um estudo das caracterÍsticas formativas da …saturno.unifei.edu.br/bim/201700134.pdf · in this...
TRANSCRIPT
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE MATEMÁTICA E COMPUTAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
UM ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FORMATIVAS DA SALA DE
MATEMÁTICA DE UM CENTRO DE CIÊNCIAS NA OPINIÃO DOS
PROFESSORES VISITANTES
Aluno(a): Letícia de Campos Borges
Orientador(a): Prof.(a.) Dr. João Ricardo Neves da Silva
Itajubá, MG
NOVEMBRO, 2016
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE MATEMÁTICA E COMPUTAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
UM ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FORMATIVAS DA SALA DE
MATEMÁTICA DE UM CENTRO DE CIÊNCIAS NA OPINIÃO DOS
PROFESSORES VISITANTES
Aluno(a): Letícia de Campos Borges
Orientador(a): Prof.(a.) Dr. João Ricardo Neves da Silva
Itajubá, MG
NOVEMBRO, 2016
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Licenciatura
em Matemática da Universidade
Federal de Itajubá como requisito à
obtenção do título de de Licenciatura
em Matemática
2
RESUMO
Neste trabalho, pretendemos caracterizar a Sala da Matemática do Espaço InterCiências,
um Centro de Ciências localizado na Universidade Federal de Itajubá, que tem como um
de seus princiapis objetivos de proporcionar uma interação com experimentos que
envolvem as áreas de Física e Matemática aos seus visitantes. Para tanto, foi realizada
uma pesquisa de campo, com base nas opiniões dos professores das escolas básicas
sobre suas visitas neste centro de Ciências ao passar por esta sala. Utilizando-nos de
técnicas qualitativas e de uma metodologia de análise de respostas escritas por meio de
categorização, as opiniões dos professores foram levantadas e a partir de então, foram
verificadas as possíveis contribuições da sala de matemática do Espaço InterCiências
para o ensino e aprendizagem. Foi possível, concluir que a sala da matemática do
Espaço InterCiências pode contribuir para o ensino e aprendizagem, principalmente no
de matemática.
Palavras-chave: Espaço InterCiências, Matemática, Professores da escola básica,
Ensino escolar.
ABSTRACT
In this paper, we intend to characterize the “Sala da matemática” of the
“EspaçoInterCiências”, a Science Center located at the Universidade Federal de Itajubá,
which has as one of its main objectives to provide an interaction with experiments that
involve the areas of Physics and Mathematics to its visitors. For that, a field research
was carried out, based on the opinions of the teachers of the basic schools about their
visits in this center of Sciences when passing through this room. Using qualitative
techniques and a methodology of analysis of written responses by means of
categorization, the opinions of the teachers were raised and from then on, the possible
contributions of the Mathematics room of Espaço InterCiencias for school teaching
were verified. It was possible to conclude that the mathematics room of Espaço
InterCiências can contribute to school education, especially in mathematics.
Keywords: Espaço InterCiências, Mathematics, teachers of elementary school, school
education.
3
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1- SUGESTÕES DE DEFINIÇÕES PARA ESPAÇO FORMAL E NÃO-
FORMAL DE EDUCAÇÃO........................................................................................15
FIGURA 2- ESPAÇO INTERCIÊNCIAS............ ............ ............ ............ ..............26
FIGURA 2- SALA DA MATEMÁTICA DO ESPAÇO INTERCIÊNCIAS............26
FIGURA 3- SALA DA MATEMÁTICA DO ESPAÇO INTERCIÊNCIAS............27
FIGURA 4- SALA DA MATEMÁTICA DO ESPAÇO INTERCIÊNCIAS............27
4
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS
GRÁFICO 1 - PERGUNTA 1....................................................................32
GRÁFICO 2 - PERGUNTA 2....................................................................34
GRÁFICO 3 - PERGUNTA 3....................................................................34
GRÁFICO 5 - PERGUNTA 5....................................................................36
GRÁFICO 6 - PERGUNTA 6....................................................................37
GRÁFICO 8 - PERGUNTA 8....................................................................39
GRÁFICO 9 - PERGUNTA 9....................................................................41
GRÁFICO 10 - PERGUNTA 10..................................................................42
GRÁFICO 11 - PERGUNTA 11..................................................................43
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................7
2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................10
2.1 A ATUAL ABORDAGEM DA MATEMÁTICA: DIFICULDADES E
ALTERNATIVAS................................................. .............................................10
2.2 MUSEUS E CENTROS DE CIÊNCIAS: CARACTERÍSTICAS, HISTÓRICO
E POTENCIALIDADES.....................................................................................15
2 METODOLOGIA DE TRABALHO...............................................................23
3 A SALA DA MATEMÁTICA DO ESPAÇO INTERCIÊNCIAS.................26
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS..............................................32
5 CONCLUSÃO....................................................................................................45
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................46
7 ANEXOS.............................................................................................................48
ANEXO I: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: QUESTIONÁRIO..48
ANEXO II: ORGANIZAÇÃO DOS DADOS.....................................................51
TABELA 2: PERGUNTA 1................................................................................51
TABELA 3: PERGUNTA 2................................................................................52
TABELA 4: PERGUNTA 3................................................................................53
TABELA 5: PERGUNTA 4................................................................................54
TABELA 6: PERGUNTA 5................................................................................55
TABELA 7: PERGUNTA 6................................................................................56
TABELA 8: PERGUNTA 7................................................................................57
TABELA 9: PERGUNTA 8................................................................................58
TABELA 10: PERGUNTA 9..............................................................................59
TABELA 11: PERGUNTA 10............................................................................60
TABELA 12: PERGUNTA 11............................................................................61
6
1. INTRODUÇÃO
Vivemos em uma sociedade cada vez mais veloz e repleta de informações.
Sendo assim, é essencial que as pessoas desenvolvam várias competências e habilidades
em diversas áreas do conhecimento, principalmente na área da matemática. Entretanto, a
matemática desde os seus primórdios vem sendo responsável por muitas das
dificuldades enfrentadas pelos alunos.
Um dos motivos das dificuldades em aprender matemática, está na falta de
aplicação prática de seus conteúdos. Assim, os alunos não conseguem relacionar tais
conteúdos com sua própria realidade. Em outras palavras,
Os estudantes de ensino básico, de modo geral, não apreciam a matemática e
sentem diversas dificuldades em seu aprendizado. Fora da escola, os
conhecimentos matemáticos não costumam ser aplicados ou reconhecidos
pela população em geral. (WATANABE, 2013, p.9)
Diante dessa perspectiva, é necessário que os professores dessa disciplina
inovem em suas práticas pedagógicas para uma compreensão mais significativa dos
conteúdos, isto é, uma prática que permita que os discentes possam relacionar os
conteúdos vistos na escola com o seu cotidiano em sociedade. Afinal, o professor é o
principal responsável no processo da mediação do conhecimento.
Um interessante recurso, seria o uso elementos concretos que possam ser
relacionados aos conteúdos vistos nas aulas de matemática com intuito de fornecer aos
alunos uma aplicação mais concreta e uma visão mais lúdica desses conteúdos.
Entretanto, nem sempre a escola possui recursos ou estrutura para estar realizando este
tipo de atividade.
Uma alternativa que atualmente vem ganhando espaço e que talvez poderia
amenizar tais problemas seria o professor, juntamente com seus alunos realizar visitação
em espaços lúdicos de aprendizado fora da escola, isto é, ambientes de Educação não-
formal, como os Centros de Ciências, uma vez que “O ensino deveria ter como ponto de
partida a experiência em ambientes distintos de uma sala de aula, associado ao fazer.”
(D’AMBROSIO, 1999).
7
Com base nos estudos que estão sendo realizados, as visitas escolares em centros
de ciências estão sendo bem positivas, despertando a curiosidade e o interesse dos
alunos, pois,
Os museus e centros de ciências estimulam a curiosidade dos visitantes.
Esses espaços oferecem a oportunidade de suprir, ao menos em parte,
algumas das carências da escola como a falta de laboratórios, recursos
audiovisuais, entre outros, conhecidos por estimular o aprendizado. (VIERA
et al, 2005, p. 1)
Entretanto, não sabemos se a visitação em ambientes de educação não-formal
contribui para o processo de ensino aprendizagem da disciplina de matemática e
também se oferecem subsídios e recursos necessários aos professores visitantes desses
ambientes para complementar de forma significativa, as suas aulas. Assim, o trabalho
parte da hipótese da contribuição de um Centro de Ciências denominado “Espaço
InterCiências” para ensino escolar, especialmente para a disciplina de Matemática.
O Espaço InterCiências é um Centro de Ciências localizado na Universidade
Federal de Itajubá campus Itajubá, que funciona sob mediação de bolsistas,
colaboradores e docentes participantes do Grupo PET Conexão de saberes/ Formação de
Professores em Ciências Exatas. Este local, é voltado o público em geral, mas
principalmente são recebidos alunos e professores de escolas públicas e particulares de
Itajubá e região, objetivando lhes proporcionar uma experiência lúdica e prazerosa de
aprendizagem por meio de interações de vários experimentos que envolvem as áreas de
Física e Matemática distribuídos em 6 salas, sendo que uma delas se refere estritamente
a área da matemática sendo denominada: “Sala da Matemática”.
Atualmente, sou bolsista do Programa de Educação Tutorial do Grupo PET
Conexão de saberes/ Formação de Professores em Ciências Exatas e uma das prinicpais
atividades desenvolvidas por este grupo, é a de Mediação do Espaço InterCiências. Uma
das mais marcantes experiências vivenciadas por mim, foi perceber ao longo das visitas,
que a sala da matemática deste Espaço é negligenciada pelos visitantes, em relação as
outras salas da área de Física.
Assim, com intuito de contribuir com o Espaço InterCiências e verificar as
potencialidades da Sala da matemática do Espaço InterCiências para o ensino escolar,
este trabalho tem como objetivo de caracterizar esta sala em relação a sua estrutura,
acervo e os processos de mediação ocorridos nesta sala. Entretanto, tais objetivos se
8
desdobram na ação da realização uma pesquisa de campo a respeito da sala da
matemática, com base na opinião dos professores da escola básica, visitantes do Espaço
InterCiências uma vez que o professor é o principal mediador na construção do
conhecimento dos alunos. Além disso, os resultados obtidos serão compreendidos por
meio da literatura sobre os assuntos abordados.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A atual abordagem da Matemática: Dificuldades e alternativas
O mundo atual vem exigindo cada vez mais das pessoas, estas devem estar cada vez
mais preparadas e conscientes de suas atuações. Assim, o desenvolvimento de
habilidades e competências se tornam essenciais para se obter sucesso em uma
sociedade tão competitiva, veloz e repleta de informações. Watanabe reforça esta
concepção dando importância a matemática neste processo, ao afirmar que:
Vivemos num mundo onde todas as áreas requerem alguma competência em
matemática, seja para estruturar o pensamento, incentivar deduções e a
criatividade, para argumentar e tirar conclusões, ou analisar e enfrentar
situações novas. (WATANABE, 2013, p. 21)
Dessa forma, percebe-se que a matemática oferece competências essenciais para
a formação do individuo diante da sociedade contemporânea, principalmente na
construção da cidadania, pois de acordo com os PCN (1998, p. 56-57),
- A Matemática é componente importante na construção da cidadania,
na medida em que a sociedade se utiliza, cada vez mais, de conhecimentos
científicos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar.
- A atividade matemática escolar não é "olhar para coisas prontas e
definitivas", mas a construção e a apropriação de um conhecimento pelo
aluno, que se servirá dele para compreender e transformar sua realidade.
- No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um
consiste em relacionar observações do mundo real com representações
(esquemas, tabelas, figuras); outro consiste em relacionar essas
representações com princípios e conceitos matemáticos. Nesse processo, a
comunicação tem grande importância e deve ser estimulada, levando-se o
aluno a "falar" e a "escrever" sobre Matemática, a trabalhar com
9
representações gráficas, desenhos, construções, a aprender como organizar e
tratar dados.
- A aprendizagem em Matemática está ligada à compreensão, isto é, à
apreensão do significado; apreender o significado de um objeto ou
acontecimento pressupõe vê- lo em suas relações com outros objetos e
acontecimentos. Assim, o tratamento dos conteúdos em compartimentos
estanques e numa rígida sucessão linear deve dar lugar a uma abordagem em
que as conexões sejam favorecidas e destacadas. O significado da
Matemática para o aluno resulta das conexões que ele estabelece entre ela e
as demais disciplinas, entre ela e seu cotidiano e das conexões que ele
estabelece entre os diferentes temas matemáticos.
- A seleção e organização de conteúdos não deve ter como critério
único a lógica interna da Matemática. Deve-se levar em conta sua relevância
social e a contribuição para o desenvolvimento intelectual do aluno. Trata-se
de um processo permanente de construção.
- O conhecimento matemático deve ser apresentado aos alunos como
historicamente construído e em permanente evolução. O contexto histórico
possibilita ver a Matemática em sua prática filosófica, científica e social e
contribui para a compreensão do lugar que ela tem no mundo”.
Entretanto, a matemática apresentada até aqui, infelizmente não condiz com a
realidade do ambiente escolar, sendo fácil perceber que a matemáticae a vida do aluno
não estão caminhando juntas pois,
A Matemática pode ser considerada uma disciplina das mais importantes no
cotidiano das pessoas, pois a cada momento de suas vidas, elas precisam de
conceitos matemáticos para resolver seus problemas. No entanto é
considerada uma das disciplinas mais difíceis da escola, tornando-se, muitas
vezes, o terror de alguns alunos que não conseguem aprender seus conceitos
e muito menos, compreendê-los ou dar-lhes significado.( MARTINS et al.,
SD, p.6)
Assim, percebe-se que a matemática pode ser considerada uma das disciplinas
mais complexas do ensino escolar, sendo responsável por muitas das dificuldades
enfrentadas pelos alunos em sala de aula. Quanto à essas dificuldades,
As dificuldades encontradas por alunos e professores no processo ensino-
aprendizagem da matemática são muitas e conhecidas. Por um lado, o aluno
não consegue entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas vezes é
reprovado nesta disciplina, ou então, mesmo que aprovado, sente dificuldades
10
em utilizar o conhecimento "adquirido", em síntese, não consegue
efetivamente ter acesso a esse saber de fundamental Importância.
(FIORENTINI; MIORIN, 1990, p. 1)
Ainda em relação as dificuldades em matemática,
Uma das causas da aversão e das dificuldades no aprendizado escolar da
Matemática está na falta de atividades de aplicação e reconhecimento dos
conhecimentos matemáticos na sociedade. (WATANABE, 2013, p.8)
Assim, um dos motivos que levam a dificuldade enfrentadas pelos alunos se
deve a ausência da aplicação prática de seus conteúdos e também pelo fato dos alunos
não conseguirem relacioná-la com seucotidiano. Inclusive,
No cenário atual o ensino de Química e Matemática no nível Fundamental,
mais especificamente, nas séries iniciais, tem enfrentado sérias dificuldades.
Os alunos de forma geral não conseguem ter um bom desempenho nessas
disciplinas, não conseguem apropriar-se dos conhecimentos ensinados, fato
apontado em diversas pesquisas como uma consequência da prática
pedagógica docente empregada no contexto das aulas. (MOTA et al., 2013, p.
2)
Este fato nos leva a pensar um dos motivos da dificuldades apresentadas pelos
alunos, neste caso, na disciplina de matemática, se deve a atual prática pedagógica
docente em sala de aula. Porém,
[...] Um importante papel do professor desta ciência é ajudar os alunos a
gostarem de Matemática e a desenvolverem auto-estima positiva, e que
estudando algumas causas das dificuldades na aprendizagem da Matemática
consigam melhores resultados no ensino desta disciplina. (SANTOS et al,
2007, p. 9)
Quanto aos desafios a serem enfrentados pelos professores em busca de um
aprendizado mais significativo por parte dos alunos, percebe-se que,
[...] Apresenta-se como principal desafio dos professores de Química e
Matemática transporem o saber científico ao saber escolar de modo eficaz
fazendo com que os alunos realmente aprendam. Para isso é fundamental
criar novas estratégias que facilitem o ensino-aprendizagem dos conceitos
científicos inerentes a essas áreas do conhecimento.” (MOTA et al, 2013, p.
1)
Diante dessas perspectivas, é necessário que o professor com intuito de amenizar
essas dificuldades, inove em suas prática pedagógicas, em busca de facilitar o
11
aprendizado de matemática pelos alunos, uma vez que, “o professor tem um papel
determinante na mudança e na inovação do processo educativo” (SOUZA, 2015, p. 4).
Neste sentido,
Ao aluno deve ser dado o direito de aprender. Não um “aprender” mecânico,
repetitivo, de fazer sem saber o que faz e porque faz. Muito menos um
“aprender” que se esvazia em brincadeiras. Mas um aprender significativo,
do qual o aluno participe raciocinando, compreendendo, reelaborando o saber
historicamente produzido e superando, assim, sua visão ingênua, fragmentada
e parcial da realidade. (FIORENTINI; MIORIN, 1990, p. 4)
Além disso,
A Matemática não é uma ciência cristalizada e imóvel; ela está afetada por
uma contínua expansão e revisão dos seus próprios conceitos. Não se deve
apresentar a Matemática como uma disciplina fechada, homogênea, abstrata
ou desligada da realidade. Ao longo do tempo, ela esteve ligada à diferentes
áreas do conhecimento, respondendo a muitas questões e necessidades do
homem, ajudando-o a intervir no mundo que o rodeava. (Santos et al, 2007,
p.1)
Este fato, nos leva a perceber necessidade de relacionar os conteúdos
matemáticos com suas aplicações práticas do dia-a-dia, isto é, percebemos a
necessidade de introduzir elementos mais concretos que possam ser relacionados com
os conteúdos matemáticos, permitindo que os alunos percebam a aplicabilidade desses
elementos em seu cotidiano. Quanto à esses elementos,
Geralmente costuma-se justificar a importância desses elementos apenas pelo
caráter "motivador" ou pelo fato de se ter "ouvido falar" que o ensino da
matemática tem de partir do concreto ou, ainda, porque através deles as aulas
ficam mais alegres e os alunos passam a gostar da matemática.
(FIORENTINI; MIORIN, 1990, p.1)
Porém, muitas vezes o uso ou introdução de elementos concretos no ambiente
escolar, principalmente para o ensino de matemática, ainda nos parece uma realidade
muito distante, pois,
A realidade da escola pública brasileira apresenta uma infinidade de
problemas e obstáculos para o ensino e aprendizagem: A superlotação em
salas de aula, a falta de estrutura física e de recursos didáticos, a falta de
12
estímulo do professor, dentre outros. O resultado desses e de outros tantos
problemas é a defasagem do ensino nessas instituições, a falta de estímulo
para a aprendizagem dos conteúdos dessa disciplina pelos alunos e a falta de
estímulo para ministrar essa disciplina. (MENDONÇA et al, 2014, p.2)
Entretanto,
Uma metodologia alternativa que vem ganhando adeptos nos últimos anos é a
visita a museus de ciências, os quais vêm sendo cada vez mais consagrados
como locais fundamentais para o desenvolvimento da educação não-formal
em ciências onde os conteúdos de sala de aula podem ser vistos em uma
prática distinta daquela oferecida pela escola e muitas vezes lúdica. Nesse
espaço, as atividades educativas acontecem sob estratégias variadas de
transmissão dos conhecimentos.( Mendonça et al, 2014, p. 2)
Diante dessas perspectivas, percebemos o quanto os museus podem ser uma
metodologia que pode contribuir positivamente para o ensino, pois, “[...] nesses
ambientes, a prática escolar pode ser exercida.” (D’ AMBROSIO,1999), uma vez que o
uso de elementos concretos com intuito de amenizar as dificuldades em matemática são
necessários e a falta de recursos e estrutura das escolas são grandes, pois,
Esses espaços fora do ambiente escolar, conhecidos como não-formais, são
percebidos pelo público como recursos pedagógicos complementares às
carências da escola, como por exemplo a falta de laboratório de ciências, que
dificulta a possibilidade do aluno de ver, tocar e aprender com a prática
(BIANCONI; CARUSO, 2005)
Além disso, o uso desses ambientes para o ensino, em especial a matemática,
tem-se mostrados positivos, isto é,
A museologia das ciências e da tecnologia favorece, dentre outros fatores,
acompreensão de alguns conceitos que podem vir a ser desenvolvidos em
disciplinas como a Matemática, a Química, a Biologia e a Física. Tais
disciplinas são vistas por muitos estudantes como mais difíceis, com aulas
cansativas e muitos conteúdos sem relação prática. Contudo, quando os temas
são propostos de forma interativa e desafiadora, com ludicidade, num
ambiente interdisciplinar, passam a despertar a curiosidade e ointeresse dos
alunos. (LARA et al., 2013)
Inclusive, Mota et al. (2013) em um trabalho que possibilitou algumas
propostas para o ensino de química e matemática no espaço de Educação não formal
13
denominado “Bosque da Ciência” localizado na cidade de Manaus (AM), chegaram a
conclusão de que
O ensino a partir da realidade concreta do espaço não formal visitado
favorece a aprendizagem significativa, pois entendemos que ao observar, ver
e tocar, atividades tão corriqueiras no dia a dia de qualquer pessoa, quando
direcionadas na prática educativa e tendo objetivo bem definido, apresenta-se
como uma estratégia em potencial para a construção de novos conhecimentos
pelos alunos.( MOTA et al., 2013, p. 11)
Assim, podemos perceber o quanto os museus de ciência podem contribuir para
o ensino de matemática, oferecendo subsídios aos professores desta disciplina para
voltarem os conteúdos para atividades práticas que possam ser relacionadas com a
realidade dos alunos. Entretanto, não faz sentido continuarmos os estudos sobre os
Museus e centros de Ciências sem dar um enfoque mais teórico sobre esse tipo de
ambiente quanto a sua história, o papéis que desempenham, suas potencialidades, etc.
Sendo assim, abordaremos esses fatores no próximo tópico, e em seguida, retomaremos
o assunto abordado até aqui.
2.2 Museus e centros de Ciências: Características, histórico e potencialidades
Na presente parte do trabalho, pretendemos apresentar uma abordagem a
respeito dos museus e centros de ciências, apresentando os tipos de educação que esses
ambientes contemplam e também, será apresentado um enfoque histórico sobre seu
surgimento até os dias atuais, incluindo o seu desenvolvimento no Brasil. Em seguida
serão apresentadas as potencialidades desses ambientes com enfoque em seus benefícios
para o Ensino Escolar.
Jacobucci (2008) em seu trabalho, propôs uma definição sistematizada para
espaço formal de educação e espaço não-formal de educação, como mostra o esquema a
seguir:
14
A partir desse esquema, podemos perceber que as instituições escolares
contemplam a modalidade de educação formal, pois,
[...] Os espaços formais de Educação referem-se a Instituições Educacionais,
enquanto que os espaços não-formais relacionam-se com Instituições cuja
função básica não é a Educação formal [...]. (JACOBUCCI, 2008, p. 57)
Enquanto os museus e centros de Ciências são instituições que contemplam a
educação não-formal, justamente por serem ambientes situados fora do contexto escolar.
Após descrever o tipo de educação que os museus e centros de Ciências
contemplam, podemos expor um relato histórico acerca desses ambientes desde seu
surgimento até os tempo atuais, incluindo seu desenvolvimento no Brasil. Entretanto, é
conveniente destacar do presente trabalho, foi em sua maior parte baseado na tese de
doutoramento de Gaspar (1993).
Geralmente, as pessoas associam a palavra museu a tudo que é velho ou
ultrapassado, porém, o verdadeiro significado dessa palavra é associado a um lugar para
se inspirar e desligar a mente da realidade cotidiana, assim, foi nesses moldes que o
primeiro museu foi criado: O museu de Alexandria. Suas características eram bem
próximas da concepção atual sobre museus. O interessante, é que seus principais
frequentadores eram grandes matemáticos renomados desde aquela época como
Euclides, Apolônio, Arquimedes, dentre outros. Assim, percebemos que o museu
apresentado até aqui era voltado apenas para pesquisadores.
O termo museu só viria a ser utilizado séculos depois com um outro significado,
associado a coleções que durante a Idade Média, ao menos na Europa Ocidental, estas
Figura 1: Sugestões de definições para espaço formal e não-formal de Educação.
Fonte: Jacobucci, 2008
15
coleções passaram a ter tanto ou mais valor do que o dinheiro. Compreensivelmente
estas coleções ficavam escondidas embora pudessem ser exibidas em ocasiões especiais.
Obras de arte já eram apresentadas ao grande público através da Igreja, que as
utilizava para propagar mensagens de fé em seus templos. Mosaicos, vitrais, gravações
em madeira e bordados tinham o objetivo de inspirar e educar para a religião os seus
frequentadores. (GASPAR, 1993, p. 8)
Já na renascença, as coleções começaram a ser expostas e “[...] Seus possuidores
passavam então a exibi-las para que pudessem ser estudadas e
admiradas”(GASPAR,1993, p.8). Porém as visitações não eram abertas ao publico, que
por enquanto só possuíam ainda, acesso às obras religiosas da igreja, tempo depois,
algumas esculturas antigas da antiguidade clássica do império romano foram chamando
a atenção do público começaram a ser colocadas em locais públicos e foram se
popularizando.
A valorização de obras foi tomando dimensões tão grandes que os proprietários
desses objetos tiveram a necessidade de encontrar lugares com mais espaços para
guardar seus pertences, resultando no surgimento de galerias que “[...] se tornaram um
local de estudo para novos artistas e [...] nobres encontravam a tranquilidade necessária
para o estudo e reflexão.”(GASPAR,1993, p.9). Assim o termo “museu” foi tendo
significados menos preconceituosos e começaram a ser relacionados com lugar de
inspiração, estudos etc.
Os primeiros museus surgiram por volta do século XVII e XVIII, tempo em que
os interesses do público começaram a se voltar para as Ciências. Sendo assim,
renomados cientistas como os matemático René Descartes e Wilhelm Leibniz, sentiram
a necessidade de criação de ambientes voltados a Ciência. Logo, em 1683 foi criado o
primeiro museu denominado “Museu Ashmoleano”, porém, ainda era um local
destinado a estudantes da Universidade de Oxford e restrito ao público em geral.
Somente no ano de 1759 um outo museu foi criado e seu acervo eram de objetos
pertencentes a coleção de Sir Hans Sloane, um médico naturalista. Nesta época, outros
Europeus que possuíam coleções de artes começaram permitir um acesso mais público
para a visitação, porém o acesso ao público ainda era limitado.
Em 1794 foi criado em Paris o "Conservatoire de Arts e Metiers" que era uma
instituição voltada para o ensino de ciências que possuía acervos relacionados a
máquinas, invenções, modelos, ferramentas, projetos etc. Nesta época, muitas outras
16
instituições semelhantes foram criadas na Europa e também nos Estados Unidos, porém,
segundo Gaspar,
Felizmente, esses problemas não se prevaleceram e mais museus começaram a
ser criados e com a ocorrência da revolução industrial, foram criados ainda mais museus
que tinham como objetivo principal, educar e divulgar a ciência.
Além disso, os museus que desempenharam papel fundamental para a
divulgação cientifica eram localizados nos Estados Unidos, principalmente nos museus
de história natural, inclusive “O intercâmbio entre escolas e museus com aulas, visitas,
palestras, etc, se intensificou com alguns programas especiais estendidos também ao
público.” (GASPAR,1993, p.9).
No inicio do século XX as influencias dos museus norte Americanos chegaram
na Europa que passou a criar instituições modernas voltadas para diversas áreas de
ensino que não se prendiam muito em uma abordagem histórica acerca dos acervos.
Porém, apenas alguns museus possuíam essas característica, pois a maioria dos museus
ainda permanecia desatualizada.
Após a segunda guerra mundial, a educação passou a ser prioridade, resultando
no aumento do número de museus, inclusive “[...] os museus soviéticos mantinham uma
estreita colaboração com as escolas, e muitos funcionavam como laboratórios abertos a
quem pudesse utilizá-los.”(GASPAR,1993, p.9).
No Brasil, o primeiro museu a ser criado foi o “Museu Nacional” que era um dos
museus mais antigos do mundo e criado no ano de 1818, porém, se denominava
“Museu real”. Seu objetivo era prático, com intuito de divulgar as Ciências naturais com
coleções que mostravam a riqueza do Brasil.
Cerca de três anos após a sua criação, o museu real passou a ser aberto ao
publico, porém, com horários de visitação bem restritos e que necessitavam de um
agendamento prévio. Somente no ano de 1976 é que o referido museu começou a
mudar, com intuito de seguir um modelo mais avançado e moderno de museu. Segundo
Gaspar, este museu “foi o apogeu que perdurou até meados da década de 1920,que
marca o fimdo que alguns chamam "era dos museus" no Brasil.”(1993, p.19)
Posteriormente, foi criado no ano de 1894 o “Museu Paulista” com o objetivo de
construir algum monumento que representasse a independência do Brasil, no caso, o
próprio museu. Com necessidade de dar um caráter mais científico a este museu, foi
contratado Hermann von Ihering, um alemão que tinha o intuito de aproximar o museu
aos modelos europeus e norte americanos.
17
Entre as décadas de 20 e 80 do século XX, houve a criação de mais museus no
Brasil, na qual podemos destacar o Instituto Butantan no ano de 1957, que se originou
do trabalho de um médico mineiro que se preocupava com casos de envenenamento
causados por animais. O instituto Butantan “[...] além do estudo de animais peçonhentos
se tornou um dos principais produtores de soros e vacinas do Brasil.” (GASPAR,1993,
p.22).
A principal preocupação com instituto Butantan é a sua função educativa, isto é,
o corpo técnico do instituto passou a se preocupar mais com a linguagem que era até
então usada, uma vez que “[...] a linguagem científica era distante, fria, e dificilmente
compreendida pelo leigo, porque era escrita por homens de ciência” (FEDERSONI,
1989 apud GASPAR, 1993, p.23).
Assim como o instituto Butantan, outros museus Brasileiros começaram a se
preocupar com a educação e começaram a ter como maior objetivo de divulgar a
Ciência e cultura.
Essas iniciativas tiveram como apoio o IBECC (Instituto Brasileiro de Educação
Ciência e Cultura) que tem como objetivo incentivar os professores e alunos a praticar a
Ciência, de melhorar o ensino de Ciências e de introduzira experimentação nas escolas.
Porém, na década de 1980, as atividades da IBECC tiveram suas atividades reduzidas.
Outros institutos com os mesmos intuitos em relação ao IBECC começaram a
ser criadas, e dentre elas, destaca-se a CDCC (Coordenadoria de Divulgação Científica
e Cultural) da USP de São Carlos. A CDCC tem como principal objetivo de acabar com
a separação entre o ensino básico e o ensino universitário", desenvolve um trabalho com
intuito de treinar os professores de ciências e oferece atividades aos alunos que não
podem ser oferecidas nas escolas, inclusive possui uma biblioteca muito bem
estruturada e moderna. É importante destacar também a instituição Estação Ciência que
tem como objetivo de divulgar a Ciência envolvendo diversos conteúdos na área de
Ciências, inclusive “A Matemática está relacionada com a computação, utilizando jogos
em microcomputadores.”.(GASPAR,1993, p.32).
Gaspar, apresenta com mais detalhes outras instituições Brasileiras que
representam um panorama do tema Ensino de Ciências no Brasil, porém, “Há um
grande número de instituições denominadas Centro de Ciências que não têm as
características que aqui temos apresentado.”(GASPAR,1993, p.33).
Além disso, o termo “centro de Ciências”surgiu no Brasil por iniciativa do então
Ministério da Educação e Cultura de algumas instituições Brasileiras que são ligadas as
18
Universidades que fornecem cursos, palestras, etc; para os professores. Quanto as
potencialidades dos Centros de Ciências,
Os museus de ciências são dinâmicos e apresentam um espaço descontraído.
São espaços que ultrapassam uma visão de mundo restrita à cultura
dominante, no caso, subordinado aos rigores programáticos das escolas.
(WATANABE, 2013, p. 8)
Assim, podemos perceber que os centros de ciências se diferenciam do ambiente
escolar, justamente por ser um espaço dinâmico e mais descontraído, podendo assim,
despertar os interesses de seus visitantes, neste caso, alunos da rede escolar, ou seja,
[...] Os museus interativos apresentam modelos e atividades que encantam
seus visitantes. Assim, quando essa experiência é levada para a sala de aula,
permite uma ressignificação do conhecimento a partir das múltiplas
interpretações e possibilita que o estudante sinta-se motivado a pesquisar
diferentes conceitos em diversas disciplinas para repensar os modelos
conhecidos e criar novos. [...] (LARA et al., 2013, p. 58)
Diante dessas perspectivas, podemos perceber o quanto esses ambientes podem
potencializar o ensino escolar. Entretanto,
Os museus e centros de ciência enfrentam um desafio comunicativo maior
que o restante dos museus, pois ao construir suas exibições, ao invés de expor
objetos já existentes, têm de se assegurar de que o que constroem e exibem
estabeleça uma verdadeira comunicação com os seus visitantes. (MORA,
2007, p.22)
Assim, os museus e centros de Ciências precisam estabelecer uma comunicação
entre os experimentos expostos e os visitantes. Entretanto,
[...] a comunicação entre o objeto criado e o visitante pode ser promovida
quando um mediador conhece tanto as mensagens que o museu pretende
transmitir através das suas equipes quanto as necessidades particulares de
cada visitante. (MORA, 2007, p.22)
Percebe-se então, que esta comunicação necessária que os museus e centros de
ciencias precisam estabelecer pode ser promovida com a presença de um mediador.
Inclusive,
Os mediadores ocupam papel central, dado quesão eles que concretizam a
comunicação da instituição com o público e propiciam o diálogo com os
visitantes acerca das questões presentes no museu, dando-lhes novos
significados. (MARANDINO,2008, p.28)
19
Quanto aos processos de mediação realizados nesses ambientes, podemos
entender que,
Mediar é ajudar a perceber outros sentidos, compartilhando entendimentos e
ampliando significados que os visitantes conseguem elaborar por conta
própria em relação aos objetos expostos. Nisso a linguagem desempenha
papel central, representando modo de mergulho no discurso da ciência
apresentado nos museus.(MORAES et al., p.57)
Sendo assim, os mediadores desempenham um papel fundamental para interação
nos museus e centros de Ciências, tornando a visita muito mais significattiva, além
disso,
Reiterando o papel de museus e centros de ciências como locais de
aprendizagem, os mediadores, neles, são vistos como parceiros mais
capazes, que auxiliam alguém a aprender. (OVIGLI, 2011, p. 138)
Então, além de concretizar a comunicação da instituição com os visitantes e
proporcionar momentos de interação, os mediadores auxiliam os visitantes a aprender a
abordagem dos experimentos e materiais que se encontram no acervo dos museus e
centros de Ciências. Complementando, um mediador de um centro de Ciências pode ser
um
Provedor de conteúdo que trabalha em contato direto com visitantes em
museus de ciência, como facilitadores, guias, animadores, funcionários
encarregados de laboratórios didáticos ou shows de ciência etc – possuem um
incrível potencial nesse sentido.( RODARI; MERZAGORA, p.9)
Assim, a presença de mediadores em centros de Ciências é essencial para que
uma visita seja mais sgnificativa, uma vez que “ [...] nenhuma exposição interativa ou
ferramenta multimídia pode realmente ouvir os visitantes e responder às suas reações.
(RODARI, MERZAGORA p.10).
Como foram encontradas poucas bibliografias que fazem um estudo de como a
matemática está sendo divulgada nos museus de Ciência, iremos nos basear em um
estudo realizado por Watanabe (2013) que buscou
[...] Contribuir com informações, descrições e análises do que já existe
relacionado à divulgação da Matemática nos museus de ciência e outros tipos
de espaços expositivos. (WATANABE, 2013, p.9)
20
Além disso, este trabalo teve objetivo de analisar como a matemática vem sendo
abordada nesses espaços de divulgação cientifica, quanto as suas apresentações,
potenciais pedagógicos, pertinência das apresentações, aspecto lúdico, dentre outros.
Primeiramente, Watanabe afirma que
[...] os museus de ciência ganharam destaque como meios de aprendizagem e
como instituições de lazer; porém pouco é encontrado a respeito da área da
matemática. Se focarmos a Matemática na divulgação, percebemos que ela se
restringe a muito poucos espaços. (WATANABE, 2013, p. 8)
Assim, diante desse contexto, percebemos que a matemática vem sendo pouco
divulgada nesses ambientes, sendo raro encontra-la nos centros de Ciências.
Quanto a reação dos visitantes dos centro de Ciências observados por Watanabe
em relação aos experimentos matemáticos, ele declara que,
Normalmente, diante uma exposição matemática, poucos são os visitantes
que tentam resolver o desafio como pretendido pelos desenvolvedores.
Muitos acabam interagindo com o experimento ignorando o propósito, ou
simplesmente ignorando a área da matemática. (WATANABE, 2013, p. 34)
Sendo assim, percebemos que os experimentos da área de matemática são pouco
atrativos para o público que muitas vezes ignoram sua abordagem e não tentam resolvê-
lo, assim, “[...] a interação com os objetos só ocorria de forma efêmera.”
(WATANABE, 2013).
Talvez, um dos motivos que levam a essa falta de interesse pelos objetos
relacionados a área da matemática, se deva ao fato de que “[...] os experimentos de
outras áreas é mostrada de forma mais interessante que na matemática.”(WATANABE,
2013).
Ainda, Cardoso (2015), em um trabalho que buscou analisar os trabalhos de
Watanabe (2013) em relação a formação inicial e continuada do professor que ensina
Matemática, declara que,
[...] há ainda um longo caminho para conciliar a Matemática com os museus
de ciências. Por enquanto existem poucos museus ou centros que dedicam
algum espaço à Matemática e esta, quando é apresentada, o é de forma não
muito atrativa. (Cardoso, 2015, p.9)
Além disso, Cardoso ainda afirma que espaços como os centros de Ciências são,
21
[...] largamente negligenciado pelo professor que ensina Matemática. Tanto
na prática docente como nas pesquisas acadêmicas a respeito do assunto.
(CARDOSO, 2015, p.11)
Assim, percebemos a necessidade de voltarmos os nossos estudos para a
abordagem da área da matemática em centros de divulgação científica, neste caso, a
abordagem da matemática no Espaço InterCiências quanto a sua estrutura, seus
experimentos e quanto aos processos de mediação ocorridos neste ambiente.
22
3. O ESPAÇO INTERCIÊNCIAS E “A SALA DA MATEMÁTICA”
A Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI - possui seu campus principal
localizado na cidade de Itajubá. Esta cidade é um dos centros urbanos mais importantes
da região sul do Estado de Minas Gerais, estando posicionada entre duas das mais
importantes rodovias do país (Fernão Dias e Dutra). Pela proximidade de Itajubá com o
estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, a região de influência direta da universidade
abrange vários pequenos municípios do interior desses três estados da região sudeste.
Por ser uma região de tamanha importância, constata-se que há poucas iniciativas
voltadas a projetos de formação continuada de professores de Física e Matemática da
rede pública de ensino.
Em dezembro de 2011 foi inaugurado na UNIFEI o Espaço InterCiências. Este
centro foi construído com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e se
configurou como um dos primeiros e principais Centros de Divulgação Científica da
região sul de Minas Gerais. O acervo do Espaço InterCiências é constituído por vários
equipamentos experimentais de Física, de Matemática e de Computação, adquiridos
com recursos da FINEP e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível
Superior (CAPES) por meio do edital Prodocência nos anos de 2008 e 2010. Além
disso, estão vinculadas ao espaço InterCiências as atividades desenvolvidas por um
grupo do Programa de Educação tutorial (PET)-Conexão de Saberes, que conta com 12
bolsistas provenientes dos cursos de licenciatura em Física e Matemática. Destaca-se
que esses alunos bolsistas do PET, também, participarão das atividades propostas neste
projeto, como parte de suas funções junto ao PET, nos anos de vigência do projeto.
Figura 2: Espaço InterCiências. Diponível em: http://www.espacointerciencias.com.br/
23
O público principal do Espaço InterCiências é formado por estudantes das
escolas públicas e privadas da região sul do Estado de Minas Gerais. Nos 18 primeiros
meses de funcionamento, este centro de divulgação científica recebeu em torno de 2200
visitantes provenientes, sobretudo, de escolas públicas de Educação Básica localizados
em Itajubá e nos municípios vizinhos como por exemplo, Brazópolis, Santa Rita do
Sapucaí, São Lourenço e Piranguinho.
No Espaço InterCiências os visitantes têm a oportunidade de interagir com todos
os equipamentos e experimentos disponíveis neste ambiente educativo, ou seja, este
espaço funciona na perspectiva dos museus de ciências interativos.
Importante destacar que esse ambiente conta com um grupo de dezessete
monitores, entre bolsistas e colaboradores, que são alunos provenientes dos cursos de
licenciatura em Física e em Matemática da UNIFEI. Para atuarem como monitores no
Espaço InterCiências, estes alunos passam por um processo formativo contínuo que tem
como objetivos: a) colocá-los em contato com a produção acadêmica que versa sobre
processos educativos em ambientes não-formais de ensino; b) possibilitar que eles
compreendam o papel que o InterCiências pode ter na formação científica do público
que o visita; c) levar os mesmos a compreenderem o papel que deve ter um monitor em
um Museu de Ciências Interativo; d) possibilitar aos licenciandos o contato com alunos
e professores da Educação Básica.
Destaca-se que esse processo formativo oferecido aos monitores se articula com
aquele que eles recebem nos seus respectivos cursos de licenciatura. Desta forma,
considerando a matriz curricular dos cursos de licenciatura e as possibilidades de
trabalho oferecidas pelo Centro de Divulgação Científica da UNIFEI, é notório que esse
espaço se configura como um local para a ampliação e consolidação dos processos de
formação inicial de professores desenvolvidos em nossos cursos.
É importante ressaltar o fato dos licenciandos terem a possiblidade, neste ambiente
educativo, de ampliar o contato com professores e estudantes da escola básica, situação,
também, fundamental para a formação do futuro professor.
Todas as atividades do Espaço InterCiências são frequentemente divulgadas em
uma página na internet, onde é possível fazer agendamentos de visitas e conhecer o
espaço. O endereço eletrônico desta página é: www.espacointerciencias.com.br.
Nesta parte do presente trabalho, pretendemos descrever como é a “sala da
matemática” do Espaço InterCiências, para uma melhor compreensão do ambiente de
24
pesquisa e também, procuramos descrever cada experimento presente nesta sala,
juntamente com sua classificação.
A sala da Matemática é uma das seis salas localizadas no espaço InterCiências.
É uma sala com várias janelas em sua volta, facilitando a passagem de luz e corrente de
ar, além disso, ela possui vários experimentos ao se redor e também uma mesa repleta
de experimentos em seu centro. Além disso, esta sala conta com o acervo de
aproximadamente 12 tipos de experimentos que abordam diversos conteúdos
matemáticos.
Figura 3: Sala da matemática do Espaço InterCiências – Vista frontal. FONTE:
Autoria própria
Figura 4: Sala da matemática do Espaço InterCiências – Vista Lateral esquerda.
FONTE: Autoria própria
25
Figura 5: Sala da matemática do Espaço InterCiências – Vista lateral direita. FONTE: Autoria
própria
A classificação dos experimentos foi feita com intuito de classificar os tipos de
experimentos presentes na sala da matemática de acordo com as suas principais
características, ou seja, os experimentos que possuem características parecidas foram
agrupados. Os grupos são apresentados a seguir:
Experimentos desafios: São os objetos em que o visitante é desafiado ou que deve
resolver um problema para atingir os objetivos. Entretanto, para resolver o desafio
ou o problema proposto é necessário que o visitante trabalhe as suas habilidades
que compõe o pensamento e o raciocínio lógico juntamente com seus
conhecimentos matemáticos e utilize várias estratégias, de acordo com a regra de
cada objeto.
Experimentos geométricos: São os objetos que exigem a habilidade de observação
do visitante. Com esses objetos, é possível trabalhar as curvas e figuras geométricas
e suas propriedades, semelhanças, ângulos, vértice, arestas etc.
Consideramos que a classificação dos experimentos presentes na sala da
Matemática podem facilitar a descrição dos mesmos e também facilitar a análise dos
dados da pesquisa. Sendo assim, a descrição desses experimentos se encontram na
tabela a seguir:
26
Experimento: Teorema de Pitágoras
Descrição: O teorema de Pitágoras é apresentado de
uma maneira visual através da área de um quadrado,
triângulo e semicírculo.
Classificação: Geométrico
Experimento: Sólidos Geométrico
Descrição: Exposição de diferentes tipos de sólidos
geométricos.
Classificação: Geométrico
Experimento: Linhas de Lissajous
Descrição: Coloca-se areia em um funil preso à uma
estrutura.Quando o visitante solta o funil com areia,
curvas são formadas.
Classificação: Geométrico.
Experimento:Elipse e focos
Descrição:Ao impulsionar uma das bolas que está
em um dos focos da elipse para qualquer direção, ela
irá “bater” na outra bola que se encontra no outro
foco da Elipse.
Classificação: Geométrico.
27
Experimento:Superfície parabólica
Descrição:Ao soltar a bola de qualquer posição no
topo da rampa, ela sempre irá em direção ao foco da
superfície parabólica (curva).
Classificação:Geométrico
Experimento: Geolig
Descrição: Construir Figuras Espaciais utilizando
canudos de plástico (arestas) e peças de ligações
(vértices).
Classificação:Geométrico
Experimento: Caixa de Montagem
Descrição: Encaixar todas as peças dentro da caixa
de madeira sem sobrar ou faltar espaço ou peças.
Classificação: Desafio
Experimento: Cubo
Descrição:Com as peças de madeira, é necessário
montar um cubo de dimensão 3x3 sem sobrar ou
faltar peças.
Classificação:Desafio.
28
Experimento: Tangram
Descrição: Encaixar as figuras para formar um
quadrado sem sobrar ou faltar espaço ou peças.
Classificação: Desafio.
Experimento: Torre de Hanói
Descrição: Transferir a torre formada por várias
peças no formato de roda para outro palito com o
menor número de movimentos possíveis, contanto
que se mova uma peça de cada vez e que uma peça
(roda) maior não fique sobre uma peça (roda) menor.
Classificação: Desafio.
Experimento: Desafio das argolas
Descrição: Experimentos formados por madeira
ligada a fios de nylon, cujo objetivo é soltar as
argolas do material sem usar a força física, mas sim
o raciocínio lógico.
Classificação: Desafio.
Experimento: Cruz Torta
Descrição: Material formado por várias peças feitas
em E.V.A, cujo objetivo é encaixar as peças dentro
do retângulo maior sem sobrar ou faltar, espaço ou
peças.
Classificação: Desafio
29
Experimento:Pregos
Descrição:Material formado por pregos e arames
preso uns aos outros, cujo objetivo é separá-los sem
utilizar a força física.
Classificação: Desafio
Experimento: Dados da soma
Descrição: Material formado por 8 dados de madeira
de dimensão 1x1, enumerados de 1 a 8, cujo objetivo
é formar um dado de dimensão 2x2, cujo resultado
da soma dos pontos em suas faces, seja o mesmo.
Classificação: Desafio
30
4. METODOLOGIA DE TRABALHO
O presente trabalho foi dividido em 4 etapas de trabalho:
Etapa 1: Realização de estudos bibliográficos que se relacionam com os assuntos aqui
abordados, como por exemplo, divulgação Científica, a abordagem e divulgação da
matemática em Centros de Ciência, as situações da matemática no contexto escolar,
dentre outros.
Etapa 2: Se trata da elaboração de um instrumento de coleta de dados, no caso, foi
elaborado um questionário que contém abertas. O questionário contém perguntas
relacionadas somente a sala da matemática localizada no espaço Interciencias, e também
as perguntas estão voltadas diretamente aos objetivos do trabalho, isto é, são perguntas
relacionadas a sala da matemática quanto a sua estrutura, por se tratar de ambiente
diferenciado em relação ao ambiente escolar, quanto aos conteúdos matemáticos
abordados e quanto a interação mediador-aluno durante a visitação nesta sala.
Etapa 3: Trata-se da coleta de dados. No caso, foi a distribuição dos questionários aos
professores visitantes do Espaço InterCiências. Os questionários serão respondidos
espontaneamente durante a visita, porém é necessário orientar o professor, sujeito da
pesquisa, que acompanhe uma das turmas de alunos a sala da matemática e que em
seguida responda ao questionário. É conveniente lembrar aqui, que a coleta de dados
não exigiu que o professor se enquadrasse em alguma categoria para preenchimento do
questionário, isto é, não havia restrição de professores quanto a sua respectiva área de
atuação ou em relação ao grau de escolaridade que leciona. Sendo assim, para o
preenchimento do questionário é necessário apenas que o sujeito da pesquisa seja
professor da escola básica e visitante do Espaço InterCiências. Uma vez que, a
matemática é uma disciplina presente em todas as áreas de ensino e em todos os níveis
de escolaridade. Além disso, é importante ressaltar que a coleta de dados será realizada
durante o primeiro semestre do ano de 2016, com duração de aproximadamente 4
meses.
Etapa 4: Apresentação e análise dos dados coletados, relacionando os resultados com
base nos estudos realizados na etapa 1.
31
Os dados serão analisados através da modalidade de categorização: “A categorização
significa um processo de classificação ou organização de informações em categorias,
isto é, em classes ou conjuntos que contenham elementos ou características comuns.”
(Lorenzato, Fiorentini; 2006 p.134). Além disso, a categorização será do tipo
emergente, isto é, “[...] Quando são obtidas, mediante um processo interpretativo,
diretamente do material de campo.” (Lorenzato, Fiorentini; 2006 p.135)
32
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Esta etapa de trabalho se refere à apresentação sistemática da análise dos
resultados, isto é, para cada pergunta realizada, será apresentado o resultado por meio de
gráficos seguido da descrição de cada categoria de análise e posteriormente, os
resultados serão relacionados/comparados com a literatura sobre cada assunto. É
importante destacar que os questionários foram respondidos por 10 professores no total.
A primeira pergunta presente no questionário a ser respondida pelos professores foi:
1. O que você achou da sala da matemática em relação aos experimentos?
Explique.
Dentre as categorias de análise criadas para esta pergunta, se encontram:
Categoria 1: Experimentos lúdicos e didáticos: Experimentos divertidos de
fácil entendimento.
Categoria 2: Desenvolvem o pensamento e raciocínio lógico: Desenvolvem
no aluno a capacidade de concentração e de raciocínio lógico para resolver os
desafios propostos nos experimentos.
Categoria 3: Possibilidade de usar em sala de aula: Os professores ao
observar os experimentos criam ideias e motivações para complementar suas
aulas e inovar em suas práticas.
31%
46%
23%Categoria 1
categoria 2
categoria 3
Figura 6: Gráfico - Pergunta 1
33
De acordo com o gráfico, cerca de 46% dos professores, acham que os
experimentos da sala da matemática desenvolvem no aluno, o pensamento e o raciocínio
lógico. Entretanto, o desenvolvimento do raciocínio e do pensamento lógico está
diretamente ligado a matemática, isto é,
Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o
pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver
problemas. (CABRAL, 2006, p.28).
Além disso, 31% dos professores acham que os experimentos da sala da
matemática são lúdicos e didáticos, o que auxilia também na aprendizagem matemática,
pois, “As atividades lúdicas [...] estimulam o raciocínio levando o aluno a enfrentar
situações conflitantes relacionadas com seu cotidiano. (CABRAL, 2006, p.19), assim,
mais um vez os experimentos estão ligados ao desenvolvimento do raciocínio lógico e
inclusive, a sala da matemática pode servir de inspiração para que os professores
inovem em suas práticas, pois, cerca de 23% dos professores enxergaram a
possibilidade de usar esses objetos em sala de aula, o que é uma atitude muito positiva,
pois
Os centros podem oferecer visitas escolares para complementar os conceitos
dos livros, assim como disponibilizar serviços de capacitação de docentes e
produzir materiais didáticos. (Watanabe, 2013, p. 15)
Sendo assim, os objetos presentes na sala da matemática do Espaço
InterCiências podem contribuir para o ensino de matemática, seja em relação ao
desenvolvimento do pensamento e raciocínio lógico de uma forma lúdica e também na
possibilidade dos professores inovarem suas aulas.
Com relação a isso, questionamos:
2. Quais materiais da sala de matemática você acha que poderiam ser utilizados na
sala de aula? Explique.
Dentre as categorias criadas para esta pergunta, se encontram:
Categoria 1: Experimentos geométricos: São os objetos que exigem a habilidade de
observação do visitante. Com esses objetos, é possível trabalhar as curvas e figuras
geométricas e suas propriedades, semelhanças, ângulos, vértice, arestas etc.
Categoria 2: Experimentos Desafios: São os objetos em o visitante é desafiado ou que
deve resolver um problema para atingir os objetivos. Entretanto, para resolver o desafio
ou o problema proposto é necessário que o visitante trabalhe as suas habilidades que
34
compõe o pensamento e o raciocínio lógico juntamente com seus conhecimentos
matemáticos e utilize várias estratégias, de acordo com a regra de cada objeto.
Categoria 3: Todos os experimentos presentes na sala da matemática: Experimentos
Geométricos juntamento com experimentos desafios.
De acordo com o gráfico da pergunta 2, percebemos que os professores acham que os
experimentos que se enquadram na categoria 2, que no caso seriam os experimentos
classificados como “desafio” poderiam ser utilizados em sala de aula.
3. O que você achou da sala da matemática em relação à estrutura? Explique.
Categoria 1: Espaçosa: Possuir um espaço amplo.
Categoria 2: Ótima/Confortável: Traz conforto aos visitantes.
Categoria 3: Organizada: Todos os objetos estão em locais adequados.
Categoria 4: Causa interesse: Chama atenção dos visitantes.
31%
46%
23%
Pergunta 2
Categoria 1
Categoria 2
Categoria 3
Figura 7: Gráfico - Pergunta 2
Figura 8: Gráfico - Pergunta 3
35
De acordo com o gráfico da pergunta 3, cerca de 40% dos professores acreditam que a
estrutura da sala da matemática do Espaço InterCiências é ótima e confortável, o que
condiz com um ambiente propício para aprendizagem, pois [...]numa exposição
matemática, é necessário um espaço calmo e proporcionar tempo de sentar e pensar.”
(WATANABE, 2013, p.23). Assim, é essencial que o ambiente proporcione conforto
para seus visitantes, uma vez os experimentos da sala da matemática tem o intuito de
desenvolver o pensamento e raciocínio lógico, o que exige muita concentração e
atenção.
A próxima pergunta feita para os professores foi:
4. Você acha que a sala da matemática pode oferecer um bom aprendizado de
matemática?
Nesta questão, todos os professores responderam “sim” no questionário, ou seja, todos
os professores acham que a sala da matemática pode oferecer um bom aprendizado na
área. Este fato vai de encontro a ideia de Watanabe (2013) ao afirmar que “a experiência
que o indivíduo ganhar interagindo com a exposição poderá auxiliar na compreensão de
conceitos ensinados nas escolas.” (WATANABE, 2013, p.9). Sendo assim, as escolas
podem utilizar os espaços da divulgação científica como base da aprendizagem”.
A próxima pergunta presente no instrumento de coleta de dados foi a seguinte:
5. Observando os alunos trabalharem com os materiais aqui da sala, diga como você
acha que esses materiais contribuem na aprendizagem dos alunos?
Categoria 1: Desenvolvimento do pensamento e raciocínio lógico: Os materiais
presente na sala da matemática poderão contribuir para o desenvolvimento do
pensamento/raciocínio lógico dos alunos visitantes.
Categoria 2: Prazer/ interesse/ facilidade em aprender: Os materiais presentes na
sala da matemática podem causar prazer ou interesse ou facilidade em aprender os
conteúdos matemáticos.
36
De acordo com o gráfico acima, os materiais presentes na sala da matemática podem
contribuir mais uma vez para o desenvolvimento do pensamento e raciocínio lógico dos
alunos e também contribuem para despertar o interesse e prazer em aprender
matemática, uma vez que,
Todos nós, professores de matemática, devemos procurar alternativas para
aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a
organização, concentração, raciocínio lógico-dedutivo e o censo cooperativo,
desenvolvendo a socialização e aumentando as interações dos alunos com as
outras pessoas. (CABRAL, 2006, p.28)
E é nessa perspectiva que a sala da matemática pode contribuir para
aprendizagem dos alunos, uma vez que
A interatividade nos museus provoca o apelo aos sentidos, “provoca a
fascinação, o encantamento e, principalmente, o desejo de saber mais
introduzindo os sentidos e as emoções. (NASCIMENTO, 2005, p. 229 apud
SILVA p.21).
Sendo assim, é possível que os materiais ou experimentos presentes na sala da
matemática proporcionem aos alunos visitantes, um momento prazeroso e motivador
para compreender alguns conceitos matemáticos.
Entretanto, com intuito de saber quais experimentos da sala da matemática
despertam mais a atenção sob o ponto de vista dos professores, foi realizada a seguinte
pergunta:
6. Qual experimento você mais gostou?
50%50%
Pergunta 5
Categoria 1
Categoria 2
Figura 9:Gráfico - Pergunta 5
37
50%
30%
20%
Pergunta 6
Categoria 1
Categoria 2
Categoria 3
Neste caso, os professores não citaram apenas um experimento, mas sim, um
conjunto deles. Sendo assim, foi necessário categorizar também as respostas dadas por
eles. As categorias para análise são as seguintes:
Categoria 1: Esperimentos Desafios: São os objetos em o visitante é desafiado ou que
deve resolver um problema para atingir os objetivos. Entretanto, para resolver o desafio
ou o problema proposto é necessário que o visitante trabalhe as suas habilidades que
compõe o pensamento e o raciocínio lógico juntamente com seus conhecimentos
matemáticos e utilize várias estratégias, de acordo com a regra de cada objeto.
Categoria 2: Todos: Todos os experimentos presentes na sala da matemática.
Categoria 3: Experimentos da área da física: Mesmo que estivesse explícito no
questionário que as perguntas seriam somente em relação a sala da matemática, alguns
professores citaram alguns experimentos físicos.
De acordo com o gráfico acima, foi possível perceber que os professores
gostaram de todos os experimentos presentes na sala da matemática. Entretanto, os
experimentos do tipo Desafio foram os preferidos dos professores. O motivo se deva
talvez ao fato de que os experimentos Desafios abordam uma
[...] concepção de que o mundo é compreensível através da ciência e que a
interatividade é a palavra de ordem [...] permitindo ao visitante uma
percepção a mais próxima possível da realidade científica. (PAVÃO;
LEITÃO, 2007, p.40)
Figura 10: Gráfico - Pergunta 6
38
Porém, mesmo que estivesse explícito no questionário que as perguntas estavam
relacionadas a sala da matemática, cerca de 17% dos professores afirmam ter gostado
dos experimentos físicos, presentes em outras salas do Espaço InterCiências. Talvez,
essas respostas foram dadas por falta de atenção ou por realmente não se sentirem
atraídos pelos experimentos matemáticos.
Isto pode ocorrer, talvez porque, “o visitante possa criar uma barreira em tentar
entender ou até mesmo interagir com algum experimento.” (WATANABE, 2013, p.
34), uma vez que boa parte dos experimentos presentes na sala da matemática, exigem
muita atenção e concentração para o desenvolvimento do pensamento e raciocínio
lógico, [...] por isso, os experimentos precisam ter uma aparência chamativa, para que a
curiosidade fale mais alto.” (WATANABE, 2013, p. 34). Além disso, não é somente a
aparência de um experimento que permite chamar a atenção dos visitantes, isto é, [...]
“os instrumentos expostos [...] podem propor desafios de diferentes níveis, seja ela com
uma resposta certa ou não.”(WATANABE, 2013, p. 34) e também “O ideal é que a
interação possa ocorrer para qualquer tipo de público”(WATANABE, 2013, p. 35).
Sendo assim, não é só a aparência de um experimento matemático que pode
prender a atenção do público, é preciso que abordagem desses experimentos promova
desafios e curiosidades e principalmente, que a explicação desses experimentos seja
dada da forma mais simples e clara possível, para que interação possa ocorrer.
Entretanto, com intuito de saber mais sobre as interações que podem ocorrer na
sala da matemática, decidimos voltar as perguntas do questionário para as relações entre
monitor-aluno. Assim, a próxima pergunta feita para os professores foi a seguinte:
7. Havia monitores na sala da matemática disponíveis para tirar dúvidas?
Todos responderam que sim.
8. As explicações dos mediadores dadas para seus alunos foram claras?
Justifique.
Categoria 1: Linguagem de fácil entendimento: Os alunos visitantes conseguem
entender o que os monitores estão dizendo.
Categoria 2: Prenderam a atenção dos alunos: Os monitores conseguiram chamar a
atenção dos alunos na maior parte do tempo.
39
Categoria 3: Dificuldade quanto ao numero de alunos: Quando há muitos alunos
presentes na sala da matemática, os monitores tem dificuldades em abordar e explicar os
experimentos para os alunos visitantes.
Com base no gráfico de resultados, podemos perceber quecerca de 60% dos
professores acreditam que a linguagem adotada pelos mediadores foi de fácil
entendimento para os alunos, o que facilita a comunicação com os alunos visitantes e o
entendimento da abordagem de algum objeto/experimento presente na sala da
matemática. Em outras palavras,
Além de requerer certo aprofundamento no conhecimento científico, a pessoa
que realiza a mediação da exposição para o público também necessita de
habilidades comunicacionais para chamar o visitante a expor suas concepções
para, então, construir a partir delas. (OVIGLI, 2011, p. 138)
Além da linguagem de fácil entendimento empregada pelos mediadores, cerca de
30% dos professores acreditam que as explicações dadas pelos mediadores prenderam a
atenção dos alunos visitantes, o que é algo necessário para que os visitantes
compreendam as explicações. Esse resultado condiz com a ideia de Moraes et al (2007),
ao afirmar que as
Visitas a museus que efetivamente satisfaçam os visitantes necessitam
envolvê-los de forma integral. Para isso acontecer, o visitante precisa sentir-
se satisfeito em seus interesses e em seus desejos de aprender. (MORAES et
al, 2007, p.57)
60%30%
10%
Pergunta 8
Categoria 1
Categoria 2
Categoria 3
Figura 11:Gráfico - Pergunta 8
40
Sendo assim, para que o visitante se sinta interessado e tenha desejos em
aprender, é importante que os mediadores consigam “prender” a atenção dos visitantes e
também,
É importante que o vocabulário e os modos de expressão dos mediadores,
tanto pela escrita quanto pela fala, sejam compatíveis com as capacidades dos
visitantes. Um bom mediador sabe adequar os diálogos e desafios ao nível de
pensamento dos visitantes. (MORAES et al., p.57)
Além das linguagens adotadas pelos mediadores, foi perguntado aos professores
se as posturas adotadas por estes mediadores foram adequadas, pois,
De algum modo o tipo de mediação propiciado pelos museus evidencia suas
intenções e os pressupostos que sustentam sua organização. Evidenciam o fio
condutor da organização do museu. (MORAES et al., p.57)
Em outras palavras, as posturas adotadas pelos mediadores podem mostrar as
intenções e pressupostos que sustentam as organizações do Espaço InterCiências, sendo
assim, as posturas adotadas pelos mediadores que podem “passar a imagem” do Espaço
InterCiências, em particular, a sala da matemática, para os visitantes. Assim, a pergunta
foi a seguinte:
9. As posturas adotadas pelos monitores foram adequadas?
Categoria 1: Sim, mas não especificou: A resposta foi “sim”, porém não houve
justificativa.
Categoria 2: Boa recepção: Os monitores receberam os alunos de uma forma muito
boa positiva.
Categoria 3: Boa comunicação: Os monitores tiveram uma boa comunicação com os
alunos visitantes.
60%10%
30%
Pergunta 9
Categoria 1
Categoria 2
Categoria 3
Figura 12: Gráfico - Pergunta 9
41
Quanto aos resultados desta pergunta, cerca de 60% dos professores acreditam
que as posturas adotadas pelos professores foram adequadas. Em particular, 30% dos
professores acreditam que as posturas adotadas pelos mediadores se devam à boa
comunicação que estes proporcionam aos alunos visitantes. O que é algo de extrema
importância para que os visitantes se encontrem em um ambiente propício para
compreender o significado das exposições ou até mesmo solucionar os problemas e
desafios presentes na sala da matemática, em outras palavras,
Entre as formas de linguagem, a fala assume um papel especial por ser uma
das primeiras formas de comunicação sistematizadas e acessíveis ao ser
humano, envolvendo diálogos organizados que permitem a construção de
cenários para desafios e soluções de problemas. (BONATTO et al., 2007,
p.48)
Além disso, é a comunicação que irá produzir uma interpretação dos visitantes sobre os
experimentos presentes na sala da matemática. Assim, é essencial que ela se dê de
forma adequada e significatica para que os visitantes consigam obter boas interpretações
a respeito dos experimentos, isto é,
A comunicação é sempre processo de mão dupla. Inclui o emissor e o
receptor. O sentido atribuído pelo visitante ao que está colocado nos
experimentos não depende apenas de quem produziu os experimentos, por
maiores que sejam os cuidados com a linguagem utilizada. Depende
igualmente da interpretação do visitante. (MORAES et al., 2007, p. 60)
Para saber se os professores reconhecem a importancia dos mediadores na sala da
matemática, foi feita a seguinte pergunta à eles:
10. Você acha que a presença de mediadores é importante? Por quê?
Categoria 1: Importância da explicação: Os professores ressaltam a importancia dos
monitores devido a explicação que estes promovem aos alunos visitantes.
Categoria 2: Tirar dúvidas: Os professores ressaltam a importancia dos monitores
para tirar as dúvidas dos alunos visitantes a respeito de algum experimento.
Categoria 3: Despertam o interesse dos alunos: Os professores ressaltam a
importancia dos monitores por despertar o interesse dos alunos visitantes em relação aos
experimentos.
42
Com base no gráfico de resultados a essa pergunta, é possível perceber que cerca
de 46% dos professores reconhecem a importancia dos mediadores no processo de
explicação dos experimentos, conforme Moraes (2007) afirma,
[...] mediar é provocar diálogos entre visitantes e experimentos, interação
presencial ou virtual capaz de promover novas aprendizagens nos visitantes.
Esses diálogos podem ser provocados tanto por monitores como por recursos
tecnológicos que acompanham os experimentos ou materiais expostos. Em
ambos casos é importante que se provoquem reflexões internas dos visitantes
sobre seus próprios conhecimentos .(MORAES et al., 2007, p.57)
Neste caso, os diálogos provocados no processo de mediação são feitos por
interação presencial e podem ser capazes de promover aprendizagem nos visitantes.
Além disso, esses diálogos são provocados pelos mediadores do Espaço InterCiências
que que acompanham os experimentos da sala da matemática. Assim, para os
professores, a presença de mediadores é essencial na explicação dos conteúdos que os
exeperimentos e materiais presentes na sala da matemática abordam.
Para saber mais sobre este reconhecimento da importancia dos mediadores por parte dos
professores, a próxima pergunta a ser respondida pelos professores foi:
11. Se não houvesse monitores na sala de matemática, como acha que os alunos se
comportariam?
Categoria 1: Impossibilidade de haver aprendizado: Os professores consideram que
sem a presenças de monitores na sala da mateática, os alunos visitantes não iriam
compreender a abordagem dos experimentos presentes nesta sala.
46%
27%
27%
Pergunta 10
Categoria 1
Categoria 2
Categoria 3
Figura 13: Gráfico - Pergunta 10
43
Categoria 2: Impossibilidade de interesse e estímulos nos alunos visitantes: Os
professores consideram que sem a presença de monitores, os alunos visitantes se
desinterassariam rapidamente pela sala da matemática.
Figura 14: Gráfico - Pergunta 11
Cerca de 80% dos professores acreditam que sem a presença de mediadores, os
alunos não iriam aprender nenhum conteúdo matemático que os experimentos presentes
na sala da matemática abordam. Inclusive,
Sem mediação o visitante tende a permanecer com os conhecimentos que já
traz ao ingressar no museu, confirmando apenas o que já sabe. O experimento
em si nada ensina; exige-se uma mediação para a produção de novo
conhecimento. (MORAES et al., p.57)
Diante dessas perspectivas, é possivel perceber que os professores realmente
reconhecem a importancia da mediação e também que sem a mediação, os visitantes
iriam ficar indiferentes, isto é, além de não obter aprendizado significativo acerca dos
experimentos expostos, os visitantes após passar pela sala da matemática, iriam
permanecer com os mesmos conhecimentos que possuíam antes de passar por esta sala.
Assim, conclui-se nesta pergunta que,
Não bastam cenários fantásticos, experimentos sofisticados, exposições mais
criativas; todos têm um valor intrínseco, sem dúvida. Mas, não há como
duvidar do poder da linguagem do mediador.( PAVÃO; LEITÃO, p.41)
80%
20%
Pergunta 11
Categoria 1
Categoria 2
44
Ou seja, não basta que a sala da matemática seja repleta de experimentos modernos,
chamativos e sofisticados se não há um mediador para abordar esses experimentos aos
seus visitantes.
45
6. CONCLUSÃO:
Em relação ao acervo da sala da matemática do espaço InterCiências, é possível
afirmar que os experimentos presentes nesta sala, além de serem didáticos e lúdicos,
desenvolvem no aluno o pensamento e racíocinio lógico. Além disso, depois de passar
por esta sala, os professores criam ideias e veêm a possibilidade de utilizar estes
experimentos para complementar suas aulas, visto que este ambiente despertou o
interesse e a atenção dos alunos.
Em relação a estrutura da sala da matemática, é possível afirmar que é um
ambiente organizado, causa interesse nos alunos e principalmente confortável. Assim, é
um ambiente propício para a aprendizagem dos conceitos abordados nos experimentos.
Em relação aos processos de mediação ocorridos neste ambiente, é possível
perceber que os professores reconhecem a importância da presença de mediadores na
sala da matemática. Caso contrário, os alunos não iriam compreender os assuntos
abordados nesta sala e se desinteressariam rapidamente por este ambiente. Além disso, é
possível afirmar que os mediadores promoveram uma boa comunicação/interação com
os alunos, além de adotar linguagens claras, tornando a comprensão dos experimentos
mais significativa.
Sobretudo, a sala da matemática além de oferecer ideias para que os professores
complementem as suas aulas, promove nos alunos o desenvolvimento do pensamento e
raciocínio lógico e desperta seus interesses e motivações para aprender matemática; o
que é algo muito positivo, uma vez que a matemática é muitas das vezes, uma disciplina
mal vista pelos alunos. Assim, os aprendizados e experiências proporcionados por este
ambiente podem auxiliar na compreensão dos conteúdos vistos em sala de aula.
Diante dessas perspectivas, podemos concluir que é possível que a sala da
matemática do Espaço InterCiências, em relação ao seu acervo, estrutura e processos de
mediação contribua significativamente para os processos de ensino/aprendizagem
escolar principalmente no de matemática.
Entretanto, com base nos resultados desse trabalho, nos comentários feitos pelos
professores e nos estudos realizados, julgamos ser necessário que a abordagem da
matemática em ambientes de educação não-formal, seja discutida com mais frequência
na formação de professores, tanto na inicial quanto na continuada, para oportunizar a
aproximação da matemática aos estudantes, proporcionando situações de aprendizagem.
46
7. REFERÊNCIAS:
BIANCONI, M. L.; CARUSO, F. Educação não-formal, texto de apresentação. Ciência
e Cultura, v.57, n.4. São Paulo, 2005.
BONATTO, M. P. O; SEIBEL, M. I; MENDES, I. A. Ação Mediada em Museus de
Ciências: O Caso do Museu da Vida. In: MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.;
RODARI, P. (Orgs.). Diálogos & Ciência: mediação em museus e centros de ciência. –
Rio de Janeiro: Museu da Vida/ Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, p. 48 – 55, 2007.
BRASIL/MEC, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Brasília, 1998.
CABRAL, M. Aurélio. A utilização de jogos no ensino de matemática. 2006. Trabalho
de conclusão de curso – Universidade Federal de Santa Catariana – Centro de Ciências
Físicas e matemática. Florianópolis, 2006.
CARDOSO, Virgínia. Explorando os museus de ciências para o ensino da Matemática.
In: XIV CIAEM-IACME, Chiapas, México, 2015. P. 1-10.
D’AMBRÓSIO, U. (1999). O Papel do Museu no Processo da Divulgação da
Ciência.Disponível em: professorubiratandambrosio.blogspot.com.br/2010/12/museus-
e-ciencia.html . Acesso em: 21/ Maio /2016.
FIORENTINI, D.; LORENZATO, S. Investigação em educação matemática: percursos
teóricos e metodológicos. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2006. 226 p.
(Coleção Formação de Professores)
FIORENTINI, Dario; MIORIN, Maria Ângela.Uma reflexão sobre o uso de materiais
concretos e jogos no Ensino da Matemática. Boletim SBEM-SP. UNICAMP. Ano 4 - nº
7. p.1-4.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GASPAR, Alberto. Museus e Centros de Ciências – Conceituação e proposta de um
referencial teórico. 1993. 118. Tese doutorado – Universidade de São Paulo – Faculdade
de Educação. São Paulo, 1993. Orientador: Ernst W. Hamburger
JACOBUCCI, Daniela.Contribuições dos Espaços Não-formais de educação para a
formação da cultura científica. Uberlândia, V. 7, 2008. P. 55-66.
LARA, Isabel. Et al.Museu Interativo e a sala de aula: Uma proposta interdisciplinar na
área das Ciências Naturais, Matemática e suas tecnologias. Caderno pedagógico,
Lajeado, v. 10, n. 1, p. 41-59, 2013. ISSN 1983-0882.
47
MARANDINO, M. (Org.). Educação em museus: a mediação em foco. São Paulo:
Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Não-formal e Divulgação em Ciências, 2008.
MARTINS,Thatielle; GOLDONI, Viviane; SANTOS, Mônica.Educação não-formal:
Trabalhando em uma educação diferenciada. Licenciatura Plena em
MatemáticaPUC.Rio Grande do Sul.p. 1-19, SD.
MORA, M. C. S. Diversos enfoques sobre as visitas guiadas nos museus de Ciências.
In: MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.; RODARI, P. (Orgs.). Diálogos & Ciência:
Mediação em Museus e Centros de Ciências - Rio de Janeiro: Museu da Vida/Casa de
Oswaldo Cruz/Fiocruz, 2007, p. 21-26, 2007.
MORAES, R.; BERTOLETTI, J.; BERTOLETTI; A.; ALMEIDA, L. Mediação em
museus e centros de ciências: o caso do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS. In:
MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.; RODARI, P. (Orgs.). Diálogos & Ciência:
mediação em museus e centros de ciência. – Rio de Janeiro: Museu da Vida/ Casa de
Oswaldo Cruz/Fiocruz, p. 56 – 67, 2007.
MOTA, Denise; JESUS, Ráine; TERÁN, Augusto.Possibilidades de Ensino de
matemática e química no espaço não-formal: Bosque da Ciência.In: Conferencia da
Associação Latinoamericana de Investigação em Educação em Ciências. 2013. Manaus,
AM. p. 1-12.
OVIGLI, D. F.B. Prática de Ensino de Ciências: O Museu como Espaço Formativo. In:
Rev. Ensaio, Belo horizonte, v.13, n. 03, p. 133-149, 2011.
PAVÃO, A. C; LEITÃO, A. Hands-on? Minds-on? Hearts-on? Social-on? Explainers-
on!. In: MASSARANI, L.; MERZAGORA, M.; RODARI, P. (Orgs.). Diálogos &
Ciência: mediação em museus e centros de ciência. – Rio de Janeiro: Museu da Vida/
Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, p. 40 – 47, 2007.
RODARI, P.; MERZAGORA, M. Mediadores em Museus e Centros de Ciências:
Status, papéis e capacitação. Uma visão Geral Européia. In: MASSARANI, L.;
MERZAGORA, M.; RODARI, P. (Orgs.). Diálogos & Ciência: mediação em museus e
centros de ciência. – Rio de Janeiro: Museu da Vida/ Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, p.
08 – 21, 2007.
SANTOS, Josiel; FRANÇAS, Kleber; SILVEIRA, Lúcia. Dificuldades na
Aprendizagem de Matemática. São Paulo. 2007. p. 1-41.
VIEIRA, Valéria; BIANCONI, M. Lucia; DIAS, Monique. Espaços não-formais de
ensino e o currículo de ciências. Cienc. Cult., São Paulo, v. 57, n. 4, Dec. 2005
Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252005000400014&lng=en&nrm=iso>.access on 30 May 2016.
48
WATANABE, Marcelo. A divulgação da matemática nos museus de Ciências. Ciência
e tecnologia- UFABC. Santo André – SP. 2013.p. 1-113
ANEXO I: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Caso tenha dúvidas não hesite em nos contatar. Inclusive, as informações coletadas
são confidenciais!
EM RELAÇÃO A SALA DA MATEMÁTICA:
1. O que você achou da sala da matemática em relação aos experimentos? Explique.
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. O que você achou da sala da matemática em relação à estrutura? Explique.
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Quais materiais da sala de matemática você acha que poderiam ser utilizados na sala
de aula? Explique.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. Você acha que a sala da matemática pode oferecer um bom aprendizado
principalmente de matemática?
( )SIM ( )NÃO
Estamos realizando uma pesquisa para melhor conhecer seus
professores visitantes e saber o que pensam da visita. Escutá-los
é a melhor forma de melhorar a qualidade das exposições,
serviços e atividades propostos. Contamos com sua colaboração
no preenchimento deste questionário e solicitamos que ele seja
entregue ao final de sua visita.
49
5. Observando os alunos trabalharem com os materiais aqui da sala, diga como você
acha que esses materiais contribuem na aprendizagem dos
alunos?________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6. Qual experimento você mais gostou?
_____________________________________________.
7. Havia monitores na sala da matemática disponíveis para tirar dúvidas? ( ) Sim. ( )
Não.
8. As explicações dos monitores dadas para seus alunos foram claras? Justifique.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9. As posturas adotadas pelos monitores foram adequadas?
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
10. Você acha que a presença de mediadores é importante? Por quê?
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
11. Se não houvesse monitores na sala de matemática, como acha que os alunos se
comportariam?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
51
ANEXO II: Organização dos dados
Tabela 2: Pergunta 1.
O que você achou da sala da matemática em relação aos experimentos? Explique.
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Interessante, ao manipular os objetos concretos, os alunos
se interessam pela atividade, desenvolvendo seu
raciocínio, concentração e coordenação motora.
1 e 2
P2 Excelente, pois o concreto torna o ambiente atrativo 2
P3 Achei excelente! Está relacionada às situações
matemáticas: Formas geométricas, uso de material
concreto.
1
P4 Excelente, pois levam os alunos a pensarem,
experimentarem e questionarem.
2
P5 Muito bom. Cálculo mental, raciocínio e estratégico. 2
P6 Os experimentos da sala da matemática são bem
desafiadores e interativos.
1
P7 Muito bons, criativos e possíveis de usar em sala de aula. 3
P8 Achamos ótima, pois desenvolve o raciocínio. 2
P9 Material didático, excelente. 1
P10 Achei maravilhosa, muito educativa. Pois exige muita
atenção, observação.
2
52
Tabela 3: Pergunta 2
O que você achou da sala matemática em relação à estrutura? Explique.
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Ampla, arejada com um espaço ideal que acomoda uns 15
alunos participativos.
1
P2 Ótimo. 2
P3 Organizada, bastante materiais manipulativos e
construtivos.
3
P4 Ótima! Espaço suficiente para tal. 1
P5 Excelente, o material a vontade para propiciar interesse
visual.
4
P6 A sala da matemática possui uma boa estrutura, possui um
bom acesso, o ideal é trabalhar nela com um número
determinado de alunos.
2
P7 Muito boa. Os alunos ficaram a vontade e confortável. 2
P8 Boa, pois é confortável e apresenta vários desafios. 2
P9 Estrutura própria para interação dos alunos na
aprendizagem
4
P10 Achei muito bem estruturada, espaço bem organizado e
fácil de entender.
3
53
Tabela 4: Pergunta 3
Quais materiais da sala da matemática você acha que poderiam ser utilizados na sala de
aula?
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Tangran, sólidos geométricos, dados, caixa de montagem,
dominó das adições e subtrações, os desafios e o geolig.
1 e 2
P2 Os sólidos geométricos, pois faz parte do planejamento
do ano estudado (5º ano)
1
P3 Tangran, cubo: Faces, vértices a arestas. Está no
planejamento anual. Desperta nos alunos o interesse,
assimilar conteúdos.
2
P4 Todos!!! Muitos que pude observar aqui, já utilizamos na
nossa escola.
3
P5 Todos e alguns são usados em sala e em nossas aulas.
Tangran, cubo, pirâmides... praticamente todos.
3 e 2
P6 Os aparelhos de pequeno porte são ideais para uso
didático em sala de aula, devido a facilidade de
deslocamento e apoio ao docente.
2
P7 Todos eles. Os alunos ficaram bem entusiasmados. 3
P8 Quadrado do binômio de Newton, cruz torta, geolig e
torre de Hanói.
2
P9 Sólidos (volume) 1
P10 As figuras de Platão e os cubos. Além de exigir muita
concentração para montagem, é um excelente material
para ser usado nas aulas de matemática.
1 e 2
54
Tabela 5: Pergunta 4
Você acha que a sala da matemática pode oferecer um bom aprendizado principalmente de
matemática? ( )SIM ( )NÃO
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 SIM.
P2 SIM.
P3 SIM.
P4 SIM.
P5 SIM.
P6 SIM.
P7 SIM.
P8 SIM.
P9 SIM.
P10 SIM.
55
Tabela 6: Pergunta 5
Observando os alunos trabalharem com os materiais aqui da sala, diga como você acha
que esses materiais contribuem na aprendizagem dos alunos.
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Raciocínio, concentração, noção de espaço e trabalho
em grupo.
1
P2 Contribui pois trabalha também o raciocínio lógico. 1
P3 Construção do conhecimento matemático através da
manipulação. É lúdico.
2
P4 Tudo que é concreto para os alunos é sempre muito
mais prazeroso. Eles se interessam mais e
consequentemente aprenderão.
2
P5 Raciocínio, interesse e instigação. 1
P6 Eles contribuem de modo a contextualizar o ensino
de matemática, gerando uma aprendizagem
significativa.
2
P7 Todos os materiais são desafiadores e levam os
alunos a raciocinar e, levantarem hipóteses até
chegar ao resultado final.
1
P8 Através da prática, a aprendizagem torna-se mais
fácil.
2
P9 Para o desenvolvimento do raciocínio. 1
P10 Pelo observado, o contato com prático ajuda muito,
embora os alunos não tiveram muito contato teórico,
mas esses jogos já parte do cotidiano deles.
2
56
Tabela 7: Pergunta 6
PERGUNTA 6: Qual experimento você mais gostou?
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Caixa de montagem 1
P2 Montagem do cubo 1
P3 Todos interessantes. Brinquedos construtivos 2
P4 São muitos! Difícil dizer. Acho que todos 2
P5 Cubos, encaixes e peças 1
P6 Todos. Quanto mais desafios, melhor 2
P7 O cubo 1
P8 Quadrado de binômio de newton 3
P9 Tangran 1
P10 Gostei mais dos experimentos físicos 3
57
Tabela 8: Pergunta 7
Havia monitores na sala da matemática disponíveis para tirar dúvidas? ( ) Sim. ( ) Não.
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 SIM.
P2 SIM.
P3 SIM.
P4 SIM.
P5 SIM.
P6 SIM.
P7 SIM.
P8 SIM.
P9 SIM.
P10 SIM.
58
Tabela 9: Pergunta 8
As explicações dos monitores dadas para seus alunos foram claras? Justifique.
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Sim, falaram um linguajar adequado a idade das
crianças, com explicações claras e objetivas.
1
P2 Sim, pois falaram numa linguagem simples e clareza. 1
P3 Muito claras. Os alunos estão muito preparados e
conseguiram a atenção dos alunos. Parabéns a todos
os alunos.
2
P4 Sim. Usaram palavras e explicações com uma
linguagem fácil de entender. Estão de parabéns.
1
P5 Sim. Excelentes. Eles souberam instigar. 2
P6 Sim, mas se tiver muitos alunos fica difícil explicar 3
P7 Sim. Responderam todas as dúvidas e orientaram
bem os alunos.
1
P8 Sim. As explicações foram muito boas. 1
P9 Excelentes com grande entusiasmo. 1
P10 Sim, muito claras. Os alunos se interessaram muito,
perguntaram. Gostaram muito.
2
59
Tabela 10: Pergunta 9.
As posturas adotadas pelos monitores foram adequadas?
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Sim 1
P2 Sim 1
P3 Sim. 1
P4 Excelentes. 1
P5 Sim e muito interessados e comunicativos.
Instigadores.
3
P6 Sim. 1
P7 Sim. Muito atenciosos, educados e comprometidos. 3
P8 Sim. 1
P9 Bem dinâmicos. 3
P10 Estão de parabéns. Fomos muito bem recebidos. 2
60
Tabela 11: Pergunta 10
Você acha que a presença de mediadores é importante? Por quê?
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Sim. Para explicar os jogos e seus conceitos. 1
P2 Sim, porque os alunos sem mediadores iriam se
desinteressar rapidamente.
3
P3 Sim. Explicar o experimento, tirar dúvidas quando
necessário.
1 e 2
P4 Com certeza. Para esclarecimentos. 2
P5 Essencial. Outra pessoa atrai o interesse e desperta a
atenção.
3
P6 Sim. Pois precisa-se de pessoas para fazer a ponte entre
o experimento e o conhecimento.
1
P7 Sim. Sem os mediadores, não haveria tanto
aprendizado.
1
P8 Sim. Pois tira dúvidas. 2
P9 Sim, para que haja maior interesse dos educandos. 3
P10 Sim, pois eles são “peças chaves” para o
compartilhamento de conhecimento conosco.
1
61
Tabelaa 12: Pergunta 11
Se não houvesse monitores na sala de matemática, como acha que os alunos se
comportariam?
PROFESSOR RESPOSTA CATEGORIA
P1 Ficariam desambientados sem saber como manipular
os jogos.
1
P2 Poderiam até comportar, mas desinteressariam
rapidamente.
2
P3 Iam ficar brincando com os materiais montando figuras
diversas.
1
P4 Ficariam perdidos, não teria sentido nenhum. Eles
fizeram a diferença.
1
P5 Bagunça e sem nenhum aprendizado. Os monitores são
essenciais.
1
P6 Não sei, mas não teria o mesmo aproveitamento. 1
P7 Usariam os materiais apenas como brinquedos. 1
P8 É provável que em pouco tempo, iriam desistir. 2
P9 Não iriam compreender o assunto. 1
P10 Muitos não conseguiriam realizar as atividades. Alguns
jogos não são de nosso conhecimento. São novidades
para muitos.
1