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EAD Características da Pessoa Humana, Constitutivos Essenciais 3 1. OBJETIVOS Identificar os níveis ontológicos do ser humano e desen- volver uma reflexão sobre as características ou dimensões centrais da existência. Reconhecer a liberdade como um conceito intersubjetivo e entender a estrutura de relação que é própria do ser humano. Estabelecer debates sobre a importância da relação com o outro. 2. CONTEÚDOS Liberdade da Vontade, característica central da existência da pessoa humana. Dimensão intersubjetiva: alteridade e unicidade. Valor e sentido.

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EAD

Características da Pessoa Humana, Constitutivos Essenciais 3

1. OBJETIVOS

• Identificarosníveisontológicosdoserhumanoedesen-volverumareflexãosobreascaracterísticasoudimensõescentraisdaexistência.

• Reconheceraliberdadecomoumconceitointersubjetivoeentenderaestruturade relaçãoqueéprópriado serhumano.

• Estabelecerdebatessobreaimportânciadarelaçãocomooutro.

2. CONTEÚDOS

• LiberdadedaVontade,característicacentraldaexistênciadapessoahumana.

• Dimensãointersubjetiva:alteridadeeunicidade.• Valoresentido.

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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

Antesde iniciaroestudodestaunidade,é importantequevocêleiaasorientaçõesaseguir:

1) Paradarcontinuidadeaseusestudos,éimportantequenãofiquemdúvidasparatrás.Porisso,sugerimosque,senecessário,retomeosconteúdosvistosatéomomento.

2) Paraampliarosconhecimentossobreumdostemascen-traisdaunidade,otemaliberdade e sentido existencial,vocêpodeler:Psicoterapia e sentido da vida,obradeV.E.Frankl;A essência do homem,deE.CoretheO mundo da pessoa,deGuardiniRomano,entreoutrasobras.Asbasesdesseprincípiovocêencontrana Summa Theologi-cadeTomásdeAquino,LivroI,enaÉtica a Nicômaco,deAristóteles.Nãoseesqueçadeanotarsuasreflexões!

3) Para aprofundar seus conhecimentos sobre a realaçãoeu–tu, leiaaobradeM.Buber,Que é o homem?,quedescreve essa estrutura dialogal e a faz sua principaltese.EsselivroéumadasobrasbásicasdaAntropologiaFilosófica.

4) AFilosofiadeLévinastambémfoisempreumecoemdireçãoaooutro–aéticaLévinassempresereportaaooutro.Paraampliarseusconhecimentossobreessetema,leiadeLÉVINAS,Emmanuel,Ética e infinito.Lisboa:Edições70,eEntre nós: Ensaios Sobre a Alteridade. Trad.PergentinoStefanoPivatto.Petrópolis:Vozes.

5) Aopesquisar,vocênãoimpõefronteirasemsuaaprendi-zagemepodeconstruirumconhecimentoamploepro-fundosobreoassuntoconsultado.Sugerimos,portanto,quevocêleiaasobrascitadasnotópicoReferências Bi-bliográficas.

6) Juan De Sahagun LucasnasceuemRollán(Espanha),em1930.DoutoremFilosofia,filologiaeLetras,éprofessordaUniversidadedeSalamanca.Alémdisso,éautordeobrasfundamentaisparaoestudoeparaodesenvolvi-mentodaAntropologiaFilosófica,dentreasquaispode-moscitar:Alcances Significativos del Lenguage Humano sobre Dios (1975), Antropologia del Siglo XX (1983), e El Hombre ¿Quién es? (1988).

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4. INTRODUÇÃO À UNIDADE

Sabemosqueohomemtemcomocaracterísticadestacar-sedomeio.Comoindivíduo,vivenummeiohumanosustentadopelacul-tura,porém,comopessoa,distingue-sedetudooquenãoéele(edetodos).Noserespiritual,podemosdestacarduascapacidadesprinci-pais:capacidadeintelectualevontadelivre.Afirmarqueavontadeélivrenohomemequivaleaafirmarqueelepossuiumprincípioquelhepossibilitalevaradianteoseuprojetodevidadeformaautônoma.

5. CATEGORIAS PARA COMPREENDER O HOMEM

As categorias servem para descrever a estrutura humana,pertencemaoser,sãoontológicas.VocêjáestudouasCategoriasUniversais do ser? Viu, portanto, queAristóteles falava emoitocategoriaseasdefiniacomopredicados,etambémexplicavaqueelastêmumsentidológicoeontológico.

OfilósofocomprometidocomoestudodaAntropologiaFi-losófica,observandoohomemnaexistênciaetendoemvistaascategoriasuniversaisdoser,destacaascondiçõesuniversaisquepossibilitamasexperiênciashumanas(ascategorias).Estasnuncasãoestabelecidasa priori nempodemserprodutodaexperiência;surgemdocontatocomasexperiênciashumanas,sãoprincípiosracionaisbaseadosemleisdoentendimento.

Alteridade

A categoria alteridade permite descrever uma das dimen-sõesessenciaisdoserhumano;suanecessáriavinculaçãocomosoutros"eus".Ohomemnãoéumserfechadoemsimesmo.Seelesefecha,desaparece,jáqueemseuconstitutivooserhumanoéumserabertoàsociabilidadeeacomunidade.

Oserhumanonecessitadecomunicar-secomooutroetam-bémdetercontatocomomundo.Suafinitudeesuadificuldade

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paracompreenderamultiplicidadedaverdadeoobrigamaodiálo-goaointercâmbio.Paraumhomemsó,atarefadedesenvolverasciênciasseriafantástica,comoseriafantásticoeducaraconsciên-ciamoralsemumaorientação,semacompanhamento.

Lévinasalertaparaofatodequeasingularidadedooutro,sualiberdade,nuncadeveperder-senemdeveserdesrespeitada,nuncadevopretenderdispordooutro:

OabsolutamenteOutroéOutrem;nãofaznúmerocomigo.Aco-letividadeemqueeudigo"tu"ou"nós"nãoéumpluralde"eu".Euetu,nãosãoindivíduosdeumconceitocomum.Nemaposse,nemaunidadedonúmero,nemaunidadedoconceitomeligamaoutrem[...].AusênciadepátriacomumquefazdoOutro–OEs-trangeiroqueoperturbaemsuacasa.MasoEstrangeiroquerdi-zertambémolivre.Sobreelenãotenhopoder,porquantoescapaaomeudomínionumaspectoessencial,mesmoqueeudisponhadele:équeelenãoestáinteiramentenomeulugar.Maseu,quenãotenhoconceitocomumcomoEstrangeiro,soutalcomoele,semgênero.SomosoMesmoeoOutro.Aconjunçãoe nãoindicaaquinemadição,nempoderdeumtermosobreoutro(LÉVINAS, 2008,p.25-26).

Essemovimentocontínuodeintercâmbio,referidonotextoprincipal,sucedesemquesepercasuaindividualidadeesemqueseamalgamecomoentorno.

Unicidade

QuandovocêestudaosdelineamentosdaAntropologiaFilo-sófica,lê,comfrequência,definiçõescomoesta:apessoaé"subs-tância",umasubstânciaconcretaqueexisteemsimesma.Oquesignificadizer,pois,queapessoaéumasubstância?

Pode-se dizer que a pessoa é elamesma quantomais di-ferenteelaé,quantomaispeculiaremrelaçãoaosoutros sereshumanos, ou seja, quantomais indivisa sejaemais forte seja apresençadoseunúcleoespiritual.

Serpessoasignificaterautonomiaracionalparaatuardefor-maindependente,ouseja,serdonadeseusatosmorais,poderserum peranteomundo.

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Portanto,paraserpessoa,oserprecisa:• Serum–desdeumaperspectivaontológica.• Serúnicodiantedosseresdanaturezaedasoutraspessoas.

Comodiziamosescolásticos,apessoaé: indivisum in se et divisium a quolibet alio, ouseja,aindividualidadeontológicaéaquepossibilitaapersonalidade.

Aseguir,leiamosumpoucosobreaintersubjetividade.

Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––– M. Buber (1976), em Que é o homem?, descreve um dos fenômenos mais impor-tantes do homem; a relação com o outro, que ele chama intersubjetividade. Esse fenômeno sempre é destacado pelos pensadores da filosofia personalista e feno-menológica. A intersubjetividade é uma experiência comum a todos os homens, e Nunzio Galantino (2003), na obra Dizer o homem hoje, a denomina experiência originária. A reciprocidade está relacionada com a dimensão transcendente, é uma orientação ética para o tu. Nasce da dimensão ontológica e é uma categoria constitutiva da pessoa. Encontra sua explicação na relação (beziehung), no en-contro com o outro (begesnung). O eu não existe em si mesmo, como pretendiam na modernidade, o eu sempre está em relação com um tu e, também, com o "ele" (as coisas do mundo). O que provoca a alteridade é a presença do espírito que é originária do homem, cada um existe no mundo em relação ao tu, o eu está aberto ao tu. O eu, ontologicamente irredutível, constitui-se na relação com o tu. O homem precisa do tu. O homem forma parte da sociedade como pessoa, o ho-mem, mesmo dentro da sociedade, é livre para perseguir sua plenitude e a socie-dade, como conjunto dos homens, é um meio para esse aperfeiçoamento. Numa descrição antropológica do ser homem, então, é possível afirmar que: por possuir espírito, é um "eu", tem consciência de si próprio, se conhece e se sabe diferente do tu e do ele, pelo espírito tem consciência de ser um sujeito e que deve estar no mundo compartindo sua existência com outros sujeitos; é um indivíduo, mas forma parte de uma sociedade que é a soma das individualidades.––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Aesse respeito, podemos, ainda, dizer que: para aAntro-pologiaFilosófica,essasduascategorias (unicidadeealteridade)sãofundamentaisparaentenderohomem.Pelocomportamento,deduz-sequeaestruturadialogaléconstitutivadoserhumano,combasenumadisposiçãoespiritual.Algunsautoresdescrevemoutrascategorias.J.Y.Jolif(1969,p.149-154),porexemplo,des-crevecincocategoriasouestruturasformaisparaconheceroserhumanononívelfilosófico.Sãoestas:

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1) Alteridade.2) Diferenciação.3) Dialética.4) Metafísica.5) Totalidade.

O importante na hora de pensar o ser humano é que eleama,fala,trocaideias,projetos,ésolidárioe"dialogal"naexistên-ciacomosoutros"eus"ecoisasdomundo.

Essaconcepçãodehomemécontráriaàideiadeserindivi-dualista,queoneoliberalismoelinhasdepensamentopositivistadefendemhoje.Aestruturadialogaldohomeméumacondiçãonecessáriadaexistênciahumana,aprópriaexistênciavemacom-panhadadacompreensãodooutrocomoex-istente,comosujeito.AconcepçãoindividualistaestátãoarraigadanopensamentoqueopróprioHeidegger,íconeexistencialista,consideraqueoeunãoestáparaotuesimcomseupróprioser,odoDasein(HEIDEGGER,2001).Ooutronãoapareceemsuaantropologiaemrelaçãodialo-gal.Quandodizqueoser-no-mundoéumsercomosoutros,nãoenxergaooutrocomoseupróximoesimcomooutro.

Sobre esses temas, sugerimos a leitura da seguinte obra: Antropo-logia Filosófica, de Vaz H C L, livro II, cap. II.

6. LIBERDADE

Pornossacondiçãoespiritual,somosseresdotadosdeliberdade.[...]apropriedadedeumserespiritualésuaindependência,liber-dadeouautonomiaessencialperanteoscontratemposepressãodoorgânicodavida[...].Talserespiritualnãoestálimitadopelosimpulsoseomeio,éabertoaomundo(SAHAGUN996,p.146).

Aliberdadeéumacaracterísticacentraldaexistência:supõequeapessoa,aindaqueligadaaomundopelocorpo,nãoestácon-dicionada,comooanimal,pelosimpulsos.Nãodependeexclusi-

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vamentedaspulsões,dopatrimôniogenético,domeiosocial,dascaracterísticashistóricas.Emoutraspalavras,nãoestádetermina-dapelasforçasdanatureza.ComodizV.Frankl(1995,p.111):"Ohomeméoserespecialquepossuicontínualiberdadededecisão,apesardetodososvínculos".Aspulsõesexistem,masdeforma"pensada";agenéticaestápresente,masdeformaassumida.

Apessoa,porserespiritual,atuasabendooqueestáfazen-doe,especialmente,podendoconcordarounãosegundoojuízodarazão.

Aliberdadedavontadeéapossibilidadedeconstruir-sedequeohomemdispõe;éumapropriedadeespecífica,pertenceaopróprio ser.Nãoéumacaracterísticaadquirida, social; é consti-tutivadoserhomem;nuncaéumaimposição,éporsimesma;ohomemélivreporquenãopodeserdeoutraformaounãoseriaumserhumano.ComodizSartre (2009,p.42): "Ohomemestácondenadoaserlivre,condenadoporquenãosecriouasipróprioenoentantoélivrepelofatodequeestánomundo".

Pelaliberdade,ohomempodeplanificareexecutaraidealiza-çãodesuavida.Ninguém,nemopróprioDeus,podeposicionar-senolugardohomemedecidirporele.

Naliberdade,estáradicadaapossibilidadederealizaçãooudefracassodoprojetopessoal.Apessoa,pelaliberdade,sente-secapazdoprogresso,darealizaçãodohumanismo,desermaisdoqueela sempre foi.Mesmodepoisdomais terrível fracasso,damaiscompletaalienação,continuamosaterumaconsciêncialivrepalpitandodentrodenós.

Mesmoantetalcenáriodeonipotênciaeimpério,variadossão os impedimentos da liberdade: há os impedimentos psíqui-cose,também,apossibilidadedequeindivíduosquenãoestejamenfermos careçam de liberdade – são aqueles que se deixaramalienar.Porquesucedeisso?Porque,emqualquerdessescasos,oespíritonãoconsegueexpressar-se,ficaimpedidodeseatuali-zar.OctavioDirisi(1985)explicaquealiberdadenosentidoestrito

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consistenoautodomíniodavontadesobresuaprópriaatividade,empoderquererounãoalgumacoisa,empoderescolherentreestaououtracoisa.

Otermoliberdadeacompanhaotermohomem,éumacon-diçãoconsideradaporpraticamentetodasascorrentesdepensa-doresqueestudamohomem:

• Oskantianosveemnaliberdadeaideiasupremaparaal-cançaraperfeição.Concebem-nailuminadapelosditadosdarazãoprática.Nessaconcepção,avontadeficasubme-tidaàmoraldecorrentedessarazãoprática,eosprincípiosdarazãopráticadevemserdeplenarealização,semespe-rarnenhuma recompensa.Essemomentoé reconhecidopelopensamentokantianocomo"detotalliberdade".

• Osmaterialistassãorígidosaoextremonadefesadaliber-dadedohomem.Nesseponto,coincidemcomosexisten-cialistas,quesãoaindamaisradicaisnahoradeconcebera liberdade.Sartre,que,olhandoNietzsche,adereànãoexistênciadevaloresabsolutos,vênapróprialiberdadeofundamentoparaosentidoeovalor.Opontomáximodaliberdadeé,paraoexistencialismo,possibilitaraliberdadedosdemais.ParaSartre,osvaloressãoprojetosqueoho-mempropõebaseadosnoqueelequersersempoderpen-sarqueexistaumfuturoesemnecessidadedeumprin-cípiocaracterizador.Diferentementedosmaterialistas,elerejeitaqualquerprincípionaturalista.Paraele,ohomemtranscendeasestruturasnaturaiseasverdadesanteriores,tudodeveserprodutodesualiberdade(SARTRE,2003).

As posturas mais radicais sobre a ontologia da liberdade,como a sartreana, argumentam: não existemdeterminismos nohomem,sempreépossívelagirdeoutramaneira.

Naperspectivaantropológica,Sartrenãocrêemdeterminis-moteológico,biológicoousocial.ComoescrevenaobraO exis-tencialismo é um humanismo,quecontémasprincipaisideiasda

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conferência que deu emParis em20 de outubro de 1945: nelaexpressaasideiasdequenemDeus,nemanatureza,nemaso-ciedadedeterminaabsolutamentenossaspossibilidades, predis-pomosnossacondutanamediaçãoda liberdade(SARTRE,2009,ps.31,36,43,55,77).Esseautorconsideraqueohomeméumser"para-si",ouseja,quenãotemumaessênciadefinidaantecipada-mente,nuncaéresultadodeumaideiapreexistente;ohomeméumfazer-secontínuo,"Somosoquetemosqueridoseresemprepoderemosdeixardeseroquesomos"(2009,p.61).

Segundo Sartre, só o homeméo responsável pelo que é.Essa responsabilidade não está restrita ao âmbito individual, e,sim,correspondeàtotalidadedahumanidade.Quandodecidimospelocasamento,aceitamosseguiramonogamia.Semprequeade-rimosaumaideiapolíticaouaumideal,estamostomandopartidodeumaformadehumanidade.Sartreexplica:"SeDeusnãoexiste,nãohávaloresouordensquemodelemnossaconduta.Estamossós,ohomeméosercondenadoaserlivre"(2009,p.42-43).Nomundo(naexistência),ohomeméresponsávelportudooquefazoudeixadefazer;eleéoúnicoresponsávelporsuaspaixões,pelamoralqueadota. "Nãohá signosnomundoquedigamou indi-quemoquedevemosfazer"(2009,p.50).

Paraessepensador,osfinsqueperseguimosnãosãodadosnemdoexteriornemdointerior,nãoexistenenhumasupostana-tureza,énaliberdadequecadaumseescolhe;cada"Para-si"temaliberdadedefazerdesioquequiser.

[...]ohomemestácondenadoaserlivre.Condenadoporquenãosecriouasipróprioenoentantoélivrepelofatodeestarnomun-do.Assimohomemcomeçaaexistirparalogo,nasuaexistência,definir-se(2009,p.42-43).

Oprimeiroprincípio doexistencialismo sartreanoé: oho-meméoúnicoserquepodesertalcomoelesequer.Segundooautorcomonãotemosumanaturezaouessência,nãoestamosde-terminados;comonãoescolhemosserlivres,nãosomoslivresdedeixardeserlivres(2009,p.60-63).Aliberdadeétãoimportante

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nestaantropologiaporqueelaéofundamentodetodososvalo-res.Tambéméprincípioderesponsabilidade:"Quereraliberdadeérespeitaraliberdadedooutro"(SARTRE,2009,p.77).Ohomemdeboaféprocuraaliberdadepelaliberdade.

Mesmodefendendoqueohomemdeveobrardeformahu-manaemrelaçãoàhumanidade,queestá representadaporelepróprioepelosoutroshomens,paraexecutarsualiberdade,essa"liberdade" proposta por Sartre é totalmente autônoma. Nesseponto,écriticável,jáqueaverdadeiraliberdadenãoexistesenãoestáorientadaàperfeição,àhumanizaçãoeàplenitudedopróprioserhumano–casocontrário,podeseruma"libertação".Liberda-deestásempreacompanhadapelovocábulo"responsabilidade".Aseguir,umexcertodeSartre,vejacomoofilósofofrancêsinter-relacionaaliberdadeearesponsabilidadepelaliberdade.

Existencialismo é um Humanismo ––––––––––––––––––––––Dostoievski escreveu: "Se Deus não existisse, tudo seria permitido". Eis o ponto de partida do conceito de liberdade sustentado pelo existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, mas o homem está desampa-rado porque não encontra nele próprio nem fora dela nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. Com efeito, se a existência precede a essên-cia, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos, valores ou ordens prontas que possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, o reino luminoso dos valores transcendentes, não podemos apelar a nenhuma justificativa e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz. O existencialismo não acredita no poder da paixão. Ele jamais admitirá que uma bela paixão é uma corrente devastadora que conduz o homem, fatalmente, a determinados atos, e que, conseqüentemente, é uma desculpa. Ele considera que o homem é responsável por sua paixão. O existencialista não pensará nun-ca, também, que o homem pode conseguir o auxílio de um sinal qualquer que o oriente no mundo, pois considera que é o próprio homem quem decifra o sinal como bem entende. Pensa, portanto, que o homem, sem apoio e sem ajuda, está condenado a inventar o homem a cada instante. Ponge escreveu, num belíssimo artigo: "O homem é o futuro do homem" (SARTRE, 2011, p. 6). ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Vamoscontinuaranalisandooqueéliberdadeparaenten-derplenamenteessapassagem.

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Liberdade para e liberdade de

Não podemos falar em "liberdade total", já que todo atorequer um limite,mesmo assim a liberdade é aquela realidadequepermitequeohomemnãosucumbaanteodestinogenético,psicológico, biológico, social ouhistórico.Nãohá liberdade semcondiçãoética,nãoháliberdadesemresponsabilidade.Jáquealiberdade,porserdapessoa,supõesempreumadimensãointer-pessoal,o homem é sempre um eu no mundo com outros "eus",situaçãoessaqueexigereciprocidadedecondutas,porquealiber-dadesupõeumsentido.

Pelaliberdade,dimensãoessencial,ohomeméconsideradoumsujeitode responsabilidadesedireitos.Casocontrário, seriaumacoisadirigida.Mesmoassim,vocêélivre:podeserresponsá-velounão.

Aliberdadeécondiçãodoserracionalecomvontade.Oserhumanoéoúnicocompossibilidadedeagirounãoagir,defazeristoouaquilo,e,portanto,depraticaratospensados,deliberados.Deassumirresponsabilidades.Justamentenadinâmicaentreliber-dadeeresponsabilidadeéqueoserhumanopossuiacapacidadedemudar,detransformarsuavidaesuaformadeveromundo.

Liberdade não pode significar indeterminismo, como dizBentoXVInahomilianafestadoCorpodeDeus,22.5.2008:

Deuscriou-nos livres,masnãonosdeixousós:Elemesmosefez'caminho'eveiocaminharconosco,paraqueanossaliberdadete-nhatambémumcritérioparadiscerniraestradacertaparapercor-rer(BENTOXVI,2008)

Otermoliberdadenasociedadeatualtemcorrespondênciacomaideiadeliberum arbitrium ou livrearbítrio–termoutilizadopelospensadoresantigosdocristianismoqueconformaumdospontosfundamentaisdateologiacristã.

Somos livresparaatuar.Porém,a liberdadedeve ser vistacomoumcaminhoparaprogrediremdireçãoàplenahumanida-de,oquepossibilitaumasociedadejustaeequitativa.Desseprin-

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cípio,surgeoconceitode"Liberdadepara",quecorrespondeaoidealdepoderassumiraprópriaresponsabilidadeparaconceberumasociedadejusta,regidaporleisjustas,semlimitaçõesparaaspotencialidadesquesãoprópriasdapessoaeconcordantescomaordemdoser.

Nãoésemprequeohomempodeexercer,deformaautô-noma,sua"liberdadepara".Historicamente,debate-seentrealie-naçãoesubjugação.Muitasvezes,nahistória,ohomemsomenteteveapossibilidadedevivenciarumaliberdadepessoaldeformaprivada,interior,sempoderestendê-lanocampodasrealizaçõeshumanas,queéoseiodasociedade.

A"liberdadepara"nãopodeserinterpretadacomo"liberda-dede",queésinônimodeumalibertação,quenãopossuiomesmosuportedesentido.Nemcomoa"experiênciadeliberdadepsico-lógica"queexperimentamosquandoescolhemosentrediferentesmarcas, diversos estabelecimentos, ou profissionais. A "liberdadede"nosabreparaomundo,masseainterpretamoscomoliberdadecompletaelapodenoslevaraexecutar,deformaarbitrária,amo-ralindividual.Essefoiocasodamaioriadosditadoresdomundo,que,longededotardesentidoaexistênciadequemaexerceouasofre, alteraaordemmoral eprovoca consequências existenciaistotalmentenegativaspelaópticahumana.A "liberdadepara"éaferramentadequeohomemdispõeparaforjarseudestino,nuncaécondiçãoparaestabelecerummundoarbitrário (FRANKL,1978).

Paraocristianismo,ohomemaperfeiçoa-seatuandoporqueé livre.AgostinhodeHiponadiferencia entre libertas (liberdaderadical)e liberum arbitrium (quesignificaliberdadedavontade),tendoiniciadodesdeessaperspectivaocaminhoparaoestudodaliberdadepsicológicaealiberdadedeconsciênciaqueéprópriadohomem.TomásdeAquinobaseiaaliberdadenaracionalidade,ouseja,emdecidirounãoagirdeumadeterminadaforma,depen-dendodaapreciação."Araizdetodaliberdadeestáconstituídanaracionalidade"(LUCAS,1996,p.204).

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Paraumamelhorcompreensãodotemaaquiabordado,va-mosanalisaroqueJuandeSahagunLucas,naobraLas Dimensiones del Hombre,escrevesobreliberdadeeindeterminação.

JuandeSahagunLucasestudaaliberdadeemtrêsaspectos:• Fenomenológico.• Metafísico.• Antropológico.

Na dimensão fenomenológica, diferenciam-se dois concei-tosparecidos,masdecaracterísticasdiferentes: indeterminaçãoeliberdade.

"Indeterminação"refere-seaumconceitonegativodenãodependênciateleológica,nãonecessidade.Criaumasensaçãopsi-cológicadeliberdade,masnãoliberta.

Osegundotermo(liberdade)éumconceitopositivoquesig-nifica viver as potencialidades de forma consciente e assumida.Atuarcomliberdadeéfazersabendooqueestásendofeitoeparaqueestásendofeito.

Oconceitodeliberdademostra-senoexercíciodavontadeduranteopercursodavidapessoal.Ohomem,complementaJuandeSahagunLucas,exerce sua liberdadecomoexistentequandorealiza, apartir da consciência, ações semaobrigatoriedadedeagentesexternos(LUCAS,1996).IssoconcordacomoconceitodeliberdadepresentenaobraÉtica,deSpinoza.Sobrea liberdade,eleafirma:

Diz-selivreacoisaqueexisteexclusivamentepelanecessidadedesuanaturezaequeporsisóédeterminadaaagir.Ediz-senecessá-ria,oumelhor,coagida,aquelacoisaqueédeterminadaporoutraaexistireaoperardemaneiradefinidaedeterminada(Ética,Pri-meiraparte,Def.7).

Essaafirmaçãolevaemcontaqueohomeméum"sercor-porizado",queestánomundoe,portanto,nascecomdeterminis-mos.Quenãopodeprescindirdecontribuiçãoeparticipaçãodooutro;pensemosquetodosnósprecisamosdeumguiaedebons

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exemplosnocampoespiritual.Essassituaçõesexistenciaisnãore-presentamumacoerçãodonossoserlivre.

Liberdadelevaaterdignidade,ambassãoconstitutivosessen-ciaisdapessoahumana.Ohomem,peladimensãoespiritual,élivreepodesobrepor-seatodasassituaçõesdedeterminismo,situar-seporcimadelaseatuaremrelaçãoacadauma,masohomemnãoestáli-vredoscondicionamentosdomundo,élivreparatomarumaposiçãodiantedelese,nessepontoeescolha,radicasuaresponsabilidade.

Informação Complementar ––––––––––––––––––––––––––––– Porque estamos no mundo e porque realizamos nosso projeto pessoal nele so-mos movimentados por impulsos que, segundo Jung (2005), são produto de mi-lhões de anos de evolução. Baseado nesse postulado, esse psicólogo descreve o problema do "inconsciente coletivo", o que define como "o sedimento da expe-riência universal de todos os tempos, é portanto uma imagem de mundo que se formou há muitos anos (eocenos)". Imagens depositadas no cérebro sobre dife-rentes acontecimentos psíquicos nos impulsionam a ter prejuízos, medos e, até, alguma forma de angústia. Por outro lado, somos motivados por sentimentos e paixões que, muitas vezes, desafiam o pensamento lógico, a razão. Em algumas pessoas, esses componentes psíquicos impossibilitam o desenvolvimento e não lhes permite atuar livremente. Nessa mesma ordem estão as necessidades cor-porais que o homem precisa satisfazer para sobreviver. Mas esse conjunto de ca-racterísticas é só uma pequena parcela das motivações humanas, a pessoa não se aquieta como o felino depois de ter comido e bebido, suas necessidades são essas e outras, o objeto convida constantemente o homem a descobrir coisas novas, os bens particulares estão sempre despertando algum grau de interesse, um livro, um poema, a visão da pessoa amada, compaixão, autossuperação, são o combustível que impulsionam a vontade em direção a um objetivo. Tam-bém não é uma verdade absoluta que todo objeto externo leve o homem para o caminho da constante superação. Na sociedade tecnológica contemporânea a pessoa é estimulada ao consumo, à voracidade, ao sexo, ao individualismo, a ter e a possuir. Esses estímulos são veiculados pelos meios de difusão, TV, revistas, cinema etc., são provocados pela propaganda e promovem uma atitude passiva, levam à massificação, à perda da individualidade etc., desembocam em estados de ânimo que têm como consequência o tédio, a falta de sentido e, como diz V. Frankl (1995, p. 89-119), acabam em crises noéticas (existenciais), porque esses bens não são o bem que promove o sentido verdadeiro, são realizações passa-geiras e alheias à nossa natureza. O homem "normal", pelo poder de oposição do espírito, pode tomar uma atitude porque, como diz Hartmann (apud. Frankl, 1995), a liberdade do homem é uma liberdade apesar da dependência. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Sobre esse tema, sugerimos a leitura da obra: Antropologia Filosó-fica, de E Rebuske, cap. III.

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Liberdade e sentido existencial

Oquedásentidoàexistênciaéacapacidadeespiritualquepossibilitalutarporumacausanobre,umideal,umailusão.Essemovimentodesentidotemrelaçãocoma"liberdadepara".

Podemos,emoutraspalavras,assimentender:• Ohomemélivreparaobem,paraaverdade,paraconcre-

tizarsuasrealizaçõesdentrodeumprojetodevida,esseéocaminhoqueliberta.

• Existenohomemumadireçãoparaobem,paraosvalores,parao sentido, eohomemé livrepara segui-laounão.Observandooanimal,vemosqueeleestádeterminadoporleisnaturais,quevãodasmuitorígidasatéasmaisadap-táveis.Jáoserhumanonãotemlimitesinfranqueáveis,écapazatédeimolar-seporumidealdeliberdade.

Aliberdadeéumconstitutivoantropológicodapessoa,éante-rioràação.Comoapessoatemacapacidadedeordemontológicadetomarasdecisõesdesdeocentrodoser,continuarátendoautonomiaaindacarecendodemeiosparaexercerfisicamentesualiberdade.So-menteohomem,serdeliberdade,podetranscenderaoâmbitodofísico,daspulsões,domedo,docírculofechadodoegocentrismo.

7. HISTORICIDADE

Vocêpercebeuporqueo serhumanoédiferentedosou-trosseresdanatureza?Seucomportamentoéoutro.Enquantoosanimaisseajustamaoconjuntodanatureza,oserhumanosentenecessidadedeconstruiracimadonatural.Parasatisfazeressane-cessidade,elepartedaculturaqueherdadeseusantecessores.

Ohomeméoserquesempreestáacaminho,entendesuaexistênciaemtermosde"progresso".

Com base nessa particularidade humana, a AntropologiaFilosóficaconcluiqueohomematuaassumindoopassadopara

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construiropresente,tendoemvistaumarealizaçãofutura.Aesseprocessodetempohumano,osantropólogosdenominamhistori-cidade (LUCAS,1996,p.219).Ahistoricidadeéumapropriedadehumanaque:

Dependedaliberdade,dacomunidadehumanaedacultura.

Édinâmica,porestarmotivadapeladimensãodeliberdade.

Abarcaopassado,opresenteeoporvir.

Temumsignificadoopostoaohistoricismo.

Precisapartir–essahistoricidadedaexistência–dohumanismoherdadodopassadoparasedirigiraumfuturoqueestejaabertoàliberdade.

8. COMUNICAÇÃO

Ohomeméumsernomundo,possuiumcorpobiológicoqueo sujeitaaomundo físicoe,por sernomundo,precisadascoisasedasoutraspessoaspararealizarseuprojetopessoal.

Nomundo,o"eu"estásempreemcomunicaçãocomosou-tros"eus",seucorposerveparasecomunicar.Acomunicaçãoéacaracterísticaquepossibilitaaohomematravessarcomêxitoaexistência.

Ohomeméumserquerecebeetransmitecultura,informa-ções,sentimentos,direçãoéticaetc.

Palavra

O homem expressa-se por ser um ser social, porque vivenumacomunidade.Ohomeméconstitutivamenteumserdelin-guagem.

Napalavrautilizada, estão comprometidas tanto a dimen-sãoespiritualcomoafísica,porqueapalavraéaexteriorizaçãodoconceitooudaideia.Nãochegariaaserpalavrapropriamentesenãoexistisseumpensamentoquea legitimasseeumacondiçãofísicaqueadivulgasse.

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Homem: ser social

Ohomemnãoéumserautossuficiente:damesma formaquenecessitadoselementosquelheforneceanaturezaparapo-dersobreviver,tambémprecisadasoutraspessoas,dopróximo.

Apersonalidadedohomeméforjadapelaexistênciaquedesen-volvenomundojuntamentecomoutros"eus"ousujeitos(emsuasrela-ções,éamadoeama,trocaoucompartilhapensamentoseprojetos).

ComoexplicaLévinas(1980)emTotalidade e infinito,ooutrodemandaumacondutaética.Asimplesexistênciadooutroexigeumaresposta;nãoumarespostasimplesmente intelectual,umarespostaquebrotedaorientaçãoontológicadoser.

Paracompreendermelhoressetema,definamosoqueéooutroparanós:

1) Ooutronuncaéumserindiferente,éumserquecha-ma,exigeumcomportamentoético.

2) Oreconhecimentodooutroédecaráterobjetivo,oou-tronãoéum"amigoinvisível".

3) Aacolhidadooutronãoestádentrodouniversodaquiloqueéconstruídonaculturacomoalgoaprendidoesimcomoalgodadoeconstitutivo.Éumaexigênciainteriorqueseprojetanumadimensãotranscendente.

4) Pormeio do outro, descobrimos o sentido último pornostransportaràrelaçãocomodivino,numadimensãotranscendente.

Arelaçãopessoaléfundamentalnaconstituiçãodapessoahu-mana,quepossuicomoconstitutivoa"alteridade".Issoimplicaqueo homemnunca está sozinho, que é um "ser-com-os-outros"; suaexistênciapessoalsempreestáorientadaaosoutros,aexistêncianomundosempreéuma"coexistência".M.Buber(1976)explicaqueatéquandoohomemseencontrasó,adimensãodialogalcontinuaporseressadecarátertranscendental.

Oserhumanoexistecomoum"eu"capazdeautocompre-ender-se, autodeterminar-se,oqueo fazúnicoe irrepetível, ou

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seja,pessoa.Emnenhumcaso,apessoapodeserinstrumentaliza-daparaalgumfimquesejaalheioàsuanaturezadedesenvolversuapersonalidadeemliberdade.Asociedadeneoliberal reduzoserhumanoàsfunçõesdeproduçãoeconsumo,submetendo-oaprojetosdecarátereconômicoemnomedoprogresso.

Éverdadequeoprogressotecnológicotrouxegrandesbene-fíciosparaahumanidade,mas,comodizJungMoSung:

Não vivemosmais em uma civilização em que se trabalha paraviver,ondeasquestõeseconômicas–comoconsumo,trabalhoeacumulaçãodebens–estavamsubordinadasaviverbem;masemumacivilizaçãoondedevemostrabalharparaganharmaisdinheiroeconsumirmais,eoviverbemfoiidentificadocomosucessopro-fissionalouacapacidadedeconsumo(2007,p.101).

A liberdade individual está em perigo porque, como dizFrankl,aliberdadederespostaantecadasituaçãoparticularcon-fereaohomemacondiçãodeserúnicoeirrepetível:

A vidahumananão se apresenta comoumaobra acabada,mascomoumprojetoaserrealizado.Todapessoahumanarepresentaalgoúnicoalgoquenãoserepete.Cadamissãoconcretadeumho-memdependerelativamentedesse"caráterdealgoúnico",dessairrepetibilidade.Épor issoqueumhomemsópodeter,emcadamomento,umamissãoúnica,eéassimqueessapeculiaridadedequeéúnicacomunicaatalmissãoocaráterdeabsoluto(FRANKL,2003,p.75).

A pessoa, um fim em si mesma

"Eupensoqueaculturadoconsumoeaideologianeoliberalestabelecemunilateralmenteoparâmetroparao sentidodavidananossasociedade".Comessafrase,JungMoSung(2007,p.120)evidenciaumdosmaioresproblemasqueestáacontecendocomaorganização socialmarcadapela formadeproduçãoneoliberal: areduçãodoserhumanoàcondiçãodecoisa.Asociedadeatualestácaracterizadapelosgrandesprogressosnocampodatecnologia,daplanificação,daproduçãoedacomunicação.Essanova realidadetrouxegrandesbenefíciosparaahumanidade,mastambémgerouimportantesmudançasnasrelaçõesinterpessoais.Avastaprodução

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deobjetosoferecidosaoconsumojuntocomoconsumoexacerba-dodebens(necessáriosesupérfluos)deinformaçõesedeserviçoslevouaspessoasaadotaremnovasformasdepensar,sentireagir.

Assim foram perdendo os grandes ideais que caracteriza-vamamodernidade(Deus,estado,sociedade,família,igualdade,fraternidadeetc.).Oqueficounolugarfoiaideiadequetudoétransitórioemediato.Hojenostocavivernummundodevalorestumultuados,ondeoconsumo,olucro(aqualquercusto)eoindi-vidualismotrouxeramumacrisedevaloresecolocaramemriscoaautoconsciênciaeaautodeterminaçãoquedefinemqueoserhumanosejapessoa.Issonoslevaaesquecerdeumdosalicercesdohumanismo:apessoaésujeito,centroefimdaaçãohumana.

Aseguir,apresentamosalgunsexcertosdepensadoresqueanalisamoproblemadohomemanteapressãodosmercados:

A pressão dos mercados ––––––––––––––––––––––––––––––O mercado de trabalho é um dos muitos mercados de produtos em que se escre-vem as vidas dos indivíduos; o preço de mercado da denominada "mão-de-obra" é apenas um dos muitos que precisam ser acompanhados, observados e calculados nas atividades da vida individual. Mas em todos os mercados valem as mesmas regras.Primeira: o destino final de toda mercadoria colocada à venda é ser consumido por compradores. Segunda: os compradores desejam obter mercadorias para consumo se, apenas se, vão ser consumidas para algo que sirva para satisfazer seus desejos.Terceira: o preço que o potencial consumidor em busca de satisfação está dis-posto a pagar dependerá da credibilidade da promessa de satisfazer seus dese-jos e da intensidade desses desejos.Os encontros dos potenciais consumidores com os potenciais objetos de consu-mo tendem a tornar as principais unidades na rede peculiar de interações huma-nas conhecidas, como sociedade de consumidores. Ou melhor, o ambiente exis-tencial que se tornou conhecido como "sociedade de consumidores" se distingue por sua reconstrução das relações humanas a partir do padrão, e à semelhança, das relações entre os consumidores e o objeto do consumo. Esse feito notável foi alcançado mediante a anexação e colonização, pelos mercados de consumo, do espaço que entende entre os indivíduos – esse espaço em que se estabele-cem as ligações que conectam os seres humanos e se erguem as cercas que os separam.Numa enorme distorção e perversão da verdadeira substância da revolução con-sumista, a sociedade de consumidores é com muita frequência representada como se estivesse centralizada em torno das relações entre consumidor, firmemente es-

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tabelecido na condição de sujeito cartesiano, e a mercadoria, designada para o papel do objeto cartesiano, ainda que nessas representações o centro de gravi-dade do encontro sujeito-objeto seja transferido, de forma decisiva, da área da contemplação para a esfera da atividade. Quando se trata de atividade o sujeito cartesiano (pensante, que percebe, examina, compara, calcula, atribui relevância e torna inteligível) se depara – tal como ocorreu durante a contemplação – com uma multiplicidade de objetos espaciais (de percepção, exame, comparação, cálculo, atribuição de relevância, compreensão), mas agora também com a tarefa de lidar com eles: movimentá-los, apropriar-se deles, usá-los, descartá-los.O grau de soberania em geral atribuído ao sujeito para narrar a atividade de con-sumo é questionado e posto em dúvida de modo incessante [...].Na sociedade de consumidores ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, res-suscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas exigidas de uma mercadoria vendável. A "subjetividade" do sujeito, e a maior parte de aquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito atingir, concentrar-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e permanecer uma mercadoria vendável. A caracterís-tica mais proeminente da sociedade de consumidores – ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta – é a transformação dos consumidores em mercadoria; ou antes, sua dissolução no mar de mercadorias em que, para citar aquela que talvez seja a mais citada entre muitas sugestões citáveis de Georg Simmel, os diferentes significados das coisas, "é portanto as próprias coisas, são vivenciados como ima-teriais", aparecendo "num tom uniformemente monótono e cinzento" – enquanto tudo "flutua com igual gravidade específica na corrente constante do dinheiro". A tarefa dos consumidores. E o principal motivo que os estimula a se engajar numa in-cessante atividade de consumo, é sair dessa invisibilidade é imaterialidade cinzenta e monótona, destacando-se da massa de objetos indistinguíveis "que flutuam com igual 'gravidade específica' e assim captar o olhar dos consumidores".[...] Escrevendo de dentro da incipiente sociedade de produtores, Karl Marx cen-surou os economistas da época pela falácia do "fetichismo de mercado": O hábito de, por ação ou omissão, ignorar ou esconder a interação humana por trás do movimento das mercadorias. Como se estas, por conta própria, travassem rela-ções entre si a despeito da mediação humana. A descoberta da compra e venda da capacidade de trabalho como a essência das "relações industriais" ocultas no fenômeno da "circulação de mercadorias", insistiu Marx, foi tão chocante quanto revolucionária: um primeiro passo rumo à restauração da substância humana na realidade cada vez mais desumanizada da exploração capitalista. Um pouco mais tarde, Karl Polanyi abriria outro buraco na ilusão provocada pelo fetichismo da mercadoria: sim, diria ele, a capacidade de trabalho era vendida e comprada como se fosse uma mercadoria como outra qualquer, mas não, insis-tiria Polanyi, a capacidade de trabalho não era nem poderia ser uma mercadoria "como" qualquer outra. A impressão de que o trabalho era pura e simplesmente uma mercadoria só poderia ser uma grande mistificação do verdadeiro estado das coisas, já que "a capacidade de trabalho" não pode ser comparada nem vendida em separado dos seus portadores. De maneira distinta de outras merca-dorias, os compradores não podem levar a sua compra para casa. O que com-praram não se torna sua propriedade exclusiva e incondicional, e eles não estão livres para utere et abutere (usar e abusar) dela à vontade, como estão no caso de outras aquisições. A transação que parece "apenas comercial" (recordemos a queixa de Thomas Carlyle no início do século XX, de que relações humanas multifacetadas tinham sido reduzidas a um mero "nexo financeiro") inevitavel-

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mente liga portadores e compradores num vínculo mútuo e numa interdependên-cia estreita. No mercado de trabalho, um relacionamento humano nasce de cada transação comercial; cada contrato de trabalho é outra refutação do fetichismo da mercadoria, e na sequência de cada transação logo aparecem provas de sua falsidade, assim como da ilusão ou auto-ilusão subseqüente. Se foi o destino do fetichismo da mercadoria ocultar das vistas a substância dema-siado humana da sociedade de produtores, é papel do fetichismo da subjetividade ocultar a realidade demasiado comodificada da sociedade de consumidores.A "subjetividade" numa sociedade de consumidores, assim como as "mercado-rias" numa sociedade de produtores, é (para usar o oportuno conceito de Bruno Latour) um fetiche – um produto profundamente humano elevado à categoria de autoridade sobre-humano mediante o esquecimento ou a condenação à ir-relevância de suas origens demasiado humanas, juntamente com o conjunto de ações humanas que levaram ao aparecimento e que foram condição sine qua non para que isso ocorresse. No caso da mercadoria na sociedade de produto-res, foi o ato de comprar e vender sua capacidade de trabalho que, ao dotá-lo de um valor de mercado, transformou o produto do trabalho numa mercadoria – de uma forma não visível (e sendo oculta) na aparência de uma interação autôno-ma de mercadorias. No caso da subjetividade na sociedade de consumidores, é a sua vez de comprar e vender os símbolos empregados na construção da identidade – a expressão supostamente pública do "self" que na verdade é o "simulacro" de Jean Baudrillard, colocando a "representação" no lugar daquilo que ela deveria representar –, a serem eliminados da aparência do produto final (BAUMAN, 2008, p. 18-24)Eu penso que a cultura do consumo e a ideologia neoliberal estabelecem unila-teralmente o parâmetro para o sentido da vida na nossa sociedade. Não vivemos mais em uma civilização em que se trabalha para viver, onde as questões econô-micas – como consumo, trabalho e acumulação de bens – estavam subordinadas a viver bem; mas em uma civilização onde devemos trabalhar para ganhar mais dinheiro e consumir mais, e o viver bem foi identificado com o sucesso profis-sional ou a capacidade de consumo. Antes a vida ou certo aspecto da vida e a natureza eram encantados porque eles eram a fonte de encanto das pessoas. Hoje, o encanto se transferiu para o mudo do consumo, para o artificial, para as mercadorias de marcas famosas, e a vida ficou desencantada. A vida sem consumo de mercadorias objetos de desejo se tornou quase que insuportável, sem nenhum encanto. E como não queremos viver uma vida desencantada, fria, sem graça, corremos atrás de mercadorias que encantem a nossa vida. Ir ao Shopping Center para fazer compras quando nos sentimos "desanimados" ou meio chateados (parecendo que nossa humanidade ficou diminuída, achatada) é uma expressão clara desse fenômeno. O sentido da vida não está mais na vida mesma, mas em consumir mercadorias que encantem a nossa vida. O problema é que quando fazemos do "consumir mais" o sentido último da vida caímos numa armadilha que nos conduz a uma ansiedade sem fim (sempre há novas coisas para consumir e assim causar inveja nas outras pessoas ou pade-cer a inveja de não possuir o que outro tem) e nos leva à promessa de um "pa-raíso" – a plenitude do consumo – que é muito solitário e frio. Falta nele o calor humano do encontro das pessoas na amizade e gratuidade sem a concorrência e inveja da lógica do consumo.Quando o sentido da vida não está nela mesma, a educação também perde o seu sentido original de possibilitar uma vida boa e formar uma pessoa "de bem"

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e se concentra em capacitar tecnicamente os jovens para o sucesso econômico. Assim, o valor e o sentido da vida e da mesma educação passam a ser medido através do cálculo econômico (JUNG MO SUNG, 2007, p. 12).[...] Há um texto de João Sayad, um importante economista brasileiro, que che-gou às minhas mãos por acaso, nesses lances de sorte na vida, que sintetiza bem o drama da nossa sociedade que estamos abordando."Há trezentos anos que o capitalismo transforma todas as coisas a nossa volta em quantidade – dólares, francos ou reais. Não sabemos bem quem somos, mas sabe-mos quanto valemos: somos o carro, a lancha, a casa ou os quadros que temos. A economia capitalista focaliza tudo em torno de cifrões. Em compensação, embaça tudo o mais. Cada vez nos tornamos mais eficientes, mais baratos e mais produtivos.Mais ricos, ficamos cada vez mais pão-duros. Sobram produtos agrícolas que são jogados nos rios ou estragam nos armazéns. Sobram produtos industriais que atendem necessidades que precisam ser criadas. Sobra mão-de-obra por-que gente custa salário. Não podemos gastar dinheiro com os ineficientes, com os aposentados ou com os mais pobres.Sabemos exatamente quanto custa cada coisa e cada decisão. Tudo é muito nítido e claro em reais ou dólares. Mas não temos tempo de nos perguntar sobre o sentido de tudo isso. Por isso o mundo nos parece embaraçado e fora de foco." (SAYAD, 1998).[...] A redução de tudo ao cálculo econômico deixa tudo "muito nítido e claro em reais ou dólares", mais, por isso, "O mundo nos parece embaçado e fora de foco". Uma das razões para isso é que "não temos tempo para nos perguntar sobre o sentido de tudo isso". A busca obsessiva por mais dinheiro e mais consu-mo, uma corrida sem fim porque a linha de chegada vai se afastando na medida em que nos aproximamos, nos deixa cegos ou desfocados para ver o "resto" que compõe a vida. E o que fica completamente fora de foco é o sentido da vida, pois nessa corrida por consumo ou ostentação. O objetivo a ser alcançado está sem-pre se movendo para mais longe e tomando as mais diversas formas que nos deixa aturdidos. Mas o sistema de mercado também oferece uma solução para isso. A propaganda "se dirige à desolação espiritual da vida moderna e propõe o consumo como cura" (LASCH, 1983, p. 103).Os efeitos desse encantamento hipnotizador não recai somente sobre as pessoas que procuram a cura em mais consumo. Muito pelo contrario, as conseqüências mais devastadoras recai também sobre os mais pobres da sociedade, que sofrem com a exclusão social, e o meio ambiente. De uma forma ou outra, todos nós perdemos. Diante de uma sociedade que reduz tudo ao cálculo econômico, cálculo que desfoca o sentido da vida e desencanta tudo o que na vida não é acumulação e consumo, inclusive a educação, vários autores de diversos campos do saber tem proposto o reencantamento da natureza, da vida e da educação.Estas propostas devem ser entendidas não como uma simples volta a uma civi-lização baseada na religião ou em uma visão mágica do mundo, mas como uma tentativa de ir além dessa redução da natureza, das pessoas e das atividades so-ciais ao cálculo econômico. Em outras palavras, encontrar valores nas coisas, nas atividades e nas pessoas que transcendam o valor econômico e que revelem um sentido de vida que seja muito mais humano e profundo do que simplesmente acu-mular riqueza e ostentar bens de consumo (JUNG MO SUNG, 2007, p. 101-103).––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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9. HOMEM: SER HISTÓRICO E VALORES

Ohomeméumserabertoaomundo.Énomundoquevaidesenvolverseuprojetopessoal.Comomundo,levaadianteumaconstante troca. Isso é possível porque possui um "instinto" depercepçãoquelhepermiteperceberoqueéútilounãonumade-terminadasituação.Consegue,pormeiodaconsciência,captarosvalores contidos nas coisas.Comopessoashumanas,organizamosnossaexistênciaapartirdevalores.

Quevaloressãoesses?Valoreseconômicosqueperceboporsertreinadooupossuirumdomparaavaliaroquecadacoisavalenomercadodosbens?Osvaloresfísicosquepossibilitamacon-servaçãodavidabiológica?Não,estamosnosreferindoavaloresespirituais!

Valor e sentido

Osvaloresespirituaissãoaquelesque,tendoumabaseme-tafísica,estãoreferidosàrealidade;aobrilharemnosobjetosreais,fazem-sepresentes,cativamnossaatenção.Umarelaçãopessoal,aprogramaçãodeumaação,aintervençãoracionalnanatureza,escolheralgoparacomeroubeber,cadasituaçãoexistencialestárevestidadeumvalore,comoosentidoestápresentenassitua-çõesdevalor,diz-sequeháumsentidoportrásdarealidade.

A orientação para o sentido é particular a cada indivíduo,unsdescobremumsentidoondeoutrosenxergamoutrodiame-tralmentediferente;osvaloressãocomunsatodos,osentidodasituação é uma coisa particular; eu descubro um sentido, outrapessoadescobreodela,semserpermitidaatrocadeinformações,jáqueninguém,porsuaprópriavivência,perceberáosentidodamesmaformaqueooutroopercebe.Senãofosseassim,todosviveríamosdamesmaforma.

Ascoisasquecompõemomundoondevivemostêm,todaselas,característicaspeculiaridades:umassãobelas,outras feias,

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umassãoboas,outrasmás.Oindividuoserelacionacomaquelasquesão importantespara suaexistência,descartandoasdesne-cessáriaseignorandoasquelhesãoindiferentes.Oquesucedeéque,anteascoisas,adotamosposiçõescríticas,porquetodasascoisas têm"valor".Peranteascoisas, formulamosum juízo,quepodeser:

• Juízo de existência:quandodizemosoqueoobjetoé.• Juízo de valor: nada altera a existência doobjeto. Esse

juízonãoagregaelementosàcoisanemostira.Concor-damosounãocomacoisa,masnãoamodificamospormeiodessejuízo.Oquefazemoscomosjuízosdevaloré destacar impressões que são próprias do objeto, nãosubjetivas.

Leiaotextoaseguir,quelhepossibilitarárefletirumpoucomaissobrevaloresentido.

Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––––Como o sentido e o valor são coisas afins, a possessão do valor pode aliviar o homem na hora de ter que procurar o sentido de cada situação. Se eu me oriento pelos valores universalmente aceitos, vou transitar, por concomitância, pela linha do sentido, sempre que não aconteça um conflito de valores. Os mandamentos são valores universalmente aceitos. Se, em cada ocorrência, eu os coloco em prática, estou atuando com sentido; se eu roubar ou matar ou trair para conse-guir um fim, estou realizando uma ação sem sentido. Agora, se faço isso para defender minha vida ante uma injustiça, o sentido muda, porque a vida é o valor principal. Devemos destacar que os mandamentos "eram" valores universais na época de Abraão, mas, hoje, possivelmente, é necessário complementá-los. O homem moderno descobriu que há novas dimensões existenciais, novas realidades, o trânsito por elas é "novidade" e, portanto, sem antecedentes. Mesmo assim, devemos aceitar que não estão defasados: posso, perfeitamente, orientar meu comportamento pelos mandamentos e, sem dúvida, estaria levando adiante a existência com sentido. Isso é possível porque há uma relação entre realização existente, sentido e valor. Lembremos que, sempre que as ações de sentido saem do particular para o universal, convertem-se em valor. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Lotze, filosofo alemão, foi quem explicou que os valores valem e as coisas são. Isso significa que os valores estão fora das catego-rias do ser. Assim, os valores não têm ou carecem de substância por si mesmos. Não se pode dizer belo, deve-se dizer belo em a

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relação alguma coisa, já que belo é uma qualidade da coisa e não a coisa em si. Lotze introduziu o conceito de valor e, Nietzsche, a palavra "valor". Mas foi com Brentano, em 1889, ao lançar o livro A origem do conhecimento moral, que se inaugurou o que, hoje, conhecemos por axiologia (HESSEN, J. 1980).

Impressões subjetivas e valor

Alémdessesjuízos,tambémformulamosimpressõessubje-tivas.Dentrodessadenominaçãoestãocontidosossentimentos,que são fenômenospsíquicos.Usamosadenominação "impres-sões subjetivas" porque representam vivências internas, podemseroprodutodeumavivênciaalojadanosubconscientedecará-terpositivoouobjetivo.Osvalores,poroutrolado,representamqualidadesobjetivasdascoisas.Podemosdizerqueéobjetivoseexisteindependentementedeumsujeitooudeumaconsciênciavalorativa.Emcontrapartida,serásubjetivosesuaexistência,sen-tidoouvalidezdependeremdasreaçõesfisiológicasoupsicológi-casdosujeitoquevalora.

Porexemplo:olhandoparaumadeterminadapessoanafiladeumcinema,doisamigosconversameumcomenta:"Essapessoatemcarade'nojenta'".Ooutrodiscorda,porconsiderá-lasimpática;aprofundandonaqualificaçãosubjetiva,oprimeiroselembroudequepareciacomumantigoprofessorcomquemtiveradiferenças,enquantoooutrooviuparecidocomumantigoamigodeseupai.Ambosfizeramumjuízosubjetivobaseadoemvivênciaspsíquicas,quenãotinhafidelidadeemrelaçãoàcoisainvestigada–nessecaso,umapessoadesconhecida.

Lotze resgatou o termo valor do universo da economia ecolocou-odentrodaterminologiafilosófica,diferenciandomuitobemovaloreconômicodovalorespiritual(DURKHEIM,2003).

Os clássicos utilizavam o termo bem no lugar do termo moderno va-lor. Mesmo assim, são eles que explicam que existem as coisas que são portadoras de valor Bona, e o valor da coisa ratio bonitatis.

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Oqueosfilósofosdeixammuitoclaro,baseadosnaconcep-çãodevaloredevalerdeLotze,équeohomeméocentrodosvalores,oreceptordosvalores.Mesmoassim,ascoisastêmsen-tidoindependentementedohomem.ComodizHeidegger(1967,p.69),inspirando-senafilosofiaclássica,"ohomeméopastorenãoocriadordoser".Ohomemtemacapacidadedeoptarpelovalor,pelobem,e,oqueémais importante,detransmiti-loaossemelhantes.

Nossosistemadevaloreséticosesuasconsequentesnormasdecondutasãoformadosdentrodatradiçãopsíquico-espiritualdoOcidente,que,emgeral,temsuabasenarevelação.Emnossaso-ciedade, esses valores são especialmente amor, individualidade,compaixão,empatia,esperançanofuturoetc.,todoselesdetra-diçãoreligiosaouhumanística.Contudo,háosvalorescriadosporgruposdeinteressesqueatuamnasociedade.Essesvalores,pro-dutosdeideologias,nãosãonecessáriosparaorientarocompor-tamentohumanoe,àsvezes,sãonegativos:estamosfalandodevalorescomoodepropriedade,consumo,posiçãosocial,vícios,possessãoetc.

Quaisvaloresvocêachaqueorientamocomportamentodaspessoasqueformampartedasociedadeatual?Analisecomoosdoisautorescitadosaseguirclassificamosvalores.

Classificação dos valores

Hessen(1962),naobraTratado de Filosofia III,descrevequa-trotiposdevaloresespirituais:

1) Lógicos.2) Estéticos.3) Éticos.4) Religiosos.

Os valores estéticos eos religiosos sãonecessáriospara ainterpretaçãodosentidodavida,domundo.Sãoosprimeirosnahierarquiadosvalores.

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JáM.Scheler(1989),naobraEl Formalismo en la Ética y la Ética Material de los Valores(títulooriginalDer Formalismus in der Ethik und die materielle Wertethik),primeiragrandeobradesuacarreira,desenvolveumavastíssimainvestigaçãosobreofenôme-nodovaloredasessênciasemgeral.Colocacomoobjetoaantro-pologiadapessoa,estudaoproblemadafundamentaçãognosio-lógicaeantropológicadaética,estabeleceasrelaçõesdegrauehierarquiadosvaloresentresi,earelaçãodefundamentaçãodovalorcomobem.

Scheler(1989)classificaosvaloresem:a) Úteis:conveniente,inconveniente...b) Vitais:forte,fraco...c) Lógicos:verdade,falsidade...d) Estéticos:belo,feio...e) Éticos:justoinjusto...f) Religiosos:profano,sacro...

Schelerexplicaqueosvaloresnãosãoentes,mas,sim,qua-lidadesdosentes–masnãoqualquerqualidade:são"qualidadesvalentes".Essemesmoautordescreve,também,umahierarquiadosvalores.Nessafasedesuavida,elenãopensavaemtermosreligiosos. Colocouos valores religiosos comoosmaiselevados,juntamentecomoséticos,pordaremsentidoàvida.

A existência (vida) sempre compreende o ôntico (o eu pensante) e o ontológico (são as coisas que o eu pode pensar).

Resumindo,diríamosqueosvaloresnãopodemsercapta-dospelarazão.Osclássicosdizemquenãoéaratio, mas,sim,o intuito que captaosentidodomundoe,também,queosvaloresespirituais (que, para serem valores, nunca podem ser criaçãonossa)sepercebemdeformainstintiva,brilhamantenossa in-teligência.

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Para você refletir –––––––––––––––––––––––––––––––––––––Percebemos que, executando valores, encontramos sentido no mundo, e, nesse movimento, assimilamos que nossa existência tem um sentido.Terapeutas como V. Frankl, em Psicoterapia e Sentido da Vida, concluem, por meio de uma análise fenomenológica, que a pessoa que realizar valores de ati-tude consegue dar sentido à existência. Esses gestos, considerados "valores atitudinais", devem ser dirigidos ao tu e poderiam ser traduzidos como ações sociais. Você acredita que a maioria das pessoas da nossa sociedade está mes-mo preocupada em multiplicar esse capital social, e que pensam no próximo? (FRANK, 2003). ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Etchebehere citando Platão explica que o drama humanoestánaeleiçãodaprópriavida:demuitosquepoderíamosserte-mosqueescolherserum.Aindaqueaalmasejaemessênciatodasascoisas,devedeterminar-seaserumasócoisa.Háumlivrodavidaondenossosnomesestãoescritos,aindaquecaibaacadaumdenósescreverahistóriadenossonome.Assiméapresentado,noiníciodafilosofia,emPlatão,omitodeER–queveremosagora.

O mito de Er –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––A verdade que o que te vou narrar não é um conto de Alcínoo, mas de um homem valente, Er, o Arménio. [...] "A virgem Láquesis, filha da Necessidade, declara: Almas efêmeras, vais come-çar outra vida de caráter transitório, entrarás em um novo corpo mortal humano. Não é um demônio que vos escolherá, mas vós que escolhereis o demônio. O primeiro a quem a sorte couber será o primeiro a escolher uma vida a que ficará ligado pela Necessidade. Mas a virtude não tem dono, cada um poderá tê-la em maior ou menor grau, conforme a honrar ou desonrar. A responsabilidade é de quem escolhe. A Divindade é isenta de culpa". Ditas estas palavras, atirou com os lotes para todos e cada um escolheu o que caiu perto de si, exceto Er, a quem isso não foi permitido. A variedade era infinita, ao apanhá-lo, tornaram-se evidentes para cada um a ordem que lhe cabia para escolher. Seguidamente, dispôs no solo, diante deles, os modelos de vida, em número muito mais elevado do que o dos presentes. Havia de todas as espécies, vida de todos os animais, e bem assim de todos os seres humanos. Entre elas, havia tiranias, umas duradouras, outras derrubadas a meio, e que acabavam na pobreza, na fuga, na mendicância. Havia também vidas de homens ilustres, umas pela forma, beleza, força e vigor, outras pela raça e virtudes dos antepas-sados; depois havia também as vidas obscuras, e do mesmo modo sucedia com as mulheres. Mas não continham as disposições do caráter, por ser forçoso que este mude, conforme a vida que escolhem. Tudo o mais estava misturado entre si e com a riqueza e a indigência, a doença e a saúde, e bem assim o meio termo entre estes predicados. É aí que está, segundo parece, meu caro Glaucón, o momento crítico para o homem, e por esse motivo se deve ter o máximo cuida-do, e que cada um de nós ponha por cima de tudo buscar e adquirir a ciência de

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distinguir uma vida honesta da que é má e de escolher sempre em toda a parte tanto quanto possível a melhor. Calculando que efeito tem, em relação com vir-tude em uma vida, para prever o mal que produz a beleza, por exemplo, unida à riqueza ou a pobreza, as consequências que tem o nascimento ilustre ou escuro, os cargos públicos ou a condição de simples particular, ou a debilidade física, a facilidade ou dificuldade […]. Ora, então, anunciou o mensageiro do além, o profeta falou deste modo: "Mesmo para quem vier em último lugar, se escolher com inteligência e viver honestamen-te, espera-o uma vida apetecível, e não uma desgraçada. Nem o primeiro deixe de escolher com prudência, nem o último com coragem".Ditas estas palavras, contava Er, aquele a quem coube a primeira sorte logo se precipitou para escolher a tirania maior, e, por insensatez e cobiça, arrebatou-a, sem ter examinado capazmente todas as consequências, antes lhe passou des-percebido que o destino que lá estava fixado comportava comer os próprios filhos e outras desgraças. Mas, depois que a observou com vagar, batia no peito e lamentava a sua escolha, sem se ater às prescrições do profeta. Efetivamente, não era a si mesmo que se acusava da desgraça, mas à sorte e às divindades, e a tudo, mais do que a si mesmo. Ora, esse era um dos que vinham, do céu, e vivera, na encarnação anterior, num Estado bem governado; a sua participação na virtude devia-se ao hábito, não à filosofia. Pode-se dizer que não eram menos numerosos os que vindos do céu, se deixavam apanhar em tais situações, devi-do à sua falta de treino nos sofrimentos. Ao passo que os que vinham da terra, na sua maioria, como tinham sofrido pessoalmente e visto os outros sofrerem, não faziam a sua escolha às pressas. Por tal motivo, e também devido à sorte da escolha, o que mais acontecia às almas era fazerem a permuta entre males e bens. […]Era digno de se ver esse espetáculo, contava ele, como cada uma das almas escolhia a sua vida. Era, realmente, merecedor de piedade, mas também ridículo e surpreendente. Com efeito, a maior parte fazia a sua opção de acordo com os hábitos da vida anterior. Dizia ele que vira a alma que outrora pertencera a Orfeu escolher uma vida de cisne, por ódio à raça das mulheres, porque, devido a ter sofrido a morte às mãos delas, não queria nascer de uma mulher; vira a de Tamiras escolher uma vida de rouxinol; vira também um cisne preferir uma vida humana, e outros animais músicos procederem do mesmo modo [...]."Assim que todas as almas escolheram as suas vidas, avançaram, pela ordem da sorte que lhes coubera, para junto de Láquesis. Esta mandava a cada uma o demônio que preferira para guardar a sua existência e fazer cumprir o destino que escolhera". (PLATÃO, República, Livro X, p. 614-620)A eleição do tipo de vida é, como diz Platão, o momento crítico para o homem, tanto que nesse momento coloca em jogo seu destino. "Não será um demônio quem escolhe, e sim você quem escolherá o demônio". Isto é, não é uma força cega quem nos dirige e sim nós próprios, por intermédio de nossas ações, que vamos configurando nosso caráter, moldando nosso demônio. (ETCHEBEHERE, 2008, p. 138-142, tradução nossa).––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Anteaexigênciadeescolhernossavida,Platãoorientaapro-curarumconhecimentoquenospermitadiscernirentreumavidaqueéboaeaquelaquenãoé.

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10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

Confira,aseguir,asquestõespropostasparaverificaroseudesempenhonoestudodestaunidade:

1) Indiqueaúnicaalternativafalsa:a) Acategoriaalteridadeéprópriadanaturezahumana,estárelacionada

comanecessáriavinculaçãocomosoutros"eus".Ohomeméemseuconstitutivoumserabertoàsociabilidadeeacomunidade.

b) Pode-sedizerqueoserhumanoépessoa,quantomaisdiferente,maispeculiarsejaemrelaçãoaosoutrossereshumanos.Quantomais indi-visoseja,comodiziamosescolásticos,paraestespensadoresapessoaé:indivisum in se et divisium a quolibet alio,ouseja,naindividualidadeontológicaestáabasedapersonalidade.

c) J.Y.Jolif(1969,p.184-185)explicaqueaalteridadeeaunicidadesãocate-goriasontológicas.Estascategoriasimplicamemsimesmasnumacontra-dição.Ambasdependemdarenunciadoconceitodesubjetividadepura,ohomemnãopodedeixardereconhecer,aceitareintegraradimensãodaalteridade.Eunãopossodar-mesemquesedêtambémooutro.Essacon-cepçãodehomemécontráriaàideiadeserindividualistaqueoneolibera-lismoeaslinhasdepensamentopositivistadefendemnosdiasdehoje.

d) Oserhumanonecessitacomunicar-secomooutroetambémtercontatocomomundo–essaéumaexigêncianatural.Devemosconsiderartam-bémquesuafinitudeesuadificuldadeparacompreenderamultiplicida-dedaverdadeoobrigamaodiálogoeaointercâmbio.

2) IndiqueaúnicaalternativaquecomplementaopensamentodeSAHAGUN."Apropriedadedeumserespiritualésuaindependência,liberdadeouauto-nomiaessencialperanteoscontratemposepressãodoorgânicodavida[...].Talserespiritualnãoestálimitadonempelosimpulsos,nempelomeioéaber-toaomundo".(SAHAGUN1996,p.146).

a) Portanto,ohomemestálimitadoporcrenças,desejos,vínculossociaisetc.Estessãodeterminantesdocomportamento.

b) Assim,sesomosprodutosdesituaçõeserealidadesquefogemdonossocontroleenãoescolhemoslivrementenossosgenesnemnossarealidadeambientalecultural,nãopodemosfundamentarefetivamenteahipótesedequeonossocomportamentosejaresultadodeumaescolhalivre.

c) Nascemosemumasociedadeestruturada,nãopedimosnemescolhemosnossodestino,bemcomonãoescolhemosnossapersonalidadesocial.

d) Apessoa,porserespiritual,atuasabendooqueestáfazendoe,especial-mente,podendoconcordarounãosegundoojuízodarazão.

3) Completeostextoscom"Liberdade de"ou"Liberdade para".a) Nãoháliberdadesemcondiçãoética,nãoháliberdadesemresponsabi-

lidade.Jáquealiberdade,porserdapessoa,supõesempreumadimen-

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sãointerpessoal,ohomemésempreumeunomundocomoutros"eus".Estaformadeliberdadeédenominada:_________________________.

b) Ohomemnascesemnenhumanormaoumodelo–portanto,comumaliberdadesemlimites.Aminharesponsabilidadeélimitadaantealiber-dade.Avontadeé livreeela impõeaação.Estaformade liberdadeédenominada________________________.

4) Comopessoashumanas,organizamosnossaexistênciaapartirdevalores.Ohomeméumserabertoaomundo.Énomundoquevaidesenvolverseuprojetopessoal.Quaisvaloresvocêachaqueorientamocomportamentodas pessoas que formam parte da sociedade atual? Caso tenha dúvidas,compare sua respostacomaanálisedosdoisautoresquesãocitadosnotópicoClassificação dos valores.

Gabarito

Confira,aseguir,asrespostascorretasparaasquestõesau-toavaliativaspropostas:

1) c.

2) d.

3) a) "+Liberdade"para"";b) +)liberdade"de".

4) Respostapessoal.

11. CONSIDERAÇÕES

Nestaunidade,vocêpôdeaprendersobreascaracterísticascentraisdaexistência,sobrearadicalliberdadedohomemeaes-truturaqueocompõe.Alémdisso,pôdeconstataraimportânciado"tu"nodesenvolvimentodapersonalidade,ouseja,a impor-tânciadooutro.

12. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisadosBentoXVI.Homilia na festa do Corpo de Deus,22.5.2008.Disponívelem:<http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=260781>.Acessoem12jan.2012.

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FRANK, V. Obras. Disponível em: <http://www.centroviktorfrankl.com.ar/bibliografia.html>.Acessoem:12jan.2012.SARTRE, J-P. O existencialismo é um humanismo. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/sugestao_leitura/filosofia/texto_pdf/existencialismo.pdf>.Acessoem:12jan.2012.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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