um ensaio sobre o calvinismo, por patrick hues mell

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Louvamos a Deus por ter preservado e nos concedido este maravilhoso escrito pela pena do amado Patrick Mell, em 1875; este é um dos mais belos que já tivemos o doce privilégio de compartilhar convosco.O vigor, instrução e beleza bíblica destas linhas permanecem úteis e salutares para os nossos dias, Comamos da gordura, Bebamos da doçura, Deus tenha misericórdia de nós,Cristo nos ilumine e esclareça!Amém!•••• O que é o Calvinismo? É um sistema de doutrinas cridas estarem contidas na Bíblia.• A característica distintiva do Calvinismo é que ele sustenta a Soberania de Deus sobre todas as coisas.• Quanto às particularidades, e limitando nossa visão para o esquema de salvação, o Calvinismo ensina,I. Em primeiro lugar, em relação aos homens em estado natural.1. Que eles são totalmente depravados.2. Quanto à origem desta depravação, o Calvinismo ensina que foi a consequência do pecado de Adão. 3. Quanto aos meios de restauração, o Calvinismo ensina a total incapacidade do homem ajudar a si mesmo. 4. Quanto à justificação, ensina que os homens são justificados para com Deus, através da justiça de Cristo imputada a eles. Em segundo lugar, quanto à agência Divina no esquema da redenção, o Calvinismo ensina,1. Que Deus é o autor eficiente de tudo que é moralmente bom na criatura. O Calvinismo ensina também:2. Que Deus prossegue na salvação dos pecadores em um plano definido que se estende a todos os detalhes. II. Embora este sistema, como um todo, seja sustentado pelo teor geral das Escrituras, e em todas as suas partes em passagens definidas, os homens às vezes hesitam em recebê-lo porque sérias objeções parecem estar contra ele. Todas essas objeções podem ser determinadas entre as três seguintes:1. O sistema calvinista parece fazer de Deus o autor do pecado:2. O Calvinismo parece mostrar Deus como um Ser parcial:3. O Calvinismo parece dizer que Deus cria homens apenas para condená-los.• Antes de abordá-las em ordem, é bom ressaltar que essas objeções não caem exclusivamente contra o sistema Calvinista. • O Calvinismo, ao mesmo tempo que afirma a soberania de Deus sobre o pecado, abominavelmente rejeita a suposição de que Ele tenta os homens, ou que opera sobre eles para influenciá-los a pecar. • O Calvinismo defende que a livre-agência do homem ao praticar o pecado e que soberania de Deus sobre isto são verdadeiras, embora harmonizar estas duas coisas esteja acima das faculdades humanas. • A objeção de que Deus parece, segundo a visão deste sistema, criar homens meramente para condená-los, não está contra o Calvinismo, por causa de qualquer diferença essencial entre ele e o Arminianismo. Na verdade, nenhum sistema, reconhecendo punições futuras, pode inteiramente escapar, exceto por uma negação da presciência de Deus... A única maneira de escapar é acreditar como os universalistas que não há punições futuras; ou, com os Pelagianos que não há presciência Divina. Mas, nenhuma dessas opiniões é a que podemos receber, posto que a Bíblia nos ensina que aqueles que não creem serão condenados; e, que Deus conhece todas as todas as Suas obras, desde o princípio.III. Enquanto o apoio bíblico para o sistema Calvinista é amplo e completo, e a razão pode fornecer argumentos mui irrefutáveis, a partir de premissas admitidas, para sustentá-lo, o sistema encontra não pouca confirmação a partir do caráter de sua influência e os efeitos.1. Qual é a influência do Calvinismo sobre os não-convertidos? Sua tendência é produzir neles essa convicção, sem a qual não podem ser induzidos a dar o primeiro passo no sentido de alcançar a salvação operada por Cristo. 2. O pecador despertado está em perigo de ser levado a um refúgio da mentira. 3. O sistema encontra confirmação na experiência do Cristão. “Porque eu fui levado a ouvir a Sua voz,E entrar enquanto havia espaço;Enquanto milhares fazem uma escolha infeliz,E, preferem mor

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  • Patrick Hues Mell

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    Traduzido do original em Ingls

    Calvinism, An Essay

    By Patrick. H. Mell

    Via: PBMinistries.org

    (Providence Baptist Ministries)

    Traduo e Capa por William Teixeira

    Reviso por Camila Almeida

    1 Edio: Maro de 2015

    Salvo indicao em contrrio, as citaes bblicas usadas nesta traduo so da verso Almeida

    Corrigida Fiel | ACF Copyright 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil.

    Traduzido e publicado em Portugus pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permisso

    do ministrio Providence Baptist Ministries sob a licena Creative Commons Attribution-

    NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

    Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

    desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que tambm no altere o seu contedo

    nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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    Um Ensaio Sobre O Calvinismo Por Patrick Hues Mell

    Lido Perante O Georgia Baptist Ministers Institute,

    Em Marietta, GA., 13 de agosto de 1868.

    Publicado por voto do Instituto Atlanta, GA: GEO. C. Connor, 1868.

    Calvinismo foi designado a mim como o tema para um ensaio. Embora o assunto abraa-

    do em uma nica palavra, os temas que ele contm so numerosos demais para admitir

    uma discusso detalhada dentro dos limites que me foram atribudos. Meu ensaio, portanto,

    destacar apenas a dignidade das observaes sobre o Calvinismo.

    O que o Calvinismo? um sistema de doutrinas cridas estarem contidas na Bblia, desen-

    volvido pela primeira vez de forma mais elaborada e consistente por Joo Calvino, e, por-

    tanto, chamado pelo seu nome. Este termo, no entanto, usado como designao deste

    sistema de doutrinas unicamente por uma questo de convenincia, e no implica, de forma

    alguma, que qualquer uma dessas doutrinas se originaram com o Reformador de Genebra,

    ou que os Calvinistas so responsveis por todos os sentimentos defendidos por ele.

    A caracterstica distintiva do Calvinismo que ele sustenta a Soberania de Deus sobre to-

    das as coisas, e o pecado no uma exceo; e que Sua vontade demonstrada ou de

    forma eficiente ou permissivamente em todas as existncias e todos os eventos na terra.

    Deus no apenas um Criador e Preservador, mas um Governante soberano e eficiente.

    Sua providncia e Sua graa, portanto, controlam todas as coisas e eventos, grandes e pe-

    quenos, bons e maus, materiais e mentais. A partir de uma escolha inteligente, Ele permite

    que cada coisa nos homens seja moralmente errada, e por Sua graa, de forma eficiente

    opera neles tudo o que moralmente certo. Como Criador, Preservador e Governador, Ele

    tem bastante inteligncia para saber que Ele criaria; e Sua sabedoria e poder so adequa-

    dos a todas as exigncias do empreendimento em Sua incipincia, seu processo e sua con-

    sumao.

    O mundo, portanto, em todos os seus detalhes fsicos e morais, exatamente como Deus

    projetou que fosse; e em todos os termos de sua histria, em casos especiais, bem como

    os seus resultados gerais, ele vai realizar o que Ele projetou em sua criao, na sua preser-

    vao, e em seu governo. Ele no cometeu nenhum erro em Seu plano; portanto, nada a-

    contece no Seu sistema de forma inesperada para Ele. Deus no deficiente em poder,

    portanto, nada funciona ali parte dEle. Deus dispe de e direciona para algum fim parti-

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    cular, cada pessoa e coisa a que ele deu, ou ainda est a dar, existncia, e faz com que to-

    da a criao seja subserviente a declarativa de sua prpria glria. O Senhor fez todas as

    coisas para atender aos seus prprios desgnios, at o mpio para o dia do mal (Provrbios

    16:4). Tudo o que o Senhor quis, fez, nos cus e na terra, nos mares e em todos os abis-

    mos (Salmo 135:6). O Senhor dos Exrcitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucede-

    r, e como determinei, assim se efetuar. Este o propsito que foi determinado sobre toda

    a terra; e esta a mo que est estendida sobre todas as naes. Porque o Senhor dos E-

    xrcitos o determinou; quem o invalidar? E a sua mo est estendida; quem pois a far

    voltar atrs? (Isaas 14:24-27). Porque dele e por ele, e para ele, so todas as coisas; gl-

    ria, pois, a ele eternamente. Amm (Romanos 11:36).

    Quanto s particularidades, e limitando nossa viso para o esquema de salvao, o Calvi-

    nismo ensina,

    I. Em primeiro lugar, em relao aos homens em estado natural.

    1. Que eles so totalmente depravados, totalmente destitudos de qualquer bem natural re-

    manescente, ou qualquer centelha de graa. Esta depravao total no deve ser confundida

    com a corrupo, nem deve ser dito que os homens so to depravado quanto eles podem

    ser; pois essa depravao total consistente com a admisso de que eles tm sentimentos

    amveis e conduta nobre entre si; mas esta depravao total deve ser entendida como uma

    destituio total de qualquer princpio de conformidade Lei de Deus, que requer amor su-

    premo a Deus, e conduta para com os homens reguladas por um objetivo de agradar a

    Deus e glorific-lO. Deus no est em nenhum dos pensamentos do homem natural. Por-

    que eu sei que em mim, isto , na minha carne, no habita bem algum (Romanos 7:18).

    2. Quanto origem desta depravao, o Calvinismo ensina que foi a consequncia do peca-

    do de Ado. O progenitor da raa foi o cabea federal dos seus descendentes, submetendo-

    se ao teste por todos. Seu pecado, portanto, foi imputado sua posteridade; e em sua que-

    da, eles tambm caram. Pela ofensa de um, veio o juzo sobre todos os homens para con-

    denao (Romanos 5:16).

    3. Quanto aos meios de restaurao, o Calvinismo ensina a total incapacidade do homem

    ajudar a si mesmo. Sendo pecador por carter e conduta, nenhum homem capaz de reno-

    var os seus coraes, nem fazer expiao pelos seus pecados. Mesmo aps a expiao de

    Cristo ser oferecida no Evangelho para a sua aceitao, nenhum homem, sem a influncia

    Divina, estar disposto a aceitar a Cristo como Salvador, nem ele capaz de compreender

    experimentalmente a verdade como ela em Jesus. Ora, o homem natural no compre-

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    ende as coisas do Esprito de Deus, porque lhe parecem loucura; e no pode entend-las,

    porque elas se discernem espiritualmente (1 Corntios 2:14). Nesta condio, e sem a influ-

    ncia Divina, ele nunca tentar glorificar a Deus e nada que eles possam fazer pode agrad-

    lO; pois os que esto na carne no podem agradar a Deus (Romanos 8:8).

    4. Quanto justificao, ensina que os homens so justificados para com Deus, atravs da

    justia de Cristo imputada a eles. Nada do que eles podem fazer ser aceito como funda-

    mento da justificao; pois pelas obras da lei nenhuma carne ser justificada [Glatas

    2:16, Romanos 3:20]. Mas, quele que no pratica, mas cr naquele que justifica o mpio,

    a sua f lhe imputada como justia (Romanos 4:5). Pela obedincia de um muitos sero

    feitos justos (Romanos 5:19). Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu san-

    gue, seremos por ele salvos da ira (5:9). quele que no conheceu pecado, o fez pecado

    por ns; para que nele fssemos feitos justia de Deus (2 Corntios 5:21). Assim tambm

    Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justia sem as obras (Ro-

    manos 4:6). Creu Abrao a Deus, e isso lhe foi imputado como justia (4:3). Ns, a quem

    ser tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus

    nosso Senhor (4:24).

    Em segundo lugar, quanto agncia Divina no esquema da redeno, o Calvinismo ensina,

    1. Que Deus o autor eficiente de tudo que moralmente bom na criatura. Tudo o que Ele

    faz em favor do homem, feito de acordo com um propsito entretido desde a eternidade.

    Este propsito encontrou o seu desenvolvimento no pacto da redeno assumido pelas

    pessoas da Trindade, e sua execuo na obra, assim, atribudo a eles distintamente. O Pai,

    como representante da Divindade, elaborou o plano e enviou seu Filho para execut-lo; o

    Filho, como o Substituto do pecador, fez expiao e efetuou uma justia completa; e o

    Esprito aplica a obra de Cristo na regenerao, justificao, santificao e salvao do

    pecador.

    O Calvinismo ensina tambm:

    2. Que Deus prossegue na salvao dos pecadores em um plano definido que se estende

    a todos os detalhes. Na aliana da redeno que Ele deu ao Seu Filho um nmero definitivo

    da raa humana para ser Seu povo, a quem ele redimiria da maldio da Lei, os conduziria

    novidade de vida pela regenerao, justificaria gratuitamente pela Sua graa, guardaria

    por Seu poder por meio da f para a salvao, guiaria por Seu conselho, e depois os rece-

    beria na glria. E aos que predestinou a estes tambm chamou; e aos que chamou a estes

    tambm justificou; e aos que justificou a estes tambm glorificou [Romanos 8:30]. Aqueles,

    portanto, escolhidos e salvos, so designados no por causa da f e boas obras previstas

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    neles; mas, em parte, para que tenham f e possam realizar boas obras. Os no escolhidos

    no so reprovados no sentido de que, eles so proibidos de buscar os benefcios da salva-

    o; nem no sentido de que qualquer influncia seja transmitida a eles induzindo-os a rejei-

    tar o Evangelho; mas no sentido em que, eles so simplesmente deixados e autorizados a

    seguir as suas prprias inclinaes, sem qualquer influncia invencvel adequada para tor-

    n-los dispostos no dia do Seu poder. Nesta eleio e rejeio, Deus no influenciado por

    qualquer diferena de carter natural percebida em ambas as partes, nem por qualquer

    conduta prevista; mas apenas por Sua vontade, soberana e infinitamente sbia; e isso, tam-

    bm, para a manifestao de Suas gloriosas perfeies. Pois diz a Moiss: Compadecer-

    me-ei de quem me compadecer, e terei misericrdia de quem eu tiver misericrdia (Roma-

    nos 9:15). E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder,

    suportou com muita pacincia os vasos da ira, preparados para a perdio; para que tam-

    bm desse a conhecer as riquezas da sua glria nos vasos de misericrdia, que para glria

    j dantes preparou? (9:22-23).

    II. Embora este sistema, como um todo, seja sustentado pelo teor geral das Escrituras, e

    em todas as suas partes em passagens definidas, os homens s vezes hesitam em receb-

    lo porque srias objees parecem estar contra ele. Todas essas objees podem ser

    determinadas entre as trs seguintes:

    1. O sistema calvinista parece fazer de Deus o autor do pecado:

    2. O Calvinismo parece mostrar Deus como um Ser parcial:

    3. O Calvinismo parece dizer que Deus cria homens apenas para conden-los.

    Antes de abord-las em ordem, bom ressaltar que essas objees no caem exclusiva-

    mente contra o sistema Calvinista. Elas podem se mostrar to fortemente contra o Armini-

    ano, com outras to graves objees acrescentadas [Isto o presente escritor tem demons-

    trado em um trabalho publicado sobre a predestinao; a parte destinada a responder essas

    objees pode ser lida neste contexto, se o Instituto desej-lo]. A nica maneira de escapar

    das objees negando, como fazem os Pelagianos e Socinianos, a prescincia de Deus;

    e se a prescincia for negada, ento acarretar uma enxurrada de outras objees mais ur-

    gentes e mais pesados ainda.

    A grande dificuldade que encontram no sistema Calvinista a soberania que ele atribui a

    Deus sobre o pecado; e a ocasio que oferece, portanto, para a objeo plausvel que se

    o pecado existe por Sua vontade de propsito, ele , ento, se no o autor, pelo menos em

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    algum sentido o favorecedor do mesmo. fcil e seguro admitir que a Sua vontade toda-

    poderosa em tudo o que moralmente bom; e que a Sua agncia pode fazer com que Ele

    seja eficiente na obteno de tal bem sem violentar a liberdade humana; pois podemos fa-

    cilmente ver como Ele pode legtima e filosoficamente operar nos homens tanto o querer

    como o efetuar, segundo a Sua boa vontade. Mas como podemos, de forma consistente

    com a viso correta de Seu carter, dizer que de qualquer forma os homens maus executam

    aes perversas de acordo com a Sua vontade? Algo que pode nos ajudar a elucidar essa

    questo, considerarmos ela em conexo com os dois exemplos mais proeminentes de

    pecado registrados na Bblia:

    1. O primeiro exemplo registrado: O pecado de Ado. Ser que Deus no tem nenhuma vo-

    lio a respeito de que este ocorresse? Ser que Ele foi pego de surpresa? Tendo falhado

    em Sua primeira inteno, a saber, no ter nada, seno o bem em Seu sistema, Ele relu-

    tantemente se submeteu existncia do mal, e fazendo o melhor que podia nas circuns-

    tncias, estabelece contra isso uma influncia antagnica que deve travar uma luta, que

    depois de guerra precria de seis mil anos, deixa o pecado, se no triunfante, pelo menos

    no subjugado e no expulso. Ser que Deus no sabia, antes de haver criado Ado, e o

    ter colocado no Jardim do den, que ele pecaria e cairia? Somos obrigados a responder

    afirmativamente, no s porque admitimos a infinita prescincia de Deus, mas porque so-

    mos informados (2 Timteo 1:9) que uma proviso foi feita na eternidade na expectativa

    deste evento; pois havia um propsito e uma graa que nos foi dada em Cristo Jesus antes

    dos tempos eternos. Ser, ento, que Ele no permitiu que Ado casse em pecado? Temos

    que responder afirmativamente; pois, ao prever o evento, Ele poderia ter se recusado a

    cri-lo; ou Deus poderia ter mantido o tentador longe dele; ou Deus poderia t-lo fortalecido

    contra seus ardis. Tendo permitido que Ado pecasse, este no ir faz-lo? E tendo dese-

    jado permitir que ele pecasse, ele no assim o quis por necessidade; ou seja, como uma

    escolha de males que Ele no poderia escapar totalmente, ou Ele tem algum fim infinita-

    mente glorioso a atingir, do que o pecado de Ado deveria ser a ocasio?

    Ns no escapamos desta dificuldade negando que Ado era um agente livre, cuja natureza

    no foi o propsito de Deus violar; que ele foi colocado no Jardim do den, dotado de razo

    e de uma constituio moral, possuindo toda a luz necessria para discernir entre o certo e

    o errado, e depois de ter sido advertido com todos os motivos para impeli-lo a escolher o

    certo e rejeitar o mal, contudo Ado, em seguida, no exerccio de sua liberdade nativa, em

    princpios muito naturais, por sua prpria escolha voluntria, apesar da vontade de Deus

    por preceito, perversamente transgrediu e caiu. Tudo isso ns tambm admitimos e sus-

    tentamos; mas isso no remove a dificuldade. Deus no sabia, antes de o haver criado, que

    este agente voluntrio ao qual Ele criaria, quando submetido a este teste que Ele iria impor-

    lhe, agindo sobre estes princpios naturais, transgrediria e cairia? Admitindo a prescincia

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    de Deus, temos que admitir que, antes que Ele criasse Ado, Ele j sabia que ele cairia, e

    quis permitir que isso acontecesse.

    Pode qualquer razo ser sugerida pela qual Deus por Sua vontade de propsito deve or-

    denar que um evento to hediondo e, em alguns aspectos, to desastroso como o pecado

    de Ado viesse a ocorrer? Ns podemos, pelo menos, ver isso, a saber, que se o pecado

    no tivesse entrado no mundo, nem teria havido um Salvador. Deus no teria sido manifes-

    tado em carne. Cristo no teria sido anunciado como o Salvador dos pecadores. Os atribu-

    tos de Deus no teriam sido exibidos e harmonizadas perante o universo inteligente pela

    cruz de Cristo, na qual a misericrdia e a verdade se renem, e justia a paz se beijam. Sa-

    bemos que o universo inteligente ganhou infinitamente mais pela aquisio de Cristo do

    que perdeu pelo pecado de Ado. Agora, se Deus sabia desde a eternidade o valor infinito

    da misso de Cristo, e viu que o pecado do homem era necessrio como sendo a ocasio

    para esta misso, por causa disso Deus necessariamente seria o autor ou o favorecedor

    do pecado pelo fato de que Ele resolveu permitir que Ado o cometesse?

    O Calvinismo, ao mesmo tempo que afirma a soberania de Deus sobre o pecado, abomi-

    navelmente rejeita a suposio de que Ele tenta os homens, ou que opera sobre eles para

    influenci-los a pecar. Em que sentido, ento, filosfico ou no-bblico dizer que Deus, o-

    lhando para operao de Ado em seu carter como um pecador, por Sua vontade de pre-

    ceito, o proibiu, e, por Sua dispensao judicial, o castigou; mas considerando esta como

    a ocasio indispensvel para a concesso da Sua gloriosa graa, pela Sua vontade de

    propsito, ordenou Deus, e em Sua providncia, forneceu a ocasio para isso? E no

    Calvinismo filosfica e biblicamente sustentado, ento, quando se discrimina entre a von-

    tade de preceito de Deus e a Sua vontade de propsito, e afirmar que a primeira a regra

    prescrita para o governo de Suas criaturas, e que quando violada, justamente traz conde-

    nao e punio sobre seus infratores, enquanto a ltima uma regra para governar a Si

    mesmo, pela qual Ele ir infalivelmente assegurar se os homens obedecem ou pecam

    contra Ele? Se o simples fato de que Deus quis permitir que Ado pecasse, faz dEle o autor

    ou o favorecedor do pecado, ento nenhum sistema de doutrina poderia escus-lO de tal

    constrangimento exceto um que atribumos a Ele profunda ignorncia acerca deste acon-

    tecimento, tanto antes quanto no momento da sua execuo, e isso seria bani-lO, como o

    Deus dos Epicureus, para alguma parte remota do Seu universo, longe de todo conheci-

    mento dos assuntos humanos.

    2. Um outro caso: passando sobre os muitos outros casos registrados na Bblia que ilustram

    a doutrina da soberania de Deus sobre o pecado, vamos ao caso da crucificao de Cristo.

    Em relao a isso, sem hesitar, devemos admitir duas coisas: primeiro que a crucificao

    de Cristo foi o crime mais atroz, e um dos maiores desafios ao Cu, j registrado nos anais

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    da Terra; e segundo, que, mesmo to maligno como este ato foi, Deus ordenou que Ele

    deveria ocorrer justamente como aconteceu. Se os judeus no desprezassem e rejeitassem

    a Cristo, Ele no teria sido crucificado; e se Ele no tivesse morrido no lugar, no momento

    e da forma em que Ele morreu, multides de profecias teriam falhado em sua realizao. O

    plano de resgate da misericrdia de Deus teria sido frustrado; e todos os homens teriam

    perecido em seus pecados. Devemos, portanto, hesitar em dizer que Deus ordenou a

    crucificao de Cristo, mesmo sendo este o ato mau que foi? E, devemos diz-lo, ser que

    de fato isso acusa a Deus de ser o autor ou o favorecedor desse crime horrvel? Ser que

    os apstolos deturparam o Deus santo, ou admitiram que Ele era o autor ou favorecedor

    deste pecado atroz, quando eles disseram: Porque verdadeiramente contra o teu santo

    Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, no s Herodes, mas Pncio Pilatos, com os

    gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mo e o teu conselho tinham

    anteriormente determinado que se havia de fazer (Atos 4:27-28)? ser que Pedro fala

    imprudentemente, e admite com a sua a interpretao terrvel de que Deus foi o autor ou o

    favorecedor deste grande pecado, quando ele afirmou: A este que vos foi entregue pelo

    determinado conselho e prescincia de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas

    mos de injustos (Atos 2:23)?

    A afirmao de Pedro, quando analisada, contm trs proposies. Primeiro, que os judeus

    agiram com perfeita liberdade quando crucificaram Cristo. Segundo, que Deus exerceu so-

    berania total sobre o pecado deles. E terceiro, que a sua maldade no sofreu reduo por-

    que estava em harmonia com determinado conselho e prescincia de Deus. E isso, de for-

    ma resumida, a doutrina do Calvinismo. Mas como pode a soberania de Deus sobre o

    pecado e a livre-agncia do homem serem ambas verdadeiras, e ainda Deus estar livre de

    toda cumplicidade para com o pecado? O Pelagianismo e o Socinianismo escapam desta

    dificuldade, apartando o Ser Supremo, em alguma forma de alguma ligao com as Suas

    criaturas, e banindo-O para alguma regio remota do Seu universo, onde Ele mantido em

    profunda ignorncia dos pecados, pelo menos at depois de terem sido cometidos. O

    Arminianismo, ao mesmo tempo que admite a prescincia de Deus, e admite que Ele

    permite a comisso do pecado, pensa que se escusa da vergonha por negar a soberania

    de Deus sobre o pecado. De acordo com este sistema, Deus torna o homem um agente

    livre, d-lhe uma constituio que lhe permite fazer distines morais, coloca diante dele o

    certo como distinto do errado, e oferece a ele motivos em forma de argumentos, convices,

    avisos, ameaas e promessas de recompensa; mas Ele no tem de antemo nenhum pro-

    psito que se serve dos pecados dos homens. Tudo o que Ele faz, agindo simultaneamente

    com o pecado, cont-lo; sobrep-lo para o bem; e da melhor, maneira possvel combat-

    lo; e, em ltima instncia, puni-lo. Mas o sistema Arminiano fecha estranhamente seus o-

    lhos para o fato de que, ao admitir a prescincia de Deus e sua permisso do pecado, con-

    cede logicamente Sua soberania sobre ele. Antes que o mundo existisse, Ele sabia de

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    antemo que Ado pecaria, e que os judeus crucificariam Cristo; e, na eternidade, resolveu

    permitir esses atos pecaminosos. Agora, se Ele assim resolveu por causa de objetivos ines-

    crutveis, como o Calvinismo afirma, ou por nenhuma razo alm da mera determinao

    em si, na viso do objetor para o Arminianismo, Ele est seriamente complicado com aque-

    les pecados. Se Ele resolveu permitir o pecado para fins ulteriores, ento, aquele que se

    ope ao Arminianismo pode culp-lo de que ele retrata Deus como favorecendo o pecado,

    quanto ao bem de que isso feito ocasio. Se Deus resolveu permitir o pecado sem ne-

    nhum motivo alm da mera resoluo em si, ento o opositor poder denunciar o Arminia-

    nismo por insinuar a proposio horrvel que Deus resolveu permitir o pecado pelo simples

    prazer que Ele encontrou nele.

    1. O Calvinismo defende que a livre-agncia do homem ao praticar o pecado e que sobera-

    nia de Deus sobre isto so verdadeiras, embora harmonizar estas duas coisas esteja acima

    das faculdades humanas. A conscincia e a Palavra de Deus tanto nos asseguram de que

    quando pecamos contra Deus, ns o fazemos no por compulso, mas de livre e espon-

    tnea vontade; e com razo as Escrituras ensinam que Deus o soberano do universo,

    cumprindo os Seus propsitos nas coisas grandes e nas pequenas, por meio coisas ruins,

    tanto quando por meio de coisas boas, fazendo com que a ira do homem O louve, e

    restringindo o restante desta [veja Salmos 76:10]. Ser que Deus, que por Seu determinado

    conselho e prescincia entregou a Cristo, autorizou os judeus a crucific-lO ou colocou em

    seus coraes que eles fizessem isto? O Calvinismo, abominavelmente e com nfase,

    responde que no! Como, ento, Deus pode assegurar o Seu determinado conselho nas a-

    es perversas de agentes livres sem influenci-los nessas aes? O Calvinismo no tem

    resposta para dar. Esta uma das coisas profundssimas que a mente humana no pode

    sondar; uma coisa altssima de modo que ela no pode alcanar. Mas a nossa falta de ca-

    pacidade no deve corromper a verdade. Que mente humana pode formar uma concepo

    do Deus Uno e Trino que poder ser transferida para a tela? Mas Aquele que renovou o

    corao no demonstrou, em sua experincia, a subsistncia da Divindade nas pessoas do

    Pai, do Filho e do Esprito Santo? Assim, sabendo por meio da conscincia e da Palavra de

    Deus que somos agentes livres; crendo por meio da razo e da Escritura que Deus sobe-

    rano e todo-poderoso, que realiza todo o Seu beneplcito; e vendo, o que Deus diz a partir

    de Seu tratamento para com o pecado, e entendendo que Ele no nem o autor nem o fa-

    vorecedor do mesmo; ns podemos muito bem nos recusarmos a refutar qualquer ou todas

    estas verdades, to claramente reveladas e to facilmente compreendidas, porque ali brota

    de sua combinao outra questo relativa ao funcionamento da Mente Infinita, e as opera-

    es do Infinito Agente, que as nossas mentes ignorantes e finitas no podem resolver.

    2. A segunda objeo, a saber: Esse Calvinismo representa a Deus como um Ser parcial,

    e se deriva de uma confuso de ideias, ou de uma m compreenso dos termos. Parcialida-

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    de resulta de alguma qualidade no objeto, ou ligada a ele, para atrair favor. Agora, o Calvi-

    nismo ensina que todos os homens so igualmente destitudos de tal qualidade; e todos

    so igualmente objetos da condenao e desfavor de Deus. Ele sente que, por isso, no

    faz acepo de qualquer um; pois todos so, por natureza, filhos da ira. Ele escolhe alguns

    para a salvao e vida eterna; no porque ele sente qualquer complacncia peculiar em re-

    lao a eles, mas influenciado unicamente pelo beneplcito de Sua vontade, para louvor e

    glria da Sua graa. Ele tem uma razo, infinitamente sbia, para escolher um e rejeitar o

    outro; mas essa razo, no deve ser encontrada no carter do escolhido. A prpria declara-

    o da doutrina Calvinista, portanto, uma resposta suficiente para a oposio. Se isso

    no for satisfatrio, vamos expor a falcia da objeo de outra maneira. Deus tem, para

    com alguns, um amor de benevolncia, que exibido em escolh-los para a vida eterna.

    isso, pode, propriamente, ser chamado de parcialidade? Muito bem chame-o assim, se voc

    o quiser. Ento, isto torna-se uma proposio a ser refutada, se negada, e no uma srie

    de palavras a serem moldadas em forma de uma oposio a si mesmas.

    3. A objeo de que Deus parece, segundo a viso deste sistema, criar homens meramente

    para conden-los, no est contra o Calvinismo, por causa de qualquer diferena essencial

    entre ele e o Arminianismo. Na verdade, nenhum sistema, reconhecendo punies futuras,

    pode inteiramente escapar, exceto por uma negao da prescincia de Deus. Se decretar,

    desde a eternidade, permitir que os homens sigam as suas prprias inclinaes, e puni-los

    por seus pecados, equivalente a resolver criar homens apenas para conden-los, ento,

    saber de antemo desde a eternidade, que se eles fossem criados, eles iriam, assim pere-

    cer, e resolver cri-los, no obstante, ainda que no houvesse necessidade invencvel de

    faz-lo, equivalente mesma coisa. Ns no nos esquivamos desta dificuldade, ao aban-

    donar a nossa base e ir para o Arminianismo. A nica maneira de escapar acreditar como

    os universalistas que no h punies futuras; ou, com os Pelagianos que no h presci-

    ncia Divina. Mas, nenhuma dessas opinies a que podemos receber, posto que a Bblia

    nos ensina que aqueles que no creem sero condenados; e, que Deus conhece todas as

    todas as Suas obras, desde o princpio.

    III. Enquanto o apoio bblico para o sistema Calvinista amplo e completo, e a razo pode

    fornecer argumentos mui irrefutveis, a partir de premissas admitidas, para sustent-lo, o

    sistema encontra no pouca confirmao a partir do carter de sua influncia e os efeitos.

    Dever, sem dvida, ser admitido que, em suas vidas, os Calvinistas, como uma classe,

    no ficam abaixo do padro de moralidade e piedade, atingido pelos defensores de outros

    sistemas; e, que em boas obras, e em empreendimentos de benevolncia, eles no so ul-

    trapassados por aqueles que discordam deles. Ns renunciamos, portanto, a todos os ar-

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    gumentos sobre este ponto. Pois, sem dvida, ele ser prontamente admitido por todas as

    pessoas inteligentes e sinceras, que Antinomianos e Fatalistas so to essencialmente dife-

    rentes de Calvinistas, como o so de Arminianos ou Pelagianos.

    1. Qual a influncia do Calvinismo sobre os no-convertidos? Sua tendncia produzir

    neles essa convico, sem a qual no podem ser induzidos a dar o primeiro passo no

    sentido de alcanar a salvao operada por Cristo. A grande dificuldade no caminho de sua

    rpida ao a esperana oculta, se no a crena, de que o seu caso no desesperado;

    que os seus pecados no so to abominveis, mas que eles podem ser evitados, muito

    facilmente. Em seu delrio, eles supem que s necessrio que eles usem a sua vontade

    e queiram, o que eles podem facilmente fazer a qualquer momento; e pr em execuo sua

    resoluo, que est tambm, completamente em seu poder; e sua salvao est ao mesmo

    tempo garantida. Eles, portanto, agem de acordo com o princpio de que durante a sua ca-

    minha no h grande risco por adiarem a salvao para uma poca mais conveniente. D-

    me, dizem eles, mas um dia de advertncia, quando eu estiver no meu leito de morte, e

    eu me reconciliarei e farei a minha paz com Deus. Agora, deixe que a doutrina que o Cal-

    vinismo ensina seja recebida pelo pecador, e sua auto-complacncia chegar ao fim, e seu

    senso de segurana se vai. Vendo que ele totalmente destitudo de qualquer bem e que

    ele est indesculpavelmente complicado devido aos seus pecados terrveis e que ele

    totalmente desamparado, ento, ele se abomina e se arrepende no p e na cinza, e clama

    a Deus por ajuda. No h compensao a isso a dizer que os pecadores que ouvem as

    doutrinas Calvinistas alegam que se tais coisas so verdadeiras, no h, de modo algum,

    necessidade de qualquer ao de sua parte; uma vez que, se quiserem ser salvos, eles se-

    ro, de qualquer forma. Esta no a lngua de um homem sincero, que cr na doutrina de

    sua prpria pecaminosidade, e desamparo, mas a de um descrente, que pensa que por es-

    te fingimento reductia ad absurdum, ele pode melhor neutralizar os golpes da verdade, e

    melhor, manter-se na determinao de adiar a sua salvao, e continuar no pecado. Al-

    gum que est em guas profundas, longe da costa, sentir pouca ou nenhuma preocupa-

    o, desde que ele esteja convencido de que a gua no profunda, ou que por alguns

    golpes musculares, dirigidos por sua prpria vontade, ele pode chegar onde seu p pode

    ser firmar. Mas, deixe-o sentir que ele est em profundezas insondveis, e que sua habilida-

    de e fora so menos do que nada; e ele far ecoar seus gritos de socorro debaixo da

    abbada celeste. Ento o Calvinismo ensina que o pecador est totalmente perdido, e que

    somente em Deus est a sua ajuda; e o exorta a olhar para Deus, e a clamar por Ele.

    2. O pecador despertado est em perigo de ser levado a um refgio da mentira. O mais

    comum a tentao de tornar a si mesmo o objeto de sua confiana. Ele est em perigo

    de fazer do que ele faz, ou do que ele sente, ou de ambos, um substituto para o seu Sal-

    vador. Ele tem feito certas coisas, ele tem experimentado certos sentimentos, e ele est em

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    um determinado estado. Ele se sentiu, a princpio, muito mau, e, em seguida, por uma tran-

    sio sbita, muito bom, por isso, ele foi aceito. O Calvinismo diz a ele, que nem atos e nem

    sentimentos, e nem circunstncias, mas somente Cristo o seu Salvador; que, neste mo-

    mento, no h nada para ele fazer, seno crer em Jesus. Assim como ele est, ele deve

    aceitar a Cristo como seu Salvador; pois, quele que no pratica, mas cr naquele que jus-

    tifica o mpio, a sua f lhe imputada como justia [Romanos 4:5]. A partir daqui, se no

    na teoria, pelo menos experimentalmente, ele pode receber as doutrinas Calvinistas a res-

    peito de sua pecaminosidade e impotncia; da graa soberana de Deus; e de uma justia

    adquirida para ele por Cristo, e imputada a ele por meio de sua crena, ele pode obter con-

    forto das Escrituras, e a vida eterna.

    3. O sistema encontra confirmao na experincia do Cristo. Apenas enquanto ele admite,

    em toda a sua fora, a depravao total do seu corao, por natureza, ele experimenta o

    que a humildade e humilhao. Ento ele no tem dvida de que Deus, por Sua prpria

    graa soberana, sem qualquer mrito previsto ou percebido nele, o regenerou pelo Seu

    Esprito, e o adotou para a Sua famlia, e, assim, ele experimenta as profundezas da grati-

    do, e atribui louvor a Deus por sua salvao. Portanto, longe de ser paralisado por um

    sentimento de dependncia de Deus, somente quando ele admite, em toda a sua fora,

    que Deus quem opera opera nele o querer e o efetuar, que ele passar a operar a sua pr-

    pria salvao com temor e tremor. Ele sabe, e demonstra, em sua prpria experincia, o

    paradoxo de Paulo: Quando estou fraco ento sou forte [2 Corntios 12:10]. Posto sobre

    seus joelhos, ele nunca usa a linguagem do fariseu: Deus, graas te dou porque no sou

    como os demais homens [Lucas 18:11]; mas, sim, o sentimento do poeta:

    Porque eu fui levado a ouvir a Sua voz,

    E entrar enquanto havia espao;

    Enquanto milhares fazem uma escolha infeliz,

    E, preferem morrer de fome do que vir?

    Foi o mesmo amor que preparou a festa,

    Que docemente me forou a entrar;

    De outro modo eu teria recusado,

    E perecido em meu pecado.

    Em suas confisses, ele admite a sua ignorncia, sua depravao natural, e seu desampa-

    ro, e olha para Deus, no s buscando o perdo, mas para ajuda-lo, nas suas peties ele

    reconhece a soberania de Deus. Ser que ele pede bnos confiado em si mesmo? Ele

    no baseia a sua confiana em nenhum mrito prprio, nem mesmo minimamente, mas

    somente nos mritos de Cristo, e sobre o livre e imerecido favor de Deus. Ser que ele

    suplica bnos a outros? Ele apela a Deus baseado na suposio de que Ele governa so-

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    bre todas as coisas. Sem reserva, ele Lhe pede para renovar os coraes dos seus amigos

    no-convertidos; para dar-lhes convico, e arrependimento, e f; e para atra-los por cor-

    das de amor. Qualquer que seja a crena terica do Cristo, em suas oraes, ele age so-

    bre o pressuposto de que a salvao dele mesmo, e dos outros, pertence completamente

    a Deus.

    4. As doutrinas do Calvinismo, se cridas, so um remdio soberano contra as duas grandes

    heresias no assim chamado mundo Cristo, a saber: o ritualismo, ou salvao sacramental,

    por um lado, e o racionalismo, por outro; o primeiro brota da superstio, e o outro produto

    da infidelidade. No primeiro, um mero exerccio corporal, a cerimnia e as manipulaes do

    sacerdote, substituem a obra do Esprito e a experincia do corao: o ltimo faz da religio

    um mero exerccio intelectual, e exalta a razo acima da autoridade da Palavra de Deus.

    Rejeitando tudo na Bblia que est acima da compreenso humana, ele seleciona, do com-

    preensvel, s o que ratifica o entendimento racional e adequado. Uma salvaguarda infalvel

    contra cada um deles o Calvinismo, se suas doutrinas forem cordialmente abraadas.

    Ningum que aceita, em sua plenitude, as doutrinas da depravao humana e da necessi-

    dade de uma mudana operada por uma agncia sobrenatural, ningum que cr na regene-

    rao efetuada pelas operaes misteriosas do Esprito de Deus, e na justificao pela

    justia imputada de Cristo, em suma, ningum que acredita em uma religio espiritual e que

    a graa reina pela justia para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor, pode jamais

    ser tolo o suficiente para arriscar a salvao de sua alma confiando em formalidades e

    cerimnias; ou tornar-se presunoso o suficiente a ponto de prescrever o que Deus deve

    ensinar ou rejeitar qualquer coisa que Ele revelou, pelo fato disto no atender s demandas

    de sua razo finita. Em vez disso este homem diria: Seja Deus verdadeiro, e todo o homem

    mentiroso [Romanos 3:4]. verdade que algumas das igrejas Reformadas, que possuem

    o sistema Calvinista, tm, em seus formulrios, expresses que parecem indicar que o ba-

    tismo, administrado a crianas inconscientes, de alguma forma, operar a regenerao de

    suas almas. Mas isso resulta do fato de que, inconsistente, trouxeram com eles, a partir de

    Roma, esta relquia do Papado. Sob a influncia, no entanto, do Calvinismo pregam que

    estas afirmaes tornaram-se letra morta; pois seus defensores inteligentes buscam dar-

    lhes explicaes, e com indignao negam, que, em sua prtica, eles so influenciados por

    qualquer dogma antibblico e inconsistente.

    5. Este no argumento a ser ignorado a favor do sistema Calvinista de que, como um de

    seus efeitos, ele apresenta Deus em um aspecto digno e honrado. certamente uma viso

    digna de Deus, ao mostr-lO como um governante soberano e eficiente, que realiza tudo o

    que Lhe apraz e nunca frustrado; que o autor de todo o bem que h em seu sistema e

    que especialmente quem tem o mrito e todo o louvor da nossa salvao. Que contraste

    h entre este sistema e aquele que representa a Deus como ansioso e impotente, como

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    quem espera com solicitude para que os homens deem a Ele um pretexto para interpor,

    fazendo, passando um decreto a seu favor, sobre a suposio de que eles forneceram oca-

    sio justificvel para isso, e, em seguida, reconsiderando reverter o mesmo decreto, quando

    Ele descobrisse que havia agido por motivos insuficientes; e todo o tempo, cercado por

    confuso inextricvel, que uma necessidade invencvel O impedia de diminuir, e que Ele

    deve contentar-se com a relutncia humana, e passar a buscar resultados que so ating-

    veis, j que Ele no pode assegurar algo maior e melhor. Tal Deus, impotente, e subordina-

    do, e mutvel, e dependente de contingncias que Ele no ordenou, e distrado pela confu-

    so que Ele no pode controlar, no o Deus do Calvinismo. O nosso Deus est nos Cus;

    faz tudo o que Lhe agrada. Porque dEle e por Ele, e para Ele, so todas as coisas; glria,

    pois, a Ele eternamente. Amm.

    Em concluso, torna-se uma questo sria e prtica, que ns devemos fazer dessas doutri-

    nas a base de todas as nossas ministraes no plpito. Se isto , de fato, o sistema evan-

    glico, sustentado por tais argumentos, e atestado por tais efeitos, cada ministro deve ser

    imbudo com o seu esprito, e adornado com a sua panplia. No necessrio, de fato, que

    devemos apresentar as suas verdades sempre em forma de dogmtica ou polmica teolgi-

    ca, porm, mesmo estas no devem ser totalmente negligenciadas, se nosso povo no ,

    ainda, totalmente doutrinado, contudo nossos ouvintes nunca devem ser deixados com

    alguma dvida quanto s verdades fundamentais, de que os pecadores so totalmente de-

    pravados, e totalmente desamparados; que os homens devem ser regenerados pelo Es-

    prito de Deus; e serem justificados pela justia de Cristo imputada a eles, antes que eles

    possam obter o favor de Deus; que o povo de Deus foi criado por Ele, em Cristo Jesus, pa-

    ra as boas obras, as quais Ele de antemo Deus preparou para que andssemos nelas, e

    que eles so preservados pelo poder de Deus, mediante a f, para a salvao por este

    Deus que o soberano do universo, e autor de todas as coisas, moralmente boas, na cria-

    tura. Em suma, que o pecador arruinou a si mesmo, mas em Deus est a sua ajuda. E, cer-

    tamente, no prejudicar a eficincia do prprio ministro, o fato dele lembrar-se sempre de

    que sua capacidade vem de Deus.

    Savannah, Georgia:

    J. H. Estill, Impressora Pblica.

    1875.

    ORE PARA QUE O ESPRITO SANTO use estas palavras para trazer muitos

    Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

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    10 Sermes R. M. MCheyne

    Adorao A. W. Pink

    Agonia de Cristo J. Edwards

    Batismo, O John Gill

    Batismo de Crentes por Imerso, Um Distintivo

    Neotestamentrio e Batista William R. Downing

    Bnos do Pacto C. H. Spurgeon

    Biografia de A. W. Pink, Uma Erroll Hulse

    Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

    Doutrina da Eleio

    Cessacionismo, Provando que os Dons Carismticos

    Cessaram Peter Masters

    Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepo da

    Eleio A. W. Pink

    Como Ser uma Mulher de Deus? Paul Washer

    Como Toda a Doutrina da Predestinao corrompida

    pelos Arminianos J. Owen

    Confisso de F Batista de 1689

    Converso John Gill

    Cristo Tudo Em Todos Jeremiah Burroughs

    Cristo, Totalmente Desejvel John Flavel

    Defesa do Calvinismo, Uma C. H. Spurgeon

    Deus Salva Quem Ele Quer! J. Edwards

    Discipulado no T empo dos Puritanos, O W. Bevins

    Doutrina da Eleio, A A. W. Pink

    Eleio & Vocao R. M. MCheyne

    Eleio Particular C. H. Spurgeon

    Especial Origem da Instituio da Igreja Evanglica, A

    J. Owen

    Evangelismo Moderno A. W. Pink

    Excelncia de Cristo, A J. Edwards

    Gloriosa Predestinao, A C. H. Spurgeon

    Guia Para a Orao Fervorosa, Um A. W. Pink

    Igrejas do Novo Testamento A. W. Pink

    In Memoriam, a Cano dos Suspiros Susannah

    Spurgeon

    Incomparvel Excelncia e Santidade de Deus, A

    Jeremiah Burroughs

    Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvao

    dos Pecadores, A A. W. Pink

    Jesus! C. H. Spurgeon

    Justificao, Propiciao e Declarao C. H. Spurgeon

    Livre Graa, A C. H. Spurgeon

    Marcas de Uma Verdadeira Converso G. Whitefield

    Mito do Livre-Arbtrio, O Walter J. Chantry

    Natureza da Igreja Evanglica, A John Gill

    OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

    Sola Scriptura Sola Fide Sola Gratia Solus Christus Soli Deo Gloria

    Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a

    John Flavel

    Necessrio Vos Nascer de Novo Thomas Boston

    Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A C. H.

    Spurgeon

    Objees Soberania de Deus Respondidas A. W.

    Pink

    Orao Thomas Watson

    Pacto da Graa, O Mike Renihan

    Paixo de Cristo, A Thomas Adams

    Pecadores nas Mos de Um Deus Irado J. Edwards

    Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural

    Thomas Boston

    Plenitude do Mediador, A John Gill

    Poro do mpios, A J. Edwards

    Pregao Chocante Paul Washer

    Prerrogativa Real, A C. H. Spurgeon

    Queda, a Depravao Total do Homem em seu Estado

    Natural..., A, Edio Comemorativa de N 200

    Quem Deve Ser Batizado? C. H. Spurgeon

    Quem So Os Eleitos? C. H. Spurgeon

    Reformao Pessoal & na Orao Secreta R. M.

    M'Cheyne

    Regenerao ou Decisionismo? Paul Washer

    Salvao Pertence Ao Senhor, A C. H. Spurgeon

    Sangue, O C. H. Spurgeon

    Semper Idem Thomas Adams

    Sermes de Pscoa Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

    Owen e Charnock

    Sermes Graciosos (15 Sermes sobre a Graa de

    Deus) C. H. Spurgeon

    Soberania da Deus na Salvao dos Homens, A J.

    Edwards

    Sobre a Nossa Converso a Deus e Como Essa Doutrina

    Totalmente Corrompida Pelos Arminianos J. Owen

    Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

    Propsitos de Cristo na Instituio de Sua Igreja J.

    Owen

    Supremacia e o Poder de Deus, A A. W. Pink

    Teologia Pactual e Dispensacionalismo William R.

    Downing

    Tratado Sobre a Orao, Um John Bunyan

    Tratado Sobre o Amor de Deus, Um Bernardo de

    Claraval

    Um Cordo de Prolas Soltas, Uma Jornada Teolgica

    no Batismo de Crentes Fred Malone

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    2 Corntios 4

    1 Por isso, tendo este ministrio, segundo a misericrdia que nos foi feita, no desfalecemos;

    2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, no andando com astcia nem

    falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos conscincia de todo o homem,

    na presena de Deus, pela manifestao da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho est

    encoberto, para os que se perdem est encoberto. 4 Nos quais o deus deste sculo cegou os

    entendimentos dos incrdulos, para que lhes no resplandea a luz do evangelho da glria

    de Cristo, que a imagem de Deus. 5 Porque no nos pregamos a ns mesmos, mas a Cristo

    Jesus, o Senhor; e ns mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

    que disse que das trevas resplandecesse a luz, quem resplandeceu em nossos coraes,

    para iluminao do conhecimento da glria de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porm,

    este tesouro em vasos de barro, para que a excelncia do poder seja de Deus, e no de ns. 8 Em tudo somos atribulados, mas no angustiados; perplexos, mas no desanimados.

    9 Perseguidos, mas no desamparados; abatidos, mas no destrudos;

    10 Trazendo sempre

    por toda a parte a mortificao do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

    se manifeste tambm nos nossos corpos; 11

    E assim ns, que vivemos, estamos sempre entregues morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste tambm na

    nossa carne mortal. 12

    De maneira que em ns opera a morte, mas em vs a vida. 13

    E temos portanto o mesmo esprito de f, como est escrito: Cri, por isso falei; ns cremos tambm,

    por isso tambm falamos. 14

    Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitar

    tambm por Jesus, e nos apresentar convosco. 15

    Porque tudo isto por amor de vs, para que a graa, multiplicada por meio de muitos, faa abundar a ao de graas para glria de

    Deus. 16

    Por isso no desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

    interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

    Porque a nossa leve e momentnea tribulao

    produz para ns um peso eterno de glria mui excelente; 18

    No atentando ns nas coisas que se veem, mas nas que se no veem; porque as que se veem so temporais, e as que se

    no veem so eternas.