turbinas eólica

62
Projeto de uma turbina eólica de eixo vertical para aplicação em meio urbano Diogo Manuel F. G. Molarinho Carmo Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Presidente: Professor Luís de Eça Vogal: Professor José Alberto Falcão de Campos Orientador: Professor João Eduardo Teixeira Borges Co-orientador: Professor João Manuel Pereira Dias Julho de 2012

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Page 1: Turbinas Eólica

Projeto de uma turbina eólica de eixo vertical para

aplicação em meio urbano

Diogo Manuel F. G. Molarinho Carmo

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Presidente: Professor Luís de Eça

Vogal: Professor José Alberto Falcão de Campos

Orientador: Professor João Eduardo Teixeira Borges

Co-orientador: Professor João Manuel Pereira Dias

Julho de 2012

Page 2: Turbinas Eólica

i

Agradecimentos

Agradeço ao Professor Teixeira Borges, orientador desta dissertação, pelo concelho que me deu

durante a realização deste projeto, e também pelas sugestões dadas enquanto escrevia este

relatório.

Ao Professor João Dias, co-orientador da dissertação, pelas sugestões que fez durante a execução

da análise estrutural da turbina, e pelo concelho que me deu para escrever o relatório.

Ao Professor Falcão de Campos, por me ter tirado certas dúvidas sobre as turbinas eólicas de eixo

vertical.

Ao Professor Pedro Vilaça, por me ter aconselhado sobre os materiais a utilizar na construção da

turbina.

À minha família e aos meus amigos, que sempre me apoiaram e incentivaram para que eu

terminasse este trabalho.

Page 3: Turbinas Eólica

ii

Resumo

Esta dissertação tem como objectivo principal o projecto de uma turbina eólica de eixo vertical que

atinja uma potência de 1.2kW ou mais, para uma velocidade do vento de 10 m/s, para utilização em

zonas urbanas. O trabalho consiste na utilização de um modelo teórico para o cálculo dos

coeficientes de potência em que se varia a velocidade de rotação e o fator de bloqueamento da

turbina. Pretende-se introduzir um novo conceito de perfis multi-elementos. O estudo sobre o arranjo

de perfis multi-elementos é realizado utilizando o programa Javafoil. O objectivo de introduzir uma

turbina deste tipo num ambiente urbano obriga também à aplicação de um modelo empírico para a

previsão do perfil de velocidades dentro da camada limite urbana. A aplicação do modelo teórico

requer o conhecimento dos coeficientes de sustentação e resistência aerodinâmicos de perfis NACA

0015, os quais são retirados de valores obtidos pelos Laboratórios SANDIA.

O trabalho inclui também um projeto estrutural da turbina. A análise estrutural consiste na

determinação dos valores das tensões de von Mises a que a turbina pode estar sujeita e das

frequências associadas aos modos naturais de vibração da estrutura. O intuito da análise é verificar

se o valor de tensão máxima não provoca o colapso da estrutura e se a frequência associada às

forças a que as pás estão sujeitas não ultrapassa a frequência do primeiro modo de vibração natural

da estrutura. Estes valores são obtidos recorrendo ao software Solidworks Simulation.

Palavras-chave: Turbina de eólica eixo vertical, Coeficientes de potência, Perfis multi-elementos,

NACA0015, Javafoil, Solidworks Simulation

Page 4: Turbinas Eólica

iii

Abstract

This thesis has the purpose to study the vertical axis wind turbines, in order to obtain a turbine that

can reach a power of 1.2kW for a wind speed of 10m/s. The study is based upon a simplified

aerodynamic model which calculates the turbine’s power coefficient for different values of rotational

speed and solidity factor. It is intented to apply a new concept of multi-element blades for the turbine’s

rotor, in order to determine if its aerodynamic performance improves. The multi-element airfoil study is

carried out by using the Javafoil software. The purpose of placing the new turbine on top of a building,

forces us to apply a calculation procedure to obtain the values of wind speed within the built

environment.The aerodynamic model requires knowledge of the aerodynamic coefficients for NACA

0015 airfoils, which are given by SANDIA Laboratoties.

The study also includes a structural analysis of the turbine. The analysis determines the values of von-

Mises stress for the turbine and the modal frequencies related to its structure. This values are

calculated with the Solidworks Simulation software, which makes it possible to run a static and

frequency study within the Solidworks program.

Keywords: Vertical axis wind turbines, power coefficient, multi-element airfoils, NACA 0015, Javafoil,

Solidworks Simulation.

Page 5: Turbinas Eólica

iv

Índice

Agradecimentos ......................................................................................................................................

Resumo................................................................................................................................................... ii

Abstract ................................................................................................................................................. iii

Índice ..................................................................................................................................................... iv

Lista de Figuras .................................................................................................................................... vi

Lista de Tabelas .................................................................................................................................... ix

Nomenclatura ......................................................................................................................................... x

1 Introdução ...................................................................................................................................... 1

1.1 Importância das Energias Renováveis ................................................................................ 1

1.2 As potencialidades da Turbina Eólica de Eixo Vertical (TEEV) ........................................ 1

1.3 Funcionamento das turbinas Darrieus ................................................................................ 5

1.4 Aspetos Económicos ............................................................................................................ 7

1.5 Objetivos ................................................................................................................................ 7

2 Análise Aerodinâmica ................................................................................................................... 9

2.1 Modelo de Camada Limite Urbana 2D ................................................................................. 9

2.2 Modelos Matemáticos ......................................................................................................... 10

2.3 Estudo dos multi-elementos .............................................................................................. 16

3 Resultados do cálculo aerodinâmico ........................................................................................ 19

3.1 Coeficientes aerodinâmicos usados ................................................................................. 19

3.2 Valores dos Coeficientes de Potência .............................................................................. 20

4 Desenvolvimento do Produto ..................................................................................................... 23

4.1 Projeto Base ......................................................................................................................... 23

4.2 Modelo Inicial ....................................................................................................................... 26

4.3 Projeto Estrutural ................................................................................................................ 28

4.3.1 Método dos Elementos Finitos .................................................................................. 30

4.3.2 Resultados Estruturais ............................................................................................... 31

5 Conclusões e Estudos Futuros.................................................................................................. 35

5.1 Conclusões .......................................................................................................................... 35

5.2 Estudos Futuros .................................................................................................................. 35

6 Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 37

Page 6: Turbinas Eólica

v

Anexos ..................................................................................................................................................... I

Page 7: Turbinas Eólica

vi

Lista de Figuras

Figura 1.1 – Aspeto de uma TEEV do tipo Darrieus .......................................................................... 1

Figura 1.2 – Turbina Darrieus com duas pás ..................................................................................... 2

Figura 1.3 – Turbina ECO 1200 ............................................................................................................ 3

Figura 1.4 – Ilustração de uma turbina Savonius com duas conchas ............................................. 3

Figura 1.5 – Diagrama do escoamento de ar numa turbina Savonius ............................................. 4

Figura 1.6 – Turbina MARC Twister-1000-T ........................................................................................ 4

Figura 1.7 – Turbina Savonius com conchas torcidas ...................................................................... 5

Figura 1.8 – Área Frontal de um rotor de tipo Darrieus ..................................................................... 5

Figura 1.9 – Representação dos vetores de velocidade numa turbina Darrieus ............................ 6

Figura 2.1 – Perfil de velocidades do vento no exterior e no interior de uma urbanização .......... 9

Figura 2.2 – Triângulo de velocidades no perfil alar ....................................................................... 10

Figura 2.3 – Forças aerodinâmicas aplicadas ao perfil alar ........................................................... 11

Figura 2.4 – Geometria utilizada no modelo Multiple Stream Tube ............................................... 13

Figura 2.5 – Ilustração dos discos atuantes no método Double Multiple StreamTube ............... 14

Figura 2.6 – Arranjo de perfis multi-elementos ................................................................................ 16

Figura 2.7 – Coeficiente de sustentação de um arranjo multi-elementos para diferentes

distâncias entre perfis ........................................................................................................................ 17

Figura 2.8 – Comparação entre os ângulos de ataque para entrada em perda num perfil isolado

e num arranjo multi-elementos .......................................................................................................... 18

Figura 3.1 – Coeficiente de sustentação aerodinâmica para uma gama de Reynolds entre 10000

e 90000 .................................................................................................................................................. 19

Figura 3.2 – Coeficiente de resistência aerodinâmica para uma gama de Reynolds entre 10000

e 90000 .................................................................................................................................................. 19

Figura 3.3 – Coeficiente de potência segundo os modelos utilizados .......................................... 20

Figura 3.4 – Coeficiente de potência segundo o método MST para diferentes valores do fator de

bloqueamento ...................................................................................................................................... 20

Figura 3.5 – Coeficiente de potência segundo o método de FWS para diferentes valores do

fator de bloqueamento ........................................................................................................................ 21

Figura 3.6 – Valores experimentais do coeficiente de potência a diferentes valores do fator de

bloqueamento ...................................................................................................................................... 21

Page 8: Turbinas Eólica

vii

Figura 3.7 – Valores experimentais do coeficiente de potência a diferentes valores e velocidade

de rotação do rotor .............................................................................................................................. 22

Figura 3.8 – Coeficiente de potência segundo o método MST para diferentes valores de

velocidade de rotação ......................................................................................................................... 22

Figura 4.1 – Turbina Windspire .......................................................................................................... 23

Figura 4.2 – Torre da turbina na posição de repouso ..................................................................... 24

Figura 4.3 – Pontos de fixação da torre na estrutura de betão ...................................................... 24

Figura 4.4 – Extremidade dos suportes das pás .............................................................................. 25

Figura 4.5 – Fixação dos suportes das pás à torre .......................................................................... 25

Figura 4.6 – Extremidade de uma pá da turbina Windspire ............................................................ 26

Figura 4.7 – Aspeto de um dos aros metálicos ................................................................................ 26

Figura 4.8 – Modelo inicial da nova TEEV ......................................................................................... 27

Figura 4.9 – Ligação entre os suportes e as pás de uma turbina ECO 1200 ................................ 29

Figura 4.10 – Fluxograma das tarefas executadas no Programa de Elementos Finitos ............. 29

Figura 4.11 – Aspeto de um rotor com os suportes inclinados ..................................................... 31

Figura 4.12 – Aspeto de um rotor com os suportes em Y ............................................................... 32

Figura 4.13 – Valor da tensão máxima de von-Mises para cada uma das versões estruturais .. 33

Figura 4.14 – Valor da frequência associada ao primeiro modo de vibração para cada uma das

versões estruturais ............................................................................................................................. 33

Figura A.0.1 – Diagrama das Tensões de von Mises na primeira versão estrutural do rotor ........ I

Figura A.0.2 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 1ª versão estrutural do rotor .... I

Figura A.0.3 – Diagrama das Tensões de von Mises na segunda versão estrutural do rotor ...... II

Figura A.0.4 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 2ª versão estrutural do rotor ... II

Figura A.0.5 – Diagrama das Tensões de von Mises na terceira versão estrutural do rotor ....... III

Figura A.0.6 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 3ª versão estrutural do rotor .. III

Figura A.0.7 – Diagrama das Tensões de von Mises na quarta versão estrutural do rotor ......... IV

Figura A.0.8 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 4ª versão estrutural do rotor .. IV

Figura A.0.9 – Diagrama das Tensões de von Mises na quinta versão estrutural do rotor .......... V

Figura A.0.10 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 5ª versão estrutural do rotor . V

Page 9: Turbinas Eólica

viii

Figura A.0.11 – Diagrama das Tensões de von Mises na sexta versão estrutural do rotor ......... VI

Figura A.0.12 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 6ª versão estrutural do rotor VI

Figura A.0.13 – Diagrama das Tensões de von Mises na sétima versão estrutural do rotor ...... VII

Figura A.0.14 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 7ª versão estrutural do rotor

............................................................................................................................................................... VII

Figura A.0.15 – Diagrama das Tensões de von Mises na oitava versão estrutural do rotor ...... VIII

Figura A.0.16 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 8ª versão estrutural do rotor

.............................................................................................................................................................. VIII

Figura A.0.17 – Diagrama das Tensões de von Mises na nona versão estrutural do rotor .......... IX

Figura A.0.18 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 9ª versão estrutural do rotor IX

Figura A.0.19 – Escoamento em torno de perfil isolado para um ângulo de ataque 50 e Re 50000

................................................................................................................................................................. X

Figura A.0.20 – Escoamento em torno de um perfil isolado para um ângulo de ataque 150 e Re

50000 ....................................................................................................................................................... X

Figura A.0.21 – Escoamento em torno de um arranjo multi-elementos para um ângulo de

ataque 50 e Re 50000 ............................................................................................................................ XI

Figura A.0.22 – Escoamento em torno de um arranjo multi-elementos para um ângulo de

ataque 150 e Re 50000 .......................................................................................................................... XI

Page 10: Turbinas Eólica

ix

Lista de Tabelas

Tabela 4.1– Características dos componentes do modelo inicial .................................................. 27

Tabela 4.2 – Dimensões dos componentes do modelo inicial da turbina ..................................... 28

Tabela 4.3 – Modificações efetuadas nas versões estruturais com aros metálicos .................... 31

Tabela 4.4 – Modificações efetuadas nas versões estruturais com suportes inclinados ........... 32

Page 11: Turbinas Eólica

x

Nomenclatura

a Fator de indução do escoamento

a Fator de indução intermédio

'a Fator de indução a jusante do rotor

A Área Frontal do Rotor [2m ]

HA Percentagem de área urbana ocupada por edifícios [%]

B Número de pás da Turbina

c Corda da pá [ m ]

dC Coeficiente de resistência aerodinâmica do perfil alar

fC Coeficiente de tensão superficial

lC Coeficiente de sustentação do perfil alar

'LC Declive dos coeficientes de sustentação para ângulos de ataque inferiores ao ângulo de

entrada em perda

PC Coeficiente de potência da turbina [%]

d Altura de deslocamento [ m ]

D Força de resistência aerodinâmica N

F Força na direção do escoamento N

aF Força aerodinâmica normal à superfície de uma pá N

cF Força centrífuga aplicada a uma pá N

tF Força tangencial exercida na pá N

G Parâmetro adimensional G

H Altura do Rotor [ m ]

H Altura média dos edifícios [ m ]

L Força de sustentação aerodinâmica N

Page 12: Turbinas Eólica

xi

pm Massa de uma pá kg

dp Pressão dinâmica do escoamento Pa

dispP Potência disponível no ar em movimento W

R Raio do Rotor [ m ]

WcRe Número de Reynolds

U Velocidade do escoamento não perturbado [ sm / ]

aV Velocidade induzida [ sm / ]

eV Velocidade de equilíbrio [ sm / ]

W Velocidade do escoamento relativo [ sm / ]

0z Altura de rugosidade em ambiente urbano [ m ]

minz Altura mínima a partir da qual se pode aplicar a lei logarítmica ao perfil de velocidades em

ambiente urbano [ m ]

Símbolos gregos

Ângulo de ataque [0]

Ângulo de azimute [0]

U

R Razão entre a velocidade de transporte e a velocidade do ar não perturbado

Viscosidade cinemática do ar [ sm /2]

R

Bc

2 Fator de Bloqueamento

Velocidade de rotação do Rotor [ srad / ]

Massa Específica

3m

kg

Page 13: Turbinas Eólica

xii

Lista de abreviaturas

TEEH – Turbina Eólica de Eixo Horizontal

TEEV – Turbina Eólica de Eixo Vertical

MST – Multiple Stream Tube

DMST – Double Multiple Stream Tube

FWS – Fixed-Wake Streamtube

TSR – Tip Speed Ratio

Page 14: Turbinas Eólica

1

1 Introdução

Neste capítulo fala-se da importância das energias renováveis na sociedade actual e faz-se

referência aos diferentes tipos de turbinas eólicas de eixo vertical utilizadas para o aproveitamento da

energia eólica, discutindo-se também o funcionamento das turbinas eólicas de eixo vertical.

1.1 Importância das Energias Renováveis

Em 1973 deu-se a primeira crise do petróleo o que fez com que o preço deste subisse e levou os

consumidores a ter consciência de que as reservas de combustíveis fósseis se esgotarão dentro de

dezenas ou poucas centenas de anos. A elevada procura destes combustíveis tem levado não só à

redução das suas reservas, mas também ao aumento das emissões de gases que contribuem para a

intensificação do efeito da estufa, sendo o dióxido de carbono o que mais contribui para este

fenómeno. A constante preocupação com a falta de sustentabilidade dos combustíveis fósseis tem

contribuído para o interesse dos países em procurar novas fontes de energia sustentáveis cujo

impacto ambiental seja o menor possível. Neste contexto as fontes de energia renováveis, como a

radiação solar, os rios ou o vento apresentam-se como uma hipótese bastante apelativa [1].

1.2 As potencialidades da Turbina Eólica de Eixo Vertical (TEEV)

O vento tem sido um dos recursos naturais mais utilizados pelo homem durante os períodos da Idade

Média e do Renascimento até à altura em que se deu a Revolução Industrial. Os moinhos de vento

foram os primeiros sistemas usados para o aproveitamento deste recurso, quer fosse para mover os

mecanismos que permitiam fazer a farinha quer para ajudar a recolher a água dos poços usando uma

bomba hidráulica. Os primeiros navios tinham como principal força motriz a interação do vento com

as velas, e hoje em dia ainda existem barcos que se servem deste fenómeno para navegar.

As TEEVs são turbinas eólicas cujo eixo de rotação está orientado na mesma direção da torre que

suporta a estrutura do rotor, ou seja numa direção que é perpendicular à direção do movimento do

vento. A figura 1.1 apresenta o esquema de uma TEEV de grandes dimensões [2]:

Figura 1.1 – Aspeto de uma TEEV do tipo Darrieus

Page 15: Turbinas Eólica

2

Neste tipo de sistemas a caixa de velocidades e o gerador elétrico podem instalar-se perto da base

da torre e, normalmente, isto acontece quando a turbina apresenta grandes dimensões. O fato do

gerador ficar instalado no solo faz com que a manutenção do próprio gerador e da caixa de

velocidades seja mais fácil em comparação com a das Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal (TEEHs).

As TEEVs não necessitam de ser orientadas na direção do vento, uma vez que o movimento de

rotação do rotor é independente dessa direção. Ao contrário das TEEHs estas turbinas podem ser

agrupadas próximas umas das outras, isto porque a rotação da esteira provocada pelas pás das

TEEHs impediria que estes sistemas funcionassem corretamente caso fossem colocadas muito

próximas umas das outras [3]. O funcionamento das TEEV é bastante silencioso em comparação com

as TEEHs. A estrutura do rotor de uma TEEV é normalmente menos complexa do que o de uma

TEEH, isto facilita o fabrico da turbina e reduz os esforços estruturais na torre.

As turbinas Darrieus são TEEVs que possuem normalmente duas ou três pás curvadas, cujo perfil

aerodinâmico tem a forma dos perfil alares NACA 00xx. A força motriz neste caso é a força de

sustentação aerodinâmica que se exerce sobre as pás. Estas turbinas apresentam normalmente um

rendimento energético de aproximadamente 30% [4]. A figura 1.2 ilustra uma turbina Darrieus com

duas pás [5]:

Figura 1.2 – Turbina Darrieus com duas pás

A turbina Darrieus H é um tipo de TEEV cujas pás estão direitas em contraste com as pás curvas da

turbina Darrieus original. Este tipo de TEEVs apresenta um rendimento energético ligeiramente

superior ao da Turbina Darrieus de pás cuvas, uma vez que têm uma área de passagem do

escoamento maior [6]. No entanto os esforços estruturais a que estas turbinas estão sujeitas são

mais elevados. Um exemplo de uma turbina Darrieus H é a turbina ECO 1200 [7]. Esta turbina é

normalmente instalada no telhado de habitações que se encontrem em meios rurais.

Page 16: Turbinas Eólica

3

A figura 1.3 representa a imagem de uma ECO 1200 [8]:

Figura 1.3 – Turbina ECO 1200

A turbina Savonius é um tipo de TEEV que aproveita a força de resistência aerodinâmica como força

motriz para o seu rotor. Em contraste com os outros tipos de turbinas o rotor é constituído por duas

ou mais conchas em vez de pás. A figura 1.4 ilustra uma turbina Savonius com duas conchas [2]:

Figura 1.4 – Ilustração de uma turbina Savonius com duas conchas

O desenho do rotor é relativamente simples, o que torna o fabrico deste tipo de turbinas mais

económico do que outros. Os esforços estruturais são geralmente menos intensos do que nas

turbinas Darrieus, no entanto a turbina Savonius peca por apresentar um rendimento energético

baixo, mais ou menos 15% [4]. Isto é suficiente para tornar esta TEEV pouco atrativa para a produção

de eletricidade [5].

Page 17: Turbinas Eólica

4

A figura 1.5 mostra um diagrama do escoamento de ar em torno do rotor de uma turbina Savonius

com duas conchas [9]:

Figura 1.5 – Diagrama do escoamento de ar numa turbina Savonius

As TEEVs estão normalmente sujeitas a grandes variações de binário durante cada período de

rotação, o que pode provocar esforços de fadiga no eixo do rotor. O projeto de TEEVs com pás

torcidas permite reduzir a variação de binário que se faz sentir no eixo do rotor [4]. Este fenómeno de

variação do binário também pode ser reduzido se o número de pás da turbina for elevado, uma vez

que se distribui mais o binário em torno do rotor. A turbina MARC Twister-1000-T é um exemplo de

turbina Darrieus com pás torcidas, cujo aspeto pode ser observado na figura 1.6 [10]:

Figura 1.6 – Turbina MARC Twister-1000-T

Page 18: Turbinas Eólica

5

As TEEVs do tipo Savonius também podem ser construídas com conchas torcidas. A figura 1.7

representa uma turbina Savonius com duas conchas torcidas [10]:

Figura 1.7 – Turbina Savonius com conchas torcidas

O projeto das turbinas com pás ou conchas torcidas é um pouco mais complexo do que o das

turbinas originais, no entanto a resistência estrutural do rotor é consideravelmente mais elevada.

Uma vez que se pretende projectar uma TEEV que seja simples de construir, e ao mesmo tempo

possua um bom rendimento energético, a turbina Darrieus H foi escolhida como base para o projecto.

Contudo, esta turbina apresenta uma grande desvantagem em relação aos outros modelos, que está

relacionada com a resistência estrutural do rotor. Desta forma, o principal objetivo do projecto

estrutural é aumentar a robustez do rotor de uma turbina Darrieus H, sendo esta robustez avaliada

pelo cálculo das tensões de von Mises e dos modos de vibração naturais da estrutura.

1.3 Funcionamento das turbinas Darrieus

Um aspeto muito importante das turbinas Darrieus é o fato de as pás terem normalmente um

comprimento muito elevado, em comparação com a corda do perfil alar.

Figura 1.8 – Área Frontal de um rotor de tipo Darrieus

Page 19: Turbinas Eólica

6

O fator de bloqueamento é um parâmetro das turbinas eólicas que determina o grau de obstrução

das pás à passagem do escoamento de ar. Este fator é definido pela razão entre a área de superfície

das pás e a área frontal do rotor.

Uma vez que as pás de uma turbina Darrieus são normalmente muito esbeltas, o fator de

bloqueamento destas turbinas torna-se muito reduzido. Isto contribui para diminuir o fator de indução

do escoamento a , que pode ser definido pela seguinte expressão:

U

VUa a (1.1)

Sendo U a velocidade do escoamento não perturbado, e aV representa a velocidade do

escoamento induzido. Um fator de indução elevado tende a diminuir o rendimento energético da

turbina, pois reduz a velocidade do escoamento que atravessa o rotor. No entanto, o fator de

bloqueamento influencia diretamente o binário a que o rotor de uma turbina Darrieus está sujeito, uma

vez que depende do número de pás e da corda do perfil. Por essa razão, o estudo aerodinâmico de

uma turbina Darrieus deve ter em conta a influência do fator de bloqueamento no desempenho do

rotor.

A posição das pás de uma turbina Darrieus em relação ao eixo de rotação do rotor é normalmente

definida pelo ângulo de azimute . O movimento de rotação do rotor faz com que as pás estejam

sujeitas a uma velocidade de escoamento relativa a esse movimento de rotação, que é normalmente

representada pelo vetor W . A figura 1.9 mostra os vetores de velocidade relativa para ângulos de

azimute diferentes [5]:

Figura 1.9 – Representação dos vetores de velocidade numa turbina Darrieus

Page 20: Turbinas Eólica

7

A variável representa o ângulo de ataque do perfil alar. Este ângulo de ataque pode variar

bastante ao longo de cada período de rotação, e atingir valores superiores ao ângulo de ataque em

que o perfil alar entra em perda [3]. O escoamento em torno de um perfil alar após a entrada em

perda é muito difícil de modelar, e o fato do número de Reynolds Re apresentar valores muito baixos,

devido ao comprimento da corda ser reduzido, também pode tornar a análise aerodinâmica de uma

TEEV pouca precisa.

Um outro aspeto importante das turbinas Darrieus é a questão da resistência estrutural do rotor. Os

esforços estruturais podem ser muito elevados, principalmente devido aos carregamentos cíclicos nas

pás. Estes carregamentos são provocados pela variação das forças aerodinâmicas a que as pás

estão sujeitas, que por sua vez deriva do fato do ângulo de ataque variar bastante durante cada

período de rotação [3]. O fato das pás serem muito esbeltas faz com haja uma grande tendência para

ocorrer o colapso das mesmas devido a fadiga.

Uma estrutura pode entrar em ressonância quando está sujeita a cargas cujo valor da frequência que

lhes está associado se aproxima dos valores de frequência natural da própria estrutura. As peças

esbeltas têm normalmente uma grande tendência para entrar em ressonância, e por isso é muito

provável que as pás entrem em ressonância por terem um comprimento muito maior do que a corda

do perfil.

1.4 Aspetos Económicos

As TEEVs utilizadas para produção de eletricidade local podem representar um prejuízo para os seus

proprietários. O preço de venda ao público destas turbinas pode variar entre os 6000 e os 11500€, e

a sua potência nominal ronda os 1,2 kW [7]. Considerando uma TEEV que funcione durante todo o

ano na potência nominal, a energia eletrica produzida por essa turbina é de aproximadamente 10

MWh/ano. Na realidade uma TEEV produz cerca de um quinto da energia que seria possível se

trabalhasse à potência nominal durante todo o ano, o que faz um total de 2 MWh/ano [7]. Tendo em

conta que o preço do quilowatt-hora é de aproximadamente 0,13€, o benefício é de 260€/ano. Desta

forma, o “payback” da turbina com um preço de 10000€ é de aproximadamente 38 anos. O projeto de

uma TEEV que utilize materiais baratos e em menor quantidade possível pode ser uma forma de

diminuir o “payback” da turbina. Contudo, o preço destas turbinas não depende apenas do custo dos

materiais, mas também do custo associado à montagem e ao transporte dos componentes. Uma

outra solução possível seria entrar num regime de tarifa bonificada, em que o preço de um quilowatt-

hora de eletricidade é igual a 0,65€ [11].

1.5 Objetivos

Este trabalho tem como objectivos principais a aplicação de um modelo matemático para determinar

os coeficientes de potência de uma turbina eólica de eixo vertical, a qual deve estar situada no topo

de um edifício, e sujeita a diferentes valores de velocidade de rotação e de velocidade do vento. O

projecto estrutural tem o intuito de calcular os valores das tensões estruturais a que o rotor da turbina

pode estar sujeito na condição de rotação máxima utilizando para esse fim o programa Solidworks

Page 21: Turbinas Eólica

8

Simulation, e da mesma forma pretende-se obter os valores das frequências associadas aos modos

de vibração naturais do rotor.

O sistema em análise é uma turbina de tipo Darrieus H, ou seja uma turbina com rotor de pás direitas

sem curvatura, sendo a principal força motriz desta turbina a força de sustentação aerodinâmica

aplicada às pás do rotor. A série de perfil alar normalmente utilizada neste tipo de turbinas é a série

NACA 00xx, ou seja um perfil aerodinâmico simétrico em relação à linha média da corda e como tal

sem flecha relativa. Os coeficientes de sustentação e resistência aerodinâmicos utilizados são dados

retirados de um estudo feito pelos Laboratórios SANDIA [12].

Neste trabalho pretende-se aplicar um novo conceito de perfis alares multi-elementos, ou seja um

arranjo de perfis alares sobrepostos e afastados de uma dada distância. O intuito deste estudo é o de

prever até que ponto este arranjo apresenta valores dos coeficientes aerodinâmicos mais altos ou

baixos do que no caso de um perfil alar isolado, consoante a distância entre dois perfis alares.

O projeto termina com a obtenção de um rotor que reúna as melhores condições estruturais face à

velocidade de rotação máxima considerada, ou seja uma estrutura que apresente um valor da tensão

máxima que seja menos de metade da tensão limite de cedência do material utilizado, e um valor de

frequência associada ao primeiro modo de vibração que seja mais alta do que a frequência gerada

pela velocidade de rotação máxima proposta.

Page 22: Turbinas Eólica

9

2 Análise Aerodinâmica

Neste capítulo apresenta-se o modelo que determina a altura adequada para a torre da turbina e

definem-se os modelos matemáticos utilizados para calcular os parâmetros relacionados com o

desempenho aerodinâmico da turbina. No fim do capítulo faz-se uma introdução ao programa

computacional utilizado na análise de arranjos multi-elementos.

2.1 Modelo de Camada Limite Urbana 2D

Neste projecto considera-se que a velocidade do vento não varia com a altura do rotor. O modelo de

camada limite urbana apresentado serve apenas para definir um valor adequado para a altura da

torre. A figura 2.1 mostra a ilustração de um perfil de velocidades dentro de uma camada limite em

ambiente urbano [4]:

Figura 2.1 – Perfil de velocidades do vento no exterior e no interior de uma urbanização

O estudo da camada limite urbana permite obter resultados para os valores de velocidade do vento

acima de uma determinada cota a contar do solo, sendo o valor dessa cota calculado em função da

chamada altura de deslocamento d . A altura de deslocamento calcula-se pela equação (2.1):

Ho AzHd 13.4 (2.1)

As novas variáveis que figuram na fórmula anterior são características do ambiente urbano: H

representa a altura média dos edifícios e HA define a percentagem de área da cidade ocupada pelos

edifícios. A variável oz designa-se por altura de rugosidade, a qual somada à altura de deslocamento

define a cota a contar do solo a partir de onde a velocidade do vento em ambiente urbano deixa de

ser aproximadamente nula. Esta variável calcula-se pela equação (2.2):

HAz H08.00 (2.2)

No caso de um ambiente urbano, a aproximação do perfil de velocidades a uma lei matemática que

permita calcular esses valores de velocidade, é apenas válida para alturas superiores a uma cota

mínima, que se calcula através da equação (2.3):

Page 23: Turbinas Eólica

10

dz 5.1min (2.3)

O valor da cota mínima será igual à soma da altura do edifício onde se coloca a turbina e a altura da

torre. Considerando um valor de 25 metros para H e 42% para HA , o valor da cota mínima é de

aproximadamente 35 metros [4]. Os edifícios residenciais mais altos têm normalmente 12 andares, o

que faz uma altura de aproximadamente 30 metros. Desta forma o valor estipulado para a altura da

torre neste projecto é de 5 metros.

2.2 Modelos Matemáticos

A teoria por trás do funcionamento das TEEVs é importante para conseguir obter resultados

aproximados dos valores das forças e coeficientes de potência associados a este tipo de sistemas,

principalmente quando não se tem hipótese de realizar um estudo experimental. A análise

matemática deste tipo de escoamento pode torna-se complexa, tendo em conta que os ângulos de

ataque podem ser muito elevados e os números de Reynolds muito baixos. Por esta razão os

modelos apresentados baseiam-se em métodos simplificados. Antes de introduzir os métodos de

cálculo existentes, convém definir alguns parâmetros utilizados na análise aerodinâmica. A potência

disponível no ar em movimento é dada pela equação (2.4):

3

2

1AUPdisp (2.4)

Sendo A a área frontal do rotor. No caso de uma turbina Darrieus H, esta área é representada por

um quadrilátero, e pode calcular-se com a equação (2.5):

RHA 2 (2.5)

A altura do rotor é dada por H e R representa o seu raio. A potência extraída da turbina obtém-se

através do produto entre a potência disponível e o coeficiente de potência da turbina PC . Para

calcular o coeficiente de potência é necessário conhecer a força de sustentação aerodinâmica L e

força de resistência aerodinâmica D a que as pás estão sujeitas. O produto entre a pressão

dinâmica, a área de referência e o coeficiente aerodinâmico lC ou dC resulta no valor da força

aerodinâmica desejada, sustentação ou resistência respetivamente. A figura 2.2 mostra os vetores

das velocidades que definem o triângulo de velocidades no perfil alar:

Figura 2.2 – Triângulo de velocidades no perfil alar

Page 24: Turbinas Eólica

11

O valor da pressão dinâmica dp é calculado pela equação (2.6):

2

2

1Wpd (2.6)

O ângulo de ataque do perfil aerodinâmico é definido pela equação (2.7):

RV

senV

a

a

cosarctan (2.7)

Da mesma forma, a velocidade relativa do escoamento pode ser calculada através da equação (2.8)

22cos RVsenVW aa (2.8)

A figura 2.3 mostra os vetores das forças aerodinâmicas aplicadas a um perfil alar [5]:

Figura 2.3 – Forças aerodinâmicas aplicadas ao perfil alar

A potência mecânica é definida pelo produto entre o binário e a velocidade de rotação, sendo o

binário de uma pá definido pelo produto entre a força tangencial e o raio do rotor. A força tangencial

exercida numa pá tF é dada pela equação (2.9):

cosDLsenFt (2.9)

O ângulo de ataque e a velocidade relativa dependem do ângulo de azimute, por esta razão o cálculo

da potência deve ser feito com base na integração do binário ao longo do trajecto da pá. O resultado

da integração deverá ser multiplicado pela velocidade de rotação e pelo número de pás. O

coeficiente de potência da turbina PC pode ser obtido através da equação (2.10):

RU

dCsenCcWB

R

C

dl

P

22

1

cos2

1

2

3

2

0

2

(2.10)

Page 25: Turbinas Eólica

12

Sendo B o número de pás do rotor. A equação (2.10) pode ser reescrita de forma a obter a equação

(2.11):

dCsenCU

WC dlP

2

0

2

cos2

1

(2.11)

A variável , conhecida por tip speed ratio (TSR) representa a razão entre a velocidade de

transporte R , e a velocidade do vento não perturbado, cujo valor é muito importante no estudo do

desempenho das turbinas eólicas, uma vez que o coeficiente da potência da turbina se representa

normalmente em função do TSR.

Para calcular os valores do coeficiente de potência da turbina é necessário obter os valores da

velocidade relativa e do ângulo de ataque do perfil aerodinâmico para cada ângulo de azimute em

que as pás se encontram. Esses valores podem ser determinados desde que se conheçam os

valores do fator de indução. O principal objectivo dos métodos de cálculo é obter os valores do fator

de indução do rotor, uma vez que sem estes valores não é possível calcular os valores da velocidade

induzida para cada posição das pás.

O primeiro método baseia-se na teoria de Single Stream Tube [3]. Neste método considera-se um

fator de indução global para a estrutura do rotor, o que significa que o fator de indução é

independente do ângulo de azimute. O fator de indução é calculado com base na força na direção do

escoamento, a qual pode ser calculada através da equação (2.12):

2122 UaaRHF

(2.12)

Esta equação deriva da aplicação da Teoria do Disco Actuante introduzida por William Rankine [3].

Nesta teoria o rotor da turbina é representado por um corpo fictício conhecido por disco actuante, o

qual é atravessado pelo ar. Uma vez que a força na direção do escoamento depende do fator de

indução, é necessário definir esta força em função de outros parâmetros, para que seja possível

calcular o fator de indução. Desta forma, define-se a força na direção do escoamento em função das

forças na direcção perpendicular à corda das pás, dando origem à equação (2.13):

dsensenCCcHWB

F dl

2

0

2 cos2

1

2

(2.13)

Uma vez que coeficientes de sustentação e resistência aerodinâmicos dependem do ângulo de

ataque e do valor da velocidade relativa, e estes por sua vez dependem do fator de indução, é

necessário recorrer a um processo iterativo para obter os valores de a . No início do processo

iterativo, o fator de indução é considerado nulo para o cálculo do ângulo de ataque e da velocidade

relativa. Depois disto calculam-se os outros parâmetros e obtém-se um novo fator de indução,

calculado pela equação (2.12). O processo de cálculo é então repetido, desta vez com o novo fator de

indução, e com isto obtêm-se outro fator de indução diferente. Este processo repete-se até se obter

um fator de indução igual ao que se utilizou para calcular o ângulo de ataque e a velocidade relativa.

Page 26: Turbinas Eólica

13

O método Single Stream Tube é pouco preciso, devido ao fato do fator de indução ser considerado

constante. Por essa razão não serão apresentados resultados para este método.

O segundo método é baseado na teoria de Multiple Stream Tube [3]. A diferença entre este método e

o anterior está no cálculo do fator de indução. Na teoria de Multiple Stream Tube existe um fator de

indução diferente para cada posição das pás, ou seja o fator de indução varia numa direção

perpendicular à velocidade de escoamento não perturbado, mas não varia ao longo da direção do

escoamento. Para executar este método, a geometria do rotor é dividida em várias passagens, e

cada uma delas abrange duas posições da pá definidas pelo ângulo de azimute. Desta forma, a força

na direção do escoamento fica distribuída por cada uma destas passagens. A figura 2.4 apresenta

uma ilustração da circunferência descrita pelo movimento das pás e inclui uma das passagens

descritas na teoria de Multiple Stream Tube Theory [6]:

Figura 2.4 – Geometria utilizada no modelo Multiple Stream Tube

A força na direção do escoamento para cada uma das passagens pode ser definida através da teoria

do Disco Atuante. Neste caso, a área frontal de cada passagem é definida pela equação (2.14):

dRHsendA (2.14)

Desta forma, a equação (2.15) define a força na direção do escoamento para uma destas passagens:

212 UaadRHsendF

(2.15)

O fator de indução do escoamento é calculado através de um processo iterativo semelhante ao da

teoria de Single Stream Tube. Por essa razão é necessário definir a força na direção do escoamento

considerando as forças na direcção perpendicular à corda das pás, o que pode ser feito através da

equação (2.16):

dsensenCCcHWBdF

d

dl

cos2

1

2

2 2

(2.16)

Tendo em conta que uma passagem abrange duas posições do ângulo de azimute, uma a montante

e outra a jusante do rotor, a equação que define a força na direção do escoamento segundo as forças

Page 27: Turbinas Eólica

14

na direcção perpendicular à corda das pás é multiplicada por 2 [3]. O coeficiente de potência continua

a ser calculado pela equação (2.11).

Um outro método bastante utilizado na previsão do desempenho aerodinâmico do rotor é baseado na

teoria de Double Multiple Stream Tube [13]. Este método considera que o rotor pode ser aproximado

por dois discos atuantes. Um dos discos representa a zona a montante do rotor, definida para

ângulos de azimute entre 00 e 180

0, e o outro disco representa a zona a jusante do rotor, definida

para angulos de azimute entre 1800 e 360

0. Desta forma, o fator de indução varia com a posição das

pás do rotor, e apresenta valores diferentes para cada valor do ângulo de azimute.

A figura 2.5 mostra uma ilustração dos discos atuantes usados neste modelo [13]:

Figura 2.5 – Ilustração dos discos atuantes no método Double Multiple StreamTube

Os valores do fator de indução são calculados de forma semelhante à do método de Multiple Stream

Tube, mas a velocidade inicial para cada um dos discos é diferente. No caso do disco a montante do

rotor, a velocidade induzida é função da velocidade de escoamento não perturbado, através da

equação (2.17):

UaVa 1 (2.17)

Após passar pelo primeiro disco, o escoamento atinge um valor de velocidade no interior do rotor

conhecida por velocidade de equilíbrio eV , que é definida pela equação (2.18):

UaVe 21 (2.18)

A velocidade induzida no disco a jusante do rotor é então definida com base na velocidade de

equilíbrio. O fator de indução no caso do segundo disco passa a ser representado pelo símbolo 'a . A

equação (2.19) define assim a velocidade induzida no disco a jusante do rotor:

ea VaV '1 (2.19)

Page 28: Turbinas Eólica

15

Neste método, a força na direção do escoamento pode ser calculada pela equação (2.15). A equação

que permite definir a força na direção do escoamento segundo as forças na direcção perpendicular à

corda das pás é a equação (2.20):

dsensenCCcHWB

dF

d

dl

cos2

1

2

2

(2.20)

Nesta equação não existe o fator 2 da equação (2.16), uma vez que o rotor está dividido em duas

partes distintas. Os valores de velocidade relativa e do ângulo de ataque são calculados para cada

posição das pás, consoante os valores de velocidade induzida definidos pelas equações (2.17) e

(2.19).O processo iterativo utilizado para calcular o fator de indução é idêntico ao do método de

Multiple Stream Tube

Um outro método baseado na mesma teoria de Double Multiple Stream Tube é o método conhecido

por Fixed-Wake Streamtube [14]. Este é um método de aplicação direta, ou seja não é necessário

aplicar um processo iterativo para calcular o fator de indução. Neste caso, o fator de indução é

calculado através da aplicação de fórmulas definidas pelo autor do método. A primeira variável a

definir é o parâmetro G . Este parâmetro é definido pela equação (2.21):

sen

CG L

4

' (2.21)

O parâmetro G é usado para calcular um fator de indução intermédio a , que por sua vez permite

calcular obter os fatores de indução a montante e a jusante do rotor. Este fator intermédio pode ser

obtido pela equação (2.22):

024112 223

GGGaGaa (2.22)

O valor de a é o menor valor positivo das três raízes. Depois de terem sido calculados os valores de

a , para cada valor do ângulo de azimute entre 00 e 360

0, é possível obter os valores do fator de

indução a montante e a jusante do rotor. As equações (2.23) e (2.24) permitem definir o fator de

indução a montante a e a jusante 'a do rotor respetivamente:

2

211 aa

(2.23)

aaa ' (2.24)

Na equação (2.24) utilizam-se valores dos fatores de indução a montante do rotor para definir os

fatores a jusante do mesmo. Estes valores são referentes às posições das pás na zona a montante,

que estão na mesma direção do escoamento que as posições na zona a jusante que se querem

calcular. Por exemplo, a posição definida pelo ângulo de azimute de 900 está na mesma direção do

escoamento que a posição definida pelo ângulo de azimute de 2700.

Page 29: Turbinas Eólica

16

2.3 Estudo dos multi-elementos

O arranjo de perfis multi-elementos pode ser uma forma de melhorar o desempenho aerodinâmico de

uma TEEV, uma vez que permite aumentar os valores do coeficiente de sustentação do conjunto de

perfis em relação a um perfil simples, e existe a possibilidade de este arranjo ter menos tendência

para entrar em perda, devido à interação dos escoamentos entre os perfis.

O programa utilizado para calcular o escoamento em torno de um arranjo de perfis multi-elementos é

software Javafoil. O Javafoil é um programa relativamente simples, que utiliza uma análise do

escoamento potencial combinada com uma análise de camada limite, através das quais calcula os

parâmetros relacionados com o escoamento em torno de um perfil alar [15]. A análise de escoamento

potencial utiliza um método de painéis com distribuição linear de vórtices, e a análise de camada

limite utiliza um método integral para resolver um conjunto de equações diferenciais, de forma a obter

os vários parâmetros de camada limite. O método dos painéis divide a geometria do perfil em

pequenos painéis individuais.

Neste programa é possível definir vários tipos de perfis alares, segundo parâmetros como a

espessura relativa, a flecha relativa, ou o ângulo de abertura do bordo de fuga. Existem várias

famílias de perfis disponíveis como as séries NACA 4-digitos, baseada na espessura e flecha relativa

assim como as suas localizações em percentagem da corda, NACA 5-digitos, baseada na espessura

relativa e no coeficiente de sustentação de projecto, entre outros dos quais são exemplos os perfis

simétricos de von de Vooren, Newman de nariz redondo, Joukowski, e Helmbold-Keine.

No Javafoil existe uma opção para introduzir flaps na geometria do perfil, definindo a posição do flap

em percentagem da corda e o seu ângulo de defleção em relação à linha da corda. O centro

geométrico do perfil está localizado por defeito a 25% da corda, a contar do bordo de ataque. Este

centro geométrico é o ponto de referência para as opções de rotação e translação do perfil, ou seja o

perfil pode rodar um certo ângulo em torno do centro geométrico e mover-se uma certa distância

numa direção vertical e/ou horizontal a partir desse mesmo centro. Uma outra opção é aquela que

permite fazer uma cópia exata do perfil depois de definido, e com as opções de translação o utilizador

consegue colocar dois perfis no mesmo plano e afastados de uma certa distância, definindo desta

forma um arranjo de perfis multi-elementos.

Figura 2.6 – Arranjo de perfis multi-elementos

Page 30: Turbinas Eólica

17

Para saber se estudo de multi-elementos é viável, é necessário conhecer as limitações do programa

Javafoil. O programa Javafoil não permite simular escoamento em regime de separação laminar, ao

contrário de outros programas como o Xfoil, que impõe um modelo empírico para calcular, com

alguma aproximação, os parâmetros de camada limite num escoamento que apresenta bolhas de

separação laminares [15]. Em vez disso, o Javafoil força a transição de escoamento laminar a

turbulento, no caso de detetar separação em regime laminar. Uma vez que o método integral usado

pelo Javafoil funciona melhor para números de Reynolds entre 500000 e 20000000, não é possível

obter bons resultados para as condições em que uma TEEV se encontra [15]. Por esta razão, o

estudo dos perfis multi-elementos consiste em determinar a diferença entre os valores dos

coeficientes aerodinâmicos para diferentes valores da distância entre perfis. A figura 2.7 mostra os

valores dos coeficientes de sustentação para um arranjo de perfis multi-elementos com diferentes

valores de distância entre perfis:

Figura 2.7 – Coeficiente de sustentação de um arranjo multi-elementos para diferentes distâncias entre perfis

Os valores dos coeficientes de resistência aerodinâmica não variam praticamente com a distância

entre perfis, e por isso não são apresentados. Quando a distância entre perfis atinge valores

próximos do dobro da corda, os valores do coeficiente de sustentação aerodinâmica deixam de variar

significativamente com o valor dessa distância. Isto permite ter uma noção de qual deve ser o valor

máximo da distância entre perfis, no caso de se construir uma turbina cujas pás estejam num arranjo

multi-elementos.

Um outro estudo que pode ter interesse é prever se o arranjo de perfis multi-elementos permite

retardar a entrada em perda dos perfis alares. Para este efeito considera-se que a entrada em perda

começa num ângulo de ataque a partir do qual o valor do coeficiente de sustentação global começa a

diminuir. Na análise feita comparam-se os valores do ângulo de perda entre um perfil simples e

arranjos de perfis multi-elementos, para diferentes valores do número de Reynolds.

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20 25

Cl vs alpha(Re 150000)

50% corda

100% corda

150% corda

200% corda

Page 31: Turbinas Eólica

18

A figura 2.8 mostra os valores do ângulo de ataque para o qual o perfil simples e os arranjos multi-

elementos entram em perda:

Figura 2.8 – Comparação entre os ângulos de ataque para entrada em perda num perfil isolado e num arranjo multi-elementos

Como se pode verificar, o arranjo multi-elementos parece retardar a entrada em perda relativamente

ao perfil alar simples, embora a diferença não seja muito grande. No entanto, isto não é válido para

distâncias entre perfis superiores a 50% da corda, pois para valores de distância entre perfis

próximos de 100% da corda o ângulo de perda tem os mesmos valores que no caso do perfil simples.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 100000 200000 300000 400000

Alpha perda[0] vs Re

perfil simples

multi-elementos 50%corda

multi-elementos 100%corda

Page 32: Turbinas Eólica

19

3 Resultados do cálculo aerodinâmico

Neste capítulo apresentam-se os resultados obtidos pelos métodos matemáticos utilizados.

3.1 Coeficientes aerodinâmicos usados

Os valores dos coeficientes de sustentação e resistência aerodinâmicos utilizados no cálculo dos

coeficientes de potência da turbina foram retirados de dados obtidos pelos Laboratorios SANDIA [12].

Estes valores foram obtidos através de cálculos computacionais com base em resultados

experimentais existentes. Os valores foram obtidos apenas para alguns valores do Número de

Reynolds, por essa razão os valores associados aos números de Reynolds restantes são obtidos por

interpolação. As figuras 3.1 e 3.2 mostram alguns destes valores dos coeficientes de sustentação e

resistência aerodinâmicos respetivamente, para um perfil NACA 0015:

Figura 3.1 – Coeficiente de sustentação aerodinâmica para uma gama de Reynolds entre 10000 e 90000

Figura 3.2 – Coeficiente de resistência aerodinâmica para uma gama de Reynolds entre 10000 e 90000

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 10 20 30 40 50

Cl vs alpha[0]

Re 10000

Re 30000

Re 50000

Re 70000

Re 90000

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 10 20 30 40 50

Cd vs alpha[0]

Re 10000

Re 30000

Re 50000

Re 70000

Re 90000

Page 33: Turbinas Eólica

20

3.2 Valores dos Coeficientes de Potência

Nesta secção apresentam-se os valores dos coeficientes de potência da turbina calculados pelos

diferentes métodos descritos no Capítulo 2, com a exceção do método Single Stream Tube. A figura

3.4 mostra os resultados obtidos pelos diferentes métodos para valores do tip speed ratio entre 2 e 7:

Figura 3.3 – Coeficiente de potência segundo os modelos utilizados

Estes valores são obtidos para uma velocidade de rotação constante de 150 rpm. O primeiro aspeto

importante é o fato de os valores calculados pelo método de DMST serem muito diferentes dos outros

dois. O coeficiente de potência máximo calculado por este método atinge um valor próximo de 50 %,

e o valor máximo do coeficiente de potência para uma turbina Darrieus é de aproximadamente 30%.

Isto mostra que o método DMST pode não ser o mais adequado para estudar o desempenho

aerodinâmico de uma TEEV. Normalmente, os valores dos coeficientes de potência de uma TEEV

são calculados para diferentes valores do fator de bloqueamento. Isto porque o fator de

bloqueamento tem uma enorme influência sobre o coeficiente de potência. A determinação dos

valores do coeficiente de potência para diferentes valores do fator de bloqueamento do rotor, permite

verificar as diferenças que existem entre os dois métodos. As figuras 3.4 e 3.5 representam os

coeficientes de potência calculados para diferentes valores do fator de bloqueamento, segundo os

métodos de MST e FWS respetivamente:

Figura 3.4 – Coeficiente de potência segundo o método MST para diferentes valores do fator de bloqueamento

Page 34: Turbinas Eólica

21

Figura 3.5 – Coeficiente de potência segundo o método de FWS para diferentes valores do fator de bloqueamento

Existem de fato diferenças significativas entre os dois métodos. Ao comparar resultados obtidos da

literatura com estes valores, verifica-se qual dos métodos é o mais realista. A figura 3.6 mostra alguns

resultados experimentais de coeficientes de potência para várias TEEVs com fatores de

bloqueamento diferentes [3]:

Figura 3.6 – Valores experimentais do coeficiente de potência a diferentes valores do fator de bloqueamento

Ao observar estes resultados, pode afirmar-se que os valores obtidos pelo método MST apresentam

uma variação mais próxima dos resultados experimentais do que os do método FWS.

O valor de coeficiente de potência também varia com a velocidade de rotação a que o rotor da turbina

está sujeito, uma vez que influência diretamente a potência. A figura 3.7 apresenta alguns resultados

experimentais para uma TEEV sujeita a diferentes valores de velocidade de rotação [3]:

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

0 2 4 6 8 10

Cp(%) vs TSR

sigma 0.05

sigma 0.1

sigma 0.15

Page 35: Turbinas Eólica

22

Figura 3.7 – Valores experimentais do coeficiente de potência a diferentes valores e velocidade de rotação do rotor

Estes resultados experimentais podem ser comparados com os resultados obtidos pelo método MST

para alguns valores intermédios da velocidade de rotação. Esses resultados estão disponíveis na

figura 3.8:

Figura 3.8 – Coeficiente de potência segundo o método MST para diferentes valores de velocidade de rotação

Os valores calculados aumentam de fato quando a velocidade de rotação aumenta, no entanto

parece que os resultados experimentais variam mais do que os valores calculados. Isto mostra que

por mais precisos que sejam os métodos matemáticos utilizados, existe sempre a necessidade de

realizar ensaios experimentais para determinar os valores reais.

-20

-10

0

10

20

30

40

0 2 4 6 8

Cp(%) vs TSR

100 rpm

150 rpm

200 rpm

Page 36: Turbinas Eólica

23

4 Desenvolvimento do Produto

Neste capítulo introduz-se a estrutura inicial da turbina baseada num modelo já existente e descreve-

se os vários componentes que a constituem. Neste capítulo apresentam-se também as várias

alterações feitas à estrutura do rotor com o intuito de se obter uma turbina o mais leve possível mas

satisfazendo os constrangimentos de projecto estruturais

4.1 Projeto Base

O projeto de uma turbina eólica tem como fatores mais relevantes a geometria e as dimensões da

estrutura. Os tipos de materiais utilizados e a quantidade dos mesmos afetam os custos da turbina

não só pelos preços dos materiais e custos de fabrico, mas também devido ao peso dos mesmos,

uma vez que isso implica um acréscimo dos custos de transporte e uma menor eficiência devido a

uma maior inércia. Neste projeto, o modelo inicial da turbina baseia-se na estrutura de uma turbina

Windspire, cujo aspeto pode ser observado na figura 4.1 [16]:

Figura 4.1 – Turbina Windspire

A turbina Windspire apresenta uma estrutura simples e fácil de construir. O fato dos componentes da

turbina serem fabricados em aço e alumínio faz com que o fabrico da estrutura seja relativamente

barato, em comparação com os materiais compósitos, que apesar de possuírem uma boa relação

resistência/peso são bastante caros. Estas são as principais razões pelas quais se selecionou a

turbina Windspire neste projecto.

Esta turbina é constituída por uma torre representada por um tubo cilíndrico de aço que assenta

numa estrutura de betão fixa no solo (podendo também ser montada sobre um edifício), um gerador

de corrente contínua que pode estar ligado ou não a um inversor para o caso do utilizador querer

vender parte da eletricidade produzida à rede elétrica, um veio que está montado no interior da torre

por intermédio de rolamentos, um segundo veio no qual estão encaixados os suportes da pás do

rotor, dezoito suportes de alumínio, nove pás igualmente feitas de alumínio, e dois aros metálicos que

Page 37: Turbinas Eólica

24

unem as extremidades das pás nas partes superior e inferior do rotor. O fato desta turbina possuir um

rotor com uma altura muito maior do que o seu diâmetro faz com o seu fator de bloqueamento seja

baixo, o que permite reduzir os efeitos de bloqueamento do ar. No entanto, uma diferença tão grande

entre a altura e o diâmetro pode pôr em causa a integridade estrutural do rotor, uma vez que a

estrutura pode ter uma grande tendência para vibrar quando sujeita a velocidades do vento elevadas.

Por essa razão convém projectar uma turbina com um diâmetro mais próximo da sua altura.

As figuras 4.2 e 4.3 mostram imagens da torre na sua posição de repouso e dos seus pontos de

fixação na estrutura de betão respetivamente [16]:

Figura 4.2 – Torre da turbina na posição de repouso

Figura 4.3 – Pontos de fixação da torre na estrutura de betão

Os suportes das pás funcionam como garras, cujas superfícies que entram em contato com a

superfície das pás estão revestidas por um elastómero que reforça a aderência entre os suportes e as

próprias pás.

Page 38: Turbinas Eólica

25

A figura 4.4 apresenta o aspeto da extremidade dos suportes que agarra as pás [16]:

Figura 4.4 – Extremidade dos suportes das pás

Estes suportes estão fixos a um veio por intermédio de parafusos, como se pode observar na figura

4.5 [16]:

Figura 4.5 – Fixação dos suportes das pás à torre

O veio no qual estão encaixados os suportes das pás está acoplado ao veio montado no interior da

torre. Os veios devem ser suficientemente resistentes, uma vez que suportam o peso dos outros

componentes que constituem o rotor. Tendo em conta que o aço é mais resistente que o alumínio,

apesar de o alumínio ser mais leve, e que os veios têm menos influência na inércia do rotor do que as

pás e os suportes, os veios são fabricados em aço. A zona onde os dois veios estão acoplados

encontra-se fora da torre, mais concretamente por cima do gerador eléctrico [16]. As pás da turbina

são ocas e os seus perfis apresentam a forma de um NACA 00xx. As extremidades das pás estão

Page 39: Turbinas Eólica

26

cobertas por placas de alumínio que têm a mesma forma geométrica do perfil alar apresentado pelas

próprias pás, conforme mostra a figura 4.6 [16]:

Figura 4.6 – Extremidade de uma pá da turbina Windspire

As extremidades das pás encontram-se unidas pelos aros metálicos, sendo que cada um destes aros

é constituído por três segmentos de chapas metálicas unidos por intermédio de parafusos. A figura

4.7 mostra o aspeto de um dos aros metálicos [16]:

Figura 4.7 – Aspeto de um dos aros metálicos

Estes aros têm como objetivo aumentar a estabilidade estrutural do rotor, diminuindo os fenómenos

de vibração nas extremidades das pás.

4.2 Modelo Inicial

Como ponto de partida na conceção e desenvolvimento da turbina a desenvolver neste projecto

considerou-se a turbina apresentada na secção 4.1. No entanto, logo no design inicial introduziram-se

alguma alterações. Em contraste com a turbina Windspire apresentada em 4.1, a turbina

desenvolvida possui apenas um veio que encaixa parcialmente no interior da torre, na qual está

acoplado através de um rolamento. Os suportes das pás continuam aparafusados ao veio da mesma

forma que se referiu anteriormente. O rotor é constituído por três pás. O conjunto da estrutura inclui

aros metálicos em ambas as extremidades do rotor, tal como na turbina apresentada em 4.1. A

Tabela 4.1 apresenta algumas características do modelo inicial da turbina: A turbina foi modelada

utilizando o software de CAD Solid Works.

Page 40: Turbinas Eólica

27

Modelo inicial Quantidade Material Interior

Pás 3 Alumínio Oco

Suportes 6 Alumínio Maciço

Aros 2 Alumínio Maciço

Veio 1 Aço inox Oco

Torre 1 Aço inox Oco

Tabela 4.1– Características dos componentes do modelo inicial

O perfil alar das pás de uma TEEV é normalmente um perfil NACA 00xx, ou seja um perfil NACA

simétrico em relação à sua corda, em que xx representa a espessura relativa em percentagem da

corda. A espessura relativa do perfil não deve ser muito elevada, uma vez que é necessário reduzir o

peso da turbina. No entanto, se o perfil for demasiado fino a resistência estrutural do rotor diminui.

Uma vez que a espessura relativa dos perfis usados neste tipo de turbinas pode variar entre 12 e

18%, escolheu-se o perfil NACA 0015, com 15% de espessura relativa. O veio e a torre são tubos

cujas dimensões são normalizadas segundo a norma DIN. A figura 4.8 apresenta o aspeto do modelo

inicial da nova turbina:

Figura 4.8 – Modelo inicial da nova TEEV

Existindo o interesse em utilizar esta turbina em zonas residenciais, como por exemplo no topo de um

edifício, considerou-se uma altura de aproximadamente 5 metros da torre, sendo esta a altura mínima

que apresentam normalmente as TEEV instaladas em edifícios altos, de maneira a evitar que o rotor

esteja sujeito à separação do ar que ocorre muitas vezes ao nível do telhado [4].

Page 41: Turbinas Eólica

28

Uma vez se pretende obter uma turbina com potência de 1.2kW ou mais, para uma velocidade do

vento de 10 m/s, e sabendo que as turbinas Darrieus possuem um rendimento máximo de

aproximadamente 30%, a área frontal do rotor deve ser suficientemente grande. Neste caso

considerou-se um rotor com 3 metros de diâmetro e altura, uma vez que estas dimensões permitem

obter uma potência nominal de aproximadamente 1.6kW. As pás foram dimensionadas de forma a

obter um rotor com fator de bloqueamento igual a 0.1, uma vez que permite obter um coeficiente de

potência máximo mais elevado. A torre e o veio são responsáveis pela maior parte do peso da

turbina, uma vez que são feitos de aço, por essa razão estes componentes devem ser construídos

com diâmetros relativamente pequenos. Contudo, isto pode ter o mesmo problema que um rotor com

altura muito maior do que o diâmetro, ou seja a torre pode ter uma grande tendência para vibrar

quando sujeita a velocidades do vento elevadas. Para contrariar esse efeito, a torre pode ser

suportada por cabos do aço, tal como acontece com a turbina Darrieus de grandes dimensões [14]. A

Tabela 4.2 indica quais as dimensões dos vários componentes que constituem o modelo inicial da

turbina:

Modelo inicial Pás Suportes Aros Veio Torre

Comprimento 3000mm 1500mm 3100mm 5000mm

Diâmetro exterior 3130mm 100mm 200mm

Corda /Largura 100mm 80mm 15mm

Altura 20mm 10mm

Espessura 3mm 8mm 8mm

Tabela 4.2 – Dimensões dos componentes do modelo inicial da turbina

A altura e a largura são as dimensões que definem a secção de cada componente e a espessura é a

dimensão que caracteriza os componentes ocos. O rotor tem uma altura idêntica ao seu diâmetro

para diminuir os efeitos de vibração por acção do vento. Os componentes ocos permitem reduzir o

peso da turbina e diminuir os custos associados aos materiais.

4.3 Projeto Estrutural

O projecto estrutural da nova TEEV implica mais do que conceber um protótipo baseado num modelo

já existente. O próximo passo será remodelar o rotor com o intuito de obter uma estrutura o mais

robusta possível, sem que isso comprometa demasiado os aspetos económicos da turbina. No

modelo inicial verificou-se que os suportes das pás não seriam os mais apropriados para sustentar o

peso das mesmas, uma vez que as superfícies revestidas com elastómero vão perdendo a aderência

com o passar do tempo, deixando escorregar as pás. Este fenómeno pode ser contornado

aparafusando os suportes às pás.

Page 42: Turbinas Eólica

29

A figura 4.9 mostra como os suportes estão aparafusados às pás no caso de uma turbina ECO 1200

[8]:

Figura 4.9 – Ligação entre os suportes e as pás de uma turbina ECO 1200

Na turbina ECO 1200, a gama de velocidades de rotação está compreendida entre 0 e 270 rpm [8].

Neste projecto considera-se uma gama de velocidades de rotação idêntica à da turbina ECO 1200,

uma vez que apresenta um valor de velocidade de rotação máxima consideravelmente elevado. O

processo de remodelação da turbina não é imediato, pois o rotor passa por algumas mudanças que

conduzem a nove versões estruturais do mesmo. O intuito destas alterações é obter um rotor que

reúna as condições estruturais necessárias para garantir a estabilidade da turbina.

Figura 4.10 – Fluxograma das tarefas executadas no Programa de Elementos Finitos

O projeto segue um critério que considera que a estrutura do rotor é segura nas seguintes condições:

o valor da tensão máxima a que o rotor está sujeito deve ser menor ou igual do que metade da

tensão de cedência do material; o valor da frequência associada ao primeiro modo de vibração

natural deve ser mais alto do que o valor da frequência gerada pela rotação máxima a que o rotor

pode estar sujeito. Na análise de tensões realizada neste projecto considera-se que as forças

centrífugas são mais importantes do que as forças aerodinâmicas na direcção perpendicular à corda

das pás.

Page 43: Turbinas Eólica

30

A força aerodinâmica normal à superfície de uma pá aF pode ser estimada através da equação (4.1):

2cos2

1WsenCCcHF dla (4.1)

Considerando uma velocidade do vento de 10 m/s e uma velocidade de rotação de 270 rpm, a

velocidade relativa é igual a 49 m/s, desprezando os efeitos de indução do escoamento. O valor

máximo associado à parcela dos coeficientes aerodinâmicos é de aproximadamente 0.8. Sabendo as

dimensões da pá é possível provar que a força aerodinâmica normal à superfície de uma pá atinge

um valor de aproximadamente 345N. A força centrífuga aplicada a uma pá cF pode ser estimada

através da equação (4.2):

RmF pc

2 (4.2)

Sendo pm a massa de uma pá, cujo valor é de aproximadamente 5kg. Sabendo o raio do rotor e

considerando uma velocidade de rotação máxima de 270 rpm, a força centrífuga aplicada a uma pá

tem um valor de aproximadamente 5000N. Isto significa que nas condições deste projeto as forças

centrífugas são no mínimo 14 superiores às forças aerodinâmicas na direcção perpendicular à corda

das pás. Por esta razão, o cálculo das tensões é feito considerando apenas a rotação máxima a que

o rotor pode estar sujeito. O programa utilizado no cálculo de tensões e frequências é o Solidworks

Simulation.

4.3.1 Método dos Elementos Finitos

No Simulation existem vários tipos de materiais disponíveis para a análise de estruturas. As ligas de

alumínio mais baratas são normalmente aquelas que pertencem à série 5000. A liga de Alumínio

5454-H111 é uma das poucas ligas de alumínio da série 5000 disponíveis no software Simulation, e é

também uma das mais resistentes dentro da mesma série, com uma tensão limite de cedência de 180

MPa. O fator de segurança recomendado é no mínimo 2. Esta liga possui boa resistência contra

efeitos corrosivos do meio ambiente e pode ser soldada sem grandes problemas [17]. Estas são as

razões pelas quais se seleccionou a liga 5454-H111 para constituir o material das pás, dos suportes e

dos aros.

O programa de elementos finitos permite construir uma malha de elementos finitos para proceder à

análise estrutural do rotor. Um parâmetro importante na construção da malha é escolha dos pontos

Jacobianos. A terminologia de pontos Jacobianos é utilizada pelo software Simulation. A escolha do

número de pontos Jacobianos é uma forma de determinar o grau de distorção dos elementos da

malha, ou seja quantos maior o número de pontos Jacobianos necessários para obter uma malha

funcional maior é o grau de distorção dos elementos dessa malha. No caso do grau de distorção ser

demasiado elevado o programa não permite terminar a construção da malha. Normalmente, a

escolha de uma malha mais refinada com maior número de elementos e mais pequenos é suficiente

para reduzir o número de pontos Jacobianos necessários. O programa de elementos finitos oferece

ao utilizador a hipótese de escolher 4, 16 ou 29 pontos Jacobianos; em alternativa pode definir os nós

dos próprios elementos como pontos de controlo. O programa de elementos finitos permite refinar a

Page 44: Turbinas Eólica

31

malha de um componente até um certo limite. A malha utilizada nos cálculos estruturais é a mais

refinada possível, para todas as versões estruturais analisadas.

4.3.2 Resultados Estruturais

As cinco primeiras versões remodeladas do rotor são bastante idênticas ao modelo inicial, sendo que

a diferença está nas dimensões dos vários componentes do rotor e na quantidade de material

utilizado em cada um desses componentes. O intuito das alterações feitas de uma versão para outra

é o de verificar se os valores da tensão máxima e da frequência do primeiro modo de vibração estão

de acordo com o critério referido na secção 4.3. A Tabela 4.3 indica quais as características

geométricas que foram alteradas:

Rotor Versão 1 Versão 2 Versão 3 Versão 4 Versão 5

Suportes

Altura 20mm 20mm 30mm 30mm 30mm

Espessura 4mm

Aros

Altura 10mm 10mm 10mm 10mm 20mm

Espessura 2mm

Tabela 4.3 – Modificações efetuadas nas versões estruturais com aros metálicos

Nestas cinco primeiras versões os suportes estão montados nas pás a cerca de um terço do

comprimento das mesmas, com o intuito de distribuir os esforços da forma mais uniforme possível.

As peças que constituem os aros metálicos são relativamente difíceis de fabricar. Tendo em conta

que estes componentes são dispensáveis, as próximas versões estruturais do rotor são desprovidas

de aros metálicos. No entanto, as pás perdem a fixação nas extremidades, o que pode contribuir para

diminuir a resistência estrutural do rotor. Por essa razão, os suportes passam a assumir uma posição

ligeiramente inclinada em relação à posição horizontal que tinham inicialmente. A figura 4.11 mostra o

aspeto que o rotor apresenta quando os suportes das pás estão inclinados:

Figura 4.11 – Aspeto de um rotor com os suportes inclinados

Page 45: Turbinas Eólica

32

A inclinação dos suportes não deve ser muito elevada, isto porque as pás podem sofrer grandes

deformações na zona entre os dois suportes no caso de estes terem uma inclinação

consideravelmente elevada. A Tabela 4.4 apresenta as características geométricas dos suportes

inclinados:

Rotor Versão 6 Versão 7 Versão 8

Suportes

Inclinação 100 15

0 10

0

Altura 10mm 10mm 20mm

Tabela 4.4 – Modificações efetuadas nas versões estruturais com suportes inclinados

Na última versão estrutural foram feitas algumas mudanças relativamente às anteriores, ou seja cada

uma das pás continua a ser sustentada por dois suportes, mas existem agora quatro pontos de

contato em vez de dois. Os suportes voltam à posição horizontal, no entanto o distanciamento entre

estes e as extremidades das pás deixa de ser um terço do comprimento das mesmas, em vez disso a

distância passa a ser um quarto do comprimento das pás e cada um dos suportes possuí agora dois

braços que formam com a pá na qual se encaixam um triângulo equilátero com cerca de 1 metro de

lado. O fato de existirem mais pontos de contato entre os suportes e as pás do que nas versões

estruturais anteriores faz com que o rotor seja muito mais robusto, e a forma em Y dos suportes

torna-os menos propícios a efeitos de ressonância. A figura 4.12 mostra o aspeto do rotor com

suportes em Y:

Figura 4.12 – Aspeto de um rotor com os suportes em Y

Quando um escoamento de ar atravessa o rotor, todos os componentes ficam sujeitos à passagem

desse escoamento, ou seja não só as pás mas também os suportes devem ser concebidos tendo em

conta o impacto que possam ter no desempenho aerodinâmico do rotor. As arestas dos suportes

podem muitas vezes ser responsáveis pela separação do escoamento de ar em torno destes, o que

Page 46: Turbinas Eólica

33

provoca um aumento da força de resistência aerodinâmica da estrutura. Por essa razão, os suportes

das pás são boleados nas arestas de forma a diminuir a tendência de separação do escoamento em

torno destes componentes.

O cálculo das tensões é feito através de um estudo estático, por esse motivo considera-se que a base

do rotor está encastrada e aplica-se uma rotação ao veio de valor igual à velocidade de rotação

máxima. Os modos de vibração são obtidos de forma a avaliar as deformações nas pás, nos suportes

e nos aros, uma vez que são os componentes mais leves. Por essa razão, impõe-se uma condição

que impede o veio de se deformar durante o estudo de frequências. Nas figuras 4.13 e 4.14

apresentam-se os valores das tensões e das frequências respetivamente, durante o processo

iterativo:

Figura 4.13 – Valor da tensão máxima de von-Mises para cada uma das versões estruturais

Figura 4.14 – Valor da frequência associada ao primeiro modo de vibração para cada uma das versões estruturais

Page 47: Turbinas Eólica

34

Ao observar os valores obtidos para a tensão máxima e frequência associada ao primeiro modo de

vibração para cada estrutura, verifica-se que a estrutura que apresenta melhores condições

estruturais é a que tem os suportes em forma de Y. No caso das outras soluções estruturais, pode

concluir-se que os rotores com estrutura idêntica à do modelo inicial possuem maior resistência aos

esforços estruturais do que as versões com suportes inclinados. No entanto, uma vez que os rotores

com suportes inclinados apresentam valores da frequência associada ao modo de vibração natural

mais elevados, pode dizer-se que os suportes inclinados diminuem a tendência para o rotor entrar em

ressonância.

Page 48: Turbinas Eólica

35

5 Conclusões e Estudos Futuros

Neste capítulo apresentam-se conclusões que se retiram do trabalho e dos valores obtidos, sendo

igualmente apresentadas propostas de trabalhos futuros.

5.1 Conclusões

Os valores dos coeficientes aerodinâmicos de um perfil alar sujeito a ângulos de ataque muito

elevados e números de Reynolds relativamente baixos, não são fáceis de calcular recorrendo apenas

a métodos computacionais. Por este motivo foi necessário utilizar valores dos coeficientes

aerodinâmicos existem na literatura, os quais foram obtidos utilizando métodos computacionais e

realizando ensaios experimentais para perfis NACA 00xx.

Os valores dos coeficientes de potência calculados pelo método MST estão bastante próximos dos

resultados experimentais que foram apresentados na secção 3.2, e através desses valores foi

possível determinar que a turbina desenvolvida deve apresentar um fator de bloqueamento igual a

0.1, uma vez que o valor máximo do coeficiente de potência calculado para este fator de

bloqueamento é mais elevado do que o valor máximo calculado para os outros fatores de

bloqueamento.

O cálculo das forças aerodinâmicas mostrou que nas condições de funcionamento do projeto, as

forças centrífugas são bastante mais elevadas do que as forças aerodinâmicas na direção

perpendicular à corda do perfil. Como tal a análise estrutural do rotor pode ser feita tendo em conta

apenas as forças centrífugas devido à rotação.

A análise estrutural do rotor mostrou que os aros metálicos permitem reduzir os esforços nas pás em

relação a outras estruturas que não os possuam. No entanto, os aros metálicos não representam uma

solução adequada para as TEEVs, uma vez que aumentam a tendência do rotor entrar em

ressonância. Isto acontece porque os aros são muitos finos, e se fossem mais grossos o peso do

rotor aumentava, o que não é desejável.

5.2 Estudos Futuros

Neste projeto foram elaboradas algumas propostas para trabalhos futuros com o intuito de

complementar o estudo sobre as TEEVs.

A primeira proposta prevê a realização de um ensaio experimental para determinar os coeficientes

aerodinâmicos de um arranjo de perfis multi-elementos. O intuito deste ensaio é obter valores

realistas dos coeficientes aerodinâmicos de um arranjo de perfis NACA 00xx, e proceder ao calculo

dos coeficientes de potência de uma turbina cujas pás se encontrem neste tipo de arranjo.

A segunda proposta tem como objectivo realizar um estudo de fadiga do rotor. Este estudo pode ser

realizado através do software Simulation, no entanto é necessário definir os pontos da curva S-N para

os diferentes materiais, pelo que se deve ter conhecimento do comportamento mecânico dos

materiais utilizados.

Page 49: Turbinas Eólica

36

A última proposta está relacionada com uma ideia que surgiu durante a execução do projeto. Quando

a distância entre os dois perfis de um arranjo multi-elementos se torna muito grande as pás deixam

de estar num arranjo multi-elementos, em vez disso a turbina passa a ter um rotor que é constituído

por dois rotores, um dentro do outro. Isto pode contribuir para aumentar o desempenho aerodinâmico

de uma TEEV, uma vez que conta com o binário produzido por dois rotores. A elaboração de um

modelo de cálculo teórico que permita obter os valores dos coeficientes de potência deste tipo de

estrutura pode constituir um projeto interessante. O objetivo é concluir se os valores dos coeficientes

de potência do rotor duplo chegam a superar os valores dos mesmos coeficientes para o caso de um

rotor simples. Tendo em conta que o rotor externo pode causar alguma interferência no escoamento

antes de este atravessar o rotor interno, é possível que os valores dos coeficientes de potência sejam

um pouco inferiores à soma dos valores dos coeficientes obtidos para os rotores em separado com os

respetivos fatores de bloqueamento.

Page 50: Turbinas Eólica

37

6 Referências Bibliográficas

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[2] http://www.ivt.ntnu.no/offshore2/?page_id=394 (última consulta em Maio de 2012)

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[4] Mertens, Sander; Wind Energy in the built environment, Multi-Science, 2006

[5] http://en.wikipedia.org/wiki/Wind_turbine (última consulta em Maio de 2012)

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[7] André, Jorge CS; Gouveia, Maria do Rosário; Costa, Eduardo; Pinto, João Paulo; Vaz,

Gilberto; Rosendo Lopes, Daniela; Gonçalves, Maria Goreti; Marques Cardoso, António João;

Projeto TEEVU-Estudo Económico, Universidade de Coimbra, comunicação particular,

24/07/2010

[8] www.wholesalesolar.com/pdf.folder/.../WindterraECO1200Manual.pdf (última consulta em

Maio de 2012)

[9] http://oneplusplus.com/AeroDynamic2/WindTech.html (última consulta em Maio de 2012)

[10] http://www.archiexpo.com/architecture-design-manufacturer/helical-wind-turbine-

3859.html (última consulta em Maio de 2012)

[11] http://www.ertec.pt/microgeracao.html (última consulta em Maio de 2012)

[12] Sheldahi, Robert E.; Aerodynamic Characteristics of Seven Symmetrical Airfoil Sections

through 180-Degree Angle of Attack for Use in Aerodynamic Analysis of Vertical Axis Wind

Turbines, SAND80-2114, March 1981

[13] Paraschivoiu, Ion; Double-Multiple Streamtube Model for Darrieus Wind Turbines, Institut

de Recherche d’Hydro Québec, JOL 2P0

[14] Spera, David – Editor, Wind Turbine Technology: Fundamental Concepts of Wind Turbine

Engineering, ASME Press, New York, USA, 2009

[15] http://www.mh-aerotools.de/airfoils/javafoil.htm (última consulta em Maio de 2012)

[16] http://www.setnrgh2o.com/PDF/Windspire%20Owner%20Manual_v1%2018.pdf (última

consulta em Maio de 2012)

[17] http://www.durbinmetals.co.uk/datasheets/Aluminium-Alloy_5454-H0~H111_238.asmx

(última consulta em Maio de 2012)

[18] Brederode, Vasco de; Fundamentos de aerodinâmica incompressível; Edição do autor;

1997

[19] White, Frank M; Mecânica dos Fluidos, McGraw-Hill, 1999

Page 51: Turbinas Eólica

38

[20] Blackwell, B.F., Sheldahl, Robert E., Feltz, Louis V.; Wind Tunnel Performance Data for

Darrieus Wind Turbine with NACA0012 blades, SAND76-0130, March 1977

[21] Lobitz, D. W.; Aeroelastic Effects in the Structural Dynamic Analysis of Vertical Axis Wind

Turbines, SAND85-0957, April 1986

Page 52: Turbinas Eólica

I

Anexos

Nesta secção apresentam-se imagens dos diagramas de tensões e primeiros modos de vibração

natural das várias estruturas do rotor analisadas.

Figura A.0.1 – Diagrama das Tensões de von Mises na primeira versão estrutural do rotor

Figura A.0.2 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 1ª versão estrutural do rotor

Page 53: Turbinas Eólica

II

Figura A.0.3 – Diagrama das Tensões de von Mises na segunda versão estrutural do rotor

Figura A.0.4 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 2ª versão estrutural do rotor

Page 54: Turbinas Eólica

III

Figura A.0.5 – Diagrama das Tensões de von Mises na terceira versão estrutural do rotor

Figura A.0.6 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 3ª versão estrutural do rotor

Page 55: Turbinas Eólica

IV

Figura A.0.7 – Diagrama das Tensões de von Mises na quarta versão estrutural do rotor

Figura A.0.8 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 4ª versão estrutural do rotor

Page 56: Turbinas Eólica

V

Figura A.0.9 – Diagrama das Tensões de von Mises na quinta versão estrutural do rotor

Figura A.0.10 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 5ª versão estrutural do rotor

Page 57: Turbinas Eólica

VI

Figura A.0.11 – Diagrama das Tensões de von Mises na sexta versão estrutural do rotor

Figura A.0.12 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 6ª versão estrutural do rotor

Page 58: Turbinas Eólica

VII

Figura A.0.13 – Diagrama das Tensões de von Mises na sétima versão estrutural do rotor

Figura A.0.14 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 7ª versão estrutural do rotor

Page 59: Turbinas Eólica

VIII

Figura A.0.15 – Diagrama das Tensões de von Mises na oitava versão estrutural do rotor

Figura A.0.16 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 8ª versão estrutural do rotor

Page 60: Turbinas Eólica

IX

Figura A.0.17 – Diagrama das Tensões de von Mises na nona versão estrutural do rotor

Figura A.0.18 – Aspeto do primeiro modo de vibração natural da 9ª versão estrutural do rotor

Page 61: Turbinas Eólica

X

As figuras seguintes mostram algumas simulações do escoamento em torno de perfis alares isolados

e arranjos multi-elementos, executadas no programa Javafoil.

Figura A.0.19 – Escoamento em torno de perfil isolado para um ângulo de ataque 50 e Re 50000

Figura A.0.20 – Escoamento em torno de um perfil isolado para um ângulo de ataque 150 e Re

50000

Page 62: Turbinas Eólica

XI

Figura A.0.21 – Escoamento em torno de um arranjo multi-elementos para um ângulo de ataque 5

0 e Re 50000

Figura A.0.22 – Escoamento em torno de um arranjo multi-elementos para um ângulo de ataque 15

0 e Re 50000