turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ TURBINA EÓLICA PARA UTILIZAÇÃO EM FAZENDAS NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL Cristiana Socci Vianna Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Armando Carlos de Pina Filho RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL ABRIL DE 2016

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Page 1: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

TURBINA EÓLICA PARA UTILIZAÇÃO EM FAZENDAS NA REGIÃO

NORDESTE DO BRASIL

Cristiana Socci Vianna

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Armando Carlos de Pina Filho

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2016

Page 2: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

TURBINA EÓLICA PARA UTILIZAÇÃO EM FAZENDAS NA REGIÃO

NORDESTE DO BRASIL

Cristiana Socci Vianna

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

_______________________________________________

Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc. (Orientador)

_______________________________________________

Prof. Reinaldo de Falco, Eng.

_______________________________________________

Prof. Jules Ghislain Slama, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2016

Page 3: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

i

Vianna, Cristiana Socci

Turbina eólica para utilização em fazendas na região

nordeste do Brasil / Cristiana Socci Vianna – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

VII, 51 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Mecânica, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 47-51.

1. Introdução. 2. Turbinas Eólicas. 3. Análise da Planilha.

4. Estudos de Caso. 5. Conclusões. 6. Sugestões para futuros

trabalhos. I. de Pina Filho, Armando Carlos. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Graduação em

Engenharia Mecânica. III. Turbina eólica para utilização em

fazendas na região nordeste do Brasil.

Page 4: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

ii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

TURBINA EÓLICA PARA UTILIZAÇÃO EM FAZENDAS NA REGIÃO

NORDESTE DO BRASIL

Cristiana Socci Vianna

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho tem como objetivo o projeto de uma turbina eólica a fim de suprir a

demanda elétrica de uma fazenda leiteira selecionada na região nordeste do Brasil. A

análise teórica leva em consideração fatores como velocidade do vento, forças atuantes

nos componentes da turbina, seleção de materiais que suportem os esforços envolvidos e

obtenção da geração de energia demandada. De modo a projetar uma turbina que

atendesse às exigências práticas do problema, foram considerados equipamentos de

empresas com histórico positivo nesta aplicação, largamente utilizados em turbinas

eólicas no mundo todo. O projeto conta ainda com o desenho esquemático da turbina

eólica, criado no programa Solidworks, bem como seus componentes principais.

Proporcionando assim, o projeto básico de uma turbina que atendesse aos requisitos da

situação inicial de geração de energia para a fazenda leiteira.

Palavras-chave: turbina eólica, energia renovável, projeto mecânico.

Page 5: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

iii

Undergraduate Project Abstract presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of the

requirements to obtain the degree of Mechanical Engineer.

WIND TURBINE FOR FARMS IN NORTHEAST REGION OF BRAZIL

Cristiana Socci Vianna

Advisor: Armando Carlos de Pina Filho

Course: Mechanical Engineering

This paper aims to design a wind turbine to meet the electricity demand of a dairy

farm selected in the northeast region of Brazil. Theoretical analysis takes into account

factors such as wind speed, actuating forces on the turbine components, materials

selection to support the efforts involved and obtaining the generation of energy required.

In order to design a turbine that would meet the practical requirements of the problem

were considered equipment companies with a positive track record, widely used in wind

turbines worldwide. The project also includes the schematic design of the wind turbine

and its main components in Solidworks program. Thus providing the basic design of a

turbine that meets the requirements of the initial situation of power generation for the

dairy farm.

Keywords: wind turbine, renewable energy, mechanical design.

Page 6: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

iv

Sumário

1. Introdução.................................................................................................................. 1

1.1 Crise energética no Brasil ....................................................................................... 1

1.2 Por que energia eólica? ........................................................................................... 3

1.3 Energia eólica no Brasil .......................................................................................... 4

1.4 Objetivos do projeto ............................................................................................... 7

1.5 Organização dos capítulos ...................................................................................... 7

2. Turbinas eólicas......................................................................................................... 8

2.1 Turbinas de eixo horizontal .................................................................................... 9

3. Projeto da turbina eólica .......................................................................................... 14

3.1 Dados do projeto ................................................................................................... 14

3.2 Cálculo da potência ............................................................................................... 15

3.3 Velocidade rotacional do rotor ............................................................................. 21

3.4 Dimensionamento das pás .................................................................................... 21

3.5 Força axial e torque atuantes no rotor ................................................................... 23

3.6 Detalhamento das pás ........................................................................................... 25

3.7 Cubo ...................................................................................................................... 30

3.8 Eixo de baixa ........................................................................................................ 31

3.8.1 Dimensionamento das seções do eixo de baixa ........................................... 31

3.8.2 Rolamento do eixo de baixa ......................................................................... 34

3.8.3 Chaveta do eixo de baixa ............................................................................. 36

3.9 Motor elétrico e caixa de engrenagens ................................................................. 38

3.10 Nacele ................................................................................................................. 40

3.10.1 Rolamento da nacele .................................................................................. 31

3.11 Torre de sustentação ........................................................................................... 43

Page 7: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

v

3.12 Desenho técnico da turbina................................................................................. 45

4. Conclusão ................................................................................................................ 46

4.1 Sugestões para trabalhos futuros .......................................................................... 46

5. Referências ................................................................................................................. 48

Page 8: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

vi

Lista de Figuras

Figura 1 – Energia armazenada no Sistema Interligado Nacional [44] ............................ 2

Figura 2 – Bandeiras Tarifárias Mensais por Região do Brasil [1] .................................. 3

Figura 3 – Complementaridade entre a geração hidrelétrica e eólica [45] ....................... 5

Figura 4 – Os 10 países com maior capacidade eólica e instalada de 2014 [20] .............. 6

Figura 5 – Exemplos de Turbinas eólicas com eixo vertical e horizontal [22] ................ 9

Figura 6 – Exemplo de turbina eólica downwind e upwind [15] ................................... 10

Figura 7 – Ilustração dos sistemas componentes de uma turbina eólica [15]................. 13

Figura 8 – Atlas eólico do nordeste [33] ........................................................................ 14

Figura 9 – Ilustração do movimento do ar por uma área delimitada [10] ...................... 15

Figura 10 – Exemplo do escoamento do ar através de uma turbina eólica [10] ............. 16

Figura 11 – Ilustração dos pontos a serem considerados para o uso da equação de

Bernoulli [10] ................................................................................................................. 17

Figura 12 – Gráfico para encontrar o coeficiente de potência [46] ................................ 20

Figura 13 – Aerofólio NREL S-818 [47]........................................................................ 21

Figura 14 –Gráfico para encontrar a solidez [48] ........................................................... 22

Figura 15 – Cd/α [41] ..................................................................................................... 23

Figura 16 – Cd/α [41] ..................................................................................................... 24

Figura 17 – Projeto da Pá no Solidworks ....................................................................... 26

Figura 18 – Peso distribuído da pá ................................................................................. 26

Figura 19 – Diagrama de esforço solicitante .................................................................. 27

Figura 20 – Força normal atuante na pá ......................................................................... 28

Figura 21 – Diagrama de esforço solicitante .................................................................. 28

Figura 22 – Desenho do Cubo em Solidworks (vista isométrica e posterior) ................ 30

Figura 23 – Desenho do Eixo de Baixa em Solidworks ................................................. 31

Figura 24 – Seções do Eixo de Baixa ............................................................................. 31

Figura 25 – Dimensões do rolamento selecionado ......................................................... 35

Figura 26 – Folha de dados do rolamento selecionado .................................................. 35

Figura 27 – Forças atuantes no rolamento ...................................................................... 36

Figura 28 – Tabela para seleção da chaveta [39]............................................................ 37

Figura 29 – Motor WEG W22 IR4 Super Premium ....................................................... 39

Figura 30 – Especificações do motor selecionado.......................................................... 39

Page 9: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

vii

Figura 31 – Desenho da Nacele no Solidworks .............................................................. 40

Figura 32 – Indicação do rolamento da Nacele .............................................................. 41

Figura 33 – Forças atuantes no rolamento da nacele ...................................................... 41

Figura 34 – Folha de dados do rolamento selecionado para a nacele............................. 42

Figura 35 – Resultado da simulação para a vida do rolamento ...................................... 43

Page 10: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

1

1. Introdução

1.1 Crise energética no Brasil

A matriz energética do Brasil é baseada em hidroeletricidade, tendo essa uma

contribuição de aproximadamente 62,24% [1]. A opção brasileira pelo modelo

hidrelétrico se deve à existência de grandes rios de planalto, que são alimentados por

chuvas tropicais abundantes e constituem uma das maiores reservas de água doce do

mundo [2]. A geração dessa energia depende de níveis adequados de água nos

reservatórios do país, porém isso não é o que se tem observado ultimamente.

O Brasil vive hoje uma crise grave no setor elétrico. O professor da Universidade

Federal do Rio de Janeiro e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Adriano Pires,

afirma: “O Brasil passa pela pior crise energética da história” [3]. Nos meses de Janeiro,

Fevereiro e Março de 2015, os valores de afluências brutas a todos os subsistemas foram

inferiores à média de longo termo - MLT, com exceção do Sul. No subsistema Nordeste,

a afluência foi a pior para o mês de Janeiro e Fevereiro do histórico de 83 anos e a segunda

pior no mês de Março para o mesmo histórico. Nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste,

as afluências foram as piores para janeiro do histórico de 83 anos e o Norte registrou o

oitavo pior valor. Destaca-se que no mês de janeiro choveu apenas 25% do esperado para

o mês na bacia do rio São Francisco, 30% na bacia do rio Paranaíba, 35% na bacia do rio

Grande e 45% na bacia do rio Tocantins, aproximadamente [4] [5] [6]. Pode ser observado

a partir da figura 1 que o primeiro trimestre do ano de 2015 apresenta valores de energia

armazenada no sistema interligado nacional muito inferiores quando comparados aos

anos anteriores.

Page 11: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

2

Nesses três meses, foram verificados em média 16,4 MW médios de geração

térmica programada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS considerando

todas as razões de despacho, contribuindo para minimizar a redução dos estoques dos

reservatórios [4] [5] [6]. As usinas termoelétricas, que têm sido acionadas de forma

frequente devido à crise hídrica, é uma fonte de energia mais cara do que as hidrelétricas.

Isso gera um grande aumento no preço médio da energia no mercado. Em 2015, o governo

decidiu repassar tais custos para as distribuidoras e consumidores, causando impactos na

tarifa de energia elétrica.

Segundo a Thymos Energia e a PSR, o aumento das tarifas das distribuidoras nos

primeiros três meses do ano foi de 39%. Desse total, segundo as duas instituições, a maior

parte, de 23 pontos percentuais, é relativa à revisão tarifária extraordinária (RTE) das

distribuidoras, que entrou em vigor no início de março. O restante é referente à bandeira

tarifária. Como nos primeiros três meses do ano, a bandeira foi da cor “vermelha”, em

todas as regiões do país, o índice de repasse foi no patamar mais elevado, de R$ 3 para

cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos, nos dois primeiros meses do ano, e de R$

Figura 1 – Energia armazenada no Sistema Interligado Nacional [44]

Page 12: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

3

5,50 para cada 100 kWh consumidos, a partir de março, segundo a Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel) [7]. A figura 2 apresenta o histórico até março de 2015 da soma

do CMO (Custo Marginal de Operação) e do Encargo de Serviços do Sistema por

Segurança Energética - ESS_SE, por submercado na unidade de R$/MWh.

Figura 2 – Bandeiras Tarifárias Mensais por Região do Brasil [1]

1.2 Por que energia eólica?

Em meio à crise energética no país, discutida anteriormente, tende-se a pensar em

alternativas para que no futuro outra crise possa ser evitada. Investir em outras fontes de

energia para diversificar a matriz energética e ser menos dependente das hidrelétricas é

uma medida importante a ser tomada. Dentre as várias opções, a energia eólica se mostra

com um ótimo potencial a ser explorado.

A energia eólica é uma fonte limpa, renovável e abundante. Nenhum combustível

fóssil é utilizado para gerar eletricidade, não emite gases poluentes nem gera resíduos,

assim ajudando a diminuir a emissão de gases de efeito estufa [8] [9]. Uma turbina eólica

de 600kW, por exemplo, evita a emissão de 1200 toneladas de dióxido de carbono na

Page 13: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

4

atmosfera por ano [10]. Só no Brasil, a produção de energia eólica já evita emissões de

11.629.536 toneladas de dióxido de carbono por ano [11].

Hoje a energia eólica é reconhecida mundialmente como uma alternativa

privilegiada para a geração de energia elétrica, e uma das fontes de energia mais barata e

que mais cresce no mundo, a uma taxa de 28,6% ao ano [12] [13]. Devido aos avanços

tecnológicos e de projeto na produção e instalação da turbina, o custo da energia eólica

em escala pública foi reduzido drasticamente nas últimas duas décadas. No início dos

anos 80, a energia eólica custava cerca de US$ 0,30 por kWh. Já em 2006, a energia eólica

custava de US$ 0,03 a 0,05 por kWh nas áreas de vento abundante [14]. O preço da

eletricidade gerada por usinas eólicas bem situadas é competitivo com o preço da

eletricidade proveniente de novas instalações de combustíveis fósseis. Além disso, não é

suscetível a aumentos de preços de combustível ou rupturas de abastecimento [9]. A

tendência é que a energia eólica continue a se desenvolver e consequentemente seus

custos continuem reduzindo [13].

No que se refere ao uso da terra, esse tipo de geração de energia utiliza um espaço

relativamente pequeno. Para obter a mesma produção anual de energia de uma turbina

eólica de 600kW, células fotovoltaicas ocupariam 400 vezes a área de terra e uma planta

típica de biocombustíveis ocuparia 40.000 vezes a área [10]. Além disso, os parques

eólicos são compatíveis com outros usos e utilizações do terreno como a agricultura e a

criação de gado [15]. Adicionalmente, turbinas eólicas podem ser instaladas em

localizações remotas, como montanhas, desertos e offshore [16].

1.3 Energia eólica no Brasil

No Brasil, a participação da energia eólica na geração de energia elétrica ainda é

pequena, sendo 4% da matriz energética brasileira [1]. Porém, apesar de ainda haver

divergências entre especialistas e instituições na estimativa do potencial eólico brasileiro,

vários estudos indicam valores extremamente consideráveis. Os diversos levantamentos

e estudos realizados e em andamento (locais, regionais e nacionais) têm dado suporte e

motivado a exploração comercial da energia eólica no País [17].

Essa fonte de energia foi impulsionada pelo governo federal a partir de 2002, por

meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), como forma

de diversificar a matriz energética. Por ser uma forma de energia renovável e de baixo

Page 14: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

5

custo, os parques eólicos cresceram rapidamente. Atualmente o país possui unidades nas

regiões Nordeste, Sudeste e Sul [2].

As aplicações mais favoráveis desta fonte energética no Brasil estão na integração

ao sistema interligado de grandes blocos de geração nos sítios de maior potencial. Em

certas regiões, como por exemplo, a região Nordeste, no vale do Rio São Francisco, pode

ser observada uma situação de conveniente complementariedade da geração eólica com

o regime hídrico, seja no período estacional ou na geração de ponta do sistema - ou seja,

o perfil de ventos observado no período seco do sistema elétrico brasileiro mostra maior

capacidade de geração de eletricidade justamente no momento em que a afluência

hidrológica nos reservatórios hidrelétricos se reduz, como pode ser observado na figura

3. Assim, a energia eólica se apresenta como uma interessante alternativa de

complementariedade no sistema elétrico nacional [18].

Figura 3 – Complementaridade entre a geração hidrelétrica e eólica [45]

Atualmente, existem 266 empreendimentos de fonte eólica em operação no Brasil,

114 em construção e 317 com construção não iniciada [19]. A capacidade de

aproveitamento de energia eólica instalada no país é de 6,56 GW [11]. Em 2014, o Brasil

Page 15: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

6

instalou 2,472 MW de capacidade se tornando líder no mercado de energia eólica da

América do Sul e sendo o país com a quarta maior capacidade instalada, entrando pela

primeira vez no top 10 de países com capacidade acumulada instalada do mundo, como

pode ser observado na figura 4 [20].

Figura 4 - Os 10 países com maior capacidade eólica e instalada de 2014 [20]

Com base nos contratos existentes, é esperada uma instalação de mais 12-13 GW nos

próximos 5 anos para o setor eólico brasileiro. Essa previsão é muito importante, tendo

em vista as secas recentes e a falta de confiabilidade associada as hidrelétricas, que são e

continuarão a ser a principal fonte de energia do país. Não obstante a crise econômica

atual e agitação política, o mercado eólico brasileiro parece sólido para o futuro próximo

[20].

Page 16: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

7

1.4 Objetivos do projeto

O objetivo principal deste trabalho é apresentar o desenvolvimento do projeto

básico de uma turbina eólica que atenda aos requisitos de uma fazenda leiteira na região

nordeste do Brasil.

O projeto inclui as análises de esforços, seleção de materiais e o dimensionamento

e seleção dos principais componentes mecânicos a serem utilizados e o desenho técnico

da turbina a ser fabricada.

1.5 Organização dos capítulos

Este trabalho foi divido em quatro capítulos, que consistem em: discutir a posição

da energia eólica no Brasil, explicar o funcionamento e tipos de turbinas eólicas, explicar

o desenvolvimento e seleção dos componentes do projeto da turbina eólica em questão,

analisar os resultados obtidos e dar sugestões para trabalhos futuros.

O capítulo introdutório faz uma análise do sistema energético do Brasil e aponta

a importância de se diversificar a matriz energética do país. O mesmo ainda demonstra

como a energia eólica pode ser aplicada a certas regiões gerando bons resultados.

O segundo capítulo mostra uma análise do funcionamento de uma turbina eólica,

suas variações e tipos de aplicação.

O terceiro capítulo é a base do projeto mecânico da turbina eólica a ser

desenvolvida. Nele estão presentes os cálculos teóricos para o dimensionamento dos

componentes mecânicos da turbina. É realizada a seleção de materiais bem como a análise

de esforços sobre os mesmos, afim de obter um fator de segurança aceitável para o projeto

mecânico.

O quarto e último capítulo apresenta a análise do projeto e conclui sobre seus

resultados, aplicações e funcionalidades, além de propor sugestões para próximos

trabalhos, de modo a agregar maiores detalhes e complexidade ao projeto já desenvolvido.

Page 17: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

8

2. Turbinas eólicas

Turbinas eólicas funcionam basicamente convertendo parte da energia cinética

dos ventos em energia mecânica que depois é transformada em energia elétrica. Existem

dois tipos de turbinas dependendo da posição do eixo do rotor, as de eixo vertical e as de

eixo horizontal.

As de eixo vertical podem ser movidas por forças de arrasto ou de sustentação

[21]. Os principais tipos de turbinas de eixo vertical são Darrieus, Savonius e turbina com

torre de vórtices [22]. A mais usada dentre essas é a Darrieus. A característica mais

atraente desse tipo de turbina é que tanto o gerador tanto os dispositivos de transmissão

são localizados no nível do solo. Além disso, elas são capazes de capturar o vento de

qualquer direção sem a necessidade de alterar a posição do rotor. Porém, esse tipo de

turbina tem uma captura de energia reduzida, pois o rotor intercepta ventos contendo

menos energia. Além disso, a manutenção não é tão simples, pois normalmente, requer

que o rotor seja retirado. Por esses motivos, o uso de turbinas de eixo vertical teve um

considerável declínio durante as últimas décadas [23].

As turbinas com rotor de eixo horizontal são as mais usadas atualmente, pois seu

rendimento aerodinâmico é superior aos de eixo vertical e estão menos expostas aos

esforços mecânicos, compensando seu maior custo. São predominantemente movidas por

forças de sustentação, ou seja, atuam perpendicularmente ao escoamento e devem possuir

mecanismos capazes de permitir que o disco varrido pelas pás esteja sempre em posição

perpendicular ao vento [21]. Para essas turbinas o rotor é localizado no topo de uma torre

onde os ventos possuem maior energia e são menos turbulentos [23]. A figura 5

exemplifica esses dois tipos de turbinas eólicas.

Page 18: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

9

.

Figura 5 - Exemplos de Turbinas eólicas com eixo vertical e horizontal [22]

2.1 Turbinas de eixo horizontal

Essas podem ser classificadas de acordo com diferentes parâmetros. Em relação

ao número de pás, podem ter de uma a mais de três pás. Rotores de 3 pás são os mais

comuns, pois constituem um bom compromisso entre coeficiente de potência, custo e

velocidade de rotação assim como um menor ruído [24]. Além disso, possuem uma

distribuição mais balanceada do peso sobre a área de varredura do rotor, desta forma são

dinamicamente mais estáveis [25].

Quanto à direção do vento, podem ser classificadas como upwind ou downwind.

Nas upwind o vento incide na área de varredura do rotor pela frente da turbina e nas

downwind, o vento incidi na área de varredura do rotor por trás da turbina eólica. A maior

parte das turbinas utilizadas atualmente são as upwind [26]. A sua principal vantagem

consiste em evitar o distúrbio causado pela torre no vento. Por sua vez, as turbinas

downwind podem dispensar o uso de um sistema para se orientarem com o fluxo do vento,

caso o seu rotor e nacele sejam projetados de modo a fazer o alinhamento de modo

passivo. Para grandes turbinas esta é uma vantagem algo duvidosa pois, para uma máxima

eficiência, o seu posicionamento tem de ser bastante preciso. Uma verdadeira vantagem

desta configuração é a maior flexibilidade com que se pode projetar o rotor. Assim reduz-

Eixo Vertical Eixo Horizontal

Page 19: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

10

se o seu peso e a nível estrutural consegue-se aliviar a torre de alguns esforços, quando o

conjunto é sujeito a elevadas velocidades do vento, por flexão das pás da turbina. O efeito

de sombra do vento criado pela torre é no entanto um aspeto negativo, pois provoca

flutuações de energia cada vez que o rotor passa por esta. Isto pode provocar na turbina

cargas de fadiga maiores do que as que acontecem na configuração upwind [49]. Tais

turbinas estão exemplificadas na figura 6.

Em relação à operação podem ser de velocidade constante ou variável. Nas de

velocidade constante, o gerador é diretamente conectado à rede elétrica e a frequência da

rede determina a rotação do gerador e, portanto a da turbina. Nas de velocidade variável,

a conexão ao sistema elétrico é feita por meio de uma conversora de frequência eletrônica,

formada por um conjunto retificador/inversor. Como a frequência produzida pelo gerador

depende de sua rotação, esta será variável em função da variação da rotação da turbina

eólica [27].

Quanto ao controle de potência, existem basicamente dois tipos, o controle de

passo e o controle de estol. Esse controle é necessário para garantir a confiabilidade e

segurança aos equipamentos, pois quando a velocidade do vento supera o valor da

velocidade nominal pode haver a sobrecarga do sistema e desgaste dos mesmos [28]. No

controle de passo, existe um sistema que gira as pás posicionando-as perpendicularmente

ao vento, diminuindo a estrutura aerodinâmica e a rotação do rotor. No controle de stol,

Turbina downwind Turbina upwind

Figura 6 - Exemplo de turbina eólica downwind e upwind [15]

Page 20: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

11

em altas velocidades de vento, há um desprendimento de fluxo de vento, no perfil

aerodinâmico, gerando vórtices e assim aumentando o arrasto e diminuindo a velocidade

angular ou rotação [29].

A turbina eólica é composta pelos seguintes componentes ilustrados na figura 7:

Torre: As torres são as estruturas responsáveis pela sustentação e posicionamento do

conjunto rotor–nacele a uma altura conveniente ao seu funcionamento. As torres podem

ser do tipo cônica ou treliçada e construídas a partir de diferentes materiais [30].

Rotor: É o componente que efetua a transformação da energia cinética dos ventos em

energia mecânica de rotação [21]. O rotor compreende basicamente as pás e o cubo onde

são fixadas [32].

Pás: As pás são perfis aerodinâmicos responsáveis pela interação com o vento,

convertendo parte de sua energia cinética em trabalho mecânico [33]. Podem ser feitas de

diversos materiais, como aço, alumínio, madeira, fibra de vidro e fibra de carbono [10].

Nacele: É a carcaça montada sobre a torre, onde se situam o gerador, a caixa de

engrenagens (quando utilizada), todo o sistema de controle, medição do vento e motores

para rotação do sistema para o melhor posicionamento em relação ao vento [33]. O

tamanho e o formato da nacele são variáveis de acordo com os componentes e sua

disposição em seu interior [30].

Caixa multiplicadora: Quando existente, possui a finalidade de transmitir a energia

mecânica entregue pelo eixo do rotor até o gerador. Localiza-se entre o rotor e o gerador,

de forma a adaptar a baixa rotação do rotor à velocidade de rotação mais elevada do

gerador [33]. No caso de aerogeradores sem caixa de engrenagem, o gerador utilizado é

o de polos salientes (ou multipolos) com o estator em forma de anel [30]

Gerador: Usa a energia rotacional para gerar eletricidade utilizando eletromagnetismo

[24]. Diferentes tipos de geradores podem ser usados. Dentre eles, gerador de indução

(assíncrono) com rotor de gaiola, gerador de indução com rotor ventilado, gerador de

indução duplamente excitado, gerador síncrono de excitatriz com ímãs permanentes,

gerador síncrono excitado eletricamente com enrolamento de campo [34].

Anemômetro: Mede a velocidade do vento e transmite para o controlador [35].

Eixo: Transfere a energia de rotação para o gerador [24].

Freio: O freio a disco pode ser mecânico, elétrico ou hidráulico, e é utilizado como um

sistema auxiliar parar a turbina em condições adversas de operação [35].

Page 21: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

12

Controlador: É utilizado para a partida e/ou desligamento da turbina, através do

monitoramento de todas as partes da turbina [35].

Medidor de direção do vento: Mede a direção do vento e comunica com o mecanismo

de orientação direcional [35].

Mecanismo de orientação direcional (Sistema de yaw): Tem a função de alinhar a

turbina com o vento [30].

Page 22: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

13

Figura 7 – Ilustração dos sistemas componentes de uma turbina eólica [15]

Page 23: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

14

3. Projeto da turbina eólica

3.1 Dados do projeto

Como já definido, a proposta desse trabalho é desenvolver um projeto de uma

turbina eólica capaz de produzir eletricidade suficiente para atender a demanda de uma

fazenda leiteira no nordeste do Brasil. Baseado em [40], estima-se a potência necessária

a ser entregue pela turbina de acordo com o número de vacas da fazenda. Será considerado

que a fazenda possui 800 vacas, sendo assim necessária uma potência elétrica para a

turbina de pouco mais de 90 kW. A turbina será uma turbina de eixo horizontal devido

ao fato de ser o tipo mais utilizado atualmente. A região escolhida para o projeto foi a

região nordeste em uma área de montanha com classe de energia 3. Logo a velocidade do

vento utilizada no projeto foi de 10 m/s, valor retirado da figura 8. O diâmetro do rotor

foi definido a partir de uma pesquisa sobre turbinas eólicas desse porte e de forma a

atender a potência demandada pela fazenda. Os outros parâmetros do projeto encontram-

se a seguir.

Figura 8 - Atlas eólico do nordeste [33]

Page 24: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

15

Velocidade do vento: 10 m/s

Diâmetro do rotor: 20 m

Altura da torre: 24 m

Número de pás: 3

3.2 Cálculo da potência

Uma turbina eólica não é capaz de capturar toda a energia contida no vento. Existe

um limite máximo para o aproveitamento dessa energia, em condições ideias, calculado

pelo físico alemão, Albert Betz. Betz calculou que a conversão máxima da energia do

vento em energia mecânica para a rotação do eixo do aerogerador é de aproximadamente

59,3 %. Esse limite ficou conhecido como limite de Betz. Para um melhor entendimento,

o limite de Betz será demonstrado a seguir.

Considerando que o ar se move a uma velocidade constante com uma densidade

ρ, sabe-se que sua vazão mássica (�̇�) é dada por:

�̇� = 𝜌. 𝐴. 𝑣

Onde 𝐴 é a área da passagem de ar e 𝑣, a velocidade do vento, como pode ser visto na

figura 9.

Figura 9 – Ilustração do movimento do ar por uma área delimitada [10]

Sabe-se também que a energia cinética (𝐸𝑐) contida nessa massa de ar pode ser

calculada por:

𝐸𝑐 = 1

2𝑚𝑣²

Onde 𝑚 é a massa de ar considerada.

Page 25: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

16

A potência (P) será a energia por unidade de tempo, que pode ser escrita da

seguinte maneira:

𝑃 = 1

2�̇�𝑣²

Substituindo �̇� na equação acima, tem-se a seguinte expressão para a potência

contida na massa de ar:

𝑃 = 1

2𝜌𝐴𝑣³

Para calcular a potência aproveitada pela turbina, assume-se o ar como um fluido

incompressível, em regime permanente, sem atrito e ausência de vórtices. Além disso,

considera-se um número infinito de pás, aproximando o rotor de um disco uniforme. A

figura 10 ilustra o escoamento do ar através de uma turbina eólica.

Figura 10 – Exemplo do escoamento do ar através de uma turbina eólica [10]

A montante, o ar possui velocidade v1 e passa por uma área A1 e a jusante

velocidade v4 e área A4. Considera-se que nesses dois locais (1 e 4), o ar encontra-se a

pressão atmosférica e que a velocidade logo antes da passagem pelas pás (v2) e logo após

a passagem pelas pás (v3) são iguais:

𝑝1 = 𝑝4 = 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝑒 𝑣2 = 𝑣3

Onde pn significa a pressão do ar na região n, patm a pressão atmosférica e vn a

velocidade do ar na região n.

Page 26: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

17

Pela lei da conservação de massa sabe-se que:

𝜌. 𝐴1. 𝑣1 = 𝜌. 𝐴2. 𝑣2 = 𝜌. 𝐴3. 𝑣3 = 𝜌. 𝐴4. 𝑣4 = �̇�

Onde 𝐴𝑛 significa a área da região n.

A força exercida pelo rotor sobre o vento (𝐹) pode ser calculada por:

𝐹 = 𝑚. 𝑎 = �̇�. 𝛥𝑣 = �̇�(𝑣1 − 𝑣4)

Figura 11 – Ilustração dos pontos a serem considerados para o uso da equação de Bernoulli [10]

Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos 1 e 2 e entre os pontos 3 e 4,

como indicado na figura 11, tem-se as seguintes expressões:

𝑝1 + 1

2𝜌𝑣1

2 = 𝑝2 + 1

2𝜌𝑣2

2

𝑝3 + 1

2𝜌𝑣3

2 = 𝑝4 + 1

2𝜌𝑣4

2

Assumindo 𝑝1 = 𝑝4 e 𝑣2 = 𝑣3 acha-se a seguinte equação:

𝑝2 − 𝑝3 = 1

2𝜌(𝑣1

2 − 𝑣42)

Sabe-se que:

𝐹 = 𝑝. 𝐴 = 𝐴2(𝑝2 − 𝑝3)

Substituindo 𝑝2 − 𝑝3 na equação acima, acha-se a seguinte expressão:

Page 27: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

18

𝐹 =1

2𝜌𝐴2(𝑣1

2 − 𝑣42)

Como:

𝐹 = �̇�(𝑣1 − 𝑣4)

Então:

1

2𝜌𝐴2(𝑣1

2 − 𝑣42) = �̇�(𝑣1 − 𝑣4)

Sabe-se que:

𝜌. 𝐴2. 𝑣2 = �̇�

Logo:

1

2𝜌𝐴2(𝑣1

2 − 𝑣42) = 𝜌. 𝐴2. 𝑣2

𝑣2 =𝑣1 + 𝑣4

2

Para o cálculo da potência, pode-se utilizar a seguinte expressão:

𝑃 = 𝐹. 𝑣2

𝑃 =1

2𝜌𝐴2(𝑣1

2 − 𝑣42). (

𝑣1 + 𝑣4

2)

Para achar o ponto de operação com máxima potência deve-se calcular 𝑑𝑃

𝑑𝑣4= 0

Resolvendo essa operação acham-se as seguintes relações:

𝑣4 =1

3𝑣1

𝑣2 =2

3𝑣1

Substituindo essas relações na expressão da potência, acha-se então a expressão

para a potência máxima (𝑃𝑚𝑎𝑥):

Page 28: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

19

𝑃𝑚𝑎𝑥 = 1

2𝜌𝐴2 (

𝑣1 +13 𝑣1

2) . (𝑣1

2 − (1

3𝑣1)

2

) =8

27𝜌𝐴𝑣1

3

Logo, a máxima eficiência (𝜂𝑚𝑎𝑥) pode ser achada:

𝜂𝑚𝑎𝑥 =𝑃𝑚𝑎𝑥

𝑃1=

827 𝜌𝐴𝑣1

3

12 𝜌𝐴𝑣1

3=

16

27= 59,3%

Porém, em todo processo de conversão de energia do vento em energia elétrica,

existem perdas associadas que devem ser consideradas. Assim, o coeficiente de potência,

que indica o aproveitamento da energia do vento em energia elétrica gerada pela turbina,

terá um valor diferente do limite de Betz. A fórmula para calcular a potência fornecida

pela turbina será então:

𝑃 = 1

2𝐶𝑝. 𝜌. 𝐴. 𝑣³

Onde 𝐶𝑝 significa coeficiente de potência que será menor que o coeficiente de

Betz, pois considera tais perdas.

Para se obter tal coeficiente, é preciso saber a razão de velocidade de ponta de pá

ou Tip Speed Ratio (𝜆). Esse parâmetro relaciona a velocidade da ponta da pá com a

velocidade do vento no ambiente e é de fundamental importância para o projeto. Se o

rotor da turbina rodar muito devagar, a maior parte do vento vai passar por esse sem

interagir com o mesmo, havendo um desperdício de energia. Por outro lado, se o rotor

rodar muito depressa, as pás atuarão quase como uma parede sólida sobre o vento,

oferecendo uma enorme resistência e também tendo um menor aproveitamento de

energia. Para turbinas horizontais contendo 3 pás, a razão de velocidade de ponta de pá

ótima é de aproximadamente 7 [36].

Tendo-se definido a razão de velocidade de ponta de pá, acha-se o coeficiente de

potência a partir do gráfico da figura 12.

Page 29: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

20

Figura 12 – Gráfico para encontrar o coeficiente de potência [46]

Pode-se observar pelo gráfico da figura 12 que o coeficiente de potência de uma

turbina com 3 pás e com razão de velocidades 7, é de aproximadamente 0,49. Tendo esse

coeficiente e considerando a densidade do ar como 1,2256 kg/m³ (ar em pressão

atmosférica e temperatura ambiente de 25°C), pode-se então calcular a potência gerada

por essa turbina.

𝑃 = 1

2𝐶𝑝. 𝜌. 𝐴. 𝑣³

𝑃 =1

20,49.1,2256. 𝜋. 102. 10³

𝑃 = 94333𝑊

𝑃 = 94 𝐾𝑊

Page 30: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

21

3.3 Velocidade rotacional do rotor

A velocidade rotacional do rotor (𝜆) pode ser calculada a partir de parâmetros já

definidos anteriormente, usando a seguinte fórmula:

𝜆 =𝜔𝑅

𝑣

7 =𝜔. 10

10

ω = 7 rad/s

ω = 67 rpm

Onde R é o raio do rotor.

3.4 Dimensionamento das pás

Para esse projeto, foi escolhido o aerofólio NREL S-818, ilustrado na figura 13,

por mostrar-se eficiente e amplamente utilizado em turbinas eólicas horizontais com 3

pás desse porte. Foi determinado para o projeto um diâmetro de cubo de 1m.

Figura 13 – Aerofólio NREL S-818 [47]

Para dimensionar as pás é necessário definir outro parâmetro, a solidez (𝜎). A

solidez é definida como a razão entre a área sólida das pás pela área formada pela rotação

das pás. A solidez pode ser determinada a partir da razão de velocidade usando-se o

gráfico da figura 14.

Page 31: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

22

Figura 14 – Gráfico para encontrar a solidez [48]

Logo, a partir do gráfico acha-se uma solidez de aproximadamente 5%. Tendo

esses parâmetros definidos, é possível então calcular a corda (c) através da seguinte

fórmula:

𝑐 = 𝜎. 𝜋𝑅2

𝑛(𝑅 − 𝑅𝑐𝑢𝑏𝑜)

𝑐 = 0.05. 𝜋102

3(10 − 0,5)

𝑐 = 0,55𝑚

Onde 𝑅𝑐𝑢𝑏𝑜 é o raio do cubo e n o número de pás.

Page 32: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

23

3.5 Força axial e torque atuantes no rotor

Para calcular a força axial e o torque atuantes no rotor, é necessário,

primeiramente, calcular o número de Reynolds (𝑅𝑒) do escoamento, da seguinte maneira:

𝑅𝑒 =𝑣 . 𝑐

𝜗=

10 . 0,55

1,5.10−5 = 366666,7

𝑅𝑒 ≌ 0,36 x 106

Onde 𝜗 é a viscosidade cinemática em m²/s.

Tendo-se definido o número de Reynolds e o aerofólio, utiliza-se a ferramenta airfoil

tools [41] para determinar o ângulo de ataque (α) a ser utilizado no projeto e os

coeficientes de arrasto e sustentação para tal ângulo. As figuras 15 e 16 representam os

gráficos obtidos para o coeficiente de arrasto (Cd) e coeficiente de sustentação (Cl).

Figura 15 – Cd/α [41]

Page 33: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

24

Figura 16 - Cd/α [41]

Baseado nos gráficos é escolhido um ângulo de ataque de 9,5º para o projeto, por

esse ser o ângulo com a melhor razão de sustentação por arrasto. Dessa maneira, têm-se

os coeficientes de sustentação e arrasto:

𝐶𝑙 = 1,5

𝐶𝑑 = 0,018

Outro parâmetro a ser determinado para possibilitar o cálculo de força e torque é

a velocidade relativa (W), calculada a seguir:

𝑊 = √𝑣2 + (𝜔𝑅)2

𝑊 = √102 + (7.10)2

𝑊 = 70,7 m/s

Além disso, é necessário saber o ângulo de escoamento (∅), que pode ser

determinado da seguinte maneira:

Page 34: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

25

∅ = tan−1 (𝑣

𝜔𝑅)

∅ = tan−1 (10

7.10)

∅ = 8,10

Com essas informações, calcula-se a força axial (𝐹𝑎) e o torque (T) atuantes no

rotor a partir das seguintes fórmulas:

𝐹𝑎 = 1

2. 𝜌. 𝑊2. 𝑐. 𝑛(𝐶𝑙. 𝑐𝑜𝑠∅ − 𝐶𝑑. 𝑠𝑒𝑛∅)(𝑅 − 𝑅𝑐𝑢𝑏𝑜)

𝐹𝑎 = 71180,3 N = 71,2 KN

𝑇 = 1

4. 𝜌. 𝑊2. 𝑐. 𝑛(𝐶𝑙. 𝑠𝑒𝑛∅ − 𝐶𝑑 . 𝑐𝑜𝑠∅)(𝑅2 − 𝑅𝑐𝑢𝑏𝑜

2)

𝑇 = 48783,8 𝑁.m = 48,8 KN.m

3.6 Detalhamento das pás

O material utilizado para as pás é o FRP (Fiberglass Reinforced Plastic),

amplamente utilizado em turbinas eólicas modernas. Sua escolha deve-se ao fato de ser

um material leve e resistente, relativamente fácil de fabricar em formas complexas e por

possuir uma excelente resistência à corrosão e à fadiga. Sua massa específica (µ) é 1800

kg/m³ [42] e seu limite de escoamento (𝑆𝑦) 4000 MPa.

De acordo com informações obtidas anteriormente, as pás foram projetadas no

programa Solidworks e seu volume (𝑉𝑜𝑙) foi achado através de tal programa como sendo

como 0,4 m³. A figura 17 ilustra a pá da turbina eólica.

Page 35: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

26

Figura 17 – Projeto da Pá no Solidworks

Com esses dados pode-se calcular a massa total de uma pá como:

Massa de uma pá = µ.𝑉𝑜𝑙 = 720 kg

µ = 1800 kg/m³

𝑉𝑜𝑙 = 0,4 m³

Logo, o peso de cada pá (P) será 7200 N. Com esses dados calcula-se o peso

distribuído (p) da pá, ilustrado na figura 18, da seguinte forma:

𝑝 =𝑃

𝑙=

720

9,5= 75,8 𝑁/𝑚

Onde l é o comprimento da pá em metros.

Figura 18 - Peso distribuído da pá

Page 36: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

27

Para calcular o momento fletor máximo (M) e o esforço cortante máximo (V)

devido ao peso e a força axial, aproxima-se a pá de uma barra com seção retangular com

mesmo volume. Suas dimensões são: 0,55m de largura e 0,077m de altura. O diagrama

de esforços está ilustrado na figura 19.

Figura 19 - Diagrama de esforço solicitante

Momento fletor máximo devido ao peso (𝑀𝑝):

𝑀𝑝 =𝑝 .𝑙²

2=

75,8 𝑋 9,5²

2= 3420,5 N.m

Esforço cortante máximo devido ao peso (𝑉𝑝):

𝑉𝑝 =𝑝 . 𝑙

2=

75,8 𝑋 9,5

2= 360,5 𝑁

Page 37: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

28

Os mesmos cálculos serão feitos para a força axial (figura 20) com diagrama de

esforços ilustrado na figura 21:

Figura 20 - Força normal atuante na pá

Figura 21 - Diagrama de esforço solicitante

Momento fletor máximo devido a força axial (𝑀𝐹𝑎):

𝑀𝐹𝑎=

𝐹𝑎

3. 𝑙 =

71180,3

3. 9,5 = 225404,3 N.m = 225,4 KN.m

Esforço cortante máximo devido a força axial (𝑉𝐹𝑎):

𝑉𝐹𝑎=

𝐹𝑎

3=

71180,3

3= 23726,8 𝑁 = 23,7 KN

𝐹𝑎

3

Page 38: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

29

A partir desses dados pode-se calcular a tensão normal máxima (σ) e a tensão

cisalhante máxima (𝜏) utilizando as seguintes fórmulas:

𝜎 =𝑀𝑦

𝐼

Onde 𝑦 é a distância da linha neutra até a extremidade em metros e 𝐼 o momento

de inércia em 𝑚4:

𝑦 =0,077

2= 0,0385 𝑚

𝐼 =𝑏.ℎ³

12 = 2,09 . 10−5 𝑚4

A tensão normal máxima (σ) será a soma da tensão normal devido ao peso (𝜎𝑝) e

da tensão normal devido à força axial (𝜎𝐹𝑎):

σ = 𝜎𝑝 + 𝜎𝐹𝑎=

3420,5 . 0,0385

2,09 . 10−5+

225,4 . 103. 0,0385

2,09 . 10−5= 415,8 𝑀𝑃𝑎

A tensão cisalhante máxima (𝜏) pode ser calculada a partir da seguinte fórmula:

𝜏 = 1,5𝑉

𝐴

Onde A significa área da seção transversal em metros.

Da mesma forma que a tensão normal máxima (σ), a tensão cisalhante máxima

será a soma da tensão cisalhante devido ao peso (𝜏𝑝) e da tensão cisalhante devido à força

axial (𝜏𝐹𝑎):

𝜏𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜏𝑝 + 𝜏𝐹𝑎 = 1,5360,5

0,55∗0,077+ 1,5

23,7.103

0,55∗0,077= 13,6 𝐾𝑃𝑎

Tendo esses dados calculados, pode-se então achar a tensão de Von Mises da

seguinte maneira:

𝜎𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠 = √𝜎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙2 + 3𝜏𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

2

Page 39: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

30

𝜎𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠 = 415,8 𝑀𝑃𝑎

E o fator de segurança (FS) é calculado por:

FS = 𝑆𝑦

𝜎𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠=

4000

415,8= 9,6

Logo, a pá projetada resistirá às condições de operação as quais ela será

submetida.

3.7 Cubo

O cubo é o item responsável pela fixação das pás ao eixo de baixa rotação e está

ilustrado na figura 22. O material selecionado para sua fabricação é a liga de alumínio da

ALCOA 7075, devido a sua resistência mecânica, boa usinabilidade e baixo peso.

A fixação das pás ao cubo será feita através de parafusos sextavados DIN 931

M48 com comprimento de 260 mm do fabricante Razemfix parafusos. O eixo, por sua

vez, será fixado ao cubo por meio de um rasgo de chaveta, conforme pode ser visto na

vista posterior da figura 22. O formato do mesmo foi projetado de modo a ser uma

estrutura aerodinâmica, robusta e economizar material. Seu peso foi calculado pelo

programa Solidworks e é de aproximadamente 2300 N.

Figura 22 – Desenho do Cubo em Solidworks (vista isométrica e posterior)

Page 40: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

31

3.8 Eixo de baixa

O eixo é a estrutura responsável por transmitir a energia cinética das pás para o

variador de velocidades. Tal componente da turbina eólica está ilustrado na figura 23. De

modo a evitar a sobrecarga de forças sobre o variador de velocidades, o eixo e seus

rolamentos atuam como neutralizadores de forças externas que possam agir sobre o

sistema. Para o estudo considerado as forças atuantes são a força normal e o peso do

sistema. O material escolhido para o eixo foi o aço SAE 4340. Seu limite de escoamento

(Sy) é 1590 Mpa e seu limite de resistência à tração 1720 Mpa.

Figura 23 - Desenho do Eixo de Baixa em Solidworks

3.8.1 Dimensionamento das seções do eixo de baixa

A figura 24 representa o eixo a ser considerado e suas seções a serem

dimensionadas.

Figura 24 - Seções do Eixo de Baixa

Page 41: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

32

Onde:

𝑙1 = Comprimento do eixo em contato com o cubo. Foi determinado que esse

comprimento será 70% do comprimento do cubo, o que significa que terá 7 cm.

𝑙2 = Comprimento do eixo que se encontra livre dentro do cubo. Essa seção terá

16 cm.

𝑙3 = Comprimento do eixo apoiado no mancal. Seu valor é 6,5 cm, conforme será

explicado posteriormente.

𝑙4 = Comprimento do eixo que se encontra entre os dois mancais de apoio. Foi

determinado que essa seção será quatro vezes maior que a seção 𝑙1, logo seu comprimento

é 28 cm.

De acordo com [38], a seção mais solicitada do eixo será a seção 2 e por esse

motivo, essa será dimensionada primeiro. As forças que atuam no sistema são a força

axial e o peso do rotor (𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟), que será o peso das três pás mais o peso do cubo (obtido

pelo Solidworks).

𝐹𝑎 = 71,2 𝐾𝑁

𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = 𝑃𝑝á𝑠 + 𝑃𝑐𝑢𝑏𝑜 = 3 . 7200 + 2300 = 23,9 KN

Para estimar o diâmetro mínimo da seção utiliza-se a seguinte fórmula:

𝑑 = √32. 𝐹𝑆

𝜋. 𝑆𝑦

√𝑀2 +3

4𝑇²

Onde CS é o fator de segurança que será selecionado como 2 [38], Sy o limite de

escoamento do material usado no eixo, M o momento fletor máximo e T o torque já

calculado anteriormente.

O momento fletor máximo pode ser achado da seguinte forma:

𝑀 = 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑥 𝑙𝑠1 = 1673 N.m

Page 42: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

33

Com essa estimativa obtêm-se um diâmetro de 9 cm. Esse diâmetro será

inicialmente usado para o cálculo do limite de resistência à fadiga para vida infinita do

material conforme fórmula a seguir [39].

𝑆𝑒 = 𝑆𝑒′ . 𝑘𝑎. 𝑘𝑏 . 𝑘𝑐. 𝑘𝑑. 𝑘𝑒

Onde 𝑆𝑒′ =

𝑆𝑢𝑡

2= 860 𝑀𝑃𝑎

Para o fator de acabamento superficial (𝑘𝑎), considerando uma superfície usinada,

utiliza-se a seguinte fórmula [39]:

𝑘𝑎 = 𝑎 𝑆𝑢𝑡𝑏 = 4,51 𝑆𝑢𝑡

−0,265 = 0,893

Para o fator de tamanho (𝑘𝑏), usa-se a seguinte fórmula [39]:

𝑘𝑏 = 1,51𝑑−0,157 = 0,745

Para o fator de carregamento (𝑘𝑐), considera-se flexão e dessa maneira obtêm-se

[39]:

𝑘𝑐 = 1

Para o fator de temperatura (𝑘𝑑), é considerada temperatura ambiente e dessa

maneira acha-se [39]:

𝑘𝑑 = 1

Para o fator de confiabilidade (𝑘𝑑) é considerada uma confiabilidade de 99% e

dessa forma, seu valor é [39]:

𝑘𝑒 = 0,814

Tendo todos esses parâmetros definidos, pode-se então achar o limite de

resistência à fadiga:

𝑆𝑒 = 860 𝑥 0,893 𝑥 0,745 𝑥 1 𝑥 1 𝑥 0,814

𝑆𝑒 = 465,7 𝑀𝑝𝑎

Page 43: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

34

A partir desses valores e usando o critério de Soderberg como critério de

dimensionamento, visto que o eixo está sob carregamento dinâmico, serão feitas iterações

para se achar o diâmetro mínimo. O critério de Soderberg diz que:

𝑑 = √32 . 𝐹𝑆

𝜋√(

𝑀

𝑆𝑒)

2

+ (𝑇

𝑆𝑦)

2

Considerando o mesmo fator de segurança de 2 e fazendo as iterações, observa-se

que o resultado para o diâmetro mínimo de eixo converge para 8,57cm. Para esse

diâmetro, acha-se 𝑘𝑏 = 0,751 e 𝑆𝑒 = 469,5 𝑀𝑝𝑎. Visando um maior tempo de vida

para o rolamento do eixo de baixa, escolhe-se o diâmetro para as seções 1, 2 e 3 de 18

cm. O diâmetro da seção 4 foi escolhido de acordo com especificações do fabricante do

rolamento selecionado e detalhado na Seção 3.8.2. O diâmetro mínimo dessa seção

segundo o fabricante é de 19,7 cm, logo foi determinado um diâmetro de 22 cm para seção

4 do eixo.

3.8.2 Rolamento do eixo de baixa

O eixo de baixa será apoiado em dois mancais idênticos com os mesmos

rolamentos. O mancal será apoiado na seção 3 do eixo, como dito anteriormente. O

rolamento foi escolhido de acordo com recomendações do fabricante SKF para uso em

turbinas eólicas. O rolamento escolhido foi o 6336/HC5C3PS0VA970, que é um

rolamento rígido de esferas híbrido com uma carreira. Suas especificações estão

detalhadas nas figuras 25 e 26.

Page 44: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

35

Figura 25 – Dimensões do rolamento selecionado

Figura 26 – Folha de dados do rolamento selecionado

Page 45: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

36

As forças que atuam no rolamento estão ilustradas na figura 27.

Figura 27 - Forças atuantes no rolamento

A partir dessas forças e utilizando uma simulação computacional disponível no

próprio site do fabricante SKF [43], pode-se achar a vida do rolamento. O resultado obtido

foi de 81800 horas, equivalente a aproximadamente 9 anos.

3.8.3 Chaveta do eixo de baixa

O acoplamento do cubo com o eixo de baixa será feito através de uma chaveta

paralela. A chaveta é o elemento responsável pela transmissão do torque do cubo para o

eixo de baixa. Seu dimensionamento foi feito de acordo com a norma DIN 6885. O

material escolhido para tal componente foi o aço SAE 4340 e seu limite de escoamento

encontra-se abaixo:

𝑆𝑦 = 1590 𝑀𝑝𝑎

Como citado anteriormente, o diâmetro do eixo o qual a chaveta será fixada é de

18 cm. De acordo com a figura 28, podem-se extrair as dimensões recomendadas para

essa, como demonstrado a seguir.

𝑃

𝐹𝑎

Page 46: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

37

Figura 28 – Tabela para seleção da chaveta [39]

Diâmetro do eixo (d) = 18 cm

Largura da chaveta (b) = 45 mm = 4,5 cm

Altura da chaveta (h) = 25 mm = 2,5 cm

Altura do rasgo (t) = 10,5

Comprimento da chaveta (l) = 60 mm = 6 cm

Calcula-se a seguir a resistência ao escoamento por cisalhamento da seguinte

forma:

𝑆𝑠𝑦 = 0,577. 𝑆𝑦 = 917,43 𝑀𝑝𝑎

Para calcular as tensões de cisalhamento e de compressão na chaveta, é necessário

achar primeiro a força tangencial. A força tangencial (𝐹𝑡) pode ser calculada da seguinte

maneira:

𝐹𝑡 =𝑇

𝑅= 542,2 𝐾𝑁

Page 47: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

38

Logo, a tensão de cisalhamento (τ) será:

τ =𝐹𝑡

𝑏. 𝑙= 241 𝑀𝑝𝑎

E a tensão de compressão (σ):

σ =𝐹𝑡

𝑙. 𝑡= 1153,7 𝑀𝑝𝑎

Tendo esses valores determinados, calcula-se os fatores de segurança para o

cisalhamento e para compressão como demonstrado a seguir:

𝐹𝑆𝑐𝑖𝑠𝑎𝑙ℎ𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =𝑆𝑠𝑦

τ= 4,7

𝐹𝑆𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 =𝑆𝑠𝑦

σ= 1,7

3.9 Gerador elétrico e caixa de engrenagens

O gerador elétrico tem por função transformar a energia rotacional do eixo movido

pelo movimento das pás em energia elétrica. A seleção do gerador foi feita de modo a

obter uma potência nominal próxima a de projeto. Desse modo, o equipamento escolhido

foi o motor da WEG W22 IR4 Super Premium que será utilizado como gerador para o

presente projeto. A ilustração do motor no Solidworks pode ser observada na figura 29 e

suas especificações na figura 30.

A rotação do eixo de baixa é de apenas 67 rpm, de maneira que é necessária uma

caixa de engrenagens afim de atingir a velocidade de rotação de 1190 rpm para o motor

elétrico. Para atender tal especificação, a razão de transmissão da caixa de engrenagens

deverá ser de aproximadamente 1:20. Para isso foi selecionado o multiplicador de

velocidades da Moventas Kilowatt Class.

Page 48: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

39

Figura 29 – Motor WEG W22 IR4 Super Premium

Figura 30 – Especificações do motor selecionado

Page 49: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

40

3.10 Nacele

A nacele é o elemento que envolve os eixos, mancais, sistema de transmissão,

gerador e outras partes mecânicas do sistema. Seu objetivo é a proteção desses

componentes contra agentes externos, como chuva, vento, poeira e sol. Dessa maneira o

uso da nacele aumenta o tempo de vida útil dos componentes citados e diminui o custo

de manutenção do equipamento.

No projeto em questão foi desenvolvida uma nacele de espessura fina e curvada

de modo a reduzir seu custo de fabricação. O material a ser selecionado deve ser leve e

apresentar boa resistência, o mais usado é a fibra de vidro ou de carbono. A ilustração

desse componente pode ser observada na figura 31.

Figura 31 – Desenho da Nacele no Solidworks

3.10.1 Rolamento da nacele

O rolamento da nacele é o responsável por permitir o giro do equipamento em

torno de seu eixo vertical. Seu objetivo é alinhar o rotor da turbina com a direção do

vento. A figura 32 ilustra o uso do rolamento citado, que faz a conexão da torre com toda

a estrutura suspensa.

Page 50: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

41

Figura 32 – Indicação do rolamento da Nacele

A figura 33 ilustra as forças atuantes no rolamento da nacele. O peso da estrutura

atuando em tal rolamento foi retirado do programa Solidworks.

Figura 33 - Forças atuantes no rolamento da nacele

Sendo:

𝐹𝑎 = 71,2 𝑘𝑁

𝑃 = 100 𝑘𝑁

Para o rolamento da nacele foi utilizado o mesmo processo de seleção realizado

no rolamento para o eixo de baixa. Dessa forma foi selecionado o rolamento 60/600 MA

da SFK, conforme especificado na figura 34.

𝑃

𝐹𝑎

Page 51: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

42

Figura 34 – Folha de dados do rolamento selecionado para a nacele

Para o cálculo de vida desse rolamento, foi utilizada uma simulação

computacional disponível no próprio site do fabricante SKF [43]. Conforme a figura 35,

o resultado obtido foi de 398900 horas, o que equivale à aproximadamente 45,5 anos.

Page 52: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

43

Figura 35 – Resultado da simulação para a vida do rolamento

3.11 Torre de sustentação

A torre de sustentação deve suportar todos os outros componentes da turbina

eólica que se localizam acima dela. A fixação da base no solo não será abordada nesse

projeto.

A torre será formada por tubos cilíndricos que serão unidos por flanges afim de se

obter a altura desejada. O material selecionado para os tubos é o aço 4340 laminado. Seu

limite de escoamento (𝑆𝑦) e módulo de elasticidade (𝐸) encontram-se a seguir:

𝑆𝑦 = 1590 𝑀𝑝𝑎

𝐸 = 200𝐺𝑃𝑎

Tendo esses dados, pode-se então realizar os cálculos de resistência à flambagem

da torre, detalhados a seguir.

Primeiramente calcula-se a área da seção transversal da torre (𝐴𝑠𝑒çã𝑜):

Page 53: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

44

𝐴𝑠𝑒çã𝑜 =𝜋(𝐷𝑒

2 − 𝐷𝑖2)

4= 0,03 𝑚²

Onde 𝐷𝑒 é o diâmetro externo e 𝐷𝑖, o diâmetro interno.

𝐷𝑒 = 0,63𝑚

𝐷𝑖 = 0,60𝑚

O momento de inércia (𝐼) pode ser calculado da seguinte forma:

𝐼 =𝜋(𝐷𝑒

4 − 𝐷𝑖4)

64= 0,001 𝑚4

Através do Solidworks, sabe-se que a torre deve suportar uma massa estimada (M)

de 10.000 Kg. Logo, calcula-se a carga crítica da torre (𝑃𝑐𝑟𝑖𝑡) como:

𝑃𝑐𝑟𝑖𝑡 =𝜋2𝐸𝐼

4𝐿2= 1174,6 𝑘𝑁

Onde L é o comprimento da torre.

Pode-se então avaliar o fator de segurança à flambagem devido ao peso do

aerogerador.

𝐹𝑆𝑝𝑒𝑠𝑜 =𝑃𝑐𝑟𝑖𝑡

𝑀𝑔= 12

Onde g é a aceleração da gravidade.

O próximo passo é a análise das tensões na torre. Sendo a força axial 𝐹𝑎 = 100 𝑘𝑁

e a força normal 𝐹𝑛 = 71,2 𝑘𝑁 pode-se calcular o momento fletor (𝑀𝑓𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟) como:

𝑀𝑓𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟 = 𝐹𝑛𝐿 = 1708800 𝑁𝑚

Page 54: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

45

A partir desses valores acha-se a tensão devido à flexão (𝜎𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜) e a tensão devido

à compressão (𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜):

𝜎𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 =𝑀𝑓𝑙𝑒𝑡𝑜𝑟𝐷𝑒

2𝐼= 392,6 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 =𝑀. 𝑔

𝐴𝑠𝑒çã𝑜= 3,5 𝑀𝑃𝑎

A tensão devido ao cisalhamento (𝜏) é calculada da seguinte forma:

𝜏 =𝐹𝑛

𝐴𝑠𝑒çã𝑜= 2,5 𝑀𝑃𝑎

Com isso, acha-se a tensão de Von Mises (𝜎𝑉𝑜𝑛 𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠):

𝜎𝑉𝑜𝑛 𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠 = √𝜎² + 3𝜏2 = 396 𝑀𝑃𝑎

Pode-se então calcular o fator de segurança em relação ao limite de escoamento

(𝐹𝑆𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜):

𝐹𝑆𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =𝑆𝑦

𝜎𝑉𝑜𝑛 𝑀𝑖𝑠𝑒𝑠= 4

3.12 Desenho técnico da turbina

Terminados os cálculos do projeto da turbina, será apresentada a documentação

gráfico do projeto. Atendendo às normas vigentes relativas a desenho técnico, foi

realizado no programa SolidWorks o desenho de projeto mecânico da turbina eólica, com

seus principais componentes e especificações. O desenho encontra-se em anexo no final

do projeto.

Page 55: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

46

4. Conclusão

A evolução de projetos de energia renovável tem papel essencial para o

desenvolvimento de qualquer país no mundo, objetivando suprir as demandas elétricas

com menor custo, de modo sustentável e deixar de depender de poucas e finitas fontes de

energia como o petróleo ou o carvão. Dentre as diversas tecnologias já existentes, a

energia eólica tem papel importante em muitos lugares do globo, como uma fonte de

energia limpa, confiável e de bom retorno econômico.

O trabalho apresentado teve como objetivo o desenvolvimento de uma turbina

eólica para atender as necessidades energéticas de uma fazenda leiteira. Esse tipo de

empreendimento, caso possua um bom regime de ventos, apresenta uma boa chance de

viabilidade e aplicação, visto que em geral apresenta grandes extensões de área onde a

turbina pode ser instalada sem que cause perturbações.

Para a execução do projeto foram necessários conhecimentos de cálculo de

esforços mecânicos, aerodinâmica e desenho mecânico. Na parte prática foi necessária a

obtenção de informações de fornecedores de equipamentos mecânicos, mancais, motores,

materiais a serem utilizados. Visando a obtenção de um projeto viável, os materiais e

desenhos das peças foram selecionados de modo a ter um custo reduzido com boa

confiabilidade de operação.

O resultado final foi satisfatório, tendo em vista que o projeto supre a demanda

elétrica previamente dimensionada, com confiabilidade, segurança e facilidade de

implantação.

4.1 Sugestões para trabalhos futuros

Próximos trabalhos envolvendo esse tema podem evoluir em certos aspectos não

discutidos no presente projeto. Tais como:

Projeto elétrico da turbina eólica;

Projeto do perfil da pá considerando uma redução de área da base até a ponta;

Cálculo e projeto da fundação para a sustentação da torre;

Page 56: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

47

Avaliação da viabilidade de implantação de um sistema Direct Drive, que não

utiliza caixa de engrenagens, comumente utilizado em turbinas eólicas desse

porte, objetivando um decréscimo de peso da turbina.

Análise de vibrações e ressonância

Page 57: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

48

5. Referências

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[3] O globo. Disponível em: <http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2015/01/

brasil-enfrenta-pior-crise-energetica-da-historia.html>. Acesso em maio 2015.

[4] Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico Brasileiro – Janeiro/2015.

Disponível em: <http://www.mme.gov.br/documents/10584/1256627/--+Boletim+de+

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[5] Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico Brasileiro – Fevereiro/2015.

Disponível em: <http://www.mme.gov.br/documents/10584/2027273/ Boletim+de+

Monitoramento+do+Sistema+El%C3%A9trico+-+Fevereiro-2015.pdf/b7ad72f2-39ee-

4d94-9eff-d90d0953ec30>. Acesso em maio 2015.

[6] Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico Brasileiro – Março/2015.

Disponível em: <http://www.mme.gov.br/documents/10584/2027273/ Boletim+de+

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a196-49e8-9b94-8980a79a5504>. Acesso em maio 2015.

[7] Eletron Energy. Disponível em: <http://www.eletronenergy.com.br/ noticias.

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[8] Portal Energia. Disponível em: < http://www.portal-energia.com/vantagens-

desvantagens-da-energia-eolica/>. Acesso em maio 2015.

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wind/why-wind-energy/>. Acesso em maio 2015.

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[10] KAY, M. J., Notas de aula, School of Photovoltaic and Renewable Energy

Engineering, University of New South Wales (UNSW), Australia, 2013.

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<http://www.portalabeeolica.org.br/>. Acesso em maio 2015.

[12] CEIBRAS Energia e Investimentos. Disponível em: <http://ceibras.com.br/

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[13] ECO ESTATES. Disponível em: <http://www.ecoestates.us/wind.html>. Acesso em

maio 2015.

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Principles, Modelling and Gain Scheduling Design. 2007, XIX, 207 p.105 illus.,

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Janeiro, Synergia, 2013

[31] BRAZIL Windpower. Jornal oficial produzido pela Recharge. Edição 1, p. 14. 4 de

setembro de 2013

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[33] Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito. Disponível em:

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[38] DE MARCO FILHO, F., Projeto Preliminar de Aerogeradores, Rio de Janeiro,

1989.

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Acesso em Ago 2015.

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[49] H.-J. Wagner e M. Jyotirmay, Introduction to Wind Energy Systems - Basics,

Technology and Operation,Springer, 2013.

Page 62: turbina eólica para utilização em fazendas na região nordeste do

A

25,

42

20

4,67

DETALHE AESCALA 1 : 25

11

15

12

14

13

1617

18A

A

CORTE A-A ESCALA 1 : 40

1

2

10

6 7

8

4

9

5

3

A2Cristiana Socci Vianna

Prof. Armando Carlos de Pina FilhoData: 05/04/2016 Conjunto Aerogerador

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

1Núm Qnt. Especificação

LISTA DE PEÇAS

Projeto Final de Graduação

3 Pá Observação

Aerofólio NREL S-818 - Material: FRP

Unidades: m

Primeiro Diedro

Escala: 1:200

2 Liga de Alúminio ALCOA 7075

Aço SAE 4340Chaveta eixo e cubo

4

311

Parafuso de Fixação Parafusos sextavados DIN 931 M48

Aço SAE 4340Caixa de Engrenagens

Chaveta flange91

65

17 1

18GeradorSuporte

WEG W22 IR4 Super PremiumMoventas Kilowatt Class

Aço SAE 4340SKF 60/600 MARolamento da Nacele1

109

1 Nacele Fibra de VidroAço SAE 4340 Eixo de baixa

2111

12 Rolamento do Mancal SKF 6336/HC5C3PS0VA970

Elemento comercialMancalFlange

21

131415 1 Torre

Elemento comercial

SAE 4340 Laminado

Cubo

16

17

18

4

4

6

Parafuso de fixação do mancalParafuso de fixação da caixa de engrenagens

Parafuso de fixação do gerador

Elemento comercial

Elemento comercial

Elemento comercial