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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Exatas e da Natureza Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais Sérgio de Lemos Campello Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de Polimerização Baseado em RMN Recife, PE 2007

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais

Sérgio de Lemos Campello

Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de

Polimerização Baseado em RMN

Recife, PE

2007

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais

Sérgio de Lemos Campello

Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de

Polimerização Baseado em RMN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Materiais como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência de Materiais.

Orientador: Prof. Ricardo Emmanuel de Souza (DF e PGMTR-UFPE)

Co-Orientador: Prof. Walter Mendes de Azevedo (DQF e PGMTR-UFPE)

Recife, PE

2007

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Campello, Sérgio de Lemos Um novo método para investigar cinéticas de polimerização baseado em RMN / Sérgio de Lemos Campello. - Recife : O autor, 2007. 117 folhas : il., fig., tab. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CCEN. Ciência de Materiais, 2007. Inclui bibliografia. 1. Ciência de materiais 2. Ressonância magnética nuclear. 3. Polímeros. 4. Cinética de polimerização. 5. Relaxação nuclear. I. Título. 620.11 CDD (22.ed.) FQ2007-0031

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Nenhuma voz poderá ser ouvida, nenhum coração pode ser visto; siga o divino e não haverá nada a perguntar aos deuses. Dokas – Poemas do Caminho Morihei Ueshiba, Fundador do Aikido

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Agradecimentos

A Deus, por me dar duas oportunidades de viver.

Aos meus pais, Gilson e Evani, e às minhas irmãs, Sonita e Soraya, pelo apoio em

todos os momentos de minha vida. É no amor e nos valores passados por eles que me sustento

e que tento trilhar meus caminhos. Cada passo e conquista, em qualquer área de minha vida, é

uma homenagem a estas pessoas que amo tanto.

A Michele, minha namorada, pelo amor nas horas boas e ruins, nos acertos e nos erros

e por mostrar como a vida pode ser divertida ao lado de alguém.

Aos professores Ricardo Emmanuel e Walter Azevedo, pela orientação, respeito,

paciência e principalmente pela amizade e confiança que se formaram ao longo deste

trabalho. Os valores e conhecimentos passados por eles neste período serão indispensáveis na

minha vida acadêmica e pessoal.

Aos meus amigos Allan (fala maluco!) e Reginaldo, pela força, lealdade,

companheirismo e maluquices que aprontamos juntos. Tenho estes como irmãos mais velhos

e a certeza de que a amizade formada será para o resto de nossas vidas.

Aos poucos, porém valiosos amigos que fiz na graduação, Priscila, Joacir, Gabriel,

Pietro, Eric, Dani, João, Tiago (in memorian), entre outros, por todos os momentos de

diversão, aprendizado e estresse que dividimos ao longo desses anos.

Aos amigos do laboratório, Rômulo, Douglas, César, Wellington e Eduardo. A esses

dois últimos, em especial, por dividir aprendizados e experiências não só acadêmicas, e sim

de vida.

Aos meus tios Loro e Dora, por me acolherem em sua casa como filho durante todos

esses anos. Cada vitória em minha vida profissional tem marcadas as mãos destes.

Aos técnicos do DF: João, Blênio, Clécio, Marcos, Evert, o pessoal da oficina

mecânica, Gustavo, André, Ary e Paula, pela ajuda e amizade ao longo de todos esses anos de

convivência. Aos técnicos do DQF: Ricardo, Érida, Conceição, “seu” Lúcio e Priscila, pela

experiência e amizade transmitidas durante os dias e trabalhos que fizemos juntos. Em

especial, gostaria de agradecer a Eliete (DQF) e a Virgínia (DF), este trabalho não estaria

completo se não fosse pela ajuda e paciência que ambas tiveram comigo durante esse período.

Ao meu cunhado Joaquim, por fazer minha irmã sorrir novamente e pela eterna ajuda

com os computadores.

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Aos amigos que trago ao longo de minha vida: Marcinha, Bruna, Áurea, Ariane,

Lauro, Beto, Mago e Lucilo, pelo incentivo, amizade e respeito demonstrados nas minhas

escolhas ao longo de todos estes anos.

Aos amigos do mestrado de Ciência de Materiais e de Física, pelos apoios mútuos que

oferecemos uns aos outros nesses longos momentos que passamos juntos.

A D. Ângela, pelos conselhos, amizade, cafés e alegria transmitida durante esse

período.

Aos professores da graduação em Física, em especial a Ernesto, Rita e Brady pela

força e dedicação ao longo da graduação e pelo incentivo em seguir com o trabalho

acadêmico. Também ao Prof. Frederico Montenegro pela oportunidade de iniciar o trabalho

de pesquisa e a Prof. Marta do CAP pela amizade e experiência transmitida durante os

trabalhos que fizemos juntos.

Aos meus professores do ensino médio, em especial a Rogério Porto e a Ednaldo

Ernesto, pela eterna força e alegria com minhas conquistas. Cada passo em minha vida

acadêmica é uma homenagem que presto a estas duas pessoas.

Ao Prof. André Galembeck, por fornecer a amostra de MMA que utilizamos ao longo

deste trabalho e pelos conhecimentos transmitidos em nossas conversas.

À família que fiz no Aikido, Gilson, Roberto e todos os alunos que passaram pelo

Dojo. Em especial ao Sensei França por me dar a oportunidade de conhecer e aprender um

pouco desta arte e pela confiança e amizade transmitida ao longo dos anos.

Aos amigos da biblioteca: Ana, Joana, Bart, Marcelo Sujeirinha e Rubens. Obrigado a

todos pela ajuda e compreensão ao longo de todos esses anos que freqüento a biblioteca.

Aos que não estão mais entre nós, mas que certamente estão vibrando com mais esta

conquista. Enfim, aos que sofreram e agora comemoram junto comigo mais este degrau

alcançado em minha vida.

A todas essas pessoas, meus sinceros agradecimentos.

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Resumo

A pesquisa e o desenvolvimento de procedimentos para sintetizar polímeros com

propriedades específicas é uma área tecnológica de intensa atividade nos dias atuais. Este

desenvolvimento depende, em parte, da habilidade de acompanhar e entender a cinética de

polimerização destes materiais. Por exemplo, a rigidez mecânica de um polímero depende do

tamanho de suas cadeias. Por sua vez, para polimerizações em cadeia, o tamanho das cadeias

depende de como ocorre a fase de auto-aceleração durante a polimerização. Desta forma, o

desenvolvimento de técnicas e métodos que permitam seguir a cinética de polimerização é de

grande interesse científico e tecnológico.

Neste trabalho, desenvolvemos um novo método de acompanhamento da cinética de

polimerização baseado, essencialmente, em medições do tempo de relaxação spin-rede, T1,

dos núcleos de hidrogênio, em função do tempo de polimerização, usando uma decomposição

multi-exponencial da evolução da magnetização, em experimentos de inversão-recuperação.

Este método é capaz de produzir estimativas das concentrações de sítios monoméricos e sítios

poliméricos em função do tempo. O método foi testado no acompanhamento da cinética de

polimerização de dois tipos de polímeros: o Resapol 10-249, uma resina comercial a base de

poliéster, e o poli(metil metacrilato) (PMMA). Além disso, os experimentos foram realizados

sob várias concentrações inicias dos reagentes. Para assegurar os resultados obtidos com este

novo método, realizamos experimentos de espectroscopia no infravermelho, com amostras de

PMMA, preparadas nas mesmas concentrações que as amostras utilizadas nos experimentos

de RMN. Também foram realizadas medidas da temperatura da reação

Uma das vantagens do novo método é que podemos acompanhar a conversão de

monômero em polímero assim como a formação do polímero propriamente dito. Finalmente,

as medições no MMA, sugerem que o método de relaxometria por RMN é sensível à

formação de mais de um tipo de polímero, o que seria muito desejável, visto que traria mais

informação sobre a cinética de polimerização de copolímeros, por exemplo. Uma outra

possibilidade seria a de que o método estaria detectando dois comprimentos de cadeia médios

distintos. A habilidade de reconhecer uma distribuição de comprimentos de cadeia bimodal

também seria bastante desejável.

Palavras-chave: RMN, Relaxação, Polímeros, Cinética de Polimerização, Resina, MMA.

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Abstract

Nowadays, research and development of polymer synthesis procedures are part of a

technological branch which is quit intensive. This development depends, partially, on the

ability of following and understanding the polymerization kinetics of these materials. For

instance, mechanic stiffness of a polymer depends on size of its chains. On the other hand, for

chain-growth polymerizations, sizes of the chains depend on how the auto-acceleration stage

occurs during the polymerization. Thus, the development of techniques and methods which

allow one to follow polymerization kinetics is of great interest for science and technology.

In this work, it was developed a new method of following polymerization kinetics,

essentially based on spin-lattice relaxation time measurements, T1, of hydrogen nuclei. Using

a multi-exponential data inversion of the magnetization evolution in inversion-recovery

experiments, this method is capable of producing polymeric and monomeric sites

concentration values. The method was tested by following polymerization kinetics of two

types of polymers as follow. Resapol 10-249, a commercial resin polyester-based, and

poli(metyl methacrylate) (PMMA). Besides, experiments were made under various initial

concentrations of the reagents. In order to assure the legitimacy of our results obtained by this

method, we carried out infrared spectroscopy experiments with PMMA samples prepared as

for NMR experiments.

One of the advantages of this method is that one may follow the monomer conversion

and also formation of the polymer itself. Finally, measurements on MMA suggest that method

can be sensitive to the formation of one or more types of polymer, which would be desirable,

as it would bring more information to polymerization kinetics of copolymers, for instance.

Key-words: NMR, NMR Relaxation, Polymers, Kinetics of Polymerization, Resin, MMA.

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Lista de figuras

Capítulo 1

Figura 1.1 – Representação de homopolímero e copolímeros para dois monômeros A e B.

Figura 1.2 - Figura 1.2- a) Molécula do Poliisocianato e b) monômero do poli(isocianato).

Figura 1.3 – Monômeros cíclicos com heteroátomos no anel.

Figura 1.4 – Representação de cadeias poliméricas a) linear, b) ramificada e c) com ligações

cruzadas.

Figura 1.5 – a)Formação do PVAc e b) formação de um poliéster.

Figura 1.6 – Reações iniciais da polimerização de monômeros de vinil.

Figura 1.7 – Formação de um polímero através da abertura do anel monomérico.

Figura 1.8 – Formação do náilon 6 a partir da abertura da ε-caprolactona.

Figura 1.9 – Exemplos de moléculas iniciadoras: a) N,N-azoisobutironitrila; b) peróxido de

benzoíla.

Figura 1.10 – a) Combinação entre dois macro-radicais e b) macromolécula formada.

Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma

cadeia para a outra, causando a formação de uma ligação dupla no carbono que perdeu o

hidrogênio.

Figura 1.12 – a) O macro-radical em crescimento e cadeia polimérica já formada. b)

Transferência do centro ativo do macro-radical para um ponto qualquer da cadeia (retirada da

ref 3).

Figura 1.13 – Quando o radical iniciador se choca com um macro-radical em crescimento

ocorre a terminação da cadeia.

Figura 1.14 – Conversão u (eixo da esquerda) e concentração de macro-radicais [P•] (eixo da

direita) em função do tempo para a polimerização do metil metacrilato a 60°C, utilizando

como acelerador o AIBN (retirada da ref. 21).

Figura 1.15 – Composição e estrutura da resina antes da adição do catalisador. AI - ácido

insaturado, AS - ácido saturado, G – glicol, E - estireno

Figura 1.16 – Composição e estrutura da resina após a adição do catalisador. AI - ácido

insaturado, AS - ácido saturado, G – glicol, E - estireno

Figura 1.17 – Molécula da dimetil anilina

Figura 1.18 – a) Decomposição do DMA e PBO b) Formação dos radicais iniciadores.

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Capítulo 2

Figura 2.1 – Movimento de precessão do momento magnético μ em torno do campo estático

. 0B

Figura 2.2 – Níveis de energia para um sistema de spins ½ e razão giromagnética positiva.

Estão representados também os sentidos do campo 0B e dos momentos magnéticos nos dois

estados.

Figura 2.3 - Direção resultante da magnetização M e de suas componentes perpendicular e

longitudinal no instante de tempo t = τ .

Figura 2.4 – Curva da magnetização longitudinal versus tempo após o pulso deπ rad. O valor

de Mz(0) depende da rotação causada pelo campo de RF aplicado. Figura 2.5 – Defasagem dos spins associada ao efeito da relaxação longitudinal após um pulso

de . / 2π

Figura 2.6 – Sinal captado pela bobina receptora.

Figura 2.7 – Envoltória do sinal detectado pela bobina receptora.

Figura 2.8 – Transformada de Fourier do sinal detectado pela bobina receptora.

Figura 2.9 – Exemplo de um par de transformadas de Fourier de uma imagem.

Figura 2.10 – Planos: a) axial; b) sagital; c) coronal.

Figura 2.11 – Seqüência de imagens com diferentes resoluções

Figura 2.12 - Seqüência de imagens sagitais de crânio onde é adicionado um ruído.

Figura 2.13 – Aplicações de IRM em a) obstetrícia, b) ortopedia, c) cardiologia e d)

neurologia.

Figura 2.14 – IRM utilizada em ensaios de fratura para observar a distribuição de tensões em

polímeros (retirada da ref. 53).

Figura 2.15 - IRM utilizada para o monitoramento de processos de tumescência (retirada da

ref. 54).

Capítulo 3

Figura 3.1 – a) Magneto supercondutor e b) Bobina de RF utilizados nos experimentos de

RMN.

Figura 3.2 – Seqüência de pulsos Inversão Recuperação utilizada para medir T1.

Figura 3.3 – Seqüência de pulsos CPMG.

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Figura 3.4 – Seqüência de pulsos de RF e gradientes (SS, RO, e PE) Spin Echo Multi Slice –

SEMS.

Figura 3.5 – Kit resina (dir) e catalisador (esq) Resapol 10-249.

Figura 3.6 – Porta amostra de PVC utilizado na cura da resina Resapol 10-249 e um exemplar

da resina após enrijecimento.

Figura 3.7 – a) Porta amostra de teflon utilizado nos experimentos de RMN do PMMA. b)

Amostras de PMMA com diferentes proporções de DMA.

Capítulo 4

Figura 4.1 – Imagens obtidas no experimento IRM01 com a Resapol 10-249. Os tempos de

cada imagem se referem ao instante de tempo do início da aquisição.

Figura 4.2 – Resultados obtidos em seqüências de CPMG para diferentes instantes de tempo

Figura 4.3 - Gráfico de T1 x t do experimento T1-01

Figura 4.4 – Resultado do ajuste da curva considerando apenas uma exponencial para a) T1(t

= 19 min) e b) para T1(t = 130 min).

Figura 4.5 – a) Imagens obtidas no experimento IRM02. b) As manchas escuras se referem às

bolhas de ar formadas na amostra durante o preparo.

Figura 4.6 – Intensidade (eixo vertical) do sinal de cada pixel (plano horizontal) (experimento

IRM02)

Figura 4.7 – Imagens obtidas da mesma fatia em função do tempo de polimerização

(experimento IRM03)

Figura 4.8 – Apresentação das imagens adquiridas no experimento IRM03 em gráficos 3D. O

sinal decai homogeneamente em toda região da amostra.

Figura 4.9 – Imagens obtidas no final do experimento IRM04 indicam que a camada de ar no

interior do porta-amostra retarda a reação.

Figura 4.10 – Análise da intensidade das imagens obtidas no final do experimento IRM04.

Figura 4.11 – Concentrações dos sítios móveis [M](t) e rígidos [R](t) do experimento T1-01

com a proporção de catalisador indicada pelo fabricante.

Figuras 4.12 – a) Tempo de relaxação spin-rede T1M da população dos sítios móveis e b)

Tempo de relaxação spin-rede T1R da população dos sítios rígidos para o experimento T1-01.

Figuras 4.13 – Comparação entre os comportamentos de a) T1M e b) T1R nos experimento T1-

01 e T1-04.

Figura 4.14 – Concentrações dos sítios móveis [M](t) e rígidos [R](t) do experimento T1-04.

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Figura 4.15 – Conversão dos sítios móveis para quatro diferentes proporções de resina :

catalisador. T1-01 m(r)/m(c) = 67,18; T1-03 m(r)/m(c) = 50,00; T1-04 m(r)/m(c) = 33,33; T1-

05 m(r)/m(c) = 133,33;

Figura 4.16 – Medidas da temperatura da reação durante o processo de polimerização para os

experimentos T1-01 e T1-04.

Figura 4.17 – Relação entre a temperatura da reação e a conversão para o experimento T1-01.

Figura 4.18 – Relação entre a temperatura da reação e a conversão para o experimento T1-04.

Figura 4.19 – Concentrações obtidas no experimento MMA01.

Figura 4.20 – Comportamento de T1M ao longo do experimento MMA01

Figura 4.21 – Comportamento de T1R ao longo do experimento MMA01

Figura 4.22 – a) T1R’ em função do tempo e b) os mesmos dados experimentais de (a)

mostrados em uma escala diferente para T1R’.

Figura 4.23 – Concentrações das populações encontradas no experimento MMA03.

Figura 4.24 – Comparação entre T1M dos experimentos MMA01 e MMA03.

Figura 4.25 - Comparação entre T1R dos experimentos MMA01 e MMA03.

Figura 4.26 - Comparação entre T1R’ dos experimentos MMA01 e MMA03.

Figura 4.27 – Conversão dos sítios móveis para os experimentos MMA01 e MMA03.

Figura 4.28 – Concentração de [R](t) para os experimentos MMA01 e MMA03.

Figura 4.29 – Concentração de [R’](t) para os experimentos MMA01 e MMA03.

Figura 4.30 – Espectros de IV em dois instantes de tempo diferentes.

Figura 4.31 – Conversão obtida no experimento IV3

Figura 4.32 – Comparação entre as conversões obtidas através das medidas de relaxação

MMA03 e IV3

Figura 4.33 – Temperatura em função do tempo de uma amostra semelhante à do experimento

T1-03.

Figura 4.34 – Curvas da temperatura e o percentual de conversão de uma amostra semelhante

à do experimento T1-03.

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Lista de Tabelas

Capítulo 1

Tabela 1.1 – Algumas nomenclaturas de polímeros e seus respectivos monômeros e unidades.

Tabela 1.2 – Mecanismos de reação da polimerização em etapas e da polimerização em

cadeia.

Capítulo 3

Tabela 3.1 – Tempos de repetição TR e tempos de eco TE utilizados em cada experimento de

IRM.

Tabela 3.2 – Experimentos realizados com a Resapol 10-249.

Tabela 3.3 – Soluções utilizadas nos experimentos de RMN com as respectivas massas de

MMA e PBO utilizadas e a razão entre essas massas e os números de moles.

Tabela 3.4 – Volume das soluções utilizadas nos experimentos de RMN e os respectivos

volumes de DMA e razões PBO e DMA.

Tabela 3.5 – Soluções utilizadas nos experimentos de espectroscopia no IV com as

respectivas massas de MMA e PBO utilizadas e a razão entre essas massas e os números de

moles.

Tabela 3.6 – Volume das soluções utilizadas nos experimentos de IV e os respectivos

volumes de DMA e razões entre PBO e DMA.

Capítulo 4

Tabela 4.1 – Parâmetros utilizados nos experimentos de IRM.

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Sumário

Introdução ..............................................................................................................................15

Capítulo 1 – Polímeros ..........................................................................................................17

1.1 – Histórico ..........................................................................................................................17

1.2 – Estrutura e Nomenclatura ...............................................................................................17

1.3 – Grau de polimerização e Massa Molar ...........................................................................21

1.4 – Polimerização ..................................................................................................................23

1.4.1 – Tipos de Polimerização ................................................................................................23

1.4.2 – Polimerização em Cadeia Por Radical Livre (ou polimerização radicalar) .................26

1.4.2.1 – Formação dos Radicais Livres ..................................................................................26

1.4.2.2 – Cinética e Estatística .................................................................................................27

1.4.2.3 – Iniciação, Propagação e Terminação.........................................................................28

1.5 – Degradação .....................................................................................................................35

1.6 – Técnicas de Caracterização .............................................................................................35

1.7 – Polímeros Utilizados .......................................................................................................36

1.7.1 – Resina Resapol 10-249 ................................................................................................36

1.7.2 – Metil Metacrilato .........................................................................................................38

Capítulo 2 – Ressonância Magnética Nuclear .....................................................................40

2.1 – Spin Nuclear e o Fenômeno de RMN .............................................................................40

2.2 – Relaxação Magnética Nuclear em Líquidos ...................................................................48

2.2.1 – Relaxação Longitudinal (spin-rede) .............................................................................48

2.2.2 – Relaxação Transversal (spin-spin) ...............................................................................50

2.2.3 – Equações de Bloch .......................................................................................................54

2.3 – Imagens por RMN ...........................................................................................................55

2.3.1 – Sinal de RMN ...............................................................................................................55

2.3.2 – Gradientes de Campo Magnético e Equações da Imagem ...........................................56

2.3.3 – Qualidade da Imagem ..................................................................................................59

Capítulo 3 – Técnica Utilizadas para Caracterização e Preparação das Amostras ........63

3.1 – Técnicas de Análise por RMN .......................................................................................63

3.1.1 – Medidas de T1 – Seqüência de Pulsos: Inversão Recuperação ...................................64

3.1.2 – Medidas de T2 – Seqüência de Pulsos: CPMG ...........................................................64

3.1.3 – Imagens por Ressonância Magnética (IRM) – Seqüência de Pulsos: Eco de Spin com

Múltiplas Fatias (SEMS) ........................................................................................................65

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3.2 – Espectroscopia na Região do Infravermelho ..................................................................67

3.3 – Temperatura ....................................................................................................................68

3.4 – Preparação das Amostras ................................................................................................68

3.4.1 – Resapol 10-249 ............................................................................................................68

3.4.2 – Poli(metil metacrilato) (PMMA) .................................................................................70

Capítulo 4 – Resultados e Discussões ...................................................................................74

4.1 – Resultados preliminares e Proposta de um Novo Método ..............................................74

4.2 – Resapol 10-249 ...............................................................................................................78

4.2.1 – Imagens por Ressonância Magnética Nuclear .............................................................78

4.2.2 – Medidas do Tempo de Relaxação Spin-rede T1 ...........................................................84

4.2.3 – Medidas do Tempo de Relaxação Spin-spin T2 ...........................................................88

4.2.4 – Medidas da Temperatura da Reação ............................................................................89

4.3 – Poli(metil metacrilato) ....................................................................................................91

4.3.1 – Medidas do Tempo de Relaxação Spin-rede T1 ..........................................................91

4.3.2 – Espectroscopia na Região do Infravermelho e Medidas de Temperatura .................. 97

4.4 – Discussão do Quadro Geral dos Processos de Polimerização via Medições de T1 .......101

4.4.1 – Fase de Incubação (Iniciação) ....................................................................................101

4.4.2 – Fase gel (Propagação) ................................................................................................101

4.4.3 – Fase Vítrea (Terminação) ..........................................................................................101

Conclusões ............................................................................................................................103

Perspectivas ..........................................................................................................................105

Referências ...........................................................................................................................106

Apêndice A – Resultados Resapol 10-249 ..........................................................................110

Apêndice B – Resultados PMMA .......................................................................................114

Apêndice C – Resultados Infavermelho .............................................................................117

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Introdução

O desenvolvimento de ferramentas modernas de pesquisa científica possibilitou a

determinação de estruturas poliméricas encontradas na natureza bem como o desenvolvimento

de numerosos polímeros sintéticos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o campo da

ciência e engenharia de materiais poliméricos foi revolucionado pelo advento dos polímeros

sintéticos. Em algumas aplicações, peças metálicas ou de madeira foram substituídas por

peças de materiais poliméricos com propriedades equivalentes ou superiores às originais. A

pesquisa e o desenvolvimento de procedimentos para sintetizar polímeros com propriedades

específicas é uma área tecnológica de intensa atividade nos dias atuais. As propriedades estão

relacionadas de maneira bastante complexa aos elementos estruturais e ao método utilizado

para obtenção do polímero. Por exemplo, o comportamento mecânico de um polímero é

afetado pelo grau de polimerização, pela concentração de ligações cruzadas e pelo grau de

cristalinidade. Por sua vez, o grau de polimerização depende de como ocorre a fase de auto-

aceleração durante a polimerização em cadeia. Portanto, é de extrema importância

acompanhar e entender a cinética de polimerização destes materiais. Desta forma, o

desenvolvimento de técnicas e métodos que permitam seguir a cinética de polimerização é de

grande interesse científico e tecnológico.

Um dos métodos utilizados para caracterizar materiais poliméricos é a técnica de

espectroscopia por ressonância magnética nuclear (RMN). Esta técnica fundamenta-se na

detecção seletiva de ondas de rádio provenientes da amostra inserida em um campo

magnético. A magnetização da amostra é manipulada por campos magnéticos e a

determinação das freqüências emitidas e a velocidade com que a amostra regressa ao estado

de equilíbrio (relaxação) constituem a essência das informações obtidas, que podem ser sobre

a estrutura molecular da amostra ou sobre a dinâmica interna e global das respectivas

moléculas. O que tornou essa técnica relevante é o fato de que núcleos da mesma espécie, mas

em ambientes químicos diferentes absorvem e emitem freqüências diferentes. Por outro lado,

a intensidade destas diferentes linhas de ressonância depende da concentração dos núcleos

presentes na amostra. A possibilidade de obter informações qualitativas e quantitativas da

amostra em estudo tornou a espectroscopia por RMN uma técnica extremamente poderosa na

identificação e determinação de estruturas de substâncias.

Neste trabalho, desenvolvemos um novo método de acompanhamento da cinética de

polimerização baseado, essencialmente, em medições do tempo de relaxação spin-rede, T1,

dos núcleos de hidrogênio, em função do tempo de polimerização. Usando uma decomposição

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16

multi-exponencial da evolução da magnetização, em experimentos de inversão-recuperação, o

método é capaz de produzir estimativas das concentrações de sítios monoméricos e sítios

poliméricos, em função do tempo de polimerização. O método foi testado no

acompanhamento da cinética de polimerização da resina comercial Resapol 10-249 e do metil

metacrilato (MMA). Além disso, os experimentos foram realizados sob várias concentrações

inicias dos reagentes. Para assegurar os resultados obtidos com este novo método, realizamos

medidas da temperatura da solução de algumas amostras ao longo do processo de

polimerização. A técnica de imagens por ressonância magnética nuclear (IRM) foi utilizada

no estudo da polimerização da resina. Além destas técnicas também foram realizadas medidas

de espectroscopia na região do infravermelho no estudo da polimerização do poli(metil

metacrilato).

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17

Capítulo 1 - Polímeros

1.1 – Histórico

O termo polímero foi utilizado no meio científico pela primeira vez pelo químico

sueco J. J. Berzelius em 1827 [1]. Porém, em 1820, Thomas Hancock descobriu que a

borracha natural pode tornar-se mais fluida após um tratamento onde é submetida,

repetidamente, à fortes torções, tornando-se mais fácil ser combinada e moldada. Alguns anos

depois, em 1939, Charles Goodyear descobriu que a vulcanização (aquecimento com enxofre)

aumenta a elasticidade da borracha e diminui sua viscosidade, tornando-a mais durável [2].

Em 1846 foi preparado o primeiro polímero semi-sintético. Christian Schónbien tratou o

algodão com acido nítrico, dando origem à nitrocelulose. O primeiro polímero sintético foi

produzido por Leo Baekeland em 1912, obtido através da reação entre fenol e formaldeído,

gerando um produto sólido conhecido como baquelite [3]. Até o fim da primeira guerra

mundial, as descobertas eram por meio de regras empíricas. Somente em 1920 surge o

conceito da macromolécula, criada pelo cientista alemão Hermann Staudinger (prêmio Nobel

de Química, 1953), onde polímeros eram compostos formados por moléculas grandes,

contendo longas seqüências de unidades químicas unitárias ligadas umas as outras por

ligações covalentes [2,3].

Polímeros importantes na indústria, como o náilon e o teflon, foram descobertos ainda

na primeira metade do século XX. Porém, com o fim da Segunda Guerra Mundial houve um

grande desenvolvimento dos polímeros sintéticos. Atualmente, os polímeros estão presentes,

entre outras, na indústria automotiva [4], na construção civil [5], na indústria têxtil [6],

esportiva [7], bélica [8], farmacêutica [9], petroquímica [10] e na área biomédica [11].

Recentemente, o francês Pierre-Gilles de Gennes recebeu o prêmio Nobel de Física

pelas interpretações de como uma macromolécula se movimenta, propondo a Teoria da

Reptação [12]. Pelo desenvolvimento de polímeros condutores, os americanos Alan J. Heeger

e Alan G. MacDiarmid dividiram o prêmio Nobel de Química com o japonês Hideki

Shirakawa, no ano 2000 [12].

1.2 - Estrutura e Nomenclatura

Polímeros são moléculas grandes constituídas da repetição de unidades constitucionais

(constitutional repeating unit – CRU), ligadas entre si por ligações covalentes. A palavra

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18

origina-se do grego: poli (muitos) e mero (unidade). A IUPAC (International Union of Pure

and Applied Chemistry) trata os termos polímero e macromolécula como sinônimos, apesar

de terem diferentes sentidos etimológicos (macro = grande, molécula = massa pequena) [13].

As moléculas que dão origem a CRU são chamadas de monômeros. Quando a cadeia

principal do polímero é formada a partir de um único monômero, obtém-se um

homopolímero. Se dois ou mais monômeros formam a cadeia principal do polímero, é obtido

um copolímero. Neste último caso, a alternância pode acontecer de forma aleatória, alternada,

em forma de blocos ou enxertada, como indicados na figura 1.1.

A A A A A A A A A A A

A B A B A B A B A B A

A A B A B B A A B A B

A A A B B B A A A B B

A A A A A A A A A A A

B B B B

b) Copolímero (forma alternada)

c) Copolímero (forma aleatória)

d) Copolímero (forma de blocos)

a) Homopolímero

e) Copolímero Enxertado

Figura 1.1 – Representação de homopolímero e copolímeros para

dois monômeros A e B.

Em vários casos, a CRU é idêntica ao monômero. Porém, há casos em que a CRU é

maior que um único monômero da cadeia, por exemplo, nos casos dos copolímeros. Na tabela

1.1 são apresentados alguns polímeros e seus respectivos monômeros e CRU [13].

Tabela 1.1 – Algumas nomenclaturas de polímeros e seus respectivos

monômeros e unidades.

Polímero Monômero CRU

Poli(etileno) CH2 CH2 CH2 CH2

Poli(cloreto de vilina) CH2 CH

Cl

CH2 CH

Cl

Poli(metacrilato de metila)

CH3

H2C C

C O

O

CH3

CH3

CH2 C

C O

O

CH3

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19

Poli(estireno)

CHH2C

CHCH2

Poli(isobutileno) CH2 C

CH3

CH3

CH2 C

CH3

CH3

Na tabela acima se pode observar uma notação para escrever o nome dos polímeros.

Escreve-se o nome do polímero com o prefixo “poli” seguido do nome do monômero entre

parênteses. Por exemplo, o polímero de estireno é chamado de poli(estireno). Essa regra é

aconselhável para evitar confusões com nomes de alguns compostos da química orgânica,

onde o prefixo “poli” descreve compostos com dois ou mais substituintes idênticos

considerando que o mesmo denota compostos químicos com mais de uma unidade

monomérica. Como exemplo, podemos citar o poliisocianato (polyisocyanate) e o polímero

formado a partir deste, o poli(isocianato), ilustrados na figura 1.2.a e 1.2.b, respectivamente.

Essa notação não é muito comum. Em geral, polímeros com nomes simples são escritos com

uma palavra (exemplos: polietileno e poliacetileno) enquanto nomes mais complexos são

escritos com os nomes dos monômeros entre parênteses (exemplos: poli(metil metacrilato) e

poli(p-fenileno vinileno)). Quando nos referimos à grupos de polímeros a notação também é

feita sem parênteses. Por exemplo, as poliamidas com grupos amida –NH–CO– na cadeia

principal e poliésteres com grupos ésteres –CO–O– na cadeia principal. Outra notação

bastante utilizada é ilustrar a unidade de repetição entre colchetes para deixar claro qual a

molécula que forma a cadeia principal do polímero, como exemplificado na figura 1.2.b

[13,14].

N-CO

-N C O

-N C O

N- C

OR

**

n

a) Poliisocianato b) Poli(isocianato) Figura 1.2 - Figura 1.2- a) Molécula do Poliisocianato e b) monômero do

poli(isocianato).

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Polímeros sintéticos são formados a partir de reações dos monômeros ou seus

derivados em condições controladas. A essas reações dá-se o nome de polimerização, que será

discutida com mais detalhes na seção 1.4. Para a síntese, é necessário que os monômeros se

liguem entre si para formar as cadeias poliméricas, sendo necessário que o monômero tenha

condições de se combinar com pelo menos outros dois monômeros para ocorrer a

polimerização. Portanto, é necessário que o monômero possua bifuncionalidade. A

funcionalidade de uma molécula se refere ao número de grupos (grupos funcionais) que

podem reagir em determinadas condições. Os monômeros normalmente pertencem a um dos

três grupos seguintes [3,13]:

1. monômeros com dois ou mais grupos bifuncionais, como ácidos hidrocarboxílicos

HO-X-COOH, triaminas Y(NH2)3 ou dicloretos Cl-Z-Cl, onde X, Y e Z representam unidades

bifuncionais, trifuncionais e tetrafuncionais respectivamente.

2. monômeros com ligações múltiplas, como –C ≡ C–, –C = C–, –C ≡ N ou =C = O.

3. monômeros cíclicos com heteroátomos no anel. Exemplos: óxido de etileno e ε –

caprolactona, ilustrados na figura 1.3.

O

CNO

H

Óxido de etileno ε - caprolactona

Figura 1.3 – Monômeros cíclicos com heteroátomos no anel.

Quanto à estrutura física das cadeias, é possível em um mesmo polímero encontrar

mais de uma forma ou arranjo. Se a cadeia polimérica for constituída apenas da cadeia

principal, ela é chamada de cadeia linear, representada na figura 1.4.a. Se partirem

prolongamentos, longos ou curtos, da cadeia principal, ela é chamada de cadeia ramificada.

Esses prolongamentos podem ser formados pelo mesmo monômero que compõe a cadeia

principal, ou por outro monômero, formando um copolímero enxertado, ilustrado na figura

1.1.e. Um esboço de cadeia ramificada pode ser observado na figura 1.4.b. As cadeias

também podem apresentar ligações cruzadas (crosslinks), isto é, pequenos acoplamentos entre

cadeias unidos por ligações covalentes. A densidade de ligações cruzadas (quantidade de

ligações cruzadas por unidade de volume) em um polímero é um dos fatores que determinam

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21

a rigidez e elasticidade de polímeros. Um esboço de cadeias com ligações cruzadas encontra-

se ilustrado na figura 1.4.c [15].

a) Cadeia linear

b) Cadeia ramificada

c) Cadeia com ligações cruzadas

Figura 1.4 – Representação de cadeias poliméricas a) linear, b) ramificada e c) com

ligações cruzadas.

1.3 - Grau de polimerização e Massa Molar

Algumas propriedades dos polímeros mostram uma dependência com o tamanho de

suas cadeias, como por exemplo, a elasticidade e a temperatura de fusão ou amolecimento.

Logo, é importante estimar as dimensões da cadeia. Um dos fatores importantes a ser

determinado é o grau de polimerização (degree of polymerization, DP) que indica o número

de unidades monoméricas, ou número de CRU, em uma molécula polimérica. Durante a

polimerização, cada cadeia cresce de forma independente. As reações de terminação também

acontecem de forma independente e diferente para cada cadeia, produzindo cadeias

poliméricas com diferentes comprimentos, em geral, variando em torno de um valor médio

[2]. A essa propriedade, dá-se o nome de polidispersão. Logo, é gerada uma distribuição do

grau de polimerização, descrito por uma função de distribuição. O tipo de função de

distribuição resulta da condição de síntese e manipulação do polímero [13]. O mesmo

acontece para a massa molar M do polímero, que é descrita como a massa de um mol do

polímero e que está relacionada com o grau de polimerização pela seguinte expressão:

0M x.M= (1.1)

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onde M0 indica a massa molar da CRU e x o número de CRU. O cálculo da massa molar deve

ser estatístico devido ao fato de uma amostra polimérica apresentar uma distribuição de

valores, como comentado anteriormente. Portanto, é mais adequado caracterizar a distribuição

em termos de massas molares médias. Como a massa molar muda em intervalos de M0, a

distribuição de massa molar (DMM) é, em princípio, descontínua. Como esses intervalos são

extremamente pequenos para o caso de polímeros, pode-se considerar a DMM contínua.

Podem-se obter diferentes massas molares médias de acordo com as considerações

feitas ao decorrer da dedução matemática, tais como [3,16]:

− massa molar numérica média nM : definida como o produto da massa molar média

pelo número total de cadeias. É obtida pela classificação das cadeias em uma série de faixas

de tamanhos, seguida pela determinação da fração das cadeias que se encontram dentro de

cada faixa. Matematicamente tem-se:

n iM f= iM∑ (1.2)

onde Mi indica a massa molar média da faixa de tamanhos i e fi indica a fração do número

total das cadeias que se encontram dentro da faixa de tamanhos correspondente. Este cálculo

leva em conta mais fortemente o número de cadeias.

− massa molar ponderada média wM : se baseia na fração em peso das moléculas que

se encontram dentro das várias faixas de tamanho, calculado de acordo com a relação:

w iM w= iM∑ (1.3)

onde wi indica a fração em peso das cadeias dentro de um mesmo intervalo de tamanho i.

Assim, a massa molar de cada fração contribui de maneira ponderada para o cálculo da média.

Uma forma de definir o grau de polimerização médio é através da razão entre a massa

molar média (ponderada ou numérica) e a massa molar m da CRU. Assim, o grau de

polimerização médio pelo número de moléculas (nn) e o grau de polimerização médio pela

massa molar (nw) são definidos através de:

nn

Mn

m= (1.4)

ww

Mn

m= (1.5)

O grau de polimerização pode ser controlado pela rota utilizada na síntese dos

polímeros. Um determinado polímero pode ser obtido através de mais de uma rota ou até

mesmo por diferentes tipos de polimerização.

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1.4 - Polimerização

O conjunto de reações nos quais moléculas simples reagem entre si para formar uma

molécula polimérica é chamado de polimerização. Algumas variáveis são influentes na

qualidade do polímero formado e são consideradas como variáveis primárias como a

temperatura de reação, pressão, agitação e presença ou tipo de um iniciador. Outras variáveis

são consideradas secundárias como a presença ou tipos de inibidores e catalisadores e

quantidade de reagentes [14,15].

1.4.1 - Tipos de Polimerização

Tradicionalmente, os polímeros são classificados em dois grupos principais: polímeros

de adição e de condensação. Essa classificação foi proposta inicialmente por Carothers em

1929 [17] e é baseada nos átomos da unidade de repetição. Polímeros de adição possuem os

mesmos átomos que o monômero na unidade de repetição enquanto que polímeros de

condensação contêm menos átomos na CRU devido à formação de subprodutos durante o

processo de polimerização. Os respectivos processos de polimerização são chamados de

polimerização por adição ou polimerização por condensação. Um exemplo de polimerização

por adição é a formação do poli(acetato de vinila), conhecido como PVAc, que pode ser

observado na figura 1.5.a, onde apenas a ligação dupla entre átomos de carbono é quebrada

para formação da cadeia polimérica, não havendo perda de átomos ou formação de

subprodutos, enquanto na figura 1.5.b está ilustrada a formação de um poliéster através da

reação de um diácido com um glicol (diálcool), gerando como produto um éster e subproduto

a água. Esta reação de esterificação, acontecendo sucessivamente, leva a formação de um

poliéster.

CH

O

C

CH3

O

H2C CH

O

C

CH3

O

CH2n

n a)

b) C

O

HO

R'C

O

OHHO

R''OH+

C

O

HO

R'C

O

OR''

OH

+ H2O

Figura 1.5 – a)Formação do PVAc e b) formação de um poliéster.

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O método de classificação de Carothers passou a ser insatisfatório quando se

reconheceu que algumas polimerizações por condensação possuem características de uma

polimerização por adição e vice-versa. Para evitar ambigüidades, as reações de polimerização

são classificadas atualmente de acordo com os mecanismos de polimerização sobre o qual os

polímeros são formados. Esta classificação foi proposta por Flory em 1953 [18].

Polimerizações por etapas e polimerizações em cadeia diferem em várias características, a

principal delas está na identificação das espécies que podem reagir com cada polímero

formado. Outra diferença é a maneira como o tamanho molecular do polímero depende da

conversão [19].

A polimerização por etapas consiste na reação sucessiva de grupos funcionais reativos

existentes inicialmente. O tamanho da molécula aumenta em passos relativamente lentos

nesse tipo de polimerização. Como os grupos funcionais são reativos entre si, não há a

necessidade da adição de iniciadores para começar a reação [2]. A polimerização por etapas

acontece do monômero para o dímero, para o trímero e assim por diante até que sejam

formadas moléculas de grande tamanho. Uma característica que distingue a polimerização por

etapas da polimerização em cadeia é que a primeira pode acontecer entre espécies de

quaisquer tamanhos presentes no sistema [19].

A polimerização em cadeia é um processo bastante diferente onde um iniciador I é

usado para produzir centros reativos I•, que podem ser radicais, cátions ou ânions. A

polimerização ocorre pela propagação do centro reativo através da sucessiva adição de

monômeros na reação. A principal característica que distingue a polimerização em cadeia é

que monômeros só reagem com centros reativos. Monômeros não reagem com monômeros e

as espécies de tamanhos diferentes como dímeros e trímeros. Por sua vez, estas espécies de

tamanhos diferentes não reagem entre si.

Durante a polimerização em cadeia há a quebra de uma dupla ligação para formação

de duas ligações simples. Este é um processo exotérmico que libera cerca de 20 kcal/mol. Esta

reação pode gerar polímeros de cadeias carbônicas, quando o monômero possuir uma ou mais

ligações do tipo C=C, ou de cadeias heterogêneas, quando o monômero possuir duplas

ligações envolvendo outros átomos, como por exemplo C=O e C=N. O exemplo mais simples

de polimerização em cadeia é a polimerização de monômeros de vinila, representada na figura

1.6 a seguir, onde estão ilustradas as reações iniciais que acontecem na polimerização. O

radical iniciador quebra a dupla ligação do monômero (figura 1.6.a) formando um radical

monomérico (figura 1.6.b). O radical formado quebra a ligação dupla de outro monômero

formando um radical ainda maior (figura 1.6.c). A polimerização em cadeia via radical livre

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25

terá uma abordagem mais detalhada na seção 1.4.2 devido aos interesses específicos deste

trabalho.

I• CH2 C

Y

H

CH2 C•

Y

H

I+ CH2 C

Y

H

+ CH2 C•

Y

H

CH2 C

Y

H

I

b) c)a)

Figura 1.6 – Reações iniciais da polimerização de monômeros de vinil.

A tabela 1.2 mostra um esquema com a principal diferença do mecanismo de reação

entre a polimerização em cadeia e a polimerização em etapas, onde A representa molécula de

monômero e I a molécula iniciadora.

Tabela 1.2 – Mecanismos de reação da polimerização em etapas e da

polimerização em cadeia.

Formação de Polimerização em etapas Polimerização em cadeia

Dímeros A+A → AA I+A → IA

Trímeros AA+A → AAA IA + A → IAA

Quatrâmeros AAA+A → AAAA IAA+A→ IAAA

Pentâmeros AAAA+A → AAAAA IAAA+A→ IAAAA

Outro processo conhecido é a polimerização por abertura do anel, que parte de um

monômero na forma de anel, e da abertura deste, tem-se a geração de uma bifuncionalidade,

que formará uma cadeia polimérica. A equação química geral pode ser descrita pelo esquema

abaixo.

n R Z R Zn

Figura 1.7 – Formação de um polímero através da abertura do anel monomérico.

A polimerização do náilon 6, ou seja, da ε-caprolactona é um exemplo de

polimerização por abertura do anel. O monômero da ε-caprolactona é um anel que sofre

ruptura a altas temperaturas (200°C) e na presença de uma grande quantidade de água, que

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inicia a abertura dos primeiros anéis [3]. A ruptura acontece na ligação amida -CO-NH-, que é

a ligação de nível mais baixo de energia da molécula. O esquema desta reação e da formação

do náilon 6 esta representado na figura 1.8.

C O

N

H

O

N

H

C

n

n

ε-caprolactona Náilon 6

Figura 1.8 – Formação do náilon 6 a partir da abertura da ε-caprolactona.

1.4.2 - Polimerização em Cadeia Por Radical Livre (ou polimerização radicalar)

A polimerização em cadeia por radicais livres é iniciada por radicais e propagada por

macro-radicais. Estes radicais exibem elétrons desemparelhados e raramente são formados

pelos próprios monômeros. A formação inicial pode acontecer através de processo térmico,

eletroquímico ou fotoquímico de iniciadores adicionados ao sistema. Dependendo das

condições de polimerização, um mesmo monômero pode formar polímeros com propriedades

diferentes como ramificação, massa molar e distribuição de massa. A polimerização radicalar

é a classe mais importante de polimerizações industriais devido ao fato de vários monômeros

poderem ser polimerizados desta forma e também pelo fato da reação poder ser controlada por

aditivos e temperatura [13].

1.4.2.1 – Formação dos Radicais Livres

Em casos raros, os monômeros podem iniciar uma polimerização radicalar sem a

adição de iniciadores ou impurezas iniciais. Por exemplo, a polimerização própria do estireno

necessita de 400 dias a 29°C para quebrar a ligação dupla de 50% dos monômeros existentes,

mas precisa somente de 4 horas a uma temperatura de 127°C. Para o metil metacrilato, o

tempo para a polimerização própria aumenta para 5,3 anos [13]. Caso a polimerização seja

iniciada por luz ou impurezas, esta será chamada de polimerização espontânea [15].

Em grande parte das polimerizações radicalares são utilizados iniciadores que se

decompõem termicamente, chamados de aceleradores. Em geral, são usados reagentes

simétricos, pois ao se dissociarem formam dois radicais iguais, atuando de forma semelhante

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por possuírem o mesmo nível energético. Os mais utilizados em laboratórios são os azo

compostos, que possuem uma ligação , e os peróxidos, que possuem uma ligação

. Esses compostos não são muito usados na indústria devido ao preço, decomposição e

meia vida entre outros. O azo composto mais utilizado é a N,N-azoisobutironitrila (AIBN). O

peróxido mais utilizado é o peróxido de benzoíla (dibenzoyl peroxide, BPO), que se dissocia

formando dois radicais livres idênticos. Ambas decomposições encontram-se representadas na

figura 1.9.

-N=N-

-O-O-

OC

O

O C

O

+

Peróxido de Benzoíla

C N

CH 3

C H3

N C CN

C H3

C H3

CN C●

CH3

CH3

NC ●C

C H3

CH 3

CNN 2+ +

N,N-azoisobutironitrila

O*C

O

*O C

O

b)

a)

Figura 1.9 – Exemplos de moléculas iniciadoras: a) N,N-azoisobutironitrila; b) peróxido

de benzoíla.

A ação de um iniciador é usualmente caracterizada por sua energia de ativação Ed ou

pelo tempo t5% que a concentração de iniciador [I] sofre uma redução de 5% da concentração

inicial [I0], ou seja: [I] = 0,95[I0]. Este tempo é escolhido devido ao fato da concentração do

iniciador poder ser considerada constante nas equações que descrevem a cinética de

polimerização [13]. A energia de ativação pode variar de acordo com o solvente utilizado.

Para o peróxido de benzoíla, por exemplo, em estireno, a energia de ativação é de 132,8

kJ/mol, enquanto que em acetona é de 111,3 kJ/mol [13].

1.4.2.2 – Cinética e Estatística

Duas abordagens podem ser utilizadas para analisar reações de polimerização. O

método estatístico avalia a probabilidade de um evento em uma determinada reação em

relação a outros possíveis eventos. Este método fornece equações gerais que podem ser

aplicadas a diferentes fenômenos. O estudo da cinética de polimerização propõe um esquema

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28

onde reações elementares são descritas por equações diferenciais apropriadas. Este método é

flexível, mas requer esquemas diferentes para tipos diferentes de polimerizações [13].

A cinética de polimerização via radical livre será apresentada na subseção seguinte.

Ao longo deste trabalho serão apresentados resultados sobre a cinética de polimerização de

um polímero formado a partir do metil metacrilato e de uma resina a base de poliéster.

1.4.2.3 – Iniciação, Propagação e Terminação

As reações de polimerização em cadeia via radicais livres acontecem em três etapas:

iniciação, onde é gerado o centro ativo, propagação, onde a cadeia cresce com a transferência

do centro ativo de monômero a monômero, e por fim, a terminação, onde se dá o

desaparecimento do centro ativo [2,13].

A iniciação se dá através de radicais iniciadores I●, que são formados pela

decomposição do iniciador I-I, através da relação I-I → 2I●, com uma taxa:

d

d[I]Rdt

= − = dk [I] (1.6)

onde kd é a constante de decomposição. Como dois radicais são formados por uma molécula

iniciadora, a taxa de formação de radicais é:

r d

d[I ]R 2k [I]dt

= = = d2R (1.7)

Alguns dos radicais formados recombinam-se imediatamente fazendo com que somente uma

fração f de radicais I● se adicionem às moléculas de monômeros M para formar radicais

monoméricos I●+ M → IM●, que inicia a polimerização numa reação de propagação.

Portanto, a taxa de formação de radicais será:

r dR 2fk [I]= (1.8)

As moléculas iniciadoras encontram-se em uma “gaiola” cercadas de monômeros. Esse efeito

faz com que os radicais iniciadores sejam consumidos na mesma velocidade em que são

formados. Logo, a taxa de formação de radicais monoméricos Rst é dada por:

st st

d[I ]R k [Idt

••= − = ][M] (1.9)

onde kst é a constante de formação de radicais monoméricos. A taxa Rst de início da reação é

muito maior que a taxa de decomposição do iniciador Rd. Logo, a taxa que determina a

velocidade da reação é a taxa de decomposição do iniciador. Portanto, a taxa de formação de

radicais iniciadores será:

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29

d st

d[I ] 2fk [I] k [I ][M] 0dt

••= − =

]

(1.10)

A equação 1.10 resulta na seguinte expressão para a taxa de início da reação:

(1.11) st st dR k [I ][M] 2fk [I•= =

A polimerização radicalar envolve a geração e desaparecimento simultâneo de radicais

iniciadores, radicais monoméricos e macro-radicais. Após alguns segundos, a concentração de

todos os radicais se mantém constante [13]. Este estado estacionário só é obtido para

pequenas conversões de monômeros onde se pode considerar [I]≈[I0].

Em qualquer momento, radicais iniciadores I●, radicais monoméricos I-M● e macro-

radicais estão presentes na polimerização. Todos esses radicais podem reagir entre si.

A interrupção do crescimento da cadeia se dá através do desaparecimento do centro ativo, que

pode ocorrer de várias formas. Durante o crescimento do macro-radical, ela pode encontrar a

ponta ativa de outra cadeia radicalar, podendo ocorrer assim a combinação entre dois macro-

radicais, como indica a figura 1.10. Tem-se como exemplo um macro-radical formado a partir

do metil metacrilato, ilustrada na figura a seguir, que é um dos polímeros utilizados ao longo

deste trabalho. Se dois carbonos ativos se aproximarem o suficiente para que a ligação C-C

possa ser criada, as duas cadeias formarão uma única cadeia, eliminando o centro ativo. Esse

tipo de terminação gera cadeias com massas molares altas, pois é formada a partir da soma

das massas molares individuais de cada cadeia [3,19].

nI[-M-]•

Outra forma de terminação é por desproporcionamento. Neste tipo, há a transferência

de átomos entre os macro-radicais. Por exemplo, na figura 1.11.a, duas moléculas em

crescimento do metil metacrilato possuem os carbonos das respectivas cadeias ativos. Neste

caso, ocorre a transferência do hidrogênio de uma cadeia para a outra, causando assim a

formação de uma dupla ligação no carbono que perdeu um hidrogênio, como indicado na

figura 1.11.b.

Também pode ocorrer a terminação de uma cadeia por transferência de cadeia, onde

durante o crescimento de uma cadeia, como indicado na figura 1.12.a, esta pode abstrair um

próton de um ponto qualquer de outra cadeia, transferindo o centro ativo e permitindo assim o

crescimento de ramificações como representado na figura 1.12.b.

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30

C•CH2

C O

O

CH3

CH3

CCH2

C O

O

CH3

CH3

I

n

C CH2

C O

O

CH3

CH3

C CH2

C O

O

CH3

CH3

I

n'

CCH2

C O

O

CH3

CH3

CCH2

C O

O

CH3

CH3

I

n

C CH2

C O

O

CH3

CH3

C CH2

C O

O

CH3

CH3

I

n'

+a)

b)

Figura 1.10 – a) Combinação entre dois macro-radicais e b) macromolécula formada.

CCH

C O

O

CH3

CH3

CCH2

C O

O

CH3

CH3

I

n

C•CH2

C O

O

CH3

CH3

CCH2

C O

O

CH3

CH3

I

n

C CH2

C O

O

CH3

CH3

C CH2

C O

O

CH3

CH3

I

n'

CH CH2

C O

O

CH3

CH3

C CH2

C O

O

CH3

CH3

I

n'

+

+

a)

b)

Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de

uma cadeia para a outra, causando a formação de uma ligação dupla no carbono que

perdeu o hidrogênio.

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31

CH

Cadeia em crescimento

Cadeia polimérica

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

•CH

H

•CH

Cadeia morta

Cadeia polimérica

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH

H

CH2

H

Deste carbono crescerá uma ramificação

a)

b)

Figura 1.12 – a) O macro-radical em crescimento e cadeia polimérica já formada. b)

Transferência do centro ativo do macro-radical para um ponto qualquer da cadeia

(retirada da ref 3).

Para altas concentrações de radicais iniciadores I•, a terminação por estes radicais

também deve ser considerada. Considerando novamente a polimerização do MMA, caso o

radical iniciador se choque com o macro-radical em crescimento da cadeia polimérica de

poli(metil metacrilato) (PMMA), ocorrerá o fim do crescimento da cadeia, como ilustrado na

figura 1.13.

CCH2

C O

O

CH3

CH3

CCH2

C O

O

CH3

CH3

I

n

IC•CH2

C O

O

CH3

CH3

CCH2

C O

O

CH3

CH3

I

n

•I+

Figura 1.13 – Quando o radical iniciador se choca com um macro-radical em

crescimento ocorre a terminação da cadeia.

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32

Para pequenas concentrações de iniciadores, a terminação pode ser determinada pelo

encontro de dois macro-radicais. Portanto, a razão de terminação Rt é dada pelo encontro de

dois macro-radicais e depende da concentração [P•] destes. Esta taxa é expressa por:

t tR k [P ].[P ]• •= (1.12)

No estado estacionário, enquanto radicais são formados com a taxa Rst (eq. 1.11), radicais

desaparecem com a taxa Rt (eq. 1.12). Isto resulta na igualdade:

st t d tR R 2fk [I] k [P ].[P ]• •= ⇒ = (1.13)

cuja solução será:

1/ 2

d

t

fk [I][P ]

k• ⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠

(1.14)

Somente uma molécula de monômero é consumida no início da reação. Porém

centenas de monômeros são consumidos durante a reação de propagação. O consumo de

monômeros pela iniciação e terminação é insignificante comparado ao consumo de

monômeros durante a reação de propagação. Considerando a reação irreversível, a taxa de

polimerização Rp será dada pelo consumo de moléculas de monômero em função do tempo.

Matematicamente, a taxa de polimerização será expressa por:

p p

d[M]R k [Pdt

•= − = ][M] (1.15)

Substituindo a equação 1.14 na equação 1.15, obtém-se:

1/ 2

dp p

t

fk [I]R k [M]

k⎛ ⎞

= ⎜⎝ ⎠

⎟ (1.16)

Logo, a solução para [M] será:

at0[M](t) [M] .e−= (1.17)

onde:

1/ 2

dp

t

fk [I]a k

k⎛ ⎞

= ⎜⎝ ⎠

⎟ (1.18)

É possível reduzir a taxa de polimerização, reduzindo a conversão do monômero em

polímero, com a presença de reagentes que podem doar hidrogênio. Estes reagentes são

chamados de retardadores. Caso a polimerização não ocorra enquanto este reagente estiver

presente, ele é chamado de inibidor e sua presença impede completamente a reação de

polimerização, aumentando o tempo para início da reação. Este tempo é chamado de tempo de

indução. A presença de inibidores é utilizada para armazenar monômeros sem que ocorra a

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33

polimerização [3]. A presença de inibidores nas reações impede o início da reação até o

término do tempo de indução. Após esse tempo, esses reagentes ainda podem influenciar na

reação, diminuindo sua taxa de conversão. Um exemplo de reagente inibidor é o

hidroquinona, utilizado como inibidor do metil metacrilato e do estireno [20]. Também é

possível acelerar o processo adicionando um reagente catalisador. A presença de um

catalisador (ou acelerador) reduz as barreiras de energia de ativação, facilitando a reação.

Desta forma, são obtidas moléculas de maior massa molar do que formada por uma reação

sem catalisador, nas mesmas condições [3].

Algumas considerações devem ser feitas para que a cinética de polimerização seja

considerada ideal:

Devem ser consideradas apenas a decomposição do iniciador, propagação e

terminação;

As reações envolvidas também devem ser consideradas irreversíveis;

A concentração de moléculas iniciadoras [I] deve ser considerada constante, ou seja,

[I]≈[I]0;

A terminação da cadeia deve ocorrer pela desativação mútua entre dois radicais

(combinação ou desproporcionamento).

Uma forma de expressar a quantidade de monômeros convertidos durante o processo

de polimerização é através do fator de conversão do monômero u, ou apenas conversão do

monômero. Moléculas de monômeros que passaram a pertencer a uma cadeia polimérica, ou

se ligaram a outros radicais iniciadores deixam de fazer parte da concentração de monômeros

[M] e passam a fazer parte da concentração de macro-radicais [P•]. A conversão é definida

através da expressão:

0

0 0

[M] [M](t) [M](t)u(t) u(t) 1[M] [M]−

= ⇒ = − (1.19)

De acordo com a equação 1.17, substituindo o valor de [M](t), obtém-se:

atu(t) 1 e−= − (1.20)

Esta equação descreve a cinética ideal e experimentalmente é encontrada apenas para

pequenas conversões de monômeros e concentrações de iniciadores. Em cinéticas não ideais,

a taxa Rp α [M].[I]1/2 geralmente deve ser corrigida por Rp α [M]β .[I]γ, com β ≠ 1 e γ ≠ ½. A

constante de terminação kt decresce com o crescimento da viscosidade do líquido polimérico,

mesmo para pequenas conversões do monômero [2,19]. É observado ainda que a taxa de

polimerização aumenta bruscamente em conversões de monômero acima de 20%, que é

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34

acompanhada por um crescimento no grau de polimerização da cadeia. Esse efeito de auto-

aceleração é chamado de efeito gel (gel effect, ou efeito Trommsdorff-Norrish ou ainda efeito

Norrish-Smith) [13] e é especialmente observado em sistemas com alta viscosidade. Este

efeito é produzido por uma mudança no regime de difusão, acompanhada pelo aumento das

ligações físicas (emaranhado) entre as cadeias, que atingem um valor crítico. Esses

emaranhados na rede polimérica impedem a difusão de macro-radicais, reduzindo assim a

desativação mútua dos mesmos e a respectiva taxa de terminação.

Em altas conversões de monômeros, o sistema polimérico solidifica. Esse efeito vidro

(glass effect) reduz a difusão dos macro-radicais e as reações de terminação. Segue ainda uma

diminuição na difusão de moléculas monoméricas e na propagação da reação, fazendo com

que o polímero não seja completamente polimerizado (u = 1), terminando assim a

polimerização. A figura 1.14 [21] ilustra a diferença entre a cinética ideal e a cinética não

ideal para a polimerização do metil metacrilato a 60°C, utilizando como acelerador o AIBN.

A curva tracejada indica a conversão esperada em uma cinética ideal de acordo com a

equação 1.20, que não admite o efeito gel, visto que o crescimento da conversão é de forma

exponencial. O eixo da esquerda indica a conversão u de monômeros e o eixo da direita indica

a concentração de macro-radicais [P•] em função do tempo para a polimerização do metil

metacrilato. Observe que a conversão do monômero não necessariamente corresponde à

formação do polímero, pois pequenos radicais podem ser formados, não sendo considerados

uma cadeia polimérica.

t(min) Figura 1.14 – Conversão u (eixo da esquerda) e concentração de macro-radicais [P•]

(eixo da direita) em função do tempo para a polimerização do metil metacrilato a 60°C,

utilizando como acelerador o AIBN (retirada da ref. 21).

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35

1.5 - Degradação

O conjunto de reações que geram quebras na cadeia principal do polímero é chamado

de degradação. Como conseqüências geram mudanças na estrutura e propriedades do

polímero e redução da massa molar. Os principais tipos de degradações são:

despolimerização, degradação térmica e o ataque a grupos laterais [3].

− Despolimerização: este tipo de degradação segue o caminho inverso da

polimerização. Poucos são os polímeros que permitem a regeneração do monômero a

partir da cadeia polimérica. O PMMA, por exemplo, quando submetido a altas

temperaturas produz monômeros de MMA [22].

− Térmica: se alguma ligação da cadeia principal do polímero tiver energia de ligação

abaixo da ligação covalente simples C-C (83 kcal/mol), esta pode se tornar instável

termicamente e atacada por uma molécula de baixa massa molar (oxigênio, água).

Esse ataque gera a quebra da cadeia principal, que pode acontecer aleatoriamente ao

longo da cadeia. Este tipo de degradação é comum na hidrólise de náilons e

poliésteres.

− Ataque a grupos laterais: polímeros com grupos laterais com energia de ligação

abaixo da energia da ligação simples C-C permitem a retirada destes com conseqüente

mudança na estrutura química do polímero. Por exemplo, no PVC o HCl pode ser

eliminado, deixando uma dupla ligação no carbono. Esta degradação gera a saída de

outras moléculas de HCl da cadeia.

1.6 - Técnicas de caracterização

Algumas técnicas são utilizadas para acompanhar a cinética de processos de

polimerização em cadeia por radical livre. Apresentaremos duas técnicas de espectroscopia

utilizadas com freqüência na literatura [23].

- Ressonância do Spin Eletrônico (ESR) ou Ressonância Paramagnética Eletrônica

(EPR): é uma técnica de espectroscopia para estudo de espécies químicas que possuem um ou

mais elétrons desemparelhados. Esta técnica é bastante usada para identificar e quantificar

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36

radicais durante polimerizações [24,25,26] ou ainda prever valores das taxas e constantes

envolvidas no processo de polimerização [27,28].

- Espectroscopia Vibracional de Absorção no Infravermelho: a espectroscopia vibracional

estuda a transição das vibrações moleculares. As freqüências vibracionais de uma molécula

são conhecidas com a aquisição dos espectros de absorção no infravermelho (infrared, IR),

que permite identificar grupos funcionais e auxiliar no estudo de conformação e estrutura de

moléculas [29]. Durante o processo de polimerização, alguns modos de freqüências

diminuirão de intensidade, indicando que há uma diminuição no número de ligações

referentes a estes modos. Por outro lado, está ocorrendo a formação de novos grupos,

aumentando assim a intensidade de outros modos no espectro. Desta forma, pode-se observar

a quebra da ligação C=C dos monômeros e a formação da ligação do tipo –C–C–, sendo ideal

para ser usada em processos rápidos [30,31,32].

1.7 - Polímeros Utilizados

Foram estudados dois sistemas diferentes ao longo deste trabalho. Primeiramente foi

utilizada uma resina a base de poliéster previamente polimerizada como produto teste do

método proposto e posteriormente foi utilizado o metil metacrilato, polimerizado a partir do

monômero, para verificação do método.

1.7.1 – Resina Resapol 10-249 (Reichhold)

A resina estudada foi a Resapol 10-249, de fabricação da Reichhold. Esta resina faz

parte de um grupo de compostos de alta resistência utilizados em ambientes agressivos, sendo

resistentes à corrosão [33]. A resina vem acompanhada de um catalisador feito de peróxido de

metil etil cetona, responsável pelo início da polimerização. Este material possui estabilidade

aos raios ultravioleta e um processo de cura (polimerização) rápida após a adição do

catalisador. Tanto a resina como o catalisador são líquidos transparentes. O tempo de cura

pode ser ajustado de acordo com a quantidade de catalisador adicionada à resina. O fabricante

indica um valor mínimo (0,7% em massa) e máximo (2,5% em massa) de catalisador para não

alterar as propriedades mecânicas finais da resina.

As resinas poliésteres são polímeros insaturados (possuem ligação C=C) de alto peso

molecular. Esses compostos geralmente são sólidos a temperatura ambiente, mas que se

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37

tornam líquidos depois de diluídos em estireno. O estireno também é um solvente insaturado

utilizado para interligar as cadeias, causando assim as ligações cruzadas. Os poliésteres são

formados alternando moléculas de diácidos e de glicol (ver figura 1.15) unidas por grupos

éster. Na resina utilizada, os glicóis são todos saturados (dietilenoglicol e etilenoglicol) e os

ácidos se alternam entre saturados (ácido ortoftálico e ácido ftálico) e insaturados (ácido

maleico) [22]. A figura 1.15 ilustra a estrutura da resina antes da cura, isto é, antes da adição

do catalisador.

AS

AS

AS

AI

AI

AI AI

AI

AIG G G G

G G G G

G G G G

E E E E

E E E

AS

AS

AS

AI

AI

AI AI

AI

AIG G G G

G G G G

G G G G

E E E E

E E E

Figura 1.15 – Composição e estrutura da resina antes da adição do catalisador.

AI - ácido insaturado, AS - ácido saturado, G – glicol, E - estireno

A cura a frio (sem fonte externa de calor) é iniciada por radicais livres gerados pela

ação dos aceleradores sobre os catalisadores, quebrando as duplas ligações, gerando a reação

em cadeia. As interligações são geradas pelo estireno que é responsável pelas ligações entre as

insaturações do poliéster, representadas na figura 1.16. Esta reação acontece com grande

liberação de energia, resultando em um aumento da temperatura do composto. O catalisador

utilizado para fazer a cura a frio é o peróxido de metil etil cetona, conhecido pela sigla

MEKP.

AS

AS

AS

AI

AI

AI AI

AI

AIG G G G

G G G G

G G G G

E E EE

E E E

AS

AS

AS

AI

AI

AI AI

AI

AIG G G G

G G G G

G G G G

E E EE

E E E

Figura 1.16 – Composição e estrutura da resina após a adição do catalisador.

AI - ácido insaturado, AS - ácido saturado, G – glicol, E - estireno

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38

1.7.2 - Metil Metacrilato (Aldrich)

O poli(metil metacrilato) (PMMA) é comercialmente conhecido como acrílico e tem

uma grande utilização na indústria de ornamentações [34], construção civil [35] e na indústria

náutica [36]. Na área médica, é utilizado na fabricação de lentes [37], resinas odontológicas

[38] e ainda como próteses externas [39].

O PMMA utilizado foi obtido a partir do monômero de metil metacrilato de fabricação

da Aldrich, sem aquecimento prévio, a temperatura ambiente. Como iniciador foi utilizado o

peróxido de benzoíla (PBO) (ver figura 1.9.b) e a dimetil anilina (DMA) (ver figura 1.17) foi

utilizada como espécie catalisadora. As proporções utilizadas de cada reagente foram

adaptadas da literatura [40].

NH3C C 3H

Figura 1.17 – Molécula da dimetil anilina

O DMA rompe o grupo O-O do PBO para gerar os radicais livres que iniciam a

polimerização. Um destes radicais é formado pela própria DMA e o outro pelo PBO. Ambos

são consumidos no processo de polimerização. Se a quantidade de DMA for pequena em

relação à de PBO, vão sobrar muitas moléculas do iniciador sem ser aproveitadas. Caso a

quantidade de DMA seja muito grande em relação à de PBO, o excesso de radicais pode

bloquear a interligação [22,23]. A figura 1.18.a mostra um esquema da decomposição do

DMA e PBO e a figura 1.17.b indica os radicais formados que dão início à polimerização,

discutidas previamente na literatura [41].

N

CH2•

CH3

N

CH3

CH3

OHC

O

O C

O

OC

O

•O C

O

+

+ +

Figura 1.18 – a) Decomposição do DMA e PBO b) Formação dos radicais iniciadores.

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39

Observe que o DMA participa da reação como molécula iniciadora. Um catalisador

ideal não participaria da reação, apenas quebraria a ligação -O-O- do PBO. Podemos então

dizer que o DMA é um reagente ativo na reação de polimerização em estudo.

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40

Capítulo 2 – Ressonância Magnética Nuclear

2.1 - Spin Nuclear e o Fenômeno de RMN

A ressonância magnética é um fenômeno encontrado em sistemas que possuem

momento magnético e momento angular. O termo ressonância indica que se deve estar

sintonizado na mesma freqüência do sistema magnético, que neste caso corresponde à

freqüência de precessão do momento magnético μω total de um núcleo atômico, sujeito a

um campo magnético externo estático B . A figura 2.1 ilustra este movimento de precessão

com o campo magnético estático na direção . O momento magnético μ e o momento

angular total de um núcleo atômico estão relacionados da seguinte forma:

z

J

Jμ = γ (2.1)

onde a constante é chamada de fator (ou razão) giromagnético, sendo característica para

cada núcleo. A equação que rege o movimento do momento magnético em um campo

magnético B se expressa por:

γ

μ

d Bdtμ= γμ× (2.2)

Esta equação é chamada de equação do movimento e é a base para vários processos que

estarão dispostos nesse capítulo.

No caso da ressonância magnética nuclear, o momento magnético total corresponde

ao momento magnético resultante dos prótons e nêutrons encontrados no núcleo do átomo em

estudo [42]. Em experimentos de ressonância, o campo magnético estático aplicado ao

sistema de spins é representado por 0B e por convenção, sua direção é . A equação de

Larmor (equação 2.3) fornece a relação entre a freqüência de precessão, também chamada de

freqüência de Larmor, e a intensidade do campo magnético ao qual o núcleo está submetido:

z

0 B0ω = γ (2.3)

Para o próton, é aproximadamente 26,752.107γ rad/T.s. Como = 42,6 MHz/T, para

um campo B = 2,0 T, por exemplo, o spin precessiona a uma freqüência de 85,15 MHz, que

se encontra na faixa de radiofreqüência [43]. O átomo de hidrogênio é encontrado em quase

todos os compostos orgânicos e seu núcleo é composto de um único próton. Sendo assim, o

núcleo do átomo de hidrogênio (ou próton) possui tanto spin como momento magnético.

Logo, é o núcleo mais simples de se observar em sistemas orgânicos devido à sua abundância

/ 2γ π

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41

nesses sistemas e devido ao próton possuir o maior momento magnético de um núcleo

atômico estável [44].

0B z

μ

y

x

Figura 2.1 – Movimento de precessão do momento magnético μ em

0Btorno do campo estático .

Um dos postulados fundamentais da mecânica quântica, decorrente da resolução da

equação de Schrödinger, diz que o momento angular de uma partícula não pode assumir

quaisquer valores, mas apenas determinados valores discretos. Diz-se então que o momento

angular está quantizado. O momento angular total J de um sistema atômico ou nuclear tem

contribuição do momento angular orbital L e do momento angular de spin S em uma soma

vetorial [45]:

J L S= + (2.4)

Cada uma dessas grandezas possui números quânticos análogos. Para o momento angular

orbital , tem-se o número quântico l, que pode assumir somente valores inteiros. O módulo

L do momento angular orbital é dado por:

L

(2.5) 2L l(l 1)= + 2

x yˆ ˆL L x L z

ˆy L z= + +2πOnde representa a constante de Planck dividida por . Tem-se que: ,

portanto, a componente Lz do momento angular orbital é quantizada e seus valores permitidos

são dados por:

z lL m= (2.6)

onde m pode assumir os seguintes valores: l

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42

lm l, l 1, ...l 1, l= − − + − (2.7)

SDe forma semelhante, para o momento angular de spin nuclear , existe o número quântico s,

que pode assumir tanto valores inteiros como semi-inteiros. Desta forma, o módulo S do

momento angular de spin satisfaz a equação:

(2.8) 2S s(s 1)= + 2

ˆ

Também semelhante ao momento angular orbital, o momento angular de spin nuclear é

composto por: x y zˆ ˆS S x S y S z= + + . Logo, a componente Sz do momento angular orbital é

quantizada e seus valores permitidos são dados por:

z sS m= (2.9)

onde m pode assumir os seguintes valores: s

sm s, s 1, ...,s 1,s= − − + − (2.10)

Portanto, existem 2l + 1 valores permitidos para a componente Lz do momento angular orbital

e 2s + 1 valores permitidos para a componente Sz do momento angular de spin nuclear.

O módulo J do momento angular total é dado por: 2J 2j(j 1)= + (2.11)

O número quântico j, associado ao momento angular total, pode ser:

j l s ou j l s= + = − (2.12)

e a componente Jz será dada por:

z jJ m= (2.13)

assume valores: onde mj

jm j, j 1, ..., j 1, j= − − + − (2.14)

Semelhante ao momento angular orbital e ao momento angular de spin, o momento angular

total possui 2j + 1 valores permitidos para a componente Jz, que podem ser múltiplos inteiros

ou semi-inteiros de . Para um núcleo atômico, o momento orbital L é nulo, logo: J S= .

Sendo assim, pode-se escrever a equação 2.13 da seguinte forma:

z sJ m= (2.15)

Para sistemas de spin s = ½ , ms pode assumir dois valores: -½ e +½ e o momento magnético

total do núcleo pode ser escrito em função do número quântico de spin ms, a partir da equação

2.1:

J Sμ = γ = γ (2.16)

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43

A energia potencial associada a um momento magnético μ imerso em um campo magnético

é dada por: 0 ˆB z

z 0U B B= −μ = −μ (2.17)

Substituindo de acordo com as equações 2.9 e 2.16, obtém-se:

z 0 z 0U B S B= −μ = −γ (2.18)

sU m B0= −γ (2.19)

O que implica que o momento magnético tende a se alinhar paralelamente com o campo para

atingir seu estado de menor energia (ms = +½) e antiparalelamente ao campo para atingir seu

estado de maior energia (ms = -½). Os níveis de energia permitidos estão representados na

figura 2.2 e são os seguintes [46]:

s 12

1 1m U2 2−

= − ⇒ = + γ 0B (2.20)

s 12

1 1m U2 2+

= + ⇒ = − γ 0B (2.21)

A diferença de energia absorvida ou liberada pelo momento magnético durante uma transição

entre os estados de energia é encontrada a partir das equações 2.20 e 2.21:

1 1 0 02 2

E U U B− +

Δ = − = γ = ω (2.22)

sm = - ½ ↓

sm = +½ ↑

0B

0

1 .2

+ ω

0

1 .2

− ω

0E .Δ = ω

Figura 2.2 – Níveis de energia para um sistema de spins ½ e razão giromagnética

positiva. Estão representados também os sentidos do campo 0B e dos momentos

magnéticos nos dois estados.

A freqüência ω em 2.22, associada com a emissão ou absorção de energia, é a

freqüência de Larmor, definida na equação 2.3. Isto permite dizer que a variação de energia

entre os estados é diretamente proporcional à intensidade do campo magnético externo

0

0B

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44

aplicado sobre o sistema de spin. Para um próton submetido a um campo magnético fixo B0 =

7,04 T, a freqüência de precessão será 0 2 = 300 MHzω π e a diferença de energia entre os

estados será [47]. E 0,120 J / molΔ =

Nem todos os núcleos apresentam momentos magnéticos (e consequentemente spin)

não nulos. O número quântico de spin s dos núcleos está relacionado com seu número de

massa A e número atômico Z da seguinte forma:

− se A e Z são pares, s = 0.

Ex: ; 12 166 8C, O

− se A é ímpar, s = 1/2, 3/2, 5/2, ...

Ex: ; 1 13 23 271 6 11 13H, C, Na, Al

− se A é par e Z ímpar, s = 1, 2, 3, 4, ...

Ex: . 2 141 7H, N

Para um núcleo no estado de menor energia (ms = +½) passar para o estado de maior

energia (ms = -½), isto é, para mudar o movimento de precessão do spin de paralelo para anti-

paralelo, é necessário que absorva um quanta de energia com freqüência igual a . Isto é

feito através da aplicação de um campo magnético oscilante perpendicular ao campo

magnético , chamado de . O campo

0B 1B 1B deve possuir freqüência igual à freqüência

de precessão do spin (condição de ressonância) [48].

0ω = ω1

No modelo quântico apresentado, os momentos magnéticos dos prótons em um campo

magnético estático podem assumir somente dois estados de energia onde os momentos estão

paralelos ou anti-paralelos ao sentido do campo 0B . No entanto, quando certo número de

prótons NP é colocado sob um campo magnético estático, a quantidade de momentos

magnéticos paralelos ao sentido do campo 0B excede a quantidade de momentos magnéticos

antiparalelos. Ao atingirem o equilíbrio, a razão entre o número de momentos paralelos N+ e o

número de momentos antiparalelos N- é dada pela equação de Boltzmann (ou distribuição de

Boltzmann) que segue:

B

Ek TN e

N

Δ

+

= (2.23)

EΔ indica a diferença de energia entre os dois estados (equação 2.22), kNa equação acima, B

indica a constante de Boltzmann e T a temperatura absoluta em que se encontra o sistema. A

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45

equação 2.23 indica que a uma temperatura absoluta próxima de zero T → 0 a razão entre as

populações será muito grande NN

+

→ ∞ , indicando que o sistema se encontra no seu estado de

energia mais baixo. Em temperaturas acima do zero absoluto, alguns momentos se

encontrarão em seu estado de maior energia devido a energia térmica do sistema. Como EΔ é

muito menor que kT na temperatura ambiente, pode-se reescrever a equação 2.23 da seguinte

maneira:

EN N N2kT+ −

Δ− ≈ (2.24)

onde no lado direito e no lado esquerdo da equação N indica o excesso

de spins em paralelo com o campo estático. Substituindo a expressão encontrada para a

diferença de energia (equação 2.22) na equação 2.24, tem-se [44]:

N N N+= + − −N+ −

0BN

2kTγ

Δ = N (2.25)

A soma total dos momentos magnéticos por unidade de volume é o vetor

magnetização M(r,t) , onde indica a posição no instante de tempo t. Considere um

elemento de volume V (voxel) pequeno o bastante para que o campo magnético atuante seja

considerado homogêneo sobre V, mas grande o bastante para conter um grande número de

momentos

r

iμ . O vetor magnetização é definido como:

N

ii 1

1MV =

= μ∑ (2.26)

Portanto, a equação do movimento (equação 2.2) pode ser reescrita da seguinte forma:

dM M Bdt

= γ × (2.27)

N Ni

i 1 i 1

d1 1 BV dt V= =

μ= γμ×∑ ∑ (2.28)

O conjunto de spins em V é chamado de “isocromata”, que pode ser definida como um

domínio de spins com a mesma fase. Ao admitir a equação 2.27, estamos desprezando os

efeitos de interação dos momentos nucleares com a sua vizinhança, que serão introduzidos

mais adiante [43]. A magnetização de equilíbrio M0 devido ao excesso de spins será dada por: 2 2

00 0

BM

4kTγ

= ρ (2.29)

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46

0ρonde indica a densidade de spins, ou número de momentos magnéticos por unidade de

volume, isto é:

0

NV

ρ = (2.30)

0ˆB B z=x y z

ˆ ˆM(t) M (t)x M (t) ˆy M (t)z= + +Considerando que: , e sabendo que ,

obtém-se as seguintes soluções para a equação 2.27:

(2.31) x x 0 yM (t) M (0)cos( t) M (0)sin( t)= ω + 0ω

0ω (2.32) y y 0 xM (t) M (0)cos( t) M (0)sin( t)= ω +

z zM (t) M (0)= (2.33)

Faz-se necessário a utilização de um referencial girante na análise dos campos

magnéticos envolvidos. O referencial adotado gira no sentido anti-horário, em relação ao

referencial do laboratório, ao longo do eixo com freqüência angular tal que suas

coordenadas

z 0ω = ω

ˆ ˆ ˆ(x', y ', z ') ˆ ˆ ˆ(x, y, z) transformam-se em relação às coordenadas do laboratório:

0ˆ ˆ ˆx' xcos( t) 0y sin( t)= ω − ω (2.34)

0ˆ ˆ ˆ 0y ' xsin( t) ycos( t)= ω − ω (2.35)

z ' z= (2.36)

Assim, a magnetização pode ser escrita em função das coordenadas do referencial girante:

x y zˆ ˆM(t) M (t)x' M (t) ˆy ' M (t)z '= + + (2.37)

De forma simplificada, a magnetização pode ser escrita em função de suas

componentes paralela (ou longitudinal) ||M e perpendicular (ou transversal) M ao campo

externo . As componentes paralela e perpendicular da magnetização são expressas

da seguinte maneira:

0 0ˆB B= z

|| zˆM M z= (2.38)

xˆM M x Myy⊥ = + (2.39)

De forma que:

||M M M⊥= + (2.40)

Mais uma vez, recordamos que não estamos considerando as interações entre

momentos magnéticos e as interações dos mesmos com a rede, na qual estão inseridos. Assim,

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47

pode-se escrever a equação do movimento da magnetização em função de suas componentes

longitudinal e transversal:

|| zdM dM 0dt dt

= = (2.41)

0

dM M Bdt

⊥⊥= γ × (2.42)

Ao aplicar o campo , tal que 1B 1 1ˆB B x= ' τ durante um intervalo de tempo , a

magnetização sofre uma rotação θ em torno do eixo z tal que [43]:

(2.43) 1 10 0

(t)dt B (t)dtτ τ

θ = ω = γ∫ ∫

A figura 2.3 indica a direção resultante da magnetização e suas componentes após a aplicação

de (ou pulso de RF). 1 1ˆB B x= '

0B

z '

M

y '

x '

M⊥

||M θ

1B

MFigura 2.3 - Direção resultante da magnetização e de suas componentes

perpendicular e longitudinal no instante de tempo t . = τ

É comum se referir aos pulsos de RF em relação às deflexões que a magnetização

sofre com relação ao eixo z. Por exemplo, ao girar a magnetização em um ângulo 90ºθ = ,

diz-se que foi aplicado um pulso de / 2π rad. Logo, ao ser aplicado um pulso de π rad, a

magnetização será . Seqüências de pulsos são fundamentais no

desenvolvimento de técnicas em espectroscopia e imagens por ressonância magnética nuclear.

Alguns experimentos usam apenas os pulsos de RF enquanto outros utilizam a combinação

zM ( ) M(0)τ = −

destes com os pulsos de gradiente de campo magnético, como as seqüências de pulso

utilizadas nos experimentos de imagens por RMN.

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48

2.2 - Relaxação Magnética Nuclear em Líquidos

Considere um experimento de RMN onde um sistema encontra-se em equilíbrio

rmodinâmico com magnetização de equilíbrio M0, dada pela equação 2.29. O equilíbrio

termod

te

inâmico tem duas propriedades fundamentais [44]: a componente transversal da

magnetização é nula, ou seja: M 0⊥ = , e consequentemente a componente longitudinal é igual

à magnetização de equilíbrio M M|| 0= . Se for aplicado um pulso de 90º, a magnetização

sofrerá uma rotação, de forma que a magnetização transversal torna-se igual à magnetização

de equilíbrio M M⊥ = e a mag o longitudinal seja nula, isto é, M 0= . Considerando

agora todas as interações, a magnetização iniciará o processo de retornar as condições iniciais

de equilíbrio t esse fenômeno dá-se o nome de relaxação.

Relaxação é um fenômeno apresentado em sistemas que tendem assintoticamente a seu

estado de equilíbrio termodinâmico após uma perturbação externa

0 netizaçã

érmico. A

. No caso da ressonância

magné

||

tica nuclear, a perturbação na magnetização é causada pelos pulsos de RF 1(B )

transversais ao campo magnético 0B . Existem duas relaxações características de um sistema

de ressonância magnética, as quais serão consideradas a partir de agora: a relaxação

longitudinal e a relaxação transversal. Ambas são, em geral, caracterizadas por constantes de

tempo. A relaxação spin-rede (longitudinal) está relacionada com a constante de tempo T1,

enquanto a relaxação spin-spin (transversal) está relacionada com a constante de tempo T2.

2.2.1 - Relaxação Longitudinal (Spin – rede)

A interação dos momentos nucleares com a vizinhança faz com que a taxa de variação

agnetização longitudinal em função do tempo, da m zdM (t)dt 1B, após a aplicação de , seja

empiricamente [43], resultando em:

proporcional à diferença 0 zM M , onde a constante de proporcionalidade é determinada −

z0 z

1

dM (t) 1 (M M )dt T

= − (2.44)

constante T1 é chamada de tempo de relaxação

longitudinal. A taxa de relaxação longitudinal R1 é definida por:

A spin-rede ou tempo de relaxação

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49

11

1RT

= (2.45)

L da da magnetização ao longo do eixo z ogo, T1 pequeno indica uma restauração rápi

enquanto um T1 longo indica uma restauração lenta. O valor de T1 difere bastante em cada

r

Em r lí agnetização mostra uma evolução do valor inicial Mz(0)

ara a magnetização de equilíbrio M0 com um comportamento exponencial. Logo, a solução

da equa

material e depende de parâmetros como a viscosidade, temperatura e freqüência de Larmo

[42]. Como exemplos citamos a seguir alguns valores aproximados de tempos de relaxação do 1H para diferentes substâncias, adquiridos a temperatura ambiente em um campo B0 = 2,07 T.

− Polidimetilsiloxano (PDMS) ⇒ T1 = 0,84 s

− Óleo Mineral ⇒ T1 = 0,17 s

− Metacrilato de Metila ⇒ T = 2,8 s 1

− Água ⇒ T = 2,7 s 1

ge al, em quidos, a m

p

ção 2.44 para 0 0ˆB B z= será dada por:

1 1t T t Tz zM (t) M (0)e M (1 e )− −= + − (2.46)

A forma final da equação depende da evolução d

0

a magnetização durante a aplicação do pulso

e RF ao sistema de spins. Por exemplo, após um pulso de 90ºd , a magnetização longitudinal é

nula Mz(0) = 0. Logo, a equação 2.46 se reduz a:

1t Tz z 0M (0) 0 M (t) M (1 e )−= ⇒ = − (2.47)

No caso de um pulso de 180º, a magnetização longitudinal será Mz(0) = -M0 e a equação 2.46

oderá escrita da seguinte forma: p

1t Tz 0 z 0M (0) M M (t) M (1 2e )−= − ⇒ = − (2.48)

A figura 2.4 mostra o comp πortamento exponencial da magnetização após o pulso de ,

mbrando que t = 0 é o instante em que o pulso de RF é desligadole .

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50

M0

MZ(t)

(mag

netiz

ação

long

itudi

nal)

t (tempo)-M0

MZ(t) = MZ(0)e-t/T1 + M0(1 - e-t/T1)

Figura 2.4 – Curva da magnetização longitudinal versus tempo após o pulso de rad. O

valor de M

π

z(0) depende da rotação causada pelo campo de RF aplicado.

2.2.2 - Relaxação Transversal (Spin – spin)

Considere um pulso de 90º aplicado à amostra com magnetização de equilíbrio M0. O

restabelecimento do equilíbrio termodinâmico da componente longitudinal da magnetização

acontecerá de acordo com a equação 2.46, como mostrado anteriormente. A magnetização

transversal também sofrerá um decaimento, em geral, diferente do observado na relaxação

longitudinal e com causas também diferentes.

Parte do decaimento da magnetização transversal se deve ao processo que produz a

relaxação longitudinal. Como a magnetização longitudinal está retornando ao seu estado de

equilíbrio, a componente transversal da magnetização está diminuindo de intensidade. Porém,

a componente transversal da magnetização apresenta uma taxa de variação diferente da

componente longitudinal, como indicado na equação a seguir [43]:

2

dM 1 Mdt T

⊥⊥= − (2.49)

A constante T2 é chamada de tempo de relaxação spin-spin ou tempo de relaxação

transversal. A taxa de relaxação transversal R2 é definida por:

22

1RT

= (2.50)

De forma semelhante ao tempo de relaxação longitudinal, T2 pequeno indica uma

relaxação rápida da magnetização ao longo do plano transversal enquanto um T longo indica 2

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51

uma relaxação lenta. Como mencionado acima, a relaxação transversal depende em parte da

relaxação longitudinal. Quando a magnetização longitudinal tiver retornado ao estado de

equilíbrio termodinâmico, a magnetização transversal será nula. Como existem outros

processos envolvidos na relaxação transversal, essa será sempre mais rápida do que a

relaxação longitudinal. Isto implica que T será sempre maior ou igual a T1 2 para um mesmo

núcleo observado [44]. Em sólidos, os valores de T2 são da ordem de microsegundos

enquanto em líquidos os tempos de relaxação transversal são da ordem de segundos.

A solução da equação 2.49, pode ser escrito como: 2t TM (t) M (0)e−

⊥ ⊥= (2.51)

Os spins estão sujeitos a um campo magnético resultante que é uma combinação do

campo magnético aplicado e dos campos magnéticos locais. Variações no campo magnético

local implicam em diferentes freqüências de precessão dos spins, causando um efeito de

defasagem, ou seja, nem todos os spins giram em torno do eixo com a mesma velocidade

angular. Esse campo é variável no tempo e muda de acordo com processos físicos ou

químicos da amostra. A figura 2.5.a ilustra o instante de aplicação do pulso de tal que

e a conseqüente rotação da magnetização M

z

/ 2π

1 1ˆB B x= ' no instante t0. No instante t > t0 é

iniciada a defasagem dos spins no referencial girante, o que causa uma diminuição na

amplitude da magnetização transversal (figura 2.5.b), associado com o efeito da relaxação

longitudinal (figura 2.5.c)[43].

Uma defasagem adicional é observada na magnetização devido à não homogeneidade

espacial no campo estático . Diferenças locais do campo externo também causam uma

diferença na freqüência de precessão do spin ou de cada isocromata [44]. A relaxação devido

a esses dois fenômenos é caracterizada por uma constante de tempo denominada , de forma

que a taxa de relaxação total é definida como a soma das taxas de relaxação intrínseca R

0B

'2T

*2R 2

e a taxa de relaxação devido à não homogeneidade [43]: '2R

(2.52) *2 2R R R= + '

2

A relação descrita na equação anterior pode ser escrita em função dos tempos de relaxação na

seguinte forma:

*2 2

1 1 1T T T'

2

= + (2.53)

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52

O decréscimo na magnetização transversal devido à pode ser recuperado com a

adição de um pulso de π , de forma que ocorra uma refocalização das isocromatas. Este efeito

é macroscópico. Já a perda devido à T

'2T

2 é irreversível, pois está relacionada com as variações

randômicas do campo magnético devido às interações entre os spins, ou seja, seu efeito é

microscópico.

M

M

0B z '

y '

x '

0B z '

y '

x '

0B z '

y '

x '

a)

c)

b)

1B

Figura 2.5 – Defasagem dos spins associada ao efeito da relaxação longitudinal após um

pulso de / 2π .

O mais simples dos experimentos de RMN é aplicar um pulso de e detectar a

magnetização dos spins. A variação de fluxo magnético gerada pela precessão da

magnetização produz na bobina receptora uma força eletromotriz induzida, pois esta se

encontra no referencial do laboratório. O sinal detectado é chamado de FID (free induction

/ 2π

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53

decay) e é utilizado rotineiramente ao iniciar um experimento de RMN. Com o sinal de FID

pode-se localizar o pico de freqüência desejada e determinar a amplitude e tempo necessário

para calibrar o pulso de RF que será utilizado. O sinal detectado pela bobina receptora oscila

com freqüência igual à freqüência de Larmor 0ω e decai com como representado na figura

2.6. A envoltória do sinal detectado é obtida ao demodular o sinal na freqüência de Larmor do

sistema, indicada na figura 2.7. Este resultado fornece o decaimento no referencial girante.

*2T

Referencial do Laboratório

M⊥ (m

agne

tizaç

ão tr

ansv

ersa

l)

t (tempo)

M⊥(0).exp(-t/T*

2).sin(ω0.t)

M⊥(0)

Figura 2.6 – Sinal captado pela bobina receptora.

M⊥(t)

M⊥(0)

M⊥(0).exp(-t/T*

2)

M⊥ (m

agne

tizaç

ão tr

ansv

ersa

l)

t (tempo)

Referencial Girante

Figura 2.7 – Envoltória do sinal detectado pela bobina receptora.

Para representar o sinal detectado no espaço das freqüências é necessário realizar a

transformada de Fourier do sinal. Um exemplo do resultado encontrado pode ser observado na

figura 2.8.

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54

Am

plitu

de

Frequência

Figura 2.8 – Transformada de Fourier do sinal detectado pela bobina receptora.

2.2.3 - Equação de Bloch

As equações 2.44 e 2.49 podem ser combinadas em uma equação no referencial do

laboratório, denominada equação de Bloch [49] e segue que:

0 z1 2

dM 1 1ˆM B (M M )z Mdt T T ⊥= γ × + − − (2.54)

Para o caso particular , as componentes do produto vetorial são: 0ˆB B z=

0z

1

M MdMdt T

z−= (2.55)

x0 y

2

dM MMdt T

= ω − x (2.56)

y0 x

2

dM MM

dt T= −ω − y (2.57)

As soluções das equações acima são, respectivamente: t T t T1

z z 0M (t) M (0)e M (1 e )−= + − 1− (2.58)

( )2t Tx x 0 yM (t) e M (0)cos( t) M (0)sen( .t)−= ω + 0ω (2.59)

( )2t Ty y 0 xM (t) e M (0)cos( t) M (0)sen( t)−= ω − 0ω

0

(2.60)

Para o caso limite , as soluções das equações mostram a situação de equilíbrio: t →∞

zM ( ) M∞ = (2.61)

x yM ( ) M ( ) 0∞ = ∞ = (2.62)

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55

2.3 - Imagens por RMN

O objetivo da técnica de imagens por ressonância magnética (IRM) é obter a

distribuição espacial de spins em uma amostra a partir do sinal de RMN proveniente da

mesma. É necessário determinar a dependência do sinal de RMN e posteriormente conectar a

precessão do spin com sua posição rω [43,44] para permitir a seleção dos sinais de

determinados voxels (elemento de volume) e assim poder reconstruir a imagem com a

composição desses sinais.

2.3.1 - Sinal de RMN

O sinal detectado pela bobina de recepção, em função do tempo, possui a seguinte

expressão no domínio dos números complexos:

0 B2

ti( (r )t (r ) (r ))T (r )

0 r ,VA

S(t) e B (r)M (r,0)e dr−

− Δω +φ −φ⊥ ⊥= ω ∫ (2.63)

rB0φ Bφonde indica a fase inicial da magnetização e indica a fase do campo magnético

recebido pela bobina. A integral é calculada sobre o volume da amostra V (r)ΔωA. O termo

representa a diferença entre a freqüência (r)ω de precessão na posição e a freqüência de

precessão do campo estático devido a não homogeneidade do campo estático ou devido à

aplicação de um gradiente externo extra, isto é:

r

0ˆB (B B)z= + Δ . Como a bobina de

transmissão é suficientemente uniforme, igualmente à bobina de recepção, tem-se que 0φ Bφ,

e são independentes da posição rr,B ⊥ . Logo, a equação do sinal pode ser escrita, ignorando

os efeitos de relaxação, da seguinte forma:

A

i (r )t0 r ,

V

S(t) B M (r,0)e dr− Δω⊥ ⊥= ω ∫ (2.64)

Considerando um pulso de , a magnetização transversal inicial é a magnetização

de equilíbrio . Escrevendo a equação 2.29 em termos da densidade de spins

efetiva , obtém-se:

π/2

0M (r,0) M (r)⊥ =

(r)ρ

2 2

0

1M (r,0) M (r) (r) B4 kT⊥

γ= = ρ 0 (2.65)

onde é definida como: (r)ρ

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56

3 2 20 r ,

0

B B(r) (r)

4kT⊥γ

ρ = ρ (2.66)

Logo, o sinal encontrado pode ser escrito por:

A

i (r )t

V

S(t) (r)e dr− Δω= ρ∫ (2.67)

Vale lembrar que até agora os efeitos das relaxações estão sendo desprezados. Ao

considerar os efeitos da relaxação, 1 2(r,T ,T )ρ(r)ρ deverá ser substituído por . Para facilitar

o entendimento e desenvolvimento das expressões, consideraremos a integral descrita acima

em apenas uma dimensão, que pode ser definida como a coordenada z. Logo, a expressão

resultante será:

(2.68) i (z )tS(t) (z)e dz− Δω= ρ∫

2.3.2 - Gradientes de Campo Magnético e Equações da Imagem

Para relacionar a freqüência de Larmor ω do spin com sua posição z é necessário

aplicar um gradiente de campo magnético Gz para que a freqüência de precessão não seja

única ao longo do eixo z da amostra. Ao adicionar esse campo que varia linearmente com a

posição z, a componente z do campo será:

z 0B (z, t) B zG (t)z= + (2.69)

Sendo o gradiente constante na direção z:

zz

BGz

∂=

∂ (2.70)

A dependência com o tempo de Gz(t) indica que a aplicação do gradiente pode sofrer

mudanças ao longo de um experimento. Da equação 2.69, observa-se que a freqüência de

precessão do spin tornar-se-á:

0 G(z, t) (z, t)ω = ω +ω (2.71)

onde:

G (z, t) zG (t)zω = γ (2.72)

A fase acumulada devido à aplicação do gradiente é:

(2.73) t t

G G0 0

(z, t) dt ' (z, t ') z dt 'G (t ')φ = − ω = −γ∫ ∫ z

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57

O gradiente é aplicado somente após a aplicação do pulso inicial de RF em t = 0. Assim, a

equação 2.68 agora pode ser escrita da seguinte forma:

(2.74) Gi (z ,t )tS(t) (z)e dz− φ= ρ∫Introduzindo uma nova variável k, definida como:

t

0

k(t) G(t ')dt '2γ

=π ∫

(2.75)

A equação do sinal em função da nova variável será:

(2.76) i 2 kzS(k) (z)e dz− π= ρ∫O sinal está agora escrito em função da coordenada k. A equação 2.76 é conhecida como a

equação da imagem em uma dimensão (1D) e essa mudança de variável é chamada de

transformação para o espaço k. A equação 2.76 mostra que a equação do sinal S(k) é a

transformada de Fourier da densidade de spins da amostra. Ou seja, a densidade de spins é

encontrada pela transformada inversa de Fourier do sinal:

(2.77) i 2 kz(z) S(k)e dz+ πρ = ∫O conjunto formado pelas equações 2.76 e 2.77 é conhecido como par de

transformadas de Fourier. Ao estender a equação da imagem para três dimensões, a equação

2.76 fica da seguinte forma: i 2 k .r 3S(k) (r)e d r− π= ρ∫ (2.78)

x y zi 2 (k x k y k z )x y zS(k ,k ,k ) (x,y, z)e dxdydz− π + += ρ∫∫∫ (2.79)

Esta é conhecida como equação da imagem em três dimensões 3(D). As componentes de k

são definidas por: t

x x0

k (t) G (t ')dt '2γ

=π ∫

(2.80)

t

y y0

k (t) G (t ')dt '2γ

=π ∫

(2.81)

t

z z0

k (t) G (t ')dt '2γ

=π ∫

(2.82)

onde kx indica a codificação de freqüência, ky indica a codificação de fase e kz a seleção de

fatias. Os gradientes, por sua vez, são definidos por:

zx R

BG Gx

∂= =

∂ (2.83)

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58

zy PE

BG G

y∂

= =∂

(2.84)

zz SS

BG Gz

∂= =

∂ (2.85)

onde GR indica o gradiente de leitura (reading), GPE o gradiente de codificação de fase (phase

encoding) e G o gradiente de seleção de fatias (slice selecting). SS

A equação 2.77, escrita em três dimensões fica da seguinte forma: x y zi 2 (k x k y k z )

x y z x y z(x, y, z) S(k ,k ,k )e dk dk dkπ + +ρ = ∫∫∫ (2.86)

A seqüência de pulsos utilizada ao longo desse trabalho fornece uma imagem em duas

dimensões (2D). Neste caso, para a montagem da imagem da fatia z, são variados kx e ky para

formar a imagem . Em seguida, para montar a imagem da fatia , é variado o kz + Δz(x, y)ρ z.

Neste caso, a equação da imagem em 2D segue abaixo: x yi 2 (k x k y )

x y x y(x, y) S(k ,k )e dk dkπ +ρ = ∫∫ (2.87)

A figura 2.9 mostra o exemplo de uma imagem bidimensional formada no espaço k e sua

transformada de Fourier.

⎯⎯→

←⎯⎯⎯

F

-1F

Figura 2.9 – Exemplo de um par de transformadas de Fourier de uma imagem.

Escolhida a fatia, a imagem pode ser apresentada de três maneiras em relação aos

eixos dos gradientes, como dispostas na figura 2.10:

- Axial: a fatia escolhida encontra-se perpendicular ao eixo z (figura 2.10.a);

- Sagital: a fatia escolhida encontra-se perpendicular ao eixo y (figura 2.10.b);

- Coronal: a fatia escolhida encontra-se perpendicular ao eixo x (figura 2.10.c).

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59

y

z

x

0 0B B z=

y

z

x

0 0B B z=

y

z

x

0 0B B z=

a) b) c)

Figura 2.10 – Planos: a) axial; b) sagital; c) coronal.

2.3.3 - Qualidade da Imagem

O termo resolução é utilizado em imagens para descrever o nível de detalhe que uma

imagem comporta. A resolução de um experimento pode ser escrita em termos da quantidade

de pontos coletados N’ (número de pixels) e do campo de visão (field-of-view, FOV)

representado por L. A resolução da imagem é definida por:

x'x

LxN

Δ = (2.88)

y'y

Ly

NΔ = (2.89)

z'z

LzN

Δ = (2.90)

onde Δx, Δy e Δz são comumente referidos como as dimensões dos pixels (2D) ou voxels

(3D). Por exemplo, se um experimento em 2D estiver sendo realizado com um campo de

visão de 10 cm x 20 cm e forem coletados 200 pontos em cada direção, as dimensões dos

pixels serão de 0,05 cm x 0,1 cm, respectivamente. Portanto, a dimensão do pixel indica a

resolução da imagem. Por sua vez, o pixel é a menor unidade de uma imagem, e quanto maior

for o número de pixels, maior a resolução da imagem para um dado campo de visão, pois as

dimensões dos pixels (Δx, Δy e Δz) serão menores. Em ressonância, é comum apresentar o

número de pontos coletados como a matriz da imagem. A matriz do exemplo dado acima é de

200 x 200, onde o primeiro número indica a quantidade de colunas e o segundo a quantidade

de linhas. Isto é, a quantidade de pixels na vertical e a quantidade de pixels na horizontal. A

figura 2.11 ilustra uma seqüência de imagens com diferentes resoluções.

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60

Figura 2.11 – Seqüência de imagens com diferentes resoluções

O contraste CAB entre dois pixels A e B é definido como a diferença absoluta entre o

sinal SA e S proveniente dos voxels (ou pixels) A e B. Isto é: B

AB A BC S S= − (2.91)

Outra importante característica que tem relação com a qualidade da imagem é a razão sinal

ruído SNR (signal-to-noise ratio), definida no espaço-k em função do número de aquisições

Naq da seguinte forma:

aqm

S(k)SNR(k) N(k)

(2.92)

onde indica a variância do sinal proveniente do ruído, que em experimentos de RMN

pode ser tanto de natureza da amostra como da instrumentação eletrônica. Quanto maior a

SNR, maior qualidade e contraste terão as imagens obtidas. A figura 2.12 mostra uma

seqüência de imagens onde é adicionado um ruído. Observe que o contraste diminui a medida

que o ruído aumenta.

m (k)σ

Figura 2.12 - Seqüência de imagens sagitais de crânio onde é adicionado um ruído.

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61

A técnica de imagens por ressonância magnética (IRM) tem se tornado uma das

principais ferramentas em aplicações biomédicas e em análises de materiais. Isso se deve ao

fato de IRM ser uma técnica não invasiva e pelas diferentes formas de abordar ou explicitar

um fenômeno. Alguns avanços no diagnóstico de doenças puderam ser atingidos devido à

versatilidade das técnicas de imagens. Na figura 2.13 encontram-se algumas aplicações de

IRM em áreas da medicina [50,51,52].

a) b)

c) d)

Figura 2.13 – Aplicações de IRM em a) obstetrícia, b) ortopedia,

c) cardiologia e d) neurologia.

As seqüências de pulsos podem utilizar diferentes contrastes ponderados nos

parâmetros de relaxação (T *1, T e T2 2 ), em difusão, em densidade de spins, em deslocamento

químico, entre outros. Em nosso trabalho, essa técnica foi utilizada para observarmos a

homogeneidade do processo de polimerização com imagens ponderadas em T2. Em ciência de

materiais, as aplicações em polímeros são muitas, como por exemplo, em elastômeros sobre

ensaios de tração, onde o contraste ponderado em T2 é utilizado para mapear as tensões

distribuídas ao longo do corpo de prova [53]. A figura 2.14 mostra uma imagem em duas

dimensões, em termos de curvas de nível, de um poli(isopreno) sob ensaio de resistência à

fratura onde é feito um corte na amostra, como indicado na figura 2.14. A região mais escura

denota um acúmulo de tensão mecânica. Processos de tumescência também são observados

por esta técnica, onde o contraste ponderado em densidade de spins indica a concentração de

água ao longo da amostra em função do tempo [54]. A figura 2.15 mostra a frente de difusão

da água em uma amostras de poli(hidroxietil metacrilato).

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62

Corte realizado na amostra

Figura 2.14 – IRM utilizada em ensaios de fratura para observar a distribuição de

tensões em polímeros (retirada da ref. 53).

Figura 2.15 - IRM utilizada para o monitoramento de processos de tumescência

(retirada da ref. 54).

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63

Capítulo 3 – Técnicas utilizadas para caracterização e preparação das amostras

Medidas de T1 foram realizadas ao longo do processo de polimerização do poli(metil

metacrilato) e da resina Resapol 10-249. Também foram realizadas medidas da temperatura

da solução de algumas amostras ao longo do processo de polimerização. Medidas de T2 e a

imagens por ressonância magnética nuclear (IRM) foram utilizadas no estudo da

polimerização da resina. Além destas técnicas também foram realizadas medidas de

espectroscopia na região do infravermelho no estudo da polimerização do poli(metil

metacrilato).

3.1 - Técnicas de análise por RMN

As medidas de RMN foram realizadas no laboratório de imagens RESS do

Departamento de Física da UFPE. Neste laboratório encontra-se um espectrômetro modelo

Varian Unity Inova, cujo diâmetro de abertura é 20 cm, ilustrado na figura 3.1.a. O magneto

supercondutor produz um campo magnético estático de B0 = 2,07 T e é de fabricação da

Oxford. O software utilizado para as medições e tratamento dos dados de RMN é o VNMRJ,

desenvolvido pela Varian. O gradiente de campo magnético máximo aplicado por esse

sistema é de 20 gauss/cm, ou 200 mT/m. A bobina de RF utilizada nos experimentos é de

fabricação da Varian e opera na freqüência de 85 MHz para prótons (1H) e possui 6 cm de

diâmetro interno e 16 cm de comprimento, onde a região homogênea corresponde a apenas 7

cm. A bobina encontra-se ilustrada na figura 3.1.b e funciona como transmissão dos pulsos de

RF e recepção do sinal proveniente da amostra.

a) b)

Figura 3.1 – a) Magneto supercondutor e b) Bobina de RF utilizados

nos experimentos de RMN.

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64

3.1.1 - Medidas de T1 - Seqüência de Pulsos: Inversão Recuperação

A figura 3.2 mostra a seqüência de pulsos inversão recuperação (Inversion Recovery)

utilizada para medir T1 ao longo deste trabalho [43,55]. A seqüência consiste de dois pulsos

de RF aplicados perpendicularmente à magnetização de equilíbrio na mesma direção. O

primeiro pulso gira a magnetização em 180º (pulso de π ) e após um intervalo de tempo Ti o

segundo gira a magnetização em 90º (pulso de / 2π ). O tempo de aquisição do sinal TA é

muito curto quando comparado com os outros tempos envolvidos na seqüência, porém de

grande importância quanto à qualidade do sinal adquirido. O intervalo de tempo TR se refere

ao início da próxima aquisição, que será feita de forma semelhante, porém variando-se o

intervalo de tempo entre os pulsos. Variando Ti, é possível varrer toda a variação da

intensidade da magnetização em diferentes instantes da relaxação. z iM (T )

π

iT RT AT

Figura 3.2 – Seqüência de pulsos Inversão Recuperação utilizada para medir T1.

Não é possível medir a magnetização longitudinal diretamente, por isso é necessário

girar a magnetização para o plano transversal. É necessário que o pulso de esteja bem

calibrado. Como o primeiro pulso aplicado é de 180º, a curva obtida terá a forma da equação

2.48, que pode ser escrita de forma mais simplificada a seguir:

/ 2π

i 1T Tz 0M (t) M (1 2e )−= − (3.1)

3.1.2 - Medidas de T2 - Seqüência de Pulsos: CPMG

A seqüência de pulsos utilizada para medir o tempo de relaxação spin-spin é

conhecida como CPMG, iniciais de Carr, Purcell, Meibom e Gill [55]. Inicialmente é aplicado

um pulso de rotacionando a magnetização para o plano transversal. Conforme

comentado na seção 2.2.2, os spins em diferentes posições

/ 2π

r , começam a defasar em relação

aos outros por sentirem diferentes intensidades de campo. Após um tempo é aplicado um τ

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65

pulso de π que refocaliza os spins após um tempo t = 2 τ , onde 2 τ é definido como o tempo

de eco TE. Devido a um ajuste de fase no equipamento, é necessário aplicar outro pulso de π

para focalizar a fase com sinal positivo, adquirindo o sinal no tempo t = 2TE. Portanto, para

descrever toda a envoltória da equação 2.51, ilustrada na figura 2.7, é necessário se aplicar

múltiplos pulsos de π . A seqüência completa está representada na figura 3.3, onde n indica o

número de um par de pulsos de π necessários para cobrir todo o sinal de relaxação.

π

τ

ET

τ ττ

π

ET

Figura 3.3 – Seqüência de pulsos CPMG.

É preciso observar que no caso ideal a equação 3.1 indica que todas as isocromatas em

M0 possuem relaxação igual a T1. Na realidade, o parâmetro T1 na equação 3.1 indica uma

média dos tempos de relaxação das espécies que contribuem para a magnetização de

equilíbrio M0. O mesmo acontece para a equação 2.51, que descreve uma média de T2 nas

isocromatas em M ( . Os tempos de relaxação spin-rede (T0)⊥ 1) e spin-spin (T2) já foram

utilizados para acompanhar processos de polimerização em trabalhos anteriores [56,57,58].

3.1.3 - Imagens por Ressonância Magnética (IRM) - Seqüência de pulsos utilizada: eco

de spins com múltiplas fatias (SEMS)

A seqüência de pulsos utilizada para observar o processo de polimerização das

amostras na técnica de IRM foi a seqüência de eco de spin com múltiplas fatias (Spin Echo

Multi Slice - SEMS). Seqüências de múltiplas fatias são bastante utilizadas em imagens de alta

SNR ponderadas em T1 e T2 [59]. As imagens obtidas foram tratadas com o auxílio do

software ImageJ, disponibilizado pelo National Institute of Health (NIH) [60]. A seqüência

completa com os devidos pulsos de gradiente encontra-se esquematizada na figura 3.4 e

consiste em um determinado número de pulsos de RF em um tempo de repetição único. Cada

pulso possui uma freqüência diferente e excita uma fatia diferente da amostra. Após o

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66

primeiro pulso, com um tempo de repetição TR, os pulsos adicionais de RF podem ser

aplicados entre o instante de tempo de amostragem do sinal e o início da próxima seqüência

para excitar outras fatias na amostra, o que faz com que o tempo de aquisição total seja

bastante curto. Porém, esta seqüência torna-se ineficiente em experimentos com tempos de

repetição muito curtos [43]. A expressão do sinal na seqüência de eco de spin para um

determinado núcleo é dada por:

R 1 E 2T T T T0S(k) (1 e )e− −= ρ − (3.2)

SS

RO

PE

RF

π

/ 2π

τ τ

TE

SS

RO

PE

RF

π

/ 2π

τ τ

TE

Figura 3.4 – Seqüência de pulsos de RF e gradientes (SS, RO, e PE) Spin Echo Multi

Slice – SEMS.

A técnica de IRM tem sido bastante utilizada para observar fenômenos em polímeros

tais como absorção de água [61], densidade de ligações cruzadas [62], distribuições de tensões

em elastômeros [63] e ensaios de fraturas [64]. Cura de reinas [65] e processos de

polimerização também são objetos de estudo em trabalhos recentes [66]. Os parâmetros TR e

TE utilizados nos experimentos de IRM encontram-se apresentados na tabela 3.1 e os

parâmetros das sínteses de cada experimento encontram-se na seção 3.4.1.

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67

Tabela 3.1 – Tempos de repetição TR e tempos de eco TE utilizados em

cada experimento de IRM.

Experimento TR (ms) TE (ms)

IRM01 3000 12

IRM02 1000 12

IRM03 1500 12,7

IRM04 1000 12

3.2 - Espectroscopia na região do infravermelho

A técnica de espectroscopia na região do infravermelho (IV) foi utilizada neste

trabalho como método comparativo aos resultados obtidos por RMN. O experimento visa

acompanhar a diminuição na intensidade do modo de absorção correspondente à ligação C=C

no espectro de transmitância, cujo comprimento de onda referente a esta ligação no MMA

está localizado no espectro em 1637 cm-1 [67]. A diminuição da intensidade do modo

vibracional no espectro de transmitância indica a quebra da ligação do monômero do MMA.

Com isto, é possível acompanhar polimerização do monômero durante toda a reação.

Para os experimentos com IV foi utilizado o espectrômetro FTIR da Bruker modelo IF

66 que se encontra na Central Analítica do Departamento de Química Fundamental da UFPE.

Foi utilizada uma fenda de 6 mm e a região espectral analisada corresponde de 900 a 4000

cm-1. Após o preparo, a solução com MMA + PBO + DMA (ver seção 3.4.2) é colocada em

uma janela de CaF2 e levada ao espectrômetro. As aquisições do espectro de IV são realizadas

em intervalos de tempo periódicos até não haver mais nenhuma mudança modo de absorção

observado. Para garantir que a medição contabiliza apenas a mudança no número de ligações

duplas e não inclui a perda de massa por evaporação da amostra, a intensidade do modo

vibracional observado foi normalizada em relação à intensidade de outro modo, que de acordo

com os experimentos realizados, mantém-se constante ao longo da polimerização. Este modo

vibracional está localizado em 1729 cm-1 e refere-se à ligação C=O [68,69]. A normalização é

feita de acordo com a seguinte expressão:

1637

1729

FP (t)u(t) 1FP (t)

= − (3.3)

onde FP1637(t) e FP1729(t) são funções que representam a perda de massa da amostra em função

do tempo devido a evaporação em relação a um valor de referência dos picos localizados em

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68

1637 e 1729 cm-1. As funções FP1637(t) e FP1729(t) são descritas da seguinte forma, em função

das transmitâncias T1637(t) e T1729(t):

16371637

1637

1,2-T (t)FP (t)=1,2-T (0)

(3.4)

17291729

1729

1,2-T (t)FP (t)=1,2-T (0)

(3.5)

O valor de referencia 1,2 foi escolhido por ser maior do que os valores máximos dos espectros

de IV. Este método foi escolhido por já ter sido aplicado anteriormente no estudo da síntese

de polímeros [70,71].

3.3 - Temperatura

O acompanhamento da temperatura em função do tempo durante o processo de

polimerização foi realizado em alguns experimentos da resina e do PMMA para investigar o

seu efeito no processo de polimerização. O aparato experimental consiste em inserir um

termopar na solução em seus respectivos porta-amostras. O termopar utilizado nos

experimentos é feito de uma liga de NiCr-Ni fabricado pela Phywe, modelo GTH 1160. A

ponta do termopar que se encontra imersa na substância foi envolvida com papel alumínio

para evitar que a mesma se aderisse ao termopar e para melhorar a condução de calor da

amostra para o termopar.

3.4 - Preparação das amostras

3.4.1 - Resapol 10-249

A resina Resapol 10-249 foi preparada a partir da indicação do fabricante, que fornece

o catalisador apropriado vendido em forma de kit (ver figura 3.5). A resina possui uma

viscosidade alta e os líquidos são incolores. Os porta-amostras utilizados nos experimentos

com a resina são feitos de PVC e possuem forma cilíndrica com altura 5,0 cm e diâmetro

interno 2,5 cm. A resina, depois de polimerizada, não adere ao PVC, podendo ser totalmente

retirada após o enrijecimento. A figura 3.6 mostra um exemplar da resina ao final do

experimento e o respectivo porta-amostra utilizado.

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69

Figura 3.5 – Kit resina (dir) e catalisador (esq) Resapol 10-249.

Figura 3.6 – Porta amostra de PVC utilizado na cura da resina Resapol 10-249 e um

exemplar da resina após enrijecimento.

O modo de preparo consiste em adicionar primeiramente a resina em um recipiente e

posteriormente adicionar o catalisador sobre a resina. Logo após a adição do catalisador, os

líquidos devem ser misturados com um bastão de vidro até se obter um líquido de viscosidade

homogênea. A cura se inicia logo após a adição do catalisador. Portanto, a mistura deve ser

feita de forma rápida. Após a mistura, o líquido é transferido para o porta-amostra e levado

para análise. O porta-amostra deve ficar fechado durante o experimento para evitar contato

com a atmosfera, pois o oxigênio pode inibir a polimerização conforme relatado na literatura

[65,72,73].

A proporção entre a massa da resina e do catalisador indicadas pelo fabricante é 5 :

0,075. Isto resulta na razão: m(r)/m(c) = 66,66, onde m(r) indica a massa da resina e m(c) a

massa de catalisador. Essa razão foi variada com a finalidade de observar se a cinética de

polimerização da resina seria afetada. As variações na proporção do catalisador foram

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70

realizadas de forma a aumentar e diminuir esta razão. Os experimentos realizados e as devidas

proporções obtidas estão expostos na tabela 3.2 e todos foram realizados a uma temperatura

média de 23ºC.

Tabela 3.2 – Experimentos realizados com a Resapol 10-249.

Experimento Tipo de análise m(r) g m(c) g m(r)/ m(c)

IRM01 Imagem por RMN 20,010 0,300 66,66

IRM02 Imagem por RMN 18,000 0,270 66,66

IRM03 Imagem por RMN 15,025 0,250 60

IRM04 Imagem por RMN 20,000 0,152 131,58

T1-01 Medidas de T1 20,154 0,300 67,18

T1-02 Medidas de T1 20,031 0,301 66,54

T1-03 Medidas de T1 15,000 0,300 50

T1-04 Medidas de T1 15,000 0,450 33,33

T1-05 Medidas de T1 20,000 0,150 133,33

T2-01 Medidas de T2 14,800 0,225 65,77

T2-02 Medidas de T2 20,130 0,170 118,41

3.4.2 - Poli(metil metacrilato) (PMMA)

O poli(metil metacrilato) (PMMA) foi obtido a partir do metil metacrilato (MMA) de

fabricação da Aldrich. Foram testadas várias formas de iniciar a polimerização do metil

metacrilato. É necessário um método que iniciasse a polimerização à temperatura ambiente e

sem ajuda de agentes externos como, por exemplo, luz UV. Caso contrário dificultaria a

inserção da amostra no espectrômetro. Como iniciador, foi utilizado o peróxido de benzoíla e

como catalisador foi utilizado a dimetil anilina. A síntese consiste em um método adaptado da

literatura, utilizado por Jackson et al em 1992 [74]. Primeiramente é preparada uma solução

de MMA + PBO na proporção desejada. Nas proporções utilizadas neste trabalho, o PBO

dissolve facilmente no MMA, sendo necessária apenas uma leve agitação do recipiente para a

completa dissolução. O líquido resultante desta mistura é incolor, assim como o MMA.

Devido ao fato de o MMA ser um líquido bastante volátil, é necessário tomar o cuidado de

utilizar um recipiente com tampa durante o preparo. Posteriormente, adiciona-se a DMA e a

solução é agitada com o objetivo de se obter uma melhor homogeneidade. Essa agitação não é

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71

necessária, como observado em trabalhos anteriores, onde o DMA é apenas gotejado na

solução [75]. O resultado desta mistura é um líquido de cor alaranjada. Após a mistura, a

solução MMA + PBO + DMA é transferida para o porta-amostra, que semelhante ao utilizado

nos experimentos com a resina, também fica fechado durante todo o experimento.

O porta-amostra utilizado nas análises do PMMA nos experimentos de RMN é feito de

teflon (politetrafluoretileno) e também possui forma cilíndrica de altura 4,6 cm e diâmetro

interno 1,6 cm. O teflon é conhecido por ser praticamente inerte e, portanto a retirada do

PMMA também pode ser feita após a solidificação do mesmo. O porta-amostra utilizado

encontra-se ilustrado na figura 3.7.a, enquanto que a figura 3.7.b mostra duas amostras de

PMMA com diferentes proporções de DMA. Observe a diferença na tonalidade laranja das

amostras.

a) b)

Figura 3.7 – a) Porta amostra de teflon utilizado nos experimentos de RMN do PMMA.

b) Amostras de PMMA com diferentes proporções de DMA.

As proporções de PBO e DMA na solução foram alteradas com o objetivo de observar

a mudança na cinética de polimerização. Foram preparadas soluções variando a razão

m(PBO)/m(MMA) entre as massas do iniciador e do monômero. A tabela 3.3 mostra as

soluções preparadas e as razões entre as massas e os números de moles obtidos.

A solução A foi utilizada em dois experimentos. O primeiro foi realizado instantes

depois da preparação da solução. Isto é, foi retirado um determinado volume da solução e

gotejado o DMA neste volume. O volume restante foi utilizado em um experimento

semelhante realizado 24 horas depois. O mesmo foi aplicado para as soluções B e C. A tabela

3.4 mostra o volume de solução utilizado em cada experimento assim como o volume de

DMA utilizado e as proporções entre PBO e DMA utilizadas.

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72

Tabela 3.3 – Soluções utilizadas nos experimentos de RMN com as respectivas massas de

MMA e PBO utilizadas e a razão entre essas massas e os números de moles.

Solução m(MMA) → Vol(MMA) m(PBO) m(PBO)/ m(MMA) n(PBO)/ n(MMA)

A 14,8166 g → 15,0 ml 0,1474 g 0,00995 ≈ 1% 0,0041

B 17,0474 g → 18 ml 0,3399 g 0,01994 ≈ 2% 0,0082

C 15,9529 g → 17,0 ml 0,4807 g 0,03013 ≈ 3% 0,0124

D 8,2528g → 8,5 ml 0,0819 g 0,00992 ≈ 1% 0,0041

Tabela 3.4 – Volume das soluções utilizadas nos experimentos de RMN e os respectivos

volumes de DMA e razões PBO e DMA.

Experimento Volume de solução utilizado V(DMA) n(PBO)/n(DMA)

MMA01 8,5 ml (Solução A) 0,18 ml 0,243

MMA02 6,5 ml (Solução A) 0,12 ml 0,278

MMA03 7,7 ml (Solução B) 0,15 ml 0,507

MMA04 9,8 ml (Solução B) 0,18 ml 0,538

MMA05 8,5 ml (Solução C) 0,18 ml 0,698

MMA06 8,5 ml (Solução D) 0,36 ml 0,119

MMA07 7,0 ml (Solução C) 0,42 ml 0,246

Para os experimentos de espectroscopia no infravermelho (IV) foram preparadas

apenas soluções com proporções semelhantes às utilizadas nos experimentos MMA01 e

MMA03 de MMA. Os dados das soluções e experimentos realizados estão apresentados

respectivamente nas tabelas 3.5 e 3.6 a seguir.

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73

Tabela 3.5 – Soluções utilizadas nos experimentos de espectroscopia no IV com as

respectivas massas de MMA e PBO utilizadas e a razão entre essas massas e os números

de moles.

Solução M(MMA) → Vol(MMA) m(PPO) m(PBo)/ m(MMA) n(PBO)/ n(MMA)

E 4,729 g → 5 ml 0,0950 g 0,020 ≈ 2% 0,0083

F 4,64 g → 4,9 ml 0,0932 g 0,020 ≈ 2% 0,0083

I 2,8508 g →3 ml 0,0296 g 0,0104 ≈ 1% 0,0042

Tabela 3.6 – Volume das soluções utilizadas nos experimentos de IV e os respectivos

volumes de DMA e razões entre PBO e DMA.

Experimento V(MMA) ou solução V(DMA) m(PBo)/m(MMA) n(PBO)/n(DMA)

IV1 1 ml solução E 20 μl 0,020 ≈ 2% 0,497

IV2 1 ml solução E 20 μl 0,020 ≈ 2% 0,497

IV3 1 ml solução F 20 μl* 0,020 ≈ 2% 0,498

IV4 1 ml solução F 35 μl* 0,020 ≈ 2% 0,284

IV5 1 ml solução F 20 μl* 0,020 ≈ 2% 0,498

IV6 1 ml solução I 20 μl 0,0104 ≈ 1% 0,147

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74

Capítulo 4 – Resultados e Discussões

4.1 – Resultados Preliminares e proposta de um novo método

Após uma detalhada pesquisa na literatura, foram encontrados vários artigos

sobre o acompanhamento da polimerização através da técnica de Imagens por Ressonância

Magnética (IRM) [65,74,75]. Esta técnica possui vários parâmetros envolvidos em sua

aquisição, entre eles o tempo de relaxação spin-rede (T1) e o tempo de relaxação spin-spin

(T2). A expressão do sinal na seqüência de eco de spin foi dada na equação 3.2. As imagens

obtidas no primeiro experimento de IRM realizado com a resina Resapol 10-249 (IRM01)

estão ilustradas na figura 4.1.

10 min 20 min 30 min 40 min 60 min50 min

0 40 20 60 80 100

Figura 4.1 – Imagens obtidas no experimento IRM01 com a Resapol 10-249. Os tempos

de cada imagem se referem ao instante de tempo do início da aquisição.

De acordo com os parâmetros utilizados (ver tabela 3.1), este experimento possui

contraste ponderado em T2, pois esta seria a técnica apropriada para a observação do estado

de mobilidade das moléculas ao se ligarem às outras moléculas [74]. A interpretação das

IRMs dos processos de polimerização não é simples, pois como já foi comentado

anteriormente, envolve muitos parâmetros em sua aquisição. Passamos então a analisar esses

parâmetros individualmente, medindo os tempos de relaxação T1 e T2 em função do tempo de

polimerização das amostras. A figura 4.2 apresenta os resultados do experimento T2-01 (ver

tabela 3.2) obtidos pela seqüência de pulsos CPMG em alguns instantes de tempo. É

observado que o sinal decresce cada vez mais rápido com o passar do tempo. O ajuste das

curvas obtidas foi realizado com o auxílio do software Origin 7.5. A função utilizada para o

ajuste dos pontos possui a forma da equação 2.51. Assim, estamos considerando o caso ideal

em que todos os momentos magnéticos possuem o mesmo tempo de relaxação spin-spin.

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75

0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 0,0030 0,00350

20

40

60

80

100

120

140

160

180

T2(t = 162 min)=0.00041

T2(t = 72 min)=0.0025s

T2(t = 104 min)=0.00087s

T2(t = 46 min)=0.0031s

M(t)

tempo (s) Figura 4.2 – Resultados obtidos em seqüências de CPMG para diferentes

instantes de tempo

Passamos então a analisar o processo de relaxação spin-rede. O resultado encontrado

no experimento de T1 x t intitulado na tabela 3.2 de T1-01 encontra-se na figura 4.3. Os

pontos do gráfico, apresentado na figura a seguir, foram obtidos a partir do ajuste das curvas

obtidas em cada experimento de inversão recuperação. Partindo do caso ideal, considerando

que todos os núcleos possuem a mesma relaxação spin-rede, isto é, o mesmo T1, a equação da

curva utilizada no ajuste é semelhante à equação 3.1.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

T 1 (s)

t (min) Figura 4.3 - Gráfico de T1 x t do experimento T1-01

Ao analisar o ajuste das curvas obtidas nas medidas de T1 x t do experimento T1-01

foi verificado que o ajuste da equação que continha apenas uma população com uma única

relaxação não satisfazia os parâmetros do ajuste realizado pelo software, aumentando o erro

associado à medida do tempo de relaxação. Este erro associado à curva ajustada aumenta com

o passar do tempo de reação. A figura 4.4.a mostra o gráfico obtido no experimento T1-01

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76

para t = 19 min e na figura 4.4.b para t = 130 min do mesmo experimento. Observe que o erro

das curvas ajustadas aumenta de um instante para o outro, indicando que a equação escolhida

não é a mais indicada para o ajuste da curva. Os pontos indicam os resultados experimentais e

as curvas contínuas indicam o resultado obtido pelo programa na tentativa de ajustar a curva

indicada.

0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

tempo (s)

M(t)

b)

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

tempo (s)

M(t)

a)

Figura 4.4 – Resultado do ajuste da curva considerando apenas uma exponencial para:

a) T1(t = 19 min) e b) T1(t = 130 min).

Estes resultados mostram que a suposição feita de que existe apenas um T1 médio para

os momentos magnéticos contidos em M0 na equação 3.1 não é adequado para instantes de

tempo maiores. Decidimos então supor que deveria haver pelo menos dois sítios distintos do

ponto de vista da relaxação spin-rede, e neste caso para um mesmo núcleo, porém, com

vizinhanças diferentes. Com isto, os tempos de relaxação também serão diferentes. Logo, a

equação 3.1 toma a seguinte forma:

(4.1) 1A 1Bt / T t / T0A 0BM(t) M (1 2e ) M (1 2e )−= − + − −

que pode ser reescrita na forma mais simplificada abaixo:

(4.2) ( ) 1A 1Bt / T t / T0A 0B 0A 0BM(t) M M 2M e 2M e−= + − −

onde M0A e M0B indicam as magnetizações de equilíbrio dos sítios A e B e T1A e T1B os

tempos de relaxação spin-rede destes sítios, respectivamente. As magnetizações M0A e M0B

são proporcionais às densidades de spin ρA e ρB dos sítios A e B, respectivamente. Esse

tratamento multi-exponencial já foi utilizado em outros trabalhos encontrados na literatura em

medições de T2 onde é suposto uma distribuição de relaxações distintas [77]. Os resultados

obtidos após os ajustes mostram tempos de relaxação bastante distintos, cuja diferença chega

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77

a duas ordens de grandeza. As magnetizações de equilíbrio também variam com o passar do

tempo, portanto têm-se: M0A(t) e M0B(t).

Além de diminuir o erro associado ao ajuste das curvas, a nova abordagem se adequou

melhor ao modelo de populações proposto inicialmente ao tentar reproduzir artigos

semelhantes na literatura. Desta forma, pode-se associar cada magnetização de equilíbrio a

uma população diferente e de forma semelhante para cada tempo de relaxação. É conhecido

que a cadeia polimérica possui um valor de T1 menor do que o valor de T1 dos monômeros

isolados que formam essa cadeia. Isto é devido à mobilidade da cadeia polimérica ser menor

do que a mobilidade dos monômeros isolados [78]. Com isto, a magnetização relacionada ao

menor tempo de relaxação foi associada à população de polímeros enquanto que a

magnetização relacionada ao maior tempo de relaxação foi associada à população de

monômeros existentes na amostra.

Como já foi comentado na seção 1.7.1, a resina é composta basicamente de

monômeros de estireno e cadeias de poliéster. O fabricante não disponibilizou a proporção

entre esses dois compostos nem o grau de polimerização da cadeia inicial. Logo, a

interpretação dos resultados do método proposto foi dividida em sítios móveis e sítios rígidos,

ao invés de monômeros e polímeros. Portanto, têm-se: M0A(t) ∝ [M](t) e M0B(t) ∝ [R](t),

onde [M](t) e [R](t) representam as concentrações dois sítios móveis e rígidos,

respectivamente. Consideramos que havia somente dois sítios presentes no sistema, de forma

que se uma molécula não estiver no sítio móvel, estará no sítio rígido. Assim, foi feita a

normalização das populações da seguinte forma:

[ ]( ) 0A

0A 0B

M (t)M t

M (t) M (t)=

+ (4.3)

[ ]( ) 0B

0A 0B

M (t)R t

M (t) M (t)=

+ (4.4)

Desta forma, foi feito o acompanhamento das populações descritas acima ao longo da reação.

Os resultados e as medidas dos tempos de relaxação serão apresentados no capítulo 4.

As medidas de T1 realizadas com o MMA se referem aos grupos -CH3 presentes na

molécula. Os dois grupos apresentaram comportamentos idênticos em todas as análises e por

isso serão apresentados sem distinção ao longo do capítulo. As medidas sugerem uma nova

interpretação dos resultados e se refere ao fato da curva obtida nas medições de T1 x t ficar

melhor ajustada com uma função M(t) tal que:

(4.5) 1C1A 1B t / Tt / T t / T0A 0B 0CM(t) M (1 2e ) M (1 2e ) M (1 2e )−− −= − + − + −

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78

significando que pode haver uma terceira população com magnetização de equilíbrio M0C

existente neste processo de polimerização associada a um terceiro tempo de relaxação T1C.

Esta nova população pode estar relacionada à formação de um segundo polímero, pois

conforme encontrado na literatura, a dimetil anilina também pode se polimerizar ao reagir

com o peróxido de benzoíla [79,80]. Por outro lado, a formação simultânea de macro-radicais

pode resultar em um alargamento ou uma distribuição bimodal da massa molar do polímero,

ou seja, um segundo comprimento de cadeia predominante no sistema [13]. Portanto, a

terceira relaxação também pode estar associada a este segundo comprimento médio de cadeia.

Conforme comentado anteriormente, as medidas de T1 indicam uma média desta

grandeza no sistema. Então, de acordo com a equação 4.5, existem três relaxações médias

(T1A, T1B e T1C) ao longo do processo de polimerização do MMA. As respectivas

magnetizações de equilíbrio serão proporcionais às concentrações dos sítios associados às três

relaxações. Assim como a resina, vamos classificar estas concentrações de acordo com a

mobilidade. A primeira será relacionada ao maior T1, ou seja, com a maior mobilidade, e será

representada por [M](t). A segunda, com valor de T1 intermediário, será representada por

[R](t) e a terceira com menor valor de T1 por [R’](t).

Também semelhante à resina, a normalização foi feita baseada na suposição de que o

núcleo observado só pode pertencer a um desses três grupos. Desta forma, a normalização das

populações foi feita de acordo com as equações a seguir:

[ ]( ) 0A

0A 0B 0C

M (t)M t

M (t) M (t) M (t)=

+ + (4.6)

[ ]( ) 0B

0A 0B 0C

M (t)R t

M (t) M (t) M (t)=

+ + (4.7)

[ ]( ) 0C

0A 0B 0C

M (t)R' t

M (t) M (t) M (t)=

+ + (4.8)

4.2 – Resapol 10-249

4.2.1 – Imagens por Ressonância Magnética Nuclear

Conforme foi comentado na seção 4.1, os experimentos de IRM realizados com a

Resapol 10-249 não ofereceram informações acerca da cinética de polimerização. A

informação que pode ser retirada das IRMs se refere às informações espaciais quanto à

homogeneidade do processo de polimerização. A resolução obtida nas imagens é de extrema

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79

importância neste tipo de observação e depende do campo de visão e da matriz da imagem. A

tabela 4.1 traz o campo de visão, a matriz selecionada e a resolução obtida em cada

experimento de IRM assim como a espessura de cada fatia.

Tabela 4.1 – Parâmetros utilizados nos experimentos de IRM.

Experimento Campo de visão Matriz Resolução Espessura da fatia

IRM01 60 x 60 mm 256 x 256 0,234 x 0,234 mm 3 mm

IRM02 30 x 30 mm 64 x 64 0,469 x 0,469 mm 5 mm

IRM03 30 x 30 mm 64 x 64 0,469 x 0,469 mm 10 mm

IRM04 50 x 50 mm 128 x 128 0,390 x 0,390 mm 5 mm

Para resoluções da ordem de grandeza relatadas na tabela acima, o processo de

polimerização mostrou-se homogêneo ao longo da amostra para diferentes proporções de

catalisador na resina. No experimento IRM02 foram obtidas nove imagens de uma mesma

fatia em diferentes instantes de tempo e a seqüência encontra-se ilustrada na figura 4.5. Em

todas as imagens, existem duas regiões de sinal menos intenso, uma na parte superior das

imagens e outra mais centralizada como mostra o detalhe da figura 4.5. Estas regiões são

provavelmente bolhas de ar formadas no preparo da amostra e também estarão presentes nos

demais experimentos. Estas bolhas se formam durante a mistura do catalisador com a resina e

não são eliminadas devido à alta viscosidade da resina. As intensidades dos pixels das

imagens diminuem homogeneamente em toda região da amostra, não havendo, portanto, uma

região preferencial de início da polimerização ou uma região onde a polimerização aconteça

mais rapidamente. Uma análise da intensidade do sinal das imagens usando-se um gráfico de

três dimensões, observada na figura 4.6, deixa esse efeito mais evidente. No plano horizontal,

tem-se a distribuição por pixels, que neste caso é de 64 x 64, e na vertical tem-se a intensidade

de cada pixel.

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80

10 min 18 min 26 min

34 min 43 min 49 min

54 min 59 min 64 min

10 min 18 min 26 min

34 min 43 min 49 min

54 min 59 min 64 min

bolhas na amostra

a)

b)

10 min 18 min 26 min

34 min 43 min 49 min

54 min 59 min 64 min

10 min 18 min 26 min

34 min 43 min 49 min

54 min 59 min 64 min

bolhas na amostra

a)

b)

Figura 4.5 – a) Imagens obtidas no experimento IRM02. b) As manchas escuras se

referem às bolhas de ar formadas na amostra durante o preparo.

O experimento IRM03 foi realizado com apenas uma média, o que fez com que

conseguíssemos um maior número de imagens (15 no total), porém, o tempo total de

experimento é semelhante aos dois primeiros, já que a proporção utilizada é a mesma. O que

difere o experimento IRM02 do IRM03 é a espessura da fatia obtida. No caso do IRM02, foi

adquirida uma fatia de espessura de 5 mm enquanto que para o IRM03 foi adquirida uma fatia

com espessura de 10 mm. Isto causa um aumento no sinal proveniente da fatia, fazendo com

que tenhamos uma melhor relação sinal ruído (SNR). As imagens adquiridas no experimento

IRM03 e a análise da intensidade do sinal estão ilustradas respectivamente nas figuras 4.7 e

4.8.

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Figura 4.7 – Imagens obtidas da mesma fatia em função do tempo de polimerização

(experimento IRM03).

Figura 4.6 – Intensidade (eixo vertical) do sinal de cada pixel (plano horizontal)

(experimento IRM02)

10 min 18 min 26 min

34 min 43 min 49 min

54 min 59 min 64 min

15 min

32 min 35 min 38 min 44 min41 min

29 min25 min22 min18 min

47 min 49 min 53 min 56min 60 min

15 min

32 min 35 min 38 min 44 min41 min

29 min25 min22 min18 min

47 min 49 min 53 min 56min 60 min

10 min 18 min 26 min

34 min 43 min 49 min

54 min 59 min 64 min

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Figura 4.8 – Apresentação das imagens adquiridas no experimento IRM03 em gráficos 3D. O sinal decai homogeneamente em toda

região da amostra.

15 min

32 min 35 min 38 min 44 min41 min

29 min25 min22 min18 min

47 min 49 min 53 min 56min 60 min

15 min

32 min 35 min 38 min 44 min41 min

29 min25 min22 min18 min

47 min 49 min 53 min 56min 60 min

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83

No experimento IRM04 a espessura da fatia é de 5 mm e com um campo de visão um

pouco maior do que os experimentos IRM02 e IRM03. Por outro lado, a resolução deste

experimento é menor do que a resolução dos outros devido ao fato de a matriz também ser

maior. Esta característica fez com que um fenômeno já descrito na literatura pudesse ser

observado [65]. Semelhante aos experimentos anteriores, uma bolha é formada na parte

superior devido à resina não ocupar todo o volume do porta-amostra. Ao final da reação, a

camada que fica em contato com o ar ainda exibe sinal, como indica a figura 4.9.d. A

espessura desta camada, de acordo com a imagem, é de aproximadamente 1,2 mm (3 pixels).

Isto indica que a camada de resina que está em contato com o ar ainda não polimerizou

completamente. Este sinal desaparece com a polimerização completa da resina ou a

diminuição desta camada, fazendo com que o sinal seja muito pequeno e, portanto

imensurável. Supõe-se que o oxigênio da camada de ar que se encontra dentro do porta-

amostra tenha retardado a reação, como indicam trabalhos anteriores da literatura [72,73]. O

gráfico em 3D, indicado na figura 4.10, mostra com maior clareza a intensidade do sinal na

região comentada.

98 min98 min

54 min54 min 70 min70 min

78 min78 min

a)

d) c)

b)

Figura 4.9 – Imagens obtidas no final do experimento IRM04 indicam que a camada de

ar no interior do porta-amostra retarda a reação.

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84

Figura 4.10 – Análise da intensidade das imagens obtidas no final do experimento

IRM04.

4.2.2 – Medidas do Tempo de relaxação Spin-Rede T1

Serão apresentados os resultados dos processamentos das medições da magnetização

em função do tempo nos experimentos de inversão recuperação obtidos após os ajustes com

duas exponenciais (ver equação 4.2) para as concentrações [M](t) e [R](t) e para os

respectivos tempos de relaxação T1M(t) e T1R(t) dos experimentos com diferentes

concentrações de catalisador. As curvas de conversão do sítio móvel também serão

apresentadas.

O T1 da resina sem o catalisador é de 0,5 s. Portanto, a população que possuía o T1

mais próximo a este foi associada à população [M](t) (ver figura 4.12.a). Conseqüentemente,

ao menor T1 foi associada à população [R](t) (ver figura 4.12.b). O resultado obtido para as

populações no experimento T1-01, com a proporção de catalisador indicada pelo fabricante,

encontra-se na figura 4.11.

98 min98 min

54 min54 min 70 min70 min

78 min78 min

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85

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0 [M](t) [R](t)

Con

cent

raçõ

es

tempo (min) Figura 4.11 – Concentrações dos sítios móveis [M](t) e rígidos [R](t) do experimento T1-

01 com a proporção de catalisador indicada pelo fabricante.

É observado que nas primeiras aquisições a concentração de sítios móveis começa

muito alta e a concentração de sítios rígidos é quase nula. Após o período de incubação e com

o avanço da reação e consecutivamente o enrijecimento da amostra, a concentração de sítios

móveis [M](t) diminui com o passar do tempo à medida que a concentração de sítios rígidos

[R](t) aumenta. O efeito gel, ou a auto-aceleração, pode ser observado a partir do instante t =

46 min, enquanto que o efeito vidro pode ser considerado a partir do instante t = 150 min. No

final do experimento, a concentração [M](t) chega a atingir um valor final de ≈ 47% enquanto

que [R](t) atinge ≈ 53%, indicando que mais da metade dos sítios móveis se converteram para

os sítios rígidos. Assim como os demais experimentos de medidas de T1, este foi finalizado

após não haver mais mudanças apreciáveis no valor do T1 médio da amostra, isto é, com o

ajuste da curva obtido pela equação 3.1.

Os tempos de relaxação T1M dos sítios móveis e T1R dos sítios rígidos em função do

tempo estão apresentados, respectivamente, nas figuras 4.12.a e 4.12.b. O gráfico de T1M

apresenta um mínimo no início da fase gel. Durante a auto-aceleração, T1M aumenta,

chegando a atingir o valor inicial, e com o avanço da reação, volta a decrescer. O gráfico de

T1R também apresenta um mínimo, porém antes da fase gel, no instante t = 36 min. Entre este

instante e o início da auto-aceleração, observa-se um aumento no valor de T1R, atingindo um

máximo em t = 57 min e voltando a decrescer durante a fase do efeito vidro.

Page 88: Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de ... · A Deus, por me dar duas ... Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma ... Decomposição

86

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

T 1M (s

)

tempo (min)

a)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

T 1R (s

)

tempo (min)

b)

Figuras 4.12 – a) Tempo de relaxação spin-rede T1M da população dos sítios móveis e

b) Tempo de relaxação spin-rede T1R da população dos sítios rígidos para o

experimento T1-01.

Ao aumentarmos a proporção de catalisador, os máximos e mínimos das curvas de T1

sofrem um deslocamento no tempo, como pode ser observado nas figuras 4.13.a e 4.13.b,

onde estão apresentados os tempos T1M e T1R obtidos nos experimentos T1-01 e T1-04.

Lembrando que o experimento T1-01 possui a razão m(r)/m(c) indicada pelo fabricante e o

experimento T1-04 uma proporção de catalisador acima da recomendada pelo fabricante (ver

tabela 3.1) e é o experimento com menor razão m(r)/m(c) realizado neste trabalho. Observe

que em T1M os valores iniciais são iguais para os dois experimentos. O valor mínimo atingido

é menor no experimento com maior proporção de catalisador, assim como o valor máximo.

No experimento T1-04, estes efeitos acontecem em um instante de tempo menor do que no

experimento T1-01. A continuação da curva possui formato semelhante ao do experimento

anterior, porém com um menor valor de T1.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

T1M(t) experimento T1-01 T1M(t) experimento T1-04

T 1M (s

)

tempo (min)

a)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

T1R(t) experimento T1-01 T1R(t) experimento T1-04

T 1R (s

)

tempo (min)

b)

Figuras 4.13 – Comparação entre os comportamentos de a) T1M e b) T1R nos

experimento T1-01 e T1-04.

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87

As concentrações [M](t) e [R](t) obtidas no experimento T1-04 estão apresentadas na

figura 4.14. Pode ser observado que o tempo de incubação é menor, cerca de 20 min, e o

instante em que a polimerização atinge o efeito vidro (t = 66 min) também é menor. A

concentração de sítios rígidos atinge 59% no final do experimento enquanto que a

concentração de sítios móveis cai para 41%.

0 20 40 60 80 100 1200,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0 [M](t) [P](t)

Con

cent

raçõ

es

tempo (min) Figura 4.14 – Concentrações dos sítios móveis [M](t) e rígidos [R](t) do

experimento T1-04.

Os máximos e mínimos referidos nos gráficos dos tempos de relaxação das

concentrações também foram encontrados nos demais experimentos. No apêndice A,

apresentamos os resultados das medições dos demais experimentos.

A análise da conversão u(t) dos sítios móveis foi obtida a partir da expressão:

0

0 0

[M] [M](t) [M](t)u(t) u(t) 1[M] [M]−

= ⇒ = − (4.9)

Esta análise deixa claro quais as melhores proporções a serem utilizadas no que diz respeito à

conversão. Também pode ser observada a mudança na velocidade da reação e

consequentemente no tempo de reação. A figura 4.15 mostra a conversão determinada para

quatro proporções diferentes de catalisador e resina. O experimento que possui a maior

proporção de catalisador é o experimento T1-04, seguido de T1-03, T1-01 e T1-05. Este

último não está completamente apresentado no gráfico da figura 4.15 com a finalidade de

visualizar melhor os demais experimentos, pois a escala do gráfico dificultaria a análise visto

que o experimento T1-05 teve duração de 440 min. O gráfico completo deste experimento

pode ser encontrado no apêndice A. Observa-se que quanto maior a proporção de catalisador

mais rápido é o processo de cura da amostra. O intervalo de tempo que o processo de

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88

polimerização permanece sobre o efeito gel também diminui com o aumento da quantidade de

catalisador. No experimento T1-04, este intervalo é de aproximadamente 40 min enquanto

que no experimento T1-01 este intervalo chega a ser de aproximadamente 108 min.

Figura 4.15 – Conversão dos sítios móveis para quatro diferentes proporções de resina :

catalisador. T1-01 m(r)/m(c) = 67,18; T1-03 m(r)/m(c) = 50,00; T1-04 m(r)/m(c) = 33,33;

T1-05 m(r)/m(c) = 133,33;

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8 T1-01 T1-03 T1-04 T1-05

u(t)

tempo (min)

A quantidade final de sítios móveis convertidos também é influenciada. Para os

experimentos T1-01 e T1-03, a conversão final, apresentada na figura 4.15, é de 53% e 57%,

respectivamente. O experimento T1-04 também atinge 57% e para o experimento T1-05, a

conversão final em t = 440 min atinge 52%. Lembrando que a proporção indicada pelo

fabricante foi utilizada no experimento T1-01, ou seja, de acordo com nossas medidas, esta

não é a melhor proporção a ser utilizada, visto que outras proporções atingem conversões

maiores em tempos menores.

4.2.3 – Medidas do Tempo de relaxação Spin-spin T2

O mesmo tratamento multi-exponencial dado às medidas de T1 foi dado às medidas de

T2 na espera de obtermos o mesmo comportamento para diferentes populações. Porém, o

decaimento da magnetização devido à relaxação transversal aparentemente não pode ser

decomposto em mais de uma função exponencial, como acontece para as medidas de T1. É

necessário refinar o experimento para um melhor esclarecimento deste resultado, visto que a

relaxação spin-spin deveria ser mais sensível ao estado de movimento dos sítios do que a

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89

relaxação spin-rede. O resultado obtido com uma exponencial (equação 2.51) do experimento

T2-01 encontra-se na figura 4.2 e os resultados do experimento T2-02 não serão apresentados.

4.2.4 – Medidas da Temperatura da Reação

As medidas da temperatura foram obtidas para as proporções indicadas nos

experimentos T1-01 e T1-04. Neste caso também pode ser observado a influência do

catalisador na temperatura do processo de polimerização. A figura 4.16 traz as medidas de

temperatura realizadas durante o processo de polimerização para os experimentos T1-01 e T1-

04.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

5

10

15

20

25

30

35

40 T1-01 T1-04

Tem

pera

tura

(ºC

)

tempo (min) Figura 4.16 – Medidas da temperatura da reação durante o processo de polimerização

para os experimentos T1-01 e T1-04.

As medidas foram realizadas a uma temperatura ambiente inicial de 21ºC. O

experimento T1-01 atingiu a temperatura máxima em t = 58 min e o experimento T1-04, em t

= 44 min. Ambos os sistemas mantiveram a temperatura máxima por um determinado

intervalo de tempo antes de começar a decair. O experimento T1-01 permaneceu a 32,1°C por

dez minutos enquanto que T1-04 permaneceu por cinco minutos a temperatura de 37,5°C.

Conforme descrito na literatura [19], é esperado que a temperatura aumente com o decorrer da

polimerização, pois como já foi mencionado na seção 2.4.1, a quebra da ligação dupla e

formação da ligação simples é um processo exotérmico.

Como indicam as figuras 4.17 e 4.18, a conversão é aparentemente influenciada pela

temperatura. As medidas indicam que aproximadamente na temperatura de 30°C é iniciada a

fase gel nos dois casos. Porém, a temperatura começa a subir assim que o catalisador é

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90

misturado à resina. Portanto, este é um indício de que apesar da auto-aceleração iniciar-se

junto com a fase gel, já está ocorrendo a quebra de ligações e conseqüente formação de

radicais.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

10

20

30

40

50

60

70

0

10

20

30

40

50

60

70

Tem

pera

tura

(°C

)

Conversão T1-01Temperatura T1-01

Con

vers

ão (%

)

tempo (min) Figura 4.17 – Relação entre a temperatura da reação e a conversão para

o experimento T1-01.

0 20 40 60 80 100 120 1400

10

20

30

40

50

60

70

0

10

20

30

40

50

60

70 T

empe

ratu

ra (°

C)

Conversão T1-04Temperatura T1-04

Con

vers

ão (%

)

tempo (min) Figura 4.18 – Relação entre a temperatura da reação e a conversão para

o experimento T1-04.

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91

4.3 – Poli(metil metacrilato)

4.3.1 – Medidas do Tempo de relaxação Spin-Rede T1

Conforme detalhado no capítulo 3, a polimerização do MMA partiu do monômero em

uma reação em cadeia, utilizando o PBO como iniciador. Para diminuir a energia de ativação,

foi utilizado como catalisador o DMA. O mecanismo de polimerização do MMA foi

detalhado no capítulo 1.

O ajuste das medidas de T1 com duas exponenciais (equação 4.1) conduz a resultados

para as concentrações [M](t) e [R](t) que não estão de acordo com a interpretação física do

processo de polimerização. Para a polimerização do MMA, o bom ajuste dos dados à equação

4.5 nos permite interpretar que existam três relaxações médias predominantes no sistema.

Como já foi discutido anteriormente, as respectivas populações foram divididas em [M](t),

[R](t) e [R’](t), cujos respectivos tempos de relaxação spin-rede são T1M, T1R e T1R’. Os

resultados encontrados para as populações mencionadas no experimento MMA01 estão

apresentados na figura 4.19.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0 [M](t) [R](t) [R'](t)

conc

entra

ções

tempo (min)

Figura 4.19 – Concentrações obtidas no experimento MMA01.

A concentração [M](t) relacionada aos sítios móveis, isto é, com maior T1, inicia o

experimento com valores próximos a 90% e em torno de 89 min sofre uma alteração brusca,

diminuindo para cerca de 44%. A população com T1 intermediário, [R](t), inicia com valores

próximos a 10% e no mesmo instante t = 89 min sofre um aumento para valores próximos a

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92

45%. Por sua vez, a concentração com menor T1, inicialmente possui valores próximos a 5% e

atinge valores próximos de 14% no final do experimento.

Os tempos de relaxação T1M e T1R encontram-se, respectivamente, nas figuras 4.20 e

4.21. O tempo de relaxação spin-rede do MMA é aproximadamente 2,8 s. Ao adicionar a

DMA na solução de MMA + PBO, é visível a mudança de viscosidade da solução.

Acreditamos que este seja o motivo do T1M iniciar o experimento com um valor mais alto do

que o do MMA puro, como indicado na figura 4.20. Observe que a curva sofre uma oscilação

entre 89 e 98 min, mesmo intervalo da mudança brusca nas populações indicadas na figura

4.19. O valor final do T1M é aproximadamente 1,3 s, valor abaixo do MMA puro.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000

1

2

3

4

5

6

T 1M (s

)

tempo (min) Figura 4.20 – Comportamento de T1M ao longo do experimento MMA01

O valor de T1R, diferente do comportamento de T1M, cresce um pouco com o avanço

do experimento, como indica a figura 4.21. O valor inicial é menor do que 50 ms, atingindo

valores próximos a 300 ms. A maior variação é observada entre os instantes t = 89 min e t =

98 min. Os valores iniciais de T1R’ encontram-se próximos aos de T1R, como ilustrado na

figura 4.22.a, indicando que a população [R’] ainda não está formada no início do

experimento. Isso explica a oscilação de alguns pontos da concentração desta população na

figura 4.19. Após t = 72 min, o valor de T1R’ oscila entre 4 ms. A figura 4.22.b traz o mesmo

gráfico em uma escala diferente.

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93

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

T 1R (s

)

tempo (min)

Figura 4.21 – Comportamento de T1R ao longo do experimento MMA01

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

T 1R' (s

)

tempo (min)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,000

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008T 1R

' (s)

tempo (min) Figura 4.22 – a) T1R’ em função do tempo e b) os mesmos dados experimentais de (a)

mostrados em uma escala diferente para T1R’.

O experimento MMA03 foi realizado de forma semelhante ao MMA01, porém com o

dobro da massa de PBO para análise de uma possível mudança na cinética de polimerização.

As concentrações das populações encontradas encontram-se na figura 4.23.

Observa-se que o tempo de transição dos valores das concentrações agora se encontra

em torno de 48 min. Portanto, uma diferença de 40 min em relação ao experimento MMA01.

Todas as análises seguintes também sofrerão essa mudança. Por exemplo, comparando o

comportamento de T1M nos dois experimentos, percebe-se que a oscilação a que nos referimos

na figura 4.20 agora acontece no referido instante de tempo, como se pode observar na figura

4.24. Observe que os valores e comportamentos das curvas são semelhantes. Ambos chegam

ao final do experimento com valores próximos a 1,3 s.

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94

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0 [M](t) [R](t) [R'](t)

Con

cent

raçõ

es

tempo (min) Figura 4.23 – Concentrações das populações encontradas no experimento MMA03.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000

1

2

3

4

5

6

7

8

MMA01 MMA03

T 1M (s

)

tempo (min) Figura 4.24 – Comparação entre T1M dos experimentos MMA01 e MMA03.

A semelhança também é encontrada quando se comparam os tempos de relaxação T1R

dos experimentos, ilustrada na figura 4.25. Neste caso, o valor médio final é de 200 ms,

menor do que os 300 ms encontrados no experimento MMA01.

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95

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

MMA01 MMA03

T 1R (s

)

tempo (min) Figura 4.25 - Comparação entre T1R dos experimentos MMA01 e MMA03.

Semelhante ao resultado encontrado no experimento MMA01, os valores iniciais de

T1R’ no experimento MMA03 encontram-se na faixa de valores de T1R. Neste caso, somente

próximo do instante de tempo da transição (t = 48 min) é que o tempo de relaxação da

população com menor valor de T1 fica completamente destacado dos demais. Observe na

figura 4.26 que os valores finais deste tempo de relaxação são semelhantes nos dois

experimentos.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,000

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008 MMA01 MMA03

T 1R' (s

)

tempo (min) Figura 4.26 - Comparação entre T1R’ dos experimentos MMA01 e MMA03.

Com o aumento da quantidade de iniciador, pode-se observar a mudança na cinética de

polimerização. A velocidade da reação aumenta, e aumenta também a conversão dos sítios

móveis, porém não duplica, como pode ser observado no gráfico da figura 4.27. No

experimento MMA01, têm-se valores próximos a 52%, enquanto que no experimento

MMA03 os valores alcançam 68%. Isto está de acordo com as equações descritas na seção

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96

2.4.2, pois a velocidade de propagação é proporcional à concentração de iniciadores. Além

disso, os resultados mostram que a quantidade de monômeros atingidos também é

proporcional à concentração de iniciadores.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0 MMA01 MMA03

Con

vers

ão d

os s

ítios

móv

eis

tempo (min)

Figura 4.27 – Conversão dos sítios móveis para os experimentos MMA01 e MMA03.

A concentração de sítios com valores de T1 intermediários não se alterou

quantitativamente. Os valores finais da concentração de [R] são semelhantes nos dois

experimentos (41%). A diferença está na velocidade para atingir estes valores, como é

observado na figura 4.28. Mas quando se compara as concentrações de [R’] nos dois

experimentos encontra-se uma grande diferença entre os valores. Observe na figura 4.29 que

os valores médios no final do experimento MMA01 encontram-se próximos de 13% enquanto

que no experimento MMA03 os valores chegam a 30%. Este resultado indica que o aumento

na proporção de iniciador aumenta também a concentração de sítios com menor mobilidade.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8 MMA01 MMA03

[R](t

)

tempo (min) Figura 4.28 – Concentração de [R](t) para os experimentos MMA01 e MMA03.

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97

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

MMA01 MMA03

[R'](

t)

tempo (min) Figura 4.29 – Concentração de [R’](t) para os experimentos MMA01 e MMA03.

Com o aumento na concentração de [R’] podemos supor que a estrutura dos polímeros

formados difere no que diz respeito ao tamanho da cadeia polimérica. Apesar do tempo de

relaxação spin-rede desta população não se alterar (ver figura 4.26) o aumento da

concentração faz com que sejam formadas mais cadeias com comprimento maior. Diferentes

concentrações foram testadas e os resultados dos demais experimentos encontram-se no

apêndice B. As amostras preparadas com a solução C utilizadas nos experimentos MMA05 e

MMA07 não polimerizaram e seus resultados serão omitidos.

4.3.2 – Espectroscopia no Infravermelho e Medidas de Temperatura

A análise espectroscópica na região do infravermelho considerou o comportamento do

modo vibracional de absorção em 1637 cm-1, pois este é o modo referente à ligação C=C, que

é quebrada para formação da ligação simples. A normalização descrita na seção 3.2 foi

realizada em função do modo referente à ligação C=O, situado a 1729 cm-1 que permanece

constante durante o processo de polimerização. Na figura 4.30 estão indicados os modos que

estão sendo analisados no espectro de transmitância. Também podem ser observadas as

intensidades iniciais e finais de cada modo. Observe que a intensidade do modo referente à

carbonila não se altera durante o tempo de análise. A intensidade do modo referente à ligação

dupla entre carbonos diminui ao longo do experimento, indicando a diminuição na

concentração do monômero, isto é, a quebra da ligação C=C.

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98

3500 3250 3000 2750 2500 2250 2000 1750 1500 1250 10000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Tran

smitâ

ncia

cm-1

20min 175min

1729 cm-1

1637 cm-1

Figura 4.30 – Espectros de IV em dois instantes de tempo diferentes.

Este método foi desenvolvido para comparar com os resultados obtidos por RMN. A

comparação foi feita através das conversões do monômero, pois as ligações duplas são

quebradas para a formação das cadeias. O resultado obtido no experimento IV3 encontra-se

na figura 4.31 e os demais resultados obtidos por espectroscopia no IV encontram-se no

apêndice C.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o do

mon

ômer

o

tempo (min) Figura 4.31 – Conversão obtida no experimento IV3

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99

Este experimento possui a razão de m(PBO)/m(MMA) = 2%, semelhante à do

experimento MMA03 observado nas medida de T1. A comparação entre os resultados obtidos

por relaxação e por IV encontra-se na figura 4.32.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0 IV3 MMA03

conv

ersã

o

tempo (min)

Figura 4.32 – Comparação entre as conversões obtidas através das medidas de relaxação

MMA03 e IV3

É importante salientar que no caso da espectroscopia no IV não está sendo observada a

mobilidade de sítios e sim a diminuição na quantidade de uma ligação específica. A conversão

obtida no experimento de IV é a conversão do monômero, diferente da obtida pelas medidas

de T1, que indica a conversão dos sítios móveis. Classificados como sítios móveis estão

incluídos os monômeros, os radicais monoméricos e pequenas cadeias como dímeros e

trímeros. Esta pode ser a explicação para a diferença entre os gráficos da conversão obtidos

pelo método proposto por RMN e por IV no que diz respeito à conversão máxima atingida.

Outro fator importante que difere as medições é a troca de calor com o ambiente. Os

porta-amostras utilizados são diferentes, fazendo com que as conduções de calor nos dois

experimentos também fossem diferentes. Conforme comentado na seção 3.4.2, o porta-

amostra utilizado nos experimentos de RMN é feito de um material isolante térmico e o

mesmo permanece fechado durante todo o experimento. O calor produzido pela reação no

experimento de RMN é dissipado de forma mais lenta do que o calor produzido pela reação

no experimento de infravermelho cuja amostra fica em contato com o ar pelas laterais da

janela de CaF2. Como o aumento da temperatura é um indicativo da quebra de ligações duplas

e conseqüente formação do polímero, foi realizada a medida da temperatura de uma amostra

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100

semelhante às do experimento MMA03 e IV3 nas mesmas condições dos experimentos de

RMN. Ou seja, a temperatura da reação foi medida com o porta-amostra de teflon fechado.

Através de um furo feito na tampa foi passado o termopar embalado no papel alumínio,

aparato semelhante ao utilizado nos experimentos com a resina. O resultado encontra-se na

figura 4.33.

0 20 40 60 80 100 120 140 160

10

20

30

40

50

60

70

80

0

Tem

pera

tura

(°C

)

tempo (min) Figura 4.33 – Temperatura em função do tempo de uma amostra semelhante à do

experimento T1-03.

Observe que a temperatura máxima atingida pela amostra (aproximadamente 75°C)

ocorre aproximadamente em t = 55 min. Na conversão obtida por IV (figura 4.31) o instante

que ocorre o efeito de auto-aceleração é próximo de 90 min. Na figura 4.34 encontram-se no

mesmo gráfico a temperatura de reação e em outra escala a conversão obtida pelo

experimento de RMN. Observe a proximidade do instante em que ocorre o valor máximo da

temperatura e o intervalo de tempo que ocorre a fase gel observada. Este resultado nos

permite afirmar o que comentamos no parágrafo anterior quando analisamos a diferença entre

os resultados obtidos por RMN e IV. A temperatura máxima atingida é um indicativo da fase

de auto-aceleração da reação. Este resultado com o PMMA é coerente com os resultados

obtidos com a resina, onde os máximos de temperatura atingidos nestes experimentos também

coincidem com a fase gel do processo de polimerização.

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101

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Tem

peat

ura

°C

Conversão Temperatura

Con

vers

ão %

Tempo (min) Figura 4.34 – Curvas da temperatura e o percentual de conversão de uma amostra

semelhante à do experimento T1-03.

4.4 – Discussão do Quadro Geral dos Processos de Polimerização via Medições de T1

4.4.1 – Fase de Incubação (Iniciação)

Nesta fase, a mistura é essencialmente composta de monômeros que se encontram na

fase líquida. Isto significa que a maior parte dos sítios possui grande mobilidade. Assim, a

relaxação dos sítios é regida pela teoria BPP [85]

4.4.2 – Fase Gel (Propagação)

Embora esta fase seja caracterizada por uma mudança no regime de difusão, a maioria

das reações de polimerização é exotérmica e, portanto, são influenciadas pela temperatura.

Nesta fase, as populações dos sítios rígidos [R] e [R’] crescem rapidamente. Estes sítios são

iniciados a partir de um elétron desemparelhado e, portanto sua relaxação fica dominada pela

interação próton elétron [82].

4.4.3 – Fase Vítrea (Terminação)

Nesta fase as populações se estabilizam, mas muitas cadeias iniciadas não são

terminadas. Desta forma, os sítios rígidos próximos dos elétrons desemparelhados têm sua

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102

relaxação dominada pela interação próton-elétron, enquanto que os sítios rígidos a uma

distância maior dos elétrons desemparelhados têm a relaxação determinada pela difusão da

magnetização e da interação próton-próton [82].

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103

Conclusões

O método proposto baseado na análise multi-exponencial das medidas de T1 permite

acompanhar processos onde os valores de T1 dos sítios com diferentes mobilidades sejam pelo

menos uma ordem de grandeza diferentes entre si. Uma das vantagens do método proposto é

permitir acompanhar tanto a população que diminui de concentração (monômeros) durante a

polimerização quanto a população que está sendo formada (cadeia polimérica), pois pode-se

acompanhar duas ou mais populações distintas, simultaneamente. Os resultados para o MMA

indicam que o método pode ser aplicado para mecanismos de polimerização onde existam três

populações distintas. Testes são necessários para verificação da natureza destas populações.

As medidas permitem informar qualitativamente e quantitativamente a evolução e

concentração destas populações ao longo de todo o processo. Estes resultados sugerem o

possível acompanhamento de processos mais complexos como processos de formação de

blendas, onde são formados dois polímeros diferentes, com a condição que os polímeros

formados possuam valores de T1 diferentes. As fases gel e vidro do processo de polimerização

em cadeia estão bem caracterizadas na análise de T1, o que torna este um possível método

para o estudo da cinética de polimerização. Acreditamos que as polimerizações por etapas

também podem ser acompanhadas por este método por geralmente serem processos mais

lentos.

O método mostrou-se adequado a sistemas onde a polimerização ocorra em tempos

maiores que os tempos de medições. Portanto, não sendo adequado a sistemas onde as

concentrações envolvidas mudam rapidamente quando comparadas com os tempos de

medições. No caso da resina, o processo é mais lento do que no MMA e o T1 da resina pura

também é menor do que o do MMA puro, o que torna as medidas mais rápidas quando

comparadas com as medidas de MMA. Devido a isto, temos um acompanhamento melhor da

fase gel no processo de cura da resina. No caso da polimerização do MMA, a transição entre a

fase gel e a fase vidro ocorre a uma velocidade mais alta. Os tempos entre as medidas do

MMA duram aproximadamente nove minutos. Logo, a duração das medições durante o

intervalo de tempo da fase gel deveriam ser menores para poder acompanhar melhor essa

transição.

As medidas de temperatura na resina indicam que existe uma temperatura de ativação

da reação e mudança na mobilidade dos núcleos observados. Nos experimentos realizados, à

temperatura de 30°C iniciam-se as mudanças nas concentrações das populações observadas.

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104

Apesar de ter sido realizado apenas um experimento com o MMA, também foi possível

observar a influência da temperatura no processo de polimerização.

Os testes com IV sugerem que este não é o método ideal para comparação dos

resultados obtidos por RMN. Além das grandezas observadas em cada método serem

diferentes, os sistemas em observação são bastante diferentes no que diz respeito à

termodinâmica. O armazenamento das amostras de MMA analisadas por RMN é feito em

cilindros de teflon, material isolante térmico, e as quantidades envolvidas são maiores do que

nos experimentos de IV. A quantidade de calor trocada com o ambiente é diferente de um

sistema para outro assim como a quantidade de calor produzida. Como a temperatura

influencia o processo de polimerização, pois este é um processo exotérmico, a velocidade da

reação é alterada, fazendo com que a cinética de polimerização não seja semelhante nos dois

métodos e sendo assim de difícil comparação.

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105

Perspectivas

As medidas de T1 indicam que a mobilidade pode ser uma grandeza utilizada para

acompanhar processos de polimerização. Como o método não se mostrou adequado para

acompanhar processos onde a polimerização ocorra em tempos menores que os tempos de

medições, é necessário testá-lo com seqüências de pulsos diferentes. O método foi testado

apenas com a seqüência de inversão recuperação por esta ser a mais sensível para a obtenção

dos valores de T1 [46]. Podemos ajustar a seqüência de inversão recuperação para obtermos

apenas os pontos iniciais da relaxação, não sendo necessário esperar obter os pontos de toda a

relaxação. Adquirindo mais pontos durante o início da relaxação é possível ajustar a curva

obtida para se obter o valor de T1. Isto faria com que o tempo de medição fosse menor e

supostamente tornaria a seqüência mais adequada para acompanhar a fase gel da

polimerização. Ainda é possível utilizar a seqüência de saturação recuperação para diminuir o

tempo de medição. Esta seqüência é semelhante à inversão recuperação, porém o primeiro

pulso aplicado é de . Assim, pode-se acompanhar apenas parte da relaxação, método

oposto ao citado anteriormente. É importante salientar que uma das principais características

do método proposto neste trabalho é acompanhar quantitativamente a concentração dos sítios

monoméricos e poliméricos formados durante o processo de polimerização. Nas supostas

soluções citadas acima deve ser verificado se também é possível o acompanhamento destes

sítios, associando valores de T

/ 2π

1 às populações mencionadas.

A relaxação spin-spin também pode ser utilizada para observação da mobilidade dos

núcleos envolvidos no processo de polimerização. Em princípio, medidas de T2 deveriam ser

mais sensíveis ao estado de movimento dos sítios do que a relaxação spin-rede. É necessário

refinar o experimento para um melhor esclarecimento destes resultados. Outra forma de

estudar a mobilidade de um sistema utilizando técnicas de RMN é através das medidas do

coeficiente de difusão. Utilizando uma abordagem semelhante à utilizada em T1, devem ser

obtidos mais de um coeficiente de difusão associados a respectivos sítios poliméricos.

O método proposto foi utilizado em duas polimerizações radicalares. É necessário

analisar sistemas onde a polimerização ocorra por etapas para verificar se o método também

pode ser aplicado a este tipo de polimerização.

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110

Apêndice A – Resultados Resapol 10-249

Experimento T1-02

0 20 40 60 80 100 120 1400,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

a)

[M](t) [R](t)

conc

entra

ção

tempo (min)

0 20 40 60 80 100 120 1400,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

b)

conv

ersã

o do

s sí

tios

móv

eis

tempo (min)

Figura A.1 – a) Concentrações de [M](t) e [R](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp T1-02)

0 20 40 60 80 100 120 1400,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

a)

T 1M(s

)

tempo (min)0 20 40 60 80 100 120 140

0,000

0,003

0,006

0,009

0,012

0,015

b)

T 1R(s

)

tempo (min)

Figura A.2 – a) T1M e b) T1R (exp T1-02)

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111

Experimento T1-03

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

a)

[M](t) [R](t)

conc

entra

ção

tempo (min)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

b)

conv

ersã

o do

s sí

tios

móv

eis

tempo (min)

Figura A.3 – a) Concentrações de [M](t) e [R](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp T1-03)

0 50 100 150 2000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

a)

T 1M(s

)

tempo (min)

0 50 100 150 2000,000

0,004

0,008

0,012

0,016

0,020

b)

T 1R(s

)

tempo (min)

Figura A.4 – a) T1M e b) T1R (exp T1-03)

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112

Experimento T1-04

0 20 40 60 80 100 1200,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

a)

[M](t) [R](t)

conc

entra

ção

tempo (min)

0 20 40 60 80 100 1200,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

b)

conv

ersã

o do

s sí

tios

móv

eis

tempo (min)

Figura A.5 – a) Concentrações de [M](t) e [R](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp T1-04)

0 20 40 60 80 100 1200,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

a)

T 1M(s

)

tempo (min)

0 20 40 60 80 100 1200,000

0,002

0,004

0,006

0,008

b)

T 1R(s

)

tempo (min)

Figura A.6 – a) T1M e b) T1R (exp T1-04)

Page 115: Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de ... · A Deus, por me dar duas ... Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma ... Decomposição

113

Experimento T1-05

0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

a)

[M](t) [R](t)

conc

entra

ção

tempo (min)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

b)

con

vers

ão d

os s

ítios

móv

eis

tempo (min)

Figura A.7 – a) Concentrações de [M](t) e [R](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp T1-05)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

a)

T 1M (s

)

tempo (min)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500,000

0,004

0,008

0,012

0,016

0,020

b)

T 1R (s

)

tempo (min)

Figura A.8 – a) T1M e b) T1R (exp T1-05)

Page 116: Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de ... · A Deus, por me dar duas ... Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma ... Decomposição

114

Apêndice B – Resultados PMMA

Experimento MMA02

0 20 40 60 80 100 120 140 1600,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

[M](t) [R](t) [R'](t)

conc

entra

ção

tempo (min)

a)

0 20 40 60 80 100 120 140 1600,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o do

s sí

tios

móv

eis

tempo (min)

Figura B.1 – a) Concentrações de [M](t), [R](t) e [R’](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp MMA02)

0 20 40 60 80 100 120 140 1600

1

2

3

4

5

6

7

8

T 1M (s

)

tempo (min)

a)

0 20 40 60 80 100 120 140 1600,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

T 1R (s

)

tempo (min)

b)

0 20 40 60 80 100 120 140 1600,00

0,01

0,02

0,03

0,04

T 1R' (s

)

tempo (min)

c)

Figura B.2 – a) T1M e b) T1R e c) T1R’ (exp MMA02)

Page 117: Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de ... · A Deus, por me dar duas ... Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma ... Decomposição

115

Experimento MMA04

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

[M](t) [R](t) [R'](t)

Con

cent

raçã

o

tempo (min)

a)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

conv

ersã

o do

s sí

tios

móv

eis

tempo (min)

b)

Figura B.3 – a) Concentrações de [M](t), [R](t) e [R’](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp MMA04)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

1

2

3

4

5

6

7

8

T 1M (s

)

tempo (min)

a)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

T 1R (s

)

tempo (min)

b)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,000

0,002

0,004

0,006

0,008

T 1R' (

s)

tempo (min)

Figura B.4 – a) T1M e b) T1R e c) T1R’ (exp MMA04)

Page 118: Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de ... · A Deus, por me dar duas ... Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma ... Decomposição

116

Experimento MMA06

A amostra deste experimento não polimerizou completamente.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

[M](t) [R](t) [R'](t)

conc

entra

ção

tempo (min)

a)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o do

s sí

tios

móv

eis

tempo (min)

b)

Figura B.7 – a) Concentrações de [M](t), [R](t) e [R’](t) e b) conversão dos sítios móveis (exp MMA06)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000

1

2

3

4

5

6

7

8

T 1M (s

)

tempo (min)

a)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

T 1R (s

)

X Axis Title

b)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10000,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

T 1R' (s

)

tempo (min)

c)

Figura B.8 – a) T1M e b) T1R e c) T1R’ (exp MMA06)

Page 119: Um Novo Método Para Investigar Cinéticas de ... · A Deus, por me dar duas ... Figura 1.11 – a) Encontro de dois macro-radicais e b) transferência do hidrogênio de uma ... Decomposição

117

Apêndice C – Resultados Infravermelho

Experimento IV1 Experimento IV2

0 50 100 150 200 2500,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o

tempo (min)0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o do

mon

ômer

o

tempo (min)

Figura C.1 – Conversão do monômero (exp IV1) Figura C.2 – Conversão do monômero (exp IV2)

Experimento IV3 Experimento IV4

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o do

mon

ômer

o

tempo (min)0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o

tempo (min)

Figura C.3 – Conversão do monômero (exp IV3) Figura C.4 – Conversão do monômero (exp IV4)

Experimento IV5

0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

conv

ersã

o do

mon

ômer

o

tempo (min)

Figura C.5 – Conversão do monômero (exp IV5)