um modelo interacional de leitura
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UM MODELO INTERACIONAL DE LEITURA
Cap. 9
Luiz Paulo Moita Lopes
Modelo interacional
• É derivado de uma visão interacional do fluxo da informação, na linha de teorias de esquema.
• É derivado também de uma visão interacional do discurso, entendido como o processo comunicativo entre leitor e escritor na negociação do significado do texto.
Modelo interacional
• O fluxo da informação pode ser visto como:
1. Ascendente (centrado no texto, decodificação);
2. Descendente (psicolingüístico, centrado no leitor);
3. Ascendente e descendente ao mesmo tempo. (interacional).
Modelo interacional
• O ato de ler é visto como um processo envolvendo tanto a informação encontrada na página impressa, quanto a informação que o leitor traz para o texto.
• “(...) modelos interacionais oferecem uma maneira mais adequada de se compreender o ato de ler.” (pág. 139)
Modelo interacional
• Este modelo deve ser complementado com visões da tradição da análise do discurso, ou seja, o discurso como “unidade recuperada do processo real de negociação do significado entre os participantes de uma interação comunicativa, no caso em discussão, o leitor e o escritor (...), posicionados social, política, cultural e historicamente.” (pág. 139)
Modelo interacional
• Como isso acontece? Utilizando sua competência textual, o leitor interage com o escritor através das pistas incluídas no texto por esse último.
• “O significado do texto é então um processo caracterizado por procedimentos interacionais entre o escritor e o leitor através dos quais seus respectivos esquemas são negociados.” (pág. 139)
Modelo interacional
• Teoria do uso da linguagem de Widdowson:
1. Conhecimento sistêmico: competência lingüística (em termos tradicionais).
2. Conhecimento esquemático: conhecimento do mundo (esquemas), responsável pelas expectativas dos leitores acerca do texto.
Modelo interacional
• Conhecimento esquemático: conhecimento estereotipado que prepara os leitores para a comunicação lingüística.
• Noção relacionada ao que Hymes refere-se como competência comunicativa.
Um parênteses: Dell Hymes
• Sociólogo e antropólogo; estudioso de línguas do Pacífico.
• Apesar de não serem equivalentes, pode-se dizer que os conceitos de competência e de performance derivam dos conceitos saussureanos de langue e parole. Chomsky utilizou o conceito de competência como o conhecimento da língua, e o de performance como o uso da língua.
Um parênteses: Dell Hymes
• Hymes irá desafiar a tradicional dicotomia “competence/performance” tão cara à gramática gerativista. Segundo ele, para a gramática gerativa, a aquisição de competência é vista como essencialmente independente de traços (aspectos) socioculturais, requerendo apenas que no ambiente em que a criança vive (no caso da primeira língua) haja uma fala adequada.
Um parênteses: Dell Hymes
• Hymes defende sua posição baseado no pressuposto de que diferentes pessoas têm diferentes comandos sobre sua língua. Este ponto de vista o fez cunhar o termo competência comunicativa, que parece apresentar um sentido mais inclusivo, visto que engloba o conjunto inteiro de conhecimentos: lingüísticos, psicolingüístico, sociolingüísticos e pragmáticos, além das habilidades que os falantes devem desenvolver a fim de comunicar-se através da língua. Um exemplo é a habilidade para falar apropriadamente em diferentes contextos, para reconhecer diferentes tipos de textos e lê-los adequadamente.
Modelo interacional
• Este modelo inclui também o conceito de capacidade, elaborado por Widdowson.
• Capacidade: construto do usuário; portanto é “essencialmente etnometodológico” (“For Ethnomethodology the topic of study is the social practices of real social actors in real social settings, and the methods by which those actors produce and maintain a shared sense of social order”)
Modelo interacional
• Capacidade: construto relacionado à negociação do significado, uma visão de linguagem como processo.
• Modelo interacional: tenta dar conta da competência lingüística e da competência discursiva (sendo que essa envolve a competência comunicativa e a noção de capacidade).
Modelo interacional
• Competência discursiva + competência linguística = competência textual (definição de Beaugrande)
• Leitura como ato comunicativo: posiciona leitores e escritores de maneira social, política, cultural e histórica.
Modelo interacional
• “Ler é desenvolver uma prática social” (Moita Lopes)
• A noção de poder é intrínseca à leitura.• Questões acerca do uso da linguagem na
sociedade são importantes para os professores, pois mostram como leitores e escritores projetam suas crenças, valores e projetos políticos na construção do significado.
Modelo interacional
• “(...) ao considerar que a leitura não ocorre em um vácuo social, este modelo também sugere a relevância pedagógica de que é primordial no ensino da leitura o desenvolvimento da consciência crítica de como a linguagem reflete as relações de poder na sociedade através das quais se defrontam leitores e escritores.” (Cf. Fairclough)
Modelo interacional
• Não é suficiente para o aprendiz adquirir conhecimento sem também aprender como usá-lo.