um multimÍdia destinado ao estudo do meio ambiente · conjunto de 90 slides de palavras...
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UM MULTIMÍDIA DESTINADO AO ESTUDO DO MEIO AMBIENTE 1
BATISTA, Natália Lampert2 - UNIFRA
VIERO, Lia Margot Dornelles3 - UNIFRA
Grupo de Trabalho – Educação e Meio Ambiente Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo O Meio Ambiente, um dos temas Transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), foi a temática proposta para elaboração de um recurso de ensino, em formato digital intitulado “Vocabulário Digital”, destinado ao Ensino Fundamental. O objetivo deste trabalho é o de relatar a construção de um material didático, o qual poderá subsidiar e fundamentar assuntos de cunho ambiental. Os procedimentos metodológicos que envolveram inicialmente a seleção de uma obra de caráter didático e escolhido um capítulo onde foram selecionadas palavras-chave relacionadas à temática proposta. A escolha recaiu sobre a obra “Construindo o Espaço Americano”, de Moreira (1999). Após, buscou-se o significado das palavras selecionadas, utilizando dicionários. A etapa seguinte foi pesquisar e selecionar imagens que pudessem ilustar as palavras selecionadas. Para muitas palavras, foram separadas várias ilustrações, onde se optou pela imagem que pudesse melhor propiciar uma leitura do conceito pretendido. Na sequência, foi definida a identidade visual do material. Para cada palavra, inseriu-se um hiperlink, o qual leva o aluno a uma imagem/ilustração do termo. Ressalta-se que, para a construção do recurso, utilizou-se se o programa Microsoft Office Power Point 2010. O material foi finalizado com um significativo conjunto de 90 slides de palavras apresentadas com duas linguagens diferenciadas, quais sejam: o texto e a imagem. Portanto, o recurso produzido poderá qualificar a prática docente, pois se trata de um material inovador com inúmeras formas de uso, a partir da criatividade e do planejamento do professor, bem como possibilita ao professor ministrar aulas utilizando recursos de ensino diferenciados, criando uma maior motivação por parte dos alunos e, consequentemente, um interesse maior para a concretização do processo ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Geografia. Meio Ambiente. Ensino. Recurso Didático.
1 Trabalho vinculado ao curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e apresentado no XI Congresso Nacional de Educação – EDUCERE, IV Seminário Internacional sobre Profissionalização Docente – SIPD - Cátedra UNESCO e II Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação – SIRSSE, nos dias 23 a 26 de setembro de 2013, na PUCPR, em Curitiba. 2Acadêmica do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). E-mail: [email protected]. 3Professora Ms. do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). E-mail: [email protected]
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Introdução
O Meio Ambiente, um dos temas Transversais propostos pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), foi a temática proposta para elaboração de um recurso de
ensino, em formato digital intitulado “Vocabulário Digital”, destinado ao Ensino
Fundamental. Consta no mesmo documento que trabalhar com o Meio Ambiente “é contribuir
para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade
socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da
sociedade local e global” (PCNs, 1998, p.187).
O objetivo deste estudo é o de relatar a construção de um material didático, o qual
poderá subsidiar e fundamentar assuntos de cunho ambiental. Assim, o trabalho com o
assunto Meio Ambiente, apesar de ser uma prática em âmbito escolar, precisa ser trabalhado
de forma que o aluno tenha de fato condições de gerar conhecimentos. Pelos PCNs (1998), é
preciso que o aprendizado seja significativo, isto é, os alunos possam estabelecer ligações
entre o que aprendem, a sua realidade cotidiana e o que já conhecem.
A temática pode ser mais amplamente trabalhada quanto mais se diversificarem e
intensificarem as pesquisas, os conhecimentos e a construção de caminhos coletivos de
trabalho, se possível com interrações diversas dentro da escola e desta com outros setores da
sociedade (PCNs, 1998). A problemática ambiental ganha destaque neste último século em
função do desequilíbrio crescente na relação sociedade e natureza. As queimadas, os
desmatamento, a poluição, o aquecimento global, o consumismo exacerbado, as extinções, o
uso de herbicidas e de poluentes tóxicos, as ilhas de calor, o lixo, entre tantos outros, colocam
em risco a sobrevivência do ser humano no planeta Terra.
Logo,
A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos (JACOBI, 2003, p.193).
Neste sentido, o termo sustentabilidade refere-se à exploração consciente dos recursos
naturais, a fim de que as gerações futuras também possam usufruí-los. Logo, este novo
paradigma emergente está assentado no tripé sociedade, natureza e economia.
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Assim, cabe à Geografia discutir esses três sistemas de forma integrada para
compreender a dinâmica do espaço geográfico e auxiliar no seu desenvolvimento sustentável.
Para Becker (2001), o desenvolvimento sustentável perpassa por alguns princípios básicos
como: a) a satisfação das necessidades básicas; b) a solidariedade com as gerações futuras; c)
a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; d) a participação da população; e) a
elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras
culturas; e f) os programas de educação.
De acordo Carlos (1999), refletir sobre o modo como são ensinados os conteúdos, os
instrumentos que se utilizam (e os modos como podemos utilizá-los) apresentam-se, hoje,
como fundamental. A partir disso, cabe destacar que o trabalho foi realizado na disciplina de
Produção Didática em Geografia, integrante da matriz curricular do curso de Geografia do
Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), o qual certamente poderá subsidiar o Estágio
Supervisionado III, voltado ao Ensino Fundamental.
O ensino de Geografia e as atividades lúdicas
A Geografia é uma ciência que, em seu objeto de estudo, reúne aspectos sociais e
naturais, bem como a interação entre eles. A partir disso, “temos a preocupação de pensar em
como a aprendizagem e o ensino de Geografia se situam perante outras possibilidades pela
interação com outras disciplinas” (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2007, p.174) e
com saberes complexos e motivadores frente ao aluno de hoje.
Para Freire (1996), ao ensinar, há a necessidade de rigorosidade metódica, assim como
a necessidade de pesquisa para a produção de conhecimento e de criatividade, a qual estimula
a curiosidade que, por sua vez, proporciona a passagem da consciência ingênua à consciência
crítica. Desse modo, as metodologias de ensino desenvolvidas pelo professor do século XXI
devem promover o desenvolvimento da autonomia do aluno, possibilitando a compreensão
dos elementos do espaço geográfico de forma mais contextualizada e vinculada ao dia-a-dia,
sentindo, assim, a disciplina de Geografia como algo motivador e passando a valorizá-la.
Ensinar define-se em função da necessidade de mediar, ou seja, criar ambiências para
a construção do saber do alunado, auxiliando no trabalho com informações frente a uma dada
realidade, organizando situações que permitam aos alunos (re)construir os significados e
aprender significativamente, isto é, para toda a sua vida. Logo, aprender passa a definir-se
como um processo que se inicia a partir do contato ou do confronto que se estabelece com os
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desafios e a (re)ordenação de ideias iniciais, ou seja, do senso comum (consciência ingênua)
para o conhecimento científico (consciência crítica).
Conforme Rego, Suertegaray e Heidrich (2000), é indispensável que o ensino de
Geografia perpasse por alguns pressupostos básicos, como: relação entre teoria e prática;
utilização da realidade com base na construção do conhecimento; conteúdos socialmente
úteis; auto-organização dos estudantes; desenvolver atitudes e habilidades de pesquisa; e
combinação entre processos pedagógicos coletivos e individuais. Para isso, o professor de
Geografia deve pensar metodologias adequadas ao desenvolvimento intelectual dos alunos;
uma possibilidade é o lúdico, representado nesta abordagem através de um jogo/recurso
virtual intitulado “Vocabulário Digital”.
As atividades lúdicas podem ser um eficaz recurso aliado ao educador, comprometido
com o desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual,
pois possibilita a interação entre os sujeitos e os conhecimentos de modo organizado, mas
com certa autonomia e possibilidade de escolhas.
“Na Geografia, os conteúdos procedimentais relacionam-se ao modo pelo qual os
alunos assimilam certas práticas que fazem parte de sua própria vida” (PONTUSCHKA;
PAGANELLI; CACETE, 2007, p.108), ou seja, devido ao objeto de estudo da ciência
geográfica, se o educador possuir uma boa fundamentação teórica e um bom planejamento,
torna-se fácil aproximá-la da realidade e, por conseguinte, realizar atividades diferenciadas.
Os jogos são possibilidade de construções mais significativas do conhecimento, em razão de
permitirem essa comunicação entre o saber científico, o senso comum e a personalidade do
aluno, ou seja, há uma maior liberação das emoções e, por isso, o professor pode perceber
com mais facilidade as lacunas no “saber” de seu aluno.
Neste contexto, Rollof (2012, p.2) escreve que “o lúdico pode trazer à aula um
momento de felicidade, seja qual for a etapa de nossas vidas, acrescentando leveza à rotina
escolar e fazendo com que o aluno registre melhor os ensinamentos que lhe chegam, de forma
mais significativa”, além de obter responsabilidade diante da situação em que é colocado.
Para isso, o professor pode trabalhar com diversos elementos do espaço geográfico de modo
irreverente, diferenciado e integrado para tornar a aula mais dinâmica e possibilitar a
compreensão de categorias conceituais básicas, desenvolvendo, assim, no aluno um pensar
sistematizado e coerente em que ele consiga observar, descrever, comparar e estabelecer
correlação e conclusões sobre o lugar, a paisagem e o todo que o cerca, a partir da dimensão
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histórica e identidade local/regional, fazendo, assim, uma leitura completa e significativa do
espaço geográfico, ou seja, pensando globalmente e agindo localmente.
Segundo Callai (2009), pensar globalmente significa compreender que o mundo está
cada vez mais interligado, que as relações ultrapassam as fronteiras, os lugares se interligam e
dependem um do outro nas mais diversas escalas. Assim, não se pode trabalhar o município, o
bairro e a rua isoladamente. Contudo, ao aprender a pensar o espaço a partir do lugar, pode-se
descobrir o mundo e criar métodos que favoreçam os alunos a construção da cidadania.
A possibilidade de o professor disponibilizar recursos de ensino lúdicos e
diferenciados cria uma maior motivação por parte dos alunos e, consequentemente, um
interesse maior para a concretização do processo ensino-aprendizagem, isso tanto em âmbito
da Educação Básica como do Ensino Superior. Portanto, é indispensável que o professor
construa e aplique, para seus alunos, materiais lúdicos, uma vez que eles contribuem muito
para a aprendizagem, para a problematização dos conteúdos, para a socialização e para a
motivação dos aprendizes.
O uso de multimídia no Ensino de Geografia
Com o avanço das novas tecnologias, torna-se indispensável à utilização de recursos
de ensino diferenciados em sala de aula para que o conteúdo trabalhado se torne interessante e
atrativo aos alunos. Assim, a televisão, o computador, o celular, os multimídias, entre outros,
passam a ser indispensáveis como recursos didáticos, desde que empregados da forma correta
pelo educador (BATISTA; VIERO, 2011).
Segundo Paim e Viero (2012, p.1), “as novas tecnologias auxiliam o homem em todos
os ramos, e na educação, apesar de seu recente uso, vem também assumindo um papel
importante e relevante para o processo de ensino aprendizagem”. A partir disso, torna-se
muito interessante utilizar tecnologias diferenciadas e inovadas em sala de aula, pois essas
enriquecem a explanação do conteúdo.
Carlos (1999, p.7) documenta que “refletir sobre o modo como se ensina, os
conteúdos, os instrumentos que se utilizam (e os modos como podemos utilizá-los) apresenta-
se, hoje, como fundamental”. Os recursos digitais, no formato de multimídias, podem auxiliar
o trabalho pedagógico do professor no sentido de atrair o aluno para recursos diferenciados,
que não sejam os chamados materiais de ensino tradicionais.
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O assunto multimídia no âmbito da Educação é assunto muito recente. A mídia digital
no formato de animações e recursos audiovisuais interativos é temática muito mais recente
ainda quando se trata de ensino de Geografia. Paula Filho registra que
por multimídia entendemos todos os programas e sistemas em que comunicação entre o homem e computador se dá através de múltiplos meios de representação de informação, como som e imagem animada, além da imagem estática já usada nos aplicativos gráficos. A multimídia requer, especificamente, o computador como meio de apresentação, devido às suas características únicas (2000, p. 3).
O mesmo autor afirma, ainda, que o uso de multimídias se torna cada vez mais
importante para a formação do conhecimento, além de abordar diversos aspectos ligados ao
cotidiano da sociedade. A tecnologia, para Kenski (2007, p.24), “está em todo lugar, já faz
parte de nossas vidas”. Da mesma forma, podemos afirmar que as tecnologias, também, estão
no espaço escolar, embora não na totalidade da rede escolar.
Ainda, Kenski (2007, p.45), escreve que as “novas tecnologias de comunicação,
sobretudo a televisão e o computador, movimentaram a educação e promoveram novas
mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo veiculado”.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (1998, p.140),
A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola não é, por si só, garantia de melhor qualidade na educação, pois a aparente modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na memorização de informações.
A tecnologia eletrônica, segundo o mesmo documento, “pode ser utilizada para gerar
situações de aprendizagem com maior qualidade, ou seja, para criar ambientes de
aprendizagem em que a problematização, a atividade reflexiva, atitude crítica, capacidade
decisória e a autonomia sejam privilegiados” (1998, p.141).
Um dos aspectos relevantes de um recurso de ensino, no formato multimídia, é a
riqueza das diferentes linguagens que o mesmo pode apresentar e, também, as formas
diferenciadas que o professor pode fazer uso dos mesmos (VIERO, 2012). Ainda, hoje, os
recursos de ensino mais utilizados nas aulas de Geografia são os livros didáticos e os Atlas
Escolares. Há necessidade da renovação dos materiais de ensino para atender o perfil da
clientela estudantil, jovens motivados pelos recursos tecnológicos.
De acordo com Nogueira e Viero (2012), a qualificação e a dinamização das aulas de
Geografia, com o surgimento das novas tecnologias, tem sido um desafio por parte dos
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docentes, uma vez que são necessários recursos que atraiam os alunos para uma aprendizagem
mais motivadora, isto quer dizer que as novas tecnologias possibilitam novas possibilidades
de aulas, mais contextualizadas e atraentes aos alunos.
Segundo Soares e Viero (2012), o uso de ferramentas inovadoras possibilitam novas
abordagens e servem como estímulo para a participação nas aulas e são uma forma
descontraída de trabalhar os conteúdos. As novas tecnologias, se empregadas corretamente,
podem tornar as aula dinâmicas, envolventes e estimular os alunos a gostarem de aprender,
bem como estimulá-los a pesquisar, pois estimulam a curiosidade e isso repercute na busca
por mais informações a respeito do tema, as quais devem ser transformadas em conhecimento.
Por fim, acredita-se que os multimídias podem se tornar uma importante ferramenta
para a construção do conhecimento, porém, é importante destacar que as novas tecnologias
devem de utilizadas como meio para produção do conhecimento e não como fim, visto que a
tecnologia por si só não contribui para a construção da cidadania e aprendizagem do alunado
(BATISTA; VIERO, 2012). Desse modo, é fundamental o professor auxiliá-lo na
compreensão do tema abordado, tendo o material virtual como ferramenta de complemento e
de ilustração em sua aula.
Metodologia
A presente pesquisa é do tipo qualitativa, pois busca descrever a construção de um
recursos de ensino, no formato digital, intitulado “Vocabulário Digital”. Do ponto de vista de
seus objetivos, pode ser considerada uma pesquisa descritiva, a qual visa a descrever as
características do supramencionado recurso.
Para a concretização do trabalho foi, inicialmente, selecionada uma obra de caráter
didático e escolhido um capítulo onde foram selecionadas palavras relacionadas a temática
proposta. A escolha recaiu na obra “Construindo o Espaço Americano”, de Moreira (1999). A
seguir, buscou-se o significado das palavras selecionadas, utilizando dicionários da Língua
Portuguesa, de Geografia, de Educação Ambiental, Cartográfico e Geológico-
Geomorfológico. A etapa seguinte foi pesquisar e selecionar imagens que pudessem ilustar as
palavras selecionadas.
Para muitas palavras foram separadas várias ilustrações, onde se optou pela imagem
que pudesse melhor propiciar uma leitura do conceito pretendido. Na sequência, foi definida a
identidade visual do material. Para cada palavra, inseriu-se um hiperlink (atalho), o qual leva
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o aluno a uma imagem/ilustração do termo. Ressalta-se que para a construção do recurso,
utilizou-se se o programa Microsoft Office Power Point 2010. O material foi finalizado com
um significativo conjunto de 90 slides de palavras apresentadas com duas linguagens
diferenciadas, quais sejam: o texto e a imagem.
A construção do “Vocabulário Digital”
Para a construção do Recurso Virtual de Ensino, após a escolha das palavras e de um
levantamento bibliográfico, a fim de reunir seus significados com base em dicionários, partiu-
se para o resgate de imagens (free - de domínio público na internet) e definiu a identidade
visual do material. A proposta didática desenvolvida para alunos dos oitavos anos do Ensino
Fundamental perpassa pela construção de um “Vocabulário Digital” (figura 1).
Figura 1: Identidade Visual do “Vocabulário Digital”. Fonte: arquivo pessoal, 2012.
A partir da figura 1, observa-se o Menu principal do jogo virtual (a). Após,
identificam-se os hiperlinks que conduzirão o aluno para os conceitos (b). Ao clicar na
palavra (c), o aluno será levado à imagem (d) que representa tal palavra; nesta última, ao
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clicar no “X”, o estudante retornará aos hiperlinks, ou seja, para b. No exemplo, o aprendiz
clicaria em “A”, depois em “agricultura”; o processo ocorrerá com qualquer uma das letras.
No atual contexto escolar, é necessário que o professor apresente diferentes formas de
dinamização dos conteúdos para que de fato seja possível propiciar uma aprendizagem
significativa dos alunos, isto é, uma aprendizagem emancipatória, autônoma e inter-
relacional, que ultrapasse a memorização dos conceitos. Com a utilização de recursos digitais,
é possível que o trabalho didático-pedagógico seja mais atraente ao educando, pois o “aluno
de hoje” é muito adepto da informática.
Para Ramos (2005, p.63),
o conhecimento memorizado não será necessariamente incorporado aos esquemas mentais que proporcionam respostas aos problemas apresentados. Já o conhecimento construído permite ao aprendiz resolver problemas e apresentar novas habilidades e respostas verbais.
A aprendizagem significativa deve perpassar pela construção de hipermapas mentais.
O hipermapa corresponde à aplicação “cartográfica” do hipertexto (texto com hiperlinks, isto
é, atalhos) que, por sua vez, corresponde a um tipo de texto não-linear e, portanto, interativo,
que permite que o aluno faça conexões entre os conceitos vinculados à Geografia, permitindo
uma melhor e mais complexa construção e interpretação. Neste sentido, o hipermapa mental
deve possibilitar que o aluno se localize, oriente-se e compreenda o espaço com maior
facilidade através de associações de conceitos já estudados, ultrapassando, assim, aquela
Geografia Tradicional e descritiva pautada na memorização.
De acordo com Perrenoud (2000), o ensino deve contar com dez competências, entre
as quais destacam-se: organizar, dirigir situações de aprendizagem, envolver os alunos,
trabalhar em equipe e utilizar novas tecnologias. Assim, um professor criativo não pode se
limitar em utilizar apenas proposições de livros didáticos; é fundamental inovar, surpreender,
dinamizar as aulas para manter os alunos conectados com o que se propõe, e construir
cidadãos mais crítico-reflexivos. Outra possibilidade é o professor desenvolver recursos
alternativos e complementares ao livro texto, vinculados à realidade do educando, da escola e
da comunidade em que está inserido.
É dever do educador mudar os padrões de comportamento em relação aos alunos,
deixando de lado os métodos e técnicas tradicionais, considerando que o lúdico é eficiente
como estratégia do desenvolvimento na sala de aula. Tal colocação significa que é
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fundamental o professor acreditar em novas possibilidades de ensino que agreguem os jogos
como fonte de aprendizagem, em formato virtual ou não.
O computador, de acordo com os PCNs, “permite novas formas de trabalho,
possibilitando a criação diversificada de ambientes de aprendizagem” (1998b, p.141), como
histórias virtuais, vídeos, multimídias entre outros. Portanto, essa ferramenta de ensino pode
contribuir para a contextualização e compreensão de termos vinculados às questões
ambientais e à sustentabilidade de forma atrativa, diferenciada e sem perder de vista os
pressupostos teóricos e metodológicos da Geografia. Os recursos digitais ajudam o professor
em sua proposta metodológica, atraem os alunos e podem modificar substancialmente a
relação pedagógica.
Alternativa de atividade para o emprego do Recurso Virtual em sala de aula
Como alternativa pedagógica para a utilização do Recurso Didático apresentado,
sugere-se o uso do texto enigmático (a seguir) e, posteriormente, a busca das palavras-chave
no “Vocabulário Digital”. Assim, fez-se um planejamento de atividades a serem
desenvolvidas durante a aplicação do Recurso de Ensino.
Dessa forma, “planejar o processo educativo é planejar o indefinido (...). Devemos,
pois, planejar a ação educativa para o homem não impondo-lhe diretrizes que o alheiem.
Permitindo, com isso, que a educação ajude o homem a ser criador de sua história”
(MENEGOLA; SANT’ANNA, 2001, p. 25).
As categorias conceituais e metodológicas a serem construídas com a proposta são (em
especial): a leitura e a textualização, a compreensão de signos, a resolução de problemas, a
observação, a interpretação, a criatividade, a leitura cartográfica e o desenvolvimento de
espírito crítico. A atividade sugerida tem início com questionamentos como “O que é meio
ambiente?” e “O meio está sendo degradado. Por que e por quem?”, a fim de verificar a
percepção dos alunos frente à temática.
Após, aplicar-se-ia o texto enigmático (em formato virtual, conforme apresentado na
figura 2) para que eles compreendessem mais profundamente a temática abordada. Depois,
partir-se-ia para a aplicação do “Vocabulário ambiental”, para aprofundar os conceitos
construídos no decorrer do texto e das palavras vinculadas à sustentabilidade e a questões
ambientais disponíveis no oitavo capítulo do livro “Construindo o Espaço Americano”, de
Moreira (1999).
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O MEIO AMBIENTE E A SUSTENTABILIDADE
Atualmente, a discussão sobre temáticas vinculadas à exploração dos Naturais e se torna
urgente no meio técnico-científico-informacional, visto que o consumo exacerbado, as , os
, a , o , o uso de , as ilhas de calor, a chuva ácida, o , entre tantos outros, vêm gerando extinções em massa de espécies, acentuando as mudanças climáticas e colocando em
risco a sobrevivência do próprio no planeta Terra. Assim, segundo Becker (2001), este final de século caracteriza-se pelo esgotamento do sistema que se
mostrou ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto. Logo, vivemos uma crise
ecológica, ambiental e político-institucional. A paisagem natural é cada vez mais ameaçada e o ambiental é dilapidado como se fosse eterno, com um único objetivo: a obtenção de lucro.
Neste sentido, cabe a nós nos conscientizarmos e agirmos em prol de um meio mais saudável e.
Atitudes simples como deixar o em casa ou desligar a luz ao sair do quarto, se repetidas, tem um
impacto positivo imenso frente ao .
Assim, a que consiste em um desenvolvimento e exploração dos Naturais, no presente, garantindo o futuro das próximas gerações, vem ganhando destaque. Ela se assenta em três pilares básicos: o natural, o social e o econômico. Dessa forma, somente aliando esses três chegar-se-á a um desenvolvimento
e reduzir-se-á a degradação ambiental.
Portanto, é fundamental a discussão sobre as Questões Ambientais e a , a fim de que as
tenham, além de uma conscientização sobre os danos ambientais, uma sensibilização frente à , agindo de forma menos agressiva sobre ela. Desse modo, todos nós devemos contribuir para a construção de um
mais saudável. Legenda
Recursos =
Sustentabilidade =
Sustentável =
Herbicidas =
Lixo =
Ser humano =
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Queimadas =
Desmatamentos =
Poluição:
Aquecimento global:
Capital =
Carro =
Meio ambiente/natureza =
Gerações futuras = Figura 2: Texto enigmático disponível em formato virtual para a contextualização das temáticas: sustentabilidade e problemas ambientais. Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
No recurso de ensino, disponibilizou-se, também, um esquema base (figura 3) sobre
sustentabilidade e degradação ambiental. Com base nele, o aluno pode construir o seu próprio
texto enigmático, abordando a temática e exercitando a textualização, e apresentá-lo aos
colegas, socializando conhecimentos.
Figura 3: Esquema base sobre sustentabilidade e degradação ambiental. Fonte: http://grafica.abril.com.br/sustentabilidade.php, acesso em outubro de 2012 (adaptado).
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Assim, espera-se que esta atividade, aliada ao Recurso de Ensino produzido, possa
subsidiar o Ensino de Geografia, em especial, no decorrer do Estágio Curricular
Supervisionado III, integrante da matriz curricular do curso de Geografia do Centro
Universitário Franciscano (UNIFRA), bem como possa inspirar outros professores a
construírem seus próprios Recursos Didáticos, mais adequados e vinculados à realidade do
alunado.
Considerações finais
Um bom planejamento perpassa pela escolha e uso de recursos didáticos que o
professor vai trabalhar. O material produzido comprova que existem outras possibilidades de
materiais de ensino para a dinamização dos conteúdos, além dos chamados recursos
tradicionais, a exemplo do livro texto.
Através do uso do material, o aluno poderá perceber quanto o espaço geográfico é
dinâmico, o processo de constante transformação, e que, dependendo do grau de degradação
do meio ambiente, será mais frágil a vida nos diferentes ecossistemas e sociedades. Por isso,
conclui-se que o “Vocabulário Digital” pode abrir inúmeras possibilidades de trabalho
didático-pedagógico, integrando o planejamento do professor.
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