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IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64 UM LOBO VERMELHO ENTRE AS OVELHAS DO BOM PASTOR: DOM LUCIANO E A PEREGRINAÇÃO À DIVINA PASTORA NOS ANOS DE CHUMBO Magno Francisco de Jesus Santos 1 Resumo Peregrinar consiste em um dos principais atos do universo religioso. As longas marchas estão presentes na maior das religiões e representam o momento em que os devotos, homens religiosos se predispõem a caminhar em busca de um lugar sagrado, da casa de um deus que sempre está alhures. Este trabalho de conclusão de curso tem como objeto de estudo a peregrinação ao santuário de Divina Pastora, criada no ano de 1958 com os membros da Juventude Universitária Católica e que passou por consideráveis transformações ao longo de sua trajetória. Com esta pesquisa pretende-se compreender a peregrinação ao Santuário de Divina Pastora, buscando reconstituir alguns dos principais elementos que permearam a trajetória da cidade e da peregrinação. Palavras-chave: peregrinação, santuário, Juventude Universitária Católica. No raiar do ano de 1958, Aracaju recebera com festa o promissor clérigo que tinha obtido o título de doutor na Sorbonne com as mais altas honrarias. Aclamado no meio acadêmico francês e na sociedade sergipana, o jovem padre buscou imprimir uma nova feição no âmbito das solenidades religiosas locais, inserindo no calendário novos eventos. Com o seu retorno, o padre reassumiu as atividades como assistente eclesiástico da Juventude Universitária Católica, promovendo reuniões e apresentando novas propostas para os membros. As reuniões com o padre Luciano Duarte tornaram- se freqüentes. Parecia que ele tinha entusiasmado os jovens universitários com suas idéias gestadas na França. 1 Doutorando em História na Universidade Federal Fluminense, sob a orientação de Martha Campos Abreu.

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IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE

O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

UM LOBO VERMELHO ENTRE AS OVELHAS DO BOM

PASTOR: DOM LUCIANO E A PEREGRINAÇÃO À DIVINA

PASTORA NOS ANOS DE CHUMBO

Magno Francisco de Jesus Santos1

Resumo

Peregrinar consiste em um dos principais atos do universo religioso. As longas marchas

estão presentes na maior das religiões e representam o momento em que os devotos,

homens religiosos se predispõem a caminhar em busca de um lugar sagrado, da casa de

um deus que sempre está alhures. Este trabalho de conclusão de curso tem como objeto

de estudo a peregrinação ao santuário de Divina Pastora, criada no ano de 1958 com os

membros da Juventude Universitária Católica e que passou por consideráveis

transformações ao longo de sua trajetória. Com esta pesquisa pretende-se compreender a

peregrinação ao Santuário de Divina Pastora, buscando reconstituir alguns dos

principais elementos que permearam a trajetória da cidade e da peregrinação.

Palavras-chave: peregrinação, santuário, Juventude Universitária Católica.

No raiar do ano de 1958, Aracaju recebera com festa o promissor clérigo que

tinha obtido o título de doutor na Sorbonne com as mais altas honrarias. Aclamado no

meio acadêmico francês e na sociedade sergipana, o jovem padre buscou imprimir uma

nova feição no âmbito das solenidades religiosas locais, inserindo no calendário novos

eventos. Com o seu retorno, o padre reassumiu as atividades como assistente

eclesiástico da Juventude Universitária Católica, promovendo reuniões e apresentando

novas propostas para os membros. As reuniões com o padre Luciano Duarte tornaram-

se freqüentes. Parecia que ele tinha entusiasmado os jovens universitários com suas

idéias gestadas na França.

1 Doutorando em História na Universidade Federal Fluminense, sob a orientação de Martha Campos

Abreu.

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Os universitários de Aracaju passaram a ter uma jornada dupla de estudos, pois

além das aulas obrigatórias nas diferentes grades escolares das faculdades, os mesmos

participavam ativamente das reuniões da JUC, nas quais havia preleções do padre

Luciano e debates acerca de textos clássicos sobre a fé. A rotina universitária aracajuana

passava por um momento diferenciado, com cogitações sobre o que estaria despertando

a atenção daqueles estudantes. Qual era, afinal, a proposta do padre para aqueles

jovens?

A revelação da proposta não tardou e difundiu-se no meio acadêmico e religioso

vertiginosamente. Tratava-se de um projeto ousado, audacioso para a época, pois o

padre pretendia realizar em poucos meses uma peregrinação dos universitários de

Aracaju para a cidade de Divina Pastora. As peregrinações tão difundidas na Europa não

eram muito conhecidas em terras sergipanas. Era uma novidade que tinha conquistado o

interesse dos membros da JUC, até porque significava um passo de considerável

relevância realizar um evento daquele porte. Porém para se por em prática a idéia foi

necessário o engajamento de vários membros da JUC, na discussão de textos, confecção

de santinhos, organização do evento e treinamento dos líderes. O tempo urgia e os

preparativos não eram poucos. Certamente o prestígio do padre organizador deve ter

contribuído para o sucesso da empreitada. Era preciso pormenorizar os passos do

evento, ter sob controle as ações dos membros da JUC para assegurar o êxito da

peregrinação. Mas, afinal, o que consistiria aquela peregrinação à Divina Pastora? Qual

era a novidade e por que o interesse da diocese em assumir a causa de sua realização?

Tais questões são relevantes para poder compreender as proporções do empreendimento

do Pèguy sergipano. Trazer o modelo de peregrinação da França não representava um

mero transplante de uma religiosidade. Teria muito mais a revelar.

A peregrinação à Divina Pastora trazia a Sergipe algumas novidades. Ela não

seria mais uma das romarias que já eram realizadas no estado, sem controle do clero

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sobre as práticas devocionais, em que predominavam as devoções típicas do chamado

catolicismo rústico. Era uma nova estética devocional, iniciada com um público seleto:

os universitários de Aracaju. Assim, um primeiro ponto a ser observado era a

preparação. Para ser peregrino não precisava somente se predispor a caminhar por uma

longa estrada. Era preciso estudar, debater textos em torno do tema escolhido para a

peregrinação inaugural: Jesus Cristo, nosso Salvador.

A proposta do padre Luciano Duarte realmente era inovadora. Consistia na

realização de uma caminhada devocional com jovens universitários, sem imagens de

santos, debatendo uma temática previamente selecionada. Era uma forma de atenuar os

espíritos dos universitários sergipanos, de corroborar para a disseminação de uma nova

proposta evangelizadora. A estética do cortejo era inovadora e, até certo ponto,

assustadora, pois os universitários caminhariam perfilados entre Riachuelo e Divina

Pastora sem nenhum andor ou estandarte. Consistia na marcha intelectual católica, de

reflexão sobre as questões da fé.

Isso explica, em certa medida, o interesse imediato da Diocese de Aracaju pela

peregrinação. Além do prestígio que o padre Luciano detinha na mesma, a peregrinação

poderia se tornar alvo de um novo fôlego para a orientação devocional da igreja, reflexo

das preocupações católicas da época. Outro motivo que tornou a proposta atrativa foi o

fato de tentar prender os olhares dos universitários na questão da fé, evitando assim os

perigosos e sedutores desvios que rondavam, principalmente as idéias do comunismo

marxista. Com a semente da peregrinação, pretendia-se cultivar o pensamento católico

no interior do mundo acadêmico sergipano.

A primeira marcha sagrada dos universitários aracajuanos para a cidade de

Divina Pastora despertou o interesse de alguns jovens. O número de peregrinos não era

espantoso, assim como se caracterizavam as ações da JUC. Tudo caminhava para dar

início a um novo entendimento do universo sócio-religioso de Sergipe, pautado na

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difusão de peregrinações, retiros e com a novidade de disseminar a palavra bíblica pelas

ondas do rádio. A cristandade sergipana finalmente respirava os novos ares

proporcionados pela modernidade plangente. Ao que tudo indica, a intenção era recriar

o universo religioso do estado, reorientar a religiosidade da sociedade local, a começar

pelo setor universitário, a famigerada “classe pensante”.

Esse constitui um indício relevante na escolha da cidade de Divina Pastora como

destino dos andarilhos da JUC. Naquela época Sergipe era dotado de importantes

santuários populares, focos de tradicionais romarias que atraiam milhares de romeiros

todos os anos, que poderiam se tornar também o destino da nova peregrinação. Todavia,

o intuito da diocese local era promover um novo olhar, de estimular uma nova

expressão de religiosidade, pautada na ausência de práticas tidas como supersticiosas.

Concomitante às discussões, o padre Luciano investiu na divulgação do evento,

tendo como principal veículo a sua coluna no jornal A Cruzada. Sentia-se a necessidade

de estimular a marcha sagrada em terras sergipanas, difundir o novo modelo de

religiosidade. O transplante desse mecanismo de deslocamento de fiéis em busca de

uma realidade diferenciada, distante, precisava ser apresentado ao público católico

local. A boa nova deveria ser conhecida de todos e por esse motivo ela foi divulgada

incisivamente na imprensa. Com isso, tornava-se propício demonstrar que a tradição de

peregrinar consistia em uma ação com relativa tradição nos estados do sudeste do país.

Nesta perspectiva,

O que os universitários de Aracaju vão agora fazer, nesta peregrinação

que a Juventude Universitária Católica promove a Nossa Senhora

Divina Pastora, está na linha do fazem seus irmãos, em várias partes

do mundo, mas eles vão entrar numa perspectiva que remonta muito

mais longe, que floresce na Idade Média que reponta nas origens

judaicas do cristianismo. (Duarte, 1958, 01).

A tradição que estava sendo criada em Sergipe possuía bases profundas, no

início dos cultos judaico-cristãos. E isso ficou explícito nos textos produzidos

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sistematicamente pelo padre Luciano Duarte. Ao tentar enfatizar a relevância histórico-

bíblica das longas caminhadas em busca de santuários, ele buscou legitimar a sua

novidade, evidenciando que não se tratava de uma forma de penitência inventada, mas

sim deixada nas sagradas escrituras e referendadas por diferentes povos e épocas.

Tornava-se imprescindível demonstrar que fazia parte da essência do cristianismo às

espessas jornadas em esperança de encontro com o universo cósmico ordeiro

divinizado. As falanges da Juventude Católica estariam em marcha para “o encontro

decisivo com Deus”. Por esse motivo a ênfase recaía sobre o despojamento dos bens

materiais e na acolhida da penitência pautada na discussão sobre o divino. Nestas

incursões discursivas na imprensa local o padre da JUC tentou conceituar a

peregrinação:

É por isto que o cristão peregrina. Peregrinar é por-se em marcha, é

lançar pela estrada pela experiência de deixar o que se tem, em busca

do que ainda não se tem, mas se espera. O peregrino é assim um

homem que põe nos seus passos a inquietação interior de sua alma.

Que deixa o morno conforto de sua mediocridade em busca de algo de

maior que ainda não lhe pertence. Como aquele que “perde sua vida

para encontrá-la” de que fala Jesus Cristo no Evangelho, o peregrino é

um despojado na esperança. (Duarte, 1958, p. 01).

No texto acima se percebe a ênfase dada na idéia de deslocamento na busca do

que estaria aquém, do que não poderia ter acesso no mesmo lugar. Neste sentido, pode-

se dizer que o padre Luciano Duarte entendia a peregrinação em seu sentido

antropológico, pautada na idéia da busca, do caminho em direção de um sagrado que

insiste em permanecer a relativa distância, alhures ao universo rotineiro do devoto. Com

isso confirma-se o propósito do “eterno retorno” (Eliade, 2001).

Todavia, as narrativas preparatórias da peregrinação à Divina Pastora buscavam

também reforçar o caráter sacro do evento, o ideal de penitência, o propósito de

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descobrir a sacralidade. Partindo deste entendimento, o padre Luciano tentou explicitar

o ângulo almejado para a caminhada a nova cidade santa de Sergipe:

Os universitários de Aracaju vão pôr-se em marcha. Eles sabem

divertir-se e fazer estrondosos pique-niques. Mas desta vez não se

trata disto. É em busca do Senhor que eles vão partir. Também a

romaria deles é uma ascensão. Lá no alto do monte, dominando os

campos verdejantes mercê deste inverno escoado, que estamos tendo

(como dizem os sertanejos), a igreja Nossa Senhora Divina Pastora,

toda branca de cal, na simplicidade de seu estilo é um regaço materno

para acolher os filhos que vêm vindo. (Duarte, 1958, p. 08).

Percebe-se que existe uma preocupação em reforçar o caráter religioso do

evento, pois a peregrinação teria como público os jovens estudantes universitários. O

lado festivo, barulhento e profano dos jovens deveria ser sufocado, controlado, vigiado.

Era o momento de tentar inserir um novo modo de ser, de constituir um corpo

intelectual engajado com a religião católica. Assim, disciplinavam-se os universitários

na tentativa de construir um novo foco de religiosidade, de criar um santuário sob a

regência do clero local. Os preparativos estavam concluídos. Aumentavam as

expectativas na espera da grande marcha.

Às vésperas do grande dia, a imprensa católica de Sergipe anunciava os últimos

informes e o roteiro da peregrinação. Parte do clero aracajuano e os cinqüenta

universitários que tinham se predisposto a caminhar na manhã de domingo aguardavam

ansiosos pela celebração para a qual estavam a três meses em preparação, com cursos,

retiros e orações. Festivamente A Cruzada anunciou a inédita peregrinação:

Sobem amanhã a Divina Pastora, em peregrinação, os universitários

de Aracaju. Partindo de Aracaju às 8 hs, os estudantes descerão em

Riachuelo, donde prosseguirão a pé para Divina Pastora. Sua marcha

está dividida em duas etapas, cada qual dominada pela preocupação de

um tema. Pela manhã, o assunto da troca de idéias e da reflexão será:

Jesus Cristo Filho de Deus. À tarde será Jesus Cristo Redentor.

(Machado, 1958, p. 01).

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A prévia descrição pormenorizada tinha como intenção estabelecer um percurso

definido, estabelecer uma caminhada maculada pelo espírito de devoção e discussões a

respeito das questões da fé. Assim, tornaria oportuno propiciar o processo renovado de

evangelização, transubstanciado na atenta observação do clero e dos líderes de grupo.

Reforçar esse aspecto do evento religioso nunca seria demasia e isso ocorreu até a

véspera do grande dia, com os organizadores publicando notícias sobre a mesma. Outro

elemento que foi sistematicamente ressaltado foi a idéia de família. Os membros da

JUC seriam naquela ocasião partes de um mesmo grupo, sob a regência de um mesmo

intuito, na busca pelo sagrado imbuídos do caráter espiritual, ao menos era o que se

desejava. Por esse motivo os números não consistiam na preocupação maior. O ideal era

formar uma equipe coesa de peregrinos que conseguisse debater sobre o tema proposto.

Isso aparece explicitamente na nota “Uma experiência que marque”, no jornal A

Cruzada, como pode ser verificado:

Os organizadores da peregrinação fazem questão de acentar o caráter

espiritual e religioso da mesma. A preparação da peregrinação se fez

expressamente, sem preocupação de publicidade e sem a obsessão do

número. Peregrinação é marcha em busca de Deus. E o apelo que a

Juventude Universitária Católica dirigiu a seus colegas, foi um apelo à

liberdade de cada um, para que também ele, se quizer, se ponha em

marcha para Deus. Marcha em comum, marcha da comunidade

universitária, que como um punhado de irmãos, como um pedaço da

família da Igreja, parte à procura do Senhor (A Cruzada, 1958, p. 01).

Também pode ser destacado o período para a realização da peregrinação, quase

sempre marcado pela escassez de chuvas e com a permanência de temperaturas

consideravelmente amenas. As condições climáticas eram de grande valia para o

sucesso do empreendimento, pois era necessário estimular a participação dos jovens

para uma longa caminhada, pouco usual na tradição religiosa do estado até então. A

chuva repentina ou o calor excessivo poderia por fim aos planos do padre peregrino.

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Tentando observar o caráter penitencial da celebração, na noite de sábado para

domingo os jovens peregrinos passaram em vigília, preparando-se para o ato do dia

seguinte. Afinal, o lugar sagrado que eles tanto esperavam estava a poucos quilômetros

e em pouco tempo se deslocariam ao seu encontro. O sagrado estaria “um pouco mais

adiante” (Terrin, 2004, 370). É possível imaginar as expectativas que perpassaram pelos

universitários que depois de três sofríveis meses de palestras e estudos iriam coroar as

ações da JUC com a caminhada para uma cidade quase que desconhecida do interior

sergipano. A emoção certamente permeou o grupo e pode ter tirado o sono de muitos.

“A espera continuava. Mas a espera alimenta a exaltação” (Duvignaud, 1983, p. 105).

Sabemos que nos últimos anos os estudos das ciências humanas têm assumido

um novo perfil, ganhando interpretações sobre o universo emotivo da sociedade. Assim,

pesquisas têm buscado perscrutar por aspectos antes inimagináveis, apreendendo

sensibilidades, descortinando sorrisos e lágrimas, apresentando ângulos distintos de uma

mesma realidade. O pesquisador penetra nas festas e penitências no intuito de descobrir

realidades ainda não vislumbradas ou ao menos ignoradas pelos olhares congelantes da

academia. Emerge neste sentido uma perspectiva viva do fenômeno social, apresentando

novos sujeitos e práticas. O impalpável passa a ser alvo das investigações a respeito do

universo religioso. Contudo, pode-se dizer que essa faceta obscura, pouco observável

das celebrações religiosas não permanece todo o tempo em seu estado abstrato, “este

elemento imaterial e talvez antes inexistente materializa-se no ato coletivo que o

constitui, onde ele compõe a parte subterrânea da promessa. Esperar é preparar a

concretização mágica desta manifestação.” (Duvignaud, 1983, 105).

O lado emotivo das celebrações religiosas consiste em uma faceta de grande

relevância para a compreensão do sentido do universo místico da religiosidade. O

homem religioso busca manter a experiência com o sagrado, se aproximar do santo de

devoção na tentativa de amenizar suas angústias, de sanar suas dores. Elementos como

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identidade, sentimento e sensibilidade permeiam a esfera religiosa e não podem ser

desconsideradas pelo pesquisador. Em Divina Pastora, os iniciais peregrinos

sucumbiram à emoção diante da expectativa de poder encontrar-se com a ordem

cósmica sacralizada. Sorrisos dividiam espaço com o nervosismo.

A espera mágica pela peregrinação permanecia. A ansiosidade pairava sobre os

membros da JUC e com os primeiros raios de sol sobre as águas turvas do rio Sergipe,

na aurora da Rua da Frente de Aracaju, os jovens caminhavam apressados pelas ruas

para a Escola de Serviço Social, de onde sairiam três ônibus conduzindo peregrinos e

clero para Riachuelo. Tinha início a grande marcha. Os ônibus partiram de Aracaju na

manhã de domingo do dia 24 de agosto de 1958. O dia seria longo, mas o entusiasmo

contagiava e aumentava as expectativas. Chegando a Riachuelo tinha início a jornada.

Ao descer dos ônibus os participantes da peregrinação inaugural se deparavam com a

longa estrada, que desaparecia no horizonte em meio aos canaviais. Os peregrinos

dividiram-se em três grupos, representados por desígnias católicas.

Os sinais cristãos foram carregados na peregrinação por três homens, membros

do clero e da JUC. Eram eles que puxavam os pelotões que caminhavam discutindo a

temática proposta. É importante ressaltar que os estudantes estavam usando trajes

especialmente confeccionados para a celebração, constituindo o que se poderia chamar

de uniforme da marcha divina. Na imagem da primeira peregrinação percebe-se que os

membros da JUC estão usando roupas leves e compostas, denotando o caráter religioso

da ocasião e a proposta de evitar os fortuitos desvios da juventude. Blusas com botões e

mangas, saias longas e calças compridas, além do indispensável chapéu fizeram parte da

vestimenta dos primeiros peregrinos. Além disso, todos tinham a altura do peito um

broche da peregrinação. Todos estavam demarcados, sinalizados para as atividades que

teriam de ser realizadas naquele dia. Naquele momento todos pertenciam ao mesmo

grupo, temporariamente homogeneizados, a caminho da cidade a ser sacralizada.

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A angústia foi um dos componentes da caminhada. A cada passo ficava para traz

a cidade de Riachuelo que aos poucos ia desaparecendo em meio à vegetação. Passava-

se o rio, seguia pelos pedregulhos da estrada enladeirada e curva. Não havia mais

olhares para o que tinha ficado. Todos os olhos estavam fitos para o horizonte a ser

vislumbrado, pois “a estrada se abria pela primeira vez para essa estréia sobrenatural;

era a hora do início, a hora da apreensão e da pergunta que cada um formulou a si

próprio” (Montal, 1958, p. 01). Indagações eram muitas. Os jovens não sabiam ao certo

o que iriam encontrar, em que realmente consistia peregrinar. A peregrinação partiu

com um grupo homogêneo. Os três grupos estavam subdivididos em equipes de cinco

pessoas, que iam debatendo. Segundo Gratia Montal:

Estava dividida em três grupos representados por signos litúrgicos, o

primeiro trazendo a frente à cruz, sinal da redenção. Cada grupo era

dividido em equipes de cinco pessoas, divisão esta que deu lugar à

ordem impressionante dos peregrinos na estrada: de cinco em cinco

eles marchavam pela estrada dos homens para descobrir a estrada de

Deus; nada os perturbou, nada os desviou do seu roteiro original.

(Montal, 1958, p. 01).

Na cosmovisão dos peregrinos, a estrada de Riachuelo tinha se metamorfoseado

no caminho da salvação, na estrada sagrada, nos trilhos divinos. O percurso sofrível

aliado às discussões fez com que os seguidores da marcha sentissem uma situação

diferenciada. Por um momento os universitários estavam deslocados de sua realidade

rotineira, do caos da urbe aracajuana da década de 1950, entrando num estado de

purificação nas estradas de pedras que levavam a Divina Pastora. As dificuldades do

percurso serviam como um mecanismo de purificação, de êxtase, preparando os corpos

cansados para a entrada temporária no ambiente sagrado, na casa da Divina Pastora.

Com isso, confirma-se a concepção de Eliade de que o “homo religiosus acredita

sempre que existe uma realidade absoluta, o sagrado, que transcende este mundo, que

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aqui se manifesta, santificando-o e tornando-o real”. (Eliade, 2001, p. 164). Mas a

peregrinação da JUC apresentava novidades. Era uma marcha de debates. Os

universitários iam discutindo as temáticas propostas e estudadas ao longo dos três meses

anteriores, sobre a figura de Jesus Cristo. Antes mesmo do Concílio do Vaticano II a

juventude sergipana já vinha debatendo as questões relativas à fé.

Silêncio, cânticos, cabeças cabisbaixas, chapéus em mãos fizeram parte do

cenário da primeira peregrinação. São indícios de uma realidade em mutação, em

metamorfose do profano para o sagrado. Os pequenos sinais dispersos no emaranhado

das memórias referentes ao cortejo espiritual podem revelar aspectos inerentes a

múltiplos campos da religiosidade. De repente, o catolicismo rústico deparava-se com a

passagem da devoção reformada, controlada pela ortodoxia e se curvava. Era a

passagem do sagrado. Mesmo sem saber ao certo o que ocorria naquela ocasião, os

populares da região entenderam que ali ocorrera a marcha em busca do divino (ou seria

da Divina?). O ecoar dos cânticos pelas pastagens e campos transmitia a idéia de

sacralização. Em resposta, os camponeses retiraram chapéus, baixaram olhar, oraram.

Pode-se dizer que naquele momento teria ocorrido um encontro de sensibilidades

diferenciadas. Como explicita Mircea Eliade, “a sensibilidade religiosa das populações

encontra-se gravemente empobrecida. A liturgia cósmica, o mistério da participação da

natureza no drama cristológico tornou-se inacessíveis aos cristãos que vivem numa

cidade moderna” (Eliade, 2001, p. 145-146).

Essa relação homem/sagrado/natureza enaltecida por Eliade constitui uma

questão de grande relevância. Partindo da narrativa elaborada pela peregrina da JUC,

podemos perceber que a caminhada dos membros da Juventude representou o encontro

destes com um universo ainda não visto por muitos. Tratava-se do encontro do homem

urbano com seu lado ruralesco, já esquecido, apagado da tradição da capital aracajuana.

Trabalhadores rurais e animais pastando, ambos contemplando a passagem do grupo em

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marcha simbolizaram esse reencontro temporário do homo urbanus com a tradição, a

essência católica. Encontro este simbolizado pela rápida troca de olhar.

A caminhada discursiva era lenta, pois os estudantes tinham como propósito

maior debater. Ao meio dia os jovens cansados pela jornada pararam para o descanso e

para a refeição. Encontravam-se mais uma vez com a natureza que metaforicamente foi

transformada em templo, construído pelo sagrado.

Após o descanso, os jovens peregrinos enfrentaram a mais árdua etapa do

cortejo, a subida da grande ladeira. Nesta etapa eles discutiam a figura de Cristo como

redentor dos homens. A peregrinação inaugural aproximava-se de seu destino, o templo

da Divina. Silêncios, cânticos, orações e via sacra foram reforçadas na entrada da cidade

santificada. Subir a ladeira era a missão derradeira dos jucistas. Ocorria então uma

“nova marcha em silêncio, o canto da Ave-Maria ecoava novamente pelo espaço a

subida da montanha. Nova marcha da Igreja, dos cristãos com seus sacerdotes, com seu

Bispo que batizavam com seus passos as estradas da Divina Pastora” (Montal, 1958, p.

01).

Novamente ocorreu um encontro. Desta vez entre os universitários membros da

JUC e os moradores da cidade. As portas imponente matriz se abriram no limiar da luz

do sol para receber os seus visitantes extenuados pela jornada que tinha perdurado todo

o dia. As cortinas do dia já estavam sendo cerradas quando emergiram as penumbras

dos primeiros peregrinos, a passos lentos, destituídos de forças e impávidos pela

contemplação da casa da Divina. O símbolo da porta é de grande relevância no universo

sacro, por representar a passagem, o portal entre o profano e o sagrado. Na ocasião da

peregrinação as portas que separavam esses dois universos foram abertas, possibilitando

constituir um canal de comunicação entre ambos.

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A porta, portanto, representa o lugar onde acontece a passagem de um

estado a outro, a dobradiça entre dois mundos, entre o sagrado e o

profano, e a porta protege o sagrado, esconde o mistério. Participa

desse modo da própria ambigüidade do sagrado: tem o seu momento

“fascinante”, mas comporta também um tremendum (Terrin, 2004, p.

384).

A passagem pela porta da matriz possui uma simbologia capitular no enredo da

peregrinação por representar o momento do encontro dos devotos com a realidade sacra,

transportando a tênue fronteira entre o sagrado e o profano. É a porta que separa a

ordem do caos, protegendo a primeira do último. Ela constitui um limite entre um lugar

e outro e por esse motivo não constitui um lugar em si. Esse é um dos motivos que em

rituais religiosos como o das rezadeiras não é permitido permanecer debaixo da

arquitrave da porta, pois pode reter a circulação de energias, das forças exorcizadas do

enfermo. A porta é a responsável pela preservação do segredo, dos mistérios da

sacralidade e por isso a passagem do devoto para a realidade extraordinária sempre é

temporária, esporádica. O retorno para o universo ordinário e caótico é inevitável. A

permanência no centro, no umbigo do mundo é curta.

Os peregrinos da Divina Pastora podiam finalmente vislumbrar com a paisagem

da cidade, na qual a imagem da matriz emergia e se impunha diante dos olhares atentos

dos visitantes. Finalmente ocorria o encontro dos filhos da Divina com sua mãe.

A tarde já começava a mudar de cor do seu véu anunciando a chegada

dos peregrinos. E agora um templo de verdade os esperava, a casa da

mãe de Deus. Eles iam a seu encontro, porque ela conhecia melhor a

Quem eles procuravam; ela que O teve dentro do seu ser, de suas

entranhas, poderia ensinar-lhes a descobri-Lo. E aí no templo eles

entraram para COMER no altar Aquele de quem falavam pelos

caminhos. A missa da peregrinação banhada pela beleza de seus

salmos das subidas, do magnificat, “quem semeia entre lágrimas

recolhe a cantar”, foi a aliança desta procura, o pacto de amizade, da

união vertical de cada universitário com deus e horizontal dos

universitários entre si que repartiam naquela hora as generosidades

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dos seus corações; nós somos naturalmente pobres, o que ainda

possuímos é a soma das riquezas do outro. A peregrinação foi esta

soma de dedicação, de sacrifícios de todos e de cada um até dos que

não puderam ir. Os peregrinos lá estavam de joelhos falando com

Deus, cantando em torno do seu Pastor; foram não só para pedir e

oferecer, mas para VER. Ver a Divina Pastora, a Mãe de Deus

(Montal, 1958, p. 01).

A chegada dos peregrinos no templo acolhedor de Divina Pastora foi um marco

singular na insólita trajetória da paróquia local. A cidade despertava-se para a

sacralidade reconhecida pela ortodoxia católica sergipana, sendo elevada a Santuário e

Centro Mariano da Diocese de Aracaju. A missa do fim de tarde, celebrada pelo bispo

Dom José Vicente Távora marcou a primeira eucaristia dos peregrinos no novo

santuário, que buscava se tornar um dos mais populares de Sergipe. Tornar a cidade de

Divina Pastora em grande santuário não era uma mera utopia. Ao que tudo indica, tanto

a diocese como a maior parte do clero local se viam empolgados com oportunidade criar

um novo foco de devoção, tingido pelo controle dos eclesiásticos, sem as máculas da

religiosidade supersticiosa. A idéia de transformar a cidade em santuário receptor de

peregrinos parece que era generalizada. Até mesmo a imprensa fazia prognóstico a

respeito do futuro templo dos peregrinos: “Quem sabe se este grupo de universitários

que amanhã subirá a Divina Pastora, como há vinte séculos os judeus subiam a

Jerusalém e como os cristãos da Idade Média rumavam à Palestina, não está abrindo a

rota de uma tradição dos estudantes das faculdades sergipanas?” (A Cruzada, 1958, p.

01).

No entardecer, com o cessar das luzes naturais do dia, os jovens peregrinos se

despediam do santuário. A caminhada estava encerrada. As forças renovadas para o

inevitável retorno para o mundo ordinário. O limiar da sacralidade seria transpassado

novamente, desta vez para a saída dos filhos da Divina. O rebanho que tinha caminhado

durante todo o dia para contemplar a figura da Pastora, estava pronto para retornar ao

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mundo de insegurança e incertezas, para a lida cotidiana e repetitiva. Teve a missa na

qual salmos e hinos foram cantados pelos universitários. Terminada a celebração

eucarística, os jucistas jantaram, arrumaram suas mochilas, puseram-na nas costas e

retornaram a Aracaju, na certeza de um dia poder retornar. Era só o primeiro capítulo de

um enredo que teria muito a render.

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2006. 127 f. Monografia (Bacharelado em História). UFS, CECH, DHI.

FONTES

A CRUZADA.1958-1961.

Roteiro da Peregrinação dos universitários a Divina Pastora. IDLD, Cx. 34, PC. 04, doc.

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