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UM OLHAR SOBRE O ORDENAMENTO TERRITORIAL E SUA

INFLUÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

JOSUÉ LUCAS DE SOUZA MARQUES 1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS- UNIMONTES

[email protected]

Resumo

Com as diversas transformações sofridas pelo espaço ao longo do tempo, o conceito de

ordenamento territorial passou a ser questionado e desconstruído pelas novas mudanças

ocorridas no mundo. De fato, o sentido literal foi modificado pelas influências trazidas

pelos novos movimentos, como, por exemplo, a globalização, a difusão das tecnologias

de informação e a hegemonia do capitalismo financeiro. A princípio, o processo de

globalização caracterizou-se como algo positivo, pois acarretou a integração do espaço

geográfico. Contudo, a possibilidade de definição do ordenamento territorial tornou-se

algo complexo. Além disso, é plausível considerar as desigualdades, as segregações e as

outras questões decorrentes da fragmentação dos territórios. Este estudo apresenta uma

análise dos artigos e das doutrinas acerca do ordenamento territorial, sua caracterização

e contextualização, utilizando como metodologia a revisão de literatura.

Palavras Chave: Ordenamento territorial. Globalização. Fragmentação.

Introdução

O presente artigo possui o intuito de apresentar o ordenamento territorial no

contexto social e contemporâneo. A princípio, apresentará aspectos conceituais acerca

do tema discutido e posteriormente, serão apresentados processos históricos que

influenciaram a transformação do conceito limitado de ordenamento territorial.

Além disso, apresenta a influência da globalização na vida dos indivíduos em

meio aos avanços tecnológicos e econômicos, os danos causados ao meio ambiente, o

redirecionamento de funções do Estado e a difícil definição do ordenamento territorial

devido às mudanças sociais e à fragmentação dos territórios.

1 Trabalho de Conclusão de Curso de disciplina isolada do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social

da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.

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A pesquisa também expõe as novas territorialidades e os diferentes tipos de

fragmentação. Mais do que isso, ressalta as consequências negativas que afetam uma

massa significativa da população mundial desprivilegiada pela globalização. A

finalidade do estudo está baseada em identificar as dinâmicas que tornam complexa a

definição de ordenamento territorial em um meio social marcado pelas fragmentações.

Em conclusão, através da revisão da literatura, foi realizado um levantamento

em diversos aspectos do ordenamento territorial. O uso de dados, informações e

materiais selecionados, somadas às considerações de especialistas na área, constituem

como fatores essenciais para a discussão e reflexão dos resultados e conclusões do

trabalho.

Desenvolvimento

Sabe-se que a definição de ordenamento territorial surge a partir dos

pressupostos de ordem e território. Nesse sentido, Haesbaert (2006) define que a ordem

é acompanhada de seu par indissociável, a desordem, enquanto o território, não se

relaciona apenas à fixidez e à estabilidade, mas também ao movimento e suas diferentes

formas. Em meio a estas definições, surgiram processos fundamentais que geraram

novas visões de espaço e tempo.

Indubitavelmente, a globalização foi primordial para as mudanças sociais, como

também para a fragmentação dos territórios, uma vez que o efeito globalizante assumiu

uma proporção geral que passou a intermediar as relações humanas por meio do

capitalismo exagerado, avanços tecnológicos, mobilidade crescente de capital e pelas

inúmeras relações de consumo.

De fato, todo o processo inovador ocorrido trouxe projeção gigantesca ao ponto

de mudar a vida dos indivíduos, alterando sua visão de mundo, suas ações, suas relações

interpessoais e profissionais. O capitalismo incutiu nos cidadãos o espírito de

independência em relação aos outros, já que a partir desse momento a busca da

satisfação tornou-se individual sem levar em consideração as necessidades da

coletividade, e a internacionalização possibilitou a tais indivíduos o acesso a

mecanismos que o tornaram um ser global capaz de ter acesso às inovações mundiais no

próprio espaço em que está inserido.

Em suas visões claras sobre globalização, Haesbaert e Limonad (2007, p. 40)

contextualizam que:

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O termo globalização, nascido no discurso jornalístico de teor econômico,

tornou-se a palavra da moda, e passou a ser utilizado de modo generalizado

no discurso teórico de diversos campos do conhecimento. Pode-se dizer, com

alguma ironia, que o que mais se globalizou foi a adoção deste termo para

indicar a disseminação em escala planetária de processos gerais concernentes

às relações de trabalho, difusão de informações e uniformização cultural.

Ao mesmo tempo em que o mundo estava sendo contagiado por essa expansão

que ultrapassava todas as fronteiras e gerava a interação entre os povos, que rompia

todas as distâncias e noções de lugar, o ordenamento territorial também seguiu os

mesmos rumos de maneira que passou a se pautar pelas abordagens micro ou setoriais

dos espaços geográficos. Dessa forma, tornou-se inegável reconhecer o caráter

fragmentador da globalização.

Ainda sobre o aspecto histórico da globalização, Haesbaert e Limonad (2007, p.

40) entendem que:

A ideia de globalização, no fim do século XX, remete de imediato a uma

imagem de homogeneização sócio-cultural, econômica e espacial.

Homogeneização esta que tenderia a uma dissolução das identidades locais,

tanto econômicas quanto culturais, em uma única lógica, e que culminaria em

um espaço global despersonalizado.

Ao passo que a homogeneização parecia presente, as diversas identidades foram

colocadas em segundo plano, interferindo também no conceito de território, pois aos

poucos foi perdendo a sua concepção de ambiente de relações humanas de determinados

indivíduos em uma área geográfica, como também a noção de que o território constitui

o homem imprimindo-lhe valores, sentimentos e uma identidade em relação ao espaço

em que está inserido. Pensando nesta definição, Saquet (2013, p.173) faz a seguinte

relação:

O território é resultado e condição da reprodução da relação social-natural.

Há, no território, a multidimensionalidade do homem, que é natureza e

sociedade ao mesmo tempo. O social contém a natureza homem e sua

natureza exterior. Nós, homens (e mulheres), somos, estamos e reproduzimos

natureza e sociedade, simultaneamente. Produzimos o(s) territórios(s) e

territorialidade(s).

Em sua obra, Haesbaert (2001, p.31) indaga tal conceito:

Se território pode se definido, grosso modo, como um espaço de domínio

político e apropriação simbólica (...), ou seja, um espaço com acesso

relativamente controlado (subjetiva e objetivamente), podemos discutir a

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desterritorialização pelo menos sob dois pontos de vista: um, mais concreto,

de natureza política (salta aos olhos a relativa desterritorialização provocada

hoje pela globalização econômica em relação às fronteiras dos Estados-

nações); e outro, mais simbólico, de natureza cultural (como ocorre com o

desenraizamento daqueles cuja cultura foi arrasada pelos valores da

sociedade de consumo capitalista).

Em seus parecer, Carlos (2007, p.3) aponta que:

A globalização e a fragmentação dão-se no plano do indivíduo, tanto quanto

no espaço. Na sociedade essa fragmentação dá-se através da dissolução de

relações sociais que ligavam os homens entre si, na vida familiar e social bem

como na sua relação com novos objetos, dentre eles a TV, que banaliza tudo,

da religião à política, através de seu poder hipnótico extraordinário que

consegue transformar a guerra num aparato cênico (como aquele que vimos

na “Guerra do Golfo”). A segmentação da atividade do homem massacrado

pelo processo de homogeneização, onde as pessoas pasteurizadas tornam-se

idênticas’’, presas ao universo do cotidiano, submissas ao consumo e à troca,

capturadas pela mídia, encontram-se diante do efêmero e do repetitivo como

condição da reprodução.

Além dos efeitos já mencionados, não se pode omitir que a globalização e a

fragmentação também trouxeram significativos efeitos negativos a uma grande parcela

da população mundial. Ratificando tal ideia, Pérez Lindo (2000, p.70) enfatiza que:

O crescimento econômico e a expansão científico- tecnológica constituem

dois aspectos entrelaçados e positivos do processo histórico em curso. Quais

são os limites deste crescimento? Por um lado, temos o esgotamento dos

recursos naturais e a degradação do meio ambiente. De outro, os

desequilíbrios sociais, que marginalizam uma grande parte da população

mundial e criam efeitos perversos, como miséria, exclusão social, violência

urbana.

Seguindo o mesmo raciocínio, Dupas (1999, p.56) também verifica que:

[...] a globalização e a inovação tecnológica reduzem a capacidade de

manobra dos Estados e dos sindicatos. A mobilidade do capital e a

possibilidade de deslocar segmentos da cadeia produtiva para outras regiões

desestabilizam a estrutura de salários, deslocando a concorrência para fora da

esfera nacional. Como consequência de todos esses fatores, a disparidade de

renda está crescendo; e a pobreza, o desemprego e o subemprego estão

engrossando a exclusão social.

Nessa perspectiva, a globalização não acarretou somente o crescimento

econômico e tecnológico, mas também aumentou ainda mais as disparidades sociais já

existentes, pois a concentração de renda não se estendia a todos, mas apenas a uma parte

de indivíduos privilegiados pela internacionalização do mercado, ao passo que uma

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grande massa populacional em todo o planeta foi excluída, sofrendo as consequências

da marginalização e do desenvolvimento desigual.

O meio ambiente também foi atingido substancialmente, porque a sua função

ecológica foi redirecionada para os interesses globais, desconsiderando a extinção de

diversas espécies animais e vegetais, gerando um dano irreversível à biodiversidade

natural planetária.

O Estado, por sua vez, deixou de exercer sua proteção em relação aos anseios

sociais, descentralizando sua legitimidade assistencial e permitindo que novas relações

de poder assumissem papel relevante nos Estados nacionais. Com relação às novas

funções do Estado globalizado, Santos, Souza e Silveira (2002, p.300) explicam que:

O Estado, com efeito, perdeu ou reduziu os seus papéis em matéria de

produção, política social, regulação econômica e ordenamento territorial.

Paralelamente, incrementou sua significação como responsável pela

penetração e gestão tecnológica, criação de novas e melhores condições para

a captação de investimentos estrangeiros, desenvolvimento de

competitividade externa, mistificador da “modernização”, “integração”,

“reconversão” e outros tantos fetiches ideológicos para justificar o processo

de ajuste neoliberal.

O ordenamento territorial assume um conceito cada vez mais relativo e

complexo, pois passa a ser norteado pela desordem causada pelos fenômenos sociais e

pelo processo de mundialização da sociedade, tornando ainda mais recorrente a

fragmentação no espaço, no tempo e na vida do homem. Sobre esta fragmentação,

Carlos (2007, p.37) confirma que:

[...] a produção do espaço deve ser entendida sob uma dupla perspectiva, ao

mesmo tempo que se processa um movimento que constitui o processo de

mundialização da sociedade urbana produzindo, como decorrência, um

processo de homogeneização do espaço, produz-se e acentua-se o processo

de fragmentação tanto do espaço quanto do indivíduo.

Com a fragmentação dos territórios também surgiram os conceitos de

territorialização e desterritorialização. A territorialização pressupõe um poder

determinado, seja por um indivíduo ou um grupo social, como uma forma de delimitar

um território. A desterritorialização, por sua vez, configura a perda dos limites

territoriais criados historicamente, e que também ocorre no desenraizamento das

relações territoriais.

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Criticando as novas territorialidades, Santos, Souza e Silveira (2002, p.271)

verificam que:

Os territórios contemporâneos têm diferentes inserções na globalidade que é

historicamente fragmentada. O mundo – a globalidade – se apresenta e se

mostra aparentemente como caótico, o que gera a sensação do estado de

fluidez, temporalidade e futilidade, justamente pelo desencontro entre a ideia

(de globalidade) e a vivência angustiante da fragmentação.

Atualmente, ordenar o território fragmentado se torna uma tarefa cada vez mais

difícil devido ao surgimento desordenado de novos territórios a partir do interesse, da

necessidade e das relações estabelecidas em determinado espaço. Capel (2016, p.15),

justificando tal entendimento defende que:

As intensificações dos movimentos migratórios, da circulação de capitais e

de mercadorias contribuíram para levar a preocupação entre a relação do

global e o local. A pressão exploradora sobre territórios ricos em recursos

biodiversos, a de caráter turístico que se exerce sobre territórios com riqueza

patrimonial, a influência dos esquemas culturais exteriores sobre os locais, a

incidência de políticas neoliberais, os processos de descentralização e as

mudanças nas estruturas estatais, tudo isso levou a novas perspectivas na

concepção dos territórios.

Dentre as novas formas de territórios podem ser encontrados territórios-rede,

territórios-zonas e territórios-áreas, que são constituídos geometricamente por critérios

subjetivos. Tais moldes territoriais são objeto da ação humana e do interesse de

dominação social existentes.

A importância dos fluxos e das redes é fator relevante na tentativa de

entendimento dos territórios. Por mais que a definição de rede seja distinta de território,

existe uma subordinação entre estes dois elementos, já que a rede influencia

internamente ou externamente a formação do território. Em suas percepções, Santos e

Becker (2011, p. 27) afirmam que:

Seja como elemento separado do território e que o domina, seja como seu

constituinte que adquire novo peso, a rede se coloca como um referencial

teórico fundamental neste debate. Ela é o veículo por excelência da maior

fluidez que atinge o espaço e, no nosso ponto de vista, o componente mais

importante da territorialidade contemporânea.

Diante de tantas configurações territoriais, o ordenamento territorial foi

relativizado e as delimitações de fronteiras tradicionais estabelecidas pela Geografia não

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são definitivas em relação às novas territorialidades. Analisando esta assertiva,

Haesbaert (2001, p. 32) estabelece o seguinte entendimento:

A geografia da globalização/fragmentação seria moldada pela articulação,

complexa e contraditória, entre essas múltiplas lógicas. Para complexificar

ainda mais, percebemos que nem só de “lógicas” (concomitantemente em

área e em rede) se constitui o espaço contemporâneo. O espaço

profundamente instável dos excluídos, pelo menos daqueles efetivamente à

margem dos processos de globalização e da “ordem” do binômio

território/rede, é marcado muito mais pela insegurança, pela “desordem” e

por uma “ilógica” ou um “irracionalismo” que não permitem mapeamentos

tradicionais, ao estilo daqueles proporcionados por superfícies, pontos e

linhas.

A fragmentação pode ser inclusiva ou integradora, sendo aquela que está de

acordo com o modelo de globalização e contribui para a sua realização. Já a

fragmentação excludente ou desintegradora, apesar de também ser fruto da

globalização, demonstra as mazelas decorrentes de tal processo, como, por exemplo, o

desemprego significativo e o abandono de determinadas áreas em detrimento de outras.

Nesse sentido, a exclusão deu origem à formação de favelas e zonas periféricas nos

centros urbanos, e como consequência do abandono dessas áreas, as populações ali

residentes foram excluídas e sujeitas a condições desumanas e a todos os malefícios de

um desenvolvimento desprivilegiador.

Ordenar o território não é mais definir pelo parâmetro espacial, mas levar em

consideração os usos específicos e diferenciados que determinado território possui,

como também a sua importância natural, sustentável e econômica. A partir dessa

análise, surgiu a Política Nacional de Ordenamento Territorial (PNOT), baseada na

Carta Europeia de Ordenação do Território e que visa ao desenvolvimento

socioeconômico organizado, à melhoria da qualidade de vida, a utilização racional dos

recursos naturais e a gestão responsável do território.

Em sua obra, o Ministério da Integração Nacional (2005, p.56) discute que:

[...] ordenar o território na atual conjuntura, requer, como pressuposto,

diversificar o foco e as escalas de análise, identificar a forma como os

macrovetores se capilarizam nos infindáveis circuitos espaciais, conceber

essa complexidade como associada à acelerada e recente urbanização e à

mudança da base técnica produtiva do país, destacando como as forças

motrizes que têm impulsionado a especialização/diferenciação dos lugares.

Com isso, obter uma síntese aproximada do novo mosaico socioespacial e

regional do país, redesenhar as regiões, ressaltar os novos eixos e a nova

logística territorial nacional e, ao cabo, refazer a sua representação

cartográfica, uma condição técnica e operacional indispensável para os

passos subsequentes.

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Os processos territoriais devem ser respeitados e compreendidos como algo

cotidiano, pois estão marcados pelo movimento e pela autonomia das relações entre os

sujeitos e os lugares. Em sua linha de pensamento, Saquet (2013, p. 176-177) expressa:

À medida que se reproduz o território, é importante se reproduzir a

identidade e as redes e, reorientar, se necessário, as relações de poder e os

processos de desenvolvimento, nos quais há centralidade das territorialidades

e das temporalidades cotidianas. Há des-continuidades na relação tempo-

espaço-território, na qual a mudança social se dá com a mudança territorial e

vice-versa: nada se faz, muda, permanece ou se pensa sem se articular,

identificar e se concretizar na e com a territorialidade cotidiana.

É certo que o espaço geográfico é modelado por dinâmicas econômicas,

culturais, políticas, dentre outras, que tornam difícil a construção de um ordenamento

territorial igualitário que atenda às necessidades gerais. Todavia, é de significante

importância pensar e buscar um reordenamento que amenize as desigualdades sócio-

espaciais, que possibilite um nível democrático adequado e acessível, que valorize o

multiculturalismo e as diversas territorialidades.

Considerações Finais

De modo geral, o ordenamento territorial deve reconhecer os diferentes

indivíduos e seus interesses na mesma proporção em que desenvolve a autonomia das

novas territorialidades. Por mais que o espaço seja reflexo das diversas dinâmicas e das

fragmentações, o indivíduo precisa ser considerado em primeiro plano. O ordenamento

territorial, por sua vez, em meio a sua definição complexa, deve ser compreendido como

algo presente no mundo contemporâneo e resultado das novas tendências globais.

Referências

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