um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

125
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO Rio de Janeiro 2013

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Page 1: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS

UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE

FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO

Rio de Janeiro

2013

Page 2: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

1

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS

UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE

FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de

Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto

Militar de Engenharia, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em

Engenharia de Transportes.

Orientadores:

Prof. Antonio Carlos Rodrigues Guimarães – D.Sc.

Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro – D.Sc.

Prof. Julio Cesar Soares de Oliveira – M.Sc.

Rio de Janeiro

2013

Page 3: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

2

c 2013

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 22.290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo

em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de

arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas

deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser

fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial

e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s)

orientador(es).

629.04 Santos, Graziella Pereira Pires dos

S237e Um Estudo Sobre a Utilização da Escória de Ferroníquel em

Pavimentação Rodoviária / Graziella Pereira Pires dos Santos; orientado

por Antonio Carlos Rodrigues Guimarães, Luíz Antonio Vieira Carneiro

e Julio Cesar Soares de Oliveira. – Rio de Janeiro: Instituto Militar de

Engenharia, 2013.

124 p.: il.

Dissertação (mestrado). – Instituto Militar de Engenharia. – Rio de

Janeiro, 2013.

1. Engenharia de Transportes – teses, dissertações. I. Guimarães,

Antonio Carlos Rodrigues. II. Carneiro, Luiz Antonio Vieira. III.

Oliveira, Julio Soares. IV. Título. V. Instituto Militar de Engenharia.

CDD 629.04

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3

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS

UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE

FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof. Antonio Carlos Rodrigues Guimarães - D.Sc.

Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro - D.Sc.

Prof. Julio Cesar Soares de Oliveira – M.Sc

Aprovada em 02 de Agosto de 2013 pela seguinte Banca Examinadora:

Major Antonio Carlos Rodrigues Guimarães - D.Sc. do IME– Presidente

Tenente Coronel Luiz Antonio Vieira Carneiro – D.Sc. do IME

Major Ben-Hur de Albuquerque e Silva – D.Sc. do IME

Prof. Geraldo Luciano de Oliveira Marques – D.Sc. da UFJF

Prof.ª Leni Figueiredo Mathias Leite – D.Sc. da PETROBRAS

Tenente Coronel Julio Cesar Soares de Oliveira – M.Sc. do IME

Rio de Janeiro

2013

Page 5: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

4

Dedico este trabalho a Deus, sem quem nada posso

fazer, e à minha amada família que proporcionou

minha formação moral e acadêmica.

Page 6: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre me iluminar, proteger e me guiar na sabedoria, dar coragem, força,

disposição para concluir este trabalho.

A minha mãe, por apoio e compreensão ser minha inspiração para ter garra e lutar pelos

meus objetivos.

As minhas irmãs, Ana Carolina e Gabriella, sempre pela amizade e carinho.

Aos meus cunhados Warley e Alexandre pelo apoio.

A minha linda sobrinha Manuela, que trouxe muita felicidade com a sua chegada no ano

passado.

Aos meus tios, Rosário e Marcos, pelo apoio e amizade.

A minha amiga irmã Bárbara sempre pela amizade, apoio, conselhos e sempre presente.

A minha amiga Ana Carolina a qual pude contar com seu apoio, conselhos, amizade e

carinho durante todos os dias desde que ingressei no mestrado e se tornou da minha família.

A minha amiga Adriana, pelo coração nobre sempre com disposição em ajudar, pelo

apoio e amizade.

Às minhas amigas Clau e Kíssyla que conheci no mestrado, pelo apoio, carinho e

amizade.

Ao Major Guimarães, pelo apoio, amizade, o qual se empenhou como orientador e se

tornou parte da minha família nesta fase.

Ao Tenente Coronel Carneiro, pelo apoio, capacidade, amizade e que foi de grande

suporte para esta pesquisa.

Ao Tenente Coronel Julio, pelo apoio, incentivo, amizade, força, conversas de motivação,

o qual se tornou muito querido.

Ao amigo Capitão Henry Córdova pelo apoio acadêmico, carinho e amizade.

Aos meus amigos da turma de mestrado 2011, alegres, companheiros e prestativos.

Aos meus orientadores, pela orientação e constante incentivo, por todas as ideias e

apoios, pelo companheirismo e amizade, pelas sugestões, esclarecimentos e comentários

sempre pertinentes e fundamentais para o andamento, disponibilidade, atenção e paciência

para a conclusão desta dissertação.

A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laura Motta e funcionários do

laboratório, pelo apoio e parceria e ter permitido que parte desta pesquisa fosse realizada no

laboratório da COPPE/UFRJ.

Page 7: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

6

As empresas Anglo American e SENAI/GO, pelo apoio e patrocínio à pesquisa deste

trabalho e bolsa de pesquisa, pelos esclarecimentos e informações que muito contribuíram

para a realização deste.

Aos técnicos de laboratório Claudeny, Jorge, Batista e Joel pela compreensão, ajuda e

boa vontade que foi de importância fundamental para que o estudo deste trabalho pudesse ser

realizado.

A minha professora da graduação, Marluce, a qual foi a maior incentivadora para que eu

pudesse cursar o mestrado.

A CAPES, pelo apoio financeiro fundamental para a realização desta pesquisa.

Ao Instituto Militar de Engenharia, pela oportunidade estudar em uma instituição de

excelência, com professores altamente gabaritados capazes de formar e preparar alunos com

potencial de competir no mercado de trabalho.

Aos membros da banca pela gentileza em aceitar o convite para examinar este trabalho.

Page 8: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

7

“Determinação, coragem e autoconfiança são

fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma

inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente das

circunstâncias, devemos sempre ser humildes, recatados e despidos de orgulho.”

Dalai Lama.

Page 9: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

8

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................... 10

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 13

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ...................................................................... 16

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20

1.1 Considerações Iniciais .................................................................................................. 20

1.2 Objetivo ........................................................................................................................ 21

1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 21

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 21

1.3 Justificativa e Relevância ............................................................................................. 22

1.4 Estrutura ....................................................................................................................... 22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 23

2.1 Pavimento ..................................................................................................................... 23

2.2 Escórias ........................................................................................................................ 25

2.2.1 Escória de Aciaria ........................................................................................................ 27

2.2.2 Escória de Ferroníquel ................................................................................................. 38

2.3 Caracterização do Agregado ........................................................................................ 46

2.3.1 Por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ....................................................... 46

2.3.2 Por Difração de Raio-X ................................................................................................ 48

2.3.3 Por Microscopia Óptica ................................................................................................ 49

2.3.4 Por AIMS (Aggregate Imaging System) ....................................................................... 50

3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 53

3.1 Materiais ....................................................................................................................... 53

3.1.1 Escória de Ferroníquel ................................................................................................. 53

3.1.2 Agregados Pétreos ........................................................................................................ 59

Page 10: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

9

3.1.3 Ligantes Asfálticos ....................................................................................................... 59

3.2 Programa Experimental ................................................................................................ 60

3.2.1 Esquema dos Ensaios ................................................................................................... 61

3.2.2 Descrição da Metodologia para Ensaios de Caracterização da Escória e Solos. ......... 63

3.2.3 Quantitativos dos Ensaios Realizados .......................................................................... 67

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 70

4.1 Características Químicas da Escória de Ferroníquel .................................................... 70

4.1.1 Por Microscopia Eletrônica de Varredura .................................................................... 70

4.1.2 Análise por Difração de Raio-X ................................................................................... 76

4.1.3 Por Microscopia Óptica ................................................................................................ 79

4.1.4 Por AIMS ................................................................................................................ 80

4.2 Características Físicas dos Materiais Utilizados .......................................................... 88

4.2.1 Dos Agregados ............................................................................................................. 88

4.2.2 Dos Ligantes ................................................................................................................ 93

4.3 Misturas Asfálticas com Escória de Ferroníquel .......................................................... 93

4.3.1 Traço 1 – Areia Asfalto Usinado a Quente (A.A.U.Q.) ............................................... 93

4.3.2 Traço 2 – Areia Asfalto Usinado a Quente (A.A.U.Q.) ............................................... 97

4.3.3 Traço 3 – Concreto Asfáltico Usinado a Quente (C.A.U.Q.) ....................................... 99

4.3.4 Resultados da Avaliação Mecânica - Traços 1, 2 e 3 ................................................. 101

4.3.5 Granulometria ............................................................................................................. 105

4.4 Ensaios Solo e Escória Ferroníquel ............................................................................ 109

4.4.1 Ensaio de Expansão .................................................................................................... 109

4.4.2 Módulo de Resiliência ................................................................................................ 110

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................. 112

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 116

Page 11: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 Estrutura de um pavimento. ................................................................................... 23

FIG. 2.2 Tecnologia da produção do aço. ............................................................................ 25

FIG. 2.3 Oxigênio insuflado no conversor da aciaria. ......................................................... 27

FIG. 2.4 Expansão causada pela escória de aciaria utilizada no pavimento. ....................... 32

FIG. 2.5 Defeitos em pavimentos causados pela expansibilidade das escórias de aciaria. .. 32

FIG. 2.6 Módulos de resiliência da EGC e de materiais granulares convencionais. ........... 35

FIG. 2.7 Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas M1, M2 e M3. ............ 36

FIG. 2.8 Corpos de prova submetidos à temperatura entre 600°C a 1000°C. ...................... 39

FIG. 2.9 Rotas de processamento para obtenção do níquel. ................................................ 41

FIG. 2.10 Mina de extração do minério de ferroníquel. ......................................................... 42

FIG. 2.11 Processo de produção do ferroníquel das Plantas de Barro Alto e Codemin. ....... 43

FIG. 2.12 Depósito de laterítas de níquel mundial. ................................................................ 44

FIG. 2.13 Micrografias das partículas da escória de níquel de redução feitas por MEV.

Esquerda: Vista com aumento de 20X. Direita: Vista com aumento de 100X. .... 47

FIG. 2.14 Ilustração do efeito de erosão e dilatação na amostra. ........................................... 51

FIG. 2.15 Sistema de imagem do agregado (AIMS). ............................................................. 52

FIG. 3.1 Amostra da escória de ferroníquel de Barro Alto estudada com forma similar à

areia. ...................................................................................................................... 54

FIG. 3.2 Depósito da escória de ferroníquel na Planta de Barro Alto / GO. ........................ 54

FIG. 3.3 Comparativo da geração da escória de ferroníquel com a quantidade vendida. .... 55

FIG. 3.4 Processo de produção do ferroníquel realizado na Planta de Barro Alto. ............. 56

FIG. 3.5 Croqui de localização da produção da escória de ferroníquel de Refino e Redução

nas unidades de Barro Alto e Codemin. ................................................................ 56

FIG. 3.6 Croqui da vista de cima da pilha (1A). Corte das pilhas dos resíduos (1B). ......... 58

FIG. 3.7 (a) (b) Mistura do CAP com a escória de ferroníquel. (c) Compactação do cp no

soquete Marshall. (d) Cp compactado. .................................................................. 61

FIG. 3.8 Escória de ferroníquel pulverizada submetida ao ensaio de Difração Raio-X. ..... 64

FIG. 3.9 Disposição do agregado na bandeja para o ensaio no equipamento AIMS do

CENPES / Petrobras. ............................................................................................. 65

Page 12: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

11

FIG. 3.10 (a) Solo utilizado por CÓRDOVA (2011). (b) Solo + escória de ferroníquel. (c)

(d) Homogeneização da mistura solo + escória para realização do ensaio de

expansão. ............................................................................................................... 66

FIG. 3.11 (a) Preparação da mistura solo (50%) e escória ferroníquel (50%). (b) Solo e

escória ferroníquel. ................................................................................................ 67

FIG. 4.1 Micrografia (MEV) da fração fina da escória "em pó" - Amostra 1 ..................... 71

FIG. 4.2 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1 ....................................... 71

FIG. 4.3 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1 .................. 72

FIG. 4.4 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2 ............................................. 73

FIG. 4.5 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2 ............................................. 73

FIG. 4.6 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2 ....................................... 74

FIG. 4.7 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2 .................. 74

FIG. 4.8 Micrografia (MEV) do grão "esférico" da escória - Amostra 3 ............................. 75

FIG. 4.9 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 3 ....................................... 75

FIG. 4.10 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel – Amostra 3 ................. 76

FIG. 4.11 Difratograma da amostra de escória de ferroníquel. .............................................. 77

FIG. 4.12 Agregado granular de Faialita. ............................................................................... 79

FIG. 4.13 Amostras de escória de ferroníquel submetidas ao ensaio de Microscopia Óptica

com aumento de 40 vezes. ..................................................................................... 80

FIG. 4.14 Distribuição cumulativa de partículas de agregados miúdos da escória de

ferroníquel quanto ao índice de forma. ................................................................. 82

FIG. 4.15 Angularidade para agregado graúdo e miúdo de escória ferroníquel. ................... 83

FIG. 4.16 Distribuição acumulativa de partículas do agregado miúdos quanto à esfericidade.

.................................................................................................................................................. 85

FIG. 4.17 Textura para agregados graúdos. ........................................................................... 86

FIG. 4.18 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. .......................... 87

FIG. 4.19 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. .......................... 87

FIG. 4.20 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. .......................... 87

FIG. 4.21 Execução do ensaio de granulometria com a escória de ferroníquel. .................... 88

FIG. 4.22 Distribuição granulométrica da escória de ferroníquel. ......................................... 89

FIG. 4.23 Avaliação dos ligantes. (a) Ligante sendo ensaiado. (b) CAP 30/45 (c) CAP 50/70

e asfalto modificado por TLA. (d) CAP 50/70 + Dope. ........................................ 90

Page 13: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

12

FIG. 4.24 Compactação da Marshall da mistura tipo A.A.U.Q. (a) agregado escória de

ferroníquel sendo retirado da estufa. (b) Temperatura da escória de ferroníquel

sendo verificada para ser misturada ao ligante. (c) e (d) CAP 50 / 70 sendo

misturado à escória de ferroníquel (e) compactação do corpo-de-prova. (f) corpos-

de-prova Marshall com variados teores de ligante. ............................................... 95

FIG. 4.25 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de

A.A.U.Q. – Traço 1 ............................................................................................... 96

FIG. 4.26 Ensaio de estabilidade Marshall com corpo-de-prova da mistura do tipo A.A.U.Q.

.................................................................................................................................................. 97

FIG. 4.27 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de

A.A.U.Q. – Traço 2. .............................................................................................. 98

FIG. 4.28 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa C de

C.A.U.Q. – Traço 3 ............................................................................................. 100

FIG. 4.29 Passos para condicionamento do corpo-de-prova no ensaio de perda por umidade

induzida. (a) aplicação da pressão para saturação dos vazios com água. ............ 102

FIG. 4.30 Valores de Módulo Resiliente dos Traços 1, 2 e 3 das misturas asfálticas com

escória de ferroníquel. ......................................................................................... 103

FIG. 4.31 Agregados de Calcário nas frações: Brita 1, Brita 0 e Pó Pedrisco. .................... 105

FIG. 4.32 Curva da mistura de agregados do Traço 4 na faixa C de C.A.U.Q. ................... 106

FIG. 4.33 Variação do Módulo Resiliente com a Tensão Desvio. ....................................... 110

Page 14: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

13

LISTA DE TABELAS

TAB. 2.1 Características das espécies químicas isoladas antes e após hidratação. .............. 30

TAB. 3.1 Caracterização da escória bruta ferroníquel de redução, lixiviação e solubilização.

.................................................................................................................................................. 57

TAB. 3.2 Análise de espectograma para a escória ferroníquel de redução. .......................... 57

TAB. 3.3 Relação dos ensaios realizados nos agregados e respectivas normas adotadas. ... 62

TAB. 3.4 Ensaios realizados com os ligantes e misturas asfálticas e respectivas normas

adotadas. ................................................................................................................ 62

TAB. 3.5 Ensaios realizados com a mistura solo e escória. .................................................. 62

TAB. 3.6 Quantitativos dos ensaios realizados com os agregados e respectivos locais de

ensaio. .................................................................................................................... 68

TAB. 3.7 Quantitativos dos ensaios realizados com os ligantes e respectivos locais de ensaio.

............................................................................................................................... 68

TAB. 3.8 Quantitativos dos ensaios realizados com as misturas asfálticas e respectivos locais

de ensaio. ............................................................................................................... 68

TAB. 3.9 Quantitativos dos ensaios realizados com mistura solo e escória ferroníquel e

respectivos locais de ensaio. .................................................................................. 68

TAB. 3.10 Quantitativos dos ensaios realizados com agregados do Trecho Experimental e

respectivos locais de ensaio. .................................................................................. 69

TAB. 3.11 Quantitativos dos ensaios realizados com o CAP 50/70 do Trecho Experimental e

respectivos locais de ensaio. .................................................................................. 69

TAB. 3.12 Quantitativos dos ensaios realizados com corpos-de-prova do Trecho Experimental

e respectivos locais de ensaio. ............................................................................... 69

TAB. 4.1 Características da Faialita. ..................................................................................... 78

TAB. 4.2 Valores relativos da escala de Mohs. .................................................................... 78

TAB. 4.3 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto ao índice de forma. .......... 82

TAB. 4.4 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à angularidade. ................ 84

TAB. 4.5 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à esfericidade. .................. 85

TAB. 4.6 Parâmetros estatísticos dos agregados graúdos quanto a textura. ......................... 86

TAB. 4.7 Ensaio de granulometria da escória de ferroníquel. .............................................. 88

TAB. 4.8 Relação das densidades da amostra de escória ferroníquel. .................................. 90

Page 15: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

14

TAB. 4.9 Ensaio de granulometria da brita 1. ....................................................................... 91

TAB. 4.10 Resultados de ensaio de caracterização da brita 1. ................................................ 91

TAB. 4.11 Ensaio de granulometria do pedrisco. ................................................................... 92

TAB. 4.12 Relação das densidades do pedrisco. ..................................................................... 93

TAB. 4.13 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 REDUC. .... 93

TAB. 4.14 Composição do traço 1 de A.A.U.Q. ..................................................................... 95

TAB. 4.15 Volumetria do traço elaborado com teor de 6% de ligante – Traço 1. .................. 96

TAB. 4.16 Composição do traço 2 de A.A.U.Q. ..................................................................... 97

TAB. 4.17 Volumetria do traço elaborado com teor de 6,7% de ligante – Traço 2. ............... 99

TAB. 4.18 Composição do traço 3 de C.A.U.Q. ..................................................................... 99

TAB. 4.19 Volumetria do traço elaborado com teores de 5,3% - Traço 3. ........................... 101

TAB. 4.20 Resultados dos ensaios de dano por umidade induzida e não induzida com os

traços 1, 2 e 3 com escória de ferroníquel. .......................................................... 102

TAB. 4.21 Resultados dos ensaios de MR e RT nas misturas asfálticas dos traços 1, 2 e 3

com escória de ferroníquel. ................................................................................. 103

TAB. 4.22 Granulometria dos agregados Traço 4. ............................................................... 106

TAB. 4.23 Traço 4 da Mistura Asfáltica. .............................................................................. 107

TAB. 4.24 Características físicas e mecânicas dos agregados do Traço 4. ........................... 107

TAB. 4.25 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 – Traço 4. 108

TAB. 4.26 Volumetria do Traço 4 elaborado com teor de 4,3%. ......................................... 108

TAB. 4.27 Dados do ensaio de Expansão com escória de ferroníquel 79% e solo 21%. ..... 109

TAB. 4.28 Dados de Expansão pelo ensaio de CBR. ........................................................... 110

Page 16: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

15

LISTA DE EQUAÇÕES

EQ.1 Esfericidade............................................................................................................83

EQ.2 Indice de Forma......................................................................................................83

EQ.3 Indice de Angularidade...........................................................................................85

EQ.4 Indice de Textura....................................................................................................87

Page 17: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

16

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABREVIATURAS

AAUQ - Areia Asfalto Usinado a Quente

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIMS - Aggregate Imaging System

ASTM - American Society for Testing and Materials

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BTX - Benzeno, Tolueno, Xileno

CAUQ - Concreto Asfáltico Usinado a Quente

CAP - Cimento Asfáltico de Petróleo

CENPES - Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello

CRT - Concessionária Rio Teresópolis

CBR - California Bearing Ratio

COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia

COSIPA - Companhia Siderúrgica Paulista

CST - Companhia Siderúrgica de Tubarão

DERSA - Desenvolvimento Rodoviário AS

DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagens

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

ECG - Elétrico Granulometricamente Corrigida

EDS - Energy Dispersive Spectrometry

EDX - Energy Dispersive X-ray

EOHSI - Environmental e Occupational Health Sciences Institute

ES - Espírito Santo

EUA - Estados Unidos da América

IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração

IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia

IDEA - Innovations Deserving Exploratory Analysis Programs

Page 18: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

17

IME - Instituto Militar de Engenharia

ISC - Indice Suporte Califórnia

JIS - Japonese Industrial Standards

LD - Linz-Donawitz

MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura

MG - Minas Gerais

MR - Módulo Resiliente

NBR - Norma Brasileira

NJDHSS - New Jersey Department of Helth and Senior Services

PTM - Pennsylvania Testing Method

REDUC - Refinaria Duque de Caxias

RJ - Rio de Janeiro

RKEF - Rotary Electric Furnac

RT - Resistência à Tração

SP - São Paulo

TLA - Trinidad Lake Asphalt

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

USGS - United States Geological Survey

SÍMBOLOS

i - Ponto na borda da Partícula

rC - Raios Curtos

rI - Raios Intermediários

rL - Raios Longos

Ɵ - Ângulo Direcional

∆ - Diferença

R - Raio em Diferentes Direções

N - Número Total de Pontos na Borda da Partícula

n - Nível que a Imagem foi Decomposta

N - Número de Coeficientes na Imagem detalhada de Textura

i - Direções de Textura

j - Indice do Coeficiente Wavelet

Page 19: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

18

RESUMO

Este trabalho aborda a caracterização de misturas asfálticas e mistura solo com escória

ferroníquel como agregado alternativo. A escória de ferroníquel, proveniente da Mineradora

Anglo American/GO, foi caracterizada quimicamente através dos ensaios de Microscopia

Eletrônica por Varredura (MEV) completada pela análise de Energia Dispersiva de Raio-X

(EDS), Microscopia Óptica e Difração de Raio-X e também ensaios físicos utilizados na

caracterização de agregados na pavimentação, incluindo o ensaio de AIMS (Aggregate

Imaging System). Os ensaios ambientais de Lixiviação e Solubilização foram previamente

realizados por uma empresa terceirizada, o qual concluiu tratar-se de um material inerte.

Foram realizadas dosagens de misturas asfálticas tipo A.A.U.Q e C.A.U.Q com a utilização

da escória de ferroníquel como agregado miúdo, além de brita 1, brita 0, pó pedrisco e

cimento com o uso de CAP 50/70 modificado por agente melhorador de adesividade (DOPE).

As misturas asfálticas foram dosadas utilizando a metodologia Marshall. Estas misturas foram

caracterizadas mecanicamente através dos ensaios de resistência à tração estática por

compressão diametral, dano por umidade induzida e módulo de resiliência por compressão

diametral. Apresentam-se resultados de caracterização das camadas de um pavimento

existente no qual foi realizado um trecho experimental com mistura asfáltica contendo escória

de ferroníquel. Foram realizados ensaios para medida de expansão pelo método do CBR,

ensaios de compactação Proctor e Granulometria. Mostra-se também valor de módulo

Resiliente de uma mistura de solo laterítico e escória de ferroníquel para camada de base. Os

resultados obtidos para a mistura asfáltica tipo A.A.U.Q com escória de ferroníquel não foram

satisfatórios para este tipo de mistura, apresentando estabilidade nula e valores de módulo

resiliente muito baixos. A mistura tipo C.A.U.Q obteve bons resultados de estabilidade,

resistência à tração por compressão diametral e módulo resiliência, compatível com misturas

similares disponibilizadas na literatura. A mistura solo e escória de ferroníquel gerou

excelentes resultados, com expansão nula e valor de módulo resiliente até 600 MPa. Conclui-

se que a escória de ferroníquel é de uso favorável em concretos asfálticos como substituto da

areia, e que os demais requisitos ambientais são satisfatórios para o emprego em obras

geotécnicas, sendo uma opção viável do ponto de vista econômico e ambiental.

Page 20: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

19

ABSTRACT

This work deals with the characterization of asphalt mixtures and mixing soil with iron

nickel slag as an alternative aggregate. The iron nickel slag, from the mining company Anglo

American/GO, was chemically characterized through tests of Electron Microscopy

complemented by Energy Dispersive X-ray analysis, optical microscopy, X-ray Diffraction

and also physical tests used to characterize aggregates in paving, including the AIMS test

(Aggregate Imaging System). The environmental testing of leaching and solubilization were

previously performed by an independent company, which concluded that it was an inert

material. Hot mix design type A.A.U.Q. and C.A.U.Q. were performed using iron nickel slag

fine aggregate, crushed stone 1, crushed stone 0, gravel and Portland cement with the use of

CAP 50/70 modified by stripping ajust (DOPE). The asphalt mixtures were measured using

the Marshall method. These mixtures were characterized mechanically through the trials of

static tensile strength by diametral compression, moisture induced damage and resilient

modulus for diametral compression. The results of characterization of the layers of an

existing pavement, where there will be a test section with asphalt mixture containing iron

nickel slag, are presented in this paper. Tests were performed to measure the expansion of the

CBR method, Proctor compaction and grain size distribuition. The resilient modulus value of

a mixture of laterite soil and iron nickel slag to the base layer is also presented. The results

obtained for the sand asphalt type A.A.U.Q. with iron nickel slag were not satisfactory for this

type of mixture and presented null stable and resilient modulus values that were too low. The

mixture type hot mix asphalt C.A.U.Q obtained good results of Marshall stability, tensile

strength by diametrical compression and resilient modulus, compatible with similar mixtures

available in the literature. Mixing soil and iron nickel slag generated excellent results, with

zero expansion and resilient modulus up to 600 MPa. We conclude that iron nickel slag usage

is favorable in asphalt concretes as a substitute for sand and other environmental

requirements, thereby being suitable for employment in geotechnical works as a viable

economic and environmental option.

Page 21: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

20

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A incessante preocupação com o meio ambiente impulsiona o homem a experimentar

novos materiais, muitos destes produzidos a partir de materiais reutilizáveis ou por meio de

técnicas que gerem menos poluentes.

Com o crescente desenvolvimento industrial que abrange boa parte do mundo, em

especial os países emergentes, é cada vez mais frequente a geração de resíduos sólidos que

constituem um passivo ambiental que deve ser mitigado de forma a se garantir o

desenvolvimento sustentável mundial. Por outro lado tem sido observado que muito destes

resíduos podem ser utilizados como agregados em obras de pavimentação asfáltica, desde que

seja garantido que não haja uma transferência do problema ambiental da área industrial para a

área de infraestrutura, além de que, obviamente os novos materiais empregados apresentem

características físicas e mecânicas similares as dos agregados convencionais.

Nos últimos anos, a atividade de recuperação de subprodutos se tornou indispensável em

face da necessidade da proteção ambiental. As indústrias siderúrgicas e metalúrgicas, em

especial, produzem grande quantidade de resíduos, em função dos processos de produção do

ferro, aço e outras ligas. Estabelecer alternativas para o aproveitamento destes resíduos é um

dos grandes desafios da sociedade moderna. A aproximação entre a universidade e a indústria

adquire importância fundamental para a viabilização de inovações tecnológicas.

O objeto de estudo desta pesquisa é a aplicação da escória de ferroníquel oriunda do

processo de redução de uma Planta Metalúrgica de uma empresa de mineração localizada no

estado de Goiás. Trata-se de um agregado composto de diversos elementos químicos,

constituindo-se em um resíduo comum no segmento de fabricação do ferroníquel. Segundo a

empresa, somente no ano de 2010 foram geradas mais de 370 mil toneladas de escória de

ferroníquel e este número tende a crescer devido ao aumento da produção do ferroníquel para

os próximos anos, segundo a empresa.

Neste contexto, pretende-se a sistematização de estudos direcionados para o

reaproveitamento de um resíduo metalúrgico da produção do ferroníquel, a escória de

ferroníquel. Vislumbra-se a possibilidade da aplicação destes materiais na área de

Page 22: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

21

pavimentação. No estudo deste material, busca-se encontrar alternativas viáveis e econômicas

capazes de diminuir a disposição física deste agregado proveniente do processo produtivo do

ferroníquel da Mineradora Anglo American, aplicando-o como um agregado alternativo na

pavimentação rodoviária.

A escória de ferroníquel é um material ainda pouco estudado de acordo com as poucas

bibliografias pesquisadas, podendo ser encontrada em alguns estudos sobre sua aplicação em

concreto e material cerâmico. Sendo assim, este agregado se torna um grande desafio para

esta pesquisa por ainda não haver estudos do seu emprego em pavimentação rodoviária. Sua

aplicação como agregado alternativo em pavimentação rodoviária consumirá grande parte

deste resíduo, tornando-a um produto reutilizável diminuindo os impactos ambientais

negativos e dando um destino apropriado a este material.

1.2 OBJETIVO

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Esta dissertação tem como objetivo encontrar soluções adequadas para a aplicação da

escória de ferroníquel como agregado alternativo em pavimentação rodoviária de baixo custo

com vários traços de misturas asfálticas e como emprego para base e sub-base.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar a caracterização física, química e mineralógica da escória de ferroníquel

através de ensaios laboratoriais por Difração de Raio-X, Microscopia Óptica e

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Espectrômetro de Energia

Dispersiva (EDS) e AIMS;

Realizar a dosagem Marshall de misturas asfálticas com a escória de ferroníquel,

com diferentes traços;

Realizar ensaios de compactação e módulo resiliente para estudos preliminares em

aplicação como base e sub-base;

Avaliar o comportamento mecânico dos traços elaborados.

Page 23: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

22

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A justificativa para a realização desta dissertação é a necessidade de mitigação do

problema ambiental da geração da escória de ferroníquel na indústria. Assim, analisar a

possibilidade da aplicação da escória de ferroníquel em pavimento rodoviário de baixo custo

– tal como areia asfalto usinado a quente e concreto asfáltico usinado a quente. Encontrar uma

solução adequada para o uso como um material reutilizável em pavimentação rodoviária,

tornando este resíduo uma das ferramentas essenciais capaz de reduzir o impacto ambiental

negativo, transformando o resíduo siderúrgico em produto reutilizável.

O emprego da escória de ferroníquel em pavimentação rodoviária se torna promissor para

pavimentos de baixo custo, pois viabiliza economicamente a pavimentação e possibilita a

conservação dos agregados minerais de alta qualidade para outras finalidades, além de se

tornar uma solução para locais em que não se dispõe de pedreiras ou cascalheiras como fonte

de agregados para pavimentação.

1.4 ESTRUTURA

A presente dissertação está estruturada da seguinte forma:

Capítulo 1 – Introdução: Neste capítulo são apresentadas as considerações iniciais sobre

o tema proposto, o objetivo, a justificativa e a relevância, e a composição da dissertação.

Capítulo 2 – Fundamentação teórica em materiais para pavimentação: Neste capítulo

são apresentadas algumas definições e considerações pertinentes ao que se referem a materiais

alternativos como alguns tipos de escórias em pavimentação.

Capítulo 3 – Materiais e Métodos: Neste capítulo são apresentadas a concepção inicial

dos ensaios realizados na caracterização química e física da escória de ferroníquel, a

confecção dos traços de misturas asfálticas e a compactação feitas em laboratório.

Capítulo 4 – Resultados e discussões: Neste capítulo são apresentados os resultados dos

ensaios e discutido o emprego da escória de ferroníquel na pavimentação rodoviária.

Capítulo 5 – Conclusões: Neste último capítulo são apresentadas as conclusões e

algumas sugestões para a elaboração de trabalhos futuros.

Page 24: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Será apresentado neste capítulo o embasamento teórico referente aos agregados artificiais

de escórias como materiais em pavimentação. Destacam-se as propriedades químicas, físicas,

análise mecanística e metodologias para determinação da expansão da escória e o uso em

pavimentação. Para dar início à este capítulo, é feita uma rápida abordagem sobre conceito de

pavimento.

2.1 PAVIMENTO

De acordo com a norma NBR7207/82, pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas,

construída após a terraplanagem, e destinada, econômica e simultâneamente em seu conjunto

com finalidades (Figura 2.1):

- Estrutural: resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego;

- Funcional: resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a

superfície de rolamento;

- Segurança: melhorar as condições de rolamento quando ao conforto e segurança.

FIG. 2.1 Estrutura de um pavimento.

Fonte: VIEIRA (2011)

Conforme a Figura 2.1, a estrutura de um pavimento é dividida, geralmente, em quatro

camadas: revestimento, base, sub-base e reforço do subleito. A camada tanto quanto possível

Page 25: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

24

impermeável, destinada a melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e

segurança, e resistir aos esforços horizontais é o revestimento. Abaixo do revestimento,

encontra-se a base, uma camada destinada a resistir e distribuir os esforços verticais devido ao

tráfego. A sub-base é a camada corretiva do subleito ou complementar à base. Por fim, a

camada de reforço do subleito, que somente será utilizada de acordo com a necessidade do

dimensionamento do projeto, cuja a finalidade é melhorar a capacidade de suporte de carga do

subleito.

O pavimento é sensível às propriedades dos materiais utilizados como base e sub-base,

sendo a qualidade do projeto de superestrutura uma função direta da maneira como os

materiais são avaliados. Uma caracterização precisa dos materiais utilizados leva a uma

estrutura capaz de suportar as cargas de projeto especialmente se, durante a fase de projeto,

simulações mecânicas dos esforços aos quais a estrutura será submetida são realizadas

(KUMAR et al., 2006, apud SOUSA et al., 2009).

O principal objetivo das camadas de pavimento é oferecer proteção ao subleito. Os

primeiros projetos de pavimento eram totalmente empíricos, baseados em observações

isoladas e locais. Os primeiros métodos empíricos para pavimentos flexíveis foram propostos

por HOGENTOGLER & TERZAGHI, em 1929. Ainda neste ano, o Departamento de

Estradas da Califórnia, iniciavam-se pesquisas para relacionar a espessura das camadas do

pavimento ao ensaio de CBR. Este estudo foi ampliado durante a Segunda Guerra Mundial,

tornando-se bastante popular no pós-guerra (HUANG, 2004).

O dimensionamento de pavimentos deixou de ser realizado unicamente por métodos

empíricos a partir de 1970, quando surgiram as primeiras análises do comportamento

estrutural dos pavimentos baseadas no cálculo de tensões e deformações por meio da

utilização de programas computacionais que facilitaram a análise mecanística dos sistemas em

camadas. O professor Murilo Lopes de Souza introduziu no Brasil, em 1966, o método para o

dimensionamento de pavimentos baseado no ensaio California Bearing Ratio (CBR). O CBR

é um ensaio de capacidade de carga estático que compara os valores obtidos para os materiais

em uso com um material padrão (brita graduada oriunda da Califórnia). Por intermédio destes

estudos obteve-se um dimensionamento mais racional a partir do entendimento do pavimento

como uma estrutura e um sistema de camadas (MEDINA, 1997; SOARES, 2000; MOTTA,

2002 apud CASTELO BRANCO, 2004).

O primeiro passo para a utilização de novos materiais na engenharia rodoviária deve ser

sua correta caracterização, pois o conhecimento das suas peculiaridades é a chave para a

Page 26: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

25

solução de eventuais problemas que venham a existir a partir da utilização destes novos

materiais. Estudos relacionados ao emprego de agregados alternativos em obras civis vem de

maneira favorável a contribuir com atual cenário da construção civil no Brasil e no mundo,

encontrando soluções para materiais que antes não explorados e descartados estão sendo

reutilizados com foco e interesse na contribuição e cuidado com o meio ambiente

possibilitando a diminuição de passivos ambientais que se tornou um dos maiores apelos da

sociedade moderna para a proteção do meio ambiente.

2.2 ESCÓRIAS

Segundo o Instituto Aço Brasil (2010), na tecnologia da produção do aço (Figura 2.2) é

gerado uma série de materiais produzidos além do aço. A Norma ISO 14040 descreve estes

materiais como co-produtos, sendo um ou mais produtos oriundos do mesmo processo ou

sistema produtivo.

FIG. 2.2 Tecnologia da produção do aço.

Fonte: Instituto Aço Brasil (2010)

O Brasil, oitavo maior produtor de aço bruto do mundo, possui um parque siderúrgico

composto por 28 usinas em 10 estados que tiveram um faturamento, em 2009, de mais de 76,9

Page 27: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

26

bilhões de reais e que geraram aproximadamente 22 milhões de toneladas de resíduos sólidos

(Instituto Aço Brasil, 2010).

Ainda segundo o Instituto Aço Brasil (2010), somente o processo siderúrgico gera em

média 600 kg de resíduos e co-produtos por tonelada de aço produzido (já foi superior a 700

kg). Os principais resíduos são os: pós, lamas e escórias brutas e os co-produtos da indústria

do aço são o: benzeno, alcatrão, BTX (benzeno, tolueno e xileno), escórias de alto forno e

aciarias.

As escórias de aciaria e de alto-forno são classificadas quanto à sua natureza como

agregado artificial, que são resíduos de processos industriais. São um dos tipos de agregados

artificiais mais utilizados em pavimentação. Elas podem apresentar problemas de

expansibilidade e heterogeneidade, requerendo tratamento para utilização, porém podem

apresentar alta resistência ao atrito (BERNUCCI et al., 2007).

Entende-se a relevância da aplicação destes materiais como agregado alternativo em

pavimentação frente à necessidade de se contribuir para a sustentabilidade do planeta através

de ações adequadas de reaproveitamento.

Além disso, segundo o Instituto Aço Brasil (2010), o uso dos agregados siderúrgicos traz

uma série de vantagens em relação aos agregados naturais – como brita, pó de pedra,

cascalho, calcário, piçarra, saibro e areia. Reduz o consumo de recursos naturais não

renováveis, já que substitui materiais provenientes de implosão de jazidas e da mineração de

rochas, areia e outros materiais primários. Permite a reciclagem de um resíduo industrial,

formando um produto para fins nobres, como obras de infraestrutura, reduzindo a necessidade

de aterros de resíduos industriais, uma vez que a disposição do que era antes um resíduo é

substituída pela reciclagem e aplicação de um produto. Reduz a emissão de CO2 para a

atmosfera, substituindo o clínquer na composição do cimento (na indústria cimenteira, a

transformação de calcário em clínquer é a etapa de maior contribuição para a emissão de

gases do efeito estufa).

A utilização de escória em pavimentação, que se tem registro, começou no final da

década de 70 nos Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Canadá. No Brasil, o uso de escória de

aciaria e de alto-forno em pavimentação não é recente havendo trechos executados há mais de

20 anos. (CAVALCANTE et al., 2003; ROHDE, 2002; ALVARENGA, 2001; LIMA et al.,

2000).

Na década de 1980, já existiam no país pesquisas sobre o uso de escórias granuladas de

alto-forno como agregados para pavimentação, conforme CAMPOS (1987) apud BALBO

Page 28: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

27

(2007), sendo em alguns casos estes agregados utilizados como materiais granulares em base,

sub-base e como agregados em revestimento asfáltico. O uso destes agregados em

pavimentação asfáltica já apresenta diversos estudos. No entanto, enfatiza-se que devem ser

adotadas medidas de controle em relação à expansibilidade do material e suas características

físicas, químicas e mecânicas para a aplicação na pavimentação rodoviária.

A seguir, serão descritas diversas características da escória de aciaria como um dos

resíduos da produção do aço mais amplamente estudados por diversos autores no Brasil e no

mundo, cujas características serão comparadas com as das escórias de ferroníquel, materiais

ainda pouquíssimo estudados que foram utilizados nesta pesquisa.

2.2.1 ESCÓRIA DE ACIARIA

É um subproduto ou co-produto da produção do aço, constituída de diversos elementos

químicos que não interessam estar presentes na produção do aço. Ela é um composto formado

na produção do ferro e do aço, a partir de adições de cal virgem, de uma fonte de MgO e CaF2

(Fluorita), cuja finalidade é absorver os óxidos resultantes da reação do oxigênio insuflado no

processo com as impurezas (P, S, Mn, C, etc.). A escória de aciaria é rica em CaO, MgO e

SiO2, tornando-se um material com características expansivas (Harsco Minerals, 2010). A

Figura 2.3 ilustra o oxigênio sendo insuflado no conversor onde ocorrem as ligações

químicas.

FIG. 2.3 Oxigênio insuflado no conversor da aciaria.

Fonte: Harsco Minerals (2010)

No Brasil a escória de aciaria se destaca como material granular em camadas de

pavimentos rodoviários, segundo diversos estudos (PACHECO & MARANGON (1997);

Page 29: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

28

MACHADO (2000); ALVARENGA (2001); ROHDE (2002); CASTELO BRANCO (2004);

POLISSENI (2005); RAPOSO (2005); GONTIJO (2006), FREITAS (2007), TAVARES

(2010) entre outros.

Países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália,

Japão e Coréia do Sul já utilizam a escória de aciaria em sub-bases, bases e pavimentação

asfáltica como alternativa a agregados naturais como brita e areia de rio (POLISSENI, 2005).

Ele cita também alguns registros de sucesso em obras de engenharia rodoviária utilizando a

escória de aciaria:

Aeroporto da Usiminas – MG: Pátio de pouso e decolagem (2,0 km) (ALBERNAS et

al., 2000);

Acesso a Ipaba – MG: (5,0 km) (ALBERNAS et al., 2000);

Construção do Porto Seco em Juiz de Fora – MG (PACHECO e MARANGON,

1997);

Construção do contorno rodoviário da cidade de Volta Redonda – RJ (FUNDAÇÃO

CENTRO TECNOLÓGICO DE JUIZ DE FORA, 2002);

Acesso ao Porto de Praia Mole – Vitória – ES (ROSSI, 2003);

Aterro sobre solo mole, sub-base e capas asfálticas na BR 303 – Vitória – ES (SILVA,

2003);

Experiência com agregado siderúrgico na cidade de Praia Grande – SP (FILHO,

2003);

Pavimento de alto desempenho estrutural executados com escória de aciaria DER-MG

/ USIMINAS (NASCIMENTO e ALBERNAZ, 2003)

Avenidas internas da Companhia Siderúrgica de Tubarão – Vitória – ES (LANA,

2003c);

Qualidade e economia no pavimento de ruas do município de Serra – ES (DADALTO,

2003);

Pavimentação Urbana em Mogi das Cruzes – SP, Volta Redonda e Três Rio – RJ

(COSIPA, 2003);

Revestimento do pátio de “containers” da COSIPA – SP (COSIPA, 2003);

Pavimentação da terceira zona residencial de Praia Grande – SP (COSIPA, 2003);

Regularização de solo e aplicação do pavimento econômico do condomínio Guaratuba

– SP (COSIPA, 2003);

Page 30: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

29

Pavimentação de estradas vicinais e vias públicas DERSA / DNER – SP

(aproximadamente 300 km) (COSIPA, 2002);

Pavimentação da Via Dutra (trecho de Resende – RJ) (COSIPA, 2003).

Tanto nas usinas integradas, que usam o conversor a oxigênio, como nas usinas semi

integradas, que usam forno de arco elétrico, são gerados de 70 kg a 170 kg de escória de

aciaria por tonelada de aço produzido. (SETEPLA, 1999 apud Instituto do Aço, 2010).

A grande variação presente na composição química e mineralógica da escória de aciaria é

atribuída aos seguintes fatores: a qualidade da matéria-prima, o processo de produção

empregado para a obtenção do aço, a forma de resfriamento e o manejo de sua estocagem nos

bota-foras (COOMARASAMY & WALSAK, 1995 apud CASTELO BRANCO, 2004;

MACHADO, 2000).

O tipo de resfriamento desse rejeito afeta também sua granulometria, porque é neste

momento que ocorre a maior parte das reações químicas (LIMA et al., 2000). As escórias

resfriadas ao ar ou vapor, possuem natureza expansiva e tornam-se leves, ao contrário das

escórias resfriadas bruscamente com o jato d’água, se tornam vítreas, com granulometria

semelhante à areia de rio, estrutura porosa e textura áspera (GEYER, 2001).

A escória de aciaria LD, cuja sigla refere-se à produção do aço ser no conversor de

oxigênio do tipo LD (Linz-Donawitz), possui características expansivas devido,

principalmente, à hidratação da cal livre (CaO) e do periclásio (MgO) MACHADO (2000),

CASTELO BRANCO (2004), RAPOSO (2005).

Na Tabela 2.1, são apresentadas as variações volumétricas em função das transformações

ocorridas nas principais espécies químicas presentes na escória de aciaria (MARCACCINI,

2009).

Page 31: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

30

TAB. 2.1 Características das espécies químicas isoladas antes e após hidratação.

No Fórmula Nome

Densidade

(g/cm3)

M.Mol

(g/mol)

Vol. Molar

(cm3/mol)

Variação de

Volume em (%)*

1 MgO Periclásio 3,58 40,31 11,26 Em relação ao MgO

2 Mg(OH)2 Brucita 2,36 58,33 24,72 119,5

3 CaO Cal 3,38 56,08 16,59 Em relação ao CaO

4 Ca(OH)2 Portlandita 2,24 74,09 33,08 99,4

5 CaCO3 Calcita 2,93 100,09 34,16 105,9

Aragonita 2,71 100,09 36,93 122,6

6 CaCO3 Dolomita 2,87 184,41 64,25 287,3 MgCO3

7 Fe0 Ferro (Metálico) 7,86 55,85 7,11 Em relação ao Fe

0

8 FeO Wustita 5,7 71,85 12,61 77,4

9 Fe2O3 Hematita 5,24 159,69 30,48 328,7

10 Fe(OH)2 Hidróxido 3,4 89,86 26,43 271,7

11 FeO(OH) Goetita 4,28 88,85 20,76 192

*Valores calculados a partir do volume e da densidade absoluta das espécies químicas

isoladas.

Fonte: WEAST et al., (1971) apud MARCACCINI (2009)

MARCACCINI (2009) observou que nas transformações por hidratação das espécies

números 2, 4, 10 e 11 da Tabela 2.1 e carbonatação da espécie número 5 da Tabela 2.1, ou por

oxidação das espécies números 8 e 9 da Tabela 2.1, ocorreu um significativo aumento de

volume em relação às dimensões originais do cristal. Este fenômeno conduz à expansão

destrutiva na escória de aciaria.

As escórias de aciaria já tiveram seu emprego bastante limitado como material alternativo

de construção civil devido a sua expansibilidade ou instabilidade volumétrica, que são

causadas pela hidratação do CaO e MgO presentes em sua composição química.

FILEV (2013), por exemplo, citou que no Japão desde 1979 a escória já era utilizada em

concreto asfáltico, porém criou-se uma norma que prevê a produção de escórias para

pavimentação através de diferentes formas de estabilização e com diferentes granulometrias,

para empregos em camadas de pavimentos, misturas asfálticas, entre outros. Esta norma prevê

que se a expansibilidade da escória for inferior a 2,5%, não existe perda na resistência do

pavimento.

No Brasil, o DNIT (antigo DNER) também desenvolveu normas para utilização da

escória em pavimento rodoviário. A norma DNER-EM 260/94, que descreve como a escória

de alto-forno deve ser empregada nas camadas do pavimento, assim como a norma DNER-

Page 32: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

31

PRO 262/94, que fixa as condições para aplicação da escória de aciaria em pavimento

rodoviário.

A expansibilidade é uma característica inconveniente desse material, o que recomenda-se

sua imersão em água por longos períodos a fim de torná-lo estável. Para a escória ser utilizada

como agregrado na construção civil é necessário seu tratamento em relação à expansão

(RODRIGUES, 2007 apud TAVARES et al., 2010) e também a britagem em tamanhos

adequados (TAVARES et al., 2010).

POLISSENI (2005) citou alguns casos de insucessos no Brasil devido à expansibilidade

volumétrica da escória de aciaria elétrica ou LD:

A BR 262 / MG, em Minas Gerais: o trecho com escória LD apresentou problemas

de expansão (GUMIERI, 2002 apud POLISSENI, 2005).

Acesso Norte, na cidade de Juiz de Fora – MG: o trecho com escória de aciaria

elétrica apresentou problemas de expansão no pavimento asfáltico (POLISSENI &

PACHECO, 2002 apud POLISSENI, 2005).

EMERY (1978); RUBIO & CARRETEIRO (1999) citaram que o óxido de cálcio livre e

o óxido de magnésio livre, nas escórias de aciaria, hidratam-se mais rapidamente e mais

lentamente, respectivamente, sendo responsáveis pela instabilidade volumétrica da escória. O

óxido de cálcio livre hidrata em poucas semanas e a hidratação de óxido de magnésio livre

pode levar anos. O óxido de magnésio, por suas reações serem mais lentas, é o responsável

pela expansão a longo prazo (MASUERO et al., 2000).

Os efeitos provocados durante a expansão da escória geram tensões internas que podem

provocar trincas e fracionamento do material quando empregada como agregado alternativo

no pavimento conforme pode ser visto na Figura 2.4.

Page 33: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

32

FIG. 2.4 Expansão causada pela escória de aciaria utilizada no pavimento.

Fonte: RAPOSO (2005)

Outros defeitos em pavimentos, causados pela expansão da escória de aciaria, foram

citados por GONTIJO (2006) apud FREITAS (2007). A Figura 2.5 ilustra os defeitos

causados pelo potencial expansivo da escória de aciaria.

a) Trinca radial ou “vulcãozinho” b) Fissurações Longitudinais

c) Solevações transversais ou “quebra-molas” d) Deslocamento rotacional da sarjeta

FIG. 2.5 Defeitos em pavimentos causados pela expansibilidade das escórias de aciaria.

Fonte: GONTIJO (2006) apud FREITAS (2007)

Page 34: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

33

Assim também, MONTGOMERY & WANG (1991) relataram a instabilidade

volumétrica que ocorre na escória de aciaria não está associada somente à quantidade de

óxido de cálcio livre, mas também é função da forma em que se encontra e da dimensão do

grão.

Normalmente, a maior parte das escórias de aciaria apresenta um teor total acima de 3%

óxido de magnésio, ocasionado principalmente pela dissolução incompleta da dolomita

durante o processo de refino do aço e resultando na formação do periclásio, que é a espécie

química contribuinte no processo de expansão. Uma das possíveis alternativas para minimizar

o problema de expansão do MgO, é a redução da dimensão dos grãos para se obter o menor

tamanho possível, o que facilitaria a dissolução e a reação completa desse óxido.

(MONTGOMERY & WANG, 1991; MACHADO, 2000; PENA, 2004; RAPOSO, 2005 apud

SILVA, 2010).

Hoje muitas empresas associadas aos produtores de aço tem desenvolvido técnicas para

acelerar a inertização da expansão, pelo menos de forma parcial, permintindo seu uso mais

seguro em camadas superficiais de pavimento (TAVARES et al., 2010).

Segundo o DNER-EM 262 / 94 a escória para uso em pavimentação deve obedecer aos

seguintes limites:

• Máximo de 3,0% de expansão;

• Isentas de impurezas orgânicas, contaminação com escórias de alto forno, solos e outros

materiais;

• Granulometria: 40,0% até 12,7 mm e 60,0% entre 12,7 e 50,8 mm de abertura nominal e

atender à granulometria de projeto;

• Absorção de água: 1,0% a 2,0% em peso;

• Massa específica: 3,0 a 3,5 g/cm3;

• Massa unitária: 1,5 a 1,7 g/cm3;

• Desgaste por abrasão Los Angeles: no máximo igual a 25,0% para sub-base, base e

revestimento;

• Durabilidade ao sulfato de sódio: 0,0% a 5,0%, em 5 ciclos.

Outros países já especificaram o uso da escória para construção rodoviária. A França, por

exemplo, especificou o que chamam de grave-laitier que consiste na mistura desse rejeito

com agregados comuns ou com cal hidratada (Ca(OH)2), que também é chamada de hidróxido

de cálcio, para ser utilizada em construções de base ou sub-base de pavimentos. Cerca de

Page 35: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

34

65,0% das rodovias francesas utilizam este material (SHERWOOD, 1995 apud ROHDE,

2002).

Para se avaliar o problema da expansão, têm sido desenvolvidos e adotados métodos

experimentais de determinação da expansão das escórias de aciaria. Esses métodos são

classificados de acordo com a aplicação da escória de aciaria, sendo usado um corpo-de-prova

com cimento quando adicionada ao concreto e um corpo-de-prova compactado quando

utilizada em estradas (MACHADO, 2000). No entanto, de acordo com EMERY (1978)

muitos desses métodos têm se mostrado demorados, custosos e de difícil execução.

CASTELO BRANCO (2004) encontrou valores elevados de expansão da escória de

aciaria estudada para misturas asfálticas. A autora sugeriu uma readequação do processo de

armazenagem da escória de aciaria através do controle de idade das pilhas de escória

juntamente com o tratamento de uma cura para facilitar a comercialização da escória para fins

rodoviários. RAPOSO (2005) também sugeriu um controle dos lotes de escória de aciaria para

que possam ser corretamente avaliados segundo os critérios de expansão.

Segundo a empresa ArcelorMittal Tubarão, que buscou parceria com a KAEME

Consultoria, a escória de aciaria LD pode sofrer mecanismos que propiciam maior rapidez na

sua estabilização, de modo que os óxidos livres sejam em parte inertizados, reduzindo assim,

a capacidade da escória expandir.

Esse processo consiste em "estimular" a reação dos óxidos livres a partir de reação dos

mesmos com o ar e a água, através de um processo de umidificação e aeração da escória

durante certo período de tempo. Isto ocorre com a passagem de máquinas revolvendo o

material, ao passo que na maioria das vezes, ocorre simultaneamente aspersão de água sobre o

mesmo.

Os teores de CaO e MgO e os respectivos produtos da hidratação são os maiores

responsáveis pela estabilização das escórias. Tais teores são variáveis em função da

capacidade de ação da umidade sobre as pilhas de estocagem da escória e o tempo de

exposição destas. Estudos comprovaram que numa pilha de estoque de escória, os teores de

cal livre variam em função da profundidade. Uma vez que as camadas superficiais formam

uma capa protetora à infiltração da umidade, não há condições favoráveis para a hidratação

dos óxidos situados nas camadas mais profundas, permanecendo em estados livres

(MOREIRA, 2006).

No Brasil, já existem muitos estudos com escória de aciaria em substituição aos

agregados convencionais na pavimentação.

Page 36: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

35

ALVARENGA (2001) analisou e comparou as propriedades resilientes e custos de

pavimentos flexíveis utilizando escória de aciaria como base. Utilizou o método de

dimensionamento mecanístico baseado no módulo resiliente e concluiu que a escória de

aciaria estudada mostrou-se adequada para o uso como camada de base. O módulo de

resiliência da escória de aciaria foi comparado com o de uma brita de pedreira e concluiu-se

que os módulos foram muito parecidos. Concluiu-se também, que o módulo de resiliência da

escória de aciaria era pouco sensível à variação de umidade. Para a região investigada e

empreendimentos realizados até 120 km de distância do centro gerador de escória de aciaria,

este material, além de atender às prescrições de ordem técnica, mostrou-se economicamente

vantajoso.

ROHDE et al., (2003) investigaram as características resilientes do agregado escória de

aciaria de forno elétrico granulometricamente corrigida (EGC). Na Figura 2.6 são

apresentados os resultados de módulo de resiliência deste material comparados aos módulos

resiliência de uma brita de basalto (MARMIT, 2002), uma brita de granito (CERATTI, 2000)

e de um saibro (LAPAV, 2001 apud ROHDE 2002). Observa-se nessa figura que a escória

granulometricamente corrigida (EGC) apresentou módulo de resiliência superior ao de outros

materiais granulares, e explicou que tal diferença pode ser função da forma e da superfície

rugosa do material, que garantiriam um maior intertravamento entre as partículas de escória

de aciaria em relação aos materiais convencionais.

FIG. 2.6 Módulos de resiliência da EGC e de materiais granulares convencionais.

Fonte: ROHDE et al., (2003)

CASTELO BRANCO (2004) realizou ensaios de módulo resiliência em três traços

diferentes de misturas asfálticas do tipo C.A.U.Q. A Figura 2.7 ilustra o valor de módulo

Page 37: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

36

resiliente para as misturas M1, M2 e M3 com 40%, 60% e 80% de escória e 6%, 7% e 6,8%

de teor de ligante, respectivamente.

FIG. 2.7 Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas M1, M2 e M3.

Fonte: CASTELO BRANCO (2004)

Concluiu-se que, em relação aos resultados dos ensaios de MR da mistura comparativa,

os maiores valores encontrados foram para: M1 e M3, enquanto os menores valores foram

para a mistura M2. Estes resultados já eram de certa forma esperados, devido à maior

quantidade de ligante na mistura M2.

ALVARENGA (2001) citou algumas obras brasileiras onde foi utilizada a escória de

aciaria na pavimentação entre elas: BR-393 (Volta Redonda-Três Rios), RJ-157 (Barra

Mansa-Divisa RJ/SP), RJ-141 (BR-393-Vargem Alegre), BR-116 (Volta Redonda - Divisa

RJ/SP), 13 km da rodovia que liga Volta Redonda e o distrito Nossa Senhora do Amparo

(Barra Mansa), várias ruas dos municípios de Volta Redonda, Resende, Barra do Piraí,

Itaguaí, Barra Mansa e Magé (RJ) e no município de Mogi das Cruzes (SP), vias no interior

da CST e revestimentos primários na região Sul Fluminense. O uso de escória em

pavimentação é uma aplicação de reciclagem de resíduos primordial para a preservação do

meio ambiente reduzindo custo e consumo de energia.

FREITAS (2007) avaliou o emprego de escória de aciaria na produção de misturas

asfálticas de módulo elevado. Adotou uma única curva granulométrica e variou o uso de

ligantes do tipo CAP 30/45, Resíduo de Vácuo e CAP 30/45 com SASOBIT. Concluiu que a

escória de aciaria se mostrou adequada ao uso como agregado em misturas asfálticas de

módulo elevado, sendo os melhores resultados obtidos com uso do ligante com SASOBIT. A

Page 38: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

37

mistura também apresentou maior desempenho mecânico em comparação ao da mistura com

agregado convencional, embora com teor ligeiramente maior de ligante.

WESSELING (2005) analisou, por meio de um estudo experimental, o comportamento

mecânico de misturas em concreto asfáltico utilizando a escória de aciaria e resíduo areia de

fundição. No seu estudo ficou evidente que incorporação da escória de aciaria à mistura em

concreto asfáltico apresentou desempenho superior ao da mistura com agregados

convencionais nas propriedades mecânicas e de durabilidade. A mistura com o uso da adição

da areia de fundição em combinação com a escória de aciaria não apresentou desempenho

satisfatório, devido ao seu maior consumo de ligante e desempenho mecânico inferior.

PARENTE et al., (2003) estudaram o comportamento mecânico (ensaios triaxiais cíclicos

e ISC) de duas misturas solo e escória, com teores de escória variando entre 50% e 70% para

utilização na pavimentação em camadas de bases e sub-bases, visto que as misturas solo-

escória apresentaram valores superiores de CBR e modulo de resiliência (MR) em relação aos

das misturas comparativas convencionais de solo-brita. As escórias foram submetidas a um

processo de cura por um período de três meses para que seu potencial expansivo fosse

reduzido aos limites aceitáveis.

RAPOSO (2005) estudou experimentalmente a compactação e expansão de uma escória

de aciaria do tipo LD utilizando amostras tratadas e amostras não tratadas, com o objetivo de

utilizá-la em camadas de base e sub-base de pavimentos rodoviários. Foram realizados

ensaios laboratoriais de caracterização (física, química e ambiental), compactação (Proctor

normal e Proctor modificado), expansão pelos métodos PTM-130/78, JIS A 5015/92 e ASTM

D 4792/00, além de ensaios complementares como ISC e o ensaio de permeabilidade à carga

variável. Os resultados obtidos dos ensaios de compactação demonstraram que a escória

estudada apresenta comportamento típico de materiais granulares e umidade ótima de

compactação indefinida. E quanto à expansão, a escória de aciaria LD do estudo, deve sofrer

algum tipo de tratamento com o objetivo de reduzir os níveis de expansão, sendo somente a

amostra tratada atendido ao limite de 3% de expansão conforme as normas de utilização da

escória de aciaria DNIT-PRO 263/94 e DNIT-EM 262/94.

Page 39: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

38

2.2.2 ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL

A escória de ferroníquel é gerada no processo de fusão do minério de níquel em forno

elétrico trifásico, onde elementos não metálicos, tais como SiO2, MgO e Fe2O3, são

granulados na presença de água (Barro Alto Presentation, 2012).

A etapa de fusão do minério laterítico em ferroníquel calcinado e reduzido representa a

operação mais importante de tratamento pirometalúrgico de óxidos minerais de níquel. É

calcinado e fundido em forno elétrico a arco gerando grandes quantidades de escória. Sua

composição corresponde ao ponto de fusão que constitui um dos fatores mais importantes que

afeta o modo de operação do forno elétrico (RODRÍGUEZ & VILLAMIL, 2007).

A escória de ferroníquel, diferentemente das escórias de aciaria e alto-forno, ainda é

pouco estudada em termos de aplicação na engenharia civil, sendo que alguns estudos

existentes encontrados abordam sua aplicação como agregado alternativo em misturas de

concreto de cimento e como matéria prima para pigmento cerâmico.

FRANCKLIN JUNIOR & ALMEIDA (2010) verificaram as propriedades do concreto de

cimento produzidos com agregados de escória de ferroníquel. Executaram um traço de

concreto referência com agregados convencionais e cinco traços de concreto substituindo o

agregado convencional miúdo pela escória de níquel nos teores de 100%, 90% 80%, 70% e

60% respectivamente. A escória de ferroníquel estudada foi provenientes da Comercial Lilian

Ltda (Mineração Morro Azul), município de Pratápolis no Sudoeste do Estado de Minas

Gerais. Um material originado da extração de rochas ultramáficas mineralizadas com sulfetos,

composta principalmente por Ferro (Fe), Silicato (SiO2), Magnésio (MgO) e outros elementos

químicos. Concluíram que o traço de concreto com a escória corrigida com o uso de 60%

apresentou excelente trabalhabilidade, devido principalmente à forma esférica das partículas

da escória, e resistência à compressão compatível ao do concreto utilizado sem escória (traço

referência).

LIMA & ZAMPIERON (2009) investigaram a escória de níquel como pigmento a ser

incorporado na indústria cerâmica. Realizaram ensaios com o uso de um espectômetro de

raio-X afim de verificar sua composição química e confeccionaram 10 corpos de prova em

forma de pastilhas com a escória moída em uma prensa hidráulica com pares de temperatura

600C, 700C, 800C, 900C e 1000C, conforme Figura 2.8.

Page 40: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

39

FIG. 2.8 Corpos de prova submetidos à temperatura entre 600°C a 1000°C.

Fonte: LIMA & ZAMPIERON (2009)

Na temperatura de 600°C foi evidenciada a fase olivina de composição (Mg.Fe0.SiO4). A

fase olivina em temperatura acima de 700°C desaparece, mostrando então que é possível

utilizá-la em pigmento cerâmico até a temperatura de 600°C. Já a fase de magnetita e hematita

de composição (Fe3O4; Fe2O3) está presente em todas as temperaturas trabalhadas. Tal

estabilidade permite afirmar que é possível ter um pigmento estável em temperaturas

elevadas.

A caracterização da composição química e mineralógica da escória, quando utilizada

como um agregado, exerce grande influência nas tomadas de decisão para o uso ou não deste

resíduo.

Por exemplo, NÓBREGA et al., (2005) citaram alguns casos de contaminação por

elementos pesados contidos em tipos de escória distintos. Em um caso em Santo Amaro da

Purificação/BA, uma empresa fechou em 1993 por problemas de ordem econômica,

ocupacional e ambiental.

Um outro caso, também citado por NÓBREGA et al., (2005) foi em Nova Jersey/EUA

1992 a 1993, o Departamento de Serviços de Saúde de Nova Jersey (NJDHSS) e Instituto de

Ciência de Saúde Ocupacional e Ambiental (EOHSI) conduziram um estudo de avaliação à

exposição de escória de cromo. A pesquisa foi realizada em pessoas da Cidade de Hudson e

de um grupo formado para comparação de outras cidades. O nível de detecção foi através de

amostras de urinas, de 1712 pessoas pesquisadas da Cidade de Hudson, sendo que 9,2%

apresentaram nível de cromo na urina acima de 0,5 µg/litro.

Por outro lado, outro aspecto que deve ser analisado nas escórias além da contaminação,

é a presença de elementos químicos que possam causar a expansibilidade do agregado. A

escória de ferroníquel, por exemplo, possui em sua composição química uma quantidade

considerável de óxido de magnésio (MgO) e apenas traços de óxido de cálcio (CaO). No

Page 41: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

40

entanto, EMERY (1978), RUBIO & CARRETERO (1991), citaram que a presença do óxido

de magnésio na escória pode levar anos para se hidratar, quando comparado ao óxido de

cálcio livre, que hidrata-se mais rapidamente causando a instabilidade volumétrica da escória.

SILVA et al., (2003) apud CASTELO BRANCO (2004) concluíram que após 15 anos de

estudo, a cinética da reação de hidratação do MgO é muito lenta. O grau de instabilidade

destes compostos depende do tamanho dos cristais. Os cristais pequenos hidratam-se

rapidamente, enquanto cristais grandes são formados por um processo de resfriamento lento.

Se resfriada bruscamente, de forma que não haja tempo hábil para que o arranjo cristalino

ocorra, produz-se um material predominantemente vítreo. A escória vítrea apresenta nível de

energia mais elevado do que o da cristalina, porque retém a energia de cristalização de

aproximadamente 200 kJ/kg, sendo portanto termodinamicamente menos estável que as

cristalinas (JOHN, 1995 apud JOHN, 2000). No caso da escória de ferroníquel estudada nesta

pesquisa, sofre o mesmo processo de resfriamento, porém, possui uma estrutura cristalina

confirmada pelo ensaio de difração de raio-X que confirmou a presença do mineral Faialita. O

resultado se encontra no capítulo 4 deste trabalho.

Existe algumas tecnologias básicas para produção de escórias vítreas. Uma delas,

praticamente normal nas grandes siderúrgicas brasileiras, é conhecida como granulação. A

granulação da escória de alto-forno foi originalmente introduzida por volta de 1853 por

Lange, na Alemanha, e visava facilitar a sua remoção das siderúrgicas (JOHN, 2000). Este

processo é similar ao da escória de ferroníquel estudada nesta pesquisa. A escória, ainda no

estado líquido, é granulada com a presença de água que sofre o resfriamento brusco formando

os grãos da escória com granulometria muito pequena similar à da areia, alguns com formas

irregulares e outros com formatos esféricos.

RICHTER (2009) relatou duas rotas no processo de recuperação do níquel e ferroníquel

no minério (ver Figura 2.9). O processo Caron, também conhecido como lixiviação

amoniacal, recupera essencialmente o níquel, o cobre e o cobalto contidos no minério, na

forma de carbonato granular ou sínter de óxido, para posterior refino. A lixiviação ácida

realiza o mesmo processo, mas o reagente principal é o ácido sulfúrico. Todas essas rotas

hidrometalúrgicas buscam a obtenção do níquel metálico. A rota RKEF (calcinador rotativo-

forno elétrico) recupera o ferro e o níquel contidos, além de parte do cobalto, em uma liga

metálica, camada de ferroníquel.

Page 42: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

41

FIG. 2.9 Rotas de processamento para obtenção do níquel.

Fonte: RICHTER (2009)

GOMES (2010) descreveu que o processo Caron é extremamente dependente de

combustíveis fósseis e apresenta baixo rendimento (próximo de 70% de extração Ni),

associado principalmente à baixa eficiência da etapa de redução que antecede a lixiviação.

Já no processo Pirometalúrgico, mesmo processo adotado para a escória de ferroníquel

utilizada nesta pesquisa, após lavrado, o minério é enviado para secadores, que removem sua

umidade. A seguir, é encaminhado a um forno, onde o concentrado de ferroníquel é formado,

com produção de escória. O concentrado tem teor de 23% de níquel e é utilizado como

insumo na indústria de aço inoxidável (FERREIRA et al., 2008). O processo para a produção

do ferroníquel se inicia na extração do minério na mina (Figura 2.10).

Page 43: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

42

FIG. 2.10 Mina de extração do minério de ferroníquel.

Fonte: Barro Alto Presentation (2012)

O solo da região do município de Niquelândia / GO, é um solo laterítico e possui alto teor

de óxido de ferro, por isso no processo de produção da empresa Mineradora produz-se a liga

Ferroníquel.

É importante ressaltar, segundo ROSEMBERG (1968), é válido como quase regra geral,

que os minérios oxidados, por exemplo, os utilizados pela empresa Mineradora desta

pesquisa, são utilizados para produzir o ferroníquel e os sulfetados, para fabricar níquel

metálico. Normalmente os minerais de níquel encontram-se associados a minerais silicatados

secundários, e o níquel costuma substituir o magnésio em alguns minerais primários (olivina,

hiperstênio, hornblenda e biotita). Não é possível encontrar níquel nativo puro na natureza.

Uma quantidade considerável deste minério é empregada anualmente neste processo

pirometalúrgico, o qual compreende as etapas de Preparação do Minério (Britagem,

Homogeneização e Secagem), Calcinação, Redução e Refino. Na Redução obtém-se o

ferroníquel que, posteriormente, é enviado ao Refino para retirada de impurezas, como o

enxofre e o fósforo. Após esta etapa, a liga está adequada para a comercialização. O

ferroníquel é utilizado, principalmente, na indústria de aço-inox. Tanto na Redução, quanto no

Refino são geradas escórias de processo (ver Figura 2.11), sendo que objeto deste estudo é a

escória do processo da Redução (Barro Alto Presentation, 2012).

Page 44: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

43

FIG. 2.11 Processo de produção do ferroníquel das Plantas de Barro Alto e Codemin.

Fonte: Barro Alto Presentation (2012)

O ferroníquel é um metal ferromagnético, com elevada dureza, e um branco brilhante o

qual é facilmente convertido numa variedade de produtos. O seu uso mais comum é como um

componente de várias ligas, de aços inoxidáveis que são as mais comuns (Minera Loma de

Níquel, 2012). FERREIRA et al., (2008) citaram que a maior parte do níquel produzido é

consumida na fabricação de ligas ferrosas e não ferrosas.

As características físico-químicas do níquel permitem que ele ceda características muito

importantes para ligas em variadas aplicações. Dentre as várias características possíveis do

níquel, destacam-se as seguintes: resistência a quente, devido ao seu alto ponto de

fusão; resistência à corrosão, devido a sua alta dureza e tenacidade; reduzida variação

dimensional, dada por seu elevado módulo de elasticidade de 204 GPa; e elevada resistência

elétrica (eletronegatividade baixa), que garante um grande aquecimento durante a condução

elétrica (LUZ et al., 2010).

Os depósitos de níquel podem ser de origem magmática ou residual. As jazidas

magmáticas são também chamadas de sulfetadas e as jazidas residuais são constituídas por

material extremamente alterado pelas interpéries. As jazidas residuais possuem como fonte as

rochas ultrabásicas, são chamadas de lateríticas, normalmente são encontradas na região dos

Page 45: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

44

trópicos, e representam 80% das reservas e 45% da produção mundial (MANO, 2002 apud

RICHTER, 2009).

Segundo a PT International Nickel Indonesia Tbk (2005) os tipos de depósito de níquel e

suas respectivas características são:

• Depósitos de níquel sulfetado

– Níquel como níquel sulfetado: pentlandita, milerita;

– Minérios de níquel processados através de moagem e fusão;

• Depósitos de níquel laterítico (ver Figura 2.12).

– Depósitos de óxido de Ni: Ni como hidróxido na zona ferruginosa;

– Depósitos de silicato de argila: Ni como silicato de argila;

– Depósitos de silicato hidratado: Ni como silicato hidratado no saprólito;

– Minérios de níquel processados através de pirometalurgia (fusão) ou

hidrometalurgia (lixiviação);

– 90% do níquel são processados por métodos pirometalúrgicos.

FIG. 2.12 Depósito de laterítas de níquel mundial.

Fonte: PT International Nickel Indonesia Tbk (2005).

Page 46: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

45

A ocorrência do minério laterítico se dá numa região mais superficial, mais

especificamente a saprolítica. Seus depósitos são situados principalmente no Brasil, Cuba,

Austrália, Indonésia, Nova Caledônia e Filipinas, possuem teores médios de níquel em torno

de 1,95% e teores de óxido de ferro acima de 24%, além da presença de cobalto e magnésio

(BNDES, 2000).

O níquel é um metal muito usado sob a forma pura para fazer a proteção de peças

metálicas, pois oferece grande resistência à oxidação. Suas principais aplicações são em ligas

ferrosas e não-ferrosas para consumo no setor industrial, em material militar, em moedas, em

transporte/aeronaves, em aplicações voltadas para a construção civil e em diversos tipos de

aços especiais, altamente resistentes à oxidação, como os aços inoxidáveis, bem como em

ligas para o fabricação de imãs (metal Alnico), em ligas elétricas, magnéticas e de expansão,

ligas de alta permeabilidade, ligas de cobre-níquel, tipo níquel-45, e em outras ligas não-

ferrosas. A niquelagem de peças é feita por galvanoplastia, usando banhos de sais de níquel

(LUZ et al., 2010).

O Brasil é o sétimo maior produtor de níquel com aproximadamente 85.000 toneladas em

2008. A Rússia é a maior produtora com 19% do volume total, seguida pelo Canadá com

15%, Austrália com 11% e Indonésia com 9% (USGS/DNPM apud IBRAM, 2013).

Os jazimentos de níquel descobertos no Brasil são representados por minérios silicatados,

que provêm da alteração de rochas muito básicas como peridotitos (é uma rocha ígnea de grão

grosseiro, composta basicamente, sobretudo por olivina, com ou sem outros minerais máficos,

com pouco ou nenhum feldspato, pertence ao tipo de rocha basáltica – Dicionário de

Mineralogia e Gemologia). O intemperismo mobiliza o níquel sob a forma de silicato

hidratado, e o concentra em fissuras da rocha em processo de alteração, trazendo-o para a

superfície. Nas jazidas deste tipo encontra-se na parte superior uma camada de laterita

niquelífera e mais abaixo, geralmente, há uma zona enriquecida à custa da rocha subjacente

que vai depois empobrecendo à medida que o níquel se desloca para superfície. Nas jazidas

são encontradas calcedônias que indicam ações hidrotermais provavelmente relacionadas aos

pegmatitos (rocha ígnea de granulação extremamente grosseira que ocorre em geral, nas

margens de grandes corpos de rocha intrusiva, sua composição é variável geralmente granítica

- Dicionário de Mineralogia e Gemologia). O processo de alteração dos peridotitos pode ser

atribuído a ações hidrotermais além do intemperismo (BNDES, 2000).

Os minérios sulfetados possuem em sua composição, além do níquel, sulfetos de cobre,

cobalto e ferro, assim como alguns metais valiosos (platina, prata e ouro) e enxôfre, utilizado

Page 47: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

46

para a produção de ácido sulfúrico. Originados em camadas subterrâneas abaixo da região

saprolítica, os depósitos de minério sulfetado correspondem atualmente a cerca de 20% das

reservas de níquel do ocidente, sendo principalmente encontrados na Austrália, seguidos por

Canadá, China, África do Sul e Zimbábue. Cerca de 55% da produção total de níquel são

oriundas dos minérios sulfetados. Recentemente foi descoberto um importante novo depósito

de minério sulfetado em Voisey Bay, no estado de Labrador, Canadá (BNDES, 2000).

2.3 CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO

O primeiro passo para a utilização de novos materiais na engenharia rodoviária deve ser a

correta caracterização dos mesmos, porque o conhecimento das suas peculiaridades é a chave

para a solução de eventuais problemas que venham a existir a partir da utilização destes novos

materiais. Por este motivo, os trabalhos envolvendo agregados alternativos e convencionais

no IME também envolvem a Seção de Engenharia de Materiais. A seguir são apresentados

alguns ensaios para a caracterização de agregados utilizados neste trabalho.

2.3.1 POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

É uma ferramenta de investigação mais recente e extremamente útil para caracterização

de materiais. A superfície de uma amostra a ser examinada é rastreada com um feixe de

elétrons, e o feixe de elétrons refletido é coletado e então mostrado em uma tela, semelhante à

tela de uma TV. A imagem gerada na tela, representa as características da superfície da

amostra (CALLISTER JR, 2002).

O EDS (energy dispersive x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório essencial no

estudo de caracterização microscópica de materiais. Quando o feixe de elétrons incide sobre

um mineral, os elétrons mais externos dos átomos e os íons constituintes são excitados,

mudando de níveis energéticos. Ao retornarem para sua posição inicial, liberam a energia

adquirida a qual é emitida em comprimento de onda no espectro de raio-X. Um detector

instalado na câmara de vácuo do Microscópio Eletrônico por Varredura (MEV) mede a

energia associada a esse elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem

energias distintas, é possível, no ponto de incidência do feixe, determinar quais os elementos

Page 48: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

47

químicos estão presentes naquele local e assim identificar em instantes que mineral está sendo

observado (DEGEO, 2013).

O uso em conjunto do EDS com o MEV é de grande importância na caracterização

petrográfica e estudo petrológico nas geociências. Enquanto o MEV proporciona nítidas

imagens, o EDS permite sua imediata identificação.

MOURA (2000) utilizou o ensaio de MEV na amostra escória de cobre e verificou que a

escória de cobre possui forma esférica com superfície lisa e sem poros. YORIO (2008),

através de MEV, observou as partículas da escória de níquel de redução e constatou que ela é

composta em geral por partículas esféricas e algumas partículas irregulares com superfície lisa

e rugosa como ilustra a Figura 2.13.

FIG. 2.13 Micrografias das partículas da escória de níquel de redução feitas por MEV.

Esquerda: Vista com aumento de 20X. Direita: Vista com aumento de 100X.

Fonte: YORIO (2008)

SILVA (2010), através do MEV, observou a heterogeneidade da forma e dimensão dos

grãos que compõe a escória de aciaria, com predomínio de grãos na forma lamelar, placóides

e formações em filamentos. Concluiu que a composição de ferro presente em todos os pontos

analisados contribui para a elevada densidade do material.

DUARTE et al., (2003) utilizaram as imagens eletrônicas de MEV, associadas a dados

químicos semi-quantitativos de EDS, em estudos gemológicos e obtiveram com as imagens

eletrônicas de varredura uma observação detalhada da morfologia das inclusões. As análises

de EDS fornecem uma estimativa composicional, conferindo uma precisão que não era

possível através de outras técnicas tradicionais.

Esses autores citaram a facilidade na seleção e preparação das amostras, uma vez que é

possível utilizar desde fragmentos de amostras brutas não polidas até lâminas delgadas,

Page 49: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

48

inclusive amostras lapidadas se for necessário. Como é um método não destrutivo, as

amostras podem ser arquivadas para estudos posteriores ou direcionadas para outras análises

complementares. A facilidade de preparação das amostras para análise e a rapidez na

aquisição de dados conferem ainda um baixo custo a este método de análise.

2.3.2 POR DIFRAÇÃO DE RAIO-X

Os Raios-X são muito importantes no desenvolvimento de novos materiais. Eles são uma

forma de radiação eletromagnética que possuem elevadas energias e curtos comprimentos de

onda. É uma técnica usual de difração que emprega uma amostra pulverizada, que consiste em

muitas partículas finas e aleatoriamente orientadas, expostas a uma radiação X

monocromática (CALLISTER JR, 2002).

DA SILVA (2011) explicou como é feito o estudo dos materiais por difração de Raio-X.

Em qualquer estudo sobre as propriedades de um determinado material, quase sempre, o

primeiro passo, e talvez o mais importante, é a determinação de suas estruturas cristalinas, já

que diversas propriedades estão intimamente ligadas à maneira como os átomos estão

dispostos pelo material.

Para ALBERS et al., (2002), dentre as várias técnicas de caracterização de materiais, a

técnica de difração de raio-X é a mais indicada na determinação das fases cristalinas presentes

em materiais cerâmicos. Isto é possível porque na maior parte dos sólidos (cristais), os átomos

se ordenam em planos cristalinos separados entre si por distâncias da mesma ordem de

grandeza dos comprimentos de onda dos raio-X. Ao incidir um feixe de raio-X em um cristal,

o mesmo interage com os átomos presentes, originando o fenômeno de difração.

ALBERS et al., (2002) concluíram que o procedimento para identificação de

argilominerais por difração de raio-X permite a identificação rápida e confiável dos

argilominerais comumente presentes em materiais argilosos no país.

SANTOS et al., (2012) caracterizaram materiais pedregulhosos utilizados em

pavimentação com a ajuda do ensaio de difração de raio-X para verificação da composição

mineralógica. Concluíram que a composição mineralógica, obtida por meio de ensaios de

difração de raio-X das lateritas estudadas, indicou uma predominância de hematita e goethita,

confirmando o elevado caráter ferruginoso destes materiais. O tipo de mineral composto no

agregado pode influenciar na resistência do material.

Page 50: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

49

NÓBREGA (2007) também utilizou o ensaio de difração de raio-X para identificar a

composição mineralógica da escória de manganês e de acordo com a análise química da

amostra apresentada conseguiu concluir que possivelmente a amostra está livre da

desintegração causada pelos óxidos de cálcio e magnésio.

MASUERO et al., (2000) utilizaram o ensaio de difração de raio-X como técnica de

análise para determinação do estado físico das escórias (cristalino ou amorfo) e a identificação

e determinação das quantidades relativas das fases presentes. Foram identificados os seguintes

compostos: Periclase (MgO), Wustita (FeO), Larnita, Wollastonita (CaSiO3), Óxido de Cálcio

(CaO), Larnita (Ca2SiO4) e Clinocloro (Mg,Al,Fe)4 O10(OH)8.

A investigação da composição química de materiais através de raio-X tem sido muito

utilizada por pesquisadores em diversas áreas. GARCIA et al., (2011), por exemplo,

compararam qualitativamente a composição química do cimento de Portland e o cimento

MTA-Angelus® (Mineral Trióxido Agregado) pela análise da difração de raio-X para

conhecer seu nível toxicológico, bastante utilizado em perfurações radiculares e obturações

retrógradas, devido a suas excelentes propriedades de selamento e biocompatibilidade, uma

vez que a produção industrial do cimento de Portland parece não ter condições salubres

suficientes para a aplicabilidade clínica do material. Na comparação entre os dois tipos de

cimentos, concluíram que qualitativamente o cimento de Portland e o MTA são muito

semelhantes entre si quanto aos seus elementos químicos.

2.3.3 POR MICROSCOPIA ÓPTICA

O objetivo da microscopia é a obtenção de imagens ampliadas de um objeto, que nos

permitam distinguir detalhes não revelados a olho nu .

A avaliação microscópica deverá indicar características como granulação, textura,

estrutura e também as microfissuras, presença de vazios ou poros (BERNUCCI et al., 2007).

CALLISTER JR. (2002) abordou os preparos que se devem ter com as amostras para

avaliação de microscopia óptica. Um deles é a preparação da amostra por ataque químico,

onde a microestrutura é revelada mediante aplicação de um tratamento de superfície que usa

um reagente químico apropriado, muitas vezes utilizado para investigações do tipo

metalográficas. COLPAERT (2008) detalhou a preparação da amostra para este tipo de

Page 51: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

50

ensaio. E explicou que o microscópio óptico é utilizado para estudar a microestrutura do

material; e os sistemas óticos e de iluminação são seus elementos básicos.

Ainda, COLPAERT (2008) discutiu as principais técnicas de observação da

microestrutura de amostras. Uma delas é a avaliação ao microscópio sem ataque a qual foi

utilizada nesta pesquisa. Esta técnica tem a função de avaliar características estruturais que

são visíveis nesta condição, tais como inclusões não metálicas, grafita, trincas, porosidade,

entre outros. Este tipo de observação sem ataque químico na amostra para avaliação é muito

mais claro e objetivo e a ausência das informações produzidas pelo ataque evita confusão de

análise.

2.3.4 POR AIMS (AGGREGATE IMAGING SYSTEM)

É um sistema para avaliação da angularidade do agregado pouco utilizado no Brasil. É de

conhecimento que apenas o Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES) e a Universidade

Federal do Ceará (UFC) possui este equipamento.

Recentemente, BESSA (2012) avaliou o potencial do uso do Processamento Digital de

Imagens na análise das propriedades de forma, angularidade e textura dos agregados

provenientes de fontes distintas e na análise da estrutura interna de misturas asfálticas

compostas por esses agregados. Em uma de suas conclusões, observou que a utilização do

AIMS na caracterização de agregados é importante para se obter uma análise mais completa e

detalhada dos parâmetros de forma, de angularidade e de textura, uma vez que é possível obter

não só uma média de valores, mas também distribuições de propriedades.

O IDEA (2003) descreveu o conceito do sistema AIMS, que tem o objetivo de analisar a

forma, angularidade, textura dos agregados. Agregados com tamanhos de 37,5 mm a 150 mm

também podem ser analisados usando este sistema. Comentou também que esta metodologia

oferece várias vantagens sobre os métodos atuais utilizados na prática. Ele baseia-se na

distribuição de características da forma de uma amostra global, em vez de valores médios

destas características. A forma de agregado graúdo é determinada com base na análise

tridimensional de partículas, o que permite distinguir entre plana, partículas alongadas, ou

plana e alongada.

BATHINA (2005) citou que o Aggregate Imaging System (AIMS) é um dos métodos de

teste que se mostrou ser bem sucedido em medir com precisão as características de agregação.

É um método de teste capaz de medir as características físicas de agregados grosseiros e finos.

Page 52: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

51

Este método de teste sofisticado foi concebido para ser suficientemente versátil e medir a

distribuição de forma, angularidade e textura de vários tamanhos de agregados. A qualidade é

avaliada pela medida da repetibilidade, reprodutibilidade e sensibilidade das medições de

AIMS.

AIMS é considerado um grande avanço tecnológico sobre os métodos correntes

utilizados na prática para a medição de forma agregada. São duas as áreas principais na

engenharia de pavimentos que o AIMS pode beneficiar. A primeira está incorporada às

propriedades de forma agregada para o procedimento de projeto de misturas asfálticas a

quente. As propriedades agregadas controlam sua interação com o ligante asfáltico e

consequentemente, influenciam o projeto da volumétrica da mistura. A segunda área é o

controle de qualidade / garantia dos agregados. O sistema oferece um método automatizado

de fazer cumprir as especificações e assegurando propriedades consistentes. Por conseguinte,

pode contribuir para a criação de maior qualidade e de maior duração dos pavimentos, com

economia de grande parte devido à redução de requisitos para manutenção de pavimento e

restauração (MASAD, 2005).

MASAD & BUTTON (2000) investigaram dois métodos independentes que integram

vários aspectos de análise de imagens, apresentando as técnicas da quantificação da

angularidade e a textura dos finos. A primeira técnica baseia-se na alteração da forma do

agregado como é submetido a uma série de erosão-dilatação morfológica nas operações

(Figura 2.14). A segunda técnica utiliza a mudança de um objeto com a sua forma. Com estas

análises, concluíram que os dois métodos são capazes de capturar a forma agregada em duas

escalas diferentes. As técnicas de imagem oferecem uma abordagem unificada para descrever

a angularidade e textura do agregado.

FIG. 2.14 Ilustração do efeito de erosão e dilatação na amostra.

Fonte: MASAD & BUTTON (2000)

Page 53: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

52

BATHINA (2005) avaliou a qualidade do sistema de imagem (AIMS) por meio da

análise da repetividade, reprodutibilidade e sensibilidade, e comparou com os resultados de

outros métodos de teste disponíveis. Demonstrou que este método é capaz de quantificar as

diferenças entre os agregados e pode ser usado para capturar a influência da mudança na fonte

de agregação ou de técnicas de produção em características de agregação.

AL-ROUSAN (2004) concluiu que o AIMS é o sistema mais completo capaz de medir as

características da forma de agregados, tanto grosso e fino. A avaliação baseou-se na repetição

da medição de precisão, na aplicabilidade dos vários tipos de agregados, na prontidão para a

implementação, em facilidade de utilização. A Figura 2.15 mostra os equipamentos que

compõem o sistema AIMS.

FIG. 2.15 Sistema de imagem do agregado (AIMS).

Fonte: AL-ROUSAN (2004)

Page 54: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

53

3 MATERIAIS E MÉTODOS

No presente capítulo são apresentados os materiais utilizados e descrita a metodologia

utilizados neste trabalho que enfoca a utilização da escória de ferroníquel como um agregado

em pavimentação. É apresentada ainda uma descrição dos ensaios de caracterização a que

estes materiais foram submetidos.

3.1 MATERIAIS

3.1.1 ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL

Através do projeto de pesquisa IME / SENAI intitulado “Estudos para utilização de

escória de ferroníquel das plantas de Barro alto e codemin na área de construção civil”, 4

Bags, contendo cerca de 400 kg, foram enviados da unidade de Barro Alto para o Laboratório

do IME. Esta amostra de escória ferroníquel foi a utilizada no presente trabalho.

Deve-se ressaltar que o estudo da escória de ferroníquel como emprego em pavimentação

já possui publicações da autora em SANTOS et al., (2012a); SANTOS et al., (2012b) e

SANTOS et al., (2013) todas pertinentes ao referido projeto.

As escórias de ferroníquel da redução possuem características peculiares em relação a

outras obtidas em processos de ferroníquel espalhados pelo mundo, sobretudo pelas

características do minério. A escória de ferroníquel da redução possui altos teores de sílica e

magnésio, podendo ser considerada um material membro do grupo das olivinas que são

constituídos por silicatos de magnésio e ferro. A olivina geralmente se apresenta com cor

verde oliva, daí o seu nome.

A Figura 3.1 ilustra a amostra de escória ferroníquel estudada neste trabalho com sua

tonalidade verde caracterizada pela sua composição química.

Page 55: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

54

FIG. 3.1 Amostra da escória de ferroníquel de Barro Alto estudada com forma similar à areia.

Em Barro Alto a escória não é separada em estoques por lote de produção, existindo uma

pilha única, conforme ilustra Figura 3.2, que concentra toda a escória gerada no seu processo

produtivo. Caso essa escória fosse expansiva, essa situação não seria boa para a cura da

mesma, pois para que ocorra a hidratação de todo o material estocado, o ideal é ter formações

de pilhas baixas e separadas em lotes conforme a data de sua geração.

FIG. 3.2 Depósito da escória de ferroníquel na Planta de Barro Alto / GO.

Page 56: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

55

Segundo a empresa, as operações de redução e refino são responsáveis pela quase

totalidade da produção de ferroníquel no país, aproximadamente 97,9% da produção nacional.

A empresa configura como uma das maiores produtoras mundiais do metal.

A mineradora ainda ressalta que quando a Planta estiver em regime normal de operação

serão geradas anualmente 1.800.000 t de escória da redução que, originalmente, serão

depositadas em barragens de rejeitos devidamente preparadas para estocar tal material. Trata-

se de um volume grande que envolve dispêndios como custo de transporte,

impermeabilização do terreno onde será destinada, entre outros.

A Figura 3.3 ilustra a quantidade de escória gerada no processo de produção do

ferroníquel e a de quantidade de escória que é comercializada para empresas fabricantes de

cimento. Observa-se que o consumo ainda é um pouco limitado pela empresa devido à

especificação do cimento possuir limitação do teor de magnésio em sua composição.

FIG. 3.3 Comparativo da geração da escória de ferroníquel com a quantidade vendida.

O ferroníquel é utilizado, principalmente, na indústria de aço-inox. Tanto na redução,

quanto no refino são geradas escórias de processo (ver Figura 3.4), sendo que o objeto deste

estudo é a escória do processo da redução, conforme já comentado.

Page 57: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

56

FIG. 3.4 Processo de produção do ferroníquel realizado na Planta de Barro Alto.

A Figura 3.5 mostra as quantidades de escória da redução produzidas e o custo de

manuseio deste material para as duas unidades. Parte da escória da redução produzida na

Codemin é comercializada para empresas cimenteiras, todavia, esta quantidade é de apenas

12,4%.

FIG. 3.5 Croqui de localização da produção da escória de ferroníquel de Refino e Redução

nas unidades de Barro Alto e Codemin.

Page 58: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

57

Em relação à escória do Refino, são produzidas 7.200 t por ano na Codemin e serão

produzidas 21.600 t por ano em Barro Alto.

A investigação da caracterização química da escória de ferroníquel estudada neste

trabalho foi feita por BRANDT (1997), que realizou os ensaios de lixiviação e espectograma

qualitativo da escória. A partir destes esaios foi possível apresentar na Tabela 3.1 os dados de

caracterização química da amostra bruta com os respectivos teores encontrados, nos ensaios

de lixiviação e solubilização.

TAB. 3.1 Caracterização da escória bruta ferroníquel de redução, lixiviação e solubilização.

Amostra Bruta Lixiviação Solubilização

Parâmetros Teores (% e ppm) Teores (mg/l) Teores (mg/l)

Silício 43,60% 2,80 8,10

Magnésio 0,36% 4,60 4,58

Alumínio 3,90% < 0,05 < 0,05

Ferro 14,90% 0,95 0,19

Dureza Total

em CaCO3 1,49% 26,41 26,41

Dureza de Mg 1,49% 18,92 18,86

Cromo 1,30% < 0,05 < 0,05

Níquel 0,14% < 0,02 < 0,02

Titânio 0,15% < 0,01 < 0,01

Manganês 0,34% < 0,11 < 0,05

Nióbio < 5,00 ppm < 0,10 < 0,10

Cobre 106,00 ppm < 0, 02 < 0,02

Vanádio 184,00 ppm < 0,01 < 0,01

Zircônio 27,00 ppm < 0,01 < 0,01

Cobalto 66,00 ppm < 0,10 < 0,10

Fonte: Relatório de Ensaio cedido pela empresa Anglo American.

A Tabela 3.2 apresenta os valores de caracterização qualitativa da massa bruta de escória

de ferroníquel de redução, onde indica a maior e menor concentração dos constituintes

químicos presentes na amostra analisada e alguns traços da composição química mínima

encontrada.

TAB. 3.2 Análise de espectograma para a escória ferroníquel de redução.

Escória

Ferroníquel de

Redução

Maiores constituintes

concentração: >5% Silício, Magnésio, Ferro

Menores constituintes

concentração: < 5% e > 0,1% Alumínio, Cromo, Cálcio

Traços: Concentração: < 0,1% Níquel, Titânio, Manganês, Nióbio, Cobre,

Vanádio, Zircônio, Cobalto

Fonte: Relatório de Ensaio enviado pela empresa Anglo American.

Page 59: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

58

Segundo a norma ABNT NBR 10004 (2004), os resíduos podem ser classificados em três

classes: Resíduos classe I – perigosos; Resíduos classe II – não inertes; e Resíduos classe III –

inertes.

Dentro deste contexto, a análise da escória de ferroníquel indicam em sua composição

teores relevantes de metais tóxicos/perigosos, como o níquel, cromo, cobre e vanádio, cuja

classificação deste resíduo é do tipo classe II – inertes, pois nenhum dos constituintes

apresenta concentração acima dos valores estabelecidos na ABNT NBR 10004 (2004)

(Listagens 7 e 8). Pode-se considerar que os metais encontram-se na forma não passível de

lixiviação e solubilização (BRANDT, 1997).

Para os ensaios realizados no IME a coleta da escória de ferroníquel de redução seguiu o

seguinte procedimento de amostragem na planta de Barro Alto.

Como a disposição das escórias são feitas em pilhas, as amostras foram retiradas em 03

(três pontos) (topo, meio e base), iniciando-se as coletas a partir do topo, conforme

apresentado na Figura 3.6. Esta amostragem foi efetuada em 05 (cinco) pontos distintos de

cada depósito, representados nesta figura pelas letras A, B, C, D e E.

(1A) (1B)

FIG. 3.6 Croqui da vista de cima da pilha (1A). Corte das pilhas dos resíduos (1B).

Em seguida a escória de ferroníquel de redução foi levada ao Laboratório de Ligantes e

Misturas Betuminosas do Instituto Militar de Engenharia (IME) no Rio de Janeiro, para a

realização dos ensaios de caracterização tradicional de agregados e execução das demais

atividades pertinentes ao projeto.

Page 60: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

59

3.1.2 AGREGADOS PÉTREOS

Os agregados pétreos utilizados neste estudo para compor a produção de misturas dos

traços 1, 2 e 3 são provenientes da usina de asfalto da CRT (Concessionária Rio Teresópolis

S/A) que, desde 22 de março de 1996, administra os 142,5 quilômetros da Rio-Teresópolis-

Além Paraíba (BR-116/RJ), no Estado do Rio de Janeiro. O trecho sob a concessão da CRT

abrange a região onde estão os municípios de Duque de Caxias (a partir do entroncamento

com a BR-040/RJ), Magé, Guapimirim, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e

Sapucaia, indo até a divisa com Minas Gerais, próximo à cidade de Além Paraíba.

Logicamente não se pretende utilizar estes agregados na prática regional de Goiás,

entretanto, não houve definição a respeito do material a ser efetivamente empregado na

prática. Optou-se então por se utilizar um agregado disponível no laboratório do IME.

Considerando a possibilidade de execução de um trecho experimental em Niquelândia /

GO, também foram utilizados agregados locais da Empresa ONA para a execução do traço 4

de mistura asfáltica.

3.1.3 LIGANTES ASFÁLTICOS

Para o desenvolvimento do estudo com ligantes asfálticos, utilizaram-se o CAP 30/45 e o

CAP 50/70 provenientes da REDUC (Refinaria de Duque de Caxias), que é hoje a mais

completa e complexa refinaria do sistema Petrobras, tendo sido inaugurada em 1961, com

apenas seis unidades, além da casa de força. Localiza-se na Rodovia Washington Luís, km

113,7, no distrito de Campos Elísios, município de Duque de Caxias. O complexo industrial

da refinaria é distribuído numa área de aproximadamente 13 km² e é responsável por cerca de

4,8 bilhões de reais por ano em impostos pagos ao governo. Um total de 52 produtos são

comercializados por esta refinaria, dentre estes óleos básicos para lubrificantes, diesel,

gasolina, GLP, nafta, querosene de aviação, parafinas, óleo combustível e aguarrás.

Para efeito de tentativa, também foi utilizado o asfalto modificado por TLA (Trinidad

Lake Asphalt), somente utilizado no ensaio de adesividade com a escória de ferroníquel, cujo

resultado se encontra no Capítulo 4.

O asfalto modificado por TLA é proveniente da empresa Betunel e é resultado da

modificação do ligante asfáltico nacional com asfalto natural oriundo da jazida (lago) da ilha

Page 61: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

60

de Trinidad. Esse novo produto tem características peculiares e, quando utilizado em misturas

asfálticas, as torna resistentes à deformação permanente, fadiga e ações de combustíveis. O

TLA é um modificador de asfaltos amplamente utilizado nos Estados Unidos, Europa e Ásia.

Foi bastante empregado na China durante a construção da infraestrutura dos Jogos Olímpicos

de Pequim.

3.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL

Os ensaios que compuseram o programa experimental deste trabalho foram:

1ª fase: Realização dos ensaios para caracterização da escória de ferroníquel, através de

análise do MEV e EDS, raio-X, microscopia óptica, granulométrica, densidade real e

aparente, absorção, adesividade, (AIMS) e equivalente de areia. Os ensaios de Abrasão Los

Angeles e Impacto Tréton não foram necessários serem realizados devido à granulometria

diminuída da escória (agregado miúdo).

2ª fase: Realização da dosagem Marshall de misturas tipo areia asfalto usinada a quente

(A.A.U.Q.) e concreto asfáltico usinado a quente (C.A.U.Q.).

- A.A.U.Q. (Traço 1): com o uso de 100% de escória de ferroníquel como agregado (faixa A);

- A.A.U.Q. (Traço 2): com o uso de 60% de escória de ferroníquel, 37% areia e 3% cimento

(faixa A);

- C.A.U.Q. (Traço 3): com o uso de 60% de escória de ferroníquel, 30% brita 1, 7% pedrisco,

3% cimento (faixa C).

- C.A.U.Q. (Traço 4) – Trecho Experimental: com uso de 40% de escória de ferroníquel, 22%

brita 1, 15% brita 0, 20% Pó Pedrisco e 3% Cimento.

3ª fase: Moldagem de corpos-de-prova de misturas asfálticas com o uso do ligante asfáltico no

teor de projeto, para a caracterização mecânica das misturas asfálticas confeccionadas com

escória de ferroníquel, através de ensaios de Resistência à Tração por Compressão Diametral

e Módulo de Resiliência.

4ª fase: Estudo comparativo dos resultados dos parâmetros volumétricos (dosagem Marshall)

e mecânicos das misturas confeccionadas. A Figura 3.7 ilustra os processos realizados para

alguns passos da dosagem Marshall.

Page 62: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

61

FIG. 3.7 (a) (b) Mistura do CAP com a escória de ferroníquel. (c) Compactação do cp no

soquete Marshall. (d) Cp compactado.

3.2.1 ESQUEMA DOS ENSAIOS

As Tabelas 3.3 a 3.5 apresentam os ensaios que foram realizados nos agregados (Escória

de Ferroníquel, Brita 1, Pedrisco), os ligantes asfálticos CAP 50/70, CAP 30/45 e asfalto

modificado por TLA e nas misturas confeccionadas em laboratório pelo método Marshall.

Para os agregados foram realizados os ensaios constantes na Tabela 3.3, enquanto para os

ligantes e as misturas asfálticas, na Tabela 3.4. Para as misturas solo e escória a Tabela 3.5

reúne os ensaios realizados.

Page 63: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

62

TAB. 3.3 Relação dos ensaios realizados nos agregados e respectivas normas adotadas.

Escória de

Ferroníquel

Físicos

Granulometria DNER-ME 083/98

Densidade Real DNER-ME 084/95

Absorção e Massa Específica DNER-ME 195/97

Adesividade DNER-ME 079/94

AIMS FHWA/TX-05/5-1707-01-1

Químicos

MEV e EDS -

Difração Raio-X -

Microscopia Óptica -

Brita 1 Físicos

Granulometria DNER-ME 083/98

Densidade Real DNER-ME 084/95

Densidade Aparente DNER-ME 117/94

Absorção e Massa Específica DNER-ME 081/98

Adesividade DNER-ME 079/94

Abrasão Los Angeles DNER-ME 035/98

Durabilidade DNER-ME 089/94

Impacto Tréton DNER-ME 399/99

Pedrisco Físicos Granulometria DNER-ME 083/98

Densidade Real DNER-ME 084/95

TAB. 3.4 Ensaios realizados com os ligantes e misturas asfálticas e respectivas normas

adotadas.

CAP 30/45

CAP 50/70

Asfalto Modificado

por TLA

Penetração DNER-ME 003/99

Ductilidade DNER-ME 163/94

Viscosidade brookfield NBR 9277/08

Ponto de Fulgor NBR 11341

Ponto de Amolecimento NBR 6560

RTFOT ASTM D2872

Misturas Asfálticas:

AAUQ e CAUQ

Dosagem Marshall DNER-ME 043/95

RT DNER-ME 138/94

MR DNIT-ME 135/2010

Dano por Umidade Induzida AASHTO T 283

TAB. 3.5 Ensaios realizados com a mistura solo e escória.

Mistura Solo e Escória

de Ferroníquel

Ensaio de Expansão por CBR DNER-049/94 MR DNIT-ME 134/2010 Compactação Proctor NBR 7182/1986

Onde: RT é a Resistência à Tração Estática e MR é o Módulo de Resiliência, sendo

ambos por compressão diametral.

Page 64: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

63

3.2.2 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PARA ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

DA ESCÓRIA E SOLOS

3.2.2.1 POR MEV (MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA) E EDS

As amostras de escória de ferroníquel, coletadas para a realização deste ensaio,

obedeceram aos seguintes critérios de amostragem:

- Amostragem Aleatória Simples: este tipo de amostragem representa todos os elementos

da população. Consiste em coletar as amostras de escória de ferroníquel após o processo de

quarteamento e pulverização. Em seguida, 5 gramas das amostras selecionadas, foram

inseridas no equipamento para realização do ensaio.

- Amostragem por Conveniência: este tipo de amostragem não é representativo da

população. Como os grãos da escória de ferroníquel variam muito pela cor e superfície,

optou-se por este tipo de amostragem, pois através deste ensaio seria possível identificar se a

composição química dos diferentes grãos da escória de ferroníquel variava. Definido este

procedimento, um total de três grãos da amostra de escória de ferroníquel, uma de cada cor,

foram separadas e submetidas ao ensaio.

Após inserir as amostras no equipamento, foram geradas imagens da amostra e

respectivos gráficos com a composição química de cada amostra (ver imagens no Capítulo 4,

item 4.1.1 deste trabalho).

3.2.2.2 POR DIFRAÇÃO DE RAIO-X

Para este ensaio, a amostra selecionada foi a mesma do tipo e mesma quantidade (5g)

utilizada para o ensaio de MEV em amostragem aleatória simples, pulverizada, onde a

amostra é representativa da população. Em seguida, a amostra foi colocada em uma lâmina

petrográfica (ver Figura 3.8) e inserida no equipamento de raio-X. Na sequência, foi gerado o

gráfico com a composição mineralógica da amostra.

Page 65: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

64

FIG. 3.8 Escória de ferroníquel pulverizada submetida ao ensaio de Difração Raio-X.

3.2.2.3 POR MICROSCOPIA ÓPTICA

As amostras selecionadas para este ensaio foram quarteadas e colocadas em um

recipiente de vidro e submetidas à análise da lente com o aumento de 40 vezes. A quantidade

utilizada foi de 50g. As imagens capturadas neste ensaio se encontram no capítulo 4 item

4.1.3.

3.2.2.4 POR AIMS

As amostras de escória ferroníquel foram encaminhados ao CENPES (Centro de

Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello), que é um dos Centros de Pesquisa da

Petrobras. O ensaio fez parte do trabalho de GONDIM (2012) / aluno de Iniciação à Pesquisa

do Instituto Militar de Engenharia.

Neste ensaio, a escória de ferroníquel passou por uma caracterização de sua forma,

angularidade, esfericidade e textura através do AIMS.

As amostras foram separadas em faixas granulométricas através do ensaio de

granulometria e levadas à estufa por 24h para realização do ensaio.

No ensaio de peneiramento foram separadas pelo menos 100 unidades do agregado de

escória ferroníquel retidas nas peneiras #4 (4,75 mm), para o ensaio no AIMS com agregados

miúdos (GONDIM, 2012).

O ensaio consiste na disposição das unidades do agregado na bandeja de análise interior

do equipamento. As unidades da amostra do agregado de escória foram dispostas de maneira

que não ficassem muito próximas, a fim de que o equipamento de microscopia realizasse a

Page 66: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

65

leitura da imagem. A Figura 3.9 ilustra a disposição das amostras de escória ferroníquel na

bandeja para a realização do ensaio no equipamento AIMS.

FIG. 3.9 Disposição do agregado na bandeja para o ensaio no equipamento AIMS do

CENPES / Petrobras.

Fonte: GONDIM (2012)

3.2.2.5 MEDIDA DE EXPANSÃO NO ENSAIO DE CBR

Foram separadas três amostras de solo-escória, nas seguintes condições:

- 4750g de escória ferroníquel (79%)

- 1250g de solo laterítico (21%)

O solo laterítico utilizado foi oriundo do Acre, cuja caracterização geotécnica foi

realizada por CÓRDOVA (2011). Sua escolha se deve ao fato de ser muito pouco expansivo

(expansão ≤ 0,5%) e a quantidade de 21% de solo, somente foi utilizada para dar coesão à

mistura solo e escória para que o corpo-de-prova não se desintegrasse.

Os materiais foram peneirados na peneira de abertura 4,8 mm, secos ao ar e,

posteriormente homogeneizados com 200 ml de água até que se atingisse a umidade ótima,

definida pela experiência do operador. Na sequência, a mistura foi compactada com energia

Proctor Normal, sendo utilizados cilindros e compactador deste ensaio, e então, logo levada

para um tanque onde permaneceu imersa em água por 4 dias. A expansão foi medida a cada

24 horas. A Figura 3.10 ilustra os materiais que foram preparados para a execução do ensaio.

Page 67: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

66

FIG. 3.10 (a) Solo utilizado por CÓRDOVA (2011). (b) Solo + escória de ferroníquel. (c) (d)

Homogeneização da mistura solo + escória para realização do ensaio de expansão.

É importante ressaltar que não foi possível a compactação do corpo-de-prova contendo

somente escória de ferroníquel, devido à falta de coesão. Por este motivo foi necessária a

mistura com solo.

3.2.2.6 MÓDULO RESILIENTE PARA MISTURA SOLO E ESCÓRIA

Ao longo do período de realização desta pesquisa foram surgindo outras opções para a

utilização da escória de ferroníquel como material de pavimentação. Uma das mais

promissoras foi a estabilização granulométrica de bases.

Dentro desta ideia, foram moldados dois corpos-de-prova para realização do ensaio de

módulo resiliente com mistura solo e escória ferroníquel, porém, um dos corpos-de-prova ao

ser manuseado para a realização do ensaio se quebrou.

Na realização deste ensaio foi separada uma amostra de solo da jazida AES-06 localizada

em Carajás/MA, cujos resultados de classificação geotécnica são apresentados por

DELGADO (2012). Para o ensaio foi moldado um corpo-de-prova com dimensão 10 cm de

diâmetro por 20 cm de altura, contendo 50% de escória de ferroníquel e 50% de solo. O

Page 68: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

67

corpo-de-prova foi submetido ao ensaio no equipamento triaxial dinâmico no Laboratório de

Geotecnia da COPPE/UFRJ. A Figura 3.11 ilustra a preparação da mistura solo e escória de

ferroníquel antes de ser submetido ao ensaio de MR.

FIG. 3.11 (a) Preparação da mistura solo (50%) e escória ferroníquel (50%). (b) Solo e

escória ferroníquel.

Os ensaios de módulo resiliente das misturas asfálticas, resistência à tração por

compressão diametral e ensaio de dano por umidade, foram realizados conforme as normas

para cada ensaio e o quantitativo dos corpos-de-prova utilizados e local de realização dos

ensaios estão descritos no próximo item.

3.2.3 QUANTITATIVOS DOS ENSAIOS REALIZADOS

A Tabela 3.6 a Tabela 3.12 apresentam os tipos, número de ensaios que foram realizados

com os materiais utilizados e as misturas confeccionadas, bem como o local de realização

desses ensaios.

Page 69: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

68

TAB. 3.6 Quantitativos dos ensaios realizados com os agregados e respectivos locais de

ensaio.

Descrição Escória Brita 1 Pedrisco Total Local de Realização do Ensaio

Granulometria 6 2 2 10 Lab. Ligantes – IME

Abrasão Los Angeles - 1 - 1 Lab. Concreto – IME

Absorção 2 2 2 3 Lab. Ligantes – IME

Densidade Real – Miúdo 2 - 2 4 Lab. Ligantes – IME

Densidade Real – Graúdo - 2 - 2 Lab. Ligantes – IME

MEV 3 - - 3 Lab. Ciência Materiais – IME

Difração Raio-X 1 - - 1 Lab. Ciência Materiais – IME

Microscopia Óptica 1 - - 1 Lab. Ciência Materiais – IME

Adesividade 4 1 - 5 Lab. Ligantes – IME

TAB. 3.7 Quantitativos dos ensaios realizados com os ligantes e respectivos locais de ensaio.

Descrição CAP 30/45* CAP 50/70 TLA* Total Local de Realização do Ensaio

Penetração 1 1 1 3 Lab. Ligantes – IME

Viscosidade Brookfield 1 1 1 1 Lab. Ligantes – IME

Ponto de Amolecimento 1 1 1 3 Lab. Ligantes – IME

Ponto de Fulgor 1 1 1 3 Lab. Ligantes – IME

Ductilidade 1 1 1 3 Lab. Ligantes – IME

RTFOT 1 1 1 3 Lab. Ligantes – IME

*Somente foram utilizados no ensaio de adesividade.

TAB. 3.8 Quantitativos dos ensaios realizados com as misturas asfálticas e respectivos locais

de ensaio.

Descrição Traço 1 Traço 2 Traço 3 Total Local de Realização do Ensaio

Marshall 9 9 9 27 Lab. Ligantes – IME

Teor de Projeto 30 30 30 90 Lab. Ligantes – IME

Estabilidade Marshall 2 2 2 6 Lab. Ligantes – IME Dano por Umidade Induzida 6 6 6 18 Lab. Ligantes – IME RT Comp. Diametral 4 4 4 12 Lab. Asfalto – COPPE MR 4 4 4 12 Lab. Asfalto – COPPE

Cp’s reservas 2 2 2 6 Lab. Ligantes – IME

TAB. 3.9 Quantitativos dos ensaios realizados com mistura solo e escória ferroníquel e

respectivos locais de ensaio.

Descrição Solo e Escória Local de Realização do Ensaio

Expansão no ensaio de CBR 3 Lab. Solos – IME

MR 1 Lab. Geotecnia – COPPE

Page 70: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

69

TAB. 3.10 Quantitativos dos ensaios realizados com agregados do Trecho Experimental e

respectivos locais de ensaio.

Descrição Escória Brita 1 Brita 0 Pó Pedrisco Local de Realização do Ensaio

Granulometria 3 2 2 2 Lab. Ligantes – IME

Abrasão Los Angeles - 1 - - Lab. Solos – IME

Absorção - 2 - - Lab. Ligantes – IME Densidade Real – Miúdo 2 - 1 1 Lab. Ligantes – IME Densidade Real – Graúdo - 2 - - Lab. Ligantes – IME Adesividade 1 1 1 - Lab. Ligantes – IME

TAB. 3.11 Quantitativos dos ensaios realizados com o CAP 50/70 do Trecho Experimental e

respectivos locais de ensaio.

Penetração 2 Lab. Ligantes – IME Viscosidade Brookfield 2 Lab. Ligantes – IME Ponto de Amolecimento 2 Lab. Ligantes – IME Ponto de Fulgor 2 Lab. Ligantes – IME RTFOT 2 Lab. Ligantes – IME Dutilidade 2 Lab. Ligantes – IME RTFOT 2 Lab. Ligantes – IME

TAB. 3.12 Quantitativos dos ensaios realizados com corpos-de-prova do Trecho

Experimental e respectivos locais de ensaio.

Descrição 4,5% 5,5% 6,5% TP = 4,55% Local de Realização do Ensaio Marshall 3 3 3 - Lab. Ligantes – IME Teor de Projeto - - - 3 Lab. Ligantes – IME Estabilidade Marshall 1 1 1 1 Lab. Ligantes – IME RT Comp. Diametral 2 2 2 2 Lab. Ligantes – IME

Page 71: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

70

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir serão apresentados resultados dos ensaios conduzidos com os materiais

coletados.

Primeiramente são apresentados os resultados de caracterização da escória de ferroníquel

englobando os ensaios de MEV (Microscópio Eletrônico por Varredura) com EDS (Eletron

Diffraction Spectroscopy), difração de Raio-X, Microscopia Óptica. Através destes ensaios

foi possível determinar a composição química e formato dos grãos, composição mineralógica

da amostra e analisar a porosidade da superfície dos grãos. Comenta-se a influência destas

características quanto ao emprego da escória de ferroníquel de redução como um material em

substituição ao agregado miúdo em pavimentação.

Na sequência, serão apresentados os ensaios tradicionais físicos e mecanísticos realizados

com a escória de ferroníquel de redução em misturas asfálticas e mistura com solo.

4.1 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL

A caracterização de um agregado é relevante principalmente quando trata-se de um

material alternativo. Sua composição química vai determinar o comportamento e reação deste

material em contato com outro agregado e com agentes agressivos externos presentes no meio

ambiente. Em especial, a água em alguns casos, ocorrem reações químicas que provocam a

degradação mais rápida seja de um concreto, pavimentos ou qualquer outra estrutura de obra

civil.

4.1.1 POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

A seguir são mostrados a caracterização química da escória de ferroníquel de redução por

espectograma realizados no Laboratório de Ciência dos Materiais do IME, sendo os detalhes

da preparação das amostras utilizadas neste ensaio, descritos no Capítulo 3.

A Figura 4.1 ilustra a imagem capturada pelo MEV da fração fina da escória “em pó”

(Amostra 1) com o aumento de 180 vezes, de forma que é possível observar a

Page 72: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

71

hetereogeniedade dos finos da amostra pelo diferente contraste na coloração das partículas,

observação que pode ser confirmada pela análise de sua composição química realizada neste

mesmo ensaio.

Grau de magnificação 180 vezes

FIG. 4.1 Micrografia (MEV) da fração fina da escória "em pó" - Amostra 1

A Figura 4.2 ilustra o espectro de EDS da amostra 1 de escória ferroníquel de redução.

FIG. 4.2 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1

O espectro do EDS revela os dados qualitativos da composição química da escória de

ferroníquel encontrada na amostra 1.

Page 73: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

72

A presença de O (Oxigênio) puro não se confirma no relatório quantitativo (ver Figura

4.3), pois o mesmo é encontrado em forma de óxido reagindo juntamente com o Mg, Si, Fe,

formando o MgO, SiO e FeO, sendo a amostra 1 composta basicamente por esses elementos.

Os demais elementos químicos MnO, CaO e Al2O3 aparecem na forma de traços, ou seja, em

pequenas quantidades.

A baixa proporção do óxido de cálcio (CaO) da amostra, ao contrário do observado nas

escórias de aciaria, pode ser o fator responsável pela baixa expansão deste tipo de escória.

Nas escórias de aciaria, é a transformação do óxido de cálcio em hidróxido, a partir da

disponibilidade do oxigênio na água, ou no ar, que é a responsável pela expansão do material.

FIG. 4.3 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1

A Figura 4.4 ilustra a imagem capturada pelo MEV de um grão da escória de ferroníquel

da Amostra 2, com o aumento de 50 vezes o seu tamanho original. Pode ser observado o

formato do grão desta amostra.

Page 74: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

73

Grau de magnificação 50 vezes

FIG. 4.4 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2

Em uma imagem mais ampliada, a Figura 4.5 com o aumento de 220 vezes da amostra 2,

é possível observar com melhor nitidez a interação que estava ocorrendo entre os óxidos na

amostra no momento em que esta sofreu o processo de solidificação.

Grau de Magnificação 220 vezes

FIG. 4.5 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2

A Figura 4.6 ilustra o espectro de EDS contendo os dados qualitativos da composição

química da escória de ferroníquel da amostra 2.

Page 75: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

74

FIG. 4.6 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2

Assim como a amostra 1, sendo sua composição basicamente formada por SiO2, MgO e

FeO (ver Figura 4.7). Os outros elementos como Al2O3 e CrO são encontrados na forma de

traços.

FIG. 4.7 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2

E por fim, na amostra 3 última amostra selecionada para este ensaio, foi perceptível a

olho nu, a visualização de uma superfície mais lisa e a forma esférica, conforme pode ser

observada na imagem capturada pelo MEV da Figura 4.8 com o aumento de 50 vezes. Esta

verificação também foi constatada pelo ensaio de microscopia óptica e no ensaio do AIMS.

Page 76: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

75

MOURA (2000) e YORIO (2008) fizeram a mesma observação com a escória de cobre

através do ensaio MEV.

Grau de magnificação 50 vezes

FIG. 4.8 Micrografia (MEV) do grão "esférico" da escória - Amostra 3

O espectro de EDS na Figura 4.9, ilustra-se os dados qualitativos dos elementos presentes

na amostra 3.

FIG. 4.9 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 3

Page 77: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

76

A Figura 4.10 ilustra o relatório quantitativo gerado pelo EDS, evidenciando mais uma

vez, a composição química da escória de ferroníquel de redução era composta por SiO2, MgO,

Al2O3, (FeO na forma de traço).

Os demais elementos são encontrados na forma de traços NaO, CaO, Cr2O3 e NiO.

FIG. 4.10 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel – Amostra 3

Uma justificativa para a ausência do níquel ou sua fração mínima encontrada nas

amostras de escória de ferroníquel, é a eficiência do processo produtivo da empresa que tem

como objetivo extrair o máximo do níquel que se obtém do minério e eliminar na escória

somente constituintes que não interessam ao processo de produção da liga ferroníquel.

4.1.2 ANÁLISE POR DIFRAÇÃO DE RAIO-X

O difratograma de raio-X obtido para a amostra de escória de ferroníquel revela uma

grande incidência de picos, indicando que a estrutura da escória é predominantemente

cristalina. O difratograma mostra a presença do mineral Laihunita [Fe2+

Fe3+

2(SiO4)2]. A

Figura 4.11 apresenta os registros difratométricos obtidos para a escória de ferroníquel.

Page 78: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

77

FIG. 4.11 Difratograma da amostra de escória de ferroníquel.

BRANCO (2008) define a Laihunita como silicato de ferro – Fe3(SiO4)2, que ocorre em

cristais monoclínicos, tubulares ou prismáticos, 0,3 mm a 0,6 mm. É preto, opaco, com risco

marrom-claro, branco metálico a submetálico, fraca a moderadamente magnético. Tem

clivagens (100) a (010) perfeitas e (001) boa. Descoberto em depósitos de ferro metamórficos

em Lai-He (daí seu nome), na China.

De acordo com KITAMURA et al., (1984), Laihunita é um mineral tipo olivina

distorcida. Os autores estudaram a Laihunita através de difração de Raio-X, microanálise de

sonda-eletron e microscopia eletrônica analítica. Concluíram que a Laihunita é na verdade a

mistura de Laihunita e Magnetita, que são obtidas pela oxidação da Faialita.

A Faialita é um mineral do Grupo das Olivinas e foi nomeado por Gmelin em 1840 por

causa do tipo da localidade, Ilha do Faial (Ilha do Faial), Açores Distrito (Açores), Portugal. É

muito raro na natureza, mas comum na área da metalurgia em escórias de ferro (MINDAT,

2013). Na Tabela 4.1 são mostradas algumas características da Faialita.

Page 79: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

78

TAB. 4.1 Características da Faialita.

Propriedade Física da Faialita

Brilho Vítreo, Gorduroso

Cor: Amarelo Esverdeado, Amarelo ou

Marrom

Listra: Incolor

Dureza (Mohs): 7

Cristalografia da Faialita

Sistema de Cristal: Ortorrômbica

Propriedades Químicas de Faialita

Fórmula: Fe 2 +

2

SiO

4

Elementos Essenciais: Fe, O, Si

Impurezas Comuns: Mn

Fonte: (MINDAT, 2013)

Segundo LIMA (2004) a dureza de um mineral é definida como sendo a resistência que

ele apresenta ao ser riscado. Quanto mais forte for a ligação entre os átomos, mais duros são

os minerais, mesmo tendo a composição química idêntica.

O mineralogista alemão Frederich Mohs selecionou 10 minerais comuns para serem o

padrão de referência numa escala de dureza relativa. Como padrão de referência, a Tabela 4.2

descreve os valores relativos da escala Mohs para alguns minerais.

TAB. 4.2 Valores relativos da escala de Mohs.

Minerais Mohs

Talco 1

Gipso 2

Calcita 3

Fluorita 4

Apatita 5

Ortoclásio 6

Quartzo 7

Topázio 8

Corindon 9

Diamante 10

Fonte: (LIMA, 2004)

Conforme pode ser observado na TAB. 4.2, a dureza do mineral Faialita, é comparada à

dureza de um mineral Quartzo muito encontrado na fração da areia. A Figura 4.12 ilustra o

mineral Faialita.

Page 80: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

79

FIG. 4.12 Agregado granular de Faialita.

Fonte: (FOTOMINER, 2013)

A identificação de um material do grupo das olivinas é especialmente importante porque

a olivina é um dos primeiros minerais a se alterar frente ao intemperismo, segundo a escala de

Gold Wish, GUIMARÃES (2013).

4.1.3 POR MICROSCOPIA ÓPTICA

A Figura 4.13 ilustra a amostra de escória de ferroníquel submetida ao ensaio de

microscopia óptica para análise da sua superfície e estrutura. É perceptível que o grão da

escória de ferroníquel possui alguns grãos com a superfície lisa, algumas rugosas. Não foram

observados poros nem fissuras e a forma dos grãos variando entre esférica e irregular.

A superfície lisa explica o resultado do ensaio de adesividade não satisfatório utilizando

somente o CAP 50 / 70 sem a adição de agente melhorador de adesividade (Dope), isso faz

com que a interação entre o ligante e agregado não ocorra causando o escorrimento do ligante

no agregado e a desagregação na mistura asfáltica. MARQUES (2001) denominou este tipo

de agregado como hidrofílicos, pois possui uma maior afinidade com a água que com o

cimento asfáltico.

Por outro lado, obteve-se um resultado satisfatório no ensaio de adesividade, utilizando o

CAP 50/70 modificado por agente melhorador de adesividade (Dope), cujo resultado será

apresentado ainda neste capítulo a partir da Tabela 4.8.

Page 81: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

80

FIG. 4.13 Amostras de escória de ferroníquel submetidas ao ensaio de Microscopia Óptica

com aumento de 40 vezes.

Outra análise que pode ser feita neste ensaio é que não foi possível encontrar a presença

de poros nos agregados da amostra, fato que implica que a mistura asfáltica não absorverá

ligante, além da cobertura superficial que deve ter o agregado em uma mistura.

Observa-se na Figura 4.13 a semelhança da cor e o brilho vítreo também presentes no

mineral Faialita mostrado na Figura 4.12.

4.1.4 POR AIMS

Os resultados relativos à forma e à angularidade para os agregados miúdos, à

angularidade, à esfericidade e à textura para os agregados graúdos, estão representados nas

Figuras 4.14 a 4.17 e nas Tabelas 4.3 a 4.6, respectivamente.

Page 82: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

81

4.1.4.1 FORMA

As análises de forma dos agregados são realizadas em 3D com medidas de raios curtos

(rC), intermediários (rI) e longos (rL). A partir de projeções da partícula obtidas através de

imagens capturadas pela câmera e o microscópio, dois dos raios das particulas podem ser

obtidos. A terceira dimensão é obtida utilizando-se a função auto foco do equipamento. A

distância entre a mesa e a câmera é determinada e tomada como referência, na sequência o

microscópio movimenta-se e foca na superfície da partícula. A diferença entre as duas

distâncias é tomada como a terceira dimensão da particula. Esta análise permite diferenciar

entre partículas alongadas ou lamelares e partículas alongadas e lamelares. Dois parâmetros

são calculados: esfericidade (Equação 1) e índice de forma (Equação 2). Valores de

esfericidade iguais a um (1.0) indicam que a partícula possui todas as dimensões iguais (esfera

perfeita). Valores de índice de forma igual a 0 (zero) também representam um círculo perfeito.

(CASTELO BRANCO et al., 2006).

Esfericidade = (EQ.1)

Indice de Forma = (EQ.2)

Onde:

Ɵ = ângulo direcional;

∆Ɵ = é a diferença de incremento do ângulo;

R = raio em diferentes direções.

Com relação ao índice de forma os agregados são classificados em:

(i) circular (< 6.5)

(ii) semi-circular (entre 6.5 e 8.0)

(iii) semi-alongado (entre 8.0 e 10.5)

(iv) alongado (> 10.5)

Page 83: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

82

FIG. 4.14 Distribuição cumulativa de partículas de agregados miúdos da escória de

ferroníquel quanto ao índice de forma.

TAB. 4.3 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto ao índice de forma.

Agregado Dimensão Média Desvio padrão

1,18 mm (#16) Escória 1,18 8,11 2,10

0,60 mm (#30) Escória 0,6 9,04 2,81

0,30 mm (#50) Escória 0,3 9,87 3,25

Quanto à forma, os agregados miúdos possuem classificação semi-alongadas com índice

de forma entre 8,0 e 10,5.

4.1.4.2 ANGULARIDADE

Angularidade pode ser definida como uma medida do quão pontiagudas são as “quinas”

das partículas. A angularidade é obtida através do método do gradiente. Este método baseia-se

no fato de que a velocidade em que a direção do vetor gradiente é mudada depende da

angularidade das partículas. Em partículas pontiagudas, o vetor muda rapidamente de direção,

em partículas arredondadas esta mudança se dar de forma mais lenta. Partículas angulares

apresentaram altos valores de índice de angularidade. O índice de angularidade é obtido

através da Equação 3 (CHANDAN et al., 2004 apud CASTELO BRANCO et al., 2006).

Page 84: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

83

(EQ.3)

Onde:

i = é um ponto na borda da partícula;

N = é o número total de pontos na borda da partícula;

Ɵ = é o ângulo de orientação para os pontos de borda.

Quanto à angularidade os agregados são classificados com relação ao índice de

angularidade em:

(i) angular (> 5.400)

(ii) sub-angular (entre 4.000 e 5.400)

(iii) sub-arredondado (entre 2.100 e 4.000)

(iv) arredondado (< 2.100)

A distribuição dos agregados miúdos quanto à angularidade e seus respectivos

parâmetros estatísticos (média e desvio padrão) estão dispostos na Figura 4.15 e Tabela 4.4.

FIG. 4.15 Angularidade para agregado graúdo e miúdo de escória ferroníquel.

Page 85: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

84

TAB. 4.4 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à angularidade.

Agregado Dimensão Média Desvio padrão

4,75 mm (#4) Escória 4,75 3378,4 808,5

1,18 mm (#16) Escória 1,18 4111,4 1368,6

0,60 mm (#30) Escória 0,6 3804,5 1162,2

0,30 mm (#50) Escória 0,3 3743,9 1207,2

Os agregados de escória da faixa granulométrica de 4,75 mm possui classificação da

angularidade sub-arrendondada (entre 2.100 e 4.000), enquanto os agregados de escória com

faixas granulométricas de 1,18 mm, 0,60 mm e 0,30 mm possuem classificação de

angularidade sub-angulares (entre 4.000 e 5.400). Vale ressaltar que se analisasse a

angularidade dos agregados acima apenas pela média aritmética dos valores, encontraria-se

uma classificação diferente para as escórias de faixa granulométrica de 0,6 mm e 0,30 mm. A

análise para a classificação é feita pela distribuição granulométrica representada no gráfico.

4.1.4.3 ESFERICIDADE

A equação para se calcular o índice de esferidade é mostrada na Equação 1.

A distribuição dos agregados miúdos quanto à esfericidade e seus respectivos parâmetros

estatísticos (média e desvio padrão) estão dispostos na Figura 4.16 e Tabela 4.5.

Com relação à esfericidade os agregados são classificados em:

(i) alta esfericidade (> 0,8)

(ii) moderada esfericidade (entre 0,7 e 0,8)

(iii) baixa esfericidade (entre 0,6 e 0,7)

(iv) lamelar/alongado (< 0,6)

Page 86: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

85

FIG. 4.16 Distribuição acumulativa de partículas do agregado miúdos quanto à esfericidade.

TAB. 4.5 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à esfericidade.

Agregado Dimensão Média Desvio padrão

4,75 mm (#4) Escória 4,75 0,51 0,11

Quanto à esfericidade, o agregado de escória é classificados como lamelares/alongadas

(esfericidade < 0,6).

4.1.4.4 TEXTURA

Textura é definida como variações locais de intensidade de nível de pixels para uma

determinada imagem. As análises de textura são realizadas usando o método de Wavelets. O

índice de textura para cada agregado é obtido para um determinado nível de decomposição. A

média aritmética do quadrado dos coeficientes de Wavelet é calculada (Equação 4) (AL-

ROUSAN et al., 2005 apud CASTELO BRANCO et al., 2006).

Indice de Texturan = (EQ.4)

Page 87: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

86

Onde:

n = é o nível em que a imagem foi decomposta;

N = é o número de coeficientes na imagem detalhada de textura;

i = representa as três direções de textura;

j = é o índice de coeficiente Wavelet.

A distribuição de partículas dos miúdos quanto à textura e seus respectivos parâmetros

estatísticos (média e desvio padrão) estão dispostos nas Figura 4.17 e Tabela 4.6.

Por último, com relação à textura são classificados com relação ao índice de textura em:

(i) alta rugosidade (> 460)

(ii) moderada rugosidade (entre 350 e 460)

(iii) baixa rugosidade (entre 275 e 350)

(iv) liso (entre 165 e 275)

(v) polido (< 165)

FIG. 4.17 Textura para agregados graúdos.

TAB. 4.6 Parâmetros estatísticos dos agregados graúdos quanto a textura.

Agregado Dimensão Média Desvio padrão

4,75 mm (#4) Escória 4,75 238,6 91,6

Quanto à textura, o agregado de escória com faixa granulométrica de 4,75 mm foi

classificado como agregado de textura lisa (entre 150 e 275). A seguir as Figuras 4.18 a 4.20

Page 88: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

87

ilustram as imagens do agregado escória de ferroníquel capturadas pelo ensaio realizado no

equipamento AIMS.

FIG. 4.18 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS.

Angularidade da escória #50.

FIG. 4.19 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS.

Angularidade da escória #30.

FIG. 4.20 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS.

Angularidade da escória #16.

Page 89: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

88

4.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS MATERIAIS UTILIZADOS

Na sequência serão apresentados resultados de caracterização física dos materiais

utilizados.

4.2.1 DOS AGREGADOS

Nas Tabelas 4.7 a 4.8 são apresentadas as características da escória de ferroníquel de

redução. A Figura 4.21 ilustra o ensaio de granulometria da escória sendo executado.

TAB. 4.7 Ensaio de granulometria da escória de ferroníquel.

Peneira % Passante

# (pol.) (mm) Escória Ferroníquel

1 1/2" 38 100,00

3/8" 9,5 100,00

n.º 4 4,8 100,00

n.º 10 2 80,00

n.º 40 0,42 8,00

n.º 80 0,18 3,00

n.º 200 0,075 1,00

FIG. 4.21 Execução do ensaio de granulometria com a escória de ferroníquel.

Observa-se que a escória de ferroníquel teve 80% do material passante na peneira n°10.

Após o peneiramento do material na peneira n°40, 72% foram retidos, indicando segundo a

distribuição granulométrica (ver Figura 4.22) ser um agregado do tipo areia média à grossa,

com pouca porcentagem de pedregulhos e material fino.

Page 90: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

89

A dimensão do grão da escória de ferroníquel torna-se favorável com relação à

expansibilidade. Segundo as recomendações propostas por (MONTGOMERY & WANG,

1991; MACHADO, 2000; PENA, 2004; RAPOSO, 2005 apud SILVA, 2010) uma das

possíveis alternativas para minimizar o problema de expansão do MgO, é a redução da

dimensão dos grãos para se obter o menor tamanho possível, o que facilitaria a dissolução e a

reação completa desse óxido.

FIG. 4.22 Distribuição granulométrica da escória de ferroníquel.

Os valores de densidade da escória de ferroníquel mostrados na Tabela 4.8 são um pouco

elevados quando comparados com os agregados convencionais geralmente utilizados. Este

fato se deve principalmente pela presença do ferro que é encontrada em sua composição

química, assim como BALBO (2007) e SILVA (2010) também atribuíram o elevado valor da

densidade da escória devido à composição do ferro no agregado. Por outro lado, observa-se

que a absorção do agregado foi baixa (igual a 0,1%), fator positivo que favorece a mistura

asfáltica com praticamente nenhuma absorção de ligante, devido a ausência de poros na

escória de ferroníquel como foi observado também pelo ensaio de microscopia óptica.

Page 91: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

90

TAB. 4.8 Relação das densidades da amostra de escória ferroníquel.

Material Densidade

Real

Densidade

Aparente Absorção

Adesividade

CAP

CAP 50/70

com Dope

30/45

50/70

TLA

Escória 3,03 2,99 0,1% Não Satisfatória Satisfatória

O ensaio de avaliação da adesividade – DNER-ME 079/94 (ver Figura 4.23 e Tabela 4.8)

dos ligantes CAP 30/45, 50/70, asfalto modificado por TLA na escória de ferroníquel resultou

em não satisfatório. Este fato pode acontecer nos ensaios de adesividade com os próprios

agregados convencionais, o que não restringe o uso desta escória. Por outro lado, o resultado

satisfatório do ensaio de adesividade com o CAP 50/70 + Dope já era previsto, devido este

aditivo ser um melhorador de adesividade em ligantes asfálticos.

Em seu estudo, MARQUES (2001) relatou que mesmo apesar da ligação do cimento

asfáltico não ser boa em relação a determinados tipos de agregados, esta ligação pode ser

melhorada através da adição de determinadas substâncias tais como cal, pó calcário ou os

agentes melhoradores de adesividade, também chamados “dopes”.

FIG. 4.23 Avaliação dos ligantes. (a) Ligante sendo ensaiado. (b) CAP 30/45 (c) CAP 50/70 e

asfalto modificado por TLA. (d) CAP 50/70 + Dope.

Page 92: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

91

Quanto ao ensaio de Abrasão Los Angeles, a escória de ferroníquel não se enquadra nas

especificações para a realização do ensaio visto que é um agregado miúdo. Além disso,

MARQUES (2001) ressalta que este ensaio não é satisfatório para uso em escórias, cinzas

vulcânicas ou outros agregados leves. A experiência mostra que muitos destes agregados

produzem excelente desempenho mesmo com valor de abrasão Los Angeles alto.

Conforme já mencionado, além da escória de ferroníquel de redução, também foram

utilizados outros agregados na elaboração dos vários traços realizados neste trabalho. O pó /

pedrisco e a brita 1 são comumente utilizados em misturas asfálticas e também foram

utilizados nesta pesquisa para a elaboração das misturas asfálticas pesquisadas contendo a

escória de ferroníquel. Nas Tabelas 4.9 a 4.12, são apresentados os resultados da

caracterização física destes agregados são mostrados.

TAB. 4.9 Ensaio de granulometria da brita 1.

Peneira % Passante

# (pol.) (mm) Brita 1

3/4" 19 100,00

1/2" 12,7 50,00

3/8" 9,5 19,00

n.º 4 4,8 3,00

n.º 10 2 2,00

n.º 40 0,42 1,00

TAB. 4.10 Resultados de ensaio de caracterização da brita 1.

Material Densidade

Real

Densidade

Aparente Absorção Adesividade

Abrasão Los

Angeles Durabilidade

Impacto

Tréton

Brita 1 /

Gnaisse 2,73 2,67 1,5% Satisfatória 23,6 % 2,80% 17%

Na Tabela 4.10 pode ser feita uma comparação entre a brita 1 e a escória de ferroníquel

(ver Tabela 4.8). Observa-se um ponto positivo no ensaio de absorção da escória de

ferroníquel que possui uma menor absorção quando comparada à da brita 1 – gnaisse

(agregado convencional).

A perda de massa do material pelo ensaio de Abrasão Los Angeles foi igual a 23,6%. Tal

qual o resultado do ensaio de perda ao choque no aparelho Tréton igual a 17%, que foi menor

que 60% conforme limite estabelecido pela norma DNER-ME 399/99.

Para os agregados miúdos (dimensões maiores que 0,075 mm e menores que 2,0 mm)

como é o caso do pedrisco, não foram realizados os ensaios de absorção e impacto Tréton. Os

Page 93: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

92

resultados do ensaio de granulometria e densidade do pedrisco são mostrados nas Tabelas

4.11 e 4.12, respectivamente.

TAB. 4.11 Ensaio de granulometria do pedrisco.

Peneira % Passante

# (pol.) (mm) Pedrisco

n.º 4 4,8 100

n.º 10 2 75

n.º 40 0,42 39

n.º 80 0,18 20

n.º 200 0,075 6

Page 94: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

93

TAB. 4.12 Relação das densidades do pedrisco.

Material Densidade Real Densidade

Aparente Absorção Adesividade

Impacto

Tréton

Pedrisco 2,86 2,79 - Satisfatória -

4.2.2 DOS LIGANTES

A caracterização do ligante asfáltico utilizado nos traços deste trabalho é apresentada a

seguir, sendo possível concluir de acordo com a Tabela 4.13 que trata-se de um CAP 50/70,

pois apresentou baixa suscetibilidade ao envelhecimento de curto prazo, comprovada pela

baixa variação do seu ponto de amolecimento.

TAB. 4.13 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 REDUC.

Ensaio – CAP 50/70 Unidades Limites Resultados

Penetração (100g, 5s, 25ºC, 0,1mm) 0,1mm 50 a 70 57

Ponto de Amolecimento, min. ºC 46 51,4

Viscosidade Brookfiel a 135ºC, SP 21, 20rpm, mín

Cp

274 375

Viscosidade Brookfiel a 150ºC, SP 21, mín. 112 183

Viscosidade Brookfiel a 177ºC, SP 21 57 a 285 68

Ponto de fulgor, mín. ºC 235 315

Dutilidade a 25ºC, mín Cm 60 >100

Efeito do calor e do ar (RTFOT) a 163ºC, 85 min

Aumento do ponto de amolecimento, máx. ºC 8 57,9

Penetração retida, mín. % 60 61,5

Densidade Relativa 1,02

4.3 MISTURAS ASFÁLTICAS COM ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL

4.3.1 TRAÇO 1 – AREIA ASFALTO USINADO A QUENTE (A.A.U.Q.)

A escória de ferroníquel, de acordo com sua granulometria, se mostrou um material

granular, predominando o tipo areia média a grossa, podendo destacar seu uso com maiores

proporções em mistura do tipo areia asfalto.

Segundo ALDIGUERI & BERNUCCI (2002), a mistura do tipo areia asfalto é

frequentemente utilizada nas regiões norte e nordeste do Brasil e pode apresentar um

desempenho similar ao das misturas do tipo concreto asfáltico, quando usada uma boa

Page 95: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

94

graduação na mistura. Afirmaram que essa mistura é uma boa opção de revestimentos para

pavimentos flexíveis.

Em geral, as misturas do tipo areia asfalto a quente são consideradas inferiores em

desempenho às misturas convencionais do tipo concreto asfáltico. Elas apresentam baixos

valores de resistência à tração e baixa resistência à deformação permanente.

Nos estudos de BISSADA (1987); LOMONACO & BERNUCCI (1999) apud

ALDIGUERI & BERNUCCI (2002) foram feitas várias tentativas para melhorar o

desempenho deste tipo de mistura, por meio da adição de enxofre ao ligante asfáltico, do uso

da técnica do asfalto espuma, e uso de ligantes modificados por asfaltita.

Neste trabalho, foram elaborados dois traços de mistura asfáltica tipo A.A.U.Q.,

utilizando o método Marshall e o ligante tipo CAP 50 / 70 REDUC, com densidade 1,01 e

sendo obtido um teor ótimo de 6% - com 100% de escória e 6,7% - com 60% de escória,

respectivamente. O resumo do traço é apresentado na Tabela 4.14. A Figura 4.24 ilustra a

compactação dos corpos-de-prova realizados pelo método Marshall e os corpos-de-prova da

mistura tipo A.A.U.Q.

Page 96: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

95

FIG. 4.24 Compactação da Marshall da mistura tipo A.A.U.Q. (a) agregado escória de

ferroníquel sendo retirado da estufa. (b) Temperatura da escória de ferroníquel sendo

verificada para ser misturada ao ligante. (c) e (d) CAP 50 / 70 sendo misturado à escória de

ferroníquel (e) compactação do corpo-de-prova. (f) corpos-de-prova Marshall com variados

teores de ligante.

TAB. 4.14 Composição do traço 1 de A.A.U.Q.

Material Porcentagem (%)

Escória ferroníquel 100

CAP (Teor Ótimo) 6

Na tentativa do enquadramento do agregado escória de ferroníquel da redução na faixa A

da norma areia asfalto do DNIT 032/2004 com utilização de 100% do agregado de escória na

mistura, obteve-se a curva granulométrica mostrada na Figura 4.25.

Page 97: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

96

FIG. 4.25 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de

A.A.U.Q. – Traço 1

Mesmo não tendo sido obtida uma curva granulométrica satisfatória para o

enquadramento na faixa A da norma do DNIT de areia asfalto, e por tratar de um agregado

ainda pouco estudado em misturas asfálticas, optou-se pela confecção do traço com a

utilização de 100% do agregado na expectativa de conhecer o comportamento deste material

nos ensaios realizados com a mistura asfáltica, trata-se, portanto de um traço piloto.

A volumetria obtida para esse traço é apresentada na Tabela 4.15, na qual pode ser

observado que os valores de porcentagem de Volume de Vazios e Relação Betume Vazio

apresentaram dentro dos limites da norma de A.A.U.Q. Porém, o valor de estabilidade foi

igual a zero, o que está em desacordo com o valor mínimo recomendado por norma (30kN).

Todavia, com esse resultado de estabilidade, não seria possível dar sequência ao traço,

pois o ensaio de estabilidade Marshall é um critério relevante para a mistura e revela a

capacidade de um corpo-de-prova suportar uma carga máxima antes da ruptura.

TAB. 4.15 Volumetria do traço elaborado com teor de 6% de ligante – Traço 1.

Item Valores Limites

Densidade Aparente 2,28 -

Volume de Vazios (%) 6,61 3 – 8

Volume do Agregado Mineral – VAM (%) 19,3 -

Relação Betume Vazio – RBV (%) 67,25 65 – 82

Densidade Máxima Teórica (DMT) 2,42 -

Estabilidade 0 30kN

Page 98: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

97

Para esse tipo de mistura (A.A.U.Q.) a temperatura de compactação Marshall do corpo-

de-prova somente foi possível a 80 C, pois o corpo de prova não tinha coesão e se

desmanchava. Provavelmente, a estabilidade igual a zero encontrada para essa mistura se deve

à baixa temperatura de compactação dos corpos de prova.

MOURA (2000) também verificou a possibilidade de aplicação da escória de cobre em

misturas do tipo areia asfalto e conclui que, embora a escória apresentasse uma ótima

adesividade, não foi possível realizar ensaios Marshall nas misturas, uma vez que os corpos-

de-prova desagregaram a 60ºC.

A Figura 4.26 ilustra um dos corpos-de-prova sendo submetido ao ensaio de estabilidade

Marshall e o corpo-de-prova totalmente desintegrado após a execução do ensaio.

FIG. 4.26 Ensaio de estabilidade Marshall com corpo-de-prova da mistura do tipo A.A.U.Q.

4.3.2 TRAÇO 2 – AREIA ASFALTO USINADO A QUENTE (A.A.U.Q.)

Para o segundo traço da mistura tipo (A.A.U.Q.), foi elaborado um traço utilizando o

método Marshall e o ligante tipo CAP 50/70 REDUC, com densidade 1,01 e teor ótimo de

projeto com porcentagem de ligante igual a 6,7%. O resumo do traço é apresentado na Tabela

4.16. A areia utilizada neste traço é proveniente do Lote 6 – BR 101 / PE.

TAB. 4.16 Composição do traço 2 de A.A.U.Q.

Material Porcentagem (%)

Escória ferroníquel 60

Areia 37

Cimento 3

CAP (Teor Ótimo) 6,7

Page 99: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

98

Na Figura 4.27 ilustra o enquadramento granulométrico do traço 2 elaborado da mistura

asfáltica na faixa A da norma de areia asfalto do DNIT. Sendo possível observar o

enquandramento da curva do agregado dentro dos limites inferior e superior estabelecidos

pela norma de A.A.U.Q - DNIT 032/2004.

FIG. 4.27 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de

A.A.U.Q. – Traço 2.

A volumetria obtida do traço 2 é apresentada na Tabela 4.17, na qual pode ser observado

que assim como os valores de porcentagem de Volume de Vazios e Relação Betume Vazio do

traço 1, o traço 2 também apresentou estes valores dentro dos limites da norma de A.A.U.Q.

Observou-se que o valor de Volume de Vazios em comparação ao traço 1 diminuiu. Isto

se deve à adição da areia e do cimento no traço 2 que integram a mistura como o fino que

faltou na mistura asfáltica do traço 1. A areia e o cimento preencheram os vazios da mistura

asfáltica, sem alterarem o valor dentro dos limites da norma.

O valor de estabilidade para o traço 2 assim como o traço 1, foi igual a zero. Embora com

adição de outros agregados no traço 2, não foi possível compactar os corpos-de-prova com

temperatura acima de 80C. Assim, obteve-se o mesmo resultado nulo de estabilidade do

traço 1. A máxima densidade teórica da mistura quanto à densidade aparente, para o corpo-de-

prova moldado no teor ótimo de ligante, apresentarm valores relativamente baixos, podendo

ser considerado um resultado normal.

Page 100: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

99

TAB. 4.17 Volumetria do traço elaborado com teor de 6,7% de ligante – Traço 2.

Item Valores Limites

Densidade Aparente 2,30 -

Volume de Vazios (%) 6,85 3 – 8

Volume do Agregado Mineral – VAM (%) 20,68 -

Relação Betume Vazio – RBV (%) 75,97 65 – 82

Máxima Densidade Teórica 2,41 -

Estabilidade 0 30kN

No traço 2 diminuiu-se a quantidade de escória de ferroníquel na mistura de 100% para

60%, por conta do acréscimo de outros agregados (areia e cimento). Mesmo, com esta

substituição, o traço 2 ainda não atendeu às expectativas de desempenho mecânico da mistura.

Embora o ensaio de estabilidade Marshall possa ser considerado como ultrapassado,

ainda integra as normas técnicas do DNIT, e por este motivo, deve ser considerado em

estudos sobre misturas asfálticas.

Entretanto a questão principal observada na mistura analisada foi o fato dos corpos-de-

prova praticamente terem se desintegrado durante o banho-maria de 60°C. Este fato é um

forte indicativo de suscetibilidade à deformação permanente.

4.3.3 TRAÇO 3 – CONCRETO ASFÁLTICO USINADO A QUENTE (C.A.U.Q.)

Antes de se optar pela mudança do tipo de mistura asfáltica, foi investigado na região

onde será feito o emprego da escória de ferroníquel em pavimentação, a disponibilidade de

pedreiras contendo agregados convencionais, para que o próximo traço elaborado pudesse ser

viável economicamente e compatível com o objetivo do projeto. Assim, foi elaborado traço 3

de mistura asfáltica tipo concreto asfáltico, utilizando-se o método Marshall e o ligante tipo

CAP 50/70 REDUC, com densidade 1,01 de modo a ser enquadrada na norma DNIT

031/2006 - ES. O resumo do traço é apresentado na Tabela 4.18.

TAB. 4.18 Composição do traço 3 de C.A.U.Q.

Material Porcentagem (%)

Escória ferroníquel 60

Brita 1 30

Pedrisco 7

Cimento 3

CAP (teor ótimo) 5,3

Page 101: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

100

A seguir na Figura 4.28 é apresentado o enquadramento granulométrico do traço 3

elaborado da mistura asfáltica na faixa C da norma de C.A.U.Q. do DNIT 031/2004 - ES.

Verifica-se um desenquadramento na peneira n°40, porém foram mantidas essa

porcentagem sendo o melhor enquadramento obtido para esta mistura tipo C.A.U.Q.

FIG. 4.28 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa C de

C.A.U.Q. – Traço 3

A volumetria obtida para o traço 3 é apresentada na Tabela 4.19, na qual podem ser

observados para os corpos-de-prova desta mistura, valores satisfatórios e compatíveis com

aqueles obtidos utilizando agregado convencional.

A temperatura de compactação desta mistura foi igual a 160°C, valor este permitido pela

norma de C.A.U.Q.

Os resultados de volumetria obtidos para este traço de C.A.U.Q. são favoráveis para este

tipo de mistura, pois se encontram dentro dos parâmetros preconizados pela norma DNIT

031/2006.

Page 102: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

101

TAB. 4.19 Volumetria do traço elaborado com teores de 5,3% - Traço 3.

Item Valores Limites

Teores de Ligantes 5,3% -

Densidade Aparente 2,41 -

Volume de Vazios (%) 4,37 3 – 5

Volume do Agregado Mineral – VAM (%) 16,89 -

Relação Betume Vazio – RBV (%) 74,15 75 – 82

Máxima Densidade Teórica 2,52 -

Estabilidade mínima (kgf) 75 golpes 999,80 500

Resistência à tração por Compressão diametral

estática MPa 1,44 0,65

A Relação Betume Vazio não atingiu o valor mínimo preconizado pela norma, porém o

valor foi muito próximo ao permitido, então optou-se por manter a mistura, mesmo não

obtendo o valor satisfatório neste item.

No traço 4, específico para a execução do trecho experimental, a Relação Betume Vazio

se enquandrou nos limites preconizados pela norma de C.A.U.Q.

4.3.4 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO MECÂNICA - TRAÇOS 1, 2 E 3

Pesquisou-se o dano por umidade induzida através do método especificado da norma

AASTHO T-283 / 99, sendo moldados seis corpos-de-prova para cada um dos traços 1, 2 e 3

com volumes de vazios de 6,85%; 6,61% e 4,37%, respectivamente, dos quais três corpos-de-

prova de cada traço foram imersos em água e submetidos à pressão de sucção para retiradas

dos vazios de ar, de modo a se garantir uma total saturação do corpo-de-prova conforme

ilustra a Figura 4.29.

Page 103: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

102

FIG. 4.29 Passos para condicionamento do corpo-de-prova no ensaio de perda por umidade

induzida. (a) aplicação da pressão para saturação dos vazios com água.

(b) congelamento (-19°C). (c) e (d) ensaio de resistência à tração.

Em seguida daí, os corpos-de-prova saturados foram levados para o freezer à temperatura

de -19C, durante um período de doze horas, sendo posteriormente submetidos ao ensaio de

resistência à tração estática, cujos resultados são apresentados na Tabela 4.20.

TAB. 4.20 Resultados dos ensaios de dano por umidade induzida e não induzida com os

traços 1, 2 e 3 com escória de ferroníquel.

Dano por Umidade Induzida e

Não Induzida

Traço 1

A.A.U.Q.

Traço 2

A.A.U.Q.

Traço 3

C.A.U.Q.

RTi (MPa) (não induzida) 0,23 0,28 0,88

RTf (MPa) (induzida) 0,21 0,21 0,73

RTf/RTi (*100) ≥ 70% 91,3 75,0 82,9

Conforme pode ser observado na Tabela 4.20, todos os traços satisfizeram o critério da

relação RTf/RTi ≥ 70%, em outras palavras, a ação da água não se mostrou danosa para os

traços estudados.

Pesquisou-se o desempenho mecânico da mistura asfáltica dos traços 1, 2 e 3, onde 3

Page 104: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

103

(três) corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de resistência à tração estática e 3 (três)

corpos-de-prova ao ensaio de módulo resiliente (MR) por compressão diametral, cujos

resultados são apresentados na Tabela 4.21.

TAB. 4.21 Resultados dos ensaios de MR e RT nas misturas asfálticas dos traços 1, 2 e 3

com escória de ferroníquel.

Traços MR (MPa) RT (MPa) MR/RT

Traço 1 (A.A.U.Q.) 1.033 0,23 4.491

Traço 2 (A.A.U.Q.) 1.647 0,21 7.842

Traço 3 (C.A.U.Q.) 2.732 1,44 1.897

Os valores de módulo resiliente dos traços 1, 2 e 3 elaborados de misturas asfálticas,

podem ser melhor visualizados na Figura 4.30.

FIG. 4.30 Valores de Módulo Resiliente dos Traços 1, 2 e 3 das misturas asfálticas com

escória de ferroníquel.

A análise dos resultados indicou valor de módulo resiliente médio de 1.033 MPa e

resistência à tração (RT) média de 0,23 MPa para o traço 1, enquanto para o traço 2 estes

valores passaram para 1.647 MPa e 0,21 MPa para as misturas tipo A.A.U.Q. Tais valores de

MR não são satisfatórios para o caso de misturas asfálticas tipo areia asfalto. Considera-se

que estes resultados ainda se encontram muito abaixo do esperado, mesmo quando comparado

com os de misturas do tipo pré-misturado a frio (menos resistentes), que costumam apresentar

menores valores de módulo resiliente.

Ainda, ALDIGUERI & BERNUCCI (2002) encontraram valores de módulo resiliente

para o tipo de mistura A.A.U.Q. variando entre (2.400 a 3.000 MPa - CAP 30/45), (2.250 a

Page 105: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

104

2.500 MPa - 50/60) e (2.050 a 2.200 MPa - CAP Modificado por Asfaltica).

Porém, VALENÇA et al. (2011) estudaram-se as propriedades mecânicas de misturas

asfálticas do tipo areia asfalto com areia residual (A.A.U.Q.), agregado miúdo de resíduo de

construção e demolição (A.A.U.Q. - RCD), fibra de açaí (A.A.U.Q. - FIBRA e A.A.U.Q.

RCD-FIBRA), e ligantes asfálticos modificados por polímeros EVA ou SBS (A.A.U.Q. -

EVA, A.A.U.Q. - SBS, A.A.U.Q. - RCD-EVA e A.A.U.Q. - RCD-SBS) encontraram valores

de RT variando entre (0,57 MPa a 1,04 MPa), e valores de MR (368 MPa a 1.650 MPa),

resultados estes, mais aproximados com os encontrados para os traços de A.A.U.Q.

executados neste trabalho.

Os valores de resistência à tração (RT) também são muito baixos, para os traços 1 e 2

quando comparados com os de outras misturas do tipo areia asfalto como os valores de RT

igual a 1,39; 1,34 e 1,1 MPa, encontrados no estudo de ALDIGUERI & BERNUCCI (2002)

com utilização do CAP 30/45, 50/60 e CAP Modificado por Asfaltita, respectivamente.

Os valores de módulo resiliente e resistência à tração por compressão diametral para o

traço 3, iguais a 2.732 MPa e 1,44 MPa respectivamente, foram baixos, porém compatíveis

para mistura do tipo concreto asfáltico quando comparados com alguns resultados

investigados em literatura para o mesmo tipo de mistura asfáltica na faixa C utilizando

agregados convencionais.

CASTELO BRANCO (2004) encontrou os valores de módulo resiliente para a mistura

asfáltica tipo C.A.U.Q. para M1 contendo 40% de escória de aciaria com MR igual a 2.276

MPa, para a mistura M2 contendo 60% de escória com MR igual a 1.836 MPa e M3 contendo

80% de escória com MR igual a 2.188 MPa.

SILVA (2010) encontrou valores de módulo resiliente para misturas tipo C.A.U.Q com

80% de escória de aciaria variando entre 4.002 MPa e 7.241 MPa e valores de resistência á

tração variando entre 0,93 MPa e 1,54 MPa para variados teores de ligantes.

FREITAS (2007) conseguiu obter melhores resultados de módulo resiliente igual a 9.173

MPa na mistura asfáltica tipo C.A.U.Q. com 97% de escória de aciaria utilizando o CAP

30/45 com Sasobit (melhorador da performance de asfalto e mais utilizado em misturas

mornas).

Portanto, conclui-se que a variação da forma, textura, angularidade do agregado, o teor e

o tipo de ligante, irão influenciar diretamente no comportamento mecânico da mistura

asfáltica.

Page 106: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

105

Um quarto traço de mistura asfáltica foi realizado com amostras de materiais fornecidas

pela Empresa ONA, agregados pétreos e ligante asfáltico tipo CAP 50 / 70, a qual executou

em 30/06/13 a construção do trecho experimental com a escória de ferroníquel localizado no

município de Niquelândia/GO. A princípio este seria o traço de mistura asfáltica empregado

para a execução do trecho experimental, porém não foi possível seu emprego devido a

mudança dos agregados que difere aos agregados utilizados no traço 4.

Os materiais do traço 4 foram conduzidos ao Laboratório de Ligantes e Misturas

Betuminosas do IME no Rio de Janeiro. Foram realizados ensaios de caracterização de

agregados e ligante e dosagem pelo método Marshall, além da dosagem da mistura.

Os agregados se tratam de calcários britados, sendo subdivididos nas seguintes frações:

brita 1, brita 0 e pó pedrisco, conforme ilustrado na Figura 4.35.

FIG. 4.311 Agregados de Calcário nas frações: Brita 1, Brita 0 e Pó Pedrisco.

4.3.5 GRANULOMETRIA

Na Tabela 4.24 são mostrados os resultados dos ensaios de granulometria dos agregados

utilizados no traço 4.

Page 107: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

106

TAB. 4.22 Granulometria dos agregados Traço 4.

Peneiras # Brita 1 Brita 0 Pó Pedrisco Cimento Escória

1 e ½” 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

1” 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

¾” 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

½” 42,5 98,9 100,0 100,0 100,0

3/8” 4,8 82,8 100,0 100,0 100,0

N° 4 0,2 13,1 95,5 100,0 97,7

N° 10 0,2 4,5 61,9 100,0 63,8

N° 40 0,2 2,7 33,3 100,0 4,0

N° 80 0,2 2,4 27,7 100,0 0,8

N° 200 0,2 1,5 15,3 92,0 0,4

A granulometria do agregado escória de ferroníquel, utilizada no traço 4, difere da

granulometria da escória ferroníquel utilizada nos traços 1, 2 e 3 deste trabalho. Isto se deve

ao lote das amostras de escória ferroníquel enviadas anteriormente ser diferente do lote de

amostras de escória ferroníquel enviadas para este ensaio. Essa diferença pode ter sido o

motivo da diminuição do uso da escória no enquadramento granulométrico deste traço.

A Figura 4.36 ilustra a curva da mistura prevista para a execução do traço 4, que se

enquadra na Faixa C da norma DNIT 031/2006 – ES para misturas asfálticas tipo concreto

asfáltico usinado a quente. Observa-se que a granulometria da mistura utilizada neste ensaio

obedeceu aos limites inferiores e superiores da curva de granulometria preconizados pela

norma citada.

FIG. 4.32 Curva da mistura de agregados do Traço 4 na faixa C de C.A.U.Q.

Page 108: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

107

Conforme o enquadramento dos agregados pelo método das tentativas na curva de

granulometria exibida na Figura 4.33 acima, o traço 4 da mistura asfáltica com os agregados

ficou definida conforme mostrado na Tabela 4.25.

TAB. 4.23 Traço 4 da Mistura Asfáltica.

Material Porcentagem %

Brita 1 22

Brita 0 15

Pó Pedrisco 20

Cimento 3

Escória 40

Outras características, como densidades, absorção, adesividade e impacto tréton, dos

agregados estudados para o traço 4 estão reunidas na Tabela 4.26.

TAB. 4.24 Características físicas e mecânicas dos agregados do Traço 4.

Material Densidade

Real

Densidade

Aparente Absorção Adesividade

Impacto

Tréton

Abrasão Los

Angeles

Brita 1 2,82 2,79 1,7 Satisfatória 30,61 25,6%

Brita 0 2,88 2,75 - Satisfatória - -

Pó Pedrisco 2,85 - - - - -

Cimento 3,10 - - - - -

A densidade dos agregados apresentados na Tabela 4.26 apresentou resultados

semelhantes a outros agregados comumente utilizados.

O resultado para o ensaio de absorção mostrou-se um pouco elevada, porém encontra-se

dentro dos limites preconizados pela norma, tendo sido a absorção do agregado de calcário

menor que 2%, conforme DNER-ME 195/97, e adesividade satisfatória.

A perda de massa do material pelo ensaio de Abrasão Los Angeles foi igual a 25,6%. Tal

qual o resultado do ensaio de perda ao choque no aparelho Tréton igual a 30,61%, que foi

menor que 60% conforme limite estabelecido pela norma DNER-ME 399/99.

Na Tabela 4.27 encontram-se os resultados da caracterização física do ligante asfáltico

CAP 50 / 70 utilizados no traço 4.

Page 109: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

108

TAB. 4.25 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 – Traço 4.

Ensaio – CAP 50/70 Unidades Limites Resultados

Penetração (100g, 5s, 25ºC, 0,1mm) 0,1mm 50 a 70 50

Ponto de Amolecimento, min. ºC 52 58,6

Viscosidade Brookfiel a 135ºC, SP 21, 20 rpm, mín

Cp

274 375

Viscosidade Brookfiel a 150ºC, SP 21, mín. 112 183

Viscosidade Brookfiel a 177ºC, SP 21 57 a 285 68

Ponto de fulgor, mín. ºC 235 348

Dutilidade a 25ºC, mín cm 60 >100

Efeito do calor e do ar (RTFOT) a 163ºC, 85 min

Aumento do ponto de amolecimento, máx. ºC 8 65,5

Penetração retida, mín. % 55 55

Ductilidade a 25°C, mín. cm 20 >100

Densidade Relativa 1,04

Os resultados de caracterização do ligante foram satisfatórios e obedeceram aos limites

estabelecidos pelas normas do IBP que estão apresentados na Tabela 3.4.

A volumetria obtida para este traço é apresentada na Tabela 4.28, na qual pode ser

observado que os valores obtidos foram satisfatórios, dentro dos limites da norma DNIT

031/2006 – ES, e compatíveis com aqueles obtidos utilizando agregado convencional.

Observa-se que o teor de ligante 4,3% para o traço 4 diminuiu em relação ao traço 3 –

5,3%, cujo resultado encontra-se na Tabela 4.19. Este fato se deve principalmente à

diminuição do percentual da escória de ferroníquel no traço elaborado para o traço 4, sendo

este igual a 40%. O agregado miúdo, como a escória de ferroníquel, usado em maior

proporção como foi no traço 3 com 60%, levou à necessidade de uma maior adição de ligante.

Para os valores de estabilidade e resistência à tração, os resultados obtidos foram menores

para o traço desta mistura asfáltica quando comparado com os do traço 3. Provavelmente esta

diferença se deve ao fato dos agregados de ambos os traços serem distintos.

TAB. 4.26 Volumetria do Traço 4 elaborado com teor de 4,3%.

Item Valores Limites

Teores de Ligantes 4,3% -

Densidade Aparente 2,52 -

Volume de Vazios (%) 3,5 3 – 5

Volume do Agregado Mineral – VAM (%) 15,5 -

Relação Betume Vazio – RBV (%) 77,0 75 – 82

Máxima Densidade Teórica 2,51 -

Estabilidade mínima (kgf) 75 golpes 850 500

Resistência à tração por Compressão diametral

estática Mpa 0,75 0,65

Page 110: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

109

4.4 ENSAIOS SOLO E ESCÓRIA FERRONÍQUEL

Como o objetivo desta dissertação é utilizar a escória de ferroníquel nas camadas do

pavimento, assim foram feitos também ensaios tecnológicos utilizando a escória de

ferroníquel em misturas com solo. Os solos utilizados nestes ensaios estão descritos no

capítulo de Metodologia.

4.4.1 ENSAIO DE EXPANSÃO

Conforme pode ser visto na Tabela 3.1 item 3.1.1 do Relatório Lixiviação e

Solubilização, a composição química da escória de ferroníquel possui baixíssimo teor de CaO.

Sabe-se segundo alguns estudos MACHADO (2000), CASTELO BRANCO (2004),

RAPOSO (2005), que a presença deste elemento químico em agregados como as escórias de

aciaria, por exemplo, são os maiores responsáveis pela expansão do agregado quando

hidratados com água, causando os defeitos e irregularidades no pavimento.

O ensaio de expansão pelo método CBR auxiliou a avaliação do resultado de expansão da

mistura solo com escória de ferroníquel.

Na Tabela 4.22 é mostrado o resultado da avaliação desta expansão utilizando a mistura

solo com escória de ferroníquel, cujo o solo é oriundo do Acre e foi utilizado por CÓRDOVA

(2011).

TAB. 4.27 Dados do ensaio de Expansão com escória de ferroníquel 79% e solo 21%.

Tempo (horas) Leitura (mm)

24 h 0,00

48 h 0,00

72 h 0,00

96 h 0,00

Expansão Total 0,00

O resultado mostrou que durante os quatro dias de leitura o extensômetro não se moveu,

fato que corrobora que a escória de ferroníquel não é um material expansivo. O ensaio feito

pela GEOCONTRUYE Geología y Construcciones International, C.A., que realizou o mesmo

ensaio com a escória de ferroníquel em mistura com solo da Venezuela chegou à mesma

conclusão. No relatório da GEOCONTRUYE, o resultado do ensaio de CBR (ver Tabela

Page 111: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

110

4.23) com a escória de ferroníquel apresentou expansão menor que 1%, resultado este dentro

dos limites permitidos pela norma nacional.

TAB. 4.28 Dados de Expansão pelo ensaio de CBR.

10 Golpes 25 Golpes 56 Golpes

Tempo Leitura (mm) Tempo Leitura (mm) Tempo Leitura (mm)

0:00 h 8,25 0:00 h 12,25 0:00 h 4,50

96:00 h 9,00 96:00 h 12,50 96:00 h 5,25

Expansão Total 0,75 Expansão Total 0,25 Expansão Total 0,75

Fonte: Geología y Construcciones International, C.A.

4.4.2 MÓDULO DE RESILIÊNCIA

Na Figura 4.31 é apresentado o gráfico de variação do módulo resiliente em função da

tensão desvio, obtido para a amostra de solo – Carajás/MA – e escória ferroníquel no traço de

50% / 50%, com a utilização de corpos-de-prova de dimensões 10 x 20 cm.

FIG. 4.33 Variação do Módulo Resiliente com a Tensão Desvio.

Conforme pode ser observado na Figura 4.31 para este caso com o corpo-de-prova

moldado com adição de 500 ml de água, a ordem de grandeza do valor médio do módulo

resiliente variou entre 300 MPa a 600 MPa.

Devido ao fato de ter sido feita uma mistura solo e escória de ferroníquel, na razão 1:1,

não é possível distinguir, a priori, qual seria o melhor modelo de previsão do comportamento

do módulo resiliente da mistura compactada se MR = F(σ3) ou MR = F(σd). Os ensaios

Page 112: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

111

realizados indicaram um melhor enquadramento em função da tensão desvio, fato que indica

em tese, uma preponderância da fração argilosa no comportamento da mistura.

Este valor de módulo resiliente pode ser considerado elevado e compatível com aqueles

obtidos para pedregulhosos lateríticos em pesquisas anteriores como a de VERTAMATTI

(1988), SANTOS (1998), MOTTA (1991), SANTOS & GUIMARÃES (2011). A pesquisa

pode evoluir neste sentido.

Page 113: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

112

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Caracterização do Agregado Escória de Ferroníquel

Foram realizados os ensaios para a caracterização do agregado escória de ferroníquel por

Miscroscopia Eletrônica por Varredura (MEV), Difração de Raio-X, Microscopia Óptica e

por AIMS (Aggregate Imaging System). Através destes ensaios foi possível uma análise

criteriosa das amostras de escória de ferroníquel.

Do ensaio realizado no MEV foi possível verificar a imagem do agregado escória de

ferroníquel ampliado em 50, 180 e 220 vezes. Assim, verificou-se as interações dos elementos

químicos presentes na escória de ferroníquel no momento em que sofreu o processo de

solidificação interceptado pelo jato de água. Ainda verificou-se a composição química

presente no agregado de escória de ferroníquel, sendo composta basicamente por: MgO,

Fe2O3 e SiO. Estes elementos, que não apresentam nenhum risco ambiental quando exposto

ao ambiente. Sabe que a reação por hidratação entre óxidos de cálcio e óxidos de magnésio é

um dos principais fatores de expansão das escórias de siderurgias, fato que restringe sua

utilização em pavimentos asfálticos. Os resultados de caracterização química da escória de

ferroníquel mostraram uma pequena concentração de óxidos de cálcio, indicando que o

material tem baixa suscetibilidade à expansão e, consequentemente, apontando ser um

agregado de uso promissor em pavimentação.

No ensaio de Difração de Raio-X foi encontrada a presença do mineral Laihunita, um

Silicato de Ferro do grupo das olivinas. Conhecer a formação da estrutura do agregado auxilia

na verificação da sua resistência ao intemperismo. De acordo com a série Bowen, tem-se que

a olivina é um dos primeiros minerais a se formar quando há a solidificação do magma. Logo,

pela série inversa de Gold Wish associada à velocidade de alteração frente ao intemperismo,

os minerais do grupo olivina tendem a ser os primeiros a se alterarem. Esta pode ser uma

preocupação a ser considerada nos estudos futuros com estes materiais.

Na análise por Microscopia Óptica, investigou-se a superfície do agregado escória de

ferroníquel com o aumento de 40 vezes. Constatou-se que o agregado possuía uma superfície

lisa e não foram observados poros. Assim, concluiu-se que o ensaio de adesividade com

resultado insatisfatório se deve à superfície lisa do agregado, que causou o escorrimento do

Page 114: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

113

ligante, fazendo com que ele se desprendesse do agregado de escória. Por outro lado, o fato de

não terem sido observados poros na escória é um fator positivo quando for empregada em

mistura asfáltica, pois irá absorver menos ligante na mistura.

No ensaio feito pelo AIMS, a escória de ferroníquel mostrou ter classificação quanto à

forma sub-alongada; quanto à angularidade, classificação sub-arredondada para o agregado

graúdo. E para o agregado miúdo, classificação sub-alongada; quanto à textura, classificação

como liso. A escória de ferroníquel possui grãos em formas esféricas e irregulares, fato

favorável ao intertravamento dos grãos na mistura asfáltica assim como foi concluído pelo

ensaio de microscopia.

Misturas Asfálticas

A necessidade do uso de DOPE mostrou-se necessária diante dos resultados de

adesividade com a escória de ferroníquel.

Os traços 1 e 2 de misturas tipo areia asfalto usinado a quente contendo agregados de

escória de ferroníquel não se mostraram satisfatórios do ponto de vista técnico, em especial

relativo ao comportamento mecânico da mistura em laboratório, onde o resultado de

estabilidade Marshall foi igual a 0 (zero) inviabilizando seu emprego em obras de

pavimentação.

Por outro lado, foi possível obter um traço de mistura tipo concreto asfáltico, com cerca

de 60% de agregados de escória de ferroníquel, cujos resultados dos ensaios de avaliação do

comportamento mecânico foram: Módulo Resiliente com média igual a 2.732 MPa;

Resistência à Tração com média igual a 1,44 MPa; e Estabilidade Marshall igual a 999,8 kgf.

Estes resultados são compatíveis com os limites preconizados pela norma DNER de misturas

asfálticas do tipo C.A.U.Q. e com misturas similares compostas de agregados convencionais.

Isto tudo corrobora para o bom comportamento mecânico deste material utilizado como materiais

de pavimentação rodoviária para este tipo de mistura asfáltica.

Quanto à caracterização dos agregados de calcário, utilizados no traço 4, os ensaios de

absorção igual a 1,7%, menor que 2% conforme preconizado pela norma DNER-ME 195/97,

abrasão Los Angeles igual a 25% menor que 40% e a perda ao choque pelo aparelho Tréton

igual a 30,6%, valor menor que 60% conforme preconizado pela norma DNER-ME 399/99.

Assim também, a caracterização do ligante CAP 50 / 70 se mostrou adequada ao uso

obedecendo aos limites das normas de cada ensaio.

Page 115: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

114

A mistura asfáltica do traço 4 apresentou valores satisfatórios dentro dos limites da norma

de concreto asfáltico, utilizando 40% da escória de ferroniquel foi possível atender aos

valores do ensaio de estabilidade igual a 850 kgf e resistência à tração igual a 0,75 MPa

preconizados por suas respectivas normas.

Mistura Solo e Escória de Ferroníquel

A mistura solo e escória apresentou, pelo método CBR, expansibilidade igual a 0 (zero) e

condição favorável, conforme limites preconizados em norma, ao uso da escória como

emprego em camadas de base e sub-base em misturas com solos com baixa expansibilidade,

conforme solo utilizado para esta pesquisa.

Na avaliação do módulo resiliente da mistura solo e escória, o MR apresentou valores

entre 300 MPa e 600 MPa. Estes valores podem ser considerados como elevados e compatíveis

com valores obtidos para misturas similares, atestando o bom comportamento mecânico deste

material.

A pesquisa deve continuar conforme as recomendações descritas no próximo tópico.

Recomendações para Futuras Pesquisas

Avaliação da expansão da escória ferroníquel pelo método PTM 130/78, JIS A 5015/92

ou ASTM D 4792/00, com diferentes tempos de cura;

Realização de ensaios mais modernos previstos na metodologia SuperPave para as

misturas utilizadas neste estudo, cujo processo de dosagem é baseado no desempenho da

mistura asfáltica, com especial preocupação com a deformação permanente;

Utilizar o método Bailey para ajustar a granulometria dos agregados;

Um trecho experimental foi executado em Niquelândia/GO – estacionamento da empresa

AngloAmerican. Sugere-se um estudo do monitoramento do desempenho mecânico deste

pavimento a partir dos seguintes critérios:

Coleta de materiais do Trecho Experimental executado e caracterizar o ligante, os

agregados e a mistura asfáltica;

Avaliação estrutural do pavimento executado e monitoramento através dos ensaios de

FlowNumber, Módulo Dinâmico, DCP;

Page 116: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

115

Estudos de estabilização granulométrica de solos locais com escória de ferroníquel.

Page 117: um estudo sobre a utilização da escória de ferroníquel em

116

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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