesdeterceiros,oEstadobrasileiro desembolsaráUS$1050milhões, conformedemonstrado na tabelaabaixo:

Tabela 31 – Estimativa de Custos de Contratação de Serviços de Satélites

ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA CONTRATAÇÃO DOS MESMOS SERVIÇOS DE TERCEIROS EM 15 ANOS

CustoUS$

BandaL-Navegação 180milhões

BandaL–ComunicaçõesMóveisAeronáuticas 210milhões

BandaC/Ku,Imageador–Comunicaçõesestratégicas 520milhões

BandaX–ComunicaçõesMilitares 70milhões

Total 1050milhões

OProjetoSGBcontemplaousodeposiçõesorbitaisqueproporcionamplenacoberturadaáreadeinteressedoBrasil,conformefigurasaseguir:

185

COBERTURA BANDA C COBERTURA BANDA L

COBERTURA BANDA X COBERTURA BANDA Ku

COBERTURA DO IMAGEADOR METEOROLÓGICO

Figura 75 – Cobertura SGB

Estágio Atual do Programa

Conclusaaetapaobjetodoestudo,oMinistériodaDefesatransferiuaconduçãodoprojetoparaaAgênciaEspacialBrasileira–AEBumavezque,nafaseatual,oprogramamaterializa-secom todasascaracterísticasdeprogramaaeroespacial,adquirindocaracterísticadeprograma de telecomunicações somente quando o satélite estiver em órbita.

186

OprojetoestáemcursonaAEB,quenoexercíciode2009,reconstituiuogrupodetrabalhosobsuacoordenação,comparticipaçãodoMD,MC,MCTeMPOG.

Atualmente as atividades em curso são:

• Revisãodademanda(concluída).

• Contratação de estudo para avaliar a possibilidade de materializar o projeto via ParceriaPúblico-Privada–PPP(atividadeemcurso).

Etapas subsequentes:

• Definiçãodamodelagemdoprojeto.

• FormalizaçãodoprojetocomoProgramadeEstadoviadecreto,aexemplodoqueaconteceu com a TV Digital.

• Estudo e preparação de documentação para reserva de posição orbital.

• Elaboraçãodeespecificaçãotécnicafinal.

• Definiçãodamodelagemdeparticipaçãodaindústrianacional.

Quadro Resumo das Posições Orbitais Reservadas pela Anatel junto à União Internacional de Telecomunicações (UIT).

POSIÇÕES ORBITAIS COM RESERVA DA ANATEL JUNTO À UIT

Rede Posição Orbital Banda Validade até

B-SAT-1F 92º W Ku 28.03.2010

B-SAT-1E 87º W C e Ku 28.03.2010

B-SAT-1N 84º W Ku 21.10.2010

B-SAT-1G 80º W C e Ku 06.01.2011

B-SAT-1D / SISCOMIS-4

77,5º W C, Ku e X 31.01.2010

B-SAT-1W 48º W C, Ku e L 01.06.2013

B-SAT-1L 37º W Ku e Ka 07.01.2016

B-SAT-1O 10º W C, Ku e Ka 29.06.2014

187

Satélites Geostacionários Estrangeiros Autorizados a Operar no Brasil

Figura 76 – Satélites Geoestacionários Estrangeiros Autorizados a Operar no Brasil

Satélites Geoestacionários Autorizados a Operar no Brasil em Posição Orbital Notificada pela Anatel: Satélites Brasileiros

Figura 77 – Satélites Geoestacionários Brasileiros

Síntese: Missão do Programa SGB

Prover rede de comunicação segura para:

1 – Suporte às Comunicações Militares.

2 – Suporte à Navegação e Comunicações Aeronáuticas.

3 – Permitir a Criação da Infovia de Comunicações Estratégicas do Estado Brasileiro.

4–ContribuircomoRedeComplementarparaSuporteàsPolíticasPúblicasdeInclusão,Desenvolvimento Sustentável e Vigilância de Regiões Estratégicas do País.

5 – Assegurar a Soberania do Estado Brasileiro.

6 – Capacitar a Indústria Aeroespacial Brasileira.

29 Satélites

188

10 Referências Bibliográficas

[1]. OCDE.BroadbandgrowthandpoliciesinOCDEcountries.2008.

[2]. CETIC.br,TICDomicílioseUsuários,2009.Disponívelem: http://www.cetic.br/usuarios/tic/2008/index.htm.

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UM PLANO NACIONAL PARA BANDA LARGA

SUMÁRIO EXECUTIVO