um ministerio ideal vol1

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G, Jí. Êpunaeon

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UM,

E m 1 8 6 5 S p u r g e o n i n a u g u r o u a “ C o n f e r ê n c i a A n u a l ” d o C o lé g io d e

P a s t o r e s , a q u a l f o r a m c o n v i d a d o s t o d o s o s p a s t o r e s q u e h a v i a m s i d o

p r e p a r a d o s n o C o l é g i o . E s s a r e u n i ã o a n u a l e s t a v a d e s t i n a d a a o f e r e c e r

u m la ç o d e u n iã o p e r m a n e n te e n t re e le s . D u r a n t e t o d a s u a v id a , S p u r g e o np r o n u n c io u v in t e e s e te p a l e s t ra s p r e s id e n c ia i s n a C o n f e r ê n c i a ; d o z e d e la s

f o r a m r e im p r e s s a s a p ó s s u a m o r te , d a s q u a i s s e i s e s t ã o n e s t e liv r o .

S e h a v e m o s d e e n t e n d e r a t u a lm e n t e p o r q u e o t e s t e m u n h o e v a n g é l ic o

c h e g o u a u m n í v e l t ã o b a i x o , é n e c e s s á r i o q u e r e t r o c e d a m o s a o s é c u l o

d e z e n o v e e d e s c u b r a m o s o q u e o c o r re u . E s te v o lu m e n o s c o n c e d e b a s ta n t e

lu z a d ic io n a l n e s te a s s u n t o , c o m a s o b s e r v a ç õ e s d o fa m o s o p r e g a d o r s o b r e

a m u d a n ç a d e ê n f a s e n a p r e g a ç ã o d o e v a n g e l h o , a c e r c a d o s a s p e c t o s d a

“ o b r a m is s io n á r ia ” m o d e r n a , n o q u e s e re fe r e a o d e s c u i d o d a d o u t r in a d a

s o b e r a n i a de D e u s e a re s p e i t o d a d e c a d ê n c ia g e r a l d a p u r e z a d o u t r in á r ia .

“ P a r a s e r e m p r e g a d o r e s e f ic a z e s d e v e m s e r t e ó lo g o s a u tê n t ic o s . ”

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UM MINISTÉRIO IDEALVolume 1

Conferências a ministros e estudantes

C. H. Spurgeon

fes

PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287 - 01059-970 - São Paulo, SP 

www.editorapes.com.br

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T ítulo o riginal:An Ali Round M inistry

Prim eira edição em português:1991

Segunda edição em português:2005

Tradução do inglês:

Edgard Leitão

Revisor:Antonio Poccinelli

Cooperador:

Luís Christianini

Capa:Wirley dos Santos Corrêa

Impressão:

Imprensa da Fé

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   M   A

   Z   I   N   H   D 

   R   O

   D   R

   I   G   U

   E   S

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INTRODUÇÃO

Embora C. H. Spurgeon seja ainda lembrado como pregador popular, geralmente se esquece que a influência

exercida por ele sobre ministros e estudantes de teologia foium fator ainda mais importante, talvez, do que o seu próprioministério. Hoje é pouco conhecido o fato de que ele organi-zou uma instituição teológica, supervisionou a preparaçãode mais de 800 estudantes, presidiu uma conferência anualde ministros, e considerou tudo isso como “O labor e deleite

de minha vida, em relação ao qual o resto do meu trabalhonão é senão a plataforma; deleite superior ainda ao queme oferece meu êxito m inisterial” ( Autobiografia, vol.3, p. 127).Os pontos de vista de Spurgeon quanto ao ministério,especialmente com referência à educação teológica, têmrecebido pouca atenção desde a sua morte, em 1892. A primeira vista é difícil explicar tal coisa, quando recordamosque durante 37 anos Spurgeon pregou semana após semanaa uma congregação de cerca de 5.000 pessoas. Será que emnossos dias, de tão evidente decadência no poder da pregaçãoe freqüência às igrejas, as opiniões de um homem como elenão valem a pena ser conhecidas?

A melhor ilustração dos pontos de vista de Spurgeonquanto à preparação para o ministério é a história do seu

 p róprio colégio teológico. Quase desde o in ício do seuministério em Londres, em 1854, para as vastas multidões,ele sentiu a carga da necessidade de muito mais pregadores

de enérgica posição evangélica. Sabia, como tantas vezesrepetia, que os seminários sempre haviam tido papel vital no

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 provimento de tais homens. “Honorato e Columba nos diasantigos, e também Wycliffe, Lutero e Calvino na época daReforma, prepararam os exércitos do Senhor para sua missão.As escolas dos profetas são fator prim ário se se trata de mantervivo e propagar o poder da religião num país” (Ibid. p. 137).

“Falamos de Lutero e Calvino nos tempos da Reforma,mas devemos recordar que esses homens chegaram a ser oque eram devido, em grande parte, a seu poder para gravar a

sua imagem e sua influência sobre outros homens com osquais entraram em contato. Se alguém fosse a Würtemburg,não via apenas Lutero, mas também o colégio de Lutero, oshomens a seu redor, todos os estudantes que estavam sendoformados em outros Luteros sob sua direção. O mesmoocorria em Genebra. Quanto deve a Escócia ao fato de

Calvino ter instruído João Knox! Quanto benefício têmalcançado outras nações, advindo da pequena república daSuíça devido ao fato de que Calvino teve o bom senso de

 perceber que um só homem não podia esperar influenciaruma nação inteira a menos que se multiplicasse e estendesseseus pontos de vista, escrevendoos sobre as tábuas de carne

dos corações de homens jovens e fervorosos! As igrejas parecem ter esquecido disso. A Igreja deveria to rnar ocolégio teológico o objeto principal dos seus cuidados”(Vida e Obra de C. H. Spurgeon, G.H. Pike, vol. 4, p.356).

Informanos Spurgeon que pouco depois de haver inic i-ado seu ministério em Londres, “vários jovens zelosos foram

trazidos ao conhecimento da verdade; e entre eles algunscujas pregações ao ar livre foram abençoadas por Deus paraa conversão de almas”. O primeiro destes foi um moçochamado Medhurst. Certos membros da igreja disseram ao

 pastor que o mencionado jovem não estava preparado paratal trabalho. Spurgeon então entrevistou o moço e recebeu a

seguinte memorável resposta: “Sr. Spurgeon, eu tenho que pregar, e continuarei pregando a menos que o senhor me

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degole”. Isso induziu a Spurgeon à decisão prática de fazeralgo a fim de preparar tais homens para o ministério . Assim,no ano de 1855 (quando Spurgeon tinha apenas 21 anos ehavia mil pessoas que davam provas seguras de conversão edesejavam ser admitidas na sua capela) Medhurst começoua freqüentar cada semana a casa de seu pastor, para recebervárias horas de instrução teológica. Em 1857 surgiu outroestudante. Pouco tempo depois o número aumentou para 8;

a seguir 20 e finalmente 70 a 100 alunos, que recebiam umcurso de dois anos no que chegou a ser conhecido como o“Colégio dos Pastores”. Em 1891 haviam sido preparados 845homens. Deles, muitos abriram novos campos e formaramnovas igrejas na Inglaterra, porém muitos outros levaram oevangelho aos confins da terra.

Podese interrogar porque Spurgeon formava um novocolégio quando já havia tantas instituições de formaçãoteológica não conformista. Muitos criam ser tal iniciativadesnecessária e divisionista. A resposta dele era, essencial-mente, por não haver um seminário que satisfizesse àsnecessidades conforme ele percebia a situação. Além disso,

ele se distinguia das demais organizações existentes nosquatro seguintes aspectos:Primeiro, quanto ao ingresso dos estudantes Spurgeon

 possuía a convicção de que não devia aceitar um homemque não est ivesse apto para pregar e, até onde fosse

 possível discernir, vocacionado por Deus. Nem a capacidade

mental nem os méritos universitários podiam compensara ausência desses requisitos. “O grau inferior de piedade, afalta de entusiasmo, o fracasso na devoção particular e aausência de consagração” eram fatores negativos intole-ráveis em homens que aspirassem ser servos de Cristo.Categoricamente ele afirmou: “Nossa instituição tenciona

impedir que ocupem o encargo sagrado os que não sãovocacionados para ele. Constantemente estamos rejeitando

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candidatos por duvidarmos de sua aptidão; nesse caso, nadalhes aproveita educação, dinheiro ou intercessão de parentesou amigos”.

Segundo, no que se refere ao plano de estudos da prepara-ção teológica, havia ênfase especial à teologia bíblica. GeorgeRogers, escolhido por Spurgeon para diretor do Colégio dePastores, afirmou: “Dia a dia cresce a convicção de que ateologia deve ser a matéria principal numa instituição teo-

lógica.” Spurgeon era cuidadoso ao declarar o que entendia por teologia bíblica. “Afirmamos sem rodeios que a teologiado Colégio é puritana. Nossa experiência e leitura dasEscrituras nos confirmam na crença das doutrinas da graça,tão pouco em moda; minhas opiniões sobre o evangelho e omodo de preparar os pregadores são peculiares. Pregadores

das grandes e antigas verdades, do evangelho, ministrosadequados para transmitilas às massas, podiam ser encontra-dos mais facilmente numa instituição onde a pregação e ateologia eram as matérias principais e não os diplomas eoutras láureas da erudição hum ana.”

Embora o próprio Spurgeon não tenha recebido uma

educação universitária normal, desde a infância recebera nagranja de seu avô um sólido fundamento de teologia calvinista,e quando iniciou sua pregação em Londres, demonstrounovamente o que a maioria havia esquecido desde os diasde Whitefield que nessa teologia reside o verdadeiro poderde um ministério evangélico. Ele sempre entendia haver

uma relação, muito mais íntima do que os homens crêem,entre a pregação de um ministro e a sua teologia. O que olevou a pôr a antiga teologia em lugar proeminente no

 plano de estudos do seu colégio não era mero in teresseteórico nas doutrinas. “Para serem pregadores eficazes devemser teólogos autênticos” era o axioma que constantemente

repetia aos alunos.Terceiro, quanto à maneira como devem ser preparados

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os estudantes, Spurgeon sustentava com firmeza que a instru-ção deve ser ministrada de forma definida e dogmática.Os professores não devem ensinar de modo vago e liberal,apresentando diferentes “pontos de vista”, deixando ao alunoa escolha do que lhe convier; pelo contrário, precisam decla-rar de maneira convincente e inconfundível a mente de Deuse demonstrar predileção resoluta pela teologia antiga,evidenciandose saturados dela e dispostos a m orrer por ela.

Falando em nome de Spurgeon, George Rogers, diretordo Colégio de Pastores declarou: “A teologia calvinista deveser ensinada dogmaticamente. Não usamos essa palavra nosentido ofensivo do termo, e sim como o ensino indiscutívelda Palavra de Deus. Não simpatizamos com nenhuma dasmodernas distorções das grandes verdades do evangelho.

Preferimos a teologia pu ritana à moderna”.Spurgeon, porém, defendia que além do ensino serverdadeiro, também devia ser fervoroso. “Que espécie dehomens devem ser os ministros?” Precisam trovejar quando

 pregam, e relampejar quando conversam; devem arder naoração, brilhar na vida e consumirse no espírito. Se não são

assim, que poderiam realizar? Se não forem Sansões espiritu -ais, como poderão vencer o leão rugidor? Como podem as portas do inferno ser levantadas dos seus gonzos?

“Entretanto, mesmo conhecendo a verdade e estandoconfirmados nela pela graça divina, não é trabalho fácildifundir o tesouro celestial. Comunicar aos outros o ensino

de Deus é serviço delicado e difícil. Temos de conhecer primeiro a verdade em nossa própria alma a fim de transmitila eficazmente. Precisamos também viver no desfrutecotidiano dela. Só quando o Espírito inunda a mente deum homem pode esse influir noutras mentes de forma cor-reta. O espírito do evangelho deve estar nele tanto quanto a

sua dou trina.”Quarto, a posição de Spurgeon referente à preparação

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teológica divergia bastante do ensino convencional pre-dominante. Conforme o seu entender, o objetivo que deviacontrolar tudo era a formação de pregadores poderosos.

Defendia ardorosamente ser indispensável tornar cada alunoda instituição teológica eficiente no púlpito. Ele combateu oque denominou “idolatria do intelecto”. Na sua época haviaexagerado destaque ao prestígio acadêmico e à respeitabili-dade cultural; muitos demonstravam ganância por alcançardiplomas universitários, havendo por isso uma invasão doespírito mundano na Igreja, em prejuízo da verdadeirafinalidade da preparação ministerial. Embora reconhecendoo valor e o devido lugar do cultivo da mente, Spurgeondeclarou: “Há uma erudição que é essencial para umministério eficiente, a saber, a erudição de toda a Bíblia;conhecer a Deus pela oração e a experiência da Sua mise-ricórdia”. Ainda que contrariasse as opiniões de muitos, eleacrescentou em termos inconfundíveis: “Nossos hom ens não

 buscam diplomas universitários, nem títulos honoríficos,embora muitos pudessem alcançálos, mas pregar com eficácia,chegar ao coração das massas, evangelizar os perdidos; essa

é a ambição deste colégio; isso, e nada mais. O desígnio doColégio de Pastores desde o princípio tem sido ajudar aos pregadores, e não formar eruditos. Que o mundo eduque oshomens para os seus próprios propósitos, e que a Igrejainstrua aos obreiros para o seu serviço especial. Aspiramosauxiliar aos homens a proclamar a verdade de Deus, a expor

as Escrituras, a atrair os pecadores e a edificar os santos” .Em 1865, Spurgeon inaugurou a “Conferência Anual”do Colégio de Pastores. Ele considerava a semana da Confe-rência como uma das mais importantes do ano; dedicavamuito tempo, pensamento, cuidado e oração ao preparo dasmensagens que dirigia às centenas de pastores e estudantes

que na ocasião se reuniam, vindos de toda parte do país.Os últimos trinta anos do século 19 presenciaram uma

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triste decadência do evangelismo, como escreveu Spurgeonem 1887: “Está descaindo a um a velocidade vertiginosa”.

Apesar de pronunciadas há mais de um século, estas

mensagens apresentam verdades que jamais envelhecem. Osfatores espirituais necessários a um ministério poderososão tão independentes do tempo como o eram nos  dias deCrisóstomo, Latimer ou Whitefield.

 Numa hora em que estamos presenciando um crescenteretorno à doutrina da Reforma, há necessidade imperiosa de

que os ministros e estudantes reconsiderem como estamensagem deve ser pregada outra vez, com energia capaz deconverter as massas. Dificilmente poderia haver melhorguia nesse assunto do que C. H. Spurgeon.

Abril de 1960Iain M urray

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1 AVANTE

O tema básico desta mensagem se encontra nas palavrasde Deus a Seu servo Moisés: “Dize aos filhos de Israel quemarchem.” “Para a frente” é a nossa palavra de ordem. “Avante,eleitos de Deus!” A vitória está diante de vocês; sua própriasegurança está nessa direção. Retroceder é perecer. Conhecema história do jovem que, numapovoação americana, escalou omuro da famosa Ponte Natural, gravou seu nome na rochaacima das iniciais dos seus companheiros, e repentinamenteobservou a impossibilidade de descer. Ouviamse vozes quegritavam: “Não olhe para baixo; trate de subir!” Sua únicaesperança consistia em subir até alcançar o ponto mais ele-vado. Subir era terrível, mas descer significava perecer.

Irmãos, também nos encontramos em situação semelhante.Pela ajuda de Deus, já temos chegado a certas posições fru tí-feras; descer significa a morte. Para nós avante quer dizeraté em cima; portanto avancemos. Temonos comprometidoirrevogavelmente. Fizemolo de todo o coração quando

 pela p rim eira vez pregam os o evangelho e declaram os

 publicamente: “Sou do Senhor, e Ele é meu”. Então lança-mos a mão ao arado; graças a Deus, ainda não olhamos paratrás, e jamais devemos fazêlo. O caminho aberto para nós éarar em linha reta até terminar o sulco, e não pensar nuncaem abandonar o campo até que o Senhor nos chame à Sua

 presença. Vocês resolveram dedicarse ao trabalho do Senhor;

não consultaram carne e sangue, mas sem vacilação renun-ciaram a tudo por Jesus; a menos que sejam reprovados, se

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alistaram em Seu serviço para o resto de suas vidas. São osservos selados de Cristo, e levam em seus corpos as Suasmarcas. Não são livres para servirem a outro; são soldados

 ju ramentados do Crucificado. Avançar é seu único caminho;estão obrigados a percorrêlo. Não têm armadura para suascostas; qualquer que seja o perigo que enfrentarem, naretaguarda têm outros dez mil. Tratase de prosseguir ou serdesonrados; avançar ou morrer.

Companheiros de armas: somos poucos e temos umaluta acirrada em perspectiva; portanto é necessário que cadaum produza o máximo e se esforce até ao limite da suaresistência. E mister que sejam a elite da Igreja, e mais ainda,do universo inteiro, pois nossa era exige os tais; portanto,estou especialmente interessado em que sejam os queavançam. E preciso que tenham feito progresso nas aptidões

 pessoais e estejam crescendo nos dons e na graça, em capaci-dade para a obra de Deus, e em semelhança à imagem deJesus. Os pontos que comentarei serão em ordem ascendente.

I. Primeiramente, havemos de crescer EM NOSSA

CONQUISTAS INTELECTUAIS.  Nunca será bom quenos apresentemos diante de Deus de modo indigno. Aindaque nos acheguemos a Ele com nossas melhores obras, nãomerecemos que Ele nos ouça; mas, de qualquer m aneira, quea oferta não seja mutilada e nem deslustrada por nossaociosidade. “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu

coração” é, talvez, mais fácil obedecer do que amá10 comtoda a nossa mente; por certo, devemos darLhe nossasmentes tanto quanto nossos afetos, e essas mentes devemestar bem equipadas, para que não Lhe ofertemos vasosvazios. Nosso ministério exige intelecto. Não insistirei nafrase tão repetida em nossos dias: “as luzes da época”; entre-

tanto, é bem certo que existe muito progresso educacionalem todas as classes, o qual aumentará ainda mais. Passou a

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 Avante

época em que era suficiente que o pregador soubesse falar,mesmo que fosse com pouca gramática. Até entre um povo

onde segundo a tradição “ninguém sabe nada”, o professorescolar é competente e experimentado e a falta de preparo porá im pedim entos que antes não existiam no serviço do pregador, pois quando o pregador deseja que os ouvintesrecordem o evangelho, eles se lembrarão das suas expressões

 pouco gramaticais, e as repetirão como motivo de zombaria,

quando o que desejaríamos é que repetissem aos outros oensino de Cristo com fervor solene.Amados irmãos, precisamos nos tornar cultos até onde

nos for possível. Antes de tudo, esforcemo-nos para adquirir  informação, especialmente dos fatos bíblicos. Não devemos limitarnos a um sótópico de estudo, pois assim não exercitaríamos

toda a nossa capacidade mental. Deus fez o mundo para ohomem, e formou o homem com uma mente destinada aocupar e a usar o mundo todo; o homem é o arrendatário, ea natureza é por certo tempo sua casa; por que absterse deentrar em alguma das suas dependências? Por que negarsea saborear algum dos manjares limpos que o grande Pai pôs

sobre a mesa? Nosso negócio principal continua sendo estudaras Escrituras. A tarefa principal do ferrador é ferrar cavalos;que procure aperfeiçoarse em fazêlo, pois ainda que pudessecingir a um anjo com um cinto de ouro, fracassaria em seuofício se não soubesse fazer e colocar uma ferradura. Poucoimporta que saibam escrever as mais brilhantes poesias, se

não podem pregar um sermão convincente que produza oefeito de consolar aos santos e convencer aos pecadores.Estudem a Bíblia a fundo, usando todos os recursos que

 possam obter. Lembremse de que os meios que agora estãoao alcance dos cristãos são muito mais abundantes do que notempo dos nossos pais, e portan to é preciso que sejam eruditos

 bíblicos se desejam enfrentar devidamente os seus ouvintes.Familiarizemse com toda espécie de conhecimentos; mas

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acima de tudo, meditem dia e noite na lei do Senhor.Sejam bem instruídos em teologia, e não façam caso do

desprezo dos que zombam dela porque a ignoram. Muitos pregadores não são teólogos, e disso resultam os erros quecometem. Em nada pode prejudicar o mais d inâmicoevangelista o ser também um bom teólogo; pelo contrário,

 pode ser o meio que o livre de cometer enormes disparates.Hoje em dia ouvimos alguém extrair do seu contexto uma

frase isolada na Bíblia e clamar: “Eureka!” como se tivessedescoberto uma nova verdade; no entanto, não achou umdiam ante, mas um pedaço de vidro quebrado. Se comparasseo espiritual com o espiritual, se entendesse o significadoda fé, ou estivesse familiarizado com a santa erudição dosgrandes estudiosos da Bíblia em épocas anteriores, não se

apressaria tanto em jactarse de seus maravilhosos conhe-cimentos. Estudemos as grandes doutrinas da Palavra deDeus, e sejamos poderosos na exposição das Escrituras.Estou certo de que nenhuma pregação durará tanto tempo ouedificará uma igreja de modo tão excelente como a expositiva.Renunciar inteiramente os discursos exortativos para limitar

se aos expositivos seria adotar extremos desnecessários, porém posso assegurarlhes sem fervor excessivo que se seuministério há de ser útil durante um longo período, têm deser expositores. Para tal, têm de entender a Palavra por simesmos, e assim poder comentála de modo que o povo sejaedificado por ela. Irmãos, saturemse da Bíblia; familiarizem

se completamente com os escritos dos profetas e dos apóstolos.“Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo.”

Conscientes desta prioridade, não descuidem de nenhumcampo de conhecimento. A presençade Jesus na terra santificoua natureza; não considerem imundo aquilo que Deus santi-ficou. Tudo o que seu Pai fez é seu, e devem aprender dEle.

Podem ler o diário de um naturalista, ou a narração que umviajante faz das suas experiências, e achar proveito. Até um

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manual de botânica ou de alquimia pode, à semelhança doleão morto por Sansão, darlhes mel. Há pérolas nas ostras,

e frutos doces nas matas de espinhos. Os caminhos da verda-deira ciência, especialmente a história natural e a botânica,destilam gordura. A geologia, até onde se ocupa dos fatos, enão da ficção, está cheia de tesouros. A história, com asmaravilhosas visões que faz desfilar diante de vocês, éeminentemente instrutiva; certamente todas as áreas dos

domínios de Deus na natureza transbordam de preciososensinos. Familiarizemse com todo tipo de conhecimentos,segundo o tempo, a oportunidade e as capacidades pessoaisde que dispõem; não vacilem em fazêlo por recearem que

 possam educarse demasiadamente. Quando acompanhadade graça abundante, a erudição jamais os tomará soberbos,

nem prejudicará sua simplicidade no evangelho. Sirvam aDeus com a instrução que possuem, e Lhe dêem graças porsoprar através de vocês, mesmo sendo um chifre rústico;contudo, se há possibilidade de que cheguem a ser umatrombeta de prata, escolham o melhor.

E preciso aprender a discernir sempre entre as coisas que

diferem.  Hoje é necessário insistir muito enfaticamente neste ponto. Muitos correm atrás das novidades, encantados comtodas as coisas novas. Aprendam a julgar entre a verdade e asfalsificações da mesma, e não serão levados aos extravios. Oque pede ao Senhor a visão clara por meio da qual possa

 perceber a verdade e entender seu sentido, e que por meio do

constante exercício das suas faculdades obtém um discer-nimento exato, está preparado para ser líder no exército doSenhor. Todavia nem todos os ministros estão qualificadosaté este grau. E lamentável que muitos abraçam qualquercausa que lhes é apresentada fervorosamente. Eles trazem osmedicamentos de qualquer charlatão espiritual que possui

cinismo suficiente para parecer sincero. Repito as palavrasde Paulo aos coríntios: “Não sejais meninos no entendim ento”;

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 ponham à prova tudo que a sua fé aspira. Supliquem aoEspírito Santo que lhes dê a habilidade para discernir

entre o bem e o mal, de modo que possam conduzir a seusrebanhos longe dos prados venenosos e os levar a pastoslivres de perigos.

Mas se vocês têm o poder de adquirir conhecimentos,também de discernir, busquem em seguida a capacidade dereter e preservar firmemente o que aprenderam. E lamentável que

há homens que se gloriam de ser como cataventos; nadasustentam. Creram ontem, mas não crêem naquilo hoje, nemo crerão amanhã. Estão mudando constantemente. Podemser sinceros como afirmam ser, mas qual é a sua utilidade?Sejam abertos para receber mais verdade, porém muitocautelosos em subscrever a crença de que foi descoberta uma

luz melhor do que a do sol.Quanto aos que sempre mudam, o que geralmente

necessitam é ser mudados no sentido mais enfático. O“pensamento moderno” é representado por pessoas quecausam danos incalculáveis às almas dos homens. Milharescaminham para a perdição enquanto tais homens persistem

formando suas teorias. Os que deviam anunciar as “boas novas”da salvação persistem “seguindo novas linhas de pensamento”.Os refinados assassinos das almas descobrirão que sua

 pretendida “cultura” não terá desculpa no dia do Juízo. Poramor a Deus, proclamemos como podem ser salvos os homens,e dediquemonos à obra. E hora de estarmos seguros do que

devemos ensinar; do contrário, renunciemos à nossa função.“Cada semana dou forma a meu credo”, foi a confissão de umdesses teólogos. A que são semelhantes tais inconstantes? Nãose parecem com aquelas aves de Constantinopla, das quaisse afirma que estão sempre voando, e nunca repousam? Osnativos as chamam de “almas perdidas”, buscando descanso

sem achá10. Os homens que não possuem descanso pessoalna verdade, se são salvos, é improvável que se tornem meios

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de salvação para outros. Irmãos, exortoos a que procuremsaber, e, sabendo, que discrim inem ; e havendo discriminado ,aconselhoos a que procurem “reter o bem.”

II. Também necess i tamos de PROGREDIR ECAPACIDADES ORATÓRIAS. Estou começando de

 baixo; mas todas estas coisas são importantes, pois é lasti-mável se os pés desta imagem são ainda de barro. Nada éde pouco importância se pode ser de utilidade para nossagrandiosa meta. Só por falta de um cravo, o cavalo perdeu aferradura, tornandose assim inútil para a batalha; aquelaferradura era apenas uma insignificante camba de ferroque tocava ao solo, mas o corcel cheio de vida tornase inútilsem ela. Um homem pode falhar irremissivelmente quanto

à utilidade espiritual, não por falha de caráter, e sim porum lapso mental ou oratório; portanto, insisto novamenteem que devemos m elhorar a maneira de expressarnos.

 Nem todos podem falar como alguns, e ainda estes poucos não conseguem falar conforme idealizam. Se alguém julga que sabe pregar tão bem quanto deveria, eu o aconselho

a abandonar a tarefa. Se o fizesse, agiria com a mesma pru dên-cia do pintor famoso que quebrou a palheta e disse à esposa:“Terminei m eus dias de pintor, pois estou satisfeito com o quefiz, e portanto estou seguro de que perdi o talento”. O queacredita haver alcançado a perfeição na oratória confundea volubilidade com eloqüência e a verborréia com argumen-

tação. Não podem ser verdadeiramente ministros eficazes senão são “aptos para ensinar”. Vocês conhecem ministros queerraram sua vocação e que evidentem ente não possuem dons

 para a pregação. Há irm ãos no m in istério cujo falar éintolerável; se alguns fossem sentenciados a ouvir os seus

 próprios sermões, seria um justo juízo para eles; logo clama-

riam como Caim: “Grande é minha iniqüidade para ser perdoada” . Não caiamos em sem elhante condenação por 

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algum defeito da nossa pregação a qual possamos corrigir.Irmãos, temos âe cultivar um estilo claro.  Quando alguém

não me faz entender o que quer dizer, é porque ele mesmo

não sabe o que pretende transmitir. O ouvinte mediano quenão pode seguir o curso dos pensamentos de quem fala, nãodeve preocuparse, mas deve lançar a culpa sobre o pregador,o qual tem a responsabilidade de apresentar as coisasclaramente. Se olharem num poço, e está vazio, parecerámuito profundo; mas se contém água, verão seu brilho . Creioque se muitos pregadores são “profundos”, é simplesmenteque se assemelham a poços nos quais nada há senão folhassecas, algumas pedras, e talvez um ou dois gatos mortos. Se háágua da vida em sua pregação, poderá ser muito profunda,

 porém a luz da verdade lhe dará claridade. Seja como for,esforcemse em ser simples, de modo que as verdades queensinam possam ser facilmente recebidas pelos ouvintes.

E preciso que cultivemos um estilo convincente  bemcomo um estilo claro; é necessário que sejamos poderosos.Alguns imaginam que isso consiste em falar com voz forte,mas eu lhes asseguro que estão equivocados. As tolices não setransformam por pronunciálas aos gritos. Deus não exigeque gritemos como se falássemos a três milhões de pessoasquando nos dirigimos a apenas trezentas. Sejamos impetuososdevido à excelência do nosso assunto e à energia do espíritoque possuímos ao pronunciálo. Numa palavra, que nossofalar seja natural e vivo. Renunciemos aos truques dos orado-

res profissionais, ao esforço em alcançar efeitos, o clímaxestudado, a pausa premeditada, a afetação teatral, o falarsofisticado e tantas coisas mais que observamos em certosteólogos pomposos que ainda sobrevivem na face da terra.Oxalá tais pregadores cheguem a ser uma espécie extinta dentrode breve tempo, e que todos nós aprendamos uma maneira

viva, natural e simples, de pregar o evangelho, pois estou persuadido de que é provável que Deus abençoe tal estilo.

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Entre muitas outras coisas, temos de cultivar a persuasão. Alguns têm grande influência sobre os homens; entretanto,outros com maiores dons carecem dela. Não parecem

aproximarse das pessoas, não podem influenciálas e fazerlhes sentir algo. Há pregadores que dão a impressão detomar os ouvintes um a um pela gola e introduzem averdade em suas almas, enquanto outros generalizam tantoe se mostram tão frios que parecem estar falando aos habi-tantes de algum planeta distante, cujos assuntos não lhesimportam muito. Aprendam a arte de argüir com os homens.Isso os fará bem se contemplarem ao Senhor constan temente.A antiga história clássica nos informa que, quando um soldadoestava a ponto de matar a Dario, seu filho, mudo desde ainfância, exclamou, subitamente surpreendido: “Não sabe queele é o rei?” Sua língua silenciosa se desprendeu por amorao pai, e é bem possível que a nossa língua fale fervorosa-mente quando vemos o Senhor crucificado pelo nosso pecado.Se há palavras em nós, isso as despertará. O conhecim ento do“temor do Senhor” deve também animarnos a persuadir aoshomens. Não podemos fazer outra coisa senão instar com

eles para que se reconciliem com Deus. Observem aquelesque ganham os pecadores para Jesus, busquem seu segredo,e não descansem até que possam alcançar o mesmo poder.Se, por outro lado, escutam a um pregador muito admiradoe descobrem que não há almas convertidas para a salvaçãosob a influência do seu ministério, decidam: “este estilo não

é para mim, porquanto não busco ser grande, mas verda-deiramente útil”.Que sua oratória, portanto, melhore constan temente em

clareza, força lógica, naturalidade e persuasão. Tratem deconseguir um estilo de oratória que se adapte aos seus ouvin-tes. Muito depende disso. O pregador que se dirigisse a um

auditório instruído com o linguajar que usaria a um grupo devendedores ambulantes, demonstraria ser néscio; por outro

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lado, o que pregasse aos mineiros empregando termosteológicos técnicos e frases de salão, agiria como insensato. Aconfusão das línguas em Babel foi mais completa do que

imaginamos. Não resultou apenas em diferentes idiomas para as grandes nações, mas fez com que a linguagem decada classe variasse das demais. Ora, já que o vendedorambulante não pode aprender a linguagem de universi-dade, que o universitário aprenda a maneira de expressarsecomo o ambulante. “Usamos a linguagem do mercado”, dizia

Whitefield, e isso o honrava muito; no entanto , quando estavanos salões aristocráticos, seu discurso fascinava aos nobresinfiéis porquanto adotava outro estilo. Sua linguagem eraadequada aos ouvintes, embora não usasse as mesmas pala-vras exatamente. Nosso modo de falar precisa ser “tudo

 para com todos”. O maior mestre de oratória é o que pode

dirigirse a qualquer classe de pessoas de maneira apropriadaà sua condição, a fim de que seus corações sejam alcançados.

Que ninguém nos supere quanto à nossa capacidade deoratória, ou nos sobrepuje no domínio da nossa língua ma-terna. Companheiros de armas: nossas línguas são as espadasfornecidas por Deus para usálas para Ele, como se afirmasobre o Senhor: “De sua boca saía uma espada aguda de doisfios”. Que estas espadas sejam realmente agudas. Cultivem o poder de oratória, e fiquem na prim eira fila no campo daexpressão falada. Aperfeiçoemse nessa maneira de falarcorreta e ousadamente.

III. Irmãos, devemos ser ainda mais fervorosos par PROGREDIR EM QUALIDADES MORAIS. Devemoselevarnos até ao tipo de ministério mais sublime. Ainda quealcancemos as capacidades mentais e oratórias já menciona-das, fracassaremos se não possuirmos também qualidades

morais elevadas. Há males dos quais devemos desprendernos,como Paulo sacudiu a víbora da mão, energicamente, e há

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virtudes que precisamos conquistar a qualquer preço. Aautocomplacência  tem ferido seus milhares. Mais vale quetemamos para que jamais pereçamos às mãos dessa Dalila.

Que nossas paixões e nossos hábitos estejam sob o devidocontrole; se não somos donos de nós mesmos não estamosaptos para ser líderes na Igreja de Cristo.

Precisamos também renunciar a toda noção de nossa própria importância.  Gloriarse, ainda que seja na obra do

Espírito Santo em suas vidas, é aproximarse perigosamente

da auto-adulação.  “Louvete o estranho, e não a tua boca” efiquem satisfeitos quando esse estranho tenha o bom sensode ficar calado.

Devemos também controlar devidamente nosso temperamento. Um caráter violento não é um mal em si. Os homens que sãomuito acomodatícios, geralmente valem pouco. Nunca lhesdiria: “ Sejam homens de caráter”, mas: “Se o têm, controlemno cuidadosamente”. Dou graças a Deus quando vejo um

 pastor com gênio suficiente para indignarse ante a injustiçae para ser firme pela justiça; mas por certo o gênio é umaferramenta de dois gumes e às vezes corta o que a maneja.Se algum irmão tem a tendência de indignarse com demasi-ada frequência, considere que não alcança nenhu m benefíciodisso.

E preciso que dominemos nossa tendência pela leviandade. Há um a enorme diferença entre a alegria santa, que é virtude,e a leviandade geral, que é um vício. Há uma leviandade quenão tem a suficiente jovialidade para causar risos, mas jogacom tudo; é caprichosa, vazia, irreal. Uma boa gargalhadanão é mais leviandade do que o pranto do coração. Refiromeàquelas aparências religiosas com muita pretensão maisfrágeis, superficiais, pouco sinceras no tocante às coisas de maiorimportância. A piedade não é um gracejo, nem tão pouco

mera aparência. Cuidado para não se tornarem comediantes. N unca dêem às pessoas sérias a im pressão de não falar 

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seriamente, e que são meros profissionais. Possuir lábiosardentes e alma gelada é um sinal de reprovação. Deus nos

livre de sermos excessivamente finos ou superficiais; que jamais sejamos os insetos do jardim de Deus.Ao mesmo tempo, devemos evitar tudo que se assemelhe

à ferocidade do fanatismo.  Ao nosso redor há homens que,nascidos de mulher, parecem ter sido amamentados porlobas. Guerreiros desse tipo têm poder para fundar dinastias

de pensamento; mas a bondade e o amor fraternal harm oni-zam melhor com o reino de Cristo. Não devemos estarsempre em busca de heresias nem tão confiados em nossa própria infalibilidade que preparemos fogueiras eclesiás-ticas para queimar os que diferem de nós, usando lenha de

 prejuízos extremados e suspeitas cruéis.

Há maneirismos e atitudes contra os quais devemoslutar, pois muitas vezes os pequenos defeitos se tomam aorigem do fracasso, e livrarnos deles talvez seja o segredo daeficiência. Devemos adquirir certas faculdades e hábitosmorais, ao mesmo tempo em que renunciemos o que lhes éoposto. O que não possui integridade de espírito nunca fará

muito para Deus. Se formos levados pela ambição ou seexiste algum tipo de ação que não seja reto, logo naufraga-remos. Resolvam, queridos irmãos, a pensar que podem ser pobres, podem ser depreciados, podem mesmo perder avida, mas não devem jamais ser desonestos. Que a única política para vocês seja a honradez.

Que possam possuir também a grande característica moral da bravura. Não me refiro à impertinência, à insolência ou à presunção; mas à intrepidez verdadeira para fazer e dizertranqüilamente o mais apropriado, e para ir ao encontro detodos os perigos, ainda que não haja ninguém que os ajudecom uma palavra de ânimo. Assombrame o número de

cristãos que receiam dizer a verdade aos irmãos. Agradeço aDeus por poder afirmar que não há m embro da igreja, oficial

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eclesiástico ou qualquer pessoa no mundo a quem eu temadizer no rosto o que diria em sua ausência. Graças a Deus,e com Sua ajuda, devo minha posição em minha própriaigreja à falta de toda a política, e ao hábito de dizer sempre aminha opinião. O plano que consiste em tornar todas as coisassempre agradáveis para todos, é perigoso e ao mesmo tempomaligno. Se você afirma uma coisa a alguém e outra coisa aoutro, um dia compararão as duas afirmativas e lhe julgarão

contraditório e será depreciado. O homem dúbio será, maiscedo ou mais tarde, objeto do desprezo dos demais, e com justiça. Assim, pois, sobre todas as coisas, evitem isso. Setiverem algo que julguem necessário dizer acerca de alguém,que a medida do que hão de dizer seja: “Quanto me atreveriaa dizer na sua presença?” Não podemos nos perm itir nenh u-

ma palavra além disso, quando censuramos a outrem. Seadotarem este princípio, seu denodo os salvará de mildificuldades, e os concederá um respeito duradouro.

Possuindo a integridade e a bravura, desejaria que fossemdotados de zelo invencível.  Que é zelo? Como posso descrevêlo? Possuamno e saberão o que é. Sejam consumidos pelo

amor por Cristo, e que a chama arda continuamente; nãoardendo nas reuniões públicas e apagandose no rotineirotrabalho cotidiano. Necessitamos de perseverança indomável,zelo obstinado e uma combinação de teimosia santificada,abnegação, mansidão sagrada e coragem invencível.

Destaquemse também naquele poder que é tanto mental

quanto moral, a saber, o poder de concentrar todas as suas forças no trabalho a que são chamados.  Reunam seus pensamentos,unam todas as suas faculdades, acumulem as suas energias eenfoquem as suas capacidades. Dirijam todos os fluxos dasua alma até um canal, fazendo que avancem na forma deuma corrente unificada. Alguns homens precisam dessa ha-

 bilidade. Diversificamse e por isso fracassam. Convoquemos seus batalhões e lancemse sobre os inimigos. Não tratem

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de ser grandes nisto ou naquilo, de ser “tudo no princípioe nada durante muito tempo”; mas permitam que suas

 personalidades completas sejam levadas em cativeiro por

Jesus Cristo, e ponham tudo aos pés dAquele que padeceue morreu por vocês.

IV. Acima de tudo isso, precisamos PROGREDIR EQUALIFICAÇÕES ESPIRITUAIS, as graças que devem ser

 produzidas em nós pelo Espírito Santo. Estou certo de que

isso é o principal. Outras coisas são preciosas, mas esta nãotem preço.

Inicialmente, necessitamos de conhecer-nos a nós mesmos. O pregador deve familiarizarse com a ciência do coração, afilosofia da experiência interna. H á duas escolas de experiên-cia, e nenhuma delas se contenta com apenas aprender da outra;disponhamonos, pois, a aprender de ambas. Uma destasescolas fala do cristão como daquele que conhece a profundadepravação do seu coração, que entende algo da sua natureza

 pervertida e que diariamente experimenta que na sua carnenão existe o bem. “Um homem não tem a vida de Deus emsua alma dizem os que seguem esta escola se não sabe ereconhece isso, se não o experimenta amarga e dolorosamentedia a dia.” É inútil falarlhes de liberdade e gozo no EspíritoSanto; não querem possuílos. Contudo aprendemos daunilateralidade destes. Sabem muito do que precisa saberse, e ai do ministro que ignore seu sistema de verdades!

Lutero costumava dizer que a tentação é o melhor mestre para um pastor. Este aspecto da questão contém sua partede verdade.

Os crentes da outra escola têm em grande estima, o que é justo e benéfico, a gloriosa atuação do Espírito Santo. Crêemno Espírito de Deus como poder purificador, fonte de bênção

 para a alm a ao tornála tem plo de Deus. Mas freqüente-mente falam como se houvessem cessado de pecar ou de ser 

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acossados pela tentação; gloriamse como se a batalha já estivesse term inada e a v itória alcançada. E n tretan to ,aprendamos o que for necessário destes irmãos; conheçamostoda a verdade que nos puderem ensinar. Familiarizemonos com os pontos principais da salvação e da glória queresplandecem neles: os Hermons e os Tabores, de onde

 podemos ser transfigurados como o Senhor. Não temamchegar a ser excessivamente santos ou demasiadamente

cheios do Espírito Santo.Eu gostaria que fossem sábios em tudo e capazes de sabertratar aos homens tanto em seus conflitos como em suasalegrias, sendo experientes em ambas as coisas. Conheçamonde os deixou Adão, mas também onde os pode colocar o

 Espírito Santo. Não se apeguem a uma destas coisas de modo 

tão exclusivo que esqueçam a outra. Creio que se existem pessoas que devem clamar: “Miserável homem que eu sou!Quem me livrará?” serão sempre os ministros evangélicos,

 porque necessitamos ser tentados em todas as coisas, para podermos consolar aos outros. Certa vez vi, num vagão detrem, um pobre homem com a perna apoiada sobre o assento.

Um empregado que o viu naquela posição, observou: “Estasalmofadas não foram feitas para alguém pôr as botas sujasem cima”. Logo que o funcionário se distanciou; o homema colocou novamente no banco, dizendome: “Estou certode que ele nunca quebrou a perna em dois lugares, poisnesse caso não seria tão grosseiro para comigo”. Quando

ouço irmãos que vivem comodamente, desfrutando de priv ilégios, condenando outros que estão enfrentando ter-ríveis provas, compreendo que agem assim porque ignoramo que seja suportar as dores das quebraduras que algunsenfrentam durante toda a sua peregrinação.

Conheçam o homem em Cristo e fora de Cristo.  Estudemno

no seu melhor aspecto e também no pior; conheçam suaanatomia, seus segredos e suas paixões. Tal conhecimento não

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se obtém nos livros; é indispensável o contato pessoal com osindivíduos se desejam ajudálos em sua múltipla experiência

espiritual. Só Deus pode concederlhes a sabedoria de quenecessitam para tratar prudentemente com eles, mas Ele ofará em resposta à oração de fé.

Entre as aquisições espirituais, conhecer aquele que é oremédio certo para todas as enfermidades humanas  é a coisamais necessária. Conheçam a Jesus. Sentemse aos Seus pés.

Considerem Sua natureza, Sua obra, Seus sofrimentos, Suaglória. Deliciemse na Sua presença, desfrutem da Suacomunhão dia após dia. Conhecer a Cristo é entender a maisexcelente de todas as ciências. Não podem deixar de sersábios se mantiverem comunhão com a Sabedoria Encarnada;não podem carecer de fortaleza se estão em constante con-

tato com Deus. Vivam em Deus; não se trata de ir a Ele àsvezes, mas de habitar nEle. Dizem que onde o sol não penetra, precisa de entrar o médico. Onde Jesus não resplandece, aalma está enferma. Banhemse nos Seus raios e se tornarãovigorosos no serviço do Senhor.

“Ninguém conhece o Filho senão o Pai.” Os que vão a

Cristo e põem sua confiança nEle, passam a conhecêla um pouco. Há santos com sessenta anos de experiência que têmandado com Ele cada dia, os quais estão crescendo nesseconhecimento; mesmo os espíritos perfeitos, que têm

 permanecido ante o Seu trono adorando0 perpetuamente,ainda não O conhecem plenamente. E tão glorioso, que só o

Deus infinito possui o perfeito conhecimento dEle, e porisso não há limites para nosso estudo, nem pobreza em nossalinha de pensamento, se fazemos do Senhor Jesus o grandeobjeto de todos os nossos pensamentos e investigações,

Portanto, se tencionamos ser homens fortes, como resultadodeste conhecimento, convém que nos tornemos semelhantes a

nosso Senhor.  Bemaventurada a cruz na qual sofremos, senela padecemos para sermos feitos à semelhança de Jesus.

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Se alcançamos tal semelhança, teremos uma unção mara-vilhosa em nosso ministério; e, sem ela, que vale o nossolabor? Em resumo, devemos esforçarnos para alcançarsantidade de caráter. Que é santidade? Não é retidão de caráter?Um estado equilibrado em que não falta nem sobra nada.

 Não é moralidade, estátua fria e sem vida; santidade é vida.Precisamos ter santidade; e, mesmo que lhes faltem capaci-dades mentais (embora espero que não), e ainda que tenham

 poucas faculdades oratórias (também espero que não), podemestar seguros de que uma vida santa é em si mesma um poder maravilhoso, e compensará muitas deficiências. E, porcerto, o melhor sermão que o melhor dos homens poderia

 pregar. Resolvamos ter toda a santidade que se possa alcançar,toda a pureza que for possível possuir, e toda a semelhança

a Cristo que consigamos atingir neste mundo de pecado,confiando na obra eficaz do Espírito Santo. Que o Senhornos levante a todos a uma plataforma mais elevada e Eleserá glorificado.

V. A inda não term in ei a m ensagem , po rqu e dev

acrescentar: PROGRIDAM TRABALHANDO REALMENTE. Seremos conhecidos mais pelo que fizemos doque pelo que dissemos. A semelhança dos apóstolos, esperoque nosso monumento seja o dos nossos atos.  Há no mundoinúmeros bons irmãos que são muito pouco práticos. Adoutrina da segunda vinda os empolga de tal modo que

 perm anecem con tem plando o in fin ito e por isso devoadvertilos: “Varões, por que estais olhando para o céu?” Ofato de que Jesus há de voltar não é razão para estar semirando o firmamento, mas incentivo para que trabalhe-mos no poder do Espírito Santo.

Desejamos fatos; ações realizadas, almas salvas. E inte-

ressante escrever ensaios; mas que almas estão procurandosalvar do inferno? Interessame a excelente administração

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da sua escola; mas, quantos alunos foram levados a fazer parte da igreja sob a sua influência? Alegramonos ao ser

informados da realização de reuniões especiais; mas quantosrealmente foram nascidos de novo pela influência delas? Sãoos santos edificados? São convertidos pecadores? Deus noslivre de viver comodamente enquanto os milhares estão

 perecendo. Viajando pelas estradas nas montanhas da Suíça,verão constantemente os sinais das perfuradoras; assim na

vida dos ministros deve haver a demonstração do rude labor.Aconselhoos, irmãos: façam algo; FAÇAM ALGO. Enquantocomissões gastam tempo redigindo resoluções, façam algo.Enquanto as Sociedades e as Uniões estão preparando cons-tituições, ganhemos almas. Com demasiada freqüênciadiscutimos, consideramos e ponderamos, enquanto satanás

está rindo dissimuladamente de nós. Rogolhes a todos quesejam homens de ação. Mãos à obra e desenvolvamonoscomo homens. Compartilho da idéia que o antigo coman-dante possuía a respeito da guerra: “Avançar e ao ataque!

 Nada de teorias! Ataquem! Form em colunas! Fixem as baionetas e atirem diretamente contra o centro do inimigo”.

 Nosso único objetivo é salvar pecadores, e não devemossomente falar sobre isso, mas efetuálo no poder de Deus.

VI. Finalmente, e agora tocarei num aspecto da mensgem que me oprime, AVANCEM QUANTO A ESCOLHA DA SUA ESFERA DE ATIVIDADE. Agora passo a

interceder em favor daqueles que não podem rogar por simesmos, a saber, as grandes massas do exterior, do mundo

 pagão. Os p ú lp ito s ex isten tes já estão razoavelm en tesupridos, mas necessitamos de homens que queiram edificarem novos fundamentos. Quem irá? Somos, como grupo dehomens fiéis, limpos em nossas consciências em relação aos

 pagãos? Há milhões que ainda não ouviram falar do nomede Jesus. Centenas de milhões só viram um missionário

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apenas uma vez na vida, e nada sabem a respeito do nossoRei. Deixaremos que pereçam? Podemos dormir tranqüi-

lamente em nossos leitos enquanto a China, a índia e oJapão e outras nações estão indo para a perdição? Estamoslimpos do sangue deles? Não têm nenhum direito sobrenós? Podemos raciocinar assim: em vez de dizer: “Possodemonstrar que deveria ir?”, deveria dizer: “Posso provarque não deveria ir?” Quando alguém pode honradamente

argumentar que não deveria ir, então está limpo, mas nãode outro modo. Que respondem? Interrogo um a um. Nãolhes estou desafiando num assunto no qual não me tenhosinceramente incluído a mim mesmo. Se alguns dos nossos principais ministros dessem o primeiro passo, teria um grandeefeito como estímulo para nossas igrejas, e me interrogo a

mim se devo ir. Mas após analisar todos os ângulos daquestão, me convenço que devo permanecer onde estou, emilhares de cristãos confirmam a m inha decisão.

 No entanto, estou certo de que iria ao estrangeiro fácil,voluntária e alegremente se não estivesse convicto de ficaraqui. Façam vocês mesmos a experiência. Temos de evangelizar

os pagãos; Deus tem milhares e milhares dos Seus eleitosentre eles, e urge que os alcancemos, de um ou outro modo.Muitas dificuldades já foram superadas; muitas terras estãoabertas e as distâncias se encurtaram. Não possuímos o domde Pentecoste, mas os idiomas são aprendidos com relativarapidez, e a imprensa é um equivalente satisfatório para

substituir o dom perdido. Os perigos próprios das missõesnão deveriam reter a nenhum homem sincero, mesmo quefossem grandes entraves; mas agora estão reduzidos ao mínimo.Há centenas de lugares onde a cruz de Cristo é desconhecida,aos quais nos podemos dirigir sem risco. Quem irá?

Deveriam ir os irmãos jovens de boa capacidade que

ainda não assumiram os cuidados de uma família. Cadaaluno do Colégio dos Pastores deve considerar o assunto, e

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entregarse à obra a menos que haja razões concludentes para não fazêlo. Tem sido difícil encontrar obreiros dispostos,

mas não deveria ser assim. Deve haver entre nós espírito desacrifício e alguns de nós que estejam prontos para exilarse por Jesus. A obra m issionária se enfraquece por falta dehomens. Se estes se dispõem, a liberalidade das igrejassuprirá suas necessidades. Até que vejamos os companheiroslutando por Cristo em todas as terras, na vanguarda do

conflito, não teremos cumprido nosso dever. Creio que seDeus os mover a ir, serão os melhores missionários, porquefarão da pregação do evangelho a grande característica deseu trabalho, e esta é a maneira segura em que Deus mostrao Seu poder.

Quando serão nossas igrejas abnegadas e ativas? Obser-

vem os morávios, como cada homem e cada mulher setransforma num missionário e quanto realizam pelo Senhor

 por isso. Captemos seu espírito. E um proceder correto?Então é certo que o possuamos. Não basta afirmar: “Essesmorávios são maravilhosos”. Nós deveríamos também sermaravilhosos. Cristo não os adquiriu de maneira mais

completa do que a nós; eles não têm o dever de sacrificarse mais do que nós. Quando lemos a respeito de homensheróicos que tudo entregaram por Jesus, não devemosapenas admirálos,mas imitálos. Quem os imitará agora?Os irmãos vêem a importância da questão? Não haveriaalguns entre vocês que estejam dispostos a dedicarse

totalmente ao Senhor? “Avante!” E o apelo de hoje. Nãohá espíritos audazes para assumir as vanguardas? Oremos

 para que durante este Pentecoste (esta conferência) o Espírito possa ordenar: “Separaime a Barnabé e a Saulo para a obraa que os tenho convocado”.

Subam e voem mais além nas asas do amor.

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UM NOVO COMEÇO

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Amados companheiros no serviço de Cristo, nossotrabalho requer que estejamos no melhor estado possívelem nosso coração. Quando estamos na melhor das condições,ainda somos bastante débeis; portanto, não desçamos donível mais elevado. Como instrumentos devemos toda nossacapacidade de trabalho à mão divina; já que os instrumentos

devem ser conservados sempre em ordem, precisamos ter oespírito isento de ferrugem e nossa mente afiada e anelante

 para corresponder à vontade do Mestre. Como nem sempreestamos à altura dos nossos privilégios, nosso tema é “Um

 Novo Começo”, ou, noutras palavras, uma renovação, umavivamento, um recomeço, um retorno ao nosso primeiro

amor, o amor de nossos esponsais, quando nossa alma seligou à obra do nosso Redentor.

O assunto é de extrema necessidade para todos, porqueo processo de decadência é muito fácil. Decair não exige esforços; pode conseguirse sem mesmo desejar; pode até vir emoposição aos nossos desejos; podemos decair sem sequer

 perceber, e muito mais facilmente quando nos im aginamosricos e prósperos. Mediante uma lei à qual não temos quecontribuir, gravitamos até um nível inferior. Não dêem cordaao relógio e logo as peças deixarão de funcionar, e o dinâ-mico objeto se tornará inútil, imóvel e silencioso, mortocomo um ataúde encostado na parede. Administrar bem

uma chácara requer labor constante e atenta vigilância, masabandonar a terra até que não possa alimentar nem uma

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ave é coisa fácil, coisa que qualquer preguiçoso pode realizar.Basta deixála e os campos férteis se tornarão estéreis e o

 jardim se transformará em deserto. Assim acontece conosco.Deixem simplesmente de dar corda à alma com a oração, elogo decairão; descuidem somente o cultivo do coração, e osespinhos e urzes crescerão sem ajuda. Descuidem da suavida espiritual e todo o ser se ressentirá.

Que eu o saiba, não podemos esperar ver energias contí-

nuas em sua plenitude em nenhum de nós. Imagino quemesmo aquele que arde como um serafim, experimentamomentos em que a chama diminui. O próprio sol nemsempre é igualmente poderoso; assim o homem cuja luz

 brilha mais até ser dia perfeito, não demonstra sempre omesmo fulgor, nem está sempre em meio dia. A natureza não

mantém sempre o mar em maré alta; vem a maré baixa e ooceano atravessa uma fase antes de volver à plenitude dassuas forças. O mundo vegetal tem seu inverno, e desfruta deum prolongado sono sob um leito de neve. Nem a maré baixanem o inverno são tempo desperdiçado; a maré alta e o verãomuito devem à maré baixa e às geleiras. Em face da nossa

afinidade com a natureza, também teremos nossas mudançase não permanecemos sempre na mesma altura. Não há ne-nhum homem cuja vida seja todo clímax. Não desesperemosquando estivermos em m aré baixa; a pream ar da vida chegarácomo sempre, inclusive alcançará um ponto mais elevado.Quando estamos sem folhas e aparentemente sem vida,

chegando nossa alma a ser como árvore de inverno, nãoimaginemos que o machado nos derribará, porquanto asubstância permanece em nós, mesmo que tenhamos perdidoas folhas, e dentro em pouco chegará a época em que os pássa-ros cantam, sentiremos o calor cordial da primavera e nossasvidas serão novamente cobertas de flores e carregadas de frutos.

 Não é de estranhar que haja pausas e declín ios em nossotrabalho espiritual, pois o mesmo ocorre nos negócios

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humanos. Apesar da atividade e dos esforços do comerci-ante, há períodos quando os negócios estacionam. Há anos

de grande prosperidade e outros de decadência; as vacasmagras devoram as vacas gordas. Se os homens não fossemo que são, poderia haver constantemente um progresso un i-forme, mas é evidente que ainda não chegamos a este ponto.

Em assuntos religiosos, a história nos mostra que asigrejas têm seus dias de abundância, seguidos por fases de

seca. A Igreja Universal é rodeada destas circunstâncias; teveseus Pentecostes, suas Reformas, seus Avivamentos; masnos intervalos chegam pausas penosas, quando há maismotivos para lamentação do que para gozo, quando omiserere é mais adequado que aaleluia.  Portanto, que nenhumirmão se condene a si mesmo por estar consciente de não

 possuir toda a vivacidade da juventude: é possível recuperála. É natural que o agricultor anseie pela primavera, masnão se desespere por causa do frio atual; espero que lam entemtodo tipo de decadência, mas nunca desanimem. Se alguémanda em trevas e não vê nenhuma luz, confie em Deus eespere nEle até que envie dias mais luminosos.

Receio que muitos de nós não mantemos a devidaelevação, mas decaímos mais do que o normal. Há causasque concorrem para isso, e convém considerálas. Certograu de abatimento de espírito pode ser puramente físico,e proceder da evaporação do vigor juvenil.  Alguns possuemtodas as forças do início da virilidade; andam como os

servos, com movimentos rápidos como as aves; mas outros,de cabelos grisalhos, a idade os tornou sóbrios. Os olhos nãose apagaram, nem se extinguiram as forças naturais, mas ofulgor e a chama da mocidade se foram e na maneira defalar e de agir já não se nota o orvalho da manhã que era aglória das folhas jovens da vida.

Por mim, se fora possível, permaneceria sempre jovem.Mas isso não concorreria para meu progresso, de modo

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algum. Meus dias de vôo se transformaram em dias de car-reira, e esta está diminuindo para converterse num passo

ainda mais lento. E motivo de alento que as Escrituras parecem indicar que isto é progresso, pois é a ordem prescrita para os santos: “Levantarão as asas como águias”; perdemsede vista, pela distância que atingem. Em seus primeirossermões, como levantavam as asas! Seus primeiros esforçosevangelísticos, que vôos de águias eram! Depois disso,

diminuíram a marcha, e, por certo, seu passo melhorou;tornouse mais firme, e talvez mais vagaroso, como estáescrito: “Correrão, e não se cansarão; caminharão e não sefatigarão”. Deus queira que não nos fatiguemos; e se nossosdias de correr já terminaram, que caminhemos com Elecomo Enoque o fez, até que o Senhor nos conduza para o lar.

Outra coisa que freqüentemente leva ao abatimento é aausência dos primeiros êxitos. Não quero dizer que seja sempreassim; mas, em geral, quando um obreiro se dirige a um novocampo há muitas porções sem colher, e recolhe grande colheita,

 porém essas depois vão se escasseando. Se pesca num pequenotanque, não pode alcançar tantos peixes como a princípio.

Se estamos num grande metrópole, que se assemelha a umoceano, podemos estender as redes quanto queiramos; masse vivermos numa cidade pequena, logo podemos concluira tarefa de conversão direta se o Senhor abençoar muito, edepois de certo tempo são raros os frutos porque é limitado onúmero dos incrédulos que vêm à pregação. E possível que

Deus já tenha concedido ao irmão todos quantos determinousalvar na localidade e é preferível ir pescar noutras águas. Nem todos os dias trazemos a rede cheia de peixes, masexperimentamos tristes intervalos de esforços infrutuosos e,então, não é de se admirar que o espírito se torne fatigado.

O desgaste natural de uma vjda ativa  tende também a

abaternos. Muitos pensam que temos pouco ou nada a fazeralém de subir ao púlpito e derramar uma torrente de palavras

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duas ou três vezes por semana; mas deveriam saber que, senão passássemos muitas horas de estudo diligente, ouviriamsermões muito pobres. Ouvi falar de um irmão que confia noSenhor e não estuda, mas me acrescentaram que os membrosda sua igreja não confiam nele;  desejam que vá para outra

 parte com seus “discursos inspirados”, afirmando inclusive que,quando estudava, seus sermões ainda deixavam muito adesejar, mas agora que lhes dá aquilo que primeiro vem aos

lábios, são totalmente insuportáveis. Se alguém quer pregarcomo deve, seu trabalho lhe exige mais do que qualquer outraatividade debaixo do céu. Se nos concentramos em nossotrabalho e vocação, mesmo entre poucas pessoas, haverá atritode alma e desgaste do coração que afeta mesmo o mais forte.Estou falando como quem sabe, po r experiência, o que é sentir

se totalmente esgotado no serviço do Mestre. Não importaquão bemdispostos estejamos em espírito, a carne é débil; eAquele que defendeu carinhosamente a Seus servos ador-mecidos no jardim, conhece a nossa constituição e recorda quesomos pó. Necessitamos que o Senhor nos diga de vez emquando: “Vinde à parte ao lugar deserto, e repousai um pouco”.

Além disso, somos propensos a abaternos quando nossodever se torna em rotina,  devido à sua monotonia. Se nãovigiarmos, muito provavelmente diremos a nós mesmos:“Na terçafeira à noite tenho de estar novamente aqui a fimde dar uma mensagem no culto de oração; na quintafeiradeverei pregar, mesmo que não tenha assunto; no domingo

de manhã e à noite, pregar de novo. Também, os compromissosespeciais; sempre pregar, pregar, pregar. Quão cansativo!”Pregar deveria ser um gozo, mas, sem dúvida, pode trans-formarse em pesada tarefa. A pregação contínua deveria

 produzir uma satisfação constante , mas quando o cérebro estáfatigado a alegria desaparece. Perguntamos: como conservar

o entusiasmo? E difícil produzir tanto com tão pouco tempo para a leitura; é quase tão embaraçoso quanto fabricar tijolos

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sem palha. Nada pode manter a nossa disposição sem aunção do Espírito Santo.

 Não admira, pois, que alguns irmãos estejam abatidospor

 falta de associação com outras pessoas de coração ardente e espíritocongênere.  Irmãos, não podemos viver isolados; por certo,uma das nossas provas mais penosas é a terrível solidão emnossos serviços mais elevados. Quão agradável encontrar umespírito gêmeo com quem manter comunhão! O pior é que,

se poucos nos concedem novas forças com sua conversação,muitos nos cercam com as suas tagarelices, e quando deseja-mos elevarnos com temas mais sublimes, somos arrastados àtriste murmuração de um a aldeia. Não é de estranhar que emtal ambiente, percamos as forças e nos sintamos abatidos.

Sem dúvida, nada disto serve de escusa para cair num

estado de desânimo e é possível que verdadeiramente nossadecadência mental seja o resultado da nossa pobre situação espiritual. Talvez tenhamos deixado o nosso primeiro amor, nos afastadoda simplicidade da nossa fé, apostatado no coração eentristecido o Espírito Santo, de modo que Deus caminhanuma direção contrária a nós, porque estamos andando de

modo errado. Talvez a chuva não vem por não haver oração,e os ventos celestiais deixaram de soprar por termos sidom uito indolentes no estender as velas. Acaso não tem havidoincredulidade que impede a bênção? Habitualmente falamosde incredulidade como se fora uma aflição da qual devemoscompadecernos, em vez de um crime que devemos condenar.

Ao fazermos mentiroso Aquele que nos revelou os segredosdo Seu coração, e Se tem agastado em abençoarnos de modotão extraordinário, tem que produzir dor no coração do Pai.Talvez sentimos menos amor a Jesus do que outrora, menoszelo na realização da Sua obra, e menos angústia pelas almasdos demais; se isso ocorre, não admira que desfrutemos menos

da presença de Deus, e logo nos sintamos abatidos. Se a raiznão é forte, como podem florescer os ramos?

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Porventura a negligência teria se un ido à incredulidade?Temos atendido a carne em seus desejos? Perdemos a in-timidade com Jesus, a qual noutro tempo desfrutávamos?Diminuímos o fervor com que iniciamos? Nesse caso, oegoísmo anulará a força e destruirá a capacidade, do serviço.

Fato terrível é que às vezes estes abatimentos terminam emcatástrofe.  Após a apostasia secreta vem um pecado que édivulgado publicam ente, e muitos clamam: “Que vergonha!”Entretanto, o mais triste não é este pecado, e sim o estadogeral do coração daquele homem. Nada se torna mau derepente. Por certo o raio matou a sua vítima; mas a descarganão haveria caído sem que houvesse uma prévia conjugaçãode elementos que provocassem a tormenta. Quando ouvimosfalar de um homem que arruinou o caráter num ato de

loucura surpreendente, podemos concluir, em regra geral,que sua maldade não foi senão o jorro de enxofre procedentede um terreno minado de fogo vulcânico; ou, mudando defigura, um leão rugidor que saiu de uma cova cheia deferas. Se desejam clamar, dia e noite, de joelhos, que nãolhes aconteça nenhum desastre moral, previnamse contra

o pecado que conduz a ele; onde não existe a causa, nãoaparece o efeito. O Senhor nos preservará se constantementeclamamos a Ele que limpe o nosso caminho.

Existe um mal debaixo do sol que é tão terrível quantouma catástrofe pública na realidade, é pior para a igreja, numsentido mais amplo e é quando o ministério é carcomido pelas 

larvas espirituais.Um ancião hindu me descreveu como os móveis podemser devorados pelos cupins. Estes insetos entram na casa edevoram tudo, mas aparentemente nada foi tocado. Asestantes e demais objetos permanecem exatamente ondeestavam; à simples vista, tudo está igual; porém quando se

loca nos móveis, eles se despedaçam, pois os cupins oscomeram por dentro. De igual modo, alguns hom ens seguem

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o ministério, contudo a alma dos mesmos já não existe.Têm nome de que estão vivos, mas estão mortos. Pode haveralgo pior? Quase seria melhor que houvesse uma explosão e

tudo acabasse, do que ver homens preservando a forma dereligião depois que a piedade vital desapareceu, espalhandoa morte ao redor, mas tentando manter o que se chama uma

 posição respeitável. Deus nos guarde tanto de uma coisacomo de outra.

Quando os homens chegam a este estado, costumam adotaralgum procedimento para ocultálo. A consciência sugereque algo vai mal, e o coração enganoso atua para encobrirou disfarçar a realidade. Alguns o fazem distraindo-se com

 passatempos em vez de pregar o evangelho.  Não podem fazer aobra do Senhor; então passam a ocuparse de obra pessoal. Não possuem a suficien te honradez para confessar que perderam o poder evangélico, de modo que adotam um passatempo; e esse mal não parece tão grave quando eles secontentam com coisas secundárias, as quais não possuemoutro defeito senão o de afastarse do essencial.

O pior é quando um homem decai de tal modo no seucoração e espírito que não lhe restam princípios, e não crê maisem coisa alguma. Não é fanático; promete não ofender aninguém. Mantém certos pontos de vista, mas o principal éassegurar um pastorado e o que mais o atrai é o salário.Orgulhase de possuir um coração largo e uma receptividadedo espírito. Sua alma está sendo carcomida! Essa é a realidadeque procura encobrir com esses enganos. Tais pessoas recor-dam o anúncio de certa escola na França, cujo parágrafo finalera: “Ensinase aos alunos a religião que os pais escolherem”.E algo abominável quando os ministros chegam a ensinarqualquer doutrina que os líderes determinarem; ao iniciar o

ministério num novo campo, o pastor interroga: “Peço queme informem se a igreja prefere um calvinismo avançado

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ou o arm inianism o”. É o que ocorria com aquele propagandista que, num mercado, exibia um quadro da batalha deWaterloo, o qual, quando interrogado: “Qual é Wellington, e

qual Napoleão?”, respondia: “O que vocês quiserem , amigos; paguem e escolham”. Esses mestres liberais estão dispostosa m inistrar qualquer ensino conforme a demanda.

Quando o coração se acha deformado e a vida espiritualdecai, os homens logo adotam erros doutrinários, não tanto

 porque a m ente não funciona bem, mas porque o íntim o estáem más condições. Os desvios da fé sucedem pouco a pouco.Iniciam dizendo o mínimo a respeito da graça. Adm inistramdoses homeopáticas do evangelho; é maravilhoso que um

 pequeno glóbulo do evangelho salve uma alma, e é grandemisericórdia que assim seja^ pois do contrário poucos sesalvariam. Mas essas migalhas do evangelho e o pregador queas dá, nos recordam o famoso cão do Nilo, do qual os antigosdiziam que temia tanto os crocodilos que ele bebia no riocom muita pressa e se afastava imediatamente. Estes prega-dores têm tanto medo dos crocodilos críticos que enquantoapressadamente tocam na água da vida do evangelho fogemem seguida. Suas dúvidas são mais fortes do que suas crenças.E o pior é que, não só nos dão muito pouco evangelho, masacrescentam muito que não é evangelho. Nisto são semelhantesaos mosquitos, dos quais afirmo que não me importa que meroubem um pouco de sangue, mas os combato por causa doveneno que me introduzem. E coisa prejudicial que alguém

me prive do evangelho, porém que me sature com doutrinasvenenosas, é intolerável.Quando os homens perdem todo o amor ao evangelho,

tratam de compensar a perda de sua atração medianteinvenções próprias de certo brilho. Imitam a vida com o fulgorartificial da cultura. E tristemente lamentável que qualquer

idéia que alguém propague atualmente logo encontre pessoas para apoiála. Se um erudito escreve algum disparate, logo

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terá aceitação; não há opinião, por absurda que seja, que nãoserá crida em determinados setores, sobretudo se tem o apoiodos chamados cientistas. Pessoalmente, observo o esforço dos

novelistas em teologia e tenho procurado extrair o que for possível dos seus livros, mas fico surpreendido pelos resulta-dos, notavelmente ínfimos, das suas teorias. Muitos jovensminis tros se mostram néscios por abandonar a pescaapostólica e unirse a esse desperdício de esforços mentais. Quefizeram esses profissionais da dúvida, desde que o mundoiniciou? Que farão? Que podem fazer? Apenas introduzirsenas igrejas para semear o joio nos púlpitos outrora ocupados

 por ortodoxos.Deus nos impeça que jamais tratemos de encobrir a

decadência do coração com inventos de nosso amorpróprio.Espero que quando o nosso ministério começar a perder o

 poder, sejamos levados a cair de joelhos ante o nosso Deus afim de que Ele nos avive novamente pelo Seu bom Espírito.

Talvez tenha falado muito extensamente a respeito da prim eira parte do meu tema; proponhome agora considerar

a necessidade da graça renovadora. Se algum de nós desceu dasalturas, é hora de voltarmos a elas. Se caímos do primeiroamor, é sumamente necessário que renovemos o ardor da juventude. Se retrocedemos, mesmo em pequena medida,convém que peçamos ajuda para recuperar o perdido.

E necessário para nosso próprio gozo.  Qualquer irmão cujo

coração esfriou, cuja fé está se debilitando e em cujo espíritomantém dúvidas, tornase infeliz. Só experimentamos ogozo verdadeiro quando andamos com Deus. Afastados deCristo, os “chamados para ser santos” são condenados à des-dita. Se em qualquer medida se afastaram dEle e se os cercaa neblina ou sentem frieza, apressemse a voltar ao brilho

do Sol. Em Cristo podem repousar cheios de gozo; nEleencontrarão toda a bênção e consolo. Digam às suas almas:

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Um Novo Começo

“Posso ver o bendito lugar do meu descanso, e a seguirvoltarei a ele”. Este é o bom conselho aos que estãoconscientes de haver perdido o consolo ao abandonar oantigo bom caminho.

Estou certo de que não podemos permitirnos estar numestado de decadência porque nunca estivemos demasiadamente vivos.  Nossos defeitos e limitações, mesmo no melhor doscasos, são mais que suficientes para ensinarnos o que seria-

mos se fôssemos piores. Posso imaginar alguns homens p erdendo parte da sua b ravura e a inda perm anecendovalentes; mas se uma pequena porção da minha bravurase evaporasse eu seria um verdadeiro covarde; se perdessealguma medida de fé, seria um lamentável incrédulo, poisnão me sobraria nada dela.

Irmãos, acaso já alcançamos nossa devida posição quandocomparada com nosso primeiro ideal do que esperávamos ser?Lembremse do objetivo tão elevado que haviam propostoao ingressar no ministério? Fizeram bem em escolher umameta elevada, pois, se miram a lua dispararão mais alto doque o fariam se atirassem numa sarça. Agiram bem em adotar

um ideal elevado, mas não farão bem se não o atingirem.Entretanto, quem consegue alcançar seu próprio ideal? Nãolhes vêm desejos de esconder o rosto quando se comparamcom o Senhor? Salvou aos outros, e por isso não pode salvarSe a Si mesmo; nós, porém, somos zelosos em guardarnosa nós mesmos e sempre agimos como se o instinto de

conservação fosse a lei suprema da natureza, Ele sofreugrande contradição dos pecadores contra Si mesmo, enquantonós nos sentimos provocados se alguém nos contraria nomínimo. Ele amou as Suas ovelhas e as acompanhou quandose extraviaram; mas nós temos diminuta compaixão mesmo para com os que se reúnem no nosso aprisco. Estamos

muitíssimo abaixo da verdadeira glória do BemAmado,e nem sequer alcançamos o pobre ideal que dEle temos.

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 Nunca em Suas orações particulares, nem em público naSua vida, ou em Seu m inistério ou ensinos, nos aproximamostanto dEle como devíamos; e sem dúvida o não alcançar oalvo de assemelharnos a Ele nos deveria envergonhar efazernos chocar. Assim, pois, não devemos permitirnos adecadência.

Por certo, ainda que não nos comparemos com o nossoMestre, senão somente com alguns dos nossos irmãos ministros

(pois alguns deles realizam notável obra para Cristo)chegaremos à mesma conclusão. Diversos com panheiros têmresistido grandes desalentos, servindo fielmente ao Senhor;outros têm conquistado almas para Cristo e cada uma lhestem custado enorme abnegação. Poderia sentarme com deleiteaos pés desses irmãos dedicados e, contemplandoos, render

graças a Deus por eles. Encon tramse entre homens de capa-cidade inferior, de escasso poder, de aptidões insignificantes;no en tanto, como têm trabalhado, e de que modo têm orado,a ponto de serem tão abençoados por Deus! E possível quealguns, possuindo dez vezes sua capacidade e oportunidade,não realizam algo semelhante ao que eles têm empreendido.

 Não choraremos por causa disso? Podemos perm itirnosa decadência?Amados irmãos, não podemos permitirnos permanecer

num estado inferior ao ótimo; do contrário, nossa tarefa nãoserá bem feita.  Houve tempo em que pregávamos com todasas forças. Ao iniciarmos o ministério, que pregação, no que

se refere ao zelo e à vida! Nossa própria humilhação deveaumentar ao percebermos que no passado éramos mais reaise mais intensos do que o somos agora. Pode alguém afirmarque no presente pregamos melhor porquanto há mais

 pensamentos ou mais exatidão nas mensagens ou que usamosmais eloqüência que em tempos anteriores; todavia, onde

estão as lágrimas do início do nosso ministério? Onde estáo coração quebrantado de nossos primeiros sermões? Onde

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estão a paixão, a negação própria que constantemente sentíamosquando derramávamos a própria vida em cada sí laba

 pronunciada? As vezes vamos ao púlpito resolvidos a fazercomo dantes, à semelhança de Sansão ao tentar as mesmas

 proezas de outrora, ignorando que o Senhor se apartara dele,o que o fizera tornarse tão débil como qualquer outrohomem. Irmãos, que ocorreria se o Senhor se apartasse denós? Ai de nós e do nosso ministério!

 Nada pode fazerse sem a atuação do Espírito Santo, nemao menos intentarse algo de bom. Admirome de que muitosevitam pregar o evangelho ao mesmo tempo que declaram estar pregandoo. Usam um texto que deveria entrar na consciên-cia, mas conseguem falar de tal modo que nem despertam aosnegligentes nem afligem aos que confiam em si mesmos.

Jogam com a espada do Esp írito como se fossem malabaristasde circo, em vez de lançar a espada de dois fios aos coraçõesdos homens, à semelhança dos soldados quando entram emcombate. O imperador Galiano, contemplando um homemque arremetia várias vezes contra um touro sem alcançáloenquanto o povo o vaiava, chamouo à parte e, colocando um

laurel sobre a cabeça, disse: “E um mérito especial que tenhaconseguido errar um alvo tão grande tantas vezes.” Que prêm io darem os aos pregadores que nunca alcançam oscorações, jamais condenam os pecados dos homens, nuncaconseguem que o fariseu abandone a própria justiça, nuncainfluenciem ao culpado a ponto de se lançar aos pés de Jesus

como pecador perdido? Talvez um dia possam aspirar a sercoroado de vergonha por tal crime. Entretanto, cinjam suasfrontes com a sombra da noite. Sejamos como os canhotos deBenjamim, que “sabiam lançar pedras com grande precisão”.Isso não podemos alcançar a menos que a vida abundantede Deus permaneça em nós.

Cada um deve cuidarse como homem, por causa de simesmo e da sua casa; mas, como ministro, precisa de muito

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maior zelodevido aos que estão sob os seus cuidados. Certo capitão,nos mares do Sul, tomava, segundo alguém observou, uma

rota mais larga porém mais segura para entrar no porto.Quando alguém comentou que ele era demasiadamentecuidadoso, respondeu: “Levo tantas pessoas a bordo que não

 posso perm itirm e correr risco algum”. Quantas almas a bordo dos nossos barcos! Quantos seres de valor incalculável,imortais, entregues ao nosso cuidado! Desde que sobre o

nosso ministério pesam coisas eternas a vida e a morte, océu e o inferno que classe de pessoas devemos ser? Quãocuidadosamente devemos ser em referência à nossa saúdeespiritual! Como deveríamos estar sempre em nosso melhornível! Se eu fosse um cirurgião e tivesse que operar um

 paciente, jamais tomaria o bisturi ou tocaria em seu corpo

quando me sentisse irritado ou tímido; não quisera encon-trarme noutra condição senão a mais tranqüila, serena esegura, quando a menor diferença poderia significar atingirum ponto vital e pôr termo a uma vida preciosa. QueDeus ajude a todos os médicos de almas a estarem sempreem sua melhor forma.

Creio que a marcha da causa de Deus no mundo depende deque nos achemos em excelentes condições.  Assim como em dias passados o Senhor levantou homens notáveis para enfrentara batalha em prol do avanço da Sua causa, fazendo queSua luz brilhasse por toda a parte, creio que temos deestar em sucessão direta como defensores da forma mais

 pura da verdade evangélica. Foinos ordenado transm itir àsgerações, vindouras o evangelho eterno que nossos veneráveis

 patriarcas nos transm itiram . Há um futuro para qualquerigreja que conserva fielmente as ordenanças de Deus e semantenha resoluta em ser obediente à Cabeça do pacto, emtodas as coisas. Não temos prestígio, nem riqueza nem o

Estado que nos apoie, porém possuímos algo melhor do quetudo isso.

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Quando se perguntou a um espartano acerca dos limitesdo seu país, esse replicou: “Os limites de Esparta estão

marcados pelas pontas “das nossas lanças.” Algo idênticoocorre em referência à extensão das nossas igrejas; masnossas armas não são carnais. Aonde quer que vamos, prega-mos a Cristo crucificado, e Sua Palavra de solene proclamação:“O que crê e for batizado, será salvo.” Disseram ao espartano:“Não tem muralhas em Esparta”. “Não”, replicou, “as

muralhas de Esparta são os peitos dos seus filhos.” Não temosdefesas especiais para nossas igrejas, nem leis que nosamparem, nem credos vigentes; mas temos os coraçõesregenerados, os espíritos consagrados dos homens queresolveram viver e morrer a serviço do Rei Jesus, e que agoratêm sido suficientes, nas mãos do Espírito, para preservar

nos de atrozes heresias. Não vejo como começou tudo isso, pois a batalha da verdade iniciou há m uito tempo; e nãovejo o fim, exceto a volta do Senhor e a vitória eterna. Se sãodignos da sua vocação, irmãos, serão independentes e valo-rosos e não se apoiarão demasiadamente em ajuda alheia.Esparta não poderia ser defendida por uma raça de covardes

armados com lanças sem pontas; de igual modo, moços tímidos jamais podem empreender algo para Deus. E preciso queadotem o heroísmo se desejam enfrentar as exigências do

 presente. Que Deus faça com que os fracos entre vocês sejamcomo Davi, e a casa de Davi como o anjo de Jeová (Zac. 12:8).

Antes de concluir, tenho de fazer uma proposição: que estaseja a hora da renovação para cada um de nós.  Que cada um busque um avivamento pessoal através do Espírito divino.

Veremos a oportun idades consideramos nossa própria nação. Busquemos uma situação em que haja respeito pela justiça e

 pela verdade, e não para orgulho, ambições e vantagens. Que

não sejamos influenciados por idéias falsas a respeito dosgenuínos interesses, mas pelos grandes princípios da justiça,

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

do direito e da humanidade. Fiquemos ao lado dos quedefendem a retidão, o amor e a paz.

Rendamos graças a Deus porque as escolas estãoinstru indo o povo. Ainda que a educação não salve as pessoas,

 pode tornarse um meio para esse fim; pois quando todos osnossos patrícios saibam ler a Bíblia, podemos esperar quesem dúvida Deus abençoará Sua própria Palavra. É precisoque homens piedosos possam oferecerlhes bons livros,

alimentando assim seus novos apetites com alimento sadio.Toda a luz é boa, e nós que acima de tudo amamos a luz darevelação, estamos ao lado de toda espécie de luz verdadeira.Deus está levantando o povo, e creio que chegou a horade aproveitarmos o progresso; e já que nosso negócio éanunciarmos a Jesus Cristo, quanto mais nos dediquemos

à tarefa, melhor, porquanto a verdadeira religião é a força deum a nação, e o fundamento de todo governo justo.Tudo que seja honesto, verdadeiro, amável, humano e

moral deve contar com a nossa ajuda. Somos a favor datemperança e portanto nos aliamos ao combate de qualquervício que arruina nosso povo; combatemos a crueldade con-

tra os animais. Somos decididos defensores da paz e lutamosfervorosamente contra a guerra, crendo que o cristianismosignifica “basta de espadas, de canhões e de derramamentode sangue”. Estejamos sempre ao lado da justiça.

Por certo estarão de acordo em que nossa santa comunhãonesta hora feliz deve ajudar a todos nós a subir para um nível

mais elevado. Contemplar a muitos dos nossos irmãos animae estimula. Ao recordar a santidade de alguns, a profundezada sua piedade, sua perseverança, me sinto consolado nacrença de que se o Senhor tem fortalecido a outros, Elereserva igualmente uma bênção para nós. Que esta “Festados Tabernáculos” seja o momento da renovação de nossos

votos de consagração ao Senhor nosso Deus.Iniciemos com o arrependimento por todos os nossos erros e

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Um Novo Começo

defeitos, Que cada um o faça por si. Recordem como o antigogigante lutou contra Hércules e o herói não podia vencêlo,

 porque toda vez que caía tocava na mãeterra, e recebia novasforças. Caiamos também sobre os nossos joelhos, a fim de poderm os levan tar cheios de vigor. Volvamos à nossa prim eira fé simples, e recuperemos as forças perdidas. Comoo enfermo que clamava: “Levemme aos meus ares nativos, elogo me recuperarei”, é salutar para a alma voltar aos dias da

sua fé primitiva; isso a ajudará a renovar a sua juventude; parece simplória, mas é a única maneira.Prosseguindo, renovemos nossa consagração.  Pensem no

servo israelita, cujo tempo havia terminado, mas preferia permanecer no serviço porque amava ao Senhor. Amamos aoSenhor e à Sua causa; portanto dediquemonos cada vez à

tarefa. Gostaríamos que pregássemos os mesmos sermões;  querodizer com a mesma força, o mesmo entusiasmo com queiniciamos a carreira, anunciando aos pecadores quão adorá-vel Salvador havíamos encontrado. O povo dizia: “Este jovemnão sabe muito, mas ama a Jesus Cristo, e não fala de outracoisa”. Eu gostaria de pregar de novo como no princípio, e

ainda muito melhor; cria intensamente em todas as palavrasque pronunciava, sem perguntas e dúvidas que agora nosatacam, e são sempre perdas lamentáveis para qualquer um.

Voltem à prática anterior da leitura da Bíblia,  Este livro,quando examinado, desperta muitas recordações em mim;suas páginas resplandecem com uma luz que não posso

descrever, pois estão incrustadas de estrelas que nas minhashoras sombrias se tomam a luz da minha alma. Não lia estevolume sagrado para achar um texto, mas para ouvir a voz doSenhor falandome ao coração; então não era como Marta, preocupada com os afazeres, mas como Lázaro, sentado comJesus à mesa.

Que Deus nos conceda também um avivamento dos  primeiros objetivos da nossa carreira espiritual.  Então não

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

 pensávamos em agradar a homens, pois nosso objetivo eratão somente agradar a Deus e ganhar almas. Éramos sufici-entemente enérgicos para não cuidar de outra coisa senão documprimento da nossa missão. E assim agora? Agorasabemos  pregar, não é certo? Cremos que somos eficientes em nossaarte. Seria melhor que não nos sentíssemos tão bem preparados.Creio que é melhor subir ao púlpito em fraqueza, mas emoração, do que ir na força que confia em si mesmo. Quandogemo: “Que néscio sou!” abaixo do púlpito, após o sermão,envergonhado de minha pobre tentativa, estou certo de queé melhor para mim do que quando me sinto satisfeito como que fiz. Que senso da responsabilidade tínhamos emnossos primeiros cultos! Conservamos aquela solenidadede espírito? Orávamos então acerca da escolha dos hinos e 

da maneira de ler as Escrituras; nada fazíamos descuidada-mente pois nos agonizávamos em grande ansiedade. Semprelia a Bíblia cuidadosamente em casa, e procurava entendêla antes de lêla perante a congregação, e assim formei umhábito que jamais abandonei. Alguns dizem: “Passei o diatodo fora de casa, e tenho de pregar à noite, mas posso fazêlo.”

Sim, mas não agradará a Deus que Lhe ofereçamos aquiloque não nos custa nada. Outros têm um a provisão de sermões,e pouco antes de subir ao púlpito examinam seus preciososmanuscritos, escolhem um que parece conveniente, e sem outra preparação, o lêem como mensagem de Deus ao povo. Queo Senhor nos livre de um estado de ânimo em que nos

atrevamos a pôr sobre a mesa da proposição o primeiro pão que nos venha à mão. Não, sirvamos ao Senhor comcrescente cuidado e reverência.

Seria bom que muitos volvessem às suas primeiras orações e vigílias e a tudo o mais que convém.

Seria possível fazê-lo?  Sim, irmãos, é possível. Podem ter

toda a vida que tiveram antes, e mais ainda pela bênção doEspírito Santo. Cada um pode ser tão intenso como jamais

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Um Novo Começo

tenha sido. Já vi cavalos velhos que vão ao pasto e voltamfortes e vigorosos. Conheço um lugar onde o corcel esgotado pode ir alimentarse e voltar para ser atrelado ao carro doevangelho com forças restauradas. Senhor, renova Tuasmisericórdias antigas, e, como Fênix, nos levantaremos dasnossas cinzas!

Talvez lhes custe muito para serem restaurados de novo.Bunyan relata que quando o peregrino perdeu o diploma,teve de procurálo, de modo a voltar três vezes ao mesmotrecho do caminho, e o sol se pôs antes de alcançar o abrigo.Mas, custe o que custar, é preciso que nos humilhemosdiante de Deus. Talvez tenhamos de renunciar aquelaesplêndida teoria, desse amor à popularidade, a retórica ouambição, mas uma vez totalmente  submissos, Deus nos re-

compensará com m uito mais do que a luta pode custarnos.Lamento dizer que o material de que sou feito exigeque o Senhor tenha de castigarme freqüentemente e comenergia. Sou como uma pena de ave que não escreve amenos que seja afiada constantemente, e por isso sintomuitas vezes na minha carne essa disciplina; todavia, não

lamentarei minhas dores e minhas cruzes, contanto que oSenhor me use para escrever nos corações dos homens. Estaé a causa de aflições de muitos ministros; são necessárias

 para nossa obra. Em alguns há uma medida tão pequenade graça, que necessitam muitas enfermidades e aflições

 para fazer com que seus dons sejam utilizáveis. Contudo, se

recebemos a graça suficiente para produzir frutos sem sermos podados continuamente, tanto melhor.

Doravante, irmãos, que subamos a um ponto maiselevado. O Senhor tem razão de esperálo, quando recorda-mos o que Ele fez por nós. Após vitórias alcançadas, ninguémdeve pensar em renderse. Em vista do que temos recebido

 pela misericórd ia do Senhor, jamais devemos arrear a ban-deira ou dar as costas no dia da batalha. Quando temiam que

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

Sir Francis Drake fosse naufragar no Tâmisa, ele disse: “Como!Já atravessei o mundo, e agora iria afogarme num canal? Nunca”. De igual modo afirmo: já temos enfrentado águas

tempestuosas; vamos afundar num tanque de aldeia?Estamos agora em melhor forma para lutar, pois os golpesanteriores nos tornaram rijos.

Muitos de vocês têm passado provas, tribulações eaflições, e depois de permanecer tanto tempo nas fileiras,haverão de ceder, fugindo como covardes? Deus não permitatal coisa! Ao contrário, que Ele lhes conceda o prazer, nãosó de ganhar almas para Cristo, mas de ver outros alcança-dos por sua instrumentalidade prepararemse para lutar

 por Jesus melhor do que vocês conseguiram fazer. Recordoum exemplo da história antiga. Diágoras de Rodes ganhouem seus bons tempos notáveis lauréis nos jogos olímpicos.Tinha dois filhos, os quais educou para a mesma profissão.Chegou o dia em que as suas próprias forças diminuíram enão podia mais lutar pessoalmente, mas acompanhava osfilhos nas lutas e se alegrava ao presenciar as vitórias deles.Oxalá, irmãos, tenham filhos espirituais que alcancem

grandes vitórias para o Senhor, e que possam viver paratestemunhar desses triunfos; então poderão dizer comoSimeão: “Agora, Senhor, despedes o teu servo em paz”.

 No nome do Senhor ergamos novamente os estandartes. Nosso lema é vencer. Nosso ideal é partic ipar da vitória doevangelho do Senhor Jesus Cristo. Tanto podemos atacar

como resistir aos ataques que nos são lançados. Pela graçadivina, nos são concedidos energia e paciência; podemosagir e podemos esperar. Que a vida de Deus em nós  produzasuas forças mais poderosas, e nos faça resistentes até aomáximo das possibilidades humanas, e então alcançaremosa vitória e daremos toda a glória dela ao nosso Capitão

onipotente. Amados, que o Senhor seja com vocês!

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3LUZ, FOGO, FÉ, VIDA, AMOR

Faz anos, um juiz excêntrico e bem idoso, chamadoFoster, saiu para fazer uma viagem durante um verão sufo-cante; num dos dias mais tórridos daquela estação se dirigiuao grande jurado de Worcester nestes termos: “Cavalheirosdo juri: faz muito calor e estou muito velho; conhecemmuito bem seus deveres; vão e cum pram nos”. A ação é melhor

do que os discursos. Se eu lhes falasse durante uma hora,dificilmente poderia dizer algo mais prático do que isso:“Conhecem seus deveres; vão e cumpramnos”. “A Inglaterraespera que cada um cumpra o seu dever”, foi a ordem pro-clamada por Nelson em Trafalgar; preciso relembrarlhesque o Senhor espera que cada um dos Seus servos ocupe

seu posto até que o Mestre volte, e portanto que seja umservo fiel? Vão, irmãos, e cumpram a elevada missão queEle lhes confiou, e que o Espírito de Deus opere em vocêsa boa vontade do seu Senhor!

Os que servem a Deus em verdade recebem o privilégiode experimentar cada vez mais intensamente que “a vida é

real, a vida é fervorosa” se realm ente é a vida em Cristo. Nashoras de grandes dores, fraquezas e depressões, ocorreme o pensamento que, se me recuperasse novamente, seria maisintenso do que nunca; se eu tivesse o privilégio de subir osdegraus do púlpito de novo, tomaria a resolução de abando-nar toda figura de retórica em meus sermões, não pregar

senão a verdade atual e urgente e transmitila à congregaçãocom todas as minhas forças, vivendo intensam ente e gastando

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

toda a energia de que seria capaz o meu ser. Julgo que tam- bém o sentiram quando lhes acometeu a prostração. Oudisseram: “Terminou o tempo de brincar; é preciso pôr mãosà obra. Basta de desfiles; agora chegou a guerra. Urge que não

 percamos um só instante, mas que possamos rem ir o tempo porque os dias são maus.” Quando observamos a agressivaatividade dos agentes satânicos, e quantas coisas realizam,deveríamos ficar envergonhados de nós mesmos por fazer

tão pouco para o nosso Redentor, e esse pouco é às vezestão mal feito que exige o dobro de tempo para corrigir o quefora realizado. Irmãos, deixemos de lamentar e busquemos

 progredir, avançar.Afirmou notável filósofo alemão que a vida é apenas um

sonho. Pareceme que alguns que estão n o ministério devem

ser discípulos dessa filosofia, pois estão sonolentos e seuespírito é sonhador. Vivem para Cristo de modo tão displicentecomo nunca o faria uma pessoa que ambiciona ganhardinheiro ou alguém que pretende obter um diploma nauniversidade. Ouvi a respeito de um certo ministro: “Se euagisse em meus negócios como ele no seu ministério, iria à

falência em três meses”. É lamentável que haja homens quese denominam ministros de Cristo, aos quais nunca lhesocorre que estão obrigados a demonstrar a máxima operosi-dade e zelo. Parecem esquecer que lidam com almas que

 podem perderse ou ser salvas para sempre, almas que custa-ram o preço do sangue precioso do Salvador. Não parecem

ter entendido a natureza da sua vocação, nem haver captadoa idéia de embaixador de Cristo.

Há ministros que demonstram o máximo de vivacidadequando praticam algum esporte, tomam parte num a excursãoou tratam de seus próprios negócios. Muitos dormem emreferência às realidades e estão despertos para as coisas

efêmeras. Considerem o que Deus terá de dizer aos servos quefazem bem os seus afazeres particulares e fazem mal os dEle.

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Amor 

Que será do homem que empregou grande energia em suasatividades ou distrações, mas foi descuidado em seu cultivoespiritual, ativo em seu ofício, e displicente no serviço deDeus? Aquele dia o declarará! Despertemonos, para quea nossa fidelidade seja a maior possível, lutando paraganhar almas de tal modo como se tudo dependesse de nós,embora, em fé, repousemos no glorioso fato de que tudodepende do Deus eterno.

Que estejamos despertos e ativos na busca dos perdidos;fervorosos no espírito como pastores e evangelistas cujacomida e bebida seja executar a vontade do Senhor. Masimporta que almejemos crescer mais, realizar melhor. Quementre nós não poderia alcançar maior êxito se tivesse maisdisposição para obtêlo? Quando Nelson servia às ordens do

almirante Hotham , e certo número de barcos inimigos foramcapturados, disse o comandante: “É preciso que estejamoscontentes; alcançamos grande êxito”. Mas Nelson, que nãotinha a mesma opinião, replicou: “Se tivéssemos capturadodez naves e permitido que a décima primeira escapasse,sendo possível capturála, não consideraria êxito”. Mesmo

que tenhamos trazido muitos a Cristo, não devemos atrevera jactarnos, pois nos humilha o pensamento de que muitomais poderia ter sido feito, caso fôssemos instrum entos maisaptos para ser usados por Deus.

Alguém pode pensar: “Fiz tudo que podia”. Talvez hajarealizado suficiente quantidade de reuniões ou determinado

número de sermões, porém poderia ter feito num melhorespírito os cultos e os sermões. Alguns ministros poderiamrealizar muito mais se não se projetassem tanto. A qualquerirmão que diga: “Não sei como pregar mais do evangelho, pois o anuncio constantemente”, replicaria: “Não necessita pregar maior número de vezes; põe mais evangelho em seus

sermões.” O Senhor, nas bodas de Caná, ordenou: “Encheiessas vasilhas d’água”; imitemos os servos, dos quais lemos:

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

“E as encheram até em cima”. Que nossas mensagensestejam repletas sãs, condensadas e cheias de graça. Dêemà congregação muito o que pensar, muita doutrina bíblica,sólida, e façamno cada vez melhor, cada dia, cada ano, paraque Deus seja mais glorificado e os pecadores aprendammais claramente o cam inho da salvação.

Para o seu aperfeiçoamento no ministério, encomendolhes cinco elementos que devem estar de modo crescente emvocês. Não precisam limitar a quantidade de nenhum deles.São cinco, de modo que podem contar nos dedos; seu valor éinestimável, por isso convém recolher e graválos no coração:luz, fogo, fé, vida, amor.

I. R ecom endolhes fervorosam ente a aquis ição

distribuição de luz.Para esse fim precisamos obter a luz (Prov. 4:7). Adqui-ram luz, mesmo do tipo mais comum, pois toda luz é boa. Ainstrução em coisas comuns é valiosa e aconselho aos quedesperdiçam o seu tempo, a que se dediquem a essa tarefa.

 No Seminário aprendemos a estudar com todas as nossas

faculdades. E útil ao m inistro iniciar a vida pública em lugar pequeno, onde pode d ispor de tem po e calma para lerconstantemente; sábio é o homem que aproveita esta excelenteoportunidade. Não só devíamos pensar no que podemosfazer agora para o Senhor, mas no que conseguiremos realizarse nos aperfeiçoarmos. Ninguém devia supor que sua educa-

ção está completa. Há obreiros m uito idosos que prosseguemnos estudos com esforço e dedicação invejáveis. Se alguém diz:“Estou perfeitamente equipado para meu trabalho, e nãonecessito de aprender mais; vim para cá após trabalhar trêsanos no lugar onde exercia o ministério, e tenho boa provisãode sermões, de modo que não preciso ler mais”, eu lhe diria:

“Amigo, que o Senhor lhe dê cérebro, pois você fala comoum deficiente neste aspecto”. O cérebro precisa muito de

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Amor 

alimento, e quem o possui deve alimentálo por meio deleituras e pensamentos, do contrário se atrofiará. Como asanguessuga, ele está sempre clamando: “Mais, mais” e nãodevemos deixálo morrer de fome. Se não experimentamesse tipo de fome então é porque não possuem grandecapacidade mental.

Procurem ter em alto grau a luz suprema.  Acima de todasas coisas, devem ser estudantes da Palavra de Deus, pois esteé um dos aspectos mais importantes da sua vocação. Se nãoestudamos as Escrituras e os livros que nos ajudam a entendera teologia, estamos gastando o tempo em outras investigações.Seria néscio o indivíduo que está se preparando para sermédico se passasse o tempo estudando astronomia. Poderáhaver certa relação entre as estrelas e os ossos humanos, mas

ninguém aprenderá muito de cirurgia estudando as cons-telações de Arcturo ou de Orion. Há, por certo, uma ligaçãoentre todas as ciências e a religião, e aconselho a vocês que seesforcem para adquirir conhecimentos gerais, no entanto acultura universal será má substituta para o estudo especial edevocional das Escrituras e das doutrinas contidas na revela-

ção de Deus. Temos de estudar os homens e o nosso própriocoração; deveríamos sentarnos como discípulos nas escolasda experiência e da providência. Alguns progridem porqueo grande Mestre os disciplina severamente, com disciplinasantificada; mas outros nada aprendem por experiência, vãoindo de erro em erro, e nada aprendem das suas dificuldades

exceto na arte de criar outras. Sugiro a todos a oração dumfamoso puritano, que, durante um debate, conforme outrosobservaram, estava absorto escrevendo. Os amigos pensavamque ele tomava notas durante o discurso do oponente; masquando viram o papel, só encontraram estas palavras: “Maisluz, Senhor! Mais luz, Senhor!” Oxalá tenhamos mais luz do

grande Pai das luzes!Que esta luz não seja somente a do conhecimento, mas

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

 procurem: também a luz do gozo e do bom humor.  Há podernum ministério feliz. Um rosto lúgubre, uma voz lastimosa,maneiras lânguidas, não são coisas que nos recomendam aosouvintes; especialmente atraem m uito pouco aos jovens. Hámentes estranhas que acham a felicidade na suma tristeza,

 porém não são numerosas. Não creio que esse tipo de m inis-tério da amargura atraia bom número de almas. Os filhosda luz preferem o gozo do Senhor, pois já provaram que Ele

Se tornou a sua fortaleza.Adquiram abundância de luz, e quando a tiveram obtido, espalhem-na.  Não aceitem o conceito que o mero fervor semconhecimento bastará, e que as pessoas hão de ser salvassimplesmente por nosso zelo. Receio que somos mais eficientesem calor que em luz; mas o fogo que não tem luz é de natureza

suspeita e não vem de cima. Os pecadores são salvos pelaverdade que penetra no entendim ento, alcançando assim suaconsciência. Como pode o evangelho salvar quando não éentendido? O pregador talvez utilize saltos, gritos, golpes esúplicas; porém o Senhor não está no vento nem no fogo; avoz mansa e delicada da verdade é indispensável para pene-

trar no entendim ento e alcançar o coração. A congregação deveser ensinada. Devemos “ir e doutrinar as nações”, fazendodiscípulos entre elas; e não conheço maneira alguma parasalvar os homens senão que os ensinemos e eles aprendam.

Alguns pregadores, embora sabendo muito, ensinam pouco porque usam uma linguagem elevada. Lembremos

que nos dirigimos a pessoas que precisam ser orientadascomo crianças; mesmo adultos, a maior parte dos ouvintesestá ainda na infância no que concerne às coisas de Deus.Para receberem a verdade, tem de ser apresentada de modosimples, de maneira fácil de assimilar e guardar na memória.Acaso não têm ouvido sermões que são peças de oratória, e

nada mais? Contudo quando term ina, o discurso não satisfeza mente, porque a retórica não alegra a alma. É preciso que

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Amor 

não façamos da oratória o nosso objetivo. Alguns são eloqüen-tes por natureza, e não lhes é possível ser de outro modo, como

os rouxinóis não podem evitar de cantar docemente; portanto,não os censuro, mas os admiro. Não é dever do rouxinol baixar a voz ao mesmo tom que o pardal. Que cante comdoçura, se o faz naturalmente. Deus merece a melhor oratória,a melhor lógica, a melhor metafísica, o melhor de tudo;entretanto, se alguma vez a retórica embaraça a instrução do

 povo, seja anátema. Que jamais alguma capacidade ou aptidãoeducacional ou mesmo algum dom natural que possuamosseja estorvo à compreensão do povo naquilo que transmi-timos. Que Deus não permita que a nossa erudição ou estiloobscureça a luz; pelo contrário, que sempre usemos alinguagem singela de modo que o evangelho resplandeça

livremente em nosso ministério.Há grande necessidade atual de transm itir luz porque há  

muitas tentativas ferozes de apagá-la e obscurecê-la.  Há muitosque espalham as trevas por toda a parte. Portanto, irmãos,m antenham a luz ardendo em suas igrejas e em seus púlpitos,e ergamna diante dos homens que amam as trevas porque

favorecem seus objetivos. Ensinem à congregação toda averdade. Há ladrões de ovelhas que rondam à noite, e seconseguem seduzir alguns do nosso povo é porque nãoconhecem os princípios do cristianismo. Nossos ouvintestêm uma idéia geral dessas coisas, mas não o suficiente para

 protegerse dos enganadores. Estamos rodeados, não apenas

dos céticos, mas de certos homens que devoram os fracos. Não deixem que os seus filhos sejam privados de um santoconhecimento, pois há sedutores ao redor que tentam desviaros incautos. Começam chamandoos de “queridos” e terminamafastandoos daqueles que os conduziram a Cristo. Se têm de

 perder algum dos seus ouvintes, que o seja à luz do dia e não

 por ignorância deles. Tais seqüestradores deslumbram osolhos débeis com o brilho de novidades e transtornam as

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

mentes fracas com descobertas maravilhosas ou doutrinassurpreendentes, as quais tendem à divisão, à amargura e à

exaltação da própria seita. Esforcemse por manter a luz daverdade ardendo, e os ladrões não se atreverão a saquearsuas casas.

Feliz a igreja de crentes em Jesus que sabem porquecrêem nEle; pessoas que crêem na Bíblia e conhecem o seuconteúdo; crêem nas doutrinas da graça e conhecem o alcance

de tais verdades; sabem onde estão e o que são, e portantovivem na luz e não podem ser enganadas pelo príncipe dastrevas! Lutem , caros irmãos, para que haja muito ensino emseu ministério. Alimentem sempre o rebanho com conhe-cimento e compreensão, e que a sua mensagem seja sólida,contendo alimento para o faminto, cura para o enfermo e luz

 para os que estão nas trevas.

II. Suplicolhes que em seu ministério recebam e useabundantemente o fogo celestial. Sobre este particular, tenhode falar com cautela, pois temos visto os danos causados pelofogo incontrolado, e os perigos do fogo estranho. Embora

lamentando os prejuízos dos excessos, nenhum dos supostosmales do fogo iguala aos da tibieza. Inclusive o fanatismo é

 preferível à indiferença. Eu me arriscaria aos perigos de umadepto de excitação religiosa antes que ver o ar estacionando

 por causa de um formalismo morto. E muito melhor que ascongregações sejam demasiadamente ardentes que mornas.

“Oxalá foras frio ou quente!”, continuam sendo as palavrasde Cristo, aplicáveis tanto ao pregador como aos demais.Quando um homem está muito frio nas coisas de Cristo,sabemos onde se encontra, mas se outro é considerado dema-siadamente entusiasta, percebemos em que esfera está vivendo.

Imagino o que ocorreria se um anjo com um termômetro

visitasse nossas igrejas, porque me parece que encontrariagrande parte das mesmas nem totalmente quentes nem

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Amor 

excessivamente frias, porém entre os dois estados. Alguns sedesculpam: “Bem, não sou o mais quente de todos, mastambém não sou o mais frio”. Tenho suspeitas quanto àtemperatura desses, mas deixo o assunto ao discern imento decada um, observando apenas que jamais vi um fogo que fossemoderadamente quente. Outros dizem que não convém serextremado, e nisso o fogo é certamente culpável, pois não sóé intensamente quente como também, tem a tendência de

consumir e destruir sem limites. Quando atinge uma área,transforma tudo em cinzas e não há maneira de contêlo.Oxalá Deus nos conceda graça para sermos extremados emSeu serviço! Que sejamos cheios de um zelo incontido

 pela Sua glória! Que o Senhor nos responda com fogo, eque esse fogo se derrame primeiramente sobre os ministros

e depois sobre as congregações! Peçamos a verdadeira chamade Pentecoste, e não as chispas acesas pela paixão humana. Nossa necessidade é a brasa acesa do altar, e nada pode,substituíla; mas é indispensável que o tenhamos, pois docontrário nosso ministério será em vão.

Irmãos, antes de tudo, temos que nos empenhar para

que o fogo arda em nossas próprias almas.  Poucos pregadoressão absolutamente frios; temos que ser aquecidos até ferver,se desejamos atuar como convém. A vida sempre produzdeterminada quantidade de calor com a possibilidade deaumentar ; já que possuímos vida, possuímos também

 probabilidade de aquecernos mais e mais.

Seria horrível escutar um sermão que desse a sensaçãode estar sentado sobre a neve ou abrigado numa casa degelo. Pode ser bem planejado e bem distribuído, mas afalha é que contém madeira, porém falta o fogo. E preferí-vel um sermão em que haja menos talento ou ausênciade profundidade de pensamento, o qual dá a impressão

de ter saído de um forno, e como metal derretido abreseu caminho a rdendo , po is p rovave lmen te não se rá

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

esquecido, porquanto nada detém o fogo.A energia continua sendo essencial, seja o que for que

tenha mudado na oratória desde os tempos antigos. Quandointerrogaram a Demóstenes sobre o que é mais importantena oratória, sua resposta não foi “ação”, e sim “energia”. Quala segunda coisa em importância? ”energia”. E a terceiracoisa? “energia”. Estou convicto também de que a energiaé o elemento principal da pregação, no aspecto humano.

Como os sacerdotes do altar, nada podemos fazer sem fogo.Irmãos, falem porque crêem no evangelho de Jesus; falem porque sentem o seu poder; falem sob a in fluência da verdadeque estão apresentando; falem com o Espírito Santo enviadodo céu; e o resultado não será duvidoso.

Recordemse cuidadosamente que nossa chama há de ser  

acesa do alto.  Nada mais desprezível que um mero fogo pin-tado, ou seja, o fervor fingido. Que o fogo seja aceso peloEspírito Santo, e não por paixão psicológica, desejo de obterhonras, o elogio dos demais ou emoção de presenciar grandesauditórios. Que o terrível exemplo de Nadabe e Abiú afaste

 para sempre o fogo estranho dos nossos incensórios. Ardam

 por haver estado em solene comunhão com Deus.Lembremse também que o fogo de que necessitamos nos 

consumirá se o possuímos verdadeiramente.  “Cuidado”! Talvezsussurrem os amigos; mas quando este fogo arde não fare-mos caso de conselhos. Se nos consagramos totalmente àobra de Deus, não podemos retroceder. Desejamos ser ofertas

queimadas e sacrifícios completos para Deus, e não ousamosevitar o altar. “Se o grão de trigo caindo na terra não morrer,

 permanece; mas se morrer, produz muito fruto.” Só pode-mos produzir vida em outros à custa do desgaste do nosso

 próprio ser.Muitos ministros, fervorosos ficam esgotados até que o

coração e o cérebro chegam ao limite de suas forças. Todos oshomens eminentemente úteis experimentam sua debilidade

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no máximo grau. Quando Deus nos visita com poder parasalvar almas, é como se uma chama devoradora baixasse docéu e viesse morar em nosso seio. Herodes foi destruído porvermes, amaldiçoado por Deus; mas ser consumido porDeus para Seu próprio serviço é ser abençoado até o máximo.Podemos escolher entre as duas coisas, ser consumidos pornossas próprias corrupções ou pelo zelo da casa de Deus. Nadade vacilar; a escolha de cada um é ser do Senhor, inteiramente;

servos do Senhor, com ardor, paixão e veemência, custe o quecustar. Nossa única esperança de honra, glória e imortalidadeestá no tamanho de nossa consagração a Deus; como objetosconsagrados, é preciso que sejamos consumidos pelo fogo, ourechaçados. Afastarnos da obra da nossa vida a buscar d istin -ção noutra parte, é loucura extrema; a seca nos ameaçará, em

nada teremos êxito, senão em buscar a glória de Deus medianteo ensino da Sua Palavra. “Formei este povo, declara Deus, para proclamar o meu louvor”, e se não o fizermos, faremos menosdo que nada. Para isso fomos criados; e se não o realizarmos,viveremos em vão.

Como servo de Deus, o obreiro é honrado; mas se passa

a envolverse noutros of íc ios ou busca seu própr ioengrandecimento, cessa de ser admirável e passa a viverinsatisfeito. Estão destinados unicamente a Deus; portanto,rendamse totalmente, consagrandoLhe seu tempo, seus

 bens, seu ser. Que o fogo da completa consagração se levantesobre vocês, e assim resplandecerão como a prata derretida.

 Não nos submetamos jamais à vergonha e eterno desprezoque serão o destino dos que abandonam o serviço do Redentor

 pela escravidão do egoísmo. Jesus exigiu dos discípulos:“Neguese a si mesmo, tome a sua cruz e sigame”.

III. O elem ento seguin te da nossa m editação é a f 

Podemos dizer que é o primeiro e o último assunto. “Semfé é impossível agradar a Deus.” Se agradamos a Deus, não

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é por nosso talento, e sim por nossa fé.Atualmente necessitamos de muita fé na forma de

crença fixa.  Devemos saber mais do que antes; procuramosdesenvolver, mas não como alguns, pois não pertencemos àescola liberal daqueles que crêem pouco ou nada comconvicção, porque desejam crer em tudo. Alguns não têmcredo, ou se o possuem, o alteram tão freqüentem ente quenão lhes serve para nada. Variadas são as crenças e as

incredulidades de alguns, um aglomerado de conceitosfilosóficos, teorias científicas, resíduos teológicos e invençõesheréticas.

Quando tais “eruditos” se referem a nós, manifestamgrande desprezo e dem onstram crer que somos estúpidos pornatureza. Pode ocorrer que alguém esteja se mirando num

espelho quando julga estar contemplando o vizinho pela janela. Atrevome a dizer que não devemos tem er ante a perspectiva de medir forças com os seguidores do “pensamentomoderno”. Seja assim ou não, a nós nos compete crer. Cre-mos que quando o nosso Deus fez uma revelação, sabia o quequeria e pensava, e Se expressou da maneira melhor e mais

sábia, em linguagem que pode ser entendida pelos que sãosinceros e desejosos de aprender. Portanto cremos que nãonecessitamos de nova revelação, e que a idéia que há desurgir outra luz é praticamente incredulidade segundo a luzque já recebemos, visto que a luz da verdade é una. Emboraa Bíblia tenha sido distorcida e posta a ridículo por mãos

sacrílegas, continua sendo a revelação infalível de Deus. Oaspecto mais importan te da nossa religião é aceitar hum ilde-mente o que Ele tem revelado. Talvez a forma mais elevada

 possível de adoração é a submissão de todo o nosso sermental e espiritual ante o pensamento revelado de Deus, oentendimento prostrado, ante aquela sagrada presença, cuja

glória faz com que os anjos cubram os rostos. Aqueles quedesejarem, adorem a ciência, a razão ou seus próprios

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raciocínios; contudo nosso deleite é prostrarnos ante oSenhor Deus e dizer: “Este Deus é o nosso Deus para sempre;Ele será nosso guia até à m orte”.

Reunamse em torno do antigo estandarte. Lutem até àmorte pelo evangelho imutável, pois é a sua vida. Que a cruzde Cristo esteja sempre em proeminência, e que todas as

 benditas verdades que a cercam sejam mantidas com todoo coração.

Precisamos ter fé não só na forma de credo fixo mastambém na forma de constante dependência de Deus.  Se me perguntasse qual a mais agradável disposição de ânim odentro de toda a gama dos sentimentos hum anos, não falariado poder da oração, ou da abundância de revelação, ou degozos arrebatados ou vitória sobre os espíritos maus;

mencionaria como o mais estranho deleite do meu ser, oestado em que se experimenta uma consciente dependênciade Deus. Freqüentemente esta experiência tem vindoacompanhada de enormes dores físicas e profundas humi-lhações do espírito, mas é inexplicavelmente agradável cair

 passivamente nas mãos do amor e m orrer absorvido na vida

de Cristo. E um deleite chegar à compreensão de que vocênão sabe, mas seu Pai celestial sabe; você não pode falar, porém “temos um advogado”; quase não pode levantar amão, mas Ele opera todas as coisas em você. A absoluta sub-missão das nossas almas ao Senhor, o pleno contentamentodo coração ante a vontade e os caminhos de Deus, a segura

confiança do espírito quanto à presença e ao poder doSenhor; isto é o mais próximo ao céu que pode ocorrerconosco. E melhor que o êxtase, pois qualquer um pode

 permanecer nessa experiência sem esforço ou reação.

“Ah, não ser nada, nada; 

apenas permanecer aos Seus pés. ”

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 Não é uma sensação tão sublime como voar em asas deáguia; quanto à doçura no entanto ela é profunda, misteriosa,indescritível e insuperável. E uma bemaventurança na qualse pode pensar, um gozo que nunca parece ser roubado; poisnão resta dúvida de que um pobre e frágil filho de Deus temdireito indiscutível a depender do Pai, direito a não ser nadana presença dAquele que o sustém. Gratificame pregar nesseestado de ânimo, como se não fora pregar, mas esperar que oEspírito Santo fale por mim. Presidir dessa maneira asreuniões de oração e da igreja, e toda a espécie de atividades,redundará em sabedoria e gozo para nós. Geralmentecometemos nossos maiores erros nos assuntos mais fáceis,achando tudo tão simples que não pedimos a Deus que nosguie e julgando que nossa própria capacidade será suficiente. 

Todavia, as graves dificuldades, essas nós  levamos a Deus.Bondosamente Ele dá aos jovens prudência e aos simplesconhecimento e discrição por meio delas. A dependência deDeus é a fonte inesgotável da eficácia. Aquele verdadeiro santode Deus, Jorge Müller, me surpreende sempre, por ser uma

 pessoa que depende tão simples e puerilmente de Deus; mas,

lamentavelmente, a maioria de nós  se julga demasiadamentegrande para que Deus nos use. Sabemos pregar tão bem quefazemos um sermão de qualquer coisa... e fracassamos.Cuidado, irmãos, pois se julgamos que podemos fazer algo

 po r nós  mesmos, tudo que obteremos de Deus será aoportun idade de proválo. Deste modo, Ele nos examinará, e

nos permitirá ver nossa incapacidade. Certo alquimista, queservia ao papa Leão X, declarou que havia descoberto comotransformar os metais vís em ouro. Esperava receber grandesoma de dinheiro por seu invento, mas Leão não era tão

 bobo; deulhe tão som ente um a enorm e bolsa para queguardasse o ouro que fizesse. Nesta resposta havia tanto

sabedoria como sarcasmo. Isto é precisam ente o que Deus fazcom os orgulhosos; permitelhes ter a oportunidade de fazer 

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o que se jactavam de poder fazer. Jamais soube de algumamoeda de ouro que tenha chegado a cair na bolsa de Leão;

estou certo de que vocês jamais serão espiritualmente ricos pelo que podem fazer com as próprias forças. Despojemsedas suas próprias vestimentas, e então Deus poderá comprazerSe em revestirlhes de honra, mas nunca antes.

É essencial que demonstremos fé em forma de confiançaem Deus.  Seria grande calamidade que alguém afirmasse de

vocês: “Tem um excelente caráter moral e dons notáveis, masnão confia em Deus”. Necessidade importante é a fé. Oapóstolo recomenda: “Tomando sobretudo o escudo da fé”.Pena é que alguns vão à luta deixando o escudo em casa. Terrí-vel é pensar num sermão que tivesse todas as qualidades queum sermão precisa possuir e, no entanto, constatar que o

 pregador não confiasse no Espírito Santo para abençoálo demodo a converter almas. Tal mensagem seria vã. Nenhumsermão será o que deveria ser se lhe faltar a fé; eqüivale adizer que um corpo está sadio quando a vida já se extinguiu.É admirável ver alguém humildemente consciente da sua própria fraqueza e ao mesmo tempo bastante confiante no

 poder divino para atuar por meio das suas limitações. Seintentamos fazer grandes coisas, não nos excederemos natentativa; esperando notáveis feitos, não cairemos desenga-nados em nossas esperanças. Alguém interrogou a Nelsonse não eram perigosos determinados movimentos de seusnavios, e a resposta foi: “Pode ser perigoso, mas em assuntos

navais nada há impossível ou improvável”. Atrevome aasseverar que, no serviço de Deus, nada é impossível e nadaé improvável. Empreendam grandes coisas em nome deDeus; arrisquem tudo, confiados em Sua promessa, e conformea sua fé lhes será feito.

A norma comum em muitas igrejas é a de uma grande

 prudência. Em geral, não intentamos nada acima das nossasforças. Calculamos os meios, medimos as possibilidades

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com exatidão econômica. Logo concedemos ampla margem para os imprevistos, e uma porcentagem ainda maior paranosso comodismo, de modo que realizamos muito poucodevido não termos o propósito de fazer muito. Oxalá tivéssemosmais coragem, mais ânimo, mais “garra”. Intentem os grandescoisas, porque os que confiam no Senhor vencem acima detodas as esperanças. Este é o tipo de fé da qual necessitamoscada vez mais; confiar em Deus de tal maneira, que em Seunome ponhamos a mão no arado. E ocioso passar o tempofazendo planos e modificandoos, sem nada fazer; o melhor

 plano para executar a obra de Deus é realizála. Irmãos, se nãocrêem em mais ninguém, confiem em Deus sem reservas.Creiam plenam ente. Crer na Palavra de Deus é o mais razoá-vel que temos a fazer; é seguir o caminho mais simples que

devemos tomar; é a norma menos perigosa que podemosadotar, inclusive quanto ao cuidado de nós mesmos, pois Jesusdeclara: “Qualquer que quiser salvar a sua vida, perdêlaá;mas o que perder sua vida por minha causa, a achará”.Exponhamonos a tudo, confiados na fidelidade absoluta deDeus, e jamais seremos envergonhados ou confundidos.

Vocês precisam ter fé em Deus na forma de expectativa.Aguardando muitos frutos, pregadores reservam um lugaronde pessoas possam ocuparse com os novos convertidos.Porventura iniciaremos a semeadura, sem providenciar umceleiro? Cristo nos ensina que devemos esperar colher

 peixes em nossas redes, e ajuntar frutos em nossos campos.

“Abre bem a tua boca e ta encherei”, ordena o Senhor. Oreme preguem de tal maneira que, se não houver conversões,ficarão atônitos, surpreendidos e quebrantados. Busquem asalvação dos seus ouvintes com tanta intensidade como oanjo que tocará a última trombeta buscará o despertamento dos mortos. Creiam na sua própria doutrina! Confiem

no seu on ipotente Salvador! Contem com o poder do EspíritoSanto que habita em vocês! Dessa maneira verão cumprido

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Amor 

o desejo dos seus corações, e Deus será glorificado.

IV. Passo a falarlhes do quarto elemento, a saber, aviO pregador deve ter vida; é indispensável que tenha vida em

si mesmo.  Você está bem vivo, irmão? Como ministro, estácompletamente vivo? Se existe no corpo humano um ossoque não está vivo, logo se transforma em foco de enfermidade;um dente estragado pode causar mais dano do que se imagina.

 Num sistema vivo, uma porção m orta está fora de lugar, e maiscedo ou mais tarde, provocará dores intensas.Alguns irmãos nunca parecem estar inteiram ente vivos.

Suas cabeças vivem, são inteligentes e estudiosos; mas é um alástima que seus corações estejam inativos, frios, insensíveis.Muitos não percebem novas oportunidades, pois dão a

impressão de que a morte selou os seus olhos; suas línguasestão apenas meio despertas porque vacilam e tropeçam, produzindo em torno deles um ambiente de sono. Disseramme que se certos pregadores dessem um golpe ou agitassemum lenço de vez em quando, ou ao menos realizassem algodiferente do habitual, seria um alívio para a congregação.

Espero que nenhum de vocês se torne mecânico e m onótono;desejo que sejam plenamente vivos dos pés à cabeça, vivos decérebro e de coração, de língua e de mãos, de olhos e de ouvidos.O Deus vivo deve ser servido por homens vivos.

Esforcemse para servivos em todos os seus deveres. Bradford,o mártir, costumava dizer: “Nunca me afasto de nenhu m lugar

do serviço do Senhor até que me sinta inteiramente vivo e perceba que o Senhor está ali comigo”. Pratiquem esta regraconscientemente. Ao confessar o pecado, prossigam con-fessando até que lhes pareça que suas lágrimas estão lavandoos pés do Salvador. Ao buscar o perdão, continuem buscandoaté que o Esp írito Santo dê testem unho da sua paz com Deus.

Ao preparar um sermão esperem no Senhor até que tenhamcomunhão com Cristo, até que o Espírito Santo os faça sen tir 

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o poder da verdade que têm de apresentar. “Filho dohomem, come este rolo.” Antes de ten tar transm itir a Palavra

aos outros, que ela penetre em vocês. Acaso não há demasiadaoração morta, pregação morta e atividade religiosa morta, por todo lado? Através de observações e tristes experiências,tenho chegado à conclusão que o comodismo de nada servena obra do Senhor.

Irmãos, cada um de nós há de possuir uma vida mais 

abundante,  e esta precisa manifestarse em todos os deveresdo nosso cargo; a vida espiritual fervorosa se revela na oração,no cântico, na pregação, e até no aperto de mão e na boa

 palavra após o culto. Não posso suportar longas reuniõescujo objetivo é apenas discutir assuntos de ordem, emendas eregimentos, onde se gastam horas do precioso tempo em

disputas acaloradas, como se o destino do mundo inteiro edo céu estrelado dependesse de tais debates. E sublime coisaestar continuam ente renovando a juventude, sem cair jamaisna rotina, mas traçando novos caminhos. Alegrame ver avivacidade do jovem associada à gravidade do pai; porém,acima de tudo mais, me regozijo ao contemplar um homem

 piedoso que conserva o entusiasmo, o gozo e o fervor do seu primeiro amor. E crime perm itir que nosso fogo arda comtão diminuta chama quando a experiência nos oferece cadavez mais abundância de combustível.

Transbordem vida em todo o momento eque essa vida sejavista em sua conversação comum.  E um surpreendente estado

de coisas aquele que faz com que as pessoas boas digam: “Nossoministro desfaz no vestíbulo o que realiza no púlpito;

 prega m uito bem, mas sua vida não coincide com os seussermões”. O Senhor Jesus ensinou que fôssemos perfeitoscomo o Pai celeste. Todo cristão deve ser santo; nós  temos,

 porém um a obrigação sete vezes m aior de sêlo: como

 poderemos esperar a bênção divina se não for assim? QueDeus nos ajude a viver de tal maneira que possamos ser 

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exemplos dignos do nosso rebanho! Nesse caso, a nossa vida fluirá para outros.  O homem que

Deus usa para o despertamento é aquele que é pessoalmentedespertado. Que nós e a nossa comunidade sejam como asfontes ornamentais que temos visto viajando pelo estrangei-ro: a água salta como repuxo e cai numa concha; quando aconcha está cheia a cristalina corrente transborda em meiode cintilações e cai noutra concha, e o processo é repetido

muitas vezes de modo que o resultado encanta a vista. Queem nosso ministério, irmãos, as águas vivas se derramemsobre nós até que milhares recebam bênçãos e as comu-niquem a outros. Isto é o que o Senhor deseja: “O que crêem mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão doseu ventre”. Que Deus nos encha até transbordar. Isso é

essencial; precisamos ter vida. Se há irmãos sonolentos ouque executam o serviço de modo mecânico e rotineiro, quedespertem. Nossa obra requer que sirvamos ao Senhor comtodo o nosso coração, com toda a nossa mente, com todasas nossas forças. Não é lugar de fazer as coisas parcialmente.Que os mortos vão e sepultem seus mortos, mas o trabalho

entre homens vivos exige vida, vida intensa e vigorosa. Umcadáver entre as hostes angélicas não estaria mais fora delugar do que um homem sem vida no ministério evangélico.Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos!

V. A última, mas certamente não a menos importante

entre todas as coisas de que tenho de falar, é oamor. Sem dúvida,temos de desenvolver em amor. Para alguns pregadores éalgo difícil saturar e perfumar seus sermões com amor; suasnaturezas são duras, frias, ásperas, egoístas. Nenhum de nósé tudo o que deveria ser, porém alguns são paupérrimosquanto ao amor. Não possuem “amor natural” pelas almas

dos homens, como diz Paulo. A todos, mas especialmenteaos mais “difíceis”, gostaria de dizer: sejam duplamente

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fervorosos em amor santificado, pois sem isso não serãomais do que “metal que ressoa ou címbalo que retine”. O

amor é poder. O Espírito Santo na maior parte das vezesatua por meio dos nossos afetos. A fé pode muito, masamem aos homens para conduzilos a Cristo, porque o amoré o instrumento que a fé usa para alcançar seus desejos emnome do Senhor do amor. Amem seu trabalho.  Nunca pregarão bem a menos que

estejam enamorados disso; jamais prosperarão em qualquercargo especial, a menos que amem a congregação, e quase diriaao povoado e ao templo. Gostaria que estivessem convenci-dos de que a sua aldeia fosse a pérola da comarca. Suacapela, com toda a sua simplicidade, deve encantar vocês. Seulocal tem capacidade somente para trezentos e vinte pessoas;

 porém no seu entender é o maior número que um homemsó pode pastorear com esperança de êxito; pelo menos repre-senta uma responsabilidade suficiente para você. Quandoo amor de uma mãe a leva a crer que os seus filhos são osmelhores da localidade, a faz cuidar melhor da sua limpezae das suas roupas; se os julgasse feios e maus, descuidaria

deles; estou convencido de que até que amemos de coraçãonosso trabalho e nossa gente, não faremos algo importante. Euma regra sobre a qual não conheço exceção: para prosperarem qualquer atividade é indispensável que se sinta entusias-mo por ela.

Devem também sentir um intenso amor pelas almas dos 

homens,  se desejam influenciálos para o bem. Nada há que possa compensar a ausência disso. Ganhar almas há de sera sua paixão, têm que sentilo como coisa inata; é precisoque seja seu alimento, a única coisa pela qual considerem avida como digna de ser vivida. Urge que vamos à busca dasalmas do modo como o caçador persegue a caça porque

essa atividade se apoderou dele e o impulsiona.Acima de tudo mais, é necessário que sintamos wm.

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Amor 

intenso amor a Deus.  Um poder especial nos reveste quandoardemos de amor a Deus. O que falta à maioria dos homens

é o amor. A graça santificada do amor deve ser mais pregadaentre nós e mais experimentada por nós. Oxalá vivêssemosem termos de grande intimidade com o BemAmado, esentíssemos sempre o Seu amor em nosso íntimo! O amorde Deus ajudará ao ministro a perseverar em seu serviçoquando de outro modo o abandonaria. “O amor de Cristo

nos constrange”, disse alguém cujo coração pertenciainteiram ente ao Senhor.Se estamos cheios de amor pela nossa obra, amor às

almas, e amor a Deus, suportaremos alegremente a abnega-ção, que de outro modo se tom aria insuportável. Sentimonosorgulhosos de que haja tantos homens que devido pregarem

o evangelho, estão dispostos a renunciar profissões bemremuneradas e a suportar privações. Não obstante as prova-ções, permanecem fiéis a Cristo. Toda a honra a esses mártiresque aceitam rigorosos sofrimentos por Cristo e Sua Igreja!Ouvi dizer que o diabo, em certa ocasião, aproximouse deum cristão e lhe disse: “Tu te chamas um servo de Deus, mas,

que fazes mais do que eu? Orgulhaste de jejuar, mas tam bémeu o faço, pois nem como nem bebo; não cometes adultério;tão pouco eu”. E prosseguiu, mencionando uma longa listade pecados dos quais é incapaz, pelo qual podia declararestar isento deles. Mas o crente por fim lhe respondeu: “Façouma coisa que nunca fizeste: eu me nego a mim mesmo”. Nisso

se revela o cristão; negase a si mesmo por Cristo. Crendo emJesus, “considera todas as coisas como perda pela excelênciado conhecimento de Cristo Jesus, seu Senhor”. Irmãos, nãodeixem o pastorado porque o salário é pequeno. Sua hum ildecongregação há de ser atendida por alguém. Não desesperemquando os tempos se tomam difíceis; dias melhores virão;

entretanto, seu Pai celestial sabe das suas necessidades.Ouvimos de homens que permaneceram em c idades

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

assoladas por epidemias, porque podiam ser úteis aos enfer-mos. Sejam tão fiéis a Deus como outros que têm demonstrado

 persistência em sua filantropia. Se de alguma maneira podemsuportar a presente aflição, fiquem ao lado do seu povo. Deuslhes ajudará e recompensará, se confiarem nEle. Que o Senhorconfirme a sua firmeza e lhes console na tribulação.

Avante, irmãos; prossigam pregando o mesmo evangelho;mas preguemno com mais fé, proclamemno cada dia melhor.

 Não retrocedam; seu posto está à frente. Preparemse paraesferas mais amplas, os que servem em lugares pequenos; porém não descuidem dos seus deveres por buscar m elhor posição. Estejam preparados para a oportunidade quandosurgir, tendo a certeza de que o cargo virá àquele que é apto

 para ele. Não somos de tão pouco valor que tenhamos de

oferecernos em todos os mercados; as igrejas estão sempreem busca de obreiros eficientes; há enorme demanda dehomens capazes e úteis.

 Não podem colocar a lâmpada sob o alqueire, nem é possível m an ter alguém realm ente hábil num a posiçãoinsignificante. O cargo quase não tem importância; a aptidão

 para a obra, a graça, a capacidade, o fervor, o ânim o afável,cedo levam o indivíduo a ocupar seu devido, lugar. Deus guiaráo Seu servo à posição certa, se possui a fé para confiarinteiramente nEle. Faço esta declaração no final da mensa-gem porque não ignoro o desalento que se apossa de muitos.

 Não temam trabalhar duram ente por Cristo; terrível será

o momento de dar contas para aqueles que passam comoda-mente o ministério; mas está reservada uma grande recompensaaos que tudo suportam por amor aos escolhidos. Nãolamentarão a pobreza quando Cristo voltar e convocar osSeus servos. Será algo gratificante o morrer dia a dia no seu

 posto, sem afastarse impelido por ambições, correndo de um

lugar para outro em busca de vantagens, mas persistindono local que o Senhor determinou.

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 Luz, Fogo, Fé, Vida, Am or 

Irmãos, consagremse novamente a Deus. Tragam novasligaduras e amarrem uma vez mais o sacrifício ao altar. Aindaque lutem para escapar do cutelo ou temam o calor do fogo,amarremno com cordas no ângulo do altar, pois até à mortee após a morte somos do Senhor. Que nosso lema constanteseja rendição completa de todas as coisas a Deus. E que Eleaceite o sacrifício vivo, pelo amor de Jesus Cristo, nosso Senhor!Amém.

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4FORTALEZA NA FRAQUEZA

Diletos irmãos, devido ter passado por uma crise desaúde física, extraí meu tema para esta ocasião das palavrasde Paulo, em 2 Cor. 12: 10 “Quando sou fraco, então souforte.” Não quero dizer nada novo sobre o assunto, nem pode-rei afirmar algo conclusivo a seu respeito. O lado débil daexperiência será exposto diante de vocês; o que possa fazer é

orar para que o lado forte não fique oculto. Meus própriossentimentos me oferecem um comentário sobre o texto, eessa é toda a exposição que me proponho fazer. Nosso textonão está tãosomente inscrito na Bíblia, mas nas vidas dossantos. Embora não sejamos apóstolos e jamais possamosalegar possuir a inspiração de Paulo, é verdade que neste

aspecto particular estamos tão instruídos quanto ele, poistemos aprendido por experiência que “quando sou fraco,então sou forte.” Esta frase se transformou num provérbiocristão; é um paradoxo que já não deixa perplexo a nenhumfilho de Deus; é, ao mesmo tempo, uma advertência e umconsolo que exorta aos fortes a considerar a fraqueza do

 poder, e apresenta ante os fracos o poder da fraqueza.

Fique entendido, desde o início, que NOSSO TEXTO NÃO É CERTO EM TODOS OS SENTIDOS EM QUEPODERIA SER LIDO. Alguns irmãos são fracos enfati-camente e sempre; mas nunca descobri que foram fortes,

cxceto no sen tido de serem teimosos e obstinados. Se a teimo-sia é poder, são campeões; e se a presunção é força, são gigantes;

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

todavia não são fortes em nenhum outro aspecto. Muitos são fracos, mas não fortes. Ao nos referirmos a eles,

temos de alterar o texto: “Quando são fracos, são a fraquezamesma”. Há um tipo de fraqueza que convém temermos, aqual pode introduzirse insensivelmente entre nós; noentanto não vem acompanhada de poder, nem de honra, nemde virtude; é um mal, somente um mal, e o é continuamente.E seguida de incapacidade para o serviço nas coisas santas, e

de falta de eficácia; e a menos que a graça divina impeça acalamidade, nascerá dela o fracasso do caráter e a derrota navida. Que nunca cheguemos a conhecer a fraqueza de Sansãoapós ter revelado o seu segredo e perdido o vigor! Ele não

 podia dizer: “quando sou fraco, então sou forte”, pois aoouvir: “Sansão, os filisteus vêm sobre ti”, já não conseguiu

ferilos; não tinha mais força para protegerse nem guardaros seus olhos e alcançar a própria liberdade. Cego, trabalha penosamente no moinho; o herói de Israel se transformaraem escravo dos incircuncisos. Sem dúvida, assim foi, e algosemelhante pode ocorrer conosco. “Exulta, faia, porque ocedro caiu!” Irmãos, é preciso que lutemos contra toda a

fraqueza que leve ao pecado, caso que alguma Dalila sejatambém nossa destruição. Os longos cabelos de Sansãodenotavam sua consagração, e se alguma vez chegamos a ser  

 fracos por falta de consagração,  esta fraqueza será fatal parao verdadeiro serviço. Se o que tinha “nada em si e tudo emDeus” descer até desejar “algo do eu e algo de Deus”, sua

condição é deplorável. Depois de haver vivido para ganharalmas, se agora vive para juntar prata e ouro, seu dinheiro

 perecerá com ele; se o que foi famoso por sua devoção aoSenhor se tomar senhor de si mesmo, será infame; pois estouconvicto de que, embora não façamos nada de mal aos olhosdos homens, é grande mal decair de servir a Deus de todo o

coração. Isso é o que faz rir aos demônios e aos anjos admirarse: um homem de Deus vivendo como um homem do mundo!

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 Fortaleza na Fraqueza

Até mesmo o Senhor se detém a perguntar: “Que fazesaqui, Elias?” Os santos e os zelosos se afligem quandoobservam um ministro de Cristo ministrado a sua própriaambição. Só  somos fortes ã proporção que nossa consagra-ção seja perfeita. A menos que vivamos inteiramente paraDeus, nossa fortaleza sofrerá grandes perdas, e nossa fraquezaserá do tipo que degrada o crente até o ponto de os ímpios

 perguntarem com desprezo: “Você também é fraco como

nós?Ficou semelhante a nós?” Amigos, há outro sentido em que jamais devemos nostomar fracos: em nossa comunhão com Deus.  Davi descuidouda sua comunhão com Deus, e satanás o venceu por meiode BateSeba; Pedro seguiu a Jesus de longe, e logo negou aseu Senhor. A comunhão com Deus é o braço direito da nossa

força, e, se se rompe, somos como água. Sem Deus, nada podemos fazer; e nos arruinam os em proporção ao nossointento de viver sem Ele. Coisa lastimável é que o hom em quecontemplou o rosto do Forte e se fez poderoso, pudesseesquecer de onde vem sua grande potência e assim ficarenfermo e enfraquecido! O que interrompe suas visitas à sala

do banquete da comunhão santificada estará desnutrido e teráde exclamar: “Que fraqueza!” O que não anda com o Amadologo será um Mefibosete nos pés e um Bartimeu nos olhos;tímido no coração e trêmulo nos joelhos. Se somos débeisna comunhão com Deus, nos tomamos fracos em tudo.

Há outro tipo de fraqueza que jamais devemos cultivar,

a qual parece estar muito em moda atualmente: a fraqueza da fé.  Isso porque quando sou fraco na fé, não sou forte noSenhor. Quando alguém duvida de seu Deus, debilitase.Alguns julgam as pessoas cheias de incredulidade edesconfiança como possuidoras de profunda experiência,

 porém a incredulidade nunca pode ser considerada como

condição à eminência em santidade. A fé é a nossa arma deguerra; ai do guerreiro que a esquece! Portanto, procuremos

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

discernir entre fraqueza e fraqueza; a fraqueza que é sinalde poder e a fraqueza na fé, pois essa é indicação de de-cadência espiritual.

Oxalá jamais sejamos fracos no amor, e sim, à semelhançade Basílio, possamos nos tomar “colunas de fogo”. O amor éo maior poder que o coração hum ano pode abrigar. Não devocomparar o amor com outras virtudes, de modo a vir depre-ciar qualquer delas; mas de todas as forças ativas o amor é amais potente, pois mesmo a fé opera pelo amor. A fé nãovence os corações humanos para leválos a Jesus até que useessa maravilhosa arma, e então amorosamente os conduz aCristo. Quanto necessitamos de amor intenso, amor que seja pura chama ardente e consumidor! Que tão sagrado fogoarda no íntimo de nosso ser! Que amemos a Deus intensa-

mente e à nossa congregação por amor dEle! Irmãos, sejamfortes nisso. Podem estar certos de que se deixarem de amara congregação à qual pregam e à verdade que foram ordenados

 proclamar, o estado da igreja será como um portabandeiraderrotado.

Desejamos e com que anelo! ser libertos de toda

fraqueza da vida espiritual. Desejamos deixar para trás afraqueza natural em nós, como recémnascidos em Cristo, para que possamos ser jovens fortes; ainda mais, necessi-tamos ser homens maduros em Cristo Jesus, “fortalecidosno Senhor e na força do Seu poder”. Se somos fracos nesteaspecto, em nada seremos fortes. Como m inistros, deveríamos

cobiçar toda a fortaleza espiritual que Deus está disposto aoutorgar. Tomara que o Santo Espírito que habita em nósnada encontre que O impeça ou diminua Suas influências!Oxalá se manifestasse tanto a plenitude da deidade doEspírito bendito em nossos corpos mortais à semelhançade como agiu na segunda Pessoa da Trindade no passado!

Quisera que nossa natureza, como a sarça de Horebe,ardesse plenamente com a presença de Deus. Não importa

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que a sarça seja consumida; é bom ser consumido se oEspírito mora em nós e manifesta o Seu poder.

Como vêem, há sen t idos em que contrad izemosdiretamente ao texto, e com isso destruímos seu verdadeirosignificado. Se fosse certo que todos os que são fracos sãofortes, poderíamos achar diretamente um ministério vigo-roso invadindo os hospitais, alistando um exército em nossosmanicômios e convocando a todos que tem deficiência

mental. Não, não é dado aos tímidos e aos incrédulos, aosnéscios e aos frívolos, pretender que sua fraqueza mental,moral e espiritual seja uma plataforma adequada paraa revelação do poder divino.

Antes de entrar plenamente no meu assunto é preciso

haver uma segunda observação: PODESE DAR AOTEXTO OUTRA FORMA QUE É CLARAMENTE VER-DADEIRA. “Quando sou forte, então sou fraco. ”   Isso é certo,quase tão certo quanto a declaração paulina: “Quando soufraco, então sou forte”; admitimos que não é certo em todosos sentidos, mas tão correto que eu recomendaria sua aceita-

ção como provérbio digno de ser citado com o texto mesmo.Observem o principiante que inicia a pregar num salão

humilde ou numa missão rural, e vejam a ilimitada confi-ança que ele sente em seu próprio poder. Ele reuniu algumasilustrações e metáforas significativas e as apresenta como sefora a Suma Teológica,  a própria essência da sabedoria. E

volúvel e enérgico, ainda que não há nada no que diz. Vejamcomo dá golpes com os pés e como cerra os punhos. Muitoso consideram um fenômeno, pois não vêem causa suficiente

 para a confiança em si mesmo que ele exibe. Depois vem para um centro maior, e se apresenta na convicção de queum homem notável está pisando o solo: os habitantes em

 breve serão informados de que há um profeta entre eles. Logosurgem comentários a seu respeito, mas ele não é apreciado;

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

seus irmãos não querem “alegrarse por um pouco com a sualuz”; querem apagálo. Já ouvi um tal pregador que por

longo período falou sem dizer nada. Contudo, quão perfei-tamente satisfeito restava consigo mesmo! Outros maiscapacitados estão chorando seus defeitos e limitações, en-quanto esse pobre infeliz se gloria de seus triunfos imaginários.Ele julga que suas capacidades são transcendentais e vastosos seus conhecimentos. No entanto, pouco a pouco vai

 perdendo seu presumido poder. Por outro lado, nos alegramosao encontrar o jovem tímido que precisa ser animado, umespírito humilde a quem, no devido tempo, o Senhor exalta.A medida que se dava conta de sua fraqueza, adquiria podere descobria que quando era forte em sua opinião, era fracoem muitos aspectos.

Eu imagino ver outro homem que se julga forte. Emseu gabinete, lê as publicações mais recentes, procurandoabsorver os pensamentos modernos. Está em busca de umtexto. Qualquer que seja, o entende perfeitamente. Ele pro-cura interpretálo sem consultar o que disseram os homensde Deus do passado, pois pertenceram a uma época de

ignorância, ao passo que ele vive no “século das luzes”, nestemundo de maravilhas, região de sabedoria, flor e glória detodos os tempos. Quando o culto teólogo sai do gabinete écomo gigante cujas forças se renovaram com vinho novo.

 Não recebeu o orvalho do Espírito de Deus, nem o necessita; bebe de outras fontes. Fala com assombroso poder, sua dic-

ção é soberba, seu pensamento é prodigioso. Contudo, é tãodébil quanto refinado, tão frio quanto presunçoso; santos e

 pecadores ao m esm o tem po percebem sua fraqueza, e paulatinam ente os bancos vazios o confirmam . É exces-sivamente poderoso para buscar ser fortalecido pelo Senhor,e portanto demasiadamente fraco para trazer bênçãos à

congregação. Ele busca outra esfera de serviço, e outra eoutra; mas em nenhum lugar é poderoso porquanto se julga

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 bastante forte em si. Sua pregação é como fogo pintado, quea ninguém aquece nem alarma.

Temos conhecido outros homens, não tão “poderosos”,que reconheciam que nem sequer podiam entender a Palavrade Deus sem a iluminação divina, e que se dirigiam aogrande Pai das Luzes em busca de compreensão. Tímidose assustad os, suplicavam ajuda a fim de tra n sm itir os

 pensamentos de Deus, e não os seus próprios; e Deus realmente

falava através deles e os tomava instrumentos poderosos.Sentiamse fracos, porque temiam que suas idéias obstruís-sem o caminho dos pensamentos de Deus, receavam de quesua mente obscurecesse a Palavra de Deus; então foram feitosverdadeiramente poderosos, e pessoas humildes os escutavam,testificando que o Senhor falara por meio deles. Pecadores

iam ouvilos, humilhandose e por fim entregandose a Cristo. Na verdade, Deus atuava mediante aqueles homens.

Conheci pregadores muito fracos, e, contudo, têm sidousados pelo Senhor. Durante muitíssimos anos, minha

 própria pregação me era extrem am ente dolorosa em facedos temores que me assaltavam quando havia de subir ao

 púlpito. Em muitas ocasiões defrontarme com a congregaçãotem sido algo esmagador. Mesmo a sensação física que

 produz essa emoção mental me causa sofrim ento; mas estafraqueza se tomou instrutiva para mim. Há muito tempoescrevi ao meu venerável avô, relatando muitas coisas queme ocorriam antes de pregar: distúrbios físicos, temores

terríveis, os quais constantemente me faziam adoecer. Oancião respondeu: “Há setenta anos que prego, e aindaexperimento grandes temores. Fique contente de que sejaassim; pois quando desaparecer a emoção, é porque o poder já foi embora”. Quando pregamos sem darlhe im portância,a congregação do mesmo modo não lhe dá importância, e

Deus nada faz por meio dessa pregação. A sensação aterra-dora de fraqueza não deve ser considerada um mal, porém

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aceita como útil para o verdadeiro m inistro de Cristo.Observem o pregador que não tem fardos.  Ele leva o sermão

no bolso, e nada mau pode ocorrer senão o perigo de algumladrão roubálo; ensaia todos os movimentos, é tão seguroquanto um autômato. Não precisa orar para que o Espírito ooriente na pregação; embora utilize as formas, os ouvintesinterrogam o que pode significar aquele discurso. Contemplaa congregação com a complacência de um jardineiro que

observa um ram alhete de flores. Tem algo a dizer, e sabe o queserá palavra por palavra, e portan to fala comodamente, e atrásdo púlpito está plenamente satisfeito consigo mesmo, tantoquanto o poderia desejar; a noção de temor é totalmenteestranha para ele, não é tão fraco para isso. Observem outro,aquele pobre irmão, forçando a mente, lutando de joelhos e

com o coração sangrando; está bastante assustado por temerfalhar no meio do sermão e não atingir os corações dos ouvin-tes; mas se propõe intentar o que for possível com a ajuda deDeus. Podem estar seguros de que alcançará a congregação eo Senhor lhe dará conversões. Ele depende de Deus, postoque se reconhece muito frágil em si mesmo. Já sabem qual

dos dois pregadores desejariam ouvir, e distinguem quem érealmente o mais forte; o fraco é forte e o forte é fraco.Certo teólogo americano afirmou que a melhor prepara-

ção para pregar é descansar bem à noite e tomar uma boarefeição. Segundo a sua opinião, uma boa disposição se tornaajuda eficaz à pregação. Se não sabe o que é dor de cabeça, e

não conhece o que significa um coração dolorido, e nunca permite que nada estorve o equilíbrio de sua mente, podeesperar chegar a ser um ministro eficiente. Talvez seja assim.

 Não quero depreciar a saúde, o apetite, o espírito ágil, e asvantagens de dorm ir bem no sábado à noite; entretanto estascoisas não são tudo, nem sequer são muito. Se possível,mens_, 

sana in corpore sano(mente sadia em corpo sadio); mas quandoisso é a base da nossa confiança, se traduz em sermões formosos

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e sensacionais; duvido porém que a próxima geração diga quehá resultados frutíferos em ensinos espirituais que alimentem

a alma ou comovam a consciência. Muitos dos mais nobresexemplos da nossa l i teratura homilética procedem dehomens que foram capazes de sofrer pacientemente. Os quedemonstraram sentimento mais penetrante, espiritualidademais elevada, discernimento mais maravilhoso das coisas

 profundas de Deus, muitas vezes têm conhecido pouco da

saúde corporal. Calvino trabalhou em meio a penosossofrimentos físicos, e, porventura, conheceremos alguémsemelhante a ele? Robert Hall raramente estava livre dedores, mas quem falou jamais tão gloriosamente quanto ele?Conhecemos irmãos que se tornam ainda mais afáveis à

 proporção que se vão debilitando, e que passam a ver ainda

mais claramente à medida que os seus olhos se obscurecem.Irmãos, as forças físicas não são nosso poder, e ainda podemtornarse nossa fraqueza. A saúde é desejável, e convém

 preservála cuidadosamente quando a possuímos; mas se a perdemos, podemos sentir gozo, aguardando o momento deexclamar com Paulo: “Quando sou fraco, então sou forte”. E

 preciso que sejamos provados de uma forma ou de outra. O pregador que não tem uma cruz a levar, o profeta do Senhorque está sem fardo, é um servo in útil e um peso para a igreja.

Seria coisa horrível ser pastor sem ter cuidados. Oobreiro vive sobrecarregado de responsabilidade e oprimido

 pelos pesares. Talvez o pequeno tamanho do seu rebanho seja

 para vocês um problema diário. Não peçam para deixar de serafligidos. O pastor que pode sempre ir para a cama em horasregulares, e que costuma dizer: “Não tenho muitas dificuldadescom meu rebanho”, não é homem que mereça inveja. O queafirma friamente: “No inverno passado morreram tantoscordeiros; era de esperar. Algumas ovelhas morreram de

fome; é natural, porque faltou pasto, e não podia evitálo”, éum tipo de pastor que mereceria ser devorado pelo lobo

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

mais próximo. Por outro lado, o homem que pode exclamarcomo Jacó: “De dia me consumia o calor, e de noite a geada”,

é o verdadeiro pastor. E muito irregular em seu descanso;o único regular nele é seu esforçado labor acompanhadodos desenganos, e, contudo, a fé o torna um homem feliz.Se cresce a sua fraqueza como pastor e a carga o oprime

 por completo , não se assuste por ta l fraqueza, pois entãoestará na plenitude do poder; mas quando, como pastor,

se sente forte e diz: “Creio que o ministério é coisa fácil”, pode estar bem certo de que você é fraco.Permitamme acrescentar que quando um homem chega a

ser tão “forte” que se refere constantemente à sua própria santidade, então também é fraco. Jamais constatei que a pessoa que

 possui  graça para fabricar bandeiras tenha alcançado mais

vitórias como conseqüência. Quanto a mim, necessito de todaa graça que possuo para construir uma espada; preciso detodas as forças para poder realmente lutar; porém quanto aum estandarte para arvorar diante dos homens, nem chegueia isso, de fato tenho de adotar uma posição bastante hum ildeentre os servos de Deus. Algumas vezes tenhome defrontado

com um homem “perfeito”, e o calor dos seus ânimos merevelou que embora haja se aproximado da perfeição entreseus próprios amigos, não havia atingido essa posição elevadaao ser exposto a um juízo mais sereno e imparcial entreestranhos. Jamais me entusiasmo com aquele tipo de perfei-ção que fala de si mesma. Há pouca virtude na beleza que

 procura chamar atenção para si; a beleza modesta é a últimaa exaltar seus próprios encantos. Certo número de pessoas,em certa ocasião, estavam gloriandose nas suas virtudes eaptidões, e apenas um irmão permaneceu calado. No final,alguém o interrogou: “Não tem santidade?” “Sim”, respon-deu ele, “mas nunca com que jactarme.” Tenhamos toda a

santidade possível, e prossigamos até à perfeição; porémrecordemos o fato de que, quando somos fortes, então somos

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 Fortaleza na Fraqueza

fracos; se julgamos ter alcançado a perfeição, está brotandoum pouco de orgulho. Se fizéssemos inspeção mais profunda

de nós mesmos, encontraríamos alguma falta de que nosarrepender ou algum mal contra o qual devemos lutar.Havendo feito até agora rodeios preparatórios em torno

do texto, aproximemonos agora dele: “Quando sou fraco,então sou forte”.

I. Observamos primeiramente UMA EXPERIÊNCIDEPRIMENTE: “Quando sou fraco”. Quando ocorre isso? Na verdade sempre o somos. Existe algum momento em queo cristão mais poderoso não seja comparativarriente fraco?

Sem dúvida há determinadas ocasiões em que somosconscientemente fracos. Tomemos o caso de Paulo como 

ilustração. Havia sido arrebatado ao terceiro céu; todavianão podia suportar as revelações tão bem como João, o qualrecebeu suficientes para encher um livro, ainda que nuncase deixou envaidecer por elas.

Paulo, porém, não tinha tantas aptidões para ser umvidente, pois entendia mais de argumentos do que de visões;

e portanto, quando recebeu uma visão, sentiuse muitoimportante. Guardou o segredo por catorze anos; mas paraele foi algo tão notável e tão extraordinário, que estavainclinado a “exaltarse desmedidamente pela grandeza dasrevelações”; portanto o Senhor enviou, não a satanás, masum “mensageiro de satanás” um espírito inferior e despre-

zível não para lu tar contra ele com espada e escudo, e sim para “esb o fe teálo ”, como fazem os m en in os com oscompanheiros de jogos. Vocês tiveram alguma vez algo queos perturbou como uma mosca que zune ao seu redor?

 Não sentiram que a prova estava in tensam ente aguda, eao mesmo tempo de somenos importância? Teriam sido

capazes de enfrentar um leão; mas este problema era simplesganido de cão e os irritava até ao máximo, e os fazia sofrer.

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Paulo não descreve sua prova como ferida de espada; eradim inuto espinho que penetrara na carne e a irritava.

Esta era a preocupação de Paulo, e lhe foi enviada paramantêlo humilde. Poderia terse gabado de lutar contra odiabo, porém este “aguilhão na carne” era assunto depri-mente. Lutar com denodo contra uma grande tentação elançála por terra é de tal grandeza que inspira a qualquerum; todavia é bem diferente quando se é assaltado por uma

coisa tão pequena que nós nos depreciamos por fazerlhecaso, no entanto ela nos irrita mesmo. Você diz a si mesmo:“Como sou fraco! Por que estou tão perturbado? Se outra

 pessoa reclamasse metade do que eu reclamo devido um pequeno aguilhão, eu diria: “Você é um to lo!”; no entanto,aqui estou, um pregador do evangelho posto à prova por

uma bobagem, e rogando três vezes ao Senhor que a retire demim porque não posso suportála!” Porventura não nosencontramos alguma vez em condição idêntica? Que em taisocasiões confessemos nossa desprezível fraqueza e noscoloquemos nas mãos de Deus, e então seremos feitos fortes.

Tal tipo de incôm odo de aguilhão inflamatório não aflige

a todos nós, porque nem todos temos visões celestiais; todaviamuitos servos de Deus aprendem a reconhecer sua fraquezade outro modo: mediante um sentido opressor da responsabilidade. 

 Não me entendam mal. Espero que sem pre sin tam suaresponsabilidade perante Deus, mas não sejam levadosdemasiadamente longe por seus sentimentos. Podemos sentir

tão profundamente nossas responsabilidades que chegue-mos a ser incapazes de carregálas; podem anular nosso gozoe tornarnos escravos. Não exagerem do que o Senhor esperade vocês. Ele não lhes censurará por não fazer o que estiveracima das suas forças mentais e sua resistência física. Exigeseque sejam fiéis, mas não estão obrigados a alcançar grandes

êxitos. Têm de ensinar, porém não podem obrigar as pessoasa aprender. Têm de apresentar as coisas com simplicidade,

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mas não podem transm itir a homens carnais a compreensãode coisas espirituais. Não somos o Pai, nem o Salvador, nemo Consolador da Igreja. Não podemos tomar a responsa-

 b ilid ad e do un iverso sobre os nossos om bros. Se nos perturbamos com obrigações oriundas da fantasia, podemosdescuidar da nossa verdadeira carga. Poderia sentarme ameditar até sentir o peso de toda a cidade de Londres sobreos meus ombros, e isto me tomaria incapaz de cuidar da

minha própria igreja. Qual o resultado prático de tomarseum homem responsável pelo trabalho de vinte? Realizariamais ou faria melhor o seu próprio serviço? Se fosse postaa carga de três cavalos sobre um só, ele se esforçariademasiadamente até ficar exausto. Melhor seria dividir o

 peso com outros. Tratanos po rven tu ra o Senhor dessa

maneira? Não! Somos nós os que nos sobrecarregamos.Angustiamonos como se a salvação do mundo dependessede que nos esforcemos até morrer de cansaço. Observem:não desejo que deixem de sentir a devida medida deresponsabilidade; mas ao mesmo tempo, levemem conta quenão são Deus, nem ocupam o lugar de Deus; não governam a

 providência, e nem foram eleitos administradores exclusivosdo pacto da graça; portan to, não atuem como se fossem.

Irmãos, havendo dito o que antecede como esclarecimentoe para que ninguém caia em desespero, agora pergunto: temossentido plenamente a medida de nossa responsabilidade? Não temos feito o que devemos, nem o que podemos, nem o

que convinha fazer; nem tampouco o que no poder de Deusqueremos fazer. Talvez tenhamos feito tudo o que de nós seesperava em quantidade; porém que diremos da qualidade?Talvez tenhamos promovido certo número de reuniões e pregado muitos sermões, no entanto, tem sido feito isto dia enoite em espírito apostólico e com lágrimas, advertindo aos

homens e pleiteando com eles como diante de Deus? Quandosentidas plenamente, nossas responsabilidades nos esmagam,

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e então somos deveras fracos; contudo esta fraqueza é ocam inho do poder. “Quando sou fraco, então sou forte.”

Acaso não nos sentimos muitas vezes fracos no sentido de total indignidade para ser ministros por causa da nossa própria pecaminosidade?Referindose à sua chamada ao ministério,

Paulo disse: “Ai de mim, se não pregar o evangelho!” Também podemos afirmar isso; no entanto, algumas vezes sentimos odesejo de nunca mais falar de Cristo, e silenciaríamos se não

fosse que a Sua Palavra é como fogo em nossos ossos, o qualnão nos deixa conternos. Então pensamos em ir até aoextremo ocidente para alguma cabana de troncos ensinar auns poucos meninos o caminho da salvação, por não nossentirmos aptos para algo mais elevado. Nossos defeitos enossos fracassos se levantam diante de nós e nos sentimos

dolorosamente fracos; entretanto também este é o caminhoque conduz à força. “Quando sou fraco, então sou forte.”As vezes estamos deprimidos e débeis porque nossa esfera

de trabalho  nos parece acentuadamente difícil.  Não é este omomento para divertirnos quando tratamos das provaçõestípicas do ministério. Fatos relatados, e que nos deixam

atônitos, constituem fardos que obreiros têm de carregar diae noite. Vejam quanto outros irmãos que lutam em outroscampos têm de suportar! Não conseguem comover auxiliaresda igreja nem influir sobre suas congregações, tendo de pre-gar muitas vezes com o coração oprimido a templos vazios.Se pudéssemos colocar certos homens em posições que seus

irmãos ocupam fielmente cercados de grandes desalentos,chegariam a conhecerse melhor a si mesmos e deixariam deorgulharse, e em vez de apontar defeitos se maravilhariamde que seus irmãos conseguem fazer tanto em taiscircunstâncias. Também desse modo somos feitos; quandoDeus nos faz entender que nosso ministério é impossível sem

Sua ajuda, somos impulsionados a confiar no Seu poder.Alguns se sentem completamente sós em relação à comunhão

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dos companheiros. Esta é uma privação extremamente penosa, e que em muitos casos deprim e. Outros experimen-tam extrema pobreza, enfrentando sérias dificuldades parao sustento da família. Sei que a pobreza torna o homemextremamente débil, por sentirse forçado a presenciar ashumilhantes privações pelas quais passam a sua esposa e osseus filhos, e isso lhe quebranta o coração.

Além disso, é possível que venham críticas imerecidas. 

Pode ser forjada uma escandalosa história contra você, procedente do pai da mentira, e que seja to talmente incapazde defenderse. Você teme que ao tentar apagar a mancha,

 pode inu tilizar a página. Há corações rotos devido a taiscoisas. Quão débeis nos sentimos nessas ocasiões! Talveznos sintamos meio culpados depois de ouvir as acusações

repetidas tantas vezes, o que pode arrasar qualquer um.Sejamos firmes no Senhor nesses momentos!As vezes nos sentimos completamente secos, por achar difícil

encontrar algo novo para os sermões. Tendo pregado tantasvezes, cada vez mais se torna mais pesada a tarefa de produ-zir outras mensagens. “Onde achar o material para a nova

 pregação?” é a pergunta que constantemente nos chega, eentão reconhecemos a nossa extrema fraqueza, mas tambémisso se constitui o caminho do poder. Assim, reconheçamosa nossa debilidade, humilhemonos diante do Senhor,suplicandoLhe que nos revista da Sua fortaleza.

II. Termino menc ionando A BÊNÇÃO DESTEXPERIÊNCIA: “Quando sou fraco, então sou forte”. Comoé, e como pode ser?

Primeiramente, é quando sou fraco que por certo meapresso a dirigirme para Deus em busca de socorro. Oscoelhinhos mencionados nas Escrituras eram criaturas

insignificantes, mas derrotavam ao caçador. Aprendam a liçãodeles: “Os coelhos, povo não poderoso, constroem suas casas

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nas rochas” (Prov. 30:26). Irmãos, já que não sei pensar, meescondo atrás de uma doutrina que Deus já pensou pormim, e como não sei inventar hipóteses, deixo descansarminha alma num fato evidente por si mesmo; em vista denão conseguir sequer ser coerente comigo, mesmo, ocultome atrás do simples ensino do texto, e ali me firmo. Emaravilhoso quão forte se sente em tal esconderijo. Equando pode começar a edificar para Deus, pois Ele o

fará coadjutor com Ele, sua fraqueza será unida ao podereterno, a muralha se levantará rapidamente.Prosseguindo, direi que somos fortes quando somos

fracos, porque obtemos nossa força mediante a oração, e nossa fraqueza é o melhor argumento que podemos usar na súplica. Jacó

nunca venceu até que coxeou, ou melhor, até que caiu. Quando

o tendão se contraiu, o suplicante triunfou. Se você se entregaà oração estribado no seu poder, nada obterá; então apresentesua fraqueza, e prevalecerá. Não há melhor argumento anteo amor divino do que a fraqueza e a dor; nada pode prevale-cer de tal maneira com o grande coração de Deus como oseu coração desmaiado. O homem que se põe a orar até às

lágrimas e experimenta a agonia, e tem a contínua sensaçãode não poder orar, mas sentindo a necessidade de fazêlo,este é o homem que verá o desejo de sua alma. Não seriacerto que as mães demonstram mais cuidado pelo filhomenor ou pelo que está mais enfermo? Certamente nossafraqueza contém o poder de Deus, e O induz a enviar Sua

onipotência para socorrernos.Existe outro poder na fraqueza que convém possuirmos.

Creio que quando pregamos conscientes de nossa fraqueza, uma força maravilhosa se une às palavras que pronunciamos.  Quando

um famoso evangelista saiu a distribuir porções bíblicasentre soldados, havia entre eles um ímpio que disse aos

companheiros: “Hoje vou desfazer a mania desse homemque nos vem visitar com seus livretos”, de forma que ao

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aproximarse o pregador, o blasfemador o insultou com juramentos horríveis. Escutando aquelas palavras profanaso ministro começou a chorar, externando o quanto anelava

 pela salvação daquele homem. Anos depois se encontroucom o soldado, que lhe confessou: “Nunca fiz caso dosseus tratados, nem de nada que o senhor disse; mas quandoo vi chorar como criança, não pude suportálo, e entregueimeu coração a Deus”. Quando dizemos a nossas congregaçõesquão embaraçados estamos e o quanto almejamos a salvaçãode suas almas, quando lhes pedimos que desculpem nossalinguagem imperfeita, pois é a expressão de nossos corações,então crêem na nossa sinceridade, pois observam como nossointerior está quebrantado, e se comovem pelo que dizemos.O homem que propaga conhecimentos teológicos não tem

 poder sobre as pessoas; o auditório necessita de pregadoresque saibam sentir, homens de coração, fracos e débeis quesejam capazes de simpatizarse com os tímidos e afligidos.E uma bênção que o obreiro possa abrir caminho paraas almas à força de lágrimas, ou mesmo alcançar o íntim odos ouvintes através dos sentimentos. Assim, não temam ser

fracos, mas alegremse em poder afirmar com o apóstolo:“Quando sou fraco, então sou forte”.Além disso, há outra forma de poder que procede da

fraqueza, pois por meio delase educa nossa compaixão. Quandosomos fracos e estamos deprimidos em espírito, e até nossaalma passa pelo vale da sombra da morte, isso acontece

muitas vezes por causa de outros. Certo domingo de manhã preguei sobre o texto: “Meu Deus, meu Deus, por que meabandonaste?” Mesmo sem afirmálo, preguei minha própriaexperiência, ouvindo minhas cadeias soar enquanto falava acompanheiros de prisão em trevas, não podendo explicar arazão daquela situação tão espantosa pela qual me culpava

a mim mesmo. No dia seguinte, procuroume um homemcom todos os sinais de desespero no rosto; os cabelos eriçados

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e os olhos quase a saltar das órbitas. Depois de breve intro-dução, ele me disse: “Nunca antes em minha vida ouvi falarde alguém que parecesse conhecer meu coração. Enfrenteium caso terrível, mas ontem pela manhã o senhor me retratoude corpo inteiro, e falou como se houvesse estado dentro daminha alma”. Pela graça de Deus, salvei àquele infeliz dosuicídio, conduzindoo à luz e à liberdade do evangelho.Conto este fato porque talvez às vezes vocês não cheguem a

compreender sua própria experiência, e os “perfeitos” podemcondenarlhes por ter tal experiência, porém que sabem elesdos servos de Deus? Temos de sofrer muito por causa dacongregação que está a nosso cargo. As ovelhas de Deus seafastam muito, e temos de ir atrás delas; às vezes os pastoresvão ondenão poriam os pés se não estivessem buscando ovelhas 

 perdidas. Não fiquem surpresos de ser debilitados para que possam consolar os débeis, e assim chegar a ser mestres emIsrael, em discernimento dos demais; enquanto em sua própriaopinião sejam menos que o menor de todos os santos.

Mais ainda, creio que meu texto é certo quando um homemse faz fraco por amor ao lugar especial em que está chamado a

trabalhar.  Suponhamos o caso de um irmão colocado no meiode uma população densa e pobre, o qual sente a responsabi-lidade do seu trabalho e a miséria das pessoas que o rodeiam,e as sentem até o ponto de não poder mais afastarse dali.Ele tenta pensar em temas mais alegres, mas não conseguelivrarse do pesadelo da pobreza e do pecado daquela gente.

Acompanhao de dia, e não o larga à noite; ouve o clamordos meninos e os gemidos das mulheres; percebe o suspirardos homens e os lamentos dos enfermos e moribundos,tornandose quase monomaníaco em seu desesperado zelocorrespondente ao grande campo de serviço. E possível quetal homem morra de ansiedade; no entanto, é evidente que

se trata de um obreiro a quem Deus enviou para abençoaraquele povo. Ele persistirá pensando, orando e planejando,

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 Fortaleza na Fraqueza

até que, por fim, descobre um método que os demais podem julgar tão extravagante quanto ele mesmo; mas o porá emexecução e toda a comunidade será beneficiada com ele.

Que bênção, quando Deus coloca um homem piedosono meio de uma massa de misérias e o mantém ali! Talvez nãoseja agradável para ele, mas no final lhe trará uma recompensaenorme. Alegrome de que Howard sentiu a necessidade de

 passar pelas prisões da Europa. Tinha um lar confortável, mas

se lançou numa meritória tarefa através de vários países,aproximandose dos prisioneiros e familiarizandose comhorrores inimagináveis da vida nas masmorras, e enfrentandofebres nos ambientes infectos dos cárceres. Ele volta a casa eescreve um livro sobre o tema favorito. Logo depois, reiniciaa sua luta  e morre como mártir pela causa que  abraçara;

 porém valeu a pena ser um H ow ard que soube viver emorrer resgatando seus semelhantes. Howard era forte porser tão fraco a ponto de sofrer pelos encarcerados, executandoreformas enquanto outros apenas falavam a respeito delas.Irmãos, oxalá sejamos fracos de modo semelhante, quaseloucos devido à resolução incansável de ganhar almas. Se se

lançarem de maneira absurda e f izerem abalar o fr ioformalismo, e desprezarem a imbecilidade, vocês me darãogrande alegria. Pouco me importa tudo mais se se fizerem denéscios por causa de Cristo. Quando nossa fraqueza se apro-xima do fanatismo, tanto mais poder é possível que tenha. Necessitamos mais dessas mensagens que procedem de um

coração ardente como lavas que procedem de um vulcão.Quando a verdade nos vence, venceremos pela verdade.

Igualmente, a fraqueza é poder porque muitas vezes asensação de fraqueza em alguém desperta todo o seu ser;  o quehá nele aparece então, fazendoo ser intenso em todo o seuser. Certos animais pequenos são muito mais temíveis na

luta que as grandes feras, por serem ativos e ferozes e pormorderem rapidamente. As pequenas criaturas são tão vivazes

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e concentradas no ataque, que lutam com todo o corpo; garrase dentes funcionam ao mesmo tempo, e assim são fortesdevido à sensação de debilidade que os faz usar todos osátomos de forças que possuem. Porventura nunca viram umgrande homem, afamado, do qual vocês têm pensado quão

 poderoso é? Todos reconhecemos sua força; mas o que eleconsegue? Alguém muito inferior, revestido de graça eardor, e desperto para a obra de Deus, realiza muito mais. A

limitação consciente o faz viver intensam ente para com Deus.“Quando sou fraco, então sou forte.” Sei que não possofazer muito, portanto farei tudo o que posso. Sei que possuo pouco poder, e por isso usarei todo o que tenho. Acaso nãodizem os comerciantes que “é melhor uma moeda ativa doque três ociosas?” Estou seguro de que assim é. A experiência

de nossa fraqueza pode movernos a uma valentia que docontrário não teríamos conhecido. Afastemse, poderosos, porque não são fortes. A proxim em se, os fracos, parareceberem a ajuda do Senhor contra os poderosos, porquantovocês são “firmes no Senhor e na força do Seu poder”.

Finalmente, eis a razão de sermos fortes quando somos

fracos: ou seja ,porque o sacrifícioestá sendo consumado. Quandofoi Cristo mais forte do que nunca, a não ser quando foi maisfraco? Quando fez estremecer o reino das trevas, senão quandofoi cravado na cruz? Quando expiou o pecado do Seu povo,senão ao ser traspassado o Seu coração? Quando venceu amorte e derrotou o antigo dragão, senão quando Ele mesmo

enfrentou a morte? Sua vitória ocorreu no paroxismo deSua fraqueza, isto é, na própria morte; e há de ser assim comSua trêmula Igreja. Esta não possui poder; é preciso que

 padeça, é necessário que seja difamada e escarnecida; então oSenhor triunfará por meio dela. O signo vencedor continuasendo a cruz. Por ela, irmãos, sejamos completamente felizes

em diminuir até ao fim, para que o nosso Senhor e Rei possa crescer g loriosamente dia a dia.

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5O QUE ASPIRAMOS SER

À proporção que nos tornamos mais amadurecidos,cheganos a convicção de que, se temos de fazer algo peloSenhor Jesus, é preciso que o realizemos com urgência. Nãonos sobra tempo para folgar, nem mesmo para comodidades.A eternidade parece tão próxima que não há desculpas

 para atrasos. “Agora ou nunca” soa suavemente nos ouvidos. 

 Nunca relembro meu próprio passado sem sentir pesar.  Contomeentre os mais favorecidos dos servos do Senhor, hum ilhandome até ao pó enquanto o reconheço com gozo. Não tenhoqueixas para apresentar ao meu Deus, mas tenho muitas adirigir contra mim mesmo. Pareceme que naquilo em que

 pela graça divina tenho tido êxito, poderia ter alcançado em

escala muito maior se eu tivesse sido um homem melhor.A falta de fé da minha parte pode haver estorvado e impe-dido a meu Senhor. Se alimentei aos santos de Deus,

 poderia te r exercido tão sagrado m in istério com m aiorhonra para o Senhor, se fora mais apto para o uso do SeuSanto Espírito. Como poderia comprazerme com vangloria

no pouco realizado, quando ante os olhos vejo uma massaincomensurável de possibilidades que não aproveitei?

Isso seria sentimento saudável para os mais jovens, osquais se entusiasmam com as prim eiras vitórias. No entanto ,que subam a um nível mais elevado de esperança, para quenão cheguem a ficar satisfeitos consigo mesmos, impedindo

assim a perspectiva de uma vida grandiosa. A medida que osanos nos dão sobriedade, percebemos cada vez mais nossas

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imperfeições e nos sentimos cada vez menos inclinados amaravilharnos com a nossa própria atuação. O olharretrospectivo significa um salmo de cordial louvor e um profundo suspiro de pesar. Glória ao Senhor para sempre;mas para mim, vergonha e confusão de rosto.

Mas, de que nos serve o pesar, a menos que por ele nos elevemos a um futuro melhor? Os suspiros que não noslevantam para um nível mais alto eqüivalem desperdícios dealento vital. Purifiquemse, pois, mas não se desalentem. Re-colham as flechas que anteriormente caíram longe da meta;não as destruam em paixão desesperada, mas procurematingir o alvo com m elhor pontaria e forças mais concentradas.Utilizem as derrotas para alcançar suas vitórias; aprendam aobter êxitos aproveitando os fracassos; busquem sabedoria

utilizando os desatinos cometidos. Pela graça, se já prospera-mos um pouco, prosperemos mais. Nosso conhecimento deDeus será ainda maior a fim de que, estando em harmoniacom Ele, nossa vida seja mais vivida de acordo com os Seus

 propósitos. E possível que o remédio para estes dias mausesteja próxima de nossa própria restauração. Quando nossas

 próprias tochas produzirem menos fumaça e mais luz celes-tial, a noite poderá tornarse menos escura.

PERSPECTIVAS

Quanto às perspectivas que temos diante de nós, talvez

me denom inem profeta de males; mas não o sou. Lamento asterríveis falhas dos que se afastam da verdade, deserções quese tornaram demasiadamente numerosas para pensar emdetalhálas; no entanto, não estou inquieto, e muito menosdesesperado. A nuvem desaparecerá como tantas outras. Creioque as perspectivas são melhores que antes. Não creio que o

diabo seja melhor; nunca esperei tal coisa; mas está mais velho.Irmãos, não sei se isso é para o bem ou para o mal. Todavia, o

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O Que Aspiramos Ser 

certo é que o arquiinimigo já não é novidade entre nós. Jánão ficamos tão assustados ante essa forma particular dediabolismo que faz furor, pois começamos a perceber suanatureza. O desconhecido parecia ser terrível, mas a fami-liaridade eliminou a sensação de alarme. A princípio, o“pensamento moderno” parecia semelhante a um leão; maisde perto, o enorme rei dos animais se assemelhava a umaraposa, e agora comparálo a um gato selvagem seria demasi-

ada honra. A religião científica é conversa vã que nem contémreligião nem ciência. Cedo o “pensamento avançado” serámencionado apenas por alguns ignorantes ou por jovensministros independentes. Há de declinar gradativamente,até ao ponto de tornarse mercadoria desvalorizada.

Observo mudança de maré; isso não me importa muito,

 pois a rocha sobre a qual edifico jamais será afetada pelasmudanças da filosofia humana. Os que se envolveram comas dúvidas modernas viram como suas congregações sedesvaneciam sob o peso destruidor das mesmas; por issoelas já não os fascinam como outrora. É momento de efetuarmudança; os cristãos observam que esses homens “avançados”

não têm sido notáveis por abundância de graça, inclusivechegando a pensar que seus pontos liberais quanto à dou trinase identificam com um afastamento religioso. A falta de

 pureza na fé costuma ser ocasionada pela ausência de conver-são. Se tais homens tivessem experimentado o poder doevangelho em suas almas, não o teriam abandonado tão

facilmente para ir em busca das fábulas.Amantes da verdade eterna, vocês não têm nada a temer!

Deus está com os que estão com Ele e Se revela aos quecrêem na Sua revelação. Não marchamos de um lado paraoutro, e sim sempre à frente até à vitória. Surgirão outrosinimigos, como os amalequitas, os heveus, os jebuseus e os

demais que se levantaram contra Israel; mas, em nome doSenhor, passaremos a possuir a herança prom etida.

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A PROPOSTA

Por enquanto , convém que s igamos t rabalhandotranqüilamente. Nossas quimeras terminaram: não con-verteremos o mundo à justiça, nem a Igreja à ortodoxia.Recusamos de assumir responsabilidades que não são nossas,

 pois os nossos verdadeiros encargos são mais que suficientes.Certos irmãos sábios desejam ardentemente reformar sua

denominação. Saem à batalha marcialmente. Que o êxito osacompanhe! Geralmente são mais sábios quando regressam.Confesso sentir grande admiração por meus irmãos qui-xotescos, mas gostaria que pudessem demonstrar o resultadode seu valor. Receio que tanto a Igreja como o mundoultrapassam as nossas capacidades; é preciso que nos con-

tentemos com esferas mais reduzidas. Cada denominação háde seguir seu próprio caminho. Somos apenas responsáveisdentro dos limites das nossas forças e será prudente usálasvisando aquilo que possamos realizar. Além disso, não nos preocupemos com o que está à margem das nossas ativida-des. Não im porta se não podemos destruir todos os espinhos

e cardos que flagelam a terra; talvez possamos limpar bemnossa pequena propriedade. Se não podemos transformar odeserto em pastagens, esforcemonos para cultivar duas outrês folhas de grama onde antes só havia uma, e isso já seráalguma coisa.

Consideremos cuidadosamente nossa firmeza na fé e nosso

andar em santidade perante Deus. Creio que este não é umconselho egoísta, como alguns julgam, mas um amor

 prudente e prático, que nos leva a considerar nosso próprioestado espiritual. Almejando fazer o melhor possível eutilizando os próprios recursos da maneira mais conveniente,o coração leal luta por estar, em todos os aspectos, em posição

correta diante do Senhor. O que aprende a nadar, adquireum amorpróprio louvável, pois com isso pode ajudar aos

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O Que Aspiramos Ser 

que se afogam. Pensando em beneficiar os demais, almeja-mos para nós as melhores bênçãos.

A AMBIÇÃO PESSOAL

Desejo alcançar o máximo proveito de mim mesmo.Talvez nem sequer saiba ainda a maneira de ser otim am enteútil, mas gostaria de descobrilo sem demora. Honestam ente

afirmo que se me convencesse de ser mais útil fora do púlpitodo que sobre ele, imediatamente o abandonaria. Se houvesseuma esquina onde eu trabalhasse como engraxate e ali tivessea garantia de que Deus poderia ser mais glorificado do queenquanto dou testemunho perante uma grande congregação,agradeceria a notícia e a obedeceria imediatamente. Alguns

 jamais podem fazer alguma grande coisa para Deus do modoque prefeririam, porque não foram feitos para tal obra. Ascorujas nunca competiriam com os falcões de dia; mas osfalcões fracassariam na empresa de caçar ratos nos celeiros. As

 pessoas serão muito boas quando estão no seu próprio lugar,realizando a função que lhes é própria; fora desse local,

 podem tornarse um estorvo. Cada um, pois, seja fiel a seu próprio destino! Por que não seguir a tendência natural? Quecada homem esteja onde deve estar; infelizmente, alguns

 preferem perm anecer onde não devem estar.  Procuremosdescobrir o que Deus deseja de nós, e então, que o façamosintegralmente. De que maneira poderei dar maior glória a

Deus e ser mais útil à Sua Igreja enquanto estou aqui?Resolvam esta questão, e passem à parte prática.

MAIOR GRAÇA

Algo é indiscutível: glorificaremos mais ao Senhor

se alcançarmos dEle graça abundante. Se possuo muita fé,de modo a apresentar a Deus a palavra que Ele me deu; se

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 possuo m uito amor, de modo que o zelo de Sua casa meconsuma; se muita esperança, a ponto de ter a segurança decolher os frutos dos meus esforços; se muita paciência, demodo a suportar as dificuldades por causa de Cristo, entãohonrarei em grande maneira o meu Senhor e Rei. Oxalá eudemonstre muita consagração, estando todo o meu sertotalmente absorto em Seu serviço; então, ainda que meutalento seja diminuto, farei que minha vida arda e resplan-

deça com a glória do Senhor. Este caminho da graça estáaberto a todos nós. Ser santo está ao alcance de todo cristão, eé o método mais seguro de honrar a Deus. Mesmo que o

 pregador não reúna mais que cem pessoas no templo, é possí-vel que seja um hom em de Deus de forma a que sua pequenaigreja se torne semente seleta, cada indivíduo digno de ser

 pesado em ouro. Talvez o obreiro não seja apreciado por seutrabalho nas estatísticas que apresentam as coisas por dúziasou centenas; mas naquele outro livro que ninguém podealterar, onde os feitos são pesados em vez de contados, suafolha de serviço honrará de modo admirável a seu Mestre.

NECESSIDADE CONSTANTE DE SERMOS CUIDADOSOS

Meu desejo é fazer tudo da melhor maneira quando é para o Senhor.  Todos nos preocupamos em realizar muito paraEle, porém há um caminho mais excelente. Com ruidosa

atividade pomos mãos à obra e edificamos um muro emtorno da cidade em seis meses, o qual cairá após seis dias.Seria bem melhor fazer mais por fazer menos. O trabalhofeito com cuidado é infinitamente preferível ao superficial.E bom trabalhar para Deus de modo microscópico; cada

 porção da obra é capaz de resistir à mais minuciosa inspeção.

A atividade da Igreja precisa ser efetuada de modo perfeito;sem dúvida seus defeitos serão vistos exageradamente dentro

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O Que Aspiramos Ser 

de pouco tempo. Os pecados de hoje serão os pesares dosanos seguintes. Um ligeiro desvio da direção a seguir podeimplicar mais tarde em esforço penoso. Que o Senhor nosfaça obreiros que não têm do que se envergonhar, manejando bem Sua Palavra. Vivamos ante os olhos dos séculos, passadose futuros; sobretudo, que possamos viver como vendo oInvisível.

DESPERTAMENTOAcaso eu necessitaria de lhes apelar afetuosamente,

irmãos, para que despertem o dom que há em vocês? Cultivemsuas aptidões naturais e graciosas para o ministério. O pastorsabe muito mais do que quando deixou o Seminário; teria

aprendido tudo o que devia aprender nesse intervalo? Muitosdos nossos irmãos chegam a ser mais sábios que seus mestres,e a conhecer melhor ao Senhor. Não estou tão certo a respeitodaqueles que afoitamente asseveram tais coisas sobre simesmos. O verdadeiro progresso deve ser calculado pelamedida da humildade. O que mais sabe é o que reconhece

saber pouco. Todos temos necessidade enorme de estudarlaboriosamente a fim de que nosso ministério seja eficaz.O que deixa de aprender também cessa de ensinar. O quenão semeia no estúdio nada poderá colher no púlpito.

PESCADORES DE ALMAS

Meu desejo mais intenso é que todos nós sejamos real-mente pescadores de homens. Todo pregador deve esforçarseao máximo a fim de ser sempre um instrumento para asalvação dos seus ouvintes. A recompensa mais genuína donosso trabalho é trazer à vida os que estão mortos. Anelo ver

almas trazidas a Cristo cada vez que prego; o meu coração seromperia se não visse ocorrer isso. Os homens passam tão

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

rapidamente para a eternidade que é preciso que sejamsalvos com urgência. Não abrigamos qualquer esperançasecreta que permita perder as oportun idades atuais. De todas

as congregações deve subir profundo clamor a Deus, a menosque se vejam contínuas conversões. Se nossa pregação nãosalva nem uma alma, não glorificaríamos melhor a Deuscomo agricultores ou comerciantes? Que honra pode recebero Senhor de ministros inúteis? A menos que almas sejamvivificadas, o Espírito não está atuando em nós nem somosusados por Deus para Seus propósitos graciosos. Irmãos,

 podemos suportar ser ineficazes? Podemos estar satisfeitosem permanecermos estéreis?

Lembremse que, se queremos pescar almas, é precisoque atuemos em conseqüência, e que nos dediquemos a talobjetivo. Homens não pescam peixes sem deliberar fazêlo,nem salvam pecadores sem um determinado alvo. Deusopera utilizando meios adaptados a Seus fins; sendo assim,como poderá abençoar alguns sermões? Como, em nome darazão, podem almas ser convertidas mediante sermões quefazem o auditório dormir; pregações que contêm meras

frivolidades, que insinuam a dúvida e conduzem à falta decrença em toda a verdade revelada? Pedir a bênção divinasobre aquilo que nem os homens bons podem recomendaré algo impróprio. O que não procede do mais íntimo donosso ser e não é para nós mensagem do Espírito Santo, nãoé provável que mova os corações dos outros, ou seja, para

eles a voz do Senhor.

MESTRES

Irmãos, anelo que todos sejamos “aptos para ensinar” . AIgreja nunca tem em demasia lábios que “alimenta a m uito s”.

Deve ser ambição nossa tornarnos “bons despenseiros damultiforme graça de Deus”. Conhecemos certos ministros

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O Que Aspiramos Scr 

capacitados que são expositores da Palavra e instrutores doscrentes. Sempre recebemos m uito ao ouvilos. Empenham secom coisas de grande preço; sua mercadoria é de ouro deOfír. Citam passagens das Escrituras, as quais recebem novaluz. Especialidades da experiência cristã são descritas eexplicadas. Concluídas tais mensagens, saímos na convicçãode que estivemos numa boa escola. Irmãos, desejo que cadaum de nós exerça um ministério assim edificante. Oxalátenham os a experiência, a iluminação e o esforço necessários

 para vocação tão elevada! Oh, quanto precisamos de maissermões ricos em instrução! Analisem muitos dos sermõesmodernos que fogo, que fúria! Quanto brilho e quantavelocidade! Que é tudo isto? Qual o propósito de tal exibição?As vezes nos deparamos com sermões que são como

caleidoscópios, de beleza maravilhosa; mas, que contêm?Observem, eles contêm alguns cristais coloridos, um oudois pedaços de espelho, e outras bagatelas, tudo posto numtubo. Como cintilam! Que maravilhosas combinações! Quãofascinadoras transformações! Ora, que estão contemplando?Mas após vinte exibições, nada mais terão visto do que viram

na primeira vez, pois na verdade tudo já foi visto. Alguns pregadores se destacam por citações poéticas; outros sãoexcelentes na linguagem burilada, ou na originalidade dassuas divisões. Muito eloqüente tudo, e muito sensacional;sob a direção da graça, útil em sua própria medida; porémquando se trata de salvar almas e de alimentar os salvos, o

lugar proeminente deve ser ocupado por algo mais sólido.E necessário alimentar  o rebanho de Deus. Devemos ocuparnos das verdades eternas, alcançando o coração e atingindo aconsciência. Devemos, de modo efetivo, viver para instruiruma raça de santos, nos quais o Senhor Jesus será refletidocomo em mil espelhos.

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PROGENITORES

Com verdade diz o apóstolo Paulo: “Ainda que tenhaisdez mil aios em Cristo, não tendes m uitos pais.” Aos mestresdo tipo geral os chama pedagogos, e afirma que possuímosmiríades deles; mas não temos muitos “pais”. Ninguém temmais de um pai natural, e num sentido mais estrito cadaum de nós tem um só pai espiritual  somente um. Quãosingularmente certas são as palavras do apóstolo na horaatual! Ainda temos falta de pais espirituais. Somos pais nosentido de ter ao nosso redor convertidos que são nossosfilhos no Senhor. Temos ouvido os clamores penitenciais e asorações de fé dos que são nascidos de Deus através da nossa pregação. Muitos de nós podemos regozijar nos que o Senhor

não nos tem deixado sem testemunho. Nosso ministério temsido imperfeito e débil; mas Deus tem concedido vida amuitos através de nossas palavras.

A relação entre pais e filhos exige muito de nós. O pai deve ser um homem estável e provado.  Esperase que seja de valorsólido e de discernimento substancial. Há muitos pregadores

que não podem ser chamados de “pais”; pareceria ridículo. Oque dissipa o tempo, o que tem muitas linhas de pensamento,o homem de espírito iracundo, são desclassificados quandoestamos à procura de pais. Para corresponder à idéia de um

 pai são necessários elementos como autoridade, afabilidade,dignidade, constância, caráter respeitável. As grandes verda-

des lhe são muito preciosas, pois experimentou o seu poder por muitos anos. Quando algum dos filhos lhe diz que estáultrapassado, sorri ao ver a sabedoria superior deles. De vezem quando, trata de mostrarlhes que ele tem razão, ainda queseja difícil convencêlos. Os adolescentes crêem que os paissão néscios; os pais não crêem que os adolescentes o sejam,

não há necessidade disso. Os verdadeiros pais são pacientes;não esperam achar cabeças maduras sobre ombros imaturos.

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O Que Aspiramos Ser 

Sabem esperar até amanhã, pois o tempo traz consigo muitosensinamentos; tal procedimento pode demonstrar o verda-deiro e desmascarar o falso. O pai não é arrastado daqui para

lá por todo vento de doutrina, nem corre atrás de qualquernovidade propagada pelos céticos ou fanáticos. O pai sabeo que sabe, apegase ao que está comprovado, arraigado efundado na fé.

 No entanto, apesar de sua maturidade e firmeza, o pai espiritual transborda ternura,  manifesta intenso amor pelasalmas dos homens. Sua teologia doutrinária não o impede jamais de ser humano. Nasceu com o propósito de sentirinteresse pelos outros, e seu coração não descansa até quedemonstre tal simpatia. Em certos lugares da nossa costa nãohá portos; mas noutros pontos há baías às quais os barcos sedirigem rapidamente em casos de tempestade. Algumas

 pessoas oferecem um porto natural aberto às almas afligidas;as amam instin tivamente, e confiam nelas sem reservas; elas,

 por sua vez, agradecem essa confiança e se põem à disposiçãoem benefício delas. A natureza as equipou com acentuadacompaixão humana, e isso foi santificado pela graça, de modo

que sua vocação é instruir, consolar, socorrer, e, de inúmerasmaneiras, ajudar aos espíritos mais débeis. São esses os homensde estirpe real que chegam a ser pais amantes na Igreja. Pauloafirma a respeito de Timóteo: “A ninguém tenho de igualsentimento, que sinceramente cuide dos vossos interesses”.Esta natural solicitude pode ilustrarse com os sentimentos

das aves para com seus filhotes. Observem como trabalhamdiligentemente em favor deles, e quão valentemente os de-fendem. A galinha com os pintinhos sob as asas configura a própria valentia. Transformase numa ave feroz na defesa deseus pequeninos; seria capaz de lu tar contra um exército como objetivo de protegêlos. O homem de Deus, que experimenta

a força da paternidade sagrada, faria qualquer coisa, possívelou impossível, pelos seus filhos espirituais; de boa vontade

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se sacrifica por eles. Mesmo que quanto mais ame sejamenos amado, pela potência da energia espiritual se vêimpulsionado a esse labor abnegado.

Algum irmão poderá exclamar: “gostaria de ocupar o posto de pai na m inha igreja, a fim de governála”. Este éum motivo lamentável, o qual o decepcionaria. O pai defamília cedo descobre que sua preeminência é a de uma 

abnegação superior; mais do que uma auto-afirmação. Os melhores pais orientam realmente, mas nunca discutem a questão:“Quem é o senhor?” Numa casa bem ordenada, “o nenê é orei.” Vocês não têm visto como todas as coisas ocupam lugarsecundário por causa dele? A palavra mais carinhosa é reser-vada ao pequenino personagem, e os movimentos da casadependem das necessidades dele. Que significa isso? Significaque a pessoa mais pobre, defeituosa, débil e sensível de todaa Igreja deve governarlhe, se é um verdadeiro pai. Estudará amais rebelde, e renunciará ao seu prazer pessoal em benefíciodo mais defeituoso. Coisas aparentemente absurdas pertencemà família do amor. Nossos assuntos domésticos devem parecerilógicos aos estranhos que não nos apreciam. Saúdo aos

absurdos do amor sagrado. O pequenino é rei; o mais débildeve governar nossos corações. O passo do rebanho inteirodiminui a fim de que os cordeirinhos não fiquem para trás.Procuramos dirigir de forma que ninguém pise o mais fraco,e dando exemplo de total abnegação própria. Aquele que não

 percebe que esta é a lei im perativa do amor, e o verdadeiro

segredo da força, não é apto para ser pai. Deixemos que oshomens passem por cima de nós, se dessa maneira podemchegar a Cristo.

 Nossa posição é a de servo de todos. O pai ganha o pãode cada dia, o traz para casa e o reparte. Nós  somos pai emãe simultaneam ente, e nos dispomos a desempenhar todas

as funções necessárias a favor dos que estão a nosso cargo.Se você, irmão, almeja ser um pai na Igreja a fim de obter 

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O Que Aspiramos Ser 

esta honra especial, veja o caminho: tratase de abnegação, paciência, indulgência , amor, zelo e diligência. “Quem desejaser o maior dentre vós, seja o vosso servo.” Um pai deve 

 possuir sabedoria.  Nisso se enganam muitos, pois aspiram a posição honrosa por motivos duvidosos, e assim se tomamnéscios. Irmão, se possuísse sabedoria, que faria com ela?Porventura a usaria para demonstrar superioridade aosdemais? Nesse caso, você não possui sabedoria suficiente. Asabedoria de um ministro revelase em ser sábio para comoutros, e não astuto para si mesmo. Alguns usam a sua sabedoriade modo imprudente, e são uma praga para a Igreja ondedeveriam ser uma bênção. Você desejaria ficar à frente daigreja para consertar a todos e assim demonstrar sabedoria.Tal pensamento muitas vezes significa grande loucura. Fazme lembrar de alguém que afirmava: “Não tenho o menortemor de que os ladrões penetrem na m inha casa. Se notasse a

 presença de um deles, apertaria um botão e num instante acorrente elétrica faria explodir a dinamite escondida na saleta,a qual destruiria o ladrão e toda a casa”. Talvez haverão de rirante o raciocínio, mas conheço m inistros que têm agido dessa

forma. Lamento conhecer um irmão que já realizou tal façanhaem várias igrejas. Enquanto ele julga haver um membro,sobretudo um oficial, tr i lhando maus caminhos, põe adinamite, fazendo voar tudo pelos ares, chamando isso defidelidade. Mas essa não é a maneira prudente de um paiatuar. Se possuímos sabedoria, procuraremos manter a paz

e nos esforçaremos para efetuar mudanças com a suavidade.Os pais não matam os filhos por serem pouco filosóficos, por não se aprofundarem muito em teologia ou se tornarematé certo ponto desobedientes.

Se aspiramos a ser pais, é preciso que desejemos atingir  um alto grau de santidade.  E comum a pergunta: “E possível

 para os crentes ser perfeitam ente santos na terra?” Certodia encontrei um homem descalço e vestido de farrapos.

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UM MINISTÉRIO IDEAL, Vol. 1

Suponhamos que ele me perguntasse se eu cria que lhe era possível chegar a ser milionário; teria respondido que melhorseria que ele trabalhasse para conseguir o dinheiro do

 pagamento da dormida à noite e depois economizasse a fimde adquirir um traje decente. Assim os que discutem acercada perfeição fariam melhor em procurar que suas vidascorrespondessem à profissão cristã. Irmãos, podemos sermuito mais santos do que somos. Alcancemos primeira-

mente aquela santidade sobre a qual não há controvérsias. Nãoousamos pôr limites ao poder da graça divina e afirmar queum crente pode atingir certo nível de graça, porém não

 pode passar daquilo. Se é possível uma vida perfeita, esforcemonos por alcançálo. Se podemos possuir uma fé que jamaisvacila, procuremola. Se podemos andar com Deus como

Enoque através de uma longa existência, não descansemosaté conseguilo. Não devemos lim itar o Senhor neste aspecto;se de algum modo há limitação, é em nós mesmos. Aspiremosa santidade de caráter e de espírito. Estou persuadido que amaior influência que podemos ter sobre nossos semelhantes,é a influência que procede da consagração e da santidade.

Há mais olhos fixos em nossa vida diária do que imaginamos,tanto no lar, como na igreja e no mundo. Se afirmamos serministros do Senhor, não estranhemos de ser continuamenteobservados; mesmo quando julgamos não haver nenhumobservador perto de nós. Nossas vidas devem ser tais queos homens possam imitálas sem perigo.

Já conhecem a tremenda responsabilidade de um pai para com os filhos;  tal é a nossa. Não creio que algum de nós seatreva a dizer à congregação: “Sigame em todas, as coisas”. No entanto , a tendência é im itar o pastor. Nessa tendência jaz a base da influência para o santo , e um terrível poder prejudicial para o mal. Os filhos in icialmente obedecem aos

 pais, e assim aprendem a lei do Senhor, e por certo muitosdo tipo mais débil aprendem o caminho da santidade através

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do exemplo dos guias espirituais. Os estranhos podem falarsem pensar no que dizem, mas os pais são conscientes dagrande responsabilidade quanto aos filhos. Se a família nãoestá bem ordenada, o pai prudente começa a emendar seus

 próprios caminhos. Se nossa congregação se descuida ou seafasta do bom caminho, humilhemonos e tomemos sobrenós mesmos a culpa. Se fôssemos melhores, por certo osmembros da nossa igreja seriam melhores. De pouco serve

irritarnos; o mais prudente é prostrarnos diante de Deuse descobrir a razão pela qual nosso ministério não está produzindo melhores resultados.

Acho que posso dizer muito mais, tão grande é o pesoque me oprime. Acrescentaria que, como o pai terreno ocupao lugar de Deus diante dos filhos, assim nós, como pais

espirituais, em grande medida. Muitas pessoas fracas eignorantes nos colocam numa posição da qual desejaríamosescapar, se possível, pois detestamos tudo que se asseme-lha a clericalismo. Lamentamos que haja almas simplesque esquecem ver o pensamento do Senhor revelado nasEscrituras, mas nos contemplam como seus guias e mestres.

Admito haver superstição maligna nisso, mas isso ocorre, enão o podemos negar. Sem dúvida, em muitos casos, atravésde seu agradecido respeito, os membros da nossa congregaçãoaprendem lições tanto do que fazemos como do que dizemos,e isso nos deve manter muito cuidadosos, por temer deinfluenciálos para o mal. Sejamos santos, para que outros

sejam santos.Precisamos ser amáveis e cortezes, pois até algo insignificante

como apertar a mão ou assentir com a cabeça tem a suainfluência. Um membro da nossa igreja revelou que váriasvezes tentou cumprimentarme à porta do templo, muitoantes de entrar para ouvirme. O gesto de amabilidade e a

atenção recebida o fez recordar de mim e o impulsionou avoltar a fim de escutar o pregador. Afirmoume que este

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simples incidente foi o prim eiro laço en tre ele e a religião. Era bêbado, afligido e ím pio; mas por um feliz acontecimentochegara a tornarse amigo de um ministro de Cristo, e esseencontro se tornou o primeiro passo para melhores dias.

 N unca sejam rígidos e orgulhosos. Sejam compassivos eamáveis. Os filhos desejam encontrar bondade no pai; nãoos decepcionemos. Competenos ser tudo para com todos afim de salvar alguns.

Mesmo em relação aos que estão fora, devemos mostrarcarinhosa atenção. Precisamos demonstrar carinho ilimitado 

ainda àqueles que desprezam o evangelho.  Deve enchernos de profunda tristeza o fato de que os homens rejeitam o Salvador,e seguem o caminho da destruição. Se persistem a arruinarse, é preciso que choremos por eles em secreto. Se após

haverlhes pregado a mensagem com amor eles não searrependem, devemos quebrantar os nossos corações por nãohaver podido quebrantar os deles.  Se Absalão está na im inên -cia de perecer, que acompanhemos a Davi até à câmara aolado a fim de prantear amargamente, clamando: “Meu filho,meu filho! quem me dera morrer por ti, meu filho!” Já

choraram alguma vez por seus ouvintes, como o que chora pelo ente querido que partiu? Poderiam suportar a idéiadeles comparecerem diante do juízo sem perdão? Poderiamresistir à idéia da sua condenação? Não sei como é possívela um pregador ser muito abençoado por Deus se não senteagonia quando teme que alguns dos seus ouvintes passem

 para a eternidade impenitentes, na incredulidade.Por outro lado, observem a cena de um pai que contempla

o filho voltando para casa ao renunciar os seus maus caminhos.O Novo Testamento apresenta o retrato divinamente retratado.Quando o pródigo ainda estava à grande distância, o  pai oavistou. Oxalá tenhamos olhos abertos para perceber os que

são despertados. O pai correu a seu encontro. Que nosesforcemos em ajudar aos que têm esperança! Abraçouo e o

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O Que Aspiramos Ser 

 beijou. Que nossos corações transbordem de amor, regozi jandose pelos que O buscam! Precisamos ser como aquele

 pai; cheios de amor, sempre na expectativa. Nossos olhos,ouvidos e pés hão de ser para os arrependidos. Nossas lágri-mas e braços abertos devem estar prontos para eles. O paiespiritual é o que dispõe da melhor veste, de anéis e sandálias;recorda estas provisões da graça porque se move de amor

 para os que regressam. O am or é um teólogo prático , e

cuida de aplicar praticamente todas as bênçãos do pacto, etodos os mistérios da verdade revelada.Visto que vocês são filhos de Deus, sejam também pais

em Deus! Que esta seja a paixão ardente de suas almas.Convertam-se em líderes e campeões.  Deus lhes conceda a honrada maturidade, a glória do poder! Então esperem valorosa-

mente que Ele ponha sobre vocês a carga que tal poder podesuportar. Necessitamos que vocês se comportem varonilmente. Nos dias maus, quando se aproxima o choque da batalha, teráque ser sustentado pelos pais, ou não o será. Nossos irmãos

 jovens e pouco maduros são valiosíssimos como tropas ligei-ras, abrindo caminho e avançando em território inimigo;

mas as colunas sólidas, que resistem firmemente à fúria doataque, hão de estar compostas principalmente pela velhaguarda. Vocês que têm experiência nas coisas de Deus, vocêsos experimentados que lutaram na batalhas do Senhor eminúmeras ocasiões, precisam estar firmes e, tendo feito tudo,ainda terão que resistir. Apelo para vocês, pais, para que

defendam o fortim até que o Senhor volte. Vocês devem persistir firmes, inabaláveis, “sempre crescentes na obra doSenhor. Se fracassarem, a quem poderemos recorrer? Serácomo um “portabandeira derrotado” .

Caso que vocês se tornem satisfeitos em desejar tãoelevada honraria, imaginando que a simples aspiração se

cumprirá, permitamm e lembrarlhes como viveu o Salvador.Jamais Se deteve nos desejos e nas resoluções, mas Se dedicou

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a um serviço constante. Ele afirmou: “Minha comida é fazera vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra”.Pescar almas há de ser comida e bebida para nós. Realizara obra do Senhor Jesus deve ser tão necessária para nósquanto os alimentos. A obra do Seu  Pai é a mesma na qualestamos empenhados, e nada podemos fazer melhor do queimitar o Mestre. Digamme, pois, como a realizou o SenhorJesus. Projetou a construção de um enorme tabernáculo,organizando uma gigantesca conferência, publicando umgrande livro, tocando uma trombeta diante dEle ou proje-tando algo sensacional? Buscava a popularidade ou aspiravatornarse famoso? Não! Chamou aos discípulos, um a um, eos instruiu com cuidadosa paciência. Para ter um exemplotípico, do Seu método, observemnO fazendo uma pausa

durante o calor do dia. SentouSe junto ao poço, e Sedirigiu a uma mulher que não era contada entre as maisdistintas. Isso parecia trabalho lento e ação muito rotineira.

 No entanto, sabemos que foi um passo justo e sábio.Aquele tão simples auditório, Ele não falou de máximas

engenhosas, como as de Confúcio, nem discorreu sobre

filosofias profundas como a de Sócrates; mas falou simplese puramente, com devotado fervor, acerca da vida dela, suasnecessidades pessoais, e da água da vida por meio da qual podiam ser supridas tais necessidades. Conquistou o coraçãodela,  e da mesma maneira a muitos outros; mas o fez de ummodo que não impressionaria a muitos. Ele estava acima das

mesquinhas ambições de nossos corações orgulhosos. Nãoambicionava uma grande congregação; nem sequer pediuum púlpito. Desejou ser o pai espiritual daquela mulher;

 para isso, tinha que passar por Samaria, e apesar de grandecansaço, devia falarlhe da água da vida. Irmãos, repudiemosa vaidade. Tornemonos mais simples, naturais e paternais à

medida que vamos amadurecendo; sejamos absorvidos demaneira cada vez mais completa na obra de nossa vida.

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De conformidade com a ajuda do Senhor, ponhamosnosso tudo sobre o altar e vivamos só para Ele. Uns sãoconvocados para servir no exterior e outros terão de procla-

mar o evangelho nos confins da terra. Nem todos nós podemos fazer isso; mas todos devemos viver para o Senhore dedicar nossas vidas a serviço de nossos irmãos. Todos oscampos precisam ter seus obreiros consagrados e presenciarum heroísmo genuíno. Pelo fato de pertencermos a Cristo, ozelo da casa do Senhor deve devorarnos.

Gostaria de terlhes falado com toda a minha energia, porém é possível que m inha fraqueza seja usada por Deuscom propósitos mais importantes. Minhas dores físicaslimitam meus pensamentos, os distúrbios orgânicos emba-raçam o melhor funcionamento mental; mas as idéias estãoacesas, pois m eu coração permanece fiel ao Senhor e dedicadoao evangelho como também a vocês. Que Ele use a cadaum até ao máximo da nossa capacidade para sermos úteisde modo que possamos glorificála através da saúde ou daenfermidade, na vida ou na morte. Amém.

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6MORDOMOS

“Que os homens nos considerem ministros de Cristo e mordomos dos mistérios de Deus. Requer-se dos mordomos, que cada um sejaachado fiel” -  1 Cor. 4:12.

O apóstolo anelava ser tido pelo que era, e tinha razão; pois os ministros nem sempre são apreciados corretamente.Geralmente m uitos se gloriam neles, outros os depreciam. No

início de nosso m inistério, quando o que dizemos é novidadee nossas energias transbordam, quando ardemos e lançamosfaíscas, passamos muito tempo em preparar fogos de artifício,as pessoas são propensas a considerarnos seres maravilhosos;então é necessária a palavra do apóstolo: “Ninguém se glorienos homens” (1 Cor. 3:21). Não é certo, como insinuam os

aduladores, que em nosso caso os deuses hajam descido emsemelhança de homens; e seriamos idiotas se acreditássemosnisso. A seu devido tempo, as ilusões estúpidas serão subs-tituídas pelos desenganos, e então ouviremos a desagradávelverdade mesclada de censuras injustas. Cedo ou tarde, otempo produz o desencanto, e transforma nossa posição no

apreço do mundo. Passaram os dias da primavera, e chegou otempo das ortigas. Concluída a época em que as aves cantam,aproximase a estação dos frutos; mas as crianças não ficamtão contentes conosco como quando passeavam por nossosexuberantes prados, fazendo coroas e grinaldas com nossasflores. Talvez não estejamos percebendo. O homem maduro

é sólido e lento, enquanto o jovem cavalga nas asas dovento. É evidente que alguns têm idéias exageradas do que

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nós somos; outros têm idéias de modo demasiadamentemesquinho; seria muito melhor se todos eles pensassemsobriamente que somos “ministros de Cristo”. A Igreja lucraria,nós seriamos beneficiados e Deus seria glorificado, se noscolocassem no lugar exato e nos mantivessem ali, sem apreciarnos em demasia, nem censurarnos injustamente, masconsiderandonos em relação ao Senhor e não em nossas

 próprias personalidades. “Que os homens nos considerem

como ministros de Cristo.”

Somos MINISTROS. Esta palavra soa de modo respeitá-vel. Ser ministro é a aspiração de muitos jovens. Talvez se a

 palavra do original fosse traduzida de outro modo, esfriariaa ambição deles. Os ministros são servos: não são convidados,

mas criados; não são senhores, mas servidores, A mesma palavra tem sido traduzida “remadores”, exatamente os quemovem os remos do banco inferior. Remar numa galerasempre era trabalho duro; aqueles movimentos rápidosesgotavam as forças vitais dos escravos. Havia três fileiras deremadores: os do banco superior tinham a vantagem do ar

fresco; os que ficavam abaixo deles estavam mais escondidos;mas suponho que os trabalhadores do remo inferior, além deexaustos pelo esforço penoso, estavam sujeitos a desmaiardevido ao calor. Irmãos, contentemonos em gastar nossasvidas ainda que seja na pior das posições, se através do nossoserviço possamos ser instrumentos para que o nosso grande

Capitão apresse Sua volta e que possamos ajudar o avançoda embarcação da Igreja que Ele conduz. Estejamos dispostosa movimentar o remo e a trabalhar durante toda a vida paraque Seu navio singre as ondas. Não somos capitães nem

 proprietários do barco, mas apenas remadores de Cristo.Recordemos que somos servos na casa do Senhor. “O

maior dentre vós seja vosso servo.” Estamos dispostos a ser otapete à porta de entrada do nosso Mestre. Não busquemos

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 Mordomos

glória para nós, mas ponhamos honra nos vasos maisfrágeis mediante nossos cuidados. Que os pobres, os débeise os afligidos tenham o lugar de honra na Igreja do Senhor, enós que estamos fortes levemos suas fraquezas. Quem sehum ilha é exaltado; e o que se faz menos que o mais inferior,é o maior. “Quem enferma, que eu não enferme?”, interrogao apóstolo. Se há algum escândalo a suportar, melhor sofrêlo do que permitir que ele aflija a Igreja de Deus. Uma vez

que somos, por nossas funções, servos num sentido especial,suportemos alegremente a parte principal de abnegação eos trabalhos penosos dos santos.

Entretanto, o texto não nos designa simplesm ente servosou ministros, mas acrescenta “de Cristo”. Não somos servosdos homens, e sim do Senhor Jesus. Amigo, se'você crê que

devido con tribu ir para meu sustento, estou obrigado a seguirsuas opiniões, está equivocado. E certo que somos “vossosservos por Jesus”; contudo, no sentido mais elevado possível,nossa única responsabilidade é perante Aquele a quemchamamos Mestre e Senhor. Obedecemos ordens superiores;mas não podemos ceder aos caprichos dos nossos companhei-

ros de serviço, por mais influentes que sejam. Nosso serviçoé glorioso, porque pertence a Cristo; sentimonos honrados pelo privilégio de servirmos Aquele cujos sapatos não somosdignos de desatar.

Afirmase também que somos MORDOM OS. Que é sermordomo? Esta é a nossa função. Que se requer de um

mordomo? Este é o nosso dever. Estamos falando agora denós mesmos; portanto, façamos uma aplicação pessoal detudo que for dito.

1. Primeiramente, um mordomo é apenas um servo.  Talvenem sempre se percebe, mas é algo lamentável que o servocomece a pensar que é o amo. E uma lástima que os servos,

quando passam a ser honrados pelos seus mestres, começama incharse. Quão ridículo pode chegar a ser mordomo! Não

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me refiro a mordomos ou lacaios, e sim a nós mesmos. Senos engrandecemos a nós mesmos, chegaremos a ser depreciáveis; nem honramos à nossa função nem exaltamos aoSenhor. Somos servos de Cristo, e não senhores sobre aherança dEle.

Os ministros são para as igrejas, e não as igrejas para osministros. Trabalhando para as igrejas, não poderemos ter aousadia de considerálas como propriedades a explorar em

 benefício próprio , nem jardins a cultivar segundo nosso próprio gosto. Alguns falam da forma liberal de governo nasua igreja. Que sejam liberais com o que lhes pertence;

 porém que o mordomo de Cristo se orgulhe de ser liberalcom os bens de seu Mestre, é coisa bem diferente. Comomordomos, somos apenas servos de categoria; que o Senhor

mantenha em nós um espírito de plena obediência! Se nãotemos cuidado em conservarnos em nosso devido lugar, oMestre não deixará de admoestarnos e de humilhar nossoorgulho. Quantas de nossas aflições, fracassos e depressões procedem de que nos sentimos demasiadamente orgulhosos!Estou convicto de que nenhum dos que têm sido honrados

 por Deus publicamente desconhece os castigos adm inistra-dos em secreto, os quais impedem que a carne soberba seexalte indevidamente. Quantas vezes tenho orado: “Não meretires do Teu serviço, Senhor!”, pois o mordomo despedidoé objeto de comiseração entre os servos do Senhor. Noutrostempos era grande e poderoso, cavalgando o melhor cavalo;

mas depois de afastado, tomase menos que o maisinsignificante vaqueiro. Vejam quão contente ele se mostraem ser recebido, como agradecido hóspede, nas humildescasinhas daqueles que outrora o admiravam com especialrespeito, quando representava a seu Senhor! Cuidado paranão serem exaltados demasiadamente, caso contrário serão

aniquilados.2. O mordomo é um servo de tipo especial,  pois tem de

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 Mordomos

supervisionar os demais servos, que é tarefa difícil. Antigoamigo meu, já com o Senhor, me disse em certa ocasião:“Sempre tenho sido pastor. D uran te quarenta anos fui pastorde ovelhas, e por outros quarenta, pastor de homens, e osegundo rebanho era muito mais pusilânime do que o

 prim eiro.” Tal testemunho é verdade. Creio ter ouvido dizerque a ovelha tem tantas enfermidades quantos os dias doano; mas o outro tipo de ovelha é capaz de ter dez vezesmais doenças. O trabalho do pastor é excessivamente pesado.

 Nossos companheiros de serviço são assediados por todaespécie de dificuldades; e é deplorável que os mordomos

 pouco sábios causam muitas outras desnecessárias, devidoexigirem dos demais aquela perfeição que eles mesmos não

 possuem. Além disso, nossos conservos foram sabiamente

selecionados. Aquele que os pôs em Sua casa sabia o queestava fazendo; são escolhidos do Senhor, e não nossos. Nãonos compete achar defeitos nos eleitos do Senhor. Entrealguns é hábito comum injuriar a Igreja; mas uma vez quea Igreja é a noiva de Cristo, é bastante perigoso criticar àamada do Senhor. Nesse aspecto, procuro im itar Davi na sua

atitude em relação a Saul: não me atrevo levantar a mão contrao ungido do Senhor. Muito melhor é que descubramosnossos próprios defeitos antes que censuremos as falhas alheias.

Além disso, os membros da nossa igreja são seres huma-nos, e mesmo o melhor deles é apenas humano, ainda queno melhor sentido. Dirigir, instruir, consolar e ajudar a tantas

 pessoas diferentes, sem dúvida não é tarefa simples. O quegoverna entre os homens, em nome de Deus, deve serhom em; mais do que isso, precisa ser hom em de Deus. Deveestar dotado da graça, ser de estirpe real, e destacarse dosdemais em vários aspectos. Os hom ens acatarão a verdadeirasuperioridade, mas não as pretensões oficiais. A posição

superior há de estar sustentada por atitudes superiores. Omordomo precisa saber mais do que o lavrador e o peão.

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Possuir inteligência superior à do vigia e do carreteiro, e umcaráter mais eficiente do que a das pessoas comuns às quaistem de transmitir ordens. Como mordomos, é indispensável

que tenhamos graça abundante, pois do contrário não cum- priremos nossos deveres nem alcançaremos promoções.

Os demais servos se regerão pelo que fazemos. O mordomoapático, inerte e lento sempre terá a seu redor uma equipede trabalhadores lentos, resultando em sérios prejuízos nosnegócios do Senhor. Um ministro logo se verá rodeado de

 pessoas semelhantes. Oxalá sejamos sempre atentos e fervoro-sos no serviço do Senhor Jesus, para que nossa congregaçãotambém seja consagrada. Li de um teólogo puritano quedemonstrava tal entusiasmo que sua igreja afirmava vivercomo se alimentasse de coisas vivas. Que de igual modonossa vida seja sustentada pelo Pão vivo!

A menos que sejamos nós mesmos cheios da graça deDeus, não seremos bons mordomos na orientação de nossoscompanheiros de serviço. Devemos ser para eles exemplo dezelo e ternura, constância, esperança, energia e obediência. É

 preciso que pratiquemos constante abnegação e aceitemoscomo nossa parte no trabalho o mais difícil e mais hum ilhante.Seremos elevados acima dos companheiros através de umdesinteresse superior. Encarreguemonos de ir à frente dasempresas perigosas e de levar as cargas mais pesadas. Precisa-mos realizar algumas das tarefas mais penosas na Igreja, eservir nos lugares mais duros. Por que não havemos de estardispostos a ocupar essas posições? O Senhor exaltará aos quenão escolhem por si mesmos, mas estão dispostos a fazerqualquer coisa e ir a todo lugar. O que vence o medo na horado perigo terá como recompensa o privilégio de poderdemonstrar ainda maior coragem. O que é fiel no pouco, serádesignado para um setor de trabalho de maior importância

e prova mais severa; este é o progresso a que aspiram osservos leais do nosso Rei.

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 Mordomos

3. Prosseguindo, lembremos que os mordomos são ser sob as ordens mais imediatas do grande Mestre. Temos de ser comoo mordomo que diariamente se dirige à presença do Senhor

a fim de receber ordens. O simples lavrador nunca vai à casado patrão, mas o mordomo não pode deixar de comparecerali. Se falhasse em consultar ao seu senhor, logo cometeriaerros e se envolveria em graves complicações. Como deve-ríamos repetir constantemente: “Senhor, que queres que eufaça?” Deixar de buscar a Deus a fim de descobrir e pôr em

 prática Sua vontade, seria abandonar nossa verdadeira posição.Que se fará ao mordomo que nunca se com unica com o amo?Ora, fazer as contas e despedilo! O que faz a própria vontadee não a do senhor não pode exercer a função de mordomo.

É preciso que estejamos continuamente esperandoordens de Deus. É indispensável cultivar o hábito de buscála

à procura de orientação. Quão gratos devíamos ser pelo fatodo Amo estar sempre atento à nossa voz! Ele guia a Seus servoscom os olhos; e junto com a direção Ele concede também o

 poder necessário. Ele tornará nossos rostos b rilhantes peranteos companheiros quando mantemos comunhão com Ele. Nosso exemplo há de influir a outros para estar às ordens do

Senhor continuamente. Se nossa ocupação é transmitirlhesos pensamentos de Deus, então estudemos cuidadosamenteos Seus pensamentos. Que ninguém se descuide no cultivodo hábito de ir ao trabalho sem antes estar em comunhãocom o Senhor. Se o mordomo não demonstra interesse pelosassuntos do amo, e se torna obstinado, chegando a inverteras ordens do seu senhor; se de algum modo se introm ete emnegócios impróprios, então os servos que estão sob sua liderançaaprenderão a ser desleais. O Mestre breve voltará, e ai domordomo que ao prestar contas for julgado infiel!

4. Os mordomos estão constantemente prestando contas.  Sucontas são dadas à proporção que marcham . U m proprietáriocuidadoso exige a conta de receitas e despesas cada dia. E

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importante considerar as próprias falhas e defeitos. Isso noslevará a utilizar melhor o tempo em constantes esforços noserviço do Amo a fim de aumentar os Seus bens. Cada umdeve interrogarse a si mesmo: “O que estou conseguindocom a minha pregação? Seria do tipo certo? Estaria dandoênfase àquelas doutrinas que o Senhor deseja que apresentede preferência? Acaso dedico às almas o interesse que Elequer que eu demonstre?” E proveitoso analisar assim todas asáreas da vida, e considerar: “Será que gasto o tempo suficientecom a oração em secreto? Será que estudo as Escrituras tãointensamente quanto devo? Vou correndo a muitas reuniões;mas estaria em tudo isso cumprindo às ordens do meu Mestre? Não seria possível que procuro satisfação para mim mesmocom a aparência de realizar muito, enquanto na realidade eu 

faria mais se fosse mais cuidadoso na qualidade do serviçodo que na quantidade?” Oxalá recorramos constantementeao Senhor e tenhamos sempre corretas e claras nossas contascom Ele!

5. Destaquemos o ponto principal: o mordomo é o depostário e administrador dos bens do seu senhor. Tudo o que ele tem

 pertence ao senhor, e ele é guarda de tesouros especiais, não para que faça deles o que desejar, mas para que cuide deles. Osdons de conhecimento, raciocínio, fala e influência não nos

 pertencem para que nos gloriemos deles, mas os temos emdepósito a fim de administrálos para o Senhor. O dom queganha outros cinco éSeu.

Deveríamos aumentar o capital. Todos estariam fazendoisso? Estariam crescendo em capacidade e desenvolvendo osdons? Irmãos, cuidem de vocês mesmos. Noto que algunscrescem, mas outros estacionam e se transformam em anões,sem desenvolvimento. Lamento que tantos jovens destroemnossas esperanças; tornamse extravagantes nos gastos; casam

irrefletidamente, tornamse presa do mau humor, buscamopiniões modernas, cedem à preguiça ou ao relaxamento, ou

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 Mordomos

deixam de progredir de alguma m aneira. Considero o esforçomais necessário e proveitoso o que dedicamos a nos m elhorarmental e espiritualmente. Seja qual for a sua atividade, acima

de tudo cuidem de vocês mesmos e da doutrina. Os quenegligenciam a meditação a fim de viver continuamentetagarelando, são m uito néscios; assemelhamse a mordomosque nada fazem na granja, mas falam demasiadamente doque deveria ser feito. Os cães mudos não podem latir, mas oscães prudentes não estão sempre a latir. Estar continuam ente

dando de si e nunca recebendo, leva à vacuidade.Irmãos, somos “mordomos dos mistérios de Deus”; foi

nos “confiado o evangelho”. Paulo se refere ao gloriosoevangelho do Deus bendito que lhe foi confiado. Espero quenenhum de vocês tenha jamais a infelicidade de ser feitoadministrado r da fé. E uma função ingrata. Ao desempenhála, há pouca margem para a originalidade; vemonos obri-gados a administrar nosso depósito com rigorosa exatidão.Alguém deseja receber mais dinheiro, outro pretende alteraruma cláusula da escritura; mas o fiel administrador se apegaao documento, e o obedece. Mesmo pressionado, responde:“Sinto muito, mas não redigi o documento; sou apenasadministrador de um depósito, e estou obrigado a cumpriras cláusulas”. O evangelho da graça de Deus, dizem alguns,necessita de grandes reformas; porém sei que não é da minhaconta reformálo; o que me cabe fazer é agir conforme eleafirma. Sem dúvida muitos gostariam de fazer uma reforma

na Pessoa de Deus, apagando 0 da face da terra, se pudessem.Reformariam a expiação até que desaparecesse. Exigem denós grandes transformações, em nome do “espírito do século”.Asseveram que o próprio conceito de punição do pecado éuma relíquia bárbara da Idade Média; convém modificálo, bem como a doutrina da substitu ição, além de muitos outros

dogmas que caíram de moda. Nada nos afetam essas exigências;nosso dever é anunciar o evangelho tal como o recebemos.

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Como depositário, se alguém discute meu proceder,atenhome à letra da escritura legal; se alguns discordam, queapresentem suas reclamações ao tribunal correspondente,

 pois não tenho poderes para alterar o texto. Somos simplesadministrador; se não nos permitem atuar, encaminharemostodo o assunto à chancelaria celeste. A disputa não é entrenós e o pensamento moderno, mas entre Deus e a sabedoriahumana. Dizem: “Mas é absurdo continuar repisando estahistória antiguíssima!” Não nos importa a sua antigüidade;ela veio de Deus, e a repetimos em Seu nome. Seja qual foro conceito que tenham sobre ela, encontrase no Livro doqual t iramos nossa autoridade. Os mordomos têm deapegarse às ordens recebidas, e os administradores precisamcumprir as condições que lhes foram impostas.

Irmãos, nesta hora presente “fomos postos para adefesado evangelho”. Se há homens convocados para esse cargo,

somos nós. Vivemos em tempos de insegurança; muitoslevantaram as âncoras e estão sendo levados por ventos ecorrentes de vários tipos. Precisamos estar bem firmados.Talvez raciocínios céticos me hajam arrastado noutros tem-

 pos, mas não agora. Sugerem os in im igos que guardemos asespadas e cessemos de lutar pela fé antiga? Respondemoscomo os gregos replicaram a Xerxes: “Venham, e tomemnas”.Até pouco tempo, pensadores avançados tentavam derrubaros ortodoxos para lançálos no pó; mas até agora temos sobrevivido a seus assaltos. São uns vaidosos que não conhecem

a vitalidade das verdades evangélicas. Não, o gloriosoevangelho não perecerá jamais. Se havemos de morrer,morreremos lutando. Se temos de desaparecer pessoal-mente, novos evangelistas pregarão sobre os nossos túmulos.As verdades evangélicas farão surgir outros homenscompletamente equipados para a batalha. O evangelho vive

 pela morte. Seja como for, nesta lida, se não somos vitoriosos, pelo menos seremos fiéis.

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 Mordomos

6. O trabalho do mordomo consiste em distribuir os bens de seamo, segundo o objetivo a que estão destinados. Há de retirar coisasnovas e coisas velhas, há de oferecer leite aos pequeninos ecarne sólida aos amadurecidos, repartindo a cada um sua po r-ção oportunamente. Receio que nalgumas mesas os homensfortes fiquem aguardando a carne por muito tempo e haja

 pouca esperança de que apareça, pois o que há em quantidadeé leite com água. No domingo anterior alguém foi escutarcerto pregador, e se queixou de que não pregou sobre Cristo;outro explicou que talvez não era momento adequado.Respondo que o momento adequado de se pregar sobreCristo é cada vez que se pregue. Os filhos de Deus estãosempre famintos, e não existe nada que os satisfaça, senão oque desce do céu.

O mordomo prudente há de manter a proporção exata.Apresentará sempre coisas novas e coisas velhas; nem sempredoutrina, nem sempre prática, nem sempre experiência. Nemsempre pregará o conflito, nem sempre a vitória. Nãoapresentará um só aspecto da verdade, mas uma espécie devisão estereoscópica que fará com que a verdade se destaque

 por evidência. Grande parte da preparação dos alimentosespirituais consiste na correta proporção dos ingredientes.Apresentemos boa porção de experiência, sem esqueceraquela vida superior que consiste numa crescente humil-dade espir i tual . Demonstrar a fundo nosso ministér iorequer muita habilidade, pois a falta de proporção no que

se prega tem causado graves danos a muitas igrejas. A veredada sabedoria é tão estreita como o gume de navalha e parascguila necessitamos da iluminação divina. Não se tocaharpa usando apenas uma corda. Os servos do nosso Amohaverão de murmurar se lhes damos somente coelho quentec coelho frio. Temos de retirar da despensa do Mestre grande

variedade de alimentos apropriados para o desenvolvimentoda virilidade espiritual. O excesso numa direção e escassez

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noutra, podem produzir muito mal; portanto, usemos o peso e a medida, e busquemos direção.

Irmãos, tomem o cuidado de usar seus talentos para seuAmo, e só para Ele. Desejar ser pescadores de almas só

 para que pensem que o somos, é deslealdade ao Senhor. Einfidelidade ao Senhor, mesmo se pregarmos boa doutrinacom o objetivo de sermos considerados corretos, ou orarmosfervorosamente com o desejo de sermos conhecidos comohomens de oração. Temos de buscar a glória do Senhor comsimplicidade e de todo o coração. É preciso que usemos oevangelho do Senhor, a congregação do Senhor, e os talentosdo Senhor, para Ele e para mais ninguém.

7. O mordomo deve ser também o guarda da família do seuamo. Cuidem dos interesses de todos os que estão em Cristo,

e que todos sejam tão preciosos para vocês como seus pró- prios filhos. Nos tempos antigos os criados se sentiam tãoligados à família, e de tal modo integrados nos assuntos deseus amos, que se referiam à nossa casa, nossas  terras, nossos cavalos, nossos filhos. Assim é como o Senhor espera que nosidentifiquemos com Seus negócios santos, e especialmente

deseja que amemos a Seus escolhidos. Nós, mais do queninguém, devemos entregar nossas vidas por nossos irmãos.Devido pertencerem a Cristo, os amamos por causa dEle.Espero que cada um possa dizer de coração:

“Não há cordeiro em Teu rebanho

que eu recusaria apascentar”.Irmãos, amemos de coração a todos aqueles a quem Jesus

ama. Tratem carinhosamente os que estão sendo provados esofrendo. Visitem os órfãos e as viúvas. Cuidem dos fracos edesanimados. Suportem os tristes e desesperados. Atendam

a todos os da casa, e assim serão bons mordomos.8. Terminarei este quadro afirmando que o mordomo.

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 Mordomos

representa o seu amo.  Quando o amo está longe, todos vêmao mordomo para receber ordens. O que representa umSenhor como o nosso necessita portarse bem. O mordomo

deve agir com muito maior cuidado e prudência quandofala por seu senhor do que quando o faz po r conta própria. Amenos que seja precavido no que diz, o senhor pode verseobrigado a declarar: “Você faria melhor em falar por suaconta; não posso permitirlhe que me represente de maneiraimprópria”. Amados irmãos e companheiros de serviço, o

Senhor Jesus é mal representado por nós se não observamos oSeu caminho, declaramos Sua verdade e manifestamos SeuEspírito. Pelo criado os homens deduzem quem é o amo;não seria justo que assim o façam? Não deveria agir omordomo à maneira do seu amo? Não podem separálos,nem ao amo de seu mordomo, nem ao senhor do seurepresentante. Quando disseram a um puritano que ele erademasiadamente cuidadoso, replicou: “Sirvo a um Deuscuidadoso”. Nós temos de ser bondosos, pois representamoso bondoso Jesus; precisamos ser zelosos, pois representamosAlguém que Se vestia de zelo como de um manto. Nosso melhorguia,quando estivermos inseguros sobre o que havemos defazer, se achará na resposta à pergunta: “Que faria Jesus?”

Imitem a Jesus, que não falava de Seus próprios pen-samentos porém dos do Pai. Assim, atuarão como deve fazerum mordomo. Nisso se firmam sua sabedoria, seu consoloe seu poder. Mesmo se nos acusarem de loucos, estamoscertos de estar observando às ordens do Senhor. Os queixososnão podem acusar ao mordomo: ele age conforme a deter-minação de seu superior. Nossa consciência está limpa enosso coração permanece em repouso, se nos certificamos dehaver tomado a cruz e seguido as pegadas do Crucificado. Aobediência é melhor do que a originalidade, e a capacidade

 para ser ensinado mais desejável do que o gênio. A revelaçãode Jesus Cristo durará mais do que as especulações humanas.

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Damonos por satisfeitos, e mais ainda, almejamos não serconsiderados como pensadores originais e homens deimaginação; nossa tarefa é dar a conhecer os pensamentos

de Deus e terminar a obra que Ele está efetuando poderosa-mente em nós.

A segunda parte desta mensagem tratará de NOSSASOBRIGAÇÕES COMO MORDOMOS. “Requerse dosmordomos, que cada um seja achado fiel.” Não se exige quecada um seja engenhoso, agradável aos associados, nemsequer que seja eficiente. Tudo o que se requer é que sejaachado fiel;  e na verdade não é coisa de pouca importância.Será necessário que o Senhor mesmo Se torne nossa sabe-doria, e nosso poder, pois do contrário fracassaremos. Muitassão as maneiras em que podemos falar neste ponto, pormuito simples que nos pareça.

1. Podemos deixar de ser fiéis quando atuamos como fôssemos chefes em vez de subordinados.  Surge na Igreja uma

dificuldade que poderia ser solucionada facilmente comtolerância e amor, mas “nos firmamos em nossa dignidade”e então exageramos nossa importância. Podemos ser muitoelevados e poderosos se desejamos; e quanto menor somos,tanto mais facilmente nos inchamos. Não há galo maisimponente na briga do que o nanico; não existe ministromais disposto a lutar por sua dignidade  do que aquele quenão a possui. Que coisa tão insensata é quando nos fazemos

“grandes”! O mordomo crê que não tem sido tratado com odevido respeito e se esforça para fazer com que “os criadosreconheçam a quem ele é”. Um dia o senhor da casa foi,insultado por um inquilino zangado e não fez caso, pois

 possuía bastan te bom senso para não pertu rbarse anteum assunto insignificante; mas o mordomo não passa nada

 por alto, e se irrita por tudo. Deveria ser assim? Parecemever o bondoso patrão pôr a mão sobre o ombro do servo

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 Mordomos

furioso e ouvirlhe dizer: “Não pode suportálo? Eu já tenhosuportado muito mais!”

Irmãos, o Senhor “sofreu tal contradição dos pecadorescontra si mesmo”, e nós nos cansaremos e desmaiaremos emnossos espíritos? Como podemos ser mordomos do bondosoSenhor Jesus se nos portamos altivamente? Não nos demosdemasiada importância, nem tratemos de exercer domíniosobre a herança de Deus; pois Ele não deseja isso, e não

 podemos ser fiéis se cedemos ao orgulho.Também fracassaremos em nossos deveres como mordo-mos se começamos a especular com o dinheiro do Senhor.Talvez possamos dispor do nosso, mas não dos recursos doSenhor. Não nos ordenou que especulemos, mas que nos“ocupemos” até que Ele volte. Não penso em especular com

o evangelho do meu Senhor, sonhando que posso melhorálo por meio dos meus próprios e profundos pensamentosou tentando voar na companhia dos filósofos. Tratandosede salvar almas, não vamos falar de outro tema senão doevangelho. Ainda que pudesse gerar grande comoçãotransmitindo novidades, repilo tal pensamento. Promover

um avivamento suprimindo a verdade é agir falsamente;significa fraude piedosa, e o Senhor não aprova nenhum benefício advindo de tais transações. Nosso dever é usar demodo simples e honrado os talentos do Senhor, e devolverLhe os lucros resu ltantes dos negócios justos.

Somos mordomos, e não senhores, e por isso é preciso

que negociemos em nome do nosso Amo, e não no nosso próprio . Não tem os que fabricar um a religião, mas sim proclamála, e mesmo essa proclamação há de fazerse, não por nossa autoridade, mas baseada na do Senhor. Somos“coadjutores juntamente com Ele”. Não tratemos de atuar por nossa própria conta, mas conservemos o nosso posto

 próximo do Chefe em toda a humildade espiritual.2. E possível que cheguemos a ser desleais ao que nos

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foi encomendado se agimos para agradar aos homens.  Se omordomo estuda o modo de agradar ao lavrador ou desatisfazer aos caprichos da empregada, as coisas vão neces-sariamente mal, pois está fora de lugar. Influímos uns sobreos outros, e também somos influídos de modo recíproco. Osmaiores são inconscientemente afetados em certa medida

 pelos mais insignificantes. O ministro deve ser influído demodo poderoso pelo Senhor, de forma que as demaisinfluências não o afastem da fidelidade. Temos de recorrerconstantemente ao QuartelGeneral, e receber a Palavra da

 boca do próprio Senhor, a fim de sermos continuam enteguardados na retidão e na verdade; do contrário, logo nostornaremos parciais, ainda que não percebamos. Não temosde tocar certa nota para obter a aprovação de tal partido, nem

silenciar uma doutrina importante para evitar ofender adeterminado grupo. Não pode haver reservas com o objetivode agradar a alguém, nem a mínima concessão para satis-fazer, mesmo que seja a comunidade inteira. Que temos aver com os ídolos, mortos ou vivos? Se vocês idealizamsatisfazer a todo o mundo, enorme esforço lhes aguarda. É

 preciso que não adulemos aos homens. Se agradamos aoshomens, não agradaremos a Deus, de modo que o êxito natarefa a que nos dedicamos seria fatal para os nossos inte-resses eternos. Ao tentarmos satisfazer aos homens, nemsequer conseguiremos agradar a nós mesmos. Ainda que nos

 pareça muito difícil, é mais fácil agradar ao Senhor do que

aos homens. M ordomo, mira somente ao seu Amo!3. Não seremos julgados mordomos fiéis se somos ociosoe desperdiçamos o tempo. Vocês conhecem ministros preguiço-sos? Tenho ouvido falar deles; contudo, quando os vejo, meucoração os aborrece. Se intentam ser indolentes, há muitossetores profissionais que lhes rejeitarão; mas acima de tudo

não há lugar para vocês no ministério cristão. O homemque considera o ministério uma vida fácil, há de depararse

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 Mordomos

depois com uma morte difícil. Se não somos laboriosos, nãosomos verdadeiros mordomos; temos de ser exemplos dediligência para a casa do Rei. Aprecio o preceito de Adam

Clarke: “Matemse trabalhando e depois ressuscitemse pelaforça da oração”. Jamais cumpriremos nossos deveres paracom Deus e para com os homens se somos folgazões.

 No entanto, alguns que sempre estão atarefados podem,apesar disso, ser infiéis, se tudo que fazem é feito de mododesleixado e leviano. Temos de ser sérios como a morte emtrabalho tão solene. Há certos pregadores que sempre estãogracejando. Eu gosto muito de rir; o verdadeiro humor

 pode ser santificado, e os que conseguirem levar outros asorrir são capazes de movêlos a chorar. Mas este poder temlimites que o néscio pode ultrapassar. Por certo não faloagora do excêntrico convencido. Os homens aos quais merefiro são os sarcásticos e críticos. Um irmão fervoroso cometeum lapso de gramática, e observam com desprezo; outrocolega devoto se engana em uma citação, e isso lhes propor-ciona enorm e prazer. Para eles, o evangelho nada é; seu ídoloé a inteligência. Quanto a si mesmos, sua preocupação

 principal é descobrir como podem ser mais honrados. Nãotêm convicções nem crenças, mas apenas gostos e opiniões, etudo isso é um jogo do princípio ao fim. Rogolhes que nãose acheguem a esse tipo de escarnecedores nem do assentodos que dissipam o tempo. Sejam seriamente fervorosos. Vivamcomo homens que possuem algo pelo qual viver; e preguem

como os que julgam a pregação a mais sublime atividadedo seu ser. Nosso trabalho é o mais importante que existedebaixo do céu, ou do contrário, é pura falsidade. Se vocêsnão são fervorosos em obedecer às instruções do seu Senhor,Ele transferirá Sua vinha para outro; não tolera aos quetransformam Seu serviço em algo sem importância.

4. Quando fazemos mau uso do que pertence ao nosso Amo,somos desleais ao que nos foi confiado. Foinos entregue

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certo grau de talento, força e influência; temos de usar estedepósito com uma única finalidade. Nosso objetivo é fomen-

tar a honra e a glória do Mestre e Senhor. Temos de buscar aglória de Deus, e nada mais. Nenhum ministro tem direitode usar sua influência para fins políticos; a temperançaé algo meritório, mas qualquer movimento jamais deveocupar o lugar do evangelho. Em hipótese alguma pode oobreiro empregar sua capacidade para divertir ao povo.

Fomos enviados para ganhar almas. Tudo que nos ajudaa alcançar esse alvo deve ocupar nossa atenção e despertarnosso interesse.

 Não usem os bens do seu Amo indevidamente, a fim deque não sejam culpados de abuso de confiança. Se suaconsagração é verdadeira, todos os seus dons pertencem ao

Senhor, e seria uma espécie de desfalque empregálos paraoutro fim, em vez de usálos para Ele. Não têm de fazerfortuna para vocês mesmos; não creio provável que o façamno ministério. Não podem ter uma segunda intenção, nemqualquer outro objetivo. “Só Jesus” há de ser o motivo e olema da sua carreira vitalícia. O dever do mordomo é consa-

grarse totalmente aos interesses do patrão; e se esquece isso por causa de outro objetivo, por mais louvável que possaser, não é fiel. Não podemos permitir que nossas vidascorram por dois canais; não temos forças vitais suficientes

 para um duplo objetivo. E preciso que sejamos de coraçãosimples. Temos de pôr em prática o lema: “Uma coisa faço.”

Em todas as áreas e detalhes da vida, há de notarse o sinalda consagração, e não devemos permitir que seja ilegível.Virá o dia em que todos os detalhes serão examinados naaudiência final; competenos como mordomos ter em contao julgamento do Senhor em todos os aspectos da nossaatividade.

5. Se desejamos ser fiéis como mordomos, é preciso qunão descuidemos a nenhum da família,  nem qualquer parte da

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 Mordomos

vinha. Interrogome se observamos pessoalmente os nossosouvintes. Temos de fazer visitas pessoa por pessoa. Certos

indivíduos só podem ser alcançados através de contato pessoal. Se tivesse diante de mim certa quantidade de garrafase tivesse de enchêlas com uma mangueira, muita água se

 perderia; se de fato quero enchêlas, preciso tomálas uma auma e derramar o líquido cuidadosamente. Temos de velar pelas nossas ovelhas uma por uma. Isso deve ser feito não só

mediante a conversa pessoal, mas através da oração pessoal.Certo crente piedoso, enfermo, dedicouse à fervorosaintercessão, e mesmo sem poder dar um passo, visitava asfamílias, orando constantemente por todos os lares. Assimdevemos percorrer o campo e visitar as congregações, semesquecer a ninguém, sem desanimarse de nenhum , levando

os todos no coração perante o Senhor. Lembremonosespecialmente dos fracos, desalentados, os que caíram ou vivemmais distantes. Que nossos cuidados cerquem todo o rebanho.Vamos aos pontos mais afastados, lutando para que nenhum alocalidade permaneça sem os meios da graça, e sim que todosos terrenos recebam a chuva da influência do evangelho.

6. Existe algo que não deve ser esquecido: é preciso q jamais tenhamos conivência com o mal.  Muitos têm a impressãode que podar a árvore significa cortála. Outros custam aaprender o que seja o equilíbrio das virtudes; não sabemmatar um rato sem incend iar o celeiro. Será que ouvi alguémdizer: “Fui fiel; não posso compactuar com o mal”? Está

 bem; mas não ocorrerá que pelo seu mau gênio você cheguea causar um mal maior do que aquele que destruiu? Imagi-nemos que a mãe recomende à enfermeira que faça calar acriança, e a seguir ela jogue o menino pela janela. Obedeceu àsenhora, silenciando eficazmente o garoto, mas por certo nãoserá elogiada. Se num impulso imprudente vocês dão “o

merecido” à congregação por não ser o que desejam que fosse,então considerem o seguinte: “Somos o que deveríamos ser?”

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Se pela graça de Deus tenho ocupado posição elevada naSua Igreja, a alcancei pelo poder da afabilidade e do amor, e

 procuro usar minha influência para o bem e o progresso dacomunidade. Mas torno a dizer: não devemos perm itir que o pecado persista sem correção. Cedam, irmãos, em todos osassuntos pessoais, mas mostrem firmeza no que toca à verdadee à santidade. Precisamos ser fiéis, para não incorrer natransgressão e no castigo de Eli. Sejam honestos para com os

ricos e influentes, firmes para com os vacilantes; pois seusangue lhes será requerido. Necessitarão de toda a sabedoria egraça que possam alcançar para cumprir suas responsabili-dades pastorais. Parece que certos pregadores carecem dehabilidade para governar aos homens, habilidade substituída

 pela capacidade de tocar fogo num a casa, pois espalham

 brasas e carvões acesos por onde vão. Não sejam como eles. Não combatam contra a carne e o sangue; todavia não façamacordos amistosos com o pecado.

7. Alguns descuram das suas obrigações como mordomode Cristo, esquecendo que o Senhor vem.  “Ainda não”, sussur-ram alguns; “há muitas profecias a serem cumpridas”,

raciocinam outros. E dizem: “inclusive, é possível que nemsequer venha; no sentido corrente do termo, não há pressaespecial.” Irmãos, é o servo infiel quem diz: “O Senhor tardaem vir.” Esta crença o fará retardar a execução dos trabalhos.O escravo não limpará a casa como obrigação diária, porqueo senhor está distante; e o servo de Cristo pensa que poderá

 buscar uma boa limpeza, em forma de avivamento, antes queo Senhor chegue. Se cada um de nós lembrasse que qualquerdia pode ser seu último dia, todos nós seriamos mais intensosem nossos labor. Enquanto pregamos o evangelho, qualqueratividade pode ser interrompida pelo som da trombeta e oclamor: “Eis o noivo; saí a seu encontro!” (Mat. 25:6).

Tal esperança concorrerá para acelerar nossos passos.Os dias são curtos; Cristo está às portas; é preciso que

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 Mordomos

trabalhemos com todas as nossas forças. Fico impressionado pela rapidez como corre o tempo, a veloz aproxim ação da

audiência final. Breve estaremos dando contas da nossamordomia; uns sobrevivem ainda algum tempo, enquantooutros vão sendo chamados a reunirse ao Senhor. Convémque prossigamos trabalhando cada hora com a atençãovoltada para a audiência a que nos dirigimos, a fim de nãosermos envergonhados quanto ao registro dos nossos feitos

no volume do livro.Devemos orar muito acerca desta fidelidade no serviço, pois o castigo da infidelidade será terrível. Triste será a condiçãodo mordomo reprovado. Será infindável sua desgraça;sofrerá vergonha eterna e desprezo por trair ao Redentor.

 Não podemos sondar o abismo de terror das palavras de

Cristo, referindoSe ao servo infiel: “cortado ao meio, sua parte será com os h ipócritas”.

 A recompensa de todos os mordomos fiéis é sobremaneiragrande.̂  Aspiremos a ela. O Senhor fará com que aquele quefoi fiel em poucas coisas seja posto sobre muitas coisas. Éextraordinária a passagem na qual o Senhor afirma: “Bem

aventurados os servos, os quais quando ele vier, acharvelando: de certo vos digo, que se cingirá, e fará que sesentem à mesa, e passando os servirá”. É maravilhoso queEle nos tenha servido; mas, como podemos entender que váservirnos novamente? Pensem no Senhor Jesus levantandoSe do Seu trono para servirnos! “Olhem!”, exclama Ele,

“aqui está um servo que Me serviu fielmente na terra; abrilhecam inho, vocês anjos, domínios e potestades. Este é o hom ema quem o Rei se deleita em honrar!” E, com surpresa de nossa

 parte, o Rei Se cinge e nos serve. Então nos disporemos aclamar: “Não seja assim, Senhor”. Mas Ele deve e quercumprir. Sua palavra. Esta honra inefável será concedida a

Seus verdadeiros servos. Feliz o homem que, depois de tersido o mais pobre e depreciado dos m inistros, é agora servido

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 pelo Rei dos reis! Oxalá sejamos do núm ero “dos queseguem ao Cordeiro ond e quer que vá” ! Irmãos, podem perseverar em sua firmeza? Beberão do Seu cálice e serão batizados com o Seu batismo? Recordem que a carne é fraca.As provas da época atual são especialmente sutis e graves.Clamem ao Forte pedindo fortaleza e ponhamse nas mãosdo Seu amor onipotente.

Amados irmãos, é preciso que avancemos, custe o quecustar, pois não podemos retroceder; não temos armaduras quecubram nossas costas. Cremos ter sido convocados para esteministério, e não podemos ser desleais ao chamado. As vezessomos acusados de proferir coisas terríveis a respeito doinferno. Não vamos justificar todas as expressões usadas,todavia não temos ainda descrito uma desdita tão profunda

como a que espera ao ministro infiel. O futuro dos perdidosultrapassa qualquer conceito humano, quando consideradoà luz das expressões usadas pelo próprio Senhor JesusCristo. As figuras quase grotescas utilizadas por Dante e oshorrores descritos pelos pregadores medievais, não excedemà realidade ensinada pelo Senhor ao referirSe ao verme

que nunca morre e ao fogo que jamais se apaga. Ser lançadonas trevas exteriores, suspirar em vão por uma gota d’águafria ou ser cortado pelo meio, são horrores sem igual. E oshomens correm esse risco! Sim, é mil vezes lastimável quequalquer ministro se arrisque desse modo; que qualquerser mortal suba ao pináculo do templo e dali se arroje no

inferno! Se hei de ser uma alma perdida, que o seja comoladrão, blasfemo e assassino, e não como um mordomoinfiel ao Senhor Jesus Cristo. Isso é ser um Judas, umfilho da perdição.

 Ninguém é forçado a ser ministro, nem obrigado a escolhertão sagrado ofício. Na juventude aspiramos ao santo minis-

tério e nos sentimos felizes por alcançar o desejo. Se nos proponhamos ser infiéis a Cristo, não havia necessidade de

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 Mordomos

subir a essa rocha sagrada com o objetivo de multiplicar oshor rores de uma queda f ina l . Poder íamos perecersuficientemente nos caminhos ordinários do pecado. Que

necessidade haveria de obter maior condenação? Terrívelseria o resultado se isso é tudo que ganhamos de nossos

 preparativos e grandes esforços para adquirir conhecimen-tos. Meu coração e minha carne tremem enquanto consideroa possibilidade de algum ministro entre nós ser culpávelde traição ao que nos foi confiado e de deslealdade a seu

Rei. Que nosso bondoso Senhor esteja de tal maneira conoscoque, finalmente, sejamos limpos do sangue de todos. Seráglorioso ouvir ao Mestre exclamar: “Bem está, servo bom efiel”. Amém.