tropeiro de porcos no tiro de laço
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tropeiro de porcos no
Tiro de Laço
Elio E. Müller
O cachaço rodopiou e desequilibrou o garboso porqueiro.
TRÊS FORQUILHAS – RS, 1887
Tropeiro de Porcos no
Tiro de Laço
Tropeiros que conduziam gado, mulas e cavalos colocavam desprezo sobre os criadores e condutores de porcos, também denominados de tropeiros. Eram os chamados tropeiros de porcos.
Os tropeiros tradicionais de tropas, para fazer troça, insistiam em contar a seguinte história:
- O “Pequeno Klippel” que é porqueiro, um homem magro, pequeno – franzino – apareceu em nosso piquete teimando em participar em nossos torneios.
O homenzinho chegou montando um enorme cachaço (* 1), bem
encilhado.
Nunca antes alguém havia visto tal coisa.
Era um espetáculo de encher os olhos. O franzino porqueiro foi chamado para a sua vez de participar e lá saiu ele para o tiro de laço. Não saiu à galope pois porco não sabe galopar. Ele saiu naquele pique de corrida que é típico dos porcos. O porqueiro muito convicto foi girando o laço, melhor que qualquer mestre. Pensou poder acertar as aspas da rês. Mas, que desastre... O cachaço rodopiou e deixou o garboso porqueiro esparramado no chão, enrolado pelo laço.
As risadas eram abertas e ruidosas.
__________________________________________ ( * 1) Cachaço. Termo que designa o porco macho que não foi castrado,
utilizado para reprodução, portanto, utilizado para copular com as porcas para a reprodução).
TROPEIROS, PORQUEIROS E OUTROS TIPOS. A criação de porcos no vale do rio Três Forquilhas não foi expressiva, entre 1826 até 1880. Foi muito mais uma produção para consumo próprio ou venda para algum vizinho. A preferência generalizada era pela criação de gado, cavalos e muares.
Por volta de 1880 surgiu um repentino mercado apresentado pelos imigrantes italianos que se radicaram na área da Serra, em Veranópolis, Lagoa Vermelha e Vacaria. Desta época em diante em diversos pontos do vale também passaram a ser vistos lotes de porcos, criados soltos como se fossem gado * 2, em Três Pinheiros, Bananeira e Boa União. ________________________________________________________
2 Lotes de porcos, criados soltos como se fosse gado. Estas palavras vindas da tradição oral de Três Forquilhas são semelhantes a relatos sobre a criação de porcos em outras áreas de colonização. No livro ASSIM VIVEM OS ITALIANOS, de Arlindo I. Battistel e Rovílio Costa - Porto Alegre, Editora EST, 1982, página 367, está transcrito o depoimento de Vitório Umberto Zottis, nascido em 9 de junho de 1895 em Nova Bassano: - Quando tínhamos o moinho lá embaixo, havia farelo de sobra e tínhamos uma criação de seiscentos porcos, numa grande invernada. Então dávamos o farelo aos porcos e quando estavam gordos os vendíamos. Tocávamos os porcos a pé. Porcos gordos. por uns trinta quilômetros. Tocavam uns sessenta, setenta, oitenta porcos. Perdiam peso, mas ia-se devagar. Um na frente os chamava e o outro atrás os tocava. Jogavam grãos de milho no chão, e eles caminhavam, heim! Iam até cinco, seis pessoas, conforme a manada. Para tocar os porcos daqui até Vacaria precisavam de quatro a cinco dias. À noite paravam à beira da estrada. Os porcos se deitavam, cansados, ficavam ali, e no dia seguinte seguiam caminho.
Surgiu uma nova profissão, uns os denominavam de tropeiros de porcos
e já os tropeiros tradicionais que conduziam tropas de gado e cavalos insistiam em denominá-los de porqueiros ou porcadeiros. Famílias se dividiram entre criadores de gado e criadores de porcos. Passaram a existir, por exemplo, os Klippel tropeiros e os Klippel porcadeiros. Do mesmo modo havia os Hoffmann tropeiros e os porcadeiros. O mesmo era visto entre outras famílias, de Becker, Sparremberger e Schwartzhaupt, entre outros. Eles não se entendiam bem e, era visível o desprezo que os tropeiros votavam aos porqueiros.
(Extraído do livro FACE MORENA, 5º Volume da Coleção Memórias da Figueira)