tsteport poii

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 1 Há já alguns anos decidi empreender uma viagem de caça à baleia . Eu já tinha viajado nou- tros navios: é um trabalho duro, mas agr adável e, além disso, razoavelmente remunerado. Mas por que motivo tinha eu, Ismael, decidido ir caçar baleias naquele preciso momento? Nem eu sei, para dizer a verdade. Talvez fosse o desejo de ver aqueles animais enormes ou talvez fosse o gosto pela aventura que me impeliam para mares tão distantes e traiçoeiros. Fosse pelo que fosse, dei comigo a percorrer as ruas gélidas de New Bedford numa noite invernosa de dezembro, em busca de algum sítio onde ficar. Não é que esta cidadezinha fos se o meu destino, ma s tive de ali pernoitar, enquanto espe- rava pelo paquete para Nantucket, donde partem os navios da caça à baleia para o Oceano Pa- cífico ou para os mares gelados do Ártico. Já estava escuro. Depois de ter calcorreado a cidade inteira, acabei por avistar uma tabuleta: O Bar dos Baleeiros  de Peter Coffin. Perguntei ao homem que e stava de pé, atrás do balcão, se havia algum qua rto para mim. “Está tudo cheio”, foi  a sua resposta, “a menos que queiras partilhar  uma cama com um ar- poeiro.” Se eu estava prestes a embarcar num baleeiro, dormir com um arpoeiro não tinha mal ne- nhum… por isso aceitei. O quarto que ele me mostrou tinha apenas uma cama e uma mesa. Despi-me o mais depressa possível e meti-me na cama; estava quase a ador mecer quando ouvi passos a aproximar-se. Devia ser o arpoeiro, pensei para comigo: e realmente alguém entrou no quarto.  À luz amarelada da vela , qu e tr azia na mão, o home m pa rec ia-me u m g iga nte.  Ajoe lhou-s e c ome çando a reme xer dent ro de um sac o, do qual retirou um mac hado de guerra e uma bolsa de pele d e foca . Em seguida voltou-se na minha direção e consegui v er-lhe o rosto. Era escuro e bronzeado pelo sol. Vi-lhe a cabeça, quando ele tirou o barrete de pele de castor: estava rapado, restando-lhe apenas um tufo de cabelos enrolados sobre a testa . Comecei a entender. E deixei de ter dúvidas quando o arpoeiro despiu a camisa. Aquel e homem era um nativ o dos Mares do Sul. Não estava bronzeado pelo sol, o que ele tinha era a pele escura, e o seu rosto e costas estavam cobertas de tatuagens . Senti um arrepio de medo percorrer-me a coluna. Herman Melville, Moby Dick , Paulus 5 10 15 20 25 30

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teste português oportunidade II

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  • 1

    H j alguns anos decidi empreender uma viagem de caa baleia. Eu j tinha viajado nou-

    tros navios: um trabalho duro, mas agradvel e, alm disso, razoavelmente remunerado.

    Mas por que motivo tinha eu, Ismael, decidido ir caar baleias naquele preciso momento?

    Nem eu sei, para dizer a verdade.

    Talvez fosse o desejo de ver aqueles animais enormes ou talvez fosse o gosto pela aventura

    que me impeliam para mares to distantes e traioeiros.

    Fosse pelo que fosse, dei comigo a percorrer as ruas glidas de New Bedford numa noite

    invernosa de dezembro, em busca de algum stio onde ficar.

    No que esta cidadezinha fosse o meu destino, mas tive de ali pernoitar, enquanto espe-

    rava pelo paquete para Nantucket, donde partem os navios da caa baleia para o Oceano Pa-

    cfico ou para os mares gelados do rtico.

    J estava escuro. Depois de ter calcorreado a cidade inteira, acabei por avistar uma tabuleta:

    O Bar dos Baleeiros de Peter Coffin.

    Perguntei ao homem que estava de p, atrs do balco, se havia algum quarto para mim.

    Est tudo cheio, foi a sua resposta, a menos que queiras partilhar uma cama com um ar-

    poeiro.

    Se eu estava prestes a embarcar num baleeiro, dormir com um arpoeiro no tinha mal ne-

    nhum por isso aceitei.

    O quarto que ele me mostrou tinha apenas uma cama e uma mesa.

    Despi-me o mais depressa possvel e meti-me na cama; estava quase a adormecer quando

    ouvi passos a aproximar-se.

    Devia ser o arpoeiro, pensei para comigo: e realmente algum entrou no quarto.

    luz amarelada da vela, que trazia na mo, o homem parecia-me um gigante.

    Ajoelhou-se comeando a remexer dentro de um saco, do qual retirou um machado de

    guerra e uma bolsa de pele de foca. Em seguida voltou-se na minha direo e consegui ver-lhe

    o rosto. Era escuro e bronzeado pelo sol.

    Vi-lhe a cabea, quando ele tirou o barrete de pele de castor: estava rapado, restando-lhe

    apenas um tufo de cabelos enrolados sobre a testa. Comecei a entender.

    E deixei de ter dvidas quando o arpoeiro despiu a camisa. Aquele homem era um nativo

    dos Mares do Sul.

    No estava bronzeado pelo sol, o que ele tinha

    era a pele escura, e o seu rosto e costas estavam

    cobertas de tatuagens. Senti um arrepio de

    medo percorrer-me a coluna.

    Herman Melville, Moby Dick, Paulus

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    10

    15

    20

    25

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  • 2

    EBI de gua de Pau

    Ano Letivo 2014/2015

    PORTUGUS

    Ficha de Avaliao

    Nome __________________________________________________

    N. _____ Ano: ______ Turma: _____ Data ___/____/____

    Avaliao: ________________ ______% Professora: Gabriela Costeira

    E. E.: ____________________________________________

    1. Podemos dividir a ao deste texto em trs momentos. Preenche a tabela que se segue de acordo com as indicaes.

    MOMENTOS TEMPO ESPAO RESUMO DOS ACONTECIMENTOS

    1 momento (do 1 ao 5

    pargrafo)

    2 momento (do 6 ao 9

    pargrafo)

    3 momento (do 10 ao

    ltimo pargrafo)

  • 3

    2. Assinala com as afirmaes que so verdadeiras e as que so falsas. V F

    a) Ismael tinha alguma experincia de andar no mar.

    b) O trabalho num navio de caa baleia era mal pago.

    c) Os barcos de caa baleia dirigiam-se para o Oceano Atlntico ou para os mares

    gelados do rtico.

    d) Naquela noite, Ismael ia partilhar o quarto com um arpoeiro.

    e) O quarto tinha duas camas e uma mesa.

    f) O arpoeiro era um nativo dos mares do Sul.

    Ismael decide ir caar baleias.

    3. Indica um trao psicolgico desta personagem.

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    4. Refere o motivo que o levou a pernoitar em New Bedford.

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    Ele acaba por ter de partilhar o quarto com um desconhecido.

    5. Descreve a personagem que entrou no quarto quando Ismael estava prestes a adormecer.

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    6. Refere os utenslios que o arpoeiro trazia consigo.

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    7. Enuncia todas as aes dessa personagem, desde que entrou no quarto.

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  • 4

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    8. Retira do texto uma frase que ilustre o que Ismael sentiu quando viu bem o seu companheiro de quarto.

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    9. Imagina que ests na praia, e um golfinho aparece e conversa contigo. De que falariam?

    No teu texto, poders integrar o que achas que os golfinhos pensam de ns. Somos apenas seus

    amigos? E quando os deixamos presos nas redes de pesca? E quando deles fazemos bifes?

    No te esqueas de localizar a tua narrativa no tempo e no espao, identificar as personagens e

    estruturar a introduo, desenvolvimento e a concluso.

    Produz um texto entre 10 a 15 linhas, no te esqueas do ttulo.

    _________________________________________

    1._______________________________________________________________________________

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    Bom trabalho!!!

    A professora: Gabriela Costeira