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ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE (ETENE) TURISMO NO NORDESTE DO BRASIL Superintendente José Narciso Sobrinho Ambiente de Estudos, Pesquisas e Avaliação Gerente: Wellington Santos Damasceno Célula de Avaliação de Políticas e Programas Gerente: Marcos Falcão Gonçalves Célula de Estudos e Pesquisas Macroeconômicas, Industriais e de Serviços Gerente: Laura Lúcia Ramos Freire Autores: Elizabeth Castelo Branco, Jane Mary Gondim de Souza, José Varela Donato Janeiro / 2012

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ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE (ETENE)

TURISMO NO NORDESTE DO BRASIL

Superintendente José Narciso Sobrinho

Ambiente de Estudos, Pesquisas e Avaliação Gerente: Wellington Santos Damasceno

Célula de Avaliação de Políticas e Programas Gerente: Marcos Falcão Gonçalves Célula de Estudos e Pesquisas Macroeconômicas, Industriais e de Serviços Gerente: Laura Lúcia Ramos Freire Autores: Elizabeth Castelo Branco, Jane Mary Gondim de Souza, José Varela Donato

Janeiro / 2012

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TURISMO NO NORDESTE DO BRASIL 

Elizabeth Castelo Branco. Coordenadora de Estudos e Pesquisas do ETENE. Doutoranda em 

Conservação do Meio Natural pela Universidade Internacional de Andalucía. 

Jane Mary Gondim de Souza. Coordenadora de Estudos e Pesquisas do ETENE. Doutora em 

Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional. 

José Varela Donato. Coordenador de Estudos e Pesquisas do ETENE. Doutor em Administração. 

 

 

SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO  

2 PANORAMA INTERNACIONAL 

3 PANORAMA NACIONAL 

4 PANORAMA REGIONAL 

4.1 Fluxo turístico 

4.2 Infraestrutura 

     4.2.1 Rede de hospedagem 

     4.2.2 Transporte 

4.3 Investimentos 

5 FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES 

6 PROPOSIÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS 

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

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SUMÁRIO EXECUTIVO 

1. Desenvolvimento pode ser definido como um “um processo de superação de problemas sociais em cujo âmbito uma sociedade se  torna mais  justa e  legítima para seus membros” (SOUZA, 2002). 

2.  A  atividade  turística  apresenta  funções  sociais,  educativas,  políticas,  econômicas  e  de meio ambiente, justificando‐se a intervenção do Estado (GOMEZ, 2003). 

3. O produto turístico é complexo e composto por distintos fatores como recursos naturais (clima  e  paisagem),  alimentação,  segurança,  transporte,  lazer  e  produtos  culturais (patrimônio histórico e cultural, qualidade dos serviços, comportamento). 

4.  A  importância  que  o  turismo  tem  para  determinado  país  vai  determinar  o  grau  de intervenção do Estado na atividade. Além dos investimentos da iniciativa privada, há funções próprias do Estado como, por exemplo,  regulamentação dos  serviços  turísticos, promoção no exterior, gastos de infraestrutura e proteção dos recursos naturais e socioculturais. 

5.  Os  Pilares  de  sustentabilidade  do  turismo  reforçam  a  regulamentação  e  as  políticas governamentais, a segurança, a saúde e higiene, a priorização das viagens e do turismo e a sustentabilidade socioecológica (WEF, 2011). 

6. Para 2011 há uma tendência de crescimento do turismo mundial, em ritmo mais lento do que vinha ocorrendo antes de crise de 2008. Esse crescimento revela‐se importante para os países  em  desenvolvimento,  considerando  que  o  setor  representa  importante  fonte  de emprego. 

7.  No  Brasil,  o  aumento  da  renda  média  e  do  consumo  das  famílias  constitui  uma oportunidade  ímpar  de  reconhecimento  do  Turismo  como  importante  fator  de desenvolvimento econômico e social. 

8. O produto mais comercializado no Nordeste é o “Sol e Praia” que engloba,  também, os cruzeiros marítimos.  Os  principais  destinos  são  as  capitais  dos  estados  e  outras  cidades litorâneas, tais como: Natal, Salvador, Fortaleza, Recife e Porto Seguro (MTUR/FIPE, 2006). 

9. Os principais destinos nacionais concorrentes da Região Nordeste são as praias do Rio de Janeiro, o litoral norte do Estado de São Paulo e na Região Sul, o litoral de Santa Catarina. Os concorrentes  internacionais  são  o  Caribe,  notadamente  Aruba,  Jamaica,  República Dominicana  e  Porto  Rico,  Cancun,  Taiti  e  Indonésia,  além  das  cidades  de  Buenos Aires  e Santiago. 

10. Na Região Nordeste destaca‐se o turismo receptivo. Esta região é responsável por 12,5% do fluxo emissivo de turistas no país e por 20,1% do fluxo receptivo de turistas brasileiros, sendo 10,2% intrarregional (MTUR/FIPE, 2006). 

11.  A  região  Nordeste  constitui‐se  o  destino  mais  desejado  de  60%  dos  brasileiros (MTUR/FIPE, 2007). 

12. O crescimento da capacidade  instalada da rede hoteleira nas capitais do Nordeste, em termos de unidades habitacionais  (UHs),  foi de 78,0%, num período de dez anos  (Unidade Habitacional  é  o  espaço,  atingível  a  partir  das  áreas  principais  de  circulação  comuns  do estabelecimento,  destinado  à  utilização,  pelo  hóspede,  para  seu  bem  estar,  higiene  e repouso). 

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13. Em 1996, a oferta era de 30.942 UHs, e em 2006 a oferta registrada era de 55.085 UHs, o que corresponde a uma taxa anual de crescimento da ordem de 5,9% (FREIRE, 2008). 

14. O número de passageiros por quilômetro transportados (voos regulares e não regulares) cresceu  7,9%  ao  ano no período  2001/2010. No mercado doméstico,  a demanda  cresceu 11,4% ao ano, superior ao incremento de 2,5% registrado no mercado internacional operado por empresas brasileiras. 

15. São necessários grandes investimentos em infraestrutura para atender o crescimento da demanda,  a  ser  mais  impulsionada  pela  realização  da  Copa  do  Mundo  de  2014  e  das Olimpíadas de 2016 no Brasil. 

16. De 1998 a 2008, foram aplicados pelo BNB, R$678,0 milhões no âmbito do FNE ‐ Proatur (95,2% dos recursos em empreendimentos para alojamento de turistas; 82,0% dos recursos em empreendimentos de médio e grande portes; 81,0% dos contratos com empreendedores de  micro  e  pequenos  negócios  e  70,0%  dos  recursos  foram  alocados  na  Bahia,  Ceará, Pernambuco e Sergipe). 

17.  Em  2008,  os  empreendimentos  financiados  pelo  Proatur  permitiram  a  geração  e manutenção  de  33.345  empregos  diretos,  o  que  equivale  a  7,9%  dos  empregos  formais existentes à época, na  região Nordeste, nas atividades  relacionadas ao  turismo  (SOUSA et all., 2010). 

18.  Os  recursos  do  FNE  ‐  Proatur  alocados  no  semiárido  localizam‐se  notadamente  nos estados do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, atraídos pelo turismo de motivação religiosa  da  região  do  Cariri,  especialmente  a  cidade  de  Juazeiro  do  Norte,  pelo  Polo Comercial de Caruaru, em Pernambuco, com a tradicional Feira da Sulanca e pelas atividades de exploração de petróleo, extração de sal e produção de frutas irrigadas de Mossoró. 

19. As fragilidades do turismo regional nordestino residem notadamente em: deficiência na maioria dos aeroportos e do transporte aéreo, condições das estradas e da malha urbana, carência de equipamentos para o desenvolvimento de outras segmentações turísticas, falta de  uma  base  de  dados  relacionados  à  demanda  turística  na  Região,  concentração  dos atrativos  turísticos,  necessidade  de  participação  da  comunidade  local  no  acolhimento  ao turista,  insuficiente  formação da mão de obra e consequente baixa qualidade dos serviços prestados, prática de preços que se relevam incompatíveis com o nível médio de satisfação requerido pelos turistas, problemas socioeconômicos como, por exemplo, a desigualdade na distribuição de renda, a prostituição infantil, a exclusão da comunidade local, o aumento da violência urbana  e do número de pessoas morando nas  ruas, principalmente nas  capitais (MTUR/FIPE, 2006). 

20. As potencialidades do  turismo no Nordeste  residem notadamente em: clima estável e atrativos paisagísticos de sol, mar e serras, cultura e costumes diversificados, mercado em expansão, potencial de geração de emprego (menor investimento para geração de posto de trabalho em comparação com outras atividades, como por exemplo, construção civil, têxtil e siderurgia),  infraestrutura  hoteleira  e  terras  de  baixo  custo,  e mão  de  obra  abundante  e barata. 

21.  A  instituição  de  políticas  públicas,  de  caráter  geral,  de  apoio  ao  Turismo Nordestino contemplam principalmente: erradicação da prostituição infantil; investimentos nas áreas de infraestrutura urbana; melhoria da educação básica e da profissionalização da mão de obra; inserção da  comunidade nas ações de desenvolvimento  sustentável do  turismo  local para 

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valorização  do  patrimônio  histórico  e  cultural;  criação,  recuperação  e  manutenção  de atrativos  turísticos;  divulgação  do  patrimônio  histórico  e  cultural;  desenvolvimento  de alternativas  para  utilização  dos  equipamentos  turísticos  durante  todo  o  ano,  como  por exemplo as ações relacionadas ao turismo de eventos. 

22.  Identificam‐se, no  âmbito do  Turismo Cultural,  a necessidade de políticas públicas de apoio  a:  divulgação  do  Nordeste  como  destino  cultural;  valorização  dos monumentos  e espaços  públicos,  por meio  da  estruturação  de  circuitos  de  visitação  e  da  divulgação  da programação  dos  espaços  culturais;  organização  e  divulgação  do  Calendário  Cultural  do Nordeste,  criando‐se  eventos  de  grande  porte  com  inspiração  nas  principais  festas populares; incentivo à realização de eventos de divulgação da cultura nordestina. 

23.  Para  a melhoria  da  aviação  aérea  regional,  a  instituição  das  seguintes  políticas  pode contribuir:  implantação  do  PREMIA  (Programa  de  Estímulo  à Malha  de  Integração  Aérea Nacional), redução do ICMS sobre o querosene da aviação regional; controle da concorrência predatória, mediante  adoção  de  critérios  de  redistribuição  de  rotas  entre  as  companhias regionais e nacionais, e criação de barreiras à saída de rotas de tráfego de baixa densidade; tarifas mais baixas, especialmente as  cobradas pela  Infraero, por utilização de aeroportos menores;  estímulo  à  formação  de  alianças  estratégicas  entre Mercados  de  Linhas  Tronco (MLT)  com  as  empresas  de  aviação  regional;  criação  de  linha  de  crédito  no  BNDES  para suprir e renovar a frota da aviação regional. 

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1 Introdução 

 O  termo  desenvolvimento,  segundo  Souza  (2002),  não  pode  ser  entendido  como 

sinônimo  de  desenvolvimento  econômico, mas  sim  como  “um  processo  de  superação  de 

problemas sociais em cujo âmbito uma sociedade se  torna mais  justa e  legítima para seus 

membros”. O  desenvolvimento  é  considerado,  então,  pelo  ângulo  socioespacial  e  exige  a 

consideração concomitante das várias dimensões que constituem as relações sociais como a 

economia, política e cultura, entre outros. 

A intervenção do Estado na atividade turística se justifica, segundo Gomez (2003), em 

razão de suas funções sociais, educativas, políticas, econômicas e de meio ambiente, ainda 

que muitas vezes essas funções sejam limitadas. 

Como política setorial, a política turística é necessária, segundo os autores, porque é 

considerado  que  “as  forças  de  mercado  não  são  suficientes  para  assegurar  um 

desenvolvimento turístico de acordo com os objetivos da economia e da sociedade em geral“.  

No entanto, na opinião de Fluviá y Mena (1998), a existência de “falhas de mercado” não é 

condição suficiente para justificar uma política turística pública porque as falhas da iniciativa 

privada e seus efeitos negativos não excluem as falhas da intervenção pública. 

O  relevante  da  questão  não  é  se  o  desenvolvimento  turístico  deve  ser  articulado 

exclusivamente por mecanismos de mercado ou de planejamento público, mas sim que deve 

constituir  uma  combinação  de  iniciativas  públicas  e  privadas  definindo  em  que  aspectos 

devem uma ou outra atuar. 

O  grau  de  intervenção  do  Estado  na  atividade  turística  depende  muito  da 

importância que o  turismo  tem para o país. Ainda que no desenvolvimento  turístico haja 

muito dos esforços da iniciativa privada, há algumas funções mais próprias do Estado como 

regulamentação  dos  serviços  turísticos,  promoção  no  exterior,  gastos  de  infraestrutura  e 

proteção dos recursos naturais e socioculturais. Assim, a política turística se constitui em um 

instrumento  para  a  prática,  necessitando  de  definições,  de  objetivos,  instrumentos  e 

medidas de ação. 

Isto  não  é  uma  tarefa  fácil  porque  há  uma  singularidade  e  complexidade muito 

grande na política turística. Em primeiro lugar devido a que nesta atividade há um grupo de 

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setores que, ainda que se complementem, são heterogêneos tornando difícil a coordenação. 

Em  segundo  lugar,  há  o  papel  desempenhado  pela  administração  pública  com  respeito  à 

qualidade e competitividade do produto turístico, incluindo serviços não comerciais como a 

paisagem, a infraestrutura, a segurança, dentre outros. 

Além disso, há grande diversidade de agentes que  interferem na política turística. A 

nova  era  do  turismo  se  caracteriza  pela  supersegmentação  da  demanda  e  exige  um 

conhecimento profundo do mercado e a identificação das necessidades do consumidor. 

2 Panorama Internacional  

A crise financeira internacional ocorrida nos últimos anos tem gerado transformações 

e  instabilidade  na  economia mundial  provocada  principalmente  pela  quebra  de  bancos, 

aumento da taxa de desemprego e contração da liquidez nas economias mais desenvolvidas.  

O  terremoto  ocorrido  no  Japão  e  o  agravamento  da  crise  fiscal  na  Grécia, 

combinados  com o  impasse político  sobre a definição de um novo  teto para a dívida nos 

EUA,  levaram o Fundo Monetário  Internacional  (FMI) a  reduzir  ligeiramente, de 4,4% para 

4,3%,  sua projeção para o  crescimento da economia mundial em 2011, de  acordo  com  a 

nova versão do estudo "Perspectivas Econômicas Mundiais”. 

Essa  revisão  decorre  de  uma  expectativa  menor  de  crescimento  das  economias 

desenvolvidas, que passou de 2,4%, nas projeções de abril, para 2,2% em  junho de 2011, 

enquanto, em  sentido  contrário, as economias emergentes e em desenvolvimento devem 

crescer um pouco mais, 6,6% contra 6,5% da projeção anterior.  

Segundo o  FMI, alguns  fatores ameaçam a  reativação da economia mundial. Entre 

eles podem ser citados o enfraquecimento maior do que o previsto da atividade nos Estados 

Unidos, cuja previsão de crescimento é de 2,5% para o ano de 2011, contra a estimativa de 

3,0%  em  janeiro,  a  renovada  volatilidade  financeira,  decorrente  de  preocupações  com  a 

profundidade  dos  desafios  fiscais  na  periferia  da  zona  do  euro,  e  a  previsão  de  retração 

econômica de 0,7% em 2011 no Japão.  

O Fundo, em seu estudo, ressalta, ainda, que a região da América Latina e Caribe se 

recuperou  "rápida e  solidamente" da  crise mundial e  cresceu 6% em 2010,  com principal 

impulso  registrado na América do Sul,  "onde os preços das matérias primas, as condições 

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favoráveis ao financiamento externo e as políticas macroeconômicas flexíveis estimularam a 

demanda  doméstica". Vale  ressaltar,  entretanto,  que  essa  grande  demanda  interna  já  dá 

sinais  de  alerta  devido  ao  aumento  da  inflação  e  a  apresentação  de maiores  déficits  em 

conta corrente. A China continuará sendo a campeã do crescimento, com previsão de 9,6% 

em 2011. 

O ambiente econômico tem uma forte correlação com a expansão da atividade turís‐

tica, pois a receita disponível para gastos com turismo varia diretamente com a dinâmica da 

atividade econômica. 

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT) apud (FREIRE e ARAUJO, 2010), o 

fluxo  internacional de turistas vem aumentando continuamente – de 25 milhões em 1950; 

277 milhões em 1980; 438 milhões em 1990; 682 milhões em 2000, 920 milhões em 2008. 

Em 2009, esse  fluxo  reduziu‐se a 880 milhões,  resultado do desaquecimento da economia 

mundial ocasionada pela  crise  financeira.   Em 2010 o  turismo  internacional  se  recuperou, 

gerando um incremento de 7% em relação a 2009, com circulação de 935 milhões de turistas 

no mundo  (Gráfico  1).   A  recuperação,  em  2010,  foi  impulsionada,  principalmente,  pelas 

economias emergentes que cresceram 8%, enquanto as desenvolvidas cresceram 5%. 

 

 Gráfico 1 ‐ Chegadas de Turistas Estrangeiros ‐ 1995‐2010 Fonte: Organização Mundial do Turismo (OMT, 2011) Nota: Dados sujeitos a retificação 

 O Oriente Médio foi o destino com o maior crescimento no número de turistas (14%) 

ainda que o seu total de 60 milhões fique muito aquém da Ásia, que  liderou o crescimento 

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em termos de valor, totalizando 204 milhões de turistas, com acréscimo de 13% em 2010, 

quando comparado a 2009. 

O  fluxo  turístico  nas  Américas  cresceu  8%,  chegando  a  151 milhões,  enquanto  a 

África  teve acréscimo de 6%,  favorecida pela  realização da Copa do Mundo de Futebol na 

África do Sul.   Por  seu  turno, o desempenho do  setor  turístico na Europa  foi  influenciado 

pela crise econômica e pelo vulcão na Islândia, apresentando crescimento de apenas 3% no 

número de turistas (FREIRE, 2008). 

De  acordo  com  o  Barômetro  Mundial  do  Turismo  da  Organização  Mundial  do 

Turismo  (OMT,  2011),  a  China,  que  se  encontra  entre  os  maiores  destinos  mundiais, 

apresentou  55,7  milhões  de  chegadas  internacionais,  9,4%  a  mais  que  em  2009.   Esse 

resultado levou a China a superar a Espanha, que está em terceiro lugar entre os países mais 

visitados em termos de turistas a pernoitar no local. 

A Europa concentrou, em 2010, mais da metade das viagens internacionais com 471 

milhões  de  desembarques,  a  região  da  Ásia  e  do  Pacífico  recebeu  22%  dos  turistas 

internacionais, enquanto nas Américas a fatia atingiu 16% dos turistas. O Oriente Médio e a 

África concentram, respectivamente, 6% e 5% do turismo mundial (Tabela 1). 

Tabela 1 ‐ Chegada de Turistas Estrangeiros por Regiões 

Regiões  Chegadas (milhões) Participação 

(%)  Variação (%) 

2008  2009  2010*  2010*  2009/2008  2010*/2009

Mundo  913,0 877,0 935,0 100,0  ‐4,0  6,7

Países Desenvolvidos  489,0 468,0 493,0 52,7  ‐4,3  5,3

Países em Desenvolvimento  424,0 409,0 442,0 47,3  ‐3,5  8,2

                 

Por Regiões da OMT                 

Europa  480,8 456,9 471,5 50,4  ‐5,0  3,2

Europa Setentrional  56,4 53,4 53,3 5,7  ‐5,5  ‐0,1

Europa Ocidental  153,2 148,6 156,1 16,7  ‐3,0  5,1

Europa Central/Oriental  100,0 89,9 93,7 10,0  ‐10,1  4,2

Europa Meridional  171,2 165,1 168,4 18,0  ‐3,5  2,0

Ásia e Pacífico  184,1 181,0 203,8 21,8  ‐1,7  12,6

Nordeste Asiático  101,0 98,1 111,7 11,9  ‐2,9  13,9

Sudeste Asiático  61,8 62,1 69,6 7,4  0,5  12,1

Oceania  11,1 10,9 11,6 1,2  ‐1,6  6,0

Ásia Meridional  10,3 9,9 10,9 1,2  ‐3,4  10,1

Américas  147,8 140,5 151,2 16,2  ‐4,9  7,7

América do Norte  97,7 92,1 99,2 10,6  ‐5,8  7,8

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Caribe  20,1 19,5 20,3 2,2  ‐2,8  3,9

América Central  8,2 7,6 8,3 0,9  ‐7,4  8,3

América do Sul  21,8 21,3 23,5 2,5  ‐2,3  10,4

África  44,4 45,8 48,7 5,2  3,2  6,4

Norte da África  17,1 17,6 18,6 2,0  2,5  5,8

África Subsaariana  27,2 28,2 30,1 3,2  3,6  6,9

Oriente Médio  55,9 52,7 60,0 6,4  ‐5,7  13,9

Fonte: Organização Mundial do Turismo‐OMT (2011).          

  

Quanto  à  finalidade  da  viagem,  em  2010,  as  viagens  de  lazer,  recreio  e  férias 

representaram  pouco mais  da metade  de  todos  os motivos  de  deslocamento  de  turistas 

internacionais (51% ou 480 milhões de chegadas). Cerca de 15% dos turistas  internacionais 

informaram estar viajando a negócios e fins profissionais e outros 27% viajaram para outros 

fins, tais como visitar amigos e parentes (VFR), razões religiosas e romarias e tratamento de 

saúde. O propósito da visita para os restantes 7% dos recém‐chegados não foi especificado 

(Gráfico 2).  

Pouco mais da metade dos viajantes chegaram ao seu destino através de transporte 

aéreo (51%) em 2010, enquanto o restante viajou por via rodoviária (41%), ferroviária (2%), 

ou marítima  (6%). A  tendência  tem  sido um  crescimento do  transporte aéreo a um  ritmo 

mais rápido do que o transporte de superfície. 

Não especificado 

7%

visitar amigos e 

parentes, religião, 

saúde 

27%

negócios e fins 

profissionais 

15%

lazer, recreio e 

férias  

51%

 Gráfico 2 – Finalidade da viagem (2010) Fonte: Organização Mundial do Turismo (OMT, 2011). 

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Os dez principais destinos  turísticos mundiais em 2010, em ordem decrescente de 

fluxo  turístico  receptivo  foram  França,  EUA,  China,  Espanha,  Itália,  Inglaterra,  Turquia, 

Alemanha, Malásia e México (Tabela 2).  

 Tabela 2 – Classificação dos países por número de chegadas 

Ranking Milhões (US$) Variação (%) 

  2009 2010 09/08 10/09 

1   França  76,8 76,8 ‐3,0 0,0 2   Estados Unidos  55,0 59,7 ‐5,1 8,7 3   China 50,9 55,7 ‐4,1 9,4 4   Espanha  52,2 52,7 ‐8,8 1,0 5   Itália 43,2 43,6 1,2 0,9 6   Reino unido  28,2 28,1 ‐6,4 ‐0,2 7   Turquia  25,5 27,0 2,0 5,9 8   Alemanha  24,2 26,9 ‐2,7 10,9 9   Malásia  23,6 24,6 7,2 3,9 10 México    21,5 22,4 ‐5,2 4,4 

Fonte: World Tourism Organization (UNWTO), 2011. 

 

É  interessante  notar  que  oito  dos  dez  principais  destinos  aparecem  tanto  na 

classificação  dos  países  por  número  de  chegadas  como  na  classificação  por  receitas  de 

turismo internacional (Tabela 3).  Uma análise do período 2009‐2010 mostra que a mudança 

mais significativa entre os dez melhores por chegadas internacionais em 2010 foi a ascensão 

da China à terceira posição, expulsando a Espanha, após ter ultrapassado o Reino Unido e a 

Itália, há mais de cinco anos.  

No que se  refere a  receitas, a China ultrapassou a  Itália movendo‐se para a quarta 

posição e Hong Kong  (China) entrou no rol das dez principais subindo da 12ª, para a nona 

posição (Tabela 3). 

 

Tabela 3 – Classificação dos países por valor da receita gerada Ranking  Bilhões (US$) Variação (%) 

  2009 2010 09/08 10/09 

1   Estados Unidos  94,2 103,5 ‐14,7 9.9 2   Espanha  53,2 52,5 ‐13,7 ‐1,2 3   França  49,4 46,3 ‐12,7 ‐6,2 4   China  39,7 45,8 ‐2,9 15,5 5   Itália  40,2 38,8 ‐12,0 ‐3,6 6   Alemanha  34,6 34,7 ‐13,2 0,1 7   Reino unido  30,1 30,4 ‐16,3 0,8 

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8   Austrália  25,4 30,1 2,5 18,6 9   Hong Kong  16,4 23,0 7,5 39,5 10 Turquia  21,3 20,8 ‐3,2 ‐2,1 

         Fonte: World Tourism Organization (UNWTO), 2011. 

 

Entre os demais destinos, a França com um fluxo de 77 milhões de turistas, continua 

a  liderar  o  ranking  em  termos  de  chegadas  ocupando  a  terceira  posição  na  arrecadação, 

enquanto os EUA ocupam o primeiro  lugar nas receitas  (US$ 104 bilhões) e o segundo em 

chegadas.  

Outra forma de classificação que se configura interessante foi elaborada pelo Fórum 

Econômico Global, com sede na Suíça, valorizando três grupos de 14 variáveis denominadas 

pilares de sustentabilidade do turismo, descritas no Quadro 1. 

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Quadro 1: Pilares de sustentabilidade do turismo Grupo I: Estrutura regulatória para o setor 

Grupo II: Ambiente empresarial e infraestrutura

Grupo III: Recursos humanos, culturais e naturais 

‐ Regras e regulamentações 

‐ Sustentabilidade ambiental  

‐ Segurança e bem‐estar 

‐ Saúde e higiene 

‐ Prioridade dada ao setor de viagens e turismo 

‐ Infraestrutura de transporte aéreo 

‐ Infraestrutura de transporte terrestre 

‐ Infraestrutura para o turismo 

‐ Infraestrutura de tecnologia de informações e comunicações 

‐ Competitividade de preços

‐ Capital humano 

‐ Afinidade com viagens e turismo 

‐ Recursos naturais 

‐ Recursos culturais 

Fonte: World Economic Forum. The Travel & Tourism Competitiveness Report 2011. Disponível em: http://www.weforum.org/reports/travel‐tourism‐competitiveness‐report‐2011.  Acesso  em:  29  de julho de 2011. 

 

Esse  índice reforça a regulamentação e as políticas governamentais, a segurança, a 

saúde e higiene, a priorização das viagens e do turismo e a sustentabilidade socioecológica. 

Outros critérios que mais frequentemente são considerados relevantes para o turista, como 

por  exemplo,  as  infraestruturas  turísticas,  competitividade  de  preços,  recursos  naturais  e 

culturais têm um peso muito reduzido no ranking. E o clima não é sequer considerado (WEF, 

2011). 

Este  ranking,  tal  como em 2009,  continua a  ser  liderado pela  Suíça,  seguindo‐se a 

Alemanha,  a  França,  a Áustria  e  a  Suécia. Os  Estados Unidos,  primeiro  país  não  europeu 

classificado, ocupa  a  sexta posição  do  ranking,  seguidos do Reino Unido. A  Itália  é  a  27ª 

colocada  e  Angola  alcança,  pela  primeira  vez  classificação  neste  ranking,  situando‐se  em 

penúltimo lugar, à frente do Chade (ALMEIDA, 2011). 

Para  2011  há  uma  tendência  de  crescimento  do  turismo,  embora  em  ritmo mais 

lento  do  que  vinha  ocorrendo  antes  de  crise  de  2008.  Esse  crescimento  configura‐se 

importante  principalmente  para  os  países  em  desenvolvimento  que  têm  no  setor  uma 

importante fonte de emprego 

 3 Panorama Nacional  

O aumento da renda média e do consumo das famílias e o surgimento de uma nova 

classe média  emergente  no mercado  brasileiro  constituem  uma  oportunidade  ímpar  de 

fortalecimento deste mercado e de reconhecimento do Turismo como  importante fator de 

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desenvolvimento  econômico  e  social.  No  cenário  atual,  as  viagens  podem  e  devem  ser 

incluídas  no  rol  de  consumo  dos  brasileiros,  potencializando  o  consumo  de  produtos 

turísticos e aquecendo a economia. 

Segundo Freire & Araújo (2010), os desembarques de passageiros de voos nacionais e 

internacionais nos aeroportos do Brasil (administrados pela INFRAERO) registraram aumento 

recorde  em  2010. Os  desembarques  internacionais  totalizaram  7.871.802  passageiros  em 

2010, com acréscimo de 20,9%, comparativamente ao ano anterior (Tabela 4), sendo a maior 

taxa de crescimento apresentada pelos voos não regulares (charters) perfazendo 29,7%, com 

265.195  desembarques  em  2010.  Em  relação  aos  voos  nacionais  67.688.090  turistas 

desembarcaram  nos  aeroportos  brasileiros  em  2010,  registrando  incremento  de  20,8%, 

relativamente a 2009.  

 

Tabela 4 ‐ Desembarque de Passageiros em Voos Internacionais Variação Mensal 2009/2010 

Mês 

2009  2010 Variação 

% 2009/2010

Voos Regulares

Voos Não Regulares 

Total Voos 

RegularesVoos Não Regulares 

Total 

Jan  615.909 38.647  654.556 701.404 44.974 746.378  14,03

Fev  478.883 28.781  507.664 605.283 30.620 635.903  25,26

Mar  513.690 16.263  529.953 576.068 16.957 593.025  11,90

Abr  476.577 8.965  485.542 508.248 12.233 520.481  7,20

Mai  452.242 8.153  460.395 554.708 10.082 564.790  22,68

Jun  483.557 13.194  496.751 566.592 15.059 581.651  17,09

Jul  546.322 20.066  566.388 713.562 39.601 753.163  32,98

Ago  528.029 17.036  545.065 696.831 25.473 722.304  32,52

Set  503.799 10.373  514.172 658.078 15.233 673.311  30,95

Out  581.265 10.046  591.311 707.465 13.029 720.494  21,85

Nov  553.199 12.436  565.635 653.975 16.448 670.423  18,53

Dez  572.994 20.527  593.521 664.393 25.486 689.879  16,23

Total  6.306.466 204.487  6.510.953 7.606.607 265.195 7.871.802  20,90

Fonte: INFRAERO ‐ Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.      

 

Com  relação ao mercado  internacional, o  resultado da  receita  cambial  turística no 

Brasil (Tabela 5) nos últimos anos aponta para o fortalecimento da atividade. De acordo com 

os dados do Banco Central, em 2010 o Brasil registrou uma receita cambial turística de US$ 

5,9  bilhões,  11,6% maior  do  que  a  receita  obtida  no  ano  anterior  (US$  5,3  bilhões).  Ao 

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mesmo tempo, a despesa cambial turística (gastos dos brasileiros em viagens internacionais) 

somou, em 2010, US$ 16,4 bilhões apresentando crescimento de 50,7% em relação a 2009 

(US$ 10,9 bilhões),  aumentando o  saldo  já deficitário na balança do  turismo. Em 2010, o 

déficit de US$ 10,5 bilhões, foi 80% superior ao apresentado em 2009 (US$ 5,6 bilhões). 

O  crescimento  do  déficit  na  balança  de  turismo  brasileira  é  consequência, 

principalmente,  da  forte  valorização  da  moeda  nacional  ocorrida  nos  últimos  anos, 

ocasionada, entre outras coisas, pelo grande volume de investimentos estrangeiros no país. 

Tal  fato  tem  sido  fomentado  pelas  altas  taxas  de  juros  praticadas  no  Brasil 

comparativamente ao mercado internacional ‐ em torno de 5,5% ao ano, a mais elevada taxa 

real do mundo. 

A desvalorização do dólar em relação ao Real nos últimos anos, conforme se observa 

no Gráfico 3, tem tornado as viagens de brasileiros ao exterior bastante atrativas. Após subir 

3,7% do último trimestre de 2009 para o 1º trimestre de 2010, passando de R$ 1,74 para  R$ 

1,80, a média trimestral do dólar iniciou uma queda que chegou a R$ 1,75 no 3º trimestre de 

2010, R$ 1,70 no último trimestre de 2010,  e por fim R$ 1,63 no primeiro trimestre de 2011, 

que obteve os menores índices médios mensais.  

 

1,63

1,70

1,75

1,791,80

1,74

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

1,85

4o. TRIM/2009 1o. TRIM/2010 2o. TRIM/2010 3o. TRIM/2010 4o. TRIM/2010 1o. TRIM/2011

Gráfico 3 ‐ Média Trimestral Dólar (Em R$) Comparação trimestres imediatamente anteriores Fonte: IBGE, 2011. 

  

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Tabela 5 ‐ Receitas e Despesas Cambiais – Variação Mensal 2010/2009 (US$ Milhões) 

Mês 2009  2010  Variação % 

Receita  Despesa  Receita Despesa  Receita  Despesa 

Jan  495  746 566 1.216 14,22  63,07 

Fev  433  553 511 1.002 18,00  81,11 

Mar  494  618 578 1.121 17,07  81,47 

Abr  388  770 461 1.229 18,86  59,58 

Mai  354  779 408 1.156 15,42  48,31 

Jun  403  987 416 1.325 3,29  34,22 

Jul  445  1.045 438 1.536 ‐1,54  47,09 

Ago  456  916 489 1.302 7,30  42,18 

Set  401  1.053 454 1.580 13,34  50,03 

Out  451  1.236 436 1.692 ‐3,53  36,86 

Nov  469  983 560 1.515 19,52  54,18 

Dez  516  1.212 607 1.726 17,64  42,41 

Total  5.305  10.898 5.924 16.400 11,58  50,68 

Fontes: Banco Central do Brasil‐BACEN e Ministério do Turismo‐Mtur. 

  

Os  dez  principais  mercados  emissores  de  turistas  para  o  Brasil,  dados  de  2009, 

representam 70,6% do total, com a Argentina e os Estados Unidos nos primeiros lugares do 

ranking (Tabela 6). 

 Tabela 6 ‐ Chegadas de Turistas ao Brasil, segundo os Principais Países Emissores – 2009 

Principais Países Emissores  Número de Turistas % Ranking

Argentina  1.211.159 25,55 1º. EUA 603.674 12,57 2º. Itália  253.546 5,28 3º. 

Alemanha  215.595 4,49 4º. França  205.860 4,29 5º. Uruguai  189.412 3,94 6º. Portugal  183.697 3,83 7º. Paraguai  180.373 3,76 8º. Espanha  174.526 3,63 9º. Inglaterra  172.643 3,60 10º. Outros  1.411.732 29,40 ‐ Total  4.802.217 100,00 ‐ 

Fonte: Estatística Básica do Turismo. Ministério do Turismo‐MTur, Outubro 2010. 

 Deve‐se  ressaltar  que  a  realização  de  eventos  internacionais  no  País  tem  se 

apresentado como um fator de influência positivo contribuindo para a expansão do mercado 

internacional do Turismo no Brasil. Nos últimos anos, o Brasil galgou posições no ranking da 

International Congress and Convention Association  (ICCA)  relativo aos maiores  captadores 

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de eventos no mundo, passando da 19ª posição em 2003 para a 7ª posição em 2009, ano em 

que foram realizados 293 eventos internacionais (Tabela 7). 

Tabela 7 ‐ Ranking ICCA 2009 / Número de Eventos Internacionais Ranking  País No de Eventos 

1º. EUA 595 2º. Alemanha 458 3º. Espanha 360 4º. Itália 350 5º. Reino unido 345 6º. França 341 7º. Brasil 293 8º. Japão 257 9º. China 245 10º.  Áustria 236 

Fonte: ICCA, Relatório Estatístico 2009. 

 A  oferta  de  destinos  qualificados  para  o  turismo  de  negócios  no  Brasil  tem  se 

expandido  e  se  desconcentrado,  com  um  número  cada  vez maior  de  cidades  brasileiras 

hospedando eventos internacionais. A Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, além 

de  eventos  conexos,  colocam  o  País  em  destaque  no  cenário mundial  e  abrem  grandes 

perspectivas para o desenvolvimento do Turismo brasileiro. 

 

 

4 Panorama Regional 

4.1 Fluxo turístico 

Historicamente, as cidades mais procuradas pelos turistas internacionais que chegam 

ao  Brasil  são:  Rio  de  Janeiro,  São  Paulo,  Florianópolis  e  Foz  do  Iguaçu. Duas  capitais  do 

Nordeste  vêm  conquistando  posicionamento  nesse  ranking:  (1)  Salvador  passou  a  figurar 

entre as quatro mais visitadas e  (2) Fortaleza entre as nove mais procuradas  (EMBRATUR, 

2008). 

O produto mais comercializado no Nordeste é o “Sol e Praia” que engloba, também, 

os cruzeiros marítimos. Os principais destinos são as capitais dos estados e outras cidades 

litorâneas, tais como: Natal, Salvador, Fortaleza, Recife e Porto Seguro (MTUR/FIPE, 2006). 

Uma das peculiaridades do fluxo turístico, inerente a qualquer destino, diz respeito à 

sazonalidade,  ou  seja,  a  variações  de  intensidade  da  demanda  turística  que  caracterizam 

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determinadas épocas do ano, refletindo na ocorrência da alta e da baixa estação turística. 

Percebe‐se a concentração desse fluxo entre os meses de dezembro a fevereiro e em julho, 

conforme Gráfico 4. 

 

Gráfico 4: Sazonalidade do fluxo turístico no Nordeste Fonte: MTUR/FIPE, 2006. 

 

Os  principais  destinos  nacionais  concorrentes  da  Região Nordeste  são  o  litoral  do 

Sudeste compreendendo as praias da cidade do Rio de Janeiro, de Búzios e o litoral norte do 

Estado de São Paulo; e a Região Sul, notadamente o litoral de Santa Catarina. 

Os concorrentes internacionais são o Caribe, notadamente Aruba, Jamaica, República 

Dominicana  e  Porto  Rico,  Cancun,  Taiti  e  Indonésia,  além  das  cidades  de  Buenos Aires  e 

Santiago, na América do Sul. 

De acordo com as operadoras e agências de viagens, dos cinco pacotes mais vendidos 

para  o  turismo  interno,  quatro  pertencem  à  Região  Nordeste:  Fortaleza  (74,8%),  Natal 

(53,8%), Serras Gaúchas (52,9%), Porto Seguro (44,5%) e Maceió (31,1%) (FGV, 2005). 

A Região é responsável por 12,5% do fluxo emissivo de turistas no país e por 20,1% 

do  fluxo  receptivo  de  turistas  brasileiros,  sendo  10,2%  intrarregional.  A  relação 

emissivo/receptivo do Nordeste é de 0,6 (12,5/20,1) sinalizando que o turismo receptivo é o 

destaque dessa região (MTUR/FIPE, 2006). 

Dentre  as  cinco  cidades  do  país  mais  visitadas  pelos  turistas  brasileiros  estão 

Salvador  e  Fortaleza  em  terceiro  e  quarto  lugar,  respectivamente.  Os  estados  da  Bahia, 

Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, são os que mais recebem turistas domésticos do 

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Nordeste (SOUSA et all., 2010). Destaca‐se que ainda em 1997, a região Nordeste,  liderada 

pelo Estado da Bahia, ocupou o segundo  lugar na composição do  fluxo  turístico  interno, o 

que  comprova  a  persistência  de  seu  poder  de  atratividade  quanto  ao  turismo  de  lazer  e 

entretenimento (SAAB, 1999). 

No  período  de  dez  anos,  de  1998  a  2008,  o  fluxo  turístico  para  as  capitais  e  os 

estados do Nordeste registrou variação positiva da ordem de 69,0 e 79,0%, respectivamente. 

Em conjunto as nove capitais nordestinas receberam, em 2008, 12,1 milhões de turistas; e os 

estados receberam 20,5 milhões de turistas (SOUSA et all., 2010). 

A região Nordeste, no âmbito do turismo interno, representa o destino turístico mais 

desejado de cerca de 66% dos habitantes das  regiões Sudeste e Centro‐Oeste, de 58% da 

região Sul, e de 52% da região Norte, constituindo‐se o destino mais desejado de 60% dos 

brasileiros (MTUR/FIPE, 2007). 

 

4.2 Infraestrutura 

4.2.1 Rede de hospedagem 

Sabe‐se que o produto turístico é complexo e composto por distintos  fatores como 

recursos naturais  (clima e paisagem), alimentação, segurança,  transporte,  lazer e produtos 

culturais  (patrimônio  histórico  e  cultural,  qualidade  dos  serviços,  comportamento),  no 

entanto  a  rede  de  hospedagem  constituiu‐se  um  indicador  relevante  para  avaliar  o 

dinamismo da atividade. 

Nas  viagens  domésticas  são  utilizados  diferentes  tipos  de meios  de  hospedagem 

(hotéis, pousadas,  resorts,  campings,  casas de parentes e amigos). A maioria dos  turistas, 

cerca de 56%, se utiliza de casas de parentes e amigos nos locais visitados, e a utilização dos 

serviços  turísticos  (hotéis, pousadas, campings e  resorts) corresponde a 30,8% do  total de 

viagens realizadas (MTUR, 2010). 

O alojamento de turistas gera receitas de diferentes tipos de empreendimentos tais 

como  a  hospedagem  propriamente  dita,  alimentação  e  bebidas,  serviços  de  telefonia, 

serviços  de  lavanderia,  aluguel  de  salas  para  eventos,  aluguel  de  lojas,  dentre  outros.  A 

receita operacional líquida dos serviços de alojamento corresponde a cerca de 6,0% do total 

da receita operacional líquida do Turismo (IBGE, 2003 apud MTUR, 2006a). 

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Um  dos  principais  aspectos  que  caracteriza  o  segmento  de  alojamento  no  Brasil 

refere‐se à grande predominância de pequenas e médias empresas, no qual cerca de 90% do 

total  das  empresas  possuem menos  do  que  20  pessoas  ocupadas  cada  (FIPE/EMBRATUR, 

2006). 

O crescimento da capacidade  instalada da  rede hoteleira nas capitais do Nordeste, 

em  termos de unidades habitacionais  (UHs1),  foi de 78,0%, num período de dez anos. Em 

1996, a oferta era de 30.942 UHs, e em 2006 a oferta registrada era de 55.085 UHs, ou seja, 

24.143 novas unidades, o que corresponde a uma taxa anual de crescimento da ordem de 

5,9% (FREIRE, 2008). 

As  capitais  nordestinas  com  as  maiores  taxas  de  crescimento  foram:  Maceió 

(241,3%), Natal (87,5%), Fortaleza (74,8%), Recife (73,9%), e Salvador (72,8%). Em termos de 

quantidade de UHs, Salvador (6.129), Fortaleza (4.449), Natal (4.282) e Maceió (3.759) foram 

as capitais que mais contribuíram com o aumento da oferta da rede hoteleira (CTI‐NE, 2006). 

As  cidades de  Salvador  (26,4%),  Fortaleza  (18,9%), Natal  (16,7%), Recife  (12,2%)  e 

Maceió (9,7%), juntas, responderam por 83,6% da capacidade instalada em 2006 nas capitais 

nordestinas, quando em 1996 a participação dessas capitais era de 79,5% (CTI‐NE, 2006). 

Neste mesmo período, de 1996 a 2006, a  taxa de ocupação passou de 47,7% para 

57,2%, confirmando a melhoria de desempenho dos meios de hospedagem pela ampliação 

da utilização da  capacidade  instalada da  rede hoteleira das  capitais do Nordeste  (CTI‐NE, 

2006). 

4.2.2 Transporte  

Um  sistema  de  transporte  de  qualidade  contribui  para  a  competitividade  de 

empresas  e  nações,  ao  permitir  que  empreendedores,  com  rapidez  e  menor  custo, 

obtenham  insumos de produção e  façam chegar seus produtos e  serviços a consumidores 

nacionais e estrangeiros (SCHWAB, 2010). 

O  transporte  aéreo  assume  importância  estratégica  para  o  Brasil,  em  virtude  da 

extensão  imensa de seu território e das desigualdades econômicas entre suas regiões, que 

1  Unidade  Habitacional  é  o  espaço,  atingível  a  partir  das  áreas  principais  de  circulação  comuns  do estabelecimento, destinado à utilização, pelo hóspede, para seu bem estar, higiene e repouso. 

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precisam  ser  conectadas  entre  si  e  com  a  economia  mundial.  A  aviação  regional, 

especificamente,  contribui  para  ocupação  sustentável  dos  territórios,  integração  entre 

regiões  e  incentivo  à  indústria  do  turismo,  porquanto  facilita  o  fluxo  de  bens,  serviços  e 

pessoas  em  regiões  remotas  e  de  fronteira,  amplia  as  oportunidades  de  trabalho, 

universaliza  o  acesso  ao  transporte  aéreo  e,  enfim,  propicia  melhores  condições  de 

acessibilidade aos turistas. 

  4.2.2.1 Infraestrutura do transporte aéreo no Brasil  

A  infraestrutura  relacionada  ao  transporte  aéreo  é  composta  de  duas  partes 

principais, a  infraestrutura aeroportuária e a  infraestrutura aeronáutica, sendo esta última 

formada pelas  instalações de controle e segurança do espaço aéreo e de proteção ao voo. 

No Brasil,  à medida  que  houve  a  retomada  do  crescimento  econômico,  os  problemas  de 

infraestrutura de transportes tornaram‐se mais intensos.  

O  número  de  passageiros  por  quilômetro  transportados  (voos  regulares  e  não 

regulares) cresceu 7,9% ao ano no período 2001/2010. No mercado doméstico, a demanda 

cresceu 11,4% ao ano, superior ao incremento de 2,5% registrado no mercado internacional 

operado  por  empresas  brasileiras. Observa‐se  que  são  necessários  grandes  investimentos 

em  infraestrutura para atender o  crescimento da demanda, a  ser mais  impulsionada pela 

realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil. 

De acordo com Campos Neto e Souza  (2011), o  forte crescimento da demanda por 

transporte  aéreo,  sem  o  respectivo  aumento  da  capacidade  operacional  dos  aeroportos, 

reflete‐se  no  fato  de  que  14  dos  20 maiores  terminais  aeroportuários  de  passageiros  do 

Brasil,  três  localizadas no Nordeste  (Fortaleza, Natal e Maceió) operaram, em 2010, acima 

dos seus limites de capacidade.  

O Brasil possui 2.520 aeroportos e aeródromos públicos ou privados homologados, 

descontados  dessa  quantidade  os  helipontos  (ANAC,  2011).  Desse  total,  310  estão 

localizados  no  Nordeste,  165  públicos  e  145  privados;  destacam‐se  os  67  aeroportos 

administrados pela Infraero, 16 localizados na Região Nordeste.  

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A Tabela 8 mostra os aeroportos administrados pela  Infraero na Região,  com  suas 

respectivas capacidades operacionais (disponíveis) e movimentação de passageiros em 2010. 

 

Tabela 8 – Capacidade operacional e movimentação (passageiros/ano) dos aeroportos administrados pela Infraero na Região Nordeste (dados de 2010) 

Aeroporto  Localidade Capacidade Operacional 

(Passageiros/Ano) Movimentação de Passageiros 2010 

Zumbi dos Palmares  Maceió‐AL  1.200.000  1.431.781 

Jorge Amado  Ilhéus‐BA  N/D  412.572 

Dep. Luís Eduardo Magalhães 

Salvador‐BA  10.500.000  7.696.307 

De Paulo Afonso  Paulo Afonso‐BA  N/D  3.718 

Pinto Martins  Fortaleza‐CE  3.000.000  5.072.721 

Orlando Bezerra de Menezes 

Juazeiro do Norte‐CE  N/D.  244.780 

Prefeito Renato Moreira  Imperatriz‐MA  N/D  234.295 

Marechal Cunha Machado  São Luís‐MA  N/D  1.379.146 

Presidente Castro Pinto  João Pessoa‐PB  N/D  926.043 

Presidente João Suassuna  Campina Grande‐PB  N/D  114.258 

Senador Nilo Coelho  Petrolina‐PE  N/D  254.161 

Guararapes‐Gilberto Freyre  Recife‐PE  8.000.000  5.958.982 

Prefeito Dr. João Silva Filho  Parnaíba‐PI  150.000  2.619 

Senador Petrônio Portela  Teresina‐PI  N/D  797.979 

Augusto Severo  Natal‐RN  1.900.000  2.415.833 

Santa Maria  Aracaju‐SE  1.000.000  940.389 

Fonte: Infraero (2011) e Campos Neto e Souza (2011). 

Dos aeródromos homologados pela ANAC, muitos possuem pistas pavimentadas com 

terra, cascalho ou grama,  sem permissão de uso por aeronaves  tipicamente utilizadas em 

voos  regulares  de  empresas  regionais.  Excluindo  aeroportos  administrados  pela  Infraero, 

abordados na Tabela 8, o Quadro 2 mostra os aeródromos públicos homologados pela ANAC 

que possuem pistas pavimentadas com asfalto ou concreto e comprimento de pista igual ou 

superior a 1.200 metros, os quais estão assim distribuídos: 36 na Bahia, cinco no Maranhão, 

cinco em Pernambuco, quatro no Ceará, três no Piauí, dois no Rio Grande do Norte, dois na 

Paraíba e um em Alagoas. 

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Quadro 2 – Aeródromos da Região Nordeste homologados pela ANAC com comprimento de pista igual ou superior a 1.200m e pavimento de asfalto ou concreto 

Estado  Localidade  Aeroporto  Estado  Localidade  Aeroporto 

AL  Penedo  Freitas Melro  BA  Porto Seguro  Porto Seguro 

BA  Barra  Barra  BA  Prado  Prado 

BA  Barreiras  Barreiras  BA  Remanso  Remanso 

BA  Belmonte  Belmonte  BA  Souto Soares  Souto Soares 

BA Bom Jesus da Lapa 

Bom Jesus da Lapa  BA  Teixeira de Freitas Teixeira de Freitas 

BA  Canavieiras  Sócrates Rezende  BA  Utinga  Utinga 

BA  Caravelas  Caravelas  BA  Valença  Valença 

BA  Carinhanha  Carinhanha  BA Vitória da Conquista 

Vitória da Conquista 

BA  Carolina Brigadeiro Lysias Augusto Rodrigues 

CE  Campos Sales  Campos Sales 

BA  Cipó  Cipó  CE  Crateús Doutor Lúcio Lima 

BA  Encruzilhada  Divisa  CE  Iguatu  Iguatu 

BA  Esplanada  Esplanada  CE  Tauá Pedro Teixeira de Castro 

BA Euclides da Cunha 

Cocorobó  MA  Alcântara Centro de Lançamento de Alcântara 

BA  Feira de Santana  João Durval Carneiro  MA  Bacabal  Bacabal  

BA  Gentio do Ouro  Gentio do Ouro  MA  Balsas  Balsas 

BA  Guanambi  Guanambi  MA  Pinheiro  Pinheiro 

BA  Ibotirama  Ibotirama  MA  Santa Inês  João Silva 

BA  Ipiaú  Ipiaú  PB  Patos  Peregrino Filho 

BA  Irecê  Irecê  PB  Sousa  Sousa 

BA  Itaberaba  Itaberaba  PE  Caruaru  Oscar Laranjeiras 

BA  Ituaçu  Ituaçu  PE Fernando de Noronha 

Fernando de Noronha 

BA  Jacobina  Jacobina  PE  Garanhuns  Garanhuns 

BA  Jequié  Jequié  PE  Salgueiro  Salgueiro 

BA  Lençóis  Horácio de Mattos  PE  Serra Talhada  Santa Magalhães 

BA  Macaúbas  Macaúbas  PI  Bom Jesus  Gurguéia 

BA  Maracás  Maracás  PI  Floriano  Cangapara 

BA  Mucugê  Mucugê  PI  Picos  Picos 

BA  Paramirim  Paramirim  RN  Açu  Açu 

BA  Piritiba  Piritiba  RN  Mossoró  Dix‐Sept Rosado 

Fonte: Elaboração da CEIS/ETENE a partir de dados da ANAC. 

O  Quadro  1  sugere  que  há  disponibilidade  de  infraestrutura  aeroportuária  para 

ligação entre cidades do Nordeste através de linhas aéreas regulares, embora insuficiente e 

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nem sempre adequada, diante das dimensões territoriais da Região. Além disso, a operação 

dessas linhas se concentra em aeroportos administrados pela Infraero, exceto no Estado da 

Bahia.  O  Quadro  3  apresenta  as  empresas  regionais  que  ofertam  linhas  regulares  para 

algumas cidades nordestinas.  

Quadro 3 – Cidades do Nordeste atendidas por empresas de transporte aéreo regional 

Empresas  Cidades atendidas 

Abaeté   Bom Jesus da Lapa‐BA, Guanambi‐BA, Salvador‐BA 

Noar   Maceió‐AL, João Pessoa‐PB, Mossoró‐RN, Natal‐RN, Recife‐PE, Aracaju‐SE 

Passaredo  Salvador‐BA, Vitória da Conquista‐BA, Barreiras‐PE 

Pantanal  Ilhéus‐BA, Salvador‐BA, Fortaleza‐CE, João Pessoa‐PB, Recife‐PE, Teresina‐PI 

Trip Maceió‐AL, Ilhéus‐BA, Porto Seguro‐BA, Salvador‐BA, Vitória da Conquista‐BA, São Luís‐MA, Petrolina‐PE, Recife‐PE, Fernando de Noronha‐PE, Natal‐RN, Aracaju‐SE  

Fonte: Elaboração da CEIS/ETENE, a partir de dados das empresas aéreas (Aviação Brasil, 2011). 

 

É  importante mencionar que, a partir da mudança de  regulamentação ocorrida no 

final  dos  anos  1990,  em  que  ocorreu  o  fim  das  restrições  territoriais  de  operação  das 

companhias  aéreas,  muitas  cidades  médias,  anteriormente  atendidas  apenas  por 

companhias  regionais,  passaram  a  ser  atendidas  por  companhias  que  operam 

nacionalmente.  Da  mesma  forma,  muitas  empresas  com  operações  restritas  às  linhas 

regionais passaram a operar a pautar suas estratégias de crescimento nacionalmente.  

A Figura 1 expõe as cidades do Nordeste atualmente atendidas por voos regulares, 

por companhias regionais e nacionais. Apesar de as cidades de Parnaíba‐PI e Paulo Afonso‐

BA  não  receberem  voos  de  linhas  regulares,  foram  incluídas  na  Figura  por  possuírem 

aeroportos  administrados  pela  Infraero,  com  condições  de  receber  voos  de  empresas 

nacionais e regionais.  

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Figura 1 – Cidades do Nordeste atendidas com linhas aéreas regulares e empresas aéreas regionais com atuação na Região Nordeste Fonte: Elaboração da CIEST/ETENE, a partir de dados de Panrotas (2011). 

 

Considerando‐se apenas as obras nos aeroportos  localizados nas cidades que serão 

sedes da Copa do Mundo de 2014, os investimentos previstos pela Infraero chegam a R$ 5,5 

bilhões.  

Os  investimentos  realizados  nas  infraestruturas  aeroportuária  e  aeronáutica 

apresentaram oscilações no período 2003‐2010, conforme mostra a Tabela 9, que  indica a 

predominância  dos  investimentos  oriundos  do  orçamento  fiscal  e  seguridade  social  em 

relação àqueles executados com dinheiro originado do caixa da  Infraero. Segundo Campos 

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Neto  e  Souza  (2011),  do  total  de  inversões  previstas  no  programa  de  investimentos  da 

Infraero, apenas 44%  foram executados naquele período, o que  requer mais eficiência da 

gestão da empresa, de modo que todos os recursos previstos e autorizados para os próximos 

quatro anos (R$ 5,6 bilhões) possam ser aplicados de modo eficaz. 

Tabela 9 – Investimentos em Infraestrutura Aeroportuária e Aeronáutica no Brasil no 

Período de 2003 a 2010 (valores em R$ milhões, constantes de 2010)

Ano Orçamento Fiscal e Seguridade Social 

Orçamento INFRAERO  Total 

2003  417,95  84,72  502,67 

2004  524,44  60,65  585,38 

2005  999,65  373,68  1.373,33 

2006  740,23  766,90  1.507,12 

2007  576,31  629,89  1.206,20 

2008  676,59  411,60  1.088,18 

2009  759,45  469,00  1.228,45 

2010  661,40  645,60  1.307,00 

Total  5.356,01  3.422,23  8.798,34 

Média Anual  669,50  430,29  1.099,79 

Fonte: Adaptado de Campos Neto e Souza (2011). 

 

Para  a  Região  Nordeste,  estão  previstos  vários  investimentos  em  infraestrutura 

aeroportuária, não somente nas cidades supracitadas, com recursos dos governos estaduais. 

O Quadro 4 mostra as obras previstas para a Região em infraestrutura aeroportuária. 

A análise do Quadro 4 permite inferir que estão previstos investimentos de R$ 816,0 

milhões  em  aeroportos  do  Nordeste  nos  próximos  anos,  sendo  os  maiores  valores 

destinados aos aeroportos de Fortaleza  (cidade que receberá  jogos da Copa do Mundo de 

2014), Aracaju e de São Gonçalo de Amarante‐RN, este com recursos do setor privado, tendo 

em  vista  que  a  construção  do  terminal  de  passageiros  será  executada  no  regime  de 

concessão.  

No que diz respeito à aviação regional, vale destacar os investimentos previstos para 

os  aeroportos de Maragogi  (AL), Penedo  (AL), Aracati  (CE), Camocim  (CE) e Parnaíba  (PI), 

destinos  com  grande  potencial  de  indução  de  demanda  turística  que  podem  atrair  o 

interesse  de  empresas,  especialmente  daquelas  com  atuação  restrita  ao  âmbito  regional, 

para  a  alocação  de  linhas  regulares.  Além  disso,  uma  infraestrutura  aeroportuária 

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minimamente  adequada  pode  possibilitar  a  essas  cidades  a  atração  de  voos  charters 

internacionais. 

Quadro 4 – Obras de Infraestrutura Aeroportuária Previstas na Região Nordeste

Aeroportos  Descrição do Projeto R$ 

(Milhões) Estágio Atual 

Ano de Conclusão 

Aracati‐CE  Ampliação do aeroporto de Aracati. Pista de pouso de 1800 m 

12  Iniciada  2010 

Camocim‐CE  Pavimentação do aeroporto. Pista de pouso de 1.200 m 

4  Iniciada  2010 

Guararapes –      Recife‐PE 

Conclusão do conector do atual terminal com mais quatro pontes de embarque (52.000 m2) 

10  Iniciada  2010 

Parnaíba‐PI  Ampliação e reforço de pátio de aeronaves e da pista de pouso e decolagem 

28  Iniciada  2011 

São Gonçalo do  Amarante‐RN 

Desmatamento, terraplanagem, pavimentação, drenagem, proteção vegetal e outras obras 

169  Iniciada  2011 

Aracaju‐SE  Construção do novo terminal de passageiros, pátio de aeronaves, sistema viário e estacionamento 

190  Em projeto  2011 

Internacional de Salvador‐BA 

Construção da torre de controle  15  Em licitação  2011 

Guararapes –      Recife‐PE 

Construção da nova torre de controle  20  Iniciada  2012 

Fortaleza‐CE  Reforma e ampliação do terminal de passageiros 

279  Iniciada  2013 

Internacional de Salvador‐BA 

Reforma e adequação do terminal de passageiros e ampliação do pátio de aeronaves 

30  Em licitação  2013 

Costa Dourada – Maragogi‐AL 

Construção do aeroporto no município de Maragogi, para 132.000 passageiros/ano 

52  Em projeto  Indefinido 

Freitas Melro – Penedo‐AL  

Ampliação da pista de pouso e decolagem e reforma da pista de táxi 

4  Em projeto  Indefinido 

Ilhéus‐BA  Projeto de construção do novo aeroporto  3  Em licitação  Indefinido 

Fonte: Anuário Exame de Infraestrutura 2010‐2011. 

O crescimento da demanda pelo  transporte aéreo está diretamente correlacionado 

com crescimento do PIB, preço das passagens, renda pessoal disponível, população urbana, 

difusão do  consumo de bens  e  serviços  selecionados,  eficiência dos  atores  envolvidos no 

sistema  de  aviação  civil  e  existência  ou  não  de  gargalos  nas  infraestruturas  (IPEA,  2010). 

Estudo realizado pelo IPEA (2010) estimou, para o período 2011/2014, crescimento total de 

46,4% na demanda por transporte aéreo. 

4.3 Investimentos 

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No Nordeste, o período de maior  crescimento do  fluxo  turístico, que  se deu entre 

1998  e  2001,  coincide  com  os  investimentos  do  PRODETUR‐NE  I,  aplicados 

predominantemente  na  infraestrutura  de  transportes,  com  destaque  para  a  ampliação  e 

modernização dos aeroportos das capitais nordestinas (SOUSA et all., 2010). Isso sinaliza que 

os  investimentos podem  consolidar destinos  já desenvolvidos,  como  também,  fazer  surgir 

novos destinos  turísticos, podendo‐se citar: Porto Seguro e Morro de São Paulo na Bahia; 

Porto de Galinhas em Pernambuco; Praia da Pipa no Rio Grande do Norte;  Jericoacoara e 

Mundaú no Ceará e os Lençóis Maranhenses. 

De 1998 a 2008, foram aplicados pelo BNB, R$678,0 milhões no âmbito do Programa 

de Apoio ao Turismo Regional (Proatur), um dos programas do FNE (Fundo Constitucional de 

Financiamento do Nordeste) cujo objetivo é  integrar e  fortalecer, de  forma competitiva, a 

cadeia produtiva do turismo regionalmente, a partir do reconhecimento das especificidades 

locais, ensejando o aumento da oferta de empregos, a melhoria do perfil de distribuição de 

renda  e  a  indução  ao  uso  racional  e  sustentável  das  potencialidades  turísticas  da  região 

Nordeste (SOUSA et all., 2010). 

Neste mesmo período, os empreendimentos para alojamento de turistas absorveram 

95,2%  dos  recursos  alocados  pelo  Proatur  e  82,0%  dos  recursos  foram  destinados  a 

empreendimentos de médio e grande portes, embora 81,0% dos contratos de financiamento 

tenham sido realizados com empreendedores de micro e pequenos negócios.  

Os estados da Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe absorveram, aproximadamente, 

70% dos recursos alocados pelo FNE‐Proatur, neste mesmo período. Em empreendimentos 

localizados  fora  da  região  do  semiárido,  nos  principais  destinos  de  sol  e  mar,  foram 

investidos  92,7%  dos  recursos  em  75,8%  dos  contratos  de  financiamento  (SOUSA  et  all., 

2010). 

Os recursos alocados no semiárido localizam‐se notadamente nos estados do Ceará, 

Pernambuco e Rio Grande do Norte, atraídos pelo turismo de motivação religiosa da região 

do Cariri, especialmente a cidade de Juazeiro do Norte; do Polo Comercial de Caruaru, em 

Pernambuco, com a tradicional Feira da Sulanca e pela atratividade econômica de Mossoró 

(RN) movida  pelas  atividades  de  exploração  de  petróleo,  extração  de  sal  e  produção  de 

frutas irrigadas. 

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Em  2008,  os  empreendimentos  financiados  pelo  Proatur  permitiram  a  geração  e 

manutenção  de  33.345  empregos  diretos,  o  que  equivale  a  7,9%  dos  empregos  formais 

existentes à época, na  região Nordeste, nas atividades  relacionadas ao  turismo  (SOUSA et 

all., 2010). 

Em 2011, o BNB aplicou R$412,0 milhões na atividade  turística da região nordeste, 

por  meio  do  Proatur,  concentrando‐se  esse  investimento  em  construções  de  meios  de 

hospedagem e de instalações esportivas e recreativas. 

 

 

5 Fragilidades e potencialidades  

5.1 Fragilidades 

O fluxo turístico no Nordeste tem crescido a taxas muito superiores à capacidade da 

região de estruturar e qualificar o receptivo, gerando, por exemplo, deficiência na maioria 

dos aeroportos, incapazes de atender à demanda em alta estação. 

Registra‐se a necessidade de melhoria das condições das estradas, das cidades, em 

geral,  com  a  implantação  de  equipamentos  urbanos  básicos  como  calçadas,  rampas, 

semáforos para pedestres, sinalizadores sonoros e táteis para pessoas com deficiência visual, 

sistemática  eficaz  de  limpeza  urbana  e  a  disponibilidade  de  transporte  coletivo  seguro, 

pontual e confortável, além de placas  indicativas de direção dos principais bairros e pontos 

de interesse das cidades. 

O  transporte  aéreo  tem  acompanhado  avanços  tecnológicos,  gerenciais  e 

institucionais  significativos  dos  últimos  50  anos,  no  entanto  é  apontado  como  um  dos 

componentes  da  infraestrutura  turística  que  apresenta  importantes  deficiências  e 

fragilidades  (SCHWAB,  2010)  que  dificultam  o  desenvolvimento  da  atividade  turística  no 

Brasil (IPEA, 2010). 

Em síntese, relacionam‐se a seguir as principais fragilidades que o setor aéreo precisa 

superar (IPEA, 2010): 

margens de rentabilidade reduzidas; 

carga tributária elevada, próxima de 39%; 

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deficiências nas infraestruturas aeroportuária e aeronáutica; 

ICMS com alíquotas diferenciadas nos estados; 

frota cargueira antiga; 

elevação de custos, especialmente os de combustíveis; 

ausência de planejamento de  longo prazo e de políticas e  regras  favoráveis ao 

desenvolvimento da aviação regional. 

Adicionalmente,  a  rede  hoteleira  nordestina  requer  melhorias  para  proporcionar 

mais conforto, recursos atualizados de informação e comunicação, e segurança aos turistas. 

A  Região  é,  também,  carente  de  equipamentos  para  o  desenvolvimento  de  outras 

segmentações  turísticas além do  turismo de sol e praia, como, por exemplo, o  turismo de 

eventos  que,  para  se  consolidar,  requer  espaços  adequados  para  a  realização  de 

conferências, de exposições e de feiras de relevante importância nacional e internacional. 

Outros problemas para o desenvolvimento do turismo na região Nordeste residem na 

falta de uma base de dados  relacionados à demanda  turística na Região, o que permitiria 

melhor  planejamento  dos  investimentos  públicos  e  privados  além  de  promover  um 

tratamento  diferenciado  da  relação  receita  por  turista,  considerando‐se  também  o  gasto 

médio em detrimento da visão focalizada somente no aumento do fluxo total de turistas. 

Além  disso,  os  atrativos  turísticos  encontram‐se  concentrados  em  poucos  locais, 

revelando  uma  necessidade  de  ampliação  das  ações  associativas  entre  os  agentes  o  que 

permitiria a descentralização do fluxo de turistas. 

Observa‐se,  ainda,  a  necessidade  de  participação  da  comunidade  local  no 

acolhimento  ao  turista,  a  insuficiente  formação  da mão  de  obra  e  a  consequente  baixa 

qualidade dos serviços prestados, além da prática de preços que se relevam  incompatíveis 

com o nível médio de satisfação requerido pelos turistas.  

Além  das  carências  de  infraestrutura  básica  para  o  turismo  e  de  profissionais 

qualificados, problemas socioeconômicos como, por exemplo, a desigualdade na distribuição 

de  renda  acentua  a  ocorrência  do  turismo motivado  por  orgias  e  sexo,  e  da  prostituição 

infantil; bem  como  a exclusão da  comunidade  local, o  aumento da  violência urbana e do 

número de pessoas morando nas ruas, principalmente nas capitais (MTUR/FIPE, 2006). 

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5.2 Potencialidades 

O Nordeste, uma vez considerado subdesenvolvido em  função de sua desvantagem 

industrial com relação às regiões Sul e Sudeste do país e dos elevados índices de pobreza e 

desigualdade social, pode valorizar suas potencialidades naturais e culturais e encontrar na 

atividade  turística  uma  opção  para  dinamizar  sua  economia  e  gerar  emprego  e  renda, 

contribuindo para fixação populacional. 

Economicamente  a  região mais  pobre  do  país,  o  Nordeste  possui  clima  estável  e 

atrativos  paisagísticos  de  sol, mar  e  serras  que  apresentam  vantagens  comparativas  em 

relação  a  destinos  turísticos  que  foram  fortalecidos  pela  propaganda  institucional  e  pelo 

investimento em infraestrutura de suporte a esta atividade. 

O  transporte aéreo, apesar das  fragilidades elencadas, apresenta boas perspectivas 

de evolução (IPEA, 2010), no que se refere: à dimensão continental do território brasileiro; à 

alta  mobilidade  geográfica  e  social;  ao  deslocamento  das  fronteiras  econômicas;  à 

estabilidade monetária  e  consequente  aumento  do  poder  aquisitivo  da  população;  e  ao 

crescimento do setor em todos os níveis. 

Nessa perspectiva, o desenvolvimento  integrado da cadeia turística do Nordeste, de 

maneira social e ambientalmente sustentável, atentando‐se, também, para a valorização da 

cultura  e dos  costumes,  apresenta‐se  como uma  alternativa  importante para dinamizar  a 

economia local pelas características do setor turístico em agregar um conjunto diversificado 

de  atividades  e  pela  atração  de  novos  investimentos  públicos,  privados  e  de  capital 

estrangeiro, proporcionando emprego e renda para a Região. 

Além disso, alguns fatores favorecem a expansão da atividade turística no Nordeste a 

exemplo dos atrativos naturais, do mercado em expansão, do clima estável e ensolarado o 

ano todo, das terras de baixo custo e, ainda, da diversidade e riqueza cultural. 

Dentre  as  possibilidades  que  estão  favorecendo  a  expansão  da  atividade  está  a 

interiorização do turismo, ressaltando aspectos rurais e culturais do Nordeste, com roteiros 

integrados,  tais  como:  Roteiro  Turístico  Cultural  –  Civilização  do  Açúcar,  nos  estados  de 

Pernambuco,  Paraíba  e  Alagoas,  valorizando  a  arquitetura  e  a  gastronomia;  Roteiro  da 

Moda,  em  Pernambuco, mais  especificamente  nas  cidades  de  Caruaru,  Toritama  e  Santa 

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Cruz do Capibaribe; Roteiro  Integrado dos estados do Ceará, Piauí e Maranhão; Roteiro do 

Vinho, no vale do Rio São Francisco, dentre outros. 

O turismo cultural representa um potencial importante para transformar a riqueza e 

a diversidade cultural da Região em ativo relevante para a elevação do nível de bem estar da 

população local. O turismo cultural apresenta no Nordeste grande potencial de atração, uma 

vez que  todos os estados do Nordeste  têm seus próprios  folguedos e  tradições, e cidades 

como  São  Luis  (MA),  Olinda  (PE)  e  o  bairro  do  Pelourinho,  em  Salvador  (BA)  são 

considerados, pela UNESCO, patrimônio cultural da humanidade. 

A diversidade cultural nordestina é um ativo importante da Região, com perspectiva 

de  crescimento,  que  requer  atenção  direcionada  para  a  valorização  das  manifestações 

populares  por meio  da  divulgação  dos  eventos  culturais  da  Região,  bem  como  de  seus 

monumentos e equipamentos culturais, transformando‐os em fonte de agregação de renda 

que possa ser apropriada pela população nordestina (PRDNE, 2011). 

A atividade turística é responsável pela geração de 6% a 8% do total de empregos no 

mundo  (OMT, 2000  apud MTUR, 2010) e  representa uma das  atividades econômicas que 

demanda um dos menores  investimentos para a geração de  trabalho. Para exemplificar, a 

hotelaria, um segmento  intensivo em mão de obra e com grande participação na atividade 

turística, demanda cerca de R$16.198,60 do valor de produção da atividade para a geração 

de uma unidade de emprego. Esse valor é inferior ao exigido por outros setores econômicos, 

tais como a indústria têxtil, a da construção civil e a siderurgia cujos valores são da ordem de 

R$27.435,20, R$28.033,00 e R$68.205,90, respectivamente (FIPE/EMBRATUR, 2006). 

Os  empreendimentos  turísticos  ocupam,  em  média,  seis  pessoas  por  empresa, 

resultado  determinado  principalmente  pelo  segmento  de  alimentação.  As  atividades 

características  do  turismo  ocuparam  5,4 milhões  de  pessoas  e  em  empresas  de  pequeno 

porte o percentual de trabalhadores é de 60,6%, também com destaque para o segmento de 

alimentação  (49,1%). As médias  e  grandes  empresas  ligadas  ao  turismo  também  tiveram 

participação  relevante  na  geração  de  emprego,  sendo  responsáveis  pela  ocupação  de 

824.062 pessoas, 39,4% do total (IBGE/EMBRATUR, 2006). 

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A receita turística gerada nas capitais, no período de 2002 a 2008, passou de R$4,9 

milhões para R$9,6 milhões, revelando um crescimento de 97,1% no período e de 11,9% ao 

ano, o que demonstra o potencial da atividade na Região (CTI‐NE, 2011). 

 

6 Proposição de políticas para o turismo nordestino 

De uma maneira geral, sem significativas diferenças, as potencialidades e fragilidades 

da  cadeia  turística  nos  estados  do  Nordeste  são  bastante  semelhantes  e  dessa  forma 

apresentam‐se  como  prioritárias  as  seguintes  ações  de  incentivo  à  atividade  turística  em 

toda a região: 

erradicação da prostituição infantil; 

investimentos nas áreas de infraestrutura urbana, de transportes, de energia, de 

saneamento, de gestão de resíduos e de conservação ambiental; 

melhoria da educação básica e da profissionalização da mão de obra; 

inserção da  comunidade nas ações de desenvolvimento  sustentável do  turismo 

local para valorização do patrimônio histórico e cultural;  

criação, recuperação e manutenção de atrativos turísticos; 

divulgação do patrimônio histórico e cultural, e 

desenvolvimento  de  alternativas  para  utilização  dos  equipamentos  turísticos 

durante  todo  o  ano,  como  por  exemplo  as  ações  relacionadas  ao  turismo  de 

eventos. 

Especificamente no que se  refere à aviação  regional, para superar as  fragilidades e 

aproveitar as oportunidades de desenvolvimento, propõem‐se as seguintes iniciativas: 

implantar  o  PREMIA  –  Programa  de  Estímulo  à  Malha  de  Integração  Aérea 

Nacional,  transformando o Adicional Tarifário numa CIDE:  tarifas  sobre bilhetes 

em linhas não suplementadas; 

reduzir o ICMS sobre o querosene da aviação regional; 

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inibir a concorrência predatória, mediante adoção de critérios de  redistribuição 

de rotas entre as companhias regionais e nacionais, e criação de barreiras à saída 

de rotas de tráfego de baixa densidade; 

estabelecer  tarifas mais  baixas,  especialmente  as  cobradas  pela  Infraero,  por 

utilização de aeroportos menores; 

estimular  alianças estratégicas entre Mercados de  Linhas Tronco  (MLT)  com  as 

empresas de aviação regional (governança, code‐share, terceirização,  integração 

vertical); 

estimular a eficiência do  setor e entrada de novas empresas, mediante  revisão 

das regras da Resolução nº 2 da ANAC, acerca da distribuição e manutenção de 

slots; 

criar  linhas de  crédito nos bancos oficiais  com  taxas de  juros mais baixas para 

regiões com menor densidade de tráfego, para suprir e renovar a frota da aviação 

regional. 

No âmbito do turismo cultural identificam‐se as seguintes ações: 

divulgação do Nordeste como destino cultural, por meio do  fortalecimento dos 

roteiros turísticos integrados, da implantação do Circuito do Turismo Cultural do 

Nordeste e da criação do Portal de Turismo da região; 

desenvolvimento  de  uma  política  de  valorização  dos  monumentos  e  espaços 

públicos, por meio da estruturação de circuitos de visitação e da divulgação da 

programação dos espaços culturais; 

organização e divulgação do Calendário Cultural do Nordeste, criando‐se eventos 

de grande porte com inspiração nas principais festas populares, e 

incentivo à realização de eventos de divulgação da cultura nordestina. 

Percebe‐se que esses conjuntos de ações são complexos e  implicam na necessidade 

de  investimentos  em  diferentes  setores,  o  que  exige  um  planejamento  abrangente, 

integrado e de médio e longo prazo da atividade turística para reforçar as potencialidades e 

possibilitar a superação duradoura das fragilidades. 

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7 Considerações finais 

O  apoio  ao  desenvolvimento  do  turismo  no  Nordeste  deve  embasar‐se  na 

sustentabilidade  social,  ambiental  e  econômica,  estimulando  a  inclusão  protagonista  da 

população nordestina e a sua mobilização para um processo que promova a justiça social e, 

ao mesmo tempo, valorize o patrimônio histórico e cultural e preserve os ativos ambientais 

da região (PRDNE, 2011). 

Nesse processo, o semiárido nordestino requer atenção específica para possibilitar o 

aproveitamento  de  seu  potencial  por  meio  de  mudanças  em  sua  estrutura  econômica, 

fundiária e urbana,  formando uma  rede de  cidades que  componham um  circuito  turístico 

representativo desse bioma, ampliando‐se o conhecimento sobre a caatinga e incentivando 

sua valorização e preservação ambiental. 

A  cultura,  compreendida  de  forma  ampla,  assume  um  papel  central  no 

desenvolvimento  da  atividade  turística  por  se  constituir  elemento  de  diversidade  que 

propicia  a  geração  de  novos  roteiros  cuja  diferenciação  é  elemento  de  competitividade 

como, por exemplo, na gastronomia, no artesanato, na música e na dança. 

A  cultura  se  constitui  elemento  de  coesão  social,  de mobilização  e  de  identidade, 

fatores  fundamentais  para  o  desenvolvimento  da  atividade  turística.  A  valorização  das 

tradições  populares  por  meio  da  instalação  de  museus,  da  realização  de  exposições  e 

eventos  culturais  pode  contribuir  para  qualificar  o  turismo  no  Nordeste,  ampliando  a 

atratividade  da  Região  para  um  público  que  expressa  o  destino  turístico  destacando  as 

belezas  naturais  e  os  aspectos  característicos  da  culinária,  do  artesanato,  da música,  da 

dança, das manifestações artísticas e culturais, de uma maneira geral. 

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