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PR1 COR Cara do Índio Corvo Dificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear Peça a alguém que o deixe na Cova Vermelha, local onde se inicia esta ca- minhada. À sua direita, lá no alto, está o topo da encosta sul do Caldeirão, o grande vulcão que formou esta ilha e, mais perto de si, a Coroinha, nome dado a esta cumeeira em forma de meia-lua que delimita o primeiro dos dois vales mais cavados da ilha, por onde irá passar. Ao começar o percurso, sem esquecer de fechar a cancela atrás de si, desça a vereda que serve as pastagens à sua frente. O esbranquiçado dos muros de pedra, em contraste com a vegetação, aqui e ali ponteadas de junco, fazem curiosos desenhos. Teriam certamente uma das 3 finalidades que lhes são atribuídas nos Açores: dividir a propriedade, proteger o gado e as culturas agrícolas do vento, ou arrumar a pedra excedentária dos terrenos. Salta à vista, em particular, a inesperada forma circular de um desses muros a meio da encosta. (...) UNIÃO EUROPEIA Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional GOVERNO DOS AÇORES INÍCIO 39° 41’ 6.26”N; 31° 6’ 39.26”O

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PR1 CORCara do Índio

Corvo

Dificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

Peça a alguém que o deixe na Cova Vermelha, local onde se inicia esta ca-minhada. À sua direita, lá no alto, está o topo da encosta sul do Caldeirão, o grande vulcão que formou esta ilha e, mais perto de si, a Coroinha, nome dado a esta cumeeira em forma de meia-lua que delimita o primeiro dos dois vales mais cavados da ilha, por onde irá passar.

Ao começar o percurso, sem esquecer de fechar a cancela atrás de si, desça a vereda que serve as pastagens à sua frente. O esbranquiçado dos muros de pedra, em contraste com a vegetação, aqui e ali ponteadas de junco, fazem curiosos desenhos. Teriam certamente uma das 3 finalidades que lhes são atribuídas nos Açores: dividir a propriedade, proteger o gado e as culturas agrícolas do vento, ou arrumar a pedra excedentária dos terrenos. Salta à vista, em particular, a inesperada forma circular de um desses muros a meio da encosta. (...)

UNIÃO EUROPEIA

Fundo Europeu deDesenvolvimento Regional

GOVERNO DOS AÇORES

INÍCIO39° 41’ 6.26”N; 31° 6’ 39.26”O

Ao começar o percurso, sem esquecer de fechar a cancela atrás de si, desça a vereda que serve as pasta-gens à sua frente. O esbranquiçado dos muros de pedra, em contraste com a vegetação, aqui e ali pontea-das de junco, fazem curiosos desenhos. Teriam certamente uma das 3 finalidades que lhes são atribuídas nos Açores: dividir a propriedade, proteger o gado e as culturas agrícolas do vento, ou arrumar a pedra excedentária dos terrenos. Salta à vista, em particular, a inesperada forma circular de um desses muros a meio da encosta.

O que parecem ser montículos isolados de pedras mais não são que uns curiosos poços de água. Essas construções agrícolas, frequentes nas pastagens desta ilha mas sem paralelo nas demais, são pequenas covas com fundo em terra batida, a que são acrescentadas em redor algumas pedras não muito pequenas, toscamente aparelhadas. São eficientes para reter e armazenar a água da chuva, encaminhada até aqui em sulcos traçados no terreno. Outras pedras, ou lajes, dão alguma cobertura e sombra a estes reservatórios, mantendo a água mais fresca e potável para consumo do gado.

Após uma descida inicial de 150 m a vereda curva à esquerda e continua por mais 150 m em terreno mais plano, até uma bifurcação. Siga pela direita até entrar numa pastagem. Continue acompanhando a parede que lhe fica à direita e não estranhe se encontrar a erva demasiado crescida. Salte para a pastagem seguin-te e siga na mesma direção, deixando à esquerda uma pequena elevação com afloramentos rochosos. Con-tinue até chegar à falésia costeira onde se observa toda a costa norte da ilha das Flores, e onde está uma placa a indicar a “Cara do Índio”. Aí, olhe com atenção para baixo, em direção ao mar, e deverá conseguir perceber esta curiosa forma esculpida naturalmente na escarpa, que se assemelha ao perfil da cara de um índio. Continue a descer para a vila sempre junto à falésia.

O Canto do Pão de Açúcar (um recorte mais cavado na arriba) mostra um pequeno vale onde as cabras selva-gens passeiam sobre as pedras nuas próximas do mar. Esta é a única ilha dos Açores onde não há coelhos selvagens. Em compensação, estimam-se em várias dezenas as cabras selvagens que habitam as falésias costeiras em redor de quase toda a ilha. Por vezes sobem as falésias até às pastagens, para logo depois se refugiarem nestes locais inóspitos.

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

PR1 COR – Cara do ÍndioGrau de dificuldade | MÉDIO Extensão | 4.5 km Duração | 2:30 h

NOTA INTRODUTÓRIA

Peça a alguém que o deixe na Cova Vermelha, local onde se inicia esta caminhada. À sua direita, lá no alto, está o topo da encosta sul do Caldeirão, o grande vulcão que formou esta ilha e, mais perto de si, a Coroinha, nome dado a esta cumeeira em forma de meia-lua que delimita o primeiro dos dois vales mais cavados da ilha, por onde irá passar.

DESTAQUE (SEM FOTO) – localizar no “i”

|ARTESANATO E GASTRONOMIA – Do artesanato da ilha do Corvo faz parte: os bonés e boinas em lã típica, sendo a cor mais tradicional o azul-escuro com uma faixa em branco; os trabalhos em tear, com diversos artigos feitos em lã, memória de uma tradição de lanifícios quase perdida; os bordados e rendas. Merecem destaque as fechaduras típicas do Corvo, toda ela feita em madeira, incluindo as próprias chaves. As Couves da Barça, as Tortas de Erva do Calhau, o Molho de Fígado e as Couves Fritas são exemplos da gastronomia tradicional, mas que não terá facilidade em encontrar. O queijo, quando de fabrico artesanal, será algo a não perder.|

TEXTOA última aldeia dos AçoresAo começar o percurso, sem esquecer de fechar a cancela atrás de si, desça a vereda que serve as pastagens à sua frente. O esbranquiçado dos muros de pedra, em contraste com a vegetação, aqui e ali pon-teadas de junco, fazem curiosos desenhos. Teriam certamente uma das 3 finalidades que lhes são atribuídas nos Açores: dividir a propriedade, proteger o gado e as culturas agrícolas do vento, ou arrumar a pedra excedentária dos terrenos. Salta à vista, em particular, a inesperada forma circular de um desses muros a meio da encosta.O que parecem ser montículos isolados de pedras mais não são que uns curiosos poços de água. Essas construções agrícolas, frequentes nas pastagens desta ilha mas sem paralelo nas demais, são pequenas covas com fundo em terra batida, a que são acrescentadas em redor algumas pedras não muito pequenas, toscamente aparelhadas. São eficientes para reter e armazenar a água da chuva, encaminhada até aqui em sulcos traçados no terreno. Outras pedras, ou lajes, dão alguma cobertura e sombra a estes reservatórios, mantendo a água mais fresca e potável para consumo do gado.Após uma descida inicial de 150 m a vereda curva à esquerda e continua por mais 150 m em terreno mais plano, até uma bifurcação. Siga pela direita até entrar numa pastagem. Continue acompanhando a parede que lhe fica à direita e não estranhe se encontrar a erva demasiado crescida. Salte para a pastagem seguinte e siga na mesma direção, deixando à esquerda uma pequena elevação com afloramentos rochosos. Continue até chegar à falésia costeira onde se observa toda a costa norte da ilha das Flores, e onde está uma placa a indicar a “Cara do Índio”. Aí, olhe com atenção para baixo, em direção ao mar, e deverá conseguir perceber esta curiosa forma esculpida naturalmente na escarpa, que se assemelha ao perfil da cara de um índio. Continue a descer para a vila sempre junto à falésia.O Canto do Pão de Açúcar (um recorte mais cavado na arriba) mostra um pequeno vale onde as cabras selvagens passeiam sobre as pedras nuas próximas do mar. Esta é a única ilha dos Açores onde não há coelhos selvagens. Em compensação, estimam-se em várias dezenas as cabras selvagens que habitam as falésias costeiras em redor de quase toda a ilha. Por vezes sobem as falésias até às pastagens, para logo depois se refugiarem nestes locais inóspitos. Entra numa pastagem onde um arco natural em pedra desafia a gravidade. A monotonia da biodiversidade das pastagens contrasta com a das ravinas, onde cresce Picconia azorica, Solidago sempervirens, Juni-perus brevifolia e muitas outras espécies. Uns passos em frente e a Vila do Corvo revela-se aos nossos olhos. A sinalização do percurso fá-lo cruzar algumas pastagens, virando à sua esquerda sem descer demasiado, até encontrar a antiga vereda que dava acesso a estes terrenos mais altos do Morro da Fonte, e que terá agora de descer. Este local é um dos principais refúgios do Juniperus brevifolia, espécie que durante séculos foi sujeita ao abate devido à boa qualidade da sua madeira. Para além dos utensílios, alfaias e outros usos, tornou-se depois matéria-prima para artesanato. Passa junto a uma rocha desgastada pelo Homem para servir de abrigo temporário a algum aguaceiro inesperado, e chega por fim à estrada, junto a uma captação de água. Suba 50 m até ao Miradouro do Sítio do Portão para ver e apreciar novamente a Vila do Corvo.Com uma cintura litoral de arribas altíssimas em redor de quase toda a ilha, cercados no inverno por um mar frequentemente enfurecido, os corvinos ficavam, no passado, privados durante semanas do con-tacto com o exterior. Apesar da realidade ultraperiférica de todas as ilhas dos Açores é aqui que se continua a sentir mais a insularidade. Vila do Corvo é o único povoado da ilha. Desenvolvido numa pequena plataforma de uma planura que contrasta fortemente com o resto da ilha, e que a prolonga para sul, tinha na segunda metade do séc. XIX mais de 850 moradores e hoje pouco mais de 400. Neste aglomerado de casas de dois pisos, onde por baixo se criava o porco, aconchegadas à encosta, umas sobre as outras, apenas com estreitas e tortuosas ruelas a dividi-las, a que chamam de canadas ou canadinhas, poucas são as que hoje mantém as características da típica casa corvina. A telha regional dá origem à telha “de fora”, as paredes de pedra à vista estão agora rebocadas e caiadas, e desaparecem outros pormenores arqui-tetónicos sempre que se restaura ou se amplia alguma dessas casas. A parte mais antiga do povoado mantém ainda assim o aspeto nuclear que caraterizava a vila até há 50 anos atrás, agora mais diluído por

Entra numa pastagem onde um arco natural em pedra desafia a gravidade. A monotonia da biodiversidade das pastagens contrasta com a das ravinas, onde cresce Picconia azorica, Solidago sempervirens, Juniperus brevifolia e muitas outras espécies.

Uns passos em frente e a Vila do Corvo revela-se aos nossos olhos. A sinalização do percurso fá-lo cruzar algumas pastagens, virando à sua esquerda sem descer demasiado, até encontrar a antiga vereda que dava acesso a estes terrenos mais altos do Morro da Fonte, e que terá agora de descer. Este local é um dos principais refúgios do Juniperus brevifolia, espécie que durante séculos foi sujeita ao abate devido à boa qualidade da sua madeira. Para além dos utensílios, alfaias e outros usos, tornou-se depois matéria-prima para artesanato.

Passa junto a uma rocha desgastada pelo Homem para servir de abrigo temporário a algum aguaceiro ines-perado, e chega por fim à estrada, junto a uma captação de água. Suba 50 m até ao Miradouro do Sítio do Portão para ver e apreciar novamente a Vila do Corvo.

Com uma cintura litoral de arribas altíssimas em redor de quase toda a ilha, cercados no inverno por um mar frequentemente enfurecido, os corvinos ficavam, no passado, privados durante semanas do contacto com o exterior. Apesar da realidade ultraperiférica de todas as ilhas dos Açores é aqui que se continua a sentir mais a insularidade. Vila do Corvo é o único povoado da ilha. Desenvolvido numa pequena plataforma de uma planura que contrasta fortemente com o resto da ilha, e que a prolonga para sul, tinha na segunda metade do séc. XIX mais de 850 moradores e hoje pouco mais de 400. Neste aglomerado de casas de dois pisos, onde por baixo se criava o porco, aconchegadas à encosta, umas sobre as outras, apenas com estreitas e tortuo-sas ruelas a dividi-las, a que chamam de canadas ou canadinhas, poucas são as que hoje mantém as caracte-rísticas da típica casa corvina. A telha regional dá origem à telha “de fora”, as paredes de pedra à vista estão agora rebocadas e caiadas, e desaparecem outros pormenores arquitetónicos sempre que se restaura ou se amplia alguma dessas casas. A parte mais antiga do povoado mantém ainda assim o aspeto nuclear que caraterizava a vila até há 50 anos atrás, agora mais diluído por um conjunto de novas construções que foi avançando para ocidente.

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

Desça a estrada cerca de 30 m e entre no Caminho da Fonte Velha (ou Caminho da Central), antiga via que ligava a vila às Quintas e Terras Altas na parte mais elevada da ilha, onde se mantinham alguns pomares, se criavam animais e onde estão edificados os palheiros que guardam as forragens e alfaias. Uns metros abai-xo, chega à estrada para logo voltar ao caminho antigo, junto a uma placa de sinalização que indica onde termina este percurso: “Praia 2 km”. Passa por algumas pequenas hortas abandonadas, entra num troço de cimento e chega a um local com 3 possibilidades de continuação: desça pela Ladeira do Maranhão à sua direita, uma ladeira calcetada com um eixo central constituído por pedras de maiores dimensões próprias para suavizar o andamento de quem sobe ou desce. Irá agora serpentear pelas vielas estreitas da vila. Não esqueça de visitar o Centro de Interpretação Ambiental e Cultural do Corvo que acumula as funções de Dele-gação de ilha do Geoparque Açores. Além da sua componente museológica encontra aqui um espaço exposi-tivo onde, com recurso a uma maqueta da ilha, poderá receber uma elucidativa explicação sobre o que de mais interessante e importante há a saber sobre a flora, fauna e paisagem humanizada desta ilha Reserva da Biosfera. Desça até ao Largo do Outeiro, aquele que era o centro social/religioso da vila, onde está a Casa do Povo e a Casa do Espírito Santo fundada em 1871, com a emblemática coroa na fachada e um campaná-rio com sino no telhado. Siga para a direita e depois à esquerda descendo a Rua da Matriz. Chega à igreja de Nossa Senhora dos Milagres onde se venera a sua imagem, uma valiosa escultura flamenga do princípio do séc. XVI. Era hábito as pessoas de mais idade se reunirem junto desta igreja de 1795, que veio ocupar o lugar da primitiva ermida, para conversarem e conviverem.

Continue o seu périplo, tomando a liberdade de fazer um ou outro pequeno desvio para apreciar melhor o que o rodeia. Passa pelo Largo das Forças Armadas e chega à rotunda implantada junto à cabeceira da pista do aeródromo inaugurado a 28 de setembro de 1983, e da descida para o Porto da Casa construído nos anos 60 do século passado, atualmente o único que é utilizado na ilha para fins comerciais e de recreio. Tem aqui um dos 3 estabelecimentos do tipo café/restaurante, que a ilha possui. Apesar de publicitados alguns pratos como típicos da ilha, será muito difícil prová-los. Poderá, no entanto, encontrar um bom peixe, no qual o mar em redor é fértil: abrótea, veja, mero, boca negra, cherne, goraz, rocaz, chicharro ou garoupa.

Continue seguindo para oeste, pelo lado sul da pista do aeródromo. Passa por outra enseada onde está o

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

Porto do Boqueirão, onde também se arreavam barcos, e pela Casa do Bote, onde está instalado o Posto de Tu-rismo e onde pode apreciar o bote baleeiro “Corvino” idêntico às demais embarcações açorianas do género, pois também aqui se caçavam baleias, e uma expressiva exposição fotográfica do Príncipe Alberto de Mónaco.

Siga pelo Caminho dos Moinhos, apreciando os típicos moinhos de vento da ilha do Corvo que animam a pai-sagem. Chegaram a ser sete em toda a ilha. Hoje restam estes três, classificados como Imóveis de Interesse Público. Um mantém-se vestido de pedra negra, enquanto outros dois, um pouco mais afastados, foram rebocados e caiados de branco. Distinguem-se de quaisquer outros dos Açores, aproximando-se daqueles que os mouros deixaram em Portugal continental. No seu interior um engenhoso mecanismo fazia rodar a cúpula para que as velas de pano acompanhassem os ventos. Com a construção do aeródromo desapare-ceram moinhos e boa parte das terras aráveis da vila onde se cultivavam os cereais, que alimentavam estes moinhos, as atafonas e o moinho do Caldeirão. A seguir ao último desses moinhos pode apreciar junto ao mar o antigo molhe do chamado Porto Novo, o porto marítimo que servia antigamente a ilha e onde se re-bocavam as baleias que forneciam a gordura que transformada em óleo alimentava as candeias.

Depois de passar a última casa o caminho vira à esquerda, em direção ao mar, por entre as terras da Praia. Estes terrenos agrícolas já não dão trigo nem centeio, mas milho e bastantes abóboras. Junto ao mar vire à direita e siga pelo litoral onde a rocha negra se mistura com a típica vegetação de beira-mar, com destaque para o Crithmum maritimum, Solidago sempervirens e muita Azorina vidalii, espécie endémica muito comum nesta ilha, onde inclusive coloniza os telhados das casas. O percurso acaba na Praia ou Portinho da Areia, no extremo oeste da pista do aeroporto, o único areal da ilha e a sua principal zona de banhos.

A terminar este passeio aproveite para conhecer melhor a Vila do Corvo, o local habitado mais isolado do país. Se visitar a Casa de Artesanato do Corvo ficará a saber a história dos típicos barretes de pompons que resguardavam as cabeças daqueles que embarcavam nas baleeiras americanas rumo a um destino duro e de saudade. Aqui, para além dos típicos bonés e boinas em lã, sendo a cor mais tradicional o azul-escuro com uma faixa em branco, en-contra ainda, bordados, rendas e miniaturas das típicas fechaduras do Corvo, provavelmente a mais emblemática peça de artesanato da ilha, totalmente feita em madeira de cedro-do-mato incluindo as próprias chaves.

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

Início do trilho

Elevação

Geossítio

Zona balnear

Praia da Areia

Ponto de interesse

Topo

Pão de Açúcar

Porto da Casa

Vila do Corvo

Fonte Velha

Morro da Fonte

Urzea Lagos

Canto do Pão de Açúcar

Pingas

Calçada

Zimbra

Porto do Boqueirão

Baía

0 0,2 0,4 km

CAMINHOS PRINCIPAIS DE ACESSOPERCURSO TRILHO

371 m

ARTESANATO E GASTRONOMIADo artesanato da ilha do Corvo faz parte: os bonés e boinas em lã típica, sendo a cor mais tradicional o azul-escuro com uma faixa em branco; os trabalhos em tear, com diversos artigos feitos em lã, memória de uma tradição de lanifícios quase perdida; os bordados e rendas. Merecem destaque as fechaduras típicas do Corvo, toda ela feita em madeira, incluindo as próprias chaves. As Couves da Barça, as Tortas de Erva do Calhau, o Molho de Fígado e as Couves Fritas são exemplos da gastronomia tradicional, mas que não terá facilidade em encontrar. O queijo, quando de fabrico artesanal, será algo a não perder.

0

400

0

PERFIL DO TERRENOALTITUDE (m)

DISTÂNCIA (km)

300

200

100

2 4

Montanha preta

ImprimirCara do Índio

1 GUIA DE PERCURSOS PEDESTRES

Praia da AreiaTopo

Pão de Açúcar

Porto da Casa

Vila do Corvo

Fonte Velha

Morro da Fonte

Urzea Lagos

Canto do Pão de Açúcar

Pingas

Calçada

Zimbra

Porto do Boqueirão

Baía

371 m

TRILHOS DOS AÇORES CORVO

PR1 CORCara do ÍndioDificuldade: Médio Extensão: 4,5 km Duração: 2:30h Forma: Linear

CAMINHOS PRINCIPAIS DE ACESSOPERCURSO TRILHO

Início do trilho Geossítio Elevação Zona balenar39° 41’ 6.26”N;

31° 6’ 39.26”O

Ponto de interesse

0 0,2 0,4 km

0

400

0

PERFIL DO TERRENOALTITUDE (m)

DISTÂNCIA (km)

300

200

100

2 4

Parque Natural do Corvo

Área Prot. para a Gestãode Habitats ou Espécies

Peça a alguém que o deixe na Cova Vermelha, local onde se inicia esta caminhada. À sua direita, lá no alto, está o topo da encosta sul do Caldei-rão, o grande vulcão que formou esta ilha e, mais perto de si, a Coroinha, nome dado a esta cumeeira em forma de meia-lua que delimita o pri-meiro dos dois vales mais cavados da ilha, por onde irá passar.

Ao começar o percurso, sem esquecer de fechar a cancela atrás de si, desça a vereda que serve as pastagens à sua frente. O esbranquiçado dos muros de pedra, em contraste com a vegetação, aqui e ali pontea-das de junco, fazem curiosos desenhos. Teriam certamente uma das 3 finalidades que lhes são atribuídas nos Açores: dividir a propriedade, proteger o gado e as culturas agrícolas do vento, ou arrumar a pedra ex-cedentária dos terrenos. Salta à vista, em particular, a inesperada forma circular de um desses muros a meio da encosta.

O que parecem ser montículos isolados de pedras mais não são que uns curiosos poços de água. Essas construções agrícolas, frequentes nas pastagens desta ilha mas sem paralelo nas demais, são pequenas covas com fundo em terra batida, a que são acrescentadas em redor algumas pedras não muito pequenas, toscamente aparelhadas. São eficientes para reter e armazenar a água da chuva, encaminhada até aqui em sul-cos traçados no terreno. Outras pedras, ou lajes, dão alguma cobertura

e sombra a estes reservatórios, mantendo a água mais fresca e potável para consumo do gado.

Após uma descida inicial de 150 m a vereda curva à esquerda e continua por mais 150 m em terreno mais plano, até uma bifurcação. Siga pela direita até entrar numa pastagem. Continue acompanhando a parede que lhe fica à direita e não estranhe se encontrar a erva demasiado crescida. Salte para a pastagem seguinte e siga na mesma direção, dei-xando à esquerda uma pequena elevação com afloramentos rochosos.

PRC1 COR Cara do Índio

2 GUIA DE PERCURSOS PEDESTRES

ARTESANATO E GASTRONOMIA

Do artesanato da ilha do Corvo faz parte: os bonés e boinas em lã típi-ca, sendo a cor mais tradicional o azul-escuro com uma faixa em branco; os trabalhos em tear, com diversos artigos feitos em lã, memória de uma tradição de lanifícios quase perdida; os bordados e rendas. Merecem des-taque as fechaduras típicas do Corvo, toda ela feita em madeira, incluindo as próprias chaves. As Couves da Barça, as Tortas de Erva do Calhau, o Mo-lho de Fígado e as Couves Fritas são exemplos da gastronomia tradicional, mas que não terá facilidade em encontrar. O queijo, quando de fabrico artesanal, será algo a não perder.

Continue até chegar à falésia costeira onde se observa toda a costa nor-te da ilha das Flores, e onde está uma placa a indicar a “Cara do Índio”. Aí, olhe com atenção para baixo, em direção ao mar, e deverá conseguir perceber esta curiosa forma esculpida naturalmente na escarpa, que se assemelha ao perfil da cara de um índio. Continue a descer para a vila sempre junto à falésia.

O Canto do Pão de Açúcar (um recorte mais cavado na arriba) mostra um pequeno vale onde as cabras selvagens passeiam sobre as pedras nuas próximas do mar. Esta é a única ilha dos Açores onde não há coelhos selvagens. Em compensação, estimam-se em várias dezenas as cabras selvagens que habitam as falésias costeiras em redor de quase toda a ilha. Por vezes sobem as falésias até às pastagens, para logo depois se refugiarem nestes locais inóspitos.

Entra numa pastagem onde um arco natural em pedra desafia a gravi-dade. A monotonia da biodiversidade das pastagens contrasta com a das ravinas, onde cresce Picconia azorica, Solidago sempervirens, Junipe-rus brevifolia e muitas outras espécies.

Uns passos em frente e a Vila do Corvo revela-se aos nossos olhos. A si-nalização do percurso fá-lo cruzar algumas pastagens, virando à sua es-querda sem descer demasiado, até encontrar a antiga vereda que dava acesso a estes terrenos mais altos do Morro da Fonte, e que terá agora de descer. Este local é um dos principais refúgios do Juniperus brevifolia, espécie que durante séculos foi sujeita ao abate devido à boa qualidade da sua madeira. Para além dos utensílios, alfaias e outros usos, tornou--se depois matéria-prima para artesanato.

Passa junto a uma rocha desgastada pelo Homem para servir de abrigo temporário a algum aguaceiro inesperado, e chega por fim à estrada, junto a uma captação de água. Suba 50 m até ao Miradouro do Sítio do Portão para ver e apreciar novamente a Vila do Corvo.

Com uma cintura litoral de arribas altíssimas em redor de quase toda a ilha, cercados no inverno por um mar frequentemente enfurecido, os corvinos ficavam, no passado, privados durante semanas do contacto

PRC1 COR Cara do Índio

3 GUIA DE PERCURSOS PEDESTRES

com o exterior. Apesar da realidade ultraperiférica de todas as ilhas dos Açores é aqui que se continua a sentir mais a insularidade. Vila do Corvo é o único povoado da ilha. Desenvolvido numa pequena plataforma de uma planura que contrasta fortemente com o resto da ilha, e que a prolonga para sul, tinha na segunda metade do séc. XIX mais de 850 moradores e hoje pouco mais de 400. Neste aglomerado de casas de dois pisos, onde por baixo se criava o porco, aconchegadas à encosta, umas sobre as outras, apenas com estreitas e tortuosas ruelas a dividi-las, a que chamam de canadas ou canadinhas, poucas são as que hoje mantém as características da típica casa corvina. A telha regional dá origem à telha “de fora”, as paredes de pedra à vista estão agora rebocadas e caiadas, e desaparecem outros pormenores arquitetónicos sempre que se restau-ra ou se amplia alguma dessas casas. A parte mais antiga do povoado mantém ainda assim o aspeto nuclear que caraterizava a vila até há 50 anos atrás, agora mais diluído por um conjunto de novas construções que foi avançando para ocidente.

Desça a estrada cerca de 30 m e entre no Caminho da Fonte Velha (ou Caminho da Central), antiga via que ligava a vila às Quintas e Terras Altas na parte mais elevada da ilha, onde se mantinham alguns pomares, se criavam animais e onde estão edificados os palheiros que guardam as forragens e alfaias. Uns metros abaixo, chega à estrada para logo voltar ao caminho antigo, junto a uma placa de sinalização que indica onde termina este percurso: “Praia 2 km”. Passa por algumas pequenas hor-tas abandonadas, entra num troço de cimento e chega a um local com 3 possibilidades de continuação: desça pela Ladeira do Maranhão à sua di-reita, uma ladeira calcetada com um eixo central constituído por pedras de maiores dimensões próprias para suavizar o andamento de quem sobe ou desce. Irá agora serpentear pelas vielas estreitas da vila. Não esqueça de visitar o Centro de Interpretação Ambiental e Cultural do Corvo que acumula as funções de Delegação de ilha do Geoparque Açores. Além da sua componente museológica encontra aqui um espaço expositivo onde, com recurso a uma maqueta da ilha, poderá receber uma eluci-dativa explicação sobre o que de mais interessante e importante há a saber sobre a flora, fauna e paisagem humanizada desta ilha Reserva da Biosfera. Desça até ao Largo do Outeiro, aquele que era o centro social/religioso da vila, onde está a Casa do Povo e a Casa do Espírito Santo fun-dada em 1871, com a emblemática coroa na fachada e um campanário com sino no telhado. Siga para a direita e depois à esquerda descendo a Rua da Matriz. Chega à igreja de Nossa Senhora dos Milagres onde se ve-nera a sua imagem, uma valiosa escultura flamenga do princípio do séc. XVI. Era hábito as pessoas de mais idade se reunirem junto desta igreja de 1795, que veio ocupar o lugar da primitiva ermida, para conversarem e conviverem.

Continue o seu périplo, tomando a liberdade de fazer um ou outro pe-queno desvio para apreciar melhor o que o rodeia. Passa pelo Largo das Forças Armadas e chega à rotunda implantada junto à cabeceira da pista do aeródromo inaugurado a 28 de setembro de 1983, e da descida para o Porto da Casa construído nos anos 60 do século passado, atualmente o único que é utilizado na ilha para fins comerciais e de recreio. Tem

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4 GUIA DE PERCURSOS PEDESTRES

aqui um dos 3 estabelecimentos do tipo café/restaurante, que a ilha possui. Apesar de publicitados alguns pratos como típicos da ilha, será muito difícil prová-los. Poderá, no entanto, encontrar um bom peixe, no qual o mar em redor é fértil: abrótea, veja, mero, boca negra, cherne, goraz, rocaz, chicharro ou garoupa.

Continue seguindo para oeste, pelo lado sul da pista do aeródromo. Passa por outra enseada onde está o Porto do Boqueirão, onde tam-bém se arreavam barcos, e pela Casa do Bote, onde está instalado o Posto de Turismo e onde pode apreciar o bote baleeiro “Corvino” idênti-co às demais embarcações açorianas do género, pois também aqui se caçavam baleias, e uma expressiva exposição fotográfica do Príncipe Alberto de Mónaco.

Siga pelo Caminho dos Moinhos, apreciando os típicos moinhos de ven-to da ilha do Corvo que animam a paisagem. Chegaram a ser sete em toda a ilha. Hoje restam estes três, classificados como Imóveis de Inte-resse Público. Um mantém-se vestido de pedra negra, enquanto outros dois, um pouco mais afastados, foram rebocados e caiados de branco. Distinguem-se de quaisquer outros dos Açores, aproximando-se daque-les que os mouros deixaram em Portugal continental. No seu interior

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um engenhoso mecanismo fazia rodar a cúpula para que as velas de pano acompanhassem os ventos. Com a construção do aeródromo de-sapareceram moinhos e boa parte das terras aráveis da vila onde se cultivavam os cereais, que alimentavam estes moinhos, as atafonas e o moinho do Caldeirão. A seguir ao último desses moinhos pode apreciar junto ao mar o antigo molhe do chamado Porto Novo, o porto marítimo que servia antigamente a ilha e onde se rebocavam as baleias que for-neciam a gordura que transformada em óleo alimentava as candeias.

Depois de passar a última casa o caminho vira à esquerda, em direção ao mar, por entre as terras da Praia. Estes terrenos agrícolas já não dão trigo nem centeio, mas milho e bastantes abóboras. Junto ao mar vire à direita e siga pelo litoral onde a rocha negra se mistura com a típi-ca vegetação de beira-mar, com destaque para o Crithmum maritimum, Solidago sempervirens e muita Azorina vidalii, espécie endémica muito comum nesta ilha, onde inclusive coloniza os telhados das casas. O per-curso acaba na Praia ou Portinho da Areia, no extremo oeste da pista do aeroporto, o único areal da ilha e a sua principal zona de banhos.

A terminar este passeio aproveite para conhecer melhor a Vila do Corvo, o local habitado mais isolado do país. Se visitar a Casa de Artesanato do Corvo ficará a saber a história dos típicos barretes de pompons que resguardavam as cabeças daqueles que embarcavam nas baleeiras americanas rumo a um destino duro e de saudade. Aqui, para além dos típicos bonés e boinas em lã, sendo a cor mais tradicional o azul-escuro com uma faixa em branco, encontra ainda, bordados, rendas e miniatu-ras das típicas fechaduras do Corvo, provavelmente a mais emblemática peça de artesanato da ilha, totalmente feita em madeira de cedro-do--mato incluindo as próprias chaves.

PRC1 COR Cara do Índio

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