um olhar sobre abril

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Page 1: Um olhar sobre Abril

Um trabalho realizado por: Marco Bento nº 10

12º A

Um olhar sobre Abril Cara e Coroa

Duas testemun

has Dois

Mundos

adversos

Um mediad

or

Page 2: Um olhar sobre Abril

Nesta oportunidade lírica de liberdade incondicional, irei expor duas opiniões de cariz adverso, no qual irão apresentar argumentos a favor e contra o movimento posto em causa. Para que todos os parâmetros sejam devidamente respeitados, colaborarei com a minha opinião para que numa fase terminal, se possa fornecer a este labor uma conclusão digna e concisa.

Introdução

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Para que o processo laboral tenha um prefácio condigno, é considerado de estonteante pertinência, apresentar uma base chave, para que a porta da familiarização seja aberta ao leitor relativamente ao tema proposto e trabalhado. Como tal, irei fornecer uma breve percepção espacial e temporal deste carismático movimento.

Posição espácio-temporal

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25 de Abril, ou por devota preferência, a revolução dos cravos (nome dado, pelo facto de ser detentor de uma forte natureza militar) protagonizou-se no ano de 1974 por inúmeras personalidades da sociedade, desde militares participantes das guerras coloniais a jovens universitários sedentos de revolta. Era uma época delicada, onde imperava uma robusta ditadura militar, ou seja, a censura era o timbre do brasão.

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Esta ditadura foi dada à luz em 1926, usando a calculadora para chagar ao resultado com precisão, o país estava sobre esta instauração à 48 anos, é uma “obra” trabalhosa e maçadora. O povo sentiu então, a necessidade de se libertar, no entanto, para uma curiosidade das curiosidades, a revolta ou revolução explodida não se traduziu em derrames sanguíneos, ao contrário do que qualquer um não entendido possa pensar, este movimento traduziu-se num golpe militar pacifico, onde os revolucionários substituíram as balas pelos cravos e o governo cedeu sobre uma precária agitação.

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Esta data não foi vivida da mesma forma por todos os elementos nacionais, a alegria não se repercutiu em todos os rostos, não coexistiu uma partilha igualitária de felicidade. Ao contrário do presumível, houve quem tenha sofrido imenso com esta mudança, no qual eu lhe daria o nome de radical. Durante o regime ditatorial, o nosso querido Portugal, encontrava-se sobre a posse de colónias, situadas no continente africano. Colónias estas, que a partir de 1961 lutaram por aquilo que sentiam ser seu. O obvio é que Portugal de forma alguma cedeu a esta afronta, e com o choque de adversidades, subjugou-se a guerra do ultramar para uns e guerra da libertação para outros.

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Até aqui, o povo que estava instalado nestas terras africanas, que se idealizava serem suas, estava seguro. Esta segurança permaneceu durante treze anos, para maiores especificações, até ao ano de 1974, uma data já nos é familiar. No entanto, Com a mudança, a liberdade não se divulgou só a níveis do regime, pois foi dado às colónias a autonomia que elas tanto procuravam, e em perfeita sincronia, as tropas nacionais recuaram, ao que permitiram que a minoria branca infiltrada tivesse ficado despida por completo…

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O censurado ( realidade Interior/Portugal) -O despertar da felicidade e da

liberdade

O retornado (realidade exterior/África) -O inicio do fim/a desolação

Dupla Dimensão

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A PROVA VIVA

As personagens e as correspondentes histórias que se seguem são

absolutamente verídicas

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O senhor Pedro é a prova viva da realidade nacional, embora tenha passado por esta experiência com apenas dez tenros anos, pode hoje confirmar-nos de como era complicado viver em liberdade. Pedro relata-nos uma panóplia de regimentos e situações características do regime ditatorial presente.

O senhor Pedro começa por nos contar uma das experiências aventureiras de seu pai, um humilde bombeiro dos sapadores de Lisboa que sentia a fortíssima necessidade de se empregar noutro oficio, no qual lhe proporciona-se uma vida de condições mais nobres. Para tal, viu-se obrigado a passar a fronteira. Esta passagem deu-se para o território Espanhol, e foi elaborada de forma clandestina, Pedro dá lhe o nome de “a salto”,nesta altura não era fácil adquirir pretextos para efectuar travessias desta amplitude, o regime não o permitia, a situação era de extremo sufoco.

O censurado

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A aventura mostrou-se bem mais curta do que o desejado, as forças Espanholas deram pela intromissão e depressa tomaram medidas. O Pai de Pedro foi perseguido, no entanto foi hábil o suficiente para voltar ao país isento de males maiores. Não digo que esta seja uma prova exemplar de como era a vida nesta altura, no entanto, penso que dá para abordar de forma simplória as vivências dos nossos antepassados naquele regime, onde os negativismos parecem ser os personagens principais. Pedro tem memórias um pouco vagas do sucedido, no entanto tem em mente vários relatos de familiares.

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Como sabemos, a PIDE, a famosa policia politica nacional que defendia os interesses do regime, tinha por missão principal abater qualquer alvo que falasse ou pensasse em condições adversas ao ditado de Salazar. Pedro conta-nos uma intrigante passagem de uma familiar que trabalhava numa fábrica de máquinas de escrever, suspeitava-se que nesta fábrica os indivíduos possuíam ideologias de cariz antagónico, o que levou a PIDE a entrevir. A sua intervenção passou por capturar a cunhada de Pedro e tortura-la até à confissão. Os métodos de tortura eram simplesmente horripilantes, não havia direito ao sono, pois caso adormece-se, era de imediato refrescada com um balde de água fria. Para extrair informação, procediam através de um processo frio e sem escrúpulos alguns, onde os seus peitos eram queimados aos poucos e poucos com beatas de cigarros.

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Além destes exemplos, Pedro dá-nos a conhecer mais algumas realidades daquele tempo, como a necessidade de licença para se tornar portador de um simples isqueiro, o controlo exagerado que havia em relação às cartas enviadas por correio e as invasões a casas de famílias sérias, por parte da PIDE, à mínima desconfiança. Tudo isto teve um fim com um movimento militar a 25 de Abril de 1974, Pedro não percebeu a felicidade dos pais nesse dia, no entanto, anos mais tarde, deu-lhe o seu devido valor.

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A senhora Angelina é a prova viva do sucedido naquele areal moreno Angolano. Tudo começou a 18 de Junho de 1955, ela tinha apenas doze anos quando teve de partir com a mãe e a irmã ao encontro do pai. O pai da senhora Angelina já contava cinco anos de distância da sua terra natal.

A sua viagem foi totalmente legitima, apesar de ter sido feita a partir de uma carta de chamada, para quem não sabe, é uma espécie de passaporte, uma autorização de transição. Contaram-se no total onze dias de barco, onde enjoos peripécias fizeram parte da decoração. O transbordo foi feito em Luanda, onde se prosseguiu caminho até São Salvador do Congo, norte de Angola, foram cinco dias de desconforto, não havia transportes públicos, as estradas eram “picadas” e a única solução era apelar a boleia de camionistas. Angelina e a sua família permaneceram aqui durante um ano, Lucunga foi o próximo território de instalação. Era uma vida isolada, no entanto bem apetrechada, em sua posse contavam-se cem hectares de café. Em 1961 iniciou-se a guerra, ou como diz a senhora Angelina, o terrorismo. Com esta situação, a evacuação foi tida como obrigatória. Angelina e os demais perderam tudo o que tinham construído até então.

O retornado

Luanda

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Bungo

Retornaram para Luanda, onde permaneceram até 1962, arriscaram, com uma enorme teimosia, o norte, mais especificamente na vila do Bungo. Angelina conheceu, aqui, o seu futuro marido, um ex combatente do exército Português, no qual assistiu às crueldades da guerra. Depois do casamento, a prioridade girou em torno da construção de uma casa, no qual se contaram inúmeras dificuldades. A vida recompunha-se aos poucos, pois iam-se somando novas oportunidades de emancipação monetária, tudo caminha sobre o trilho da felicidade. No entanto, Angelina e o seu marido tiveram um enorme desgosto em 1964 com o nascimento de uma filha já morta, sem direito a destino algum.

A felicidade não se entregou de imediato, pois no ano de 1965 um novo embrião dava vida dentro de Angelina, embrião este que se desenvolveu e emergiu triunfalmente, com uma espontaneidade fora do comum.

Bungo

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Tudo estava bem, e parecia tender para acabar bem. Nem todas as histórias têm um final feliz, como em tudo, a variedade é indispensável. O marido de Angelina morreu na cama, ao seu lado, no ano de 1973, ela considerou-a uma morte santa, sem dor, no entanto era o seu coração que mais sofria e batia de solidão e dor. Angelina ficou só no mundo com uma filha entre mãos, a vida não dá tréguas para ninguém, há que ter sangue frio para que a lei da sobrevivência seja respeitada. O que a senhora Angelina não sabia era que o seu inferno tinha apenas cravado o seu prólogo. Na manha de 26 de Abril de 1974, Angelina recebe uma noticia de cariz terrorífico, tinha havido um golpe de estado, e as tropas nacionais tinham a sua missão cumprida, não havia mais propósito para permanecerem longe do seu Portugal. Angelina e a sua família encontravam-se assim nus, a situação estava encarada com um rosto de enorme feiura. A sobrevivência despida prolongou-se até 1975, ou seja, um ano de fuga, de luta pela vida que se sentiam no direito de defender. O regresso, não foi considerado uma vitória, pois estava tudo perdido, Angelina sentia-se pobre, depois de tantos anos de suor ver a sua vida no ponto de partida, um deja vu atormentador, no qual ela teve de aprender a lidar.

O desanimo de Angelina é ainda hoje observável, podemos afirmar isso só pelo constatar do seu rosto envelhecido, por cada ruga patente, cada mágoa de extremo sofrimento.

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Depois de tudo, penso estar apto o suficiente para dar o meu parecer critico. Sinto-me no centro de dois mundos, sinto-me pequenino e demasiado inexperiente para afirmar algo de verdadeiro e irrefutável.

O 25 de Abril foi algo necessário para trazer até Portugal a liberdade, até aqui nada podemos discordar, no entanto, a questão pode tornar-se bem mais complexa se a formularmos da seguinte forma: Será que era o que Portugal precisava? A resposta da maioria deu positiva pelo alarido elaborado na dita data, no entanto, hoje muitos não pensam da mesma forma e desejam regressar.

O mediador

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A par desta discussão, houve realmente decisões mal tomadas, a forma de descolonização foi muito mal pensada e elaborada, uma autêntica falta de respeito pelo povo que ainda lá estava inserido, e que assim ficara exposto ao vulcão revolucionário. Muitos desejam que o respeito volte, muitos ouço falar sobre a fartura da liberdade e o desejo eloquente do regresso da educação perdida. Serão loucos? Tanto suor pela reviravolta e agora isto?

Não mereço o direito de julgar, mas como mediador que sou e me sinto, posso certificar que o 25 de Abril foi necessário, a liberdade todos nós a merecemos, no entanto, as atitudes de egoísmo são imperdoáveis, se era liberdade que queriam, liberdade teriam de conquistar em comunhão, e não deixar ao abandono os seus compatriotas que tanto lutaram para construir algo que lhes mudasse o rumo do destino, ainda para mais, os denominam hoje como “os retornados” com entoação de superioridade.

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