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Na manhã seguinte, ele acordou cedo e foi para o tribunal com Jillian acompanhados de seu advogado, para dar entrada no pedido de divórcio. Eles preencheram os formulários apropriados, pagaram uma taxa e apresentaram os documentos. Eles optaram pelo divórcio simplificado, que agiliza o processo e geralmente não envolve um tribunal. Os divórcios simplificados são divórcios não contestados e sem culpa, nos quais não há desavenças sobre o acordo. Geralmente, ele é a maneira mais barata e menos estressante de se obter o divórcio. Obtendo a aprovação de um juiz para o seu acordo consensual, os divórcios simplificados geralmente são concedidos muito rápido (30 dias após a entrada da documentação). De noite, em casa ele conversava com Ellen a respeito do divórcio. “Então El, dentro de 30 dias eu serei um homem solteiro.” Disse sorrindo, enquanto a enlaçava pela cintura. “Solteiro e sozinho?” Ela devolveu a brincadeira, enquanto suas mãos enlaçavam seu pescoço. “Não, sem nenhuma possibilidade disto acontecer”. E beijou- lhe os lábios. “E Tallulah, já conversaram sobre isso com ela?” Perguntou Ellen. Às vezes, a mera menção de sua filha deixava Patrick inseguro. Ele se preocupava com ela e como seria todo o impacto sobre ela no futuro. Ellen entendia isso. Ela ainda o amava ainda mais por causa disto. “Ellen, ela é uma menina arguta e perspicaz, mas tem somente seis anos. Você se lembra de ontem, que contamos para ela que os gêmeos eram seus irmãozinhos? Parecia que ela já sabia. E isso partiu meu coração. Não ter contado para ela antes. O que será que passou pela cabecinha dela este tempo todo? Eu gostaria de saber. Se ela não está se sentindo agredida, descuidada... não sei ... Jillian e eu concordamos com a custódia parcial, então de vez em quando ela virá ficar com a

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Na manhã seguinte, ele acordou cedo e foi para o tribunal com Jillian acompanhados de seu advogado, para dar entrada no pedido de divórcio. Eles preencheram os formulários apropriados, pagaram uma taxa e apresentaram os documentos.

Eles optaram pelo divórcio simplificado, que agiliza o processo e geralmente não envolve um tribunal. Os divórcios simplificados são divórcios não contestados e sem culpa, nos quais não há desavenças sobre o acordo. Geralmente, ele é a maneira mais barata e menos estressante de se obter o divórcio. Obtendo a aprovação de um juiz para o seu acordo consensual, os divórcios simplificados geralmente são concedidos muito rápido (30 dias após a entrada da documentação).

De noite, em casa ele conversava com Ellen a respeito do divórcio. “Então El, dentro de 30 dias eu serei um homem solteiro.” Disse sorrindo, enquanto a enlaçava pela cintura.

“Solteiro e sozinho?” Ela devolveu a brincadeira, enquanto suas mãos enlaçavam seu pescoço.

“Não, sem nenhuma possibilidade disto acontecer”. E beijou-lhe os lábios.

“E Tallulah, já conversaram sobre isso com ela?” Perguntou Ellen. Às vezes, a mera menção de sua filha deixava Patrick inseguro. Ele se preocupava com ela e como seria todo o impacto sobre ela no futuro. Ellen entendia isso. Ela ainda o amava ainda mais por causa disto.

“Ellen, ela é uma menina arguta e perspicaz, mas tem somente seis anos. Você se lembra de ontem, que contamos para ela que os gêmeos eram seus irmãozinhos? Parecia que ela já sabia. E isso partiu meu coração. Não ter contado para ela antes. O que será que passou pela cabecinha dela este tempo todo? Eu gostaria de saber. Se ela não está se sentindo agredida, descuidada... não sei ... Jillian e eu concordamos com a custódia parcial, então de vez em quando ela virá ficar com a gente, principalmente nos finais de semana. Você fica ok com isso?” Ele olhava nos olhos de Ellen, para sentir sua reação.

“Claro que sim, Paddy. Eu já falei para você que eu amo a menina, como se fosse minha!” Falou Ellen veementemente.

Sorrindo Paddy levantou-a pela cintura e deitou-a na cama. “El, nós precisamos comprar uma casa.”

"Você quer comprar uma casa?" Ela estava um pouco surpresa com a idéia.  "Estive pensando sobre isso." Patrick respondeu em um tom cauteloso que implicava que ele tinha feito muito mais do que pensar sobre o assunto. "Agora

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nós não precisamos mais morar nesta casa. Eu sei que foi conveniente vivermos tão perto, mas agora não precisamos esconder mais a nossa situação."  "É foi muito conveniente." Ela concordou e sorriu lembrando-se de todas as formas como foi.

"Mas, realmente não é grande o suficiente para nós quatro”. Ele parou de falar, para pensar a melhor forma de dizer o que ele queria dizer, sem ferir seus sentimentos. "Bem, Chris mantinha suas coisas aqui, muitas vezes ele dormiu aqui. É só ... é muito dele. São muitas lembranças. Quero começar de novo. Quero que os nossos bebês tenham um novo começo." Ele estava olhando para ela com interesse completo. “Eu estou fazendo algum sentido?”  "Você quer um lugar que seja só nosso, com lembranças nossas. Eu sei disso." Ela respondeu baixinho, e ele soltou um suspiro que não tinha sequer percebido que estava segurando.  "Yeah. Exatamente." Seus olhares se encontraram por um segundo e o quarto, de repente, parecia vibrar com as ondas de energia que saíam deles. "Eu quero que você se sinta confortável lá também." Sua voz era baixa e estranhamente quieta.

 "Eu quero fazer isso Patrick! Eu quero comprar uma casa com você. Comprar uma casa é como começar de novo. Nós precisamos disso, você está certo." Sua voz tremia de emoção, não de tristeza, mas de paixão. Ela também precisava ficar longe das memórias de Chris, o homem que uma vez pensou que seria seu companheiro de alma e longe das memórias de jantares com seu bom amigo Patrick e sua esposa. Ela precisava de algo para indicar seu novo começo, com Patrick.  ”Mas, eu quero algo que você goste tanto quanto eu. Eu estava pensando que poderíamos olhar casas grandes o suficiente para nós cinco." Ela ignorou a confusão momentânea que atravessou o rosto de Patrick com suas palavras. "Então, se ..." Ellen balançou a cabeça com força. "Não, quando Tallulah permanecer conosco, ela pode ter seu próprio quarto ... o seu próprio lugar. Suas próprias coisas. Ela pode decorá-la como ela quiser e manter as coisas dela lá. Não é um se, Patrick. É um quando. Jillian sabe que você é um bom pai. E Tallulah sabe o quanto você a ama. Eu sei que você, às vezes, se sente um fracasso, quando se trata dela. Mas, você é um homem bom. Você vive para aquela menina e ela sabe disso."

Ellen falou com tanta confiança que Patrick não teve outra escolha senão acreditar nela. Um sorriso grato irrompeu sobre os lábios. Ele não sabia o que tinha feito para merecê-la. "Você pensou em incluir Tallulah." Ele disse com um ar de descrença, mesmo sabendo que ele não deveria se surpreender. Ellen pensava nos outros bem antes de pensar em si mesma. "Eu não posso dizer o quanto isso significa para mim."

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 "Claro que eu penso nela." Ela respondeu levemente. "Ela vai ser uma parte desta família. Ela terá seu próprio lugar para correr quando seus irmãos a deixarem maluca." Respirando profundamente para manter suas emoções sob controle, então ele a puxou em um abraço apertado. "Vai dar tudo dar certo, Paddy." Ela falou e ela realmente acreditava nisso.

Era dia 10 de novembro. Era o aniversário de Ellen e eles estavam gravando cenas atrasadas de Derek/Meredith havia mais de seis horas. De manhã, Patrick tinha corrido para registrar os bebês. Com seu nome. Os seus filhos. Encontrando-se com Ellen no trailer, ele mostrou as certidões de nascimento para ela.

“Oh, Paddy, que bom! Isto foi o melhor presente de aniversário que já ganhei na vida!” Disse emocionada. Mas ele sabia que ela merecia muito mais.

Na hora do intervalo, os amigos compraram um bolo e todos cantaram parabéns para ela. Aqueles que sabiam de sua relação estavam mais felizes ainda, que puderam, enfim, contar ao mundo sobre ela. Os outros ficaram meio atônitos, quando souberam, mas no fundo, sempre tinham desconfiado de algo, e também ficaram felizes por eles.

“Está tudo certo, foi tudo ótimo. Agora, vamos, voltem ao trabalho, que vocês estão muito atrasados com as cenas.” Disse Shonda rindo.

Chegando em casa, exaustos, porém, juntos, sem precisar de Patrick entrar sorrateiramente, foram ver os bebês. Ellen correu para amamentá-los. Eles já tomavam mamadeira e comiam papinha, mas ela ainda não abria mão disto. Enquanto isso, Patrick foi ficar um pouco com Tallulah e colocá-la para dormir. Ele e Jillian tinham conversado com a menina no dia anterior, sobre o divórcio, e Patrick queria dar muita atenção a ela nestes primeiros dias.

Ela, aparentemente, entendeu tudo, e parecia ter ficado numa boa. “A única coisa ruim, é não podermos ficar todos juntos”. Tinha dito a menina. Mas ele prometeu que iria vê-la todos os dias. “Eu também quero ver meus irmãozinhos todos os dias”. Jillian prometeu que alguém a levaria na casa de Ellen, todos os dias depois de sua aula, para ela poder brincar um pouquinho com os bebês.

De volta para casa, Patrick entrou no quarto dos bebês para dar-lhes boa noite. Ellen já havia tomado banho e esperava por ele com os bebês. Eles já estavam com três meses, eram bebês gordinhos e rosados. Lindos. Patrick e Ellen não cansavam de beijá-los e apertá-los. Sean não se importava de ser apertado. Taylor, apesar de gostar de ficar só no colo, não gostava muito destas demonstrações. Ele resmungava na hora. E quando via o pai, só queria ele.

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Deixando-os no quarto com Mary, para poderem dormir. Foram para seu quarto. Eles estavam muito cansados e deitaram na cama juntos, e ficaram se abraçando, enquanto Patrick sussurrava no ouvido de Ellen.

“Feliz aniversário, meu amor. Bem, você sabe que eu sou um romântico de coração". Ele colocou a mão no peito para provar isso. Ellen deu uma risada. Ele levantou-se da cama, e, de repente, ela sentiu imediatamente um vazio sem ele por perto. "Aonde você vai?" Ela perguntou curiosa. "Pegar o seu presente. Eu comprei-o ontem, depois que saí do tribunal." Ellen franziu a testa, enquanto o observava ir até a cômoda pequena que ela tinha reservado para ele guardar suas coisas. Ele vasculhou a gaveta até encontrar o que estava procurando. Deixando escapar um suspiro satisfeito, ele agarrou a caixa embrulhada em papel prateado brilhante firmemente em sua mão.

Ellen ainda estava com a testa enrugada quando ele voltou. "Eu pensei que nós tínhamos concordado que você não compraria nada para mim hoje.” De repente, seu rosto corou ligeiramente. Eles realmente não tinham jamais trocado presentes na sua curta relação. Eles ainda não sabiam de tudo um sobre o outro.  "Eu sei que prometi, mas eu imaginei que isto iria animá-la." Ele voltou para a cama e sentou-se ao lado dela. "Além disso ... eu fiquei doido para dar isto a você."

"Você já me deu o melhor presente hoje." Sorrindo docemente, Patrick beijou sua testa para silenciá-la.  "Ellen, tudo bem”. Ele realmente não podia esperar para dar o presente a ela. Ele sabia que ela adoraria. Ele prestou atenção quando ela tinha falado sobre algo que ela tinha visto na Rodeo Drive. Ele tinha feito de tudo para garantir que ela não o comprasse para si.  "Você tem certeza? Eu me sinto mal." Balançando a cabeça, Patrick riu e empurrou o pacote prateado em suas mãos.  "Não se sinta mal. Quase que te dei isso ontem mesmo, de tanto que eu estava animado.”  Olhando para baixo, para a caixa retangular, o coração de Ellen começou a bater mais rápido. Patrick era um homem de jóias. Ela sempre soube disso. Ela não sabia que ela estava tão nervosa. Eles estavam apaixonados, eles tiveram filhos juntos. Ele comprar-lhe uma jóia não devia ser grande coisa. Mas, sabendo como era importante para ele, ela sabia que era um grande negócio. "Você realmente tem que abrir para ver o que há dentro, Ellen." Ele zombou. Ele havia observado divertido como ela ficava silenciosamente olhando para o pacote.

 "Estou com medo." Ela brincou, mesmo sendo uma espécie de verdade.

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 "Não fique. Não é um Harry Winston. Eu prometo." Suas palavras a fizeram se sentir um pouco melhor. Ela não tinha certeza do que ela faria se ele tivesse gasto muito com ela. Ela iria se sentir demasiado culpada se ele tivesse feito algo louco como comprar um diamante de alto preço. "Abra-o". Ele empurrava com um aceno de cabeça.

 "Certo". Com as mãos levemente trêmulas, ela rasgou o papel e suspirou quando a caixa com a marca Cartier familiar entrou em sua vista.

"Patrick ..." Ela disse em tom de alerta, mesmo que as palmas das mãos começassem a suar em emoção.

"Basta abri-lo." As mãos dela já haviam aberto a tampa antes mesmo que ele falasse.

"Oh ... meu Deus". Ela falou com voz estridente quando ela levantou o colar de platina com um pingente no ar. Patrick estava rindo de orelha a orelha, ele não podia parar.

"Você se lembrou?" Ela perguntou com admiração, embora ela soubesse que não deveria ter ficado surpresa. O pingente quadrado tinha um E maiúsculo escrito em relevo com pequenos diamantes em torno das bordas. Ela tinha visto meses atrás, na loja, mas não se sentia bem sobre a compra de uma coisa tão cara na época.

"Lembro-me de tudo o que você me fala".  "Você é tão extravagante." Ela disse a ele, mas o sorriso nunca deixou seu rosto. "Obrigado." Inclinando-se, beijou-o nos lábios, segurando o colar em sua mão. "Eu amei isso."  "Eu sabia que você amaria. Vamos ver como fica". Empurrando seu cabelo longe de seu pescoço, ele apertou a cadeia delicada no lugar e virou-o para que o pingente ficasse na frente. "Parece até mais bonito em você." Ela corou, mas seus olhos estavam brilhando de felicidade.

 "É o presente mais bonito que eu já ganhei."  "Bom". Sussurrou Patrick, e então ele foi incapaz de manter seus lábios longe dela por mais tempo.

Dez dias depois estavam Patrick, Ellen e Tallulah na pré-estréia de Encantada. Ele fez questão que Ellen os acompanhasse. “Nós agora somos uma família El, e só não levo os gêmeos, porque eles não iam dar sossego.” Ele tinha dito a ela. Eles tinham chegado debaixo de uma chuva de flashes. “Olhem para cá!” Dizia um fotógrafo. “Virem, fiquem juntos”. Dizia outro. Até conseguirem passar pelos

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paparazzi e chegar na porta do cinema, foi um sufoco. Para Ellen e Tallulah, pois Patrick adorava tudo aquilo. E ele merecia, mesmo. Era para ele a festa toda. Ele sentou-se no meio das duas a espera do filme. Naquela sessão só tinham convidados da Disney, entre artistas que moravam em LA, os produtores, diretores, roteiristas e outros.

Ellen sentia todos os olhares sobre ela. Todo mundo já sabia, é claro, foi um estrondoso caso. Mas, a maioria dos olhares era de simpatia, pois do jeito que Leslie colocou no comunicado, ela já tinha sofrido muito.

Patrick sorria e acenava para todo mundo. As pessoas iam ao lugar onde estavam sentados para cumprimentá-los. Geralmente, perguntavam pelos gêmeos. A história do relacionamento dos dois dava um filme de cinema, pensava Ellen.

Assim que apagaram as luzes e o filme começou, Patrick colocou um braço sobre o ombro de Ellen e outro em Tallulah. “As lindas mulheres da minha vida”. Pensava ele, orgulhoso. Ellen estava linda em seu tubinho preto. A maternidade tinha dado a ela uma beleza etérea. Ele tinha visto vários homens olhar para ela com admiração. Ela usava o colar que ele lhe tinha dado, o que o deixava feliz.

O filme foi um sucesso. Com certeza iria arrebentar nas bilheterias, do mundo todo. No final, todo mundo se levantou e bateu palmas. Tallulah adorou ver o pai na telona. “Papai, você ficou tão lindo!”. Dava gritinhos de alegria. “Eu sou lindo, T”. Disse sem nenhum pudor.

“Ai, Paddy, que ego que você tem, hein?” Disse Ellen revirando os olhos.

“Você também acha, eu sei disto.” Disse beijando-a na bochecha.

“Metido!” Ela revidou com outro beijo.

Era tão bom poder fazer isso livremente, sem esconder. Não que eles fossem fazer amor na frente de todo mundo, nem ficar se agarrando, não. Era só demonstração de carinho. Era a espontaneidade dos dois. Eles sempre foram assim. Nunca cansavam de se tocar.

Após a sessão de cinema, eles foram convidados para a festa que a Disney estava promovendo. Eles resolveram ir, mas não podiam demorar por causa de Tallulah que dormia cedo.

A festa estava ótima. Muitos artistas do set de Grey’s Anatomy foram convidados e compareceram. Estavam todos animados com a audiência da série, que só estava aumentando. A quarta temporada de GA ia de vento em popa, ainda mais agora que Ellen tinha voltado às gravações.

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Patrick deixou Tallulah com Chandra que a estava mimando, e levou Ellen para o meio da pista de dança. “Nossa, há quanto tempo tenho vontade de fazer isso.” Disse colocando os braços em volta dela.

“Eu também”. Sussurrou em seu ouvido, enlaçando-o em volta do pescoço. Ele a apertou mais para perto de si.

“Paddy, cuidado com o que vai fazer na frente de todos”. Disse divertida.

“Eles só vão ver o quanto eu te amo!” Falou e deu um longo beijo apaixonado em sua boca. Soltou seus lábios e beijou sua testa. “Eu te adoro, El. Minha vida não tem sentido sem você.”

“Te amo tanto, Paddy, que até dói”. Disse Ellen de volta.

Enfim, chegou o hiato entre as festas de fim de ano. Patrick combinou com Jillian que passaria o Natal com Tallulah e ela passaria o ano novo. No ano seguinte eles revezariam. O bebê de Jillian havia nascido, uma menina, que se chamava Rachel. Tallulah tinha escolhido o nome e agora estava dividida entre os irmãos e a irmãzinha. Não ia mais todos os dias ficar com gêmeos, como dizia ela toda importante “Tenho que ajudar minha mãe a cuidar da Rachel”. Ellen e Patrick sentiam falta dela. Os bebês também. Mas, o que fazer, era a vida. Ela adorava os gêmeos, mas também adorava a irmãzinha.

Os gêmeos estavam cada vez mais espertos. Já ficavam de pé no berço, chamando, do jeito deles, é claro. Ellen já não amamentava mais. Eles não queriam mais o leite dela, pois estavam comendo papinha, frutas, tomavam suco. Tudo era mais gostoso para o paladar deles. Continuavam a cópia xerox de Patrick. A única coisa em que pareciam com a mãe, eram as sobrancelhas arqueadas, o que os deixavam mais belos ainda.

Na véspera do Natal, Kathy e as outras irmãs vieram para a casa de Ellen. Elas iriam passar o Natal com eles. Ellen pediu e Patrick aceitou feliz. Ele não conhecia as outras irmãs dela. A casa virou uma balbúrdia de vozes, gritos de crianças, latidos de cachorros. Tallulah logo fez amizade com uma sobrinha de Ellen que tinha sua idade. Patrick se deu muito bem com as outras irmãs de Ellen e com seus respectivos maridos.

Depois da ceia de Natal, dos presentes abertos, das brincadeiras, eles puseram as crianças para dormir e continuaram a conversa. Kathy vendo Ellen entrar na cozinha levando alguns copos para lavar foi atrás dela.

“E aí, a magia continua? Acho que pela sua cara, sim.” Disse sorrindo.

“Melhor ainda, irmã. Agora que não precisamos esconder do mundo, ele está mais relaxado, mais feliz. Ele pode ser o Patrick Dempsey”.

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“Fiquei sabendo que vocês compraram uma casa nova. É aqui perto?”

“Sim, demos uma sorte danada. É na rua de trás. Ela é linda. Grande, com muitos quartos, tem um jardim enorme para os meninos poderem brincar. E é perto da casa de Jillian, então fica fácil para Tallulah ir e vir quando quiser”.

“Que ótimo. E quando vocês mudam?”

“No começo de janeiro. Eu e o Paddy vamos sair uma semana. Só nós dois, sem os meninos. Nós nunca tivemos um tempo para nós, sozinhos, sabe? Nosso começo foi bastante conturbado e logo vieram os gêmeos. Mary e Mônica vão ficar com eles para nós. E aí quando voltarmos, nos mudamos”. Respondeu Ellen feliz.

“Ah, sei, como se fosse uma lua-de-mel”. E para onde vocês vão, se é que se pode saber?” Sorria enquanto falava.

“Não vamos muito longe, não. Vamos para um hotel que um amigo de Patrick tem perto de Las Vegas. Os gêmeos ainda estão muito pequenos, e nós ficamos receosos que aconteça alguma coisa e estivermos muito longe para fazer alguma coisa”.

“Você está certa, Ellie. Mas aproveite, curta seu homem. E o meu conselho, você tem seguido?”

“Aquele de rir com ele? Não tem outro jeito com o Paddy, não. Ele é engraçado, impulsivo. Se eu não rio com ele, eu rio dele....” Se bem que tem horas que gostaria de jogar uma panela na cabeça dele”. Disse, lembrando-se dos ciúmes que às vezes o faziam descabeçado.

“Kathy, vê se pode. Ele tem ciúmes do padeiro, de um novo câmera man lá no set, que ele cismou que está dando em cima de mim, e até do meu mestre de ioga, que eu conheço há mais de quinze anos. Você acredita, nisso?” Ela perguntou com os olhos arregalados.

“Ellie, você é uma mulher linda. Ficou ainda mais bonita depois da maternidade. É compreensível que ele sinta ciúmes de você. Você não tem ciúmes dele? É um belo homem!” Perguntou Kathy.

“Se tenho. Eu morro de ciúmes das belas mulheres com quem ele contracena. Mas logo passa. Eu sei que ele tem que trabalhar.” Respondeu pensativa.

“Então, você só se controla mais do que ele, nessas horas. Ele é mais emotivo, impulsivo, eu já percebi que ele não guarda muito dos sentimentos dele para dentro, não. Ele os joga na cara da pessoa. É o jeito dele de ser, então não fique com raiva dele, quando ele tiver ciúmes de você. Depois passa, não passa?”

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“É, depois ele sempre vem pedindo perdão, com aquele olhar de cãozinho abandonado. E eu não agüento!” Disse já sorrindo.

“Viu, é isso que importa, baby.” E beijou as bochechas de Ellen. “Feliz Natal, querida.”

“Pra você também, Kathy”. Disse abraçando a irmã.

Mais tarde, já na cama, agarrados um ao outro, Patrick sussurrou no ouvido de Ellen, “ Tenho uma coisa para você”.

“Mas Paddy, você já me deu meu presente hoje”. Disse lembrando-se de um lindo vestido vermelho que encontrou em cima da sua cama, assim que saiu do banho. Patrick tinha a abraçado por trás. “Feliz Natal, meu amor!” Ela sorriu e foi logo pegar o presente que ela tinha comprado para ele, uma coleção de miniaturas de carros antigos. Ele amou. Os carros eram miniaturas de seus próprios carros de sua coleção.

“Mas eu tenho outro, porém não sei se você vai gostar dele!” Falou e sua voz parecia ansiosa, quando tirou um embrulho debaixo do travesseiro.

Ellen desconfiou do que era quando viu o tamanho e o formato do pacote.

“Paddy, você não comprou outra jóia para mim, comprou?” Ele mesmo abriu o pacote e tirando de dentro uma caixinha, ele a abriu e pegou uma linda aliança. Era um solitário. Ellen arfou.

“O que ..... Paddy, não ....”

“Ellen Pompeo, você quer se casar comigo?” Sua voz estava cheia de emoção.

“Desde a primeira vez que te vi, claro que sim Patrick Dempsey!” Respondeu enquanto duas lágrimas escorriam pelo seu rosto. “Mas, como? O divórcio já saiu?” Perguntou ela.

“Sim, antes de ontem. Mas eu queria te fazer uma surpresa, hoje. Feliz Natal, El!” Disse abraçando-a. “Eu te amo”.

“Me pegou de surpresa, mesmo. Eu também te amo muito Paddy. Feliz Natal para você também!” Beijou-o.

“Então, podemos marcar a data?” Ele perguntou divertido. “Pode ser no início de fevereiro?”

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“Sim, é uma data boa.” Depois lembrou-se de uma coisa e disse sorrindo. “Nós devemos ser o único casal que, primeiro tem filhos, depois vai para a lua-de-mel e logo após se casa”.

“Nossa relação sempre foi assim, diferente da de todo mundo!” Ele respondeu divertido.

Eles resolveram deixar para pensar em tudo no dia seguinte, pois estavam mortos de cansaço e sono. Dormiram abraçados e felizes. Tudo o que eles um dia sonharam, estava acontecendo. Eles eram uma família de verdade.

2 meses depois

Ellen tinha acabado de fazer sua ioga, conversou um pouco com John, seu mestre, e foi na cantina da academia pegar uma bebida isotônica, para repor as energias, antes de voltar para casa. Para a casa nova. Depois de sua lua-de-mel, eles tinham se mudado. E após a mudança, eles tinham se casado. Sentou-se em uma das mesas da cantina e lembrando-se do dia do casamento, ela sorriu. Nem parecia que já estava casada há um mês.

Foi uma cerimônia simples, mas emocionante. Fizeram a cerimônia no jardim da casa de Shonda que era muito bonito, e ela tinha oferecido, pois sabia que eles não queriam muita pompa. Foram poucos os convidados. Os amigos do set, Mônica, Leslie, Liz, alguns amigos em comum de Patrick e Ellen, e claro, Tallulah os gêmeos e Mary, as irmãs de Ellen e a família de Patrick.

Ellen estava maravilhosa com um vestido branco, de corte simples, bordado perto dos seios, e caía esplendorosamente bem em seu corpo perfeito. Quando Patrick a viu ele literalmente ficou de boca aberta – “El, você está sensacional! Todos os homens aqui vão ficar com inveja de mim!”

Ela riu, enquanto pegava na sua mão e iam em direção ao altar improvisado. “Paddy, você também está tão de bonito! As mulheres todas também vão me invejar!”

Tallulah estava perfeita, levando as alianças ao altar. Patrick ficou bastante emocionado, quando a viu entrando. Os gêmeos estavam lindos, com roupas de pajem, porém só conseguiram ficar com elas durante os primeiros quinze minutos.Depois começaram a ficar agitados e Mary e Mônica tiveram que dar uma voltinha com eles, e acabaram trocando suas roupas que os estavam incomodando.

Estava nesse devaneio, quando escutou uma voz masculina. “Posso me sentar, aqui com você?” Ela olhou para cima e viu um colega de ioga, de quem ela não se lembrava o nome. Ele já estava em seu lugar quando ela chegava e quando acabava a sessão ele saía rapidamente.

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“Sim, pode.” Ela respondeu com alguma dúvida em sua voz. Mas estava curiosa. Ele devia ter uns 45 anos, tinha cabelos claros e olhos verdes. Na verdade, era um homem bonito.“Obrigado. Meu nome é Jeffrey e eu sei quem você é.” Ele era simpático e como Ellen era educada e cordial, ficaram conversando por mais de meia hora. Ele falou com ela que não tinha conversado com ela antes, por causa de ela ser uma estrela. Mas, depois quando viu como ela tratava bem todos os demais, resolveu que podiam ser amigos também.

“Nossa, o papo está bom, mas realmente eu tenho que ir embora”. Disse Ellen olhando o relógio na parede. Patrick logo iria chegar de sua reunião com os publicitários de sua equipe de corridas, Vision Racing, e ela queria estar em casa quando ele chegasse.

“Ok, então até a próxima sessão”. Disse Jeffrey levantando-se e estendendo a mão para ela apertar. Ela retribuiu o cumprimento, sorrindo levemente.

Caminhando a pé até sua casa, Ellen ria interiormente. Será que ela tinha ganhado uma cantada? Patrick não poderia nem sonhar com isso. Ao abrir a porta de casa e ver os gêmeos tentando dar seus primeiros passinhos, a fez esquecer inteiramente do novo amigo.

Logo Patrick chegou e a casa virou o alvoroço que sempre acontecia. Ele era exuberante, falava alto, ria, colocava os meninos no pescoço, enfim, virava um completo meninão dentro de casa, junto aos filhos. Ellen já sabia que ele era um bom pai, mesmo antes dos gêmeos nascerem. Ela já o tinha visto com Tallulah. Mas, mesmo assim, ele superava suas expectativas.

“El, eu vou ter que ir uns dias para a Flórida, por causa da corrida de Daytona. Temos que fazer reconhecimento da pista, dos carros, antes da corrida, você se importa?” Perguntou a ela, enquanto viam o noticiário na TV.

“Você vai pilotar dessa vez, Paddy?” Perguntou temerosa. Ela sabia que essa era sua outra paixão. Correr.

“Estou querendo.... eu gosto tanto!” Respondeu pegando na mão dela.

“Então, que seja. Só tome cuidado, amor. Eu não quero que você se machuque, ok?” Falava isso, mas por dentro ela se acabava de apreensão. Ele era a sua vida. Ela tinha medo de que algo ruim pudesse acontecer com ele. Mas nunca ia demonstrar isto para ele. Melhor era pensar em coisas boas.

“Da próxima vez, quando os gêmeos estiverem maiores, podemos ir todos juntos, o que você acha?”

“Oh, vamos amar!” Não sem uma pontinha de inverdade na voz. “Quando você vai viajar? Já falou com Shonda?” Ela perguntou.

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“Vou combinar com ela amanhã, nas filmagens. Talvez ela queira que eu adiante algumas cenas.”

“Certo. E eu e os bebês iremos morrer de saudades, lindo.”

“Eu também, El”. Disse beijando seus lábios.

Patrick já estava na Flórida havia três dias, e ela tinha resolvido levar os gêmeos para a praça, a fim de que brincassem um pouco fora de casa. Ela tinha acabado as gravações mais cedo, porque Patrick não estava lá para fazer as cenas que tinham que fazer juntos. Eles estavam filmando o final da quarta temporada, e como sempre, todos já estavam muito cansados, esperando pelas férias.

Mary havia ido com eles também. Elas estavam brincando com os bebês no banco de areia, quando uma sombra caiu sobre Ellen que estava sentada com eles no chão. “Olá, que coincidência você aqui!” Olhando para cima e tampando o sol com a mão para ver melhor, Ellen descobriu o seu novo amigo Jeffrey.

“Oi, olá!” Disse na defensiva. Ela nunca tinha prestado atenção nele e agora ela virava e se mexia lá estava ele. Eles já tinham se encontrado na padaria, outro dia na lanchonete, outro dia enquanto ela fazia seu cooper. Será que ele a estava seguindo, ou ela é que estava com minhocas na cabeça e tudo era somente coincidência mesmo? Ele nunca, nessas ocasiões, tinha avançado o sinal. Ela estava era sendo metida, achando que ele estivesse interessado nela. Então, sacudindo a cabeça, ela deixou estes pensamentos ridículos irem embora.

“O que você está fazendo aqui?” Ela perguntou com um sorriso, mas curiosa, pois sabia que ele não tinha filhos. Ele já havia comentado com ela, em um destes encontros casuais.

“Acontece que eu trabalho naquele prédio logo ali em frente”, e apontou para um edifício majestoso com vidros espelhados. “Então sempre venho aqui dar uma espairecida.” Respondeu ele, omitindo que quando estava saindo de seu escritório, ele a viu na praça, e por isso foi até lá. Ele sempre a admirou, sempre a achou bonita, desde a primeira vez em que ele a viu na ioga. Mas, sempre teve receio de puxar conversa com ela. Primeiro, por ela ser uma pessoa famosa, e segundo por ela ser tão distante. A primeira impressão sobre ela passou, quando ele viu que ela tratava todo mundo muito bem . Ela era educada e sempre dava autógrafos quando alguém pedia. A segunda impressão, há pouco tempo ele soube porque era. Ela tinha segredos, que só podia compartilhar com poucas pessoas, por isso o aspecto distante. Ela não era distante, ela tinha medo que descobrissem o seu segredo.

“Estes aí são os seus bebês? Mas eu tenho que te dizer que eu acompanhei sua história pelas revistas. Você sofreu muito, não é?” Enfatizou o você.

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“Nós sofremos muito, eu e meu marido.” Era tão bom poder usar estas palavras, meu marido, ela ainda custava a crer que tinha dado tudo certo, que tinham se casado, que eram uma família linda e feliz.

Ele viu o brilho nos olhos dela quando ela disse aquilo. Mas no fundo, ele não acreditava em suas palavras. Como ela podia amar um homem que tinha feito aquilo com ela? E daí que depois de tudo o que aconteceu, ele se casou? Ele nunca faria isto com ela. Depois balançou a cabeça e continuou uma conversa amena com ela.

“É difícil cuidar de dois bebês ao mesmo tempo?” Disse se agachando e segurando na mãozinha de Taylor. O menino lhe mandou um olhar azul cristal e continuou brincando com seus brinquedinhos. “Seus filhos são lindos!” Disse honestamente.

“Eu sei”, disse Ellen orgulhosa, “eles são a cara do pai”. Lá vinha ela com esse homem de novo. Será que ela só pensava nele? Ele irritou-se um pouco. “Não acho. Acho que eles se parecem muito com você”. Ele respondeu enfaticamente.

“Oh, é porque você não conhece Patrick, pessoalmente. Quando eu o apresentar, você verá que são xerox”. Ela falou inocentemente.

Ele franziu a testa, pensando que não tinha vontade nenhuma de conhecer o marido dela. Já o tinha visto, na série, em filmes e em fotos. Só os olhos e os cabelos dos bebês pareciam com ele, o resto era todo de Ellen.

Continuaram conversando, e como acontecia na Costa Oeste dos EUA, o tempo virou sem mais nem menos e grossas gotas de chuva começaram a cair. Ellen levantou-se com Sean nos braços, enquanto Mary pegava Taylor. Mesmo sendo rápidas, elas não conseguiriam chegar em casa, com os bebês e os carrinhos, sem tomar uma grande chuvarada.

“Entrem no meu carro, que está estacionado bem ali em frente, que eu deixo vocês em casa”, disse Steve.

“Não precisa, e além do mais os carrinhos não entram dentro do seu carro”. Disse Ellen, já achando demais enfiar bebês e carrinhos dentro do carro dele.

“Não seja tola, meu carro tem um bagageiro enorme.” E apontou para ela ver o Pajero que ele dirigia no momento.

Como a chuva apertasse, Mary disse para ela “Vamos logo El, aceite a carona senão os meninos vão molhar muito.”

Chegando em frente sua casa, Ellen abriu a porta da garagem para que Jeffrey pudesse por o carro lá dentro. Ele ajudou-as a tirar os meninos e todas as tralhas.

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Ellen estava grata por sua ajuda. “Você quer entrar para tomar uma xícara de café?” Perguntou educadamente.

Ele estava morrendo de vontade de ficar mais um pouco com ela, mas resolveu que iria devagar com ela. Ele não queria assustá-la. Ele queria conquistá-la. E isso teria que ser feito lentamente. “Não, outro dia eu venho tomar café com você, obrigado”.

“Eu é que agradeço por você nos ter dado carona”. Disse sorrindo Ellen.

“Então, a gente se vê na ioga, sim?”

“Certo. Adeus”

“Adeus”.

“Tem gente que quando souber disto vai ficar uma fera!” Disse Mary olhando para o rosto de Ellen.

“Você acha que o Paddy vai achar ruim de termos pegado carona com Jeffrey? Nada disso, Mary, ele é só um amigo. Patrick vai entender, e estava chovendo. Você mesma me disse para virmos logo com ele.” Disse na defensiva.

“Ellie, este homem está interessado em você. Ele não tirou os olhos de cima de você o tempo todo, eu vi. Eu só queria que você ficasse ciente disso, para sua própria proteção. E eu só te incentivei a pegar carona por causa dos bebês.” Mary respondeu.

“Ora, você está vendo coisas. Ele é gentil, é um bom amigo”. Respondeu Ellen querendo encerrar o assunto.

Mary temia por Ellen. Ela viu o olhar que ele mandou para Ellen, quando ela não estava vendo. Era um olhar de cobiça, de desejo, não era de amor, de companheirismo. Não era o olhar que Patrick tinha para ela. Ela teve medo desse homem. Preferia que Ellen não o visse nunca mais. Mas quem era ela para falar alguma coisa?

Na verdade, Jeffrey Fairlane era herdeiro de um empresário muito bem sucedido na área de hotelaria e milionário. O seu hotel Le Crowne Plaza Hotel era muito bem conceituado em LA. Ele já tinha se casado e divorciado duas vezes e não tivera filhos. Ele não se dava muito bem com crianças. Único filho homem da família, foi extremamente mimado pelos pais. Ele estava acostumado a ter tudo o que queria, inclusive mulheres. E ele, agora, queria Ellen.

“Não vou poupar esforços”, pensava ele. “Aquela mulher vai ser minha”.

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Ellen, por outro lado, nem pensava nele. Ela estava morrendo de saudades de Paddy, que iria chegar no final de semana. Ela estava gravando quase 10 horas por dia, e quando chegava em casa, ficava totalmente por conta dos gêmeos. Eles estavam crescidos e pediam muita atenção, agora. Ela só se lembrava de Jeffrey, quando chegava na ioga e o via no seu lugar de costume.

Neste dia, porém, chegando na ioga, percebeu que Jeffrey tinha trocado de lugar e agora estava ao lado dela. Ele a cumprimentou amigavelmente e começaram a fazer os exercícios. Na hora, ela ficou um pouco perturbada, mas depois com as séries de exercícios, esqueceu-se de tudo e relaxou.

Acabada a sessão, ela foi para o vestiário se trocar e depois foi para a cantina para comprar a sua bebida isotônica. A mulher do balcão lhe entregou o troco e a garrafa e quando ela se virou, esbarrou em uma pessoa que estava atrás dela, e sua garrafa caiu rolando no chão.

“Ai ... me desculpe”. Disse ela, e depois viu que era Jeffrey, e ele tinha se abaixado para pegar sua bebida.

“Não, não se desculpe, a culpa foi minha, eu cheguei sem avisar.” Disse sorrindo e entregando a garrafinha para ela. “Ainda bem que é de plástico.” Ele tinha um sorriso amigável e cativante. Por dentro, fervia de excitação, por ter encostado nela e sentido o seu perfume. Ele tinha feito de propósito, mas quem estivesse vendo, não iria notar seu interesse. Nem Ellen tinha notado, ele percebeu, pois sorriu para ele.

Novamente sentaram-se na mesma mesa, para saborearem suas bebidas. “Você costuma filmar nos finais de semana?” Ele perguntou, forçando-se a uma conversa amena, pois na verdade gostaria de agarrá-la bem ali. Ela estava adorável, com um rabo de cavalo, as bochechas coradas e os olhos brilhantes.

“Só quando estamos muito atrasados. Neste mesmo, vou filmar, porque meu marido chega amanhã e nós temos que gravar nossas cenas juntos.” Ele irritou-se interiormente. Meu marido isto, meu marido aquilo. Será que ela fazia de propósito? Mas ele não deixava transparecer o seu desagrado. Isto teria que ser feito muito lentamente, ele sabia, senão ela escorregaria pelas suas mãos. Ele tinha que conquistá-la, mas não poderia assustá-la. Então ele iria devagar. Por enquanto seria só um amigo.

“Ah, que pena. Eu ia te convidar e aos meninos também, para passearmos na praça novamente, amanhã. Os dias estão lindos aqui na Califórnia.” Ele falou com a voz amistosa. “E eu não tenho muitos amigos”. Complementou.

Como sempre o coração de Ellen se confrangia de pesar pelas pessoas solitárias. Ela era assim. Apesar do temperamento forte, ela tinha um coração doce. Não gostava de ver ninguém sofrendo.

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“Quando tiver oportunidade, eu vou apresentar o Patrick a você. Vocês podem correr juntos, ir para a academia. Ele pode ser um bom amigo. Todo mundo gosta dele.” Falou Ellen, inocentemente. Nem passava pela cabeça dela, que não era bem isso que ele gostaria de fazer. Se Patrick soubesse o que era, eles nunca poderiam ser amigos, seriam, isto sim, inimigos mortais.

“Vou gostar muito de conhecê-lo.” Respondeu mentindo. “Você vai à festa de aniversário do mestre, quinta que vem? Por que não o traz, assim você pode nos apresentar”. Ele não queria saber de Patrick, ele queria saber mesmo é se ela iria ao aniversário de John.

“Boa idéia, isto é, se ele não tiver que filmar, né? Porque ele está atrasado por causa desta viagem à Flórida.” Ela respondeu pensativamente.

Ele ficou eufórico de que isso pudesse acontecer e ela fosse desacompanhada na festa. Já estava sonhando com o dia.

Assim que o avião aterrisou, Patrick pegou um táxi e foi direto para o set de filmagem, Ellen e o resto do pessoal já estavam esperando por ele. A maioria das cenas eram de Meredith e Derek o que era bom. O ruim era que as cenas não eram de amor, “eles” estavam separados e Derek estava namorando uma enfermeira, Rose. E como ele estava doido para beijar Ellen, na hora do break entre uma cena e outra, ele a agarrou e largou um beijo em sua boca, na frente de tudo mundo, elenco, cameras man, enfim quem quer que estivesse ao lado deles.

“Paddy ... não dá para esperar chegarmos ao trailer?” Ela ria entre seus beijos.

“Não, não dá. Estava morrendo de vontade de te beijar e como não tivemos nenhuma cena de beijo.....” Ele sorriu marotamente.

“Pois é, em compensação agora você vai gravar uma cena de beijo com Rose ... e eu vou para o trailer porque eu não quero ver esta cena”. Respondeu enciumada, e foi em direção à saída, deixando-o gargalhando.

No final das gravações, estavam cansados e Patrick queria ir logo para casa para pegar os gêmeos acordados. Nem fizeram muita hora no trailer. “Vamos El, eu quero ver meus filhos, você toma banho em casa, anda!!”

“Ora, seu impaciente, deixe-me pelo menos trocar de roupa!” Disse Ellen aos tropeços, pois estava correndo e tirando as roupas de Meredith e colocando as dela. “Você quer que eu saia nua?”

“Isto seria interessante!!” Ele respondeu com desejo no olhar, vendo sua pele branca e macia. “Mas vamos, mulher, que demora.”

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Chegaram em casa e Patrick correu para o quarto dos meninos. Eles ainda estavam acordados e foi aquela alegria. Eles davam gritinhos de prazer, enquanto o pai os levantava em seus braços e os beijava sem parar. “Olá meus pequeninos, papai estava morrendo de saudades!!!” Ficou com eles por mais de uma hora, até Ellen sugerir que eles estavam ficando cada vez mais excitados e que se Patrick não parasse com a brincadeira, ninguém iria dormir naquela casa.

Colocando os bebês nos berços, com Taylor contrariado, levantando-se e ficando na ponta dos pés segurando na grade, querendo o pai. “Taylor Christopher, vá se deitar....” Dizia Ellen com amor, mas com firmeza. “Esse garotinho é terrível, Paddy, você acredita que ele toma os brinquedos da mão de Sean, toda hora? Além de puxar os cabelos do outro?” Mas estava sorrindo. Os meninos eram muito ligados um ao outro. O primeiro que acordava, ficava de pé e olhando para o outro berço, ficava chamando pelo outro, na sua linguagem, claro. Era lindo de se ver.

“E Sean, não o enfrenta de volta?” Patrick perguntou divertido.

Às vezes sim, quando ele gosta realmente do brinquedo. Mas, na maioria das vezes, ele só olha e parte para outro brinquedo. Ele é mais tranqüilo”.

“Como podem ser tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo?” Ele se perguntava, enquanto iram para o seu quarto. “E Ellen, estes dias que eu fiquei longe, eles mudaram tanto, eles agora estão parecendo demais com você.”

“Você acha mesmo? Que engraçado, o Jeffrey disse a mesma coisa...” Na hora em que falou, descobriu que não devia ter aberto a boca.

“Quem é Jeffrey?” Perguntou Patrick, já com os olhos escurecidos.

“Ele é um colega da ioga, Paddy.” Respondeu como se isso fosse uma coisa corriqueira, mas ele percebeu uma leve contração de seus lábios.

“E onde ele ficou conhecendo os meninos?” Ele a apertava.

“Ah, eu e Mary estávamos na pracinha com eles, quando ele nos viu e foi até lá para conhecê-los, pois eu não paro de falar neles na ioga. Mas o que é isso? A Santa Inquisição?” O temperamento forte dela aflorou, neste instante, quando ela percebeu que estava em meio a um interrogatório. “Jesus Paddy, ele só nos deu uma carona porque começou a chover de repente e ....”

Ele não a deixou acabar a frase. “O ... o que? Ele deu uma carona, e você aceitou?” Ele perguntou estarrecido.

“Paddy, não comece com os seus ciúmes. O que você queria que eu fizesse? Deixasse os meninos se encharcar e ficar doentes?” Ela estava ficando com raiva dele.

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“Por que então você saiu, se sabia que ia chover, sem carro?” Ele não dava tréguas.

“Porque simplesmente não sabia que ia chover, ok? Pare com estas perguntas, está enchendo o saco.” Suspirou nervosa.

“El, eu morro de ciúmes de você. O que eu posso fazer? Eu não consigo controlar meus arroubos possessivos. Eu nunca fui assim.” Falou com a cabeça baixa, sem querer confrontar os olhos dela.

O coração mole de Ellen prevaleceu. Ela o amava demais. Ela sabia que ele não pensava mal dela, na verdade. “Paddy”, disse chegando perto dele e o abraçando, “eu nunca dei margens para você sentir tanto ciúmes, dei?” Ele abanou a cabeça em negativa.

“Eu sei disso, El. Mas você é tão linda, e tão ingênua, às vezes! Prometo que vou tentar controlar meus sentimentos. Pelos menos vou guardar meus piores ciúmes e não vou mais encher o seu saco....” Ele era assim, na mesma hora que estava morrendo de raiva, acalmava-se no instante seguinte. E ela amava isto nele, também.

“Meu amor, você acha que eu não morro de ciúmes de você também? Eu tenho muito ciúmes. Tenho ciúmes de suas fãs, de suas co-estrelas nos filmes. Mas eu confio em você.” Ela disse acariciando seus cabelos.

“Eu também confio em você, Ellen. Eu só não confio nos outros. Em suas más- intenções.” Respondeu também a acariciando.

“Qual o problema em aceitar carona de um amigo, Paddy? Ele quer te conhecer, também. Eu falei que iria apresentá-los, quem sabe ele fica seu amigo, ele é sozinho em LA?” Ela perguntou querendo apaziguar os ânimos.

“Tudo bem, El. Se você diz que é só um amigo, então posso ser amigo dele sim. Mas, lembra-se de que você pegava carona comigo antes? E eu não queria ser só seu amigo.” Ele disse, mas já estava sorrindo.

“E nem eu queria ser só sua amiga.” Disse beijando-o.

"Bem, acredito nisso." Ele provocou. Suas mãos percorriam suas costas até as coxas, como se ele memorizasse cada curva. Ele percebeu que ela estremecia, e isto o fez ainda mais ansioso para explorar o corpo dela. "Tire a roupa." Patrick pediu e ela riu e afastou-se ligeiramente.

"Você não perde tempo, héin?" Ellen o arreliou. "Eu quero ver você." Suas inspirações estavam subitamente fora de controle

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enquanto imaginava seu corpo nu. Sua presença tão próxima a ele, de repente o estava deixando louco. "Por favor?"

Balançando a cabeça em diversão, Ellen revirou os olhos, mas moveu-se para levantar sua camisa sobre a cabeça de qualquer maneira. Quem era ela para ficar brincando? Ela nunca poderia resistir ao seu olhar articulado, especialmente quando havia tanto desejo dentro de seus olhos azuis escuros.

Patrick arfou quando a sua pele branca se tornou visível. Ela não estava usando sutiã, então olhou primeiro para os seios perfeitamente arredondados antes de descer para a curva de seu abdômen. Seu olhar era tão intenso que ela estremeceu.

"Eu tenho seu corpo permanentemente gravado na minha mente." Ela corou com suas palavras. Ele era tão gentil em seus movimentos leves que trouxe lágrimas aos seus olhos. Ninguém jamais olhou para ela com tanta admiração e espanto como Patrick olhava. "Tão linda". Patrick murmurou baixo em sua garganta. Puxando-a mais para perto, sua boca foi puxada para a dela como um ímã.

O beijo começou lento e, em seguida, rapidamente se tornou frenético à medida que se reconheceram um ao outro. Parecia que tinha se passado uma eternidade desde que ele havia tocado nela. Suas mãos não poderiam nunca parar de tocar o seu corpo nu.

Ele soltou seus lábios e passou sua boca dando beijos quentes pelo pescoço e clavícula de Ellen. "Você tem muita roupa pela frente." Ela ofegava.

"Você vai ter que consertar isso". Ele resmungou. Seu rosto estava enterrado na curva suave sobre seus seios e ele se recusou a mover-se. Todo e qualquer lugar em que ele tocava, Ellen sentia que estava em chamas. Ela rapidamente começou a perder a sua capacidade de pensar.  Com as mãos trêmulas, ela encontrou o botão da calça jeans e soltou-o. A língua de Patrick foi torturar seus mamilos com leves movimentos, e Ellen tornou-se mais frenética quando ela empurrou as calças para baixo e depois fez o mesmo com suas cuecas. Ele estava duro, e mais do que pronto, e ele sussurrou quando ela pegou nele.

"El ..." Ele gemeu. Patrick estava distraído enquanto apertava a mão dela com firmeza. "Eu não vou realmente durar se você continuar fazendo isso." Ignorando-o, ela deslizou a mão sobre ele novamente.

 "Bom". Jogando seus lábios contra os dele, os seus corpos se chocaram e ambos gemiam no contato repentino.  "Eu quero levá-la lentamente." Patrick sussurrou, mas seus olhos estavam escuros com o desejo e seu corpo doía para estar dentro dela.

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 "Temos toda a noite para o lento." Com um sorriso no rosto, ele sabia que não podia e nem poderia negar-lhe qualquer coisa. Em um movimento rápido, ele levantou-a e suas pernas foram imediatamente em torno de sua cintura. Transportando-a para a cama, ele jogou-a para baixo suavemente, mas Ellen recusou-se a tirar suas pernas de seu corpo, então Patrick tombou em cima dela.

A semana passou num piscar de olhos. Eles estavam gravando as últimas cenas da quarta temporada. A última cena de Ellen, pois para Patrick ainda estavam faltando algumas. A cena era ao ar livre, e tinha poucas pessoas. Só ela, Patrick e o diretor e câmeras. Era uma cena linda, com velas, e muito romântica. E eles tinham que se beijar, beijar muito. E foi o que eles fizeram. Foi uma cena autêntica, pois eles se beijaram de língua e tudo mais, enquanto ele sussurrava em seu ouvido.

“Eu te amo, El, você é a mulher que eu sempre procurei”.

“Eu te amo também, Paddy, sou completamente apaixonada por você!”

A quinta-feira chegou e com ela a festa do mestre de Ellen. Ela não podia deixar de ir, nem que fosse só um pouco. Ela não estava achando graça de ir sem Patrick. Ele até demonstrou vontade de acompanhá-la, mas tinha que filmar suas cenas atrasadas. Então ela iria sozinha.

A festinha estava acontecendo na academia mesmo. Jeffrey e mais alguns convidados já tinham chegado e estavam provando os petiscos. Ele estava tomando uma gin tônica. Ele aguardava a chegada de Ellen. Será que ela viria sozinha? Ficava se perguntando. De repente a viu entrando pela porta. Ela estava linda com um vestido verde de alças finas, que realçava a cor de seus olhos. Ela tinha escovado os cabelos e eles estavam brilhantes. No pescoço tinha um colar maravilhoso, com um E no pingente. Nossa, como ela era maravilhosa. E pelo jeito tinha vindo sozinha, pois mais ninguém entrou junto com ela. O cara devia ser doente por deixá-la sair de casa sozinha, linda como era.

Ele esperou quieto no seu canto, ela cumprimentar o mestre e os outros convidados. Ele não queria ir chegando nela, apesar de ser sua vontade. Ele não ia assustá-la, de jeito nenhum. Quando ela chegou perto dele e deu um sorriso, o seu coração se acelerou.

“Olá Jeffrey, como tem passado?” Ela falou casualmente, sem nenhuma malícia.

“Estou ótimo. Como estão os garotinhos?” Ele deliberadamente não tocava no nome de Patrick. E não estava nem aí se ela percebesse.

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“Oh, estão ótimos, lindos como sempre”. Ela olhou ao redor, querendo pegar uma bebida para ela.

“O que você vai querer?” Ele perguntou vendo o que ela procurava.

“Eu aceitaria uma taça de champagne, por favor!”

Como eram poucos convidados, logo estavam sentados em uma roda, conversando e contando casos. Alguém pediu ao mestre para colocar música, para que pudessem dançar. Ele colocou. Logo, logo tinha casais dançando na pista onde faziam ioga costumeiramente.

“Você aceitaria dançar uma música comigo?” Jeffrey perguntou a ela.

Ela ficou sem saber o que fazer por alguns minutos. Depois resolveu que não tinha nada a ver que ela dançasse com ele. Eles eram somente amigos. Ela não sentia nada por ele, só amizade. E ela tinha certeza de que ele se sentia do mesmo jeito que ela.

“Danço sim”. Ela respondeu.

Levando-a para o centro da sala, ele pegou-a pela cintura e ela colocou as mãos levemente encostadas em seu peito. Ela deixou bastante espaço entre seus corpos, para não dar margem a falatórios depois.

Enquanto dançavam, conversavam sobre coisas amenas, mas Jeffrey fervia de vontade de apertá-la mais em seus braços. O cheiro dela o estava torturando. E ela estava lá, sem saber de nada, ou será que sabia e estava escondendo o jogo? Havia mulheres assim. Elas faziam de tudo para o homem ficar cada vez mais apaixonado por elas. Fingiam que não queriam nada, mas por dentro estavam doidas para serem agarradas. Será que ela era uma dessas?

A maioria das mulheres ficava doida com ele. Era só olhar para o salão. Quantas não estavam olhando para eles dançando com inveja de Ellen? Ele sabia que era o máximo. Ele sabia que era bonito, atraente e rico. Muito rico. Era um partidão. Tinha muito mais dinheiro do que qualquer estrela de cinema. E daí que tivesse fracassado em seus dois casamentos? Patrick Dempsey também fora casado duas vezes, e ela o aceitou, não foi?

“Vou testá-la agora, um pouco”, pensou quando já estavam dançando a terceira música. Assim que a música terminou, ela tirou os braços de seu peito e já ia se desviando, quando ele a apertou pela cintura e a trouxe mais perto. Ela levou um susto e olhou-o com aqueles maravilhosos olhos verdes em confusão.

“Vamos dançar mais uma só, por favor!” Ele pediu com voz suave, mas olhando dentro de seus olhos, Ellen viu uma ferocidade que a fez ficar com medo dele.

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“Não .... eu tinha prometido uma e nós já dançamos três”. Disse com voz animada, tentando parecer informal.

Mas ele continuou apertando-a mais em seus braços e ela já estava se contorcendo para sair daquele abraço embaraçoso, quando escutou uma voz conhecida.

“Hum ,,,, será que eu podia dançar um pouco com a minha mulher?” Ela olhou para o lado e o alívio caiu sobre ela. Patrick estava ao lado deles, e já colocava a mão em seu ombro e a puxava lentamente em sua direção. Mas depois do alívio, veio a apreensão, pois Patrick olhava com ódio para Jeffrey, que devolvia o olhar com um sorriso zombeteiro.

“Boa noite, você deve ser, hã, vamos ver, o Patrick Dempsey?” Ele escarnecia abertamente. Se Ellen não o conhecesse, acharia que ele estava querendo uma briga. Então ela resolveu intervir.

“Paddy, este é o Jeffrey, de quem te falei outro dia. Jeffrey, este é o meu marido, Patrick.” Patrick não teve outra opção senão a de cumprimentar o patife. Será que Ellen não tinha notado que ele estava zombando deles?

“Prazer em conhecê-lo”. Mentiu Patrick.

“Igualmente.” Mentiu Jeffrey.

Olhando para os olhos apavorados de Ellen, Patrick resolveu não falar nem fazer nada no momento. Ele a levou para o centro do salão para dançar com ela.

“Quer dizer que eu deixo minha linda mulher sair sozinha, e quando chego ela está nos braços de um loiraço ...?” Ele falou sorrindo e ela relaxou quando viu que ele estava brincando com ela. “O que é que você tem contra os morenos? Só em casa você tem três. Já enjoou?” Continuou a brincadeira.

“Nunca, não vou enjoar nunca!” Disse encostando totalmente nele. E ficaram assim dançando agarrados um ao outro. Se beijando levemente de vez em quando.

Patrick mandava olhares para Jeffrey, sem Ellen perceber. Era como se dissesse, “Esta mulher é minha, toda minha. Sua alma, seu amor, são meus”.

E o olhar de Jeffrey respondia, “Mas um dia será minha. Você não perde por esperar”. E se encaravam com hostilidade.

Depois de dançarem, eles conversaram mais um pouco com as pessoas que estavam ali, e após, foram se despedir do mestre.

“Que pena, vocês já vão?” Ele perguntou pesaroso.

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“Patrick filmou o dia inteiro, coitado, está muito cansado. E tem os bebês. Eles acordam cedo e amanhã a Mary vai ao médico, então vamos ter que levantar mais cedo para tomar conta deles.” Ellen explicou.

“Certo. Então vejo você na terça?”

“Sim.”

Jeffrey ficou olhando eles saírem com um olhar feroz.

O mestre John chegou perto dele neste instante. “Jeff, eu gostaria de conversar com você?” Disse com sua calma habitual.

“Sim, pode dizer”. Respondeu mal-humorado.

“Eu já estou percebendo o que você está fazendo há algumas semanas. Jeff, eu não gosto interferir na vida pessoal de meus alunos, mas eu gosto especialmente de Ellen e não gostaria de vê-la sofrendo mais. Ela passou por uma barra muito pesada tem muito pouco tempo. E agora ela se estabilizou, está feliz com seu marido e filhos. Por favor, não estrague isto. A ioga a ajudou a ir em frente quando estava com problemas. Jeff, eu também gosto de você. Eu sei os problemas que você também passa, mas se você estiver perturbando muito a Ellen, eu vou pedir que você se retire de minhas aulas.” E foi saindo para conversar com os outros convidados.

Jeffrey sentiu-se chicoteado por aquelas palavras. Quem John achava que era? A que problema ele estava se referindo? O do seu último divórcio, em que a sua ex-mulher o acusou de ser um homem violento? Não era possível que alguém pudesse acreditar naquela vagabunda! Ela mereceu o que levou. Ela era uma interesseira, só queria o dinheiro dele. Ellen não era assim. Ela o amaria de verdade. Ela seria dele, de qualquer jeito.

Chegando em casa, Patrick não sabia se puxava o assunto do novo amigo de Ellen, ou se deixava para lá. Ele tinha total confiança nela, mas lembrava-se da hora em que tinha chegado na academia e viu a cena. Ela tentava se desvencilhar do homem e ele a estava apertando para perto dele. Só de lembrar disso, a bile subia em sua garganta. Ela era tão frágil, tão ingênua, só pensava o melhor sobre as pessoas. Será que só ele percebeu o que o homem queria? Ele queria sua esposa, e deixou claro que o desprezava.

Abraçando-o, Ellen sentiu a tensão em seu corpo e adivinhou o porquê. Ela estava orgulhosa dele. Ele levou a situação numa boa, lá na academia. Não fez cenas de ciúmes e foi agradável com todos. Até com Jeffrey. Quando ela pensou nele, estremeceu. Ela não estava gostando do rumo que amizade com ele estava tomando. Ela era ingênua, mas não era boba. Aquilo ia ter que acabar.

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Nas sessões seguintes, Ellen permaneceu fria com Jeffrey. Não conversava mais com ele, e sempre que ele chegava perto, ela dava uma desculpa e saía de perto. Era melhor assim.

Jeffrey sentia que estava a perdendo. E para piorar sua situação, ele foi chamado em Nova York para gerenciar sua cadeia de hotel. Ele teria que se mudar logo. E ele não queria ficar sem Ellen. Então ele resolveu ir para a porta da casa de Ellen e esperar uma oportunidade de ficar sozinho com ela.

Na sexta-feira, de tarde, sua sorte chegou. Ele viu Patrick e a babá saindo com os meninos para um passeio, ou seja lá o que fosse. Então, saiu do carro e subindo os degraus da entrada, bateu na porta.

Ellen atendeu com um sorriso no rosto, mas quando viu quem era o sorriso se apagou.

Olá, tudo bem?” Perguntou Jeffrey e antes que Ellen pudesse responder falou. “Posso entrar, Ellen, eu preciso conversar com você?”. Ela ficou um pouco apreensiva, mas resolveu que seria bom uma conversa mesmo, ela ia resolver tudo de uma vez por todas.

“Entre, por favor!” Disse gravemente, e sentando-se de frente para ele, na sala, perguntou. “E então, o que você quer de mim?”

“Bem, eu vim aqui para te dizer que eu estou me mudando para Nova York, por causa dos negócios e gostaria que você fosse comigo. Eu quero você, estou maluco por você. Se você quiser, pode levar os gêmeos.” Disse condescendente.

A boca de Ellen se abriu e fechou várias vezes. O homem era maluco. Então a fúria subiu pelo seu corpo. Que ousadia. Vir a sua casa com uma proposta daquelas. “O... que? Como assim, você me quer, você simplesmente se perguntou se EU quero você? Você é arrogante, metido e presunçoso. Que audácia, e ainda por cima me dizendo que eu POSSO levar meus filhos. De onde você tirou a maldita idéia de que eu iria embora com você? Ela espumava de raiva.

“Ellen, eu sou um homem melhor que o seu marido, aceite isso. Sou mais rico, posso te dar o que você quiser no mundo”. Continuava com sua empáfia.

Ellen não acreditava naquelas palavras. Se ela fosse um homem teria dado um soco na cara dele. “Você é idiota, ou só está fingindo? Eu não estou com Patrick por dinheiro, estúpido.” Ela não conseguia conter suas palavras de fúria. Eu estou com ele porque o amo. Eu sou totalmente apaixonada por ele. Ele é a minha vida, o ar que respiro, ele está na minha pele, será que não percebeu isso ainda? Eu nunca vou deixá-lo por nada nesta vida! Porra, cara, com tanta mulher maravilhosa e solteira nesta cidade, você tinha que se meter justo comigo?” Ela tinha que se acalmar, estava perdendo o controle. “Você é uma criança mimada, que não sabe receber um NÃO na vida!”

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Vendo a fúria dentro de seus olhos verdes e como ela estava quase tendo um ataque histérico, Jeffrey finalmente recuou. Ela não gostava mesmo dele, como ele uma vez pensou que era só charme dela. E ele nunca precisou lutar por nada na vida, e não ia começar agora. É como ela disse, o mundo estava cheio de mulheres bonitas.

“Tá certo, eu desisto. Vou te deixar em paz, agora.” Viu que ela relaxou um pouco. “Você esta certa, eu quase nunca recebo um ‘não’ como resposta, então ainda não sei trabalhar com isso. Mas, desisto. Você é uma boa pessoa. Não vou mais te incomodar”. E estendendo a mão para ela e sorrindo, perguntou “Amigos?”

Como tinha coração mole, Ellen sorriu de volta e pegou na mão dele. “Amigos.”

Neste instante, a porta da frente se abriu e Patrick, Mary e os meninos entraram. Ele lançou um olhar curioso para os dois.

“Olá Patrick, eu já estava de saída.” Passou por ele, cumprimentando-o com a cabeça. E antes de sair, virou-se para trás. “Você é um homem de sorte.”

“Tenho certeza disso!” Patrick respondeu friamente e Jeffrey foi embora.

Mary levou os meninos para a cozinha e ele voltou-se para Ellen. “Eu deixo você sozinha por meia hora, e quando chego está atracada com o loiraço de novo? Mas disse isso sorrindo e a pegando nos braços.

“Eu não estava atracada com ele, exagerado”. Ela ria também. Como era bom saber que ele confiava nela, e que estava controlando os seus ciúmes.

“Estava sim, senhora. Ele estava assim, se encaixando em você!” E a agarrou pela cintura e a encaixou em seu corpo. “Ele estava assim, se esfregando em você!” E a beijou apaixonadamente.

“Eu estou brincando, El. Mas eu juro, que se eu vir esse homem tocando em você desse jeito, eu arrebento a cara dele.!!”

“Nossa, que fortão, hein”? Dava risadas.

“O que ele queria, El?” Perguntou sério.

“Somente se despedir. Ele vai embora para Nova York”. Preferiu não comentar que ele queria levá-la junto.

“Ah .... que ótima notícia. Deus é bom demais pra mim mesmo!”

“Metido! Vamos, os meninos têm de comer agora!” Foram juntos á cozinha dando risadas.

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- fevereiro/2009 –

A vida era boa para eles. Claro que havia dias melhores e outros piores. Eles eram uma família comum e felizes. Os feriados de fim de ano foram ótimos. Tallulah ficou com eles o tempo todo, pois Jillian tinha viajado para ficar com a família de Scott e ela preferiu ficar com o pai e Ellen. Ela tinha adoração pelos irmãozinhos e brincava muito com eles.

Eles estavam filmando a quinta temporada de GA. Quase acabando, na verdade. Os gêmeos estavam com um ano e meio. O tempo passava rápido. Eles se tornaram garotos meigos e lindos. Claro que dava trabalho, mas nada que eles não pudessem lidar.

Ellen e Patrick continuavam apaixonados, um pelo outro. Sempre faziam amor com tanta voracidade e paixão que pareciam estar envolvidos em um tipo de discussão silenciosa e interminável. Isso os deixava exaustos, com olheiras, desgastados. Eles tentavam se desvencilhar um do outro e descobriram não conseguir. Descobriram-se incapazes de manter os olhos e as mãos longe do corpo do outro.

Naquela tarde, eles quatro foram à praia escondida de Derek. Eles sempre iam lá com os meninos, eles adoravam o lugar.

Sentados em uma manta, pertinho um do outro, enquanto vigiavam as crianças, Ellen pegou na mão de Patrick.

“Amor, eu preciso te contar uma coisa!” Tinha um brilho em seus olhos.

“Boa ou ruim?” Ele perguntou beijando a ponta de seu nariz.

“Maravilhosa. Eu vou ter outro bebê!” Disse, esperando a sua reação.

Ele ficou olhando para ela com os olhos arregalados processando a informação. De repente, abriu um sorriso e a agarrando e beijou suas bochechas. “Oh, El é uma notícia maravilhosa mesmo”! Quando você ficou sabendo? Por que não me contou antes? O bebê é para quando?” Ele estava frenético, como sempre.

“Calma, amor. Fiquei sabendo ontem à tarde e só te contei hoje, porque sabia que viríamos aqui, e queria fazer uma surpresa. O bebê é para setembro, estou com um mês de gestação, e não, não sei o sexo ainda”. Respondeu, antes de ele fazer a pergunta.

“Tomara que fosse uma menininha”. Ele disse contemplando o por do sol. “Ainda bem que nossa casa tem muitos quartos”. Disse sorrindo feliz.

Page 27: Ultima parte

A areia agora estava cor de cobre, e eles corriam os dedos por ela. O oceano agitava-se como árvores no outono, suspirando de contentamento. Os meninos estavam brincando, cavando a areia molhada com suas pazinhas e enchendo seus baldinhos. O sol poente havia banhado a pele deles com um tom vivo de bronze.

Ellen continuava sentada ao seu lado na manta, a brisa da primavera correndo por seu cabelo. Ele observou a curva delicada de seu pescoço, o nariz que fungava o ar salgado, a veia escura correndo por seu braço delgado. Sentiu um nó crescer na garganta, sentiu algo dentro de si arder de desejo. Não parecia possível que ele a amasse ainda mais depois de tanto tempo. Mas amava.

“Pensando em que?” Ele sussurrou.

Ela sorriu e desviou seu olhar do oceano para ele. O sol tremulava em seus olhos.“Numa frase que ouvi. Diz que ‘uma família feliz nada mais é do que um paraíso adiantado’.

Sem perceber, eles se voltaram para os filhos. Eles estavam agora pegando a areia molhada com as mãos, achatando-a como uma panqueca, e lançando-a para longe.

“Você é quem vai dar banho neles hoje”. Disse Ellen secamente. “Eu não vou encostar um dedo neles.”

Patrick deitou-se na manta e olhou para o céu. Ele observou os raios luminosos tremeluzentes que pareciam feitos de lápis de cera. “Aqui vai um ditado pra você: O céu é um oceano de cabeça para baixo”.

“Quem disse isso?”

“Eu. Patrick Galen Dempsey”.

Eles riram. Os meninos olharam para eles e Patrick se sentou de imediato.

“Ei, fofinhos, venham aqui perto do papai”.

Com os meninos perto deles, Ellen e Patrick se aproximaram de tal maneira que seus joelhos se tocaram. Os meninos sentaram-se na frente deles e cada um de seus pais lhe abraçaram.

Eles ficaram na mesma posição, olhando as últimas gotas de doçura do dia. O sol se aproximou ainda mais da linha do horizonte, mas se recusava a descer por completo, como Taylor quando se recusava a ir para a cama.

À volta deles, a terra suspirava. Os quatro se uniram à sua respiração miraculosa.