tsc - sistematização de curso

56
FUNDAÇÃO DE INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DO NOROESTE DO ESTADO UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E QUÍMICA CURSO DE QUÍMICA LICENCIATURA TRABALHO DE SISTEMATIZAÇÃO DE CURSO A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM QUÍMICA E A FORMAÇÃO SOB A ÓTICA DA QUÍMICA GERAL VILMAR ARMANDO KONAGESKI JUNIOR RESPONSÁVEL PELO COMPONENTE: DR. OTÁVIO ALOÍSIO MALDANER

Upload: vilmar-konageski-jr

Post on 06-Jun-2015

302 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Trabalho de sistematização de curso, quimica licenciatura.

TRANSCRIPT

Page 1: TSC - Sistematização de Curso

FUNDAÇÃO DE INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DO NOROESTE DO ESTADO

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E QUÍMICA

CURSO DE QUÍMICA LICENCIATURA

TRABALHO DE SISTEMATIZAÇÃO DE CURSO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM QUÍMICA E A FORMAÇÃO SOB A ÓTICA DA QUÍMICA GERAL

VILMAR ARMANDO KONAGESKI JUNIOR

RESPONSÁVEL PELO COMPONENTE: DR. OTÁVIO ALOÍSIO MALDANER

ORIENTADORA: DRA. LENIR BASSO ZANON

IJUÍ, JULHO DE 2008.

Page 2: TSC - Sistematização de Curso

SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................................3

1 Capítulo 1: A Formação no Curso de Química Licenciatura da Unijuí..................4

1.1 Panorama Geral do Curso.......................................................................................................................4

1.1.1 Formação em Química..........................................................................................................................4

1.1.2 Formação Geral e Humanística...........................................................................................................5

1.1.3 Formação Pedagógica..........................................................................................................................6

2 Capítulo 2: A Prática Pedagógica e a Química Geral................................................9

I. Descrição da Química Geral.......................................................................................................................9

2.1 História..................................................................................................................................................11

2.2 Experimentação......................................................................................................................................13

2.3 Formulação Matemática.........................................................................................................................15

2.4 Sequência de Conteúdos........................................................................................................................18

2.5 Cotidiano / Contexto..............................................................................................................................20

2.6 Avaliação................................................................................................................................................22

2.7 Preocupação com as Condições de Ser Professor..................................................................................25

2.8 Avanços / Atualizações...........................................................................................................................28

Considerações Finais.....................................................................................................32

Referências Bibliográficas............................................................................................33

2

Page 3: TSC - Sistematização de Curso

INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Sistematização de Curso apresentará dois momentos distintos

onde serão discutidos importantes temas que envolvem a formação em nível superior de

educadores, em especial de Química. Existem questões que fazem parte do dia-a-dia de

toda a classe profissional, como os baixos salários, falta de incentivos para formação

continuada, entre outros.

Um enfoque especial será dado ao curso de Licenciatura em Química da Unijuí –

os focos da formação serão discutidos sob o olhar de um estudante concluinte, de forma

questionadora tentarei explicitar minhas opiniões e observações, com dados que

fundamentem a importância da formação capaz de se auto-avaliar com o objetivo de

tornar-se sempre o mais próximo da realidade que queremos atingir. No segundo

momento do trabalho será discutida a Química Geral, como componente gerador dos

conhecimentos básicos em Química que precisamos desenvolver no ensino superior de

forma a poder ensiná-los no ensino médio para nossos alunos – e como iremos abordar

tais conhecimentos, quais serão os pontos cruciais para nosso entendimento da

totalidade do conhecimento, precisamos cada vez mais desfazer a fragmentação do

ensino, e para isso é necessário saber realizar abordagens multidisciplinares, ou seja o

trabalho em equipe, em grupos de estudos mostra-se eficaz e capaz de promover as

mudanças necessárias de forma a transformar a realidade em nosso favor – dentro de um

momento onde cada vez o professor é o grande culpado pela sociedade de não realizar

seu trabalho é preciso que entendamos nosso lugar e função dentro da instituição

chamada escola para que cada nível de responsabilidade ocupe seu devido lugar e que

cada “ser” social se responsabilize por sua atividade.

Com este intuito pretendo exemplificar situações e demonstrar onde erramos e

onde acertamos, e o mais importante, por que considero que sejam acertos ou erros, pois

se não acompanharmos as contínuas pesquisas, bem como se não houver a constante

busca pela inovação estaremos sujeitos a repetir erros e acertos de forma mecânica – e

pouco a pouco – perderemos a capacidade de tomar nossas próprias decisões.

3

Page 4: TSC - Sistematização de Curso

Capítulo 1: A Formação no Curso de Química Licenciatura da Unijuí

1.1 – Panorama Geral do Curso

1.1.1 - Formação em química

A busca pelo curso de Química é feita por aqueles que possuem interesse em (re)

descobrir como acontecem as mais diversas interações entre as substâncias bem como o

estudo da constituição dos materiais – sua pesquisa, seu desenvolvimento – os “novos

materiais” tecnológicos, etc. esta opção se inicia quando ocorre a iniciação científica

deste estudante e ele percebe que o mundo a sua volta é constituído de diversos

materiais que estão em constante desenvolvimento.

Durante o curso fomos apresentados a vários componentes que estão ligados

diretamente com a área do bacharelado e que ao mesmo tempo são os que darão a base

do conhecimento químico que precisaremos quando for necessário aprofundar e

delimitar o quanto iremos trabalhar de determinado assunto dentro de um plano de aula.

Estes componentes parecem estar desligados dos “pedagógicos”, pois não fazem uma

seqüência entre si, sendo cada um uma fatia de um todo do ‘conhecimento químico’ que

precisamos ter para saber (e descobrir) o quanto pouco de química realmente sabemos.

Este é um fato que ocorre principalmente porque quanto mais estudamos determinada

parte da química mais sabemos o quanto existe sobre ela e, portanto, maior é a

quantidade de estudos que precisam ser feitos para que se possa ter uma idéia de tudo

que cerca um dos diversos “filos”, e ainda podemos somar o efeito de um estudo

dirigido sobre determinado assunto que pode abranger várias especialidades. Podemos

partir da idéia então que um curso de química precisa dar ao estudante esta visão de

cada especialidade e que esta visão seja acompanhada de um sentimento de busca pela

continuidade, pois não há como esgotar um assunto em um semestre de aula.

Os componentes específicos de química tiveram um enfoque direcionado a

determinados temas do conhecimento que são os mais aplicados no ensino médio e

foram além, com abordagens mais específicas sobre estes de forma a realçar

determinada característica, ou comportamento – servindo como eixo delimitador e

fronteiriço de futuras abordagens em sala de aula. Esta “fronteirização” é uma

ferramenta que pode nortear o quando avançar de determinado assunto, para que não se

4

Page 5: TSC - Sistematização de Curso

fosse muito longe tornando o processo muito demorado, dentro de um sistema de

semestralização que precisa de metas e cada uma tem determinado tempo para ser

alcançado.

1.1.2 - Formação geral e humanística

O mundo (planeta) já não é como em eras mais remotas, onde o conhecimento

servia como meio para desenvolver e explorar (de forma predatória) os recursos

naturais. As mudanças são intensas e algumas tendem a ser permanentes... as sociedades

precisam se adaptar a estas mudanças impostas pelo meio natural, os focos de mudança

são: os jovens – nunca ouvi falar em uma revolução de meia-idade, porquê? Será este

mais um mito, será que apenas os jovens têm poder para mudar? Ou será a capacidade

de adaptação que fica mais saliente quando somos jovens? Muitas perguntas ainda não

têm respostas e a espera por respostas prontas pode não ser a melhor saída, para a

maioria delas. Onde então buscar estas respostas, a escola traz diariamente diversos

assuntos que são discutidos pelos estudantes de ensino fundamental, este, portanto é um

momento para que se criem as mais diversas propostas de mudança e onde podem surgir

diversas idéias.

A continuidade destes estudos com o posterior ensino superior, continua

indagando os então jovens sobre o que fazer perante determinada situação. Mas, no

ensino superior muitas vezes não há o espaço para este debate dentro dos componentes

“fechados” aqueles da formação específica, e realmente não se pode esperar um debate

sobre questões da sociedade atual em uma aula de mecânica, cabe então a universidade

criar estes espaços de debate e de pesquisa sobre os temas atuais que estão preocupando

a todos, e que estas pesquisas sejam em pró de uma possível solução.

O curso de química me ofereceu diversos momentos de debate sobre as questões

que estão em foco e que precisam ser entendidas, e não falo apenas do aquecimento

global, existe um sistema político atual que é um processo histórico e precisa ser

entendido – seu entendimento, no entanto não é de uma hora para outra, muito menos de

qualquer forma.

Outro aspecto é o próprio pensamento da sociedade, as formas do saber e as

formas de expressão deste saber nas diversas fases do desenvolvimento humano, termos

a consciência de que somos seres sociais e que esta sociedade está em constante

5

Page 6: TSC - Sistematização de Curso

construção, as influencias que ela sofre; suas fraquezas,... Todos estes conhecimentos

fazem parte de um senso comum, porém é só com a discussão e teorização que se pode

avançar sobre este senso comum e construir um senso crítico capaz de analisar

determinada situação não com o olhar de um consumidor, que é destino final da

maioria, pois este é o grande objetivo da mídia, que se preocupa apenas com as

tendências e modismos.

Este olhar diferenciado também não é construído apenas pelo fato de ter cursado

determinados componentes, também não só pelo fato de ter sido aprovado ou reprovado,

é sim um momento de introspecção quando começasse o questionamento e a busca por

respostas de perguntas que já conhecemos, mas com uma grande parcela de reflexão

sobre o que se esta perguntado e o que se está respondendo – de uma forma análoga,

posso dizer que o senso comum seria uma busca no google e o senso critico seria uma

busca no scielo, enquanto que no google pode-se encontrar material de ótima qualidade

pode-se também ter uma visão totalmente equivocada, já quando se pesquisa em uma

fonte científica os resultados podem ser mais promissores.

1.1.3 - Formação pedagógica

A formação pedagógica é o cerne de qualquer licenciatura, sem a formação

pedagógica não há licenciatura e sim bacharelado. O curso ofereceu diversos momentos

de reflexão sobre as práticas pedagógicas da atualidade, bem como histórica, e nestes

momentos houve o debate e produção de trabalhos, dentre eles as situações de estudo,

que demonstram ser uma nova técnica de abordagem nas escolas, que vivem muitas

vezes momentos de desilusão com problemas sérios de disciplina que estão se tornando

cada vez mais presentes nas salas de aula.

Esta formação tem o intuito de ligar os conhecimentos químicos, com os

conhecimentos pedagógicos destes conhecimentos químicos, sendo:

[...] para argumentar em favor de um dos aspectos da formação do professor que consideramos importante: os conhecimentos necessários ao professor. Segundo este autor, são três os conhecimentos do professor: (i) de conteúdo, (ii) pedagógico do conteúdo e (iii) curricular. O primeiro tipo de conhecimento diz respeito ao conhecimento do conteúdo específico, próprio da área do conhecimento de que é especialista o professor, por exemplo, a química. (ECHEVERRÍA, 2007. pg. - 5).

6

Page 7: TSC - Sistematização de Curso

Neste primeiro momento ressalvo a importância da química dentro do curso,

sendo um fator decisivo na área do conhecimento, e que sem este conhecimento não é

possível dar aula de química, mas como acontece em muitos lugares, é possível ler um

livro didático para uma turma de estudantes. Através da seqüência do curso pode-se

desenvolver:

O segundo tipo de conhecimento é o conhecimento pedagógico do conteúdo. Este é o conhecimento que permite ao professor prever e perceber as dificuldades que o aluno pode ter para aprendê- lo, quais as relações conceituais que o aluno terá de realizar. [...] Ter este conhecimento significa, por exemplo, o professor entender que a ciência é uma produção simbólica e que aprender ciência significa que o aluno tem que atribuir significado à linguagem da cultura científica. (ECHEVERRÍA, 2007. pg. - 5).

Este conhecimento (pedagógico) é desenvolvido através das práticas

pedagógicas, como citado acima, o modo como a aula é desenvolvida irá caracterizar

um maior ou menor interesse no aluno. Este equilíbrio de interesses é um fator que está

muitas vezes desfavorável para o nosso lado, e por mais que criemos alternativas dentro

do terceiro conhecimento:

O terceiro tipo de conhecimento é o conhecimento curricular, que diz respeito ao conjunto de conteúdos, à relação entre eles e mais ainda, aos objetivos do seu ensino. É comum encontrarmos professores que quando indagados sobre os motivos de ensinarem este ou aquele conteúdo, respondem com o mais profundo silencio ou com respostas que não os justificam. (ECHEVERRÍA, 2007. pg. - 5).

Este é o conhecimento que permite uma certa inovação na forma como será

abordado certo tema, se o professor não tiver em mente como o currículo está

organizado, ele se sentirá preso ao livro didático pois, não existe espaço para inovação

na forma tradicional, e muitas vezes as atividades que são consideradas inovadoras –

estão a parte das aulas – e não são consideradas como tal, um fato são os estágios,

muitas vezes os próprios alunos tão acostumados, nos questionam se após a realização

de determinada atividade teremos “aula normal”. As atividades que podem ser inseridas

dentro de um contexto formativo, são encaradas muitas vezes apenas de forma

informativa.

A própria formação no ensino superior está sendo encarada de forma informativa

pelo Ministério da Educação:

7

Page 8: TSC - Sistematização de Curso

Os currículos vigentes estão transbordando de conteúdos informativos em flagrante prejuízo dos formativos, fazendo com que o estudante saia dos cursos de graduação com ‘conhecimentos’ já desatualizados e não suficientes para uma ação interativa e responsável na sociedade, seja como profissional, seja como cidadão. (PARECER CNE/CES 1.303/2001. Pg. - 2)

O que se pode entender deste parecer é o fato dos cursos de licenciatura em

muito locais, não serem capazes de acompanhar as tendências do ensino, e as novas

publicações na área, baseando seus currículos em materiais desatualizados, fato este

lastimável, uma vez que:

Como produtora de saber e formadora de intelectuais, docentes, técnicos e tecnólogos, a universidade contribui para a construção contínua do mundo e sua configuração presente. Por outro lado, sua amplitude e abrangência organizacional e possibilidade de ação resultam do modelo de país no qual se insere e das respectivas políticas educacionais. [...] a universidade brasileira precisa repensar-se, redefinir-se, instrumentalizar-se para lidar com um novo homem de um novo mundo, com múltiplas oportunidades e riscos ainda maiores. Precisa, também, ser instrumento de ação e construção desse novo modelo de país. A percepção desta nova realidade – hoje freqüentemente retratada pela mídia – evidencia-se pelas questões e discussões em curso no seio das próprias universidades, nas entidades ligadas à educação e nos setores de absorção do conhecimento [...] É consenso entre professores, associações científicas e classistas, dirigentes de políticas educacionais e mesmo no geral da população instruída que, diante da velocidade com que as inovações científicas e tecnológicas vêm sendo produzidas e necessariamente absorvidas, o atual paradigma de ensino – em todos os níveis, mas sobretudo no ensino superior – é inviável e ineficaz. (PARECER CNE/CES 1.303/2001. pg – 2)

É preciso romper este paradigma, e extrapolar os limites muitas vezes impostos

arbitrariamente por organizadores de currículos, que desconhecem os avanços

científicos, habituando-se a realizar o mesmo trabalho durante os vários anos de sua

vida produtiva e impedindo a entrada de “novas idéias” através de suas posições

imponentes dentro das instituições de ensino nos vários níveis em todo país. É preciso

também ter cautela quanto as novas publicações, principalmente as oriundas da mídia

normal que, neste caso tem o papel informativo – por exemplo, no momento que a

mídia importa a idéia da cura de determinada doença, mesmo que ainda se esteja

realizando estudos sobre medicamentos e terapias, já existem pessoas e instituições que

tratam desta noticia como fato consumado – o que muitas vezes se baseia na leitura

apenas de artigos de periódicos que não tem compromisso nenhum com a seriedade de

suas fontes. E são de pequenos em pequenos erros que estes cidadãos, ocupantes de

cargos de respeito nas instituições, acabam que por (trans)formando seus estudantes em

seguidores de falsas idéias.

8

Page 9: TSC - Sistematização de Curso

Capítulo 2: A Prática Pedagógica e a Química Geral

I. Descrição da Química Geral:

A química geral, dentro do contexto químico do curso, é a base de todo o

conhecimento que será formado nos cursos de química licenciatura e bacharelado e em

grande teor para o curso de farmácia e também para o curso de biologia. Esta se divide

em química geral I e II, sendo a química geral I responsável por:

[...] constituir, junto aos estudantes, um pensamento químico inicial sistemático sobre o mundo material e sua interação com a energia. Para isso serão significados alguns conceitos básicos relacionados à idéia de substância, como propriedades macroscópicas e a relação com sua constituição pelos elementos químicos, representação das substâncias na forma da química, transformações das substâncias através da interação entre as estruturas microscópicas que as constituem e controle das quantidades nas transformações químicas. (UNIJUÍ, 2007. Pg - 34)

Esta construção se baseia, como visto acima, pelos conteúdos de química

trabalhados no ensino médio, em se tratando de um dos primeiros componentes

curriculares do curso, é possível ao estudante como o foi para mim, ainda inter-

relacionar com as aprendizagens referentes ao ensino médio. Isto se deve ao fato de que

para mim o ensino médio foi muito interessante no que tange a química e desde então

comecei a despertar minhas habilidades para a aprendizagem de química, este primeiro

componente foi para mim uma revisão daquilo que eu já tinha despertado para o

conhecimento, então:

A disciplina de Química Geral II visa a busca de apreensão de conceitos químicos fundamentais para a compreensão do fato químico no meio físico e social, preocupando-se, mais especificamente, com a manifestação das substâncias no estado sólido, líquido e em solução aquosa e outros solventes, procurando entender as mais diversas interações envolvidas em nível microscópico. No que diz respeito às transformações das substâncias, sempre pensadas em termos de interações no nível microscópico, dá-se especial atenção às transformações de determinados sistemas até atingirem o equilíbrio químico, principalmente o equilíbrio ácido – base e a termoquímica. (UNIJUÍ, 2007. pg - 34)

Quanto a química geral II, esta foi realmente um aprofundamento dos conteúdos

que trabalhei de forma, posso dizer superficial, neste momento ocorreu a primeira

diferenciação dos conteúdos do ensino médio com os conteúdos do ensino superior, foi

9

Page 10: TSC - Sistematização de Curso

o primeiro momento que me deparei com situações desconhecidas (o primeiro de

muitos) e foram as primeiras aprendizagens significativas que seriam necessárias para

as fases posteriores do curso. A química geral, em contraponto dos demais componentes

específicos, trata de assuntos que se interpõem nos demais, de forma a caracterizar

comportamentos e características que são aplicadas no geral as misturas e as tendências

de equilíbrio são aplicadas em praticamente todos os componentes.

Durante o ensino médio tive a oportunidade de trabalhar em laboratório muitas

vezes e, posso dizer até que tive mais aulas no laboratório durante o ensino médio do

que durante a química geral do curso superior; a minha turma é uma das maiores da

faculdade no mesmo curso e no mesmo semestre, e são muitas as origens e históricos do

ensino médio e de profissões, a metade já são professores, estes realmente não sentem

falta destas práticas, mas outra parte que era oriunda do ensino médio ou que já haviam

se formado a muito tempo sentiram falta e com certeza, este momento da química geral

que é o momento da introdução aos materiais do laboratório – pois se caracteriza como

o início do curso – foi marcante nas dificuldades futuras que presenciei dos meus

colegas que não haviam desenvolvido a destreza suficiente para manipular os materiais

de laboratório e quando cobrados disso nos outros componentes mais avançados onde

era imprescindível a manipulação do equipamento tiveram descontos relevantes nas

práticas que realizaram.

Observando isto, posso marcar como uma importante característica em um curso

de química o desenvolvimento das habilidades básicas na manipulação do material do

laboratório – um professor que tem demasiado receio em manipular a vidraria evitará as

aulas práticas, mesmo aquelas que não envolvem as vidrarias, e se o professor de

química não usar o laboratório, este laboratório ficará disponível na escola, como citarei

adiante, para outras disciplinas e com o tempo os estudantes passarão pelo ensino médio

sem ter aulas em laboratório e se distanciarão cada vez mais do interesse pela química –

e a química se tornará cada vez mais distante de sua realidade.

Fatos como os descritos acima, ocorrem não apenas nesta turma e nesta

instituição, e com certeza não é interesse de nenhum dos membros responsáveis pela

formação dos professores, que seus alunos formados sejam estes que repetirão as

formulas utilizadas pelos professores de seu ensino médio, ou ainda ficarão

imobilizados pela indisciplina dos alunos e sem outra alternativa serão meros

repetidores de fórmulas já desenvolvidas, as quais sabemos que são desenvolvidas em

determinado contexto e seu uso em ambientes diferentes daquele que foram criados não

10

Page 11: TSC - Sistematização de Curso

tem efeito esperado, ocorrendo então a fuga para informação dos conteúdos e não para a

formação dos mesmos.

Esta fuga é, senão a mera repetição exclusiva dos meios tradicionais de ensino,

uma vez que entende-se por tradicional uma aula que se repete durante os anos sem

intervenção do professor no planejamento e na criação de experiências de

aprendizagem, ou seja, muitos professores durante a sua carreira desenvolvem uma

seqüência curricular com o que precisa ser trabalhado e então repetem a mesma durante

os vários anos de seu trabalho, não é raro ter relatos de alunos que tem irmãos mais

novos que estudaram na mesma escola e com o mesmo professor e tem repetidas as

mesmas atividades e até mesmas provas aplicadas – ou seja – esta estagnação reflete

uma controvérsia a ciência, na qual não existem respostas definitivas e sempre há novas

descobertas que podem ser trabalhadas dentro dos conteúdos – principalmente os de

química geral por serem uma área abrangente dentro do ensino médio.

2.1 - História:

Durante as aulas de química geral, com o uso do livro “Princípios de Química”

do William L. Masterton (et al), tivemos uma abordagem dos conteúdos de forma direta,

sem muita discussão específica sobre determinado tema, o livro no entanto traz

inúmeras informações a cerca do descobrimento dos átomos, e dos grandes nomes dos

teorizadores da química – os nomes históricos. O estudo no ensino superior não

priorizou estes fatos, que não interferiram para o processo de aprendizagem, por outro

lado o ensino médio dedica uma parte do tempo de cada conteúdo para o estudo de sua

história – voltada para o sentido de construção das teorias, que se apresentam simples

no início e vão ficando mais elaboradas com o decorrer dos próximos cientistas – esta

parte é caracterizada nos livros como a parte que tem as fotos antigas, muitas vezes eu e

meus colegas do ensino médio ironizávamos as figuras presentes nos livros, atitude esta

remanescente da infância que logo se esvaziava de sentido.

No ensino médio eu utilizei principalmente o livro “Química 1: Volume Único”,

dos autores Tito Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite do Canto este livro é muito ilustrado

e tem vários textos provindos da mídia normal e que são trabalhados e discutidos dentro

dos temas de estudo – existe também a parte histórica que se encontra em sua maior

11

Page 12: TSC - Sistematização de Curso

parte no início quando se fala das teorias atômicas, neste momento quem ainda não tem

a visão de um todo entre historia e ciência, pode acompanhar uma sistematização

através do exemplo do avanço das teorias atômicas, dentro da química é claro. Eu já

trabalhei também com os livros do GREF (Grupo de Estudos de Ensino de Física) – mas

ao contrário dos livros de ciências naturais do ensino fundamental, de biologia e o livro

que utilizei em química, é que este não tinha muitas informações históricas, em

comparação com os supracitados vê-se que existem diferenças entre as ciências,

inclusive um livro de matemática possuía muitas informações históricas trabalhando os

conteúdos com exemplos desde as pirâmides de pedra até as modernas de aço.

Na Universidade em Química Geral, o livro mais utilizado foi o: “Princípios de

Química” elaborado por William L. Masterton (et al) é um livro bastante completo para

a química geral e eu poderia inclusive tê-lo usado no ensino médio se o conhecesse, são

muitos os exemplos e ele não deixa de ter ótimas referências históricas, que como citei

anteriormente, não dão prejuízo ao entendimento dos conteúdos, mas tem como

principal função no meu ponto de vista ajudar na formação do pensamento científico e

dos significados da ciência – por ser uma construção histórica – as fotos antigas ajudam

a dar a idéia de que ela vem de um passado, que no entanto não é tão longe como o

pensamos quando nos referimos a ele – e quando entramos em assuntos mais atuais o

passado são 30 ou 20 anos, uma noção de tempo que muitos consideram ainda como

atual.

A história em si não é capaz de ensinar determinado conteúdo, a história faz

parte de um todo, onde o desenvolvimento da idéia de conhecimento cientifico é

construída e desta forma se demonstra as inúmeras reconstruções das teorias e suas

formas como são aceitas hoje. Deixando sempre claro que o fato de uma teoria ser

aceita como verdadeira hoje não implica em sua aceitação frente a uma nova que poderá

surgir em pouco tempo.

2.2 - Experimentação:

12

Page 13: TSC - Sistematização de Curso

A química geral é um campo amplo para a discussão e realização de práticas,

embora tenhamos ficado com a impressão de realizar poucas práticas durante o curso,

assim como descrevi em outros focos, na química geral tínhamos a impressão de que

realizaríamos mais práticas como os conteúdos estão ligados ao do ensino médio mais

diretamente do que os demais componentes. Esta visão foi de certa forma corrigida

posteriormente pois, estávamos acreditando que as práticas trariam respostas para todas

nossas dificuldades, e viu-se que a química geral não se trata apenas de realizar as

práticas voltadas do ensino médio, existem muitos conceitos para serem trabalhados e

estes conceitos não são compreendidos apenas com a realização em si, embora o

conhecimento da realização da prática seja discutido adiante como fator importante para

os conhecimentos do futuro professor.

Ao realizar as atividades de estágio em várias escolas da cidade, pude notar que

os laboratórios de ciências e química muitas vezes não eram específicos para as

ciências, sendo compartilhados com outras disciplinas, entre estas a principal é a de

educação artística. Assim os materiais de ciências ficam na maior parte do tempo

guardados e seu uso é pouco comum. As turmas em geral nas primeiras aulas dos

estágios sempre pedem atividades práticas no laboratório, e nem sempre é possível

conseguir realizar uma pratica no laboratório, sendo as práticas de estagio realizadas na

sala de aula e somente pelo professor de maneira demonstrativa.

Um questionamento no qual pensava a cada prática de estagio e durante alguns

componentes foi o da realização das práticas no laboratório, afinal faz parte dos

conhecimentos que devem ser trabalhados na escola a prática pelo aluno de

procedimentos de laboratório, durante minhas aulas no ensino médio eu tive de realizar

práticas no laboratório de modo similar as da universidade, recebíamos um roteiro e

nele estava descrito o que deveríamos fazer. Bastava seguir o roteiro dado e anotar os

resultados obtidos e pronto estava realizada a prática. O que ficou destas práticas, desta

forma pude desenvolver habilidades na manipulação das vidrarias do laboratório e saber

organizar relatórios que descrevessem estas práticas. Confesso que gostava muito mais

de realizar as práticas do que a parte posterior do estudo das reações envolvidas e todas

as leis que regiam tais transformações; posso dizer que durante o curso aprendi a gostar

mais da parte teórica do que da prática. Parece um tanto estranho mas após perceber que

o resultado das práticas nem sempre se desenvolvem como está nos roteiros, ou seja,

13

Page 14: TSC - Sistematização de Curso

que a química prática por envolver soluções com baixo teor de pureza e muitos

contaminantes pode resultar em produtos muitas vezes inesperados, o que posso admitir

me deixou bastante frustrado uma vez que no ensino médio a química parece ser tão

perfeita, sendo reagentes e produtos bem determinados.

Claro que esta idéia passou por uma reconstrução e depois de algum tempo

percebi também que existem bons reagentes, mas seu preço é elevado e seu uso, muitas

vezes controlado pelo exército principalmente quando ajudei a professora Ilaine na

extração dos óleos essenciais, foi uma experiência muito válida, porém ela exigia que eu

cumprisse um número de horas não equivalente com as minhas possibilidades no

momento, durante aquele período no laboratório tive um pouco da visão do bacharelado

que consiste muitas vezes em prática e erro, ou seja, aquela minha visão de perfeição

realmente não existia, é necessário muito erro para que se consiga um acerto e sobre

esses erros é possível aprender muito, aprender que a pratica em química não é perfeita,

qualquer variação de temperatura ou os próprios contaminantes do ar podem interferir

no resultado.

A experimentação no ensino de química e de ciências é uma atividade que tem

um alto valor para a construção de conceitos através da reflexão que é proporcionada a

partir da prática. Muitas vezes os professores levados pelo senso comum acabam

concordando que a realização da prática em si pode revelar ao aluno conceitos através

da observação dos fenômenos, e esta é uma idéia equivocada já que construímos dentro

do curso a opinião de que a prática em si não é capaz de despertar no aluno os conceitos

necessários para a compreensão do fenômeno, e sim apenas a visualização

macroscópica de um determinado experimento, pois se não houver uma reflexão sobre

os materiais envolvidos e suas características, etc. não será possível despertar a idéia de

que se trata de um fenômeno químico que se realiza no âmbito microscópico e tem

também um resultado macroscópico que nós observamos, mas a mudança principal está

no nível micro e não no macro.

As práticas realizadas no ensino médio então podem criar, assim como relatei

uma visão equivocada do que significa o trabalho em um laboratório de química, pois os

experimentos são todos “certos”, ou seja, a prova de erros. Mas por outro lado no ensino

médio o objetivo não é formar estudantes com um conhecimento tão aprimorado e estas

práticas “certas” servem para dar uma introdução de nível básico a todos os estudantes,

pois muitos ou a maioria não trabalhará mais com química após a saída da escola,

assim:

14

Page 15: TSC - Sistematização de Curso

No início do estudo da Química, é importante apresentar aos alunos fatos concretos, observáveis e mensuráveis acerca das transformações químicas, considerando que sua visão do mundo físico é preponderantemente macroscópica. (BRASIL, 2002. pg - 94)

Estas orientações de BRASIL são extremamente importantes, principalmente

para mim que estarei em breve em uma sala de aula e poderei preparar uma prática com

base na minha visão de química, quando um dos princípios fundamentais é saber o

quanto os alunos dominam de determinado assunto antes de elaborar um plano de

ensino definitivo. Assim para iniciar o trabalho, é muito bom realizar atividades de

acordo com o nível de conhecimento que eles demonstrarem ter, e para que ocorra essa

demonstração é necessário que eles sejam desafiados a demonstrar seus conhecimentos

e expressá-los de forma que se possa realizar uma leitura destes e então desenvolver o

plano de aulas definitivo.

2.3 - Formulação Matemática:

Na química geral são estudadas equações que representam os diversos estados de

equilíbrio das reações, bem como as constantes e outras propriedades que levam a

acreditarmos que existe uma matematização excessiva dos conteúdos, uma vez que é

necessário para o professor saber realizar estes cálculos, principalmente na química

geral II, onde não foi possível realizar muitas práticas detendo-nos mais na parte teórica.

Esta matematização no entanto é necessária, e foi a parte fundamental na abordagem de

férias que tem os períodos de aula reduzidos.

A química é uma ciência onde a matemática está sempre presente. Da mesma

forma como nos demais ramos do conhecimento a matemática é invocada sempre que

temos a necessidade de traduzir o mundo em símbolos, e muitas vezes em números,

assim quando temos de calcular determinado parâmetro, não importa sobre qual

circunstância, onde existe uma fórmula, diz-se ser uma fórmula matemática. Estas

fórmulas matemáticas têm em si uma certa significação que pode traduzir-se em valores

que consideramos de acordo com padrões já estabelecidos.

15

Page 16: TSC - Sistematização de Curso

Um erro freqüente que cometemos quando valorizamos a matemática em

excesso é a desconsideração do significado de um determinado resultado, como, por

exemplo, quando calculamos quantidades de partículas utilizando o mol, muitas vezes

os alunos se fazem valer apenas do resultado numérico e não vêem que o número

sozinho não possui nenhuma representatividade no contexto em que estava formulada a

pergunta. E geralmente esta situação persiste durante toda a escolarização, e quando

chegamos a determinado ponto onde, por exemplo, o simples fato da ionização do

átomo pode representar um quebra-cabeça para uma mente despreparada, tamanha é a

habitualidade do raciocínio matemático que quando se apresenta a situação de um

átomo que “ganha” um elétron e este átomo se representa com X -, ora o sinal negativo

não têm o caráter matemático e sim químico, vê-se assim uma tremenda de uma dor de

cabeça, onde entra em prática o processo de reconstrução do conhecimento.

Ainda dentro da idéia de átomo, que foi trabalhada na minha turma de estagio,

posso ainda citar outro exemplo a respeito da estrutura atômica. Em um determinado

exercício entreguei aos alunos átomos no estado X+ e átomos no estado X-, e

trabalhando com a idéia de número atômico, dei os números atômicos e pedi para que

me dissessem qual era a quantidade de elétrons presentes em cada átomo, mais uma vez

o resultado foi, o raciocínio matemático prevaleceu sobre o raciocínio químico, assim o

átomo X+ para eles tinha mais um e-. O fato percebido só reforça a idéia de que a

química está sendo trabalhada de forma muito superficial e quando se deparamos com

um resultado desses é possível afirmar que há problemas e estes são problemas sérios

para serem resolvidos de uma hora para outra, assim dentro do período do estagio tentei

retomar o que eles haviam aprendido sobre átomo e tentei rever algumas dificuldades

que eles apresentaram.

O raciocínio matemático é uma ferramenta muito importante para todos os níveis

de conhecimento, seu uso, no entanto nas escolas tem se mostrado algo que realiza uma

certa transversalidade, pois nos momentos em que se deveria aprender química se

aprende matemática, e nos momentos de se aprender matemática continua-se

aprendendo matemática, grande parte destes exercícios puramente matemáticos estão

nos livros didáticos, pode-se notar claramente que as questões dissertativas remetem aos

conteúdos abordados, mesmo que seja por intermédio de copiar a resposta correta, e as

demais questões se reportam ao uso das fórmulas e o resultado numérico, quando muito

existe um pequeno texto na questão que trás as informações necessárias para decidir

16

Page 17: TSC - Sistematização de Curso

qual é a formula adequada para resolver o problema e encontrar a resposta que é

expressa como dito anteriormente na maioria das vezes apenas pelo algarismo arábico.

O raciocínio químico é também desvirtuado quando se trabalha com o equilíbrio

das soluções, pois:

[...] que a expressão matemática representativa do estado de equilíbrio deve ser entendida como uma relação entre as concentrações de reagentes e produtos e não como uma mera fórmula matemática. (BRASIL, 2002. pg - 99)

Assim como nas demais fases do aprendizado, o aluno tem o

hábito de converter todos os dados para remeter a uma fórmula, ou

expressão matemática capaz de suprir as necessidades de cálculo

dos valores que estiverem sendo questionados. Esta

“matematização” dos conteúdos, onde o aluno não precisa saber

química para resolver os problemas é no meu ponto de vista, uma

forma de simplificação para evitar que se abram muitas discussões, é

um método que não necessita de muita análise, ou seja, se o aluno

usou a fórmula certa obteve o resultado certo e inquestionável -

matemático, enquanto que em uma pergunta dissertativa o aluno

pode expressar suas mais diversas opiniões o que desencadeia um

processo que não é regido pela lógica numérica e necessita de uma

análise contextual que exige muito mais do professor.

A interpretação dos fenômenos químicos também faz parte das

competências que os alunos devem desenvolver, e estes fenômenos

podem ser representados muitas vezes através de gráficos – uma

ferramenta matemática – estes gráficos demandam de um certo nível

de conhecimento matemático para serem interpretados, enquanto

que os conhecimentos da mesma forma devem ser mobilizados para

entender o porque do comportamento descrito matematicamente, ou

seja, com os conhecimentos da matemática o aluno conseguirá saber

o que o gráfico está representando, mas por outro lado sem o

conhecimento da química o gráfico não terá uma explicação – o

motivo pelo qual tal comportamento está ocorrendo não está descrito

no gráfico que traz apenas uma determinada quantidade de

17

Page 18: TSC - Sistematização de Curso

informações. O conhecimento químico – matemático devem ser como

a dualidade onda – partícula, não é possível aprender química sem os

conhecimentos da matemática, tanto é que a matemática é uma

ciência mais antiga que a química, da mesma forma que uma

representação matemática sobre um fenômeno químico não pode ser

compreendida sem os conhecimentos da química, pois sem eles, será

apenas um gráfico sobre determinados algarismos, é a química que

transformará os algarismos em substâncias e as linhas em forças de

ligação, interação, ...

2.4 - Seqüência de Conteúdos:

Em se tratando do ensino ser parte de um projeto educacional, e este estar

inserido dentro de instituições, como a escola e a universidade, é preciso que exista um

certo planejamento deste ensino. O planejamento se dá em períodos letivos que variam

de bimestres, trimestres e semestres, ou então por módulos com tempos variáveis. Da

mesma forma como os semestres da universidade têm certos objetivos para serem

alcançados e para estes utilizamo-nos das mais variadas fontes de pesquisa, no caso

específico da química geral a principal fonte de consulta foi o livro “Princípios de

Química” do William L. Masterton (et al), este livro tem a sua organização própria de

conteúdos que não foi a mesma adotada pela nossa turma em nossos estudos. No ensino

superior, ao contrário do ensino médio não há livro didático – utilizamos diferentes

fontes e temos sim uma referência que baseia o estudo sobre os conteúdos; no ensino

médio, porém parece não haver a possibilidade, em muitos locais, de utilizar as

diferentes fontes de pesquisa de forma diária, sendo atividades esporádicas que têm

objetivos delimitados.

A química geral, por envolver conceitos que apresentam certa ordem de

complexidade é apresentada nos livros praticamente da mesma forma como a

estudamos, sendo um capítulo destinado a cada fração do conteúdo a ser desenvolvido,

estas frações respeitam o ritmo de complexidade esperado para o estudo que não é

linear, e o uso do livro não se constitui como única fonte. O livro foi usado da forma

18

Page 19: TSC - Sistematização de Curso

considerada como mais apropriada trabalhando os temas em seqüência de aula e não na

mesma seqüência do livro.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, é necessário que se

obtenha um determinado nível de resultados de aprendizagem com os alunos, então o

livro didático é uma opção como fonte de consulta e estudo único – já que em muitos

lugares ainda não há uma vasta oferta de livros e de livre acesso a internet – o que

ocorre no entanto é que em lugares onde têm-se a possibilidade de incrementar esta

oferta do livro didático para complementar os conteúdos abordados, muitos professores

e escolas têm-se limitado a cumprir o estipulado pelo livro didático e nada mais. É este

sim o mau uso do livro didático – este é uma ferramenta muito importante pois é o

material que o aluno vai levar para casa, e em muitos casos não há muita informação de

qualidade nas casas dos estudantes.

Os livros didáticos do ensino médio abordam os temas eleitos pelos PCNEM que

são os seguintes:

1. Reconhecimento e caracterização das transformações químicas; 2. Primeiros modelos de constituição da matéria; 3. Energia e transformação química; 4. Aspectos dinâmicos das transformações químicas; 5. Química e atmosfera; 6. Química e hidrosfera; 7. Química e litosfera; 8. Química e biosfera ; 9. Modelos quânticos e propriedades químicas. (BRASIL, 2002. Pg. - 93)

Estes temas segundo os PCNEM devem ser trabalhados durante todo o ensino

médio, de forma a promover as aprendizagens necessárias por intermédio da abordagem

de temas que tentam aproximar a química do dia a dia dos estudantes. As editoras,

então, tendo em vista a adoção de seu livro, o faz o mais moderno e com informações

em excesso. As vezes até deixando de lado um pouco a parte mais direta de abordagem

dos conteúdos. Os livros dirigidos ao ensino superior, já são bem diferentes quanto a

este apelo pela aparência, muitos até tem pouquíssimas ilustrações – o que me deixou

com algumas dúvidas, uma vez que eu estava acostumado com muitas ilustrações no

decorrer do livro do ensino médio, não só de química, mas também o de biologia eram

muito ricos em ilustrações o que ajuda principalmente a memória fotográfica de

estruturas, e utilizando os programas de computador mais modernos pode-se não só

desenhar uma molécula de forma plana, como fazer sua imagem em três dimensões, o

que dá uma noção do espaço que esta molécula ocupa e como ela está organizada

espacialmente.

19

Page 20: TSC - Sistematização de Curso

A seqüência de conteúdos em si, obedecem a uma ordem lógica, sempre que se

inicia um determinado estudo, parte-se da parte menos complexa para a parte mais

complexa – e esta ordem lógica costuma ser precedida ou acrescentada com detalhes da

história que acerca o conteúdo em foco. Assim tem se um panorama geral de como

surgiu tal conhecimento – ou apenas seu descobridor e a teoria inicial que será

reconstruída posteriormente de forma a tornar-se mais complexa e mais próxima

daquilo que é aceito como verdade científica na atualidade.

2.5 - Cotidiano / Contexto:

Dentro de um estudo dirigido, como o ocorrido nas disciplinas de férias, não há

muito tempo hábil para inserção de exemplos do cotidiano, considerando-se a

complexidade de se trabalhar os conceitos de química geral com um tempo reduzido, as

professoras então fizeram o melhor em tentar aproximar estes conceitos, porém é

necessário muito mais empenho do estudante em trabalhar fora do tempo de aula para

suprir algumas necessidades que venham a surgir em detrimento deste tempo reduzido.

Sabemos que a química geral tem forte ligação com o cotidiano, e por isso essa busca

pela inserção do mesmo pode ser facilmente realizada, e trabalhada com os alunos,

principalmente com as situações de estudo.

O cotidiano de sala de aula de um professor do ensino médio é muito variável de

uma escola para outra, mesmo se tratando da mesma cidade. Minhas experiências com

os estágios supervisionados me possibilitaram o conhecimento de várias realidades que

podem ser encontradas no município de Ijuí. Cada escola é um local de trabalho e

possui diversas características que a tornam única.

Cada escola traz à tona diferentes problemáticas dentro do grupo de

características que podemos encontrar dentro de uma sala de aula. Existem as escolas de

periferia que tem sérios problemas disciplinares, existem as escolas com baixo

rendimento dos alunos que são mal aparelhadas e seus funcionários estão em descrédito

com a instituição, e existem também as escolas que estão bem aparelhadas, os

profissionais estão em consonância com um plano pedagógico de trabalho e mesmo

20

Page 21: TSC - Sistematização de Curso

assim apresentam bons e maus resultados de aprendizagem dos alunos. Dentro desta

gama de escolas podemos reforçar a idéia de que as escolas públicas e particulares

sofrem com os mesmos problemas, no campo educacional pode ocorrer que as escolas

particulares apresentem-se mais bem aparelhadas do que as escolas públicas, mas os

problemas de aprendizagem em sua maioria na respeitam estes limites da instituição em

boas condições e a em más condições. Outro ponto a ressaltar é que uma escola em más

condições de conservação pode resultar em depreciação dos funcionários que perdem a

auto-estima de trabalharem em um local bem conservado.

Durante um dos estágios que realizei em uma escola municipal, que se

encontrava em más condições de conservação, os próprios alunos ficavam tristes de

estudar em uma sala em que as luzes piscavam, a pintura estava descascando, móveis,

etc. Ou seja, eu tinha uma idéia de que o meio não influenciava os sujeitos para o

processo de aprendizagem, mas o fato é que realmente os alunos estavam desmotivados,

e a confirmação de que esta idéia é verdadeira, é o fato de que no final do estagio, a

escola começou a passar por reformas e percebi que aos poucos algumas atitudes foram

se modificando, como se passassem a respeitar mais o ambiente escolar quando este se

encontra em melhores condições.

O professor está diante de várias perspectivas no seu trabalho cotidiano, e

mostra-se cada vez mais que apenas os conhecimentos tácitos da profissão não são

suficientes para o pleno exercício da atividade, e ainda vemos que:

Em outras instituições de ensino superior, o problema da formação docente resulta de uma formação freqüentemente livresca, em que a distância entre teoria e prática docente se agrava pelo baixo domínio disciplinar. (BRASIL, 2002. Pg. - 139)

Em pauta de permanentes discussões está a formação continuada dos

professores, pois uma vez que chegam em seu campo de trabalho precisam imprimir sua

didática e reorganizar seus conhecimentos para se alinhavar com os planos pedagógicos

gerais das escolas, e não raramente demonstram não ter domínio disciplinar suficiente, o

que reflete uma formação deficiente que não foi capaz de prepará-lo para os desafios

que iria enfrentar.

Não existe uma escola pronta, as escolas estão em contínuo desenvolvimento,

estão sempre se modificando, e isto:

21

Page 22: TSC - Sistematização de Curso

[...] implica a necessidade de a formação continuada do professor considerar e se desenvolver nessa mesma identidade e diversidade. As necessidades e, portanto, as demandas por formação continuada variam de escola para escola e, por essa razão, a adoção de uma estratégia ou programa único para todos os professores de uma mesma rede raramente resultará em benefício para cada um em particular. (BRASIL, 2002. Pg. - 142)

Quando tratamos sobre o dia-a-dia do professor, não podemos deixar de citar

este contínuo movimento que acontece dentro das escolas, e as demandas que são

geradas a partir deste movimento. Estes planos de formação continuada devem, então

conforme com ECHEVERRÍA serem realizados especificamente dentro do contexto

escolar e não seguir as normas genéricas estabelecidas por conselhos que estão distantes

da realidade escolar. Outro ponto:

Quando se discute a formação docente faz-se necessário não esquecer as reais condições da educação brasileira. São vários os fatores externos ao processo pedagógico que vêm prejudicando a formação (inicial e continuada) de professores em nosso país, destacando-se a precariedade da infra-estrutura escolar e o aviltamento salarial. (ECHEVERRÍA, 2007. Pg. - 2)

Este trecho nos remete aos pontos iniciais da discussão e vai além quando fala

do alvitamento salarial, fato este que ainda não havia discutido, a questão salarial tem

influência direta na auto-estima do individuo e, pode apresentar efeitos benéficos quanto

se trata da formação continuada, uma vez que a maioria dos cursos é particular, o que

resulta em gastos, e se o salário não compensar a realização de um curso de

aperfeiçoamento, então a lógica do capital nos traz como resposta a não realização deste

curso. Quem sai perdendo é em um primeiro momento o profissional que deixou de

aproveitar a oportunidade, mas em longo prazo quem sai perdendo somos todos os

sujeitos sociais, pois estão deixando de receber uma educação melhor muitos estudantes

e este fato pode, e está de certa forma acontecendo, que é o empobrecimento cultural

dos jovens, que saem das escolas com uma formação cada vez mais básica.

2.6 - Avaliação:

Dentro do componente da química geral seguimos os padrões de avaliação

estabelecidos pela universidade, de 20, 30 e 50 pontos, sendo estas avaliações em sua

22

Page 23: TSC - Sistematização de Curso

maioria provas com questões referentes basicamente a aplicação e memorização de

conceitos estudados, bem como resolução de problemas matemáticos onde era

necessário inter-relacionar a teoria estudada para determinar como realizar o cálculo da

constante.

Para o aluno a avaliação sempre será uma situação problemática, já para o

professor isto não pode acontecer. Enquanto que as discussões sobre as novas formas de

avaliar e os conhecimentos que são realmente necessários que os alunos aprendam estão

em foco, e sendo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, uma fonte

inspiradora de renovação, “A proposta apresentada para o ensino de Química nos

PCNEM se contrapõe à velha ênfase na memorização de informações, nomes, fórmulas

e conhecimentos como fragmentos desligados da realidade dos alunos”. (BRASIL,

2002. Pg. - 87) assim o objetivo principal fica exposto, quando se deseja se contrapor a

algo significa que existem ainda situações, e dificilmente deixarão de existir, em que os

conteúdos que estão sendo trabalhados não estão correlacionados com o cotidiano dos

alunos. Este fato é um dos paradigmas da educação que são difíceis de serem resolvidos,

principalmente devido ao fato do professor não ser o “dono” dos conteúdos que irá

trabalhar com determinada turma. Muitas vezes estes conteúdos fazem parte de um

“projeto” idealizado pela empresa que é dona da escola, ou ele é feito por uma equipe

da escola e na qual o professor não tem, ou se abdicou do direito de participar do

conselho que faz parte do desenvolvimento dos conteúdos que serão trabalhados na

escola durante determinado tempo letivo.

Analisando os fatos sobre este ponto de vista o professor é uma vítima, do

sistema escolar no qual está inserido, mas podemos ver também que muitas vezes a

indeterminação na hora de participar na construção dos projetos escolares, torna-o

vitima de algo do qual ele optou por não participar. Assim devo levar em consideração

que o afastamento dos conteúdos com a realidade dos alunos é culpa, em parte do

professor que não participa ativamente na escola em que está trabalhando ou que faz

parte de uma rede de ensino na qual não tem opinião sobre o que será trabalhado.

Outro aspecto importante e que não foi citado, como pode ter acontecido com

muitos outros, é o uso de livros didáticos, mas um uso de forma que o livro didático seja

a base, e que todas as demais atividades derivem e façam parte daquilo que o livro

didático prediz. Este uso do livro didático pode causar um distanciamento ainda maior

dos conteúdos que estão sendo abordados e assim romper de uma vez com as idéias que

estivessem sendo construídas em um processo diferente de ensino.

23

Page 24: TSC - Sistematização de Curso

E por que discutir o distanciamento dos conteúdos com a realidade dos alunos,

esta questão dentro de uma visão avaliadora, busca trazer a oportunidade para que o

aluno possa ver em seu dia-a-dia onde a química está presente e de que forma esta afeta

a sua vida. Esta aproximação é muito importante e é capaz de promover um maior

rendimento das aulas, pois desta forma, falando sobre aquilo que já conhecem os alunos

podem refletir e por que não “descobrir” ou “redescobrir” aquilo que já conheciam com

outros olhos, com os olhos da química.

Nos PCNEM existe uma organização na forma de “Temas Estruturadores”:

Uma maneira de selecionar e organizar os conteúdos a serem ensinados é pelos ‘temas estruturadores’, que permitem o desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos de forma articulada, em torno de um eixo central com objetos de estudo, conceitos, linguagens, habilidades e procedimentos próprios. Tomando como foco de estudo as transformações químicas que ocorrem nos processos naturais e tecnológicos, são sugeridos nove temas estruturadores [...]. (BRASIL, 2002. Pg - 93)

Esta organização abrange todo o ensino médio e possui diversos subitens, os

PCNEM têm como principal objetivo tornar o ensino do País equilibrado sendo que

cada escola constrói as formas como irá trabalhar estes temas estruturadores. Participar

desta organização na escola é a melhor forma para que o professor possa decidir como

será abordado cada conteúdo e será também de extrema importância para criar uma

seqüência lógica de inserção de conceitos, onde estes serão significativos para a

aprendizagem dos alunos. O fato de estruturar uma seqüência de forma a esta ser

promotora de entendimento significativo de conceitos é outro ponto que facilitará o

desenvolvimento de qualquer plano de ensino.

A escola é livre para tomar qualquer linha pedagógica que decidir, o professor deve agir conforme esta estruturação e:

Outro aspecto de caráter geral é a avaliação do ensino e da aprendizagem, que deve ser coerente com a linha pedagógica sugerida. Assim, é necessário que o professor e o aluno percebam, durante esse processo, quais e como os conhecimentos foram construídos, de modo sistemático e contínuo. (BRASIL, 2002. Pg - 110)

As tão temidas provas, já não são o único parâmetro utilizado para avaliar o

desempenho e o conhecimento dos alunos, uma vez que as tradicionais provas acabam

que por avaliar apenas a capacidade de memória, e dificilmente são capazes de

promover uma base segura sobre a capacidade de utilização dos conceitos aprendidos

durante o processo de ensino/aprendizagem. Assim:

24

Page 25: TSC - Sistematização de Curso

Dependendo do plano pedagógico da escola, as ‘provas’ podem ser inseridas no processo de avaliação, no sentido de trazer mais um dado ao professor e ao aluno sobre o que foi apreendido e como os alunos procuram solucionar problemas apresentados pelo professor. Assim, as ‘provas’ podem ser mais um e não o único instrumento de avaliação para o replanejamento do ensino. (BRASIL, 2002. Pg - 110)

A avaliação na forma de prova é o método mais utilizado e considerado mais

eficaz para a maioria da comunidade escolar, que não é formada apenas por professores,

embora as grandes discussões sobre o ensino, já tenham também formado inúmeros

coordenadores que acreditam que realmente esta não deve ser a única forma de se

avaliar um aluno. Mais uma vez temos nas mãos a responsabilidade de compreender que

devemos estar em permanente processo de aprendizagem, e o próprio PCNEM dedica

em seu final um capítulo a parte da importância desde processo com três argumentos:

Primeiro, porque crônicos e reconhecidos problemas da formação docente constituem obstáculos para o desempenho do professor, e a escola deve tomar iniciativas para superá-los. Segundo, porque as novas orientações promulgadas para a formação dos professores ainda não se efetivaram, já que constituem um processo que demanda ajustes de transição a serem encaminhados na escola. Terceiro, porque em qualquer circunstância a formação profissional contínua ou permanente do professor deve se dar enquanto ele exerce sua profissão, ou seja, na escola, paralelamente a seu trabalho escolar. (BRASIL, 2002. Pg - 139)

Uma análise elementar destes argumentos, só retoma a idéia da formação

continuada, e que esta formação deve ocorrer durante o exercício profissional. De forma

que este profissional que busca um avanço em sua formação irá com certeza produzir

conhecimentos neste processo que o tornará mais hábil para resolver os problemas que

surgem a cada dia no exercício profissional.

2.7 - Preocupações com as Condições de Ser Professor:

Embora com um objetivo mais amplo, na química geral são estudados

basicamente e além dos conceitos que são ensinados no ensino médio, assim é possível

perceber a ligação direta que existe entre este componente e o exercício da profissão, o

fato da professora atuar no ensino médio também facilita esta ligação pois são muitos os

exemplos que ela demonstra relacionados a sua prática no ensino médio, podendo nos

25

Page 26: TSC - Sistematização de Curso

demonstrar as reações de estudantes perante as dificuldades mais comuns já conhecidas.

Este conhecimento prático é muito valorizado, e quando está associado ao

conhecimento científico se constitui numa base sólida para o exercício da docência.

A profissão de professor está em descrédito, está é uma afirmação um tanto

quanto pitoresca, principalmente em se considerar o documento que a contém, e isto é

uma epígrafe do momento que se vive pelo menos regionalmente, e o descrédito se dá

hora pelo fato da educação ter sido reduzida a seu significado mais intrínseco que eu

denotaria como sendo “[...] dos meios culturais necessários à convivência de um

membro na sua sociedade [...]” (WIKIPEDIA, 2008), assim a educação da convivência

de certa forma acaba sendo a mais relevante no período escolar, sendo esta convivência

das mais variadas formas e resultado de um processo que foi construído durante toda a

vida do sujeito que muitas vezes não está preparado, não foi preparado pelo meio que o

gerou a participar de um ambiente que até então é estranho a ele que se “chama sala de

aula”. E quando se encontra ali dentro preso, entre quatro paredes, parece se revelar na

sua forma mais ancestral, e este fato é cada vez mais evidenciado, e por muitas vezes

quando pretende-se discutir esta metamorfose faltam palavras para os educadores mais

experientes e neste ponto se fixa a diferença, a linha divisória, o cadafalso que põe em

xeque as teorias estudadas e que tornam o trabalho do professor um desafio diário.

Este desafio tende a se tornar cada vez mais complexo, pois como professor a

preocupação diária com o trabalho se interpela através da promoção das aulas para

diferentes turmas em diferentes estágios de aprendizagem e com características da

mesma forma diversas. Ao mesmo tempo em que a situação dos governos demonstra ser

de queda de orçamentos, corrupção,... A luta por melhores salários começa a fazer parte

do turbilhão diário de questionamentos que passam na cabeça do professor que é

também um ser social que possui uma vida por detrás da figura, hoje desgastada, de

educador.

E por quê está tão desgastada? É difícil tentar explicar uma questão desta

natureza, sem tocar no fator monetário, assim como tudo no mundo globalizado e

capitalizado as profissões são classificadas como promissoras salarialmente ou que não

darão muitos ganhos a seus formandos. Desde o capital de Marx, onde o trabalhador

entra com sua mão de obra e produz um bem, e quando chega o momento do pagamento

o trabalhador percebe que o seu esforço não é suficiente para aquisição do mesmo,

entramos no paradigma do trabalhador. A profissão de professor está se tornando cada

vez mais, se já não é representada por uma profissão, como diriam os mais eloqüentes,

26

Page 27: TSC - Sistematização de Curso

da classe dos trabalhadores braçais. Como se o fato de ser um trabalhador fosse um

pejorativo a qualquer classe, claro que o sentido apurado muitas vezes se compara a

questão salarial, já que o salário de um professor, que precisa de um curso superior é

equiparado com profissões de nível médio que não justificam os anos e o investimento

de uma carreira de licenciatura.

Dentro deste contexto, das preocupações diárias, vê-se que fazem parte de um

sistema que se inicia dentro da universidade, quando somos questionados por amigos de

outras cidades e que também tiveram a oportunidade de cursar um nível superior

deparamo-nos com questões que nos deixam abalados quanto a validade de nossos

esforços: “[...], sendo que a atuação como ‘licenciados’ é vista [...]

como ‘inferior’, passando muito mais como atividade ‘vocacional’ ou

que permitiria grande dose de improviso [...].” (BRASIL, 2002. Pg. - 139)

neste ponto pode-se notar como estes cidadãos verão a figura do professor de seus

filhos, uma vez que nossos professores também foram uma influência positiva ou

negativa nesta decisão. Soma-se ainda ao ponto citado o fato do improviso, muitos

estudantes que se formam em cursos de bacharelado de engenharia, direito,... Podem vir

a se tornarem professores em escolas particulares, onde o conhecimento do conteúdo

passa como mais valoroso do que o conhecimento pedagógico destes professores e

então se deparam com o fato de:

O professor não aprende a criar situações didáticas eficazes nas quais sua

área de conhecimento surja em contextos de interesse efetivo de seus

estudantes. Sendo essa herança histórica, não há dúvida de que tais

deficiências estão hoje dificultando o trabalho escolar. (BRASIL, 2002. Pg -

140)

Estas dificuldades não foram imaginadas pelos futuros professores devido ao

fato da crença em seus conhecimentos tácitos de suas profissões, e no livro didático; que

aparece como “salvador”, como se o fato de um bom livro pudesse suprir todas as

necessidades pedagógicas de ferramentas para aprendizagem, seria mais um livro

mágico e não didático. E se tal livro fosse realmente apresentar grandes mudanças para

a aprendizagem, então os cursos de licenciatura em breve não existiriam mais bastando

apenas a formação em nível técnico de bons expositores para acompanhar a leitura e

resoluções de exercícios que já viriam prontos em volume adicional.

27

Page 28: TSC - Sistematização de Curso

Outra grande revolução na educação é o ensino a distância, agora já não se pode

mais pensar um mundo sem ensino a distância. A praticidade tecnológica assim como

há muito tempo pensava-se que a máquina substituiria o homem nas fábricas em geral

através da robotização, o ensino permanecia como intocado a esta revolução, agora o

que vemos é que as escolas podem com um professor no espaço de uma sala de aula

transmitir para um certo numero de outras salas estas aulas e desta forma contratando

um professor deixar de precisar de outros em outras cidades, de fato esta revolução

coloca em pauta mais uma preocupação, a da formação continuada, mas com o caráter

competitivo para obter mais títulos, mais horas, e estar a frente dos concorrentes. Na

universidade ainda não temos a formação com vistas a educação a distância, fato este

que terei de sanar com um curso que tenha o propósito de me habilitar em “tele-aula”, e

mais uma vez o que move esta engrenagem é o fator monetário, que foi citado no início

como sendo um fator determinante das opiniões quando se busca uma carreira, é

também fator na busca pela formação.

Os resultados dos “tele-alunos” em grande escala ainda não surgiram, esta é uma

tecnologia bastante nova e seu inicio se deu a alguns anos, o questionamento que fica é,

a carreira de professor é algo que se menciona como estável, após a aprovação em um

concurso público o professor que assumir seu cargo dificilmente será demitido, esta

realidade provoca muitas vezes uma certa estagnação do individuo em sua formação

continuada, deixando de lado os avanços, mas as novas tecnologias e seus resultados

podem alterar isto, pois quando se coloca em xeque a atuação dos professores dizendo

que os níveis de aprendizagem estão muito baixos e que este índice se remete ao

educador. Podemos estar vivendo uma época de transição onde o estado pode alterar as

regras por pressão popular, criando escolas com fundos do estado mas com

administração mais parecida com a particular onde seremos remetidos novamente a

condições de trabalhadores, pois o vinculo empregatício deixaria de ser tão estável e

posso ir além disso ao predizer que se os tele-alunos demonstrarem a longo prazo que

esta modalidade é mais eficaz ou se equiparar a modalidade presencial, em breve

teremos centros de transmissão para as escolas onde de um local central do estado os

mais renomados educadores transmitirão suas aulas para os alunos de todo o estado,

sendo reduzida drasticamente a necessidade de recursos humanos dentro dos sistemas

de educação, pois como já se percebe nas aulas via satélite, grandes empresas montam

estúdios de transmissão com os mais modernos equipamentos e em todo país estas aulas

são transmitidas e por meio de chat as dúvidas dos alunos virtuais são resolvidas.

28

Page 29: TSC - Sistematização de Curso

2.8 - Avanços / Atualizações:

Com a chegada do último semestre do curso, posso afirmar com segurança, que

os cursos superiores em seus currículos desejam despertar nos licenciandos o apreço

pela continuação de seus estudos. Digo isto, não só por ter freqüentado e estar me

formando em uma universidade que tem a convicção de que são necessários os

incentivos a pesquisa da prática educacional, bem como o complemento da formação

básica por intermédio da formação continuada em nível de especialização, mestrado e

doutorado; para que a partir desta freqüente busca, o sujeito seja capaz de promover a

autocrítica de seus conhecimentos em pró dos avanços técnicos e científicos cada vez

mais freqüentes.

Estes avanços tecnológicos não abrangem apenas os equipamentos eletrônicos,

que cada vez tem sua capacidade de detecção aprimorada, e sim os resultados destas

inovações que são utilizadas nos grandes centros de pesquisa e, que são periodicamente

publicados na imprensa internacional. Por sua vez, não apenas a primazia da

aparelhagem técnico-científica tem relevância no âmbito da atualização e formação, as

pesquisas em educação, que são amplamente discutidas no curso, fazem parte

primordial de um cerne de conteúdos que podem ser buscados na sua totalidade com

baixo custo – em comparação as máquinas – e seus resultados podem valer-se de grande

monta para o processo em que se esteja inserido.

Não são raras as vezes que temos duvidas quanto às práticas educacionais e

como elas se desenvolvem nas escolas da área onde atuamos (moramos, vivemos), a

dúvida tem a tendência de aumentar e se pensarmos a nível de região, estado e até

mesmo outros países, ou seja, é difícil delimitar uma análise das escolas de um

município com o ponto de vista de um único individuo, assim os trabalhos publicados,

que foram desenvolvidos nas escolas trarão a luz os fatos relevantes que se deseja obter,

seus resultados, etc. salientando-se que a prática da pesquisa nas escolas não ocorre de

forma continua, e muitas vezes nem ocorre, este espectro de dados que poderiam ser

consultados simplesmente não existe, e por diversos fatores acaba por acarretar um

29

Page 30: TSC - Sistematização de Curso

nível de isolamento dos profissionais da educação que muitas vezes se reflete na perda

do interesse pelos conhecimentos novos que estão sendo gerados / recriados na sua área

e que só é possível vistas a interação dos sujeitos professores nestas pesquisas.

Esse isolamento entende-se que tem como causas, pela formação voltada ao

conhecimento prático, em geral ocorre que, os professores não são formados por cursos

voltados para a licenciatura, mas após formarem-se fazem um “curso” com um número

limitado de horas que demonstra ser insuficiente para dar ao sujeito um complemento de

sua formação com vistas a licenciatura. Assim decorridos alguns anos esse professor,

acaba por se tornar um mero repetidor de receitas prontas, da mesma forma como foi

sua formação para trabalhar em uma empresa onde não é necessário fazer muitas

mudanças daquilo que já se sabe, e mesmo se o fosse é necessário que se mantenha um

certo nível de atualização, e assim, pode-se citar que a inserção da pesquisa em

educação na formação estimula e dá os meios necessários para que o professor possa

fugir deste isolamento, para que ele conheça os meios existentes de divulgação de

pesquisas e que possa se unir com colegas, mesmo de outras áreas do conhecimento na

escola e formarem seus grupos para pensarem juntos como é desenvolvida a educação

naquele ambiente escolar, e assim formularem seus próprios projetos de pesquisa, onde

estarão contribuindo para sua própria formação e para que se crie no ambiente escolar

uma conexão com as demais instituições de ensino, sejam universidades ou outras

escolas, pois, os resultados ao serem compartilhados com toda a comunidade científica

certamente poderá criar vínculos de cooperação entre as instituições.

O conhecimento, desta forma, desenvolvido durante o curso próprio de

licenciatura dá o suporte que falta para que se desenvolva dentro da escola um ambiente

de cooperação entre os professores, de modo, que a fragmentação habitual das

disciplinas possa ser sobreposta com o trabalho de desenvolvimento de pesquisas em

conjunto. Tendo por base o fato de cada escola ser um espaço educativo com

características distintas das demais, assim:

Implicam a necessidade de a formação continuada do professor considerar e se desenvolver nessa mesma identidade e diversidade. As necessidades e, portanto, as demandas por formação continuada variam de escola para escola. (BRASIL, 2002. Pg - 142)

E com o auxilio adequado estas pesquisas podem representar um avanço no que

diz respeito às teorias educacionais, principalmente se forem baseadas em projetos

sólidos, porém mutáveis, pois a pesquisa é um movimento que começa com um objetivo

30

Page 31: TSC - Sistematização de Curso

e no decorrer desta, vê-se que não encontramos respostas para as perguntas que

estávamos procurando e sim o que encontramos na maioria das vezes são mais

perguntas que precisam, que sobre elas, se desenvolva uma outra pesquisa e com a

experiência de permanecer pesquisando pode-se chegar cada vez mais perto de

conclusões que satisfaçam o interesse dos pesquisadores. Uma vez esta pesquisa estando

baseada no conhecimento prévio dos seus executores os erros cometidos nas primeiras

estarão corrigidos nas próximas e assim por diante, e levando em conta a alta

complexidade do objeto estudado, as conclusões obtidas em determinado período de

tempo podem não ser relevantes após outro espaço que nem sempre pode ser

mensurável, uma vez que a organização da sociedade se mantém em constante

movimento e este movimento pode se tornar incomensurável em termos de pesquisa

quando a análise de dados produzidos em certo tempo, ocorrer de forma muito

demorada pode acarretar em prejuízo das conclusões que refletirão desta forma o

período anterior ao contemporâneo, quando se deseja aplicar os conhecimentos

produzidos.

Observando sempre que o desejo de um projeto de pesquisa é produzir dados

que possam refletir em melhorias de métodos para serem aplicados de forma a conduzir

um determinado estudo; caso este que nem sempre pode ser alcançado, sendo uma meta

a atingir, pois as pesquisas em educação nem sempre levam a resultados conclusivos e

como foi dito anteriormente, vivemos em uma era de movimentos sociais e esse

movimento caracteriza que os sujeitos que hoje estão em foco possuem características

que os das próximas gerações não possuirão. Da mesma forma como o melhoramento

genético das plantas pode produzir indivíduos com características desejáveis, a

produção cultural de determinado período gera indivíduos com características desta

época cultural, mas ao contrário da biotecnologia, onde os resultados podem ser pré-

determinados em termos sociais estes se apresentam de forma totalmente aleatória,

podendo-se dizer que os frutos das sociedades contemporâneas só serão descobertos, ou

amadurecidos passados algum tempo.

31

Page 32: TSC - Sistematização de Curso

Considerações Finais

O exercício da profissão de educador é uma tarefa que necessita de inúmeras

habilidades, e mais importante do que estas habilidades inatas de educador, é a

consciência critica sobre a sua atividade, esta consciência por sua vez depende de uma

construção que pode ser adquirida com a formação continuada ou desenvolvida durante

o curso de graduação. Muitas vezes, na formação acadêmica ocorre a idéia de

finalização dos estudos, e os profissionais que se formam desta forma não sentem a

necessidade da busca por atualizações, fato este que não pode ser aceito como

verdadeiro porque em todas as áreas desde as mais tradicionais e consideradas

imutáveis, como são alguns cursos – ou melhor alguns formandos de determinados

cursos tradicionais – que encaram como totalmente acabada sua formação, hoje existem

a cada dia novos estudos e publicações com inúmeros resultados que podem ser

aplicados muitas vezes em mais de uma área do conhecimento.

Apenas em ensino de Química, são publicadas centenas de matérias e artigos

mensalmente, sendo que é tarefa praticamente impossível ler todos estes artigos. O que

devemos então é reconhecer que existem sim muitos horizontes para serem ampliados, e

a aceitação de que um curso superior não é o estagio final de desenvolvimento que um

profissional pode atingir faz parte de uma nova geração de formandos, que reconhecem

as falhas em sua formação e têm a capacidade de buscar o aperfeiçoamento necessário

para corrigi-los, e o mais importante que é a permanente autocrítica de suas atividades,

reconhecendo também as possibilidades de mudança em sua trajetória como profissional

que tem um objetivo determinado.

A busca pela continuidade da formação é uma das características que ficam mais

salientes neste momento de conclusão do curso, onde posso afirmar que com o exercício

da profissão poderei desenvolver metodologias próprias, onde buscarei relacionar o

cotidiano (as características locais) da comunidade onde estarei trabalhando e a

necessidade educacional que será trabalhada junto a escola. Fica salientado também que

o professor é uma figura importante nos momentos de determinação de estudos dentro

da escola, e que estes momentos sejam apropriados, para que todos os membros possam

desenvolver com suas habilidades os trabalhos em conjunto que podem significar

grandes mudanças dentro de um contexto mais amplo da realidade escolar.

32

Page 33: TSC - Sistematização de Curso

Referências Bibliográficas

(1)BRASIL. PCNEM, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. 2002. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/3327788/PCNS-ciencias-da-natureza-matematica-e-suas-tecnologias>

(2)PARECER CNE/CES 1.303/2001 – HOMOLOGADO. Despacho do Ministro em 4/12/2001, publicado no Diário Oficial da União de 7/12/2001, Seção 1, p. 25. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/3594465/diretrizes-Curriculares-nacionais-de-quimica>

(3)MASTERTON, William L. SLOWINSKI, Emil J. STANISKI, Conrad L. Princípios de química. Tradução Jossyl de Souza Peixoto. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996.

(4)MALDANER, Otavio Aloísio. A formação Inicial e Continuada de Professores de Química Professores/Pesquisadores. 3. ed.- Ijuí. Ed. Unijuí, 2006.

(5)MANCUSO, Ronaldo. MORAES, Roque (Org.). Educação em Ciências: produção de currículos e formação de professores. Ed. Unijuí, 2004.

(6)PERUZZO, Tito Miragaia. CANTO, Eduardo Leite do. Química: Volume Único. 1. ed. – São Paulo: Moderna, 1999.

(7)ECHEVERRÍA, A. R.; BENITE, A. M. C. e SOARES, M. H. F. B. A pesquisa na formação inicial de professores de química – a experiência do instituto de química da universidade de Goiás. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/3327792/PPP-QUIMICA>

(8)<http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o> Acesso em 14/05/2008.

(9) UNIJUÍ, Projeto Político Pedagógico do Curso de Química Licenciatura. Departamento de Biologia e Química. Versão 2007/ 1° semestre.

33