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CONTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PARA A ECONOMIA NACIONAL

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  • Contribuio das unidades de Conservao para a eConomia naCional

  • Catalogao na FonteUNEP-WCMC

    Contribuio das unidades de conservao brasileiras para a economia nacional: Sumrio

    Executivo / Rodrigo Medeiros, Carlos Eduardo Frickmann Young, Helena Boniatti Pavese

    & Fbio Frana Silva Arajo; Editores. Braslia: UNEP-WCMC, 2011.

    44 p.

    1. Unidade de Conservao. 2. Economia Ambiental. I. Medeiros, Rodrigo. II. Young,

    Carlos Eduardo Frickmann. III. United Nations Environment Program. IV. World Conservation

    Monitoring Center.

    CDU 502

    Para citar esta publicao use a seguinte referncia:

    Medeiros, R.; Young; C.E.F.; Pavese, H. B. & Arajo, F. F. S. 2011. Contribuio das unidades de con-

    servao brasileiras para a economia nacional: Sumrio Executivo. Braslia: UNEP-WCMC, 44p.

  • 4Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    eQuipe Coordenao Geral

    Helena Boniatti PaveseUNEP-WCMC

    Coordenao TcnicaDr. Rodrigo Medeiros

    Laboratrio de Gesto Ambiental IF/DCA/UFRRJInstituto Nacional de Cincia e Tecnologia em Polticas Pblicas, Estratgias e Desenvolvimento

    Dr. Carlos Eduardo Frickmann YoungGrupo de Pesquisa em Economia do Meio Ambiente IE/UFRJ

    Instituto Nacional de Cincia e Tecnologia em Polticas Pblicas, Estratgias e Desenvolvimento

    Fabio Frana Silva ArajoMinistrio do Meio Ambiente

    Equipe de Pesquisa UFRRJ/UFRJBruna Stein, Camila Rodrigues, Elizabeth Machado, Felipe Araujo, Gustavo Simas, Ins Infante,

    Vanessa Godoy e Yara Valverde

    Equipe de Pesquisa MMAFabiana Pirondi dos Santos, Helen Gurgel, Luis Henrique Neves e Marco Antnio de Souza Salgado

    ParceirosJorge Hargrave

    IPEA

    Andr Cunha GIZ

    Ana NassarLuiz de Andrade FilhoEmbaixada do Reino Unido

    Projeto Grfico e Diagramao

    Vendo Editorial (www.vendoeditorial.com.br)

    Reviso e edio finalMarco Antonio Gonalves / Paxiba Informao Ltda.

  • 5UNEP-WCMC

    1. INTRODUO PG 62. UNIDADES DE CONSERVAO E SUA IMPORTNCIA PARA A CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE PG 82.1. Desafios atuais implementao e gesto do Sistema Nacional de Unidades de Conservao

    3. DESAFIOS VALORAO DE BENS E SERVIOS ASSOCIADOS S UNIDADES DE CONSERVAO E SUA CONTRIBUIO ECONOMIA NACIONAL PG 13

    4. POTENCIAL ECONMICO DA EXPLORAO DE PRODUTOS FLORESTAIS NAS UNIDADES DE CONSERVAO PG 144.1. Produtos madeireiros4.2. Produtos no-madeireiros4.3. Concluses sobre o potencial econmico de produtos florestais nas unidades de conservao do bioma Amaznia

    5. IMPACTO ECONMICO DAS ATIVIDADES DE USO PBLICO NAS UNIDADES DE CONSERVAO PG 205.1. Estimativa do impacto econmico da visitao a Parques Nacionais na economia local5.2. Estimativa do impacto econmico da visitao no conjunto de unidades de conservao federais5.3. Estimativa do impacto econmico da visitao a Parques Estaduais na economia local5.4. Estimativa do impacto econmico da visitao no conjunto de unidades de conservao federais e estaduais5.5. Concluses sobre o impacto econmico das atividades de uso pblico em unidades de conservao

    6. POTENCIAL ECONMICO DAS RESERVAS DE CARBONO EM UNIDADES DE CONSERVAO PG 266.1. Estimativas do valor potencial do estoque de carbono em unidades de conservao6.2. As unidades de conservao no contexto do REDD e REDD Plus6.3. Concluses sobre o potencial econmico das reservas de carbono em unidades de conservao

    7. IMPACTO ECONMICO DAS UNIDADES DE CONSERVAO NA PRODUO E CONSERVAO DE RECURSOS HDRICOS PG 307.1. Gerao de energia de origem hidrulica 7.2. Captao de gua para abastecimento pblico7.3. Captao de gua para agricultura e irrigao7.4. Concluses sobre o impacto das unidades de conservao na produo e conservao de recursos hdricos

    8. UNIDADES DE CONSERVAO E REPARTIO DE RECEITAS TRIBUTRIAS PG 348.1. O ICMS Ecolgico e as unidades de conservao8.2. Concluses sobre unidades de conservao e repartio de receitas tributrias

    9. MENSAGEM FINAL PG 38

    10. ANEXOS PG 39 Notas e referncias bibliogrficas Siglas e acrnimos presentes nesta publicao

    sumrio

  • 6Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    1. IntroduoEm 2010, o Brasil figurava como a oitava econo-mia mundial, com um crescimento mdio anual de 4% nos ltimos oito anos. Esse crescimento possibilitado, entre outras razes, pela abundante disponibilidade de recursos naturais do pas, como terras frteis, gua, recursos florestais e reservas minerais variadas. No entanto, sua disponibilidade limitada no tempo e no espao, de forma que re-alizar uma boa gesto dessa base de recursos na-turais fundamental para garantir a capacidade de produo de riquezas no longo prazo. A criao de unidades de conservao reas especialmente criadas pelo poder pblico com o intuito de, entre outras finalidades, proteger recursos naturais rele-vantes uma das formas mais efetivas disposi-o da sociedade para atender essa necessidade.

    As unidades de conservao cumprem uma s-rie de funes cujos benefcios so usufrudos por grande parte da populao brasileira inclusive por setores econmicos em contnuo crescimento, sem que se deem conta disso. Alguns exemplos: parte expressiva da qualidade e da quantidade da gua que compe os reservatrios de usinas hidre-ltricas, provendo energia a cidades e indstrias, assegurada por unidades de conservao. O turis-mo que dinamiza a economia de muitos dos mu-nicpios do pas s possvel pela proteo de pai-sagens proporcionada pela presena de unidades de conservao. O desenvolvimento de frmacos e cosmticos consumidos cotidianamente, em mui-tos casos, utilizam espcies protegidas por unida-des de conservao.

    Ao mesmo tempo, as unidades de conservao contribuem de forma efetiva para enfrentar um dos grandes desafios contemporneos, a mudana cli-mtica. Ao mitigar a emisso de CO

    2 e de outros gases de efeito estufa decorrente da degradao de ecossistemas naturais, as unidades de conserva-o ajudam a impedir o aumento da concentrao desses gases na atmosfera terrestre. Esses exem-plos permitem constatar que esses espaos pro-tegidos desempenham papel crucial na proteo de recursos estratgicos para o desenvolvimento do pas, um aspecto pouco percebido pela maior

    parte da sociedade, incluindo tomadores de deci-so, e que, adicionalmente, possibilitam enfrentar o aquecimento global.

    Ao contrrio do que alguns setores da socie-dade imaginam, as unidades de conservao no constituem espaos protegidos intocveis, apar-tados de qualquer atividade humana. Como os re-sultados contidos nesta publicao demonstram, elas fornecem direta e/ou indiretamente bens e servios que satisfazem vrias necessidades da sociedade brasileira, inclusive produtivas. No en-tanto, por se tratar de produtos e servios em ge-ral de natureza pblica, prestados de forma difu-sa, seu valor no percebido pelos usurios, que na maior parte dos casos no pagam diretamente pelo seu consumo ou uso. Em outras palavras, o papel das unidades de conservao no facil-mente internalizado na economia nacional. Essa questo decorre, ao menos em parte, da falta de informaes sistematizadas que esclaream a so-ciedade sobre seu papel no provimento de bens e servios que contribuem para o desenvolvimento econmico e social do pas1.

    visando atender a essa demanda que o Centro para Monitoramento da Conservao Mundial do Programa das Naes Unidas para o Meio Ambien-te (UNEP-WCMC, na sigla em ingls) e o Ministrio do Meio Ambiente, sob a coordenao tcnica de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o apoio tcnico de GIZ e do IPEA e o apoio financeiro do DEFRA2, desenvolveram o estudo CONTRIBUIO DAS UNIDADES DE CON-SERVAO BRASILEIRAS PARA A ECONOMIA NACIONAL.

    Essa publicao apresenta os resultados de anlises sobre o impacto e o potencial econmico de cinco dos mltiplos bens e servios provisiona-dos pelas unidades de conservao para a econo-mia e sociedade brasileiras: produtos florestais, uso pblico, carbono, gua e repartio de receitas tri-butrias. Em sntese, essas anlises revelam que:

    o conjunto de servios ambientais avaliados nes-se estudo gera contribuies econmicas que,

  • 7UNEP-WCMC

    quando monetizadas, superam significativamente o montante que tem sido destinado pelas admi-nistraes pblicas manuteno do Sistema Na-cional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC);

    somente a produo de madeira em tora nas Flores-tas Nacionais e Estaduais da Amaznia, oriundas de reas manejadas segundo o modelo de conces-so florestal, tem potencial de gerar, anualmente, entre R$ 1,2 bilho a R$ 2,2 bilhes, mais do que toda a madeira nativa atualmente extrada no pas;

    a produo de borracha, somente nas 11 Reservas Extrativistas identificadas como produtoras, resul-ta em R$ 16,5 milhes anuais; j a produo de castanha-do-par tem potencial para gerar, anu-almente, R$ 39,2 milhes, considerando apenas as 17 Reservas Extrativistas analisadas. Nos dois casos, esses ganhos podem ser ampliados signi-ficativamente caso as unidades de conservao produtoras recebam investimentos para desenvol-ver sua capacidade produtiva;

    a visitao nos 67 Parques Nacionais existentes no Brasil tem potencial para gerar entre R$ 1,6 bilho e R$ 1,8 bilho por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas para o pas (cerca de 13,7 milhes de pessoas, en-tre brasileiros e estrangeiros) at 2016, ano das Olimpadas;

    a soma das estimativas de visitao pblica nas unidades de conservao federais e estaduais consideradas pelo estudo indica que, se o poten-cial das unidades for adequadamente explorado, cerca de 20 milhes de pessoas visitaro essas reas em 2016, com um impacto econmico po-tencial de cerca de R$ 2,2 bilhes naquele ano;

    a criao e manuteno das unidades de conser-vao no Brasil impediu a emisso de pelo menos 2,8 bilhes de toneladas de carbono, com um va-lor monetrio conservadoramente estimado em R$ 96 bilhes;

    considerando os limites do custo de oportunidade do capital entre 3% e 6% ao ano, pode-se estimar

    o valor do aluguel anual do estoque de carbono cujas emisses foram evitadas pelas unidades de conservao entre R$ 2,9 bilhes e R$ 5,8 bilhes por ano, valores que superam os gastos atuais e as necessidades de investimento adicional para a consolidao e melhoria dessas unidades;

    no que tange aos diferentes usos da gua pela sociedade, 80% da hidreletricidade do pas vem de fontes geradores que tm pelo menos um tribu-trio a jusante de unidade de conservao; 9% da gua para consumo humano diretamente capta-da em unidades de conservao e 26% captada em fontes a jusante de unidade de conservao; 4% da gua utilizada em agricultura e irrigao captada de fontes dentro ou a jusante de unidades de conservao;

    em bacias hidrogrficas e mananciais com maior cobertura florestal, o custo associado ao tratamen-to da gua destinada ao abastecimento pblico menor que o custo de tratamento em mananciais com baixa cobertura florestal;

    em 2009, a receita real de ICMS Ecolgico repas-sada aos municpios pela existncia de unidades de conservao em seus territrios foi de R$ 402,7 milhes. A receita potencial para 12 estados que ainda no tm legislao de ICMS Ecolgico seria de R$ 14,9 milhes, considerando um percentual de 0,5% para o critrio unidade de conservao no repasse a que os municpios fazem jus;

    Outros importantes servios ambientais como a proteo de assentamentos humanos contra des-lizamentos, enchentes e outros acidentes; a con-servao de recursos pesqueiros e a conservao da biodiversidade per se, objetivo maior das uni-dades de conservao, para a qual as tcnicas de valorao ainda encontram dificuldades em obter resultados robustos no puderam ter seus valores estimados por falta de informaes ou metodolo-gias adequadas. Por isso, os valores apresentados neste documento constituem uma subestimativa dos servios ambientais totais prestados pelas uni-dades de conservao.

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    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    20000

    18000

    16000

    14000

    12000

    10000

    8000

    6000

    4000

    2000

    0

    Fo

    nt

    e:

    SN

    UC

    , 200

    0

    1.1762.125 2.352 2.400

    2.678

    5.257

    7.104

    18.600

    Africa do Sul estados Unidos nova Zelndia

    Hectares por funcionrio

    Argentina Costa Rica Canad Austrlia Brasil

    FIGURA 3: Nmero de funcionrios por hectares protegidos no Brasil e em outros pases

    FIGURA 2: Investimento por hectare de unidade de conservao em diferentes pases

    Fo

    nt

    e:

    CN

    UC

    , No

    VE

    MB

    Ro

    DE

    201

    0

    180

    160

    140

    120

    100

    80

    60

    40

    20

    04,43

    21,3732,29

    39,71

    53,33 55,167,09

    110,39

    156,12

    Brasil Argentina Costa Rica mxico Canad Austrlia frica do Sul n. Zelndia estados Unidos

    R$ por Hectare

    sos alocados por hectare federal protegido sofre-ram uma reduo da ordem de 40% entre 2001 e 2010.

    Para que o potencial das unidades de conser-vao em prover produtos e servios sociedade brasileira seja plenamente desenvolvido, neces-srio dar passos consistentes visando a efetiva implementao destas reas. O MMA estima que, para que isso, seriam necessrios gastos correntes anuais de R$ 550 milhes, para o sistema federal, e de R$ 350 milhes, para o conjunto dos sistemas estaduais, alm de cerca de R$ 600 milhes para

    investimentos em infraestrutura e planejamento, no sistema federal, e R$ 1,2 bilho, nos sistemas estaduais. Estes valores foram estimados conside-rando os investimentos necessrios para alcanar padres mnimos de gesto efetiva, tomando como referncia sistemas consolidados da mesma ordem de grandeza do sistema brasileiro - EUA, Canad, Austrlia e Mxico, por exemplo.

    Uma comparao entre o oramento destinado s reas protegidas no Brasil e em outras naes revela que mesmo pases com PIB menores que o brasileiro investem, por hectare protegido, entre

  • 11UNEP-WCMC

    o Que o sistema naCional de unidades de conservaono Brasil, as unidades de conservao so regidas pela Lei 9.985/2000, que criou o sistema

    nacional de unidades de conservao da natureza (snuc) (figura 1), composto pelo conjunto das unidades de conservao federais, estaduais e municipais. essa lei estabelece dois grupos de unidades de conservao: o grupo das unidades de proteo integral, contendo cinco categorias de manejo, e o grupo das unidades de uso sustentvel, que contempla sete categorias de manejo (tabela 3).

    segundo o snuc, o objetivo bsico das unidades de proteo integral preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais, isto , usos que no envolvam o consumo, coleta, dano ou destruio de tais recursos. J as unidades de uso sustentvel tm como objetivo compatibilizar a conservao da natureza com o uso sustentvel de parcela dos seus recursos naturais, sendo uso sustentvel entendido como a explorao do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos renovveis e dos processos ecolgicos, de forma socialmente justa e economicamente vivel.

    FIGURA 1: Distribuio das unidades de conservao no territrio brasileiro

    Limites Estaduais

    UNIDADES DE CONSERVAO FEDERAIS

    Proteo Integral

    Uso Sustentvel

    UNIDADES DE CONSERVAO ESTADUAIS

    Proteo Integral

    Uso Sustentvel

    BIOMAS

    Amaznia

    Caatinga

    Cerrado

    Mata Atlntica

    Pampa

    Pantanal

    cinco e 25 vezes mais na manuteno dos seus sis-temas (figura 2). Ao mesmo tempo, a relao entre a superfcie protegida por unidades de conserva-o do SNUC e o nmero de funcionrios alocados em sua gesto est entre as piores do mundo. A ttulo de exemplo, enquanto na frica do Sul esta relao de um funcionrio para cada 1.176 hec-tares, no Brasil de um funcionrio para 18.600 hectares (figura 3).

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    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    UniDADeS De PROTeO inTeGRAL

    Estao EcolgicaReserva BiolgicaParque Nacional

    Monumento NaturalRefgio da Vida Silvestre

    rea de Proteo Ambientalrea de Relevante Interesse ecolgico

    Floresta NacionalReserva ExtrativistaReserva de Fauna

    Reserva de Desenvolvimento SustentvelReserva Particular do Patrimnio Natural

    UniDADeS De USO SUSTenTVeL

    TABELA 3: Grupos e categorias de unidades de conservao do SNUC (Lei 9.985/2000)

    Fonte: SNUC, 2000

    Esse enorme dficit de servidores pode ser explicado tanto pelo longo perodo sem a realiza-o de concursos pblicos ou outras estratgias de contratao de pessoal quanto pelo notvel aumento recente na superfcie do territrio na-cional protegido por unidades de conservao.

    A disponibilidade adequada de pessoal de campo fundamental para dar efetividade ges-to das unidades de conservao, no podendo ser suprida apenas por artifcios como a adoo de estratgias de gesto integrada, de sensoriamento remoto ou outros meios.

    A soluo para essas questes, que fragilizam a gesto das unidades de conservao no pas, pas-sa em grande parte pelo aumento do volume de recursos financeiros destinados a essas reas. E, para isso, necessrio que a sociedade em geral e tomadores de deciso em particular compreen-dam a relevncia do SNUC para o desenvolvimen-to econmico e social do pas, no curto e no longo prazo. Pois, ao contrrio do que postulam alguns setores da sociedade brasileira - de que as uni-dades de conservao constituem obstculos ao desenvolvimento -, essas reas fornecem servios essenciais ao pas.

  • 13UNEP-WCMC

    O projeto The Economics of Ecossistem and Biodi-versity (TEEB), em seu relatrio para formulado-res de polticas pblicas, defende que a falta de va-lor de mercado para os servios ecossistmicos, ou servios ambientais (leia abaixo), produz um negli-genciamento ou uma subvalorizao dos benefcios, geralmente de natureza pblica, por eles gerados nos processos de tomada de deciso8.

    desse conhecimento inviabiliza o clculo econmi-co, por maior que seja a intuio de que o recurso considerado tem valor.

    Em alguns casos, a determinao do valor do servio ambiental mais simples, como o forneci-mento de produtos madeireiros e no-madeireiros (madeira em tora, borracha, castanha, erva-mate etc.), que j possuem preos de mercado. Outros servios encontram maiores dificuldades de valo-rao, como o impacto econmico da visitao p-blica a uma unidade de conservao sobre a eco-nomia local ou a reduo de emisses de gases de efeito estufa por conta do desmatamento evitado pela manuteno de uma rea protegida.

    No caso deste estudo, a anlise dos bens e servios provisionados efetiva ou potencialmente pelas unidades de conservao brasileiras foi reali-zada sobre cinco temas:

    produtos florestais, uso pblico, carbono, gua e repartio de receitas tributrias.

    A escolha destes temas dentro do vasto reper-trio de bens e servios provisionados pelas unida-des de conservao levou em conta a disponibilida-de de mtodos e de dados consistentes, bem como o interesse em oferecer resultados sobre setores mais facilmente percebidos pela sociedade como parte de seu cotidiano, independentemente de grau de instruo ou classe social. Assim, no foi possvel apresentar estimativas para servios cru-ciais por falta de dados e/ou metodologias.

    As anlises e resultados, apresentados a seguir, consideraram, em sua maioria, o conjunto das 310 unidades de conservao federais e 388 unidades de conservao estaduais registradas no CNUC em no-vembro de 2010, salvo quando indicado o co trrio.

    o Que so servios amBientais ou ecossistmicos

    o meio ambiente prov tanto bens (tangveis) quanto servios (intangveis). recentemente, a expresso servios ambientais passou a ser empregada para referir-se a todos os benefcios gerados gratuitamente pelos recursos ambientais, referindo-se tanto a bens (por exemplo, madeira) quanto a servios (por exemplo, conservao de gua e lazer) propriamente ditos. a avaliao ecossistmica do milnio9, lanada em 2001 pela onu, segue essa recente abordagem, utilizando a expresso servio ambiental para designar as externalidades ambientais positivas associadas manuteno de reas naturais em todo o mundo.

    3. Desafios valorao de bens e servios associados s unidades de conservao e sua contribuio economia nacional

    A base terica deste trabalho o Princpio do Valor Econmico Total, que estabelece que o valor de um recurso ambiental pode ser obtido pela soma dos bens e servios por ele fornecidos, indepen-dentemente de seus benefcios receberem preos de mercado10. Na ausncia desses preos, tcnicas conhecidas como valorao ambiental podem ser aplicadas para conferir valores monetrios a tais be-nefcios, de forma a impedir que a supresso desses bens e servios, aqui referidos como servios am-bientais, seja tratada como de custo zero.

    A qualidade da valorao econmica do servio ambiental depende do conhecimento da dinmica ecossistmica em termos fsicos e naturais (para que serve esse servio?), de forma que a ausncia

  • 14

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    As florestas brasileiras constituem elementos fundamentais para a manuteno de processos ecolgicos e um importante ativo econmico para o Brasil, com enorme potencial de explorao. Se-gundo o Servio Florestal Brasileiro (SFB)11, o pas tem aproximadamente 524 milhes de hectares de florestas, o que representa 61,5% do territrio terrestre nacional. Cerca de 98,6% desse total (ou 517 milhes de hectares) so florestas nativas, dos quais aproximadamente 75 milhes de hectares esto protegidos por unidades de conservao fe-derais, o que equivale a apenas 15% dessa rea. A cobertura florestal do bioma Amaznia ocupa qua-se 356,5 milhes de hectares, o que representa 68,93% da rea de florestas naturais do Brasil12, conforme sintetizado na tabela 4.

    As anlises sobre a explorao de produtos flo-restais madeireiros e no-madeireiros presentes nesse estudo enfocou apenas o bioma Amaznia (leia abaixo), de onde provm a maior parcela da produo de origem florestal no Brasil13 e 14. A me-nor participao dos demais biomas decorre de uma srie de fatores, entre os quais, a reduo dos remanescentes florestais em funo de sua conver-so para outros usos da terra.

    A escolha dos produtos a serem analisados le-vou em considerao sua importncia para a eco-nomia regional e a disponibilidade de dados se-gundo as necessidade do estudo. Assim, no caso dos produtos madeireiros, a anlise se restringiu madeira em tora e, no caso dos produtos no-

    TABELA 4: rea da Amaznia Legal e do bioma Amaznia

    Amaznia legal

    Bioma Amaznia

    Cobertura florestal do bioma Amaznia

    60% do Brasil

    49,29% do Brasil

    68,93% da cobertura

    florestal do Brasil

    PeRCenTUAL510.981.200

    419.694.300

    356.429.362

    ReA (HeCTAReS)

    Font

    e: M

    MA

    /CN

    UC

    , 201

    0

    4. Potencial econmico da explorao de produtos florestais nas unidades de conservao

    -madeireiros, borracha e castanha-do-par. As anlises do potencial econmico consideraram apenas as Florestas Nacionais e Florestas Esta-duais (madeira em tora) e Reservas Extrativistas (borracha e castanha), categorias de unidades de conservao que, alm de permitirem a explora-o direta dos recursos naturais, possuam os da-dos exigidos pelo estudo.

    o Que so produtos madeireiros e no-madeireiros

    Produtos madeireiros so aqueles obtidos a partir das partes lenhosas de um vegetal, isto , de seu tronco e galhos. o caso da madeira em tora, carvo, lenha e dos resduos de madeira destinados a compensados. J os no-madeireiros so os produtos florestais no-lenhosos, que inclusive constituem fonte de renda e de suprimento, inclusive alimentar, para comunidades que vivem da explorao de florestas. so leos vegetais, resinas, essncias, frutos, amndoas e sementes, fibras, corantes e partes de vegetais com uso teraputico, entre outros15.

    entre 2006 e 2008, a explorao de produtos madeireiros e no-madeireiros, oriundos de florestas naturais, gerou cerca de r$ 3,79 bilhes em todo o Brasil16. somente a contribuio de castanha-do-par, borracha, carvo vegetal, lenha e madeira em tora totalizou 86,1% desse valor.

    4.1. Produtos madeireiros como esse estudo Foi Feito

    Esse estudo foi desenvolvido a partir de levantamento bibliogrfico sobre o tema em instituies governamentais, no-gover-namentais, associaes, cooperativas, en-

  • 15UNEP-WCMC

    tre outros, complementado por entrevistas semi-estruturadas com gestores e analistas ambientais com atividades nas categorias de unidades de conservao enfocadas. O estudo se concentrou nas Florestas Nacio-nais e Estaduais - as mais compatveis com a explorao florestal sob concesso - do bioma Amaznia, de onde provm mais de 76% do volume total de madeira produzida atualmente no pas.

    As estimativas para a produo de ma-deira em toras foram geradas considerando a produo e a receita obtidas em uma das trs parcelas exploradas sob concesso na Floresta Nacional do Jamari (RO) e os va-lores observados para o setor entre 2006 e 2008, segundo o IBGE. Com os indicadores e a caracterizao das etapas da produo florestal, foram estimadas a produtividade e receita potencial a serem geradas em um ano e ao final de um ciclo de 25 anos. A adoo do ciclo de 25 anos decorre do fato de ser este o perodo mnimo necessrio para o restabelecimento da rea explorada segundo o regime de concesso para explo-rao florestal em vigor no pas.

    Quando realizada de maneira sustentvel, a ex-plorao florestal contribui para promover a con-servao dos recursos naturais explorados. Com a aprovao da Lei de Gesto de Florestas Pblicas (Lei 11.284) em 2006, o pas est experimentan-do a implantao de um modelo de explorao sustentvel de produtos florestais madeireiros na Amaznia que inclui as unidades de conservao compatveis com a atividade. Gerido pelo SFB, esse processo est baseado no modelo de concesso florestal, que adota o plano de manejo florestal de uso mltiplo (PMFS) como instrumento para definir o volume total do recurso a ser explorado em um determinado tempo pelas concessionrias.

    Deste modo, o estudo optou por avaliar um PMFS aprovado pelo SFB para a Floresta Nacional do Jamari (RO), a primeira unidade de conserva-o da Amaznia a ser objeto de concesso para

    explorao florestal. A partir dos dados dessa con-cesso, foram feitas estimativas sobre o potencial de extrao sustentvel de madeira no conjunto das 43 Florestas Nacionais e Estaduais da regio cadastradas no CNUC (tabela 5).

    A partir dos dados de produtividade fixado pelo PMFS da concesso da Floresta Nacional do Jama-ri, e considerando a bibliografia consultada, foram estabelecidos dois cenrios para o clculo do po-tencial econmico da explorao de madeira em tora nessas categorias de unidades de conserva-o, conforme detalhado a seguir:

    CENRIO 1: produo segundo o observado no pri-meiro lote de concesso florestal (Floresta Nacio-nal do Jamari), i.e., rea operacional de 56% com produtividade de 19,4 m3/ha para um ciclo de 25 anos e unidade de produo anual (UPA) corres-pondente a 1/25 da rea total;

    CENRIO 2: utilizando os limites de maximizao da produo, com base no modelo de concesso florestal e no levantamento de dados da literatu-ra, i.e., rea operacional de 78% com 25 m3/ha de produtividade para um ciclo de 25 anos e UPA correspondente a 1/25 da rea total.

    Para ambos os cenrios, o valor do metro c-bico da madeira em tora foi fixado em R$ 102,00, cifra que corresponde ao preo mdio de mercado negociado em 201017 e 18. O resultado da estimati-va do potencial econmico para os dois cenrios apresentado no quadro 1 (na prxima pgina).

    Segundo esses cenrios, a produo de madeira em tora nas Florestas Nacionais e Estaduais da Amaznia, oriundas de reas manejadas segundo o modelo de con-cesso florestal, tem potencial de gerar, anualmente, entre R$ 1,2 a R$ 2,2 bilhes. Ao final de um ciclo de 25

    TABELA 5: Florestas Nacionais e Estaduais no bioma Amaznia

    nmeRO331043

    ReA (HeCTAReS)18.952.7279.367.868

    28.320.595

    eSfeRA DA UCFederaisEstaduais

    total

    Fon

    te: M

    MA

    /CN

    UC

    , 201

    0

  • 16

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    QUADRO 1: Estimativa de produo e potencial econmico da explorao de madeira em tora em Florestas Nacionais e Florestas Estaduais no bioma Amaznia

    CenRiOS PeRCenTUAL De ReA

    OPeRACiOnAL

    ReA TOTAL (HeCTAReS)

    PRODUTiViDADe (m3/HA)

    VOLUme PRODUZiDO

    (m3/AnO)

    VALOR POTenCiAL DA PRODUO

    (miLHeS R$/AnO)

    VALOR POTenCiAL DA PRODUO em 25 AnOS (miLHeS R$)

    1

    2

    56

    78

    28.320.595

    28.320.595

    19,4

    25,0

    12.306.998

    22.090.064

    1,255

    2,253

    31,383

    56,330

    anos, este total pode alcanar entre R$ 31,4 e R$ 56,3 bilhes, sem levar em considerao a provvel valoriza-o do preo mdio da madeira ao longo desse perodo.

    Essas estimativas para os dois cenrios demonstra-mque os ganhos podem ser ainda maiores, consideran-do que parte da madeira em tora, quando beneficiada, convertida em produtos com valos agregado, com um rendimento cujo valor mdio de 35%.

    Embora a madeira processada apresente variao de preo de acordo com suas caractersticas, pode-se fa-zer uma estimativa de que o preo mdio negociado em 2010 tenha girado em torno de R$ 891,00 o metro c-bico, valor quase nove vezes superior ao valor mdio de mercado para a madeira em tora.

    4.2. Produtos no-madeireiroscomo Foi Feito esse estudo

    As estimativas de potencial econmico para os produtos no-madeireiros enfoca-ram apenas a borracha e a castanha-do--par. Para tanto, foram analisados diversos documentos tcnicos sobre sua produo na Amaznia, complementadas por consultas a profissionais que trabalham com o tema. Os dados de produo de borracha e castanha na Reserva Extrativista Chico Mendes (AC) foram adotados como referncia.

    Apesar de a explorao de borracha e castanha ser possvel em outras categorias de unidades de conservao, as estimati-vas de produtividade e receita foram gera-

    das considerando 11 Reservas Extrativis-tas, para o caso da borracha, e 17, para o caso da castanha, identificadas como as que apresentavam maior potencial para es-ses produtos. Com os dados mdios de pro-dutividade apurados em diferentes fontes, foi possvel projetar cenrios para a produ-o de borracha e castanha e seu potencial econmico para todo o bioma Amaznia para um ano. A fim de gerar dados tempo-rais equiparveis ao ciclo de produo de madeira em tora, foram feitas estimativas tambm para 25 anos.

    estimativas Para a Produo de Borracha

    A explorao da borracha (Hevea brasiliensis) atividade tradicional na regio amaznica e sua produo vem ganhando fora nos ltimos anos, devido tanto ao aumento da demanda no merca-do interno quanto ao estabelecimento de um preo mnimo de compra pelo governo federal. Sua ex-plorao tem como unidade de produo a colo-cao, rea com cerca de 400 hectares que tem em mdia 562 rvores de Hevea brasiliensis, o que equivale a 1,4 rvore por hectare. A produtividade mdia anual por colocao de 835,6 kg; cada pessoa produz cerca de 417,8 kg de borracha por ano. A produo mdia de borracha derivada do extrativismo no bioma Amaznia, entre 2006 e 2008, foi de 3.859 toneladas, comercializados a um preo mdio de R$ 2,04 o quilo19.

    Entre as 41 Reservas Extrativistas - categoria de unidade de conservao mais compatvel com a produo de borracha - existentes no bioma Amaznia, apenas 11 unidades indicaram pro-duzir borracha, segundo dados do CNUC e da Diretoria de Unidades de Conservao de Uso

  • 17UNEP-WCMC

    notas: I) PoPUlAo tRADICIoNAl EStIMADA DENtRo DAS 11 RESERVAS; II) UMA FAMlIA FoRMADA PoR, EM MDIA, CINCo INDIVDUoS; III) DoIS EM CADA CINCo INDIVDUoS AtUAM NA ExtRAo DA BoRRAChA; IV) UM INDIVDUo ExtRAI 417,8 Kg DE BoRRAChA PoR ANo; V) PREo MDIo DE R$ 4,50/Kg DE BoRRAChA

    Sustentvel do ICMBio20. Para avaliar o potencial econmico da explorao da borracha, esse estu-do adotou o valor de R$ 4,50 por kg, estabelecido pela Conab como o preo mnimo garantido para a compra em 2010.

    Na Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), adotada como referncia por esse estudo, 1.400 famlias produziram, em 2005, 400 toneladas de borracha21. Em 2010, a produo de cerca de 1.500 famlias da Reserva deve resultar em cerca de 900 toneladas, conforme estimativa do gestor dessa unidade. A partir das informaes observa-das na Reserva Chico Mendes, foi possvel estimar a produo e receita anuais geradas nas 11 Re-servas Extrativistas consideradas (quadro 2). Foi realizada, ainda, uma estimativa do volume de pro-duo e de receita potencial para 25 anos, tanto

    para as 11 Reservas analisadas quanto para o bio-ma Amaznia, considerando os dados do IBGE j mencionados (2008), sintetizada na tabela 6.

    A projeo futura (potencial) contida na tabela

    6 acima pode ser substancialmente incrementada, tanto em volume quanto em receita, por fatores como: incluso de outras Reservas Extrativistas no identificadas e de outras categorias de unidades de conservao federais, como as Reservas de Desen-volvimento Sustentvel, produtoras de borracha; acrscimo do nmero de indivduos produtores de borracha por hectare e/ou por colocao; elevao do valor de mercado da borracha e incremento da eficincia no processo de extrao da borracha, elevando a mdia de produo por colocao.

    O valor total a ser gerado com a borracha, anualmen-te, somente nas 11 Reservas Extrativistas identificadas de R$ 16,5 milhes. Em 25 anos, pode-se alcanar o valor de R$ 413 milhes, sem levar em considerao a possvel valorizao do preo mdio da borracha nesse perodo.

    A diferena entre os dados observados na Amaznia e o potencial para as 11 Reservas federais revela que a produo atual na regio pode ser ampliada caso as Reservas Extrativistas desenvolvam sua capacidade produtiva. Com isso, um adicional de mais de R$ 8,6 milhes por ano pode ser gerado, o que corresponde a R$ 217 milhes ao longo de 25 anos, se no existirem sobreposies de reas de explorao.

    estimativas Para a Produo de castanha

    A castanha um produto florestal derivado da castanheira (Bertholletia excelsa), cujo fruto co-

    QUADRO 2: Estimativa de volume e receita potencial para a produo de borracha em 11 Reservas Extrativistas federais (bioma Amaznia)

    PARA AS 11 ReSeRVAS exTRATiViSTAS AnALiSADAS

    ReA (HA)

    POPULAO TRADiCiOnAL (inDiVDUOS)i

    POPULAO TRADiCiOnAL (fAmLiAS)ii

    inDiVDUOS PRODUTOReSiii

    VOLUme eSTimADO (kG)iV

    ReCeiTA eSTimADA GeRADA (miLHeS R$/AnO)V 16,6

    3.679.815

    8.808

    4.404

    22.019

    4.143.169

    1

    Fo

    Nt

    E: M

    MA

    /CN

    UC

    , 201

    0

    TABELA 6: Comparao entre produo e receita potencial de borracha em 11 Reservas Extrativistas federais e em todo o bioma Amaznia

    miLHeS R$/AnO

    16,6i

    7,9iii

    -8,7

    miLHeS R$ em 25 AnOSiV

    413,9

    196,8

    -217,1

    ReA TOTAL (HeCTAReS)

    4.143.169

    nd

    VOLUme PRODUZiDO (kG/AnO)

    3.679.815

    3.859.000

    179.184,73

    eSCOPO

    Potencial em 11 Reservas Extrativistas federaisProduo corrente na Amaznia Brasileiraii

    diferena entre potencial e atual

    notas: I) VAloR DA BoRRAChA IgUAl A R$ 4,50/Kg PARA 2010; II) SEgUNDo DADoS DE IBgE (2008), UtIlIzANDo EStIMAtIVA REVERSA PARA DEtERMINAR oS VAloRES DE PRoDUo E RECEItA; III) VAloR DA BoRRAChA IgUAl A R$ 2,04/Kg PARA o PERoDo DE 2006 A 2008; IV) PARA o PERoDo DE 25 ANoS, No FoI CoNSIDERADA A VARIAo Do VAloR DE VENDA DA BoRRAChA No ANo BASE; ND = DADo No DISPoNVEl

    TOTAL

  • 18

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    notas: I) PoPUlAo tRADICIoNAl EStIMADA DENtRo DAS RESERVAS; II) UM EM CADA tRS INDIVDUoS DA FAMlIA So ColEtoRES; III) UM ColEtoR PRoDUz 2.815 Kg DE CAStANhA/ANo; IV) PREo MDIo DE R$ 1,49/Kg DE CAStANhA

    nhecido como castanha-do-brasil ou castanha-do--par22. A extrao de partes da castanheira tem diferentes aplicaes:

    seus frutos, conhecidos como ourios, so usa-dos como combustvel ou matria-prima para a confeco de objetos;

    a castanha, ou amndoa, o produto de maior interesse econmico; trata-se de um alimento rico em nutrientes, podendo ser consumido torrado ou usado para a extrao de leo; a torta ou farelo, obtido da extrao do leo, usado como mistura em farinhas ou raes;

    o leite extrado da castanha tem grande valor para a culinria regional e

    a madeira, que tem diferentes aplicaes.

    A inexistncia de informaes consistentes so-bre a produtividade, a localizao dos espcimes, a rea de explorao e de unidade de medio do produto dificultaram a anlise da produo da cas-tanha23. O estudo da cadeia produtiva do fruto, feito pelo Imazon24, adotado como referncia nessa an-lise, aponta que:

    uma famlia coleta cerca de 112,6 caixas de cas-tanha em uma safra de cinco meses, com mdia

    diria de aproximadamente entre duas e trs cai-xas de castanha;

    uma caixa contm entre 20 e 30 kg de castanha;

    cada famlia extrai entre 2.252 e 3.378 kg por safra, o que equivale mdia de 2.815 kg por safra.

    Um levantamento das Reservas Extrativistas produtoras de castanha, junto ao MMA e ICMBio resultou na identificao de 17 unidades que, jun-tas, equivalem a cerca de 47% das Reservas Ex-trativistas terrestres ou 41% do total da categoria no bioma25. A produo dessas 17 Reservas pode chegar a um valor muito prximo produo atu-al de todo o bioma Amaznia, o que equivale a 98,8% do total produzido no Brasil.

    A partir das informaes observadas na Reser-va Chico Mendes, foi possvel estimar o potencial anual de produo e receita gerada pela castanha nas 17 Reservas Extrativistas consideradas (quadro 3). Foi realizada, ainda, uma estimativa do volume de produo e de receita potencial para 25 anos, tanto para as 17 Reservas analisadas quanto para o bioma Amaznia, considerando os dados do IBGE (2008), sintetizada na tabela 7.

    Os valores encontrados podem aumentar signi-ficativamente, em decorrncia do refinamento dos dados disponveis, com a identificao de novas Reservas Extrativistas e a incorporao de outras categorias (Florestas Nacionais e Estaduais e as Reservas de Desenvolvimento Sustentvel) poten-cialmente produtoras de castanha; pela integrao de populao do entorno ao esforo de produo; por maior estmulo produo e incentivo venda de derivados para aumentar o valor agregado e por melhorias no escoamento da produo.

    O valor total a ser gerado com a castanha nas 17 Re-servas Extrativistas de R$ 39,2 milhes anuais, re-sultando em R$ 980 milhes ao final de 25 anos, sem considerar uma eventual valorizao do preo mdio do produto nesse perodo. O volume anual estimado a ser produzido chega a 26,3 mil toneladas.

    QUADRO 3: Estimativa de volume e receita potencial para a produo de castanha em 17 Reservas Extrativistas federais (bioma Amaznia)

    PARA AS 17 ReSeRVAS exTRATiViSTAS iDenTifiCADAS

    ReA (HA)

    POPULAO TRADiCiOnAL (inDiVDUOS)i

    POPULAO TRADiCiOnAL (COLeTOReS)ii

    VOLUme eSTimADO (kG)iii

    ReCeiTA eSTimADAGeRADA (miLHeS R$/AnO)iV 39,2

    26.309.928

    9.346

    28.039

    6.678.924

    TOTAL

  • 19UNEP-WCMC

    4.3. Concluses sobre o potencial econmico de produtos florestais nas unidades de conservao do bioma Amaznia A estimativa total do potencial econmico decor-rente da explorao de produtos florestais ma-deireiros (madeira em tora) e no madeireiros (borracha e castanha-do-par) para as unidades de conservao localizadas no bioma Amaznia (Florestas e Reservas Extrativistas) pode variar de R$ 1,3 bilho, em uma cenrio mais conservador, a R$ 2,3 bilhes anuais, usando um cenrio mais otimista. Ao projetar-se esse valor em 25 anos, que equivale ao ciclo de produo da produo madeireira, esses valores podem atingir entre R$ 32,7 bilhes e R$ 57,7 bilhes em cada cenrio.

    Como impactos positivos dessa atividade podemos citar: aumento da circulao de moeda, gerao de empregos diretos e indiretos nos municpios prximos s reas de explorao e aumento da fiscalizao da floresta pelo concessionrio e/ou comunidades.

    O estudo comprovou ainda que a explorao sus-tentvel em unidades de conservao pode incre-mentar a produo de madeira obtida segundo um modelo sustentvel de explorao, o que reduziria a demanda por produtos de origem ilegal e contri-buiria para a reduo do desmatamento.

    As estimativas apresentadas pelo estudo, para os trs casos, podem aumentar consideravelmente em decorrncia do incremento no preo de comer-cializao dos produtos florestais (por exemplo, com a certificao florestal e a manuteno de um preo mnimo pelo governo federal); do beneficia-mento dos produtos, como a produo de leos e derivados da castanha e o processamento da ma-deira (onde o metro cbico atinge a mdia de R$ 891); do aumento da eficincia da cadeia produti-va; da incluso de outras categorias de unidades de conservao de uso sustentvel, entre outros.

    A valorizao do extrativismo florestal nessas uni-dades de conservao pode conferir maior efetivi-dade ao seu papel social e ecolgico, integrando as comunidades ao processo produtivo, incremen-tando a renda familiar e reduzindo a extrao ile-gal de recursos naturais e a degradao da biodi-versidade presentes nessas reas.

    TABELA 7: Comparao entre produo e receita potencial de castanha em 17 Reservas Extrativistas federais e em todo o bioma Amaznia

    miLHeS R$/AnO

    39,2i

    44,4iii

    5,2

    miLHeS R$ em 25 AnOSiV

    980

    1.109

    129

    ReA TOTAL (HeCTAReS)

    6.678.924

    nd

    VOLUme PRODUZiDO (kG/AnO)

    26.309.928

    29.643.550

    3.333.621,62

    TiPO

    Potencial de produo em 17 Reservas Extrativistas federais

    Produo corrente na Amaznia Brasileiraii

    diferena Fo

    Nt

    E: M

    MA

    /CN

    UC

    , 201

    0

    notas: I) VAloR DA CAStANhA IgUAl A R$ 1,49/Kg PARA 2010; II) oBSERVADo A PARtIR DoS DADoS ExIStENtES EM IBgE (2008), UtIlIzANDo EStIMAtIVA REVERSA PARA DEtERMINAR oS VAloRES DE PRoDUo E RECEItA; III) VAloR DA CAStANhA IgUAl A R$ 1,50/Kg PARA o PERoDo DE 2006 A 2008; IV) PARA o PERoDo DE 25 ANoS No FoI CoNSIDERADA A VARIAo Do VAloR DE VENDA DA CAStANhA No ANo BASE; ND = DADo No DISPoNVEl.

  • 20

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    como Foi Feito esse estudo

    Para gerar estimativas de impacto econ-mico atual e potencial decorrentes da visita-o pblica a unidades de conservao, esse estudo utilizou a metodologia Money Gene-ration Model (MGM), adaptadas para a rea-lidade brasileira26. De maneira geral a meto-dologia MGM visa determinar que benefcios os gastos realizados pelos visitantes de uma unidade de conservao trazem para a econo-mia local. Tal clculo obtido pela seguinte equao:

    IMPACTO ECONMICO =nmero de visitantes x mdia de gastos por

    visitante x multiplicador27

    Para esse estudo, o nmero de vistantes foi determinado a partir de informaes de controle de acesso feito pela administrao de unidades com visitao estruturada, que possibilitou o clculo do impacto econmico atual e potencial da visitao em unidades, federais e estaduais. A mdia de gastos por vi-sitante foi obtida a partir da definio de clas-ses de gastos (deslocamento, alimentao, hospedagem, ingressos e souvenirs), conside-rando diferentes categorias de visitantes (visi-tante de um dia, com pernoite e campistas). Os clculos levaram ainda em considerao a localizao da unidade visitada (regies ru-rais, pequenas localidades, grandes localida-des e grandes centros ou capitais).

    O termo uso pblico traduz uma forma de uti-lizao e aproveitamento das unidades de conser-vao por meio da visitao, independentemente da motivao do visitante contemplao, recrea-o, esporte, observao de aves, entre outros ou do segmento do turismo em questo ecoturismo, turismo de aventura, entre outros.

    Este estudo avaliou o impacto econmico atual

    e potencial da visitao a Parques Nacionais, que tem entre suas finalidades a proteo de locais de grande beleza cnica, passveis de serem usufru-dos por meio da recreao e do turismo. Essa ca-tegoria , tambm, a que apresenta maior disponi-bilidade de dados e estudos sobre a dinmica de visitao no contexto nacional e internacional.

    Complementarmente, admitindo que o uso p-blico possvel em todas as categorias, se observa-das as limitaes legais de cada categoria e de pla-nejamento e gesto de cada unidade, foram feitas estimativas para o conjunto das unidades de con-servao federais, para o conjunto das unidades de conservao estaduais e para todas as unidades de conservao, estaduais e federais devidamente ca-dastradas no CNUC poca em que o estudo foi realizado. Para essas estimativas, foram adotados di-ferentes multiplicadores, segundo as caractersticas das reas avaliadas (leia abaixo).

    multipliCadores adotados PeLo estudo

    de maneira geral, para a anlise do impacto econmico do turismo em um determinado local, stynes (2010) recomenda a adoo de multiplicadores entre 1,0 e 2,0. considerando esta variao e a realidade e localizao das unidades de conservao brasileiras, esse estudo adotou multiplicadores segundo dois cenrios: um conservador e outro otimista (quadro 4).

    5.1. Estimativa do impacto econmico da visitao a Parques Nacionais na economia local

    5. Impacto econmico das atividades de uso pblico nas unidades de conservao

  • 21UNEP-WCMC

    Dos 67 Parques Nacionais cadastrados no CNUC, apenas 18 possuem visitao estrutu-rada, com controle do fluxo de visitantes e cobran-a de ingressos. Para os Parques Nacionais, as classes de gastos definidas (leia o box Como foi feito esse estudo) tomou como base os preos mdios observados no mercado para uma srie de itens e a mdia de gastos nos Parques Nacionais da Serra dos rgos (RJ) e Iguau (PR)28. O qua-dro 5 apresenta as categorias de gastos, conside-rando os grupos de visitantes e as caractersticas da regio abrangida.

    As estimativas do impacto do turismo em Par-ques Nacionais sobre as economias locais - bem

    como para as demais estimativas apresentadas nes-te captulo - foram calculadas sobre dois cenrios:

    CENRIO ATUAL: estima o impacto econmico da visitao com base no fluxo atual de visitantes nestas reas;

    CENRIO POTENCIAL: estima o impacto econmico da visitao considerando uma projeo do nme-ro de visitantes aos parques, a partir da consolida-o da estrutura mnima necessria destas reas.

    A tabela 8 apresenta a estimativa do impacto econmico para o cenrio atual, com o valor agre-gado para os 18 Parques Nacionais com visitao

    QUADRO 4: Multiplicadores adotados para a estimativa do impacto econmico do turismo em unidades de conservao

    CATeGORiA DO mULTiPLiCADOR

    Categoria 1Categoria 2Categoria 3Categoria 4

    VALOR DO mULTiPLiCADOR nO CenRiO

    COnSeRVADOR 1,31,41,51,6

    VALOR DO mULTiPLiCADOR nO CenRiO OTimiSTA

    1,51,61,71,8

    CARACTeRSTiCA DA LOCALiDADe OnDe A UC eST inSeRiDA

    Regies ruraisPequenas localidadesGrandes localidades

    Capitais/centro urbanos

    nmeRO De HABiTAnTeS

    At 50 milAcima de 50 mil at 500 mil

    Usualmente entre 500 mil a 1 milhoAcima de 1 milho

    QUADRO 5: Estimativa de gastos por segmento de visitantes em Parques NacionaisCATeGORiA De GASTO / GRUPOS De ViSiTAnTeS

    ViSiTAnTeS De PeRnOiTe (R$) ViSiTAnTeS De Um DiA (R$) CAmPiSTAS/DiA (R$)

    d

    0

    11

    20

    8

    8

    47

    c

    0

    6

    10

    7

    5

    28

    B

    0

    6

    7

    7

    5

    25

    a

    0

    6

    6

    6

    5

    23

    d

    0

    11

    20

    8

    8

    47

    d

    0

    0

    30

    10

    20

    60

    B

    0

    0

    15

    5

    10

    30

    a

    0

    0

    12

    5

    20

    37

    d

    120

    0

    50

    15

    30

    215

    c

    70

    0

    40

    15

    20

    145

    B

    40

    0

    30

    10

    15

    95

    a

    30

    0

    20

    10

    10

    70

    hotel, pousada

    Acampamentos

    Restaurantes e bares

    Mercearia e lojas de convenincia

    transporte local

    total

    a) regies rurais = R$ 40

    B) pequenas localidades = R$ 50

    c) grandes localidades = R$ 72,6

    d) grandes centros/capitais = R$ 107,4

    Mdia de gastos

    TABELA 8: Estimativa do impacto econmico atual da visitao em 18 Parques NacionaisimPACTO eCOnmiCO

    CenRiO OTimiSTA (miLHeS R$/AnO)

    519,2

    nmeRO De ViSiTAnTeS (2009)

    3.836.195

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO COnSeRVADOR

    (miLHeS R$/AnO)459,3

    nmeRO De UCS

    18 Parques Nacionais

  • 22

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    TABELA 9: Estimativa do potencial impacto econmico da visitao nos 67 Parques Nacionais em 2016

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO OTimiSTA (miLHeS R$/AnO)

    1.776,3

    nmeRO De ViSiTAnTeS (2016)

    13.759.367

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO COnSeRVADOR

    (miLHeS R$/AnO)1.570,2

    nmeRO De UniDADeS inCLUDAS nA CATeGORiA

    67

    estruturada que, em 2009, receberam juntos apro-ximadamente 3,9 milhes de visitantes29.

    A tendncia de aumento na procura por ativi-dades recreativas em ambientes naturais e a estru-turao dos Parques Nacionais possibilitam prever um incremento dos benefcios decorrentes do tu-rismo, tanto para as economias locais quanto para atender as necessidades financeiras de manuten-o destas reas. Alm de melhorias j planejadas pelo rgos gestores visando a consolidao da es-trutura dessas unidades, nos prximos anos esto previstos investimentos significativos nas reas de influncia dos Parques Nacionais e Estaduais em virtude dos dois grandes eventos esportivos que o pas abrigar, a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpadas, em 2016. A Embratur estima um au-mento de 60% nos desembarques internacionais at 2016, um incremento dos atuais 5,5 milhes para 8,9 milhes de turistas internacionais, com potencial de gerar aproximadamente US$ 12,5 bi-lhes em divisas.

    Para estimar o aumento potencial no nmero de visitantes aos 18 Parques Nacionais com visi-tao estruturada, projetou-se o aumento mdio do nmero de visitaes nos ltimos cinco anos, alcanando-se um potencial de 12,6 milhes de vi-sitantes/ano em 2016. Alm disso, estimou-se que os 49 Parques Nacionais em processo de consoli-dao podem chegar, no mesmo perodo, a 1,2 mi-lhes de visitantes por ano, gerando um potencial total de 13,8 milhes de visitantes/ano em 2016 para essas 67 unidades (tabela 9) .

    A visitao aos 67 Parques Nacionais existentes no Brasil tem potencial para atrair cerca de 13,7 milhes de pessoas por ano, entre brasileiros e estrangeiros, considerando investimentos planejados e o incremento do turismo projetados para o pas em 2016. Esse fluxo

    de visitantes pode gerar, aproximadamente, entre R$ 1,6 bilho (cenrio conservador) e R$ 1,8 bilho (cenrio oti-mista) para as regies onde esto localizados os parques nacionais, garantindo recursos para sua manuteno e dinamizando a economia local.

    5.2. Estimativa do impacto econmico da visitao no conjunto de unidades de conservao federais

    Todas as categorias de unidades de conservao integrantes do SNUC podem ser objeto de visita-o pblica, desde que observados seus diferentes objetivos e funes, bem como seus instrumentos de planejamento e gesto. Assim, projees sobre o nmero de visitantes nas diferentes categorias de unidades de conservao devem considerar as po-tencialidades e o espectro de oportunidades recre-ativas de cada categoria.

    A projeo para o ano de 2016 do nmero total de visitantes/ano nas unidades de conservao federais, considerando o potencial e a vocao de cada cate-goria, foi calculada usando os valores de referncia para cada categoria, considerando as limitaes im-postas pela precariedade de dados. A estimativa do impacto atual da visitao nas unidades de conser-vao federais equivalente ao resultado encontrado para o valor agregado de 18 parques nacionais que controlam o nmero de visitantes.

    Tomando como referncia esses nmeros e a projeo de aumento da visitao nos parques na-

  • 23UNEP-WCMC

    TABELA 10: Estimativa do potencial impacto econmico da visitao no conjunto das unidades de conservao federais em 2016

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO OTimiSTA (miLHeS R$/AnO)

    2.036,9

    nmeRO De ViSiTAnTeS (2016)

    17.508.367

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO COnSeRVADOR

    (miLHeS R$/AnO)1.797,2

    nmeRO De UniDADeS inCLUDAS nA CATeGORiA

    310

    cionais e nas demais categorias de unidades fede-rais at 2016, foi possvel fazer estimativas sobre o impacto econmico da visitao nas 310 unidades federais em dois cenrios (tabela 10).

    A visitao nas 310 unidades de conservao federais consideradas pelo estudo tem potencial de atrair cerca de 17,5 milhes de pessoas em 2016. O impacto econ-mico estimado por esse turismo de, aproximadamente, entre R$1,8 (cenrio conservador) e R$ 2 bilhes (cen-rio otimista) nas regies onde esto localizadas essas unidades de conservao, garantindo recursos para sua manuteno e dinamizando a economia local.

    5.3. Estimativa do impacto econmico da visitao a Parques Estaduais na economia local

    Para estimar o impacto econmico atual da visi-tao em parques estaduais, foi utilizado como referncia unidades de conservao do estado do Esprito Santo em funo da disponibilidade de in-formaes no momento de elaborao deste estu-do. O estado do Esprito Santo possui seis parques estaduais, quatro dos quais controlam o nmero de visitantes; em 2009, 108.792 pessoas visitaram

    esses parques. Considerando uma mdia de gas-tos prxima ao do Parque Nacional da Serra dos rgos, de R$ 40,00 por visitante/dia, o impacto econmico atual nas reas de influncia dos par-ques estaduais do Espirito Santo seria de entre R$ 5,8 milhes e R$ 6,7 milhes.

    Existem 144 parques estaduais em todo o pas registrados no CNUC. Diante da falta de dados consistentes sobre a visitao nessas reas j que poucos estados fazem o controle do nmero de visitantes , foi possvel traar apenas o cenrio potencial de impacto econmico para o conjunto de parques estaduais brasileiros. Para tanto, foi utilizado como referncia o fluxo de visitantes aos parques nacionais ainda no estruturados.

    Deste modo, foi estimada para 2016 uma mdia de 8.000 visitantes/ano nestas reas e em cerca de 1,4 milho de visitantes no conjunto dos parques es-taduais do pas. A tabela 11 apresenta o potencial de impacto econmico do conjunto de parques estadu-ais no cenrio conservador e no cenrio otimista, con-siderando os diferentes gastos mdios por visitante.

    A visitao nos 144 parques estaduais resgistrados no CNUC tem potencial para atrair cerca de 1,4 milho de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, em 2016. Esse fluxo de visitantes pode gerar entre R$ 90 milhes (ce-nrio conservador) e R$ 103,3 milhes (cenrio otimista) para as regies onde esto localizadas essas unidades de conservao, garantindo recursos para sua manuten-o e dinamizando a economia local.

    TABELA 11: Estimativa do potencial impacto econmico da visitao parques estaduais em 2016

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO OTimiSTA (miLHeS R$/AnO)

    103,3

    nmeRO De ViSiTAnTeS (2009)

    1.405.389

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO COnSeRVADOR

    (miLHeS R$/AnO)90,2

    nmeRO De UniDADeS inCLUDAS nA CATeGORiA

    144

  • 24

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    TABELA 12: Estimativa do potencial impacto econmico da visitao nas 388 unidades de conservao estaduais em 2016

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO OTimiSTA (miLHeS R$/AnO)

    184,6

    nmeRO De ViSiTAnTeS (2016)

    2.443.389

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO COnSeRVADOR

    (miLHeS R$/AnO)161,2

    nmeRO De UniDADeS inCLUDAS nA CATeGORiA

    388

    TABELA 13: Estimativa do potencial impacto econmico da visitao no conjunto de unidades de conservao federais e estaduais em 2016

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO

    OTimiSTA (miLHeS R$/AnO)

    2.036,9184,6

    2.221,5

    nmeRO De ViSiTAnTeS (2016)

    17.508.3672.443.389

    19.951.756

    imPACTO eCOnmiCO CenRiO

    COnSeRVADOR (miLHeS R$/AnO)

    1.797,2161,2

    1.958,4

    nmeRO De UniDADeS inCLUDAS nA

    CATeGORiA

    310388698

    nmeRO De UCS

    FederaisEstaduais

    total

    5.4. Estimativa do impacto econmico da visitao no conjunto de unidades de conservao federais e estaduais

    O impacto econmico estimado para o conjunto das 388 unidades de conservao dos sistemas estaduais em 2016 apresentado na tabela 12. Em seguida, a tabela 13 apresenta estimativas do impacto econmico potencial da visitao pblica no conjunto das unidades de conservao federais e estaduais em 2016, segundo os dois cenrios adotados.

    A visitao nas 388 unidades de conservao esta-duais consideradas pelo estudo tem potencial de atrair cerca de 2,4 milhes de turistas em 2016. O impacto econmico estimado por esse turismo de, aproximada-mente, entre R$161 milhes (cenrio conservador) e R$ 184,6 milhes (cenrio otimista) nas regies onde esto localizadas essas unidades de conservao, garantindo recursos para sua manuteno e dinamizando a econo-mia local.

    A soma das estimativas de visitao pblica nas uni-

    dades de conservao federais e estaduais consideradas pelo estudo indica que cerca de 20 milhes de pessoas visitaro essas reas em 2016. O impacto econmico po-tencial dessa visitao pode atingir cerca de R$ 2,2 bi-lhes naquele ano, o que trar recursos expressivos para a manuteno dessas unidades, bem como dinamizar substancialmente as economias dessas regies.

    5.5. Concluses sobre o impacto econmico das atividades de uso pblico em unidades de conservao Existe um descompasso entre os recursos inves-tidos na gesto das unidades de conservao e os benefcios socioeconmicos que essas reas podem gerar, como demonstram as anlises sobre visitao pblica. Para ilustrar essa situao, o Parque Nacional da Serra dos rgos (RJ) execu-tou, em 2009, cerca de R$ 2,2 milhes em sua gesto, considerando apenas gastos com mate-riais de consumo e permanente, servios tercei-rizados e apoio administrativo. Ao considerar um gasto mdio por visitante de R$ 51 e o nmero

  • 25UNEP-WCMC

    atual de visitantes de 100 mil visitantes (2009), possvel estimar um impacto econmico local entre R$ 7 milhes e R$ 8 milhes. Isso signifi-ca que os recursos investidos na manuteno do parque em questo foram significativamente me-nores do que os recursos gerados em funo de sua participao no turismo da regio serrana de Terespolis-Petrpolis.

    Considerando as tendncias atuais de crescimen-to de nmero de visitantes a unidades de conser-vao, os investimentos direcionados s unidades de conservao federais e estaduais nos ltimos anos e as perspectivas de investimentos, inclu-sive as decorrentes da Copa 2014 e Olimpadas 2016, possvel vislumbrar um cenrio promis-sor para o impacto econmico da visitao nestas reas. Um aumento de entre 15 e 25% no nmero de visitantes at 2016 resultaria em um fluxo de aproximadamente 20 milhes de turistas nas 698 unidades federais e estaduais consideradas pelo estudo, com um impacto na economia dessas regi-es estimado entre R$ 1,9 bilho e R$ 2,2 bilhes, em 2016.

    No entanto, para que esse impacto econmico potencial seja concretizado em 2016 absoluta-mente necessrio que as unidades de conserva-o recebam os investimentos necessrios sua consolidao, para que estejam aptas a receber o nmero de visitantes estimado.

    Alm do impacto na economia das regies onde esto situadas essas unidades de conservao, o aumento do nmero de visitantes dever represen-tar um incremento significativo de recursos para a manuteno dessas reas.

  • 26

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    como Foi Feito esse estudo

    Embora existam alguns estudos estimando a reduo de emisses de gases de efeito es-tufa devido existncia de unidades de con-servao na Amaznia brasileira30, nenhum deles estima o desmatamento evitado por essas unidades em todo o territrio nacional. Por isso, esse trabalho adotou a hiptese de que a criao de uma unidade de conservao evita o desmatamento equivalente aos limites legais de supresso da vegetao estabeleci-dos pelo Cdigo Florestal: 20% da rea das unidades para a Amaznia e 80% para o res-tante do pas31. Foi adotada, ainda, a premis-sa de que nem toda a rea de uma unidade florestada; assim, foram contabilizadas 90% da rea das unidades de proteo integral e 70% das de uso sustentvel.

    Uma vez obtida a estimativa de desma-tamento evitado por cada unidade, foram aplicados fatores de densidade mdia de carbono por bioma (118tC/ha para Amaz-nia, 80 tC/ha para Mata Atlntica e 55 tC/ha para Cerrado, Pantanal e Caatinga) que equivalem, de forma bastante conservadora, ao montante emitido quando um hectare de vegetao nativa convertido em pastagem ou cultivo. Dessa forma, estimou-se o esto-que total de emisses evitadas pelo estabe-lecimento do SNUC ao longo de sua histria.

    Para expressar em termos monetrios o valor do servio ambiental prestado pelas unidades de conservao para a regulao climtica, o total de emisses de carbono evitadas foi multiplicado por R$ 34/tC, m-dia do valor das transaes de carbono flo-restal nos principais mercados mundiais e que est abaixo do preo mdio das emis-ses de carbono evitadas por outros meios. Por fim, foram aplicadas taxas de aluguel, correspondentes a 3% ou 6% do valor do es-

    toque total, como forma de expressar o valor do servio ambiental regulao climtica em termos anuais.

    Os ecossistemas florestais cobrem cerca de 15% das terras continentais do planeta e contm, aproxi-madamente, 25% do carbono existente na biosfera terrestre. O IPCC32 estima que as emisses decor-rentes da destruio de florestas tropicais no mundo contribuam com cerca de 20% de todos os gases de efeito estufa, fazendo do desmatamento, ou mu-dana no uso da terra, o segundo maior respons-vel pelo aquecimento global33. Assim, a reduo ou preveno do desmatamento a forma com maior e mais imediato impacto para mitigar as emisses de gases de efeito estufa no curto prazo.

    No caso brasileiro, a mudana no uso da terra a principal fonte de emisses de gases de efeito es-tufa. A Segunda Comunicao Nacional do Brasil Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mu-dana do Clima informa que o desmatamento foi responsvel por mais de 60% das emisses totais de gases de efeito estufa em 200534. Dessa forma, a conservao de florestas, incluindo as unidades de conservao, desempenha um papel vital em qualquer iniciativa de combate de mudanas cli-mticas, j que:

    a existncia de unidades de conservao evita o desmatamento que ocorreria caso as medidas de proteo no tivessem sido adotadas; em florestas tropicais, a mudana no uso da terra resulta em grande emisso de dixido de carbono (CO2) e ou-tros gases estufa;

    alm de evitar as emisses por queima da floresta, as unidades de conservao impedem emisses de gases provenientes de atividades como pecuria e agricultura, especialmente de metano (CH4) e xi-do nitroso (N2O), que tm potencial de aquecimento maior que o CO2; suas emisses foram responsveis por entre 10% e 19% das emisses brasileiras de gases de efeito estufa em 2005;

    6. Potencial econmico das reservas de carbono em unidades de conservao

  • 27UNEP-WCMC

    embora seja ainda tema de controvrsia cientfica, estudos recentes demonstram que as florestas con-tinuam absorvendo carbono da atmosfera mesmo quando j maduras, constituindo sumidouros, e que as florestas sul-americanas so extremamente eficientes nesse processo35.

    Portanto, a criao e manuteno de unidades de conservao tm um papel fundamental na prestao do servio de regulao atmosfrica, especialmente no caso brasileiro, em que a queima de florestas e a subseqente ocupao da terra por atividades agropecurias contribuem significativa-mente para a emisso de gases de efeito estufa.

    6.1. Estimativas do valor potencial do estoque de carbono em unidades de conservao

    Os resultados obtidos para as estimativas de emis-so evitada e estoques de carbono nas unidades de conservao federais e estaduais nos diferentes biomas so apresentados no quadro 6.

    Para anualizar o valor desse estoque, foi apli-cado sobre ele um fator de aluguel como com-pensao pelas atividades econmicas que no puderam ser desenvolvidas na rea destinada s unidades de conservao devido a restries le-gais. Esse valor pode ser definido a partir do custo de oportunidade do capital em termos reais, des-contada a inflao.

    Considerando os limites do custo de oportunidade do capital entre 3% e 6% ao ano, pode-se estimar o valor do aluguel anual do estoque de carbono em unidades de conservao entre R$ 2,9 bilhes e R$ 5,8 bilhes por ano, valores que superam substancialmente os gastos atuais e mesmo as necessidades de investimento adi-cional para a consolidao e melhoria dessas unidades.

    6.2. As unidades de conservao no contexto do REDD e REDD Plus

    O papel desempenhado pelas unidades de con-servao para evitar o desmatamento em flores-tas tropicais objeto de crescente reconhecimen-to internacional. Esse reconhecimento poder se

    VALOR DO eSTOqUe De emiSSeS eViTADAS (miLHeS De R$)

    28.6617.0064.6331.222824

    42.346

    VALOR DO eSTOqUe De emiSSeS eViTADAS (miLHeS De R$)

    34.1317.5088.1124.107

    053.858

    DeSmATAmenTO eViTADO nAS UCS (HA)

    7.937.4804.162.5601.892.480726.080489.680

    15.208.280

    DeSmATAmenTO eViTADO nAS UCS (HA)

    12.153.3206.308.8804.260.4003.451.360

    026.173.960

    VOLUme De C (TC)

    1842.960.376206.046.720136.258.56035.940.96024.239.160

    1.245.445.776

    VOLUme De C (TC)

    1.003.864.232220.810.800238.582.400120.797.600

    01.584.055.032

    ReA DAS UCS (HA)

    39.687.4005.203.2002.365.600907.600612.100

    ReA DAS UCS (HA)

    60.766.6007.886.1005.325.5004.314.200

    0

    BiOmA

    AmazniaCerrado

    Mata AtlnticaCaatingaPantanal

    total

    BiOmA

    AmazniaCerrado

    Mata AtlnticaCaatingaPantanal

    total

    UniDADeS De COnSeRVAO De PROTeO inTeGRAL

    UniDADeS De COnSeRVAO De USO SUSTenTVeL

    valor total 96.204

    QUADRO 6: Valor do estimado para o estoque de carbono nas unidades de conservao brasileiras*

    * INClUI AS UNIDADES DA CAtEgoRIA RESERVAS PARtICUlARES Do PAtRIMNIo NAtURAl (RPPN)

  • 28

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    transformar em apoio concreto conservao por meio de projetos de Reduo de Emisses por Des-matamento e Degradao Florestal (REDD, na sigla em ingls), ou projetos de desmatamento evita-do. O REDD parte de uma ideia simples: pases dispostos e em condies de reduzir suas emisses por desmatamento deveriam ser recompensados financeiramente por faz-lo.

    Esse princpio foi incorporado ao Plano de Ao de Bali, definido na 13 Conferncia das Partes da UNFCCC, que dispe que os esforos para mitigar as mudanas climticas devem incluir abordagens polticas e incentivos positivos para questes rela-cionadas reduo das emisses provenientes de desmatamento e degradao florestal em pases em desenvolvimento. Embora ainda no haja consen-so sobre a forma como as aes de REDD sero contabilizadas e remuneradas, h grande expecta-tiva de que, alm de mitigar emisses oriundas da destruio de florestas, esses mecanismos contri-buam para aliviar a pobreza rural e conservar a bio-diversidade e outros servios ambientais.

    O REDD, porm, um mecanismo desenhado

    para incentivar aes futuras de combate ao des-matamento, e no para recompensar a conserva-o assegurada por reas j estabelecidas, onde o desmatamento foi evitado no passado. Por isso, est em discusso o REDD Plus, mecanismo para financiar tambm a conservao e o manejo flores-tal. Incentivos do tipo REDD Plus devem fortalecer as reas protegidas, reconhecendo os esforos de pases como o Brasil, que investiram no estabeleci-mento de um sistema de unidades de conservao eficaz e, por isso, obtiveram redues histricas nos nveis de emisses por desmatamento e degra-dao da floresta tropical.

    Embora no seja possvel determinar como o in-centivo REDD Plus ser operado, a integrao de sistemas de unidades de conservao aos progra-mas nacionais destinados reduo de emisses poder resultar em benefcios financeiros concreto - receita gerada com os crditos de carbono -, e, si-multaneamente, viabilizar o cumprimento de metas climticas, a reduo da pobreza rural, a conserva-o da biodiversidade e a manuteno de servios ambientais vitais, a exemplo do REDD.

    Fundo amaznia Capta doaes por reduo do desmatamento Florestal

    a fim de obter recursos para incentivar a conservao da floresta amaznica e reduzir a emisso de gases de efeito estufa oriundos do desmatamento, o Governo Brasileiro criou, em agosto de 2008 (decreto 6.527), o Fundo amaznia. Gerido peloBndes, esse fundo tem como objetivo apoiar projetos de preveno e combate ao desmatamento e de conservao e uso sustentvel das florestas no bioma amaznico. adicionalmente, pode utilizar at 20% dos seus recursos para apoiar sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outros biomas brasileiros e em outros pases tropicais.

    o Fundo amaznia abastecido por doaes internacionais concedidas voluntariamente em virtude da efetiva reduo da emisso de gases de efeito estufa proveniente do desmatamento, proporcionada pela implantao de polticas nacionais. o primeiro compromisso de doao ao Fundo partiu da noruega, no valor de aproximadamente 107 milhes de dlares. um segundo compromisso de doao foi assinado com a repblica Federal da alemanha, no valor total de at 21 milhes de euros. (Fonte: http://www.fundoamazonia.gov.br/)

  • 29UNEP-WCMC

    A implementao de instrumentos econmicos que apiem a conservao florestal, como o REDD e o REDD Plus, pode representar novas fontes de financiamento para a criao de unidades de con-servao e a consolidao das j existentes. Alm da receita obtida com os crditos de carbono, pro-jetos dessa natureza podero gerar outros benef-cios relevantes para os pases, como viabilizar o cumprimento de metas climticas, a reduo da pobreza rural, a conservao da biodiversidade e a manuteno de servios ambientais vitais.

    6.3. Concluses sobre o potencial econmico das reservas de carbono em unidades de conservao As reas protegidas so instrumentos essenciais para reduzir o desmatamento e a degradao flo-restal, de forma que o estabelecimento de siste-mas de unidades de conservao pode reduzir consideravelmente as emisses derivadas da mu-dana de uso da terra. A qualidade da gesto nes-sas unidades um fator fundamental, pois quanto melhor a governana sobre a rea, melhores sero os resultados e, consequentemente, menores as emisses.

    Embora as estimativas apresentadas nesse estudo devam ser vistas como conservadoras e prelimina-res, o valor obtido significativo: o conjunto das unidades de conservao brasileiras teria impe-dido o lanamento na atmosfera de cerca de 2,8 bilhes de toneladas de carbono, cerca de 1,3 vez as emisses brasileiras totais de 2005. Expressar essa magnitude em termos monetrios tarefa di-fcil e polmica; porm, ainda em termos conser-vadores, o estoque total de emisses evitadas de carbono de quase R$ 100 bilhes.

    estudos ConFirmam eFetividade da Proteo ProPorcionada por unidades de Conservao

    diversos estudos foram realizados com a finalidade de avaliar a efetiva capacidade de unidades de conservao em controlar o desmatamento. de Fries et al36 analisaram, entre 1981 e 2001, a cobertura florestal de uma amostra de 198 reas protegidas de biomas de florestas tropicais, incluindo reas brasileiras. os resultados apontaram que, em 2001, as reas protegidas de florestas midas na america Latina, incluindo as da mata atlntica e amaznia, apresentavam aproximadamente 90% de cobertura florestal. outra pesquisa37 demonstrou que o desmatamento na amaznia entre 2001 e 2003 foi cerca de dez a 20 vezes menor dentro das unidades de conservao e terras indgenas que em reas contguas fora delas.

    uma terceira pesquisa38, feitas em regies de mata atlntica e Floresta amaznica, concluiu que as unidades de conservao na amaznia contm elevados nveis de cobertura florestal, assim como suas reas de entorno. nessa regio, as florestas esto protegidas por serem inacessveis e, provavelmente, devero permanecer assim se continuarem a s-lo. em contrapartida, na mata atlntica as unidades de conservao apresentam cobertura florestal acentuada at seus limites, sendo comparativamente muito fragmentada a partir da.

  • 30

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    como Foi Feito esse estudo

    Para avaliar qual a contribuio das unidades de conservao na produo e conservao dos recursos hdricos, os autores do estudo optaram por analisar trs importantes tipos de usos da gua: a) gerao de energia, b) captao para abastecimento humano e c) captao para irri-gao. Para cada um desses usos foram feitos levantamentos de dados secundrios junto a r-gos governamentais federais e estaduais (como agncias reguladoras, rgos responsveis pela gesto de recursos hdricos, entre outros), em-presas do setor e em planos de bacias hidrogr-ficas. Na anlise do uso captao para abaste-cimento humano foram utilizados ainda dados do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil de 1998.

    As estimativas da contribuio das unida-des de conservao em cada um desses usos foi feita da seguinte forma: a) para o uso ge-rao de energia, as coordenadas das 310 unidades de conservao federais foram cruza-das com as informaes de localizao das ba-cias hidrogrficas e de localizao dos empre-endimentos de gerao de energia hidreltrica no pas, em operao e outorgados; b) para captao para o abastecimento humano, foi feito o cruzamento dos dados sobre os pontos de outorga e captao de gua e a localizao das unidades de conservao nas bacias hi-drogrficas; c) para captao para irrigao de empreendimentos agrcolas, foi feito cruza-mento dos dados sobre os pontos de outorga e captao de gua e a localizao das unidades de conservao nas bacias hidrogrficas.

    Um dos objetivos do SNUC (Lei 9.985/00) pro-teger e recuperar os recursos hdricos. A oferta de gua de boa qualidade e em volume suficiente para atender aos diversos usos da sociedade constitui um dos principais servios ambientais prestados por

    7. Impacto econmico das unidades de conservao na produo e conservao de recursos hdricos

    uma unidade de conservao.

    Muitas reas protegidas do mundo foram criadas com o objetivo de assegurar as condies para que os mananciais hdricos atendam satisfatoriamente os principais usos humanos, como abastecimento pblico, agricultura e gerao de energia. No Brasil, h vrias unidades de conservao que cumprem esse papel, como o Parque Nacional Serra da Ca-nastra (MG), que tem usinas hidreltricas localiza-das em seu entorno, ou o Parque Nacional de Bra-slia (DF), que abriga uma barragem da companhia de saneamento distrital em seu interior39.

    Um dos requisitos essenciais para se determinar o impacto de uma unidade de conservao sobre o uso da gua quantificar qual a sua contribuio na va-zo de uma bacia ou mesmo sobre o volume de gua captado por um empreendimento. Desta forma, seria possvel determinar qual a perda de volume direta-mente associada ao desmatamento e, por consequ-ncia, ser possvel monetizar essa perda. No entanto, estimativas dessa natureza e metodologias adequa-das ainda no foram estabelecidas, razo pela qual esse estudo lanou mo de estudos de caso pontuais para ilustrar a contribuio de unidades de conserva-o para os diferentes usos avaliados.

    7.1. Gerao de energia de origem hidrulica

    Em outubro de 2010, o Brasil possua 2.253 em-preendimentos de gerao de energia em ope-rao, gerando 109 GW de potncia fiscalizada40. Naquela data, estavam previstos 37 GW a serem adicionados a esse montante, atravs de 126 em-preendimentos em construo e mais 455 outorga-dos. A anlise dos dados levantados revelou que, dos 109 GW gerados e fiscalizados pela rgo governa-mental, 854 empreendimentos so de gerao hidre-ltrica, totalizando 72,33% de potncia provenientes

  • 31UNEP-WCMC

    do aproveitamento hdrico. Se considerarmos ainda os empreendimentos de gerao de energia hidrel-trica outorgados, em construo ou no, esse nmero atinge 1.164 empreendimentos, com uma capacida-de total de gerao de cerca de 120 GW - cerca de 114 GW em operao, 5 GW outorgados com usinas em construo e 1 GW apenas outorgado41.

    A sobreposio dos polgonos das unidades de conservao aos pontos de captao de gua para gerao de energia, tanto no rio principal como em seus tributrios, indicaram que:

    dos 1.164 empreendimentos de gerao de ener-gia hidreltrica, incluindo outorgados e em cons-truo, com informaes tcnicas disponveis (lo-calizao, potncia, destino da energia, nome da usina), 447 (38,4%) esto localizadas a jusante de unidades de conservao federais;

    dos 120,6 GW42 provenientes de fontes hidreltri-cas em operao, construo e outorgadas, 96,9 GW (80,3 %) so gerados por fontes hidreltricas situadas a jusante de unidades de conservao fe-derais, recebendo contribuio destas atravs do rio principal ou de seus tributrios.

    7.2. Captao de gua para abastecimento pblico

    Bacias hidrogrficas florestadas tendem a ofere-cer gua de melhor qualidade que bacias hidro-grficas submetidas a outros usos, como agricultu-ra, indstria e assentamentos. Isso ocorre porque tais usos favorecem o aumento da quantidade de diferentes tipos de poluentes carreados para as ca-beceiras dos cursos dgua. Assim, na maioria dos

    casos a presena de florestas pode reduzir subs-tancialmente a necessidade de tratamento para gua potvel e, portanto, reduzir os custos associa-dos ao abastecimento de gua.

    Cerca de um tero das maiores cidades do mundo obtm uma proporo significativa de sua gua potvel diretamente de reas florestadas43. No estudo de onde provm essa constatao, muitos municpios citam a necessidade de garantir uma fonte de gua pura como razo para a implantao de medidas de proteo a reas florestadas ou de reflorestamento. Outro estudo, feito por Troughton e comentado por Salati & Vose44, concluiu que a manuteno de 65% da vegetao natural de uma bacia garante 50% do volume mdio do rio.

    Dados levantados junto ao Cadastro Nacional de Usurios de Recursos Hdricos (CNARH), cruzados com a localizao das unidades de conservao fe-derais, possibilitaram gerar o quadro 7.

    Cerca de 34,7% (1.326.879.131 m3) do volume anual no sazonal de captao de gua (3.819.610.238 m3) so provenientes de fontes de captao localizadas den-tro ou a jusante de unidades de conservao federais.

    custo de tratamento de Gua x coBertura FLorestaL

    O custo especfico com produtos qumicos se eleva medida que o percentual de cobertura florestal da bacia de abastecimento reduzido46. Segundo Reis, os dados de cobertura florestal per se podem funcionar como um indicativo da qualidade das guas e, por conseguinte, da sa-de de determinada bacia quadro 8.

    O quadro 8 demonstra que as trs reas de es-

    %

    8,626,165,3

    100,0

    %

    2,810,087,2100

    VOLUme AnUAL nO SAZOnAL De CAPTAO (m3)

    329.633.421997.245.710

    2.492.731.1073.819.610.238

    n De POnTOS De CAPTAO

    77273

    2.3772.727

    DeSCRiO

    Captao dentro de UCCaptao a jusante de UC

    Captao sem contribuio de UCtotal

    QUADRO 7: Captao de gua para abastecimento pblico e unidades de conservao federais (UC)

  • 32

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    QUADRO 8: Custo de tratamento de gua x cobertura florestal% COBeRTURA

    fLOReSTAL DA BACiA

    CUSTO eSP.eneRGiA eLTRiCA CAPTAO

    CUSTO eSP.eneRGiA eLTRiCA

    eTA

    POPULAO ABASTeCiDA

    (HAB)

    CUSTO eSP. eTA + CAPTAO

    CUSTO eSP.PRODUTOS +

    eneRGiA eLTRiCA

    CUSTO eSP.PRODUTOS qUmiCOS

    eTA*

    VAZO TRATADA

    (m3/S)

    mUniCPiO/mAnAnCiAL

    Analndia Afluente do Rio

    Corumbata

    Rio Claro/Rio Corumbata

    Piracicaba/Rio Corumbata

    Piracicaba/Rio Piracicaba

    Campinas/Rio Atibaia

    RMSP/Sistema Cantareira -

    Represa

    Cotia e outros/Rio Cotia (Alto Cotia) -

    Represa

    0,015

    0,430

    1,045

    0,267

    3,273

    32,000

    1,200

    3.480

    104.715 (60% da pop.)

    330.000

    911.800 (95% da pop.)

    9.000.000

    450.000

    18,30

    47,47

    62,62

    92,61

    81,89

    7,20

    19,22

    0,00

    33,10

    28,94

    11,17

    6,81

    0,97

    29,03

    18,30

    80,57

    91,56

    103,78

    88,70

    8,17

    48,25

    50,00

    79,10

    101,30

    6,01

    60,33

    36,00

    0,07

    68,30

    159,67

    192,86

    109,79

    149,02

    44,20

    48,33

    17,7

    12,3

    12,3

    4,3

    8,2

    27,2

    92,0

    tudo que possuem custos com produtos qumicos mais baixos, inferiores a R$20,00/1000m3 de gua tratada (rio Cotia, Sistema Cantareira e Analndia/afluentes do rio Corumb), so as que possuem maiores ndices de cobertura florestal, superiores a 15%. J as duas unidades que possuem o menor percentual de cobertura florestal (rio Piracicaba e rio Atibaia), ambos abaixo de 10%, apresentam os mais altos custos especficos de produtos qumicos.

    Outra concluso que o custo do tratamento das guas (custo com produtos qumicos e ener-gia eltrica da Estao de Tratamento de gua para 1.000 m3 de gua) do rio Piracicaba 12,7 vezes superior ao custo de tratamento das guas do Siste-ma Cantareira. Enquanto a bacia de abastecimen-to do Sistema Cantareira mantm 27,2% de sua rea com cobertura florestal, a bacia do Piracicaba apresenta apenas 4,3%.

    O caso do rio Piracicaba atesta que aes de pro-teo cobertura florestal na regio de mananciais constituem um ponto central para assegurar o abaste-cimento urbano, j que obras de engenharia civil e re-cursos modernos de tratamento de gua no evitaram a acentuada reduo da qualidade de suas guas, exi-gindo a substituio do manancial de abastecimento47.

    Estudos realizados em diferentes pases atestaram que as unidades de conservao cumprem papel relevante na conservao dos recursos hdricos, garantindo sua qualidade e a vazo necessrias ao atendimento das necessidades humanas.

    Ao assegurar o provimento de gua com qualidade, a manuteno da cobertura florestal em bacias hidrogr-ficas, especialmente por meio de unidades de conserva-o, contribui para a reduo dos custos decorrentes de seu tratamento visando o abastecimento pblico.

    Contribuio de unidades de Conservao para o aBastecimento PBLico no estado de so paulo

    no estado de so Paulo captado um volume no sazonal anual de 18.043.481,5 m3 de gua a partir de pontos de captao situados dentro de unidades de conservao, o que corresponde a uma vazo de 1.503.623,5 m3/ms. considerando a tarifa mensal de r$6,1045, a companhia gestora contabiliza uma arrecadao aproximada de r$ 9.172.103,118/ms, dos quais r$ 4.586.051,6 (50%) podem ser atribudos presena de unidade de conservao com no mnimo 65% de cobertura florestal preservada.

    *EtA= EStAo DE tRAtAMENto DE gUA. FoNtE: REIS, 2004

  • 33UNEP-WCMC

    %

    0,13,8

    96,2100,0

    %

    1,930,2

    67,94100

    VOLUme AnUAL nO SAZOnAL De CAPTAO (m3)

    7.599.020455.580.120

    11.640.081.84412.103.260.984

    n De POnTOS De CAPTAO

    4116.53014.70621.647

    DeSCRiO

    Captao dentro de UCCaptao a jusante de UC

    Captao sem contribuio de UCtotal

    QUADRO 9: Captao de gua no Brasil para agricultura/irrigao e unidades de conservao federais

    7.3. Captao de gua para agricultura e irrigao

    O setor agropecurio brasileiro contribui com cer-ca de 5,2% PIB nacional, o que corresponde a R$ 166,7 bilhes (ano base 2008). O nmero de pessoas ocupadas nesse setor foi de 17,1 milhes, ou 17,8% do total das ocupaes na economia brasileira (IBGE, ano base 2008). Por suas particu-laridades, a agricultura empresarial e a familiar po-dem ser tratadas separadamente sem, no entanto, se perder de vista que se relacionam de diferentes formas. Segundo o Censo Agropecurio de 2006, a produo agrcola ocupa 59,8 milhes de hectares sob a forma de lavouras permanentes e tempor-rias e 158,8 milhes de hectares, em pastagens naturais ou plantadas. O quadro 9 permite verifi-car a relao das unidades de conservao com os pontos de captao de gua para irrigao.

    As unidades de conservao federais contribuem para a proteo de cerca de 4% da gua utilizada para a agricultura e irrigao. Do volume anual no sazonal de captao de gua, de cerca de 12 bilhes de m3, apro-ximadamente 463 milhes m3 so captados dentro ou a jusante de unidade de conservao.

    outros BeneFcios das unidades de conservao sociedade no tema Gua

    As florestas amenizam os efeitos das enchentes e im-pedem a eroso de terrenos montanhosos, prevenindo a queda de barreiras. A grande maioria dos autores des-creve que a vegetao presente em encostas exerce um efeito positivo sobre sua estabilidade.

    As matas ciliares mantm o equilbrio hidrolgico por meio da estabilizao das ribanceiras do rio, atravs

    do emaranhado de razes, do controle do aporte de nu-trientes e de produtos qumicos aos cursos dgua, da filtragem e do controle da alterao da temperatura no ecossistema aqutico e da formao de barreiras para o carreamento de sedimentos para os cursos dgua, evitando o assoreamento das bacias hidrogrficas. So fundamentais para proporcionar alimentao para os peixes e outros organismos vivos aquticos.

    7.4. Concluses sobre o impacto das unidades de conservao na produo e conservao de recursos hdricos Todas as atividades econmicas dependem do uso de gua e, para a maioria delas, a qualidade desse recur-so um requisito essencial; a qualidade da gua est em geral diretamente relacionada ao percentual de cobertura vegetal existente em sua bacia hidrogrfica.

    A presena de unidades de conservao cons-titui um meio importante para garantir a oferta de gua atual e futura em termos de quantidade e qualidade para os diversos usos da sociedade.

    Nas bacias hidrogrficas e mananciais com maior co-bertura florestal, o custo associado ao tratamento da gua destinada ao abastecimento pblico menor que o custo de tratamento em mananciais com baixa cober-tura florestal. Nesse sentido, importante o papel pro-tetor cumprido pelas reas de preservao permanente (APP), que envolvem nascentes, veredas, encostas, topos de morro e matas ciliares.

  • 34

    Contribuio das unidades de conservao para a eConomia naCional

    UNEP-WCMC

    como Foi Feito esse estudo

    O estudo analisou a repartio tribut-ria referente ao ICMS Ecolgico, a partir de dados da receita desse imposto repas-sada aos municpios obtidos atravs do site ICMS Ecolgico48 e das Secretarias de Finanas de cada Estado. A base de dados para avaliar a importncia de ICMS Eco-lgico foi extrada do sistema de Finanas do Brasil do Tesouro Nacional (Finbra) para o ano 2009. Foram coletados dados sobre a cota-parte de ICMS total dos mu-nicpios por Estado, a receita oramen-tria municipal, as despesas com sanea-mento (rural e urbano) e as despesas com gesto ambiental (preservao ambiental, controle ambiental, recuperao de reas degradadas e recursos hdricos).

    Os indicadores analisados foram: a) re-ceita anual de ICMS Ecolgico por muni-cpio (R$), b) ICMS Ecolgico/populao do Estado (R$/hab); c) receita do ICMS Ecolgico pelo critrio existncia de UC/receita oramentria do Estado (%); d) receita do ICMS Ecolgico pelo critrio existncia de UC/despesas com gesto ambiental (%); e) receita do ICMS Eco-lgico pelo critrio existncia de UC/despesas com saneamento (%); f) ICMS Ecolgico pelo critrio existncia de UC/transferncia estadual com programas de meio ambiente (%).

    Um dos problemas recorrentemente associado criao de unidades de conservao a limi-tao de atividades produtivas na rea declarada como protegida, sejam elas industriais, agrcolas ou extrativistas49. Contudo, a restrio a certos usos econmicos do solo e de outros recursos naturais, que deixariam de criar valor adicionado bruto, possibilita a ocorrncia de outras atividades econmicas, como a visitao pblica (ver cap-

    tulo 5), ao mesmo tempo em que gera diferentes benefcios relacionados conservao da biodi-versidade e de outros servios ambientais.

    8.1. O ICMS Ecolgico e as unidades de conservao

    A criao de unidades de conservao contri-bui para ordenar o uso do solo para atividades produtivas que degradam o