um passeio no tempo - copacabana

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UM PASSEIO NO TEMPO – COPACABANA PÁGINA 1 UM PASSEIO NO TEMPO – COPACABANA Copacabana é, sem dúvida, uma das mais famosas praias do mundo e, ao longo de sua história, já teve sua beleza apresentada sob uma infinidade de pontos de vista, por incontáveis artistas. Essa histórica beleza pode ser contada também em imagens que nos levam a um agradável passeio no tempo, desde seus primórdios com o extenso areal, aos frenéticos dias de hoje, passando pelo bucólico balneário que no início do século XX, já encantava os viajantes. 1893 Chamada de Sacopenapan – o caminho batido pelos socós – pelos índios tupinambá que habitavam o Rio de Janeiro até o século XVI, a Copacabana original era uma vasta planície arenosa com vegetação típica de restinga. Ocupada apenas por pescadores, além de algumas poucas fazendas de subsistência, a região manteve seu aspecto original praticamente inalterado até o fim do século XIX. Durante quase todo esse tempo, a ladeira do Leme permaneceu como o único acesso terrestre à região. Nos anos 1850, foi aberta a ladeira do Barroso, atual ladeira dos Tabajaras, facilitando um pouco mais o contato com o bairro de Botafogo e o restante da cidade. Mas quem se dispunha a enfrentar a dificuldade do acesso, acabava premiado por uma visão de deslumbrante beleza. No começo do século XVII, os pescadores ergueram uma pequenina igreja no promontório de pedra do atual Forte de Copacabana. Anos mais tarde, uma cópia da imagem da Virgem de Copacabana, trazida das margens do lago Titicaca, na Bolívia, por mercadores de prata, foi entronizada ali. O nome é de origem andina: “copac” significa azul e “cahuana” mirante, depois em espanhol, Copacabana. Não se conhece a data da fundação da igrejinha original, mas sabe-se que em 1732 ela se encontrava em ruínas. Ao que parece, anos mais tarde, o bispo D. Antonio do Desterro melhorou a antiga construção. Em 1858, foi novamente reformada e

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Para mais informações sobre o mercado imobiliário visite: http://allanfraga.com.br Assista videos sobre o mercado imobiliário no http://bit.ly/OsCorretores Este documento não é de minha autoria e foi baixado de http://portalgeo.rio.rj.gov.br/ Mais informações sobre este documento: Adaptação do texto original constante na publicação “Copacabana 1893 a 2007 – Um passeio no tempo” - Instituto de Planejamento Municipal – 1ª edição – 2007 Ilustrações: Carlos Gustavo Nunes Pereira - Guta Pesquisa e texto: Neide Nunes, Daniella Villalta, Cécil Ruttiman e Carlos Gustavo Nunes Pereira (Guta) - Colaboração na Produção das Imagens: Pedro van Erven Revisão e adaptação: Natércia Rossi A publicação "Copacabana 1893 a 2007 - Um passeio no tempo" está à venda na livraria do Instituto Pereira Passos - Rua Gago Coutinho, nº 52 - Laranjeiras - Rio de Janeiro – tel 2976-6593 e-mail: [email protected]

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UM PASSEIO NO TEMPO – COPACABANA Copacabana é, sem dúvida, uma das mais famosas praias do mundo e, ao longo de sua história, já teve sua beleza apresentada sob uma infinidade de pontos de vista, por incontáveis artistas.

Essa histórica beleza pode ser contada também em imagens que nos levam a um agradável passeio no tempo, desde seus primórdios com o extenso areal, aos frenéticos dias de hoje, passando pelo bucólico balneário que no início do século XX, já encantava os viajantes.

1893

Chamada de Sacopenapan – o caminho batido pelos socós – pelos índios tupinambá que habitavam o Rio de Janeiro até o século XVI, a Copacabana original era uma vasta planície arenosa com vegetação típica de restinga. Ocupada apenas por pescadores, além de algumas poucas fazendas de subsistência, a região manteve seu aspecto original praticamente inalterado até o fim do século XIX. Durante quase todo esse tempo, a ladeira do Leme permaneceu como o único acesso terrestre à região. Nos anos 1850, foi aberta a ladeira do Barroso, atual ladeira dos Tabajaras, facilitando um pouco mais o contato com o bairro de Botafogo e o restante da cidade. Mas quem se dispunha a enfrentar a dificuldade do acesso, acabava premiado por uma visão de deslumbrante beleza. No começo do século XVII, os pescadores ergueram uma pequenina igreja no promontório de pedra do atual Forte de Copacabana. Anos mais tarde, uma cópia da imagem da Virgem de Copacabana, trazida das margens do lago Titicaca, na Bolívia, por mercadores de prata, foi entronizada ali. O nome é de origem andina: “copac” significa azul e “cahuana” mirante, depois em espanhol, Copacabana. Não se conhece a data da fundação da igrejinha original, mas sabe-se que em 1732 ela se encontrava em ruínas. Ao que parece, anos mais tarde, o bispo D. Antonio do Desterro melhorou a antiga construção. Em 1858, foi novamente reformada e

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ampliada. A igreja que daria nome ao bairro desapareceu definitivamente em 1919 com a conclusão das obras do Forte de Copacabana. Uma das trilhas primitivas utilizadas pelos romeiros que buscavam a igrejinha era chamada de “caminho que vai para N. S. de Copacabana”, dando nome à atual avenida. No meio da praia, em pleno descampado, havia o conjunto das pedras do Inhangá – três pequenos morros de granito, que praticamente dividiam o bairro em dois, Copacabana, ao sul, e Leme ao norte. Uma delas desapareceu completamente, dando lugar à pérgula do Copacabana Palace e as outras duas, já bem reduzidas, estão hoje ocultadas pelos prédios.

1927

A partir de 1892, a abertura do Túnel Velho e a inauguração da primeira linha de bondes, finalmente, tornaram possível a ocupação do bairro. Naquela época, a sociedade carioca passava por grandes transformações, estabelecendo novos padrões de comportamento. Copacabana, como o primeiro bairro oceânico da cidade, representou, como nenhum outro, algumas dessas mudanças. A introdução dos banhos de mar trouxe um novo conceito de vida saudável, uma nova atitude social. Apesar da imposição inicial de horários rígidos para os banhos de sol, estabelecidos pela municipalidade – em defesa do decoro – o novo hábito se firmou. O processo de ocupação do bairro foi tão rápido que, em 1905, já havia cerca de seiscentas casas construídas e aproximadamente vinte mil moradores, que se valiam de uma rede de comércio e de serviços essenciais bem estabelecida. A abertura do Túnel do Leme, ou Túnel Novo em 1906, acabaria por fortalecer a integração do bairro com o restante da cidade, diminuindo, e muito, seu isolamento geográfico. A antecessora da Avenida Atlântica, construída entre 1904 e 1906, era apenas uma rua de serviço, com seis metros de largura. Quatro anos depois, alargada para doze metros, a famosa avenida nasceria de fato, para dar vazão ao crescente e inesperado movimento de automóveis e banhistas. Em 1919, ganhou um canteiro central com

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belos postes de iluminação em estilo art-nouveau. Desde o começo, a calçada contou com os famosos mosaicos de pedras portuguesas em forma de ondas, que acabaram por se tornar o símbolo do bairro. Copacabana representava a modernidade, atraindo uma nova elite sócio-cultural e se firmando como a principal referência turística do país. A inauguração do Copacabana Palace, em 1923, como a de outros hotéis, viria confirmar essa grande vocação. Na década de 1930, a malha urbana do bairro já estava praticamente definida, inclusive as principais av. Nossa Senhora de Copacabana e a rua Barata Ribeiro, que nos primeiros anos tiveram canteiro central.

1956

Nos anos 1930 e 40, com os cassinos Atlântico e Copacabana Palace, a noite do bairro era puro glamour, contando sempre com a presença de representantes do jet-set internacional. Com o fim dos cassinos em 1946, os salões do Copacabana Palace mantiveram seu atrativo com grandes shows musicais e luxuosos bailes de carnaval. Nos anos 1950, como um bairro boêmio, abrigava, por exemplo, o beco das Garrafas, na rua Duvivier entre as avenidas N. S. de Copacabana e Atlântica, que concentrava algumas boites e inferninhos: o Ma Griffe, o Bottles – onde nasceu a bossa-nova, o Little Club, com seus pequenos shows de variedades e também o Baccará que lançou grandes nomes da música popular brasileira. Havia também muitas salas de cinema, de saudosa memória, dentre as quais, o Ryan, em frente à praia, o Metro Copacabana, o Roxy – existente até hoje. A ocupação do bairro se acelerou fortemente a partir dos anos 1940. Novas regras de zoneamento permitiram a construção de centenas de prédios, com onze ou doze andares, colados uns aos outros, formando gigantescos paredões e fazendo desaparecer quase completamente as casas originais. O surgimento de edifícios repletos de apartamentos muito pequenos ou conjugados contribuiu para aumentar rapidamente a população, que logo chegaria perto de 200 mil habitantes. O vigoroso

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comércio e a imensa rede de serviços tornaram o bairro praticamente independente dos outros, quase uma cidade dentro da cidade. O grande movimento de veículos, agravado pela carência crônica de vagas para os automóveis, trouxe os primeiros congestionamentos de trânsito. Apesar dos problemas do bairro, que crescia desordenadamente, não havia programa mais atraente do que tomar um banho de mar em Copacabana. Aos domingos, suas areias, finas e brancas, desapareciam sob um mar de barracas multicoloridas e uma multidão de animados banhistas disputavam o menor espaço vago.

2007

A fama do bairro não parava de crescer. A avenida Atlântica, que tinha mantido por todos esses anos sua largura original, precisava se expandir, pois não comportava mais tanto movimento. No início dos anos 1970, ela foi alargada e duplicada. Ganhou espaçosos calçadões com desenhos em pedra portuguesa assinados pelo arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx. Como não podia deixar de ser, as tradicionais ondas foram mantidas na calçada junto à praia. Árvores e coqueiros, ausentes anteriormente, passaram a se integrar com a paisagem. Em 1991, com o Projeto Rio Orla, o estacionamento junto à calçada da praia foi retirado, dando lugar a uma ciclovia, como também foram introduzidos quiosques padronizados – substituídos, a partir de 2006, por modelos mais modernos, envidraçados e com melhor infra-estrutura para os banhistas.

As areias da praia costumam sediar mega-shows musicais, além de campeonatos mundiais em grandes arenas esportivas provisórias. A partir de 1970, o bairro passou a ser o palco da maior festa de reveillon da cidade, com uma queima de fogos, apoteótica, de fama internacional que atrai um público de aproximadamente dois milhões de pessoas todos os anos.

Em muitos sentidos, Copacabana é única. A forma como se desenvolveu, reflete bem as profundas transformações da cidade durante o século XX. Aquela remota e

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selvagem Sacopenapan, preservada pelo próprio isolamento natural, resistiu bastante tempo ao imperativo da civilização que a cercava. Com a abertura dos túneis, sua beleza e exuberância foram plenamente reveladas, abrindo-se um novo tempo para o Rio de Janeiro. A virtude atual dessa Copacabana superlativa é conseguir conviver com tantas contradições e, assim, a vida intensamente urbana e cosmopolita acaba, invariavelmente, por se render ao doce balanço do mar.

Saiba mais

Adaptação do texto original constante na publicação “Copacabana 1893 a 2007 – Um passeio no tempo” - Instituto de Planejamento Municipal – 1ª edição – 2007 Ilustrações: Carlos Gustavo Nunes Pereira - Guta Pesquisa e texto: Neide Nunes, Daniella Villalta, Cécil Ruttiman e Carlos Gustavo Nunes Pereira (Guta) - Colaboração na Produção das Imagens: Pedro van Erven Revisão e adaptação: Natércia Rossi A publicação "Copacabana 1893 a 2007 - Um passeio no tempo" está à venda na livraria do Instituto Pereira Passos - Rua Gago Coutinho, nº 52 - Laranjeiras - Rio de Janeiro – tel 2976-6593 e-mail: [email protected]