turismo, cultura e património

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Moção de Estratégia Sectorial de Pedro Pinto Lopes ao IV Congresso Distrital do Porto da Juventude Popular.

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TURISMO, CULTURA E PATRIMÓNIO

PEDRO PINTO LOPES

Moção de Estratégia Sectorial VI Congresso Distrital do Porto da Juventude Popular

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Turismo, Cultura e Património

O Turismo ao longo das últimas décadas tem vindo a afirmar-se como um fenómeno

interessante de analisar, contudo, bastante complexo na sua multidisciplinaridade. É um setor

com provas dadas na economia nacional que se encontra em franco desenvolvimento

procurando agregar as mais variadas atividades económicas, a própria Organização Mundial

de Turismo define Turismo como sendo um conjunto de atividades de pessoas que visitam e

permanecem em locais, desde que seja fora da sua residência habitual e nunca mais do que a

duração de um ano consecutivo. A motivação da viagem pode ser sobre as mais variadas

motivações, desde lazer, negócios, entre outros.

Toda esta indústria a nível mundial cresce a um ritmo de 266 milhões de turistas ano, ou seja,

mais de 40%, acompanhado de um crescimento de 239 milhões comparativamente à última

década. A Europa afirma-se como o destino mais procurado com um aumento de procura de

90 milhões de turistas na última década.

Relativamente a Portugal e perante uma ótica generalista e global, a nível nacional o setor do

turismo ainda que por muitas vezes desvalorizado pelos mais diversos quadrantes, representa

simplesmente segundo dados mais recentes de 2012, mais de 10% do Pib, ou seja 8,6 mil

milhões de euros, consegue gerar também 8% de emprego e possui um valor total de 14% das

exportações.

Dadas as circunstâncias e toda a débil situação atual em que Portugal e a Europa se

encontram, o setor do turismo e toda a sua indústria tornam-se preponderantes, afirmando-

se como um setor decisivo para a alavancagem quer das economias locais / regionais como

nacional. Neste sentido e tendo em conta o volume do sector, atualmente urge a necessidade

de no seio daquilo que é a política pública serem criadas e tomadas opções que proporcionem

uma real, concreta e eficaz aposta no setor.

Não poderia deixar de num primeiro momento abordar tudo aquilo que até aos dias de hoje o

Socialismo nos foi habituando, a ilusão. Nesse sentido é de todo importante referenciar todo

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um enquadramento passado, ainda recente do setor para conseguirmos compreender mais

eficazmente as atuais circunstâncias, com vista numa aposta assertiva no futuro.

De acordo com a versão de 2007 do Plano Estratégico Nacional de Turismo macro objetivos

não foram concretizados, começando pelas receitas gerais do sector que ficaram a 21.5% do

objetivo pretendido, da mesma forma o número de hospedes internacionais ficou a 13% do

objetivo com menos 1,1 milhões de turistas enquanto que o turismo interno ficou 44 mil

hóspedes e 515 mil dormidas abaixo do objetivo.

A excessiva oferta de unidades hoteleiras provocou um pouco por todo o país uma

desregulação entre a oferta e a procura e foi possível denotar em Portugal, em determinadas

regiões identificadas uma massificação e “turistificação” do destino. Este tipo de

“turistificação” oferece resultados que por norma não são sustentáveis quer para a localidade,

região e país, sendo que irá criar uma procura do destino devido ao preço que irá desregular o

mercado assim como todos os tipos de unidades hoteleiras provocando uma quebra de

proveitos, verificando-se uma quebra de -2,4% entre janeiro e novembro de 2012 e da mesma

forma a RevPar caiu 5,5% entre janeiro e novembro de 2012. Sendo que esta queda é

justificada devido à conjuntura económica que quebra o mercado interno e garante uma

quota de 85% de dormidas internacionais, assim como uma não adaptação aos novos

mercados/segmentos e desafios, como um novo perfil do turista, concorrência e canais de

distribuição que não se encontravam devidamente adaptados ao nosso mercado.

Contudo a revisão do Plano Estratégico apela à necessidade da criação de novos perfis do

turista, visto que novos mercados proliferam e encontram-se em ascensão, existe a

necessidade de serem produzidos produtos diferenciadores, inovadores e altamente

tecnológicos, apostando claramente num setor mais qualificado e numa redefinição dos

modelos de negócio em prática (públicos/privados).

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Distrito do Porto

Relativamente à análise dos dados mais recentes sob uma ótica de planeamento turístico, o

Porto e Norte de uma forma generalizada entre o período de 2006 e 2012, consegue obter

um aumento de 70.000 dormidas nacionais e 620.000 dormidas internacionais, ou seja um

aumento considerável de 18% e consequentemente reflete um aumento de proveitos das

unidades hoteleiras de 16%. Por outro lado o número de camas disponíveis aumenta 19%

para 6.600 camas pela ótica da oferta. O balanço geral da RevPar é de 24€ e o nível médio de

ocupação hoteleiro é de 44%. Apesar de todos estes dados continuarem a ser bastantes

interessantes, o ano de 2012 torna-se completamente atípico sendo que decresce

acentuadamente essencialmente ao nível do número de dormidas, RevPar e proveitos totais

por parte dos hoteleiros.

Contudo o distrito do Porto pode olhar para o turismo como uma mais valia, dados os

números e todo seu contributo social, económico, cultural, porém só será possível desde que

bem planeado, sendo este um problema estrutural do setor, pelo excesso de organismos e

entidades públicas como a divisão do turismo de Portugal e a própria departamentalização ao

nível municipal que se sobrepõem e acumulam ineficazmente, que consomem recursos

existentes essenciais à dinamização do setor turístico.

De uma forma muito simples, sem precisarmos de ser profundos conhecedores do nosso

distrito conseguimos observar toda esta confusão, a desenfreada multiplicação de instalações

um pouco por todo o distrito, designados como postos de turismo, é nada mais nada menos

do que o reflexo entre a confusão daquilo que é fundamental e estratégico considerado pelo

Plano Estratégico Nacional de Turismo, que eventualmente poderá ser confundido com o

Turismo do Porto e Norte, e com os interesses municipais que consideram muitas das vezes o

turismo como uma necessidade essencial, eventualmente porque é uma questão de moda, ou

seja, todos os municípios adotaram o turismo e criam apostas neste setor e mesmo na

orgânica camarária, praticamente em todas as câmaras se podem identificar pelouros do

turismo, ou a sua anexação a outro pelouro, mesmo que não tenham qualquer potencialidade

de serem atrativos e de se tornarem uma marca naquilo que são os destinos turísticos. Por

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outro lado poderá ser também uma crença sendo que o turismo atualmente é um método de

discurso político que aparecerá sempre para salvar tudo e todos.

Para além de toda esta estruturação orgânica urgente importa salientar aquilo que a meu ver

devem ser os eixos que não devem ser descurados para atingirmos a consolidação turística

potencializada ao máximo, dum ponto de vista mais central e sendo que a cidade do Porto é

que promove o turismo de uma forma mais abrangente, generalizada e massificada, não só

pela sua dimensão mas também pela sua história e património, capacidade hoteleira, oferta

turística, proximidade ao aeroporto, “low costs”, pelos mais variados prémios a nível turístico

que já recebeu, etc, tornam a cidade do Porto e toda a sua área metropolitana num destino

bastante apetecível essencialmente aos Europeus. Considero o Porto capaz de se consolidar

ainda mais naquilo que é mais procurado enquanto destino, “city short break” e “Touring

Cultural”, ou seja, importa ultrapassar a estada média deste tipo de segmento de mercado

eventualmente para mais uma noite, proporcionando um aumento da experiencia e contacto

com a cidade podendo assim diversificar ainda mais a procura e oferta, incluindo cada vez

mais a experiência com o vinho do porto, gastronomia, cultura e património.

Para além deste fenómeno, o Porto assume-se como uma cidade de negócios, quer para o

Norte de Portugal, como para o Norte de Espanha e nesse sentido importa sedimentar este

segmento, tendo em conta também a necessidade de dinamização do mercado hoteleiro de 5

estrelas visto que estes se encontram bastante desregulados quer nas taxas de ocupação,

quer ao nível das tarifas e assim sendo, fará todo o sentido a continuidade daquilo que tem

vindo a ser posto em prática.

Acredito que pode existir uma perfeita articulação entre os serviços da cidade do Porto que

proporcionem ao turista serviços de saúde e bem-estar com o exterior da área metropolitana

onde se podem complementar com serviços nomeadamente termais e de talassoterapia, com

vista à fomentação do turismo de saúde que está bastante presente no interior do distrito

devendo ser aproveitada devido ao facto de estar cada vez mais em voga pela fuga à rotina e

relaxamento associado à qualidade de vida.

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O nosso distrito possui também uma monumentalidade única, um pouco por todo o distrito

existem fortes crenças, fortes tradições e costumes, bem enraizadas que cruzam a vida de

milhares de concidadãos e que cada vez mais se tornam num fator de motivação para a

deslocação turística. A paisagem aliada a todo um contacto com a natureza, ruralidade,

monumentalidade e gastronomia cria um tipo de turismo devidamente segmentado com a

capacidade de integrar todos os recursos quer humanos quer físicos da região. Dada a

dimensão geográfica do distrito e a potencialidade física do território, o turismo rural pode e

deve ser um fator de turismo determinante do setor, contribuindo para a não desertificação

do interior do distrito, contribuindo para o fomento das economias mais pequenas pela sua

autenticidade, preservando a nossa identidade e tradições.

O turismo balnear deve ser fundamentado essencialmente ao nível do mercado doméstico, a

sua forte procura interna demonstra a fortificação da linha do litoral e consagra um distrito

capaz de vários eixos de turismo e vários tipos de mercado. Ainda sob uma forma de algum

desenvolvimento importa continuar a fomentar o turismo náutico e de golfe.

Portanto, a consagração essencial de 3 eixos turísticos, City short break, negócios, turismo em

espaço rural, são a meu ver aquilo que de melhor o nosso distrito é capaz de oferecer

enquanto destino turístico. A exploração destes eixos com a sua devida segmentação e

especialização de mercado são cruciais para nos tornarmos num destino ainda mais apetecível

e realmente lucrativo. Um turismo de qualidade e de luxo, autêntico e único, apresenta-se

cada vez mais ao turista e só dessa forma caminharemos para um caminha de consolidação e

rentabilidade do mercado.

Importa referir ainda a alienação de todas as empresas turísticas que promovam novos

pacotes de serviços na cidade do Porto e por todo o distrito assim como a criação de

itinerários apetecíveis e com forte viabilidade de forma a serem criados dinamismos de

orientação do turista no destino sem qualquer investimento público.

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