um estudo sobre a equação de schrödinger biharmônica · argumentos do tipo passo da montanha...
TRANSCRIPT
Um estudo sobre a equação de Schrödinger
biharmônica
Heloísa Lopes de Sousa
Orientador: Prof. Dr. Marcos Tadeu de Oliveira Pimenta
Coorientador: Prof. Dr. Suetônio de Almeida Meira
Programa de Pós-graduação em Matemática Aplicada e Computacional
Presidente Prudente, março de 2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente
Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada e Computacional
Um estudo sobre a equação de Schrödinger
biharmônica
Heloísa Lopes de Sousa
Orientador: Prof. Dr. Marcos Tadeu de Oliveira Pimenta
Coorientador: Prof. Dr. Suetônio de Almeida Meira
Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Matemática Aplicada eComputacional da Universidade EstadualPaulista "Julio de Mesquita Filho" campusde Presidente Prudente para obtenção dotítulo de mestre em Matemática Aplicada eComputacional.
Presidente Prudente, março de 2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Sousa, Heloísa Lopes de.S696e Um estudo sobre a equação de Schrödinger biharmônica / Heloísa Lopes
de Sousa. - Presidente Prudente : [s.n.], 201560 p.
Orientador: Marcos Tadeu de Oliveira PimentaDissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências e TecnologiaInclui bibliografia
1. Equações biharmônicas. 2. Métodos variacionais. 3. Métodos de penalização. I. Pimenta, Marcos Tadeu de Oliveira. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por ter feito possível este trabalho, pois em minha
trajetória ele colocou pessoas especiais que foram imprescindíveis para realizá-lo.
Agradeço em especial a minha mãe Fátima que em meio de todos os imprevistos que
a vida nos oferece ela sempre me deu exemplos de força de vontade, generosidade e de
dedicação. Ao meu pai José pelas conversas sobre a vida, sempre breves mas valiosas,
sinto falta delas. Por eles terem me dado o melhor que puderam oferecer.
Aos meus irmãos Aline e Junior pelas brincadeiras de criança, por todo o apoio e por
cuidarem da mãe e do pai quando eu não estava por perto.
Ao meu namorado e amigo Junior pelo seu companheirismo, por sempre me dar forças,
por todos os domingos e feriados que passamos estudando Análise e por estar ao meu lado
nos momentos difíceis.
À minha ex-colega de república e amiga Juliana Gori (Juh) pelos três anos de con-
vivência, por segurar a barra quando a bolsa atrasava e por todas as conversas que me
ajudaram a amadurecer.
Aos meus amigos da UEM que durante os quatro anos de graduação me proporciona-
ram momentos memoráveis. Aos professores de lá, agradeço por todo conhecimento ofe-
recido, por terem me dado a base de minha formação. Em especial à professora Claudete
Matilde Webler Martins que por dois anos me orientou no projeto de iniciação cientíca,
por ter me incentivado a entrar no mestrado, mais do que isto, por ter me feito acreditar
que era possível e por ter me dado total apoio para que realmente acontecesse.
Aos professores e amigos do Pós-Mac pela aprendizagem e pelos momentos de descon-
tração e amizade.
Ao professor Suetônio de Almeida Meira pela coorientação, pela disposição em me
atender, por todos os conselhos e ensinamentos que me ajudaram muito durante os estu-
dos.
6
Agradeço ao meu orientador Marcos Tadeu de Oliveira Pimenta por sua imensa paci-
ência, sempre disposto a me atender. Pela maneira dedicada e prossional que guiou este
trabalho, sendo assim um exemplo de professor que pretendo seguir. Pelos ensinamentos
e por todas as conversas de apoio e incentivo.
Por m, agradeço à CAPES pelo apoio nanceiro.
A pesquisa básica é como atirar uma echa para o ar e,
onde ela cair, pintar um alvo.
Homer Adkins Burton
Resumo
Neste trabalho teórico em Equações Diferenciais Parciais Elípticas, estudamos uma
versão estacionária da equação de Schrödinger não-linear biharmônica. O objetivo prin-
cipal versa sobre resultados de existência e concentração de soluções não-triviais, quando
um parâmetro ε tende a zero. São utilizados métodos variacionais para estudar existência
das soluções fracas não-triviais com hipóteses sobre o pontecial e sobre a não-linearidade.
Palavras-Chave: Equações Biharmônicas, Métodos Variacionais, Métodos de Penali-
zação.
Abstract
In this theoretical work in Elliptic Partial Dierential Equations, we study a statio-
nary version of the biharmonic nonlinear Schrödinger equation. The main objective aims
existence results and concentration of nontrivial solutions when a parameter ε tends to
zero. Variational methods are used to study the existence of the weak nontrivial solutions
under certain assumptions on the potential and the nonlinearity.
Keywords: Biharmonic Equations, Variational methods, Penalization methods.
Índice de Notações
|A| é a medida de Lebesgue de um subconjunto A ⊂ RN ;
Ck(Ω) = u : Ω→ R; u é continuamente k vezes diferenciável
Ck0 (Ω) = u ∈ Ck(Ω); supp(u) é compacto;
Ck,α(Ω) = u ∈ Ck(Ω);Dku é α− Hölder contínua;
‖u‖Lp(Ω) =
(∫Ω
|u|pdx) 1
p
;
Lp(Ω) = u : Ω→ R; u é mensurável e ‖u‖Lp(Ω) <∞;
‖u‖L∞(Ω) = infa ≥ 0; x ∈ Ω; |u(x)| > a = 0;
L∞(Ω) = u : Ω→ R; u é mensurável e ‖u‖L∞(Ω) <∞;
Wm,p(Ω) = u ∈ Lp(Ω);Dαu ∈ Lp(Ω)∀|α| ≤ m, onde α = (α1, . . . , αN) é um multi-
índice;
‖u‖Wm,p(Ω) =
(m∑i=1
‖Diu‖Lp(Ω)
) 1p
;
Wm,p0 (Ω) = C∞0 (Ω), onde o fecho é tomado com respeito a norma ‖.‖Wm,p(Ω);
Hm(Ω) = Wm,2(Ω);
Hm0 (Ω) = C∞0 (Ω), onde o fecho é tomado com respeito a norma ‖.‖Hm(Ω);
∆u =N∑i=1
∂2u
∂x2i
;
∆2u = ∆(∆u);
2∗ =2N
N − 4;
2∗ =2N
N − 2.
13
Sumário
Capítulos
1 Introdução 17
2 Preliminares 21
2.1 Distribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Espaços de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.1 Teoremas de densidade e imersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Teorema do Passo da Montanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3 Existência e concentração de soluções 31
3.1 O problema modicado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4 Considerações Finais 55
Referências 57
Capítulo
1
Introdução
Nos últimos anos, vários autores têm estudado diversas questões relativas à equação
de Schrödinger estacionária não-linear
−ε2∆u+ V (x)u = f(u) em Ω
u ∈ H1(Ω),(1.1)
com condições de fronteira de Neumann ou Dirichlet, onde Ω ⊂ RN é um domínio não
necessariamente limitado. Motivado por Floer e Weinstein [7], Rabinowitz em [13] usou
argumentos do tipo passo da montanha para encontrar soluções de energia mínima de (1.1)
para ε > 0 sucientemente pequeno, onde N ≥ 3, Ω = RN e f é uma não-linearidade
superlinear e subcrítica. Sobre o potencial V foi assumida a seguinte condição
0 < V0 = infx∈RN
V (x) < lim inf|x|→∞
V (x).
Em [15], Wang provou que as soluções do passo da montanha encontradas por Rabi-
nowitz em [13] apresentam um fenômeno de concentração em torno de um mínimo global
de V , se ε→ 0. Em [5], Del Pino e Felmer usaram um método de penalização para pro-
var a existência e concentração de soluções para o problema (1.1), com não-linearidade
superlinear e subcrítica e com o potencial V satisfazendo a seguinte condição
infx∈Λ
V (x) < infx∈∂Λ
V (x),
onde Λ é um domínio limitado contido em Ω. Esses argumentos inspiraram muitos autores
nos últimos anos, entre eles Alves e Figueiredo em [2, 3], que consideraram o problema
17
1. Introdução 18
(1.1) com o operador de Laplace substituído pelo p-Laplaciano e obtiveram existência,
multiplicidade e concentração de soluções positivas.
Embora muitos autores tenham estudado o problema (1.1) para os operadores Lapla-
ciano e p-Laplaciano, poucos trabalhos podem ser encontrados tratando de equações de
Schrödinger biharmônicas, dadas por
ε4∆2u+ V (x)u = f(u) em RN
u ∈ H2(RN),(1.2)
Em [11, 12], Pimenta e Soares provam a existência de uma família de soluções para
(1.2), onde estas apresentam um fenômeno de concentração em torno de um ponto de
mínimo global de V , tal como feito em [5]. Já no trabalho [6], Figueiredo e Pimenta
provam a existência e multiplicidade de soluções que se concentram em torno de um
mínimo global de V, levando-se em conta propriedades topológicas do conjunto onde V
atinge o seu mínimo, onde a equação considerada é semelhante a (1.2).
Neste trabalho, realizamos um estudo detalhado do trabalho [11], considerando-se uma
não-linearidade f satisfazendo as condições:
(f1) f ∈ C1(R),
(f2) f(ξ) = o(ξ), quando ξ → 0,
(f3) existem constantes a1, a2 > 0 tais que
|f(ξ)| ≤ a1|ξ|+ a2|ξ|p, ∀ξ ∈ R
onde 1 ≤ p < N+4N−4
,
(f4) para algum 2 < θ ≤ p+ 1, temos para todo ξ 6= 0
0 ≤ θF (ξ) < f(ξ)ξ, onde F (ξ) =
∫ ξ
0
f(t)dt,
(f5) a função ξ 7→ f(ξ)
ξ, é crescente para ξ > 0, decrescente para ξ < 0.
Quanto ao potencial V , vamos supor as seguintes condições:
(V1) V ∈ C0(RN) ∩ L∞(RN),
(V2) existe um aberto Ω ⊂ RN limitado e x0 ∈ Ω tais que
1. Introdução 19
0 < V (x0) = V0 = infRN
V < inf∂ΩV.
O objetivo é mostrar o seguinte resultado
Teorema 1 Sejam f e V funções que satisfazem (f1)−(f5) e (V1)−(V2) respectivamente.
Então para toda sequência εn → 0 existe uma subsequência que continuaremos a denotar
por εn tal que (1.2) (com εn = ε) possui uma solução não-trivial un ∈ H2(RN). Ainda
mais, sendo xn ponto de máximo de |un|, então xn ∈ Ω e ainda
limn→∞
V (xn) = infRN
V.
No trabalho [11], os autores provam os resultados sem utilizar a condição (f4) sobre
a não-linearidade, chamada de condição de Ambrosetti-Rabinowitz. Ao invés dessa, con-
sideraram uma condição de superlinearidade sobre f mais fraca, de modo a abranger um
número maior de não-linearidades, o que exigiu a adição de muitos resultados técnicos ao
trabalho.
Nossa proposta, ao apresentar o texto com uma condição mais restritiva, foi para que
este se torne mais acessível, por conter menos detalhes técnicos, a um iniciante na área
que se interesse pelo trabalho [11], onde todas as demonstrações apresentem somente os
detalhes inerentes à técnica de penalização utilizada e não aos que são técnicos oriundos
da falta da condição de Ambrosetti-Rabinowitz.
Para compreender resultados do trabalho [11], foi necessário um estudo prévio de
vários resultados abstratos da Teoria da Análise Não-Linear, alguns dos quais compõem
o segundo capítulo, como por exemplo o conhecido Teorema do Passo da Montanha.
Capítulo
2
Preliminares
Neste capítulo veremos algumas denições, notações e resultados importantes para o
desenvolvimento do trabalho. Primeiramente descrevemos uma nova classe de objetos em
que é coerente denir uma derivada (generalizada) onde as regras do cálculo se mantenham
e ao mesmo tempo possa-se incluir funções não diferenciáveis no sentido clássico. Tais
objetos são as chamadas distribuições.
Após veremos uma importante operação com distribuições, denimos os Espaços de
Sobolev e admitimos os Teoremas de Imersões. Por m demostramos o Teorema do Passo
da Montanha.
2.1 Distribuições
Seja φ : Ω ⊂ RN → R(C) uma função contínua no aberto Ω. Então denimos:
Denição 1 O conjunto supp(φ) = x ∈ Ω;φ(x) 6= 0 é chamado de suporte de φ. Se
este conjunto além de fechado for compacto dizemos que φ tem suporte compacto.
Denição 2 O espaço vetorial das funções C∞(RN) com suporte compacto, o qual cha-
mamos de espaço das funções teste, será denotado por D(RN). Se Ω é um aberto do RN ,
ainda podemos falar do espaço das funções C∞ com suporte compacto contido em Ω. Este
espaço será denotado por D(Ω).
Vamos fornecer à D(Ω) uma topologia tal que faça de D(Ω) um espaço vetorial topo-
lógico. Precisamos então saber o que são sequências convergentes em D(Ω).
21
2. Preliminares 22
Denição 3 Uma sequência φm de funções em D(Ω) é dita convergente para zero se
existir um compacto K ⊂ Ω tal que supp(φm) ⊂ K, para todo m e todas as suas derivadas
convergem uniformemente para zero em K.
Denição 4 Um funcional linar T denido em D(Ω) é dito uma distribuição em Ω sem-
pre que, se φm → 0 em D(Ω) então T (φm)→ 0, quando m→∞.
O espaço das distribuições, o qual é o dual do espaço das funções teste, é denotado
por D′(Ω).
Exemplo 1 (A ditribuição de Dirac) Seja x ∈ RN . Dena δx por δx(φ) = φ(x),
para toda φ ∈ D(RN). É claro que δx dene uma distribuição. Em particular se x = 0
escrevemos apenas δ e este é o conhecido δ de Dirac.
Denição 5 Uma função f : Ω ⊂ RN → R(C) é dita localmente integrável se para
qualquer compacto K ⊂ Ω tivermos que∫K
|f | <∞. Denotamos o espaço das funções
denidas em Ω que são localmente integráveis por L1loc(Ω).
Exemplo 2 Dada uma função localmente integrável f dena o funcional linear Tf em
D(Ω) por Tf (φ) =
∫Ω
fφdx. É fácil vericar que Tf é uma distribuição em D′(Ω).
Vamos agora ver uma operação familiar ao Cálculo aplicada à distribuições, que é a
de diferenciação. Começaremos com a denição de multi-índice de Schwartz, a qual será
muito útil.
Denição 6 Um multi-índice α é uma n-upla α = (α1, · · · , αn), αi ≥ 0 inteiros. Asso-
ciado a um multi-índice α temos: |α| = α1 + · · · + αn, (ordem de α); α! = α1! · · ·αn!;
xα = xα11 · · ·xαnn , onde x = (x1, · · · , xn) ∈ Rn.
Por m denimos Dα =∂|α|
∂xα11 · · · ∂xαnn
.
Denição 7 Sejam T ∈ D′(Ω) e Ω ⊂ RN aberto. Denimos para todo multi-índice α a
distribuição DαT por
(DαT )(φ) = (−1)|α|T (Dαφ) ∀φ ∈ D(Ω)
Exemplo 3 Consideremos a função de Heaviside em R
H(x) =
1 x ≥ 0
0 x < 0.
2. Preliminares 23
Esta função é localmente integrável e por isso dene uma distribuição, a qual denotaremos
por TH . Seja φ ∈ D(R) então
dTHdx
(φ) = −TH(dφ
dx
)= −
∫RHdφ
dxdx = −
∫ +∞
0
dφ
dxdx = − lim
y→+∞
[∫ y
0
dφ
dxdx
]= φ(0) = δ(φ)
∴dTHdx
= δ ( δ de Dirac).
2.2 Espaços de Sobolev
Seja Ω um aberto do RN , 1 ≤ p < +∞ e m ∈ N. Se u ∈ Lp(Ω), é sabido que u possui
derivadas de todas as ordens no sentido das distribuições, mas não é verdade, em geral,
que Dαu seja uma distribuição denida por uma função de Lp(Ω).
Quando Dαu é gerada por uma função de Lp(Ω), deni-se um novo espaço denominado
espaço de Sobolev, o qual representamos porWm,p(Ω) o espaço vetorial de todas as funções
u ∈ Lp(Ω), tais que para todo |α| ≤ m, Dαu ∈ Lp(Ω), isto é
Wm,p(Ω) = u ∈ Lp(Ω);Dαu ∈ Lp(Ω), ∀|α| ≤ m
sendo Dαu a derivada no sentido das distribuições.
Para cada u ∈ Wm,p(Ω) denimos a norma de u da forma:
‖u‖pm,p =∑|α|≤m
∫Ω
|Dαu|pdx.
O espaço normado (Wm,p(Ω), ‖.‖m,p) é denominado espaço de Sobolev.
Representa-se Wm,2(Ω) = Hm(Ω) devida a estrutura hilbertiana de L2(Ω), a qual é
herdada pelos espaços Hm(Ω).
Teorema 2 Os espaços de Sobolev Wm,p(Ω) são espaços de Banach.
Demonstração: Seja uν uma sequência de Cauchy em Wm,p(Ω). Mostremos que uν
converge para uma função u ∈ Wm,p(Ω). De fato, como uν é de Cauchy temos:
‖uν − uµ‖pm,p =∑|α|≤m
∫Ω
|Dαuν −Dαuµ|pdx→ 0, ν, µ→ +∞.
2. Preliminares 24
Segue que (Dαuν) é uma sequência de Cauchy do espaço de Banach Lp(Ω). Logo, para
cada |α| ≤ m, existe uα ∈ Lp(Ω) tal que: Dαuν → uα em Lp(Ω). Em particular, quando
α = (0, · · · , 0) temos que uν → u em Lp(Ω).
Basta mostrar que Dαu = uα. Com efeito, das convergências anteriores, temos as
seguintes convergências em D′ (Ω)
Dαuν → uα e Dαuν → Dαu
pela unicidade do limite concluímos o desejado.
Corolário 1 Os espaços Hm(Ω) são espaços de Hilbert com o produto interno
(u, v)Hm(Ω) =∑|α|≤m
(Dαu,Dαv)L2(Ω).
O espaço das funções C∞ com suporte compacto contido em Ω é denso em Lp(Ω), mas
não é verdade que este mesmo espaço, o qual passamos a denotar por C∞0 (Ω), seja denso
em Wm,p(Ω). Por esta razão dene-se o espaço Wm,p0 (Ω) como sendo o fecho de C∞0 (Ω)
em Wm,p(Ω), isto é,
Wm,p0 (Ω) = C∞0 (Ω)
‖.‖m,p.
Os espaços Wm,p0 (Ω) também são espaços de Banach e em particular, quando p = 2,
Wm,20 (Ω) = Hm
0 são espaços de Hilbert.
2.2.1 Teoremas de densidade e imersão
As demostrações dos resultados desta seção podem ser encontradas em [9].
Teorema 3 O subespaço C∞(Ω) ∩W k,p(Ω) é denso em W k,p(Ω).
Vamos agora enunciar as conhecidas desigualdades de Sobolev para funções emW 1,p0 (Ω).
Teorema 4
W 1,p0 (Ω) ⊂
LNpN−p (Ω) para p < N,
C0(Ω) para p > N.
2. Preliminares 25
Além disso, existe uma constante C = C(N, p) tal que, para qualquer u ∈ W 1,p0 (Ω),
‖ u ‖ NpN−p
≤ C ‖ Du ‖p para p < N,
supΩ|u| ≤ C|Ω|
1N− 1p ‖ Du ‖p para p > N.
Denição 8 Dizemos que um espaço de Banach B1 está imerso continuamente no espaço
de Banach B2 e denotamos B1 → B2, se existir uma aplicação linear limitada e bijetora
B1 7→ B2.
Assim, o Teorema 4 pode ser expresso da forma
W 1,p0 (Ω) → L
NpN−p (Ω) p < N,
W 1,p0 (Ω) → C0(Ω) p > N.
Iterando o Teorema 4 k vezes chegamos a uma extensão para os espaços W k,p0 (Ω).
Corolário 2
W k,p0 (Ω) → L
NpN−kp (Ω) kp < N,
W k,p0 (Ω) → Cm(Ω) kp > N.
2.3 Teorema do Passo da Montanha
Seja E um espaço de Banach e I : E → R um funcional. Vejamos as seguintes
denições.
Denição 9 O funcional I é Fréchet diferenciável em u ∈ E se existe uma aplicação
linear contínua L = L(u) : E → R satisfazendo:
∀ε > 0, ∃δ = δ(ε, u) > 0 tal que |I(u+ v)− I(u)− Lv| ≤ ε‖v‖, sempre que ‖v‖ ≤ δ.
A aplicação L é usualmente denotada por I ′(u).
Denição 10 Um ponto crítico u de I é tal que I ′(u) = 0, isto é,
I ′(u)ψ = 0, ∀ψ ∈ E.
2. Preliminares 26
O valor de I em u é então chamado de valor crítico de I.
Em aplicações para equações diferenciais parciais, pontos críticos de funcionais cor-
respondem a soluções fracas de equações.
Existem resultados que garantem a existência de ponto crítico de funcionais. O Teo-
rema do Passo da Montanha é um desses resultados e está intimamente relacionado com
a condição de Palais-Smale (PS).
Denição 11 Seja I ∈ C1(E,R), E espaço de Banach. Dizemos que I satisfaz a con-
dição de Palais-Smale (PS) se qualquer sequência un em E tal que I(un) é uma
sequência limitada de números reais e I ′(un)→ 0 quando n→∞, possua uma subsequên-
cia convergente.
Vamos provar a versão usual do Teorema do Passo da Montanha. A prova se torna
simples utilizando a seguinte versão do Lema da deformação.
Lema 1 (Lema da deformação) Seja E um espaço de Banach. Suponha que o funci-
onal I ∈ C1(E,R) é tal que satisfaça a condição (PS). Se c ∈ R não é um valor crítico
de I, então dado ε > 0 existe um ε ∈ (0, ε) e η ∈ C([0, 1] × E,E) tais que para qualquer
u ∈ E e t ∈ [0, 1] tem-se:
1o) η(t, u) = u se, u /∈ I−1 ([c− ε, c+ ε]);
2o) η(1, Ic+ε) ⊂ Ic−ε.
Demonstração:
Como c ∈ R não é um valor crítico de I, devem existir constantes α, β > 0 tais que se
u ∈ I−1 ([c− α, c+ α]) implica que ‖I ′(u)‖ ≥ β, caso contrário, para quaisquer α, β > 0
existirá u∗ ∈ I−1 ([c− α, c+ α]) com ‖I ′(u∗)‖ < β.
Tome para cada n ∈ N α = 1ne β = 1
n, assim existirá u∗n tal que
c− 1
n≤ I(u∗n) ≤ c+
1
ncom ‖I ′(u∗n)‖ < 1
n∀n ∈ N.
Logo, passando o limite quando n→∞ obtemos que I(u∗n)→ c e I ′(u∗n)→ 0.
Como I satisfaz a condição (PS) temos que a menos de subsequências u∗n → u em E.
Uma vez que I ∈ C1(E,R), temos I(u∗n)→ I(u) e I ′(u∗n)→ I ′(u).
Pela unicidade do limite segue que I(u) = c e I ′(u) = 0, isto é, c é um valor crítico de
I, o que é uma contradição.
2. Preliminares 27
Portanto, existem constantes α, β > 0 tais que, se u ∈ I−1 ([c− α, c+ α]) então
‖I ′(u)‖ ≥ β.
Agora considere ε ∈ (0, α] xado, ε ∈ (0, ε) e δ =4ε
β.
Sejam
A = I−1 ([c− ε, c+ ε]) , B = I−1 ([c− ε, c+ ε]) e Y = u ∈ E; I ′(u) 6= 0 .
Além disso, considere V : Y → X um campo pseudo-gradiente para I em Y , isto é, V
é uma aplicação contínua localmente Lipschitziana e tal que, para cada u ∈ Y satisfaz:
(i) ‖V (u)‖ ≤ 2‖I ′(u)‖,
(ii) 〈I ′(u), V (u)〉 ≥ ‖I ′(u)‖2.
Considere também 0 ≤ ρ ≤ 1 uma função localmente Lipschitziana denida por
ρ : E −→ R
u 7−→ ρ(u) = d(u,E\A)d(u,E\A)+d(u,B)
.
Dena f : E → E por
f(u) =
−ρ(u) V (u)‖V (u)‖ , se u ∈ A
0, se u /∈ A.
Temos que f é localmente Lipschitziana e ‖f‖ ≤ 1 para toda u ∈ E.
Temos ainda que o problema de Cauchy
ddtw(t, u) = f(w(t, u))
w(0, u) = u,
tem solução única, a qual denotamos por w(t, u), que está denida para todo t ∈ R e para
cada u ∈ E.
Seja η : [0, 1]×E → E denida por η(t, u) = w(δt, u). Vamos mostrar que η(t, u) = u
se u /∈ I−1 ([c− ε, c+ ε]) = A.
De fato, seja w1(t, u) = u para todo t ∈ R. Note qued
dtw1(t, u) = 0 = f(w1(t, u)),
pois u /∈ A, o que implica
ddtw1(t, u) = f(w1(t, u))
w1(0, u) = u,
2. Preliminares 28
Por unicidade w1(t, u) = u = w(t, u) para todo t ∈ R. Logo se u /∈ A temos que
η(t, u) = w(δt, u) = u para t ∈ [0, 1], o que mostra o primeiro item do Lema.
Para o segundo item do Lema note que para cada u ∈ E xado a função I(w(t, u)) é
decrescente em t. Seja u ∈ Ic+ε iremos considerar dois casos:
(1) Para algum t ∈ [0, δ], temos I(w(t, u)) ≤ c− ε.
Assim como I(w(t, u)) é decrescente I(w(δ, u)) ≤ I(w(t, u)) ≤ c − ε, donde segue
η(1, u) = w(δ, u) ∈ Ic−ε.
(2) Para todo t ∈ [0, δ], temos I(w(t, u)) ≥ c− ε.
Visto que I(w(t, u)) é decrescente I(w(t, u)) ≤ I(w(0, u)) = I(u) ≤ c+ ε.
Logo w(t, u) ∈ I−1 ([c− ε, c+ ε]) = B para todo t ∈ [0, δ].
Usando que I(w(t, u)) é decrescente e que ρ = 1 em B, obtemos
I(w(δ, u)) = I(u) +
∫ δ
0
d
dtI(w(t, u))dt
≤ I(u) +1
2
∫ δ
o
‖I ′(w(t, u))‖dt
≤ c+ ε− 1
2
4ε
δδ = c− ε.
Mostrando que
I(w(δ, u)) ≤ c− ε.
Portanto, em qualquer caso, temos que η(1, u) = w(δ, u) ∈ Ic−ε se u ∈ Ic+ε, isto é,
η(1, Ic+ε) ⊂ Ic−ε.
Teorema 5 (Teorema do Passo da Montanha) Seja E um espaço de Banach e su-
ponha que o funcional I ∈ C1(E,R) e satisfaça a condição (PS).
Suponha ainda que I(0) = 0 e
I1) existem constantes ρ, α > 0 tais que I|∂Bρ ≥ α, e
I2) existe e ∈ E \Bρ tal que I(e) ≤ 0.
Então I possui um valor crítico c ≥ α. Além disso c pode ser caracterizado como
c = infg∈Γ
maxu∈g([0,1])
I(u) = infg∈Γ
maxt∈[0,1]
I(g(t)),
2. Preliminares 29
onde Γ = g ∈ C([0, 1], E); g(0) = 0 e g(1) = e.
Demonstração: Note que c = infg∈Γ
maxt∈[0,1]
I(g(t)) <∞. De fato, como g ∈ C([0, 1], E),
g([0, 1]) ⊂ E é um conjunto compacto, logo o conjunto I(g(t)); t ∈ [0, 1] atinge seu
máximo.
Armação: maxt∈[0,1]
I(g(t)) ≥ α, para toda g ∈ Γ. Com efeito, seja g ∈ Γ e dena
h : [0, 1]→ R por h(t) = ‖g(t)‖.
É claro que h é contínua e ainda, h(0) = ‖g(0)‖ = ‖0‖ = 0 < ρ, e como e ∈ E \Bρ segue
que h(1) = ‖g(1)‖ = ‖e‖ > ρ.
Desta forma h(0) < ρ < h(1), pelo teorema do valor intermediário existe t0 ∈ (0, 1)
tal que h(t0) = ρ, isto é, ‖g(t0)‖ = ρ.
Logo g(t0) ∈ ∂Bρ e pela condição I1) segue que I(g(t0)) ≥ α. Como g ∈ Γ é qualquer
obtemos que maxt∈[0,1]
I(g(t)) ≥ α, para toda g ∈ Γ.
Então o conjunto H =
maxt∈[0,1]
I(g(t)); g ∈ Γ
é limitado inferiormente por α.
Portanto c = infg∈Γ
maxt∈[0,1]
I(g(t)) está bem denido e ainda α sendo uma cota inferior do
conjunto H segue da denição de c que c ≥ α.
Basta agora mostrar que c é valor crítico de I.
Suponha que não seja, então pelo Lema da deformação, tomando ε = α2> 0 existe
um ε ∈ (0, ε) e η ∈ C([0, 1] × E,E) tais que η(1, u) = u se I(u) /∈ [c − ε, c + ε] e
η(1, Ac+ε) ⊂ Ac−ε.
Pela denição de inmo, escolha g ∈ Γ de modo que
maxt∈[0,1]
I(g(t)) ≤ c+ ε, (2.1)
e considere h∗(t) = η(1, g(t)). É claro que h∗ ∈ C([0, 1], E).
Note que, sendo g(0) = 0 então I(g(0)) = I(0) = 0, por hipótese.
Logo I(g(0)) = 0 < α2≤ c − ε e assim I(g(0)) /∈ [c − ε, c + ε]. Pelo 1o) item do Lema da
deformação segue que h∗(0) = η(1, g(0)) = η(1, 0) = 0.
De forma análoga, notemos que g(1) = e e assim I(g(1)) = I(e) ≤ 0, por hipótese.
Logo I(g(1)) ≤ 0 < α2≤ c − ε o que implica I(g(1)) /∈ [c − ε, c + ε]. Novamente pelo 1o)
item do Lema da deformação segue que h∗(1) = η(1, g(1)) = η(1, e) = e.
Com isso, obtemos que h∗ ∈ Γ.
2. Preliminares 30
Logo
maxt∈[0,1]
I(h∗(t)) ≥ c. (2.2)
Por (2.1) temos que g([0, 1]) ⊂ Ac+ε, pois para todo t ∈ [0, 1] tem-se I(g(t)) ≤ c + ε.
Desta forma h∗([0, 1]) = η(1, g([0, 1])) ⊂ η(1, Ac+ε) ⊂ Ac−ε, pelo 2o) item do Lema da
deformação.
Como h∗([0, 1]) ⊂ Ac−ε temos que I(h∗(t)) ≤ c− ε, para todo t ∈ [0, 1], em particular
maxt∈[0,1]
I(h∗(t)) ≤ c− ε,
o que contradiz (2.2).
Portanto I possui um valor crítico c ≥ α.
Capítulo
3
Existência e concentração de soluções
Neste capítulo, vamos estudar questões sobre a existência de soluções que apresentam
fenômeno de concentração, para o problema (1.2), onde ε > 0, N ≥ 5 e o potencial V
satisfaz as condições (V1) e (V2). Vamos admitir que f satisfaz as condições (f1)− (f5).
Há diculdades na abordagem direta do problema (1.2), uma destas diculdades é de
se vericar que o funcional associado ao problema satisfaz a condição de Palais-Smale.
Por essa razão, para garantirmos existência de solução, vamos fazer uma modicação na
não-linearidade de forma a recuperar a condição (PS). Por m mostraremos que, para ε
sucientemente pequeno, a solução do passo da montanha do problema modicado, é de
fato solução do problema original.
3.1 O problema modicado
Considere V0 dado pela condição (V2). Sejam k > 2V0 e a > 0 tais que max
f(a)
a,f(−a)
−a
≤ V0
k.
Dena
f(ξ) =
−f(−a)
aξ, se ξ < −a
f(ξ), se |ξ| ≤ a
f(a)aξ, se ξ > a
e g(x, ξ) = χΩ(x)f(ξ) + (1− χΩ(x))f(ξ).
Pode-se vericar que g satisfaz as seguintes propriedades:
(g1) g(x, ξ) = o(|ξ|), quando ξ → 0,
31
3. Existência e concentração de soluções 32
(g2) existem constantes c1, c2 > 0 e 1 ≤ p < N+4N−4
se N ≥ 5, tais que
|g(x, ξ)| ≤ c1|ξ|+ c2|ξ|p,
para todo ξ ∈ R e x ∈ RN ,
(g3) existe 2 < θ < p+ 1 tal que
i) 0 < θG(x, ξ) ≤ g(x, ξ)ξ, ∀x ∈ Ω e ξ ∈ R,
ii) 0 ≤ 2G(x, ξ) ≤ g(x, ξ)ξ ≤ 1kV (x)ξ2, ∀ξ ∈ R e x /∈ Ω, ondeG(x, ξ) =
∫ ξ
0
g(z, t)dt,
(g4) a função ξ → g(x, ξ)
ξé não-decrescente para ξ > 0 e não-crescente para ξ < 0, para
todo x ∈ RN .
Considere o problema
ε4∆2u+ V (x)u = g(x, u) em RN
u ∈ H2(RN).(3.1)
Observe que o problema acima é equivalente ao seguinte problema
∆2v + V (εx)v = g(εx, v) em RN
v ∈ H2(RN),(3.2)
onde suas soluções uε e vε de (3.1) e (3.2), respectivamente, estão relacionadas por
vε(x) = uε(εx).
O espaço adequado para tratar do problema (3.2) é o seguinte espaço de Hilbert
Eε =(H2(RN), < ·, · >ε
), cujo produto interno é dado por
< u, v >ε=
∫RN
(∆u∆v + V (εx)uv) dx,
o qual dá origem a norma ‖u‖2ε =
∫RN
(|∆u|2 + V (εx)u2
)dx.
O funcional energia associado a (3.2) dado por
Jε(v) =1
2
∫RN
(|∆v|2 + V (εx)v2)dx−∫RNG(εx, v)dx,
está bem dinido em Eε e é de classe C1. Para garantirmos as condições geométricas do
Teorema do Passo da Montanha vejamos o primeiro Lema.
3. Existência e concentração de soluções 33
Lema 2 Assuma que a condição (V1) se verica e considere as propriedades (g1)− (g3).
Então para cada ε > 0 existem constantes ρ, β > 0 e φ ∈ Eε com ‖φ‖ε > ρ, tais que
i) Jε(v) ≥ β, sempre que ‖v‖ε = ρ.
ii) Jε(φ) < 0.
Demonstração: Usando as propriedades (g1) e (g2), pode-se vericar que para todo
η > 0 existe uma constante C(η) > 0 de modo que
|G(x, ξ)| ≤ η
2|ξ|2 + C(η)|ξ|p+1, ∀ξ ∈ R.
Assim pelas imersões de Sobolev, segue que
∫RN|G(x, u)|dx ≤ η
2
∫RN|u|2dx+ C(η)
∫RN|u|p+1
=η
2‖u‖2
L2(RN ) + C(η)‖u‖p+1Lp+1(R)
≤ C1η
2‖u‖2
ε + C2C(η)‖u‖p+1ε
≤ C‖u‖2ε
(η2
+ C(η)‖u‖p−1ε
).
Escolhendo ‖u‖ε <(
η
2C(η)
) 1p−1
= γ, segue que
∫RN|G(x, u)|dx ≤ C‖u‖2
εη.
Logo se ρ ∈ (0, γ) e u ∈ Eε é tal que ‖u‖ε = ρ obtemos que
Jε(u) =1
2‖u‖2
ε −∫RNG(x, u)dx ≥ 1
2ρ2 − Cηρ2.
Tomando η sucientemente pequeno de modo que ρ2
(1
2− Cη
):= β > 0, isto prova i).
Pela propriedade (g3) existem constantes a1, a2 > 0 e 2 < θ < p+ 1 tais que
|G(x, ξ)| ≥ a1|ξ|θ − a2 ∀x ∈ RN e ξ ∈ R.
Desta forma tomando u ∈ C∞0 (Ω) \ 0 segue que
3. Existência e concentração de soluções 34
Jε(tu) =1
2‖tu‖2
ε −∫RNG(x, tu)dx
≤ t2
2‖u‖2
ε − a1|t|θ∫RN|u|θdx+
∫RNa2dx
=t2
2‖u‖2
ε − a1|t|θ∫supp(u)
|u|θdx+
∫supp(u)
a2dx
≤ t2
2‖u‖2
ε − a1|t|θ∫supp(u)
|u|θdx+ a2|supp(u)|.
Logo Jε(tu)→ −∞, quando t→ +∞, já que θ > 2, e assim tomando t0 > 0 de modo
que ‖t0u‖ε > ρ, Jε(t0u) < 0, o que prova ii).
O próximo Lema nos garante que Jε satisfaz a condição (PS).
Lema 3 Assuma satisfeita a condição (V1) e considere as propriedades (g1)− (g3). Seja
vn uma sequência em Eε tal que Jε(vn) é uma sequência limitada de números reais e
J ′ε(vn)→ 0. Então vn possui uma subsequência que converge em Eε.
Demonstração: Temos que vn é limitada em Eε. De fato, como Jε(vn) é limitada,
existe M > 0 tal que |Jε(vn)| ≤ M , para todo n ∈ N, com isso e pela propriedade (g3)
temos
M +1
θ‖vn‖εon(1) ≥ Jε(vn)− 1
θJ ′ε(vn)vn
=
(1
2− 1
θ
)‖ un ‖2
ε +1
θ
∫RN
(g(x, un)un − θG(x, un)) dx
≥(
1
2− 1
θ
)‖ vn ‖2
ε +1
θ
∫Ωc
(g(εx, vn)vn − θG(εx, vn)) dx
≥(
1
2− 1
θ
)‖ un ‖2
ε +(2− θ)θ
∫ΩcG(x, un)dx
≥(
1
2− 1
θ
)‖ vn ‖2
ε +(2− θ)
2kθ
∫ΩcV (εx)v2
ndx
≥(θ − 2
2θ
)∫RN
(|∆vn|2 +
(1− 1
k
)V (εx)v2
n
)dx
≥(θ − 2
2θ
)(1− 1
k
)‖ vn ‖2
ε ,
o que implica vn limitada em Eε. Como Eε é um espaço de Hilbert e portanto reexivo,
vn limitada em Eε temos que, a menos de subsequência vn v em Eε. Esta convergência
3. Existência e concentração de soluções 35
é na verdade forte. Com efeito, mostremos primeiramente que dado δ > 0, existe umR > 0
de modo que
lim supn→∞
∫BcR(0)
(|∆vn|2 + V (εx)v2
n
)dx < δ. (3.3)
Assuma que R é escolhido de tal forma que Ω ⊂ BR2(0). Seja ηR ∈ C∞(RN) tal que
ηR = 0 em BR2(0), ηR = 1 em RN \ BR(0), 0 ≤ ηR ≤ 1, |∇ηR| ≤ C
Re |∆ηR| ≤ C
R2 . Logo,
como vn limitada e J ′ε(vn)→ 0 temos
< J ′ε(vn), ηRvn >= on(1),
e assim
∫RN
[∆vn∆(ηRvn) + V (εx)ηRv
2n
]dx−
∫RNg(εx, vn)ηRvndx = on(1),
⇒∫RN
(|∆vn|2 + V (εx)v2
n
)ηRdx+
∫RN
(∆vn∆ηRvn + 2∇ηR∇vn∆vn) dx =
∫RNg(εx, vn)ηRvndx
+ on(1).
Usando a propriedade (g3) temos que
∫RN
(|∆vn|2 + V (εx)v2
n
)ηRdx ≤ −
∫RN
(∆vn∆ηRvn + 2∇ηR∇vn∆vn) dx
+1
k
∫ΩcV (εx)vnηRdx+ on(1),
e pela desigualdade de Hölder,
(1− 1
k
)∫BcR(0)
(|∆vn|2 + V (εx)v2
n
)dx ≤ C
R2‖vn‖L2(RN )‖∆vn‖L2(RN ) + on(1)
+2C
R‖∇vn‖L2(RN )‖∆vn‖L2(RN ).
Tomando o lim sup na última expressão segue (3.3).
Agora, note que pelas propriedades (g1) e (g2), pode-se mostrar que existe C ′ > 0 de
modo que ∫BcR(0)
|g(εx, vn)vn|dx ≤ C ′∫BcR(0)
(|vn|2 + |vn|p)dx.
3. Existência e concentração de soluções 36
Note ainda que, pelas imersões de Sobolev e por (3.3) temos que para n sucientemente
grande
∫BcR(0)
|g(εx, vn)vn|dx ≤ C(‖vn‖2
ε + ‖vn‖p+1ε
)< C
(δ + δ
p+12
).
Pela integrabilidade de x 7→ g(εx, v)v, temos que dado δ > 0 existe um Rδ > 0 tal que
∫BcR(0)
g(εx, v)vdx <δ
4.
Tome δ1 em (3.3) tal que C(δ1 + δ
p+12
1
)< δ
4.
Então existe R > 0 e n0 ∈ N, (s.p.g. R > Rδ) tal que, para todo n ≥ n0
∫BcR(0)
g(εx, vn)vndx < C(δ1 + δ
p+12
1
)<δ
4.
Logo, se n ≥ n0 temos que
∣∣∣ ∫BcR(0)
g(εx, vn)vndx−∫BcR(0)
g(εx, v)vdx∣∣∣ < δ
2.
Observe que vn v em Eε implica que vn → v em Lploc(RN), 1 ≤ p < 2NN−4
pela
imersões compactas. Temos ainda que vn → v q.t.p. em RN . Com isso, usando o
Teorema da Convergência Dominada Generalizado (ver [8]), podemos mostrar que
∫BR(0)
g(εx, vn)vndx→∫BR(0)
g(εx, v)vdx,
e assim para n ≥ n0 obtemos que
∣∣∣ ∫BR(0)
g(εx, vn)vndx−∫BR(0)
g(εx, v)vdx∣∣∣ < δ
2.
Portanto ∣∣∣ ∫RNg(εx, vn)vndx−
∫RNg(εx, v)vdx
∣∣∣ < δ.
Por m, note que v é solução fraca de (3.2). Com efeito, para toda φ ∈ C∞0 (RN), pela
convergência fraca temos que
∫RN
(∆vn∆φ+ V (εx)vnφ) dx→∫RN
(∆v∆φ+ V (εx)vφ) dx.
3. Existência e concentração de soluções 37
Pela convergência forte em Lploc(RN) e utilizando o Teorema da Convergência Domi-
nada Generalizado segue que
∫supp(φ)
g(εx, vn)vndx→∫supp(φ)
g(εx, v)vdx.
Assim,
0 = limn→∞
J ′ε(vn)v =
∫RN
(|∆v|2 + V (εx)v2
)dx−
∫RNg(εx, v)vdx = J ′ε(v)v,
⇒ ‖v‖2ε =
∫RNg(εx, v)vdx.
Observe ainda que
J ′ε(vn)vn = ‖vn‖2ε −
∫RNg(εx, vn)vndx = on(1),
⇒ limn→∞
‖vn‖2 = limn→∞
∫RNg(εx, vn)vndx =
∫RNg(εx, v)vdx = ‖v‖2
ε .
Portanto ‖vn‖ε → ‖v‖ε em Eε e como já sabiamos que convergia fraco concluímos que
vn → v em Eε.
Pelo Teorema do Passo da Montanha, para cada ε > 0 existe vε ∈ Eε solução fraca
não-trivial de (3.2) tal que Jε(vε) = cε onde
cε = infg∈Γε
maxt∈[0,1]
Jε(g(t)),
e Γε = g ∈ C([0, 1], Eε); g(0) = 0 e Jε(g(1)) < 0.
Pela propriedade (g4) podemos ainda caracterizar o nível minimax cε como
cε = infu∈Eε\0
maxt≥0
Jε(tu) = infNεJε,
onde Nε é denida por
Nε = u ∈ Eε \ 0; J ′ε(u)u = 0 .
Agora, vamos considerar uma sequência εn tal que εn → 0 quando n→∞. Arma-
mos que existe uma subsequência, que continuaremos a denotar por εn, tal que vn := vεn
é solução do problema original (1.2).
3. Existência e concentração de soluções 38
Para isto, devemos vericar a igualdade g(εx, vn(x)) = f(vn(x)) para todo x ∈ RN .
Pela denição de g esta igualdade vale para todo x ∈ Ωεn , onde Ωεn =
x
εn;x ∈ Ω
.
Basta então mostrar que g(εx, vn(x)) = f(vn(x)) para x /∈ Ωεn . Ora, para x /∈ Ωεn
g(εx, vn(x)) = f(vn(x)) e f(x) = f(x) para todo |x| ≤ a, logo é suciente mostrar que
|vn(x)| ≤ a para todo x /∈ Ωεn , para n ∈ N sucientemente grande.
Vamos então analisar a função wn(x) = vn(x+ yn) onde yn ⊂ RN é tal que
lim infn→∞
∫BR(yn)
v2ndx ≥ β > 0, (3.4)
para R, β > 0. Assim, se mostramos que |wn(x)| ≤ a, x /∈ (Ωεn − yn) teremos que
|vn(x)| ≤ a para todo x /∈ Ωεn . Am disto, veremos uma série de lemas, inclusive o lema
que garante a existência da sequência yn em (3.4), que implicará no desejado.
Lema 4 Suponha que f satisfaz (f1)− (f5). Então, existe uma solução de estado mínimo
para o seguinte problema
∆2w + V0w = f(w) em RN , (3.5)
no nível c0 = infγ∈Γ0
sup0≤t≤1
J0(γ(t)), onde J0 é o funcional energia associado a (3.5) e
Γ0 =γ ∈ C0([0, 1], H2(RN)); γ(0) = 0 e J0(γ(1)) < 0
.
Demonstração: Seja E0 = (H2(RN), ‖.‖0) onde ‖u‖0 =
∫RN
(|∆u|2 + V0u2)dx. Assim
como foi feito no Lema 2 podemos mostrar que J0 satisfaz as condições geométricas
do Teorema do Passo da Montanha. Então, existe uma sequência wn ⊂ E0, tal que
J0(wn)→ c0 e J ′(wn)→ 0 quando n→∞. Utilizando os mesmos argumentos usados no
Lema 3 mostra-se que wn é uma sequência limitada em E0.
Note que pelo Lema de Lions (ver [10]) uma entre as duas possibilidades ocorre:
(i) wn → 0 em Lr(RN) para 2 < r < 2∗ = 2NN−4
;
(ii) Existe uma sequência (yn) ∈ RN e constantes R, β > 0 tais que
lim infn→∞
∫BR(yn)
w2ndx ≥ β.
De fato, suponha que (ii) não ocorre, ou seja, que para todo R > 0
supy∈RN
∫BR(y)
w2ndx→ 0,
3. Existência e concentração de soluções 39
quando n→∞.
Observe que (wn) é limitada em L2(RN), enquanto que (∇wn) é limitada em L2∗(RN),
onde 2∗ = 2NN−2
. Então, pelo Lema I.1 de [10] temos que wn → 0 em Lr(RN) para 2 < r <
2∗, ou seja, (i) ocorre.
Agora suponha que (i) ocorre. Como (wn) é limitada em E0 a menos de subsequências
wn → w em E0 e assim wn → w para quase todo x ∈ RN . Por (i) wn → 0 q.t.p em RN ,
donde segue que w = 0 q.t.p.
Logo, utilizando o Teorema da Convergência Dominada (ver [8]) temos que
c0 + on(1) = J0(wn)− 1
2J ′0(wn)wn =
∫RN
(1
2f(wn)wn − F (wn)
)dx = on(1),
o que é um absurdo, assim (i) não ocorre e portanto (ii) vale.
Dena un(x) = wn(x + yn). Temos que (un) é limitada em E0 e como J0 é invariante
por translações segue que J0(un)→ c0 e J ′0(un)→ 0 quando n→∞.
Por (ii) temos que
lim infn→∞
∫BR(0)
u2ndx > β.
Como (un) limitada em E0, sabemos que (un) converge fraco para u ∈ E0 \0 e forte em
Lrloc(RN) para 2 < r < 2∗, onde u é solução fraca não trivial de (3.5).
Resta mostrar que J0(u) = c0. Por um lado é fácil ver que c0 ≤ J0(u), para a outra
desigualdade note que
J0(un)− 1
2J ′0(un)un =
∫RN
(1
2f(un)un − F (un)
)dx,
então pelo Lema de Fatou (ver [8]) segue que
c0 ≥∫RN
(1
2f(u)u− F (u)
)dx = J0(u).
Portanto J0(u) = c0.
Lema 5 Suponha que f satisfaz (f1)− (f4) e V satisfaz (V1)− (V2). Então,
lim supn→∞
cεn ≤ c0.
3. Existência e concentração de soluções 40
Demonstração: Vamos assumir sem perda de generalidade que x0 = 0, onde x0 é dado
pela condição (V2). Seja w a solução de (3.5) tal que J0(w) = c0. Seja ainda ψ ∈ C∞(RN)
uma função tal que 0 ≤ ψ ≤ 1 e
ψ(x) =
1 x ∈ Bρ(0)
0 x /∈ B2ρ(0),
onde Bρ(0) ⊂ B2ρ(0) ⊂ Ω.
Dena wn(x) = ψ(εnx)w(x) e note que supp(wn) ⊂ Ωεn onde Ωεn = xεn
;x ∈ Ω,
wn → w em H2(RN) e em Lr(RN) para 2 < r < 2∗.
Seja ϕεn(wn) > 0 tal que ϕεn(wn)wn ∈ Nεn . Suponha que ϕεn(wn) → 1 quando
n→∞. Então
cεn ≤ Jεn(ϕεn(wn)wn)
=ϕεn(wn)2
2
∫RN
(|∆wn|2 + V (εnx)w2
n
)dx−
∫RNF (ϕεn(wn)wn)dx
= J0(ϕεn(wn)wn) +ϕεn(wn)2
2
∫RN
(V (εnx)− V (0))w2ndx.
E o resultado segue aplicando o Teorema da Convergência Dominada.
Resta então mostrar que de fato ϕεn(wn)→ 1 quando n→∞.
Armamos que ϕεn(wn) é limitada. De fato, caso contrário, existiria εn → 0 tal que
ϕεn(wn)→∞.
Por (f4) pode-se vericar que considerando δ > 0 existe a1 > 0 e 2 < θ < p + 1 tais
que |F (t)| ≥ a1|t|θ para todo |t| > δ.
Seja r > 0 tal que w(x) ≥ δ para todo x ∈ Br(0). Podemos ainda tomar r suciente-
mente pequeno de modo que Br(0) ⊂ Bρ(0) e assim se x ∈ Br(0)
ϕεn(wn)wn(x) ≥ wn(x) = w(x) > δ.
3. Existência e concentração de soluções 41
Logo,
‖wn‖2εn =
∫RN
f(ϕεn(wn)wn)ϕεn(wn)wn
ϕεn(wn)2 dx > θ
∫RN
F (ϕεn(wn)wn)
ϕεn(wn)2 dx
≥ θ
∫Br(0)
F (ϕεn(wn)wn)
ϕεn(wn)2 dx
≥ a1θ
∫Br(0)
ϕεn(wn)θwθnϕεn(wn)2 dx
= a1θϕεn(wn)θ−2‖wn‖θLθ(Br(0))
⇒ ϕεn(wn)θ−2 ≤‖wn‖2
εn
a1θ‖wn‖θLθ(Br(0))
≤ C,
o que é uma contradição. Portanto ϕεn(wn) é limitada.
Agora vamos vericar que ϕεn(wn) 9 0 quando n→∞. De fato, caso contrário como
(wn) é limitada segue que ϕεn(wn)wn → 0, quando n → ∞. Note que por (f2) e (f3),
dado η > 0 existe Aη > 0 tal que
|f(t)| ≤ η|t|+ Aη|t|p, ∀t ∈ R.
Logo,
∫RN
f(ϕεn(wn)wn)w2n
ϕεn(wn)wndx ≤
∫RN
(η|wn|2 + Aηϕεn(wn)p−1|wn|p+1
)dx
≤ η‖wn‖2L2(RN ) + Aηϕεn(wn)p−1‖wn‖p+1
Lp+1(RN ),
o que implica
limn→∞
∫RN
f(ϕεn(wn)wn)w2n
ϕεn(wn)wndx = 0. (3.6)
No entanto
‖wn‖2εn =
∫RN
f(ϕεn(wn)wn)w2n
ϕεn(wn)wndx. (3.7)
De (3.6) e (3.7) concluímos que ‖wn‖εn → 0 o que contradiz wn → w e w solução de (3.5)
tal que J0(w) = c0 > 0. Então existem α, β > 0 tais que α ≤ ϕεn(wn) ≤ β.
Portanto toda subsequência convergente de ϕεn(wn) converge para 1 pois, se existir
ϕ 6= 1, sem perda de generalidade suponha ϕ > 1, limite de alguma subsequência de
ϕεn(wn) então
‖wn‖2εn =
∫RN
f(ϕεn(wn)wn)wnϕεn(wn)
dx −→∫RN
f(ϕw)w
ϕdx = ‖w‖2
εn .
3. Existência e concentração de soluções 42
Por (f5) temos que
‖w‖2εn =
∫RN
f(ϕw)w
ϕdx >
∫RNf(w)wdx = ‖w‖2
εn ,
o que é um absurdo, e assim concluímos o desejado.
Lema 6 vn é uma sequência limitada em H2(R).
Demonstração: A prova deste Lema é análoga à do Lema 3.
Lema 7 Existe yn ⊂ RN e R, β > 0 tais que
lim infn→∞
∫BR(yn)
v2ndx ≥ β > 0.
Demonstração: Suponha o contrário, isto é, que
lim supn→∞
supy∈RN
∫BR(y)
v2ndx = 0.
Pelo Lema I.1 de [10] (com q = 2 e p = 2NN−2
), vn → 0 em Lr(RN) para 2 < r < 2∗.
Assim pelo Teorema da Convergência Dominada:
∫RNg(εnx, vn)vndx = on(1) e
∫RNG(εnx, vn)dx = on(1),
quando n→∞.
Desta forma
cεn = Jεn(vn) =
∫RN
(1
2g(εnx, vn)vn +G(εnx, vn)
)dx −→ 0, (3.8)
quando n→∞.
Por outro lado, como o valor minimax é uma função crescente com respeito ao poten-
cial, se d > 0 é o valor minimax associado ao problema ∆2v + V0v = g(εnx, v) em RN
v ∈ H2(RN),
temos que cεn ≥ d para todo n ∈ N. Mas isto contradiz (3.8). Portanto o resultado segue.
3. Existência e concentração de soluções 43
Para R > 0 dado, pelo Lema 7 podemos mostrar o seguinte resultado.
Lema 8 A sequência εnyεn é limitada e dist(εnyεn ,Ω) ≤ εnR.
Demonstração: Para δ > 0 dado seja Kδ uma δ-vizinhança de Ω. Seja φ ∈ C∞(RN)
tal que 0 ≤ φ ≤ 1, φ = 0 em Ω, φ = 1 em RN \ Kδ, |∇φ| ≤ cδe |∆φ| ≤ c
δ2. Seja ainda
φεn = φ(εnx) e considere vnφεn como função teste em (3.2). Temos que J ′εn(vn)vnφεn = 0,
com isso segue que
∫RN
(∆vn∆(vnφεn) + V (εnx)v2
nφεn)dx =
∫RNg(εnx, vn)vnφεndx.
⇒∫RN
[∆vn (∆vnφεn + 2∇vn∇φεn + vn∆φεn) + V (εnx)v2
nφεn]dx =
∫RNg(εnx, vn)vnφεndx.
Logo,
∫RN
(|∆vn|2 + V (εnx)v2
n
)φεndx = −
∫RN
(2∇vn∇φεn∆vn + vn∆φεn∆vn) dx+
∫RNg(εnx, vn)vnφεndx.
Note que φεn = φ(εnx) = 0 em Ωεn = xεn
;x ∈ Ω e g(εnx, vn) = f(vn) em Ωcεn . Assim
temos que
∫RN
(|∆vn|2 + V (εnx)v2
n
)φεndx = −
∫RN
(2∇vn∇φεn∆vn + vn∆φεn∆vn) dx+
∫RNf(vn)vnφεndx
⇒∫RN
[|∆vn|2 +
(V (εnx)− V0
k
)v2n
]φεndx = −
∫RN
(2∇vn∇φεn∆vn + vn∆φεn∆vn) dx
+
∫RN
(f(vn)vn −
V0
kv2n
)φεndx
≤ −∫RN
(2∇vn∇φεn∆vn + vn∆φεn∆vn) dx.
3. Existência e concentração de soluções 44
Mas isto implica que,
V0
(1− 1
k
)∫RNv2nφεndx ≤ −
∫RN
(2∇vn∇φεn∆vn + vn∆φεn∆vn) dx
≤ 2εnC
δ‖vn‖2
H2(RN ) +Cε2nδ2‖vn‖2
H2(RN )
≤ Cεnδ‖vn‖2
H2(RN ).
Se para alguma sequência (εk) tivermos BR(yεk) ∩Kδεk
= ∅ então
V0
(1− 1
k
)∫BR(yεk )
v2ndx ≤ V0
(1− 1
k
)∫RNv2nφεkdx
≤ Cεkδ‖vn‖2
H2(RN ) −→ 0,
quando k → ∞, o que contradiz o Lema anterior. Assim, para cada n ∈ N, existe xntal que εnxn ∈ Kδ e |yεn − xn| < R. Como dist(εnyn,Ω) < εnR + δ para todo δ > 0, o
resultado segue.
Pelo Lema 8, podemos assumir que εnyεn ⊂ Ω para todo n sucientemente grande.
De fato, se não ocorrer, podemos considerar ε−1n zn ao invés de yn, onde zn ∈ Ω e é tal
que |εnyn − zn| ≤ εnR. Desta forma, sequência (znε−1n ) terá a propriedade do Lema 7,
trocando R por 2R. Assim a menos de subsequência εnyεn → x′0 ∈ Ω e podemos agora
demonstrar o seguinte resultado.
Lema 9 As seguintes armações valem:
(i) limn→∞
cεn = c0,
(ii) limn→∞
V (εnyεn) = V0.
Demonstração: Consideremos wn(x) = vεn(x+ yεn). Note que pelo Lema 7
lim infn→∞
∫BR(0)
w2n ≥ β > 0.
Usando que vεn é limitada, segue que existe w ∈ H2(RN)\0 tal que wn w em H2(RN),
wn → w em Lrloc(RN) onde 2 ≤ r < 2∗ e wn → w q.t.p. em RN .
3. Existência e concentração de soluções 45
Como wn satisfaz ∆2wn + V (εnx+ εnyn)wn = g(εnx+ εnyn, wn), em RN
wn ∈ H2(RN),(3.9)
então w satisfaz no sentido fraco ∆2w + V (x′0)w = χ(x)f(w) + (1− χ(x))f(x) =: g(x,w), em RN
w ∈ H2(RN),(3.10)
onde χ(x) = limn→∞
χ(εnx+ εnyn) q.t.p. em RN .
Uma vez que o funcional associado a (3.10) possui a geometria do passo da montanha,
está bem denido o nível minimax c > 0 associado (3.10). Seja ainda J : H2(RN)→ R o
funcional associado a (3.10).
Considere o problema ∆2w + V (x′0)w = f(w), em RN
w ∈ H2(RN),(3.11)
e seja J e c o funcional energia e o nível minimax associados a (3.11) respectivamente.
Vamos mostrar que
c = c.
Uma vez que G(x, s) =
∫ s
0
g(x, t)dt ≤ F (s), segue que J(u) ≤ J(u), para todo u ∈
H2(RN), o que implica c ≤ c. Para a outra desigualdade, vamos supor que
J(w) ≤ lim infn→∞
cεn . (3.12)
Se (3.12) valer, então
c ≤ J(w) ≤ lim infn→∞
cεn ≤ lim supn→∞
cεn ≤ c0 ≤ c. (3.13)
Portanto, c = c, o que implica c = c = c0. Por (3.13) temos que
limn→∞
cεn = c0,
o que prova (i).
3. Existência e concentração de soluções 46
Agora, vamos mostrar que de fato (3.12) vale. A prova segue utilizando as ideias do
Lema 2.2 de [5].
Com efeito, por estimativas elípticas, mostra-se que wn converge para w em C2loc(RN).
Assim, dado R > 0 temos
limn→∞
[1
2
∫BR(0)
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)w2
n
)dx−
∫BR(0)
G(εnx+ εnyn, wn)dx
]=
=1
2
∫BR(0)
(|∆w|2 + V (x′0)w2
)dx−
∫BR(0)
G(x,w)dx.
Como a última integral converge para J(w), quando R → ∞, vemos então que dado
δ > 0, existe R grande o suciente de modo que
limn→∞
[1
2
∫BR(0)
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)w2
n
)dx−
∫BR(0)
G(εnx+ εnyn, wn)dx
]≥ J(w)−δ.
Observe então que é suciente mostra que
lim infn→∞
[1
2
∫BcR(0)
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)w2
n
)dx−
∫BcR(0)
G(εnx+ εnyn, wn)dx
]≥ −δ
(3.14)
para todo R sucientemente grande.
Com efeito, se (3.14) valer então
lim infn→∞
cεn = lim infn→∞
[1
2
∫RN
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)w2
n
)dx−
∫RNG(εnx+ εnyn, wn)dx
]≥ J(w)− 2δ,
para todo δ > 0. Desta forma (3.12) estará provado.
Resta então mostrar que (3.14) se verica. Para isto dado R > 0, seja ηR ∈ C2(RN)
tal que ηR = 1 em BcR(0), ηR = 0 em BR−1(0) e |∇ηR| ≤ C, |∆ηR| ≤ C, onde C é uma
constante que independe de R. Considerando então ϕ = ηRwn como função teste em
3. Existência e concentração de soluções 47
(3.9), temos
0 =
∫RN
(∆wn∆(ηRwn) + V (εnx+ εnyn)ηRw
2n − g(εnx+ εnyn, wn)ηRwn
)dx
=
∫BcR(0)
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)w2
n − 2G(εnx+ εnyn, wn))dx
+
∫BcR(0)
(2G(εnx+ εnyn, wn)− g(εnx+ εnyn, wn)wn) dx
+
∫BR(0)\BR−1(0)
(∆wn∆(ηRwn) + V (εnx+ εnyn)ηRw
2n − g(εnx+ εnyn, wn)ηRwn
)dx
= A1,n + A2,n + A3,n.
Observe que (3.14) estará provado se
lim infn→∞
1
2A1,n ≥ −δ.
Por (g3), A2,n ≤ 0. Pela convergência de wn para w em C2loc(RN) temos que
limn→∞
A3,n =
∫BR(0)\BR−1(0)
(∆w∆(ηRw) + V (x′0)ηRw
2 − g(x,w)ηRw)dx.
Como a última integral, quando calculada sobre RN , converge, então para todo R > 0
grande o suciente, temos que
limn→∞
|A3,n| ≤ δ.
Desta forma
lim infn→∞
1
2A1,n = lim inf
n→∞−1
2(A2,n + A3,n)
≥ lim infn→∞
−1
2A3,n
≥ −δ2.
O que verica (3.14). Portanto (3.12) estará provado.
Para (ii) note que, se (ii) não valer, então V (x′0) > V0 e assim c = c > c0 o que é uma
contradição.
Lema 10 Seja un ⊂ H2(RN) uma sequência (PS) para J0 tal que J0(un) → d. Se
un 0 e un 9 0 em H2(RN), então d ≥ c0.
3. Existência e concentração de soluções 48
Demonstração: Seja sn > 0 tal que snun ∈ N0. Vamos mostrar que
lim supn→∞
sn ≤ 1. (3.15)
Suponha o contrário, que exista δ > 0 de modo que
sn ≥ 1 + δ, ∀n ∈ N, (3.16)
a menos de subsequências. Podemos mostrar, assim como foi feito no Lema 3, que un
é uma sequência limitada em H2(RN).
Como J ′0(un)un = on(1) e J ′0(snun)snun = 0 segue que
∫RN
(f(snun)
snun− f(un)
un
)u2ndx = on(1). (3.17)
Pelo Lema I.1 em [10] existe R, β > 0 e yn ⊂ RN tais que
lim infn→∞
∫BR(yn)
u2ndx ≥ β. (3.18)
Seja un(x) = un(x+ yn) e note que un é também limitada em H2(RN). Logo un u ∈
H2(RN) e por (3.18), u 6= 0 em Λ ⊂ BR(0) com |Λ| > 0.
Por (f5), (3.16), (3.17) e pelo Lema de Fatou temos que
0 <
∫Λ
(f((1 + δ)u)
(1 + δ)u)− f(u)
u
)u2 = 0,
o que é uma contradição. Logo (3.15) vale.
Agora temos dois casos pra considerar:
1o) sn → s < 1, a menos de subsequência. Sem perda de generalidade podemos supor
que sn < 1 para todo n ∈ N. Então
c0 ≤ J0(snun)
=
∫RN
(1
2f(snun)snun − F (snun)
)dx
≤∫RN
(1
2f(un)un − F (un)
)dx
= J0(un)− 1
2J ′0(un)un + on(1)
= d+ on(1),
3. Existência e concentração de soluções 49
e neste caso o resultado segue.
2o) A menos de subsequência sn → 1 quando n→∞.
Neste caso
d+ on(1) = J0(un) = J0(snun) + J0(un)− J0(snun).
Então
d+ on(1) ≥ c0 + J0(un)− J0(snun). (3.19)
Note que
J0(un)− J0(snun) =(1− s2
n)
2
∫RN
(|∆un|2 + V0u
2n
)dx+
∫RN
(F (snun)− F (un)) dx.
Note ainda que, como sn → 1 e un limitada segue
(1− s2n)
2
∫RN
(|∆un|2 + V0u
2n
)dx = on(1).
Agora veja que ∫RN
(F (snun)− F (un)) dx = on(1).
De fato, pelo Teorema do Valor Médio segue que
|F (snun)− F (un)| = |f(θn)||sn − 1||un|,
onde θn ∈ (un, snun) ou θn ∈ (snun, un). Temos por (f3) que
|f(θn)| ≤ a1|θn|+ a2|θn|p ≤ a1||un|+ |sn||un||+ a2||un|+ |sn||un||p,
o que implica
|f(θn)| ≤ C1|un|+ C2|un|p.
Assim,
∫RN
(F (snun)− F (un)) dx ≤ C|sn − 1|∫RNu2ndx+ C|sn − 1|
∫RNup+1n dx
= on(1).
Desta forma J0(un)− J0(snun) = on(1) e portanto de (3.19) obtemos que
d+ on(1) ≥ c0 + on(1),
3. Existência e concentração de soluções 50
e concluímos o desejado.
Lema 11 Seja zn ⊂ H2(RN) uma sequência tal que J0(zn)→ c0 e zn ∈ N0, para todo
n ∈ N. Se zn z 6= 0 em H2(RN), então zn → z em H2(RN) a menos de subsequências.
Demonstração: Pelo Princípio Variacional de Ekeland (ver Teorema 8.5 em [16]), pode-
mos assumir que zn é uma sequência (PS) para J0 em H2(RN) tal que J0 → c0. Assim,
como zn converge fraco pra z em H2(RN), forte em Lploc(RN) para ≤ p < 2∗ e em quase
todo ponto de RN , podemos mostrar pelas imersões compactas de Sobolev que J ′0(z) = 0.
Logo z ∈ N0.
Note que pelo Lema de Fatou segue que
c0 = limn→∞
J0(zn)
= limn→∞
[∫RN
(1
2f(zn)zn − F (zn)
)dx
]≥
∫RN
(1
2f(z)z − F (z)
)dx
= J0(z)
≥ c0,
e assim J0(z) = c0.
Seja un = zn − z e note que pelo Lema de Brezis-Lieb (ver Lema 1.32 em [16]), un
é tal que J0(un)→ d, onde d = c0 − J0(z) = 0.
Note que un 0 emH2(RN). Armamos que un → 0 emH2(RN), pois caso contrário,
se un 9 0, pelo Lema 10 teríamos que d ≥ c0 > 0, o que contradiz o fato de que d = 0
Lema 12 A sequência wn contém uma subsequência fortemente convergente em H2(RN).
Demonstração: Pelo Lema 9 temos que
limn→∞
Jεn(vn) = limn→∞
cεn = c0.
Dado v ∈ H2(RN) \ 0, por (g4), existe ϕ0 > 0 tal que ϕ0(v)v ∈ N0.
3. Existência e concentração de soluções 51
Seja wn = ϕ0(wn)wn, então
c0 ≤ J0(wn) =1
2
∫RN
(|∆wn|2 + V0w
2n
)dx−
∫RNF (wn)dx
≤ 1
2
∫RN
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)w2
n
)dx−
∫RNG(εnx+ εnyn, wn)dx
= Jεn(ϕ0(wn)vn) ≤ Jεn(vn) = cεn = c0 + on(1),
o que implica que J0(wn)→ c0 quando n→∞.
Vamos provar agora que ϕ0(wn) → ϕ0 > 0 a menos de subsequência. Observe que
existe M > 0 tal que |ϕ0(wn)| ≤M para todo n ∈ N. De fato, como wn 9 0 existe δ > 0
tal que ‖wn‖H2(RN ) > δ a menos de subsequência.
É fácil ver que wn é um sequência limitada em H2(RN). Então
|ϕ0(wn)|δ < ‖ϕ0(wn)wn‖H2(RN ) ≤ k
⇒ |ϕ0(wn)| ≤ k
δ= M, ∀n ∈ N.
Logo ϕ0(wn)→ ϕ0 ≥ 0. Note que ϕ > 0, pois caso contrário,
‖wn‖H2(RN ) = |ϕ0(wn)|‖wn‖H2(RN ) → 0,
quando n→∞, o que é um absurdo.
Então wn = ϕ0(wn)wn ϕ0w 6= 0 em H2(RN).
Portanto, pelo Lema 11 ϕ0(wn)wn → ϕ0w em H2(RN) a menos de subsequência.
Combinando o Lema 12 com as imersões de Sobolev, seque que wn → w ∈ Lp(RN),
1 ≤ p < N+4N−4
. Então utilizando a recíproca do Corolário 4.27 em [4], obtemos que
∫BcR(0)
|wn|2∗dx→ 0 quando R→∞ uniformemente em n. (3.20)
Podemos assim mostrar o seguinte lema.
Lema 13 wn(x)→ 0 quando |x| → ∞, uniformemente em n.
Demonstração: Por estimativas estabalecidas por Ramos em [14] temos que
‖wn‖L∞(RN ) ≤ K, ∀n ∈ N
3. Existência e concentração de soluções 52
onde K independe de n.
Como wn é limitada em L∞(RN), então dado qualquer x ∈ RN , a função
wn ∈ Lq(B1(x)) para todo q ≥ 1. Como wn é solução de (3.9) segue do Teorema 7.1
de [1] que
‖wn‖W 4,q(B1(x)) ≤ C(‖f(wn)‖Lq(B2(x)) + ‖wn‖Lq(B2(x))
)≤ C‖wn‖Lq(B2(x))
≤ C‖wn‖q−2∗q
L∞(RN )‖wn‖2∗
L2∗ (B2(0))
= C‖wn‖2∗L2∗ (B2(0)),
onde a constante C > 0 não depende de x e de n. Observe que na desigualdade acima foi
usada a seguinte estimativa
‖f(wn)‖qLq(B2(x)) =
∫B2(x)
|f(wn)|qdy
≤ C
∫B2(x)
(|wn|+ |wn|p)q dy
≤ C
[‖wn‖Lq(B2(x)) +
(∫B2(x)
|wn|pqdy) 1
q
]q≤ C
[‖wn‖Lq(B2(x)) +K‖wn‖Lq(B2(x))
]q≤ C‖wn‖qLq(B2(x)).
Para q > N temos a seguinte imersão contínua W 4,q(B1(x)) → C3,α(B1(x)), para
α ∈(
0, 1− Nq
). Desta forma,
‖wn‖C3,α(B1(x)) ≤ C‖wn‖W 4,q(B1(x))
≤ C‖wn‖2∗L2∗ (B2(x)).
Agora, utilizando (3.20) vemos que
|wn(x)| → 0, quando |x| → ∞,
uniformemente em n.
3. Existência e concentração de soluções 53
Finalmente, podemos vericar que vn é de fato solução de (1.2). Pelos Lemas 12 e 13,
existe n0 ∈ N e ρ > 0 tal que
|wn(x)| < a,∀x ∈ Bρ(0)c,∀n ≥ n0.
Como x′0 ∈ Ω e εnyεn → x′0, é possível escolher n1 ∈ N tal que Bρ(0) ⊂ (Ωεn − yn) para
todo n ≥ n1. Tomando n ≥ maxn0, n1 temos que
g(εnx+ εnyn, wn(x)) = f(wn(x)), ∀x ∈ RN .
Desta forma, para n ≥ maxn0, n1 segue que wn satisfaz
∆2wn + V (εnx+ εnyn)wn = f(wn), RN ,
o que implica vn satisfaz (1.2).
Para provar o comportamento de concentração de solução, armamos que existe ρ > 0
tal que ‖un‖L∞(RN ) = ‖wn‖L∞(RN ) > ρ, para todo n ∈ N a menos de subsequência. Caso
contrário, se ‖wn‖L∞(RN ) → 0, então
‖wn‖H2(RN ) ≤∫RN
(|∆wn|2 + V (εnx+ εnyn)wn
)dx
= C
∫RNf(wn)wndx
≤ ‖wn‖L∞(RN )
∫RNf(wn)dx→ 0
quando n→ 0, o que contradiz o fato de que wn → w e w 6= 0.
Seja xn um ponto de máximo de |un| em RN , então
pn :=xn − εnyn
εn
é ponto de máximo de |wn|. Pelo Lema 13, existe um R0 > 0 tal que pn ∈ BR0(0) para
todo n sucientemente grande. Então a menos de subsequência pn → p0 quando n→∞.
Logo
xn = εnpn + εnyn → x′0 ∈ Ω, quando n→∞,
onde V (x′0) = V0, o que mostra o Teorema 1.
Capítulo
4
Considerações Finais
Neste trabalho foi estudado uma versão estacionária da equação de Schrödinger não-
linear biharmônica e o objeto principal do estudo foi o recente artigo de Pimenta e Soares
[11]. O assunto tratado está em evidência na literatura matemática na área de Equações
Diferenciais Parciais e realmente a equação de Schrödinger vem sendo estudada ao longo
dos anos por diversos pesquisadores em todo o mundo.
No capítulo introdutório é enunciado o Teorema 1 que é o objetivo do trabalho, o
resultado busca soluções não-triviais do problema (1.2) quando um parâmetro ε tende
a zero. No segundo capítulo foi apresentado estudos preliminares indispensáveis para
abordar as técnicas necessárias a m de se obter soluções da equação, resultados de Análise
Não-Linear compõem o capítulo como o conhecido Teorema do Passo da Montanha. Já no
terceiro Capítulo demonstra-se o Teorema 1, entretanto foi preciso fazer uma modicação
no problema de modo que a compacidade do funcional energia associado ao problema
seja resgatada e assim mostra-se a existência de solução do problema modicado. Após
isto uma série de Lemas são provados para vericar que de fato a solução do problema
modicado é também solução do problema original.
No desenvolvimento do trabalho tive a oportunidade de conhecer vários outros tra-
balhos visando este assunto, onde diferentes técnicas são utilizadas, me proporcionando
assim uma certa familiaridade com as formas de abordagem das Equações Elípticas. Tal
familiaridade julgo ser fundamental para dar continuidade aos meus estudos em nível de
doutorado, quer seja nesta área ou em outras áreas da Matemática.
55
Referências
[1] S. Agmon. The Lp approach to the Dirichlet problem. Part I: regularity theorems.
Annali Della Scuola Normale Superiore Di Pisa-Classe Di Scienze, 13(4):405448,
1959.
[2] C. O. Alves; G. M. Figueiredo. Existence and multiplicity of positive solutions to a
p-Laplacian equation in Rn. Dierential and Integral Equations, 19(2):143162, 2006.
[3] C. O. Alves; G. M. Figueiredo. On multiplicity and concentration of positive solutions
for a class of quasilinear problems with critical exponential growth in Rn. Journal of
Dierential Equations, 246(3):12881311, 2009.
[4] H. Brezis. Functional analysis, Sobolev spaces and partial dierential equations.
Springer, 2011.
[5] M. Del Pino; P. L. Felmer. Local mountain passes for semilinear elliptic problems
in unbounded domains. Calculus of Variations and Partial Dierential Equations,
4(2):121137, 1996.
[6] G. M. Figueiredo; M. T. O. Pimenta. Multiplicity of solutions for a biharmonic
equation with subcritical or critical growth. Bulletin of the Belgian Mathematical
Society-Simon Stevin, 20(3):519534, 2013.
[7] A. Floer; A. Weinstein. Nonspreading wave packets for the cubic Schrödinger equa-
tion with a bounded potential. Journal of Functional Analysis, 69(3):397408, 1986.
[8] G. B. Folland. Real analysis: modern techniques and their applications. John Wiley
& Sons, 2013.
[9] D. Gilbarg; N. S. Trudinger. Elliptic partial dierential equations of second order,
volume 224. springer, 2001.
57
REFERÊNCIAS 58
[10] P. L. Lions. The concentration-compactness principle in the calculus of variations.
the locally compact case, part 2. 1(4):223283, 1984.
[11] M. T. O. Pimenta; S. H. M. Soares. Existence and concentration of solutions for a
class of biharmonic equations. Journal of Mathematical Analysis and Applications,
390(1):274289, 2012.
[12] M. T. O. Pimenta; S. H. M. Soares. Singularly perturbed biharmonic problems with
superlinear nonlinearities. Advances in Dierential Equations, 19(1/2):3150, 2014.
[13] P. H. Rabinowitz. On a class of nonlinear Schrödinger equations. Zeitschrift für
Angewandte Mathematik und Physik (ZAMP), 43(2):270291, 1992.
[14] M. Ramos. Uniform estimates for the biharmonic operator in Rn and applications.
Communications in Applied Analysis, 8(4):435458, 2004.
[15] X. Wang. On concentration of positive bound states of nonlinear Schrödinger equa-
tions. Communications in Mathematical Physics, 153(2):229244, 1993.
[16] M. Willem. Minimax theorems. Number 24. Springer Science & Business Media,
1996.