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Aula 00 Ética p/ DPU - Agente Administrativo Professor: Daniel Mesquita

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ÉTICA

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  • Aula 00

    tica p/ DPU - Agente Administrativo

    Professor: Daniel Mesquita

  • tica p/ Agente Administrativo da DPU. Teoria e exerccios comentados

    Prof Daniel Mesquita Aula 00

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    AULA 00: Princpios e tica na

    Administrao Pblica

    SUMRIO

    1. APRESENTAO 2

    2. CRONOGRAMA 4

    3. INTRODUO AULA INAUGURAL 4

    4. PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA 5

    4.1 PRINCPIOS BASILARES 6 4.2 PRINCPIOS DO ART. 37, CAPUT, DA CF. 9 4.3 OUTROS PRINCPIOS CONSAGRADOS. 18

    5. NOES GERAIS DE TICA NO SERVIO PBLICO 25

    5.1 REGRAS DEONTOLGICAS 28 5.2 DEVERES FUNDAMENTAIS 33 5.3 CONDUTAS VEDADAS 39

    6. COMISSES DE TICA 47

    6.1 PROCEDIMENTO 50

    7. RESUMO DA AULA 54

    8. QUESTES COMENTADAS 64

    9. REFERNCIAS 67

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    1. Apresentao

    Bem vindos ao curso de Licitaes, Servidores Pblicos e tica para

    Analista Tcnico Administrativo da Defensoria Pblica da Unio (DPU).

    Isso ai pessoal saiu o concurso do DPU!!!

    A Defensoria Pblica da Unio (DPU) escolheu o Cespe/UnB para

    organizar seus concursos para formao de cadastro de reserva em

    cargos de nvel mdio e superior

    Os cargos so de nvel mdio e superior, e a seleo ser em

    todo o pas!!

    E isso no est muito longe pra voc no, meu amigo, tenha isso

    em mente: SE VOC ESTUDAR, VOC VAI PASSAR E SE VOC PASSAR,

    VOC VAI SER CHAMADO!

    Hoje eu estou aqui desse lado, tentando passar o caminho das

    pedras pra voc, mas lembre-se de que eu j estive a, onde voc est

    agora.

    Pra voc me conhecer melhor, vou falar um pouco de mim.

    Meu nome Daniel Mesquita, sou formado em Direito pela

    Universidade de Braslia (UnB) e ps-graduado em direito pblico. A

    minha vida no mundo dos concursos teve incio em 2005, quando me

    preparei para o concurso de tcnico administrativo rea judiciria do

    Superior Tribunal de Justia. J nesse concurso, obtive xito e trabalhei

    por dois anos no Tribunal, na assessoria de Ministro da 1 Turma.

    Em seguida, passei para o concurso de analista do Tribunal

    Superior Eleitoral (CESPE/UnB), na quarta colocao.

    A partir da, meu estudo foi focado para as provas de advogado

    pblico (AGU, procuradorias estaduais, defensorias pblicas etc.), pois

    sempre tive como objetivo a carreira de Procurador de Estado ou do

    Distrito Federal.

    Nem tudo na vida so louros. Nessa fase obtive muitas derrotas

    e reprovaes nos concursos. Desanimei por algumas vezes, mas

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    continuei firme em meu objetivo, pois s no passa em concurso quem

    pra de estudar!

    E essa atitude rendeu frutos, logo fui aprovado no concurso de

    Procurador Federal AGU.

    Continuei estudando, pois ainda faltava mais um degrau:

    Procuradoria de Estado ou do Distrito Federal.

    Foi ento que todo o suor, dedicao, disciplina, renncia e

    privaes deram o resultado esperado, logrei aprovao no concurso de

    Procurador do Distrito Federal. Tomei posse em 2009 e exero essa

    funo at hoje.

    No posso deixar de mencionar tambm a minha experincia

    como membro de bancas de concursos pblicos. A participao na

    elaborao de diversas provas de concursos, inclusive para tribunais,

    me fez perceber o nvel de cobrana do contedo nas provas, as

    matrias mais recorrentes e os erros mais comuns dos candidatos.

    Espero que a minha experincia possa ajud-lo no estudo do

    direito administrativo.

    Vamos tomar cuidado com os erros mais comuns, aprofundar

    nos contedos mais recorrentes e dar a matria na medida certa, assim

    como um bom mdico prescreve um medicamento.

    Para que esse medicamento seja suficiente, ele deve atacar

    todos os sintomas e, ao mesmo tempo, deve ser eficiente contra o foco

    da doena. Isso quer dizer que no podemos deixar nenhum ponto do

    edital para trs.

    Alm disso, buscarei usar muitos recursos visuais para que a

    apreenso do contedo venha mais facilmente.

    Para reforar a aprendizagem, resumirei o contedo

    apresentado ao final de cada aula e apresentarei as questes

    mencionadas ao longo da aula em tpico separado, para que voc possa

    resolv-las na vspera da prova.

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    Todos esses instrumentos voc ter a sua disposio para

    encarar a batalha.

    2. Cronograma

    Num concurso com muitos inscritos como esse, voc no pode

    perder tempo e deve lutar com as armas certas. A principal arma para

    voc vencer essa batalha o planejamento.

    Nesse curso sero ministradas 01 aulas de tica, cada uma com

    os seguintes temas, de acordo com os pontos previstos no edital:

    Aula 00 (20/08/2014)

    2 tica no servio pblico: comportamento profissional; atitudes no

    servio; organizao do trabalho; prioridade em servio. Cdigo de

    tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo Federal:

    Decreto no 1.171/1994.

    Com base nesse cronograma, voc j pode planejar o seu estudo,

    dividindo o tempo que voc tem at a prova pelas matrias

    apresentadas. Dedique-se mais s matrias que tem maior peso e

    naquelas em que voc no tem muito conhecimento. Faa uma escala

    de estudos e cumpra-a.

    Se voc seguir essas dicas, no tem erro, voc vai passar!

    3. Introduo aula Inaugural

    Nessa nossa Aula 00 estudaremos: 2 tica no servio pblico:

    comportamento profissional; atitudes no servio; organizao do

    trabalho; prioridade em servio. Cdigo de tica Profissional do Servidor

    Pblico Civil do Poder Executivo Federal: Decreto no 1.171/1994..

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    Entretanto, no podemos encerrar sem revisar uma matria

    fundamental que cai em todos os concursos: os Princpios Bsicos da

    Administrao Pblica!

    Assim, primeiramente falaremos dos princpios inclusive o da

    moralidade em seguida entraremos no estudo do Cdigo de tica do

    Servidor Pblico.

    Sem mais delongas, vamos luta! Rumo aprovao!

    4. Princpios da Administrao Pblica

    Vamos iniciar o nosso estudo falando dos princpios que regem a

    Administrao Pblica, afinal esses princpios devem ser considerados

    em qualquer situao da Administrao Pblica, principalmente quando

    o assunto tica.

    A primeira coisa que voc deve saber sobre os princpios da

    Administrao Pblica que o regime jurdico administrativo est

    fundado, basicamente, sobre dois princpios: o da supremacia do

    interesse pblico sobre o privado (ou princpio do interesse

    pblico) e o da indisponibilidade, pela administrao, dos

    interesses pblicos.

    O segundo ponto que voc deve saber sobre os princpios da

    Administrao Pblica a palavra LIMPE, ou seja, a sigla que designa

    os princpios constitucionais expressos no caput do art. 37 da

    Constituio, assim redigido:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte:

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    Assim, LIMPE = Princpios constitucionais da legalidade, da

    impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficincia.

    Vistos os pontos fundamentais, que voc no pode esquecer nem

    por decreto, passamos agora para a anlise de cada um dos princpios

    do direito administrativo.

    4.1 Princpios basilares

    Como vimos, os princpios basilares so o da supremacia do

    interesse pblico sobre o particular (ou princpio do interesse

    pblico) e o da indisponibilidade.

    Pelo primeiro, entendemos que sempre que houver conflito entre

    interesse pblico e o particular deve prevalecer o interesse pblico, que

    representa a coletividade.

    A supremacia do interesse pblico orienta todo o regime jurdico

    administrativo. Em decorrncia desse princpio, a Administrao Pblica

    goza de poderes e prerrogativas especiais com relao aos

    administrados, o que faz com que o poder pblico possa atuar imediata

    e diretamente em defesa do interesse coletivo, fazendo prevalecer a

    vontade geral sobre a vontade individual.

    Diz-se, portanto, que a relao entre Estado indivduo de

    verticalidade. As ordens do Estado se impem aos indivduos de forma

    unilateral.

    Isso no quer dizer que os entes pblicos podem fazer o que

    bem entendem com os indivduos. A supremacia no absoluta, deve

    respeitar os direitos individuais e coletivos previstos na Constituio (p.

    ex.: liberdade, propriedade, devido processo legal, moradia, sade etc)

    e devem ser exercidas sempre visando o interesse pblico.

    ALERTA MXIMO! ALERTA MXIMO!

    Nunca se esquea: o princpio da supremacia do interesse

    pblico sobre o privado limitado tambm pela proporcionalidade,

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    ou seja, o ato praticado pelo administrador s ser legtimo se o meio

    utilizado por ele for adequado para atender ao fim perseguido.

    Se ele abusar, tomar uma medida gravosa ao administrado e

    desnecessria ou se escolher um meio inadequado, o princpio da

    supremacia no vai proteger esse administrador.

    Voc j ouviu falar em interesse pblico primrio? Existe

    interesse pblico secundrio?

    Existe sim, meus caros, leia com ateno.

    O interesse pblico primrio coincide com a realizao de

    polticas pblicas voltadas para o bem estar social. Pode ser

    compreendido como o prprio interesse social, o interesse da

    coletividade como um todo.

    O interesse pblico secundrio decorre do fato de que o Estado

    tambm uma pessoa jurdica que pode ter interesses prprios,

    particulares. Esses interesses existem e devem conviver no contexto

    dos demais interesses individuais. De regra, o interesse secundrio tem

    cunho patrimonial.

    Por fim, no a toa que o princpio da supremacia do interesse

    pblico um princpio basilar do direito administrativo. em razo do

    que existe o poder de polcia (que o poder de que dispe a

    administrao pblica para condicionar ou restringir o uso de bens e o

    exerccio de direitos ou atividades pelo particular, em prol do bem-estar

    da coletividade - Marcelo Alexandrino 2010, p. 239). Alm disso, em

    razo dele que se diz que o poder pblico tem a seu dispor as clusulas

    exorbitantes e pode desapropriar bens particulares.

    Vamos agora ao princpio da indisponibilidade do interesse

    pblico?

    No esmorea, guerreiro!

    Esse princpio decorre da ideia de que os interesses da

    Administrao no so de uma pessoa ou de um agente, mas de toda a

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    coletividade. Por isso, eles no podem ser apropriados ou alienados por

    ningum, pois no pertencem a ningum de forma especfica.

    Nas palavras de Bandeira de Melo (2010, p. 74), nem mesmo o

    prprio rgo administrativo que os representa no tem disponibilidade

    sobre eles, no sentido de que lhe incumbe apenas cur-los o que

    tambm um dever na estrita conformidade do que predispuser a

    intentio legis. Continua o autor, afirmando que a noo de

    administrao ope-se ideia de propriedade.

    Importante ter em mente, que a Administrao no titular de

    qualquer interesse pblico. O titular desses interesses o Estado, pois

    este constitudo pelo povo e, como vimos, todo poder emana do povo.

    a partir da indisponibilidade do interesse pblico que surgem

    os princpios da legalidade, da finalidade, da razoabilidade, da

    proporcionalidade, da motivao, da responsabilidade do Estado, da

    continuidade do servio pblico, do controle dos atos administrativos,

    da isonomia, da publicidade e da inalienabilidade dos interesses

    pblicos.

    1. (CESPE-2011-STM-Analista Judicirio) Em situaes em que

    a administrao participa da economia, na qualidade de Estado-

    empresrio, explorando atividade econmica em um mercado

    concorrencial, manifesta-se a preponderncia do princpio da

    supremacia do interesse pblico.

    Na situao descrita, a Administrao dever concorrer em

    igualdade com o particular. Como vimos, em decorrncia do princpio da

    supremacia do interesse pblico, a Administrao Pblica goza de

    poderes e prerrogativas especiais com relao aos administrados, o que

    faz com que o poder pblico possa atuar imediata e diretamente em

    defesa do interesse coletivo, fazendo prevalecer a vontade geral sobre a

    Questo de concurso

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    vontade individual. Entretanto, quando o Estado est explorando

    atividade econmica em um mercado concorrencial, ele no goza dessa

    supremacia, sob pena de acabar com as demais empresas do ramo e

    violar o princpio da livre concorrncia garantido na Constituio.

    por isso que o art. 173, 2, da CF, dispe que as empresas

    pblicas e as sociedades de economia mista no podero gozar de

    privilgios fiscais no extensivos s do setor privado.

    Item errado.

    4.2 Princpios do art. 37, caput, da CF.

    Passemos agora a tratar dos princpios do LIMPE.

    O princpio da legalidade existe, justamente, para consagrar o

    princpio da indisponibilidade do interesse pblico. Se esse interesse

    no pode ser alienado pela Administrao, ele deve ser curado, tratado,

    cuidado, promovido, nos termos da vontade geral e nos limites

    conferidos pelo povo.

    E como o povo confere limites aos atos da Administrao?

    Por meio da edio de leis!

    por isso que o princpio da legalidade significa a subordinao

    da Administrao s imposies legais.

    Diferentemente das aes privadas dos indivduos, em que

    ningum obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em

    virtude de lei (autonomia da vontade), no princpio da legalidade da

    Administrao Pblica, esta s pode realizar, fazer ou editar o que a lei

    expressamente permite.

    Num Estado de Direito, as aes da Administrao so definidas

    e autorizadas previamente pelo povo, por meio de leis aprovadas pela

    vontade geral.

    Na jurisprudncia do STF, encontramos casos clssicos em que

    se decidiu com fundamento no princpio da legalidade. Dentre eles, no

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    MS 26.955, o Tribunal decidiu que a alterao de atribuies de cargo

    pblico somente pode ocorrer por intermdio de lei formal.

    Mas e se a lei no define exatamente como o administrador deve

    agir?

    Nesse caso, o gestor deve observar as demais fontes do direito

    administrativo. Ele no pode realizar o ato de modo ilgico ou

    incongruente. Deve se pautar nos princpios gerais da Administrao

    para agir de modo razovel, escolhendo a melhor opo dentre as

    hipteses oferecidas na legislao (princpio da razoabilidade).

    Toda competncia conferida por lei deve obedecer a certo fim.

    Por isso o agir da Administrao deve ser adequado ao que se pretende

    atingir, ou seja, deve haver uma correlao entre os meios adotados e

    os fins almejados (mais uma vez, o princpio da proporcionalidade se

    aplica).

    Tamanha a importncia do princpio da legalidade para a

    Administrao Pblica que Di Pietro (2009, p. 63) afirma que os

    princpios fundamentais do direito administrativo so o da legalidade e o

    da supremacia do interesse pblico sobre o particular.

    Se a banca afirmar que esses so os princpios basilares do

    direito administrativo, a alternativa no estar errada, pois estar

    adotando a posio de Di Pietro. Entretanto, o que est sendo cobrado,

    como vimos acima, a posio de Bandeira de Mello, no sentido de que

    os princpios basilares so a supremacia do interesse pblico sobre o

    particular e a indisponibilidade do interesse pblico, pois deste ltimo

    que surge o princpio da legalidade.

    Vamos treinar um pouco?

    Questo de concurso

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    2. (CESPE-2011-TJ-ES-Analista Judicirio) O princpio da

    legalidade est relacionado ao fato de o gestor pblico agir somente de

    acordo com a lei.

    No mbito da Administrao Pblica, em razo da prpria

    indisponibilidade dos interesses pblicos, o princpio da legalidade

    assume um teor mais restritivo, no sentido de que o administrador, em

    cumprimento ao princpio da legalidade, "s pode atuar nos termos

    estabelecidos pela lei." Item correto.

    Passemos agora anlise dos demais princpios constitucionais

    do LIMPE.

    Segundo o princpio da impessoalidade a Administrao no

    pode praticar qualquer ato com vistas a prejudicar ou beneficiar

    algum, nem a atender o interesse do prprio agente, o agir deve ser

    impessoal, pois os agentes pblicos devem visar, to somente, o

    interesse pblico.

    Por isso que se diz que o princpio da impessoalidade se

    confunde com o da finalidade, pois ato administrativo que no visa o

    interesse pblico viola tanto o princpio da impessoalidade como o da

    finalidade.

    Tambm se diz que o princpio da impessoalidade se confunde

    com o da isonomia, pois ao tratar todos de forma impessoal a

    Administrao no promove qualquer distino. Todo cidado tratado

    de forma igual, com os mesmos direitos e deveres.

    Entretanto, outro aspecto do princpio da impessoalidade

    exclusivo e inconfundvel: esse princpio tambm informa que os atos

    realizados no mbito da Administrao no so praticados por Fulano,

    Beltrano ou Cicrano, mas pelo rgo ao qual o agente se vincula.

    As regras constitucionais que impem a realizao do concurso

    pblico para provimento de cargos na Administrao Pblica (art. 37,

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    II) e a que determina que as contrataes devem ser precedidas de

    licitao (art. 37, XXI) decorrem do princpio da impessoalidade.

    No podemos concluir o princpio da impessoalidade sem

    informarmos a vedao constitucional de se utilizar a publicidade

    institucional do Estado para realizar promoo pessoal. Essa proibio

    encontra previso expressa no art. 37, 1, da CF, assim expresso:

    Desse modo, a publicidade deve ter carter educativo, mas, em

    ateno ao princpio da impessoalidade, deve ser rechaada toda forma

    de utilizao de publicidade institucional para promoo pessoal de

    polticos.

    Esse princpio vem sendo muito cobrado em concursos. Vejamos as

    seguintes:

    3. (CESPE/2011/TJ-ES/Analista Judicirio) O princpio da

    impessoalidade trata da incapacidade da administrao pblica em

    ofertar servios pblicos a todos os cidados.

    Meu caro, o princpio da impessoalidade dispe que a

    Administrao no pode praticar qualquer ato com vistas a prejudicar

    ou beneficiar algum, nem a atender o interesse do prprio agente, o

    agir deve ser impessoal, pois os agentes pblicos devem visar, to

    somente, o interesse pblico. No existe essa definio dada pelo

    examinador. Item errado.

    Questes de concurso

    1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos.

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    4. (CESPE-2011-PC-ES-Perito Papiloscpico) O concurso

    pblico para ingresso em cargo ou emprego pblico um exemplo de

    aplicao do princpio da impessoalidade.

    Se num concurso pblico a Administrao busca selecionar o

    melhor preparado, sem observar se ele o sujeito A ou o B, o item est

    correto. Depois de praticarmos, vemos como os itens vo ficando fcil.

    Alternativa correta.

    Caro amigo, nesse momento voc deve ligar o SINAL DE

    ALERTA! Pois vamos tratar de um dos princpios mais cobrados nos

    ltimos concursos: o princpio da moralidade!

    O princpio da moralidade impe ao administrador o dever de

    sempre agir com lealdade, boa-f e tica. Alm de obedecer aos limites

    da lei, o gestor deve verificar se o ato no ofende a moral, os bons

    costumes, os princpios de justia, de equidade e, por fim, a ideia de

    honestidade.

    O tema que mais vem sendo cobrado em concursos quanto ao

    princpio da moralidade a Smula Vinculante 13 do STF, que veda a

    prtica do nepotismo na Administrao Pblica.

    A partir da edio dessa smula restou consagrado o

    entendimento de que no preciso de lei em sentido formal para se

    punir um indivduo por nomear parentes para cargos pblicos. Isso

    porque, essa prtica viola frontalmente os princpios constitucionais da

    moralidade e da impessoalidade.

    Pela importncia da SV n 13, transcrevemos a sua redao:

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica, investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana, ou, ainda, de funo gratificada na Administrao Pblica direta e indireta, em qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

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    Como se v, a smula vinculante impede a nomeao de

    cnjuge, companheiro ou parente da autoridade nomeante ou de

    servidor da mesma pessoa jurdica para exerccio de cargo em

    comisso, de confiana ou de funo gratificada em qualquer rgo de

    quaisquer dos poderes e de quaisquer dos entes estatais.

    A smula considera prtica imoral a nomeao de parentes

    colaterais em at terceiro grau.

    O texto veda, tambm, o nepotismo cruzado ao informar que

    a smula alcana as designaes recprocas, ou seja, a SV n 13 veda

    a nomeao de um parente de Fulano, que presidente da FUNASA,

    por exemplo, para o exerccio de um cargo em comisso no INSS

    enquanto, ao mesmo tempo, Beltrano, que parente do presidente do

    INSS, nomeado para exerccio de cargo em comisso na FUNASA.

    Muita ateno nesse ponto: aps a edio da Smula Vinculante

    em comento, o Supremo Tribunal Federal afirmou que a nomeao de

    parentes para cargos polticos no implica ofensa aos princpios que

    regem a Administrao Pblica, em face de sua natureza

    eminentemente poltica, e que, nos termos da Smula Vinculante 13,

    as nomeaes para cargos polticos no esto compreendidas nas

    hipteses nela elencadas (RCL 6650, divulgado no Informativo STF

    524).

    Portanto, olho aberto, meus amigos: no ofende o princpio da

    moralidade a nomeao de parentes para o exerccio de cargo poltico,

    como o de Secretrio de Estado, Ministro, presidente de autarquia, etc.

    Outro enfoque do princpio da moralidade que a sua

    inobservncia constitui ato de improbidade administrativa (art. 37,

    4, da CF).

    Mas o que seriam atos de improbidade?

    A Lei n 8.429/92 responde essa questo ao afirmar que

    constitui ato de improbidade:

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    (a) auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em

    razo do exerccio de cargo, mandato, funo, emprego ou atividade (=

    enriquecimento ilcito art. 9);

    (b) qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje

    perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao

    dos bens ou haveres de entidades pblicas (= causam prejuzo ao

    errio art. 10);

    (c) qualquer ao ou omisso que viole os deveres de

    honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade s instituies (=

    atentam contra os princpios da Administrao Pblica art. 11).

    Apesar da redao clara da lei e da Constituio, que no

    excluem qualquer autoridade das sanes pela prtica de improbidade,

    num julgamento pouco moralizador, o Supremo Tribunal Federal

    entendeu que o Presidente da Repblica e os Ministros no

    respondem por improbidade administrativa com base na Lei 8.429/92

    (RCL 2138: divulgado no Informativo STF n 471, julgado em

    13.06.2007).

    Por outro lado, o Superior Tribunal de Justia entende que os

    prefeitos podem ser processados por seus atos pela Lei n

    8.429/92 (RESP 12433779 AgRg, julgado em 21.06.2011).

    Sobre o princpio da moralidade, vale apreciar as seguintes

    questes:

    5. (CESPE/IPOJUCA/Procurador/2009) A vedao do nepotismo

    no exige a edio de lei formal para coibir a prtica, uma vez que

    decorre diretamente dos princpios contidos na CF. No entanto, s

    nomeaes para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas Estadual,

    por ser de natureza poltica, no se aplica a proibio de nomeao de

    parentes pelo Governador do Estado.

    Questes de concurso

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    Essa questo de alto grau de dificuldade. A sua primeira parte

    est correta, conforme abordamos acima: no necessria a expedio

    de lei formal para coibir o nepotismo. Contudo, a questo se torna

    errada em sua segunda parte, pois o cargo de conselheiro de tribunal

    de contas no poltico, uma vez que ele no participa direta ou

    indiretamente das funes governamentais. Foi isso o que decidiu o STF

    na RCL 6702 AgRg na Cautelar. Por isso, a assertiva est errada.

    6. (CESPE-2011-TRE-ES-Tcnico Judicirio) Contraria o

    princpio da moralidade o servidor pblico que nomeie o seu sobrinho

    para um cargo em comisso subordinado de nepotismo.

    uma situao de nepotismo. Lembra da smula que estudamos?

    se a autoridade nomear seu cnjuge, companheiro ou parente at o 3

    grau para ocupar cargo em comisso ou exercer funo de confiana;

    Portanto, item correto.

    Vamos em frente, passamos agora ao princpio da

    publicidade.

    Nas palavras de Zannoni (2011, p. 45), o princpio da

    publicidade impe transparncia aos atos administrativos, sob pena de

    ineficcia, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas em lei.

    Se todo poder emana do povo, nada mais lgico do que dar a

    mais ampla publicidade aos atos editados pela Administrao Pblica,

    seja por meio de boletins internos, por certides, pelo dirio oficial ou

    mesmo pela internet. por isso que a Constituio traz em seu bojo o

    art. 5, XXXIII:

    XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;

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    Com se percebe da redao do dispositivo, em certos casos, a

    prpria Constituio impe o dever do sigilo. Como assim? A prpria

    Constituio impe o sigilo?

    Isso mesmo, em certos casos a CF impe o sigilo. So eles: para

    proteger a intimidade do indivduo (art. 5, X) e para promover a

    segurana da sociedade e do Estado.

    Outro regramento constitucional relacionado ao princpio da

    publicidade o direito dos indivduos de petio aos Poderes Pblicos

    em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a

    obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e

    esclarecimento de situaes de interesse pessoal, tudo isso

    independentemente do pagamento de taxas (art. 5, XXXIV).

    Se as informaes relativas pessoa do solicitante, constantes

    de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de

    carter pblico, no forem fornecidas, o indivduo poder se valer do

    habeas data perante o Poder Judicirio, para que este intervenha e

    determine o fornecimento da informao (art. 5, LXXII, da CF).

    Passemos ento ao derradeiro princpio expresso no art. 37,

    caput, da Constituio Federal, o princpio da eficincia.

    Esse princpio consagra a busca de resultados positivos, seja sob

    o enfoque do agente pblico, que deve exercer suas funes da melhor

    forma possvel, seja sob enfoque da prpria estrutura administrativa,

    que deve sempre buscar prestar os melhores servios pblicos, com os

    recursos disponveis.

    Isso quer dizer que os servios pblicos devem ser prestados

    com presteza, agilidade, perfeio, adequao e efetividade. Devem

    atingir os objetivos e metas, utilizando um mnimo de recursos para

    obter o mximo de resultados.

    Conforme informamos acima, esse princpio foi inserido no caput

    do art. 37 apenas com a reforma administrativa de 1998 (EC n 19).

    Essa emenda constitucional no s inseriu o princpio da eficincia na

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    Constituio, buscou promover uma reforma administrativa do Estado,

    de modo que ele deixasse de ser um Estado burocratizado e passasse a

    ser um Estado gerencial, focado na persecuo de resultados.

    7. (CESPE-2011-PC-ES-Perito Papiloscpico) O princpio da

    eficincia no est expresso no texto constitucional, mas aplicvel a

    toda atividade da administrao pblica.

    J falamos que esse princpio foi inserido no caput do art. 37 com a

    reforma administrativa de 1998 (EC n 19). Item errado.

    4.3 Outros princpios consagrados.

    Passemos agora a outros princpios consagrados da

    Administrao Pblica, mas que no esto insertos no art. 37, caput,

    muito embora alguns deles tenham previso constitucional em outros

    dispositivos.

    Comeamos pelo princpio da finalidade.

    Segundo esse princpio, todas as aes da Administrao devem

    ser praticadas visando o interesse pblico. Mais uma vez retomamos ao

    fundamento de nosso Estado de Direito: a finalidade perseguida pelo

    gestor aquela conferida previamente pelo titular do poder o povo

    atravs das leis.

    Seja a finalidade concebida em sentido amplo (interesse

    pblico), seja a concebida em sentido estrito (definida por lei), ambas

    decorrem da vontade geral.

    por isso que Bandeira de Mello afirma que o princpio da

    finalidade est contido no princpio da legalidade, pois o primeiro

    corresponde aplicao da lei tal que ela .

    Questo de concurso

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    Segundo Meirelles (1998, p. 87-88), o princpio da finalidade se

    confunde com o da impessoalidade, na medida em que ambos

    caminham para a concretizao do que exige a lei e o interesse pblico

    e no a fins pessoais.

    Voc sabia que h um nome especfico para aquele que age em

    desvio de finalidade (que age buscando fim diverso do interesse pblico

    ou do fim previsto em lei)?

    H sim, chamamos isso de desvio de poder. A autoridade age

    dentro dos limites da sua competncia, mas o ato no atende ao

    interesse pblico ou ao fim visado na norma. Por essa razo, o ato no

    pode ser sanado, devendo ser extirpado do mundo jurdico pela

    anulao.

    Voltemos aos princpios!

    Ao falarmos do princpio da legalidade, demos uma pincelada nos

    princpios da razoabilidade e da proporcionalidade, que decorrem

    daquele.

    Pelo princpio da razoabilidade, a Administrao deve atuar,

    no exerccio dos atos discricionrios (atos que a lei tenha dado certa

    margem de liberdade ao administrador), obedecendo critrios aceitveis

    do ponto de vista racional, ou seja, com bom-senso, prudncia e

    racionalidade. Assim, esse princpio um dos limites do ato

    discricionrio.

    O princpio da razoabilidade ganhou previso constitucional com

    a Emenda Constitucional 45 que tratou da reforma do Poder Judicirio

    ao inserir, no art. 5, determinao para que os processos tenham

    durao razovel no mbito administrativo e judicial (inciso LXXVIII).

    Outro limite para a discricionariedade que tambm decorre do

    princpio da legalidade o da proporcionalidade.

    Como vimos acima, a Administrao deve editar seus atos na

    medida necessria para alcanar os fins legais.

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    A proporcionalidade pode ser entendida como o meio adequado

    (exigvel ou necessrio), ou seja, a relao lgica entre o que se busca

    e o instrumento que se edita para o resultado. Nesse enfoque, a

    Administrao s deve promover algum ato se houver uma necessidade

    real para a sua edio. No pode o poder pblico, por exemplo,

    construir uma ponte em um local onde no h estrada que leve um

    veculo at a ponte.

    Noutro giro, a proporcionalidade tambm apurada sob o

    enfoque da proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, pela avaliao

    entre o meio utilizado e o fim almejado. Os meios utilizados devem ser

    os estritamente necessrios para se promover a alterao buscada pelo

    poder pblico. No se podem tolerar gastos excessivos para a execuo

    de pequenas tarefas. A Administrao no pode, por exemplo, comprar

    armas de fogo para exterminar os ratos de um prdio pblico.

    Em regra, o Poder Judicirio no pode interferir no juzo de

    discricionariedade do administrador. Se a lei conferiu alguma margem

    de liberdade para a prtica de determinado ato administrativo o

    gestor quem deve fazer um juzo de convenincia e oportunidade para

    preencher a lacuna e praticar o ato.

    Esse juzo de convenincia e oportunidade chamado de mrito

    administrativo.

    Em situaes excepcionais, contudo, o Poder Judicirio,

    verificando tratar-se de caso esdrxulo, pode realizar um critrio de

    proporcionalidade e de razoabilidade para avaliar o ato discricionrio do

    administrador e retir-lo do mundo jurdico, caso ele seja

    desproporcional ou desarrazoado.

    Tanto o princpio da razoabilidade como o da proporcionalidade

    decorrem do devido processo legal material e da legalidade (art. 5,

    LIV, e 37, caput, da CF).

    Embora represente a melhor tcnica, alguns doutrinadores

    apresentam os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade como

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    sinnimos. Assim, se em sua prova o examinador afirmar que

    razoabilidade a adequao entre meios e fins, assinale correto.

    So muitos os princpios, no so? Pois , a vida de concursando

    dura! No se preocupe, transporemos esse muro juntos, venha

    comigo para os ltimos princpios!

    A doutrina destaca tambm o princpio da motivao.

    Segundo Di Pietro (2009, p. 80), o princpio da motivao exige

    que a Administrao Pblica indique os fundamentos de fato e de direito

    de suas decises, justificando-as.

    A sua obrigatoriedade se justifica tanto nos atos discricionrios

    como nos atos vinculados, porquanto o titular do poder o povo tem

    o direito de saber quais as razes que esto ensejando a edio de atos

    pelo poder pblico. Atravs da motivao, o cidado pode impugnar o

    ato perante o Poder Judicirio ou questionar o gestor acerca de suas

    decises.

    Em suma, a motivao um instrumento necessrio para que o

    controle dos atos administrativos seja exercido.

    A motivao encontra previso na CF para os julgamentos do

    Judicirio (art. 93, X). As decises judiciais no fundamentadas sero

    nulas.

    A CF, entretanto, omissa em relao aos julgamentos

    administrativos. Assim, entende-se que o princpio da motivao um

    princpio constitucional implcito, decorrente dos princpios da

    legalidade, da ampla defesa, do contraditrio, do acesso justia e do

    Estado Democrtico de Direito, porquanto a motivao o elemento

    que ensejar o controle dos atos administrativos.

    A doutrina majoritria entende que a motivao obrigatria em

    todos os atos administrativos (Di Pietro, 2009, p. 81 e Bandeira de

    Mello, 2010, p. 403-404).

    Importante consignar, por fim, que a motivao deve ser prvia

    ou concomitante edio do ato.

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    Vamos tratar agora do princpio da autotutela.

    Esse princpio dispe que a Administrao deve exercer o

    controle interno de seus prprios atos, anulando-os, quando eivados de

    ilegalidade, ou revogando-os, por razes de convenincia e

    oportunidade (=mrito).

    Indispensvel, nesse ponto, a transcrio das Smulas ns 346 e

    473, ambas do STF:

    Muito embora as smulas digam que a Administrao pode

    anular os atos eivados de vcios de legalidade, a doutrina entende que a

    autotutela no uma faculdade, mas um dever. Por isso, onde est

    escrito pode, voc deve ler deve.

    Mas ser que todo ato ilegal ser anulado?

    No, o art. 55 da Lei 9.784/99 prev o instituto da convalidao.

    Esse ponto ser de suma importncia, uma vez que apresentaremos e

    comentaremos a redao da Smula Vinculante n 3 QUE CAI EM

    TODOS OS CONCURSOS PBLICOS!

    Obviamente, a autotutela no a nica espcie de controle dos

    atos administrativos no Brasil. H tambm o controle exercido pelo

    Poder Legislativo, com o auxlio do TCU e o controle jurisdicional.

    Lembramos que os atos administrativos podem ser revisados, a

    qualquer tempo, pelo Poder Judicirio, desde que este seja provocado e

    que, de modo geral, se alegue vcio de legalidade.

    Alguns autores informam que esse o princpio do controle

    judicial dos atos administrativos.

    Smula 346: A Administrao Pblica pode declarar a nulidade de seus prprios atos. Smula 473: A Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

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    Como o Brasil adota a jurisdio una (s o Judicirio d a palavra

    final), no necessrio esperar o fim de um processo administrativo

    que avalie a legalidade de um ato administrativo para se ingressar

    perante o Poder Judicirio questionando o mesmo ato.

    Para que no passe em branco outros princpios que quase

    nunca so cobrados em concursos vou apresentar os conceitos de

    cada um deles de forma bem direta:

    Princpio da responsabilidade objetiva ou da ampla

    responsabilidade do Estado: a Administrao deve reparar o dano

    causado no administrado em razo da atividade administrativa,

    independentemente da existncia de dolo ou culpa do agente (art. 37,

    6, da CF).

    Princpio da segurana jurdica: esse princpio tem previso

    constitucional expressa (art. 5, XXXVI) e tambm est previsto no art.

    2 da Lei n 9.784/99. Ele veda a aplicao retroativa de nova

    legislao ou de sua interpretao, de modo a prejudicar terceiros. Com

    isso, resguarda-se a estabilidade das relaes, consagra-se a boa-f e a

    confiana depositada pelos indivduos no comportamento do Estado.

    Com relao confiana, entende-se que, a partir dela, ao

    cidado conferida uma calculabilidade e uma previsibilidade com

    relao aos efeitos jurdicos dos atos administrativos.

    Decorrem desse princpio institutos como a decadncia e a

    consolidao dos efeitos dos atos praticados h muito tempo.

    Princpio da especialidade: as entidades da administrao

    indireta no podem se desviar de seus objetivos definidos em lei

    instituidora.

    Princpio da tutela ou do controle: esse princpio decorre do

    princpio da especialidade, pois dispe que a Administrao Pblica

    direta fiscaliza as atividades exercidas pela Administrao indireta.

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    Repare bem: o princpio da tutela ou do controle est mais ligado

    ao princpio da especialidade do que ao princpio da autotutela ou do

    controle judicial dos atos administrativos.

    Princpio da continuidade do servio pblico: os servios

    pblicos prestados pelo Estado decorrem das demandas do Estado

    Social de prover os servios bsicos populao. Em razo disso, eles

    no podem ser interrompidos. Ao analisar a possibilidade do corte da

    energia eltrica em razo do no pagamento, o STJ entendeu que a

    concessionria pode interromper o fornecimento do servio, mediante

    aviso prvio (AG 1200406 AgRg). A Corte Superior, contudo,

    observando o princpio da continuidade do servio pblico, no autoriza

    o corte de energia eltrica em unidades pblicas essenciais, como em

    escolas, hospitais, servios de segurana pblica etc. (ERESP 845982).

    possvel cortar energia eltrica por falta de

    pagamento, desde que tenha aviso prvio;

    Princpio da continuidade

    No possvel cortar energia, por falta de

    pagamento, de prdios pblicos que prestam

    servios pblicos essenciais.

    Princpios do contraditrio, da ampla defesa e do devido

    processo legal: ao administrado assegurado o direito de ser

    informado dos atos de um procedimento, de se manifestar em prazos

    razoveis, indicar provas e recorrer.

    J o devido processo legal deve ser entendido sob o seu aspecto

    formal (regularidade do procedimento) e material (justia da deciso).

    Esse princpio de suma importncia, pois ele (e o direito de petio)

    fundamenta a Smula Vinculante n 21, segundo a qual:

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    Princpio da juridicidade: o administrador no deve ater-se

    apenas letra fria da lei, mas sim anlise de todo o ordenamento

    constitucional. com a noo de juridicidade que se abandona um

    conceito primrio de legalidade, satisfeito com o cumprimento nominal

    e simplista de regras isoladas. Parte-se em busca da observncia

    ntegra do direito, compreendido este como um conjunto de normas

    dentre as quais se incluem os princpios expressos e implcitos, bem

    como as regras especficas do ordenamento.

    5. Noes gerais de tica no servio pblico

    Agora que voc j tem o panorama geral dos princpios da

    Administrao Pbica, vamos ao estudo da tica no servio pblico.

    Mas o que tica afinal?

    No pense voc que tica algo novo, recente. No! Muito pelo

    contrrio a tica vem do grego ETHOS que significa modo de ser, o

    carter. Quando os romanos fizeram a traduo do ethos para o latim

    mos, que significa costume, a tica tornou-se indissocivel do

    costume.

    O estudo da tica vem desde os sculos VII e VI a.C. Mas ainda

    hoje um tema atual, tendo em vista que a tica inerente ao ser

    humano, no podendo de forma alguma ser dissociada da moral.

    Dessa forma, podemos entender que o ser humano

    responsvel pela tica na Administrao Pblica, tendo em vista que a

    tica indissocivel do seu ser, pelo menos na teoria! Para dar eficcia

    a esse conceito, a Administrao Pblica instituiu normas, cdigos que

    orientam o exerccio da tica no Servio Pblico.

    inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamento prvios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

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    Dentre os cdigos institudos pela Administrao Pblica est o

    Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder Executivo

    Federal criado em 1994, mediante Decreto n 1.171.

    O decreto foi enftico ao no deixar que as regras ticas

    ficassem s no papel. Determinou a implementao das regras de

    conduta em 60 dias, inclusive com a constituio de uma Comisso de

    tica, integrada por trs servidores titulares de cargo efetivo ou

    emprego permanente.

    Observe:

    IMPORTANTE que voc adentre no estudo do Cdigo de tica

    com a definio de servidor pblico trazida no decreto em mente.

    Veja:

    Servidor pblico, quanto a apurao do comprometimento tico,

    todo aquele que, por fora de lei, contrato ou de qualquer ato

    jurdico, preste servios de natureza permanente, temporria ou

    excepcional, ainda que sem retribuio financeira, desde que

    ligado direta ou indiretamente a qualquer rgo do poder

    estatal, como as autarquias, as fundaes pblicas, as entidades

    paraestatais que exeram atribuies delegadas pelo poder

    pblico, as empresas pblicas e as sociedades de economia

    mista, ou em qualquer setor onde prevalea o interesse do

    Estado.

    Perceba que o conceito amplssimo!

    Aborda aquele que presta servio em decorrncia de ato jurdico

    ou contrato. O servio prestado pode ser permanente, temporrio ou

    Art. 2 Os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal direta e indireta implementaro, em sessenta dias, as providncias necessrias plena vigncia do Cdigo de tica, inclusive mediante a Constituio da respectiva Comisso de tica, integrada por trs servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.

    Pargrafo nico. A constituio da Comisso de tica ser comunicada Secretaria da Administrao Federal da Presidncia da Repblica, com a indicao dos respectivos membros titulares e suplentes.

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    excepcional. Pode ser prestado de forma gratuita ou onerosa. O

    servidor pode estar ligado at mesmo indiretamente a qualquer rgo

    da administrao direta ou indireta.

    E mais!

    At mesmo aqueles vinculados s entidades paraestatais ou em

    qualquer setor onde prevalea o interesse do Estado esto sujeitos ao

    Cdigo de tica.

    Apresentadas essas lies introdutrias, vamos entrar agora no

    estudo dos dispositivos do Decreto 1.171.

    Como o nosso foco concurso, no fugiremos do que o

    examinador ir cobrar: a literalidade da lei. Como a minha meta a sua

    aprovao irei destacar os pontos mais relevantes da norma afim que

    voc acerte todas as questes sobre o tema.

    Contudo, coloque o texto do decreto 1.171 ao lado da aula para

    voc no deixar passar nada em branco.

    Vamos l?

    8. (CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil ) Para fins de

    apurao do comprometimento tico, entende-se como servidor pblico

    todo aquele que ocupa cargo efetivo na administrao pblica.

    Pessoal, para responder as questes de tica SEMPRE adote os

    conceitos trazidos pelo decreto. E como vimos:

    Servidor pblico, quanto a apurao do comprometimento

    tico, todo aquele que, por fora de lei, contrato ou de qualquer ato

    jurdico, preste servios de natureza permanente, temporria ou

    excepcional, ainda que sem retribuio financeira, desde que ligado

    direta ou indiretamente a qualquer rgo do poder estatal, como as

    autarquias, as fundaes pblicas, as entidades paraestatais que

    exeram atribuies delegadas pelo poder pblico, as empresas pblicas

    Questo de concurso

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    e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde

    prevalea o interesse do Estado.

    Gabarito: Errado.

    5.1 Regras Deontolgicas

    Primeiramente o que vem a ser deontologia? No contexto em

    estudo deontologia quer dizer o conjunto de regras e princpios que

    regulamentam a atividade do Servidor Pblico do Poder Executivo, mais

    especificamente aquelas relacionadas aos seus deveres. Como bem

    explicado pelo professor Wagner Rabello Jr:

    Deontologia a cincia ou tratado dos deveres de um ponto de

    vista emprico. O termo foi utilizado pela primeira vez pelo

    filsofo ingls Jeremy Bentham, em 1834, quando disse que a

    deontologia seria a cincia do que justo e conveniente que o

    homem faa, dos valores que decorrem do dever ou norma que

    dirige o comportamento humano. Designa, portanto, o conjunto

    de regras e princpios que ordenam a conduta do homem,

    cidado ou profissional; a cincia que trata dos deveres a que

    so submetidos os integrantes de uma profisso (curso de tica

    profissional para o Senado, p. 16,

    www.estrategiaconcursos.com.br).

    O Cdigo de tica Profissional do Servidor Pblico Civil do Poder

    Executivo Federal, assim, lista uma srie de regras deontolgicas que,

    na verdade, so valores que se espera que sejam buscados, sempre

    pelos servidores pblicos no desempenho de suas atividades funcionais.

    Eles representam o padro tico desejvel na Administrao Pblica

    Federal. Tais valores so: dignidade, decoro, honra, zelo, honestidade,

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    eficcia, conscincia dos princpios morais, bem comum, cortesia, boa

    vontade, respeito ao cidado, etc. (Morais, 2009).

    Afinal, quais so as regras ou os valores ticos? Vamos a eles:

    Percebe como o estudo dos princpios importante? O princpio

    da moralidade, como vimos, impe ao administrador o dever de sempre

    agir com lealdade, boa-f e tica. Lembre-se que est atrelada a

    honestidade.

    Assim, da leitura do inciso I extraem-se as seguintes palavras de

    ouro no estudo da tica: Dignidade, o Decoro, o Zelo, a Eficcia e a

    Conscincia dos princpios morais.

    Adiante:

    Quero chamar a sua ateno para o inciso IV, em que o

    legislador atentou-se em destacar que o servidor pblico paga tributos e

    a sua remunerao paga por tributos que o prprio servidor contribui.

    I - A Dignidade, o Decoro, o Zelo, a Eficcia e a Conscincia dos princpios morais so primados maiores que devem nortear o servidor pblico, seja no exerccio do cargo ou funo, ou fora dele, j que refletir o exerccio da vocao do prprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes sero direcionados para a preservao da honra e da tradio dos servios pblicos.

    II - O servidor pblico no poder jamais desprezar o elemento tico de sua conduta. Assim, no ter que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e 4, da Constituio Federal.

    III - A moralidade da Administrao Pblica no se limita distino entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim sempre o bem comum. O equilbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor pblico, que poder consolidar a moralidade do ato administrativo.

    IV- A remunerao do servidor pblico custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, at por ele prprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissocivel de sua aplicao e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqncia, em fator de legalidade.

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    Perceba como a tica e a moral esto enraizadas a conduta do

    servidor pblico e como a moralidade deve estar presente na aplicao

    do direito, especialmente na finalidade do ato.

    Como a norma determina que a moralidade esteja presente em

    todos os atos do servidor, o prprio texto menciona que ela fator de

    legalidade.

    Seguindo.

    Repare: o maior patrimnio do servidor o xito de seu

    trabalho, pois o que ele realiza para o servio pblico revertido para

    ele mesmo em benefcios sociais.

    Com relao ao inciso VI, o dispositivo anota que a vida privada

    do funcionrio, na medida em que interfere no servio, pode interessar

    Administrao, podendo o servidor ser punido disciplinarmente pela

    m conduta fora do cargo.

    Como bem observa Jos Cretella Jnior (1999, p. 84), a violao

    dos deveres do funcionrio pode ocorrer por faltas cometidas fora do

    servio, mas que repercutam sobre a honra e a considerao do agente,

    a ponto de, por ressonncia, refletir-se no prestgio da funo pblica.

    Vejamos, com ateno, outros incisos.

    VII - Salvo os casos de segurana nacional, investigaes policiais ou interesse superior do Estado e da Administrao Pblica, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficcia e moralidade,

    V - O trabalho desenvolvido pelo servidor pblico perante a comunidade deve ser entendido como acrscimo ao seu prprio bem-estar, j que, como cidado, integrante da sociedade, o xito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimnio. VI - A funo pblica deve ser tida como exerccio profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor pblico. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada podero acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

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    ensejando sua omisso comprometimento tico contra o bem comum, imputvel a quem a negar.

    VIII - Toda pessoa tem direito verdade. O servidor no pode omiti-la ou false-la, ainda que contrria aos interesses da prpria pessoa interessada ou da Administrao Pblica. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hbito do erro, da opresso ou da mentira, que sempre aniquilam at mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nao.

    IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao servio pblico caracterizam o esforo pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimnio pblico, deteriorando-o, por descuido ou m vontade, no constitui apenas uma ofensa ao equipamento e s instalaes ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligncia, seu tempo, suas esperanas e seus esforos para constru-los.

    X - Deixar o servidor pblico qualquer pessoa espera de soluo que compete ao setor em que exera suas funes, permitindo a formao de longas filas, ou qualquer outra espcie de atraso na prestao do servio, no caracteriza apenas atitude contra a tica ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usurios dos servios pblicos.

    XI - O servidor deve prestar toda a sua ateno s ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acmulo de desvios tornam-se, s vezes, difceis de corrigir e caracterizam at mesmo imprudncia no desempenho da funo pblica.

    XII - Toda ausncia injustificada do servidor de seu local de trabalho fator de desmoralizao do servio pblico, o que quase sempre conduz desordem nas relaes humanas.

    XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidado, colabora e de todos pode receber colaborao, pois sua atividade pblica a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nao.

    Desses incisos, destacamos que, se o servidor violar o princpio

    da publicidade, deixando de divulgar informaes no sigilosas,

    incorrer em infrao tica. Mesmo que o ato praticado tenha sido um

    equvoco, este no pode ser escondido, pois todos os cidados tm

    direito verdade.

    O simples tratar mal o cidado inclusive faz-lo esperar em

    grandes filas ou atrasar a prestao de um servio enseja dano moral

    a ele. Por isso, o servidor deve tratar com urbanidade e respeito

    aqueles que pagam seus vencimentos indiretamente.

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    Vejam um exemplo de infrao tica!

    Imagem extrada do: http://www.alagoastempo.com.br

    Tambm incorrer em falta tica o servidor que deteriora o

    patrimnio pblico.

    Outro fato que enseja a infrao tica a ausncia injustificada

    ao servio.

    Vamos a mais questes de concurso sobre o tema, confira.

    9. (CESPE - 2008 - TST - Tcnico Judicirio) dever do

    servidor pblico guardar sigilo sobre assuntos da repartio que

    envolvam questes relativas segurana da sociedade.

    Como acabamos de estudar:

    Gabarito: Certo

    10. (CESPE - 2011 - EBC Tcnico) Fatos e atos relativos

    conduta do servidor no dia a dia de sua vida privada no podem ser

    Questes de concurso

    VII - Salvo os casos de segurana nacional, investigaes policiais ou interesse superior do Estado e da Administrao Pblica, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficcia e moralidade, ensejando sua omisso comprometimento tico contra o bem comum, imputvel a quem a negar.

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    considerados para acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida

    funcional, em razo de terem ocorrido ou sido praticados fora do local

    de trabalho.

    Vimos que:

    Gabarito: Errado.

    5.2 Deveres fundamentais

    Para que toda essa ideologia de valores seja alcanada, o Cdigo

    de tica prev qual a forma de agir ideal do Servidor Pblico.

    Oliveira Morais, em obra editada pela ESAF, disponvel em

    http://www.esaf.fazenda.gov.br/esafsite/biblioteca/livraria_dn_arquivos

    /Etica_e_conflito_de_interesses.pdf, faz a diviso dos deveres

    fundamentais do servidor da seguinte forma:

    So deveres que refletem a integridade da funo pblica e a

    busca dos valores que norteiam seu exerccio:

    a) desempenhar, a tempo, as atribuies do cargo, funo ou

    emprego pblico de que seja titular;

    b) exercer suas atribuies com rapidez, perfeio e rendimento,

    pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situaes

    procrastinatrias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra

    espcie de atraso na prestao dos servios pelo setor em que exera

    suas atribuies, com o fim de evitar dano moral ao usurio;

    c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade

    do seu carter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas

    opes, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

    VI - A funo pblica deve ser tida como exerccio profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor pblico. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada podero acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

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    d) jamais retardar qualquer prestao de contas, condio

    essencial da gesto dos bens, direitos e servios da coletividade a seu

    cargo;

    f) ter conscincia de que seu trabalho regido por princpios

    ticos que se materializam na adequada prestao dos servios

    pblicos;

    g) ser corts, ter urbanidade, disponibilidade e ateno,

    respeitando a capacidade e as limitaes individuais de todos os

    usurios do servio pblico, sem qualquer espcie de preconceito ou

    distino de raa, sexo, nacionalidade, cor, idade, religio, cunho

    poltico e posio social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano

    moral;

    h) ter respeito hierarquia, porm sem nenhum temor de

    representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura

    em que se funda o Poder Estatal;

    i) resistir a todas as presses de superiores hierrquicos, de

    contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores,

    benesses ou vantagens indevidas em decorrncia de aes imorais,

    ilegais ou aticas e denunci-las;

    j) zelar, no exerccio do direito de greve, pelas exigncias

    especficas da defesa da vida e da segurana coletiva;

    m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer

    ato ou fato contrrio ao interesse pblico, exigindo as providncias

    cabveis;

    o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a

    melhoria do exerccio de suas funes, tendo por escopo a realizao do

    bem comum;

    q) manter-se atualizado com as instrues, as normas de servio

    e a legislao pertinentes ao rgo onde exerce suas funes;

    r) cumprir, de acordo com as normas do servio e as instrues

    superiores, as tarefas de seu cargo ou funo, tanto quanto possvel,

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    com critrio, segurana e rapidez, mantendo tudo sempre em boa

    ordem.

    s) facilitar a fiscalizao de todos atos ou servios por quem de

    direito;

    t) exercer com estrita moderao as prerrogativas funcionais que

    lhe sejam atribudas, abstendo-se de faz-lo contrariamente aos

    legtimos interesses dos usurios do servio pblico e dos

    jurisdicionados administrativos;

    u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua funo, poder ou

    autoridade com finalidade estranha ao interesse pblico, mesmo que

    observando as formalidades legais e no cometendo qualquer violao

    expressa lei;

    v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre

    a existncia deste Cdigo de tica, estimulando o seu integral

    cumprimento.

    Para que voc no se perca no estudo, podemos traduzir todos

    esses deveres nos seguintes pontos:

    eficincia no trabalho (cumprindo ordens com rapidez e

    segurana) e na prestao dos servios pblicos (no

    retardar);

    bom carter, cortesia e respeito (ao cidado e ao chefe);

    resistir s ordens dos superiores contrrias tica e

    denunci-las;

    dedurar atos contrrios ao interesse pblico;

    estudar (para melhorar o servio e para manter-se

    atualizado);

    facilitar a fiscalizao e o controle na Administrao;

    cautela ao exercer prerrogativas;

    observar nas atividades o interesse pblico e a legalidade;

    divulgar o Cdigo de tica

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    Se voc ler esses pontos com ateno, verificar que neles esto

    contidos todos os deveres at aqui apresentados.

    H apenas um dever que no foi representado nesse resumo, o

    item j.

    Voc sabe que o servidor pblico tem o direito greve. Contudo,

    fao-lhe a seguinte pergunta: considerado tico o servidor pblico

    entrar e permanecer em greve?

    O Decreto em estudo afirma que a greve no afronta a tica,

    mas o servidor deve zelar, no exerccio do direito de greve, pelas

    exigncias especficas da defesa da vida e da segurana coletiva. Ou

    seja, a vida e a segurana pblica no podem ser ameaadas no

    exerccio do direito de greve do servidor.

    Vistos os deveres que refletem a integridade da funo pblica,

    passemos aos deveres que refletem as boas maneiras no ambiente

    de trabalho:

    e) tratar cuidadosamente os usurios dos servios,

    aperfeioando o processo de comunicao e contato com o pblico;

    l) ser assduo e frequente ao servio, na certeza de que sua

    ausncia provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente

    em todo o sistema;

    n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho,

    seguindo os mtodos mais adequados sua organizao e distribuio;

    p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao

    exerccio da funo.

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    Percebam: o servidor grosso com os usurios dos servios

    pblicos, que falta ao servio, mal vestido e porcalho no ambiente de

    trabalho est violando diversos deveres no s de educao e higiene,

    mas ticos!

    Imagem extrada do: http://mundodaclo.blogspot.com.br/2010/12/area-de-trabalho.html

    11. (CESPE - 2008 - TST - Tcnico Judicirio) O servidor pblico

    deve abster-se de exercer sua funo, poder ou autoridade com

    finalidade estranha ao interesse pblico, mesmo no cometendo

    qualquer violao expressa lei.

    Entre os deveres que refletem a integridade da funo pblica

    e a busca dos valores que norteiam seu exerccio, vimos:

    u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua funo, poder ou

    autoridade com finalidade estranha ao interesse pblico, mesmo que

    observando as formalidades legais e no cometendo qualquer violao

    expressa lei;

    Gabarito: Certo.

    12. (CESPE - 2011 - EBC Tcnico) Para obedecer a seus

    superiores, o servidor no poder abster-se de exercer sua funo,

    poder ou autoridade, mesmo que a finalidade da ordem por ele recebida

    seja estranha ao interesse pblico.

    Questes de concurso

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    Essa acabamos de responder! Mais uma vez:

    u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua funo, poder ou

    autoridade com finalidade estranha ao interesse pblico, mesmo que

    observando as formalidades legais e no cometendo qualquer violao

    expressa lei;

    Gabarito: Errado.

    13. (CESPE - 2011 - EBC Tcnico) O servidor que, por

    desconhecimento das atualizaes legais, pratica ato de acordo com

    normas e legislaes j alteradas no age em desacordo com o referido

    cdigo de tica.

    dever do servidor pblico: q) manter-se atualizado com as

    instrues, as normas de servio e a legislao pertinentes ao rgo

    onde exerce suas funes!!!

    Por isso, o servidor no pode alegar desconhecimento de uma

    norma. Ao assim proceder, ele fere sim o Cdigo de tica.

    Gabarito: Errado.

    14. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da

    Informao) Jair sempre procurou manter-se atualizado com as

    instrues, as normas de servio e a legislao pertinentes ao rgo

    pblico onde exerce suas funes. Nesse caso, o servidor age de acordo

    com o que dispe o mencionado cdigo de tica.

    Pessoal, as questes vo se repetindo!

    Como voc acabou de ler: dever do servidor pblico manter-se

    atualizado com as instrues, as normas de servio e a legislao

    pertinentes ao rgo onde exerce suas funes.

    Gabarito: Certo.

    15. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da

    Informao) A servidora pblica Jane, irritada com o fato de uma colega

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    ter sido designada para fiscalizar o seu trabalho, no fez nada para

    prejudicar ou facilitar o trabalho de fiscalizao. Nessa situao, a

    atitude de Jane aceitvel, visto que no h qualquer obrigao da sua

    parte em facilitar o trabalho de fiscalizao.

    O servidor no pode simplesmente ficar neutro diante dessa

    situao, ele deve sim facilitar a fiscalizao e o controle na

    Administrao. Por isso, Jane no pode mesmo prejudicar o trabalho de

    seu colega, mas deve facilitar!

    Gabarito: Errado.

    5.3 Condutas vedadas

    As condutas vedadas so, na verdade, um apanhado geral de

    condutas j reprovadas por leis penais, por leis que vedam atos de

    improbidade ou por leis que cuidam da disciplina do servidor.

    Vejamos cada uma das condutas previstas no inciso XV do

    Decreto n 1.171/94, acrescidos dos pertinentes comentrios feitos por

    Jos Leovegildo Oliveira Morais, publicados pela ESAF (2009, p. 113), e

    de outros comentrios prprios.

    Vamos l!

    vedado ao servidor:

    Jos Morais: conforme as circunstncias, essa conduta pode

    configurar o crime de corrupo passiva previsto no art. 317 do Cdigo

    Penal..

    Acrescento que essa conduta pode ensejar, tambm, o crime de

    prevaricao (art. 319 do Cdigo Penal: Retardar ou deixar de praticar,

    indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa

    de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal).

    a) o uso do cargo ou funo, facilidades, amizades, tempo, posio e influncias, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

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    Alm disso, evidente que essa vedao representa tambm um

    ato de improbidade, previsto no art. 11 da Lei n 8.429/92, pois o

    agente pblico, ao usar o cargo para favorecer a si prprio ou a outrem

    estar violando o dever de imparcialidade.

    Jos Morais: essa conduta pode configurar crime contra a honra

    (calnia, difamao e injria) e, tambm, resultar em ao de

    indenizao por danos morais, cuja responsabilidade pode ser imputada

    ao poder pblico ou ao prprio servidor.

    Acrescento que a norma visa proteger tanto o cidado quanto

    outros servidores.

    Jos Morais: essa conduta pode configurar o crime de

    condescendncia criminosa previsto no art. 320 do Cdigo Penal.

    Esse crime assim previsto no CP: Deixar o funcionrio, por

    indulgncia, de responsabilizar subordinado que cometeu infrao no

    exerccio do cargo ou, quando lhe falte competncia, no levar o fato ao

    conhecimento da autoridade competente.

    Tambm representa ato de improbidade, uma vez que o servidor

    estar violando o seu dever de lealdade instituio (art. 11 da Lei n

    8.429/92).

    Jos Morais: essa conduta pode configurar crime de

    prevaricao previsto no art. 319 do Cdigo Penal.

    d) usar de artifcios para procrastinar ou dificultar o exerccio regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

    c) ser, em funo de seu esprito de solidariedade, conivente com erro ou infrao a este Cdigo de tica ou ao Cdigo de tica de sua profisso;

    b) prejudicar deliberadamente a reputao de outros servidores ou de cidados que deles dependam;

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    Tambm est expresso no dispositivo que o lesado poder

    buscar do Estado reparao do dano moral ou material causado se o

    seu direito foi retardado ou dificultado pelo servidor.

    Mais uma vez, o ato de improbidade estar presente, pois

    violado o dever de imparcialidade. Alm disso, constitui-se em ato de

    improbidade retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de

    ofcio (art. 11, II, da Lei n 8.429/92);

    Jos Morais: trata-se de um dever do servidor que, se no

    observado, pode configurar infrao de natureza administrativa

    disciplinar.

    Observe, caro aluno, que esse dispositivo decorre diretamente

    do princpio da eficincia. Se o servidor dispe de meios tecnicamente

    adequados para a prestao do servio, a no utilizao desses recursos

    representa conduta eticamente vedada.

    Jos Morais: essa conduta reflete o princpio da impessoalidade

    no servio pblico. Pode configurar, dependendo das circunstncias,

    crime de prevaricao previsto no art. 319 do Cdigo Penal.

    Na hora da prova, lembre-se sempre: o interesse buscado pelo

    servidor o interesse pblico. Alm disso, o agir deve ser impessoal.

    Violado o dever de imparcialidade, surge tambm o ato de

    improbidade (art. 11, caput, da Lei n 8.429/92).

    e) deixar de utilizar os avanos tcnicos e cientficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;

    f) permitir que perseguies, simpatias, antipatias, caprichos, paixes ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o pblico, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

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    Jos Morais: essa conduta pode configurar crime de corrupo

    passiva previsto no art. 317 do Cdigo Penal.

    O servidor pblico percebe vencimentos do Estado para executar

    seu trabalho com imparcialidade. A percepo de qualquer auxlio do

    particular representa, em ltima anlise, violao ao princpio da

    impessoalidade, pois a misso do servidor no estar sendo cumprida

    de forma isenta e imparcial.

    Alm disso, constitui ato de improbidade que importa em

    enriquecimento ilcito receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem

    mvel ou imvel, ou qualquer outra vantagem econmica, direta ou

    indireta, a ttulo de comisso, percentagem, gratificao ou presente de

    quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou

    amparado por ao ou omisso decorrente das atribuies do agente

    pblico (art. 9, I, da Lei n 8.429/92).

    Jos Morais: essa conduta pode configurar crime de falsidade

    ideolgica previsto no art. 299 do Cdigo Penal.

    Jos Morais: essa conduta pode configurar ato de improbidade

    administrativa previsto no art. 11 da Lei no 8.429/1992.

    g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificao, prmio, comisso, doao ou vantagem de qualquer espcie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua misso ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

    i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em servios pblicos;

    h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providncias;

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    Isso porque, constitui ato de improbidade praticar ato visando

    fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na

    regra de competncia; (art. 11, I, da referida lei).

    Jos Morais: essa conduta pode configurar ato de improbidade

    administrativa previsto no art. 10, inciso XIII, da Lei no 8.429/1992 e

    infrao disciplinar de natureza grave, prevista no art. 117, inciso XVI,

    da Lei no 8.112/1990.

    Na verdade, o ato de improbidade que corresponde a esse ato

    atico o previsto no art. 9, IV, da Lei n 8.429/92 (ato que importa

    em enriquecimento ilcito). Veja o que diz o dispositivo: utilizar, em

    obra ou servio particular, veculos, mquinas, equipamentos ou

    material de qualquer natureza, de propriedade ou disposio de

    qualquer das entidades mencionadas no art. 1 desta lei, bem como o

    trabalho de servidores pblicos, empregados ou terceiros

    contratados por essas entidades.

    Perceba que a utilizao de trabalho de servidor pblico para

    interesse particular enseja enriquecimento ilcito por parte do servidor,

    pois ele est se valendo de recursos do Estado, deixando assim de

    desembolsar dinheiro seu para a atividade privada.

    Jos Morais: essa conduta pode configurar ato de improbidade

    administrativa previsto no art. 9, inciso XII, da Lei n 8.429/1992 e

    infrao disciplinar prevista no art. 117, inciso II, da Lei n

    8.112/1990.

    l) retirar da repartio pblica, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimnio pblico;

    j) desviar servidor pblico para atendimento a interesse particular;

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    Importante observar que ato de improbidade usar, em

    proveito prprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo

    patrimonial das entidades mencionadas no art. 1 desta lei.

    Jos Morais: essa conduta pode configurar ato de improbidade

    administrativa previsto no art. 11, inciso VII, da Lei n 8.429/1992.

    Esse inciso da lei de improbidade assim prev: revelar ou

    permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva

    divulgao oficial, teor de medida poltica ou econmica capaz de afetar

    o preo de mercadoria, bem ou servio.

    Alm disso, ainda que no prevista essa conduta no rol dos atos

    de improbidade, o uso de informaes privilegiadas em benefcio

    prprio implica em grave violao ao dever de lealdade s instituies.

    Jos Morais: essa conduta pode configurar justa causa para

    resciso do contrato de trabalho quando se tratar de servidor regido

    pela Consolidao das Leis do Trabalho, conforme art. 482, letra f,

    desse estatuto.

    Na Lei n 8.112/90, essa conduta poderia representar

    incontinncia pblica a ensejar a demisso do servidor, nos termos do

    art. 132, V, da lei.

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