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Do lado de fora das tendas, somente ouvia-se o som estridente e forte dos ventos que

arremessavam as folhas das árvores

contra o ar e tudo mais que estivesse pela

frente.

Ninguém circulava do lado de fora, as

fogueiras crepitavam o fogo, tentando aquecer um pouco aquele

lugar inerte.

Era uma tarde sombria naquele

inverno onde tudo parecia triste em

Knot.

Os animais pareciam estar recolhidos e amedrontados. Em um canto dos montes escutava-

se o pio da coruja lânguido e quase sem forças para alcançar os ouvidos dos moradores da

aldeia.

Havia outras aldeias próximas dali, mas diziam que Knot era conhecida por suas histórias e lendas onde nenhuma semente podia germinar durante o inverno, nenhuma fruta ou flor nascia, enquanto o frio permanecesse, nenhum peixe sobrevivia em seu lago e o povo da aldeia amargava a escassez de alimentos do corpo e da alma durante todo este período.

As chuvas e tempestades ali em Knot eram sempre mais violentas, e contornar os momentos difíceis

ficava cada vez mais doloroso.

Uma das lendas do lugar era sobre a história de Kaolói, uma adolescente que vivia na aldeia. Era órfã, sem um pai e sem uma mãe que pudessem contar sua história.

Quando a menina fora encontrada, em meio aos arbustos próximos ao lago, parecia um animalzinho assustado. A

velha feiticeira da aldeia a levou para sua tenda e cuidou da menina, contra a vontade dos moradores.

Kaolói não falava, apenas emitia sons que somente eram compreendidos pela feiticeira, não brincava com as outras crianças e seus alimentos eram sempre os preparados, que sua mãe adotiva fazia, com ervas e outros ingredientes.

Assim, a indiazinha cresceu, sem conviver com outros

membros da aldeia, sem rir ou chorar, sem palavras a dizer, sem nada que a identificasse

como alguém pertencente àquele povoado.

Antes da chegada de Kaolói na aldeia, a vida era tranqüila, e independente da estação do ano todos sempre tiveram alimento

em abundância. Com o passar do tempo e conforme a menina crescia, os invernos passaram a ser mais

rigorosos, trazendo fome aos moradores pela

dificuldade de obterem os frutos e alimentos da terra

e do lago que estavam habituados.

A cada ano, maior era a miséria e mais forte era o frio

que se apropriava do lugar, impedindo as pessoas de saírem de suas tendas em

busca da sobrevivência mais simples. Quase sempre, passavam os meses que

antecediam ao frio, arrecadando mantimentos para aquele período cruel. Todos atribuíam à órfã a

tristeza e aridez do local, já que fora recolhida em um dia

como todos os invernos passaram a se apresentar.

Certo dia, a menina órfã, percebe em seu ventre um volume que antes não existia, e via que a medida que o tempo passava o ventre

dilatava mais e mais.

A feiticeira não sabia explicar para o povo da aldeia o que acontecera, pois Kaolói quase não saía da tenda e nem mantinha contato com outras pessoas. Os moradores diziam que só poderia se tratar das

feitiçarias que ela preparara para a orfã.

Meses depois, em pleno furor do inverno, o ventre de Kaolói se rompe e dele vem à aldeia Tupiak, uma menina linda, clara como o

leite e de olhos felizes que pareciam sorrir e aquecer a todos como o sol. O povo da aldeia estava surpreso com a beleza da menina e

com o fato de a mesma ser tão diferente.

No primeiro instante em que Kaolói teve a menina nos braços, um sol brilhante tomou conta do céu, aquecendo e

aconchegando toda a aldeia. E, ao aproximar Tupiak de seu seio para amamentá-la, flores começaram a brotar onde a terra era árida, transformando o solo em um tapete esverdeado com as

flores mais claras, mais brancas que alguém já teria visto, ornamentando toda região.

Os habitantes da aldeia nada falavam, apenas olhavam tudo com admiração.

Ao terminar de amamentar, Kaolói afasta suavemente Tupiak de seu seio, beija seu rosto e vê a menina transformar-se pouco a

pouco em uma linda flor branca com seu miolo dourado.

TupiakTupiak

A linda flor junta-se a todas as demais que estão sobre o tapete verde no solo da aldeia. Desde então, nunca mais os invernos

foram tristes e toda vez que uma mãe com filhos recém-nascidos

amamenta, nasce uma flor branca, com um sabor

adocicado, que alimenta e traz tranqüilidade ao povo da aldeia

e que todos chamam de…

A linda flor junta-se a todas as demais que estão sobre o tapete verde no solo da aldeia. Desde então, nunca mais os invernos

foram tristes e toda vez que uma mãe com filhos recém-nascidos

amamenta, nasce uma flor branca, com um sabor

adocicado, que alimenta e traz tranqüilidade ao povo da aldeia

e que todos chamam de…

PaTTi Cruz