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MARCO ZERO Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 2 • Curitiba, abril de 2010 O Maluco Beleza de Curitiba Uma entrevista com Plá, escritor e compositor, formado pela FAP. Página 3 A Imperatriz das ruas Conheça a história da Rua XV, principal ponto de encontro dos curitibanos. Página 3 É de graça! Confira a programação de exposições, oficinas, cinemas e muito mais. Página 7 PERFIL TRILHAS DO TEMPO Novo Passeio Público de Curitiba Páginas 4 e 5 Foto: Arquivo

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Page 1: TRILHAS DO TEMPO - uninter.com · hora do almoço em dias úteis. Nos domingos, pode ser visto no Largo da Ordem. “Trabalhando em céu aberto, você está sujeito a tudo”, comenta

Curitiba, abril de 2010 MARCO ZERO 1

MARCO ZEROJornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Facinter • Ano I • Número 2 • Curitiba, abril de 2010

O Maluco Beleza de Curitiba

Uma entrevista com Plá, escritor e compositor, formado pela FAP.

Página 3

A Imperatriz das ruasConheça a história da Rua XV, principal ponto de encontro dos curitibanos.

Página 3

É de graça!Confira a programação de exposições, oficinas, cinemas e muito mais.

Página 7

PERFIL

TRILHAS DO TEMPO

Novo Passeio Público de CuritibaPáginas 4 e 5

Foto: Arquivo

Page 2: TRILHAS DO TEMPO - uninter.com · hora do almoço em dias úteis. Nos domingos, pode ser visto no Largo da Ordem. “Trabalhando em céu aberto, você está sujeito a tudo”, comenta

MARCO ZERO Curitiba, abril de 20102 Curitiba, abril de 2010 MARCO ZERO 3

C onhecido como Plá, Ademir Antunes é artista de rua desde 1984. Formado em música

pela FAP (Faculdade de Artes do Paraná), em 1982, ele tem sete livros publicados, todos escritos de forma independente, sobre o que ele pensa da sociedade atual.

Com 37 CDs gravados, geral-mente em shows nos teatros de Cu-ritiba, o artista de estilo Raul Seixas já faz parte da paisagem da rua XV de Novembro, no centro de Curitiba. Ali, ele se apresenta geralmente na hora do almoço em dias úteis. Nos domingos, pode ser visto no Largo da Ordem. “Trabalhando em céu aberto, você está sujeito a tudo”, comenta o músico, escondendo-se da chuva que chega de repente.

Umas das curiosidades é que ele é vegetariano. “Esses dias, inventei de comer peixe, mas não me caiu bem. Comecei a passar mal logo de cara”, desabafa o cantor de rua. A outra é que ele mesmo costura suas roupas: “Compro esses panos e eu mesmo faço tudo”, explica. Plá estende panos na calçada, onde as pessoas que se interessam, param, escrevem recados, poesias e mensagens. Esses tecidos, mais tarde, transformam-se em suas roupas.

Ele cumprimenta as pessoas na rua com beijos e abraços. Parece que todos são seus amigos. Adora rock n’ roll e blues e isso está na sua cara e no jeito de con-versar. As músi-cas têm a ideo-logia de tudo o que está vivendo e presenciando. Escolheu essa profissão porque gosta de estar ao lado dos difer-entes tipos de pessoas que frequentam a região cen-tral da capital.

De sandálias nos dedos e com a velha bicicleta, ele leva seus equi-pamentos desde o bairro Cabral até a rua XV, próximo ao Bondinho. Rotina diária que faz com amor e

carinho, tudo pela música. “Vivo a música, não toco apenas. Faço tudo pela música, esta é a vida que escol-hi para mim”, comenta. Seu difer-encial, além das roupas, são a barba e o cabelo compridos. De imagem simples, estilo maluco beleza, con-quista e deixa todos que passam pe-las ruas um pouco curiosos.

“A vida é imprevisível, é diferente; a filosofia, a arte e a música podem transformar os objetivos das pessoas.

Eu não vivo do que faço! Eu vivo o que faço. Escol-hi viver de música, pois é o que mais gosto de fazer”, filosofa Plá com um sorriso.

E qual foi o dia mais feliz ou diferente em seu trabalho nas ruas? Ele conta

que “foi muito legal” o dia em que o pessoal da banda Ventania tocou com ele. “Nossa, foi muito bom! Os caras cantaram minhas músicas e al-gumas da banda deles em plena XV. Muita gente parou para ver e aplau-diu”. A seguir, veja mais da entrevis-

PERFIL

Paulo Veiga

EDITORIAL

Avatar é o primeiro fil-me lançado totalmente em 3D. A película tem direção de Ja-mes Cameron (Titanic) e co-meça com a chegada a Pandora de Jake Sully (Sam Worthing-ton), um ex-fuzileiro naval que ficou paraplégico e vai ao pla-neta, que é uma lua na conste-lação de Alpha Centauris, para substituir o seu irmão gêmeo, morto alguns meses antes, no programa chamado “Avatar”. Nesse programa, é feito um ex-perimento científico que trans-fere a consciência e a mente hu-manas para dentro de um corpo artificial, criado com técnicas de engenharia biogenética com mistura de DNA humano e dos Na’vi (povo humanóide de Pan-dora). Os Na’vi são os nativos do planeta, tendo três metros de altura, pele azul, e uma pro-funda ligação com a natureza.

Pandora é um planeta com pai-sagens lindas, mas também selvagem, com animais exó-ticos e perigosos. O projeto Avatar é patrocinado por uma mineradora que está interessa-da em um metal precioso e ra-ríssimo que o planeta produz, cujo maior depósito está bem debaixo da grande morada do povo Na’vi. O mundo de Ava-tar é muito rico, e ao assistir ao filme o telespectador tem a sensação de estar dentro de uma obra de arte. Essa sensação se dá graças aos efeitos especiais, que são o que há de melhor no filme. A qualidade gráfica faz com que o público se confunda entre o que é real e o que é téc-nica de computação.

O filme aborda temas como a ambição e a ganância do homem, além da importância da natureza. Esses temas estão

em foco hoje em dia no mundo todo. Preservar o meio ambiente é algo que as pessoas estão bus-cando fazer, mas, como sempre, existe alguém ou algum país que não quer saber de preservar, apenas tirar da terra o que ela tem de melhor para enriquecer o seu bolso. Isso pode ser visto no começo do filme, pois logo que Sully chega a Pandora ele diz que seus companheiros na Terra eram do exército, da marinha e da força aérea, mas em Pandora não passam de mercenários em

busca de dinheiro.A minerado-

ra não se preocupa em momento algum com a natureza. Du-rante o filme todo, está preocupada em

como tirar o povo Na’vi do lu-gar onde eles vivem para extrair o precioso metal. Algo bem se-melhante com o que ocorre no nosso planeta, como nos casos envolvendo a Floresta Amazô-nia, onde empresas compram terrenos para “preservar” a mata, mas na verdade estão in-teressadas em retirar o que há de melhor na natureza.

Se não fosse pelos efeitos especiais, Avatar seria um filme como qualquer outro, com co-meço, meio e fim, que traz um tema atual e que não convence o público sobre a importância da preservação do meio am-biente. Graças aos avanços da tecnologia, Avatar é um filme que entretém e conscientiza o público.

As autoridades estão fazendo algo para combater o comércio de drogas no centro?Eliane Muiniki

“Infelizmente, não tenho visto grandes ações por parte da polícia curitibana. É muito barulho feito pelas sirenes dos carros de polícia, e, quando prendem algum infrator, logo em seguida o soltam por falta de espaço nas delegacias. Peque-nos furtos acontecem diariamente e só aumentam o medo da população que transita pelo centro. A população precisa se unir para solicitar mais policiais nas ruas. Afinal, somos to-dos cidadãos e pagamos nossos im-postos”.

Leila Mazur, estudante

“As autoridades tentam combater o crime com as armas disponíveis (violência e intimidação) e o que mais presencio no centro é a famosa batida policial. Vejo isso pelo menos uma vez a cada cinco dias, o que não é eficiente porque após a retirada dos policiais o comércio de drogas volta a funcionar normalmente.”

Schirlei do Prado, estudante

“Não vejo ações concretas sendo realizadas pelas autoridades. O que observo diariamente é um constante aumento do número de pessoas con-sumindo drogas pelas ruas centrais, atuando cada vez mais à vontade e inclusive à luz do dia.Isto é muito evidente, principalmente em ruas próximas ao terminal Gua-dalupe, na esquina da rua XV com Mariano Torres, e na região do Largo da Ordem. É só passar lá e ver.”

Fabiano Ozique, estudante

“Não, porque os policiais não estão sendo reconhecidos a partir dos seus salários. Para que haja uma boa se-gurança na cidade, é necessário que se valorize a polícia. A partir do mo-mento que isso não é feito, os profis-sionais da área não vão arriscar suas vidas por pouco.”

Maíra Gandin, estudante

RESENHA O Maluco Beleza de Curitiba

“Ao assistir ao filme, o telespectador tem a sensação de estar

dentro de uma obra de arte”

Um mundo chamado AvatarAna Paula Ferreira

no centro da capital paranaense. Reco-mendo a todos praticar o ciclismo nas ruas da cidade. Faz bem para a alma e para o corpo. Além disso, é um veículo que não polui o meio ambiente.

Quando gravou o primeiro CD?O primeiro CD que gravei, o

“Raio de Sol”, foi em 1987 em uma apresentação no Teatro Paiol. Depois desse, fiz um CD lá no Teatro Uni-versitário de Curitiba (TUC), no Mini Guaíra, outro no Teatro Cultura, Te-atro Saltimbancos e por aí vai.

Por que esse estilo de vida?As pessoas acham que sou lou-

co por ter esse estilo de vida. Louco? Ainda bem que sou louco! Acho que ser louco é estar desperto para a vida. É ter discernimento do que você é, para onde vai e o que quer.

O que acha do estilo das pessoas? As pessoas seguem uma moda? Vivem em uma sociedade babilônica?

Se você quer algo diferente, ter a mente aberta, tem que sair dessa Babilônia. Essas pessoas que querem seguir a moda, usar uma roupa de tal cor porque todos usam, que tipo de personalidade essa pessoa tem?

“Eu não vivo do que faço! Eu vivo o que faço”

O Marco Zero é o jornal-labo-ratório do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornal-ismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter).

As matérias envolvem a região central de Curitiba e buscam reve-lar informações, curiosidades, perso-nagens e fatos dessa área da capital paranaense.

Como jornal-laboratório, o Mar-co Zero é um espaço para a prática dos estudantes e, portanto, sujeito a lacunas e falhas eventuais, normais nesse tipo de veículo, mas também às experimentações portadoras de novi-dades, sempre bem-vindas na forma-ção de futuros jornalistas.

Esta edição traz assuntos como cinema, um bate-papo com o cantor e compositor Plá, lendas urbanas, fotos do Mercado Municipal, enfim, variadas matérias para você, leitor.

O Marco Zero mantém um canal aberto com seu público-alvo – gente que trabalha, mora ou transita pela área central de Curitiba – e acolherá críticas, comentários ou sugestões dos leitores. O contato pode ser feito pelo e-mail: [email protected] ou pelos telefones 2102-7953 e 2102-7954.

Boa leitura!

Aos leitores

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter)

Coordenador do Curso de Comunicação Social:Gustavo Lopes

Professores Responsáveis:Roberto NicolatoTomás Barreiros

Diagramação:Eliaquim Junior (6º período)Edno Junior (5º período)André Halmata (5º período)

Facinter: Rua do Rosário,147CEP 80010-110 - Curitiba-PR

Expediente“As pessoas acham que sou louco por ter esse estilo de vida. Louco? Ainda bem que sou louco! Acho que ser

louco é estar desperto para a vida”

ta concedida ao jornal Marco Zero.

O que você mudaria em Curitiba?Creio que a mentalidade das

pessoas. Acho que a moral, o res-peito e a ética estão longe na cabeça das pessoas.

Qual o recado aos futuros forman-dos de artes?

Tem que seguir o coração. Se con-cluir o curso e não bater a opinião real mais tarde, é bom fazer o que gosta. Usar essa experiência e seguir a vida.

A sociedade impõe o que você é?Sim. Não seja um número a

mais. As pessoas têm que buscar a evolução e ter visão sobre vida.

Você costuma conceder entrevis-tas com frequência?

Não dou muita bola pra isso. Nunca procurei a mídia. Quando al-guém quer falar comigo, eu respon-do numa boa, assim como falo com você agora.

Qual seu esporte preferido?Adoro bicicleta. Até fiz uma

música sobre os passeios com a gal-era que eu pratico aos sábados aqui

Paulo Veiga

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O Passeio Público está passando por um processo de revital-ização que começou no ano

passado, a pedido dos frequentadores e moradores da região. As mudanças já podem ser vistas no novo complexo vet-erinário e nos espaços mais confortáveis para as aves, além do sistema de filtra-gem da água dos lagos.

As crianças também devem ganhar um novo espaço ainda neste ano. Um novo parque de diversões está sendo con-struído no centro do parque. A obra terá 1.380 metros quadrados e contará com escorregadores, espiral e tobogã, além de outros brinquedos, como balanços, gan-gorras e um carrossel.

Alguns dos antigos brinquedos também estão sendo recuperados, e da plataforma de cimento sairá uma pas-sarela que interligará os brinquedos. Também está no projeto um balão de metal com apro-ximadamente cinco metros, em homenagem aos 100 anos do vôo da espanhola Maria Aida no

balão Granada, em abril de 1909.O restaurante do Passeio, que fica

no coração do parque, também rece-beu melhorias. Segundo a supervisora do estabelecimento, Leila Couto, “foi uma mudança pequena, de rotina”. Atu-almente, o local é menos frequentado, porém continua com um cardápio varia-do e com boa clientela.

Raquel Luana mora ao lado do parque há dois anos. “Foi aqui que eu es-colhi para viver. É um lugar maravilhoso e sempre levo a minha cachorrinha Mey para passear. Aliás, levo todos os dias. Ainda tem as ‘tias’, mais discretas, mas cada um no seu quadrado”, comenta, ao lembrar que no local há um módulo da Polícia Militar que garante a segurança

dos frequentadores. “Lá é praticamente o quintal da minha casa”, completa.

Já dona Juraci questiona os altos e baixos do parque. E comenta que há uns 15 anos o parque era um lugar bastante marginalizado que tinha uma fama péssi-ma. “Hoje está muito diferente”. Ela ainda dá uma dica: “Todo sábado de manhã, tem uma feira de produtos orgânicos, e vale a pena conhecê-la. Os produtos não são tão caros quanto os do mercado e são de quali-dade bem boa”.

Segundo o vendedor ambulante Adalberto Teixeira, “por muito tempo o Passeio Público permaneceu esquecido e abandonado, entregue aos vândalos e à prostituição. Atualmente, um projeto de recuperação da prefeitura da cidade prome-te resgatar o brilho que em outras épocas havia no mais antigo parque de Curitiba”, comenta.

Mauro de Jesus Gonçalves, antigo frequentador do parque, afirma que “a es-colha de Curitiba para ser uma das cidades sede da Copa de 2014 parece ter estimu-lado a realização de projetos de gaveta que por muitos anos são reinvindicados pela população e comerciantes locais”.

Passeio Públicoganha novas obras

Além de ser um espaço para lazer, várias pessoas usam o Pas-seio para ganhar o seu sustento. Es-ses trabalhadores estão diariamente no parque oferecendo seus serviços e auxiliando os freqüentadores. Um exemplo é Dona Elizete, que atua há 30 anos no local como fotógrafa.

Ela explica que tirar fotos no parque é um negócio de família, que começou com o seu sogro e foi pas-sando de geração a geração. “Por esse ter sido o primeiro parque de Curitiba, foi aqui que meu sogro re-solveu começar com o negócio”. Eli-zete também conta que no local sem-pre acontece alguma coisa engraçada que merece ser lembrada: “Às vezes, as pessoas estão distraídas e acabam caindo no rio”, exemplifica.

O Passeio Público é frequentado diariamente por várias pessoas, que, muitas vezes, não respeitam a nature-za e acabam jogando lixo no chão. Para deixar sempre limpo o parque, os garis trabalham todas as manhãs, recolhen-do as folhas mortas e o lixo em geral. Um desses profissionais é Moises Ro-drigues, que trabalha no parque há um ano e meio: “É bom trabalhar aqui, pois o parque é visitado por muitas pessoas, e eu gosto desse movimento”, conta.

As pessoas que andam no parque

Os cuidados com os animais no inverno

Balão de cinco metros será atração para as crianças

O Passeio Público ainda abriga vários animais em cativeiro e espécies em extinção, embora a maioria tenha sido transferida para o Zoológico, para manter uma boa qualidade de vida nas reproduções. A mudança propi-ciou um habitat mais apropriado para os animais, como, por exemplo, os ursos, que ganharam mais espaço. O recinto onde ficavam no Passeio era antigo e agora eles contam com me-lhor infraestrutura e qualidade de vida no Zoológico da cidade.

Hoje, o Passeio ainda abriga uma boa quantidade de animais de pequeno porte, como aves, entre elas a gralha azul, símbolo do Paraná, e também de mamíferos (macacos) e algumas cobras.

A preocupação com os animais é de suma importância. No local, tra-balham dois veterinários, e um sempre está de plantão para socorrer os bichos. Na verdade, há um revezamento com o Zoológico, já que os veterinários tra-balham em equipe.

A alimentação das cobras, por ex-emplo, é feita toda segunda-feira. Elas se alimentam de ratos brancos, e o cui-dado é todo especial. O terrário de cada espécie de cobra tem sua chave. Lá es-tão espécies como a jibóia da Amazônia e a cascavel, entre outras.

Com o frio, são disponibilizados três tipos de aquecimento: infraver-melho, ultravioleta e pedra aque-cida. No verão, a temperatura é de 29 graus e no inverno fica entre 20 a 21 graus, conforme conta o trata-dor Dinor de Paula, que trabalha há cerca de 20 anos nessa profissão. Os saguis têm tratamento especial para ficarem aquecidos no inverno. Já os macacos contam com cobertores nos seus cativeiros.

Recentemente, os animais gan-haram um pronto-socorro próprio, inau-

Trabalhadores sempredispostos a colaborar

gurado pelo prefeito Beto Richa. O pronto atendimento vai funcionar 24 horas, se-gundo o funcionário do setor administra-tivo Silvio Biscaia.

Há também as garças, que não vivem em cativeiro, porém, usam o Passeio para se reproduzir. Com isso, o Passeio Público virou referência para o Brasil. Basta olhar mais aten-tamente para ver as aves voando de uma árvore para outra. O parque tem uma grande área verde e pode ser considerado um santuário ecológico em pleno centro de Curitiba.

dizem que os trabalhadores são muito atenciosos e que, sempre que precisam de ajuda, ou têm alguma dúvida, eles estão prontos a colaborar. “Sempre que tenho algum problema ou quero saber o nome de algum pássaro é só falar com eles, que são muito simpáticos”, diz Vilmar Folador, que frequenta o parque diariamente.

Alguns trabalhadores afirmam que gostam de trabalhar no Passeio Público, mas que têm medo pela falta de segurança. Apesar de haver um módulo policial dentro do parque, muitos mendigos, usuários de drogas e prostitutas ficam circulando livre-mente por ali, ameaçando e colocando medo nos trabalhadores. “Os mendi-gos vêm aqui, tentam me roubar, eu chamo a polícia, mas eles falam que não podem fazer nada”, revela um tra-balhador que não quis se identificar.

Mulheres do parqueO Passeio Público é um dos

locais escolhidos por mulheres que vivem da prostituição em Curitiba. Um exemplo é Kátia, que há 20 anos fre-quenta o local. Ela conta que quando começou a trabalhar como profissional do sexo, aos 18 anos, fazia de dez a 12 programas diariamente. Recorda que chegou a ganhar entre R$ 100,00 e R$ 150,00 em um dia de trabalho.

Kátia é o nome usado por ela há muito tempo. Ela também prefere ser chamada de “mulher de programa” em vez de prostituta. “Sei que já não sou nenhuma garotinha, mas dou de dez a zero em muita menininha de 20 e pou-cos anos”, diz, referindo-se às “meni-nas” que andam por ali.

Nos dias de calor, suas roupas preferidas são saia curta e miniblusa,

segundo ela, para “causar furor”: “Os homens mais velhos passam e ficam olhando todos interessados, já que eles têm em casa, na maioria das vezes, esposas recatadas. E eu pre-firo assim, homens mais velhos, pois eles não são tão fantasiosos e cheios de gás quanto os mais jovens”.

Com o dinheiro ganho nos longos anos de trabalho, Kátia comprou um carro e uma casa em Almirante Taman-daré, na Região Metropolitana de Cu-ritiba, onde mora com a mãe e dois dos três filhos. “Todos sabem do meu tra-balho e da minha condição. Se não es-tiverem satisfeitos, que procurem outro lugar para morar, pois a casa é minha e comprei com meu dinheiro!” Kátia enfa-tiza a separação entre suas duas vidas: “Quando estou em casa, viro dona de casa, mãe e filha, e nesse caso não cabe mais a profissão que exerço”.

O primeiro zoológico de Curitiba

Considerado um santuário eco-lógico em pleno centro de Curitiba, o Passeio Público tem cerca de 70 mil m² de área verde. Já abrigou o primeiro zoológico da cidade e até hoje possui alguns animais em cat-iveiro, além de um aquário. Inaugu-rado em 1886, o parque está local-izado ao lado do centenário Colégio Estadual do Paraná e a uma quadra do Shopping Muller.

O Passeio Público conta com três lagos, sendo um com uma pequena ilha, uma gruta e um palco flutuante, e é cortado por uma ciclo-via que passa por toda sua extensão.

O local, onde passam milhares de pessoas todos os dias, é usado para praticar exercícios físicos e também como ponto de encontro de casais de namorados.

De início, a finalidade da con-strução era drenar uma área pan-tanosa. Mas acabou servindo como uma das principais áreas de en-tretenimento da cidade. Por muito tempo, abrigou vários animais, mas muitos deles foram transferidos para o Zoológico de Curitiba, embora no Passeio ainda possam ser encontra-das algumas espécies de animais já em risco de extinção.

Seu portal é cópia fiel do portal do Cemitério de Cães de Paris, com

grandes arcos e uma entrada monu-mental que dá direto para ciclovia do parque. Na entrada, podem ser encontradas duas placas de bronze, uma com a inscrição da doação do terreno e outra sobre o tombamento do portal pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, em 1974.

O Passeio Público também foi palco de fatos marcantes na cidade, como a primeira experiência com luz elétrica. Na época da sua con-strução, a iluminação era feita por lampiões alimentados por óleo de peixe. Lá, também foi coroado no iní-cio do século XX o simbolista Emilia-no Perneta, que recebeu o título de “príncipe dos poetas paranaenses”.

Bruna MermerWilliam dos Santos

Gizely Santos

Bruna Larissa Mermer

Silvana Kogus

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: Arq

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Foto

: Arq

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Lucila Godoy Eckert

Frequentadores esperam que a reforma traga de volta o brilho do parque mais antigo de Curitiba

Lucila Godoy

Garis garantem a limpeza diária do local

Terrário do Passeio Público oferece várias atrações e é muito visitado

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MARCO ZERO Curitiba, abril de 20106 Curitiba, abril de 2010 MARCO ZERO 7

ACONTECEU

Samba, cerveja e foliaOsvaldo Soares

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Soa

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Maria Sangrenta, também co-nhecida como loira do banheiro, é uma lenda urbana que teve seu início nos Estados Unidos. Existem várias versões sobre ela, mas a mais conhe-cida conta a história de uma menina que gostava de matar aula e ficava es-condida no banheiro de sua escola.

Certo dia, essa menina escor-regou, bateu a cabeça e morreu. A partir de então, passou a assombrar banheiros de colégios e a assassinar os alunos que matavam aula como ela fazia. Essa lenda já foi contada na TV, na série Sobrenatural e em vários filmes.

A história é muito contada entre alunos, principalmente entre crianças de 9 a 11 anos. Muitas di-zem não acreditar, mas apesar disso confessam que têm ou já tiveram medo. “Hoje em dia não tenho, mas na época foi assustador. Com o tem-po, vemos que não passou de uma brincadeira”, explica a estudante Larissa Ferentz.

Os jovens comentam que existe um ritual para chamá-la: bater três vezes na tampa do vaso, três vezes na porta do banheiro e puxar três ve-zes a descarga. Depois, é só ficar na frente do espelho e falar três vezes “Maria Sangrenta”. Logo, ela apare-ce e, de acordo com os alunos, perse-gue a vítima até conseguir matá-la. “Ela aparece no espelho e, se você não correr, ela te mata!”, conta o es-tudante Vinicius Eckert.

Maria Sangrenta,uma lenda da escolaLucila Godoy Eckert

A Maria Sangrenta no seriado Sobrenatural.

LENDAS URBANAS

Apesar de a história ser bastan-te recontada e muitos acreditarem nela, algumas pessoas dizem que a lenda não passou de uma jogada de marketing do jornalista Orlando Criscuolo para aumentar a venda de seu jornal.

Como essa história é mais co-nhecida entre as crianças, principal-mente nas escolas, os professores dizem que se preocupam com o que os alunos acreditam e passam para eles a ideia de que é uma lenda e não uma realidade. “Mostramos a eles as lendas urbanas como forma de conhecimento que está no campo da ficção e do folclore”, diz a coor-denadora do Colégio Energia Ativa, Luciane Pelanda.

Realidade ou não, a lenda existe e mexe com a imaginação de muitas crianças e jovens ao redor do mundo.

O Solar do Barão, localizado no centro de Curitiba, está com uma temporada de exposições com obras de artistas paranaenses consagra-dos, como Alex Cabral e Eduardo Fausti. Além dos quadros e gravu-ras, a exposição conta com curtas metragens, são diversos vídeos exi-bidos durante o dia todo.

Entre os dias 10 de março e 9 de maio, diversas obras ficarão ex-postas no segundo andar do prédio, onde as pessoas poderão acompa-

Solar do Barão abre as portas para exposição de arteJeferson Loureiro nhar a mostra e também conversar

com os autores.As obras de arte foram feitas

com técnicas mistas, algumas delas uma semana antes do início da ex-posição. Cabral e Fausti são con-hecidos no cenário artístico para-naense.

O Solar do Barão fica na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, e as exposições podem ser visita-das de terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h, e aos sábados, do-mingos e feriados, das 12h às 18h. A entrada é franca.

É de graça!TRILHAS DO TEMPO

A Rua XV de Novembro, entre a Monsenhor Celso e Barão do Rio Branco, em 1940.

Walter Alfredo

Exposição Fotografia-Arte e ColecionismoOrlando Azevedo, Cristiano Mas-caro, Ana Regina Nogueira, Bob Wolfenson e Luciano Candisani Data: até 9 de MaioCasa Andrade MuricyAlameda Dr. Muricy, 915 – Centro Telefone: (41) 3321-4816

Hiperplano, exposiçãoindividual de Rodrigo Dulcio Espaço 12, 1º andar, bloco CQuase Gravuras, exposição individual de Alex Cabral Espaço 13 e anexo 1º andar, bl. CNovas Gravuras, exposição individual de Eduardo Fausti 2º andar, bloco ADe terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domin-gos e feriados, das 12h às 18hSolar do BarãoR. Carlos Cavalcanti 533 – CentroTelefones: (41) 3321-3240 e (41) 3321-3269

MúsicaConcertos de músicaContemporâneaSala de AtosDias 14 e 28/04 às 12h30Paço da Liberdade Pça. Generoso Marques, s/nº

Apresentações Duo Buenos Aires – Tango Alejandro Di Núbila e Elizabeth Fadel - obra de Astor PiazzollaDatas: 13/04 e 27/04 às 18hPaço da Liberdade Pça. Generoso Marques, s/nº

Cinema

Espaço CinepensamentoSempre às sextas-feirasDatas: 16 e 30 de abril Horário: 19hMostra JodorowskyCineasta Alejandro JodorowskyDatas: 7, 14 e 21 de abril. Cine Clube Paço da LiberdadePça. Generoso Marques, s/nº

OutrosContação de Histórias Espaço-Biblioteca, com alternância dos contadores.Até 25 de abril, todos os domingos das 14h às 15h30, para crianças de seis a dez anosPaço da LiberdadePça. Generoso Marques, s/nº

divulgação

Um dos pontos de referência de Curitiba, a rua XV de Novembrofoi visitada pelo imperador Dom Pedro II no século XIX

É difícil passar pelo centro de Cu-ritiba e não cruzar ao menos uma parte de uma das ruas mais ilustres da capi-tal paranaense. Mães passeando com suas crianças, trabalhadores a caminho de mais um dia de serviço, indivíduos desfrutando de uma das muitas op-ções de alimentação, artistas que fazem dela o seu palco: todo curitibano cruza a Rua XV de Novembro.

A via tornou-se um dos princi-pais pontos de referência da capital, pois ali estão reunidos diversos co-mércios, tais como lojas de departa-mentos, de roupas, de calçados, bancas de jornal, bancos, além de cafeterias, restaurantes e lanchonetes, e, nas ime-diações do calçadão, pontos de ônibus

que possibilitam o acesso a qualquer ponto da cidade.

A Rua XV sempre foi destaque em Curitiba, mas no passado isso acontecia de forma diferente. O seu nome original era Rua das Flores, e o espaço físico era de apenas três quadras, entre as atuais Dr. Muricy e Barão do Rio Branco. Nos tempos do Brasil Império, a rua foi re-batizada Rua da Im-peratriz, em homena-gem à esposa de Dom Pedro II, em decor-rência de uma visita do imperador e de sua esposa à cidade.

Em 1889, ficaram as flores, mas mudou-se o nome de seu lugar no centro. No dia 14 de dezembro, ela foi rebatizada Rua XV de Novembro, em homenagem ao dia da Proclamação da República do Brasil, que aconteceu naquele mesmo ano. Com o cresci-mento da cidade, a Rua XV passou a abrigar maior variedade de comércio, e algumas construções tornaram-se marcas da XV, como o Palácio Aveni-da, o Edifício Garcez, o Teatro Guaíra e o prédio histórico da UFPR.

O calçadãoA Rua XV era dominada por

uma maioria de carros. O calçadão

ainda não existia, e as pessoas tin-ham pouco espaço para travessia. Desde 1966, havia um projeto para a criação de um trecho exclusivo para pedestres, mas a ideia encon-trava resistência por parte dos co-merciantes, que temiam perder visi-bilidade e clientela caso a rua não

tivesse lugar para os veículos.

Tal situação mu-dou em 1972, na gestão do prefeito Jaime Lern-er. Ele conversou com os comerciantes e ex-

plicou que a mudança traria mais benefícios que perdas, pois, com mais pessoas passeando pela Rua XV, a clientela poderia aumentar.

Numa sexta-feira, após o té-rmino do expediente no centro, começou a instalação do petit-pavet, luminárias, canteiros e out-ras características que transforma-riam a Rua XV de Novembro em um calçadão exclusivo para pedes-tres. A inauguração da obra foi em 19 de maio daquele ano, apenas 48 horas após o início da operação que mudara a face da via, ficando para a posteridade um espaço por onde circulam incontáveis pessoas que talvez nem imaginem que a Rua XV nem sempre foi só delas.

O calçadão ainda não existia, e as pessoas tinham pouco espaço

para travessia

A imperatriz das ruas

Rua XV vista da Praça Osório em maio de 1972

No dia 11 de fevereiro de 2010, o vice-prefeito Luciano Ducci en-tregou as chaves da cidade de Curi-tiba ao Rei Momo Mauro L. Silva, acompanhado de sua comitiva real, formada pela Rainha do Carnaval, Marcia Souza, e as princesas Clau-dia Cunha e Vanessa Costa. Signi-ficou que a folia iria começar dois dias depois na Avenida Cândido de Abreu.

As escolas participantes sempre trouxeram novidades para a Aveni-da. Um exemplo disso são os enre-dos que surpreendem a cada ano. Uma grande estrutura foi preparada para aquele sábado de Carnaval. Fo-ram instalados banheiros químicos, barracas de alimentação e arquiban-cadas, dando comodidade ao públi-co que apareceu no local do evento. Muita organização e samba da me-lhor qualidade. A abertura começou com os blocos Afoxé e Rancho das Flores. Em seguida, desfilaram as es-colas do grupo B (Mocidade Azul e Os Internautas) e do Grupo A (União do Bairro Alto, Leões da Mocidade, Embaixadores da Alegria e Acadê-micos da Realeza).

A apuração aconteceu domin-go, no Memorial de Curitiba. A esco-la de samba Acadêmicos da Realeza com o samba “Do Theatro São The-odoro ao Teatro Guaíra 1900-2010”

foi a campeã do Carnaval. Em se-gundo lugar, ficou a Embaixadores da Alegria. A Unidos do Bairro Alto foi rebaixada, enquanto a Mocidade Azul subiu para o grupo especial.

Para que as escolas pudessem preparar suas alegorias, a Prefeitu-ra de Curitiba liberou R$ 425 mil. Cada escola do grupo A recebeu R$ 25 mil, e para as do grupo de as-censão foram destinados R$18 mil.Segundo a organização, 15 mil pes-soas compareceram à Avenida Cân-dido Abreu.

Chuva e muita velocidade

Duas provas automobilísti-cas aconteceram no último dia 4 de março. A primeira foi a WTCC. Os carros, pilotos e equipes do Campe-onato Mundial de Carros Turismo movimentaram a Boca Maldita, com uma sessão de autógrafos que teve a presença do único brasileiro na com-petição, o curitibano Augusto Far-fus, piloto da BMW.

À tarde, a chuva não tirou o brilho da largada promocional da etapa Internacional do Rally Chal-lenge (o IRC), que aconteceu na Rua XV de Novembro, na Boca Maldita. Participaram do Rally 50 pilotos de equipes de nove países.

Page 5: TRILHAS DO TEMPO - uninter.com · hora do almoço em dias úteis. Nos domingos, pode ser visto no Largo da Ordem. “Trabalhando em céu aberto, você está sujeito a tudo”, comenta

MARCO ZERO Curitiba, abril de 20108

ENSAIO FOTOGRÁFICO

Um mundo de coresFotos de Claudia Bilobran

Andar no Mercado Municipal de Curitiba é quase uma viagem pelo mundo. Há produtos das mais diversas origens, como azeites de oli-va, camarões, a provocante veste indiana para a dança do ventre e narguiles dos mais varia-dos tamanhos. Vale a pena conferir de perto todo esse clima de magia.